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Quais são os três grandes grupos associados a estes factores de uma situação educativa
segundo Gaston Mialaret?
GDefina o acto educativo a um nível mais elevado.
Segundo MIALARET (apud MARNOTO, 1990: 261) acto educativo é aquela acção exercida
sobre um sujeito ou grupo de sujeitos, aceite e solicitada por estes, com vista a realizar uma
profunda alteração sobbrt eles mesmos continuamente regenerativa. Com certeza a nossa aula
é um acto educativo, por se tratar de uma acção exercida a um grupo de sujeitos (estudantes),
aceite e solicitada por estes, visando a continua transformações. A um nível mais elevado,
essa acção educativa passa pela reflexão sobre as finalidades educativas, sobre os objectivos
da aprendizagem, sobre e legitimidade das estratégias e dos recursos utilizados e, finalmente
sobre os critérios de valor sobre os quais assenta a avaliação do processo. E. substância, o
acto educativo remete para um quadro coerente de valores a serem pensados adentro de uma
reflexão filosófica sobre as principais opções pedagógicas dos agentes educativos.
Segundo Marnoto, de entre esses três grandes factores, a que mais importa ao nosso
presente estudo diz respeito a relação educativa. Que interpretação dá a reflexão
didáctica a essa relação educativa em três vertentes (sociológica, psicológica e
didáctica)?
De entre os estudos pedagógicos, a reflexão didáctica é aquela que prioritariamente se ocupa
das ditas condições da relação educativa. Pois a didáctica se ocupa essencialmente da relação
pedagógica em si mesma, entendida à luz das categorias internas, ou intrínsecas do processo
de ensino-aprendizagem.
Quais são as limitações dos professores no que tange a correcta organização das
actividades de aprendizagem, as suas implicações, e as suas exigências na didáctica de
filosofia?
Num caso concreto, os dados recolhidos pelo professor de de filosofia, são muitas vezes
insuficientes. Tal facto decorre por causa das características do ensino da filosofia, o qual
exige um maior aprofundamento cognitivo do perfil psicológico dos alunos, quer ao nível do
desenvolvimento cognitivo quer do desenvolvimento psicológico, visando a personalidade do
jovem como um todo dinâmico em transformação.
Justifique as razões pelas quais a sala de aula é o palco onde se realiza as grandes
experiências de inovação pedagógica ao nível do ensino de filosofia.
As grandes experiências de inovação pedagógica ao nível do ensino de filosofia têm tido
como palco a sala de aula e não tanto os gabinetes onde se discutem os programas
pedagógicos e análises curriculares, pois a turma é o instrumento técnico de uma pedagogia
institucional, a partir do qual é possível gerir um espaço de relação transformador.
De acordo com MIALARET (apud MARNOTO, 1990: 261) acção educativa é aquela acção
exercida sobre um sujeito ou grupo de sujeitos, aceite e solicitada por estes, com vista a
realizar uma profunda alteração sobre eles mesmos continuamente regenerativa.
O acto educativo é suscetível de ser equacionado num quadro mais amplo do seu
entendimento que passa pela reflexão sobre as finalidades educativas, sobre os objectivos da
aprendizagem, sobre a legitimidade das estratégias e dos recursos utilizados e, finalmente
sobre os critérios de valor sobre os quais assenta a avaliação do processo. Em substância, o
acto educativo, remete para um quadro corrente de valores a serem pensados adentro de uma
reflexão filosófica sobre as principais acções pedagógicas dos agentes educativos.
O acto educativo exige o conhecimento por parte do educador de inúmeros factores que
constituem as variáveis das quais depende essa situação educativa.
Mialaret associa a esses factores condicionantes em três grandes grupos: 1. condições gerais
da educação e das instituições educativas; 2. condições locais concretas em que ocorre a
situação educativa; 3. condições da própria situação educativa
Há que referir a complexidade de âmbito que a didáctica implica, na medida em que visa a
compreensão global e dinâmica das situações educativas que integram cada acto pedagógico
podem ser passíveis de uma análise segundo algumas categorias principais que põem em
evidência esse carácter complexo da própria didáctica.
Num caso concreto, os dados recolhidos pelo professor de filosofia, por esses processos sair
muitas vezes insuficientes. Tal facto decorrer das características psicológicas do ensino da
filosofia, o qual exige um maior aprofundamento cognitivo do perfil psicológico dos alunos,
quer ao nível do desenvolvimento cognitivo quer do desenvolvimento psicológico, visando
personalidade do jovem como um todo dinâmico em transformação (ibdem, 264).
§ Instituição escolar:
§ A estrutura dos programas curriculares;
§ Situação profissional do exercício das actividades pedagógicas.
Ou seja, o perfil do professor de filosofia depende fundamentalmente de variáveis
individuais, de variáveis objectivas que se relacionam com a estrutura do sistema educativo
vigente e com variáveis processuais de natureza pedagógica que estão relacionadas com a sua
formação pedagogico- didáctica. Este último aspecto é particularmente importante para que
se possa definir um perfil do professor. Pois faz parte do modelo de formação de professor
(ibdem, 266).
Ora,é neste último sentido, que um programa satisfaz plenamente as exigências pedagógicas
de inovação. Contudo, há um preço institucional a pagar- a impossibilidade de garantir uma
formação geral coerente e homogénea dos alunos, consoante a subjectividade do professor e a
pretendida relação espontânea entre o aluno e a sabedoria. Ficando a questão dos programas s
cargo de cada professor, apenas vagamente coordenado por normas emanadas dos
organismos. Cada professor é, pois, autónomo no modo como concebe as suas aulas. Este
problema apela então para uma questão que é de suma importância- a formação dos docentes
e os processos de acompanhamento contínuo duma prática pedagógica.
Esta situação algo anárquico, ou nebulosa, não parece resultar da mera conjuntura política
actual. E vê-lo como um destino traduzindo uma nossa maneira de ser que se caracteriza pelo
horror ao sistema, uma recusa de unanimidades.
Os programas de ensino traduzem sempre dois aspectos diferentes da cultura: por um lado
vivem baptizados pela dimensão institucional do sistema de ensino em que se inserem; por
outro lado, os programas de ensino são porta-voz das forças vivas das sociedades enquanto
expansão de uma multiplicidade de sensibilidade.
Muitas vezes, o professor limita-se a reproduzir métodos e atitudes que viu serem
seguidos por outros professores, que tomando como ponto de partida a sua própria
experiência de aluno, ou outras experiências às quais tenha tido acesso, e não reflecte de
um modo profundo acerca de outras alternativas possíveis.
Daí que a reflexão sobre os métodos didácticos passe necessariamente pela reflexão sobre
os modelos pedagógicos existentes e a sua fundamentação em termos de uma Filosofia da
da Educação. Daí também que a reflexão sobre os métodos passe ainda pela necessária
confrontação do professor consigo mesmo, como sujeito de um processo racional muito
complexo, o que exige uma clara tomada de consciência pessoal face aos fins a atingir no
acto educativo, e face aos meios de realizar esses mesmos fins (p. 270-271).
A Didáctila de Filosofia, centrada na exposição de conteúdo didáctilos feita numa aula pelo
professor, constitui o paradigma didáctilo para o ensino superior.
A hermenêutica textual
MARNOTO (1990)
Três pontos suspensivos marcam a distância entre aprender a filosofia, isso é entre o ensinar e
o aprender. Esses três pontos podem ser compreendidos como uma mudança de perspectiva
de actuação, estes três pontos assinalam uma alteração de ritmo e de olhar. Sobre ensinar e
aprender consiste em dr um novo signo. Ensinar tem a ver com propiciar signos, sinais,
marcas que outros possam seguir. Segundo Jacotot ensinar está ligado essencialmente a
explicar. (P179-180).
4) o duplo gesto obsurentista da pedagogia afirmado pela explicação. Supõe-sebque com ela
começa o aprender do outro, a explicação se instituiu a si mesma com wtobinaugural da
aprendizagem. A explicação cobre com um manto de obscuridade tudo o que ela não pode
explicar, aquilo que fica oculto por trás de cada explicação.
Acerca de Sócrates
É necessário um mestre que não explique. Alguém poderia pensar quase imediatamente na
figura de Sócrates. Porém o métodos de Jacotot difere radicalmente do método socrático. O
Sócrates que Ranciêre diferencia de Jacotot é o do Menon, o que ensina um caminho do saber
ao escravo porém não lhe ensina um caminho de autonomia ou liberação. O escravo não
aprende por si mesmo esse saber, nem aprende como aprender sem alguém que o leve, pela
mão, a saber o que tem que saber. Sócrates emburtece e não liberta porque não permite que o
escravo busque por si mesmo, que encontre seu próprio caminho. No Menon, Sócrates é dono
de um saber positivo que lhe permite guiar o escravo até uma resposta correta. (P.184)
A partir de sua crítica a lógica da explicação, Ranciêre extrai como princípio necessário do
ensino a igualdade das inteligências. Trata-se de um princípio, uma openiao, um suposto,
algo que não tem valor de verdade que não pode demonstrar-se. Uma educação é libertados,
emancipadora a medida que não dá aos outros a chave do saber, senao a consciência do que
pode uma intigencia quando considera todas as inteligências iguais. O acto de ensinar é
libertador quando permite ao aprendiz perceber a potência não inferior de sua inteligência, a
partir da igualdade de inteligência pode-se ensinar. Ensinar não tem nada a ver com explicar.
(P.187)
É necessário bemacipar-se para emancipar. Emacipar-se exige partir do princípio de que
todas as inteligências são iguais, de que todos os seres os seres humanos são igualmente
pensantes, supõe inverter o cogito cartesiano, reconhecer que o pensamento é um atributo a
humanidade. Não há métodos, fórmulas nem técnicas para ensinar, nunca podemos antecipar
um trajecto de ensino.(p.189)
Em latim aprender se diz prevendo, quer dizer pegar, colher. Em grego manthano que
significa aprender a colher, aprender a ser. Na idade clássica "foi páthei mathos" ou "tá
pathémata mathémata" estas fórmulas dizem que o vonhecimetse chega através a experiência.
Os gregos sentiram o prender como uma experiência, sugerem que não há aprendizagem sem
experiência de quem aprende e que o aprender está determinado pelo caráter dessa
experiência. Aprender não é trazer para si algo de quem ensina. Ensinar não é levar para
outro algo de si, ensinar et oferecer signos, colocar um exemplo do aprender. Aprender é
seguir esses signos por si mesmo. (P.188-189)
Aprender não é outra coisa que repetir, imitar, traduzir, decompor, recompor, experimentar o
prazer e a dor e comunicar esse prazer e dor a seus semelhantes. A comunicação razoável se
funda sobre a igualdade entre a estima de si e a estima dos outros. (P.189)
A emancipação intelectual não é institucionaliza el, não pode estar a serviço a formação de
um tipo específico de atores sociais. Não é um método para formar cidadãos, é incompatível
com as instituições porque seus princípios são opostos. A emancipação intelectual não pode
instituir-se mas sim ser aplicada. A emancipação é algo que não se dá, se não que se toma. A
emancipação é também um princípio que funda outra educação, um princípio político de
nossa prática. Qualquer um pode ensinar a qualquer um, que não é necessário saber o que se
ensina e sobretudo que somos todos iguais em inteligência.
Jacotot sabia que emancipação universal não enfermaria em nenhum sistema. Sabia não ter
êxito. (P.190-192)
Deleuze acreditava que o filósofo é sempre um aprendiz. Está mais para o rato no labirinto
que precisa aprender a saída; está mais para o sujeito de dentro da caverna que descobre sua
condição e procura a saída, do que para o sujeito já fora da caverna, que contempla o
verdadeiro saber (a ideia). No primeiro sentido, temos a imanência, no segundo, a
transcendência da solução, já posta desde sempre.
Da especificidade da filosofia
Uma Didáctica Geral, arte- MÉTODO! de ensinar tudo a todos, não pode dar conta do
ensinar filosofia. Filosoficamente, o aprendizado de filosofia está para além de qualquer
método que significa controle. No processo de ensino, a filosofia nos escapa. E no entanto,
devemos nos dedicar a essa aventura que é o ensino de filosofia. Sim aventura, pois sabemos
quando e de onde saímos, mas não sabemos quando, aonde ou mesmo se chegaremos (idem:
202).
O ensino de filosofia não pode ser abarcado por uma didáctica geral, não pode ser
equacionado unicamente como uma questão pedagógica porque há algo de específico na
filosofia. Há algo que faz com que a filosofia se torne Filosofia e não ciência, e não religião,
e não opinião, e é esse algo que faz com que o ensino de filosofia careça também de um
tratamento filosófico, de uma didáctica específica para além de qualquer questão
estreitamente pedagógica.
Transversalidade da Filosofia
O conceito não é paradigmático, mas sintagmático; não é projetivo, mas conectivo; não é
hierárquico, mas vicinal; não é referente, mas consistente. Uma característica fundamental de
filosofia é a transversalidade, uma vez que o conceito é sintagmático, conectivo, vicinal,
consistente, o que faz dele, necessariamente, um empreendimento de abertura e relação. A
filosofia não se fecha em si mesma, mas abre-se sempre a outrem, busca relação. É isso que
se chama de transversalidade de filosofia, a sua conexão com outros saberes e com outras
áreas (idem).
No Górgias, Sócrates afirma que o acordo com seu interlocutor Cálicles constitui uma arantia
da verdade acerca do que foi acordado, sendo escusado submeter a sucessivas e infinitas
provas acerca do mesmo, uma vez que nele se dão três condições exigidas a um interlocutor
plenamente qualificado: o saber, a boa vontade ou benevolência, e a sinceridade, decisão para
falar. A ideia de acordo que rege o dialogar socrático comporta três aspectos relacionados
entre si: o acordo dialógico interpessoal, o acordo logico-teorico consigo mesmo e o acordo
pragmático-moral entre o que alguém afirma e o modo em que alguém vive e atua. Os três
aspectos formam parte da normatividade d razão, todos eles respondem conjuntamente ao que
poderíamos craterizar como "vontade de verdade". (P. 114)
Platão, no diálogo Críton, desenvolveu o caráter normativo do acordo racional que deve ser
mantido. Acordo que se constitui de traços de um pacto, ao se afirmar um compromisso
reconhecido e assumido pelos parceiros do diálogo em que podem exigir fidelidade mútua e
para com suas afirmações. O diálogo se manifesta e se realiza em dois níveis: nunca é bom
nem cometer injustiça, nem responder a injustiça coma injustiça; há que fazer as coisas que se
tem acordado com alguém que são justas. No mesmo diálogo, se assinalam como condições
de validez do acordo que não deve ser assumido nem sob coação, nem sob engano, nem com
premência. A relação pedagógica-filosófica que justicaremos a partir da amizade, corre entre
pessoas comdireitos iguais ao uso e a procura das palavras, não se trata, pois, de uma relação
objetificadorw com o ser em si. Na concepção de amizade, principalmente a aristotélica
encontramos elementos fecundos, actuais e necessários à postura pedagógica que deveriam
constituir um tópos koinê da actividade filosófica. (P.115-116)
Aristóteles analisa o tema da amizade em diferentes livros de acordo com interesses em fins
específicos. Nas éticas o foco recai sobre a dimensão da amizade como virtude e na retórica
explícita sua natureza como paixão. Mas análise do fundo mostra uma identidade constituída:
"1 pela gerência do bem para o amigo; 2 pela reciprocidade dos atos e dos sentimentos
mútuos" (Racineoro. In: Aristóteles, 1990, p.327)
Eurípedes concebe a essência da amizade a partir de contrários, "a terra seca ama chuva". Ao
contrário, Empédocles fundamenta a amizade na identidade entre os amigos, pois, o
semelhante busca o semelhante.
Há três espécies de amizades: uma motivada pela virtude ou umas às outras porque são uteis.
Os jovens têm por motivo da amizade o prazer, por isso tal amizade é acidental, ao passo que
a amizade pautada pela virtude é essencial por se fundamentar na relação entre os bons, onde
há reciprocidade de afeto mútuo e reciprocidade de mútua eleição preferencial.
Faz parte da amizade o desejo de viver juntos, mas as pessoas não podem conviver se não são
mutuamente agradáveis e não apreciam as mesmas coisas. A amizade se constroem pela
reciprocidade prática de bem querência, daí que se diz que amigo é quem ama e é por sua vez
amado e entre eles reina uma coerência entre o que falam e fazem. Na concepção aristotélica
as reflexões de Cícero sobre amizade erigem-se sobre duas pilastras: o homem não procura
amizades por egoísmo mas para satisfazer um desejo fundamental da alma; não há verdadeira
amizade sem virtude. A amizade tem o seu princípio mais na natureza do que na nossa
fraqueza. (P.117-119)
Por estas razões a amizade não se dá entre muitos porque é difícil pôr à prova a muitos, já que
seria preciso conviver com cada um.
Gadamer acenoy para a importância do ouvir com vistas á compreensão e fe-lo basicamente
em função da determinação do conceito de pertença. Ouvir é uma dimensão que esteve
sempre latente na filosofia. Na opinião de Gadamer cada escrito para ser compreendido
requer uma espécie de trânsito ao interior e seus alunos costumavam dizer "deveis aguçar o
ouvido, haveis de saber que quando levais uma palavra a boca não utilizamos a vontade uma
ferramenta qualquer. Condição central de possibilidade da pergunta dialógica é a unidade
entre ouvir e dizer, que não se reduz aobintercamibo informativo.
Segundo J. Grimm o olhar é um senhor, o ouvido um escravo, aquele olha em redor para ele
quer, este acolhe o que ele é levado.( P. 122-123)
Para Arendt, citado por Garcia, a educação não pode desempenhar nenhum papel profícuo na
política, porque na política lidamos com pessoas já educadas. No entanto, querer educar
adultos, isto é, pessoas já educadas, significa pretender agir como guardião e impedí-los da
actividade Política. Como não se pode educar adultos, é absurdo falar de educação na
política. Entretanto, só se pode fazer um simples mulacra da educação, cujo objectivo é a
coerção sem o uso da força.
Quem desejar de facto criar uma nova ordem política, baseada na educação, nem através da
força e coerção, nem através da persuasão, se verá obrigado à ilação platónica: a exclusão de
todas as pessoas mais velhas do estado a ser fundado.
Portanto, de igual forma, mesmo às crianças que se quer educar para que sejam cidadãos de
um amanhã utópico, os mais velhos devem, no entanto, deixar aos mais novos a oportunidade
de transformar o seu próprio mundo, pois o que quer que o mundo adulto possa propor como
novo, é necessariamente mais velho do que eles mesmos.
MARNOTO (1990)
O título Filosofia da Universidade pode parecer provocante pelo fato de a primeira vista
sugerir que a Universidade pode ou deve ter uma filosofia como se fosse um sistema de ideias
ao que pudesse comandar e justificar a todas as suas acções desde os procedimentos práticos
administrativo até articulação das formas teóricas em todas as áreas do saber em termos de
pesquisa, ensino e extensão. O conjunto de ideias sistematizado é chamado de filosofia, é
assim entendido como um sistema ou um guia para a consecução de fins. (P. 37)
A universidade é concebida como entidade extremamente consciente do que quer e com uma
identidade totalmente definida pelo consenso e arregimentação dos seus pares, professores,
alunos e funcionários. Universidade é uma entidade, um sujeito que tem algo que é uma
filosofia, como uma espécie de bandeira para justificar as suas actividades em geral em
direção a uma meta previamente estabelecida.
Apesar de todas as dificuldades que se apresentam, é possível pensar e quem sabe, defender a
implementação da relação entre a filosofia e a universidade como tarefa mais urgente da
filosofia, atiçando uma reflexão sobre o significado dos conceitos. Gadamer(1995) confessa
que só aos poucos foi entendido a capacidade de antecipação ue a linguagem filosófica tem
inerente a si. O uso da linguagem de forma nenhuma é uso de algo, vemos numa linguagem
como num elemento, como os peixes na água (P. 40-41)
Um dos gestos teóricos mais fundamentais donocident e que nos pode ajudar na recordação
compreensiva dos termos Filosofia e universidade é a concepção de arché de Anaxágoras, ele
propõe ideias de uma totalidade que até hoje perfaz o pano de fundo, bem como o ideal de
atividade pensant sobre teoria e prática no ocidente, nos seguintes termos:
f) o universo é tal que em cada tempo e lugar, cada uma das suas particularidades tem
notícias a totalidade e a representando o seu ponto de vista;
g) o universo é tal que há sempre a possibilidade de visibilidade e transparência total entre
tudo e todos, os quais, assim estão na situação de cidadãos do universo.(P. 42-44)
Os herdeiros imediatos dessa ideia foram entre outros os sofistas, Sócrates, Platão e
Aristóteles apesar das suas críticas a Anaxágoras. Nos tempos modernos e contemporâneos
temos Kant, Holderlin, Hegel, Nietzsche, Benjamin, Heidegger, Fernando pessoa e outros.
Gadamer (1995, p. 281) no artigo Europa uns die Oikoumene, cita com efusivos elogios uma
poesia de Nietzsche, intitulada Sile-Maria. " Estava eu aqui sentado, esperando, esperando
mãe por nada, além de bem e mal, por vezes da luz usufruindo por vezes da sombra,
totalmente apenas jogo...."
Estes valores define, as necessidades de homem de hoje, ensirido num mundo calcado na
desegualidade social e a ameaçado de destroição pelo avanço tecnológico num contexto em
que os valores de trocas se definem, em última análise, como informação, conhecimento e
criatividade. (idem 46)
Neste contexto, o professor como transmissor de conhecimento desaparece para dar lugar a
figura do mediador. A negação da imagem do professor como mero repassador de
informações, já presente em Dewes, em Anisio Teixera, em Paulo Freire, é retomada no
paradigma emergente, que parte do pressuposto de que na era de internet, o professor não é a
única e nem a mais importante fonte do conhecimento. O indivíduo é bombardiado de
informações a todo momento atrás de diversas fontes. Cabe ao docente, mais do que
transimitir o saber, articular experiência em que o aluno reflita sobre suas relações com o
mundo e o conhecimento, assumindo o papel activo no processo de ensino-aprendizagem,
que por sua vez, devera abordar o indivíduo como um todo e não apenas como um talento
desenvolvido. O desafio está na incorporação de novas tecnologias a novos processos de
prendizagem que opurtunizem ao docente actividades que exijam não apenas o seu
investimento intelectual mas também emocional, sensitivo, intuitivo, estético, etc, tentando
não simplesmente desenvolver habilidades, mas o indivíduo na sua totalidade.
Contudo, o conhecimento não é algo acabado nem definito. Isso torna os conceitos relativos,
e a realidade será sempre um modo particular de percepção do mundo e das coisas, não
havendo verdades perenes, mais verdades relacionais e por tanto transitórias.
Se não há verdades absolutas a ser comunicadas, também não há um mundo externo ao
indivíduo a ser comunicado. Toda a percepção, todo o conceito, toda a observação, leva em
conta o olhar do observador, de modo que a própria realidade se relativisa, no sentido de que
será uma vivência única para cada indivíduo. Isto considerado, ao em vez de centar nos
conceitos, o novo paradigma sugere que a escola privilegie as relações, dando maior
importância não ao resultado mas ao processo, nao a funcionalidade do aprendizado, mas a
auto-realização, a auto-estima.
Esta nova prática exige ambiente que extrapolem o espaço da sala de aulas, ocupando de
modo mais assido mas não apenas os laboratórios e os espaços sociais da escola, como
também disponiveis na comunidade, realizando as actividades colaborativas em que as
experiências sejam vivênciadas individualmente e em grupo, actividades que privilegiem a
dinâmica de projecto que invistam o aluno de responsabilidades reais ante o seu aprendizado
e o mundo que o cerca, actividades que sejam avaliadas, mais do que por uma avaliação de
conteudos, pela auto-avaliação que elas proporcionem. Neste contexto o aulismo passa a ser a
coisa do passado, abrindo o caminho para a pedagogia do “estar no mundo”. A sala de aula
deixa de ser o templo da transmição e de repetição do saber e para sendiar importantes
momentos de socialização do aprendizado individual e experiência em grupo, do diálogo e do
confronto entre essas experiências e teoria da formulação de problemas e da busca de
soluções.
O que se propõe aqui é uma escola em que o aluno se veja participante de uma comunidade,
em que ele perceba sua futura profissão como instrumento de presença no mundo. A escola
da era da globalização deve corrigir essas distorções e formar cidadãos que possam
exerercerem, na sua comunidade, uma presença humanizadora, uma presença que implique
não em competitividade, mas em vivência colectiva, em crescimento com o outro.
A implementaço da disciplina da filosofia nos curricolo das escolas do ensino médio e a sua
manutenção nas escolas onde ela já existe é fundamental para permanência dos cursos de
liccenciatura em filosofia. Pois não podemos esquecer que a existência desta habilitação
somente se justifica a medida que há campo de trabalho para professores que se liccenciam
anulmente em tais cursos. Além disso, a presença da filosfia não ensino médio se justifica,
também pela importância e significado da filosofia para a formação dos jovens que frequente
este nívil de ensino
Mas o facto de das escolas assumirem a filosofia em suas grades curriculares não resolve
totalmente a questão, pois concomitante a esta campanha pela incorporação da disciplina de
filosofia nas estituições escolares de ensino médio existe outras questões relacionadas a
formação dos futuros professores de filosfia cuja descussão e solução depende dos próprios
cursos de liccenciaturas em filosofia sobre eles recãem dois problemas que precisam ser
equacionados, a saber, um externo, relacionado com a valorização desses cursos, e outro
interno, referente às consepções que embazam as actividades desenvolvidas na formação dos
professores de filosofia para o ensino médio.
A defesa de que a formação dos professores tem a ver direitamente com a reflexão sobre a
acção implica em conceber o ensino como um construção cuja a determinação depende da
prática daquele que ensina. Ensinar não é algo que aprende por observação e se quer se
aprende atraves de manuais. Mas se pode aprender com os professores a medida que eles
possibilitem aos alunos a opurtunidade de refletir e problematizar sobre a sua prática,
possibilitando que, ao engressar no magistério, como futuros professores eles tenham
condições de pensarem-se a si mesmos e de pensarem na sua professão a partir das suas
próprias acções. Este tipo de ênfase na formação é importante e a sua realização independe de
uma disciplina específica, pois aprender a ser professor é algo cujo o início conscide com o
ingresso na vida escolar. A atenção aqui se desdobra pois este aprendizado pode ocorrer
quando a reflexão sobre as acções não sejam proprientaria nas actividades educacionais.
Contudo, o ensino se deve constituir numa actividade em que a acção e a reflexão sejam
componente de um mesmo processo a saber, a prática pedagógica. Esta imensão da actuação
do professor pode proporcionar não so um conhecimento pedagógico sobre a sua prática, cujo
o resultado permita ultrapassar a elaboração de modelos e esquemas técnicos que orientem a
sua actividade, mas também um resgate de carácter prático da acção, a saber, que a acção
pedagógica é orientada pelo comprometimento ético e político daquele que exerce a tarefa de
ensinar. Somente deste modo um curso de formação poderá preparar o futuro professor para
enfrentar os desafios e ser capaz de intervir na prática, coadunando o conhecimento resultante
da reflexao sobre sua actividade às circúnstancias especificas da realidade da sala de aulas
(Marnoto, p. 462).
Por fim alguém poderia perguntar se estas questões dizem respeito à actividade do professor.
Galima acreditava que elas são fundamentais não só para aqueles que liccionam filosofia nas
liccenciaturas, mas sobretudo para aqueles que prentende leccionar filosofia no ensino médio.
Como afirma o professor Celso Favaretto “o professor de filosofia (no segundo grau
notadamente), para enfrentar as injucoes de sua actividade, antes de definir-se por conteudos,
procedimentos e estrategias ( o que deve-se ser ensinado?) precisa definir para si mesmo o
lugar de onde pensa e fala. Neste sentido, pode-se dizer que o ensino de fiolosofia vale o que
vale o pensamento daquele que ensina” (Muchal, 1996, p. 77-85 apud Marnoto, p.464).
Da definição de filosofia
A filosofia é um ramo do conhecimento que pode ser caracterizado de três modos: pelos
conteúdos ou temas tratados, pela função que exerce na cultura e pela forma como trata tais
temas. Com relação aos conteúdos, a filosofia trata de conceitos como beleza, bem, justiça,
verdade. Mas nem sempre a filosofia tratou destes temas. No começo isso na Grécia, a
filosofia tratava de todos os temas já que até séc. XIX não havia separação entre a filosofia e
ciências. No entanto a filosofia inaugurou um modo novo de tratamento dos temas a que
passa a se dedicar, determinando uma mudança na forma de conhecimento do mundo até
então vigente.
Se dermos crédito a Nietzsche, a primeira proposição filosófica foi aquela enunciada por
Tales, a saber que água é o princípio de todas as coisas. Nietzche afirma "a filosofia grega
parece começar com uma ideia absurda, com a proposição: água é origem e a matiz de todas
as coisas..." Nietzsche analisa esse texto, não sem crítica, e remarca a violência tirânica como
essa frase trata toda a empiria, mostrando que com essa afrase se pode aprender como
procedeu toda a filosofia, indo sempre para além da experiência. A filosofia representa nessa
perspectiva a passagem do mito para o logos. No pensamento mítico, a natureza é possuída
por forças anímicas. O homem para dominar a natureza apela a rituais apaziguadores. O
homem portanto é vítima do processo, buscando dominar a natureza por modo UE não
depende dele, já que está é concebida como portadora de vontade. Essa passagem de mito à
razão representa um passo emancipador, a medida que liberta o homem desse mundo mágico.
( p. 227-229).
A filosofia pode ser considerada como uma espécie de saber geral, omniabrangente. Um tal
saber, hoje haja vista os desenvolvimentos da ciência, é impossível de ser atingido pelo
filósofo.
Do método da filosofia
Da função da filosofia
Por impossibilidade de abarcar todo conhecimento humano, parece mais plausível pensar
numa restrição temática à filosofia, deixando-a tratar de certos temas. Neste sentido a
filosofia teria um âmbito de problemas específicos sobre os quais trataria. A lógica, ética, a
teoria do conhecimento, a estética, a epistemologia são disciplinas filosficas, tendo em função
geral para o conhecimento geral. No caso da moral, ela pode mostrar que questões
controversas podem ser resolvidas racionalmente, bem como apontar para critérios de
resolução racional de problemas.
Habermas apresenta, nesse particular três condições. A de Kant, a de Rorty e a sua própria,
Kant dentro do fundamentalismo da teoria do conhecimento, " ao pretender aclarar de uma
vez por todas os fundamentos da ciência e de uma vez por todas definir os limites do
experiência ela, a filosofia indica as ciências o seu lugar" Habermas, 1980, p. 18).
Rort, por sua vez, desconfia desse conhecimento previligiado que a filosofia possa ter. Por
isso " abandonar a noção do filósofo que conhece alguma coisa acerca de conhecer o que
mais ninguém conhece tão bem séria abandona a noção de que a sua voz tem sempre um
direito primordial a atenção dos outros participantes na conversa" (1988, p. 302). A tese de
Rorty é relativista, de fato Wittgenstein afirmara " a filosofia não deve, de modo algum, tocar
no uso efectivo da linguagem, em último caso pode apenas descreve-lo. Pois também não
pode fundamenta-lo. A filosofia deixa tudo com está"
A filosofia tem como tarefa de delimitar uma concepção mínima de racionalidade. Porém, o
conceito de razão daqui resultante não é, como em Kant, " uma ilha fechada pela natureza
mesma dentro de limites imensuráveis".
Segundo Habermas " a razão comunicativa não passa certamente de uma casca oscilante,
porém, ela não se afoga no mar das contingências, mesmo que o estremecer em alto mar seja
o único modo de ela dominar as contingências". Neste sentido a filosofia conserva uma
função crítica no sentido kantiano, isto é, uma autoridade indiretamente legisladora, pois
aponta os desvios no cumprimento das condições de possibilidades da racionalidade.
Temos portanto: