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12 a 17 de julho de 2021
UFPA – Belém, PA
Comitê de Pesquisa Gênero e Sexualidade
Introdução
Método
1 A referida categoria foi discutida no artigo “Saúde mental feminina e ciclo reprodutivo:
uma revisão de literatura”. Medrado, A. C. C., & Lima, M. (2020). Saúde mental feminina e
ciclo reprodutivo: uma revisão de literatura. Nova Perspectiva Sistêmica, v. 29, n. 67, p. 70-
84.
Quadro 01: Categoria Violência contra a mulher2
Descrição da Subtemas Produções Total
categoria temática
Nesta categoria Violência contra mulheres Zunner et al. (2015). 01
foram incluídos os soropositivas.
textos que Violência no período Ziaei et al. (2016); 04
abordam a relação gestacional e/ou pós-parto. Kabir, Nasreen e
entre os diversos Edhborg (2014);
tipos de violência Reichenheim et al.
contra mulher (2014); Alhusen,
(física, sexual, Frohman e Purcell
psicológica e etc.) (2015).
praticados pelo/a Violência em zonas de Scott et al. (2015); 03
parceiro/a e/ou conflito armado. Gupta et al. (2014);
por terceiros e sua Sipsma et al. (2015).
relação com a Violência contra mulheres Ulibarri et al. (2015). 01
saúde mental em situação de prostituição.
feminina. Violência contra mulheres Du Mont e Forte 01
com limitação de atividades (2014).
decorrente de transtorno
mental grave ou crônico.
Violência contra mulheres Fernbrant et al. (2014). 01
em condições de migração.
Violência bidirecional. Hellmuth et al. (2014). 01
Sem especificidade Kamimura et al. (2014); 02
(violência contra mulher de Tiwari et al. (2015).
forma geral).
Violência contra mãe e filho. Maddoux et al. (2014). 01
15
Fonte: revisão sistemática da tese da autora, 2018.
3 http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/03/sexo-oral-por-biscoitos-as-denuncias-de-
abuso-sexual-contra-soldados-e-funcionarios-da-onu.html
4 https://oglobo.globo.com/epoca/larry-rohter/os-abusos-dos-soldados-brasileiros-no-haiti-
24194803
recente preocupação dos profissionais de saúde sobre a violência de gênero, o que
não acontece sem alguns problemas como a individualização e psicopatologização
da questão o que, segundo as autoras, faz com que “A violência de gênero, ao ser
reduzida a uma categoria diagnóstica, torna-se um problema controlável e
manipulável pelos recursos oferecidos pelo discurso médico” (p.1728).
Essa discussão nos remete ao cerne deste texto, o que faz com que nos
perguntemos em que medida os sofrimentos oriundos de situações de violência têm
sido medicalizados e rotulados por um psicodiagnóstico. Sobre isso, o debate mais
frutífero se dá em relação ao transtorno mental comum (TMC), investigado no artigo
de Reichenheim et al. (2014), produzido no Brasil. O TMC é comumente associado
às questões sociais como disparidade de gênero, desemprego e trabalho informal,
baixa renda e baixo nível de escolarização (Ludermir, 2008; Zanello, 2014). Por
conta disso, Zanello (2014) levanta a suspeita sobre a possibilidade de
patologização de mazelas sociais no diagnóstico de TMC. O que coloca as
mulheres mais pobres mais vulneráveis a sofrer de TMC, mesmo que seja na forma
de silenciamento das desigualdades sociais. Apesar de tal discussão não incluir a
vitimação por violência e se resumir ao TMC, as questões levantadas neste texto
nos deixam essa suspeita (que pode ser tema de trabalhos futuros), o que nos
aponta para a possibilidade de as mulheres estarem também sendo vitimadas por
violência institucional e simbólica, encobertas por um véu de cientificidade.
Referências