1) O livro Torto Arado descreve a vida de uma comunidade negra no nordeste do Brasil após a abolição da escravidão.
2) A história se passa entre 1950-1970 e mostra como os antigos senhores de escravos continuavam explorando os trabalhadores e tomando suas terras.
3) A narrativa revela uma perspectiva pouco debatida sobre como a abolição não resolveu a realidade de opressão dos negros no Brasil.
Descrição original:
Análise do livro Torto Arado, por Vithória Sosnoski
1) O livro Torto Arado descreve a vida de uma comunidade negra no nordeste do Brasil após a abolição da escravidão.
2) A história se passa entre 1950-1970 e mostra como os antigos senhores de escravos continuavam explorando os trabalhadores e tomando suas terras.
3) A narrativa revela uma perspectiva pouco debatida sobre como a abolição não resolveu a realidade de opressão dos negros no Brasil.
1) O livro Torto Arado descreve a vida de uma comunidade negra no nordeste do Brasil após a abolição da escravidão.
2) A história se passa entre 1950-1970 e mostra como os antigos senhores de escravos continuavam explorando os trabalhadores e tomando suas terras.
3) A narrativa revela uma perspectiva pouco debatida sobre como a abolição não resolveu a realidade de opressão dos negros no Brasil.
O livro “Torto Arado” é um romance regionalista que aborda a sociedade do
período pós-abolição, a chamada escravidão moderna, reflexo de um passado escravagista mal resolvido no Brasil. O enredo aborda o dia a dia de uma comunidade de pessoas pretas que vivem no nordeste brasileiro, mais precisamente em uma fazenda na Chapada Diamantina na Bahia. Desde as irmãs protagonistas até o primo mais distante, as personagens são fortemente influenciadas pela cultura, religião, costumes e tradições negras, que nos auxiliam a entender o contexto histórico, cultural e sociológico do livro. “Era filha da gente forte que atravessou um oceano, que foi separada de sua terra, que deixou para trás sonhos e forjou no desterro uma vida nova e iluminada. Gente que atravessou tudo suportando a crueldade que lhes foi imposta.” (p. 232). Além da óbvia conexão escravagista brasileira, outras referências históricas podem ser encontradas no livro, como, por exemplo, a época/ano em que a história se passa. Com o trecho “O gerente da fazenda chegou numa Ford Rural branca e verde para nos conduzir ao hospital.” (p.13), podemos interpretar que a história se passa entre as décadas de 1950, 1960, e/ou 1970, já que a Ford Rural Willys foi um utilitário produzido durante esses anos. Temos também a questão fundiária, uma realidade de desigualdade social criada a partir da seca e da escravidão, famílias vendendo sua mão de obra, sua força de trabalho em troca de comida, morada e água. Os grandes senhores donos de latifúndios explorando seus (“agora não mais escravos”) trabalhadores e tomando suas terras. Veja nos trechos: “Àquela altura, a terra da Fazenda Caxangá, que havia rendido fartura de frutos por toda a sua vida, estava retalhada. Cada homem com desejo de poder havia avançado sobre um pedaço e os moradores antigos foram sendo expulsos. Outros trabalhadores que não tinham tanto tempo na terra estavam sendo dispensados. Os homens investidos de poderes, muitas vezes acompanhados de outros homens em bandos armados, surgiam da noite para o dia com um documento de que ninguém sabia a origem. Diziam que haviam comprado pedaços da Caxangá.” (p. 18), “O povo vagou de terra em terra pedindo abrigo, passando fome, se sujeitando a trabalhar por nada. Se sujeitando a trabalhar por morada. A mesma escravidão de antes fantasiada de liberdade. Mas que liberdade?” (p. 195). Essa narrativa literária desvela uma história pouco referenciada nos livros didáticos de História tradicionais, pois demonstra a realidade pouco debatida de pós-abolição. Uma realidade que é normalmente abordada como resolvida, uma realidade de mentira, já que a história é contada a partir do ponto de vista opressor da situação e então, temos a certeza de que nada foi verdadeiramente resolvido ao ouvir o oprimido.