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A escravidão nas fazendas de café e a história cativante de uma mulher

negra e órfã

A obra NOVENTA, dá uma mostra daquele que foi um dos capítulos mais
sombrios da história da humanidade – A vida escrava no Brasil do Século XIX,
e que deixou profundas marcas na sociedade e moldou o destino de milhões
de indivíduos. No contexto das fazendas de café, em particular, a escravidão
atingiu seu auge e trouxe consequências devastadoras para a vida dos negros
que foram forçados a trabalhar nessas plantações. A história de uma mulher
negra órfã, cuja trajetória é revelada, anos depois, pela narrativa e oferece uma
perspectiva pessoal e comovente sobre a experiência da escravidão.

É uma prova do poder das narrativas pessoais para iluminar as sombras


do passado e estimular uma mudança positiva no presente. É um testemunho
do poder da resiliência humana. A seguir, o autor resume um pouco desta saga
escravista, no Brasil do século XIX, dos Barões do café, e a sua protagonista:

“Essa órfã foi ‘criada pela vida’. Não apenas a germinal, mas a construída
pelos homens, quando a lei do “mais cretino” pode ser legalmente
constituída. Lurdes era atrevida por questão de puro desamparo. Cresceu
como barco à deriva e lhe bastaria um cochilo para sucumbir. Sua finada
mãe, de onde estivesse, deve ter assistido muitas agruras que a órfã vertia
em prantos, nos momentos de fraqueza, num cantinho qualquer. Atentou
tanto a finada que esta lhe apareceu em sonho para resgatá-la, mas já era
tarde. Havia, então, um bacuri ressonando ao seu lado, primogênito de uma
ninhada que chegaria a oito. Maria de Lurdes não chorava mais sozinha.
Renegou a presteza da mãe pela própria maternidade, que era rechonchuda
e apelidada de ‘Bolão’.”

Ao abordar a escravidão em fazendas de café, é impossível ignorar a


crueldade e a brutalidade enfrentadas pelos escravos. Essas fazendas eram
centros de exploração desumanos, onde a mão de obra negra era explorada de
forma extrema em condições insalubres e exaustivas. Homens, mulheres e até
mesmo crianças eram submetidos a um trabalho árduo, muitas vezes sendo
tratados como propriedades, privados de seus direitos mais básicos como
seres humanos.

A história desta mulher negra e órfã, cuja narrativa emerge nessa obra, é
uma demonstração vívida das inúmeras injustiças e sofrimentos enfrentados
pelos escravos nesse contexto. Sua história é uma janela para o passado,
permitindo-nos compreender as dificuldades enfrentadas pelos negros naquele
período e honrar sua resiliência e determinação.

Ao longo dos anos, a voz dos escravos foi amplamente silenciada, sua
história apagada e sua humanidade negada. No entanto, essa mulher negra
órfã desafia esse silêncio, tornando-se um símbolo de resistência e superação.
Sua história é um lembrete poderoso de que, por mais que a escravidão tenha
sido uma instituição desumana, os escravos eram seres humanos reais, com
sonhos, esperanças e uma força interior notável.

A história dessa mulher negra e órfã reflete a triste realidade da


marginalização e da invisibilidade enfrentadas pelos negros na história oficial.
Mesmo após sua suposta liberdade, após 13 de maio de 1888. No entanto, a
narrativa finalmente emerge, destacando a importância de resgatar e valorizar
as histórias negligenciadas dos marginalizados.

Essa história nos convida a refletir sobre as desigualdades e injustiças


presentes no mundo atual, lembrando-nos de que a luta contra o racismo e a
busca pela igualdade são batalhas contínuas. É imperativo que continuemos a
ouvir as vozes negligenciadas e a contar as histórias esquecidas, para que
possamos avançar em direção a um futuro mais justo e inclusivo.

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