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o mestre não é o repetidor duma verdade já feita. Ele é o que abre uma
perspectiva sobre a verdade, o exemplo dum caminho para o verdadeiro que
ele designa. Porque a verdade é sobretudo o caminho da verdade. E esse
caminho tão atormentado quanto perigoso inaugura-se com a afirmação não
apenas da necessidade, mas da possibilidade de ser um homem (p.46).
[...] na reflexão deste paradigma emergente que situo este trabalho, que
persigo o invisível, o mistério, o mito. O estudo que estou apresentando está
ancorado, fundamentalmente, na abordagem antropológica do imaginário de
Gilbert Durand, que no contexto da discussão epistemológica há pelo menos
30 anos se apresenta como um “outro olhar”, uma “outra” epistéme que,
mesmo alicerçados no antigo paradigma” clássico, suscita a necessidade de
novas respostas para velhos problemas, bem como novos problemas para
antigas respostas. (FERREIRA SANTOS, 1998, p. 28) (p.55).
chegamos “ao ponto e ao momento de fazer dialogar nossos mitos com nossas
dúvidas, nossas dúvidas com nossos mitos”. Chegamos ao ponto e ao
momento de compreender que: “os dois modos coexistem, ajudam-se, estão
em constante interação, como se tivessem a necessidade permanente um do
outro; podem por vezes confundir-se, mas sempre provisoriamente”. (MORIN,
1999, p. 167) (p.56).
(...) para chegar a esse conceito de imaginário e a essa dinâmica que chamou
de trajeto antropológico, DURAND (1997) propõe uma arquetipologia geral do
imaginário. Nela mostra-nos como uma das principais funções; do imaginário é
possibilitar ao homem respostas e soluções frente às angustias do tempo e da
morte e às experiências negativas decorrentes dessa consciência (p.57).
[...] é essa dimensão mais profunda que traz o mito pessoal a que me refiro
como vocação. E a vocação, vista assim, pode ser encontrada nas imagens
que, produzidas a partir das duas atitudes imaginativas, manifestam os
arquétipos que ao mobilizarem a vida das pessoas, em última instância,
contribuem para que elas trilhem determinados caminhos, façam determinadas
escolhas, inclusive aquela que diz respeito ao trabalho, à atividade que vão
exercer no meio social. A produção dessas imagens, desses arquétipos,
desses mitos se dá como uma busca. A busca que o ser humano empreende
indo atrás da sua vocação, do seu mito pessoal (p.62).
[...] a mitocrítica pretende ser um método de crítica que seja uma síntese
construtiva entre as diversas críticas literárias. Parte do mito pessoal enraizado
no biopsíquico e precisa necessariamente chegar ao mito coletivo que se
enraíza no meio cósmico e social, do qual ele se nutre [...] Assim, em linhas
gerais, os procedimentos relativos à mitocrítica consistem, em um primeiro
momento, em: 1 identificar, a partir dos temas, os motivos redundantes ou
obsedantes que constituem a sincronicidade da obra, isto é, analisá-la no
sentido vertical para captar os pacotes de imagens redundantes; 2 examinar
situações e combinações de situações dos personagens e dos cenários numa
perspectiva diacrônica, ou seja, ler o mito no sentido horizontal da história que
narra; 3 fazer uma leitura sincrônica/diacrônica do mito, levantando as suas
diferentes lições e sua correlação com outros mitos de um dado espaço
cultural; e 4 fazer uma análise isotópica das imagens para identificar o
verdadeiro sintoma do mito e a sua estrutura. (SANCHEZ TEIXEIRA, 2000, p.
31-32) (p.73-74).
Mas para as mulheres da nossa cultura, segundo a autora, & sacrifício passou
a ser valorizado por si mesmo. Não apenas o sacrifício por alguém ou por uma
pessoa, mas o sofrimento em si, sobretudo por amor, que acaba se
manifestando como redentor (p.124).
Ainda para PEARSON (1997), num nível elevado o Mártir não está tentando
fazer uma barganha para salvar o ser, mas acredita que o sacrifício do ser
salvará os outros. A decisão de zelar pelos outros, mesmo ao custo do próprio
sacrifício é uma escolha em prol da vida e contrária ao desespero. Nesse caso,
o sacrifício é transformador porque é sincero e se remete a ações que, para
muito além de uma recompensa, buscam contribuir para um mundo melhor
(p.124).
se a vocação, o mito pessoal está em todos nós, como falar da diferença entre
mestres e professores, entre vocacionados e profissionais, atribuindo aos
primeiros todas as virtudes, sem reconhecer nos últimos sequer a mestria
como potência? Como se referir ao mestre que não é profissional em alguma
medida e no profissional que não é mestre em hipótese alguma [...] O mestre
que não reconhece no outro as possibilidades de superação, ou não as deseja,
não admite a possibilidade que o outro trilhe a sua jornada e encontre o seu
caminho, poderia ser considerado um mestre? Com certeza! Ele também. Mas,
talvez, em um momento diferente em sua jornada em que quem sabe não
tenham sido vividas algumas das experiências, das lições que seu mito pessoal
e a sociedade de um modo geral podem lhe proporcionar (p.137).
professor é muito menos uma profissão do que uma forma de vida, uma
postura integral em face de si mesmo, do mundo e do outro; é uma vocação de
existência carregada de todas as opções que oneram sua assunção e seu
desempenho e, nesse sentido, é, de novo, uma. profissão — exatamente no
mesmo sentido que se fala de uma profissão de fé, profissão de valores e
atitudes que gravam (no plano do conhecimento e no da ação) vida e pessoa
como um todo [...] (p. 152).