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4342

Processos de
Fabricação II

Prof. Dr. Norival Ferreira dos Santos Neto


Departamento de Engenharia Mecânica - UEM
nfsneto@uem.br

Maringá-PR 2021
Universidade Estadual
4342 – Processos de Fabricação II de Maringá - UEM

Tópico 1 – Soldagem
 Terminologia e Simbologia
 Processos de Soldagem a Arco
 Física da Soldagem
 Metalurgia da Soldagem
 Soldagem por Fusão
 Soldagem por Pressão
 Soldagem a Gás
 Processos de Corte Térmico
 Brasagem
 Descontinuidades
 Inspeção na Soldagem
 Segurança na Soldagem
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4342 – Processos de Fabricação II de Maringá - UEM

AULA – 08
• Física da Soldagem:
1. O Arco Elétrico

2. Formas de Transferência

3. Tensões Residuais

4. Insumo de Calor

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1. O Arco Elétrico de Maringá - UEM

• Atribui-se a primeira observação do arco elétrico


em condições controladas a Sir Humphry Davy,
no início do século XIX.

• O termo arco foi posteriormente aplicado a este


fenômeno em função de sua forma
característica resultante da convecção dos
gases quentes gerados.

Sir Humphry Davy


(1778 – 1829 )

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O Arco Elétrico de Maringá - UEM

• Um arco elétrico pode ser definido


como um feixe de descargas
elétricas formadas entre dois
eletrodos e mantidas pela
formação de um meio condutor
gasoso chamado plasma.

• Há neste fenômeno a geração de


energia térmica suficiente para ser
usado em soldagem, através da
fusão localizada das peças a serem
unidas.

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O Arco Elétrico de Maringá - UEM

• O arco elétrico é uma excelente fonte de calor


para a soldagem por fusão de materiais
metálicos, pois apresenta uma ótima combinação
de características, incluindo:
– uma concentração adequada de energia para a
fusão localizada do metal base.
– facilidade de controle.
– baixo custo relativo do equipamento.
– um nível aceitável de riscos à saúde dos
operadores.

• Os processos de soldagem a arco têm uma


grande importância industrial na atualidade,
sendo utilizados na fabricação dos mais variados
componentes e estruturas metálicas e na
recuperação de um grande número de peças
danificadas ou desgastadas.

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• Em soldagem, o arco é, em geral, não


restringido e opera entre um eletrodo
plano, ou aproximadamente plano (a
peça) e outro que se localiza na
extremidade de um cilindro (o arame,
vareta ou eletrodo) e cuja área é muito
menor do que a do primeiro.

• Assim, a maioria dos arcos em


soldagem tem um formato
aproximadamente cônico ou um
formato de "sino", com o diâmetro
junto da peça maior do que o diâmetro
Arco elétrico, processo TIG
próximo do eletrodo.

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O Arco Elétrico de Maringá - UEM

• Para ser efetiva na soldagem por fusão, a fonte deve fornecer energia
a uma taxa suficientemente elevada e em uma área relativamente
pequena para garantir a fusão localizada do metal de base na região
adjacente à área de contato, antes que o calor se difunda em
quantidades apreciáveis para o restante da peça.

• Para caracterizar este processo, define-se a Potência específica (Pesp)


de uma fonte de energia como:

E é a quantidade de energia gerada pela fonte;


η é o rendimento térmico da fonte, isto é, a
fração da energia que é transferida para a peça; e
t é o tempo de operação.
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• A fonte transfere energia à junta através da área de contato (A0) entre a


fonte e a peça, causando o aquecimento do material adjacente até a sua
fusão.
• Para fontes elétricas, como o arco elétrico, a energia gerada por
unidade de tempo é dada pelo produto da tensão V e a corrente I.
• Desta forma, para processos de soldagem a arco, a equação de potência
específica se torna:

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• Por exemplo, seja uma operação de soldagem TIG (Tungsten Inert Gas)
em que se esteja usando uma corrente de 120A e uma tensão de 10V.

• Considerando-se que o rendimento térmico deste processo seja cerca de


50% e que o diâmetro do arco junto a peça seja cerca de 3mm.

• A Potência específica nestas condições seria:

• De uma forma geral, para ser útil na soldagem por fusão, uma fonte
precisa ter uma potência específica entre cerca de 106 e 1013W/m2

• A densidade de energia será suficiente para aquecer a região próxima


da área de contato até a sua fusão antes que o calor se difunda para o
restante da peça.
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• Escala de Potências Específicas:

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• A intensidade do arco elétrico e sua Potência Específica


(Pesp) influenciam no formato da poça de fusão.

• A penetração do cordão no metal base pode ter um


importante efeito sobre a produtividade do processo.

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Distribuição de potencial em um arco e suas regiões:


• A variação da tensão elétrica não
é uniforme ao longo do
comprimento do arco, existindo (TIG – CCEN)
quedas abruptas de tensão junto
aos eletrodos (ânodo e cátodo) que
atingem entre 1 e 15V.

• Baseado na variação de tensão ao


longo do arco, este pode ser
dividido em três regiões principais:

– Zona de Queda Catódica.

– Coluna de Plasma.
V = (Va+Vc) + E.la
– Zona de Queda Anódica. - E é o campo elétrico na coluna do arco. Na TIG,
vale entre cerca de 800 e 1000V/m para o Argônio e
de 1500 a 2000V/m para o Hélio.
- la é o comprimento do arco elétrico.
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• Em termos de volume, o arco é constituído quase que exclusivamente pela


coluna de plasma.
• Esta pode ter vários milímetros de comprimento, enquanto que as zonas de
queda, ou zonas dos eletrodos, correspondem apenas a diminutas regiões
junto aos eletrodos, com espessuras da ordem de 10-3mm = 1μm.
• Não existe uma transição bem definida entre estas regiões.

Valores de tensão típicos no processo GTAW (CC-)

Va - Tensão na queda anódica


Vc - Tensão na queda catódica
VCP - Tensão na coluna de plasma

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• Embora tenha um volume desprezível em comparação com a coluna de plasma, a região catódica é
extremamente importante para a existência do arco pois é nesta região que é gerada a maioria dos
elétrons responsáveis pela condução da corrente elétrica no arco.
• Na zona de carga, ocorre um elevado gradiente de potencial o qual acelera os elétrons saindo do
cátodo e, por outro lado, atrai os íons positivos para o cátodo (praticamente não ocorrem colisões e
os elétrons, de menor massa, adquirem uma velocidade muito maior que os outros constituintes do
arco).
• Na zona de luminescência ocorre uma desaceleração dos elétrons (transformação da energia
cinética dos elétrons em radiação eletromagnética, que é tão intensa que requer a utilização de
equipamentos de segurança).
• A zona de contração serve de interface entre a região catódica e a coluna do arco.

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• A coluna do arco compreende praticamente todo o volume do arco, sendo constituída por
partículas neutras (moléculas e átomos), íons e elétrons livres, estes sendo
responsáveis pela passagem da corrente elétrica entre os eletrodos.

• Quando um gás é aquecido, suas moléculas adquirem mais energia. A temperaturas


relativamente baixas, esta energia é principalmente de translação (ligada à velocidade de
deslocamento das moléculas).

• A temperaturas mais elevadas, a energia vibracional de moléculas poliatômicas


aumenta e pode tornar-se suficiente para causar a sua ruptura ou dissociação.

• A temperaturas ainda mais elevadas, um elétron nas camadas mais externas dos
átomos pode ser expulso, isto é, ocorre a ionização.

• Para a sua ionização, como resultado da grande agitação térmica, choques ocorrem
entre os constituintes do gás o que leva a sua ionização parcial e à formação do plasma.

• A temperaturas ainda maiores, mais elétrons podem ser expulsos, tendo-se a ionização
múltipla. Tanto a dissociação como a ionização podem ser tratadas como reações
químicas, isto é:
G2 → 2G (DISSOCIAÇÃO)
G → G+ + e− (IONIZAÇÃO)
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• Para que o arco elétrico se mantenha durante a soldagem, é preciso que estejam disponíveis
partículas carregadas eletricamente.
• As moléculas de gás entre os eletrodos são dissociadas devido à alta energia de vibração obtida
pela movimentação dos elétrons, levando-as ao estado monoatômico.
• Por exemplo, gases como o O2 e o CO2 têm suas moléculas dissociadas. Após a dissociação e a mais
altas temperaturas, ocorre a ionização dos átomos.

• Potencial de Ionização: é a energia necessária para produção de um elétron livre.

Fonte: MACHADO, Ivan Guerra. Soldagem & Técnicas Conexas: Processos.


1 eV = 1,60218x10-19 J Porto Alegre: Editado pelo Autor, 1996: p. 31.

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• Os parâmetros de soldagem (tipo de gás, comprimento do arco,


corrente, polaridade, tensão, etc.) influenciam nas isotermas da coluna
do arco.

Isotermas em arcos TIG em argônio

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• Simulação mostrando o destacamento da gota metálica, transferência no arco, formação e


preenchimento da cavidade na poça de fusão e formação de nova gota:

HU, J.; TSAI, H.L. Heat and Mass Transfer in Gas Metal Arc Welding. Part II: The Metal. International Journal of Heat and Mass
Transfer, v. 50, p.808-820, mar. 2007.

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2. Formas de Transferência de Maringá - UEM

• O arco de soldagem é caracterizado por


complexos processos de transferência de massa
entre os eletrodos.

• Na soldagem com eletrodos consumíveis, há a


passagem de material de adição fundido do
arame-eletrodo para a peça.

• Há também, tanto em processos com eletrodos


consumíveis como não consumíveis, o
"bombeamento" de gases no arco, em geral, no
sentido do eletrodo para a peça.

• Estes fenômenos importantes determinam diversas


f – vel. alimentação do arame
características básicas do processos de soldagem,
como, por exemplo: w – vel. de fusão do eletrodo

– A possibilidade de soldagem fora da posição plana. la – comprimento do arco


– O formato do cordão. Ae e Aw – áreas dos eletrodos
– O nível de respingos e a estabilidade do processo.
– A rigidez do arco.
– A absorção de gases na poça de fusão, etc.

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Formas de Transferência de Maringá - UEM

• O arco de soldagem é um condutor elétrico e


como tal induz campos magnéticos e está
sujeitos às interações entre a corrente elétrica
transportada e o campo magnético por ela
gerado.

• Estes efeitos podem favorecer ou prejudicar a


operação de soldagem.

• Se um condutor de comprimento ( l )
percorrido por uma corrente elétrica ( I ) é
colocado numa região onde exista um campo
magnético (B) então ele sofre a ação de uma
força magnética (F), conhecida como “Força de
Lorentz”, dada por:

F = B .I .l

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Jato de Plasma:
• Gases são absorvidos pelo arco junto do eletrodo e
impulsionados como um jato a alta velocidade (de até
102m/s) para a peça, independentemente da
polaridade e do tipo de corrente usada.

• Este jato confere ao arco uma certa resistência à


correntes de ar e influencia nas características do
processo como, por exemplo, a soldagem fora da
posição plana, o formato do cordão, a estabilidade do
processo e a absorção de gases pela poça de fusão.

• O jato de plasma é causado pela forma do arco, mais


concentrado junto do eletrodo do que na peça.
Representação esquemática do
• Esta forma faz com que a densidade de corrente (J) fluxo de gases em um arco TIG.
da região próxima do eletrodo seja maior e, desta
forma, a pressão de origem magnética fica maior junto
eletrodo, causando a aceleração dos gases nesta
região em direção à peça.

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Jato de Plasma:
Pa - Pressão atmosférica
μo - permeabilidade magnética no
vácuo=4π.10-7 H/m
R - raio do condutor
r – distância ao centro do condutor
(r < R)

– O efeito da pressão é muito pequeno em um


condutor sólido, mas considerável no arco elétrico.

– Devido ao formato cônico do arco elétrico, o valor de


R junto ao eletrodo é menor do que o seu valor junto
da peça, o que implica em uma pressão P2 menor do
que P1.

– Esta diferença de pressão induz, no arco, um intenso Representação esquemática da


fluxo de gás do eletrodo para a peça, independente da formação do jato de plasma.
polaridade e do tipo de corrente, conhecido por “jato
de plasma”.

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Sopro Magnético:
• O campo magnético induzido pela corrente
tende a se distribuir uniformemente em torno
do arco.

• Quando esta distribuição é perturbada, levando


a uma maior concentração do campo
magnético em um dos lados do arco, a força
magnética passa a possuir uma componente
transversal que tende a empurrar
lateralmente o arco (como se este estivesse
sendo soprado).

• Este efeito, sopro magnético, dificulta a


soldagem e aumenta a chance de formação
de descontinuidades no cordão.

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Sopro Magnético:
• O sopro magnético pode ser minimizado por
medidas como:

– Inclinar o eletrodo para o lado do sopro.

– Soldar com arco mais curto.

– Usar corrente mais baixa.

– Colocar o cabo de retorno longe do arco.

– Usar mais de um cabo de retorno.

– Usar corrente alternada.

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• As principais forças que podem atuar na ponta


do eletrodo e contribuir para a transferência de
metal são:
– Fg - força gravitacional
– Fem - força eletromagnética
– F - força associada à tensão superficial
– Fa - força de arraste (consequência do fluxo de
plasma)
– Fv - força de reação a jatos de vapores ou jato de
plasma

• Uma gota na ponta do eletrodo se destacará


quando o balanço das forças atuando passar a
apresentar uma resultante que a afaste do
eletrodo:
Fem + Fg + Fa > F + Fv

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Modos de transferência metálica:

• Spray

• Globular

• Curto-circuito

• Pulsado

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• Modos de Transferência:

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Transferência por Curto-Circuito:


• Baixas correntes e eletrodos de pequenos diâmetros.
• Produz poça de fusão pequena e de rápido resfriamento.
• O metal só é transferido quando a gota formada toca na poça.
• 20 a 200 curtos por segundo.

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• Oscilogramas:

Oscilograma da transferência por curto circuito para um arame de aço inoxidável ER 308 com 1
mm de diâmetro (Gás Ar – 2%O2).

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• Transferência por Curto-circuito:

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Transferência Globular:
• Gota de diâmetro maior do que o eletrodo.
• Peso aumenta até ocasionar a separação.
• A transferência para a poça de fusão é por gravidade.
• O arco deve ser longo o suficiente para assegurar o destacamento da
gota antes que esta entre em contato com a poça de fusão.

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Transferência Spray:
• Centenas de pequenas gotas são formadas e destacadas por segundo;
• O nível da corrente deve estar acima da Corrente de Transição (Ic);

Ic

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• Transferência Spray:

GMAW - Transferência de metal com eletrodo de aço


(1,6mm) e Proteção de Ar-2%O2 para:
(a) 240A (globular)
(b) 300A (spray projetado)
Projetada Com alongamento Rotacional (c) 360A (spray com alongamento)
("Projected spray") ("Streaming spray") ("Rotational spray")
(d) 480A (início do spray rotacional)

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Transferência pulsada:
• Máquinas especiais produzem formas de onda cuidadosamente
controladas e frequências que pulsam a corrente de soldagem.
• Durante os pulsos, uma ou mais gotas são formadas e transferidas.

Im – Corrente Média
Ip – Corrente de Pico
Ib – Corrente de Base
tp – Tempo de Pico
tb – Tempo de Base

I p t p  I b tb
Im 
t p  tb

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• Frequentemente, utiliza-se, na soldagem com


corrente pulsada, valores baixos de Ib,
apenas suficiente para manter o arco estável.

• A corrente de pico (Ip) e o tempo de pico (tp)


são os parâmetros mais relevantes para
determinar a forma de transferência do metal.

• Para um determinado valor de Ip (superior à


Ic – Corrente Crítica), se o tp for muito curto,
a duração do pulso de corrente será
insuficiente para iniciar o destacamento do
metal fundido na ponta do eletrodo. Ele só Campos de transferência na soldagem
ocorrerá após vários pulsos com com corrente pulsada:
(a) várias gotas por pulso,
transferência globular.
(b) uma gota por pulso,
(c) uma gota para vários pulsos e
• Tempos de pico (tp) muitos longos podem
(d) transferência globular.
formar e destacar várias gotas por período,
caracterizando transferência do tipo “spray”.

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Comparação entre os modos de transferência:

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• Formas típicas de transferência na soldagem com arames tubulares:

(a) "metal cored“


(b) rutílico
(c) básico
(d) auto-protegido
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• Taxas de deposição comuns de alguns processos de soldagem:

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4. Tensões Residuais de Maringá - UEM

• A soldagem por fusão é caracterizada pelo


aquecimento de regiões localizadas das peças,
permanecendo o restante destas em temperaturas
muito inferiores.

• As regiões aquecidas tendem a se dilatar, mas esta


dilatação é dificultada pelas partes adjacentes
submetidas a temperaturas menores, o que resulta
no desenvolvimento de deformações elásticas e
plásticas no material aquecido.

• Como consequência, ao final do processo de


soldagem, tensões internas (tensões residuais) e
mudanças permanentes de forma e de dimensões
(distorções) ocorrem na peça.

• Tanto as tensões residuais como as distorções podem


afetar de modo importante a utilidade e o
desempenho da estrutura soldada, sendo
fundamental o conhecimento de suas características e
de medidas para a sua prevenção e controle.

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• Quando um material é aquecido, suas


dimensões aumentam proporcionalmente à
variação de temperatura (T = T - To), o que é Valores dos coeficientes de dilatação
descrito pela equação de dilatação térmica: térmica (a 20ºC) de alguns metais e ligas

 l = l − lo = lo . . T

 l - variação do comprimento
lo - comprimento inicial
 - coeficiente de dilatação térmica linear

• Se um objeto for aquecido e resfriado de


modo uniforme e não existirem restrições
às suas variações dimensionais, estas não
resultam em efeitos mecânicos importantes
no objeto, isto é, após o ciclo térmico, o
objeto não deverá apresentar nem tensões
residuais nem distorções.

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• Considere três barras de um aço de baixo


carbono de mesmo comprimento e seção e
unidas em suas extremidades por duas bases,
de forma que nenhuma pode se alongar ou
contrair independentemente das outras.
• Se a barra central for aquecida enquanto as
externas forem mantidas a temperatura ambiente,
essa tenderá a se dilatar, mas será impedida pelas
outras através das bases.
• Tensões de compressão se desenvolverão na
1 2 3
barra central e, nas barras externas, tensões de
tração de magnitude igual à metade do valor na
barra central:

 1A 1 +  2A 2 +  3A 3 = 0
• Onde i e Ai são, respectivamente, a tensão média
e a área da seção transversal de cada barra.

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Variação da tensão () com a


temperatura na BARRA CENTRAL:
• No início do aquecimento (A-B), as tensões e
deformações resultantes da dilatação da barra
central serão elásticas.

• Como as barras mantêm o mesmo comprimento


aproximado, a dilatação térmica tem de ser
compensada por deformações elásticas.

• Quando a tensão na barra central (c) atinge o


limite de escoamento, esta barra passa a se
deformar plasticamente (ponto B).

• Como o limite de escoamento tende a diminuir


com a temperatura, o valor da tensão na barra
central tende a cair à medida que a sua
temperatura aumenta e a barra sobre uma maior
deformação plástica (curva BC).

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Variação da tensão () com a


temperatura na BARRA CENTRAL:
• Se o aquecimento é interrompido no ponto C, a
barra central se contrai com a queda da
temperatura.
• Devido às restrições impostas pelas barras
externas, as tensões de compressão na barra
central são reduzidas e tornam-se nulas acima da
temperatura ambiente (pois, devido à sua
deformação plástica, a barra se tornou mais
curta do que as externas).
• Com a continuação do resfriamento, tensões
de tração passam a atuar nela até que o limite
de escoamento (agora sob condições de tração)
seja atingido no ponto D.
• A partir desta temperatura, a barra central passa
a deformar plasticamente até atingir a
temperatura ambiente.

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Variação da tensão () com a


temperatura na BARRA CENTRAL:
• Ao final do processo, à temperatura ambiente,
como resultado de sua deformação plástica, a
barra central ainda terá um comprimento menor
do que as externas.

• Assim, como as barras estão unidas pelas bases,


as diferenças de comprimento entre elas serão
acomodadas por deformações elásticas que
gerarão tensões residuais.

• Na barra central, estas tensões serão de tração e


de valor próximo ao do limite de escoamento do
material (ponto E).

• Nas barras externas, para se manter o equilíbrio de


forças, existirão tensões de compressão de valor
igual à metade da tensão na barra central (supondo
que as seções transversais das barras ainda
tenham a mesma área).

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• Uma situação similar pode ser


considerada para uma junta soldada,
associando-se a região da solda com a
barra central e as regiões mais afastadas
do metal de base, com as barras externas.

• Por este raciocínio, pode-se esperar, como


consequência da operação de soldagem, o
desenvolvimento de tensões residuais de
tração na região da solda e de tensões
de compressão no metal de base.

• A figura compara, esquematicamente, a


distribuição de tensões residuais na
montagem das barras com a esperada em
uma solda.

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Desenvolvimento de tensões devido ao


aquecimento não uniforme de uma
junta soldada:

• Na seção AA', muito distante da poça de


fusão e ainda não aquecida pela fonte de
calor, não existem variações de temperatura
e o material ainda está isento de tensões.

• Na seção BB', junto à poça de fusão, o


material aquecido tende a se expandir sendo,
contudo, restringido pelas regiões mais frias
da peça, gerando, assim, tensões de
compressão em regiões próximas à ZF e
tensões de tração nas regiões um pouco
mais afastadas.

• Quando o seu limite de escoamento é


atingido, o material aquecido deforma-se
plasticamente em compressão. Na poça de
fusão, como o material está no estado
liquido, as tensões são nulas.

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Tensões Residuais de Maringá - UEM

• Na seção CC‘ surgem tensões de


tração junto ao cordão e de
compressão nas regiões mais
afastadas.

• Estas tensões aumentam de


intensidade levando ao escoamento
da região aquecida.

• Após o resfriamento completo, seção


DD', as tensões residuais no centro
da solda chegam a níveis próximos
ao limite de escoamento do
material e existe uma distribuição
de tensão característica do
processo de soldagem por fusão.

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• Distribuição de tensões residuais


longitudinais e transversais em
uma solda de topo:

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5. Insumo de Calor de Maringá - UEM

Fatores que Influenciam na Fusão da Junta


Durante a Soldagem:

a - Espessura do Metal e Tipo de Junta


b - Condutividade Térmica do Metal
c - Temperatura Inicial do MB
d - Ponto de Fusão
e - Insumo de Calor da Solda
(Parâmetros de Soldagem)

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Insumo de Calor (IC): Calor ou Energia (em J)


usado para cada mm de solda durante o
processo de soldagem.

I.U
IC =
vs

Taxa de Aquecimento

Fixando-se IC Taxa de Resfriamento


(a-b-c-d) Tamanho da Poça

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Insumo de Calor de Maringá - UEM

O Arco Elétrico não é Estacionário:


• Na prática, o arco se move ao
longo da junta.
• IC necessário para efetuar uma
solda depende da velocidade de
trabalho.
• IC tem que ser expresso em
quantidade de:
calor por unidade de
comprimento ( J/mm )

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Exemplo: Processo TIG, uma solda de topo em uma


chapa de aço inoxidável de 1,6 mm de espessura.
Corrente de soldagem: 60 A
Tensão de soldagem: 14 V
Gás de proteção: Ar (Argônio)
Velocidade de soldagem: 120 mm/min
Potência do Arco = 60A X 14V = 840 J/s
Distância percorrida em 1 min  120 mm; em 1 s  2mm
O IC seria de 840 J cada 2 mm:

IC = 420 J/mm

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I.U I . U . 60
IC = OU IC (J/mm) =
vs vs (mm/min)

Vantagens:
1. Uma forma numérica para discutir o calor necessário
para se fazer uma solda.
2. Comparação direta entre processos.

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Exemplo: Chapa de Al 1/4” (6,2mm) Processo TIG - 275A -


12V – 230 mm/min
J 1min
IC  ( 275  12 ) 
s 230 mm

J 60 s
IC  (3300 ) 
s 230 mm

IC  860 J / mm

Mesma chapa pelo processo MIG - 200A - 26V – 750 mm/min

IC = 416 J/mm ↑ Eficiência Térmica


do Processo
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3. Índice aproximado da influência dos diversos


parâmetros no calor da solda.

I.U
IC =
vs

Como cada parâmetro de soldagem


pode influenciar no Insumo de Calor.

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4. Pequenas variações em um parâmetro podem ser


compensadas com outro.

Exemplo: Chapa de Al - 1/4” – TIG


275A - 12V – 230mm/min = 860J/mm

 Fonte fornece no máximo 225A

Para um mesmo IC: vs = 190mm/min = 853J/mm

Grandes variações Variações na


nos parâmetros morfologia do cordão

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I . U . energia transferida para a solda


IC = v η=
s energia gerada pela fonte

Processo Rendimento ()


Arco Submerso 0,90  0,09
Eletrodo Revestido 0,75  0,10
Eletroescória 0,68  0,13
MIG/MAG 0,75  0,10
Arame Tubular 0,80  0,15
Gás 0,52  0,27
TIG (CCEN) 0,65  0,15
TIG (CA) 0,35  0,15
LASER 0,005 a 0,70
Feixe de Elétrons 0,87  0,08

Rendimento Térmico Médio da Fonte de Energia, em função do Processo de Soldagem.

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