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São Carlos
2021
SUMÁRIO
Tendo em vista que apenas misturar dois ou mais polímeros não garante a formação de
uma blenda com as propriedades desejadas, alguns outros fatores são de suma importância se
tratando de blendas e devem ser levados em consideração ao se trabalhar com sistemas
poliméricos (ADOOR, MANJESHWAR e RAO, 2005).
onde, ∆Gm é a variação molar da energia livre da mistura; ∆Hm é a variação molar da entalpia
da mistura; ∆Sm é a variação molar da entropia da mistura; T é a temperatura absoluta. De
acordo com a equação da energia livre de mistura, é possível obter três situações diferentes para
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os sistemas poliméricos:
∂2∆Gm
( )T,p >0 (1.2)
∂ɸ𝑖𝑖 2
eucalipto, sisal, rami, juta, soja, curauá, cânhamo e algodão (BONDESON e OKSMAN, 2007).
Além dessas fontes citadas, também podem ser obtidos de animais marinhos como tunicatos.
ƔNCC2 – ƔNCC1
ɷ = (1.3)
Ɣ12
Para -1< ɷ < 1, os nanocristais estão situados na interface dos dois polímeros.
As tensões interfaciais podem ser calculadas com o auxílio da equação da média harmônica
(1.4):
ƔidƔjd ƔipƔjp
Ɣij = Ɣi + Ɣj − 4 �� �+� �� (1.4)
Ɣid+Ɣjd Ɣip+Ɣjp
onde, Ɣid e Ɣjp são as componentes dispersivas e polares das energias de superfície. A
energia de superfície dos polímeros puros, misturados e dos nanocristais podem ser encontradas
com o auxílio da técnica de ângulo de contato. Porém, quando há no sistema materiais com
polaridades semelhantes, como é o caso de blendas poliméricas de PLA e PCL, opta-se por
trabalhar variando o fator cinético.
altamente desejado que essas partículas fiquem situadas na interface do sistema, pois é relatado
na literatura que quando isso ocorre, há a diminuição da tensão interfacial, com isso há um
aumento da adesão interfacial entre os componentes. É relatado também uma diminuição no
tamanho das gotas da fase dispersa (LU, GE e XIE, 2018). As partículas situadas na interface
provocam a supressão da coalescência, ou seja, proíbem que as gotas da fase dispersa se
choquem e se unam formando gotas maiores. Ao ficarem situadas na interface, essas partículas
agem “aprisionando” as gotas da fase dispersa, com isso elas coíbem a formação de gotas
maiores e mantém uma morfologia mais refinada, além de poder facilitar a transferência de
esforços entre as fases, o que geralmente resulta em melhoria nas propriedades mecânicas (LU,
GE e XIE, 2018). Outra possível localização para as partículas é na fase matriz, quando isso
ocorre, elas aumentam a viscosidade da matriz e podem formar redes percoladas que irão agir
impedindo a coalescência dos domínios da fase dispersa. Porém, não é garantido que isso
ocorrerá. (AGUIAR, DECOL, et al., 2018). Em contrapartida, caso elas fiquem situadas na fase
dispersa, pode ocorrer de torná-la maior e com isso obter uma fase dispersa com muitos
aglomerados.
que não foram notadas mudanças significativas com a incorporação das nanopartículas de
dióxido de titânio. Com isso, nota-se que a proporção 80/20 é observada como uma ótima opção
a ser trabalhada.
Matta et al. prepararam blendas de PLA/PCL nas proporções de 90/10, 80/20 e 70/30
sem compatibilizante e sem nenhuma nanocarga para avaliarem em qual proporção se obtém
os melhores resultados, eles obtiveram os melhores ganhos no sistema 80/20, com aumento no
percentual de alongamento a ruptura e aumento na resistência ao impacto, além de observarem
a imiscibilidade nas misturas.
OBJETIVOS
3. METODOLOGIA
3.1 Materiais
Os CNC utilizados neste trabalho foram fornecidos pela Bio Nano®. São CNC acetilados,
ou seja, são nanopartículas que sofreram uma modificação superficial por acetilação com ácido
acético e anidrido acético a fim de substituir partes dos grupos hidroxilas presentes nos
nanocristais por grupo acetato. Essa substituição reduz a polaridade dos nanocristais tornando-
os menos hidrofílicos. Com uma polaridade mais próxima dos polímeros nos quais ele será
incorporado, aumentando a chance de haver uma boa adesão entre os componentes. A Tabela
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O comportamento reológico dos polímeros puros foi investigado por reometria rotacional
de placas paralelas. A partir das curvas de viscosidade em função da taxa de cisalhamento dos
polímeros puros, as razões entre as viscosidades da fase dispersa, nesse trabalho formada pelo
PCL e matriz, composta pelo PLA, foram determinadas considerando a taxa de cisalhamento
tendendo a zero. Buscou-se selecionar pares PLA/PCL cuja razão de viscosidade seja próxima
de 1, pois a literatura indica que razões de viscosidades próximas a 1 auxiliam na boa
distribuição da fase dispersa, melhor adesão entre as fases, uma morfologia mais refinada e
consequentemente melhores propriedades mecânicas (OSTAFINSKA, FORTELNY, et al.,
2015).
por uma semana com sílica para absorver a umidade do material. Optou-se por utilizar o
dessecador para secar o PCL para não correr risco de haver variação na temperatura da estufa e
ocorrer de fundir o material que possui uma temperatura de fusão bem baixa. As amostras de
PLA foram levadas a uma estufa por 6 horas a 80°C, tendo em vista que possuem temperatura
de fusão bem mais elevada. Após isso, elas também foram colocadas no dessecador com sílica
para não absorverem umidade do ar. Após a secagem dos materiais, os ensaios de reometria
rotacional de placas paralelas em um reômetro de tensão controlada com placas paralelas de 25
mm de diâmetro, temperatura constante de 180°C e taxa de cisalhamento variando entre 0,01 a
100 s-1. Foi utilizado um reômetro de placas paralelas modelo DHR-2, da empresa TA
Instruments.
Após serem selecionados dois pares de PLA’s (3251D e 4032D) e PCL’s (Capa6500 e
Capa6800) com razão de viscosidade próxima a 1 para constituírem as blendas de trabalho,
esses 4 materiais foram moídos separadamente em um moinho criogênico analítico IKA A11.
O processo de moagem foi necessário para deixar todos materiais em pó, se tornando assim
mais fácil de misturá-los e não haver problema com a mistura de materiais heterogêneos. Foi
utilizado nitrogênio líquido no moinho junto aos materiais para reduzir drasticamente a
temperatura no tambor, e mantê-la bem abaixo da temperatura de transição vítrea dos
componentes, para que dessa maneira, fosse possível fraturá-los de maneira frágil.
Tabela 3: Materiais a serem utilizados na extrusão, sequência de mistura e percentual de cada material a ser
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utilizado.
Sequência de mistura
Amostra Material (Fator cinético) PLA PCL CNC
80 20 3%
A1 PLA3251 + PCL6500 (PLA/PCL/CNC) 77,6% 19,4% 3%
A2 PLA3251 + PCL6500 (PLA/CNC)+PCL 77,6% 19,4% 3%
A3 PLA3251 + PCL6500 (PCL/CNC)+PLA 77,6% 19,4% 3%
B1 PLA4032 + PCL6800 (PLA/PCL/CNC) 77,6% 19,4% 3%
B2 PLA4032 + PCL6800 (PLA/CNC)+PCL 77,6% 19,4% 3%
B3 PLA4032 + PCL6800 (PCL/CNC)+PLA 77,6% 19,4% 3%
Dessa maneira, (PLA/PCL/CNC), significa que todos os componentes foram
alimentados juntos na extrusora. A indicação (PLA/CNC) + PCL, mostra que o PLA foi
primeiramente misturado com o CNC, e posteriormente foi adicionada a esta blenda o PCL. E
por fim, a ordem de mistura (PCL/CNC) + PLA, indica que o PCL foi primeiramente misturado
com o CNC, e posteriormente foi adicionada a esta blenda o PLA. Essas blendas foram
extrudadas em uma extrusora dupla rosca co-rotacional modular da AX Plásticos, com diâmetro
de rosca de 16 mm e razão por diâmetro de rosca (L/D) de 40. A rotação de rosca utilizada foi
de 100 RPM. Foram utilizados diferentes perfis de temperatura devido a diferença na ordem de
extrusão dos componentes. Ao ser extrudado primeiro (PCL+CNC) o perfil utilizado foi
(60/65/70/70/75/65) e ao ser extrudado tudo junto ou primeiramente (PLA+CNC) o perfil foi
(170/175/180/180/185/175).
3.2.3 FTIR
4. RESULTADOS PRELIMINARES
Figura 4: Curvas de viscosidade em função da taxa de cisalhamento do PLA 4032D e PCL 6800
Nos dois gráficos são mostradas duas blendas, uma com polímeros com alta viscosidade
e outra com polímeros com baixa viscosidade, porém as duas blendas com razão de viscosidade
próximo a 1, como era desejado. Na faixa de cisalhamento observada, nota-se na blenda
(PLA4032+PCL6800) a presença de dois polímeros com comportamento pseudoplástico, ou
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4032/6500
20 3251/6800
4032/6800
3251/6500
15
Razão de viscosidade
10
0
1 10 100
Taxa de Cisalhamento (1/s)
4.2 FTIR
materiais, o que poderia trazer perda nas propriedades mecânicas das blendas. Como foi visto
na literatura, quando há essa degradação térmica em blendas PLA/PCL podem surgir grupos
carboxílicos (COOH) a aproximadamente 1600 cm-1, oriundos do processo de hidrólise que
leva à cisão de cadeias. Observando os espectros de todas as blendas preparadas, não foram
encontrados indícios de degradação térmica. As Figuras 9 e 10 trazem os espectros de ATR-
FTIR dos polímeros puros e das blendas (PLA4032D+PCL6800+CNC) nas suas diferentes
sequências de mistura.
Como foi visto anteriormente, nas blendas dos outros materiais, não foi encontrado
indício algum de degradação térmica nos componentes. É observado um alargamento na
absorção a 1161 cm-1 referente ao grupo éster, na blenda (6800+CNC)+4032, indicando uma
possível interação entre os componentes. Todas as sugestões realizadas, podem ser confirmadas
ou descartadas com os resultados da microscopia eletrônica de varredura (MEV).
CRONOGRAMA.
Tabela 4: Cronograma
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5. Referências
LU, Y.; GE, L.; XIE, W. Selective localization of cellulose nanocrystals in the
biodegradable poly(vinyl alcohol)/poly(e caprolactone) blends composites prepared by
Pickering emulsions. Polymer, v. 156, p. 12, out. 2018.
immiscible polymer blends - Challenges and oportunities. European Polymer Journal, v. 79,
p. 21, fev. 2016.
SODERGARD, A.; STOLT, M. Properties of lactic acid based polymers and their
correlation with composition. Progress in Polymer Science, v. 27, n. 6, p. 41, fev. 2002.
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