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Márcio Luís de Souza

Elton Santos Simões


Diego de Souza Almeida

CONDUTORES ELÉTRICOS

Instituto Tecnológico de Caratinga

Caratinga 2014
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Márcio Luís de Souza


Elton Santos Simões
Diego de Souza Almeida

CONDUTORES ELÉTRICOS

Trabalho apresentado ao curso de Engenharia


Elétrica como requisito parcial à obtenção de
créditos na disciplina de Materiais Elétricos.

Orientador: Hudson de Matos Batista.

Instituto Tecnológico de Caratinga

Caratinga 2014
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Sumário

1. DEFINIÇÃO................................................................................................................. 04
2. METAIS USADOS EM CONDUTORES ELÉTRICOS............................................. 05
3. CONDUTIVIDADE E RESISTIVIDADE................................................................... 07
4. FLEXIBILIDADE DOS CONDUTORES ELÉTRICOS............................................. 11
5. CONEXÕES.................................................................................................................11
6. RESISTÊNCIA À CHAMA.........................................................................................12
7. CONSTITUIÇÃO DOS CONDUTORES ELÉTRICOS E CABOS DE
ENERGIA.....................................................................................................................13
7.1.1. Alma Condutora........................................................................................... 13
7.1.2. Camada Isolante........................................................................................... 14
8. CÓDIGO DE CORES...................................................................................................15
9. MATERIAIS ISOLANTES.......................................................................................... 16
9.1. Isolações poliméricas............................................................................................. 16
9.1.1. Materiais poliméricos empregados nas terminações.................................. 16
9.1.1.1. Polietileno.........................................................................................16
9.1.1.2. Borracha de silicone.........................................................................17
9.2. Isolações termoplásticas......................................................................................... 17
9.3. Isolações termoplásticas a frio.............................................................................. 17
9.4. Isolação termofixa................................................................................................. 18
9.5. O Fenômeno de “Walter Treeing”........................................................................ 18
9.6. Processo de reticulação de isolantes.......................................................................19
9.7. Determinação da espessura de isolação..................................................................20
9.8. Dimensionamento dos cabos em função da isolação..............................................21
9.8.1. A tensão elétrica...........................................................................................21
9.8.2. A corrente elétrica........................................................................................22
9.9. Cobertura dos condutores elétricos.........................................................................22
9.9.1. Capas metálicas.............................................................................................23
9.9.1.1. Écran metálico...................................................................................24
9.9.1.2. Armadura metálica............................................................................24
10. CRITÉRIOS PARA A SELEÇÃO DA SELEÇÃO DA
SEÇÃO DOS CONDUTORES....................................................................................24
11. DADOS BÁSICOS PARA ESPECIFICAÇÃO E PROJETO.......................................25
12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................27
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1. DEFINIÇÃO

No contexto da física e da engenharia, os condutores elétricos são materiais nos quais as


cargas elétricas se deslocam de forma relativamente livre. Segundo Teixeira Júnior (2004), os
cabos de energia são caracterizados por quatro elementos básicos, sendo eles:

 O condutor
 O sistema dielétrico
 A blindagem metálica
 A proteção externa

Segundo Pazzini (s.d.), os condutores elétricos, representados na figura 1, constituem os


principais componentes das linhas elétricas, devido à sua necessidade para conduzirem
eletricidade até as cargas elétricas. “Define-se condutor elétrico como sendo o produto
metálico, geralmente de forma cilíndrica, utilizado para transportar energia elétrica ou
transmitir sinais elétricos” (PAZZINI, s.d., p. 8).
5

Figura 1: Modelos de condutores (cabos de energia).

Fonte: SANTOS (2005).

Sabe-se que atualmente, o uso da eletricidade pelos variados setores da sociedade é


extremamente elevado. Sendo que a quantidade de energia elétrica utilizada em tais setores
exige meios e equipamentos seguros e eficientes para “transportar” essa quantidade de
energia.
Conforme afirmam Cavalin; Cervelin (2009), nas instalações elétricas em geral os
condutores são insubstituíveis na função de transportar a energia elétrica necessária ao bom
funcionamento de todos os equipamentos e sistemas presentes nas unidades consumidoras. No
entanto, tais condutores devem ser de excelente qualidade e que sejam corretamente utilizados
de acordo com a finalidade a qual se destinam.

2. METAIS USADOS EM CONDUTORES ELÉTRICOS

De acordo com Teixeira Júnior (2004), os materiais normalmente utilizados como


condutores elétricos são o cobre e o alumínio. Embora também sejam utilizados
principalmente na indústria da eletrônica, o chumbo, bronze, a platina, o latão, a prata e o
mercúrio, pois estes metais também possuem uma considerável condutividade elétrica.
Alguns possuem maior diversidade de utilização devido às suas utilidades na indústria da
eletrônica, alguns não são usados com abundância devido às questões de disponibilidade do
material e a fatores econômicos.
6

Os condutores de cobre têm o seu uso mais generalizado, devido às suas altas e
superiores características mecânicas e elétricas. Principalmente para o seu uso em fios e cabos
isolados para baixa tensão, onde há os requisitos de facilidade e segurança para as conexões.
Para a utilização no setor de transmissão, ilustrado na figura 2, e distribuição aérea de
energia, o alumínio é geralmente utilizado principalmente devido à sua baixa densidade e seu
menor custo de mercado.
Conforme afirmam Cavalin; Cervelin (2009), a utilização do cobre em larga escala se
deve ao fato dele apresentar as propriedades e características que lhe garantem uma posição
de destaque entre os metais condutores, dentre as quais se podem citar1:

 densidade (8,95 g/cm3).


 ponto de fusão de 1.083°C.
 ponto de ebulição de 2.595°C.

Figura 2: Sistema tradicional de transmissão de energia elétrica.

Foto: Márcio Luís de Souza.

 condutividade em ambientes sem oxigênio: 61m/W.mm².


 condutividade do cobre eletrolítico (utilizado em escala comercial): 58m/W.mm².
 pureza mínima do cobre eletrolítico (refinado por eletrólise): 99,9%.
 possui cor avermelhada.
 permite fácil soldagem.

1
CAVALIN; CERVELIN, 2009, p. 223.
7

 baixa resistividade (r) (fundido: 0,0169 W.mm²/m; laminado e recozido: 0,0179


W.mm²/m; encruado: 0,0182 W.mm²/m), sendo inferior apenas à prata (0,0162
W.mm²/m), que em função do preço não permite sua utilização em escala comercial.
 exposto ao ar, o cobre reage superficialmente, formando uma fina camada de óxido
que protegerá de novas oxidações; se a exposição for longa, forma-se uma pátina
verde de sulfato básico.
 baixa oxidação para a maioria das aplicações.

O alumínio é muito utilizado devido a ser extremamente maleável e dúctil. Segundo


Cavalin; Cervelin (2009), pelo fato de o alumínio ser o metal mais abundante na crosta
terrestre, na escala de utilização encontra-se em segundo lugar tanto na indústria como na área
elétrica2.
Apresenta-se a seguir algumas características desse material.3
 densidade (2,7 g/cm3).
 ponto de fusão: 660,2°C.
 ponto de ebulição 2.467°C.
 condutividade (recozido): 38,2 m/W.mm².
 condutividade (encruado): 33,9 m/W.mm².
 condutividade mínima de acordo com o padrão IACS: 61%.
 resistência à tração (recozido): 3,5 a 6kgf/mm².
 resistência à tração (encruado): 11 a 13kgf/mm².
 resistividade (r) do alumínio a 20°C (recozido): 0,0262W.mm²/m.
 resistividade (r) do alumínio a 20°C (encruado): 0,0295W.mm²/m.

Os fios podem ser usados como condutores elétricos nus ou isolados, ou podem ser
produtos semiacabados destinados à fabricação de cabos.
Em função de suas propriedades elétricas, térmicas, mecânicas e custos, o cobre e o
alumínio são os metais mais utilizados desde os primórdios da indústria de fabricação de fios
e cabos elétricos. A prática leva a observar que, quase sempre, as linhas aéreas são
construídas em alumínio e as instalações internas são com condutores de cobre. De acordo
com a norma de instalações elétricas de baixa tensão, a NBR 5410, é proibido o uso de
alumínio em instalações residenciais.

2
(Indústria: 1º lugar - ferro e aço; e na área elétrica: 1º lugar - cobre).
3
Segundo CAVALIN; CERVELIN, 2009, p. 224.
8

As três principais diferenças entre o cobre e o alumínio são: condutividade elétrica, peso e
conexões.

3. CONDUTIVIDADE ELÉTRICA E RESISTIVIDADE

Os metais são elementos químicos que formam sólidos opacos, lustrosos, bons condutores
de eletricidade e calor e, quando polidos, bons refletores de luz. A maioria dos metais é forte,
dúctil, maleável e, em geral, de alta densidade, esses fatores juntos conferem aos metais como
o cobre e o alumínio as características de bons condutores elétricos.
Condutividade elétrica será demonstrada pelo seu símbolo ( ), essa característica é usada
para especificar o caráter elétrico de um material. Ela é simplesmente o recíproco
da resistividade, ou seja, inversamente proporcionais e é indicativa da facilidade com a qual
um material é capaz de conduzir uma corrente elétrica. A unidade é a recíproca de ohm-metro,
isto é, [(Ω-m)]. As seguintes discussões sobre propriedades elétricas usam tanto a
resistividade quanto a condutividade.

Equação 1: Condutividade elétrica.

Sendo: σ a condutividade elétrica

ρ a resistividade elétrica

Dessa forma pode-se dizer que a condutividade é o inverso do valor da resistividade


elétrica do material. Ou seja, quanto maior a resistividade, menor será a condutividade. É o
que mostrou a equação 1.
Segundo Kítor (2014), os materiais são classificados como condutores quando a sua
condutividade é maior que 104/Ω.m, semicondutores se sua condutividade estiver no intervalo
entre 10-10/Ω.m e 104/Ω.m e isolantes se sua condutividade for menor que 10-10/Ω.m.
Os metais geralmente possuem ótima condutividade, na faixa de 107/Ω.m. Estes são os
mais utilizados para as linhas de transmissão de energia elétrica, pois propiciam um menor
desperdício. Devido a sua alta condutividade, há menos perdas por aquecimento da rede
9

elétrica. A prata é ótimo condutor, mas o cobre é o mais aplicado pela melhor relação
custo/benefício.
O fenômeno da supercondutividade é observado em alguns materiais e algumas ligas.
Neste caso, a resistividade é nula, e a condutividade é infinita. Mas isto só é possível quando a
substância encontra-se a baixíssimas temperaturas, o que não permite seu funcionamento em
diversas áreas.
Ainda segundo Kítor (2014), durante o processo de condutividade elétrica, quando se
dá o deslocamento destas cargas ocorrem interações entre os elétrons e a cadeia de átomos.
Isto causa alguma resistência ao movimento destes elétrons conforme mostra a figura 3, esse
processo é descrito como resistividade elétrica apresentada pelo material condutor.

Figura 3: Representação de três elétrons em uma rede cristalina. Ao se mover pela rede de átomos, ocorre perturbação da
cadeia de átomos.

Fonte: KÍTOR (2014)

Esta resistência à passagem da corrente elétrica é devido à resistividade, que é uma


característica de cada material. Matematicamente, esta resistividade elétrica é dada por:

Equação 2: Resistividade elétrica.

ρ = R.S Sendo ρ a resistividade elétrica


L R a resistência elétrica
S a seção transversal
L o comprimento do material

Nota-se que a resistividade é proporcional à resistência elétrica R e a área de seção


transversal S do material e inversamente ao comprimento do material em questão. Ou seja,
quanto maior a resistência medida em um material, para uma dada área de seção transversal
10

reta e um determinado comprimento, maior será sua resistividade. O melhor condutor elétrico
conhecido é a prata4. Este metal, no entanto, é excessivamente caro para o uso em larga
escala. O cobre vem em segundo lugar na lista dos melhores condutores, sendo amplamente
usado na confecção de fios e cabos condutores. Logo após o cobre, encontramos o ouro que,
embora não seja tão bom condutor como os anteriores, devido à sua alta estabilidade química
(metal nobre) praticamente não oxida e resiste a ataques de diversos agentes químicos, sendo
assim empregado para banhar contatos elétricos. O alumínio, em quarto lugar, é três vezes
mais leve que o cobre, característica vantajosa para a instalação de cabos em linhas de longa
distância.
A resistência de um condutor ôhmico é devida às colisões entre as cargas de condução
e os átomos ou íons. As cargas de condução são aceleradas pela força eletrostática, mas
devido às colisões acabam por atingir uma velocidade média constante.
A resistência é determinada pela relação que existir entre a velocidade média atingida
e a diferença de potencial (por unidade de comprimento) que produz o movimento.
Os fatores que determinam o valor da resistência são: a natureza do material, o
tamanho do condutor e a temperatura.
Para estudar a influência do tamanho do condutor, consideremos dois cilindros
idênticos, de comprimento L e área transversal A, cada um com resistência R, ligados em
série ou em paralelo. A resistência do material é dada pela fórmula da equação 3, descrita
abaixo.

Equação 3 Resistência elétrica

Sendo
ρ a resistividade elétrica
R a resistência elétrica
A seção transversal
L o comprimento do material

A expressão empírica para a resistência de um condutor, em função da temperatura é:

4
À temperatura ambiente, 20°C.
11

Equação 4: Resistência de um condutor , em função da temperatura.

Onde:
é a resistência 20ºC
é o coeficiente de temperatura e
T é a temperatura em graus centígrados.

O coeficiente de temperatura é o mesmo para todos os condutores feitos do mesmo


material; cada material tem um coeficiente de temperatura próprio que é medido
experimentalmente.

4. FLEXIBILIDADE DOS CONDUTORES ELÉTRICOS

Um condutor elétrico pode ser constituído por uma quantidade variável de fios de
cobre, desde um único fio até centenas deles. Essa quantidade de fios determina a
flexibilidade do cabo. Quanto mais fios, mais flexível o condutor e vice-versa.
Para identificar corretamente o grau de flexibilidade de um condutor, é definida pelas
normas técnicas da ABNT a chamada classe de encordoamento. De acordo com essa
classificação apresentada pela NBR 6880, são estabelecidas seis classes de encordoamento,
numeradas de 1 a 6, seguindo uma ordem crescente de flexibilidade.
A norma define ainda, como caracterizar cada uma das classes, em função do número
de fios, diâmetro e resistência elétrica máxima.
A NBR 6880 estabelece valores de resistência elétrica máxima, número mínimo e
diâmetro máximo dos fios que compõem um dado condutor. Isso, na prática, resulta que
diferentes fabricantes possuam diferentes construções de condutores para uma mesma seção
nominal (por exemplo, 10mm²). A garantia de que o valor da resistência elétrica máxima não
seja ultrapassada está diretamente relacionada à qualidade e á pureza do cobre utilizado na
confecção do condutor.
Um condutor elétrico pode ser constituído por uma quantidade variável de fios, desde
um único fio até centenas deles. Essa quantidade de fios determina a flexibilidade do cabo.
Quanto mais fios, mais flexível o condutor e vice-versa. Para identificar corretamente o grau
de flexibilidade de um condutor, é definida pelas normas técnicas da ABNT na chamada
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classe de encordoamento. De acordo com essa classificação apresentada pela NBR 6880, são
estabelecidas seis classes de encordoamento, numeradas de 1 a 6.

5. CONEXÕES

Uma das diferenças mais marcantes entre cobre e alumínio está na forma como se
realizam as conexões entre condutores ou entre condutor e conector. O cobre não apresenta
requisitos especiais quanto ao assunto, sendo relativamente simples realizar as ligações dos
condutores de cobre. No entanto, o mesmo não ocorre com o alumínio. Quando exposta ao ar,
a superfície do alumínio é imediatamente recoberta por uma camada invisível de óxido, de
difícil remoção e altamente isolante.
Assim, em condições normais, se encostarmos um condutor de alumínio em outro, é
como se estivéssemos colocando em contato dois isolantes elétricos, ou seja, não haveria
contato elétrico entre eles. Nas conexões em alumínio, um bom contato somente será
conseguido se rompermos essa camada de óxido.
Essa função é obtida através da utilização de conectores apropriados que, com a
aplicação de pressão suficiente, rompem a camada de óxido. Além disso, quase sempre são
empregados compostos que inibe a formação de uma nova camada de óxido uma vez
removida a camada anterior.

6. RESISTÊNCIA À CHAMA

Um cabo elétrico pode apresentar um volume significativo de material combustível na


isolação, na cobertura5 e, eventualmente, em outros componentes. Assim, é importante que,
quando da ocorrência de um incêndio, os cabos não sejam agentes propagadores da chama,
colocando em perigo as pessoas e o patrimônio.
Com o objetivo de garantir que os cabos sejam resistentes à chama, eles são ensaiados
de modo a comprovar que uma chama não possa se propagar indevidamente pelo cabo,
mesmo em casos de exposições prolongadas ao fogo.
Para os cabos isolados em PVC, é previsto o ensaio de queima vertical (fogueira),
conforme a NBR 6812: trata-se de submeter um feixe de cabos de 3,5 m de comprimento à

5
Quando esta existir no cabo.
13

chama produzida por um queimador padrão, durante 40 minutos. Ao final da exposição, o


dano provocado pelo fogo deve estar limitado a certo comprimento da amostra ensaiada. Os
condutores isolados que superam o ensaio de queima vertical são designados por BWF e os
cabos unipolares ou multipolares são chamados de resistentes à chama.
14

7. CONSTITUIÇÃO DOS CONDUTORES ELÉTRICOS E CABOS DE ENERGIA

7.1 Alma Condutora

Caracteriza-se principalmente pela natureza do metal condutor, pela seção nominal e


pela sua composição, que condicionam a flexibilidade e a resistência ôhmica do condutor.
A natureza da alma condutora pode ser constituída de:
— cobre recozido, nu ou estanhado;
— alumínio, geralmente 3/4 duro;
— ligas de alumínio (resistência mecânica superior ao alumínio).
Em função da secção nominal e do grau de flexibilidade desejado a alma condutora
poderá ser:
— maciça, isto é, constituída por um único fio ou por vários sectores cabeados, sendo o
emprego da primeira solução limitado, normalmente, às secções inferiores;
— multifilar, isto é, constituída por diversos fios cabeados.
Numa alma condutora multifilar, os fios estão dispostos em hélice numa ou várias
camadas distintas, sendo o sentido de cabeamento alternado entre camadas sucessivas.
As secções das almas condutoras são, geralmente, circulares ou secatórias, conforme
mostrado na figura 4. Esta última disposição é usada, sobretudo nos cabos com 3 e 4
condutores, permitindo uma melhor ocupação do espaço destinado aos mesmos e,
consequentemente, uma diminuição das dimensões e peso do cabo. Ainda com este objetivo
as almas condutoras poderão ser compactadas.

Figura 4: Almas condutoras.

Fonte: Teixeira Júnior (2004)

Por outro lado, as almas condutoras com secção circular são constituídas por camadas
concêntricas. No entanto, no caso de secções grandes, a alma condutora poderá ser
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segmentada, isto é, composta por vários elementos cabeados, com forma sectorial, podendo
ser ligeiramente isolado entre eles. Esta constituição tem por objetivo, a redução do efeito
pelicular e de proximidade e, por consequência, a resistência ôhmica em corrente alternada,
permitindo um maior aproveitamento da secção útil.

7.2 Camada isolante

Os materiais isolantes devem corresponder aos materiais que apresentam os elétrons


de valência rigidamente ligados aos seus átomos. Entre os próprios elementos simples,
existem vários que apresentam os elétrons de valência rigidamente ligados aos átomos.
Entretanto, verifica-se que se consegue uma resistividade muito maior com
substâncias compostas, como é o caso da borracha, mica, teflon, baquelite etc. (é mais ou
menos intuitivo que os átomos se combinam, formando estruturas complexas, os elétrons
ficam mais fortemente ligados a estas estruturas). Cabe aqui fazer uma distinção entre os
termos isolação e isolamento . O primeiro exprime a parte qualitativa do material empregado,
como por exemplo, a expressão: isolação em polietileno reticulado. O segundo termo tem um
sentido quantitativo, como por exemplo, quando se diz: cabo com isolamento para 750 V.

Figura 5: Condutores elétricos e camadas isolantes.

Fonte: <www.santoscrb.com>. Acesso em 08 jun. 2014.


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8. CÓDIGO DE CORES

O código de cores, o qual deve ser rigidamente obedecido em novas instalações, é


prescrito pelas normas, tanto ABNT como ISO IECC, ANSI, e outras, para instalações de
equipamentos de telecomunicações ou informática, como segue:
 Fase - Vermelho (Vm)
 Neutro - Azul (Az) (preferencialmente claro)
 Terra - Verde (Vd)
Para instalações residenciais podem-se utilizar outras cores, porém mantendo cada
condutor com sua finalidade, como:
 Fase - Vermelho (Vm), Preto (Pr), ou ainda o Cinza (Cz)
 Neutro - Azul (Az), ou ainda o Branco (Br)
 Terra - Verde (Vd), ou ainda o Amarelo (Am)
A utilização mais comum dos condutores é:
 O fio 10,0mm2 é mais utilizado para redes de forma geral.
 O fio 8,0mm2 não é mais fabricado.
 O fio 6,0mm2 é utilizado para redes, subredes, chuveiro elétrico etc.
O fio 4,0mm2 é utilizado para subredes de pequeno porte, e distribuição em circuitos
ramificados a partir de um condutor maior.
O fio 2,5mm2 é utilizado para ligação de tomadas, ramificados a partir de uma
subredes ou rede. Sendo que o fio 1,5mm2 é utilizado apenas para ligação de lâmpadas.

Figura 6: Ilustração de modelos de cores.

Fonte: Santos (2005)


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9. MATERIAS ISOLANTES

9.1 Isolações poliméricas

As técnicas de construção dos acessórios dos sistemas de distribuição de energia


elétrica têm avançado nos últimos anos e vêm utilizando cada vez mais os materiais
poliméricos, principalmente nas etapas de processos de matérias-primas e produtos acabados.
Atualmente os polímeros estão sendo utilizados em um grande número de aplicações de uso
geral e de engenharia. Em muitas destas aplicações os polímeros estão cada vez mais
substituindo outras classes de materiais que eram tradicionalmente empregadas, como
cerâmica e metais. Essa substituição é normalmente baseada no conjunto de propriedades e
características apresentadas pelos polímeros. Os mecanismos de degradação de materiais
poliméricos são muitos, mas normalmente são divididos em estresses elétricos, térmicos,
mecânicos e ambientais. Eles devem ser considerados em conjunto, pois os estresses
normalmente agem ao mesmo tempo e variam de acordo com o tipo de polímero e adição de
compósitos, tensão aplicada e fatores ambientais, como chuva, poluição e umidade.

9.1.1 Materiais poliméricos empregados nas terminações

Os principais materiais utilizados na confecção das terminações poliméricas são os são


os copolímeros de poliolefina, cujo material base é o polietileno e a borracha de silicone. A
seguir serão descritas as características e propriedades destes polímeros.

9.1.1.1 Polietileno

O polietileno é um polímero termoplásticas da polimerização e pertence à série dos


compostos chamados poliolefina. Suas propriedades básicas são controladas pela estrutura,
tamanho e uniformidade das moléculas. O polietileno é formado pelo gás etileno quando este
é polimerizado por reação em cadeia, a temperatura e pressão elevadas e em presença de
pequenas quantidades de oxigênio gasoso.
18

9.1.1.2 Borracha de silicone

A borracha de silicone é classificada como um elastômero orgânico-inorgânico obtido


através da polimerização de siloxanos orgânicos. As borrachas de silicone foram
primeiramente desenvolvidas em 1943 e são empregadas em dispositivos que necessitem de
uma boa estabilidade térmica.

9.2 Isolações Termoplásticas

Os termoplásticos podem ser classificados com base em diversos critérios: grau de


cristalinidade, método de polimerização ou mesmo com base no seu custo para a indústria
transformadora. Seguindo este último critério, é frequente classificar os termoplásticos em
dois grandes grupos: os de baixo custo e elevado consumo (termoplásticos comerciais) e os de
elevado custo e baixo consumo, mais especializados e dispendiosos (plásticos de engenharia).
Por sua vez, é frequente agrupar os termoplásticos comerciais em três grandes grupos:
poliolefina, plásticos estirenos e plásticos de cloreto de vinilo.
Atualmente, as terminações constituídas de material termo contrátil, têm sido
utilizadas com muito sucesso, em substituição às tradicionais muflas de porcelana. As muflas
termo contráteis apresentam boa estabilidade térmica, com temperatura de fusão na ordem de
50 a 100ºC. São constituídas na grande maioria de copolímeros de poliolefina. Essas
terminações apresentam também aditivos em sua constituição, como antioxidantes,
estabilizantes contra raios ultravioletas, plastificantes, pigmentos, agentes de cura, retardantes
de chamas e catalisadores. Um aditivo frequentemente usado para a resistência ao trilhamento
elétrico e erosão é o hidróxido de alumínio, Al (OH)3. Este aditivo trabalha na decomposição
térmica e é consumido durante o aquecimento superficial. Uma terminação termo contrátil é
constituída de um tubo de alívio de campo, feita de um material semicondutor com alta
rigidez dielétrica, um tubo isolante termo contrátil e as saias, que possuem a função de
aumentar a distância de escoamento da corrente de fuga.

9.3 Terminações plásticas a frio

As terminações contráteis a frio são terminações feitas geralmente de compostos


elastosméricos de borracha de silicone. A flexibilidade do silicone facilita os processos de
montagem, podendo ser usadas em diferentes seções transversais de condutores.
19

9.4 Isolações termofixas

Alguns dos principais termoendurecíveis são os polímeros baseados no formaldeído,


os poliuretanos e os silicones. Os plásticos baseados no fenol-formaldeído foram os primeiros
a ser produzidos completamente por via sintética, em 1907, pelo químico Baekeland. Os
plásticos fenólicos são materiais duros e resistentes ao calor. Os poliuretanos (PU) empregam-
se, principalmente, como espumas, revestimentos e adesivos.
As espumas podem ser flexíveis ou rígidas, dependendo do seu grau de reticularão. As
espumas de poliuretano são comercializadas numa ampla gama de densidades, promovem um
bom isolamento acústico e térmico e apresentam boas propriedades mecânicas. Os
poliuretanos utilizados em revestimentos e adesivos apresentam estruturas diversificadas, que
vão desde estruturas lineares simples, até estruturas reticuladas muito complexas. As espumas
de poliuretano são amplamente utilizadas em colchoaria (sofás e bancos de automóveis) e os
revestimentos de PU constituem uma excelente alternativa à pele natural.

9.5 O Fenômeno de “Water Treeing”

O fenômeno recebe o nome de arborescência devido ao formato geométrico das


ramificações geradas pelo campo elétrico aplicado em formas de árvores e pode ser dividido
em duas naturezas: arborescências úmidas (water tree) e arborescências elétricas (electrical
tree).
As arborescências úmidas degradam a isolação dos cabos reduzindo a sua rigidez
dielétrica. Surgem devido à ação da umidade e do campo elétrico, tendo como consequência a
difusão de moléculas de água na estrutura do material isolante do cabo. Com a entrada de
água na isolação começam a surgir lentamente canais micrométricos que crescem na mesma
direção do campo elétrico e são compostos por um eixo principal e suas ramificações. O seu
crescimento ocorre sem apresentar descargas detectáveis, e pode surgir devido a problemas
causados durante a fabricação do cabo, como vazios ou imperfeições, no qual o campo
elétrico não é homogêneo.
Levando em conta que as arborescências são um meio dielétrico de maior
permissividade que o meio que está em volta, o seu surgimento modifica a distribuição do
campo elétrico local, fazendo com que aumente no ponto do defeito produzindo a ruptura
dielétrica pontual, ocasionando o crescimento do defeito no isolamento polimérico. Ainda
20

quanto maior o teor de água infiltrada no isolamento maior será a permissividade, levando ao
aumento do risco da ocorrência da ruptura dielétrica, uma vez que ela é diretamente
proporcional ao teor de água na isolação.
As arborescências úmidas são classificadas em dois tipos: as “bow tie tree” e as
“vented tree”. As “bow tie tree” possuem a forma de uma gravata, aparecem devido às
impurezas contidas no XLPE enquanto as “ventes tree”, são provenientes da umidade do meio
ambiente. O crescimento das “bow tie tree” ocorre no interior da isolação do cabo a partir das
impurezas encontradas no XLPE e crescem a partir de um ponto central e em sentidos opostos
seguindo a coordenada radial. O crescimento da “vented tree” ocorre a partir da fronteira do
XLPE e das camadas semicondutora interna e externa, fazendo com que a água penetre na
isolação a partir da ação do campo elétrico e são mais nocivas que a “bow tie tree”.

9.6 Processos de reticulação de isolantes

A reticulação polimérica é um processo que ocorre quando cadeias


poliméricas lineares ou ramificadas são interligadas por ligações covalentes, um processo
conhecido como crosslinking ou ligação cruzada, ou seja, ligações entre moléculas lineares
produzindo polímeros tridimensionais com alta massa molar. Com o aumento da reticulação,
a estrutura se torna mais rígida. A vulcanização da borracha é um exemplo de ligação cruzada.
Por causa da ligação cruzada, a cadeia polimérica perde a sua fluidez e, como resultado, deixa
de ser moldada. Tais polímeros são denominados de termorrígidos. O aumento do peso
molecular faz com que esses polímeros sejam insolúveis em água e solúveis em solventes
orgânicos. Um polímero termorrígido pode ser considerado uma macromolécula devido a rede
formada pela interligação das cadeias poliméricas.
O processo de reticulação pode ser feito irradiando-se polímeros com consequente
aumento do peso molecular, podendo formar uma rede tridimensional insolúvel. A reticulação
é a reação predominante na irradiação de poliestireno, polietileno, borrachas naturais e
sintéticas, entre outros. Apresenta efeito benéfico nas propriedades mecânicas de alguns
polímeros e é executada comercialmente para produzir polietileno com estabilidade
aumentada e resistência a escorrer em altas temperaturas, por exemplo. A radiação ionizante,
ao interagir com polímeros, transfere energia aos átomos da cadeia polimérica, provocando
modificações permanentes na sua estrutura físico-química.
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Tais modificações podem resultar na reticulação ou na cisão das cadeias poliméricas,


que são processos simultâneos e concorrentes, e cuja preponderância de um ou outro depende
principalmente da dose de radiação com que foi tratado o material. Uma parte das interações
da radiação com o material polimérico pode também resultar diretamente em transferência de
energia, que não é suficiente para causar ionização, mas resulta diretamente em um estado
eletronicamente excitado. Estas moléculas que se encontram no estado excitado decaem para
o estado fundamental emitindo fosforescência e fluorescência ou por meio de reações
químicas, por quebra heterolítica da ligação produzindo íons, ou por quebra homolítica de
ligações, favorecendo a formação de radicais, onde ocorrerá o processo de reticulação. O grau
de reticulação é proporcional à dose absorvida, sendo independente da intensidade da
radiação.
Além da irradiação, agentes reticulantes como o glutaraldeído podem ser utilizados.
Este agente bifuncional é extensamente utilizado em imobilização e reticulação de proteínas
através de seus grupos aminas residuais, que é um método simples, barato e conveniente para
ligantes sensíveis a pH alcalino. A reticulação normalmente é obtida utilizando-se um excesso
do agente bifuncional que proverá a superfície da matriz grupos diferentes dos grupos iniciais
da mesma. A ligação covalente entre o tais grupos e o grupo aldeído terminal do glutaraldeído
é irreversível e resiste a extremos de pH e temperatura.
Sem atingir o nível das do polietileno, as características elétricas do PEX são, no geral,
boa e permissividade dielétrica com valores baixos; rigidez dielétrica relativamente elevada.
As vantagens decorrentes da reticulação do polietileno são, principalmente, uma melhor
estabilidade térmica e melhores características mecânicas.
Assim, a utilização deste material permite admitir temperaturas máximas da alma
condutora de 90ºC, em regime permanente, de 110ºC a 130ºC (conforme as normas que são
consideradas) em regime de sobre carga e de 250ºC em regime de curto-circuito. É utilizado,
essencialmente como isolante, nas gamas de baixa, média e alta tensão.

9.7 Determinação da espessura de isolação

Com o aumento da degradação no cabo, a corrente de perdas também tende a


aumentar e com isso a resistência do isolamento do cabo diminui. A medida da resistência do
isolamento pode ser utilizada como um indicativo do grau em que a isolação se encontra. Ao
apresentar um valor abaixo dos valores mínimos estabelecidos, este método indica que o
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isolamento está com suas propriedades dielétricas comprometidas. Esse método é


considerado on–line, o que facilita o seu uso em regiões onde não é possível desligar a rede,
mas é um teste que leva muito tempo para ser realizado porque as medidas devem ser
realizadas uma de cada vez.

9.8 O Dimensionamento dos Cabos em Função da Isolação

A função básica da isolação é confinar o campo elétrico gerado pela tensão aplicada ao
condutor no seu interior. Com isso, é reduzido ou eliminado o risco de choques elétricos e
curtos-circuitos.
Podemos comparar a camada isolante de um cabo com a parede de um tubo de água.
No caso do tubo, a parede impede que a água saia de seu interior e molhe a área ao seu redor.
Da mesma forma, a camada isolante mantém as linhas de campo elétrico (geradas pela tensão
aplicada) “presas” sob ela, impedindo que as mesmas estejam presentes no ambiente ao redor
do cabo.
No caso do tubo, não pode haver nenhum dano à sua parede, tais como furos e trincas,
sob pena de haver vazamento de água. Da mesma forma, não pode haver furos, trincas,
rachaduras ou qualquer outro dano à isolação, uma vez que isso poderia significar um
“vazamento” de linhas de campo elétrico, com subsequente aumento na corrente de fuga do
cabo, o que provocaria aumento no risco de choques, curtos-circuitos e até incêndios.
As duas principais solicitações a que a camada da isolação está sujeita são o campo
elétrico (tensão) e a temperatura (corrente).

9.8.1 A Tensão Elétrica

Em relação à tensão elétrica, como vimos anteriormente, o PVC está limitado a 6 kV,
o que o torna recomendado para emprego em cabos de baixa tensão, seja de potência, de
controle, de sinal ou para ligação de equipamentos.
A principal característica construtiva dos cabos associada com a tensão elétrica é a
espessura da isolação. Ela varia de acordo com a classe de tensão do cabo e da qualidade do
material utilizado e é fixada pelas respectivas normas técnicas aplicáveis. Em geral, quanto
maior a tensão elétrica de operação do cabo, maior a espessura da isolação.
23

9.8.2 A Corrente Elétrica

É sabido que todo condutor elétrico percorrido por uma corrente aquece. E também é
sabido que todos os materiais suportam, no máximo, determinados valores de temperatura,
acima dos quais eles começam a perder suas propriedades físicas, químicas, mecânicas,
elétricas etc.
Desse modo, a cada tipo de material de isolação correspondem três temperaturas
características que são:
 Temperatura em Regime Permanente
É a maior temperatura que a isolação pode atingir continuamente em serviço normal. É
a principal característica na determinação da capacidade de condução de corrente de um cabo.
 Temperatura em Regime de Sobrecarga
É a temperatura máxima que a isolação pode atingir em regime de sobrecarga.
Segundo as normas de fabricação, a duração desse regime não deve superar 100 horas durante
doze meses consecutivos, nem superar 500 horas durante a vida do cabo. E sua resistência a
agentes químicos em geral e a água é consideravelmente boa;
 Temperatura em Regime de Curto-circuito
É a temperatura máxima que a isolação pode atingir em regime de curto-circuito.
Segundo as normas de fabricação, a duração desse regime não deve superar 5 segundos
durante a vida do cabo.
A tabela 1 indica as temperaturas características das isolações em PVC e EPR.

Tabela 1: Tabela com as temperaturas características das isolações em PVC e EPR.

Temperatura em Regime Temperatura em Temperatura em curto-


(°C) Sobrecarga (°C) circuito (ºC)

70 100 160

Fonte: SANTOS (2005)

9.9 Cobertura dos condutores elétricos

Além da isolação, os condutores podem ter em sua composição um fino revestimento


de metal ou liga para evitar corrosão do metal e até mesmo a degradação pela presença de
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atmosfera agressiva no ambiente da instalação. O fio estanhado, por exemplo, possui essa
característica.
A cobertura pode ser composta dos mesmos materiais usados na isolação, sendo que o
mais utilizado é o PVC, mas não possui a mesma composição do polímero usado na isolação,
pois não tem função isolante, mas sim de resistência mecânica e/ou química. Também podem
ser usados na cobertura o neoprene e o hypalon, que são geralmente aplicados em cabos para
instalações que exigem desempenhos mecânico e/ou químico específicos, como plataformas
de petróleo.
Em baixa tensão, para aplicações específicas, os condutores ainda podem receber uma
blindagem para proteger o ambiente em que o cabo está instalado contra os “ruídos elétricos”
que o circuito pode gerar ou proteger as veias do cabo contra os “ruídos” existentes no local.
Geralmente são usados materiais metálicos com baixa resistência elétrica, como fitas de
cobre, de alumínio poliéster e tranças de fios de cobre. Os condutores comumente blindados
são aqueles para controle e instrumentação.
Para cabos de média tensão, a blindagem é obrigatória. “A função da blindagem é
fazer com que o cabo se comporte como se fosse um condutor sólido e o campo elétrico fique
confinado no interior do cabo, pois não é possível fazer um condutor solido para média
tensão”, acrescenta Carlos Finck, da Wirex Cable.

9.10 Capas metálicas

Pela sua localização e função, distinguem-se os seguintes dois tipos de revestimentos


metálicos:

I. Écran metálico sobre a camada isolante ou sobre o semicondutor exterior, nos


caos em que este exista;
II. Armadura metálica.

Se o écran tem uma função essencialmente elétrica, a armadura tem uma função
essencialmente mecânica (raramente a armadura desempenha simultaneamente as duas
funções). Seguidamente, serão caracterizados, com mais detalhe, aqueles tipos de
revestimentos.
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9.10.1 Écran Metálico

É realizado em cobre ou alumínio, consistindo num conjunto de fios ou fitas, que são
aplicados helicoidalmente (em hélice), de modo a que nenhum espaço livre seja visível.
Eventualmente pode constituir-se como uma bainha (bainha: revestimento formando um tubo
de matéria contínua). É geralmente ligado à terra.
Permite assegurar o escoamento das correntes capacitivas, bem como das correntes de
curto-circuito – concretamente da componente homopolar da corrente de curto-circuito fase-
terra. Protege contra as perturbações eletromagnéticas no caso de cabos de telecomunicações.
Garante a proteção das pessoas, em caso de perfuração do cabo por um corpo condutor
exterior, já que este é colocado ao potencial da terra (admitindo que o écran está ligado à
terra).

9.10.2 Armadura Metálica

Assegura a proteção mecânica do cabo, quando este está submetido a importantes


esforços transversais (compressão ou choques) ou longitudinais (tração).
Pode, eventualmente, ser utilizada com a função de écran metálico, desde que sejam
tomadas certas disposições no plano elétrico.
Os principais tipos de armaduras usados em cabos multipolares são os seguintes:

I. Armadura em dupla fita de aço, aplicada helicoidalmente;


II. Armadura em fios de aço aplicados helicoidalmente;
III. Armadura em trança de fios de aço (fios cruzados) a usar em aplicações em que
se exige particular flexibilidade.

10. CRITÉRIOS PARA A SELEÇÃO DA SEÇÃO DOS CONDUTORES

Em uma análise a seção dos condutores de um sistema de cabos de energia e de


mencionada com base em um dos seguintes critérios:
• capacidade de condução de corrente
• limite de queda de tensão
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• capacidade de curto-circuito
• dimensionamento econômico

A capacidade de condução decorrente limitada pela máxima temperatura alteração


permissível pela isolação em regime permanente ou em regime de emergência para sistema
que tenha que operar sob contingência.
No casa de sistema primários de média tensão para as extensões usuais das instalações
a queda de tensão em geral resulta bem menor do que os limites admissíveis. No entanto para
efeito de cálculo o seu valor deve ser limitado a 7%.
O critério da capacidade de curto circuito é geralmente predominante para o caso do
suprimento de energia a pequenas cargas em média tensão em sistema com alto nível de curto
circuito.
Além dos critérios convencionais mencionados anteriormente cada vez mais se torna
necessário o uso do critério econômico para desenvolvimento eficaz dos cabos de potência.
O critério econômico leva em consideração o curso das perdas de energia ao longo da
vida útil do sistema de cabos e quase sempre justificam a especificação de uma sessão para o
condutor superior a queda calculada pelos critérios convencionais.
Neste caso um investimento inicial superior à amortizada ao longo da utilização do
sistema de cabos através da conservação de energia decorrente das menores perdas joule.
Cabe esclarecer que para cada tensão de isolamento são previstas nas especificações sessões
nominais de modo que sejam respeitados os gradientes máximos de projeto que determinam a
espessuras da isolação os cabos.
Após análise de cada um dos critérios de seleção deve ser especificada acessar um
para o condutor que atenda a todos os requisitos de avaliação.

11. DADOS BÁSICOS PARA ESPECIFICAÇÃO E PROJETO

Para a seleção do cabo de energia adequado a um sistema específico devem ser


considerados várias informações previas a respeito das condições de serviço:
Condição de operação tensão nominal do sistema U (valor r.m.s entre fases); tensão
máxima do sistema Um (máximo valor r.m.s em três fases em condição de regime normal);
tensão de serviço do sistema US (valor r.m.s entre fases); frequência do sistema; potência
(MVA) a transmitir em regime normal de operação a tensão de serviço; potência (MVA) a
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transmitir em regime de emergência a atenção de serviço vem como o tempo de duração é a


frequência desse tipo de operação; fator de potência da carga; ciclo de cargas típico; máxima
corrente de curto circuito entre fases e para a terra; tempo máximo de atuação dos dispositivos
de proteção; modalidade de aterramento do sistema e no caso de sistemas em que é o neutro
não seja efetivamente aterrado a duração máxima permissível para defeitos que envolvam a
terra; características dos para raios eventualmente existentes; condições de instalação
comprimento e perfil do circuito; detalhes da disposição dos circuitos e modalidades de
ligação do circuito de blindagem; detalhe das condições de instalação para fornecer dados
para a especificação do tipo de material para a proteção externa; profundidade da instalação
no caso de cabos subterrâneos; resistividade térmica do solo no caso de cabos subterrâneos;
temperatura média do local da instalação; detalhes a respeito da vala ou do banco de dutos se
existirem; detalhes de ventilação para cabos instalados ao ar livre ou em galerias; tipos de
exposição à luz solar; detalhes específicos no caso de cabos submarinos.
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12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5349: Cabos nus de cobre


para fins elétricos – especificações. Rio de Janeiro, 1997. Disponível em:
< http://www.eletronpaineis.com.br/downloads/10.pdf>. Acesso em 08 jun. 2014.

CAVALIN, Geraldo; CERVELIN, Severino. Condutores Elétricos: Dimensionamento e


Instalação. In. _______. Instalações Elétricas Prediais: Conforme Norma NBR 5410:2004.
20. ed. São Paulo: Érica, 2009. p. 221-279.

KÍTOR, Glauber Luciano. Condutividade Elétrica. Infoescola, 2014. Disponível em


< http://www.infoescola.com/fisica/condutividade-eletrica/>. Acesso em 08 jun. 2014.

PAZZINI, Luiz H. Alves. Linhas Elétricas. Faculdades Integradas de São Paulo, São Paulo:
(s. ed.), ( s.d.). Disponível em:
<http://www.engonline.fisp.br/3ano/instalacoes_eletricas/CondutoresEletricos.pdf>. Acesso
em 07 jun. 2014.

SANTOS, J. Neves dos. Condutores e Cabos de Energia. Porto: Universidade do Porto


Faculdade de Engenharia, 2005. Disponível em:
<http://paginas.fe.up.pt/~jns/material_didatico/APONTAMENTOS_CABOS%20de%20Ener
gia_FINAL.pdf>. Acesso em 07 jun. 2014.

TEIXEIRA JÚNIOR, Mário D. da R. Cabos de Energia. 2. ed. São Paulo: Artliber Editora,
2004.

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