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1 INTRODUÇÃO

Os estudos ambientais, principalmente os que se referem à modelagem do


espaço, são de suma importância para a melhor compreensão do espaço, visto que
as mudanças no uso e cobertura da terra são constantes, desde a colonização do
Brasil.
O estudo de uso e ocupação das terras constitui importante componente na
pesquisa para o planejamento da utilização racional dos recursos naturais,
contribuindo na geração de informações para avaliação da sustentabilidade
ambiental.
O monitoramento e análise dos impactos do uso da terra sobre as regiões
naturais são de primordial importância para que se possa gerar um planejamento
aplicável às áreas afetadas (GOMES e MALDONADO, 1998).
Atualmente, estes estudos são facilitados pelo desenvolvimento tecnológico
do sensoriamento remoto e do geoprocessamento. A utilização e a evolução do
sensoriamento remoto estabeleceram uma nova realidade de obtenção de
informações espaciais e o geoprocessamento permite as análises dessas
informações (OKA-FIORI et al., 2003).
As mudanças no uso da terra são resultados de alterações na composição
estrutural de uma área, agrícola ou não, influenciada por fatores externos as suas
características físicas, como por exemplo, o interesse econômico num determinado
produto agrícola por causa de seu preço de mercado ou obedecendo a costumes e a
tradição da população local (SCHEER e ROCHA, 2006).
A região do Cerrado vem sofrendo com o desmatamento há várias décadas.
Seu desmatamento é superior ao da Amazônia. Por ser um bioma com vegetação
não tão exuberante quanto a da Amazônia não se dá à devida importância que este merece.
Segundo o IBGE (2004), o Cerrado brasileiro ocupa uma área de aproximadamente
205 milhões de hectares, desse total apenas 0,85% são áreas de preservação ambiental. Os
cálculos do tamanho ocupado pelo Cerrado no território brasileiro variam bastante e
dependem basicamente da inclusão ou não das áreas de transição existentes nas bordas da área
central do bioma.
1 INTRODUÇÃO

As áreas de tensão ecológica chegam a ser bastante expressivas e a inclusão ou não


das mesmas muda radicalmente os valores, ou melhor, o tamanho do que poderia ser chamado
de ‘Cerrado’. Além disso, e também decorrente da dinâmica histórica dos ecossistemas,
existem encraves de vegetação de Cerrado em outros domínios de vegetação, como as áreas
de Cerrado no estado de Roraima, Amapá, Amazonas (Campos de Humaitá), Rondônia (Serra
dos Pacaás Novos), Pará (Serra do Cachimbo), Bahia (Chapada de Diamantina) e para o sul
do estado de São Paulo e Paraná.
A ocupação do Cerrado ocorreu em diferentes momentos e velocidades. Muito
provavelmente a abertura de áreas de pastagem para a criação de gado de corte foi à principal
causa de desmatamento do Cerrado. Dias (1994) sugere que até 1985 o manejo de áreas
nativas para a criação de gado seria a atividade econômica que ocuparia a maior parte nas
paisagens naturais do Cerrado. Nos anos recentes, entretanto, as pressões sobre o Cerrado
começam a ter uma outra origem.
Dada à importância dos estudos ambientais e as potenciais conseqüências negativas
do desflorestamento de áreas naturais, como o Cerrado, diversos estudos buscam compreender
a dinâmica das mudanças de uso da terra e cobertura vegetal. A proposta de mapeamento
deste trabalho vem de encontro a esta questão e certamente contribuirá à identificação das
potencialidades e vulnerabilidades dos meios físico, socioeconômico e ambiental na região da
bacia hidrográfica do Rio Araguari (Minas Gerais-Brasil).
A modelagem é conhecida como sendo a arte de se construir modelos, referente ao
processo de pesquisa que leva à geração do modelo, ou seja, a representação de um sistema.
Este processo é desenvolvido através da definição de um conjunto de hipóteses ou predições,
que poderão ser comparados com medidas do mundo real. O modelo somente é aceito,
rejeitado ou modificado de alguma maneira, após a comparação entre o resultado gerado e o
observado, para novamente ser testado (SOARES FILHO, 1998).
Quantificar as mudanças no uso da terra e cobertura vegetal (LUCC - Landuse and
Cover Change) e o desflorestamento é também um dos requisitos para o desenvolvimento de
modelos LUCC. Modelos computacionais são ferramentas úteis para complementar a
capacidade mental de modelagem, de forma a permitir tomadas de decisão mais informadas
(COSTANZA; RUTH, 1998). Modelos LUCC podem ajudar na avaliação de impactos
possíveis das regras alternativas através da construção de cenários e contribuem para os
processos de tomada de decisão.
Serão utilizados os modelos de simulação de mudanças de uso e cobertura da terra o
Land Change Modeler (LCM) e Cadeias de Markov, ambos presentes no software Idrisi
1 INTRODUÇÃO

Andes Edition. O primeiro baseado em redes neurais artificiais (RNA’s) ou regressão


logística, o LCM é composto por cinco funções: (1) análise de mudanças de uso e cobertura
da terra, (2) simulação do potencial de transição, (3) previsão de mudanças, (4) avaliação das
implicações das alterações sobre a biodiversidade, e, (5) elaboração de planos de manutenção
da diversidade biológica. O LCM utiliza redes neurais artificiais denominadas de Multi Layer
Perceptron (MLP backpropagation) para realizar o processo simulação. As RNA’s são
composta por várias unidades de processamento, cujo funcionamento é bastante simples.
Essas unidades, geralmente são conectadas por canais de comunicação que estão associados a
determinado peso.
E o modelo baseado em teorias de probabilidades, Cadeias de Markov, sendo este um
sistema estocástico, no qual as probabilidades de transição não mudam no decorrer do tempo,
sendo este processo caracterizado como estacionário.

1.1 Questões Investigativas

a) É possível modelar à transformação ocorrida numa bacia hidrográfica, inserida no


cerrado brasileiro, apenas com dados orbitais?
b) Qual seria a eficácia comparativa dos métodos de mudanças para a detecção de
transições do uso e cobertura da terra?
c) Qual modelo seria o mais apropriado para avaliação das mudanças do uso e cobertura
da terra? Qual seria o mais eficaz e de mais simples aplicação?

As respostas a estas indagações serão apresentadas ao final da tese, quando então o


pré-processamento dos dados espaciais, seleção e ponderação de variáveis, parametrização e
calibração dos modelos, e execução dos experimentos de simulação terão sido concluídos,
validados e devidamente avaliados.

1.2 Objetivos
1 INTRODUÇÃO

O objetivo geral da tese é a aplicação de modelos, para avaliar a mudança no uso e


cobertura das terra na bacia do Rio Araguari-MG, além de fazer uma simulação de cenários
futuros, com a utilização de dois simuladores, Cadeias de Markov e o o aplicativo LCM
(Land Change Modeler), ambos do Idrisi Andes Edition.

Os objetivos específicos englobam:


 Realizar o levantamento do uso da terra e cobertura vegetal para os anos de 1973 e
2009, com o uso de imagens orbitais;
 A partir dos mapas de uso gerados (1973 e 2009), utilizar o Dinamica EGO e o
modelo LCM no Idrisi Andes Edition, para simular o uso da terra e cobertura vegetal
para o ano de 2011;
 Validar os modelos empregados por meio de campanhas de campo e imagens de
satélite;
 Analisar a dinâmica e os impactos das mudanças no uso da terra;
 Com os mapas gerados e a validação dos modelos empregados, gerar cenários futuros
para o uso da terra e cobertura vegetal com o modelo que melhor satisfazer as
hipóteses supracitadas.

1.3 Organização do documento

No presente capítulo (Capítulo I) procurou-se contextualizar para o leitor o foco


principal deste estudo, com os objetivos a serem alcançados. Este documento possui mais seis
capítulos. O Capítulo II refere-se a fundamentação teórica da pesquisa e os conceitos de
modelagem e os diversos tipos de modelos e traz também considerações sofre os modelos
utilizados nesta pesquisa.
No Capítulo III é tratado do uso da terra e cobertura vegetal da Bacia do Rio
Araguari para os anos de 1973 e 2009. O Capítulo IV refere a modelagem no Idrisi Andes
Edition e a conceituação do modelo LCM. O Capítulo V apresenta a modelagem com Cadeias
de Markov e as funcionalidades do mesmo.
No Capítulo VI, tem-se uma comparação dos modelos e construção de cenários. Por
fim, no Capítulo VII são apresentadas às considerações finais sobre a pesquisa.
1 INTRODUÇÃO

A Figura 1.1 representa o fluxograma com a metodologia adotada para a elaboração


da tese. As etapas estão descritas nos capítulos que se seguem.

Definição do
Problema

Contextualização Mapeamento do
sobre Uso da terra e
Modelagem Cobertura Vegetal

Elaboração do material
cartográfico/mapas de
uso da terra e NDVI

Modelagem Modelagem
Idrisi Andes Cadeias de
Markov
LCM

Cruzamento dos
mapas de uso da
terra (1973 e 2009)

Análise da Análise da
Modelagem LCM Validação do Modelagem Cadeias
modelo de Markov

Análise Conjunta dos


Resultados e Definição
do melhor modelo

Apresentação de
cenários futuros.

Considerações
Finais

Figura 1.1 – Fluxograma Metodológico.

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