Você está na página 1de 20

-iYwi

)'

..... 1 ••• J • • • • ' • • ' • 1.


• , • ' , • .,. •• 1 ...
• • • • •· • • • ,, ' • ; •, r •.. • . f J

·: ... ~} ~- · ·~· ·:.:· ·; ·:;:/,.: ~:: ~·· ... ..., . . :;.~ ·•'- ' ~ :;~.~ .•..,.- -. ~:··, r~r... ,-., .,~ .
.
. ..
_.
a! (3.{·rm..J (Ú

✓ - •

f1,(t0 ~

• •
5
Que é a história cultural hoje?*
Miri Rubin

..
'-

3~'-' · Adam Kuper. no ICU livro Culrure: 7ne AntnropoloÍisir•A.cct,J)u,


~f;{'. ~aJ1~'1,m0·~~mentc o usoddc,sátar•depala~ad·n~r-~fercn- • ~ I " \,
1 ~
/ CJ •• ~ - = -•uu u sou I eno mas, - coisas e, v-CJJ'
uaim. a. · ·to co. O mesmo cri dizer-se I propósilo (l1()'l(3>l c,,9{ '
designar um~ 1st ria n,,.1() J "O - \:_
da cxpreuto «história cultura l•. que tanto pode
L'11dicionaJ b u Wstica e in telectual, bem como ai o dife- t) rJt1 (,úl{
1 ,Ás
~ 1
,._ -..reate a qucll - · ·• nova história cu1tural• 1• Márii~íudoi ~•~ "ª""'\I\IO
durante u d6cadaa de 1970 e 1980, os historiadores ~'~
_._.. _
dit:brf!kat
e~ ai, rcgn:ssaram agora ao centro do palco,
.u qualid•dc de upecjafJltaa cm ntuai.~ poUticóS, cultura êfa Guerra · -· .r,,..n
P~~~ _·: A
Fria. enc:outD1"êu1turaia. E o mesmo aconteceu com a história da ~ ~ 1

~ í i f a e dõ direito - esfcru perif6ricu durante I primeira \J<f""" tio..


~ «icwã;. história D01 ano,
de 1960 e 1970, foram entretanto j) -1\/',~ ; " ' • • _ I
remodeltd.,_ transf'õiliiãndo=-se em riovu e excitantes in:u de'.'tSlucii, (l Í~ cJ}.w;
~
' .
-M JV"I

.~ Aijuela_qoe ~ Investigara sua constitulçÍ,q cµl tprã1». ,

I
Se bem qae actuaJmente se faça sentir em todos os tipos de his-
t6n., a «vi1111em a,kunJ» não afectou uniformemente todo, os pe-
rlodol hisróriro,. Taf como a hi!-r~ri.1 ~nci.1I. n11t' íni m~i< ,.._,._A_,_
.,

t
1/l QUE Ê A HISTÓ RIA HOJE?

•• adopt ada _pdos histor iadore s dos século s xvm e


trabalho,s ~rc o comp ortam ento das massa s ou
x1x, inspirados por ,..
a economia: moral ,


e qu~ 1 _e,i,f1~zaram prime iro a classe e depois o
g6'er o, tarn~ m a


virage m cidtural tem sido mais proem inente na obra
da Idade Média tardia e do início da Idade Mode
de histor iadore s
rna - não tão
~
irrele vante s quant o E. H. Carr pensava - pelo
meno s a~ •recen te-

'•• mente . Ncst.cs períod os de produ ção cultur al apare


gual. marcados_~ poder osas cuhur as religio sas
dicoto mias latim /ve~á culo, sacer dócio /laicis mo,
nteme nte lio desi-
que perpe tuava m as
cristão/outro, ellis-

•·
••
!
tiam mais razões para coloc ar o proce sso da produ ção cultural sob a
lente do microscóp_io. Foi n~ste conte xto que o
Meno cchio se aômpµ um símbo lo privil egiad o, que
cer a invenção de rituai s de desgo verno , a destru
autod idacti smo de : ..,.
ficám os a conhe - ---'f
ição insidiosa da
teolog ia pcla «teolo gia vemac ~lar»3 . os cultos
religi osos popul ares
~ (um deles dedicado a um cão4 ), o elabo rado cerim
desonr:3-. o ·uso e 'a ~o das image ns. Aque les que
onial da honra e da
t estud am períod os

••
de baixa literacia. marca dos ·por cuhur as religio
sas que atribuem ao
ljvro um sig~_ificado _cuhua l, chega m fac!lrnenle
à concl usão de que
os textos ~ talvez-as meno s direc w das foo1cs
~, O ençpniro e_nfre o his10 riador -:- fruto de um mund

J ta~o ,_i' as,CUlturas _religi osas loma o primeiro
0 o dcsen can-
mais humil de. enc1>-
1 rajáQdÓ-·o:. pi:ocu rar equiv alente s e analo gias noutro
:csaes •ou~s
s camp os. Como

•• vcrem qs~ c~mp os~ lêm sido freqµe ntemc nle encontra-

• ~
.... dos no~ 1~ o s antrop ológic os, nos probl emas
da texrualidadc e na
prove i~ sa·justap osição de difcrente s tipos de gfoer
os e materiais: a

' 5
oraçã o,~ o retábulo, os sapato s da coroa ção e a
_, ·
dade ê ~ ~~·envol vente . As lições aprend idas
lei régia. a comu ni-
nes1cs domín
n. sidci ~p_lif•~~s:.a outross. E ~fic ilmeiu e· nos surpre ende que ios t~m .

,,•,, ' ~em cult~ .-.. fC tenha di.sscmi~ad o, já que aquilo
· como f~~
~ càçã o.~; tws da rcpre senta ç~. a inlera cção entre

.,
signif icado ..:,.. nwat ivas, d iscurs os
a «Yi@-
que enfati za e trata
l}tal à intcra cção JJµmana são ~-con diçõe s da comu

e 9s modo s pelos quais indi-


~ uos e &rllp06 os utilizam e, desse modo, se expri
ni-
as estrut uras de

,.
mem.
·- ~
t (Y~
Co~ era.1Õdâs as boas ideias , o ponto funda menta
A virage m ('.!!·tural não se limita a pergu ntar «o que
&> teceu», mas antes coque acont eceu na persp ecti
l 6 simpl es.
realm ente acoo.; ~
va dele, ou dela. ou ·
' _deles- . O desafio estJ. evide ntemente, oa ousad
•• ia de fazer essas ~r- •

f:
gunta s e enoontrar respostas sem deixar de satisf
azer o «critério de
sígnificânc ia-•de E. H. Carr. A tarefa tem sido facilit
ada pelo rcc1>-.

••
nhcci mento , jl bem explíci to na obra desa.e autor,
de que a história•
reflecte nCCCl$arÍamente o mome nto histórico e
as exper iências de
QUE Ê A HI STÓR IA CULTU RAL IIOJE~ 1/J

.... l vida do histor iador. Ass im, a 8 i/du11g do his loriad r


o r é consc:guida não
apenas entre a poeir a dos arqu ivos, mas media nte
a mobilização dé
uma subjc ctivid ade inform ada, capac idade s de
catego rizaçã o huma -
nas e intele ctuais , const rução de sistem as e empa
tia. Recon hecem ~
_!ioje que a leitur a nos vestíg ios do ~assa do de ~s~ç
ões. sofr~~~nto_.
espera nça e desej o t. uma parte nao ape nas ut,I
mas necess ~na da
reflex ão huma na e do conhe ci me nto do passa do.
Um novo llpo de
historiografia - auto-reflex iva e coloq uial - emerg
iu. trazen do con -
sigo a explo ração daqu ilo que ficou por dizer
duran te dema siado
tempo .
_ . _ _
....,_ Tudo isto nos pode parec er uma estran ha conse
quenc 1a do intc: -
f, resse pela cultur a que duran te largos períodos do
século xx 1an10
ficou a dever aos contri butos da histor iograf ia fran'ce
sa. Pois a reflex ão
dos franceses sobre o soc ial pode ser emine nteme
nte impes soal -
grande parte dela visa a const rução de sistemas, tem-s
e revela do forte -
mente eslruturalista nas suas anális es, favorece a abstra
cção e delici a -
-se com a conve rgênc ia de mode lo~ e a identi ficaçã
o de tendê ncias de:
longo prazo. l'io mund o do pós-g uerra. os histor
iadore s nomeado~
pelo Estado para a Sexta Secçã o da Ecolc Pratiq
ue des Haute s Etude~
desen volvia m uma nova histór ia da Europ a. Esta
visão devia muito
a uma anterior geraç ão de histor iadore s coroa Marc
B!och e Lucie n
Fcbvr c. os quais , no segui mento da Prime ira Guerr
a· ~odi ai. e ins -
ill'ado visão . to ricano s, tentar am criar um
novo tipo de histór ia que tomav a corno objecto
os seres huma nos , os
ritmo s da vida. do trabal ho e da morte - uma
histór ia colab ora1iva .
realizada em works hops de histor iadore s e encon
tros in1emaciona1 =-
onde antigos rivais se reunir iam como aliados profis
sio nais . Embo ra
não tivessem conse gu ido mobil izar o decan o dos
historiadores euro-
peus - o belga Henri Piren ne - . Febvr e e Bloch
estabe lecera m uma
opera ção com base cm Paris, ts 1
Annales 'if'histoirt lcono miqut t
socialt, que, i~ contr ário de Bloch , sob~v iveria à Segun
da Guerr a d.~ ..
Mund ial; osAlrnalts lança ram-s e ao mund o pós-1
e um mais con.o;olidado conju nto de objcc tivos6
945 com entus iasmo ~

§ ta poya histór ia rejeita ria uma identi dade nacio
~
rista. divisi~a. regio nal, procu rando em vez disso
nalisl a, milita- íl,')\.~
põr a nu estiut uras ___.. _J .
~o • lentas e profu ndas. que eram eu 11
ias e não france - \J\L \ .AC..C...
~ alcmis·ou 1ta 1anas . uma histór ia que devia 1ocar as mas~ ,o ~
e não as elites. e inco rpora r os instru mento s e· ntf~c ,
a emo a e de uma vener ável geografia de esulo f c
os da e~onom1a. il) ~oJ
va-se, em lodo o caso, de avanç a e do..~ Mmm c
- wJ
para a estrut urâ:-d a O. ~ Q
histoire tOllte courr e para a hiswi re -problême 1. Seria,
no cn1ender de ef\.~ .
IU
.. ,' .~ 'f.q

raudel uma histoirt! total. intc do diferentes csferu de acção


interligadas e ~ S6 o historiador conhccedo.-- poderia con-
tar a h istória completa. por meio de uma prosa que de veria ser tio l\
sugestiva quanto informativa e rigorosa. Seguir-se- ia o esforço incan-,v \ -
sável de recriação dos sistcm,as do passado com base cm séries de ;
dados estatísticos quc.,cobriam amplos lapsos de tcmw F a histoiu
sl_!.ie/J~• do comércio e da demografia, da produção de aÍimentos, da
reprodução, inf'ãncia. trabalho e morte'. .
E m breve os novos h isto riadores procuravam as ideias subjacentes
~~tmos demográfico.,; e aos padrões agrícolas. Quai.s as estruturas ·
mentais que correspondiam às estruturas da agricultura e do paren-
tesco? Que rcprcscntaç~ e ,:ituais sustentavam a estrutura do poder? .
Também estes eram necessariamente lentos e comuns a amplas regiões
europeia.,; que transcendiam as divisões territoriais impostas por guer- ~ ·
l Jo .•Ó
.
ra., invasões e conquista<;.. ~ a.,; 111e11talitls, as rep_rt!.senJEfi(!!E ,,O .,,"'"'- ·
rollrclfrr.t sobre a morte. a infância, a scx_llillidadc,--9~ laços _de_san- J
gue. ~rgatório e a· outra vid~/E _ass im, a pP1,ir_de ccrca_d_e 1968, .J-
o; Amralistes mergulharam p rofundamente no estudo das genealo-
gia,; ideológicas dos europeus d,o pa5:53do. Tinham como ~inhos na
Maison dcs Scicnccs de J'Homme.antro pólog~ como Claude Lévi -
-Strauss e seus di~ípulos. soci~inguistas como Emile Bcnvcniste e,
posteriormente. filóso(os como Jacques Dcmda e tcorizadores S0-
ciais como Pi~-Bourdieu. Embora rccusa.,;.,;cm uma posição marxista.
muit05 ·Annalistt!s estavam cm dívidâ;para com uma certa noção de
cultura como algo que operava no interior das relações sociais e das
relações de produção. quer para promover, quer para rctarda_r a
.:m~cmiÜiçãÕ. ;: A' história da leitura, da revoluçãô,-do Purgàtório Ó'u
da família foi sendo produzida por estudiosos franceses cujas obras
~ri.im e , ~ traduzidas para ·inglês, italiano ·e espanhol. '.c·que a
~ir do,; -~ de t 970 co~eçitam a _sér cônvi.d ados a ·trabalhar e a
interagir nas universidades amcricanai;. ~ im~tuosa mistura de_
materialidade e idei somar-se-ia em breve um.a-ou1tra-.V_QZ. a do
rebelde. sempre Q:Crturbador e se~prç clusivo ij_lósofolhistoi:iador/
/ãi'qucólogo Michel Foucault. J-.
4>
S~ Ja..
,
mrn~doJJt..
1_,.
.J..

cb.\ i_~o.iA <l.! l~0-1


II fO<JCA~r •
~ uue Foucault legou aos hi~oriadores foi uma litsJócia do co~
Foucaull abriu-nos os olhos ra co . «nos hospitais, nas c · - '
c:i<; _ no<; o~p cios e na,; prisões•" em estados corpóreos do ser~
QUE (\ A IIIST c'>l< li\ C UI.T U l<i\ l. IIOI F.' // j

-~ "+'i'
)-)1'" \:":
o e ~ como veículo de dor e de 2ra 1,er. . Para o pensndor francês,
estcs corpos, considerados marginais ou aberrantes pelas suas pró-
priu sociedades, eram sinais dos poderes que operavam cm lodos ,
atrav6s do medo, atravú do controlo e conformação do conhecimento,
através da representação da convenção como natureza e da confusão
entre mito e essência. Este controlo é exercido sobre todos. e não
apenas sobre aqueles que acabam em patíbulos ou prisões. O impacte
de Foucault teve mais que ver com a·atenção que dedicou ao corpo
do que com as implicações da sua história do poder. Com base nesta
·\&iia. os historiadores exploraram as suas fontes ricas e encontraram \~~L,I
C:Orpos: env os em actividades lúdicas e àtuais. rez.mdo, lraba- 'r,. ~j b. ,_r~
lhando, sofrendo 12. - ~ ~A.-~ 1 l" .
•Ó..~ _foucault ditou, quase irreversive1Lnen1 e o abandono da constru- ~
1_'
~.~..{) ~.,AoÀ
~ e estrutUiação de sistemas Pois não era _a construção t.!e modelos, JJ M ~~ ~\.~~ ·
-
a formação do discurso foucau hiana. a própria cssênci:: da actuação Ô- .....
do poder, o objecto que os intelectuais e act ivislas d~v iam. tentar ~N~r--
,J.~
i. W

desmascarar e desmistificar? ~oucault legou-nos não uma teoria, mas . \ . - O\. ·


algumas ideias profundas~ u~ método, °:-d~ «gen_calo_gia vig'.""º~ª" · 'Jrr,,U.)tqc~~1ii.&,;;~0,1
Isto corres de ara o h1stonador, a uma mves11gaçao não inteira- -i) Jc,l
J..~ - J
me!lte dcscoahecida de _influê~ci~. convergenc1as e co_ntmu1_ a e~ ~ .• •o,\ ..1..
~aná~ets cm termos de 1m~rtanc1 a. o~ resul~ados desta mvesllgaçã~ ~~~,.,..~ 1, ,..111 •
tem IJUdado. desmontar mitos e cons,deraçoes sobre a produç~o do ' ~(~·
«conhecimento comum• . Não---a prendemos lodos que o direi.LO de
desílorar uma serva na sua noite de núpcias constituía a. essência do
priviligio feudal mascul inista e autoritário? Contudo. sabemos_,agora
que o •droit de cuissage» começou como um simples gracejo. entre
juristas no século XVI e foi refonnulado como fantasia anticlerical por
polemistas nó século x1xll. Não era o can ibal ismo a prát ica que defi - n , _\-'__ f _\ __
nia o n ã ~ u ? - sim, mas apenas desde que foi inventado por l9
~OOiJL ;(
"Colombo-:-e · pnhou raízes e significado ·no contexto das polémicas ~ c9 JlO.V l'f.9
eucarísticas dos ~culos xv1 e xv11 1• . b-2 dlie 1\..,~
dt kc.s<"'--
Por outras palavras, e com particular relevânc ia para os propósitos
do p~te capítulo, o significado é sempre criado com palavras
prccxistcntese dentro da linguagem. Q_ historiador deve seguir o rasto~ r.
<},. ,
.-1.C.

tk_
r
de significados q ue o conduzem a padrões de influência e poder, o. .
formas de uso e vias de acesso. Na Europa de inícios do século. xrv, · O.. J_ ,.._,_gj..iA,
aquando do estabelecimento da nova festa eucarística - o Corpus t ,-
Chri.sti-, a (nguagcm da majestade. assoc iada nos rituais em tomo
do corpo de üisto cm França. inspirou ri tuais processionais que utili-
zavam clemeatos da iconografia rea l - a Eucaris 1i a como rei. a pro-
cissão· eucarística como cortejo real. Quando chegou ao Peru no sé-
Jlf, QUE É A HISTÔlllA HOJE'?

_ ~ ~vi. a· arimó nia foi cn~end ida atrav6 da imaglt ica


da divind ade
solar, pelo que as procis sões eram planifi cadas de modo a. culmin
a-
rem ao nascer do Sol no topo de uma monta nha11• A investi
gação do
sí~l o i~to cm diferen tes contex tos possibilita a compa
ração
entre ~ i a s . entre ideias sobre o espaço e a sacrali
dade".
O pensam ento foucaultiano ide ntifico u co mo presa intelec tual
a
actuaç ão do poder; u ma ideia que se reílcctiria nos movim
entos de
emanc ipaç~ e auto-c xprcss ao das década s de 1970 e 1980:
o fcmi-
nis~1 ~ ·movi_~entos dos ~1re11os c1v1s. a emancipação dôs
hõmos -
scx __ s,_os ~v1mentos ambientalistas, as campanhas anticolonialis
tas.
A lu~, ~lí~ pela obtenç e rcitos requcn a a investi gação histó-
~ 4âs:~cn,:alogias da opress ão: as femini stas queria m uma história
das DlJ l~ os afro-am erican os deseja vam uma históri a dos
nov~:~~ e regiõe s sublev adas .aiara m as negros.
suas próprias histó-
rias. ~ 'l~ todos estes casos, a históri a da opress ão estava
relacio-
nada ~~:rc r.-cse n~õcs cultura is da diferen ça biológ ica:
a opress ão
~ ~..~ assc~t ava numa certa intcrpr ctação da diferença bioló-
gica. ~ --a f~amc ncano s eram ~ pela cstcrco tipagcm
racial.

~
A)6n: d ~-~ si~ emas cultura is garant iam a cootin uidade
da orc=:,-
são ,meio dos rituais estatai s ou da divisã o dos sexos an csf,
ô ~-~ separa<hs e com ritmos rópri A bistón a da
1 . o a ser
•• uma istórjr ~Itura J - uma históri a que. quanto ao fCCOlltr
O colo-
níal. fora -~vez. e1emp larmcn te descrita por Edwar d
~ Oriaúalism". A cultura era o lugar onde rapida mente a.sSaid no seu
rclaçõe3 ~
p,QQcr se troava m visíveis.
~i. Ú cvirag cm cultura l .. têm sido os efeitos mais amplos dos
i ~-..c..asp i~ feministas. Os bistori adorcs do femini
smo,
rnarcad os:~ _mui.w diferen ças - nio.ap enas gcracio nais.
como rela-
tivu aos pcóodos ou locais estud ados- , mas ainda-m aiorita
riamen te
do_sexo ~ têm promo vido a comprccmão d1 -cultu íb takom
o
-~ ~~ ~ -1)(;)5 _anos de 1970, para.a comprecn.são
da csociedadc> ,
e daquil o que a constit ui. De facto, de acordo com um dos
conceitos
fiancbmcnlaís da i11VCStigaç~ femini sta - o géne ro- os homen
se
as muJhc:res a:lo nascem feitos: fazem- se. Este proc.c:sso ocoae dentro
de ~ de representação. cx.ortaçio e exemplo. entre ideias
e priti- ·
as, por e dcairo de pessoa s com corpo. Dentro destas redes.
i pos-·'·
shd trabalhar no sentido de_cartogn:úr as estrutu ras' de opress
ão/
dc-siga Jdade, privação de cfimto s poU'ticos.. limitaç ão das
expecta-'
tins e do acesso l educaç ão, mas .também os clemencos
4c rcais-
t&c:i.a. a i M ~. e .apropriaçio de si.P,ificado. h ideias solx'c o '
gbtero ~ a org.aniz.açJo de úeu inteiru da produç
lo
QUE l A HISTÓR I A CULTUR AL HOJP 117

e cu(iíi';-áf: no início da sua carreir a, ao trad uzir essa obra-p


rima da
- poesia vemku la mediev al, o Roman de la Rou, Chauc
er decidiu
o abrevi ar e extirpa r os excert os mais misógi nos e odioso s
de acordo
o com os padrões vigentes da sua socied ade". Oaram cnte,
aquilo que
os leitore s franceses consid eravam aceitáv el não era apropr
iado para
a os ouvido s e gostos dos cortesã os inglese s, ou dos men:ad
orcs e
respectivas esposas e filhas. Os usos e signifi cados da lin~uag
em do
g~ncro variavam de acordo com as diferen tes regiões sociais
e: hn-
gufstica.s da Europa.
_
A atenção às questõ es do género ensino u os histori adores
a 1nter-
P~E're m os símbol os em d iferent es contex tos de significado
e uso.
cm•cas os de prática sem sentido , a través de textos e ane
factos de
variados tipos e textura s. Caroli ne Bynum explor ou as utiliza
ções por
parte das mulheres religio sas dos pri ncipai s símbolos cristão
s - a
Crucificação, a Eucar istia-, utiliza ções essas que a autora
consid era·
expressivas e cnriqu ecedor as 1' . Dizer «femin ino• era invoca r
um feixe
de significados211• Em 1399, chama r «efem inado» a Ricard
o II era
levanta r toda uma série de dúvida s sobre a eficiência do seu
reinado.
a sua belicosidade, razão, moralidade e finnez.a. Chamar «efemi
nados ..
aos judeus era menos prezar a su:i autorid ade para ler e interpr
etar as
escritu ras. sugerin do que liam através da carne e não do
espírit o. '.)... t!.cc
A prática psicana lítica deu alg um contrib uto à anfüse da! a.~soci
açõcs ~Õ ·
de significado; ler um JelltO cultura lmente é um ellercfc io semelh
- à interpr ctaçio dos sonhos . Quand o lemos_ «culturalme nte,.
ante \ eh
as font~ sj .l
est.imos a reunir toda uma variccfa<le de fontes relacio nadas
:u~is, textuais, musica is - cup sobrepos1çao, à semel~an<;a
- v1- J;.1 ~
g_nsma , poderá propor cionar -nos um novo ponto de vista
de u~ ~,w.c.J
~obre O!> dk
~ ~ema.l cm ~ t ão.
Descobrir e aprend er a utiliza r ma1eriais em diferen tes idioma
f ~tA. •
se
género s ~~ a aprend izagem de qualqu er lingllag em. um.fttâ
rc ía
diílcil, .ffi3l dc1Cnvolve o nosso conhec imento e conduz -nos
a fontes
de natureza df(ersa : textos, memór ias, cançõe s, escultu ras
. prece~
Alguns hisaori.adorcs chegar am mesmo a tentar algo de semelh
a nte à
«observação• por meio de diverso s e imagin ativos expedientes: Cario
Ginzbu rg tentou reconstituir os mundo s da aldeia friuks
a o nde
Menoc chie viYeU hi mais de 400 anos; Natalie Davis aceitou
o de-
safio de ra:riat Í mis-en -sdne para ~ma ver5ão cincma togrifi
ca dos
acon teci~ que rodear am a impost ura de Martin G ucrre
no sé-
culo XV1 1l; e, m..ais recenl emenle , Ruth Harris sujeitou-se
à provaçlo
de uma pacgrinação a Lourdc s para descob rir os limites do seu
pró-
prio corpo e csp{rite>21.
De modo a compreenderem a riqueza simbólica de ~crtos aconteci-
mentos públicos e expcri~ocias colectivas.. os historiadqrcs ~rrcram
l antropologia. Q~mancc entre a história e a antropologia âlimcntou
a «viragem cultural•. De modo muito proveitoso, os hy;toriadores
fingiram entrar cm diãlogo com pessoas do passado. Tal como antro-
lo os cm trabalho de cam sondando e iate rctando sistemas de
1-igniricado e tentando entender a cultura como uma linguagem, os
historiadores p .. • m reconstituir mun passa a partir os
vestígios hist ncos. semc ança os antropólogos, os 1stona ores
atribuíram especial 1mport eia a esses momentos e e densidade
e riqueza 1-i ca - os ntuais - por meio dos quais as comunidades
"ênccnavam e ~fmnavam os k us mitos de ongcm e as suas rei
comp cxas c , os governantes e os próprios membros
que as const1tu am. a sen a o estruturalismo de vi-Strauss e
-das suas vanaçõcs anglófonas desenvolvidas por Mary Douglas e
Victor Tumcr21. os historiadores esperaram encontrar sistemas biná-
rios de significado. demarcações entre o sagrado e o profano. o puro ..
e o impuro, mas acabaram por ser atraídos ao território confuso entre
cada par. Posteriormente explorariam .as delineações do g~ncro den-
tro do campo rituaJl4. Sob a inílu~ncia de Clifford Gcertz, o ritual
tomou-se sobretudo um í)õnto de partida para investigações em tod~
as ,reas da vida: trabalho, arc~o. religião e poder. Embora
nem sempre pudesse ser explicado, o ritual 1a ser interpretado por
.~
·
.
?
' ().,1
meio de um ~todo minucioso que viria a ser conhcc1do como «des- .
-Cni;ãtf dcns~ o •niêtõdo de Gecrtz: ~ncon rou provave mente entre :J.o-•
õ;" his1oriadorcs os seus utilizadores mais cntuiásticos e os seus mais
fi~i5 seguidorulS;. ~ pa~rque não se assemelhava nada a ,µm
I ' lMlodo; mas 'antes .• •-Um' exercício de· senso comum. escrito com
elcglncia. e sempre inscrito num contexto list6rico amplo - como
toda, a boa üs&ória.
O ritual encerra as principais diftculdadcs explicativas de qualquer
abordagem ao comportamento humano, ji que, de modo a funcionar.
deve obedecer a regras e ·incluir um · certo grau de conhecimento
partilhado: oontudo, permanece aberto a reajustamentos, alterações e
interpre1ação por parte de cada actor e obserndor. Para que o ritual
funcione da forma. sugerida por Durkheim. os participantes devem t1'
:. \_
estar ab5orvidos pelos seus significados e exig!ncias fisi_cas. de modo
a que - sl!ando, dançando, cantando ou rezando - alcancem esse
t'Íervcscente c~taclo de receptividade que. por sua vez:. produz o resul-
QUE l. A HISTÓRIA CULTURAL HOJE7 11 9

tado esperado: um mais profundo sentimento de ligação às namtivas


e oormu morais dessa sociedade. .....
~Com o importante contributo de Foucaulr, com o dcsveoda~ l d&O-
funcionamcnto da ordem social pela crítica feminista, com o crescente . .
déstaque do indivíduo dcnfi-o das relações sociais, o ritual co~bido .il'<'dj l
como acontecimento partilhado, como cola social, evidente e pÕ&roso de,.,\
na sua marca e significado, foi suje ito a uma enorme variedade de
~ - Do Carnaval de Romans ao Cama vai de Noning Hill, o nlual
surge marcado pela indeterminação; é essencialmente performativo,
como Mikhail ~tin (1895-1975) aj udou os historiadores a com-
preenderem. É p;ôpenso a lapsos, à repressão, e até ao simples esque-
cimento; por vezes chega mesmo a chover sobre o cortejo26• Eviden-
temente, o ritual pode sofrer reviravoltas inesperadas - como sucedeu.
cspectacularmcnte. cm Romans em 1579-1580, quando as festas se
converteram num banho de sangue, com notáveis matando art~ãos,
o que marcou uma profunda reorientação da dinâm ica das guerras
religiosas francesas 17• Menos famosa é a desordem numa miss.a paro-
quial. a contradição da coroação de uma criança de colo como Eduardo
VI, ou a mais mundana reserva ínti ma de um huguenote pcra111e um

?
ritual cat~lico na Fra?ça _d o século x ~ 11 2~. O processo ritual, entendido
~los soc16logos de mfc10s do século xx como um momento de in-
lensifica ão de todos os as cios consensuais · ue reafinnam umá
determinada ordem social e moral, pode ser vist9 de um m o dife-
rente. No sentido em que condensa relílç_ões e ideias sociais comple-
x:15 ~ no e~paço e no temIJ? - •. o ritual pJde oferecer versões dâ
_vida d1storc1das e menos ace11áve1s. capazes de gerar irri tação e dcs-
• e~

Nos anos de 1980, não obstante o número crescente de elogios


excessivamente laudatórios por parte de historiadores como Keith
Thomas e Natalic Davis a partir dos anos de 1960, os antropólogos
atravessaram a sua própria crise, visível na reapreciação dos seus
objectivos e no questionamento da «autoridade etnográfica... Algu-
mas obru dos grandes fundadores e fundadoras da disciplina l'oram
denunciadas como prodltos do colonialismo ou fantasias ingénuas de
membros desencantados das sociedades desenvol~idas. A pnSpria
noçlo de que era possí,el conhecer uma soc iedade diferente, a con-
vicção de que bastava boa vontade , .~rnidc robusta e píl ulas cOlllra a
,..
· :_·_ _1~ ~_:._ t1t_±J i t. li ·_-P -

••... 120 QUE t A H~IA HGJE?

malMi~.pan sobre,~ ~ provação e persuadir o outro a revelar-se

•• pcran,e_o olhar do e'tfiógrafo, foi considerada risível. e pioc que isso .


A c o ~ <.!e cnsa.ios editada por James O ifTord e ~ ge E. Marcus
cm 19~~-Wririn& C11lc11re; ia ainda mais k>nge. Numa análise com-

•• patati~ /t!onlaillou. de Emmanucl Le Roy Laduric e The N,ur de


E.. E. Evans-Prilchatd. Renato Rosaldo associava o etnógrafo a um

••
inqu~or:-T~x.tos de etnografia eram de$C.Onstrui'dos por colegas
etnógrafos. .~ Vincent Cnpanzaoo mostrava no mesmo vol ume,
num e~ sobre a retórica etnográfica e os modos pelos quais os

•• ct.n6grafouentam tomar persuasivas as suas ani1ises2'.


Em s ~ a etnografi a e-a arttrnpalogia eram desmootada!i
crítica p6s-éolonial,m-fcmmi.sm-0 e dos desafios das kÍWras descons-
à

trutiva:s. O .resultado foi uma re tirada parcial dos antropólogos das


luz
·
da

i regiões com passados coloni ais . e um redobrar de esforços com vi sta

• ~ compreensão das di versidades e dos males das sociedades ociden-

•• tais: isto ~ l tou ern obras como o estudo de Tan)'a Luhrmann sobre
a psiqu ialri-:i a mericana, o estudo de Ray Raphacl sobre a maioridade

••
nos, Estados Uni.dos contemporâneos, ou o li vro de Oaudine Fabre-
-Vassas ~ as uilli z.açõe:s cu ltura.i s do porco. corn sugestões de
,sensi bil idade anti- semita. no sudoeste frands contcmporineo!O. De

•• um modo genl., os historiadores têm ignorado este importante debate .


Mas é um cno.- .i' que os problemas da comunicação, do . conheci-
mento .de outras ·cu1túras e dos termos dos encontros entre d iferentes

••
t

t--
cu)~ras ~ t ã o ~ para o historiador da. Europa do sb:ulo XVI
como para o etnógrafo ~ América Latiria tribal. Em ambos os casos,

•••
está em causa a procura de significado nos vestígios e formas de
autodescrição, atrav~ de uma imensidão de artefactos e afirmações,
.- . rituais_,textos'...C discursos inter-relacionados.-Os nossos projectos são,
de facto, muito simJlares1 ' . A crise da etnografia também afecta os
histo riadoresn. · ,.
.; ~ 1
. A semelhança dos etnógra1õs, os. historiadórçs aceitaram co m
J
p e.xcessiva confiança a figura do informante ingénuo, mais que dis-
~ o a colaborar com o s im tico visitante ue che ou para estudãr
p o~ seus j ogos. Um exemplo vem muito a propósito: uma hist na
muitas : v ~ repetida conta a experi~ocia dq puritano John Shaw .
1 durant~; uma: viagem evangelizadora por Westmodand cm 1644•. Um,.,

1
dos idosos que Shaw encontrou e incenogou. tinha una vago coohcci- ,,.,,.,
mento·~ Jesus Cristo: n1o era aquele homem que ele tinha visto certa- .1
more.
• vez nu!.lli peça. «em ci~ de uJNa a_sangrar.»? Choque, hor-· ·

••
ror. a fantasia.'puritana da impiedade - Íal~m de saber muito pouco,
ºt#lrarii
o velho o pouco conhecimento que tinha do cspectáculo idóla-
~~ t', ·.
QUE É. A HISTÓRIA CULTURAL W )IE' f ]/

ira do teatro religioso.: t<J!tm, deveremos real m<:'.nle entende r o info r-


mante como um solícfíéi' -e inocente circurís ran te que res ponde à.\
pcrgunla.'i yue lhe fazem com absoluta verdaúc ? Não poder;í ele: ~c:r
t.amb6m um contador de patranhas, dispos10 a divertir-se às custas do
pomposo forasteiro vestido de negro? Não po<lcr:í ele lev:u a mal a
sugestão de que o povo de Westmorland era demasiado ig~rante
para conhecer o seu salvador? Quando d~ a pala vra aos seus obJec tos
de estudo, tanto os etnógrafos como os h is toriadores devem reconhe -
cer a possibilid ade de tÕdâ uma variedade de intenções. que s? um_a
prolon gada dialéctica e análise contextual po<lerão por vczc:,, den11 ~
1car e e m1 .
O melhor expone~ desta posição é talvez Marshall Sahlins. um
cstudióso que; não se presta inte iramente ao rótulo de antropólogo
nem de historiador. Sahlin.-. interpretou alguns momentos semin.iis dn
encontro cultural - particularmente conhecido é o seu trabalho sohrc
as viagens e morte do Capitão Cook no Pacífico. Os estudos d: Sahlim
incidir:im sobre indivíduos cm contextos culturais que desaliavam a'.\
suas capacidades - pessoas fora do seu lugar, por assim dizer. Pe -
rante a improbabilidc1de e o desconhecido de ta is situações. acentua -
-se um dos dramas da existência humana, que é o seguinte: todos nó~
somos herdeiros de legados aos quais chamamos cultura - língua.
costumes, mitos de origem - e, contudo, somos também_utilizadore~
~

particularC<1 e absolutan:icnle ún icos desse mesmo legado. Assim como


os havaianos constituíam para o Capitão Cook (e vice-versa) um
enigma que desafiava a sua capacidade de interpretação. também
todos nós. em maior ou menor grau. somos confrontados com _-;itua -
ções extraordinárias aó longo dias nossas vidas. Formado pelo mov, -
menlo an ti-Vieí.natne como professor-activista, Sahlins observou o
soktado no Vietname e o estudante universitário enfrentando dilemas
morais que eram fruto da economia e da política, e que ex igiam .
decisões 'práticas de conduta .;sra1. Tanto o soldado como o estu-
dante, à scmel.nça dos membros do Batalhão da Polícia de Reserva
10), 11tHiu a herança da língua e da narrativa para distinguir entre o
bem e o mal e encontrar o seu próprio caminho. É esta a ahurdage m
de Sahlins à jm7!Prçtação histórica: começamos com o nosso lc:gado
- a cultura ·.:.:_ e depois a vida cria momentos cm que somos forç ados
, a agir e a utjlizar esse ma~al de modos novOl e únicos. A obra de
Sahlins r e ~ um rc ao v uo m indivíduo a had
· nas teias de si iflcado herdou a novos
si nificados e cami os ai teremos de:
~lar lamb6m da psique e da c:mocão; de facto, os historiadores co me -
, AS

,,
t

122 QUE~ A. HISTÓ R~HQ JE7


·-:.. , ,,,'::"·
t
çaram j i. a pouco e pouco, a coosiderar uma história
das emoções. e
• -
é om um certo grau de perturbâdã autoconsci!ncial i.

V
Ao lo11go dos últimos vinte anos, a busca da voz dentr
o das es-
trutura.e; da lingu agem lançou os estudiosos das
humanidades l!m
vária.,; e convergentes direcções. Têm-se procurado
relatos «não ofi-
..1 ..1W€n
. . dos acont •
c1a1s• ccuncntos, nomcau.a te no estudo das socie . dades
camp onesa s" e do subcontinente indiano:qi e nas
obras dos histo-
riadores dJ feminismo e da classe trabalhadora~ Para
a Europa da
Idade Média e do-início da idade Moderna. o novo
historicismo tem
assistido à colaboração entre his&oriadorcs e estudiosos
literários que
procuram «sentir o real• mediante a análise textua
l de textos não
canón icos e o estud o de vestígios materiais da vida
quotidiana. Ste-
phen Grccnblall, como um etnógrafo experiment
ado, e inspirado
pelas utiliz ações de Cliffo rd Geertz dQ mund ano
e do «sens o
comum». mostrou os resultados de uma leitura dos
artefactos como
textos. confrontando diferentes gtneros - teatro, sermã
o e imagem.
por exem plo".
E.-.ta posição 1ibcr1ou os historiadores e encorajou os
críticos lite-
rários: o E11iland's Empt y Thron~ de Paul Slrohm tem
a utilidade de
uma abordagem critica-literária ao estudo de docum
entos da história
constit.~cional inglesa: crónic.:as, de_cr~tos parlame~_tar
cs e determina-,
· çõc~-·legais· reve-lâriú/ próp<5sito ~lític o subjacente
à busca de légi'- ·
timidadc. as vozes inscritas no registo escrito cm apoio
das preten-
sõc5 de U"J_,Ci usurpador, Henrique IV, e do ~1:1 .tierde
iro«>. Uma tal .
abo'idâgê~ ·rcvcla,., tâmM m"que 'ó contêúdó dos' textos
franscetidé
a intenção consciente dos seus autores - os textos
podem conte r
informações que o autor procurou omitir e at~ transm
itir conheci-
mentos dos quais o autor, produtpr, pintor jamai s teve
consciência.
Como sugere Paul Strohrn, podemos sa~r coisas sobre
Chaucer que
•Cha ucer 11unca soube. sobre si' próprio•••. De facto, Chaucer não
podia reprimir a emerg~ncia do seu própr_io inconscient
e no texto,
não tinha consciência dos processos históricos .cm
curso que con-
tribuíam para a construção do mesmo. não'podia preve
r inteiramente
a_reacção dos seus leitores, ou a5 :nutuaçõcs dessa reacçã
o ao longo
do tempo. Em suma. sabemos ·muita~ coisas sobre a
sua oeuvre que
o próprio jiimais poderia ~aber - mas que teria gosta
. ; • • . •• ,: , , .. . , •• • · · · · ·· : 1
do de saber. se
'
4 ;.e. :i.. w~ , s ..4 .C W'~-+ .4'ii~ ~,~ ~ ...
~~f.f~~ ,

. QUE t A HISTÓRIA ClÍCTU RAl HOJE7


l2J
./, ,

. A cvir:iiz~ cuJlural• é servida po_r u~ híbri~o de


cstraté&!# crl-
bcas que Jlummam modos de comun1caçao, a circulação
de i(jcias e
práticas e u ac ões dos indivíduos. e que têm sempre
em atenção as
.9._ucstõcs do significado. Devé ser praticada com o con
ec1me nto das
raízes intelectuais dos con2eitos e procedimentos que
utiiiza, e com
a consciência da sua própria retórica. Assim,
lidar com a cultura é
r defini ão, lidar com a mistura de cate oria · ue
é o sistema
e significados que determina a ordem , hierarquiza as
prioridades e
sugere conexões úteis entre as coisas ~ reais, sentidas
e imaginadas .
O pao t bõra para comer, é também u;;;
bom presente para oferecer,
e é excelente quando consagrado e transubstanciado
no corpo de
Cristo. Apresenta sempre a mesma aparência, mas transf
orma-se cm
coisas diferentes de acordo com os contextos de uso; _o
uso e a prática
dão-nos acesso ao mundo de si nificados de pessoas
entre as uais
jamais vivemos.c2. Parte deste lrabalho poderá ser o relato
e descrição
da evolução dos significados - uma etnografia e genea
logia históri-
cas; outra pane será _compreender as razões e circun
slâncias do
surgimento dos significados, o que nos permitirá aprec
iar e localizar
os casos cm que um significado é articulado. questionad
o ou revelado
de uma ~ova forma . E estas questões prende~-sc; com
tos da YJda - um facto que escapou a muitos autore
todos os aspec- ~ ·A ~/,i )cyc._ -J _
s. A «viragc1 ~ · A+ · 1 -'-
cultural• conlribui para a ex plicação e compreensão
economia e da política• • abarcando 1o<las as áreas
1
do trabalho, da c;.v- J~ ~
da experiCncia crõ{ ·
humana individual e colectiva.
rtc0-4 _ ·,
Notas e referências bibli ográf icas
r _ (9 ~
'ff\t ~M
-'t~· . , r__ •

• Agradeço ·àa.: meus ·amigós Christopher Clar·k. David


F~ldman. Eri~-Fontr.
Adara L P. Smith, Naomi Tadmor e Miles Taylor pelas
conversas (!IIC
tanto me ajmaram, e a Peter Burkc e Gareth S1edman Joncs
por tcran
lido e comcalado este capítulo.

1. Cambridge, MA: Harvard University Prcss. 2000, p. x. A propós ito do


termo. veja-se William H. Scwell. "Thc Concepl(s) of Cuhur
e•. in Victoria
E: Boanell elynn Hunt (cds.), Bqon d rhe Cu/rural Tum: Nel\' Directiocs
in th~Study <fS«i nyan d C,llturr. Berkeley. CA. Univm
ity of Califomil
Prcss. 1999.pp. 35-61.
.,.
2. Lynn Hunt (CII.). Tl1e New Cultural 1/i.w ,n ·. lkrkcl
c y. CA . Uni vcrsiry a(
Califom ia Prcs.~. 1989; Bonnell e Hunl. lln1111il rl,r C11/111
ral Tu m .
3. Nichol as Waoon . .. The Poli1 ic~ nf M idd lc En
~li~h Writin !!" · in Jocel~-.
"',..., ... · - o. - ' .. ' t
,,
1
IH QUE t A IUS'lÜ( IA 110161

•l
•· T1tr iiko ,,f 1hr Vrm'1n1la r: M ~nthólttgy 1:J] Mrildlt EngÍish Urt-
t '°'1 Th_cury. /2ll0-l510.. Univcnity Pan. l>A. Penn S1acc Press, 1999,


t
pp. 331 -352
4. Jcaa-0 ~ Sc.hmia. Thc Holy Grqltolllld.: Guincfort. Hcalu of CliUdnn
si~ dt~ 71tirtrttt• CetthuJ. trad. Martin Thom, Cambridg e, Ctmbridg c

•• U111~1ty ~ 1982. ~ S4urt llvrkr: Guincfon, 1ulrisscu r d'cnfants


tkp,,,s lc X/Ir n«h. Paris. Aammario n, 1979.

•• S. Quanco • alguns CEmplos de inílucotc rcílcxlo teórica por mcdievali stu


e bistoriado rcs do iaício da Idade Moderna. veja-se Gabriclle M. Spiegel,
77w _P-ast a Tut: 1Ji.e TMory and Procricc of Medieval Hi.storiograplty.

•t Bahunorc.. MD, Jehns Hopkins Univcrsity Press, 1997; Brian Stock,


list~M«t for tk Tu:rs: 0n 11tc Uus of ~J'ast. Baltimore . MD, Johns
Hoptias Uaivcrsity ·Prcss. 1990; e o rccc'nte hui Slrohm, Theory and 1he

•• P n ~ Tw. MUIOQpolis., MN, Univcrsity oí Minncso(a Prcss, 2000.


Sobre u utilizações da psicanális e. veja-se Lyndal Ropcr, Oedipus and
rlic fH'.,{L· Witcllawft. Sc.xaality ON/ Rdition in Early Modern Eurnpe.

•• Londru, Roul.Jcd&ie. 1994.


6. Sobre • ri:sio e C'Oaleltto institucion al dos A.nnales. veja-se Carole Fink,
Marc Bloât:_A J..ffe. iA History. uambridgc , Cambridge Univcrsity Press..
1989, PP. 121-165;.wcja-se tamb6Q Petcr Schõttlcr {cd.). Man: Bloch:
1 Historiúr rutd W-Jen1a.n d-Kãmpfa. Frankfurt e Nova Iorque. Campus..

••
r.
1999•
7. Nlo quc:ro.an • dizer que esta vingem nJo. a.cnha üdo anteriorme nte
pc ocu, ada por ow-= veja-se a PrelecçJo Inaugural de Junho de 1895 cm


••
que ~ Actoa · apela _110 •estudo dos problemas em detrimen10 dos
~ -.- ~ ~atd Emerich Acton, «The S1udy of History», in
John ~eville Figgu e Regin.a.ld Vere Laurence (eds.). uc1urcs on Modern
Histoi-j. J..~wJres. Macmill.an . 1906, p. 24 .

•.--
,.. -
l DcnU1>1- ·~ e tipo 4c história.. a obra mais ambiciosa é Em manuel u:
~ ' · Roy ~ ~

• Paris.1.E

. GfC!1•cr~~-~
, 4_.
~N.
. ,
~ pauan,s uf úmpcdoc- , :1rad-. John ' Oay;· Urbana. IL.
Unive,-s~lr ~ pliMiJ Prcu. 1976. La Paysan.s de ÚJl1JCIUdoc. 2 vols ..

.
1966: p;u;i · uma perspec1iva crític;a__}'i
Lcpcúl (etJ.J, ús F,~s t
_ k
·~
;ja-se Jcan-YvCll
/'~perie~~ c: ~e autre
;, lti~'{-~ i-._~ Albi11_Michcl, 199.5. pp. 22t-228; pua um comcn-
táno a ~li fC:!prcciaçio. veJa-ic G. Sccdman Joncs. «Une aulrc hisloire
~alc"f(no te' crit-..,C)•, AMOies HSS, vol. LIU, 1998, pp. 383-394.
9. Philippe-Carpini. /'wfics Dj IM Ncw His1ory: Frmcl, His1orica/ Dúcourse
/ro. Bl'al(kl "'· Otanier. Baltimore. MD. Johm Hopkins University
Prcss. 1992;,TrajaeStoianovich. Fmtel, HislorlcoJ Malwd: TJic Annales· ·,
Poradip. l.lhaca. HI, e Londres, ComcU Univcnity Prcss, 1976; Petcr :
lkric. 7M Fr,tdHisl orical R ~ · TJw.4Nuúa Scltool /929-/989 ··
c..hridge , fyily ~ 1990. Pan uma apreciaçlo critia por histo>-.:
riadorcs li_1ados IJCII Aluwles. vcja-,e Lu forma de l'u~rien ce. Sobre ' •
■ rccc:pçJo: -~tia da historiogra fia dos A.nnales. vejam-se os arei-
/l J
QUE É A HISTÓ RIA CULTU RA L 110 /E'

gós de Vatichez, Oule , Li11le, Si mo ns, Racquoi. Klaniczay e Gurevich


;,. Miri Rubin (ed.). The Work of Jacques u Goff and lht Cltalltr1gcs of
Mtdieval Hi.rtor,, Woodbrid gc. Boydell, 1997, pp. 71 - 141, 223-248.
1o. Sobn: a gencalopa da mcntalitl e conceitos relacionad os, veja-se Pc1er
Burke, ..Strcngchs and Weakncss c5 of the History o( Men1ali1ies,. , in
Varittics o/ C"lt•rnl History, Cambridg e, Polity Press, 1997. pp. 162 -
· 182; S1oianovídt. Frtr1ch Historical Mtthod, pp. 120-121.
11 . Patricia O'Bricn. «Michael Foucault' s history of cullure», i11 Lynn Hum
(ed.), Tlie Ne,,, últural History, Berkeley, CA, Universi1y of Cal ifom ia
Prcss, 1989, p. 34.
12. Sobre O corpo e suas manifesta ções enquanto metáforas do estado esp1 -
ri1ual, veja-se Pirosh Nagy. u Don d~ armcs au moym tJ~e. Pari s.
Albin Michcl. 2000; Jean-Clau de Schmatt; ÚJ Raison dts gtsrts. Pans .
Gallimard. 1990; Alain Bourcau, u simple corps du roí: l'i,rrpou ibil'
sacra/ir! dei .w.vuains /rançais XV'-XVII I'. Paris. Edi1ions de Pans .
1988; Laura Kctdrick. Animatinx rhe uuu: thr Figurative Elffbodimenr
o/ Writi111 jrOfft Late An1iquity to rhe Rtnaissan et. Columbus. OH . Ohio
Sta1e Un.ivcrsity Prcss. 1999.
13. Alain Boureau, TJu lord's First Nigh1: The Myth vf tlu Droi, tle Cu1.1
J(Jge. trM. LydiaG. Cochrane, Chicago, IL. Univcrsily of Chiago Press.
1998, lL Droit lit cui.uage: la fabricatio n d'un mythe Xl/' -XX'. P;im .
Albin M'ichcl. 1995.
14 . Frank l....e3Clirn-r, Canniba/i sm: The Discovcry and Rtpri-sen1u11011 of
rhe CtJNtibal Jr-i Columbus ro Jules Veme, trad. RosetNII)' Morm
Cambód&e, Porty ~ 1997; Une sainr horreur, ou ft tt>J tlflt' t11
eucharish't. XYr-XVl/ f sikfts. Paris. Prc:sses Universita ires de: Francc
1996.
15. An1oineuc Moliai<!, «D' un village de La Mancha à un glacierdes Ande ~
Dcux cflébratioa s •sauvages ,. du Corps de Dieu• . in An1oinellc Molin1é
(ed.), ú Corps dt Dieu cn Féus. Paris, Cerf. 1996, pp. 22J-25J .
16. A cuhura popubc tem sido alvo de um debate relacionad o. Veja-se. por
exemplo. ~.wtalee W. Levine. "The Folklorc p,/..J22ustrial Society
Popular ctiturc and ils Audienccs ... Amuican Historie•/ Rt'vieu
'vo( xcv11., 1992. pp. 1369- 1399;- c"1>s ' comentári os-ao mes1110 .1exto de
Robin D. G. '<dlcy, N:italie Zcmon Davis e T. J. Jackson u:ar... ih1tl
pp. 1400-1430.
17. F.dward W. Saw., Oricnllili.sm. Nova Iorque, Pantheon, 1971
18. Ver David,Walacc. «Chauccr and lhe Europcan Rose•. Stllllits 111 rhr
Âlt' o/ CltaMc,r. ~oi. t. 19&4, pp. 61-6 7.
19. Carolinc W. B,-um. Hot, Feast and Holy Fas1: Tlic RcliRÍal.( Six111/i
cance of F(?Od., Mcdinal Womm. Berkeley, CA, Univenily of Calt ·
(omia ~ 1117.
20. Joan Wallach Sco«t, Gcndcr and 1hr Politics of History. NM-a Iorque
Columbia Uniwrsity Press. 1988.
/}', QUE~ A HISTÓRIA HOJE?

:r~
l l . A prop6silo do tnbalho da auton no filme Martin Gwrrt, veja-se Robert
Filldlay. «llle Rcfashioning oí Martin GUCSTC». e Natalie Z. Davis, «'On
lhe lime'•· Anlaican HisJorical Rmn.r. YOl. XOII, 1988, pp. SSJ-571.
572~.
22. Rutli Harris. Lolll"lks: Body and Spirit in a Secular Aie. Londres, Pcn-
suia. 1999.
2J. Sobe o ~ I C de Mary Dou&las nos estudos culcuriis. veja-se Sonya
O. ltosc. -CUitural Aaalysis and Moral Discourscs: Episodcs. Conti-
llllilics. andTmufonnatioos-, in Bonncll e Hunt (cds.). /kyond tlte C11t-
111rd T11m. pp. 217-238 {220-225).
~ A. laper• ..Culturc.. ldcntiiy and lhe Project or Cosmopoliun Anthropo-
logy., in Aao.11 w Anduopoioiists: Hi.story and C0n1at in Anlhropology,
Londres~ Ncw Brunswick. NJ, Alhlone Prcss. 1999, pp. 26-58 (37).
2.t VcjHC Robert Damton., «Wort:en Rcvolt: Tbc Great Cal Massacre oí
Rue S a i a l ~ . in ·The Grtat Cal Massacre ONl OtJiu Episodes i11
Frndt Cshral History, Londres. Allen Lanc;. 1984, pp. 75-104; Roger
Chanicr. •Tats. symbols. and Frcnchncss», Joumal o/Modem History,
,ol Lva, 1915, pp. 68.2-695; e Dominick La Capra. «Ow-ticr, Damton.
and lbc Gftat Symbol Massacre». Jo,unal of Modem History, vol. u:.
11181. pp. !S-J 12 Pan ama aprcciaçlo mais recente do contributo de
~ veja-se Shcny B. Ortner (ed.). 7M Fate of 'Cllhvre ': Geern and
&-yo,td. ~elcy, CA. Univcrsiiy o( Califomia Press.. 1999.
26. Para mna ICOria do ritual -informal• éom base na etnografia.. veja-se
Cuolioc Hamphrcy e James Laidlaw, T1ae ArdtnypaJ Acrions of RitlUll:
A Twory -f RúllOI /ll,utrtJJed by tJae lain Riu of Worship, Oxford,
Cwmdoa.1994.
27. Emma1oel Le Roy Laduric. Carnil'Ol.: A Peopfe's Uprising at Romans,
l5_7J-l(J. ~ Mary ~_y. Londres. Scolar Prcss, 1980.
28. Vej.sc. ~éxcmplo. Roger Mcuam, •Dissemblen, Dissenlers. úucr-
n"llas: Tbe_Jlogucnots in Francc aÍlcr 1685», Historical Ruearch. 2002
_( n o ~ ~ ~ ~
· õ:29.-.~:Rosaldo;-«Fronnhc Doar of his· Tcat:--<J'bc Ftddwort:er and thc -.,
l ~ . c Vinc:cnt Cnpanz.ano, «Hermes• Dilcmma: 1lle Masking or
s..t,,asioa ÍII Edmographic Dcscription», ln James Cliffonf e George E.
Mama (edl.). Writini CMlllUe: T1u P«da and Poütia o/ Etlutograp/ry,
Bcrtdcy• .<=A,. Ullivcrsi1y of Caliíorma Press. 1982. pp. n-97 e pp. Sl-
-76.. ~ Vejã-sc tamb6n James Óiffonl. T1ae Prrdic=nt
o{ úlnur T~Cowuy Elhnofraphj. Uteronur. aNf An. Cam-
brqc. MA. ~ UmYCtSity Press. 1988..
30. Tanya M. LânnanA. Õjtwõ Müttls: rú'Gruwini Disorder in Amuican
P ~ Nova Iorque. Alfrcd Y..nop(, 2000; Ray Jupbael. The Men
/na h ~ lfües ofPassaxe M Maú À-aica, Linc;ola. NB. Univenity
oi Nctnska Prcss, 198&; Oaudine Fabrc-VISS.IS, ~ Sing11/ar Beast:
Jnn. C ~. and t~ Pig. tnd. Carol Volk. Nova Iorque. Columbia
QUE~ A HISTÓRIA CULTURAL HOJF.? 117

Universi1y Prcs~. 1997, lo hhe .,in1111litre: le.r juif.r. lu chrltieru, 1111


cochnn, Paris, GaJlimatd, 1994.
31. A propósito da prílica etnográfica (etnógrafos br.mcos e •i11forman1cs•
negros), veja-se Robin D. G. Kelley, Yo' Mama's Di.rfunlclional! Fighting
the Cullural Wan in Urban America, Boslon. MA, Bcacon Prcss. 1997.
pp. 17-23.
32. Par.a a pcrspecliva de Clifford Gccrtz sobre a actual diversidade do
«lrabalho de campo•. veja-!ie, des lc autor. A vailable lixh 1: A111hropolo·
gicul Reflectioru on Phifosupliirnl ToJ1ic.r. Princclon. NJ , Princelon Uni-
ver..ity Prc."~- 2000. cap. v. pp. K9-142.
33-Memoirs o/ tht' lift' nf Sir 10h11 Slra..-. Sunees Society. n.• 65.
34:"'Â propósilo da manipulaçllo de enconl ros cuhur.iis e é1nicos. veja-
-se Robin G. D. Kelley. Rua Rebds: C11lture. Poetics. a1td the 8/ack
Worlr.ing Clas.r. Nova IOl'que. The Free Prcss. 1994, p. 22. Sobre o modo
como um «informanlc- v! um questionário elnogf?fico. 1•ej1-sc «l lhink
1his anlhropology is jusl anolher way 10 call me a niggct•, út John
Langton Gwahncy, DryÍoniso: A Self-Porlrait uf Bfaclr. America, Nova
Iorque. Random Housc, 1980. p. x1x; sobre Dry(ong.ro enquanlo ten-
tativa de um diíercnlc lipo de registo cuhur:il. · veja-se pp. xn-xxx.
Sobre o problema dos objcc1os «his16ricos• sem voz. vcj;a.sc Jacques
Rancierc. TM Niglw o/ labo" r. The Workers' Dream in Ni~elunth•
-Century France. lnd. John Drury, Filadélfia. PA. Templ~ Uriivcrsity
Prcss. 1989, lo nuit des prolt'lairt's. Paris. Hacheue. 1981. · ,.
35. Para uma compilação de ensaios, vej a-se Marshall Sahlins: C~ltur; in
Practice: Sefected Es.ray.r. Nova Iorque. Zonc Booh, 20ÓO; How •Nati-
w.r" Thinl:. about Captain Cook . fo r E.mmple. Chicago:'1L e Londres.
Universily of Chicago Prcss. 199 5 . que é uma respcisla a Gànanath
Obcycsckcrch, The Apotheosis rif Cup111i11 C1111k: E11mJ1enr1 Myiltmaking
·;,. the Pacif,c. Princc)on. NJ. Princc1on Universi1y ' Prtss. 1992''.1•-
36. Veja-se, por exemplo, Barbara H. Roscnwein (cd.}. A 11.i :ers Pd.ll: T/u
Social H4Jorjes of an Emotion i11 the M ic!Jle Ages. lth:.ica. NI, ~ornei!
· · , • · ·- Univcrsity-.,.Prcss, 1998.- Para uma compilação pioneira. vtja-sc Hans
Mcdick e David W. Sabcan (cds. ), fotueJ/ and Enwrio,1: Essays un the
Study o/ Family and Kin.rhip. Cam bridge. Cambridge Univcrsily Press.
1984.
37. James C. Scott. Oo,nination and rhe Arts nf Resistance: Hidden Trons-
cripts, Ncw Havcn. CT, Yale Universi1y Prc.~s. 1990; SheíTJ B. Ortncr.
«Rcsisllncc and lhe Problem of Elh nogr.iphic Refusal•. C.mparotive
Studies ln Sod~ry a,,d Hi.rtory, vol. xxxv11, 1995. pp. 17)-193.
38. Roulind O'Hanlon (lrad. e ed.). A Ct11111>ariJm1 ht't11·u11 Wome,r und
M~,c Tarabai Sliinde and 1hr Critiq ue of Gemfrr Refatinns ir, Colonial
lndia. Madras1a. Oxford Univer~ity Pres.s . 1994.
39. Catherine Gallaghcr e S1cphcn Greenblall (eds.). Pruoici11x Nt'W' HiJ -
toricism. Chicago. IL. Univer.sity r, f Chic ~go Prcs.s. 2000. ti1roci,ção.
~= ' P J " I Q ~ ~ ~ - 3 : , ~ ~ ~ ~ ~
~T~~J•

1211 QUE t A HISTÓRIA HOJ E?

PP ' 1.19~,vcjai.se-também S1ephcn Grecnblall , «1he Touch of.;1he ,i. cal•,


in Qnner, Tht Fatt o/ C11lture. pp. 14-29. -~;~ 7"
..:;~• ·
-40. Paul Strohm. England's Empty Throne: Usurpatio11
and tht LA111uage of
u1iJim ation, /399-1422, New Haven. CN, Yale Unive
rsity Press, 1998.
4 J. Paul Strohm. «Chauccr·s Lollard Joke: History,
and lhe Textu al Uncon s·
cious• , ~rudies in lhe Agt of Chauu r, vol. XVII, 1995,
pp. 34-42.
42. Roger Ow:ti cr, ocCulntrc as Appropriatioo:
Popul ar Cultur al Uses in
Early Modem Franco,, in S. L Kaplan (ed.), Undtrsrandi
ng Popul ar
Cultur t: Europ t fro"' tht Middl t Age.: to tht Ninet
unth Century New
Babylon: Srudi u i11 du Social Scitnc ts 40, Berlim
e Nova Iorque.
Mou1on. -1984. pp. 229-253.
43. Esta possibilidade foi sugerida por John Toews
, «lntellectual History
after tl)c Linguistic Tum: 'Thc: Autonomy of Meani
ng and ifl:ãuc ibility
of Ec.p:riencc•, Amtrican Historical Rtview, vol.
xc11, 1987, pp. 879•
-901-(882-~!!3).

•. :


•_HWCQ JJ ~ ~ . ~ ~ ~:~?,~ ?Ir ::...~ ~,.--- •i':::>,.

Você também pode gostar