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PARA UMA
PSICOLOGIA
DA LIBERTAÇÃO
IGNACIO MARTÍN-BARÓ
A rontribuição social
da Psirologia na América latina
Com base em uma perspectiva geral, deve-se reconhecer
que a contribuição da Psicologia, como ciência e como práxis, à
história dos povos latino-americanos é extremamente pobre.
Certamente, não faltaram psicólogos preocupados com os
grandes problemas do subdesenvolvimento, dependência e
opressão que agoniam os nossos povos. Mas, na hora de se
materializar, em muitos casos, essas preocupações tiveram de
ser canalizadas por meio de um compromisso político pessoal, à
margem da Psicologia, cujos esquemas eram inoperantes para
responder às necessidades populares.
. Não me refiro apenas à Psicologia social, cuja crise de
significado tem sido um tema muito exposto na última década;
~efiro-me à Psicologia em seu conjunto, a teórica e a aplicada, a
7
individua) e a social, a clínica e a educativa. A minha tese é de
q~~; fazer (queliacer) da Psicologia latino-aniericana, salvo \. )
algumas exceções, não somente tem mantido uma dependência ,.._.
servil ao definir problemas e buscar soluções, mas permanec eu
amargem dos grandes movimentos e inqtlietudes dos povos
latino-americanos.
Quando se trata de apontar al guma contribui ção
latino- ameri ca na ao ace rvo da Psico log ia univ ersa l,
Jv1:u.,; ,, } 'vJ, ,
, <Í/1 J/J ,, .
,,,z1,
• . • , . • - • • - -, . • ., , i<1 (.'.(mtrihu1ç;1, 1
umversaL um Jatmo-ame ncano tJ vesse de abd1car de sua on,,trrrl
- , Em - relaçao- . . . é triste º "' c;u e1e, ·,ua
identidade. aos trabalhos de P1chon-R1v 1l-rc, afimn·4T yu,;
__ • - - •
são insuficientemente cúnhec1dos fora da Argcntma.
-
Possíve)mente, co~buiçõ es latino-americana<; de maior vígür e;
-
impacto social podem~ ali onde a Psicologia deu a mão a outra') áreas das
Ciências Sociais. O caso mais sjgnjficativo parece-me ser, sem dúvida alguma,
o método de alfabetíz.ação conscientizadora de Paulo Freire (1970, 1971 ),
surgido da fecundaç&> entre Educação e Psicologia, Filosofia e Sociologia.()
conceito já consagrado de conscientização articula a dimensão psicológicada
cor~~cia ~soal_com a sua dimensão social e politica e explícita a dialética
histórica entre o saber e q_ fazer, o crescimento individual e a organáação
com~ni~ a libertação pessoal e a transformação social. Mas, sobretudo, a
con.scientização foi uma resposta histórica da palavra, pessoal e ácãrência
social~ dos povos latino-americanos, não somente impossibilitados de ler e
escrevcr o aJfabeto, mas, acima de tudo, de ler a si mesmos e de escrever a sua
própria história Lamentavelmente, tão significativa quanto a contribuição de
Freire é a pouca impor1áncia que se dá ao estudo critico de sua obra, sobretudo
se isso é uJmpar-d.!io com o esforço e o tempo dedicados em nossos programas a
contn bu,ções tão tri vi ais como algumas das chamadas "teorias da
, r rcneu i1..-m" ou alguns dos modelos cognitivos, hoje tão em voga.
1 4
, "
• .
capaz de, ao m~~~ ~temp o, re~eti r e_ estimu lar as recent es )~tas hi~tóricas
das massas margn~a1s com muito mais força que nossas anális es e receita
s
-~ bre a moder nizaçã o ou a mudan ça social .
p Diferentemente da cultur a saxôn ica, a cultur a latina inclina-se a
conceder um impo11ante papel para as caract erístic as das pessoa s e para as
relações interpessoais. Em um país como El Salvad or, o Presid ente da
República é uma referê ncia imedi ata de quase todos os proble mas, desde os
maiores até os menor es, e a ele se atribui a respon sabilid ade de sua resolução,
0 que leva a recorr er ao Presid ente para reclam ar da mesm a forma sobre a
guerra ou sobre uma briga de vizinh os, para estimu lar a reativa ção econô mica
do país ou para cancel ar um indisc reto prostíb ulo situad o próxim o de uma
escola (Martí n-Baró , 1973). Nesse contex to cultural, que tende a person alizar
e, ainda, a psicol ogizar todos os proces sos, a Psicol ogia tem um vasto campo
de influência. E, todavi a, em vez de contri buir para desmo ntar esse senso
comum de nossas cultur as, que oculta e justifi ca os interesses domin antes
transm utando -os em traços de caráte r, a Psicol ogia tem abona do -por ação ou
por omiss ão - o psicol ogism o impera nte. Inclusive no caso da alfabe tizaçã
o
consci entiza dora de Freire , chego u-se ao ponto de resgatar para o sistem a as
suas princi pais catego rias, despo jando- as de sua essencial dimen são política
e
conve rtendo -as em catego rias puram ente psicológicas. Atualm ente, com
a
cresce nte subjet ivação dos enfoqu es predominantes, a Psicol ogia contin ua
alimen tando o psicol ogism o cúltural, oferec endo-s e como uma verdad eira
"ideol ogia de reconv ersão" (Deleu le, 1972). Em nosso caso, o psicol ogism
o]
tem servid o para fortalecer, direta ou indir~ta~~nte, _as estru. ~as opress ivas,
ao desvia r a atençã o delas para os fatores md1v1dua1s e subjetivos.
Não se trata aqui de estabe lecer um balanç o da Psico logia
latino -amer icana, porqu e, entre outras coisas , ainda se está por fazer uma
hi stória que transc enda a organ ização mais ou menos parcia l de dados
( ver, por exe mplo , Ardila , 1982, 1986; Díaz-G uerrero , 1984 ; Whitf ord,
1985). O impor tante é pergu ntar-n os se, com a bagagem ps icológ ica de
que d ispom os hoj e , podem os di zer e, sobret udo , faze r algo que con tribua
signif ica tivam ente para dar respos ta aos proble mas crucia is de _ nossos 1
povos. Po rq ue, em nosso caso, mais que em nenhu m o ut ro , te m va lidmk
ª
afinnuc,; ão de que a preoc upaçã o do c ie nti sta soc ial não deve cc nt rar-s~ 1
tanto em ex pl ic..: ar o n1w1<lo , 11Hl 8 cm tru nsfo nnf\ -lo.
184
.
--,, O oositivismo, 1ul como indica o nome,. é.uq11d11 cone,t p,,,no
[. . . de e i •
que considero que o conhcc11ncnlo deve se·e·lm11tm uns dnd(l."i >o•. ' 111 ;1:i
..• t. . I ,ql1 y, 1,• •
fotos e as suas relações cmpmcmnc11lc• vcn Icu' ve1.i,, d<.: sctu l:1t1 (<>111<1111
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-·- • 1
possa st!r caructcnzado como mctafis1ca. Assim, o po:-iilivi,"lll"> ,.,1 1hlinl . r11,c
. " . d. d . . 1;1 11
"como .. dos fcnomenos, mas ten e a cIxar de lado o quê, 0 pqr <1' 1~.-t• r,pa.
. ~ . . 11
quê. Isso, obvinmcn tc, supoc uma parem 11zação da existência liu milrJ; •
' . .,.. . d . ' . - 1, () Cj lli_;
o deixa cego para os s1g111 1ca os mais importantes. l'ortanlo n;,,< t i
• . • • ... , • 1 1),1 q1u.; '.;(•
estranhar que o pos1t1v1smo. se smla. tao bem. no ltihorat6rio ' <) ,,e1e. Püd(··
.'
·'controlar.. todas as vanave1s e tcrmmc reduzido à análise de vcr<J· 1,. '
. • . • _ tJ! c 1r:1:1
tnv1aJ1dades, que pouco ou nada dizem dos problcmt1s cotidí~1.5m.- -
Contudo, a questão mais grave do positivismo está, prc<.:isc1mc,,rnc
em sua essência, isto é, em sua c~gucira de princípio para a ncglltiv.iQadc. (;
não-reconhecimento de nada além do dado leva a ignorar aquilo que a
realidade existente nega, isto é, aquilo que não existe, mas que seria
hjstoricamente posstvel, se fossem dadas outras con~i_ç.§es. Sem JuvidJ,
pode levar à condusâo
uma análise - positivist
-
a do -camponês
- - salvadorenho ~
· · · · - · f.
1 'd o o~ y
Falsos dilemas
A dependência da Psicologia latino-americana levou-a a se debater
em falsos dilemas. Falsos não tanto porque não representam dilemas
•.11 teóricos, mas porque não respondem às perguntas de nossa realidade. Três
dilemas caract~sticos, q~ alguns lugarês levantam preocupações,~
Psicologia científica e Psicologia "com alma"; Psicologia humanista e
( Psicologia materialista; e Psicologia reacionária e Psicologia progressista.
O pr~meiro dilema, talvez o mais superado nos centros acadêmicos,
resultava em uma oposição entre os delineamentos da Psicologia e uma
Antropologia cristã. A "Psicologia dos ratos" era contraposta a uma
"Psicologia com alma", enquanto psicólog~acer dotesbr~avam PQrum
mesmo papel para os setores médios ou burgueses ~a ~ cied!de.
Certamente, o dogmatismo de muitos sacerdotes induzia-os a temer uma
ameaça contra a fé religiosa nas teorias psicológicas e a ver as explicações
destas como uma negação da dimensão transcendente do ser humano.
Porém, os psicólogos latino.americanos, com seus esquemas made in USA,
tampouco souberam solucionar o dilema, talvez porque lhes faltasse urna
compreensão adequada tanto de seus próprios esquemas, quanto sobre tudo
aqui lo que supunham sobre os delineamentos religiosos.
. Um ~t gundo dilema, mais vigente que o anterior, é o que opõe uma
P~ico log ia humét nista a uma Psicologia muterialista ou des umanizada.
Pessoalmen te, esl:ie di lema dcsconccr1a•me, porque acredito que uma teoria
ou um mode lo psico lógicos serão vá lidos ou não, terão utilidade ou não para
o trab Ih 0 · · - · r
ª pra llco e, em todo caso, ace11arão mais ou menos, melhorou P10 '
1HCJ
coo10 le•. ~,·~L~ t\lQdclo psicológicos. P()rém ni\o consigo vur cm ciuc HHNun.to
\.LL • • • , , ,
cnr\R. Rogcrs scjn mm_s hurnmustn que ~•gmund Prcud ou Abraham
Mastow mais que 1knn Wollo~. /\l6111 d,~so, ucrcdito que se llrcud
com•~c(Tuc umn melhor comprccnsuo do ser hurnnno que Roocrn OLI w,, )
=- . . . _ • o , 11 e n
que Maslow. suas tconas prop1cmrno ~m lnzcr (quelwcer) psicológico mais
ndcquado e. consequentemente, dnrno uma rnclhor contribuição para a
tnnnanização das pessoas.
o terceiro dilema é o de uma Psicologia reacionária frente a uma
Psicologia progressista. O dilema, uma vez mais, é, vúlido, ainda _que se
possa apresentá-lo inadequadamente. Uma Psicologia._rcacionária é aquela
ctija ap~i~açà.o leva a ~se~urar uma ordem sOcial in~stn; uma Psi~ o~ia
progressista e aquela que aJuda os povos a avançar, a encontrar o caminho de
sua realização histórica, pessoal ê coletiva. Noentanto, uma teoria p~icológica
e
não reacion~ia apenas pelo fato de vir dos Estados Unidos, tal cot'l}O o fato
de ter origen~ _:ia _União Soviética não a c_onverte, automati~u~nte, cm
progressista ou revolucionária. O que torna uma teoria reacionária ou
progressista não é tanto o seu lugar de origem, mas a sua capacidade para
- )(
explicar ou ocultar a r~aliq_ade e, s_obretudo, l?ara reforçar ou tr_aneformara
orde~ cial. Lamentavelmente, existe muita confusão quanto a isso e
conheço centros de estudos ou professores que aceitam a reflexologia por
causa da nacionalidade de Pavlov ou que estão mais atentos à ortodoxia
política do que à verificação histórica de seus delineamentos.
Esses três dile1nas denotam uma falta de LndeP.end~a para
estabelecer os problêmas 1nais importantes dos povos latino-americanos,
pai=a utilizar ~om total liberdade aquelas teorias ou modelos que a práxis
demonstre ser mais válidos e úteis ou para elaborar outros novos. Por trás
dos dilemas escondem-se posturas dogmáticas, mais próprias de um espírito
de dependência provinciana que de um compromisso científico por
encontrar e, sobretudo , fazer a verdade de nossos povos latino-americanos.
Um no vo ho riz on te
col og ia lat ino -am eri can a de ve descentrar sua atenção de si
A Psi
des pre ocu par -se co m~ ~ sta tus científico e social e propo-r-se a
-
mesma, - cessidades das maiorias populares.
umserv iço eficaz para atender as ne
Sà_o os Qrüblem
- - - -- - -- -"
as rea is do- s pró
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p rio s po vo s, nª- -
Q_osq Üe pre ocupàm oUtras
rdial de seu trabalho. E, hoje, a
.
la utud~s , que dev em ser o ob jet
qu
o
e
--- - - -
pri mo
co nf ro nta m as gra nd es ma ior
- - ias
qucs tào ma is im po rta nte
nas é a sua sit uaç ão de mi sér ia opressiva, sua condição de
latino~a merica
ênc ia _!!la rgi nal iza nte qu e lhe s impõe uma existência inumana e
depcn~ de·
arre ba ta a c_a_ pac ida de __pa ~a de fin ir sua vida. Portanto , se a necessida
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pe rem ptó ria da s ma ior ias -la tino-americ ana s é a sua .
lihJ eli\'a ma is
ica de est rut ura s soc iai s qu e as mantêm oprimidas, para
hbe rtaçào histór
3 de vem se vo ltar a pre oc up açã o e o esforço da Psicologia.
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re a necess idade de libert ação
A Psico logia sempre teve clarez a sob b s
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gên cia de qu e as pe ssoas adquiram contro le so re le,
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192 lgnncio Martin B
- ª"ó
entre a alienação pessoal e a opressão soc~al, como se a patola i·
L-essoas foss·e algó alheio à história e à sociedade ou como se Ose t~dll das
p-- - . . n t o dos
tra nstornos cotnportam enta1s se esgotasse no plano ind·lVt.d Uai
(Martín-Baró, 1984).
A Psicologia deve trabalhar pela libertação dos povos t·
Ia tno~
americanos, um processo qt~e, ~ai como 1nostrou a alfabeti zação
conscientizadora de Paulo Fretre, incorpora tanto uma n1ptura com
as
cadeias da opressão pessoal como com as cadeias da opressão social. A
recente história do povo salvadorenho prova que a superação de seu
fatalismo _existe!}cj~l, isso que honesta ou ideolog1camente alguns
psicólogos preferem chamar "controle externo" ou "desesperança
aprendida", co1no se fosse um problema de ordem puramente
intra-individual, envolve uma confronta~~º direta com as forças
estruturais que os mantêm oprim!fios, privados de controle sobre-sua
------ --
existência e forçados a apre9der a S!!bmissão e a não esperar nada da vida.
-- ------ - -- - - -------...,__ __
~
O objetivo de servir à necessidade de libertação dos povos
atino-americanos exige uma nova forma de buscar o conhecimento: a
/
verdade dos povos latino-americanos não está em seu presente de opressão,
[ mas em seu amanhã de liberdade; a verdade das maiorias populares não
deve ser encontrada, mas, sim, deve ser feita. Isso supõe, ao menos, dois
aspectos: uma nova perspectiva e uma nova práxis.
A nov~ persQ_e~tiva tem de ser a partir de baixo, d~s próprias
majorias populares oprimidas. Já nos perguntamos, seriamente, sobre como
~ão vistos os processos psicossociais da vertente do dominado, ao invés de
enxergá-los da vertente do dominador? Tentamos delinear a Psicologia
cducati va do ponto de vista analfabeto, a Psicologia do trabalho a partir do
dt~t:mprega do, a Psicologia clínica a partir do marginaliza do? Como se vê n
~:.iúdl: rnen tal a r ari ir do colono da fazenda, a maturidade pessoal a partir do
l,í.ibitun tc <-k um barrnco, a mo ti vação a partir da senhora em um merra do?
1 _
(Jb:., ei ve m qu1: ~.e dií' ''a pari ir" do analfabcto, do desemprega do. do co lono,
da ~enli. ora. ,.'"' 11;1,
· ) '' p.,,u ,1
. »
e 1cs. N-an se tra ta 1 , te ll1~s
d e pe nsa rmos por e cs, <.
1 1H )•,~os
ran ~rni tJ r 1..: :-,4uc1ua~ 0 1t de rcsolver os seus prn bl~mas; mas tra ta-se
~~ per~~~\J-m<~s l! kori:1,nrn1os cu, 11 ele~ e a partír de!es. Também aqui acenou
~mtu 1çao l) IOP c ·, ,.,,t .~ . 1>, 1 I' ·
• _
1
uc i1 u o -1e1rc, que desenvolve u uma pectagogta
· "do"
.
opnm 1do e na~o ·· para ,, · • ' ria. .
o opnm1do; era a própria pessoa, a prop
193
de sua própria
co nn1n id ade que d~Ye~a constituir-se em suje ito
consc1ent1zadora: que deY. eria ap render. em drnf ..
etiza çào ogo
al f:nb .
reahc.ac e e a . -
nitartO com o educador. a .ler sua . escr e, er sua pala ,·ra
cotnu .
. _, rica.· Assim .como. a Teologia da L1be na~ o sublinb
· ou que somente a
~
h1sto
,_,-1 · r do pobre e poss1vel
encontrar o Deus de , ida anunc1.auo ..J .
por Jesus.
p~u~1 . . ~
que somente a panir do-,
uma Psicolog1a d~ L_1bertaç~o tem , de aprender
a \·erdade /
próprio povo opnm1do. sera po~1Yel des.c-obrir e construir
existencial dos povos latmo-amencanos.
nte. descartar
Assunlir uma nova perspectiYa não supõe. obú ame
iúzação e a s1..:a
todos os nossos conhecimentos, o que supõe é a sua relat
com base ru sso
re,~são crítica do àngulo das maiorias populares. Somente
defic iência s1..1a
as teorias e os 111odelos mostrarão sua validade ou sua
pro,incíalismo:
utilidade ou sua inutilidade, sua univ ersahdad e ou s.eu
mostrarão sua s
apenas con 1eç and o daí as técn icas apre nd idas
ís.._-.ão.
potencialidades libertadoras ou suas sementes de subm
-
confonnista tão conveniente para a ordem estabelecida.
Recuperar a memória histórica significará
- ---
. . . formalizar a e
dado objetivo, o que lhes pennitira
196 I .
gnac10 M.artín-Baró
,. - - - - -- - - - - - - - - -~ ~-~ores
Populares ' o que representa uma certa ruptura com as fonnas predonu·
nantes
de' pesquisa e análise.
Finalmente, devemos trabalhar para potencializar as virtude d
-----~~::-=::::-:-:::-:'.r-:--i'--,-,-,...._ s e
nossos povos. Para não ir além de meu próprio povo, o povo de Eí Salvado
a história contemporânea ratifica, dia após dia, s ~ á v ; i
solidariedade no sofrimento, sua capacidade de entrega e de sacrifício pelo
bem coletivo, sua tremenda fé na capacidade humana de transfonnar 0
mundo, sua esperança em um amanhã que violentamente continua a ser
·negado. Essas virtudes estão vivas nas tradições populares, na religiosidade
popular, naquelas estruturas sociais que permitiram o povo salvadorenho
1
sobreviver historicamente em condições de opressão e repressão inumanas
~ e que permitem, hoje em dia, manter viva a fé em seu destino e a esperança
/ em seu futuro, apesar de uma pavorosa guerra civil que já se prolonga por
mais de seis anos.
'-
Monsenhor Romero, o arcebispo de San Salvador assassinado,
disse, em uma oportunidade, referindo-se às virtudes do povo
salvadorenho: "Com este povo, não é dificil ser um bom pastor". Como é
possível que nós, psicólogos latino-americanos, não tenhamos sido
capazes de descobrir todo esse rico potencial de virtudes de nossos povos
e, consciente ou inconscientemente, dirigimos nossos olhos para outros
países e para outras culturas na hora de definir objetivos e ideais?
Há uma grande tarefa adiante se queremos que a Psicologia
latino-americana realize uma contribuição significativa para a Psicologia
universal e, sobretudo, para a história de nossos povos. À luz da situação atual
de opressão e fé, de repressão e solidariedade, de fatalismo e lutas, que
caracteriza os nossos povos, essa tarefa deve ser a de mna Psicologia da
Libertação. Mas uma Psicologia da Libertação requer uma libertação prévia da
Psicologia e essa libertação chegará apenas por meio de uma práxis
comprometida com os sofrimentos e esperanças dos povos latino-americanos.
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