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S ETE ENSAIOS

DE INTERPRETAÇÃO
DA REALIDADE PERUANA

J OSÉ CARLos MAruÃTEGUl

'l'lw>u(;ÃO

FELIPE J OSÉ LINDOSO

• .•

1• El>IÇÃO

&o PAULO 2008


-
COLEÇÃO PENSAMENTO SOCIAL LATINO-.<\.\IERICA.~0

SETE ENSAIOS
DE INTERPlIB'fAÇÃO
DA REALIDADE PERUANA

- 1 ., •
-
J OSÉ CA.R.Los MAruÃTEGUJ

M)»s Se.e -de


Mai161t11"- JoH c..too. 1894-1930
ln~o da rnldlde
JoM C•rlot MalUtefl'J. ~(de) Fefpe -
-1 .e- Slo Pa~ El<pr-o Popullt : Clono, 2008.
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3.'8 p.-<Codeçt o Pem.,,..,..o Soda! La~no-Amtrlc:ano)


T!w>UÇÃO
FELTPE J OSÉ 1n.'DOSO

lnW<ado em 0.oOedos • ~pc//Www.gtodadoo.uem.br


lsllN 97&-85-7743·09+2

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Ü PROCESSO DA EDUCAÇÃO PÚBLlCA

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1l 1. A herança colonial e as lnftuênclas francesa e

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estadunidense
Três lnfiuêaolas se sucedem no processo da educação na rep6·
' , bllca: a lnfiuêncla, ou melhor d1to, a herança espanhola, a lnfiuên· ..
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·f!· ola &aaoesa e a lnfiuêncla esc.dunldense. Mas só a espanhola aJ.
cança, no seu tempo, um domínio completo. As ourns du.as se

f•
~
Inserem de maneira medíocre no quadro espanhol, sem alterar
demaslndo suas Unhas fundllmentais .
A h!Jtória da educação p(iblica no Peru dhide.se assim nos
.....
~· três períodos que assinalam essas ués lnfiuências." Os limites
,: de cada período não são multo precisos. Mas no Peru esse é um
~
defeito comum a quase todos os fenómenos e a quase todas as
coisas. Até nos homellJI é raro se observar um contorno claro, um
perfil categórico. Tudo sempre BpMeee um pouco apagado, um
pouco confuso.

.. A ponldpcçlo de educodoru bcf&u, alenl~. IW!anoc, 1,,.i- ore. ..,, dc-


"11lol11mento dc - educaçlo pllblloa ~episódica" con<I•&••<• o nõo
bnpUce numa Olleniaçlo d e . - poliiJca .i-ctonaL

-
.
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No p1ocesso da educeção púbUca, como em ouuos upectOS notória~ du fomma partl1'Ulares que tinha redtuldo lmime-
de nossa vida, constata-se a superposição de elementos estn.ngei· rw pala do frunnla à amarga siw.açlo de nAo lhes ..,, poss1'-el dar • selll
ros combinados, lnsuficle1nemente aclimatados. O problema estJi 6lhol a '"''"'991° Ut>Strada, fnilitJ'aDClc» muitos )o\'mS de ul11t110.'°
nas próprias raízes deste Peru filho da conquista. Nlo somos um O que preocupava esse g<J\'el"BO não era a ne<:cssidade de colo-
povo que a.sshnila as Idéias e os homens de outrns nacionalidades, car esse grau de tnsuuçlio ao alcance do povo. Era, segundo suu
Impregnando-as de seu sentimento e seu ambiente, o que desse próprias palm.TaS, a urgêncis de resolver um problema das fa.m!·
modo enrtquece, sem deformar, seu espfrlto nacional. Somos um lias que haviam sofrido uma diminuição cm suo fortuna.
povo no qual convivem, no entanto sem se fundir ainda, B<!m se A persl$l~ola da orientação llteriria e retórica manliesta·se
entender, Indígenas e conquistadores. A repdbUca se sente e até com a mesma aceotuaçlo. Felipe Barreda y Laos assinala como
se confessa solidária com o vice-reinado. Como o \ice-rclnado, fundações tfplcas dos prlmelt'Os lustros da república as seguin·
a r~úbUca 6 o Peru dos colont.zadores, nt4ls que dos nativos. O teS ln&útulções: o Colégio da Triadade de Huancayo, a Escola de
acntlmento e o Interesse de q!lAtr'O quintos da população qu.a.se FUoso&a e LaUnldade de Huamachuco e as cátedras de Filosofia,
não joglllll nenhum papel na formação da naclonalldade e de suas de Tuologla Dogmática e de Jurisprudência do Colégio de Mo-
lnstltulç6es. quegua."
A educação nacional, por coDJegulnte, não tem um espfrlto No culto elas humanidades mlstnra•)UD·se os libera.ta, a velha
nacional: em ~ disso cem um espírito colonial e colonizador. Brlstocrnola latifundiária e a jO\'CJD burguesia urbana. Uns e ou·
~do, em seus programas de educação púbUca, o EstÂdo re- troS se comprulam em conceber as unl\-ersldades e os colégios
fere=seaos Cndlos, iiiõSe refm a eles como peruanos Iguais aos como ftbrlcas de &ente de letras e de leis. Os liberais gosta\'am
demais. Considero-os como uma raça inferloí.°Nesse terreno, a tanto da retórica quanto os consen-adores. Não havia quem re-
república não se diferencia do 'ice-reinado. ciam•- uma orlentaçlo práúca dirtgJda a esúmulsr o trabalho,
A f;$pa.nha nos legou, por outrO lado, um sentido arlstoeritlco a empurrar os jO\'Cns pa.ra o comércio e pau a Indústria. (Menos
e um conceito eoleslásllco e literário do ensino. OentrO desse con· ainda havia quem reclamasse uma orientação democnlúca, de.ui·
celto, que fechava as portas da universidade aos mestiços, a cultu· nada a abrir o acesso à cultura para todos os indMduos.)
ra era um prMléglo de casta. O PQ\'O não linha direito à Instrução. A herança espanhola não era escluslwmentc uma herança psi·
O ensino linha como objcth'O formar clérigos e doutores. cofóglca e Intelectual. Era, antes de tudo, uma herança cconóml·
A re\'Olução da independência, alimentada de ldeolo&La jaco- ca e social. O prMléglo da educação persistia pela simples razão
bina, produtiu temporariamente a adoção dos prlnc(plos lguaUtA· de que persistia o prMléglo do riqueza e da casta. O conceito
rios. Mos esse 1gualllarlsmo •-erbru não tinha em \1Sta, realmente, arlstocnltlco e lltmrlo da educação correspondia lntctralmente
senão o crlolJo. Jgnonn'8 o índio. A repúbUca, aMm do mals, nascia a um regime e a uma economia feudais. A m'Olução da lndepen·
na núsérla. Não podia se pennltlr o luxo de uma arÍtpla poUtlca dênola não linha liquidado esse regime e essa economia no Peru!'
educacional. Não podia, portanto, tu cancelado suas Idéias peculiares sobre o
A generosa coneepçAo de Condoreet não se incluiu entre os ensino.
pensnmcntos emprestados da Grande Re\'Olução pelos nossos libe-
rais. Praticamente subsistiu, nesta como em quase todas as coi.sa.s,
'1 mentalidade colonial. Diminuídos a efCl'\~cla da retórica e
.... Cbe\llardo mlnlsood. )!atlas 1-n. dawla de 19deabnlde1831.
o sentimento liboral, reapareceu elarnmente o princípio do pri,i· "AI tt1onn.. d.e lnstruçjo póbUoa". ~ pronwoclado na abe1111111 do aao
léglo. O gO\-emo de 1831, que decretou a &rntuldade do ensino,
funcbmcnta'-a essa medida, que não cl1egou a ser aplicada, na
.. unl\'IBIW!o de 1919, na /!«isto t'..-.irio cio 1919
\fje« nesce ,-ofume os ntudos .obre a ecoonmla mdC'f\AI c.-tobrt o prob1r·
ma da &~m,.

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O dr. Manuel '11cente \'lllarán, que represente no processo e A Esprutha 6 uma nação retardada no pro&resso capitalista. At6
debate da eduC3Ção públi.C3 peruana o pensamento democrádco- a&ora, a Espanha nlo conseguiu se emancipar do Idade Média. En·
bUJtuês, deplorando essa herança, cli.i;se em seu discurso sobre as q = rut Europa cenual e oriental, os 61Umos bastiões do Ceuda·
promessas llberals, hd um quarto de séoulo: Usmo foram abatidos ' como conseqüência da última &uerra," rut
O"""' dO\'Crl• Mr. por mil nu(>e$ eoonõmlcu o sooW., como forom os Espanha eles ainda se mantêm de pé, defendidos pela monarquia.
Estados lfnldol da Arn!rlca, terra de la•Tadorea, de oolCtnos. de mlnol· Os que se aprofundam boje na história da Espanha descobrem que
ros, de comerclontu, de home1U de trabalho: mu., !ataltc!Gdea ela aos· faltou a esse país uma rC\'Olução liberal e bur&ue.sa oompleta. Na
sa blstórt• o• \OntAde dos bomms .-k..ram outn oota.. con,'<Ttelldo ?:Espanha, o teroelro &tado" nunca oonse&ulu uma vitória deJlnith':l.
o p:ús an ccnuo U1erúio. púria de Intelectuais e '1\0tln> do bwoc:ratas. O capitall.smo apatteecada 1-ez ma.i.sclaramentcoomo um fenômeno
.Pa=mos os olhoe em ,-oi,.
da soc'edW o~ a 11aiç!o em cioaJ. consubstanc!al e aolldhlo oom o libea1Jsmo e oom o protestantismo.
ciaer famJ1la: M1' multA -1C "' ~ulnnot toOOnttv catre ICUS Este não é, propr1ame1ue, um prindplo nem uma teoria, mas sim
aiemb.,,. ol&um a&rlwl1or. comerdanu•. lndUlafal 011 marinbebo; m.u uma observação expertmenial, empírica. Constai.a-se que os pcn'OS
um dmida nolaa encon<rw=ot algum~ ou mfdlco. mllltat ou nos q1111ls o oopltnllsmo - lndustrlallsmo e maquinismo - alcan·
fun<?lorulrlo pllblloo, ma&lwado ou polltlco, prole.ar ou literato, ]orna· ÇQU todo seu deseovoMmento são os povos anglo-saxões, liberais
lista ou poeta. Somos um J>O'O em que entrou a manlA du nações ,,.lhu e protestaoteS." ApeDlll nesses países a eMllz.nçllo capitollsta se
e detlddenteJ, a cnl~nnldadc de lalJlr e csare\'Or o não de lu.er, de "&gltat desenvolveu plenamente. A Espanha é, entre as na96es latlru\s, a que
pala\Tal o nlo co11u•, dolência lamerwh'el quo oonstltul um s;gno de menos aoube se adaptar ao capit.alismo e ao liberalismo. A famosa
l4saldAo e fr11q11WL Qi.ase 1odoa olhamoo oom horror as proliss6ea ad· decsd!ucla espanhola, à qual os exegel&S romlntlcos atribuem as
''IS que uS&em \OOi.do ~e caplrl<0 de luta, porque ftllo queremos ori&eos mais estranhas e dh-ersas, oooslste simplesmente nesu ln·
oombor.er, tofrw, ltNcsr e abrir cominho por . _ pr6pda ~na dl- capacld.de. O olamor pela europeização da Espanha tem sido um
roçlo do bem41U! e da~ Qlllo "°'*'°' "4c!Mm •entem1t clamOT por sua -lmllaçio à Europa demoerátlco-bUJtuesa e capi·
nasoh'ft, vl\1or-alu.,W-pen:orrcr--aplorv-rtoe, talista. Lo&lcameoto, as colónias formadas pela Espanha na América
ln1pr nootoS oampoa, ~"""' teanlll'OI de noaas rulnul /d as ma- tinham que se reaseotlr da mesmo debUldade. Expllca·se perfeita·
nuíaruraa e o oom~rclo, oom seus ri9COI e preoaupf\91)es, nos atemodum, mente que as colônias da lnglatemi, naçllo destinada à hegemonia na
e em uoca pCR$8JDOS em engrossar,• oade ano,• mullldão dos que dou· Idade captcallsta, recebessem os fermcn1os e as energias esptrilllals
Jam • qualquer;,. a innqllllldade, a Jegurança, o 1tml-repoaso dos e materiais de um apogeu, enquanto as oolõnJas da Espanha, nação
empregos públloo. e dás profW6es UW'611aa. ~'1-1 llOIDOI t$11mulldo., encadeada à t.nldlçlo da Idade arlslocritlca, reoeblrun os germes e
empurrados pela sooledade iotein. Todas u pre:fert.iclu doa pais de as taraS da deca~ncla.
&milia do pua OI ~ OS douto<es, OI empnpdos ele escritó- O espenbol UQUXe seu esp!rlto mcdlC\ii.l pera n empresa de coloni-
rio, OI btenalOI • OI prolestora. Assim t que o saber ee ,. trlu..&nte, zação da Amb1ca. Foi apenas um conquistador; oúo foi realmente um
a pala.-ra e.a pena esrAo en:i •na •cbdo de ouro, e, M o aW olo for lo&o colonJzador. QJ.iando a Espanha term!Jlou de nos mandM conqulsta·
corrigido, o ~N vai aer como a China,~ rema prometida do6 funclom· dores, começou a nos mandar apenas \ice-reis, cl&l&os e doutores.
rios e dos letrndos."
O estudo dn história da civilização caplUl!lste esclarece ampla· M
1Ou•tn Mundial. ~.T.)
mente as oau$8$ da situação social pcTUAlUl, considerada pelo dr. " llesl&OAqlo do bv'1•••la • cio pcnv em &ara.! n• luu oootra o lcud&UJmo,
Vlllarán no pan1&rafo copiado. em oootnap00f91o l arlltoondo (primeiro t:.wlo) • oo .urtcoo (tceundo
t .. &sudo). (N.'t)
élnt-te• ~'Oqueostadoaúloo I - proclup-. r ......
ça - w uçto boit-•. mm qua coptobMa.
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llB 119
Pensa·se 11gotll que a Espanha experimentou SWi R\'Olução Os Eswdos Unidos são obrn do p1qrie.;., o puritano e o Ju·
burguesa na América. Sua classe Uberal e burguesa, sufocada oa deu, espíritos possuídos por uma ''Ontade poderosa de potência e
metrópole, organizou.se nas col&nias. A re-"Olução esinnhola, por orientados, além d.isso, para 6ll4 ulllltários e práticos. No Peru se
essa razão, aconteceu nas colõniàs e não na metrópole. No preces· estabeleceu, ao cpntrádo, Ul!IJl raça qu~ no seu próprio solo não
so histórico aberto por essa revolução., a melhor pane ficou oom ooasegutu ser mais que uma raça iodoleote e sonhadora, pessima·
os países nos quais os elementos dessa classe Ubenil e burguesa e mente dotrula para as empresas do industriallsmo e do capitalis-
de uma economia congruente eram mais Vitais e sólidos. No Peru mo. Os descendentes dessa raÇa, por sua \'CZ, bcrd:lram mais seus
eram demasiado Incipientes. Aqui, sobre os resíduos dispersos, so- defeitos que suas \'frtude~.
bre os materiais dissoMdos da economia e da sociedade!ncalcas o Esta tese da de6.oiêncill ds raça espanhola para se Ubertar da
vice-reinado tinha edificado um regime aristocrático e feudal q~e Idade Média e adaptar-se a um século µbera! é cada vez mais cor·
reproduzia, com seus vícios e sem SUM núzes, o da metrópole de· roborada pela iotel'))retação cientíiica da .hlstótia." Entre nõs,
cmda. sempre demasiadamente lnoUnados " a um ideallsmo vulgar na hJs.
A responsabW.dade pela slt118çâo social, denunciada pelo eh: tor1ografla, se afinnn agora um critério realista a esse respeito.
V'illarán em seu discurso acadêmico de 1900, corresponde, portanto, Césat' A. Ugane - no seu Bo~ ~ la Historia Económica da
fundamentalmente, à herança espanhola. O dr. Vlllarán admitiu Isso Pení- escreve o que segue:
em sua tese, apcsru- de que sua 111illação ci\'lllsta não lhe permitisse Qual (oi o contingente de eneJltlos q~e a nova raça dai ao ~ru? A
uma grande independênC!a mental diante de uma classe, corno a pslcologlA do l'O''ll espanhol do século 16 não era a mais apropriada
representada pelo seu ~do, que descende de maneira tão inequf. p11r11 o deSCD\'OMmento econõmlco de uma term abrupta e luexplora·
voca do vice-reinado e se seote herdeira de seuspmilégJos. da. l'o\'O guerreiro e ca\'alheire:sco, que acab"'" de ulr de oito séoulos
A Amú!ca - 'escte\ia o dt. Vlllarin-olo ~ra colõn!:t de trabalho e po- de luta pela reconqul$ta de ieU terrl<órlo e que se encontra"ª cm ple-
\'Oam.,,,to e sim de explo"'9110. Os oolonos upanh6ls 'i.aham procuru no procéS$O de un.11lcaÇlo poUt!ca. carcola, no s6culo 16, das 'irtudes
li riqueza f4cll, Já formada, descoberta, que se obtém sem a dupla perui econõmlcu, especlalmente da constãncro para o trabalho e do espirlto
do trabalho e da economia, essa rlqueu que~• clt$ejada pelo O\'tntu- de eoonnmiA. Seus pieconcel<os nobillártos e"""" tendências burocrt·
relro, pelo nobre, pelo soldado, l"'lo Soberano. &, enllm, pam que tra· t!cu o ofasta,'llm dos oampes e d:ts lndústrllls por Julg4·hu ocupaçõei
bolhar se Isso não era neceMádo? Para Isso nio esta\'am nU os lndlos? de """'11\'0S o vil6es.... maioria dos conqulstadorc$ e descobridores do
Não eram estes numerosos, mansos, dlllt~tes, sóbrios, aoostuawlos s6culo 16 em gente pobre; mas não"""'""' Inspirados pelo moth'O de
li temi e ao clima? Multo bem, o !ndlo SCn'O produzlu o rico oeloso encontrar uma terra !Ivre .. rica para nela prosperar com ~u esforço
e dllapldador. Mas o piar dé tudo foi que Sé estabeleceu wrut fone pa<>l.,,,tc; o que os g\llll''ll e.no tão-somente • JtanAncla de rlquuu 14-
aSSO<:lação de Idéias eni.re o trabalho e a senidão, poniue de fato nio oeis e labulosu e o espirlto de ª'"ntura paro alcançar glória e poderio.
hll\io trabalhador que nõo íossc Sér-.>. Um Instinto. ums r<eputninela l: Sé, ao lado dessa m8.'lSl1 lgnoranto, ,;nham alguns homens de melhor
.,
narural manchou todo o trabalho pacifico e Sé chegou a pensar que c\lltura e \'allA, estes ~ta\iun lmpul!lonadoo pela (é re llg!oo:a e o pro-
~

trabalhar em algo mou e desonroso. Esse Instinto oos (oi legado por • pósito de c11telju!ur os nawmls.99
nossos B\'ÓS como her3Ilça orgAnloa. Temos, pois, por raça e llll$dmt.n· Em minha opioião, o eS]>írito religioso não foi um obstáculo
to, o desdém ao ttabalho, o amor à squlsl~o do dlnhelro ...,, esforço para a organização ccoo&mlca das colõnias. Os puritanos da No"a
próprio, a prodlleção pela oclosldade atradlh..,l, o tosto pelu le~ros e
a tendência ao dcsperdfcto."'
• A Esp1nh.a 6 o p.AfJ: c:b Contna·R.tforma e, coru~ucnccmerue. o Eno.do runi·
.. lblokm, p. 27. .. lib<nll t ontlmodtmo por a«lêne!L
C. A. l:&• rt•. Bo•qurjo di: lo l fil<onn Econ6111tco d<I Pml..

120 121
Inglaterra unham ainda mais espírito reUgloso. Dele foi precl5•- mos, desde um pouco acima, a medlooridadc do esforço tentado
mcnte de onde a América do Norte tirou a selva espiritual de seu apnrece lamentA\-el. 1 °'
engrandecimento econõmlco. Qwtnto à rellgiosidade, a colon12.t- E, mllls adiante, dcpols de lembrar que Reaan atribula em par·
çAo espanhola n!o pecou por excesso.,. te a respoo.sabWdade das des--enturas de 1870 a uma lnStnJçáO
p6bUca feclwla a todo progresso, coa,-enclda ~ ha\-er deixado
••• que o espfrito da França naufragasse na nulidade, Herriot acres·
ccnta:
A repúbllca, que herdou do vice-retoado, isto é, de um regi- Os homens de 1848 tinham concebido pan n?sso pall u1n provam•
me feudal e arlstoor,tlco, suas Instituições e m~todos de lns· dt lnltru9i0 que j1U11ala íol eucutado e nem mesmo comprttndido.
truçio pública. procurou lUl França os modelos de reforma do ~-mestre Coiuuntlno Peoqu.ur lamen""" qu.e a Ü>IU\lçio ptlbll·
ensino tão logo - esboçada a organização de uma economia e ca aio fosse ainda IOCWmente otpnhada, que o prf\ilf&lo d< n.uc!-
de uma classe capitalista - a gestão do Estado adquiriu ceno mento se proloni&SM na educaçto daa crianças.'°'
Impulso progressista e certa aptidão ordenadora. Herrlot, ouja ponderação democritlca não pode ser contes·
Dessa maneira, aos Y!clos originais da herança csp110holo tada, subscreve a esse respeito os rnclocloios sustentados pelos
se acrescentaram os defeitos da lnftuencia fra.aceu que, em Comp&,gnons de l'Unl,-erslt~ Nou\'elle e outros defensores de uma
\'e!I de atenuar e oorrlgtr a conceltuaçlo Uterirla e retórica do reforma radical do en&lno. Conforme seu esque.m a da História da
ensino transmitido à repúbllca pelo vlce-reilUldo, velo mesmo Instrução PúbUca da França. a rCM>luçlo t~-e um lddrlo educa-
acentu4·1o e compllcA-lo. clo11al amplo e novo.
;\ civilização aapltalista não conseguiu na França, como na Com um .igor e uma decisão do esplrlto nouh'els, Condorcet ~la­
Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos, um desenvolvimento mG\'a pano 1odo1 01 otclacUos todu u posslblliAbdes de Instrução, a
completo, enrre outras razões, pela Inadequação do sistema &ratu.ldadc de todoo os nf\'tb, o cnilú"o tríplice das faculdades lislcu,
educacional francês. Ainda não se reson-eu nessa lUlÇio - da lntelecwa!s e motals.
qu~l copiamos anacronlcame{\te tantas col.sas-problemas fun. Mas depoiS de Condorcet '-eio Napoleão.
damcutois como o da escola prlnulria única e o do ensino téc· A obra de 1808- ttetC!\~ Herrtot -ia ontJte5" do esfo~ de 1792. D:tl
nico. em diante, dois prlnclploa an1At16nlooa não dcWlrlo cio lutar. Xós os
Estudando essa questão com atenção em sua obra Creer, tOCODtrllRmos, tanto um qwiru:o ouuo, na bMc de nossu ltUllllll96es
Hcrrlot w as seguintes constata9(ies: ainda tio mal ooonlenadu. Napolelo '" pROCUpeu, IObrttudo, oom o
~. •.....dade, de modo -.,dente ou nJo, pennatt_,,,OI 6& a eae propol"IOllU.-.
ensino .....,n1!At1c) que de\Ola fwiclcaúioo e aSdois..
30010 peJa cullura unh1'l'U! que pa=la ..,. e.ossos pala - o melhor l>clo estlmanvw 'lU4 ala teja em grande medkla ~~pela monne
melo de alcan911r a dlstln~ do espfrito. O lmno& ama • ld~I• temi lgnorAncia do nouo l'0'-0 no decorrer cio ll!culo 19. O. homens de 1793
sem nem scmp~ aaber o que entende oom ·~ termo. NO$SI lmpttn· tinham outras esper&n91". AtE nos ool6f.IO$ e oos Uceus, nada que possa
u . nossa eloqUDCla,.., outrem de lu&uea comUllS. 101 despertM • liberdade da lntelit~cü; 116 no tnSiDo superlor. nenhum
Em pleno 5éculo 20 não temos ainda um plano aacloul de ha,... pua o cultMI clellnteu do da citada oo du lruu. A Témelnl
educeção. M experlet!ctas poUtlc:is às quais fomos condcmclos Repólblial pode Ubertar u ~dessa tutela e \-Oltar l ~
rca(!lnun sobre o ensino cada qual de uma maneira. Se obsena· dos pretensos secdrloo que criaram a Escola Xonm.l, o Conseí\uulno

..... l'oja... o <nalo aobro o la1or ~ll&'­


Edouanl Hcnioc, O-, p.•~s.
..... ldml, p. 125•
ldon.p. 27•
.. ~ '
122 123
o -.. ~-
de An.a e OfJclos ou o lmtltuto. lias aio pode romper oomplewncrue do (ator lodfgena. Ou seja, o mesmo vfoJo que encontramos em
com a oouoepçio estreit:a que tendia a ltolat a ooopeaoyio unl'oonltisla quaae todo o processo político da ..epúbUca.
do rato da mçlo. ~ do lmp&lo um ezacendo respdto .... li.
tuloo, um rapdio ~pelo. piw-11.....,..,. qua tinham ooosdtd- •••
do a lotçe, mas •ambfm o perigo da ed~ doajaw{tu.,..
Essa é, segundo um estadista democritlco-llbcral da burgtu- O período de reorganização ccooõmlca do país sobre boses cl·
sla francesa, a situação do ensino na nação da qual, com deplori· ,ilJsw, loaugurado cm 1895 pelo governo de Plérola, uouxe um
\lel desorientação, importamos textos e métOdos durante muitos perfodo de revisão do regime é dos m6todos de ensino. Reoomeça·
onos. Devemos esse equívoco à oristocracla do vloe-rdnado que, \111 0 trabalho de formação de um!\ economia C4pltallsta lncerrom·
dlsfarqada de burguesla republicana, manteve na rcpiibllea os fo.
0
pldo pela guerra de 1879'°' e SUAS oooseqOênclas e, portanto, se
ros e os princípios da ordem oolonfal. &sa classe desejou para ootocaw o problema de adaptar padualmente a Instrução pública
1eus filhos, Jt que não a educação amargamente dog!Mtlõa dos às oecessl.d ades dessa economia em de.~cnvolvlmento.
col~gJos reais da Metrópole, a educa9Ao elegantemente conserva- O &udo, que em seus. tempos de mls6rla ou falêoela oos-
dora dos colégios jesuítas da Fl'ança da restauração. tumclrameote transferiu o ensl.no prlmirlo pnrn os muolclplos,
O dr. M. V. VUlarin, defensor da orientação est.adunJdense, de- reassumiu esse serviço. Com a fundação da Escola Normal de Pre-
nunciou em 1908, em sua tese sobre a loftuf.ncla ~eira na ceptores, se pteparou o alicerce da eteohl prtmbia pábUca ou,
educação, n erro de se inspirar na Ftaoça. melhor dito, popular, que at~ então não cn1 mais que• rotina e o
Com toda aua ~ lntelecrualldade - dWa - .... pés ainda mo dlletaru.lsmo criol!o$. Com o estabelecimento da Escola de Artes e
p&le modemuar, democratizar• uolllcar suBckntemcn<e.,. sistema OflclOI se desenhou uma rota em dlreçio ao ensino técnico.
"uu.s mftodoa de educação. O. mala not4""11 eactltores fra.oceses do Esse período caractedsa·se na história da educação piiblioa
os pr!melroo a recooh«*lo.' .. pela progtessh'll adoção do modelo anglo-axão. A reforma do en·
O dr. Vlllan\n apóia-se na opinião de 'làlne, de autoridade m· sino secundãrlo em 1902 foi o primeiro pilSSO nesse sentido. M:u,
contestá\'CJ para os lntele<:tuals civilistas aos quais queria se dJ. limitada a um tínlco patamar de ensino, constituiu-se num passo
rlglr. em falso. O regime civilista estabelecido por Plérolii nâo &oube
A lnl!uõ.ncla francesa ainl!!..!14º cst4 liquidada. Sobram dela nem põde dar uma direção segura à euo pol!tlca educacional.
ainda multes resíduos nos program&ll e, sobretudo, oo espfr!to Seus Intelectuais, educados num verbalismo charlatão e Inchado,
do ensino secundário e superior. Mu seu ciclo se concluiu com a ou numa erudição liofática e ac.ad~mlca, ru\o tinham mais que
adoção de modelos estadunldenses que carecterlZ41D as iiltlmas a habilidade medíocre dos rábulu. Seus caciques ou capatazeS,
reformas. Seu balanço, pois, pode ser feito. Jé sabemos com ante· quando ultrapassavam o of\'el mental de um mero trt6cante de
olpação que apresenta um enonne passl\'O. l>e\-c-se colocar oa sua cules e cana-de-açtíear. permaneciam Rrmemente aderidos aos
conta a responsabilidade pelo predomlnlo das proflS$6e$ libera.is. preconceitos arlsoocrátlcos mais caducos.
Impotente para preparar uma ol•sse dirl&ente apta e sã, o ensino o dr. M. V. \'lllAnln aparece, desde 1900, como o preconiza·
tC\-e, no ~ru, para um critério rlgoroumootc hlstórlco, o \'Ício dor de ums refonna coerente com o desen,i>Mmento cspltellsta
fundomenutl de sua incon~ruê.ocla com as necessidades de e>'O- embrlon4rlo do país. Seu discurso, nesse ano, sobre as prolis$ões
•.t
luçao da l!COnômia nacional e de seu esquecimento da ex!stblcl4 llbenlls. foi a primeira aCUS:tção eflcu contra a conceituação lite·

... ldtrn, pp.120.12Je 124. .., Ouem entre o ~ • BolMa, de um bdo. e o Chlle, de ouuo. Conh<dda
l.I. ~ \111artn, op. rit.~
'" p. i.i oomo Ouema do P>cllko. (l(.T.)

124 1_,
,.
rárla e arlstocnl:tica do ensino lllU1$mllldo à república pelo 'i'* plano polítloo produziu a quedll da oligarquia representath-a da
ntlnedo. Esse discurso condennva o '""~ e arcaico ldellllsmo càsta feudal por conta de sua inépcia em se 1ransfom1ar em classe
esuangclro que até entiio hn\1o ptevnleoido no ensino público - capitalista - no pio.no educacional Impôs a adoção defio!tl''& de
re<lutido li educação dos jovciu "deocntes"-, em nome de u.ma uma refortna pedag&g1ca Inspirada oo exemplo da nação com o
concepção frencamen1e ma1erlallst.a, ou seja, capitalista, do pro- mais próspe.ro deseo"olvlmento Industrial.
gresso. E concluía com o afirmotlvn de que era Dessa maneira se Inicia, com a reforma de 1920, uma lnlcla-
ur&0,n<e rdaur o als<ema de noua <duoaçto de t.ol maneira quo pro- d\"a conpueote com o rumo da C\'Oluçjo histórica do país. Mas,
duu poucos diplomados e lltcrotoS e cm uoea ed..quo homens atell, oomo o movimento pol!tlco quo cancelou o domlnlo do velho cl·
criadores do rlquellA, vlllsmo arlstootátlco, o movimento educacional - paralelo o so-
Os gr.mdes l'O''OS europeus - t<>rUCento - "'formam hoje """ pia><>& lidário àquele - esta\'& destinado a se deter. A execução de um
ck educ:açto adotando &enalrn•n<e o tipo de edocoçio lanqu•>. potqtl<! programa democrático e liberal na pr4Uca estava tnl\1ldO e sa·
compreendem que as neeessldadet do époco exigem homens do em· botado pela subslscênola de um regime d .. feudalismo na malor
prua antu de maJs nada, e n5o literatoa ou ervdltOI, e porque toclos pane do p&!.s. Não é possM:I democratlur o ensino de um país
usos pcl\'OS se acham c~nhoclo. maJs OU menOI na &rando obra sem demooradzar sua economia e sem democratizar, finalmente,
bUJlllU\ll do e5tender seu comf~o a todu as partes, junto com sua sua superestrutum poUtlcn.
cMlluçlo e sua raça. Assim to.mW.U nót, setulndo o exemplo das Num po>'O que cumpra coo.sclcntemente seu processo hlst6ó·
t~s ~da Eurupe, d"'""°' -.i&lr o rumo equivocado qae co, a r-eotganlzaçio do ensino de"e sei-dirigida por seus próprios
demot à educaç1D nocional, a fim de produtir homens pr4tlcos, ln· homens. A Intervenção de ~eclollstas estrangeiros não pode uJ.
dustrloto1 e enêrglcoa, pob é deles que• P4trla noceulta para llWlt· ;:;.apassa.r os Umltes de uma colabon1çjo.
se rica e por isso meatno fone. un Por essas ru6es fracassou a expert!ncla da mlssio estadunl·
A reforma de 1920 assiru!la ft vitória da crleotaçáo preconl· deose. l'l:>r C$#$ nl%ÕCS, sobretudo, a no\'11 lei orgànlca pcrma·
zadn pelo dr. \ 1llilrán e, pott4Dto, o predomfnlo da lnllu&ocia neceu mais como um programa teórico que como uma pauta de
est.aduoldense. De um lado, a lcl orginlca de ensino, com-eneio- açlo.
nalmente ,1gen1e a panlr daquéle o.no, tem sua origem cm um , Nem a organiza940 nem a existência do ensino se con!onnam
projeto elaborndo primeiro por uma comissão presidida por Vllla· à lei orgânlca. O contraste, a dlstAncia entre a lei e a pniUca não
ri.n e asussorad:i por um técnico tanque, o dr. Bani, dest!lado podem ser atenuado$ em seus pontos capitais. O dr. Bouroncle,
e refinado depois por outra oornlsslio também encabeçada pelo 11wn estudo que n1ngu6m suponl lnsplrodo em propósitos nega·
dr. \ 1Uarán e retiJlcndo 6nalmente pelo dr. Batd, na qualldode de tlvos nem polêmicos, aponta "árl88 das falhas e remendos que se
obeie da missão estadunldcnse tnu:lda pelo • gO\-erno para reorga- sucederam na acidentada história dessa reforma.
ruzar a instrução púb!Jca_ IW outro 1-do, a aplicação dos prlncl· Uma .m1lM nlplda - escm'C - doe atuab dlJposith'OS le&als e regula·
pios da mesmo lei foi, por algum ccmpo, confiada a essa equipe de menc.os em matéria do lnsuuç4o nos ru \W o &rondo número dos que
t~oalcos Ianques. ' D1o th..,..m nem podiam ler apllcoç!o na pr4tlca. Em pri-!ro lupr,
.\ tmponação do mét:Odo estadunldeose não se explica, funda. o o~ da D1fe91o ~ral •do Coa.Mlho NaclonAI d~ ensino fol
mcotalmeote, pelo cansaço do \'erb41ismo lntinlsta, mM sim pelo reformada a partir de uma autorlx;lç!o l1tlalath11, 1upr1m!ndo-se as
Impulso esplrltwtl determlnndo pela aBrmaçlio e pelo cresclmen· dlreç6es re&lorals que eram as ontldodu ueoutlvu oom msloru atrl-
w de uma ecooomla capitalista. Esse ptOCeSSO histórico - que no bu!çées t-lcu e admlnlstrathu do""'"'· M ~· • teçõel lonm
modlfioaclas e O! pro4ramas de escudo do ensino prlmJlrlo e -und6rlo
101 Jdttn. p. 3J . llvcnlm que - ~O. dlfttentet tipo. de acolu coosldtr11das

- - 126 127
na lel aio foram l«!\'IUl.u em oonta e oo exames e tituloo de pru'"oocrea tos, casa reforma opreseota·se restrita cm sua asplmçâo e oonser-
nooessharam de uma reforma tocai. .U categortu do ...,.,bs alo loram ''ldota em seu alcance. Mantém ao ensino, sem a menor atenuação
oomldendu. nem tampouco a oompllcooda cluallloeçio doo colfatoa substancial, todos os prMlégios de classe e fortuna. Não abre os
que preconlu\"' o retulamento do ;,.tino eeouDiUdo. A Ju.ata Eami- gJ'IWS superiores do ensino às orlanças seleclonadas na esoola prl·
nadora Naclonal foi substituída cm suu funQOes pela Dlreçlo de txa. mária, pois abeolutamente não se ocupa dessa seleção. Cooflna as
mes e Estudos.., o lllstema total foi modl6cado. E, por lllctmo, o alÁJIO crianças da classe proleúria na Instrução pr1m4rla dividida, sem
superior, que~ organuado com mais detalhea pela lcl, s6 t.o\08 ~· nenhum objetivo seletivo, cm comum e prollssional, e consct\'ft
m12Uecumpddusuas ai&~ A U®"'"'d.de ele EscoluT6:aleu a escola prfm4ria prh-ada que'separa, desde a lnúincla, com umo
fracassou nu prlmelru tentallvaa de organlieçio eu Eoocolu Super1o· barreira rlglda, as classes IOCials e at6 suas categorias. Estabelece
,... de A&rlc:ultura, Clêi>ctu Pedatóai-, Arta ladurutalo • Comúclo apeiw a gratuidade do ensino primário sem afirmar pelo menos
nlo lonun fundadas. O pro&rnma do atudOI para a Uol•"Oftldado do o prlncfpio de que o acesso à instsução seound4rla, que o Eswlo
S... Marcos aio foi totalmente aplicado e o Cenrzo ta»dantU Unh'ú- ofereoe a ama pequena porcentagem oom seu antigo slstema do
dtúlo, pare C!'U)a dlreçio se oonmtou ~ "'J*)W, nem mesmo bolsas de estudo. esá eJl)ressaJDente ~'ado aos melhores. A
oonseeutu .., erl..io. E se eumUwmos OI almla fe&ulamentot do Lei Ol!IAnloa, no quo diz respeito às bolsas de estudo, expressa·se
enJlno prlmúlo e secundAt!o '"'"'moa ela mesma mane1n1 ln6meTu em t.crmos exoessl\'IJDente '~os, além de s6 ~ceer o dlrelto
cllsposlç6ea relonnaclaa ou sem apllcaçio. PouC&S lelae re&ulamentos de serem suncntados pelo Esudo aos esrudantes que já tenham
ap!O\'ldoe no hru tl"l!ram uma modlJlcaçio lAo rfplcla e d!\'Cnl&cad&, Ingreaado nos col~glos de ensino secundúio. Oir., eletivamente,
ao enrcmo de que OI in-ttos rc!onnl$t.at e aquelea que nlo se apll· no artigo 254:
cam, do hoje <'m n11mcro maior na pri~ -..lar do que os que ae Por dlsj •lo;lo reaulamenw, poderf se dlspenur do papmento do en·
oonsen..m VS&e:otu na lei e seut rea,ut.mentoa.u• sino e ds P'"'"~º nos lntemat9S cios aol6&1oo a.clonais, como prtmlo, OI
Essa~ a critica ponderada e prudente de um fundonirio mo- jOoenl pobl'el que ae disdnpm por SWt capaold>de, morallclad• e dedl·
tivado naturalmente pelo esp!tlto de colaboração, mas nfto {atem "°
c.çio eswdo. EA:.s boloas de estUdo - out.,....W pelo diretor
falta outras contestações, nem mesmo a de que ainda nJo se oon· ie&loall po.- proposu de Conselho de Pro!essoru do Colégio mpec!l·
segue dedicar ao ensino primário os 10'6 das receitas fiscais que vo.'"
•lei manda, para declarar a (aJêncla da reforma de 1920.'" Por Tluitas llmltações impedem que se conaldere " reforma de
outr0 lado, essa declaração foi Implicitamente pronunciada pelo 1920 como a reforma democnltlca propugMC!a pelo dr. VUladn
Conselho Nacional de Ensino ao empreender a re>isão da Lel o... em nome dos pdnclplos democnltlcos burgueses.
gãn.l ca.
10c4 àquel~ que, nesse debate, ocupam uma posição ldeo16- 2. A rcformn unh·crsit4rla - Ideologia e reMndicaçóes
gica rc\'oluclonárla, COll5tatar, antes de mais nada, que a f~cla O lllO\imento estudantU, que se iniciou com a luta dos wudan·
da reforma de 1920 nl!o depende da excessh'll amblç4o nem do tes de Córdoba pele reforma da uni\'ersldade, assinala o nasclmen·
Idealismo ultra-moderno dos 5CU8 postuW!os. Sob multOS 85J>t!O- to ela "º"ª eeraç!o letino-amerlcana, A lotellgeme compilação do
documentos da reforma unh-ersl1Ari11 na América Latina íclta por
Gabriel dei Mazo, obedecendo ft uma encomenda da Fedcnclón
... E.tudo do dr. Bouronclo sobre ·ci.., aõoo dt po!Jtlca ed•-•l', ptlbll.,.. Unh'l!mtarfl de Buenos Aires, oferece uma série de testemunhos
... do cm Lo Premo no dilo 9 de dncmbro dt 1924,
&m 1926, cs dlSptnclloo lbc:ols do ~to JOllWUl tp 10.SlB.960. 10-
cnndo l ln&1noçlo a pvcel1 de lp 1.000.164. m•• op<:nu tp 659 .80'7 paro•
edueoçtci prtm4rta. "º LcJ OriJnlca do Easlna d• 1910. [dl~o Oflot.I. p. 84.

129
genulnos da unidade espiritual de$$e movimento."' O processo de que a prédica de Wilson p&s em moda em 1918-1919 clrculm'DID
agluição unh'Crsjtárla na A.gentina, Uruguai, Chile, fleru etc. re· entre a ju\'entude latino-americana como se fosse uma boa moeda
mete à mesnm origem e ao mesmo Impulso. A Caiscn iU agimçilo re\'Oluctonárla. Esse fenômeno se explica perfeitamente. Tlunbém
é quase sempre um Incidente secundário; 11l4S a força com que o na Europa, não apen•s as esquerdas burguesas ma.s também os '-e-
propaga e o dirige vem de$$C esuido de ânimo, dessa ccirrenre de lhos partidos soclallsw rcíormlst.aS aceitaram como D0\'1l$ as idéias
Idéias que se desltna - não sem risco de equl110COS - com o oome democritlco-Uberals eloqúente e apost0licamente remoçadas pelo
de "novo espírito". Por Isso, a ânsia da rcíonna apreacnta·se, com presidente estadunldense.
carocterisrlcas Idênticas, em todas os universidades letloo-ameri· ApenAS com a colaboração cada dia mais estreita oom os sln·
caruis. Os estudantes de toda a América Lallna, ainda que le-oidos dlcatos opertrios, com a expe.riê:ncla de combate contnl as forças
à luta por protestos peculiares de sua própria Ilida, parecem ialar a consenudoras e a critica concreta dos'lrueresscs e prinCfpios cm
meslll4 Ungwigem. que se apóia n ordem estabeleo!da, é que as vonguardas unl\'efS!t:1·
Da mesma maneira, esse m0\1mcoto aprcseota~ Intimamente rias podi•m aloançar uma orlentaçáo Ideológica definida.
conectado oom a ,igorosa agitação do pós-guerra.tu AJ espera.oças Esa 6 a oplnlAo dos mais aotorludos pona"-ozes da llO\--a ge-
messt!nicas, os sentlmeotos re\'Oluclorulrlos, as paixões místicas ração estudanll.l, a julgar pelas origens e as oonseqúêncla.s da luta
próprias do pós.guemi, rcpercuüam particulnnnente M ju\'eorude pelu reforma. Todos concordam que C$SC movimento, que mal aca.
uolversia:bia da América L.atiM. O conceito difuso e urgente de bou de formular seus programas, esuwa multo longe de se propor
que o mundo entrava em um nO\'O ciclo despenaV3 nos jO\-e.ns a objcl.l\'OS exclusivamente unh-erslt4rlos e que, por SUA relação es.
wnblçáo de cumprir UJllll função her~lca e realizar uma obra hlstó- trelui e crescente com o B\'11.DÇO das classes crnbalhadoras e a dJmJ •

~-
rlca. E, como é natur.U, na constatação de todos os '~Cios e falhas nulção dos velhos prMl61!los eoonômlcos, não pode ser entendido
do re&Ime eooo&mico social lligeote, a \'Ootade e o desejo de "'º°" se não como UlD dos aspectos de uma pr"Ofunda reoO\'llÇão latino-
\'llç;\o eoooncrnvam estlmulos poderosos. A crise mundial con,ida\'a americana. Oe$S8 maneira, Paloos. aceitando lotegralmentc a.s COO·
os p<l\'OS laüoo-amerlcaoos, com umA urgência insóUta, a re>isar e seqllêoclas úlúmas da luta travada, sustenca que,

- .
resolver seus problemas de Otganluçio e Cte3Clmento. Loglcamen·
te, n nO\'ll geraçao sent!A esses problemas com uma ln11'ns!Mde e
enquanto o auw llslmlll IOClal subolaúr, o. reforma nio ~1' tocar nn
ra&a reoõodlw do prcô&cm. c•bwdonal. 1b6 1lcooç:odo tcU ~
uma p:ilxão que as gerações anteriores nllo tLnbam conhecido. & - i&"'P - M •liminar OI maus p r o f - d.u unl>"'1idadn. que usam
enquanto a atJtude das geraçóes p1ss1das, oomo COITC$pondia ao NU posto como um emp"'go bwocridoó; .., pennltlr - como acontece
ritmo de sua época, tinha sido e>'Oluc!oolsta - As \'eZCS um e\'Olu·
oloolsmo completamente passivo - a· atitude cb D0\'1l geração era
.,,, OllllOO po.{Ks-que lnlwn - lO ""''-*"'
mdot equtla que
ltjlll1 ~ de se.lo, Mm aalu!-IOI por _ , COO\icções IOClab. políd·
espontaneamente revolucionária. •' ..., ou fil~ se neutmllza:r cm pane, no mlnlmo, o oh4U\inlsm0 o
A Ideologia do movimento estudam:!J careceu, no começo. de fomennr - edr!Ctncloe o hJbito cW petquiSaS e o acmtbncnto da própria
homogeneidade e autonomia. ReRelia em demasia 11 lnlluêneia da ~No melhor .io..,...., o. Rforma rahn<me cntmdlda o
~
corrente wllsonlana.'" As Ilusões democn1t1ÕO-libetals e paciSsw ... opllmida pode conuibulr i-n <Mtar que o. unl\mdade seja, como é fato,

..., toclot OI pa!aes, como o foi na própria R6ssla - p<ÚS ondo 1\1\ú, cn.
"' P.•hl' ; l u do Cimdo llfdlco Artcntlao e a.nero dt ürudWuft de .lledld- u-ewttO, como rm -hu""' ouus puto, uma lntaloctuollcbde .-.wnçoida
na. La~ llnic<r.uc>ria, 6 '"'°"' 1926-1927. que DA bors da 9Ç6o ubocou 'S"'"'bloo•m•ntc a moluçto- uma Basti-
1 Guemo MundlaL ()'l.T.)
"'IU ~ IO prHldcnta \\'ilsoa, doo EUA. que lanÇ'OU a id~a dt Ut1 d:s :--..
lha cb '"*140, esf0f9Allclwe pOJ'll &anhat es altUl'llS do sé<>ulo. 1"
ç6es cmno IMk> dt r•tohu conJl1"" • P•OIDO\Of a p1:1 e a ·~ doo
- · · (lol.T.) ... ~

130 131
- -----
Não são rigorosamente colJlcidentes - e IS$O ~ lógico - as clJ. Jos6 Luis Lanuza lndlca outro fator. a eYOluçlo da classe mt·
ferentes Interpretações do sJgn!Jlcado do mo\imento. ?W!s, com dia. A mnJorl4 dOil estudantes pertence a todas as &radwlções des·
exceçlo du pro-.'elllentes do setor reacionirlo, IJlteressado em sa classe. Muito bem. Uma das conseqO~cias sociais e econõml·
limlw o alcance da refoma, Clrcanscre\=d- l universidade e ca.s da guena ~ a proleu.rtzaçio da cJass. média. IADuza defende
ao ensino, todas as que se Inspiram sinceramente em seus ''Crda· a seguinte tese:
deiros Ideais a definem como afumação do ~esp{rlto n0\'0-, enten· Um lllO'imtnto -dantll ooltU.O ele proj~ aoc:lals tio \'Utu
dldo como espfrlto m'Oluclorulrio. como a reforma anMn!Wla nJo pc>dála ter lrrOlllpldo OllteS da gua-
Desde seus pontos de vlsui 6Jos66cos, Ripa Albercll se lnoll· ra européia. A neoessldAdc de ret10\V os métodos de estudo on sen·
nava a considerar essa afumaçio como uma \1t6r1a do Idealismo tida, e 5.,.,.. claro o auuo da ual""'1l<ltdc diante du correntes con•
novecentista sobre o positivismo do skulo 19. •o renascimento tcmportneu do ~to un!Venal deede a fpoca de Albmll, na
do espfrlto ugentino - dizia - foi feito por 'mude das gerações qual oom"98 a se duen•'O!Yor "'*'!.tmbrion!rla lnd61tria. Mu enllo
mais jcn'e!ls, que ao cruzar pelos campos da filosofia contemport· a~ m6!la unt...rslWia 11W11.1Aha-se uuqillla oom srut útulos da
nea sentinun diante de si o CSYOllÇJlr das asas da Uberdacle•. Mas 0 prMlf&lo.. lnfcllzmento para ela, oosa folga d!mlnul na medida em qua
próprio Ripa Albcrdl percebia que o objeto da reforma era capeei· cr.- a g.randc lnddatrla, se acelera a dllercnchlçio das oluses e a<0,n·
tara universidade para o cumprimento "dessa função IOC'lal que~ ~ a proletarl.uçio doa loteloctualo.. Os pmfcaaorea. os jOmal1stas •
a própria rmo de sua existência•. •u empregados do comércio $C oraep!Hm sio4Joalmcntt. Os estudantet
Júlio V. Goll.táles, que reuniu em dois\'Olumessemescritosda nio podWn e.copar desse movimento geral."'
campanha unh'ers!t4rla, chega a conclusões mais precisas: Mariano Hurudo de Mendoza coooorda subsmnclft!mente
A re.lorma unl.,..,~ltárla_::.•-"'"' - reglstnl o tpareclmonto de uma com as observnções de LanUU1.
.,.,... &eftçlo que cheta des\inculada da onte:rior. que uu kDSlbllJcla- A reíonn. unl,,,..ltirlt - ...,,..,.,. - é antea de !llAls nada e sobretudo
dca cll!ettnte• e Ideais prdpno. e uma cllfettnte missão a cumprir. Nto um lt116mene> IOCial que é o raultado de ou.,,, mala &mal e extaito.
6 aquela um fatoalmplcs ou IJOlodo, u ui Cora; mi \'lnculeda na rufo p~uddo como eorueqObcla do irau de .i-rrvoMmento econ6mlco
de causa e efeito com osáltlmoucxmt<dmeotosdoqual-pals (oi da D0$$8 -1edade. S.rlt entlo um eno estudj·la unicamente por sua
o tub1), como conseqOêtlda dos produ>ldos no mundo. Sl&nlllca.rla ln· cara un1.......itJrta, como problema de rc"°"'IÇlo da dlreçJo da ullh'el'
corre.r cm uma aprcclaç!o •rr6nu at6 o abSW'do considerar a refonna lldadc, ou por sua CAm pe.dal)ó&lca. como ensaio da spllcaçlo de D0\'09
unl,'ef'Sii.úla como um prob'-9 das saiu de aula e, ainda uslm, radl· mftodos de pesqulu para oqulalçlo da oultun. Também tnoorrerla-
cor toda sua lmpOrtAno!a nos efeitos que pudesse ter uclush-amente mos em eno te a c:onsldedsscm.. como o resultado cxclusl\v de uma
nos cfrculos de cultura. Eno 1emellw11e IO\'DJ'la. ..,m rem6dlo, a uma oom:nte do ld61U DOIU pr<n'DCadat pela &naode &uerra e pela Re\'OlU•
...iuçto do problema qne nJo -•espo~ l rttlldade do que esú çfo Rusa, ou oomo a obra da n0\'8 ieroçlo que *•M&• deS\1nCN!ada da
colocodo. Digamos em.lo claramente: a reforma unJ,<enltkb f pane anterior, que uu aen.slbUldada • .,... e ldffla pr6prlos e uma dJ!ercnte
de uma questjo que o descm'OMmento material t moTOl de ftOSSll ..,. miado• cumpdr".
o!edade lmpõs 1 rali da crise produzida pela gutrTa. 'ª E, precisando seu coneclto, agrega mais edlanté:
Oonzálcs assinala em seguida a gutrrn européia, a RC\'Olução A relonm unhuslttrla nilo 6 mtls que uma conseqOfncla do lcnõmenb
Russa e a chegada ao poder do radicalismo como os !atores deci· geTal de pn>lctar!EaqlO da classe m~la que obrlC•torlomcntc aconte-
sh'Os da reforma na A.rtentinR. ce quando uma sociedade capitalista cheta a detennlruidu oondlç6es
do scv desemvhimen10 eco$mlco. Isto slg,tlflca que .. produz n•

...
w /d<m,p.'4 •
ldcm, pp. 38 • S6 ... /<km, p. 125.

132 133
~.·
•.
n<>osa tO<:i<càdc o fon6mcno d1 prol•1artAÇ11o da cluM n:<!dia e que a Qµa1s são as proposuis ou posualados fundamentais da reiorma?
unlvtnidad<, qwue uitalnwue l'O''ll<lda por UUI, foi a primeira a ..,.
íror seus efeitos. posq"" ... o clpo lcSe.i d. lntútulçio caplwuu..•u
; . O Congresso Internacional de Escudantes do México, de
) 921 , propug.nou: 1° - a participação dos estudantes oo go,.emo
l:m Ílllo uniformemente Obsel'\':ldO no e.lor da refortll3 foi
o da forml!çâo de n6cleos de escudantes que, em escnica soU·
-. das unl•oemdades; 2" - • lmplaotaçio da ~nela U"re e as-
slst!ncla li•Te. Os esccndanres do Chile declararam sua adesão
dariedade com o prolecariado, se entr<&aram à difu$ão de idéias aos seguintes princlplos: 1° - autonomia da unl\-ersldade, en·
SOClaJ$ ª'=~e ao estudo das teortu marxlsc.as. O Sutghnemo tendida como Instituição dos alunos. professores e diplomados;
dM unh'ersidades populares, eoacebld11$ com um conceito multo 2° - refonna do sistema docente, mediante o cstobelecimeoto
diferente do que lnsplra''ll em ouuas épocas as tímidas tentativas da docêncln llvre e, como conseqilêncla, dn llvre asststência dos
de cnens:'lo universitária, aconteceu cm toda a América Lattn'.i nlunos às clltedras, de maneira que, oo eMO de dois professores
numa coincidência visível com o movimento estudantil. Sa.!ram ensinarem a mesma matéria, a prcler6ncln do lllunado consagre
da 1>alvers!dade, em todos os pnlses latino-americanos, grupos de o melhor; 3º - revisão dos métodos e do conteúdo dos estudos;
estudiosos de economia e soclologJa que coloe.tn1m sellS conheci·
roemos a serviço do proletariado, dotando este, em alguns países,
"º - extensão unl~'CrS!ul.ria, 'isca como melo de vinculação efe.
tiva da unl"ersidade com a vida social. Os estudantes de Cuba
de uma diTCÇão Intelectual da qual geralmcnle careciam antes. fonnularam, em 1923, da seguinte forma suas reMndkações:
Finalmente, os-propatandistu e agentes mala entu$faamado$ da ,.. a) uma \'erdaclelra democracia unh-enlt.Arla; b) uma verdadeira
unidade política da América Latina d.o, em g.r ande me<Uda, os ren0•1lÇiO pedag6g!CI e clcndfiea; e) uma •-erdadeira popular!·
antigos líderes da reforma unl\oersltArta que conservam d = ·ma· z.açio do ensino. Os cswdantea da Colõmbla exigiram, em seu
nelra swi vlncoulação continental, OUtrO dos lln.als da realidade da programa de 1924, a organlução da unlver$ldade sobre bases de
"n0\11 geração". Independência, de partleipaçio dos escudantes em seu go,'CJllo e
Qµando se oonfronta esse feoõmeno com o dllS unh'el'Sidades de novos métodos de trabalho.
da China e do Japão, comprovo-se sua rtgorosajustlfica9"10 lúst6ri· Que ao lodo da cf.tedra - d1s esse pro&rama - l\Joctono o -úio,
ca. No Japão, a unl~-erstdade foi a primclni c4tedra do soclaUsmo. ujam abertos curaos especiais e 1e orkm tc\Útu. Qiio ao lado do pm-
No China, por raz(ies óbvias, teve urna função ainda mais ath-a na lcuor tlcular cxlswn professores •$•t'"40<t o que • oarreltA do mA·
fonnnção de uma novn consclanola noclonoJ. Os estudantes ch.\nc· gltc6ôo exlsca sobre bases que &4S<!gurcm MU lucuro • dêam 100$$0 •
ses compõem a vanguarda do movimento onelonalista rcvoluolo- ciuanuis stjam capazes de ter \IUla c.d<lra na unl\'crs\dade.
n4rlo que, daodo nova alma e nova organização à lmens11 nação Os estudantes de wnguarda da Unh'Cralclade de Lima, leais aos
asiática, lhe assegura uma lnlluênoln conslden\\"e! nos destinos do princípios proel•mndns em 1919 e 1923, sustentaram em 1926
mundo. Sobre esse ponto concordam os ol»emido~ oêtdentals as seguintes plataformas: defesa da autonomia das unh-ersld.:1des;
com autoridade Jntelectwll mais reconhecida. p..-tlclptiçlo dos estudantes na dlreçio e orientação de suas res-
MS$ nio proponho, aquJ, estudar todas as consequências e pectivas universidades ou escolas especial$; dir<lto de \'Oto doses-
relações da reforma unl\-crsltárla com os g,andes problemas da tudantes na elelção dos reiteres das unl\oersldades; \'OtO de honra
C\'Oluçio polidc:i da Amlriea LatinL Constatada a solldarledUe dos estudantes no plO\islonamento das cltcdras; incorporação à
do mo\'lmeato estudantil com o mo-imcoto hlst6rlco geia! de$. unhoersldade dos valores extra·unh-enltirlos; soclalluçio da cuJ.
ses po•'OS, uatemos de enmln•r e definir seus traços próprios e tura: unh'erSidades populares etc. Os princípio• sustentados pelos
espeellleos. ettudantes atgenúnOI do, pro'..'"'lmeote, mais conhecidos, por
sua extensa lnBub!cia no m0\1mento estudantil da América desde
'" ldon. p. lJO. seu primeiro eauociado no Universidade do Córdoba. Praticameo·

JJ4 135
o ......... ~-
te, além dJsso, são, em i randes traços, os mesmo. que proclamam. s.ngulJletti assim resumiu a história da Uoi\'ers!dade de Buenos
os estudantes das demais universidades lotlno-amcrlcanas. AIJ"es 11Dtes da reíonna:
O resultado dessa rápida revisão 6 que devem ser colocados Durante a prtmelni plltl• da •ida atQenuna, moveu modc1w Wotstl·
como postulados centrais da reforma wúversltArla: lº - a inter- , ... de cultuni o formou nócleos utbtonoa que p<OpC>nilonou l """ellte
\"ençáo dos alunos na direção du unh1ersldades e 20 - o funcio- 0
petmmento da W>ldade polltlca e da onlan lmtltuelon&L Sua ptU\1·
namento de d.tedtu U\-..-es, ao lado das oficlals, com direitOS L--· n.c <dedes do
do <1múfics era multo escassa. maa -~'-a por& u
Idênticos, ocup'1das por professores de capacidade reconhecida melO 0 pua Impor u ooaqulSUS lenw • surdu do &tnlo cMl. AJlr.
na matéria. O sentido e a orlgetn deSSllll duas reivindicações nos moda m81J ..,.Se nossa ora""!Uçlo naclonnl, • unlwnldade arlstocd•
eju(fam A esclateeer o slg.oilloado da refonna. tlca e conaawdoro criou um oOYO tipo socMI: o dou1or. 01 doutores
oonsdtuínm o potrio!ado da segunda rep(iblloa. sub5'1tulndo pouoo •
3. Poütica e ensino unh'ers:itário na América Latina pouco as dni&on&a e os CIClquot run.11 l!O maD<ljo dos nc&ódos. .,,..
O reClme econõmloo e politlco determlruldo pelo predomfnlo ..wn das eia- sem a h!cruqula~telecu1al aecmúria pora qlr de
das ruistocradu colonlAls - que ainda subsiste em alguns palses modo o"8nlOO l!O <1>$1110 ou pst1l dlrl&lr o lmprV\Uado dcopenM das
hlspono-amerloanos, alndaque em dissolução progressiva e lrrepa· riquezas proporcionadas pelo• pampu e pelo rróploo. No deeorrt!f dos
nh-el - colocou por muito tempo 11.s unlversldadea da América La· últlmOt SO o.noa, nossa nobttza ~uirta lo! deslooada, prlme!Jo.
tina sob a tutele dessas ollgarqulas e de sua clientela. CoB\~do do~ eoon6mloo pela conconfncla pror-su do lm!Vante. teo-
o ensino unh'US!Uirlo em um prMJégJo do dloh.clro, quando oão olcamente mais capa; e. depoll. do oampo polltlco pelo rurgimento
da casta, ou pelo menos de uma categoria social :abaoluta.mente U· doa psnldos de cluae mfdla. Necaalt.ando eotlo de wn omtdO pua
gada aos loteresses de uma ou de outra, as unl\'ersldedes tl"'"1m 111mter sua lnftu~n<>la, apoderou·H da ut11'..,rsldado (\l>e logo •iloU wn
loc\'lt.avelmeote uma tendência pom 11 burocrotl.u.ção acadêmica. órgão de casta, cujos diretores \1talrclos se te-."nvnm aos cnr&os do
Esse era um desüno do qual não podiam escapar nem mesmo sob maior desuquo • oujOt docenres, cocolhldos por recrutamento bere-
• lnBuêncla epls6dlca de algumA penonalldade de exceção. dltl.rio. lmpUSCnlD . . - ,'Of"dad•lnl -.1clio educacional de marca "'
1
O objeti"o das unhoeTSldades pe.recl.a ser, pr1Xldpalmente, o de IR!Ut e sem loJlltrações R:DO\...ioru."
pro\'er doutores e rábulas para a classe domloaJlte. O des&i\'Ok>I· o mO\imento da reforma tinha logicamente que a~car, antes
mento lnclplenre o o misero alOM~ dii educaçá() póbUca fechavam de mais nada, essa cstratillcaç!o conset'\o-aÕOraí!âs universidades.
os graus superiores do ensino para as classes pobres (0 próprio cn. o preenchimento nrbltcárlo das cátedras, a manuccnçãoae prc>-
sino elementar nio chega"ª - como a.Ioda não cheta .gora -aeo!o fessores ineptos, da exclusão do ensino dos intelectuals lndepen·
B uma parte do J>O"O.) As Uoi\'CtSldades, açambarcadas Intelectual dentes e renO\'lldores, apresent.a\'llDl·SC claramente como shnples
e materialmenre por uma cas.t.a gerolmeme despl'O\llda d() hnpubo conseqüências da docfncia ollgitqulca. ~ \lfclos não podiam
criador, não podiam nem mesmo aspirar a uma função mais alta de ser combetldos a não se.r por melo da lnten-ençAo dos estudantes
formação e seleção de capacidades. Sua buroorallzaç;'lo as condu. no direção das unhoersldades e pelo esw.beleolmento da cátedra
zll1, de modo fatal, eo empobrecimento espiritual e cientifico. e da osstst~ncla livre~, destinadas a assegurar 11 ellminnção _!!os
Esse não era um fenômeno exolush-o nem peouUar do Peru. maus profttSOres •tra'-és de urna ooncortl!ncla leal COJll.At.!io-
Entre nós prolongou.se mais, pela sobre.i"ênela obstinada de uma mens mais aplOS para uercet" seu rnagist&io.
est ru rura econômica seml(eudal. Mas, mesmo nos pafses que se Toda 8 história da reionn4 lm"arl8\-elmente re~tra estaS duas
lndustrtruiuirnm e se democratizaram mais rapidamente, como a rcaçôes d.'IS oligarquias conset'\11doras: lº sua solidariedade recalei·
república Argentlnn. (oi na unh-crsldndc onde ~hegou mais tarde
CSSft corrente de progresso e transformação. O dr. Florentino\~ = ,,. Idem. pp. 140.141•
.
IJ 6
= 137
trnnte pam com os professores incompetentes, rejeitados pfios tlu· permitiu que o no.,.:i geração julgasse U'Temente a realidade perua·
nos, quando ha,1a um Interesse frunlUar oligdrqutoo; e 2º sua r~!s· no. Fol necessário, paro sua compreensão complcl3, a falênoía da
tfocla, não menos tenaz, à inoorpornção à ~nela de valores alio &nll&a casta, denunciada pelo canlter de "secessão" que a mudan·
unh'l?rsitádos ou simplesmente Independentes. As duas rehindica· ça de gO\-'erllo de 1919 quis assumir.
ções substanU\-as da reforma resultaram assim lnconlundhtimente Qµando o dr. V. A. Belaúnde quall.ficou a unh-ersidade como
dialéticas, po!s não panem de concepções doutrlnirias pum.s, 1ll4S •1a90 de união entre a rep(ibUca e a colõnia" - com o objeth'O de
simplesmente dus lições reais e concretas da a~o estudantil enaltecê-la como dolco e essencial órgão de continuidade histó-
A maioria dos docentes adotou uma atitude de lntraoslgên· rica - quase Unho o ar de fazer uma vallosa descoberta. A classe
ela rígida e lmperme1h-el contm os grnndes prlnolplos da re:"orma dirigente soube desde então manter a Uusão da república diferente
unhusitária, o primeiro dos Quais linha Sido proclamado teoriea· e independente da colõniA, não ob5taote uma lnstlntJ''ll inclinação
mente deade o Congresso EsrudantU de ~lontevldéu e , tanto. na ao culto DO$t41g!oo do que vinha do \ice-reinado, que traía com de·
Argentina quanto no Peru, conseguiram o reconheolmento oAclnl masl&da evidencia seu \-erdadclro sentimento. A unl..-ers!dade, que
dC\~dn a circunstâncias poUtlcas favoráveiS; quando essas se mo- segundo um conceito de cllch&, cr11 e alma mater nnotonnl, tinha
dlficanun, IC\imun ao Início, por pane dos elementos conservado- sido sempre oftclalment.e definida como e mais alUI cátedra dos
res da dooêncla, um mo-imento de reação, que, no Peru, já ~ulou prlnclpios e Ideais da reptíbUca.
praticamente todos os triunfos da reforma, enquanto na Aigentl· EnquantO 1$10, talvez oom a única aceção do momento em
na encontra a oposição \igilante do alunado, como se demonstra que 00--ez e Lorente dnglram·na de liberallsmo, restabelecendo e
com as agitações recentes contra as tentativas reacionárias. continuando a orientação Ideológica de Rodtfgucx de Mendoza, a
Mas a renllznção dos Ideais da reforma náo é possível sern n universidade oontJnuou fiel à sua tnidlçio escolilstlcu, conservado-
total e leal aoeltação dos dois princípios aqui csclareoldos. ê> \'Cito ra e e$panhola.
de
dos alunos - ainda que não esteja destinado senJo a servir con· O dh'6rclo entre a obra uo!YersltM!a e e realidade nocional,
tntponto moral da polldca dos professores - é o Wtloo Impulso de constatado melanoolioamente por Bela•índe - mas que não o ha\ia
, 'ida, o elementos de erogresso\solado da unh-ers!dade, sem o qual, Ii Impedido de gratlBcar a unl\'Crsldade com o título de encarnação
por outro lado, prevaleceriam aem remédio as fo'911S da esiagnaç4o única e sagrada da continutdnde hJstórlca da pátria - dependeu CX·
e dn regremo. Sem essa premissa, o segundo postulado da reforma cluslvamente do dl\'Órolo, não menos certo elnda que menos reco-
1 - as cátedras livres - não pode absolutamente ser alcançndo. Mais nhecido, entre a vclha classe dirigente e o J>O''O peruano. Belaúnde
ainda, o •recrutamento hereditúlo", de que nos fala com euUdAo eac:nMa o seguinte:
ulo e-idente o dr. Snngulnettl, volta a ser o sistema de recrutamen· Um ttlste "-!ao .. oi.- eob<e - wtl\'a11dade e cle•<rn!lnou qua
10 dos n0>w ontcdnWoos. E o próprio progresso elentIBco penle au precru:haM pr1DclpaJme.!te um fim pro8sslooal • ..i,,.. de emobta.
seu esúmulo principal, já que nnda empobrece tllllto o nf,-eJ de mo Clonllftco; mu n.lo um obJctl\v educac!onal e multo menos um ab-
enSlno e da cl!ncln como a burocrellzaçâo oligárquica. )eth'D de allmuoçlo da ~cbl n.oolonal. AD e:xamlnar "'Pldamcnte a
hiSt6ria da u""'°nkllde, eles.... ortiem ali a data, dc.caca·se esse tnQO
4. A Unh-ersidade de Lima "-tnd"-'11 e ~no: sua falta ele ,1ncuJaçio com 1 ralldadc oac!Onal,
No Peru, por \ÍtiAs razôe$, o espCrito da colõnla encontrOU seu com a 'ida do - melo, com u nece 11!rl1 di:s e uplnlç6es do país..,.
lar na unh'Cr$ldadc. A primeira razão é o prolongamento, sob a A pesquisa de Belaún'.de não podia Ir além. \'lnculado por sua
rcp(iblica, do domínio da \-tlhn nrlstocracl4 colonial. educnção e seu temperamento à cuta íeudnl, afiliado ao partido
Mas esse foto nAo foi desentranhado senão depois que a ruptura
com o critblo colonlalJstn - Isto 6, com 1 hiStortogn.Jia "cMlist:a" - .. V. A. BclaJlndc, l.o - - . p. 3 •
..... .
us IJ9
.,., __ _.......,.. . ~

que era acaudilh.ado pÕr um de seus representantes mais 1eow· Mas tgualmeote esse discurso, como todas os reações epísódicas
nos, Belailnde tinha que se deter na constatação do desacordo, do cMllsmo, esta\'8 deStinlldo a agitar apenas mlllto superfic!al·
sem procurar suas razões profundas. Mais alada: t!nlÍa que se mente as 'guas desse qujeto pântano Intelectual.
contentar com expUcá-fo como conseqüénela de •um triste des· A gern.Qão Olbltrarlamente chamada de "futurista" de."'rla ser,
tino11 • cronologicamente, a que lnlclou a renovação dOll métodos e do
A verdade era que a colônla sobrevivia na unh>ersldad~ porque esplrito da uni>'ersldade. A ela pertenciam os estudantes - logo
sobrevivia também - apesar da m'O!u9áo da lrulependênoia e da catedril.dcos-que representaram o Peru no Congresso Estudantil
rep6blioa demoorático-Ubeml - na estrutura eo0nõm1co-soclal do - de Montelidéu e que organl%amm o Centro Unhoersltárlo, deitan-
país, retardando sua evolução histórica e amortecendo seu Jmpul· do as bases de uma solldarledade que a luta pela reforma deveria
so biológico. E que por Isso, a universidade não cumpda uma fun. coocretúar e.m suas formas e objetivos. Mas • direção de Rlva
ção progressista e criadora na vida peruana, a cujas necessidades Agüero-pela boca de quem falou expUcltamente o espírito colo-

' .
profundas e a cujas correntes vitais era não apenas estranha mas
'
também contrérla. A casta 4e latifundiários coloniais que, através
niallsta em sua tese sobre a literatura peruana - orienta'"' num
senlldo co.Dsef\'8dor e tradicionalista -essa gernçilo unll>enitária
de um agitado periodo de caudllh!smo militar, assumiu 0 poder que, por outro L'ldo, por suas origens e vínculos, aparecia com 11
na república, é menos nacional, o menos peruano dos (atores que mlSSão de marear uma reaçáo contra o molimento llterárlo gon·
Intervém na história do Peru Independente. O "triste destino~ da uilez-p!lldlsta e de restabelecer a hegemogia intelectual do cM·
universidade não dependeu senão disso. llsmo, ataottda, particularmente nas pro,inclas, pela popularidade
Depois do período de ln6uêncla de Gáh'ez e Lorente, a uni· espontAnea da l11eranm1 radical.
"ersldade pennAneceu, até o período de agitação estudantil de
1919, pesadamente dominada pelo e.spfr!to da colônia. Em 1894, 5. Reforma e reação
o dlsourso acadêmico do dr. Ja,1er Prado sobre "O estado social o m0'1menro esrudantil peruano de 1919 recebeu seus e&-
do Pero durante a dominação espanhola", que, denao de sua pru· tímulos ideoló~cos da l1tortosa Insurreição dos estudantes de
dl!ncla e equilíbrio, tentava uma re-1são do crltérlo coloniallsta, 06rdob4 e da eloqüente ad,-ert~ncla do professor Allredo L. Palã·
podia ser o ponto de partida para uma ação que aproximasse mais cios. Mas, em sua origem, constituiu principalmente um amotina· "
o trabalho universitário da nossa história e do nosso povo. Mas o mento dos estudantes contra alg_uns ca.t.e.dr~ICQS de lncáRacld3de
dr. Prado, estreitamente mancomunado com os interesses e sen· quallfioada e osteo.sh'8.. Os que estendiam e elc-'8•'lllll os objeti·
timentos que esse mo1imento necessariamente teria contestado, ''Os dessa a~tagão - tranSformando em repúdio ao •-elbo espirita
preferiu encabeçar uma corrente de poSiti,ismo medíocre que, da unh'Cl'Sldnde o que, a ptlncíplo, ha•1a sido apenas repúdlo aos
sob o signo d~ Tuloe, pretendeu jusdficar doutrlnarlamente a fun- maus professores e à disciplina arcaica - est8'-nm em minorfa en·
ção do cMllsmo, dotando-o de um pensamento político aparen· tre os estudantes. O mO\'ilnento conta•-a com o apoio de estudan·
temente moderno, e que não conseguiu nem mesmo Imprimir à tes de espiTlto ortodo.-mmente ci\'llista, os quais seguiam os pro-
unh·ersldacle, entregue ao clileta.n tlsmo \'erballsta e dogmático, a pugnndores da reforma tanto porque concordavam com a lnépcln
orientação clenúfica que até agora se sente íaltn nela. ~Ials tarde, dos mestres repudindos quanto porque ncredltamm partlclpnr de
em 1900, ouuo discurso acadêmico - o do dr. ~I. V. vtllan1n sobre ·~ umn alitaz.arra escolar mais ou menos lnôcun.
as proRssõcs liberais no Peru - teve também o 'slgnificado íntimo
de um requisitório ponderado contrn o colonialismo da wti"ersf.
dade, rcspons•h'el pelos preconceitos •risrocrilUcos que a!Jmen-
f
~
l.sso re-•ela que se a oligarquia doc"ente, mostrando-se culdn·
dosa quanto ao seu prestigio Intelectual, tll'esse felto a tempo na
unh'CISidade um mínimo de melhoria e modeml~çiio do ensino,
ta\'8 e mantinha, de uma superprodução de dout0res e letrados. necessário para nilo incorrer no risco de uma falência csc:mdslo·
~
HO Hl
sa, teria facilmente conseguido mancer a io~tbllldade de SlU A ofensiva do estudantado começou com um "quadro de rejel·
posição por mais alguns anos. ~cs", no qual se omltlram cuidodosamente tod4s ll$ que pudes·
A crise, que lllo deslllrosamontc •-cio il tona cm 1919, foJ pre. sem parecer suspeitas de partidarismo 011 paixões. O critério que
ctp!Ulda pelo prolongamento ln1U10ce de um estado ele clesequi o movimento de reforma utili1ou nessa época o de ''Blorlzação da
liôrlo •'isf\'el entre o nf\-el da cltedra e o a\'IUIÇO geral de nosu capacidade de mqlstérlo, isento de moúvações ldeol6gleas.
cultura, em mais de um aspecto. Esse desequ1librlo se fuis pai' A solldarledade do reitor e do conselho com os professores
lloularme11te cxplosl•'O oo plano llcerário e artúlloo. A geração rejeitados constituiu uma das reslst~nolas que aprofundaram o
"futurista", que, reagindo contra a geração "nidlcal" romdnclea movimento. O estudantado insu rM_nte começou ~ compreender
e extrn·unh-e~ltiria, trabalhava por reforçnr o poder espiritual que o camter oUg6.rqulco da d~ncla e a burocratliaçlo e pa·
da unh-ers!dade, concentrando em suas classes tod4.s as forças de ralisação do ensino eram dois aspectos do mesmo problema. As
direção da cultura. oio soube, não quis ou nlo põde substituir relvlnd.l cações estudantis foram ampliadas e precisadas.
oportunamente na dooênc.ia da Ficuldade de Ler.ras, a maJs vuJ. O Primeiro Con'resso Nacional de 11'4tudantes, reunido em
nerável, os velhos catedráúcos ntr.1s:idos e incompetentes. O coo· Cuico, em março de 1920, indicou, entretanto, que o movimento
traste entre o ensino de Letras nessa Íllculdado e o progresso da pr6·reforma ainda carecia de um programa bem orientado e d~·
sensibilidade e d11. produção Utmrta no país tornou-se clamoroso linldo.iÓ \'Oto de maior lmportlncb desse congresso 6 o que deu
quando o surgimento de uma no»a geração, em ruptura aberta •1.da is unJversidadcs populares, deltlnadas a \incular os estudan·
com o academicismo e o conseJ'\-adorismo dos nossos paradoxals tes revoluQfonirlos oom o proletariado e d4r um alcance \'ftSto à
"futurlstaS", assinalou um momento de 6oresclmento e renO'lu· agltaÇ!o estudantil./
çAo da füeratura nocional. Aju,,.eotude que freqüenlll\'8 os cursos E, maJ.s tardo, em 1921, a atlcude dos estudantes diante do
de Letras da unlversldade havia adquirido fora, espontanewnen· conlilto entre a universidade e o governo demoostrou que ainda
te, um gosto e uma educação estéúC3.S sufiQfentes para perceber reinava na juventude UIÚ\-ersltárla uma desorientação profundll.
o atraso e a lnépcla de seus '"11os catedrátlcos. Enqumuo essa •lal.s ainda: e entusiasmo com que uma parte dela se coostitula
juventude, como vulgo, como pú,bllco. ha-ia superado em $Ua$ lei· em claque dos eateddúoos reaclonirios, caúvada por uma retó-
turas a estação do "modemismo•,m a cátedra uoJ1-ersll.áda estavn rica oportunlsta e de.mocrádca - por bolxo da qual se trato\'ll do
olndn prts1onc1ro do critério e dos preoeitos da primeira metade fazer passar o contrabando ldeol6&1co das supe~tlções e oostal·
do oltocentismo esp:10hol. A orientação hlstorlclsta e Uterárla do ,iu do espírito colonial - &C?U$A•'a uma revetênola recalolt:n1nte
grupo que presidiu o mo\/ÚnentO do 1919 em San ~!arcas estimu· da malorta diante dos '"e!hos preceptores..
la'-a um processo mais se>-ero e urna condenação mais lo<llgnada e Era evidente, oontudo, que a d.errota sofrida pelo ch<ilis.mo
lnapelá\-el dos catednlUeos acusados de atrasados e anacrõnlcos. tradicional ú.oha oolaborado com o triunfo alcançado em 1919
Da Faculdade de Letras a fC\15'1o ~prop11gou o outras facul· pelas reMndleaçôes estudantis, com o decreto de 20 de setembro
dades, aos quais também o Interesse c a rotln\I olletlrqulcasman· que estabeleol11 as cátedras livres e a represenLAçAo dos alunos
tlnh4m professores sem autoridade. :\las a primeira brech4 foi no conselho unh-endt4rlo e com as leis 4.002 e 4.004, em virtude
nbcrta na Faculdade de Letras; e, at6 algum tempo depois, a luta d4s quais o gO'l'UllO declarou \~U as cátedras ocupados pelos
CStC\"e dirigida contra os "maus professores" e o.lo c.anto contra professores rejeitados.
os "maus métodos". Reaberta a unf\oersldade-depols de um período de recesso que
fortAleceu os vínculos existentes entre a docência e uma parte dos
UI O "modomb.no• na pcrlodlzaçio llttritb cb Amtrlctt hlsplnlca esti malt estudantes - as conquistas do reforma foram escamotendas, em
pt11dmo daqwlo '!""· no BruU. M ....i-. como •11mbol1-· (N.T.) &rende me<llda, pela nO\-:a oftan!Jaçle. Mas, em troco, o "nO'l'O

142 UJ
espírito" já tinha maior adcsto nn massa estudantil. E D3S novas Imprudentemente a bell4erincl1 estudantil. O reitorado do dr.
jornadas da jln'entude se notaria menos confusão !deológlCA que VUl&rl.n, eobrepond<>-se aos conflitos locais pJOYOCados por cate-
nas anteriores ao recesso. cltitloos oonsen'lldotes, assinAlou assim um período de co.labota-
çio en~ a ~ela e os alunos. O epolo dispensado à Inteligente
••• e renO\-adora ação de Zulen ~ biblioteca o a atenção dedicada
l oplllllo e eo sentimento do estudantado, coll$Ultados freqüen-
A rctomttda dos trabalhos unl'-enltúlos em 1922, sob o rei· temente sem exageradas apreensões ldeolõ&fW, &l'llliearam ex·
torado do dr. M. V. Villarin, significou, em primeiro lugar, o com· tensas simpatias à polltlca do reitor. O decano da F:iculcla& de
promlsso entre o governo e os professores que tennln4\'8 o con- Medicina, dr. Gastaileta, que adotou a mesma Unha de conduta,
Blto que levnra ao recesso da unh-ersldade no ano anterior. A lei Inspirando seus atos num sagaz ~to de coopea9•0 Q{)m o~
orglnloa do ensino promuJ&oda cm 1920 pelo Executivo, \IS8Ddo a @Studanle4, obteve um consell$0 olnda mais entusiasmado. & o
autorização reoecblda do Congresso cm outubro de 1919- quando trabrubo de alguns catedráticos jO\-ens contribuiu para melhorar
este votou a Lei 4.001 sancionando o prlncfplo da participação as rc.loçõea entre professores e estudantes.
dos alunos na ~o da unhusld.ode - scr\'lu de base ao ewnto. Essa p0Utica tmpedlu a renoVllçAO da luta pela re/ormll. Por
Essa lei reconhecia à llllhoerstdade uma autonomia que deixa\'a a um fado. os professores mostraram-se dispostos à atuação solícita
docb!cla satisfeita, mais inclinada que antes a um oomponamen- de um programa progressista, renunciando, de qualquer forma, a
to negociador, por ru6es 6b\U.S, e o gO\-emo, lgualmenre induzi- propósitos reacion4rlos. Por outro lado, os estudantes se mostra·
do a aoelUl.T uma fónnula de nom13lluçfo, dispwiha-sc a ratiflcf. ram prontos para uma experiência colaboracionista que a muitos
la cm todas as suas panes. lhes parecia lodlspensh'e! para a defesa da autonomia e mesmo
Como é natural, o compromisso coloca--a em perlgo as con- da &ubs1$t!Dcla da UDh'enldade.
qulStas do estudantado, vitoriosas em boa medida ao amparo da O dia 23 de maio fe\-elou o alcance social e Ideológico da apro-
slttJllção que esse compromisso resoh'la, ai.oda que não fosse se- ximação das ,-anglll!J'dM estud.uitls com u classes trabalhadoras.
não de maneira temponl.rla. E, com eleito, logo se percebeu uma Ne$$1 data aconteceu o batismo histórico da ºº"" geração que,
tentativa dissimulada de anu!JSr pouco a pouco as reformas de com a colaboração de circunstAnelu cxccpclonclbnente fa\'Oni·
1919. Al&uns catedráticos restabele«ram o abolido sistema das \'elS, passou a desempenhar um papel no próprio deseim>lvlmento
listas. Mas essa tent.allva enconrrou os estudantes alertaS, e hou\-e da nossa hlstóda, elevMdo SUll eçfto do plano das Inquietações
ums ressonância profundn em seu âDlmo, primeiro, no Congresso estudantis para o das reMndlcnções coletl\'ns ou sociais. Esse fato
Estudantil do .México e logo cm seguida na mensagem fen'Orosa reanimou e Impulsionou nas classes as correntes de re,.olução
das ju1oentudes do Sul, da qual Ha~-.. de la Torre foi o poru.dor. unl\oe.rslt.ária, acarretando o predomínio da tendência esquerdista
O nO\'O reitor, que ao assumir suas funções tinha feito com na Fedct11ção dos Estudantes, reorganluda pouco tempo depois
a moderação própria de seu espírito. sempre cm um equillbrio e, principalmente, nas assembl~as estudantis, que alcançaram,
cuidadoso, uma profissão de fE reformlna e até uma critica cbs entlo, seu tom maim de animação e ''1\-acldade.
disposições da lei de ensino que substituía a lhTC associação dos Mas as conquistas da reforma, fora a supressão dM lisw, se
alunos por um •centro estudantil unh"ttSlthio" de organização redu~am ru \"erdade a uma inspeção n4o lonnallzada do estudan·
estranhamente aut0rithla e buroc"'llc., coerente com essas de- udo na orientação, ou, melhor dito, na admlnlstrnç:\o do emino.
claraçoo, compreendeu em seguido a com-enl~ncla d~ empregar, i Esta\'ll fomutlmente admitido o princípio da representação dos
Lombém com o estudantado. a pol!tlc:i do compromisso. e>1tan·
do rodn destemperada \-<!leldadc re:iclonalrla que pudesse excitar l• ~
1
estudnntes no conselho unh"ersh,rlo; m11s o alunado que então
di,punha do recurso das assembléias paro manifestar sua oplnlão
1

Ll
144 HS
diante de cada problema, de&cutdou da dcslgnnção de delegados Por ter o uossa unlvetsldade carecido de dlretorcs como o dr.
permnoente&, preferindo umn Influência plebiScitárla e espontA· Palácios, capa.zes de compreender a renovação exigido nos estu·
nea das rruusu estudantis nas delibernçõcs cio coruelho. & aln· dos pelo m0\1mento de reforma e que se consagrassem a reallzA-la
da que essa massa fosse encabeçada por uma vanguonla $1.ngu· com paWo e otimismo, esse mO\imenlo ficou deUdo no Peru, na

larmente agucrrldli e dlnAmlc:a, seja porque as contl114enclas da etapa em que poderiam le>'i·lo o Impulso e o esforço estudantis.
luta contrn o reoç/io Interna e externa abson1am domaslodo sua
atenção, sejn porque sua própria consctencla pedagógica aio es· •••
ta\"a aindli bem formnda, o certo é que nlo e.m j!ttgou a ação das
&Ssemblélas, de ambiente mais tumultuado que doutrln4rlo, para Os anos entre 192~ el927 foramdes!avonhoeis pan10 mO\'lmen·
reclamM e conseguir métodos melhores. Contentou-$41, n esse 10 de reforma un1'-enit4rla no Jleru. A expulsão de 26 unh-ersitárlos
respeito, com ensaios modestos e promessaa vagas desUnadas a da Unh-ersldadc de TruJUlo em no\'embro de 1923 íot o prelúdlo
se disslparem logo que adormecesse ou reluasse nas ola.ssés o de uma ofensh.. reac:ion4rla que, pouco letnpo depois, mobilizou
espírito '-.nguardista. na t:nl\"etS!dade de Lima lodas as forças conservadoras concru os
A reforma unh'<!TSitAria - como a reforma do euslno - apesar postulados de 1919e1923. As medidas de ~ressão adotados pelo
da ºº''8 lei orgãnlca e da melhor dlsposlção de uma parte da do- go,-erno contra os estudantes de vonguarcla de San Marcos tiraram
cência, bo\lia conseqüentemente ~lnhodo multo pouco. O que de cima dos docentes a presença vigllante da maior parte dliqueles
esc"""' Alfredo PaL1clos sobre uma etapa parecida da reforma 11.r· que mantt.aham o alunado aJeru e deapeno para o esplrito da re-
genllna pode aplicar-se a n0$$3 universidade. forma.. A morte de dois jo\'COS pro!essot"a, Zulen e Borja y Ga.rcla,
o mO\'lmento cera! que detennlna a reforma unl\'etSitAm, em sua pri· reduziu a um número exíguo os professores com tlplldãn renO\"a·
me.I r• •••J>ft - diz l'lWlclos - •• oo~cro~!Jou apenas com a lng~nolo dom. O afaswnen to do dr. VIII arán provocou o abandono de Sll4
estudantU n• dlreçlo da unh-ers!dacle e a assist!Dcla Uvro. Falta,.,. o tendênc:ia de cooperação com os alunos. A reitoria ficou numa si·
m.lls lmportante: "'"""'-.çlo dos mitodO& de mstno e a 111..llSlfiCIÇlo tuação de !Jltcrin!d•de, com todas as conseqüências de Inibição e
dos estudo$. e Isso aa de r~ mul<o diftcll .,.. ftc<1ldad~ de esterilidade próprias de um regime PfO'isórlo.
JurUpru~ncla, que dnh..m ficado pettlBcodu CIOS antl&o. crtc~rlo$. Essa slruação de conrJngêncla.s am'el'SA$
tinha incvllO\'Clmente
Seu en&lno 1lnhA le>'!\dO a exuemoo lnsu9peltos. Puru 1oor1.., pw:aa que produzir a ressurreição do '-clho espírito oonsenndor e oUglltqul·
abstr•çóes;•nada de cl!nclu da obsen'IÇlo •de experi-'OOle. Sempre oo. Abafadns os eaúmulos de progte5$0 e reíonna, o ensino voltou à
se ••~tou que des$es ln1tlrutos devia ulr a elite social dulhwla a sua amiga totlu. Os 1ep1csenwues típicos da mentalldade chillsta
..,. •c1.- i-.-nante"; que dali lun,,rla duuratr o fuw>clJui. o dlplo- restauraram sua hegemonia passada O expediente da lnterinldade,
""''ª· o ltten110, o polltlco... Siúram, <1m ''"' dl$SO, com uma ll)norin· •pllcada a cada db1 com malor extensão, serviu paro dissimular tem·
ela enololopédlca, uúllt4rfos precoces, Cllpaus de toda. as artlmonhu poradamente o restabelecimento do oonser.,.ndorlsmo nn.s posições
para embaralhar proce"°" e que por toda a \ids (oram o suttent~o das quaJs fora desalojado patc:iahnente pelA onda refonnlstL
de lnjuStiçu. Os estudante. se resigna,...,. a escutar llç6es orais sem Nas elel~ de delegados de 1920 se esboçou uma concentn1·
nenhuma curfo.!dade, sem lntmo de ~tqulJ&, """'pa1x.io pelA procu- ç4o das ~uerdas estudantis. As plataform&$ elellorals 5ustenta·
ra tenu, sem laborat6r1os que tksperuwem as energias laientes, que das pelo grupo, que prevaleceu 1111 nova fedemção, reaRmui\'am
ro.rui.leceucm o can\tcr, que d1sc.tp1Jnusem • vontade o que exercil.Uo- todos os postulados es,,cnelals da reforma. w Mas no\'llmencc a
sem • ln••U.tncia.1" repressão "elo em au:dllo dos ln tecesses oonscn-adores.

\"~o oumcro J doAmau&a (DO\....Wro cio 1926).

146 U7
o . -.. ~- -c.oi.oo)WW.... ~
O fenõmeno caracterlstlco desse pcr!odo reaclonáio parece projeto de reortanluçio da Unh'e1'5ldade de Cutc0 formulado
se1' o apolo que a ele \'leram prestar os elemmtos coosavadoru pela c»mlssio nomeada pelo &O\'emO PAl'ft Isso quando se decla·
da universidade, u mesmu forças que, obedecendo ao Impulso rou o ~ desse Instituto.
histórico que detennlnou sua vitória sobre o "chilllmon 1radlck>- Esse projeto, subscrito pelos proícssores Forumato L. E!erre-
nal, decidiram em 1919 o a:iwúo da reforma. ra, José Gabriel Coslo, Luls E. Valcároel, J. Une! Oarcla, Leandro
Não são cases, CJ11.t'CU1nto, os únloos fatorct de crise do mOl'I· Pareja, Alberto Atan.lbar P. e J. S. Garcia Rodrigu.ez, constitui ln·
meato uni\'er:$ltárlo. A juventude Dilo está to141mente Isentá de l'C$- contest4velmentc o mala importante documento ollclnl até ago-
ponsabilldade. Suu próprias lnsurrei96es nos enslnnm que é, em sua ra produzido sobre a reforma un.lve:rsitária no Peru. Em nome d.a
maioria, uma jm'llntude que age.a pat1ir de fntg'ets oondgios de en· docência uniwrsltMla, ainda não se tinha !alado, entre oóS, com
tuslasmo. &ta, na verd:ide, é um defeito de que sempre se ecusou o tanta grandeza. A comissão d.a tmh-emdade cu~uenha rompeu
b1spsnG.america. \'Ucoocelos, num artigo recente, esae"6! 1 tradição de rotina e medi~ a que se atêm t1o medio-
O prlncli-) dclello de . . _ ta9"1 f a lncomdnclL locmpueo de perm. cremente, em &era!. u comissões oBclals. Seu plano objetiva a
tlr no esforço, nlo podemos por !ao.mesmo deoenYOM.r um plano oem completa transformação d.a 0ni>'ersicl8de de Cuico em um &f'81lde
1...., ..U.Ot• um propdàto. centro de wltura com aptidão para presidir e lmpublonllr ef!clen·
E, mais ncllante, agrega: temente o desenvolvimento soclol e econõmlco da região andl·
No geral é preclJo desconfiar dos ennulastt1J. Elntusluta 6 um adj•lh'o na . E, ao mesmo tempo, Incorpora em seu.estatuto os postulados
ao qUAl deYem0t 111tls dlllos que a todo o resto do \'Oc.tbuUr!o dos qua· ceor.rals da reforma unl\'Crsitária na América hispânica.
UJlcath'O$. Com o nobre vocibu.lo entusiasmo acostumaram a encobrir Entre as •propo$taa básicas" da coml~o. eauo as segulotes:
nosso dcldto nacional: bons pu&.eo<oeçv e pen prometer, pkslmoo criação da d~ocla U"fe como coopemdora do professorado ti-
t pua termina.e c:umrnr.U' - - tular; adoção do statema de seminários e consen'lltórios; supres-
Porém, mais que 11 '!:rsatilldade e a lnconsUncla dos alunos, são do exame de R.m de ano como prO\':l definlllva; consagração
trabalham oootra o &\'&llÇO da reforma a ''ltuem e a Imprecisão absoluta do catednldco unhoersltário em sua mlss!o educathis;
do programa e o canlter desse mO\imeoto na oaloiU deles. Os participação dos alunos e ex·alunos na eleição das autoridades
fins da reforma nlo estlo su6elentemeote eselareatdos, não estio unh'CI'Sltárias; representação dos estudantes no conselho uni"cr·
enteodldos de maneira cabal. Seu debate e seu estudo ~vançam sitário e no (le cada fRculdade; dcmocratiioç4o do eotdno.m
lentamente. A reação carece de forças pata subjugar Intelectual e O relotório concede, por outro lado, atenção especial pata a
espiritualmente a ju\'entude. A suas vitórias nfto se pode auibulr necessidade de orgnnlzar o unh'Crsidnde de modo que tenha, em
mais que um \'t1lor contingente. Os fatores hlslórioos da reforma, todos seus aspectos, urna ampla apUcação pr4llca e uma comple-
ao conlririo, conúnuam 3&lndo sobre o espírito estudantil, no ca orientaçio cientifica. A Unl\'erstdade de Cuico aspira ser um
qual se m3ntém Intacto, por conseguinte, apesar de seus obsc:u· \'ercladeiro centr0 de pesquisas científicas, colocado lnte1!111lmen·
recimentos momentAneos, o desejo que animou a jU\'etltude nas .,. te a seniço da melhoria social.
jornadas de 19191 192J.
Se o mO\imento renO\isdor se mostra precarlamente detido
--
'
•••
nas unh-ersldades de Uma, prospera, cm trocn, na Unhoersldnde
de Cuzco, na quol o elite do proíessorado ncclltl e sanciona os fura compl'O\':lr o conflito ~nte entre os po;tulndos cnrdeais
princípios sustcnt11dos pelos alunos. Tustemunho disso é o ante· da reíorma uoh'Crsltárln - uús como foram fonnul:idos e aptO\':ldos

'" Em /f<pr;10<lo cm-••>. tomo:\"\' p. HS (1927) .

us H9
.
nas nssemblélllS estudnnlls dos dl\'cn;os pnlses hlspano-omctlconos RejonntJ do sislnno docente. A dc><X!nch1 Uvre, que lllnda não
-e a si luação da Onivenldade de Uma, basm o con!ron10 desses pos- lei absolutamente experimentada, não encontra um ambiente
wtados com os respectl\'OS ospectoS do eosinO e do ~onamenio adequado para sua experimentação. Os interesses olltá.rqulcos
da unh-crsldade. Esbocemos esqucmaticamenie esse oanfronto. que dominam o ensino op6em·sc ao funelonamento da cátedra
Inicrwnçóo dos escudante:J na dlrcç<to da un~. A rea. füre. Na provisão das cAtedras continua ge apllCAOdo o \Oelho cri·
9ão pu&na por restabelcce'r o ~-elho e rl&ldo conceito da disciplina, u!rio do "recrutamento hereditário" denunciado pelo dr. Smgul·
entendida como acatamento absoluto do critério e da autoridade 11etti na mtlga Unh-eraldade de Buenos Aires.
dos docentes. O conselho de decanos -ou o reitor em seu oome- 1bda.s u conquistas fonlllis de 1919 se encontram, dessa ma·
recus.1 freqüentemente permissão para as assembléias destinadas nelta, íruatnidas. A poroenuigem de prolcssores illeptos cenameo.
n e.-.pressnr o opinllio dos estudontcs. O direito de reunião dos te não 6 menor a&ora, apesar da depu.ro9l10, elementar e moderada,
estudantes para deliber11r dentro do recinto do unh-crsldade est4, que os estudanteS então conseguiram. A Faculdade de Letras, da
pela primeira ve~. suspenso. As desl&nações de dele&ados estu· qual partiu em 1919 o irtto da reforma, se apresenta praticamente
danlls que nAo >1gradem aos docentes não são reconhecidas. O úl· oomo a que menos ganhou em termos de métodos e ~nela.
timo comlt~ da Federação de Estudantes 'iu·se Impossibilitado de A própria pauta de reforma estabelecida pela Lei Orgánlca de
funcionar, e até mesmo de se constllulr plenamente, por falta de 1920 estd ainda, em sua maior pme, por ser aplicada. l\ão se
aprovação do conselho. A crise da federação depende assim de um nota por pt._rte do Conselho UDi\'Crsltl.rlo nenhum propósito efotl·
fator estrnnbo à sltunç4o esru.dnnlll. O sentimento dos estudantes \'O de &\iançar na execução do programa traçado por essa lei. m
perdeu não apenas SUB inBuência nas deUbeaoções do conselho,
mas também os meios de se mruü!escar de modo livre e disciplina·
do. A representação esludantll na direção da unh-ersldade, dentro
"' °""""° .... obnL ........ Nndoumlmprau.Estotuto
totlu9io lealsladva ~
o ..,....,,º editou, usando u= IU•
'10\'0 do Ea&Jno qua
l/nh'Ol1ltirio,
dessa situação, seria uma Catsa. entra •m vt&0< no -lotl\o de 1928, obcno. por..,. ro..io."""' ""-ta..
tdannaooacaneqw1Mach•l-tol""8r!:"Çiodoomlao~
R.enooaçõo dos mb.o<Ü>s ~· Com exceção das Inova·
ções !ntrodusidas no ensino ~r um ou ouuo calcdrállco, a subs·
ooa-do
da Wu1oçAo.
"°" •o-· o_._ -
awMdado cio ..... C>DaMlho 9Lrpodo< p<aldldo pelo -
olo foi toCldo: alo poderia
tâncin dos '"lhos métodos re'\"eln·se absoluta. Há pouco, um alto 11Uo, Nh'O deotro de uma rdonna lllte*rol da educação que lltwc do ....ino
funcionário da Educação Pública, o dr. Lui3 E. Oalván, per&un·
WllwrllWlo o inou 1u1*1or da lnllntpo prolllllooal, ...,.,......io..
•os ...,..
,.., •laclonlcloo oom ~cio q\llJque< p m i l 4 J o - A , ..
tava·sc num artigo: O que faz nossa unh-ersldade pela pesqul~ tonna. que' eobretudo Mmtn!ttr:etka. lmpUHc. cm tWta:'s, ao1 mem
clentlflC3?"• Apesar de geus sentimentos de simpatia p11t11 com pdadJ>lollele ld ele 1920, a!ndl que adoce, - - poc........... . - . o
San Marcos, o dr. Oalván \iu·se obn&edo a d.ar uma resposta total·
mente dcsfavon\vel. Os métodos e os estudos nllo se mod!Jicaram
•"'°"""
~dop<aldaueda ~·., ~"""oauo unh-W1o.c1a4aa
li - cio odo<i- o ensino ualwnltúio b _ . .••• pnldc:u
da ~ nosto skulo do lndua<rllllsmo. • """"'uando -
obset>..çto, COOo
senão nn proporção'mínlma dc'ida à lnfclntl\'a espon1Anea de uns dct11 aplloltmlalte 1 orlontação doo qut _..,,._ '""" oulum1 aboua.._
~ lla>U ele ~ptÇOes utillútl.ta. ~w o n!10r1ldo da _,, .,. da
poucos prolessores com o aus1ero 5Cnlldo de sua rcsponsabillda· utJ1a ' 1 .d« - cp M pu'llCe awlba an .,.. apectOI laft. - fot mu.
de. fan pouquíssimos cursos se abandonou a rollna da Ução oral tuo llO d< O.U..- li'»• M 6 oaue a6t um tipo de~ t w.t<cSi"'1o
O esplrito do&mático mantém suns poslQÕeS quase Intactas. Al&u· - - - ' ........... o aWs complouo doo~· da cet><l!ocla
da q..U o di.ouno prttldenotal lu juotJ99 aunWit. Essa coocndl<;lo nlo M
lll4S reform:ls lnlcindns no per!odo 1922·1924 íorom detidas ou 111>llctlla lacllmcrut tm ntnhum dlquct. palNI onde M tom o h4blto da
derrubedas. Foi Isso o que aconteceu, por exemplo, com o trdbn· ......_ 11 "Cl0&1<'H douuintl. O PtN,JI ....,_ olO f um dcoas p.w...
lho de Zulen na bibUotcca. O -..nno-a!la ~ &enl alo Otbt ._.tire... ooca-auobdecoe ..
- cio criar ........... uol\'lnlútia.. doebcla apocilllWd&. x........tido,
6 um lnanamm<o ~cio mmlomnçlo tkalce do tnllno. A .SCllcll deuo
"' Em"""""" u• 7 (março ele 1927). ..,..,,,,,,.nto ..,ucaçio.
depeodo cio ....

150 151
o conceito ela reforma. enuewuo, aanha • ••da dia ml1I preclsio e
Na lormaçlo do tipÓ de professor dedietado eml11$1\-amco1e ao llnaH• n.u ,.... guuclas estuclaalla hlspaoo.americanaa. A delinJçio do
ensino também oiio se a>'3llÇOU oada. O professor WlM!nitúlo problema ela educoçlo pu'blka a qu• che&ou a •ueuarcla de La Plau
condnua sendo catre n6s um cllleta.ote que concede um bgsr uslJll 0 c1cmomtn. Els aqui os termos ela dedançlo: 1. O problema
multo subsidlirio em seu espírito e em sua atMdade à sua mlssão eclucadOnal alO 6 9eiiio uma das ctapu do problema -'AI; e por Isso
de educador. Esse é, em grande medida, cena.mente um probJenu nlo pode - soluciouado llobdammte. 2. A cultura de toda • 50Cle.
coooõmloo. O ensino unhoenitf.rlo condnuar6 entregue ao dile- dede 6 a ~ !deoló&Jaa dos lnteruetS da claae dominante. A
tantismo enquanto aio se assegure aos professores capues de O\Jltuta da sociedade awal é, porwito. a exprcalo ldeolótloa cios lnte-
se dedicar completamente à pesquisa e ao estudo urna renda ml- ,_da classe capitalista. 3. AóltlmA guena lmpcrlall.slA, quebnndo
nlma tndispendvel para u:ma vida média. Ma.s, meuno dentro de 0 equlllbrio ela economia bur&.._ oolooou em ctloe wa cultunt C01'
seu8 atuais meios ecooõmlcos, a unh<enld11de já deveria começar respondente. 4. Essa crise s6 pode"'' superada com o ad""nto de uma
a proourar uma soluglío para esse problema, que nAo será soluclo- cultura 10Clallsta.U11 ·'
oado automaticamente por uma \<etbt no o{çamento, se Jaltam, Enquanto a mensagem da.s novu gernçôea, con!ustimente
como até agoni, os estúnulos mor:ús para a pesquisa científica e anunciada n partir de 1918 pela ln.Surrelção de Córdoba, alcança
po.ra a ei;pecWizaçio docente. 04 Af&eotln.a uma nfdds e st&nlficadva expressão TC\'Oluclonária,
A crise das unh'CrS!dades menoru reproduz, em cenários em nosso panorama wili-ersltf.rlo se multlpllcam - como acredito
reduzidos, a crise de San Marcos. Pertence A mais deftclente e ba\-er pontuado nesse estudo - os signos da reação. A reforma
anêmica de todas, a Uni•-ersldade de TrujUJo, a lnl~tl\a reaclo- unh-ers!WiB coodnua. mneaçada pelo empenho da velhft casta do-
n!ria, como vi.mos. A expulsão de 26 alunos re--ela no espírito cente em restaurar totalmente seu dom!nlo.
dessa uol\-ersldade o reac;looarlmlo mais recalcit:rante, por ser
precisamente a falta de enudantea uma de suas preoouJÍ&ç6es 6. Ideologias cm cont:nlSte
especlllcu. Para que • universidade não apresente salas deser· Na etapa de expertblclas prl.Uoas e escarcc!us teóricos que
w, segundo soube, os professores de Trujlllo têm que se dedi· pl'O\'OOOU !cotamente tt tmporuçio de sistemas e tknloos esta·
car, a cnda ano, a um curioso tmbalho de recrutamento, no qual duntdensei;, o dr. Oeustua representou o reação do '-elho esptrltO
se ln"ocam ruões de IOC41ismo com o objcth'O de lndu%lr os J>Als artstoen\tlco, mais ou menos omnmentada de Idealismo moderno.
de fomflla a não emiar seus lllhos para os unh'llrsldades de Lima. O dr. \illarMI formula\"a nu:ma Uoguogcm poslthista o proJ!rama
Se, nao obstante a exigüidllde do seu alunado, a docência de do oMlismo burgu~s que era, no 6nol das contas, democrátlco-U·
'l'rujlllo decidiu perder 26 estudantes, 6 F4cll supor até que extre- bera!; 0 dr. Deustua enc11rDa\'3, sob o Indumento unlversltl.rlo e fi.
mos de Intransigência pOde che&ar seu conaervadorlsmo fecha· losóftco de cone moderno,_ a mentalidade do cMl!smo feudal, dos
do. A Unl\·ersldade de Arequlpa tem sido tmdlclooalmeote urna encornenderos ,1ce·reioals (Por alQuma ral!o se deslgoav" com o
das mnis imperme:h-eis a qualquer tend~ncla de modeml:uçio. nome de chillsmo histórico a urDA fntçAo do partido chi!).
A atmosíer3 consen'ador:i da cidade a prcsen11 de inquietações O ,-erdadeiro sentido do d!Aloto DeustU11·\1ll:mio escapou aos
alhelu ao seu repouso. O elemento renO\..dor, que nos '1ldmos oomeot•dores e ao auditório da ~poca. 0$ auto-lntltuh1dos e iocp-
anos deu simpáticos slnols de crescimento e agitação Gloda se tOI partidos populares da époc3 nAo souberam tomu nenhuma
encontra em minoria. Apenas s Unl\-ersldade de Cuzco se esfor· posição doutrio6ria dlaote de5$e debate. O p!croUsmo nl!o era
ça 11goroumente para se transformar J6 me referi ao projeto de <>•p:u de outra coisa a mais do que uma declamação monõtona
rcorganluçio apresentado ao gO\-emo pelos seus prlnclpals C2·
tedn!tlcos e que, C\identemente, constitui o esboço mais a1·an· "' R<\i sia Sa:;16rlo de Lo Plato n• 2. 192S.
çodo dn reforma unh-enitlirln no Peru.
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conua os lmpoStos e empréstimos - que esto'"&lll longe de COTISli· 5Uper5tlÇ6es de que se nutre. O dr. Dcustun sustenta idéias an·
tuir toda a polític:i econ6mlea do el\illsmo - além da disurseini «.a&õnlC8$ não somente aos pnnclplos dn no"ª educação. m'1S ao
"d3s proclamações periódicas do JeV califa sobre os conceitos de esplrlto mesmo da cMlirnção capltal1$ta. Sua concepção do t:ra·
liberdade, otdem.. pitrla, cidadania etc. O pretenso Ubenilismo só balho, por exemplo, esú em luta •beru com a que desde multo
se diferencia''* do pieroUsmo, ao qual na \"etdade aodava Utado. tempo rege o pro&res50 humano. Em um de seus estudos de fi.
em um espoddico anticlencallsmo maçom e uma ,.,.gil e romAnú· loso6a da educação, o dr. DeuJtWI llpr'e$$4\'s sobre o trabalho o
ca reMndlcação federalista. (A pobreza Ideológica, a ,lJ!tarldade mesmo conceito desdenhoso dos que em outras ~pocas não coa·
Intelectual dessa oposic;ã.o sem outro ob~th'O que nio a glória sideravam como carreiras nobres e dignas outras que não fossem
tresnoiuuia de seu caudilho, permitiu oo cMIJsmo aça.mbaTcnr o as armas e as letras.
debnte de um dos problemas nnolo04ls mw substanti»os). Valor e trabalho, montlldade e •eorsmo - -r"'1• - são lnsep>r&\'Ols
Só ngorn. porouito, é historicamente possível c:sólareoer o sen· no processo lnt<l)ntl da \'Onl.ldt, mu seu papel, multo diferente •m
tido dessa polêmic4 unl\'ersltárla, dlnnte da qual &anclsoo Oarola tal P""""'°• o é tambfm diante do procuso da educa~o. O vnlor li·
Cnlderón quis o.ssumlr uma dessas poslÇ6es ecléticas e concilia· herdade educa; a educaç'4 consiste na real1u940 de ,,Uores; mas o
1 doras até o lnJinico, nas quais é mestre seu prudentíssimo e um
canto cético criticismo.
trabalho nio educa: o trabalho enrlquece, llU$tra, c1' deStreza com o
bJbllo; mas $ f encadea;to. mÓ\'t.il eaoeaw q"Ue constituem. e.sct'll•
• A posição Ideológica do dr. Deustua no debate da instrução 'idlo da alma; o mesmo~ cb ~pelo tnh.lho, que lmtoduz
pública ostentavn todos os atributos omaroentais necessários Mie a leUddade o • al~ f •&ollua como os demais; 1 liberdade
pani tmpression:ir o temperamento ocamente ret6rico e ~•. nAo ...- dek; a IJben!ade 6 eomllOlcada pelo ,aJor moral e ~co.
ma16rio de nossos íntelectuals. O dr Deust:ua apresent11•11.se em .);
A própria clbc!a, que de ceno modo ed""" dloclplinando a ativld.tde
suas dlssel't!'ÇÕeS meuúíslcas sobre a educ:ição como o afumador "°""*'~ ordenando-ti com o mftoclo dcduth'O ou fa\'O~do sua

do ldc.u.m;o diante do poslú\1smO de seus conuadltores medidos lunçio llltuld'' com suu lndu96a, o chamado •1&or l64Jco nllo 1.,..
e óomplacentes. E esces, cm lugar de despir de seus parâmetros ao ttalxúho esse elemfllto da Ubcrdede que oonstltul 1 ~ela d..
61os6Acos o espfrlto antidemocrático e anU-soclal da concepção personalidade humana o trabalho pode contribuir para. espo.'lSão do
do dr. Deustua, preferiam deduar seu respeitoso acatamento dos up!rlto mecllaute a r1<1u- DU1torlal q,.. produi: mas essa exp:uisao
' J altos !doais que mo\iam esse ontedr4tlco.
No e.ntantO teria sido fácil demonstrar que as idéias essenciais
podo ocr mu1 .... veaes stino do lmpulto ceao do •&otsmo; poddr-sc·I•
dtur que geralmente é assim; e encAo nllO al&nl8ca venLule!ra llbei-
do dr. Deusrua não represenuiwm, no fundo, wnn corrente do dade; liberdade lntotlor, UbenW!e moral ou catéUca; a UOOdade que
·tdeaUsmo comempor4neo, mas sim a \oelha mentalidade arisi.o- constitui o 8m e o oante6do da eduC99'10."'
cnltlc;a da casta lati/undllltll!. Mas ninguém se encarregou de es· Essa concepção do trabalho. ainda que defendida pelo dr.
clarecer o ,.,,rdadelro sentido da reslsi!nola do dr. Deustua a uma Deustua há pnuoos anos, é absolutamente medle-'111, claramente
reforma mais ou menos democnltlca do ensino. O ,.,,rbalismo unl· anstocratlca. A clvlfuac;ão ocidental repousa totalmente sobre o
\"el'Sitúio perdia-se nos caminhos complicados da abitrusa dou· trabalho. A sociedade luta por se oriao1ur como uma sociedade
trirui do reacloohio professor cMl1$Ut. O debate, por oucro Lido, de uab:alha.clores, de produtores NAo pode, ponanto, considerar
se descO\'Ohis exdusframente dentro do partido cMl, no qual se o cralnlbo como uma servidão. Tem que exaltA.·lo e enobrecê-lo.
contrnstA\'lllD doiS espíritos, o do feudalismo e o do capitalismo,
com o segundo deformado e debllltado pelo primeiro.
lo rtfonna de li ler de lostnlCClcln·.
..... pn>pdolco .,. "" cuatlonariO -
Para ldeatillcar o pensamento do dr. Deustu4 e peroebtt seu ColeçiodeanJ&os, 1914.latp.)f.A. D•MIA,p. 56 \'cj.o•M wnbéml.aculnm>
fundo medle-'31 e aristocrático, bnsui estudar os preconceitos e ._wm ltá11a. Ll"'4.1912, & ~. " " - ' • pp. l45 e o<gulntes.

1S4 JSS
o - .. - - -
& nisso não i! possfrd \"et um aentlmento tn1eressado e ez. O d.r. DeWltWI, em seus estudot, praticamente s6 se prcocu·
clush'O da clvill&ação do Ocldco1e. 'ltnto a.s pesquisas da Ciência,
quanto u Instituições do esp!rtto, DOS Uumloam pleo•mente. O
destino do homem é a criJlção. E o trabalho 6 criação, o que quer
-- p&\111 com a educação das cla.sse8 clC\ud.u ou dlrlgcnres. Todo o
problema da educação nacional consistia, pera ele, na educação
da dite. E, 6 claro, essa elite não ena outna se nJo • do pTMlégio
d1ur libertação. O ho~~ se reallu DO seu trabalho. beredltArlo. Por consegulote, todu u suas preoeupaç6es. todas
Oe\~os à es<!raviução do homem pela oúquina e à destrul· ., suas w&ênclas, esum.m dedicadas ao ensino unh>erslt4rlo.
1
çlo dos offcios pelo industrlaJ!smo, a ddormação do lrabal.ho em Nenhuma atitude pode sermals oootrãrla e adversa que cstaeo
1 seus ftns e em sua essência. A aeuaação dos reformadores, desde pensamentO educacional moderno. O dr. VUIArd.n, a partir de pon-
John Ruak1n até Rablrultaoath Tagore, censura \>eemeotemeote o tos de vlSta ortodoxamente bw&ueses, opunha com razão à tese
capitalismo, o emprego embrutecedor da m4qulna. O maqulDls· do dr. Deuatua o exemplo dos Estados Unidos. recordando que •a
mo, e sobretudo o ta)'lorismo, tomarom o t1'obe.lho odioso. Mas escola prtmh!A foi ali a premissa e o'cl.n1éccd~ntc histórico da se·
openas porque o degradaram e o rebaixaram, despojando-o de SUA oundárla; e o aollege o precunor da unlvenidode"."' l'l:>derfamos
\>lrtude de criação. boje apresentar, a partir de pontos de vista mais nossos, o exemplo
Pierre Hrunp, que eser.,.-eu a epc~la do trabalho em Ih.TOS do M6x!eo, pefs que, como diz Pedro Hcnnquei Ureiia, não entende
admtravels - La pâ1te d.es hommu - disse, a respeito, palavras de boje a oultura da mesma maneira como no século 19.
rlgOl'OS4 \'etdade: !\lo• pena na cultma mnao1•- ~ Hedrlques Urdia - na~
A~ do homem se ...d...• fazer bem - ollc!o. O >elho amor oo .. do capital cllsWç8do de llber•llsmo. wltura de dllewiteo ezclu.
o6clo, oposaJ" ela toeledade. 4 a sah-.çio ION1. A habi( klade elas mAos do 11\'lsUI, qu1nw om:lldo, onde .. oulth...,. 80tU an.iftct.als, cone de
homem nio cance ~ ortulbo. oem m - - labores m.i. bmm. Se nwflm, onde te gwmla<.. a clftlcb morta noe muaeus. !'lema.se Jl3 cuJ.
o desdlm IO mbGlho eslct!W' em cada um. como' senlldo pdu peso wra ....,W, o(eRCfcla e dada realmente a todo. e fundada no tnbolho:
oou de inlos brmcu. e se os ~os aio conúnuassom em seu ofrclo apre1>der 6 não apenas apnader a oonb~ como taniMm fl'T<'!Ôtr
oenlo por cooçio, """ enoam:rar •m Na obra nenhum pruer do esp!ri- a (aur. Nlo de\~ ~.cultura, porque MNI f.tu • efêmera, onde
to,• mslandntem e a corrupção onJqullariam o PQ\'O desespendo.uo do exlsui a wltura p0pu1Ar.w
Esse tem que ser também o prlnofplo adotado per uma socle· Nem preciso dizer que subserC\'O 1otolmcntc esse conceito em
dade herdeira do espfrlto e da t1'0dlçllo da $0Cledade localea na conllllo aberto com o pensamento do dr. Oeustua.
qual o óeio era um crime e o trabalho, amorosamente dese~pe· O problema da educação cm colocado pelo dr. Oeustua num
nbado, a •irtude mais alta. O p<?osamcnto aroaleo do dr. Deustua, terreno puramente 6los68co. A expct1anc1a ensina que, nesse
descartado de sua ideologl:l até por nossa burguesia assustada e terreno, com um desdenhoso abandono dos (atores da realidade
dcsorten1oda, descende, em troca, e cm linha reta, dessa socieda· e da história, ~ impossí"el não somente resoh-6-lo, mas também
de 'ice-reinai que um eh11isw "prudente" como o dr. Javier l'rlldo conhec!·lo. O dr. Deustua se manifesta Indiferente às relações do
nos dcscrC\-eu como uma sociedade de molcu sensual. ensino e da economi2. Mais ainda, a respeito da economia mOStra
Não apenas SUB CODC~O de trabalho denuncia o sentimento urna Incompreensão idealista absoluta.
aristoclitlco e reaclooúio do dr. Deus1ua e precisa sua posição Seu receituário. por isso, além de an tldemoer!tico e antl-so-
Ideológica no debate da IDSU'UçâO pública. SAo. anres de mais clal termina sendo a-histórico. O problmui do ensino não pode ser
nada, seus conceitos fundamentais sobre o cosioo que definem bem' compreendido em nosso tempo ~ n5o (or considerado como
sua tese oomo uma tese de lnsplr.lçlio feudal.
-
'
... F. i.....bro. ~·~ ,,,..,,.. ......... Docxlôme o111• • p 1 n . ...
UI \t. V. \"Utmn. OJL dr.• p. S2 .
P lknrlqucs Uroil•. t•1opfa d< Amtrl<o.

156 lSi
um problema cconõmlco e como um problcms socla1,'0 erro de dade de produtores. A Escola do 1'rab:ilbo reprcsent.11 um DO\'O
muitos reformadores oorulsllu em seu método abnrotamerue ldea- sentido do etulno, um principio pecullar de uma cMllUlção de
llna, cm sua doutrina exohm''llnl~U pedagógica. Seus projetos trabalhadores. O E6tado capitalista MIOU adot4·lo e aplici·lo
lgnornnun a engrenagem Intima que exlste entre a economia e o plenamente. Umltou·se a Incorporar no Ctl$lao primário (ensino
ensino e pretenderam modlll~ este, sem oooheccr as leis daquek de classe) o "trabalho manual eduoatl\'O~. Foi no Rússla onde a
Flruilmente, não acenanun reformar nsda a nio ser na me4ida em Escola do Trabalho foi elevada ao primeiro plano da politlca edu·
que as desprendas, ou simplesmente Ignoradas leis econõmioo· caclonal. !\a Alemanha a tendencla para experimeatá·la se apoiou
sociais lhes permitiram. O debato entre clássloos e modernos no prtnclpalmente no predomlnlo socJaldcmocnlla da época da re-
Crl$1nO não foi menos condlcionado pelo ritmo de desenvo1'imento \'Olução.
capltal!sta que o debate entre conservadores e llberal$ na politl· E a relonna mais substanchtl brotou assim no campo do ensi-
ca. Os progranus e os sistemas de educa9l10 púbUca, na Idade que no primário, enquanto que, dominados pelo csp(rito conservador
agora. decllna, dependeram dos Interesses da economia burguesa.
A orlentllção realista ou moderna Col lm~. ames de mal$ nada,
pelas necessi'dãdes do- lrulustriallsmo. Nlo é à toa q-;;e o Industria·
l!Smo ~ o ~n&neno peculiar o auh6tantl\'O desta civilização que,
1
de seus reitores, o ensino SC<lUDdário e unl\'erslUlriO constituem
ainda um terreno pouco prop(clo a qualquer tentativa de renova·
ção radical e pouco sensível à nova realld:ide ecoaõmlca.
Cm conceito moderno da escola coloca Dll mesma categoria
dominado por suas conseqüências, exige da escola mais técnicos o trabalho manual e o ttabalho Intelectual. A vaidade dos rnnços
que Ideólogos e mais engenheito$ que reitores. humanistas, allmentada de romantismo e aristocracia, não pode
/ A orientação antlcieruífica e antleoonõmlca no debate sobre o Udar com essa oh-elação. Em oposlçlo ao lde4rio de$ses homens
ensino pretende representar um Idealismo superior; mas se trata de letras, a Escola elo 'ITabalho 6 um procluco genuíno, ums oon·
de uma metafísica de reaclonirlos, oposta e esllllllha à dlreçãnda ... cepç!o fundamental de uma cMlllaçAo criada pelo trabalho e
história e que, por conseguinte, carece de qualquer \'Blor concre- para o trabalho.
to como força de reno"ação e elevação hum~ Os advogados e
'
lltera.tos procedentes das classes de bwnanldades, preparados por 1. •••
um en$1no retórico, pseudo.Idealista, foram sempre muito mais
lmorllis que os tkoicos provenientes du faculdades e Institutos No decurso de$te estudo 16 me propus 11 esclarecer as Unhas
de ciência. E a atividade prática e teórica ou. estética desses úJ. fundamentais ldeoló~au e polltlcu do processo dn l1Utrução pó·.
tlmos seguiu o rumo da economia e da olvllJzação enquanto a bUoa no Peru. Prescindi de seu aspecto t&!nlco que, aMm de não
atividade prática, teórica o eStétlca dos primeiros se condlolonou ser da minha competencla, est4 subordinado a pri.oolplos teóricos
freqüentemente pela Influência dos Interesses m<lls vulgares ou e a neces.stdades polillao.s e econõmlcas.
sentimentos coosen-adorcs. Isso al~m de que o ''lllor da cll!ocla Constatei, por exemplo, que a bcranço esp;i.nhola ou colonial
como estimulo da especulação filosófica nAo pode ser desconheci· alo consistia em um método pedagó&Jco e sim em um re~ime
do nem subestimado. A atrnosfena elas Idéias desta ciYilização deve econõmlco-social. A lnBuência francesa se Inseriu., mais tarde,
à ci!noia certamente muito mais que às humanidades. Des$C quadro, com a compla~c!a tanto daqueles que \.iam na
A solídâriedAde entre a e<:aoomia e a educação se re-cla con· França a p4trla da liberdade jacobina e rcpubli02DA qUAOto elos
eretamente nas ldéies dos educadores que \'Crdadelrameate se que se lnsplnm1.m ao pensamento e DA prática da restauração. A
propuseram a renovar a escola. l'l:staloz.tl, Froebel etc., que real· lnflumcla estadunl<knse finalmente se Jmpõs, como uma conse-
mente trabalharam por uma rcno,'&ção, levaram em conta que a qüência do nosso desenvolvimento C8Pllallsta no mesmo cempo
soclednde modern11 tende a ser, fundamentalmente, uma socte- que da Importação de capitais, ticnlcos e Idéias Ianques.

158 159
Por baixo do conftlto de ldeolotla e de lnJluenc!a, percebe-se O problema do analfabedsmo do lndlo termina sendo, iinAJ.
claramente, no úldmo período, o conlJ'Ute entre wna afumação mente, um problema multo m.alor, que ultrap&SSA o maroo res-
capitalista crescente e a obstinada reação feudal e arlswcrtttca, a auo de um pia.no Simplesmente pedagógloo. A cada dia mais se
prtmetra defensora de um ensino do or1eouçlo prttica, o setun· compro"• que alfabetizar nlo 6 educar. A escola elemenw não
do de uma orientação pseudo-ldeallsta. 1cdlme o lndlo moral e socialmente. O prlmcln> passo para sua
Com o nascimento de uma corrente soclallsla e o aparecl.men· redençio tem que ser o de abollr sua tervlc!Ao.""
to de uma consciência de cl:lSSe no proletorlado urbano, passa a Essa é e te.se susrentada no Peru pelos autores de llma reno\'a·
Intervir no debate um nooo fator que modifica substancialmente çio entre os quais se encontram, na primeira rua, muitos educa·
seus termos. A fundação das unlvonild.adot popultru "Oom4les dores Jo,oens, cujos pontos de •1sta 1tparecem JA distantes dos que,
Proda •, a adesão da juventude. uolversltl.rla ao principio da so- numa medida, ainda que eategórlca, oposição à ldeolotla colo-
chillução da cultura, a asoensllo de um 0000 ldc!r!o educacional nial, sustentou h4 25 anos o dL M. V. Vlllarán, com os resultados
entro os professores etc. interrompem definitivamente o diálogo medíocres que vimos ao ,.xomlnar a genese e o dcscnoohimeoto
erudito e :icadêmlco entre o espfr1to democritlco e liberá! but' da reforma de 1920.
gub e o espfrlto latlfundiárlo e artru>critleo. w
O balanço do primeiro século da república ae fecha, no que diz
respeito à educação pública, com um enorme passh'O. O problema
do anallabetlsmo lndfgen:i esti quase Intacto. O Esudo até hoje
nAo consegue difundir a éscola cm todo o território da república.
A desproporção entre seus meios e o wnanho da tarefa é enorme.
Para a efethoação do modesto programa de educação popular, au·
torlzado pelo orçamento, não existe quantldade suficiente de pro-
fessores. A porcentagem de normalistas entre o pessoal do ensino
primário alcança menos de 2016. Os rendimentos atuais das Esco-
las Normais não permitem multas Ilusões sobro as possibilidades
de resoh'er esse problema em um prazo mais ou menos ourto. A
cnrrclra de.professor de ensino primário, ainda suje1t.a no Peru
aos •'CXames e contaminações do gamona118mo e do caciquismo
mais cst6pldos e prepotentes, é uma carreira de miséria. Ainda
não é assegurado aos professores uma CJtabllldade nem mesmo
relath-a. A queixa de um reprC$eotante no contresso, •costumado ~
o encontrar os professores lntegrados em seu ~ülto submisso,
peso no critério o6cial mais que a folhA de sel'\1ÇOS de um profes-
sor correto e dttno.
-7
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&spr...ao .i. oficfttoç.lo n..,...don doo norm•lh1u >Ao u publlo.ç6cs opo-
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rtcld3t em Um3 e flli prõ\i'nclu not illtlmo. anot: La Rttista Arucma de ~ ,,..... na lt,(l•lotutll de 1927, .-nh-.i • •1nculaç4o do probl...,. do cdu-
Uma. J926; RcN:a dtl ~!••"'º c ll<dola de Educoci6n, Tarma:
tdw.><{411,
/d.Orlo~. Arequlpa: ti Educ:odo> Andino, Puno. ... tt~lo trtdlccna e o probJ~m• da Ct"rra. 1eehondo unua realidode tn,-:.rbt'C'I·
n~n1c cih1dld:1 pOT seus fU"tdtcenores ncut e.rio..

160 t 161

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