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ANÁLISE DE CIRCUITOS ELÉTRICOS

Marcos Costa Hunold


,

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO AOS CIRCUITOS ELÉTRICOS ............................................... 3


2 LEIS DE KIRCHHOFF E TEOREMAS DE ANÁLISE DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
................................................................................................................. 35
3 UTILIZAÇÃO DE SIMULADORES APLICADOS AOS CIRCUITOS ELÉTRICOS 56
4 ANÁLISE DE CIRCUITOS EM REGIME PERMANENTE SENOIDAL:
PRELIMINARES ......................................................................................... 73
5 ABORDAGEM FASORIAL DA ANÁLISE DE CIRCUITOS EM RPS ............... 100
6 ANÁLISE DE TRANSITÓRIOS E RESPOSTA EM FREQUÊNCIA EM CIRCUITOS
ELÉTRICOS .............................................................................................. 128

2
,

1 INTRODUÇÃO AOS CIRCUITOS ELÉTRICOS

Caros alunos, neste bloco apresentaremos as grandezas físicas que calculamos nos
circuitos elétricos, os componentes utilizados em circuitos elétricos e sua simbologia,
as leis e teoremas utilizados para cálculo das grandezas, inicialmente trabalhamos com
tensões e correntes constantes, isto é, circuitos com tensão contínua ou corrente
contínua. Depois, esse conceito é estendido para circuitos alimentados com outros
tipos de sinais de entrada. Este momento fornece os conceitos básicos da engenharia
elétrica. A partir deles é desenvolvida toda a análise de circuitos da engenharia
elétrica. É fundamental que você, caro aluno, veja os exercícios resolvidos e faça os
exercícios propostos que estão no Material de Apoio a fim de compreender como é
feita a análise de circuitos elétricos. Quaisquer dúvidas que você tiver, consulte o tutor
ou o professor responsável pela disciplina.

1.1 Grandezas Físicas e Componentes de circuitos elétricos

Nos circuitos elétricos temos alguns componentes através dos quais são avaliadas as
grandezas elétricas. Esses componentes podem ser elementos passivos ou elementos
ativos. Um elemento ativo é capaz de gerar e fornecer energia para os elementos
passivos, que não geram energia, mas, eventualmente, dissipam ou absorvem energia
para fornecê-la posteriormente.

• Exemplos de elementos ativos: geradores, baterias, fontes de alimentação,


amplificadores operacionais etc.;

• Exemplos de elementos passivos: resistores, capacitores e indutores.

As principais grandezas estudas nos circuitos elétricos são a corrente, tensão, potência,
energia elétrica, resistência, capacitância e indutância. É comum ouvirmos as pessoas
se referindo à tensão como voltagem e à corrente como amperagem. Na verdade,

3
,

essas pessoas estão misturando os nomes das unidades com as grandezas físicas.
Vejamos a definição de casa uma delas.

Corrente elétrica

É definida como o movimento de elétrons ao longo de uma seção de um fio. Unidade:


Ampere (A). Como trata do movimento de elétrons, é associada às cargas elétricas que
circulam por um fio ao longo do tempo, ou seja, a corrente elétrica I será dada por:

I = Q/t

Q é a carga elétrica (C – coulombs) e t é o tempo (em segundos). Esta definição é


adequada quando a carga é constante. Se variar ao longo do tempo, trabalha-se com o
valor instantâneo.

Observações importantes:

• Lembrar que: 1 coulomb corresponde à carga associada a 6,242 x 1018 elétrons.


Assim, a carga de 1 elétron é 1,6 x 10-19 C;
• Medir corrente: o amperímetro deve ser inserido em série ao circuito ou ao
ramo do circuito no qual se deseja medir a corrente. Se a corrente entra no
terminal I do multímetro e sai no COM (comum), a indicação será positiva. Se
sair do terminal I e entrar no COM, a indicação será negativa;
• Notação: se nos referimos à corrente em um determinado instante utilizamos
i(t), quando trabalhamos em corrente contínua utilizamos a letra maiúscula I;
• A corrente só existe pois nos fios de cobre existe um elétron livre na última
camada de valência e existe a fonte de tensão (bateria, fontes de alimentação,
gerador CC, pilhas, células fotovoltaicas etc.) que gera um potencial positivo
(íons positivos) e um potencial negativo. Os elétrons caminham do negativo da
fonte para o positivo. No entanto, o SENTIDO CONVENCIONAL adotado é que a
corrente eletrônica é a das “cargas positivas”, ou seja, do positivo da fonte para

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,

o negativo. A figura 1.1 ilustra a corrente eletrônica para um circuito elétrico


com uma fonte de tensão contínua, a pilha, e um resistor;
• Se tratarmos da relação entre corrente e cargas que passam de forma
instantânea, isto é, i(t) e q(t), observaremos que a variação da carga ao longo
do tempo corresponde à corrente i(t), ou seja:
𝒅𝒒(𝒕)
𝒊(𝒕) =
𝒅𝒕

Figura 1.1 – Circuito elétrico com representação do movimento de elétrons

Tensão Elétrica

Por experimentação, existe uma diferença de potencial de 1 volt (unidade da tensão)


entre dois pontos, quando ocorre uma troca de energia de 1 Joule ao deslocarmos
uma carga de 1 coulomb entre esses dois pontos. Assim associa-se a tensão à energia
elétrica de forma direta e inversamente proporcional à carga, ou seja:

V = W/Q

W é a energia elétrica (J – joules) e Q é a carga elétrica (C – coulombs). Unidade: volts


(V).

Observações importantes:

• Na bateria, ou pilha, representada na figura 1.1, reações químicas internas


estabelecem o acúmulo de cargas negativas (elétrons) em um dos terminais e
cargas positivas (íons positivos) no outro terminal. Esse posicionamento de
cargas gera a diferença de potencial entre os terminais ou a TENSÃO;

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• Notação: E (para fontes de tensão) ou V (ou U) para quedas de tensão nos


demais bipolos. Aqui vale a mesma observação para a corrente, isto é,
utilizamos e(t) ou v(t) para a tensão instantânea da fonte e do bipolo,
respectivamente, ou a tensão em um determinado instante;
• Medir tensão: entre dois pontos (em PARALELO) o voltímetro deve ser
utilizado, seja para um bipolo resistivo ou para uma fonte. O circuito não deve
ser interrompido;
• Podemos determinar a tensão em um determinado instante (tensão
instantânea) e vale:
𝒅𝒘
𝒗(𝒕) =
𝒅𝒒

Potência Elétrica

Grandeza que mede quanto se absorve de energia em um determinado intervalo de


tempo. É dada por:

P = W/t

W é a energia elétrica (J - joules) e t é o tempo (em segundos). Fazendo as devidas


substituições de W (W=Q.V) e depois de Q (I=Q/t), temos:

P = V. I Unidade: watts (W)

Energia elétrica

W = P.t Unidade: Wh (watt.hora)

Note que a nossa conta de luz é dada normalmente em kWh, ou seja, cobra-se pela
energia elétrica que consumimos ao longo de um período, normalmente de um mês. O
“k” indica um múltiplo da unidade (1 kWh = 1000 Wh).

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,

Observações importantes:

• Novamente aqui pode ser feito o cálculo da potência em um determinado


instante de tempo (potência instantânea) e deduz-se que:
𝒅𝒘(𝒕) 𝒅𝒘(𝒕) 𝒅𝒒(𝒕)
𝒑(𝒕) = = . = 𝒗(𝒕). 𝒊(𝒕)
𝒅𝒕 𝒅𝒒(𝒕) 𝒅𝒊(𝒕)

• Quanto ao sinal da potência com relação aos bipolos, deve-se obedecer ao fato
de que existem duas convenções: uma do sinal ativo e outra do sinal passivo.
Na convenção de sinal passivo, quando a corrente entra pelo terminal positivo
(potencial positivo) de um elemento, define-se que a potência p = +vi e
dizemos que o bipolo está absorvendo a potência. Se a corrente sai pelo
terminal positivo, p = –vi, dizemos que o bipolo está fornecendo a potência;
• Na convenção de sinal ativo quando a corrente sai do terminal positivo, p=+vi
e o bipolo fornece a potência. Quando a corrente entra no terminal positivo,
p=-vi e o bipolo absorve a potência em questão.

Resistência, resistores e as Leis de Ohm

A resistência é a oposição à passagem dos elétrons em um material, resultante das


colisões entre elétrons e átomos do material, que converte energia elétrica em outra
forma de energia (energia térmica, por exemplo no caso dos resistores, lâmpadas etc.).
A segunda lei de ohm estabelece quais grandezas físicas estão relacionadas com a
resistência de um condutor elétrico. Essa lei define a seguinte relação:

R = ρ. L/A

ρ é a resistividade do material, L é o comprimento e A é a área de seção transversal do


condutor. A unidade da resistência é o ohm (Ω), daí podemos deduzir a unidade da
resistividade. Note que a resistividade representa a oposição que um material oferece
ao fluxo de cargas elétricas ou simplesmente à passagem da corrente.

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,

Existem bipolos que tem um comportamento linear entre a tensão e a corrente que
passa. Esses elementos são chamados de bipolos ôhmicos, pois seguem a primeira lei
de ohm. Daí resultam as relações:

I = V/R ou V = R .I ou R = V/I

R é a resistência do bipolo ôhmico, que é constante, V é a tensão e I é a corrente


elétrica. Essa lei vale para sinais de tensão e corrente constantes ou para sinais
variáveis no tempo.

Observações importantes:

1) Normalmente, pode-se estabelecer a relação entre potência e resistência.


Substituindo na fórmula da potência, temos que: P = R . I 2 ou P = V 2 / R;
2) Existem bipolos não-ôhmicos, que possuem um valor de resistência variável. A
determinação de correntes e tensões em circuitos com bipolos ôhmicos e não-
ôhmicos é feita com métodos gráficos ou com a simplificação do
comportamento do bipolo não-ôhmico. Isso será estudado mais adiante;
3) Além da grandeza resistência, trabalha-se também com a Condutância (G), que
representa o quanto um bipolo conduz de corrente elétrica. Sua unidade é o
siemens (S) no S.I. ou o mho (℧), e é calculada por:

𝟏 𝑰
𝑮= =
𝑹 𝑽

Os resistores são bipolos que seguem as leis de ohm. São feitos para suportarem uma
determinada potência (resistores de 1/8 W, por exemplo, trabalham no máximo com a
potência de 0,125W). Em circuitos elétricos, normalmente, apresentam-se os tipos de
resistores, o código de cores e como se faz a medida de resistência: em paralelo ao
resistor com ele desconectado do circuito. Isso já foi visto em Física Experimental II,
inclusive foram vistos circuitos série e paralelo com resistores e fontes de tensão
contínuas, e como calculam-se as correntes e tensões nestes circuitos utilizando o
conceito de resistência equivalente. Faremos aqui uma breve revisão sobre esses
circuitos através de exercícios.

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Simbologia para representação de resistores em esquemas elétricos:

RESISTOR FÍSICO (exemplo) SIMBOLOGIA NO ESQUEMA


ELÉTRICO

ou R

Capacitância e capacitores

Os capacitores são bipolos elétricos que possuem, de forma simplificada, duas placas
metálicas separadas por um material dielétrico (isolante) de constante k e que
armazenam cargas elétricas proporcionalmente à tensão que é aplicada. Existem, por
exemplo, capacitores de placas paralelas e os cilíndricos. A relação de
proporcionalidade está ligada a capacitância, cuja unidade é o Faraday (F). Ela
depende da geometria do capacitor, ou seja, da distância entre as placas do capacitor,
da área das placas e da constante dielétrica do material entre as placas.

Por exemplo, um capacitor de 1 F, acumula, por exemplo, 1C quando sujeito a uma


tensão de 1V. Isto não ocorre de forma instantânea, existe uma dinâmica, e isso pode
ser compreendido em função da relação constitutiva do capacitor, que relaciona a
tensão com a corrente, que é dada a seguir.

Sabemos que:

𝒒(𝒕) = 𝑪. 𝒗(𝒕) e

𝒅𝒒(𝒕)
𝒊(𝒕) =
𝒅𝒕

Derivando a primeira equação e substituindo o valor de i(t), chega-se na relação


constitutiva do capacitor, que vale:

𝒅𝒗(𝒕)
𝒊(𝒕) = 𝑪
𝒅𝒕

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,

A partir dessa relação podemos estudar o comportamento do capacitor quando


associado a um circuito com outros componentes. Nos primeiros instantes de
funcionamento, o capacitor se comporta como um “curto”, pois sua tensão é
praticamente nula e a corrente é elevada. Com o passar do tempo, a corrente começa
a cair e a tensão aumenta até o instante em que o capacitor fica totalmente carregado,
e então sua corrente é nula e a tensão é máxima. Nesse instante, o capacitor se
comporta como um “circuito aberto”.

Simbologia para representação de capacitores em esquemas elétricos:

CAPACITOR FÍSICO (exemplo) SIMBOLOGIA NO ESQUEMA ELÉTRICO

Indutância e indutores

Os indutores são bipolos que armazenam energia em seu campo magnético. Trata-se
de uma bobina de fio condutor, conforme apresentado na figura a seguir, que mostra
um indutor do tipo solenoide. O indutor, quando ocorre uma variação de corrente em
seus terminais, produz uma força eletromotriz ou tensão para que a corrente
permaneça a mesma. Essa tensão é diretamente proporcional à taxa de variação de
corrente, que é igual a:

𝒅𝒊(𝒕)
𝒗𝑳 (𝒕) = 𝑳
𝒅𝒕

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Como se observa na equação, a indutância, L, é a constante de proporcionalidade e é a


propriedade que representa a oposição à mudança do fluxo de corrente através do
indutor. Sua unidade é o henry (H) e, no caso de um solenoide, ela depende do
número de espiras (N), da permeabilidade magnética do núcleo (µ), da área da seção
transversal do fio (A) e do seu comprimento (l), conforme a equação:

𝑵𝟐 𝝁𝑨
𝑳=
𝒍

Simbologia para representação de indutores em esquemas elétricos:

INDUTOR FÍSICO (exemplo) SIMBOLOGIA NO ESQUEMA ELÉTRICO

A partir da relação constitutiva do indutor, verifica-se que quando é aplicada uma


tensão no indutor, o campo magnético gera uma tensão de mesmo valor ao da fonte,
de forma a manter a corrente igual a zero. Desta forma, nos instantes iniciais, o
indutor se comporta como um “circuito aberto” e, com o passar do tempo, vai
reduzindo sua tensão e elevando a corrente que flui, até não apresentar mais o efeito
magnético. Neste instante, o indutor se comporta como um fio, ou seja, um “curto
circuito”.

Fontes de alimentação

As fontes de alimentação podem ser fontes de tensão ou fontes de corrente


independentes ou dependentes. Na análise de circuitos podemos trabalhar com fontes
de alimentação ideais ou reais. A seguir, ilustra-se os dois tipos de fontes e são

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,

fornecidas as curvas características destes componentes (curvas que relacionam a


tensão e a corrente dos terminais das fontes), bem como a conversão entre elas. Além
disso, apresentam-se as fontes dependentes (ou controladas) ideais que são um
elemento ativo no qual a quantidade de energia é controlada por outra tensão ou
corrente. Aqui, são apresentadas as fontes de alimentação com tensão contínua ou
simplesmente CC.

Fontes de tensão CC independentes

• Fontes de Tensão Ideais


Nesta fonte a tensão é mantida constante com o valor E, mesmo com a
variação da corrente. Os símbolos utilizados dependem do tipo de tensão
gerada. Se ela for constante no tempo (fonte de tensão CC) trabalha-se com a
seguinte simbologia e curva característica:

Simbologia Curva característica

U
I
E
+
E U RL
_

Observações importantes:

• A curva característica é um gráfico que relaciona a tensão com a


variação da corrente no bipolo ou o valor da corrente com a variação da
tensão, isso depende do tipo de bipolo que se trabalha, no caso, do tipo
de fonte de alimentação, isto é, fonte de tensão ou fonte de corrente;

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,

• A representação da fonte é feita com dois traços paralelos. O maior


traço indica o terminal positivo e o menor o terminal negativo. No caso
da fonte ideal, a tensão nos terminais da fonte, U é igual a tensão E;
• Na eletrônica é muito comum trabalhar com a tensão da fonte igual a
Vcc e representar parcialmente o circuito da figura acima. Define-se
uma referência do circuito que em geral é o terminal negativo da fonte,
e todas as tensões podem ser dadas com relação a essa referência. Se a
fonte for simétrica, isto é, possui tensão positiva e negativa de mesma
intensidade, a referência é o terminal entre as duas tensões, que é
chamado de 0V. A figura abaixo representa o circuito na representação
de malha fechada e simplificada. Devemos tomar o cuidado de não
confundir a referência com o terra de um circuito, que tem por função
proteger de choque um indivíduo que manipula um equipamento;

E ou +Vcc
I Esquema
+
elétrico
E RL RL
simplificado
_

Esquemas elétricos
Símbolo de
equivalentes
referência do
circuito

• Existe a possibilidade de trabalhar com um segundo símbolo para uma


fonte de tensão CC que está representado a seguir;

I
+
E U RL
_

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,

• Fontes de Tensão Reais


Aqui a tensão varia com o aumento da corrente. Utiliza-se uma equação
matemática para representar este tipo de fonte com uma resistência interna
(ri) em série com a tensão constante da fonte, conforme a simbologia dada a
seguir.

Simbologia Curva característica


U
_
I
ri Vri
U RL
+
E

Equação da tensão nos terminais da fonte: 𝑼 = 𝑬 − 𝒓𝒊. 𝑰

A dedução da fórmula acima vem da análise das tensões existentes no modelo


da fonte. Temos a tensão total U que é dada pela soma de E com –Vri. Note que
o sentido da tensão Vri é o contrário ao sentido das tensões E e U e ele é
definido assim, pois o potencial positivo do bipolo é no terminal onde a
corrente I entra.

Fontes de corrente CC independentes

• Fontes de corrente CC ideais


Neste tipo de fonte, a corrente é mantida constante mesmo com a variação da
tensão. A seguir representa-se a fonte associada a uma carga e a curva
característica da fonte de corrente.

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,

Simbologia Curva característica

I
I
I
I U RL

• Fontes de corrente CC Reais


Aqui a corrente varia com a variação da tensão. Utiliza-se um modelo
matemático para representar este tipo de fonte com uma resistência interna
(ri) em paralelo com a corrente constante da fonte, conforme a simbologia
dada a seguir.

Simbologia Curva característica


IS
IS
I
I ri U RL

Observação: na fonte de corrente ideal a tensão é definida pelo circuito e a


corrente nos terminais da fonte sempre será o valor I. Já na fonte de corrente
real, parte da corrente é desviada para a resistência interna. A fonte de
corrente ideal tem sua resistência interna infinita. Vale a seguinte equação para
esta fonte:

𝒓𝒊
𝑰𝑺 = 𝑰
𝑹𝑳 + 𝒓𝒊

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,

Conversão entre fontes de corrente e fontes de tensão

A fonte de tensão é convertida na fonte de corrente

ri
RL I=E/ri RL
ri
E

A conversão pode ser feita como demonstrado na figura acima, mas também pode ser
feita no sentido contrário, ou seja, parte-se da fonte de corrente e determina-se a
fonte de tensão em que:

𝑬 = 𝑰. 𝒓𝒊

Fontes dependentes ideais

Fontes dependentes ideais são aquelas cujo controle da fonte depende de uma tensão
ou corrente de algum outro elemento do circuito e a fonte pode ser de tensão ou de
corrente. Assim, existem quatro tipos possíveis de fontes dependentes:

1. Fonte de tensão controlada por tensão (FTCT*);


2. Fonte de corrente controlada por tensão (FCCT);
3. Fonte de corrente controlada por corrente (FCCC);
4. Fonte de tensão controlada por corrente (FTCC).

Fontes dependentes são úteis no modelamento matemático do comportamento de


elementos como transistores, amplificadores operacionais e circuitos integrados
diversos. No próximo item abordaremos exercícios com este tipo fonte e as demais
fontes descritas.
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1.2 Circuitos elétricos: cálculo de tensões e correntes em associação série, paralela,


mista, divisores de tensão e divisores de corrente

Uma vez conhecidas as grandezas físicas principais e os componentes utilizados,


propõe-se aqui uma diversidade de exercícios sobre circuitos elétricos com tensões e
correntes constantes ou simplesmente tensão e corrente CC. Nesta análise
trabalhamos com circuitos com uma fonte e resistores em associação série, paralela e
mista, com os conceitos de resistência equivalente, fontes ideais e reais, fontes
controladas, divisores de tensão e conversão entre fontes de tensão e de corrente.

• Circuito básico: é dada a tensão da fonte CC ideal e o valor da resistência do


resistor

I
+
+
E VR R
_
_

Valem as relações do circuito utilizando a primeira lei de ohm e com isso


determina-se a corrente no circuito:

𝑬
𝑰= 𝒆 𝑽𝑹 = 𝑬 = 𝑹. 𝑰
𝑹

Note a polaridade positiva (+), na qual a corrente entra no resistor, e a seta neste
terminal. A corrente sempre entra no terminal positivo de um resistor.

• Associação série de resistores:


Podemos determinar o circuito equivalente de uma única resistência já que
nesta associação a corrente é a mesma e a tensão da fonte é dividida entre
cada resistor em função do valor das suas resistências.

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VR1
I
Equivale a:
R1 I
+
+
E R2 VR2 E VReq Req
_
_
R3

VR3

Pela lei de ohm : VR1 = R1.I ; VR 2 = R 2.I e VR 3 = R3.I


Vale : E = VR1 + VR 2 + VR 3
Daí : E = ( R1 + R 2 + R3).I e E = Req .I

Conclusão: Generalizando, Req = R1 + R 2 + ... + Rn . No circuito série a resistência

equivalente é a soma das resistências dos resistores.

Observação importante: a relação da tensão da fonte com as tensões nas resistências


é dada pela lei das malhas de Kirchhoff que será apresentada mais adiante;

• Associação paralela de resistores


Nesta associação a corrente que sai da fonte é dividida em cada ramo no qual
estão os resistores (fato determinado pela lei dos nós de Kirchhoff). Observa-se
que a tensão em cada ramo é igual a tensão das fontes. O circuito a seguir
ilustra essa associação e, em seguida, deduz-se como calcular a resistência
equivalente.

I I1 I2 I3

VR1 VR2
E R1 R2 R3 VR3

Ramos

18
,

VR1 V V
Como : E = VR1 = VR 2 = VR 3 então : I1 = ; I 2 = R 2 e I 3 = R3
R1 R2 R3
V V V  1 1 1 
Vale que I = I1 + I 2 + I 3  I = R1 + R 2 + R 3 = E. + + 
R1 R 2 R3  R1 R 2 R3 
1 I  1 1 1 
Assim : = = + + 
Req E  R1 R 2 R3 

Conclusão: generalizando, temos:

1  1 1 1 
= + + ... + 
Req  R1 R 2 Rn 

• Associação mista de resistores


Nestes circuitos, calcular a tensão ou corrente é um problema complexo que
envolve a simplificação dos circuitos utilizando as resistências equivalentes
parciais de cada parte do circuito. A solução não é trivial e exige bastante
atenção por parte do aluno. A seguir, exemplifica-se uma solução de uma
associação mista na qual se deseja calcular a potência de um resistor.

Exemplo 1.1: Dado o circuito da figura a seguir, determine a potência no resistor de


10Ω sabendo que a tensão da fonte é igual as 12V.

I I2

20 I1 20
70
E 10

40

Solução: devemos sempre calcular a resistência equivalente total para então


determinar a corrente que sai da fonte e a partir daí, calcular as demais correntes e
tensões nos circuitos das simplificações intermediárias para então determinar a tensão

19
,

ou corrente no bipolo desejado (o que for mais conveniente), no caso, o resistor de


10Ω.

Primeira simplificação: O início é sempre a partir do ponto extremo ao da fonte.


Observa-se que o resistor de 10Ω está em série com o de 20Ω. Daí surge a primeira
simplificação:

Req1 = 10 + 20 = 30

I I2

20 I1
70 VReq2
E Req1=30

40

Segunda simplificação: agora temos a Req1 em paralelo com a resistência de 70Ω, para
então determinar a Req2:

1 1 1 1 1 3 + 7 10 210
= + = + = =  Req 2 =  Req 2 = 21
Req 2 70 Req1 70 30 210 210 10

20

VReq2 Req2=21
E

40

Terceira Simplificação (Final): ficamos com três resistores em série, obtendo a Reqtotal e
a corrente que sai da fonte.

Reqtotal = 20 + 21 + 40 = 81
E 12V
I= = = 0,148 A ou 148mA
Reqtotal 81

20
,

Reqtotal=81
E

A partir daí, devemos analisar a forma mais fácil de obter a corrente ou tensão no
resistor de 10Ω. Esta análise depende de experiência e capacidade de raciocinar para
obter uma destas variáveis.

Vejamos a seguinte linha de raciocínio:

Observa-se no circuito da segunda simplificação que a corrente que sai da fonte I,


permite determinar a tensão VReq2. Com essa tensão determina-se a corrente I2 no
Req1 do circuito da primeira simplificação, que nada mais é que a corrente no resistor
de 10Ω, pois trata-se de uma associação em série. Seguindo esta linha, determina-se a
potência no resistor, fazendo:

VRe q 2 = Req 2 .I = 21.148mA  VRe q 2 = 3,11V


VRe q 2 3,11V
I2 = = = 0,103 A ou 103,7mA
Req1 30
P10  = RI 22 = 10(103,7mA) 2  P10  = 0,107W

Finalmente, observa-se nos cálculos somente a utilização da lei de ohm e a fórmula da


potência utilizando a resistência e a corrente.

Finalmente, apresenta-se uma análise de um DIVISOR DE TENSÃO e de um DIVISOR DE


CORRENTE.

Divisor de tensão: um divisor de tensão é um circuito utilizado para reduzir uma


tensão utilizando resistores. Analisando o circuito abaixo, verifica-se que se quisermos,
a partir de uma tensão, reduzir seu valor, devemos utilizar dois resistores e trabalhar

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,

com a tensão em qualquer um deles, normalmente utiliza-se o resistor ligado ao


terminal negativo da fonte.

R1 VR1

E
R2 VR2

E E
Cálculo de I : I = I=
Req R1 + R 2
Cálculo de VR2 : VR 2 = R2 .I
E R2
Substituindo o valor da corrente : VR 2 = R2  VR 2 = E
R1 + R 2 R1 + R 2
Ri
Generalizando : VRi = E
R1 + R 2 + ... + Ri + ..... + Rn

Note que, no caso de dois resistores, calcula-se VR2 utilizando no numerador o resistor
R2, dividido pela soma das resistências. Um exemplo numérico é dado a seguir.

Exemplo 2.1: Determine os valores de R1 e R2 da figura acima se quisermos obter de


uma tensão de bateria de 12V, uma tensão de 5V, sem carga, ligada a resistência R2.

SOLUÇÃO: neste exercício foram dadas as tensões e estão sendo cobrados os valores
de R1 e R2. Isso gera uma relação entre R2 e R1, que possibilita escolher valores de
resistência que atendam esta relação.

R2
Da relação : VR 2 = E com os valores de E e VR2 , obtem - se :
R1 + R 2
R2 7
5 = 12  5( R1 + R 2) = 12 R 2  5 R1 = 7 R 2  R1 = R 2  R1 = 1,4 R 2
R1 + R 2 5
Se adotarmos R1 = 10k , vem que : R2 = 14k

22
,

Divisor de corrente: este circuito serve para reduzir o valor de uma corrente utilizando
resistores em ramos paralelos. A sua fórmula geral é obtida como vemos a seguir.

Valem as seguintes relações:

𝑉𝑅𝑖
𝐼 = 𝐼1 + 𝐼2 𝑒 𝐼𝑖 =
𝑅𝑖
𝑉𝑅1 𝑉𝑅2
𝐷𝑎í: 𝐼 = + 𝑚𝑎𝑠 𝑉𝑅1 = 𝑉𝑅2 = 𝐸
𝑅1 𝑅2
𝐸 𝐸 1 1 𝑅1 + 𝑅2 𝑅1. 𝑅2
𝐴𝑠𝑠𝑖𝑚: 𝐼 = + = 𝐸. ( + ) = 𝐸. ( ) ⟹ 𝐸 = 𝐼. ( )
𝑅1 𝑅2 𝑅1 𝑅2 𝑅1. 𝑅2 𝑅1 + 𝑅2
𝑅1. 𝑅2
𝑀𝑎𝑠: 𝐸 = 𝑉𝑅2 = 𝑅2. 𝐼2 𝑙𝑜𝑔𝑜 𝑅2. 𝐼2 = 𝐼. ( )
𝑅1 + 𝑅2
Simplificando, resulta em:

𝑹𝟏
𝑰𝟐 = 𝑰. ( )
𝑹𝟏 + 𝑹𝟐

Para três ou mais ramos criam-se mais termos no numerador, o que gera uma fórmula
mais complexa. Note que para calcular I2, utiliza-se o resistor R1 no numerador, que é
o resistor do outro ramo, dividido pela soma das resistências.

Agora você deve resolver os exercícios que se encontram no material de apoio da


disciplina e estão também na trilha de aprendizagem. Sugere-se utilizar as referências
como elemento de estudo, pois elas também fazem parte do material da disciplina.

23
,

1.3 Introdução às Leis de Kirchhoff

As leis de Kirchhoff são utilizadas para resolver diversos problemas de circuitos da


engenharia elétrica, tanto com os componentes aqui estudados, como para os
componentes da eletrônica, tais como, transistores, diodos, amplificadores
operacionais. No item anterior, nas associações série, paralelo e mista, foram
utilizadas as duas leis de Kirchhoff, quando são somadas as tensões em um circuito
série ou quando são somadas as correntes na associação paralela. Essas leis são muito
úteis na solução de problemas de circuitos elétricos com várias fontes de alimentação
e diversos ramos.

Trabalha-se com duas leis: a lei das malhas e a lei dos nós. As equações obtidas podem
ser dadas em função das correntes dos ramos ou das correntes das malhas. Aqui serão
apresentadas as duas formas de análise. No próximo bloco será apresentada a forma
matricial de se trabalhar com as duas leis de Kirchhoff.

Lei das Malhas

Para enunciar a lei das malhas primeiro deve ser explicado o que é uma malha. Trata-
se de um circuito fechado com os componentes aqui analisados. Um circuito série,
como o do divisor de tensão apresentado anteriormente, é uma malha fechada.

A lei das Malhas diz: “a somatória das tensões dos componentes de uma malha é
igual a zero”.

Isso implica que existem componentes com tensões positivas e outros com tensões
negativas. Como determinamos o sinal da tensão de cada componente, quem terá o
sinal positivo e negativo? Existem certas regras e convenções para estabelecer esse
fato. Vejamos a lei sendo aplicada no circuito dado a seguir.

24
,

Exemplo 3.1: Dado o circuito da figura a seguir, determine a tensão VA, sabendo que
R1=R2=100Ω.

I A

+ R1 R2

E1 = 4V VA E2 = 2 V
V
+

Solução: Trata-se de um único circuito fechado com duas fontes de tensão e dois
resistores, ou seja, uma única malha.

Procedimento: utilizar as correntes dos ramos.

1) Definir o sentido das correntes dos ramos. Devemos inicialmente definir o


sentido das correntes dos ramos. Nesse caso temos um único ramo e podemos
colocar qualquer sentido, durante a solução, é possível um resultado com valor
positivo ou negativo para corrente. No último caso, o negativo significa que o
sentido da corrente é o contrário do adotado (vide o sentido adotado na figura
acima);
2) Definir o sentido das tensões dos bipolos passivos. Utilizaremos o fato de que
a corrente entra no pólo positivo do bipolo. (vide o sentido das tensões nos
resistores da figura e a polaridade);

VR1 VR2
+ _ _
A +
I
+ R1 R2
_
E1 = 4V
V VA E2 = 2 V
_
Iα +

25
,

3) Montagem da equação da malha: devemos definir uma corrente de


circuitação, por exemplo, Iα, e definir o seu sentido de percurso. Por
convenção, neste material, adota-se que essa corrente roda no sentido anti-
horário, conforme esquematizado na figura. Quando a corrente de circuitação
entra no negativo do bipolo, a tensão adotada na equação será negativa e
quando ele entra no terminal positivo, a tensão será positiva.
Lei das malhas:

∑ 𝑉𝑖 = 0 ⇒ −𝐸1 + 𝑉𝑅1 + 𝑉𝑅2 − 𝐸2 = 0


𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 𝐼𝛼

Note o sentido negativo das tensões das fontes e o positivo das tensões dos
resistores na equação. A corrente Iα entrou no negativo das fontes e no
positivo dos resistores, daí o sinal selecionado.

Com a equação, determina-se a corrente I. Note que neste exercício a corrente


I é igual a corrente de circuitação Iα. Assim, teremos uma equação em termos
da corrente do ramo, que nesse caso é único.

−𝐸1 + 𝑅1. 𝐼 + 𝑅2. 𝐼 − 𝐸2 = 0 ⇒ −4 + 100𝐼 + 100𝐼 − 2 = 0 ⇒ 200𝐼 = 6

Finalmente: 𝐼 = 0,03𝐴 𝑜𝑢 30𝑚𝐴

Com o valor de I, podemos calcular VR1 e com VR1 e E1, o valor de VA:

VR1: 𝑉𝑅1 = 𝑅1. 𝐼 = 100.0,03 ⇒ 𝑉𝑅1 = 3𝑉

VA: 𝑉𝐴 = 𝐸1 − 𝑉𝑅1 = 4 − 3 ⇒ 𝑉𝐴 = 1𝑉

Na equação de VA, o valor de E1 é positivo pois está no mesmo sentido da


tensão, enquanto VR1 está no sentido oposto, daí o sinal negativo na equação. É
muito importante entender que, na verdade, estamos aplicando a lei das
malhas, sem necessariamente termos o circuito fechado. Adiante,
resolveremos um problema com mais malhas para entender melhor o processo
de cálculo.

26
,

Lei dos Nós

Um nó é o encontro de três ou mais ramos. Sabendo disso, a Lei dos Nós é enunciada
como: “A somatória das correntes em um nó é igual a zero”.

Podemos enunciar de uma outra forma a Lei dos Nós: “A somatória das correntes que
entram no Nó é igual a somatória das correntes que saem do Nó”.

O exemplo 4.1 demonstra o funcionamento da Lei dos Nós e da Lei das Malhas.
Inicialmente, faremos a análise com as correntes dos ramos e depois a análise com as
correntes de circuitação.

Exemplo 4.1: Dado o circuito da figura a seguir, utilizando a lei das malhas, determine
as tensões e correntes dos ramos, sabendo que R1=R2=10 Ω e R3=R4=20 Ω.

Nó A
I1 I3
I2
+ R1 + R2

E1 = 4V E2 = 2 V
R3
V
R4 E3=1V
+

Ramo 1 Ramo2 Ramo 3

I) Solução utilizando as correntes dos ramos: Nesta figura observamos três ramos,
portanto temos três correntes de ramo: I1, I2 e I3. As três correntes podem ser
associadas através do Nó A. Utilizaremos um procedimento geral para resolver este
exercício, que é dado a seguir.
1) Definir o sentido das correntes dos ramos: isso é feito de forma arbitrária e
está representado na figura acima;
2) Aplicar a lei dos nós definindo a primeira equação do circuito. Por convenção
(escolha arbitrária), quando a corrente entra no nó ela terá sinal positivo na

27
,

equação do nó A. E quando ela sai do nó, terá sinal negativo. Assim, no


somatório, apenas I3 terá o sinal negativo, logo:

Pela Lei dos Nós: ∑𝑁ó 𝐴 𝐼𝑖 = 0 ⇒ +𝐼1 + 𝐼2 − 𝐼3 = 0

É importante observar que temos três incógnitas, logo, devemos ter três
equações: uma da lei dos nós e duas das equações das malhas;

3) Aplicação das leis das malhas. Neste exemplo, temos duas malhas com duas
correntes de circuitação: a malha Iα e a malha Iβ.
• Definir o sinal das tensões dos bipolos a partir das correntes dos ramos:

VR1 VR2
Nó A
_ _
+ I1 I3 +
I2 R2
+ R1 + +
E1 = 4V E2 =2V VR3
_ _ Iβ R3
V _ Iα
VR4 _
R4
_
+ +

E3=1V

Na figura acima podemos notar que a entrada da corrente I1 em R1, fornece o


sinal positivo de VR1, e o mesmo ocorre para VR2, VR3 e VR4;

• Com as correntes de circuitação definem-se os sinais das tensões nas equações


de malha para a corrente de circuitação Iα e Iβ.
Malha de Iα:

∑ 𝑉𝑖 = 0 ⇒ −𝐸1 + 𝑉𝑅1 + 𝐸2 − 𝑉𝑅4 = 0


𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 𝐼𝛼

28
,

Malha de Iβ:

∑ 𝑉𝑖 = 0 ⇒ −𝐸2 + 𝑉𝑅2 + 𝑉𝑅3 − 𝐸3 + 𝑉𝑅4 = 0


𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 𝐼𝛽

Substituindo os valores das resistências em VR=R.I e substituindo nas duas


equações de malha, temos que:

10𝐼1 − 20𝐼2 = 2

10𝐼3 + 20𝐼3 + 20𝐼2 = 3

Agrupando-se as três equações e resolvendo o sistema por substituição


teremos os valores das correntes. Assim:

𝐼1 + 𝐼2 − 𝐼3 = 0 (1)
{10𝐼1 − 20𝐼2 = 2 (2)
30𝐼3 + 20𝐼2 = 3 (3)

Isolando I1 em (1) e substituindo em (2), obtém-se um sistema de segunda


ordem dado por:

𝐼1 = −𝐼2 + 𝐼3 = 0

Em (2):

10(−𝐼2 + 𝐼3) − 20𝐼2 = 2 ⇒ −30𝐼2 + 10𝐼3 = 2

Sistema de duas equações:

−30𝐼2 + 10𝐼3 = 2 (4)


{
20𝐼2 + 30𝐼3 = 3 (5)

Podemos resolver este sistema pelo método da comparação. Multiplicando a


equação (4) por -3 e somando à equação (5), determina-se I2:

29
,

90𝐼2 − 30𝐼3 = −6 (4)


{
20𝐼2 + 30𝐼3 = 3 + (5)

110𝐼2 + 0𝐼3 = −3
Daí:

3
𝐼2 = − ⇒ 𝐼2 = −0,027𝐴
110

Indo em (5) com I2, resulta em:

20. (−0,027) + 30𝐼3 = 3 ⇒ 30𝐼3 = 3 + 0,545 ⇒ 𝐼3 = 3,545/30

𝐼3 = 0,118𝐴

Finalmente:

𝐼1 = −𝐼2 + 𝐼3 = −(−0,027) + 0118 ⇒ 𝐼1 = 0,145𝐴

Como a corrente I2 resultou em um valor negativo, isso significa que o sentido


de I2 é o oposto ao da figura acima. As tensões nos resistores são obtidas
diretamente pelo produto da corrente do ramo pela resistência do bipolo:

𝑉𝑅1 = 𝑅1. 𝐼1 = 10.0,145 ⇒ 𝑉𝑅1 = 1,45𝑉

𝑉𝑅2 = 𝑅2. 𝐼3 = 10.0,118 ⇒ 𝑉𝑅2 = 1,18𝑉

𝑉𝑅3 = 𝑅3. 𝐼3 = 20.0,118 ⇒ 𝑉𝑅3 = 2,36𝑉

𝑉𝑅4 = 𝑅4. 𝐼2 = 20. (−0,027) ⇒ 𝑉𝑅4 = −0,54𝑉

A tensão negativa em VR4 significa que o sentido da tensão ou a polaridade


indicada na figura é ao contrário, não se alterando nenhum valor no cálculo.

II) Solução utilizando as correntes das malhas: neste caso, trabalha-se com as
correntes Iα e Iβ para compor as equações das malhas, o que reduz o número de
incógnitas das equações para duas.

30
,

Posteriormente, determinam-se as correntes dos ramos a partir das seguintes


relações, obtidas pelo sentido das correntes de circuitação.

Cálculo das correntes dos ramos: determinam-se as equações observando o


circuito, dado o sentido das correntes de circuitação e das correntes dos ramos.

𝐼1 = 𝐼𝛼; 𝐼2 = 𝐼𝛽 − 𝐼𝛼 𝑒 𝐼3 = 𝐼𝛽

Observação importante: quando for aplicada a lei das malhas, considera-se que os
resistores do ramo 1 tem a sua tensão associada à corrente Iα; no ramo 2 à
corrente Iβ-Iα e no ramo 3 à corrente Iβ.

VR1 VR2
Nó A
_ _
+ Iα Iβ +
Iβ-Iα R2
+ R1 + +
E1 = 4V E2 =2V VR3
_ _ Iβ R3
V _ Iα
VR4 _
R4
_
+ +

E3=1V

Procedimento:

1) Definição do sentido das correntes de circuitação: já estão definidas na figura


acima;
2) Definição da polaridade das tensões nos resistores ou outros bipolos passivos:
não é necessário definir a polaridade das tensões utilizando as correntes dos
ramos, mas sim a partir das correntes de circuitação. Há uma situação especial
que ocorre quando o bipolo está entre as duas correntes, como no ramo 2, na
qual adotou-se a polaridade em função do sentido da corrente Iβ;
3) Aplicando a lei das malhas com as correntes de circuitação: valem as mesmas
regras de sinal que foram adotadas na primeira solução.

31
,

Malha de Iα:

∑ 𝑉𝑖 = 0 ⇒ −𝐸1 + 𝑉𝑅1 + 𝐸2 − 𝑉𝑅4 = 0


𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 𝐼𝛼

Malha de Iβ:

∑ 𝑉𝑖 = 0 ⇒ −𝐸2 + 𝑉𝑅2 + 𝑉𝑅3 − 𝐸3 + 𝑉𝑅4 = 0


𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 𝐼𝛽

Substituindo os valores das resistências em VR=R.I, em que I representa a


corrente de circuitação em cada ramo, conforme explicado anteriormente, e
substituindo nas duas equações de malha, temos que:

10𝐼𝛼 − 20(𝐼𝛽 − 𝐼𝛼) = 2 ⇒ 10𝐼𝛼 − 20𝐼𝛽 + 20𝐼𝛼 = 2

10𝐼𝛽 + 20𝐼𝛽 + 20(𝐼𝛽 − 𝐼𝛼) = 3 ⇒ 10𝐼𝛽 + 20𝐼𝛽 + 20𝐼𝛽 − 20𝐼𝛼 = 3

Trabalhando as equações, obtemos o seguinte sistema de equações:

30𝐼𝛼 − 20𝐼𝛽 = 2 (1)


{
−20𝐼𝛼 + 50𝐼𝛽 = 3 (2)

Resolvendo por substituição: isolamos Iβ na equação (1) e substituímos na


equação (2):

30𝐼𝛼 − 2
30𝐼𝛼 − 20𝐼𝛽 = 2 ⇒ −20𝐼𝛽 = 2 − 30𝐼𝛼 ⇒ 𝐼𝛽 = (3)
20

Substituindo em (2):

30𝐼𝛼 − 2 8
−20𝐼𝛼 + 50 ( ) = 3 ⇒ −20𝐼𝛼 + 75𝐼𝛼 − 5 = 3 ⇒ 55𝐼𝛼 = 8 ⇒ 𝐼𝛼 =
20 55

𝐼𝛼 = 0,145𝐴

32
,

Substituindo o valor de Iα na equação (3), determina-se Iβ:

30(0,145) − 2 4,36 − 2 2,36


𝐼𝛽 = ⇒ 𝐼𝛽 = ⇒ 𝐼𝛽 =
20 20 20

𝐼𝛽 = 0,118

Com as correntes de circuitação podemos calcular as tensões nos resistores:

𝑉𝑅1 = 𝑅1. 𝐼𝛼 = 10.0,145 ⇒ 𝑉𝑅1 = 1,45𝑉

𝑉𝑅2 = 𝑅2. 𝐼𝛽 = 10.0,118 ⇒ 𝑉𝑅2 = 1,18𝑉

𝑉𝑅3 = 𝑅3. 𝐼𝛽 = 20.0,118 ⇒ 𝑉𝑅3 = 2,36𝑉

𝑉𝑅4 = 𝑅4. (𝐼𝛽 − 𝐼𝛼) = 20. (0,118 − 0,145) = 20. (−0,027) ⇒

⇒ 𝑉𝑅4 = −0,54𝑉

Podemos calculas as correntes dos ramos:

𝐼1 = 𝐼𝛼 = 0,145𝐴

𝐼2 = 𝐼𝛽 − 𝐼𝛼 = 0,118 − 0,145 ⇒ 𝐼2 = −0,027𝐴

𝐼3 = 𝐼𝛽 = 0,145𝐴

Você encontrará mais exercícios sobre as leis de Kirchhoff no material de apoio, nos
quais são explorados circuitos com fontes de tensão e corrente e outros circuitos
elétricos.

Conclusão

Neste bloco, vimos as grandezas físicas e os componentes que são utilizados em


circuitos elétricos e como estabelecer os cálculos destas grandezas a partir das leis de
ohm e das Leis de Kirchhoff em corrente contínua. A análise feita aqui pode ser
estendida aos circuitos com outras fontes de alimentação. É importante que o aluno
leia as referências bibliográficas e recomenda-se que faça os exercícios do material de

33
,

apoio da trilha. Lembramos, que a trilha e este material são uma parte da disciplina. É
importante que o aluno faça todos os exercícios recomendados e que, ao perceber
dificuldades na solução, busque ajuda do tutor, do professor ou mesmo dos livros
recomendados em cada bloco deste elemento textual.

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES

BOYLESTAD, R. L. Introdução à Análise de Circuitos Elétricos. 12ª Ed., São Paulo:


Pearson Prentice Hall, 2012. (e-book Pearson).

ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. N. O. Fundamentos de circuitos elétricos. 5ª ed., Porto


Alegre: AMGH, 2013. (e-book Minha Biblioteca).

34
,

2 LEIS DE KIRCHHOFF E TEOREMAS DE ANÁLISE DE CIRCUITOS ELÉTRICOS

Olá, alunos! No bloco 1 vimos as Leis de Kirchhoff, neste bloco apresentaremos


algumas aplicações dessas leis tão essenciais para análise de circuitos. Trabalharemos
também com alguns teoremas que são aplicados em diversos circuitos da engenharia
elétrica com o objetivo de simplificá-los, como o Teorema de Thevenin e o Teorema de
Norton. Além destes, apresentaremos o teorema da Superposição. Enfim, neste bloco
veremos as principais técnicas de análise de circuito em corrente contínua,
determinando os valores das grandezas elétricas em qualquer ponto do circuito.

2.1 Generalização das leis de Kirchhoff

Após conhecer as leis de Kirchhoff, é possível desenvolver uma aplicação das leis de
malhas e nós de forma mais intuitiva, em uma análise dessas leis. Pelo Procedimento
Genérico da Lei de Kirchhoff, no qual aplicamos as leis na forma matricial, podemos
determinar as correntes das malhas a partir de uma equação matricial que pode ser
resolvida pela regra de Cramer seguindo os seguintes princípios de análise do circuito.
As equações obtidas na Lei das malhas com as correntes de malha podem ser descritas
na forma matricial por:
𝑹𝒊 = 𝑽
Sendo R a matriz de resistência, i o vetor de saída e V o vetor de entrada.
𝑹𝟏𝟏 𝑹𝟏𝟐 … 𝑹𝟏𝑵 𝒊𝟏 𝑽𝟏
[ 𝑹𝟐𝟏 𝑹𝟐𝟐 … 𝑹𝟐𝑵 ] [ 𝟐 ] = [ 𝑽𝟐 ]
𝒊
𝑹𝑵𝟏 𝑹𝑵𝟐 … 𝑹𝑵𝑵 𝒊𝑵 𝑽𝑵
Na qual:
RNN = Soma das resistências na malha N;
RNk = (sendo N≠k) Negativo da soma das resistências comuns entre malhas;
iN = Corrente da malha N. É a incógnita que se deseja encontrar;
VN = Soma de todas as fontes de tensão independentes na malha N. Considera-se aqui
o sinal positivo quando a corrente de circuitação entrar no negativo das fontes.

35
,

Essa análise pode ser feita também pela Lei dos Nós, principalmente quando se
trabalha com fontes de corrente. Neste caso, para encontrar as correntes e formular o
problema através dos nós, basta utilizar a lei de Ohm com o conceito do inverso da
resistência, isto é, a condutância (G) para o cálculo de matriz. Pela lei de ohm, valem as
seguintes relações:
𝑽
= 𝒊
𝑹
𝟏
= 𝑮
𝑹
𝑮𝑽=𝒊

G é a condutância, V é a tensão e I é a corrente.

E desta forma, a matriz de cada elemento resulta em:


𝑮𝟏𝟏 𝑮𝟏𝟐 … 𝑮𝟏𝑵 𝑽𝟏 𝒊𝟏
[ 𝑮𝟐𝟏 𝑮𝟐𝟐 … 𝑮𝟐𝑵 ] [ 𝑽𝟐 ] = [ 𝒊𝟐 ]
𝑮𝑵𝟏 𝑮𝑵𝟐 … 𝑮𝑵𝑵 𝑽𝑵 𝒊𝑵

GNN = Soma das condutâncias conectadas no nó N;


GNk = (sendo N≠k) Negativo da soma das condutâncias diretamente conectadas aos
nós N e k;
VN = Corrente no nó N. É a incógnita que se deseja encontrar;
iN = Soma de todas as fontes de corrente independentes na malha N.

Assim, é possível montar um sistema matricial cuja solução pode ser feita através de
métodos como a regra de Cramer e até em programas de computador, como veremos
a seguir.

Regra de Cramer
Os valores das incógnitas de um sistema linear são dados por frações cujo
denominador é o determinante da matriz dos coeficientes das incógnitas e o
numerador é o determinante da matriz dos coeficientes das incógnitas após a
substituição de cada coluna pela coluna que representa os termos independentes do
36
,

sistema. Utiliza-se o cálculo da determinante pois associa-se à matriz um valor escalar.


Assim, o cálculo da determinante irá trazer ao aluno a solução de incógnitas do
circuito, de forma a facilitar o cálculo que, de outro modo, seria bastante dispendioso.
Este conjunto de medidas aplicadas à solução de sistemas é denominado regra de
Cramer, em homenagem ao matemático suíço Gabriel Cramer. Seja o seguinte sistema:
𝒂𝒙 + 𝒃𝒚 = 𝒄
𝒅𝒙 + 𝒆𝒚 = 𝒇
Em que “a”, “b”, “d” e “e” são incógnitas e “c” e “f” são termos independentes. É
possível encontrar a solução, segundo Cramer, pela razão entre determinantes.
𝐝𝐞𝐭(𝑨)
𝒙=
𝐝𝐞𝐭(𝑪)
𝐝𝐞𝐭(𝑩)
𝒚=
𝐝𝐞𝐭(𝑪)

Sendo “A”, “B” e “C” matrizes formadas seguindo as seguintes regras de sistemas
lineares. A matriz “A” define “x” e é formada pelas constantes que multiplicam “x” e os
termos independentes.
𝒂𝒙 + 𝒃𝒚 = 𝒄
𝒅𝒙 + 𝒆𝒚 = 𝒇
𝒄 𝒃
𝑨= [ ]
𝒇 𝒆
A matriz “B” será utilizada para definir “y”, e igualmente no exemplo acima, deve-se
incluir os valores que multiplicam “y” e os respectivos termos independentes.

𝒂𝒙 + 𝒃𝒚 = 𝒄
𝒅𝒙 + 𝒆𝒚 = 𝒇
𝒂 𝒄
𝑩 = [𝒅 𝒇]

Por fim, a matriz “C” deverá constar tantos os termos que multiplicam “x” quanto os
termos que multiplicam “y” pois deverá representar todas as incógnitas do sistema.

𝒂𝒙 + 𝒃𝒚 = 𝒄
𝒅𝒙 + 𝒆𝒚 = 𝒇

37
,

𝒂 𝒃
𝑪= [ ]
𝒅 𝒆

Então, o aluno poderá calcular as razões dos determinantes encontrando os valores


das incógnitas do sistema. Vejamos um exemplo prático.

Exemplo 2.2: O circuito abaixo possui três fontes. O teorema de superposição de


fontes implicaria calcular o circuito três vezes, o que seria dispendioso.

É possível, através de uma mera análise do circuito, verificar por inspeção das malhas,
os valores de resistência, tensão e corrente, utilizando-se da regra de Cramer. O
circuito acima possui um nó de referência e duas malhas a se considerar.

i1 i2

Apenas por inspeção, percebe-se que na malha 1, as tensões que estão atuantes
podem ser definidas como a tensão de 6V da fonte, a tensão sobre o resistor de 2Ω na
horizontal em relação a i1, do resistor de 2Ω na vertical, em relação a i1 e i2. Verifique
que a matriz terá quantas linhas e quantas malhas forem verificadas.

𝑹𝟏𝟏 𝑹𝟏𝟐 𝒊𝟏 𝑽
[ ] [ ] = [ 𝟏]
𝑹𝟐𝟏 𝑹𝟐𝟐 𝒊𝟐 𝑽𝟐

38
,

Na malha 1:

R11 = 2+2 = 4

R12 = -2

V1= 6-4 = 2

Na malha 2:

R21 = -2

R22 = 2+4 = 6

V2= 4+2 = 6

Veja que a análise quanto às fontes considera a direção da corrente de malha


(circuitação no sentido anti-horário) atribuída como recomenda à lei de malhas.

𝟒 −𝟐 𝒊𝟏 𝟐
[ ][ ] = [ ]
−𝟐 𝟔 𝒊𝟐 𝟔

Aplicando a regra de Cramer:

𝟐 −𝟐
𝑫𝒊𝟏 = [ ] = (𝟐 𝒙 𝟔) − [(−𝟐)𝒙𝟔] = 𝟐𝟒
𝟔 𝟔
𝟒 𝟐
𝑫𝒊𝟐 = [ ] = (𝟒 𝒙 𝟔) − [(−𝟐)𝒙𝟐] = 𝟐𝟖
−𝟐 𝟔
𝟒 −𝟐
𝑫= [ ] = (𝟒 𝒙 𝟔) − [(−𝟐)𝒙(−𝟐)] = 𝟐𝟎
−𝟐 𝟔
𝐝𝐞𝐭(𝑫𝒊𝟏 ) 𝟐𝟒
𝒊𝟏 = = = 𝟏, 𝟐 𝑨
𝐝𝐞𝐭(𝑫) 𝟐𝟎

𝐝𝐞𝐭(𝑫𝒊𝟐 ) 𝟐𝟖
𝒊𝟐 = = = 𝟏, 𝟒 𝑨
𝐝𝐞𝐭(𝑫) 𝟐𝟎

39
,

Como as correntes de malha são iguais as correntes dos ramos, para os ramos 1 e 2,
resta calcular a corrente do ramo 3 (ramo central), conforme indicado na figura a
seguir. Assim, a partir da análise nodal, no nó A, teremos:

i1=i2+i3
i3=1,2-1,4=-0,2A ou i3=-200mA

O valor da corrente i3 é negativo porque o sentido que foi adotado no exercício está
invertido.

Para facilitar o cálculo, o aluno poderá utilizar o software de computação matemática


(online e com licença open source) Octave®, disponível no site: https://octave-
online.net/ (é necessário realizar cadastro). Nele, uma versão online do software de
programação pode ser acessada sem que o aluno tenha que precise instalá-lo em sua
máquina, podendo realizar o acesso de qualquer sistema computacional conectado à
internet.

Para solução no Octave®, o mesmo princípio deve ser seguido. No Octave® será criada
a matriz “A” utilizando-se da seguinte sintaxe:

A = [a,b;c,d]

O resultado será:

𝒂 𝒃
𝒄 𝒅

Veja que o “;” troca a linha e a “,” troca a coluna da matriz. O determinante é
verificado com o comando det().

40
,

Para obter o resultado da determinante da matriz “A” e gravá-lo na variável X,


utilizamos o seguinte comando:

x=det(A)

Busca-se substituir uma linha ou coluna de uma matriz da seguinte maneira. Onde
temos (coluna,linha) e utiliza-se : e o número para indicar a posição.

Por exemplo, para substituir a segunda coluna do vetor A pelo vetor [e,f]:

A(:,2)=[e,f]
O que resulta em:

𝒂 𝒆
𝒄 𝒇

Assim, o cálculo do exercício-exemplo anterior terá as seguintes linhas de programa no


Octave®.

Contudo, um método mais rápido de resolver a regra de Cramer é o produto da matriz


inversa de R pela matriz V. A matriz inversa de R pode ser obtida tanto adicionando o
expoente -1 (R^-1) quanto com a sintaxe inv(R).

41
,

Além dessa ferramenta, podemos utilizar outro software online que funciona como um
simulador de circuitos elétricos tipo SPICE (Simulation Program With Integrated Circuit
Emphasis), o MULTISIM®. O software é de licença open source, muito intuitivo e de fácil
utilização, orientado aos objetos. Para iniciar a simulação, acesse o site:
https://www.multisim.com e faça seu cadastro. Clique em create circuit para começar.

Basta selecionar os elementos do circuito no quadro do lado esquerdo e arrastar até o


plano quadriculado para montar o circuito.

42
,

Para conectar os elementos do circuito, basta clicar sobre o terminal do elemento e


arrastar até o terminal do próximo elemento conectado.

Você pode alterar os atributos dos elementos ativos e passivos clicando sobre o
atributo. Uma tela de ajustes e configurações irá aparecer.

Vamos ao circuito. Monte o circuito do exercício-exemplo. Adicione o símbolo GND


para referência do programa no circuito. E adicione os pontos de prova para tomada
de medida de corrente nos pontos i1, i2 e i3. Cuidado com a posição da fonte V3.
43
,

Ao clicar em na parte superior da tela, o programa iniciará a simulação.

Para solucionar um circuito com fontes de corrente, é utilizada a análise do nó,


construindo a matriz G das condutâncias, o vetor i das correntes que chegam e saem
dos nós considerados e determinando as tensões dos nós com relação a uma
referência do circuito, obtendo, como foi visto, a equação matricial:

𝑮. 𝑽 = 𝒊

O exemplo a seguir ilustra uma aplicação desta técnica.

Exemplo 2.2: no circuito abaixo, determine o valor das tensões indicadas, em relação a
referência dada, v1, v2, v3 e v4.

44
,

Utiliza-se da indutância e as matrizes serão


as seguintes.

1 1 1 1 1
𝐺11 = 5
+ 10 = 0,3 𝐺22 =
5
+ + = 1,325
8 1
1 1 1 1 1 1
𝐺33 = + + = 0,5 𝐺44 =
8 8 4 8
+ 2 + 1 = 1,625
1
𝐺13 = 𝐺14 = 0 𝐺12 = − 5 = −0,2

1 1
𝐺21 = −0,2 𝐺23 = − 8 = −0,125 𝐺24 = − 1 = −1
1
𝐺31 = 0 𝐺32 = −0,125 𝐺34 = − 8 = −0,125

𝐺41 = 0 𝐺42 = −1 𝐺43 = −0,125

O vetor corrente i será formado pelo seguinte cálculo: considera-se positiva, a corrente
da fonte que entra no nó e negativa a corrente da fonte que sai do nó. Assim, teremos:

i1=3 i2=-1-2-=-3 i3=0 i4=2+4=6

A equação matricial fica igual a:

0,3 −0,2 0 0 𝑉1 3
−0,2 1,325 −0,125 −1 𝑉
[ ] [ 2 ] = [−3]
0 −0,125 0,5 −0,125 𝑉3 0
0 −1 −0,125 1,625 𝑉4 6

Utilizando o Octave®, podemos obter os valores da matriz V, fazendo:

𝑮. 𝑽 = 𝒊 ⇒ 𝑽 = 𝑮−𝟏 . 𝒊

45
,

Solução da equação matricial no octave:

V1=13,8966V V2= 5,8499V V3=3,3479V V4=7,5467V

Podemos obter o mesmo resultado no programa de simulação MULTISIM®, montando


o circuito:

46
,

2.2 Teorema da Superposição de Fontes

Como foi descrito no bloco 1, os elementos de um circuito podem ser classificados,


segundo a sua função, em elementos ativos e passivos. Os elementos ativos do circuito
são aqueles que fornecem potência ao mesmo e os elementos passivos dissipam
potência. As fontes do circuito são elementos ativos que fornecem a potência
necessária ao circuito. Assim podemos considerar sua importância e relevância no
circuito com a relação às fontes de tensão e corrente, e ainda, fontes dependentes e
independentes.

Quando temos mais de uma fonte independente no circuito, podemos analisar os seus
efeitos elétricos no circuito de forma isolada. Isso é feito anulando as fontes e
mantendo uma das fontes em funcionamento. O princípio da superposição afirma que
a tensão (ou a corrente) em um elemento em um circuito linear é a soma algébrica das
tensões (ou das correntes) naquele elemento em virtude da atuação isolada de cada
uma das fontes independentes.

A) consideramos uma fonte por vez, enquanto todas as demais fontes estão
desligadas. Isso implica substituir cada fonte de tensão por 0V (um curto-
circuito) e cada fonte de corrente por 0A (um circuito aberto);

B) As fontes dependentes são deixadas intactas pois dependem das características


do circuito.

Passo a passo:

• Desative todas as fontes independentes, exceto uma delas. Encontre a


saída para esta fonte (tensão ou corrente);

• Repita a etapa anterior para cada fonte independente;

• Encontre o valor total pela soma algébrica das contribuições em razão


das fontes independentes.

47
,

Vejamos, então, o exemplo a seguir.

Exemplo 3.2: Use o teorema da superposição para encontrar v no circuito abaixo.

Primeiramente, o aluno deve selecionar uma das fontes que será analisada no circuito
e desligar ou suprimir todas as outras. Para este exercício, escolhemos a fonte de
tensão. Assim, a fonte de corrente será substituída por um circuito aberto.

Agora, o que temos é um divisor de tensão, e a tensão “V1”


é aquela no resistor de 4Ω. Assim, o cálculo da tensão em
função da fonte de 6V pode ser verificado por:

𝑹𝟐
𝑽 = 𝑽𝒊𝒏 .
𝑹𝟏 + 𝑹𝟐

𝟒
𝑽𝟏 = 𝟔. = 𝟐𝑽
𝟖+𝟒

Então, desliga-se a fonte de tensão, o que se assemelha a um curto-circuito, e religa-se


a de corrente.

Essa configuração se assemelha a um divisor de


corrente, e sua fórmula para encontrar o valor da
corrente que passa pelo resistor de 4Ω, é a seguinte:

𝑹𝟏
𝑰𝟒𝛀 = 𝑰𝒊𝒏 .
𝑹𝟏 + 𝑹𝟐

48
,

𝟖
𝑰𝟒𝛀 = 𝟑. = 𝟐𝑨
𝟖+𝟒

Utilizando ainda a lei de Ohm, é possível encontrar a tensão no resistor (V2) pela
passagem da corrente.

𝑽 = 𝑹𝑰

𝑽𝟐 = 𝟒. 𝟐 = 𝟖𝑽

Então, são somadas as duas tensões, já que possuem os mesmos polos.

𝑽𝒕𝒐𝒕𝒂𝒍 = 𝑽𝟏 + 𝑽𝟐 = 𝟐 + 𝟖 = 𝟏𝟎𝑽

O aluno poderá conferir os efeitos das duas fontes sobre o resistor de 4Ω utilizando o
MULTISIM®:

2.3 Teoremas de análise de circuitos elétricos: Teorema de Thévenin e Norton

Teorema de Thévenin

Lèon Charles Thévenin (1857-1926), um engenheiro telegrafista francês, em busca de


compreender melhor as características de circuitos complexos, e na intenção de
aplicar a lei de Ohm a esses circuitos, desenvolveu um teorema bastante interessante,
muito aplicado na área da elétrica. O engenheiro estabeleceu que qualquer circuito
linear visto de um ponto pode ser representado por uma fonte de tensão (igual à
tensão do ponto em circuito aberto) em série com uma impedância (igual à

49
,

impedância do circuito vista deste ponto). Assim, deu origem ao que chamamos de
Circuito Equivalente de Thévenin. O exemplo 4.2 ilustra a aplicação deste teorema.

Exemplo 4.2: dado o circuito a seguir, formado por uma fonte de tensão e uma de
corrente, ambas independentes. Deseja-se saber quais são as características elétricas
no resistor R1 de 1kΩ. Para tanto, vamos aplicar o teorema de Thévenin a fim de obter
uma única fonte (Eth) em série com um resistor (Rth).

Retira-se o resistor R1 do circuito e no


lugar, mantém-se como um circuito
aberto.

Pode-se verificar, então, a presença de uma


tensão que será aplicada sobre o resistor R1,
Vca ou Eth.
Para determinar esta tensão, analisamos a
malha com a corrente i1, verificando o nó
circulado em azul (note que não haverá
corrente no resistor de 3kΩ).

Na malha, obtém-se a equação:

−𝟒 + 𝑽𝟐𝒌 + 𝑽𝒄𝒂 = 𝟎 ⇒ 𝑽𝒄𝒂 = 𝟒 − 𝟐. 𝟏𝟎𝟑 . 𝒊𝟏

Mas pelo nó, determina-se que i1 = -2mA. Então:

𝑽𝒄𝒂 = 𝟒 − 𝟐. 𝟏𝟎𝟑 . (−𝟐. 𝟏𝟎−𝟑 ) = 𝟖𝑽

50
,

Desligam-se todas as fontes do circuito para analisar a


resistência equivalente ou de Thévenin (Rth), vista a
partir dos terminais onde estava o resistor R1. Observa-
se duas resistências em série. Assim:

𝑹𝒕𝒉 = 𝟐𝒌 + 𝟑𝒌 = 𝟓𝒌𝛀

Portanto, temos a tensão e resistência para o Circuito Equivalente de Thévenin. Ou


seja, trata-se de um circuito equivalente, no qual os efeitos elétricos percebidos pelo
resistor R1 serão os mesmos que o circuito original.

Em análise no MULTISIM®, veja que ambos os circuitos possuem exatamente as


mesmas características elétricas no resistor de 1kΩ, quais sejam, 1,33V e 1,33mA.

Teorema de Norton

Edward Lawry Norton (1898-1983), engenheiro e cientista norte-americano, realizou


diversos estudos sobre análise de circuitos enquanto trabalhava na Bell Labs. Em um
desses estudos, afirma que qualquer coleção de fontes de tensão, fontes de corrente,

51
,

e resistores, com dois terminais, é eletricamente equivalente a uma fonte de corrente


ideal “I”, em paralelo com um único resistor “R”. Essa configuração foi denominada
“Circuito Equivalente de Norton” e é muito útil para reduzirmos circuitos maiores a um
circuito equivalente com apenas dois elementos a partir de um determinado ponto,
quando se deseja, por exemplo, saber as grandezas elétricas como tensão, corrente ou
potência. No mesmo momento em que Norton publicou seu trabalho, um engenheiro
alemão chamado Hans Ferdinand Mayer (1895-1980) publicou conclusões
equivalentes, portanto, em muitos lugares, este teorema é conhecido como Teorema
de Mayer-Norton.

Assim como foi feito no teorema de Thévenin, para melhor compreensão,


trabalharemos com o exemplo 4.2.

Exemplo 4.2: O circuito abaixo é formado por uma fonte de tensão e uma de corrente,
ambas independentes. Deseja-se saber quais são as características elétricas no resistor
R1 de 1kΩ, utilizando o teorema de Norton.

Igualmente ao Circuito Equivalente de Thévenin,


retira-se o resistor em análise R1. Contudo, em
seu lugar, é colocado um curto-circuito, já que o
que se deseja é a análise da corrente Icc ou IN.

O aluno verificará então duas malhas, e a


presença de i1 e i2 no nó em amarelo. A corrente
IN ou icc é a própria corrente de malha i2 que
também é a corrente do ramo do curto-circuito.

Aplicando a lei das malhas com as correntes de circuitação:

−4 + 𝑉2𝑘 − 𝑉2𝑚 = 0 ⇒ 2000𝑖1 − 𝑉2𝑚 = 4 ⇒ 𝑉2𝑚 = 2000𝑖1 − 4 (1)

𝑉2𝑚 + 𝑉3𝑘 = 0 ⇒ 3000𝑖2 + 𝑉2𝑚 = 0 (2)

52
,

Substituindo (1) em (2), temos que:

𝟐𝟎𝟎𝟎𝒊𝟏 + 𝟑𝟎𝟎𝟎𝒊𝟐 = 𝟒

Lembrando que a diferença das correntes de circuitação fornece a corrente no ramo


central:

𝒊𝟏 − 𝒊𝟐 = −𝟐𝒎 𝒐𝒖 − 𝟎, 𝟎𝟎𝟐

Temos, então, um sistema de equações:

2000𝑖1 + 3000𝑖2 = 4 2000𝑖1 + 3000𝑖2 = 4


{ ⇒ {
𝑖1 − 𝑖2 = −0,002 (. −2000) −2000𝑖1 + 2000𝑖2 = 4 +

Por comparação: 0𝑖1 + 5000𝑖2 = 8 ⇒ 𝑖2 = 𝑖𝑐𝑐 = 1,6𝑚𝐴

Finalmente, calcula-se a resistência equivalente ou resistência de Norton (RN),


lembrando que é a resistência equivalente vista pelos terminais no qual estava o
resistor R1. A fonte de tensão de 4V é substituída por um curto e a fonte de corrente
por um circuito aberto. Verificam-se dois resistores em série, conforme a figura a dada
a seguir.

Então, o Circuito Equivalente de Norton será


formado por uma fonte de corrente de 1,6mA
e um resistor em paralelo de 5kΩ.

53
,

Em análise no MULTISIM®, veja que ambos os circuitos possuem exatamente as


mesmas características elétricas no resistor de 1kΩ, quais sejam, 1,33V e 1,33mA.

Conclusão

Neste bloco foi possível analisar um circuito por inspeção e regra de Cramer na
Generalização das leis de Kirchhoff. Vimos também como podemos simplificar um
circuito através dos teoremas de Thévenin e de Norton, bem como analisar um circuito
através do teorema da superposição. Aprendemos a utilizar dois softwares
extremamente versáteis, o Octave® que possui sintaxe muito próxima do MATLAB® e o
software MULTISIM®, um software do tipo SPICE, ambos de licença open source e em
nuvem.

REFERÊNCIAS
ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. N. O. Fundamentos de circuitos elétricos. 5ª ed., Porto
Alegre: AMGH, 2013. (e-book Minha Biblioteca).

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES
BOYLESTAD, R. L. Introdução à Análise de Circuitos Elétricos. 12ª Ed., São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2012. (e-book Pearson).

54
,

IRWIN, J. D.; NELMS, R. M. Análise básica de circuitos para engenharia. 10ª Ed., Rio de
Janeiro: LTC, 2013. (e-book Minha Biblioteca).

MARIOTTO, P. A. Análise de circuitos elétricos. São Paulo: Prentice Hall, 2003. (e-book
Pearson).

55
,

3 UTILIZAÇÃO DE SIMULADORES APLICADOS AOS CIRCUITOS ELÉTRICOS

Olá, alunos! No bloco 1 vimos as Leis de Kirchhoff e as Leis de Ohm, no bloco 2


desenvolvemos teoremas de análise de circuitos em CC. Neste bloco, apresentaremos
algumas aplicações de software de simulação para a solução de circuitos. Sabe-se que
a profissão exige, além da certeza dos resultados, velocidade em apresentar soluções.
Portanto, veremos as principais versatilidades do software MULTISIM® da National
Instruments.

3.1 Tutorial básico sobre o simulador MULTISIM®

O simulador MULTISIM® é uma ferramenta SPICE (Programa de Simulação com Ênfase


em Circuito Integrado), com a vantagem de ser open source e totalmente funcional em
nuvem (online). Trata-se de uma ferramenta de grande versatilidade, como o aluno
poderá ver abaixo.

Para iniciar, acesse o site: https://www.multisim.com/. As vantagens já começam


nesta etapa, pois o software é executado totalmente de forma online independente do
sistema operacional e da memória do computador, já que ele não rodará no seu
computador nem será instalado nele.

Após acessar o site, inscreva-se clicando em sign up.

56
,

Figura 3.1 – Clique em sign up

Ao clicar em sign up, você deverá criar uma conta da National Instruments, colocando
seu login, nome, sobrenome, atividade, empresa, seu e-mail e senha (oito caracteres).
Após inserir todas as suas informações, clique em criar conta.

Você receberá um e-mail de confirmação, e então, poderá efetuar o login no site. Uma
vez feito login, clique em create circuit para iniciar o circuito. Você verá a tela de
trabalho abaixo, na qual haverá basicamente três estruturas:

A) Barra superior de configuração de exibição entre gráficos e esquema, o botão


de simulação e opções;
B) Barra lateral esquerda com os componentes na forma de objetos e;
C) Área de trabalho.

57
,

Figura 3.2 – Tela de trabalho

Vamos analisar a barra lateral esquerda (A). Nela estão os objetos que serão
trabalhados na área de trabalho (C).

Figura 3.3 – Barra lateral

Cada um desses objetos é um menu de opções contendo subitens.

58
,

Figura 3.4 – Análise e anotações

Provas para aferir tensão, corrente, nível digital e fazer anotações.

Figura 3.5 – Conectores

Conectores, inclusive referência GND.

Figura 3.6 – Fontes

Fontes AC, DC e outras diversas fontes de sinal.

59
,

Figura 3.7 – Passivo

Elementos passivos.

Figura 3.8 – Analógico

Elementos analógicos, com o amplificador operacional e o CI555.

Figura 3.9 – Diodos

Diodos.

60
,

Figura 3.10 – Transistores

Transistores.

Figura 3.11 – Indicadores

Indicadores.

Figura 3.12 – Botões e chaves

Botões e chaves.

61
,

Figura 3.13 – Blocos de modelagem

Blocos de modelagem.

Figura 3.14 - Potência

Potência.

Figura 3.15 - Portas digitais

Portas digitais.

A utilização dos objetos baseia-se em clicar, arrastar e soltar. Assim, vamos montar um
circuito simples para experimentar a interface. Construa o seguinte circuito. Para
conectar os componentes, clique em seus terminais onde se formará a conexão.

62
,

Ao arrastar e soltar a fonte e o resistor, ambos


receberão respectivamente os nomes V1 e R1.
Cada conexão também será identificada. Para
inserir o resistor mais rapidamente, utilize-se
do atalho de teclado R.

Feche o circuito, adicione na parte de


baixo, na trilha 0, a referência GND
como ao lado e o ponto de prova de
tensão PR1 para efetuar a medição de
tensão. Na barra superior, clique no
botão para iniciar a simulação.

Perceba que a prova irá apresentar


o valor de tensão, que neste
circuito é o próprio valor da fonte
de tensão, qual seja, 5V.

Termine a simulação clicando no botão . E então, vamos alterar as configurações


dos elementos do circuito. Você poderá fazer isso de duas maneiras. Para ajustes
rápidos, basta clicar sobre os valores dos objetos. Uma série de configurações rápidas
poderão ser feitas. Inclusive, com botões de rolagem que auxiliam muito em caso de
touchscreen.

63
,

Clique no valor da resistência


1kΩ e altere para 2kΩ.

Para acessar configurações mais avançadas, clique na engrenagem na barra superior à


esquerda, ou clique duas vezes no elemento do circuito. Clique duas vezes na prova de
tensão, e mude para medidor de tensão e corrente (V/A).

64
,

Clique em para iniciar a simulação.

Veja que o valor de corrente


aparece junto ao valor de
tensão. Vamos agora executar
alguns exercícios para verificar
a funcionalidade do software
com corrente contínua,
alternada e lógica digital.

3.2 Exercícios com circuitos em CC

Em corrente contínua, vamos aplicar alguns conceitos do MULTISIM® para simular o


controle de corrente por um transistor NPN, variando a corrente de base, e o uso de
divisores de tensão para múltiplos botões em uma entrada I/O de um
microcontrolador.

Controle de corrente por meio de um transistor

Agora, vamos simular um circuito em corrente contínua para controlar a intensidade


do brilho de um LED. Inicialmente, deveremos calcular o valor do resistor de proteção
do LED. A fonte utilizada será de 9V em corrente contínua. Os LEDs costumam ter em
média 2V à 2,5V podendo variar 0,5V segundo a cor do LED, e 20mA. Assim,
poderemos calcular o resistor da seguinte forma.

𝑉𝑡 − 𝑉𝐿𝐸𝐷 9 − 2
𝑅= = = 350Ω
𝐼 0,02

Utilizaremos também um transistor NPN e seu resistor de base será um


potenciômetro, no qual varia a corrente de base, iremos variar a corrente que sai no
emissor e alimenta o LED.

65
,

Monte o circuito ao lado. Não se


esqueça de ajustar os valores do
resistor e de adicionar o ponto de
prova para tensão e corrente (V/A).

Inicie a simulação na barra superior. E


então, clique no valor percentual do
potenciômetro, localizado abaixo do
valor de resistência. Aparecerá uma
barra para ajuste do valor percentual
de resistência do potenciômetro.
Verifique que o brilho do LED diminui
quando o valor do resistor de base
(potenciômetro) diminui. Isto ocorre
porque a saída do transistor, ou seja, sua corrente no emissor, depende da corrente na
base que é requerida pelo resistor de base.

Múltiplos botões em uma só entrada analógica

Uma das maiores dificuldades em aplicações com microcontroladores é a quantidade


de portas I/O existentes. Os microcontroladores ATMega possuem muitas portas, mas
microcontroladores de baixos gastos energéticos e dimensões reduzidas possuem
menos portas (Exemplo: Attiny). Existe uma maneira de utilizar uma só porta analógica
para o controle de todo um painel de botões, variando a tensão por meio de
resistores. Essa técnica utiliza-se do divisor de tensão para oferecer valores diferentes
66
,

de tensão para cada botão, permitindo ao microcontrolador distinguir qual botão


encontra-se pressionado.

𝑹𝟏
𝑽𝒐𝒖𝒕 = 𝑽𝒊𝒏
𝑹𝟏 + 𝑹𝟐

Monte o circuito ao lado. Veja


que, ao apertar o botão S4,
forma-se um divisor de tensão
com R1=R2=1kΩ, o que divide
a tensão por 2 (2,5V). O botão
S3 forma um divisor com
R1=1kΩ e R2=2kΩ (1,666V). O
botão S2 está sujeito a R1=1kΩ
e R2=3kΩ (1,25V) e o S1 a
R1=1kΩ e R4=4kΩ (1V). Dessa
forma, o microcontrolador irá
definir a função a ser
executada segundo a tensão
verificada em sua porta I/O.

3.3 Exercícios com circuitos em CA em regime permanente

Para circuitos em corrente alternada, iremos simular um circuito retificador de onda


completa como conversor de corrente alternada para corrente contínua. E um circuito
básico de modulação ASK.

67
,

Conversor CA/CC

Um meio de converter uma tensão em corrente alternada em uma em corrente


contínua é a utilização do retificador de onda completa. Para simular um retificador,
monte o circuito abaixo.

O transformador deve possuir relação 1:10. A presença da chave é somente para


demonstrar os efeitos do capacitor no circuito. O resistor R2 representa uma carga a
qual o retificador está conectado, então seu valor de resistência não importa.

Agora, vamos conhecer uma nova funcionalidade do MULTISIM®. Aperte o botão na


barra superior da interface. Você verá a forma de onda que consta nas provas PR1, PR2
e PR3. Utilize o botão trigger para selecionar single e obter uma amostra da onda
gerada.

68
,

Ao clicar em você poderá selecionar qual ponta da prova deseja amostrar.


Selecionando as provas PR2 e PR3, você terá duas ondas defasadas em 180°. Isto é
típico dos transformadores com center tape como o utilizado na simulação.

Selecione a prova PR1. Ela mostra a onda que sai após passar pelos diodos
retificadores. Verifique que ela inverte a amplitude de uma das ondas e a une em uma
só onda com valores positivos, porém variáveis no tempo.

69
,

Agora, no circuito, feche a chave S1 que conecta o capacitor no circuito, paralelo à


fonte. Verifique que a onda que antes era uma onda retificada, agora comporta-se
como uma corrente contínua.

Isso ocorre porque o capacitor é carregado quando a onda sobe rumo ao valor de pico,
e descarrega quando ela tende a zero, mantendo um valor contínuo que será o valor
eficaz da onda senoidal.

70
,

Moduador ASK

Em telecomunicações, a modulação ASK para envio de mensagens digitais é uma


forma muito utilizada.

Monte o circuito ao lado.


Cuidado com as conexões
do circuito 555 e com os
valores dos componentes.

O circuito oscilador
biestável formado pelo
CI555 cria um sinal
modulante digital formado
por um pulso que cria uma
onda quadrada. Trata-se
de um sinal digital binário.

A fonte de tensão alternada cria um sinal senoidal que é inserido por meio do
transistor que cria a modulação. Este transistor é o responsável pelo chaveamento.

Clique em Graphics, e então você poderá ver os sinais gerados. Ajuste a divisão do
período em Time/Div e a amplitude em Voltage(V).

71
,

Perceba, em laranja, o sinal da informação. Este sinal pode ser um sinal de áudio ou
qualquer outro sinal. A onda modulante está em verde e é um sinal digital binário. O
sinal ASK resultante é amostrado em azul.

Conclusão

Neste bloco, foi possível conhecer o software MULTISIM®, um software do tipo SPICE,
de licença open source e em nuvem. Por meio de um rápido tutorial, aprendemos a
simular circuitos em corrente contínua e alternada. Verificamos as alterações
provocadas por divisores de tensão, verificamos o papel dos diodos e capacitores em
um circuito retificador de onda completa, e analisamos a modulação de um sinal ASK
formado e como ele pode ser formado simplificadamente.

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES

ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. N. O. Fundamentos de circuitos elétricos. 5ª ed., Porto


Alegre: AMGH, 2013. (e-book Minha Biblioteca).

BOYLESTAD, R. L. Introdução à Análise de Circuitos Elétricos. 12ª Ed., São Paulo:


Pearson Prentice Hall, 2012. (e-book Pearson).

72
,

4 ANÁLISE DE CIRCUITOS EM REGIME PERMANENTE SENOIDAL:


PRELIMINARES

Olá, alunos! Neste bloco apresentaremos os sinais de alimentação periódicos utilizados


em circuitos elétricos, como a onda quadrada, dente de serra e outros tipos de sinais,
avaliando o valor médio destes sinais e o valor eficaz. Em especial, apresenta-se o sinal
senoidal e todas as suas particularidades. Para calcular as grandezas físicas
utilizaremos a análise fasorial, que necessita do conhecimento dos números
complexos. E, finalmente, veremos a dedução das equações diferenciais obtidas para o
cálculo destas grandezas.

4.1 Introdução aos sinais periódicos. Sinais senoidais de tensão e corrente.

As fontes de alimentação de componentes eletrônicos, para que um circuito cumpra a


sua função, em geral, são de tensão e corrente contínuas. Porém, na geração de
energia trabalha-se com sinais oscilatórios representados matematicamente por
funções trigonométricas como a função senoidal ou cossenoidal. Estes sinais e outras
formas de onda utilizadas na eletrônica, tais como, a onda quadrada, a onda triangular
e o dente de serra, são sinais periódicos. Tais sinais, embora tenham formas
diferentes, tem uma característica comum, se repetem após um determinado tempo,
que é chamado de Período, normalmente representado com a letra P ou T.
Podemos, hoje em dia, criar sinais periódicos de acordo com as nossas necessidades a
partir da tecnologia existente. Mas, os sinais apontados acima ainda são muito
utilizados. A seguir apresentam-se estes sinais, com suas funções matemáticas e
demonstra-se como são calculados os valores médio e eficaz de um sinal. A
importância do cálculo do valor eficaz fica evidente quando se utiliza um multímetro
para medir um sinal de tensão ou corrente alternada. Como apontar um valor de um
sinal que varia de forma senoidal? A solução foi a medida de um valor fixo que permita
avaliar, através da matemática, como o sinal varia no tempo. O valor escolhido foi o
Valor Eficaz. O valor médio também é importante, pois podemos avaliar se um sinal

73
,

periódico pode ou não gerar energia para girar um motor CC, por exemplo, quando
trabalhamos com amplificadores do tipo PWM com pulsos de largura variável de alta
frequência aplicados ao motor CC.

Sinais Periódicos ou Formas de Onda Periódicas

Na matemática aplicada à engenharia, sinais ou formas de onda periódicas são aquelas


que se repetem continuamente após um certo intervalo de tempo, denominado
Período, utiliza-se as letras P ou T para representar essa grandeza. Entende-se a forma
de onda como o gráfico de corrente, tensão ou outra grandeza elétrica em função de
outra variável como o tempo, argumento da função ou da velocidade angular no caso
da função seno. A seguir são representadas algumas formas de ondas periódicas e sua
função matemática associada.

Matematicamente, um sinal periódico u(t) é periódico com período T se:

𝒖(𝒕) = 𝒖(𝒕 + 𝑻), para todo t.

Observação: Podemos assumir valores negativos para o tempo, mas nos gráficos a
seguir são feitas representações de amplitude para t ≥ 0 e a forma de onda é definida
em função de um período T.

Onda quadrada

Esta forma de onda tem seu gráfico dado na figura a seguir. A função matemática que
representa de forma genérica a onda quadrada é dada por:

𝑇
𝐴 𝑝𝑎𝑟𝑎 0 ≤ 𝑡 <
𝑓(𝑡) = { 2 e 𝑓(𝑡) = 𝑓(𝑡 + 𝑇)
𝑇
−𝐴 𝑝𝑎𝑟𝑎 ≤𝑡<𝑇
2

A f(t)

𝑻 𝟑𝑻 2T
T
𝟐
𝟐
-A
74
,

Dente de Serra
Uma representação matemática do dente de serra é dada por:
𝑇
𝑡 𝑝𝑎𝑟𝑎 0 ≤ 𝑡 <
𝑓(𝑡) = { 2 e 𝑓(𝑡) = 𝑓(𝑡 + 𝑇)
𝑇
𝑡−𝑇 𝑝𝑎𝑟𝑎 ≤𝑡<𝑇
2

Seu gráfico:

𝑻 f(t)
𝟐

𝑻 T 𝟑𝑻 2T t
𝑻 𝟐 𝟐

𝟐

Onda triangular
A representação da onda triangular é dada por:
𝑇
𝑡 𝑝𝑎𝑟𝑎 0 ≤ 𝑡 <
𝑓(𝑡) = { 2 e 𝑓(𝑡) = 𝑓(𝑡 + 𝑇)
𝑇
−𝑡 + 𝑇 𝑝𝑎𝑟𝑎 ≤𝑡<𝑇
2

E seu gráfico é dado por:

𝑻 f(t)
𝟐

𝑻 T 𝟑𝑻 2T t
𝟐 𝟐

Onda tipo pulso


A onda tipo pulso apresentada a seguir pode ser expressa por:
𝐴 𝑝𝑎𝑟𝑎 0 ≤ 𝑡 < 𝑛𝑇
𝑓(𝑡) = { e 𝑓(𝑡) = 𝑓(𝑡 + 𝑇)
0 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑛𝑇 ≤ 𝑡 < 𝑇

75
,

O valor de n pode variar de valores acima de zero até o valor próximo de 1 (0 < n < 1).
O gráfico do pulso será dado na figura abaixo para n=0,25.

A f(t)

T 𝟓𝑻 2T t
𝑻
𝟒 𝟒

Observação: a onda tipo pulso é muito utilizada nos sinais de amplificadores de


potência tipo PWM (Pulse Width Modulation). Por exemplo, a placa do Arduíno Uno
tem saídas pulsadas em alta frequência (f=10KHz ou T=10ms) nas quais varia o valor de
n de zero (tensão média aplicada nula) a 1 (tensão média de 5volts). Assim, essa
tensão é aplicada a um drive PWM que varia a tensão do motor CC de 0V até a sua
tensão nominal, utilizando o valor médio da onda pulsada.

Onda Senoidal

A onda senoidal é o sinal periódico mais importante para a análise de circuitos


elétricos em corrente alternada, pois os geradores elétricos produzem um sinal
elétrico oscilatório que matematicamente é representado por funções trigonométricas
como o seno ou cosseno (na verdade, o cosseno pode ser visto como uma senóide
defasada de 90o). É um sinal periódico com determinadas características, a saber:

• Valor instantâneo: valor em um instante de tempo t qualquer;

• Amplitude de pico em relação ao valor médio (ou valor de pico em relação ao


nível zero ou valor máximo): máximo valor que a variável analisada assume.
Utiliza-se a notação: Vmax ou Emax, Vp ou Ep;

• Valor de pico a pico (Vpp ouEpp): corresponde ao comprimento da senóide,


desde o valor máximo até o mínimo, ou seja: Vpp=2Vp;

76
,

• Ciclo: intervalo de tempo igual a um período. Costuma-se associar a meio ciclo


de onda quando se refere à metade do período.

A equação matemática para representar a função senoidal é dada por:

𝑣(𝑡) = 𝑉𝑚𝑎𝑥 . 𝑠𝑒𝑛 (𝜔𝑡 + 𝜙)

Na qual:

• 𝒗(𝒕): é o valor instantâneo de tensão em volts;

• 𝑽𝒎𝒂𝒙: é a amplitude de pico (ou Vp) em volts;

• 𝝎: é a velocidade angular em rad/s;

• t é o tempo em segundos;

• 𝝓: é a fase da senóide em relação ao instante inicial, isto é, o valor do


argumento ou ângulo do seno (em radianos) para t=0s;

• 𝝎𝒕 + 𝝓: representa o argumento do seno em qualquer instante de tempo. É


dado em radianos, mas pode ser utilizado o grau.

A figura a seguir, representa uma forma de onda senoidal para  = 𝟎 𝒓𝒂𝒅. A


representação é de um ciclo apenas.

v(t)

A figura representa a senóide em um período T. Temos ainda que definir a frequência


do sinal e entender o seu significado. A frequência f em Hz (hertz) representa o

77
,

número de ciclos que a senóide desenvolve no tempo (em segundos). Por exemplo, se
f=20Hz significa que teremos 20 ciclos da senóide em um segundo. Diante disso, temos
que:

1 1
𝑓 = 𝑇 → frequência (𝑠𝑒𝑔 = 𝐻𝑧 = ℎ𝑒𝑟𝑡𝑧).

Já ω que representa a velocidade angular, é dado por:

𝝎 = 𝟐𝝅𝒇

ou:

𝟐𝝅
𝝎=
𝑻

Observação importante: muitas vezes encontramos gráficos das funções senoidais em


função do tempo t, do argumento ou de ωt. É importante entender que se trata da
mesma função, mas vista em relação à variáveis diferentes .

Exemplos de traçado do gráfico da senóide:

Desenhe as formas de ondas dadas a seguir : 𝒇(𝒕) 𝒙 𝒕

A) 𝒊(𝒕) = 𝟐, 𝟓. 𝐬𝐢𝐧 𝟐𝟎. 𝝅. 𝒕 (𝑨)

Solução:

• Determinação do período:

𝟐𝝅 𝟐𝝅
𝝎 = 𝟐𝟎𝝅 rad/s → 𝑻 = = = 𝟎, 𝟏 𝒔𝒆𝒈.
𝝎 𝟐𝟎𝝅

• Com o valor do período e da amplitude de pico da corrente, ip=2,5 A, é


possível traçar o gráfico da senóide de 𝒊(𝒕) = 𝟐, 𝟓. 𝐬𝐢𝐧 𝟐𝟎. 𝝅. 𝒕, conforme
representado na figura dada a seguir.

78
,

Representamos apenas um ciclo da senóide. Podemos calcular o valor da amplitude da


corrente em qualquer instante de tempo t. Por exemplo, se 𝒕 = 𝟎, 𝟎𝟐𝟓𝒔:

→ 𝒊(𝒕) = 𝟐. 𝟓. 𝐬𝐢𝐧 𝟐𝟎𝝅. 𝟎, 𝟎𝟐𝟓 = 𝟐, 𝟓. 𝐬𝐢𝐧 𝟎, 𝟓𝝅 ⇒ 𝒊(𝒕) = 𝟐, 𝟓𝑨

B) 𝒗(𝒕) = 𝟏𝟐𝟕. 𝐬𝐢𝐧(𝟑𝟕𝟕𝒕 + 𝟑𝟎𝟎 )(𝐯𝐨𝐥𝐭𝐬)

Solução: neste caso temos uma fase diferente de zero graus em t = 0s. A determinação
do período será igual a:

𝟐𝝅
𝝎 = 𝟑𝟕𝟕 rad/s ⇒ 𝑻 = ⇒ 𝑻 = 𝟎, 𝟎𝟏𝟔𝟔 𝒔 𝒐𝒖 𝟏𝟔, 𝟔𝟕𝒎𝒔
𝝎

Neste caso, Vp=127V e o valor da fase de 300 deve ser convertida em radianos,
lembrando que:

𝝅. 𝜽𝟎
𝝅 − 𝟏𝟖𝟎𝟎 𝑫𝒂í: ∅𝒓𝒂𝒅 =
{ 𝟏𝟖𝟎𝟎
∅𝒓𝒂𝒅 − 𝜽𝟎

79
,

Para desenhar a senóide da tensão, devemos lembrar que, como temos a fase 𝝓 para
t=0s, o valor de 𝒗(𝟎) será diferente de zero, ou seja, ficaria difícil fazer um esboço da
forma de onda. Podemos, então, determinar o tempo t (mesmo que negativo) para o
primeiro valor onde 𝒗(𝟎) = 𝟎.
Indo na equação:

𝝅
𝟎 = 𝟏𝟐𝟕. ( 𝟑𝟕𝟕𝒕 + 𝟑𝟎𝟎 ) = 𝟎 → 𝟑𝟕𝟕𝒕 = − 𝟑𝟎𝟎 → 𝟑𝟕𝟕𝒕 = − (converteu em radianos)
𝟔
𝒕 = −𝟏, 𝟑𝟗 𝒎𝒔𝒆𝒈

Assim, a curva do seno inicia neste valor, ou seja, tem um deslocamento em avanço,
pois em t=0s teremos:

𝒗(𝒕) = 𝟏𝟐𝟕. 𝐬𝐢𝐧(𝟑𝟕𝟕. 𝟎 + 𝟑𝟎𝟎 ) ⇒ 𝒗(𝒕) = 𝟏𝟐𝟕. 𝐬𝐢𝐧(𝟑𝟎𝟎 ) ⇒ 𝒗(𝒕) = 𝟏𝟐𝟕. 𝟎, 𝟓

Assim: 𝒗(𝒕) = 𝟔𝟑, 𝟓𝑽.

Com este valor, o período e o tempo em que a função se inicia, podemos traçar o
gráfico da função apresentado na figura dada a seguir.

80
,

Relação de fase entre duas ondas

Esta relação é importante de ser destacada para entender quando um sinal está
atrasado ou avançado em relação ao outro. Vejamos um exemplo com dois sinais
senoidais, um de tensão e outro de corrente.

Exemplo1: Dados os seguintes sinais 𝒗(𝒕) = 𝟏𝟎 𝐬𝐢𝐧(𝝎𝒕 + 𝟑𝟎𝟎 ) e 𝒊(𝒕) =


𝟓 𝐬𝐢𝐧(𝛚𝐭 + 𝟕𝟎𝟎 ), dizemos que as ondas estão defasadas de 400. Mas, quem está
adiantada ou quem está atrasada?

Solução: como as fases inicias das ondas estão no primeiro quadrante do círculo
trigonométrico fica fácil identificar, pois em t=0s, temos que: 𝐬𝐢𝐧 ( 𝟑𝟎𝟎 ) < 𝐬𝐢𝐧 ( 𝟕𝟎𝟎 ),
evidenciando que a forma de onda da corrente começou antes da tensão. Logo a
corrente está adiantada de 400 em relação a tensão ou a tensão está atrasada de 400
em relação à corrente.

Outra forma de verificação é através dos gráficos das duas funções em função de ωt,
pois quando este valor for igual a -700 a corrente será nula e quando for -300, a tensão
é que será nula.

Os gráficos estão representados na figura dada a seguir. Note que a forma de onda da
corrente parte de zero antes que o da tensão, daí a corrente estar em avanço em
relação à tensão.

81
,

Observação: a defasagem entre a corrente e a tensão é aqui denotada com a letra


grega ϕ, e vale:

𝝋 = |𝝓𝒗 − 𝝓𝒊 |

Não utilizamos o valor negativo. Mais à frente utilizaremos a ideia de o circuito ser
capacitivo, indutivo, resistivo, resistivo-indutivo ou resistivo-capacitivo.

Cálculo do valor médio e do valor eficaz ou RMS de funções periódicas

Estes valores são muito importantes para a análise dos circuitos elétricos, daí serem
aqui definidos. Como foi citado anteriormente, para definir a tensão da rede não
utilizamos o valor de pico (ou valor máximo das senóide), mas o valor eficaz, que é o
que medimos com o multímetro quando selecionamos a escala em tensão alternada
(AC). Já o valor médio é utilizado em eletrônica analógica quando se fala em
amplificadores PWM, fontes de tensão retificadas etc.

82
,

Valor médio de uma onda periódica

O valor médio de uma função f(t) (ou curva) que pode representar uma corrente,
tensão, potência etc. é definido como:

𝑨𝒓𝒆𝒂 𝒔𝒐𝒃 𝒂 𝒄𝒖𝒓𝒗𝒂 𝑨


𝑽𝒂𝒍𝒐𝒓 𝑴é𝒅𝒊𝒐 = ⇒𝑮=
𝒄𝒐𝒎𝒑𝒓𝒊𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒅𝒂 𝒄𝒖𝒓𝒗𝒂 𝑪

𝒕
onde: 𝑨 = ∫𝟎 𝒇(𝒕) 𝒅𝒕 e t está associado ao tempo onde a função f(t) é não nula.

Valor eficaz ou valor médio quadrático (RMS = root mean square)

O valor eficaz ou valor médio quadrático é dado por:

Para a tensão:

𝑻
∫ 𝒗(𝒕)𝟐 𝒅𝒕
𝑽𝒆𝒇 =√ 𝟎
𝑻
Para a corrente:

𝑻
√ ∫𝟎 𝒊(𝒕)𝟐 𝒅𝒕
𝑰𝒆𝒇 =
𝑻

Vamos praticar o cálculo destes valores com alguns exemplos.

Exemplos:
a. Calcule o valor médio e o valor eficaz da função pulso dada a seguir, com B=1 e
T=2s.

83
,

f(t)
B

𝟓𝑻 2T t
𝑻 T
𝟒 𝟒

Solução: Para o valor médio G, tendo como dados o período de 2s, o pulso de
amplitude 1 e duração de 0,5s (T/4), temos:

𝑨𝒓𝒆𝒂 𝒔𝒐𝒃 𝒂 𝒄𝒖𝒓𝒗𝒂 𝑨


𝑽𝒂𝒍𝒐𝒓 𝑴é𝒅𝒊𝒐 = ⇒𝑮=
𝒄𝒐𝒎𝒑𝒓𝒊𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒅𝒂 𝒄𝒖𝒓𝒗𝒂 𝑪

A área A é calculada através da integral ou então, quando a área sob a curva é uma
figura geométrica conhecida, nesse caso, basta utilizar a fórmula já definida, mas que
também pode ser obtida pela integral. O valor de A corresponde a área do retângulo
formado por: Área A = B*T/4 = 1.(2/4) = 0,5.

Pela integral, e lembrando que f(t)=B para 0<t<T/4, temos que:

𝑻
𝑪 𝑻
𝟒 𝑻
𝑨 = ∫ 𝒇(𝒕) 𝒅𝒕 = ∫ 𝑩 𝒅𝒕 = 𝑩𝒕|𝟎𝟒 = 𝑩( − 𝟎) ⇒ 𝑨 = 𝟏. 𝟎, 𝟓 = 𝟎, 𝟓
𝟎 𝟎 𝟒

Note que o extremo superior da integral C é definido até onde a função não é nula,
isto é, em T/4.
Agora devemos determinar o valor médio pelo período da função T, isto é, C=T. Daí:
𝑨 𝑨 𝟎, 𝟓
𝑮= = = ⇒ 𝑮 = 𝟎, 𝟐𝟓
𝑪 𝑻 𝟐

84
,

Para o valor eficaz Fef, temos que:


𝑻 𝑻
𝑻 𝟒 𝟐 𝑻
√𝑩 (𝟒 − 𝟎) √𝑩
𝟐 𝟒 𝟐 𝟐
√∫𝟎 𝒇(𝒕) 𝒅𝒕 √∫𝟎 (𝑩) 𝒅𝒕 𝟐
√𝑩 𝒕|𝟎
𝑭𝒆𝒇 = = ⇒ 𝑭𝒆𝒇 = = =
𝑻 𝑻 𝑻 𝑻 𝟒

Assim:
𝑩 𝟏
𝑭𝒆𝒇 = ⇒ 𝑭𝒆𝒇 = ⇒ 𝑭𝒆𝒇 = 𝟎, 𝟓
𝟐 𝟐

b. Calcular o valor médio e o valor eficaz da função senoidal v(t)=Vp.sen(ωt).

Solução: O valor médio G será dado pela razão entre a integral da função e o período
da função:

𝑨
𝑮=
𝑪
e:

𝑪 𝑻 𝑽𝒑
𝑨 = ∫ 𝒇(𝒕) 𝒅𝒕 = ∫ 𝑽𝒑 𝒔𝒆𝒏(𝝎𝒕) 𝒅𝒕 = 𝐜𝐨𝐬(𝝎𝒕) |𝑻𝟎 ⇒ 𝑨
𝟎 𝟎 𝝎
𝑽𝒑 𝟐𝝅
= [𝐜𝐨𝐬 ( 𝑻) − 𝐜𝐨𝐬 (𝟎)] ⇒
𝝎 𝑻

𝑽𝒑
⇒𝑨= (𝟏 − 𝟏) ⇒ 𝑨 = 𝟎
𝝎

Daí o valor médio será nulo:


𝑨 𝟎
𝑮= = ⇒𝑮=𝟎
𝑪 𝑻
Já o valor eficaz será dado por:

𝑻 𝑻 𝑻
√ ∫𝟎 𝒗(𝒕)𝟐 𝒅𝒕 √∫𝟎 (𝑽𝒑 𝒔𝒆𝒏(𝝎𝒕))²𝒅𝒕 ∫ (𝒔𝒆𝒏(𝝎𝒕))²𝒅𝒕
𝑽𝒆𝒇 = = = 𝑽𝒑 √ 𝟎
𝑻 𝑻 𝑻

85
,

A integral na raiz não tem uma simples solução, pois devemos utilizar a relação
trigonométrica:

𝟏 − 𝐜𝐨𝐬 (𝟐𝜽)
𝒔𝒆𝒏𝟐 𝜽 =
𝟐

Assim:

𝑻 𝑻
𝟏 − 𝐜𝐨𝐬 (𝟐𝝎𝒕) 𝟏 𝟏
∫(𝒔𝒆𝒏(𝝎𝒕))²𝒅𝒕 = ∫ [ ] 𝒅𝒕 = 𝒕|𝑻𝟎 − 𝒔𝒆𝒏(𝟐𝝎𝒕)|𝑻𝟎 ⇒
𝟐 𝟐 𝟒𝝎
𝟎 𝟎
𝑻
𝑻 𝟏 𝟐𝝅 𝑻 𝟏 𝑻
∫(𝒔𝒆𝒏(𝝎𝒕))²𝒅𝒕 = − [𝒔𝒆𝒏 (𝟐 𝑻) − 𝒔𝒆𝒏(𝟎)] = − (𝟎 − 𝟎) =
𝟐 𝟒𝝎 𝑻 𝟐 𝟒𝝎 𝟐
𝟎

Logo:
𝑻
√ 𝑽𝒑
𝑽𝒆𝒇 = 𝑽𝒑 𝟐 ⇒ 𝑽𝒆𝒇 = 𝒐𝒖 𝟎, 𝟕𝟎𝟕𝑽𝒑
𝑻 √𝟐

Observação: Este valor é o utilizado para indicar o valor da tensão alternada da rede
ou quando medimos qualquer outra tensão senoidal. Quando se fala que a tensão da
rede é 127 volts estamos nos referindo a este valor, que pode ser relacionado com o
valor de pico por esta fórmula obtida. Com o valor de pico e a frequência de 60Hz,
podemos obter o valor da tensão instantânea da rede, para qualquer tempo t, que é
dada por:

𝒗(𝒕) = 𝟏𝟐𝟕. √𝟐. 𝒔𝒆𝒏(𝟐𝝅𝒇𝒕) ⇒ 𝒗(𝒕) = 𝟏𝟕𝟗, 𝟔𝒔𝒆𝒏(𝟏𝟐𝟎𝝅𝒕)

c) Calcule o valor médio e o valor eficaz da forma de onda dada a seguir (onda
senoidal retificada em meia onda) que tem um pico de 12V, descrita pela equação
dada a seguir.

86
,

𝑻
𝒗(𝒕) = 𝟏𝟐. 𝐬𝐞𝐧(𝝎𝒕) (𝑽) 𝟎≤𝐭≤
{ 𝟐 𝒗(𝒕) = 𝒗(𝒕 + 𝑻)
𝑻
𝟎 <𝒕<𝑻 𝒆𝒕<𝟎
𝟐

Solução: vimos que o valor médio para a senóide completa é zero, no entanto, se a
senóide está definida somente no meio ciclo positivo, o valor médio não será nulo.
Calculando o valor:

𝑨
𝑮=
𝑪
onde:
𝑻
𝑪 𝑽𝒑 𝑻
𝟐
𝑨 = ∫ 𝒗(𝒕) 𝒅𝒕 = ∫ 𝑽𝒑 𝒔𝒆𝒏(𝝎𝒕) 𝒅𝒕 = . −𝐜𝐨𝐬(𝝎𝒕) |𝟎𝟐 ⇒ 𝑨
𝟎 𝟎 𝝎
𝑽𝒑 𝟐𝝅 𝑻
=− [𝐜𝐨𝐬 ( ) − 𝐜𝐨𝐬 (𝟎)]
𝝎 𝑻 𝟐

Assim, teremos:
𝑽𝒑 𝟐𝑽𝒑 𝟐𝑽𝒑 𝑽𝒑
𝑨=− (𝒄𝒐𝒔𝝅 − 𝒄𝒐𝒔𝟎) = ⇒𝑨= .𝑻 ⇒ 𝑨 = 𝑻
𝝎 𝝎 𝟐𝝅 𝝅

Então, o valor médio G será determinado pelo valor de A, dividido pelo período da
função:

𝑨 𝑽𝒑 𝟏
𝑮= = 𝑻.
𝑪 𝝅 𝑻

E resulta no seguinte valor médio G:

𝑽𝒑 𝟏𝟐
𝑮= = ⇒ 𝑮 = 𝟑, 𝟖𝟐𝑽
𝝅 𝝅

87
,

Como o cálculo do valor médio, podemos utilizar o cálculo que foi feito no ítem (b),
alterando o extremo de integração superior, para determinar o valor eficaz:

𝑻 𝑻 𝑻
𝟐 𝟐 𝟐 𝟐
√∫𝟎 𝒗(𝒕) 𝒅𝒕 √∫𝟎 (𝑽𝒑 𝒔𝒆𝒏(𝝎𝒕))²𝒅𝒕 √∫𝟎 (𝒔𝒆𝒏(𝝎𝒕))²𝒅𝒕
𝑽𝒆𝒇 = = = 𝑽𝒑
𝑻 𝑻 𝑻

Como já foi calculada a integral do seno ao quadrado, teremos que ela vale:

𝑻
𝟐
𝟏 𝑻𝟐 𝟏 𝑻
𝑻 𝟏 𝟐𝝅 𝑻
∫(𝒔𝒆𝒏(𝝎𝒕))²𝒅𝒕 = 𝒕|𝟎 − 𝒔𝒆𝒏(𝟐𝝎𝒕)|𝟎𝟐 = − [𝒔𝒆𝒏 (𝟐 ) − 𝒔𝒆𝒏(𝟎)] ⇒
𝟐 𝟒𝝎 𝟒 𝟒𝝎 𝑻 𝟐
𝟎

𝑻
𝑻 𝟏 𝑻
⇒ ∫(𝒔𝒆𝒏(𝝎𝒕))²𝒅𝒕 = − (𝟎 − 𝟎) =
𝟒 𝟒𝝎 𝟒
𝟎

Finalmente, o valor eficaz será igual a:

𝑻
√𝟒 𝟏 𝑽𝒑
𝑽𝒆𝒇 = 𝑽𝒑 . = 𝑽𝒑 √ ⇒ 𝑽𝒆𝒇 =
𝑻 𝟒 𝟐

Note que o valor é menor que o obtido no exercício da senóide completa.

4.2 Números complexos

Os números complexos, dentro da visão de conjuntos, englobam o conjunto dos


números reais e mais um outro elemento que é o conjunto dos números imaginários.
Assim, um número complexo é definido como um par ordenado (a,b) cujo elemento a
representa a sua parte real e o elemento b a sua parte imaginária.

88
,

Representação da parte imaginária

A parte imaginária é representada por um valor real multiplicado pelas letras i ou j,


onde i=j=√−𝟏. Sendo z um número complexo, ele será representado pelo par
ordenado (a,b) utilizando a representação cartesiana ou retangular, a representação
polar e a representação na forma de Euler ou Exponencial. A figura a seguir, ilustra a
representação de um número complexo no plano cartesiano. Na verdade, ele será
representado por um ponto e as projeções do ponto nos eixos é o valor de cada
elemento do par ordenado.

As formas efetivas de se representar matematicamente os números complexos estão


descritas a seguir.

Representação Retangular ou Cartesiana

Nesta representação o par ordenado é representado com a soma da parte real com a
imaginária, isto é:

z=a+bj

Em que: a é a parte real e b é o valor numérico associado a parte imaginária.

89
,

Exemplo: representar graficamente no plano complexo os seguintes números:

𝒛𝟏 = 𝟐 + 𝟑𝐣; PLANO COMPLEXO

𝒛𝟐 = 𝟐;

𝒛𝟑 = −𝟑𝐣

Representação Polar

Nesta representação, trabalha-se com o módulo e a fase do número complexo. Na


representação do número complexo no eixo cartesiano, o par ordenado (a,b)
representa as projeções do número no eixo real e no eixo imaginário,
respectivamente. Para a representação polar, o número complexo z é representado
pelo módulo (|z|) que representa a distância do ponto onde está localizado o número
complexo até a origem do plano. Esta distância é representada por um segmento de
reta. A fase representa o ângulo que o segmento de reta forma com o eixo real. A
figura a seguir ilustra este fato.
Im
Então, temos que: bj z

𝒛 = |𝒛|∡𝜽 ou 𝒛 = |𝒛||𝜽 ou 𝒛 = 𝒓|𝜽 |z|

onde: z=r é o modulo e 𝜽 é 𝐚 fase. θ


Re
O a

90
,

Conversão entre a representação polar e retangular

Esta conversão é feita observando as relações de Pitágoras no triângulo retângulo


formado.

• Retangular para polar

|𝒛| = √𝒂𝟐 + 𝒃²
→{ 𝒃 𝒃
𝜽 = 𝒕𝒂𝒏−𝟏 𝒂 = 𝒂𝒓𝒄𝒕𝒂𝒏 𝒂

• Polar para retangular


𝒂 = |𝒛|. 𝐜𝐨𝐬 𝜽
→{
𝒃 = |𝒛|. 𝐬𝐞𝐧 𝜽

Uma vez calculado o par (a, b), a representação cartesiana é dada por:

𝒛 = |𝒛|. (𝐜𝐨𝐬 𝜽 + 𝐣𝐬𝐞𝐧 𝜽)

• Exemplos de exercícios de conversão de representações:


𝑷𝒐𝒍𝒂𝒓 𝟏
𝒂) 𝒛𝟏 = 𝟏 + 𝒋 → Sendo a=b=1, então |𝒛𝟐 | = √𝟏𝟐 + 𝟏²= √𝟐 = 𝟏, 𝟒𝟏 e 𝜽 = 𝒂𝒕𝒂𝒏 =
𝟏

𝟒𝟓°

Assim: 𝒛𝟏 = 𝟏, 𝟒𝟏|𝟒𝟓𝒐

A fase pode ser dada em radianos também:


𝒛 = 𝟏, 𝟒𝟏|𝝅/𝟒

𝑷𝒐𝒍𝒂𝒓 𝟎
b) 𝒛𝟐 = −𝟐 → Sendo a=-2 e b=0, então |𝒛𝟐 | = √(−𝟐)𝟐 + 𝟎𝟐 = 𝟐 e 𝜽 = 𝒂𝒕𝒂𝒏 𝟐
=

𝟏𝟖𝟎°

𝒛 = 𝟐 |𝟏𝟖𝟎𝒐 𝒛 = 𝟐 |−𝟏𝟖𝟎𝒐
Assim: ou

𝑷𝒐𝒍𝒂𝒓 −𝟑
c) 𝒛𝟑 = −𝟑𝒋 → Sendo a=0 e b=-3, então |𝒛𝟑 | = √𝟎𝟐 + (−𝟑)²= 𝟑 e 𝜽 = 𝒂𝒕𝒂𝒏 𝟎
=

−𝟗𝟎°
91
,

Assim: 𝒛 = 𝟐 |−𝟗𝟎𝒐 ou 𝒛 = 𝟐 |𝟐𝟕𝟎𝒐

Um exemplo de conversão de polar para retangular:

𝑹𝒆𝒕𝒂𝒏𝒈𝒖𝒍𝒂𝒓
a) 𝒛𝟒 = 𝟒 |𝟔𝟎𝒐 → 𝒛𝟒 = 𝟒. (𝐜𝐨𝐬 𝟔𝟎𝒐 + 𝒋 𝐬𝐢𝐧 𝟔𝟎𝒐 )

𝟏 𝟑
𝒛𝟒 = 𝟒. (𝟐 + 𝒋√𝟐)

𝒛𝟒 = 𝟐 + 𝟑, 𝟒𝟒𝒋

• Operações Algébricas com Números complexos


• Soma e subtração: preferencialmente, trabalha-se com a representação
retangular.
Exemplo: determine 𝒛𝟑 = 𝒛𝟐 +𝒛𝟏 dado que 𝒛𝟐 = 𝟏𝟎 + 𝟓𝒋 𝒆 𝒛𝟏 = 𝟑 − 𝟑𝒋.

𝒛𝟑 = 𝟏𝟎 + 𝟓𝐣 + 𝟑 − 𝟑𝐣

𝒛𝟑 = 𝟏𝟑 + 𝟐𝒋 (somar ou subtrair as partes reais e partes imaginárias).

• Multiplicação e divisão: preferencialmente, trabalha-se na representação polar.


Neste caso, devemos multiplicar ou dividir os módulos e somar ou subtrair as
fases, dependendo se for a operação de multiplicação ou de divisão,
respectivamente. Na representação cartesiana, basta multiplicar ou dividir os
números complexos.

Exemplos:

𝒐
a) Execute 𝒛𝟑 = 𝒛𝟏 . 𝒛𝟐 para 𝒛𝟏 = 𝟑𝟎 |𝟑𝟎𝒐 e 𝒛𝟐 = 𝟏𝟎 |−𝟓𝟎

𝒛𝟑 = 𝒛𝟏 . 𝒛𝟐 = 𝟑𝟎. 𝟏𝟎 | 𝟑𝟎𝒐 + (−𝟓𝟎𝒐 )

𝒛𝟑 = 𝟑𝟎𝟎 |−𝟐𝟎𝒐

𝒛
b) Execute 𝒛𝟒 = 𝒛𝟏 para os mesmos valores de z1 e z2
𝟐

𝒛 𝟑𝟎 |𝟑𝟎° 𝟑𝟎
𝒛𝟒 = 𝒛𝟏 = 𝟏𝟎 |−𝟓𝟎° = |𝟑𝟎° − (−𝟓𝟎°) = 𝟑 | 𝟖𝟎°
𝟐 𝟏𝟎

92
,

𝒛𝟒 = 𝟑 |𝟖𝟎°

Observações:

• Em função de uma melhor apresentação opta-se por utilizar para a


representação polar, a fase dada pela notação com a indicação de ângulo:
𝒛𝟒 = 𝟑 ∡ 𝟖𝟎°

• É possível multiplicar e dividir na forma retangular. Veja o exemplo:


𝒛
Execute 𝒛𝟑 = 𝒛𝟏 dado que 𝒛𝟏 = 𝟏𝟎 + 𝟓𝒋 𝒆 𝒛𝟐 = 𝟑 − 𝟑𝒋
𝟐

𝟏𝟎 + 𝟓𝒋 𝟑 + 𝟑𝒋 𝟑𝟎 + 𝟏𝟓𝒋 + 𝟑𝟎𝒋 + 𝟏𝟓𝒋𝟐


𝒛𝟑 = ⇒ 𝒛𝟑 =
𝟑 − 𝟑𝒋 𝟑 + 𝟑𝒋 𝟗 − 𝟗𝒋𝟐

Como j2 = -1, temos que:

𝟑𝟎 + 𝟏𝟓𝒋 + 𝟑𝟎𝒋 − 𝟏𝟓 𝟏𝟓 + 𝟒𝟓𝒋 𝟓 𝟏𝟓


𝒛𝟑 = ⇒ 𝒛𝟑 = ⇒ 𝒛𝟑 = + 𝒋
𝟗+𝟗 𝟏𝟖 𝟔 𝟔

• Se tivermos um número complexo na forma polar e outro na forma retangular,


qualquer operação irá requerer a conversão de um deles. Ela deve ocorrer de
forma a facilitar os cálculos;
• Um número complexo importante é o conjugado. Exemplificando, o conjugado
do número complexo 𝒛 = 𝒂 + 𝒃𝒋 é igual ao número 𝒛̅ = 𝒛∗ = 𝒂 − 𝒃𝒋. Note que
ele tem os mesmos valores de parte real e imaginária, porém com sinal
negativo na parte imaginária.

4.3 Análise de circuitos de primeira e segunda ordem: cálculo de tensões e correntes


em circuitos de corrente alternada com bipolos R, L e C

Estes circuitos são compostos por resistores, capacitores e indutores e por uma fonte
de alimentação senoidal. Ao analisarmos o circuito com o objetivo de determinar as
tensões e correntes, devemos lembrar das relações constitutivas e as leis das malhas e

93
,

dos nós de Kirchhoff desenvolvidas no bloco 1. Ao final, desenvolveremos equações


matemáticas diferenciais, onde devemos analisar sua solução quando em regime
permanente senoidal, ou seja, desconsidera-se a parte transitória da resposta.

Relações Constitutivas: recapitulando as equações de cada componente:

• Resistor:
𝒗𝒓 (𝒕) = 𝑹. 𝒊(𝒕)
• Capacitor:
𝒅𝒗𝒄 (𝒕)
𝒊𝒄 (𝒕) = 𝑪.
𝒅𝒕
• Indutor:
𝒅𝒊(𝒕)
𝒗𝑳 (𝐭) = 𝐋.
𝒅𝒕

Com estas relações das grandezas físicas, definidas no instante de tempo t é possível
obter as equações que fornecem o comportamento da variável no tempo.

Exemplo 4.1: Determine a relação entre a tensão no capacitor, vc(t) e a tensão de


alimentação u(t) para o circuito dado a seguir, dado que R=1kΩ e C=1000𝝁𝑭:

VR
I+ _

R
+
+ C VC
u(t)
_ _

Solução: aplicando a lei das malhas,

∑𝒎𝒂𝒍𝒉𝒂 𝑰𝜶 𝑽𝒊 = 𝟎 ⇒ −𝒖(𝒕) + 𝒗𝑹 (𝒕) + 𝑽𝑪 (𝒕) = 𝟎

Assim: 𝒗𝑹 (𝒕) + 𝒗𝑪 (𝒕) = 𝒖(𝒕),

94
,

𝒅𝒗𝒄 (𝒕)
Mas, 𝒗𝑹 (𝒕) = 𝑹. 𝒊(𝒕) 𝒆 𝒊(𝒕) = 𝑪 , pois a corrente no resistor e no capacitor é a
𝒅𝒕

mesma, já que temos um circuito série.

Logo:

𝒅𝒗𝒄 (𝒕)
𝒗𝑹 (𝒕) = 𝑹𝑪
𝒅𝒕

Assim, substituindo na equação de malha o valor da tensão no resistor, temos a


seguinte equação, que fornece a relação entre a tensão no capacitor e a tensão de
alimentação:

𝒅𝒗𝒄 (𝒕)
𝑹𝑪 + 𝒗𝒄 (𝐭) = 𝐮(𝐭)
𝒅𝒕

Numericamente : RC=1k.1000𝝁=10³.10³.𝟏𝟎−𝟔

RC=1s

𝒅𝒗𝒄 (𝒕)
𝟏 + 𝒗𝒄 (𝒕) = 𝒖(𝒕)
𝒅𝒕

Propondo uma entrada senoidal: 𝒖(𝒕) = 𝑨𝒔𝒆𝒏(𝝎𝒕), devemos resolver uma


equação de diferencial, mas na situação de regime permanente. Como se sabe, em
regime permanente, a tensão no capacitor terá a mesma frequência que o sinal
senoidal de entrada, alterando somente a amplitude e fase.

A solução utilizando fatores integrantes é bastante trabalhosa e ela determina a


resposta transitória e a de regime permanente senoidal. Assim, para evitar o
trabalho de resolver uma equação diferencial, por exemplo, por fatores
integrantes, criou-se a ideia dos fasores, que facilitou em muito os cálculos. Os
fasores são expressos por números complexos, conforme será visto mais adiante.

95
,

Para ilustrar a complexidade do cálculo, vamos determinar a solução da equação


diferencial acima utilizando para a entrada u(t) os valores de A=1 e ω=1rad/s.

Assim, teremos:

𝒅𝒗𝒄 (𝒕)
𝟏 + 𝒗𝒄 (𝒕) = 𝒔𝒆𝒏(𝒕)
𝒅𝒕

Para determinar o valor da tensão vc(t) trabalha-se com o fator integrante da equação
a seguir em y(t), lembrando da solução de uma EDO de 1ª ordem:

𝒅𝒚(𝒕)
+ 𝑷(𝒕). 𝒚(𝒕) = 𝑸(𝒕)
𝒅𝒕

A solução será igual a seguinte integral:

𝒚(𝒕) = (∫ 𝑸(𝒕). 𝒆∫ 𝑷(𝒕)𝒅𝒕 . 𝒅𝒕 + 𝑪) 𝒆− ∫ 𝑷(𝒕)𝒅𝒕

No caso estudado, P(t)=1 e Q(t)=sent. Assim:

𝒚(𝒕) = (∫ 𝒔𝒆𝒏𝒕. 𝒆∫ 𝟏𝒅𝒕 . 𝒅𝒕 + 𝑪)𝒆− ∫ 𝟏𝒅𝒕 ⇒ 𝒚(𝒕) = (∫ 𝒔𝒆𝒏𝒕. 𝒆(𝒕+𝑪𝟏) . 𝒅𝒕 + 𝑪)𝒆−(𝒕+𝑪𝟏)

Para simplificar, adota-se C1=0, obtendo:

𝒚(𝒕) = (∫ 𝒔𝒆𝒏𝒕. 𝒆𝒕 . 𝒅𝒕 + 𝑪) 𝒆−𝒕

Temos uma integração por partes que resulta em:

𝒆𝒕 𝟏
𝒚(𝒕) = ( . [𝒔𝒆𝒏𝒕 − 𝒄𝒐𝒔𝒕] + 𝑪𝟐) 𝒆−𝒕 ⇒ 𝒚(𝒕) = [𝒔𝒆𝒏𝒕 − 𝒄𝒐𝒔𝒕] + 𝑪𝟐. 𝒆−𝒕
𝟐 𝟐

Com o passar do tempo a exponencial negativa tende a zero (esta é a parte da


resposta transitória) e a resposta em regime permanente fica igual a:

96
,

𝟏
𝒚(𝒕) = [𝒔𝒆𝒏𝒕 − 𝒄𝒐𝒔𝒕]
𝟐

Lembrando que y(t) corresponde à tensão no capacitor:

𝟏 𝟏
𝒗𝒄 (𝒕) = 𝟐 [𝒔𝒆𝒏𝒕 − 𝒄𝒐𝒔𝒕] = [𝒔𝒆𝒏(𝒕 − 𝟒𝟓𝒐 )] (V)
√𝟐

Essa é a resposta em regime permanente senoidal e que foi obtida resolvendo uma
integral por partes. Obviamente, trabalhou-se com a solução pronta, o que reduziu a
quantidade de cálculos. Note também que foram feitas várias simplificações para
facilitar o cálculo. Dessa forma, opta-se por trabalhar com os vetores girantes e
fasores, o que facilita em muito o cálculo.

Depois de calcular a tensão no capacitor, calcula-se i(t) e vR(t) por:

𝒅𝒗𝒄 (𝒕)
𝒊(𝒕) = 𝑪 𝒆 𝒗𝑹 (𝒕) = 𝑹. 𝒊(𝒕)
𝒅𝒕

𝟏
𝒅( [𝒔𝒆𝒏𝒕−𝒄𝒐𝒔𝒕]) 𝟏𝟎−𝟑
−𝟑 𝟐
(𝒄𝒐𝒔𝒕 + 𝒔𝒆𝒏𝒕) (A)
𝒊(𝒕) = 𝟏𝟎 ⇒ 𝒊(𝒕) =
𝒅𝒕 𝟐

𝟏𝟎−𝟑 𝟏
𝒗𝑹 (𝒕) = 𝑹. 𝒊(𝒕) = 𝟏𝟎𝟑 (𝒄𝒐𝒔𝒕 + 𝒔𝒆𝒏𝒕) ⇒ 𝒗𝑹 (𝒕) = (𝒄𝒐𝒔𝒕 + 𝒔𝒆𝒏𝒕) (V)
𝟐 𝟐

𝟏
Que pode ser escrito como: 𝒗𝑹 (𝒕) = [𝒔𝒆𝒏(𝒕 + 𝟒𝟓𝒐 )] (V).
√𝟐

Perceba que haverá uma defasagem nas formas de onda da tensão no capacitor e na
corrente do circuito e tensão do resistor de 90o, conforme figura a seguir. A tensão do
capacitor está atrasada em 90o em relação à corrente do circuito ou a tensão do
resistor. Já a tensão do resistor está em fase com a corrente do circuito.

Exemplo 4.2: Elabore a equação que relaciona a tensão no capacitor com a tensão de
alimentação no circuito da figura dada a seguir.

97
,

VR
I+ _

R
+
+ C VC
u(t)
_ _

L
_
+
VL

Solução: aplicando a lei das malhas

∑𝒎𝒂𝒍𝒉𝒂 𝑰𝜶 𝑽𝒊 = 𝟎 ⇒ −𝒖(𝒕) + 𝒗𝑹 (𝒕) + 𝒗𝑪 (𝒕) + 𝒗𝑳 (𝒕) = 𝟎

Assim: 𝒗𝑹 (𝒕) + 𝒗𝑪 (𝒕) + 𝒗𝑳 (𝒕) = 𝒖(𝒕)

𝒅𝒗𝒄 (𝒕) 𝒅𝒊(𝒕)


Mas valem as relações 𝒊(𝒕) = 𝑪 , 𝒗𝑹 (𝒕) = 𝑹. 𝒊(𝒕) 𝒆 𝒗𝑳 (𝒕) = 𝑳
𝒅𝒕 𝒅𝒕

𝒅𝒗𝒄 (𝒕) 𝒅𝟐 𝒗𝒄 (𝒕)


Assim: 𝒗𝑹 (𝒕) = 𝑹𝑪 𝒆 𝒗𝑳 (𝒕) = 𝑳𝑪
𝒅𝒕 𝒅𝒕𝟐

Substituindo na equação de malha:

𝒅𝟐 𝒗𝒄 (𝒕) 𝒅𝒗𝒄 (𝒕)


𝑳𝑪 𝟐
+ 𝑹𝑪 + 𝒗𝑪 (𝒕) = 𝒖(𝒕)
𝒅𝒕 𝒅𝒕

A equação obtida é uma equação diferencial de segunda ordem. Se quisermos calcular


a tensão no capacitor impondo na alimentação um sinal de tensão senoidal, teríamos
que resolver essa equação e avaliar a resposta para o regime permanente. Para
determinar as outras tensões e a corrente, basta utilizar as relações existentes entre a
tensão do capacitor e as demais grandezas. Ao invés de resolvermos a equação
diferencial, aplica-se a técnica dos fasores e impedância complexa. Ao trabalhar com
essa ferramenta matemática é possível realizar a análise nodal na forma matricial com
relação às leis de Kirchhoff.

98
,

Conclusão

Neste bloco, apresentamos os subsídios necessários para a análise de circuitos


elétricos em regime permanente senoidal (RPS). Para fazer essa análise, é preciso
conhecer os números complexos, suas representações e como se operam as quatro
operações matemáticas básicas. Além disso, foi apresentado os sinais periódicos que
utilizamos na engenharia elétrica e como calcular o valor eficaz e o valor médio destes
sinais. Finalmente, foi apresentado como se faz o equacionamento de circuitos
simples, sem utilizar a ideia dos fasores e das impedâncias. Esses elementos serão
vistos adiante e tornarão possível a análise de circuitos mais complexos em RPS.

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES

ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. N. O. Fundamentos de circuitos elétricos. 5ª ed., Porto


Alegre: AMGH, 2013. (e-book Minha Biblioteca)

BOYLESTAD, R. L. Introdução à Análise de Circuitos Elétricos. 12ª Ed., São Paulo:


Pearson Prentice Hall, 2012. (e-book Pearson).

IRWIN, J. D.; NELMS, R. M. Análise básica de circuitos para engenharia. 10ª Ed., Rio de
Janeiro: LTC, 2013. (e-book Minha Biblioteca.)

MARIOTTO, P. A. Análise de circuitos elétricos. São Paulo: Prentice Hall, 2003. (e-book
Pearson).

99
,

5 ABORDAGEM FASORIAL DA ANÁLISE DE CIRCUITOS EM RPS

Olá, alunos! Neste bloco, apresentaremos a abordagem fasorial para calcular a


corrente, tensão e potência em circuitos em regime permanente senoidal (RPS). Para
tanto, apresentam-se os conceitos de vetor girante, fasores e de impedância complexa
para o resistor, capacitor e indutor e, finalmente, as reatâncias capacitivas e indutivas.
Em seguida, são feitos exemplos de cálculo de tensões e correntes de circuitos em RPS,
mostrando que a abordagem matricial das Leis de Kirchhoff são válidas. Finalmente,
são definidas e calculadas as potências: aparente, ativa e reativa e o fator de potência.

5.1 Conceitos de vetores girantes, fasores de tensão e corrente, reatâncias,


impedâncias e admitância

Como foi apresentado, a análise em regime permanente senoidal pode ser feita a
partir de solução de equações diferenciais para entrada senoidais. Isto pode ser muito
trabalhoso quando se utilizam circuitos complexos. Com o objetivo de facilitar os
cálculos nesta situação, tornando-os simples relações algébricas, trabalha-se com os
conceitos de vetor girante, fasor e impedância complexa.

Conceitos de vetores girantes e fasores de tensão e corrente

• Vetor girante é a representação de um sinal senoidal utilizando um vetor que gira


com a frequência ω, e a projeção do vetor no eixo y gera representação do sinal
senoidal ao longo do tempo. O exemplo a seguir representa um vetor girando a
velocidade angular ω com o seu extremo formando um círculo de raio
correspondente ao valor de pico da tensão.

100
,

Exemplo: temos Vp=2,5 V e ω=2π rad/s em 𝒗(𝒕) = 𝑽𝒑 . 𝒔𝒆𝒏(𝝎𝒕)

Note que a projeção do vetor no eixo y da figura gera o mesmo valor instantâneo para
um ângulo ou argumento de ωt1 ou simplesmente em t1.

• Fasor: também conhecido como vetor de fase, é uma representação do sinal


senoidal através de um vetor cujo módulo corresponde ao valor de pico Vp (ou
pelo Vef) e a fase θ corresponde à fase inicial da senóide. Pode ser entendido como
a representação do vetor girante em um determinado instante.

Exemplos de representação matemática do fasor:

Fasor
1) 𝒗(𝒕) = 𝑽𝒑 . 𝐬𝐢𝐧(𝝎𝒕 + 𝜽) → 𝑽̇ = 𝑽𝒑 ∡ 𝜽 𝒐𝒖 𝑽̇ = 𝑽𝒑 | 𝜽

Fasor
2) 𝒗(𝒕) = 𝟏𝟏𝟎. 𝐬𝐢𝐧(𝟏𝟎𝒕 − 𝟐𝟎𝒐 ) → 𝑽̇ = 𝟏𝟏𝟎 ∡ − 𝟐𝟎° 𝒐𝒖 𝑽̇ =
𝟏𝟏𝟎 |−𝟐𝟎°

Observações:

• Todos os sinais de corrente e tensão do circuito tem a mesma frequência (ou


velocidade) angular ω, portanto, o mesmo período T ou frequência f.

101
,

• O fasor nada mais é que a representação polar de um vetor que tem


correspondência direta com a de um número complexo. As operações básicas com
um vetor são iguais às com números complexos. Daí utilizarmos DIAGRAMAS
FASORIAIS que representam graficamente os fasores, segundo uma representação
vetorial. Os ângulos de fase normalmente são representados com relação a uma
reta horizontal (referência).
• Um fasor é representado por letras maiúsculas e com um ponto sobre elas:
𝑬̇, 𝑰̇, 𝑽̇, 𝑽̇𝒄 etc.

Impedância Complexa Z

Como apresentado o conceito de resistência (oposição à passagem da corrente em


um resistor) e da condutância (inverso da resistência), podemos definir a Impedância
de um bipolo como a relação entre sua tensão e a corrente, que passa através dele.
O inverso da impedância é a Admitância (Y). Com essas simples definições, podemos
analisar circuitos complexos utilizando as Leis e teoremas que foram apresentados
nesta disciplina, inclusive a representação matricial da análise por Kirchhoff.

Além deste conceito importante, vamos também definir as Reatâncias capacitiva e


indutiva, que correspondem ao módulo das impedâncias do capacitor e indutor,
respectivamente, o que seria equivalente ao valor da resistência do resistor.

Dedução da Impedância dos bipolos R, C e L

• RESISTOR: apresenta-se o circuito abaixo com uma fonte senoidal e um resistor, na


representação no tempo e fasorial, que será utilizada quando quisermos avaliar um
circuito qualquer.

Representação no tempo Representação fasorial

i(t) 𝑰̇
e(t)
~ vR(t) R =10 𝑬̇ ~ 𝑽̇ 𝑹 Z=R =10

102
,

No tempo, valem as relações:

𝑒(𝑡) = 𝐸𝑝 . 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜙) = 𝑣𝑅 (𝑡)

𝑣𝑅 (𝑡) 𝐸𝑝
𝑖(𝑡) = = . 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜙)
𝑅 𝑅

Note que R representa a oposição a passagem da corrente, a razão entre a corrente e a


tensão de pico (ou tensão e corrente eficazes), isto é:

𝑬𝒑
𝑹=
𝑰𝒑

Avaliando, da mesma forma com fasores:

𝑬̇ = 𝑬𝒑 ∡𝝓 = 𝑽̇𝑹

Para a corrente teremos:

𝑰̇ = 𝑰𝒑 ∡𝝓

Onde:

𝑬𝒑
𝑰𝒑 =
𝑹

A impedância complexa é definida como a razão entre a tensão e a corrente fasorial.


Dessa forma, teremos:

𝑽̇
𝒁=
𝑰̇

No caso, para o resistor, a impedância será igual a:

𝑉̇𝑅 𝐸𝑝 ∡𝜙 𝐸𝑝
𝑍𝑅 = = ⇒ 𝑍𝑅 = ∡0𝑜 ⇒ 𝑍𝑅 = 𝑅∡0𝑜 𝑜𝑢 𝑍𝑅 = 𝑅
̇𝐼 𝐼𝑝 ∡𝜙 𝐼𝑝

103
,

Com o valor de R dado, teremos a impedância dada por:

𝒁𝑹 = 𝟐𝟎

(representação da impedância na forma retangular)

Note que a impedância do resistor, apresentada anteriormente na forma polar e


retangular, é um número complexo só com parte real!

• CAPACITOR: a relação entre a corrente e a tensão do capacitor, como já foi


apresentado no bloco 1, é dada por:
𝒅𝒗𝑪 (𝒕)
𝒊𝑪 (𝒕) = 𝑪
𝒅𝒕

A seguir, são fornecidas duas representações do circuito com uma fonte senoidal e o
capacitor, com as variáveis definidas no tempo e na frequência através dos fasores.

Representação no tempo Representação fasorial

i(t) 𝑰̇
e(t)
~ vC(t) C =100mF 𝑽̇ 𝑪
𝑬̇ ~ ZC=?

No tempo, valem as relações:

𝑒(𝑡) = 𝐸𝑝 . 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜙) = 𝑣𝑐 (𝑡)

𝑑𝑣𝐶 (𝑡) 𝑑𝐸𝑝 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜙)


𝑖(𝑡) = 𝑖𝐶 = 𝐶 =𝐶 = 𝜔𝐶. 𝐸𝑝 𝑐𝑜𝑠(𝜔𝑡 + 𝜙)
𝑑𝑡 𝑑𝑡

𝑖(𝑡) = 𝜔𝐶. 𝐸𝑝 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜙 + 90𝑜 )

Se calcularmos a razão entre a tensão e a corrente máximas ou de pico, determina-se a


Reatância Capacitiva (XC), onde:

𝐸𝑝 1
𝑋𝐶 = ⇒ 𝑋𝐶 =
𝜔𝐶. 𝐸𝑝 𝜔𝐶

104
,

Como se verifica, a reatância capacitiva é inversamente proporcional à velocidade


angular e ao valor da capacitância. A unidade da reatância é o ohm (Ω). Observa-se
também que a corrente está defasada de 90o (adiantada) em relação à tensão.
Podemos utilizar a ideia dos fasores para verificar tal fato e determinar a impedância
do capacitor:

𝑽̇𝑪
𝒁𝑪 =
𝑰̇

Mas, tomando os fasores da tensão e da corrente no capacitor (módulo e fase):

𝑉̇𝐶 = 𝐸𝑝 ∡ 𝜙 𝑒 𝐼𝐶̇ = 𝐼 ̇ = 𝜔𝐶. 𝐸𝑝 ∡ 𝜙 + 90𝑜

Temos:

𝑉̇𝐶 𝐸𝑝 ∡ 𝜙 𝐸𝑝
𝑍𝐶 = = ⇒ 𝑍𝐶 = ∡ 𝜙 − (𝜙 + 90𝑜 )
̇𝐼 𝜔𝐶. 𝐸𝑝 ∡ 𝜙 + 90𝑜 𝜔𝐶𝐸𝑝

Na representação polar, a impedância do capacitor, vale:

1
𝑍𝐶 = ∡ − 90𝑜
𝜔𝐶

O equivalente na forma retangular e utilizando a reatância capacitiva:

1 1
𝑍𝐶 = −𝑗 𝑜𝑢 𝑍𝐶 = 𝑜𝑢 𝑍𝐶 = −𝑗𝑋𝐶
𝜔𝐶 𝑗𝜔𝐶

• INDUTOR: a relação entre a tensão e corrente do indutor, como já foi apresentado


no bloco 1, é dada por:
𝒅𝒊(𝒕)
𝒗𝑳 (𝒕) = 𝑳
𝒅𝒕

A seguir são fornecidas duas representações do circuito com uma fonte senoidal e o
indutor, com as variáveis definidas no tempo e na frequência através dos fasores.

105
,

Representação no tempo Representação fasorial

i(t) 𝑰̇
e(t)
~ vL(t L =100mH 𝑬̇ ~ 𝑽̇𝑳 ZL=?
)

No tempo, valem as relações:

𝑒(𝑡) = 𝐸𝑝 . 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜙) = 𝑣𝐿 (𝑡)

𝑑𝑖(𝑡) 1 1
𝑣𝐿 (𝑡) = 𝐿 ⇒ 𝑖(𝑡) = ∫ 𝑣𝐿 (𝑡) 𝑑𝑡 ⇒ 𝑖(𝑡) = ∫ 𝐸𝑝 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜙) 𝑑𝑡 ⇒
𝑑𝑡 𝐿 𝐿

𝐸𝑝
⇒ 𝑖(𝑡) = [−𝑐𝑜𝑠(𝜔𝑡 + 𝜙) + 𝐶]
𝜔𝐿

Fazendo C=0 e utilizando a relação: −𝑐𝑜𝑠(𝜔𝑡 + 𝜙) = 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜙 − 90𝑜 ), temos:

𝐸𝑝
𝑖(𝑡) = 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜙 − 90𝑜 )
𝜔𝐿

Se calcularmos a razão entre a tensão e a corrente máximas ou de pico, determina-se a


Reatância Indutiva (XL), onde:

𝐸𝑝
𝑋𝐿 = ⇒ 𝑋𝐿 = 𝜔𝐿
𝐸𝑝 /𝜔𝐿

Como se verifica, a reatância indutiva é diretamente proporcional à velocidade angular


e ao valor da indutância. A unidade da reatância é o ohm (Ω). Observa-se também que
a corrente está defasada de 90o (atrasada) em relação à tensão. Podemos utilizar a
ideia dos fasores para verificar tal fato e determinar a impedância do indutor:

𝑽̇𝑳
𝒁𝑳 =
𝑰̇

Mas, tomando os fasores da tensão e da corrente no indutor (módulo e fase):

𝐸𝑝
𝑉̇𝐿 = 𝐸𝑝 ∡ 𝜙 𝑒 𝐼𝐿̇ = 𝐼 ̇ = ∡ 𝜙 − 90𝑜
𝜔𝐿
106
,

Temos:

𝑉̇𝐿 𝐸𝑝 ∡ 𝜙 𝐸𝑝 𝜔𝐿
𝑍𝐶 = = ⇒ 𝑍𝐿 = ∡ 𝜙 − (𝜙 − 90𝑜 )
̇𝐼 𝐸𝑝 𝑜 𝐸 𝑝
𝜔𝐿 ∡ 𝜙 − 90

𝑍𝐿 = 𝜔𝐿 ∡ + 90𝑜

O equivalente na forma retangular e utilizando a reatância capacitiva vale:

𝑍𝐿 = 𝑗𝜔𝐿 𝑜𝑢 𝑍𝐿 = 𝑗𝑋𝐿

5.2 Diagrama fasorial e cálculo de tensões e correntes em circuitos

Uma vez definido os conceitos de fasor e de impedância dos bipolos dos circuitos
elétricos, vamos utilizar estas ferramentas matemáticas para calcular os mais diversos
problemas em regime permanente senoidal. Inicialmente, vamos apresentar o
Diagrama fasorial, uma representação gráfica de fasores semelhante à utilizada para
representar os vetores em geometria analítica. Com o diagrama fasorial, é possível
calcular a soma/subtração de fasores (como feito com as forças em Física),
possibilitando uma resolução gráfica para os problemas. Utilizando o conceito de
impedância e dos fasores, a solução de problemas em corrente alternada é
equivalente à solução apresentada em corrente contínua, isto é, podemos aplicar as
leis de Kirchhoff e determinar correntes, tensões e potências.

Exemplos de Diagrama Fasorial

a) Circuito com fonte em CA e um resistor:

Representação no tempo Representação fasorial

i(t) 𝑰̇
𝑽̇ 𝑹
e(t)
~ vR(t) R =10 𝑬̇ ~ Z=R =10

107
,

Valem as relações na frequência já apresentadas:

𝑉̇𝑅 = 𝐸𝑝 ∡𝜙 𝑒 𝑍𝑅 = 𝑅

Mas:

𝑉̇𝑅 𝐸𝑝 ∡𝜙 𝐸𝑝
𝐼̇ = = ⇒ 𝐼̇ = ∡𝜙
𝑍𝑅 𝑅 𝑅

Representação dos fasores: os fasores da corrente e da tensão estão sobrepostos,


indicando que eles estão em fase.

Diagrama fasorial:

𝑰̇
𝑽̇ 𝑹
Z=R
=10

b) Circuitos: fonte CA e capacitor e fonte CA e indutor

Representação fasorial:

b1) Capacitor

𝑰̇

𝑽̇ 𝑪
𝑬̇ ~ ZC

Valem as relações:

1
𝑉̇𝐶 = 𝐸𝑝 ∡ 𝜙 𝑒 𝑍𝐶 = ∡ − 90𝑜
𝜔𝐶

𝑉̇𝐶 𝐸𝑝 ∡𝜙
𝐼̇ = = ⇒ 𝐼 ̇ = 𝜔𝐶𝐸𝑝 ∡𝜙 + 90𝑜
𝑍𝐶 1 𝑜
𝜔𝐶 ∡ − 90

108
,

Diagrama fasorial: A corrente está adiantada de 90o em relação a tensão.

𝑰̇
𝑽̇𝑪
𝝓

b2) Indutor

𝑰̇

𝑽̇𝑳
𝑬̇ ~ ZL

Valem as relações:

𝑉̇𝐿 = 𝐸𝑝 ∡ 𝜙 𝑒 𝑍𝐿 = 𝜔𝐿 ∡ + 90𝑜

𝑉̇𝐿 𝐸𝑝 ∡ 𝜙
𝐼̇ = = ⇒ 𝐼 ̇ = 𝜔𝐿𝐸𝑝 ∡ 𝜙 − 90𝑜
𝑍𝐿 𝜔𝐿 ∡ + 90𝑜

Diagrama fasorial: A corrente está atrasada de 90o em relação a tensão.

𝑽̇𝑳
𝝓

𝑰̇

c) Calcule as tensões no resistor e capacitor e a corrente do circuito da figura a


seguir em regime permanente senoidal. Faça a solução com o diagrama
fasorial.

109
,

Dados: R=20Ω e C=100 𝒎𝑭 e 𝒖(𝒕) = 𝟏𝟎𝒔𝒆𝒏𝒕 (ω=1 rad/s e φ = 0o)

Circuito no tempo Circuito na Representação Fasorial

vR(t) VR
i(t) + _ I+ _

R R
+ +
+ C vC(t) + C VC
u(t) U
_ _ _ _

Solução: A representação do circuito utilizando os fasores já indica todas as operações


que devem ser feitas: temos dois bipolos em série (possuem a mesma corrente), a
soma das tensões dos bipolos corresponde a tensão de alimentação (lei das malhas) e,
a partir da tensão de alimentação e da impedância total, podemos calcular a corrente
total. Com ela as tensões nos bipolos, como acontecia nos circuitos com resistores e
fontes CC do bloco 1.

Assim:

𝑈̇ = 10 ∡0𝑜 𝑒 𝑍 = 𝑍𝑅 + 𝑍𝐶

Então, por ser um circuito série, as impedâncias se somam para obtermos a


impedância total, Z:

1 1
𝑍 = 𝑍𝑅 + 𝑍𝐶 = 20 − 𝑗 = 20 − 𝑗
𝜔𝐶 1.100. 10−3

Assim, a impedância do circuito vale: 𝒁 = 𝟐𝟎 − 𝒋𝟏𝟎, na forma polar:

−10
𝑍 = √202 + 102 ∡ 𝑡𝑎𝑛−1 ⇒ 𝑍 = √500∡ 𝑡𝑎𝑛−1 (−0,5) ⇒ 𝑍 = 22,36∡ − 26,57𝑜
20

O valor da corrente do circuito será igual a:

𝑈̇ 10 ∡0𝑜
𝐼̇ = = ⇒ 𝐼 ̇ = 0,45∡26,57𝑜
𝑍 22,36∡ − 26,57𝑜

110
,

Com o valor da corrente fasorial e das impedâncias dos bipolos, determinam-se as


tensões:

𝑉̇𝑅 = 𝑍𝑅 𝐼 ̇ = (20∡0𝑜 ) . 0,45∡26,57𝑜 ⇒ 𝑉̇𝑅 = 9∡26,57𝑜

𝑉̇𝐶 = 𝑍𝐶 𝐼 ̇ = (−𝑗10). 0,45∡26,57𝑜 ⇒ 𝑉̇𝐶 = (10∡ − 90𝑜 ). 0,45∡26,57𝑜 ⇒ 𝑉̇𝐶 = 4,5∡ − 63,43𝑜

A solução no diagrama fasorial:

𝑽̇𝑹
𝑰̇
𝟐𝟔, 𝟔𝒐
−𝟔𝟔, 𝟒𝒐 𝑼̇
𝑽̇𝑪

Se for trabalhada a solução gráfica em escala e com o cuidado de traçar os fasores de


forma adequada, o diagrama fasorial terá a forma dada acima, ou seja, fazendo a soma
dos fasores das tensões do resistor e do capacitor, obtemos a tensão de alimentação.
O diagrama fasorial utiliza a regra do paralelogramo para realizar a soma dos vetores.

Finalmente, o valor da corrente e das tensões no tempo será dada por:

𝑖(𝑡) = 0,45𝑠𝑒𝑛(𝑡 + 26,57𝑜 )


𝑣𝑅 (𝑡) = 9𝑠𝑒𝑛(𝑡 + 26,57𝑜 )
𝑣𝐶 (𝑡) = 4,5𝑠𝑒𝑛(𝑡 − 63,43𝑜 )

Note que a tensão do resistor e a corrente estarão em fase e a tensão no capacitor


está atrasada de 90o em relação a estes sinais.

111
,

O ângulo entre a tensão de alimentação e a corrente total do circuito é denotado com


a letra grega “ϕ” e através dele podemos dizer o tipo de circuito que estamos
analisando, isto é:

• Quando 0 < ϕ < 90o, a corrente está adiantada da tensão do circuito de ϕ graus
e o circuito é resistivo indutivo;
• Quando -90o < ϕ < 0, a corrente está atrasada da tensão do circuito de ϕ graus
e o circuito é resistivo capacitivo;
• Para ϕ = 0o, o circuito é puramente resistivo;
• Para ϕ = -90, o circuito é puramente capacitivo;
• Para ϕ = 90o, o circuito é puramente indutivo.

d) O circuito a seguir foi alimentado com uma tensão de alimentação u(t).


Determine as tensões e corrente em regime permanente senoidal e o diagrama
fasorial.

Dados: R=10Ω, C=20 𝒎𝑭 e L=300mH e 𝒖(𝒕) = 𝟓𝒔𝒆𝒏𝟏𝟎𝒕 (ω=10 rad/s e φ = 0o)

Circuito no tempo Circuito na Representação Fasorial

vR(t) VR
I+ _ I + _

R R
+ + +
+ C vC(t) C
u(t) U
_ _ _ VC
_
L _ L
_ +
+
vL(t) VL

Solução: Deve-se seguir exatamente o mesmo raciocínio do exercício anterior.

𝑈̇ = 5 ∡0𝑜 𝑒 𝑍 = 𝑍𝑅 + 𝑍𝐶 + 𝑍𝐿

112
,

Então, por ser um circuito série, as impedâncias se somam para obtermos a


impedância total, Z:

1 1
𝑍 = 𝑍𝑅 + 𝑍𝐶 + 𝑍𝐿 = 10 − 𝑗 + 𝑗𝜔𝐿 = 10 − 𝑗 + 𝑗10.300. 10−3 = 10 − 𝑗5 + 𝑗3
𝜔𝐶 10.20. 10−3

Assim, a impedância do circuito vale: 𝒁 = 𝟏𝟎 − 𝒋𝟐 na forma polar:

−2
𝑍 = √102 + (−2)2 ∡ 𝑡𝑎𝑛−1 10 ⇒ 𝑍 = √104∡ 𝑡𝑎𝑛−1 (−0,2) ⇒ 𝑍 = 10,2∡ − 11,3𝑜

O valor da corrente do circuito será igual a:

𝑈̇ 5 ∡0𝑜
𝐼̇ = = ⇒ 𝐼 ̇ = 0,49∡11,3𝑜
𝑍 10,2∡ − 11,3𝑜

Com o valor da corrente fasorial e das impedâncias dos bipolos, determinam-se as


tensões:

𝑉̇𝑅 = 𝑍𝑅 𝐼 ̇ = (10∡0𝑜 ) . 0,49∡11,3𝑜 ⇒ 𝑉̇𝑅 = 4,9∡11,3𝑜

𝑉̇𝐶 = 𝑍𝐶 𝐼 ̇ = (−𝑗5). 0,49∡11,3𝑜 ⇒ 𝑉̇𝐶 = (5 ∡ − 90𝑜 ). 0,49∡11,3𝑜 ⇒ 𝑉̇𝐶 = 2,45∡ − 78,7𝑜

𝑉̇𝐿 = 𝑍𝐿 𝐼 =
̇ (𝑗3). 0,49∡11,3𝑜 ⇒ 𝑉̇𝐿 = (3 ∡90𝑜 )0,49 ∡11,3𝑜 ⇒ 𝑉̇𝐿 = 1,47 ∡101,3𝑜

Diagrama Fasorial:

113
,

Valores no tempo:

𝑖(𝑡) = 0,49𝑠𝑒𝑛(𝑡 + 11,3𝑜 )


𝑣𝑅 (𝑡) = 4,9𝑠𝑒𝑛(𝑡 + 11,3𝑜 )
𝑣𝐶 (𝑡) = 2,45𝑠𝑒𝑛(𝑡 − 78,7𝑜 )
𝑣𝐿 (𝑡) = 1,47𝑠𝑒𝑛(𝑡 + 101,3𝑜 )

Circuitos mais complexos podem ter a solução através das leis de Kirchhoff. Veja o
exemplo a seguir.

e) Determine a tensão no indutor L1 do esquema elétrico representado a seguir,


utilizando a análise nodal e sabendo que R1=10 Ω, R2=20 Ω, R3= 10 Ω, C=2 mF,
L1=200mH, L2=300mH e:

𝑣1 (𝑡) = 10𝑠𝑒𝑛(100𝑡) 𝑒 𝑣2 (𝑡) = 20𝑠𝑒𝑛(100𝑡)

Obs.: As tensões devem ter a mesma frequência, os módulos e fases podem ser
diferentes.

vR1(t) vR2(t)
i1 + _ i2 + _
i1- i2 +
+ R1 + R2
C vC(t) vR3(t) L2 vL2(t)
_ R3
_ _
+ +
+ L1 vL1(t) _ v2(t)
v1(t)
_ _

Solução: Devemos compor a solução da mesma forma que foi feito no bloco 2, mas
agora trabalha-se com as impedâncias complexas dos bipolos e, a partir da análise por
Kirchhoff, é montada a equação matricial, seguindo o mesmo roteiro. A solução pelo
método de Cramer ou pelos métodos tradicionais de solução de sistemas de equações
lineares é trabalhoso. Daí a utilização de programas de computador, como o Octave®,
que fornecem a solução direta do cálculo das correntes de malha, e depois da tensão
no indutor.

114
,

A solução é a partir das correntes de malha i1 e i2. Note que, no ramo central, a
corrente é dada pela diferença das correntes de malha. Inicialmente, representa-se o
circuito na sua forma fasorial com as impedâncias (na forma polar) já calculadas na
figura a seguir:

VR1 VR2
I1 + _ I2 + _
+
+ ZR1=10 +I1- I2 ZR2= 20
ZC=-5j VC VR3 VL2
_ ZR3=10
_ _ ZL2=j30
+ +
+ VL1 _ V2
V1
_ _ ZL1= j20

Podemos montar a mesma análise matricial feita para as malhas no bloco 2, sendo
aqui reproduzida a forma de se construir, utilizando as impedâncias.

As equações obtidas na Lei das malhas com as correntes de malha podem ser descritas
na forma matricial por:

𝒁𝑰̇ = 𝑽̇

Sendo Z a matriz de impedâncias, 𝑰̇ o vetor das correntes de malha e 𝑽̇ o vetor de


entrada, das tensões de alimentação, temos:

𝑍11 𝑍12 … 𝑍1𝑁 𝐼1̇ 𝑉1̇


[ 𝑍21 𝑍22 … 𝑍2𝑁 ] [ 𝐼2̇ ] = [ 𝑉̇2 ]
𝑍𝑁1 𝑍𝑁2 … 𝑍𝑁𝑁 𝐼𝑁̇ 𝑉̇𝑁

Onde:

• ZNN = Soma das impedâncias na malha N;

• ZNk = (sendo N≠K) Negativo da soma das impedâncias comuns entre malhas;

• 𝑰̇𝑵 = Corrente da malha N. É a incógnita que se deseja encontrar;

115
,

• 𝑽̇𝑵 = Soma de todas as fontes de tensão independentes na malha N. Considera-


se aqui o sinal positivo quando a corrente de circuitação entrar no negativo
das fontes.

Aplicando no exercício, observa-se que temos duas malhas, portanto, um sistema


com N=2.

𝑍11 = 𝑍𝐶 + 𝑍𝑅1 + 𝑍𝑅3 + 𝑍𝐿1 = −𝑗5 + 10 + 10 + 𝑗20 ⇒ 𝑍11 = 20 + 𝑗15


𝑍12 = 𝑍21 = −(𝑍𝑅3 + 𝑍𝐿1 ) ⇒ 𝑍12 = 𝑍21 = −10 − 𝑗20
𝑍22 = 𝑍𝑅2 + 𝑍𝐿2 + 𝑍𝑅3 + 𝑍𝐿1 = 20 + 𝑗30 + 10 + 𝑗20 ⇒ 𝑍22 = 30 + 𝑗50
𝑉1̇ = 10 ∡0𝑜
𝑉̇2 = 20 ∡0𝑜

Equação Matricial:

𝑍11 𝑍12 𝐼1̇ 𝑉̇


[ ] . [ ] = [ 1]
𝑍12 𝑍22 𝐼2̇ 𝑉̇2

Substituindo os valores calculados:

20 + 𝑗15 −10 − 𝑗20 𝐼1̇ 10


[ ].[ ] = [ ]
−10 − 𝑗20 30 + 𝑗50 ̇𝐼2 −20

Aplicando o método de Cramer:

• Cálculo das correntes 𝑰̇𝟏 e 𝑰̇𝟐 :


Definindo as matrizes:

20 + 𝑗15 −10 − 𝑗20


𝐴=[ ]
−10 − 𝑗20 30 + 𝑗50

10 −10 − 𝑗20
𝐴𝐼1 = [ ]
−20 30 + 𝑗50

20 + 𝑗15 10
𝐴𝐼2 = [ ]
−10 − 𝑗20 −20

116
,

Calculando os determinantes das matrizes:

𝑑𝑒𝑡(𝐴) = (20 + 𝑗15). (30 + 𝑗50) − (−10 − 𝑗20)2 ⇒


𝑑𝑒𝑡(𝐴) = 600 + 𝑗1000 + 𝑗450 + 𝑗 2 750 − (100 + 𝑗400 + 𝑗 2 400) ⇒
𝑑𝑒𝑡(𝐴) = 600 + 𝑗1450 − 750 − 100 − 𝑗400 + 400 ⇒
𝑑𝑒𝑡(𝐴) = 150 + 𝑗1050
𝑑𝑒𝑡(𝐴𝐼1 ) = 10. (30 + 𝑗50) − (−10 − 𝑗20). (−20) = 300 + 𝑗500 − 200 − 𝑗400
𝑑𝑒𝑡(𝐴𝐼1 ) = 100 + 𝑗100
𝑑𝑒𝑡(𝐴𝐼2 ) = (20 + 𝑗15). (−20) − (−10 − 𝑗20). 10 = −400 − 𝑗300 + 100 + 200𝑗
𝑑𝑒𝑡(𝐴𝐼2 ) = −300 − 𝑗100

Finalmente, as correntes são determinadas fazendo:

𝑑𝑒𝑡(𝐴𝐼1 ) 100 + 𝑗100 141,42∡45𝑜


𝐼1̇ = = = ⇒ 𝐼1̇ = 0,133∡−36,87𝑜
𝑑𝑒𝑡(𝐴) 150 + 𝑗1050 1060,7∡ 81,87𝑜

𝑑𝑒𝑡(𝐴𝐼1 ) −300 − 𝑗100 316,23∡ −161.56𝑜


𝐼2̇ = = = ⇒ 𝐼2̇ = 0.298 ∡−243,43𝑜
𝑑𝑒𝑡(𝐴) 150 + 𝑗1050 1060,7∡81,87𝑜

A tensão no indutor vai ser dada por:

̇ = 𝑍𝐿1 . (𝐼1̇ − 𝐼2̇ ) = 𝑗20. [( 0,133∡−36,87𝑜 ) − (0,298 ∡−243,43𝑜 )]


𝑉𝐿1

̇ = 𝑗20. [0,133(cos(−36,87𝑜 ) + 𝑗𝑠𝑒𝑛(−36,87𝑜 )) − 0,298(cos(−243,43𝑜 ) + 𝑗𝑠𝑒𝑛(−243,43𝑜 ))]]


𝑉𝐿1

̇ = 𝑗20[(0,106 − 𝑗0,0798) − (−0,133 + 𝑗0.266)] = 𝑗20. (0,239 − 𝑗0,346) = 6,92 + 𝑗4,78


𝑉𝐿1

̇ = 8,4∡ 34,6𝑜
𝑉𝐿1

No tempo: 𝑣𝐿1 (𝑡) = 8,4𝑠𝑒𝑛(100𝑡 + 34,6𝑜 )

Todos os cálculos foram feitos em calculadora, principalmente as conversões entre a


forma retangular e polar.

117
,

5.3 Cálculo de Potências: Ativa, Aparente e Reativa e fator de Potência

A potência é uma grandeza elétrica muito importante nesta análise, pois é utilizada
amplamente no cálculo e seleção de motores elétricos para determinar o consumo de
uma instalação elétrica. Enfim, é necessário entender como é feito o seu cálculo.

Cálculo da potência instantânea

O cálculo da potência instantânea em um componente de um circuito é determinado


pelo o produto da tensão e corrente instantâneas, como se verifica a seguir.

Dados os valores das tensões e correntes instantâneas:

𝑣(𝑡) = 𝑉𝑝 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜃𝑣 ) 𝑒 𝑖(𝑡) = 𝐼𝑝 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜃𝑖 )

A potência vale:

𝑝(𝑡) = 𝑣(𝑡). 𝑖(𝑡) = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜃𝑣 )𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜃𝑖 )

Aplicando a relação trigonométrica:

cos(𝑎 − 𝑏) − cos (𝑎 + 𝑏)
𝑠𝑒𝑛(𝑎). 𝑠𝑒𝑛(𝑏) =
2

no cálculo da potência:

𝑉𝑝 𝐼𝑝 𝑉𝑝 𝐼𝑝
𝑝(𝑡) = 𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑣 − 𝜃𝑖 ) − 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡 + 𝜃𝑣 + 𝜃𝑖 )
2 2

O cálculo da potência tem dois fatores: o primeiro é um valor que não depende do
tempo, associado à defasagem entre as fases da tensão e da corrente e dos valores de
pico (ou valores máximos) da tensão e da corrente do componente. Esse fator é a
POTÊNCIA MÉDIA OU POTÊNCIA ATIVA.

O ângulo 𝝋 = 𝜽𝒗 − 𝜽𝒊 representa o ângulo formado entre a tensão de alimentação e a


corrente do circuito. Este ângulo deve ser próximo de zero, indicando que o circuito
tem um comportamento resistivo.

Mas por quê?

118
,

Exatamente porque o segundo fator da expressão da potência não gera trabalho, ou


seja, é um termo da potência que fica oscilando no tempo entre a fonte geradora e a
carga, mas que não é absorvida por esta última. No entanto, este termo contribui para
o aumento da corrente, por exemplo, nas linhas de transmissão, o que significa um
aumento das perdas na transmissão, superdimensionamento de equipamentos, enfim,
uma parte da potência que deve ter seu efeito minimizado. Isso é feito a partir da
análise a seguir.

Potência Aparente, Potência Ativa, Potência Reativa

A potência em um circuito elétrico em regime permanente senoidal é definida por


Potência Aparente (S), calculada por:

1
𝑆 = 𝑉𝑝 𝐼𝑝
2

Pode ser calculada a partir dos valores eficazes:

1 1
𝑆= 𝑉𝑝 𝐼𝑝 = √2𝑉𝑒𝑓 √2𝐼𝑒𝑓 ⇒ 𝑆 = 𝑉𝑒𝑓 𝐼𝑒𝑓 ou simplesmente, 𝑆 = 𝑉𝐼
2 2

Unidade: (VA).

A potência aparente é determinada a partir do valor da potência ativa (P) e reativa (Q),
sendo dadas por:

1 1
𝑃= 𝑉 𝐼 . 𝑐𝑜𝑠𝜑 (𝑊) 𝑒 𝑄 = 𝑉𝑝 𝐼𝑝 . 𝑠𝑒𝑛𝜑 (𝑉𝐴𝑟)
2 𝑝𝑝 2

Para os valores eficazes:

𝑃 = 𝑉𝑒𝑓 𝐼𝑒𝑓 . 𝑐𝑜𝑠𝜑 𝑒 𝑄 = 𝑉𝑒𝑓 𝐼𝑒𝑓 . 𝑠𝑒𝑛𝜑

Ou simplesmente:

𝑃 = 𝑉𝐼. 𝑐𝑜𝑠𝜑 𝑒 𝑄 = 𝑉𝐼. 𝑠𝑒𝑛𝜑

119
,

A fim de representar, juntas, a potência ativa e reativa, com relação a S, cria-se um


artifício de representação da potência aparente, que é o conceito de Potência
Complexa. Isso é feito justamente porque, por definição:

𝑆 = √𝑃2 + 𝑄 2

Dessa forma, cria-se uma representação complexa para a potência aparente, que será
dada por:

𝑆̇ = 𝑃 + 𝑗𝑄 = 𝑉𝐼(𝑐𝑜𝑠𝜑 + 𝑠𝑒𝑛𝜑)

ou na representação polar:

𝑆̇ = 𝑉𝐼 ∡𝜑

Utilizamos ainda uma representação gráfica, o triângulo das potências que está
representado a seguir.

S
Q
ϕ
P

Observação: Nesta representação, Q>0 e ϕ>0 que, como verá, trata-se de uma carga
resistiva-indutiva.

Cálculo das potências em cada componente (resistor, capacitor e indutor)

Resistor

Vimos que ϕ=0, logo:

𝑃 = 𝑉𝐼 = 𝑆 𝑒 𝑄 = 0𝑉𝐴𝑟

No resistor, só existe a potência ativa. Como vimos, corrente e tensão estão em fase:

𝑆̇ = 𝑃 = 𝑉𝐼 ∡0𝑜

120
,

Indutor

Vimos que ϕ=90o, logo:

𝑄 = 𝑉𝐼 = 𝑆 𝑒 𝑃 = 0𝑊

No indutor, só existe a potência reativa. Como vimos, a corrente está atrasada de 90o,
então:

𝑆̇ = 𝑗𝑄 = 𝑉𝐼 ∡90𝑜

Capacitor

Vimos que ϕ=-90o, logo:

𝑄 = −𝑉𝐼 = 𝑆 𝑒 𝑃 = 0𝑊

No capacitor, só existe potência reativa. Como vimos a corrente está adiantada de 90 o,


então:

𝑆̇ = −𝑗𝑄 = 𝑉𝐼 ∡ − 90𝑜

Os circuitos com resistores, capacitores e indutores sempre terão três tipos de


comportamento: somente resistivos, resistivo-indutivo ou resistivo-capacitivo.
Normalmente, as cargas em uma instalação elétrica estão ligadas em paralelo, logo, o
efeito indutivo pode ser compensado por um efeito capacitivo, que é oposto ao
primeiro, não se alterando o efeito resistivo.

Fator de Potência

O fator de potência (FP) é dado pela razão entre a potência aparente e a potência
ativa. Quanto mais próximo de um (1), melhor, pois a carga não produz reativos (𝑸 ≈
𝟎 𝑽𝑨𝒓), sejam indutivos ou capacitivos, o que não é desejável, já que essa parte da
potência aparente está associada à que oscila e, como vimos, não gera trabalho, ou
seja, não é absorvida pela carga. Inclusive, em instalações industriais existe uma tarifa
especial (mais cara) quando se produz estes reativos, sejam capacitivos ou indutivos.

121
,

O fator de potência será dado por:

𝑃 𝑉𝐼𝑐𝑜𝑠𝜑
𝐹𝑃 = = ⇒ FP = cos𝜑
𝑆 𝑉𝐼

O FP é um número adimensional (sem unidade). Vimos que o ângulo 𝝋 deve ser nulo
ou próximo de zero. Como o Fator de Potência é o cosseno deste ângulo, ele deve
estar próximo de 1.

Teremos as seguintes considerações:

𝒄𝒐𝒔𝝋 > 𝟎𝒐
Para cargas resistivo-indutivas: 𝟎𝒐 < 𝝋 < 𝟗𝟎𝒐 ⇒ {
𝒔𝒆𝒏𝝋 > 𝟎𝒐

Neste caso, dizemos que o FP é adiantado (tensão adiantada em relação à corrente) e


o triângulo das potências está representado a seguir.

S
Q
ϕ
P

𝒄𝒐𝒔𝝋 > 𝟎𝒐
Para cargas resistivo-capacitivas: −𝟗𝟎𝒐 < 𝝋 < 𝟎𝒐 ⇒ {
𝒔𝒆𝒏𝝋 < 𝟎𝒐

Neste caso, dizemos que o FP é atrasado (tensão atrasada em relação à corrente) e o


triângulo das potências está representado a seguir.

P
ϕ

Q
St

O FP é tarifado conforme tenha um valor abaixo de um limite. Segundo a resolução


Resolução 414/2010 da Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel, na seção IV,
artigo 95 (Do Fator de Potência e Excedente Reativo), diz:

122
,

Art. 95. O fator de potência de referência “fR”, indutivo ou


capacitivo, tem como limite mínimo permitido, para as
unidades consumidoras do grupo A, o valor de 0,92.
Parágrafo único. Aos montantes de energia elétrica e
demanda de potência reativos que excederem o limite
permitido, aplicam-se as cobranças estabelecidas nos arts. 96
e 97, a serem adicionadas ao faturamento regular de unidades
consumidoras do grupo A, incluídas aquelas que optarem por
faturamento com aplicação da tarifa do grupo B nos termos
do art. 100. (BRASIl, 2010).

Assim, para as instalações industriais, é importante manter o valor do FP em torno de 1.


Sendo mais específico, por terem máquinas como motores, fornos indutivos, reatores,
acabam tendo muita carga indutiva.

Algumas medidas podem ser tomadas, como por exemplo:

• Troca de lâmpadas que possuem reatores ou FP indutivo (cuidado com algumas


lâmpadas LEDs, pois, embora consumam pouca corrente, possuem um FP
indutivo considerável devido a fonte utilizada);
• Ainda na fase de projeto de uma instalação, optar por equipamentos
otimizados em relação a este problema, por exemplo, utilizar motores
síncronos ao invés de motores de indução;
• A utilização de bancos de capacitores que compensam os reativos indutivos,
praticamente anulando-os. Mas, não se deve esquecer de retirar o banco de
capacitores se a carga indutiva correspondente também for desligada. Caso
contrário, você pagará uma tarifa especial também, pois passa a ter uma carga
resistivo-capacitiva.

Alguns motivos que levam uma instalação a um baixo FP (abaixo de 0,92):

• Utilizar um grande número de motores de pequena potência ou motores com


baixo carregamento, ou ainda, motores superdimensionados para as máquinas
por eles acionadas;
• Trabalhar com transformadores em baixa carga ou até operando no vazio,
especialmente se isso ocorrer durante longos períodos de tempo;

123
,

• Utilizar lâmpadas como as fluorescentes, de vapor de sódio ou de vapor de


mercúrio. Hoje, existe uma tendência pela substituição por lâmpadas tipo LED;
• Nas empresas, a utilização de muitos equipamentos eletrônicos que possuem
transformadores internos de fontes de alimentação também gera reativos
indutivos;
• Capacitores ligados em instalações elétricas de consumidores horossazonais no
período da madrugada. Isso refere-se aos consumidores que optam pelo
regime de tarifas horossazonais. Deve-se prever a retirada dos bancos em
conjunto com a retirada das cargas indutivas.

Assim, uma ação importante é a adição de capacitores em paralelo, que será


demonstrada a seguir.

Correção de Fator de Potência

Em uma carga resistivo-indutiva com FP>0,92 teremos o seguinte triângulo das


potências:

Carga resistivo-indutiva Mesma carga com capacitor em paralelo

P
ϕ redução de Q somente ϕ
S
implica em aumento do FP
S P
Q Q
ϕ

Pela figura, observa-se que:

𝝋 < 𝝋𝟏 𝒄𝒐𝒔𝝋𝟐 > 𝒄𝒐𝒔𝝋𝟏 ⇒ 𝑭𝑷𝟐 > 𝑭𝑷𝟏


{ 𝟐 ⇒{
𝑺 𝟐 < 𝑺𝟏 𝑽𝑰𝟐 < 𝑽𝑰𝟏 ⇒ 𝑰𝟐 < 𝑰𝟏

Ao aumentarmos o fator de potência, estamos reduzindo a corrente consumida na


carga e, dessa maneira, reduzindo as perdas na transmissão.

124
,

A redução de Q1 para Q2 se deve ao acréscimo de QC, isto é, analisando o módulo,


vem que:

|𝑸𝒄 | = 𝑸𝟏 − 𝑸𝟐

Note no triângulo das potências que P1 não variou. Logo é interessante expressar o
cálculo da potência reativa em função de P1:

|𝑸𝒄 | = 𝑷𝟏 𝒕𝒈𝝋𝟏 − 𝑷𝟏 𝒕𝒈𝝋𝟐

𝑽
Mas no capacitor vale: 𝑸𝒄 = 𝑽𝑰𝒔𝒆𝒏𝟗𝟎𝒐 ⇒ |𝑸𝒄 | = 𝑽𝑰 = 𝑽. 𝑿 que resulta em:
𝑪

𝑽𝟐
|𝑸𝒄 | =
𝑿𝑪

Uma vez dado 𝝋𝟐 e com o valor de Q1 determinado, é possível calcular XC e o valor de


C por:

𝟏
𝑪=
𝝎𝑿𝒄

Ou fazendo as devidas substituições, obtemos:

𝑷𝟏
𝑪= (𝒕𝒈𝝋𝟏 − 𝒕𝒈𝝋𝟐 )
𝝎𝑽𝟐

Exercício

1) Um motor deve ser alimentado pela rede de 220V e tem uma potência
aparente de 2KVA e um FP=0,85. Determine:
a) A potência ativa e reativa.
b) A correção necessária para obtermos um FP=0,95.

125
,

Solução:

a) Devemos a partir de S1 e de FP1 calcular o valor de P1 e Q1:

𝑃1 = 𝑆1 . 𝐹𝑃1 𝑒 𝑄1 = 𝑃1 . 𝑡𝑔(𝑐𝑜𝑠 −1 𝐹𝑃1 )

𝑃1 = 𝑆1 . 𝐹𝑃1 = 2000.0,85 ⇒ 𝑃1 = 1700𝑊 e

𝑄1 = 𝑃1 . 𝑡𝑔(𝑐𝑜𝑠 −1 𝐹𝑃1 ) = 1700. 𝑡𝑔(𝑐𝑜𝑠 −1 0,85) = 1700. 𝑡𝑔(31,79𝑜 )

𝑄1 = 1053,6𝑉𝐴𝑟

b) Com os valores dados determina-se C:

𝑃1
𝐶= (𝑡𝑔𝜑1 − 𝑡𝑔𝜑2 ) =
𝜔𝑉 2

onde:

𝑟𝑎𝑑
𝜔 = 2𝜋𝑓 = 2𝜋. 60 ⇒ 𝜔 = 120𝜋 ; 𝑉 = 220𝑉; 𝑃1 = 1700𝑊; 𝜑1 = 31,79𝑜 e
𝑠

𝜑2 = 𝑐𝑜𝑠 −1 0,95 = 18,19𝑜

Assim:

1700
𝐶= (𝑡𝑔31,79𝑜 − 𝑡𝑔18,19𝑜 ) ⇒ 𝐶 = 9,3. 10−5 (0,62 − 0,33) = 2,7. 10−5 𝐹
120𝜋(220)2

𝐶 ≈ 27 𝜇𝐹

Conclusão

Neste bloco, apresentamos a análise fasorial de circuitos elétricos quando alimentados


por sinais senoidais, mas em regime permanente (RPS) ou estado estacionário.
O conceito de impedância complexa permite analisar o sistema a partir de relações
algébricas de números complexos, ao invés de trabalharmos com sistemas de
equações diferenciais. Ao utilizar dessa teoria matemática, podemos avaliar circuitos
bastante complexos através das Leis de Kirchhoff. Vimos também que o capacitor e o
indutor têm um valor equivalente da resistência de um resistor, que é a reatância.
126
,

Entretanto, esta reatância depende da frequência do sinal senoidal, ou seja, não


depende somente das características do componente. Finalmente avaliamos o cálculo
da potência em RPS e do Fator de Potência.

REFERÊNCIAS

BRASIL. ANEEL, Resolução Normativa No 414, Agência Nacional de Energia Elétrica –


ANEEL. Brasília: Diário Oficial da União, 2010.

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES

ALBUQUERQUE, R. O. Análise de circuitos em corrente alternada. 2. ed. São Paulo:


Érica, 2006 (e-book Minha Biblioteca).

BOYLESTAD, R. L. Introdução à Análise de Circuitos Elétricos. 12. ed. São Paulo:


Pearson Prentice Hall, 2012 (e-book Pearson).

SADIKU, M. N. O.; MUSA, S. M.; ALEXANDER, C. K.; Análise de circuitos elétricos com
aplicações. Porto Alegre: AMGH, 2014 (e-book Minha Biblioteca).

127
,

6 ANÁLISE DE TRANSITÓRIOS E RESPOSTA EM FREQUÊNCIA EM


CIRCUITOS ELÉTRICOS
Olá, alunos! Vimos nos blocos anteriores os métodos de análises de circuitos, tanto em
corrente contínua quanto em corrente alternada. Trabalhamos com os circuitos em
corrente alternada com resistores, indutores e capacitores, mas no regime
permanente senoidal. Neste último bloco, analisaremos os transitórios dos circuitos
elétricos através da Transformada de Laplace, buscando a solução analítica, mas
trabalhando também com os programas de simulação MULTISIM® e OCTAVE®, para
uma solução mais rápida e elegante. Além disso, veremos o conceito de resposta em
frequência de circuitos elétricos.

6.1 Introdução à Transformada de Laplace

Quando o matemático e astrônomo Pierre-Simon Laplace buscava solução para


cálculos probabilísticos, utilizava situações análogas à transformada de Laplace que
temos nos dias de hoje, pois já se havia, na matemática, buscado soluções que se
tornariam a teoria geral das funções. Para a solução de equações diferenciais lineares
em circuitos elétricos, pode-se utilizar da transformada de Laplace, obtendo-se uma
função de variável no domínio da frequência s a partir de uma função na variável
tempo t.

Trabalhar com a Transformada de Laplace significa, basicamente, transitar entre os


domínios do tempo e da frequência, de forma a simplificar a análise dos sistemas, que
nada mais são do que funções que definem uma saída a partir de uma entrada.

Assim, seja a função f(t), no domínio do tempo t, e que f(t)=0 para todo t<0, a
Transformada de Laplace será definida por:


ℒ[𝑓(𝑡)] = 𝐹(𝑠) = ∫ 𝑓(𝑡)𝑒 −𝑠𝑡 𝑑𝑡
0

128
,

Onde se obterá F(s), que é a função f(t) no domínio da frequência, e s é um número


complexo dado por: 𝒔 = 𝝈 + 𝒋𝝎.

A Transformada Inversa de Laplace, evidentemente irá retornar à função ao domínio


do tempo, qual seja, f(t), onde t>0, conforme representado a seguir.

𝜎+𝑗∞
−1 [𝐹(𝑠)]
ℒ = 𝑓(𝑡) = ∫ 𝐹(𝑠)𝑒 𝑠𝑡 𝑑𝑠
𝜎−𝑗∞

A integral apresentada acima tem como função independente uma variável complexa,
assim, os extremos de integração são complexos. Na prática, o cálculo dessa integral é
complicado e raramente utilizado. Adotam-se então métodos práticos, como o uso de
tabelas e expansão de F(s) em frações parciais. Veremos mais à frente a relação entre
os números complexos e a Transformada de Laplace.

Por hora, analisaremos a Transformada de Laplace de f(t)=1(t), onde 1(t) é a função


degrau unitário, onde:

𝟏 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒕 ≥ 𝟎
𝒇(𝒕) = 𝟏(𝒕) = {
𝟎 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒕 < 𝟎

Utilizando a transformada de Laplace, temos:


ℒ[𝑓(𝑡)] = 𝐹(𝑠) = ∫ 1. 𝑒 −𝑠𝑡 𝑑𝑡
0


1 1
ℒ[𝑓(𝑡)] = 𝐹(𝑠) = ∫ 𝑑𝑡 =
0 𝑒 −𝑠𝑡 𝑠

Se calcularmos a função inversa de Laplace a partir do F(s) voltaremos a ter o degrau.


Nesta situação, opta-se por utilizar uma tabela com os pares de transformada f(t) e
F(s), como a apresentada a seguir, que contém essa função degrau e outras, como o
impulso unitário, a rampa, funções polinomiais, exponenciais, senoidais e suas
combinações. Assim, em uma tabela, pode-se elencar a maior parte dos mais
corriqueiros resultados de 𝓛[𝒇(𝒕)].

129
,

Tabela 6.1 – Pares de Transformada de Laplace

130
,

Para a análise de circuitos no transitório e mesmo na frequência, aplicamos a


Transformada de Laplace nas equações diferenciais. Prova-se que suas funções
derivadas podem ser obtidas da seguinte forma:

𝑓 𝑛 (𝑡)
ℒ[ ] = 𝑠 𝑛 𝐹(𝑠) − 𝑠 𝑛−1 𝑓(0) − 𝑠 𝑛−2 𝑓 ′ (0) … 𝑓 𝑛−1 (0)
𝑑𝑡

Para condições iniciais nulas, 𝑓(0) = 𝑓 ′ (0) = 𝑓 ′′ (0) = ⋯ = 𝑓 𝑛−1 (0) = 0

Se trabalharmos com a derivada a primeira e derivada a segunda, com condições


iniciais nulas, temos:

𝒅𝒇(𝒕)
𝓛[ ] = 𝒔𝑭(𝒔)
𝒅𝒕

𝒅𝟐 𝒇(𝒕)
𝓛[ ] = 𝒔𝟐 𝑭(𝒔)
𝒅𝒕𝟐

Então, podemos reduzir complexas equações diferenciais em simples funções


algébricas no domínio de s.

Relação dos Números Complexos e Laplace

Você deve lembrar que o número complexo possui uma parte real e outra
imaginária, e que a parte imaginária vem em encontro a uma ideia de frequência
angular ω (jω). Você deve estar se perguntando se os números complexos e a
Transformada de Laplace possuem uma conexão. Venho com muito ânimo dizer que
sim! Existe estreita conexão entre os cálculos que foram feitos com números
complexos nos circuitos, a obtenção da frequência de ressonância ou frequência de
corte (para os filtros) e a transformada de Laplace.

Isso nos traz muita facilidade quando trabalhamos com circuitos em CA, pois a
Transformada de Laplace deixa de ser um “bicho de sete cabeças” (só para relembrar a
Hidra de Lerna), para ser apenas o “coelho que foge para a toca”. Sejamos então Alice,
e vamos seguir o coelho branco.

131
,

Quando você viu a aplicação dos circuitos RC, RL e RLC se lembrará de que a reatância
capacitiva pode ser obtida por meio da seguinte fórmula:

𝟏
𝑿𝒄 =
𝟐𝝅𝒇𝑪

Portanto, você se lembrará igualmente que a frequência angular é aquela em que se


verifica a quantidade de ciclos em um oscilador num determinado tempo,
considerando o fasor em um círculo. Desta forma, a frequência angular é aquela que
considera a frequência em um círculo unitário, ou seja:

𝝎 = 𝟐𝝅𝒇

Assim, aluno, conclui-se que a reatância capacitiva será obtida no domínio da


frequência angular da seguinte forma:

𝟏
𝑿𝒄 =
𝝎𝑪

Vimos que o valor da corrente em um capacitor é:

𝒅𝒗(𝒕)
𝒊(𝒕) = 𝑪
𝒅𝒕

Vimos que pela lei de Ohm, a reatância será:

𝒗(𝒕)
𝑿𝒄 =
𝒊(𝒕)

Transformando por Laplace, podemos concluir que:

𝐼(𝑠) = 𝐶𝑠𝑉(𝑠)

𝐼(𝑠)
= 𝐶𝑠
𝑉(𝑠)

𝑉(𝑠) 1
=
𝐼(𝑠) 𝐶𝑠

1
𝑋𝑐 =
𝐶𝑠

132
,

Dessa forma, podemos concluir que a velocidade angular apresentada na parte


imaginária jω e no cálculo da reatância é o mesmo domínio da frequência em Laplace
s. Veja que o cálculo da Transformada de Laplace fica muito mais simples quando o
aluno faz esta relação. Por exemplo, utilizando-se da capacitância:

1 1
𝑋𝑐 = =
2𝜇𝑓𝐶 𝜔𝐶

1
ℒ[𝑋𝑐 ] =
𝐶𝑠

E na indutância:

1
𝑋𝐿 = 2𝜇𝑓𝐿 =
𝜔𝐿

ℒ[𝑋𝐿 ] = 𝐿𝑠

Vimos lá que este conceito de reatância pode ser generalizado utilizando a impedância
Z, onde utilizamos este conceito para designar oposição à corrente, tanto pelo resistor,
capacitor ou indutor. Vejamos então as relações em s:

𝒁𝑹 = 𝑹

𝟏
𝒁𝑪 =
𝒔𝑳

𝒁𝑳 = 𝒔𝑳

Fazendo s=jω, obtemos os valores de impedância apresentados no bloco anterior.


Assim, a análise na frequência é um caso particular da Transformada de Laplace.

133
,

6.2 Geração de sinais periódicos no domínio da frequência complexa. Teoremas do


valor inicial e final. Análise transitória e resposta em frequência.

Geração de sinais periódicos no domínio da frequência complexa

Em cálculo de números complexos, é bem conhecida a identidade de Euler, que


demonstra a seguinte relação:

1
cos[𝜔𝑡 + 𝜃] = [𝑒 𝑗(𝜔𝑡+𝜃) + 𝑒 −𝑗(𝜔𝑡+𝜃) ]
2

Desta forma, posto uma função senoidal de tensão. Pode-se obter a frequência
complexa da seguinte forma:

V(t) = Vm cos(𝜔𝑡 + 𝜃)

1
𝑉(𝑡) = 𝑉 [𝑒 𝑗(𝜔𝑡+𝜃) + 𝑒 −𝑗(𝜔𝑡+𝜃) ]
2 𝑚

1 1
𝑉(𝑡) = ( 𝑉𝑚 𝑒 𝑗𝜃 ) 𝑒 𝑗𝜔𝑡 + ( 𝑉𝑚 𝑒 −𝑗𝜃 ) 𝑒 −𝑗𝜔𝑡
2 2

O aluno poderá confirmar o princípio aplicado acima no exemplo abaixo. Seja o sinal
senoidal representado pela função que segue, sendo Vm=12V, ω=2rad/s e a fase
θ=180° ou π.

v(t) = 12. cos(2𝑡 + 𝜋) [𝑉]

Dessa forma, pode-se apresentar o mesmo sinal na forma complexa abaixo descrita.

𝑣(𝑡) = 6[𝑒 𝑗(2𝑡+𝜋) + 𝑒 −𝑗(2𝑡+𝜋) ] [𝑉]

𝑣(𝑡) = (6𝑒 𝑗𝜋 )𝑒 𝑗2𝑡 + (6𝑒 −𝑗𝜋 )𝑒 −𝑗2𝑡 [𝑉]

Desenvolvendo a Transformada de Laplace sobre esta função (ou utilizando a tabela


com ω=2 rad/s), obter-se-á:

12𝑠
𝑉(𝑠) = [𝑉]
𝑠2+4

134
,

Teoremas do valor inicial e final

Para encontrar o valor inicial e final de f(t) qualquer, pode-se utilizar os teoremas do
valor inicial e final respectivamente, aplicando para valor inicial f(0) e final, f(∞).
Contudo, em elétrica, denotaria valores segundo o que segue.


𝒅𝒇 𝒅𝒇 −𝒔𝒕
𝒔𝑭(𝒔) − 𝒇(𝟎) = 𝓛 [ ]= ∫ 𝒆 𝒅𝒕
𝒅𝒕 𝟎 𝒅𝒕

Se analisarmos o resultado da integral e lembrarmos que f(0) não depende de s,


concluímos que:

𝐥𝐢𝐦 [𝒔𝑭(𝒔) − 𝒇(𝟎)] = 𝟎


𝒔→∞

𝒇(𝟎) = 𝐥𝐢𝐦 𝒔𝑭(𝒔)


𝒔→∞

E esse é o teorema do valor inicial, quando temos t=0.

Por outro lado, se t=∞, teremos o valor final, e por analogia do exemplo anterior,
concluímos facilmente que:

𝒇(∞) = 𝐥𝐢𝐦 𝒔𝑭(𝒔)


𝒔→𝟎

Por exemplo:

Dada a função G(s) abaixo, determine seus valores iniciais e finais.

𝒔+𝟐
𝑮(𝒔) =
𝒔𝟐 + 𝟒𝒔 + 𝟏𝟎𝟒

Solução:

• Para o valor inicial, aplique s→∞.


2
𝑠(𝑠 + 2) 1+𝑠
𝑓(0) = lim = =1
𝑠→∞ 𝑠(𝑠 2 + 4𝑠 + 104) 4 104
1+𝑠 + 2
𝑠

135
,

• Para o valor Final, aplique s→0.

𝑠(𝑠 + 2)
𝑓(∞) = lim =0
𝑠→0 𝑠(𝑠 2 + 4𝑠 + 104)

Estes valores podem ser verificados no MATLAB® ou OCTAVE®, conforme os comandos


dados a seguir e observando a resposta da função no tempo para uma entrada tipo
impulso.

Figura 6.1 – Valores verificados no OCTAVE®.

136
,

Figura 6.2 – Análise transitória em circuitos RC

Fonte: BOYLESTAD, 2012.

Observando o circuito, quando a chave fecha, temos a carga do capacitor, que não
ocorre instantaneamente, mas até que o campo elétrico entre placas esteja no seu
ápice.

Figura 6.3 – Circuito com rápido crescimento e pequeno aumento de 𝒗𝑪

Fonte: BOYLESTAD, 2012.

E, neste momento, após a carga completa, o capacitor se comportará como uma chave
aberta, já que não haverá corrente entre os seus terminais. Este é um gráfico típico de
um exponencial de Euler. Veja:

137
,

Figura 6.4 – Gráfico de um exponencial de Euler

Assim, podemos concluir que a função que representa a carga do capacitor é:

𝒕
𝒗𝑪 = 𝑬. (𝟏 − 𝒆−𝝉 ) [𝑽]

Sendo τ o valor correspondente à constante de tempo:

𝝉 = 𝑹𝑪 [𝒔]

Por exemplo. A carga do capacitor do circuito RC abaixo poderá ser plotado no


OCTAVE® da seguinte forma:

Figura 6.5 – Carga do capacitor do circuito RC

Fonte: BOYLESTAD, 2012.

138
,

Figura 6.6 – Carga do capacitor do circuito RC plotado no OCTAVE®

A corrente se comportará inversamente. Ou seja, quando o capacitor estiver


carregado, ele se portará como uma chave aberta e a corrente será nula. Assim,
corresponderá à função.

𝑬 −𝒕
𝒊𝑪 = (𝒆 𝝉 ) [𝑨]
𝑹

139
,

Figura 6.7 – Carga do capacitor carregado OCTAVE®

Pode-se calcular a corrente máxima e a tensão máxima do circuito utilizando t=0s para
a corrente e t=∞ para a tensão.

𝜏 = 8.103 . 4.10−6 = 0,032 𝑠



𝑉(∞) = 40. (1 − 𝑒 0,032 ) = 40𝑉

0

𝑖(0) = 0,005. (𝑒 0,032 ) = 5𝑚𝐴

Você poderá utilizar o MULTSIM® também para simular o circuito e a carga do


capacitor. Basta selecionar na barra superior transient. Selecione o capacitor e coloque
condição inicial 0V nas configurações. Simule em 0.5s como foi efetuado no OCTAVE®.
Mudando a prova para corrente, podemos analisar a corrente no capacitor.

140
,

Figura 6.8 – Carga do capacitor do circuito RC plotado no MULTSIM®

Análise transitória em circuitos RL

Figura 6.9 – Circuito RL

Fonte: BOYLESTAD, 2012.

141
,

Em um circuito RL, ocorre algo similar com o que ocorreu no circuito RC, mas com
algumas diferenças fundamentais. Aqui, na fase em que o indutor armazena, a
corrente aumenta, e a tensão tenderá à zero. Assim, na fase de armazenamento:

𝐸 1
𝐼𝐿 = (1 − 𝑒 −𝜏 ) [𝐴]
𝑅

1
𝑉𝐿 = 𝐸 (𝑒 −𝜏 ) [𝑉]

Contudo, no indutor, a constante de tempo muda.

𝑳
𝝉= [𝒔]
𝑹

Assim, vejamos os gráficos para o circuito abaixo, simulados nos dois programas.

Figura 6.10 – Circuito RL com dados.

Fonte: BOYLESTAD, 2012.

Figura 6.11 – Carga do capacitor do circuito RL plotado no OCTAVE®

142
,

Figura 6.12 – Carga do capacitor do circuito RL plotado no MULTSIM®

Observação: A análise de transitórios não é restrita somente à entrada em corrente


contínua, ao se fechar a chave de um circuito RC e RL, o que equivale a colocar uma
entrada degrau nestes circuitos. Ela pode ser feita para qualquer circuito com
resistores, capacitores e indutores. Cabe ressaltar que a análise para um sinal de
entrada diferente de um degrau, por exemplo, senoidal, terá uma resposta com uma
parte dada pelo transitório e outra para o regime permanente senoidal, se
resolvermos as equações do circuito utilizando a Transformada de Laplace.

143
,

Resposta em frequência de circuitos elétricos

Verificamos até agora como se comportam os circuitos elétricos simples, como um RC


e um RL à corrente contínua ou em regime permanente para uma única frequência.
Contudo, uma das características a ser estudada destes circuitos é a reposta em
amplitude e em fase em função da variação da frequência de um sinal senoidal. Este
estudo é denominado como resposta em frequência.

Você lembrará que o capacitor, em um sinal constante ou CC, irá carregar até o valor
de tensão da fonte ou de capacidade do capacitor. Então, neste momento, o valor de
corrente tenderá a zero, e o valor de tensão tenderá ao valor máximo.

Contudo, em uma onda senoidal, este carregar e descarregar dependerá do valor da


constante de tempo já verificada. O capacitor em baixa frequência não possui tempo
de descarregar, tornando-se comparável à uma chave aberta. E em alta frequência,
fica entre seu limiar de carga e descarga, tornando-se um curto circuito, permitindo a
passagem do sinal.

A frequência em que o circuito RC age, atenuando a amplitude do sinal de entrada em


0,707 (-3dB) para circuitos RC, será de:

𝟏
𝝎𝒄 =
𝑹𝑪

Nesta frequência, o circuito atuará e haverá também uma defasagem do sinal da saída
em relação ao sinal de entrada em:

1
∅ = 𝑡𝑔−1 ( ) = 450
𝜔𝑐 𝑅𝐶

Seja um circuito RC de resistência 20Ω e capacitância de 12mF postos em série.

144
,

Figura 6.13 – Circuito RC de resistência 20Ω e capacitância de 12mF em série

Para conhecer a frequência de corte e a fase (na frequência de corte) deste circuito:

1
𝜔𝑐 = = 4,167 𝑟𝑎𝑑/𝑠
20.12.10−3

1
∅ = 𝑡𝑔−1 ( ) = 𝑡𝑔−1 1 = 0,7854 𝑟𝑎𝑑 𝑜𝑢 450
4,167. 20.12.10−3

Em uma análise de malhas, podemos concluir que as tensões na malha nesse circuito
serão:

𝟏
𝑽𝒊𝒏 = 𝒗𝑪 + 𝒗𝑹𝟏 ⇒ 𝑽𝒊𝒏 = ∫ 𝒊 𝒅𝒕 + 𝒊𝑹
𝑪

Tomando a tensão no resistor como a tensão de saída do circuito:

𝑽𝒐𝒖𝒕 = 𝒊𝑹

Então, se dividirmos a saída do circuito pela entrada, encontraremos a seguinte


expressão:

𝑽𝒐𝒖𝒕 𝒊𝑹
= 𝒈(𝒕) =
𝑽𝒊𝒏 𝟏
𝑪 ∫ 𝒊 𝒅𝒕 + 𝒊𝑹

145
,

Aplicando Laplace com condições iniciais nulas:

ℒ[𝑖𝑅]
ℒ[𝑔(𝑡)] =
1
ℒ [𝐶 ∫ 𝑖 𝑑𝑡] + ℒ[𝑖𝑅]

𝐼(𝑠)𝑅 𝑅 𝑅𝐶𝑠
𝐺(𝑠) = = =
𝐼(𝑠) 1
+ 𝑅 𝑅𝐶𝑠 + 1
𝐶𝑠 + 𝐼(𝑠)𝑅 𝐶𝑠

O valor de G(s) obtido é conhecido como a Função de Transferência do circuito, que


relaciona a tensão do resistor com a tensão de alimentação, na variável s, impondo
condições iniciais nulas.

Para avaliar na frequência o comportamento da relação entre a saída e a entrada do


sistema, devemos fazer s=jω na expressão de G(s), e calcular o módulo e fase do
número complexo obtido. Podemos plotar os diversos valores de módulo e fase em
função da variação de frequência ω. Os diagramas de Bode são gráficos de módulo e
fase, com a frequência variando segundo uma escala logarítmica de base 10 e o
módulo (ou magnitude) dado por uma relação logarítmica. Nesse primeiro momento,
vamos avaliar utilizando o programa OCTAVE®.

Este programa gera a função de transferência e determina os diagramas de Bode para


ver a atenuação do circuito RC, a frequência de corte e a fase, aplicando-se os
comandos definidos a seguir.

146
,

Figura 6.14 – Diagramas de Bode no programa OCTAVE®

Veja no gráfico de magnitude que o ganho aumenta com o aumento da frequência do


sinal de entrada. Quanto maior a frequência, mais a amplitude do sinal de saída se
aproxima do sinal de entrada, pois não haverá atenuação. Trata-se de um filtro
passa altas.

No caso do circuito RC disposto diferentemente como mostrado abaixo, nos mesmos


valores, quais sejam resistência 20Ω e capacitância de 12mF, os de frequência de corte
e fase serão inalterados. Mas o comportamento do capacitor criará alterações na saída
do circuito.

147
,

Figura 6.15 – Circuito RC de resistência 20Ω e capacitância de 12mF com valores de


frequência de corte e fase inalterados

Em uma análise de malhas, podemos concluir que as tensões na malha neste circuito
serão:

𝟏
𝑽𝒊𝒏 = ∫ 𝒊 𝒅𝒕 + 𝒊𝑹
𝑪

E:

𝟏
𝑽𝒐𝒖𝒕 = ∫ 𝒊 𝒅𝒕
𝑪

Então, se dividir a saída do circuito pela entrada, encontrará o valor de atenuação do


circuito.

𝟏
𝑽𝒐𝒖𝒕 𝑪 ∫ 𝒊 𝒅𝒕
= 𝒈(𝒕) =
𝑽𝒊𝒏 𝟏
𝑪 ∫ 𝒊 𝒅𝒕 + 𝒊𝑹

Aplicando Laplace:

1
ℒ [𝐶 ∫ 𝑖 𝑑𝑡]
ℒ[𝑔(𝑡)] =
1
ℒ [𝐶 ∫ 𝑖 𝑑𝑡] + ℒ[𝑖𝑅]

𝐼(𝑠) 1
𝐶𝑠 𝐶𝑠 1
𝐺(𝑠) = = =
𝐼(𝑠) 1 𝑅𝐶𝑠 + 1
𝐶𝑠 + 𝐼(𝑠)𝑅 𝐶𝑠 + 𝑅

148
,

No OCTAVE®, crie a função de transferência e aplique o diagrama de Bode para ver a


atuação do circuito RC, a frequência de corte e a fase.

Figura 6.16 – Atuação do circuito RC no programa OCTAVE®

149
,

Veja no gráfico de magnitude que o sinal é atenuado com o aumento da frequência do


sinal de entrada. Quanto maior a frequência, menor a amplitude do sinal de saída em
relação ao sinal de entrada. Trata-se de um filtro passa baixas.

Nos circuitos RL, ocorrem situações inversas. Seja um circuito RL como demonstrado
abaixo com indutância de 5H e resistência de 20Ω.

Figura 6.17 – Circuito RL com indutância de 5H e resistência de 20Ω

A frequência em que o circuito RL age atenuando a amplitude do sinal será:

𝑹
𝝎𝒄 =
𝑳

Nesta frequência o circuito atuará, e haverá também um adiantamento do sinal da


saída em relação ao sinal de entrada em:

𝑳
∅ = −𝒕𝒈−𝟏 (𝝎𝒄 )
𝑹

Teremos então os seguintes valores.

20
𝜔𝑐 = = 4 𝑟𝑎𝑑/𝑠
5

5
∅ = −𝑡𝑔−1 (4 ) = −0,7854 𝑟𝑎𝑑
20

150
,

Em uma análise de malhas, podemos concluir que as tensões na malha neste circuito
serão:
𝒅𝒊
𝑽𝒊𝒏 = 𝑳 + 𝒊𝑹
𝒅𝒕
E:
𝑽𝒐𝒖𝒕 = 𝒊𝑹

Então, se dividir a saída do circuito pela entrada, encontrará o valor de atenuação do


circuito.

𝑽𝒐𝒖𝒕 𝒊𝑹
= 𝒈(𝒕) =
𝑽𝒊𝒏 𝒅𝒊
𝑳 + 𝒊𝑹
𝒅𝒕

Aplicando Laplace:

ℒ[𝑖𝑅]
ℒ[𝑔(𝑡)] =
𝑑𝑖
ℒ [𝐿 ] + ℒ[𝑖𝑅]
𝑑𝑡
𝐼(𝑠)𝑅 𝑅
𝐺(𝑠) = =
𝐿𝑠𝐼(𝑠) + 𝐼(𝑠)𝑅 𝐿𝑠 + 𝑅

No OCTAVE® crie a função de transferência e aplique o diagrama de Bode para ver a


atuação do circuito RL, a frequência de corte e a fase.

151
,

Figura 6.18 – Função de transferência e diagrama de Bode: atuação do circuito RL, a


frequência de corte e a fase no OCTAVE®

Veja no gráfico de magnitude que o sinal é atenuado com o aumento da frequência do


sinal de entrada. Quanto maior a frequência menor a amplitude do sinal de saída em
relação ao sinal de entrada. Trata-se de um filtro passa baixas.

Com o indutor em paralelo com a entrada e saída, o circuito irá se portar


diferentemente.

Figura 6.19 – Gráfico de magnitude: sinal atenuado.

A frequência e a fase em que o circuito RL atua no sinal será:

20
𝜔𝑐 = = 4 𝑟𝑎𝑑/𝑠
5

152
,

5
∅ = −𝑡𝑔−1 (4 ) = −0,7854 𝑟𝑎𝑑
20

Em uma análise de malhas, podemos concluir que as tensões na malha neste circuito
serão:

𝒅𝒊
𝑽𝒊𝒏 = 𝑳 + 𝒊𝑹
𝒅𝒕

𝒅𝒊
𝑽𝒐𝒖𝒕 = 𝑳
𝒅𝒕

Então, se dividir a saída do circuito pela entrada, encontrará o valor de atenuação do


circuito.

𝒅𝒊
𝑽𝒐𝒖𝒕 𝑳
= 𝒈(𝒕) = 𝒅𝒕
𝑽𝒊𝒏 𝒅𝒊
𝑳 + 𝒊𝑹
𝒅𝒕

Aplicando Laplace:

𝑑𝑖
ℒ [𝐿 ]
ℒ[𝑔(𝑡)] = 𝑑𝑡
𝑑𝑖
ℒ [𝐿 ] + ℒ[𝑖𝑅]
𝑑𝑡
𝐿𝑠𝐼(𝑠) 𝐿𝑠
𝐺(𝑠) = =
𝐿𝑠𝐼(𝑠) + 𝐼(𝑠)𝑅 𝐿𝑠 + 𝑅

No OCTAVE® crie a função de transferência e aplique o diagrama de Bode para ver a


atuação do circuito RL, a frequência de corte e a fase.

153
,

Figura 6.20 – Função de transferência e diagrama de Bode: atuação do circuito RL, a


frequência de corte e a fase no OCTAVE®

Veja no gráfico de magnitude que a amplitude do sinal aumenta com o aumento da


frequência do sinal de entrada. Quanto maior a frequência, menor a atenuação do
sinal de saída em relação ao sinal de entrada. Trata-se de um filtro passa altas.

Enfoque da análise na frequência com solução analítica e sua interpretação

As análises até aqui foram feitas através dos programas, mas podem ser obtidas
através de cálculo analítico, conforme apresentado a seguir.

No segundo circuito RC analisado, propõe-se verificar a relação entre a saída do


circuito, representada pela tensão no capacitor e a entrada, representada pela tensão
Vin. Essa relação foi obtida a partir de duas equações que foram lá deduzidas.
Podemos analisar o circuito a partir da forma apresentada no bloco 4, subitem 4.3.

154
,

vR(t) Lá, deduzimos a equação diferencial que


I+ _ relaciona vC(t) com Vin(t):

R 𝒅𝒗𝒄 (𝒕)
𝑹𝑪 + 𝒗𝒄 (𝐭) = 𝑽𝒊𝒏(𝒕)
+ 𝒅𝒕
+ C
vin(t) _
vC(t)
_ Aplicando a Transformada de Laplace sobre
Iα esta equação, com condições iniciais nulas:

𝒅𝒗𝒄 (𝒕)
𝓛 [𝑹𝑪 + 𝒗𝒄 (𝐭)] = 𝓛[𝑽𝒊𝒏(𝒕)]
𝒅𝒕

Através das propriedades da transformada de Laplace, obtemos:

𝑠𝑅𝐶𝑉𝑐 (𝑠) + 𝑉𝑐 (𝑠) = 𝑉𝑖𝑛 (𝑠) ⇒ 𝑉𝑐 (𝑠)[𝑠𝑅𝐶 + 1] = 𝑉𝑖𝑛 (𝑠)

A relação entre a entrada e a saída do circuito é denominada função de transferência,


G(s), e é obtida a partir da equação analisada em s, colocando no primeiro membro a
relação entre a tensão de saída e de entrada, isto é:

𝑉𝑐 (𝑠) 1
𝐺(𝑠) = =
𝑉𝑖𝑛 (𝑠) 𝑠𝑅𝐶 + 1

Essa é a mesma relação obtida anteriormente por meio das equações de tensão e
corrente. Para obter os gráficos de amplitude e fase apresentados, basta impor em
G(s) a análise na frequência, isto é, G(s)=G(jω), e calcular o módulo e a fase:

𝑉𝑐 (𝑗𝜔) 1
𝐺(𝑗𝜔) = =
𝑉𝑖𝑛 (𝑗𝜔) 𝑗𝜔𝑅𝐶 + 1

Módulo de G(jω):

|𝑉𝑐 (𝑗𝜔)| 1
|𝐺(𝑗𝜔)| = =
|𝑉𝑖𝑛 (𝑗𝜔)| √(𝜔𝑅𝐶)2 + 1

Em dB (decibéis), trabalha-se com o logaritmo de base dez, conforme descrito a seguir:

1
20𝑙𝑜𝑔10 |𝐺(𝑗𝜔)| = 20𝑙𝑜𝑔10
√(𝜔𝑅𝐶)2 + 1

155
,

Aplicando as propriedades do logaritmo, vem que o módulo (ou magnitude) M vale:

𝑀 = 20𝑙𝑜𝑔10 |𝐺(𝑗𝜔)| = −10𝑙𝑜𝑔10 [(𝜔𝑅𝐶)2 + 1]

O gráfico obtido anteriormente é feito em escala logarítmica na frequência ω, na base


de dez. No exemplo, quando ω=10rad/s, com os valores de R e C dados, o módulo
vale:

𝑀 = 20𝑙𝑜𝑔10 |𝐺(𝑗𝜔)| = −10𝑙𝑜𝑔10 [(10.20.12. 10−3 )2 + 1] = −8,29𝑑𝐵

Note que esse valor é o módulo que está representado no gráfico de Bode desse
exemplo. Os demais valores do gráfico são obtidos variando o valor de ω.

A fase é obtida através do cálculo da fase de um número complexo dado por:

1 0 𝜔𝑅𝐶
𝜙 = ∡( ) ⇒ 𝜙 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 − 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 ( ) ⇒ 𝜙 = −𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔(𝜔𝑅𝐶)
𝑗𝜔𝑅𝐶 + 1 1 1

No exemplo, quando ω=10rad/s, com os valores de R e C dados, a fase vale:

𝜙 = −𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔(10.20.12. 10−3 ) = −67,40

Esse, portanto, é o valor representado no gráfico! Os demais valores são obtidos


variando o valor de ω.

Para interpretar o significado dos gráficos, basta avaliar a relação na frequência dada
por:

𝑉𝑐 (𝑗𝜔)
𝐺(𝑗𝜔) = ⇒ 𝑉𝑐 (𝑗𝜔) = 𝐺(𝑗𝜔). 𝑉𝑖𝑛 (𝑗𝜔)
𝑉𝑖𝑛 (𝑗𝜔)

Assim, o sistema representado pelo circuito RC é dado por G(jω). Por exemplo, ao
impormos uma entrada senoidal de frequência ω=10rad/s, amplitude 1V e fase 00, a
saída do sistema será uma senóide de mesma frequência, porém, com módulo e fase
determinados por:

1 1
|𝐺(𝑗𝜔)| = = = 0,38 e fase de 𝜙(𝑗10) = −67,40
√(10.20.12. 10−3 )2 +1 2,6

E:
156
,

|𝑉𝑐 (𝑗𝜔)| = |𝐺(𝑗𝜔)|. |𝑉𝑖𝑛 (𝑗𝜔)| = 1.0,38 = 0,38𝑉

∡𝑉𝑐 (𝑗𝜔) = ∡𝐺(𝑗𝜔) + ∡𝑉𝑖𝑛 (𝑗𝜔) = −67,40 + 00 = −67,40

Portanto, na saída do sistema, teremos uma amplitude de 0,38V e uma fase de -67,40
para esta frequência analisada. Observamos que o sistema “atenuou” o sinal, ou seja,
reduziu o sinal em 0,38 para esta frequência.

Na análise de filtros, o nosso sinal de entrada é composto por várias frequências, e o


circuito RC com saída no capacitor irá filtrar altas frequências e permitir a passagem de
baixas, conforme pode ser observado no gráfico da magnitude ou no módulo.

Note que para ω na faixa de 0,1 a 1rad/s, o valor do módulo em dB é praticamente


zero, isto é, M=0 dB, que, aplicando o inverso do logaritmo, teremos o módulo igual a
1, pois -10log10|G(jω)| = 0 implica em |G(jω)| = 100 = 1. Assim, o módulo da saída é
igual ao módulo da entrada. Porém em altas frequências, o circuito reduz o valor da
saída de forma progressiva. Veja o cálculo a seguir para ω=100rad/s:

1 1
|𝐺(𝑗100)| = = = 0,04
√(100.20.12. 10−3 )2 + 1 24

Se nessa frequência o sinal de entrada tiver módulo 1, por exemplo, o seu valor de
saída ficará atenuado em 24 vezes, o que é um valor significativo.

Observação: A avaliação de um sinal qualquer como o de um degrau, uma exponencial


gerada ao longo do tempo, pode ser avaliado na frequência através da
TRANSFORMADA DE FOURIER, que é um caso particular da Transformada de Laplace,
fazendo-se s=jω. Assim, qualquer sinal periódico ou não pode ser representado como
uma soma de sinais senoidais de diversas frequências, com módulo e fase quaisquer.
Por exemplo, o sinal exponencial abaixo:

1 1
𝑓(𝑡) = 𝑒 −2𝑡 ⇒ 𝐹(𝑠) = ⇒ 𝐹(𝑗𝜔) =
𝑠+2 𝑗𝜔 + 2

Os gráficos na frequência serão dados pelo módulo e fase do número complexo F(jω).

157
,

Mas e o sinal captado por um microfone com uma pessoa falando, ou de um


acelerômetro preso a uma máquina rotativa gerado ao longo do tempo, como são
avaliados na frequência?

Neste caso, utilizamos a Transformada Discreta de Fourier, já que teremos um sinal


representado no tempo por uma sequência discreta de valores, mas do mesmo modo,
teremos um módulo e fase para cada frequência ω. A determinação analítica nesse
caso é substituída por um algoritmo implementado em computador, conhecido como
a TRANSFORMADA RÁPIDA DE FOURIER (Fast Fourier Transformer ou FFT), já que a
determinação da Transformada Discreta de Fourier exige um número elevado de
cálculos.

6.3 Aplicação da transformada de Laplace à análise de circuitos; redes estacionárias;


redes magneticamente acopladas e indutância mútua

Análise de circuitos com a transformada de Laplace

Para circuitos em CA, é mais simples levá-lo ao domínio da frequência com a


Transformada de Laplace para simplificar o cálculo. Veja que transformamos equações
diferenciais em equações algébricas e lineares.

Isso ocorre porque, para cálculo de indutância e capacitância em corrente contínua, a


reatância leva ao cálculo de derivadas e integrais de tensão e corrente. Após a
aplicação da Transformada de Laplace, o aluno poderá utilizar o método que mais lhe
agradar. É importante ressaltar que a análise feita no bloco 4, com fasores e
impedâncias complexas, é feito a partir da Transformada de Fourier, que é um caso
especial da Transformada de Laplace, onde s=jω.

Por exemplo: No caso do circuito abaixo, não havendo nenhuma energia armazenada
em t=0, suponha que is(t)=10u(t) A, onde u(t)=1(t). Determine Vo(t) e seus valores
inicial e final V(0) e V(∞).

158
,

Solução:

Podemos utilizar o Teorema de Thévenin para a solução deste problema. Não havendo
energia armazenada em t=0s, a corrente no indutor L1 e a tensão no capacitor C1 são
nulas. Então, a fonte de tensão dependente da corrente ix não produz efeitos no
circuito.

A análise será feita na variável s, ou seja, aplicando Laplace para a corrente is, as
impedâncias em L1 e R1, teremos:

10
𝐿[𝑖𝑠 ] =
𝑠

𝑍𝐿1 = 𝐿[𝐿1] = 2𝑠

𝑍𝑅1 = 𝐿[𝑅1] = 5

159
,

Analisando o circuito acima sem o resistor, Vo(t) é a mesma tensão de Thévenin, VTH.
Dessa forma, a tensão Vo(t) é a tensão em R1, já que ix=0 e a fonte de tensão
dependente tem tensão nula. Aplicando-se a lei de malhas na variável s:

10 50
𝑉0 = 𝑉𝑇𝐻 = 𝑉𝑅1 + 𝑉𝑓𝑜𝑛𝑡𝑒 = 𝑅1. 𝑖𝑠 + 𝑉𝑓𝑜𝑛𝑡𝑒 = 5 ( ) + 0 =
𝑠 𝑠

Para o cálculo da impedância de Thévenin, quando existem fontes dependentes, é


necessário aplicar um curto-circuito nos terminais do resistor R2, para estabelecer o
cálculo da impedância pela relação de tensão Vo(t) e a corrente do curto, isc(t),
conforme indicado na figura a seguir.

ISC

A corrente ix é a que passa no resistor R2 que foi suprimido. Temos uma tensão V1 na
análise nodal, onde se verifica:

𝑉1
𝑖𝑥 = (1)
2𝑠

𝑉1 − 𝑉𝑓𝑜𝑛𝑡𝑒
e: 𝑖𝑠 = 𝑖1 + 𝑖𝑥 onde: 𝑖1 =
𝑅1

Substituindo 𝒊𝒔 , 𝒊𝟏 e 𝒊𝒙:

10 𝑉1 − 2𝑖𝑥 𝑉1
= + (2)
𝑠 5 2𝑠

160
,

Substituindo ix na equação (2) e isolando V1(s), temos:

𝑉
10 𝑉1 − 2( 1⁄2𝑠) 𝑉1 10 𝑠𝑉1 − 𝑉1 𝑉1 𝑠𝑉1 − 𝑉1 𝑉1
= + ⇒ = + ⇒ 10 = + ⇒
𝑠 5 2𝑠 𝑠 5𝑠 2𝑠 5 2

2(𝑠𝑉1 − 𝑉1 ) + 5𝑉1 100


10 = ⇒ 100 = 2𝑠𝑉1 − 2𝑉1 + 5𝑉1 ⇒ 2𝑠𝑉1 + 3𝑉1 = 100 ⇒ 𝑉1 =
10 2𝑠 + 3

Podemos utilizar o programa OCTAVE® para obter o mesmo resultado. Ao usar a


sintaxe solve, teremos a seguinte linha de comando:

Portanto:

100
𝑉1 =
2𝑠 + 3

Desta forma, como isc=ix, pode-se calcular a corrente que será igual a:

100
𝑉1 2𝑠 + 3 50
𝑖𝑆𝐶 = = =
2𝑠 2𝑠 𝑠(2𝑠 + 3)

Como trata-se de corrente alternada, temos a impedância de Thévenin.

50
𝑉𝑜 𝑠
𝑍𝑇𝐻 = = = 2𝑠 + 3
𝑖𝑆𝐶 50
𝑠(2𝑠 + 3)
161
,

Assim, o circuito equivalente de Thévenin será o seguinte:

2s+3

50/s

A tensão Vo é aquela sobre o resistor R2. Veja que existe um divisor de tensão formado
pelo resistor R2 e a Impedância ZTH.

20 50 1000
𝑉0 (𝑠) = . =
20 + (2𝑠 + 3) 𝑠 𝑠(2𝑠 + 23)

Pelo do teorema do valor final e do valor inicial apresentados, obtemos:

1000
𝑉0 (0) = lim = 0𝑉
𝑠→∞ 𝑠(2𝑠 + 23)

1000 1000
𝑉0 (∞) = lim𝑠 = = 43,78𝑉
𝑠→0 𝑠(2𝑠 + 23) 23

Para obter a tensão V0(t) é necessário anti-transformar a tensão Vo(s). Nesse caso,
devemos utilizar a tabela de pares de transformada de Laplace com expansão em
frações parciais:

1000 500
𝑉0 (𝑠) = = (3)
𝑠(2𝑠 + 23) 𝑠(𝑠 + 11,5)

Podemos transformar o produto de termos da expressão (3) em uma soma:

𝐴 𝐵
𝑉0 (𝑠) = + (4)
𝑠 𝑠 + 11,5

162
,

O objetivo é determinar A e B, pois temos nas tabelas de pares de transformada a anti-


transformada de:

1 1
1(𝑡) ↔ 𝑒 𝑒 −𝑎𝑡 ↔
𝑠 𝑠+𝑎

Podemos tirar o mínimo da expressão (4) de V0(s):

𝐴 𝐵 𝐴(𝑠 + 11,5) + 𝐵𝑠 𝑠(𝐴 + 𝐵) + 11,5𝐴


𝑉0 (𝑠) = + = = (5)
𝑠 𝑠 + 11,5 𝑠(𝑠 + 11,5) 𝑠(𝑠 + 11,5)

Comparando os numeradores de (3) e (5), são calculados os valores de A e B. Assim:

𝐴+𝐵 =0
{
11,5𝐴 = 500

Daí:

500
𝐴= = 43,48 𝑒 𝐵 = −43,48
11,5

Logo:

43,48 43,48
𝑉0 (𝑠) = −
𝑠 𝑠 + 11,5

Finalmente, aplicando a transformada inversa, a função V0(t) será igual a:

𝑉𝑜 (𝑡) = 43,48[1(𝑡) − 𝑒 −11,5𝑡 ] [V]

Observação: Podemos obter a resposta de uma tensão ou corrente no tempo também


utilizando o programa OCTAVE®. Este resultado pode ser obtido partindo de V0(s):

1000
𝑉0 (𝑠) =
𝑠(2𝑠 + 23)

163
,

Neste caso devemos utilizar o pacote Symbolic do OCTAVE® e os comandos


relacionados a seguir.

Observação: Este mesmo exercício pode ser resolvido através das leis de Kirchhoff. É
importante entender que o conceito de impedância, visto anteriormente nos blocos 4
e 5, podem ser estendidos quando analisamos o circuito com a transformada de
Laplace. Entendido isso, resolver um problema de transitório em um circuito elétrico
com resistores, capacitores e indutores é equivalente ao que foi feito no bloco 2, em
que ao invés de resistências e condutâncias, se trabalha com o conceito de impedância
e admitância. A generalização de redes complexas utilizando a análise matricial das leis
de Kirchhoff também é válida aqui.

Redes estacionárias

Verificamos, ao analisar os circuitos em CA, que existe um momento, a partir de t=0s,


em que os valores elétricos do circuito alteram dependendo da reatância indutiva e
capacitiva (regime transitório ou transiente), até um momento em que o circuito entra
em um valor denominado regime estacionário ou permanente, onde a sua resposta,
como já foi vista antes, é uma resposta senoidal permanente.
164
,

Se analisarmos em corrente contínua, quando em regime permanente, o capacitor


estará totalmente carregado, possuindo uma tensão em seus terminais e corrente
nula, equiparando-se à uma chave aberta. O indutor, ao contrário, terá uma corrente
passando entre seus polos livremente e uma diferença de potencial nula, equiparando-
-se a um curto-circuito.

Entende-se, então, o conceito de Redes Elétricas Estacionárias, como circuitos elétricos


em corrente alternada. Portanto, a análise dessas redes equivale à feita nos blocos 4 e
5, isto é, com fasores, impedâncias complexas etc.

Redes magneticamente acopladas: Indutância mútua

A transmissão, a distribuição e o consumo da energia elétrica gerada não seriam


possíveis se o magnetismo não fosse adicionado à teoria da eletricidade. Assim,
buscaremos compreender um pouco sobre os transformadores, redes
magneticamente acopladas, por meio de uma indutância mútua.

Segundo a lei de Faraday, a tensão induzida em uma bobina é proporcional à taxa de


variação do fluxo magnético e número de espiras nesta bobina.

165
,

Figura 6.21 – Transformador usando o magnetismo

Fonte: Kaur; Kaur, 2020, p. 2.

Frequentemente o fluxo magnético na área abrangida por um circuito varia com o


tempo, pois a corrente varia com o tempo. Isto induz uma tensão num processo
conhecido como indução mútua, chamada assim por depender da interação entre dois
circuitos.

𝑁𝑠 𝛷𝑝𝑠
𝑀𝑝𝑠 =
𝐼𝑝

𝑑𝐼𝑝
𝑉𝑠 = −𝑀𝑝𝑠
𝑑𝑡

Assim, pode-se obter os valores das grandezas elétricas, uma vez que analisando as
malhas do primário e secundário, podemos concluir que:

𝑑𝐼𝑝 𝑑𝐼𝑠
𝑉𝑝 = 𝐿𝑝 − 𝑀𝑠𝑝
𝑑𝑡 𝑑𝑡

𝑑𝐼𝑠 𝑑𝐼𝑝
𝑉𝑠 = −𝐿𝑠 − 𝑀𝑝𝑠
𝑑𝑡 𝑑𝑡

166
,

Conclusão
Neste último bloco, foi possível conhecer os regimes transientes e estacionários dos
circuitos elétricos. Vimos que, ao analisarmos um circuito no transitório, existe a
necessidade de aplicarmos a Transformada de Laplace. Em seguida, verificamos a
resposta em frequência de circuitos RC e RL, inclusive com aplicação e interpretação
dos diagramas de Bode. Finalmente, avaliamos os conceitos de redes estacionárias e
de indutância mútua.

REFERÊNCIAS
BOYLESTAD, R. L. Introdução à Análise de Circuitos Elétricos. 12ª Ed., São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2012. (e-book Pearson).

KAUR, S; KAUR, D. “3-D Comparative Analysis of 3-phase Transformer core Using CRGO
Silicon Steel, Amorphous and FINEMET for Low Losses using ANSYS”. IOP Conf. Ser.:
Mater. Sci. Eng. 872, 2020. Disponível em: <https://bit.ly/38hs4cF>. Acesso em: 14
dez. 2020.

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES

ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. N. O. Fundamentos de circuitos elétricos. 5ª ed., Porto


Alegre: AMGH, 2013. (e-book Minha Biblioteca).

DORF. R. C. Introdução aos Circuitos Elétricos. 8ª Ed. Editora LTC. Rio de Janeiro, 2012.

IRWIN, J. D.; NELMS, R. M. Análise básica de circuitos para engenharia. 10ª Ed., Rio de
Janeiro: LTC, 2013. (e-book Minha Biblioteca).

MARIOTTO, P. A. Análise de circuitos elétricos. São Paulo: Prentice Hall, 2003. (e-book
Pearson).

167

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