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Teoria e Prática da Educação e-ISSN: 2237-8707

DOCÊNCIA NA PANDEMIA: SAÚDE MENTAL E


PERCEPÇÕES SOBRE O TRABALHO ON-LINE
TEACHING IN PANDEMIC: MENTAL HEALTH AND PERCEPTIONS ABOUT WORKING ONLINE
ENSEÑANZA EN PANDEMIA: SALUD MENTAL Y PERCEPCIONES SOBRE EL TRABAJO EN LÍNEA

Jackeline Maria Souza1


Betânia Alves Veiga Dell'Agli2
Rodney Querino Ferreira da Costa3
Luciana Maria Caetano4

Resumo: Investigaram se as condições de trabalho docente na pandemia afetaram a saúde mental dos professores
brasileiros quanto à depressão, ansiedade e estresse. Participaram do estudo 733 professores que lecionam em
diferentes níveis de ensino, sendo 583 do sexo feminino. Foram utilizados um questionário com dados
sociodemográficos, um survey com questões relacionadas à pandemia e a DASS-21 que avalia o estresse, a ansiedade
e a depressão. Os instrumentos ficaram disponíveis nos meses de setembro e outubro de 2020. Todas as condições
investigadas se mostraram presentes no cotidiano de 92% dos professores e correlacionaram positivamente com
maiores escores de estresse, ansiedade e depressão. Os dados demonstraram que osparticipantes manifestaram
discordância em relação ao trabalho on-line, piorando as condições de adoecimento mental, bem como revelaram a
necessidade da ampliação do cuidado com a saúde mental do professor em período pandêmico.
Palavras-chave: Saúde mental,saúde do professor, COVID-19.

Abstract: They investigated whether the working conditions of teachers in the pandemic affected the mental health of
Brazilian teachers in terms of depression, anxiety and stress. A total of 733 teachers who teach at different levels of
education participated in the study, 583 of whom were female. A questionnaire with sociodemographic data, a survey with
questions related to the pandemic and, the DASS-21 that assesses stress, anxiety, and depression were used. The
instruments were available in September and October 2020. All conditions investigated were present in the daily lives of
92% of teachers and positively correlated with higher scores for stress, anxiety, and depression. The data showed that
participants disagreed with online work, worsening the conditions of mental illness, as well as revealing the need to expand
care for the mental health of teachers during a pandemic period.
Key-Words: Mental health, teacher health, COVID-19.

Resumen: Investigaron si las condiciones laborales de los docentes enla pandemia afectaronlasalud mental de los docentes
brasileñosen términos de depresión, ansiedad y estrés. Enelestudioparticiparonun total de 733 docentes que enseñanen
diferentes niveles educativos, de loscuales 583 eranmujeres. Se utilizóuncuestionariocondatossociodemográficos, una
encuestacon preguntas relacionadas conla pandemia y el DASS-21 que evalúaelestrés, laansiedad y ladepresión. Los
instrumentos estuvierondisponiblesenseptiembre y octubre de 2020. Todas las condiciones investigadas estuvieron
presentes enla vida diariadel 92% de los docentes y se correlacionaron positivamente conpuntuaciones más altas de estrés,
ansiedad y depresión. Los datosmostraron que los participantes no estaban de acuerdoconeltrabajoen línea, empeorandolas
condiciones de enfermedad mental, además de revelar lanecesidad de ampliar laatención a lasalud mental de los docentes
durante un período pandémico.
Palabras clave: salud mental, salud docente, COVID-19.

1
Professora da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Petrolina, Petrolina, Pernambuco, Brasil.
jackeline.souza1@gmail.com. https://orcid.org/0000-0003-3402-3481
2
Docente do Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino, São João da Boa Vista, São Paulo,
Brasil.betaniadellagli@gmail.com. https://orcid.org/0000-0002-8805-2838
3
Doutorando em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano do Instituto de Psicologia da Universidade de
São Paulo, São Paulo, Brasil. rodney@usp.br. https://orcid.org/0000-0003-1149-5718
4
Docente do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, São Paulo,
Brasil.lmcaetano@usp.br.https://orcid.org/0000-0003-2068-7375

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INTRODUÇÃO como um todo adoece e sua função social – a


formação de cidadãos para viverem em um
A incidência da pandemia mundial da regime democrático como o nosso – acaba
COVID-19 provocou uma reestruturação no não se concretizando. Portanto, a pergunta
modo de vida das pessoas, uma vez que, a que sustenta a presente pesquisa é: qual o
principal forma adotada na maioria dos impacto que a pandemia da COVID-19 gerou
países para evitar a propagação do vírus foi o na saúde mental dos professores?
afastamento e o isolamento social de suas Desse modo, investigamos se as
populações (SCHMIDT et al., 2020; JIA et al., condições de trabalho docente na pandemia
2020; WU, Chaominet al., 2020; WU, Joseph afetaram a saúde mental dos professores
et al., 2020). Além dos impactos econômicos, brasileiros quanto à depressão, ansiedade e
a situação global gerou na população em estresse. Hipotetizamos que, as novas formas
geral um aumento no número de pessoas de organização do trabalho ocasionada pela
com doenças mentais, tais como os situação pandêmica atual tendam a infligir
transtornos ansiosos e depressivos (ORNELL em seus corpos e mentes novos elementos
et al., 2020; BARROS et al., 2020). estressores que, aliados aos que já existiam
Assim,nossa proposta de pesquisa visa na prática docente, contribuem para um
primariamente compreender como os maior desgaste mental e,
professores têm vivenciado sua atividade consequentemente, adoecimento psíquico.
profissional em tempos de pandemia e se
essa experiência tem repercutido em sua COVID-19 E ADOECIMENTO MENTAL.
saúde mental.O processo de adoecimento
psíquico que o educador atravessa durante Infecçõesemergentessãodoençasinfecci
sua atuação profissional já era tema de osasqueaumentamaincidênciaetema
interesse de pesquisadores e órgãos de tendência de se espalharem rapidamente por
classe, visto que, desde a década de 80 do várias regiões do planeta(ÇELIK; SAATÇI;
século passado, a Organização Internacional EYÜBOGLU, 2020) tal como estamos
do Trabalho (1984) considera a docência vivenciando atualmente com a COVID-19. A
como profissão de risco. As altas taxas de Organização Mundial de Saúde (OMS), em 30
adoecimento dessa população são explicadas de janeiro de 2020, declarou essa doença
em parte, pelo fato de a docência ser uma como a sexta emergência de saúde pública
atividade que exige adaptação constante do de interesse internacional, após H1N1 (2009),
profissional que a executa, pois este poliomielite (2014), Ebola na África Ocidental
necessita lidar frequentemente com pessoas, (2014), Zica (2016) e Ebola na República
sobremaneira com aquelas que estão em Democrática do Congo (2019)
processo de desenvolvimento físico e (TAUBENBERGER; MORENS, 2020; PEERIet al.,
psicológico (Organização Internacional do 2020) e posteriormente, em 12 de março de
Trabalho, 1984). 2020, a declarou como pandemia (WORLD
Dessa maneira, acreditamos que no HEALTH ORGANIZATION - WHO, 2020).A
período pandêmico atual estudos COVID-19 é uma síndrome viral respiratória
relacionados à saúde mental dos docentes que tem como principais sintomas febre,
mostram-se necessários, tendo em vista que tosse e falta de ar, podendo, em alguns casos
com o adoecimento dos mesmos, a escola levar a morte. O primeiro caso relatado do

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vírus ocorreu na China em dezembro de 2019 contando com mais de 45.161 participantes
e rapidamente se espalhou para outros demonstrou que durante a pandemia, 40,4%
países (SCHMIDTet al., 2020). Após 18 meses das pessoas se sentiram frequentemente
do primeiro diagnóstico foram confirmados tristes ou deprimidos, e 52,6%
mais de 170 milhões de infectados pelo frequentemente ansiosos ou nervosos; 43,5%
mundo e quase três milhões de mortes. No relataram início de problemas de sono, e
Brasil foram mais de 16 milhões de casos e 48,0% problema de sono preexistente
cerca de 500 mil mortes (WHO, 2021). agravado (BARROSet al., 2020).
Não existe tratamento alopático com A fim de evitar a perda do ano letivo as
resultados cientificamente reconhecidos para escolas – da educação infantil ao superior –
COVID-19 (WHO, 2021) e estamos precisaram mudar em um curto período de
vivenciando o início da imunização com a tempo seu projeto didático pedagógico para
vacina no Brasil.As autoridades de saúde contemplar essa nova realidade: o ensino
orientaram políticos e governantes a que antes era ministrado pelo professor
estabelecerem medidas de contenção com o presencialmente passou a ser ofertado pela
objetivo de “achatamento” da curva de modalidade on-line.Um dos desafios dessa
propagação da doença (ANDERSONet al., adaptação foi o tempo, pois toda alteração
2020). As medidas de contenção mais de projeto pedagógico necessita de tempo
adotadas de forma voluntária ou não na para ser implantado, algo que o imediatismo
maioria dos países são: ficar em casa, ou imposto pela imprevisibilidade da pandemia
isolamento social (JIAet al., 2020; WU, não permitiu (CASTAMAN; RODRIGUES,
Chaominet al., 2020; WU, Joseph et al., 2020).
2020), distanciamento social quando em Portanto, se os aspectos destacados
espaços públicos (LEWNARD; LO, 2020) e uso anteriormente, como o medo de ser
de máscaras (FENGet al., 2020; HORWELL; acometido pela doença, o isolamento social e
MCDONALD, 2020). A adesão a tais medidas as incertezas da pandemia, possuem
pode evitar a sobrecarga dos sistemas de potencial de gerar angústia e de afetar a
saúde (GIORDANOet al., 2020; KRAEMERet saúde mental da população (SILVA; SANTOS;
al., 2020; MATRAJT; LEUNG, 2020). SOARES, 2020), pensamos que a profissão
Essas medidas provocaram uma docente que já possuía anteriormente à
reestruturação no modo de vida das pandemiaum conjunto de fatores de risco
pessoas.As reações mais frequentes nesse desencadeadores de altos índices de
período são o medo (de contrair e doença e adoecimento (FERREIRA-COSTA; PEDRO-
de infectar outras pessoas), a angústia, a SILVA, 2019), pode estar vivenciando
solidão, a tristeza e a insônia, sendo que, dificuldades ainda ampliadas.
dentre as doenças mentais se destacam a
ansiedade e o estresse (SILVA; SANTOS; O ADOECIMENTO PSÍQUICO DO PROFESSOR
SOARES, 2020). Estudos revelam implicações
psicológicas e psiquiátricas, provocando No caso dos professores o processo de
principalmente um aumento no número de adoecimento psíquico já era conhecido
pessoas com doenças mentais, tais como os (Organização Internacional do Trabalho,
transtornos ansiosos e depressivos 1984). Isso pode ser constatado, na medida
(ORNELLet al., 2020). Pesquisa brasileira em que, segundo dados do Departamento de

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Perícias Médicas do Estado de São Paulo, no docência (CODO, 1999; FERREIRAet al., 2015;
ano de 2018 ocorreram 53.162 afastamentos GASPARINI; BARRETO; ASSUNÇÃO, 2006;
de professores da rede pública estadual SILVA, E. P. 2015; SOUZA; COSTA, 2011;
devido à transtornos mentais e SOUZAet al., 2011); ausência de união entre
comportamentais. Esse número equivale a os educadores (SILVA, E. P. 2015; SIMPLÍCIO;
mais de 40% das licenças emitidas naquele ANDRADE, 2011; SOUZAet al., 2011); falta ou
ano, sendo a principal causa da ausência do dificuldade de diálogo com a direção e a
professor no exercício de sua função coordenação pedagógica da escola
(GIAMMEI; POLLO, 2019). (CARRARO, 2015; CODO, 1999; ELIAS, 2014;
A incidência elevada de docentes da GASPARINI; BARRETO; ASSUNÇÃO, 2006;
educação básica adoecidos psiquicamente foi SIMPLÍCIO; ANDRADE, 2011).
verificada em diversos outros Estados como Corroborando essa relação com o
apresentados nos estudos de Baldaçaraet al., agravamento do estado mental dos
(2015), realizado em Palmas (TO); Ceballos e educadores, Ferreira-Costa e Pedro-Silva
Santos (2015), em Jaboatão dos Guararapes (2018) verificaram que professores que
(PE); Gasparini, Barreto e Assunção (2006), vivenciavam essas características mais
em Belo Horizonte (MG); Reiset al. (2005), intensamente em sua rotina de trabalho
em Vitória da Conquista (BA); Souzaet al. apresentavam níveis maiores de sintomas
(2011), em Salvador (BA); Tibúrcio e Moreno ansiosos e/ou depressivos.Portanto, no caso
(2009), em Tubarão (SC) e Valle (2011), em desses profissionais, a manifestação de
Poços de Caldas (MG). doenças mentais ocorre em decorrência do
Utilizando como principal ferramenta desgaste ocasionado pela dinâmica do
de coleta de dados o próprio relato dos trabalho (SELIGMANN-SILVA, 2011; VICENTE,
professores, pesquisadores da temática 2015).
descrevem os principais fatores que explicam Desgaste pode ser definido como a
o adoecimento docente: desvalorização perda da capacidade potencial e/ou efetiva
social da profissão (COSTA, 2014; INOCENTE, corporal e psíquica resultante do processo de
2005; SIMPLÍCIO; ANDRADE, 2011);baixos adaptação dos trabalhadores frente às
salários (INOCENTE, 2005; SIMPLÍCIO; demandas e interações decorrentes de suas
ANDRADE, 2011); indisciplina dos estudantes funções (LAURELL; NORIEGA, 1989;
(CODO, 1999; GASPARINI; BARRETO; SELIGMANN-SILVA, 2011). Assim, além da
ASSUNÇÃO, 2006; SIMPLÍCIO; ANDRADE, singularidade observada no processo de
2011; SOUZA ; COSTA, 2011); ações violentas ensino-aprendizagem de cada aluno, as
praticadas por educandos e pais em relação exigências do magistério obrigam o professor
aos docentes (GASPARINI; BARRETO; a enfrentar desafios que, muitas vezes,
ASSUNÇÃO, 2006; SIMPLÍCIO; ANDRADE, excedem suas funções na escola ou suas
2011); sobrecarga de funções, como a de capacitações construídas ao longo de sua
organização dos materiais, elaboração das formação (FERREIRA-COSTA; PEDRO-SILVA,
aulas e correções das lições e provas 2018).
(CARRARO, 2015; CODO, 1999; ELIAS, 2014; A constante necessidade de adaptações
FERREIRAet al., 2015; REISet al., 2005; para responder às demandas características
SOUZAet al., 2011); ambiente físico e da profissão docente (OIT, 1984) ampliaram-
materiais inadequados para o exercício da se de modo significativo na pandemia, pois

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como consequência das normas de Tais doenças geram sofrimento e impedem o


contenção, a maioria dos estudantes ao sujeito de vivenciar sua existência em pelo
redor do mundo foi afetada pela pandemia menos um campo importante de sua vida:
com a suspensão das aulas (ORGANIZAÇÃO escolar, trabalho, familiar, dentre outros
DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A (DALGALARRONDO, 2018; AMERICAN
CIÊNCIA E A CULTURA – UNESCO, 2020). Os PSYCHIATRIC ASSOCIATION - APA, 2014).
docentes precisaram por força da urgência, O estudo dessas patologias, mostra-se
em um curto espaço de tempo, relevante na medida que verificamos que, em
reaprender/refazer sua forma de acesso aos pesquisas onde se investigou os diagnósticos
estudantes, encaminhar atividades e de afastamento médico dos docentes devido
acompanhar de modo mais individual a doença mental, foi observado a prevalência
trajetória de cada um (CASTAMAN; de transtornos ansiosos e depressivos (SILVA,
RODRIGUES, 2020). 2015). Além disso, estudos recentes sobre o
Com relação a própria COVID-19, impacto da pandemia na saúde mental da
podemos citar as incertezas com relação a população chinesa apresentaram dados que
sua duração e seu impacto na saúde do mostram grande incidência de ansiosos e
doente, bem como o medo da pessoa ou depressivos entre os habitantes (SCHMIDT et
alguém próximo de contrair o vírus al., 2020; WANGet al., 2020).
(ASMUNDSON; TAYLOR, 2020; SCHMIDTet Acreditamos que esteja ocorrendo o
al., 2020). Referente ao período de mesmo na realidade brasileira, com o
quarentena, são fatores de risco os temores agravante que, no caso dos professores, há
referentes ao desemprego, a dificuldade de pesquisas que comprovam que a taxa de
adaptação às novas rotinas, a privação de ansiosos e depressivos nesse grupo é maior
atividades de lazer e a falta de contato social do que a média da população geral
presencial (SCHMIDTet al., 2020). (FERREIRA-COSTA; PEDRO-SILVA, 2018;
Em meio às manifestações de INOCENTE, 2005).
adoecimento decorrentes do desgaste
mental, destacam-se, entre outros, os MÉTODO
transtornos ansiosos e depressivos (VICENTE,
2015). Os transtornos depressivos são uma O presente estudo trata-se de uma
categoria de doenças que afetam pesquisa de relação de abordagem
prioritariamente o humor e os afetos, cujos quantitativa.
principais sintomas são a manifestação
persistente e contínua de tristeza ou PARTICIPANTES
irritabilidade e a perda do interesse e do
prazer na realização de quase todas as Os critérios para participar do estudo
atividades. Os transtornos de ansiedade, por foram atuar como professor há pelo menos
sua vez, decorrem de uma alteração nos dois anos e como critério de exclusão foi ter
mecanismos psíquicos responsáveis pela sido diagnosticado com algum estado de
identificação de estados vulneráveis a adoecimento psíquico no momento anterior
situações potenciais de perigo. Assim, à pandemia. Seguindo esses critérios,
preocupações e medos ocorrem de forma participaram da pesquisa um total de 733
inespecífica ou desproporcional a situação. professores que lecionam em diferentes

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níveis de ensino, a saber: 179 de educação no questionário sociodemográfico elaborado


infantil (24%); 182 de ensino fundamental I pela UNESCO para verificar o perfil do
(25%); 45 professores especialistas (6%); 209 professor brasileiro (GATTI; BARRETO, 2009).
de ensino fundamental II (29%); 152 de Para investigar as condições laborativas
ensino médio 152 (21%); 159 (22%) de ensino docentes na pandemia, os pesquisadores
superior, sendo que desses, 79% eram do elaboraram um survey subdivido em duas
sexo feminino (583)e 21% do sexo masculino partes. A primeira parte dizia respeito a um
(150);39% eram professores de rede privada levantamento com três questões sobre
(282) e 61% de rede pública (451). Quanto à pandemia: opinião sobre a pandemia, a
pergunta se lecionavam em mais de um nível adesão ao isolamento social e o quanto a
de ensino,77% professores lecionam em pandemia afetou a renda do professor. A
apenas um nível de ensino (568), e 23% segunda parte continha 4 questões sobre a
lecionam em mais de um nível (165). percepção do professor sobre atuação
A idade dos professores variou de 20 a docente on-line: opinião sobre as propostas
69 anos (M = 41,7 ano; DP = 9,9). Com de aula on-line do MEC; nível de conforto em
relação à religião, 59% professores se auto relação à realização das aulas on-line; tipos
denominaram cristãos, católicos ou de dificuldades vivenciadas para a realização
evangélicos (432); 12% espíritas (90); 4% das aulas on-line; avalição sobre a
participantes se declararam de religião afro- quantidade de tempo de trabalho dispendido
brasileira (31), 1% de religião oriental (9); na docência on-line em comparação ao
22% afirmaram não ter religião (160) e ainda ensino presencial.
2% professores (11) marcaram mais de uma E, por fim, a Depression, Anxiety and
opção. Com relação à renda dos participantes Stress Scale – Short Form (DASS)elaborada
encontramos: um salário mínimo: 1% (9); por Lovibond e Lovibond em 1995. Essa
entre dois e três: 23% (169); entre três e escala foi utilizada com o intuito de medir e
cinco: 29% (214); entre cinco e sete salários: diferenciar os sintomas de estresse,
23% (165); mais de sete: 24% (176). ansiedade e depressão. Ela agrupa esses
sintomas em 21 perguntas sobre três
INSTRUMENTOS estruturas básicas: (a) presença de afeto
negativo, humor deprimido, insônia,
Os seguintes instrumentos foram desconforto e irritabilidade, sintomas que
utilizados para a caracterização dos englobam tanto a ansiedade quanto a
participantes: duas questões com os critérios depressão; (b) fatores que são sintomas
de inclusão e exclusão definidos para o específicos da depressão e (c) fatores que são
estudo (atuar como professora há pelo sintomas específicos da ansiedade. Esta
menos 2 anos e não ter qualquer transtorno escala foi adaptada e validada no Brasil por
psiquiátrico antes da pandemia). As respostas Vignola e Tucci (2014).
foram dadas em sim ou não. Para acessar os As autoras informam que este
dados sociodemográficosfoi elaborado um instrumento envolve um modelo teórico que
questionário pelos pesquisadores contendo 7 discrimina adequadamente sintomas de
questões: gênero, idade, raça/etnia religião, estresse, ansiedade e depressão, o que não
renda familiar, nível de ensino que leciona e ocorre tão bem com outros instrumentos e
tipo de escola. As respostas foram baseadas foi traduzida e adaptada para diversos países

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e para diversas faixas etárias. Na DASS-21, os participar da pesquisa aconteceu via mídias
participantes apontam o grau de intensidade sociais (WhatsApp, Facebook, Instagram)
dos sintomas descritos em cada item da enviando um link do Google Forms contendo
escala durante a semana anterior. É uma os instrumentos da pesquisa. Utilizamos a
escala do tipo Likert de 4 pontos, sendo 0 técnica “bola de neve” (VINUTO, 2014) na
(não se aplicou de maneira alguma) e 3 qual o participante além de responder o
(aplicou-se muito, ou na maioria do tempo). questionário também era convidado a
Depressão, ansiedade e estresse são divulgar para outros sujeitos que atendessem
indicados pela soma dos escores dos 21 itens. aos critérios de inclusão e exclusão do
Cada subescala contém sete itens para estudo.
avaliar o estado emocional de depressão, No formulário constava o Termo de
ansiedade e estresse. No estudo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) na
validação, todas as subescalas tiveram níveis primeira página.O participante só poderia
adequados de consistência interna, sendo avançar ao clicar na opção: “li, desejo
0,92 para depressão; 0,90 para estresse; 0,86 participar da pesquisa e estou de acordo com
para ansiedade. No que se refere à medida o conteúdo descrito nesse termo”,que
de confiabilidade da estrutura fatorial, as significava a concordância com a participação
autoras encontraram valores aceitáveis no estudo epossibilitava a continuidade do
sendo 0,86 estresse, 0,83 ansiedade e 0,90 acesso às questões. Foi solicitada, de forma
depressão. O escore é obtido pela soma dos optativa, a inserção do e-mail para o envio da
itens em cada subescala e para calcular o devolutiva coletiva do estudo.
escore final o total de cada subescala é Para análise dos dados, foram
multiplicada por 2. Nesse estudo utilizados recursos da estatística descritiva e
trabalhamos apenas com os escores de inferencial com o auxílio do software
estresse, ansiedade e depressão estatístico SPSS. A partir da análise descritiva
separadamente. foram realizadas análises a partir da média,
frequência e porcentagem das respostas e
PROCEDIMENTO para verificar a associação entre as diferentes
variáveis foram realizados o teste T de
O projeto foi aprovado pelo Comitê de comparação de médias entre dois grupos e o
Ética em Pesquisa (CEP) com Seres Humanos teste de correlação de Pearson.
do Instituto de Psicologia da USP, sob o
número CAAE RESULTADOS
35356120.2.0000.5561.Portanto, essa
pesquisa está embasada nos parâmetros Investigando a opinião dos professores
éticos descritos na resolução 466/12 do brasileiros acerca da pandemia pela COVID-
Conselho Nacional de Saúde. 19, 20% desses profissionais responderam
A coleta de dados aconteceu via ser essa problemática real e grave; 4%
formulário on-line e o mesmo esteve descreveram esse problema como sendo de
disponível durante um mês e dez dias gravidade moderada e somente 1% da
(setembro e outubro de 2020), com novas amostra se distribuiu entre a opinião de que
divulgações para recrutar participantes a essa pandemia possui pouca gravidade
cada semana.A divulgação e convite para (0,7%) ou emitiram uma avaliação de que

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esse momento atual não pode ser As condições adversasenfrentadas


caracterizado como um problema real pelos professores nessa migração das aulas
(0,3%).Apoiando-se nessa avaliação, 86% dos presenciais para as plataformas virtuais são
participantes do estudo relataramque diversas evivenciadas por 92% dos
durante o período da pesquisa estavam professores brasileiros. Essasdificuldades
saindo de casa apenas para atividades englobam desde condições materiais e
consideradas essenciais, tais como compras informacionalaconflitos na dimensão das
em supermercado, farmácia e acesso a relações interpessoais. Dentre essas
serviços de saúde.Ainda em relação ao condições adversas destacam-se as
afastamento social, 5% seguem em dificuldades em pensar uma didática
afastamento social total e 9% dos adequada para as aulas on-line (53%) e as
professores informaram que embora se dificuldades inerentes à preocupação em
mantenham tendo contatos sociais, esses decorrência do não acesso dos alunos às
estão menos frequentes. Apenas 0,3% da atividades (51%), sendo essa mudança
amostra informouque seuscontatos sociais abrupta e não planejada dos ambientes de
presenciais permanecem exatamente como ensino, reconhecidamente difícil tanto para
antes das medidas de quarentena. professores quanto alunos. As demais
Os participantes dessa pesquisa dificuldades mencionadas pelos professores
formam um grupo de professores brasileiros estão sintetizadas na Tabela 1.
de diferentes regiões do país que estão
atuando de forma remota em virtude das Tabela 1 – Frequência e porcentagem de
medidas de afastamento socialimpostas pela professores que relataram dificuldades na
necessidade de conter a contaminação por atividade docente durante a pandemia.
COVID-19. Apesar de toda amostra estar f %
atuando nesse modelo virtual, 65% dos Não tive nenhuma dificuldade 60 8
Dificuldade em pensar uma
professores manifestaram-se contrários a
didática adequada para o espaço 390 53
esse formato de ensino. Os demais virtual
demonstraram-se favoráveis (35%). Dificuldade em virtude do não
373 51
Todavia, apesar da maioria não acesso dos alunos(as)
concordar com esse formato de ensino, 29% Dificuldade de ficar à vontade na
304 42
da amostra relatou ter gostado dessa frente das câmeras
Dificuldade por ter um
oportunidadeem virtude da aprendizagem
conhecimento limitado sobre
possibilitada por essanova condição de 273 37
programas e manuseio das
fechamento das escolas e migração para plataformas digitais
aulas on-line, no contexto nacional. A maioria Dificuldade material, como
dos professores (51%) relataram dificuldades internet e computador de 250 34
qualidade
no início do processo, mas no momento da
Dificuldade de trabalhar em casa 245 33
pesquisa já se descreveram como adaptados Dificuldade no relacionamento
ao novo cenário. Porém, apesar de estar a 86 12
com os pais
mais de sete meses nessa condição, 20% dos Dificuldade no relacionamento
80 11
docentes ainda relatou desconforto na sua com coordenação/direção
atuação profissional remota. Fonte: elaborada pelos autores com dados da
pesquisa

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Essas dificuldades vivenciadas pelos contraposição, a vivência de todas as


professores estiveram associadas ao dificuldades identificadas nesse estudo
aumento nas condições de depressão, esteveassociada a maioresníveis de
ansiedade e estresse (Tabela 2). O teste T depressão, ansiedade e estresse, com
evidenciou que os professores que relataram exceção daqueles que relataram um
não ter enfrentado nenhuma dificuldade conhecimento limitado sobre os ambientes
nesse processo de inserção nas aulas virtuais virtuais. Essa variável apresentou relação
apresentaram menores níveis de depressão, apenas com maiores níveis de ansiedade,
ansiedade e estresse quando comparados à mas não com depressão e estresse.
maioria dos professores que vivenciaram
dificuldades nesse processo (p< 0,05). Em

Tabela 2 – Escores médios dos fatores de depressão, ansiedade e estresse e a comparação dessas
medidas em função das dificuldades relatadas pelos professores brasileiros.
Depressão Ansiedade Estresse
Média T p Média T p Média T P
Enfrentou Não 0,50 0,36 0,66
3,78 0,000 4,80 0,000 7,24 0,000
dificuldades Sim 0,83 0,72 1,25
Dificuldade na Não 0,67 0,59 1,02
-4,63 0,000 -3,49 0,000 -6,03 0,000
didática Sim 0,92 0,78 1,35
Dificuldade pelo Não 0,73 0,63 1,11
não acesso dos -2,76 0,006 -2,25 0,025 -3,12 0,002
Sim 0,88 0,75 1,29
alunos
Dificuldade por Não 0,70 0,61 1,09
-5,09 0,000 -4,34 0,000 -5,35 0,000
trabalhar em casa Sim 1,01 0,87 1,42
Dificuldade Não 0,72 0,60 1,10
-4,27 0,000 -4,82 0,000 -4,84 0,000
material Sim 0,97 0,89 1,40
Conhecimento Não 0,78 0,64 1,17
p>
limitado sobre Sim 0,84 -1,09 0,78 2,34 0,02 1,25 -1,41 p > 0,05
0,05
ambiente virtual
Dificuldade com as Não 0,73 0,62 1,12
câmeras -3,06 0,001 -3,14 0,001 -3,15 0,001
Sim 0,90 0,79 1,31
Dificuldade de Não 0,76 0,66 1,17
relacionamento Sim 1,11 -4,21 0,001 0,98 -3,41 0,001 1,43 -3,01 0,001
com os pais
Dificuldade no Não 0,76 ,66 1,16
relacionamento
Sim 1,15 -4,51 0,000 ,93 -2,85 0,000 1,50 -3,75 0,000
com os
coordenadores
Fonte: elaborada pelos autores com dados da pesquisa

Para além das dificuldades materiais, (53%), também não concordavam (65%) –
informacionais ou de relacionamento, os pelo menos não concordavam com a forma
professores enfrentaram o fato de atuarem como isto foi implantado e executado nesse
em um formato de ensino com o qual além momento. Essa atuaçãoprofissional contrária
de não se sentirem preparados tecnicamente à concordância também esteve associada

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com maiores níveis de estresse [t (731) = Os dados da pesquisa demonstraram


4,26; p = 0,000], ansiedade[t (731) = 2,51; p = ainda que embora 46% dos professores
0,012] e depressão[t (731) = 3,43; p = 0,001]. tenham relatado uma diminuição na renda
Ou seja, quando comparadas os escores familiar durante o período da pandemia,
desses fatores da escala, os professores que entre a maioria dos professores (52%) não
afirmaram não concordar com esse formato houve alteração na sua renda familiar. Um
de ensino apresentaram índices maiores de número menor (3%) relatou um aumento da
estresse, ansiedade e depressão,quando renda nesse período. Embora seja observada
comparados aos que afirmavam concordar essa diminuição na renda em um número
com o formato de ensino no qual estavam considerável de participantes, esse dado não
atuando. esteve associado com o nível de estresse
Essas dificuldades e a busca pela entre professores. No que tange às demais
resolução desses problemas demandaram variáveis de saúde mental mensuradas nesse
dos professores mais horas de trabalho, o estudo, houve uma correlação negativa,
que foi relatado por 86% dos docentes. Uma porém fraca entre, a renda e os níveis de
minoria, 9%, descreveu que está trabalhando ansiedade (r = -0,120; p< 0,05) e depressão (r
menos tempo do que antes e,para 5% da = -0,128; p< 0,05), demonstrando que quanto
amostra, não houve diferença em relação à menor a renda, maior os escores dos
quantidade de horas trabalhadas em virtude participantes nas escalas de ansiedade e
da pandemia. Apesar desse aumento na depressão.
quantidade de horas ser um dado relevante
sobre a atuação do professor brasileiro DISCUSSÃO
durante a pandemia, vale destacar que esse
dado não esteve correlacionado com Os professores que compuseram a
diferenças na saúde mental em termos de presente amostra consideram a pandemia
níveis de estresse, ansiedade e depressão (p> como um problema real e afirmam estar
0,05). realizando o isolamento social. Porém,
Tal como a carga horária de trabalho, pessoas que precisaram respeitar a
atuar em mais de um nível de ensino não foi quarentena apresentaram maiores
uma variável associada a maiores ou prevalências de depressão e de ansiedade,
menores níveis de ansiedade, estresse e comparadas aos não afetados pela medida
depressão (p> 0,05). No que tange à (BARROSet al., 2020). No caso dos
comparação entre professores da rede professores, além de vivenciarem a
pública ou privada de ensino, não foi pandemia como quaisquer outras pessoas e
observada diferença significante entre os profissionais, precisaram reorganizar a sua
níveis de depressão e ansiedade entre esses atuação profissional. Apesar de existir no
dois grupos (p> 0,05). Contudo, observou-se Brasil documentos governamentais de
um maior nível de estresse entre professores orientação sobre o trabalho nos tempos de
da rede privada (M = 1,33; DP = 0,79) quando pandemia e leis que flexibilizam as relações
comparados aos professores da rede pública de trabalho para uma melhor adaptação,
de ensino (M = 1,12; DP = 0,74),[t (541) = - ainda existe entre os trabalhadores
1,01; p = 0,027]. sentimento generalizado de insegurança
(PIMENTEL; SILVA, 2020).

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No caso dos professores, a maioria tempo que o ensino remoto é uma


deles nessa amostra (65%) afirmou não possibilidade diante do caos da perda do ano
concordar com a transição do ensino letivo, mas está muito distante do ideal de
presencial para o ensino remoto, e, tais trabalho pedagógico e educativo
professores que relataram insatisfação e (CASTAMAN; RODRIGUES, 2020).
dificuldades para desenvolver e efetivar o As variáveis que já contribuíam para o
ensino remoto, também apresentaram adoecimento docente antes da pandemia
escores maiores de ansiedade, depressão e eram jornada de trabalho, acúmulo de
estresse, quando em comparação aos funções, baixos salários, falta de estrutura
professores que viram a pandemia como uma adequada, problema de relacionamento com
oportunidade para aprender sobre educação alunos e pais, o dinamismo da sala de aula
à distância. (DEFFAVERI; MÉA; FERREIRA, 2020). No caso
A questão da insatisfação do professor de nosso estudo, as dificuldades assumidas
com suas condições de trabalhoé percebida por 92% dos professores no caso da
por uma parcela grande de docentes que, por transformação do ensino presencial para o
não estarem felizes com sua profissão, têm remoto, foram, principalmente a dificuldade
afetada a sua saúde mental (FERREIRA- em pensar uma didática adequada para o
COSTA; PEDRO-SILVA, 2018). Um conjunto de espaço virtual e a dificuldade em virtude do
pesquisas anterior à pandemia têm chamado não acesso dos alunos (as).
a atenção para o fato de que muitos Um estudo realizado com Institutos
professores não conseguem realizar os seus Federais de Educação, Ciência e Tecnologia,
desejos e expectativas ao se formar revelou que como a prática pedagógica
professores, sendo que essa insatisfação recorrente na maioria dessas instituições era
profissional mostra relação com o realizada presencialmente, talvez não se
adoecimento mental dos professores (ELIAS, tenha estimulado os professores à
2014; GOMES, 2009; JACARANDÁ, 2008; alfabetização digital, ao domínio de técnicas,
PAPARELLI, 2009; SIMPLÍCIO; ANDRADE, às tecnologias, às metodologias e às
2011; SILVA, 2015). estratégias de ensino que promovessem uma
Todas essas pesquisas revelaram que autonomia, um empoderamento e uma
quando o professor realiza um trabalho que autodeterminação do estudante em relação
lhe causa descontentamento, essa situação aos estudos na EaD(CASTAMAN; RODRIGUES,
tende a gerar comportamentos estressados e 2020). Pensamos que, essa seja a realidade
ansiosos, o que pode explicar os resultados não apenas dos Institutos Federais de
que encontramos frente à necessidade que o Educação, Ciência e Tecnologia, mas, das
professor enfrentou ao ter que rapidamente, principais universidades públicas desse país,
e sem experiência transformar o ensino além da escola de educação pública e
presencial em ensino remoto, apesar de não privada, uma vez que a ausência de didática
concordar com essa forma de ensino. A apropriada e o não acesso dos alunos foram
questão é que os momentos críticos que apontados como as duas principais
constituem a pandemia fazem aflorar e dificuldades enfrentadas pelos professores
ampliar os sentimentos de tensionamento de nossa amostra.
das forças e das fraquezas, dos limites e das Os participantes ainda relataram
possibilidades enquanto docente, ao mesmo dificuldade de ficar à vontade na frente das

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câmeras, dificuldade por ter um depressão em nossa amostra de


conhecimento limitado sobre programas e professores.Os estudos apontam que na
manuseio das plataformas digitais, população geral houve elevação dos níveis de
dificuldade de material como internet e ansiedade e de estresse em indivíduos
computador de qualidade, dificuldade de saudáveis e potencializou os sintomas já
relação com os pais de alunos e existentes em pessoas com transtornos
coordenadores e dificuldade por trabalhar psíquicos pregressos. Isso fez com que
em casa. No caso dessa última variável, aumentasse também o risco de suicídio
estudos revelam que o ambiente doméstico (MOREIRA; SOUSA; NÓBREGA, 2020).
pode contribuir ou prejudicar na adaptação Por outro lado, o fato de admitirem
às novas rotinas de trabalho e estudo. A estarem trabalhando mais não se configurou
relação pessoa-ambiente interfere como uma variável que teve associação com
significativamente nas atividades o adoecimento psíquico do professor durante
desenvolvidas no cotidiano das pessoas a pandemia. Esse dado corrobora com o
(SILVA; SANTOS; SOARES, 2020). estudo que investiga dimensões da educação
Com relação às dificuldades de a distância de Institutos Federais, em tempos
relacionamento com os pais e, de pandemia, no qual os professores
principalmente com os coordenadores, esses também se queixaram de uma maior
problemas já eram apontados por demanda de trabalho, motivada pela
professores em pesquisas anteriores à necessidade pouco refletida da transmissão
pandemia (CARRARO, 2015; CODO, 1999; de conteúdos (CASTAMAN; RODRIGUES,
ELIAS, 2014; GASPARINI; BARRETO; 2020).
ASSUNÇÃO, 2006; SIMPLÍCIO; ANDRADE, Outra variável que não mostrou
2011), como desencadeadores do associação com aumento do nível de
adoecimento psíquico do professor, todavia, estresse, ansiedade e depressão foi o fato
a situação de lecionar no modo remoto, dos professores trabalharem em mais de um
expôs ainda mais o professor. O clima de nível de ensino. Por outro lado, os
incerteza comum em situações pandêmicas professores que atuam em escolas privadas
tende a gerar medo na população. O medo, mostraram maior nível de estresse. Os
por sua vez, aumenta os níveis de ansiedade professores que trabalhavam tanto na rede
e estresse em indivíduos saudáveis e pública quanto privada apresentaram
intensifica os sintomas daqueles com pontuações maiores nos instrumentos de
transtornos psiquiátricos pré-existentes ansiedade e de estresse em outra pesquisa,
(ORNELLet al., 2020). No caso do professor, cuja hipótese explicativa levantada seria o
esse medo ampliou-se com a exposição do acúmulo maior de atribuições (DEFFAVERI;
seu trabalho de um modo jamais vivenciado, MÉA; FERREIRA, 2020). No caso de nosso
além da situação de vulnerabilidade diante resultado, a hipótese que levantamos está
das câmaras, dos pais, dos alunos e dos relacionada à ausência de estabilidade
superiores. profissional na rede privada, bem como a
Desse modo, não é nenhuma surpresa pressão dos mantenedores transferida aos
constatar que a vivência de todas essas professores para não perderem os
dificuldades tenha correlacionado com alunos/clientes.
maiores escores de ansiedade, estresse e

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A diminuição da renda foi a variável professores demonstrou também a


sociodemográfica que também se mostrou preocupação com o fato de que uma parte de
associada com índices mais altos de estresse seus alunos não têm acesso às suas aulas.
e ansiedade, o que pode ser facilmente Assim as condições laborativas
explicada pela história de dificuldade salarial docentes na pandemia afetaram a saúde
dos professores(COSTA, 2014), aliada a todas mental dos professores brasileiros, na
as incertezas e inseguranças causadas pela medida em que se trata de condições
pandemia (SILVA; SANTOS; SOARES, 2020). laborativas com as quais os professores não
concordam e que se manifestam em um
CONSIDERAÇÕES FINAIS conjunto de dificuldades que ampliam o
estresse, a ansiedade e a depressão. Ainda
O adoecimento docente é uma que existam professores que vivenciaram
realidade que não deve ser negada ou uma oportunidade de aprendizagem com a
negligenciada. Essa condição experienciada demanda que a pandemia lhes trouxe, há um
pelo professor já trazia preocupações antes grupo de professores que afirma ainda não se
da pandemia causada pela COVID-19. As considerar adaptado ao formato on-line.
dificuldades desencadeadas pela insegurança Uma vez que, não se sabe ainda por
que a pandemia mundial gerou nas pessoas, quanto tempo as aulas on-line se manterão
somadas às demandas de transformar às como formato possível de escolarização de
pressas o ensino presencial em ensino crianças, adolescentes e adultos, essa
remoto, mostraram-se como fatores que condição laborativa experienciada pelo
desencadearam a tendência ao adoecimento professor traz dados importantes, ao se
psíquico dos professores brasileiros. Todas as pensar que, mesmo quando for possível a
dificuldades investigadas se mostraram ampliação do retorno às aulas presenciais,
presentes no cotidiano de 92% dos não se deve negligenciar a saúde do
professores que participaram de nossa professor. A sua integridade física e mental é
pesquisa e também se mostraram absolutamente necessária e o professor
relacionadas com uma tendência a enfrentará novas demandas para a realização
desencadear maiores escores de estresse, da readaptação dos alunos ao contexto
ansiedade e depressão neles. educacional, depois de terem ambos,
Entretanto, o que mais chamou a professores e alunos vivenciado o isolamento
atenção nessa pesquisa foi o fato de o social e confinamen.
professor revelar a sua discordância em Consideramosque o critério de exclusão
relação ao trabalho on-line, mostrando que, dos professores diagnosticados com algum
quando alguém realiza uma atividade com a estado de adoecimento psíquico no
qual não concorda, ou seja, quando precisa momento anterior à pandemia, foi necessário
desenvolver um trabalho em um formato no para atender ao objetivo da presente
qual não acredita, essa situação amplia pesquisa. Portanto, os participantes dessa
condições de adoecimento mental. Além pesquisa se auto relataram saudáveis antes
disso, metade dos professores revelou a da pandemia. Logo, seria importante realizar
preocupação por não possuir uma didática estudos que investigassem também
adequada para a realização do ensino on- professores que tiveram diagnóstico de
line, assim como, esse mesmo percentual de alguma forma de adoecimento mental, afim

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de verificar se houve ou não a ampliação do BARROS, Marilisa B. A.; LIMA, Margareth G.;
adoecimento dessa amostra que não foi MALTA, Deborah C.; SZWARCWALD, Célia L.;
considerada pelo presente estudo. AZEVEDO, Renata C. S.; ROMERO, Dalia;
Como outra sugestão de estudos SOUZA JÚNIOR, Paulo R. B.; AZEVEDO, Luis
futurosconsideramos importante investigar O.; MACHADO, Ísis E.; DAMACENA, Giseli N.;
GOMES, Crizian S.; WERNECK, André O.;
quais fatores individuais se correlacionam
SILVA, Danilo R. P.; PINA, Maria de Fátima;
com professores saudáveis, ou seja, se as GRACIE, Renata. (2020). Relato de
condições laborativas dos professores tristeza/depressão, nervosismo/ansiedade e
representam um contexto com tendência ao problemas de sono na população adulta
adoecimento, seria muito importante brasileira durante a pandemia de COVID-
identificar fatores protetivos. Desse modo, 19. Epidemiologia e Serviços de Saúde,
procuramos investigar qual tipo de relação Brasília, DF, v. 29, n. 4, 2020. DOI:
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