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Título: Conteúdos Educacionais do Processo de

Ensino e Aprendizagem
Autor: Saide Cássimo
E-mail: saidecassimo@gmail.com Contacto: 849456407

Introdução
Neste trabalho falaremos dos “Conteúdos Educacionais do Processo de Ensino e
Aprendizagem”, como uma tentativa de dar resposta aos conteúdos programados da
Psicologia de Aprendizagem. Uma vez que, os conteúdos constituem a base de qual quer tipo
de aprendizagem, isto é, onde há aprendizagem estão lá os conteúdos a serem transmitidos e
assimilados, é importante que levemos avante o debate sobre este aspecto marcante do
processo de ensino e aprendizagem. Portanto, serão desenvolvidos aspectos relacionados aos
critérios de selecção e organização dos conteúdos, dado que, quanto melhor a selecção dos
conteúdos, melhor será o nível de ensino e aprendizagem. Além do critério de selecção e
organização dos conteúdos, tentaremos caracterizar os conteúdos sob perspectivas de certos
pedagogos e por fim veremos como são operacionalizados e quem são os intervenientes na
operacionalização dos conteúdos.
Objectivos
Geral:
 Analisar os critérios que preconizam a selecção dos conteúdos educacionais, para
uma aprendizagem eficaz e eficiente.
Específicos:
 Caracterizar os conteúdos educacionais;
 Identificar os agentes que intervêm na operacionalização dos conteúdos
1.Conteúdos do Processo de Ensino e Aprendizagem
A educação deve promover o desenvolvimento integral das pessoas, dai que, devem ser
determinados sobre a aprendizagem, os conteúdos da cultura necessários para que elas sejam
membros da abordagem sociocultural de referências.
Para sustentar nossa abordagem sobre os conteúdos educacionais, vamos aqui mostrar o que
se percebe por conteúdos educacionais ou de ensino se assim pretendermos.
Segundo Libâneo (1990: 128), na sua obra de Didáctica Geral, “os conteúdos de ensino são
um conjunto de conhecimentos, habilidades, hábitos, modos valorativos e atitudinais de
actuação social organizados pedagogicamente e didacticamente, tendo em vista a assimilação
activa e aplicação pelos alunos na sua própria vida”.
Piletti (2004: 94), sem se distanciar da perspectiva de Libâneo, fundamenta que “os
conteúdos são como um, meio que favorece o desenvolvimento integral do aluno e como
conhecimento de dados, factos e conceitos que conduzam a compreensão e retenção de
informações”.
Os conteúdos educacionais envolvem conceitos, ideias, factos, processos, princípios, leis
científicas, regras, habilidades cognoscientíficas, modos de actividades, métodos de
compreensão e aplicação, hábitos, valores, convicções, atitudes.

Para que os conteúdos educacionais sejam cada vez mais significativos, mais vitais, de modo
que se possam assimilá-los activa e conscientemente é necessário que sejam incorporados
elementos da vivencia prática dos alunos.

1.1.Selecção dos Conteúdos Educacionais


Segundo Ausbel é mais fácil aprender se a informação for organizada e sequenciada de uma
forma lógica, dai que precisa o uso de organizadores avançados como sumários no final das
lições e questionários de revisão como auxiliares que ajudam a criar expectativas, a sintetizar
os novos elementos aprendidos e a integra-los nos conhecimentos, (Tavares e Alarcão, 1990:
105).
"Os conteúdos educacionais são organizados em matérias de ensino e dinamizados pela
articulação dos objectivos – conteúdos – métodos e formas de organização do ensino, nas
condições reais em que ocorre o processo de ensino (meio social e escolar, família, aluno) "
(Libâneo, 1990: 129).
São propostos vários critérios para selecção e organização dos conteúdos, portanto a selecção
dos conteúdos segundo, os resultados da actividade prática dos homens nas suas relações com
o ambiente natural e social, os objectivos educacionais propostos e a infra-estrutura da
matéria.
No que diz respeito a selecção dos conteúdos tendo em conta a prática social e histórica dos
homens, nota-se uma tendência de se incorporar experiencias da prática social vividas pelos
alunos, isto é, nos problemas e desafios existentes no contexto em que vivem os conteúdos
devem ser elaborados numa perspectiva de futuro, portanto conteúdos que possibilitam a
formação de uma sociedade cada vez mais humanizada.
Na obra de Libâneo (1990, 142) podemos encontrar os seguintes critérios de organização e
selecção dos conteúdos:
 A correspondência entre os objectivos gerais e os conteúdos, implica que os
conteúdos devem expressar os objectivos sociais e pedagógicos sintetizados na
formulação cultural e científico para todos;
 O carácter científico, há que conhecer bem a estrutura da matéria sua espinha dorsal, o
conjunto de noções básicas logicamente ligados que correspondam ao modo de
representação que o aluno faz delas no seu intelecto e que tenha poder de facilitar ao
aluno encaixar temas secundários em um tema central;
 O carácter sistemático, há que estabelecer uma lógica em que as abordagens estejam
ligadas entre si;
 A relevância social, deve se estabelecer uma ligação dos conteúdos sistematizados
com a experiencia fazendo com que os objectivos educacionais reflictam a
participação do aluno na vida social;
 A aceitabilidade e solidez, os conteúdos seleccionados devem ser compatíveis ao
nível de preparo e desenvolvimento mental do aluno.
Nessa mesma perspectiva de selecção dos conteúdos, podemos encontrar Piaget, que
privilegia em particular a selecção dos conteúdos segundo o nível de desenvolvimento
(sensório-motor; pré-operatorio, operações concretas e operações formais), por tanto "as
experiencias do ensino formal não devem dissociar-se das experiencias culturais; os
conteúdos devem ser apresentados segundo o ponto de vista das crianças e não como os
adultos compreendem". (Tavares, 1990:102).
Bruner também apostado na ideia de Piaget de que o ensino deve acompanhar o
desenvolvimento humano, sustenta que os currículos devem ser organizados em espira, isto
É, mesmo tópico deve ser ensinado a vários níveis e a abordagem deve ser feita
periodicamente em círculos concêntricos cada vez mais alargados e profundos.
A selecção dos conteúdos tendo em conta os objectivos educacionais, Piletti (2004:92),
estabelece os seguintes critérios:
 Critérios de validade, os conteúdos devem ser dignos de confiança, representativos e
actualizados;
 Critério de flexibilidade, os conteúdos devem estar sujeitos a adaptações,
modificações, renovações e enriquecimento, de acordo com as circunstâncias;
 Critério de significações, o conteúdo deve estar relacionado com as experiencias do
aluno. Os conteúdos devem levar ao aluno a aprofundar por iniciativas próprias ou
interesse;
 O critério de possibilidade de elaboração pessoal, refere-se a recepção, a assimilação e
transformação da informação pelo próprio aluno. O aluno associa, compara,
compreende, selecciona, organiza e crítica os conteúdos;
 Critério de utilidade, corresponde a harmonização dos conteúdos seleccionados para o
estudo com as exigências e características do meio ambiente dos alunos;
 Critérios de viabilidade, os conteúdos seleccionados para a aprendizagem, devem
corresponder as limitações de tempo e recursos disponíveis.
Em outra abordagem, Brunner propõe a organização dos conteúdos segundo a estrutura da
matéria. Ele sustenta que a organização do conteúdo de cada matéria deve ser determinada
pela compreensão dos princípios básicos que dão estrutura a própria matéria (Piletti,
2004:93). Brunner entende que na selecção dos conteúdos ensinar conteúdos ou habilidades
específicas sem tornar claro seu contexto na estrutura fundamental mais ampla de um dado
campo de conhecimento é anti-económico, isso porque torna o ensino difícil não compensa os
estímulos intelectuais do aluno, o conhecimento adquirido é susceptível ao esquecimento.
Com tudo, o critério de organização baseado na estrutura da própria matéria compreende o
critério da organização lógica e da organização psicológica.

O critério da organização psicológica baseia-se no nível de desenvolvimento intelectual do


aluno. Este critério representa a disposição da matéria segundo as experiencias obtidos pela
criança ao longo da vida. Pode-se notar que, além dos objectivos, na selecção e organização
dos conteúdos deve se ter em conta a ordem cronologia dos diferentes passos de aquisição do
conhecimento a partir da experiencia da criança.

1.2.Características dos Conteúdos Educacionais


Os conteúdos educacionais apresentam conhecimentos sistematizados, habilidades, atitudes e
convicções.
Os conhecimentos sistematizados, correspondem a conceitos e termos fundamentais da
ciência e da actividade quotidiana; leis que explicam as propriedades e as relações objectos e
fenómenos da realidade; métodos de estudo da ciência e a historia da sua elaboração e os
problemas existentes no âmbito da pratica social ligados com a matéria.
As habilidades correspondem as qualidades intelectuais necessárias para actividade mental
no processo da assimilação de conhecimento. Os hábitos são modos de agir automatizados
que tornam mais eficaz o estudo activo e independente. As atitudes e convicções se referem a
modos de agir, de sentir e de se posicionar frente a tarefa social: orientam a tomada de
posições e decisões pessoais frente a situações concretas.
Os elementos que caracterizam os conteúdos convergem num ponto: a formação das
capacidades cognoscitivas que correspondem os processos psíquicos da actividade mental.
No processo de assimilação de conhecimento, o desenvolvimento das capacidades mentais e
criativas possibilitam o uso dos acontecimentos e habilidades em novas situações.

1.3.A operacionalização dos conteúdos educacionais


No processo de ensino e aprendizagem os conteúdos são seleccionados e definidos pelo
professor. O professor e o principal responsável pelo, monitoramento, pela orientação e pela
operacionalização dos conteúdos educacionais, dado que este, convive com os alunos (grupo
alvo), com as suas características de origem social, cultural, politico, económico
diversificados. É importante que o professor faça uma reflexão profunda sobre os conteúdos,
procedimentos e métodos que possam viabilizar o processo de ensino e aprendizagem na
criança e buscar na criança os traços que lhe marcam no seu dia-a-dia.
O ensino dos conteúdos deve ser visto como a acção recíproca entre matéria, ensino e o
estudo dos alunos. Através do ensino criam-se condições para a assimilação consciente e
sólida dos conhecimentos, habilidades e atitudes e consequente formação das capacidades e
habilidades intelectuais para se tornarem sempre mais sujeitos da própria aprendizagem.
Contudo, os conteúdos educacionais devem englobar as vivencias práticas dos alunos para
torná-los mais significativos e vitais de modo que eles possam assimilá-los activa e
conscientemente.

Conclusão
Podemos constar nessa abordagem que, não basta uma vasta gama de conteúdos, para
transmitir as crianças, é importante que tais conteúdos estejam adequados a realidade, dos
agentes envolvidos, para se tornar eficaz e eficiente o ensino. É importante que os conteúdos
esteja organizados segundo a faixa etária do indivíduo, o nível psicológico do indivíduo,
portanto, temos que reduzir os conceitos ao nível dos indivíduos para permitir maior
percepção sobre os conteúdos, por parte dos indivíduos. Há que se estabelecer uma estrutura
lógica dos conteúdos, partindo-se do mais simples para o mais simples para o mais complexo.
Além dessa componente, temos que em função dos objectivos definidos, seleccionar
conteúdos essenciais de aprendizagem, que estimulem no indivíduo, a vontade de quer
aprender mais, que lhe ajudem a solucionar os problemas que inquietam a si e a sua
comunidade.
Bibliografia
1.LIBÂNEO, José Carlos, Didáctica, Cortez, São Paulo, 1990.
2.PILETTI, Claudino, Didáctica Geral, 23ª edição, Atica, são Paulo, 2004.
3.TAVARES, j. e ALARCÃO, I., Psicologia de Desenvolvimento e de Aprendizagem,
Coimbra Almedina, Coimbra, 1990.

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