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A PALAVRA OU OS SINAIS, ONDE RESIDE A SUFICIÊNCIA?

INTRODUÇÃO

Há grande busca por sinais nos dias atuais

1. Os Samaritanos e a Suficiência da Palavra


Ao fazermos um contraste entre a relação ao modo pelo qual Jesus foi recebido
pelos judeus, na Galileia, e pelos samaritanos, em Sicar, podemos notar algo
interessante: Como estes dois grupos de pessoas encaravam a pessoa e obra de
Jesus Cristo. Os judeus criam a partir dos sinais que viam Jesus Cristo fazer (João
4.43-45), veja : E, dois dias depois, partiu dali e foi para a Galileia. Porque Jesus
mesmo testificou que um profeta não tem honra na sua própria pátria. Chegando,
pois, à Galileia, os galileus o receberam, porque viram todas as coisas que fizera em
Jerusalém no dia da festa; porque também eles tinham ido à festa. Ele não estava
sendo recebido, nem honrado como profeta, entre os judeus, apesar de todos os
sinais que fizera na presença deles. Na verdade, Os galileus somente o recebiam por
causa das coisas que ele fazia. Geralmente, quando ele dizia alguma coisa, a respeito
de sua pessoa e obra, suas palavras eram recebidas como ofensa e, por isso, eles
queriam matá-lo, eliminando-o de suas vidas, mesmo que isso lhes custasse os
benefícios dos sinais.
Quanto os samaritanos, o que os levou à fé em Jesus Cristo? A primeira coisa que
notamos é o testemunho da mulher: “Muitos samaritanos daquela cidade creram
nele, em virtude do testemunho da mulher, que anunciara: Ele me disse tudo quanto
tenho feito” (4.39). Ela apresentou Jesus Cristo como profeta, que anunciava a
Palavra de Deus. O testemunho da mulher foi suficiente para conduzir aquele povo
à fé em Jesus Cristo. Eles creram mesmo antes de conhecê-lo pessoalmente; era a fé
se manifestando em toda sua pureza (cf João 20.29), gerada pela difusão da Palavra
de Cristo (cf Rom 10.17).
Ao escutar a mulher samaritana, o povo de Sicar queria ouvir mais de Cristo.
Queriam aprender mais dele, então, foram até Jesus. “Vindo, pois, os samaritanos ter
com Jesus, pediam-lhe que permanecesse com eles; e ficou ali dois dias” (4.40). Eles
queriam ter experiência pessoal com ele e, por isso, pediram que permanecesse com
eles. Eles queriam estar próximos de Jesus. Eles queriam Jesus presente em suas
vidas, tendo experiências diárias com ele, evidência de que Deus havia agido na vida
daquelas pessoas; Em Samaria, Jesus Cristo foi recebido e honrado como profeta,
somente pela sua palavra.
A permanência de Jesus entre povo de Sicar, proporcionou fé a muitos outros. A fé
deles já não tinha por base a experiência da mulher, mas sua própria experiência;
Eles estavam ouvindo Jesus: Muitos outros creram nele, por causa da sua
palavra, e diziam à mulher: Já agora não é pelo que disseste que nós cremos; mas
porque nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador
do mundo. O povo de Sicar reconhecia Jesus Cristo como o “Salvador do Mundo”.
Agora, o que os levou a reconhecer Jesus Cristo como o salvador do mundo? A
palavra de Cristo, tanto a anunciada por ele mesmo quanto a compartilhada pela
mulher samaritana; eles simplesmente ouviram Jesus, não há registro de sinais em
Sicar. Por certo, Jesus saíra dali com grande alegria no coração, pelo acolhimento
que recebera da parte dos samaritanos.

2. Os Galileus e a Ineficiência dos Sinais


Logo após Jesus ter saído dali, foi para Galileia (4.43). Lá ele sentiu a diferença na
recepção, na frieza com que era recebido por parte daqueles que viram seus sinais,
constatado na sua observação: “Porque o mesmo Jesus testemunhou que um profeta
não tem honras na sua própria terra” (4.44). Ele não estava sendo recebido com a
mesma honra e respeito que havia sido recebido em Sicar. A disposição do coração
deles, e os interesses, eram outros: “Assim, quando chegou à Galileia, os galileus o
receberam, porque viram todas as coisas que ele fizera em Jerusalém, por ocasião da
festa, à qual eles também tinham comparecido” (4.45). Eles não recebiam Jesus por
causa do que dissera em Jerusalém. As palavras de Cristo não tinham muito
significado para eles (“Por que não entendeis a minha linguagem? Por não poderdes
ouvir a minha palavra” – João 8.43). O oposto dos samaritanos, para os quais, a
palavra de Cristo tinha um significado especial. Os galileus não compreendiam que
guardar a palavra de Cristo era a maneira de escapar da morte, da condenação
eterna no inferno (cf João 8.51), alcançando, assim, a vida eterna. Eles estavam
recebendo-o somente pelo que eles tinham visto Cristo fazer, os sinais; estavam
interessados em sinais, não na pessoa de Jesus Cristo. Não estavam recebendo Jesus
como o “Salvador do Mundo”, mas somente como um milagreiro. Alguém que
poderia resolver alguns de seus problemas temporais, e não como aquele que
proporcionaria “uma fonte a jorrar para a vida eterna”.

3. A Falsidade da Fé nos Sinais


Na verdade, há muita falsidade neste tipo de fé, pois é uma fé sem compromisso de
obediência à pessoa em quem se diz crer. O pensamento é: Aceito os seus sinais,
mas não as suas palavras, sendo que as palavras exigem compromisso de
identificação, submissão e aceitação da pessoa de Cristo.
A falsidade dos galileus é observada por Jesus Cristo na ocasião da páscoa, em
Jerusalém, que havia ocorrido alguns dias antes, aonde Jesus, além de ter purificado
o templo, fez muitos sinais. Nesta ocasião, muitos creram em seu nome a partir dos
sinais que ele fazia, “mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia
e não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que
havia no homem.” (João 2. 23-25). Eles depositaram uma fé morta em Jesus, que
visava satisfação pessoal. Confiavam que ele poderia solucionar alguns de seus
problemas temporais, mas não o viam como aquele que tinha as palavras da vida
eterna; não o consideravam um profeta, vindo de Deus, com uma mensagem de
salvação para eles. É observável que os que criam aqui, nesta ocasião, a partir dos
sinais não eram dignos de confiança. Cristo não ficara satisfeito como ficou em
Sicar, ele sabia que aquela manifestação entusiasmada de fé era falsa. Era necessário
mais que a crença nos sinais para que a natureza humana fosse transformada. Isso é
claramente visto na conversa de Jesus com Nicodemos. Este também cria em Jesus
como vindo de Deus pelos “sinais” que ele fazia. Mais, além dos sinais, ele precisava
de uma relação mais profunda com Deus;; A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em
verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus (João
3.3).

2. O Poder da Palavra em Contraste com os Sinais

Agora considere o contraste entre os judeus em Jerusalém, e os Samaritanos (4:39-


42) A fé dos samaritanos foi gerada a partir da simples palavra de Jesus Cristo. O
texto não diz que ele fez milagres em Samaria. Ao ouvir o que Cristo dissera,
queriam que ele permanecesse ali, junto a eles. Confiaram nas suas palavras, sem
pedir nenhuma prova . Quando se exige de uma pessoa que apresente algo mais que
suas próprias palavras para que receba crédito, é porque existe uma certa
desconfiança quanto a sua credibilidade. Jesus observa isto ao retornar para a
Galiléia: João 4.43-45; Passados dois dias, ele partiu dali para a Galiléia. Porque o
mesmo Jesus testemunhou que um profeta não tem honras na sua própria terra.
Assim, quando chegou à Galiléia, os galileus o receberam, porque viram todas as
coisas que ele fizera em Jerusalém, por ocasião da festa, à qual eles também tinham
comparecido. Eles recebiam Cristo porque o vira fazer alguma coisa, não porque
ouviram suas palavras. Então, Jesus lhe disse: Se, porventura, não virdes sinais e
prodígios, de modo nenhum crereis (João 4.48). É interessante que, mesmo depois de
Cristo ter feito sinais, os judeus queriam matá-lo (João 5.18); Que diferença em
relação aos samaritanos!
Os sinais produziam algo passageiro, que somente satisfaria a carne, não trazendo
nenhum proveito real, mas as palavras de Cristo, quando assimiladas e recebidas no
coração, tinham o poder de produzir vida eterna. Era isso que Jesus esclarecia a
Nicodemos. Ele precisava tirar os olhos dos sinais e focalizar na pessoa que fazia os
sinais, pois ela era quem transmitiria vida eterna aos que cressem nele. Isso foi
assimilado pelos samaritanos quando afirmam: Já agora não é pelo que disseste que
nós cremos; mas porque nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é
verdadeiramente o Salvador do mundo. Eles não viram, mas simplesmente ouviram.
Essa é a pura fé salvadora, que somente Deus, pela palavra, pode produzir no
coração de um indivíduo. Essa mesma fé é expressa por Pedro, ao receber o desafio
para também abandonar Jesus Cristo, diante da deserção da multidão que
participara do sinal da multiplicação dos pães: Então, perguntou Jesus aos doze:
Porventura, quereis também vós outros vos retirar? Respondeu-lhe Simão Pedro:
Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna; e nós temos crido e
conhecido que tu és o Santo de Deus (João 6.67-69). Nós não precisamos ver para
crer, pois isto não é fé real, mas sim, precisamos tão somente ouvir para crer, de
sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus (Rom 10.17). 1 Simplesmente
ouça o que Deus tem a dizer ao seu coração, para que você possa experimentar a
alegria da salvação em Jesus Cristo, e as bênçãos provenientes do dom da fé.

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Enquanto que os sinais faziam com que numerosa multidão seguisse Jesus Cristo (Seguia-o uma
numerosa multidão, porque tinham visto os sinais que ele fazia na cura dos enfermos - João 6.2), a simples
palavra de Cristo a afastava: (João 6.60-66) .

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