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I -- Co 1pcn dio de C1lorogn phh cl0 f\rn'ill (10 · ' r .).
H -- Chorog rPpl: i a ~lo D isliido ...·c(1err.l ')n c ü iç·"o ).
III - L i ccs ,i~ H iskri'1 Ge- r al (~· C'c1j(,.~lo) .
IV - Com )t''l d i de 1-:ist'lri, ,!o :?n:":l ( ;' cdic:ã o).
V -- cqucno Atlas elo Br·; :-il ([tllBOi<.d(, ) (3" ::!di ão)
\. r:ossa Pal.cia (. " ·~:l i ç:l.o) .
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V IH -· P r-q .w 1U T~li :;, l ('ll'i:J. rl::l Dt·;1sil (:~o , di;'iio) .
L- Gcog r:1 phi:: 1'1 iwnr! <•
X Curs d e (~(·.>;~r~t phiü l;t' r:tl.
, XI Lições d Cosmogralill ia.
:XII - Li .ões etc 1 lStrU C('clO 1\lora1 c· .=.ivín.
X1 I - Pri :11d ro Lino de Leiiul:1 (no 1 1·éle) .
Xl r - cgttnd Lí\To de Lcilurn (no prélo) :
.' V -- T cJ·ccl n; Lin de Leitura (uo prélu).
s d e Cous l:!s (em p r paf<.J~ão).
}e!<JlO ~ e .1 Jis lori a Un i 'C'l·s nl (em
~·aç:loj.
XVI II -- Curso 'de Topograph ia ( m pr pn1·~ç?ío) .

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lVii(A . !\:O Ve D:& VEF,QA:. C~ - ~Ale


DA ESCOLA NO R MA L

DO BRASIL
(Para uso das Escolas Primarias) . ..
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~Jtfo---'"'1\/.:yst 0-..- 3." E D I Ç ÃO

R.IO DE JANEIRO
JACIN)~HO RIBEIRO IDOS SJH4TOS
LIDITQR
82 - Rua S. Joaó - S2

1926
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fl7ario Daseonaellas Da Deiga Cobrai
~-,, ,;e ido a 2 (j d o Set om.IH'V dv 1 S !J .J.

!l a c ld odc r/ o R i o ele Ja,UCJ ÍI 'U

En g enheiro-ag r im enso r. Me mbro da Associaçii o Brasi·


leir a de Impr ens a, da Sociedade de Autores Thea· '
tr aes Brasi leiro s e da So ciedade de Geographi a do
Rio d e J a n eiro . Sacio correspon dente da Academia
Ala gôa na d (l Letra s e dos Institutos Hi~tor i cos e
Geog r aphicos d e Minas Geraes, AmazonBs , (eará,
---
P a r ahyba , Pe r nambuco, Alagôas, Serg ipe, Bahia,
Es pírito S a nto e S. Paulo. Profess or na Eseola
Nor mal, Gym m'l s ip 28 d e Setembro, (urso Superior
d e P r epa r a tori os e As sociaçiio (hrista de Moços.
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A o i/./'lts t ·t•c 1Jrth•irio


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D1·. 1!'-J•ancisco Conde,

t:X-(JO UC1'UUCIOJ• elo .d.C)'C, t6atetu:lliU.1tO d,e


U>'«·H<I<lo <lo p«t•·ono <la Escola Yetga
Cab,.ul, o•·va<la llOI' S. s. •w.quelle Tet~
1'/.tol'lu.
Dt·. J eronyrno .ll :Iontei·r o
D1·. Jo~é .Cla G1•ctça Cmtto
lYJ', A. Á 'l rWI'ica-no do ,B 1·azil
DJ•, Octavio 8te'Í!ne1' do Cottto
D 't ', Ign(tcio .JÜ~evedo do Anut/l'al

11/'0Vct de esHma e fi1JI'eço

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AO LEIT OR

E ·ta Peque na lfist,Jr ia do Brasil nada mais é do que


n r esumo do Comp endio de Histor ia do Brasil da
lavra
lo Dr. Mario Va con ellos D a Veiga Cab1·al.
O exilo m agnífi co que vae obten do aquell e livro, ora
10 seu L 10° milhei ro levo u-me a solicit ar do Dr. Veiga
:abral um outro qu e v iesse a ltender direct ament e aos
tlum no dos cur p rima ria , porqu anto o seu Comp en-
lio, bastan te d e envolvi do, só erve para os cursos mais
1d ia ntado , c !a nel o a d aptado no CoNegio P edro II, Colle-
~ios 1ililar . , E ola · orm acs, e tc.
H. c tirand o o autor d'aqu ll e seu Comp endio todas as
11oçõc di [) n av i ao urso prirna rio, fi cou o livro redu-
: id a e la Peque na Hislor ia do Brasil , que aprese nto
oj e ao public o em terceir a edição .
D ado o nom e do a utor , es tou certo de que o illustr e
::or ofcs ora do, tan to d' e ta Capita l como dos Estado s, a:co-
l erá mais u ma vez com carinh o a presen te edição , com a
ual attinge o livro o se u 25° milhei ro.
Rio de Janeiro, 15 de Março de 1926.
JACINT Ho RIBEIR o nos SANTo S,

Editor .
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CAPITULO 1

Descobri mento do Brasil

A estreiteza do mundo aniigo fez r.>m qu e os por-tuguez.es, por


mares nunca dantes navegados, J.cvassem a effeito grandes des-
cobrim en·los marítimos no sec.uJ.o XV .
Assim é que arpós dobrarem o cabo Não e tomarem C-êuta aos
mouros, descob rii·am as iJ.h:Js Porto Santo e Madeira e os archipe-
lagos ·do~ Açor es e Cabo Verd~.
Isto no :perí odo rle 1412 a 1446.
Qua renta :u111os depois (1486) dobrou Ba1·tholome u Dias o cabo
dns Torm enfas, mais· ·!a rd-e cha m a'do ela Bôa Es-p erança, no extremo
sul da Afri ca. e. em "1498. após dobrar esse cabo, d-escobriu V asco
da Gama o caminho das Indias .
Sur.cessivam ente ·descobriram os portuguezes a Indo China e
as grandes ilhas da Malasia, c, já em 1500, o n osso qnerü•do
Brasil.
E r n Portugal nesse t-e mpo govem ado pelo r ei D. Manoel I , . o
Ventnroso, •ou e .ao tht·ono subirn ('111 1495. subst-ituindo seu primo
e c unhado n . João II .
Res-olver a D. Manoel assegura r o comm e rcio das lnd-i as e por
isto fez equ ipar uma esqu a dr-a 1de 10 caravellas e 3 navios re-
dondos, tend o 1 . 200 homens d e gua rni ção, e oito capellães, além
d e um vigario. se·ndo essa, até então, a m a is pod-erosa ex.pedição
qu-e se tinha organizado .
Foi o commanrlo da esquadra entregue a Pedro Alvares
Cabral. governador da Beirn e Senhor d e Belmonte.
No dia 8 de Ma1·ço de 1500, domingo, em R estello. na ermida
de Belém. foi ·Celebrada uma m_issa sol emnc por D. Dio<ro Ortiz,
bi s·p o ,cJe Ceuta, á qual toda a ma rinhagem compareceu . "
T erminada a~ cerimonia, b enz·eu o bispo 0 chapéo que o Papa
havia enviado .para Cabral, e ab-ençoou a bandeira c om a cruz de
Christo, -sendo a m es ma leva da em pr-ocissão até o embarcadou ro
e, a h i. entregue, p e[o p1·oprio r ei D . Mano:el, ao almirante.. ·
14 VE IGA CAB RAL
1
• 1o dia seguint e za1·p o u c ·sa esqu adra do Tejo om .U e tino ás
In-dias.
Correu a •prin c ipio a vil!gem m uit o simples mente, b ega n.do a
esquadra no dia 14 á s Can a r ias, c, a 22, :i i lha S. ~c o l :í o, 1110
arcbipelago d e Cabo Ve rd e, ond e, ta lvez a mercê das c::J rre ntes
oceanic as, d esgar rou n õ dia seguinte, 2 3, o navio ele \a c o de
Athayde.
Desviou-se ent ão a esqu adra do rnmo hab itu a l, toma ndo para
sudoeste, afa stand o-se do ontinen tc a fr i a no para evi tar as cal-
marias, isto é, a falt a ·d e ven tos . T:'\11!0 porém. se afa to n, que no
dia 21 d e Ab1·i l c om eçou P dro Alv a i'CS Cab r al a le r egu r os in·di-
. dos ·de ter1·a , com. a appa ri ão de he r vas marinha , de no1 ni n a das
bodelho e rabo d' asn o.
De facto, nã o se enga n o u . Na ma nhii st•guinle. q uarta- feira. 22,
foram vistas esvo a ç a nd o av es denomi n a du s furabu chos c, á 1ardc,
fo i avi. lado um mo nt e d e fórma nrre-
d on da ci:J , q ue r cr b eu o nome de P as-
ch onl, p or se r di a d e u ma das o itavas
LI:J P as h oa.
No dia eguinte (23), te nclo á
fr e n te os n av ios m·cnorc , ve lejo u
Ca b ra l a té q ue a so ndag em ~1 cc u o u
po uco fundo j un to ao rio que se h a -
mou d o F rad e dcscm bar a ndo en tão
Ni co l:ío Codlho, qu e, dand present s
nos í nd ios qu e lh e :-~ppareccram, lraYo u
c 111 -elles r e la õc .
E r :t prct;iso, poré111, um a l.J r i go
me lhor.
Ve lejo u Cabra l ']'la ra o 1 ., indo o
seu ·p il oto r\ffon o Lopes n uma pe-
qu e n :-~ caravell a costea n do :1 te rra,
Pedro Al•nres Cabral a fim d e 'JHeve nir logo qu e e n co ntras se
'1 bi'Ígo co n ve n ie nt , o qn e se d eu a 24,
descobrind o uma cnse:-~ d a qu e to mou o n ome d e 'a n ta Cr uz c é
hoje c on h ecicl:l co mo bahi :1 C:-~ br a l i a .
Na m a nhã d o d ia segu int e (2;>) a n cora va a rsqu aclra nessa
e n s ead a onde for a m en co ntrad os d o is ín d io qp c fo1·am levados
para brd o e tra ta d os <:o m galh o rd o acolhiJ111e n to .
Foi então celebrada, num ilhéo qu e se c ha m o u d a Corôa Ver-
melha, n o dia 26 'd e Abril, domin go d e P :1scho ela. a prim eira miss~
que se di sse no Rrasil. sendo offi c ianle fl'c i H e nr iqu e d e Coimbra .
No dia seguint e, 27, foi cortada uma :uvore,·co m c uj o mad eiro
se f-ez uma cruz .
A 30 foram os portugu ezes ao Jogar em qu e se ach r. qn a c ruz,
c':lcostada ? u!na arvore, ahi ajoelhara m e a beij:'lra m, para. qu~
v1ssem os mdws quanto acatavam ellcs 0 symbo lo ria propna fe.
.
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P EQUENA Hl TOHIA DO BRAS: ._ 15


No cl ia 1 rlc Tnio tr ou)(er1 m a cn1z cl r oncl·e es tava c crnvn-
r nm -nn em lo":n· nl o. no nr r1 imDrov isn do nl ln r, cc chrnndo-se,
cnliio. a Sl'!!un rlfl miss n. ass istida p e l o ~ h omens d a tri p ul ação c por
mu ito-; se •n!!rn' da lri hu d os Tu p i niqu i ns.
<1hrnl ornou r nl iio os'e dn nova ter rn , -c su ppon o ser o
n:-~i z rnron rflrlo. 111770 ilha dr cerca d e set enta lcq uas d e extrnsiio,
l h r cl eu o nome rir Tlh n rll' V. r:1 Cruz, ao depois d e Snn t:1 Cn1z,
p:-t<;<;r> nrlo n1 :1 i, lnrrlr. l'm 1 !)0·1. a lr r o nomr d e R rns il. mercê na
j!r nn rl t' o unn l irl:lde n rll r cx is trntr rl·l' u m:~ mnrl ci1·a pnr:1 ti nt nr:-~ria.
clr1 omin acl:l prlo<; in rli rrr nn -; i!J i rrr{l i f inqa on p:\o YCr mclho da côr
da b r1s1. r 011r er:-~ o nue nó-; rh:mwmo p :'lo b r ns il .
prinrip io n n " l:! -rn hrn-;ilei 1·o rra 11 1 q u:~l :fi cntivo pro fis-
sion'l l "' n'io nm pn t ·onimiro. romo é h oie; brn -;ilr iros er nm torTos
os nnr rommercinv:-~m em p fto bras il, cn b or·a não fossem na sci'dos
ncstr pa iz.
()<; •n ri m r ir o-; -rs r rir orr s ouc se OCCli!J:l ·n1 cl:l nos n h i<; loria ,
nuncn sr rrfel'i ·r~ m no prin r iro nome r ur I·:'Yr o Brasil . Seria in-
venriio o-; n'o r r1· n os o nomr r e \ e1·n Cr uz? , riio .
() nome. rir rr:-~ r.rm: o;ó foi ronh rcirlo mais t nr éte. em 1 R17.
p r n pu 1 irr~r'io rln r 1rln <I r P rro a o: Cnminha, . o · :-~ t ó tnl époc a
s e supnnnhn nu·." :1 lerrn no s r d rsroh erla ti vcss r cceb 'do Jogo o
n omr rl r . :m :1 Cru z.
n r,cohr r tn :1 nova terr n. P r 1·o V:~z r.. minh ;'l esrr-1' r 1 então,
em P or to Se ~(uro, n n sexla-fe irn. di a 1 d e i\l a io, a r el ação dos a con-
lec imrrd os.
Em sr"tli rh :1 po~sr ·runi u Cnhra os rommn1 anlrs r:os ·cliver-
~ os navios :1 ·a I'<'SOI\'er solw c on r m rkvin rccrh er a in u m b enci a
d e comm>1nir:1r a no ·n rl rsrohr rl a a E l-R r i n . Mnnoel .
té h ojr niio se sabe ao rr rto si o c n c;~ rre", do d essa miss ão
f0 i l. nspa r cl r T.crno-; 0 11 And ré Gonçalv es ; j nl"a-s e porém, geral-.
ment .". nue l "n h :~ sido non cJl e.
S e i:~ como f(\r. o emi<;snr io n nrtiu a 2 rl c !nio pnra T.i shoa,
is to é n o mr,mo rl ia rm que Cal ra l. ·rl e i.·anclo rm te rra clois 'de-
grcrl:'l rlos c dois !(nnnrtrs on e tin h am fu gid o de b ord o, con tinu ava
a . un vi:1!!em p:~rn a-; Tn rli as.
e'm nrlr:1 rlr C:Jh1·:1 1 só c h r!(o n a Cn li cu t em 13 ·rJc Sr tcrnhro,
I n rlo off rirlo violrnli<s imo temporal inn o no cabo d n BAa Esne-
. r nnrn. 01Hlc fo i em 24 el e l\bio n fro ta des fnl c nrb em ·se is n nv ios.
ent rr e ll es o que eslnvn sob o romm nnd o de Rnrtholot11 u D ias, CJlle
n a nf r:1!'on c p ereceu ju lamen te junt o ao cabo por cll e proprio
d e. rnh c r to .
L ogo cru·<:! se clivul qou o rl rscohri mr n o do Bras il pelos p ortu-
g uezcs os fr nncczes c h cspan h óes p ro curar a m ch a mar a si a gloria
dn q nr ll es .
Ou :1n to nos pri me iros . fi co u logo prova d o n ão t er funclnm cnfo
a nll r Qari'io. pois o el e. cohrirl or c •c cll es ap rrs·:-ntavam. J ea n Cousin,
j:íma is t in h a n is nd o t er rns bras i lei r as e m 1483, conform e d i1.iam .
Os h nspnn h óes, porém, rl e fn · to, e s !i\'er:-~m no Bras il :1ntes de
Cabral pois Vicent e Y nn ez Pinzon, sahindo ele P a ios em 18 de

16 VEIGA CA~RAL

Novembr·o ele 149!J, dcséobriu em ~G d e .Tan c ir d e 1.'l00, um Mhl'!,


a que deu o nome ele S::m ta l\fnrin d e In Gonsolfltion , c esse csho '
o actunl Santo Agostinho, e m P e rn a mbu co . A%rn· d-esse, vel ejando
Pinzon 1)n r a Noroeste, descobriu o ri o Am:?wnas, então c h a mado
'J)Or ellc l\ff!:' Dul ce, e ch egou no ri o Oy::q)Qck. que durante muitoli
annos fo i chamndo rio Vicente Pinzon.
Doi s ou tr·cs mczes dnpoi s de Pinzon, ou tro h c pa nhol. Diego
d e L eo ne, lambem a qui es teve .
E ' fó ra 'd e duvida, poi s, qui' mu i to ant es da vi:-~ g 111 d e Cabral,
já os hes·o a nhóes tinham d cscob- r·to o Brasi l .
D e dir eit o. po r ém. a glor·ia c ah c nos p orlu g uezes. pois fo r nm
clles os qu e 'Primeiro Jc,·arnm á Eurooa a notiC'in el o nco n\ eC'i mcn to.
toman.rJo posse ela l ena 111 n om e elo c u rei . cl c ix:m d o ndl la os
prim e iros colo n os c a fncnelo rxplora r .
' Foi. 'J)Oi . o Brns i I clcscohcr to em 22 <I c ,\ bri I el e 1500 pd o
aln.d ra nt e porlu gu cz P ed r o lvarPs Cabra l . l. o mm-cm o rn-sc. com-
tudo. a dn ln do (].r. cobrim cnlo a 3 ·d e )f:1io . P or qu e motivo?
Nilo h :1 a menor r :1'zão p a r:1 is to . E' crronra a com m r mor :1ção
el o dPsco hrim cn lo do Bra. il a 3 de )[aio . Expl iQlrc mo-nos.
Quando o Bra i l fo i d rsco bc rl o em 22 d e Abr i l el e 1 :oo. se -
g uia-se o ca lc nd :1rio Juli ano .
No anno de 1 5~2 . isln é , S2 nnn os rl e n o is d :Hf1t ~ !Jc- fnc to, s r nd
nnp:r Grcgor io XTTJ, r csoflvc u es l inl ro'd uzi r um a r ·formn no ca -
l enrl ario. mnndanclo supprim ir os 1 0 di n cxi le nt es en tre 4 c 1 5
de Onluhro daque ll e anno .
Essa r--efor mn rnsso u e ntã o n se r con h ecida pelo nomP de grc -
go ri :m:-r. elo nom e do se u autor.
Niio te m, ·norém, n influ e n cia •de ta l rdonna ne n hu ma razão
d e ser· no r es ull:1d o a que s e eh enou:
1.•) porqu e fe ita n C'O tT ee('iio dos d e z dias , o el es obrim ~ n t o d o
Br·as il vem a cahir em 2 de :\!a io c não em 3;
2.•) l)Onru e ta l r eforma ni'io podia, n m d ev i :-~. ler rffcilo r·e- ·
tro aclivo, pois isso s-çrin vP r·d adeira nnnrc h ia, te ncl o-:e que a lterar·
to elas as datas j:'r co n sagrada s.
Po r qur. r nzão n desco her ln d a Amcri ca o nlinú a nlr hoi e n ser·
comnH•mo r acla enr 12 ri P Ouluhro, is to é. p elo cn le ndnrio Julinno'?
N:lo te m. pois, (undnm e nl o o que se tem n'l lcgad o p a ra ju.;ti-
fi car ,o d esco hrim~ nto do Bras il e m 3 de Maio. •
Os que, deix.nndo d e q1ar te n r e formn do nlc ndario , qu e rem
justifi c:Jr a ci:Jta de 3 el e l\1:-r io. n ll ega n clo que fo i es ta a clnln da
posse el a tc n a, nindn p elo cn le nclnri o .Tuli a n o, '1.:, por co nseguint e,
a qu e d c Yc .~ e r lid a como a do descobrimento, c rr:rm lam b e m , pois
a ca rt a d e tPcr o Vaz C:nminhn, publi ca da e m 1817 nffirm a que a
posse foi :1 1 c a par tida d a csqu:1dra n 2, e n ão posse a 3 c a pnr·
fidn a 4 .
E m 1823, J osé Bonifacio, como 'l \linis lro do I mncrndo r D ~ P c- 1
· oro J, d esignou o 3 el e Maio p a ra inicio dos t rabalhos du . s~c mhlén ·
Constituinte como Mndo o do d escobrimeuto do Brasil, c, a ssim,
ficou o erro consagrado :Jié os nossos dias ...
.. :,
_
( _

CAP1"i'ÚL0 11

Primeiras exploraçõ-2s

Rece bid a a n OLICifl elo clcsrobrim e n lo d o Brn.sil , Lrntou D . f::t-


no-el d e mancl n r r~s primeiras c!>qu aclras p ar;l faz er c xp l orn~ões nas
costas elo n OYO paiz.
Em 22 ele 1\f;J io ele 1 501 vrío a prí m f' ir a. rom mand a rla no r
quem levou :1 n ot íc i;l d o rlr scohri rncn to :1 P ort u gn l e il q u nl se rl·nvn
a nrim ci ra nome n c :1 urn ~eogra nhi ca . po is c . ~a expcrl ici'io foi
dnnd o nom-e aos J11'Ín ipa c acci cl t' nt es p h ys icos en con tra dos no
littor a~.
., ...,.•.
Assim é n ue fo ra m rl enomin a'd os: o ca bo el e S:'io R oq u e, em 16
el e Agosto: o Snnl n Agos tinho . em 2R rl c i\aoslo: o r io S . Frnhl-
c isco. em 4 rl e Outu b r o: a b:1hin de T o d os 0s S a nt o ~ . em 1 de No-
vembro: o Rio rlr .J:J nrirn. em 1 rl .Tnnriro rl c 1 502, b em com::>
An~ra dos Reis, S . Seb as tião e S . Vice nt e lambem n esse mesmo
anno .
Foi ass im recon h e ido por e. sa c x pcdi çiio ou c a terra d esco-
berta nfio er:~ uma ílh n. c s im um immen o c ontinente .
A se:11m rl a exped i c-iio. cnm n os la el e (l nav i os. v ío em 10 de
1\f;JiO el e 1!10l soh o c omm::1nrlo el e Gonr al o Coelh o , trn do como
piloto Amcri c 0 Vespucio. ou e i á h av ia fe ito par te el a pl'im eira.
Se!!uí1·am -se outras r chdiv:-~me nt c sem imnort a ncia. var ins das
qun es fo rnm víc tim ns d e rlrsas tr rs c nnufragi o . Entre dllas são
muito conh e irl:'l ns de 1 5 10 c 1 5 12, n as quacs npparcc·cm r espe-
ctiva 111 e nt e ~s fi g urn s d e Cnr:-~nnn· í1 c J oão R a mnl h o .
A prim cirn n aufr nl(ou n os haixios no N . rl a b~hia •ele Todos
os S~ nto s. c h::1m nrl os p elos inrl i!!rnas l\Iairag i(]iig. Entre os n au-
fragas fi gurnva Di ogo Alvares <Co:-rêa, o uni co qu e escapo u, pois os
'(Jue não morr-e r am a fo gados fo r nm devorados pelos índios
Tupinambás .
Diogo A lvares e ra muito mn g ro, e os indios resolveram , por
isso, deixnr que r.lle eng01·d nsse pnra ser d epois d evor n'do ..
18 \'EIGA CABRAL

Utn dia, vindo le r ~l p raia um b a!-ril de polvora c uma es·p in-


garda, Di ogo Alvares m a tou u m p nssaro, c, os selvagens, aterro-
riz ados com o dispa ro da arma, vend o a a ve ·a hir m ort a, entra ram
a g rit ar, Caram urti, que na lín gua por ellc fa lada significava
ihomem d o fogo, fi lho do t rovão.
Foi eutão Caramurú tratado om gra n'd·e li lincç-ão . Os ch efes
de mais ascc n cl e ncia n a l rib u offcreccram- l be as fi lhas para esposa,
d a ndo Caramurú pre fcr en c i::t a Para guass ú, filh ::t d o gra nde chefe
Tap::trica . Casa ndo-se com essa índ ia. :l1·amu rú fi xo u r esid·encia
no Joga r onde foi m a is ta r d e fund a d a Vil la Velha, indo :·gum
tempo depois á E u ropa com sua m ulh er, occasião em que as ou tras
índias, que por ellc c ha,·iam ap:.lixonnclo, segu iram a n a do o
navio, mas, v c n'dQ.. qu e n ão o alca n çavam, r·c trocc clcra m, cx ce ps-ã o
de l\loema, qu e, não desis-
tin do, c o ntinuou a segui r a
embarcaçi\o a le morrer cx-
hausta. Ca ramurú r egresso u
mais ta rd e ó Ba h ia .
Na cxp·edi ção ele 1 512
naufragou, em S. P au lo, se-
g undo un s, ou lú fi c o u como
degredado, d eixado p elo
chefe el a prim eir:1 expe di-
ção, segundo ou tros, Jo ão
Rama lh o, que se caso u com
Barty r a, fil ha d e T ibyriç:·l,
chefe d os in'd ios Gun yan a z.cs,
qu e d epo is da s ua co n,·er-
são tomou o n ome d e ::l!a r-
lim Aff onso .
A Cnramurú e namalho
devem os portuguezcs gran-
d es serv iços na obra d e
coloniza ã o ·elo Bras il .
Seguiu-se a expedi ção d e
1516 co mm a ndada pel o hes-
p a nb o l a s erviço ele Por-
tu gal Chri stovam Ja cq ues,
qu e Lt·azia a in c umbcnc ia d e D.iogo AIVOI'OS Corrôo o Paraguass(l
g ua rd a1· a cos ta c ci efe nd cr
o Brasil, assim como as fe itor ias c os es lah·c lecimen los já e ntão
fund a dos.
_Em 1526 veio outra cxpc'di ção, a ind n sob o commando de
Chl'l stov am .Ja cqu cs, qu e me tl·cu a piqu e c apr isio no u as guar ni ções
de tr es n av1os tran cezcs n a ba h ia d-c Todos os San tos, fundando,
em P cmnmbuco, a povoação ou feitoria de llamarac ú. i
Sc;:(uiu:sc a qu i nta expedição. comJJOsla ele 5 navios que .p ar-.
· de L1~boa, em 3 de Dez-embro de 1530, sob o co mmando dP.
PEQUENA HI STOHIA D O I3RASJL- · 19

Martim Affo n so d e So uza, com a inc u mbc n ci a d e d a_r p ri n cipio


{J. coloni zação do Br asi l, p a r a o q ue trouxe 100 se nleuc1ados, dcSt i-
u a'dos a o tr a bal h o d a la vour a. .
A cx·p cd ição chego u :'1 b a h ia de T o d os os San_tos, no l)ommgo,
13 d e l\la r ço, e ahi p-ermaneceu dura n te qu a tro dia s, s~g_u md o d e-
pois p ar a o sul , d escob r i ndo, em 1 d e ~! aio, u m boquc u·ao con ten-
d o n o ce n tro u ma g r a nd e lagc q u e dividia as 1aguas d ando <Iu:o:;
La ;·:-as . D avam os n a turacs á terra o nom e ·de iteroi q ue l\'la i-t im
Affo n o d e So uza m ud o u p ar a nio d·c J a n eiro.
Ah i d esem b arca n do, d espachou l\lar ti m Aff o n so d e So uza, para
explora r o in terior, q u a t ro homens. qu e ::1pós p ercorrer em cêr ca
de 11 5 leg uas, volta r am d o is mez es d epois.
· Em Agos to segui u a "xpc d i ão pnra o su l, fu nd ea n do no d ia
11 n o ca n a l Ari i·ia ia , no aclual Estado de S. P :-rulo.
Ah i en con tr ou l\lar tim Affonso de Souza degrcda·dos c deser-
to r es entre os quacs Fr:1nci co Chaves " gra nd e lín g ua" qu e co n -
venc e u 1\Iar t im a confi a r -lh-e 30 h omens para uma expedição p el o
in te ri o r a té o P araguay.
Esses ex p edi iona!'ios n un ca mais voltaram, se udo c r en ça d e
que foram deYorados pelos índio carijós.
l\1 a rtim Affo n o d e Sou za co n tinuo u a percorrer to cl a a costa
pa r a o s Lll c, na vo lta, fundou á b ei ra -mar. no ac tual Estado() d e·
S . P aul o, a p r ime i ra povo:-rção b rasi le ira : S. Vi cen te .
. E ssa p o\'Oa iio foi amcaçncla d e in vasiio por par te dos í n d ios
gllay ana.::cs , o q ue "Ú não se d e u por inf lux: ncia d e J oão n ama lh o:,
q u e c o n Ye n ccu seu sogro Tibyri ç ú, chefe ela lribu, elas v an tagen s
qu e h a vi a numa a lliança com os port u gucze .
F e ita c La, imme nso a u xi l io prc la ram os Guaya n :1Z·cs, tendo
il!a rti m Af fonso de So uza fei to ali pl antai· a p r imeiras cannas ele
assucnr, v inda s el a ilha da Madei ra , I' ado o prim iro ga do .
Aind:1 com o a uxi"io dos índios fundou , larlim, 10 le"uas p o!'
terra d e n t r o, uma n OYa p ovoação, I i ra li ninga, q u e d eu mais t a r de
orig·em á a c tu al c ida de d e S . P a ulo.
Resol v eu en tã o i\i ar tim Affonso manda r seu ir mão Pero L opes
d e S o uza a ·P ortu ga l leva r nol ic ias ele tudo qu e h :wi:1 occorri d
ao r ei, qu e era e nt i:io D. J oão !II, por mo r te el e seu p ae D. i\Inn o·e].
Em c ar ta e n de r eçad a a 1 Ia r t im A ffo n so d e So uza p o1·
D . J o ão III, elogia Yn cs l·c os s e rvi ços p res tados p or :~ qu ell c, e
d emon s trava o d ese_i o· d e q u e cs t:wa p ossu i el o, d e l v ar a séri o :1
colo n ização el o Br a s il, p rete n den do di v id ir q)a r a i to o n u o ral d o
p niz em capi tani as h c r e<l i t a ri :~s . E ll e teri a 100 l"gu as d e eos la e s e u '
m não P cr o Lop es el e Souza . ·50 l cgu as .
P o r essa mesma ca r ta f icava i\Ia rti m au toriza·c] o a r c " rcssar :1
Portu gn l, s e nssim qui zesse, o q u e cl-1·" fez, e m b a r c,1n d o c~n Ma r ç o·
de 1533. c e J~ c a rr cgnnd o d o go vern o d a s du as p o' c a ções q u·e fun -
dara, r cs p ecliva m en lc a o pad re Go n ça lo 1\lont eiro € J oão R a m alho ,
Chegan do a Por tu gal foi i\Iarlim no mead o \. ~ pil ão Mór d a
1ndia .
CAPITULO 111

Povos que habitavam o Brasil

Descoberto o Brasi.l os un icos p ovos que entáo o habitavam


Jram os indios selvagens. ·
Viviam esses in d!OS :1gru pados rm m u itas naçõ-es, que se sub·
div id iam em tri bus.

Toba ou maloca

Estas na ções se distingui am p elos cos tu mrs, Jingua c ph~•sio-1


nomia c habita vam: um as, o littoral, c, outras, o interior tio pai:.:.,}
· As mnis importantes eram a dos Tnp ys c Tnpuias, qn e domina>arn /
"m gr:llltlc -cxtcnsüo o Jit toral.
I
i
l.
PEQUE NA HISTO fUA DO BnASIL' 21
iw- .
A ,p rimuira compr h cndia diversa s lribll5, send o ns maü iro;
no a clual E · tado d o Rio ·de J an e 11
por tanles a dos Tamoy os

A ó ca

dos Tupin:. llubás c Tupini quin s nn Ba hia ; a dos


Carij ós en tre Santos c Hio Grand e do Sul; a dos
Cabetés , em Pern ambuco ; c a dos Po tyg uaras no
Rio Grand e do 1ortc c Parahy ba .
A n ação dos tapui as comp r eh endia la mbem
'div-ersas tribus, des tacando -se a dos ferozes
A.y morés , ao N . do Espírit o Sa nto e Sul da
Bahia; a dos 13otocudos c a dos Chava nt cs .
Além das nações dos tup s c t a pui as, tnm -
bem ci1ama dos gês, outras ex is t iam .
Citemo s mais as du as segui nt e : a dos
nu-nr uaks que habi lavam as c i r c um v i z in h an ças
do rio Xi ngú, co mprcbe ndcndo entre outras
tribus a d os i ndios Paum arys, qu·e vive m cmpre
em canôas nos r ios c la gos; e a dos Caribas ,
h abitant es da cabecei ra elo rio Xingú, da qu al
faz p ar te a tribu elos inelios Baikari s qu e se divi-
diam em mansos c bravios .
A indus trin dos nossos índios era m uito
rudime ntar.. Viviam inteiram ente sem govern o ; lnubia
conHm.d o
a!lil'l•l).tRvam-»a de p11soa, d& caça, ele fructu e raizes,
22 VEIGA CAI3RAL

·ratos, cobras, rans, lagartos, jacarés, ele.; c and ava m e m nudel


quasi complcla, pint a ndo quas i lodos o co rpo com ti nta n eg1·a de
gcnipapo e as fa ces e os pes com a v c t·m cl ba d o nrucú .
L evantava m alde ias pr ov i so ri ::~s d c no mi naelas t abas o u m al ocas
. que er::un recintos fec h ad os po r uma cê r ·a "(ca hi çllra) tend o uma
unica· entrada. No r ecin to ele sas t ::~bas rum cncontr::~dos divers os
ranchos cober tos d e fol has d e pal meiras, o nd e residiam . E.;s c~
r anchos c1·am c ham ados ocas, c nclks se
cn con t1·avam nlém da rêdc (quiçaba) c da
cst ci t·a d e jun co ( p ery) , objccto tlomcs ticos
como sejam : palt(Jttá ou panicú (canas tra
d e p n Lha) . nh ae mp ep ós ( p a n e! las de b ar ro),
cu ia , jacás, samburú , -ele . '
Como· :ll'mas p ossu íam: o arco ( uru-
p a)'(Í), as fl ec h as Uwllu), a massa ou cla va
(l acap e) c as lança; ele páo com p onta
mu ito aguçada (muru c ti) .
Adoravam a mu ica c a dan sa (porncê )
te nd o como prin cipncs in st rumen tos e ntre
outros : a bu i na (lllub iú), o tambo r {IW!J)
e o c hoca lho (maracá) q ue era u ma a l.Jaça
qu as i cheia d e 1 cdrinhas, enfiadas m um
cabo d·c páo c gua rn ecida com p cnnas de
gu .1rú.
Além desses, era commum o u o da
m emby, qu e era uma gn ila feita do f m ut·
do i n in11go que ca hiss c prisionei ro, e o
l oré, ga ita fei ta da taq uara .
Na c:tça usavam fl ec has, ou ::trmadi lhas
de nom inadas nwndés, e na pesca a nzóes
(p in dás) e r êdcs (puçás ), além ele gr::m-
dc funis de t :-~quara a que c hamava m
juq111 as . E r a co tu me a inda cn vc ncn :trcm
a ag ua co m o c ip de no mi na do t imb6. ·
Dos a ni macs domes ticos só possuíam o
cão qu e os auxiliava nas caça d:Js.
1
F::tbr icavam canôas, i garas quando foi-
Torós tas el o tron co, c u bá qu a ndo feit as da casca
das a rv ores.
Religião não tinh :-~m, m as admi tt iam, comtuclo, uru s-er su-
premo: J'upan .
Trcs e ram os d euses ve ner ados : o sol (guaracy) mãe dos vi-
ventes, a lua, (jacu ou l arú) mãe dos vcgctacs e o amo1· (p erudá
ou rudá).
Além d esl-.'!s havi a e ntidades secundarias.
9 s<?11, o ~rovüo, o r aio er:-~m obj cctos d e medo mas n iio ~lc
admu·açao . Tmharn um vrincipio de .feiti çaria p oss u~ndo paqes,
PEQUENA HISTOniA DO BRASIL 23'

pretendidos ndivinh a dor~s~ quo viviam r etirados. cru palhoças


(lujupares) c que prccl tztam o futuro, sendo po1
i sto ntuito r esp ei tados.
O ind ígena qu e du vid asse do p agé, era obr i-
gado a se d eit ar m uma r êdc (qu i çaúa) e n clla
morr er d e fome e de .sêd·e .
Em geral furavélm os b ei ços c a orel h as, col-
locando nos lnlrél cos melaras (úoloques). a a bcça
traziam um cocar de p e nn:1s ama r lias ou vermelh as
(acan guape lcan ilur); sobre os h ombr o · um manto
de pcnnas (açoyaúa); no p escoço ollarc ele ossos
ou de nt es do in imi go (uiucara) para os hom ns e
cou·ares de conta pa ra as mul heres; c na ci nt ura
um a faixa d e pcnnas (araço yá ) para as mu lh et'CS e
(endu ape) pa r a os b omen .
Os valentes fct·iclos n o campo de bntalh a, bem
como as viu vns e filhos ele bcrócs, u avam um a l iga
d e a lgodão tcciàa c armada com cl·~nte cxtra hiclos
do inimi go. A essa co nd ecora ·i"lO claYam o nome de
pariual e-rwz o o seu possuidor, sendo s ustentado
p eb tr ibu, ficava d ispensado de traba lh ar.
As tribus eram c hefiadas por caciq u es, cspccie Momby
de gcncracs r ecruta dos e n tre os mais valorosos, e
viviam em gucrrn constan tes, p ois ns tribus qu e
h abi tnvam o ;·n t·crio r procurnv:JJn o bter a ~) O se das
p ra ia do Ocea no por ca usa ela p esca .
Algum as tri btlS dcvorn \·am cus solcb do s mortos
em com bntc, como s ig nal de r eco nh eci me n to ; o utras,
p rend inm os prisione iro por um de terminad o te mpo,
no qu al lh es era proporc ionado lodo o con fo rto, c,
em seguid a, os matavam e d evorava m .
Os pri sio neiros ·~r am nmnrrados pelo p escoço e
p cln c int ura p o r cordas de a lgodão ou do
embira, entre oll cs conhecidas p elo n ome de
mus urana . 1
Facto no tave l e r a a co nsid eração q uo tinham os
ind ios p d o laços da fam íli a, n<'to p·~ rmittindo casa-
mento e ntre pac c fil hos e i rm ãos c ir mãs, si b em
qu e os adm itliss·em e ntre ti os c so brinhos .
E m a l" um as tribus o pao ela prete nd ida imrpunha
s ervi ços ·"'m troco da po se d a filha, se ndo qu e en tre
os b ororó s só s e podia casar qu em hou\ c se mor to
u m jagua r .
A ~ ri a n a ~o n asce r era logo mergulhada em
agun frt a, r cccb1a um nome d e ar vore, peixe ou ave,
Maracâ
c mamava n·cr a lm cntc a tó seis an nos. Se e r am machos
collocavam na r êdc um pequeno arco co m fl ec has e se e r a m femeas
uma ro ca co m algodão.
24 VE!GA CABRAL

Quando n asc i:.~ um a crümç.a era c aJae ·q u em fi cava deitado


na quiçaba, -coberto qJara não apa nha r v ent o. p elo espaço de
15 dias, occupando o
Jogar da mulhet·.
O indigcna qu e :ldoe-
cia sujeitava-se a div ersos
trat·amen tos c, se p eorava,
era abandonado o u mor to
pelos outros para a brc-
vi·a ção ·dos se u soffri-
..._ mentos . Os ente rros eram
feitos em covas ( lib i)
d entro do proprio ran c h o
ou no cemitcl'io ( libi- P ari uate-ran
coara), sendo qu e em :11-
gumas tribus era o ca d avcr coll oc::tdo de cócorns em granclocs rta·
lhas ele barro a que dava m o nom e d e ig uaçabns.
·j
l
l!

lndl a otlrndorn
PEQUENA HlSTOHl/1 DO BTIASIL 25
Em -.Jgumas tri lms, como a dos Xumn nas, quando o indio
morto linha sido gue rreiro d e grande valor, ];)Ossudo algum tempo,
abriam a cova e r etiravam os ossos, qu e reduziam a pó e bebiam
de mistura com o cauirn, bebid a qu e faziam do milho ou d e cajú e
de que usavam. Tinha m a crença d e que isto concorria para ~ h cs
augmenlar o amor pela guerra.
Taes são os traços dos r epresen tan tes •da r aça vermel ha ou
indígena em no so terrilorio, sen do rle n otar qu e o num ero de
indios selvagens é h oje r ela ti vam ent e ins ignificante em com para-
ção com o do tempo da d escoberta.
Anniqu_ilados em grand e parte pelo conquis tador, dos que
restam, muitos têm sido c hamados :i ivili zação, gosan do dos di-
reitos de cidadãos livr es c concorrendo, de d iversas fó:·mas, p ara
o crescente progresso desta p a lria que nos é commum.

·.
CAPI TULO IV

Div isão do Bra sil em capi tani as here dita rias


o seu d esejo d e divid ir
Em 1534 r esolv eu D . J oão JII r e:~ li z:~r tnrin s.
o littor al brasi leiro em c:~pi t a nins h credi
em nu mero ele 12, n s::~bcr : el e S. para N.
Fora m es tas Can::~néa, tendo como
1.• Santo Amar o - qu·e ia ele Lag un a a
dona ta1·io Pcro Lope s de . ouza ;
tendo como donat ::~ rio
2.• S. Vicen te, ele Cnna n é:J a Cabo Frio,
r.Iart im Affon so de Souz a;
t:1p cmi rim, tc n'do como
3.• Para hyba d o Sul, de Cabo Frio a l
don atar i(' Pero· de Góes d:1 Sil veira ;
l\[u c ury, e c uj o don a-
4.• Es pirilo Santo , ele Hape mirim ao rio
o ;
tario foi Vasc o F ernan des C~u tinb ite que n:lo se sabe no ·
5.• Porto Segu ro, do ri o l\fuc ury a té lim Tour inh o;
como don aia r io P cr o de Camp os
~e1·to . tend o
ela bah ia de Todo s os
6.• 1/héos, da a ntece dente até a barra
.To r ge de fi guc ii'edo Cone a;
Santos, te ndo com o donn lario da bahia d e T odos ú S
7.n Bahia de .T odos os San tos, dn b arra do como d oua t a r ~o Fr:lll -
Santo s até a fo7. do r io S. Franc isco, ten ·
cisco P e r eira Cout inh o;
da fo7. do rio S . Fran cisco a té o norte d o r io
s.n Pern ambu co,
Co-elh o ;
Iguar assú, le ndo como don alari o Du ar te assú até n bahia <Ic
9.• /lama racâ, desde o N . do rio Iguardona tario o mesm o d a
Acaj ulibi ró (hoje Trai ção) l-e ndo como
n;
Snnto Amar o, is to é, Pero Lope s rl e Souz libiró até o Mnr an h ão
10.• Maranhão , desde a lw h in de Acaiu Bnrro s ~ Alva res cic An·
(excl uindo os quinh ões de C!'it doso .cJc
toria dor J oão d e Bano s qu e: se
drade ) lendo como donn lnrio o his
assoc iou côm Ayrc s da Cunh a;
Estnd o d este nome ,
11.• Ceará, comp reh end endo o nclua lBarro s ; e
nio Card oso d·c
tendo como donn lario Anto ·a a Fern ando Alva-
12.m Parte do Piaul!y e do Mara nhão , doad '
res de Andi 'ade.
PEQUENA HISTORIA DO BRASIL 27

Tncs donatari os go avam d e um poder qu as i illimitado;


accumulanclo os tres poderes (execu tivo, leg islativo c judioiario)
ficavam apenas s ujeitos á fi sca li s a ç iío da Corôa como vassa llos do
:11onarcha r e in an te.
D e todas a ca pitani as a qu e m~i s pro!> pero u fo i a de Per-
nambu co, cujo dona ta ri o, Duar te Coelho , c h crranclo ao Bras il e m
1535, em compnnh ia d e wa mu lh e r D . Britcs d n Albu qu e rqtl"il,
t•stabel cccu -se nn cdlina i\I:u·im , n hi fundando a v i lla d e Olincl·a .
Duarte Co e lh o fez alli a n ç a co m Arco V e rd e , ( · ) c h c f·e da
lribu d os índios T nbaiarns. c onseg uindo , com o :mxilio d estes,
bater os Cah e tés qu e assol a v a m a s ua carpilania .
D epo is d es ta, que r e ve rt eu á Cor ôa, por abandono, a mais
imporlanl-<:! foi a de S . V ice nte, onde, em 25 d e Se te m bro de 1 536,
fundou Braz Cubas a povoaçã o d e San t os, que é h oje u m d os g r a n -
d es rportos commc r c i a es ela Am c ri ca .
Pera de Góes cl n Si!YC'i ra, d o nal a ri o ela P:uahyba, depo is de
haver fu n d ado na s mar!!ens d ri o P:1ra h :v b a el o u i 'L na p ov o açã
a qu e cl eu o nom e cl·e V ill a ela Rainha , fo i for c a d o a c va c11::tr .•a ·
capitania, depois de uma gue rra el e c in c o a nn o s com o s goy la-
ca;r.es .
Vn sco Fcrnnndes Co utinho, do Espi r!lo Santo. a pós v en d e r
todos os s eus h ~ Y e r e . e m Portu g :~l. embarcou p nrn o Brnsil e
c h-c!lo u {! cnni t:1 ni n em 1 fi::\5 tra zendo mu ito s colo n o s c ahi fun -
d:m.do :1 povo;-trão cl C' E~ nirito Snnto.
A in suborclin ar iío el os c ol o n os c os nl aq uc s dos s eh"a !!ens não
d e ixaram nor ' m n c:1n it ~ nia v in ga r. nc:1h a ndo Vnsco Coutinho
por viv ~ r rl c rsmolns. rs fi! IT:lna cl o c famin to.
Pcro ele Camnos Ton,·inho rl <> ~·~ nYo l 'C' ll um p on co n s11a cnni-
l!l niil co111 o nuxil io d os Tu nin irl!lins, mns JJOl iCO d e po is ·r n tron clla
em cl ec ncl r n r in, rom os ons lante s a taq ues dos Aymorés, até que
foi con fis cMln p" l:J (;orcia .
.Tm·ae rlr Fianc>i,·C>r1o Í.OI"I"(· n . pOJ' n;io CTil "I"Cr rl C>ixm· o seu
loam· de cseriv:ío rln f:~?:·P ncla rl(' cl-rr i D . .Toiio TTT C'll Li~h0n . m iln·
rlou o sru anl_i!!o f."ra n " i "r'"> n o ,.H••·o l o lll'" " r·o 111 rlo cm inhão quC'
Ih,.. con J, c. Fs ~ e hrsn 1 nh o ! funrl " o" e m T i nl1<1ré. fnnrhnrl0 a J)l'i-
mrira pov o:-~riio no rno J'I" O d C' S . P ·1 ulo. t ransfC>rinrlo- a clrnois nnra
llhl·os. n:ío nros nerando a cnp it anin -po r c t ,. Ronl"' I"O indispo st"
com os co'onos.
· F1· nnl'i~"o Pr·rcira \,nnii,,ho l'h"!!anclo ú sua ca pit11nia, em
' bJ•evP s <> inrlisnoz rom os Tunipnmh::',s .
T r n rl o lllll nm·tn!!l1~'7. as~:1 ss inn rlo 0 filh o ele nm ·rlos ch,..frs
inrlirrPn:Js . os Tun•;nrimht1s C'm r C>n r·rsali a . :1oós mntnrrm llll1 filho
hnstnnlo clr Coutinho. mirin1a l'fl111 os <> nf"r nh o~ rlC> rJs<JlC:lr c rl es-
lro qa r am tod as as plantações dn capitania, guerrea ndo durante

( *) O lncl!o A1·co Vercle cr:t a vô elo va lente ca.bo ele guerra pernambu-
cano J er on ymo de Albuquerque Maranhão, cuja mãe. uma inrlia . f ilha
daquelle, recebeu na pia baptismnl o nome de Matjg. do Espirlto Sa.nto .
..
2i
sele annos, findos os
VElG!i CABRAL "
<;~un es Cou tinho foi obrigad o a <~.b:wdonar a
capitnni a e so r efu giar em lJhéos. Um anno d epo is voltou Cou·
I
linho á Bahia mas tendo n aufr agado nos baixios de llapa t•ica foi 1
morto c devorad o -p elos seus in imigos .
Pcro Lopes de Souza, d epois de se l.:wvcr ba tido com o:; fran· 1'
cezes em Itamara cá, voltou ~) ar a Portugal , p ci-cccn do, em um nau·
fragio, perto da ilha de l\la d agasca r, fi cando com o ad mGonç;ll inistrad or-·
de Santo Amaro, Gon çalo Affonso c d e Itama racá, J oiio ves ..
Antonio Cardoso d e Dan ·os não fez empenh o algum em colo·
nizar a sua capitani a. ·
Só veio a ella ann os depo is da d oação, confor me verem os,
naufrag ando então, c tendo sid o clevorau o pelos Cabct s. A.l·
Finalme nte, .J oão d e Barros, Ayres da Cunh a e F ernandosuas
vares de Andrad e organi zaram exped i ões para coloni zar
c:a pitanias, sendo por ém infeli zes, poi s essas exp ed i ões c per·
deram , p er ecen do qua ·i toda a ge nte qu-e as compun h a.
Os poucos que escapar am , apó p assar por mil trabalho s,
vieram l ambem a fa!Occer dentro em 1 ou co, u m unico nau frago que
fi cando vivo e este foi u m p or tuguez f· rre iro, de nome P edro, de com
consegu iu cahir na sympa t b i:~ dos selvagen s, pela habilida
que fabricav a utcis ins trum entos com a ferragen s dos n avi osuguez nau-
fragado s. A exemplo d e Ca ramurú c Ramalho , c se port .
casou com ·a filh ;J. de um caci qu e, v i,•endo entre os elvagene, reco·
Falhou, p or consegu inte, o pl ano de D . J oão III qu
nheccnd o a fr aq u· za d o ys tcllJa ud op ta d o, c a p "d id o dos pro-
prios donatar i os r esolveu crea r um governo g·eral, comp r ando,
em 1548, para sécle ·do m esmo, a ca pitania da Bahi a, ú fa milia
1 do
donatari o, que já h aYi::t· f:lll eciclo, conform e vimos b a pouco .
E r:~ d-e cspernr o fracass o do systema .
CAPlT LO V

~stabelecimento do governo geral. Os tres priptelro$


governadores

1.• Govern ador Geral - A escolha do rei de Portug al para


~ overnat · o Brasi l r ecah iu n a p e soa de Thomó de Souza, h omem da
;>ruden te c econ omi o, que já se havia dis tin guid o nas guerras ,
-\frica c da lnd·ia. geral do
F oi pois Thomé d-e Souza o primei ro govern ador
Br as il. !·: I • ·•F·I
Pa rlind o de Li sboa a l d e F cv r eiro de 1540, chego u Thomé
de Souza á Bahi a em 2() de i\Ia r ço do
mesmo nn no, t-e ndo D . J oão III m an-
dado :wtcri orm cnte uma carta a
Dio rro Alva r es Corr êa, o Carwnu rú,
recomm cndand o-lhe qu e empres -
ta se todo o apoio ao seu go-
·no.
Thomé de Souza veio com Wll
berga nti ru, 5 n av ios, GOO hom en s de
arm a , 400 d egredad os c um ouvido r
geral, na p essoa de Pcro Borges de
Souza, qu e vin h a para a adm inistra-
ção da justiça .
Do comma ndante s dos n avios,
d ous vinha m descJlll penhar fun cçõcs
no Brasil: An tonio Ca rd oso ele Barros
"' P ero d e Góes ela Silveir a. Aquei!Ic,
como ·procw ·ador, para arrecad ar os
impos los c mai s dinheir os da Corôa;
Thomó de Souza
es te, como capitão mór da costa,
., . enca rregad o da defesa elo littoral .
P ero
[ ant o esses d? JS, qu e eram a ntigos donata rios, como
como o
3orgcs de Souza v1nh am nomea'd os por tres ntmos, assim
;;JOY'CI'llltdor.
30 VEIGA ü\BR.AL
Ij
Além d'csscs troux e Th omé el e S o uzn m nis o p a dt·c ~Tn n oel da
~/o ht·c !!n, sob cu in clir ccçfi o vi nh :-t m c in co jcsui lns o nra iniciar l\
cniPch es c el os incl ios. c pr cs l:~ t· os serviços ela t·el ig iiío c el os bons
l
costnm c s, qu·e então :-tncl av:-t m d ivor i:-~dos el os h :-t bi t r~ nt c s da
colonin.
r.he::rndo ;\ B a hi n. f oi T ho1~1 é el e S onzn f cst i ,· :-~mcn t c rc r- e b i~o
por C:rn·nmurú e s ens nll i:úlos - os T u nin nmh;'ts, h os p c cl:-t ndo-se
11:1 C::Jsn d 'nqn !'ll c, n o t·u slico pov o nclo rl n \ ic to r ia. j
Trnlon cn lfi o o !!OYC' r n:-trlot· rl r murl :w o povon cl o pnr:1 m r lhor 1
l of:!:n·, is to é . tr:-~!ou ri-c r scor iH' r o l oç:-~1 rm n ue cl rvi n ser f11n rl::tda t
::t no"::t ci cl:lc! r C' foi c n tfio i n i c-iMl n a co n stn tr-dio ele ens:-ts c- o b ertas 1
de n :>lhn. s Pnrl o n u rndo 0 rnrin!o f' fll'l l:-tin:-t p:rossn. !lO l r rrho• l
r omm·c hendi'rl o cn! rP a prnit s ub clP Tl:tpnr<ipc c :1 p r imil iYa Villn 1
Vclh:t . nx:t c tamcn tc on rl c é h o jr n c i rhrl P nl! n.
R cc cl)f'u e ss:-~ c-i rl :-tdc. qnc foi sol Ptn nrmentc i nnnr<urncl;, em 1
de Nov r mhro rl " 1 549. n nom e d e Sa'Prrrinr. !cnclo sido n pt'i m eit•a
rn nit nl do R rns i . cc·clen cl o Jogar ao R io ' el e J anC'i r o só em 2 7 de
Ju n hn rl·:- 17(J3 .
Frt l1r1ndn a r idnrlC' . r-otnrço u T hnmé rl c Sonza n insnnre io nar
vs for tific;, c õ cs da s capi tn n i ns d o s u l, re,c:(uhnrl o a a·dm i n i s tração
.ia justira . ·
Foi h:~hil :1 snn :-tclm ' ni•ft·n r-iío. rxerc i r11 r c 1:. !la 1:1!11.
Os iC'sPif ns OtH' r nm Pll c Y Í P r~n, r ntrr !!;t rn•n- ~r cl r srl· N!O
com l!r ll n rl ,.. 7r1o " clcrl iraciio :1 0 o iffir il mi s ter ri r r-h:-tmn•· os sel-
v :wen .~ ft r-i v i' iznc-?i0 . 0 m1r r nn ~·rr< 11i ·;~m . rm 'll "'t1 1as trihus , o e- :
poi ~ rlr n nt:t !r nnr i rl:l rl o Yrn'lnn ri rnmPnt c csnantosn .
Cmno rs~P~ iPs uil ns fn">S" Ill :~ nf'n'l s (\ . nt1 m" •·o i n q tffir ie nfe
p~p·a !iio a •· ~ n rl·:-o nh •·a c on~c«ni, T h on'C' rl " Som-:1 que . ele P ort u g nl, •
v i cs ~n rn m1i s nn:tlt·n . n:~ t· :~ 11' ' ' i 1i:~t· :t(Tunll rs.
T 01·nnt1 o rrovf' l'll arlo1· o ht·i an tori o o sr r v iro m ili la 1·. o ra'l n i z o'u I
a rl e f Ps n cl ns c olo ni a s . promo,·eu õ1 cu l tt•rn ri as lrrra ~ . p e d iu ao I
~ovrrno p o•· tu r•n r z n m n r Cfl1f's ~ n d " Pt ttl h c l':> ~ . consrgu i11 n imp01·- '
f:~r- iio rl c r~n rl o rl:l ~ ilh 'ls rl f' r. nlto V rr d e c 0 h trvc ·:t ·:>l<' V:>ciio• •rlo
Br:> ~il ;Í rrt lhf'!!O!'i :l ele l ris n rt d o. sr,...ar::trln d o rl r Í'tl llf' h rt l, s e ndo )
entií0 nofl1~' :Hl o primPiro h is no D . P Pro F c r nn n d r>s S·1rcl i nh :-t .
F o i Th om t' rl·r So u zn u m p r o cdor rl ns inrl ios. m ns r.n.s ti· t
,:!:1\':t-ns. nt1:1 11d0 n rr c ss :~ t·i o . n not 10 ri r 111anrl a r tl'lta v Pz a t::1r rlous I
mol'lll•i:robns ;, ho u n rJc 11 11 c :J n h iín fa .,·:- n do r! i. nn•·nr n n c ç:-~ em '
scguirln. no•· lrrrm nlrrn n s inrl ios rlr\'Ol':lcl o do is po rt uf' u czr s . 1
Em 15fl:l rle ixou Thomé ri r S o u za. o gove r no, se ndo n om~ ado .
~ nfão o segundo governado r gc rnl.

2 .• Cliover.n<J dor Gera l - .P:l1'a s uhs litnir n Thomé d é' Sonz~. 1


nom ro u o •·r1 rl c Por t 11a :t l. s c g u n rln go • rr , ~ rlnr g cnd rio B•·:1s1 J.
Du nrl c d n Cosln ou c chcrrou á cirlad c . elo Salvador n 15 d·c Jnlho
ele 1 !'!í3, govr rn ::t n rio nté 1558 .
Duarte <In Costn t rou xe em su:-~ comp a nh ia cêrca rl c 2!10 pcs- ~'
sôns e ntre as qun cs lG jesniln s, contando-se ne sse numero o jovcn
PJ:;QUENA H1STOH1A DO BI\ASIL 31

f>ad1·c J ose de Anchieta . . Vinham . ~sses jcsuiLa5 para au:< il.i ar o


i.erviço d e cntceh cse elos wd10s, I mctado no g ov-c ruo a n lenor .
J osé d e An e ht cla fun dou nas p •:uú e i s d e Piralininga o col-
legio d e ::; . Paulo, as ·im tlcnomi~ado p or t~r sitie ~~ntlado n?
;Jw da conversão d este Apostolo (25 de J a n eirO d-e 1oo4 ) , csten:-
ilen d o-se mais lnr clc esse nome á c idade ali fu nda da e á toda a
;:api tania.
A J osé d e Anchieta d eve o B rasi l s er vi ços in·c lim aveis.
Vi n'do para aqui, com menos d e 20 ann os de cdade, de di cou-se
•1c corpo c alm a a c:::tecbizar os índi os n as no sas flo r es tas, nes ta
..erra vi ndo 4 3 annos c m e io .
Fun d a do o Colleg io d e S. Pau lo, foi clJe l ogo aUvo da pcrlse -
·,u ição d os mamelucos , s en do as im d en o minados os mest iços dcs-
.:~cnden tes d as r aças portugu eza e i ndí gena . Como -esses m amel ucos
ossem os maiores inim igos d os índi os, c fossem e tes p r otegi'd os
p elos jcsuila , r sol ver am lles alaca t· o Coll cgio, s en d o p oré m va-
l en teme nt e r epc1lidos pelos indio ,
u qu em J osé de Anchieta fõ ra
.::>bri gado a e x·er c itar no · manejo d a.
a rmas para de fesa d a sua ohra .
Durante o go verno d e Duarte el a
Costa graves cli vergencias surg ira m n-
lt·c Clllc c o bispo D . P cro Fern andes
~ a rdin ha, mot iva das, pri nci.palm-e n tc,
p elo d esr egra d o co m por tam ento d o fi-
lho claquc lJe, O. Alvaro d a Cos ta , moço
d o ta d o d e g r a nd e d ose d e brav ma já
d emons trada n os combates na Afri ca,
m as la mbem muito ex travaga nte .
Scenas pou c o c dific a ntc~ pnssa-
rnm-se ent ão nos t-emplos r eli giosos
p romoYid as p o r Alvaro ela Costa c,
d'ahi, as qu e ix as do bispo ao go ,·cr-
na'dor qu e nunca as a lten cl eu .
Abriu-se por is ' O ·a luc ta, rom- Josó de An chieta
pendo fr ancam ent e Duarte da Cos ta
contr a o partido cler ical, o que motivou ser D . P er o F ern and-es
;Sardinha c h amado a L isb oa p a r a e x plicar, vessoalme nte ao
rei.' ~ qu e occorria . . Emba r cou o bis po, na ufragnn cl o, pore m , nos
]Jaixi os d e D . R odngo, na foz do rio Corurip c, e m Ahl"Ôas ou
;Segundo outros:. n a b ahi a d e Aea jutibiró, na Parahy b a, b ahi; cs t~
.que •p assou -en ta? a .ser chama da_ at é h oje el a Trai çiio. O hispo foi
d evorn~l o pelos 1.nd.ws Cah c tés, 1 g u~l sorte tc n·cto to da a tri pulação
.do naviO . Subst1tuw D. Pero Sardmb a no Brasi l o bispo D . Pero
:Leitã o. • · ' '
N~io parnram porém abi os factos p erturbad o r es do governo
.de D uarte da Cos ta.
R cp~ tid a s fo~am ::ts aggr essões dos s-elvagens qu e, ch efi a dos
~elo tcrrn-el Cnn ab ehc, eram o t error de C;,ho Frio a Berti og11 .
\.
32 VEIGA C.ABH AL

E m 1555, fr a n c czc ad eptos ela r cl ig i:lo ~rotc~tan.t -c ve n d o-se


tenazment e pcr ·cgu ido · p e los ca tholico · na sua p :ll na, cogitaram
I
fun la1· no Brasi l u m a c olo nia - a •raoçu J\n tarctica 1com o
diziam- onde pud essem v iYC!' em paz.
Dois navios c o m !llJ h ome n c u ma cb a lupa so b a dii'()CÇâo d o
valen te a lmi ra nt e Ni c o lúo Dura nd d e \ Vil! •ga ignon viera m a o
B ras il, c, c b c~a nclo a J 4 de NoYcmlJ r o d e 1555 :·t ba b in d e Gu a na-
ba r a, cs tabb.!o.:cci·a m- ·~ os franc ezcs a prin i p ' o n a il h< da Lagc e
depois na de Ser cg ip e, c ujo nom e f oi mu d ad o para o cl·e \V iJle-
gaig n on , qu e até h oje con sc1·va .
Ah i en tr in c h eirados levan tar a m o fra n czcs um for te qu e, em
ho mcna g~ m ao a lm i rant e fr a n c cz Gas pa 1· Co lign y - nm fervor oso
adepto lo ca lvin ismo c a ro n cl h o d e CJll Cm viera \\'i. Icgaigno n -
foi d enomi nado for te d e c o. ig ny .
Co mo bo mco age m ao r ei d e F rança, cn tã H l!n ri q uc H, c sob re '
gu em Colig ny exercia g r. nele in-
f lu e nc i::t, úes tina 1·am o no me d e
Hc ni·iv illc :i c ida d·e q ue prcmedi ta-
Yam fun dar, na p:u le co ntin enta l
da nossa in cgua ave! b:lh·a.
T omar•ll n os fr a n cezes em s e- ~
" Uicla o ut ras ilha , apod e i·a ndo-sc de
gr:1ndc p:1r lc cio litto ra l, cmq ua nt o
re c·~ b iam d:t p a tri n, nOYO r efo rço·
d e 3 na vio co m 300 liom e ns, so b a f
cli rcc çii o d e Bois-lc- oml c, sob_r i nho
d e \\' illega ig no n, c om qu em Y! Cram f
ainda 14 p ndr s calv in istas .. ,
Es tes u ltim as, poré m, <.1qui c hc- (
gado , em pouc se d·"sav ie ram com
\\ ill egai g non. E qu e ell es a pre-
tex to de que \Vi l err a i ~ n o n estava
dando fa lsa in lc rprc!aç iio ú dou irina
c a lvinista , qui ze ram d ic lar n ormas
de co ndu c la ao almirante qu·c, não
se qu er endo s uj ei la1·, fel-os r eg res-
Cun ãb ebe, o t crr i vel cannibal sar ú 1· urop a, o nd e d spcita dos,
começa r a m os pnd r s a cspnlhar a
noti c i_a ele qu e \\ ill-cga ig non - a qu em cog nom ina ram Caim da
Am cl'l ca - e ra um traid or :'1 dou trin a pro tr s la n le.
Duarte da Cos ta n ão obteYc nun ca os recu r sos que pedia a
P ortu gal para expu lsa r do Tiio c s es fr a n cezes , por isso, ci tes
~qui es tiY Cram duran te algu ns annos, só s cn·do expulsos n o govc t·uo
seguinte. · :i
Um a nno a ntes de Dur~rt e d a Cos ta deix a r o gov-~ rno, fa lec cu
D. João JJJ, qu e fo i subsli tui clo po r seu n eto D . Scbasti :io. lomn nd o
as rcd c a:~ do governo como r enc nt c, D . Cnlh nrin a d'Ans lr ia, pol':..
· nlo linha o novo r ei apenas Ires annos el-e edadc. ·
PEQUENA IIISTORIA DO BnAS[L '33

Pouco depo is, fallecetl na Bahia o cel ebre Cc.Í.J amurtí;


1

que tantos serviços h :~vio .prcstndo n o g overoo de T lwmé de


Souza.
Em 16 d e J an iro d-e 1558 deixou Duarte da Costa o gov:emp
.sendo substitui tlo p o r r-Iem de á, homem d e gr a nde ener gia e
força de von ta d c .
3.• Governador Ge,·al - Quando 1em de ::i ú, t er ceiro gover-
nado!· gera l d o Brasil, aqui chegou em 16 de J an eiro d e 1558~
estava a co lon ía em completa d eso rd em .
Teve Jogo d e susten ta r guerras com os índios, q ue faziam '<IS
suas correrias, devastan do Porto Seguro, Ilb éo.~ e Esp írito Santo,
para isto orga n isando expedições, numa da qu ncs mo rreu seu
fi'lbo Fern ão de Sá .
Com a i ncumh:!ncia trnz icla d exp ul sar os francczcs do Hio
de Jan eiro, em barco u r-I em de Sá, n n Bahia, em fins de Fevereiro
de 1560 com d tino a es ta idade, t r:1zc n do 2 n úos c outra s em-
barcações mcnorçs, 120 p ortu guczcs c 14 0 ín d ios a uxili :1rcs.
Foi ent ão in i ia do o bom bardeio da ilha , d e \\ illcgaig1io n,
onde se :1 chavam 150 fr nn z·~s , a lém de cérca tl c 1 . 00 inclios
tamoyos que h av iam fei to alliança com o inva or es .
No di a 1 de ;\lar ·o, d poi · c1 Ires d ia de lucia, conseguiram
as for ças de l\1 cm de á arraza r o fo rt e, aprisionand o ap en as cêrca
de 100 p·essôas, pois :1s dcm:1 ís con cguíra m fu g ir .
No dia 31 desse mesmo mez segui u l\lcm d e S:i p nr:1 S. Vicente,
enviando pa ra o sert ão u ma entrada qu ' tr ouxe amo tras de ouro
c p crlras pr· ciosas.
Vo ltou então á Bnhi:1, onde fo i obri gado a r epellir os a taques
dos índios Ay mor és, que fornm bn ti dos em va r ios combates.
Ne:;sa época, forma r am os índios tamoyos um a formidavcl
confed eração, am cnçnnclo a tacar c des truir a c i d:1dc d·e S. Paulo .
Ini c ia da a lu c la entre os co nfed er ados c os índi os já então
convertidos, os doi grnn d es ·pa dr e l\lnnocl da Nobrcgn e José d-e
An chi eta, após consul tarem o go Ycrn a dor, r csolYera m ir t er com
os selvagens a fim d e co nseg u ir a p az.
~p ós 13 dias d e vi ngc m ch cgn r a m ell cs e m 5 de M:1io de 1563
li aldeia d e lper oig. hi lh e fnlou Anchi eta no seu proprio
idioma, e d e tal m:1n cira, qu e os sclvn"'c ns d entro em pouco come-
çaram a sentir confian ça n :-~s pa lav ras cl'aq u·e':Jes h omens cujos
babitos bem lh es faz iam lcm bmr estar em presen ç a de dois r epre-
sentantes d a Comp:1nhia que tão nmiga c protcctora . dos indios
1>emprc s·e mostrára.
Recebid os por hospedes p·clo caciqu e Cnoquirn, trataram No-
. brega .e Anchi eta de cd ific:1 r uma igreja, ond e di a riamente diziam
miss:1 , infun dindo aos pou o v cner nção nos selvngc ns.
D~1rant c dois m ezcs estiveram clles em Ipe1·Õig quando ficou
resolvtdo que Nobrcga em com pan hi a de CunãlJeh e c ou!J·os indi-
genas, iria conseguir elo ch efe porluguez a liberdade dos indios
prisiqneiros , ficando Anchieta como refcn n as mãos dos tamoyos.
VEIGA C.'\RRAL
Tres }JtCz~.:s Jll<IL~ cs tPvc .\nt'lli c la ·ntrc o. ~ ~·h·~·g c JJ :. at c lllu •
co nscguttta a uut.: I'UdL1e u us lilut v ,. lUilt a 'u JLa u··· vu u al,l'UL', H •L
cl •c posto em lllJcrti:\ UC .
" 1·'oi duran te os 3 mczc · do seu ca pt i,· ·i ra, que .\ nchicta escre-
veu, na areia, um poema Jaltno ·otll -! . J T2 v e rs o~ , ctcciJcaLio ú
Vir 0 em c qu e conscrvuva ele memol'la.
1\lanoct da No brcga ' .l osé ele ,\n ·hiela foram os mai or s ev~m­
gclisado rcs das ii OSSUS SCl \'aS. 0 pr! JDCJI'O l~lC I''() Ce u lUCS illO dO
wsuspet to htstonador protestante Ho herto Soutlley o seguinte
concct lo : "1\luo li a n zngn cm a c1 JOS l weu los deva o liras li LWIIOs e
l a o fJ CI'IllWI Clll C:; SCI' V l ÇOS. "
~~OlJI'l:ga tallccc u com 53 :1nnos de ctl ad c 'i climado p c1a tu-
b ercul ose e .AnclllCtu com ü::S annos, tl os qu acs -13 c l,Uelo p assad us
no sew d as l torcstus brasile1ras. j
An ciH~ la tantos serv1ços p r sto u à causa da ci\'i tização, que 1
dclle U1ssc o b1spo D. P ct·o Lc1t:10 : .. , i. Componlu a 11 0 lirustl é 11111 1
wtHel ele ouro, c a p ec.lra prec i osa delle é o padre J osé ae
Ancllicla."
Os jes uít as tr ataram d e c::~ t c ·llizru· os s-elvagens, alei ianclo-os
Il
1

padficamcntc, junto elos estabel ecimentos portugucz s .


l'und~ram 1g rej as c co llcg10 ·, co nscgumclo l azer, d entro de
algum t-em po, dos wdig n J , vc rd adcJros amigos, c m u lti p .icaram
I
as suas fun cçõc como prolcssor 'S, saccnlo tcs, medicas e cnt'cr-
meiros .
Seria profunda inju ti ça si len c ia r o hcrc uleo traualho dess el'
desura vadores dos nossos s-er tões.
Sendo o governad or inl ormad o de que os francczcs bavi:l!u
novamente vollaclo a occupa1· as p rimlliva posições, pediu a
Portugal que lhe mandasse um g r a n d1~ r eforço com o qua l podé se
d-csbamtar p or completo tão auclaciosos mvasor e .
Att cn de nd o o seu p cuido, aqui c h egou, em fins d e 15Gt!, s eu
sobrinho Es tacio de Sá, ú frent e das for~: as r equisitadas, fun dando
em 15üü, a cidade de S. Sebastião do Hi o el e J a neiro, nas proximi-
dad·cs do morro dÕ lj áo d e Assuca r .
.Hesolveu entúo J\lcm ele ::ia qu e, por ' ssa occasião, es tava de
uovo na l)ah la - po1s era Jú a sede do governo - embarcar para
o Jüo de J aneiro, v1ndo prestar ::lllXIIio a seu sobrinho. Partiu
nuJ ua exp·ediçao q ue sob o commando de Chrislovnm el e .!3arros,
<ICJUi chegou aos 1\í de J aneiro de 15ü7. ·
Ao _JJ:tssa1· a ex.pedi çüo p e·. o Esp íri to San to, r ecebeu .Mem de
Sá. a uxll10 de Ararigbo1a,~ c h efe dos indi os 1'eminunós, que lh-e
forn ece u 200 inclios Jlee he1ros qu e h abi tavam aq uell a provincia,
e a quem, em r ecompensa - do s serviços prestados, foi dada uma
leg 11a de terra no littoral com duas pela t·cr r a a d entro, compr c-
hcndendo a maior -part e da aclu al c id ade de Niteroi.
Chegada a expedição, foi no dia segui nt e for ça da a barra e,.
no_ dia i~ll~llediato, 20, tomaram as forças porlug_uezas o_s fort~s d e
Utuçu-M1nm c Paranapucuhy . O primeiro na foz do no Carwca;
·-cgundo, na ilha do GoYemador, e nt ão cbnmadn Parannpuan ·
P EQUENA HTSTOR1A DO BRASIL 35

No 11laque a RirabuC'rÍ - en trln r h ri r amen!o incli gen a prox hno


nos 11c!nnrs mo1-ros rl a Viu vn c cln Glorin - for::>m os f-r n nrr1.es
clesb n r n t nrlo~. cu ~ l fl nclo. por t-m. rssn Yirt o r ia . ::1 vi nn dr mni os hrn-
YOs. enlrP ellr~ n Estnr io rl<' Sfl. nur. frri rlo nor nmn fl cchn no rosto,
veio n f:-~ ll cfer di ~ ~ nrp o is. sr nrln srn nlt nrlo junto do mOTTO C:-~t·a
de C:iín lho ir S . .Toiío). cl r onde for ::1m m nis 1 :-~ rdr ()<; s·r 1s t· es<t.C>s
mortn es h·ansportnclo s p;~ ra o novo trmplo tlo ant'go morro de
S . .Jnn u::1r io. post c,·io,·m e nte d o Cfl<;lrl lo.
D epois do co m b a te clr O el e .Tan iro de 15ô?. t r :wn rlo -c xncta-
mentc n o dia el o S . Sr b ns i5o, qn c ili r r fl o pnclt·or·ro rla c i dnde,
resolveu Mc m rl e s:, ! 1·nns f·~ l'i r n c id ad e p a r a m elh o1· locnl. pns-
sando-n ele jun to <lo P ão de Assu r ar. on c' e hnvi a ·sacio de Sá
l fl n cnn o os prim ei ros fu nd :nnentos, ]lnra o morro d S . .Tanuari o,
postrriormrn te denominu clo el o Casteflo .
Ft-mdada -e m 1 5()() a rid:ule rle . rh[)~ i?io rio Ti io de .Ja n eiro,
para elln foi n om e nclo. e m if de 1\Tnr ço rlr 1 5fi~ . como seu p r imeiro
govern:ulor. Salvador Cor r ·a rl c S:'t c Benevi c es.
R e ti rou-se em set:.tu id n , Tem cl·c Sft pnra a T3nhin. Insistindo
.i unlo no 1·e i pa r ::~ qu r lhe <lésse nm stibs t ilulo . f.'o i e ntão nomeado
D. Lui z Fernandes de Vasconce llos r S o u z::~. rii o ch ego t est'(' a
tom ar posse p or ler sido a sua fr ota a tacada em cami nh o prlos
corsarios hu g u enoles .J :~ c ques ori n r .Jean <Capd eville. qu·e haviam
partido de noc h el''a com o proposi l o ele ex te rminar lodos os
ca lholicos que lh es ca h issem Gm pode r. Fallec·e u assim D. Lni7.
e qun si t-odos ·que o acompanh av am. entre clles 40 j es uítas que
vinham auxiliar o s erv iço el e c iv iliza ção dos i nclios.
Fora m esses j-esuil as b ea l i f!c ~ dos p elo papa Pio IX co m o
nome de 40 Marlvres d o Brasil.
No dia 2 d e ·Mar o el e '1 572, n a c idade do Salvador, faJ~eceu
:\[em de Sá, que foi se pu llado no cruze iro da i greja dos jesuitns.
n csoh-.eu e nt ão Portugll! d iv i dir o Brasil rm do i s go,rernos .

..
/
CAPITULO \'l

Divisão do Brasil em dois governos. O quinto


governador geral

Crea dos doi s governos do Brasi l, 111 157 2, ficar a m ell cs tendo ,
como séd es as cid ades do Sa lva dor· c Rio el e J an eiro, aqu ella do
governo do n or te, isto é, a té a Ba hi a c e tn, do governo d.o sul~
isto é, do Espírito Santo p ar a o sul! . P ar a o prim-~ iro foi n o mea do

J o conselheiro Luiz d e Bri to e Al me ida c p a ra o segundo o D r~ . An-


t·o nio Salema, en tão o uvi dor em P e rn am bu co.
Embarcou este para o Rio, se nd o aCJui bem r ecebido e m uito J
visitado, d ~s ta ca ndo -se logo o fa moso Ara ri gb oia que lhe veio f
}

pres tar obcdi en c ia .


Continuan·clo .por essa época os fran ccz s, a qu em se achavam I
nll bdos os tamoyos, a tra fi car· em Cabo Frio, r esolveu o Dr. · Sa~
lema. faz er fr en te áqu el!es inimigos qu e foram fina lm•cn'J,e
vencid os.
I
No govemo do No rte, voltou o governador Luiz de Bri to e A~­
rneida as vistas p a r a as descobe rtas de min as q ue s·cgun do era voz·
corrente existiam na cap itani a d e Porto Seguro .
P a ra o inl cl"ior foram succcssivamcn te enviadas quatro expe-
di ções sob as ch·efi as de Sebastião Fe rnandes Tourinho, Antonio
Dias Adorno, Di ogo l\'la rtins Cão e l\larcos d e Azevedo Cou tinho.
No anno segui nte ao da creaçiio de d ois gove rn os n o Bras)}
(1573), fa llecia o segundo bi spo D. P ero Leitão, sendo n omeado
seu substituto D . Antonio Barreiros .
Em 1577 J'csolveu o governo porlugucz subOJ·dinar nova m ente
o Rio d e Janeiro á Bnh ia, voltando então o Brasil a form ar um só
governo, ra zão por que é Luiz de Brito c Almeida considerado
como o 4.• governador geral do Brnsil .
Para succeder a Ll!lz ~e Brito c Alm eida foi nomoo.do 5.• go-
vernador geral do Bras1l ~wgo Lourenço d a Y.eiga, que do cargo
"'ou posse em 1 de Jnn e1ro de 157·8 .
PIEQUENA HIST OniA DO BRASIL 37

Pou co~ m ezes cl cro ls ele h ave r L ourenco el a Ve iga :~ ssnm i clo
0 goYern o. f~ ll e_ceu n a _A f ri c:~ . -r m ~-d e Agosto de 1578, n a h :~t a l hn
-de Al cnce r-Ki b1r, o r e1 l . Seb as ttao, empe nh ado n a conqui s ta d e
Ma rrocos. ~
Nã o ten do D. S rb :-~ sti:'ío succrssor cl ir ecto, foi sul~stil ut rlo no
th rono por sru tio o :-~rr: e:-~1 D . · H en r ique Cl tte, b astan te vel h o iú,
d ous ann os depois, em 31 c1 J a ne iro ele 1580, ent r egava n a m n
a o Crcn do r.
Um :11m o nnlrs (1 !'7!l) nhri u 'L o 1ren co d a Vei [~ n l uc ia com
v a rias cstran griros , prinr ipnl me n e f r:tnccz·rs. que. ele n ovo I! e m
lar::::-~ l'sr n :1. ~·ivinm cl l' r o ntr ah nn r o nns rnscncl n<; el e C~ho F rio.
D u r:-~nte n su n nc1miJ ·s· ·:1ciío tentou-se n c olo n iz:-tçã da P a-
r nh~·ha . n Cfl'C s r n:'í0 r o 1sr 0 1i1 .
Ainrla rlurnn lc a :-~ rl m ini s r ~ cii o cl C' Lo ll'r nro cl:t Vri r!n v nrins
exn rliC'iics for:-~ m r n ·i :-~ cl :-~ s :>o i n c ·i o r, tcnt a n·c o a clcscohcr tn de
m in:>s rlr Ol!ro r ncr r " ~ PCÍf''>" " .
Drscll' Ql r n . J-kn ·i m ,.. <lil)il! nn lh rn o. ('I <; ""IIS snhrinhos
P hi li rnr TT. n D llrrn r zn rln n r~.-rnnrr> r . I n on ' o. nr ' or r1n r.,·n l0.
cnt rm·nm :1 rJ! q ·ul;r os rl!•·r itns rJn s TC'rrssi'o. y> ois cn n t:-~ •n •P cmn
n cn rto rrinaclo r1n ve .ho c a · rl e~ l . h o nem enlr nrlo em ::m o~ e
d(}"n tc hr> ·!n mu ito .
P c>t' tnr m o ti ,·o. n or 1rar r, es c !'sscs n re tr nd r n r s ao lh ro n o ,
fo r :-~ m lo!!n envi :-~rl o s fl \.ôt· r n nra qu e o r ei, estuda ndo a questão,
i ndir ::~ss" rrn r m o rl r •in succrrl ct· .
D . H r n ·i(fll e o ·rm . a p esa r clr. se!!u n rlo s/ cli 7if! , d r mons !rar
urpfr r Pncin. a prin r ip:o r n . Sll f! sob ·' n la a n uqu r za ele Bra1!:11ll'a
( fiJ.h:-t rJr SeU i rm iio D . Du nrtr) r J'l;J Í <; tnr r]p por SC'Tl l'Ohr nh O
P ll ilipnr TI (f'lho rl r s1 n irmii D . Tz ~h cl , en tiio rri rla Hc !'.p::~nha.
m orr r u srm rlri.·nr rl oç n rn io :1lcrnm qu e i n r icasse ouem o rl rd a
substitu ir no h rono . Drst':t rtc. fi cou o gov-erno por!uguez cnlre-
gtr e n 11 m ~o Y r•·no interino comnosto de qn at r o pessoas , ao Cfllnl
sr nnrcsrn to n Ph il ipn c IT. p edindo n e ntrega da corôa, co n for me
d cseio. em v i r!::~. rl·r se u li o .
C:omo n iio h ou vesse d oc n me nt n n or c c d pto . qu e p r ova sse· :1
~e !! itim i rl:J rl e rlo rr u e :-~ll ef!aY<l D . Phil ipne. r rsol v r u o ~ove rno in-
, ferino n i'io :-t lf·rnclrr :Ío; prrtenciies d o r e i h espa nhol, r esponden do-
lh e m1·r :1 cnus:-~ srr in iul rm rl:l p ela just iça .
Ph ili n pr n n i'io se co ~ formo n, nor ém , com css:t esp era. e fez
inv:orlir Po rtu gnl p or u m exe r c i to sob o c omman'd o do Duqu e
d'Alba. .
Vi c tori oso, foi P hi lipp e a ccl:Jm a clo r ei d e Por tucral 0
pdas
côrtes r eu nid a s em T h oma r. n o d ia 19 d e Abri l d e 1581.
Pnssa nd o P ortu gal p ara o d omínio da Hc p a nha , c om ólle
p assaram na t ura lm e nt e tod a s as suas col oni as c, p or c o n seguin te,
o n osso caro Brnsil .
O d om in io p or !UI!n ez ti nhn durado 80 an n os c só voltou l\ fi-
t:rnrnr n ovnm<>nt e em 1G40 f]uan d o Portugal, p ela r evoluçã o d e 1 de
Dezembro d esse nnno, liber tou-se ·do jugo h espanbol.
C:\PIT 1.0 VI I

Dominio hespanhol, do 6° a o l P governad or geral

Acclamado Philippc II r e i de P ortugal, pelas cõrtes r eun idas


ém Thomar, n o dia 19 d e Abril d e 153 1, começa n essa data o
dominio h cspa nh ol, pois com o h a pouco vim os, er a Phi lippe 11
r ei d e H es panha. quando tal facto acon teceu .
Ph ili pp c li fez conser var em Portuga l as s ua leis a ntigas,
ass im co m o cs t ::~bc l ccc u que s ó aos por tu guezes ser iam dados os
empregos c cargo não só em Portugal c Brasi l, co mo n as suas
d ema is a nt igas p ossessões.
Es tas m edid as a ltruí sticas d eram granel sym pa thi a d e ca usa
ao novo rei, que se vi u Uogo reconhecido em todos os dom ínios
portU NUeZCS. .
Nomeou. cn tiio P h ili ppc n, pnra gov~ rnaclor gera l do Brasil,
a Manoel T elles Barreto, qu e, na qu a lid ade ele 6." govcrnndor. to-
mou p osse e m Junh o d e 1533. substituindo n Lomenço da Veiga.,
que fa llcc-er a na Ba h ia em 1531, de mnn ei r a qu e desta data até a
ela posse de T cl les Barreto, es teve o governo e ntr egue a. ;um a
.Junta.
Em 1584 clc n-sc n c onqui s ta e colonização da P a r ah)'h a que de
ha muito v inha sendo tentada .
Em 1585, como c~tivesse n H csp <mh a em guerra com a In gla-
t erra, começaram as d'epredações dos corsarios ing\l ezes n o l ittorql
brns il e iro, dcslacanclo-s e n aqu cll e anno a invasão do Edwa rcl Fen-
ton qu e com d ons ga leões d ep red ou a c irl il d·e de Santos. .
Dous nonos 'depois, por morte d e T ell es I3a rre to, foi o governo
do Brasil en tregue interinam ente a uma n ovn Junta que se co nscr·
vou no gove rno a té 1591 . ·
Durante o gover no d essa junla Yoltaram os i n glezes a a tacar
o Brasil. Uma expedição sob o ~ommnndo de Roberto Withrin-
gton, -em 1588, ch egou á Bahia t en tando tomar a cid ade, o que não
conseg uiu, mercê da energia do jesuíta Chri s tovam ele Gouvêa que
os repülliu á frente clo3 indio3, que já convertidos, havi am p cg:ülo
em armns. '
PEQUBNA HlSTORIA DO BRASIL 39

De novo voltnrom os ingle zes e m 1591 com uma esquadra


commancl :Hln p o r Th om n Caven rlish c Cook .
Arremett crn m es t es co ntr a S rt nf os o S!!lteil r am-nn e m quilnto o
povo. r el ig iosrtme nte nssis ti a :í mi ssn n n i !l_r cia. Como esses in l! l~­
zes tivesse m se entregu e rt exc-essos. emhnagn n clo-sc. a P <?Pnl a a o
nprov it o u pnra fug ir ú n o ite. c nr r cj!a ncl o c o m as sun s nqu ezas.
Vin an r nm-se ell es . i ncenrlinndo S . Vi e n t e -c faze n do-se no
m a 1· . Um te m nor a ! fez por ém co m que, arr oi 1Hl o s ús c o s.t ns . de
Snntos. p e rd rss e m 25 h ome n s enT e fo ra m mort os pelos mdJOs.
T c ntnrn m en tiio rl-esembnrcnr· nn Espí rit o S anto com o niío c on-
seguissem. nfn. tnr nm-sc do B rasi l .
E m 1 !'ifl!'i. n< ni•·ntns .T amr < L nnr ns!Pr " .To l1n V r nJw r. an n cll e
i na le?: c r <le h o ll rm rl <'7.. apo rl r r nt·nm-«c rl " R rf'i fr c rlc l á pa rtir am
dcpr>i« f' Om on zr nav ·n< rnrre<rro"rl r>< -l c ri ,.os rl P< nn in <.
Gnv ern:l\";1 ll f'S<·C te mn0 () nr :> <i l () 7.• (!()Vf'l" ll :l'ri O J". n . F'nlll -
cisco el e Som::1. rm r11 io !'ovc rno IC' \' C lo!:' w ninrl n :1 rnn cruis tn c
,.,..Toni? l'lf'iin r]o 11io Gr nnrlro rl n N n •·t r. '"'" '' 1\f;:t n or l ~la c nrc nh ns
Hom"m . cruc rnns tr11 i u r> fo r tr rl o s T r es R i< Mn aos.
Um nnnn rl r nni< f 1 !'i!lR) f nll ef' i n o r e i P hi l in n." JT . s 11 hi nrl o no
th t·cno seu filh o Ph ilinne TTT. rn1 r rnn<cn·ou n . Fr rt n ri srn d e
Souzr.. no unvc rnn l!C r ro l rlo Rr:1si l nté 1 ()0?.. ounnrln fo i nom rn rln o
R.• govrrnn rlo1·. D ioao T3 o tc lh o. e m euio a o vrrno fnr:11n os ind io
Aym orés n ::tcifirn rlns n ela ie< lli fn n o min !!OS R orlr il!Jl ('S.
Dur·n nt·e rt ::t rl m in i str:~riío rl e Di o , O Ro tr lh o fo i n it"l ::t t r nt ::~rl:l a
co nntT Í<l ::l e f' Oinni 7rtf'iín do C:PArfl. fr nrlo <n nn1 e <e fim s itio r n -
vi n nn u mn exol'rl; r·fío sob o r o n1111nn dn rl P r clt·o Coelho tl r S o11 zfl ,
com p os t ::~ d e mil ho mr n s. ex n c dif'ii o cssn. norém , qu e foi d "sh nr a-
1 :-~ d a nrl ns ~r l v;t !!f' ns . mor-re n d o o <ru ch r fe.
F o i f>nt fío nu os n <l drc < L n iz Fi m trirn e F t·nn c i. r o P i nto :-rn-
t iJ rrtm n ro nnu is tn P l'l " ifi cn rlo C:c nr·{t o ou e ta m h "m não cl r u r esul-
ln rl o , m :1 fr•n do os índi os o s egundo dcst r s c te n do o prim e iro ·a
c u s t0 fu g irlo .
Em 11lf1R Ct" D in"o Bo te lh o s ul,~ tituin n n·el" !1." (f{wcrn nd or·.
Dingo rl e f ~ n r7 es r Sirrn e irn . em <'ll in rrov erno fo i f' t'PrJno. nn c i-
cl:Jn P. d o Snh •:1 d n r . o n r i mei r o tr ib11 nn l d e r rll:~ciio h r n•' lr ir o ro m-
Pn<t o de n ove de e mhar ga dorr c fo i conquis t ú lo c col o niza d o o
Ccnr:\ .
() !!nvr r no d r Di"" O ele i\f nc7rs r Si nu ri··n nss i" n :~ l ·• l"l inn n n
inv.<~s ii o fr nn crzA no fot·anl, iio E m 1!) d e f :J t"f'0 de 1n1 2. trr&
nnv i o~ f rn n ,.rzrs n :~ rlir flm ÕP Conr nl·e. 11 :1 T3r"t nn h :l. soh o co m-
mnn rl o d e Dnn irl rl r ln Ton c h c . S ~' nh o r d e l n R nvn T· cli ê r c oue o
nsso c i nr n <'0111 _ i col í~ H a rl c v r Fr nn c isco rl n n ns< ill v. 'c aport o-
~·~ m n~ Mara nh ::to, aht se es tnhcl ecc nd o n:> iflh:t d e S . Luiz. on.(le
1:1 h ::t Vt '~ nT cst nrl o _cm .1!i 9 ~ os :nm :1 d ores Ja c qu cs Riffa ult e Ch::t r-
l cs rlr Vaux. po r mshg-nçan d o s ou :1·es vi ernm IHHT ell es. funrlando-
•c e ntã o a cidnclo de S . Luiz. :l!>~ im d E> nominann em honrn a
Luiz XTIT. que hsviA ~ubtdo so. throno dou~ anno!l ante~ (1610).
e que por contar ont~o apena~ nove annos de edade tinha como
regento sua mãe D . Mnria de Me'dicis. '
40 · VEIGA CABRA L
n ao
No mesmo anno em que D nni cl rle la Touche ncl1egav o govern o
li·J aranhã o, foi Diogo Me n ezes e Siqu eir a substil n id o
e teve occa-
do Brnsil, p elo 10.• gov er na dor, Gn s par ele So nza, qu ex p ulsos rl o
sião de ver no s·~ u gove rno, em 1615. os fr an cc zcs·r c el e 1\foura .
Maranh ão po1· J e r on y mo d e Alhuou cr qu c c Al' cxand Albu-
Em 19 de N ovcmh!'O ele 1 614. o v ale nt e .Tc r o n v mo de 5 em-
e el e
qucrqu ·c, depois ele fun d nr o fo rt e Sant n ll!rt r i:l , :í ft·r nt no c 500
b a rca ções sob o co mmnn clo el e D iogo el e Cn mp os lllo1·e o segLJinto,
hom ens, d errotou os fr:w cezcs em Gm1.·c nduba c, no a nn r ço sob o
em 1 de Novem bro, c h-egan d o ao Ma1·a nhão um r efo
ge r al da
comm a nclo el e A lex nnclr c d e l\lo ura. n o m ead o govcrn::teiOI' ias rl e pois.
an c ezes b alirl os e exp ul sos d o us d
annacla , foram os fr r ::-. do
F o rmada n cap ita ni a d o i\lar·nnh üo, fo i para e!J a nom1618,
te, rm
J e ron v mo el-e Albuqu erqu e, qu e a di r igi u at é su a m o r ele Souza .
quan do já gove rn ava o B rn s il o 11.• govcr n ndor, L n iz fo rte do
Ai-nda no go Ycr n o rlo 10• gove rn :-:cl o1· foi co n strui do o
io c f!inel atl:-: p o r Frànci sco Cal'dcir a Cas tcllo Branco a
Prescp
C:"llpi!:Jnia elo Partt.
E;m 1621, niorren rlo o r e i Phil ipp e JH, s ubio no
th rono seu
ns do Parft,
filho Phil ippe TV, qu e fo rmou co m as anti gn~ c a pitani
o n o me de
M::-.r:mhão. Piauh~' e Cea rá um ,!!O ve rn o á par te, co m or F r a n·
Estado do i\!a r a nh :'io, r p nra o q u al foi nom eado go vernad
y ba .
dsco C:oclho de Cnrvnl h o, cn t:1 o cn p i tiio-mÓI' el a P arah nomeou
Um fl!1110 depois de Phil ipp c IV su b ir no tlno no. n o go-
r do Brasi l n D io"o d e l\Irnd o n ra F ur tado,
~ov e rn a d o gr r al
-.erno do qu al teve Jogar a pri meira invas:- o h oll a nd eza .

...
CAPITULO VIII

Primeira invasão hollandeza

Logo que o Bt·nsil com eçou n ser conhecido nn E uropa , varias


piratas, principalmente fran cez-es. inglezes c . h ollan dczes, com cço.-
rnm a frequ entar o s eu littor al, f:u cndo commcr io com os selva-
gens, leva nd o grand es carr ega men tos d e púo bras il .
•Começaram então as invasões no Brasil . sal k ntando-se, como
h a pouco di ssemos, fra ncezcs, inglczes c hollan dezes .
Tratem os desses ultimas, qu e jft dos outros n os occupámos .
A v elha inimiz ::~ae entre a Holl anda e a H cspanha foi a causa
da invnsiio no Bra il.
Aqu ellas du as nações europ éas, terminad a a tregoa qu'e
haviam assi gna·d o em 1609, r ecomeçaram a guerra suspen sa h :wia
12 annos . .
A ex emplo do que b o.vi n fei to, -em 1602, fund ado uma c·om-
panhia denomin ada das Jndias Orientaes para agir na Asia, a
Hollanda organizou em 1621 um n nova companhia que, devendo
operar na Ameri cn, r eceb eu o nome de companhia das lndias
Occidentaes .
· O Conselho elos Dezen ov e, como era chnmarla a direcção da
companhia, r es01've u invadir o Brasil, para islo equip ando uma
esquadra qu e. p artindo da Holl a nda em 21 de Dezembro ele 1623,
chegou á Bahia ao nlvorec-eJ' do dia 9 ele Ma io do anno seguinte.
Era essa esquadra composta d e 23 n av ios, 3 hiatcs, 1 . 60()
, marinheiros, 1 . 700 soldados c 500 canh ões, t endo ~orno almirante
.Jacoh Willek en s, como vi ce-almirante Pi etcr Pi et·erszoon H eyn e
como commandnnte das trop::ts o coron el J oh a n van Dor !h. No
referido di ::t 9 d e Mnio a esqu adra a.ppareceu di an te da cidade do
Salva·dor, tomando logo 8 navios c inc-endiando 7 qu e estavam no
porto .
Como Joh::tn vnn D01·th se ntraznsse na vi anem p;>r ter sido
= repellido para Serra Leôa, o major Nbert Sch'ontem ::1ssnmiu o
commai]<lo d as tro.pas, descmbarc::tndo no pontal de Santo Antonio
com 1. 200 soldados e 240 marinheiros . ·
42 VEIGA CABR \1,

O mm1igo tomo u a c idade, prcn d·e ndo em J?alaci o o governa-


dor Diogo de Mend onça F urt ado, q ue fo i 1·e me tttdo p ara bordo de
um dos navios d a esquadra c enviado á I-J oll anda.
Havia por esse tempo a c hamada via d e successão, uma
carta onde era in d icad o quem devia subst i tui r o govern a dor no
caso de se r elle feito prisi oneiro ou moi-rer.
Ab erta a via d.c succcssüo, Jfl es tava o nome rJe Mathias de
Albuquerqu e, ent ão go vernad or ú c P cn1nmhuco.
Emquanto, po r ém, o novo governado r do Bras il n ão ch egava
á Bahia, a ssu miu o gove r n o interin amente o ou v ido r ge ra l, Antão
-de• Mesquit a d e Ot:ivc ir:1 , po u co d e pois d ~ p osto, c subs tit uído pelo
bispo D . Marc os T e ix ei ra, que d ese n volveu grande acti vi d a de na
organisacão da d e fesa da c id ade, c orga niso u ontN! ou t<os. bata-
lhões o da c h a m ada m ilicia dos descalço·, por e:1 usa dos indivi-
duos qu e a compu nh am. F oi t:1l a :1ctiv id ndc despend ida pelo
bispo, que veio cl lc a fa ll ece r quat ro m-c 7.es d epois .
Com a c h egada ele Joha n van Dorih, torn ol! cll c co nta do go-
verno e m n ome d a Holl:anda . l\lath ias d e AUJuquerque, porém,
qu e já h av ia assum ido o gov·emo legal do paiz, iniciou as ~ ca ra-
mu ças, e m uma el as qu a s morreu a go lpes de espada n as mãos I
.
do ca pitão Fra n ci sco Pa dilh:1, o corone l .J oh an va n Do rth, no I
Jogar d en om ina do Jlg rw dos Menin os.
Albert S eh o ut·~ m morreu la mbem m ezcs rlepo is, ass umindo
I
então o comman clo clris ti·opas se u irm i.lo " 7illrm Schoutc m que, 1·
por ::lll(lar sempre cm!J ri agado, fo i d ep osto pelos soCd:Hlos c substi- l
tuído p or J oan Erncsl Ki ff.
Em soccor ro do Brnsi l en Yiou ent ão a H csp:1 nh a u ma e ·qua-
dra d e 52 n aYios d e g nc r r:1. soh o commnnrlo em chefe d·e D . Frn- !
diqu p d e T olc d o Oso1·io. marquez de V:1hlu cz:1.
Chegada que foi essa csÇJuadr:-~ ú Bahia. em 2!) d e M::m ;o de .1
1625. tra tou logo d e occ u!)ar a bar r a, impedi nd o a snb idn dos 1
navios bolla n cl ezcs. J
No m e 7. srr.!U ir.t e. o rom mr. ncl :l llTP h Q lnndC7. · .Tonn Ernrs·t Kif! !
nssivnon n o CT\Hir lcl rl o Car mo n cn nitul ndio e. n o rlia s·eg11intc. 1
de M::~io. n ci'rl:lcle. i ~ r csta urarln . est:wn em p nr1r r dos h rsnanhóes,
onda mai s p o d end o f:17.e 1· umn -esQu nclrn hnll nn r1<'7.a que aqui ch egou
rpouco d e pois rm socr orro el a c].n .Tn coh ' Vill ek cns .
Ponro a nt es ria ch r!.!ada da c:xne cliriio d e n . Fra cl inu c, npor·
t nra :\ Rnhin , vindo dn E u rona. D . Fran c isco d e Moura R o,' im. nuc
'la qunlicl n'clc rle 1 4° !IOYrrn nclor Yirrn ass um ir o rr ovc rn o elo Br :1sil
em suhslituiri'í o n i\1:lt hi as el e Alhunu erou·!\. a f!l!em o governo
h ~spanh ol m :1 ndar a volta r ao seu :mli go p osto de govern ador ele
Pcrn nm hnco.
D . Frnnrisc o dr :Mourn Rolim n rrPnm hu c n'no n ~ t.nr:l l rla
c icl :Hlc ele Olinrla. fo i o n rimr iro h1:n~il e i ~n que teve a honra cloe
governar :1 nossa pn Ir in . Ern noel!1 e nrosnrlor .
. F;m H126. foi o v,c vcJ·n o rlo B1·n sil e ntregu e a D iogo Luj:f. de
Ohve1ra, nomeado 15• governad o 1· g,~ra 1.
CAPlTULO IX

· Segunda invasão hollandc za até o fim do dominío


hespanh ol (1640)

Vencidos, não desanimar am, porém, os b oll' a ndczes.


Em 1627, Picler Pi ctcrszoon Hey n entrou por duas vezes no
porto da Bahia, tomand o varios n avios mercan tes e travou com-·
bat·c com o capitão Francisco P a dilb a qu e, lendo morto o hollan-
dez coronel J ohan van DorU1, conforme vimos no capitulo an te-
rior, acabava agora n as m ãos de um outro holla nd cz - esse auda-
cioso invasor Pie ler H eyn.
A companhia das Indias Occidcnta cs a nim ada com esses suc-
cessos, c tendo -em vi sta ainda os lu cros que Pi e tcr Heyn realisou
de g~_leões que, partidos do ;\lex ico, sob o commando de D. Juan
de Benevides, vinham com d estino ao Brasil, r esolveu equipar
uma grande esquadra para, de n ovo, vir atacar o nosso p a iz. Em
vez, porém, de s:::r escOl b..i da a Bahia para ponto de ataque, como
da pl"imeira vez, foi r esolvido que a esqu adra atacasse Pernam-
buco, cuja defesa, en tregu-e a Mathias de Alb uquerque, constava
apenas de Ires caravcllas c 27 soldados .
Em 14 de Fevereiro de 1630 apparcceu diante d e Olinda a
-esquadra hollandcza composta de 70 navios, 3. 780 marin heiros,
3. 500 solda dos c 1. 200 can hões tendo como commanda u lc em
chefe Hcndrick Corneliszo on Loncq, co iuo al.miranle Pietler
Adrianszo on· c como eom11Ianclantc el as \rop·a s o gen eral Dicdcrick
van Weerdemb ur ch. , .
l\'Iúo grado a. heroica r esistencia empregada .por 1\lathias de -
Albuquerq u e, \<\'ecrdemb urch, seguindo as indi cações de um
espião Antonio Dias, desembarc ando em 15 d-e Fevereiro com 2. 948
homens c duas peças, no P:io AmuCI.Io c, seguindo por terra, em-
quanto os navios h olbndezes e ntre tin ham as baterias da costa,
tomou Olinda no dia 19.
. Vendo Mathias d-e Albuquerq ue ser impossivc l defender Re··
cüc, poz fogo aos annazens c navios ancorados no .porto, retiran-
4.4 -..l.. . VEIGA GABH.AL

do-se para a outra margem -<lo rio Capi berib e, onde fundou o
Arraial do Bom J es us, iniciando ent ão a s famosas guerriJ4as
conhecidas pelo n ome de Companhi:ls d Emboscà da, onde tanto
se sali e ntaram en tre ou tros, o celebre indio Poly, m;1is tarde
conhec ido por D. An to nio Felipp Camar;io, Vida! de :egreiros,
Franci sco Hcbcll.o, Sebastião do Souto, o prelo H en rique Dias,
Luiz Barbalho, L o ur en ço Cavalcant i, Sim:'io Fi g ueir edo c Estevam
de Tavora.
.
·
As tr opas de l::tthia s cl·e Alb uqu erqu e conseguiram então, num
dos e n con tros com os h oll an lczcs, npr isi onn r 690 h onw ns, sendo ·
qu e o proprio Corn eliszoon L o n cq qu asi cahiu em pod er -<los
portugueies, o que só se nüo Ycrifi cou m er cê da I igci r czn do seu
II1

cavallo.
Emquanto isto, os h ol la ndezes r ecebiam r eforços, te ndo sido
então atacada a i llla d e Jt amaracú, va lc n temc n te defe ndi da pcli o~ •
portuguezes so b o co m mand o d e a lvador Pinheiro. ·I
· Os varias p edi dos de r e forço feito pelos p ortuguczcs de
Pernambu co ú J-Jcsp an h a, foram ·rmfim a tt cn dicl o , quando a
Côrte de l\la drid teve info r ma ) io el e qu e a Hollaoda prep a rava
um a grand e expe di ção con tra o Brasi l .
Em d e f sa des te fo i então e nviada uma -esquadra sob o coJn·
mando de D . Anto nio Oqu end o, qu e ch ego u :l llabia em 13 de.
Julb o de 1G31. No dia 12 el e Setem bro desse m mo anuo, encon-
trou-se css:.1 esquadra p e r êo el o grupo d o Abrolhos com a que a
Holl::todn havia en viad o sob o co mm a ndo de Adri an Y.:.1nsen
Patcr .
Travou-se a lu c ta, fi cando p o rém, a Yi c tor ia, in dcc isa. Diz-se !
qu e J anse n P a ter vend o- ·e perdido atiro u-se no mar exclamn ndo: 1
"0 oceano é o uni co tumufo digno de um aLn irantc batavo .., i
phrasc qne tn lvez não p a e de pura l enda. I
Dcscmbarcar:Jm ' en tão os h espanhócs 700 hom-ens sob as
ordens el e Giovano Vi cenzo Sanf-cli ce, conde d 6 Bagnuolo, reti- .
rando-sc Antoni o Oquc ndo para a Europa . I
Julgando, p o ré m, os holl a nd ezes qu e o r eforço desembarca do
e r a muito maior, in ce ndiara m O!i ndn, concen trnndo-sc em Recife,
oticle estiveram cerca d e dous· annos, sem pode r tirar maiores
vantagens.
Em 20 de Abri I d e 1 G32, porém, fi sorte os favoreceu, comi a
p assagem para o exercito bolland cz do alagoano Domingos Fer-
nand es Calahn r. que como conhecedor profundo da região, guiou
os invasores, fa zendo nss im com qu·c al' cançassem cllcs varias
vic:torias, tomnnd o a villa de Jguarassú c, mezes dep ois, o forte do
rio Formoso. d efendido apenas por 20 hom e ns sob o commaudo
do hravo Pedro de Albuqu erque, a qu·cm o inimigo concedeu a
liberd :ulc num r asgo de profunda admiração pelo seu h eroismo.
Por essa épocn, 'Vecnlcmburch passou o com mnndo fiO ge-
n crnl Laurcns vnn Rcmb:J ch qu·c após tomnr o posto dos Afogndos,
atacou o arraial de Bom J es us. 'sendo. porém, valentemente rcpel·
· lidos pelos 350 hom ens de Malbins ele Albuquerque que , aMm de
PEQUENA HISTOIUA DO llRA~lL .
_apr isionar rm 1 :,, m::~ taram 400, entre o. qu aes o p roprlo Rembach
que, ferido, veio a morrer pouco depo1s .
Foi lO"O po rém , rem edi ad o css·~ in succcsso d os h oll a ndezes.
pois o sub~ tÚ u to de H.cm bn h - uja d i r ~cçii o fo i aQ enas de 16
dias - Si gis mundo van Sc b koppc, graças a 1n fo nnaçocs de Cala-
bar tom o u o fo rte dos Tres He is i\la ~os , n o Rio G1·ande do Nor'le .
'Saqu·cou em seg uida Sigism und o a il ha de lla maracá, a pode-
rou-s e elo ·a bo San to Ar;!Os lin h o c s ubmet teu a P a r a hyba .
Po r essa · p o a ch ega va de Po r tuga I um:~ esq ua dr_::~ sob o
comman do de Fra n cisco de Vasco n ·ell d a Cu nh a, qu e v1nha -em
soccorro dos po rtu gu ezes . Na ::~l tura , po1·ém, da P::~ rahyba, foi
essa esqu:ulra bali cla pcl os h olla nd zes.
Ve ndo i\la l11ias de Albuquer qu e qu e a me lhor solução era a
retirada, r e olv u, em 3 de J ulho de l G:;o, segu ir para. Alagoas
acom panh ado de cer ca d e 8.000
pessoas.
Ao chega r a P o rto Cai \' O
SebasUão do Souto, fin gind o CJU C
lambe m se h av ia p assa do p :: r a. o exer-
cito h olla n dcz, foi ter com o c h efe
Alexand r e Pi ca re! c con\· c n c·~ u-o de
qu e devia a taca.r i\lath ias d e Al bu-
querqu e, poi s as fo r ç·as des te n ão ch e-
gavam a 200 h om ens.
Acre dita ndo o c h efe h oll::ln cl cz
n as falsas info rma ções qu·c lhe p res-
tá ra Sebas ti ão, deu com ba te aos po r-
tu guezes co m uma for ça <lc 200
hom ens en tr e os qua es se c nco ntraYa
Calabar .
Vencidos os hollandczc , C n l a b ::~ r
foi enforcado como traid o r, se ndo
rlcpois esquart eja do e expos to em João Mauricio do Nassó.o
post·es á curiosid ade publi ca, no dia
22 de Julho de 1635.
Nno foi, po1·ém, Cal ab ar um tra idor, poi s, brasileiro, tanto
fazia op ta r p elo jugo h espan h ol o u p o rluguez como pelo jugo
hollnndcz .
. Co~w cn _id o el e qu e es te scr i~ s_u p crior aos ou tros, preferiu-o .
. F01 cn t ~o -c n ca r.r c ~aclo d a 1111 sao de vir ao. Brasil, D . Luiz de
flo]ns y 13ol'ja, qu e a fren te d e 1 . 700 h omens d esembarcou em 29
'de Novembro de 1635. em Alagôas. '
p. Luiz, qu e 'dnh a substituir latl1ias ele N huqn erquc na di-
rccca.o da gu·~ IT a co ntra os h olla nd czes, t razia ordens para que
Math1as de. Albuqu erque r?grcssa s .c á Hcspa nha, 0 qu e elle fez.
. Assumiu cntao D. Lmz de Ro.ias y Borja a. offcnsiva contra os
hqllnndezes que o derrotaram na batalha da Malta Redonda.
46 . VEIGA CABP.AL
Substituiu-o eutão Giovnno Vicenzo S"nfelice con de "de
Bagnuo_Jo que iniciou um a sene de gucrnlhas quando 'a companh1a
da:; ln<lla:; t>cc1de ntacs resolv e u uow-ear um governador para o
Brasil hoi.Jandez. i
,, l{ecalllu a nom eação n o prin c ipe J oi"io Mauri c io con de de ,~
.,assao·.~I egen qu e do cargo tomo u posse, cru :.!il d e J auc1ro -de
ltiil7, s·egu1ndo pouco depo1s para P o no Calvo c te nd o occas~<io de
travar comJ)atc, na Uarra lirunLic, com a toi·ças d e UagnuoJo, então 1
s.ob o comma1H10 do ten ent e-co r o nel Al o o:so Aimencz de J\Jnuron. }
A batalha, conllecida pelo n ome d e Comc odallllbn, !oi renhida '
e neUa s·e d estaco u sobrctutlo a· a c çao h ero1 ca llo pc ruamJ) ucauo .
H ennque D1as, qu e, tcn tlo o pu 1so varado p o r uma bala, mandou
que lhe fizessem immect1atamen.~ a :1llliJUt a.,:ao aa mao c de novo 1.
v01.totl á luc ta dil:end o : ·· Uas ta-me um a mao para s ··n·it· ao meu 1
Deus e a meu Hei : cad:-~ um d os d ed os d es ta Llu e me flc:J, me for- ,•
necerá os meios de m e VInga r ." 1
ilag nuolo, covarde m ente, fu gi u ab. ndon :wdo durante a noite
Porto Calvo. Com a sua fuga r c llro u-s e tamb m a tropa jJOr tugu eza
para a Bahia, ficandu a ss im Nassúo se nh or daqu c lla r egião até o
rio Sã o Francisco, em cuja fóz fez erguer o forte l\'lauricw .
Em lti3~ chegava ao Bras il D. F er n nndo el e Mascarenhas ,
conde da Torre, que vmha :~ssum ir a clir·ecçiiu elo Brasil, na
quqlidactc de 17" govcrnallor ge r al, em subs tituição ao que aLJ.u i se
acl)wva, P edro da Silva, cog nominado O Duro.
' '\) conde da Torre veio com u m:~ esqu ;ldra de 26 galeões, 1()
transportes c 2. 400 p-eças de ar tilh a ria. ~
.Na altura da ponta das Pedras, d eu o co nd e ela Torr e, em ,12,
de J aneiro de lti4U, combate aos l100.andeze>s, qu e sahiram victo-
riosos, má o grado terem perdido s·eu c he fe \V Jll em CorneJiszoon ,
snbstiluido ,peJo vice-alm i r:~n te J acob Huygllcns, n quem cou be a
victoria ..
.Encorajado pelo successo, a companhi a das In clias Occidentaes 1
enviou a Nassáo uma esquadr a de 27 navios com 1. 200 hom ens, 1
.para qu·e fôssc tentada a tomada c\:1 c idade do Sa lvador . I
Como : tivess e o conde dn Torre perdido os quatro comLates
travados c-om os h ollandezes, foi chamado ~~ Portu gal, onde o
encarcer aram na torre de S . Juli ão .
Chegou d-epois ao Brasil, o novo governado r D. Jo rge de Mas-
carenhas, marqucz de Montalvão, clmante cujo governo teve Jogar,
em Portugal, a grande r evolu ção libertadora de 1' d e Dezembro de
1640, pela qual s·c viu este paiz livre do jugo h cspnnhol, subindo
ao throno D . João IV.
CAP IT LO X

O Brasil volta ao dominio portuguez. Fim da se-


gunda invasão hollandeza

Com a r es tauraç-ão de P o 1·tuoa l, em 1 ele Deze mbro de 16-10.


voltou o Bras· : ao d om íni o porlugu ez .
Chegada a qu i a n oticia d e qu e P o rtu gal c h a Yi a libertado do
jugo h espanhol, c subid o ao lh ro no D . J oão IV, deram-se vario s
aconl·ecime nl os , prin c ipnlm enle em S. Vi cen te, o nd e o povo pre-
tend eu n ão ncce it nr o novo monnrclla como r ei. qu ere ndo nntes
elc<Jer um r ei propri o . I cca h iu a es col ha na p e sô::1 de Amador
Buen o da Rib eirn . Nego u-se es te , ·p orém, te rm in a nt em en te a acce i-
tar o sc-cp tro , c como o iiJOVO in.sislissc, Am a dor Bueno fu g iu d e
casa com dcst i n o ao l\los tci r o d e S . 13en lo, o nd e c conserYon, até
que o povo mais r e fl ectid a mente, acabnssc por acclamar D . J oão IV,
como legitim o r ei, o qu e se v eio a v· rifi cnr de nt ro em p o uco.
Durante o traj-ec to da sua rasa p a r a o :tvlos te iro, algum as
pessôas seguira m-n o aos gri tos d e "Vi va nosso r ei A.m ador
Bueno!", ao qu e ct' c re pond cu: " Viva D . .João n , n osso rei e
senhor, p elo qrwl dw·ei a vida !"
D . João IV, como o marq u ez d e l\tontal vão, c n\i o go ve rn a dor
geral do Brasil, p a recess-e ind eciso em o re co nh ecer co mo r e i, man-
. dou prencl el-o. sendo o go Ye rno d o Bra s il entr eg ue, iute rinam en tc,
a uma juJ!Ia até a ch ega da el e Antoni o T cll cs ela Silva. n om e ado
por D . João TV, 19• go v·crnndor .
; D evi a poi s es tar te rminado o pretex to das inYasões holl a nde-
zas, pois esta s e r a m fe itas mercê ·d as rivalid:Hlcs entre a H es.pa nba
e a Hollanda, e, por cons-eguinte, volt a ndo o BrasiJ ao clominio
portuguez, d evinm as mesmas cessa r . Tal poré m não se d eu. D epois
da acclamação el e D . Joiio IV, em 1640, isto é, j:\ es ta ndo o Brasil
'sob o domínio portugu ez, co ntinuaram as invasões bollandezas .
Nassúo, qu e governava Pemambuco d-esde 1637, só se retirou
em 1644. -
Apesar de um tratado de tregoas, então assignado por dez
annos, a lucia continuou.
4X VEIGA CABRAL

No faran h iio os h abitante•. niio m a i roctc n do ~unpo rl:ll' as


con tin ua~ v iolencia 'd os hoiJanrl czrs. r evoltr~rnm-s-e, fl' nrlo fi frente
l'\nton io . Juniz Biln c i ro~ . que tomo u. :10~ inva sorrs. o forte do Cal-
1'f! ri o rl P Ttapir!•r ú. cn tfío em porler rl ell rs.
R r~tid os em vnrios ront o~ d o illnranhiio. rl'l ir arnm-~e os hol-
randezes. Pil l"rt o Cenr!1. c em scgu id n, P:ll'rl o R io í. ranrlc rio orte .
F oi rntão nom~a do governado r !(el·a l rio 1 !a l'tlllh iio. André
Vidnl clr Negre i1·o~. que · h avi :~ vindo ri r P orln!!:11 co111 T cJJcs dA
S ilva e a O II CI11 c .~ t :1 va JHOm c lt irlo, po r n . .Tono 1 r. aq u cl c go-
ve r no. CflHHHio os h o l l:ln rl cz·r~ nh nn clonn ssl'111 n(]U t' l lc pe cla o do
nosso ! erritor·io .
Comc ro n cn tfío 11 111 :1 rcvo lt i! c h am:1 rln i n surre iriio pernam-
bu c ano. twecncln po1· n rlré ' irl nl rle Nc(!rci!·os. c ouc tin hn por
fim :1 'cl e fin i t i,·:~ ·I' ·ntllsiío elos holl nn rl czcs el o tc rrilori o bras ileiro .
A André ' 7 icl a l <le 'c!!rl' iros r rnn in-sc Joii o F crnnnrle VieirA
o u e ve i o a c tornar o chde. e ma is o utros. e nt1 n os qu al's Antoni o
Di:1s Cnrdoso. o i nrlio Camnrii o. o preto H en ri q u e Di , s, João
Rarbalh o c • fnrl im Soares lo r eno.
Tn iri:1rl n a lu c ia. os i r> rl, pc ndrllf f's - romo rrnm c lles cham a-
d os - em nu mc1·o rl c 1 . 000. d c rrotnrn m os 1'00 ho ll a nd ezcs que
es tavam sob o commnnrlo rio coronrl H rn rlri ck v a n H anss, em :i
d e Agos to el e 1ô45, n n h a tnlh a el o l\lon l·l' rins T a b ocas. I
D Pnnis rl essa victorin d os inrlc.pc nrl cn tes, o a lmirant holla n- 1
d ez Li c ht nr rl d es tr uiu com a sun c. quadra, crn T nman rl nré. a (
fro ln p ortu aue za flllr a li s·e nr h nva soh o r o mm a n rlo el e .Teronv mo
Scrriio el e P n h ·n. emqunnt o o coronel H cnclrick nn H a u~ ~ . rom as J
.<n ns tronns ri Yas t nva ns h a bit arõcs. raptan do m uit ns mul h e res I
ri os ind cnendr nl cs .
l\fnr r h n1·nm estes e n tiio p a r n o ·e n!!rnho d e 'With ou Cas:1 Fol'te.
onde ti nh nm os ltoll nnd ezcs es tnbc leci clo o cu qu artel ge nera l. I
Ahi r e p cllir nm os inva so res o primei r o a lnque el os ind e pen- ,
ci en tes. mas rrC' e iando a m1 sor te. ta l o furor d e tcs, r e olYc.ram
f:'xpor na jancll as as mulh c r c qu·c hnvi am raptado .
Nfío s urtiu norém c s n medi da o c ffeito cl cscjaclo pelos h ollan f
rl czrs, pois os indcprnde n t s n ão se rl-etiv eram : in e ndiarnm 0'3 •
edi fícios e comccn1·am a mat nn ça, o qu e fez com qu e o inim igll
nrvo1·assc n bnn rlci ril d :1 pnz, apparecr ndo o proprio H e ndri ck van
H auss num n ian-cll a. rl cahe a d rscohrrla , t rs temunho rl e que
rstavn p1·ompto n cnp itulnr .
Ve n cedores. toma r am os in d e p e ndent e em senuicla a forta-
leza rle Nazat·elh , c, depois Olindil .
Mais tnrdc tom a r am os fo rt es d e Porl o Calvo -e Ma uri c io.
Di as rlc noi s rcnrl cu-se o fo rte h oll anrlez d e S er g ipe rl'EI-Re!
Mand o u e nt:Jo a H oll nncl a umn esqu adra ommnn cl ncla pelo gem:.
r nl Sigismund o vnn ~ chkoppe que c h egou a Reci fe em 1 de Agostc.
~c 1646. scn c~ o hal1do; co nseguiu n o a nn o seg u int e, occ upar l.
1lhn d e lta pn rt c~ , _n a e ntraria d a bnhia de T odos os Snntos .
U m11 cxpcclt.çno pnra ali mil nd adn sob 0 commn ndo d e Frar.'
cisco R eb cllo fo1 ba!1dn, morre ndo 0 ch e fe R eb e llo .
PEQUENA 'HTSTORl A DO BR A lL 49

Pouco dep ois sabia-se oue· a Holl a ncl a premcrli la " a <'n v iaT'
ao 13rosi l u m a ou ra cso u aclr~1 . .T!I en tã o h avin D . J oão TV n ome::~ do
o ::!en er nl F ran c isco Barr e to rl c :\!c n ezes Mes tre d e Camp o Gen eral
do Estad o d o Brnsil .
Com n in cumb en c in rl e dc f-e nclcr a Ba h ia p a rtiu BarT to de
Menezes. d e L isboa.
A H oll:mdn ,·eclnmou e nt ã o d e Po r t ugal a ex ecudio elo tra-
tAdo d e paz e por is to n . Jo ão TV ordenou aos independentes qnc
c c . assem ns hos tilidades, ordem qu e os p cr nn m buca nos mu ito
di gnament e n ão e ump rirnm, respond endo que " d epo is qu e .·pul-
sassem ns i nv nso res i r i nm r eceh r o cns ti go da su a d:cs-
obedi e nc ia" .
D . .T oiío TV t·esolveu p a r a dar sa is facões f1 Hol l nn d:-~. d e-
mitt ir T-ri les da Sil Yn elo ::!Ovemo do Brasil . nomeando pa r n suh ti-
tuil -o a 1 n ton io T ell cs de M•cn rz r . que. na qualid a de d e 20• govcr-
na'dOT·. emb:~r co u Dnra o B rasi l, toman do possr do governo
Barrr lo clr Me nezes, ou ~ . como vim os . fô r a mnn cl arlo por
n . J oão 1\ n rl e fenrl er a Bnhi n. no pnssa r i r ins oslas d :, P a rahv h a
foi :-~pri si on:-~rlo p elos h o lla ncl ezcs, qu e, em h ora não 11. p-1' il as scnl
rlo mo ti vo ren l q ue o t razia a o Rra il , m nn tiv-e r am-no p r eso du -
' an te n ovr m ezes. d ep ois dos mHlrs. mcr ê rl a !'rnrt'osirL rl e d e um
moro h olbnd cz. Fra nc isco ele Br nl, eonseaui u a l i er rlarle cl.
:1 rrostando i nnumer:1s diffi r u lclades, conseguiu c h egn r :1 0 a c ::~m -
am"nto cl r .Toiio Ferna ndes Vi e irn .
Nfoo va illou es tr rm en t rega r o comma n rl n 0,u-c a té rn t iio cxer-
cin ;:~o r ecem-c h e a:-~rl o. d nnclo :1 ssim ,provns do . cu qra n rl c v alo r
mora l . Barre to cl i\le n ncs por sua vrz. ten no ·em conta a a ç ão d e
Vi ira. ouvia-lh e os consrl h os c por cllrs se !! Ui :~ va .
o dia 19 c e b r il el e 1!\4R, os ind ep n d r ntes em n u mrro rl c
2 . 400 cl crro t a r r~m os h oll a n dcz s em nu mer o ri r •l . 500 nos mo ntr s
Gunrarapcs .
No a nno scquin te. em 19 de F eveN'i ro d r 1649, 4 . 200 h oll:\n-
rlezes sob o comman clo elo coron 1 Van cl c n Brin ck c, succ ssor el e
Schko ppc, qu e a inda es tava cnf rmo , em con egucn cia elos feri-
rr.en tos r ecebid os n a p e rn a, n o comba te d o ::~ n n o nn tcri or, em qu e
fôra ell e o commandan t . a taca r am os inder>cn d enles em numero
rl c 2 . 000. a i nrl n nos montes Guararancs, scnrlo mnis u m a v ez
rferro tados por Fra n c isco Ba rr eto de Men ezes, ·p e r cl nclo os h oJ.
lande zes o s eu c h efe Van d en Brin ck c.
No anno srguinte . ch egava ao Bra il o novo goY-ernacl o r .J oão
Rodrigt! cs d e V::~ sco n ccll os c Souza, qu e , como 21• gover n a dor
v inhn snh tituir T ell cs r1 !cn zes . ·
Fund ou- e e nt iio 11 Compan !Jia d n Comm cr cio d o Brasil para
fazer guer ra á r:omrw n.J!in das Tndias O cc idenlaes . Essa c oiu-
panhin fi cava obT·i gada n mand a r· annualm c ntc ao Brasil duas
rsqundras p ara comboi a r os nn v io. merca nt-es impedindo a sim o
11taqne d os h oll a nd ezes nn tr:-~ vess ia . '
Em D eze mbro dr 1653 roi env i nrl::~ ao Brasil nmn csquadrn
comm:mrladn por P e dro .Tacqnes d e Magalhã es, que teve occ11siiio
50 VELGA CABRA!.

de bloquear os holland e zes p or mar, c mq u n nto Vi eira â tacava o


forte elas Salinas e dou s dia s d e pois o el e All:~nn r . t e n do am bos se
rendido.
Sigismun do van S c hko pp e n iJancl o no u e nl:1o o fort es da Bar-
Nlta e de S. J o r ge, ind o !'O n cc ntrar a s uas fo rç·:~s em R ecife.·
Vendo-s e pot·ém os ho ll a nd ezes p e rdidos, r esolve r:Jm capi-
tular, enviando um emissa rio a o general Ban--c lo d e Me n ezes, pe-
dindo a nomea ção d-e co mmis s:~ r i os q ue cs l<~b c l cccssem os ::1rtigos
da capitulação. R eunirnm- se es te n o d in 24 d e J n n e iro d e 1654 c,
dous dias d epo is, e m 2G, ass ig n ou S igism un do a c:Jpilula ç::to, c hu-
matla do T abo rda, qu e e r a o nom e ll:l praçn fr o nl e i ·a ao fort e das
Cinco Pontas, onde se d-e u o rac lo .
Por essa capi tula çã o o i.Jt·iga Yam-::.. e os h o ltande.r.es a e nt r egar
a ci'dadc c toda s as .pra ç a s qu e ainda occ upnva m n o llr:lsil.
No dia s eguinte , tomou Joã o l·erna n dcs Vi ci rn posse da ci-
' , dad e, em nom e d e D . J o:1o l V, r e i de 1P o rtu ga l . .
O definitiv o tratado d e paz com a Il o llanda ó fo i , co m lndo,
assignad o, em 16 de Agosto d e 1661, n a ci dade de H aya.
• Por esse tra t a do ob teve a Hull a nd a, e ntr e o utra s ' 'a nt agc ns, , a
indemniz ação d e 4 . 000 . 000 d e c r uzados ( · ) e a r es t itu iç:io da :sua ·'
rtrlilltaria .
fEsse pagame nto de ,·c r i::t ser e ffec tu ado dlCD tro do pr:~zo d e 16
annos, e para elle co n c orre u o llrasi I c om 1 . 920 .000 c ruzados,
pagos á razão de 120 . 000 p or anno, dur:~nt c o l·empo eslip ulaclo.
E assim terminou n segunda c ultim a itl\' asão d os h o ll rllldcze~
no Brasil. .•

(•' Correspon dendo o valo.r do cruzado a 480 réis, temo11 um total


1.920:000SOOO.
CAPJT lJ LO XI

Luctas entre jesuitas e colonos. Revolta de Beckman

Tend o o~ jesuítas se estnhc lccido no M a r a nh ~io no m ·ia do do


scculo XVJI, colll cçaram as questões e ntre elles c os C<?lo nos por
.;:ausa do ca pti veiro d os in dios qu e os colonos qu er w 111 lev,:la;
avante, sem r esp eitar a l ei, que apenns pcrmitti a a esc r a~ i~ão .do
índio feito prision-eiro em guerra, ou corno resga te do pns ionc iro
i já condemo a clo ú morte.
Os colon os, po r ém, des r es peitav nm a lei, qu er end o tornar
geral a escrav idão do in di o .
Foi contra isso que se levan taram os jesuít as, a fa YOI' dos
quaes veio a lei de lü52, pr ohi bin do lermi n:mt cmcn tc a escravi-
dão, c con sidera ndo tod os os in d ige n n libert os.
Colonos d o Pará c :\l ar:~ nh iio, indign ados com essa medida,
rcvolfaram-sc, en vian do a Li sbôa rcpi'C ·ent nntcs ,par a se e ntender
com o governo de E l-Hei D. J oão l V.
Po1· cssn época, cb cgava ao Mar a nh ão, o padr e Ant oni o Vi eira
que com o seu grand e pres ti gio junto ú Côrtc, estava disposto a se i'
a s-entinella avan çad a d os indí genas opprimidos .
Difficil era, porém, a situação d e Vieira, máo grad o contar
com o apoio do . governa dor d o Maranllão, André Vida! d e ~e­
grciros, pois todos, excepção feita elos jesuítas, eram s enhores de
escravos.
Mais difficil ainda tornou-se a situação ele Vieira quando
morreu o rei D . .Jeião IV, c Viela! d e Negreiros deixou o seu antigo
posto.
Os colonos que até então ainda tinham uma certa reserva nas
st~a~ a~ções, pois sa~iam do 1:eal .prestigio qu-e gosava Antonio
V1e1ra JUnto a D. Joao IV, dispuseram-s-e á lucta enviando uma ·
carta a Vieira n.a qual er a m salientadas as vantagens da escra-
vidão . ·
Con~ra~io ~ taes ideias,. foi Vieira preso e banido, assim como
os demais Je&Ullns, que mais tarde conseguiram ainda outra lei,
VEIGA CABRAL

dando lí be1·dRdc aos índios c es ta be lecend o um ca tigo p ura os


q ue os esc r a vis assem.
Comm ei'cio do _Mru·w1hão, com o m ou opol io d e ex por tação e im-
portaçao e obn ga u a a tr aze1· annua lm enk ao .Uras tl 5UU escr a vos
<! vendei-os a o preço d e lUU:.;UUU cada um .
P:u:ecia qu e ina _fic ar ass im 1·es o lvido o ass u mp to, po i iam o:.
D o1s a n nos d ep u1s, -em l üo 2, fo1 fu n d a da a Gu lllfJWt ll w ele
colon o a fin al con tar com b raços p ara suas Ja ,·o uras.
Tal não s-e d e u, po r é m, po1s a compan h ia logo no anno se-
gui nte d eixou d e c u mpri r aqu cl la c la usula .
Resol veram e ntão os c olOn os faz er a r e vo lução, q ue é na l li s-
tori a o nhcci d a p e lo n ome d e U cuo lta d e Beckm[IJ1 , por ca usa d o
p rincipal c h ef-e d a m ·1na - :\la noel Bcc k ma n.
R eunidos os colon os scc r elam ênt c m caso d es te, flco u co m-
bin ada a r evo lta .
No d ia ~ -1 d e F ve r ci r o d e 16 4, sex ta-feira d e pas os, llla n 0 1
Dcclon a n ú !ren te de m a 1s d e 60 c u m p li •::, :-~ppar ceu na c1dadc
de S. Lu iz, -cx a lam e nt e qu a n do s r ea lJW\':1 um a p roc issão r e -
lig ios a, noctu rna, m q u e em condu zida do Carmo p a r a a igreja
da ~li e r ícor di a u ma imag n1 d o ·cn ho r dos Pas ·os .
Ap ro ve ita nd o <ls!> iln a pre c nça de g r and e mas a po pu lar,
Manoe l Beclun an fez um v1 1J ra n te d i~ u · o, protcs tnn uo o n tra o
o d i oso Jno no p o lío d a c om pa n hi a con tn 1 a l eis faYo rnv eís aos
índios, cuja p ro tcc ç ão v o r pul'le d o je ui i:Js era a líús o qu e m a is
os irritava .
Prc n d c r :l m e nt ão o r e vo ltosos o go v r nad o r inter in o Bal-
th azar Fern an d es c c on l ituí ra n u ma jun ta co m repn: u ta n tes,
do is de cad a classe : c ler o, n obreza c p o vo. E::, :1 j un ta del: r e to u
im mecl í:J ia m nt e a a boli ção el o mon opol10, a ·xpu lsào uos jes uilas
c a d e pos içã o d as a nti gas a ulor i d :~d c s, m e d idas q ue to d a a p o p ula-
ção ::;a n c cio no n e nthu s í a sti c~un-c nt e, s n d o fc l eja tias p or um so-
l n1 ne 1 e-lJ etllll n a Ca th edral .
i\la n da r am ent ã o os r evoltosos d iversos c mi ~sn ri os a Lis i.Jôa
r ece ber oru ns, c outros a Belém a fi m d e con Pg u ir a a d hcsão
dos p a r aenses, o qu e :~l i á s nã o se v r i ficou.
No Pará cs la v :-~ o gove rn a d o r do Ma n tn hão, F ra nc isco de Sá
c Men-ezes, qu e rec ebe nd o os e m issa rios p rom e tt eu-l bes aboli r a
Companhia assim como dar-lhes amnisti a COlll pl c ta, h on rn s e em-
pr egos c tJ.. 000 cruza dos no caso d e de po r m as a r mas .
Não a cceitarant .p orém os r evolto os o q ue lh es p r opunh:J o
gove rn a d or .
Em qu a nto isto, Por tugal o rga n isava um a ex pe di ção para vir
ao Bras il s ubme ller os r ebe ld es, c, em Ma io d e 1Gl\ 5 c h ego u ao
1\'lat:anhà o Gomes Freire de Andrade, novo governa d or, n quem
cabta r C's labe lecer a ordem.
H ent ão o ,proprio povo es tava aborrecido com a sit uação
dominante, t end o sido poi s facil a s ubmi ssão dos am o tinados .
Gomes Fr-eire de Andrade assumiu o "Ov erno, mandou que
'as força s tom assem ronta dos fort es e m~ndon prend er os prin-
PEQ UE A HlSTOl-t iA DO BHASI L 53

cipaês cabeças da r evo lt a, med idas essa que receber am logo a


adilesão do proprio povo.
Aun ull ou os aclos da ju n ta dos tr cs esl:..dos (cl-e ro, nobreza c
povo) , restabeleceu o jeHu las c a compun bia e organizou uar
tribunal cx lraordin ario qu e julgou os cul pauos.
Desses, !oram condcmnados á m orte l\'lanoel 13eck ma n, Tho-
maz Beckman, J org·c Samp a io c Francisco Di a de E iró, tendo os
outros sido conucntnad os ao banim ento ou á p risã .
Thomaz Ucckman teve dcpoi a sua p ena m uc!ada c F t·a n-
cisco Dias d e E iró foi deca p itad o em cslalua p or l r fugido . De
m anei ra q ue, dos qua tro a p r incipio condemnudos, s ó i\luno-el
Bcckman c Jorge Sam paio foram enforcados na praça cniüo d e::-
nom inada do Arm ~·-·.c m , p roferind o i\l anoel 13eckm a n p or essa
occnsiào a scguinl s p a lavras: " M orro conlenle p elo p ov o do
MuraJl.hão /"
O· p roprio i\lanoel Bcckma n andou a principio foragido, r efu.
ginndo-se no se u enge nho do rio í\learim, onde onseg uiu ch ega r
merce da pro tecção de uma vim·a q u-e lh e forne ceu uma canôa .
Teudo, porém, Gom es F rei r e d e An rtradc promcllido a p a-
ten te de capitão na companhia d as or dcnnnças d a noiJrcza áq uclle
que d-esco b r isse i\la noel Beckman, o afilhado d es te, Lazaro de
MeUo, em companhia d e alguns cravo diri giu- e ao engen h o do
Mearirn ond e foi Bcckm an preso .
Recebe u Lazaro de Mello o t1tulo am bi cionado, pad rão da sua
infamia .
Qua ndo ia, p or ;m, a toma r posse do cargo, o solda dos in-
dignados com a s ua trai ção r cusnram-sc a obed ecer- lhe. Appel·
)ando para o governador, r c p on de u-lbe e.;te qu e h av ia apen as
promettido o p osto d e capitão, ma n ão se cumprom ett ra a fazer
com que os sold a do o r cspcitn sscm . U ' nfame qu e po r ambição
não se envergonh ara de d enun ciar o seu propr io p ro tcctor, foi
então tra bnlhar numa engcn b ocn c alg um t empo d ep ois pagou a
sua traição corn a viol ula mor te qu e teve ga rrolc a do numa
moenda. ·
.Morto lnn ocl Beckma n for am os seus b ens confisca dos, tendo,
porém, Gomes Freir e d e Andr11 d e lido o nltruistico gesto de arre-
matai-os em hasta publi ca, r estituindo-os á viuva e ás duas filhas
solteiras do in feliz r evoluciona rio.

..
CAPITULO XII

Guerra dos Palmares

Não tendo os portuguezes pod ido le,•ar :lY:1nte a ·scravidão


dos iHdios, voltaram as s uas vistas pa ra os negr os :1fr icn n os que
procurantm trazer par a o Bra il. indo busca i-os ú su:1 p:1tria.
AliFando-se :1 es ·a indigna enlp t·cza. o. portu guezes, que con-
tavam com o infam e bene.p lac ito da corôa ele sua p ntria, amo n-
toavnm os pobres n eg ros no infectas po r ões dos n:-~ ,· i os ·e os mar-
cavam ·c om ferro e m brasa a ntes de emba r car. Aq ui c h ega vam as
viclimas dessn h ediond ez parn trnbalhnr nns dive r sns lavouras,
sobre cll ns se fund nnd o pois a nossa riqu·ezn, uma vez que taes
escravos e r nm os uni cos em pregados nos traba lhos ngr icolas .
... As infeli zes vic lim ns do a rbitri o e da cobi çn negrn trocnm-
se pelas mi:;sangas d e vidro, pelo panno da Costa riscado, princi-
palin c nte p-e la cachaça c p los faciics d e :1 o, e tu do era est rume
que d'ahi a pouco h ~1vi a de multiplic at· a colheit a proxima . Os
orgãos desse trafico s:io os Fu nid ores; ús vezes lh es clfio o lugubre
appellido de Tumbcir os porqu e fr c(jn-e nte me•il e mais carregam
·cad:wcres por seres vivos.
São os Tumb ciros que de pres idia n presidia levam o bando
de cscrnvos, qu·e por sordidez vão nns. c marc:~ <los a ferro em
,.,,bo, parn o caso de fug n; ajoujnm-os p elo pescoço
~ 0 libambo, em . caso de rebeldi a . 1\luitos dos
: t:n nçados, su ccumh cm na dolorosn marcha
uc a a ll cgnç:üo da n1 ol cs tia pnra o lumbciro
1ha ou mentira.
1os . A corô:1 por tu g ucza cobra por cada
~ ruzados e meio . No nnvio amonto.am-se
.10 porão . D-e dia· sobem á coberta para
.•e cada. vez uma porção de negros, e logo
. -·v escuro, onde são gunrdados c vigiados.
. _ sao ordenados em vista da hygi·ene c interesse
privado. No parao a mortalidade é grande· na coberta o risco de
·
-.e r dcs· os que se ahrariam ao mar, é maior.' '
VL::v LJ t;; NA t-1 JSTOIUA DO GHAS!L

Por isto instituem essas dan ças lugulJr cs para arej:u a caruiya
0 dist-end er-lhes os m embros qu e o tor por c a melancbloha
paralysam .. .
A esse duro tra to escapam as mulhc1·es c c1·ia nça s qu e por
não inspira r em sus p cit:1, viaj am na cobert a c por i ·so é dessas
menor a mortandad e.
A bor do, a lucta e pelo ar, pelo -espaç·o, p ela al imentaçi\o que
é nulla c cor rompida pe los dejeclos.
Amontoados Lins qu asi sobre ou tros, sem a luz solar, sem rou-
pas, sem o mais mesquinh o co nforto, é maravi lha qu e escapem ú
morte.
Uma molcstia ex !.ra nh a, que é a saud ade da pat ri a, uma espe-
cie d.c lou cur a nostalgi ca ou suic ídio for ça do. o banzo, dizima-os
p ela in nni ção c fas ti o, ou os torna ap:1thi cos e idio tas . Em
todos os ca rr egamentos de escr a vos, n a estrei ta lran~ ssi a do
Atlantico ent re a Africa c o Brasi l, a mort-e co bra u m illlpo's io,
excessivo ." ( · ) .
Qu an do porém fo i o Brasil saccu dido pelas invasões h ol lan-
dez as, aprove ita n do a conf usão natura lmen te estal.Jelccida, mu itos
escravos fu g iram de seu s s-e nh ores indo e agrupar nas fnld as da
serra ela Barriga, no E stado . d e Alagôas.
O nu me ro de fu gitivos d entro em pouco era grande, h aYendo
cêrca el o 2(). 000 que fonnara111 então uma espec ie de r epublica
conheci'da pelo nom e d-e Qui lombos ou Pa lma r es em r azão da
grande abunclan c ia de palm eiras ex istentes no local. Den tre esses
n egros, um , o Zumbi, er a o c hei'· da aggrcm i ação.
Con stituin do esse ag ru pamento serio p er igo pa1·a os co lonos,
pois os negros consta n tement e commc tti am gra nd es d e pred açõ-es
em suas faze nd as, r eso lve u o govern a dor geral Fran c isco Barreto
de M·enezes 1nan clar um a exped ição p ara ba tel-os.
Os n egr os p or ém derrot a ram essa exp edi ção bem como as que
se seguiram successivamente em num ero d e v int·c c quatro. Os
chaJilados Captlcics do tllallo n omeados p or aqu cllc gove rna·ct01·
e p elos seis qu·e se seg u iram pa r a per seguir os n egros por tocl·os
os meios qu e l hes es ti vessem ao alcance. nada conseguiram
até 1687. . o:.:E :.tl
Nesse ann o porém, um co r ajoso sertan ejo pau li s ta, Domingos
Jorge V-elho, mestre de ca mpo d' um r egimento es tacionado no
sertão da Bahi a, ofl'er ccen os seus serviços ao go verno dizendo-se
promplo a ba ter os .palma res, exigindo, p orém, que lhe déssem as
t-erras conquis tadas, bem como direito a fi car com os escravos
que aprisionasse.
Acceila ndo o governo a proposta, dirigiu-se então Domingos
Jorge Vell.!o á fr ente de 7 . 000 homens para a serra da Ban•.iga,
afim d-e da r coml.Jate aos negros.
Reagiram estes valen temente, lrava n clo-se uma lucia sem tre-
guas que durou l(J annos, desde 1GS7 a té -1G97, anno em qtie o
( 0 ) Joii.o Ribeiro - Histor!a do Bra»il.
VEIGA CABRAL
&ertan-ejo paulista conseguiu derrota1· comple tamen te os pa/mare~r,
embora n iio ti vesse o prazer d e ap r is ionar os escravos, pois os
que h aviam escapado :í lucia p r eferiram a tira r-se de um des-
penhadeiro do qu e cah ir nas mão. dos s·eus antigos a lgozes .
Zumby, o chefe, •foi a tr aiçoaJo po r um va liuo que o ma tou.
cortnndo-lhe depois a ca beça .
Vncidos os palm are~ re!l liza1·:1m- se fesl;1s em regozijo, con-
corridos Te-D eums e so lemn es di triuui ções de dinb·ciro :10 povo
pelo proprio govern ado r em seu p alacio .
Gov cmav:1 ent ão o Bras il D . J o :~ o de Lcn cns trc .

I
I

I '
CAPIT GLü XIII

Rivalidades entre Brasileiros e Portug·uezes. Guerras


civis: Emboabas e Mascates

As rivalidad es en tre Brasile iros c Portuguezcs d-eram motivos


ás gucnas civis qu e, de 1 70G a 1714, aJ:Ja laram respectivame nte
Minas Geracs c f ~mamb u co, e ·on hecid as na Histo1·ia p elos nomes
de Emboabas e !~la cales .

Guerra dos emboabas - Rebentou a gu erra dos emboabas


no auno de 1 706, em Minas Geracs, motivada p-elas descobertas de
minas de ouro, ent ão r ealizao as pelos paul1stas. Govel1nava ;o
Brasil n esse tem po D. Luiz Cezar ele Menezes .
Os portugu·ezes, ambiciosos po r essas descobertas, accorriam
sempre aos Jogares explorados pelos paulistas que iro'1icamente os
denomina vam em boabas, q ue quer dizer perni-ca lçados, do nome
d'lima, ave indígena qu-e tem as pernas e os pés cobertos de pennas
até as unhas . l slo porque os por tuguezes não largavam as meias
nem os sapatos.
A prin cipio manlinhalll paulistas c emboabas mutuo desprezo,
mas, cou1 o co1-rer dos temp os, esse desprezo s-e converteu em odio,
e, d'abi, a guerra entre elles travada.
Corren do a noti cia de qu-e os paulistas .premeditavam matar
os porlugu czcs, estes se armaram e, sob a dir ec~·ão de .Manoel Nu-
nes Vianna, marcharam para Ouro Prelo, destacando-se 1. 000
homens que, sob o commanuo d-e Amaral Coutinho seguiram para
as margeus do rio das Mortes. Ahi se travou, em fms de 1708,
violento combate no qual os paulistas, commandados por Domin-
gos tia Silva nlonteiro, p ed1ram a paz, d epondo as armas. Amaral
Coutmho d-eshonrando porém a victoria, passou todos ao fio da
espada, (uns :!OU) gesto tão indigno que os seus propnos com-
mandados reprovaram. O local em que essa infame e monstruosa
immolação foi praticada recebeu o nome de capào da Traição.
VEIGA CAHfl AL

Proclruunram en t:\o o~ portugu cz-c~ a .M:uwe l r un es '.innna


governador d as minas .
O governador do Hio, D. P ern a ucto d e L(lnc astr e foi por esse
tempo subs lit uido p or Anto n io d e Alb uq uerq ue Coelh o d e Car-
valho, o qu al p a rtin do para i\tin as cons e,s u ill a bediencia ue Nu-
nes Viann a, que r esigno u do e ncn rgo tio mando, t·c ti r :m do -sc para
as su:.u; faz e nd as d o t·io S . Fra n cis co .
.Pat·ecia tud o a cabado. O. paul i tas, p orén1, niio se pod iam
r esignar com e s e tnu mpho dos por tuguezes, e m provei to dos
quacs viram ca bir em ruínas a qu elle imm cnso pod eri o qu e era
o bra d os setLS d e brav ame nt o nos s-e r tões .
Reunid os pm·a m ais d e 1 .000 p a ulist as sob o comman do d·e
Amador Bue no d a Veiga, n: a r c ha ram clle para as mi nas, aca m-
pando triu mphnlm cnt e n o rio d as l\lor te .
Foi breve porém esse tri um ph o, pois, constnn do aos paulistas
qu-e de varios p o ntos m a r c hava m grand es fo r as em soccorro dos
emboabas, r e tirnrnm-sc, p ara não ler qu ca h ir na mi'io dos a m -
bici osos e prepolentcs foras tei r os.
:Em Novembr o d e 1709 fi co u n cap ita nia d e S. Paulo c Mi nas
Geracs inde p· nd ente d a d o Ri o ele .l a ne i ro, terminand o ahi os
successos d essa g uerra .
Continua vam, porém, de p o uca união P or tuguezcs c Brasi-
leiros, dando ass im mo ti vo a q ue r ea ppareccs en1 ns hos tilid ades
no a uno s-eguin te (] 71 O), r eprese n ta das pela guerra d os .lias cales.

Guerra dos mascates - Duro u a gu er ra do.; ma:;calcs des d e


.1710 até 1714, a bra nge ndo os goYCrno. de J> . Lou1·eu ·o de .\lmeida
e P e dro de Vasco nc e ll os e Souza .
I ~
Travou-se essa lu c ia em P e rn a m buco entr e os II ::t bit a nt-cs de
Olinda (bras ii eiros) c os d e Rec ife ( portu gu ezes) .
D e pois dn guerra ho llandeza na qua l fo i Oli n da i ncendia da,
com-eçou-se a r eco nstruc ção d es tn c id a d e, qu e nã o co nsegu iu com-
tudo o seu antigo esplend or, r a zão por qu e os h nbitantcs d e Re cife,'
inncgavelm c ntc n essa época · mai s prosp e ra do qu e a qu ella, acha-
ram qu-e não deviam perman ecer so b a ju r is di cção d a ant iga c:1p i-
tal arruinada.
Assim p ensa ndo, p e diram qu e a povoação d e Hecifc fôsse ele-
vada :'t cathegoria d e villa, o qu e c onsegui ram fin:1lm ent e e m 1710,
da côrte de Li sbôa .
. Olin·cta, então a sede do goYern o, cr n h ::~ hit ad a p elos 1Jr:1 ilci-
ros, r esidindo os p ortuguezes em Re c ife.
Com eça r :11n e ntão aquelles n tra ta r ·es tes d e rna$CO ! es po r se
entregarem os mesmos ao co mm ercio nmbulante.
Ora, co uscguinq o os P?r·tug uezes (mascat es) qu e Hecif-c fôssc
ele~ada. á_ c~ th egon a_ de vrlla, _conform e já d issl:m os, ist o ainda
ma1s vero IITitm: o an uno dostO hnd cnscs contra ell es.
. Gove rnava n ess~ tempo a cnpitania o portuguez Sebnstião tle
a..._ _ __ _ rtro Caldas, que, JUntam ente com o ouvid or Dr . Lui z de V a-
P E QUENA HISTORIA DO BR AS IL 59

Icnzuela Ortiz. foi rnc ;tr rega tl o d e d ema ,·car os limites da


nova villa.
D emar cada esta. foi erguido occ u ltam r nte, á noit·e. na praca
principal, o pelou r inho, symbol? d a aytori cl acl ~ c ela .it!stiç.a, d e
maneira que, no amnn lw ce r d o cll a s egtuntc. n cc 1f-e e r a vJila ..
Indign ados os oli nrl nses .procu raram o go,·ernador por mle r-
medio do pres idente da s un Ca mara, pa1·n prot es ta r contra. o :=~~ t o , ·
mas S-ebastião ri r Cast ro C:J ILia , lon ge d e en tr a r em c xp 1J c ac.~oet_5 ,
mandou .prend er o presid ent e e nl guns elos o lindrn ·es mn 1s
exaltados .
Exasper:1d os os olind enscs, qu e e ram e m mnior n u m er o qui! os
portugu czes, silinr·am Rec ife. i nic in n do sa nguin ole nt os com b:1les
em 11m d os q u a~'s. e m B<i:1 V i~ t a , S·el!:1 stião d e Cas tro Calcl ns r ece·
beu , d e embosça cl a. un 1 tiro qu e al iíts n ão o ma tou . fe ri ncln-o
np enas .
.D esen volveu e11lão o goY e rna d o r ter r iYc l p crs eg u ic:?io :-tos n l in-
d-enses m :mdand o-os p ren·d er n torto c a dir e ito. o qne d eu mo th·o
a seri as di verge n c ins e n lJ' el le c o bi spo D . l\la n npl A h are ~ ela
Cos ta, a (J uem compe lia subs tituir p or le i ' o govern a d or , urna ' ' C'Z
qu e ·es te, cloent r . es tava im p ossibi li ta d o dr exer cer o gover no .
O bi spo sah iu em vi agem p ela dio crse em compan hia ele um
offic.ial el e ju sti ça accusndo d e cumpli c idade n o a t t r nt ::~ do co n tr a
o govern a d or. F o r a m rn Ui o env io da s ti· o pas .pa r a p1·c ncl cl-o. ma~
o bispo r ecusou -se a rnlt·cgar o officia l, ba t{'nclo a s tropas d o
governad or .
Travou-se l'11t ão a !ne ta . Vin te mil h om c n si ti a ram R ec ife.
derrub and o ao som el e ca nti co r eli g iosos o p elour inho que era.
como di ss-e m os , o y mbolo da autor id ade. c cb j ust i('il.
Resolveu então Scbns l ifi.o d e Castro Cn ldns. :1 i ncl;~ rlc ca ma c
se m r ecursos, propô r a en t1'Cga elos pris ioneiros med ia nt e o
rlesannnm ent o d os r ebeldes .
A essa n ego c iaç ão resp o nderam o. r evolto sos tlizrnclo que "ns
pern nmbu cn n os l iber ta i-os-iam , q ua n do qui z'('s r m. c qu e tinh a1n
vindo para buscar a cabe(' a d o goYernaclo r e o ufr(IS mais" .
Cas tro Caldas r eco n h ec e u · ent ão ser impossível qualqu r r
accôr~lo, e por isto embn r ou pa r a n Bnhi :1, j unt ::~me n te co m ric os
ncgo c1a nl-es por tu guez cs, n rnte ncl c r-sc com o novenwrl or geral .
Recife ti n h a pois se ren did o. c os siti a nt es ,·csoh era m então
sobre o governo rln ea pitnnia, q u cr cncl,o un s que o p o der fôsse
-entregue no bi spo c o u tr os q ue se p r oclnmassc u Jna r e p ubli ca .
Vrn c eram os pri m eiros, send o o gove rn o e ntregue <lO b ispo .
Bern a r do \ iei ra de l\l ello. sa r gcn to-mór de Olinda, qu e gosàva
de enorm-e pres tigio, rcso h·cu e nt ão pa rtir par:Q o R eci fe com o .
fito de faze r r remharca r o n ov o gove rnad or, assim que ell e ch e-
gasse, c aso n 5o t rou xesse u mn nmn is ti a geral para os revoltosos.
No s ena·clo da camar n d Ol in cla. propoz Vi r ira ele McTlo qu e
os Pernambu ca n os se se parasse m d os Portuguezcs e fizessem de
OliJHla llll l:l r e pu bl ic n i nrl c pen cl c n te, se melhante á d e Ven eza .
..
60
Em Recife dera m-se en tão di slurbios e ntre os soldados de
Vi eira d e M-ello c os d o go ve rn o, dege n e r a ndo em r e volta.
Exigiu Vi e ira el e l\l c ll o qu e o bi s po, rn l:'io g ov crn:-~ cl o i·, punisse
os seus solu ados . o q ue cll c fez n u m momento de fr . q ue zn, orde-
n a ndo a prisão n d c p orl:-~ ·ii.o elo a c rusoclos, que e ram uns dez
mais ou m en os: sylarnm- se est es no co n v nt o elos Carme litns c
· resolvera m , d e a r m a s n:J m ão, se vin 'a r d e V ieira d e i\lel lo . para
o qu e aos g r itos d e viva El-R ei! morte aos lrahidore I m:1rch a ram
até o quartel d os tamb ores. obte nd o o apo io elas for<,:ns ela guarni-
ção c dos nerrros H e n riqu cs bem como dos indio nllind os "deste
regiment o .
\ ieira de :'lle ll o foi e nt ão pre o. fu g i ndo os sc n comma nda dos,
te ndo o bi spo confimw d o essa pris:io, c t'ntreguc o comma ndo
milit :1 r a J oão el a ~~·J o tla .
Jnfornwc la d o u c ocC'01Tin em I cr namhuco . resolvru a cô r te
d e Li s b ô a prend e r Sebas ti ão d e C:1s tro a ld :1~ e parn ];i man d :H"
como n ovo govern:1d or F e lix J osé l\f:1ch a d o d e :\lendon a, que :1
n cc ife c h ego u em co m pa nhi a d o ouvidor genll .To:io :\lnrqu r ..
Bac:1lh fJO .
Com :1 h egadn d r lcs. ser'Cn:lrn m os ::mimos. ronsrg uin clo
1\fe ndon ça que volla ssrm todos :i suas oc up:1 õcs.
n ee1fe lriu mphou , g uar ci :l ncl o O. p r ivilrgios lll ll n lC' l paes.
Pouco d pois, porém . or r e u boa to llr> que o. o lind rn ·-es c on ·pi-
I ' ravam , o qu e d e u motivo a qu e d uran te 1 712 c 1 713 come asse m
novas p c r scg ui çõe., Le nd o s ido n rss·:! anno, Vi e ira ele :\lello
tran sportndo n ferros p a rn Li bõa, onde foi cnc:uecr ;-~d o n:1 torre
de S . .Juli ão, nh i v ind o a fal lccc r.
Afinal, ord e n s s e veras d e D . .l o:io \ . I " i d e l or tu gn l, Yicram
em Ahril d e 1 714 , nnn111l a nclo ns pri s iir~ f itas pelo governa dor c
só assim t r rmin ou essa lu c ia .

/
Ci\P !TULO XLV

A guerra de succes são em Hcsna nha. Invasõ es de


Duclc rc e D u~ uay Troui n

Fi c:~ nd o vago em I G9!l o tb r no d a IJcspanh


n, p or morte d e
Carlos I! , sem h erd eiros di reclos, a clamar am os povo da Hes-
panha pa r a cu rei o Du qu e 1 h ilippc ci ' Anjou, n eto d e Lui7: a
XIV,
favor
então r ei de Fra n a. c que c rli spoz, cJ ns t'ar tc. n com b:J ter
o
de seu neto contra a~ preten õrs rio ou tro a ndicla to ao thronIno,gla-
Archidu qu e Carlos d'A us lr ia, qu e co nlaYa com o a poio da
terra, Holland a e Al lemanh a .
D . P-edro 11, r ei de P o r tu gal, qu a prin cipio niio se havia
manifes tndo. fez ma is ta rd e alli an ça com es as n ações, ab r açando
assim a ca nsa do Archidu q ue, que, ali as, nã o co n sc~uiu o seu in-
tento, pois Phi lippc 'd'Anjou foi co ro ad o r ei, com o nome de
Philippc V.
Luiz XIV r esolveu -e nt ão ho lil iza r ~1s colonia portugu ezus .
l
O'ahi a r não de d ez an n os d e po is - e j á então era r ei de Portuga
O. João V, filh o ' cl c D . 1 edro TI. qu e mantinh a a m esma politica
do pac - ser o Br asi l, ent ão colo n ia portugu-eza, invad ido pelo!-..
'rancezc s.
Organiz a da a fr ot il h a compos ta d e 6 navios c uma balandr a,
partiu a mesma do p orto d e l3rcst sob o comman do do ca pitão de
fragata Jean Françoi s Du clcrc, aqui chegand o em 11 ele Agosto
de 1710.
Pretend end o for ar a entradn da barra do nio d e Jan eiro. e
'
não o cons eguind o, por fct· si do repcllid o pelas fort alezas, velejou
Duclerc com destino :i ilha Grande, indo d esemba rcar com 1.000
homens em Guarati ba.
Sete di as e sete noites marchar am os fran cezes através das
florestas c mo nt a nhas, p or cnmi nhos qu e não conhec iam absolu-
m
tamente · té a1cauçp r .a cidade . Vindo por Jacarép aguá chegara
62 VEI GA CABl\AL

a o E n gen h o V elh o . o nrl c d e predar a m a fazend a d os Jesu ítas. s e-


g uin do Mé n la gôo ela S·~ n t i n ell a . ( " )
Ah i t r avn r a m r o mb:~ l e co m u m gr upo d e cs tu dnn lr s ch efia rl os
p el o Ci! pi tão Be nt o no Ama r a l r.urgc l . \ e n eicl os es tes. r ntrara m
os fr::tn ce zes p cln es t r :~rla d e i\!a ln cavallos Inc lua ! ru :t elo nia-
c bu-elo) p ara s::t h ir n n L :tpa. No mo rro do D estrrro ( ho ic Sa nta
T r J·ez:1) so ffrC'J':l111 l:tm b em com b nl <I r ll nt 01111'0 !:! f'liJl() rl r ('~ lu ­
d::tn tes. sob n clil· rcdí o el o frade Fra n isco ele Mcnezrs. Vt> n rl rl os
es t-es t ;~ mh em . o. i n \'nsorrs cl l'Sre r nm a~ r uas d o P ncl re Bento ,
(h o ie Ainrb) e S . J osé. i n d o tr r ft ru a D ire il n onde se l t·a vou v io-
le n to eomb nlr . r niJ'(' os fra n rC'7.C'S (' ilS fo r rn s rf e Grq::o f'i o el e ca,-
l ro l'vfot·::t es ir mi'io d o •over n nrl or elo Ri o clr .I:ln ei 1·o.
Du c fpt·c . vr n do-. r pC't'cl ido. rnrurral ou-se n o t rnp ir h e da
C' id :trlc, d e o n d e se rl c fr nclin apenns com sf'is en n h õcs, nlé q ue s-e
r cn d en .
O gove r na d or d :-t cidad e. F rn n c isco cl r Castro Mo r nrs, nã o
d e u c om b ;~ t-e aos in vaso r es . Só q tW tHlo so ubr que Du clcr es t :~vn
e n c u rra lad o n o t rapic h e cln cid::t cl r. foi fl Ue :1ppareceu p nra i nti-
m a r que o m l?sm o se r en d esse, o q u e só se rleu dcpo i q u lhe
rli sscr nm f! U<' . se c ll r n ão se ~ ntregn ss e. farinm YO:tr o trapich e co m
u m a ex p losiio rl e p olvor:t .
Do is d ias rl e n ois fo i q u P appn r ecf' ram os 6 n avios ri r Du clcr c ,
qu a n rl o ma is n nrl ~ pod iam fnzcr em sru auxi l io. t'{'nr\o ellc p t'o-
pri o i m pe d i d o qt tc a r sq u arl r a b ombn r cicnsse a ci rl nd e.
P ri s ion ei r o. ti " r r an 1 Du r le,·c e se us o f fic incs n cirl nrl e por
m e n ng-c m . in do c ll e r es id i r n o co nYen to do C:t. Lcllo, el e on d e se
tra n sf er iu . p o u co rl cpois . p a r a u mn r nsa dn n tn d e S . Ped ro.
Ahi fo i fl ssns sinnd o em ·1s d e :vtnr o d e 1711 p o t· dois C'm bu-
'ça dos . O c ri me fi co u sem pu ni çã o p o r não te r em ido ·ct c cober t os
os assa ssi no .
• f A F rn n c a, p o r ~ m . in d ig na cl :t co m sse nssass in a to, -e nviou nova
exped i ção ao R io rl c J a n eiro . Por tug:tl sn h c n do qu e s e pre p a rava
nova expe di ção co nt r n o Brasi l, d es p nch o 11 pnr a o Ri o, Gnspn r da
Costa Ath ay d e, o lllnqu inez, no m e m o te m p o qu e pe dia ::i In gln-
terra, s ua velh a nlli ad::t , qu e im p ed isse :1 vi n d a cl n esqu a d ra
frnn c eza .
N:'io te n d o p o r é m c o ns egui do es c ob i c t ivo, ve io ao Ri o um
navio d-e gucnn in glez preve ni r no go vcrn ncl o r F r an ci sco de Cns-
lro Mo r ncs, d n vi n da dn es qu n dr;~ fra n ccza .
P nrtiu es tn n o m es mo an no ( 1711 ) t nm be rn el o (l Ort o ! e B r es t,
s ob o c omm Mtd o d o :1lmira n tc Re né Du g ua ~·- Tr outn era com -
posta de 16 n av ios, aos q u ncs se ju n l ::t r am mni s 4 d-e parti c ul a r es
inl ei:cssad os n os lu c r os d e t nl cm p rczn .
No di a 12 li-c Setem bro a esqu ad r a fo r ço u a e nt rada da b arrn
do Rio d e J a n eir o, fun d ea nd o p e r to ela Armn çã o faze n do-se e nt ã o
ouvir o troa r da artilh nri a fr an c eza . '

(•) E ssa l agO:~. fi ca va situada na esq u i na da . ac t ual rua Frei can eca
a do Areal, cxtendendo-se a té a actual r ua do Sen ado .
PEQUENA HISTORIA DO BRASIL ü3

Emquanto isto, Gaspar da Cos ta Atll ayde, o J\laquin cz, des-


odcntado c j n um tan to alt ra do d as fa culd ad es mcnta c~ . ma ndo u
iuccndim· os seus na vi os .
O govern ador do Hio, o mesmo Fra n cisco de Castro .i\loraes,
ainda criminosamente onscrvado no gov erno de ta cidade, por-
tou-se p or sua vez, de rn odo mai indtgno d o qu · qu ~1 ndo foi d:l
in vasáo de Duclerc.
Uccuparam então o fran cczes a i lba da Cobras c os morros
de S. Dwgo, Livram en to c Con ce1ção, cffec tu an do Duguay-Trouin
o dcsembarqu d e tr s co rp os n a p n u a do Vatlongo .
De J ü a J !l de etem bro boml.wrd earam os fran cczes a c idade,
offcreceudn-lli s a p enas 1·esi ten cia a p o pu ta~·ão sob1·ctudo os
estudantes di r igid os po r ilcnto do Am aral Liurgel, cmqua nto CJ
governador Cl'llll tnosa c incxplica !mente nada t azta.
Mandou então JJ uguay-1 roui n um d o -cu · coutmanda nt ú
terra para, em seu nome, in ti mar o governad or a se r en de r com a
cidad e . 1\ um r asgo de !orça da ener gia r·c spo nd cu Castr o l\loraes
a esse p arla mcn tano " qu e dctende n a a cidnd c até a ult ima gota
de sangue" , o qu e não cum priu, p oi m al JJugu ay recomeçou o
bombaru·cio, Castro i\lorac lugtu cova r deme nte p a ra o Engeullo
Novo, de onde se 11a> ·ou em >cgu ida para Jguassu, acompaitllado
de grand e part e de s u trop a .
Fican do a cid ade sem defesa, presenc iou o Rio uma scena
verdao-eu·amcn te horr i vc l .
Os p oucos h a b1tanlc qu e não tinham a bandonado os lares
ucharam melhor d eclar a r qu e a cida de estava pro mpta a se render,
o que -fizeram m an dando um emis a rio a Ouguay-'frou in, exacta-
ment-e o aj uda n te d e Du cler c que aq ui tinha sid o feito prisioneiro
na invasão an tcrior .
Os soldados fran cczcs d esembarcaram en tão c, juntos com os
seus collegas prisioneiros qu e aqui estavam, saquea ra m a cidade
com tal furo r tiU C o pro prio Duguay, dada a indisciplina qu e en-
tre ellcs lavrava, foi obrigado a mandar passar alguns a fio de
espada.
l\landou) então Duguay-Trouin communi car a Castro Moraes
que resgatasse a cidatJc, sob pena de ser a mesma arrazada.
Covardeme nte assigno u o governador o resgate da cidade
mediante o paga mento de 610 . Ou O cruzados (29::! :800$000), 100
caixas de assucar c :.!OU b ois .
•Concorreram todos para embolsar Duguay-T rouin da referida
quantia de 610 . 000 cruzados, entrando Castro Mora es com 10.000
cruzados.
Logo que os fran cczes r eceber am a ultim a pres tação, deixaram
as terras bras il ei ras (13 de Novembro d e 1711 ), incendiando po-
rém, ainda o uni co navio que r estava d a frota portngucza, deno-
minado Barroqwnlla.
De volta á patria, perdeu Duguay-Trouin dois navios na
:altura dos Açores, morrendo muitos dos seus homens. Apesar
fH VEIGA C BRAL
disso, cll e p ropri o, em s uas m emor i:Js, di z te r ll :.~vido um lucro
d e 92 % .
Ant on io Co lh o d e Ca t·Y:-~lho, qu e ele Min as ch eg::~ r:J oi to dias
an t es d a partida d::~ 'i!squaclra d e Dugu ay-Trouin, :-~ss tuniu e ntão o
gov rn o d o Hi o cJ.c .! :1n e iro . ;.1té a c h eg:Hin d e Fran c isco Xa vier da
T avot·a, n 0 vo gover n a dor, c qu e vin h n jul gn r do indirrno proced i-
m e nto de Cnstro l\lomes. Foi es te co nd ctnnn do á pri ão p erpetua
em um d os fo rt es d n fu din " p ela fall::t d e animo c discer--
nimento".
CAP I'f U LO X\'

O Brasil no reinado de D. João V. Exploração do


interior: Bandeiras

Quand o f:lll ccc u o rri d e Portugal D . P edr o li, subiu ao


throno seu filh o ]) . .Toào V, cujo r ein ado vantagens trouxe ao
Brasil.
O no vo r i vol lo u logo as . uns vista p a ra a coloni za çii o no sul,
fendo lambem cr a do di ve r ·as a p ita nias e bi pactos.
Foi dur a nte o r e in nd o d e D . .João V qu e se der am as grandes
explorações do interior, gr aças prin c ipalm ent e aos pauli stas, que
se embrenharam p elo sertão, á pro cur a do ouro .
Taes expedi çõc, , organ izad as com o fim d e descobrir as mina~
c explorar os sertões, r ccc hi :lln o nom d e Bandeiras .
Foram orga ni zad:1 no s ul, prin c i.palm-ent e em S. Pau lo, rece-
bendo os indi víd uos qu e as co mp unh am o n ome de bandeirante:;.
Esses bande ira nt e . o rgnnizados em olossaes car avr.ll :lS, mar-
chavam através d as I rras d esconh ec id as, a pé, de surrár1 :'ts costas,
vestindo camisa, calças de algodão -c cbapéo d e p alhn , levando
machados ou fac ões c p or vezes armas d e fogo. Conduziam apenas
provisões para o p1·ilneiro dia da jornada c a maio r parte delles
não mais pensava em v o lta~· aos Ja l\)s.
O bandeirant e qu e ndoecia em caminh o era aba ndonauo.
"Nessas bandeiras vemos figurar toda a ge nte, hom ens de to-
elas as qualifi caçõe , índios de todas as tribus, mulher es, padres c
crianças c grand e numero d e anim acs domesti cos, cães, gallinhas,
carneiros, fóra as b estas de carga . E' uma cidade qu e viaja com
os seus senhores -c seus govern adores; nclla não f altam as rixas e
differenças, mas o al vo principal. c a esperança commum os põem
de accôrdo e harmoni a. De cammho, as crueldaues que praticam
são inauditas, os sacrifícios qu e exig-e m são terribilissimos; Oli
índios perdidos na floresta se lhes aggregam para não suc curu})ir·
ante a caudal que passa e qne tl1d 0 submrtte.
66 VEiGA CABRAL
Nada 03 detém, nem os d es fil ade iros -c pt·ec tpt c tos nem n sêde
ou a fom e, nem a.s commoçõe d e na tu•·eza o u a· fadigas do r spirito,
nem a guerra ou as ci la das úa t ' t-ra d e con ll-cciJa ." ( ' )
As l.Jnnd e ira , in iciad ns no secul o XVI, omcçnram n loma r in-
. cremen to no secul0 X \ rr, a lli ngindo o c u maior d cscnvoh· inJcnto
no s ec ul o X.\ l ll .
No secu lo XVI, as te nt a tiv:u s-e m altograr::u n, não podendo.
r evcl nr os th eso ut·o do se rtão.
No scc ul o X.\ 11, tom nrnlll as bande in1s mu io r in rem c nto, sa-
li c nt nndo-sc n d o h o ll:l n d z \\'i lhclm Glimm er, a de Antonio Ra-
poso, a ele Pnschoal Paes de Araujo, n d e Lourenço Ca lan ho Ta-
qu es, e a do p a ulistn F ern:1ndo Di ::ts Paes Leme q ue, p nr tindu de
S . Pau lo, a tra ,·és d o se rtão d esco nh eci d o, c hego u {I ca beceiras elos
ri.os Doce e S . F ra n c isco c depoi :'t lagôa E ncnnt ad:_1 ou Vespa-
bussú, o n d e e n co ntrou abund ant e qu:1nt id a d d e p drns, que julgou
se r esmeralda c que fo r am lcvn d as para S . Paulo, onde se ver ifi-
cou não s trn t:11· dcssns pcd r as .
No rio da s Vel h as, m in ndo pelas febres, morreu Paes L m e
crente qu e h a vin de cobe rto a fnntn s tica ja zi d as de p edrns pre-
ciosas.
No sec ul o XVIII n . ignn btram-se as cxplora çô::! levn das n
e ffc ito sobt·c tu do p los bnn dc iran tcs l\lnnocl Borbn Gato c Anto nio
Rodrigues Arzão, que d esco bri r a m nreias r,urifc rns n os rios Doce,
\ ·cl hn , l\lorte' e outros, nss im como a · minas d e Catng unzes. Ouro
Prelo, Di ama ntina, i\l nr ianna, etc . R ecebe u c a região o nome de
l\-lin :1s Ge r ncs . D'ahi i rradiar am ns explorações p or Matto Grosso
c Goya z .
A r egiiio matto-gro scnsc p:u ec in se r en tã o o fnmoso E l-Dou-
r ndo dos primi ti vos co nqui s ta d ores. Espnl h ndn a no ticia da des·
coberta d:1s m in as n essa r egião, pa ra lá se di r igiram verda d e iros
exercitas d e b:1nd c irnntcs. K~1o dispondo, porém, d e 1ns tr um entos
d e Jllincraçüo, viram-se logo ell es na m aior mi scria, d es providos
de tu do .
:E m 1722 d e u-se :1 d escob ert a dn mi n eração d e Goyaz, com · a
baudeira d o Jl nhanguéra.
N<!Sse a nno pnrl iu d-e S . P au lo, com destino a Goyaz, o p nulista
Barlholo llleu Duc no d a Si lva, qu e, c h egando ao rio Ve rm elho, onde
mai s t.1rde se fund ou Vi lia Bôa (:1ctu a l c ida d e d e Goyaz) , per gun-
tou aos naturn es onde se -encontravam os prec iosos metn cs com
CJll'C se en feitavam .
Com o se r ccusn sscm a dize r, Bueno da Si l va coll ocou num
prato um pou co de alcool e qu ei mou-o, dizendo que ass im c omo
tinhn qu-e im ado aq uclln "agua", qu e imari n todos os rios do Jogar.
Os natu1·n cs, a t rrorisados diant e desse qu adro, di ss er a m o nde se
eu contravam as mi n ns c ·om eçnram a chamar Bue no da Silva de
rlnlwn ouéra, qu e quer dize r feiticeiro .
(
0
) J oão Rib ei ro - Hlstorla do Bra8ll.
PEQUENA HISTORIA DO BRASlL 67

DessR época e m diant e muitas minas começarnm a apparccer,


povoando-se então o sul 1·apidamen te, se ndo abcl"las nov:~s estra-
das, p-elas qua es vinha lll ave ntur eiros de Min as Geraes, Bah ia, Per-
nambuco, Piauh y, 1\la r nn h ão, te.
A procura dessas minas d eu motivo a innum eras luc tas e ntre·
portuguezes e p a ulistas, co nhecidas na h istoria patria pelo nom e
de guerra d os emboabas c sob re a qual j á tiv-e mos occasiiío de
. rnlar .
C:APl1 1.0 XVI

D. José I. O Marquez de P ombal e a influencia da


sua administração no Bra sil

Qu a nd o em 31 d Ju lh o de I 750 fa llerc u D . .loiio \" , ~ ubi u no


thro no se u ri lho D . .To é I.
O gov e rn o desse mo n arr h n fo i ,·n n t njo o, tanto p;1rn Por tugal
c o1n o pa r a o Brasi l. mercê das qunlidad es do c u mini~tro o n o ta-
ve l cstn<li ta Se-b as ti ão Jo é de Cnr va lh o c Mel lo . Mnrqu cr. d P o m-
bal. qu e dnrnnt c to d o o r·ci n aclo el e D. J osé 1 " foi , por nsi m dir.Pr,
o v erd a d e ir o r e i c sen h or do p:1 iz".
D eixnnd o d e pa rte o que fez cll c em provei to cll' P ortu ga l. v,~ja­
Jn os os se r v iço q ue pre tou cl ir ec ta m cn tc ao Br n~ il .
Diffundiu o m nrq u cz d-e Pombn l o e n ino p rim:nio co m :1 r en-
ção d e r s .::ol as p ubli cn : p rotegeu a cons tru c-;ão nn val hrns il c ira:
r egularison a cx t rncção c comn1crcio d e d inmn nt es; prohihi u qu e
as donzelln s brns il e ira.s fosse m r ec-ebe r edu cação no co n e ntos
portug u ew s, h c p :m h ócs o u it nlin n os; fun dou um Trihnna l el e Re-
lação .no Rio d e J nn c iro; red uziu os dire itos d o ta b aco c d o nssu-
l!:tr; au x ili o u o co n sorcio d os por tu g uezes com as in d ins: dese nvo l-
veu a i111mi g r ação, fa zen d o com qu e m a i.s ·ct e 20 . 000 pcssôa s
' ' iésscm 1l•ls A ·ores p nr a o Brns il ; fez r everter p nrn o Es lnrlo
algumas dns nnti gns cn pitnni ns qu e a ind a es t av am em po d e r dos
h\'rddros d os p rim e iros do nntn r ios; o r "a n iso u o exerc it o e n
mal'inhn ; mnnd ou r eco n struir as fortal ezas: e.> finnllnen tc, em 27
de J a neiro d e 17G3, e levou o Bras il a vi ce- r e in nd o, ·~ c nd o a c npitnl
do p ••iz nllldad:t da c i"rlnd e d o Salvador p a r a n el o R io ele .J:m c iro .
Uura11le o govern o d e D . J osé I, foi o s ul d o Drn s il sncc udido
por nlgumas guerras, m o tiva das por ques tões d e limites.
P.Juco antes de D. José I ter s ubid o ao throno. h nvi a sido
firmado o /ralado de Madrid e ntre Portuga l c H espa nha , p elo qual
cstn ficm·ia com a Colonia do Sacram ento c a qncll e co m as . Sele
;l lissões do Uruguay, para terminar a ssim com as co ntinuas luctns
que de ha muito se vinhAm drtncl o n o s ul entre h cspnnhó es r
'lOI'IIl~ll CZ-fS .
PEQUENA HlSTORlA DO 13RASlL (j\.J

A Colonin. d o Sac rwnento h a via sid o fu n da da na ma rge m


esquerda do Prata. pelo go v e rn ::~ d o r do Ri o ele .T :-~ n e i ro, D . M:111oel
Lobo, em terr as qu e os h es p nnll óes co nsid ernvam COI110 su as; e as
S ele Missões er nm nu clcos occ up:-t clo po r jcs u itns h espn nhóes.
Para dar execução a esse tra t:ulo e ntre Po rtu ga l c Hespanh::J,
<Jile é o c h am a do tr nta d o ·d e :\l a d r id, no m ou Po mb a l o ca pitão
general Gom es Fre ire d e An dr:Hie par:1 d ma r ca r os limites do sul,
e a Hespanha d e igno u, por seu lado, o ;\[arqu cz d e Va ld elirios.
R euni dos n o . ui cs cs ctek·ga d os. fo i o tra ba lho in i ind o, mas
não concluido po r nusa ela a lti tud e d os incli os d as l\fi ssõ s , in-
suCiados pelos jesui las h es p a-
nhóes, qu-e os diri giam c qu e
não que ri am e ntr egar os d om i- I'

nios em qu e se nc h n vam n • ~,a •••'

Portugal .
Vendo q.u ~ jc. ui tas
constituinm se n o p rigo pn r :-~ o
Estado, Pombal , em n o m e do 1·ei.
pediu ao papa Be n e di c to XIV .
um breve para a re fo m 1a !In
Companhia d e J es us, encargo d e
que foi in ves ti do o cardea l Sa l-
danha. Comba te nd o os d e man-
dos dos jesuitas em ua re form . ,
o cardeal S a ld :-~ nh n, m u mn
pastoral, r etirou-lh es a fac uld nd-c
de confessar .
1\-lezes d epo is. P om bal . ::1pús
mandar publi cn r a buli a d e
Benedicto XIV, em qu e o p apa
prohibia a todos os r c l i ~ i o o~.
de qualqu er o r d e m, qu e pr iva ·-
sem os indios d e sua lib eHI :-~dc ,
dcclnrou ema n c ipados to d os os Se basliÕO Jos é d o Cn t•valho o Mello
in clios do Brasil . (f:1ar q uez d e Pombo!)
Indign a dos os jesuita s, a -
cusaram publi camen te o r e i, diz e n d o-o in pl o c in cnpn ele exercer
as funcções de governo. _
Na noit e d e 3 d e Se te m bro d o mesm o nnn o, um g rupo d e ues-
c onbecidos, quando D . J o é I , n a s ua s ege, r egressnva d e uma
ent:evista no c lum ~ pnrn o s eu p a la ci o, a l vejou o r e i, que sahiu
fendÇ> no braço ciJrCJto. Reca h1nd o as s us p eitas d o c rime no
lisboeta Frnncisc o de Assis (m a rqu cz d e T avora), p essô as de sua
familia e em mais a lg u mas p es s õ:-~s, foram todos c ond emnados á
morte e ~uppJicia~lo~,· Esse a con_l ecim cnto é co nh ecido pelo nome
de cor1Sp1raçao dos 1 avaras, m u tt o e mbo r a d o processo instaurado
não se tivesse apurado culpabi lidad e d o marquez n e m ctn sua
f:unilin . ·
70 VEIGA CABRAL
Foi um erro da administr::tç:lo 'de Pombal, fnz cndo condcm-nnr
á morte p essoas innoccntes. Compnr:mdo, porém, os seus erros
com as suns boas qualidades. estas são em maior num ero. razão
por que, mão grado os s us d e fe itos . é P om bal consid erado o mais
nota vel es tadista portu guez do scculo X\ TTT .
Dia nt e da altitude cncla vez m nis p crtut·ba cl or::t dos jesuitns,
obt eve Pombal qu e o r e i assig nass e n le i p·eln qu a l a Companhia de
Jesu s ern expu lsa ele Portugal c do Brns il .
Aos poucos, outras n nções europ éns imita r am o exemplo de
Portug::tl, até qu-e, o pnpa Clem ente XlV ab ol iu p ot· completo a
companh in.
Em 1761, P ortugn l e I-Te pnn h::t. de co mm um accônlo. decla-
rara m p e lo trat:fC:o el e Pardo, nullo o d e Madrid, c foi en tiío o sul
do Brasil novam ente ngi t::t d o pe las guerras de conquist a, que vão
de 1761 a 1777 .
Nesse ::tnno fa ll eceu D . .Jo é I c, tend o ubid o ao th r ono suoa
filha D. 1\Iaria I , inimiga p essoal e irreconciliavcl do m::trquez de
Pombal, começou -esta a anniquilar toda as obras qu e aq uelle no-
lavei estadista havia feito em pról d o d escn Yo lvimen to d o Brasil.
P erseguido, proce ado e a té exilado da córte rm 1 7 1, r.nlle-
ceu Pombal no esquec im e nto. em 1782, na villa de P omba l, com
113 :111110s de idade . .
Seu ce11te na r io foi, porém . celebrado com gr a nd e solemnida-
de, t::~nto n o velho Portug:ll como na n ossa est rem ecida pa trin .

·~
CAPITULO XVII

Luctas com os he panhóes no sul. A colonia do


Sacramen to e as Missõos do U ruguay

· Como desd e 1675 -c ti ve se de vccup ado o ex te n so trecho litto-


ranco da Laguna (onde ter m inavam os clorninios por tu guczes) ãtê
Buenos Ay res (ond e começavam os h esp;mh óes) . r esolveu o go-
verno portu nu-cz, em 1679. o ccupar esse tr echo, ahi fund a ndo um
posto milita r.
Para isto deu P ortugal o t·dcns no gove m ador ·oo Ri o de' Ja-
neiro, qu e era. por cssn époc n, D . iiTnn oc l Lobo . P nr tiu es te, então,
para o sul , em Dezembro elo r fer ido nnno, c ch egando á. e mb,ol-
cadura elo Rio d n Prnt n, começo u logo a fund nr n n margem esquer-
da a Colonia do Sac rnm enlo, qu e serv iu d e a usa fi ri va lidade que,
entre hespanh óes e portugu czcs, exist iu duran te 97 a nn os, isto é,
de 1680 a 1777 .
· Julgand o os h espnnh ócs c omo suas, as terras on'dc fôra 'fu\n-
da'da a nova col oni a, o gove rnndo t· do P an1!!uay e o Conselho de
Buenos Ay r es r epres-cn ta rmn á Cô r tc de ~l ad rid p edindo pro-
videncias.
O ~ov erno h-espanhol levou a qu e ix a no co nhec im ento de
Portu!!al, e, como es te n ão dés c i m portan c ia·. a H-espanha por in-
termedio elo seu minis tro deu ord e ns ao governa dor d e Bu enos
Ayres, D . Jos é ele Garro p a rn qu e cx p ulsass·e os p or tuguezes.
Mandou D. J osé d e Garra um e missario a D . ~Ua n oel Lobo,
a quem este proc urou co nv encer qu e ass is ti a a Portugal o direito
ele fundar tal coloni a naqu e il-c local, para is to basean d o-se em
uma carta geog r a phi ca publicada em 1'678, e m Lisbôa, onde os
limites de Portugal iam a té o Prata , e qu e, por co nseg uinte, em-
bora desoccupado o trec ho d a Lagun a a té aqueHe ponto, elle era
portuguez .
Não acceitaram, pot·ém, os h espanhó es taes explicacões, tendo
D. José ·de ,Garro mandado invad ir a colonia, e de lá 'e xpulsar os,
portuguez-es.
72 VEIGA CABRAL

Apesar da h er oica t·es ist e n c i :~ dos p o rtug uezes . fo i a colonia


lomncla c aTT37.:1Cla , s e nd o D . 1\l nn oel Lobo e rn n i ~ n ov e! p atrícios
feito pri io n e iros, fi c:~ n do mo rt os n o c nrn p o cl:1 lu c ia tod os os
tlemn is por! ug u ez-cs .
Dis pnnhn-sc P o rtu gn l a r o m p r gu n n co n tr n n H csna nha
diant e el o qu e se nca h a r a d e p ns~ nr , qqan cl o :1s rô rtrs el e P aTis,
Roma c Lo ndr es. infl uc n ia n cl o ju n to :'1 ele f:ld r icl. o n scgu iram
qu e a H es pa n h a cl ésse n ma is cl cc i s i v:-~s ~at i s f:~rões :1 Por tu gn l q ue,
· 'lli á s, j á ns t inh a p ed i do e n e r g ica m e nte .
Assign o u-se -e nt ão u m tr a ta d o d e p n p r ov iso r io, pelo qual
ficou csta b e lc ciclo qu e :1 Col o ni n d o S r~cra m e nt o, co m toda :1 arti-
lharia n ella c n contr!l d a. c r ia res tituicl :1 :1 ·Po t·tuqn l :1 im romo
fJ . J osé d e Ga rro seria r c p r e h cn cli do p elo go vc rn o h csp r~n h o l .
P:-~reci a hrcl o t c r m in ncl o co m o c oHc r dos a n n os. qu nnrl o em
1699. f alleccnd o o r e i ela H es p :) n h n. \. ;~ r i os TT. ;~ p o lít ica segui cfn
pot· Portugal lan ço u d e n ovo a r i va licl arl-c entre e s ns du ns n :1rões .
Nessa épocn, j ft e nt ã o go ve r n ::tv<t Bue n os Ay r cs. D . A ffo nso
Vnld ez. qu e a tnco u n r:oTon ia d o Sacram ento, cuj o comm a ncl a nt c.
gen r l'l l Scb ns ti ã o cl:l \ c ig n Cab t·nl, h er o icam e nt-e rc istiu durl'l ntr
6 mczes, finrl os os q u a s o ut ro r c rn e rl io não kvc se n iio cnpi tuln r e
embar ca r co m n s ua Ya lc nt e g unn li 5o pn r n o R in clr .Tn n c iro .
T o marn m ent ão os h cs p ;mh ócs co ntn ela C' olonin . conse r van-
do-:~ at é 171 5. qu :md o fo i ella n o vnm cn te ent reg ue nos portnq nrzrs .
i\pcsnr di sto . co nt in u a r nm . p o rL'Ill , 0~ h r~ p n n h óe ~ a h os ti li za r
a colonin qu e em 17:l5 fo i el e n o vo i n vncl irl a pc.l os h espan h c'lC'S q ue
ven c id os, r e. o lv er nm m nis t a rd e . em 1750, nssig n nr o trn tncl o rle
l\ladrid . p e lo qu nl c o nfo r n1 j:'l t i,·emos occn iiio rl e d izer. :1 H e>-
nanh a fi c av n com a Colon ia d o Sa cram ento, d a n do em troca n s
S ete Missões d o Uruguny , fo rtes nu r leo orc upa d o. po t· je uitas
hespanh ó cs qu e h a vi am co tw rt ido c c iv ili ncl o m u i to. í nd ios ~ 111.'1-
ranys , qu e emprega d os nos trnbnlh os ng ri coln , v iv inm so b :1 di-
recção d-css s j es uit n~ . es t es. po r S ll :l vez. sob :1 h c fi a d o p a dre
Montoya .
1Est es ald einm e nto s r r am c o ns tituí dos p ela s :t ln a e c idades
!<UI rio-gra nd en ses d e S . Lui z d-e Go nzaga e S . Borja c p r la s v illas
de Snnto An gelo. S . J oão Rit pli s ta, S . Lour e n ço, S . Ni c olóo e
S . Miguel .
P;tr·n fixar os n o vos limit es n o s ul foram cl es ig nn d os : o r npitão-
genernl Gom es Fre ire rl c Arr drnd-e, por pa rte d e P o rflr Na l c o mar-
quez el e V:tld eliri os p e ln H cs p a nh:t. ·
Pnr·tiu aquclle p:~ra o s ul e m 1752 . Não con s· g uind o, p o r é m,
levnr· :tvnnle o servi ço p or c nu sa da altitud e el os índios, r etiro u-se
C'm 1759, o que levou o go vern o porlugu cz a to mar ns provic! c n c ias
de qu-e jâ falámos no ca pitulo anterior .
Como não se con seguisse c umprir o lratnclo d e Madrid. rrsol-
vernm :ts rluns na ções, pelo tratado ele Pardo. em 1761, d cc l:1rnr
nullo o primeiro .
Recom eçaram enliio no sul rio Brnsil :~!í hostilidnd-es «•n!J·p
"'<>rtu~al e n Hespanhq ..
PEQUENA HISTORJA DO BRASIL 73
.~

O governador d e Bue nos A •r es, vice-almirante D . Pedro Cc-


bailas Cortez Cald cron , invadiu c v-e n ce u a Colonia d o Sacr a m ento,
cujo governador, Vi cente ela Si lva el a Fonseca, cmhora disp uzcs~r
ele recursos. capitulou promptamcnle . ·
Em 1763 for am sus pcn as as hos til idades .
Em 1777, pol'(\m, D . P-edro Ceballos, tom o u a ilhr~ de Sanln
Catharina, cujo ~ovrrnndor, o marec hal de campo Anlo nio Carlos .
Furtado de Mend onça, c ovard eme nt e fu gi u parn o co:-.t in entc.
Quatro dias d e pois, fal lccc u o r ei D . J osé I c subi u ao throno
sua filha D . Mari a I em cuj o "O\·-erno, ai n da D . P e dro Ccballos,
invadiu c arrazou a Colou ia d o ac rnm enl o .
Em 1 d e Outnbro do 111 (' mo an no fo i assignnd o o nrmis ticio
clc. l\ladrid c, dois mezcs d c p.-,i s. Portugal c Hcspa nhn . ass ignaram
o desastrad o lrnla do de San to fl d c fonso . Por est-e foi a ilha ele
Santa Cathar in a en tr egue aos p,)rtugu ez s, nom en ndo D . Maria 1
para sen govern ado r o coro nel do rcgim2n to ela Bahin Francisco
Antonio dn Vcign Cabral . Fi ·avam porém os bespa nh ócs, la mbem
por esse tra ta do, se nh orc para sempre da Colonia do Sacramento
c das Sele Miss ões d o Urunu n!f, a lém de a'lgumas ou tras terras
no snl .
Em 1801 reben to u d-e ll O \ ' O a gue rra e ntre H cs p an ha e Por tuga l
e então o gove rn ador d o Ri o Gra nd e elo Sul, gcn e rnl Sebas tião Xa-
. . . ."ier da Veiga Cabr::tl, co nqui s tou ga lharchuncnle as Set e Missões
que foram anne:xadns a o tcrrit or io pa tr io .
Nesse mesm o :11111 0 fo i r lebrarb a paz d r B:~daj ós e ntre
Hesp:Hlha c Po r tuga l .
CAPITULO XV1TI

Primeiras ideias de indeuende ncia . Conspiraç ão


mineira

A primcirrt idc in dn ind epe ncl cn c in n o Rras il foi ma nifestada


na revolucão de 171 O em P ern a mbu co, c d r que j á t r::~ t á mo s no
capitulo XIII ao falar de Bern a rd o Vie ira d e Mello .
Dez annos d ep o is. em 1720. r'eh enr o u em Vi ll:l Ri ca ( ~finas
Gero es) um a n o va rc ,·o u ão om o m es mo rnr nr tcr d e indep!!n-
den ci a, chefi;~ clrt pelo jove n t ribun o popu la r F el i pr dos Sn ntos .
.Tugularlo o movim e nt o. fo i o s eu mn ll oqr nrl o chefe rsnuar: cjndo,
aos 16 de .Julho rl' nqu ellc anno . N n nr rse n r n rio gov·:-r nnrlo r. disse :
"Morro sem m e arrep e nder d o a11e {i: e cerln d e a11e a can olhn do
rei hn d e ser es marwrla flP.l n pn lrintis 111o dos bras ill'i rns. "
Foi assim, o brnvo F elinpe d os Sa n tos. o prim ei ro h!'asi leiro
que p;~gou com ;~ vid a o nrroio de aucrr r n li berdad e ele sn11 p:~ tl'ia.
Depois d:1 mort e d e F eli pp c d os Snntos (') sr%cn ta r t:1n tos
annos depois, os sncce s ivos vex11m cs qu e :1 r ain h a D . :'-~fl ria T;
então no lh rono. infl ig in aos hr:~ il c iros, com r cnrnm :1 fa1.r r cal ar
ele novo no espírito d esl<'s a id cin da ind epe nd encia, s ohr etnclo em
~finas Ger11 es.
Varios es tu da ntes br:1silriros. qu e faziam os s eus c u rsos nas
Universidad es de Coimbra, Montpellier e Borrl-e nux, plnnejaram
então ·a independ en cin d11 s un patria, e ntrr ell es sa lienl:1ndo-se José
Joaquim da Mnin. que em 1786 dirig iu a Thomaz .J e ffer so n. min is-
tro dos Estados Umdos nn Fra n ça e um d os autore· d a inclepen-
dencia de sua terra, uma ca rta pedi nd o-lh e o :1 poio .

(•) Custa. a crer que nOs brasileiros ainda não tJvessemos n.tê hoje
resgatndo a divida de honrl', qu e t emos para com a. m emorln. do proto-
mnrtyr da lndependencln da nossa terra.
O 21 de Abril que marca o sncrlflclo do Tiradentes pas. ou a . er ferla.do

_____.._
nacional. Por que n ão o é tambem 0 16 de Julho, qu e nsslgnala o e~ua.r­
~ejamentodo valente Fellppe dos santos, -
pendenW.?
este, sim, o proto-martyr ~
.}
P.E(.JUENA ilJSTOHJA DO 1:3HASlL 75
Hcsolvcu c nt iio J e fferson en t-en der-se pessoa lm ente com Jo'n-
quim da !\laia c p :-~ra isto Jllar cou u ma en t revi la, q ue se realisou
nas ruinas roma nas de Nimes .
Após expo r 1\l:t ia todo o se us planos, allcnlamc n lc o uvi·ctos
por JcHerson, di ·se-lhe cs~ cr _impo iv·e l d ~ r o apoio qu e pedia,
mas que, se a r c vo lu çiio fo ss f c Jt :l c. c on cgu1 sse ex ilo, por certo
1lespcrtaria vivo i nteresse nos E. Un 1_dos. .
· Maia, d esilludido, yc ntl o d-csfe1l :1 a · suas e pera nças, re_h-
rou-se para Lisl.Jõa c, quando c prepnra va 1 a ra .:cg1·cssar ao Rio,
veio a fa!J ecer.
Cheao u entã o a i\l inas um o mpanhc iro d es1e, Domingos Vida!
de Barb"'osa c, em seguid a , m u ito ·
.:~utros, tomando I'Uilo a id cia.
E n co nt rar:-~m -sc no R io d e .J :-~­
neiro com o nlfcrc d e c :-~v ,J!I:-~ri a
Joaquim J o é d a il vn Xn,·icr,
alcun!J ado o Ti radent es ( · ) por
c ausa da sun profis ão d e cle nli s l:J,
c que n o ·n.i o e lnva com li ce n ç a
de 2 mczcs, mni s ta rde pro roga cl a .
A elle confiara m o plnn o, immc-
cliatamen te :1 cce i lo po r T i r a d c n lcs,
que se torn ou o mais en th u ias ta
dentre todos aqu c ll·c que qu eri nm
ver por ter ra o ju go p orl ug ucz .
Por essa épo ca c r alll o ~ d onos
das min as obri gados a p agn r a o
governo um quinto d a qunntid nclc
de ouro ex!rn hi clo das m csn1. ,
.pagamc n lo esse -qu e: la va :li rasa-
do em 538 nrroiJns d ouro , o u 'f&s-
se 3.305:472!3000, pagame n to que
o reino exigia qu e fõ c rea.liza tlo. Joaqui m José da Si lva Xavier,
o "Tiradentes"
Ora, sabiam os min eiros qu e
os impostos sob re o p ape l se llad o, o c h :'1 e o vitlro haviam sido suf-
ficicntcs p ara qu e s cm:lll c ipassc m as colonias amer ica nas e,
por isto, a cobran a d os quintos a traza dos lambem poderia con-
duzir Minas Grracs, e qui á o Brasil, ú ind cpcndcncia .
Convictos di sso, h ome ns de r esponsnbilid adc, cntr·" clles Tira-
dentes, Ignacio de Alva r r n gn P e ixoto, Thomaz An to nio Gonzaga,
0
( ) T i.m dentes na . cc u em S . .J oão d'E I R e i em 1747 . E ra .fil ho de
Domingos da Silva dos Sa ntos e Antonia da Encarn açii.o X avier. Pobre,
Iniciou a sua vida como m ascate, s eguindo d e pois a can elrn das armas,
onde foi sempre lnjustnmcnte preterido nas promoções. a ponto de muitos
dos seus subordinados, soldados, furrlels , etc., tornarem-se seus s_uperioreL
attlngindo o posto de tenente, emquanto o conservava m no de alferes..

..
7(J VEIGA CAUI\AL

Claudio Manoel da ·Costa, .José Alvares 1\laciel, Domiugos Vidal de


Barbosa, Carlos Tol edo d e Corrêa -c l\lcllo, Fran cisco de Paula
Freire de Andrad , .r.I anoel Rod ri g ues ela Costa, Jos(: da Silva de
Oliveira rtollim e algun s o utros, t·csolveram qu e a revolução esta-
Jaria no dia 'Clll qu e fôssc lan p cla a der rama, is to é, a cob rança dos
quintos atrazados ·y..
Era o pre texto, p ois as conu ições matcriacs dos minci t·os não
permilliam esse p ag:u nen lo, porque a C] ua ntid a dc d e ouro que enJão
extrahiam >Cra pouq uíssima.
Os conjurado s r euniram-s e em casa de Claudio Manoel da
Costa, em Villa Hi ca, h oje Ouro Preto, ond e fo rnru o rga nizadas as
leis da futur a rcpubl ica, assi m como r esolvi d a a m ud a nça da capi-
tal para S . João d'El-Rci .
Combinara m adop la r u ma bandeira bt·anca com um lria ngulo
azul, bran co c v·erm ellto ao centro, C'lll cujo lriangulo um índio
qu ebrava grilhões. En imava o mesmo o d i · ti r o la tin o " Libertas
qucn scra tam cn" (Liberdade ai n da CJU C ta rdi a).
Essa conspira ção, conh eci da n a hi s tori:l p elos nomes de Con-
juração lin eir;l , Conspira ção rle Tirad·enle , l nconfidcn cia Mi-
neira ou Conspira .ão .r.tin e ira , n ão e r a fe ita em seg redo. Os con-
jurados, prin cipalm ent e Tirad e ntes, pregava m-n'a sem r chuços.
~'Ca minh avam ass im a cou ns, qu a nd o u m po rlu g u z infame,
o
co r o n el Jonquim Si lve rio dos Re is, C]U e se h avia lambem alistado
t·ntrc os conspi r adores, lrahiu m ise ravelmente os com panheiros.
denuncian do-os a Luiz Antonio Furtado el e l\1-c n do n a . vi co nde de
Barbacena , govemado r d e 1\linas G c r :-~es.
Sabendo este que o m o tivo do Jcvn nt c c r n a cohrn n a <los
quintos atrazados, r esolveu sus p-e nd er essa cob r ::~n ça .
Quanto ao miscravel Jo aquim Sil verio dos Re is, ma ndou o
governado r que con tinu asse e~ n viver e nt re os conspi r adores r
lhe fôss e scicntificn ndo do qu e se pnssasse, de m a n cirn a que nem
nm só elos con sp iradores pud esse cscn pa r no cn li go. A s im pro-
cedeu Silverio dos Reis, cuja mi scrav el cspio naoe m des pertou
d esejo id-en lico em dons .pa t rí c ios seus os te ne ntes coron eis Basilio
de Brito Malheiro do Lago c Ig nac io Corrêa P ::nnplona. formando-
se assim a trind ad e, qu e o jn izo sere no cl:l Hi.tori a e ternament e
;unaldiçoa rtl .
O governado r, quer-endo provas por cscripto, fr z com que os
delatores escrevesse m as cartns de de nun cia .
. Andava en!ão ~irad c nl cs p elo nio d e .T :-~nc ir o, qunnd o em 1 de
Ma10 chefiou Stlvcno dos Reis, qu e, a mando do visconde de Bar
hacena, v111ba rel:-~tm· ao vi ce-rei do Br :-~ sil, Luiz ele Vascon cellos
c Souzn, os ncontccim cntos de que se fiz ern d elator .
. Aqui chegado, rc~ebcu instrucçõe s do Yicc-rci pn rn que s~
gutssc ?s-passos de Tiradentes c, por isto, Silvcrio d os Heis, que
hypocntam cntc se fmgia amigo d o nlfer-cs, foi mornr numa cas
da rua S. Pedt·o, exactamen tc em frrntc {t rcsidencia de Tira
dentes.
77

D'ahi melhor podia o d ela tor acompanh a r os passos de sua


victima.
Tiradentes contin 11 ava a : ua prop aga nda . Alguns in limos avi-
sar:un-n'o de que -es tava se n do vigia do .
Verificou, então, Tit·adentcs que, d e fac to, er a vigiado por
uous soldados gran ad ci ros. que por d i fa r ce r as pa r am os bigodes e
trajavam escuros ca potes .
D'ahi em di an te pondc scm p t·e verificar T i r adent es que os
vultos não o d eixavam . Segui am-n'o por toda a p art e, como sê
foss em a sua propri a sombra .
Foi então Tira dé nt-cs p essoa lmen te ao vi c -rei ex por-lhe · o
facto d e esta r send o espiona d o por sold ad os d is fa r ça dos , pois, se
havia e lle comm ctli do algum delicto, castigassem-n'o .
Apparentand o, porém, nad a saber, r es po nd eu-Ih-c Luiz de
Vasconcellos c Souza dizendo que se con. e rvasse T i rad entes no
Rio, pois havi a es te ap t·ovcitado a occasião p a r a p·ecl ir ao vi ce-rei
permissão para rc g r c~sa r a ~ l i n ::~s, por est ar term inada a sua
licença.
Não lhe da nd o Vasconcell os o pass ::~por t e- se m o qual não
se podi a então v i ::~jar - r sol v-eu T iraden tes fu gi r .
Emqu a nto, p or ém, niio real isava a fu ga, r eso lve u occultar-se
na casa de Dom i ngos Fernand es d a Cru z, ourives to rn e iro, estabe-
lecido :i rua do Latoci ros, h oj·e Gonça lves Di::~ s .
Espalhou-se o boato d e q ue T iradentes havi a fu gid o, apesar de
andar vigiado . A co n fu ão foi eno r me. P a r a toda a pa1·te foram
mand ::~das patrulhas, b em co mo ex pediu o vi ce-r-ei ordem para
que toda a co r r cs pond enc ia d e 1\'linas p nrn o Ri o fôsse appreben-
dida .
Afinal, sabedo1· do escond erij o d e T ir a dent·cs. mandou o vice-
I"Ci que u ma escolt a cer casse a casn da ru a dos La toei r os c prt:nr
clesse o conspirador min eiro.
Preso este, fi cou in comm uni cavcl c gua r da do por scntinellas;
outras prisões fo r:~m feitas aq ui n o Rio.
· Ao mesmo tem po ini c iavam-se, em Min:~ s , por ord em do go-
verno, as prisões d n pessoas que se julgava m envolvidas directa
C1U indirectamcnte na conspira çiio.
Despachou o vi ce-r ei para Villa Hi ca o majo1· José Botelho de
Lacerda, afim d-e conduzir par a o Rio os cumpli ccs qu e lú se acha-
vam , o que se verifi cou, com exccpção de Cl audio 1\'lanoel da
Costa, .que, n:a manhã ele 4 ·d e Julho de 1789, nppa r eccu enforcado
na cndeia de Vi li a Ri ca, on de se achava preso . ·
Feitas as prisões, subm ctteram-s-c todos os conjurad os a Jon-
EtOs intenogatodos, sohrcsahind o os de Tiradentes, Alvarenga P ei-
xoto e Thomaz Anto nio Gonzaga .
Termin ados os processos, foram 12 cond e mn:~dos :í morte
(-entre elles Tiradentes), 5 a 'd egredo perpetuo e os r estantes 'U
degredo t emporn rio.
Foram, porém, de accôrdo com :1 cr.rta régia, datada de 15 de
Outul1ro d e 1790, as p enas de morte commutadns em degredo para .
t
78 . VEIGA CABRAL

:1 Africa, m e nos a d e Tiradent-es, que no sabbndo 21 d e Abuil de·


1792, foi enforcado no campo da L ampadosa, local em que hoje 5'C
P.rgue a Escola Tit·ad ent cs, proferi n do pou co a ntes uc morret· as
s-eguint es pa la v r as : ''O meu R eJ cm pt or m o rrell po r mim lambem
assim/"
D ep 9is d e e nforcado, foi T irru e nle esq ua rt ejado, a cabeça
t~xposta ém Vil la Ri c :~ c os m cmbrL-s disp ersos pelos cam inhos do
Rio a Minas .
Arrazaram-lhe a casa, s:~lg :-~1·am o c h:J o c d cclar:nam infames os
seu s descen d e ntes.
Tiradentes fo i con siderad o c rimin oso imperdoavel. Sobre elle
r ccabiu todo o p'!so d a vingança d os opprcsso1·cs da nossa patria,
qu e dura nte qu as i um scc ulo ain da i nfamaram a sua mc mo ria.
A c onsp ira ção mi nei ra el e 17 9 é um a pagina que ha de fazer
sempre, atravcz d os sc c ul os, co m qu e Ti raden t-es não d esa ppareça
·nunca do coração dos bras ileiros. E ll c bem merece o c ulto que se
ihe tribu ta; a com memoraçiio c ív ica d 2 1 de Abri l nada mais é
do que um acto de verdad e ira justiça :1 mcmoria do i•10lvidavel
martyr d o absolutismo porluguez .
•'

CAP ITULO XIX •

Transmigração da f amilia t·eal de Bragança para o


Brasil. O principe regente D. João

Ten·do em 1792 a r a in h a D . :\fa r ia I ficado demente, seu filho


D . João fi cou com o p rí nc ipe 1·cg·cnte, a. sim se con serva ndo d es de
então até 1816 qu a n do se d eu a mor te d a r ai nh a, c em qu e, por
conseguinte, subiu ao tb ro no como r ei, co m o n ome d e D. J oão VI.
Logo desde o com e ·o co n tin uo u o prín cipe r egen te a politi ca
de hostilidade aos prin c ip ia s r-evolucio n a ri as da n epuhl ica
~ranceza.
Napoleão Bon ap a rt c q ue h a via dit o : ·· T em po virá em que a
nação portugueza pa(Jará com lagrinw s de san?J11e o ultrage que
está fazendo á R epu blicp. France::a" , assenh or eand o-se d o pod er d a
· França. em 1799, pa r a se vi ngar d e P o rtu ga l, levou a guerra a est-e
que, sendo ' 'encid o, foi obrigado a ass igna r o vcxa to ri o tra ta do d e
Madrid.
Tendo já lev a do as s uas conquis tas a té a As ia e d ominando
lambem na Allcm a nh a, na It ali a c n a H es p a nh a, r esolveu Na poleão
bloquear a Ingla terra , tend o o r c12r ese nta ntc fr a n cez em Lisbôa
feito diversas intimações a Po rtu gal .
Serias comprom issos, p or ém, pre ndi a m es te á Ingl a te rra -e,
por isto, não e ra possível a tlcnd er ell c aos d esej os de Na p ol-eão .
D .. João pediu :\ In gl aterra qu e lhe appar c ntass-e fazer guerr a,
propósta· que, di gn ame nte, a Iuglat crra r ep elliu, não se sujei-
tando a repr-esenta r essa fa r ça .
Resolveu então o Prín c ipe Regent e, num momento de fr a nca
pusilanimidade, mandar a Napoleão, p o r int ermedio u o marqu'l:'z
de Marialva, ricos p resentes c mais ainda n·egoc ia r o casame nto de
seu filho o Príncipe D. P-ed ro, qu e entiio conla va- 'lpcnas 9 annos,
com uma sobrinha de Napoleão, filha d e Luc ia no Bona parte .
O grande general repelliu porém esses expedientes do mo-
narch!l portuguez e fez decre tar p elo M onileur, orgam offi cial, a
depos1çao da casa portugueza de Bragança.
80 VEIGA CABRAL

Atem ol'isado, trato u D . J oão d e mand;u· para o Brasil seu


filho . D . P edro, -em co mp nnhi a d fre i An ton io de Arr iba d a, que
se ria seu m entor e sec r e ta ri o.
Nes c in teri m, a Hespanha , que h a via prom !tido não a b a ndo·
11a 1· P ort uga l, as ignou om a f"ran a, o tr ntDclo d e Forr l aineblean ,
pelo qua l era Portn gnl r e t:\lh a do em tr par te r e ntr e" ue a prin·
c ipes es tr a ngei r os .
D e u e ntão o governo fr nncez o prnzo d r q uin ze dbs no min is·
tro po rtu guez em P a r i , p a rn nbnndon nr o pa i;r,. o m s mo lendo
fei to a fi e p;~nh a com o mini s tro p or tu guc7. -em ::lfndr id .
R so lveu ntão Por~ug n l c u m prir a impo i õcs de Na p oleão,
c ordenou a pri ão dos ubcl ito in •leze e o sequestro de todas as
proprie dades brilann i ns .
D i an te el es e procedi m e nt o de D . J ofio o r h ef-e do gabinete
in glez de u o r d em pa r a qu-e :1 esquudt·a o h o co mm a nclo ele Sidney
Sm ilh b loq u ens ·c os pot·los p or tu gu zcs c occ upas ·c a ilh a da
Madei r a.
Ao me m o tem po tr opas fr Dn ce z :-~s sob o co mm:1ndo do general
An do c h e J unot inv:1 l iam o n or te de P o rlu "al .
Ve r ificou en tão D . J oão qu e a im eram d ois os in i m igos:
Fra n ça e I nglat-err a. e, por isto, v olto u ft s b ôa com c ta, d es~a­
zen do o qu e haYi a f ito. O mini . tro in gl ez, lord S t t·an g for d, acon-
selhou D . .João 11 qu e fu gi se parn o Brn i! .
Accci tnndo o Príncipe Rege nte esse co nselho, ~ n tbfl rcou em
Li sbôa no din 29 d e 1 o •cmb t·o uc 1807. vindo a c quadra portu-
g u cza comboiad a por um a divisão in glez a sob o comma nd o do
a lmi r a nte Si dney Sm ith .
Na fro ta 1 ai, vin h am fid algos, fun c iona ri os c fam ília s que
l am bem immi gra, •am, t razendo as riquezas s us ce pt íveis de
transport e.
Ai n da hem n ão ti nh a o fro ta po rt u rruezn p e rd id o n terra de
v is t a, e jú .Tuno l -e ntrnva em Li su ôa tomando co n ta da id a de e
d as fo rta lezas, c ap ri s ion a n do a inda n ba la alguns navi os mercan·
tes que se at raza r am n a march a.
Fug in do D . J oão, fi c o u o gove r no c nt r gu a um a rcgencia
el e 5 m em bros, p r es idida p-elo l\fa1·qu c7. de Abra nt cs .
Na viagem, f o i a frotn ba ti da po r uma tem p es t nde, divid indo-
se e m duas, i n do a m ai s nu merosa ar r ibar á Ba h ia, o nd e foi
D. J oão r ecebido c nthus iasti camcntc, dcsemba rcn ndo do is dins
d e p o i s da chegnda, is to é, n o di a 24 de .J:J n eiro el e 1808, ás 5 lh orns
d a tard e.
Na Bahi a , p erm an eceu D . .João nté o di a 26 de F ev-ereiro ten-
d o ahi occasião d e assig n a r p o r co nselh o do n o tav el j urisco~sulto
b ahi a no .Jo.sé ela Silva Lis bôa (d epo is Viscon de de Cay rú ) no di ~
2S ~e .Ja n ~ u· o , o decr eto qu e fra nqtN''\Va os port os brasil eir os b
n açoes am1 gas.
E m ba r cand o n a Ba hi a, ch egou D. João ao Ri o, a 7 de M.arç~
desemb a rcando no dia s eguinte, indo i nst all ;u··se c om a f (lmilia 11
PEQUENA HISTORI DO BRASIL 81

antil(o palacio dos Governa dore , qu e h avi a sid o p rep a rado por
ordem de D . Ma rco· de No ron ha (Co nd e d os Ar co ) e ntã o vice-rei
do Brasil.
Durante n ove di as fo r am celeb ra d as grandes fc t:1s e m home-
nagem á chegada d e D . J oão, q u ·, gun do ac red it ava a m a io ria
elo povo, vinh traze r gn1n dcs benefi ios no Brasil .
Em b1 vc porém, omc aram a surg ir os a bo rrec imentos, pois
não possuind o a c ida d e nu mero s uff icie n te ele ha bit ações con-
'dignas para tod os o membro da com itiva, ma ndou D. João, .in-
solitamente, evacunr da noi te para o d ia gra nde nu me ro de
predios . ·' -,) · fT'1j
Obrigad o o mor a dOI'êS dos me!J10rcs pred ios a ced el-os,
foram nclles in cr ip tas a Iras P . R . (Prín c ipe Regent-e) o qu e
deu mo tivo 3 ind ig n ação dos bra-
il iras q ue d entro e m pou co come-
çara m a tr a duzir as le tr as como
qu e r n d o d izer P on ha-se na I?ua
ou a ind a Prcdio R oubad o .
No di:-~ 1 d e 1\l a io, a inda do
'.lJ csmo a nno ( I OS) publi cou
D . J oão u ma d e Ia r a iio de guerra
A F r ança . na qu al d izi a : " A côrte
le vanlnrã a sua vóz do seio do
n OYO im pcrio qu e vae c1·car".
Como n ão pudesse hostilizar
di r..;c lame nt a Fran ç n, mandou
D . J o:'io inva dir c co nq uistar a
Guya na fr nn ceza, o qu e foi feito
por um corpo d e 900 soldados sol
o command o do tene nte-corone
l\!a n oc l Ma rqu es d'Elvas Portugal
que a uxili a do no mar por uma p-e-
D. Jolio VI
qu e na frot a , soh o commando do
ca pit ão ele ma r e gu e rra inglez
J a mes Lu as Yeo, e ntr ou, em 12 de
Janeiro de 1809, e m Caye nna (capi tal da Gu y ana). tendo o gover-
nador Victo r Hugu cs as ig nad o em Bourda a ca pitulação, retii·an-
do-se pouco d e pois para a E uro pa . Annex ada a Guya n a Fran ceza
nos domínios po rtu gu czes, ass im se conse rv o u a té 1817, quando, .
pela derrota de Napolc:'io e m \\'ate rloo, Portugal, te ndo assignado
nm tratado de paz com n Fra n ·a , entregou aqu ellc t erl'itorio n
Luiz XVIII, r ei do paiz .
De 1811 n 1821 foi o sul do Brasil snccudido por varias guer-
ras que deram e m resultado a annexaç ão da Banda Orient:tl 'do
Uruguay ao Brasil com o nom e d-e Provín c ia Cisplat in a.
Por decreto ·d e 16 d e Deze mbr o de 1815 foi o Brasil elc ,~adtl
á catbegoria de Reino Unido no de Portugal e Algarves . ·
82 VEIGA CABilA L

No anno s-eguinte, tendo falle cido D . Mar i:~ I, subiu nome o P.rin.
di!
cipe Regent e ao tht·ono d e P ortu gal como r ei, com o
D. João VI. s que,
Máo grado sua fr aqu ez :t. D . J oão decreto u utcis medida
aliás, não partiam dell e, -e sim de seus mini Iras, ent notadam ente de
D. Rodrig o d e So uza Coutinh o, pos trrionn e conde ·cte
Linbar es. ão do
Foi, poi s, para o Ri o de J ane iro ben efi ca a admi t.istraç -
qu a l f o r :~m c r ea dos os cguinte s c tabeleci
Príncip e Regent-e, na Militar, a
mentos : as secrcta rins de E lado, o Supr emo Co nselho a Regia,
Fabric a de Polvor a da Lagôa n oclt·igo ele F r cil:ts, a I mprens Botanic o,
a Academ i a de :\1ar inha, a tE cola d e il!cdici n a, o J ard im l\lilitar, a
a Escola de BeiJas Artes, a I ibli oth cca R c:~l. o Ar c bivo :\lathem a-
Casa de Suppli cação, a Acad em i :~ d e S ic ncias Pby icas, de deposit o,
ticas e Naturac s, e muitos o utros en l r·e ellcs um ba n co Br:~si l.
descon to e emissão qu e se tr:m formo u no Ba n co do
c o
Os unicos mon opol io co n . crY:~ d o fora m o do p:\o bt·asil
dos diaman tes, até 1832 .
., :
CAPITULO XX

Revolução pernambucana de 1817

A rivalidade que por m uito tempo exis tiu -entre portuguezcs e


brasileiros foi a caus ;• ela r e volu ção pern amb u cana de 1·8 17.
S-endo o governo se mpre do la do d'aquell cs, com eçou a irritar
os brasileiros qu·c, ~ n c io s o s de lib cr da clc, imaginara m r epcllir o;.:
jugo por tuguez .
Os pa rtid ari os da idcia · libcr ac r euninun-sc em n r cifc na
casa de Domingos J o é :\la rti ns, n egociante, r egul armente instruido.
Entl'e ell cs contavam-se os padres J oão Rib eit·o Pessôa de Mello
.Montenegro, i\liguel J oaquim d e Almeida Cas tro (pad re Migue-
linho), José l gnacio Rib eiro d e 1\IJr u c Li ma (padre Roma), Pedro
de Souza Tenorio, fr ei J oaquim d o Amo r Divino Ca n·e ca e os mili
lares Clllpitão J osé d e •Ban·os LiJ11a (alcunhado o Leão Coroado) , (
capitão Domingos Tbcotonio .Jorge e o tenente Antonio Henrique.
Rebello .
Coube a parte mais a c tiva da prop aganda r evolucio naria ao
clero, qu e chegou a t er 32 representant es en volvidos n o movimento
libertador .
Recebendo o gover n ador de P ernambuco, capi tão-general
Caetano Pinto de Miranda Mon tenegro, de'nun cia dessas reuniões,
mrJtdou publicar uma ordem do dia em que concitava os officiaes
brasileiros a "n ão tratarem n em l erem sociedade com h om ens em- .
pestados, que pret endiam enganai -os com falsas suggestões".
1\lais se irritaram ainda os unimos dos br.asileiros, e resolveu
então o govern a dor m an da r prender e processar oito dos
vecusados.
Foi encarregado d ~ prc_nder os I_>aisa!lOS o marechal Jo.sé
Roberto, cabendo ao ~n g~ de1ro d e arhlhana Manoel Joaquim Bar-
bosa de Castro a obn~açao de cff cctuar a prisão dos officiaes sob
teu commando .
. Apre~en tou-se Barbosa de Castro no quartel, e, após censurar
o procedm1ento dos seus coJmna~uados, -enviou preso para o forte
ll4 EIGA CABRAL
das Çinco PoJ!tas o capitüo Domingos T h coton io J or ge, a quelll
grosseirame nte offend eu. Qua ndo p o rem parecia disposto a insul-
tar um por um, o capitão J ose d e D::~t-r os Li ma, m a ts conhecido
por Leão Coroado, atravesso u-o com a -e pad a, diz endo : '"Morre
infamei" e á fr ente d a trop a, ent ão ins urgida, sahi u do qu artel a 6
de Março d e 1817 .
O governad or r cfugi ou-s na for tal eza do Brum, enca rregando
seu ajudan te de orden s, tencnt -coronel ,\J.c:xnnd re T homaz, de
1·eunir a tropa e suffocar o lcva nt G.
Cumpriu es te a ordem r ece bi d a, mas ao · c appro xi mar dos
revoltosos foi por ciJes fu zilado.
Morto Al exa ndre Tl10 maz, o seus soldados fu giram, es palhao·
do-s-e a confusão na ciu adc. Os portu guczc foram ma ltra tados e
ns pnsoes abertas, tendo o tene nt An ton io Hcnri q ucs Rebello
corrido a da r liberdad e a Domingo J osé i\L rtin , que estava preso,
no largo da Cad eia .
O gov-ern ador, r efu gia do n a fortale za do Dr u m, ca pi tulou no
dia 7 de Março, c foi ma ndado prc. o p ara a ilh:-t das Co bra',s, '.nesta
r apita!.
Triumphou assim .a revol ução, c se orga ni ou um go,·erno pro·
visaria, do qual foi mini stro o padre J oão Hi beiro P c õa de Mello
Montenegro e membros Domingos J os i\lar tin s, Domingos Theo-
lonio Jorge, o pa d re Nli g uelinbo, dr . J osé Luiz de i\l cn do nça c Ma·
noel J ose Corr ca de Araujo.
Esse governo provisori o r esolveu imm d iatamc nte augmenlar
o soldo das trop as, fazer al gumas promoçõe ·, inst itui r o tratamento
de uós e desp ac l.J ar para os Es ta dos nidos, Antonio Gonçalves d11
Cruz, afim de comprar armam e:1to c cont ra ta r officia es.
Foi instituído ainda u m Conselho Consultivo composto por
cinco cidadãos, do q uaes qu at r o br as ilei ros e u m por tu gucz .
Como fórma de governo foi escolh ida a r e publican a, e adapta·
da a band eira do arco-iris, na qual brilhavam Ires estr !las, re-
presentando as ll·cs províncias qu e se haviam r e vo ltado (Pernam·
nuca, Parahyba e Hio Grande do Norte).
Essa bandeira foi ab en çoa ela c consagrada no •· Campo da
Honra" no dia 3 el e Abril ele 1817, quinta-feira santa (").
Com o fim ele obter o reconhecim ento da n o v I r epuhliea, f o·
ram enviados emis ar ios aos E lados Unidos c á lngla tcrr a; e, parn
obter adhesões, foram outrõs enviados ú Bahia, Alagôas, Parahyba,
. Rio Grande do Norte c Ccar:í, tendo a Parnhyba c o Ri o G•·ande
do Norte adhcrido immedialam cute.
Para o Ceará foi o padre José Martiniano de Alen ca r, qu-e não
conseguiu r esultado pratico, tendo sido preso no Crato .

(•) Et·ronea.mento duo alguns autores a data de 21 do Março e outroe


a de 2 de Abril . Entre os prime iros conta-se Muniz Tava re.9, e entre 011

!"'"' '
undos Dias Martins, ambos autores de notaveis e vnllosns obras sobre
Pocoambo~a do 1811.
\

PEQUENA HISTORIA DO BRASIL ss


I
Para a Bahia seguiu o padre Roma, que ao aportar á barra de
ltapoan, foi preso, e fuzilado trcs dias depois no campo da Pol-
vora, sem rev elar os nomes dos babianos implicados no movi-
mento, c tendo tid o, "lJastantc pi·. s.~ nç·a de -espinto c carid ade para
l:lnça.r ao mar os pape1s que trazt;: .
No momento em qu e in r fuzilado disse o p adre Roma, vol-
tando-se p ara os soldad o : " Camaradas, eu vos p erclóo a m inlw
morte; lembra i-vos n a pon tarw que aqui (paz a mão sobre o
cor-ação) é a fonte ela vtda ... e atirai" .
O go ve rn ado r da Ua h ia, que era então o Conde dos Arcos, ma n-
dou para Pernambu co uma <.Ii visão por t erra sob o commando do
marechal J oaquim de i\lello Leite Cogominho de La cer da e uma
esquadrilha por ma r, o me mo fazendo o Rio d e J aneiro, de onde
partiu lambem um a csqua dnlh, so b o commando do vice-almi-
rante Rod rigo J o: é F err etra Lobo que assumi u, em P ernambuco, o
commando supremo das operações no mar, bloqueando Hl}cife .
Pernambuco re ist iu heroicamen te, mas a Parahyba c o Rio
Grande do Norte renderam- e imm edialamen·t{l... Veio .d 'ahi o
desanimo e o con sequ enl esmagam ento da roV-<Tiuçao ."": ".. < ·.
Domingos J osé Martins fo i ferido e preso·, e ·a c ida.de; a bon-
donada pelos rev oltosos, ca hiu em po der de Ro'drig·o ·F erreil•a Lobo,
que tomou conta do governo . . · · ,.
O padre João Rib ei ro, sui c idou-se pc r.lo '· de Olind~\, ·'no En-
genho Paulista, se ndo ente rra do na ca pella qu é. ahi·.c.xi':;tia ..
Antonio Carlos, irmão do grande J os~ )3onifacio,- en tregou-se
á prisão, te ndo atravcs. a do _a ruas de Rç cifc ..a~;::em::nlç>:)'i. em man-
gas de canusa . Fot solto mais tarde. ' . .:..:;::.."'
José Luiz de Mendon ça apresentou-se no pateo do palacio onde
se achava Rodrigo Lobo.
~reso immcdi atamcn tc, foi agrilhoado c levado para bordo do
Carrasco, seguind o Junt ame nte com outros companheiros para a
Bahia, onde se inst allou um tribunal milit ar que condemnou ú
morte Domingos J osé Martins, o padre i\1iguelinho ( 'l iguei J oa-
quim de Almeida e Castro) e José Luiz de Mendonça , que for am
ln7.ilados ás 10 h o r as da manhã do dia 12 de Junho de 1817.
Com a chegada a Pernambuco do capitão-general Luiz do R ego
Barreto, passou o t r ibunal a fun ccion ar ahi sob sua d irecção, t enuo
sido lavrada a s entença, condcm nanu o á morre Domingos Theoto-
nio Jorge, J osé de Barros Lima (o Leão Coroado) e o pad r e P edro
de Souza Tonorio, viga ri o de It ama r acá.
Essa sente nça continha entre ou tras, as seguintes palavras:
- "as sobreditas p enas se executem nos réos, os quaes, Lodos, depois
de mortos terão cm· t a~l as as mãos e decepadas as cabeças, e se
pregarão em postes, a saber : a cabeça d o primeiro r éo n a Sole-
dade e as mãos no quar tel ; a cabeça do segundo em Otinda e as
mãos no quartel; a cabeça do ter ceiro em Itamaracá e as mãos em
Goyana, c os restos dos s-eus cadaver es - serão liga dos n caudas
!}e cavallos e arrastados até o ccfuiterio".
86 "VEIGA CABRAL
No Recife foram ainda enforcados mais seis :revoltosos entre
os •q uacs o braYo ten ente An·toni o l-J Pnriques Rcbello que morren
bradando "Viva a Pai ria!"
Em 6 d-:l Agosto foram suspensas as execuções, mandando o
rei instituir uma al ç nda formada p or rlois des-c mbnrgadores ilo
paço c dois da casa da supplicaç5o .
Ins tnllada no mez seguint e em P~·rnambu co, e funccionando
ale Fever eiro de 1818, e sa nl ça da to rn o u-se dentro em pouco
um verdadeiro tribun nl d·c sangu e tiio horrí vel qu e o prop!"iO
Luiz do Rego Barreto, qu e tanta ousa d e má o havia fei to dois
mezes antes, no tribun al qu e fun c ion o u sob s ua direcção, foi
o primcit·o a npoiar o ges to elo Senado da Ca ma ra que, diante
de tamanha carni ficina, r e pt·esen tou ao Principe Regen te de Por-
tugal, impl orando-lhe a am n i t in qu e foi coaccd ida no dia da
coroação (6 de F eve r eiro de 181 8J.
CAP ITU LO XXI

Revolução de 1820 em Portugal; seus effeitos


no Brasil

Quando, em 181(), fa llcce u D . Maria I, subiu ao throno sen


filho, o então Prin cipc Hcge nte, D . J oão .
Como es ti vesse este no Bras il desde 1808, r eb entou no Porto
em 1820 uma revolução, exi gi ndo os revoltosos a vol ta de D. João
a Portugal, o qu e s deu em 2() de Abril, deixando elle no Bras·ii
como regente do Rein o seu fill10 D. Pedro .
A .revolução r cb ntou em 24 de Agos to de 1820 na c idade do
Porto, extendendo-se a Lisb<Ja, quer e ndo os revoltosos obter para
Portugal uma constitui ção .
Governava nesse tclllpo P ortugal o marecha l Beresford, repre
senta nte da Inglaterra, que se ach ava no Rio qua ndo rebentou 1
.revolução, motivo por que a administração passou para uma Junlt
Provisoria que immedi at:uncntc convocou as côrtes dos tres esta-
dos - cle ro, nobreza e representa nt es das cidades, para formular
n Constituição .
Chegada a noti cia ao Brasil, adhcriram as tropas portuguezas,
estaciona das no Pa rá e no Rio de .J aneiro.
Na Bahia as tro pns lam bem adheriram, proclamando a futura
constituição que as córtcs d e Portugal viessem a promulgar .
Semelhan t-e á do Parú, foi então formada na Bahia uma junta
governaliva, c uj a prcsidencia foi offerecida ao marechal co nde de
Palma, govern adu.r c capitão ge neral ela província, que n ão a
acceilou, retirando-se para o Rio de J a neiro ; essa presidencia foi
confiaaa a Luiz Ma noel de Moura Cabra L
Resolveu D . .João enviar seu filho D . Pedro a Portugal "para
restabelecer as reformas e mellw.ramcntos e leis que deviam conso-
lidar a Constituição Portugueza e tomar i'ls m edidas que fossem
applicaveis ao Hrasil" .
Houve, porém, um dcsagl'ado g-el'al, vi_ndo. a.; ll'opas para .a
praça publica a reunir-se ao povo, que chefiado p elo conhecido
88 VEIGA CABnAL
ddvogado Mar'(:cllino José Alves 1\lacnmbôa, ex1g1a q ue D. João
acceitasse a Constitui ção " tal como as cô rles a viessem d ecretar"·.
Sciente do levante. da s for ças qu e se ach ava m r eunidas no
hn·go do Hocio, para 1:'! se di1·i gi u a cavall o o J>J·inc ipe D . Pedro,
que prom elte u obte1· d e seu pae o qu e a tro pa u esej:wa.
Indo ao paço d e S . Chl'istovam, vol to u dent r o em pouco, tra-
zendo um decre to p elo qu a l D . J oi:io V I se co mprom e tlia a nppro-
var c faz e r cump,rir a co n. ti tu ição da J unt:-~ He vo lucionaria de
Lisbôa, decreto esse qu e D. Pedro leu da varanda do th ea tro João
Caetano, então chamado Real Th en tro d e S. J oão, na segunda-feira
:.16 d e Fevereiro de 1821.
Fol logo d epois d c mittid o o minis teri o, qu e s e impopul arisa ra.
Conseguiu D . Pedro que, d epois d isso, se u p ~c viesse á cidade re-
ceber as homenage ns qu e o povo lhe qur r ia pres ta r, c na praça
publica, ao voz ca r d a populaça, qu a i foi jurada a co n stituição
pelo rei, pelos prín c ipes c pelos m ilit ares .
D epois o cond e de P a lmclla, o minis tro ingl cz no nio, e outros
começaram a conve n cer D . J oão v r d e qu e drvia ,•ol ta r a Portugal,
pois os successos qu e po r lá o cco rri am c r nm po uco tra nquillisado-
res. Percebeu po rém, logo o p ovo o ve rdad eiro mo ti v o da revo-
lução -em Portugal . Desp e it a dos com o gr ande p.rogr csso que o
Brasil ia obtend o, se ndo aqui a mctropol e .c P or tuga l um reino
secundaria, subordi n ad o e d ep e nd ent e, os portuguezes queriam
reduzir o Brasil no ::tntigo -esta d o colonial .
Por ta l moti vo fo rmara m-se paTlidos. u ns a favor c outro~
coutra. a volta de D. J oão VI.
Finalm ent e, por d ecreto d e i de Ma rç o, reso lveu o r e i a nnun-
ciar ao povo a s ua inte nção de p ar tir p::tra Portu gal .
No dia 24 do mcz segu inte, d eu beija-m ão a tod os os que delle
se quizessem d esp edir e, na madrugada do dia im mcd iato cmba.rcou
na galcota D. Jo ão VI.
No dia seguinte, 26 de Abril de 1821. po r vo lt a das 7 h o ras da
manhã, s egui a p ara Lis bôa n esqu adra p ortugu'l!za, conduzindo
D . João VI. Na hora d e embarcar disse este a seu filho em eS'tado
de gr-ande c ommoção : " Pedro, o Brasil brevem ente se separa1rá de
Portugal ; si assim [ôr, põe a corôa sobre lua cab eça antes que
algum az·entureiro lan ce mão d'e/la ."
Previa j á D. J oão Vl a breve eman c ipação do Brasil, que veio
,, ser realidade pouco depois, isto é, em 7 de Setembro d e 1822,•
como estudaremos mais adiante.
CAPITULO XXII

Regencia de D. Pedro. Independencia do Brasil

Tendo D . J oão 1 voltado a Portugal, em 26 de Abril de 1821,


começa o Brasil a ser governado por seu filho D . Ped ro na quali-
dade de Príncipe Reg-en te .
Inaugurou D. P edro o seu govern o, fazendo economia nas
despesas publicas, a começa r pelas qu e se faziam com o seu pa-
lacio. Para \'er o que nes tas cortou, basta dizer que, entre outras
medidas, r eduziu para 156 o num ero de animaes a seu serviço,
' quando seu pae mantinha nas cavaJlariças 1 . 200 .
Mandou D . Pedro qu e c r ealisassem as eleições dos deputados
para Lisbôa p ela proví nc ia do Rio de J aneiro, e se viu logo em
difficuldades, pois os ora ileiros não desejavam trocar a estadia da
patrin pela de Lisbôa .
Os indicados desistira m, allegando que seriam mais uteis aqui
do que lá, e r eso lveu-se então e leger deputados os fluminenses que
já residiam na velha capital portugueza .
IEm Maio de 132 1, foram co nhecidas no Rio as bases da consti-
tuição decretada em Lisbôa, c como -ellas propr ias declarassem
não ser obrigatorias para o Brasil, emquanto não fôssem assigna-
das na Côrte pelos n ossos deputados, entendeu justamente .D. Pe-
dro qll"C o Brasil estava d sobrigado por emquanto de prestar jura-
mento a ,essas bases, porquanto não tinham a assignatura dos nos-
sos deputados, que não estavam ainda nas ~am aras por tuguezas.
Começaram diante disso as tropas portuguezas, por influencia
do ministro da Fazenda , conde de Louzã, ( •) a gritar pelo jura-
mento immediato, tramando-se mesmo uma conspiração que tinha

(•) O conde <le Louzii. em. um portuguez vaidoso e pouco culto que se
incompatlbULsou logo com os brnsllelros, pois para os cargos que se va-
ravam no seu mlnis lerlo só nomeava portuguezes, declarando mesmo qu·e ·
não approvava. a nomeac;:ão de nenhum brasileiro para l<Ugar publico d•
importancla.
90 VEIGA CABI1A L
por fim obrigar D. P edro a tal fazer. 1 ão suppunlla este que esse
movimento 1õsse tocado pelo seu proprio m inistro .
Em 5 de Jun ho, fi n alm ente, r evol tar am-se as tropas, no en·
contro das quacs, n o largo do Rocio, foi ter a cavallo o Pr~ncipc
negente.
Ahi chegado, perguntou D . P edro o que queriam; ao que um
dos chefes revoltosos r espondeu: ··Qu ere111os jurar as bases da
constituição.,.
'"Jw·w· as bases da coHstituiçiio a p ontas de bay oHelas é cou1a
intoleravcl" , replicou D . P edr o, que on vi dou os c hefes a subirem
com ellc :l sala d th atro S . J oão, on de seria o ass umpto estu·
dado.
Ahi foi cffectivado o el es jo dos por tug ucze. , subn1ettcndo-se
D. Pedro :'t vont a de d cll es, d cp0is
de ouvir a op ini ão dos ele ito r s
da provín cia.
O conde dos Arcos foi d e-
:uitlido conform e pleiteavam o
portugu ezcs, mcr ct: das d esavença
que se dav a m en tre ell e c o cond e
de Louzã.
As tropas portuguezas em se-
guid a for am ter a casa do comlc
dos Arcos e alli o prcnueram jun -
tamente com sua filh a, re meti n -
do-os para bordo d o brigu e 13 d e
Maio.
D . P edro teve a fraqu eza d e
pennittir que tal fact o se con-
summasse .
Chegado qu-e foi, em 3 de Julho
Je 1821, D. João VI á patria,
começaram os portuguezes, que não
viam com bons ofi10s o cresce nte
progresso do 13rasil , a influir junto
dellc para que D . Pedro fôssc
chamado ú Lisbôa .
Dcsenvolv-cu-sc toda sorte cl o. Pedro I •
baixezas para que voltasse o Brasil ao an ti go regimen colonial,
r. para isto ia Portugal aos poucos diminuindo a autoridade de
D_. Pedr o ql!e mczes. dcp?is da p ar tid a de s-eu p~c, estava, _se pódc
d1zcr, redL~z1do quas1 a s1mplcs governador do H10 d e J a n e1ro . -
la ass1m aos poucos D. João irritando os brasileiros .
Só D. Pedro parecia continuar a i1ão compreheudcr a situa-
ção humilhante em que ia ficando .
No di31 9 de Dezembro de 1821, chegava ao Rio o brigue de
erra lni ante D. Sebastião, traz-endo dois decretos datados de 29
etembro : um delles supprimi:. os mais importantei tribunaes
PEQUENA HTSTORIA DO BRASIL 91

da capital bra~ileit·a ;
regressasse á Li sb ôa,
c o o utro ordenava que o Pdn cipe Regente
afim d e Piajar e comp/etm· a edllcação, poi.~
I
I

a sua permnnen cia no Rio, além d e d es necessaria E 11A tNDEGOnosA á


~ua alfa gerarcltia (! f !)
Quando, no dia s eg uinte. teve a ci dad-e conh ecim ento desses
decretos pelo Diarin dn Governo , co m eçaram os bras il cit·os a a~r,
e, reunidos na residcnc i ~ do ncl voga clo Jose J onquim ria Ro cha,
resolvêram induzir D . P-e d r o - qu e estava e m pre pnrativos para
partir - a cl esobc dcc e t· ;'ts Cót· t s. p e rmanece nd o no Brnsil.
Entre esses brn il eiros f i(:!urnva J onnuim Gon ça lv es Lédo, que
em 15 de Setembro el e 1821 ini iou a publi ca ç ão d um jorlllal ~
o· Revérbero Con slil ucio11n/ Fluminense, agitando a momentosa
questão .
Em 9 de Jnn iro d e L 22 . uma r e prese nta ção r e di gida p o r frei
Francisco d e Samn r~ i o e nssignaclit oor mais de 8 . 000 pessoas. era
lida no pa ço da cidade por .T o r Clement e P e reir a. Preside nte do
Senado da C:nnnt·n, q u-e te r m ina va com as segnintes palavras:
"0 NAVId QUE 11 ECOl~O 7. IR O P nt 'CIPE R E AL, APPAI1ECE!1..\ NO TE.TO
COM O PAVTLHÃQ DA !Nl1l':P EN ll E:-IC l A no BRASIL" .
Resolveu ent ão D . P ed ro ele o bed ece r ás Côrtes, t·espondendo
a essa representa ão com a c-elebre phrasc :
"COMO É PA11A DE r DE TODO E F E LICIDADE GF.I1AI. DA NAÇÃO
ESTOU P1101MPTO : ntr.A AO P 0 \"0 QUE FICO . Do-u-vos COM A .\IINH."
rESSÔA A l\JfNHA DY N ASTIA . "
Transmittida essa r esposta ao povo que se apinha\"~ nn praç:
proromr>eu o m esmo em estre pitoso.\ anolnLTYl!. :~ !D . P cd.ro c1ue. d (
uma dns janell as. f<llott no povo : " Agora só tenho a recomrncndar-
roos união e lrcm qni/lidade" .
Dois dias depois, em 1 t de Jan eiro, a esquadra portug uezn.
_·. chamada divisão auxiliadora, c e ntão surta no porto elo Rio de
Janeiro, sob o co mmnndo do ten ente f(c neral Jorge rlc A'Vilez, pro-
curou prender o Prín c ipe e emba rcal·o para Portugal, nws não
conse~ruiu o seu intento por terem numerosas forç as bt·nsileiras,
reunirias no rCnmpo d e Sa nt' Ann :1, ob.ri!!Mlo :t sua capitulação.
Retirou-se então a divisão auxiliadora pnra Niteroi , c rl'ahi
seguiu para a Europa no m ez seguinte .
Por iniciativa do paulis ta. .José Bonifacio de Andr<Jdc c Silva
-que havia s ido nom eado por D . P eciro, em 16 de Jane iro de
1822, para occupar a pasta ele 1\Iinistro do Reino e elos Ncgocios
Estrangeiros - foi publicado um decreto, convoca ndo um consc-
Jh'o. de p1·ocuradores dn~ yrovincias, . para que 1_) . Pedro pudesse
assim contar com o a uxtho que se fazta nec-essano, para bem levar
n cabo os projectos e r e formas ndministralivas, que se pro-
jectovnm .
. _Dias depois era .Public~do nov<_J d ecreto determinando qm• só
ter1am valor no Brasil as le1s qu e, vmdas de Portugal conseguissem
o - cumpra-se, do Príncipe Regente. '
92 VIEIGA CABRAL
Resolveu então Portuga l manda r ao ni o uma esquadra, com o
fim de conduzir D. P edro . Aqui chegou a mesma no dia 5 de
Março, m as só conseguiu cntr a1· n o porto cinco di as d pois, e com
.a obrigação de voltar a Portu ga l sem tocar m nenhum dos portos
brasileiros, o que clla fez. partind o em 24 elo m e mo mcz c levando
de menos a fra gata R eal Carolin a, qu e mai tarde teve o nome de
Para_quassú e c uj a guarni ção p1·efe1·iu fi car no 13ra i!, colloca ndo-se
ao lado de D . Pedro .
A 7 d e Março prohibiu P ortu ga l a r emes ·a de :1rmas e muni-
ções para o 13rasil, moti vo qu e levo u D . P dro :1 comm unicar aos
agentes consulares es trangeiros que disp cnsari:1 o vis to das autori-
llades portuguez:1 , c qu e t:1es a r tigos potl-c ria m desembarcar
nas alfandegas brasi leiras, livres das form alidade fiscaes em
vigor.
Houve por essa época ameaças d-e uma r e,·ol u iio na província
de 1\li nas l rcra cs, c D. Pedro
p;~r a Já p arti u, no dia 25 de
1\lar ço, em com pa nhia de pe·
qu-c na com it iva.
De volt a :1 0 Hio aqui che·
go u, em 25 de J\bri l, se ndo re-
cebido fc ti vamen t pelo povo,
qu lh e p ed iu acceitassc o
t it ul o d e Defen sor Perpetúo do
Brasil, o qu e se cl eu no dia 13
de i\!a io .
Cin co cl ias depois de sua
ch gada, i ·to é, no dia 30 de
Al>ril, pul>li co u .Joaquim Gon-
ça lves Léd o n o R cvérbero
Co nslilucion a/ Fluminense Ull
pa trioti co nrtigo co ncitando
D . Pedro a proclamar a inde-
pencl en cia .
E coou assim o grito de li-
b ertação do Brasil , c onfirmado
poucos mezes depois.
Portugal continuou porém
a f.azer nmeaçns . Por tal mo-
tivo, o Sen ado diri gi u a D. Pe-
dro uma r epres-entação com
.Joaquim Gonçalves Udo grnnde num ero de assigna•
tm·ns pedindo a convocação de uma Assembléa Constituinte .
Em resposta, convocou D . Pedro " uma assembléa geral consti•
tuinte c Iegislativn, composta de deputados das províncias do
13rasil".
Isto era o attcstado de que o Brasil já se considerava separado
<ia metropole.
PEQUENA HISTORIA DO BRASIL 93
Recebeu entã o D . Pedro notici a d e que as Côrtcs de Lisbôa
iam expedir· tropas ao Br as il c, por isto, publicou o m a nifesto de
1 de Agosto, em que d eclarav a CJU e todas as tropas pot·luguezas ou
de quaesqucr out ras na ções qu e desem ba r cassem no Brasil, sem
aviso prévio, seri am tra ta cl 11s co mo c fôssem inimigas .
Reinando gr aves <.liscordia na prov ín cia d e S. P aulo, para lá
partiu o Prínc ipe no dia 14 ele Agos to, deixando a r egen cia en-
tregue á sua esposa a Pri nceza R eal D . L-eopoldina Carolina
Josepha.
Estando n o d ia 7 de Setem bro n as m ar gens d o ri acho Ypiranga,
abi recebeu um cmi ssar io, cpte levava c a rt a ~> d e sua e sposa c
de José Bonifa c io, p elas qu aes so ube n oti cias d a ntlitude qu e con-
tra elle tomavam a Côrtes d e Li bôa, e r esolveu, por isto, na
mesma hora (4 1j2 d a tarde), p roclamar a independencia do Bra-
sil para o •qu e. atirando fó ra o laço porluguez que lbe a dorn ava o
chapéo, bradou : " E' l em po. . . Jndep enden cra ou morte! Estamos
separados de Po rtugal !"
Data pois de 7 d e Setembro de 1822 a liberd ad e do Brasil.
A principio algumas províncias, ontre ellas o 1\laranbão, Pará
e Bahia, não quizcram recon hecer a in dependencia, tal a oppres-
são que sobre e li as h aviam exer ci <.lo o portuguezes .
No anno segu in te, por'm. j:'t todn t inham r econheci do o mo-
vimento libertador, te ndo o Governo contratado o almira nte inglez
Lord Cochran e pa ra comma n dar a esquad r a brasileira, que conse-
guiu a adhcsão daqu ellns p r ov i n cins re fract arias.
A indepcnd enc ia do Brns il, co nfirm ada d efinitiva e official-
menle no dia 7 de Setemb r o de 1822, j á exis tia, póde-se dizer
desde o dia do Fico (9 de J:m viro do mesmo anno).
/

CAPITULO XXII I

Acclamacão e coroacão do primeiro imperador


-- Brasil. Gu~rra da independenc ia

Proclamada a ind epeoclcn cia a 7 d e Setembro de 1322, começa


o primeiro reinad o, isto é, o novcrn o el e D . P ed ro I, que até então
era apenas pri nci pe r cgc n te. n cgrcssnndo de S . Paulo, onde pro-
clamára a incl cp-c nd encia , ch gou D . P edro ao nio de Janeiro na
noite de 14 elo mes mo m ez, sendo prociam a rl o Imp erad or Constitu-
cional do Brasil no dia 12 d e Outubro. seu an niver. a rio . e coroado
em l de Dezembro, ainda do mesmo anno (1322) .
D. P ed ro I ini ciou logo o seu govern o fnzc ndo publ ica r uma
proclam ação na qnal dava aos portugu ezcs r es id ent es no Brasil o
praso de quatro mezes para se de finirem" c intimando Portugal a
fazer retira1· as suas tr opas do tcri"i1 or io hrns il iro, sob p ~ na de
ter qu e manter uma lu cia sem lreguas .
Estava então a Bahia occup:1 da pelas tro pa3 portuguezas do
commando do "enera l JH:1deir:1 d e Mello .
En'tr-c estas c as for ra brasil ei ras, comm:1ndadas pelo general
Pedro Labalut trnvou-s e em 8 de Novembro rl c 1822 o importante
combate de Pirajá.
Não dispondo de um offi c ial superior a qu em pudesse con-
fiar o commando da esquadra qu e procurava or"anisar, con tractou
D. Pedro I o almirante ingl ez Lo r d Coch.ran e, q~e jú se hav ia po-
pularisado. comba tend o a fnvor da ind epcndencia do Chitc onde
então residia . '
No dia 21 de Março de 1823 c)1cgav :1 Lord Cochrane ao Rio,
e, c?m_uma esquadra de 8 navio e 242 hoccas d-e fogo, tendo o seu
pav1lhao h asteado na náo Pedro I, partia a 3 de Abril para a Bahia,
onde se achayam ainda as tropa s portu,.uczas sob o commaudo do
~ral Madcu·a de Mello . o
/
PIEQUENA H ISTOH IA DO BHASJL 95
No dia 4 ele i\l nio en co ntrou-se a esquadra ele Cochra ne com n
portugueza, soh o comma nd o el e Per eira de Campos e com pos ta cl :)
13 navios com 39G ca nh ões.
Travou-se en tão Ji gciro colllbate, 1·e·tir ando- c n esqu a dra de
Cochran e qu e, depois, r so lv u bloq uear a B11h ia po r mar em-
quanto por tcrrn a força do gcn·cr:ll Pedro Lab atut sitiavam a
ddade.
As for ças p or tugucza-; aba n do nara m a IJahia no di a 2 de Julho
de 1823, seguin do tll ad ira ele i\lcllo para a E uropa juntamente
com a esquadra pot·tugucza, com posta d e 13 n a vios d e guerra e 70
mercantes, qu e fo r am persegu idos a te a fóz do T ejo 1 ela fragata
brasileira Nitcroi. do comnwn cl o de J oão T:1 y lor, que conseguiu
tomar algum as d aqu-cl las unidades port uguczas .
Seguiu depois Cochranc para o :'t!aranhã o, faze ndo· essa p ro-
víncia adherir á causa da indcpe nden c ia, e d'ahi ma nd ou para o
Pará o seu capit ão J oão Pa coe Grcn fcll, inglcz e ngajado ao ser-
viço do Brasil, com o fim d obt er o mesmo result ado .
Appareceu Gt·cnfcll em 13e lém no di a 11 el e Agos to el e 1823, no
brigue Marmlil ão, dizendo qu e a p oder osa esquadra el e Cocllrane
tinha ficado n a fóz do r io e que -e ra conveni ente accei tarem a in-
depend enci a, poi , ao on trario, a esqu ad ra entraria em ope-
rações .
O plano ele Grcnfell s urtiu o cffeito desejado, adh-erindo á in-
depcnd en cia aquelles que ainda c lava m r efr ac tari os.
No dia 20 d e Set-em bro ele 1 23 embarcava Cocbra nc no Ma·
ranbão com d estin o ao Rio .
Por essa época occup ava m ainda forças port uguezas, sob 1
commando do gen cr<t l D. Alvaro ela Costa ·d e Souza Macedo,. <
Província Cis pl a tin a, sendo d'ahi exp ulsas p r lo general F r edenco
Lecór, d-epoi s de u m s iti o de 17 mezcs .
Evacuando essas tropas 1\lon tcvideo, no dia 18 d e Novembro
de 1823, foi arvorado em tod o o Brasil o auri-verde pendão da In-
rlependencia.
Emquan to occo rriam es ses aco ntecimentos, n o m esmo anno, a
3 de .1\Iaio abri a-se a Asscmhléa Geral Constituinte, da qual fazi am
parte entr~ ou1ros, os irmãos Andradas (José Bonifa cio, Antonio
Carlos e Mar tim Francisco).
Durante algum tempo a As ·cmbléa c o governo viveram em
grande harmonia . Tendo, porem, o m in ist crio dos Andradas apre-
sentado o projecto q ue m a nd ava expulsa r do Brasil tt>dos os por-
tuguezcs suspei tos, s urgiram varios protestos no seio d a propria
Asserubléa, o que l-evou D . Pedro I a retir ar os Andradas do
governo.
Retirados do governo, rpassar.am logo os Andrad as para n
opposição, form an do um grande partido qu e r esolutamente rom-
peu contra o governo, atacando-o p elos jomaes O Tamoyo e
A Sentinella, -e fazendo com qu e a Assembléa se divJ diss e em dois
.p artidos. -
96 . VEIGA CABRAL
Aggravando a situaç ã o, co n ced e u o governo o titu lo de Mar-
quez do Mar a nhão a Lo rd Coch ra n e, quando a inda estava a Consti-
tui ção e m projec to e, po r co ns eg uin te, niio s,.. s ab ia se ella admitti-
ria ou não tilul os nobili archi eos. -
Augm e ntou assim a op posição, qu e se to rnou violenta, não
só na imprc n a como na As emb léa .
Viu logo D . Pedro qu e a lu c ia ra in C' vilavel e, por isto,
passou a favo r ecer os p or tu gu ezes, prin ·ipalni e n te os o fficiaes e
soldados prision e iros da 13a hi::l, qu·c, de novo, foram reintegrados
nas fil eiras .
<Co n correu isto p ara augmen ta r a o p posi ;io no go verno de
D. Pedro I qu e mandou m::ti s t:wde inti mar n Asse mbléa a que
rlella fôssem expu lsos os Andra clas; !> IC ges to me receu n reprova-
_... ção elo minisle ri o, qu e, po r não
auere1· entr::n p lo caminho da
l=cacçiio, s-e d em ittiu .
As forças milita1·es r e uniram -
se então em São Cllri sto va m.
num ges to d e fi delidade, pa ra
r esg uard ar o I m per ador d e qu al-
quer aco nl eci ment o qu lh-e pu-
desse lirar a v ida .
Emquanlo is to, propoz Ant o-
nio Ca rl os qu e a Assem bléa se
mantiv esse em sessão pe rm a ne nt e,
pedindo -expli cações ao govern o,
pelo a ppara to d'a qu ella fo r ça, nn
noite d e 11 pa r a 12 d e Nov embro,
c qu e fi co u con h ecida na h is to ri a
1: a trin pelo nom e d e i\ oi te da
Agonia .
O mini stro do Jmp c ri o, qu e
era -e n'lão Frnn c isco Vill clil Bnr-
bosa, mnrquez ele Pnra n nguft, deu
explicações qu e não foram, po-
rém, julgadns sntisfac lo rias pc ln
Assembl én .
Pouco depois, á h o ra cln José Bon ifaci o
tard e, chegav n D . Pedro I ú c i-
dnde, á fr ente d-e um co rpo de ca va ll nri a, fa zendo ce r car o cdificio
da Asscmbléa por umn força militnr co m artilharia.
Dissolvida n Ass cmhléa, foi J osé Bonifa cio preso e m sua resi-
dcncia c con.duzido á _fortal ezn de Snnla Cruz, e, como elle, Antonio
Cnrlos, l\'!art~n} Fra nc1sco, José Joaqll i m da Rocha, e outros, fornm
1ambem aprlSHinados ao snhil'cm da Asscmbléa, se ndo todos em-
barcados a bordo da charrúa Luconia c deportados para .a
Europa.
Immcdia~amcnt e convocou o Imperador nova Asscmbléa, · com
~. umbenc1n de adoptar n nova constituição.
PEQUENA HISTOHIA DO BRASIL 97
Uma commissão d e 1 O m em bros e laboro u cn tão a Carta Consti-
tucional do lmperio, qu-e, approvad a por quas i todas as camarns
municipaes do Brasil, foi :1c cl:l m ~ld::t c jur:1d:1 pelo povo c po1· toda
a familia imperial n o dia 25 de i\larço d e 1824, tendo s ido essa
a primeira Constituição elo Brasil, o utorg:1tl:1 po r D . Pedro l.
Não agradou essa Cons titui ção :w p artid o r a di ca l, motivo pot·
que houve uma tentativa d e mo rt-e co ntra o Imperador e o incendio
do thcatro, <rue fi cou em c inz:1s, no dia elo juramen to d:1 Cart:1,
que abi tivera Jogar .
Rebentou depois e m Pcrnam bu o, no dia 2 de Julho dess-e
mesmo anno (1824 ), u ma r evol ução co ntra D . Pedro I , publicando
os revoltosos um violento manifes to co ntra o Impe r a d o r, qu e era
t'ntão chamado de " gr ande tr <~ id o r". Ess:1 r e volução é co nhericta
pelo nome de Confederação rio Equador .
CAPITULO xnv
Confederação do Equa.dor. Separação
Cisplatina

Tendo os p ernam bucan os not ici:1 de


Portugal u ma exped ição pa r a invad ir o Brasi l, o president-e
dessa província, .Ma noel de Ca rvalho Pae d e Andra de, publico
violento manifesto con tr a o gove rn o, convidanuo as P rovíncias d
Norte a s-e lhe unirem, proclaman d o, em 2 de Ju lh o tlc 1824 {")
Confederação do Equador, constituída pelas provín c ias de Pe
nambuco, Piauby, Ceará, Hi o Gr a nd e do Norte, Parabyba
Alagôas
No di a seguint e, 3 d e .Julho, officiou Paes d e Andrade
presid-entes c govc r nado t·es das arm as !.lo Pi auhy c Ceará, J)edi
do-lhes que a pressassem a no meação d e p rocuradores do conselh
e enviou-lhes uma proc lamac,.ão.
Até o dia 15 de JuU1o publi cou o Typhis Pcl'llambttcano, (" •
as bases do p acto proposto por Pernambuco para o Sup remo G
verno das seis Provín c ias confed eradas.
A nova republi ca, qu e teria como co nstitui ção
da Colombia, creou então a sua band eira.
Chegando ao Rio de Jan eiro a notic ia desse levante dos pc

(•) Elrronea o ln comprehenslvelmente dão alguns autor s a data


24 de Julho em vez de 2 de Julho que (: a certa, pois que e tivesse si~
em 24 não poderia no dia 26 ter D. P edro I baixado, como ba ixou, uà
decreto sus pende ndo as gara ntias cons titu clonaes na provin cla "por ba~
c. rebelde Manoel de Cat·va lho, procl a ma do a Confedet·acão do Equador•
El não podel'ia, porque dois dias não era m suftlcie ntes pa ra quo o R!;
tivesse conhecimento do occorrld o, quanclo na quell e tempo, não hnvenclj
tolegrapho - que só to! creado no Brasil em 1852 - as notlclns e
trazidas por navios à v elll . Cla ro es tt\ que um na vio (I velll, mesmo qa
partisse do Recife a 24, não poder ia absolutamente esta r no Rio a 28.
(• •) Nome de um jornal em que b1'lU1nva a oenna de !t·e l Joa quim
-\mor Divino Caneca.
PEQUEi A HISTORIA DO BRAS IL 99

·nambucanos , pa ra l á m a n dou o gove r n o, em 2 de Agos to, uma


divisão naval sob o commando d e Lord Cochra nc, co m r efo rços
de 1.200 hom en s, sob a o r d e n do coronel F r a n cisco d e Lima e
· Silv'a.
Desemba r ca n do a fo t· a d es te em i\lace ió, fez jun cção com
as de Ba r ra Gr an de, so b o comman d o d e F rn n cisco P aes Barreto
(rnarquez de Recife), C]U e en tão es t:lVa fu gido d e P e rn ambuco,
cujo govern o lhe cabi a por nomeação de D . Pedro I .
Reunidas as du a força . foi Recife b loqu ead a, c, d-ep ois de
alguns comba tes, occup ou L ima c Silva d efin it iva me n te a cidade
de Olinda, fug ind o l\!anocl d e Ca rva lho P aes d e And ra de e m u ma
jangacla p ar a bo r do da fragn ta inglcza T wecd, qu e o tr a n sp or tou á
:Europa .
No Rio Gr a n de do Norte, Pa r a hyba e Alagôas, a pa c ifi ca ção
foi mais. fa cil, o mes mo n ão acontecend o no Ceará, que dura nte
algum tem po enfren tou ai nda a lu cia , co nstitu in do-se em E stado
lederado e elegendo se u presid-e nte Tri tão Go n çalvc · de Alencar
Araripe, qu e foi mor to qu an do a!rnvc sava o r io J agua r ibe.
Fora m ent ão orga nisn cl as com m issõcs milita r es qu e d eviam
Julgar os revolt o os breve, verbal e sumnwr iamente .
Estas con dcm naram á mor te 32 r ebeld es, elos q ua cs a p en as 16
foram mortos, sen do S em P er namb uco, 5 no Cea t·á e 3 n o Rlo rle
Janeiro .
tEntre as vic tima s, e nco nlra vn-se o gr ande p al ri ota frei J oa-
quim do Amo r Di vino Rcbcllo Caneca, h omem de gra n de valor .
grammatico gra pb o, orador, p oe ta, esc ri pto1· c poli li co .
Separaç:lo da Provincla Cisplatina - J á v imos, c apitulas
atraz, que em 1821 a Banda Oriental fôra in co rporad a ao Bras il
com o nome de Prov ín cia Cisp lnti na .
No dia 19 d e Ab r il el e 1325 o co r on el ori en ta l J oão Anl!onio
Lavallej a - com a coo p er ação elo cor o nel F ruc tuoso Ri vera, offi-
·cial oriental ao serviço el o exer cito brasil eiro, comman dado pelo
general Fred-e ri co L ccór - em compa n hi a d e 32 or ienta es
aesemba rcon n a m a r ge m esqu er da do ri o Urnguny no Joga r d e n o-
minado La Aaraciada . ..
Lavnlleja proced eu logo ao im med iuto r ecrut ame nto d e p a-
triotas c con s·cg uind o pa r a m nis de 600, nl ém de u n s 80 hom ens
que Rivcrn ti n h a 1r azid o de Montcvi déo, r euniu e m Ln Florida
unta assemhléa q ue procla mou em 25 de Agost o a indcp end en cia
da Provín cia Cispla tin a com o nom e d e P r ovín cia O ri e nt al e de-
clararido a an nexnção com as Provín cias Un idas elo Ri o ela 'Prata .
Forças bras ile iras de 1 . 000 cavalleri a u os sob o com m a ndo d e
Bento Manoel Ri beiro fora m ent ão mand adas para s uffocar 0
levante .
~m Se tembro, RiY era ga ~h ou a. batalha d o Rincon e no mez
egumte a s forças d e Lav.all.eJa e Rnre r a d crro tru·a m, no ('.ombai C'
t Sara~rdy, as tropas bras1lcmts.
[
100 VEI GA CAIJ R AL

A 24 d e No vemb r o d e 1825, d idg iu o Governo Argentino uma


nota ao Brn sile iro , com muni ca nd o-lh e n inco r po r :~ fi o d :t Banda
Oriental á R ep u b li a A r ge n ti n:-1 . E q ui Y ;~ I i n ist o n uma verdadeira
decla1·a ç iio d e g uer r a, e po1· este mo1 ivo inici ou o 13r :~ si l ns suu
h ostilida d-es co n t r a n Arg n'tinn. n o m ez segui n te.
A esqun d r a brasil e ira , n pri n c i p io . sob o comm nndo de R
dri go Lobo, e d e p o i sob o elo vi ce-a lm i rante n odrigo Pinto Guedes
bloqueou e nt ão o ni o el a P ra !n, d e rro tando co mp le ta m e n te em Ju
lho d e 1826 a -esqu nelrilh a arge n ti n A sob :ts o rde n s el o almirant
J orge Gu ilherm e Brow n .
P erma n ec i a, e n'l r et a nt o,
b rasil eiro, sob o comm2 nd o do ge n e ral Fred er ico L·ecór. o
motivou em 24 d e I\ovcm bro el o mes mo nnno (1826) n ida do 1m
p era d or ao s ul. p a r a me lh o r e certi f ica r rlo · aco nt ec imen tos.
Vo lta n d o D . P ed r o l a o n io, :~ qui chego u ..- m 1 !> cl e .Janeir
d e 1827. :~ p ós co n ferir o comm:~nclo el o Ex e r c ito a o Ma rechal ~
li sb erto Cal d e ira Bra nt P o nte , i\iarq uez d e Barbnc e n n, em substl
tui çã o n Fre d e rico Lecór .
Come o u en tã o o Brasi l n soffrc1· r evézes n es~ n lu c ia .
N o combntc n :n ·:ll el o J n n nl fo i n esq u ndrn b r n ile ira, sob
com m :mclo d e J nci n t h o R oq u el e Se nnn P r eirn. d es troça da pe
almirnn le J orge Brown , q u e con . cg ui u tom :u o nze d os noss
navios .
Segu iu-se n b n t:-~l h n elo P ns<>o el o R osa r io, p elos a rgentino
c h a m a d a d e Il uz a in gó, em 20 de F Yer ei r o ele 1827, n a qual
ex erci t o bras ile iro sob o co m ma n do el o farquez el e Bar b a cen
fo i, d e po is d e 6 h o r ns d e co m bntc. cl·e rro tncl o p elo e se r c i•to arge
tino :'! s ord e n s d e D . C:~ r ios Ma r i:-~ d e Al vea r .
E' falso. po r ém , q u e n essn bnt nlh a ti ves se m s id o to ma d as b:m
d e iras b r as il eir a . c omo aind ;-~ d i ze m a ll-(u n s :mt o r e h nscados n
disti cos q u·e :~ c ompan h am c i nco b ::~ n d e i r as nn cionncs que se e
contram n a sec ç 5o "Gu errn d el nra si l" d o Mu c u Hi . to r ico Nacio
nal d e Bu e n os Ai r es . os qua es dizem t er si d o n<> mcsmns to mad;J
em Ituz ni n gó, o qu e é . ;-~ bi d amc nt c fnlso .
P a r a a n gm en la r os l'e \·-cze d os brasil ei r os, uma di visã o de 1
n avios ria n ossa csqu. dra. soh o co mma n d o de .Tacint h o Ro que d
Senna P e rcir ::~ , c :~ hiu em pod er d o almir:ml c nro wn , em frente
ilha de Marlim Garc ia. n o est uar i.o clo Pral n, b-e m co m o u mn e xpe
di ção qu e, e n vin d a á Pntago n ia, fo i p res:~ d os a r gc nfinos .
E m 9 de Abril, p orém , c o nsegui u o c h efe d e div isiío b rasi~l
Norton denot ar B rown , a pris iona n d o um brig ue a r gent ino e h!
c en·dinn do outro .
. Resol veu ~m l iío a Argent i n a, m á o grn d o as s u as v i c lorlas ·~
h•nores, p r~p o 1· :~ p az, sen do ns s i g n :~rla n nw co n v en ç iio p r'la tJU O,
n Ba nda ÜJ'Jenlal era r estituí da no Br as il em tro c a d e todas
presas. qu e o s. çor snrios tinh a m fe ito. Nã o t e ndo. por 6m, o govern
rgentmo rallf1 cado esse acto, c on•tinuo u a lucta, s i hem
··x.am e nt.e, da ndo-se um a nova d errota do ex er cito brasUe
f m:rcu a, O que levou n . Pedro J n d e mit1ir o Mar q uez de 'R'
PEQUENA HISTOJHA DO BRASIL 101

bncena, cham ando de novo ao co mmando do exercito o general


Frederico Lecór.
Em 1828, por me dia ção ela Ingla terra, foi então ass ig nado um
tratado de paz entre a Arge nti na e o 13ras il, p elo qu al es te ultimo
reconhecia a ind e pe ncl en cia ela Banda Oriental sob o nome d(l
Republica Ori-cn'tal elo U rug uay.
O governo brnsi leii·o, qu e r en do manter ú fo1· ça uma província
que não era br:~ s il e ira e m s ua fo m1ação, g:~s t o u cer ca de oitenta
mil contos, p erd nd o oi to mil comba tentes e acabou por p erd e r
lambem a prov ín c ia qu e; de r a mo tivo á luc ta.
Logo no prin c ipio dessa guerra. c h egou de Lis bôa a not icia
da morte d e D. João VI, o cco rrida e m 10 de l\la r ço de 1326. Como
primogenito cnbi:1 o throno portu g uez a D . Ped ro I. qu-e assumi n-
do o titulo de Rei de P o rtug:1 l, preferiu, porém , a co r ôa brasileira,
"motivo por qu e p ou co d-epoi s :1b dico u o throno de Po rtu gal, na
pessôa d e sua filh a, a inda me n01·, d e 8 annos, Ma ri :1 da Gloria que,
mais tard e, gover nou com o titu lo de D. l\lnria li . Para r eger. o
tbrono, -cmC)u an to durasse a minoridade da prin ceza , nom eou
D. Pedro -I se u ir m::io, D . !\'liguei, qu e se deveri:1 casar com ella.
CAPJT LO XXV

A acção da imprensa c do exercito. Abdicação de


D. Pedro I

As preferenc ias q ue D. Pedro I c omeço u a m a nifestar pelos


s-eus patrícios e lamb em a co nstitui ções dos s eus ministerios,
compos tos de p essoas qu e lh e pres tav am cega ob cdi en c ia, come-
çaram dentro e m po uco a d csgo tnr o p ovo .
ll'fais augm cntou aind a esse d csco nl· nl am c n to o procedimento
que 1evc D. P e dro I, quando, pou co :-m tes d e t e•· mi n a da a lucta
corr. r. Arge ntina, o vice-almirante fran cc z Ro ussin e ntrou, no porto
do Rio el-e J a ne iro, co m um a n ão, nm bri gue c du as frilgatas, exi-
gindo a entrega dos nnvios fran cczes, a pri s ion a d os durante o
bloqueio do Ri o rla Pra ta e m a is um a inde mnizaçã o d e p erdas c
damnos .
O povo, indignado protestou, mas D . P e dro I m a ndou resti-
tuir as presas e -esti p ulou qu e fa1' ia as ind emnizações p edidas no
decorr er do anno seguint e (1 829) .
Nasce u d'ahi maio r <1nimosida d e ao gove rno d o Imperador,
que em Dezembro, dada a impo pulnridade el o i'r!inist erio, d-emittiu
o mesmo, nomeando um outro, c ompos to exclusiva m ent e de bra-
sileiros natos .
Chegada ao Brasil, em 14 de Se te mbro de 1830, a noticia da
revolução franceza de 30 de Julho desse mes mo anno, qu e clesthro-
nára Carlos X, produziu a mesma enorme exci'ta ção cl·e animas em
quasi todas as províncias, principalmente na d e Minas Geracs,
que se tornou francamente hostil :~o "OYcrno d e D . P e dro I .
Os brasilei.,-os . viram naqu e lla revolu ç<io estimulo para levar
avante as suas 1.dctas contra o governo, d e vido á rea cção absoluta
deste contra a liberdade garan·tida pela Co nstituição .
Ha~)ilmcntc C)(.ploradn a situação na impren sa, destacou-se
logo o JOrnal. Aurora fluminense, c onde fulgurava a pennn do VR·
~oroso JOrnahsta Ev:ll'lslo Ferreira dn Veiga.
PEQUENA HISTOHIA DO BRASIL 103
Resolveu ent iio D. Pedro I, p ar a ve r se conseguia acalmar os
animos, visi·tar a p r ovin c ia d-e l\{inas Gera es. que dentre todas
era a que se m antinh::. mai s ho til ::10 seu gover no .
Acompanhad o de gr ::. nd e com iti va partiu o Imperador para
Ouro .Preto, então c:1pital d aqu elb proví ncia.
Receb ido :1p en as p elo el-e mento offi c ial poucl e o monarcha ·
ouvir em "divcrs:ls loc:-t li cl::1d <'s dobres el e si no a pretexto de exe-
quias por alma do medi co c jor nal ista liber al J oão Bap ti sta Libero
Bndaró, assass in ad o em S . ·P aul o, e celebradas in ten cion a lm e nte
no di11 da chegnda de D . P edro I. ·
Em Ouro Preto publicou D . P-edro um a proclamação em que
flXprobrnv:l os ex cessos da i mp r e nsr~ e, pour:o d epo is . regr essa\·a
no Rio, ex cessiv :~men t desgostoso, :~qui chegando em 11 d-e Março
do mesmo anno .
Procura r a m c nl ;ío os portug uezes e brasil eiros adoptivos so-
]ennizar a volta do monarch a com gr and es festas, as quaes, sendo
julgadas a ccinto s:~ s aos brasileiros, clemm motivo a mani festações
contrarias nas no it es d e 11, 12 c 13 d e Março, sendo qu e n est a
ultima houve san guin olen1o confli cto qu-e fi cou conhecido na
. hlstoria patria p elo nome de noite drrs garra fadas, p or t erem n ell a
·- os portuguezes a~g ~·c diclo os bras ileiros com cacos de garrafas,
pedras e outros p r ojcct is .
Reuniram-se então d iversos dep utados, e o senador Vergueiro,
e redigiram encrg ica rep r ese nt ação dir ectamente -endereçada a
D . Pedro, exigind o um a s:~tis f ação do govemo e o castigo dos
portuguezes -envol vi d os no fa cto.
A publicação dessa re presen1ação nos jornaes mais accen·
tuou o espírito de r e volt:~.
No dia 25 d e 1\I:J l"ÇO, comparecendo D. P edro I , sem ser
esperado nem conv icl::ld o a um T e-Deum m andado celebr ar p elos
Jiberaes, na igr eja d-e São Fran cisco de Paula, foi cercado pelo
povo que o saudou com vi vas, emquanlo con slilu cional, ao mesmo
tempo qu e outros gr itavam "Viva D . Pedro li". Ao. primeiro
grito D . Pedro I r espo ndeu: " Sou, sempre fui e ser.-i conslifll-
ciona/"; e, ao seg un d o : " ;\ inda é uma criança" .
No mez seguinte, 5 de Ab ril, demi tliu D . P edro I o ministerio,
substituindo-o po r outro qu e, composto ele inrlividuos tidos P. hav i-
dos por servos hnmili ssimos da vont:~d c imperial, causou grande
indi~nação ao povo e á trop a, que, r euni dos no di a s-eguinte (6 de
Abril) , ns 2 ho1·as d :1 tard e. n o Campo de San ta Anna, man d aram
a S. Chris1ov:~m uma d epu tação de três juizes de pnz, pedindo n
restituiçã o do a nti go mi nisterio.
Aos emi ssarios, decla ro u D. Pedro I: "Mantend o o meu di-
reito constitu cional de escolher livremente os m embros do minis-
teria, estou prom pto a fazer t11do para o pouo, nada, por·ém, pelo
povo."
Tal respos t :~ f-ez com qu e o p ovo se r evoltasse, ndherindo os
lres irmãos Lima e Silva (F ra ncisco, J osé Joaquim e Ma~oel),
~enerne~ de ~ra nd e popularidade .
104 VEIGA CARRAL

O proprio bata lhão do Im p erado r a qu a r·tclado em S . Christo-


"\"&m tambem ffez ca u sa c o mnmm com os r evoltosos, a elles se
unindo .
Ao s a ber D . Peél r o élo pro ceél i me n to de se ha1 alhão. muito
calmam ent e di sse a p en as: "Fez h em, q u e se v á r e unir aos s-eus
camaradas. n o campo ; n ã o d e c ·o qu e nin g u e m s e s nc rifiqne por
minha causa" .
Comple tand o o qu aca b av a d e rl ize r·. ma n d o u ell e proprio
que o regim e nto d e a rt ilh a r ia mont a d a . tam h m a quartelado no
pnço, fôsse ter com os corpo. re volt ados.
A' m eia n oi1 e c h cg av :-~ no palaci o d o J mpcr :u 1or o maj o r Miguel
de Frias -e Vasco n c ell os, cncn r r egn clo el e faze r ver a D . Pedro a
gravidade d a s i tua c; iio .
Ao m a jo r Mi g u el d e Fr· ias q u e p ediu ao Tm p er a do r uma de-
cisão imm ed ia tn, r espo n d e u D . P edro T: "Certnm ente não no-
mearei o Minislerio que querem : n minlw honra e a cnnsfilufção
m'o não permiti em : pref iro antes abdicar, ou m orrer, d o que (ater
uma tal n om e.ação. "
A's 2 horns d a m ndru ga cl:l d e 7 d e Ab ri l ele 1831 , e se.'m ouvir
con selho ele nin gu e m. n e m m es mo info r ma r os seu s ministros,
es cr e vru o seu ::~ c to el e ahd i ::~ç :'\ o co m os s eg uint es •iizeres:
"Usando do direito f] ll l! n constit uição m e on cede , d eclaro aue hei
mui volunfarinm enfe abdicad o n a pessoa do m eu m ulto amodo e
prezado filh o, . o. S r. n . Pedro d e lr nn larrz . - lJôa 1 ista, 7 de·
Abril de 1831. d ecimo d a ln d cpendencia e d n l mperio ."
Entrega ndo esse doc u mento ::10 m ajo r Mi g uel el e Frias, disse
com as Jagrimas nos olho . D . P-ed r o J : " Aqui tem a m inha al•di-
cação: estimarei que sejrzm fel izes. Re fir o-m e para n Europrt e
deixo um pai:: que sem pre amei e que am o ain da . "
Por um cl·ec r et o q ue d :~ t o u d e 6 d e Abr il, n omeou D . Pedro
tutor d e seu s qu:Jtro filh os (P edr o, Fr:-~ n c i sc a, J :J nn nri a e P:~ulal
que aq11i fi ca v a m. a J os é Ro nifac io, n f]U em es e r eYe u nesse sen
tido amistosa c ::~rt a. ·
Retirou-se entiio D . P e d r o c o m o r--esi:J nte d :~ f11 milia para
bordo da fr::~gat 11 inaleza Warspite, onél e se c on ser vo u seis dias
findos os qua es se pnsson parn b ordo d a fragat a t:~mb e m ingleza
Volage, na qual seg uiu, no din 13, p il ra ::1 Europ a , indo sua filha -e
sua comitiva n bordo da frng:~ta fran ceza La S eine .
Com a partida d e D . P edro I termina o p r im e iro reinado
~urgindo então os governos regenc ine!>.
... -. .,.
.......
-i

C,\ PITULO XXVI

Minoridade de D. Pedro Il. Regencia provisoria e


effectiva

Tendo D . P-edr o 1 :1bdic:~do em 7 de Abril de 1831, na pesroa


do seu muito amado e prezado filho, o Sr. D. P edro de Alcantara,
não podia este go\·ernar o paiz por ter ap·enas 5 annos e pouco,
sendo. pois, u ma c ria nça .
D . P edro el e Al can tara só começou a governar em 23 ·de Julho
de 1840 quand o foi d e !arado de maior idade, de man-eira que,
desde 7 de Abril de 18::11 até: 2~ de Julh o de 1840. o paiz foi go-
' 'ernado p elns r egenc ins que foram quatro: negencin trina pro-
visaria, regcn cia trina p erm rmcnt e, I'Cgcnci:l de Diogo Feijó c re-
gcncia d e Araujo Lima.

Regencia trina provisorla - Logo que lfoi conheci da n noli·


cia da abdi c:Jçào d e D. P edro I, foi nom ea da uma regencia intel'in
composta pelo brigad e iro Fran cisco de Lima e Silva, José Joaquii
Carneiro d-e Campos (m arquez de Caravellas) c senador Nicolá
Pereira de Campos Vergu eiro, governando de 8 de Ahril de 1831
18 de Junho do mesmo a nno.
tEssa regen cia r ei n·tegrou o minist-ci'Ío anterior ao de 5 de
Abril, e que h avia sido demittido por D. Pedro I, como vimos,
approvou a nomeação de .José Bonifacio p nm tutor dos príncipes
menores, e publicou um manifesto convirlnndo o povo a se manter
em ordem. .
No dia 18 de Junho reuniu-se ent :'io a Assembléa Geral, sendo
eleita a Regencia Permanente .
Regencia trina pennanente - Fi·cou a regencia permanente
do brigad eiro Francisco el-e Lima e Silva e dos deputados
~ ompostrt
José da Costa Carv:1lho (mais tarde marCJllez de Monte Alegre) e
João Braulio Moniz, govemando d esde 18 de Jun'Qo d-e 1831 n\(! 1~
de Outubro de 1835 ,
I
106 VEIGA CABRA L
Foi Alõ(itadissimo esse p eriodo. formando-se trcs oa rtidos que
.se dej:!I:Hiiavam: o m odcr::~cl o, que a p p r ov:wa ::1 T'{'gci1 c ia: o cxal-
ta·do. que qu eria a rcpuhli ca: c o r e la ur arlo r ou ca r nmnrú, que
desejava a volta d e D . P e dro I .
no primeiro faz ia m nat· tC' , -e nt re ou t ro~, Evnris lo rl a Vcil!a c
Nicol:ío Vergu ciro: do s f[ uncl o. Pn cs d e Anrlrncl c, Antonio C:~rlos
de Andrade e Silva e 1\li gu el el e F rin . : C' elo te r 'l' iro, J osé D o nif:~cio,
Marlim Fr::~n c i sco c Fran c isco \ il lcl a B arbo a .
Cham ou a Ret:!e n ci a p ara occupar a pa la el e Ministro da
Justi ç a o p:~dr c Di ogo Ant o ni o fo'cij ó, q u e. x ig in(Jo liberdade
absoluta d e ncc:'i o. co n segu iu su ffoca r ns varin~ r C'h C' Jl iões que se
deram n:1s provin c ia . rln s qu aes f::~lnrcm o~ mais :J(li nnt c .
Nom eado Diogo F ei ió com{'cou logo rlissolvr nrl o alguns corpos
que dias depois (14 e 15) -e h :1 vi a m i n ~uhor ciinnclo n Rio de Ja-
neiro . Creou as gu::1rda~ ac io n ai c l\f unicip :~ l. C' c om est:1s submct-
teu um batolhi'io d e ::~ rlilh a ri:J ci e mari n ha, su ble vado n a ilha das
Cobras .
No 1\faranhão. em 1 :-l d e Sri cmhro . n~ trop as rcvo lta clns pren-
deram varias pesstlns ill ustrcs -e cxp uls:1rnm o prcsi rl nt e, os ma-
gistrados e o commanda nte ela . a r m a. , r r stab cl c e nclo- e n ordem
só no nnno sej!uintc, em Abril el e 1832 .
N ess-e mes mo m cz, no dia 3. u ma revo lta com ca rn ter repu-
blicano, ch efi ada p elo ma jo r Migue l d e fo' rin c Va ro n cell o . amo-
tinou as g uarni ções da ilh n dn s Cohrn <; c W illrga ign on . om ns.
qunes desembarcou em Botnfogo e ac0mp a nh a o o el e gr nnd·c ma~ .. a
ponulm· s"gnin p ara o cam p o rl c Sa nt'A nn :1, d:~nd 0 v i Y :-~s ú Repu-
blica Federativa .
Ahi nc nmpado, Mig uel de Frins di ·t rih ui u Ulll<t proclamação
aos brr.sil-eiros. d estituindo os r ege nt es e n om :-~ ncl o p a ra substi-
tuil-os Manoel d e C:Jt·valho P a c fl e Andrade, Ant o nio C:1l'los dr
.'\ .nclrnrle c Silvn e .J oiio P edro Mavn ard .
Suffocada a rcvolu cão p elas lt·o pas imprri :tcs sob o commando
do maior Luiz Alv-es d e Lima e Silvn. 1\l igu c l d e Fri as foi ohriga·do
a fugir para os Estados Unidos dn Am er ica do No r te .
Ainda nesse mesmo mez de Abri l, orga n izo n o par tido Restau-
t•ador uma sedi ç ão que foi, porém. prom p t:1 n1c n tc a bl'l fnd:J, pois
o bando armado '.tue ós ordens do barão de Bnl ow inv es tiu contra
ns forcas gowrnamen1acs , foi batido por estas e m l\la tap orcos
(actual lat·go do Estacio de Sá, ncstn Capitnl) .
Nova revolta rebentou então por ins ti gnr õcs ele .José Bo nifacio,
mas _foi. a mesma .~ nrf_foc~dil . cx ii!indo Diouo F C'i ió que o parlnmento
destttm~se .José _BontfacJ.? do ~nr~o d e tut or dos prin c ipcs . Na Ca-
marn fo1 o deseJo . dc Fe•Jó sat•sfe1to, o mesmo n:'i o ncontc cc ndo no
Sen~·do, o que motivou a retimda de Fei~ ó da pasta ele Minislt·o dn
.Tusttça.
Continuava, porém, o pai7. a ser agit ado p cl'ns r evoluçõe s, no
'O tempo que em toda a parte se fundav am soc iedades d,e fen-
n liberdndc com ll seguinte divi sa que l'\nvia !lido rtada TJOl'_
PEQUENA HISTORlA DO BRASIL 10'1
Feijó: "Sem ordem não lza p rogresso ; sem justiça não ha Liber-
dade."
Em P e rn ambu o rebentou n tiio a ch amada S ctembrada, em
que a solda des ca desenfreada poz a cida de em saqu e dura nte os
dias 14, 15 c J G d e Se tem bro ele J S32, começando a r evolta pt lo
14" batalhúo, obrigando o po ,·o a pega r em armas.
No Cead, o coron •1 J oa<Ju im Pinto Madeira, considera ndo
nullo o neto de abd 1 ação, traz ia a provi ncia em sobresalto desde
Dezembro d e 1S31, até que se r ndendo ao gen er al Pedro Labatut,
em Outubro de Hi32, fo1 co ndem !1'tdo á morte e ex ecut ado em No-
vembro de Hi31, n o prop rio earú.
No Pará, as t ropas jú on·oidas pe lo cancr o da indiscipliua,
sublevaram- e, em ~\l.Jrll de 1SJ3, durando essa r e,·oJta, conhecida
p elo nome d e Cabw1uda, trcs a nnos -c p ouco .
Os re voltosos as ~a~s 1n a r a m o gov ernador, Bern ardo Lobo de
Souza, e o command:ll1 le das a rm as, major Silva Santiago, cujos
corpos foram sepultad os na me ma cova, em J aneiro de lll35.
. Para su bst ituil-os fonun n o1 neados, r-es pectivamente, o tenente-
coronel Felix Anton1o Cleme nte ~l a lch c r c Francisco P edro Vina-
gre. Dent ro de poucos di as desav ieram-se, porém, os dous, e
o J·esultado foi a lu ta ntr os parti darios de nm bos, sen do ;\lal-
cher batido c obrigado a se ref ugiar no arsenal de guerra, de onde
se passou para bordo d e uma em barcação bras ileira, c ujo comman-
dante o en tr go u a s partida ri os de Vin agre que o assassinaram e
arrastaram p las ru as d a cida de .
Estava assim Vinagre .senh or d a s ituaç{IO. qua ndo ao Pa1·i
chegou, em Ju lho, o marech al 1\la nocl J orge H.odri ~ru-cs, cncarregad
ue pacifi car a provincia. . -
Fingiu Vinag r e a principio es tar disposto á subm•ssao, ma
em breve, r ecom eçou a lucia .
Em Ab ri l de 1S3G, j á então d urante a J'Cgencia de Diogo Fcíjó,
sendo no meado gover n ado r e cotn mandante das armas o bnga-
deiro Soares d e Andréa, a este passou Rodrigues o commando, re-
tirando-se para o Rio.
O parti do Ca ram urú ou t'Cstaurador que, como ainda b a pouco
dissemos, se ba tia pela volt a de O. Pedro I, cr:eou a Sociedade Mi-
litar, procura n do ass im interessar no facto as classes armadas.
Indign ac!_o, por ém, o povo con tra os manejos dos restauradores,
varcjou-lhes a casa no dia 2 d-e Dezembro de 1833, quebrando os
moveis e faze nd o dias d epois com que uma forç.a de policia pren-
desse, em S. Chris lovn m, José Gonifacio, que foi destituído de
tutor, substituido pelo Marqu-cz d e Itanhac m c enviado em custodia
para a ilha d e Paquctá , onde veio a morrer mais t arde .(1838).
Pouco tempo d epois, em 24 de Setembro de 1834, falleceu
D. P-edro I , o qu e fez com que desapparecessc o partido restau-
J'ador. '
Nesse m esmo an no e pouco a~1t~s d esse facto, em 12 de Agost~,
~ Camaras votaram o Acto Addtc10nal, que era um accrescimo
tos V·BIGA CABHAL
feito á Constituiçiío c pel o qual en tr-e out n ts m ·d idas havia n de
que o num ero d e r egen tcs passava l e trcs pa ra um .
Os. dois parti_dos ex istcnt s, isto é, o mo derado 'O o exaltado,
upresen1aram entao res pec tivamente o paul is ta Diogo Antonio
Feijó e o pem am lmcano Antonio F rancisco de P aula Hol landa Ca-
valcanti como ca ndi da tos ao Jogar d e regen te, se ndo elei to o pri-
meiro delles .
Regencia de Diogo Feijó - E sa rcgcncia vae desde 12 de
Outubro de 1835 at é 19 de Setem bro d e 1 37, d ia em que o regente
resignou o ca rgo.
Duran·te esse p erío do teve F cij ó qu e r e ol vc r a questão reli-
giosa e que terminar em 1837 a r evol ução paraense, conhecida pelo
nome d e Callanada .
Não foi nenhu ma dr.ssas, porém, a qu estão mais complicada do
seu govern o, c sim a c hamad a gu er ra dos F arrapos que, t endo du-
rado dez annos, r epresen ta a ma is longa c ma is tris te <la luctns
civis travadas no Brasil .
A questão r eligiosa foi motivacl n por niio quer er a Santa Sé
ncceitar a in dicação imperia l elo bispo eleito d o Ri o de Jane iro .
A r evo lução pal'aen se, a Cabanada, foi fin nlme nte suffocada
no seu governo pelo brigadeiro Soares el e And r éa que , apoiado em
forças n avacs sob o comman do elo capitão de mar c guerra Frc,
derico .Mariath, res tabeleceu o pl'Cs tigio da autoridade em Maio
rle 1836.
Agora, a mais seria das ques•tões do go verno de Diogo iFeijó:
n guerra do s Farra pos .
Rebentou essa gu-er r a em 20 de Setembro el e 1835, mo tivada
não só p ela influen ci a qu e as ide ias r epubli c ana do Ur uguay e da
Argentina exerciam nos ri o-gra ndense d o sul co mo lambe m pelas
queixas que tinham estes dos impostos excessivos qu e sobr e elles
pesavam.
Como vivessem dos pro'p rios r ecursos, não d ispon d o, pois, 'de
grandes meios, foram os r evoltosos d enomi nados Farrapos .
A' frente d ellcs collocou-se o cor on el Bento Gonça lvcs da
Silva, que depoz o presidente d a pt·ovin cia, o que moti vou enviat'
Feijó novo preside nte que, no combate do Fan f a, em Outubro de
1836, aprisionou o chefe da r evolt n, r emettend o-o p ar a o Rio de
Janeiro.
Reunidos na serra de Tapes, proclam arnm, porém, os rebeldes
a Republica d e Piratinim, a cclama n do prcsid cn·tc a Bento Gonçal-
ves da Silva qu e, por estar pr ision eiro do gove rno centra l, ficava
substituído interin nmente por J osé Gomes de Vasconcellos Jardim.
Bent{) Manoel Ribeir o, que h av ia já feito parte ela fa cção dos
rebeldes, p,assando-se d epois para o ou1ro ladó, c a que'm devera o
governo central a prisão de Bento Gonçalves ela Silva, resolveu ~o
novo voltar ao seu primitivo partido, bat endo assim as forças le:
• es, então sob o commando do general Antero de Brito, em ·
PEQ E A HlSTOR IA DO BRASIL
Pardo c Caçapav a, onde a guar ni ção se. rendeu, cailindo o general
Antero prisione iro.
Por essa época, onsegu iu D-en to Go nçalves da Si lva, que do
do .Uar
lHo de Janeiro h a via sido tran ·fe ri do pr so pa ra o Forte onde
na Bahia, fugir da pri são, vo ltando ao Hio Grande do Sul, em mãos
assumiu a p1·cs idcn cw d a Hcp ubli ·a do Pirat inim, en tão
de Vasconc ellos J ardim, co ufor m-e vimos.
Com a fuga d e 13cn t c; onçai ves d cscnvo l v eu-se grande opposi-
ção ao gover no, r esolvend o ' nt ão F cijó renunci ar o cargo,anpas- tes
sando-o ao Sen a dor Pedro de A1·a ujo Lima, a quem nomeara
ministro do l mperi o.
A guerra d os Farrapo :,ó veio a term ina1· em 1845, já no pe-
ríodo em que gov ern a a o paiz D . Pedro 11.
Regenc ia de Araujo ll.ima - Vae a r egencia de Araujo Lima
desde 1\! de Se tem b1·o etc l ::l::l7 até 23 ele Julho de 1840. edro li e o
Duran te o seu governo fo ra m cr cados o Collcgio P
Instituto Histori co c Geograpb1co,
sendo a Bahi a ng il ada de 1 ovcm-
bro de 1837 a i\lar o d J 838 por
uma revolu ção, que e d enom inou
n Sabinad a, c hefi ndn pel o med ico
dr. Franc isco Sabin o Alvares d a
Rocha Vieira .
Os r evol toso · proclam ar am a
Republi ca Balzi en e, fi cando se-
nhores da capital, pois o presi-
dente, mal rob ent ou a revoluçã o,
fugiu para bordo de um na ,·io de
guerra .
Coube, en tão, ao vice-pres i-
dente organiz ar n defesa até que
chegass e o n ovo p r·es ide nle n o-
mea~o, ~m compa nhia de quem
'iegUia o n ovo commnn clan le das
armas, marech al J oão Chryso tomo
Callado .
Ao mesmo 'lcmpo parti a de
Pernam bu co pn r a a 13abi a, com um
reforço o gener:.J! J osé J oaquim Luiz Alves de Lima e Silva
Coelho . (Duque de Cexlaa)
Os dois genern cs, Callado c
Coelho, tom aram as medidas que rep ut avam n eccssari as c após
tres assaltos ,_r especti vament_e n os dias. 14, 15 e 16 de Março de
1838, C?nscgu~ra m tomar a c1dnde do Salvado r, que já começa va do
a ser Inccndt ad a pelos revoltos os, sen do o dr. Sabino deporta
para Goy az .
Em 13 de Dezemb ro de 1838, rebento u uma r evoluçã o 110 Ma-
ranhão, que durou a·té Feverei ro ~e 1840 .
110 VEIGA CABRAL
. A revolução da Balai ada, como é conuecida na Historia foi
;:apitaneada por ll'l?noel Francisco dos Anjos Ferreil·a (por al~unba
o Balailo), Raymundo Gomes Vieira Juta lli e o preto Cosme que
tomaram e sattuearam a cida d e ele Caxias. '
Mandou e ntão o governo qu e o co ron el Luiz Alves de Lima e
Silva seguisse para aquell a provín cia. a suffoca r a revolta, o que
conseguiu, r ecebe ndo o titul o d e s~wão d e Caxias.
A guerra d os Farrapos co ntinuava ni nda, o que fez com que
Araujo Lima resolvesse subs'lit u ii· no governo do Rio Grande do
Sul o presidente Nun es P ire , po u co energi co, p elo marechal Mi·
randa de Brito.
Máo grado, porem, a en er g ia do novo presid ente, os rebeldes
continuaram senhor es dn si tu ação, clerrot:Jndo os legalistas em va-
rias pontos . .
A opinião publi ca mos trava-se enUio de contente com a per·
manencia do marechal Brito no governo da p ro vín c ia, e, por isso,
resolveu o Regente substituil-o p elo dt·. Salu rnino de Souza Oli·
veira, sendo nom eado ao mesmo te m po commandante das armas o
tenente-gen eral Man oel J or ge Rod ri gues, e continuando como com·
mandante da esquadra o vice-almirante J oão Pascoe Gt·enfell.
Em 1840 pediu o pal'!ido liberal a declaração da mnioridade
do lmpc.radoi:, qu e cont ava, en tão, ap enas 15 a nnos incompl'etos,
conseguindo· fazer p assat· nas cluas Cantaras, em 23 de Julho desse
mesmo anno, a de claração d a 111aiori da de.
Consultado D. Pedro se queria assumir as r ed eas do governo,
respondeu clle: " Quero já", prestando o juramento constitucional
nesse mesmo dia, terminando nessa data o período da <; rel:encias.
CAPITULO XXVII

A maioridade. Luctas civis até 1848

Procl :.~mnclu a maiori dade de D. P edro de Alcantara no dia 2S


de Julho de 1840 antes de completar 18 a1mos, conforme estabcle-
' cia a Constituição; foi o joven
l"!":'l=:~"'"-"~,....,~-~·"'!!:"":"'~i':""~ monarcha sagrado e coroado
imperador uo dia 18 de Julho
de 1841.
Declarado maior, começou logo
a governar, nomeando seu primeiro
ministerio .
No mez s-eg uinte, para tentar
pacificar o paiz, ainda agitado
p ela · guerra dos Farrapos, conce-
deu am ni stia geral para os crimi-
nosos políti cos . Os rio-grandenses,
porém, que s e julgavam fortes, não
a acceitaram, continuando a
lu cia .
Resolveu então D . Pedro 11
-enviar contra os rebeldes o mais
glorioso general do imperio, Luiz
Alves de Lima e Silva, succcssiva-
men te barão, conde, marquez c
duque de Caxias.
Antes, porém, de partir para
D. Pedro 11
o Rio Grand-e do Sul, foi entregue
"" ao Barão de Caxias a missão de
suffocar ns revolu ções que estalaram respectivamente em S. Paulo
e 1\linas Geraes.
Revolução em S. Paulo - T,endo a Assembléa Geral pro-
mulgado -em 1841 uma lei, crenndo um novo ·Conselho de Estado,
112 \ .ElGA CAI3ML
e outra, reformando o Codigo Cri mi na l do P rocesso e aiada aais
tarde. já em 1842, t endo ido di solvida :1 Cnma ra d os Deputados,
tacs fa c tos fo ram as ca usas da r evolu ção m S . P::tul o .
Os d esgostosos, r eu n id os e m Soroca ba . no din 17 d e 1\laio de
1842, procla ma r am pr s id en t • d a provin ir~ o co ronel d e milícias
Raphac l Tobias d e Aguiar .
Tend o o p r es id e nt e lega l, ba riio de :.\Io n lc Aleg r e, ped ido auxi·
lio ao gove m o impe rial, s gu iu n o 111 mo dia I 7, par:1 Santos, um
batalhão cl·2 caçad ores. c no clin i mm cli ~il o o ha ta lhiio de fusi-
lciros .
Nom c:-~ rl o co mmnncl anl., em c.; hcfc el e. S<l'i fo r ç;1:, pndiu no dia
19 para S . P a ulo o Barãd d e C::tx ias, om a n rio :1 ci d a de ele Sorocaba
no mez segu int e .
Os r ebeldes fu gi ram, d·e ixando apenas o padr e Diogo Antonio
F e ij ó, e ntão pn 1·alYlico. qu e foi npon t :~d o pe l o~ se u advcrsarios
('Orno in spirMio r da r cYo lu ão .
Co nduzid o á prescn a el e Ca x ias, perg untou :1 es te o ex-
R egent e : qu acs as orcl en qu e t raz i ~ d o go"cmo imperi a l relativa- f
m ent-e aos reb el d es. ao que Cnx ias Ih r espo n cl c u q ur era a de
suffo c ar por comp leto :1 J'C\'Oiln. r:i zão nor qu e pr end in nflouelle
mom ento F ei ió c o fazin tr a nspo rla 1· cnlii0 . cnlndo nu m a c ndcirn,
po1· cru a tro soldad os, p :n a o r u e lado m:~ior.
Com o om bn tc d·c Vcnd n Grnndl'. term inou ;r r ,·o lu çã o em
S . Paulo .
Revolução em Minas Geraes - .\foti,·adn pel a ~ me mas cau·
sns que fiz cr :1 m S . Pnul o se r e ,·olt:rJ·. r r bc nto u em Juu ho de 1842
uma r eYolu ção em Bnrbaccnn . que s r p ro o:1gou com g r nncle in~en·
sitlacl~ p ela pr oYin c i:J . Chefinv n o~ J'<' helel •s J osé F el i inno Pmto
Coelh o (Barão d e Cocac ) .
P :un p acifi car c sa provin ia, no me o u D P ed r o IJ. o vnloroso
so ldndo l3nrão de Cnx ins, qu e se :~ c h n v:1 a ind n em Patrlo, e
que partiu imm e cli:~t ::~ m e nt c pnm Ouro Pre lo .
Entrin ch e iraram-se os r evoltosos e m Sa nl :1 Lu zia c nta cm·am
no dia 20 de Agos to (1842) :1s forças de Caxias . E te po r um babil
estratagcm:1, fingiu que fu g ia, m nnd nn d o 1ocnr r ctirnd:1 . Os rebel-
d es, qu e -estnva m c.nt ão numn cmin c n cia, d esce r:1m em per seguição
elas forç as d e Cnxtas que, contra-ma r c han do, d err o tou-o completa-
mente. Presos os ch efes ·cta r evolução, e ntre ellcs o rr rand·c Theo·
ph.ilo Benedi c to Olt?ni , foram to dos r<'m e ttid os pnrn °o Rio de Jn·
nciro, ond-e c onscgmrnm , dois nnn os <le po is :-~ mni s ti:1 ge rnl .

Reyoluçio alagoana - Poucos n1 czes depois da :unuistiu


concedida aos r evoltosos de S. Paulo e i\linas, i sto é, em 5 de
Outubro dllqt~ clle mesmo anno d e 1844 , cêr ca de 700 h om e ns, e ntt·e
quaes VIc-ente Tavnrcs da Silva Cou tinho co nh ecido vul"ar-
'!! por Vicente d e Paulo, o caudilho das' mattas, após co~sc­
tomRr to·cto o armamento existente na capital 11lagoana, de-
PEQUEN A lll STO fHA DO BRASIL 113

puzeram o pres i den t-e d a p rov ín c ia qu e roi o brigad o a se r e fugiar


n bordo do bi nte Caçndor . . .
Despa ch ad o d o H io cl .í ~1 n e iro p :ll":t a qu ell a pro vin CI:l nor-
tista. com o fi m d e r c sta b lc · r a or d em - -e a a uto r i d a d e l egal, o
brigadeiro Anto n io Cor;·.:·a Se~t rn d erro to u, a p ós qu a tro b_?ra s d e
combate, o · rebe ld es, junto :í v il la de At ala ia , se ndo e ntao n<;>-
meado pr es i cl ~ n t e d a p rovi n c i:J, Cae tnn o :'ll a ;·i a Lo p es Ga m a , n; :us
tarde vi sc ond e d e :'ll arn ng uape. m a nno a nt-~ s d esses factos. 1s to
é, em 30 d e i\la rço de 1 S-13, fo i cele bra do ertJ Na poles . por pro-
cura cão, o ca samen to I e D . P ed ro Tl c o m a prin ceza italiana
D. Te reza Ch r is ti na :\lari a de Bo urbo n , sen d o P.roc urador o conde
de Svracu sa, i r m ã o da no iva.
E m b nr cou es ta no d ia 1 ele J u lho a bordo d a fr aga ta Consti-
tuição c o m des t in o :10 H io d e J an e iro, aqu i c h ega ndo em :1 de Se-
tembro. e el e cmbn r cando n o dia sc g u i nt ~ n o ca es do Vallongo, que
receb e u o n om e d e cae el a I mp e r at ri z .

Pacifica ç ã o d o Ri o Gran d e do Sul J :i vi mos no capitulo


anteri o r qu e a gu er ra d os Fn r r a p os c la lo u -em 20 d e Setembro
de 1835, n o Hio Gra n de do Su l, qu e · v e io a s er p acificado no
govern o d e D . P edro 11 .
De p ois d e s uf foca d as as rcvolu õc de S. Paul o e Minn,s, ·cou-
fiou o gov ern o a Ca x ias a m i são d e pacif ica r o I1io Grande d o
Sul, on d e os F ana po n ão se qu eri am s ubm etlc r .
Em fi n s de Outuhro ele" 1842 par tiu Caxins do Rio d e Janeiro,
nom-ead o omm:1 n cla nt e el a nrm ns c p r cs id cntr dn província de
Rio Grnn d c do S ul .
Em P o rt o Al eg r to mo u p os. c n o· p ri meiro. d ias de Nov embro
c, no m ez se ~ ui nt e, g a n h ar am as fo r ças lc "'a li sta os combates de
Triumpho c Ca m a c ua n. graç as ú passagem p a r :J :JS for ç as l·egnlistns
do ind eci so cau di lh o Be n to illanoe l R ib e iro, que. c onfo rm e já vi-
mos, fez a p r in i p io p a r te el os I·cvo llosos, p as :1 ndo d e pois para a s
forças el o gove r n o , mai tard e o u tr :J y ez p a rn os r evoltosos, e com
a chegada el e Ca xia s d e no vo t o rn o u :'1 s fo r ça s d o "'Ovemo .
Em 1843 fo r a m os r evo lt o os d r rro t a d os e m trcz combate s
successivos .
Afin:JI, e m 28 d e F \"C r ciro de 1 845, tend o s ido d ecre tada n
amnistia ge r a l, en t r egaram os r eb eld es ns armas .
Pac ifi c a do o ni o Gra n de d o Sul, r e b e nt o u e m 1 848 uma rcvo-
luçiio em P e rn a mbu co, r 0 nh cc id ? p ~ l o n o m e d e Reuolll çcio Praieiro.

Revolução P_raielra - E ssa revo~u ção_. che fiad a pelo des-


cn,lbarga dor Jo.a qun.n Nun es i\ln c? ;~ clo foi ass_lll_l ch a mada por ser
fe1~a _pelo part1do 1.1beral conhecido J?Or prateiro, por ter 0 orgam
offJcH!l rless9 part1tlo sua t v pog rapbw monta da na rua da Praia
onde se reu!llalll OS parcdros . (• ) '

(•) O outro partido, conservador, er A c onho~i do por guablni. .


114 Vi:IGA CABRAL
Visavam o~ praieiro~ a quédn dos guabirus, que haviam feito
derrubad a dos elemento s libera es, da n do assim motivo a varias
luctas.
Nomeou então o govern o o de put :~ d o Ma no el Vieira Tos1a,
presiden te de P e rnambu co, n o m ea ndo comnwnd ante das armas _ o
brigadeir o José Joaqui m Coelho .
Antes da chegada de Vi eira Tosta, gover na va Pernamb uco
Herculan o Ferreira P enn a, em cuja ad mini s tração foram o~ rebel-
des batidos em Muss upi nh o e C ru :~n gy.
Com a c hega da d e \ icira Tos ta, a tacar a m os r evoltosos Recife,
no dia 2 de Fev er eiro d e 1 S<l9; fo r am , p oré m, derrotado s e tiveram
morto o seu •c hefe, o d esemba r gador J oaq uim :\'unes Machado .
Borges da Fonseca a rvo r ou, n lão, a ba nde ira repub li cana, mas em
pouco tempo foi ca pturad o . O ca pi tão P edro Ivo Velloso da Sil--
veira, com 300 h ome ns qu e h a Yi a m esca pa do, continuo u a lucta,
batendo- se h eroica e d esesp e r a da men te co n tr a as fo r ças legalistas ,
sendo afinal preso c r e metticl o p a ra o Hio de J a neiro 1 onde foi
recolhido á fort a leza da Lage. D'ahi fu giu p ouco depois, embar-
cando num na vio e tr a ng-eiro, a c ujo bordo mo rreu na altura da
Parahyba .

c
CAPITULO XXVIII

Guerra contra Oribe e Rosas. Questão Ghristie

Era Fru ctu oso Rivcra presidente da Rcpublica do Uruguay,


quando o general i\l a noel Oribc, assaltando o poder, conseguiu im,
perar no paiz, reduzi ndo a acção do seu governo aos limites de
l\font-cvidéo . Deu cs c fac to Ol'lgcm à formação de dois partidos:
Blanco e Colorado, aquc ll e c hefiado por Ori be e este por Fru-
ctuoso Ri vera.
Os parti dari as de Oribc h os ti lizavam não só os partidarios de
Rivm·a, como tambcm os brasile iros resid-ent es n a Republica.
Nessa época es tava o governo argentino nas mãos do tyranno
general João i\lan ocl Rosas, typo de verdadeiro monsh·o com fórma
humana . .
Rosas c Oribc com pletavam-se; difficil seria estabel-ecer qual
rlos dois ap resentava ma is seguros traços de monstruosidade , de
que bem dão noti cias as an tonomasias po1· que eram respectiva-
mente conheci dos: tigre d e Paierm o c cor/a-cabeças.
Rosas pretendia fund ar o vice-reinado de Buenos Ay rcs e a
clJ.e incorporar o Uru guay c o Paraguay, para o que contava com
o apoio do degenerad o ori ental Ma noel Orillc, que estava prompto
a escravizar sua pr opria patria .
Ligados os dois monstros, começar am n hostiliza r o Brasil.
Tanto no int erior como na fro nte ira eram os brasileiros assassi-
nados e roulla dos. c algumas vezes fci•tos prisioneiros c tratados
com grande c rueldade .
Tanto os oricnlaes como os argentinos, ardentement-e deseja-
. Tam a exterminação dos dcspreziveis caudilhos, que manchavam a
civilização platina .
O Brasil, em honra do seu proprio nome, linha o dever de in-
tervir para rcpcllir os insultos e ultrages feitos nas pessoas e ben 5
dos seus filhos .
Assim pensando, com-eçou o governo brasileiro em Junho de
1850, a fornecer ao governo legal do Uruguay, presldido por Joa-
11 6 VEIGA CAB RA L
quim Suareli que ha vi a sue cdido ao governo do gene ral Rivera, as
quantias precisas p ara que "s tc ubjugassc Orib c, c, em Março do
anno seguinte, ga rantiu o 13r::ts il no m in istro u rug uayo no Rio, que
n ão consentiri a qu e Or ibe o c up nsse :\!on teYicl éo.
No mcz s gui n tc, Ab ri l, segu ia pa ra o sul, n om cnd o comman-
clan~e em ci.Icfc da nossa esqu adr a, o vi c-a lmirant e J oão Pascoe
Grenfcll e em Jun ho n omcaYa o govcn10 brasilei ro pr id-cnte da
província do Rio Gr nn dc do u i c commandan tc e m chefe do
exercito em op e r ações o Conde de :~::...ia~.
Alliadas as forçns bras il eiras com o partid o ch efiado por
Fn;ctuoso Hi vcrn -c com os genera s rquiza c Vi xasoro, respecti-
vamente gove rn ador es de Entre Rios c Corricn tes, in va diram o
Uruguay , obriga nd o Or ib e a capitu la r, n o d ia 11 d Out upro de
1851, fi can do a s im a egu rnd a a indepcndencia do Uruguay, que
fi cou li!J erta d o d esse ty r a n n o.
Ve nd o Rosas qu e os a lliados faziam gu~r ra a Ori be, declarou
elle gu erra aos a lli :J do , qu e imme di ata -e honrosame ntc a accei-
t aram.
Com o r uguay e os genet·aes rq ui za c Vi xasoro, estipulou
o Brasil, que co n co r re ri a com 4 . 000 h omen s e 17 navios, aquelles
sob o com ma nd o do Bri gad eiro :\la nocl :\larqu s de Sou za, e estes
sob o com rn a nd o do almira nte Gren fel l .
A esqu adra bras il·e ira, fo rçan do, vi ctori o. a, em 17 de Dezem-
bro, o passo de T o n elcr o, defendido p o r um cuni.Iado d ~ nosas, o
gen e r a l Luc io i\!a nc il la, fo i a n corar na ponta elo Diama nte, em-
quanto as fo r <:as al lia das de t rrn, d epois de ntrave sn r o cauda-
loso P nra nú, m a r c i.Iavam so bre Buenos :\ yrcs. o nd e destroçaram
completam e nt-e as trop a de Ro as, n a ba tal ha ele llloro n ou .Monte
Caset·os .
Rosas, para nfio ca h ir em p od r elo a lli a do , d i fa r çou-se em.
marinheiro e fu giu com s ua rami li a p a ra bord o ti o nav io inglez
Cenla11r, d·~ o nd e se p asso u pa r a o Conflil , no qu al seguiu para a
lnglalerra, onde veio a mo r re r m uitos ann os d epois.
Terminada a gu erra, o bteve o Bras il um t ra tado ele limites
com o U ru gu:1y .

Questão Chrlstie - Venc idos os d ois nbjectos caudilhos


Oribe c nosns, entrou o Dra si l nnma phnse de gt·a nde progresso.
Dez annos depois, isto ~. em 1862, s urgiu, po r é m, a chamada
questão inglcz n ou qu estão Chrislic, da qual r es u lto u o rompi·
mcnto de r e lações do Brasil com a Inglate rra .
Sul. Nessa occ asião o mini s tr o i nglcz no Ri o "Willi~m Douglu
Cbristie, exigiu indemnização e, um anno d epois: -em 1'7 de Junho,·
pel.o facto de ler um posto de gum·da na Tijuca aprisio nado e
paisana •. e de volta de um "pic-ni c", c mbringados. haviam clesaca-
. Mollvou essa ques tão o prBie ndido saqu'C da barca ingleza
Prm~e o{ Walles, nanfra gada em Junh o d e 1861 , no Hio Grande do
----~rthdo no xodm h·" offici"' inglcm d• f'"gntn Foct que,
PEQUENA HlSTOIH .\ DO f3HASIL 1 17

tndo aquelle posto, de n o ,·o ex ig iu C hr i ~ ti e sa t L f:1 . 6e elo goYcrno


brnsilciro. . .,\i..J!-cl ~ t~ ~t .__,
Como d a p rim ei ra ve z, n fio d e u o nra s il as sa tisf. çô- s ex igi-·
das e, p or is to ma nd o u Christie q ue o vi ce-a lmirant e \Vat-r en, com
alguns nav ios 'ti g uer ra inglczcs, capturas c -e rubarc nç ões l1l c r can-
tcs bra s i lcir r~s , o que \ \' a tTe n fez, te ndo a JH is io n a do cinco, pt·o-
ximo á cut r r~ d a da b a rra do Hio, p roc di m en to e se qn· men::ceu
eensuras d e vozes nutor izada no prop ri o parla m ent o inglcz ele
\Vestmin st c r .
Indi gnado o p ovo, le n do :'t fr e n te Th ~o phil o Olloni, ,·c io 1H11':1
as ruas di s p o" to ú r ·acção.
Ap ós expe dir os passa p ort es ao inso lent e mini s tro i nglez, e n-
traram dep or os d ois gove rnos em um accô rdo, t·esolvenclo-s-c
que, quanto á indem n ização pedida , ·o, Brasil p agar ia sob 1Jroleslo
~ . 200 libras das li . 525 r eclam a d a .. por não co n vit· :\. d ign idacle
do Brasi l occup nr arJitro em negoc io. t ão mesquinhos ele di-
nhei r o", q u a n to ú qu e tão dos polic i:l cs brasi leiros co m os ofii-
ciaes inglezc em briaga d os, cr ia a mes ma s ubm etticl a no jul ga-
mento arbitra l d o rei da Belgica . Le o poldo I, tio d a rn inha Victo-
t·ia, da In gla terra.
. Em 1 ~ de J un h o d e 1863, d eu L-eopoldo L ganho d e cn usa ao
Brasil , cumpt·indo :í I ngla te rra, p elo se u laudo, não só reat a r ns
relações d iplomati cas, co mo nos dar sa ti fa ções .
Não c co nformo u p o r ém d e prom pto a Inglaterra co m essa
solução, c p or cs l·c m o ti v o cortou o Bra. i I su as re lações co m
aquella ve lh a nação urop éa.
Dois a nn os d p o is, me lhor r e fl ectind o resol veu o gov«:'rno
inglez dar s a ti f a õe · a o Brasil .
A 23 d e e l·em bro de 1865, estando D . Pedt;o Il em Uru-
guayana, em v i ita ao nos os a c ampam ntos de gu erra, ali r ece-
beu em audi e nc ia solemnc, pré viamente marcada, o embaixador
ingl-cz Edward Thornton que in em n om e do seu governo dar sn-
lisfações ao Brasil .
Receb e u-o D . Pedro, a quem o d iplomrr la inglez, em signifi-
c ativ o dis c urso, fez ver que o governo de sua pntria, conforman-
do-se com o laudo do rei dos Belgas, d·ecla r ava n ão ter 1ido a in-
tenção de offe nder a dignidade do Brnsil c qu e estava promplo a
nom<'ar novo mini stro paro o Brasil, desde que est-e quizesse
reatar as r e lações, o qu e foi feit o, dando-se a ques·tão p o r ter-
minada.

- .
CAPITULO XXJX

Novas luctas no Prata. Aguirre e Venancio Flores.


Guerra do Paraguay

.. Em 1804 :lOvernava o ruguay Atan as io Cruz Aguirre que,


pei'te ncendo ao partido blanco, se torn:'1ra in im igo uo Brasil, por-
qu-e este havia colllbatido aqu elle partido na guerTa con tra Oribe,
conforme vimos no capitu lo an terior.
Recomeçaram as :.~ggressões aos brasi leiros r esid entes no·
Uruguay, e como Ag uirre n ão a tl end ess e ás r ecl amaçõe:s fei tas pelo
governo do Br as il, mando u este para o Hi o da Prata, em missão
especial, o conselh eiro J osé Ant o ni o Saraiva, fnz endo em s-eguido
augmenta r naljuell a r egião a nossa força na val, cujo commaodo
foi e ntreg ue ao almirant e J oaq uim l\Iarques Lisboa, mais tarde
marquez d-:l Tam :mda r é.
Como con'tinuasse Aguirre a não ligar importancia ás nossas
reclamações, resolve u o conselheiro Saraiva en tr-egar ao Minist.ro
das Relações Exterior es, D . Juan J osé de Herrer a, u m u/limalum,
datado da vesp era e no qu a l o governo brasil eiro da va ao oriental
c prazo d e 6 dias para d ecla rar si es tava es te di sposto ou não a
dar as satisfações pedidas p o r aquelle.
Aguirre devolveu o ullimalum, l embrando que me lhor seria
resolver a questão por arbitramento.
Não accei tou, porém, o conselheiro Saraiva a proposta de
Aguirre, r azão por que -este appe llou para Solano Lopez, dictador
do Paraguay, qu e se paz ao seu lado, sendo então queimados 12•
praça publi ca os tratados anteriormente assignados com o B1·asíl.
Tal d escon sideração reclamava uma medida e n ergica d-e
nossa pa1'lte.
Alliou-se o Brasil com o general Venancio Flores, então chefe
do partido ~os co/orados e qu-e pretendia ap eiar do poder o pre-
• :\i dente AgUirre, promettendo-nos espontaneamente que, vencedor, _
receberia o Brasil c.on.digna 1-cparação. •
As forças brasiiei~·ns, sob o commando do general João Propi·
".nnn Ba rreto, alhadas ás do general Flores, tomaram as villas -
1
o da Fonseca e Benjamin Constant.
_ _ I
P•EQUENA HlST ORlA DO nftASIL
de Mello e Salto c dep o is P aysnn dú, que a p ós 52 horas d;e dOinl'-
bale capitul o u, no dia ~ el e J ane ir o d e UlG5 .
Marcha ram cnt seg uid:.t as noss as fo r ças co n tra l\lonlevídéo,
que foi siti ada po r terr a, r :n quan to a -esquadra bras ileira, sob o
commando d o :1 lmi r a nte Tama ud:l r é, a bl oq uea va po r mar .
Por css:-. é poca aba nd ono u Agui r r c o podc t·, entrega ndo-o ao
Dr. Thomaz Villa lba, p res id en te d o Sena do, que ass tgnou a ren-
dição d-e tllo nt c vi déo ús tro p:.ts b r as ilcir :-.s .
Vcna nc io Flore::. foi c n tCt o colloca do no pode r, assuminrJo o
governo Ires d ias de pois c in unc d inta mcn te c u mpr iu o qu e havia
promcltido, is to é, deu uma cs pt;c ial s:-. tisfaç:lo no I3rasil, faz·cndo
com qu e a nossa ha nuc ir n, q ue h a via s id o a r r ns t:-. da pe i:ls ruas,
no gove rn o d e :\ gu irrc (a té pe lo seu prop ri o i\l in is tt·o d a Gu erra),
fôs se iça da no for te d·c São J o~é c sau d :-. da co m um a salva de 21
tiros. Mai s :-.ind a: d cl:.tt·ou nullos todos os d ecret os de Aguirre
contra o Brnsi l.
Guerra do Paraguay - Não ten'do o I3rasil acceilo a m edia-
ção de ~ o wn o L OJh: Z, J1 c :-~ d or <l o l' a r:-~g ua,y , p ara r eso lve r a ques-
tão e ntre o llrasi t c o rugu:1y , in co r re u o nosso pa iz nos odios
daqu-elle dcspota.
Em pr tnct p to d e No ,·cm bro d e 1SG4 d iri giu o governo para-
guayo uma mc n :-~ gc m ao m ini ytro bra iiciro, Ccsar Vianna de
Lima, d ecla rnn do p ro h i bid:-t n na Ycgação e m :-.g uns p a r aguayns de
navios bras i lei r os, c logo em s·cgu i da o Yap or p<lrag uay o 1'acuari
aprision o u t r a içoeir a me nt e, em 11 d e Nove m b ro, o vapor bi·asi-
leiro Marqu ez d e O /i n d u, que su lc:w a as aguas do rio Pnrnguay,
com destin o a Cuynb:'l, co ndu zi ndo o no ,·o p rcsiclcnt·::! da provín-
cia de i\latto Grosso, co r onel de enge nh eiros Frederi co Carneiro de
Campos. ' 1
Apri sionnd os todos os p:-ts ngc iros. que ma is tarde vi-eram a
morrer de p c nu ri a , nas pr isões ,p:1r nguay as, Lo p ez se apoderou
dos 400:00 08000 qu e e r a m leYados para o Thesouro de .Matto
Grosso.
· Prot estou então o ministro Vi a nn a d e Lima contra esse acto
dos paraguayos, pedindo os se us p:-~ ssa p o rtes, que lhe foram re-
.ruettidos com inlimn çiio de deixar o m a is breve possivel o terri-
torio paraguayo.
Depois de occorridos esses fa c tos, soube Lopez que as forças
brasileiras, so b o commando do gen eral João Propicio l\lenna
Barreto, alliadas com as do gen-e ral Vcnancio Flores tinham to-
mado Salto e Paysandú, e, por isto, mnntlou uma csqm;dra invadir
~falto Grosso, sob o. comm ando de se u c unh a do, o ge ne ral Barrios.
Durante tres d1as atacou n esquadra o fort e de Coimbra em
MaNo Grosso, en tão commnndado pelo tenente coronel Her~ene­
gildo Porto Carrero.
Este vale nte offici~1l, apesar de contar apenas com 115 solda-
dos da guarniçã? ~ 1_7 galés, hateu-se beroic;imente, expulsando
por t.res vezes o 1Dlm1go do fort.e, c fazendo habil retirada.
12 0 EIGA \.r\BT\..'\1.

Sem mai or c r ecursos, aco hou; p orém. a proví ncia por se


r ender; não o usa ram porem os pantguayos toma r a capital,
Cuya bá, fi cando :-~penas 0111 lo la a reg ião do s ul até a e mbocadura
d o rio S. Louren ço.
Prcparo u-s então o go ' ' rn o brasil eiro para a lucia, no-
meando o brigad iro i\lano-cl L uiz Oso ri o omm andautc do Exer-
ci to c o almiran te J oaqu im ill a rqu s de Lis bôa, mais tarde mar-
qu ez d e T::u nandaré, comru a ndant c da E!>quadra. Mandou con-
~1rui1· n av io · enco uraçados, chamou ao 'ser vi o ac livo a Guarda
Nacion al e crcou 57 hatalh õc:; tlenominados Vo lunlari o da Patria,
qu-e fora m or ga ni za los p las di,·c rsas p ro vin ci:t, send o que a da
Bahia foi a que co n corr u om maior nu ntcro de volunta rios .
Scnho1· do sul d e i\l:lllo Grosso . não se sa tis fez Solano Lopcz .
Quiz lambe m inva dir o Hio Gran de do 'u i. pnra o qu e pretendeu
passar co m suas for a a lravéz do tcni lorio argentino .
O gen e ra l Bart olomé i\l ilr c, e nt ão prcs i len te da Argentina,
não deu tal p c rmi s ão, u ma 'i'Z que o seu paiz era neu tro .
Em l'C prcsa li a ma ndou Lopcz oc upar a provín cia nrgcntina
de Corriente apr isionar o na vios Gnaleyllahy c 2() de Mayo.
\ iolad a a Ar ge ntina na . ua ncutra lida cle, fez c ta causa com-
mum com o Br:1 il, o mesmo :-~ co ntc cc ntlo com o Uruguay, as-
si«na nd o- c c ntão no di a 1 d e Maio d e JSGG, na cidade de Buenos
Ay r cs, o tratado ela Tríplice Allian a cl'nquclle. paizcs con tra o
governo pnraguayo .
Resolveu Lop cz seg uir para lf uma y til, c tr a t:1ram os paro-
g uayos de :-~tacar a esquadra br:1 ile ir:1, qu e cstn ciona ,·a na fóz do
rio Ria c hu elo, no P ara nú p e rto d a ci cl:~. dc a rge ntina de Cor-
l·i ent cs.
Travou -s en tão :1 celebre 13nt:11ha do Riachu·clo, que durou
10 horas, no domin go, 11 de Junho el e I 365, c na qua l couhc :l
vicloria :10 Brasil .
A bo rdo da esqu adra IJr:-ts il eira era scn·ido o a lmoço, quando
o sentin ell :1 da corveta M enrím iço u o s ign al I Himigo á vista, man-
dando ent ão o command :1n tc em c hefe, a lmira nt e Francisco Man·ocl
Barroso dn Silva (13ariio do Amazonas), qu e se ach ava na corve-ta
Amazonas, qu e tod os se aprompt asscm para a lucla, fazcndo içar
os signacs- O Brasil esp er a qne cada um cumpra o seu dever.
Tudo pela pai!· ia.
A vicloria, que foi de vida pri nc ipnl m nt c á cal ma c á coragem
d e Barroso, re velou em a lto gdo o patriotismo de t odos os seus
comm andados .
Entre cllcs seria injustiça olvidar o nome <lo joYen guarda-
marinha Jo ão Guilherme Greenbalgb, da canhon eira Pamal1yba.
T endo es te navio sido abordado por q uatro vasos pnrnguayos.
Ira vou-se a bordo ~o_ mesmo . u~1 san grento combate corporal e
como fóss c a guarn!çno brasileira d e bordo qu a tro vezes menor
qu~ a pnra gun y::~, ·fi cou r eduzidissimn na Jucta, finda a qual, wn
?ffJcia~ paraguayo .deu ordem pura que fô sse arriada a bandeira
"nslleirn, que nltiVIl lremulnvR no mnslro ela Pnrnnllybn. Foi
PEQUENA l l!STO I11A O llP.,\ S IL 121

uessc nt omcnto qu e o joYcn Gr ccnhn l, h, com bom p a tri o tfl, n :1o


pcrmittiu qtt se con sununassc r ssa a ffr o nt n, desca rrega nd o o seu
revolve t· no o ffi c inl pn rflg unyo, o q ue r z com q ue os paraguayos
avançasse m para c !I c c lh e d cc·•· pas ·em a c abe ça.
Outro n ome q ue c imp i:ic ú n osS[t co nsid crnç[IO é o do mari-
nheiro l\ln t· ili o Di as, qu e, perdendo o b raço dir i to na lucta, ·
tomou o sa bt':! nn m:"io c~ qucrdft c co mb:1lcu até c a hir sem Yidn.
Aind :1 d e pois de sa ,· i c t o ri :-~ nlcnn ço u n c quftclra de Bn rros o
novos tr i ump h os, nn pns. ngc m d r :\1 r.·cdc c rnt Cu r ,·as. qu e e ll c
trnnspoz . ob o fogo do in imigo.
Dcs·cs p crndos com css:1s d errotas . nt:-t r c h :-~ t· :-~m ns tropas par:-~-·
guayas p:tr:t o 11i o Gra nd do Su l,
toman do S . 13orjn c ru gunya nn,
que cahirnm em pode r do
inimigo.
ResolYeu-sc nwi~ 1 :-~rdc m:-~n ­
dar uma expe di ção co m de stin o a
Uberaba, cl r on d·c ·rg uiri :t, por
tena, p a r a :\! al to Grosso.
Atacncl n -c clizim :u ln p cl:l. fe-
bres c p elo r h olc ra, c torturnd:1
peln fomr, p ~r t iu de po is p:1 r:1
Lagun a em IJUSC:l d e •iv· t·cs. o nd e
nad :1 en contro u, s ncl o obr i ga d:-~. a
fazer, d ois :-~ n n os d e po is (1 8fii ) ,
uma r c ti r a cl:-~ tristem en te celr brc
- a R etirada da T,agu n a .
Es tud aYa o 13ra il o meio d e
p-cnetr:-~r no só lo p a r :-~g uay o, o qu e
foi conseguid o em 1 GG.
O ccupaY:-tm os xc r cit os :-~ll i n­
clos a cid a d e d e Corr ie nl na
marge m cs q uc r d:1 d o Paraná, em-
quant o em fr n te (Passo da I a-
t ri:-~), na m:-trgcm dire it a, cslacio- l'rnncisco Manoel Barroso da Silva
naYam :lS forças p arag u:-~ya . (Ba rão do Amazona&)
No dia 10 de Abr il d e 1RGG
travou-se v io lento combate na ilha Itnpirú (mais tard e denomi-
nada Cabrit:-~ ) , si luad n no rio P:-~rnná. Os pamguayos, aprovei-
tando a noite, atravessaram o es tr eito canal qu e separava :1 ilha do
forte de Itapirú, sur prch end cnd o a guarni ção brasileira.
Foi a primeira v ez qnc o exercito d e Osorio se b:-~lcu com as
·for ças inimigas, des_l:-~c:-~ nd o-s-c al_1i a acção . do intre pido tenente
coronel Carlos tlc Vtllngran C:-~bnta, que vew :1 dm· seu nome á
ilha, que hoje nfio _ma is c~i s t e, t ~ n do s ido •tr aga da p e lo Paraná .
Foi um elos fellos mats glonosos da luc ia.
Com in~umeras difficu~cl:-~fl_cs. protegido pela esquadra,
transpoz Oso!"I<;' o ~asso d:1 I alr1a, e no dia seguinte tomou 0
rórtc de It:~piru, l"itlranclo-se ,L opcz para Estcro-Bellaco.
122 VEIGA CABHAL

Forçando a m n r c b a, o exe r ci to allindo pe n e tro u pelo terrílo-


rio p araguayo, sendo no dia 2 d e ~ ! a io, e m Estcro-Hellac o ntacado
d e surpreza peJos pa r nN uay s, qu e tomnrnm uma bn ndei r a uru-
guaya e quatro p eças br:1 si lc iras.
Oso rio cor r e u e nt:1o em p s oa n desb :1mto u o ini m igo, sen-
do-lhes to m :1das 2 b a nd e ir ~1 s e 4 p eça s.
Acampou em seguid:1 o e xerc ito :1 lli ndo per to de Tuyuty, tra-
vand o-se nhi, no d i n 2~ d e l\inio de 1866, n e le bre Ba talha de
Tuyuty, cuja vi c to ri n o u b e aos :1llia d os, q u e d es truíra m os esqua-
drões p a r aguayo · .
D ando-se d e p ois p eq u c n n des in telligc ncia s e ntre os g-eneraes
alli a d os, ·orio retirou- ·e do com-
m o ndo do exe r c ito b m si lei ro, sen-
,,. ' d o s u us lituido no di:1 15 de Julho -
el-e 1866 p elo ge n eral Po ly doro da ..
Fonseca Quin lanil ha J ordão.
No m smo d i a 'e m que Poty:
doro tomou pos , o ge ne r a l Xavier
de So uza t omo u u m a trincheira
par:1 g u:1,ya, ape a r da x.esi stencia
do inimi go; c, no dia 1 de Se-
t·embro fo i t omado o fó r,tc de
Curuzú p elo Viscond e d e Porto
A leg r e, ::nr x ilindo pe la esqu a dra do
a l mirrtnl c T ama ndaré .
D ias d e p ois, te nd o Lo pez soli- .
c i lrtd o um:-~ co nfe r e n c ia co m os
al li a d os p ara e n tr a r C!TI n egocia-
çõ-c , r ca l i ou -se a n tc'!>m:J no din
12 crn Tatrt h y Cor à, co m p:ne cendo
pel o ~ nllind Õs, Mi tre c F lo r es, ten·
do P o lydoro se n egado t e rminan-
te mente a e ntrar -<!111 n egociações.
Manool Lui z Osori o Não c h ega r am , porém. a um
accôr do, c, p o r isso, r esolveu Bar-
tolom é l\litrc a t nc~11· Cu r upaity, o que foi levado a e ffeito em 22
de Se t e mbro de 1866, r edund a nd o num ' ' crclad eiro d esastre para
os a lli ados.
Scg ui.ram-sc dez m czcs de treguas, durant e os q u ncs, Ve nanci.o
Flor-es e T amand:u·é r c liraram-se, sendo a quclle pouco depo1~
assassinado e m l\lont ev irl éo. ~
D'nhi em d ia nt e qu:~ s i que se J)Ódc dizer ter o Brusil suppor-
tndo s ósinho a r espo nsabilidade cln g ue rrn.
Em No vemb ro de 1SGG fo i nom eado commandan te em c hefe
do exercit o b ras il eiro o marec hal M:~rquez de Caxias e parn o
r.ommando ela esq uadra Joaquim José lgn a ci~ d e poi s Visconde de
..•ma .
PEQ UE NA HISTOHIA DO BRASIL 123

Con'hc c i d ::~ o noti c in da nomeação d-e Caxias para o c omman-


oo do Exer r ito, volt ou ::10 ca m po da lu c ta o gc n ral Osorio .
Por c. sa ép oca, em i\lar o de 1SG7, :1pr cscn tava Lop ez ao
Brasil u ma no ,·a propos ta de p az, por in tcrm cdio elo m inis tro dos
E. Unidos . Hcs po nd cu, po rém, Cax ias n · ssa proposta dizendo
que o governo l>rasil ·i r niio en trava 1n negoc iações em qu auto
Lopez se con er va5'>e no po de r .
Rcco mcçrn·am :-~s ho ·tilidadc ·, ten do Osori o, de pois d e r enhido
comb :-~ t c occupado T u ·ucué, , no mcz segu inte, a esqua dra de
Jnhaú rna 1t r:-~v esso u o passo de Curu pa ity, máo gr ad o o intenso
fogo de 22 cn n h ões paraguayos.
E luu a,·a Caxin s o meio n cmpr gar par a t r a n por Humay\ú,
qu-e era u ma for tíssima fort aleza p a r :-~guayn , ú m::~rg c m c qucrda
do rio Paraguny, em uma c ur va
aperta da. FiJwlme ntc no dia 19 de
Fever eiro d e 1868, c mquanlo po r
terra o exerci to sob as or d-en s d os
generac Argollo F errão c Codêa
'da Cam ar a ataca ,·a vigorosa meu te ..
a fort aleza, a esqua d ra , so b as
ordens llo almirante Viscon de d-e
..
lnhaúma e do a pit ão de mar e
guerra Dclp hi m Ca rl os de Ca n :a-
Jho, for çava a p a. ~age m da julga-
da invencível Il umny tá, sob o b om-
bardeio de ce n tena de c:m h õcs '
inimigos.
Esse fei to, q ue con tiluc u m
dos m ais no la,·-c is de toda a gr an-
de ca lllpa nba, de idi u, por ::~ss i m
dizer, do d . ti n os da guerr a .
Solano L.opcz a ban do nou a for ta-
leza qu e julgava inex pugna vel c
foi organizar no vas linh as d e for-
tificações ·em S . F ern a ndo, n o
Tcbicuary . Solnno Lopoz
Marcha r am os alliados parn o
acampam ento de S . F ern and o, o qu e motiv ou leva nt a r Lopez o
~eu acampa mento .
Quando chegar am os alli ados a T cbicuary, um h orrív el c.spe-
ctaculo d epara ram . O ly ranno hayia f-eito mata r 400 d os seus
proprios homens, entre cllcs o scu - i1·mão Beni gno Lop cz e o seu
cunhado general Barrios .
.A esquadra brasile ira ~ubiu e_nt ã o o r io Paraguay, prot-egendo
Cnx1~s que, por terra, abrm c ammho atravez do Chaco, travando
no dia 6 de Dezembro do mes mo nnno (1368 ) a batall1a da ponte
d~ lto_roró, valentemen~e .d-efendida pelos paraguayos mas cuja·
v1ctonn coube aos braslletros . ' ·
124 VE1GA CABRAL
Seguiram-se outros combates c elebres, o nd e ~ o cobriu de
glorias o -exerc ito brasi lei r o, vence nd o as ba ta lh ns d e Avahy, Lomas
Val entinas e An gus tu ra , di as d epois, enl i'O ll .ux ias em Assumpção,
qlle não o ff ercccu r esiste n c ia.
Vencida n capital parngt a_· n, pn so u Caxi as o command o das
for ças a o m a r ech a l Guilherme Xav i-e r de Ca mpo e, após convidar
os paragua yos n volta r em a seus lares c n se m a nterem e m pa~
tornou ao Hi o, r cehend o en tão o titu lo el e duque p e los incstima-
vcis s er viços quç prestúra ú P at1·ia.
Ncs c mesmo an no mandou o goycrno brasileiro qu e o mlms-
lro Jos-é Ma ria d a ilva Paranho (de poi vis con d-e do Rio
Branco ) fõsse a Assump çiio orga nizai· um goYcrno provisorio,
constituíd o p elos pr oprios parnguayos, go verno este que foi so-
lcmnem entc in · ta ll ado em Ass llmp iio no dia 15 de .\ gos to de 1869.
Preferi à, p orém, olano Lop cz sacrificar toda a na ão do que
se rend er e, p or isto, r tirando-se p ara a cordilheira de Ascurra,
reuniu anti gos elemen tos c par os c out ro s ;1ovos, fo rmando um
novo ex-er c ito, for tifi ando-se em P cr ibcb uy.
Em 22 d e ~la r o d e 1869, o I mperador nomeou com mandant'e
elas for ças s eu genro, o joYen pr ínc ipe Ga ton ele Orlea ns (marechal
Cond·e d'Eu) c commn nd a n te da c quadra, e m subs titui ção ao
visconde d e Jnh aúmn, qu e hav ia fa llccido, o he f·c de divisão
Elisiario An,toni o dos nntos, b a r ão de An gra.
Mezes d epoi , em 12 d e Agosto. foram o · paraguayos batidos
na batalha d e P~ rib c buy, nas qn e e guiram: Cam po Grande e
Caguidjurú .
Nesse períod o assu mi u rosi ão de des ta qu e o gen eral Cor-
r êa da Camara, qu e, sabend o m a i tarde es tar o in im i"'o aca mpado
em Ceno Corá, i1 margem -esqu erda el o \quicl aba n, p a ra lá se
dirigiu com os seus sol d a dos . At aca d o os pnrng uayos, fo i Lopez
ferido gr avemen te no ventre por um t iro d e r cvo h·cr di parado
pelo t en·e nle do 19• co r po prov iso rio d n g unrda n ac ional Fran-
k!in 1\Iennn Machado. c, inti m a do pe lo nc n ernl Camnra n se render,
ouvindo-se es te ultimo dize r : "Entregue s11a c ·poda. Eu, general
· ·rtue comm(IJ1c/o estas forças, lh e garnnlo o rl's lo da vida" .
Não se subm e ttcu, poré m, Lopez, qu·e, nn1e:\ .ando com a es-
pada -o genera l Ca mara ex clamo u vibran d o de indi g na ção : "No
me rindo, nwe1·o con la patria" . O gcn·~ r a l Camara o rd en ou entiio
nos seus : " Desarm em esse hom em c tragam-110 JJara a barraca".
. Ape~a r da h er.o i c~ r esisten cia de Lopcz, u m soldado do 9• de
•nfanlann co21segulll t1ra~·-lh e a e. pnda, no tempo e m que um ou tro
sol~a ~o, Joao Soares, cl1~par:1Va a sua arma co ntra L op·cz, que
a thngido no h om bro, ca llll·a por terra ex h a l an~o o ultim o suspiro .
!Estava Javada com o nosso sangue a homa ·do Brasil, nvil-
t!llla por Lopez, qu e nos obrigou a consummar quasi o ex!erminlo
· •tm povo h~I'oieo, que soube bater-se sempre com galhardia na
da patnn.
PEQUEhA H ISTOHIA DO BRASl L 125

Foi i!so em 1 de Mar ço de 1870 .


Terminou n esse â ia a guerra do P;l r:~g u ay, que ao Brnsil
Dois mezes depois, isto é, -em ;\!aio, foi nssirtnado, na cid a d e
de Duenos Ayrcs, w11 tr atado de paz entre os a lliados (Brasil,
custou m ais d e 100.000 ho mens c qu an tia . upcrior a 700 m il con-
tos de r éis c ao Paraguny para mais de 1 . 000 . 000 de h omens .
Argentin a -c · r uguay) c o Paraguay .
CAPITULO XXX

Libertação dos escravos

Foi no Governo do I mperador D . P edro JI qu e se


Brasil, a lib er t :J~·ão dos csc1·avos.
Dc~d e 1758, por ém, q ua ndo crn oBra il a i nda colonia por-
tugucza, comcç·nram a appnrccer a qui id cia s co ntra o trafico de
n egros a fri cano~ c o captiveiro, express:1s co m a publicação do
livro Elhiope Resgatada, da lavra do pa dre l\!:Jnoel Hibeiro da
Rocha, n quem cabe n g loria de ter sido o precursor do abolicio-
nismo no I3rasil .
Na conspir:1ção min eira (1789) a libertação dos escravos era
um dos pontos vi sados, e em 1823 o projccto da Cons·tituição do
Jmperio tratava lambe m desse assumpto.
Apesa r disso só muito depois foi qu s·c r eaiisou esse desidera-:.
tum, tendo sido o nosso paiz um d os ultimas a faz er a eman cip.~·
ção elos escravos .
No Brasil ns rn ças caplivas eram, con forme vimos paginas
utr::ís, a dos indí gen as c a dos a fri canos, hav endo pois a escravidão -
vermelh a .e a cscravi cl:io n egra. Aqu ella. porém, graças nos cncr-
gkos esforços dos jesuítas foi send o pouco a pou co prohibida por
leis. Restava apcnns a cscrnvidão n egrn mnis longa c dolorosa que
:1 outra . Com eçou esta com os cl esco brim·en tos portu guczcs na
Africa, tendo sido o portugucz Gilinn cs o . cu ini ciador. Aprisio-
nando nas Cannrias alnuns homens, escravisou-os c levou-os para
a Europa, onde não conseguiu comtudo vendei-os, por t·cr o Prin·
cipe Henrique obrigado o pirata a rcsti tui l-os á patria onde os
tinha en contrndo. O exem plo, porém , fi cou . Ou tr os imitaram Gi·
llnnes c dentro .em pouco~o •trnfico de n eg ros africa nos assumiu
grandes proporções, de que demos rapida apreciação ao tratar dos
Palmares (capitulo XIII).
A pl'incipio todas as na ções civilizadas durante as primeiras
""Ocas coloniacs, toleravam esse fac to. Com' o correr dos tempos,
"'c á Inglaterrn - que havia sido a·té . então a nação mais expl
!;E LE0l.'\ lllSTUlUA DO 13HAS1L
radora elo tr a fi co afri ano, o m ai:; !Jrilhantc pa pel nn campanlla
miciada p ara a cxlinc~·üo d e se infa m e c ommercio.
Em 182G comprometi· u-se o Br as il c 111 a Jnglaterrn a a!Jo lir
b tra fi co aft·ic:u10, omp r o misso essr qu e foi r atificado em 1831 .
Múo grado, por ém, tal fac to nii o ob en·a mos as clausulas da-
qucllc con vrnio, p crmittindo cp tc durante cL·rca lc 20 annos co n-
tinuasse u i nf:una nt · impor ta iio d cscr aYOS.
Aos p ro tl'slo. da lngiull'rra, promulgou o go ,·crn o a lt: i de 4 d e
Setem bro d e 1850 . r derr nd ad a por Euzcbio d·... Queiroz Coutinho,
Mattoso l.anJ :-~ ra, qu r rprimi u :-~ qu c ll c trnfi co, impondo penas sc-
vrr as aos con trnband i ta
lnfclizm(!nte, porém , te ,·.: a Innfatcrra m oti ,·os para descon fia r
qu e a lei niio fõssc executada com
gr nnd e lea ldad e, razão por que,
con tituida m pro tectora dos ne-
gr os a fricanos - decr etou por sua
\'•C Z, por int crmed io do seu Minis-
t ro Aberdc r n um a lei s uj eitando
os na dos e subditos brasileir os
su peit os de tra fi cantes d e escra-
vos ao julga ment o dos tribuna-cs
inglczes, send o p unid os como pi-
ratas .
Essn lei fi cou con hecida pelo
nome de bil! A berdeen.
tEm 1854 uma nova lei brasi-
ll'i r a ob tid a por Nabu co d e Araujo,
então :Ministro da Justiça, autori-
ou lll:lis decisiva perseg uição 11os
trafic:lll tes, c, em 1871, no dia 28
u c Se tembro, foi promulgada a
c h amada Lei do ventre livre por
J osé l\lari a da Silva Paranhos.
visconde do Ri o Branco, -cnt iio
ch efe do galJin ete .
P1·i nccz a o. l: ~ bot P or essa lei, approvadn e
san ccionada por D . Izahcl, Prin-
ceza n cgent·c durant e a ausc n cia de seu p:1e D . Pedro 11, er\tm
rlcclarados li vres os fi l hos d e mulher cscnwn n ascidos d'nquelln
da ta em diante .
Es ta lei não sa tisfazin ai nd a o desejo dos nrdadeiros al.loli-
cionistas que con tinu:~r am com a sua campanha em prol da defi-
nitiva liber·ln çüo dos cscrnvos, gr and-eme nte Ruxlliadu pela obra
poetica do saudoso bahi :mo Antoni o d e Castro Alves, o poeta dos
escravos, chama do .
Em lti~U. por iniciativa de .Joaquim Nobuco roi fundada a
Sociedade Bras_ilcira contr.a a Escrav~d ão, -ao m'esmo tempo que
~as praças publicas, nas tnb~m :~s, na 1mprensa, nos th-eatros, em-
11m por 1odo!i os Jogares era ml cns a a campanha qu-e havia de li-
i28 VEIGA CABRAL
bertar um di a o Brasil dess a n eg ra m a n c h a q u e nos de primia e01no
povo culto. E as si m, e m 28 d e Se tem bro d e 188r-, con cguiu -se mais
um passo com a sane :io da le i o b tida p e lo m inis le r· o presidido
por J osé Anto ni o a r·a iva c pela q ua l e r a m de cla r a dos livres os
escravos maior es d e 60 a n n os .
Em prin cip io d·c 188 r e rud e. ce u o mov imen to, c n as ruas o
povo r esis ti :-~ h e r o ica men te ú ac :io po l icial na ca p tura d os escra-
vos que a os mi lh ar es fugiant da s fazen d <lS. exerci to, por in-
fl u e n c ia ele Deodoro ela F onseca e Hl.! njam in Con la n t, r ecu sou-se
a perseguil-os. E r a j:í, portanto, i m p os ive l so f f re:-~ r o mo vimento
abolicioni s ta, sem duvida a mais bri lhan te c pnt ri o ti ca d a s cam-
panhas qu-e s e têm vi to n o Bra il.
Por essa époc a c:1h iu o m in i teria prc idielo p o r J oiio Mauri-
cio ·w a nd e rl cy ( Barão d e Cot eg ipe) e qu e havia s ub ti1 uid o o de
Saraiv a. Ch a m o u então a Pri ncczn 11cgc nte no gov-e r n o o Senador
Jo ão Alfr ed o Corrêa d e Olive i ra , p a r a presidir o n ovo mi nisteri o. -
Dias d e po is, e r a p u b lica do aq u i no H io, n 'O P aiz, o resul-
l:-aclo da confcr c n ci n qu J oaq uim Nabuco fôr:1 I r co m o Papa
L eão XIII, em 11oma, n a q ual p ed iu o n osso em in e nt e pa tricia para
q u e o Summo Pontífi ce d és c uma p a lavra em p ró ! da aholição
no Brasil.
L eão Xlll o ll o cou-sc a favor do abolicion i mo, exl10rlan do os
noss os bispos -c, a s i m, com o ap o io da I greja Cnt holica, o movi-
mentq aboli c io n is ta a ug mcnt o u os se u s tr iu m pho .
No di a 8 d e Ma io o mini s L•ri o .João A!f r cdo ap r esento u á Ca-
mara o s eguint e la c on ico projec to:
Art. 1.• - E' d eclar ada ex l i n cla a escrav idão n o Br asil .
Ar! . 2.• - Ficam r evogad as as disp os i ções em contrario .
Approvado na Cam :-~r n, foi r eme ttid o :10 e n a d o e ahi appro-
vado l a mb em em uJ.f ima di scu ssão n o dia 13, d o min go. '
Ao saber e m d a a pp rovaçã o d o projecto, a socied a d es aboli cio-
ni stas c o p ovo e m ge r a l i nva diram o l'ccinto d as ses õ es, pro-
romp e nd o em e nthu s ins ti cas o vaçõe s .
A's Ires hor ns d a ta rd e e r a o proj ec to co nv e rt ido em lei com a
as sig n a tu r a el a Pri nceza 11cg·cn t e D. Jzab el, qu e fo i n esse dia
rognominnda a Redcmpfora .
"A le i foi firmada por Sua Alt e za, com uma p c nn:1 rl e ouro,
adquiri d a p o r subsci·i p ç ão p o pul a r e m e receu desde logo a
designação d e lei a u rca .
.A?. terminar o acto , J osé elo P a~ro c inio, o g r a nde tribuno da
aboh çao, exclamou: "Meu Deus/ Já não ha mais escravos em minha
terra!", c, ~llucinado, chora n do, ajoelhando-se aos pés da Prin-
c cz:a, profe riu arrebatador di scurso qu e a rran co u, entre l agrimas,
vehem.entes applausos da immensa multidão c ircumstan te . " ( ·)
F1cou pois a 13 de Maio de 1888 liber,to o Brasil de finitiva-
mente: ~essa i nfam ~ ntc nodoa qu e manchava a nossa Historia.
E Justo CJ\Ie n ao esqu eçamos os nomes daquelles que mais se

Condo do A!!onao Celso .


/
1211
PtEQ ENA HIST ORIA DO BRA SIL
no p:;u·l::unen to, quer n a im-
bate ram por essa sant: \ caus a, quer
pren sa e nas pra ças publ i ca s .
io, Ru y Ba rbos a, J oaqu im
Reco rcl emo l-os : J osé do P a troc in eira d·e At·au jo, Be njam in
Na bu co de Arau jo, Ferr
Nabu co, J osé o ncell os, .Toão Alfr edo, Tei-
Cons tant, Fran cisco Mor eir a de VascAnto nio Sara iva, Our o Pret o,
o, J osé
xeir a Men d-es, Anto ni o P r ad Luiz Gam a, Torr es Hom e m , Carl os
Joaq uim Serr a, Souz a Da ntas, ré Rebo u ça , Enn es d e Souz a,
de Lac-erda, Zach ::: ri as d e Góes, And no, Alex a n dre Sto ckl cr , Anto nio
Vice nte de ."ouza, P imen ta Bueedo, l\'li guel Lem os, Anto nio Bent o,
da Silva Marq u· s, Cyro de Azev
Lobo , Size nand o Nabu co, J oão Cord eiro, José
João Clap p, Gus mão no e muit os outr os .
Ferr eira de :.\lc neze s, José l\l a rian


CAPIT LO XXXI

Historico das ideias republica nas no Brasil. P~ocla-:


mação da Republica

Desde o tempo do Brasil colonia qu e c nwnifestava m aqui as


ide ias republicanas . Com tudo, foi depois d e terminada a guerra
do Paraguay, em 1870, qu e começou a grand e prop;1ganda repu-
blicana, que acabou por der r uba r
a monarcbia em 1889 .
Nn pbasc colonial sobre-
sabem as tendcnc ias r epubl ica-
nas, levadas a effeito em i\linas
Geraes (em 1720 c em 1789) c
em Pernambuco (revolu ção d e
1817) e que deram em r es ultado
a morte dos cabeças d aquellcs
movimentos , con forme vimos ao
tratar d e taes pon tos.
Proclam ada a Indcpend cn-
cia, con&tituindo -se o Brasi I em
Imperio, continuaram d e pé as
ideias republicanas, attcs tadas
pela revolução d e Perna mbu co
(1824) conhecida p elo nome de
Confederaçã o do Equador, pela
revolução chefiada pelo m ajo r
Miguel de Fri as (1832) e p elas
luctas civis na Bahia (A Sabina- Quintl no Bocayuva
da) c no Rio Grande do Sul
(guerra dos Farrapos) .
Sobre todos esses acon·tecimen tos já ti vemos occasião .ck
falar.
. Vejnmo5 agora como, a partir de 1870, isto é, depois de terml•
'in a guerra do Pnraguay se conduziram as ideias r epublicanas
PEQUIDNA JliSTORJA DO BH .• SIJ. J 31

eate é exnct nmente, como já d issemos, o pc ri od o ' m que a propa-


ganda attin gi u ao apogeu .
Naqu e!Je anno (1 () 7 0) foi fu ndado no Ti io d e J a n e iro um Club
Republic an o, c o jomal Jl R epu bl i ca, se nd o lançn d o a public o um
manifes to 1· publi c ano conh ecido pe lo nome ele Man ifes to d e 70 .
Nos :ll1n o seg uint es a propaganda repub li cana proseguiu
com gran d e tenac idade nn impr n a, nn cat hcdra, n os c o m ícios c
nas tribu nas da s c nf rcn c ia , t rnba lhada so bre tu do p eJas pala-
vras el e L opes Tr Yiio, Quintino Bocay u va, Sa lda nh a Ma rmho,
Aristides Lo bo, Sil\"fl .Tarcli111, haldino elo Ama r a l, Sam paio F erra z,
Fran cisco Glyccr io, :\ ilo Pe- r~n h a, Albe rt o T or r es, Ca mp os Sa llcs,
Prud ente d·c i\lo r aes, Ib ngel Pes-
ta n a, Ass is Bra sil, J osé do P a tro-
c ínio c mu itos outros .
T a cs r nizcs com eço u a c rcar
n r~ o p ini ão publi ca o p a rtido rei?u-
b li ca n o, qu e o governo teve a m-
fc li z id c ia d e mnndar p-e rseguir por
um a a lt o. em 1873, a ty pogr a pl)ia
d 'A R cpublica . F elizm ente não se
seguiram a esse acto outros iguaes,
po is é j us to co nfessar que D. Pe-
d ro 1I ce ns uro u esse pr o ce dimen~o.
diz-e n do qu e "os abusos da im-
prensa cu ram-. e com a propria
imprensa" .
No cn tr etnnto não se verificou
a p u ni ção im nuxli ata dos culpado:;,
o qu e fe7. co m que m a is s e avo-
lu mnsse o p a rtido republicano,
. urgi ndo nOYOS jo rnaes que com-
ba ti a m a rd o r osam-e nte em pról da
f\ cp ubli ca ; en•tr e esses a Gazeta da
.\ oi lc , d a qu al foi director o gran-
Lopes Trovão dr tril.nm o dr . L op es Trovão .
Foi por essa época que surgiu
o cham a do imposto do uint c111 , ta xa que d evia ser -cobrada .em cada
passagem d e bond .
Lopes Trovão comb a teu a rd o r osa mente esse impos to, não só
nn imprcnsn c omo n a praça publi ca, r ealiznndo um f o~·nl_idavoel
"m-ceting" assis tido p or m a is de 8 . 0_00 p essons, n ns proxumdades
do Palacio do Impera dor, em S. Chnstovam.
Segoirnm-sc muitos o utros "mee tin gs" c. nssim foram as
ideins r epnbli c nnas gnnhnndo t-erreno.
Nas eleiçõ es de 1884 c on seguiram os republicanos fazer .um
deputado em Minns Geracs (Alva ro Botelho) e dois em S. Paulo
(Prurl-cntc clr Mornes e Campos Salles) . Mni~ tarde outros elemen-
132 VE LGA CABHAL
tos republicanos fornm fozendo p nrte do Parlamento, como Sal-
·danha Marinho, qu e foi ele ito sen a d o r po r S . Paulo.
Continuava inte nsa n pro paganda, quando se d eu a quedá do
ministerio João Alfredo, c h a m ando o I m pe rador p ara o rganizar o
novo gov-ern o Affo nso Cel ·o de Assi F iguei t·cdo (Visconde de
Ouro Pre·to), qu e fomto u o Gabi11 el c d e 7 d e Jun h o d e 1889.
Quatro di as d e po is d e organisad o esse m inis te ri o, apresentou·
se pela primeira vez n o Co ngresso o v isconde ele Our o Pre to, tendo
sido a sessã o muito tumu ltuo a.
Gom es d e Cas tro apr esen tou uma m oção p edind o que a Ca-
mara r ecusasse a co nfi a n ç a ao ga bi ne t uro Preto. A favor della
falara m os eloqu-cntc d ep u tados Ccsario Al \'im c padre João Ma-
noel d e Carvalho, aqu ell e por i\lin as e es te p elo ni o Grande do
Norte, t e ndo o ultim o profcl'iclo violento ·di c u rs o a favor da
Republica.
A con fu sã o qu e :;e estabeleceu fo i m e donha, po is n propagand:J
republi ca n a pnssara, assim, cln
praça J)uhli ca para o pro pri o r e-
cinto o Congresso .
Pouco d ep o is Ouro P re to d is-
solvia a Cam a ra, convocnnd o out ra
para Novem bro .
Ap r ovei tnn 1m-se h a bil men te os
I'Cpublicanos d esse fa c to em favo r
da propaga nd a r ep ubli ca na .
Em Selem bro el es c me mo
nnno (1889) d eu-se um in c idente
en~re Ouro Prelo e o commanda nt e
'da guarda d o Thcsouro, t-e ne nt e
Carolina, de qne r esu lt ou a prisão
deste.
Irritaram-se ninei :~ m a is os mi-
litarps, que desde 1870 vinham se
mostrand o in c linados po r u ma novn
fórma de governo, m ercê d os con-
stantes v·c xa mcs alir:~dos Ho ex er-
cirto pelo governo imperial .
Na Escola Militar, o pro fcs-
!>Or ten ent e-coronel tlr . Benj nmin
Constant Botelho d e ?llagalh iies, n ão
escondia aos alumnos as suas icl c ias
republicanas, -c como tivesse m os mo ços es tud a ntes verdadeira
yeneração por aquellc professor, d entro em pouco, no coração dos
es1udantcs militares estava abrigadn a ideia d·e concorrer para
derrubar o rcgimcn monarchico .
_ Por essa l!p~ca, tendo n cga_do o governo permissão aos offi-
Clne~ do ex-erc1t.o _Para se m ::uufcs tarem pela imprensa, sem con-
'llimento do mm1stro dn guerra, augmrntou o numero de des-,.
PEQ UENA HISTOHIA DO BRASIL 133

contentes, dando motivo a um a série ele fnotos, vulgarmente


r.onh·ecia n pelo nome el e questão militar .
Tnl dcscon te ntnm e nto vc iu nugm e ntar o partido r ep u bli cano,
já muito grnnde d esde a aboli iio elos esc ravos, pois os senhores c
f,.rzenel eiros, ·:en clo-se pr·i vnd os do concurso desses tr::rbalbador es,
ultribuir nm sua desg ra ça ao Imperador e se a listaram nas fil·eiras
r ep ubli canas.
Tornava-se, assim, a situ ação da mon a r chia cada vez
p co r.
Em 9 de l\'ovc mbro de 11189, em r eu ni ão eff ectunda no Clnb
Militnr fi cou secretnme nt e es ta b·elecicln a qu éda do regim e n mo-
/ na r c hi co. te ndo ido Benj a mi n Conslnn t e n cnrregado de
exec ut ai-a.
Emqunnlo is to, var io jornnes começ nram n p r ega r fr a nca-
ment e id ei as rep ubli cana , obretudo O Paiz ond-e brilb::rvam os
::rrti gos do saudoso Quintino Bo-
cay uva.
Tratou Benjamin Cons ta nt de
conseguir o npoio mora l d o ma-
r echal Deodo r o da Fonseca, cujo
pres ti gio -em todo o exercito era
indisc utível .
Na casa d e Deodo ro (no Cam-
po d e Sanl'Anna, o nde func ciona
h oje o Pry tnneu l\lilitar), r euni-
r am-se no d ia 11 de Novembro de
1889 Benjamin Constan t, Aristid e~
Lobo, Quintino Uocayuva, Fran
c isco Glyce ri o, Rny Barbosa, <
a lmiran te 'Van denkolk e outros.
ficanrlo combinadas as medidas
n·ecessarias, não sem um certo
tra balho de Benjamin Constant,..
que, só npós alguns esforços, con-
seguiu vencer· os escrupulos de
Deodoro, pois es te era apenas
a pologis ta d a r evolução qu e d-er-
Deodoro da Fonseca
ribasse o gabinete Ouro Prelo, c
só d epois de ouvir longamente
Rcnjnmin ConsUlllt, qn·e era n nlma d e todo esse movimento repu-
bli cnno, foi que deix o u escnpa r ns suas prim eiras p alavras em
prol da Republica.
No dia 14, á ta rd e, o major Solon Ribei ro , que era de opinião
qu e a r evolta devia reb-entar immedia·lam ente, procurou precipitar
os a contecim en tos, espa lhando na rua do Ouvido1· o boa to de que
o ~overno. sciente d o qu e se prepa rav a, havia mandado prend-er
Deodoro ·da Fonseca c I3e nj am in ·Con&lant.
134 VEIGA CABRAL
A's 7 horas da noi te. já o boa to levado pelo tenente Manoel
Joaquim Machado c alfer es J oaq uim Jg nacio Baptista Cardoso,
.nndnYa pelos corpos dn 2n bri gada elo Exercito, c como sempre
acon tece em casos ta cs, co rl"i a cxagerad is im o, faze ndo crêr que
o governo exped ira o rd ns ;i P oli c ia c á Gu:1rda N-egra par a atacar
os quar.teis . ·
Passavam já das J O h oras quando o m:1jor Solon Ribeiro,
procurando sempre acce lcrm· a marcha dos a on tccimcntos, nppa-
receu nn 2a brigada, c mcntiros::~mc nt c dc clnr u t er vindo de uma
conferen cia co m Deod or o c Benjamin qu e ordc na t·am es tivesse n
2• brigada promptn p ara :-th ir ao primeiro sig nal .
Precipit :-t tl os os a c ntcci nJoc n to , foi o 1c ne nt e. Adolp h o Peiía
Filho enviado ús 2 h oras dn madrugada do tli a 15 ú ca a de. Ben-
jam~n levando-lh e a no ti c ia de CJlle es tavam revoltados os
quarlei~ .
POUQ<l ·d epo is tom:tva 13cnjnmin Con s tan l um carro em di-
rccção <i S. C h ri toYam, ~mquan lo seu ir mão que co m ellc morava,
o major i\larci:-~n o . seg uia par:~ :1 Pra i:1 V rmelhn a a sum ir o com-
mando d a Escola :.\lilit m· .
Avisad o Benj ami n. r guiu o tenente Peii:-t p ar:1 a casa de
Deodoro, qu e emb or:1 gravemen t·e enfermo atlcnclcu :10 a ppcllo que
lhe fazi :un , tomando um carro, rumo d e S . Chri loYam .
Pot· essa occ:1 ião, j:'t Ben jamin Constan t, á fr ent e d:-t 28 bri-
gada marcb:n·a el e . ChristoY:Jm p :nn o cnmpo el a Acclnmaç~o
(hoje pra ça dn Re publi ca ) . desce ndo a run Visc ond-e de Itaúna,
onde se dcn o c n a ntro ·c1ns for ças com o cnrro d e Deodoro, tendo
este ass umido nt :io o comn':Jndo das tropas.
A's 9 horas cl n ma nhfi cstavnm 1ocla · a. fo r a no ca mpo da~
Acclr.macão .
O tén-cnle-co ro nc l João l3apti ta Silv:-~ T ll cs, com m an danle
do 1• Regiment o de C:-tvallat·ia c interin ame nte ela 2n Briga da, en-
viado de D eodoro, foi ao Quartel Grncr:t l exigindo em nome da
hrigada a rotirnd:-t do :\<tinislcrio .
O presid ent e elo m ini !crio, Ouro Pre to, ma n do u F loriano
Peix o to e Almeida Bane to prenderem o mn r cch:-~1 r evolt:-tdo. mas
aquellcs offi c inrs r ccu aram-se :1 c ump rir ssn ordem, dizendo que·
não lrahirinm :1 sua elas c .
O governo v iu - c e ntã o de :-t mp nr:tcl o. 1-clcgr:-tphan do Ouro
Preto ao Imperador qur se :-tchava em P ctropo lis, scien lificnndo-o
1lo occorrido, partind o cll c imm cdia tamcntc pa rn o Rio de
Janeiro.
O ministro da marinha, hnrão do Lad a ri o, que vin ha no seu
coupé do Arsenal de ;'1!:-~t·inha p a ra se reunir co m os s eus coll cgns
no Quat·Lcl Gcn-crnl, fo i logo preso pelo te ncnrte Adolpho P e tín Fi-
lho por ordem de Deodoro.
Tendo reagido a tiro foi ferido por umn ·d escarga, esca pando
ele ~er morto, graças n Deodoro dn Fonseca qu e e xclamOtJ;
··Soldado.~ rcio matem o Darão" , '
ft:!QUltNA !HSTOIUA DO. "BRASIL
~Iesmo assim recebeu Ladnrio algun s ferim entos, tendo sido
carregado por diver sos popular es para o pnlacio ltamaraty, de
onde mais tat·dc, em bond fechado, seguiu para as La r an jd r as.
Intimados os dem ais membros do Mini steri o a se r enderem c
a se consid er arem dcm ittid o , fot·a m os portões rio Qua rt el ab er-
tos, nclle penetrando a caval lo o marecha l Deodoro, so h deliran-
tes acclam açõcs dos seus su bord in ados .
A art ilhar ia salvo u com vin te c um tiros. cmqu an to as ban-
das d-o musica tocavam o H vt11no Naciona l.
Esta va p ro cla mada a n êpubli ca no I3ra il.
, Desfil:na m em seg uid a as forças p elas prin cipacs ruas da ci-
do.de, e, ils 3 h oras da tarde, t·cuni do o povo na Camar a Munic'ipal
{actual Paln io da P refeitura ) foi ahi lavt·acln um a a ctn da procla-
mação da ncpuhl ic:1.
CAPITUL O XXXII

O Governo P rovisor io
(1 889 A 18!)1)

Procla mada n n cpu blica, em 15 d e Novemb ro de 1889, foi


nesse mesmo cü a organisa do o govern o pr ovisor io, qu e ficou assim
constituí do :

Chefe do Governo - l\1::\rcch a l ::'lf al~or l Deo d 0r o d :1 Fonseca .


Ministro da Gu erra - G·cn ra l Dr . 13cnja m in Co ns ta nt !3otelho de
Mngn lh:lcs . ·
Ministro da Marinha - Alm i ra nt e E d uar d o \\ and c nlw lk.
Ministro d o Int erior - Dr. Aris tid es da S il vc irn Lobo.
Ministro d à E x terior - Dr . Qu in tino 13oc:lyúv n .
Min istro da Ju st iça - Dr. i\IHnoc l Fe r r az d-e Ca mp os Salles.
Ministro d a Fazen da - Dr . nuy Barbosa.
Ministro da Agric ullnra, Comm ercio e Ob ras Publicas - 1.•, Dr.
Dcm c tri o Nun es Ri be iro; 2.•, Gc nc r nl Fra nc isco Glycerio .
No di a seg uint e, 16, ós 2 l / 2 h or as d a trn·clc. o major Frederic o
Solon Rib eiro, co mmand nnt e int erin o do 2• n eg im c nto de Cavai·
. laria c o te n e nt e Sebas ti ão !3nnd c ira , d o 1• 11-cgim cnto da mesma
arma, em grand e uniform e c seguid os el e um piqu ete de cavallari a
foram ter ao. Paço ela Cidad e cntrcgn ncl o n D . P e dro a mensagem
no governo r epubli ca n o prov isorio, nn qual e r a orden a da a sua
dep Q.~i ç ão, e r etirad a do p a iz. d e nlro d e 24 h o ras .
Por essa m e nsa ge m fi cava ain da na r a ntido a D. P e dro umn
pensão de 800 :0008000 annu ae s c uma doa cão de 5. 000 :000$000,
para. despesas da viagem c in stalla ç ão na Euí·opa, o que elle não
nccc1tou .
Na manhã do clla seguinte, ns 3 horas, a fa mília Imperial em•
barcou na corveta P:nnah y ha que a levou {t ilha Grnnde onde SI
L~ssou para bordo do pnquetc Ala,qóa.ç, scgninclo com destino a
l!ibÔil. -
PEQUENA HISTORIA DO BRASJL 137

No dln 19 foi instituída n b a nd e ira da R epublica e em 15 de


Setembro de 1890 1·ca lizou-se n eleição para deputados á Ass·e mbléa
Constituint e. Dois m ezcs de poi s, em 15 de Novembro. sob a pre~
sidcnci a d o clr. Prud·enl c J osé d e i\Iorncs c Ba rros reuniu-se a
Assernbl éa no p aço de S . C h ristova m, onde cs tt1 h oje o Museu
Nacional .
Em 24 de Fevcn" eiro d e 180 1 crn prom u lgada a Constituição da
Republi cn, dissolve ndo-se -ent ã o a Con tituinte para a formação do
Senado e d a Cam::tra.
No di :t seg uint e, te nd o sido e le itos r es p ec tiv a mente presidente
e vi ce-prc id c n lc d a Rc publi c a os ma r cc haes Ma noel Dcorloro da
Fons eca c Florinn o Peix o to, ini c iou-se o prime iro gov e r·no repu-
blicano, qu e vnc d e 25 de F -c v rciro de 18!11 a 15 de Novembro
de 1804.
Durante o gover no provisorio d eu -se o r econ h ecimento da
nova republi ea pelas n ações Ct!ropéns k.ndo s ido a Fran ç a n pri-
meira a fnzc l-o . · A esta seguiram-se su ccessivnm e ntc a Allcmanba,
n Bclgicn , Portuga l, n lt ali a , a II cs pnnha e assim todas as
outras .
CAPITULO XXX Ill

O primeiro quadriennio

T-e1·min ado o go ver no pro viso ri o com a promulgação 'da


Constituição, teYe inicio o primeiro govci-n o r epubl ican o que não
chegou a consli·tuir propr inmc ntc um qu a dri cn nio, p o is, tendo ini-
cio em 25 d'C F evcrc1ro el e 1 91.
terminou em 15 d e Novembro
de 1894.
Dando-se diYergcncias en tre o
executivo e o Con g resso Nncio nal,
o presid-ente d a He pub lica, in-
constitucionalment e, di ssolveu este
em 3 de Novembro de 1891 c n cs e
mesmo dia declar ou em estado d e
sitio o Distri c to F edera l c Ni ter oi .
Deu esse facto mo ti \'O a qu e
se revol·tasse n o d ia 23 do m es mo
m ez a -esqu adra bras il eira. sob o
commando do Contra-Almiran te
Custodio José d e Mell o·.
Resolveu en tão o marech al
Deodoro da Fonseca r cnun c inr o
seu cargo, passa nd o o gover no
naquelle m esmo di a ao vic-e-presi-
dente ma1·ech al Floriano P eixoto,
não indo avante a revolta por esse
mo'livo .
Não t endo o m ar cclw l Fio- Floriano Pei xoto
riano mandado faze r nova eleição,
como lhe competia, pois n ão llaviam decorrido a inda dois :umos
de governo do presidente, uni ca condi ção em qu e, de accôrdo com
!l Constituição, cab-e ao vice-presidente terminar o governo, tomou
~()nta da direcção ·elos destinos d o p ni:r., governando rlc 23 dr.
· •·o de 1891 a 15 ele Novembro· de 1894. ·
t~EQUE ' A 1-llSTORlA DO 13HAS1L !3!1

Com a salúda do mat·echa l Deod oro, deu-s e co n l pl·~ tu tra nsfor-


mação no ministcrio. I
Fl0riono c hamou no va ge nt e c, durant e o temp o qu e gover nou,
fez p as ar p cln diffcr cnt-cs pn ta divcr. os cida cl ~ios.
Innu mcras fo r om as p rturl>:~ çõc qu e se dc1·a m n o gove r no
rio mn r echal Floriano P eixoto. Es tu demol-a .
T endo o "0" t·nad oJ ,'s <lo di ver o Es tados, cxccp\'ão do
do P ar ft (Dr. "'L amo Sodré) , adhe rid o ao .r;olp c d e Eslado d e 3 dP
õov mbro com qu e o marec hal Deo dor o dissolvera o Congresso,
for alll os' m es mos depos tos, no m es mo :~ nno ·~ m qu e Floriano
:~ssumiu o rrovc rn o. an no es ·c qu e a sign, !ou ainda o fallccimen to,
em Paris, go h otel Bedford , no dia 5 d e Deze mbro, do ex-impe-
rad or D . Pedro li .
Em 1892 a forta leza el e Santa Cruz re,·ollou- c por iniciativa
elo 2• sarrrcnto do 1" batalhão de ngc nharia Sih·in o Honorio de
:\!acedo J: ella ad her indo a fortal eza da Lage.
Fo{ a r YOI·Ia prom pt a mcnte s uffocada , tendo s ido a 11rimeira
d 'aqucllas fort alezas tomada d·e assnlt o.
Dois mczcs d epo is, em 13 de i\lar .o, ti'CZC gcnc r ars de 1~rra c
mm· publica r am um ma nif sto intimand o o marechal F-lonano a
proceder ú clci ão prc iuen ial antes do prazo fix a do para o
p rimeiro período.
A' vis ta d e ·se pro (;cd im cn to, r eformou Floriano os gcn-craes
qu e, n o mcz seguinte, foram desterrados p or terem, com outras
pessôas el e i mporl:ln c ia - qu · lam bem for(lm p r esas - feito na-
qucllc di a um a m a nifc t:-~çã p op ul ar ao marcc ba l Deodoro, pro·
curando obt r o apo io do Ex erc it o p:1ra 'r e. tabcleccr aquclle n<
governo .
R-e. tabcl ciua a ordem, ma is ou me nos, d entro do paiz, foi a
mes ma de novo p er turbada em F cYer iro de 1893, no Rio Grande
do Su l, p or ter voltado ao gove rno desse E ·tado o ex-presidente
Julio de Cas tilhos qu e h avi a s ido deposto pelo povo. Essa r-evolta
só veio a termin a r cn1 Agos to de 189!), isto é, ift. no .sl~gundo
qu acl ri cnnio.
Em Setembro de 1893, o contra-almiran te Custodio José de
Mello, qu·e ha via sido ministro da marinha, apoderando-se de 4
navios de guerra e a lguns navios merca ntes, r evoltou-se, conse-
guindo n o mrz seguinte, o :1po io do co ntra-almirante Luiz Felippe
Saldanha da Gama, dircctor da Escola Naval.
De rrotados os r evo lt osos na _iU1a elo Govcmador c na ponta da
Armação, em Nitero i, onde Saldanha da Gama effectuara um des-
embarque, abandonaram ellcs os seus navios c fortificações fugin-
do para bordo da corveta porlugueza llindello do commnndo do
almirante Augusto de Castilho que lhes deu asylo .
. Nesse m esmo dia chegava da Europa, sob o commando do •.
al~u~aute J ~ronymo Gon_çalves, a nova esquadra que Floriano ad-
quinra na Europa. c, d1ante do procedimento do almirante por-
·tnguez, dando abngo aos revoltosos, rompeu o marechal Floriano
140 VEIGA CABRAL
as relações co111 Portugal, e ntregando os passaportes ao ministro
portuguez aqui acredi tado conde de Pat·a ty.
Os revoltosos con cc ntt·aram -sc e ntão em Sa nta Catharin a, onde,
desde Dezembro do an no ante ri o r (1 8V3), já es tava Custodio José
de Mello, qu-e co nsegu ira no rlquida úan, sahi r !Jarra fóra a pesar
de h ostilizado pelas fortaleza fi eis ao governo.
No s ul p restaram os r evo ltoso~ au:-. ll ios ú g uerr a qu e nli la-
vrava desde (j d e Fcvci' ... i r o d e 1 8!!3, mas sen d o persegu idos acaba-
r a m por se r en de r, tend o Salda n h a da Gam a mo rrido em com bate
c Cus tod io el e l\•lcllo se r ef ugiad o na Arg-cntin!l, o nd e en tregou os
n:1vi os, cxce p ção feita do , t quidalHtll qu e fõra to rped eado pela
Gustavo Sa/ll paio s ob o comm:~ nd o do bra vo tene n te Altino Corrêa.
Termin o u assim a I'Cvo lla da Armadn, qu e com as outras bem
demon s tram qu anto valer c ,_, nergia p oss uía o ín cl ito :~lagoa n o que
governava a n o ·sa patri a .
:Err os commct lc u, violou p oi· vezes a Co ns tituição - e já o
vimos - mas a e nergia c a hon es tid ad-e do se u govern o falam mais
alto do que -esses ct-ros .
Us servi ços in cstim ave i. que Flo r iano presto u á patria deram
moti vo a qu e pn sassc clle p ela no sa Hi s tori a como o Con solidador
da R epublica, c m er ecesse c r c hamado o Marecl w/ d e Ferro.
, Para avalinr d a s ua :1 c ~·iio no go vern o bast:1 r cco rd::I.r o modo
como r espondeu :los dip l om a i::~. es tra ngeiros que o interpcllaram
como r eceberi ::I. -cll e o dese mbarque clns trop as elos navios europeus
que aqui es tava m anco r ados, para ga mntia dos r espec tivos pa-
l'ticios.
A braços com as r evolu ções, preoccupado com urna série
enorme de probl emas a r eso lv-e r, Floriano r es pon deu n::I. alturn da
1lignidadc do cargo que occupava: "A' b ala". .
Só isto bas ta para definir um hom em ele governo. D'alu _a
razão por qu e j il se vae faz e nd o-lhe justi ça na His loria: a veneraçao
que a té hoje, nó , bras i lei r o , tri but a mos ao seu a ugu sto nome, que
jámai s poderá se apagar do coração dos que amam essa terra que
nos se rviu d e be r ço.
Foi ainda durante o gove rn o de Floriano Peixoto, que falleceu
em 23 d e Agosto de 1892, o ma r ecb al Deodoro da Fons·eca .
CAPIT ' LO XXXIV

O segundo quadrien nio

(11!94 A 1898)

Ten do ter minado em 15 el e Nov·cmbro ?c 1894 o ~rimciro go-


verno tomou n es~c dia posse o novo pres idente el-eitO Dr . Pru-
dente' J osé de ~l orac s c 13a rros a quem Floriano Peixoto passou R
a d nüni slraç:lo elo paiz .
Com o dr . Pr udcnt·n ele Mora es fô ra elei to v ice-p res idente o
dr . Ma noel Vi c to ri no Pereira.
O seu governo foi de 15 de No-
vemb,·o de 1894 a 15 d e Novem bro
d e 11:>98.
No seu go ver no r eatou o clr . Pru-
d-en te d e ~l o ra cs, cn1 ~ l a r o el e 11595,
as rel ações co m I ortuga l, que Llav iam
sido int errompi das, on form c vimos,
em !'I'! aio elo an no :1 n te r i o r.
Dois mezcs ant es d e reatadas as
rel ações com Portu ga l. occ up:li·am os
inglezcs a ilh n da Trindad-e, pa ra ahi
m a nd a ndo o navio Barracou la, a llc-
gando que clla lhes pertencia . Pro-
testou o Orasi l. A In gla terra, pouco
tempo depois, propoz ao Drasil que a
ques tüo fôsse resolvida por arbitra-
. menta .
Repel\iu o Governo da Rcpublicn Prudente de Moraee
essa proposta , a llega ndo q ue a ilha era
brasileira, e por cons-equcn cia não sujeitava a ques tão a arbi-
tragem. .
Os inglczcs melhor p ensando abandonar am a Trindade.
No gov!!l'llo do dr: Prud~nt!! de .Mora-es foi em Fevereiro de
18Dõ resolv1da a questao de lumles entre o Drnsil e a Argentina
H2 VEIGA CABHAL
pelo arbitro escolhido, dr . Gro vcr Cl cv-ela nd , presid ent e dos Esta·
dos Unidos, qu e d eu ganho de cau a ao Brasil .
Tres mezes d epo is os fran cezcs qu e h ~viam durante o s-egundo
r einado invadido o tcrri to rio pa raense do Amapú, voltaram, de
novo, a s su as vi tas para ·c sr pedaço de terra brasi lci1·a, sendo
u'ahi expulsos p o r Fra n ·i. co Xavier da Veiga Cabral - depois
gene1·a l hon or ar io do Ex rci to. pelos s rvi ·os presta dos.
A 23 de Ago to ain ch ele 1 95 t rmin ou a r-e vol u ção do partido
f edernlisl a no Rio G1·a ntl e.
No governo elo clt· . Pruclcn t • de i\Ioraes de ram- c ainda duas
ins ubordinações do alumnos da
Es ola ;\iili tar, em Agos to de 1895
m !.a io de 189 7, tendo sido
ambas promptamcn tc suffocadas,
mandand o go vcn10 desligar ,
"rand-c numero cl a lumnos, con-
. id eracl o · cabeças desses movi-
tnen tos:
Finalmente ha ain da a citar,
nesse quatlricnnio, a perda irre-
paravcl qu e soffr eu o Brasil com
a morte d o mat•cc h ~ l Floriano
Peixo to, verifi ca d a em 29 de
Junh o el e 1S9G, c a lucta travada
em Ca nud os, a rraia l bahiano,
nel e u m fa na tico, Antonio Vi-
c •n lc l\lc nd cs i\lac icl, conhecido
p lo nome de Antonio Conse-
lhei ro, á fr ent e d e gr and e numero
-d e serta nejo , jag un ços, trazia to-
da as r egiões visinhas em con-
Anton i o Conselhe io·o s tnn tc sobt·esalto .
Resolveu por is to o governo
federal intervir mandando tropas do exe r c ito pan1 suffocar os
rebeld es .
Qua tro cx p cdi c;õcs for:1m mandad:1s co ntra Canudos .
A primcint, -em Novembro d e 1 S96, sob o com mando do te-
nente Manoel da Silva Pires F erreira ; a segunda, em Dcr:embro
do mesmo anno, sob o comm:1ndo ·do ·mnjor Febronio de Bnto; ll
terc-eira, em Fevereiro de 1897, ás orde ns do coronel Antonio Mo-
reira Ccsar, que morreu em combate, sendo substituído pelo
coronel Pedro Nunes Tnma rindo; c a quarta, ai nd a em 1897, so~
a dirccção do general Arthur Oscar de Andrade Guimarães.
As Ires primeiras foram completam ente derrotadas p-elos ja-
gunços; só a quarta, composta de seis brigadas, conseguiu depois
uma lucla de mais de seis ruczes arrasar o arraial em Outubro
' 8~7, havendo grandes perda& de parte a parte.. '
PbQUE ~ A HJST ORTA I) 13RAS1L 143
Dois mezes ante , em Ago to brn· ia seguid o p ::~ r a ::1 Bah ia o
prop rio mi ni lro b Guer ra, mrlre chal r::~r l os :\Iachrl do Bill cncourt.
Apes::~r d e ser vóz corrente qu e se espe ravam ::(raves aconteci-
mentos ~ c h eg:-~ cla d as tr opas ieg:-~c • , o dr. Prud ente tl-e l\forae!l
romp nrer eu ao r ennl d e Gu<:rra, ãe cn d r c dirigiu para ? r:KJL
qu te E spírito Sa nto a cujo i.Jo!·do rcgressa\·am as for ças lega ltsta s.
Pouco depois, ao r egressa r a o Arsenal, fo i ahi alvejado p elo anspe-
ça d a l\!a i·ccllino Bispo d , l\ l c llG~, Len d o p or em a arm a n egrld o fogo.
Em defesa d o presi den te s cx puzcr am :í morte o seu minis-
i re d a guer ra ma rech al Carlos l\Inch ado Bilten court e o então
co ,·onrl Lui z i\Iendes de i\Ior rl cs. O ass nss ino, já então com um
punh al, feriu o segun do c apunhalou o pr imeiro, qu·e veio a
fn ll ecer .
F oi en tão decla ra do o estad o d e s itio prlra esta cap i tal e
Nitcroi .
Preso o assassino, en ra r eou-se n a pri ão.
P or nfermid ade p nssou o clr. Prudente de Moraes, em 10
de NovPIT'hro de 1396, o gover no ao vi cc-p,·esidente, dr. Manoel
Vic torin o Pereira, qu e n ell e se conservou a té 4 d e l\[arço do anno
-eguinf". di:l em qn c o clr . Prud ente d e l\lora es r e-assumiu o cargo.
H-cnl iza das as elci ões no pai z para a escolha dos novos pre-
s id en te c vicc-pre i clente, fora m eleitos r esp ectivamente os drs.
J\lano el Ferraz de Campos Salles c Fran cisco de Assi s Rosa e Silva,
~ ~ qu ell e ]Jau lis ta c c te p ern am bu ca no .
E m J 5 ele Novembro de 1893, terminavA o segundo qnaclriennlo,
d-eixando o dr. Prudente de Moraes o governo depois de haver
r es tahelc ei tlo a ord em no paiz, razão por que recebeu o titulo de
pacifi cador.
Qu at ro di a d epois, ao r egressar n SUA fazenda em s. Paulo,
r ccrh-cu o cx-prcsi cl nte na c !ação ela Estrada de Ferro Central
do Bras il enlh u ias li.::a manifestação por pari" do povo d'esla
capilal .

.. '
I

C.\ P IT L O XXX\'

O terceiro quadric nnio

(1 898 A 1902 )

O Gov erno , n o te r ce iro quaclri c nn io, vnc el e 15 d e Novembr o


<le 1898 n 15 d e Nov-e m bro ele Hl02, cndo r es pcc ti,·amcn te presi-
d ente c vi ce-p r csid nt e o cl rs . ;\l nnocl F er raz d e Campos Sallcs e
Francisc o d e Assis Tio a c Silva.
As umind o o d r . Cnmp os Sall·c s a prcsi d en c ia da Tiepublic a• •
vollou logo a s ua vis tas para o es ta-
do fin a n cei r o elo paiz, e, c ump t·in do o
accônl o fe it o pelo s eu antecesso r com
os credores in g lezes, r cs tab e lcc·cu o
nosso cre dit o . Sa lvou , p ócl c-se diz r.
o Brnsil ela bancarro ta , gra nd em e nt e
auxili ado p elo s eu mini s t ro cln F az·en-
rla, o brilha nt e fin an c is ta, clr . J onqui m
Dua1·te .Murli nho.
Se le dias d c poi el e nssum ir o go-
vern o, i to é, n o di a 22, n om eo u o
dr. Cnmpos Sallcs, Enviado Extraor-
dinario e 'M ini s tro Plcnip o lcncia ri o e m
Missão Es p ecia l junto ao gov-e rn o
suisso, o Barão do Rio Bra nco, a qu em
coube a d efesa do Brasil na quest ã o
de limites da n ossa patria co m a
Gu"yana Franccza , e cn tão cn !regue ú
~.rbitragcm do dr. Walter Hauser pt·e-
si dente da Suissa. ' campos Sallcs
A sente n ça arbitral, assignad a e m
1 d e Dezembr o de 1900, p elo p r esid-e nte H a usc r, fo i favoravel no .
Brasil, que d 'cssc modo e ntro u na 1)0~sc rl c finili nt do tcrritorio
que durautr. ct~rca ele 200 annos a n u (- n c 111 tll\gív.
.-·
P E QUENA HISTORIA DO BRASIL 145
,';. 6 d e Novem bro ele 1901 ass ig nou o gove ruo um tratado de
urbitra men to com a Ingla terr a, s ubme llcn clo á d ecisão arbitral do
rei da Italia, Vitl orio E mma nu cl III, o lití gio entr-e o Bra sil e a
Guyana l ng lcza . P ar a acompan h ar a ques tão como n osso advogado
nomeou o d r. Cam pos SaUcs o illustre tribuno pernambucano
dr. J oaq uim Aurelio Na bu co el e Ar aujo .
Para fnzer fr ente ao l a ti mo o esta do em que se a ch ava o
Thesouro, foi o d r. Campos Sa llcs, por interm edio do seu ministro
da Fazen da, obri gad o a cr ear n ovo s imoos to ·, o que fez cum que
contra o s u governo surgisse a ~ rit a elos prejudicados, a ponto de
ter recebid o no dia em q ue dc1xou o governo manifestações d e
hostilidade.
O fac to, porém, é que cllas foram inju tas . Campos Sallcs fez
um gover no tão bom, qu a nto ...,r a possível, dentro das pcssimas
condi ções em qu e se ach ava o paiz . Não fôssc a sua e n ergia, e
ta lvez não ti vcssemo cumprido r igo rosa mente, como fiz emos, as
condições que h av iam sido es ti pu la das no {undin g loan ( moratoria
que h av iam os cr dores d o E r a i! conced ido a es te).
P ar a salva r a P a tri a, ram preci as economias c novos im-
postos . Ellc assim fez, e n flo recuou, m áo grad o os protestos que
~urg i am de tod os o lados. Da su a energia diz bem a seguinte
phrase p r ofer ida no pa lacio d o governo, em r e posta a uma com-
missão do commercio que ali fõra r ecla mar contra os impostos:
"Não posso ob rigar ninguem a ser patriota, m as posso obrigar to-
dos a obed ecer ás leis".
F o i ainda dura nte o gover no do c! r . Campos Sallrs, que o
nosso illustrc pa trício, engen heiro Albert o San tos Dum onl, assom-
brou o mu ndo, da n do solu ção ao problema d a navegação aer-ca
dirigível, r ealisando em Paris. em Outubro de 1901, a sua de·
monstração, partin do do Acro Club, contornando a Torre Eiffel a
uns 20 metros de a ltu ra e baixa ndo no ponto d-e onde partira.
Em 15 de No ve mbro de 1902 passou o dr. Campos Salles o
governo ao novo prc i dente eleito, o seu conterra nco dr . Francisco
de Paula Rodri gues Alves, com quem fõrn eleito vice-presidente o
mineiro dr. Affon o Augus to i\Ioreira P enna, este em substituição
ao seu contcrrane o dr . Francisco Silviano de Almeida Brandão,
que já eleito vice-president-e falleceu anles do dia <la posse.
CAPlT LO XXX\ 1

O quarto quadrien nio

(1 902 A 190G)

Eleito em 1 de l\larço de 1 !)02, o dr . Fr:-~nc i sc o de Paula Ro-


drigues Alves tom ou posse no d ia 1 :i d l\'ovem bro do mesmo
anno, ini c ia nd o-se assim o QIJ:Jrlo
quadrie nnio .
Coube n este, q ue foi, até agor:~.
o que mni s benefic ios troux e
no Brnsil, 01ll1·e m uit as ou tr n
glodas n de ter trnzido p nrn o
governo a fi gura in-cgunlnvel c1o
maior dos bras ileiros vivos n aqu elln
época, o in esqu ecível 13n r :io elo
Rio Bran co, a quem d eve a P a tri n
Brasil eira tant os e 1ã o ass ig naln-
•los serviç os qu e, j a mais, os po-
deria resga ta r .
Foi Rio Brnnco o au tor :lcl m i-
,,.:lvel dessa obr:1 colossal da ci e-
Jirnilação do tenitorio p ntri o,
npressando a solu ção de tod ns ;!S
·qu estões que vinha d e h a muito
mnntcndo o Brasil com os se us
visinhos.
Foi no governo ainda do dr.
Rodrigues Alves qu e o rei da I! ai ia Rodrlgue• Atv"
Vittorio .Emmanuel UI, arbitro d a
questão entre o Brasil e o governo ioglez, na · questão
PEQUENA I-IISTOHlA DO BRASIL 147

entre a n ossa 1wtria c a Guyana In gleza, proferiu a smt d esas trada


sent en ça.
No " 0 \·erno d o dr . Ho drigu es Alves passou o F\io de Janefi. ro
por grat~cle s t ran s formações, gr :-t a s á a c ão lo ht·ilhant-e en ge-
nh e iro d r . Franc isco P creir:-t Passos, n tão Pre fei to da nossa
C:-tpit:-tl . Dcsa pparecc u a velh :-t c idad e elo Hi o c s urgi u essa nova
cid a d e qu-e a hi cslú pn r a orgu lho da n ossa P:-ttria.
A' te ta d a Dirretori:-t Geral de 'mtdr l ublicn . o sabia scien-
ti sta d t·. sw:-tldo rut. tc.v c a g lor ia de lib er ta r o R io da febre
amarc lla qu e du r:-t ntc a lgum te mpo m:-trc ou é poca n a nossa for-
mosa C:tpila l, ins p irando o t-e rro r ú p op ulnção e a fu ge nta ndo os
c•st r:-tngci r os.
T endo o Con gr esso, p a r a com ba te á var iob, votado a lei da
v:-t cc inn obri gatori a, erviu essa m e clidn de pr-e texto para que se
r evoltasse em 14 d e No ve mbro d e 1904, a Escola l\lililar.
P t·o m p tamente suffocad a a re-
volta n e se mesmo dia, foi a 16
d e cre ta do o estado d e sitio, lendo
sido excluídos os al u m nos impli-·
.. ·, cados no .movimento.
Mais ta rde porém, concedeu o
Co ngr esso amnistia aos revoltosos,
ten do sido o decreto assignad(}
p e lo pr-csi dente da Republica em
Sete mbro de 1905 .
No dia 8 de Novembro aind
desse anno deu-se um princ1p
d e re vo lta na fortalez a de Saõ
Cruz, te ndo os rebeldes assassina
d o i.s officiacs.
A energia porém do comman-
dante da praça, coronel Pedro lvo,
fez com que a revolta não fôsse
adian te .
' No m ez seguinte, no dia 11,
e xultou o Brasil catholico com Qo
acto do P:-tpa Pio X que elevou ás
Barõo do Rio Branco h~n !·as cardinali_cias o nosso pa-
ln c •o D. J oaqmm Arco verde de
Albuquerque Cavalcanti, arcebispo elo Rio de Janeiro e o pri·
mciro c unico c:wdeal ela Amcrica do Sul.
. _Em 21 d e J:-tn e iro de 190G, ás 10. horas da noite, deu-se na
baht_a de .J acuecang:-t, no Estado do R10, a horrivcl explosão do
AqUidaban, onde perdeu a Pntria cêrca de 300 filhos.
D~rante o governo do dr. Rodrigues Alves, cobriu-se ainda
a oatna ~c _lu~to com as mortes do notavcl maestro Carlos Gomes
f do aJloli c10ms ta José do Palroc!nio.
141! VEIGA CABRAL
Em 1 de Março de 1906, realisou-sc a eleição para presidente
e yice-presidentc da Rcpubli ca, c tendo sido eleitos rcspectivn-
mcnte_.o's drs. Arronso Penna e Nilo P cçanha, passou o dr. Ro-
drigues Alves em 15 de Novembro o govc n10 ao seu substituto,
iniciando-se assim o quinto quadr ienni o .

r.
I

....
.•
C.\ P lT ULO XXX \ l l

O quinto quadrie nnio

(1906 A 19 10)

To di a I i) d e Novcm l.J ro d e 1006 :o m:~ r nm posse dos ca r gos


d~ prc 'd e nte c vicc- r res id cn le el a R cp ubli ca os cll·s . Affon so
• Augu s to ;\lo re ira P c nna e Nilo
P eC':~ nh a.
• Depois el e ler si do el ilo, c
ant es el e tornar p oss'C. o clr . Affonso
Penn n, fez 11111 :1 v i :~gcm ao n or te el o
p a iz. p:1ra ve rifica r as n ecessi d ades
d'aqu ell:J r cgi;io.
· Em 1907 fo i oBra il co n v icl :-Hlo
a s e fnz cr rcprc en lar n a segund a
· confer e n c ia ela Pn n se r c:"! lizn r
cm Haya, api l:JI d o Hc ino ela
Holl and a .
P ~u·:~ css:~ mi ssão fo i esco lhi (IO
o cgrcg io se nad o r b :~ h ia n o , Dr. Hu y
Barbosa, u ma dns mn iorcs mcn la li -
rlnd es mu ndi ncs c ju ·to or gulh o da
nossa r aça .
A palan:1 d e Huy Ba rbo. a fo i
com aclmira ~·:J o o uvida po r lodos os
I'CJll ~se nl an t cs das n ações a li r eu ni -
das e a sun arg um e nl a cJ to br ilhan te
c incgu alavel fe z co m qu e ve n cesse
· ~sua opin iiio c r eando urna Có rl e In-
ternaciona l ·d e Arbilranem para r e-
solYet· os con fli los itü() rn a c ionaes . Affonso . Penna
· 9 Uras il nü~ p odia le r sido m elho r r eprcsc ntndo. A intelle-
ctualtdadc bras1l e ira, p e lo YCr bo inflammad o d e Huy Barbosa, ,
assombt·ou o mundo.


150 V•El G.\ CABRAL
Ao 1~cgrcss :u a p alr in rcc-r· bcu o n osso pa trí cio a maior das
manifes ta ções a le h oje levadas a
e ffei lo em nossa Pat t·i a. Ruy Bar-
IJosa foi, p ó<..l -c-s dizet·, sagrado em
vida .
J 'o anno segui n te, em 29 de
Sctcml>ro d e l !J O ~ , foi o pa iz aba-
la do com a mo rte do bdlhantc cs-
cri ptoJ· carioca dr. J oaquim. Maria·
I
I
. rachad o d e Assis, uma d as glorias
da litteralura bras il eira .
Nes c mesmo a nn o commemo-
ra nd o-sc o cc nt cna r io da lei da
abert ura dos po r tos do Brasil, rea-
li:~.av a-se ncs1a ca pit al a gra nde
E :-- p osiç:lo Nacio nal por iniciativa
do m inis tm da Viação, dr. Miguel
Calmon .
Em H d e Junho de 1909 falle-
cia o prcsi dcn lc d r . Affonso Pcnna.
Como j á h ouvesse governado
m ais el e do is a nn os. de accôrdo com
a no a Con titu ição, coube o poder
Ruy Barbosa
ao vice-pr e. icl cnte da Republica.
Dr . Nilo P c ·an h a, que nellc se ·
cons-ervo u a té o fi m d o q uadr ienn io,
isto é, a té 15 d e Nov embro el e 1910.
Assu m ind o o pod c1·, creo u o
Dr . Nilo P ecanha o min isterio ela
Agri cultura, IiHlustria c Com mcre io,
cuja n ec-essid ade e r a qvident e .
P or m orte do Dr . A ffon o
P e nna, r ei i ra ram -se os m in islros,
excepção do do Ex teri or c el a
Marinha, que a insis tcnc ias do n ovo
pres i clc n te em ex-e r c icio. r csol ,·er am
·· permanecer n os car gos. .
Em 8 de Set embro d e 1909
assignou o go vern o u m tra tado d e
limites com o Pcrú, -c em 30 d e
Outubro do m esmo anno um outr o
com o Uru guay, p elo qu al o Bras il ,
num ucto de a lta defer cncia p ara
com o paiz amigo, cedeu a este a
margem océidenta l d a Iagôa l\iirim
e a oriental do rio Jaguarão, ond-e
eramos senhores da navegação pri-
vativa.
Ao governo Nilo Peçanha deve Nilo Peoanha
P EQ EN A 111 TO RIA DO BRASIL 151

a Rep ubli ca elo Uruguay es te a lto b-e nefi cio e muito especialmente
no sau dos o es tad ista Bar ão do Hio Bra n co, q ue, como nosso Minis-
!ro do Ex l rior por e ·sa época, foi , de m o lu-proprio, o autor d esse
tra tado, qu e muito uos tem ele ..~J o :1c-s olllos do mundo culto.
Alén lo jú exposto, sfoo ,;;.,nos r! c 1·cgis lo ma is os s eguintes
fac tos do período go ern nm •n <a l d Dr . Nilo Pcça nll a : a c1·eação
em cnd :1 T si:Hl'J do Brasil de uma Escúla d e Ap r endi zes Artífices ;
a c rea~· rw do Servi~·o de Prol ··cçfw aos lndios c Loca li zação de
TI·a balh <1 don:<; Nacio1!aes ; a compl eta r es tau ra ção da Q uinta da
Bõa Vista, J.ojc um dos mais so l.Jerbos p a rqu es d o n; unclo; a ina u-
gura ção d!' novos lrcc llos d e est r adas d e ferro, a lém de muitos
o utr os melhoram entos.
Foi u1 ~0\' l'rno prove itoso para o Brasil. O Dr. Nilo Pcçanha
al !ia v;. ú~ su;1s qu al idades le intcll cctual d e va lor, rara energia e
g1·:m dc apacidadc de trabalho, · o qu e d emo nstrou po1· mais
de uma Yez, com o pres iden te da R-cpubli ca c do Estado do Rio de
Janeiro, seu torr.:io na tal .
Em 15 de Novem bro de 1910 en tr ego u o DI'. Ni lo Pcçanba o
govPrn o an mar r c hal H erme s da Fonseca, que. havia sido eleito
em 1 d e :.Iarço, j un ta mente com o dr. \\ encesláo Braz, respectiva-
mente prcsicl ut e -c vi ce-president e da Rcpublica.
\

CAP IT LO XX XV TI I

O sexto quadricnnio

(1910 A 1914 )

Ini c iou-se e m 15 el e i'\oYc mb r o d e 1910 c termin ou em 15 de


Novembro d e 1914. o s· x to q uad ri e n n io, qu e teve r es pectivamente
como president e e Yi cc-prc icl n t o m nr ec h al ll crm cs Rodrigues
da Fon seca c G- c! r . " ' nnces l:'10 Braz P e r e ira Go mes .
O s exto qu a dri en ni o com eço u logo com u ma r e Yolt a, levada a
cffe ilo pelos m a rinh ei1·o qu e se npos aram d o p ri nci pnes navios
da e squadra, tend o c omo cabeça o
marinheiro J oã o Ca nclicl o .
R ec la mava m os mar inh e iro co n-
tra o m:lo trat a me n to qu e s offr inm.
Um p a rlam ent a r, o co ntr a-a lmi-
rant e José Cm,lo d e Ca r vn lho, ind o a
bordo por m a is d e u ma YCZ, fo i o
interme dinl'io e ntr e os r evo lt osos c o
governe,, que lh e pro m etl era am ni s ti :1
)10 c:1so d:~ entrega cln s a rm as. pro-
posta essa qu e não fo i p orém cli!_fna-
mcnlc cumpri cl:l .
Amni s ti a cl os pelo Co ng r esso, fo-
ram, varias d e ll es d epo is prc os na
ilha das Cob r as, o nd e Yi e r a m a m or-
rer, cx c-i! p ção d e J oão Ca ndid o .
Pouco tempo d e pois d eu-se a r e-
volta elo Batalhão Naval qu e fo i la m -
bem suffocada .
Foi durante esse p cri o d ó gover- H ermes da Fonseca
.namenlal que a r\mcri c n em peso, c
muito particularmente o B r asil, foi abalada p elo fallecimento,
<'111 10 de Fever e iro de 1912, do grand e clwn cell er Barão do Rio
Branco, que des de 15 de Novembro ele 1902 vinha exercendo inin-
teJTupt:un en te as fun cções de nosso Ministro do Exterior.
PEQUENA lll STO niA DO BRASIL 153

P erda irrep ar:we l, qu e a Pntria lamen ta ainda e não deixará


d e la m entar nun ca, fica r il o seu nom-e ete rn am e nte gr·a vado no
cora ção dos qu e co mo cllc t rabnl h a rcm sem pre d cs intcr essada-
mntc p elo progrc so elo Brasi l .
css·c mesmo nnno fat l c c cr•:~ m tnmbc rn o ex-p residen te da
R cp ublicn clt-. Campos Sallcs, o r p ubli cano hi ·torico dr. Quintino
Boc::.:vuvn c o no tavc l p int or Victor !l!c ircll c ..
E m Hl l1 h av ia d esa p pnrcci do la mb e m o g rand e !Jr·as il ciro
dt· . .J oaqui m :l!urtinh o c, em 191 3 f::lll cc ia n a E uro p a o nfto m-enos
i !lu trc en "cn h ei ro dr . Pc r ci rn Pas o , cuj o corpo c mbals:~mado
Yc io pa r a o Hio d e .f:lnciro .
Dura nte esse qu a d r icnn io fo i dup l icada a linha ela E s t rncln de
F c n ·o Central d o Brasil nn . erra elo i\la r e execut a do o p lano ele
s an en m c nto da Baixada F lu min ense que fôra traç ado p e lo gove rn o
do dr . Ni lo P cçan h a.
i\!a is d o is factos di g nos d e reg isto no qun dri cn nio el e qu e esta-
mos t rntnn rlo : a rn dinção cxc r id a p e lo Bras il n a pend c nc ia c nt1 ,
o l\lcx ico e os Es ta d os Un id o : c n organi saç ão do pode r oso p arti do
pol ítico d cn om innd o Par/ido J?cpll blican o Conser vado r , do qua l
foi c hefe s u pr~n1o o ge neral J osé Gom s Pin he iro i\!achado .


.'
C.\ l' lT ULO X:'\.\JX

O ctimo quad:riennio

(19 1.{ .\ 19 J s)

No di:1 1 el e i\farco dr Hll 1. k ndo sido eleitos r espec tivamente


presid ente e vi ce-pr·cs id entc da n epuhli ca o Drs . \Vencesláo Braz
Perei ra Gomes P UI'l)n no Santo da Costa Ara ujo, tomaram posse
em 15 de Novembro do mesmo
anoo, em pl eno cs t:1do de s it io,
, que ha via sido decretado pelo go-
verno an rerinr.
Quando o Dr. \ Vc nccslúo
Braz tomou po e, em Novemb ro,
Javr::~va n a Europa a guerra enli'C
a Fran ça e a Ali manha, com e-
çada Ires mezes a ntes, isto é, em
' 4 ·de Agosto c só em 1919 term i-
nada .
Todo o seu quadri enni o so f-
freu, pois, as consequ en cias dessa
guena que. diffi c ultand o a ncçfio
govcrnmnen tnl de todos o n:1 izes .
não podia deixar de ler abnlado
o Brasil, encarecendo a vida c
impopularisando assim o seu go-
verno.
Um mez e pouco depois d-e
h aver assumido o govern o, a 31 de
Dezembro, a successão presiden- Wencealb Braz
cial no Estado do Rio d e Janeiro,
em face de uma dualida de de assembléa, havia dado motivo a que
o Supremo Tribunal Federal reconhecesse a legalida de :da assem•
bléa le gislativa que havia reconhecido o candidato dr •. NUo
P EQUENA HI STOnfA DO BnASlL 155

' P cçanhn, que foi cmpo saclo no ca rgo de presid ente do E stado,
cumprin do :1ss im o Dr . \Vc ncesláo Braz o s eu dev er, qu a l o de
:J c nt ~iT· a d ecisão do mai s :11lo t ribun a l no p a iz .
Conscn7ou-se o cl r . Ni lo P eça nb:-~ com o pres id e n te d o Es tado
do Hio a t l\l aio de 1917, qu ando fo i n omea do Ministro do E xterior,
pas ta qu e se vagá ra c o m_ a rc_n~nci ~ d o minist r o_ dr. Lauro Müller.
Fo i dur a nt e a ges tao m1m te na l do d r . Nilo Peça nh a que o
Brasil de ·!ar ou gu·crra :\ All cman h a, em 26 d e Outubro de 1917,
c olloca n do-se ao la do ,ias na ções a lliadas contrn a qu ell a .
!\lo li vou esse fac to o tc1·cm os a llemães torpe d ea do successi-
'·a mc ntc os n avi os me r can tes brasile iros : Paraná, Lapa, Tijuca,
Macáo e Acary, d cs respc it:wdo ass im a n eutralidade que vinha o
Bras il m a n tendo de sde t1 d e AGosto d e 1914.
Dcclnrad o o es tado el e gue rra, apossou-se o governo brasileiro
dos n nv ios m erc:~ nt cs allemãcs s urtos nos portos ela n cpublica, e
dois m czes d-ep o is env io u : E ur opa u m <~ esq uad ra d e seis navios,
um corpo d e av iad or es e um a m issão med ica, além ele ler cedido á
Fra nça diversos na •ios m e. cantes .
Jnfelizmcnt nã o co r r espond-cu es ta nação no nosso gesto de
n ob r eza: peq u rnos n ão foram os cl iss nbor cs para qu e s e effectuasse
a entrega dos navios qu e Ih:! havía mos cedido . . .
D ura nte o mcz d e Setem bro d e 1 917, a doece ndo o dr. vVences-
UIO Brnz. ass um iu a presicl c nc ia d a n cpublic a dura nt·c a lgun s di<ts
o vi ce- p r esid ent e dr. rbano S::n,tos.
F o i dura n te c te qu adriennio assass in ado, em 191 5, o prest
?i oso :::h cfe p olí ti co ge n·cra l J osé Gom es Pinh eiro 1\lach a do, e e
1917 so ff rerr10s a pe rd a dos s<tbio s patr ícios drs . Oswaldo Cruz
José Vi e ira Fazend a.
No an no seguinte a m orte roubava ao Brasi l doi s ontros VlÚ
~os el e valo r : o geog r a ph o Barão H o mem de Mello c o jornal ista e
poe ta Olavo B il ac .
Du ra nte esse gov-e r no fômos a ind a vi c tim as de uma terrível
pandcmi a. a grippe, qu e dur a nt e os m ezcs de Ou!ubr·o c Novembro
d e 1918 troux e o t erro r :\ popula ção e o ludlo a milhar-es d e fami-
lias c {t P :1 tri a que p e rd eu, por essa époc<t, alguns filh os d e · in-
dis cutíve l va lo r .
., Ainda no mes_m o governo foi feita a r eforma el-e itoral . insti-
tuí do o sorteio miht a r , pro mul gado o êodigo Civil Brasileiro, re-
solvid a a velha qu es tã o d o· Contcst<tdo entre Paraná. e Santa Catba-
rina e ce lebr~do um accôrd? com a R cpublica ~o Urunuay .
Quatro dtas a ntes de (l c rxar o dr . W en ceslao Braz o governo,
em 11 de Novembro de 191 8, foi nssignado o arm ísticio entre a
Allem a nha c <~s n ações con tra ell a a lliadas, entre as quaes estava
o Brasil.
..

C.\ PIT LO XL

O oitavo quadrie nnio

( J 91 .\ 1922)

Qua ndo em 1 d e ..\lar o ele 191 8 foram 1·calizadas no paiz as ,


elei ções para pres id en te e v i cc- pr c ~ icl c nt'<! el a Re publica, foram
r esp ecti va m e n te e le itos os Drs . F ranc isco d-e Pa ul.a Rodrigue s
Alves c D elfi m ?\la reira ela Co t ~1
Ribe iro .
R cco n h eci dos p elo Congress o,
devi a m to mar posse em 15 d c No-
v embro d o m-es mo a n no, su cccd en-
do r esp ec ti vamen te aos Drs. \\ en-
ccslito Braz e U rba n o ·an ta s .
Enfe r mo, po r ém, o Dr . Ro dr i-
g ues Alves n a s ua c id ade n a tal.
Guara tin g uctá, n ão pôde no d ia 15
tomar p osse d o ca r go, razão p or
que o vicn-prc i d e nt e D r . De lfim
..\fore ira, a v ós ser em p ossado n-cs c
c argo, ass umiu interinam e nt e o d e
presid ent e a té qu e o D r... Hodri-
g ues Alves, r es tab-e lecido, p u desse
embarca r para o Hio.
Um pouco m elhor d os seus in-
c ommodo s, o D1· . R o dd g ues Al ves
veio dias depois p ara esta cap ita l
c, aqui, s e agg ra vando os s eus p a-
deciment os, fall ec-cu em 16 d e J a-
neiro d e 1919, sem i er c h egado a Delfim Moreira
foma1· posse do seu alto c argo.
_ .:,o i, J i ~J-.; • " P [it .< a d e Iuc to com a morte de um dos seus
m a io ~-cs cs t ad i s!:-~ 3 . O corpo do Dr . Rodrigue s Alves foi conduzidi >
para tlt.:aru:ing ~telá e lá inhumad o.
P EQ EN A I-JJ ' TOHIA DO BRASIL 157

Fallcccndo o Dr . Ho clri gues Alves, fo i fe ita nova eleição para


prc id c nt c, ele a ct:ô:·do co m a nossa Cons titu ição, um a vez qu e não
h aviam passad o cl ot a nn os cl·c govern o.
Emqu a nt o o n ovo pr s icl e n tc não fôssc e le ito c r eco nllecido,
cabia ao vi cc-p re s id e n te I) r. De lf im illorcira in t ri na m e nte occupar
a pres id en c ia, o q ue :-~ li ús jú vin h a el le faz en do desd e 1 5 de No-
v-em bro.
F o i bem provei to a pa t' a o Bras il a int e rin idad e do Dr. De lfin,
.\[orcir:-t qu e dei xo u a p rcsicl e n c ia cobe rt o d e app la us os, de que,
a liás, . d f· z cr do r p el o c r it c r io c ho nradez com qu e so ub e dirigir
os d e li n os d a n o sa s lrc me c ida pa tri a .
F o i dur a nt e a in te t·ini dad e do Dr . De lfim J:llore ira que se
com eç:-~ram a or ganizar as p r im e iras r euni & s da Confe r e ncia da
P az, após :1 r c e n te g ue r ra qu e cn angu c nto u a Europa. Coube a
S. Ex . a -escolha do nosso repre-
sentan te pa ra esse Co ngresso, que
se i a r e unir e m V.c rsa ill cs ( Franç a).
Conv idó u o Dt·. D ell'illl .l\lo-
t·c i ra pa ra c se p os to d e. summo
cl eslaqu c o no so e mi n e nt e p a trí cio
Dr. Ru y l3arbosa. Não podendo este
a cc·ci lar o co n vi te, co nforme fez
publi co, fo i c co lhido o senadO!'
I r. Epi la c io Pessô a, que para a
F ran ç·a seg uiu a d ese mpenhar r
h o nrosa inv es tidura.
Do p a pe l d esem pe nhado peil
Br::1 i I nes e Con gt ~ so. ba ta obser-
,. Yar qu e se nd o o Co nselho Executivo
da L iga da Na õcs, compos to ape-
n:ts d e n ove membros, um dos es co-
lhidos foi o n osso e mbaixador.
Qu a ndo se r ea li zo u a ·eleição
para a p urar qu e m devia se r o
s ub tiluto d e Ho drigu es Alves, foi
e le i to o Dr . Epi ta cio Pcssõa, então
nos o Embaixado r no Congresso da
Epitacio PessOa P nz, re unido em Versaill cs.
Hcconbeciclo p elo Congresso, o
illustre juriscon sulto, jú e ntão em viagem para o Hio de .Tanoeiro,
aqui ch ego u, tomando posse do governo, no dia 28 de Julho
d e 1919 .
Terminou nhi a interinidade do Dr. Delfim Moreira que vol-
tou ao se u Joga r de v ic e-pres idente da Hcpublica e, .conseguinte-
mente, ao de presidente do S-enado, posto em que 'cio a fallcecr
na m:1drugnda d e ·1 de Julho ele 1920, na cidade de Santa flit:J <lo ·-·
Snp~ c ahy (lllinas G~racs), ficando assim vago o cargo üe V1CC-
prcsidcntc da Hepubhcn, p ara o qual foi eleito dois mezes depllis o
158 VE IGA !CABRAL

dr . Francisco Alvaro Bu eno cl Paivn, cntiío cnndor federal pelo


Estado de Minas Ger acs.
Em 3 de Setembro, ele 1920 assignou o clr. E p it ncio P cssôa o
de creto r evogando o de 1889, p lo q u;\1 fôra ba nida a farn ilia im-
perial do Bras il .
Pelo m esmo decre to foi :m lorizn da a lt·ansla claçiío para o · Brasn·
elos despojos m ortacs do cx-imp-c rnclor D. Pedro Il e de sua esposa
D. Tereza Christi na.
Dias d epoi s, a 19 do m es mo mrz de Setem bro, r eceb ia o Brasil
a honrosa v isita do r ei d a Bclgica Albert o I -c sua es posa a rainha
Elizabeth . A convi te el o dt·. Ep itacio P essõa vieram os illustres
monareh as conhecer a n o sa P a tria, pa r a aq ui se tra nsportando a
bordo do couraçado S . P alllo, que os foi busca r .
Sob o delí rio da mulli d:'io desembarca ram os ber oicos r-eis da
gloriosa Belgica, a p r escntr~nd o a cidade do l io de Janeiro, um
aspecto fes tivo r a rí ssimo.
Os soberan os p er corre ra m tambem os E la dos do nio d-e Ja- . :
neiro, Minas e S . Pa ulo, r c:grrssando :1 Bclgica em 16 de Outubro
do m esmo anno, r ep etin do o nosso p oYo por r ssa occasião as mes-
mas provas de cari n ho .
SS . MM . r egr css:1r am ~i nd a a bordo elo São P aulo que, de ·
Yolla, trouxe de Portugal os d es pOJOS morlaes ele D . P ed ro II e de
sua esposa, a co mp:mhan cl o os q uacs vieram o Co nd e d'Eu e seu
filho o prínci p e D. P edro .
Um anno d ep ois, a 14 el e Novem bro de 1921, era o BraSil aba-
lado com a noti cia elo fal lecimcnto em P:1ri s da princez:1 D .. lzabel, !
a Redemptora, tendo p or is to o governo em a tt cn c;ão aos r elevantes
s-erviços que prcstá ra á Patria, como regen te p or ma is de unía vc~
do Brasi l, r eso lvido q1.1c 111C fôsscm trib utadas hon ras funebrcs de
Chefe de E stado, send o d cct·etado lu c to naci onal por Ires dias.
;
A 20 de Jan eiro d·c 1922. por estar send o arras:-.clo o morro do
Cas tello, foi transla dada em i!nponen tc cortej o reli ~ioso e cívico,
d'aquelle morro para o l\los tct ro d os Ca pnclunhos, a rua Conde ~e
Bom fim, a imagem el e S. Sebas ti ão, b em com o as ci n za s de :EstacJO
·de Sá e o Marco da fun da ção d a cidad e.
No dia 1 d e l\larço, sob um a gr:-.ndc ag it ação políti ca, como a~é
cr.<ão não se tinha ai nd a observa do, re:-.lisa r am-s·e em todo o patz
as eleições para os ca rgos d e presidente c vi ce-pr esidente da Re- _
. publica, 1endo sido eleitos r es p·ecti va mentc os drs. Arthur da Silva
Bernardes e Urbano San to~ da Costa Arau jo .
P oucos mezes d epo is fa ll ccen do o ultimo, procedeu-se · :Í nova
. eleição, sahindo eleito vice-preside nte o dr. Es tacio d e Albuquec·
que Coimbra .
Continuava o paiz entregu e á agi t ação d e par tidos políticos,
quando á 1,30 da. m adrugad a de 5 d e Julho de 1922, reYI()lrtJou...se. o
for.! e de Copacabana.
A elle adbertram o fort-e do Vigia e a Escola' Militar..
. PEQUENA III.:::TOHIA DO BTIASJL 159

Nn Vilh Milita r h ouve o pNpl r no l cvnnle el e um prlotão rlo


i• R\"~i mento d e lnf:-m tn ri a. rromptnment e s uffocado, pois as for-
ças ali se manti,· e rnm fi ei s no govern o.
Qu e r e ndo fnzr 1· c nns n rom mu m co m o s rcvolto ~o s rlo Rio,
suhl e;·arn m-~e l nmbrm :1s forrns fr d r r:1r~ an11 nr tr l ;Hl as em ?lfntto
Gmsso. soh o romm:1nrlo ri o g·:.'nr•·a l Clorln'l lrlo d n F on s r r il . não !
I
inrl o. oo1·fm. :w:> n lc o moYime nlo cli an tr do f rnca s o da revolta na I· {
l .
c ap ifil l r!n Rrpuh lirn.
D cr1 '•Ot t cntiío o goYr-rnn n 5 el e .Tu'ho o . t :1 clo de s i li~ q1rc l
foi wr r rs ·ivmnrn le prn rn<:<:H 1n Pr rmanccrnclo e m Yigo r até 23 ~c
D ezrn, hrn rl n ~··nn S"!rttin lr (19 2~) .
C:on ti nu nm nin rl n ""' jnlgame nlo os m ili lilN~S i mp l icados nesse
mov iP' f>n lo rrvn 11rionnrio. \
t\ lé·m rl n~ filrlns i:i rrl<thrln'<. silo rl i!!nos clr mt>nrão os s egni n - I
tes r)f'ron irl ns '·m 1922 : n rh f>!.!~rln iln Rio <i r .T!lnf>irn do• h ril\"OS
.pvi arln1·rs porl nvur7f>S romm~nrl n nl ·f' s G'l!!n Cnn i n ho c S:-o r nd11ra
Cab ra l. qu e arroi:lclnmenl " vence t·:lm o "rnid " aerco Lishôa-Ri o
d e J a n r iro; o clcsnppnrcrJ mrn to d o ('onde ci'E u , qn·:! r m viagem
p a r a o R io rl c J noe iro. il ll rnhi do prlos fcs lc:ios elo Cf>n\c .:~ri o, fal-
Jer r u r ep{'n lin amen te n 2 d • Agosto n bo,·rl o do .1ras-5 i!ia, cnn·iln do
o fnc lo pro fun d ~1 c on s lcrno<:i.io e m n o <. n l'ntria. p oi o val c nic cabo
~c gu e rrn qu e co mb a teu ao l:ldo d os Rt·as il <' iros n o Pnrr.guay e1·a
um do 5 nosso maiort>s nmigo~ ; e a c · lr b r nç ão do Ce nlc nario da
Jndcp c nd cncia cio Rra il, lc v:1da a C'ffdlo co m g r:~ndcs festas e
um a s umpluosa E xposiçiio Tnte rnacio n:1l , á qu a l tro ux eram o s·cu
co n c ur so qu as i locl ns as n nç õ es el o nmndo, l endo mesm o uma
d'c ll ns. Portu gr~ l. c nv iil rlo <'111 pcsso:1, o seu pre id e nle, o grande
tribun o clr . An ton io .Tose d'Almeicla .
No d ir~ 15 d e N ov·e m bro p asso u o rlr . F.pilacio P essôa o gc
verno :~o n ovo presi d e n te dr . rlhur Bc r n anlcs. s c~uincl o algur
uias d e pois em Yi :l~" m rl<' rec reio p a ra a l talin , regressando a
ni o em Ag05to do anuo s egui nte. ·'

I,
I
. ..
CAP ITUL O XLJ

O nono q adrknnio

(1922 A 192(i

.
A 15 de 1 ovem bro d-e 1922 in iciou-se o novo quadriennio,
assumincio r cs pr c ti,·a m en te LIS
cargos ele pre!>içl ent e e vice-
pres iclenl·(! d n Hr publ ii' :J os
drs. Arthur d a ilva uernar -
cles c Estacio ele A I!Juquerque
Coimbr a.
P o u cos mczes h:~v i nm ele-
corrido do in ic io do nr tu :-tl
governo , qu a nd o :is 1\.25 d a
n oite rl e 1 cl r :\1 :-~rro d r 192:'1.
nn nv{'ni cfn Ypi r :lllgn. em P -
tropolis, clesa pp nrrceu d e n tre
os vivos esse vu lto cx trnorcli-
nario que se c b :m10u Ru y
Barbosa.
Ainda sa ngra o cor:1rão
brasileiro c om ess a p e1:cl a
irrcparavel .
Transportnd o o seu corpo
d'\l Petropoli s p a ra est a ca p i-
tnl, foi o m esmo expos to :'1
v is itaçã o publi ca na B ib li o-

tbeca Nncional . d e ond e . a hiu
o ent erro; te ndo o gov ern o
concedido ao grnndc tr ibun o
as honras de Chefe de Estado.
Com Ruy Barbosa d es-
npparccen umn dns maiorc·s
mentalidarlc s que o mundo
!em pr.o duzi rfo .
Umn rlelegação chefinrla
pelo deputado dr. Afranio Ar~hur Bernal'dN
PEQUENA 1 ISTORlA DO BRASIL ifil
Je l\lello Franco foi, n o m z cguint c, e n via da ao Chile a fim de
tomar parte na V Confe re n c ia I nter nacion a l .Pa n Americana, que
se reu n iu na capital el'a q ucl lc J.Hll Z .
Ma l corucço u o 1Dez c ~ l a t o, no dia 2, a mort e c-eifou ma·ios
uma viela p rcc io a: a do cm ttt cn te pt·ofcsso r e pbi lo logo dr. l\laxi-
m i no l\la ci cl, ll lll d s lll:II..S l.Jl!l lo.s tal n tos elo llWI:P SkrtO brasil ei ro.
Qua tro ntc zes d ep o i ~, C ll l Se te tu bro, do us 0 ut ros bra si leiros
de d es ta qu e b at.·:ua m :\o tn m ul o : o 111 a r ech al llet·m es ela l~ o uscca,
ex-pr esid e11te d a Hep uh lica c o almiran te Julio d e .:\oronha, ex-
minis tro d a l\l a ri n!Ja, aq ucll c no d ia \J c es te no d i a 11.
A s itua ção c r ca d a p ' la p ol itt c a d o l.:. ~ t ad o do Hio de J an eiro
levou o governo fetl c r a t a n o mea r u m inter ve ntor p a ra aquc lle Es-
ta d o, a té qu e o C o n g re~~ o i\ ac w n a l rc ~ o t v e.s~ e d <::t tnillvautent e o
c aso a li em q ue:. tão. Hcc:th iu a e ·c olh a na p e:.:.ua d o dr. A ur e lino de
Ara uj o Leal, a nt igo cb c le cl. p o lt cia d o preside nte \V e ncesl á o
Bra ~ . ·
i\o cnrgo d e in l!'l"vc nto r m a n teve-se o dr. Au r elino Leal du-
ran te o an no d e 1 \!:2:5, d c ~ d ~ 1 de J a neiro · lé 23 d e Dezeml' ro,
qu a.ndo ri ·ou . o1 uccion a da a r1u · tão a li em fóco, om a posse do
n ovo o r es tdcn tc el o l 5ta d o .
.l'~Ô Hi o Gra nd e d o Sul dura. n tc a.lg un mczcs h o u ve lu ota en tre
in n üos, qu e p o r s i m ples qu e:;tõ cs d e p oliti ca r egi o n a l c n sa nguf'u ta-
ra m a gen ero sa c l.J rava te r r a ga úcha, d es mo t·o n ando innume ros
lares ou tr'or;l l e liz ·s, etll lll llllo.s tios 4 U<1 es 11c uu 11uperanuc a
viuv.:z c a Ol'lJlwn uauc .. .
1 c n ntnu u c ~ :. a luc la, n t rc o s d o u · p a t:L id os qu e s e d cglad ia-
vam, n o d ia l :J ue lJ c ~. e tu JJ .o , :u nua ue l:JL J , v ur lllellwç a u do
gove rn o fe d era l, na pc:.:.oa elo lll <lrcc 11a l .Sclemlil'lllO d e L.arvall.lo,
nunis tro d a Gue rra .
• 'o a nn o seguin te ( 192 -1) tive m o a Ja m cnta.r o desap-
pa.rcci me ntu d e do us vult os d e innega vc l valor: o drs. N ilo Pe-
çan 11u e Aureuno Le a l, atJUClle la ll t: CÍLIO em l\larço e este em
Junh o.
No mez seg uinte - 5 d e J u lho de 1924 - c x a c tam c nt e no dia
em q ue se cono p lc tav am Ll o is a nn o s da r evo lta do lo r l(; d e Copa·
cal>~tna (Ll UC ·t tvcm os o ccas .úo de cs 1uLiar no governo t::pJtat:io
Pessó a) -surgi u uma no va r el>d liào, esta e m .S. l'a ulo, tendo como
chefe o ge nera l lzidoro D ias Lo p s .
Alastrou- se o movim en to p o r d i,·crsos ou tros Estados, o que
levou o go verno a. de c rt'l ar o es t:\d o d e si tio não só para estâ
L:npital como para o Amaz onas, Par:í, Sergipe . Bahin, Hio de Ja-
neiro, Siio Paulo, Parnn á , Sa nt a Ca th a.r in a, Hio Grande do Sul c ·
·~latto Gro5SO. ·
De posse da capi ta. l paul ista a li s e conse r va.rnm os revoltosos
desdo o dia 5 a té 28, quando foi a cida.dc abandonada. "
F.m Julho el e 1925 cobri u-se a_ Patria el e luc ia com o falleci-
mento do eminente republicano h i~ t orico dr . Lopes Trov:io cujos
funera es constituíram uma verdadeira consagração á memoria do
i62 VEIGA CAI3'HAL
impolluto patricia a quem deve a Rcp ubli ca Brasileira os mais
gnula dos s c rvi~· os.
a .,.~
No unno que vae correndo (1'32G) terá o fi m o actual quadrien-
nio, dc \' cn J o no dia 15 de NoYem uro os drs . Arthur Ber nardes e
F.stacio Coimbra passa r o gon~ r no ao. drs. Washington Luiz Pe-
reira de Souza c Fran cisco :\l ei lo \ ian na, aquellc fluminense e
este min eiro, a m iJO · c!c. to. :1 I el e :lla rço r espectivamente Presi-
dente e \ ice-Pt·e: idc nlo ela Rr.publi c:t.

FL.I

L
' .

·.
' :

'l'aboa chrono lotôr:a dos 5 period os em que se divide


-a Histor ia d Brasil
1.• P.Ef"'i iODO (BRA ! L PO HTUG UEZ)
!1500-15 8 •'

RCI S DE PORTUGAL

D. Innoel 1.
D. J oão lll .
D. Schastiii o .
D. H enriq u e.

GOVEI1NADORE S GEI1AES DO BRASIL


1.• Thomé d e Souza.
2.• Dua rte J J Los ta.
3: l\ltm de ::in.
4." Lu1z d e Uri ~o e Almeida .
5.0 Lliogo Loure l!ÇO ua Vdga .
2.• PERIODO (BRASIL HESPAN HOL)
(1581-16 40 )
REIS

Philipp e Il.
Philippe liL
Philippe IV .
GDVERNADORES

6.0 Manoel Telles Barreto .


7.0 F1·ancisco de Souza .
?- -:-ogo Botelh" • .J,:,
. \

VEIGA CAl:>ÍtAL

•. 9.• Diogo de Men ezes Sique i r :~ .


_ 10.• Gasp a r d e So uz'' ·
11." Luiz de Souza .
1 ~-· D 10go elo.! 2\ k n tlonça f.'ur tad o .
13.0 l\Ja tt11 as d-e Albuque rq ue .
1 4.• Ft·a n cisco d e l o ur<~ HoJ i;11 .
1 5.0 !>LOgo L UIZ u e UIIVCira.
l o.• .1-' ea ro ela ~i l va (u uuro).
·. . 17." F e r n a n uo ll e 1\l u s~.;an: nlt as, Con d e d a T orr e .
Hl.O J orge d e i\la ·carenllas, ~l an] u ez
d e Mo n tal vão, 1• Vi cl'-
/

He i do Urasi l .
'· 3.• PE!UODO (13nA l L POHT üGU E Z)

( l ü.J.U-1322)

!lEIS
IJ . Joã o I V .
D. AII UllSO Vl.
1>. h c! UI' O 11.
]) . J uao V .
]) . J usc 1.
D. l\lan a I . .. •• l J t .

GOVE R.:-IA DORES


.. . .: ,.....,
19.• Ant onio T elles da Si lva .
:w.· '1 ellc:. lle -i\h:u czc~, L.ou tl e d e Villa P ouca .
~1.· Juao .ku u r ac;uc:. u e Va::.~.;O IH:c llos c uu:.:a, Conde de i:as-
1-cllu Mc lliOI' .
22.0 1J. J croHy lllo de Alllayd e, Con d e d e At ougui a .
:!;j." 1' ran..:J::. cu JJarr c lO uc .\lcnezcs .
2 4." 1J. Va::. co li · i\lu~~.;•u·cnl.w::., Conde de Obidos, 2.0 Vice-
h ei Oo ~U ras ll.
25.0 Al-cxa u'll r c uc So uza F r eire .
:w.· 1· una li o u e· ~!c u uuJH,:u, v1sc o nde d e Ba rbacen a .
";.7 .• Hu4ue d a Los ta .11a rrcl o .
21l." Antu n10 llt: ::,ou1.a tlc 2\lc n ezes, o Br a ço d e Pra ta.
• ZV." AlllUIIIO Lu1z ue ::,uuza 1 ~.: 110 tlc i\1-c n ezes,, i\larquez das
Mwas .
30.0 .i\lath ws da Cunha.
31." AHtuH>O Lu1z t.aun çalvcs d a Ca ro ara Coutinho.
3~.· 1J. J uao Lcuca::. LI' C.
3;j.• D . hollngo lia cos ta .
34." Luiz l.e::.ar de i\Lcnczes .
. 35." J) , Lourenç o de Ailllcl da .
3ü." Pedro Llc Vas conc-ellos e Souza.
37.0 V. Pedro de N uronlla, Marqucz de Angeja, 3.0' Vil!e-Hei do
Brasil .
HISTO RIA DO BRAS IL H}5

38.• D. Sanch o de F a ro, Conde ele Vimic4." iro .


Yi ce-Tki do Brasil ..
39.• Vasco l' crn n nd cs Ccsa r d-e lll e nczes, p
Ca s tro, Con de das Ga!Yê as, 5.• Vice-R ei
40.• André d e i\1e llo e /
do Bras il .
tougui a , 6.< Vice-
41.• D . Lu iz . f c n c zes d e Ath ay d e, Co nde de .
R ei d o Brns il . e'i do
42.• n.;v!nrcos de No ronh n, Con d e dos Arcos , 7.• Vice-R
Bra. i l.

,
rqu z do Lavra -
43.• Anton io ele Almei da Soare s c Por tugnl, llla
di a, 8.• Vice-R i do B1 a i! .

Yl CE-l\E I S

.
J.• Ant o n io All·n res dn Curih n. Conrl e da Cunha :\ zambu ja .
2.• An tonio Holim d e lll oura T:n •nrcs, Co nd e el e io .
3.• Lu iz ele \ lm e ida Por tu ga l, lllarqu ez u o L avrad
.J.• L uiz de \' nsco n c-e llos e ·ouza.
5.• José Lu iz d e Ca~tro, on de d e Re ze n de.
u cz de Agu iar .
6.• J·ern n nc! o de Port uga l e Cas tro. lll n r q s.
7.• .i\la r co d e Noron ha, Conde dos Arc o
cl o <lire ctame nte
Dcp o i d o 7.• V ice-Re i foi o Brasi l g ove r n:1 VI , qu e aqui
nt e, ma i t :n·dc D . .Toiio
por D . J oão, P r ín c i pe Hcgc
rtu gu cz:1. fo r ag idn dn
rs tev c cst nb ele irl o com a famí li a ren l po
palrin , qu-e foi inv :-~ dida p e los franc e zes.

-i .• PERIO DO (BRA SIL IMPE RIO INDE PEND ENTE )


(1822-1889)

I .O D . P e dro I .
2." D . Pedro li .

5.• PERIO DO (BRAS IL REPU BLICA )

1." De odoro da Fon seca .


2." Floria no P eixoto .
3." Prud en t e de i\'lorne s.
4.• Camp os Snlles .
5.• odrigu es Alves.
6." ffonso Prnna .
7." Nilo Pcçnn ha.
8.• l-J(•rm cs d a Fons-e ca.
9." \·V encesl au Uraz.
10." Delfim .More ira. •
11." .Ep1ta cio Pcssô a.
12." Arthu r Hcrua rdes.

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