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INTRODUÇÃO
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Segundo Palacin (1976:106), as referências são esparsas possibilitando traçar apenas um “contorno” do
quadro social de Vila Boa de Goiás.
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Uma infinidade de pessoas viriam se instalar na região, segundo ANTONIL, uns se ocupa[va]m de catar,
outras em mandar catar nos ribeiros de ouro; e outras em negociar, vendendo, e comprando o que se
há{via} de mister não só para a vida, mas para o regalo (...) (1976:72).
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Cada igreja abrigava diferentes irmandades que tinham como finalidade promover a devoção a um santo
protetor e estabelecer laços de assistência mútua entre seus pares. Por outro lado, estas irmandades ao
definirem em seus Estatutos Compromissais, o perfil dos irmãos a serem admitidos provocavam o
agrupamento de pessoas a partir de “grupos de cor” e posição social. (Soares apud Leão et alli, 2004:02)
“lado da Igreja Matriz” e “lado da Igreja do Rosário”, entre outras expressões, onde o
Rio Vermelho representa a fronteira entre estas duas “metades”.
À medida que as escavações arqueológicas avançaram, observamos que as
diferentes áreas escavadas apresentavam especificidades na cultura material que
evidenciam fronteiras espaciais, fruto, provavelmente, das fronteiras sócio-culturais e
econômicas elaboradas desde o surgimento do arraial até a sua consolidação na condição
de Vila. Assim, se do lado “de lá do rio” ou “lá da matriz” predominam objetos que
traduzem o modo de vida de pessoas mais abastadas, preocupadas com as normas e
regras de etiqueta ligadas a Corte e com condições de adquirirem objetos em louça
importada, do lado “de lá do rio” ou do “lado da Igreja do Rosário”, predominam os
objetos feitos em cerâmica com fortes elementos africanos em sua decoração.
Diante de tais evidencias temos nos debruçamos sobre a investigação para
melhor compreender como cada grupo utilizou-se desta cultura material para reforçar as
diferenças e expressar identidade, partindo da premissa de Stevenson, onde “os artefatos
são mecanismos de comunicação entre os grupos humanos”. (apud Praetzellis,1987:38)
As primeiras análises realizadas em recipientes de cerâmica têm revelado
elementos decorativos que os associam à população escrava. Nestes vasilhames,
principalmente naqueles de uso na cozinha, utilizados pelos escravos no preparo dos
alimentos, observamos uma infinidade de decorações que se assemelham as
escarificações corporais associadas, pelos arqueólogos, no Brasil e em outros países, a
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influência africana.
Assim, o que significam as decorações observadas na cerâmica produzida
pelos escravos, que mensagens silenciosas veiculavam e, o que significa as diferenças
entre a cerâmica utilizada pelos senhores e aquelas utilizadas pelos escravos. Para Hodder
(1979:448) podem estar vinculadas aos sentimentos de etnicidade, pois, estas diferenças
surgem sob determinadas circunstancia e como em momentos de conflitos, o que
provavelmente seria perceptível na cultura material.
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Segundo Souza (2000:82-83) desenhos semelhantes foram observados em escarificações e pinturas
corporais de grupos africanos e em fragmentos cerâmicos encontrados em sítios arqueológicos de algumas
regiões do Oeste da Africa, Nigeria Central, entre outras.
Por outro lado, a louça importada coletada nas escavações principalmente,
nas áreas ocupadas por grupos mais abastados, demonstra que, através da inserção de
novas praticas sociais e de certo requinte, estes indivíduos buscavam se distanciar da
“barbárie” na qual viviam a população menos favorecida e os escravos. (Callefi,2000:62-
63)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS