Você está na página 1de 12

Assédio sexual como um problema ético: Causas e consequências

Nome da estudante: Chandinha Abel Arão


Estudante do curso de Administração Pública
Introdução

Algumas práticas no ambiente de trabalho ou simplesmente no ambiente social são


consideradas tóxicas e prejudicam a produtividade e o bom relacionamento entre
funcionários. Assim, o trabalho em alusão é um artigo e tem como tema Assédio
sexual como um problema ético: Causas e consequências. Para realização deste
artigo traçou-se o seguinte objectivo geral: analisar o assédio sexual como um
problema ético apresentando suas causas e consequências. A par deste objectivo
geral, apresentam-se os seguintes objectivos específicos: (i) definir o assédio sexual;
(ii) identificar as causas e consequências do assédio sexual, e; (iii) discutir sobre
assédio sexual como uma problemática ético.

Entende-se de assédio sexual, toda conduta de natureza sexual não desejada que,
embora repelida pelo destinatário, é continuadamente reiterada, cerceando-lhe a
liberdade sexual. Entretanto, é uma atitude que provoca intenso constrangimento, por
violar a livre disposição do próprio corpo. Conforme aponta Dias (2008, p. 76), embora
pouco falado, o assédio sexual é considerado da mesma forma que os demais tipos de
violência contra a mulher, que também se alimenta do sigilo e vem ocultando os
ímpetos em que muitas mulheres são alvo. Comummente quando nomeado, amigos e
familiares acabam não acreditando, e ainda em casos que envolvem o ambiente de
trabalho, as vítimas acabam sofrendo humilhação e até mesmo perdendo o emprego.

Por outra, acredita-se que muitas pessoas desconhecem ou têm uma compreensão
parcial ou equivocada sobre o que são essas práticas. O presente trabalho, propõe a
conscientizar sobre o tema, a partir de diferentes aspectos. São indicadas situações
que configuram assédio sexual, causas e seus males na sociedade. Também são
apresentadas medidas para prevenir e combater estas práticas de forma a tornar o
ambiente de trabalho mais positivo.

Portanto é nessa perspectiva que se pretende discutir a temática levantada, olhando


sobretudo, o contexto organizacional e social. Quanto a sua organização, o presente
trabalho obedece a seguinte estrutura: a presente introdução, onde se faz a
contextualização do estudo e apresentam-se os objectivos e as metodologias usadas
para a elaboração deste artigo, o desenvolvimento, a conclusão e a sua respectiva
referência bibliográfica, onde se apresenta a lista de todos os autores citados no corpo
do trabalho. Este estudo compõe uma pesquisa bibliográfica de carácter analítico a
respeito da problemática levantada, que foi desenvolvida a partir de obras relacionadas
com a temática em alusão, como o caso de artigos, dissertações, monografias com o
propósito de colocar a estudante com as diferentes literaturas contrastando a
veracidade da informação afim de contribuir para a produção de conhecimento.

1.1. Conceito de assédio sexual

De acordo com Terruel e Bertani (2010, p. 62), o assédio sexual é considerado como
uma violência psicológica, pois a vítima não é atacada com agressões físicas, mas sim
psíquicas e, certamente essas agressões acabam abalando o estado emocional da
mesma, causando diversas consequências que em sua maioria, acabam colocando a
vida do indivíduo em risco, em alguns casos em que a vítima fica muito abalada com a
trágica situação, isso pode levar até ao ato do suicídio.

Segundo Costa et al (2011, p. 2), o assédio é tratado como uma forma de violência
sexual resultado de um complexo contexto de poder que marca as relações sociais
entre os sexos. Entretanto, “o assédio, de maneira geral, é um problema grave e
insidioso, que pode acontecer em família, em sociedade ou nas empresas”.
Caracteriza-se por um conjunto de comportamentos que leva a vítima ao desequilíbrio e
instabilidade emocional, podendo assumir outras formas de violência como a física e a
sexual.

Torres (2016, p. 15) define o assédio sexual como um conjunto de comportamentos


indesejados de natureza física, verbal, ou não verbal, podendo incluir tentativas de
contacto físico perturbador, pedidos de favores sexuais com o objectivo, ou efeito de
obter vantagens através de chantagens, uso de força, ou estratégias de coacção da
vontade da outra pessoa. Geralmente, são reiterados podendo também ser únicos e de
carácter explícito e ameaçador.
Conforme afirmam Junior et al (2005, p. 32), o sujeito activo poderá ser
homem ou mulher, homossexual ou não, e, o sujeito passivo é a vítima
do constrangimento, mulher ou homem. No entanto, os autores
indicaram em um estudo realizado sobre o assédio sexual que ocorrem
em transportes públicos, que a maior decorrência são contra as
mulheres, que expõem um medo maior em relação à locomoção para a
jornada de trabalho em transportes públicos comparado aos homens,
nesse sentido as mulheres alegam ter receio à estupros e agressões
sexuais.

Paranhos (2017, p.38) afirma que as mulheres tendem a não reportar os incidentes,
seja por embaraço de tornar públicas questões de cunho sexual ou por se sentirem
ameaçadas no ambiente de trabalho, em que ainda ocupam posição precária e passível
de represálias. Quando reportam o assédio, há ainda a possibilidade de a queixa não
ser ouvida e ser tratada como uma simples brincadeira entre colegas, comum em casos
que envolvem agressão de dimensão sexual entre agressor e vítima. Além disso, há
uma falta de hábito das mulheres em encarar os danos psicológicos causados pelo
assédio sexual enquanto dano real. Tudo isso, juntamente com um tratamento legal
inepto, traz para as vítimas a sensação de que, concretamente, nada será feito para
parar os episódios de assédio.
1.2. Abordagem Legal dos direitos Humanos e o asseio sexual
A abordagem legal dos direitos humanos olha para o assédio sexual como sendo um
problema dos direitos humanos das mulheres na medida que considera ser uma
violação ao princípio maior da liberdade sexual. O assédio sexual também é
considerado uma forma de discriminação de género vedada juridicamente, pois
coactam à liberdade, à autonomia das mulheres no exercício da cidadania e de direito
individual de livre disposição do seu próprio corpo (Magalhães, 2011) e (Cunha, 2017).

Em concordância, França (1975) apud Coelho (s/d), acrescenta que o direito à


liberdade sexual é uma expressão ligada à intimidade e à vida privada e está
relacionada ao direito de integridade física que inclui o direito à vida e ao próprio corpo.
Deste modo, a ausência de respeito à liberdade de dispor do próprio corpo, no que se
refere ao acto sexual, pode ser considerado como um acto de assédio sexual. O autor
considera que quando alguém manifesta o desejo de unir-se sexualmente ao outro, de
forma abusiva, ou sem que ele/ela mostre a mesma vontade, estaria presente a invasão
da individualidade do assediado/a e há também a extrapolação do limite, sendo que
cada ser deve respeitar ao seu semelhante.
Autores como Magalhães (2011) e França (1975) apossam-se de instrumentos legais
como a Declaração dos Direitos Humanos para mostrar que homens e mulheres gozam
dos mesmos direitos e deveres perante a lei. Contudo, o que se tem verificado, de
forma retumbante, é a marginalização dos direitos da mulher, principalmente quando
adentra ao mercado do trabalho e aos espaços públicos. De acordo com Cunha (2017),
este facto é justificado tendo em conta as raízes históricas que remontam à altura da
predominância do sistema social patriarcal no qual existia uma assimetria de poderes
entre sexos nas relações familiares, culturais e consequentemente nas relações sociais.

São exemplos de documentos instituídos pelo governo em prol dos direitos das
mulheres e raparigas a Constituição da República de Moçambique, os documentos de
planeamento e gestão, por exemplo, o Programa Quinquenal do Governo – PQG 2015-
2019, o Plano Económico e Social – PES e o Plano de Acção para a Redução da
Pobreza − PARP nos quais a promoção da igualdade de género é priorizada, quer seja
como princípio, ou factor de desenvolvimento, e o Plano Nacional de Prevenção e
Combate à Violência Baseada no Género 2018-2021.

Portanto, mesmo com todos estes instrumentos, nota-se que as mulheres têm receio de
denunciar práticas violentas e de assédio sexual nos espaços em diferentes espaços
sociais, preferindo ficar no silêncio, ou simplesmente pedirem transferência. Portanto,
os indivíduos têm consciência das leis e do seu dever cívico, no entanto, no processo
interactivo, os actores, implícita, ou explicitamente envolvidos, escolhem dentre as
várias alternativas pré-constituída as mais relevantes para eles.
1.3. Causas do assédio sexual
Parte-se do pressuposto de que o assédio sexual é um problema que gera até a
modificação da visão de mundo da vítima, podendo acarretar em problemas para a luta
por direitos e até por uma busca pessoal da vítima sobre seu lugar no mundo e seu
sentido de vida.

Assim, quanto as suas causa, Freitas (2001, p. 91) aponta a depressão como sendo a
maior causa. Para o autor, a depressão é uma das causas mais frequentes de assédio
sexual, principalmente desenvolvidos contra as mulheres, uma vez que tal acção atenta
contra a honra da pessoa e pode gerar uma situação mental insuportável ao relembrar
tal problema. Entretanto, a depressão se tornou um problema recorrente nos casos
mais graves das vítimas de assédio sexual, especialmente entre as mulheres que
sofreram com um ou mais casos.

 Promessas de tratamento diferenciado em troca de favores sexuais;


 Represália no caso de recusa contra as investidas sexuais;
 Comentários maliciosos sobre a aparência física e as vestimentas;
 Expor alguém a situações de cunho sexual humilhantes ou embaraçosas;
1.4. Consequências do assédio sexual

A complexidade do assédio causa diversas consequências na psique humana,


especialmente para a mulher, podendo acarretar em doenças crónicas, traumas
incuráveis e tantas consequências diversas que podem até impedir a vida normal de um
indivíduo.

De acordo com Freitas (2001, p. 61), o assédio sexual é, em verdade, uma acção que
se traveste de opção para a vítima, enquanto o constrangimento é causado a vítima
pode ser compelida a aceitar uma proposta de aumento ou uma ameaça de
desemprego em razão do assédio sexual.

Ximenes (2017, p. 54) afirma que o assédio sexual desencadeia uma série de
problemas psicológicos para a vítima, podendo ser ainda um factor de problemas no
ambiente de trabalho e na vida geral da pessoa que sofre tal fato, sendo problemas
psíquicos que podem durar grandes períodos. Assim, de acordo com o autor, o assédio
sexual nas relações de trabalho pode desencadear:

 Improdutividade, colocando em risco a sobrevivência da empresa ou espaço de


trabalho; podendo causar ainda a impossibilidade de trabalho da vítima em razão
do trauma, assim destruindo uma carreira promissora e possibilitando a perda de
libido em face de outros traumas;
 Estresse emocional e sentimento de culpa;
 Perda do poder de concentração e transtornos de adaptação e ansiedade;
 Insegurança e baixa auto-estima e acima de tudo, perda de produtividade e falta
de motivação;
 Os problemas psicológicos desencadeados por parte do trauma advindo do
assédio sexual, pode ser um problema essencialmente complexo, se dividindo
em problemas directos advindos do assédio sexual e alguns problemas
indirectos na psique que são desenvolvidos em consequência do trauma;
 A principal consequência do assédio sexual é no ponto da psique da vítima,
especialmente no que se pode informar a sua auto percepção de segurança em
seu local de trabalho. Ser vítima do assédio sexual acarreta em uma ampla
consequência, quase que geral, de violação de sua segurança, vez que tal acção
acarreta em uma quebra da moral e da segurança do local.
Para Dias (2008, p. 8) o assédio sexual pode acarretar em uma série de consequências
emocionais e psicológicas em geral, perturbando sua psique e especialmente
acarretando em complicações para a sua vida normal; assim afirma o autor:

De uma forma geral, o assédio sexual é psicológica e emocionalmente


perturbador para as vítimas. É sentido como uma perda da dignidade e da
confiança dos outros. Provoca depressão e comportamentos autodestrutivos.
Suscita o sentimento de desânimo e de abandono. Afecta a saúde das
mulheres em termos gerais. Estas mulheres queixam-se frequentemente de
dores de cabeça, náuseas, cansaço, distúrbios alimentares, inibição sexual, etc.
Quando o assédio é prolongado, muitos destes efeitos podem-se tornar
crónicos. Também pode conduzir ao isolamento social, diminuir a motivação
para o trabalho e a própria qualidade do desempenho profissional, (Dias, 2008,
p. 8).

Portanto, vale destacar que para o emocional da vítima o assédio sexual pode acarretar
em um sentimento de auto imagem ruim, passando a vítima a não se considerar mais
um funcionário de importância para a empresa. Uma consequência do assédio é a
percepção da tímida como sendo um objecto sexual de seu superior hierárquico,
passado a vítima a se questionar sobre sua importância naquele local de trabalho.
2. Assédio sexual como um problema ético
Diante de diversos acontecimentos, a sociedade está redescobrindo a ética, com uma
grave crise de valores identificada principalmente pela falta de respeito e limites dos
indivíduos. Por outra, o campo de estudo sobre o assédio sexual é muito vasto e os
estudos já realizados têm se focado principalmente nas suas causas e consequências.
Ademais, a compreensão das dinâmicas sobre este fenómeno ainda é bastante
limitada.

Conforme defende Dias (2008, p. 76), código de Conduta ética determina que,
independentemente da posição hierárquica, o convívio no ambiente de trabalho deve
estar alicerçado na cordialidade, no respeito mútuo, na equidade, no bem estar, na
segurança de todos, na colaboração, no espírito de equipe e na busca de um objetivo
comum.

Nash (1993, p.6) afirma que a ética coloca o profissional como um ser “pensante”, que
não deve agir somente como uma máquina, como uma visão voltada somente para a
produção. É preciso lembrar que são seres humanos com suas emoções e sentimentos,
e que é essencial que se considere a integridade dos indivíduos, o que será o caminho
para o sucesso no mundo dos negócios, pois proporcionará o aumento da lealdade dos
funcionários, a confiança dos clientes e demais parceiros.
De acordo com Passos (2004, p.184), a atitude ética diante do assédio sexual respeita
os funcionários independentemente das suas funções e cargos, agindo de maneira
digna com a sociedade, cumprindo com todas as suas obrigações. Enfim, as práticas
abusivas que caracterizam o assédio sexual são diversas não sendo possível enumerar
todas as situações, que de forma geral transformam o ambiente de trabalho em um
local de difícil convivência.

Apesar do aumento do problema, as pessoas estão mais informadas sobre o assunto e


buscando garantir sua dignidade profissional e individual. Este problema não acontece
somente em países desenvolvidos, mas em todas as classes sociais em países com
diferentes níveis de desenvolvimento. Atinge homem, mulher de classe social
estabilizada até a classe operária fragilizada. Como consequência o ambiente de
trabalho torna-se um espaço de tensão, competição, ocasionando a diminuição da
produtividade e influenciando negativamente a
qualidade do trabalho final.

Por outro lado, em Moçambique, o assédio sexual é proibido por lei , artigo 5 do
Regulamento de Combate à Corrupção e Assédio Sexual-DM 36/2019 DE 17 de Abril) e
há políticas específicas do governo que funcionam de modo a responder o problema do
assédio sexual nas instituições públicas e privadas. Entretanto, o regulamento de
combate à corrupção e ao assédio sexual define mecanismos de denúncia para
assegurar que os autores sejam efectivamente sancionados disciplinar e criminalmente.
Este regulamento estabelece, de igual modo, um quadro legal para a protecção dos
estudantes, especialmente das raparigas.
Geralmente se considera que o assédio começa pelo abuso de poder (qualquer
que seja sua base de sustentação) e segue por um abuso narcísico no qual o
outro perde a auto-estima e pode chegar, às vezes, ao abuso sexual (Ibidem).
O que pode começar como uma leve mentira, um flagrante, ou falta de respeito,
torna-se uma fria manipulação por parte do indivíduo perverso que tende a
reproduzir o seu comportamento destruidor em todas as circunstâncias de sua
vida, local de trabalho com o cônjuge, os filhos, entre outros, Freitas (2001, p.
76).

Os autores como Magalhães et al. (2011) também mostram que ao nível nacional, o
Governo tem enveredado esforços com vista à promoção de instrumentos, políticas e
estratégias que visam a igualdade de género em todas as esferas da vida privada e
social. Entretanto, o acto de denunciar ainda se configura como desafios a serem
ultrapassados pelas mulheres, estudantes e raparigas

Conforme afirmam Da Silva Barroso et al (2019, p. 112), estudos internacionais


consideram que o assédio sexual é um fenómeno que ocorre em todos os espaços da
vida quotidiana, sendo uma prática mais predominante nos espaços organizacionais na
qual a mulher tem sido, na maioria dos casos, a mais afectada devido à sua condição
de subordinação em relação ao seu superior.

Vale destacar que esse tipo de prática não está restrito apenas ao local de trabalho,
esse tipo de ambiente uma vez que os outros espaços como, por exemplo, as escolas e
universidades também dispõem de estruturas hierarquizadas.

Conforme defende Santos apud Ponchirolli (2009, p.39), a ética representa o consenso
e aceitação dos valores morais e costumes estabelecidos pela sociedade. Quando
novas questões são levantadas, surgem à necessidade de determinar valores e/ou
costumes de forma prática. Assim, aparece o conceito da ética, que significa o modo e
o carácter do indivíduo na sociedade. A ética é como o aglomerado das práticas morais
de certa sociedade, dos princípios que dão início a estas práticas.

No âmbito da ética profissional, inserem-se os códigos de ética de todos os


trabalhadores envolvidos no processo de fabricação e /ou prestações de serviços. São
três planos: orientação, disciplina e fiscalização. Os códigos de ética fazem parte do
sistema de valores que dão base para o comportamento dos indivíduos, grupos,
organizações e seus administradores.
Nessa perspectiva, como uma questão ética, o assédio sexual provoca atitudes
violentas e sem ética que provocam repercussões negativas na identidade da pessoa
assediada, maculando sua noção de dignidade e infringindo seus direitos fundamentais.
Assim, as condutas do agente público devem contribuir para um ambiente de trabalho
livre de ofensas, difamação, exploração, discriminação, repressão, intimidação, assédio
e violência verbal ou não verbal. Entretanto, não devem ser adoptadas, dessa forma,
acções relacionadas a interesses de ordem pessoal, bem como simpatias ou antipatias
que interfiram no trato com colegas, público em geral e no andamento dos trabalhos.

Importante destacar que o Código descreve as condutas esperadas dos ocupantes de


cargos ou funções de chefia ou supervisão, a saber:

 Ser ético e agir de forma clara e inequívoca, buscando ser exemplo de


moralidade e profissionalismo;
 Buscar meios de propiciar um ambiente de trabalho harmonioso, cooperativo,
participativo e produtivo;
 Agir com urbanidade e respeito, tratando as questões individuais com discrição;
e
 Abster-se de conduta que possa caracterizar preconceito, discriminação,
constrangimento, assédio de qualquer natureza, desqualificação pública, ofensa
ou ameaça a terceiros ou pares.

Relativamente aos conceitos apresentados percebe-se que, primeiramente, em


Moçambique, a questão do assédio sexual não é uma prática nova ou uma prática que
possa ser considerada como uma consequência do desenvolvimento econômico dos
últimos anos. Assim, pode-se considerar como sendo assédio sexual uma atitude
intimidatória e agressiva de cunho sexual, verbal ou física, contra qualquer pessoa, do
mesmo sexo ou de sexo oposto. Nessa perspectiva, o assédio sexual é a insistência
impertinente, perseguição, sugestão ou pretensão constantes em relação à alguém que
consiste em constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento
sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou
ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função”. Entretanto, vale
ressaltar que o assédio sexual acontece com mais frequência contra a mulher, mas não
significa que também pode ocorrer contra homens.
Considerações finais

Neste artigo buscou-se analisar o assédio sexual como um problema ético, apontando
sobretudo, as causas e as consequências. Assim, da revisão da literatura feita,
observou-se que o assédio sexual é toda conduta de natureza sexual não desejada
que, embora repelida pelo destinatário, é continuadamente reiterada, cerceando-lhe a
liberdade sexual.
É importante notar que o assédio sexual detém uma intima semelhança como qualquer
meio de violência que detenha relação com ato libidinoso, porém o assédio sexual na
visão penal é somente aquela acção praticada por superior hierárquico que vise
vantagem sexual. Entretanto, a maior parte das pessoas ainda acha que é um problema
especialmente desenvolvido contra a mulher sendo este o género principal que é vítima
de tal mal, acarretando em um problema para a mulher que busca autonomia e
igualdade.

Portanto, vale destacar que ao se considerar o assédio sexual como sendo um


problema ético deve preocupar a todos os cidadãos, desde os servidores públicos até
os cidadãos comuns. Assim, um ambiente de trabalho deve ser saudável e respeitoso,
livre de ofensas, difamação, exploração, discriminação, repressão, intimidação, assédio
e violência verbal ou não verbal. Entre as condutas esperadas do agente público, em
qualquer posição hierárquica, estão a cordialidade, a equidade, a urbanidade no trato
com as pessoas, o decoro, o respeito, o profissionalismo e a moralidade.

Referências bibliográficas

Coelho, Vânia Maria (2008). Assédio sexual no ambiente de trabalho. Disponível em:
http://www.fadiva.com.br/documentos/jusfadiva/2008/7.pdf
Cunha, João Tobias (2017). Assédio Sexual no Âmbito das Relações Laborais.
(Dissertação de Doutoramento, Departamento de Ciência Política - ISCTE. São
Paulo
Da Silva, S (2017). Assédio Sexual no Trabalho: Perguntas e Respostas. In:
Organização Internacional do Trabalho. Brasília.
Dias, I. (2008). Violência contra as mulheres no trabalho: O caso do assédio sexual.
Sociologia, Problemas e Práticas.
Dias, Isabel. (2008). Violência contra as mulheres no trabalho: O caso do assédio
sexual. Sociologia, Problemas e Práticas. Oeiras

Freitas, M (2001). Assédio Moral e Assédio Sexual: Faces do Poder Perverso nas
Organizações. Revista de administração de imprensa. Vol 13
Jesus, C. C; Almeida, I. (2016). O movimento feminista e as redefinições da mulher
na sociedade após a Segunda Guerra Mundial. Boletim historiar.
Magalhães, M. J. (2011). Assédio Sexual: Um Problema de Direitos Humanos das
Mulheres. Universidade de Porto. São Paulo.
Nash, Laura L. (1993). Ética nas Empresas. São Paulo: Makron Books

Paranhos, R.T. (2017). Assédio sexual de mulheres no ambiente de trabalho: Uma


análise da legislação brasileira à luz da Teoria da Dominação. Fundação Getúlio
Vargas Escola de Direito FGV Direito Rio, Rio de Janeiro

Passos, Elizete. (2004). Ética nas organizações. 1. ed. São Paulo: Atlas

Ponchirolli, Osmar. (2009). Ética e responsabilidade social empresarial. 1. Ed.


Curitiba: Juruá

Terruel, C.S.; Bertani, F.I. (2010). Assédio sexual laboral e suas implicações. In:
SEMINÁRIO DE SAÚDE DO TRABALHADOR, 7; SEMINÁRIO O TRABALHO EM
DEBATE, 5. Saúde Mental Relacionada ao Trabalho

Torres, Anália et al. (2016). Assédio Sexual e Moral no Local do Trabalho. Lisboa:
CITE editora.

Você também pode gostar