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HISTORIA SOCIAL
DA PSICOLOGIA

Organizadores:

Francisco Teixeira Portugal


Cristiana Facchinetti
Alexandre de Carvalho Castro

NAU
EDITORA
PoR QUJ~, FAZER UMA
HI)TÓRI A SOCIAL
DA PSICO LOGIA ?

Francisco Teixeira PortHg,1/


Cristiana Facchin ett z
Alexandre de Carmlho Castro

Ao longo de um curso ou programa de estudos em


Psicologia, na maioria das vezes, o professor tende a ensinar
as teorias psicológicas de forma sistematizada , através
de uma organização didática que privilegia e estrutura
os tópicos de acordo com sua relevância e amplitude. De
fato, é mais rara a opção por uma organização temática em
função da cronologia dos eventos, pois como os teóricos
constroem suas proposições através de idas e vindas, inclusive
ambíguas e contraditórias, tal
escolha pode representar pou-
ca clareza didática. Afinal de
contas - podem pensar muitos
professores -, por que perder
tempo esclarecendo as ideias
que Freud posteriormente aban
danou? Não é melhor ir direto
ao assunto?

11
. . ··e· ri:ritil·:1 que :1s sal:ts dl' a ul:t d:i
· i j l qlll- :--
;\~st!ll senL n. ' .· ·nlúaic o :do m :u· s CI rcquc nra d:is n,;..,..,(' P<' h
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nI.. 1fll 'l de esruu 0 :-- , . . . · .
d· 1ires fazem tal d1sc1pl111a específ ica.
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1..k um pro~ _· · ou le1turas pessoa is . h . ., e ,nv.rt:ir1,,, r tn ;i 11::i.
. . os esru .1 · ' ">o rc a<,pecrr, ., h e
Por isso me 5mo, , . ,. s •w revend o uma t a re fa enfad onha" famoso s - tai s com<J W irr#anco-, dl'.' t{'.'r1r ,,:-,~,
. e ·orn O pe arr,1., • . k. . at5on )k1nnc f d
meio qu L , d ras e acontec i mentos p a ra depois ter V. 1gots 1, Piaget e Jun g d . ' r, reu , Lai..ar1.
de decorar nomes, , ent re c;utro\ ah
a nos restes e prova A . o interes se h istórico .
J •. s. ss1m, c h egam a - rem porta, rua
de detalhar ruuo isso . ' . )
devemos estudar H1ston a. Esse interesse inicial .
perguntar: po r que . . de um handbo ok o u m 'quledpode _a re '> urgi r pelo e-,;,tudo
insistência nesse ttpo de pergun ta ate, levou anua e Ps1colo ·
O ra, a aprese nta a consist ênci a que d . g.i a, nem '>tmpre
um certo historiado r francês chama do Marc Bloch a dar evena ter. Isso po rque h
uma resposta bem-hu morada : mesmo que a Histór ia fosse estu d antes que· se posicio nam f rente ao estudo da H istoriaª
incapaz de outros serviços , ao menos se pode dizer em seu como se estives
• sem num museu clássico. passam d
e gal en a
favor que ela serve para divertir ! (BLOC H, 1997). Bom, em ga 1ena, contem . pla ndo os fa tos e o bsenan . d o os. ane-
nesse ponto, se há uma coisa que ningué m pode negar é f atos, sem quest10n arem a razão pela qu a l as c01sas . foram
arruma d as daquel a for ma . O u ainda · , os momo ... s que
que nos divertimos em conhec er a históri a das coisas que
1evara m certos quadro , s pa ra as v1tnnes · · · · a1s
pnnc1p · e ourros
gostamo s (e há quem goste de Psicolo gia!). Uma prova
para stands. em vest1bulos secund ários· Como se - b
disso pode ser vista nos passeio s promo vidos para turista s, ::.a e, os
museu,s .mais tradici onais , apresen tam uma H. . .
porque existem muitas pessoas que consid eram visitas a 1stona ce-
lebrato na e monum ental. E a Históri a dos grandes nomes
museus como um entrete niment o dos mais prazer osos.
e dos grande s temas.
Realme nte, o estudan te freq uentemente tem contaro
Estudar a Históri a é como visitar um museu ? com_ as Históri as psi como narrati vas de um objero cu jo
surgim ento não é muito questio nado. Nesse hipotét ico
museu clássic o, a palavra "psicol ogia", enquan to siono lin-
' •
gmstic o, tem a funç ão de ser o guia que tanto conduz b
o
o . - '.¼ ,. - o visitan te pelos diversos corredo res, quanto organiz a roda
,,,.

a exposi ção do passad o. H á mostras, souvenirs, galeric1s e


pedesta is especiais para a consciência, o inconsciente, a men-
te, o psiquis mo, o compo rtamento, a condut a e a inteligência
o (só para citar alguns dos mais fa mosos conceitos) . Dessa
Do pomo de vista de u fo rma, express ões como "a psicologia entre os gregos", ou
meçando a ter m eS t udante que esteja co- "a mente para Descar tes", vão se tornan do co rri queiras co-
comato com a H.1st , .
algumas coisas que d ºna d a Psicol ogia, h á mo se estivéssemos frente a uma estátua , situada em cima
po em ser de st ªca d a s. As
' vezes o inte-
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12 13
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n.1 j h31 w~- n 1ou n •.~ 111 · ·
u,eus- 1, ão há jamais rasi eiros nas desco brir a ve rdadeira hic.<;hQ'•;, ,,.,1 • ,
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ro. Je l 1ue cm r.w, . .~ A eles cabe apenas a função de .
o modo mais correto, <,u rna 1, ..~ fic.•.,n
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r Jrede!- e no. t0 .., ns1ran . . tes que transitam pe os corre ores
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gi a, a atitud e deve ser totalrnemt d,ieren • . ( J , nu.1:r1-n....,.
.1 - • • ... j
tirru r:1 relll en rre . . I" é questionar os "porquês" pelo-, 4 ua,., a Hht (,,1.1 e feH ...
- . .. arre universa ·.. . . .
obsen·ando .1 _ H'stória da Psicologia na condição Assim, em que pese o fato de que. en.·;1~ualmt"' ·{', :-i • .-.
Conrei~pL1r ª :eu contudo, implica aceder a um aulas e leituras so bre Psicologia, ,<,mo, t:Yt.>nwaimena
de quen1 ns1rad umteoria mu '
e da verdade do que o autor disse. convidados a visitar mu seus, e preci~ pt:rce~r que • ;t -
conhecimento a b d . levância de se fazer Históri a dos sabere::. pscdt'corre de um.:i
. b, mesmo sem perce er, repro uzu esse
Impli ca ram em, . , • f constatação importantíssi ma: uma Histona Social cnt1.:J
. e valorizar a Historia como se osse, na
modus operand1 • , • d· da Psicologia pode ser impresci ndíve l para desarrumar o-.
melh or das hipóteses, uma enciclo~edia eru 1ta sobre as
museus, desnaturaliza r algum as ideias fixas, e comestar th
·d · d
1 e1as e au o
t res (e a verdade ou a mverdade desse ou da-
fatos consumados (por efeito, não e sem moriYo que. ma1:s
quele comentador sobre esse ou aquele ~sp;c_to de su~ ~bra).
recentemente , museólogos mais anten ados rém perceh,do
A analogia entre o estudo da H1stona e a v1s1ta ao
essas questões e buscado se atu al izar).
museu, portanto, serve para o estudante se questionar Em outras palavras, fazer História e desfaze r museu~.
acerca de sua postura. Dessa forma, vale lembrar a premissa O que pode significar também, no escopo de uma H isroria da
ingênua da conhecida comédia Uma noite no Museu Psicologia, bagunçar um pouco as arru mações trad ic.ionai!>
(2006): uma disposição estática de fatos históricos pode e reificadas - como no roteiro do referido fil me americano -
ganhar vida de repente. Sim, é possível rir bastante, face permitindo que monumentos rígidos se movi mente m pa ra
ao inusitado da situação, das dificuldades de um vigia res- outros lugares.
ponsável pela manutenção da ordem, quando ele descobre
que todos os seres do museu ganharam vida após o pôr-do- Caminhos e armadilhas: precauções metodológicas
so!. Mas é igualmente possível rir da metáfora do controle quando se pensa nos porquês de uma
d H'15: 0' na
! . 1 História da Psicologia
1
pe os museólogos, nos casos onde esses tais
sao ng1dos · fl ' ·
. . e m exiveis para determinar e conservar peças
a~bit;anamente classificadas como tendo valor histórico ou Os historiadores da Psicologia concordam, em geral,
cientifico. De fato há d. ~ . " . que devem pesquisar O surgimento da Psicologia e suas
' uma certa iversao uornca em pensar
como as estátuas d H' st ' · d derivas ao longo do tempo. No entanto, _esses asp~cto~
ª i ona a Psicologia podem interagir·
em novos arranjos, novas arrumações. nem semp I·e sae•Vo adeqtiadamen te _p roblemanzad os, pois ha

14 15
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1111 . ' m os lT,1111 o ~ 1.l 1d n .,,
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. b :ik uns c11r c:t · . ra mbém é neces sa n o p erce-
~ , ' l Jf_ 1 Cn(lrl(.;; l(Tit., ,nr,j . ()\J
ni,11K · •. . .' s fo n t t'S , tll.1 5 seia, porq ue ::1tu::i l rn t:nr c ::i p,, iv>l'>P:J e cr,:ile:-iid;i '-''i"l ·, um
rc:sq uis.ls J1111ro ·1 · • . nrecisam estar bem clar. as para os sa be r organ izado <: t ran · · d
-n , quesro es t
1-,er que cer . .
'>m1ri q tm \.:ll r , , ,., un•·;•_r -., · J r ",-.
1 om esses temas . e associ. . ações, com p· rát1c:1<, lcv•ci
., envo ver c •. ,,.,. mad.....
... ., por ,u;i H 1-. ·r, na
no senti'd o de co-
ue querem st • da Psicologia, .
q . , . emerge,nc1a e cot1d1a mdad e, te nd emo., a bu .. ta r n<> pa ., d
a <, ª'. ." -..e -
melha nte, corno se naquela t:poca ª" cc, 1, ._ f{,,i_e;-"1 !cr,.,.,
. . .
Pesqws.H ª .d texto histórico, significa eviden ciar
7 .,

. em da o con . " . ' 3 rJ


mo ela surg!LI , . e fornec eram consis tencia a Psi- são atualm ente.
d. ões prancas qu . .
as con iç . . dizer que cabe ao histor iador atenta r Dessa form a, há a necessidade de um a n:flexã o pn,-
1 ia Oques 1g111 6ca . " .
co og · olíticos sociais, cultur ais, seman ticos, funda . O histor iad or, em lugar de se conten ta r co m as.
para os aspectos P ' . f
. . . · d ssa História. Pois, con orme e, noton , .
o, a
origen s desse processo e celebr ar o estado arual de 5ua
msnruc10na1s e .
.1srona
, . i·da com transfo prátic a, deveri a tam bém anunciar as diferenças em nd açã,,
rmaçõ es e difere
H 1 , nças. ao que somos . Dever ia mostr ar o que faze mos hoje, co mo
Diferenças essas que a levam tambe m ao emba te entre
psicól ogos, inclui ndo o que se tornou , pela confro ntação
0
que concebemos atualm ente e o qu~ e_nco ntram os no pas-
com o passad o, invisível em nossas pratica s. Po r isso, em
sado. Assim, nessa tensão que explic ita um passa do em
vez de celebr ar os grand es no mes e as grandes te orias - ou
constante relação com o presen te (e com nossa s preten sões),
mesm o desco brir novos nomes e teorias esq uecida s que
é que se estabelece uma Histór ia cuja referê ncia ao mome n-
també m deveri am ser festej adas - a rarefa do histo riador
to inaugural apazigua e silencia: "Eure ca, foi desco berta a
deve ser a de "bota r o dedo na ferida ", problemariz.a ndo as
verdade histórica - exclama alguém entus iasma do - não
prátic as atuais pelo confro nto co m as do passad o.
há mais o que debater" . A versão do histor iador, calcad a
Para aquele s que começ am a se avent urar pelos ca-
nessas supostas comprovações histór icas, torna -se então minho s da Histó ria da Psicologia, há semp re a remaç à o de
"A História", sem que suas escolh as metod ológic as tenha m seguir pelos camin hos já pavim entado s. Um desses ca minho s
sido sequer problematizadas. tradic ionais para config urar a emergência da Psicologia no
, ~u_scar a emergência da Psicol ogia no Brasil , visand o Brasil é aquele que remete a um passad o anterior, ao passad o
a explicitação de uma t · ou d. . .
eona 1scip1ma envo lve uma europ eu e norte- ameri cano. A Psicologia no Brasil, dentro
escolha que diz re · , d' ' .
~ · sperto as con 1ções de produ ção e cir- dessa abord agem histor iográfica , se ria então deriYada da
cu 1açao de conhec. ( '
unive 'd d rmento geralm ente relaci onada s as Psicol ogia estabe lecida em outro local. Este proced imento ,
rs1 a es e centros d . . contu do, não apena s transfere a questã o da emergência d a
tucionais b - . e pesqm sa) • Tais condi ções inst1-
ras1 1eiras ao lo d , Psicol ogia a outro tempo e local, corno també m impõe nova
profundament d'f ' . ngo O seculo XX, se mostr am
e 1 erenc1adas questã o: como ocorre u a transf erênci a , recepç ão, circulação
países europeus d A , . se comp arada s com algun s
e a menca d 0 N deste conhe cimen to de um local a outro?
orte (1oca1s . em que a
16
17
. . ,111 ri p.PS , n o c 11 t :11Ho, h~
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.. 1111110s • O r,1 1tr r1 r(·nw, d,, c.-, r r;1d.1 ' . n.; ·n•r--;, re.,a_:i,,
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t . u na Europa nos seculos
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. jt,co se . 01 111O noçã o ele Ps icol ogút, í~ '"' prc::-<. o nc.dwJ.1 - · ;-, -•, :,.,
1 .., ·iinenro (i ent •da se espalhado. pelo mundo . investigaç ão, expe rim enta um " n a'><.Í m em, , ·. 1, ,0nJ'~. ·• ,nd•,
con11-L d e!11 segui
,·vr e ,XVII. ren .º . d.L O essa perspectiv a eurocêntri - à luz extempora n eam ente. A.,.,1m. embo ra },a 1a ;.·~ ·d-. n-1..
·" - nror in ian '
Segtll1do esse e~c . de dominaçã o calcada em bases encantam ento n a de scoberta de documr:nt <J'> h•von,,,, ..
, . nn forma
c:.1 consiste nu · . f , eis No livro, sua argument ação fontes important es - a sp ecto, em gra nde pa rt e . r~-.po ,,and
. ne muito rag . h .
hisroncamei te a relevância do con ecimento pelos comentár ios inaugurai s que expres.-. a m u m t'"i Jdo
. - exuberanremen . 1 .
expoe _· , d. (ou em encontros mtercu rurais) para talvez incipiente da Hi s tó ri a da Psicologia h:ir a n o Bra,d -
roduz1do -na d1n ia pensament o usua l mente atn"b ui' d o aos é preciso ressaltar sempre a necessidad e de se aprofu nd'-u ;1<-
P .
contormaçao e um .
. , . . reflexões metodológ icas sobre tai s quesrões.
ingleses, isto é, à Europa oCI_dental.
No caso da Psicologia no Brasil, e preciso evitar Nesse sentido, o que deve ser e\·ir ado e ra l Yalo riz.ac ão
arribuir muito rapidament e científicid ade a saberes cujas do "miraculo so" momento em que uma Psicologia encontra
características poderiam ser mais ricamente objetivad as se suas bases no primeiro laboratóri o, na p rimeira mençã o ao
não cientifi.zadas de antemão, principalm ente no final do termo Psicologia , do primeiro li vro de Ps icologia e as~,m
por diante (até porque nesses discursos on de o hisro rjador
século XIX e início do século XX. Ou seja, não se deve
descobre a suposta "origem" de dada ide ia psicologic a . o
distribuir açodadame nte rótulos e enquadra mentos de
que ocorre, de fato, é uma atribuição arbitra ri a em funçã o
"Psicologia científica", mas contribuir para a construçã o de
de um pré-conce ito geralment e já subjacenre no s ohi cr i,·o:.
uma História local da Psicologia ao mesmo tempo que se
do próprio pesquisad or).
reflete sobre o próprio estatuto da Psicologia como ciência
Ao historiado r cabe, portanto, fornecer consi s rê nci a
e como prática social.
ao que foi chamado Psicologia , tenha sido isto uma teo ria.
Nos caminhos das análises históricas entretanto há
· · lugar, corre-se' o risco de se ' li- um jargão com fins táticos, um laborató ri o ... Não d á para
duas _ .ªdºlh
arm 1 as. Em primeiro
sucumbir diante do senso comum , ou ceder frente à opinião
mitar a discussão h · t ' · ao estatuto de científicid ade que a
. . is onca
Ps1colog1a no Brasil t . ~ pública. Assumir o "primeiro " surgiment o da palavra com o
model .d ena, ou nao, pela dificuldad e de seguir o prova de seu começo pode ser, no m ín imo, simplific:1 r
o oc1 enra 1 Not 1
no caminho d · a-se e aramente que essa armadilha fica a História .
., e quem conceb p · l ·
c1encia já bem . , e ª sico og1a como sendo uma
const1tmda E
ou como um sab na uropa e nos Estados Unidos,
er que se p d d. . ' .
transferida unilat 1
f, era mente
° e izer cientifico quando foi
. '
ormulação historiog , fi para O Brasil. Neste sentido, a
ep .f. ra caquem antem '
en ena reprodu . as categorias centro
zem tngenua .
mente a hierarquiz ação.
18 19
·cessidndc J c se Í:lz.cr
~ l1 á. :t nc · • . ~ A <, •, 1111 , va i(' rc'!,,d t;ir qtr(' ,1 qw.:i.t,J<I rlrHtr •cku.:i Je~f.(
•111 ~o.
_ ,,, 01i,·os, e_ ~ d-:1 Psi colog••"· tr.:xto c'> p u .: i fi o 1 :i ind ,1 , , r·11t<·n cl1rrwnt ri r· . , , ,,11\•f1J~l<,, n.u>
r or qul Hisron:1 s ..
d a Hi st<)r ia , ITl ,l ', d;i f l i<, tr, ri ;1 ri(/ Í' <1r,,l,,,,tl. b, r ~:r .il: ,.;,,
. clJ)Ítulo pe rmite m i111a-
Jid:1s ne~re . . . . qu e const itui se mrrc u m r.: ;,;1:rcíc. 1,, h, ,r,i nv, ri;t e• ,. J,J;,
nfn r.1 ~ :1lt 1c d 11111 •1 estrada velha, cheia
.As nie · . -i.:orren
_ .,,o:1:- pt 1 .
° ·rradic1ona
· . . I. museu, como
em qu e, se há H ist6ri a <.b P<,íi.:cil ,,,çi~ . é ce rt .'lmer•(.' p<>r 1ur
"i n ir :1~ pt . - vi,;1t:H um " - a Psicologi a se co nst ituiu por um c o npintr) de ' 1pe:-at,.<>e11
t" · • • J'lh:1s. p:H:l • . _ tais como: nao mexa"
dr :H t11.l ( , ·, h;Í cartaze!, . ' . ' hi stó ricas . Este prim eiro ca pít ulo cl <, 11-;rrJ prrJUJr<,•1 vit:ã,,.
. 110 s qu:1 - 1 d. ,eia". Diante desse cenano
1 que 1e~ . nh·i
A
1sta1 , logo de saída , questi o na r a natu ral idade da p.,,ç,ilcJ,:.1a ~
:. - roqut:" , ''fllanre ' •ra clareza à pergunta da razão as opções histó rica s maj o rit á ria s, pa ra evitar uma a m udt:
na 0 . d -om mUI .
P
ode-se re~pon er HL . ' ria da Psicologia. subserviente que aceita a priori a imp osiçao m1::t1 >d rJ log_Jca
por que fazer u
ma isto
d 5e trabalhar em pro
1 d e uma
de limites e orientações hi stori ográ fi ca s.
rarefa e 1: l
Ora. 3 • . I gia entendida de 1orma p ural e
, . 5 .· J da Psico o ,
Hisrona ocia , pre relevante porque permanecerá
.f . . da sera sem
mu ln acera ' uma tarefa inacabada. Afinal de
. ,amenre como d h" ' .
connm _ . smo uma suposta "verda e 1stonca"
conra s nao ex1sre me - H" ' .
' d b rta encerraria a questao. As 1stonas da
que, ao ser esco e , . . _
. ·
Psico 1og1a, so bretudo , podem perm1t1r uma compreensao .
maior da realidade presente pela recorrente pro~lemat1za-
çâo histórica dos temas que se encontram atualizados, no
~arpo social, num dado momento do tempo. Ou seja, em
cada época, situação ou contexto, tanto sincrônica quanto
díacronicamente, as questões que o historiador enfrenta
são qualitativamente distintas.
Éindispensável frisar, porém, que o entender e o fazer REFERÊNCIAS:
História da Psicologia estão relacionados intimamente, mas
não são elementos idênticos. Há casos em que a História BLOCH, M. Introdução à história. Lisboa: Publicações Europa-
é feira, um texto interessante é construído, e somente a América, 1997.
posteriori o historiador organiza sua atividade historiadora RAJ, K. Relocating Modern Science. London: Palgrave Macmilbn , 2007.
na forma de um método ou de reflexões metodológicas.
A extensão da reflexão sobre como fazer História é INDICAÇÃO DE LIVRO:
grande e configura um d 'd d . . . , .
. . os senti os a d1stmção entre H1stona
e h1stonografia Há HERMAN, E. The Romance of America11 Psychology. Politic11 I
modo • . ' portanto, o convite a ler e conhecer
s pe1os quais os hi t · d A Culture in the Age of Experts. Berkeley: Univcrsiry of California
narrando e artic d s ona_ ores vem, ao longo do tempo,
uIan o a escrita · e a pesqmsa · h"1stonca.
, • Press, 1995.

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