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Introdução
Por conseguinte, são esses maus tratos que se pretendem demonstrar com
clareza na obra em análise, especificamente, no capítulo O dia do Senhor
Administrador. Era muito difícil ser mulher, no tempo colonial, e principalmente, nascer
negra, pois, são tantos preconceitos e tabus trazidos pelos colonos que as mulheres
negras deveriam enfrentar.
Quanto ao seu percurso literário, publicou diferentes obras como Ninguém matou
Suhura, Neighbours e Os olhos da cobra verde e diferentes contos, amontoando para a
sua coleção diferentes prémios, como é o caso de Prémio da Novelística e Prémio José
Craveirinha de Literatura em 2011. Nas suas obras, ela tende a enfatizar questões
relacionadas com a Raça, classe, género, e diferenças de cor e origem étnica. E já, no
que se refere a corrente literária, Lília Momplé é influenciada pelo Pós-modernismo,
corrente que vigorou desde 1950 ate hoje, Ademais, para os Pós-Modernistas,
guiavam-se pelos princípios de espontaneidade, liberdade artística, multiplicidade de
estilos e combinação de tendências, explorando sempre o lúdico, o humor, a
metalinguagem, a ironia, e sempre tendo foco no cotidiano banalizado.
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Como se disse a prior, era muito difícil ser mulher negra no tempo colonial. Esse
sentimento de dor e angústia, não era somente reservado para as mulheres, mas
também, para os maridos, que em plena noite, tinham a obrigação de partilhar as suas
esposas com os homens brancos, o colono. As mulheres negras eram reduzidas a
coisas, objectos sexuais que os brancos, sobre o poder que a metrópole lhes incutia,
usavam-nas quantas vezes quisessem, como se pode ver no trecho a seguir, que relata
as conversações entre Abdul Razak, e o Sr. administrador:
Antes mesmo da chegada do colono, a mulher negra não era tao estimada pelos
homens negros, mas mesmo assim, tinha uma cubata, uma sua machamba. Mas com a
chegada do homem branco, o colono, as mulheres negras, diante da sociedade serviam
apenas para satisfazer a necessidades do colono. Elas eram procuradas pelos homens
brancos, sempre nas escondidas, em busca do prazer e do divertimento vivamente
desaconselhados dentro do lar.
Diante de toda a humilhação, teriam que suportar caladas e sem ter onde e para
quem reclamar, visto que, os seus encontros eram organizados pelos seus
responsáveis, como é o caso das avós, tios, pais, como a seguir se demonstra:
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Realmente, os filhos concebidos fora do casamento, principalmente com mulheres negras, eram considerados como
pecados, crianças amaldiçoadas, os sem cor. Dito doutra forma, a união extra conjugal entre o homem branco e
mulher negra, nasciam os mulatos, que eram uma espécie inferiorizada por sua cor e sua condição racial. Os mulatos
eram rejeitados em todas as sociedades e é associado a todas as cobardias e traições. Uma mulher negra gerar um
filho mulato era norma, diferentemente, uma mulher branca gerar um negro ou mulato, constituía uma polemica e
assunto de conversação nas cafetarias.
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Considerações
Referência Bibliográfica