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Introdução
As politicas curriculares das sociedades contemporâneas são cada vez mais exigentes
no que se refere à natureza e ao conteúdo dos conhecimentos e competências que as
escolas devem desenvolver com os seus alunos. Resolver urna diversidade de
problemas, integrando e dos conhecimentos científicos, tecnológicos e técnicos,
desenvolver criatividade e o pensamento crítico, as relações interpessoais e o sentido
estético e artístico, sio exemplos de conhecimentos e competências que,
invariavelmente, integram os propósitos de qualquer currículo. Estes
desenvolvimentos curriculares, em sociedades cada vez mais complexas,
imprevisíveis e instáveis, têm contribuído para que, progressivamente, se sinta a
necessidade de melhorar a forma e o conteúdo dos processos pedagógicos de ensino
e avaliação. De facto, nas últimas décadas e, mui. to especialmente, a partir da
década de 80 do século XX, iniciou-se uma significativa transformação no que se
refere à teorização daqueles processos, com significativas implicações para as
chamadas práticas pedagógicas. Apesar disso, reconhece-se que, em geral, nem as
práticas de ensino, nem as práticas de avaliação têm sido pensadas e desenvolvidas
de forma a que os alunos possam desenvolver cabalmente os conheci. mentos e as
competências constantes nos currículos propostos. Persistem, por exemplo,
dificuldades com a integração da avaliação formativa nas práticas pedagógicas apesar
dos seus reconhecidos e comprovados benefícios para as aprendizagens dos alunos e
dos esforços que, nesse sentido, se vêm desenvolvendo há algumas décadas (e.g.,
programas de formação, medidas legislativas). Estas dificuldades estão relacionadas
com a complexidade que essa integração envolve que, na verdade, tem sido
largamente negligenciada. Nestes termos, é necessário começar por compreender que
tal complexidade decorre do facto de a avaliação, como processo eminentemente
pedagógico, não poder deixar de estar fortemente relacionada com o ensino, a
aprendizagem e, consequentemente, com o Currículo e com a Pedagogia. Assim,
torna-se importante enquadrar e discutir, ainda que de forma tão sucinta quanto
possível, questões consideradas essenciais para que seja possível sustentar o
desenvolvimento de práticas de avaliação mais fundamentadas pedagogicamente e
mais orientadas para a melhoria das aprendizagens dos alunos.
O principal propósito deste texto é contribuir para que os professores de qualquer grau
de ensino possam pensar e melhorar as suas práticas pedagógicas de ensino e de
avaliação para que os seus alunos aprendam mais e melhor. Não se trata de um
receituário nem de um manual de boas práticas acerca de como fazer uma boa
avaliação. É antes um texto em que se discutem questões de natureza conceitual e
académica associadas a questões de natureza prática que interessam a educadores e
professores, profissionais altamente qualificados, possuidores de um alargado leque
de conhecimentos e competências. E, neste sentido, não pode deixar de ser um texto
de natureza reflexiva acerca da avaliação pedagógica que se construiu numa espécie
de vai e vem entre os referentes conceituais mais relevantes, os fundamentos, e as
necessidades práticas de quem está envolvido em processos dc melhoria dag práticas
pedagógicas de ensino e de avaliação e das aprendizagens dos alunos.
Consequentemente, não é possível ignorar a discussão, ainda que bastante sintética,
de temas tais como a inovação pedagógica, o currículo, a pedagogia, a aprendizagem
e o ensino.
A avaliação é perspetivada não como uma mera técnica ou como um procedimento
mais ou menos mecânico, mais ou menos automático, para atribuição de
classificações, mas antes como um processo marcadamente pedagógico através do
qual os alunos podem aprender melhor, isto é, com mais compreensão e
profundidade. processo em que o diálogo, a interação social e, em geral, a relação
pedagógica, assumem uma importância decisiva. Assim, contribui-se para consolidar a
ideia de que a necessidade de melhorar as práticas de ensino e de avaliação pode
proporcionar uma diversidade de oportunidades para desenvolver uma cultura de
inovação indispensável para melhorar a vida pedagógica das escolas.
Há uma diversidade de práticas relevantes para a melhoria do ensino e da avaliação
cujo desenvolvimento está intrinsecamente associado a processos de inovação tais
como:
Figura 4 Visões do currículo, do ensino, da aprendizagem e da avaliação consistentes com a melhoria das aprendizagens dos
alunos
nunca qualquer reinvenção do currículo e da pedagogia sem a sua participação e a
sua entrega (Fernandes, 2021a).
Repare-se que, nos anos 70 do passado século, a avaliação formativa era realizada
após o ensino e não durante o ensino e, assim, qualquer dificuldade que
eventualmente pudesse ter surgido ao longo do processo só viria a ser detetada no
final da unidade didática ou de um dado domínio do currículo, tal como sugerem as
setas e as estrelas da figura. Por isso, estamos perante o que Linda Allal designou
como avaliação formativa de regulação retroativa. A ideia, nesta perspetiva, era a de
desenvolver o ensino para que os alunos, supostamente, pudessem aprender e, no
final de um certo período de tempo, verificar em que medida tinham aprendido o que
se definiu nos objetivos de aprendizagem através de uma avaliação formativa,
geralmente sob a forma de um teste. O que Bloom então trouxe de novo foi introduzir
a referida avaliação formativa no final do processo de ensino para distribuir feedback
aos alunos que lhes permitisse rever o seu trabalho e desenvolver as necessárias
estratégias para ultrapassar eventuais dificuldades. Note-se que, se tivermos em conta
os desenvolvimentos teóricos das últimas décadas, a avaliação formativa, tal como
Bloom a concebeu e se ilustra na Figura 7, não era, de facto, formativa. Em rigor, era
uma avaliação sumativa, porque fazia um balanço ou um ponto de situação acerca do
que os alunos sabiam e eram capazes de fazer num dado momento e após um
período de ensino. Nestas condições, era uma avaliação formativa que não
acompanhava os processos de ensino e de aprendizagem e, nesse sentido era uma
avaliação sumativa à qual era dada uma utilização formativa. Ou seja, dessa forma, os
seus resultados eram exclusivamente utilizados para distribuir feedback aos alunos,
para os ajudar a aprender, e não eram mobilizados para efeitos de atribuir
classificações (Fernandes, 2021d). Só após esta avaliação, então designada
formativa, é que tinha lugar uma avaliação sumativa, cujo propósito era classificar o
trabalho dos alunos e que surge na figura no final da unidade ou domínio do currículo.
Em síntese, nesta conceção, a avaliação formativa era utilizada após o ensino de uma
unidade ou domínio do currículo com o propósito de distribuir feedback aos alunos
acerca da qualidade do seu trabalho e das suas aprendizagens. Os dados desta
avaliação formativa não eram, por isso, mobilizados para efeitos classificatórios. Como
já se referiu, a avaliação sumativa que se realizava posteriormente é que tinha esse
propósito. Sublinhe-se ainda que esta avaliação formativa era algo redutora e muito
semelhante a uma avaliação sumativa pois não se realizava durante, mas antes após
os processos de ensino e de aprendizagem e, nestas condições, não havia qualquer
integração entre a avaliação, o ensino e a aprendizagem e, consequentemente, não
havia quaisquer oportunidades para os alunos analisarem e/ou reformularem e/ou
aprofundarem o seu trabalho para o melhorar quando surgissem eventuais
dificuldades.
Com a emergência do cognitivismo, do construtivismo e de perspetivas renovadas
acerca da aprendizagem, em particular as de natureza sociocultural, a avaliação
formativa, a partir dos anos 80, passou a ser considerada como um processo
pedagógico intrinsecamente associado ao ensino e à aprendizagem e, como tal,
tendencialmente contínuo, envolvendo a participação ativa de professores e alunos, na
distribuição de feedback e no desenvolvimento de estratégias para melhorar as
aprendizagens e o ensino. Uma das diferenças fundamentais em relação ao modelo
representado na Figura 7 reside no facto de a avaliação formativa passar a
acompanhar os processos de ensino e de aprendizagem e, nestas condições, o
feedback pode ser distribuído durante e não após a ocorrência destes processos. Por
isso, Linda Allal, decidiu designá-la como avaliação formativa de regulação interativa.
Figura 9 Avaliação formativa e avaliação sumativa para apoiar o ensino e as aprendizagens (anos 90)
na Figura 10.
A observação desta figura permite verificar que a cada uma das questões corresponde
respetivamente, o feed up, o feedback e o feed forward e daí a noção de que é
fundamental apreender que a avaliação formativa não faz sentido nem pode ser
concretizada sem feedback e, por ISSO, sem processos de interação com os alunos
para que se possa responder a cada uma das questões formuladas.
Prossigamos agora com a discussão acerca do conceito de avaliação sumativa,
igualmente muito relevante no contexto da avaliação pedagógica.
Avaliação Sumativa ou Avaliação das Aprendizagens
A avaliação sumativa é um processo pedagógico que é essencial para que se possam
fazer balanços, pontos de situação ou sínteses acerca do que os alunos sabem e são
capazes de fazer após um período mais ou menos alargado de ensino. Por exemplo,
após a conclusão de uma ou mais unidades didáticas, de um domínio do currículo ou
após um período letivo. Como processo eminentemente pedagógico, a avaliação
sumativa não pode deixar de estar, tal como a avaliação formativa, muito relacionada
com os processos de ensino e com os processos de aprendizagem. Aliás, como já se
viu anteriormente, a avaliação sumativa é hoje conceitualizada como um processo que
deve estar ao serviço das aprendizagens dos alunos e, nesse sentido, a utilização de
feedback em contextos de avaliação sumativa é uma prática que tem por força de ser
devidamente enquadrada, pensada e melhorada.
Porém, em geral, a avaliação sumativa é essencialmente utilizada num sentido
bastante restrito, limitando-se, no essencial, a recolher informação, normalmente
através da utilização de testes, para classificar e certificar a qualidade do trabalho dos
alunos. Trata-se da perspetiva que prevalece na nossa cultura pedagógica e que está
muito associada à ideia de que avaliar é o mesmo que classificar e de que a
aprendizagem e os testes são isomorfos. E daqui talvez tenha surgido a sequência
Ensinar-Testar-Ensinar-Testar-Ensinar-Testar como forma quase exclusiva de verificar
se os alunos aprenderam o que lhes foi dito ou transmitido. É este o tipo de avaliação
que predomina nas salas de aula de muitos sistemas escolares, com claro destaque
para os dos países ibero-americanos. Uma avaliação sumativa essencialmente
orientada para classificar com base nos resultados obtidos através de testes e muito
pouco associada a processos de feedback que vão para além da nota e que
contribuam para melhorar as aprendizagens dos alunos. Uma avaliação sumativa
muito associada à ideia de que o currículo é algo que tem de ser dito e que os alunos
devem demonstrar que aprenderam através da reprodução do que lhes foi dito. Enfim,
uma avaliação sumativa muito organizada a partir de pedagogias bem mais centradas
no ensino e no professor do que nas aprendizagens e nos alunos e essencialmente
vista como um processo pouco ou nada integrado nos processos de ensino e de
aprendizagem.
Numa cultura de avaliação e de inovação pedagógica, a avaliação sumativa pode e
deve contribuir para melhorar o processo pedagógico da avaliação e,
consequentemente, as aprendizagens dos alunos. Torna-se, por isso, necessário
conceber e utilizar avaliações sumativas que permitam recolher informação
sistematizada e credível relativamente às aprendizagens dos alunos e que permitam
distribuir feedback que eles possam utilizar como forma de ultrapassar as suas
eventuais dificuldades e progredir em direção aos objetivos de aprendizagem. Por
isso, é importante diversificar os processos de recolha de informação utilizados nas
avaliações sumativas pois é a única forma conhecida de as tornar mais rigorosas, isto
é, de conseguir que os seus resultados traduzam o mais fielmente possível o que os
alunos aprenderam no final de um dado período de ensino (Fernandes, 2021d).
Numa cultura de inovação pedagógica, as avaliações sumativas são processos que
podem ter uma forte componente formativa, com o real envolvimento dos alunos e dos
professores na identificação das dificuldades e na definição de estratégias para as
poder superar. São realmente balanços mobilizadores que questionam os alunos e os
professores acerca da qualidade do trabalho desenvolvido e, nesse sentido, são meios
ricos e privilegiados de aprendizagem, pois envolvem a discussão dos assuntos, a
formulação de questões, a autoavaliação e a avaliação entre pares, a análise dos
objetivos de aprendizagem e dos critérios de avaliação e respetivos descritores.
A avaliação sumativa é pontual por natureza uma vez que não está propriamente
integrada nos processos de ensino e de aprendizagem, não acompanha estes
processos no dia a dia das salas de aula, só se realiza em certos momentos após uma
ou mais sequências de ensino. Mas, como já se viu, as avaliações sumativas, ainda
que sejam de natureza pontual, podem e devem constituir importantes momentos de
ensino, de aprendizagem e de avaliação.
Tal como já se referiu quando se analisou a Figura 9, podem considerar-se dois tipos
ou duas modalidades de avaliação sumativa a que correspondem dois propósitos
distintos. Assim, podemos ter avaliações sumativas em que se procede à recolha de
informação para classificar os alunos. Dir-se-á que se trata de avaliações sumativas
que têm de ser pensadas e definidas no início de cada trimestre ou semestre,
articuladas com os objetivos de aprendizagem e com os critérios de avaliação, e cujo
propósito é obter informações que contribuam para classificar e/ou certificar as
aprendizagens dos alunos. Independentemente deste propósito, nada impede que
estas avaliações constituam momentos particularmente relevantes do ponto de vista
pedagógico, contribuindo, por isso, para que os alunos aprendam mais e melhor. Por
outro lado, podemos ter avaliações sumativas com as mesmas preocupações de
proceder à recolha de informação rigorosa e credível acerca do que os alunos sabem
e são capazes de fazer após um período de ensino, mas cujos resultados são
exclusivamente utilizados para distribuir feedback para que eles possam analisar elou
melhorar e/ou consolidar as suas aprendizagens tendo em conta os respetivos
objetivos, tal como se faz na avaliação formativa. Por isso se diz habitualmente que
são avaliações sumativas às quais damos uma utilização formativa e, como facilmente
se pode inferir, podem ter real valor pedagógico e contribuir para que os alunos
aprendam mais e melhor.
Apesar de serem duas modalidades de avaliação com naturezas, propósitos e
inserções pedagógicas distintas, e é bom pensar acerca dessas diferenças, a verdade
é que a avaliação formativa e a avaliação sumativa não são antagónicas,
reconhecendo-se em geral que são processos avaliativos complementares. De facto,
ambos podem e devem distribuir feedback que oriente e apoie os alunos nos seus
processos de aprendizagem, ainda que, em geral, o façam em momentos diferentes e
com base em informações obtidas por processos diferentes. Assim, as informações
das avaliações formativas decorrem das interações de proximidade que decorrem do
trabalho quotidiano realizado nas salas de aula, muitas vezes a partir de processos
informais, enquanto que as informações das avaliações sumativas são por norma
obtidas através de processos estruturados e formais que são deliberadamente
orientados para recolher dados referentes a objetivos de aprendizagem e a critérios
que foram previamente pensados.
Na Figura 11 sintetizam-se as características mais relevantes da avaliação formativa e
da avaliação sumativa.
Figura 11 Principais caraterísticas da avaliação formativa e da avaliação sumativa
Trata-se de uma sistematização que pode contribuir para discernir aspetos tais como
os propósitos, a natureza, o papel dos alunos e dos professores e a inserção
pedagógica de cada uma destas modalidades de avaliação. É necessário ter em conta
que se explicita o que, em geral, se designa uma característica mais predominante de
cada uma e não todas as dimensões que se poderiam considerar.
Por outro lado, estas características podem contribuir para que nos possamos
envolver na discussão e na reflexão acerca de alguns aspetos reconhecidamente
relevantes para o desenvolvimento da avaliação pedagógica em geral e das
avaliações formativa e sumativa em particular. A utilização deliberada e mais frequente
de processos menos estruturados e menos formais quando se desenvolve a avaliação
formativa é um desses aspetos, pois é necessário e possível utilizar mais o diálogo, a
observação e a formulação de questões orais para avaliar a qualidade do trabalho dos
alunos.
Seguimos agora para a discussão das questões que considero mais relevantes para o
enquadramento da Classificação nos processos inerentes à avaliação pedagógica.
A Classificação como Processo Pedagógico
O propósito desta secção é apresentar e discutir as questões consideradas mais
essenciais que é necessário ter em conta na melhoria e integração pedagógica dos
processos inerentes à produção de classificações baseadas no trabalho desenvolvido
pelos alunos. Trata-se, por isso, de sistematizar o que sabemos acerca da
classificação tendo em vista a conceção e o desenvolvimento de práticas mais
consentâneas com os princípios da avaliação pedagógica.
Em Portugal utilizamos indistintamente as designações classificação e nota quer
quando nos referimos ao resultado obtido por um aluno num teste ou num trabalho
realizado num dado momento do período ou do semestre, quer quando nos referimos
ao resultado obtido no final de um período, semestre ou curso. Em todo o caso, tendo
em conta que essa é uma prática profundamente enraizada entre nós e que não põe
em causa o desenvolvimento de processos de classificação consistentes com o
desenvolvimento da avaliação pedagógica, aquelas designações serão utilizadas para
se referirem, indistintamente, às situações referidas e a quaisquer outras. Será a
análise de cada situação concreta que permitirá, se necessário, definir se estamos
perante uma classificação ou uma nota
A classificação é um processo muito relevante tendo em conta o significado e o(s)
efeito(s) que pode ter na vida académica e pessoal dos alunos. Não será possível
organizar e desenvolver a avaliação pedagógica sem uma inserção fundamentada da
classificação e, por isso, é necessário discutir os seus propósitos, a sua natureza, o
seu significado, os seus objetos e as suas relações com a pedagogia e as práticas
pedagógicas, nomeadamente no que se refere às que estão mais relacionadas com as
aprendizagens dos alunos. É importante compreender que, ainda que a classificação e
as avaliações formativa e sumativa integrem o desenvolvimento da avaliação
pedagógica, tal como vem sendo aqui discutida, são processos bem distintos cujo
aspeto comum mais saliente poderá ser a sua relação com a melhoria das
aprendizagens dos alunos. Mas, para tal, a classificação e as práticas que lhe são
inerentes terão por força de ser repensadas e clarificadas (Fernandes, 2021e).
Tradicionalmente, quer no contexto do sistema educativo português, quer no contexto
de outros sistemas, mormente os europeus, as questões relacionadas com as notas e
as classificações foram sempre mais orientadas para o propósito da certificação e
menos, quiçá bastante menos, para propósitos relacionados com a pedagogia,
nomeadamente os que estão relacionados com a melhoria das aprendizagens dos
alunos. Além do mais, tendo em conta os desafios que é necessário enfrentar numa
escola ou agrupamento, no sentido de definir políticas de avaliação e de classificação,
são geralmente estas últimas as que são percecionadas como mais complexas e
difíceis e que se vão mantendo algo indefinidas e pouco claras e transparentes. De
facto, se é verdade que desenvolver práticas de avaliação consistentes com novos
desafios curriculares é, em si mesmo, uma tarefa comprovadamente complexa e difícil,
a definição de práticas de classificação consistentes com tais desafios é, a muitos
títulos, uma tarefa que se tem revelado talvez ainda mais espinhosa. Assim, urge
começar por compreender o significado da classificação e das notas, assim como o
seu valor pedagógico, para que seja possível entendermos as suas relações com os
processos de avaliação e com a avaliação pedagógica em geral no contexto de
desafios curriculares que, por exemplo, decorrem do PASEO e das AE.
Antes de prosseguir, e com base no trabalho de investigação que se tem vindo a
realizar há cerca de um século (e.g., Brookhart et al., 2016), apresentam-se alguns
dos seus resultados mais relevantes.
As notas são, em geral, pouco consistentes com o que os alunos sabem e são
capazes de fazer acerca dos objetivos de aprendizagem que se inferem ou que
constam no currículo porque, na sua construção, são invariavelmente
considerados aspetos tais como o esforço, o que o aluno merece devido a
razões que não se conhecem claramente, a atenção e o comportamento.
Estes são resultados consolidados que foram tidos em conta na organização das
ideias que se partilham neste texto e que são fundamentais para que as notas ou as
classificações possam ser perspetivadas mais pedagogicamente, isto é, mais
orientadas para as aprendizagens e o seu desenvolvimento.
A classificação tem que ver com um processo que mobiliza, integra e utiliza urna
diversidade de procedimentos e técnicas, mais ou menos sofisticadas, mais ou menos
claras, através dos quais se pode definir urna nota. Na verdade, a produção de uma
nota deverá decorrer de um processo mais ou menos complexo que envolve desde a
identificação e definição de domínios, temas ou áreas do currículo, até aos objetivos
de aprendizagem, critérios de avaliação e os seus indicadores ou descritores,
passando por uma eventual distribuição de ponderações.
Tipicamente, as informações que permitem determinar as notas dos alunos são
obtidas através de avaliações sumativas com fins classificatórios que, como já se
discutiu, fazem balanços e elaboram pontos de situação acerca do que os alunos
sabem e são capazes de fazer após um determinado período de ensino e
aprendizagem. Esta é uma constatação muito relevante pois define exatamente quais
são os processos de avaliação a partir dos quais se determinam as notas e, por
conseguinte, fica claro que nem as avaliações de natureza formativa, nem as
avaliações sumativas sem fins classificatórios, nem outros tipos de informações elou
avaliações formais ou informais que possam servir para conhecer os alunos, são
mobilizadas para classificar os alunos. Assim, apesar de, no decorrer das aulas e das
suas dinâmicas pedagógicas, ser possível obter uma grande diversidade de
informações relativas aos alunos, apenas uma parte, relativamente diminuta, é, ou
deve ser, com efeito utilizada para determinar as suas classificações. As informações
restantes, sobretudo as que decorrem das avaliações formativas e das avaliações
sumativas utilizadas com fins formativos, são, em geral, utilizadas para distribuir
feedback que apoie os alunos nas suas aprendizagens elou para os conhecer melhor
no sentido de adequar as dinâmicas de sala de aula, de ensino e de avaliação às suas
características. Nestes termos, independentemente de uma discussão mais
aprofundada e concreta que se realiza na próxima secção deste trabalho, as
classificações referentes às aprendizagens realizadas pelos alunos no final de um
período, semestre ou ano letivo têm de ser construídas a partir dos seus resultados
num determinado número de tarefas de avaliação sumativa que tem de ser definido à
partida.
Estas tarefas devem ser diversificadas para que a avaliação e a classificação possam
ter rigor e qualidade, assegurando níveis adequados de consistência e de credibilidade
e têm necessariamente de ser pensadas e devidamente articuladas tendo em conta os
objetivos de aprendizagem e/ou os critérios definidos.
As notas e muito em particular as que são normalmente atribuídas no final dos
períodos, semestres e anos letivos, têm uma grande relevância pois é através delas
que, em geral, as instituições e os seus professores sintetizam perante a sociedade o
que os alunos sabem e são capazes de fazer. Assim, cumpre-se um dos seus mais
visíveis e impactantes propósitos: a certificação das aprendizagens e das
competências desenvolvidas pelos alunos, por norma através da representação de um
número e tendo em conta uma dada escala.
Por outro lado, as notas que habitualmente são atribuídas às tarefas de avaliação
sumativa que se vão realizando ao longo do período, semestre ou ano, podem cumprir
igualmente propósitos de natureza formativa cujo real valor pedagógico depende em
grande medida da qualidade do feedback que lhes for associado. Esta é uma questão
bastante importante e que deve ser devidamente ponderada uma vez que as
avaliações sumativas, mesmo com propósitos classificatórios, poderão, assim,
contribuir de forma deliberada para apoiar os alunos no desenvolvimento das suas
aprendizagens.
No fundo, o que vem sendo investigado e discutido é que, sempre que possível, cada
tarefa de avaliação sumativa, cujos resultados são mobilizados para a classificação,
deve ser objeto de feedback de qualidade para além do símbolo numérico (e.g., 16,
18), da menção utilizada (e.g., Bom, Muito Bom) ou de qualquer outra forma (e.g.,
descrições, apreciações gerais). Esse feedback pode ser distribuído de diferentes
formas e contribuir para orientar o trabalho dos alunos. Quando tal acontece, os
alunos, em geral, sentem-se mais motivados e tendem a envolver-se mais nas tarefas
escolares e, consequentemente, a aprender mais e melhor. E, neste caso, estamos
perante as possibilidades que se abrem de a classificação se poder tornar um
processo de natureza pedagógica, contribuindo igualmente para apoiar o
desenvolvimento das aprendizagens dos alunos.
Assim, para que a classificação possa efetivamente ser considerada um processo com
real valor pedagógico, torna-se necessário associar-lhe algum tipo de feedback que a
complemente e possa orientar os alunos na reformulação do seu trabalho. Além disso,
é imperativo clarificar o seu significado e basear a sua determinação numa cuidadosa
definição de objetivos de aprendizagem e/ou de critérios de avaliação e dos
indicadores ou descritores que lhes devem ser associados. Estes aspetos serão
abordados com mais desenvolvimento na próxima secção.
Critérios de Avaliação
A definição de critérios de avaliação, assim como dos seus descritores ou indicadores,
constitui uma prática pedagógica inegavelmente relevante pois, por um lado, ao
determinar o que é importante aprender e avaliar, foca os esforços de ensino e de
aprendizagem dos alunos e dos seus professores e, por outro lado, contribui para que
toda a comunidade esteja em condições de discernir a qualidade do trabalho
desenvolvido pelos alunos. Os critérios podem, assim, ser muito importantes para
assegurar maior transparência e clareza quanto ao que os alunos devem aprender e
saber fazer (Fernandes, 2021f; 2021g).
sentido.
Através da análise desta figura pode verificar-se que, de forma muito simples e
esquemática, são propostas cinco ações ou práticas pedagógicas basilares, todas
estreitamente relacionadas:
1. Analisar o Currículo, em que a escola ou o agrupamento de escolas promove
o estudo, a análise e a discussão do currículo, desejavelmente através de uma
metodologia que suscite a participação e a colaboração de um número tão
alargado de docentes quanto possível. E normalmente através da análise do
currículo proposto que a comunidade escolar o recontextualiza e ressignifica
para dele se apropriar e, assim, assumi-lo como o seu projeto curricular.
Definir critérios
Quando se definem critérios é necessário analisar cuidadosamente o currículo (e.g.,
PASEO, AE, ENEC) para que, como se vem referindo, seja possível discernir o que se
considera ser importante avaliar e aprender. Para cada critério são definidos os
indicadores ou descritores através dos quais se explicitam diferentes níveis de
qualidade do trabalho dos alunos; o
numero de níveis de desempenho varia normalmente entre três e cinco. A Figura 13
explicita os elementos que é necessário ter em conta para organizar um agrupamento
ou uma escola com base numa avaliação referida a critérios.
Figura 13 Exemplo de uma matriz possível para organizar uma avaliação referida a critérios
numa escola ou agrupamento.
Não será difícil reconhecer as significativas vantagens que a discussão com os alunos
do significado de cada parte integrante de uma rubrica e até da sua participação na
sua construção e/ou da sua melhoria. Os alunos ficam bem mais cientes acerca das
características que um trabalho de qualidade deve ter e, consequentemente, acerca
do que têm de aprender e saber fazer. É, de facto, uma estratégia que facilita muito o
desenvolvimento das suas competências cognitivas e metacognitivas mais complexas.
Analisemos agora alguns dos aspetos essenciais a considerar quando optamos por
realizar e utilizar uma avaliação de natureza holística. Assim, na Figura 17 é
apresentada uma possível rubrica de avaliação holística que pode ser utilizada para
avaliar a qualidade dos trabalhos dos alunos na Resolução de Problemas. É
importante referir que as descrições dos diferentes níveis de desempenho ilustram
apenas uma possibilidade, pois, para qualquer um, pode haver trabalhos a que
correspondem outras descrições. Por exemplo, ao nível "++" pode corresponder uma
descrição em que o trabalho apresenta uma resposta correta para o problema e a
utilização de uma estratégia de resolução adequada ou uma descrição em que a
resposta está incorreta e é utilizada uma estratégia adequada de resolução. Podendo,
obviamente, haver mais possibilidades. A descrição do desempenho vai sendo
apurada e sofisticada à medida que, através da avaliação do trabalho dos alunos na
resolução de problemas, vai sendo possível sofisticar as descrições que permitem
apreciar a sua qualidade.
Figura 17 Rubrica holística para avaliar a qualidade da Resolução de Problemas
Não é fácil definir um conjunto de critérios que traduza bem o que é importante
avaliar e aprender.
A definição consensualizada de critérios e dos respetivos indicadores ou
descritores é uma difícil e complexa construção social que exige o trabalho
colaborativo dos professores.
Os critérios podem não ser tão independentes uns dos outros como é
desejável o que pode tornar o processo de avaliação confuso e pouco rigoroso.
Os critérios definidos nem sempre se adequam à avaliação de conteúdos
curriculares considerados relevantes.
Os critérios não garantem o enquadramento da complexidade dos processos
de ensino, aprendizagem e avaliação.
A definição prévia de um conjunto de critérios pode limitar o desenvolvimento
criativo do currículo e a sua abrangência.
Do ponto de vista epistemológico, isto é, da sua relação com o que se pretende
conhecer (a qualidade do trabalho realizado pelos alunos), a definição de critérios está
com uma visão analítica do processo de avaliação. Isto significa que ao avaliar, por
exemplo, a resolução de um problema, um ensaio ou um produto, vamos utilizar cada
um dos critérios para avaliar a qualidade do trabalho realizado. Porém, se avaliarmos
esse mesmo trabalho numa perspetiva holística, isto é, sem estar subordinado a cada
um dos critérios, também posso avaliar a sua qualidade. Ou seja, mesmo sem utilizar
critérios definidos à partida somos capazes de nos pronunciar sobre a qualidade de
um ensaio ou sobre a resolução de um problema. O que acontece é que a
investigação tem mostrado que não há, em geral, consistência entre as avaliações de
natureza analítica e as avaliações de natureza holística. Repare-se que eu posso ler
um ensaio e considerar que se trata de um trabalho de muita qualidade, muito bem
escrito, muito claro e com uma utilização criativa e invulgar da linguagem escrita.
Neste sentido, poderei considerar que Muito Bom é a menção que melhor traduz a
qualidade do referido ensaio, apesar de não ter tido em conta quaisquer critérios em
particular ou de não ter sido capaz de identificar os critérios que melhor me poderiam
ajudar na avaliação do ensaio. No entanto, se eu voltar a analisar o mesmo ensaio
utilizando um conjunto de critérios (e. g., Argumentação, Consistência, Conteúdo,
Profundidade) posso constatar que, em relação a um ou mais desses critérios, o
ensaio estará aquém do que seria um ensaio considerado Muito Bom. Ou seja, há
discrepância entre a avaliação global (avaliação holística) que se produziu e a
avaliação baseada na análise que se pode fazer utilizando critério a critério (avaliação
analítica). E poderia igualmente suceder a situação inversa. Normalmente dizemos
que o todo é maior do que a soma das partes, mas, através deste exemplo, também
se verifica que o todo pode ser menor do que a soma das partes. O que se passa é
que nós somos capazes de identificar qualidade num determinado trabalho (e isto é
talvez mais frequente em trabalhos que suscitam a utilização de processos mais
complexos de pensamento) sem que necessariamente encontremos as palavras que o
possam justificar; ou seja, um trabalho pode ser reconhecido de qualidade se
considerarmos a sua totalidade. E, nestes termos, o trabalho pode parecer bem
melhor do que os critérios poderiam levar-nos a concluir. Nestas condições, teremos
de procurar encontrar formas de articular e equilibrar estas duas perspetivas de forma
tão fundamentada, rigorosa e simples quanto possível.
Em suma, estamos perante uma avaliação analítica quando, por exemplo, para avaliar
0 que os alunos sabem e são capazes de fazer relativamente à Resolução de
Problemas, se tem em conta cada um dos critérios previamente definidos tais como
Compreensão (compreender o problema) , Planificação (encontrar um plano/uma
estratégia para resolver o problema), Desenvolvimento (do plano/estratégia para
resolver o problema) e Revisão (analisar o processo e a solução encontrada para o
problema), tal como se pode verificar na Figura 15. Nestes termos, poderemos avaliar
cada um dos aspetos desempenho dos alunos na Resolução de Problemas. A
vantagem que esta abordagem poderá ter reside no facto de ser possível obter uma
ideia do desempenho dos alunos tendo em conta uma diversidade de aspetos
considerados relevantes. Deste podem ser identificados aspetos mais e menos bem
conseguidos e, neste sentido, pode ser mais fácil distribuir feedback e desenvolver a
avaliação formativa. Por outro lado, estamos perante uma avaliação holística quando,
continuando com o exemplo da Resolução de Problemas, temos em conta o
desempenho dos alunos relativamente à resolução como um todo e não tendo em
conta cada uma das suas partes. Trata-se, obviamente, de uma avaliação que vai ter
em conta a qualidade da resolução e que terá mais em conta uma eventual agregação
dos critérios acima referidos ou até outros aspetos que estes não consideram. As
avaliações de natureza holística têm igualmente as suas vantagens, a mais referida
das quais é a de não ser necessário tanto tempo para avaliar os trabalhos como
acontece com avaliações de natureza analítica. A ideia de considerar a resolução
como um todo pode evitar que se valorizem demasiado certos aspetos do
desempenho dos alunos em relação a outros o que, normalmente, não deixa de ser
uma decisão arbitrária. Isto tem igualmente que ver com o facto de, nas avaliações
analíticas, podermos ter a tendência para avaliar os aspetos mais superficiais e
simples do trabalho dos alunos, ignorando os que evidenciam processos mais
complexos de pensamento que são mais difíceis de avaliar. O que podemos dizer é
que, tal como acontece em tantas outras situações, as avaliações analíticas têm os
seus pontos fortes ou vantagens, alguns dos quais já se referiram, mas também os
seus pontos fracos, ou as suas desvantagens. A sua maior desvantagem talvez tenha
que ver com a tendência que é comum para se definirem demasiados critérios com
indicadores ou descritores muito detalhados o que, inevitavelmente, nos leva a perder
a noção do todo, do conjunto do desempenho. Como se ao apreciar uma obra de arte
nos focássemos sobretudo numa miríade de detalhes e não apreendêssemos a sua
totalidade (é interessante pensar-se nas avaliações que podem surgir a partir de uma
situação como esta).
Decidi referir esta questão neste contexto para que tenhamos consciência de que não
há processos nem práticas de avaliação infalíveis; todos têm os seus pontos mais
fortes e as suas fragilidades, cabendo-nos encontrar as melhores formas de gerir
estas questões tão fundamentada e ponderadamente quanto possível. Estamos
perante um empreendimento humano e não perante uma qualquer técnica capaz de
produzir avaliações acima de qualquer inconsistência ou fragilidade pois isso, muito
simplesmente, não existe.
O feed up tem que ver com os objetivos de aprendizagem, sendo fundamental referi-
los e clarificá-los de forma sistemática junto dos alunos. Simultaneamente, e
fundamental que os alunos apreendam os critérios e os descritores que permitem
regular os processos de aprendizagem através da avaliação da sua consecução. 0
feedback, de certo modo, tem uma natureza contínua, pois acompanha os processos
de aprendizagem que os alunos vão desenvolvendo através da realização de uma
diversidade de tarefas e propostas de trabalho a partir das quais os professores
recolhem informações que analisam e devolvem aos alunos para que eles possam
tomar consciência do estado em que se encontram relativamente ao que é necessário
aprender. É, nestes termos, um processo essencial para que os alunos, tão
autonomamente quanto possível, compreendam até que ponto estão a aprender e são
capazes de fazer o que foi definido nos objetivos de aprendizagem tendo em conta os
critérios de avaliação e os seus descritores. E, além disso, é um processo que deve
tornar os alunos mais conscientes acerca da diversidade de processos e estratégias
que podem ser utilizados para aprender, não se limitando, por isso, a contabilizar o
que está certo ou o que está errado. O feed forward tem que ver com as estratégias,
os processos e as atividades em geral que devem ser sugeridas aos alunos e que lhes
permitem ultrapassar problemas e dificuldades de aprendizagem eventualmente
identificadas através da realização de uma ou mais tarefas. É um processo
fundamental no contexto mais geral do feedback, pois é através dele que os alunos
tomam consciência dos esforços que ainda têm de fazer para aprender o que foi
estabelecido (Machado, 2021a).
Para efeitos deste trabalho o feedback não é mais do que a informação que é
distribuída aos alunos acerca do seu trabalho com o propósito de os ajudar a aprender
elou a consolidar o que eventualmente já tenham aprendido. O feedback é o conteúdo
mais fundamental da avaliação formativa e, nestes termos, no contexto mais amplo da
avaliação pedagógica, tem sempre um papel muito relevante. É, se quisermos, a sua
razão de ser. Na verdade, é através da avaliação formativa que se recolhem as
informações que nos permitem que ele seja concebido, elaborado e distribuído e daí a
necessidade das interações com os alunos serem sistemáticas e de elevada
qualidade. O feedback é o conteúdo mais fundamental da avaliação formativa e,
nestes termos, no contexto mais amplo da avaliação pedagógica, tem sempre um
papel muito relevante. De facto, é um processo através do qual os alunos sentem que
participam nos processos de avaliação, de aprendizagem e de ensino o que suscita a
sua motivação e o seu maior envolvimento. Trata-se, na verdade, de um processo
indispensável e incontornável e será bom compreender que sem ele não há, pura e
simplesmente, avaliação formativa porque nada é feito para se eliminar a discrepância
que existe muitas vezes entre o desempenho real dos alunos e o que se considera ser
o desempenho desejável.
Porém, não chega distribuir feedback de qualidade para que os alunos aprendam mais
e melhor e com mais compreensão. É necessário ver em que medida os alunos
apreendem as mensagens que se pretendem veicular através dele e também se,
quando compreendidas, são efetivamente utilizadas. Estas são questões que têm sido
objeto de atenção por parte dos investigadores, e as recomendações vão no sentido
de envolver os alunos em práticas de autoavaliação e de avaliação entre pares para
que tenham reais oportunidades de desenvolver as competências que lhes permitam
compreender e utilizar proveitosamente o feedback. Na verdade, em qualquer destes
processos, os alunos têm de o distribuir (para si mesmos e para os seus colegas) e,
quando o recebem, aprendem a analisá-lo, a apreendê-lo e a utilizá-lo. Ou seja, os
alunos têm de aprender a analisar e a compreender o feedback que lhes é distribuído
e têm igualmente de aprender a utilizá-lo.
Para distribuirmos um feedback eficaz, que acompanhe o processo de avaliação
formativa e que, por isso, ajude os alunos nos processos de aprendizagem, é
geralmente reconhecido que devem ser tidos em conta aspetos relacionados com o
seu Conteúdo e com a sua Forma.
No que se refere ao Conteúdo, devemos dar especial atenção aos seguintes aspetos
fundamentais:
A tua reflexão sobre o que aprendeste até agora é profunda e revela que
conheces, compreendes e utilizas sem problemas os assuntos que ternos
vindo a estudar. Julgo, no entanto, que tens de trabalhar para melhorar a
clareza da redação, sobretudo evitando frases tão longas e com problemas de
pontuação. Analisar os materiais que te indiquei e partilhar os trabalhos com
outros colegas ou amigos antes de os entregares, podem ser estratégias que
te ajudam a ultrapassar este problema.
Repare-se que estão enunciados os critérios que foram considerados e que deverão
ter sido explicitados, discutidos e compreendidos antes da realização da tarefa e são
indicados os níveis de desempenho (V, WO correspondentes a descritores ou
indicadores que também são de conhecimento prévio dos alunos. Por exemplo, para a
Clareza, ao descritor ou indicador "O texto não é claro, sendo quase sempre difícil
compreender o seu conteúdo. Não há um fio condutor lógico e consistente que permita
acompanhar o encadeamento do que se discute. Há muitos problemas com a
construção das frases e com a utilização das normas usuais da língua portuguesa.",
corresponde o nível de desempenho "V". Se considerarmos o Conhecimento, ao
descritor "O ensaio apresenta uma discussão dos assuntos que revela profundo
conhecimento e compreensão muito clara dos conceitos, das teorias e das ideias
constantes nos textos referenciados. O texto foi construído a partir de uma excelente
mobilização, integração e utilização dos conhecimentos relevantes.", corresponde um
nível de desempenho "VVV". Destes exemplos se infere a importância de termos boas
descrições acerca da qualidade que os trabalhos devem ter e que deve ser
apresentado e debatido quando se considerar oportuno, mas sempre antes da
realização das tarefas.
No fundo, este procedimento simples baseia-se numa rubrica de avaliação analítica
que já poderia existir ou que pode ter sido construída propositadamente para uma
dada tarefa ou para um conjunto de tarefas. Assim, quando o trabalho está a ser
avaliado, o professor só tem de assinalar na célula correspondente a sua avaliação.
Pode acrescentar-se uma última linha se, por exemplo, se quiser introduzir uma
Apreciação Global do trabalho realizado na tarefa. E pode também construir-se algo
de semelhante, mais específico, tendo por referência objetivos de aprendizagem ou
que seja de natureza mais holística. Enfim, há uma diversidade de processos
pedagógicos que se podem utilizar para distribuir feedback de qualidade a cada um
dos nossos alunos, ainda que seja estandardizado. O limite é mesmo a nossa
criatividade. Mas é importante ter em conta que a distribuição de feedback não se
pode tornar uma espécie de massacre para os professores e para os alunos. Tem de
ser inteligentemente distribuído, isto é, tendo em conta o que é mais relevante
aprender, o que é estruturante e o que está associado ao desenvolvimento dos
processos mais complexos de pensamento. E este é um caminho em que vale mesmo
a pena investir, tendo em conta a sua relação muito positiva com as aprendizagens
dos alunos.
Já no que tem que ver com a Forma consideram-se normalmente os seguintes
aspetos:
O feedback tem de ser distribuído, tanto quanto possível, pouco tempo após a
conclusão das tarefas por parte dos alunos e deve realizar-se sob diversas
formas (e.g., oral, não verbal, escrito) com a frequência possível, sendo,
porém, desejável que incida primordialmente nas tarefas que exigem a
mobilização, a integração e a utilização de conhecimentos e competências
consideradas mais estruturantes.
Em suma, o feedback será tanto mais eficaz quanto mais formos capazes de
assegurar que o seu conteúdo e a sua forma têm as características que acabam de se
explicitar. Os seus efeitos na motivação e no desenvolvimento dos conhecimentos e
competências dos alunos são um forte incentivo para que o utilizemos nas nossas
práticas pedagógicas com a frequência possível.
Ao longo desta secção, para além de se ter discutido o conceito de feedback e de se
ter feito referência ao ciclo de avaliação formativa, foram debatidas as características
principais que um feedback de elevada qualidade deve evidenciar. Implicitamente,
foram feitas recomendações que deveremos considerar para efeitos da organização e
desenvolvimento das práticas pedagógicas. Assim, explicitam-se de seguida
recomendações consideradas relevantes para esse efeito.
O feedback deve ser claro e encorajar sempre os alunos que ainda não
conseguiram alcançar os objetivos de aprendizagem a prosseguirem tão
autonomamente quanto possível os seus esforços para o conseguir.
O feedback tem de dizer aos alunos o que não foram ainda capazes de fazer
bem, mas isso pode ser feito de forma positiva, apresentando sugestões
concretas de trabalho sem dar propriamente as respostas e incentivando os
alunos a prosseguir.
O feedback, sempre que possível, nas tarefas escritas, deve ser escrito. O
feedback deve ser formulado de forma a que os alunos sejam incentivados a
pensar e a refletir sobre o trabalho que realizaram.
Autoavaliação
A autoavaliação e a avaliação entre pares são processos cognitivos que podem ter
uma grande relevância no desenvolvimento das aprendizagens de todos os alunos e
que se devem integrar nos processos inerentes ao desenvolvimento da avaliação
pedagógica, muito particularmente nos que se referem à avaliação formativa. De facto,
no seu sentido mais amplo, as práticas de avaliação formativa devem prever
oportunidades para que os alunos analisem e avaliem as suas próprias aprendizagens
assim como as dos seus colegas.
Através do processo de autoavaliação, os alunos são convidados a pensar, a refletir,
acerca do estado em que se encontram relativamente às suas aprendizagens e
competências e, nesse sentido, para além de criarem condições para poderem
ultrapassar eventuais dificuldades desenvolvem as suas competências metacognitivas
e, desse modo, os seus processos cognitivos em geral. Nestas condições, a
autoavaliação pode ser um importante meio para que os alunos desenvolvam
capacidades de reflexão critica, pensamento crítico e processos de gestão e controlo
das suas aprendizagens e competências. E, deste modo, pode contribuir para que os
alunos se tornem mais autónomos, mais motivados e capazes de desenvolverem
importantes capacidades e competências que são transversais e, por isso, suscetíveis
de serem transferidas para uma diversidade de contextos de ação e enquadramentos
de aprendizagem.
Importa começar por dizer que a autoavaliação é um relevante processo para que os
alunos possam participar ativamente na avaliação das suas ações, trabalhos e
desempenhos, nos seus processos de aprendizagem e também nos processos de
ensino. Desta maneira, tem de ficar claro que a autoavaliação nada tem que ver com a
atribuição de uma classificação a si próprio (auto classificação) uma vez que, na sua
essência, é um criterioso processo de reflexão e análise que os alunos empreendem
acerca das suas próprias aprendizagens e não um mero instrumento ou algoritmo para
gerar uma nota. Como já se referiu, a autoavaliação é um processo cognitivo e
metacognitivo e daí a sua grande relevância no desenvolvimento dos conhecimentos,
atitudes e competências dos alunos.
As práticas sistemáticas de autoavaliação têm de ser pensadas e preparadas para que
os alunos aprendam o que e como proceder ao longo dos processos que lhe são
inerentes. Antes de mais, interessa que os alunos sejam informados acerca da
natureza, dos processos e da relevância que a autoavaliação pode ter para que
possam aprender mais e melhor, com mais confiança nas suas capacidades e mais
autonomia. Assim, ao longo das primeiras semanas de aulas é importante ir
reafirmando a importância da autoavaliação para que os alunos se tornem conscientes
das suas características e da sua relevância para as suas aprendizagens. Como, em
geral, os alunos sabem relativamente pouco acerca da forma como são avaliados, é
importante que se familiarizem com a utilização dos critérios através dos quais o seu
trabalho é avaliado. A discussão dos critérios com os alunos é uma prática pedagógica
crucial para focar os seus esforços de aprendizagem e de avaliação. Note-se que a
investigação tem vindo a mostrar que os alunos, quando envolvidos num ambiente em
que a autoavaliação e a avaliação formativa são práticas pedagógicas correntes nas
salas de aula, são muito cuidadosos e rigorosos na observação dos critérios e dos
respetivos níveis de desempenho. Consequentemente, a informação recolhida pelos
professores com base nas autoavaliações é por norma bastante credível e, por isso,
um excelente meio para distribuir feedback para que os alunos revejam e melhorem o
seu trabalho.
A autoavaliação pode desenvolver-se através de uma diversidade de modalidades que
vão desde as mais informais (e.g., questões tais como O que é que aprendeste de
novo acerca dos quadriláteros? O que é que para ti foi mais difícil quando estávamos a
estudar a célula?) que são integradas no desenvolvimento das aulas, às mais formais
e estruturadas que podem incluir rubricas de avaliação, listas de verificação ou até
reflexões escritas com dimensões variáveis.
O papel dos professores é muito importante, quer na criação de um ambiente de sala
de aula que propicie momentos mais ou menos informais de autoavaliação, quer na
seleção das tarefas ou trabalhos de qualquer natureza que devem ser objeto de
autoavaliação, quer ainda na discussão dos critérios e dos respetivos descritores que
devem ser utilizados.
A autoavaliação é, comprovadamente, um poderoso processo através do qual os
alunos podem aprender e desenvolver uma diversidade de competências, muitas das
quais são transferíveis para outras disciplinas e contextos. Por isso mesmo, deve
ocorrer de forma sistemática, acompanhando os processos de ensino, de avaliação e
de aprendizagem. Tal como a avaliação formativa, a autoavaliação deve ser
tendencialmente contínua. Conforme se ilustra na Figura 20 as práticas pedagógicas
de autoavaliação podem, efetivamente, ocorrer em todas as fases dos processos de
ensino e aprendizagem.
Figura 21 Taxonomias do domínio cognitivo de Benjamim Bloom e de Lorin Anderson e David Krathwohl
O papel dos professores neste processo é muito relevante a vários níveis. Desde a
apresentação e discussão dos propósitos, processos e expetativas do processo até à
seleção das tarefas que se revelem mais apropriadas e oportunas para serem objeto
de avaliação e à distribuição de feedback acerca do feedback que os alunos
distribuem uns aos outros, passando pelas decisões referentes à organização de todo
o processo.
Em geral, os alunos avaliam este processo muito favoravelmente, reconhecendo as
suas vantagens no desenvolvimento das suas aprendizagens e competências. A
seleção das tarefas deve ter em conta a natureza dos conteúdos abordados, podendo
incidir sobre assuntos em que ainda possa haver dificuldades por parte dc um número
de alunos da turma, e também deve evitar que os trabalhos realizados sejam
demasiado extensos. Nas minhas práticas peço a pequenos grupos dc alunos que
escrevam num máximo de 10/15 linhas, num período máximo de 15 minutos, acerca
de conceitos, ideias ou procedimentos que aprenderam numa dada semana. Quando
a tarefa está concluída, os trabalhos são trocados entre os diferentes grupos,
iniciando-se a leitura, análise e distribuição oral de feedback por cada um dos grupos.
Neste caso, a discussão é alargada ao grande grupo de alunos e o professor intervém
para produzir sínteses e/ou formular questões que apoiem a discussão e a clarificação
de conceitos, ideias e procedimentos. Repare-se que o grupo que realizou a tarefa não
foi identificado, mas, obviamente, beneficia do feedback e da discussão em torno do
seu trabalho. Esta é uma abordagem possível, que pode decorrer ao longo de uma
aula ou apenas de uma parte e, por isso, o tempo pode ser aproveitado para se fazer
um ponto de situação acerca do que os alunos sabem e são capazes de fazer após
um dado período de estudo de um ou mais assuntos (e.g., duas a cinco semanas). É
importante sublinhar que outras abordagens são possíveis e que a opção por qualquer
uma deve ser sempre baseada nas condições concretas existentes e nos propósitos
que se pretendem alcançar.
Este processo pode ser realizado cerca de uma a duas vezes por trimestre e permite
claramente a consecução de objetivos de aprendizagem de grande alcance bastante
consistentes com importantes desígnios curriculares tais como os que constam no
PASEO ou nas AE.
Práticas de Classificação
As notas ou classificações não são mais do que uma designação, pode ser um
algarismo, uma letra, uma expressão, que se utilizam para representar a qualidade do
trabalho de um aluno ou as aprendizagens e competências que pode evidenciar num
dado momento. No contexto da avaliação pedagógica, tal como se vem discutindo
neste texto, as notas devem contribuir para orientar o desenvolvimento das
aprendizagens dos alunos, associando-se assim ao propósito das diferentes
modalidades de avaliação: contribuir para apoiar e melhorar as aprendizagens dos
alunos. Neste sentido, é importante que se compreenda que as notas não nos indicam
o que as crianças e os jovens são como alunos mas antes em que situação se
encontram, num dado momento, em relação ao que têm de aprender. Porque, na
verdade, só sabendo onde se está é possível melhorar, desejavelmente com
orientações claras para que tal possa acontecer de forma tão sustentada quanto
possível.
Claro para que seja compreendido pelos alunos e por toda a comunidade.
Imprescindível porque está no cerne do que é realmente fundamental aprender
na disciplina e que é estruturante para as aprendizagens a realizar.
Este exemplo mostra que os alunos podem ser informados antecipadamente dos
objetivos de aprendizagem que são considerados mais relevantes, indicando o numero
de questões por cada uma das áreas consideradas e, igualmente, os pontos que são
atribuídos a cada uma. A natureza das questões deve igualmente ser discutida com os
alunos. Aliás, há estratégias de avaliação sumativa sem propósitos classificatórios que
permitem familiarizar os alunos com a natureza de uma diversidade de questões (e.g.,
quizzes, testes, perguntas orais no grupo turma). Esta prática é reconhecidamente
aconselhável, pois está associada à melhor preparação dos alunos para a realização
de tarefas de avaliação sumativa com fins classificatórios. Naturalmente, os objetivos
indicados no exemplo são apenas possibilidades. O que de facto importa é que, tanto
quanto possível, representem o que é mais importante aprender. Outros aspetos que
se considerem relevantes relacionados por exemplo com critérios tais como
Comunicação e Autonomia, podem ser avaliados através das outras tarefas.
Uma outra abordagem que começa a ser utilizada entre nós decorre do chamado
referencial comum de avaliação e é baseada em critérios que são definidos para a
escola ou agrupamento. Estes critérios são independentes do ano de escolaridade e
das respetivas disciplinas. Isto é, como já atrás se discutiu, um dado critério (e.g.,
Conhecimento, Comunicação) pode ser utilizado desde a educação pré-escolar até ao
ensino secundário e mesmo ao superior em qualquer disciplina. De igual modo, os
descritores ou indicadores são comuns a toda a escola ou agrupamento e constituem
a orientação fundamental a considerar em qualquer disciplina ou ano de escolaridade.
É possível, quiçá até desejável, que, em determinadas situações de uma dada
disciplina, seja necessário proceder a algumas adaptações. Mas tal tem de ser feito
tendo em conta o referencial comum para garantir a respetiva consistência. A Figura
26 ilustra como, por exemplo, se poderá proceder para organizar o processo de
classificação de cada aluno tendo em conta os critérios definidos para a escola ou
Definir quais são os aspetos não cognitivos que os alunos devem aprender e o
que os alunos têm de demonstrar para que seja possível determinar que foram
aprendidos.
Prever processos, métodos e tarefas que, no desenvolvimento do currículo,
permitam que os alunos aprendam e se tornem competentes nos aspetos não
cognitivos que foram considerados relevantes.
Relacionamento Interpessoal
Desenvolvimento Pessoal e Autonomia
Bem-Estar Saúde e Ambiente
Por seu lado, também a título de exemplo, a ENEC prevê três eixos
organizadores:
Atitude Cívica Individual (Identidade Cidadã, Autonomia Individual, Direitos
Humanos)
Relacionamento Interpessoal (Comunicação, Diálogo)
Relacionamento Social e Intercultural (Democracia, Desenvolvimento Humano
Sustentável, Globalização e Interdependência, Paz e Gestão de Conflitos).
E prevê igualmente uma diversidade de domínios organizados em três grupos com
matérias que se deverão igualmente considerar. A análise destes e de outros aspetos
ditos não cognitivos constantes no currículo deverá permitir que se identifiquem
aqueles que estão mais fortemente relacionados com as aprendizagens académicas
dos alunos e, por isso, com bons resultados. A vasta literatura existente acerca desta
matéria tem vindo a identificar os aspetos que parecem mais relevantes para
desenvolver as aprendizagens académicas dos alunos de todas as idades e de
qualquer nível de escolaridade. E o mais importante é que tais aspetos se
desenvolvem no ambiente pedagógico em que os alunos estudam e aprendem. Em
geral, tais aspetos aparecem organizados em áreas de competência (como no
PASEO), categorias ou domínios. Na Figura 27 apresentam-se três das cinco
categorias de aspetos não cognitivos que um grupo de investigadores da Universidade
de Chicago (Farrington et al, 2012) identificou como estando relacionados com o
Espero ter conseguido integrar e relacionar estas e outras ideias que considero
essenciais para melhorarmos as nossas práticas pedagógicas de ensino e de
avaliação e para prosseguirmos o desígnio de construir uma escola mais justa, mais
igual e onde se possa ensinar e aprender com mais alegria e com mais gosto.
Domingos Fernandes