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INSTITUTO MAUÁ DE TECNOLOGIA

ESTRUTURAÇÃO DE PROJETOS
RESENHA CASO BRENCO

MANOELA SANT’ANA DE SOUSA

São Caetano do Sul


2021
Num cenário nacional e internacional onde as discussões sobre alterações
climáticas, poluição e danos ao meio ambiente, redução da emissão de carbono, finitude
de combustíveis fosseis e incentivo ao uso de fontes de energia e combustíveis
renováveis e mais sustentáveis, é compreensível que a ideia de uma grande empresa
produtora de etanol num país onde o cultivo de cana de açúcar já é praticado há anos
seja considerada uma grande ideia. E diante da leitura dos textos citados, a ideia
realmente era excelente.

Talvez esse tenha sido o problema inicial: a boa ideia gerou um otimismo
exacerbado durante a elaboração do projeto, o que pode ter minimizado os riscos e
ampliado os ganhos e benefícios.

O projeto estourou prazo, orçamento e não atingiu os níveis de desempenho e


tecnologia especificados, o que aponta para o fracasso – por definição – do projeto.

Um dos principais problemas apontados pelos textos é que, mesmo diante dos
problemas que surgiam, o ritmo e custo do projeto não foi em nenhum momento
reavaliado.

Um processo de validação por etapas permitiria que o projeto fosse reavaliado


com certa frequência, possibilitando a análise do que foi previsto em relação ao real. Ao
final dessa análise a tomada de decisões é melhor embasada e o risco de carregar
problemas não resolvidos sem considera-los para uma próxima etapa é minimizado. Isso
resolveria também outro problema indicado, que é a demora para tratativas de problemas.

A questão da área cultivada não suficiente e plantadores em excesso apontam


para dois aspectos que não foram considerados corretamente que é o planejamento de
produções e sua relação com o layout e local de implantação. Ou seja, estimou-se uma
produção alta demais para um layout mal dimensionado, implicando em um
encarecimento do hectare plantado, pois foram contratados equipamentos e mão de
obras para uma área menor que a necessária.

Diante disso o planejamento de custos não atingiu sequer a classe necessária


para um projeto básico (-15% a +30% de desvio), o que demonstra uma falha no
levantamento de custos consequente a uma falha no levantamento de recursos.
A falta de um controle financeiro padronizado entre áreas gerou uma sensação
de permissividade com os custos. Talvez unificando e padronizando o registro e controle
financeiro das diversas áreas envolvidas no projeto, a visualização do status financeiro
do projeto como um todo ficaria mais clara e melhor administrável, facilitando a tomada
de decisões e correta distribuição de recursos.

Ainda em relação à questão financeira, num projeto como esse que contém
etapas como preparação de solo, plantio e colheita, além do processo industrial para
transformação da matéria prima no produto final, o intervalo de tempo entre investimento
e retorno é grande, então surpreende o fato de adquirirem financiamentos a curto prazo,
pois como aconteceu, o pagamento deveria ser feito antes do projeto gerar algum retorno
financeiro.

Retomando o problema que considero inicial, talvez a elaboração de um projeto


com uma visão menos otimista, minimizaria o desvio e falhas em algumas projeções,
pois passaria a considerar e ponderar melhor os riscos envolvidos. Além disso, acredito
que controle do projeto por etapas e, sempre que necessário, o ajuste do projeto diante
de novas análises ao final de cada etapa, poderiam eliminar alguns dos problemas como
esse caso da Brenco.

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