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Processo de Ensino e Aprendizagem

Saide Cássimo
Saidecassimo@gmail.com- 849456407

Introdução

A presente pesquisa tem como tema o Processo de Ensino e Aprendizagem, e


pretende-se analisar os intervenientes ligados ao processo de ensino e
aprendizagem, olhando sobretudo, a questão da qualidade e o contributo da
avaliação na qualidade de ensino superior. Assim, para uma melhor orientação,
traçaram-se os seguintes objectivos específicos:

 Caracterizar o processo de ensino e aprendizagem quanto a qualidade;


 Descrever o processo de ensino e aprendizagem relativamente aos seus
procedimentos e paradigmas de pesquisa;
 Fazer a descrição do processo de ensino e aprendizagem no ensino superior.
É inegável o papel que a educação desempenha para a formação de um homem
preparado para intervir em várias esferas da vida. Assim, a educação é um elemento
indispensável e constituinte das relações sociais que contribuem contraditoriamente
para a transformação e a manutenção dessas relações, na qual destaca-se a
universidade como um espaço institucional de produção e de disseminação do saber
sistemático e historicamente produzido pela humanidade. Assim, as universidades
devem formar indivíduos adaptados à sociedade em que vivemos. Para isto, deve
fazer com que integrem normas, conhecimentos, hábitos, valores que privilegiam o
grupo social ao qual são chamados a se integrarem. No meio disso tudo, a função
do professor é, portanto, facilitar a actividade mental dos estudantes que lhes
permita construir.
Portanto, são esses aspectos que se pretendem discutir neste trabalho, olhando
sobretudo, o processo de ensino e aprendizagem, que é uma área muito sensível
para o desenvolvimento de todos os países. Também, importa reiterar de que o
trabalho desenvolvido constitui uma pesquisa bibliográfica.
1.1. Processo de Ensino e Aprendizagem
O processo de ensino e aprendizagem não é imediato. Na verdade, qualquer
aprendizagem leva consigo um período de tempo.
ALTET (1999, p. 71) define que aprendizagem como um processo de apropriação
pessoal do sujeito, um processo significativo que constrói um sentido e um processo
de mudança, mas também considera-a como pedagogias situadas numa lógica da
aprendizagem, centradas na relação aluno-saber.
Quanto ao processo de ensino e aprendizagem COLLARES (2003, p.38) afirma que
a qualidade do processo de ensino e aprendizagem reside na possibilidade de se
proporcionar aos alunos o acesso universal ao conhecimento básico, que garanta a
todos condições de participar e produzir, sobretudo “aprender a aprender”.
Por outra, SILVA (2008, p. 76) afirma que actualmente, o processo de ensino e
aprendizagem passa por muitos desencontros, surgindo conflitos em decorrência
das Dificuldades de Aprendizagem que se apresentam em alguns alunos. Tanto por
omissão da escola, como também por parte da família, podem resultar duas
situações características: de um lado a falta de formação específica do professor
para trabalhar com este aluno o coloca em uma situação de conflito, e de outro lado
temos o aluno que se sente excluído e fracassado por um sistema de ensino que
visa apenas crianças que têm um bom rendimento em sua aprendizagem.
Entretanto, para reforçar a ideia acima apresentada, CARVALHO (2009, p. 18)
afirma que não se deve pensar no processo de aprendizagem como concluído ao
término do período formativo, pois postula-se que a formação é um processo
contínuo. Daí que, tendo presente que na sociedade em que vivemos, “o que hoje é
imprescindível e necessário, amanhã está ultrapassado” depreende-se que a
concepção de um ser humano em constante aprendizagem é que conduz a
Educação a organizar-se continuamente.
Desta forma, a qualidade do processo escolar não se centra tanto na instrução, mas
requer um ensino e aprendizagem dinâmicos, voltados à exploração das habilidades
dos alunos facultando meios para construção do conhecimento, atitudes e valores e
aquisição de competências.
As definições apresentadas pelos autores dão-nos a possibilidade de avaliar
a qualidade do processo de ensino em termos de acesso aos
conhecimentos básicos. Esta ideia em Moçambique encontra sustentação
no PCEB (2004) no qual, a qualidade do Processo de ensino-aprendizagem
(PEA) é analisada a partir dos resultados obtidos no Ensino Básico, por ser
a base dos níveis subsequentes e também por considerar este nível de
ensino como fundamental para a estratégia de desenvolvimento do país,
uma vez que aumenta as oportunidades de emprego e auto-emprego,
assegura o desenvolvimento dos recursos humanos e possibilita o exercício
da cidadania, (CARVALHO, 2009, p. 22).
Posicionando-me sobre os conceitos apresentados, primeiramente, parte-se do
pressuposto de que ao insistir na preocupação com a excelência, passamos a
preocuparmo-nos mais com a minoria do que com a maioria, ou seja, com a
qualidade. Assim, não se deve pensar no processo de ensino e aprendizagem como
concluído ao término do período formativo, pois, a própria expressão já diz, um
processo, o que significa, algo que evolui constantemente, isto é, a formação é um
processo contínuo. Portanto, a aprendizagem é contínua e o ideal da educação não
é aprender ao máximo, mas é antes de tudo, é aprender a se desenvolver e
aprender a continuar a se desenvolver depois da escola.
1.2. Qualidade
O conceito de qualidade é dos mais citados nas reformas políticas educacionais
contemporâneas tanto em países desenvolvidos como em vias de desenvolvimento.
De acordo com MARRACH (1996, p. 98), a qualidade na educação passa pela
modernização dos estabelecimentos educativos, adequação do ensino à
competitividade do mercado internacional, nova vocacionalização, incorporação de
técnicas e linguagens de informática e comunicação, abertura da universidade a
financiamentos empresariais, pesquisas práticas e utilitárias, produtividade.
DIAZ (2002, p. 29) analisa o significado de algumas dimensões que intervêm na
qualidade de educação. Um primeiro significado do conceito de qualidade na
educação relaciona-se com a definição de eficácia a qual se refere à consecução
dos objectivos preestabelecidos, capazes de conduzir aos resultados desejados.
Neste caso, uma educação é de qualidade quando os alunos conseguem aprender o
que devem no fim de um determinado nível (de estudo). Nesse sentido, o autor
coloca ou da ênfase nos resultados da aprendizagem efectivamente alcançados no
processo educativo. O ensino é considerado um instrumento técnico a serviço de
objectivos políticos definidos prioritariamente por exigências económicas.
Por sua vez, FERNANDES (2007) numa abordagem diferente, conceptualizam a
qualidade de duas formas: como medida ou como experiência. No primeiro caso, a
qualidade é vista como mensurável, sendo o objecto comparado com um conjunto
de padrões. A qualidade é aqui entendida como uma apreciação objectiva baseada
em critérios e em standards consensuais. Reconhece-se a qualidade como um
conjunto de características próprias do objecto em si mesmo.
Falando sobre a educação de qualidade GÓMEZ (1997) considera que;

ʺA educação de qualidade é “aquela que responde adequadamente ao que


o indivíduo necessita para se desenvolver como pessoa intelectual, efectiva,
moral e socialmente”. Desta forma, a educação de qualidade é aquela que
está vinculada às necessidades e interesses do educando, devendo ser
pertinente às suas condições e aspirações. O autor ainda acrescenta que os
factores como motivação, satisfação com a escola como local de trabalho
são fundamentais para a produção de uma educação de qualidade. Verifica-
se que os resultados escolares são mais produtivos quando o ambiente é
propício ao estabelecimento de relações interpessoais que valorizem
atitudes e práticas educativas, o que também contribui para motivação no
trabalhoʺ, GÓMEZ (1997, p. 30).

Relativamente ao acima exposto, percebe-se que falar em qualidade implica


também falar em avaliação podendo a avaliação ser encarada como um instrumento
do garante da qualidade ou sendo a avaliação definida, ela própria, como uma
procura da qualidade. Assim, a educação de qualidade deve ser vista como sendo
aquela que responde as necessidades dos indivíduos a fim de se desenvolverem
como pessoa intelectual, efectiva, moral e socialmente.
2. Paradigmas da pesquisa
Os paradigmas de pesquisa são conjunto de conjunto de procedimentos e técnicas
utilizadas para se colectar e analisar os dados. O método fornece os meios para se
alcançar o objectivo proposto, ou seja, são as “ferramentas” das quais fazemos uso
na pesquisa, a fim de responder nossa questão.
2.1. Descritiva
RODRÍGUEZ (2004, pp. 119-121) afirma que a pesquisa descritiva visa descrever as
características de determinada população ou fenómeno ou o estabelecimento de
relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de colecta de
dados: questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de
levantamento”.
Face ao acima exposto, pode-se perceber que a pesquisa descritiva pretende
descrever as características de determinadas populações ou fenómenos. Uma de
suas peculiaridades está na utilização de técnicas padronizadas de colecta de
dados, tais como o questionário e a observação sistemática.
2.1.1. Qualitativo
VARELLA (2008, pp. 24-27) afirma que abordagens qualitativas de pesquisa passam
a ser utilizadas em investigações no campo educativo, concomitante com o
desenvolvimento de um sentimento de crise na Ciência Moderna e da percepção
que muitos fenómenos estudados nesses campos disciplinares não poderiam ser
matematizados, devido a sua complexidade.
De acordo com MORAES e GALIAZZI (2011, pp. 11-12), a pesquisa qualitativa está
fundamentada no pressuposto de que um fato não pode ser compreendido apenas
por meio de critérios de quantificação, pois isso teria um carácter reducionista de
muitos aspectos importantes que influenciam no arranjo do fenómeno observado.
Os autores citados convergem ao afirmar que a pesquisa qualitativa produz
descobertas não obtidas por procedimentos estatísticos ou outros meios de
quantificação. Portanto, o paradigma qualitativo visa medir relações entre variáveis
por associação e obter informações sobre determinada população, e as análises
quantitativas são muito divulgadas e, nesse sentido, sua planificação geralmente
necessita de menos explicações que as análises qualitativas. Também, importa
reiterar que na pesquisa qualitativa a reflexão teórica do pesquisador ocorre durante
ou quase no final do processo de colecta de dados.
2.1.2. O paradigma interpretativo
De acordo com THORNE e MACDONALD (1997, p. 32), o paradigma interpretativo
consiste numa abordagem analítica indutiva, projectada com a finalidade de criar
maneiras de compreender a saúde humana e os aspectos relacionados à vivência
de uma enfermidade que produzem consequências para o contexto clínico e para a
prática em Saúde e que são de interesse para pesquisadores de Enfermagem.
É geralmente associado com o paradigma qualitativo capaz de gerar conhecimento
disciplinar confiável e significativo, permitindo a evolução da aplicação metodológica
qualitativa no âmbito da educação.
Portanto, a meu ver, o paradigma interpretativo, é direccionada às pesquisas em
Ciências Aplicadas, e busca distanciar-se das Ciências Sociais, assumindo que o
método usado nessas Ciências não produziria resultados aplicáveis à prática clínica.
2.2. Técnicas de recolha de dados
2.2.1. Análise documental
De acordo com TRIVIÑOS (1987, pp. 43-47), a análise documental surgiu com os
estudos sobre a produção no campo da educação, tendo uma dupla estimulação.
Por um lado, emergiu no embalo da complexificação da pesquisa educacional no
Brasil, resultante da criação e consolidação dos programas de pós-graduação; por
outro lado, resulta da organização (ou re-articulação), em âmbito nacional, de
associação e instituições de pesquisa em educação”.
De acordo com RODRIGUEZ (2004, pp.19-22), a pesquisa documental pode ser
considerada um meio, um caminho, uma metodologia que ajudará entender a
realidade material. Os documentos podem “[...] ser o ponto de partida da pesquisa
[...]” para conhecer a realidade.
Relativamente ao acima exposto, percebe-se que a análise documental oferece para
a pesquisa a educacional, dados necessários para a pesquisa, a partir de
documentos – registos estatísticos, diários, actas, biografias jornais, revistas, entre
outros”, fazendo-se assim, o resgate histórico. De igual modo, pode-se inferir de que
a riqueza da análise documental não é a quantidade de fontes, mas pela amplitude
do diálogo que o sujeito é capaz de produzir entre diferentes fontes e delas com a
história, com a realidade.
2.2.2. Entrevista semi-estruturada
De acordo com TRIVIÑOS (1987, p. 146), em educação, a entrevista semi-
estruturada tem como característica questionamentos básicos que são apoiados em
teorias e hipóteses que se relacionam ao tema da pesquisa. Complementa o autor,
afirmando que a entrevista semi-estruturada “[...] favorece não só a descrição dos
fenómenos sociais, mas também sua explicação e a compreensão de sua totalidade
[...]” além de manter a presença consciente e actuante do pesquisador no processo
de colecta de informações.
Por outro lado, MANZINI (1990, p. 154), a entrevista semi-estruturada está
focalizada em um assunto sobre o qual confeccionamos um roteiro com perguntas
principais, complementadas por outras questões inerentes às circunstâncias
momentâneas à entrevista.
Parafraseando os conceitos apresentados, percebe-se que a entrevista pode fazer
emergir informações de forma mais livre e as respostas não estão condicionadas a
uma padronização de alternativas. Por outra, os autores citados assemelham ao se
referir que é possível um planeamento da colecta de informações por meio da
elaboração de um roteiro com perguntas que atinjam os objectivos pretendidos. O
roteiro serviria, então, além de colectar as informações básicas, como um meio para
o pesquisador se organizar para o processo de interacção com o informante.
3. O contributo da avaliação na qualidade de ensino superior
A Constituição da República de Moçambique no seu artigo 88 indica que a educação
constitui um direito e dever de todo o cidadão, sendo o estado o promotor da
igualdade no acesso e usufruto desse direito. Esta premissa tem vindo a reger todo
o processo de educação para uma expansão a todos os cantos do país com vista a
abranger cada vez mais cidadãos.
Por outro lado, assim como sustenta CUNHA (1997, p. 97) a procura da melhoria e
da qualidade tem sido constante desde há várias décadas, sendo, no entanto,
actualmente, marcada por uma clara relação com a avaliação, e Para um melhor
entendimento do conceito apresentado, é importante trazer o conceito de avaliação.
Assim, o autor supracitado define a avaliação como sendo uma formulação de juízos
acerca do valor (qualidade extrínseca ao objecto) e do mérito (qualidade intrínseca
ao objecto) de um determinado objecto. Isto é, a avaliação pode surgir através da
identificação das qualidades extrínsecas e intrínsecas nela inerentes, funcionando
numa lógica de complementaridade e tornando assim o processo mais completo e
igualmente mais complexo encarado como factor essencial para que a escola e os
alunos se tornem bem sucedidos.
Por outra, MORAN (2006, pp. 47) afirma que a avaliação para a qualidade do ensino
superior deve ser vista como desempenhando um papel importante na qualidade do
processo de ensino aprendizagem dos estudantes.
Assim, os indicadores da avaliação da qualidade no ensino superior integraram o
monitoramento do processo de aprendizagem dos estudantes, os mecanismos de
avaliação destes, a participação na avaliação de sua aprendizagem, a avaliação do
trabalho dos profissionais da universidade e o acesso, compreensão e uso dos
indicadores oficiais de avaliação da educação.
Deste modo, a avaliação é um processo de identificação, recolha de informações útil
e descritiva acerca do avaliado. Por outra, há que reiterar eu a avaliação é um
elemento integrante da prática educativa que permite a recolha de informações e a
formulação de juízos para a tomada de decisões adequadas às necessidades dos
alunos e do sistema educativo.

3.1. Os processos de ensino e aprendizagem no ensino superior


Segundo DUBET e MARTUCELLI (1996), todos os sistemas educacionais
superiores devem cumprir, no essencial, duas funções fundamentais. A primeira
função é qualificada como educativa na medida em que está ligada ao projecto de
construção de uma pessoa que, capaz de reflexibilidade, se auto-determina e se
auto-regula em função das suas análises racionais das situações que é levada a
enfrentar. A segunda função é a da socialização.
Por outro lado, RAMSDEN (1992, 76) afirma que as instituições educacionais
superiores, que sempre tomaram como matéria-prima o conhecimento, têm a
oportunidade de se recentrarem e de reocuparem o lugar nuclear que foram
perdendo nas sociedades contemporâneas. As instituições de ensino superior
podem e devem ser as alavancas do paradigma da aprendizagem ao longo da vida,
abrindo-se a novos públicos e a novas procuras; e os professores deverão ocupar a
dianteira do movimento global da formação contínua, dando sentido a um novo
corpus de competências.
Por último, MARTON et al., (1984, p. 6) afirma que os factores que influenciam as
abordagens dos estudantes no ensino superior às aprendizagens dependem em
grande parte da orientação do aluno para a educação, da concepção de
aprendizagem e das diversas formas de motivação.
Portanto, posicionando-me quanto aos conceitos acima apresentados, pode-se
perceber que as universidades devem formar indivíduos/pessoas adaptados à
sociedade em que vivem. Para isto, deve fazer com que integrem normas,
conhecimentos, hábitos, valores que privilegiam o grupo social ao qual são
chamados a se integrarem. No meio disso tudo, a função do professor é, portanto,
facilitar a actividade mental dos estudantes que lhes permita construir novos
conhecimentos a partir da reconstrução e da reorganização dos que já possuem.
3.2. A qualidade de ensino superior
Segundo MORAN (2006, pp. 43-46), há diferenças importantes entre a qualidade da
educação e a qualidade de ensino. Com efeito, na educação, o foco vai para além
do simples ensinar, integrando o ensino à vida, promovendo o conhecimento ético, a
reflexão e a acção. Já o ensino de qualidade é feito basicamente na escola, ou
através desta e envolve variáveis como a organização e o projecto educativo,
docentes bem preparados e motivados e com boas condições de trabalho para
exercerem com qualidade a sua actividade profissional.
DOURADO et all (2007, p. 43) afirma que a discussão acerca da qualidade da
educação remete à definição do que se entende por educação. Para alguns, ela se
restringe às diferentes etapas de escolarização que se apresentam de modo
sistemático por meio do sistema escolar. Para outros, a educação deve ser
entendida como espaço múltiplo, que compreende diferentes atores, espaços e
dinâmicas formativas, efectivado por meio de processos sistemáticos e
assistemáticos.
Assim DOURADO et all (2007, p. 116) acrescentam que a qualidade da educação é
um fenómeno complexo, abrangente, que envolve múltiplas dimensões, não
podendo ser apreendido apenas por um reconhecimento da variedade e das
quantidades mínimas de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo
de ensino aprendizagem; nem, muito menos, pode ser apreendido sem tais insumos.
Em outros termos, a qualidade da educação envolve dimensões extra e
intraescolares e, nessa óptica, devem se considerar os diferentes atores, a dinâmica
pedagógica, ou seja, os processos de ensino e aprendizagem, os currículos, as
expectativas de aprendizagem, bem como os diferentes factores extra-escolares que
interferem directa ou indirectamente nos resultados educativos.
De acordo com SACRISTAN e GOMEZ (2000, p. 20), outros factores socioculturais
que influenciam no sistema de qualidade do ensino superior estão relacionados com
a forma como são consideradas as diferenças de género pela comunidade. Regra
geral, os pais privilegiam a escolaridade dos rapazes. A divisão social, na base do
género atribui às meninas, desde muito cedo, tarefas tradicionalmente consideradas
da responsabilidade da mulher, o que dificulta o seu sucesso escolar.
Para GADOTTI (2013, p. 43), sob a óptica das Nações Unidas, a qualidade é
percebida como a categoria central do novo paradigma da educação sustentável e
deve ser acompanhada da quantidade. A educação está intimamente ligada ao bem-
estar de toda a comunidade e o contínuo investimento na formação dos professores,
pois, não pode haver a qualidade na educação sem a participação da sociedade na
escola. Para o autor, tanto a escola como as universidades precisam
fundamentalmente de três condições básicas:
a) Professores bem formados, como elementos chave e referência estratégica
da qualidade, condições de trabalho e um projecto político pedagógico. Os
métodos gerenciais para organizações privadas podem ser aproveitados para
mudar a gestão escolar. Contudo, a implementação dos programas de
melhoria de qualidade exige a participação da gestão de todos os
funcionários, na empresa ou na escola, observando os seguintes quesitos:
Grande envolvimento dos professores e funcionários na gestão e na tomada
de decisão e delegação de responsabilidades a todos; Liberdade de acção
para cada sector, treinando professores, funcionários e gerentes com
capacidade de liderança;
Portanto, face ao exposto, pode-se perceber que no ensino superior a qualidade de
ensino superior está associada à comparação de um objecto tendo em conta os
critérios pré-estabelecidos. Assim, a qualidade tem muito a ver com o que se poderá
considerar ser o melhor e mais apropriado juízo que se faz do que se está a avaliar,
num determinado contexto e circunstâncias, com o envolvimento e a participação de
todos os intervenientes da comunidade, desde as instâncias superiores até a
comunidade em geral.
Conclusão
O trabalho em abordagem buscou analisar o processo de ensino e aprendizagem,
relativamente a questão de qualidade do ensino superior como forma de contribuir
para a melhoria no processo de ensino aprendizagem. Procurou-se de igual modo,
reflectir aspectos que contribuam para avaliação da qualidade do ensino superior,
em geral na contínua busca de melhoria de qualidade educacional.
Há que se observar que a gestão da qualidade de educação é um processo no qual
se exige a participação e o envolvimento de todas as pessoas e da sociedade em
geral. Constatou-se que dentre vários factores relativos à melhoria na qualidade do
ensino superior as quês, estão as questões de gestão/liderança, ética no trabalho,
participação da comunidade, gestão democrático e participativa, condições materiais
de trabalho, satisfação profissional, formação, orientação para os estudantes e
supervisão dos estabelecimentos do ensino superior. Dessa forma, requer uma
estratégia e busca de soluções para melhorar cada um dos factores estudados, junto
ao governo e à comunidade, a desenvolver um trabalho de mobilização e
sensibilização sem medir esforços para investimento e planeamento, formação e
sistemas melhorados em todos os níveis, assim como recursos.
Portanto, a pesquisa bibliográfica desenvolvida tornou-se evidente que para se
atingir uma boa qualidade de educação aspectos como estratégia, gestão e
formação devem estar presentes e interligados, e acima de tudo, o envolvimento e a
participação de todos os intervenientes da comunidade académica, desde as
instâncias superiores até a comunidade em geral. Os responsáveis pela gestão
académica devem dar oportunidade para o envolvimento da comunidade (interna ou
externa) da escola impulsionando e agindo de forma mútua e conectada.
Referências Bibliográficas
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