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Leis Abolicionistas

As leis abolicionistas são como


conhecemos a legislação que promovia
a emancipação dos escravos de
maneira gradual, elas foram aprovadas
entre a Lei Eusébio de Queirós (1850) e
a Lei Áurea (1888). As leis aprovadas
nesse período foram a Lei dos Ventre
Livre (1871) e a Lei dos Sexagenários
(1885). Ambas foram resultado da
movimentação dos abolicionistas, assim
como da reação de escravocratas.
Acesse também: Entenda o
funcionamento da política brasileira no
Segundo Reinado
Contexto

O tráfico de escravos era essencial para


atender a alta demanda por escravos
no Brasil, e com a sua proibição, a
tendência era que a população de
escravos fosse reduzindo-se
gradativamente até a abolição acontecer,
uma vez que não haveria a renovação
dessa. Ainda assim, os escravocratas
fizeram de tudo para que essa transição
fosse o mais lenta possível.
As leis abolicionistas, portanto, estão,
em parte, dentro desses esforços de
impedir que a abolição acontecesse de
maneira imediata e irrestrita e de
promover determinados avanços
para conter a força do abolicionismo.
A proibição do tráfico, de toda forma, é
um momento importante, pois o Brasil
finalmente atendeu às pressões da
Inglaterra pelo seu fim. Isso aconteceu
porque os ingleses passaram a
pressionar o Brasil a partir da lei Bill
Aberdeen. O clima ruim entre as duas
nações levantou discursos inflamados e,
para evitar-se uma guerra, foi decretada
a Lei Eusébio de Queirós.
Poucos anos depois, em 1856, o tráfico
de escravos africanos no Brasil havia
sido zerado por meio da intensa
repressão do governo contra essa
atividade. Na década de 1850, o debate
político foi dominado pelas questões
relativas à implementação da proibição
do tráfico ultramarino de escravos.
Na década de 1860, os únicos locais da
América que ainda permaneciam com a
utilização do trabalho escravo de
africanos, além do Brasil,
eram Cuba e Porto Rico. A
péssima repercussão
internacional disso somada às revoltas
de escravos, que se multiplicavam no
país, fizeram com que surgissem
algumas pessoas a defender a criação
de uma legislação em prol da
abolição.
A ideia era realizar a transição para a
abolição por meio da lei e não por meio
de uma revolução (como tinha
acontecido no Haiti). Essa legislação
faria uma transição gradual para atender
os interesses da elite econômica
brasileira, e, desse debate, surgiu
a primeira lei abolicionista: a Lei do
Ventre Livre.
Acesse também: Conheça a história do
Quilombo de Manuel do Congo
As leis abolicionistas

As leis abolicionistas, conforme


afirmado anteriormente, foram
aprovadas entre 1850 e 1888 e são:
a Lei do Ventre Livre e a Lei dos
Sexagenários. Faremos, a seguir, uma
curta abordagem a respeito de cada uma
delas.
 Lei do Ventre Livre

Por meio da Lei do Ventre Livre, os


senhores de escravos tinham direito de
libertar os filhos de escravos com 8 anos
de idade em troca de indenização.
A Lei do Ventre Livre foi oficialmente
aprovada em 28 de setembro de
1871. Essa lei decretava que todos os
filhos de escravos nascidos no Brasil a
partir de 1871 seriam considerados
livres. O dono dos escravos que
tivessem filhos tinha, porém, a opção de
escolher quando daria a liberdade de
fato a eles.
A opção tratava que o senhor de
escravos poderia permanecer como tutor
dos filhos de escravos até os 21 anos, e
aí ele seria obrigado a libertá-los, sem
receber indenização. Havia a opção
também do senhor de escravos libertar
os filhos de seus escravos com 8
anos de idade, e, nesse caso, ele
receberia uma indenização de 600 mil-
réis.
Essa lei nasceu de um estudo promovido
por José Antônio Pimenta
Bueno acerca da emancipação dos
escravos. Após esse estudo, Pimenta
Bueno propôs uma lei estabelecendo,
primeiramente, a emancipação dos seus
filhos. Essa proposta seguia uma
tendência, que foi adotada em grande
parte da América Latina, de promover a
abolição gradualmente.
O estudo realizado por Pimenta Bueno
foi resultado de um pedido direto do
imperador D. Pedro II, mas a proposta
do político não avançou e foi
engavetada com por conta da Guerra do
Paraguai. Depois que o conflito acabou,
uma proposta nos moldes da de Pimenta
Bueno foi apresentada pelo Visconde
do Rio Branco.
A ideia, como já apresentado, era
promover a abolição no Brasil por meio
da lei e impedir que acontecesse por
meio de revoltas de escravos.
Naturalmente, os escravocratas não
gostaram da proposta porque afirmavam
que a legislação serviria de incentivo a
revoltas de escravos contra seus
senhores.
Os abolicionistas mais radicais também
não gostavam da lei, pois defendiam que
a abolição deveria acontecer de maneira
irrestrita e imediata, isto é, sem
transição gradual. Defendiam também a
ideia de que os senhores de escravos não
deveriam ser indenizados.
O grande ponto de divergência da lei,
enquanto ela era debatida, foi a questão
da indenização. Os escravocratas não
abriam mão de ser indenizados pela
liberdade dos filhos de seus escravos, e,
por isso, ficou decidido que se os filhos
de escravos fossem libertados aos 8 anos
de idade, o senhor de escravos receberia
uma indenização de 600 mil-réis.
De toda forma, quando a lei foi
aprovada, decidiu-se pela libertação dos
filhos dos escravos nos moldes citados.
Outra determinação importante dela foi
a criação de um registro nacional, no
qual os senhores de escravos deveriam,
obrigatoriamente, matricular todos os
que tivesse sob sua propriedade. Por
consequência, os escravos que não
fossem matriculados seriam
considerados livres.
Por meio da Lei do Ventre Livre, os
abolicionistas acharam espaço para atuar
energicamente na Justiça brasileira
contra os senhores de escravos e,
frequentemente, vasculhavam os
registros atrás de irregularidades. Assim,
era verificado se a idade dos escravos
registrados era correta, se eles estavam
de fato registrados etc.
Acesse também: Conheça como foi a
atuação de três grandes abolicionistas
negros brasileiros
 Lei dos Sexagenários

O crescimento do movimento
abolicionista na década de 1880 foi
notável, e a causa foi abraçada por
diferentes classes sociais do Brasil. O
fortalecimento do abolicionismo fez
crescer as ações de resistência contra a
escravidão, fossem essas legais ou
ilegais (à luz da legislação da época). O
fortalecimento do movimento de
libertação gerou uma reação
conservadora, e a Lei dos Sexagenários
foi um reflexo disso.
Depois que foi decretada a emancipação
de escravos no Ceará e Amazonas, em
1884, foram criados 49 Clubes da
Lavoura que defendiam os interesses
dos escravocratas.|1| O objetivo era
barrar o avanço do abolicionismo, e isso
resultou na aprovação da Lei dos
Sexagenários, em 28 de setembro de
1885.
Essa lei concedia a alforria para os
escravos que tivessem mais de 60 anos,
mas possuía condições rígidas. Os
escravos beneficiados com a libertação
deveriam trabalhar por três anos para
seus senhores como forma de
indenização. Além disso, tal lei proibia-
os de mudarem-se da cidade na qual
haviam sido alforriados, durante um
período de cinco anos. Essa lei também
estipulava o preço desses escravos como
máximo no registro nacional.
Essa lei foi considerada um retrocesso
pelos abolicionistas porque retardava o
avanço da causa. Não obstante, os
esforços dos escravocratas não deram
certo, pois a resistência à escravidão
continuou crescendo e resultou na Lei
Áurea.
Lei Áurea

A Lei Áurea foi decretada em 13 de


maio de 1888, depois ter sido aprovada
no Senado e assinada pela princesa
Isabel. Essa lei decretou a abolição
definitiva e imediata da escravatura no
Brasil e foi resultado da forte pressão
popular sobre o Império. Por meio dela,
cerca de 700 mil escravos conquistaram
sua liberdade.

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