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IBMEC – ADMINISTRAÇÃO

Disciplina: Administração Tributária


O MODELO TRIBUTÁRIO BRASILEIRO:
RADIOGRAFIA, PROBLEMAS E COMO FAZER
UMA BOA REFORMA TRIBUTÁRIA

http://plataformapoliticasocial.com.br/wp-content/uploads/2018/05/REFORMA-TRIBUTARIA-SOLIDARIA.pdf

Prof. Paulo Henrique Pêgas AGO/21 Alegria!


A COBRANÇA DE IMPOSTOS, TAXAS E
CONTRIBUIÇÕES DEVERIA SER...
• SIMPLES. Você entender o que paga, por que pg. e para onde vai o seu dinheiro...
• PROGRESSIVA. Cada um deve pagar seus tributos conforme sua
capacidade financeira/patrimonial...
• NEUTRO. A legislação tributária não pode e não deve influenciar a
atividade econômica e não deve ser o principal fator para as
decisões das empresas e das pessoas físicas...
IMPOSTO é INVESTIMENTO...para o ESTADO promover o BEM
COMUM. (mudança cultural).

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PARTE 1
O ESTADO PROTETOR BRASILEIRO
Qual a Carga Tributária Necessária
para atender ao ESTADO definido
na Constituição de 1988

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a


previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição.

A moradia foi incluída em 2000, enquanto alimentação e transporte acrescidos em 2015.

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Qual a CTB Necessária para atender ao ESTADO definido na CF de 1988?
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição.
A moradia foi incluída em 2000, enquanto alimentação e transporte acrescidos em 2015.
BASE: Recursos precisam ser aplicados com inteligência e política nacional e integração regional

SEGURANÇA EDUCAÇÃO SAÚDE

Instrumentos de Precisamos de
inclusão social e política nacional
econômica Programas Sociais e QUAL ESTADO centralizada
de Combate ao Bancos de
PRECISAMOS/ Desenvolvimento
Desemprego
DESEJAMOS?
Precisamos de crescimento A pandemia aumentou
econômico, mas com Gastos com nossa dívida pública
responsabilidade ambiental Meio Juros e Encargos
GESTÃO ADM. e
da Dívida
Ambiente POLÍTICA
Revisão dos processos/gastos
ORÇAMENTO DA Previdência, Saúde, Assistência
1.058
Social, Educação e Trabalho
UNIÃO (2019) CARGA
TRIBUTÁRIA
R$ 2.711
FEDERAL Transferências para Estados e
283
Amortização e DISPONÍVEL Municípios
Juros da Dívida R$ 1.440
= R$ 1.162 DÉFICIT
Defesa, Justiça e Segurança
= NOMINAL
128

R$ 109
SOBRA p/ DESPESAS
E INVESTIMENTOS Administração, Legislativo, Agricultura,
80
Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia,etc.
R$ 1.549

Valores informados em R$ bilhões


PARTE 2
A CARGA TRIBUTÁRIA ATUAL E
SEUS DESDOBRAMENTO
Como pioramos o nosso modelo tributário nos
últimos 30 anos e como é feita a distribuição
dos recursos entre os Entes Estatais

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COMPARAÇÃO 1988 x 2020: PQ. O STN FICOU TÃO RUIM?
PRÉ CF 1988 HOJE (2021)
IMPOSTO
FED. EST. MUN. FED. EST. MUN.
IR 51 24,5 24,5
67 16 17
IPI 41 34,5 24,5
II e IOF 100 - - 100 - -
ITR - - 100 50 - 50
IUEE/IUST 30 50 20
IUCL 40 40 20 ICMS ICMS
75 25
IUSCOM. 100 - -
IUM/CFEM 10 70 20 12 23 65
ICMS - 80 20 - 75 25
IPVA - 50 50 - 50 50
ITD/ITBI - 100 - - 50 50
ISS - - 100 - - 100
IPTU - - 100 - - 100
PARA INICIAR: SÃO IMPOSTOS OU TRIBUTOS? COMO APRESENTA-LOS?
TRIBUTO (Obrigatório, não é punição!)
IMPOSTOS (Ato do Contribuinte) 53%
TAXAS (Ato do Estado) 2%
CONTRIBUIÇÕES (Recursos Direcionados) 45%
- PROPRIEDADE (imóveis e automóveis)
- RENDA e TRANSAÇÕES FINANCEIRAS (salários + lucros + rendimentos)
- CONSUMO (bens + serviços)
- FOLHA DE SALÁRIOS (Encargos Sociais)
PARA ONDE VAI O DINHEIRO ARRECADADO COM TRIBUTOS NO BRASIL?
TOTAL -R$ Bi 2.407,3 100% IMPOSTOS 595,6 36,9%
UNIÃO 1.613,7 67,0% TAXAS 7,6 0,5%
Dados da Carga Tributária de 2019,
ESTADOS 629,1 26,1% CONTRIB. 1.010,5 62,6% conf. dados divulgados pela STN

MUNICÍPIOS 164,5 6,8%

Para entender nosso modelo tributário e trabalhar com intensidade em um bom projeto de
Reforma Tributária, é necessário compreender como é feita a distribuição dos quase R$ 2,4 tri
extraídos da sociedade brasileira por meio da cobrança de tributos.
O DESEQUILÍBRIO DO NOSSO MODELO TRIBUTÁRIO
Se o Brasil integrasse a OCDE teria a carga tributária mais desequilibradas do grupo. Os
tributos sobre o consumo de bens e serviços correspondem a 45% do total cobrado por aqui,
distribuído em uma multiplicidade de impostos e contribuições.
TRIBUTOS sobre PIB Brasil OCDE
Bens e Serviços 15% 11,1%
Encargos Sociais 9,2% 9,9%
Renda 7,4% 11,4%
Propriedade 1,6% 1,9%
TOTAL 33,2% 34,3%
PARA REFLEXÃO:
• Há necessidade de ter PIS, COFINS (e outras contribuições) se já temos ICMS e ISS?
• IPI poderia se tornar um imposto (realmente) seletivo?
• O valor do imposto que está incluído no preço dos bens e serviços é adequado?
• Para melhorar o modelo atual basta extinguir os cinco tributos e criar um novo (IBS)?
POS. TRIBUTO R$ Bi ENTE Sobre o que? Quem pg. Para onde vai (Destinação)
1º ICMS 509 EST Venda de mercadorias e alguns serviços (PJ/PF) 75% Estados e 25% municípios
2º PREVID. SOCIAL 489 TODOS Folha de Pg. (PJ e PF) Aposentadorias e pensões
51% União + 24,5% MUN. + 21,5% EST. + 3%
3º IR 458 FED Lucro das PJ e salários das PF
Bancos Regionais (BNB, BASA e FCO)
Seguridade social (previdência social, saúde
4º COFINS 251 FED Vendas de bens, serviços, locações e outras (PJ/PF)
e assistência social)
5º FGTS 129 FED Folha de Pg. (PJ) Conta individual das pessoas físicas
6º CSLL 80 FED Lucro das empresas Seguridade Social
7º ISS 71 MUN Prestação de Serviços (PJ/PF) Municípios
Seguro-desemprego, Abono Anual, BNDES e
8º PIS/PASEP 64 FED Vendas de bens, serviços, locações e outras (PJ/PF)
Programas de apoio ao emprego.
41% União + 27% MUNIC. + 29% EST. + 3%
9º IPI 52 FED Venda de produtos industrializados (PJ/PF)
Bancos Regionais (BNB, BASA e FCO)
10º TAXAS 51 TODOS PJ e PF por serviços públicos prestados/à disposição Remunerar os respectivos serviços
11º IPTU 48 MUN Propriedade (anual) de imóvel urbano Municípios
12º IPVA 46 EST Propriedade (anual) de veículo automotor terrestre 50% Estados e 50% Municípios
13º II 43 FED Importação de bens União
Operações de seguros, TVM, câmbio e compras Basicamente para a união, exceto pequena
14º IOF 41 FED financiadas parcela (IOF-OURO), para EST e MUN
15º ITBI/ITCD/ITR 23 TODOS Transmissão de bem (PF/PJ) Estados e municípios (ITR tem 50% p/União)
TOTAL (2019) 2.407 PIB de R$ 7,257 bi (2019) Carga Tributária = 33,3% do PIB
OS BANCOS DE DESENVOLVIMENTO
Temos cinco Bancos Federais de Desenvolvimento no Brasil:
1. BNDES, que recebe 28% dos recursos do PIS/PASEP (R$ 19 bi em 2019).
2. BNB, que recebe 1,8% da arrecadação de IR+IPI (R$ 9 bi em 2019).
3. BASA, que leva 0,6% do IR+IPI (R$ 3 bi).
4. FCO (gerido pelo BB), que leva 0,6% do IR+IPI (R$ 3 bi).
5. FINEP, que opera o FNDCT (CIDE-Remessas) e o FUNTTEL.
Não há integração das cinco instituições, embora todas operem com recursos
públicos, oriundos da carga tributária extraída da sociedade. Os recursos destinados
a eles (R$ 35 bi) representam 2,5% da parcela da carga destinada à União.
PARTE 3
OS PRINCIPAIS PROBLEMAS NA
TRIBUTAÇÃO SOBRE RECEITAS
Há multiplicidade de tributos e, pior, com peso
excessivo sobre o preço dos bens e serviços e
enorme complexidade de apuração e controle.

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TRÊS MODELOS DE NÃO CUMULATIVIDADE
CRÉDITO FINANCEIRO – Empresa poderá deduzir todo o imposto
pago nas aquisições realizadas, seja para produção, revenda ou para uso e
consumo. IVA Tradicional.

CRÉDITO PARCIAL - Há possibilidade de deduzir o imposto pago


apenas nas compras para revenda ou para produção e não em todos os
gastos realizados. ICMS.

CRÉDITO PRESUMIDO - A dedução permitida não representa,


necessariamente, o valor desembolsado pela empresa anterior. Modelo
bastante confuso. PIS e COFINS.

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TEM TRIBUTO DEMAIS SOBRE O CONSUMO...
A maior parte dos tributos (ICMS, ISS, PIS+COFINS e INSS) tem
cobrança POR DENTRO, impactando o preço final dos bens e serviços
pela REPERCUSSÃO.
Isso traz problemas jurídicos: O ICMS deduz as bases de PIS e
COFINS? e o ISS? e o contrário?
Parte dessa cobrança é cumulativa, não sendo possível deduzir o que foi
pago na etapa anterior do processo produtivo (ISS e PIS+COFINS no
Lucro Presumido).

Na importação, por exemplo, há cobrança de ICMS, IPI, II, PIS e


COFINS...fora as taxas aduaneiras.

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NA IMPORTAÇÃO, POR EXEMPLO, HÁ COBRANÇA DE ICMS,
IPI, II, PIS e COFINS... FORA AS TAXAS ADUANEIRAS.
Ex: Empresa importou máquina p/ R$ 1.000,00. Ela PAGA:
• II (alíquota de 18%) de R$ 180,00 (base 1.000,00).
• IPI (alíquota 10%) de R$ 118,00 (base 1.180,00).
• PIS (alíquota 2,1%) de R$ 21,00 (base 1.000,00).
• COFINS (alíq. 10,65%) de R$ 106,50 (base 1.000,00).
• ICMS (alíq. 20% p/ dentro *1) de R$ 356,38 (base 1.425,50).
*1 1.425,50 / 0,80 = 1.781,88 x 20% = R$ 356,38

(1.000,00 + 180,00 + 118,00 + 21,00 + 106,50)

Preço Final da máquina ficou em R$ 1.781,88 (78,2% de tributos)


OBS: Alíq. oficiais, sendo o ICMS considerando alíquota modal aplicada no RJ. 17
QUAL IMPOSTO PAGAR? DEPENDE...
O sistema tributário brasileiro produz situações inusitadas. Até mesmo
uma gráfica, com 26 empregados, pode ter uma complexidade única.
Sergei Lima, presidente do Conselho de Assuntos Tributários da FIRJAN,
vive essa situação na sua empresa, a Gráfica Lima. Dependendo do
cliente, ele tem de recolher IPI, ICMS ou ISS:
• Se eu produzir uma caixa de remédio, vou recolher IPI.
• Mas, se for um rótulo, ou uma etiqueta, devo pagar ICMS.
• Já quando imprimo um papel timbrado, é ISS.

Mas não sei explicar a lógica do legislador para estabelecer essas diferenças.
Matéria do Jornal “O Globo” do dia 3/DEZ/17

18
PIS+COFINS: MODELO PIOR A CADA DIA...
Cia. ALFA (LP) vende dia 29-JAN por R$ 500 um produto
para a Cia. BETA (LR) com pg. no dia 2-FEV.

ALFA (LP) BETA (LR)


Reg. de Caixa Reg. de Competência

Utiliza Crédito de
Pg. COFINS de R$ 15
COFINS de R$ 38
(3%) no dia 25/MAR
(7,6%) no dia 25/FEV

Mesmo de LR para LR tem distorção. IPI entra na base de


créditos, mas não integra a BC da Cia. vendedora
19
PRODUTOS CAROS por CAUSA DOS TRIBUTOS fonte: ibpt.com.br

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PARTE 4
ELEVADO E PERIGOSO VOLUME DE
LITÍGIOS TRIBUTÁRIOS NO BRASIL
Pior do que pg. muitos tributos é a incerteza
em relação aos riscos de pagar errado e ser
autuado depois.

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CONTENCIOSO GRANDE E PERIGOSO
Estima-se que o contencioso tributário, incluindo discussão administrativa e
judicial seja de R$ 5 trilhões, quase 70% do PIB. Contudo, boa parte não é passível
de recuperação.
O estoque de crédito tributário contencioso da União, composto por crédito
tributário da RFB e da PGFN, alcançou R$ 3,4 tri em 2018, segundo dados do
Balanço Geral da União. Esse valor é superior às receitas realizadas pela União e
atingiu + de 50% do PIB em 2018. Se arrecadado, tornaria o patrimônio líquido da
União positivo (desde 2015, encontra-se negativo)¹.
O percentual do PIB em discussão judicial e o número de processos tributários é bem
menor em outros países, principalmente os integrantes da OCDE.

¹ Pesquisa publicada pelo Instituto Etco em NOV/19 (etco.org.br), encomendada a EY.


NÚMEROS DA NOSSA CONFUSÃO TRIBUTÁRIA
A complexidade da legislação traz enormes riscos para os negócios no Brasil e impede a
entrada de potenciais investidores.
Estudo da EY demonstra que a conclusão de um processo de contencioso tributário no Brasil
leva, em média, 18 anos e 11 meses, somando etapas administrativa e judicial.
Pesquisa simples em DFs. de DEZ/17 revelou riscos tributários PROVÁVEIS e
POSSÍVEIS de R$ 509 bilhões em 50 das maiores empresas brasileiras. O passivo
contingente não registrado representa 49% (média) do PL e quase 1/3 da Receita Líquida.
Um Caos!
Muitos destes grupos tem unidades fabris, operações e empregados no exterior. Mas quase
todo seu passivo contingente está no Brasil.
Quem se habilita a investir aqui nas condições atuais, com este manicômio tributário?

https://ipecrj.com.br/wp-content/uploads/2018/08/Artigo-Riscos-Tributarios-18.pdf
NUMEROS DA NOSSA CONFUSÃO TRIBUTÁRIA
Dados de DEZ/17 - em R$ milhões RISCO TRIBUTÁRIO
SETORES (nº) PL Provável Possível SOMA s/ PL
TELECOM (4) 88.616 9.865 98.944 108.809 111,7%
INDÚSTRIA (4) 63.046 1.283 64.034 65.317 101,6%
PETRÓLEO e GÁS (4) 293.260 5.490 143.833 149.323 49,0%
PROTEÍNA ANIMAL (3) 40.489 2.424 17.670 20.094 43,6%
COMÉRCIO/SHOPPING (8) 47.646 1.101 17.288 18.389 36,3%
SIDERURGIA/MINERAÇAO (6) 249.631 4.247 88.569 92.816 35,5%
ENERGIA ELÉTRICA (5) 74.858 1.219 26.002 27.221 34,7%
PAPEL e CELULOSE (3) 33.506 393 11.502 11.895 34,3%
SERVIÇOS EM GERAL (7) 47.185 2.292 9.836 12.128 20,8%
BENS DE CAPITAL (3) 11.149 286 1.233 1.519 11,1%
SANEAMENTO (3) 29.717 317 1.556 1.873 5,2%
SUBTOTAL 50 GRUPOS 979.103 28.917 480.467 509.384 49,1%
5 MAIORES BANCOS 525.408 22.001 75.501 97.502 14,4%
TOTAL 55 GRUPOS 1.504.511 50.918 555.968 606.886 37,0%
Receita Líquida Total dos 50 Grupos: R$ 1.507 bilhões (Valor alcança 23% do PIB)
NÚMEROS DA NOSSA CONFUSÃO TRIBUTÁRIA
A AMBEV declara ter operações em 18 países das três américas: Brasil,
Canadá, Argentina, Uruguai, Chile, Panamá, Cuba, dentre outros. Dos
seus 51 mil empregados, aproximadamente 20 mil estão em empresas
controladas atuando no exterior.
Sua receita líquida tem 55% oriunda de suas operações no Brasil e
45% são obtidos pelas suas operações nas subsidiárias nos 17 países
do continente americano.
Todavia, as perdas possíveis em litígios tributários de R$ 69 bilhões
(2019) se referem quase que exclusivamente a autuações efetuadas
pelas autoridades fiscais brasileiras.
Matéria da Revisto ISTO É (20/ABR/17)
Ex: PERDAS ESTADUAIS POSSÍVEIS NA VIVO
Dentre as ações de DEZ/17 (R$ 19 bi), destacam-se:
1. Sobre prestação de serviços de facilidades, utilidade e comodidade e locação de modem Speedy;
2. Ligações internacionais (DDI);
3. Estorno de crédito de ICMS relativo à obtenção de bens destinados ao ativo imobilizado e cobrança de
ICMS na transferência interestadual de bens de ativo imobilizado entre as filiais;
4. Estorno de créditos extemporâneos de ICMS;
5. Prestação de serviço fora de São Paulo com recolhimento do ICMS para o Estado de São Paulo;
6. Cobilling;
7. Substituição tributária com base de cálculo fictícia (pauta fiscal);
8. Aproveitamento de créditos provenientes da aquisição de energia elétrica;
9. Atividades meio, serviços de valor adicionado e suplementares;
10.Créditos do imposto relativo a impugnações/contestações sobre serviços de telecomunicação não
prestados ou equivocadamente cobrados (Convênio 39/01);
11.Saídas de mercadorias com preços inferiores aos de aquisição (descontos incondicionais);
12.Cobrança diferida do ICMS interconexão (Documento de Declaração de Tráfego e de Prestação de
Serviços - DETRAF);
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Ex: PERDAS ESTADUAIS POSSÍVEIS NA VIVO
9. Créditos advindos de benefícios fiscais concedidos por outros entes federados;
10.Glosa de incentivos fiscais relativos a projetos culturais;
11.Transferências de bens do ativo imobilizado entre estabelecimentos próprios;
12.Créditos do imposto sobre serviços de comunicação utilizados na prestação de serviços da mesma
natureza;
17. Doação de cartões para ativação no serviço pré-pago;
18. Estorno de crédito decorrente de operação de comodato, em cessão de redes (consumo próprio e
isenção de órgãos públicos);
19. Multa Detraf e ICMS sobre assinatura mensal;
20. Consumo próprio e isenção de órgãos públicos;
21. ICMS sobre os valores dados a título de descontos;
22. Reescrituração de livro fiscal sem autorização prévia do fisco; e
23. Sobre serviços não medidos.

Em 31/DEZ/17, os montantes consolidados envolvidos totalizavam R$ 19 bilhões


(R$ 15,4 bi em 31/DEZ/16) 28
COMO SE RESOLVEM OS LITÍGIOS TRIBUTÁRIOS PELO MUNDO
Estudo da EY escolheu nações mais bem posicionadas do que o Brasil (80º colocado) no
ranking do Relatório de Competitividade Global 2017/2018 do Fórum Econômico Mundial:
EUA (2º) Possibilita acordo antes ou depois da emissão do auto de infração, com processos rápidos
de mediação e de arbitragem independente de conflitos.
ALEMANHA (5º) Favorece o diálogo entre o fisco e o contribuinte durante a fiscalização,
possibilitando acordos informais que previnem a geração de contencioso.
AUSTRÁLIA (21º) Oferece amplo espaço para defesa e negociação entre o contribuinte e o fisco
na fase de recurso administrativo, incluindo mediação, avaliação do caso, conciliação, conferência e
avaliação neutra.
ÍNDIA (40º) Possui mecanismos alternativos para a solução de conflitos em casos complexos, mas a
judicialização, que não foi alvo da reforma tributária realizada em 2017, segue elevada. No total, os
processos tributários podem durar até 31 anos.
PORTUGAL (42º) Disponibiliza sistema de arbitragem ao contribuinte logo após a emissão do auto
de infração.
MÉXICO (51º) Permite a negociação entre o contribuinte e o fisco ainda durante a fase de
fiscalização, autorizando a celebração de acordo conclusivo.
https://www.etco.org.br/noticias/as-principais-revelacoes-do-estudo-feito-pela-ey/
MAS TEM O OUTRO LADO...
Sim, enquanto o FISCO tenta fazer a cobrança de impostos, taxas, contribuições,
juros e multas em processos tributários contra os contribuintes...há o outro lado...
Por conta de erros e omissões no processo legislativo, o Brasil tornou-se o paraíso
para os profissionais da área contábil-jurídica que se aventuram em recuperar
tributos pagos nas enormes brechas deixadas no emaranhado de leis, decretos,
instruções normativas e atos departamentais.
A principal ação envolve a retirada do ICMS das bases de PIS e COFINS, mas há
outras situações diversas e todas nos custam/custarão muito caro.
EXEMPLO DA NOSSA CONFUSÃO TRIBUTÁRIA
▪ Sobre a Receita de Vendas de Produtos e Serviços há cobrança por dentro de ICMS ou ISS
+ PIS + COFINS. Então, em uma venda por R$ 1 mil, há cobrança de ICMS de R$ 180
(18%), PIS de R$ 16,50 (1,65%) e COFINS de R$ 76 (7,6%), com total de R$ 272,50
(27,25%) e Receita Líquida de R$ 727,75.
▪ Desde 1999 há processos de empresas pedindo para retirar o ICMS das bases de PIS e
COFINS. Então, no exemplo didático, as contribuições para PIS+COFINS (alíquota total de
9,25%) deveriam ser calculadas sobre R$ 820 (1.000 - 180), dando R$ 75,85 (9,25%). Como
o valor pago montou R$ 92,50, a empresa pede de volta R$ 16,65 (9,25% s/ 180).
▪ O problema é que tal confusão poderia ter sido resolvida em 2007, quando o STF
encaminhou a derrota do governo. Porém, com manobras jurídicas, o julgamento foi sendo
adiado, adiado, empurrado para frente, adiado...
▪ E foi decidido pela suprema corte apenas em MAR/17, quase dez anos depois e o resultado
mostra como legislamos mal (6 a 4). O resultado vem trazendo prejuízo aos cofres públicos
estimado em torno de R$ 200 bi. Adivinhe quem irá pagar por isso?
▪ Até HOJE o STF não encerrou a discussão e o legislativo não mudou as leis em vigor.
Os TRF já começam a assimilar a decisão que o STF apenas sinalizou que deve tomar — a de
excluir o ICMS da base de cálculo da COFINS. Seis ministros do STF já votaram pela exclusão.
Para o desembargador Márcio Moraes, do TRF da 3ª Região, isso já basta para autorizar a concessão de tutela
antecipada para que empresas deixem de pagar a parte referente ao ICMS na hora de recolher a contribuição. Com
este argumento, ele liberou a empresa XPTO (fictícia).
“Embora o referido julgamento ainda não tenha se encerrado, não há como negar que traduz concreta expectativa
de que será adotado o entendimento de que o ICMS deve ser excluído da base de cálculo do PIS e da COFINS, o
que aponta o caminho para evitar que o contribuinte se sujeite ao ônus decorrente do inadimplemento ou à árdua
via do solve et repete, que representa, também, o perigo de dano de difícil reparação”, afirmou o desembargador.
Enquanto o Supremo não define a questão, a União também se movimenta para evitar uma perda de R$ 2 bilhões
na arrecadação anual. A AGU entregou ao STF Ação Declaratória de Constitucionalidade para confirmar a inclusão
do ICMS na base da COFINS.
A esperança do governo federal é a de que seus argumentos possam convencer alguns dos ministros a rever seu
voto. Se nenhum fizer isso, o governo já perdeu.
O Supremo analisa a inclusão do ICMS na base de cálculo da COFINS em um Recurso Extraordinário contra
decisão do próprio TRF-3, que havia considerado válida a inclusão. A decisão do Supremo definirá o conceito de
faturamento — saber se imposto, ainda que embutido no preço das mercadorias vendidas, pode ser considerado
faturamento ou não.
O PROBLEMA É QUE ESTA NOTÍCIA É DE 2/NOV/07...
https://www.conjur.com.br/2007-nov-02/desembargador_antecipa_decisao_stf_cofins
PARTE 5
A REGRESSIVA E INJUSTA
COBRANÇA DE IR NO BRASIL
Modelo foi colocado em vigor em meados dos
anos 1990, com promessa de atrair enorme
número de investidores que nos ajudariam a
melhorar as condições econômicas do país.

33
O QUE É TRIBUTAÇÃO SOBRE A RENDA?
Exclusivo na Fonte, alíq. 15%, com depreciação por
GANHO DE CAPITAL meio de redutor e isenção em diversas situações.
Exclusivo na Fonte, alíquotas 15% a 22,5% e
PRODUTO JUROS isenções diversas.
DO CAPITAL Sem tributação. JCP é exclusivo na fonte (15%), mas
DIVIDENDOS representa benefício, pois PJ economiza 34%.

ALUGUEL Tributação idêntica a renda do trabalho.

SALÁRIOS, FÉRIAS, Tabela progressiva c/ base inicial baixa, alíq. máx. de


PRODUTO AUTÔNOMOS, etc. 27,5%, deduções limitadas, exceto gastos de saúde.
DO
TRABALHO PARTICIPAÇÕES Tabela progressiva com base inicial 3,5x maior que a
NOS LUCROS dos salários. Utilizado para rendas + elevadas.
UM MODELO TRIBUTÁRIO COMPLEXO, INEFICIENTE, REGRESSIVO...
Precisamos simplificar (e reduzir) a complexa e confusa cobrança de tributos sobre os
produtos e serviços. Precisamos também reduzir a tributação sobre a folha de pg. Porém,
nada é mais urgente do que revisar a tributação sobre a renda. TEMOS NO BRASIL:
▪ IRPF totalmente REGRESSIVO, contribuindo decisivamente para aumento da desigualdade de renda
no país nos últimos 25 anos. Tabela IRPF congelada entre 1996/2001. Atualizada parcialmente em 2002
e congelada até 2004. Entre 2005 e MAR/15 foi atualizada pela inflação. Congelada desde então.
▪ Em paralelo pg. de JCP e outras deduções como utilização intensa de lucro presumido em empresas
controladas representaram redução da alíquota efetiva de 34% das empresas. Além disso, seus
sócios/acionistas recebem distribuição de lucros com isenção de IRPF desde 1996. Rendas oriundas
do capital pg. IR Exclusivo na fonte com alíquotas baixas (15%).
▪ A falta de abertura de dados da RFB dificultou o diagnóstico de como o modelo brasileiro ficou regressivo.
Nos últimos anos, os dados foram abertos, mostrando que o modelo de cobrança de IR no Brasil contribui
de forma decisiva para tornar o Brasil o 7º país + desigual e o 2º com a renda + concentrada do mundo.
Muitos Impostos Tributação Pesada IRPF Médio IRPJ de 21% Gastos Públicos
(Qtde e R$) cobrados + sobre a Folha de + na Renda + Pejotização + no Andar + descontrolados e
s/ Bens e Serviços Pg./Terceiros do Trabalho de Cima engessados
MODELO TRIBUTÁRIO VIGENTE (MANICÔMIO TRIBUTÁRIO)
MIGRAÇÃO DOS RENDIMENTOS NOS ÚLTIMOS 20 ANOS
Nº Declar. Nº Receb. Rend. RENDIMENTOS - DISTRIBUIÇÃO %
ANO %
(milhões) Divid. Total (R$ TRIBUTÁVEIS EXCL. FONTE ISENTOS
1998 11.056 312 69% 9% 22%
2001 15.232 435 69% 8% 23%
2005 22.766 885 65% 9% 27%
2007 25.225 1.089 4,3% 985 71% 8% 21%
2011 24.898 1.874 7,5% 1.774 60% 10% 29%
2014 27.581 2.205 8,0% 2.400 60% 9% 31%
2018 29.102 3.214 11,0% 3.098 59% 10% 31%
Fonte: RFB, dados organizados pelo Prof. Pêgas.
RAIO X DOS RENDIMENTOS COM TRIBUTAÇÃO DEFINITIVA (RTEF)
Rendimentos que sofrem tributação APENAS no recebimento. São distribuídos em rendimentos de capital e
trabalho, sendo R$ 297 bi em 2017, 10% do total recebido pelas PF declarantes. Veja os detalhes a seguir:

Qtde em milhões. Valores em R$ bi 39% 10% 28% 12% 5% COMPOSIÇÃO DOS


Fx SALÁRIO (mês) Qtde. RTEF % RT 13º PLR APL.FIN. G.CAP. JCP REND. EXCL. FONTE
Até R$ 5 mil 15.954 29.276 6% 20% 10% 3% 0,3% 0,4% 86% RT e 9% RFIN.
5.000 a 20 mil 10.971 87.676 8% 48% 45% 16% 5% 2% 75% RT e 18% RFIN.
20.000 a 60mil 1.856 67.513 10% 25% 25% 25% 14% 6% 51% RT e 36% RFIN.
60.000 a 160 mil 253 35.396 14% 6% 11% 18% 17% 9% 49% RF e 18% GC/JCP
Acima de 160 mil 67 77.034 19% 2% 9% 38% 64% 82% 49% RF e 39% GC/JCP
TOTAL 29.102 296.896 10% Fonte: RFB, dados organizados pelo Prof. Pêgas.
RAIO X DOS RENDIMENTOS ISENTOS
Rendimentos que NÃO tem qualquer cobrança de IR. São distribuídos em rendimentos de capital e trabalho,
sendo R$ 881 bi em 2017, 30% do total recebido pelas PF declarantes. Veja os detalhes a seguir:

Qtde em milhões. Valores em R$ bi 25% 7% 13% 42% 1,6% COMPOSIÇÃO DOS


Fx SALÁRIO (mês) Qtde. ISENTOS s/ RT TRAB+APOSENT. REND. FINANC. DOAÇÕES LUCROS G.CAP. REND. ISENTOS
Até R$ 5 mil 15.954 55.945 11% 14,6% 6,1% 0,7% 3,1% 0,3% 57% RT e 20% DIVID.
5.000 a 20 mil 10.971 214.909 19% 42,3% 23,4% 9,1% 16,9% 5,3% 43% RT e 29% DIVID.
20.000 a 60mil 1.856 213.910 33% 27,5% 22,4% 14,8% 25,5% 13,0% 44% DIVID. e 28% RT
60.000 a 160 mil 253 132.091 53% 9,1% 13,2% 14,3% 19,6% 8,5% 55% DIVID. e 15% RT
Acima de 160 mil 67 264.476 66% 6,5% 34,9% 61,1% 35,0% 72,8% 49% DIVID. e 27% DOAÇÕES
TOTAL 29.102 881.331 30% Fonte: RFB, dados organizados pelo Prof. Pêgas.
QTDE RENDIMENTOS - R$ bi IR ALIQ. DISTRIB. RENDIM.
2007 (mil) TRIBUT. ISENTO TOTAL DEVIDO EFETIVA TRIBUT. ISENTO
Até 3 mil 6.607 29 1 30 0 0,03% 96,9% 3,1%
3 a 5 mil 7.116 116 3 119 0 0,1% 97,6% 2,4%
5 a 7 mil
6.314 163 11 174 4 2,1% 93,8% 6,2%
7 a 10 mil
10 a 15 mil
3.069 145 19 164 11 6,9% 88,3% 11,7%
15 a 20 mil
20 a 30 mil
1.388 118 28 146 17 11,7% 80,7% 19,3%
30 a 40 mil
40 a 60 mil
526 75 32 107 14 12,9% 70,0% 30,0%
60 a 80 mil
80 a 160 mil 138 27 26 53 5 10,3% 50,6% 49,4%
160 a 240 mil
240 a 320 mil 67 24 91 114 5 4,4% 20,7% 79,3%
Acima 320 mil
TOTAL 25.225 697 211 908 56 6,2% 76,8% 23,2%
Utilizado salário mínimo de 2019 (R$ 998), mas como se fosse com os dados do IRPF de 2007.
QTDE RENDIMENTOS - R$ bi IR Pg. ALIQ. VAR.% VAR.% VAR.% DISTRIB. RENDIM. % RTEF /
2018 (mil) TRIBUT. ISENTO TOTAL R$ Bi EFETIVA ALIQ.¹ ALIQ.² ALIQ.³ TRIBUT. ISENTO Rtrib.
Até 3 mil 8.333 150 16 166 0,1 0,07% 21% 2044% 138% 90% 10% 5%
3 a 5 mil 8.290 301 44 345 4,3 1,25% 4,4% 136% 1485% 87% 13% 8%
5 a 7 mil 4.391 231 44 275 9,3 3,4% 3,9% 64% 84% 16% 9%
134%
7 a 10 mil 3.307 237 54 291 18,1 6,2% 3,1% 46% 81% 19% 10%
10 a 15 mil 2.541 252 74 326 30,4 9,3% 1,9% 25% 77% 23% 11%
46%
15 a 20 mil 1.169 154 57 211 23,3 11,0% 0,7% 12% 73% 27% 13%
20 a 30 mil 1.076 185 86 271 31,5 11,65% 0,6% 5,2% 68% 32% 15%
0,0%
30 a 40 mil 487 110 64 174 20,4 11,73% 0,5% 1,8% 63% 37% 17%
40 a 60 mil 357 93 81 174 18,0 10,3% 0,3% 4,0% 54% 46% 23%
25%
60 a 80 mil 124 36 49 85 7,1 8,4% 1,8% 7,5% 42% 58% 34%
80 a 160 mil 126 41 92 133 8,4 6,3% 2,0% 7,6% 39% 31% 69% 53%
160 a 240 mil 30 12 44 56 2,6 4,6% 2,8% 5,1% 22% 78% 79%
240 a 320 mil 13 7 27 34 1,4 4,0% 3,5% 2,7% 34% 19% 81% 97%
Acima 320 mil 26 30 225 255 6,0 2,4% 3,5% 1,2% 12% 88% 207%
TOTAL 30.269 1.838 957 2.795 181 6,5% 0,6% 9,1% 4,4% 65,8% 34,2% 16,5%
¹ Var. na alíq. entre 2018 e 2017 ² Var. na alíq. entre 2018 e 2014 ³ Var. na aliq. entre 2018 e 2007 Fonte: RFB, dados organizados pelo Prof. Pêgas.

Utilizado salário mínimo de 2019 (R$ 998), mas como se fosse com os dados do IRPF de 2018.
OS BENS DECLARADOS NO BRASIL A RFB vem abrindo, desde 2014 os dados de IRPF. A
BENS - em R$ bi 2014 2018 Var.% tabela abaixo apresenta a renda dos contribuintes por
3 percentis em 2018, sendo que cada percentil tinha
Imóveis 2.728 3.524 29% 298.488 contribuintes. A classificação leva em conta os
Aplic. Financeiras 1.713 2.812 64% rendimentos tributáveis + exclusivos na fonte +
Particip. Societ. 969 1.580 63% recebimentos de dividendos e distribuição de lucros
Veículos 518 548 6% das ME e EPP. Veja os números e tire suas conclusões.
Emprést. Pessoal 198 304 54%
Faixa Renda Nº Decl. Bens (Md.) - R$ mil Var. %
Dinheiro (R$) 200 116 -42%
Mensal (2018) mil 2014 2018 2014-2018
Depósito Bancário 63 70 11%
Até R$ 5 mil 18.805 92 112 21%
Demais Bens 361 322 -11%
5 a 10 mil 6.567 144 176 22%
TOTAL BENS 6.750 9.276 37%
DÍVIDAS 574 685 19%
10 a 20 mil 2.985 324 421 30%
BENS LÍQUIDOS 6.176 8.591 39% 20 a 40 mil 1.194 873 1.152 32%
Total Rendimentos 2.400 3.098 29% 40 a 126 mil 239 2.981 3.949 32%
Declarantes 27.367 29.849 9% 126 a 206 mil 30 8.079 11.219 39%
Bens - Média 226 288 28% > R$ 206 mil 30 36.686 47.764 30%
Rendim. Média Mês 7.308 8.649 18% TOTAL 29.849 226 288 28%
Fonte: Página da RFB, dados organizados pelo Prof. Pêgas. IPCA Acum. = 25,6% Selic Acum. = 51,2%
IR+CSLL DE 100 GRUPOS - ÚLTIMOS DEZ ANOS (2010 a 2019)
100 GRUPOS LAIR IR+CSLL ALIQ.
PETRÓLEO E GÁS (7) *¹ 255.310 92.698 36,3%
SERVIÇOS (30) 218.927 60.807 27,8%
COMÉRCIO (10) 35.570 8.859 24,9%
ENERGIA ELÉTRICA (8) 73.867 15.659 21,2%
INDÚSTRIA PESADA (18) 196.800 41.629 21,2%
TELECOMUNICAÇÕES (3) 82.121 16.091 19,6%
INDÚSTRIA LEVE (16) 197.636 33.555 17,0%
BANCOS (8) 722.957 105.745 14,6%
TOTAL 1.783.187 375.042 21,0%
*¹ Petrobras tem 78%do LAIR e 83%do IR do setor. E teve alíq. efetiva de 38,3%por conta dos três últimos anos.
Fonte: Site de cada empresa e/ou grupo, c/ dados organizados pelo Prof. Pêgas. Valores em R$ milhões.
TABELA: SISTEMAS DE TRIBUTAÇÃO DA RENDA DO TRABALHO E DO CAPITAL EM DOZE PAÍSES
SELECIONADOS – ANO 2017
PAÍS DISTINÇÕES NA TRIBUTAÇÃO ENTRE RENDAS DO TRABALHO E DO CAPITAL
ALEMANHA Taxa única proporcional de 25% sobre rendas de dividendos, retorno de investimentos financeiros,
DUAL ganhos de capital, entre outros. Quando possível ao contribuinte, esses rendimentos podem ser
TRABALHO incluídos na declaração geral e tributados a menor taxa.
AUSTRÁLIA Toda renda deve ser incluída na declaração única, sujeita a alíquotas progressivas. Incentivo fiscal
AMPLO para ganhos de capital de longo prazo.
CANADÁ
AMPLO Sem distinção entre o tratamento tributário de rendas do capital e rendas do trabalho.

ESPANHA Rendas em geral, incluindo a renda do trabalho são tributadas por uma tabela progressiva geral.
DUAL Rendas de capital mobiliário (dividendos, juros, ganhos de capital, etc.) são recolhidos na fonte
TRABALHO ou tributados a uma tabela progressiva mais branda.

EUA Todas as rendas são incluídas na declaração única, sujeitas a taxas progressivas. Existe uma tabela
AMPLO de taxas progressivas especial para ganhos de capital de longo prazo, com alíquotas menores.

Todas as rendas são incluídas na declaração única, sujeitas a taxas progressivas, com um imposto
FRANÇA
AMPLO temporário adicional sobre grandes rendas. Ganhos de capital de longo prazo são tributados a taxa
proporcional que depende do tipo de ativo.
Tratamento diferenciado entre rendas do trabalho e do capital. Salários são tributados na fonte
MÉXICO mensalmente seguindo tabela progressiva. Rendas do capital e rendas financeiras são tributados
DUAL por alíquotas progressivas ou proporcionais distintas, dependendo do tipo de retorno. Alto grau de
especificidade.
NOVA
Rendas do trabalho e capital são tributados igualmente pela mesmatabela progressiva. Ganhos de
ZELÂNDIA
AMPLO capital são isentos.
Fonte: Introíni, Santos, Siqueira, Chieza, Torrente, Loebens, Farias e Hickmann, em pesquina na página eletrônica da OCDE.
REFLEXÕES SOBRE OS NÚMEROS APRESENTADOS
1. O Brasil é um país de renda média baixa, sendo difícil a comparação com nações desenvolvidas;
2. Nosso modelo tributário, desenvolvido a partir de 1995 e mantido desde então, teve como objetivo
reduzir a tributação sobre a renda, principalmente oriunda do capital, com racional de que os
investimentos aumentariam à medida que mais recursos permanecessem nas mãos dos investidores
e contribuintes de maior renda. O principal instrumento utilizado foi a isenção na distribuição de
lucros das empresas, integrado com a dedução no IRPJ de grandes empresas permitida para o pg.
de JCP, que sofria IRRF definitivo de 15%;
3. Infelizmente o crescimento (esperado) dos investimentos não aconteceu. Para cobrir a perda de
arrecadação, os governos foram aumentando a cobrança de IRPF mediante atualização da tabela
em patamar inferior ao necessário, além de carregar a tributação sobre o consumo;
4. Com isso, aumentou o instrumento da pejotização, quando PF recebem remunerações de trabalho
por meio de empresas, transformando rendimentos tributáveis em rendimentos isentos, que
cresceram em participação percentual ao longo dos anos, em detrimento dos rendimentos tributáveis;
5. O modelo, que já nasceu regressivo, viu esta característica aumentar substancialmente ao longo dos
últimos vinte e cinco anos, sendo importante fator que contribui aumentar a concentração de renda e
tornar o Brasil um país cada vez mais desigual, cada vez mais desumano; e
6. O congresso nacional deverá enfrentar este problema de frente, com coragem, para transformar o
modelo atual de cobrança do imposto de renda no Brasil.
PARTE 6
CONCLUSÃO
O Brasil é um país com enorme DESIGUALDADE,
com uma dívida pública elevada, mas com uma
dívida social ainda maior. Por isso é necessário
fazer um diagnóstico técnico, bem fundamentado,
procurando construir o novo modelo pensando no
principal objetivo de um modelo tributário: ser
SIMPLES, PROGRESSIVO E NEUTRO.

47
A REFORMA TRIBUTÁRIA DEVE SER UM PROCESSO, PERSEGUINDO O DECÁLOGO:
1. O STN deve ser simples, justo (progressivo) e neutro.
2. Menos Impostos para PJ e + Impostos para PF.
3. IR universal e (realmente) progressivo (alíquotas moderadas).
4. Redução dos Encargos Sociais (gerar emprego e renda).
5. Não precisamos (HOJE) de imposto novo. Precisamos sim, tornar o IPI um imposto seletivo, unificar
as legislações de ICMS e ISS, simplificar e reorganizar PIS+COFINS, migrando sua arrecadação atual
de forma gradual para patrimônio e renda até sua extinção.
6. Todos os impostos e contribuições sobre o consumo devem ser cobrados POR FORA, com destaque
na nota fiscal. O ideal, no futuro, é ter um único imposto (ICMS+ISS integrados) sobre as receitas +
um imposto seletivo monofásico, com o fim da danosa guerra fiscal. Somos um país só!
7. Centralização e simplificação de obrigações acessórias, com NF-e nacional de vendas de mercadorias
e de prestação de serviços e guia unificado de recolhimento.
8. Revisão da autonomia tributária dos municípios. Temos 1.273 municípios até 5 mil/hab.; 1.199 entre
5 e 10 mil/hab.; E apenas 673 cidades que possuem + de 50 mil/habitantes.
9. Revisão completa dos gastos públicos (REFORMA ADMINISTRATIVA), para que o IMPOSTO seja
entendido como INVESTIMENTO para promoção do BEM COMUM (mudança cultural).
10.Que se entenda a necessidade de DESPOLITIZAR as REFORMAS, para que elas possam atender ao
NOVO ESTADO BRASILEIRO, cuja PRIORIDADE número ZERO deve ser a EDUCAÇÃO
MUITO OBRIGADO!
Paulo Henrique Pêgas phpegas@uol.com.br
Profissional com 37 anos de atuação profissional, 33 na área contábil/tributária. Professor
do IPEC/RJ, IBMEC, Fipecafi-SP e outras instituições. Autor dos Livros Manual de
Contabilidade Tributária (9ª ed., Editora Atlas) e PIS e COFINS (5ª ed. ABR/18) e
Contabilidade Tributária p/ Provas e Concursos, (Freitas Bastos), além do livro REFORMA
TRIBUTÁRIA JÁ!, publicado pela Editora CRV (2ª ed. MAI/21 no site do IPEC).

ACESSE:
• (www.ipecrj.com.br)
• https://www.youtube.com/channel/UCBmKmcCtjgDOf1evsAd8rjQ?view_as=subscriber

• https://reformatributariaja.com/

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