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ARQUEOLOGIA DO PEABIRU: ENTRELAÇANDO CAMINHOS E CONFLITOS

Article  in  Revista Habitus - Revista do Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia · March 2022


DOI: 10.18224/hab.v19i2.9178

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Claudia Inês Parellada


Museu Paranaense, Curitiba, Brazil
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ARQUEOLOGIA
DO PEABIRU:
ENTRELAÇANDO
CAMINHOS E CONFLITOS*

DOSSIÊ
CLAUDIA INÊS PARELLADA**

Goiânia, v. 19, n.2, p. 276-301, ago./dez. 2021.


Resumo: na América do Sul foram descritos, desde o século XVI, vários caminhos originários,
como o Peabiru. Eles promoveram redes de sociabilidades e conflitos entre povos indígenas e
conquistadores de outros continentes, abrangendo diferentes tempos e etnicidades. Possibilitaram
alianças e guerras, entrelaçando pessoas, espaços sagrados e profanos, oceanos, rios, aldeias, roças,

DOI 10.18224/hab.v19i2.9178
vilas, missões religiosas, onde as relações podiam se expressar com muita violência. Conhecer as
principais rotas e trilhas através das populações nativas configurou-se em elemento estratégico,
ampliando o saque, a destruição, a cobiça de novos territórios e de riquezas minerais. No sistema
de caminhos do Peabiru, no Guairá, nos séculos XVI e XVII e, posteriormente, em áreas do atual
Paraná, sul do Brasil, aconteceram vários conflitos, e a atual implementação de turismo e ações
de educação patrimonial associadas a trilhas pode tornar esses locais como pontes de ressignifica-
ção do passado colonial, e de valorização dos povos indígenas e comunidades tradicionais.

Palavras-chave: Peabiru. Arqueologia. Paraná. Caminhos. Conflitos.

PODER E VIOLÊNCIA NOS CAMINHOS INDÍGENAS

N os séculos XVI e XVII, a busca de novas rotas e a conquista de territórios ainda des-
conhecidos, associados à possibilidade de alcançar riquezas e poder, mesmo que de-
pendesse do uso de violência e de intensos conflitos, foram motivações coloniais para
muitos europeus atravessarem o oceano Atlântico.

* Recebido: 31.08.2021. Aprovado: 09.11.2021.


** Doutora em Arqueologia (USP). Mestre em Antropologia Social (UFPR). Geóloga (UFPR). Do-
cente do Programa de Pós-Graduação em Antropologia e Arqueologia (UFPR) e Coordenadora do
276 Departamento de Arqueologia do Museu Paranaense. E-mail: cparellada34@gmail.com
As discussões arqueológicas em relação a períodos históricos podem ser am-
pliadas através de análises entrelaçadas do uso do espaço, da duração das ocupações, da
morfologia das áreas, das relações com a cultura material, como também de aspectos
em relação a gênero, colonialismo e etnicidade (FUNARI, 2007; ZARANKIN; SA-
LERNO, 2007). São muitas as temáticas que auxiliam a iluminar novas perspectivas
decoloniais em relação a um passado mal conhecido.
Nas Américas, os conquistadores de outros continentes encontraram diferen-
tes povos originários, muitos dos quais, através de alianças, forneceram auxílio e infor-
mações imprescindíveis para que conseguissem adentrar em áreas cujos mosaicos am-
bientais e paisagísticos ignoravam. Ultrapassar serras, rios, matas, pântanos, conseguir
alimentos e abrigos ao longo dos caminhos, permanecer em algumas aldeias e desviar
de tantas outras, que poderiam trazer risco aos integrantes de expedições, dependia da
participação direta de indígenas e de conhecimentos prévios trazidos de aliados nativos.
É importante lembrar que as paisagens podem estar relacionadas a temporali-
dades, não apenas como cronologia, mas como atos vinculados às memórias individuais
e coletivas, em espaços múltiplos impregnados de passado num conceitual ingoldiano
(INGOLD, 2002).
Existiam muitas histórias, inclusive as lendas do Eldorado e da Serra da Pra-

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ta, que impulsionaram o imaginário de marinheiros, como Aleixo Garcia, náufrago
na costa catarinense de uma das três embarcações da expedição espanhola frustrada
pelo rio da Prata, em 1516, cujo capitão era Juan Diaz de Solis (SOARES, 1981, p.
35; BOND, 1998, 2009), assassinado por indígenas, provavelmente Charruas, ao de-
sembarcar na foz do rio da Prata. As pesquisas arqueológicas evidenciam diferentes
horizontes interpretativos que podem contrastar com os documentos textuais e imagé-
ticos históricos, provocando debates e ampliando, em muito, as discussões decoloniais
(PREUCEL; HODDER, 1996).
O Peabiru, termo, provavelmente, de origem Tupi-Guarani, para uma via
transcontinental, com diferentes ramais, muito importante no Guairá, nos séculos XVI
e XVII (observar figuras 1 e 2), cujo significado, controverso para muitos pesquisadores,
seria grama amassada (MONTOYA, [1639] 1985; LOZANO, 1878). A via principal,
rumo aos sertões sul-americanos, partia do litoral atlântico, em São Vicente, atravessava
os atuais São Paulo e Paraná, depois áreas da Argentina, do Paraguai, da Bolívia, do
Peru, chegando ao oceano Pacífico. Em área andina direcionava-se a Potosi, no Peru,
onde se encontrava com um sistema de caminhos andinos Incas, o Qhapaq Ñan, com
mais de 30.000km, reconhecido pela Unesco, em 2014, como Patrimônio Cultural da
Humanidade, incluindo 273 sítios arqueológicos já caracterizados (FLORES, 2016).
O Peabiru, no presente estudo, é considerado como um grande conjunto de
trilhas indígenas, algumas iniciando na costa Atlântica, entre as atuais São Vicente e
Laguna, com ramais que acessavam o interior da América do Sul. Essas vias costei-
ras foram denominadas posteriormente de Caminhos de Anchieta, conforme Proença
(2015). É importante destacar a necessidade de integrar dados ambientais modernos
aos geoarqueológicos e decorrentes de análises da arqueologia da paisagem, afinal, os
relevos e mosaicos ambientais atuais configuram resultados de ocupações humanas de
longa duração (FLEMING, 2006; KEMPF, 2020).
Roteiros, com possíveis direções e traçados, das vias principais e secundá-
rias, dos caminhos de Peabiru, em diferentes tempos e espaços, podem ser observa-
277 dos em várias publicações, algumas com documentos cartográficos associados (GUZ-
MAN, [1612] 2012; LOZANO, 1878; MARTINS, 1944, 1955, p. 87; MCA I, 1951,
p. 70; MAACK, 1968, p. 6-9; CHMYZ, SAUNER, 1971; CHMYZ, 1976, 1985;
PARELLADA, 1997, 2005, 2009; BOND, 1996, 2009; BORGES, 2005; LANGER,
2005; COLAVITE, BARROS, 2009; CHMYZ, BROCHIER, 2015; ROCHA, 2020).
Montoya (1985) comenta que os ramais do Peabiru possuíam largura de oito palmos e
Bertoni (1914) observa que povos Guaranis abriam picadas, cortando plantas de maior
tamanho, e semeavam até três espécies de gramíneas que rapidamente cobriam o solo
superficialmente, impedindo que árvores e arbustos rebrotassem. Algumas característi-
cas das gramíneas foram descritas:

Estas gramíneas tan bien escogidas, tenían la especialidad de tener semillas glutinosas o
sedosas que se pegaban espontáneamente a los pies y a las piernas de los viajantes. Sobraba
con plantarlas o sembrarlas a grandes distancias, de legua a legua, por ejemplo, para que,
al poco tiempo, uno o dos años tal vez, resultase tapizado el camino por una alfombra
que impedía el crecimiento de los arbustos y otras malezas que hubieran podido obstruírlo
(BERTONI, 1914, p. 27).
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Figura 1: Mapa de localização da Província do Guairá com as comunidades espanholas e missões je-
suíticas do final do século XVI/ início do século XVII, e apontando os prováveis traçados de alguns
ramais do Peabiru, que sofriam alterações devido a conflitos entre diferentes povos e ao longo do tempo
Fonte: Adaptado de Maack (1968), Cardozo (1970) e Parellada (1997, 2009).

No século XVI, o Peabiru era considerado uma rota que possibilitava alcançar
essas terras longínquas onde reinava um poderoso líder com muitas riquezas, inclusive
prata e ouro. Eram espaços andinos Incas, próximos a um outro oceano, que, na época,
parecia inacessível facilmente pela navegação marítima.
Assim, vários conquistadores, como os náufragos Aleixo Garcia, Ledesma,
o mestiço Pacheco e um quarto sem nome identificado, em 1524, partiram da região
atual de Florianópolis, litoral de Santa Catarina, sul do Brasil, por ramais do Peabiru,
com cerca de dois mil guerreiros Guaranis, atravessando áreas meridionais atuais do
Brasil, caminhando por regiões abrangidas atualmente por Paraguai, Bolívia e Peru
(SOARES, 1981, p. 40). 278
Foram saqueando e destruindo aldeias, de diferentes etnias, até atingir Chu-
quisaca, nos Andes, quando tiveram que retornar devido à proporção que alcançavam
os conflitos. A violência provocou forte reação Inca:

Y robando y matando cuanto encontraban, pasaron adelante más de 40 leguas hasta cerca
de los pueblos de Presto y Tarabuco, donde les salieron al encuentro gran multitud de indios
charcas, por lo cual dieron vuelta, retirándose con tan buen orden, que salieron de la tierra
sin recibir daño ninguno, dejándola puesta en grande temor y a toda la provincia de Los
Charcas en arma. Por cuya causa los ingas mandaron con gran cuidado fortificar todas
aquellas fronteras, así de buenos fuertes como de gruesos presidios, según se ve el día de hoy
que han quedado por aquella cordillera, que llaman del Cuzco Toro, que es la general que
corre por este reino más de dos mil leguas (GUZMAN, [1612] 2012, p. 94-95).

Garcia e parte do grupo, que se dispersou, acabaram mortos junto ao rio


Paraguai por indígenas Payaguás, segundo relatos de 1612 de Guzman (2012). Os so-
breviventes provocaram novas investidas para o Potosi através do Peabiru, como a or-
ganizada por Martim Afonso de Souza, na qual 80 soldados, sendo 40 arcabuzeiros e
40 besteiros, chefiados por Pero Lobo Pinheiro, partindo de Cananéia, litoral paulista,

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em 1531, tendo sido todos mortos no rio Paraná, nas proximidades das antigas Sete
Quedas, por conflitos com indígenas Guaranis.

Figura 2: Recorte de mapa de Ruy Diaz de Guzman, de 1612, mostrando aspectos geográficos do Guairá
e circunvizinhanças, além de caminhos originários (apontados em marrom) beirando a costa atlântica e
que adentravam rumo ao Paraguai. Podem ser observadas aldeias indígenas (identificadas com círculos
e casas grandes) e vilas espanholas e portuguesas (fortificações e casas com cruzes na parte superior dos
telhados).
279 Fonte: Garcia Acevedo (1905).
Em 1541, o espanhol Cabeza de Vaca, também guiado por guerreiros Guara-
nis, saiu da costa atlântica, próximo ao rio Itapocu, passando pelo interior do Guairá,
cruzando os rios Iguaçu, Tibagi, Piquiri e Paraná, até atingir áreas do atual Paraguai,
pois teria sido nomeado governador do Rio da Prata, fornecendo ricos relatos sobre a
região (SOARES, 1981; MARKUN, 2009) (Figura 3). Cabeza de Vaca provavelmente
passou por trilhas no Morro do Quiriri, fronteira sudeste do Paraná com Santa Catari-
na, que deram origem à antiga estrada de Três Barras, ramal do caminho dos Ambró-
sios (GARROTE et al., 2011).
No acervo do Museu David Carneiro, que atualmente se encontra sob guarda
do Museu Paranaense, existe um objeto doado, oriundo do município de Campo do
Tenente, sul do Paraná, que se trata de guarda-mãos elaborado com filetes, em ferro,
entrelaçados, de uma provável rapieira. O guarda-mãos foi relacionado ao Peabiru e à
metade do século XVI por David Carneiro, que o restaurou (Figura 4); o restante do
punho da rapieira e a lâmina foram acrescentados por Carneiro em 1945.
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Figura 3: Traçado provável do caminho indígena usado por Cabeza de Vaca, em 1541, partindo do litoral
atlântico para chegar em Asunción; mapa impresso por Guilerme Blaeu, em 1635
Fonte: Brasil (1894).

280
Figura 4: Punho de rapieira, o guarda–mãos foi encontrado em Campo do Tenente, Paraná, medindo 18
x 20,5 x 9cm (comprimento x largura x altura)
Fonte: Foto de Claudia Parellada, acervo: Museu Paranaense.

Outros conquistadores, Ulrich Schmidl e mais dois europeus, procurando


alcançar um navio no porto de São Vicente, partiram de Assunção guiados por 20
indígenas Guaranis, por via terrestre, em 26 de dezembro de 1552, chegando ao des-
tino em 13 de junho de 1553, sendo o roteiro detalhado pelo próprio Schmidl (1945).
Posteriormente, Maack (1968) (Figura 5), realizou pesquisas abrangentes em arquivos

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e bibliotecas da Alemanha, detalhando a viagem e os trechos percorridos por Schmidl.

Figura 5: Detalhe do esboço do itinerário de Ulrich Schmidl, em 1552-53, evidenciando os Caminhos


do Peabiru
Fonte: Pesquisado por Reinhard Maack (1968).

Ainda houve a expedição pelo Peabiru, em 1554, de Mencia Calderón de


Ocampo, com várias mulheres espanholas, rumo a Asunción, buscando assumir o go-
verno prometido ao seu falecido marido, Juan de Sanábria. Nesse momento houve a
fundação de uma igreja franciscana, no médio rio Cantu, e a aproximação de espanhóis
281 com diferentes aldeias Guaranis ao longo do ramal principal existente no Guairá.
Muitos cronistas trataram de temáticas relacionadas ao Peabiru, e dentre elas,
destaca-se uma epopeia indianista, A Guayrá, contada pelo historiador paranaense Ro-
cha Pombo (1891). Ali, o estudioso, buscando um olhar indígena, relata o dramático
e conflituoso processo de colonização europeia na Província do Guairá e no Império
Inca, apresentando os caminhos indígenas como parte importante da narrativa (SAN-
DRINI, 2018).

A PROVÍNCIA DO GUAIRÁ E O PEABIRU: CAMINHOS, ALDEIAS INDÍGENAS,


VILAS ESPANHOLAS E MISSÕES JESUÍTICAS GUARANIS E JÊS

Estudos apontam que trechos dos caminhos do Peabiru podem ter sido algu-
mas das primeiras vias de populações caçadoras e coletoras paleoíndias percorridas em
planícies e planaltos sul-americanos, há mais de dez mil anos (PARELLADA, 2005).
As direções e as topografias preferenciais para abertura das trilhas do Peabiru
teriam sido em altos topográficos e/ ou divisores de água, que possibilitavam percorrer
boa parte dos caminhos indígenas mesmo em tempos mais chuvosos. Em trechos com
necessidade de travessia de rios se evitavam as corredeiras, concentrando-os em locais
com estreitamento de leitos dos rios, como exemplo estão os apertados rochosos no
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baixo rio Piquiri (PARELLADA, 2013) ou, mesmo, na parte superior e/ ou inferior de
cachoeiras, como no Salto Paiquerê, junto ao rio Goioerê, e nas Cataratas do Iguaçu,
denominadas, inicialmente, pelos espanhóis, nos séculos XVI e XVII, de Saltos de San-
ta Maria. Na proximidade das quedas houve a fundação, em 1626, da missão Jesuítica
Guarani de Santa Maria del Iguazu, abandonada em 1634, devido a uma série de ata-
ques de portugueses com os aliados Tupis. A missão foi transferida para outros espaços
na Argentina, sendo depois denominada Santa Maria la Mayor.
Na atualidade, as mudanças climáticas globais e diferentes ações antrópicas
podem oferecer risco a esse importante legado arqueológico e histórico, devido a va-
riados impactos, como deslizamentos, incêndios, movimentações de terra, entre outros
(GIBSON, 2006). É importante destacar que as populações pré-coloniais também ma-
nejavam algumas espécies florestais, como destacam Behling et al. (2004).
Bond (1996, p. 14) relata que líderes Guaranis afirmaram que o Peabiru era
um caminho construído por outros povos mais antigos. Esse fato também foi narrado,
a partir de memórias ancestrais, em julho de 2021, pela líder Mbya Guarani Juliana
Kerexu (comunicação verbal), da Ilha da Cotinga, Paranaguá, litoral paranaense. Os
povos Guarani consideram sagrada a rede de caminhos do Peabiru, ou Tape Porã, que
poderiam levar à Terra sem Males (SCHADEN, 1954; NIMUENDAJU, 1981; MELIÁ
et al. 1987; CLASTRES, 1990), porém os espanhóis a chamavam de Caminho de São
Tomé vinculando à passagem de um religioso europeu em tempos pretéritos na região
(MONTOYA, 1639; CAVALCANTE, 2008).
Histórias Guaranis relacionam o Peabiru a um caminho terrestre que repro-
duziria, como um espelho, a Via Láctea, o Caminho da Anta (AFONSO, 2004; LIMA
et al., 2013) ou Mboré rapé, em língua Guarani. É importante analisar as narrativas
indígenas através de reflexões apontadas pelo perspectivismo ameríndio, que deve ser
compreendido dentro de uma ontologia multinaturalista, buscando uma descoloniza-
ção de pensamentos (VIVEIROS DE CASTRO, 2004, 2010). Na cosmologia Guarani
junto com Nhanderu Tenonde (Pai Criador), e também com Tupã, Djakaira, Karai e
Nhamandu (Pai Sol): 282
Dentre Eles existem as estrelas, e as constelações que também direcionam o caminho, com-
pletando a concepção com a natureza sagrada na qual constitui uma grande variedade de
plantas e animais, originando assim muitos cantos sagrados de rituais conforme o propósito.
Cada ser vivo existente aqui na terra, é representado por uma estrela ou constelação no céu
(MOREIRA; MOREIRA, 2015, p. 17).

No artigo, abordaremos especialmente o Peabiru dentro dos espaços geográ-


ficos atuais do estado do Paraná, sul do Brasil, que possui um importante destaque re-
lativo a essa rede de caminhos, na rica documentação textual e cartográfica dos séculos
XVI ao XVII (TAUNAY, 1922, 1924, 1925; MCA I, 1951; PARELLADA, 2009).
A orientação pelo Peabiru era realizada, durante o dia, além da visualização de
corredores mais limpos de vegetação (devido às gramíneas) em áreas mais florestadas,
e também através da observação de acidentes geográficos e topográficos, tais como ca-
choeiras, topos de morros, presença de rochas com formas determinadas, cavernas, cor-
redeiras, entre outras variações no relevo. A concentração de algumas espécies vegetais,
como palmeiras, pinheiros araucária e erva-mate (Figura 6), e árvores frutíferas como
pitangas, araçás, e outras já posteriores à presença de europeus, como laranjeiras (com
frutos grandes e casca espessa), marmeleiros e pessegueiros, faziam parte dos mosaicos

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ambientais característicos dos caminhos do Peabiru, e colaboravam na alimentação dos
viajantes. Em sítios arqueológicos, já pesquisados, relativos às cidades coloniais espa-
nholas e missões jesuíticas indígenas, dos séculos XVI e XVII, essas plantas são comuns
(PARELLADA, 2018).

Figura 6: Base de prato cerâmico recuperado junto às ruínas da área urbana da segunda fundação de Villa
Rica del Espiritu Santo (1589-1632), sendo a parte interna gravada com incisões figurativas de folhas e
sementes da erva-mate. Esses vestígios foram recuperados, em 1959, na quadra X2Q1, entre 30 a 45cm,
em área atual abrangida pelo Parque Estadual de Vila Rica do Espírito Santo, Fênix, Paraná.
Fonte: Foto de Claudia Parellada, acervo: Museu Paranaense.

Também existiam diferentes aldeias, roças, cemitérios, vilas e missões reli-


giosas que se localizavam junto ao Peabiru, e muitas vezes funcionavam como base de
suporte, abrigo e apoio para as pessoas e/ ou expedições em trânsito. Outras vezes, um
283 conflito regional acabava interrompendo, temporariamente, o fluxo em determinados
trechos. À noite, as constelações e estrelas, eram fundamentais para visualizar a direção
a ser seguida, além da observação de clarões relativos a fogueiras em aldeias e vilas.
Também deve ser comentada a existência de vários sítios arqueológicos com a presença
de monólitos, alguns formando círculos, estruturas anelares e alinhamentos de pedras,
que provavelmente colaboravam na compreensão das mudanças de estações e em ob-
servações astronômicas. Exemplos de sítios, com esses vestígios, foram caracterizados
no médio e baixo vale do rio Piquiri (CHMYZ; SAUNER, 1971), e nos municípios
paranaenses, de Mangueirinha (AFONSO; NADAL, 2013), Candói (PARELLADA,
2014), e Turvo (PARELLADA, 2016), entre outros.
A Província do Guairá estava sob domínio da Coroa espanhola, segundo o
Tratado de Tordesilhas, de 1494. Abrangia áreas delimitadas a norte pelo rio Parana-
panema, ao sul pelo rio Iguaçu, a oeste pelo rio Paraná a oeste, e a leste pelas serras de
Guarayrú (CARDOZO, 1970) (Figura 1). As escarpas areníticas Furnas possivelmente
configuravam o Guarayrú (PARELLADA, 1997).
O Guairá, pertencente ao Vice-Reino do Peru desde 1542, foi incorporado à
Província do Rio de La Plata, em 1593, e, depois, em 1617, ao Governo Geral do Para-
guai (MAEDER; GUTIERREZ, 1995).
Eram espaços de mata, cerrados e campos, onde havia provavelmente dois
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milhões de indígenas, principalmente Guaranis e da família linguística Jê, denomina-


dos na época de Gualachos e Camperos, conforme documentos compilados em MCA
I (1951). Em Superagui, no litoral norte paranaense, existem relatos desde 1549 sobre a
presença de aldeias Tupiniquins, e alguns portugueses convivendo com as populações
indígenas.
Mais ao sul, em Paranaguá e Guaratuba, entre 1550 e 1560, cronistas des-
crevem várias aldeias Guaranis Carijós. É importante destacar que diferentes povos
originários, com diversidade de línguas e culturas, transitavam nesses caminhos, com
acesso mais rápido entre aldeias, configurando-se, portanto, também em espaços de so-
ciabilidade. Em São Paulo, um ramal litorâneo do Peabiru era conhecido como Trilha
dos Tupiniquins ou Goitacazes (SANTOS, 2004). A travessia da Serra do Mar con-
figurava um grande obstáculo para os europeus, pois dependia sempre da autorização
de lideranças e aldeias indígenas, devido à dificuldade de transpor algumas áreas, onde
poucos guerreiros podiam interromper completamente a passagem.
Os Guaranis denominavam a rede de caminhos indígenas no Guairá de Pea-
biru, outras populações usavam diferentes termos. É importante destacar que os povos
Guaranis, agricultores e ceramistas, com variedades dialetais, vêm ocupando áreas de
florestas úmidas do sul da América do Sul, há cerca de dois mil anos (BROCHADO,
1973; BONOMO et al., 2015; NOELLI et al., 2018; MILHEIRA, SANTOS, 2020).
No Guairá, nos séculos XVI e XVII, existem descrições de diferentes par-
cialidades Guaranis, com grandes aldeias margeando rios, como o Paraná e afluentes.
Arqueologicamente, a cerâmica Guarani possui características diagnósticas, como a
forma carenada e muitos tipos decorativos, especialmente, a com pinturas geométricas
em linhas e faixas vermelhas e pretas sobre engobo branco. Também são frequentes,
em sítios Guaranis, lâminas de machado lascadas e polidas, polidores em canaleta,
adornos em diferentes materiais, inclusive os tembetás. Os sepultamentos eram primá-
rios ou secundários, individuais ou coletivos, sendo comuns em vasilhames cerâmicos,
geralmente com acompanhamentos funerários variados (MONTOYA, 1985; PARE-
LLADA, 2013a). 284
A dieta alimentar Guarani possui as bases em modelo consorciado no cultivo
agrícola com o aproveitamento de recursos florestais, muitas evidências de alimentação
vêm sendo detectadas por análises de fitólitos e de isótopos (ANGRIZANI et al., 2020).
A análise multivariada de dados arqueológicos de sítios Guarani, no Brasil, Paraguai,
Argentina e Uruguai, mostrou que existem similaridades regionais, além de possibilitar
o traçado de rotas migratórias, balizadas por muitas datações (BONOMO et al., 2015).
No século XVI, em territórios de variados povos indígenas, fundaram-se vá-
rias comunidades espanholas na Província do Rio da Prata: Sancti Spiritu, em 1527,
Buenos Aires em 1536, e Asunción em 1537, e posteriormente as vilas guairenhas. Muitas
destas cidades coloniais e missões religiosas estavam inseridas às margens, ou nas pro-
ximidades, dos caminhos de Peabiru (PARELLADA, 2009).
A construção das fronteiras étnicas, em períodos coloniais, era bastante com-
plexa, pois as alianças e conflitos se alternavam com muita rapidez. O poder, a violência
e a cobiça de muitos dos conquistadores europeus fragilizavam os laços alcançados,
muitas vezes, através de casamentos com mulheres indígenas. As doenças e as epide-
mias acirravam os conflitos, muitos originados pela pressão de trabalhos dos indígenas
na extração, processamento e transporte das folhas da erva-mate (MCA I, 1951; LO-
ZANO, 1878; TECHO, 2005; PARELLADA, 2009; EREMITES DE OLIVEIRA;

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ESSELIN, 2015; NIMMO; NOGUEIRA, 2019).
No Guairá, a primeira cidade espanhola, Ontiveros, foi erguida em 1554, às
margens do Paraná, nas proximidades das Sete Quedas, sendo abandonada em 1556,
quando Martinez de Irala ordenou a fundação de outra povoação, Ciudad Real del
Guairá, nas cercanias da foz do Piquiri. Foram cadastrados dois sítios arqueológicos,
no vale do rio Paraná, com siglas PRFI82 e PRFO24, que possivelmente configurem
Ontiveros (CHMYZ, 1983).
Ciudad Real del Guairá possuía traçado urbano com quadras alinhadas, e
as ruínas urbanas, em taipa de pilão, possuem 840.000 m2. As principais atividades
econômicas, além da exportação da erva-mate, eram a produção de tecidos em fibras
de algodão, e a agricultura, especialmente de espécies nativas, como milho, mandioca,
e feijões, além de exóticas como cana de açúcar, laranja e uva. Em ilha fluvial, no rio
Paraná, próxima às ruínas de Ciudad Real foi encontrando um vasilhame cerâmico,
perfurado na parte inferior, denominado sino, que tinha função de decantar o líquido
do processamento da cana, que ao secar originava os pães de açúcar. Alguns sinos cerâ-
micos também serviam como tijolos ocos em paredes de torres, em diferentes edifica-
ções, pois, com partes ocas, colaboravam para elevar paredes sem ampliar tanto o peso
total da estrutura.
Em 2008, as ruínas urbanas de Ciudad Real, situadas em Terra Roxa, foram
tombadas, pelo governo do Paraná, através da inscrição em livro-tombo do Conselho do
Patrimônio Histórico e Artístico. Muitas pesquisas foram ali desenvolvidas, sendo parte
do acervo sob guarda do Centro de Estudos e Pesquisas Arqueológicas da Universida-
de Federal do Paraná e outra, extraviada, devido ao incêndio do Museu Nacional, em
2018 (WATSON, 1947; SILVA, 1961- 1962; CHMYZ, 1963, 1976; ANDRADE, 2014;
CHMYZ et al., 2015). Parte da área foi ocupada por indígenas, Mbya Guarani, e ocorre-
ram vários conflitos com fazendeiros do entorno, o que fragilizou também a conservação
das ruínas. Em 2018, a Superintendência Regional do IPHAN no Paraná financiou atra-
vés de TAC a retirada de canoa de cedro, com cerca de 6 metros de comprimento, em área
285 contígua às ruínas, e que atualmente está exposta no Museu Paranaense.
A terceira comunidade espanhola fundada foi Villa Rica del Espiritu Santo, a
60 léguas de Ciudad Real, em área de antiga aldeia Guarani, nas margens do rio Santo
Rei, afluente da margem direita do rio Cantu; local depois conhecido como Tambo das
Minas de Ferro (BLASI et al., 1989). Certamente foi usado o ramal principal do Peabi-
ru nessa empreitada, pois os espanhóis partiram com cavalos de Ciudad Real. Parellada
(2013 a, b) documentou vestígios em taipa de pilão, da primeira fundação de Villa
Rica, em meio à mata margeada por plantações de soja, em propriedade da Agrope-
cuária Slaviero. No vale do Cantu foram desenvolvidos, mais recentemente, programas
arqueológicos, tais como os de Schwengber et al. (2015) e de Cavalheiro (2020).
Em 1589, devido a uma grande epidemia de gripe no Guairá, para tentar
diminuir as mortes, Villa Rica foi transferida para o vale do rio Ivaí, junto à foz do Co-
rumbataí. As ruínas do traçado urbano totalizavam 300.000 m2, sendo a maioria das
construções em taipa de pilão, com cobertura em telhas, cerâmicas, de canal. A segun-
da fundação de Villa Rica era rodeada de muitas chácaras onde se plantavam espécies
nativas e exóticas, além da exploração de recursos minerais, como argilas, cobre e ferro,
que abasteciam a cidade (PARELLADA, 1997, 2018).
O transporte da erva-mate colhida, secada e tostada, ocorria por terra, uti-
lizando trechos do sistema de caminhos do Peabiru, e por água, em balsas e canoas,
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especialmente pelos rios Paraná, Paranapanema, Ivaí, Piquiri e Tibagi. Havia desvios
em áreas de corredeiras e cachoeiras através da retirada das embarcações dos rios
nos trechos perigosos, sendo carregadas junto às margens e depois de ultrapassados
os obstáculos retornavam às drenagens (MONTOYA, 1985). Existiam pueblos no
Guairá, de propriedade de espanhóis encomendeiros, onde estavam concentrados in-
dígenas que colhiam a erva-mate (CARDOZO, 1970). Esses povoados eram erguidos
em áreas de antigas aldeias Guaranis, em locais estratégicos, junto aos ramais do
Peabiru e próximos às margens de rios, buscando facilitar o transporte das folhas de
erva-mate.
Entre 1610 e 1630, foram fundadas 18 missões jesuíticas indígenas no Guairá,
incluindo a de Santa Maria del Iguazu, considerada pertencente à jurisdição jesuítica do
alto Paraná. As ruínas de três dessas missões se localizavam na margem direita do rio
Paranapanema, do lado paulista.
O ataque de paulistas para prear indígenas no Guairá começou em 1585
(MONTEIRO, 1994). Foi destruída, em 1627, a missão jesuítica Jê de Santo Antonio;
e em seguida outras foram saqueadas e os indígenas, tanto de parcialidades Jês como
Guaranis, sequestrados para serem traficados em vilas paulistas. As missões religiosas,
financiadas pela Coroa espanhola e que concentravam muitos nativos, foram sendo
destruídas e/ ou abandonadas até 1631, exceto a de Santa Maria del Iguazu, transferida
de local apenas em 1634 (PARELLADA, 1997, 2013b).
Abreu (1984) descreveu como se estruturam as bandeiras paulistas, que prefe-
rencialmente utilizavam trechos do Peabiru:

Se encontravam algum rio e prestava para a navegação, improvisavam canoas ligeiras, fáceis
de varar nos saltos, aliviar nos baixios ou conduzir à sirga. Por terra aproveitavam a trilha
dos índios; em falta delas seguiam córregos e riachos, passando de uma para outra banda
conforme lhes convinha, e ainda hoje lembram as denominações de Passa-Dois, Passa-Vinte,
Passa-Trinta; balizavam-se pelas alturas, em busca de gargantas, evitavam naturalmente as
matas, e de preferência caminhavam pelos espigões (ABREU, 1982, p. 114). 286
Manuel Preto, um dos organizadores de expedições portuguesas para captu-
rar indígenas no Guairá, morreu, em 1628, em conflitos com os indígenas; e em 1631,
Raposo Tavares, buscando vingança, atacou várias missões religiosas e, em seguida, as
vilas espanholas (PARELLADA, 2009). Com esse ataque, Villa Rica, em 1632, acabou
sendo transferida para área próxima ao rio Paraná, no atual Mato Grosso do Sul (PA-
RELLADA, 1997), e Ciudad Real, abandonada.
Porém, os portugueses decidiram não ocupar o Guairá, seja pelas dificuldades
dos acessos, como pelos conflitos contínuos com os povos originários que ali permane-
ceram.

ESPAÇOS TRANSFORMADOS: OS CAMINHOS RESSIGNIFICADOS

Nos séculos XVIII e XIX, os caminhos do Peabiru continuaram a serem


citados e apontados em documentos textuais e cartográficos, agora relacionando-o de
forma mais ampla a povos da família linguística Jê.
No final do século XVIII, Luis de Sousa Mourão, o Morgado de Mateus,
governador da Capitania de São Paulo, planejou várias expedições aos sertões do Tiba-
gi e Paraná (LOVATO, 1974). Parte dessas viagens, lideradas por Afonso Botelho, foi

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descrita e publicada nos Anais da Biblioteca Nacional (1956), com a espacialização de
aldeias indígenas e dos caminhos percorridos (Figura 7) (FRANCO, 1943). Buscavam-
-se acessos, inclusive caminhos originários, como o Peabiru, e recursos naturais a serem
explorados, com aproximação, muitas vezes, violenta, de povos originários (BECKER;
LAROQUE, 1999). A história indígena de longa duração deve entrelaçar os dados ar-
queológicos com as fontes históricas e os registros etnográficos, articulando discussões
antropológicas, geográficas, e linguísticas, entre outras, no reconhecimento de territó-
rios indígenas (EREMITES DE OLIVEIRA; PEREIRA, 2010).
Narrativas sobre Guarapuava, oriundas da sexta expedição ao vale do rio Igua-
çu, relatam a identificação de possíveis áreas indígenas, ao norte do porto do Botelho,
através da visualização de distantes clarões de fogueiras. Em novembro de 1771, nos
campos dos Carrapatos, área entre os rios Pinhão e Jordão, foram contatados povos Jê,
que culminaram em conflitos. Esses fatos foram retratados e se tornaram documentos
imagéticos importantes nas discussões sobre violência e confronto nos sertões para-
naenses (BELLUZZO et al., 2003).
Em 1809, Diogo Pinto reinicia as tentativas de fixação de colonos portugueses
nos campos de Guarapuava, instalando uma fortificação, o Atalaia, e várias casas, que
acabam abandonadas em 1819. Nesse momento, os moradores, liderados pelo padre
Chagas Lima e pelo oficial Rocha Loures, fundam, nas vizinhanças, uma nova povoa-
ção, Guarapuava (FRANCO, 1943; CHMYZ, 1985).
O trânsito nessa região se intensificou, na metade do século XIX, devido ao
comércio de muares por caminhos usados pelos tropeiros, sendo que um partia do Rio
Grande do Sul, em Viamão, e alcançava Sorocaba, em São Paulo. Outro trajeto atra-
vessava as áreas missioneiras gaúchas, passava por Chapecó prosseguindo até chegar em
Palmas, onde se direcionava ao vale do Jordão atingindo o povoado de Guarapuava.
Nas proximidades dessas estruturas viárias, algumas fazendo parte de antigos trechos
do Peabiru, podem ser caracterizados diferentes sítios arqueológicos e históricos (HER-
BERTS, 2009). Parte da cerâmica recuperada apresenta características semelhantes às
287 típicas paulistas, como as descritas por Noelli et al. (2019).
Na metade do século XIX, o profeta italiano Giovanni Maria de Agostini
(1801–1869), o primeiro monge João Maria, percorreu, a pé, o sudeste e sul do Brasil,
além da Argentina, através de caminhos originários, como o Peabiru, e da estrada das
Tropas. Era um religioso ermitão, vinculado a poderes sobrenaturais, tanto pelos povos
Kaingang como por outras comunidades tradicionais; outros dois monges, ao longo
do tempo, o sucederam (WELTER, 2007; KARSBURG, 2014). Muitos municípios,
paranaenses, catarinenses e gaúchos, possuem espaços considerados sagrados por con-
figurarem áreas bentas pelo referido monge encantado: algumas nascentes, grutas e
morros, com cruzes, junto a estradas e trilhas; no Paraná estão distribuídos em mais de
sessenta municípios. Atualmente, congregam circuitos de peregrinação e fé no sul do
Brasil, além de reforçar laços de memória e identidade entre comunidades tradicionais,
como os quilombolas, faxinalenses, benzedeiras e benzedores, e povos originários.
Em Mangueirinha, centro sul do Paraná, existem três fontes de devoção, usa-
das em práticas de cura, duas próximas da área urbana, e uma na maior área indígena
do Paraná, Mangueirinha (MULLER, 2010). Na nascente de João Maria, do Covó,
ocorrem procissões na Sexta-feira Santa, com peregrinos caminhando, ou percorrendo
com bicicletas, um trajeto de 16 km, junto à rodovia PR 459.
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Figura 7: Mapa dos campos de Guarapuava mostrando os terrenos aplicados à Freguesia de Belém,
Atalaia e portugueses, pelo padre Chagas Lima, em 1821. Podem ser observados caminhos entre os rios
Jordão e Cavernoso, afluentes do rio Iguaçu.
Fonte: Cópia por Arthur Martins Franco em 1932, do Archivo do Estado de São Paulo, acervo: Museu
Paranaense.

Ainda, na metade do século XIX, aconteceram viagens exploratórias, finan-


ciadas pelo Barão de Antonina, autorizado a planejar a implantação de vias estruturais e 288
áreas de colonização no Paraná e Mato Grosso. Assim, contratou Joaquim Lopes e John
Elliot, experientes coordenadores de prospecções em campo, para elaborarem relatórios
de visitas nessas regiões, entre 1844 e 1848. As expedições oficiais objetivavam, espe-
cialmente, a seleção de traçados de estradas, por terra, e da identificação de possíveis hi-
drovias; projetos considerados fundamentais, depois das dificuldades encontradas para
locomoção nessa região, em períodos da Guerra da Tríplice Aliança (LOVATO, 1974).
Os engenheiros Joseph e Franz Keller realizavam levantamentos detalhados
nos rios Paranapanema, Ivaí e Iguaçu, detalhando aspectos hidrológicos técnicos e geo-
lógicos, bem como documentando através de descrições textuais, croquis, desenhos a
carvão, e aquarelas, também os povos indígenas e comunidades tradicionais que encon-
travam durante os trabalhos de campo (KELLER; KELLER, 1933).
Em 1858, foi instalada a colônia indígena do Xagu, visando diminuir os con-
flitos de fazendeiros com povos Jê, entre Palmas e Guarapuava. Muitas trilhas conec-
tavam aldeias indígenas ao Xagu, onde além de casas, existiam plantações agrícolas
(BOUTIN, 1979).
Posteriormente, entre 1864 e 1870, acontece a Guerra da Tríplice Aliança,
um grande conflito entre Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai, com muitas
mortes, especialmente do lado paraguaio. Nesse momento, o uso de antigos ramais

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indígenas, como o Peabiru, torna-se estratégico nas ações militares. Na região de fron-
teira com a Argentina e o Paraguai, no oeste paranaense, existiam aldeias Guaranis e
Jês, além de residências e galpões de comerciantes de erva-mate e madeira, de várias
nacionalidades.
No final do século XIX, Borba (1908) descreve Kaingang dispersos pelo vale
do Piquiri, bem como em aldeias próximas aos rios Ivaí e Iguaçu. O mapa etno-histó-
rico de Nimuendaju (1982) aponta, para áreas paranaenses, o povo Gualacho no século
XVII, o Chiqui em 1640, o Bituruna em 1690, além do Kaiguá e Guarani em 1855.
Em 1876, Telêmaco Borba (1908) e o irmão visitam as ruínas de Ciudad Real, e depois
sobem pelo Piquiri:

Logo alem da primeira curva do Piquiri, principiaram a divisar frequentes vestígios de


índios; rastos, logares onde accendiam o fogo e ramos cortados. Os índios que habitam o
Pequiri, pertencem a nação ou tribo Kaingangue, eram completamente selvagens (BORBA,
1908, p. 156).

No sudoeste do Paraná, em 1882, foi instalada a Colônia Militar do Chopim,


buscando ampliar a segurança da fronteira e arregimentar indígenas; logo desativada
com a instalação da Colônia Militar de Foz do Iguaçu, em 1889 (BOUTIN, 1977).
A conexão com outras regiões do Paraná se fazia basicamente por estradas ampliadas
de antigos trechos do Peabiru.
Entre 1885 e 1886, foi planejada e implementada a exploração, de espaços
no centro-oeste paranaense, capitaneada por José Francisco Thomas do Nascimento
(1886); buscavam-se acessos entre Guarapuava e o rio Paraná, e o reconhecimento de
áreas estratégicas para fundar novas colônias militares - observar discussões em Mota
(1998) e Laroque (2007).
No mapa do Paraná de 1896 (Figura 8) foi posicionado um extenso caminho
Coroado/Kaingang, descrito em Nascimento (1886), que sai de área central do estado
289 e segue ao baixo foz do Piquiri, provavelmente trecho do Peabiru. Nesse mapa estão
localizados os toldos do líder Kaingang Jongho (Figura 9), e de Pinhãozinho (Figuras
10 e 11), entre outros pontos. Esses caminhos foram ampliados no final do século XIX,
pois ocorreram muitas dificuldades de transporte e trânsito durante a Guerra da Trí-
plice Aliança.
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Figura 8: Detalhe do mapa do Estado do Paraná, de 1896, com a marcação de aldeias e caminhos indí-
genas
Fonte: Elaborado por Alberto e Candido de Abreu e Manoel Francisco Correia, desenho de Marcos
Leschaud, acervo: Museu Paranaense.

Figura 9: Toldo Kaingang do líder Jongho, no vale do Piquiri; em nanquim aquarelado, medindo 6 x 12cm
Fonte: Elaborado, em 1885, pela expedição de Nascimento (1886), acervo: Museu Paranaense.
290
Figura 10: Kaingang do toldo de Pinhãozinho, situado junto a caminho indígena e ao vale do Piquiri;

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em nanquim aquarelado, medindo 6 x 12cm.
Fonte: Elaborado, em 1885, pela expedição de Nascimento (1886), acervo: Museu Paranaense.

Figura 11: Habitação Kaingang do Toldo de Pinhãozinho, situado próximo ao vale do Piquiri; em
nanquim aquarelado, medindo 6 x 12cm.
Fonte: Elaborado, em 1885, pela expedição de Nascimento (1886), acervo: Museu Paranaense.

Entre 1924 e 1925, novamente ramais do Peabiru foram reabertos, devido à


convergência de revoltosos da Coluna Prestes. Houve trincheiras e a tomada de Guaíra
e Foz do Iguaçu, além da disputa de uma estação telegráfica por legalistas e revolucio-
291 nários (MANFREDINI, 2010).
Chmyz e Sauner (1971) cadastraram no município paranaense de Campina
da Lagoa, junto a possíveis trechos do caminho do Peabiru, uma série de sítios, rela-
tivos a populações agricultoras e ceramistas arqueológicas Jê meridionais, alguns com
estruturas semi-subterrâneas e aterros. Eram áreas caracterizadas anteriormente por
moradores locais, que comunicaram a ocorrência de cerca de 30km de vestígios de
trilhas em meio à mata que configuraram parte de um dos ramais do Peabiru. Os tre-
chos observados possuíam 1,40m de largura e 0,40m de profundidade, e não tinham
revestimento (CHMYZ; SAUNER, 1971). Cavalheiro (2020) recadastrou vários sítios
arqueológicos no vale do Piquiri, verificando que muitas dessas estruturas foram im-
pactadas por atividades agrícolas.
Ainda são necessárias pesquisas para documentar maiores evidências dos
traçados do Peabiru, pois havia alterações no traçado de acordo com mudanças nas
relações entre diferentes grupos sociais. Ainda, os eventos climáticos e as condições
meteorológicas de cada estação provocavam desvios nos trajetos. O uso de inovações
tecnológicas, como drones e análises por sensoriamento remoto, inclusive com tecnolo-
gia LIDAR, podem ampliar os horizontes de pesquisa. É importante destacar que parte
de muitas rodovias asfaltadas e de trechos de caminhos históricos mais recentes, com o
uso de pavimentos de pedras, como o do Itupava e o dos Ambrósios, estão diretamente
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relacionados a caminhos indígenas como o Peabiru.

TURISMO NOS CAMINHOS DO PEABIRU: EDUCAÇÃO PATRIMONIAL


E ARQUEOLOGIA DE CONFLITOS

Vários pesquisadores e gestores, de diferentes municípios do estado do Para-


ná, representando instituições acadêmicas e culturais, vêm desenvolvendo estudos e
projetos que envolvem caminhos indígenas e coloniais, além de temáticas relacionadas.
Fênix, Santo Inácio, Itaguajé, Campina da Lagoa, Cascavel, Guaíra, Peabiru, Maringá,
Londrina, Cambé, Pitanga, Guarapuava, Campo Mourão, Castro, Tibagi, Piraí do
Sul, Jaguariaíva, Prudentópolis, Ponta Grossa, Curitiba, Pinhais, Piraquara, São José
dos Pinhais, Morretes, Paranaguá, Pontal do Paraná, Matinhos, Guaraqueçaba e Gua-
ratuba, são alguns dos municípios que possuem áreas de visitação tanto a céu aberto
como centros culturais e espaços musealizados. Esses múltiplos espaços, abrangendo
domínios públicos e privados, permeiam saberes históricos da contemporaneidade que
podem ser agregados em rede, na mesma direção que apontam Zamboni e Dias (2014).
Afinal, a Constituição Federal Brasileira de 1988, no artigo 23, inciso III,
dispõe sobre a competência comum da União, dos estados, do Distrito Federal e dos
municípios para proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico,
artístico e cultural, os monumentos naturais, as paisagens naturais notáveis e os sítios
arqueológicos. Em relação ao patrimônio arqueológico, cabe destacar que nos artigos
215 e 216, ele é definido como patrimônio cultural nacional com direitos assegurados
pelo Estado. No artigo 20, X, os sítios arqueológicos e pré-históricos são considerados
bens da União.
A legislação do estado do Paraná também dispõe de normas sobre o patri-
mônio histórico, como a constituição estadual que em seu artigo 12, inciso III, define
como competência do Estado a proteção de documentos, as obras e outros bens de valor
histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios
arqueológicos. No artigo 207, inciso XV, é estabelecida como atribuição do Estado a 292
proteção do patrimônio de reconhecido valor cultural, artístico, histórico, estético, fau-
nístico, paisagístico, arqueológico, turístico, paleontológico, ecológico, espeleológico e
científico paranaense.
Lena e Issberner (2016) ressaltam a importância de serem melhores compreen-
didas as características intrínsecas ao antropoceno, e nos danos e impactos decorrentes
do consumo excessivo de recursos naturais, do progresso muitas vezes predatório, e de
uma economia que atropela a biodiversidade.
Já existem no Paraná, Santa Catarina e São Paulo algumas iniciativas, tanto
por instituições públicas como privadas, com demarcação de trilhas e visitas turísti-
cas, com caminhadas agendadas e/ ou passeios com bicicletas. No Paraná, entre 1980
e 2020, devem ser ressaltadas as ações nos municípios de Pitanga, coordenadas por
Clemente Gaioski; de Campo Mourão, por Sinclair Casemiro (2007) e Ana Paula Co-
lavit; de Peabiru, por Rubens Bueno e Arleto Rocha1. Ainda, Franciscon et al. (2017)
elaboraram propostas de monumentos arquitetônicos em cidades, sedes de municípios,
que possuem vestígios do traçado do Peabiru, buscando alternativas para trazer maior
visibilidade a esse patrimônio cultural, porém os projetos não tiveram prosseguimento.
Em 2018, o Ministério de Turismo, em conjunto com o Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO), publicaram portaria que

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institui a Rede Nacional de Trilhas de Longo Curso (TLC) e Conectividade, ini-
cialmente com quatro grandes circuitos, um englobando os Caminhos do Peabiru,
ligando o município de Foz do Iguaçu, no oeste paranaense, ao litoral atlântico. No
segundo semestre de 2021, um grande projeto turístico do governo do Paraná am-
pliou o alcance dessas trilhas, referentes aos Caminhos do Peabiru, fomentando uma
rede de parcerias com gestores e empreendedores que pretende abranger, até 2022, 81
municípios e 29 distritos.
As trilhas de longo curso, segundo a portaria federal, objetivam interligar di-
ferentes biomas, de norte a sul do Brasil, conectando paisagens e ecossistemas, e promo-
vendo a organização e maior visibilidade de ofertas turísticas de natureza. Essas trilhas
são identificadas com um símbolo2 de uma “pegada” no chão e possuem planejamentos
com percursos através de diferentes modais. Essa ação institucional procura caracte-
rizar e conservar rotas, especialmente para pedestres, de interesse natural, histórico e
cultural, além de sensibilizar a sociedade para a importância do Sistema Nacional de
Unidades de Conservação (SNUC).
O sistema de trilhas, segundo o ICMBIO, planejou quatro grandes corredores
naturais, sinalizados com pegadas amarelas sobre bases pretas indicando as direções.
Estão sendo programados mais de 18 mil quilômetros de trilhas, em vinte anos, es-
timando, no futuro, o trânsito de dois milhões de pessoas por ano, que originariam
alternativas sustentáveis para diferentes comunidades, distribuídas por várias regiões
brasileiras.
Já existe um trecho de trilha de longo curso (TLC), relativo aos Caminhos de
Peabiru, parcialmente implantado em Foz do Iguaçu e regiões circunvizinhas por uma
organização não governamental, a Associação Rede Brasileira de Trilhas.
O traçado inicialmente sugerido para aproveitamento turístico sairia de Foz
do Iguaçu, em direção oeste, margeando o rio Iguaçu até a foz no rio Paraná, junto ao
Marco das Três Fronteiras, limite territorial entre Brasil, Paraguai e Argentina; e de lá
se conectaria com caminhos antigos Guaranis no Paraguai bem como na Província de
293 Misiones, na Argentina.
Seria importante fomentar e criar parcerias para a implantação da trilha total
em Foz do Iguaçu (apenas 10 por cento do trecho de 125 km está implantado até o
momento), propiciando sinalização e infraestrutura em áreas privadas e unidades de
conservação.
A implantação de rotas de longo curso já vem potencializando o turismo re-
gional em outras regiões brasileiras, com o consequente crescimento de circuitos nesses
dois últimos anos. Nos estados do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, junto aos
rios Paranapanema e Paraná, foram instaurados, a partir de 2020, roteiros e projetos
turísticos que compõem a Rota dos Pioneiros.
A realização de oficinas regionais buscando articular parcerias e fomentar a
economia criativa e o desenvolvimento sustentável seriam fundamentais para imple-
mentar circuitos que possibilitem valorizar os povos originários (PARELLADA et al.,
2006) e comunidades tradicionais, bem como apresentar dados relativos à arqueologia
dos conflitos e da violência.
As possibilidades de novos horizontes com distanciamento das práticas colo-
niais históricas são essenciais para pensarmos em novas agências que configurem um
turismo realmente entrelaçado com o patrimônio cultural. As paisagens arqueológicas
e as memórias devem se articular para fornecer um futuro mais sustentável, com menos
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violência, maior igualdade de oportunidades entre gêneros e grupos, enfim novos pas-
sos visando alcançar horizontes que atualmente se apresentam muito distantes.
Ampliar e implementar ações de educação patrimonial e arqueologia colabo-
rativa em áreas relacionadas a antigos trechos do Peabiru podem diminuir a intolerân-
cia à diversidade étnica e cultural, ressignificar a memória coletiva, além de colaborar
na preservação do patrimônio arqueológico e histórico sul-americano e valorizar os
saberes de povos indígenas e de comunidades tradicionais.

ARCHEOLOGY OF PEABIRU: LINKING PATHS AND CONFLICTS

Abstract: in the south of South America, since the 16th century, many indigenous ori-
ginal paths has been described, such as the Peabiru, which promoted networks of socia-
bility and conflicts between indigenous peoples and conquerors from other continents, in
different times and ethnicities. Those ways made alliances and wars possible, did the en-
tanglement between people, sacred and profane spaces, oceans, rivers, villages, swiddens,
towns, religious missions, where relationships were associated with violence. Knowing the
main routes and trails through the native populations could be a strategic element that
increased the looting, the destruction, the greed for new territories and minerals. In the
16th and 17th centuries, and later, many conflicts occurred in Guairá, along the system
of Peabiru, in the actual area of Paraná State, South Brazil. Nowadays, the implemen-
tation of tourism and heritage education actions associated with Peabiru trails can make
these places like bridges of resignification of the colonial past, and of valuing indigenous
peoples and traditional communities.

Keywords: Peabiru. Archeology. Paraná. Ways. Conflicts.

294
Notas
1 Arleto Rocha realizou com sucesso o caminhamento em trilhas, inclusive acquatrekking, por sucessivos
anos, associando atividades de educação patrimonial e publicação de livro, recebendo homenagens
devido à abrangência das ações na Prefeitura Municipal de Peabiru. Disponível em: https://www.
facebook.com/peabirucaminhos/. Acesso em: 12 jan. 2021.

2 Foi elaborado um manual de sinalização dessas trilhas (ICMBIO, 2018), apresentando modelos e
diretrizes para o planejamento das trilhas e a comunicação visual.

Referências
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