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O texto "O sexismo como instrumento de legitimação da violência contra a mulher" de

Ferreira et al., discute como o sexismo é utilizado como uma ferramenta para justificar a
violência contra a mulher na sociedade. Os autores apresentam dados e exemplos para
mostrar como as mulheres são frequentemente vítimas de abuso físico e emocional por
parte de homens, e como a cultura do patriarcado e a socialização de gênero contribuem
para sua perpetuação. O texto aborda principalmente essas questões como incentivadoras
para a violência praticada pelo parceiro íntimo das mulheres (VPI), tratada como a forma
mais comum de existência desse tipo de violência.

A violência contra a mulher é um problema de saúde mundial que afeta mulheres de todas
as idades, raças e classes sociais e pode ser definida como qualquer ação ou omissão
baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e
dano moral ou patrimonial (Krug et al., 2002; Brasil,2006; Casique & Furegato,2006;
Rumando & 2012; Observatório Brasil da igualdade de gênero, n.d). Esse tipo de violência
além de assumir diferentes formas, está presente em diferentes âmbitos como no trabalho,
em ambientes institucionais, no ambiente doméstico, entre outros. (Observatório Brasil da
Igualdade de Gênero, n.d.).

Os autores partem da Teoria do Sexismo Ambivalente (SA), de Glick e Fisk (1996),


trazendo uma concepção ambivalente do termo sexismo, em que dois conceitos
fundamentais são tratados durante todo o texto: o Sexismo Hostil (SH), que se aproxima do
próprio conceito de preconceito, ou seja o simples fato de diminuir e ter antipatia a figura
das mulheres considerando-as inferiores a figura do homem, e o Sexismo Benevolente
(SB), que corresponde a manifestações mais sutis, e acabam por dissimular o real caráter
preconceituoso, como por exemplo, tratar a mulher como apenas uma figura dócil, submissa
e complementar ao homem (Glick & Fiske, 2011; Nilton S Formiga, 2007; Gómez-Berrocal
et al., 2011). Tal conceito é perpetuado por atitudes positivado pela sociedade como uma
justificativa para atribuir rótulos de características mais sensíveis às mulheres.

Ademais, podemos destacar como o sexismo é muitas vezes disfarçado de argumentos


religiosos, familiares, dentro da mídia, culturais e até mesmo biológicos, como a ideia de
que homens são naturalmente superiores às mulheres, e está presente em diferentes
âmbitos como no trabalho, em ambientes institucionais, no ambiente doméstico, entre
outros. (Observatório Brasil da Igualdade de Gênero, n.d.). Essas crenças, segundo os
autores, são usadas para justificar a opressão e a violência contra as mulheres e muitas
vezes reforçam os estereótipos de gênero e promovem a ideia de que as mulheres são
inferiores, quando na verdade deveriam estimular o oposto.
, já que quando elas apresentam-se como passíveis ao sexismo benevolente, reforçam os
estereótipos dentro das camadas sociais de cuidadora e dócil e acabam sofrendo menos
risco de violência.
Observa-se por conclusão que o sexismo se apresenta na sociedade como um instrumento
institucionalizado, perpassando não somente a violência explícita, como também a implícita,
observado principalmente no sexismo benevolente. Dessa forma os autores apontam que
os meios de resolução dessa problemática precisam ser multidisciplinares, envolvendo
diversas áreas da sociedade, passando tanto pelo meio de punição dos agentes dos fatos
criminais, o que não exclui a necessidade do atendimento tanto às vítimas quantos aos
agressores e familiares, como também as ferramentas e métodos de ensino utilizados nas
instituições a fim de não reforçar conceitos patriarcais e sexistas que se apresentam
atualmente de modo majoritariamente sutil.

Ferreira, M.B.O. (2017). O sexismo como instrumento de legitimação da violência


contra a mulher. Revista Katálysis, 20(3), 361-370.

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