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flCHA TECNICA
Autor. Ó;C'AM RlllA~

Titulo: lLU:-1110

f..,;ri11110, f Rno5 ANGOLANO::,

EdiçJo: l\.1inislt•rio da Cultura• Comiss.io Organi7_.1dora

da Conh•rênda lnten1ariona! ~obre n Vida e Obra de ÓSC3r Ribas

Coordenafào da Ediçào: lnstilutl,) Nacional do Livro e do Disco

Rua Grilo da Conceiç.'io Si!v3 n. 0 7, 2. - andar- Cx. PosL:11 1248


Lu11nd.i
E-mail: inalda.ngola@yahoo.com. br

Capa: Ricardo Andrade

Paginação e Coordenação Editorial: Mercado de Letr~ Editores

Ru.i Engv Ferry Borge::,, n.v JB, Esc. A, Telheiras - 1000-237 U.'<lx>a

E•mail: ed itorialtl''nu.•rcadodeletras. pt

rmpress3o e Acab.:11nenlQ: Roto & riU1os li. ~-A

Dt•pú~i to 1.egill -4 71 l/20'J'J


DEDI CATOI\IA

Em lt1nbr,111çll de 111i11/r11 nrul/1er Maria Cândida, esta n1a111feslaçilcJ dt


.srahJ.:..1, r1t•Ja lua e~lupenda cola/ioraçilo 0111 1r1r1:;e toda a 111i11lra obr11 filertiria .
.\f,~r,111 u1f1)(.•11tadn. estirada 1111 c11111a, corrigia5, sugerias, innis vnloriZi1lJll:> ternas
b3 pufil1c11dos. Aq1ti, no lar, iro nosso qu11rto de 11legrins e tristezas, enquanto e11,
tsr:11fa11do o q11e ,ninha auxiliar ditava, atentr11nente dacli/og,nfnvn dr novo tair.
;1múuçõcs. Então, desde o pri11ciJ1io ao fin,, ouviste Ali1ne11façlio Regianal Angolnna.
Ua11ga. Ecos do Minha Terra, Te,nas da Vida Angolana e Suas /11cidê11cin.~ t l11111do,
s.ttnpr,: no/ando o que niefhor co11vi11l1n. Até 1t1es1110 110 úllin10 dia de /1u1 pi•r111auê,1cia
e,n 110~!-« vivência co11111111 - dia e1n que btú.trr~te ao ho;,pilal •falaste 111111111 passage111
de n1i11/ra obra!
Ot?JOÍS, 110 lo11ge r1ara onde foste - q11e desa/ação! ,:11co11trei-te csllrotda 111.'I
sa110 da n1orte! E assin1, ora urn elo, ora or1tro. talaliuen/e se erhngri/11 11 minha
insub~tih1iwl cadeia de so/idnrinflfde /i/rr(iria. Ade11~, até à efer11iifade.'

ESCLARECENDO

Não foi sem grande trabalho e profundas lucubrações que elaborâmos


esta monografia, Mais do que qualquer outra obra n0$sa já publicada, e
mesmo da trilogia sobre a literatura angolana - HMissosso" - este trabalho é
a produção que, dada a tranS<"endência da matéria, mais rigor nos mereceu.
Daí, um redobrado esforço, quer mental, quer de investigação.
Para a estruturação deste livro, recorremos não apenas às nossas
informantes habituais, mas ainda a diversas ocultistas, tendo-nos estas
fornecido a maioria dos elementos dos capítulos "Iniciação de Xinguitador"'
e "Ritos Diversos". Apesar de termo..s estadi) em óptima compJnhia, que
trabalhão não tivemos par.i obter uma massd subst,1ncial, absolula1ne.nte
necessária ao entendin1ento. Sin1, lJUt'! trabalhão, pois os informes que nos
prcstavan1, nen1 sempre vinhan, completos. Portanto, devidaml'nte ckJ.Jos. E
só ,l t"l..lst.1 de muito i.nterrogar, n1uito repisar na mesma tecla norma que nos
tem arrancado de i.nWlleras incomprc>t•n!-Õt.>s • e ainda de n1uito pc·nsar na
ligação de esclarecimentos dispares, conseguíamos iluminar as lacun.-is.
A religião lrJdiciona.l angolana. c>mbora as..'>Cnte nns m1,.-smos
fundamt;"ntos, nem sempre, no entanto, aprí'~nta a natural uniformidade,
quer na conrepç.in do nii:smo nlist~rio, qul.'r na ('f('ctuação da mesma liturgia,
não apt·nas de região para região, mas ate de ocultista p,1ra ocultista. Fm J,1,t•
de tamanh,1 complc,idadl?, e mesmo porqul~ não disromos do'+ el,'ml'llhl'i,
!1mitarno"nos .. implt-smenn.• t.1 arqui\·ar o qut• ,;e O~"-t•rva na àr1,>a dt• l.u,1ncla,
.1po,,t.indo, Ljllanto piw$h•el, ª" vari,1i;1le!"> cumpndas n(, 1nh•rior. a fim \lt•
mt•lhnr ~ rorl.Írnnl.Jrl'm ,1., di,·1•r-<1., turmas dt• culto. St-, nalguni ras!'oe,s, n.111
fomc>:1 m,1is t•lul·í<lJti,•n-;, t.11 f.,ôl' dl'\'t' an ta1·tt1 de.i-. nos!>d.S inh1rm,1nh-s, m,..,mu
,xuH, .. 1,,-1, 11:111 nci..; tt·rl'll\ sabido n!~p1>nJer: l' qut· p,-1r t.:ilt,, dt• un, t1'~i;,tn, nr,1
, ,111 -;, 11 u ln ;1 J1 • t ru 11,; ãn, or,1 prri 1n11,·t•nJ li u -. , nlT<'I, -.nll ,. nra, 1•11 h 111, .i l'!.J land1 i .1
.,

l's.........:•11c1J d,1 verdad~ remota, a religi.io ;ifrii.:ana, pelo menos nl'!ltas paraAcns,
mustra-se confu!i,1 1;>m muik1s ponlt1~. E quanto mais tC'mpo decorrer, mai~
bara!h,1dil uu obliterada ficará a e)l:plicaçâo da5 l!ntidadc!l' sob rena tu rais e de
uutr;H, manif~taçÕt.'S dl1 n,lto.
Ém \•irtudc de não pa!'isarmo.,; de mero cole,ctur de ~ostume!ô e ritos,
istlJ ~.depura t,1reia de folclorista, este ensaio restringe.se às generalidades.
Penetrar fundo, analiR.1r nünucios=enle, constituen, atributos demasla-
dame.ntl' traJ1Sc.,-ndentes p.ira a nL'l;isa ,nodesta bag.agem intelectual. O que
pretendemos e es..;e ubjectivo j,1 nos desvanece - foi proporcionar a todo o
leitor, qualf!uer que seja o seu nível cultural, um.i ideia clara, sem abstracções,
do culto entre os aborlgenes.
Só dosaborigenes? Que ninguém nos oiça: e também entre indivíduos
de camadas evolu.idas. En1 resultado da íntima convivência, o espiritualismo
africano deu as mãos ao cristianisn10, e assin1, ambas as religiões, na
mentalidade dessa gente, m.iior poder n1ilagraso passaram a assumir. Daqui,
o que Deus não concede, concedein os espíritos. Mas este dualismo enl"re
os segundos, observa-se ocultamente, não vã ninguém rir-se, apodil.-los de
altas.idos!. ..
Suspendamo-nos em meditação. Num ambiente de milenário
mediunismo, como se poderá, na verdade, libertar totalmente dts..<;a forte
pressão? lmposs!vel! T,1do deixa vestígio, quer na n1atêria, quer no espírito. É
a lei da Natureza.Se as.,;im não fora, que ~ria do passado? Nem lcn,brança!
QuC<m há que não sinta dentro desi, no recôndítn de sua alma. avo, Ja
ancl-Slralidadc? Quen1, muito cc1ladiJ1bo, oilo ten,c o sobrenah1rul? 1\ 1ngu~m,
porque e;.'>8 vo1 {'tótranha, ]()ngínqun dl• milénios, Vi\ l' enl tolhi.o.; 110~-
"F.t/ p11rt1• intL-granle do homem dl1 o ini.ignt• h1i.\nriador 1• tnlck,rt-.t.1
br,1s1le1ru, l,\,',illt•r ~pai d ing, Pm i.uo n1i1,ia;nHiru l)lir.:i '/h1d1,·i~'l- r S1q1<."r:;;li\tlts J4,
8,,,.;J.',11/ .i t·rt•ut,;.i "" ~ohrl•n,1tur.1J. N,Ju b,1. n\1 m111\d1J. qut·n1 n,11, h.'nh.a
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qu.tkp.1t•: co1'>.1 dl' e,tr,ltl•rn_,no no <;<>u 1,ubconscit>nlc.:. O n1a1<1 1ncrl"duln drri


humm .. tt>m tl'. por mi.run,a que i;cja, 11n, alguma cousa: amuleto, ntimrro,
dia J,\ m;.,. ou da ~n,ona, e!>lr('[a ou &;Iro, en1 algun1 "não presta" ou "não
!(' Õl'\"l' t<.171.·r porque atrni ma leficios", etc.
Tanto maiores são. no geral, as crenças ou crendices quanto mais
inculto for o homem,~ bem tenha havido - e existam - verdadeiros sábios
que creem em abusões e apreciam amuletos e fetiches ...
Coisas da alma humana sempre prôpenSa às coisas com presumiveÍ!.
cau...as mh,tcriosas ligadas, ou mais ou menos ligadas ao sobrenatural.
·HaU escreveu - refere o eminente mestre da sociologia brasileira,
Gilberto Frcyre, em sua formidável obra Ctt.~R Grande e Ser!Zllla - que todo
civilizado guarda en, si, da ancestralidade selvagem, a tendência para
acreditar em fantasmas, almas do outro mundo, duendes.''
Em ra7..ão dessa força misteriosa, ambas as religiões ainda roabitardo
no mesmo individuo por longos anos. Mas este comp!e~o também se
verificava no antigo colono, também não desemb-araçado intt'.'ir.imente das
crenças do paganismo. E quantos anos não rolaram sobre a sua conversão
ao cristianismo? Quantas gerações nJo se sucederam no martelar da no,·a
religiilo? Por is-;0, Leitor, de adrnirar não é, entre ,1 maioria da Fumilia
,\ngolana, o uso -;irnult.ineo dos dl)is [,idll'ii dc1 n1cdalha: • o mediuni~mo e o
cri,;tiani-.mo, ou, inversan1cnlc, o cristJaru.o;mo l' o m._.diunis1no
rm !.i(\' d.i "'1ni.::rl•tizaçilo rcli~io~a, 0C\JH1stas há que, p.tr.t l'H.lJTI
d, •<;<•m pt•nhn c:h• M'U m ini,;tl' rio, vão ,ls iF;rt')LI r., n.'10 só l•1n dc n1<1nd ,1 d11 na\ u r,1 \
ht•neík•io, mas 1,1mhPn1 Jo condl•nàvel n1,1i._.11ci(1. Sim. porque:•, l'll1 "l'U
l•nli•ndt•r, fl(•U~ n,10 d-i up,·nao; ll hen.l'!k:10, mc1s tan,bt•nt ll nullt>f1r10. -\!-o<ólm.
Mli ç,\pt'I ,1'> pr1 ,pi1·i ,Jo;, !u ri i v,unC'nlt· e, il,._·m su ,1s trou" i11 h.1s ."l i 11\,l~l'm, ll'lld1,
tht>g,11 ln m1•i.1n1 ,, p.tr i1 m,1 lt 11 \' 1ri ud l', ,1 d t•p, 1" 1l,1 rt•n1 •n,1s, pl' ]ll n1c:•n1,.,, J u r ,11\h'
uma 111 uh•. 111 , t•SC.,111111h1, n 1,111 , ·nn \l •Hi t•nlt•
.,

1..)utrus ,1inJa. proclamando-se inspirados por No!>~a Senhora, d(.'


qut•n1 receberarn o pôdcr para o s.1et•rdócio, C.'Om E.la lrab11//1111n na prática
Ju bc-n, -;ervir. Ent.Jo, pos-.ue,n cn; seu~ ~an!·udrios privativos - dilombt.-s •
un.tgens da igre1a cdtúlica d~ mistura con; obie'-ios do culto tradicional.
Oc.tso m.11-s saliente cm que as duas religiões se consorcinm, éo do sufrâgio
Ja aln1.1. entre as gentes d,1s balxas esferas. Como os festins realizados por morte
dt:> a\b>uém visam II minorar o sofrin;ento dessa mesma alma, produzindo nela
1
1,1 sentimento da conformidade com o seu novo estado, propiciam-lhe tal fcshm
na v6pera da missa. Oc:.tartt-, a alma frui um duplo benefício.
Conforme já dissemos, este ensaio custou-nos muito trabalho. Agora,
acrescentan1os: e bastanre dinheiro nc1 recolha dos elementos prestados pelas
ocultistas. Chegámos a pagar a hora a oitenta e;;cudos. E quantas horru;,
repartidas por sessões, não foram necessárias para a explicação, rttXplicação
e apontamentos da matéria? Cobravam-se bem porque - alegavam elas -
haveriamos de ganhar n1uito dinheiro com o livro!
Se todos os elementos fornecidos fossem assim remunerados, ou os
livros teriam que ser vendidos pelo dobro, ou do produto da venda nada
restaria para ocorrer às inúmeras despesas de nossa labuta literária. PortÍ'm,
o que não podemos regatear, é a riqueza dos dados que, em troca, no:.
facultaram. Mas - justiça se lhes faça - a par dessa riqueza, tão ciosamente
guardada e1n suas mentes, por isso raro acessível a estranhl,:-. à .-.ua
intimidade, es~as ministras do culto ainda nos favoreceran, com uma ,·atn,s.i
dl.'mon~traçáo de solidari1idade: - a fidelidade.
Já qu_. faldmoi, no vahmt•nto das ocull'f-;lo,; l'tn rl•laç.il, .1 esl,i oh1a. Jt•
n1odo nenhum ~,r,ll·moi, d1•i,.,,1r ~il.' ~uhlinhar O!-. int·.ins,1v~•1, pr.·,hn11,s JC"
t\OIIN!i h,1bitu;111> inlorm,lnlt~. 'it· J<!llí'IJs, t.:\Ull ll '>l.'11 ...,h,:r de rn1h~100tliS.

na11 rm•l.i r o1 m l'Jlllll, ,i; mi1ot1• rioll. 10h11·lud11 11 1o,npl i, ·,,J\ 1 l ,. 1\n1uni.1 hift,~\ do
Ot"..,t•WoJv1rru•11tcJ m1•J1uniro, rnrn <l'l l"l•ll~"~Pll'llh 41·hi.,,~ ~h•'l t"SfllritQIL
1
,.

a~rupadns l'nl St.>cçôes OLl pt-'clrii.~, as ditas inforn,antes, com a sua expcriênciJ,
nilo m~nor contribuição nos prestaram. Na qualidade de famili0res, como,
ahas, j.'i decl.irámos em Uanga, a sua acção foi amoravelmente desinteressada,
apena!- dese:jando serem-nos úteis na nossa missão de exumação das coisas
angolanai;;. Ao contrário das ocultistas, elas compreenderam perfeitamente
a tarefa que nos impusemos: - arquivar, para a posteridade, as páginas
esparsas da vida negra, por ora impelidas pelas lufadas da tradiçãoJ mas,
um dia, extintas pelas labaredas da civilização.
Para documentação da verdade expendida, ilustramos a presente
obra con1 vilrias fotografias. Para o efeito, organizámos expressan1ente
uma dis~a9uela 1 ou, portuguesmente, un, ritual de evocação de espíritos. A
função durou três horas e meia. Começou às dezn!;sete e tcrmínou às vinte
horas e meia - rsizào por que o fi.rmamentoora se apresenta claro. ora escuro.
Fi'l(aram-se setenta e cinco aspectos. dos quais se apuraram çinquenta e dois.
Apesar do maior cuidado posto na repnrtagl'm, ocorreu um incidente que
muito n05 penalizou: a capta\·ão da fase en1 que duas médiuns ab<.0n·em
o sangue do leitão sacrificado. É que. 1ustamente nesse mom('nto, houve
ne<.."eS<iidode de se substituir o rolo na máquina. Me.-.mo as..-.i1n, um ílagranle
da imolação aind,1 traduz o acto. Conforml' as gravura:., o ll'1ttlo foi abalido
a machadada, ao pas..-.o que a galinha o foi por torcedur;i do pt'~CO\"O,
suct'"'"1vam~·nte cfcchiada por ambas. ~la raz..ào apontada, tambéom niln foi
posi.ívt•I a su,1 captaç.:io.
Nil ~lorihcaçâo ao~ gémeos. ig1.10lmenh.• aprcst>ntamo-. alguns quadro..,
do<> mai<1 típic,;,<i. O l-._.rimoniali.~mo foi interpretado pela!> mcsrn.i-. hguranh'!i-,
,,nu.., da n•.tliz,1çol11 d.-. -.t-s<i.ân mechunica.
ír.>ni-cnl,1s Ji pala\·ras da pn.nie1rt1 t.-di..,:.il,. l--un1rrl'-n,,., agor.l ,ll'rt."!1~
ç1•nl.ir qur t•!>t,1 rt."1.•J1\·,1u tt,i bil!-liltlh' vak,rizad.i, qul'r no ,1-.p._'\--ti1 h•rm1n('\\.~
j,liro, lfll('t l1,l t'llrl,1n,1'w,lll c,n i;i
l<l

Rl•laUvJOll'llte .l p,1rtt! \lllti!bUl,1r. ~ubst..itu1n)Os o!! tL·rmo~: l'~/111·1/i!:ótf/H


por c:-p1n tua/i~1,1,, L' 11u·.t 1ur11.~11111.' d1•u, ._, ili :,ú1Jutl1• por r~p, rito, f.'111 id11ilt: e-p1ril uul
ou S(J' ,·.~pirih,iil c 1111sflt'o ~'l(•r ri/ 1111/. sobr,•11u/ u r,1/ ou outro l'<.Jll iv;,i ll'n lL'. I'. m l>ora
ub..•d..-c;,,ndti .t reparos torn1ulados con1 dignidade construtiva. OL'm por is5'J
o" ar,,t.:nnos imt>i.Hato1menle: só depois Je pnnder.idos e escutadv n parecer
d~• out«),; ab.ilizados inteli:'Ctuais, nos dt...:idimos a aceitar a observação. Ma",
p..ir;i o lcnn~1 ,,.._p,riti1-1t1;J, lt>m()s Ui\·ersa.s obras especializadas, algumas dela:-,
em h:~temunho de <;0lid.iria camaradagem, espontanean,enle fomL-cidas por
c~s.es mesmos confrade~.
A t."Sta ~rie dê alierações, devemos ;linda 1untar n substituição de
nuidio por 1111:dJuJn. lnicialn,entc perfilhando o preceituado pelo Vocabulárto
Ortogriifirv ,ln L1ug11a Port11g11es11, elaborado pela Academia das Ciência!:>
de IJsboa, acabamos por adaptar a forn1a observada pelos e::;tudioso~
brasileirO!i, por se nos ;ifigurar, ta! con,o a eles, de maior elevaçJ.o linguística.
~!..-lidit1 - havia-nos dito u1n desses intelectunis- lembra o jogador de fuLelx,l.
Só o n,acumbeiro emprego esse termo." De modo que achl;i!mente, melhor
interpretandoo rea Isenti do d e ambos os vocábulos, ou seja, convenientemente
d~marcando arepções dian,etrallnente opostas - funções mate.riais e funções
espirituais- decididamente optárnos pela palavra l,1lina 1nédiu111. No tocante
ao contexto, nãu só corrigimos deficiências, mas ainda introdu.1.imos ntlVO!.

elementos - uns de episódios ilustrativos, outros de pormenoriza~-ão e outr~


de cerimoniais de interesse. Para tal, reco[remos a n,ais doi~ orultist..is. 0..-!:ota
,·cz, varões.
\11.'Smuc, Elv<idario, que mais não é do qul.' um cxtr,1cto P" rl·i,1! ou tnt.il
d~· no!ISI • DirionJrio de Rcgionalismo.1-,, lílmbt:m ~ ,1prcM.·nl<1 pn:,tund.1n1l•nt\·
rrmodl'lddo, Úl' acorl'iu çum ,1,- çt,n~lnntl'" C\lrrcr1;úcs qul· t'""" obr,1 t'\Íf.<"
p-1td un-1. ,·/1ril•nt1• rnn1-,ult,1. J'nr luJl> i%,1, llt<1illr m,;ri\11 ,1l1:,1th,:~1u ._, pr,."St'nt~
trab,1lh•J.
11

Si~nitica i~to, porvenlura, que desapareceram as inexactidões?


De modci nenhum! Por muito que nos empenhemos em apresentar uma
rroduçâl> So:1tish1tória, pelo n1enos, neste sector, nLu1ca deixará de passar algo
de deficiente. Para tanto, basta uma interpretação errada do pesquisador ou
uma explicação obscura do inform.inte. Se ta! aconteceu - o que não negamos
~ a reiteração de nossas desculpas. No entanto, não hei;itamos en1 repetir os
votos expressos na edição anterior: que esta obra mereça algum préstimo aos
estudiosos, é o que sinceramente desej<1mos.
Verdadeiramente, foi esta obra valorizada em sua profundidade,
conforll1e já referin1os na 2. 1edição. Ne<;ta 3. 1 - apenas correcçôe.s superficiais
introduzimos.
Alêm da grafia dos non1es dos esp1ritus" agoril escritos em <;ua forn1a
regulamentar como Ni,un1i, cm Vt:'7 de VU111i; Krtcri. em vez de Q11ilirl;
Di11yiln8n, em \'C? de Dinhn11~n- mai-" uma série de r1:.'(]uenos melhoramentos
como diver~,, interpretação de vocábulCts quimbundos - nos foi sugerida
pela experiência e pelol'ntendimentt, dcn. fatios.
Não obstante a -;uperfiit.ialid.ide da"- modificaÇ(X•~ e ac-rt•.'-Cirn(1--;,
ganhou a obr,1 mais impôrt,incia. qul?r no a-.pe-cto r,rtográfico, quer na
realidade etnográfil·a. Me.,n10 ac;sim, ainda no,; :<,ocorrcn1os dc, n(~sa únic-a
Informante - nossa mulher, lamt>ntavt"'lmC'nlc lal«ida a ~ dt· Ot•zemhro de
]986. L .1 despeito de tudo Í'-SO, a mt>ditação não dit.•ixou tft> nos ilumin,1r ,1
ob~ri<.ladt• dao:; hl~itaçtll'S.
Dt• t<k.ias dS OO'iSus obras, é e<-tt1 qut•, incontt~tavelmt•nte, mair-
m,1tt•rial de invt·sl ig,1çâo e, igiu de n,,!--. n.'I,, apenas e>ntn' as no-.sas já l!\lint.1•·
1ninrmanlL>s h,1bituais, m.1c; tJmbt.>m - e dl' ti,rm,1 f'(kÍt>rosa de lX1.1lti,;ta~
ou, m,11.,; e:-.pt•rifir,1mt'nlt•, 1Jllin11'anda,;. r raça<. ,1 \'!,•s. a '-Uil i;,1fl\.>dori,i
ali.1d,1 à ,11",t•rl\J r,1 J1· rí'vt•l ;1\iiu pudl'mi t!i :ihlt~r o,; m 1.!-l l•rin-; dt, !lu,• n•hgi.i, i
t..-.J 11·1, ,n,1 I.
,:

,\ fim d1• o Lt•1h1r Jorn1.ir u111i1 ideia do tr.ibalho dl•o;pendido, v,imw.


n.•latar \'Omo <;e pr()(('ss..-ira1n as investlgaç~:
Foi nu u11u de lQS?. Duratlte,1\guru. sábados, no ~ríodo da tarde, 4.'U,
n1inha n1ulher, meu im1ão Jo,1quim e sua mulher, deslocávamo-n08à casa dt'
t1m<1 (t!°lebre quimbanda, a \1ucn1 já nos referimos.
E!.i, por sutt ve7., já se achavil ncompanhada de mais outras duas
quimbandas que .i auxiliav.-un .::01 determinadas funções. As el<:plicações,
depois d~ analisadas e con1preendidas, eram por mim diladai. a meu innão,
qu.,. as escrevia. Duravam as sessões umas quatro horas, regadas a cerveja.
Por efeito de esclarecimentos cn, dúvida, recorre1nos particularmente
a essas duas adjuntas. E diversas vezes também, tivemos de ouvir uma
xinguiladora - médium -para nos inteirarmos de fenómenos da medi unidade.
E lambem a:. nossas informantes habituais nos forneceram boa carga de
elementos.
Anos volvidq...<;, tivemos a ventura de recorrer a um quimbanda
nonagenário. Conquanto a colecta não fosse abundante, não deixou de ;;er
preciosa. nomeada mente na interp tetação da simbologia dos ca racteri.zadores
ritu.:lii. e complementação de outras matérias. E quanto à remuneração,
nada explorador! Morava ele próximo de nossa casa. Então, dispó!>-se a ir
até lá. ,\lém de quimbanda, tinha ele fan,a de feiticeiro. Mas tudo decorreu
normalmente. Nas pausa!! da explicação1 petiscava peixe frito, que110. pão 1~

gasos.1 (mas da marca de sua preferoncio). Não bebi.-i vinho. Ao contrário da


quimb-anda inicial, ele era calmo, não se contrariando com "porr .,s".
Mah, lard~, outro qulmbanda ouvimos, Mas pt,r dú,·ida Ól' uni,,
pràhc.i. Apt"n.J• ~1r mela hora. Mas estt>, para qut.> a vo, nÍll) ~ Jht- -.,.'\:.l-.~•-
t•sv.1/i.1v.i ~arraf,1-. pi•~1ut>na" dt' ~l:'rv,•j11 ~!Utl!W dt> '-t!guid,1
111 •Je, 11.:i d1 •rradl' 1r J vtd11 n1"0~·.iL1 dl•st,1 obr11. l' ~ "\ 11n u 1\1 tnu,t,1 \h,• tirgu lho
f' t>rit.-m,·, 1mrnto IJ\11• reron h1•1-1•11n,,. ,, 1•x1·\•l<•nt 1.1 d1 ~• l,·1n 1"1
,,

Dado que a escrita angolana assenta no sistema sónico, cada letra


possuindo um único valor, consequentemente um som exclusivo, com a
particularidade de as consoantes 1t1 e 11, precedendo sílaba iniciada por outras
consoantes (como d, g, j, z, e outras mais), apenas nasalarem essas mesmilS
consoantes, portanto sem modulação especifica, apresentamos, no final do
capítulo "Iniciação de Xinguilador", a leituro das entidades- ~pirituais. O
digrafo 11y cor-responde a nh.
,,

INTRODUÇÃO

A n-li~iào negra, c11Jbora len/111 DerJE por fulcro, assenta na co11111n1caç11,, con1
,,:.; •""'Pirilos. E:111 resu//ado, dever-se-ia c/111111ar Espiritunfismo, ou, ern precisão de
~cntid11, Espirih1alis1110 Negro. e não f'.xfe11sivan1cute Feiticis1110. M~1110 Feti-
cllisnJo, como preteude111 alguns e111i11e11tes i11vestigadores, o ter,no, e111 unssa
modesto pensar, ig1.1aln1c11fe seria in1próprio, pois niio coustitui senão u111 arremedr'I
.Je feiticis,110.
"Foi De Bmss~ •esclarece o ro11on1arlo fo/c/orólugo brnsileiro, Arlhur Rn,no~.
na .~1111 nollivel 111011ograjia O Negro Brasill'iro, pág~. 28 e 29, ed. de 1934 • ,711e111
pela pri111rim vez e1nprego11 a exprrssão feticl,is1110 p,1ra designar aq111;:/J1 for111n
de religião que cc11iiísle 1111 ,uforação de object~ 11111/i;riais gris•gris tl// feticl,es
pf/o.~ Nt•gror- da Africn. Feticl,e é, nliár-, n tradr1çiiu _frnuct•sa q11( 1,,. cu,uerci11nlt'S
dv Stnl•gnl fiz.rrn111 ,111 pa/n;,•ra f1(lrlr1gur~1 _feitiço. Ern ctno.~r11fia re/igio;.a port:111,
co.'-ttnnn-5r cniµn:gnr, cc1,11:1 aliá.<. o frz Nina RP,irig,u:s, feticl,e. fet·ichis1110, para
n•itar n crnif11.ç(W cDn1 t' ~i~u(fio,do d,· /ri'tiço, feitiçaria.
Alguns auf('rr~fu:nn drriv,1r a pa/ar•ra feticl1e riu lali111 factiti11s. llll ~cntido
,1,· cnra11lo 111agicn, para dt'si,'{narctri o,, gris•gris. De Bro.~r-c~ a rt111~ide1Q 11u srnlid.i
.Je c1ll!-'-d fcilrt (cho~c fc,·, C'1tclu111 là.• .. . ), fat.cud11 dcnl'ar da ra1:: /at111« (a/ u nr. {t111 u 111.
faril. f,;scs ft>ticllcs v11 gri~-gris !-lln flb/cr:/11.~ ,r1at..Tia1:;, r1'1ai~q11,·r 11ni1,rt~. 11u1nt~".'i.
o 11u1r, frag1111'11ft1~ dt· n1,1,/ciru, ~eixo.~, Cflncha.~, ,·Ir pn;i11r11das 1• n.111.~agrados l"·l~:1
~nct'1'if11t,•i;, f(lrnu11d,,-!õ4.'. pti/,;_ rvi~rb- ft.'i ta., I' 11'11ec ns 1ft ,ui to.
A ._,/ ,1 i·ruditn rt"J1lli"11çá,i, r,'~/'<'r fp.;11111t•ntL· < nr t rnr111111t1~ ljllt a l• ;;.: ,la rr i,"(tl711
~!" firr,r11. r11/111·111 ,·oi.::a.:: /<"if1t!- 11111-. tât1 P111tnl,• lrl' Ili ifu, 1,T'll/1- 1'é • di• 111..

b1 r t1. :
Jr 1/óflll l1h1r~111 J1t1/i6/irt1 fp, ,, !.t•
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,r1 •~!li ,,,11r11rr1J/rr1s11~ f a ,,,J,.,, {l'it,1 1,;:1e .. 1~ i 1, ii·ili•. 1 r11~ r1.irn1 .,, 1
,. '

i:k p .,.•1t.~111 Ora, Si'III 11t1.·n,c,1çiill Jos 1·,,p1ritus. t'5st'S olr/frfos nliu /l'rdtt vir/11dr.
LOn1u e, ou. z.,111 da., ,visas, a,~1111 ~ lor1wri,1n1 ,·les.
•[1r1/.lllr1 ,1 fi:il ir ;,..,110 t')lé/ll 11uút1• d,-s,·11i"Vli•iiln 1·11 ln- 11., ,i,·grv;;, 11 aduru('iit1
doJS fi_.1t1,·1JS 1111!• a,11~fllu1 toda u l>U-'l r,·h.'í1Íiu. A tl'l'IIÇU nos ,-sr11ritos, o t·11//(I dffl>
J111tcp11Si;ud~ e d1JS Jl·11uni,;'110:, Ja uaftjraa t'ncontran,""'<' 11111ilo _(re11ue11trme,tt1:;
divini:!.11111 P Ct'u. o Sol. u Lua. sobretudo. ,is ,iw11ta11has, iP.- rios. AI/Ui I! all:111 vi-
;;c iiparl'r,·r ,1 rri·11ça num Dt'11s ,;1111.:rror. cri,1dor do 1111111110, ,rias estr D1·11s nã(I é
11,/,,radt>', ,,, xera/ '"' 111·,\'ro.s disflt'lfs111n ruais atr11çõc:s li:, sJJa,; 1livi,11l1ufe~ 111a/éfic.a:, t
!r11rlllt'b il!l qur li,; 00.i.~. • i:o,11e11/a 01t1ufrp1,• de la Su11s~1_vl' rra :,ua História das
Ro• 1igiães, p<ig J l, 1.'1/. portU!{U1'$tJ d,· l Q40.
O <'!;,iinlun/15n10, dt1Jtrc.1 /UI ro11apçüo geru/, ,:rnrolw, pt:lo 111l'11os, quatro
11uJdalidadt'!io, ;.:gundo 11u•ncio11a De.o/indo A1uorin1 er,1 O Espiritis1110 e as
D011tri1111s Es11irit11ulistas. pag. )8, eJ. da FedrTa('rio Csp1rita da Para11á: ·1.•
a ,·1111,,7,~·rta cú11tuir1, isto t', a que ad,nile n txistência de urn pr111cipio e..~p,rilua~.
ai111f11 iln11reci;:o 011 wgo, .-eru filiat7iio o qualquer sisterna doutrinária 011 ftloWftco;
2.• 11 rancepçâ,1 tll()/ngira, que an·i/a a /lnortalidade da a/Jnn I' a vida futura após a
morlc. e111 ra;:iio de dog111ns e "ponto.• d,• fé". Sl'tll dl'n1onstraçrio exp~!111e11ta/; J_ 1 n
cc11,epçíio rt'.:1"1car11llcio,11~1a das clívi!rsas t:SColns r!!-pirilualisfas (Teosofia, Rosacruz,
Exoteris1no, l!tc.J, cad11 qual con1 o sua organização, su.n siste1111ilica, St.'11 corpo de
nrsilw.-; 4.1 - ft11al11u•11te, a ra11Ctpf.ào espírita de espirit11nlis1no, partindo de 11111a
ba.e.e exp,.•rJ111t•11/al - u ft·,W111eno - farir1aruU! urn carpo de do11tri1Ja, que, t'lnl>Ora s,·111
tuntbim ree11car11acionisla, aprrsenta particu/.nrid.ndcs d,Jere11tcs das outras do11tri11a.~
d,, 1nl'S11te1 rn111a. ·
Por .~1111 vez, Q feiticis,110, co,110 o próprio tr.r,1u1 i111liC'a. a:-.-;t•tita "ª prati[a
dl! fntiçM. Cu11si·que11lt1111e11/f, o ad/Íl/ero fetic/1is,110. Ora frit1ço t: uru 1naletici..1.
Part,11110, fi·iliçe1 envt1lve 1111111 ~e11tido, co111ú t>t•rdad,·1ra111e11tt ll1't't! ~cr n11t:-iifc-rudt,,
1 ,iào l!Xflrll/Jlltdv i1111Iji•ri·ri/1·1nenll' {J bt'/11 (" 0 111111. l"Olllll l11n/t'lll11t't·/1r11"n/,· ,) US(ll

Cl/11,;tl,Krt)ll.
1 17

U,nP61nd11 , u1111.~11 1111 /l/1i1'J(UI dos Q1u111/1undcr.;, rt'prtstnfar,1 o d(u


pt/os.; "pnn11·1ro d!'~1x1111111ln rili11cia de qui111ba11da, llrle de curnr, cerlmó11ío
L1 U 11ro.1tirli rih1al lt'(t'1·t11r11t11:; por quu11huud11); e o st•gurido, cié11cin de ftitic~iro,

mal.-(ici,1, r1·11eno ou tlroga nociva (propinndos por ocultista). Deslli a11'ii11eia


dr cnli·ri.). 011, 1t11les, desta uuidade de e.rpressaa, resulta " r1bscuridade lançada
ptlo krrr10 feitiço. Dai, para 1n11itos, n falsa co11cepçiia de que n religião negra .-e
funda a:clu~1roonu>11te 110 111af. Nado disso. Co1no ns outras religiões, a sua funçiiD
1
1rnmord10/ t atrair o /Je,n, i111pedir o 111a/ pelo te111or.
' Aua/isada, et11bora f11gidia1nente, à pll!l1it 11de lograda pelo t!Otabu/o feitiço,
di-Je111os ai11da tsclarecer q11e os Ne,~ros nfio 11doran1 o Céu, o Sol, 11 Lua, o n111r, m::
rios. os ,norttes, as tiroores, as pedras e outros seres. Q111111lo aos astros, si1nplesn1l'nti..•
1 os te111en1, não por o.-: cot1sidernri•111 divindades, 111a~ tâo-so1ne11te p._•Jas forças
_fluidicas que deles dcriua111 -forças que os or1iltistas trabr1/!uun para O bc,11 011 o 111al
de algut'n1. NeYti: partii:ular, t11111bêr11 salien/a,r,as a 1ll!11to, esperia/111c11te a pri,ncira
1 lufada dcpafr, do 11,eio-dia. E quanto a(.) 1nar, rios, 111011te.~, etc., ;g11a/r11ente o q11t·
adoran1 .-:tio os seres ~brt'nalurai:i que nele.,; hn/Ji/11111 - $creia$ e diferi'1tf1'6 catrgoria~
1 dt e_.p,ritos, respecth1nrne11fe dt•~ignados pi>r quia11das e quihitas. Logo, c11//1u11tdn
1 essas e111ídadl'5, forÇ<Jsnn1rntr ferti(O 11ue revt•re,rrinr ~ liignn·s rle ~ua pen111111êurii1.
Na religitío 11eKra. nada se opera se111 11 inf/11ênria 1/0:; rspiri/f.):-:: atrm'6; d11!ó ~-11~
i,itctrunu,11/os de 111t•d11111itlnd1•. eles ngl',u pnrn t(Jd11s 11s rirc-111rstâ11t·ilr.:, q11tr p11ra n '""'' ·
quer 1,a,11 o n1a/. Sâa 1J!> t·~r11nf/1!' qur rCT.'t•/11,11 r1;- rnu.,;n.~ dn., t·11,ft'nrlldudts, 11:nn·.,. tu d11,
t71f1111, n q11t• s.· pri.•tr11de ~nb,..'I'. Sfio 1~ l'Sf'irito, ,1u1• rt-<t'ltu11111ot1r /11/t'Tnledin ,Jtl:'õ ~,·11s
arrrt/()ft••1, qru:r 110 111or111•11t,1 da nctr111fà(I, q11rr rr11 so11l11.11nn1bé111. E ~.io (1/i 1-,,111rih.'I:<
,,;,ufa q11, tn111n111 u ~ua (<ftnrd11 qllt'l11 a 1•/t'!l rt'i'flrri· r111, iutlf'l"õíll111'lrl,·, t,11nl1t•n1 .-.1,, t'i1"$
,11 ,e 1u11tt1111, qun11do fl ,.~~v o~ , udr, Zl'/11, 1>11. t~111 1ri'rf l'.lr/ 11a~·1i11, t'IP! 1•i11g1111,;a ,1,- 1ort n-1n1,·
pTIII it,11111 J'''' 11111 an ff/'11.~ ;11du.
1. 111 tudo~ 1,~ 1i1n•o•, ,11111/qutT 1111,· 'if.')rl f'I _,;,·11 11i1•1•/ r11l/a1r,1/. ,, f.l'111 ,. i• r•1:/
1
µndam .',flTIJlft' 11 I'"' R1,1:ur11•1u11,·ntr, 1111i.,:11r-n1 r /•1 1111; 1l,·11/10 ri-~,. ,•11da ,JII 1
.,

/iU01·1ga > s; 11 1rm,• /1 ,, pr1111ari,1s J11 _frroci,lad1.•. A ,,nJ dlira 1l,·1,,· nd,· du 111()n1,•11 fo.
(.o:;i 1\',.~ro. 1Jêutir.:11 Jl'!õit·o/1.,,~ia ~ I'C1ficr1. É /ivn1 c1n 11J1nosji.-ra 1111rn111I, f'

-w1 . r-= ron//1to ·lt: int,·,r~~. E I' Jl('.>t,· c:r1sll qllt u~rl o /i:iliçtJ, 1111r1111ra/1Jiciar q111•n1
e ir1.'!i!tl::1. 1\\,1~ 1•alt'l1<t,.•....ie ;_~1u1l111rnlt· J,>s car11n/<1i.
•1 11/~111,1r a nos~ 11u11/,~l11 1nl1.•rprt'tt1~·1W. i11r't.lC'n111os o., /enrrn-. il11111Jo t'
ru11J1111nf111, J, ,111,111. rJ..7'ri111rn. tvd11s as 11u1nif1'!'fll{1'Í!"S t'Spir,t11s. COn(rJrnre 11 :-llcerdti.:iit.
11.,;,si111 .iru 111 :.~ dt'sig1111r,1CS J,i:; ~•11• 111tnist,•rio,,. [n, ,,1111111: tod,,s J.)S a,:to~ d11 vida
giran, ,•n1 tor11t1 d11S t'SJ'lritos.
t\ .<t'fUf1tfar íl !U~S(l parcnir, ill{'l.lqlll'l/11.1:i ag1lhl li ,fil~ifin do pt.1110. Ot/{(/11/1-"',
pois, 11 k':;:t1inl,· cont11 lradicuinn/, ,rarradi• J'f'lf 11r1111 1wnage1ulrin PI 110 Cacuatt>
11111l!ll1~·,/41 pnixi111,1 dt· L1Ja11J11:
t) Stllhvr '5uti'IÍII 11 q111. ~llt'l'iÍtr. 1/Ü 111 u11dd uada lu1 qiit: 1/!t' pr1'j11J,q111•" f!UJl[U.

pr,•t,·111U·u u11ra 11111lh1-r. Mus qua11d,1 1llg1111ta c'SI ivesse p,1r1J r11sn r, portanto jlí safisfrilt!
o ah?11l•an1,·r1l0, el~. no dia upraz.ada para a co11sórcio, apresent,.n•a-se a busro-la.
Lti t1t·nlu1 bu.~u,r a 11lin/Ja 11111/her. , Declarava ca111 nnlr1ralid11de.
o~ ,~ris ncedinrn. a naiva o aco111pa11hni,n. Ni11gu1'111 d11vo pelo en1b11ste. Dai 11
pt111co te111pó. ap11rt·ri11 v 1uiit~1 t 11,rd11deiro.
Ja ;,rnlio busc11r a niruf1a 111111/icr...
- Que 1t11dher qr1rres rnais? Nilo II lwastr já?
O ludi/Jriada 11oit•t1 retirava-si: {t<rioso. Parr1 si• vingar. procurava 11111

q11i111banda, pe/11 Jeifiro v queria tnrtlar, Mrt~ D ft:ihço ttiio surti11 efeito.
O llt'llhor "Surf'du o q11e sin•etier, nn n1u11dt1 nada Jiá que 1111• prrlridiJ/ut"
Sl'ltl/Jfl' a~~1111 prnct1dend11, arra11J(J11 ciut1uenta e qu11/ro 111u//Jeres, 1od11~ ,1 t1t-i1, fOlrt

i11Jip1rfui~ Jifen'u/es. E se11111re iin•ul1111rài1d a bnixedos.


l\o q11111qria:,:lfS.i1110 qrúr1to lngm, 11 1u1i110 obtc·vc do tll'IJ/hsta II JC~I mlr
1•!11 ·ida,1i!I:

(.h~m •11• N.JJ..,11.i !ilo:·1al1n<1 liJ,·,·nd,1 ,ul,1b11r.id.,t111 A.Ir -.., 1 ~ - n "' ,u "
to Kim11/,1uri1 , Jl1:>1n~ pr11~,1rb11n'
1,,

Nada l!le, u se11 fciliço é 11oderoso. St· queres rr>ailne11tl' que tfi·
}'L1d1~ w1n

m1,rrn. pn,11ein1 c11feiliço n ti, para que a 11111 a/11u,, dl'fJC'Í$, o tH•nlta bu(car. lk
tl•utrario, nada consegues.
O ho111en1 co11cordau. S1n1, 11,orrerin, 111as vi11gar-!'r-ia daquele riafift•! Vai a
Luanda, adquire u111 caixão. No regresso, coloca-o 110 ser, quarto. E 110 dia en1 qur
J._Tia 111orrer, mete-.çe nele, toda li111po, pc11te11do e vestido C(}111 a ~1111 1111.•/hor roup,1.
Antes, fechara a rorta, apc1"u1s deixando a ;nnrln aberta.
Con10 11i11guen-1 o tornasse a ver, as vizinhos c/11•garn111-se à casa. Pela Jª nela,
atirara111 o olho. Co111 surpresa, descobren1 o ataúde.
- Hela/ U111 caixão! ... - Grita,r1.
Morto, e111 sua aprescntaçào 15111erada, assi,n o 1>êt>rr1.
Arronrlra111 a porta.
Co1ne11ta-se o caso, faz-se-lhe o e1J/crro.
No dia iniediato, o srnhor 'Sr1ceda tl que fir1ct•dcr. 110 n11nrdcl 11111/a ha que n1e
prej11di'f1te" sc,ite-se incn111od11do. A1nd11 St' 11:,{arra w l-!·11 poder 111úgici1. Mas t'cln-
1 -lhe u1n atr1que, nele Sl' fica.
O senhor "Surt·da ó que ~ucedi:r. no 111u11dt1 nada Irá que me 1-•rei1tdiq11t'"
11u1rn:u?! Co1110 fai isso? - i\-h1r11111nwa a pur>0.
Co111 r:crfcza fai ô nutro, ,·1•1 vi11:,::ança da pnhfirria que flr,· f.-z! Niin ,·stãn a
vrr? Ele ser e11terrado 011ten1, e eslr 1norrtT h11jf'? ro11drrra;111111 fllltros. N(I Aléu1. o
,,iugatlor dcefi·cl1a-J/1t·:
~ /l,1orri antes de ter i·/regad{' o 111111 dia! Mas prrti·r, D$!JÍn1! Con111. 11u 1111,rrd(l,
1
nin~uen1 ,,adia rouligi,. drixt·i-1111· inalar para •e matar ta,11/••m! r Ilias mr1/11•r,
/an,bi:111 viriio p,ira cà.1
L 11111a ,~•r 11111n, a ,"111r11y,rr pela suu a11tiga noiw,. ji.-,,..-,,11-0 h ;111d>alar t,~IJ1s 1-las.
l'lrldtl f) ro r, ... tn11 t, ·f«ll ":Q1 a,1-: t~p1 riti>s, por -,u, IUÍl.l ~ q1111i ~/JC11/' ll Tlil,~I "'~''Tª
dr f~~pir,h..,,n,,, con111 i1ri1:•a/1111•11fl• h,11 i1111ul.'> J'n.,po:;to ' ~ ~ 1lar1oJS. mil/$ llnti. v.:-- a
nrg,11, 11.,111111111 dt· fl1•c1lit1d(1 4111riri111, ·rpt•11d1il,1111 /'1,~. 83 Jn lil• l,1 ,ibra:
"(1 f.i;111rdis,11i1 tntt, 1ndi~tlt1't'/i,u·11tt•, (011Si'q1u•11cin'> fl'li,l(iP!otl", 1' 111u 1/11
1•rofund.u, 111as a ~,ia r~qur·ntahza~·ât.1. a l'óllQ Judo/e 1' a s1111 co11i:1'il11(1ç,lii bás1ru
11141 a•111porta111 qualquer fr,rtna dr! t."11/to ,11atenal, 11,:111 sucerclt•f,:s nem cht·fí:s
1 ari;1ni:it1cos. R.t·ltNiào const! tu iJu ptl't•l c11 /to ,11ater1ul, riJo,;, farnuilidadi•;;, tt,·. etc:.,
e e 11,._,t,: /)llllú.l, 11111da 1,uus, que (l Esp1ritisn10 O!i!iUnH'
posiç1lc, que 11lio pt'ftllift·
1111111

wnfi1,ão com a ll1Hb11nda 0111p1alqu,·r 011/ra ~·11/10 relísit1so. por n1ui~ unligas que
rr,,1111 as s1ffts tradiçÕt'f., rnr triais 1n1port1111 te que si•;a II sua ft111çàc <;0ciul. "
Nó tP<'ante ,, (tJr,11alis1110~. es1'c!,·ifira 11 dila autor 11as phgs. 73 e 74:
··o C:s1•írilb1r10 ."'1ÀO /em c11lto mat.t:rial. O Esp1rlti.çn10 NÃO tenJ ritual. O
[spiril i.~11u1 NÃO presem'<.' qualquer fi1n11n dl! parm111'11lo 1u·1n co111portu oJor111a/ is,no
dt·f101(1lt'S s11t:rrdt>ta1s. O Espir1tis1no NÃO ad111ift' e, uso de in1agr11s, se/a de santos,
s1·jn dt• 1/111,i.~qucr rliviP1dadt's, co"n1 ndo pennite ti t•n1prego dr qualquer sacrificilJ
r111 ri1.uiil de ~Tença. O Est•1ritis1110 NÃO ten1 sn,ais cabalístiros 11en1 si1nbolos. O
f..:;piri!is1110 ti:,ri a SUA 11ome11clnt11ra, segunda a Codificação da do111'ri11a, e1t1 c,ijo
i«abulnrio Niio se r:11ro11trant as desig11açôes usuais no culto u,11ba11d1sta, quer e,11
rdaçlW aos 1nedir1n9, 17ut'r em relaç,lo aos t~piritos."
Dada a tra11sce11dt;ncin do nssr1nto, va1uos tr1111scrniIT o parecer q11e, a
n:speito. Arn1ando CITTJa/ca11ti Bn11deira - 111,i outro i11te.lect11al brasileiro, i,.:un/111enle
esltulioso do fenótrh!IIO rrligiaso - nos fornece err1 carta co111 que 1111.1i 111111Wt:l1111:11fe se
tfigni,11 rt.'Spol'!dt'I' a u111a consulta nossa,fe1ta 1!1111970:
"Rect'bi a qia caria de 2 de abril, ll!ndo 1rruit11 satisfilçifo e,u salier que r<-1.i
rf.'edita11do seus lh•ros.
Os se11s livros real,;11111 o historiador en1~rito, con, forlrs lru~·os d,: p1-s.1111sa.,,
do 'fnóloga irrcn11sávt•I e111 tle111011strar os vr1larr:s ético-religiosos q11t· dt1ri,it·m
e. ro11d itf()!; 1111s a/111as afric1111a.~ tfr t rad içães 111 ifr 11ares.

t:: u :~ri111tfe 11firn1açiiv da co11lu·~·ed11r aliada 110 çsµ1nti1 indom1t,1 J>t•rt 11 .~ 11 , ""
1111sra i11,,·ssa111t• d11 iierdatlc.

1v.,.,1 ,.li,. 'l'l',Nl


21
'

f1•t'l"i 11 n11ixrn10 prait'r e,11 relê-los, 111as ainda 11ão c1Jexar11111 até o 111on1er1/o.
fá ,~t,1 111tra1•r1ssado o le111po e11, que os Kardecistas ad1avan1 seren1 os
linil'OS ôp1rilas. Mando-lhe três recortes de artigos que publiquei, os q11ais são
fJtm •.i:í 1d.lt1tios.Nrles verificará, que desde 1953, ren1n1ciara111 a esse pretenso
dlrtih-1, a~ decisões e111 cone/mies realizados em diversas cidades do Brasil. O ,nais
t ,lt-sat11aliza(tio,
De outro 111odo não co1npreende o povo brasileiro, e a própria lgre;a Cat6lica
fá propõe ror110 válida a conceituaçiio de'"" Cri5fia,1is,110 Afro-Brasileiro, ,riin n1ais
ctJntbafendo a Urnba11da."
c..:onfor111e jà de111oustrtb11os, o lermo Feiticis,no 1111 Fetichismo 11/lci
q111ilifir11 com propriedndt• a r~Iigiâ-0 11egra. De nossa parte, upl1J111l1s actualt11e11te por
Espirittialist,io Negro. Co11/udo, i11quiri11ws: 1111 Espiritisrno Negro? 011 ainda:
Proto-Espiritismol
Ao~ eruditos con1pf:'tt:' decidir sr di>sta, daq11rla 011 dr ortlra r1ur11rrra n1a1s

iWt·quada. Ern Ciência, a:J11trib11irl! i/11,ni11ar.


ENTES SOBRENATURAIS
t1",J •1 l':11Aa- /, L!ôOO
••

<.>-.,ent1,.•s sobn•natur,1is dividem·.,.,_• t!m: <;abi.•ranos l' ínt.... rmedi.inos f.


~ inll•rn11,,,Ji.írios t'm: t;uperivre-.. auxiliarc!i e wrviçais
(~ !llberilniw ~ali: Nzilmbi I! Ka.lungangon1be. 1-: os intcnnl·diJtiu!t
cl,1ssihcam~ em: mi..,ndonas, calundus, malungas, quitutas l' qui.:inJa'i.
N::i11ubi ~ Dl·Us, o Criador. o Autor da c~i.<1!ência e de suilló caracteri.stica.~
dtlminantl~ o bl>m e o mal.
Clinqu.inlo <;t>jil o Enle ~upremo, não rege directa,ne-nte os destinos
dt1 Univer;o. No toca1,tt' ao nosso plmeta, serve-se de intermedi,\rios • OS
den1.uis entes sobrcnatllrilÍs.
Em iaU' da5 ,1tribui~-ôes d,_, qui.> ~ revestem, assumem o carácter de
~mideu'>l.-s, Por t•feito desse privill!gio, é a eles, pois, a quem os crent....._ ~

1.iirigt'm em suas emerg~ncias. Derorrentemente, a quem lhes prestam culto.


Enquanto es-.es 1nes1nos entes permanecem nas profundezas do globo.
Nzlln,bi p<1ira em toda a parte, sem lugar dcternünado. Pelo alheamento a
que votou os problemas mundanos, s6 é invocado em última instância. Tal
como noutros povos. também existem sinónimos para o designar: Kalu.nga,
Lumbi luii Suku, Suku, etc.
Kalungangombe - o 1uiz dos mortos - tem o poder de suprimir
a existencin. Mas, se Nzâmbi não concordar con, sua decisão, o mortal
continuaril subsistindo. Portanto, intervém quando necessário.
- Deus está nas alturas, Deus está em baixo. - Proferem osquinlbandus
em determinados ritos.
- Se tenho o coração grande (perverso), e porque Deus assim mo t,_•z.
Se colho plantas más, é porque Deus as plantou. - Defendem-se os feilic,..iros.
Nllu11ga11gon1be é o ente espiritual que, nas profundt:>.zas d1> globo. o Alt.'m-
-Túmulo dos aborígenes- supria1e !l vida, julga l" pu11e l)S morh\S.
Uns colho l'U, outros a n)1m vêm tl'r ObjPt·\u l'll' .'&!i ""'''-J\'Ólt~
originadJ<1JX•l,11nortalidilde.
1' '

Os qut· lht• vi11, parar .'is n1J.os, são os. que sucumbem (orçadamentL•,
,·om\l o-. suic1d.i.s e os. enfeitiçados.
Apo~ a morte, a .1lma liberta~, não para o infinito, n,a:, para debaixo
da tt.'rra Entretanto, não abandona o lugar em que o corpo foi sepultado. Tal
12c1mo na \'ida terrena, as almas mantém seus antigos sentimentos e hdbitos,
ainda gostando de comer, beber, furnar, copulaI, divertir-se. Nos momentos
de folia - declara o povo - suas canções e instrumental soam aos viventes,
na solidão da noite, em deliciosas e.manações, ora se aproximando, ora se
afastando, como que impelidas pôr suaves lufadas de vento.
Quando vitin1as de terrível bruxedo~ a maiombola - trabalham en,
la,·ou.ras humanas, durante alguns anos, como que cun1prindo um contrato.
t\.1as permanecendo amarradas a cordas pela cintura, para não se evadirem
1 desse forçado Ccltiveiro. Por isso, em determinadas possessões, surgen,
lamentosas, declarando que trabalham mais do que os vivente!:>.
- Aiuê, .i minha vida! Aiuê, a minha vida! Aiuê, a minha \'ida 1 -

Pranteia a alma ne~s ocasiões. Depois, serenando, j.i enxutos os olhos com
a ponta do pano 11 i - Boa tardei Como têm passado? Têm comido e bebidn
bem?
• O comer e() beber é isto: são os desgostos 1:.' os trabalh1is da vida'•
l.amc>nta-se a criaturc1 que desciou a s~1a incorporação .
• frabalhos? O Atém l! horrível: Vili gente, mils n,lo sai ientc ~ Deba1:..o
da U·rra ti horrível!Objecta-lhc> a almn.
A alm.t não rcencarn,1 °1. "Quem vai para o Além , não \'nh.i

~m r:~-111" ,.., med1um WJ'rl"li<'fll,1 " l'nhd,1,k• ,1ctu 1111,, l\ir1ilnt,:,, •l'wm ,,..,.,,. r 1"11,1
t..u · A lung,,. l,.\1 .1k<>l,1. l,,u la n,u h.1, l,.u tun,h1m11tu
Act'rt'.I ,l,1 rrl.'"!'1<·.1rn.,,,1.,, 1,,d,1-1 a~ r - q11r 11111'TI'1.,g~mll'I, 1háii .-h· .1t"'10 11.,
1( .,....kJ.1,-l,., ~,r.un II t'Xi•ti•ndo dr ••1.1 rn·no;a ,•ntr.• L1'!1 natur,frL !\la~. 1111,1\'ft 11,• um.,.,.,
iu..rto rm .\f,.r.o,ca, 1 <t•t1!1,.1111t1<1 o t,•nn1111•nu d,1 tr,1nsm1~r~o;lu: .ln1~ n·m'1u1, 'l'"' ••l'nf W
1n ro fun,,.,n n,, 1,.,, ,, J" ,1 111<t. tn lnY.,huliariu, r,•,1r,111'C'l'r ,1111 , 111 llil~ •·hi, ,1,· l"U~., 11•ull
'

ntals l1 1)11~n1,1lit,1 ,1 h lusutia !1vpl! 1.,r. M,1,;, t·on tr ,1 n,1n1t•nh.' d t-!!S:-.i.' ptot·i-,1o1 1
,l,· t•v,,ltLl,".in ,\(t,l\l'S d,· .;u1:1•..;<.;iVJS l''ll'>ll'Ol"IJS. d alrn,l pr(lsst•~\,lt' no ll'U
111.1nd11 -.u.i n1,,n:h;1 i•v,ilutiv.i, 4ut:r cont·l•ntr,1ndl1·-.l', LjUt'r robush><'(•ndo-
,1

--t·. l'u, i,,;',(1, n.•t·inílni.111 ti ~cnso, a1npllando o poderio, otl' ~ tomar 1.•1n
t"p1tit1• ~uperior. lnterml'dil'lriu de Dl!'us. "O calundu foi pt..•..,soa, d p(.]5().l

St."r.i o.:.1lundu a-" l'rl10.:l.1rna ess,1 n1es1n11 ~abedoria. Or.i J ju~ta1nenl.l- o


..--.1,1dt1 de calundu a file;(' n1.ixin1a da evolução espiritual.
A aln1a, .tp6s il inortl:', ,1companha o corpo, e com ele se fixa no seio
d,1 lcrra. Entret.into, dá fé do que fa1.emos, e quando lhe apetece, vem a
sup,·rficie, preferentetnt.<nte de noite, pois a luz a incomoda. 8 quando anda,
-;.eus ~., não pisam o chão; caminham no ar, a uns cin4uenta centímetros d.-
altura. mas deixando ouvir o ruido de seus passos arrastados.
Segundo uma informante, no anUgo Congo Belga - actuaJ República
do 7..aire • observa-se que a alma, quando o corpo vai a ser enterrado, jaz
sentada sobre o at,11Jde, de costas voltadas para o acompanhamento, as perna<:
estiradas, os braços repousando nelas, a cabeça movendo--se lentamente
para os lados. Para se notar tal imagem, o curioso deve estar munido de
um espelho, nndc ela se gravará. O observador postar---se---á discretamente
à ln!nte. Oü contrário, se for surpreendido pel.i .ilma, ela o arrebatará nes'"'l'
mesmo instante.
Dois factos cornmtes que atestam ser o mundo subterrâneo a mm~o
da alma, consequentemente das en1idade!! espirituais domin,1dl>ras. sã.o
o lroflr1tc1111L"nlo du t1fn1a por ocullista, e as pragas r~1g..-iJ<1!ii solenemente l)
L· 1unhu11l>tl/'1 da ahtta, efectuadu na prúpri.i camra oom o ,1u.,1h~• dl' ncr...
gulha'I e folh.i~ vt•rdt•,; dl'" ,un/o, con~lilui prática lh• qUl' l)!i r,,,•--tíl~tl& sr-
w.-rvL•m, ljUJ11do, por <;eU intcrn1édit1, prrh•ndl·m ,l\'t•rigu,11 n \'\'tlLldciro

l<.u",\fu tl-.l_ k,,-ulukf.

k. lnd fJlll J; mu1u. ~ ·101<!1.1


' .. • r.

autor J\' un1 m,11. uu, ttl\'l't~,Hnl·!ltl..•, m,1ll'fici,1r .1!Ku1.•1n. A 1'!tt~ rnpe1to,
narrJram-n,\., qu.: ~~·rtl, quimbanJ,1. tendo ido, dt! n11ill!, ,1 uni cemílério,
f.tl.-r ~11n1 unia ,ilmJ, ,, firn d1• lhe perguntar a caus.i dl· uma d01•nç-a por
ela pn,\·nwda, notara qu,.,., em cada sepultura, pennanccia sentada a alma
respt..>cl1\a. tvlal viram o intruso, sumiram-!óC rapidamente para debaixo da
terra, produzindo, na !lubmersão, um baruU,o semelhante ao do chocalhar
d~ l.1t11.,;. Só não fugiu a alm'a intel'e.,:;sada.
Nas pragas, quando se deseja dar o cunho solene, batem-se as mãos no
solo, invocando a justiç.-i de Kitedi kia Muene-Kongo e de Muene-Kongo.
Devemos confessar que não foi sem grande dificu!dad~ que
concluirnos que o A!ém-T(unulo dos aborígenes é o mundo subtt>rrâneo. E
para chegannos à confirmação, recorremos a aturadas inquirições. E 53bem
0b Leitores qual;;, resposta que obtinhamosde entrada? "Quando morremo,;;,
l vamos para o Céu." Mas, depois, à custa de e.xen1plos aplicados a certos
rituais, conseguíamos finalmente a triunfal confirmação.
O conto Mbnngu a M,1.~1111gu, enfuixado '110 livro Ecos rlt1 Mi11/Jn Teria.
representa urn testemunho da concepção dos naturais - concepção j.1 em
decadência pela acção do Catolicismo e Protest,u1tisn10. O t•p1stxi it, dl'scnt-o,
hoJe considerudo lenda, não foi in1par, antes cons!i\1.1 i~1 LU11.i prática norn,al.
Pelo menos, conformt' nos t•lucida Cavaz71, ,·.irias Ju1g.i., as,-im
procederam, não par.1 rein.irt'm debai'Xo da ferr,1. con10 :,.,.tbangu d !\.lu;,.unl'!u,
m.as pJra fn1irt.'m «s dt•li,ias da Ftl•rnid,,dt:>, b,to, ,1 11n1a disti1ncia dl' tn:-s
M'C'ulo<; - épot·a em qut' \'iVl'U o capuchinho citado.
A n..i 11 <;('mO'I ílgnra ns 1'ntt•s sobn•n,1tu rd i., i nh'nnl'd i.:i ri, i.,:
M ufnu/r,11,1 •1 !o,io t"1p1 ri h1:-. 1l1 ll•l,1 H•s_ N .1<.:rc,n1 ~• ,n nusto l' 1r,1 n"1n1 tc.•n, .
~· p .. 1,l \"J,J p,ilt•rrw (onlt1do. llt1lra!!i h,J tJU.t\ \'Í\'C'ndu ll•r,\ dt• 11,,.., 1,11lll"l•m
1ntt>rfPr1•n1 n,, nn..-..i ~t'~l.i4,;"u1 l' h1•n1-t'"tilr
l'u•:•,u1 r.iJ,1 um dt· no'l,l qu,1111ta,111d(111,1. 1.111·i1n111 ,1 .11111,1, qu1• "í' li\,111,,
f ),jO ... jlr•At: /1 · N/1,0

.:11rpo, tam1'.·n1 o n,l•sn,o sucedi..' ·.t n1uonduni1. Ma~ por dc.,prt•11JimPnto Jt•
unia p11rh~·ul<1 Jil 1nuL1ndonJ de, pai. Portanto, aln1.i l' muondon.i cocxi-,tem
num n'lt!'s1no indivíduo.
Lon~litui .1 rnu1,ndona o nosso anjo-da-guarda. Por isso, j<1n1ai<1
Uc~ampara a alma, ..empre a asslStindo com a sua vi~ilância e ardor. Nas
dlgres•oôes qul· a alnta i>fectuc1 ein sonho, a muondona não dl'iXa de a
,1con1pcu1har. Defendl'•noi:; do mal, d,egando mesmo a lutar com almll!>
ofensi\'J1nente movidas por !eiticei-ro, por ela recusar suas aliciantes ofertas
de ,1limentus. Em vista desse risco, c1uando ~ntir.nos pertinaz desejo de comer
qualquer iguaria, devemossntisfazer o apetite, pois é a muondona que no-la
pede, em consequência do assédio do feiticeiro com suas tentn,ções. E a voz
intima que, pol' vezes, ouvimos denlro de nós, mais não é que u1n aviso seu,
ordinariamente nos inquietundo contra a prática de determinado desejo.
Dada a sua natureza espirih1al, a muondona, após a morte, liberta-se
da matéria, logo a seguir à alma.
Cnlurulus são esp!ritos de elevada hierarquia e evolução. Rey.e.ser:tam
almas de pessoas que viveram em época remota, numa di5tância de St."<:Ulos.
- A pessoa será calundu, o cnlundu foi pessoa 111 • - Argumenta a
sabedoria popular.
Podem ser: medicantes, justiceiros e protectores. E consoante a longa
idade que atingirr1m, distinguem-se: o dic11l0, que é ancião; e o ili.:uhu1dun.Jt1,
que é ancião de mais avançada idade.
Transmitem-se por herança, principaln1enle pelo ladu n,atemo. M.i~
só através d-., rito evocatório, C(lni,til'uindtl a rcnilênc1a de uma l'nl-.•rmidad1..•
a llldllÚ1.>5tação de seu desejo de pussc n1cdiú.nh:a. I'ortant11, a.:tuam r'IOlf

vivenlt'S, d1:lt1 fa/t·ndo M'tl 1nstn1menlo da• a1..·!J\'id,u.ll•, (lUl'r l.tl,11'1d,, \lUl'f
ilg1ndo. 111rni.1m um<1 /,1milla l''>J'iritu11l l'm fl'lil\,'IO ,,n -.i.•u p,1, "'llft•

M..i ~. l,lu11,tu; l1lu1n1u. m11lu


Ao contrário do canzun1b1, que é per.·erso, vingativamente
pcrs;eguindti com molestaçôes várias, o calundu é complacente.
Diz: "Ó meu calundu!" Não digas: "Ó n1eu canzumbi!" 111 - Senten•
eta o povo.
Expressando por outras palavras: antes acometido por um calundu, e

• não por um canzumbi .

...... Em vésperas do falecimento de um médium, ou mesmo horas antes,


os calundus incorporam momentaneamente em despedida, apenas se

... manifestando com menor excitação.


Malu11gas são espíritos .c;impatizantes. Foram individu05 das raças
• branca e negra, sendo as malung.is daquela proccdência, por influC.nciil
• do Catolicismo, especi<1Jo1ente denominadas ,;arilt-is, ou mais precisamente,
St111los de ,11alru1sa. Podem ser do se'll:o masculino ou feminino.
Ao contr.irio d as muondonase calundus, não actuam em cabe(,'.a. Gostam
de se revelar isoladamente, <'m .1mb1ente apropriado. Parn t.il, devl' a criatura
favorecida com a ,;ua simpatia pl.">-.-.uir um santuário, ou. regionAlmC'nt"tc',
di1t11,1/1c. Falam fanhosamente, "com voz como (1u1• saida dl'.' cab.iça", como
popularrncnte se diz. Podcn1 o;cr consultadas em adi\·inhai.;ào. PrOtL-gem O!-.
~us favoritos, beneficiando-os até com aliment~. lt'<'ido-, l' dinheiro. Mas
,;-uas ob~rvaç(lt?S devem «.er .tc.itadas. rk L"Onlr.i.no, at"t111tec<'m a,arc.,_
Qu1lutas são St.'?'C" f!!iõp1ri1uais h•rn.>!'ttres. \iivcm l'm toJa a parte, comei·
matas-, ri()l',, cacimb,1s, monl!.-..., rochas
F.n,an1am, ou por simpatia. ou por reabilitação, e P<k:IJ.>m provir dd
via p.ilcma ou materna: da p,11t•ma, quando o pai. em t-ua-. deambulaçúe:;.
trl1Uxt• consigo um dt•._~., "-t.'rc.. : '-' Ja malt>ma, quand,> um anlt•p,i~-.ado
dSS.1i!>inou uma mulhl•r irilvida em rujo \'l'ntre St' lonnavd um individuo
df'5!1.1 r!-.J)t'l:tt', ou, .ainda. ti?'• vitima l'ra a'!Sim. !\iu prim...·iru c.i-,o, dt•nominan1
,1-,e d~• hilnrutia: \' l"\\l <.t'gundo. dt• s,•r11riiiJ. (Jualqut•r qut• f.\'ͪ .i pn.,1."l'dl•nc·iJ.
t,1i-. lilhos in-.piram idolatria aos pais.
Em ,·irlude de sua dclicadn !ienslbilidadt•, carci:cm dt;> (·uidc1du!':'
t· •~'lt'ci.1is, ndo apenas d11n1e~tic(1s, mas IJmbenl C'sp1rituais.
S.lc1 as quilulas, rois, entes len,í,·eis. De entre eles, rl'ssattam O!>

gl..'mt"'<I~, 1,>s 4ul' tên, longa gl!litaçao (4ue viU p;1ra dois e 1nais anos), 05 qul'
nascen1 con, dois dentes na 111axil,1 su p&rior, os que n,1~m ra9uitico~ ou se
ra9uitizam pouco tempo depois do nascimento, os que nascem com uma
depn•s~o no alto d.::i ,a beça, ou com os pés recurvados, ou com as mãos e.em
acção, sendo ~te.s hlts últimos casos as características de quem, depois de
consagrado, exercerá o ministério de quilamba, ou seja, o sacerdote do culto
Jas sereias.
Qtlln11d11~ s.ão as sereias. Vivem na água, quer no mar, quer em rio,
quer en1 lago.i, mesmo em qualquer sitio onde haja peque.na porção de âgua
permc1nente, podendo mostrar-se sob qualquer aspecto - pessoa, peixe.
(.'iJÍSil. Em forma hun1ana, podem apresentar-se como indivíduos do 5ell.O
masculino ou feminino, em diversificação das raças exbtente~
Segundo um pescador centenário da ilha de Luanda • homem amda
isento de influências estranhas - a quianda revela-se, não sob a figura de
semigentt? e semipcixe, conforme a tradição europeia - concepção já pene-
trada na mentalidade dos naturais de camadas mai~ adiantadas ma.-; f'C\'t'la-
-~ em toda a plenitud~ humana, apenas com farta cabeleira e pelug\'m. '>l.>b
as quai.-;, por vezes, se fecha. Pode dirigir-se-nos ou solilitar-no~ qualqul:'r
,:oisa, e quando mJI nos precatamos, desaparece niistcnt\Silmentl'.
Acerca do seu poder de atracção, referiu-nus o ;iludido ilhl•us' '4Ut', J,l

ha umas b,1,1,; década-. de .:ino:;, n.:ivcganllü t>ll• dt> Ginoa, 1unti1111t•nh.• l ,1m um
O'd vo ~'U l' mJi 'f ('l'.1mp,111hL·i ro~, ~u bili.lmt·nt1 ', ._..,1rnu I Ju,: 1mrlll.:;Ion.uti, p,'ll

/·11.1 ln 41 -~1 h ptt ,r,,<l,tt-rn l 'J"-.i


1) 1

uin,:, 01,1,.1. o !,;('r\·içal to1 arrebatado para a água, permanecendo no fundo un-;
longos minuto-,. En, grita, todos deitaram a suplicar à sereia ~1ue o libertasse
Sob o impulso d.i tnesn1a mão, o hQn1em foi reposto na embarcação. Mas
logo a !'.t!guir, como que em arrependimento da entidade, novamente foi
arrancado para o mar. Os rogos ton1aram a írromper. E o pobre escravo,
1
como anteriormente, outra vez foi colocado na cano.1. E lacto curioso: durante
'1 a permanência na ági1a, não experimentou nenhun1a perturbação, ,u,tes uma
doce calma o invadira!
Tanto esse como outros informantes, ainda nos contaram que, em
1
CC'rtos lugares do mar, rio ou lagoa, se nota.m, durante a noite, várias luztl't-.
1
E mesmo e:m quarto fechado, a candeia apagada, sen,elhante fenómc,no, p<ir
vezes, igualmente se verifica.

'1 As aparições dni:: quiandas representam bom ou mau indicio. Por


cfC'ito de simpatia, influem na gestaçàl,. originando indiv1duos anormais,
como os deformados 6~icamente.
Neste c.iso, cn9uadra•se o próprio ,\utor. A manifl'staçi.iu da sere111
• operou-se-lhe no sentido da visão, destruindc.~ com a ausénci<1 da luz. Em
compensação, dotou-o com o amor ,1., pC''>quisas folclórifas l' religiosa~.
A entidade morou no local dennmi.n<1do Padrão, 0ndl• hoje st' ll'V<1nta a
ponte que ligJ Lu,1nd.i- d sua ilha. Ftli c:n1 n•~uHado da demohçào das p...>dr,1-.

1 1i1 existentl':-i (1ue mudou de poiso -l,1us.i di! ruina in,:t'Ss.infe da dita ilhu.
Isto - 1.1.•it('ln.•s • n.1.rranlll--l1J ,l cunta de subsidio psioolú~OO- E qu,•m no-
•lo revelou. foi o ,.-spírito t\.t.iv1iia Mbongo - rcvel.ição es~ proferida através
Jt• uma mtorrnanh.• qiu.• e:o,;l'rcia o n1ini...:téri<J de quimbanJa, t•nt;io 5(1b 51.1,1
f'(J<;<,(:!l.<;.io. r jJ agor,1. ,1,.-:-1"(•.~centaremc,s 4ue h1i o -1ludidt1 \1a,·1ti.J \.ll,1,ngo
•iu<' no" prc!!ótnu v.'.lrio!I t.•k•mt•ntos d,....,te ensaio, mnrml•ntl' nos ,,1p11ulns
· tnic1,1t,~iu J1• Xin~u1laJnr" c> 'Rito~ L1i\'l'™lS"
A intlu(•n[i.1 J,1 qu1,1nda, l'l11IT'l.1nln t.1mbcm pndc "l'r c"°l'r~! :ia ,1p1>:-1
--

1 n.l'il.imcnto, pt·lo que m,111'\·a perturbações na SJude d.i cridnt;.l. C) n1,il,


\\.nlu:ada pur udivinha1;.io, san,1~ com uma oblata;.\ ~•reia, realizando--.f o
Íl>sti1n, não l'm qual4lli'r -.1t10_. ITld5 no l01:al pítc"visto divinatoriamente.
~-m romplcml'nto a l!Sle estudo, ,;,am~ .1gora il~•1e,.ent:ar as. definições
J-=1 entidade. qul', pela sua redt12ida actu.-ição. formam diferente cat.?goria:
IIJilrll" ou Nz1ir11l•1 e alma dl' pt"Sl-Oa. tah,•cida num.i época não secular.
<..orrt.•'<pond.._. a alma do outro mundo, dut>nde. fantasma.
O rrimc-iro lt>rmo t' mab usado em Luanda, e o segundo, no interior.
Qui/,j/,1 ~ alma-pt'n.ada, ou seja, alma que, por e,-pi.H;iio de rulpas..
vagu~ia pelo mundo.
Mu,·u/v " alma 4ut> espontaneamente se n1anifesta em possessão. A
su,1 ,1i:tuaç3.o pode electuar-se, ou logo gue se liberte da matéria, ou apó& um
et1rto 1.-sp.t\O de tempo. Mt!'SmO um ou dois anos.
Ao contràri(I d.is demais entidadõ espirituais, não precisa de ser
convocad(l em di~saquela. Vem espontaneame-nte, movido por um desejo: ou
par.i r1,>velar un1 segredo; ou para legar o seu saber e a sua corte de espíritos,
tratando-se dt! qu1n,banda, e somente a corte de espíritos, tratando-se de
xinguilador; ou, ,1i.nda, a sua acção, tratando-se de uma criatura \'U lgar.

Xi·111·11111v11 é .i designação genéric.i das entidades espirituais e


sobrenaturai.,; existentes nas profundezas do globo.
Segu11do a crença tradicional, é lá que se acha o Além-Túmulo e a
mansão de tais seres. Em vista disso, o solo, quando tomado como lugar
sagrado, inspirá profunda veneração. Deste modo, para que n1uitos rituai!iõ
surtam efeito,o celebrante homenageia os ditos seres, v~rtendo no chã.o u,na
porçãozinha de uma bebida ou uma mistura delas. Mas este 11.!Stl'munho de
reverência não se ~tende apenas aos ocuJhstas: outras cri.-ituras, c-n, ,,,\'.,ill
de graças de um notavtl acontecimento, procedem idenhcamenlt'.
!'.ira st.' rog,1r iustiça, bnsta bater con) as mi\!.'>!> no eh.ili. in,·1i.:.1nd.\1 ~,
:tmt"'d.1 ('nt1d.11.t1.• 1ust1cclrt1. (_) 11irnplcs toque cio dedo no ')Olo, e(eetuado
fX' f'\-~c;C\a quilhltc,,da, depois oplicado l'n1 assinc1l,1rnt'nto no inlefl sado,
tr.11151nste o prodigío de suas virtudes. E com ,, l,1ma rcsultantl~ do derrc1-
man1ento do\ inhô, 1gu.1lmcntc o plicada cm assinalamento no corpo, em
::u.mtos e quantos tr,1tamcnto~ ,1 n:-io t-mpregam!
l iteralmentc, significa: região-1'-t:O/o. Por efeito d1• ::,itnplificação. omi-
hu-sc o termo c11tidt1des ou c,utro equi\'alente. Portanto, a designação seria:
mtuindcs da região e do <:o/o.
Que acontece no Brac;iJ? Talvez sen, a noção do significado primiti, o,
tal a influência obliterante da di..,tância e do tempo, veia-se agora esle
testemunho de reverência, rclntêldo por E. Carneiro ,n:
•~ntcs de transpor o porta do candomblé, o~ hon,en:- com funções na
rasa devem teimar nas mãoc; urna q11,1rtinha com água dos ônx/i~ e, depoi,
Je beber um pouco, jogar o rest'1 no chão, en1 dir0cção :1 írente, à <larcita e
a esquerda É uma cerin1ónia de purificaçã\.1, ,1ue já se v,1i torn,1ndo rara.
Assim os ho,ncns entram lit11J',1.~ no ~nndo1nblé.
A filha deve simplco:;111cnll' bcn;:cr-~P 11 pnrta, 1r1ns, dentro dl' casa,
diante do pfj1, deve rüjar-sc no rh:io ou, pl1 lo 1nC'nos, lcv.ir t1111 pouco de tcrr.1
à testa - uma outra maneira dl• fazer c1 1ncs1ri0 gesto."
Mas serãc, c1pcnas os povos llll:Ultos que c-rêle111 num,1 clern,,J.ide:
subtcrrúnea? Não! Recuando no tcn,po, l-)l'lletr,1ndo noutr.i-. l~utturas
urprccndt•mos nn,iloga crença. Outro prl1ccdlnt<'nlo mai:; c>.pre:;s1,o,
m.inifcst.1mentc revelador de que os pO\os 111,1nti1;cr,1n, n mLw.;ma rJcnlldarlc-
tulturt1l, 11nrr,1 Priori l)utr<1 ' 21:
''( 1dndC' d,1 l'alc'ib11t1 ,1.1!i pr0x1midadL•s dl' (\1fan,.iu1n c n1,1r

\1 ( 1111l,1mhlr //11 1!11/1111, ". 1 p,i}' li 11111 d1• ).Ult lfl1

\, /)J /fl!W/111 /Í; / /111l•a11,lo 1 ( lr,/rr ,'\ ''"' 1 ed Ili• l'~l-\ l\\l <,~ti l'..iul l
e ·•• ......

uln,a ,m tetr.i t' do buro resulla.'1e f_,-..tr nos -,lhos dl' um n,;u qut
~Jia:....- • re -...-=rou a v .sac r·= ~ ~ t"'lhwd.t mcdibç.lo
p;: p .rtc ,a L · ..~15(,15 e pnncpa!mentt- ~ parte dos qu'"· ('Omb.llt>'"11
,\ 11Pl.,t.1. 1.1mb,,•n, t'lllls,1gr,1da por ljui\,1n1bJ e ~ob,1, L·r11npik>..tit' dl
v,1n,1d,1s igu,1ri.1s l' l-~:bidJ...,, quer L'Urtlpt.'ias. quL'í ,1lri,·.in.1i, As igu.sri.u
r1r.:,1n, -;cr,·iU,ls t'm prat~ e as I.X'bidas pt:rn1.1.nt'Ll'm nas própri.ii; garrafJ!i,
~'lt'\!Ut•n,1s rna,; cht•ias. F em toalha estt0nUida nun1a {c'S\1.'ira, Lli .. põem 01
r,t'

Ull'l\_sLlio!> Mas tudo novo, ctn cima dP um11 laje. l:sk• ft>slim · l<11b, 1k,:la - tl''ll
por ob1elii,·o firmar ,1 aliança co1n a sl'rt>ia.
Nest,1 ocasião, o p.icientc estreará um uniformL', nbrigatoriamentL•
usadu eu1 .:ictos sc1nelhantes, e facultativ,unent~•, 1."lll funerais. Consta de um
pano d.t' zuarte l'Om duas cru:1es de fita enca.rnada uma .:i frente e outra
atr,1s - oqualt'n,•e~ará em jeito de saia, a~ando-o à cinl'ura; para o tronco, dt>
uma blu$a com idênticos símbolos; e para a cabeça, de um gorro de mabela
a quijinga - com un,a barra preta.
Se, por riJvelaç,lo de sonho, tiver que exercer o sacerdócio, servira
um desses n1inis~ros. E ii sen1elhança do que acontece ao quimbanda, muitl
coisa lhe é também inspirada nesse estado.
Acerca de semelhantes predestinados, referiram-nos O!> seguinlt'$
episódiôb:
1 - Banhava-se num rio um individuo assim. Atraído pela se-n>ia,
viveu comodamente no fundodn .;gua, durante. un1 mês. Ao cabo dt>sse tem·
po, surgiu sentado num calhau, já fortalecido com os podert.">S sobrcnatur.us.
Como cobrasse honorários pelas práticas divinatórias, foi ad\·t'rtidu pt>l.l
sereia de que nào deveria levar dinJ,cirn por tíll :;crviço. lnvotunt.lri.imL'l·
te, ,omete uma transgrt>ssào. Então, scntiu-'i'.' invis.ivl•.lml'rlll' chin.1tead\1
perante os consul1•nles.
2 • Um outro, ainda ,·rlança, ém con~ul·nLia dl• n.il, h.i,'rr .. idu s\.lf'.•tt1
, ratu.nl obrigatóriQ, provocou a lr,1 dit ~1·rl·ia, rl'!"ll.'lllh1an1l'nle ,~\ tJ.ndo .»
gu..u JJ b.i.rra do ( UJJ\,'ú. aiu•· l'nl.io .1trav1-55,1v,t ,\11n ,1 f,1m1h.1,
.., l'm n11trn ,11rul.1. i;.;u{llun·nll' l'llúll~ú. p,f~U[,1 t.1n,,11\I.K,, dom ..W
~· 1 ' 'ln'IQ 1.t l

imrir.t\.30 qut• tod,t~ ,1s vt.•:rt's qu1' lhe apetecia comer, mandava
buscar a 1..'\lfflid..l ao rio, J qual aparecia misteriosamente servida em prato~,
llutuandt, À beira da margem.
O seu primeiro casamento obedece a uma formalidade particular: em
sitio n.'\."Õnd!to e em presença comum, a i;nulhe.r é primeiramt'nte possuída
por um i.:oleg.1; depois, pelo soba; por íiltimo, pelo noivo. Esta intervenção
unpõe :.igilo e serve para preservar o ocultista de invalidez.. Por efeito de tal
rito, ordinariamente não se escolhe donzela para o prin,eiro matrimónio.
Segundo um depoimento fidedigno, uma mulher que ignoravo tal
preceito, tentou enforcar~se após a surpresa. Foi na Quissama que ocorreu o
drama. Como essa, guantas mais não teriam explodido de indignação?

MULÔJI

O mulôíi é o ocultista que Só se dedica à pcitic.:i do 1nal. Portanto, o


feiticeiro, o bruxo, no mau ~cnt'ido da palavra.
Sua ciência denornina-se ua11,'?ª· Pode ser adquirida de livl'e vont,1de
ou por coacção,
Dl' Jivrl! vontadl', o quimband;:i dá~lhe uns pauzinhos espcciai;l. Con1
a "l?rradu ra, obtida por friccionan1ento numa pedra molhada, n1arcar,i, todas
ª" noitl.'s, ao t'.anto do primeiro galo, a linha dos sobrolhos e fontes_ Mr1ú1sso
intitulJ-<;(> a (aractcriza(,J10.
Na inici,,ç,1(1, para oguçamt'nto do sortilt!gio, terá 9ul' l'Till·it1çar un1
p.ir,•nlt.' inli1t1n, romo pai, ni.ll•, o primliirn filho, ,1uolifi~"andn•!I(' ,1 \.'1t11n..i ltl'

1
1 ,,ú,. "(J ft•iticeiro ,...01ncç,1 t•n1 ~u;i própria l'.,1s.1.' 1Ji7 um rJd,igin a11gol,1no.
, l1 1, N•gund11 ,,11tr.i ~•nlt·nç.i popular: ",\ g,1linh,1 bl'bl' no ~l'U próp1·1n O\'ii."
1
(JUl'f tli1.1•r: O p,lllft• tOITIPÇ,1 p1•[0,;. !.l'US.
1 Qt1<u1lo ;1 inc-id,·nri., d11 pilt1, v,11Ul''- rt'lahu o t-.l'j.\l11nh• l'ris11d111, 1,,1r
1
'

rtJo n.i j.i muitol!' an1J-;, num lug,1rcJl1 pro\1n11) do l1on1 ll·su-; • vilJ 5ituo,1da 1
, ,~rta dc ~--.wnta qullómt•tros de Lu,1nd,1:
r.r.i um i.:.:i'i.<ll. C,1da lJual, no entanto, alcn, Ju;; ri.lho,, comuntõ, pos.,.,uía
t•ulr~1~ a part('. Nàu ub-;lantl' o homl'm prr,,,x·dt:'r con,o lls Jcmai~ v.irfl1.•s, <1

tompJnhcir,1 nãv íuia sc:·n,111 l"ensurJ.\u:


- [!> um parvo! Tu n.ío és honll'!n nem nuda! O que os outro:. homens
fJi:1•m. n,lo fa1es tu! N,lo prestas me!'JnO para nada!
Mas não suu homero por quê? Que f,.izem O!i outros homen::;, qut•
eu nÕll faça? Se 1•les vão ao rio pt.>scar com a canoa, eu também vou! Se
ele:; lançam a mu:rua. eu também a lanço! Se eles cultivam, eu tamtx•m
cultivo! Con10 eles, crio pórc,,s, crio galinha~! Vender, vendo também!
Na carna, dormimos os dois! Engruvidar comigo, engravidas! Ter filhos,
tl'ns! Que tém então os outros homens, que eu não tenha? - Reton,1uia-1he
o consorte..
- Auã! És mesmo um parvo!
li'int.1s \'Czes ele ouviu essa injusta verberação, que, um dia, decidiu
consultar a as.~embleia da l1rvore da pela - a árvore próxima da residência du
soba, indistintamente fu11cionando de parlamento como de recreio.
Como norn1almente, l;i estava o soba, os n1acotas, muitos súbditos -
uns trabalhando em diversos misleres, outros en1 simples ociosidadt.", mas
todcn; t?nvolvidos na de!ícia da cavaqueira.
- V6s, macotas, anciãos e novos; vós, uns que são altos, outros ba1,.-,s.
un.~ gordos, out·ros magros; vós que, pelo aspecto, tanto podeis st•r meu:-
mais v~lhosou meus maifi novos, vim por uma conver:a. Pos!.O fui.ir .t minh.:
vontaJ(•? - .Solicitou eh..•.
Algu n1,1!. vozes !.U pcriorl'.'s uu tori.,-,1ra1n:
F·1la a vnnl.idl' _,
Vou f.1l,1r 1·ntu,1. r.;._,. um,1 )'L•-.-.n,1 di""l'r co11-.t.1nh·111L•nr.• ,1 u.1tr;1: ' ..
4:

n.:ío es homem! Tu não prestas para nada! O que os outros fazem, n.io fazes
, t-u!" Essa conversa, senhores meus, como \'em a dar?
, Esta conversa é para nós todos. Posso responder?• Adiantou-se um
da sua idade.
Alguns senhores graves assentiram:
- Podes falar à vont,1de!
- Essa .:onvers<1 é entre dois homens, entre duas mulheres ou entre
homem e mulhE"r?
- E entre homem e mulh&r.
,, - E qut•n, ê t"'~' hllll'\l'm "::ss-1 rnulher 1
E~se hon1em, ~,u t'U. f. a mulht'T, a minha prc'>pd,1 n,ulhcr
Hela! lc;so ,, conver<;.a para O!I 'Tlai,; velhG:: !
- Vamos! Púl' ,1 011,versa no chão! Convldou um do<1 cnn,.l'lheiróS
do suba
Er,1 n1t>Sml, i,;..i,, quí' E"I..I qU<'nil. meu senh(>r [ pormimoriznu· • r,,io:.
macotas. ,,nciãr~ e nn\'O"· altos e l"ia1:\os. gordoll • rn.ig.n • essa mulh~r l"Sl.'i
<,empre a dii:l'r-me: Tu não es hom!'11\! 1J ,ão p1e3Ll:!l para nad.i! C) qut• º"
outros hun1cn.., 1a1.i>m, não t.u~ IU;n M.i .. eu ,,ou ao rio pescar (:om a çano,1
como li,; outn.,~ hPmt'n~ Pescar rom a muzua, também p('S(T1. c:ultivar,
tambf'm culliv~,. Cri.ir rorcos, galr..~, t.ambe111 rio. Ven..1cr, também
vl•nd,1. St'.' nil' ~1il1 tx·m ('ti mal. isso e'-~ :JU(_> .lci:mtc a qwlqu(·r hrmwm.
Quando n1e am11:tul'i 1._~_1m el;,..., f'll Jã tinha.~fill," s.
1SS'im ,:QfflO ela taml,t-n1.
N.t t'.tma. d,)rm1mtlS os doi._ En~V1dar,..0111igo ngravida. Tt'f filhos, lr-m
Tudo o que 1azem º" oub'o!- hi:mlt"n.'t, t>u '.:imbéu; ~ - Por q1.1,• !lOU rt1 rilrv~1
nlàc1? Qut: tdA'lll os outro-e homens, queN .ão f,.,;a também':"
()U\'t' ~m! ~•ntt!nL,oU o nacot.1. -O que tu.i mulher quer, qu<'
11·~"t't"tas uanga. r,,ra l'Ll ~mh.-m recehfi' f. pc scrutardo o soba. tempre
atento ,, ,., 1-,c,s1,.J,1: - L'uco, t:alc-l bem ou nao falei _x,m?
'
.. 1

,
F ,1-.sim tnl•smu l.{Ut' i.tJ ..i ..;ún\·l!-r!i..l- Vai r~l.'b\'ro Ufillg,1, que t• il q1w.•
,1 hJ,3 rnulher qutr.• Aprovou o ~f{ulo.
t) ho1nem ~guiu o ci;inselhu. C:m ca~a, preveniu a conip.1nhl•1r.i df.'
qu'-' ia fili'l'r uma grande jornada Por issu, lhe prepar,,ssc un1 bom íamel. E
al1,1lúU ~n1 dt?-manda de um quin1banda qu~ poi.suisse poderes para conft'rir
~melhanh.' malelicio,
- O uanga tJUe \[UCres, é de familia, de ,,ontade ou porque te obrigar.im
.i re.."ebt:.. lo? Confom1e o caso, assim te indico o pito. - Indagou o ocuJlista.
O hon1cm repetiu d história: "Tu n~o és homem! Não preslas para
nada! O que os outros homens fazem, não fazes tu!" E explicou-lhe O que
fazia: ~scava com a canoa e a muzua, cultivava, fazia filhos ...
- Está be1n, vou dar-te o uanga. Mas o pito não éo teu filho nascido de
1.1utra mulher, nl;!m o filho tido com ela: o pito será a primeira filha dela ou o
seu prim~ro neto. E para ela saber a dor do uanga.
Concedida a magia, o homem regref:lsou. Mas não revelou nada â
consorte.
Dias depois, estando o netinho mais velho a comer caju!:> com ou.b'a~
criança~. uma e.isca prendeu-se-lhe à garganta. E1n consequência, adoea.>u
e morreu.
No tradicionalismo da usança, a família tratou de a,,_.eriguar a cau'w
da morte. E ficou a sabê-la: o enfeitiçamento do a\'Ô por a.finidade, atr.ivo.."'i
da casquinha do caju.
Reúnem-se os parentes em nssembleia. O caso e discutido por 10...io~
por familiares da n1ãe e por familiares do pai. Ma~ com ,1 p~•n,;a \·h1 d\3.
qut> não neg.:i o dellto, antes refere 1.1uanlo suo..o.;lcra.
• 'f;,m razãn! ·rl•m ra2,l(1! A avL'> J qu1.•n1 o provtx,,11! Ot'\:l.lr.lm unani
JT\f'ITU'lltC-

CI .i1-.untn, e111 fl!, ficou ,,rrun,,idu. r-.1.1-1 u hl>L\1\'111, l'111n11 1..lo ti,,
MINISTROS DO CULTO
São quatro .i-. • + idad•
qulmbanda, quilamb..i. nul • mú~u.HT\Nm~
"' 1

QUIMBANDA

() quimband.i é o adi\·inho-eurandl'iro, o ne..:romJn!L', u Cl.orci~l,1,


l'r,1ta , .•nfermidadcs, diagno.,;hl·ando pl1r ad1vinha1;ão; debela os a.1.urt'!;
rl'st.:iti~:\l..'t:c J harmonia cc,njugal ou provoca a inln1izade; conet>de podere_
para o Jominio no amor ou para a anulaç,lo de demandas. Emh1.1ra n.io se1a
l'S.'-,(' o SC'U L'l'tdade1n) mister, lambem pode causar a mllrle.
- O qu1mb.1nd,1 tambt>m e tcilia:iro. \'itupcr,1 o povo em sua revolta.
Nai; n1;1tas ou camros, aonde vai em bl.L'iCil de plantas medicinai1
otert"ntl.i:, ,111\l".,, da colheita, à regi,lo e ,10 ~lo, isto é, .iu!> seres sobrenaturais
que habitam t•s~ lug.in.--;, ou uma moeda. ou vinho, ou L1uitoto-e,-.n1aluvo,
di,.,..ndo: "Antt•passadns. tributei-vus, vim des\•endar remédios."
Se nâtl re\·crenciar essas entidades, ou nJo vê o que procura, llinda
9ut.• abcrtan1entl'.' exposto, ou o produto se lhe toma ineficaz.
Quando tratando alguém ou dirigindo um ritual. assume a quaJificação
de pai 011 11ulc--dc·1111rb,111da. Repre~nta um tratamento afectivo. Quer dizer:
na subordinação do acto, o paciente contrai um laço n1oral para com o seu
mo.>ntor. Portanto, quimbanda e o individuo físico, estranho a qualquer
inOuéncia psíquica.
No caso partia.1.lar de viuvez, portanto em ce!Cbração de um rito dessa
n;iturez.a. essa qualificação, analogao1ente caracterizando o acto, é de pai,.
nrii.:-de-i•i11t~z.. Nesta função, nao só se aplicando a qulmbanda, mas tambt'n,
a qualquer viúvo com os poderes sobrenaturais convenientes.
O ministt!rio de quimbanda pode ser exercido por três pl"Ol..'L>:-._')()S: p.11
espontaru!idade, por trilllSmissão de alma e por ir1sp.iração dos guia., tutclan'5
Por 1;..>spont,1ncidade, os conhecimentos silo adquirido~ en1 ,lpt\'l\di·
/a~•-•m, M.•rvindo como ,1jud.intc um quimbanda. Fn, l111gungl'm i1uin,tiund,1
e t•l1.- d1-signado por r:11/,n11d11. O poder 0splr\tt1,1l l••lh~• 1:onll'tid<, dur.u1i,
\\ii, .... R,a.~~- ll '"·' 1 "'

l~ t•n<:-inü. Para a co11quista desse don1, chega a ingerir, juntamente com a


1.'\,mida ou lx>bid;:i, a saliva que o mestre expele para o reclpíente.
- Bebe o intimo! -Aconselha-o.
• •
Já formado quimbanda, o mestre acompanha-o nos pr1me1ros
tratan,entos. Como recompensa de seu ensino, o antigo discípulo oferec~
-lhe os respectivos honorários.
Por transmissão de alma, acontecem dois casos: efectuação cm sonho

.. ou em possessão.
A ciência de quimbanda, ou seja, a umbanda, transmit&-se em sonho
quandll houve um parente que profes!!Ou esse ministério. O predei.tinado
sonha com o mato - o grande reser\'atório medicinal - e então vê as
plantas curativas, os lugares para determinadas funções, as encnt.7ilhada:.
impresc.indívei.s a cerlos ritos. E com esta u1nb.anda, dt!sig1,ada de 11111Jií, isto
e, de família, o individuo torna-se quimbanda. E bom. Quando trabalha,
tudo lhe ocorre sobrenatu.raln1entc. Segredos que egoistican1ente os IT\L'!;lres
ocultan1 aos ilprendizes, tudo, neste Cilso, lhe é revelado.
- Nilo esgotes as conver.sas no cora"âo. - Dit um,1 sentenç.1 populí,r.
Os guias tuttc>\are.s também S<' manifl•stam em sonho. A vi~õo e o efeito
não diferem dil r(•velaçâo anterior A umbaJlda as.s1n1 alcançada chama-se de
111ro11dn,ur, ou, portub>ucsmente, de guias tutelares.
A doação por pos~•.,sáo da--se por mort(' de um quimbanda. \1al
.tl·aba dt.• falecer, ou mesmo um breve tempo depois, a sua alma i'.lctu,, S(1htl'
qut'm mais lhe agradou em vida - parente ou n,lo, Tuda a -..1bt'doria e cúrtl·
dr rspiritus '-t11.l-lht• le~odn-; inteiramente.Lo ca<.c, d,• muC\llo, iá rt·fl•filio no
t 1p1tulo .1nlt"rior.
No mon1t•nto da indução, um quimbanJa pn.'sL•nti.> (i:.t<1 se lK"1)ríi'r
1""'11 t'oliil dn ('\tinto, p11i.'i t'S,s~•!'õ p,1~aml'lllir.. s.lo "-t.·nlpn- as.,,, ...1idn1 pt.\r
\1 1 nos ronf r,ldl'S) b,:1 tt.• dev ,:1ga r In ho n,1 l:,1 b1•.;,1 d{1 f" l'Í,'\t'"So, q ut' "º ~t•m1• e ,-, ,

1
,. 1

~onturlv, dt->it,l .;ohre l'!l' uma pinga dl' ,igual' pt.'Ul· J .iJin,1 qul· Sl' manitl·!>!•
t·n, o. u,;I ln oportuna. St.· li h.•núml'l'l(l 'iUt:edcr pr1~tt.•rior1nl'ntt.', o ljUi1nbanJ,
qul' i...· t:hamar. pr~'k.:l'd,.,rJ idcnticamt.'nlc.
Na d,11.1 convl'nit•nte, realiza-se o cerim1,n1.il. No 1nt•io de um quintt1l,
subre uma ...~tcira . ..:oloca-f-C un, banco, pre\'i,1n1entc assin,1ladll com um.la
t.·ru; a pcn,ba e ucussu. O qu11nbi\nda, ~1u. illltes, pai-dl:!-umbanda. dvpois
d,• 1,br1~ar a p,1cienlt> (.is n1ulherl's é que gera!mentl.• ~tio mais afl:'ctadasJ a
ll·~·ant,ir-St.' e a b,11xar-se no\·e vezes, pelo qul· a !:it:'gura pelos ombros, senta-a
nu bJnquinho.
Para atrair a alma, u pai-de-umbanda prepara o prato-das-almas: num
prato nO\'O, ft.•ita a obrigatória cruz a pl'mba e ucusso, mas cada linha !-eguida
t.l~ Ul'na outra a ulumbo do? folhas-das-«lmas, verte nove doses de 9u1toto-e•
-malUVll, outras t<1ntas de vinho e uma porção de água. Com ele à frente da
paciente, vai renle).endo o conteúdo com uma faguinha no,,a ,1propriada - a
faca-da-ximinha.
A paciente tem os olhos Atos no prato. O pai-d~umbanda, no ent.a.nto.
aconselha-lhe concentração e verdade no interrogatório.
E1n r<..-dor, em palmas suaves, a assistência entoa o cântico das aln1as.
Quando a paciente começa a lagrin1ejar, gemer e mover a cabeça, todos :;e
cah1m. O pai-de-umbanda passa-lhe então pela língua, nove vezes cada
Qperação, a dita faquinha. un1a agulha e uma ad,a en1 fogo, tudo con.-;tih1indo
o pelo. Se gritar, a Indução é falsa,
Verificada a mediunidade, o pai-de-umbanda interro~a a alnia. Ell
d1.l quem é, revela a causa de :11.1,1111ortc e declara que deseja 11:'g,ir .:i p.1..it"nl.l
il i;ua cii-ncia e corte de e~pi rito5. Nas adivinh,1çõei;., f.ilará ela. ,, .:alma.

Compll•Tncnt,lrmt•nte ao estudo destt· lll'Ulti:..t,1 . .iprc!of'nl,1rn 1,:, l'C


5':p11/ta1111·nlvs {Jiv.·tsris, L·nfcixados l'm "Ri!.üt; l)iVl'rsus'' o f1• 111-noni.tl d,..~"
f;i h,s·1nu•n 1(,
1 QUILAMBA

1 O <Juilan1b.i é o intérprete das sereias, ou seja, o sacerdote do rui to de


tais entidades.
PrOC'edente de quituta, nasce fadado a comunicar-se com semelhante<;
seres. Possui o privilégio de tratar todos os males ocasion;idos por eles, como:
doenças, cóleras do mar, estiagens, infestações de feras. Em cai-o de cólera,
obtém a calmaria; de estiagem, a d1uva; de infestação, a expulsão.
A predestinação caracter17:a-se por uma anomalia: ou uma depressão
no alto da cabeça, ou o recurvamento dos pés, ou a inaci;ã.o das màos. O
• que, no entanto, não apresenta nenhuma dessas característica_,;, revela-se
através de renitente enfermidade. Púr adivinhação de quimban.da, aclara-
-se ent.ão o mistério.
O tratamento consta de uma prática litllrgic,1, executada por quilamba
e <,Qba de eleição tr adiciona I E.nt retantoo quimb.1 nda, como pa 1iati vú, re<:i;>i ta-
-lhl' uma fomentação de a2eitl' de palma com pós de folhas esp...-cificas.
Para ll ,iludido rito, o pa,..icntc fica deitado nci chão, de barriga para
('im,1, junto da porta de ent-rad,1. Sobre o peitci, o quilamba asi;.entil•lhe o pt.•
direito, e sobre ele, o ~oba t.-unben1 a~s;.,nta o <;t.'u. Cada qu,11. munido de un,
n.>cipi(•nlc de met,1de de CTICO com .i~ud. vai rei·1tondo uma invocaç.'io, ma"
em observônCiil da respectiva orden1. findas as súpliças, dcrran1am a àgu,1
n;l sohrcpo,;;içãn do<.. pés. Con1 ,1 pasta formt1da pel<1 lt•rra mnlh,1d.1. an1bo!i.
, 1 c~11n os pt:•s livre!i. b~'suntan1-lhe o corpo. [~ta solenid.id(' kr,~amh.·ltln
d1"'-tina-M' a .ipal'igunr a ,;,ert•ia
M,ll'I tarde, anil"• de &t.• n1,1tr1moniar. otf>n,.'(e-~ um !t.::!ilim ,l "1.'tt'ia quv
pr,1vl1t·11u ,1 m.inih•~t.,ç.in - ll..,IL't11unho <ll' amiz.idc pt.•lo Jil'Clad11. (·11n~).int,•
o ,c;1I t.•1n qu1• 11 l·nt1• M"lbrt•natur.il r~1Jir, ,l':ISiln .1 ,1•ri111nni,l st- rt•1lila ,'\
J "ira d,· 1t1T1a l,1~0,1, dt• um riu nu lio n1ar .
t. .... lt 11, 1 ·~o
••

par-1,1pJd1> .J,\ St.·u N1Un1bi iJ Ng.1n,1 entidade espirilu,11 a qul•m d,-via


,'lbrdi~nLiil .i dl•t•i,;.olu de receber o fr1liço, pouco tempo volvido, morrc-u por
puniç,i,, drss.1 mesn1J aln1a.
• \1orri sent ter chegado ainda o meu dia. Como foi por causa dela
que rt"l."l'bi o uJnga. ela também não fica, também me seguirá! - Pensou ele
n,, Além. E a mulher, arrebatada pela sua alma, para o outro mundo se foi
',,l'm tardança.
Reatando a explanação:
O malefício do feiticeiro reside no pensamento. Fechado no seu
quarto e agilando uma vareta de ramo da palmeira, ele vai desejando o mal.
~1as, por altura do meio-dia, quando as almas se prestam melhor. E o mal é
remetido através da primeira rajada de vento.
Pa.r.J o fortalecimento espiritu<'!!, t.rt>ino-se de noite, ea1 exercicio
chamado b1111g11/r1trtento. Coru;iste num saracoteio estranho, ora roçando ,15
nádegas na parede dn casa onde esta a pesso<1 a embruxar, ora roçando-as
no chão perto da mesma, emitindo uns couquidos dt• bode c!-.prt>mcndo-<;e.
rendente d;i testa, t'm jeito dt> n1ilscar..i, tr.iz um galho de .irvore, e da cintur,t.
oulrClS qu.:1lro: um, à frente; outro, atrâs; e os oulros dois, na,; ilh<1r~as
Para distinguir ,1s almas, pint.i o r(,:o,to, sobretudo na linha d1~s 'i(lbrolho--
A,·nmp.inha-r,e de um pinto ou gatinho, e 11,1 ,norrha, fa.1 so,1r un, t,u'n~lr.
·Ando dt• noite: '-OU parvtJ? A11dl1 dl' nolll': ~ou p,u•vú? ,\ndl, JC' nt1it~·: st111
parvn?" - Vai profl•rindo.
Qu,indn mat.i ,1lgul'n1, p,1r.1 qul' ,1 ,1lm,1 nílo o pt.•rs1ga. n11ni,tnna 1\
(.ad,ivl'r, l-;tn é, dl•..,pnj,i•lht• uin bocado dr c,1bt>ln e dl• unh,1, l\Ut' q11l•tm.1 l'
redu/ .i po, par,1 tt'I c;u,1,1 liru.,,aria!i. St• i,;tn n,)1l pudt>r ~••· ll•it,, n.l 1t\._)-.l.l11 d1•
ó! 1lfl, ·/1$1•nll'rr,1 rn,1i.:,i1·,1m1·nll· o rn11rto.
~oh-~, r,1d,lv1'r' l ll•t,·rmin,1.
l'ar,1 rrVlj;or,u111•11tn 1111 pnd,•r l''-)'11·H11.1I. o m,1ltt·ilt1r (" 11utru~ çp1 ,c;,.,
•• 1 """" 1(,.... . "

lr,,n:.P",rtJ1T1. r~1r \'l'Lt•s, li corpo p.11-.1 un, t>stn1,d('rijo - g11ndt1 ,,u luJndo
l'lldt• li .,~,.,1111 l' Cllml'nl, buni:;ul,1ndo d!:! quundo l'n, tJU,1nclo. Em rt>:1ult,1du,
-.;~r {I ti•itlt·t•irli un, aprec111dur de tilrni:> hun1unu.
A tua pl,1nt,1 dn pt.•, cn, ac-on1p.:inh<1111en!o dl• bombó, que dt>llci.i!
ll,t\'ia n1all'\'l,lan1<"nte gracejad1.> uin velho que tinh,1 farna tle bru"'º·
O ;ilvejadu, un1 n1oço baixo e robusto. aptinas se limitou ,1 wrrir. Mas a
p,1re11tel,1 ten1ininu. furiosa com ,, galhof;.1, frequentemente o .;imeaçava:
- Se ell' morre só, .1 tu,1 c.1su vai·tit' fechar !1JI
O jO\'em pereçeu en, breve ten,po. E a sua campa ' foi realmente vi11-
lada. Por 1.."\!rto - ufitmava o vulgo - para o satânico banquete dos mulôjis!
Outro dtama de feitiçaria:
Um homem que tambén1 passavaporsortílego, pretendeu uma mulher.
,\o Ül\'ês de outras que ,1a'den1 por temor, ela rejeitou sua proposta.
Ora, nas localidades ribeirinhas, é nos rios ou lagoas aonde as mulheres
vão buscar água. Como as demais, i,1 eia lambém com a sua cabaça prover-~
de água. Dessa feita, n1al mergulhou a vasilha, logo um jacaré a arrebatou.
Prontamente acudiu gente. Canoas sulcaram a supcdiàe liquida, )..in-

guiladores xinguilaran, l\1utakalon1bo - ser espiritual que do j11c.u,? faz seu c.io.
Recuperou-se o corpo. Com su.rpresa gera 1, verificou-se que o reptil ,;o

lhe havia trag,1do as parte:; genitais!


Rt!!ativ<1.mente ao covil onde os feiticeiros assam e com1..'tll 05 cada•
\'t'~, é ele presen.·ado por um sortilégio que impede a aprt1,im<.11,<11.1 d.is
hira.-.. Co,npôe-s<.• de p&l, enterrados à entrada, dispondo-~o capim ,·m \'Olt;
ma5 espaçadam~·ntl.', l•m feixes de .-ilgumas h.u;res, tt\rch.1,1~ l.'íll nõs nas '!"X•
trem1dadl's. lfu11tlt1 é o nome do dilo sortilégio.

Al :ui,;, -.i f~h, unnllo d•· t,~l,1 ,i í,111111\,,


t'.nl~ .- pll;:MJ l,t,.;(ll'f \U , ,,. .,nh•rr• ml'nlc• lli4• t'IN"tUM.1 n f'l•
.,~ '>, .a; w>..a.an:
''

,\ i.:,ttp\·Jo do~ tres outros l'Culistas - qu1n,banda, c1uilamba '-' mukua-


•1nb..1rnb.i • o rnulóji n5o exerce publicamente o :,eu n1inist~rio. Nl•m me!'>mO
w dN:k1r.1 COllll) tal: só por suspeita - e quantas vezes injustamente - ~ lhe
dtlibui serrH~lhan te função. l)or isso, ninguém pode recorrer aos ~us préstimos
na arte de matar. Só ao quimbanda se pode pedir o é.nfeitiçamento.
Para o feiticeiro, usa-se um ardi.l: gabar constantemente a vida de
quen, se quer preiudicar. E o feiticeiro, !nvej0!-0 por natureza, acaba por o
ma1efidar. "O coração do feiticeiro é inflexível coino Kalungangon1be." -
Conceituou o povo num adágio.
1 Por Cúacçâo, consideram-se duas particularidades: ou se recebe o
sortilegio por efeito de cont.ínua!ó enfermidades ou .morte de filhos, sobren.i-
1 turalmentc em sonho. E.m qualquer dos ca~, o mal resulta de antepassado
1 guel.!xcrceu o feiticismo.
1 No primeiro caso, advinhada a causa, o quunbanda declara c1ue, para
,l <'Xlinção da doença ou 111orli1lidi1de, a solução é aceitar o legado. A irticia-
1 ção não diverge da 5eft1.lida por cspontancidadl'
F:m !iOn.ho, também .-i alma de um part.'ntc lJU(' praticara o feiHcismo,
1 entrcia <10 eleito os aludid~ pau.tinhPs, recomcndc1ndf>-lht! t}Ui' os fri«ionc
numa pedra, para, com a ~rradura, ao sin,11 n1xtuml1 d.o prim('iro ~a\il,
esfrt"gar a rc~ião do cr.ínio rà referida. lgualmí"Ok" lhC' reçomt•nd., qul' arranje
um pinto e um galinh1~ rece1n-na~ido5, os qu.ii-., rL>duLido-; a ci1v..a, $1:•n. ir.'i(l
de rc-.guardo e cl<1rividJncia.
Contorml' a~ circunc;t.lnc1as - sa1da. d1lrm1da, etc ª""im St.' caraL"tt·rit..o1
.1 linha d,1 nul·.i, 'i<,brolhos, cat.x>!o. O u<1ng.i. ass1n1 tran,;m1tid11, chan1,l-sc
hutn, nu "'-'1,1, J., fam11i.1, de ht>rL•d1tanL'tladt·-
(..Jt1t•m, por mnr1l' d11 !ICII pn1g~•n11or, n.io 4ui~·r o l~cin dP UJnK,1
ndqurrido tlt> livre vont.1dc, rc'<ll! n'pudt.1-ln .itr,1\ t's dl· um quhi1h,1nd,1. \l,L'>
'll o l1•ga,l11 dn 11,1nga Je hutv un1 drKdc Kt•ndl•nil'S, mL...,HH•l· intr.1n,1tl,1, scr.i
1 "'- .\I l(IIA! l,.i,,
•• 1

ÍOI\.1\\, 1 ,l ,ICt•it.i ·lo. hl \ 'L'fS,ll1'l'nlL', ,ll+I íl ~ dt• LoJ,:i d l~pé,:il' li dfU(Jl)t•Jl lil r JO

l 11n11, ,1 práti,,1 Ju f\·iticú.tnu ,. M•rrcl,l. ini:h,.,1v;uTit'nll' rar,1 , o,n


a prllrn,1 t,1n111i.1, o feiti..:t•iro, pür :;Ud mortl!, 1.h:nuncía~• p<>r 1n1.·iu <l(•
t'.xlra\·.il!.inh'$; gíltu-. nliando .-,ánistr.irnenh· ou 1..-opul,1ndo J v1 ... td d,11 ries-
111.l.1.;, .1par11,;ocs sobr1..•n,1tutais, St.1nhús horre-ndt}!o, docnç,1-. fl(·rm.Jnenf(>f;, A
t·str:a1,h1.•za. s1.u.:ede;, :;uspeita. Ni'10 teria o fin.:adLI deí')(ado uanga? Cum a
.1d v inhaç.lo do 9ui mbandc1. entã1.1 tudo M' escl.irece.
Das lluatro categorias de ocultista::., l' o mulàji o que inspira terror.
Fmbora """dando com t.•le, pn1Jenll•111enh: as pessoas r.e acautelam.

MUKUA-MBAMBA

O m ú. kua-1nbamba, port uguesn,cnte qualificado de hon1e111-do--,/r1cole, é


o fiscal dos fcitice.iros, que persegue e pune. Seu poderio, consequenten,ente,
suplanta o dei;tei;.
O n1inistério é desempenhado identicamente como nos outros
san-rdócios, ou por voluntariedade, ou por revelação, quer f!In sonho, quer
por dat:!nça. Portanto, o poder é-lhe conferido, conforn1e as circun~tà.ncias.
por quimbanda ou por alma de antepassado que tivesse exercido ..::-..se
sacerdócio. A virtude sobrenntural reside nun1 bastão e en, duas bolinhal>
c...:,m pós• apetrt.>chos que usa quando em missão de sua ronda.
O bastão - ban1ba - 111ede cerca de um metro t> é polido t:\lffi uma
mistura de ilZí'iU' de pc1lma co1n serradura de tacula e ft'.'\il.'stidu .:\lln lira, lll'
p;mo, ma-sem .illL·rnação d!.! espaços livres. 1\ cada llril. <'sla1• l'l't'gadils tl'\•"l
imbambas di .. pt)l;!<l, cm tri,lngu lo, cnntL•ndn ,,,. c:a11tn,. t11n,1 b11linh.1 L.1.lm f'\)S
de> planl,,ar.t·pulcrai
('li,,. .-1 Ih•~~- h ""'"" ' -4'1

Quilndo, de noite, vai :i cata dos feiticeiros, ou de livre vontade, ou


3 m.tnd.:ido de alguém, sai munido do seu bastão. À saida de casa, po!>la•
-~ à porta, de braços estendidos, durante uns momentos. Depois, introduz
debaixo da língua uma bolinha - o banze - e sai finalmente, sem olhar para
trás, levando na mão esquerda a outra bol.inha, e na direita, o bastão.
Quando desconfia de feiticeiro, faz. com a bolinha da 1não, um risco
na região dos sobrolhos. Se for, d~obr~ Jogo. E esse indlYíduo, como que
hipnotizado, estaca.
Para o homem-do-chicote o obrigar ,i denunciar-se, toca-lhe com o
baslão (IJ_ Se ele se metan1orfosear em pedra, âgua, bicho, etc., o hon1em-
•do-chicote Iai sempre a tal risca na lesta, mas sen,pre- lhe tocando com
o bastão. E isto atê o feiticeiro readquirir a forn,a hu1nana e se del:larar
vencido, apresentando as mãa~ em ~Uplica.
Para o home1n-dt'l-<.'.hicote o não acusar ao povo, o feiticeiro, st'mpre
por sinais, coinpromete-sc a p!lgar-lhe dinheiro ou um animal. çomo cabra,
porco e at~ boi, confonne as suas posst>s. Eentãodi7 quem é e ,iuem pretende
maleficiar.
Para evit,,r suspeita!>, a paga I n.>mctida em nome de um cump<1dn.•. ~-tas
~ o homem-do-chicote a poderá utih7..-ir em •,eu pmvcito. F guardará sig-i]i).
Se o homem-do--chicote for exigente na puniç.'ío, n feiticeiro la;--Jhl· o
sinal de mçirt-e. O húmem-do-chicolc também pode não açeit.lr nada. c,1-;(1

queir.i que o povo o vt'ía. F.nl,1~1. nào 1hr lt"vanla a .-.uspcn~o e o fcilireiro
pcrmanecerJ no n1L•:-.m11 .,iho. ~1.a.-. não pnde repetir a pro(-':la tri-s VL'i'.l'S,
ll(•n,10 tr.-, fC'ill\.:t•iro--. Sl' rolig..=im, t~ com o rodcr de todo .., mala1n-no.
Com .l rontinuidadL•, o hornl•m-do-chicult• acaba em h•itil·t·iro. l-Jit.i11.
o povo c1,menta: "f já lldo (><.i<i a bater.·

-,;ur>Jo " ,i "ui ru >h•rm11n 1,-, 1, hL•men,. iu- :h1


r~·'u lÍ\'."UIL' tl•· :iv •.,.I'." ,1r1nhu
,, 1

SINl'E ílZANDO

ne~tes 11u,1tro :,;,1c1'niu1~s. ti mil1s p(1d1..•rvsu ro quunb,1nd,1. Suas


atribuiçúcs n.lo "'' hmit,1m .1 ai.,li\"inlwr e cur,1r: ton,hflm St' ,d.tcgam Jn
dl.1n,1nio de l·(int~rir prh·ill.'gios. tm resultai.lü, S1.'r unia !A'rsonulidod1•
<1ll;1n1entc con.-;ider,1da. No ent,uitu, lJnibcrn tc-miUa pió!!a .implitudt· d~ su~
i\Lnbui\•Ô\t"- "O quimb.:1nda tamb\!n1 ~feitice-iro."• l)i;,. a critic.-i popular.
t\1csmo assim, nõo s~ deve confundir, ct>nlo gcralinent~ acontt.•cc enlre
il genh.> europt."ia, r1uin1ba11da con, leiliceiro. O quin1banda - note-se bem
e ll medico tradicional, o homen, que essencialrnente ten1 por objectivo
il pron1oção do bem, ao passo que o feiticeiro, em repelente natureza de
5l'U carácter. exclusivamente se consagra à destn.úção da felicidade alheia.
Dt:m.iis, nf.:!Tl todo o quin1banda aceita a inu1n1bência de matar, sobretudo
inju!:itamente. Não acontece, porventura, o mesmo com o mL'<lico de culturas
supcrior,5? Conquanto se entregue à snlvaç5o da vida do próximo, não
exi!>tl>m casos de envenenamento propositado? Com este argu.mento, assim
o natiYo dctine a posição do quimbanda.
INICIAÇÃO DO XINGUILADOR


.., 1

ELEMENTOS G CRA IS

l • C) ritual de e\"ul·,1i;.io dt:' esp1rittls Jcnomina-~ di~~aqrit·ln. Dt..._t,na·•


-s...• ,1 v.irios lin!>: ou ,1 adopçãü dos t>sp1rito5, ou à sua illianç,1, uu d sua
propicic1ção. A suil efecti.1aç,io, manifes.tada ut.ravés Jc rebt'!dl' cnfcrmi'1ade,
~'ll)dl' ~r moh\·ada: pelo:; guias tutel.1re!. - di;,;,aquPl,l de Kowla ou da
Afeiçã,1; ~)f íllm,1 d,• parente que fora médium, ou por al,na de Vitima d1,-
Cr1ml:'. originJln1entc design.ida por ~lúJ..ua·Kiluxi - dissaquela de Muij, ou
da G~ração; e por <1Jma de p.:i.rente que se dedicara à compra e venda de
es<.:r<l\'I).!., ~1u, ~imph.-smertle, ai) negOCio com o gentio - dissaquela de NgJ,iji
ou de fora~teiro.
2 • Dica11g11•d(~-r11/11nd1lf. é o l~rrciro ondc- Stc> efectua a diss<1queJa.
~ • O m,.'d1um possui vários designativos: dJu11/1e, 11111/11rr-de-ca/1111d11,
111111J1,·r-de-escr11uidân e .xinguiladur. Os três pri1neiros empregam-se indis-
tintamente 11 quillquer dos sexos. Mas o último éú mais usual em linguagem
portuguesa.
4- - Pelo é o reagente da pos:-essão, e nalguns casos, prova da
mediunidade. Varia conforme a entidade actuante.
5 - Para as actividades do culto, dispõem os sacerdotes dt> uma
ca1narinha • odilo1nbr. Pode ser consagrado ,1 calundus ou a malungas.
Respeitando a calundus, é lá que o xinguilador arrecada os seus
apetrechos, bc.m como onde xinguila. Portanto, onde o quimbanda realiza
as práticas divinatórias e consequentes tratan1entos aos pacienlL'S. A sua
po~se resulta, ou de lradiçãQ de .fam.ilia, ou de solicitação das respectivas
entidades. Af.sim, nem tt,dos os xingul\adores o possuém. Muk.Ha a Suku l1 a
i!,.Uil padrr,eira, pois é n esplrito qut' ló pernoita.
Re~peitando a n,alungas, nada de n1ulcheiroso pode J,1 f'\'nn<U\\"\:t.'r
A sua t·xi~téncju provêm de desejo n1an1iel'it<idt1 por eh1s. N\, Ji,\ st•~uinh• .l,1
t,' .. ,~, 1 ,1

Ja ro11Stru,;:io, posta un,n n,•·sa com co,nidas e bcbida5, comparl'.'cem doze


~ntn.,; a banquetea r-Sl'.
A construção de lJUalquer dos Jilon,bes cxc-cuta-se num só dia, po•
drndo os al"'.aban,entos ficar para depois. Constitui uma Jivisão à parte. Ne-
11?5 alimt dos utensílios peculiares ao culto, guardam os sacerdot\?s o nc-gó-
• o relativo às mesn1as entidades, cujos proventos se a11licam de hc1rmonia
com ,,s instruções por elas determinadas: ou para auxílio do cultuanle, ou
para aquisição de artigos privativos ao ministêrio.
De quando em quando, devem eles lá dormir, n1as sen, a consorte, ou
,·ice-versa. E quando vindns de longe, mn,bém º" consulentL'S. Fin.ilmenh.•, pela
lua-nnvc1, cumpre ,11·omatizá-los com incenso i1u qualquer outra erva de cl,~•iro.
6- l'ara que um rito derorra ,em perlurbaçÕl'S úe ordern t,11bren,1turnl,
é ele iniciado C{)ffi uma benzedura, c.1racterizando-se com un,,, cru7 o lucal
de sua exeruç.io. São qualro os caractcri7..1dorcs principais. pemba, L1f1.1,so,
undo e ult)n,bo.
A pen,ba é un1 calc.irio margoso, cspécir. de ge:,so. CQm ela se traç.1 o llnh,.,
\CJ't1cal da auz, c por ve.zt..'S. a pnípri,1 crttL Serve para atrair a graça divina.
O ucu&;(l é un1 oc.re ,·errnclho. Con1 ele 'iC lrOÇil t'l linha horizontal do
tl'Íendo s1mbolo. &,rve p,1ra atrair a gr,1ç,1 dos c~p1r1tos
O undo é ta111L"1en1 un1 ocre, n1as -.erm('lho-cscuro. lgu,1lmentc se
destina n atrair a gn.1ça dus seres cspintu,1is.
E o ulombo ~ po prelo, rc>sultêlntc da carbo11i.1,.1o,;:io de detcrn11n 1da
folh;ic;, vcgct,1i~. Sua função é idênttcn a dos do,._ ulbmos c,1racte11zodor\..'l'..
De entrt? O!. demc11s, a pc1nba e o purificador por cxct lf111.:1a Alt>m dl'
t'Tllrar nc1 formaç:io dn cruz, ainda dcsobsLrut o .1mb1cntc dt• carga!> 1 utd1c.1
no,j\'.IS, Súprando • (' um,l ritnd,1 1nru [) ,lr ou p.1ra .1lgUl'm N, ll 1 t, lta ro•-
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rL·<.u\t. d0 ·ontaç o ljlle ,1 pl.1nta ti:ve L·om o !iulo. dl'll• rei:l'bt•ndli 01I fluido!!
dos St.'!YS l' ;p1ri1tJuis e !K.•bren.1tur,1is '-''i.-.tentt.•,; em !iUdS profundl'.l.1'i.

Kt•lat1,·aa1l'ntl' ao un1sso, pode eh: ser suprido pelo undn. Mas i:um
n uh1n,bo. n,1da d1• :;o a1..--ontece: cm \'t!Z de substituir, retorça os oulrus
t•lt"n\rfllll'i, 1-lt'la ..iplicaçáo em adj<1ci>n1..i.i d ambos p,, traços. Seu uso, porem,
l' rn.ti.s restrito.
A cruz. poi-1, ron.-.titui um símbolo 1mprc:,,cindive! cn1 todas a,;. práticas
r,•li~1osos. Por eh.>1tu de ,;ua cvmpo;;i\·ão, faz abrir o:- t:,111ú11l1os, conform~
exprl'SS:io dos ministros do culto. Quer dizer: destruir qualquer malefício.
M,1:-. n.i suu IL•ituro. ordinariamente~ prolerindo um exorcismo.
7 - A m.-J1un1dade- adquire-!K": ou por eleição de alma simpntizantl' • o
mucult1 ('U por impusiçju de alma dto' í,1n1ília ou de v1t1ma de crlmc, úU,
ainda. por íníluição d.15 miondonas.
Para xinguílar, t;>Xistcm, poi5, duas espécies de iniciação: a motivada
por elt•içãn de n,uculo e a n,otivada pelas outras entidades. No prin1eiro
caso, quillihca-~c de flbnr a rnhi'Ça (kujukula o 1n11t11eJ; e no segundo, de qr1e/1rar
o ca/11ndr1 fkubu/11 o kilunduJ.
Tratando-::;e de muculo, a liturgia é simples, idêntica à da revelação de
tJuimbantib,mo, já referida no capitulo anterior.
Nas outras três circunstâncias - coacção de alma de família, de alma de
vitima de crime e dos guias tutelares - o ritual é. complicado. Detern1inado,
por adivinhação, o desejo de a~ entidades quererem vir ou sulur à cabt>çn. o
pai-de-un1banda iu prepara o penhor da efcctivaçâo da dissaquela, pois. em
virtude do seu elevado dispêndio, que podia atingir a cifra de cinco J dez
contos f:l, conforme a quantidade dos pacientes, os interessado« lerão que

1' 1A, mulllt'r~. t.1mbém pod~r,1 <lir\11:1r t·~te~ r!lu.11:; M11, i-,,·uam t r11b.ilh-1r ~'-'"' hun"°""

F'(ri!I • · 1.-1nu11,,~ v.-ll'i, 1•,ir~ 11~ mf.-nor1U1n·m, 1•rt•Ju,litan111,ies.~,11, (,,111 u,1, ,;urtH~,;•"·
· I· i!-1~ <]lloll'!lh1;, r<•~p,.•I l,, ,n " 11m lt'lllf'<> llnll;'rl, ,r .1 ! >17S . ,l,1t,l d.t e,.((~àu
•mr.,lhar o-. tund,1'1 ncct"•'-,1nus. Es'le pi.>nhur L' reprL-s,.•nt,1do pclu!S m;i,.,uw
1
o-. 111t•,1lhl·iro-; sagrados.
Para .:i sua tcitura, a famíli.i apanha u1n pouco de líxo nas pro~imid;ide.
de um estabtdecin,ento dl'.' gn1nde movi1ncnto comercial e nas de um
mt•rrudo, e noutro lug.ir qu,1lquer, uma rodilha de carregador. Entregul' r.>
al.'.hado .io ocultista, ele, depois de reservar u1na parte para a preparação de
paramentos que só executará no final dti iniciação - as zembas - carboniza
o rt.-stante e soca-o num pilão, jw1tamente co1n pepes, '-Obongos, cabela e
• tacula manipulada Ou1l't1·11gên,ii).
Peneirada a composição, deita-a num balaio novo já assinalado com
• a cruz a pemba e ucusso, sobrepondo-lhe depois os pelos - os reagentes da
possessão. Assin, recheada, a vasilha é exposta ao sol. durante. um dia. O po
é re.partido em oito retalhos de pano-cru, em cada um dos quíliS também
deposita uma moeda.
Atados isoladamente, são dcfum.id.o~ com alecrim, incenso e pastili1c1 ~
aromática, ma~ dentre> do balaio, a~ora coin ~1uatro Cl~pôS, cada ~iu.i\ cóntendo
uma pitada de pcmba, um crucifixo e um11 moeda. O-. copos, consahrrados a
Kazula - espírito h.Jlel,;1r assumem a r.lesignaçâo do me-.1110 rwr: copos de
K,1iola. oe-.tinam-<;e, como se \'er;.1 en1 "'Cerimoni.ilisn,o do Xin,l,\uil.idor', a
atrair a -.ua grai,:a.
Em di,1 apra,1ado, ti pai-dC'-umb,1nd,1, illl <;(llll de chocdlhada de dit.·an,a
no seu diloml.X' • a l.'.amarinho do culto - 1n1pi1t', ao pl">roçti dl' cad.i 1.1n1ih,1r.
uma miSlloang.i Prancu in~1gni,1 dl' Ngc1 n1bo ia Ki\1.u!a. fnt,111, (•nlrl•~.1 ,l(I
m,li'I vt.•lho, ir1Vl'"1Udo n,1 ,1uf1,nd.idt• dl• ,·abl'Çil Lhl ~-t.·rin1oni.1!. o obri~,1t(i1r1\1
pt·nhtir pJr,1 ..:om ,1._ entid,1dl's 1~r1nlu,1i~ u b,,J.1111 ..:1111, ns ,1t.1düs t.' \'itJ"'tl~
011 ,,j,1, 0<1 m,11,n·11'1. !· t' n1"i'-l-S awJo,; 1.' 1.""i1po!t, qua1-. c,1tn 1-. s.111,r;1d11-.. , 1ut' •
11rrecid,un .1, 1· (1i\nn1i.1,;
( lbhd,I 1 •111,1nll,l prl'< J<ó,1 p,lT,1 ,1 di,;s.n1ut·l,1 ltt, lcl 11111~, un 1 '-t\1$fN,l·
IJ,,.;~•lh1.ul11, "''
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l"pn'Sl,;t;, U\1>; 801. l$llú; IIIL'Sa 11t'rlll!I 11,•11 /1. 1i11rt1 /11d1 l,i u, ,,,1,1rt IJ'lllllf'~ r 4s.,1,/t'fl ,..,, 111n
n\11n1.1nh• sup1•nor .1 200t1:f,00, runh,rme ú IILlml•ro dt• pl•sso,11 1 mari.i<fot! J
J,,ta d.: '-UJ l'll'l·tu11ç,lll, .1dquirindo-si.•, a IPn1pn, O"l uil'll!->dios, in~r1•dil'nh.~ t'
alim..-nh.,:, b;i!<i,;us.
('.onu1 pn:p.1rativ0:, J,1 11ctu<1ç.io . actl1 dusign;,,do por 1//t'11r a geraçtJIJ, ou
\·t'nla\'.\ll...1mt'nll:, ~ut1i4i/11 e, 1111111i o pai-de-u1nbrtnd-' apronldr,i, cm e.isa du~
intcn..,.;:;J.dOS, os xh,:os, a p,1nel,1--Ju:.-a-1lunJ.u,. (/,r1/li11-ia-i/1111dv), a fuguf'ira-dar
;;alundus (lfU1S1111,1;11-r,r1-i/ u11d11) eos poi~ da:; pacientes (11rland11). Al~m d'-" outras
tin..11idad~. tudo isso vi.~ a proporcionar umo melhor atracç.io dos espiritos.
Os xicos - instrun,entos rituais de segurança são dois: un1, à entra·
d.t da portíl, p;ir• desl-ru.ir qualquer n1au-olhado; e o outro, no ,neio do
terreiro, par,1 ,3s...egurur o êxito da :;ess.:io, anulando qualquer malt>ficio que.
por,:entura, se faça, e pur vcLes, até contra a vida do próprio oficiante,
Para o ,ico da entrada, o pai-de-umbanda traça no chão uma cruz a
pemba e ucusso. No lugar assina.lado, abre um buraco, e vertendo-lhe nove
doses1 1' de qu1toto-e-maluvo, invoca:
Assim, com quatro - uana - diz-se: "Nganga jauane!" (Os ocultist~ qut'
dh·id.tm!J Quer di.zer separem a doença para urn lado: a saUde para o outm.
Com cinco - tanu - profere-:,;e: "Ngalana!" (Estou agradecido')
Com novl.' - vuá - invoca-se: "Ng'ivile, ngana Ngânji!" (Ouça-me, !>e-

nhor Fulano!)
Dii!S trés contagens :;in,plcs, a dl' nove é que<;<> usa t·m ilLhli maii,
melindrosos. I;;. d':I três conjuntan1ente, no~ de muior import.in.:w .iinda.

Obacrv.ç.\<l [d,'1lt1r; ,1 J~ nnt~ 11, d~ p-1i:in~ 4111,·nnr.


1\1 r,pc- ~ r JPW11t1 '14J·• g,-,.Unu·nh' 1n1 ·1, i " , " , ur. :a 11.aitl'ITI :iiral

n ,
u:- ''·!Wto· 1 S7

('cu\ti-;1J,; d11 .\!1•1n, ajudai-ntl!! &> rc(ébi d1• verdade a umbanda,


1• -.i.-n·i\,, s.i1,, L'i.'rlo! ~1as Sl' a n,'io recebi co1n o meu dinhl!1ro, a doença n,e
rondt•nl!! • E dispar.itando os ~eus 111estres, mesmo falecidos 11: lde para o
pai que vos lct.. idt? pdra a mãe que vos fez 1211 Se vos disparatei, foi pelo oficio
e nào ptc'la confiança! Portanto, ajudai-me também!
Oepoii;, deit.1 na cova um fragmento de pena de andua e de garça, de
crina Je elefante, de sebo de caça, de dibo, um grão de db.:ima e outro de
Jix1mane e uma escama de pangolim. Sobre esses fragmentos, acondiciona
nove rodilhas de mussêquenha, assentando verticaJn1ente um burgau na
Ultima camada. Por fim, despeja mel, quitotó-e-maluvo I! um ou dois litros
de vinho comum P), tapc,ndo o cabanda a escavação.
Pa.ra o xico do terreiro, disposto no meio, procede semelhantemente,
mas com o primeiro ovo deu.ma galinha.
Para a pancla-dos-calundus, destinada a /1:i•antar os ca/u11dr1s debaixo
Jn terra, mas com a interferência dos oito bisavós -quatro p.iren1os e quatro
maternos- deit.a numa p11nela de barro, depois de circundada .:orn um cordão
de retalhos de baeta encarnada, bae!a a7Ul e pano-cru. uni pedaço de pena
dl:!andua e de garça, dt' ~bo dl? caça, de crina de lll~lante, de sacus.,aco, uma
e..i;cama de pangolim, galhos entrelaçados por .,,1 prt'>prill"' t•1, 1.iÇ<JS d~ mateba,
uma moquínha, quitoto-e-maluvo, vinho-abafado l' tintt11 rngandll n(l
prelimin.-ir as~inal11mento da cruz, a pembc1 e ucu..,~o no interior da v,1;,-ilha:

• A 1nv<X·aç.\<1 ;ios c,ct, ni,,~ r ;i,," me,;tn.,., de~1i;t11!lcl,t fK>T pr 1n/1d,·. l' U'kulil no t'Om(\:<• ,111'
11u..J,1u••r M"r,·tço n11 Ml'Jl:•\<:11,, rofJ'I n /lm dl' w ~ir l.lt'm dek
'iobn.• mv," ,1,;,'"'5 dt· n~•1t<'>ctu. v~ mofó npre,,·11t,1r ,1 ,;c~uinlt- proll'rhlJ p1_>1 unhl ,,.,,.~,·ir.,
( J ;•111,'II do A h-10. ;a..,,1blt•nw p <]lll' lvi 1:un1 tlinht!1ri1. \'l'nh,1 t• ,m ,t 1nhl'1ro1·
Um,, c,,mp.inh,•if ~ 1! 1r1,-:1u .!"'-1 m e1 s\•U rn~,1. ·tl cru,·· 1ln l"l.'1111 h.'fh.11·
1' "'"'"' k1111 t,lt',·111,. ld, 111a kíl m,1111·,-,1111
1'ntl11o1m,•nl1·, l,1111l"1nl !W J1•Jl;1\';I 1·!11h,).~l1,1t~,lu l' ,1 u l'ullu
1 !~11 M" lhú8. l1r111 rri11111 u m.,, jllinh,,. h, ,1n1 n'rl w,11nh·t11•·
l · A• 1(114~ 11 'IIIP ·

\'os, ,1ntlap.1 ...s.adl,..,, vindl•, huJl' e ú d1,1 d,1 \<1..,._a ,·hJn1,,d,1! F-.t,i J•jUi J

\'1•~-.a di,Jn~.:i! t: 1n1una os-.eus mcstn°s


l:..,p1.'lt1ndo no (h,lú um pau triturcc1d1..l, íl..,,.;i?nta OL'h.!' J p,111t•la. Em
1>t·guid,1, d1..·pL-ndur.:i um,1 ,n.1c.:h.1dinh,1 na p,lrtL' ~xlt•rior d,l bord,1. As ~Jrrat.1,;
d,is P\•bidas pt·rmc1nt>e1•rão .;'lo lado.
P,ir,1 c1 fogut'ira.Julrl:alur1du!., onde ib inicianda:,, em arrem,,<;0 dé
Jeterrninada.<1 l'OtiUad1.....,, ~ mO\.'ÍITh'tlt.1r~o indl'mnemente - l1..>«ten1unho dl'
pcisoess.l~1~e t.ambé-mdeonde -..,ir.í a adta para o pt"lo das rumas,
aut1..'flliridad1•d.1
n ~ct'rduteou o cab.anda, ,:aso., po'i-ruam' 1, num lugar central, també1n n"\.,.ll"Gldo
LUll\ d reler-ida cruz. junta ll'nha. 1.•m disf)ly;;J~·ào tnpartida '.li para trempe.
Para l''> poi!;fJ<;, l'le1,.-tuada nu chão a obriJ;Htóri,l cruz, o pai~de-
~un1b;1ndu mastig.i um pouco de lacula m.inipuladt1 e de tlitudila Com a
:,.ihv.i, e!>parge, pelo ave..,..,o, o,,; cantt,~ e ,:entro dos luandos e esteiras en1
que se wnt,1r,'io as patiente.:; !li - uma" du r,1n10 paterno e outra!; do matemo
;•, Cada esteira fica sobrepo.,;;ta a uni luando, unindo-sL• os asse.ntos uns aos
ou tJos. Dando - · se denornina especificamente esse conjunto.

11 r,,.;,.--;!J~ _.õe, ,.. oo.iltista. ,;e rido ~uir apn:ndil. arranja a)guem qut> o ,1ux!lie,
i:eralmt>nll' um nli.lhado s.•,1. ou seja, q,n·m jó ,;o, 5ervi u dos -;cus préslimoi; espin tua,s, quer em
ttatam,•nto. qi.h•r en1 rituul.
~ No intenor de Lo.inda, a 1..nh.i t ..,.-,br<!po:;\JJ unllorrn~mente.
Cumu 1;i fíCl,>I.I ditu. as mu!h.l!r,-s é q11(• ><ão mai~ 1ndu,:1dns. Segundo , t l ~
intormant~, a c;11u,;a r,-.;!Je em a iiUil crença ser maü,r: t• i:egundo outnu;, e1n recair sobre el.l.~ C'I
t-n,:;irg,, o.la mat .. n1idadl', rom todo o pe5<'> d~ fu~rança espiritual.
:<i Outro:; ou,lh)ta~. pnni;ipalmt'.flte no ,nteriur d~ Luanda, so su1,•itmn n il'licraç.l,> 6'
,ndividuô'I do ramu dr ('l!\de pro,:ed<'u il mnnif,-.t11çln. M.11is l.irde, &e, por 11,-,;pr:,10 Ja.~ ,·nt,,Ja,d,,,
do ootm rami,, ~orgirl'm no,·"s JOt'n,;.>9, l)utr~ dl~qucld SI.' teitli.G.1 com o~ indi•·ulu,!ll dl._.
r.imo. tmhur>J 1,•1&0 1-.0 ,1,~un10. Pch,,mns míli.s r,11.o.1vel o prott."-S..l d ,1 "r11utw,1,•id,1J, d<>< ;loi.,o
,;- "'Doll: numa \lnlr ,1 ur,,r,1,;.'i<>, 1,t1ludonnm-lt' Joi~ !'n•N••n1,111,
Nd,n,.f11 ~1gni/ic,1 ~111111«1. 1•~rr,11/r l-:;,t,• l'<'l"·' ,. ,1S!ofm dl.',1f(n,nh, po. M ttnt.u-,,n- rto:l,•
1p.•n.1~ 1ttd·\·ld "º11 Úil m,~ mJ t.unl n.,
Ao con,eç.tr o dissaqLtt•la, o p,1i•de-un1l,r111da, paril eliminar qualquer
bruxari,1, l,,,·a as no,,iç;1~ com o IÍltuid~, cr,nlido na panela. Para tal, passa-lhes
pelo cr1rpo, nov-e vezt.'5 de alto a baixo, 1ncsn10 :-c>hre as vl'!\tes, .,~ n1ãos n1olhadas
do preparado ritual. En1 .::eguida, caractt'riza-a._: priml•iro, esfrega-lhes com
pemba a te..;ta e tace5: depúi!'>, com ucusso, traça-lhes três riscos - um da raiz do
nanz ,10 cabelo, e de cada ângulo do olho ú orelha, mais u1n. Esta opt•ração é
eJectuada, não parcialmente, inas co1npletamente em cada paciente.
Terminada a caracterização, fá-las sentar no dando, uma de cada vez:
segttr..lndo a paciente pela mão, manda-a tornear à volta de si, i:ontando ele
oralmente l1S nove giros execut.idos, e segur,1ndo-a pek,!', ombros, para baixo
e para cima também nove vcze:; ~, C'.ont.igem sonora, r1 obriga a baixar-se e
a levantar-se, at<- que, à nona ílexJo, a pous,1 dclinili\ Jn1ente.
-Ouvi-me, <•cultistas do Além, vô:, e{Jlll' esu1is a fazer l'<;tl' !'>Cl'\'iç:o, e n:io
eu! Portanto, .ijudai-n,e! - E 1111uri,1 co1n pi1lavr0t>s u~ St•us tnt:!l'-lrl'ti. ~-1as lngo
se de~'1.tlpa: - Se vo:. dispar.,te1, foi pelo otic10 e nlio p,•la conti,,nça! l'ortonto,
ajudai-,nc ta1nben1! - Jrradi;i no hn,11 do asscntan1ento da prin1cira pac1entl'.
l)et1111 atado gui1rd.1do na sua samba, extrai un, defumadourocnn1posto
de alccrin1, incenso, captm de novti l'nL ruzHhndilS en1 !,(.'I'\ cntia e C<1p11n de outr.i ..
tilntas ,1b,1ndonadns pelo trfinsito, qu:.:ilificndas dc t'lli'rtailhndns r11artm, tudo Já
n."'<iuz1do o pó. 1..ânç,1ndo u1nn pitad,1 numa!> hrasas dl.>pt1Sitaclds nu,ni1 !ntinhn,
que coloca em fn.'llte da:. inicianda-., pron,ove, con, a defumação, o atrncção ,ias
1..>J1hd,1dcs. Tratnndo•se de alma:., o defumadouro l,1mbém conter., alfa,Pn1,1.
·1ambé1n a frente dt•l,1s, jaze.r,1 o dicosso-dos-cc1lunclus • 1 omp()i;tçJo
de água, vinho, 11uitoto-<'•malu,o e folltas frag1nentc1d11,; dt• diololo (' dP
d1túmbate. 1 ic,1 contido num pro to novo, prcv1an11..>nte assinalado co,n .1 cru;;
a pcmba e ucu~so. Fm 11osst•ss,io de Ngombo, ainda se lhl• .1d1cionil mocdur.1
dr folh.1s de gub11-1nlut1 e lnços dt• n1c1teb,1

., (,.._ ,1,• . . . . . . ,.,, J

l·!.lt' prt"par.1dt1 -...·r.·c para aplacar as 1nCllr~x1ro11;ücs. sobretudo dJ'I


er\lid.idl"S brava,;. Para o t•l,•1tu, i:, au,iliar. Í'l medid.i qut! cada espiritu for
!oubi.ndu ~ l.,lh<-ça, 111,r,.·e um pouco de lii.'ju1do, t' num \xx:hcchu, t>Sp,irge•o
p.ira u rosto dJ posSL-ssa. u-per.ição que repele no oticia1llt•. a fin1 dt• t.•vilar qul'
l"ll' tamben\ c,1ia em induçáu. Além dessa utilidade, o d1co..;svd~1s c.ilundus
i~u.ilml•nh.• sen..e- para as pacientes beberem após il aplica~·ão do ~lo, ou
'>l'ja, o rcagcnti.• da poss,.>ss.'io.
P.ira ehi·..icia da actu.1..;ào, im~, durante o noviciado, comer e
belwr •,übrian,cnte. Os alimento:-. dt'vem "'-'r ~-os. ~n1 molho uu caldo, como
pt.•J,tC ;,c. ... ado. manJioca, batata-doce, jingut-a. E mai~ que ess.;s restrições,
dev ....'-S<: guilrdar absoluta ct1ntinl·nc1a.
Para a recuperação da liherdadesei,,.u.iJ, so permitida no final da ~rie
d~· formalid«~ics, o cx-p,milent~ r húmcm ou mulher - ter.1 que solicitdr ao
relcbrante o quipapo - a primeira acha de lenha posta na fogueira-dos-
-calundus. Para que ndo ~ carbonize tut,1lmente, J a sua consumição v-igiad11,
ou pl'lo cab11nda, ou por cnatura idónea. Após S<' retirar, é depositada em
lugilr reSl'rvado.
Encerrado.,; no quarto, a paciente e o con~ôrte defumam--sc com o
quipapo, que se acende na ocasiào. Com a cinza .iderente, caracterizam o
contamo das articulações do pescoço, coto\·clos, pulsos, cintura, joelhos, tor
nozelos e a região dos sobrolhos, de um.a fonte à outra. Só na prin,eira noite
se cun1pre este preceito.
Quem não observar a continênci.a ea formalidade de seu rompimento,
os ei>piritos, por despr!lto, abandonam-no e perseguen1-nn com novas
enfermidades e azares. A este abandono, diz-se: dt·ilar ft,rn os ra/1tnd11s fnt.io,
dcvl'ril fazer nova chamada noutro ritual, embora Sl'in ri longuidJ.o .:interi\1f.
Se a noviça ainda íor donzela, tambén1 c,11Tiprirá. anl~s d,,....._. mJtri~
moniar, a norma d,1 ciut•bra, E no CilSO dt• o tnarido, ~•m ronsl•qut•111.:1a li~• 1
' .......,, l: 1 .,

pcrt(•11<·1•1 ., Ul'l.\.t nutr,1 ,...Jt.'r<I, n.'ill se !-iUJl'itar à defumaçJo, ba~ta o car.irtt·r


a,....,inJlad1l na dl1rmiJa
:\ ôl..,..,ishilll".ia, acomodada em luandos encostados uni"t aos uulr~, ao
">i.,m dt• um instrumental Pi• go1na e dicaiv.a, ou goma e chOCillho de cabaça
'l!'m ~--,sses...<.ão de Ngombo - colocado na retaguarda das pacientes, entoa o
cântico apropriado à entidade, o qual, seg'Undo o seu gosto ocasional, pode
ser mudado para outros, em duas ou mais variações.
No caso de não comp;:,recer 1'tenhUJ11<l entidade, o celebrante, pilra deso-
bstruir o emba.raço sobrenat1.1ral, ex:trai da panela-dos-calundus tantos galhos
entrelaçados quantas .1s pacientes. Comu.m deles, circunda a cabeça de. uma, o
qual, depois de deseruvlar, atira para o chão. Mas os filamentos, na suce%ão da
operação, alternadamente são dirigidos, ora para a direita, ora para a esq1.1erda.
Reacendendo o dcfun,adouro, passeia com ele em volta do grupo.
Quando a entidade vem e vaj con,o que ean hesitação, o oficiante, para
a fixar, tlra da citada panela um dos referidos galhos e um laç.o de ma~ba.
Com eles, torneia a cabeça da paciente, e concluído o volteio. di.?senlaça il
mateb.a, qu~ lança para o i.:hão, repondo o gt1lho na panela. Utiliz.i.ndo o
defumadouro, procede como no lance anterior.
Si:- uma espectadora que nunca xuiguüou, for acon1elida, o pai-d1,,,.._
-umbanda, a fim de recambi.:iroespirilu, sorve um pouco dediccy.,.._<,Q, bornJa-lho
para a c.1beça, e danderlhc u1rui paln,ad.inha t0n1bém na cab1..-ça, irradi;i:

rt, 5e8unJt1 o p,..,/ Rrn~ Ribt•irr, f'm (111/t>,; A(T, .. llr.r.,i/i-1,v,, ,/r, R,.,·,tr t~ \n~tnnnr11t,'l:S
,hlu.,,-j"s n.i~ IUutp,1,1~ nfin rod1•111, 11n lir,, ,il. M•r 1•n1pn•~1.1i10~ r~rJ hnt ,hh•r,•nt,-~ n,·m m.·Mfl••
, wlr.1 l'd""1 crttigl·1wn· Aqui, 11iiu ~•• ub'il.'n·,1 t'!õM' Nn f'lll,1nh1, ,,, ~.,,vr,ta1i~\.~ íl •1u•-m
r!i-or
l,1.m\lt-m 11!«>n'<'11l(" p,uíl ,1 rr~uJui"-t Ji· 1•l,·nu•11to~ p;1r3 ••~!~ ut,r a. it,tu,1lm,•nte o'> 1wl,11•n1r1'1',t,1m.
11 tlt.· 'o ,t,, Flll-ll,111,•r m.1l<'J/c1u pur p,1rlr ,\,J cr1ah1r,1 ul,,p,111111!.líl 11,· qu,1l,11u•r n1nd11, -.., o
fflf,r,111-v ,lt· e.ih ,ça ll!'ldJ{tl rv"tu; 3ll,
11,1,r,-, 0 ""'l""'~fl ,t,1"1111~ln1n1'·11l,•11, 110 1111<•rl11t d,• 1 uantl,\ l'•'t,11•1,·11" d,• nll.lu,,ló dl'
lm , 16 "' 1·n11'''' 1 to! 11, •.,,11,,, 111· r,1b,1~,1
"' 1

• \'11\t,1. t'i'lpt_•r,1 pvL.1 lua dii.:anµíl.


F ,1 ,1ctu,1da rt•lira·-....· d,1 "'' ;s.io ,1,.
1:- ;\i miondl•n.is t• i:il.!undu.., consl1h1t'm-s.;, l'm 11edr11.,, tiu 111.·Jd, grupo!!.
\.1.1.., l' t>ú n.:i iniciaç,lu de x1ng1.1 i l<1dor t4Lh.' ,1s;;i n1 "'-' ,1 pn.-,;en t.:un.
lndepcndcntt·mt:ntc Ju respt>cbvo c1grup.:iml'ntu, cJd.i l'nlidade.
e,t"t'pluando u,n númeru n..>Ju1.ido que tl t' :;.ingu!:irmi:'nte. ainda ~ org,tni,-a
num.:i série numcr<1sa de entidaJc,. .ifin~, todas intitulada<; C<1m ;i mt>!-Jmd
dt>si~naç.'io, n1il-. L.ida t1ual po-;5uindú ~u nome p;,rticular. Do mc-;n10 modo
q11t', dentro du tuulu dl' guvernadvr. cabL•n1 muitos governant(:S • h;to, segundo
u con1p,11'aç,to de tun.i infonn.1nts! noss.i • assu11 acontece com os seres
~spirituais. Exe1nplifirilndo: K.ip1ta não representa llm único ser, mas uma
multid,io desse~ m,•smos seres. Portanto, dé muitíssimos outros Kapitas.
,•\cerca da unitariedade, existem divergências. Segundo a entidade
Mavitía ~1bongo, enrã~) em actuação na informante destes e-.c:larecimentos,
aliás ocultisia renomada, Mutakalombo, por exe1nplo, é um espírito uiiico.
Outras inlom1,1nles, poren,, refutarnm tal concepção, alegando que, no intf.......
rior do! Luanda, quando um jacaré arrebata alguém, para que el<! abandone a
pre.a, a (amília recorre à intervenção dessa entidade, pois o jacaré é um "cão"
st>u. Então, Mutilk..1lombo - entidade que superintende na fauna aqu.itica
- acometerá. não só u111a x.i.nguiladora, mas várias simultaneamenl'e. Bas1a
haver, na ocasião, esse número de !-acerdotisas. Esse- facto, pois, constitui utn
e,·idente teslemtmho de sua pluralidade.
O.. e:;píritos podem provir de uma das três vias: /l."11.::.vln ou Atei,;ào,
MiliJi ou Getaçào e Kit11:ri" ou Crime. São de K11za/11 ou da Af<!içdo, quandü '-C

NQ ir,t.,rlor dl.' Lu~nda. dL'f>Ol~ di., ll~'l>rd<' entw a !,1m11ia da .tL1u.W.1 .- ",,., l>f,1n:, 1
1 mt'9ffl,I -:,,tnhnolu. Qu,:,r ,J;,,,.- subrnetidd ~,1 ritual ~-t~~ s,1n1 .... .,.. <'1"11 lu~,1r ~ p.irll•, ig\- .mi•n;
~n,.lnd;a:. 1n.:orruru~, ..,._ Só p<ist<'ri,1rn1,-nt1:. <'li"\ c'l·ri111u1ual 1.1 pn1n1<>risl,1t~r~
..-. i,,1: , ~-ki.GJu
'Abn·v. J., '-!u~• 1 1<111•~• {Vit11n,1 .IL•(r,111,•)
l

man1fe:.t,,m c-m nos:;a g1~ta1,ao; cll.' fvl1111i ou da Gcr,,i;ão, qu,111Jo figuraram na


corte espiritu,1) que acttH,u nos nossos avós; l' dli Ktt11ri ou do Crime, quando
um antepa-.sado a,;sas-.inou algué,n qul' xinguilav,, e:.s,1 entidddé. Assim. só se
sofre a indução da" entidades pertenct!nles a uma da-. citada$ vias.
Em dii:;saquela, as entida<.lt•ssobem n1etodicamente, sempre na n1csma
,;ucessão. E para que se mantenha a ordem, ú s.1cer<lote, parn dês,·iar um
l''-pÍr1to que se antecipa, prorede como nl) c,\SO de possessão inoportuna,
pedindo ao dilo espírito que espere a ,ua \ ez. Entretanto, fora da inioai;iio,
qualquer entidade pode acluar indeterminadamenh•.

PEOR,\S
Sua Enumeração

Pedra de Knlonr/10 (rclali\·a à nossa procriação, fonn,1cta pelas 1niondonas):


Lemba, Ngonga, Ndembu ou l\-lufulan1c.
Lern/ln é un1 espírito fenlinino quí' prumo, e a procria,·ão.
P<,de '-Cf de Kalon1bo e de 1-lanyi ou Ngima. No principio da
incorporação, geme, vertendo abundantes lagnn1,1s e ,1ri .1!lt.1-sl' sobre ,,s
nadcga.-;. 1:'m nascimento de criança .1 1 emba de Kolomho pode reveJ,1r-se
de vJrios n,odos: cm a1nbos os 'iexos • flt.ir um c.•ncaroçan,cnto no~ mamilo.-.,
mas com produção dl· leite, ou por um scn11ccrramcnto dos ôrg.ios scxu,11.;;•
só ern rnp:irtg,,s - por um corrin1ento, por um prurido nos o, gdos gen1t.11s,
por uma cxcrescênci,1 lingu1fon11e na parll' pó!>tCrr)•inferior d 1 nlturetu, d,11
ti(' di:r.cndo que "nasreu J>artc homcn,, p.1rtc mulhr-r" ou, .11nda, por un1,1

reduçoo do bac1,1
Para c.omb,,tl'r o mal, prop1c1,1•'-L n entidade CL1n1 utn f1.•.,t11n pr11ne1ro
n,1 1nf.inc in. dl'pols crn, (! pera, dt' matrtnH1n10, l'l'<:,pe1t.:indo ,1 segund.i 1,,l,l lt 1
, n mulher. f ntao o noivo c.•111 Jo,1,;<10 dt ,1lcrnb ]mcnto ,lo c.•o;plr1t,,. 1d,1111rl'
... ,

um ml'lro lit• panL•--<ru, dt•nuntinado ~,iç,..I ~1uí' c..•la Us..lr.i ntw;st> cer1m11n1JI.
rontormc 1~ e-pi~,diàmus em Uanga. Quem assim nJo h1cr, n,lu pro..:ri,1r,i.
,",, l.emba did 11.-inyi "º Ngima manit~~ta--.c por u111a in."iuficit'nt:1a no
cre,c,-imimto: Sl'ndo mulht'r, n.lu lhe aparect> o cataml?nio nt•m us seio:- lhe
dt~~Xlnlam: e lól'ndo ht\mem, nãu St> lht• caraclC'ri:lam th h.>nontenns p••culiarcs
a Jd11k">têncid. F rap.-iz e rapariga dc..>sénvol\.·cr-!;t>-do esguiamt•ntc. numa
u,·L'rsilo pelo 1ndiv1Juo do ~xo o~to.
Sob a 1ntlul'nciJ d._><:-s,i entidade, tillnb.!!Il n,10 <;e procria. se não ~
1:umprir o ritu,1\ anterior. !\las. cm qua!qul'r dos t:aso:-, obSf;"rva•sc um
trat.in,ento medicin.-il. de,,:crilLl no capitulo "Ritos Di\'cn.o!-"
,"'Jgo11g11 rum espírito fl"minino que propicia a felicidade. Manifesta-se
con1 llS punhoo ci:rrados, mantcnd'1 os br.iç~,s dobrudos junlo ao peito, com
o dorso da,,, 1nãos pJra b;u-.:o.
l:m gestação de criança, ou mesmo sobrevindo ao nasciml·nto,
n,•vt!la-,;e atra\'és de um.i d,1s ~guintes anormalidades: pes assentando
sobre o reverso, um seio grande, seis dedos ou dois bastante unidos, um
quisto, n1alha~ broncas, cabelos brancos. No caso da congenitidade, o mal é
incur.ível. E no segundo, o tratilmento e.fectua-se perante um quin1bandn.
Nden1br1 ou 1\IJ.u_fuln,11r é um espírito feminino gue, sob a dependência
de Lemba, a auxilia em sua missão. Em gestaçiio de criança, manifesta-se
,1tra\'éS de uma depressào no alto da cabeça.
Pe,lru de Kazo/11 ou da Afeição:
Santo de .Kazola, Cangundo, Engenheiro, Escrivão, Meirinho, Her-
nioso, Porteiro, Ladrão, Cega, Bêbeda, Muda, Sénhora do Santo, Francts(t.1,
l<aful.i, l\<lb.:ingela, Ngonga europeia, Sereia, Nd..-mbu do Congo, t-.·lutilnjinji,
Kulumanus,
Q., cinco primeiros são espíritos que per\éncetdm a i1u.ii\'it..lu\,~ d.:i
rai;.i branca, e os rest.1ntes. à nt.!gra.
R •" h ..,,"K

() !>111110 clt• K11zol,1 r un1 c:,plrito lutelnr. ,; de rcquint,1do trato. F,1IJ em


pcirtugul1s, dependendo a currêC\'âO <lo grau ele cíviliL..1ção d.i xingualadOril.
S<i g~t:s dt• charuto nu cigarro fino, excelente bebida, gPn1adn e perfume.
P,1rJ n <,ti.1 inçorporação, coloca-se unia mi\sa co111 tll<tlha branra. onde
SI." di!-pÕl'nl o& produto!- de sua predilecção. O amble11tc é aro,natizado com
intenso e a xinguiladora traja-se dL' brani:o. Sô se senta c>m cadt>ira º'·
Em conset1uência desse requinte, quando algu~,n sente u1n cheiro
oloroc:o, n1ac: ni'io vê ninguén1, diz que "o senhor Santo passou".
C)Carrg1111rlo é um espírito de branco ordinario. E,n .icluação, passeia de
un1 t,1dn para o outro, mnstrando escrever Cl)n1 o dedo na paln1n da miio.
O f.11g<'f1h11iro, depois de pedir unia corda, ~1ue segl1rn nt11n::i ronla, e
um ,1SS1f:;tcnte na outra, vai ,nedindo o e.hão. dizendo a mt•lr,1ge111.
O Es, rh•1io passcit1 gingando, de mão, n,1~ ,ilgilwiras l)epo,.,, '-l'Oti.1 •«;{'
... r, ,a, tnmbt.\m 1110-.tr.111do ~<:erever.
O h-lc1ri111io ,,nda de 11111 lado para outro, co n, u1n pnpel na rll5t>.
O 1lcr11io~o surge tl lamentar-se de "i<.>l1 ec;t.1do, mostrando segur.1r o
l\exo. "1\iuê, o meu bun,hi".
C',c a incorporn,,1,1 incidirnu1na mulher, ela, p.:ir,1 figurar hotnl'n't arrc•g.iç-J
ac; \'C<;lL'S, ent,1l,1ndo-ns por entre ns pernas, l' executa o m~rno gesto
O l'()rfl.'rt'P posta-se a tm1u porta 1

O l 11drao. sempre de olho alerta nao taz <;en..io roubar o que, C' lht·
depar.:i, ocultanJo u~ obJectoc; nn roupa
A C..cg11 (rcferin10-noc: ii de nome LULtJ) e m.1-lc11add. "1uxoxil por lud\1
por n,1da e insult,1 quem .:i 1ntcrpeln. Ot: llu.:indo en1 quando. grita pc l,1
•01.:1. dt• nome K,llumba Con,ci n:in lhl' ,lparet:t> ,omita 1n1ur.. :<., ilh:g,11,do

\11 lr1lct111r d• l u nd o dt ., •n11u,~1 t.., 1 '\( ,rtun 1, •·A< .i Jll,1 ~,


nrr. 11u.11lh ,1d1 dt /, /an;i';:/, mil Ir.ir.
""1

lJc.? t·!.i fora para a vadia~t>m. ~a tUria. t.ii::tc.:,l o i:ha,, j prt1CUra do bord .lu,
para lhl· b.it<·r.
Qu,-1nd1• se acalma. canta mm1t.-ls CilnÇÕ{'s, ma:,;. ~-m .i_, compll'tar
F.nl.in ,-..,, sar<1cúlt_•,a, -':'n1brando---se de ~us dltt'ISO!, t,•111po!>.
1\ H, l1t•d,:, so pcdl· ~-inho, camb.ili!i111do no pt'ditún<l
,\ .\1uda apr<..,.,.·nt, ~ con, ,1 sw n11I1uc.:a .
••\ o;,•11J11,r,1 do 5unto 1relt'rimo-nol'> .i Mo1riquinhas) perlt'nceu à rJÇ.l
11t·gr,1 l' gt1b,1--;,, de t;Ua bt•lt•za t' dl· &oa 1x111di,·ã1l de mulhe-r de unl Sl'nhor.
O FnuuisfrJ, n.t sua ~ualiJadl.:' d.: çriadt1, pt.-rlt' os utensílios para
pôr a rnc,.a.
A l<atúf,i, por ha\'t.:r ~ido uma mulher nojentt1. só quer comer porca-
ria. corno tet:cs. 1;?~;1rros ranhn 1mundici,·s. ql.lc p~de lamcnlo!;amente e
il l"OÇll í -51:'.

O .\·tb1.111xe/11. de mo..:a ru mão e mai.:h,1dinha à cintura, ao inesmo


tempo que canta. pula l' dança.
A Ngi;111g1r e11ro;1••ia tan1ben1 SI.' manifel>ta como a Ngonga africana di.l
pedra d,, K,1 lomb,.1.
A 5.:rril1 n.io fala. Fica sentada, ostentando na cabeça um lenço com
quatrl1 jimbamba:- na te::.ta, di~posta<; en1 cruz.
Ndr111b11 dl, C1.111g11 foi u111a 01ulher respeitrivel Também se conserva
~ntada.
,\l11tn11,iit1ii é um espírito feminino que superintende nn e$Iera do.'l animais
tcrre;ITes, É. uma das mulheres de /lt'lutnknlo,nbo e única com esse nl1me.
Os K11/u111111111~ foran1 marinheiros da Serra U..>oa. São serviçais d\)
Santo de Kazo!a. Pedem ovo, que chupam, e cerveja. Palan, ein ingK•'-, dundll
<;OCOS nn :,eu próprio peito: "Kamon, yes! Ka1non, yes!''
P.:dra de Ngc11nbu (subordinnda a Sank1 de Kazola):
Ngombo, Dikulu di.:i Ngombo, Ngé11ji i,1 Ngon,h(.l, lluhl. l)iny,\nr,.1,
--~'º ,,, _.,

\INnt,;l'..1 :li,1 N~11n1l"l.1 \1t'l.1n>:U, LJ. Manul•l dia Ngombf•.


\isa ,00 t'.' o e~p,rito rvvi•ladnr d,1 vt•rdildl•. L único t' oriunr.ln do antigo
C,...m~Bel~a.
Para ,11..iuar, a 'ltinguiladora carctcteriza-~t? de riscas brancas, pretaci
~ ('"llcJrnad.a..,. F ,10 pescoço, o!itenta um cord.io de miss.ingas, variando as
ire~ e tan,anho consoante a procedéncia da entidade. (V. capitulo "Ceri·
n:m1aJ1srno do Xinguilador")
Diku/11 dia ,"llgon,bo foi antigo ,1nciâo - homem ou mulher - que sofreu
.1 inl'.(lrporação d~sa entidade.
Ngên1i ia Ngo,11/10 foi antigo negociante-viajante ou ,,endedor de
l·:St:ravos. Em possessão, move-se de um lado para outro, ou corn uma
rnuhamba - .1rtefacto gentllico para condução de carga - que traz ao ombro,
,u. na falta, de uma vara, gritando: "Sou forasteiro de respeito: o andarill10
".inda por muitas caminhos e o forasteiro come da sua muhambal"
H11J11 é o espírito propiciador da simpati.J, bito e bem-estar.
Entre o!> cac;adore!i, é esta entidade bas~ante cultuada, para
Javorecimento de sua graça. En1 face de se1nt•lhante 1."1.1Ho, t•la proporciona-
lhes muit.as peças de (aça, 1.• por vc;,es, cm Sll.:i incorporal,'.âO na n1at,1, ll'va-
-.)'> a abater n ~u '-Cm1,.,Jhantc. Fntiio, o 1natadt,r apro\·eilu ll cor,1çJo de c:;ua
v.ilima, qul'", depois d.;, seco. vende clande:-.linan1enlc para t•n1pn!gn ntu<d.
fm vitiganç.i do • in1t'. a alJ'n.;i d,1 vitin1t1 vc111 perturbar a paz: d,1
/aini11;1 de <;t."U mal/eitor, lJuer induzindo-os ao roubo, 9ui:'r ,1rraslandtl•O:-. ,i l
tlt•V,l'lSJdão, t•x!C'rminand11-os depois 11m ,1 um. P,1ra a•ss,1ç,ln do dcs;igrd\·,,.
dt't'orn•nlt•men!t• Jo,; d,1nns, l'[l'Cluam-<;t• rito~ prt•pici,1lnrit1s. 1 1.1 c.isi.1 d11
M11k11a KilH.ri dl'~iKnaçào dl' !11.'nll'lh.intl' villm,1 - con10 M' ,·1•r,i n1,1i-. adi,1nll'
tJi1u1tiu,,,;,1 P 1•sp1ntn d1· t,1ç,1dor. Ln1 ,1<.:tu,1ç.io, d,i irand1:s plilos. tr~•r,1
írvnn• .1r,1rnt1•!.i•r•1• suhrP ln~111•tr,1,-. Pt1r 1ssn. prete11• ho1111•1n f',ll\l lk'll
,. · ulo i/;• m,•1fiunid;nlr·
.., 1

1'.1r,1 bnn1 d'-'"'-'lll~'l\.•nho dl• sua tun~.in, os cJ.ç.idnrl'"' cultuarn t luhi,


l1:1nt,,rmL• l<l li,·nu rl.'hcrid0. M..is l'Stil entidadl' nàlJ agt- indift•rcnten1t•Jl!t• t·m
qt1.1lqUl'í caç,1dor, ma, no l'.hett.' de tamilia. Só p1)r :-u.i morlL', N-' lrano.;rnilc
ill• lilho.
A,s-.im, quand11 i<at.'nl il c,1~·,1r. 11,i,1 '-l.' ,iprt·~ntam \'Ulgarmente, mas
par,1n1entam•,-l" riti,i.1lml.'nh.-: c11m um torrào dt' ocre verm-.)lhtH.>scUru,
espl'L'itican1l•nt,• dt>numinado ro1di1, cara..:tcrizam com uina risca a regi.lo du<,
stibr.,lhos, de uma fonll· .J. outra. l! c,1m outr.i Vl'Ttiral. do c.1belo a rtliz do
11.:iriz pintura •1ue, seo1 excepçâo de c1n:w1St.incias, se d1..~tina a 1muniz<1r o
port,1dur cuntra um eventuJI ataqu•· d1;, i.1m.i almn enfurecida: e na cabeça,
ttilnc.im o rnuho:ngut.• - a u~ual i.-oroa de méd.ium.
No favorecimento dt' ,;eu proh..'Ctor e'>piritual, ª"
reses surgem-lh1,.>s
tart,ur,cntc. Ma~. outras vezes, t1gindo direc:tamenw em sua c.ibeça, pelo que
Uu~s pcrturb;:i a razão, in1pele·os ,1 n,ator o seu pràprio semelhante. Quando
t,11 ocOTTt'. SLt,1 ,1n11,1 ~ ritu<1lmente l,ivrH.id p.:-kl quimbanda, e o .:açndor, em
r.... mis~ão de culpa, n1,.,\·e dias permanece recluso em ca.!-a.
Para qut> a alma da vitinia não persiga o seu matador, ele comporta-
·:<-e do seguinte modo: se a cri.itura abatida for mulher, possui-a ante!' ou
dcpoi~ de il liquidar; e setor hon1en1, 11mputa-lhe o pénis após il consu1naçâo
e entala-lhll ntl nariz. A.nulnda a possibilidade de sua ving;;inça, extrai-
·lht' então o coraçào, para certo emprego cn1 urnbandd. Por isso, vendid~1
clandestina menti"! sob epiteLos de disfarc..•,
Dada a singularidade de tal arte, o fo1leci1n~nto de caçad\1r n.•v,•,cte-,-...._,
de form.alidiidl.'s cxtr.aordinârias. No capitulo iipropriado "'Ritt,:-; l)i,·1..•r"'-,~
ml•ncionarn()~ sua pormL•nori,zação.
tm po~:;t•5siio, o t'~piriht Jn t<1ç;ldPr aprl·sc11t;1•~l' h1rbuk·ntu ..1n1t'<1•
çidnr, braridini.ln urna n1a1.h.1dinh,1 qul· .1rr,1n1:<1 J,1 ~intttr.t, tent.in.!1,. ,,n,
u,b a rn•n1, •I idil'>, ,1gr1 ,J I r i l!I ,1S/il~ h •11 lt •-..
lut l 1lil íu1 hnml'n1! tvl.is ,'linda snu vcrdndí'1ro homcn11 Sou c.i,;ador
pcll, d11Jmado1 de bcmba! Cvmo .1 carne ,,batida pclu cri~dor, ma
~m ponho ,1.; n1,,o cm c-in1.1 do l'.<lt;ador! - Brada ele crn sua fúria u.
Em '-ll,l 1dentihca,1i,1, declina, de entre outros apelidos, l'Stoutros
u!..ld(ts-. outrora: Mese111: Sol11111011a (tvlestrc Aprc~samento), l-/111ny1 10
fut,;u1~1 (Lenha d,, ".1ub,1nga), li1/111 l)i1110.\i (Urn 1estfculo), K1sala11gu11da
ara\atador), U1k1l11 111bo11do, f1u111yi 11-ku-/11111 (Ateia o embondeiro, que a
lenh.i &e te acaba).
A1111rngeln .dia l\Jgo111bo é o e:.pirito que, ~oba dependên, ia de Ngombo,
('SC')arece o que ele rt•vela em adivinhação.
\I/Ja11gu é um e.">pírito de antigo natt1r,1J dn Quissa,na. En1 po,sessão,
át.'Clara. "Sou sabio dt> Ocultismo! Sou bom porque rio, n1,1s Rou an,argo!"
D. M111111el de Ngo111bo foi antigo fidnlgl) do Cong11.
Pedra dt• A111tnk11Io111l1C1 (pertencente à geração):
Mutakalomho, Kaiongo, [)inyânga dia K1tllxi. Huhi ia Ngt,ngo,
riuh.etu Xoioio, Suku, tyfuxin1a, Samba N,undu.
M11tnkn/oi11l10 to espírito 911~ Sllf1<'Tintt•nde na esfera dos ,1nin1~is a,1ua-
ticos
Foi cÓnl'gO. Saiu de Portugal e :11\d<>U por n1lt1Ln:; local id,,desangolana ..
Morreu v!'lho - r,11iio por qLte nssin1 e invocado nos seus cânt1c11s t 1nou•-;(_•
num mont,culo dl' galalé, 1111111 n1us51.~que dns in1edit1ÇO('S de I ti.111d,1.
É un,co com esse n1>1n1•, p,1ss.ido a .idopta1 n'l~ i1Clu1u;oe'i S(,u cão e l'
1.1~.iw, dC' que se -;crvé p,1rn punir un,., f,1llu gra, l'
Uu,111do cvOC',1do par,1 fazcr jl!.-.tiça cl x1ngu1l,,dl •rn, e,,, OI\ 1d,1 pi la-:
t.1s com u1né1 b,1ctc1 t'11c,1rnc1da, ni'l cabeç,, C1~1l-nt,1nd11 n n,uhl'ngue \' 0('
o o, m.inlt nJo a m11ch 1d1nh,1 r itunl, pe, n1dncct' r..ent,1d,1 nun, b.1nqu1nh\,

~ , h ,m t ..,, i ,i1111 ~ h11 nc 11.ir,I rnu~on I u 11u1<1l n, Jll I n•I 11,1, 11 \111
tnulktm.11!, J1 11 11 11, ,1 ,nul e n • 1111 n1ur~11tl,., n• 111 1
"' 1

n.i~1 3c;-.enh: Jirectanli:ntt' no d1ilo, ma.s <;obl't.' um,1 e,.,tt•ira. A sua Jr~·nt1•,
po-.t.i•,.e de j0t•lho~ o suplicanlt'.
Em dis'iaquela, ~tutakalombo, que pi.·rtl'nCt• ao r.1mo paterno, actua
1untnmentc com l,;.aiungo, que pertence ,10 ra n1l1 mu te-rn<i, cad c1 tiu ai ii1 fluindo
l'1n cabitça difert.>ntt.>. Entâo, u-, dua!> i.>nhdades, en1 postu[a quad n1ped.:i.nte,
tenlan1 a união M·xual. \1as o Ct!lebrc1ntt.> P assisto?ntes exercem repres,.,ãu,
particu!ar111cnte no c.isu de u,., instrunientos mediúnicos Sl'ren1 de sexos
~1postoi;.
Em face da oposição, ambos~ e,;pirilos {mas Mutakalon1bo ainda
cavalgando cm Kaiongo), lançam-~ para a Jo~l'.ira-dos-calundus, onde
~ 1novimentam por uns momenros. Durante a 1ndução, Mutakalon1bo \·ai

inte.l'jeccionando: "l iupu!" E f<...aion~o: "Aaah 1"


Ka,ongt1 é un1 espirita feminino qui:> contititui uma das mulheres de
Mu!akaJombo.
D111yti11g11 din KiJli;ri foi caçador di,dmado. Em vida, foi ass15sinado
pot um antepassado da xinguiladora, igualn\ente caçador: é que os grundes
caçadores, ord1narian1ente profissionais por tradição, silo favorecidos por
Huhi, o qual, conforme esclarecitnento anterior, não só lhes proporciona
muita caça, n1a::, tambén1 os induz. a abater gente.
Enl vingança, foi provocando, em suce!\Sivas gerações~ o exlcnnínio
de alguns parentes ~us, sobretudo filhos, quer antes, quer depois do
nascin,ento. Para se obstar íl n1ais mortandade, cuja causa é investigada
por adivinhação, é a entidade chamada a actuar. a fim d!.! se reparar o mal
• circunstãnci.i esta, como j,í referimos no início deste capitulo, que pod~•
determinar a efectuaçào de uma d!ssaquela.
Tal co1no essa l:!ntidnde, aindi'! há u consld\•rar (1 l\'lúkua-Kitu,i
Víliina de Crim(' r..> o N;,úmbi ia Ngun.i Aln,a dl• ~-11h11r. Ambci,., ª" t•ntt-
d,iJ,.,s, mi.l'> eun1 ,1 {•xclu~,-io dn PJ(ercirio ,h1 e.iço (pnrt,11\1,._1, indl\·1d11,._," qu,•
71

prot\"-....,,r,,m <lutrds ,1ctividadc,s), fort1m liquidadas, ou por a~<;1ssinio, ou por


cnlt•11i..,;aménto, tan1Wm por um avoengo.
EntrPO Mukua-Kítuxi e o Nzürnbi ia Ngana, a diferença que existe, éo
tcn,po decorrido após o crime: uma época mais distante, o Múkua•Kituxi; e
n1ais recentemente. o N1.Umb1 ia Ngana. Afora essa particularid..1de, acresce
outra, de n;:itureza terminológica: a designação de Múkua-Kituxi ser mais
• u~ual em Luanda, e a de Nzümbi ia Ngana no i11terior, principalmente na
região do Cuanza.
Em possessão, qualquer deles surge dorido, patenteando o ,nodo con,o
morreram -coxos, mancos, com tosse, etc. Mais •1ue o Múkua-Kituxi, o Oinyânga
dia Kituxi e o N:,úmbi ia Ngana mostram-se depois terrivci..:;, ameaçad~)res.
O Nzilmbi ia Ngan;1, talvez pelo curto período de te111po (portilllto,
ainda bastante ressentido do agravo), chega a fazer de a5SC.'nto um familiar
da xinguiladora, e ainda pior, a cuspir na boca de outro, !;(!;mpre in,passlvel às
!<óúpl ica'> dos presen les. E. nt1 seu asco, se o (,fician te não agir convenientemente,
mais vítimas- poderá dei,>,ar no lugar. poi.-. acontl"ce momrem, após il sua
dt>sactu,lçâo, as criaturas em que e-.:ercer tl seu dl~sprezo.
Com o Diny.'u,g;i dtd Kitw..1. quando ;i dl1na do criminoso t.1n,bc.m
$1"Jbt> d uma cabeça, aqwell•, na sua excitação. desafia o cnm1nnso, ap;ord
hun1ilde. E.ti tão, expôe-sl'•lhc ntuna total entrcgil. lJUCT que l'$te o mate como
no dia do crin1e. F. urr.i, l' pul,1, l' lt1do se otcrecc ao,c,u antigo algo;,:. Ncs..._,
C<,pt'l'tàculo . ..:ada qual l:>randini.:ln sua machJdinh,l, llU1' diabolismo!
Par.i acahnurl·m t'ss,1s vitimas. lodo~ lhes dào ra:r.iln, lhes suplicam o
M'U pl·rdão. r l'il..., l·e,h·m . .:igora só L'xigindo a indemni.1.açà<1 d1 ,,:s ~-u .. dann~,
Lo;lo e, Jt· quanto 11•\'<'l\'am na oi:a~iJo: Vt''-ltl,1no. .imull·to._, mt'rl'adoria, Já
,ntcgraJo!o n.1 famili.i, pa ..,-ar,lo a assumir a u.~ tutl'id. parli..:iptindo-lht-.;
dt•poiq º" t.utelado!>, r,1r,1 l'fcito dt· "ua fl('tmi~~,in, 1~ a,t~ maii 1mpurt.,r.1
d,1 vid,1
"'

A..._.,.rca di..'$tM t•ntid.ldt.-S, '\Ml"aro11n-no-- qut.!". t·m ccrt.i !,x:al1d.tdt• do


intCril,r de lu,1nd.1, ,uma t.;poc,l JL,.,t.Jnte J .., un1as 4u,1tro ou l·in1.ll !,;l'r.t1Jlt'""
un, homt•m. indu.1.1do pela 1nve 3, li.lvt.a l!'nlt•ith;aJo Jc mlirll' un1 outro.
t ,mo a al.JT4l d.i v1hm, em v n~,llÇ!. tivt.'S~ c.1u...ado a n1ort,: '-' un1 filhú
k'U, o n1alt•hc".1d,1r, para li~ ev w mais rt'pn:s.1lu-.. conSl'gu1u ,,u,• 11n1
qu imb.ind,1 d cncari.:er.L'i!>C llltn.! g.Jrrat.a.
f-echaJ;i a \·.tsilh.i 11ão >;(1 ;,111 qualquer ,--01 ...1 l'lt:'T\'11\do de rolhJ:. Tn.J'>

aind.t l,11.r, d,1 ,,1m b.ia resina. d1.•~1t.PU· 1 cm funda lur.:I dt' un1 l'mb,jndc-iro
rct·úndilu !ur.i t"5Sil l.'Xblt·nh.• n·t parte maJ-. t.>mint•nt,•. [ a .ilnhl pri,.inneir.i
f~1rt,1nh1, rt•du;iJ.i a irufcJ.o). n~,, lt)mou .i \·ingar-M· cm ni.1is ningu,•n\.
I~-,.. rn.-r.in, auos,. suced1:.•r,1m-sc E:1:.•r-.1çik:s. Com a rnt1rlt• do (Titn1nuso,
Jus tilhu,;, n1urrera J l.-n1br.11Q dt' till l'nt.-it1\·arnt..'nt\'1. t,..\,1,; Ll ten1po, quC' n,'io
morrt', n,1 -.u,1 ..in.;.i\\ 1nt.:atiJ;:,I\ ,·1 tô1 .:urn~~du ,1,; ra11es J.:i giganlesca àf\"Ol"l?,
r,1r.i o rh,111 .1 prustr,iu um Jicl.
~1.1,; d tart•Íd d1~ t,·rnpo nJ.n h.:ou por a1: pt.'la conlinuid,1de das chuva&,
n caule li:.\i .:1pudi'l'<..x>ndo ,1 )à:arrata se dl•i;pn:nd,•tL ao rio Cua1'1Zll !01 pa·rar.
Ao s,1bor d,1 corrente, flutuav,1 a ~arr.1t.1. Passa uni ~rupo de mulherl!s. Uma
del,1,;, J,1d.i il esças.scz dl• lais recipicnt~s, recolhe o precioso achado.
P.lri'I que qul•re,- iss<..)? NJo vt's que está tapada? Ainda se estiv~s'>t!
,;11:>ertíl., · 01:<'it'.'rva-lhe uma das companhL'iras.
•\u,'1 1 Que• ten1 ,,-so7
- Que tem isso?! As \;ezes, sao roisas de teitiçarias!,.. Tornou a
outra. A do .ichado não :-;e importou, desrolholla garrafa, ,1í !l'lt>Smo a lavou.
Entrl•t;;i;nlo a alma Liberta-se, com <!la seguiu para casa.
Dai em diante, esta~lcceu-se lá, ..::om a n1ulher passou a ..1.ndar. \1as,
um di,1, 1)uvindo uma outra mulher perguntar a L•Sla a mur.ida dl' um do,;
dt."sa-ndt·ntl'S du wu nu1!etic1ildor. .ibandonuu il prin,l'ir,1, 11,~1·• J '-t~unJ,t
pt•r,;;•gu1u.
73

Se falaste nl?ssa frnnilia, Cporque a conheces ... - Pensou a alma.


1 Um.:i vez l!m caso:\ dos seus inimigos por hereditariedade, a alma
1."l.imt.>çou de novo a exercer a sua vingança: hoje um, amanhã outro, depois
• ciutro, os foi liquidando.
A fan1ilia inquietou-se. Que se.ria? Tanta morte junta, uns atrás dos
outros, sein peste nem nada?
Consu.ltam un1 quimbanda. E pela adivinhação, ficam sabendo a
causa - o episódio na.rrado.
Para aplaca.rem a fúria da .ilma, charnan,-na em dissaquela. 1vlas ela,
na inclemência da cólera, não se fixa em cabeça, antes pousava, ora numa
arvore próxin,a, ora na cobertura da casa, sempre explodindo o seu furor.
Por fim, cedeu à ciência do quirnbanda: ach.1ou em alguém, perdoou o e gravo
desse parente distante.
Hulri in Ngongo é o espírito que protege o caçador vitimado. Con10
cada caçador, após a herança e<lpiritual de seu progenitor, fica a possuir o
sc,u protector, a dita enl'idadc, por morte do c:eu tutelar, tan,bém con1parecc
rm d i•;saquela.
J-l11/ic•t11 Xo raia é o espírito de antigo serviçal da Scrn1 Leoa.
Suk11 é o e!-pirito de antiga ntulher nova da Qui!i~<1n1a. C,1rt1cteriza-se
por um.i tontura t'm quem deseja fal.cr seu instrumento de mediunidadt•,
ficando ;a paciente a abanar a cabeça. Seu nome compll'tOé J\,fukita o Sflkri.
M11:ci1110 é igual n1c.nte o e--p1rito di? an11ga mulher no,•J da Qui"><,,1ma
S,n11b11 N::.u11d11 é um espirita femininc, que con_ç,titu1 uma da!'. mulheres
dl' Mutak.1\ombo. E oriunda da Quic;sama.
P1•dra 1fr k1b«li1 /i.ftli/t (pertencente à gc.r.içiio):
Kibala Muiji, Oieulo, D1l.<1lundvndo. Ngel1ji.
1
Y.ilir,/n A1ttiji l; o ~pirito gerador de caJ.i fa1n.ilia. Dadil ,l 1.ua funç.'111
pro,ri,1Jura, tanto p1xh• !il"r n1anculino cum11 t~1nininn.
.,

D1lul1.1 é o esp1ritu que, na vida lt!trena. .1ting1u .1vançada id.idt•


l;n1 poss.i.·ss..i.:1, 'iLirgl• inchado l·hon.'l<;o, ci..clan,.i.ndo dcpoi!:;, conl,1ndo t'

recont.indu pelos UL>dos: '>\lilu.,. ,,Jú]u . .1lúlu. alulu.!ululu!. " (ML•us bis•
nt•kK, bisnt>los. bisnl.!tos. tnnL"l.-~lusL .)
F!.ta entidade pode ser ma,;,01lina ou teminin,l.
Oicul1111du1ula é ~1 l>Sp1rito dL• Jl\1..i,ló Jt> avançadi:-;si.ma idade, hil\'Cndo
ultrapa,.'>-Jdt} o ~~riodo ei..istencial du Jitulo. Em f'(.''i~~,..io, a 1eingu il<1dora
fica como que morta, e-,al.:indo um L'heiro a c.:..idáv~r. Envolvt•m-na ent.io
num ll'nçul, ~ 1.•stir.1da numa ~tt--ira sobrep,.ista a um luando, é conduzida à
m.io a un,.i encruzilh,,da.
rara vir a si, dd-se..lhe uma dt•lumaçi!O de capim, lixo, incenso, alfazema,
aJ._-crim, pep,.>s, sobongos l' tacula manipulada O capim e o lixo são colhidos
n~s~ cncrul:".ilhadil e proximidades de um estabel(.>cimento comercial de
grandt> movimento e também de um mercado.
Ministradl--.o pelo, que é osso de palanca, rompe a chorar. Numa conse-
quência de su-a falta de dentes n.i vida mundana, vai depois balbuciando em
escorrimento de baba: "Buá ... buà ... buá ... buá! ... "
A semelhança do diatlo, esla entidade lan1bém pode ser m.iscu!ina
ou t,•minína.
Ngê11ji foi antigo negociante-viajante ou vendedor de escravos. Nesta
incorporação, exibe, sobre ilS vestes, uma tanga formada de duas peles. uma
à frente, outra atrá$ · e ao ornbro, transporta uma muhamba contendo ,·ários
produtos gentílico:;, grilando: "Eu sou forasteiro! Sou toraateiro de longe! O
andarilho passa por muitos lugares e o foràstciro come do seu negócio!'
Pl.'dra de Mul'n•·•Kungo {pertencente a geraçJo):
Mut>ne-Kongo, Mban~ala MboW, Kiteri kia Mucnt... Kongl,, K.ii,ll,1 kiil

1,-tlÍI, um• \'i•J r,, ,1.1n1,:,o 1;u1• " ,ir1i:1u!,uk>t •'ri\ lt ~nw r,·jltt'l!l·rltll ,! ,·11t,-[.1do" 41.1 .
Em ,_!t4dU, 1111•nl<J iJ11, •·1u,1nlll 1/<t'U!l,1, rMJu 11\dl' 1' ,h, '1',.. 11111,1 n•1•n ~Ili\<' , J.,:, .alu,t J,,
t'\g,1ngel.i, K:-isutu. r-.tusund,1 Nganga, 0.1 Pinji do Luango, 1). Pedro Mazárlí,
O ~1.:in11~l T,11.l, l'uriri Mulêle Pcngula.
i\111en1•• Ko11gi1 é um espirita feminino que, por in f-undamen to ou quebra
volú,·el lie prott-•stos, administra a justiça.
Foi rainha do Congo e tia do espírito Hônjl. Chama-se D. Maria
. ,
Kun1eketa kua Máji mn Ngüba (D. tvlaria Reluzente de Oleo de Jinguba). E
tinic.a e aclua pelo ramo materno.
En1 possessão, sobretudo no começo da medi unidade e nos n1on1cntos
de engano na quebra de protestos, .1 xinguiladora fica hirta, con,o que ~m
estado tetânico, e em manifest.1ção de punição, o prcv..1riL'ador tambétn
~e rctes..i. Neste ~gundo caso, é ele primciramente ,1t:om~tido de febres
alta~, d<'pois intermitentemente com o inteiriçamentl) do corpo, e.,pclindo
tinalmente, hora~ antes da morte, sangue pelo nanz. () acesso dri n,al, por
dificJln,cnte se pent~trabilizar j adivinhação - dai re-.ultando o progressCl dil
enfermidade - raro -.e debcl,1.
1\ função de lvtuenc-Kongo, pois, cxeret'-SC na ronsnlidaçJo de protótos
e na aplic,.u;ão d<1 devida justiça, e r.m caso de perdão, também na sua anulaçã0.
Para se ,1trair a ..:61cm de ~1ueni!--K(lngo cóntra outrem. ou nll"imo centra si
próprio, basta un, rcsmungun,ento constante, uma prc1g.i, un, jul'aml'nlo de
renun1·ia. E rara ma1orcficácia do protesto, dccorrcntcnlf.."nli:.' da punição, apenas
se batcn, n~ maos no chão 1', pungentemcnte &' entregando à entidade
I'ara a .;11,1 qucbr,1, in,poe-se a prescnç,1 de um,1 s.1cerdo1isu dcs~.i
entidade-, e conforme ,1 gra\'idadt:' do protesto, assim se realil,1 ,1 funi.ão
Se o oc..,-unto for s1n1ple5, , ,..,n,o rcs1nungamcnlo, Tl'llunciil, a inlerpn.•t-c>
prepara Q prnt<'.'>•dc-n1uene-kongo - prato lustral que, dcpoL<; de a%11t.1lado
rom il cruz a ,x•inba t' ucusso, l'Ontcn1 agu,1 vinho, qu1toto-e-mntu,o (' laços

1 ,,w lllt ln corroborJ • cu111.:t'JlÇ.lO µ 11bhtcrild.1 JX lo Cíltohc1~1110. J t\ Apt.lS ~ort,


hanlil .cr o mu11do ,;ubtrrrilflOO

dt• malelM. t)c. car-u limpu, isto é, -.em o dl,mJJuo dJ actu,1çJo, a :.1ngu1l,1durJ,
JX'r,,ntt" o prato ri!u..il, convid.i a pn)te:;t.idora a rl'trat.Jr•se. Pmh.--.t,1durJ porl!Ul•,
11rd ino1ri.in1,..nte. são as mu lhl'n..-s que SI..' cnvulvt.>nl nesse ~t.;Tll.'N dt! t."l 1nflilo-,.
1-:m l.'l1nfi&'j,lo, a ,;uplic,1nte vai rcprodul'indo quanto profl'rira, rog_Jn•
du a~pdçOS:
Mucnt.'-KDngol' Deu~. Deus e Além l1 1, Muent.--..Kt.ingodo atctlhoobri~
gatUrio !:=-- o Jtalho obrigatório qu'-' promove l,i Muene·k<>ngo e Deu'i, Deus
e A1!.!1n: tui cu qul'm arrant:\lU u tniv~ d.1 ca,;;a ••l, mas ton,ei J l'spclá•lu i''·
o 50s~go vem da pa1., e a paz. \'('tn do mulcmbulii 1~11 1:ora, hque o estar:
nn ~1uarto, fiquf' o dormn: un, .:incião põe os ouvidos na mata. não põe os
ouvidos l'm ca.sa ~1: cm cas1.1, há bisnl'.t~,: netos! Vt<nha saúde e força \ijJI

No fin.il. a rogante tira do prato um la~-o de matcba, torneia-o cm


volta da cabeça nove veires í' atira-o para o chiio após o dcsat.ir. f\.1as, na
repetição do ilctO, nuncil o lanço paru o m1.>sn10 sitio, ante.'> para os quatro
lados principais: ora para a frente, ora para trás, ora para a direita, ora para

''' Ah1sáu a todQS o,; ...are~ ..-spln!\l,li~.


1t1 Al\l!i,10 "° local "m ljU", para ~ticiente l'l!Su ltado, .;,., d.,,.~ l!>:<?rre:r ,n resmunganwntc,
,·,u pra1,;ue1amenhJ
11' AhJs,lo 110 o,foito tetimiw da puniç.:io.
,,, Alu!liio ,10 praguejamo,nto, por efeito da dl!S;Jvença.
<'l Alusà,1 ~ r~nnciliação.
"'Alusãn à virtude d~a planta, em rel,1ção "º bcnl'fício espinhlal CJU<' proporrion.a
Con,tftu1 ull1il das plantas sagrJdas, e•nprcgues 1.'ll'I n tunis de pacilicação da ~ lmil.
r,i lstoç: um ~plrilo 1·tnl'rãvcl vela f"la 'll.'gUtilnça d,1 1 ida, no1o cuid,1 dil.!> nll--...jUinhan~~
do co.raçJu.
"A >úplk.i ,·m .,..fTl,,l~Ulll:
M, ~l'<,,gn ni N7.ámb,, Numhl ni J,,;ílh.1r!J,\,1, M11<fflLli,:on,;uu.1111u"""-•f'1l,,.,1 -m,,. ;i.;• l'-'Ll 1
oJrkrl !\1U<'fW• Knni;:u til N;,,in,b1, N7,;1nl>1 nl K.-1lu1,xH: mUill'ij(U 1111 11,'<1 ,1,1:~- u l<WIIU'-~·,t. r,ga ·U- lfnl"~

U . . ·,li; r,.J, , ... ,k• :il:n1iii' H,.1 k.iltll;l, l'll l,.,jl,1 \1 ~\ln,,ng.1: "" 1ruu. IIIU ~.,1.1 O ~1111·!.,1 mun,._b k: :U 1-.11
mltui n ~,le, ~~ti,• m,,1111 ~'! 1,,,1,1: k11 h,t, ~.u ,il,1,1lnlu 111 ,11,,.,\,11,1111,h ui 11i.11111'
' .. ,1

1 ~uC'rd,1 ',orv,•11d\.1 hn,11111,•nh.' um p1lUco di..· dicoi.so. borrifa-o para n .ir,


rrimt•in1 p,1r,1 ú n,,~1..•nh:.', depois para o poenll', esguich.indo, Jlllf Ultimo,
p.ira \.1 "-'U rmprlo pl'Ítn.
e\ rim dl.' :,i;> lembrar de ,nais algun1 pormenor, pode encetar uma
1.."t1n\·t•r-;a sobre qualqut>r outro assunto. Mas logo que ele ocorra, expõe-
-no em 1.."'('lntis.-.ão. Então, novamente recita a oração, novamente observa a
formalidade do laço, caso ainda não tenha esgotado a sua quantidade.
Se a des<1vença jà decorreu h,l uns poucos de anos, o ceri.n1onial
i'l'\."e!-l1,....5e de maior solenidade. Neste caso, Muene-Kongo actuará.
Para a possessão, a sacerdotiSil repousa num banquinho, mais alto que
o vulgar, mas assente <:obre unia esteira. Para menta-$e com um pano branco -
1 a dibeca de Mucne-Kongo. Em frente, instaladas em e!:>teiras, perrnanecem as
co,,tendoras, agora na companhia das respectivas familiares. E entre oficiante
t e fiéis medeia um prato e umc1 p,inela: n;,iquele, cm vez do dicosso, 6gurrun
fragmento,; de milndioca, quicuanga. cana-doce. banana, grãos de jing1.1b,1,
dendês, tudo cru; e na panela, a dita composição com os et1n1plemcnt.are~
laço:, de matcba, mas acrescida de um galho dl" mulenib,1.
- Bt.'mbu! (Prrdo.1das!) - Vai absolvendo Muene-Kongo en, vo.z caver-
no~a, agitando o manto p,1ra o corpo da-; cin..i.ln.,t,1nh..>s, <;0brctudo as desa-
vinda<;, agora tCldas de joelhos e de cara p('ndid.i .
• Mi.itui! (Somos todas ouvidos!) Agr<1decem e!,1s ('01 com.
Para certificaçilo da inteirl•1,1 dos ft1ctos, ,, l•ntid,1dc interroga:
• 1\1,lo <;i.• ll•mhra,n de mais n11d,1 1
Se hnuvl'f um lapso, lv1ut'lll'·k.nnio, 1.,1n~Jtl.i, inlciriç,1•sl· mai~ ~1.,-.
l.in~a ,1 ,1bst1lviçJ11, t•mbor;l co,n vn, m,lis "(!luma:
BPmbu! !l\·rU1,.ld,1.,!)
M,itui! (Som11t' lnd,1~ nu\'ldo,I)
'• M ll('nr•- Kon~1 1d r'!arl Uil, ,lJ.:l' ll. l'i·d r,, f\.-l.11 ,l ri i, uu, \ i1 1~.irml'n\l' I', 'i('!u.
1

[~~p<1r,1m1.•11t.ind(1 .i d1b1...:,1 dl· ~-lui::n1.•-l-:ongo, qu,• dol,ro t: 1.•ntreg,1 J u1n,.1


.1-.- 1-,h•nt1.· pdrd guarddr. n.·tira do 1.·hdu (1 pra lo e a p,1nl!IJ. e t'nc,1minha-:-ll• ~,.ird
lor..i, '-.t'guido de todas.
Ai. wmpre com a.-. va-.ilh.i-. n,1 n1Jo, dpodera-,,e do g,1lho l' t•,pdrgl'
,ada uma d.ls fiéis, Para banqu~team1.·nlo da~ entid,1des de sua pedra,
arremt-ssa uma por~·..iu du.,. ditos alimento-. para todas as direcçóc;. da casa,
distribu1ndti t:1n seguida, a t1.1dai ª" intercsSJdil'>, um sortido de~<:es produtos,
logo con11do-. pt-las C(}l1ien1p!adas.
Pnr fi n1. açon,oda-se nun1,1 estciril lJUI-' se estende na ocasião, e cobra-
-lhe-. u1n.i mn1.~d,1 de cinqut•nta ccnt-.ivo~, atando-!ht•!'õ, em troca, .io tornozelo
t' braço de men1br1.1:. contr,uio~, uni entrançado de mabitla. Erguendo-se,
calca a panela, deixada tie borco, e liberta~se.
Se, por pragas, sobretudo na presença de sacerdohsa dessa t!'nhdade,
ou. ainda, en, local onde já existiu 1noradia de idêntica cultuante, o efeito jã
tiver causado morte&, a função redobra de solenidade, intervindo não apenas
uma xinguil..1dora., mas várias: duas, para servirem de veiculo das entidades;
e as outras, das- criaturas falecidas por esse motivo.
Para o ct.•rimonia~ t 1este-se um pilão -o pilão-dos-protestos ou pilâo-de-
-muene-kongo; com pemba, ucusso e ulon1bo de foll,as de NvunJi n), traçam-
-se alternadamente nove círculos ein tomo da vasilha; na borda superior,
envolve se uma tira de pano LTU de uns dois centímetros de largura; a ttssa tira
prendem-se, mas descaindo em franja e também em suce~iva intercalação,
outras tiras - umas também de pano-cru, outras de panoencamadú e outra!-
de pano azul- tOOas com o comprintento de um decimetro; no<. int~•rv<1lllf-
v1r,1da'I para cima, aplican,-se folhas de n1ondiO(JUeira, de mamrie1nl tlU Jt•
oulr.is plantas, como ,1inda galhoa de trep,1dt.•ira e de flnnt.~ s1h·,·slrt''>-
{',,1 1o·1J· lo,lh,1s \'!"J.'"111"'' \'!ll lnU,,,n,·nt" 1111 rnu,11 ql1,· ~l"-'•Lun a N•..:• tu,.
11,apJ.i, ,:1,11llll,lr\/1• 1111<-11,,,nln,1\·ík, d,1 <'flhd,1lh• t"'plrll11.1I. ,is.oJn, d.111111hl.111 tnlh11~ fltl
p" <.~pK11or..1. f1,l/1~• ,lo· I htu. tnH,-,. J, t,:.,l,1111\\• tulh.1., d,· N~,,rnt-i, ,1c
•• ,r:i.~, ,

C. 11m (\ r,\u dl' nlU('r \1 n1u1s,o prtx::.•dt•·'il-' .in.alog.1ml.'nte, quer na

tr.l\;ldt,, i.1u~ 1'.l s;u,1 miç,'io. Su n.'iu se en1prt:>ga 111 as peças \·egt•la is .
.·\pos 1..'55,J ~-l.~hn1t.'nt,n;ii.o, faz-se, no U,terior do p1lãll, <1 preliminar cruz
a pl'mba ~ t11.,'U'>~. mils cadi.l ris.:a m,,rginada de ulombo, e então u pn.'1.!n<'hem
l."OITI os aludido:-. alim~ntos- 1nandioc.'.l, quicuanga, cana-doce, dcndê, jinguba.
mílhl."1 - nove bocados d~ cada produto, ~xcepto o dendê e 05 grãO'>, que o;ão
,nn>iros, vertendo-se. no final, primeiro em no\.·e reduzidas po,ções, depois
sem medida, uma n1istura de quitoto-e-ma!uvo, \·inho e água.
Dentro do red1eio, espeta-se o pau mt1edor, de modo a não cair: se tal
acontecer, advirão azares para as pron1otoras do rituill.
Com idênticas riscas, mas sem os restantes apetrechos, tambem se
espeta uma haste de dois galhos entrelaçados de uina determinada planta.
medindo uns vinte e cinco centímetros decomprin1ento. Eaind.i \/erticalmenle,
fincados no dito conteúdo, um pedaço do extren,o superior de cana·d~-e, ou,
facultativamente, de cana-brava, e diversos laços. de mateba ou de palmeira.
NUirul pant'la de barro, executadas as atadas caracteri7<1ÇÔG e Jrnnja,
rntrod uz-se igual recheio, colocando-se depois a mei:-ma juntado pilão, 1nas as..-;ente
sobre tn.-s pedras. E espetados, um guico. uma colhl•r de> pau, um.i vassour,1 (tudo
Jil sem préstimo), e mais unl ~alho de n1ulemba e os n:>leridos la9-~.
Num pr.ito de ferro esmJltíldo, prc-para-!-,C finalmente o dicus.,,;n.
tambt'-m conlendo, cnmo nos Cíl'>O!. anteriores, ll!:> ditos laços. "1",1! como ,1 pancl,t,
i~u,,lmt•nh..• ~rmanecc- dO l,1do do pilào, ulllTI)<õsim acnntt>«'ndo <'l ~c1rr,1faria,
conlt•ndo ap;uardl·nte, vinho--,1baladt1 e ,omum, ml•I '-' lllro dt;> n"·ino.
f.m tantas n1édiuns tJuanta<. a,; ,1tim<1'>, l'V(l(am·-.t• <l'> .1lmas d,1'1
mC11m,1.-1, {)oluri1s,1,s f''IV lr<l~ic\l fim, m,1nilrsla1n-»1.• ch11r,1nd1i. r ~l•mpn.'
lri'>li•s, f,1),1rn dt! ~-u ilfrt')ll'lldimt'Mh) 11i1 i11txi-i,1·!,1.
A 1'SSI:' h · rn pn, 1\1 lll'fll'· Ktln~t I l' N vu nJi 1,i 'lt" ,1rh,11111•n1 ind U\ ~. 1,·111 d u,11
11:JJ1gpd,1dnr,1,, ,,,, pnni1p,1i-1 pcr ...1111,,~L'll~ dil lun\·,111. Fnt.i<1 \h1l'lll' t-:,1n~,1
11 J filaAI l!tt VII

l1u,·1d.is ,-1v,1s 1.) n,ort,1s. rí>prL't·ndl'·<l-1 '-;('Vl·r,111n•nlL', l,1n,·.in1l11-lh1•9 d1•pt11'>,


,1hs,.1\\'t\,1tl, ••~1tandu so\:i1't' l'],1., u ~L'LI 1nunl(1. L Nvunii. pur St"u rurno, dJ><~ a!I
h..i,l'r vl•rb1•r,1du 1gua!n1f.'nlL·, 1~ualn1l•111l· lhes pl'rdoa o dl•lito.
raru ,_, l'IL•ito, l"l'lira dl1 pd.i(I a haslt' dos galhos cntrt.1laçados, toml·id·d
t.•n1 vnlt.i d;;i c.ibeçJ dl• cuda lanül1ar, 1ncluinJ.u a prôpna i1ln1a ou almas, bale-
•lh,.• l. •ven1enlc
. com 1;1!..1 nas cost!ls, l' 11111lhando--a no pilão, d.1-lha a chup,tr
Ln1 scguid,1, rt.•liril ...1uas folhas, que tamben1 m~rgulha no pilãv, t' com
uma t'm cada miio, e cadJ n1ão empunhando ~imultanc.intt'nh: uma galinha,
~aco di:.· folhas t' ave!, par-1 iJ grupo, girand11 depoi,; tud,1 em n.-dor da cabeça
d,• cada l,1n1iliar.
P11r fim, retira, t]UL'r do pil.'10, quer da panela, quer do prato, vários.
laços, repetindo com un1 dl'les a oper.ição do volteio, lindo o qual o desenlaça
e o ,1t1ra para o eh.lo, rnas e.ida laço para st1a cabeça. So nào deita fora ,1 ha!.te
dos g.tlho:. entrelaçados e as folhas, que logo toma a prender na cinla a que
se achavam ligadas.
Cortando um bocado de orelha a um porco, o que tam~m pode ser
executado por Muene-Kongo, com ele caracteriza, apenas con1 um toque,
a testa, fontes e dorso das mãos c pés de todas. Simbolizando o protesto e
r~spectiva anulação, ata, por trás das cost;is, mas logo dies;itando, a!- màús
das. almas, Concluída a sua missão, sorve uma n1istura de n1e\ con1 óleo dL'
rícino - a sua ambrósia particular - que uma assistente prepara.
N\•unji vai-se, vem Lunngu. Também ralha e p0rdoa.
Para o perdão, igu.iln11:11te ri:tira duus fnlhils do pilão. que t.lmbcm
molha no liquido respe ...iivo, \x•m corno i~ apetrechos da paneW n1tu-.-.u.
colhl•r, va-:~>ura l' 1,1alho - e com .i munição r(•par!id.i t.>111 ,1mb.1-. a.-; n,::ius.
l~p.arge o gn1po, rt>pondn l udtl no~ <;t•u~ lu~;in·... {"hup.i un1 11vu l' b-_,hl_, i1m.l
p1ng.1 Je JJ,u,1rd1•nll', ludo furr11•cido pnr uma lit·I.
MLU•rn" kon11,o r~•,t•bt· 1.11nl,,,•1n u M.'U bru1J,, l'r1n11.•1rt1, oh-n'L"l·-n•"nt'
.,

um r1n~ l.'.1.-111, jindungo••..l°'ungo e cola aos bocadinhos. Fia come um puuco.


l1t•f'(lis. ,lpn.'~ntam-lhe un1,, garr.ift1 com aguardcnll.l, vedada com uma
inocda I.' un, lenço sobr~~posto en1 cobertura.
Como não pode be~r. apenas aspira forten1ente, perdendo a
iorç.i natural. Assim mimoseada, Muene-Kongo, por sua vez, oferece ás
1.-1rcunstantes o manjar contido no pires. Todas se servem.
Muene-Kongo e Luangu desactuam, em seus lugares sobem os
Peh::lus, ou, portu.gul!Sn1ente, os espíritos denominados D. Pedro t-.1azãrti.
,\beirando-se do pi!ão, apoderam-se da mão de gr;il e põem-se u pilar
energicamente. Para que o vaso não caia, pois, con10 já ôco\1 dito, o se1.1
derrubamento provoCil a morte a todas as implicadas no protesto, \·árias
a~1stentes an1param-no vigorosamente. E uma luta que se eslabe!cce.
Por firn, os espíritos abandonam a tarefa. e as familiares, triunfantes,
transportam ()cultan,ente o pilão para um canto do terreiro, p('il, que ~
diz ro1ib11r. De igual modo, proceden, com a p;inelu e o prato. Em limpeza
psíquica, se lavnm então com os liquidas contidos. baslt1ndo p;1.ssnr pelo
corpo, de .-ilto a banco, as mãos n1olhadas em qualquer dos ít"cipic>ntes.
Osespíritos,entretanto, abatem à paulada o poru,jtl relcrido . .in,arrado
pela~ pernas. Algumas fiéis l.impam dcpolli a rês. Nt•s!,f' e~paço d!.! !t•n1pu,
os esp1ritos banqol•tc.iam-~ l."-)m bocados de quicuanga. mandi01.;a. t,,1n<1"J.
Lana-Joce, dendê's, milhn, jinguba, tudo cn1 e depü.,ilado num balaio
Sah!>fei ton apetite. d istribut>m o act•pipl'.' pt-•la<i prt"\l'nte-.. [.S(JuarlL'i.1 ndí,
n animal, conten,rlam novamente, todas -:n,n uma parte, <.n a11.inhad.i cm
CJ!>il dl' c:adõ uma. Nc-.~ in."tantc, af!t•nas "-C' ª""ª uma la",('a par-a d" ,1!n1,1-..
ilinda cm poSSl'!-s,io e Sl'mprl' '-1.'ntdda" at, lado dai parentas.
Um doi l"'pirilo~ vai-st·, Vl'"' \lusunda Ngan~a. l'sllrandn-S(' nl1,hli•.
de l,,1trig,1 p,1ril l1,1i,o, !{l'mt> t' l·tintor~•. l.itn.i h~I dt·rr,lmil ,l ~u.i \~'ir
, 111.i po rç.iq de ,lguJ. ( 1 t•~ pi ri to e-.t re~a .,~ n1,l, *'- n,l l,1 m,1 1L1t1n,t\l.1. l' t:lllll l'l,t
\·,1tdL1t.•riza os !'LÕS da ,1-.,;i-.tênL"i,, a tim dt.• lhes d.1r s.illdt.· I.' pJI Qu,1nJn "-'
t'~uc libt'rla·'il'. i: nl'..1v,1menti: in1.'t1rpora O. Pctln1 ~l.11.irti.
-\gora, uma familiar t.•noJa ctim Jo1s 116-. um lilamt•nlo de m..ibt·la,
anto~ qua1,t,1s u;j implic..id.1,;, b..~ti.nta-o;, c1..,m uma mi-olura d,· tacula
n1JnipuJ.-iJa com illt·itt' dt• paln1,1, t' mtc>tt:>nd(H,l5 numa panelinha, ,;ub1nett.·
-v,; a IOgo brando. reml.'1tt.•ndo a lrilura com um p.iuzinht1. l;t.'ilo i,;to,
aprt•'-t.'nt.t u rt•cipienle ;i um dtls i:spirito,;. ll qual ,lta ati tornuLCll"I de cadd
um.i dds intcre~-.ada~ um d~•s.ws tila1n('ntos, ~lu qul' lht.• cobra un1a ct>rta
4u<1ntia (ant,•riormcnh•, cinquc>nt.i Ct•ntavvs) iu
Findo o l.'nc,1rgo, os l'sp1 ritos l.'\'Olam-se. E o prútesto ficou nnu lado.
Qu,1nto "º n"<.:hl:'10 e guarnição do pil.io, bem como a panela com o
St'U conteúdo, tudr, issu é l.1nç.,do numa barroca para onde correm as Jgu.ts
Ja chuva ...1\.ntigaml.'nt~, era com (l pn.1prío pilão, tal como nalgun,a,; llrea'i do
interior dl:' ! .uanda. só com a dttcrença de que lá~ arremPssa para um rio, longl!
da n1,1rgcm. Esta função, ordinarifill1cntc ul.iciado por 11olta das dez horas dc1
noite e concluída lá p.ira de madrugada, importava nuns dois mil escudos.
Par;:i n,clhor idei.i dt' uma protestação mediante os espíritos, ou.
tipicamente, de um cubamento, van,os relatar um episódio ocorrido em
Luanda. em fins de 1954:
Uma n1ulher, verificando que lhe haviam desaparecido quatro
gulinhas, deitou a gritar pelas imediações do ca5c1 quem as teriti consigo.
Como ninguém se ,,cusasse, foi a un1 local onde havia existido moradia de
grande quimbanda. Batendo no chão com uma cana, rogou:
~ Vós, ca!undus que estais debaixo deste chão 1i 1, procurai o ltidrão d.1!-<

minha'> galinhas! Só se não sois cnlundus de vcrdadl!! M,,.. <.(' iordt>,; nit'-.ml,

" Cur,/urm~ j,i ficou dlh1. (... ta~ O\JIT.lS !jtlitnll,J~ R'!oP,,tl,lU\ J """ t,·m,. . , .,nh lOI'. 1-r.-
f1t., d.1 2.• r.Ji,)u
'MJJi um h~•k1111111h,, d,· <l /lh·111·· lún1uln Jn, 1111t11r.o, &<•r ,, 11,un,l,1 ,ul•h ~ ,e,
c.1!undu, Jt' \ 1·rd,1dl·. n1ostr.:11· 1lll' o !adrao! Gritei pela s,1n7.a],1 e ninguém &ó
k' .tprt•-.t•nh1u l·l1m ,1..; galinha'!! ·ru, Mul'lll'·Kongo, tu, .~vunji, vós que.- não
con-tenh-. ,lbUS{J!I. llUVÍ-ffil' nesta queixa!
Qut•m t<iubarJ a~ galinhas, !ora uma vizinha. Apesar do alarme da
J~ln,l, ..:alara-~ muito bem caladinha. Para requinte de seu cinismo, matou
dua., oves e preparou un1 pi léu. E para o manjar, convidou três amigas.
Volvidos uns dias, a ladra adoece gravemente. Baixa ao hospital. Não
se s;ilva. Mas, na véspera da n1orte, nurn rebate de consciência, confe!'õsa o
delito â fa1nilio:
·Aiuê, eu vou n1orrer só! Eo que llle vai cun1er1 não é doença de Deus,
mas quatro galinhas alheias que roubei! A dono gritou por elas, mas eu não
lhas entreguei! Comi duas galinJ1as, as outras estão em casal Para elas. vo!-.
não trazerem mortes, entregue1n-nas depressa d dona!
Os parenleS assim procederam. Mas ela foi-se por punição dos e.pirito-;.
Dias depois, uma das convivas também adoece e lalcce. Depois,
outra também adoece e falece. Mas a doença destas dua~, ao L'"OntTario da da
primeira, apenas durou uns trüs dias.
Adoece a terceira conviva. Mas esta, numa suspeita das ocorrências.
prudentemente pede.- j família ~1uc St' consu ltt.' um <Juin1banda.
Comeu galinh.i roubada t'.'m ...:asa dc uma amiga. Já houvt• rnorh•s .•,
do11a fez um cub.-imcnto. Para St' !-oalvar, tem qul' Eit' iaz('r iá, j,1, o tr,lt,1n1t•nto
I de Mucnc-·KC1ngo. • Rl.'velou divinatoriarnt•nt..: o CX.i.lllist,1.
fJl'clua•st• n rituul propit.;,,t(lrio. E .i l;'nfcrm,i salvou-!>C.
í)ia.'> ,1p1is, .1dot·ct• u,n filho da dnn,1 d,1s };illinh,l!t. Como nos 1r.1n~·,
intenon.''"'· tamb!.·m M· linu l'ffi p11uct1 lcOlfl\1. ;\d1~'t'C ~11.-~1nd11 fllho. l 1111t'sn111
,r.igi1 o tim Adot•tt• ll'rL'l·tro hlhn. IK11,1ln1l•nlt· tl nlt"!'-rll11 trá),\:iro l1n1. E lúdu-,.,
ho1nt•11'1, 11,1 f.11.d l1ri<\.·11.i<1dr dt• ll'llljl•'

1
.. 1

rartiJn 1.~!>e m,detícin? ,\tina\ decl,;1ra o .idi\'inho - partira d,• si n1L';,ina, por
t,·r .l(t'ite dS g,11inh.u rc-.tituidas!
Para .ic-eild~ a-; galinha:; l'..,1'."ial't'<'.Cu u harío!a dt>v1a,; pnme:ira-
m,•ntl' comunicar .:it~ ca!undu., Não u h1e5h:, e i;>]e~ 5t' :1:i'111g,1ran1: tào fadrilu
I! \\ ~ue roub.3, como quem acl."il'll coisa roubad.i. Agora. st.> n,lo querl'S que
n,orra mais gt>nto.•, manda ll•vantar. \JUanlo antes, o piliio-dos-protestos!
Para nbstnr a uma di:timaçilo m,11or. a desvenh.lr,1da rnãe m.indou
irncdi.:itd.n1enll' rc.ilizar a cOll\'l'ni~•nte !iturgla, E só assim se impediu que
niais mortes devastO~S<."m a ,;ua f,1milia
Outro lance da puniç5o d~11; e;,piritos ocorreu em Bum Jesus - vila
situ,1da .i uns ;;é<;5\-'nta quilómetro-, d"' Luand.i - há mai.,; de 1neio século:
Uma mulher, para .:llugcntar os Jar.ipios qul• constanten1.cnte lhe
Sil<lueavam a lavra, arraniou. d semclhi!Jlça do.~ bruxedos usados em tais
ürcu11.Stâncias, o seguinte cstr<1tilgema: dependuruu ,l uma .lrvore Ocasco de
uma cühaça, a que, primeiro, ha\'ia feito vário::, oriticíos e as imprescindl veis
risca.'> cab,1.listicas, e nesses orifícios, aplicado penas e fiadas de missangas
consagradas a Nvunji. O t.-spantalho, com aquele ar de feitiçaria, dt"u o
resultadci de:~ejado: os ladrões, 110 rl..-ceio de algum azar, deixaran1 de .assaltar
a propriedade.
Coin o tempo. o terreno cansou-se de produzir. Então a lavradeira.
como sui:ede em tais emergências, põs de parte a lavra, para mais longe foi
cultivar. Com aschu vas, a cabaça de.s prendeu-se, as guarnições see..,palharam.
Posto quc- a feitura da cabaça não envolvesse nen.hu,n acto espiritual, Nvunji.
enlretanto, h1digna-se con, tal procedimento. Em resulti:'ido, faz descarregar
sobre ela pertinaz enfermidilde.
Os químbandas a que a mulher rccorr~ utrlbucn, t•h:l'.liv,1mcntl· l>
mal ao t':'ipírito. ,nas n,ít1 rcvelan, a sua vcrd<1dL·ir<1 ..:.iu!-,,l. S,.-1n 11 tratamt.•ntl,
ad1:(j1J,1du, ,1t·abou ix,r n1orrt•r.
. ' .,

:\o ui&,,!,• un1.i pr,'lh..:,11r,1dlrion,1l, ,1 liln1tl1..i av1•rigua a pro,,~ll-nc a d"


f~k\:' mmti,_ rri.x1.1rou e isto .tind,1 segundo J vC'lha (·o~turn,•1ra n.io apc-n.
um :iu~n• n1as UJ15 trt:'s s1n1ples1ncntt• pilr,1 confirmaçâu d.:i-. adivinhd~Õl.'5.
[ ent.iv !iOubt.• a verdade con1plet,1: realn11:~nte fora Nvunji a caus.ldora da
J~icrtÇd t' 1."0n..';('l.lUt'nti" morte, t;'io-somente porque a extinta, sem um nto
~ dll.":-Obriga-.se o espirita de sua interferência, abandonara a lavra e seu
amuleto.
- Ora - juntou o vaticinador• Nvunji ficou furiosa com isso, tomou
t.""~ procedimento como desprezo. E castigou-a. Agora, acautelem-se: ~ não
qui:;erem que ela roma mais gente, ponham já de pé o pilão-de--muene-kongo!
Par,, que a punição não se estendesrre a mais familiares, rapidamente
5e organizou o cerimonial respectivo. Conquanto sem relação con1 este
incidente, llm outro se prende a ele: quando se jogou o pü.io .io rio, o
quimbunda q~1e dirigiu a umbanda, enfeitiçado por inveja, para a água caiu
também, para sempr~ desaparecendo o seu cadáver.
M/la11geln Mbota é um espírito feminino de procedéncid congul'sa.
igualmente respeíl<1ndo a função dos protestos. Em indução, "iC'Tita-se na
e-..teira e bate rapidamente oon1 a nü'io, flra no chão, ora na boca, cm 1nani-
fe.o;taç,1o de protesto.
Ktleri kill M11r11e-K1n1go l! un1 csp1rit(1 fl'a1iJ1ino de procedência ct1n-
AUes.l, 1gualmcnll' respeitando à !unçõo dns protl•stos.
/(uúa tJ,, Ga11/{J1Clt1 foi ,1ntigo selvai;cn1 d.:1 (i.ingut'l,1.
M~rdu é um l'Spir1 to dt• prot'l'dénti11 ron~ut•:;,1. Fm puniçii<1. pn1v0t·a .1
1-iid ri1p1 ..;1 a, ou, pupu Ia rmen te, b.:i rriA..i-de-.igu a, t' outras V<..' Ll'~. inrhaç.l, , dt1!-
fC1>l lculo-t f' t; sub u1n de~l"t'S ,1~1x•i.:tos ~1u1..• ~ aprt•",(.'nt,1 1·n1 p,J.,.,,.,,s.ln.
Mu~11nda 1'1,1,:1n1:,:11 1• 11m t•~piri!(1 f't•1ninint1 dt• prtK't:d{·nri,1 \'.\11l~11\'S.l,

11,11,1ltn,·nh· r1-spf,.'1[.111Jo ,l lun~·,io d,1,, prull•shls. l·1n p11s.'\t•s.,;.;lu, ,.":Stir,l--:-<\.' 110


{hão, C(11!h•rt1·ndu-1>t.• I' ~~·nleJld(>. '-,11,l TllÍ$5.·1~1 fCll\.~lsh· t'1ll reF.liltH1 ,1 S.lUdt'
,, 1 {, .4• lilJsA~. ; N

e .i o,t:t, par,1 o qut> bt-~unlu o l·orpo dti pa1..;t'nlt• cum l..:rra n1olhad.1. Pnril 11
\'lt'ih). , 1.'I ('-se água íunto Ju r.-~p1rilo, \',;freganUl' l'le .11 ;i<; n1.íos.
!) · P1111i do Lua11g,1 é um esp1ril11 11.'rniruno de prucedl•ncia cungul"'ª·
Quando tn1,·.:1i1, iu.:tua enl -.cu in:.trun1t!nlo de med1wúdad~·. corn•ndo o
p1.1s~•sso con10 !OUl-0. Para n.io sofrer nciiliun1 risco, i.llguns f.1mdiarcs O
acomp,1nh,11TI ,,,
D. Pi'dro Mn.!tÍrtr !oi <1ntigo fidalgo do Congo.
D. A,111t1uf'I l11i11 tui antig,1 fidalgu do Congo.
T11r1r, M11/êll! Peu:~ula (Coloca o Pano Travado) t.• um l'!>pírito feminino
de prol-edt'ncio conguesa.
E<;ta<; tri!.:.. última-. t:intidades - D. Pedro N!azârti. O. Manuel faj.i e
Turiri Mul~le !'engula - são evocadas en1 caws graves, ou par.i anularem
desavenças. Curi:!cem do sacrifício de u1n porco. E desta pedra, a maioria de
seus ..:omponentcs são oriundos do C(1ngo.
Pedra di: Nu1111ji (relativa à geração):
Nvw,ji, Luangu e Kisanga.
Nv1111ji é um espll"ito fen,inino que adn1inistra a 1usliça. É única e saiu
de uma lagoa.
Em possessão, sorve mel e óleo de rícino, misturados num prato. Ao
invés de outras entidades, não precisa do cerimoniaJ da dissaquela para
actuar pel.:1 primeira vez.
Antes de ser evocada, pode manifeslar-se no ventre matemo pt>la
ausência do catan,énio, desde o ú11:i1110 fill,o ao relerente au fenómeno. Isto
e: a mulher alcanç0 sem o aparecimento dü mesmo.
O lratamt•nto da mulher nesse P'ilod<1, consisti.' no usi, ÚL' tolh,1s

' 'Ü,r,hlXt'rn•"'º' ,lS<l d,· um,, mu lh,•t <11w. ,lçl,ml'l11t,, p<>r ,,__.., •"'-J'U'll", um dllfl(a,.,~
f Yill a,j4 f"'l.J t•1,~uff4,J,i. ~fl·dl.1111,• ri I" J,· <]U 1ml1., 11,l .1, i'"'-1"-w.' unp,.'<li1 •\Wil o 'ltJ ,.__.. wUI

d .i lU, t ' 11,do JT,• ,.lrl,1. ••1'(<1 ;i d1i,,,.1,1 il,-. ,11\U,U.


• 07

ll\llVl'ri, lÚ..:l~ n,1•l \. r11·11\\,. (l'I pli.~ fir,1111 t•n, chif tl'~ de pal1111l'a t· t:orç.., ,. num
("-X'-~"-"' d,, um,1 l,1rt,1ru~.1 Pl'\:llll.'!ul; t-' cn1 coba<:1nhas, o'I outro.-. ingr1-d1l'nte,:,,
hem C1"ln111 un1,1 mi-.tur.l dos aludidos pos. O rícino serve pora defumaçõe~ e
·nm,•nl.1çõe-. t' o resl,int~'. p,1r,1 ingerir.
:\Uim de-.-.a droga, um s..1cerdotl.! dessa entidade prepara, ~b a sud
.Jll.."Ul'f"'"1ç,io, a lagoa--da-venerável-nvunji - uma panela de barro com doí~
burg,iu,- e água simples. Com a água dessa lagoa, sempre renovada quando se
esgot..i.. a paciente ten1perará frequentemente os seus banhos, acontecendo outrO
tanto ,0111 t1s futuras lavagens do filho. Mas estas, até ao nascin1ento do~gu.inle.
Portanto, quando já estiver crescidinho, ou, ainda, por ocasião de doença.
O ocultista chamado a tratar este incidente, no final do rituill -
adi\•inhaçâo e prescrição terapêutica - deitn pen1ba pa.ra dentro do bico de
uma galinha de penac; eriçadas e profere:
-Aqui está a tua casa, v('neràve.l Nvunjil
A ave conserva-se para criação. Os ovos ou crias são \'endidos_.
revertendo o produto para o dizaco de Nvunii, isto é, o ml'alhl'i.ro ritu.,1l
consagrado a essa entidode, e o qual !i<! desti.na il con,pr.:i dt• .-iprestos
nt'(cssários ao culto, como m~l, rícino, t' qu.1ndo em vi.,;ita ao p;:ii-de•
..imbanda, brindes de tabaco e vinho.
De guando em quando, lam~m sl'.' pode ,1dquirir, com es-;e me!'-mO
· inhelro, qualquer fX'Ǫ d'-' vestuário, quer o l'll'ilo '-l'j,1 t'.Ti.inça, qu('r Jdulto.
podl·ndo l~le - u eh.:Hu - cornl'r, sem dh,pl'ndin, algun.-. OVLlS ou cria<;.
S..• a J11a galinhn n11:,rrer si.•m lt'I' dt•lxJdo prt,lt•, o ui.:ulli-.1,1 Jt•\·t•r,1
•,·p.;·lir ;1 u~'l('f.1\.'ili d.1 remb,1 noutra f,l;illinh..1 da 1nc!'-n1a espc(·1i:·
,\ vunj)d,,Ul•, nu. po1· outras p,.1liJ\"fél'>, .J u1tlul'11i.::1a L''\l'rcid,.1 por t'i.~•

t' ,pi ri !u, pnd1· ncnrrl'r n,111 só nn VL'n In• ni.1 h•rnu ,. li 11pdadl.' 1,:1, HlKt'll 11:d IUt'lltJji
ili:x,/,•). m.1'> 1,unb._·;r-n ,1r,11,111,1ie·1n1e11to ,·unj1dtJdt• pl1r ~in1p.it1,t (n~ 11il 111
11i:un1b,11. No pnn1,·1rn 1·;1, • ,1 vu11pdad1· t1 n1tJlign,1; l' no !egund,1, b;'tl!gn,1
1, A.1 'ltta.u: 1, /fifi)

Qu\·tn ..,,, ldmt•n 1;1 r 11 11 rn'5l'nça dt• ~·ria lll r.1 t.'I~• 1t.i nu period1.1 prl•· n,,1.ill,
\'~ c.incrt•tiz.1d1i .-, :-~u dt•:;i.•11, de 1u.:.ti1,:..i. rar.i nbslar a i•s;';l' 1n~I, Jev(' ,1çn•
,..-11tc1r nti linul Jn qut>i,ume: "Vcnerávt'I Nvunji, u que di-,se, nóD . _, p<1ra li
.1pi.•nas de:-ab.ilei com o O\l!U amigo (ou a.n,iga):'
X, pt·!o oontrário. o incidente se n1,;inifestou após o nascimento, nada
de .inonnol ildvt'm de uma lamuriil.
C\inforn,e a procedência, verificada 1x,r adivinhaçiio, assim a
\'ULljidadil pode ~t>sultar; ou por cíeito de t1!eiçl10 (uvunji ia laizo!a) ou da
gerai,:ão (t1t•u111i ia 1111li11i: ou, ainda, de um cri1ne outror<1 praticado por um
parente na pessoa de uni fiel a essa entidade (n1n1nji ia kituxi). E.stas duas
últirnus proveniência!>, ell'I regra, respeitam ã via matr.!ma.
Em punição, a sua ju.,,tiça revela-se atra,,éi;; de qualquer das seguintes
enfem,idades: .-.nemi,1 - o que acontece .mais vulgarmente- enfraquecimento
da vista, tosse seca, hid ropisia.
Lua11g11 é um espfrito feminino que, sob a dependência de Nvunji,
a au.xilia em sua missão. Tan,bém se manifesta no ventre mat.e.mo, mas
pela continuidade do mênstruo, e1nbora aguado, durante a gravidei.. O
fenómeno só se opera após il revelação de NVLlnji. Po[tanto, a sua imediata
em mani.festação natal.
Para Sí' deb.-!ar a anomalia, o qu.iml,anda, apurada d i,,inatoriament1..• a
causa, atira para a sua fr~•ntc uma pitada de pemba, rogando:
- Se és Luangu de \•erdade, pare o sangue, aqui está a tua pc.-mb,1!
Ajnda scmelha1itemente a Nvunji, tamben, prepara., re<.r<,.--ctiva l.1~,,,
a lagoa-da-vll:ner.íve!-!uangu - lgualn,entE' con~tando de uma pant'l., Je
barro contL•ndo água sin,p!C's e dnis burguus, Sl>r,·c. i:omo no ~.-.-.o anh•ri'JI
p.lrd o mL':!-n10 fim

N Cl /inJl d ,t IÍ tu rgi,1, 1,1 n1lilc'n1 dt>t lil pi.'mbil r,lf.1 d~n l r,1 J, • l'ill"\ I, não d,•
uma g;thnh.l, n1u•1 dt- um g.110 d,1 1111•,;111,1 i•~~"l\•1:i,· pr11l1·1111J11:
,.,

.•\qui ~tá a tu.1 casa, vt.>nL•rrivcl Luangu!


() preceito adoptado para com N,•unji estende-se õ Luangu, qul'r no
concl'.'Tn~nte aos banhos, quer à avo!.
K.i~a,1ga é um espírito fenlinino que, ,oba dcpendencia de N\·unji, a
au,,ilia en1 sua missão. Em nascimento de filho, é a imedi.:ita a Luangu. r-.-fas
não se caracteriza por nenhuma particularidade.

'
~

"''
1'.l!,,.1,11H1 , a,1_ WN

ENll DADES DIVI.RSAS 1

k11bi/11 l' um cspirilo 4ut•, a serviço dt> !Vlut<.lkalonlbu, tr-m ,i 'il'U l'tirgo
u p.1~to1i•io Jn g.ido.
Quando 1,111, caçador n<lu conSt'gu1:.• abalt'r u1na pt•ç.i dt• ca1;,1, ',o;!, por
int?rmCdin de um 'll.i.nguilador, lht• suplii.:a a sua intcrvc1,çiio, o L-spirítn
propl1rciona-lhc alguns ,1nima1s que furta ao ,:uno, difícil de nceder a tc:1is
pedido,;. Apos a t'.ill,"ada, o ,:açador, ent tcslc1nLuUlo da re.ilidade, apre~nla
ilo :..inguilador .:is caudas dos anin1ais abolidos. De joelhos à sua frent~,
b,1h.• pdln1inh,1s de reveri:ncia, e lon,ada ,1 bênção, inf<irma-o du núme ro dt.'
cab~a~ n10rtas.
- Par,1bêns por 11â1nbua e Samba, o milhafre do :xinguilador que v.:i
para a panela '1'\ - F~!icita-o assim o n1édium.
l{egressando ao 111<1!0, esquarteja todas as peças e novamente em casa
do xinguil.ldor, mols, .igora, com a c.irga. Então, cozinha as miudezas. Pronw
,, comida, o ,ingui1<1dor submete-se ao e:;tado de transe C' o caçador brinda
então os calunQus com uma certa porção.
Depois de alguns espíritos se mimosearem com o pehsco, o Kabila
ordena ao cc1ç.idor que distribua a carne pelo xinguilador, con1panheiros.
e demais parentes. sendo o mc1ior quinhão para o caçador. Se st.' encontrar
pr1.--sente unia mulher gr.ivid.:i, tambern toca uma part~ ao feto.
Na parlilha, o c,1ç<1dor pern1at1ece de joelhos. En1 caso de in~ratid.:-io

f'ilra mili, ,1mplo ,·,d~r,..,ir,11,•1110, ,1,h,lmu, ~,1nVt!nJl'l1\,' inS<.'rir m,i,., ,.,.14!1,•nti.!~.


A< ln s d, Jnk•rion- n.10 ,•,t,i<1 ,·,,unirb, 1•11, p,,d i·~~. porqu.intu t;u~ t•h·,n,•nilJII t..>r..un ,o,o
1n -;iJo,, ~" ,,,:r.,,,. (} K"I rq,;1,h> u(>t'1.1~'<.'I! 1<\o•M11l\\"llt1· ~" ~unp\,, J,·-.-r, '.l' 1,1,m . ~li

,:,n •·•11 !o d , , p,, r, h 'ill J u1111" 1J 11• ,

·i .,,,,..1,.., ,,,,,nl, , 11( S.nn!•,t ~J" •a~•• l,.;1 nJ .,,nt, ~.,1, n1u' ml•.
.... .,

J'-1,r.l cum ., l'T1t11i.1Jl', 1s1n é, sl' n.lo lhl' p,1rlicip,1r o rl"•U!Lldo d.i r Çddd,
,m1is tonl..lr,1 ,1 ,1b,1il.'r uni.1 ~ó Pl'Çi\: l• ,.i punlçdtl.
Nl/,ruk.111g,• ;', UOl l'sptnl'o li.'nünitl() l)U~ imp<X.' au médium d atl'Íldi;ãO
d,1 P""'-·'-'~s.io. Oc~t," n1odo, ~uando um 1<inguil,1dor não (JUer sofrer a
tn,01por.,,..1,), -.t.> o pai-de-un1banda evocar n sua intervenção, ela prende-
1c ftirteml'nlc os pulsos, cruzando-lhos atrás das costas. Assin1 manietado,
contor..:e-St" no d,,io, acribando por aceitar a possessão.
Nlpila é a designação genérica de certos esp!ritos do Congo. Eis alguns
nome"' individuais, embora cada um também consHtuindo uma classe: D.
Pl!dro ~lazârh, ou, simplesmente, Petelu, D. Manuel, D. João, D. António,
Masangu a Mbunda, Nêngua (espírito femini.J.10), D. Francisco.
No interior de Luanda, a denominação geral é h1/11 • term(l c;ignifican<lo
ho1nen~ grosseiros possivelmente pelo uso da linguagen1 de sua terra.
O intérprt:?tC dessas entidades não podl' matar um sapu, nen1 tão-
•pouco ~ pode fazer t.i! na 5ua pr~nça. Quem contra.riar t-sle preceito.
Je\·.in!a contra si a ira de um dcc;sec; esp1ritos, imediatamente incorporando
m1 dito sacerdote, ou tambem furit'ISO, acvmcte o transgrcss<1r: t; \.JU\' o sapo.
também !le designando pelo no1ne de Mue11e-Ko1,go D. Maria Kun1l'l<.l·t,1
kua M.iji ma NgUba • rcprl'senta o tóten1 de todos esses esp1ritos.
Perante ~n,elhanle ocorrência, Kapita rompe a t·horar j,111tan1l:'nle
Cl)m outros Kapitas, incorporado~ cm xin~uil.1dure~ convid,1d(1~, t,11.cm o
e111t•rro do ~apu, pagílndo o dclinquentt· tod,1 a dL·~P•""ª efe<:tu<1da, in, luindo
., l!.(JU1~içi111 de uni ou dois metro~ dl' pano-cn1 p,1r,1 o cnvoltúrio mortu,1rio.
E tudo ,1cuntL'Cl' ~-orno~• ft1r,, cm ob1tri dt• ~~ntt'
Küku M11kiraa Suku. ou. ilbrl•vind.tmcnlt•, /l.1}J.r1 Al11kit11. lnl antig,1,1n.-i,i
d1, (Jui~9<lm,1. Sua maniÍl·st,,ç;'10 l!rn ~!Ul'lll dt'-.1'j,1 t.\Jl'r !-l'U in-.trunit•nh\ dt•
rn,·<liunid,nlP, 1.:,:ir,11.:h•ri7,1--.1> pnr ~r,1ndl· 11u,1nliJ,1dt• i.!~ pi,1lh1,-., q111•r n,,
e- ,':lt•ç,, qut. r n1 , 1nr po, oc ,,sinn,111d11 li 1rt1• Cl ict·i r,1.
j "'- ,... l<114t" • • ,,. J

Lnl lr,111~ ,1 ,n1~u1l.1Jur..i nJu se lttv,1nl.t do 1.'.hJ:o. p.:irt·L·t•nJu J,,u,.J.


~ó dLlu,1 u\t,1 llllilt' e as ('s.:uras. r-.t.i.s, dJdil ,1 m111 ,1v,;1nr.;aJ.i id,1dt• ~JUt· vivt•u,
yul:.'1,a•F.t' de !rio cn1 sua' 1ni.:orp(1ra1,·úes, rL•lo qut· rt·quer ag.:1.'ldlhos qu<1ndo
~,• prrxcs._íl n1 t'rn tt.'rre Iro. uu nxob ríl 111L'll tn d as pd rl:'Jl'., q u.:uid u t•n1 a p11~•ntu.
lnspir,l d lllilis pr,1funda \"t'lll'filÇilO,

r. ..:ontr.iri,1 .~ pro..:riJção. s., ,1 s.11..:t•rdotisu j.:i foi mãe antes Je ae iniciar


n,1 n1c.JiuniJade. n,io L-onecbt•rá rnais, nem ldn•p11uco eonL"l"bcrá a mulher
qul' ainda ll nà~1 ftii. A ~lerilid,1de é,, seu sacrificio. r como St-" contraria
perante ,.;heiro~ desa~rad,iveü,, como urina, fe;,es, dt;1ve a ,inguiladora que
li ver filht)s, prt:'stor-lht's J rnaior higiene, lndcpendententente da súplica que
,1 L1uunb.1nda fiZL'r parJ íl -.u,1 cc.inservaçilo.
Diiila dia Solaug1J11gn e o espírito de grilnde ave de rapina, deno1ninada
regionalmente hciloknko. Lrn p1)s!;es$io, d pa..:iente fica c:om o:. braços e dedos
..:ontraidos, as pemos retesadas, gritando coino o próprio pássaro. Se uma
i.:riança que na5ceu sob a Slla influência, ouvir st1a voz agoirenta, a mãe
solta um assobio den1orado. Contrarian1ente, a criança sofre um d~smaio,
manifestando as características da possessão. Por vezes, chega n morrer.
Ngririga Sruda toi antiga anciã da Quissama. É auxiliar de KUku \1u.kita
a Suku, e tal como ela, também é contrária à procriação.
A sua eleição, isto é, quando pretende lazer alguém seu sacerdoll'
~intomatiza-se por um certo "'nlouqueci1nento ou apatctan1ento. E l"l>SCS t.">tad~
tl•rminam cu1n a aceitação do set1 culto, apenas 5{' n1ill1Ífl•stondo cm p<ls.SL"--"'-'Ul.
Ngola é um espírito de jibóia. ·ran1bén1 proveio da Qi.1issan1a :\i.3o fal.i
e rasteja corno a S<.'rpcnte. Só .ictua t:'m quarló l'scuro.
~ e"'liVl•r p.1ra ai.:nnll'\:er u,na gran<Je nn,·IJo1dl: au ,ingu1\,1Jl1r, nt• k"U

.qu,1rto, t·m a vi '-;(J, entra uma -.erpt>ntl'. Se n,.1 t.1 r u n,.1 ~,l hnh,1 ou lJllalillUl- ,~1tt\--.
n1n1<1l, n1orr1•rd ali,;Ul1m dt• c,1..,1, ou dt• n\l1rr.· nJIUr,1\. ,1u d,• l·nl,:,1t1(•lth.•ntll..
,..ara t•>;pl1, ,ir o r.li,;n11it·,1J11 di' t,ll ,1p,1n1;,1n, ,11·1u.1r,"i h.ii11,Ti,1u,·.:u
·•
"

•1111 l' 11n1 l'~p,ritn lJUl' prnm,,vt• ,1 l'!ili•rllidadt' J m Ira~, surge


~ •rantll• .. \pes.tr Jl• l.'.ontr.lri11 .i prnl·ri.)Ç.it,, Ct'dt• ªº" rit,15 cfln"-'grddoa
=•fim
Hi nJi l' um ~plrit•o teaninino y_u<.> aJ.mini/itra a jusliçn. Proveio dn
Congo e lt•1 ..obrinhll dl' ~1uen1.2-Kongo. Embora amba.'i a-. entidades sejam
h:•fTt\•ei,-, l-lõnj1 suplanto a outra no rigor.
QuandllO n1al forrog,1do para determ1 nada pessoa. cons.e9ucntemente
~ conhecendo o prev,1ricador, !ótla punição caracteriza-se ordinariamenu.>
por ltt.•mopti~. Contrariamente, revela-se através de trovües. relâmpagos e
vt.>ntania, cau,andu desabamentos, a n1uito.!i ati11gindo indistintamente, ou,
por pulro meio de n1ortandade colectiva, como u1na epidemia.
Quanto aoselen1entos d,1 Natureza em fúria, o fenómeno pode suceder
mC'smo tora d,1 época pluviosa, designadamC'nle o trovão. A t•ste malehcio,
Ja-S<• o nome de jiJ11b1n11b1.
K.imalaua1i é um c<.pirito de procedfnda quissama. Segue <1 Np:ola.. a
fim de explicar o mol.ivc.• da apariçi'io i.la jil:>óia no qu<1rto do ,inguilador.
/1 t lll~.t, h II WI

llEAGENTES MEDIUNICOS

Qu,111do jú n,in -.ub1 rem n1ais ent id,1des, o ljUl.', l'ni di.,sar1ut•lu normal,
p11dl' 111.,:orrt.·r .itl· ,lll lJllinln lii,1, por\1u<1nto, L•n1 \·ircunsl,inria-. .:1norm,1is, ]
ch,1m,1da podt> rcst1lt,1r infrutift>r,1 durante s<.!n1ana.s, o pai..Je-umband,1
sut>m~te ,1s pai.:ienles J prO\'tl do pt.•lo, .1 fim de, l'm ,,ova., pt,.,'jf'!i!>l>t'S,
t.:il'l.1lt,1r aos seres L~pirituais o uso da fala. Noutro.. ca!>O!-, também apura s..·
as induçôes toram ou não verdadeiras. Pprl.into, se as noviça5 pro,;.~deram
i.:om l'ide!idadc ou dissimulação.
Pura cssu forn,alidadc, apenas com a duração de u.n1 d ia. 1nas também
.iosom do mesmo instrumental e cânticos adequados, t<1! como no cerimonial
anterior, o <;acerdote 1.."0bre a paciente co1n um pano, onde tan1bém st.

rt>,;guarda. E cúnforn1e as enHdades que forem subindo. assim aplica o pelo


• produto que retira dt> sua gonga, isto é, de sua saca profissipnal, agora na
e-.teira, ao seu alcance.
Então, cPmO que aberta a língua por um,1 chave, a entidade revela o
seu nome, logo proclamado pelo oficiante. Saliente-se, no entanto, que cada
t>ntidade se torna reconhecível pelas expre5,sões e vozes peruliarc:,.
f.m possessão de mucu!o ou de qualquer outra almJ. 1l pai-dl'--
-umbanda pa<;-.<1 rapidamente pela l1ngua da inicianda. cada 01-"C'ra..;.lo no\e
vez~: primeiro, uma faquinha: depoi,;;, urna <1.gulha: e dt.'pui5- ainda, um.:i
acha em fogu 11 , dando-lhe, por fim. ,1 beber o dicossú-das-al 111J;; St.• tnt.1r,
a indução é falsa.

()utr•~ «1Jltt1l.ll'I •'P""'" op,nan1 1111,a uu Ju<11 ..,.,,,. ""' .-,t,UI ,..;_. ,.. , ,.,.
pr,..-1 :rn,,n m fJ\lllh dr• no d1n,-1,t,,_.,,Jr11,1.~. (hur,, Ju1,l,1_ m,l,,r;, l'm ~.u,_, , 11.'l(l)
riYO ,p ., , 111trn iam,·1111· • 1 .;i ,, ••. ~uil,,1,
__- ,
.,;: JJd~ ~ln o ;.ilu.,,lt,· ,. """"'" tu11 i:. lw • , w1 ,1 '" ade
lt :U,,,.\ .

.-\ 1-im lll· Ll.1,.-i. tnu r ,1 pr1,.•1ud ii.:i,11 ,lt\: ,1~1 d4.' ,1 lgun1 m.iu-olh,uJ o dl' ronJ rade
:\\ tjtlSI." 1)\1 d1 1 f+..•tt i~•1•ir11 qut •. p11r,-l'nl u ra, malehc:ia,.,s;.• .i familia em eau -.a, a
a,ch1 .,_\ ,•,t1,.•nsa1Ut'llh! <'nrolado nove veze., com ul'na fibra de embonde-iro.
Tr,1t.111do-..c dt• calunr..lu. o pelo, ;,alvo nalguns c,ic:os, não dif1·1t.· entre
Dél d11 n11~$mo grupo. E.1n capitulo especial, apresenlamo!:i os vários pelo;.
utillZ.:ldos - l'f>tt's apenas emp[cgues un1a vez sobre ;l língua do pacit.'nte,
ro:no que em raspagem. A comprovação da possessão verifica•se no quilrtO
arruOl.'lr, ou, popularmente, quarto do "kuo;i:aN, ondt.' terá que sofrer uma
ft'l.' 1u'><la
de oito dia..<;. Se :,;inguiJou falso, morrer.í por efeito de cubamento
ao ~-elebrante, isto é. de sua terrível praga, rogando a cólera de Kileri kia
~1uene-Kongo.
Após a proclamação do nome. o pai-de-umbanda ensina ,1 entidade
1gun1as regras mundanc"l5: saudar e d.ançilr
Para saudar, observa 1..1 costume de sua terra de. n.lturalidade. Em
con~uencia, de não ser geral o modo de proceder. Na maioria dos i.;a!>O!t,
restringe-se a simples palminhas. Mas toda!> as entidades se ajoelha1n aos
pés do relebrante. As~im, mencionaremC1s- trt's saudações Jifcrenles:
Com Dinyânga 11l_ manda-o prostrar-se a todo o cn1nprin1~n\t1, ficandl,
o• braços- em arco, e botl•r lcntamenh: com as nadc~as: no chcl.11, uma de cada
••ez: dcpoi,;, cm pausada movimcntaçào, roç;1r ,is faces no solo; finíllml.'ntl.',
ajot•lhar-,;c, e scgurand11 J 1nàu d1reit.i do pai-de-umb,1nd,1. to..:ar no pi.:ilo
de.li' primt•iro, no Jadu esquerdo; dcp(1is. no direito · k·rmin.1nd11 ,1
gcsticul.dç,11, com um irnpulso vi~nn1s1.1 para bai\ú, para lo~o. com .i n1.i.,
PS</Ut>rda, !ól' m,1nobrar 1n,·l•rs.1ml•nll' sobrt' o pl'Ílll d11 s.1ud,1t1h• 1i

~j~ 1 ~ IHllll vr1 !rmt•f,111'1"" •]li<' 1> ,ini;ui!.1J,,,r l'll'l lrdf •• n.• '"-~nl,1 ól i:r>hd,hl
-\ pri 11 wif• r,u!t• 1f,1 , .,u,IJ~,"111 - pni'-.I r ,11,A, 1•· tn~.11nr!lh• i.:1~~ 1~.,.., t,1n11-.,, mt •'"I' 1.,
r rt'" !<111 ·o11,,li, ,. l,:; 1n11tt.u .,, ,Ih,- ,l,1• (,un,t,J, .:1 h,1iu~. -\1,•n, d,·<1.'iõl 1no111 h."I ,; o
r, mm· ,,111• 1,1\...., ii;u11ln1t·11l• nrcut. ,J,1 "' •li rt><;.
~. t

t.·,lm t,,:apit.:i ordt·na-lhL• 4uc st• ,1jl!i!U\J.,•, l' con1 ,is ~,J/m,,s unld.t.<,, faça
um.i cn1L 1,0 chilo. X•gur,indü-lhe as m..los, ill\·a.,1,;; atl' um P')UCO .it·im<1 d.i
l',lht.•ça. ru1;t1ndo-as pl•lo corpo do saud.-mte, e bab:,1ndo-,1s, loca-as ,n.t ~•u
pn\pno peito, e dt:'po1s. no dt1 saud.1nte, tern11nando tXlm un\ movi1nt•ntu
p.-ir.i h.1ixo.
Com Ngon1bo, l'nsina-lhc a fazer un1a L'.nl7., cn1L,1ndo as p.:ilm,, .. para
u ar. l',1ra d,1nç.ir não <l dança vu!iar d11~ butuqucs ma!-t wna dança JOS
pulinhos, arrJstilda ntis bii:os do!'.< pi.•~, num ml'ÍO corcov,unenh1 do corpo,
tal i.:om~1 ~ (!!;~aravalass<!, ministr.i-lhc l• .. primeiro!> pas,;os, incumbindo as
,ingui!adüras feitas, q1,1c dant;am :;oba mesma po~sess,io, de continuart•m
O <.>nsin11. Fm virtude da semelhanç.1 da muvinit'ntaçào, dií'·SI:' t'.';garnl•lltar
íku ,urda!, e nIH.1 ,f,1u{ar 0,11kit1..1/.
Antes de fu1da.r a actuação, o esp1rito prosterna-~ aos pii-s do tocador
de snmu. Na gi:-n,1ílex5o, apena-; bate umils palminhas, express.:indo,
dest.irte. o Sl;lU agr.idccimenl1.l p.?lêl to;1d,1 e\ec~rizant-e - un, dos factcyre, que
o incitararn a subir.
O!- espíritos já iniciados (portanto, as xinguiladoras feitas) prrxedcm
como a companheir,1 iniciai,te. tanto na saudaçãL1 ao pai-d1.>-umbanda como
no recorilieci111ento no instrumentalista da gon,a.
Posto que ,1 dança constitua um delirante praztl para os espíritos, nen1
todos. no entanto, gostam de~sa diversão, como Ngombo, Muta.kalombo,
\.1uene-Kongo. Quer dizer: só dançam os espíritos de segunda e terc .... ira
ordem, pois QS mai::; poderosos, pela sua respeitabil.idade, desrrezam tal
ptálir..<1. O Santo de Kazola, embora dance un, pouco, é com df'~prc;.,o que
o fa:t. Ao contrário dess •:; cnt-idades, as que mai~ gosta.111 de d,1nça-r. ,:;io os
Kap1L;i;;, corno D. Pedro, D. M.inuel, ~1ue .ité assobiam.
"'

SACRIFÍCIOS

tiwtínistrndos os pelos, realiza-se wn novo cerimonial, designado púr


kt1ringa in no qual a.lguns espíritos são propiciados com um !tacrificio.
Qualquer que seja o local - terreiro ou encruzilhada - pois os lugares
dependem da espécie du liturgia, é sempre ao ritn10 do instrumental e
cânticos que decorre a sua efectuaçâo.
Como os holocaustos variam segundo as entidades, especificaremos
as cerimónias concernentes a cada pedra.
Pedra a~ Kazala:
Novamente evoc<1do, o Santo de Kazo!a imola com uma fr1ca um pato
e uma pomba, sucessivamente apre!:lentados por um au>.:il.iar do pai-de-
-umbs1nda. Num copo, onde já se deitou uma ou duac; gemas, açúcar, vinho do
Porto, recolhe-se um pouco de sangue. Tudo batido, o sacerdote apresenta ao
santo, que sorve uns goles, oferecendo o resto a outrt)S santos en1 possessão.
As penas e tripas são cuidadosamente enterradas, sem nenhum desperdício,
sobretudo de penas. A cilme, Jepois de co1inhada para um festim, .abai,o
descrito, será comida por todos os assistentes, exeepto as p,u__-icnt"1,;, F os
o6S<:lS, tanto deste sacrifício ctimo O!> dos oulrzy..,, n.lo se deitam fora, antes~
juntam para que, depois de secos, carboni7.,ldúl> e muidos, St'jam utili7.ados
em dicosso& e mucassôs para maculos, t'IIJ seja, para compr,i;iç<~ ril\J,1i-.
iiguas lusl.rais e pós para carai::teri7.."l\~ r~peitantc,; a antepassados.
o festim compõe-se de iguarias d europeia e à africana. 1\s t·uropcia,:,
ctin..;l.tm de guisad~ prep;rrado~ com .is aves. E a:. .1fric,1nas, l'cmP'-'radas
,c,m ,l ✓t'ilt' de paln1a, i;,io constituida:. Jl': quitandc de ft>ljZ111 c de n1ut--undc;
fúnji dl.' fub,1 de milho, dl' mas!õambala L' dl..' bon,bó; gui!¼1do d\' b,lp\rt.' ,,
..

\ ,,,.,.,,.,.. 1\ ·11,._h 1"'"l.'ti:-. .1n\L\o-, ,1,., l''-'i 11.1•,, 1n ,\, ,.,,.,n, il pi i1 ,u, J1 , d1 · a.1 l '
.-\1\h'!I d1• M' 1·11J'inh,1 r. 11 111:.·L1ltist,1, pi.lr,-1 r,i~g,,r o fi11,11 (A11t11ud11/i1 tJ di11l11 J.
l,lt_ 1•111 l·Jd,1 ti·1•n1~11.· • .i t1hrigi1túri,1 ..:ru ✓.
,1 p1•n1l1u 1• uL"u1tso, lwn1 ,·on,n no
,.., tt'ril,r d as f'íllll'l .is. l , ,1 prnv .1 d o !kl 11• vt•ri ht ,1du J t r.tv(·~ d us t r1•1np.• 11, ix•I•> •
l\lll' ,.,,.. d1•il.J u1n p11u1·0 de mo!hú num,1 das pt'dr,1s dt• cada lngv,
.'\nt.:-s lil• ..is p,1cit•ntl's cúmo.>rl'm. ll ,;:,._,[cbnintc, i.:on1 uma Jt·d..ida d,!
catla .,Hmento, ..:,1r;,1ctcri1.J-ils n,1 h.•sta, lnnh.'s, nuca, p,1rll' inferiur du pescoç.1,
articulaçôt.•s dos 1)mbrus, cotovelui. l' 101.·lhoi; .
..o\ medid.i que cun,;:lui c,1d.i 11peração, lança altcrnadamenu.• para
,1,., q\1atro lados - ,l Irente, at;,l::., à direita e à t>squerda - os bocados car.tt.:·
leriL..:1dore.__ rinalmente, l.-omeça o banqul'le. Mas só comerá com asobl,1tanlt"li
qu._.m iá procedeu identicamente para con1 essas entid,1des.
P1:Jri1 de ,"lgo,nbo:
Novan1ente evocado, Ngombo, em vez de proceder ao sacrihcio. e
tom12ado pelo celebrante, à volta do cabeça, com Uin galo.
;\pesar de não se efech1ar a imolação, a ave, contudo, não deiAa de ser
abatida para festim
Pedra de Mrttnknlo,ubo:
Novamente evocado, Mutaka!ombo arranca com os denlt.":> a ütbt.'ça .a
um galo, que o auxiliar lhe apresenta, sorvendo directa1nl'nle da inli..,ão uni
pouco de sangue.
A carne, assada no espeto, será con1ida, taJ corno na l..'l'rimonia ant ..•ri\,•
pnr todos os assistentes, menos as pacientt.•" e mulhert'S st..•n, n1ar1do.
Pl!dra di: Kib11la Muiji:
O eacri/ít·in, sol, a mt•sma toada. c11ns,1gra~• nuni.1 t•ncT\1Z1lh.,}J,1.
nic~---5e l-Om o it'pult,1ml•nto do!. maculo~ i..;h1 t'. dn ... t,i ... a\·,1'> c,s ~1u,1tr1.J
pah·n11,s. t' O$ IJU.ilro m,11,•r1,o•
..

P,1r,1 ~pn:scntar os exUntt,s, o sacerdote rasga oito rl'talho!:I dl" pan<_,.


-rn1. l" e1n ..:ada l1m, deit,1 serradura de tacuta, de quissécua e de quicongo,
um ira~mento de pena deandua,outro de garça, outro de sebo de caça, outro
de crina de elefante, uma escama de pilllgolirn e um caurim. Os retalhos,
depoi..'> de rt.>cheados, são simplesmente dobrados. Em quatro panelas de
barro, deposita as efígies - duas em cada. E sobre cada parda.o; efígies, acama
nove rodilhas de niussêquenha.
Num buraco, preliminarmente assinalado com a cruz a pen1ba e
ucusso, acomoda as lfasilha5, cada uma tapada com uma pedril cMta.
figi.irando antigos serviçais, NgênJis, incorporados em 1e:inguiladoras feitas,
buscam pcdr.1i:;, que amontoam nesse mesmo lugar. fom1ando um,, pt-quena
elcvaçilo de forma sepulcral, chamada ,11..-s11 d( dicr1l1111d11111la, No finaL cada
e"pirito cobra o seu trabalho aos familian-<; dat,; pacientes, os quais <.at:i~la;,e1n
prontamente a tt'muneraçâo.
Sobre C!l'>a me<.a, a<: ;,ludid~ cnt1dadl''> l"D!o.:,un um galo, un, canwiro
c uma cabra, conven1entc1nentc ,1t;ido"- A.ia pacit:'1'1~ -,entam-sc en1 redor .
..\ toada costumeira - instrumental e c.intico-. ~ soa L'vocativamcnlt•, d,..-sdt· a
chegada ao k-,c,1I.
Mutakalombn, ~,bindo :, cahe-.;a dl' uma dt•l,1'>, decapita o ~alo com
os dcnt~. sugando-lhl' dcpoi-, um pllUco dl' <.angul.'. Com unia n1.1t·h,1d inha,
11,•ibra, t•m <,t1guida, um gt,lfX' Mtl ca.:haçu du camt•iru, ,gualml'Otc lh1• ,1bs!.1r-
Y1•ndo ô sangue.
A fim de darern ,le /1t•l1t·r ,is u11r/1as, as ,.ingu1ladora.,; eitas desguattu'('l'm-
un" paramentos tra2idns a tiracolo. adia.ntl' e":.plicado• e piicm•nos n,)
fle dt•
lugar rara ondt>E'SC('trre o sangut• (om o m~mo l'im · dar dl' t,cbt,r 1,c1nlo oY
1elnguil,1doras fl'it,1..; C(IITIO -1" en1 iniclaçãll \l,H), rntrt>l.-int,, ens.angu1•ntandc1
:r roup,t l'\tl·rit,r.
R•·lirad,11 as ,·1tima!'I. ,..,h·ndl•m. l'm t-.iJ,1 lado da nws.1. um grllh,10, l'
lt'l(l 1 ( ~ ... 11,, ... 1, .. 1,111

l\l's-.1• l';;p,1i_n, displl1•n1 ,1l~uns pratos, r.:hav1•n,u,. r.:opus, ldlhl.'rt>S, pri•Ít-1t•11te-


n1t'nh• t ud n novl,. e 1\1,1i.;. l rt's anr.:llft'l~ pl'Ll ul'll i nas di.' bt•bid11s, l>l..'Pil r.td.i nu•nl._.
L't•nll'ndo ,1gu,1rdent1.;\ vinbo-i1buf,1Jo l' vinho tinto. Lnlrt•tantu, ~•l>1•1n O!I

,~l;OJÍS ,'ls ca~i_il'> dd5 i.nici,u1das. EnLlo, ofiçiant(• i.' auxili,1r__.!I OÍl'í1.'(t•n1

~lhl•s v111ho-;1bafr1do - brinde tan1bl'1n t>xteru;1vo uos Ngl•niis iniciais e rl·~t.int~


,l!'>sist~nc1a.
St•, porventura, passar alg:uén1. de tudo lhe !;t.>fá oferecido. Não à ma·
nt•1ra de pruva. mas à d1;;crição,
Em re1nare do sacriftcio, o celebrante, com um pau, quebra a louça e
ancuretas 111 E rumam para 1.:alia, continuando os Ngénjis cm induçào.
À chegada. o quimbanda é recebido por alguns parentes das 11oviças
.:om um garrafão de vinho ron1u1n. E com os animaiS, prepara-se um festim.
!\.ias,, sua carne é interdita às pacientes.
Pedra dt> Mueue-Kv11go:
Não em encruzilhada, mas no terreiro onde tem decorrido a função,
Muene-Kongo é novamente evocada. Agora. de tarde.
Actuado o espírito, uma auxiliar atira, para os olhos da paciente, uma
moinha composta de jindungo, tacula manipulada e alfazema. Em seguida,
apresenta-lhe a cheirar u1na cestinha • a gonga • contendo a mesma mislura.
Se espirrar, a indução e falsa.
Após essa demonstração de autenticidade, a auxiliar en~ina-lhe a
persignar-se. E então o !!iacerdote lhe aplica o pelo. que é um de-nte de jacan~,
e o qual lhe p.:i!>sa uma vez pela língua. Mas tais opera\-õt.~. como l" ú,,.......-m\t,-
anl1"riormente, "-ãO executadas sob u,n lençol em ieito de páli(,.
Vl'riti1.:,1da a mediunidade, o C:l'lcbrante ta:r•lhl•, l'Rl amb-1.., a1 fa,.,... ..tJ.
mão dil'C1ta, Oi1 wnlido d,1 largura, nove l'i"-rl'ls alll'rnad,1,; út• t-"t>n1b,1.,. uçu-.. 10 1!'

R1110,,11141mmlc>, ,. ·orn u ••h1,•l,1 • (,.~i,.,. n1,o.1i. qu,p w l•tii,c,un w fflll"-


plri,; j,)I d1v1 ;.,t, ,r1,.,. r,•t,•fllhll!o n" ldpUu 1, • ·Ad,, UhllÇlt1""
,~ ... ktaA.' •'.!IUO
t 101

uk)mh!.). A+'l\,..:hirilndo-st• dl• un1 íocdu, identi("ilmentc repclt' o as!'i1t1.i1Jaml"nto


n.t l.1min., Entdo, v,lrias xingui!adoras, segurando um porco, expõem•no
" su.i frente. Dentro do mesmo preceito, ele também o caracteriza à volta
Jo pesl:O("O. E o espírito crava o facão no animal, pela brecha lhe sorve um
poucú de sangue.
A Muene-Kongo, sucede D. Pedro Mazârti. Mas essa possessâo
também ocorre nas xinguiladoras feltas. Assim dominadas, limpam a rês,
esquartejam metade, pois a outra metade constitui pertença do oficiante,
e cozinham-na finalmente . Como petisqueira, també.m cozem mandioca,
dendês - e estando--se na época - maçarocas, torram iinguba e descascam
cana-doce. Nesse lapso de tempo, os espíritos, ao ritmn da usança, dançam
animada mente.
Preparado na ocasião o fúnji de bombó, banqueteiam-se todos. Além
dos elementos referidos, ainda comem banana e quicuanga. As pacientes
não tocam na carne.
Efectuado o festim , os espíritos libertam-se. Mas, na manhã segu i.nte.
Muene-Kongo é novamente t!vocada. O pai-de-umbanda dá~lhc jindungo-
-do-congo e apresenta-lhe ao nn.riz uma g,irrafinha com aguardente, tapada
com uma moeda e um lenço. O espírito inala vigorosam<'nte, delx,1ndo o
líquido sem a essência ,;_·aracterí_c;tic.1, segundo a ve~ào popular.
Muene-Kongo \'ai-se. Na mesma pai,:ienll'. actua agara Musunda
Ngc1nga De bruÇ'()s no chão, o espírito cont~1rcl'.'-se l' gt•me. Uma du11.1!1ar
de!,f>\.'lil, Junto dl'IC, duo1s úU trl!s canl'Cas de água. O,. part·nte-. aproidmum•
~!. Para lht''- rl'stituir a saúde e paz, o espírito l'slrega a mãl1 no n1olhadt• ('
besunta-lhes o corpo. A fin1 dt.> o t·rgucr rlt1 "''º· um dei,..,, con, uma n11t.i t•m
caJ.i mJt1, ofcrt•t·~• lhí' (1 donativo. E 11 c~p1rito va1-sc
Hll flil(A,11~••.1• 11 r•,

PEN ITÊNCIA

'\pús u-. -..tcriíil·ius, as p,1rh:ntt:s rct·olhcr.i{• a UJTI qu,1rtu o quarto do


"'kuoLa" a fim Jl• !'l'Vf.'rt•nciart:m ast•ntid,td~ t:spiritu,lis. :\i. p~rmant•cerão
oilu di.t"-, j.i ritualmentf.' para1n1._•ntadas: n.:i cal.i('Ça, t'\>m un, lenço guarn1._'1.'.ido
dl.' q~1,1tro jin,tiun,bíl-. • UtTia na tL• .. tJ. tlUlra t•1n c,1da fonte e outra nú topo: J.

tiracoln, furni,1ndo x, con1 ,1.,; pat,1c.1nh.is: e na cintura, j frl:)nte l.' atrás, con1 ª"
n1il·unga.,. lais uti:•nsílius '>Jo de fibra de l'n1bondeirúc furam m,1nufacturaJos
pi;,lo p,1i-tlt>--umbanda.
Durank• a reclusdo, ª" pacienk•s não poderão dormir n.:1 cam.i, e a
higil'ne ,,(1 .,e est... ndt' ;1 boca, c,1nlo!. Jo,, úlho,, e ~xo. O apot;ento n.lo é
frant1uc,1do d tt'ldos: só a crianças e mulher~ solteira'>"'-' permite ll acesso. E
se a!gum.i casada tiver qul.' o frequentar, guard,1rá continência durante es;,c
periodo_
Dur,1nte il clausura, as p,1cientes fficcionarâo, num tijolo ou pedra,
mas c,1da ~1u,1l ern ~u bloco, um pedaço de ti.leu la, outro de guicongoe outro
dt:" quis._'iét-"Ua. Ct)m a serrado.ra, separadamente dt.>positada nun1 roco co1n
azelte de paln,a, n1anipol,1rão nove bolinha~ de cada produto. As bolinhas.
Jo tamanho de um ovo de pomba, qu11lifican1~se de.fill1os-do:;-r11l1111d11.~.
A fim de se deliciarem con1 a serradllríl oleosa, o,; espiritos tornam a
incorporar nesse mesmo quarto. E então besllnlilm 111 corpo e roupas, inge•
rE'm ,1 própria mistura. Na passesssilo de D. Pedro Mazi'irti, oferecem-lhe
um cálice de aguardente. E se actuar um novo cu!undu, o pai-dc-on1band,1
ministr.J-lhe logo o pelo respi..>ctivo.
Dado o caso de se manifestar o catan1ànio, a acon1l.'tida su~fl\'nderá a
tart•fa.

( unl<irmc J.à h ,.ium,. rcp,;Uda~ --~~ci. " ~"'!1."ll.1dor. 11uu111-i., po,,uid,· 1•11t Ulb ICf r,q,lrltwal,
- -', "ÍI. ale r- 8 1~11t<!IClll3T. i' 111 '""'Nl~~ll<'IU, cic'I\U 1k ~,ur 11,uuralmrala.
1 lfll

,\o nl,no di.i, ú pai-dc-u mbanda, a fim de anularqualquer mJu-olh.Jdo,


,1t<1. no br,,ço dirl.'ito C' perna respectiva de cada paciente, um enll'ançado
dt' hbr., dl' ~rnbondeiro enodado co1n cinco nós - a quinjita. E nesse di.i,
sob a sinfoni.1 do instrumt:>ntal já citado e hinos alusivos, realiza-se nova
sok!nidade: a congregação das entidades (k11snugesn ilundo), cuja quantidade
ú ..:elebrante verifica pelo ntlmero de nós dados num cordão, pois, nesta
função, as entidades que forem actuando, são por ele confrontadas. E co1no
t:m oportunidades anteriores, dançam entusiasticamente.

'
'
ltM 1 lN•• RJ,~,: !11 Hl·

PARA~1ENTOS

No tina! de-.'i<l s.é-rit· de ritO!o, ú pai-dt"-umb,;1nd.l prepard as zt•mba.-., qut..·


são 1.int,15 f~da."> - uma'I de bae1a azul, outra;. de bacta eni.:dmuda l' outra
de pantl-Cf'U - conlend<.'I as du.is primeiras um fragmt>nto d,.. pt:"na dl! anduJ
e dt' garça, outro dt' sebo d!.' caça, rutro dt' crina Je elefante, uma escama dl·
pangolim, e A:'SUltante de carbonização"-' esmagamento, ci.nz.a d()S seguinll.!'S
materiais: lixo apanhado na~ pn1\imid.ir.l~ de um ~tabélecin1entu comen::i.il
de grandt> movimento t' dt.> um mt•rCJdt,, e apanhada cm qualquer sitio, uma
r~}dilha d,•-,prezada de çarregador - materiais est1..>s reservados do colheita
etectuada ~los pa.rent~ d.a5 novu;:as, ,1quandu da feitura dos n1azacos.
A Wrceira •., de panCKTU - dad.-i " sua caracteristica e!;piritual, só e
manulacturada uma Unil:a. AJém dos fragmento.<; de pcni'I de andt1a e de
~arça. de sebo de ..:aça t' dl' crina de ell'fante, ainda comporta mai'i estes
t'lcnu~nti;,s: ~rradura de qui1:('lngC1 e de quiSSlkua, e relativas ao cadãver de
que procedem os ca!undu,;;, aparas de cabelo e de unhas das rr1ãos e dos
pús. l11011gu se denominam essas aparas' . Se o dito familiar ainda não tiver
falecido, esta zen,b,1 só se prepara após o seu passamento. E se, por qualquer
eventualidade, tai!'l aparas se tl!nham extraviado, geratn-se outras, isto é, o
pai•de--umbanda manipula um produto que as representa.
Para a elaboração desta 7.emba, junta, no centro da faixa, todos este
preparas. Dobrando--a longitudinalmente, cose, pelo comprimento e lado.s, a
parte abrangida pelo recheio, formando como que uma almofadinha. Após
esta operação, coserã então a fab,:a toda, unindo os extremos.

1 l'or m.ir1e de nl~"1I1, é us11al i:,;,rtar-se no ~ólçfovt·r uni pouro d<' c.-;ibelo .- tl<! llflh.lS
d.t'< mãos e pt.~ apara~ que ~ guardam numn cinta ít..:h~UII. tambt.,m J,1,omin.1d.1 .-Z.. l
r'lpt«·d11.:>1dil í"'' umh~ rln Ílll"lXO,.. dt•~tln,1--.c ~ lt'mbrílnç~ ou• fim ritual. <:om11 nu ,-.,.,o l''\""'t,;,
""

c~~nforme ,1 cor dos tecidos, a$5im se consagram as zemba,;: a Kibald


\lutji - ~ntidadc espiritual da génese familiar-a dé baeta azul; aos maculos
üntepa.,,!>.1dos • .i de baeta encan1ada; e ao fan,iliar de que procedem os
..:alundus - a de pano-cru.
Havendo actuado Huhi da geração, também se lhe consagra uma
U'.'mba. É igualmente de pano-cru. Mas o recheio, em vez das aparas de
cadáver, incorpora uma moeda antiga de cobre e ulombo de foU1as referentes
a essa entidade. No demais, a mesn1a coisa.
As zeinbas são bilateralmente envergadas a tiracolo (portanto,
formando x), mesmo sobre as vestes. Usam-se de quando enl quando,
durante oito dias, e simbolicamente, nos rituais de iniciação e de morte de
xi.ngu.ilador, ou, proteccionalmente, em longa viagem pedestre.
Nos cerimoniais de lCinguilador • iniciação e falecimento - usar-se-ão
todas. E nas viagens, apenas as de baeta azul e encarnada. Num caso ou
noutro, a xinguiladora besuntará o cabelo com uma mistura de Sl'rraduro1
de tacula com .izeite de palma, e ostentará um turbante azul em xadrez,
guarnecido de ji111bambas • 9uatro a quntro em cruz · em cada um dos
'¼'guintcs lugares: frente, lados e topo. É o ll'nço de Suku. Mas igualment<.·
besuntado com o mesmo preparado. ror causa da composiçilo 0100!;a,
sobrepõem-lhe um outro vulgar.
Se, por direito de sucessão, se herdar .i.,<. zembac; de uma parent.:J,
também se ellibirão, juntamente com as ,;uas. a.s 1:t.•mbac; herdada.<:.
Para se manter cm harm11nja as entidadl'S ~pirih.tais, con~ut•n•
temL'lltt• para Sé.' .:ilcançar a sua graça, quer dando saúde, quer afastando dn
mal, qu,·r, enfim, velando pc-la telicidadl•, a<1 1:embas, pela lua·nov,1, dl·vt•m
k'r rmbí•bidas numa mistura de vinhu e mel· acto especificadt, P<)t J:1011.u
o 1111;:1'1nh11, ou <;t•ja, tl11r dr f,,·b1·r 11~ :1:ni/,,rs.
()ufn):-o;im 'il' prn..'edt.• nos sacriticit1• prop1cio1dtl9 a l'SSC'S mt•!-.m11<1
' 1
'"' QM \JI kJMU, h II LIU

lerl"S, c.:11mu º" do no\·1ctndo. n.io .:om .:i mistur.i dt• vJnho l' mel, m..i-i, ~1m,
.:\ 1m u sangue qut' escorri! do-. o1n1m.i1s 1mol,1UL'IS. J\fas a partl' qu ... •t' b.i,lilil,
t' d dn rt'('heio.
t.ida iniclanda fl>t.:C~ du1<;. dl>stl's pammt•ntlll> o dt• ba~•ta encur11J.d,1
e u dl' bat'ta azul. O de pano-cru só toca à n1a1~ \·l'lh.:i, por repreM'ntar u
cabeça d\l noviciado. lgualrnt'ntc lhe rabo: o ..:on<;..:igrado d lluhi, CdSO hilja
lt·itu a "ua incorporcu;dv Só por herJnça. ~I:' aumt!.nta o nun,ero d.is zemba~.
~•lil:1-., ·11.."'I 1 1<17

NOTA
1':\l et.•rimoni,11 da in.ici,1çào, as pos,;essões são efectuadas como que
cm apre,;t:'.'Jltaç5o, dentro d,1 maior simplicidade. Só após essa fase, e que- 01>
"'<.'t\.'S e~pirituais são recebidos de hilrmonia com ilS suas exigências. Port.an-
to, usando-St? vestes adequadas, brindando-os com o que lhes proporciona
deleite.
Dado que a escrita angolana assenta no sistema sónico, vamos facilitar
a \eih1ra dos nomes das entidades espirituais e compreensão das respectivas
preposições, em tradução parentética:

Mbangela dja Ngombo- Banguela di.l (de) Gombo


Ndembu a Kongo - Dembo a (do) Congo
Diji\a dia Solongongo - Dijila dia (de) Solongongo
Dikulu dia Ngombo - Diculo dill (de) Gon,bo
Dinyãnga dia Kituxi - Dinhanga dia (de) QuitlJ1'.i
Ngé.r,ji dia Ngombo • Guénji diã (de) Gombo
Ngola Kiluanji kia Samha - Gola Quiluãnji quia (de) Samba
Ngonga a Putu Gonga a (do) Pulo fPortugal)
t--litu - Rito
l• ônji - l• ônJi
1luhi dii'I Ngongo · !luhi diã (dl') Gongo
Kamuk.1ngl' CilITlucangue
Kasutu · Cassuto
Kil.ial,1 Mu.i/i · Quib,1!a Muijí
Ki!i1la l<i,.:i NgilngL·l,1 · Quiala qui.l (dl.!l C,.in~"Ut·l,1
Kim,d.:11.11..•,.11 Quin1i1l.iUL'.I.O
Ki!1,1nt,;a l,,.i;1 Nvunji Qui!IS.1nAa Lllli,l (dt') Vunji
\\,.

1':.ili!-ri kia ~-tuenl'-Ktingn -Qu.ltl!rl tluia (dt!) Mul'llc-c·ungo


KUlr.u f\,1ukitil a Sui..u Cuco Muquita a (de) Su(,.1
Kulumanu.., Cu!umanos
Lenlbíl din Hanyi - Lemba di.:1 (d~) Hiinhi
Le1nb,1 dia K.-,tombo • Lemba dia (de) CaJombo
D. M11nuc\ dia Ngo1nbo - D. Manuel diã (de) Combo
Mavitla Mbtingo - Mavítia Bongo
Múkua-Kitu>;i - Múcua-Qultúxi
Musunda Nganga - Mussunda Ganga
Mutanjinii - Mutanjú,ji
D. Pedro Mazârh - D. Pedro Mazârti
o• Pinji a Luang·u - 0 1
Pínji a (do) Luango
Samba Nzundu • Samba Zundo
Santu ia Kazola - Santo ia (de) Cazola
Nvunjí ia Kazola - Vúnji ia {de) Cazola
Nvunji ia Kituxi - Vúnji ia (de) Quitúxi
Nzümbi ia Ngann - ZUil'lbi iã (de) Gana
'
PELOS

O pelo, conforme já esclarecemos no capitulo anterior, é o reagente


da possessão, e nalguns casos, tarnbem a prova da n,ediu11idade. Varia
conforme a entidade actuantc.
A fim de completarmos e:ste assunto, repetiremos o que anterionnenh.•
jã e,cpus.emos, embora mais pormcnorl:tadament(•, Em ~u con1unh•. t•i~ os
pt"IO- para almas e ~'!.pi ritos:
Em pos~n de muculn ou dt.' ituak1uer outra ,1lm,1. 11 s.1s,•r\t1,tt• passa.
rapid-1mri1té pt•la llngu..i Jo inlci.:ind11, i:;id,1111'lt•r,1,11n 11,1\•,• ,,,,.ze§: prin-.eln
•• Jt1a.u.: l~\I . 1"-1
1 '"'

11ma t.ai.:iu1nhJ, dcp..11s, uma 11i,tulha; dl•pois ainda, um,, a,'.ha t-m fogo " ,
dandi;,--lht•, PQr fim, a beber o d ioo&>0-da:,;-,1lma1;. Se gritar, a indução ê lal..a
A .id\a é enlaçada com uma fibra de embondeiro, para destruir qualquer
mau-olh,u.io.
Em possessão de calundu, passa-se pela língua, apenas uma vez, o
iffitrumento respt.>ctivo, abaixo especificado. Se os espíritos pertencerem <1

unla mesma pedra, o peJo, salvo nalguns casos, não difere entre as entidades
desse mtsa10 grupo. A comprovação da possessão verifica-se no quarto de
cuozat ou, popularmente, quarto do "kuo.:za": se xinguilou falso, morrerá por
efeito de praga do celebrante, rogando a cólera de Kiteri kia Muene-Kongo.
Enumeração de alguns pelos de calundus:
rara diculundundo - osso de palanca.
Para Dinyânga dia Kifumbe (caçador assassino) - osso de rato-de-
-palmeira.
Para Dinyânga d.ia Kituxi (caçador vitimado)- noz de coração humano,
correntemente designada sob a dissimulação de cor11çâa da p1li~ (n1uxi1na ua xi
,i<üinha de. cola de Bnngo (Kndlkez11 kt1 Mb11ng11), coração de 1mbn- (11no:i11u1 11u
pulungu), vidazinJJa (knn111CT1)111), ou, simplesmente, 1102: dr cola (dikL':zu).
Para Ngon1bo • sal-gema, ou, popularmente, s.1l-dc-p,1u , Mas con1 uma
ra<;.pag~m inicial com a faquinha, apenas uma vez. Em variaçdo de si-.tem,1 .
há quem dê a chei.rar noz dt> col.t, gengibre seco, sal-gem,1, tudo oonhdo num

1
t" Comu 1.i tic,;,u dito nt1 ,:;ap1tt1!0 "lnici,1~.ki de '<ir,guil.iJ,~r ,. outm~ n,.i,dt1~t<1~. t'm c,1<t,1
l<:10, .,rrn-:i~ ttptr'lm UIWI ,,11 du.15 ''CLL.,, I' (1 l<lR~l I' pn•1·1Jllll'nlL· lll<'flt1Jlh.1d,1 1'11.1 di~,t_,;.
-11lmrm. (lutr,,,. ~1nd.1, crnbnt,t cmp"'l!dn,i11t> fojõtn vi~••· ,1plkan1 ,,h,•mad.im,'llh' ~ Ide" e .i ,ljlulh.1
Altm dl'tJ.l~ mini•lr,lçc'it"'J, ,rutrn!l ot,.Jlllsl~'I, HlCilndn ti .!L•Ja 1!(1 rh,k1, li llnl 11.. 1mrn,•i,1'11~l'l'm ú

p«Wnh' ,J.,, 111rt~dM dn n,ui,rJn t.'~11.'rinf t h!11·n\lr n ,.; .. ni-111,1\,1 · ('Uffl rir 1.imt-,,,-m Ih, ~ m
1 pirta llnl',UI, /. n" r4,p itt••Jn rlJ IJt!U' l'lh!I 1• ,1,1 ,lt(Ulh,1, d,• ra,líl ~T t 11u,· l')ll'tam, hn1r.11n <"> \lll•tt~il ,,
{ • ,. t• n11r111,1 ""''" t,1m!Jilrn r• l<'fl'<IY,I ,,,., prl,,. 11,,.. r,,lundu
\ 1t' 1 1,..,.}(-hLó1

l'tl'<'S t•n1 ljllt' t.11nbl'íll -.L· ,1Lh,1 un1.i ll,lhL·r dt• ,h.l, L' runf1Jo nu1n11 g.in.ifa
L,,b,·rt.1 L·11n1 u111 lt'll\'O br,1nln. \'tnhu brnnL'll
l1,u·u I luht d,1 };L'ri1ç.111 o-.so de p,1c-.1ss.a. MJ~ rcL·t•b1do t•m ,una dti
u n1a .l f\ Llfl', par,l lll1d1• -,ob1 • o espid Io. l' onst'lj u1.>nlc1ncn tl•, o pacien tt>.
P.trJ. l..t•111ba nüstura dt• a1cilc dt> paln1a con, n1cL Mas dad.i a bt•bcr
llil OC.1Slilll.

Pilr..i t',.1uku.:i-Kituxi • a aplicação do laqui11i1a, a agulha e o fogo (pois é


un1.i aln1a). Contudo, ta1nbén1 h.i •1uen1 tni.ni;;tre osso de onça.
P,1r<1 t-.1uene-Kongo - dente de jacaré.
Para ~lutak..1lornbo - osso Je elefanle ou pac.issa.
Para Mutanjinji - osso de pacassa, elefante ou cavalo-marinho.
Para Santo Je Kazola - um crucifixo e uma moeda de prata. Mas com
uma raspagem inicial com ,1 faquinha, apenas uma vez, A excepção dos
restantes componentes da pedra, o do Mbangela é ferro.
Para Suku - sa!-gem.i.
Para Nvw1ji- osso de c.:ibeça de cobra-cuspideira 111. També1n h.á quem
empregue o bico de uma galinha preta e um cominho contendo uma mistura
de mel. óleo de rícino e tolhas pulverizadas.

" Aa!rt .i ,lo p,-1<> d~":ILl mlld 11J.,, .i o.li Itl~t,1 q U,. ll'"' h;1 rnt"'<..--eu lllli t 1.-,n,~, t~,sd"'°"• , , dt- out"'Qs
ci,púi,' ""- cft,pot.• dt• rt'-'!o t,•r <lito <JU,· u pt'lu ,j., N,·un11 ,•ra t'lli!-<) dt• ~,1ht-,,;,1 d1• n-t, ~<wrkL•,._ ma•
wdt-, nm CJtprt'W ll!-.S, d..,·l,\rnu-J\O:'J q~ f\Ào IUII r,·1·,·l,1rill u pt•!o d,1 J•l.i mli d.>. nrm 'flll!
a1upb ~ , ,-r, .:!<>1~ ,tonh1'!1 · J,:Cud11 r,·tnu11~r.1~,!u p,u,1 J ••r"~·Jl l•,,r~ ,11 o:',da ~ ~ m.t,; 1.11
:I~ •1 n.1111 ~ • 1 -,,.,1.,r , ,11J~ n••llk1ttll'1n.,. ,lo 11111,11 "º'' i.1.J,
CERIMONIALISMO DO XINGUILADOR

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\ia t,111.t lh' part·nll·S p,1ra .i l'll•o,_tu..:11_:.:io J,._, um.:i d1ss,111u1·/<1, ,m


1nh.'Tl':.s<1dl,s {~o,_•ruln1l'n\e n1ulhl'r~1 s) .1d4u1rt'111 tlll'Út pl'\tl dl' L1tl·nd,1, tri·s
n1l'lrüs de hat•la encurnada. lrl's dt> bacia azul, lrL'!-. de zuorte, u n, nu do1'1 d,•
p,1nt,-cru t> u1n len~·o de n1a()l.,]a.
fcitn p<'lo quin,banda, l' o pri1ne1ro v1,lun,c abl'rto cm Sl'n1idet.do-
br,1mffito. ·1zin1bé1n não tota!n1o,_'nte desdobrados, ili estende, uns robre os
llUtnJs, os re-stantcs tecidos, hrando o pano-cru a cobrir o n1abela. Sobre este
Ultimll tecido, traça uma cruz a peroba e llCUS!iü, mas cada risca marginada
de ulombo, dt!posit.1ndo uma mocdo no cruzamento.
N~:.e local. as interessadas sobrepõem as mâoi. direitas. Proferindo
um exorcismo, o ocultista esparge, sobre a últi1na mão, outra pitada de
pe:mba, ou, na falta, cinza. Quando retiram as m.'ios, a paciente que mantinha
o pó, sacode-o para o pnno.
Formando caixa, a meia peça de fazenda é atada com um retalho
idêntico. Cada t~cido contido é consagrado a uma entidade espiritual: a baeta
en..:amada, a Mutakalombo; a azul, a Mutanjinji; o zuarte, a KUku Mukita ou
Mukita a Suku; o pano-cru, a Ngombo; e a mabeJa, a Muene-Kongo.
Se, por descuido, os pós se soltarem para fora, os calundus apoquen-
tarão de novo, infligindo rebeldes enfermidades e azares - os usuais mei0:;
de que se servem para se 111anifestarem. Para se obstar ao mal, impõe-se a
renovay)o da formalidade.
Éste penhor, denominado dunda, transmite-se numa sui;essão de
linha de onde procedem os c-1lundus manifestados (portanto, patem<1 ou
materna), até que, havendo iá o número suficiente de ftimili.in.>s, 5t' pos:.a
efectivar a imperiosa dissaquela.
Pela /ii'melhança e efclto, ,1 dunda 1.'(l!TéSponde a um JV..11.,1 de tnd11.1t

ímport.inda, oJmo poderá dl.'pn_x-ndl'r Uo c.xplílrt.l,.-J1, a l>sk' l\."'-;pl,t,J, nu


!,j•

Cilpíllilo "ln1oaçàodt• X1n~'1..liladur" f· att1pnrqu1· t.1n,b1.•rn ,.,)n~lltui um 1nt.•,dh..1ro


l 113

ir,a~rad11, onde! cad.i interessada livremente d~posit.i .~-u contributo monetário.


A '1ngu1\adora nJo pode xinguilar c.m est.'ldo de regra nem com fralda
Ili No priinciro caso, o espírito não actua; e no segundo, ele arranca-lha diante
d.--, todas. Para se resguardar, deve prevenir-se de calças feniininas, ou, sendo
.1trasada. passar um pano por entre as pernas, a.tnarrando as pontas à cintura.
Quem, em sessãoevocatôria, não quiserxingui!ar1 introduz um alfinete
no cabelo, para evitar a possessão. Espíritgs maus, porém, tanto massacn,m
o xinguilador o>, que ele acaba por aceitar a possessão.
Quando alguém, por doença, teve que Xinguilar, mas que, por
llcanhamcnto, não o pretende fazer mais, o pai ou a mãe-de-umbanda ji:r.'ha
os calu11dus logo após o noviciado, i.rr<1diando--os par<1 ~mpre. Quanto às
miondonas, permanecerão m1,1das, apenas !'le mdnifestando cm sonhos.
Quando um homem, sobretudo já mais esclarecido pela ci\"i\ização,
não quiser usar determinado!< par,imentos. c:omo cordões d!! missangas,
turbantes e outros ob1ectos maií, do uso feminino, o ocultista. cm ritual
apropriado, co,npra-lhe a cnln>ça.
Para se sofrer uma indução, o xinguilador deve desguaml'cer--.c dl'
certo:; ace!,S()rio..,.., como calçad1\ c,3Jças. vestidt1, t'nfim. de ccrt.is cnm<'did.i-
dc~ do Progresso. Se a<:<:im não pnxt•der. o-; calundu,;, <.0breh1do Ngnmbn,
arrancam-lhe esses utt>n~ílios.
O homt.•m. para remediar '-E'melhanlc horror d.i.;; enlldadt"ô t."•p1rituais,
b,1sta en\•OIYer-se con1 un1 pano sobr,.. ª" calças. ~las semº" 'i,1patlnhos. E a
mulher ter.i que trocar. durante a posses"iãO, o traie eum~u pt.•lo il.frir.:ano.
QLil'r dizer: vcs.tír-se·à de panos.
Para se manter a ~raça do S,1ntn dt.· Kazol,1. arran1am--5e lrl'~ copo"

- t.-ksmo l<l'1ll .l m4mll!lt.lçl ) do c.itilm7 • ;, 11uJhe alnc.>n1 <jll<' ai !,1 1iai1MC, o


~ ,egiun.,1, u!MI pc,rrnanrn&en.: , 1l~ 1 lr.1JJa.
J',,t.t Cl5 e.,,..,, grr,11.11. <' 11 ~,r~-g,,muJ .i tunn,1; m.ucuho<1.
, , .. 1 ("'4, .11 !-!li.\&: 1, , J,flll)

un1, ~ ,r purte du intL'tt•..s.ido. n,l-:-n,~1 yue n.io xinguilt• ' 11 ; (lUtrn. pel.1 da n1.ll'
e outro, pela do pai - conténdti c.1da uni pen1bJ ou pá-de-.im11., incen'IO, dois
ou três raur111s, tuna O\llt'd<l de prata e um crucitixo tltadll com umJ fit,1 ,1,,:ul,
M-nJo o ml..;mo, etinforme o dL>sejl1 do i;anto, de prata ou d..:- úll ro.
QUL'O\ l.JUISl'r, tam~•n\ () pode usar .lll pt>SCOÇO
()s copo;., prt>pa radús \iturglc.:imt>ntc pelo lJ uin1bi1J1da, são ,,rrl'i:.td ados
nun1d n1ala, l' pi'la lua•nova. de-tumados.
Quillldo un1 xmgu.ilddor VJÍ por un1a mata e nel.1 ~ encontra um caçadt,r,
~ Jquele xingui lar Dinyãnga, v L"'riri to adua logo f'<lnl o avis.1 r. Quando o caçador
surgl', t>m ve1:. de .igred1r o iúnguilador. con10 n1uibs ,,czes acontoo>~ ,1j(,eih.a-'<
pcr.1nre o ~pi rito l' d..i-lhe a no,: dL' a.1raç.io hwnano, porelt>ti•)Jicitada.
N"'"~s trav ......sia~. os :>i:ingu iladure!> anda1n pn)vidos, além dos acessórk,i.
usado:- pelo extinto ,•itimJdo por crime, de algumas peças da indument.iria
ril'ual. c\.ibh.i,ls durante a rt>('lu,.<;ão da iniciação, como oo panos e micungas.
Afora esses utensílios, ainda ,;e paran,ei,1,11n com o muhengue e as zen,bas
estas, con1 aplicações de guizos.
Quando. por dividas atrasadat> de honor.irias, o ocultista deseja ,;1 J
sua eiectuaçilo, ex~ ao sol a sua gonga, batendo-lhe de espaço a espaço e
prokrindo: "Anda, vai buscar o dinheiro!"
Quando um xinguilador falece, aplica-se-lhe às narinas um bocado
de algodão, a fim de, com a irradiação de um quimbanda, seguida de

· Para o bom él(ilo r;h.' n<>,sa tareia liteTaria, e conscq1,u,ntementl' da parti' N-õn6m!c.:,,
,1 c·nhd.1d1: ~laviti.'I MbQngo, J.í r.-fl'rida no caritu 11, "Entes SQbrena1ur,1is", .,,:on1>1.'l\1ou-nus •
pt-u1r <"'IWS a:ipv:; da t.. ticid,1Je. Entiio, ~im, obleriamos muito di1\h<"iro. niin ~rl,1mo,. v,111·
d,:is m(>1,CJrdó!o d~ calot~irus - L~ maldittos para,,,ita~ que .:-rlmln05.lml'llle lll>S !1•rrJ1n \.'n"
;1,guiJh.:io de<;l;'U c.ilot,• l' <J\.h'. d,,da a f)llbN?.:a da an1b!en\l' lit<"rdrii,. muitcL~ livro,;, p,,r" flll.ib ..-k
i.LJ. wt•nd,1, "t,,m J.i.. hvr~nA~ onde l'~l1vcr~111 cnluc·adoH, !.,n1ht•1n lnf'llrt1 pJ"!.l<(ua dil'KW:lllt!W
pu · ln•l'fff <:110 1h r~-!.111 J1n/r,a, ,, ,.,nt,,rç!d,u..
, •• Rro "· •, u~ , 11

r'-l'iS<.'""L~s no-. xingull.idorc>~ prc>senl('~, expelir u1n pouco de !langul'. 8,te


,.,,10. dc-sisn.ido por pt'dir u dun. destina-se a evitar que a alma vt?nha perturbar
a saudc da fan1ilia.
t) !languc só é solicitado ao extinto, quando, no ritual da inicic1ç3o.
oblah.)u os espíritos com o sangue dos sacrifícios. Em virtude do !-angue
,.;)rvido, e~se mesn,o sangue será simbaLicamente restituído.
O algodão, depositado numa cinta fed1ada, denominada ::1'111/,11,

constitui pertença do parente mais próximo do ramodoexlinto, transnütind(l-


-!">I? numa sucessão homogénea, até co1npleta 1?>.t:inçâo do dito ramo - da til em
que então se enterra o acessório ritual. Tal como as de1nais zembas, !! esta
também envergoda transversalmente ao ombro, em cima da roupa. Usa-se
de quando em quando, sobretudo ~lo novilúnio.
Quer em possessão em óbito de "Xinguilador, quer em longa viagem
pedestre, quer em determinados rituai$, 0 xinguilador t>xibe º" paramentos
rt?lat:ivos ao culto de certas entidades:
P,1ru Ngombo ia Kazola Oll da Afu1ç~t1, ost.cnta d(I f~OÇO un1 cordàn
de m1ssangas, fomh1do inll>rc<1ladanu.•nte de dUd'> ou tré,, comprida», raiadas
de duc1s ou Lrês core<., com outras t<Ultas redonda$, mas encarnadas, chamad,1,.
,11i~~1111gai;-dc-,1111rfa-i;exundn, figurando or.i.·mpre uma ou dua<\ branca...
Para Ngombo ia Kilu,i ou do Criml' e para Ng11mho i,1 /l.1ui!i ou d,1
Gcraç,lo, o nirdZio - Unii:o para nmba.;. as enlldades tó idéntico ao antL•rior,
apenas nJo abrangt.·ndo a<: m1ssangas brancas.
Para Nvunji iil K.is.,ila uu du Ateiçào e ~\'t1n11 ia MuiJi ou da C'rl.'raç.io.
um cordão un1co d[' n11ss.1ngas brancas.
Par,1 Nvunji 1,1 Kituxi llU do Cnme. un1 Cllrdd11 dl• missang,1s br,1nc,,s.
prct,1<. p t•nc,1rn.id.i..,. int...•rca.l,1damentt• di<.f11J<.t, .s duas a duas tiu m,n.t t
r.1r,1 J,,.1..1n~a J..1a Nvunji, u n, cord,io Je mi,;<.ang.is pret; "·
1 m \·ittuJe d, 1t-lt'\'ild1, cu~to da!I m15,..,,,1nga" con1pridd'i. pois l',td, um,1
11 r, 1

i,xxt,• \'.Jll•r (inqul'nla t~cudos, us fj(l!, cons,1Kr,.1Jus a N~nn1bu, 1nit•iJht1l•n!i•


c,1ntl•n1 poui..·a,. p1.•dr,1s. l) ~u prt•l.'nt·hi1n1..·nlo l'ft.•1.;tU,l·"ê .lO'> pout·oo;, n.a
n,,·thda do pos-.i,·t.'L
Par.-i Sl•rt.'i.-i, n >..1nguiladora ostt•nla na cabeç.i uin turbdnll?' com nc,v<·
jimb,,o,b.-is • tt"es na test.i e outras três em cada fonte, disposlJ!ói em lri..'ingulo.
Para Ngonga, us.i ao pescoço um.i espt'cit' de escapulário.
(.'on~ta de um s,1quinho c1..1ntendo um.i moeda de prata, ou, na falta,
dt' niquei, um dedo de galo encarnado lll, ulombo de folha:; diversas, espuma
das iguarias cozinhadas no (estio, consagrado às miondonas e ntigalhas das
gul~imas apresentadas nessa t1ferenda.
Se a Ngonga for europeia, o invólucro é tecido com fio de pesca; e
se aírican.i, con, fibra de embondelro, acontecendo outro tanto ao cordão.
Quanto ao leitio, pode apresentar uma convexidade, se o possuidor não for
ge111eu, e duas, se o for.
Para Ngongo, un1 amuleto de madeira com uma ou majs efígies.
Para interpretar Muene-Kongo, o xinguilador ata ao pescoço um
lençol, sob o qual a entidade acoberta quem a ela recorre.
Para I<tlku Mukita a Suku e Mukita a Su.ku, cobre-se com um enorme
pano de zuarte, à maneira de xaile.
ParaMutakalombo, com.uma baeta encarnada; e para Mutanjinji, com
uma baeta azul. Ambas também â laia de xaile.
Para Santo de Kazola, veste-se todo de branco, incluindo, confonne o
se,:o, uma camisa ou blusa demangascompridas.Na falta dessa indument.1na.
basta cobrir-se com um pano branco mt>Smo sobre a roupa trajadil.
Para Dinyânga, ostenta à cintura uma moquinha, e na inolo, \"úffiú qu<'
t~p('t.ando na sua própria ilharga, un1a machadinha.

!.JUITOll 'Ul."IJ!f1H,>h n.iu t·rnp1v,:111n , . _ l•!,·1n,·nh1, 1• <"lll1f<>"f .tl1i,,_l,1 •u!)nrwn.11; Ili qia,;a:

;bd,r riu O!(IWJ,O Ili Vr<l(lfJ•'ll< 'l4 ,!.1 l"!!li,t1.1d, 1•ur111 ~•j4 <'1.1 ,,1 rlfjf'I~-
-
ADIVINHAÇAO
1s1 t li.; •li fi.JI-' fu;!fllO

.-\ .1Ji\"il\h,1,·.i11 pu..11• s,·t ,·spiritu,11 uu n1.11t•rl,11


.-\ l'"pin!u,ll t'\t'r,·,1-1,,• pur ,1rh1,1~·,in dirt•~·t,1 t.)U 111dirt•t"IJ N,1 JUt.'<1,1, 1)

t~p1nt,1 ,1gl' ..1lr,1v1''> de pi.·~soa ,1d1v1nh,11,.'10 dt• uilil't,:d (11111z1111r/1u u,i 111ü/11e).
t: n.i indir,•,·t.t. t1trdvl'S dl.' c,1isa: ;uJiv1nhnç.'10 pt.•las ni.1ll1nga~ (111112.n,11b11 llll

,r.:1/1111~11)

..\ n1atl'ri.1I pode -ól't: d(' n1ux.icato (n1112a111/111 tia 1u11x11ka/11); de ferro
candt'nte f11111:.c1111b11 ria ki/11111h11J: de milo (1n11zr11t1/1tl 1111 11rnk11); de cabaça
1 Nru=11n1/n1 11n 11tl'111dr1); de \'.opo rri11rz:rnnb11 ua kora): d(' esteirinha de vareta"
lnr11:11111/111 ,u1 kittinda): di.> chocalho (111rr::.n111bu 1111 s.1.TiJ; de efl•rv('scénc.ià
(111u::.,1111b11 1111 J1/,:,ar1l; e mais outros processo!ó.
Na actuaçlio direi.:!«, o quimb<1nda fu.nciona como ~imple~ instruml.'nlo
de mediunidade. &te acto, como j;í se viu, denomi.i,a-se :ri11g111lar. Em rel.i.;âo
ao e.<:pirito. o médium chama-se cn/11/0; e em relação aos viventes, :ri11g11llndor.
Posto que seja esta ,, designação mais usual cm linguagem portuguesa.
outras mais existem: dronbt'. n1111!1er-de-cal1111du, n111/hcr-de-t•scrar1idõo. Todas
três, indistintan1entc se aplicando a qu<1lquer dos sexos. Portanto, referindo-
-se ao médium, o espírito emprega o tern,o ca/1110; e os viventes, os outros.
Conforme a entidade a evocar, assim o quimbanda se paramenta ou
se caracteriza. Entretanto, é sempre. sentado num banquinho que sofre a
incorporação.
Para adivinhar, a entidade que actua, é Ngombo. r-..1as como -.ua
linguagem é ininte!igivl.'l, segue-se-lhe J\1bnngel.i ia Ngomlxi, que, ~s.::lan...,_v
quanto disse aquele. Con1 os den1a ii, cspi1·1tos, apenas <;t> tr.iva un1.i l.,.,n,·,·r-..t
pari! M.' e-.cutar seu conselho. !· conforn1c ~Ull funç,io, medil"<1n1 ,,u infligem
a ,ua 1ust1ça.
P.lra 1nh•rprt•t,1r N1,;on1bo. o oculti<;til cara,·k•n,...1v,•rti,·,1lm1-nh• ._,,m b'-"s
n'iCH il p• r, i.1-1 n.-giix.-9 ,1n~ul,1n.-s dD!õ 11lhn~, h,nt,•s t' t,·i-t,1 (,1qu1, at>r.1n1:,~ndO ~

1rntnl tc:,.,l. a ,,ltura). ( ,11.J,1 m.iri: ,u.: JO ,, 1~1\, 1 i<;ul .1.t,11111 ·ntt• 1, 1n1 un1 ,1os trk
1 111

pnxiutcl" • ~'l('1'f1b,1, ucusso e ulc,n1bo. Quer dizer: lãda regiiio á as!'>inal.Jda com
trc-. r1si.:.is d,, cor dilerénte.
De ham,onia coni o desejo da entidade. assim se paramenta Q qu1mban•
da; se for mulher, pode apresentar a sua roupa natural ou um enorme vestido;
e !.e hom~m, ou o dito vestido, ou um pano atado à cintura, sempre ocu.ltando
as calças (caso use essa vestimenta), pois Ngombo sente horror por calças e
calçado. E já agora, também por dinhei.ro em papel. Homem ou mulher ostenta:
na cabeça, um bioco de pele de rapos.1, descaindo por todo o peito; à cintura, um
avental da pele de leopardo; e ao peitq, um cordão de missangas.
Nesta prática divinatória, o intérprete utiliza um espelho redondo,
piegado a u.ma pele de uma espécie de gatinho selvagem, funcionando ele
estojo . .Paia o espirita comparecer, agita dois dioca!hos di: cabaça, cada qual
empunhado por uma mão. Então, ,1uandose fi-..a - o que faz com espalhafatoso
vozear - põe-se a arrotar forlemente. Voltando o véu para Irá!-, lança sobre o
espelho uns pós de pemba e esp.1.lha-os ~-om um sopro.
Já sem a chocalhaduevocativa, vui lendo os ;;icontci:UJlentos nocspclhu.
Se nola um cn1baraço. saca de uma cauda de palanca - o mussesse • e aspira
uma bolinha com pós vegetilis que se prendi:! à b,1~. ,\pós arreme!,s.'lr para o~
lados um pouco de pemba. ~acode o musscs-.c em pcneiraçào,'\(1brenaturaL a
fim de aíastar o en,pecilho. Mas proferindo um e,.<.(.'Onjuro.
Cnnclulda a leitura mi~tl:'rit'!SI, o t..~p1rito, an mesmo temp,;, qut' l,11
vibrar os chocalhos, maniiesta-~ em novo e"pnlh,1t.it,1 e vai-~. Mas log(1
Mb,1ngc-la la Ngc1mbo o <;ubstitui, para t'xphcilr o que o superior n·\·l·l,,ra.
Quand11 ..,., liik'Tlil, alçil \'Jgorosamcntl' O!'ó braço-. t' s.ilta como
,l\'t' lí'v,1nlanc1o v,x1. Outro!> 1,,atcm com a cal:lt'.'\;a c<1ntra a p,1rede. ,I\J.1(1
ot:i~lanle n e~clllrt•cimt-nlo Ja ~gund11 entid..ide, 1.n1póe-se. por \·ez,e,.;. novo
~l,1rt'f1ml'nlo, o ([Ul' t> fl'ih1 p\1r cri.ituia prutü.:.:'l 0u pt'IC1 rab,1nda. ou pet,1
• ,:ingort,• dn h,1rinlu
l\l

l.'nnljll<Hl\\l Sl'lll ,l p1l'i.'il'SSihl 1lU n,tlural. J t",p1ritu,,I


,1Jiv1nh,1~,'in
tliT\'\.l.,1 .iinlia ~t• opi•r,1 atr<1Vt''I dl' sonho. Ptlrtanlo, o .adi\·1nhador d1-vi·r.i
solrt•r a >11\-.in dt, ~<)nu. N,1u um S\.lt10 profundo, ma!. ~uperficiill, pudl•ndo
tiu, 1r, t·n,bor,l indistinl1lll1!.'nl!!, u 11ut• c;e passa à sua volta. r.ntdo o t•;ip!ntu,
l'in dt,llogo con1 l'IC. lhe revela pilrliculariJadcs do intl.'rcssado, bem iJjnda
lht• pn.•scrl!ve o trílta,n,•nto ,1 observar. Pnra essa manifestação, há <1ue1n
d,,ponha uma ffil'!Cda úebai,o da almofada. Este processo de adivinhação
chama-se n111w1ub11 11a 11u1àride n tizcji.
A adivinhação espiritual indlrecta exerc~se de vãrios n1odos: nun,
s.intudrio - diln1nbe - aromali2.i1dO con, alfazema ou outra erva de cheiro,
com mest1 coberta de toalha. bacia de rostu e toalha respectiva; por um
boneco de pano envolvido em roupas, colocado sob u111 chapéu; por uma
irouxinha; por un,a espécie de telefone ~ corda ~uspensa de uma porta e
pela qual desliza un,a cabacinha. E os espíritos que ass.im actuam, são as
malungas, já referidas no capítulo "Entes Sobrenaturais".
En1 qualquer dos pr<x."essos de manifestação, excepto no do telefone,
a con,unicaçâo efectua-se por um assobio, que o quimbanda interpreta. Com
o telefone, procede con10 se falasse por um desses instrumentos, apenas
aplicando o fio ao ouvido. De quando em quando, vai formulando perguntas
ao espírito, esclarecendo depois o consulente com as respostas.
Para iniciar, o ocultista senta-se num banquinho e arren1essa a
cabacinha para cima. Se descer, o e~pírito não está presente. Se se manti,-er
no alto, encontra-se no local.
As malungas também podem manifestar-se por escritu. P,1r.i 1~.-.1.\.

o consulente introduz numa cana um papel l'odo dobradi11ho. ;1 qu.il \l

in1(,rpretc pousa na n,esa do dll~lmbC'. Anh.!s de n1e1n hór,1 . .abn• a pt•rt.a


e retir.a o pap('I. l'nt,lo escrito co1n a n•;;posta. t•nr,1 o l'h'ltl..l, S11\'hl t\:tdl.~
l'fla'fr,111du o orulti-.1,1 <1 entrada
, ll

N,1 .ithvinh,lç,\o pelo n,ux,1cato de tábua - pedaço de adul!!a º' ou de


m,1J1.'\ra t?:ipe~:i.il de uns vinte centímetros de comprimento, com um sulco
longiludin,11 ao centro, onde, por atrito, se fa.z correr. em toda a cxten5ão, um
p.1u.zinho denominado filho- o hariolo procede do segu.i.nte modo: primeiro,
traça com peinba ou cinza <ll uma cruz. em cada face das mãos; depois, com o
mesmo pó, assinala outra cruz no pauzinho, e na tábua, quatro nscos - um
longitudinnl e três trru1sversais.
Cumprido este preceito, vai formulando uma série de perguntas, fazendo
de;.lizar o pauzinho. Enquanto girar livremente, a pergunta não corresponde ao
facto: só o emperramento traduz afirmação. Então, para despegar o pauzinho, o
àugute lança sobre o instrumento u1na pitada de pemba ou cinza.
Para melhor compreensão desta ma11obra, remetemos o leitor pl:l.Ia
Uanga, onde accionâmos uma adivinh<1ção deste género. Cont-udo, vilmos
descrever a feitura deste instrumento:
Para a virtude mediúnica, cumpre realizar as ~gulntes prescrições:
apanhados ambos Ol:t apetrechos ligam-se com um filarnento de qualqu~r
Pi,

coiSü também achada, n1as pre\'ian1ente énodado nove. vcze<;; envo!\"ido nurn
pani,nho, expõe-se disf,1rçadamente o alado, durante uma noite, sobn.• uma
c.ampa; na manhã ilnediata, n1il'.itiga-se conjtu1tarnenlc uni bocado de ucus.so,
dicudila e balá, e COll\ n mass..1, assinalam-se em cruz, em quatr<:1 lugarcs. os
dois objcctos; novan,ente ..uriorrado:- e ~sguardüdos, o embrulho paf.S<, oulT,1
noite ,iumu li_,.cira. O filho(' aproveitado de um amassador de fúnji.

fm rigor, a ,1Juda ~• ,1prr,1l•itad,1 d,1.!I af\~r,r,•la~ qur "'' 1JU<•br,1m lºm ,h•t,•rmhw,hw
ritu., 1~, cnmo !-4' vrri H,,ru no t;ipllu Is> -1 J1ici,1~ílu dr X1n~ull"1d,,r
Fm umh,1nda, ,1 dnui, i:.,1,fnr11h' j.à 'li.: r,1rtin1larit1111. t<•n1a n ni,m,· d,• pi-, d•

h, lll,rjl-1111- "'"'',._
1'111 d,•11:rrntri.id<'lt r,tu,u,, ullhz.in1-"' par,, n1,1l<1r 1·fii:;,,~, ,-,\,j.- ·1, ,, •·\'lh<>N., nu, nr~o.
0

f:il',,, , ,n•·t..,.,!011, n1J~ •\'h.lJt,, f• ,ra ~lt• -~~ ao,l,r,·lud» cm lh,,,r,i:t.


12,

'.\.\ l<sln'1,1. t1 J'XIS..'>llid11r. (JUL' p1l!.ll• &1;.•r qu,llliLil'r Jll"!Sod, ad1\·1nl11,

primt•tran1t•J\tt' 1, , JL11 • '>l' h,í dl • t llll1t•r l'.111 dl'il •nn rn,1d,1 ra~1 . Si.• J1 vrtdt, nJo 011ue
t.-SS.ls i~u,1n,1-.. Ll inir a ri .i ll1l•ntt•, o i ns1 rJJ nu•n h1 dt·VL' :,i.•r n·p<t:.h I no munhJ ro.
t·in.1!m1•nle. pelo no\'Jlúnio, rt'petL'-~í:'. t•in regr,1, esl,1 ullimd nP'-·raç,10,
pw..:t>dida d.o referido ílss1n,1lun1cnto.
l-\-l1l n1u,;;\çatudl' rn3o, o vatü.:iiu1dor, assinalad;;is amb,1!. a~ mJni, · palmr1 ~
d1 'Nl • Cún1 un1,11,.Tu ✓ rn.'.lrcddil 1.:0111 pcn1b,1 ou cinza, realiza um vaivém d!: arrito,
1."\lmt1 qut• em estregan1cnto. ·rol oon,o pelo pr()(..~!.o anterior, a n<•gaçâo mani!t+
t.1-,• pel,1 continua~·ão do mn\'in1cnto; e a afirmação, pelo l'11'fX'rram~nto.
Na ad iY inhaç.io pelo lerrocand ente, o q ui m banda, após o intcrrl1gatório
ao !.upo;.to dl.'linquente, deita no fogo uma pena de galinha: se for verdadt•iro
o depoimento, Ct pena queima.se; e se f<1lso, retorce. Mas como a confi!.:.Ao
raro se fa.:t, isti,, J. como geralmente se mantém a negativa, então o ocultista
rc.:orre ao ferro em brasa: se o ,1cusado se queimar, é realmente o próprio;
não se queimando, esta inocente,
Na adivinhação de m5o, o quimbanda fa2, e,n a,nbas as mãos, tanto
f\il.5 palma!> como nos dorsos, uma cruz com pemba. Com os olhos fixos na
n1âo direita, como que a lendo, vai tecendo o question.irio. De quando em
quando, vai•lhe deitando uma pitada do mesmo pó. Se for verd0de, m... nei..1
atirmativamt!nte a cabeça.
Na adivinhação de cabaça, deila·se .Jgua numJ cabacinha furad,1 n1..1:.-
lado,; e base. Igualmente se formula o lntc.rrogatório: se o h,1uiUo ~• t."Sl.."'C:1ar,
não t• verdadl.'; inversamente, a acu:.ação (> verdadeira.
~a adivinh.t\ãU de copo, faz•se, no seu !undi, t' ll(l ch,io. uma cruz 1
pemba. A medida yul:' se in!t•rroga, \·al•sc rodw1do un, çopo pi•us.1d11 "'-'SSe
oc,I: M' em pt.•rrar. 1• Vt•rd.1dl'.
f'.tra o d1·:,p11•nd1•r, t,,c;1•1>1.••lh{' ~·urn o d1.•do 1• l.1n\·,,-M' sob11! rl1..• unu
piL1da :iíP pemh, nu cin,-,1
,2

Na ,1di\'inhaç.i11 de c~te!rinha de varetas (geralmente d~ bordàoJ, o


,1.i1\· 1nho, l'Cln1 tal p..?ça desdobrada, vai formulando perguntas, atirando-lhe,
a espaços, pitJ.das de pemba ou cinza.&, se manti\·er aberta, é verdade o que
-;e inquiriu. Quando se fecha • indicativo de negação - toca-lhe com o dedo
para ..e abrir, dcrramondo-lhe pemba em seguida.
Na adivinhação de chocalho - instrun1ento fonnado de três caba-
cinha.<; 1· introduzida!ó numa varinha - o ocultista, com esse objecto erguido,
iicando a-. cabacinhas a n1eio da haste, vai fazendo perguntas, ati.r<1ndo-the
pemba de ve7 em vez. Se for verdodc, as cabacinhas não se der;locam: sendo
mentira, vão para baixo.
Na adivinhação de efervesCE!ncia, dPitt1-sl' àiua numa cabacinha. Se,
,10 interrogatório, o liguido produ.Lir cferv'--s(i!ncia, t.' \'erdilde; 5C' pl'nnane--
cer na me.,.ma, e mentira.
Seja qual for o proce•<;<:o adoptadl) para a dt•tcrmin,iç,lu de un1,1 cau~1
~ doenças, azart.-s, 1;onhos, fulecimentos ~ o Po<lt·r é l"llnh.•rido: ou por allTin
dl' quimbanda - muculo; ou. l'ID 50nho, pl.'los ~uios tutt'lares miond,1nas:
1,u por outros quin1band,1s. Neo;lt• e-a'\\). é- n intl'll."S.«ado que t•!i>l.:olhe ,11•-.p<-çi1.•
do instrumento oi1 instrument,1~. Dt.·vt'r,I, no entanlo, cun1prir ,1lgum,is
restrições, \'ilridvcis st"f;Undo a m,-...ialidade d;1 a1livinhaç.ln: ou nã11 comer
tp.iiabo.,..;, ou não podta'r meter ,1s m,l,1., 1.•m água conüd~ t'm panl'la unde -.,~
cn,.inhou tünji, uu n;in comer ig:u,1ria dl' \·<"sf'('ra
Se o admini.'-trc1nte d11 pndl•r for "-luim.lia.nd<1- o mt.er~do p,1<.1,,1rá ror
di•bai)(O d(' ""-'LIS bra\'I,,._ alx•rt1~. l.'m no,·,._, (:"IIO~ ,10 corpo, e outrd ta.nt.ts vezes,
fll•r deb.'líxo dé suas 1-'ll'nl,l!-ó t,1mbt'm abt.•rtils, hc'TT111n.1ndo por in~l'rir, ,•m directa
:.,iJ(\iÍ(> dl• 1-.i)(',l t.11m t'l(l{",1, un, bod1ed10 de v1nho con1 qu1tot:<tt..maluv.-,.

1 ~1.•n•
1

Quanto d preleri•ncid, ela !-O se r-;1t'ftdl' a adivinl'\Jç.l1l m.ilf>ri,11, pois


t..,puilua\ resulta dt' i:leiÇdo sobrenJtural. Qul'r diler: o quimbanda prl-'Ci'!a
dl· 'IC'r nn'Jium. o qut! nem *mprc- acontrt-e. Para t-ste:., pois, impõt-S(' e•
r~r'-11 aoi :oi:1ngu1ladores, qtwndo o trabalho caret"I:' da intl'rvenção directa
do-. ~·re. e~p,rltuai'i.
En1bora tudos os l.>sp1rit0:,; nos possam esclart.'<..-er ~bw o qut:
prell'ndemo,,, só Ngombo se pronuncia abert.imente, sem a ne«>Ssidadl'
de pergunlas nOS!><l'-, Por uutras palavras: i.:om ,1.'> outras entidadl?S, vamos
perguntando o que nlh. interes!KI, ou, antes, pediml;'IS-lhes o ~u conselho: e
com Ngo1nbo, eh..• próprio~ encam-ga de dii:er o que aconteceu e estil para
acont~r- Desta diferenciai;ão, t-mprcga-!>e, para aqup]a-;, a c~pressão kuia
111u /it'/11 (ir venerar): e para Ngombo, k11ia ku 11111:zu111b11 (Ir à adivinhação).
Con, a primeira expree,são · ir venerar - manifesta o devoto seu íntin10 de
:;ejo de dialogar c<un a entidade e~pir:itual.
RITOS DIVERSOS
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l· \PUI .SÀO LlO fOllAS1Flll0


(l,,.utubula o Ngênji)

Quilndu un1 p,1r,·nll• Sl' h,1vin lÍl'd ir,1do ;1 t·t,nlpril e Vl'llda dt, t-'&\tJvos,
uu, n1t•s111~1. ao sin1pll'S negó-1:io ct,m 11 gentio, por sun 1nortL', .:i .1lm,1.
CllJ~id.1 pt'l,1s ,1ltnas dos turdstt·irn1., ou, püpul.:irnll'll\;.', ií11guc11ji.,, com quem
tr.i.n-;,1c1:iun.Jr.1. os quais .,ombam delL• pela pPrda de -;ua importância tl'rrena,
(lCJ~iona docnç,1s e rcve~t•s ;i fanlilii:i.
Ocs1;:obcrta .1 caus.1 por adivinhaçS{1, 1mpóe•w consagrar•lhe uma
diss.Jqul'la propiciatória. a fi111 de se pôr tcnno a tal desfruto.
Con,o stc•n1elhante sessão absorve bastante dinheiro, o quimbanda,
como pt.·nhor dl' !ilia efuctivação, prepara a comercial muhamba · o artefacto
genhlico par,1 <.."Onduçâú de mercadoria~.
Con1 folhas de palmeira, faz uma esp~ie dl' cesto. Depoi~, rL>cheia•('
'-'Um um prato Yt!lho, uma panela velha, mai.s coisas \•elhas, uma botija vazia,
uma !>avelha seca, um bocado de sal atado num retalho, uma missanga
branc.i - distintivo de Ngombo ia Kazola ou da Afeição- e outra missanga de
cor• distintivl, de Ngombo ia Muiji ou da Geração.
Reu11ido o dinheiro suficiente, nun, montante não inferior a quatro
cont~. realiza-se a dissaquel<1, t<1I como jã foi descrita. Mas, dias ant~,
procede-se ao funeral sagrado do aludido parente.
Para tal, o p,1i ou a miie-de-umb<lndo. fabrica 1.1ma í'Íígic ri,:, n1.:tdt!ir.i,
e confonne o !',eXO, assim a Vcble: corn caJ~-as, vestido ou panos. s.., ll .-,.,tinto
foi um grandt> negfX;.inte, o corpo simbólico t' encerrad~1 num ,1rrt•medo d('
caix.ào, \.1.ii ,t- fni in~iJ.lnifican!e, ilpt'11<1!> ._; dl'pushl 11un1,1 cslt•irinh,1.
Num ca'>I.) ou noulru, o <1lcgóriCl1 dt•lunlu l• .....-puH.i.l\i 11,1 <.juint.at
anh_• pt~• K)e'!; d!' lora.,h•1ro"I (' 1u11,1nll''-, r1•prt•~•nt,lndo l<.jue!t, ,~ antq:_0&
'.!,('ra•1os uu g1•nti11<1 \'lllTI i)Ut'íll 111•~•,.•i,1r,1. l' l'S.ll"I. Ili J,• S\l.l l"'!ih'l:-0..' J: S.,:
Cc ,111b11,· •' , "'l' l 1 127

t'l1.-s <.JUt'. '-'"' ..:hor."td.1'i ra, 1ht.' ,1 brem a -.i:pu llu ril e Ihe fil7.em o devido entt•rra -
mt--nh,. E para lhe l.'\'itarcn, ressentimentos - lt11ka/11/n o kixila - deposi wm, em
c.id.i ..:anlo da cova, quatro vasilhas com d icosso.
Se se tr.:ilar de casal que se ~ntregara ao reférido negócio, o ceri.JnoniaJ
~tende-se il ambos, cada qual em seu caixão ou e<;teira, mas em sepultl.ira
comum.
Após a dissaquela, vai-se a 111111.1 encruzilhada dilita.nte do povoado,
para expulsar o forasteiro - kuh1bt1la a ngénji, Ai, o pai ou mãe-de-umbanda
traça no solo uma cruz a pemba, cavando, em seguida, no lugar assinalado,
um buraco. Nele, assenta duas panelas, chamadas de 1n11t11los, contendo e.ida
uma um fragmento de pena de andua ede garça •1, outro de crina deelefdllte,
outro de sebo de caça e quatro rodilhas de mussêqucnhc1 -vasilhas essas que
tapa com LLma pedra chata.
Entret:unto, almas de forasteiros em possessão carretam pedras para
junto dn sítio do cerimonia!. Com elas, o pai ou a mãe-de-un11;landa arn1a
uma elevação de f(lm1a sepulcral - a 11,esa de diculundundo de funante •
onde, estendido um grilh.io de terro - símbolo da CSC'fíl\'idão - .,con,od;; um
carneiro, um;:, i::abra I:! um galo, conv~•ni~nten1cnte atados.
Nas ex1ren1idades, irente <1 frcnt.e, sentadas numa pedra, duas
familiares que se subn1etera.r11 i;i iniciação, <10 soin do rei;pt•ctl\·o cãnti..:n l'

instrumental. sofrt•n1 ,,;irias 1nduçõc:.. Co,ncçam ~li:l dt~ Mutakalon100,


., 1mbolizando l) pai, e ix-lti eh.' Kaiongo, :-.imboJi;:ando J mãr. \.tal sobe,
!\1ut.ikalnmbo, com uma machadinhíl - rUk111111 dii1 M11/aka/01trl'll vit'ra llmi'I
p,1nl',1da no cach,1çu do camt'Íft) ~ .Jtiludt> 'llh.' K<1ion~t1 logo n•~x•tl', r pl•la
brtx·h.i, sug.1m u 1n pol1co d1• 5,lfijõtllt'. l\,lolhnndo e, i.lvdo lll'~ô-t.' mt·-:mr1 '<angut·
os r,ir(•nlt.'S d,1;. }llll.ó'K'SSíl~ IOl",1fn·llll l'm !ili.JS le-;las.

fil Ã.ll l"'ri;o1 ,t,.,r._. du,1·1 .. ~,-a • ~ ,IJ <1111<1,1 ,. 11,1, ._. .. mu11>• 11UH,,.,1,i. 1•n1 1ml 'IJ,1
, , Vf'O 1,,1.-: nllll , ..... 1,1,/J!II p,·l:1~ ,111H;1rHh'lt.l.• d.,,'""!' :i.11(J.,d," t1hHU~.
l Jl4 1

,\ 1.'S!I.J.; ~,o-.~•s._<;f)I.•-., :-.11tt•dt• ,, d1, r-.1111.11111111 i. l 'u1nu, ,u 1 HIvl~ d,1 rn.i 1, ,na
d,,s t'1Sp!rlil1~, t.• úni1:,1 t'll1T1 t:'1SS\.' nomt'. prin,l'iro ,1t·tu,1 nun1,1, d1•p<ut 11uu!r.:t,
l,unl"ll.•m v Ibr,111'11, l1 n1,1 1n ,1c h.:ic.t .iJd dt' çdJ,1 \'t.' ,., enas agor,;1 nJ c,1hra. l1ar,1 11,io
tra1L"'~~J1r .1s n1.1m1a!-i dt• NgomDo, ,,:ontrtlrio ,1 c,1rnl' de rabra, ~ú t.>ns,1ngul'nt;i
;_1 tit'\iO, '-}Ué v toca na t<.•:-.la, uutro:,;!ütn proCl'dl'ndo 01' 1.·ircun~lanlt.·~-
Agora, actuttm os Dinyângas. A vitini.1 é o galo. U1n Ul'lt•~ ,1rranca•lhe
.i c.1bl.>ça co1n os d~•ntt'S. l' ;:imbus absorvem um pouco dt> 1',1ngue, rl'petindv
llS pre:;entes a ,1ssin-alam1:nto .interior.
Finalmente, vêm os Ngênji:., isto ê, os FornsteitOti, Ante essas inoor-
poraç&>s, o 1..-elébrantt.•, retiraJos os ~crificios, coloca n,1 mesa duas ancorcta'>
de peque11,,i.-. dimen..-.ões urna con1 vinho-abafado e outra l.'Om vinho tinto· a
n1uhamba já referida, quatro pratos:, dois copos, duas chàve-nas, duas colheres,
dois garfo:;, duas fai.:as, tudo novo. Após os dois espíritos se terem servido da!>
bebidas, o 1..'t:'lebrante, com o machado, despedaça todos os objectos.
Contemplados os assistentes com a sua parte de outril reSt!rva de
\'tnhos, seguem para a casa do oficiante, mas conservando-se as l<lnguiladoras
em transe. Não entril.111: apenas se aco1nodam debaixo de uma árvore
conversando os Ngênjis entre si - os novos aprendendo com os antigos - pcis
os espíritos incorporados pela primeira vez ignoram as regras mundanas.
Os animais imolados são repartidos pelo quimbanda e familiarõ.
E com esle cerimonial. a alma do funante, livre dos sarcasmo:-, das alma1'
dos gentios com quem negociara, descansadamente pcrn1anec:t.•r.j n~1 ;\Jem•
·rúmulo.
• ,,,.....

Tll.\NS(;l{f.~SAO IJA PRIMltltA REC.RA


tKubal.1 o Kikumbi)

. .
<...,.lu.andn uma mulher surpreende a pnme1ra regra de uma jovem,
dc•vt.> ~uJrdar c,:;,ntin0.1icia durante o período que durar essa manifeo;t.açâo.
,\ qu ..>br-, dt.'i-te preceito - k11lJ11la CI kik11111/li - origina o maleficio de Hih.1 e
Solongongo, os quais prcJudic.im a moÇa na sua procriação, pois os filhos
m<.U1en1 de tenra idade ou nascen1 já mortos.
'.\i,:, caso de transgressão, para se obstar a mais mortalidade, a vitima
sofre tratamc.nto especial. Como indicio do agra\'O,sonho ela frequentemente
qul! está apanhando na água bastante peixe com as mãos, ou que os filhos
lhe desaparecem. Averiguada então a causa pelo tradicional processo da
adivinhação, é a \'Ítima encerrada num quarto- o quarto do "kuoza" - a hm
de, em tarefa ritual, reverenciar os serC"s espirituais.
Ai, acomodada nun,a esteiril sobreposta a urn luando, friccionara num
ti10l0 ou pedra, durante oito dias, um pedaçú de tacula. outro dt> quic:ongó t'
1.1utro de quissêcua, espaçndílmente dc-itando un,a pinga de água no calhau.
Em três cocos oom a1eíte de paln1a, d('PQSita sep.-iradJmente a serradura.
IX'poi~, manipulará tl("IVe bolinhas d(' c.id,1 produto. Como não podt' lavar
as mãoi-, hmpa•a!'i .-in corpo t' à roup.i. L lll'~'i(' aix1sento, niiu ..-ntrd n,ulh"-'r
, asada, nt•m sol tri ra com namoro, e muito m1:11u~ varão adulto.
1\n nono dia, a màe-dt'•un100.nd;1 auloriza-,1 Zt ~air e prepar,1-lhl' c111,1~1
, 1u,1tr11 1n111xinhao; profl!.:itif,1'l • ct1du uma conll•ndo tr.::s holinhas \·,1riad,1-; - un,
peJ,1çu d~• crin.i dt· t>lrf,1ntr, f11Hni dt• pena d(' nndu,1 ,, d(' ~arç,1, u1n 1:,111nn1.
,u, popu/,1rmt>nlt', 11111l10, e s<'b~1 dt• caço. As 1r11u.>;inh,1s duil"' do t,1tn,1nh11 da
.ibeç.1 dt' u rn tlt.'t.-li1, e 11u tra-. d u,1.,, u 1n ~ 1ucr1 n,a111rl'" !'l,-lLl L, ~..;id,1, 1• ,1111,, rr~d,ii.
1m 1inh,,
l\ium,1 11~1•ir,1, t~ /111•111'11 1111 d/nN~l, i..,lr1 I'. \111!1fl'Rl1,ld,1 rit11o1ll\1rnl\' ,·11n1

1
IJ() I f) · • l-ti11A .. h liOf.tu

.:i.gu,1 lu;.1r,1I. l'ar.i 1.11. a n1J1'-tit"-umti,1nJ,1 \'t•rl~-lht• essJ ,ígu,1 Ju;.lr.tl &obn· a
l'.tbt'\a. l\irt•n,, ,111h-s d•1 dcrrdm,1mcnto dL1 li~1uiiJl1. p.1rtt•·lht• \lnl nvo, IJ111!x-m
n,1 cab,..ça, rt,;tJnJn um c!>i:onjun). ~• a pt1cil'nlc co.1.1nhar cn1 trcrnpt> dr- pedra
ma.-;-.u.ic,1~ - L"!ol.1 up,:r,1r;ilo ctL't..it.1.1-1>1.' na sua f'l:'sidência. junto des;,i.• lug.1rt•iro
~iund!.
Entretanto, ..-m casa, a m.ie ou a pal'l'nta mai-. próxin1,1 fh.:.1 ,1 preparar
n-. alimentos para M'rcm propiciados aos csp1ritos. igti.1ria~ idê-ntica,; à'> do
le~t\m 1..'0n.s.àgrado as miondon,1s.
J,l de- regresso, a pJcicnte. cL,m um,1 franga numa mão e um frango na
outra, m,,., iunto dl" uma selho com agua, onde t.1mbé1n se deitou um peixe
vivo"•, ou, na falta, plantas aquáticas, vai mergulhando as ave., no liquido.
Sc.lb o palrnt'jamento da~ assistente:., a oficiante, no entanto, vai entoando r. ·

É, aiue,
fi:t.eram caso da esterilidade!
Não t.ard.:i1·1a um di.1.
que não \'iesse fila!
E, aiué.
eis a allna de KaJ01nbo!
Com S<>longongo, vem complicações,
faz-lhe <1umentar o poder 1-11,
ê Len1ba dia Kalon1bol

1
11! No intt•rior d.: L1,mndi1,, a própria pac1t>nre. amJrraclu u urna ~rd,1. 4u,· .;.• u'lt'lt' n,,

n ,,r ou no ria, para collwr o pei,t' ~com 05 dl"l'(lt'!i, j~ atr.>ido p,.•l~• 001l11~ta.
t\ dll,1é)11lombuclu uml>~ku!/Ktzuu,1 uk1rb.lHl'!>dlo1/E, 1111w./nd~I,• 11uo i,1 K.lk,n,bi.,
So ;111ga ,g" inu l1ila !mb,1mh,1,/1nu-baruh•k,',,l mb,111guban~u,1l ,·n1b.i dl~ t-.al,,ml>o.1!
• A !u.'l.1<> ~•~ ,.!,,nn~ 11,, nuh<tf< 111·rc·, t·sphitl.lól!s, 1p;u11lm,•nh· nirt1r.1nr,, ~ pr. ...~·i.l.;.11.'-
' ' li

l>1t~ in\·o,.-a,lu dl Sl1n,1,5e.,:, ,1tnur Sulongon~o. St· nJo .i,·1u,1r,


0
.:i irtde

-de ,1mt-.lnd.1 l,v. tnn p,.-nhur pt•lo d,·bclonlt:>nto do mal, <1tand11 uma moed.1.
num retalho t-r.tl1L'.tl, prl•11ian1cntL' marcíldo com a cru? a pL•mba: o di:r..Jro.
1~ qu.1IqUL'T mod~l. ,·t,nsagril llUJI ro p,1nclos ,:01n água e ingredientes \'ários
um.1. a Mukua-}l.ituxi ou Alma de Vitima de Crime; outra, a l·Htu; outra, a
Kalombl.1; e oulra. a Dijila dia Solongongo - composições que ,-ervirão para
t..-mpcrar o~ b.:inhc1s da paciente, e posterionnente, também os do filho.
t:kpois, impõe-lhe il cintura, me$n10 sobre a pele, as quatro trouxinhas,
ou. bpicamentc, 1nab1111da,-., agora nplicadas a um cnrdão. 'vias paciente e
oculti!<ta postam-se de costas voltadas uma para a outra, contando cs!a
nr,tlmente, antes da referido acto, ate nove, para terminar com um 1..-sconjuro.
O ritual do banquete não difere do precedente, descrito no capitulo
"'Iniciação de Xinguilador". E tal como a prescrição observada para com a
iniciando de xing-uilaJora, com a paciente <:ó come quem passou pôr idêntico
Cl'r1moni,1L
Co1110 tralan1ento fisico, íl paciente ton,a fl·el1ucnlen1cnle pó de
folha., trituradas de bamba-hurihúri, que ingcrl' com uma pinsa de ,lgua.
Entr('tanto, cumpre alftumas ~1uijilas, ClU !'Wj,1. limilaç{)('S: n,'lo .:on1cr gulinh,1.
nt>m carne de pllrco, n~m cacusso; nào ver c.id,;lver, nem ir ,1 óbito; estando
dentro de· um qu«rto, nãn rt•!<,pon~ler a un,a ,harnada e,teri(\r: 11..io (llT\,1r o
,a belo, nt"m st' cobrir ,om li m pano prc-to; nào ,1ssobi,1r. nem nin~i1ém cntr11r
ó'!ssobi,1ndo no M?u qu,,rtc,, assim com11 lambem ningul•m ld poder.l entrar de
chapéu n.-i c.·.1bc>çtt (JU ,1 çorfl"r; quando St' cozinha, M:Til l'la ., prlmt•ir.1 pt>,sü.i
.a ser •·rv1da; n,ii, f.1/t'r ciúmL·s, nt•rn !.o1lr eh· nt1il1.', nt•n, ir ,1 Jivl·rs.ti,·-..
No d i.i d n p,1 rio, ,1 m.-it--d I!- u ml1,1nd,1 1!r,, -1 h~• ,1-. d t1,1s Ir1 iu xi 11h,t"- tna l-.
fle'I/UPn,11 l, .iplir.1-J'I ,11·ri,1nc;,1. Lnqu.inlo n11u ~,, Htl'r i~111. ,l n1,l1• n,lu rodt•r,\
1·1•r o fdh,, f n tr,1!.1n11·n!e1, t•n1h(1r,1 rnl'no.., 1nlt•ni.1n11•11ll•. ~·onl111u,1r,1 ,11,1 .1,1
-gund1111u t1·ru·iro tilhn.
1 J,, , . lt1•.U ,.

11\,\fA~f[NTO DAS ~fANIPESlAÇÔ[S lll 1.EMBA

Ct,ntüfllll' 1.i ficou ditti, a Ll'nll~,1 din k,1lumbo, l'nl 11;1scirnl'nlo


dl' ~·ri.-1n~',l, pt1tltt r('\·t•l<1r•Sl' dl.' ,.,.i.rius modos: l.'m a1nbos os M'x11s po1
uni 1'1\t\"ltO\"<ll'nl•nlo nos marnilr1s, mas com produçJ.o dtc ll•itt•, uu por um
s~•1nil·,·rr.;imt.'nlo dtis órgão-. -;e1o;u,1is; só em r.-iparigJ'> - por u111 corrimento
pt)r um pruridu nos órgão" gcnilais, por um,1 cxcrescfnciil linguiJorme na
p,1rte púst~ro-infl'rior da naturt):,.a, d,1i 'il' di:tt'ndo que "nasceu parltc1 homem,
parte mulher", ou, ainda, por un,a redução da baçia.
Pi1rc1 juguli.lr o mal, oblata-se il l'ntidadt• com um festi1n, ordinariamente
no perlodo J.:i inffu,cia e en1 vésperas de 1natri1nónio. Este rito completa-se
con1 u .m tralan1ento n,~~dicinal, assin1 constituído:
Pilam-se folhas de bamba-hurihúri, secas ir sombra. Peneirada a
n1oedur,1, a pari.e fina servirá para se tomar pela 1nanhã. durante oito dias, com
um pouco de águ<1 mama; e a parte grossa será torrada juntamente com a maior
\"ariedade possível de sementes, tais con10: feijão, abóbora. melão, melancia,
milha, jinguba, gergelim, n1assambala, quiabo, etc. Pilada .:> peneirada a
composição, separam-se duas parte,;, senda uma, depois d.:> novan1[!tlte pilad,
co1n um bocado de ,;;ai-gema, para se ton1ar tan1bén1 durante o mes1no período
de tempo, e a outra, para inedicamentar uma fralda.
:\ fralda é dobr<1da em lriângulo. Na folha superior, deita-~ um
bocadinho de sebo de caça, um fragn,ento de pena deandua ede gan;a. outro
de crin.a de f'll'fante e o pó da n1istura de ~mt>ntes. Novaffil'nh.• d,1br.id.-i
traçam-se nove linhas paralela,; - umc1 (.1:1m o pll das St'ml'nt~. l1utr,1 ,._-l1m
fô.l•rradura de quissécua, oulra com o pó da" •,ementt>s, uutTa t'.\lm M."rr,1dura
de quioJngu, 1• M•mpre a-;slm na a)Ll•rn,,ç,1ll. üobtada u,n,1 pont,1. tr,,,.i,n-~
rlé.'la m.i i'l qu,11 ru li nh.i'J id 1~ntic•l'-, n.•111,ll ilndo-'-l• a ml't"I ii:,1n\1•nl,1c; :, ~1 \\ ,nt unt.1
tru✓ t pE>mba M.,bn• t"'fl,i• l.idto

Na L"\.llocaçilo du fr,1ld.i, que rigorosoml!ntc dt:\'e <;cr usada durante


Cli!P di.11<, pois. excepcionalmente, também pode ser nun1 só, o pai ou m<le--
-dt>--umbanda invoca:
St> é verdade mesmo que são as miondonas que te pegaram,
fica melhor 1.'0m o tratamt:>nto que te estou a fazer. - E injuriando os seus
me-.tres: - Idt' para o pai que vos fez, ide para a mãe que vos fez 111! Gangas,
se recebestes de verdade de vossos gangas o medicamento, só se durma no
quarto, fora dele se passe o dia!
Este tratamento respeita ao estreitamento do ori.ficio sexual e d.a
eKcrescência )inguiforme da parte póstero-inf~riar dos órgãos femininos.
Nos caso<; de corrin1cnto, prurido, redução da bacia, ou, ainda. no
de impotencin masculina (e.sle produzido por l-litu ia Kalombo), usan,-se
lavagens higiénicas tépidas com pó de folhas de ban1ba-hurihúri. Enxuto
o órgão, empoa-se, com o pó das :,ementt:'S, o púbis e o e"Xterior do ~l.:o.
Também se ingere o me<in10 pó com sal-gema.
Quando uma mulher sente aversão pelo homem -ll'nómenooriginado
• por Lemba d ia l lanyi ou Ngima - d.i-se-U1c il tom,1r, apenil'l uma vez, unta
mistura de n1el (um,1 colher de sopa). a7..eile dca palma (mcaiil colher dl' chá),
unia pitada dt• pó de bamba-hurihúri e outra de podas scml•ntcs com sal.
Em Sl.:'guida, cntrega-~"-lhe um mt.·t:ro de p.1no-cru, o.:onsagradô .i Lt!roha, que
,1 p,lcit•ntL' u!',,lrá ..x,1110 primeira ve~hmenta í'm dt•lt•rminadu-; ceri1noníais,
tiu, "'m cas(i de nccessidadt>, pela ocasião d,:i p,1rto.
Lemha dia Kalúmbo. olereço-.te ~te pano, p<1r,1 a dC'ixan"!i apn,,;.
1n,1r-st> do hnmem. • Suplic.t o ofiLiantt•-
t.1j

(U llA DA El'll.f l'SJA

ll Ngllml°'o i.1 Kik.ony,1 nu Jo Epik•p:.ia 1.'spe(ilic.1\'•iu d(' Ngnmbu I.J


},;.,iilu,i {lU do Criml' ~ é L11n l'spirito llUl', t'm pot.sl'ss.'lo, !evJ a xinguiladora
,1 contrdir•~ toda nun1a intensa convulsão, olhos num efóbugalhamento
s..1nguineo, bt-rrilndo como cabra, "Em ,1ctiva enfermidade, manifesta·',(.' no
dtléntt•, ou por idêntica crise, ou por um grande ap,1tl.'t.1mento.
Para a cura de scnielhDntt:> mal 11 1, o cnfern10 t? condu1:ido pi!ra um
rt•Canto de n1ata. onde st' deit.i numa esteira. Ao som de goma e chocalho de
cabaça, o pai ou mâe•de-un1banda atraiu espírito. Actue ou não no paciente,
é e,orcismadtl para abandonar o corpo.
Para não voltar, não se deve tt1car esses instrun1entos durante alguns
dias. E a esteira, pela peçonha que adquire, não mais se retira, contagiando
qul'm a levar consigo.
A influência deste espírito é tão nociva que, me:imo f,ilando nele,
corre-se o risco de se contrair a n1oléstia. Pa.ra que tal não suceda, de,•e-se
aspirar o seu antidoto· precaução l'Ssa observada aguando deste informe,
não só pelas duas sacerdotisas presentes, mas também por nós (eu e os meus
acompanhantes), a isso instados por elas.
O tratamento espiritual completa·se com o terapêuhco: um inalador
e uma dit.'ta. O inalador compõe-se de uma mistura de pepes, ,;obongo"
jindungo-do-Congo, hefos e fezes de lobo, tudo moído e envolvido nun1a
trow,:inha de mabela, forrada de pano-cru. A inulação faz•se atra,·és de doi~
dedos que se calcan1 no atado.
1

· f.1,fr pr111,rt!l<) 1'>-<pt•lt;'J li 'llllll1buJ1d,1\, <l~ itlji:UJ'll,U ~n.... ~ dl'I qu11nbt11ut,,. \lõcnl(I V,lli -,.iu,,
,1 ~ .-.pirih1o1I ru\o d.-i~a ,J,· 11~urar (~r1n-1m u,.,nh'<-t' ,-on1 ~"' 1r.1t.unm 111 •tt-J.• ,•t,'Tl 1.&
A dieta ou quiiüa consta d.a proibição de carne de cabrito, ou mL..,mo
do !,•ite de sua fême;,. galo. ovos, jindungo, quiaOO!,, iguoria \1ue e$pumou
P3ra o fogo, não partir améndoa de dendl? nl"m circundar uma ca..a. Apc-;,1r
dl.' não comer carne de galo, pode, noentanro. comer a de galinha m

'

'

•iOIU_.r
\ ·\t, 1 \ ~ "11 RIJA Ir "''"'

FESTI~I AOS GUIAS TUTELARES

r.ir.i que gozemús ~lldi.> l' fehl·idaJL>, dL•\·en1os revert.:"nci,1r com um


festim o nosso guia tutt•lar, ou. regionalmente, n11uJndo11a. bt:'m aind.1, pt·ld
afinidadl• de t;Ua as,;istt'ncia, º"
v-.pirih.1-. que 1ntt•rteren1 n,1 procnaçao.

(.)rJ1narian\t.:'Ott'. a oblata t!- etl'..:tu,1d,1 na 1n1áncia, tacultati\·a en1 !situação


normal. l' obrig.atl1ria quando, em n..>clam.aç.ãl') dL•s~ cultu,1n1ento, se
OliUlile~ta atravcs de pcrtinat t."nfcrmidade.
Se o indivíduo afc•ctado tor du -;exo Jeminino, yu,1ndo se l."onsorciar,
1) noivo terá que oll•tect:r segunda llblata d sua ntu(,ndona. Se ass1n1 não
procedL•r, a t.:un.•,,urte n.lo prúcriar.i. uu, prncriando, o leite lhe secar,\, ou, bem
pior. os filhos lhl• morrl'rào de tenra idade.
O festim consta cil• iguaria-. ii curopt?ia e à alricana, till como em
"tniciaç.lo de Xing1.1Hador", (l cons.igr.ido ,ist.•ntidJd._.,, das pedras de Kalombô
t' Kazol..i. si,>nJo just.imenlt;> a4uelas que se iru:Juem nesl{' cerimonial. F ainda
como naquel.i práliçu, só i.:ome C(.lm a paciente quem tam~m cumpriu idênUca
obrigaçãl1, isto é, que-n1 lambén1 n•verenciou u:; seus t¾piritos tutelares,
Nessa ocaslâo, o p.ii ou 1n.'ie-de-umband<1 prepara a gonga - amuleto
conRagr.idl, ao espirlto de5se ntim..:, - cuja feitura se acha especificada no
capitulo "Cerimoni.ilismo de Xi.nguilador"
Após o repasto - em t-udoscmelhante ao ritual já citado - o pai ou máe-
-de--oinbanda, para reverenciar os seres espirituais (l...,1kii111/iele/aJ, faz no chão,
à entrada da porta, a cruz, a pemba e ucusso. Presentes, figuram o pai, a mãe
ot o filho em tratamento. Mas este, já com o amuleto ao pescoço. Antes de
traçar o dito símbolo, destinado a abrir o ttrreiro (kujukula o dikanga). invoca:
\'enho abrir o terreiro. Por isso, vos suplico, ó enles rei.peitáv,•is; t? qul.'
!,(>ft'ia é feixe, a pessoa é feixe; a sereia é lodo, a pes-;oa J lodo;
c1 J wr~ia é
~sod, c1 pes~a é S<.'reia ' 11.
KiA11<l.i.: lu~i.: m11tu, kttJ. Kial1dJ. in,llómbo; n1utu.11lillilr11ho "1.Ul<li(, mut\l. n11uu. ~\J;t.
,-.,,. •k ,. ._,, lll,'lllll> J'.'7

~f.irl·ad;i .i cru7,.., t.>liriante derrama sobre ela nove got.is de dicosso,


.1s-.enland11 depois ai o seu pl! direito. Enl cima dele e c--m sobreposição
SUCt:'S...4iva, mãe, pai e filho tembén, colocam o seu. Tor11,1ndo a verter outras
nO\'l' gotas do preparado lustral, profere ri ova súplica:
- Fostes vós, miondonas, quem o prendeu; por isso, VO!:> prestaram a
deYida hC'lmenagem. Agora, dai-lhe saúde e velai por ele.
Tratando-se de gémeos, o celebrante, antes da sobreposiçlio dos pés,
espalha sobre a cruz rama de n1ussêquenha e mulembuíj1 - verdura com que
O!> oblatantes estarão paramentados, bem como os gémeos convidados ao a1..io,

os quais entoam os cânticos de suas festividades. E o rogo final ti assÍJTI:


- Aqui, está a Clsa que VOSSC'.b pais vos entregam, a vós, gi'mt?Cls ambu-
lantes. donos de abundantes nbóboras e de n1ata~ de bananeiras onde nàl1 '-l'
pode colher lenha, a vós qut> tão dl.'pressa l.'!:itais satisfeitos como aborrecidos 111.
Se um dos gé-meos ja tiver íale.:ido, o outro ostcntílrii ao peito o idc>lo
que o repr1,.'Sl;!nta.

Alua-ngo li" a mt>.:id "dun:', ja m... .,g,t 1111dh, ua m.th- ,ti., k1 -ª"t ilu "Vl.

11"\M~ ~p ~ h1I blh;


1

VIDA E MORTE DE Gf~tEOS

~ ~t'·nlt"O-.. ccin..iderado.,. ~re~ sobrt."naturai.s ,luta insp1r,Hn um


culto t.'Spl."t:ial. fnrrt' si, constituem un1a 1r111undadc, pussu1ndo l'.,1da ljU.il
um podt•r espiritual sobre o congcncre. Procedem d.is nlílta~ de bc1n.1nt•ira.<;,
rios, cacimb.is, montes, rochas, valei;, e ordin.:iriaml!nte são gerados pt•la via
palt>rna, pois silo tlS hon1ens que mais dean,bulam.
Os ~li!> ai imentos -..igradO!> s..lo o mel t' o azei«' de pa !ma, e sua roupagem.
a:. lolha!t dt' n1lL%êquenha l:' mulcmbuiJi. T.11nbt>m o cmlXJndt•iro é a sua ,\n•on•
sagrada. Tal o simlx•Jismo dos vegetais, que. se u.m.i .in·ore existente nurna cas.:i

fhor,ll; a n1ulher grávida que, porventura, 1.i viver, darj gén,eos d luz.
Dada a sua especial procedêncía, todo!> os aclos importantes de sua
existênci,1, desde o nascimento il morte, obedecem a um sistema de prática<1
rituais. Dotildos de exlí,lordinària seru;ibilidade, facilnu:?nte se contrariando
con1 o que lhes não agrada, exigem cuid<1dos prontamente satisfeitos- Não
,1penas a um, m<1s íl ambos Oll ao conjunto da mesma gestação.
Se, antes de naSCt!rem, um deles verificar que um dos pais não é do
seu aprazimento, trava-se, no ventre m;1temo, o seguinte diálogo:
-A quem havemos de matar? Ao pai?• Propõe a parte irritada.
- Ao pai, não. Depoi.5, quem há-de Lrabalhar para nos criar? - Objecta
o outro irmão.
- Então, 1natan1os a mãe
-A mãe, não. Depois, quem nos dii de mamar?
- Enlâo, volto! E h.1 hás-de ir tambéin, porque foste tt.1 que me convidaste .i vir!
Em conse<]u0lcia dessa esquisiti.Ct', os gémeos nern sc1npre M.> fonnan1
normalmente, em concepçào de m<1is de uin individuo. N.1l~uns ;;,t.•,o,-.
gil'ram-,;c l!ÍectivamC'nte os dois, mas um deles, repudiandll ,1 1.."\)mpanhia Jt•
,,utro pi.•lo Jt·5'.·n!t'ndlmvntn aponlado, l"tlh>rnu p.ir/l o "'-'li 1nund11
•• ,. 1•

.\ .,,;s1ndl,1r o ,;11,1 1•nc,1rn.iç.lo, apcn.ici iw md11ll'm, adf'r<•nh• !·


!!('l't1ndln.1,- d fl.':-p1•~·t1v.i bol,1 dt· sangue. Arrepcndendu-St." de su.:i .-ititudc,
re.lp,lrt"él' noutro ventre, mesmo HO cabo dl' u111 ano, simpll'smente
rmarud11 ~l,1 p.ilemidade. Tal espécie de gémeo, '>Ó reconhecido por
'IJ.ivinhação em consulta de doença., denomina-se ~é,11eo-S<Jlilârio fngo11go-
• -rn 11tndc-1a -u/ieka).

Quando u1n deles, ou mesmo ambos, nasce com as caractedsticas de


quilamba - ou uo,a depressdono alto da cabeça, ou pés rt!curvados, ou mãos
sem acção .. ambos se qualificam de gtir1eos-de-q11i/a111ha-farlado (jingongo-ja-
1
-kí/arnbn-kia-xi-ni-n11iv11). Mesmo que a anomalia se opere num só, ambos
terão que observar o tratamento ritual prescrito para tais entidades, visto
tratar-se de autêntico quilamba .
• Aclaremos o mistério: - Os gémeos, no seu seio constituindo seres
espirib.1ais de nature7..a diferente da dos outros, qu.indo sin,patizam com
a.lguém - homem ou mulher - incorporam-se-lhe para eft'ito de reprodução.
Mas, como já SC' viu, n<'m sempre ambos os entes gostam da mesma criatura,
pelo que, à hora do parto, ainda d.isrutem St:? devem matar o pili ou a mãe,
uu, então, voltar para o seu mundo.
No con,um dos casos, permanecem no mesmo ventn.', podii!ndo um
dele5 morrer antes ou depois do n;1scimento. Só esporadicamente ,1conteo:> a
germinação em m.ics difcrentC's.,
P1):;to que qu.:iltJUer do,, entes a~ln, ~erado~ pertenyi <l 1nesm,1 c<;pt•..:il·
·pirih1aJ, o gCmeo-solit,írio, em pre,i:•itos respt;'ilantc~ ao~ gJmC'Qs t•m ger,11.
,indJ é 1n,1is exi~ente l]Ul' o<; di•mais
Fm virtude de !-Uõ'I 1",trilordi111lri.:t .,.._,nsibilid.ide, .i mãe, no l,•it,~. dC\'t'

dormir POlrt· ,1mbo~ ll"; lilhoii, il l1m d11 ct1d.i qual Jruir .i tOl'"n,.i id,•nlidadl•
Je 11nl,11 tu.
,, '

(Ju.inJ,1 11,l-ó(l-'n\ - l'.OI\ÍOíll1t' j.i d1•scto.>Vt'IIIOli t·rn Llu11x11 uni 1,111cho


1
dt• g~nlt'l}:-o, t-tib ,1 ~l11rilit·t1çilo dt• c,inti1:1l~ .ilusivos, colhl', no rami,ci,
1
,,hunJ,inlt' lt1lhil~crn Jl, n1u-;sL'qu.,nha l' rnulembuiji Ai, com t'Ssd v(•rdur,1,
t'l"'-tn,, ~: litursiramt•nh•: no peito. t."nl 'i, in1pôen, duas esp('cit•s dt• boldrii ' .
popularmt•ntt' qu,1hticad.is de pu!aca11l111s; no cabL·ça, umJ ~rinalda; au
pt'SC\')ÇO, Ulll colar.
A1,..,;im p.:iran1e11t<1dos, viio homenage.ir os ~cén1-nascidos, aos quni<:;,
x·mpn> debaixo das húSill1aS a\1:_-góric;;i.,;, U1es oferea-n1 a ram,1, depondo,..a na
ca.n,a ou Om<.1ndo-a t'Om festões, pe_m)<tneo:mdu o bri.nde, 01,1, ,1ntes, a veste
s..igradu, até murch,1r. Fnquanlocantam, palmejan1 e batem com os pb nu chão.
QuanJo o gémt'O 1."0rneç..1r ., trabalhar, '.'óí'U primeiro ordenado éentn:.>gu!! ao paj,
que o guarJ,1. E quando pretender matrimoniar-se, participa-lhe, sua inre.nção.
Então este, para que n felicidade bafeje o lar do fi"10, reverencia
determinados seres espirittaais: retirando u.ma parte do dinheiro arrecadado,
pousa-o no chão di> quarto, já assinalado com a devida cruz, verte-lhe um
pouco de uma mistura de quitoto-e-n,aluvo com vinho e assenta em cima
o pt: direito, sobrepondo-lhe o filho o seu, procedendo de igual n1odo a
tilha, cuso exista. Achando-se ausente, o pai sopra uo,a pitadn de pen,ba M

direcção do local onde se encontre, invocando o nome del,1.


Molhando o dedo direito no líquido entornado, faz-lhe um toque
na testa, nui:a e garganta. Embora não obrigatoriamente, @mbém lho f..u
na'> articulações dos braços e pernas. Seguidamente, repete o toque na filh.i
e de mais família, inclusivamente e,n si. Mas exorci!lm.llldo sempre. E:-.h.'
a-..,ina l.amen to dl!nomina-sc ki to111c: kia :r:i- n 1-1111ir•11.
finalizando o rito, o pai dá u1n.i 1nocd,1 il cnd.i filho a 1im dt.•

:-;Jr l•d..t!o.J" lilh•. ,, """•J,1 ,. arr,...-J,.l.1d.1 I\Ulll ,11,.,...,_ •\UI" tii.:... c-,m, - 1n .. ~
w,._ ir-~ nnrirnffdr, J, "rn.111lh,1. ,, 11,1,1.ir .-11 11·1J rr,l\·l'>t<> !! .,rh.an,i.:.....,11.o;, 11,;• F"U•.,. Ih,;,
t" ,n_ , a :101.t 1
! ·ll

1."\,n\pr,1rem tJu,1k1ut>r coisa. O restante dinheiro destina-se ao alembami:nto.


.I\Jo 1.H,1 imediato no e.lo matrimónio, o noivo estende uma estelra nova
no qu.1rto, sobre a qual coloca um pano novo servindo de toalha e um prato
novo onde serve mel, azeite de palma e farinha de mandiocn. Ela senta--se
na eslei.ra, e com urna colher, come a mistura, especificada por kudia k11a
Dih·n1br1. Ta.mbém sentado, ele també1n come.
Após comerem, ele lança para a estei.ra uma moeda de cinquenta
centavos, que ela recolhe. E com o dinheiro, compra um nlimento. E5la Iigeira
refeição- a prin,eira do maLTimónio - constitui uma homenagem a Lemba e
visa a propiciar a boa harmonia conjugal.
Em relação à g~n1ea 9ue estiver para casar, o noivo oferece a quinda dos
gémeos ao outro irmão, ou, por seu falecimento, a outros gémeos. Contém
ela diversos géneros: açúcar, caf~, ch,t pào, tabaco, fósforos, um caxhnbo,
mel, allitede palma, peixe seco, queijo, b<lnana,;, dcnd~s. lluitoto-e-111aluvo e
bebidas vária.'>, corno vinho-.ibafado, branco, palhete, unia garra.ta de Porto e
mais ot1tr,1s bebidas fln.il'l, em porçô~ de càl ice. E tambcm Jlgum dinheir<1.
A fnrnili.i d(l noivo é ~1ue leva a quind<1 O brinde é entregue na
presença de outros gémeos, pre\'i.imente avisados para o t•f-.'iln Depoi<,
de esles se s.atli:.fa.terem i.:om o,; mimoo.:., P~ da cosa o(crerern 11 resto ans
irm.ão-; edcmaiS parentes. O dinh.:nr<1 e distribWdo pelo pai ou outra pes~.i
u..lóne,1, e1n qu inhúes iguais entre, os gémeos. e diten-nles. entre o<, restantes
,1..;si-;l1:>ntes. Só cumprid.1 a óbtijtaÇ,'itl dt• ... te brindt• ritual. doar-lht>-á t•ntàn o
noivo o ,1len1b.1 mt'nto lradiclona).
Em vé«peras de ir para ,1 ca-.a d1, noivo, o pai 1.>l ..><:tua igualm~·nte o
rito d,1 -;of>Tl'pi~i\Jo de pt:'", dt":>ignado pnr J.:11knr,1/,.-/t•lfl. Tl·m pi1r ul:>jt·~•tivo
propu::iar-lhl• fcliçid.idc n.i .,ua vida çon1ug.1l. qul'T para&> Jar t,,,m 1·nm o
m,lndu. ,1uer p,1r ,) rr,,-:riar en1 l·ondiçilt.!~.
Qiidndo f.tll·cl.'m, 1dl•ntico c,•rim1,ni.1! dO do na-.i:imt•ntii 'li' 1tci'lli:,a,
li 11J/111A~,/1 ,<: 1

1..) \ ,1d,1 \ l. r, , ~u-i 1n1t•ntl• 1~ •I 1,/11 l·o n10 os 1nn,1os l'spi rit u Ji s, u,;si m c- l·111-,• rr .id1,

1111 l· ,11,,111_ ,11.:,1111.idt• llll )undll l'lllTI nt1\·1• t·on1,1.11nh,1<: dt• rnu-;-.i'llul'nha C 1
outras t.1ntas dl• 1nul~n1bu1il 111 e t•m rt>dor, cu1n slmpil':S r.11110, dtls llll"!.mai
1
pl.1ntas. l"t•rn 1guuis 1nsigni,1s, t.1mbt.>n1 ~ prt>p.tra ,l 1n.-it l' n uutro gém1•0
im,.i.o ..\ntes Jo luner.il, o quin,b.:indn, com um galho de n,ull'mba, esparge
u ,norto 1.:0111 dit::osso, e,orcismando:
J.i fosll' h:nhar. Agura. deixa saudc ao qul." ficou, não \'cn.ha!; <1.íligir 1
ninguen1 con1 doenças. 1
A n tigarne.nte, o grupo de génieos, sob os 111es111os hinos e 01ani (cstaçôes
d!i! n1iios e pét., assim aco1npar1hava o f~rl!tro ao cen1ilério. Hoje, ta 1só se ob•
serva nos lugart!S rn,1i'i recônditos.
Se, porventura, o enterro não obedeceu convenientemente à!-i for-
malidades rituais, simula-se novo fl1neral. Corno a .ilma não repousa em
paz, ela manifesta-se, ou .itral'éS de sonhos, ou de pertinaz enfermidade.
Então o quimbanda, por adivinhação do mal, recomenda a efcctuaç-ão de
outro sepultamento.
No quintal, sobre uma esteira onde se estendeu um metro de pano-
-cru, coloca-se uma almofadinha de uns quinze cenhmetros de con1prirnento
e dez de largura, envolvida parcialmente por um retalho, Essa almofadinha.
contendo serradura de bamba·hurihúri. de tacula, de quisS<..'CUa e d.:,
quicongo, azeite de palma, mel, um fragmento de pena de garça e dl' andua.
outro dt· crina de elefante e de sebo de caça, ,;imbolila o defunttl.
À semelh.inça do dia do pa~-;amento, alguns gémeo:-, paran\L'f\t.ld('$

p n·rYmrnl•· Uu que,... pr~t1<·,11•m l.u,1nd,1. ,1 norm.1 na 111kr«•r (' ,,, ~•·1· ~•i;un.fc
, f'(" ..,: o _. colo •,1m ~p,m.111 tpMtrn .-orn,wlnh.1"J J,· rnul,•mhuijl t' ,·10t.,,1 J.· iu. :.il"l'l1

w 0111-pollt.1n no !uni.lo d.111t·rul1ur,1, ww,• (•>1<1,11.1nh,,~ ili" 1111.1!,•n1l>ui11 l .t, m•bu.UOI


~~ tJl'I, rrnp 1'-'11 , h-ad• d,· mun,1, ~rr.1n .i,t,, ..,111 11m.1 ._·, 1~ .'kl-1 Se, l.11 t \lf

noutn,~ rotw rf'p,1lr, , ~tr~f"('I•· ~ ,·1"!''•1"t,1 :i 1 ,.,.1.,, M't<"l>I' ~•.t "" 1


•talfril"~I• 1-]4PJt lJ • .,,,. !\C'flt._ tu'rl'<l'Li.,,,~ 1 l/pm1,1lil !,•
' '''

n t u.-i 1n1e11ll'. cntt,am os c,ln ticos il 1u <:h· o5. Com os den Lcs, o q ui mband.a a rr ac;ta
-' t',.;tt•1ra p,1r,1 1w1to dt> un\ bur.ico e sepultn a efígie entre duas con,adas de
mu~'i\.'quenh.i e mll lembuiji
Não in!t:'ress.indo o te1npo decorri.do sobre o falecimento, o quimban-
da, mesmo que se tenham cumprido todos os requisitos da praxe, planta um
t>mbondeiro no quintal da casa ou perto dela.Ant~. alguém de família havia
friccionado nun1a pedra um pedaço de tacula, ourro de quicongo e outro de
tluissécua, depositandQ a serradura numa peça de roupa d(t extinto, a fin1 de
atrair a sua alma (kua/11/a). Caracteriz.:indo com unia cruz uni ret,,1ho novo de
pano-cru, o qui.mbanda muda para ai a ralo1dura, fal.endo ~tão uma zemba
que a mãe ou outro familiar próximo usard ao pescoço.
Aberto o buraco, o quirnbanda ~te o ai;;,;;inalan,ento da cruz e disp<X'
um pedaço de pena de andua e de garça, outro de cri.t1i1 de elefante, outro de
sebo de caçil, uma escama de pangolim, mel, ou. na ~ua falta, ar;t1car, d('IC'es,
queijo, pão, vinho e azeite de palma, vertendo finalmentt> quitoto-t;'---ma!uvo.
Sacramentada a co,,a, a famíli<1 (principalmente d(l ran,o mat,•mo),
introduz o embóndeiro, ~gurandotodos nele. A miil' ou o parente n1;1is vt>lhn
profere a seguir unia '>upJic,1 no sentido de o extinto dl'ixar !'.a.udl' cm ca!'<l .
O embondeiro s..,i da mata. ainda pt.-qucno. 5ú t' plantado uma Vl'Z.

por rnurte do prim!!Írl). Para o gémt•o-~lit.1rin, nilu ...i· cfr>ctua e:-~ rit,,.
Sobre .1 folhagl!m, o,,lo...:a-'>e um ramo dt• mus~1'<(ucnha e nulro dt•
muk•mbuiji. A famflia comparere par.lmenlada com patacanh,1c; c grinalda~
dt..~Sil verdura, t•nloando (l?> cánti1:os hab1tu..1i.s.
,\ t''>le ..-erlmonial, 'it'gtlic'-'-t' um h..'!'tim C(1ns,1grad(1 ªº" gl'ml'O!-
1
1

popul.Jnnt•ntt· Út.'Si~n.-idu pr,r tru~a ,i,~ ;i?énlro;l f-i)c;lLra um pnrco, ninrtl> por
g(;'ll"'-"()"1, í'lt'" prílprins i.;11/1nha1n_ Todo-. "t' aprt'Sl'nt,1m cun1 ,1 dit,:, lolh,.1g1•m
c,1nt...1ndo St•niprl' os !K'Us hino-..

1 ) NCI II ffl ir J 1 ~.u,c. , h-c llo1•!1C' ,naUI t.Jrik-. í'" :nu' l\'<1 .I,• d ,., ,mil;
,...

t) hJ.IltjUl'll:' e pn•paradl1 ,1 ,urican,) l' a curupê'Ííl. Ü(•pui-. dJ cumid,1


pron1c1, o quin,band.1 !a:, a cru.1 ritual nu111 grandl' qulbanJo l' St>rve ur11 •
boLJdo d,, tOOa a vari~•d11de, l' numa vasilha. tilmbém un1a pt1rçilo.1inha dt·
\odJs JS bcbid.is.
[)l• notll', v3u a u1na COl'.NZilh.:lda, taLem um buraco, prcviamcnlt·
.is,inalaJu co1n a cru..:, e vt.•rU.--St.> a c:omid.i. Entretanto o oficial'ltê', rodead(I
de toda a familia, vai exorci.-.mando:
r., tu que morrestia:, hoie a tu.i iamUia eslil a <Jterecer-te a co1nida! St.•
os. outros !li co~tumam con,·idJ.r-te. convida-os tambtim .i eles! .l\-1orr~ a eame.
1na;; 11,lo morre o non,e ...,! Ü('ixa S<lúde uos que flc.irnn1, j,1 tt:.• olerece1·an1 u 1
tt1a n1t>sal
No regresso, procede-se ao repasto. Só come con, os gémeos quem já
cumpriu id._ôntico ritu;;il. Ncrn se,1ut>r se pode p~tiscar tio \1ue se acha entre
eles. De conlriírio, morre. A interdição da não participação no acto ta,nbém
se t'..'>tende â plantação do embondeiro.
A refeiçãodet:orre entre se1.15 hinos, e havendoxingui\adoras, também
l:!ntre possessões.
Al~n, do luLo. o sobrevivente passa a usar ao pescoço uma efígie
representativa do irn1ão - o gongo (significando gén1eo). Con10 esses filhos
não admite1n preferências por parte dos pais (portanto, recebendo aJnbos
os mesmos carinho::-, <JS mesmas vestes, os mesmo;; alimentos), tal amuleto
continua a merecer iguais a!ençõei:;.
A<;.cti1n, quando se dá roupa nova ao sobrevivente, o ídolo. que fica
envolvido num saquinho, excepto a cabeça, tambén1 recebe a sua parte: ou
0 cobrt>m com um retalho do tecido do vestuário, ou co!1C1n ao irl\'Ólucro tim

bocadinho do mesmo. E cn1 certos festins titunis, con10 a inr.:11 propiciad,1 a1-i~

rc ,\Ju-<30 J"~ 11f'1,wu~ l,1h~·ido,;.


· A lu."lol• 1~ lrrnl;,riult;4 d,1 r,1!IW1-~·u1 <l.i l"-'"1N1i.1 f"•ht n1unú,•
1 14'.I

gui,,.'i tut\.·lan", 1u1·:;:n 1na l!U(tndrllHI - ao amuleto igualmente<,<? d.à it comh.lJ,


ou f"t'lu o.•lebrante, ~ o p.1ciente for pegul•nino, ciu pelo pr<1prio, SI.' já for
l'."res\.;d\.,. 1":: 1..'0mo l' t1ue o idolo come? t-,lulto simplesrnente: pondo-se-1ht• n,1
b..x:a Ll dL•do besuntad<.l de alimento. E quando o sobreviveite casar, dC\'l•rá,
cn1 rituul apropriado, comunicar o facto ao extinto.
A efígie é usada até ã n1orte. Quem, por acanhamento, n5o a pude•r
trazer ao pescoço, guard,1-a religiosam<.-'T1te, dispensando-lhe. no entanto, os
cuidados referidos.
São, poi<;, o!'i gémeos, filhos lemiveis, inspi.rando aos pai;;, nât) u amor
n.,tural, 111as un1a espécie de idolatria. E os irmãos que se lh6 scgue.n1.
constituem seuq escravos espirituais, pussumdo os três Llltimos, nomes
peculiares: Fuxi, Mbon1boe K.ioza. Com o melindn, des~'S filho!;, inlensamt'nte
preocupando Ol:i pais com obrigai;ões de sua.~ t:'~igl'ncia", niai<; outr.i<. classes
e.xisten1.

'
14" ll•Alftl .a ht llll

ABREVIAÇÃO Df CASAMLN10

P,1rn "'! L't.'so\\-er e1n 1,:,1s.in1l'nlo un1 n,1n1uro lúngo, u qL1it11b;1t1d,1 ..-n
t1.•rr.i o prin1<.•iro ovo lit' umu g,1linh,1, sohn.> o qu..il t"-,p,1lh,1 um ír,1grnt-nto
Jt" pt'na de ..1.ndu;:a t' Jt> ~.ir\d, outro dl• crina <ll' eli.•fant(.>, outro J1.· t>t·blt d,
ta1,;.i e ~Xl:-. Je folha:; c.irboni.1..idds de mubilo. St.•ntad.:1 numa cadt•ira 11ova, a
intt•~sada co1n1: séis ovos gui<;ados, uti!iz;,111du pra lo e t,llher nCJvo~.
Num,1 pant•l.i de b,1rro, igu.ilrnl'ntc nova, contendo água, \·inho e
4uiloto-e-maluvo, m.1s preliminarmente caracterizada com a cruz a pemha e
LL\."USSI.\ ela, vária'> ve:tes ao dia, com u,na pitada dt.' pó de mubilo na lingua,
vai pescando o nan,or.ido. P;ira tal. serve-se de duis anzób, atados com linha,
aos quais tambl'1n se junta Lnna lasca de mubilo, ficando tudo rncrgulh.:,dc,
na água. A panela assenta sobre lrC's pedras, ou, preícrente1nenl!!, sobre umc1
ha,;tc trifur;.:ada, e~pet.ida no chfio,
- Seu alma do diabo, se e mentira 11J! ... ~ Injuria o ocultista, com ~-..a
e piores t>xpressôes, a pt>s:.oa de seu mestre. Dtipois dt> contar até nove,
exclama: - Conto até nove, de dez não passo! - E invoca li namorado e pcdt>-
-!h1t l]Ue abrevie o casamento.
Se este processo, de,;ignado por xiro, não der TC'sultado, o quimb.inda
atr.1vés de- um.1 x..inguiladora, chama a alma do rebelde namorado. Entn-tdnh.l
a namorada. também o pc<;cando na sua panela, i,1la com cll', <1brigand\l-(l ,1
mar e.ir o prazo do Cl1nsórcin. findo istn, o quilnband,1 convir.la-o ,1 mt•lh.lr 1-.
mão~ na panl•la, a filn de as passar p,:,!,1 car.l, bl',1~·0~ e pcrn,1,:;,

11.IIIUI, ,10 ,1,


,,,

ANULAÇÃO DE INCESTO

Em ca!>() de incesto - reill ou aparen~, pois também é ince,to o f.:icto de


uma filha, in\'oluntariarnente, \'ernu seu pai - parade.tru.irosdanosocasionados
50nhos lúbricos com o próprio pai e consequente morte dos netos• danos qul'
resulta1n após a morte deste, o quimbanda prepara, no quint.il. untíl elevação
de fonna sepulcral, e coloca, nos 9uatro cantos, unia casca de n1ú0Jll com
diCOSSC>. Chamado o pai à cabeça de uma xi.ngujladora. filha e poli (neste caso,
incorporado n<1 :idnguUadora) são at.1dos i:om a mesma corda - ,1mbos n~ e de
co:-.tas voltadas um para o outro. Se, ainda ern vida do p,1i. c;e anu\nr o inre-to,
ele próprio entrar.í na iunç,io.
Empunhando com uma mdo um ca'-:1) de ~alinho,; pela-. perna~, o
quirnbanda f.17. girar asavcscm volta de c,1da um dt>!~ .... a Hm dC' lhe-. tran<:ferir n
mi'IL Em seguida, f.u um golpe na orelha de um.a ,abra. e com o di.>du niolhado
de sangue, toca-lh<.•s na l<.~la., dtr.is d,1s <.'rl'lha". cos;\as e peito, disp,1ratando os
si:•us mestres ,1ntes t1e l'xorct,;,m.ir, t,11 como j;t ~íe-rirnos Jnti:>nnrmcnt~·
D.ido o veu n,etafórk:o J,• qu(• -;t.' reve.-.lt•m essas inillriil,., .ili..i~ tamhén1
,·u lga res nas ri X.'.ls, \' ,lmO.'- n.•pnxl LLli -1,, ... 1it1:.•ralm1•nlt' :
V~sos fi~,1dos t' \"Ol-'>{}s. b(1f1:.'!'1 \ '(!!',.,;as tr1 p.u I! vngn os, or.içút.'5! Vos.,;o f 1, I
t• v(hS.1:- pelcsl Ajudai~me! Se vos ofendi. foi pt.• o olicio e 1âo pel.i col'\J-1.:inç,1 1
Contormc a pr.igm.ilica, o animc11<i empregue re\'fficm em u
b,.,n~•ficii.1. Q1iilau t' o de<siJ1;n,1t1vo dcst: prátu:a i!t1titima :le amor
IJM.:A,-1-!I-.U: l,.u11uu

ENCARCERAMENTO DE ALMA

Quando u n1 ant•·passadt, nt"lSS<.l matou t'U enteitiçuu de m11rtl'.1!gul•m.


a su.1 altna. niab, tarde, em vingança, vai diLimando os descl•ridentes do
t.·rlm1no-;o.
Adivinhada a causa, o 1.1uimbanda, para impedir n1ais extennínios,
••vocd a aln,a para .lliuar numa 1:.iniuil.1d11ra Esta ugu;.ird.i a indllçâo,
sentada num b.irqu1nJ10.
No seu furor. il alma nt.•m -.empre .lliu.:i logu: ora sobre um,1 !lrvOft'
prói,;ima, nra sobre ll cobertura da ca~. ai fala priml'iro, l\1as u ocultista,
en, súplic,1s ..:onstunll>S ".4-i, prunt~1 1ª· vt'm falar no teu próprio lugar'~ •
dt•movl'-a a fixar-se na médium ~- -:.ó "'ntão a intf."rroga.
F. a .:1ln1a, dorida. relat.i 11 ocorrido. C(1mo reparação, quer dinheiro,
roup.:is, ou para s~rem entregues à <,ua f.i1nília, ou, como depositária dos
me-.mos havt'res, ,l própria xinguiladoru
Se, após a pruml'ssa de t.al 1ndcmniz.ação, a alma persistir na sua vin-
gança, o quintb,1nda oferece-lhe algul'n1 da familia visada, ou, con,o noulros
tempos, UI11 escrílvo adquirido pela dita familia - resgate esse denonlinado
Ka,il/11!111111 - para servir, incondicional e perpetuamt.!nte, em casa da fa1nília
da alm,1.
Se ainda declarar perseverar no propósito da matança, então oquimb,1n-
d,1 a enlc1rcera numa garrafa, que depO!>ita numa fenda de árvore - geralmente
l'mbondeiro • ou numa cova, ou a sepulta assim mesmo, perseguindudepois a
alma quem se apoderar da garrafn ou cavar no citado local.
Para tal encarcl'ramento, o ocultista introduz, na garrafa ou CO\ .i. um
íraimt•nto p~nil de andua e de garça, outro de sebo de caça. outr\l dl' crina
d,i eli•tantt.• l' .i.p.:trüi; de c,1bc-lo e de unhus das n1,in" L' pl's - ,1p.1r;1s t•-.s.1s qul•
cort.'I il x1n~udadura, ent<lo rcprcsentilndn a ,1ln111. ln1 ~;,•~uid,1, diz ;1 ,\hn,1.
"º 'it'Jd. u '-tnguiladora. que cuspa para dE!ntro. Feito isto, verh.'-lhe dicosso
n,1 c,1N'ça, c.l.ll1do o liquido para uma vasilha, e o qual despej<1 tanll:X'm na
~arrafa tl\l co,·a. Por fim, tapa a garrafa~ deposita-a na lura mais cmi.nente de
uma Jrvore, ou, se a operação tiver sido no chão, cobn.- com terra o buraco.
Ante do encarceramento, o doente ê defumado, sob un1 pano, C()ln
tt,\ha~ colhidas nos quatro caminhos de uma encrurilhada. E a a\m,,, escoada
juntamente com o dicosso, não mais tomara a importunar.
l'\(I\

SEPULTAMENTOS DIVERSOS

1 • [J,• barr1 ,111 indit•id11t1 c•stéril:


Antes de .st.•renterrado. fa;,-se uma gí,Jnde- ,1b(>rtura n,1 paredl.' do quarto,
a lim de sair o cahi:à<1. Depois, o guimbanda prepara novt.: n1aL-OSOOS c-n1 cascas
de n1úcua: o.:arat.'leriT.ados O!, recipientes Ct.lm a cruz a pen1ba e ucusso, deita
água, vinho, quitoto-e-maluvo e tol\1.1s iragn,entadas de dâca!l' e diololo.
No quarto n1l)rtuario, entrl.'lanto, arm,1-se o quizembc - alpendre
de folhas dtt palmeira - e fora, o dllongo - uma cadcirn especial de bordão.
Posto o dilongo no quiU?mbe, l' o cadáver l.i sentado. Após certo ten,po de
cantorias s.i.gradas e possessões vári,1s, é o corpo encerrado no caixão.
À hora do sepultamento, o caixão, com os nove macossos ladeando o
extinto, sai pelo abertura feita. Só quinze dias volvidos, é que se veda.
2 - D11 caçador:
Logo que o caçador morre, Iaz-se o dilor,go e o quizembe. Este, não
armado no quarto mortuário, n1as no q\1intal.
Conduzindo o cadáver para o quizembe, a família senta-o no dilongo.
Enquanto o quimbanda niio comparecer, ningué1n pode chorar. Só após a
sua chegada e L, borrifar para a cara com u1n forte bochecho de dibon:20 -
variedade de água IL1straJ- é que se pern,item as [cunentações de dor.
Seguidamente, ele ou outra pessoa idónea desenha•lhc riscas com
pemba: do alto da testa à raiz do nariz, e dos malares ate um pouco abaixo
da cara. Ao lado desses traços, repete outros com ucusso. E nos inter,alos,
com ulombo. Jã caracterizado. o quimbruida espcta-lhC' no crt~lo un,a pt'.'na
d,: andua, outra de gurça e um,;1 crina d\! elefi.'!nt(', e a~~enla-lht.• na \'.:tht.\·;\

descr1indo parJ a frl'nte e ~,ara lrái;, t1ma b,1Ptl.l ,11.ul v outr,1 ,•n~-.1rn,1dJ.
1;,1 ,bn.•p1 indo- lhl• f i n;l ImL·n tl' o rn ti hl·ti).;U\'.
Arr,lnJ.ld,1-. nove 1nisson~il!'I pe<1ucrius feixes de várias cspéc1e<1 dl·
..:.1pi1n • .,~-.in,1 IJ ,.t., t•m todo o rum pri n1cn to con, círculos al tem.idos dt> f>{'mba,
1.h,."ll.:......., e uh.1n,ro. Com idênticos círculos, também assinalil extcrionnt•nte

n1l\C 1.:.iscas de múcuJ para os 1nac:ossos, isto é, as águas lustrais. Toda.-. se


,umpôcm de .tgua, vinbo, quitolo-e-maluvo, folhas fTagmentadas de ddcale
e de diololo c produtos colhidos em nnve encruzilhadas.
Enquanto o corpo permanecer em casa, caçadores e meros '<ingui la dores
<;(1frem transes, sobretudo de Dinyângas. Mas os CuÇ.idores figurru,do com un1a
risca de ucusso, de um ouvido a outro, passando pelos sobrolhos. Entretanto,
muita gente vulgar se diverte ruidosamente.
Consoante o desejo do extinto, e ele sepultado: ou dentro do caixão, ou
sentado no próprio dilongo, O enterro ocorre de noite, ao canto do primeiro
galo, a luz de fachos de capim. Roubar se especifica o seu sepultar.
Qu,1ndo baixa à cova, disparam-se dois tiros- indicativo'< de sua função
de caçador. E sobre a cobertura de terra, di~põem-se as nove 1nissongas e o
Jico<;so restante. En, seg-uida, mais doi!- tiroo ~ào detonados.
Após o funeral, abundante refeição se oterecc aos ass1stenlt'"· Comn
iguaria5 principais, abah"!~S\."' um porco e uma cabríl,
De manhãzinha. sob a invocação do extinto, o oficiante dl'tt•rn11n,1
9uc parta um c,1ç,1dor pur,1 ,1 i:aça. Se noda c.aç,1r nt~,;t_• dia, dormi~ n,i müla.
Se o finado tinha o coração limpo. i-.to é, <;e nâ11 havia !ittuidado nin~ul'm.
o c 4çador mala um pás~aro l'lu qualqul·r outro t1nim.al, 11ue leva para ,·,1!\a.
[)ivcr-.amt•ntc, n,'io nblt'n1 nt•nhuma pt•ç.i 111

for,m·ll(II; ~ln r!h~ J~ IC1'uh-1m,..n1 .. rt"lat.,d, ,, por um qu,ml•.md-1 non , n., .,


1,m o,. l'IÕO ,1 IIPT<l ,,.,,,... •,, rn~:nll"ó ~l.1n,,:-11n ltO\. '·' ,11.ir ,,, ,. f~,.1 ..-,. ,,w,Ju1.1 ,l In.-x~.-tid ~
!ffflrimoa ni,:.;t"r ..,par .,!,m1, nh•" ,,u,• .-t,•, pnt rar&• p,1r1ic1.1l,1t1• n,',::"u •r,,1,, •· \1.
rott ,, wf11dn,),\1'•J>Of>fr,n, 1 d1ç, 1,lt'!t,1,,!>1,1,h1i ·,,nj1n~ddnp-;,rn ,t l.ll'l'J.ll•5'10 •:

• ! po 01.,ltl) n,irr,IJ.U,,I,
\ •,.: 11 t u,1111,.-.v IJ, '"'")

C1111 ltlílllt' j,1 !(li d il.o nu e,1 pi Iu lo · 1nici açcJu dt• Xin~u 11,idor ", o c:.içadur,
P',lr vt•~,•:-. t.11ntx!n1 .1b,1ll' o Sl'U sl'nlL·lhanle A hnr,1 da murlt', Ul·cl.ira l'lc,
0\l':-.Tllll Lh.•<.ign,1ndr1 com ns dedos, u nun1erú cli> vitima:-. c)(asionadd!t.
l\1r.:1 t]ll(." l'Ss,1s ,1lrnas n5o atormt'nlem vingt1tiv,1rnt•nlt.' !JUa f,1miUa
com t>nfl•rrnid.1des e rev1:ises, anligos discípulos seus p.1rtt·m p.1ra ,1 mata t•m
in,ol.11,,lo dl~ gente, no quantidade por t!le r1::veloda. Por auSl!ncia ou impt.·-
Jinu.•nto destes, sC'g~1 ir,1n outros caç.:idorcs. Entretanto, é a popu 1.-ição d.i :-,an-
,...,,lJ pr~Vl~nida para niio se atastar p.rra longe.
Se não for pos.-.ível conseguir-se ,1 guantidade d('vida, ,1penas !ie
;.u.:rifi.:.i uma vítin1a. Mai:. st>n1pre se procedendo como jti se mencionou
no cJludido capitulo: ::,era mulher possu1da ante; ou d~pois do abate, e ao
ht1mem, após a re\iper.:tiva amputaç5o, entalilr-se-Jhe o pénis no nariz. F. a
ambos, igualn,ente se lhes extraindo o coração. No sangue jorra.nte de cada
vitima. embebem então as zembas do caçador falecido.
Em conclusão d.o ritual, o cclebrante prepara a zemba: deita, num
prato, un,a pe>rç.âo de sangue desse anim;1l, serradura de tacula, de quis.",&,"\.la
e de quicongo, un, pedaço de pena de andua o de garça, outro de sebo de
caça, outro de crina de elefante, u1na escama de pangolim e aparas de unha!>
e pi!los do n1orto, e vertido tudo num retalho de pano-cru, é ele cosido
em forma de almofadinha. Este paramento C' usado pela familia paterna.
designadamente filhos, irmãos e sobrinhos.
O quimbanda conserv;;i-se no óbito durêl.nte quinze di.i!>, n.io podl•ndo
manter relaÇÕl.~s sexut1is nen1 dt'-":>Viar-!K' para longe.
3 Di• wl,a·
Tal c<imo n do caçador, o cadilvcr dr :'.lll•a tan,tit·m t' !>l.'nt.-iJo 110
dJ!t,ngi1, r,.i,b o reC",1to do qu11:r•mbe, Su,1 c,1r,1 lJ111b1.'n1 ,;, l'ilt,u.:terl.T-1dJ. .:'i\n1
n.sca!I a pt.'tllbd e ui:u,;si:,. Na t:,1bt•i;,1, d,·pô1.'-fi'-lht• ,1 b,1l'l,1 ,tl, ,hl1Jll1 que"
eflC,Jf'Tl.i,ld,,~ t' 1',0hrt• ela, ,1 (JIIIJin~,I
,.

l 1l'1()itu n,,11:\l,.,~Otó prepara n quimbanda. Além dos ingrl!dientt·s nor-


maii; • a~ua, vinho e lJUitoto-e-maluvo - levam capim recolhido de uma ou
n1aL<; campus d~ sobas e tragmentos de folhas de dâcale e de diololo.
Conquanto dê a dua, tal man.ifelltaçâo não se efectua sob a acção de
possessões, co1no acontece com os xinguiladores que igualmente scgregan1
es,,a viscosidade nasal. A fim de seu sucessor U1e receber os poderes espiri-
tuais, é a mesma absorvida por ele.
Com idêntica finalidade, ele passara nove vezes sobre o corpo deposto
no chão. Ma,:; <;ucumbirâ se for seu inimigo ou rival. Em reforço dcslia 111csma
transmissão, sun baeta e quiiinga constituirão legado do sucessor.
Conforme o desejo do extinto, assin1 ser.ii e11tcrrt1do: cm caixão ou no
dilongo. Se for r:1m caixão, nove marossos \·ão dentro, e os outros nove, na
cova. Contrariamente, vão nove na L--OVa. e 0$ restantes, em cima d,1 campa
Seu funeral renllza-se de noite, c;c-m conh<.>cin1cnto do p0\'(J. Divulgada
;1 notícia, furta comida se lhe oferece então.
4 De qu1111ba11da:
Seu rosto é igt1<1lmr..>ntc c..iracterii.ido com riscao; a pc.ml,,a t' urusso. ~
não for xingui l.idor, não u St;"nt,1m nn 1-tilongo, expo.-,10 nu tJuizt•mbe. Md'- St?
o for, permanecerá nele. a fim de dar a dua. St· tal st'Cl"l'çáo nilo <;(• produ,ir,
ocorrerà\) doença!- e a1are.-, n.1 tam!ha.
Rc.lalivam~nte ,1 '"Ímpli:--. xing-uilüdClr. tambc.m se aplican1 ,1.; c.ir;1c-
tt·ri1aÇÕ('!i cm seu rosto. M.1s o 1--urpo não C' p<)"'ln no di!ongo. T,1J 1-'0n10 ~
pratica nim (l quin1band.i xingt1il,1dúr, xinguil,1dorl•~ vdrirn- ~frt·r,ió actu,l·
.;õe-. para n i:-liminJçdu d,1 dua.
Seu fwll'ral waliza--se .10 ~1m..-er. Dentro ~ etlva. dt'f'<icm·Eót' d,,s
,n;1(·n-~•os. l' t<1rt1. .:ipcn,1:-; um ..·\ lXl!llpa.;iç,fr1 t' idt'tltii;a à dus maln:ó..~ ,1nt~·rion"S.
5. l1t ::;t'c1ardn111:'i dt· n11,ssu11J11 (t'riançJ ll\lt' na!'-(l' in\c~mt>nte-11,:1in~h,
relus pt"'i):
1 h! Atll ~1•.u 11 IJo.--JI() j
1

1
F1n l.u.ind,t, l1nüv os rito.-, ~.'Hi n,.,,~ c,in1rlir.ido~ qut· nu 1nlt•r1or. il
p,1rlt'1ru. qu.1nth1 L'nl,•rr.t ti!> s,•i:und11111i., ordin,1ri,11nt•nlt.• 11u1n f(•i.:.:01111 du
\1uint,1L .irr,1st,1-,H1 ,h·sdl· J clorn1idu ao loc,11 d1• ',t_•pull,tmL'n!n, ou, mJls
-.implt'"mt•11t1·, u~nils d.i prox1n1idaJ1;., du cova. J\ira t,11, pn•ndl' ,tu ,·urJâo
un1bili1'.al u1n fio. ou rt·\·,..ste a fiU.l t•:..tri?niid,idP com um retalho, segurando
c1)n1 o!. d('ntes a pont.-i do isolador.
,\r'ttes d,• l'sc1.1var, v~rtC', no châo, urn pouco de vinho ou de quitoto-
~-n,;:iluvu. Aberto ,1i n buraco, traça, no fundo, a tTU:.: a pernba e ucusso, e
ton1a a verter, en1 110,·e gotas contadas oraln1entc, o liquido utilizado. E.in
n.!verência ,ios entes sobrenntur,tis, deposita un1 pedacito de pão. d,.. queijo
e de doce, ou, me~rno, unta pitadu de açúcar. Sobre tudo isso, acama duas
rodilha,; - unta de rnussêl1uenha e outr;:i de muJe111buiJi - e entiÍo coloca a
plai."enta, di.spondo em redor o cordão un1bil ical, inas ficando u extrem_idade
empinada no meio. Fintilmente, cobre com tt!rra o buraco.
Se a parturiente não observou o rito do kruna o 11111s111uia - aplacação
da cólera dos entes sobrenaturais por efeito de práticas condenada,; pela
ritligiào tradicional, como o incesto, a cópula no chão, pois o chão, em 5uas
profundezas, constitui <• All'm-lümulodosaut6ctones- rito de cuja finalidade
\·isa a preservar a mulher de maus pal'lô!l e e\'Jtar a morte prematura aos
tilhos, a operação do enterramenlo decorre tal como em glorificaç.ãn dt>
ge01C05: parteira e criaturas convidadas - estas palrneJando e b.ilendo ll'.'; pt.-s
no !iOlo - entoam o seguinte paSS(.l da re!G!rida exalt,1ção:

Progl•nitora de ,morinilis
Con1eu em cima!
Prugt•nitur,1 de anorm,11.,
(.. nrn1•u L'ffi l:t.-ii,n U,
1'

f1nd,1,111\tl!l'l,1\.'ill, ,1 p,1rt('ir,1 dc-tcnnina:

k.t,l~•nu~! (l'vacioncn,!)
E toda~ em uníssono;
- Oooh!

Dai, e:m continuad.i manifestação, a turma ruma para o quarto da


p.irturie.nte, a qual, ou uma familiar, afectuosamente as contempla com urna
moeda de cinquenra centavos.
Em caso de quixila - prática desagradável legada por um antepassa-
do, resultante de mau traio dado a escrava - as secundinas deste ou de
outro qualquer filho são lançadas fora, num lugar afa!ltado de casas. ou
deposita das numa pancla de barro, ri.l'u a!men! e preparada como a escavação.
Não se tapa e assenta-se nu ma tren1pe de pedras, regio11al1nente designadil
por ,11assuic11~, mesmo em cinia da cobertura da casa, oi permanecendo .ité
a rua quedil pari1 o ch5o.
6 - De oulras ~rundi/111:;;:
De uma m.inci ra gera!, Iodas as ,;ecunJinas ,;fl() enterr;idas, levandt, \~
alimentos atrás referidos, ou apena!J um bocadinho de pão e dC' ilÇUc<1r. No
~·a!ôO de gt,meos, tambérn duas rodilhas dE' cada umll da dita folhagem. t-.1a<.
0 buraco, ante!>e depois dE' aberto, sempre asi.ina!ado com .:i cruz e csparg1d(l
·om qualciuer dos liquidos citados. Tudo ifi!lo, cm rcvi:rt'n..:iD a~ l'ntidadt's
fi<,bren.l tura is.
1" '

PODERES OCULTOS

l\1nlormt' o itfl•ih.1 que M' prt.>ll·ndL', as;;in1 Vdriam 11!. objL'C'hi"


nc.1nt<1Jo~. ou, mai~ ell~vadamentc os t-alism,is, qu1: o quilnbanda prcpar;i
l1

p..lra Usll f.'lt:'Trnancntc.


Antes de apresentam1os a!guru; dos n1ais conh1"1..-idos, queremt>S salientar
lJUl', para o duminio no an1nr, l;!nfeitiçamcnto de n1orte ou !racas..-.o de unl 1nal
cutnll liligio grave, prisão, un1 tactor que se impõe, consiste níl po!,Se sexual da
,nulher in!T:'rt>!;sad.1. Claro, pelo ocultista. Em caso de enfeitiçilmento dt.> morte,
i'lt~ ,;e QUVe dl/cr: "Nem l]LH,' eu tenha que me .,migar com um quimbanda!"_
Amigar - note-se - Till sentido de dom1.ir. Enfim, entra o la.l "poder fálico", como
se e~prinicn1 os cientistas.
No cd<;t\ do maleffcio propriamt:?nte dill1, realiza o quimbanda, mas
nàll Lodos, ou por lhes repugnar, ou por não possuírem a faculdade para tal,
as mais variadas práticas para cada e!ipécie de acidente. Mas nâo é disto que
nos propomos fQ<..c'lr. O que pretendeinos, e1nborasuperficialmenle, pois esta
matéria, peln sua natureza feitic.istu, torna-se objecto de ofensa para quem
se indaga, u1na vez que não haja a perfeita intimidade, o que pretendemos -
repetimos - é n~velar a!guJlS ta!isn,ãs privativos.
Banzr - Bolinha n1ãgica contendo pós de deteTITiinadas folhas, usada
enlre a bochecha e a gengiva.
Opera-se com o pensamento. Quer <l.izer: quando se fala com quem s~
deseja influi.r no espírito, o interessado, munido da tal bolinha, interiorn1t.>n-
tt! domina essa pessoa con, b pensamento. E h.Jdo se obtém n1h;tt'ri('s..1mt.>n-
te: as portas abren1•se con1 um sopro, consegue-se a posse de un1,1 ntulher
st•m l'ia c..lar por i:-,~o, etc.
l't1ra n aguçamento do don1i11io subre i1 n1ulher, ti pralicanh.' de, l' ini-
Ci.dr•'lt' rom um inCl.';;to.
\1 t;;.,,,,,, · 1 '.\ri J 1 ,,

81, 11.\~1 • I\ 1.~i;:i p.ira obtC'nç;it) de 1,rrJndl'5 provt'fllos l' prontas facil1d,1de!i.
Cnn, c~tL' ptll.it>r, o rendi 1nento, quer de lavr-a, quer de negócio, c;at1sf.17
J ambi,.:do: o terrono, por pequeno que seja, produz bastante, n1L>smo mai,;
4ui• um outro 1naior; e .n.is transacções, a mercadoria, sem que se dê por Í$..-.O,
e n1edida ou contada repetidas vezes. E isto. por obra de almas: no primeiro
l"il.SO, r1.1ubando a produção aos outros; e no segundo, obcealndo a parte

contrataJ1te. E t'm matéria de facilidades, também pelo mesmo processo, o


possuidor de semelhante privilégio pode deslocar•se, sem que ning1ue>n1 o
veja igualmente, montado numa fera. E com rapidez.
Para esta feitiçaria, o professante deve, uma vez por illlO, oferecer
um sacrifício a essas aln1as, o tJuaJ, segundo o privilégio. consta dC' reses
ou pe;soas, sendo estas, por facultaçiio, isto e, indicadas para a morte por
possessão_ Esclarecendo: as vitimas 1norrem por aco1nctimento de alm,1.
Cnbetn · Sortilégio para originar a in1potencia.
Quando um homem não depo~it.1 ronfi,1nça na 1..--onSC1rl\>, pode recorrer a
semelhante meio, re-.ultando dai o impraticabilidadl' do toihl com outrem, poi~,
no momento, o pénis do intruso sofre rã um ded1nio. D,1 mC'Snla forma proa?1.ie
uma mulher para rom n marido, quando dJX'lli\:< o dL"-ói.!j,l para si, ou l;"llfâo, n qut.•
e m,1is usual, quaiidq pn•t:ende \"u1gc1r--5t.' dC' seu r:t>púdio e1n f,1vor de outra.
A perda do vigor pode ser oc.1"111nal ou lempnr,lri,1. F.m qu,i\qucr da!l:
lircurn,t.incias, e sempre trdtá,·l'I mediant~· quimbandu
Dix1crt11,• ou C,1x1ra11c Ek11inh,1 mà~ic,1 ,onlend11 pu~ de determi •
nadas !olh,1'1, U!-óada cnlrt.' a bOl'.hecha e a gen~iva, ma-. t'111 mud,,nças
altc-rnada!>.
Fi.:t.•rre o rodt'r, juntamente com a in,·1k'.<h,;,lo d,1 prt•h•n~o. dL• anul,1r
:ru,,1 L!Ut·r dl~h•rtuna. t,1nto nt, .1mvr ,omú em r,.•UçOl•s, dMTiand,1s., l'll.
t1'111d11 Sortilcgio tJUe pn.·ser\,n da., lt•ras ,, l·11vil 1in.:ll• os fl'Llk'l.'iro-i
.o ,m t' coml'nl º" cdd,lVt'rl'S.
t !>-l ,... H11,1.,. 111:htl'i

(.'vmpílt'-~ iJc p..1s, e1,tl•rr.;u.los ,l l'nlr,,da, di.spundt1-se dt· capim ~•m


,•úh,1, mas t.>sp,1çJdi.lml.'nte. l.'ffi lt•ixt..-'!. d!! .1lguma), h,1-.tes, l<ircidas cm nú na'i
cxtrt•m idaJt's.
f1111ba111f,i Sortilégio exe.rcido pela ,1cção d,1 tcmpcstadt' ~ vento, chu-
v.1 nu raio.
,\inio111l,ulu, !vlalfl11il1ofu ou }.,f11to11il111r/11 - Magia p,1ra o aprovel-
tJrl\l!:nto da al111u.
Conforme a nuture7..:i da aln1a • furte ou fraca · assim d vítima, até
1norrer, resiste 111ais ou 111.enus ternpo à doença, iniciílln1i:-nte carílcterizad,1
por um;:i mulez.u geral e f,1lta de apetite. A causa do rn.il não é sen.io o
ílCorrentainento da aln,a, gradualmente subindo dos pés ao pe5COÇO,
provocado pelo n1alehciador.
Com a ,norte, a alma, sempreagrithoada para nãosegui.ro.st'u dest:ino,
cutnpre então a tarefa de, junta1nente com óu.tras afins, trabalhar de noite
nu.m a lavoura. Findo o prazú da servidão, como que ern contrato, a alma t'
definitivamrtnte liberta.
A enfermidade, pouco acesS.ivel â adivinhação, s6 é curável d~
principie,, uma vez que o próprio sonl1e a causa, urgindo, para tal, banquetear
a5 almas desse cutiveiro, amarradas a um embandeiro.
Em caso de desconfiança de n,aio1nbolista no bairl"o, usa~se, con10
preventivo, comer, logo pela manhã, ou mesmo antes de sair do quarto,
u·m bocadinho de jindu.ngo coin sal, ol1 aplicar â roupa váríos alfinetes de
segurança. Este sortilégio· um dos mais terriveis ·éa especialidade dos
magos do A1nbriz, Ambrizete e Cabind<1.
M11bolo • Cinta m,ígica contendo pós e mais ingredienk•s, destinud,1 il
re,ilízação de muito negócio, l!Scapa1nenlo .'.l j1,.1stiça, COO$&Ução do ,,mor dt•
uma mulhl'r ou .:inul.imenlo de um lilíglo.
UM-<,t• a d ntt1r.1. SI.• um míll c.c;t/vcr pílr.i 1HJi..'\.'1it•r, ,1 tint,1 .,pt.·rt,1 t'lll .1, 1s..l.
l ~ . \ I tl.11 Hlfl.> 1 ,,

.\lufuc"11 Cinta n,,,gira cunlendo pós e mais ingrt"dientl'l>, d~t1n,1da .i


pn1tl'g-cr contril u n, malc1 icio.
ÜN.1•si.' no braço ou atada interiormente d roup11 .
.\lâ11d111a Magia protectora da fidelidade das consortes de caça-
dores e pescadores.
Fica t'nterrada no chão, junto à porta de entrada. Em caso de perfídia,
e-la, diac; após, derrama sangue pelo sexo, podendo morrer se nàoconfessaro
delito. Se a mulher, por efci10 de viuvez, novamente pretender consorciar-se,
deverá submt:ter-se a um tratamento ritual, para .inular a acção do sortilégio
(k:u!le11ga o 1ui111/n.111, como se dizem quimbundo).
Q11iansa - Magi.i qul" conCl"de a faculdade da imunidade ronlra
ferimentos, quer acidentais, quer por agressão.
Para tal, deverá o interessado passar sobre ,•idros. c<1tanas, l!tc.,
consoante o genero do privilégio.
Q11ile111ba - Pó mâgico avermelhndo SC"n·indo de t>fra-á1H1110. isto é. para
se conseguir de alguém o que é contrdri.11 ao !<eu desejo.
Na ocasião de '>t' nbtcr a prcten-:.ão, dei la-se, na ponta d.i língua. u.ma
pitada desse pó, invocando-St> o objc-clivo. ,\nll>s .la pessoa l.'m qu(':--t,'io, não
, ~ deve falar com n1tlis ninguén1. :\ salivaç.'io t.! cng<i!ida.
Qtúpa - rv1agia que cnnçedt: o t.Jculdodl' d.J metao1orfoseaçâo e d,1
transn1issão dl' ren1édjos Oll preventivos
O podL•r 9l1C l"l'side num,1 truui.inha ou cinta, us.1da ,l cinlur,1. L' ft'<;trilo,
M) se pndl'ndo nhler u L'l.lllCl's-.ão de um pri\ilé~iú: 111.1 para -.e tran-;forrn,•1r t'm
á~u 1a, l'm rola, l'm ).:ltan•, l'ffi c,'ill, en1 tll·lt>rminada árvore- Com ,1 tran,;mi.,s.lu,
1cL-<ll· o mesmo: 'óll St' podL· rén1t.'tt>r. para un1 uni..:o fim. aquilo que si.• prcll•ndt'.
rntn:tttnlo, 9ut'1l'l h,·t•r ,1 .inim11 lorlc. p,..xiL· adquirir vjriu•· dl-<;.st•-. d, m-..
Q11iz1111g!I Sortilégit1 dt..,linadn a Glusar um a,·idt•nte inclusivamentr,
dt• rnorr,•, ou ,, modihi..1r 11 ruN1 dr um assunto, nu, i\ind,1 . .i 1.jU\•l,r,tr '.lços
1601

d1: an1l7.adl•, mas ludo int.'SJ'."-'iad.unL'Tlli'


t:ono;htua um d1lS prlll:c<;~_,.,_ mai.o;. u~uab, pa;a "(.' m.:ilc-ticiar, quer
p,)r 1n\t.1a, 1JUl'i por \"ingança. Ao;...,im, -1uando Licorre um dl.'._a..,.tre. o ~,vo
logu munnura: {s<;0 e quiungol Foi um quiJ.ango qu,.. lhe pu-.eram, para
ao:1nh.'i."1•r istu!'
lrouxinha mágica cunlt•nd~• ingredienl:L•-. e penas dt'
dt.•lt.•rm1nada av.:, rt.•s-SJ.índo uma dl'Lls em 1eih,., dl• pendão.
Li5,1-<W dt.•baixo da e.una ou num canto J\l quarto. Serve para dar
durnín10 d \ unladt>: u que st> Jiz, cumpn'--.e ,:(."ln11, uma ord1:m, prevalf'Ct.'
c;ubre qualqut>r nutra tdt.-ia contraria dl' outn-in. Para a <:"J'icacia, ó "lOrli!cgio f.'
renovadú l1•mpor,1riament1• pelo quimbanda.
Cun,o s;iu a~ mulhert.--s qut.• matS us,un !'.etnelhanle encantamento,
dcvl;'m ela .. suieitur~se .i u.nla funi,..lo S1..•xual oon1 o ocull1st.:i.
Su11g(I Sortilt•gio ~-rue oca~iona um.l long.i e cruci.intc ponL1da,
urdinariamt!nte mortal num curlo t!1>paço dt.• ten1po.
O bruxt.--do, t.lUE;.' ~ en~rra numa ent.:ruztlhatla, é fundamentalmente
Cl111stituídu de do!"' objectos aguçadt.1,; - allinete<i, agulhas, pregos, pau7-lnhos
- di<ipoi:;tus em crm*
Tiifrl - Bnixcdo para roubar.
Usa-se co1n a int~rfefencia das almas.
Upulc - Magia que concede a faculdade da obtenção de detern'U.na-dos
privilégios.
Este gt?nero de sortilégio pertence aos ocultistas cuanhamas,
Xir:o. Magia para segurar ou preservar pes50a, cois.1 ou ritual.
Conforme a pretens,lo, as.">irn se Mlerra: ou o prim~iro ovo de un1.i
galinh.i, c1u o apodrecido no choco, ou o ovo de uma galinha-t.lo-mato, ou
urna p<.>dra, ou um cominho. O enterramento, efeLi\1<1du com m,1is .ilguns
prt•p.iros, C completado com uma invocação a~1 fim dl.!S<:'jadu.
ÔM· ~• Rttu,9.: tu.1'4,0

Ck xicoo de pedra • de "_ po;lffC..:nsWuf.'m ~agi, nh..11S1\ -L


X 1/1, A.lmofadi=."ia m-.i-~ :pw 1! leibe=.lttl US/ilJ.. ,1 L :itura. idtin.1~1,11
,1 pn!Veni•,:111., .:r.1 qu.al~ nta:I
1

'

ELUCIDÁRIO
(Extraido do Diciouário de Rrgio,uilis,nos Angolanos, a sair brevemente.
Conforme a extensão da definiçiio dos vocábulos, t,> a sua reprodução total
ou parcial. E como é de carácter enciclopédico, englobando numera~as
transcrições, não incluímos n~nhuma des~ ilustrações, a fim de não alon•
garrnos os presentes esclarecimentos.)
1 I,:; 'A• ffrll.41 1, 1 WPll

ABRE\'IATURAS EMPREGUES

Abrev. abrt•via\·âo
Adap. JdJ ptJçi10

Adap. do quimb. .:idaptai;ão Jo ~1uimbundo.


Adap. ou Adaps. do vemác. adaptação ou ad.:iptoçõe~ do vemáculo.
Adap. pare. adaptação parcial.
Adv. advérbio.
Aport. do quin1b. aportuguesamento do ciuimbundo.
Bras. brasileiro (seu eciuivalente).
Deprec. depreciativo.
Deli. de$usado.
Oeturp. deturpação, dt!turpado.
Detu.rp. do quimb. deturpação do quimbundo.
Detu.rp. do 1. multirreg. deturpação do termo multiiTegionaJ.
Encicl. enciclopédico.
Ex. exemplo1 exemplificado.
Fig. figurado.
F. port. formação portuguesa.
F. qui1nb. fom,ação quimbundo.
Fus. da e.'Cpres. quimb. fusão da. expressão quimbundo.
Fus. do qu.imb. fusão do quin1bw1do.
Gír. g,na
lmpr. in1próprio.
lnterj. interjt'içà0.
lrón.
Loc. locução. 1... s. f. l<icuçào subst,1ntiva f;,,•rninin.l.
l~s.f. loi.·uç3u ~uh-,t.:intivil tt1 rnínin.1
L. v. locuçào verbal.
Pare. parcial.
P. ext. por ex.tensão.
PI. plural
PI. híbr. plu.ral híbrido.
Port. aquin,b. português aquimbundado.
Ref. referência, referindo.
Relig. religlào.
Restr. restritivo,
Result. resultando. resultante.
Sd. sendo.
Sent. reg. sentido regional
s. (. substantivo fen1inino.
S. m. sub!':otanlivo masculino.
S.m.ef. substantivo mao:;cu.l ino e femirúno.
Tv. talvez.
To. também.
T. bras. termo bra~ileiro.
T. multirreg. termo multirregional (usado cm vária~ regiões).
T. port. ti;-rmo portugut"•s.
T. quimb. lermo qui n1bundo.
T. quintb. e nhan. termo l1u11nbundo lº nhunera.
T. reg. tcrmri ~g1onal.
·r.vemac. ou Ts. vem,1cs. termo \'l'm<lc:ulo ou termo!> "·i:rnàct1 los.
u,. usJdo.
V.
V. de.r. vert,\1 deti\'Jdo.
V. inir. \'t·rbô 1nl ransi1 ivo.
106 1

V. r. verbo relll- ,o.


V. IT, V(•rbo lfitO!".llivo.
Vern,,c. ou Vem.ics. \'ern1h:ulo uu v1tm.iro1'111.
V, voe. ou voes. v<."r vocábulo nu voc;ibulos.
• ~ indicativo de que 1,.\S i::aracleres ilpresentado::. não foram €.'>:traídos
dil obra orienladora ~ Nu111é:; flu/ige11n.~ d!! f-1/1111/as dt• A11golfl visto o nome
da planta lá ndo figurar, t1u, figurando, apt.>nas ,ncncionar a designação
bot,lnica, cuja obra consta da bibl!ografia consu.Jtada.
- indicativo de repetição do vocábulo.

Abrir a cabeça, 1. v. Iniciar alguém no exercicio da possessão de


n1uculo. Subn1eter um iniciante ao ritual de incorporação dessa entidade
espiritual.
Adap. do quimb. k11juk11l11 a 1n!llue.
Abrir o terreiro, 1. v. Truçar no chão, antes de se inici<1r um ritual, a
preliminar cntL a pemba e ucusso.
Adap. cto quimb. k19uk11/11 o dlka11gn.
Aiué ou Aiuê, interj. (déslgnativa dé dor ou embevecimento) Ai! Ui 1
T. qui mb. V. der.: K1d11in (arder). Alusão à intensidade do sentir.
Alembamenlo, s. m. Tributo de honra prestado pelo noivo à familia
da noiva. Dote. O 1nesmo que ca111a/011go, entre os Quicongos.
Embora baseado nos 010Jdes do uso cornun1, é estipul,1d~1 p,,.los dit~°k.'<
parentt.>s.
A~>rt. do quin1b. ilêrnb11, rl'su1l. de k11/én1/,,1.
Alheio, .idj, Al(•n1 do 'n•ntido proprio, tnmbl•n1 l''rriTill' .it.•\·t1\·iJadt•
ou t'flfll'lidt•rd~•1•1 pt.•lu poil'iUidnr.
1 167

Ad ap. d o V('mJ.c.
Amigar-se, v. r. Unir-se conjugaln1ente por L:iços ilegitimos. Amance-
1 bar*!;t". P. e)Ct. Malrimoni.ir~se (seg. o direito consuetudinário dos aborígenes).
O povo, em sua simplificação, omite o pronome se + fenómeno que
ocorre em todos os verbos de acção reflexa ou reciproca.
De au,igo.
' Andua, s. f. Ave de plumagem tirante à do papagaio, m.is de olhos
vermelhos e corpulência um pouco maior. Musófago.
As penas das asas e da cauda possuem larga aplicação em umbanda.
São ordinariamente vendidas aos pedacinhos pela<; quitandeiras das espe-
cialidades rituais.
Aport. do quimb. nd1111.

Au á ou A u ã, interj. (designativa de desdén1, enfado, desconsolação)


Oh! Oral Tenha juizol Qut> maçad,1! Nem pensar nisso! Debalde! Em v.io!
T quimb. V. dt>r.: Kru,111111 (apupar).
Azeite de palma, 1. s. m. Ólt'O extra.ido da palml"ira-dendl· (ou dtmdém).
f port

Baco, s. n1. e f ressoa ou .inimol que nào procri,1. Ad1. un,f F.stl'ril.
Octurp. do quimb. nrb11k11. rl-sult. dl' kubaka (,1rrecadar). ,\lusào a
relcnç.'to do so?mrn.
Oal'l.1 (ê), s. t. rann de !ã Íl'lpudn e não pi"'l.'1t1do.
Scndn rncarnad,1, sen-·e para hn:ilit.1r ,10 teitict>iro a morte dt' al~uém.
b,1.,,,1ndn•lhe olL'fl'<L'r um tiCI .'ls mi~~ndon.1• ~p1ritos tute\an>s dt115a

pn.•,oa Se t<•rl•m t•scn1pulv~ml'nll' cul\uatl,l!t St'gl.lnd(l ttS m11ndilmt•nhlS \l,1


rrli}t1,l11, ci n,all•hcio n.'io truli111.:a.
IN.-,~1•.11.I.
'"' 1

~., 1nl'l1rpur,11;,lo dl' al1-;uns c.1lundu-. - 'tl.'n.•-. l•~p1ntu.iJ.,,; 1•vuluídus


tl~ l\~1l1nb.ind,1s L' \:inguíl.:1dllt\''i al·nbt!rl.irn•~' i;ob um pano dl'S~' tecido,
i3ph.:.ido ,\ n,anPir.i dt.> cap,1. Conforme us e~p/ritos lJUt.' al'lu<1r(•n1, i1s.,.;1m v,1ri,1
J l\lr ._t,1 l;,,11;'l.t: '-'ncan,,1da. para Mutakalombo - l'ntldade t....,piritua/ da laun.a
aqu.itic.1; e ,uul, para Mutanjinji - l'ntidade espiritual da faun,1 t<'ír(.~ltl'.
P,1r,1 kúku Muk.ita L' Muk1ta a Suk.u - entidades espirituais da d1:ménda
l"n1prega1n zuarte.
T port.
Balâ ou Balà, s. m. Raiz dL' d andá (('yperus rotundus var. e!ongatus Ridl).
E arom<1tica, de propriedades medicinai::;, semelhando o gengibre.
Alé1n dl) seu emprego na medicina popular, também é utilizada l;'m un1banda.
Deturp. do quilnb. n1b11/r1. result. de ku/111/11 (cavar). Alusão à extra1:ção.
Bamba, s. f. Bastão. Bengala. Vara para açoitar. Chicote.
Oeturp. do quimb. n1bfi1uh11.
Bamba-hurihúri (Aphania golungensis H.iem) s. f. Planta arbustiva
medicinal.
Encicl. - Seu fruto é come:;tível. As folhas, depois de secas e triturada!>.
são utilizadas no tratamento de determinadas en fern, idade:; ou deformidadl>s
sexuais, quer por ingestão, quer por empoamento. A infusão da raiz, de
mistura com gra1na e dendo, bebida com frequência, e a sua 'lE'rtadura.
friccionada uma vez ao dia nas articulações, constituíam antigamente
principal medicação da icterícia
Deturp. do 9uimb. 111bn111bíl·lu1rihúri.
MbangeJa dJa Ngombo, (Banguel<1 Diíl Combo), 1. s. 1n. L-.p1ntü lllll' 1
..._,b a dt>p<.>ndi-ncia de Ngornbo, intl'rprl•t.i II lingu.Jgem dt• :.thls ,1d 1\11Ul.11,i"--':!..
de difLC"II comprt'\.•nsao. Aulti!i.1r dl' N~1,n,b(I.
Na po~~ào • &1:gundn .i rrcn..;;1 pupulilr Mbuni,:t·l.i .1,·tua 1~,i;i., .1~
• ret1r .Jd ,1 d" N gombo' 1·.n1 ilO, u1"!!\'\'fld ,1 ,l>. hU,li r,1 l,1 \' r .,.. l'l llim..'tti, J,
1 l l,'J

8.1nz.e, s. • 1. Bollnh11 1nàglca CQntendo pós de detérminada'> folhas,


u~da ('tllre a l-ochecha e a g~ngivu.
Opera-se com o penSilmento. Quer dizer: quando se fala com ciuem se
descia influir no csp1rito, o interessado, murtido da tal bolinha, interiormente
d(lmina essa pessoa com o pensamento. E tudo se obtém misteriosamente:
as portas abrem-se oom um sopro, consegue-se a posse de uma mulher ,;em
ela dar por i~so, etc.
Para o aguçamento do don,inio sobre a tnulher, o praticanle deve
inlciar-se com um incesto.
Deturp. do quimb. 111bá11-z.e, result. de lo1l1«11:.el« (pensar cm). Alusão ao
modo de emprego.
Batata-doce (Ipamoea batatas Polr), s. t. E:r,la planta bem conhecida,
originária pro,·avelmente da An1t'rica. introduzida na Furopa antes da bala ta
comum, é cultivada por todo o país. principaln1cntc pari! o co1tsun10 dt'I
indígena. em variedades vem1elha, amarela e branca. Rrns. Jetica. MunJ1.ita.
Encicl. - Cozida ou a~sada, pode ,1companhar peixe frito ou o1s'-<1do. Co-
mida rom Jingub.:i torrada ou rum quitaba, «mstitui petiS<Jueira dt' mert.>nda. E
frita à.,; rodelas, p<>lvllhada de açucare canela. <:cil11e,,w...i dt• e<-Íl'ra n1ais elevada.
T. pl.:lrt.
Batuque,!>. m. DE'signaçâo gcnL'rica dJ!- danç.u; africana,;. Divcrliml·nln
cnm acompanhament,;, dl' tumbor ou de qualquer outro ob1ecto funcion.-indo
,orno tal. Rancho carndvalesco fitmizado por scmt.'lhantc 1n.slrumento.
{l m1;smo qut' /1at11,:,11la. P ex!. Tan1bor regional. Bra>:,. \Amazóni.i e R. (J.
5.) Ct•ntni dt' rehgiilo africana. ~1odalidade do candc1mbll~ baiano, nu da
n1acun1b1:1 t:ariow, uu dn 'll,1ngii pt>rnambucano.
l'us. dl•turp. di! e.\pn:ts. qu1mb. bu atuka {undt• ses.1lt<1 ou se pinOtl•i.-i),
Uemb.1, s. 1. Avt• dl· rapina semL•lhantl' à 1guí,1, m.1~ dl' ph1m,ISt'!ll
:i'l~a ,. pn•t..1. Açor E u\·1da dl' dendt\
1 \l 1 11,.. A• f(Jll4' lf'INIIO

l\:turp. do quin1h. 111/1i:111h,1. rcsult. de- krtbc;111/1a (,11>St1i1rJ. Alu.,,ir, do


gr,1:-.n,1r.
Bombó llU Bontbó, s. rn. Jl.1and1oco t~rmentod,1.
C.\1n1e-sc ass.1do, aoon1p.1nhando ~1u.iltJUL'r .11in1C'nln, sobn:tu<lu pe1M·
frit~1 ou as.'iildo. Co1n iinguba t1.1rrada ou mel, consl.itui p{'lÍSl.}Ul?ir.i <le mt'renda.
Apurt. do quimb. rr1bô111/1i:,, resull. de k11rr1bill11/nz (pingarJ. Alusão ao
~h:?ito da demolha dn tubérculo.
Bún,bi, s. m. i"lérnia. Quebradura. Luc. A11d11r co111a tf/11! 1iflito ((1111 -
anJ.ir devagar. [$f!4'1J/t11do conio que ~a ido de - : mui lo metediço na vida alheia .
•"'Jv . No olho! Nes:.a não vou eu! Oras. Rengue.
Segundo (IR aborígene!;;, a hérnia resulta da penetração de lombrigas no
escroto. Se-o mal for originado pelas miondonas, a medicina africa11a debela-o
facilmente. Mas se a causa for diferente, a enfermidade é incurável.
Deturp. do qui1nb. 111b11111bi, result. de k11111bun1b«nu111n (avoluinar-se).
Bungulação, s. f. ou 8U11gulamento, s. m. Acto ou efeito de bungular.
DearnbulaçÃo pern.icios<1 de feiticeiro.
De burigular.
Bungu1ar, v. intr. Saracotear~se (o feiticeiro), ora roçando as nádegas no
ch.'ío, ora na parede de uma casa, emitindo rouquidos de bode espremendo-
-se - movimentação que executa ju11to da casa a maleficiar.
Aport. do quimb. kuQ1111g11/a.

Cabaça, s. f. Fn1to de un)a planta cucurbit'iiceu, o qual, depoi-; Je


,e.,, l' e.-.traidil& as -.ernenlL'!;, St> uti!i~a con,o r1..-cipit!nl\'. i;ubn.>tudi1 r.1r,1
c.,rrt•l.tni,•nto <ll' ,iKua t• lt>rn1ent • ~<lo Je b,.-bidas. 11,1-t"IS l'lll l\~tmatu dL·
pl•ra ou dl· t·uth, ..ik·,1111;,1ndu diven,n\l lJ111,1nlins. l~n1bé111 "L' L·tnpr1·g,tnl n,a
, ~ ... -..... 11 ••, •• f ,,,

M1f'l'1l.,·Jo dt> in-;tn1n1t•nlns music!li!'.. Rt•levados t·om de'>f_•nhr~ váno<;,


m,lt1\.,1m "bÍt'\:lo:-. de nm.ito.
Embora con-.titulndo uma abúbora, não i;t;'rvf' para a illimcntaçà<1, em
vhtudl' de am,1rgar. Apenas 'iUdb sein('nlcs se aproveit;im. Ma5 dt'!>Cél~d,;15.
T pnrt.
Cabanda, s. m. e f. O que aprende umbanda. Auxiliar de quimbanda.
l'ig. Secretário. ;-\djunto.
T. quimb. de ka (inferioridade) + kubâ11d11 (desvendar). Alusão â inci-
..
paenc,a.
Cabela (é ou ê) (Xylopia aethiopica (Duvul), A. Rich.J s. f Arvore de
folha _persistente atingindo 30 m.
Encid. - Sua semente, adicionada às do pepc e oobongo, utiliza-se no
debelan1enlo de várias e1úermidad es: en, dores de c,1beça e de ouvido, esfrega·
-se a serradura, obtida por fraccionamcnto numa pedra humedecida de água
ou vinagre, na testa, fontes e faces, bem ainda, segundo as circunstância<.,
nas fossas nasais e concavidades das orelhas: e em inílan,açã(I dl) baço.
reumatismo e giba, fomentam-se as regiüe,; afcctadas com um unguento
dt-ss.a mesma serradura, agora fabricada ~~r trituração, pl'IO que se lh;z
mini,;tril a1:eile de palma ou de oliveira
T. quin1b. de kub~·lci«:fa; ser mole. Alllsão à con!'.istênciu da n1ilde.i.ra.
Cacimba, s. f. Pui_"O. ('.i1,tema
Aport. do <p.úmb. kixinw. result. dl· k11.ri111,11n (C!óbt1rnrar com pau aguçado).
Cacusso, s. m. (Jéncro dl· pci\C da fa1nili.1 dns Pt\rcidds, dt• qut." 1,.•xish.•m
du,1s variedildl>&: umo do rio, nutra do rnar. r~•rca
J '-lt> peixP, ~-•cn ou a ...sado, c,,nshtui um rh,s ii;r,1ndt-s nc~óci11-. dJ
4,1it.1nd ,•ir,, n,1hvo, r~pl·ti,1lml•nh• dt• luJ11l1i.l.
Apor! e.ln quimh. kiktr~II. rl~ull. dl' l,,·,iku.,t1k,i (t-et cncan1,\\lt1). ,\lu-..1\•
('~ ,!, ,r,1i_,1n.
I':'! 1 1 1:,, AII llJI.U' 11.u·,w 1
1

Caju, s. n,. Pcdúnculll do Jruto do c,ljueiro.


F ,.imudo, sun1awnto, l.irgan11.:•rite utilizado n.1 aliml•ntação. l:Jlt."Ontra-se
n.l l•,tl'l.•n1idad~ oposta à do guU10, tonstituindu uma c.u;tunh,1 l}Uf', dt'poi!\ dL·
,l:,..-;.1d.i, gostosamente se come Com su1no, d!.! propriedades n1L->dicinais, fabnc,1-
-se o vinho dl• caju, ou, tipicamente, maluvo ou malufo. l{epresenta ele brinde
de apruço na inrorpor<1ção do alembamcnto. No Brasil onde a ~-ua indústria 6E.'
adia bastante desenvolvida, preparam-!ie deliciosos refrigerantes.
l. bra<:.
Cajueiro (Anacardium occidentaJe Linn.), s. m. Frondosa árvore t<'re-
bintáce.:i, oriw1da do Brasil. O pseudLrfruto, conlido meio verde, en1prega-se no
tratamento da diarreia, mesn10 de sangue. Para u:iêntico fu11, oras en1 clister, a
maceração tlu o cozin1ento da casca do aiu1e. E do caule seco, convenientemente
carbonizado e pulverizado, obtêm-se un1 denti.fricio macio.
Dt!: ct1iu,
Calundu, s. m. Espírito de elevada hierarquia e evolução. Loc. S11birer11
Ol:i à ,:abeç11; ficar excitado (por efeito de irritação). Bras, Orixá. (V. Pedra.)
Os calundus representam aln,as de pessoas que viveram em época
remota, numa distância de séculos. Podem ser: medicantes, justiceiros
e protectores. E consoante a longa idade que atingiram, distinguem-se: o
diculo, que é ancião: e o dic1il11nd1111do, que é ancião de mais avançada idade.
Transndtem-se por herança, principalmente pelo ramo nli'ltemo. Ma.,;
só através de rito evocatôrio, constituindo a renitência de urna enfertnidade
a manifestação de seu desejo de posse medilmica. Portanto, actuun1 no..,;;
vi,·entes, deles fazendo seu instrumento de ,1ctividad1:1, quer falando, qut'r
agindo. Formam uma família espiritual em relação ao seu paciente.
Aport. do quimb. kí/rnrtJ1/, resull. de ku!11111/n/11 {herdor). ;\lu~,ll) ,10 n10--
do dl' tran~missão.
Can.Lumbi, s, m. A!m.-i do outro ITillnclll. Dut•ndt>.
Fn1bor<1 incom•cta, gcnerallzou-se a forma cnz11111/1i .
..\p,,Jrt. do quimb. 11;;,fl111b1, result. dekuz.u1ubikti (importunar, pcr!,(_,gu1 r).
' ,\lus..lo ,1s su<1s frequente!': ,;olicitações ou vingativas n1o!estaçôes por maie!'.
sofridos em vida.
1
Capim, s. n1. Designação generica de várias granlineas e cipe.ráceas,
ordinariamente forraginosas. Erva. Relva.
' Inversamente ao que acontece em Portugal, e este o nome que toda a
gente emprega. De modo diferente, constitui uma espécie de preciosismo.

' T. bras.

' Catulo, s. m. Medi um (em relação ao espírito).

' Opõe-se a .1i11,~rúludnr, qut;.> o é em relação aos viventes.


T. quimb. de k11tur1/a: cont.ir, re\•elar.
Cobra-cu spideira, s. f. Serpente dl'lg_ada de cerca de l.20 m de
co1.nprimento, cor preta no dor.io e branca no peito e ventrf.', CUJd defesa
con:<.i~te em e),pelir, p.ira os {)lhos de quem dela se aprCl,imor, uma ~crt.-ção
peçonhl'nta.
T. port
Coco (ô), s, m. Fruto Li{) coqut-iro. Fruto !'l'CO du caf~. Rl'<ipit.•nt,• fcill•
com o rl.'Vl's-timcnto interior daqul•le fruto, Je,.tinado a tins ,·àril1~. E-;frt');:ilO
' de (h;io, feito da metade de!-"-l' lruto. Ll'1c Cu/lff.11' ,f1• 1beça r.1pada. CnntoT
1f,1 ap,1nhilr la reia.
T port.
Cola, ~- t. Fruto d.i cole.iJa, s;emí'lhanlL' à noz. dl• prorril'd,1des
ml•dicinaii r 1·,t Brinde. l"lád1\·,1_ Bras. Nangonc .I\Jut-dc1,jt>nd1a. Noz-do-
,ud,in. ()b..•rne. L1bi nu oubi O!nbô.
D,1doo.....-u P4kier 11,ni11c;1nte. p<~i e-lefn1to l,1rgot'Tnprein subr,•!ud(,
1 pi-1,lS mu Jht.'n•~ d1· Luand,1. \·om,1 rt.'COr'l!,tÍhJinte n1alindl F. tng--ridn, logo apos
, h1gh:1,t d,1 hc'JC,1, 1unt,1ml•nt,· 111m gi.-nJ;il:>re • r.ii1 t,1mhf-m ml"i.1i ~1mmlt'IS.l t•
l 4

n1.i1~ lJU,1lqul'I' 1.l.1,- !i\'~uintt·-~ bt>bid ..u;: iJ1Jitl1to, 1n,1luvo, vinlhl br,1n1.lt, ft'l'opig.i,
v I r\1111--.i b.11 ,1d\l.
l) t'i.\njunto - CT)la, g~ngibre (,' 9l11lc1lo - rnn~titul tnirnu ..n brlndt•, ,1u1.·r
à vh;it,,s d1.• ,,miga,'! ou çri.itLtrilS de respeitabilidode, quer n.1 fl'tt•pção Jas
rnissas de sufr.igio, ondl', pt'lti seu alto ,1proço, j.imilis (a.Ira. Daqui, o ~•ntido
l'\.tcnsi vo d!! brini1r. d1uliv11.
·r porl.
Coleira, (Cola acun1inata (13eauv.), s. f. Scllo/1 & I:11d/). Arvore erecta
Jhngindo 25 m, de folha persistente, densamente copada e porte sen,elhM\-
tc ao da n1angue.ira, conl mau cheiro na época da íloração.
De t·ol11.
Con1e:r, v. tr. Alastrar. Alimentnr. Burlar. Cegar. Devastar. Dizimar.
Esgotar Gastar. Matar. Possuir sexu[llmente. Pr~judicar Provar.
Adap. do vernác.
Companheiro, s. n1. Consorte (em união por mancebia). O que, sem
ser por casamento, vive maritalmente com uma n1uU,er. Amante.
T. port.
Comprar a cabeça, 1. v. [.mpedir (o quimbanda) qlle alguém, jã iniciado
na med.iunidade, mas que, por acanhamento, não deseja segu.ir tal prática, sofra
as ndturais induções. Desobrigar-se {un1 observante) da influência mediúnica.
Adap. do quimb. k1Js11111ba o 1111/tue.
Conversa, s. f. Assunto. Novidade. Episódio. Cena. Conflito. Questão.
Sarilho. Peripécia. Enredo. Trama. Zanga, M.ígoa. Loc. Ser de- s: ser chicancin.,,
provocador ou conflituoso.
Adap. do vernác.
Coqueiro (Coco!, nuc1fera Linn.), s. 111. Var1o.'d.1dl' dl• palrnt•1ra.
F.nl.ic!. (: urig1n.1r10 da Mul.isid Possuiu ruiz proprit•d,1dt•s, n1t•d11.:ina1-.
S-Ua 1nfus.ã1, ,~ l'mprt-gaJJ n•• lrilt111111•nlll das vi;1-1 unn.in.1:,1.. p,1rt1cul.arm,-n!t•

••

n,, l•l1m1t'la\-.il' da pedr,1 Simpl<'S uu n,isturadJ com outras ra1zes, tamb<'m


scr..,t.• para o dcbc.•lilmCnto da tuberculose.
[),e, (tl(ll.

Cubamento, s. m. PragueiamC'nto. Jmprecoção. ProtL>staçâo às entida-


des espirituais. M.tldição.
De c11bar.
Cubar, v. tr. Rogar pragas (geralmente batendo as mãos no chão,
ou espalm;ados para a .frente, encostadas a par, nlantidas em alçamento).
Imprecar. Amaldiçoar.
Para maior eficácia, o esconjuro deve ser feito, ou em lugar consagrado a
ídolos, ou em igreja, ou em cemitério, ou em caminhos,. ,;obro tudo encru7iJhadas.

' Aporl do quimb. k11k1<ha.


Cuco, s. ,n. Tíhilo honorifico concedido ao rég,.1\0 de tribos. quim-
bundos. Alteza. P. ext. ·rrata.mento respeitoso dado a anciãos. O mesmo que
l ltan1/ia, entre algumas populações do Sudoeste.
1 T. qu1mb.
Cuozar (õ), v. lr. Triturar (geralmente p~daçu de caule uu rílv),
friccionando nun,íl pedra. Reduzir a pó, pi1r meio de- ~frcgomt>nto.
' E-;te proce~,;o é utilizado nil pn:pJraçãt'I dt! m1,,>dícamento" ou de
produtos con:-.:tgrad(I', à umbanda. F,.n1 certos ca~. (1 pó lilmbém poJl' St?r
lll:itido dt> uma pi..--dra. CoT\SC'(fuentemenlt'. trii..i:iclnando-St.• pt-dra com p,..•dra.
Apor!. do tJuimb. k11r,za

O.ict1ll' ,.1u Oâcale (Ct1mml·lin,1 1,,._.nghalen~is l..), s. m. f;r,.·a .tnu,11


ddu•~1, n1.1i1 ,1u 11n·nt1~ pt.·lud.i, r.iul1·~ pn1~tro1dos.. ranlih1.,11:lus, a~(t'nd•'nh-
ltl• IU .i 81) L·tn, (111n r,1minhu-. .. ubtt!rr,Ínl'll,'>, pruúu.tindo ílorl-'S l·]1•1.,111~.i1n1-
r,1" l' tn1lu., ~r,1ndt•.,
l>l·lu rp. dl) qui.n,b. 11dakal1· 1csult dL• J 11kr1fak11sa (':>l.'r ,1.,p1.•ro). AJu.,,lo à
pt.•lu~t1 n1.
Dando, s. n,. Estc-1r,1 L'Lt luandll onde, t'n·1 novit.·1.idu Jo dt?!ót.•n\lolv1-
n1entl) mcdiunlco, os pacient~s solrt>m a pusses...io.
Deturp. do quimb. t1d,111du. resuh. de kuln11d11/11 {advir). Alu<..io il pus-
..... _,,.,."'º.
"""'
Dar a dua, 1. \·_ Segrt•gar pelo nariz {o L'ad.iver de mediuin), atra\.·I:'-~ dl'
um ritual dl' po!,;,.c;(!Ssões, uma matJria sanguinolenta. (V. D11n.)
AJap. do quimb. ku/,111111 o udu11.
Dar de beber às ze,mbas, !. v. En1beber as un1bas em sangue (&e a
prL,pil..'.iação ocorrer por ocasião de um sacrifício), ou numa mistura de vinho
com n1el (Sl' .i propiciação ocorrer pelo noviltini~J).
Essa propiciação visa a 1na.nter os seres espirituais cultuados cm boa
harmonia. Con~quentenlente, para se alcançar a sua graça, quer dando
saúde, quer afastando ,1lgum mal evenhtal, 9uer, enfim, velando pela n1archa
do& acontecimentos pessoais e fam.iliares.
1\dap. do qutmb. k1111uisn o jirrzên1ha.
Deitar fora os calundus, 1. v. Afugentar os seres espirituais a cultu;:ir, por
efeito de inobSt'rvãnc.ia, durante a iniciação de mediunidade, da contintinda e
n.~l)t!ctiva formalidade de sua quebra. En1 conS(.'quêJ,cia de tal desrespeito, ,1s
dita-'> entidade~, por ciún,e, provocam ao noviço enfermidades e azare-.
Adap. do quimb. kutt•xi o ili.11do.
Ndele (dêle), s. m. Alma de pessoa falecida numa l'poca n.lo ""'1...tl.ir.
Alma do outro mundo. Duende. Fantni;ma.
E!,ll' vix-.Jbulo • sinónin10 dt• 11zli1nb, • I.' n1a1s u1;,1do na rt-gi.111 dl• 1 u.1nd.i.
T. ljUilnb., T(•sull. i.l<.> ku/1•/uka {tt1rn.1r•S(' ll'\'l'). Alus,'11• '1 i1n.,h·n,diJ.tJe.
177

L)endC nu Oendé1n, :;. m. Fruto de cerh1s variedades dl' palml·ira.


r dC'lt• qut.' M' ('li trai o a?.\!ite dt.' palma - ô condlmento básico da culin.lria
tradicional d~ grande parte d.i população angolana. Cozido ou assado, o
dt'ndê o..1m\o.se como petisqueira. Sua an,llndoa, designada por cnconote, é
ig\lJ.lmente saboreada.
Aport. do quin1b. ndênrle, result. de kulendn (ser maleável). 1\lusão à.
natureza do fruto.
Ilendo (Oiospyros dendo Welw.t s, n1. Arbusto ou árvore atingindo
9 m ou ainda mais; tronco cüindrico de 30 o 40 cm de diâmetro; folhas de 5
a 14 cm por 2,5 a 5 cm, elíptico-oblongas, obtusamente ;;icuminad,is na base,
cotiá<:eas ou submembra.nosas, lustrosas, glabrescentcs ou pubcrulentas na
ner\'ura medi3l'la em ambos os lados; fruto sobesJé.rico, de9 mm de diâmetro
e de um roxo escuro na maturaçáo, contendo duas se.n1cntes sub-he.nlis-
féricas de 0,5 cn1 de diâmetro.
E:ncicL - Sua rnadeira, de cor preta, é utilizada em marcenaria. A r..ii,.
de propriedades medicinais, emprega-se, de mi!'ltura CQ1n a do bulututo, no
tratamento da biliosa, icterfcia e impaludismo. Para lnl, pr<1tica-se a maceração
ou a de.:::ocção, cujo produto se usu con10 bebido nütu ruL ou, ainda, co11forn1l'
as circunstâncivs, tambérn cm clisteres l~ !.,anhos. E ,1~ folhr1s. esmilgadJs,
constituem um excelenti: l'mplastro p,ira pontadas.
Deturp. do quirnb. 111/t'udu.
Oibeca (é ou ê), s. f, Manto que o n1édium L'11V\'rga t>m determinada~
posSCs!>()e<1. PI. híbr .. mabetil'i.
·r. 9uimb. dr F..11/irkn: atrair. Alu~io ao!> ('Splr1tos.
Dibo (C:vperui'. papyrus l.), s. n,. Erva glabra. ,19ui1tira, ctin1 l1 .. ish.•1na

r11c,1n,tlo~1 t'sta~•il1n,lrio. t,:()ll<,liluind(1 forn1a\-lll..'s d(' ·1t•rr1Jic• .·11/1ll,-?:1t•r t'lt

t'ln tul!J, ílutu,1t1!l'!, 11.'.I., l,1gnil~. r,1ules lri~u1lill!ó ou roliços. pt'rsi-.;\\'!lll'~


t!~t'· h1!'t, c.lt• Z, i; n, a 4 1n.
·"

l·nl'il'I • l llln 11-1 c.1ul1.:s, n,,u,utul·tur,11n•st.• o!i lu.inJu .. A t•spé(ii• d1•


r
t~lt•1 r il" llUl" 'ót..' l'nn 11,111, nu ~ent iUo d~ IJ r~u r,1. n1 t l' rl:..1,-; ,i fl't1s, cun10 M J!.tn!t',
l.11n~•1n ..,_, l,1brir,11n l''-lt•ir..i-.. Mil"i dc.sn1iol.1ndu-•,1: ,:i-, Vrlft:tas.
1. quimb t> t1uii.:.
Oibonzo, ~- n,. Agu;:i IL1slr,1I. r\pklti.ldur dt• n1,1lcs. l"I. híbr. · mal"W1nt:('!l.
l)c-;tin,1•st' a t?let1n:i:smos p<1ra cxpuls;10 de- illnhlS malfazl..'jas. Ordi-
n.1ria1nt•nt~, ~ ,:oniposto dL' ,Íf!;Ua i:> restos de bebidil íermcntadc1 de milhu,
cspei:ificamente dc-,;ign<1dos por qr1/foto-e•11111/111>ll. Conforme o ritual, as!>im
'-t' lhe adicionam outros ingredientes. lnv~rs.,n,ente ao que se pratica com
o dicosso, que ~ aplico 110 Cúrpo do pacient~, o dibonzo esparge-se pela
casa.
T. quimb. de k11/xi11zf1: hissopar, benzer.
Oicanga, :;, f. Terreiro. P ext. A$,-:;embleia judicial ou cerimonial
religio:.o, ef~uados em chão livre. Pl. híbr.: macangas.
T. quimb.
Oicanga-d os-calundus, s. f. ·1erreiro onde se efectua umc:1 dissaquela.
Local onde St! executa um ritual de evocação de espíritos. PL hfbr.: macangas·
-dos-Cdlw1dus.
Em preci.s..'io vocabular, exprime: tenciro-dos-espinlos.
Adap. do quimb. dikanga-din-ilundo.
Dican za, s. f Espêcie de chocalho de bordão, de cerca de um mt'tro
de comprimento. Bra~. Can.zá. Cnracaxó.. Ganzá. Qucroque\:.i. Reo.l-n.'Co.
Reque-rl.,que. PI. hibr.: macanzas.
E tr.insver'-<1lm~nte sulcada a todo o comprirnento, ~11du oc.1 .l partt•
ce-ntral. pelo t]Uf! ~ talha uma ubertura na facl' posterior r,.1,1nt•ja-,,._• F":lu
, trito de umd vara lielgada.
f _,1ul111b. dl' k11i·1J11z111111: vaguear 1\lu~it1 d n,o,- lnu·nt.1\·.\11 Jo artu
l)i<M&O (ó}, s, m A~u,1 tu~1r.1I 1'11tuir,1J,1r dt• n1,1k•s. 14 hilir m.K\'lSa.lS.
,,.

I÷shnu-...e tt e,orclsm0$ de limpl'!7.a rsrquica. Ordinariamcnle, '5


c·on-,tituido de água, vinho e restos de bebida fermentada de milho, especi-
ficamente designados por q111/oto-e-111n/11vo. Corúorn1e o ritual, assim se lhe
a~1ilionam folhas de dete.rminad,1s plantas ou !aços de mateba. Inversamente
ao que se pratica com o dibollZO, que~ esparge pela casa, o dicosso apl ic,1-se
nu corpo do paciente.
Dicosso-das-almas, s. m. Dicosso utilizado e1n possessão de .11Ina~-
Agua lustral destinada a ritu<1is de evocação de alm11s. PI. hibr.; macossos-
·das-almas.
Compõe-se de. âgua, vínhó, quitoto-e-malu,·n e folhas-da11-aln1as cm
tragmentos.
Adap. do quimb. dikoso-dia-1111dt·li'.
Dicosso-dos-calundus, s. n\. Oiros:.o utili?ado n.u. dissaquela.'i. Agua
lustral deshnada ao ritual d~ e,·ocaç,lo dl." e.p1rtto.:., ri. hibr., n1il~'tl'-<\(.lVdl1,;.
calundus.
Compõc-sc de àgi.n:i. vinho, quiloto-e-maluvo e> tolhus fra~cnludai,
dediololCI e dHúmbah.• Fica contido num pratonnvo, pre,,i,1ml·ntt• a..sinalado
ctJm um.i cru;, .i ~mba e ucuo;-;n, f:m ~'-<lo ,-Je Ngomb11. aind,1 se lhe
.1diclon;1m iolhas pulverizada'- de gul,a·idtua e !,1\n!I de matl•b,1
Este preparado seri.·c para élplacar as 1ncorporaçOl,•s. snbretudll da-J
l!lltid,1d1....; br.i,·a~. Para o l'tcito. n <1uxiliat do ü'lebranl,i, ,i medida q11e cada
espinto tor subindo à c.11"-'\a, st~l'\'t' um pouc l d~ l1quid11, I:' num boclwcho,
t>sparge..o p.1ra o ro.. to do ~:,,;"l...,••<J - ,,per.1~·dci llH? n•Po'le no oficianh.' <1 fim
d,· evitar que ck· também caia cm indu~ã,1.•-\1.:rn dt'$Sil ulilid,1dc, <1 dil"l)SjÕO-
-dilS-<alundus igualmente St'l'\'l' par.1 (')<; p.u-1entt'$ bebt•rt-m 'lp;.':ts -l aplic 1,;âo
1
dn í",•lo, ou .;c,1,1. n rt•.i~ntc da p.:,.;-;cs'-<io.
Lm pr1,.-c1--ão 1,-i;x.ibu.Lir. e).rrirnl-: 1J.fUJl•l11stral-1larl'!,f'1ritt~.
,<\J,1p. do qu1mti. dikl1;;,y-du1-1/11nd11
,.,

OicudiJJ•, 5. f. Pl.1nl.íl r,l!-.lt'Jílnh•, produt.lndo P1!q~1c11t1s tubérçulOl'I,


~·n,,·lh.int\.'._ J m.1ndiuca,
lncicl. A i.;u,1 folha. d~ prupriedadl:!:-; ml'dicinais, utiliza-se nJ t::ura
de lcridas. P.1ra tal, ll•Ven1cntt;' .-.e aquece unia ao lo~o, qu(' l'ôe aplic.i sobr<' a
partt:> dot.•ntl•, depois st> ligando com l1n1 paninho. O h.1bt'n.:ulu f,~s.sui J,1rgo
l'n1prcgo eo1 umbandJ
Do port. aquin1b. kukudilu· acudir. Alusão ao seu poder bt!-néfico.
Diculo, s. rn. Espírito de ancião. Entidade ~spiritual qul', nu \'.ida
terrena, atingiu avançada idade. PI hibr. nu:iculos.
T. l\uin1b. de 11kü/11: dl1tigo.
Diculundundo, s. n1. Esp1rito de anci,io de avançadlssimil idade.
Entidade espiritual que, na vida terrena. ultrapassou o período existencial
dodiculn. Pl. hibr.. n1aetdundundos.
T. 9uimb. de r1k11/r11ul1n1d11: remoto.
Dijila de Solongongo (sô), 1. s. f. Esplf'ito de grande ave de rapina
- espécie de ,íguia ~ denominada em quiinbundo por llolukoko. Entidade
~piritu.il procedente dt' taJ ave.
Usualmente, apenas se diz: Diji/a. Esta ave, quando próxin1a de
crianças, origina-lhes uma enfermidade.
Adap. do quimb. Dijila din 5alvngongo.
Dilombe, s. 1n. Carnarinha sagraria de ocu.ltista. Santuário. Oratório.
Bras. Peji. Ué. PI. híbr.: malon1bes. Pode ser de calundus ou de n-Wungas.
Estas, tan1bé1n denominadas sanfm.
Se for dedicado aos calundus, é lá que o xi.ngu:ilador ;;irrecada os seus
apetrechos, be1n como onde xinguila. Portanto, onde o quimbnndu rt>ali1,1
as práticas divinatórias e consequentes trata,mentos aos pacienle~. ,, su.1
Pº~"l' rL-sulta, ou dl' tr.tdição d!;' f,1m1lia, ou Je súlicit,,r;<ltl da .. rc.,~,--ct1,·.,...
entídildt•s. A .,-;i rn, nL'nl h,do!> os , i ng~1 i!<1J ur~•s o pi:ts:-LLt'l1l, i\ 1u Is il íl ,1 ~ul..u t~ .i
( \11 R.'fll\ Se.o. 1 un

sua pa~lrt11.•ir,t •)\•1'- ,, o (',;piritu qul• lu perno1t;J.


~ ltir dt'l.ii.:Jd1,1 ,is ntJ lungn:-, n,1du de malcht•iroMl deve IJ permdnt.'1'.t•r.
·\ -...i,1 l!1i,;l~nti,1 pn)vcn, de de,;ejn maniJest.:,do por elas. No dia S(>guinte ao
J,1 ron.,:;1niçoio. po,;1..1 i,ma mesa com comidas e bebidas, comparecem doze
s.1n1os ,1 b.inquct~ar•se.
r\ construçõo de qualquer dos dilombes executa-se num só dia, po-
dendo os acabamentos ficar para depois. Constituem uma divisão à parte.
'\Jt"les. all'.m dos utensilios peculiar.es ao culto, guardam os sacerdotes
o negócio relativo ãs mesmas entidades, cujos proventoi. se aplicam de
harmonia com as instruções por elas dctermü1adas: ou para auxilio do
culluante, ou p,1ra aquisição de ilrti~os privativos ,10 ministerio.
De quando em quando, devem cles lâ dormir, mas sem a consorl.e
ou vice-versa. E quando vindos de longe, também os con«ulentes. Pela lua•
nova, devem aromati7.á~los com incenso ou qualquer oulrà erva de cheiro.
T. quínili. de kulu111ba: toldar. Alusão no isolamento da constru,;õo.
Dilongo, s. m. Cadeira onde se faz ~nt,u: u1n cadáver. Annação onde
~ fejticeiros assam os cadáveres. PI. hfbr.: malong('l,S,
T quimb. de kutong()}a: impedir. Alusão à1; l'unesta~ to1\scquências
rt•,;ult,1ntcs da inobservâ.nci.i des!.'la pr.JlicJ.
Oinga.r, v. lr. Mnt;:,r u1n animal (porc~l, cabra, g,,li.nha, pombo) t' sugar•
•lhe o .sangue pelo gol~, em ritual dos sacrifici~ aos espiritc,:,, aqunndo da
inicinçào do deSt:'nvohrimento mcdiú.nicu. 5.::lcrificar un1 <1nimal e sorvl'r-lhi•
o s..1ngue cm directa sucç.lo da b~cha · a~·to 1.'Sll' pr.1tic,1do ror inici.lnt,• d1•
,i:in~uilt1dor no ct'rimonia! dt' incorpor.açilo.
Ap<Jrt. dn qui1nb. ku1/i11,~11, lv. r~•sult. dt> l.:iidia ,i1111u1ii1,e.a (con,t'r sangut•).
Dinyilng11 (nh,'i), '!- m. Lspiritll dl' c.i\·ildor Enlio.:h1dl' C"•p1rilu,1I pro•
dl'nlt• d1 1 c;1çadnr ri. hibr. Manyãngvs.
"I. quimlo rh· ~I/IJl(llll,1:11; ll\,l{,H
·~ 1

Dinyánga dia Kifumbe (nhâ), l. ;,. m Espinlo de caç.iJor ,1ssass1Ju)


FntiJa1,1v c!ópintual proa..-"dl'nh: dt• ,uçadorqul·, "'m \lida, mat,1ra inju5lamente
llutra criatura. Pl. hibr - t\tt}nyân~a.s dia Kih.1n1be. ·1. quimb.
Dinyánga dia Kituxi (nh.i..- tu.xi). 1. s. m. Esp1 rito de ca~·adl,r vitimado.
ErlliJ,1rle espiritual prt~dente d\;' caçador que, em vida. fnra vi1in1ado por
outr.i criatura. f'I. h1br 1'1anyà.ngas dia K.itu'\L T. quimb.
Oiololo• (õlõ), s. m. Plantu ra~li'jantt', cuja tolha possui largo en1pre~o
en1 umbanda.
T qu1mb. de krn,/ofa: recolher Alusão ao mal.
Oissaquela (é ou é), s. L Ritual de evoraçã~l de e.spiritos. PI. híbr.:
n1assaquelus.
DIJ!;tina-se il \'ilf!OS. fins: ou a adopção dos esp1ritos, ou ,l sua alitinça,
ou .:, sua propicic1ç5o. A sua cfeétuação, n,an.iJestada através de rebelde
enfermidade, pod~ ser n1otivada: pelos guias tutelaref> - dissaque!a de Kr,zo/r,
Ol1 da A leiçiio; por almo de parunti.• que for,1 médium, ou por alma de \fitima
de Criml•, originalmente design.1da por ~11.ikua Kitwd - dissaquela de Muiji

ou da Geração; e por alma de parente que i;e dedicara à compra e venda de


t!i;cravos, ou, simpl~sn,ente, ao negócio com o gentio - dissaquela de Ngê11ji
ou de Forast,;iro.
T. quin,b. de k11sakeJ(I: adivinhar.
Dltümbate ou Ditumbate (Boerhavia diffusa L.), s. m. Erva v1vai,
com raiz l1?nhosa, grossa. espol\josa e rnulticaule; folhas urr1 tanto i:amudas,
glabrescentes, con, o aspecto da Salgadeira,
Encicl. - Esta planta é designada em português por en;a-tosfâ(). A raiz
utiliza-se no b·atamento da icterícia; e a folha, em umbanda.
T. guimb. de k11tt11nba: curar. Alusão às propriedades n,ed icinais.
Oixima, s. f. Variedade de diximane. Pl. híbr.: maxin1as.
É ~emente vo!un1osa e arredondada. Emprega-S(' en1 umbandt1 con10
1 '"'

,,J:i,1s...:ant\1. Cômo preservuti\'Cl contr11 a acção pemiciosJ dos gabo!:i e.xcessivOl>,


Jta•<:~• ao pulso ou au pescoi.,-o ddS crianças um de!>ses grãos.

T. qu1mb. Abrev. de dixuna11e.


Dixio1ane ou Diximane, s. 1n. Sémente do mux-imane ou feijoei.ro-
•feiticeiro. PI. hibr.: maximanes, maximanes.
E comprido, espalmado, semelhando uma feijoai. Tal como a dixima,
tambén, se utiliza em umbanda. Como preservat:ivocóntra a acção perniciosa
dos gabas exce,:;sivos, igualmente se ata ao pulso ou ao pescoço das crianças
um desses grãos.
T. quimb. de kuxilnana: gabar. Alusão ,10 dito en1prcgo.
Oizaco, s. m. Mealheiro ritual. PI. híbr .. ma1;acos.
E constituído de un1 retalho novo, ordinariamente de pano-<:ru,
s.1cramentado pclo ocultisla com pemba ou dnz.a, e conforme a finalidade, ou
unido pelas pontas com urna tira do me!'mo tecido, ou dobrado c1n cüd11 u111

dos lados à maneira dé estojo. Ai. vai-se dep05itando o dinht•iro, dt-stinado il


.:fecluação de uma di..,;saqucla - rih1al de l'Voc.;u;àCl dt' espiritos - para efeito da
cura da e11fennid:ide impr,-.ta por uma ou mai-. des..as entidades c,,;pirituai~.
T. quimb. de k11zak11/a: arrepanhar. ~\luc;ão ~o dobr.11nento.
Oua, s. f. Sungue nas.11 de cadáver dl' mL'<lium. Testemunht1 mortu,lrio
de restituição do s.1ngi.1t' dos sacrifícios, sorvido no u•rimonial de aphfict1ç.io
mediúnica. (V. Darad1111e Prd1ntrl11a.) lsll"' sanKue, ol:ilido.',Ol,a <u.:çâtlf-imult.1nea
de p.~o.cs...ões v-Jrias, vis,:i a impedir tJUl' a alma d11 extinlo pcrturbt• a saúdt· da
f,1mília. M,lit tal formalidade ,;ó se clt'ctua l]Udndo l'le. no ritual dl' initi,1çào dn
Juc:,voJvim('lllo ml•diunico, h,11a ,;on•id1, o sangue dO'.'i S.1l·rifKios
1 Ot·turp. do ttUin1b. r1d1111. rcsult. de kulua (cnnqui-.;t,1r). \lu-.d1\ ,'1
11nJ"l'rio,;id,1J,, Jt~sa SLX:n..-çõo.
1 Dumbe, s. m. l' t f\.1l1dlum. Xin~uilild1,r. r-..lu!h1•r•dt'·cô1lundu. \1ulhvr
. k•--~r.1\llll,,u.
1"4 1

l),1d..i .i sua di!>p11nib1\idi1dt•, ..,io ~er.i1n1t•nh• Js mulhert.'S q111· til.·

S.Ujl'ilan1 .i ,\l'l'llai,-,jo J,1 inílul•nci.i mediün1ca. ()hrigo.1tori.1mt•nle, dt·ntro d,1


razút'-,, t·spccífu.:a~, o-; humens que preh:-ndl'm e"-ercet o n,inisterio do L1.1lto,
lh.·turp. do 9uimb. 11diu11bt, n.•suJt de k11l11111liifa {consagrar). Alusão
t lb!>l..·rv .:inci.:1 do C1.1 1to.

Dunda, s. t. Pcnhordet.'fl'ctu<1ç.lo de Jissaque!a. ·resle1nu11..ho remissivo


dt· sujei1,,ic, ritual de evuc.:iç;'iu de espintos.
F pre~tado às ('.fltid,u.tes L>sp1..ntu.lJs, qu.mdo não h;i1a nú.mero suhcienh>
d1• fumiliart:."s para a celebra,;.'io de tal cerin1onial Com.ta de n1eia peça dl·
ra,cnd,,. 3 m dt> baet.:i encarnada. 3 m de bacta azul, 3 m de zuarte, l n1 ou 2 m
de pann.-cru ,, uni lt•nço d(• m,1bt,,la. Feito ~lo 9uimbanda. é o primeiro volume
i:1bcrlo cm semidesdobramento. Também não totalmente desdobradoi;, ai
c~ter,de, uru, sobre O!:i outros, o:, restanlt.·s tecidos, ficando o pano-cru .1 cobrir a
mabtc'la. Sobre Cl;le Ultimo tecido, traça uma cruL a pt>mb.i e ucusso, mas cada
risca marginada de aloinbo, depositando un,a moeda no cruiamento.
Nes~ local, as intcrl!ssadas sobrepõem a!l n,ãos direitas. Proferindo
um exorci:-.mo, o ocultist.J esparge, sobre a Ull"in1a mão, outra pitada de
pemba, ou, na falta, cinza. Quando reti.ran1 as mãos,a paciente que mantinha
o pó, sacode--0 para o pano.
Formando caixa, a meia peça de fazenda é atad.i com um retalho
idêntico. Cada tecido contido é consagrado a uma entidade espiritual: a baeta
encarnada, a MutakaJombo; a azul, a Mutanjinji: o zuarte, a Kuku Mukita ou
Mu.kita a Suku; o pano-cru, a Ngon1bo: e a n1abela, a Muene-Kongo.
Se, por descuido, os pós se soltarem pa.ra fora, os calundu:. a~"'ti-
quentarão de novo, infligindo rEibeldes e.nfennidades e azar~ • 0---. ll'-U,li'."
ml'in<; de que "-e :.ervem par,1 !lC manifestnre.m. Para se obstar aú mal, imp~°"--"-
sc , rt•nO\'ação d,1 forn,a!id.idl!.
l ..!oi<• pt>nhor lraru;mill'·SC' nu 1níl i.111.--...•ssfto de linh,1 d~• <•nJl· pr1..xt.'l.i1 •n, tl:I
1 11'15

.:alundu!ó n,nnilt>stado!i. Portanto, palema ou maierna, até que, havendo Já um


numero suficiente de familiares, se possa efectivar a imperiosa dissaqueJ.J_
Oeturp. do quin1b, 11du11dn, result. de kulunda (con~rvar por long~i
tempo). Alusão cl retenção dos fardos.

Embondeiro ou lmbo ndeiro, (Adansonia digitada L.). s. m. E~<;ência


predo,ninante da .<:Ona da comunidade sinooroléigica d,1 Adnn~nnin digit11t11,
que se estende dt>sde Mass.ibi, na fmnteira da Aí rica Equatc,rial Francesa, OI~
o Norte do Tran.~val, utravessando, no Sul da Hu1la. a Jr,..lnt,..•ira do Sudoeste
Africano, na nltitudC' de 1100 metr(lS.
En..:lcl. - Esta árvore, tamN:'m dl.'nvminada 111l•r1b,•, é dt> grandt.• ix1rtt.•.
mesmo a maior entre os vcgl•lai"'. lendo r~'('l;,iU11. por i'>Fl,, o ~•pitrlo d,,
xig1i111e da !4!11.111.
A 6bra díl ~ntrccasca possui larga aplicação. ,1urr t.'TTI u«os domt.•~ticm;,
quer cm rituais. A., ÍCllhJs tcnr.is. 11lt;rn d," cnrnc:,;ti\-·e.s., 1·mpregam-<w.· n.J
,:,1mpo..ição de dnl$,l-"' mt."<.iicinai"'. para a itiN. p,.,r ..-~1•mpll1. Cnm t1 frutti,
dl.'nominado "111,·ua,. prepara-se agradavt>! refrlgc au\e. !'ela" sua-; propri{·
d,idt>S cur.illv.1s., t,1mbém e US,;1d.o no trtlt.lmt"nt,i de a-rta.'> de~\'-~ 1nte. hn,:us.
(l involucrn du n1t.~mt1. pelo tam,1nho e dureza, utili.za-..c \.Orno IT'Clpientc,
"''bn:-tudo p,1ra diros..~
Aport do -4uimt- m!xJndt1, 1'3Ult. de tubó-uta (mat,u). Alu-.;.âo .11

' rn:-tt.>ri•ncia dad.i pt>lo,, ft.•iticeil'{)!,


tiros.
,1 e.;-.a an:(•re. pira Stl'l'-l •xerc~cioo mat-a•

' Enm1zilh.tJ.:i mo rt.l 1. s. f. fn~-ruzilhad.:i b~ndollad.l pelo trânslff"l

' (_ ruz.tmt>nh1 de• cam1nh~ que, f'l.'r el,..•it,J de não ma1~ ser'-'ir,·rn. d1.•ill.1JU de
con. nh1i1 \1t>ri~a1ri-cwd.1dt• dt~ pa™gt>m.

'
,..

..\d,1p. dll ll~11111b. r,11111111 /t1fu11.


Estar de cara lin1pa l ,. Li;l,1r [t11nc.>diu1nJ ,iu n<1lurJl. !il"lll ,l inll·rh·ri•n·
.:1,l ii,\ f'(.l~St.'½:-do. d11r,1nlt.> i.l t.>feLtl.JJ\ái'I dl' u1t1 ritu,1/ ou lnrmalidi.ldc.
r\ctap. du ljUimb. kukála k11 rio/o iazélr.

Fnca-da-ximinha, s. f. í-aca pe9uena.


Est1:1 d~signação proveio du ci..rcunstância de uina mulher assim
chamada - Xirninva do Baliio - havor con1ctido, com semelhante utensflio,
um crime de n1()rtt':.

Adap. do 9~Lin1b. pôko-ia-xilninya.


Farinha, s. f. Üt':signaçâo comuin da fnrinha de mandioca. Loc. /..Jwr11
de-. mandiocal. P11u de-: mandioqueira. Gír. Fazer igualar-se a, ser capaz de,
competir com.
T. port.
Fechar os ca.lundus, 1. v. Impedir (atravês de rito apropriado) que 0;,
seres espirituais não mais actuem en1 quem jâ foi iniciado na mediunidade.
Fazer cessar (o quimbanda) a un1 médium o seu poder mediúnico.
Em precisão vocabular, exprime:Jec/1nr os espiritos.
Adap. do quimb. kujika o i/undo.
Feijoeiro-feiticeiro, (Canavali,:i Gladiata DC.), s. m. Trepadeira per-
sistente, com ramos sannentosos atingindo 4 n1, produzindo vagens dt> 10
un a 20 cm de comprimento por 3 cm a 4 cm de largura, contendo ltl ,l 1:'i
-,emente-li brancas ou vermelhas.
Encicl. • Constitui o 1nu:itim,,nt!, ~m designiltivo quhnbund~,.
1. Pf-'rt Alu~Jn .iu ,:mprl•go d.i s(•ml'ntc.
f~iliceiro, a. 1n C>rultit.l.i tiuc só<;~• Ut•dil·,1 .'I pr,ltic.i 1h1 n1.tl. f\rt.1\,> (l
,.,

tl'll"'-m(\ ~lUl' 11111111/i. l'ig. Aqut.'lc que é dotadt1 de sentimenttr, perversos. O


predições lunestas.
• '-\11e é!L--Crtt1 em
T. port.
fi1hos-dos-calundus, s. 1n. pi. Bolinhas rituais de serradura de tacula,
dt.' quicongo e de quissécua, mas cada uma, do tamanho de Llm ovo de
p<>mba. apenas manipulad<1 com um só produto.
Preparam-se num quarto de fr.inquia reservada - o quarto de cuozar,
ou, popular111ente, quarto do "kuoza" - e deslinam-se a reverei1ci3r os
e espíritos, quer em noviciado do desenvolvimento meditlnict1, (jUer em
• determinados rituais.
Em precisão vocabular, exprime: ftl/1os-dos-ct.~p1n/as.
Adap. do quimb. m1a-a-ilu11do.
Fogueirn--dos-calundus, s. (. Fogueira onde os noviços de médiun1, em
arremesso de determinados espíritos, ,;e movirnentam indemnemente - \P..le--
munho de .1utcnticidade da possessão- e também de onde sai o pelo das .1ln1a,;
Em precisão vocabular, exprime:feg11eira-dos- ·spiritos.
Adnp. do quimb. 11111so11:,:a-ua-il1111dt,.
Folhas-das-almas, s. f. pi. Folhagem impclid,1 pôr um remoinho ou
ra1ad,1 de vento. bem assin1 il das pl,1nt.i~ ,;epulçrai ...
Ad<1p. do quimb. nra{11-111a-p11d,:/,'..
Fuba, s. f. Farinha (lirdinariamcnte dt! milho, ma-.c;ambal<1, m;ic;,.;angu,
mandioca t' bata1a--dtll't'). Fig. O que "l' opre<:ent..1 pulvcl"Uado. &·rradura.
Brai,, Fub.i. Fo1rinha--1:le•guinc (ref. à de milho). A. de milho chama-w dl.'
q11l1td!'l 1•; a dt> manúiuc,1, de boni/ió. ou. t.imbém, de c«bàri, co11forn1t.' a
prep,tr.içjo do tubern.ilo; e il de hôitJt.-i ....io<t'. de f1t11Ji.,11rb11
T ciuimb. dt· kufu/iuk,1· t.-stnr !:orando, sen1 con.,istl;ncia Alu .....10 ,1n seu
><;t;1Jo.
l·unador nu funante, s. m. Llt,.-1, Nl'~(l("iantc 1.J.Ul' ,1ntig.11n1?nh• M.' 1nt\.';
,.. 1

1l<l\'.l no Sl'rtZlo. Anli~(_1 \t.•ntit-dor ambulantt• do inato. AlJUt•le yut•, noutr0'5,


h•mpos, t.·n1 p'-'rmuta com o gentio (qui:>r adt.JUirindo géncrl1S, qut•r escravos),
n.in p,1r.iva na m1:.•sma localic.iadt>.
ú primeiro termo era Uh.ldO pelo povt.,, ao pas-;o qul' ti outro, talvt>t
~..._•[a sua íormação lnl'no,, vulgar, o era pelas ,·lasses mais elevadas, co1no se
dt•pr1:.-cndc das crónicas literária,
Ocf1111ar.
Funar, v. 1ntr. De:.. Mercadejar em llXalidades recônditas, Negociar no
sert.:io. Ext.'TI:er o nlish!r de 1unantt.'
Aport. do quimb. kufftrra.
Fllnji, s. n,. Massa cozida de tannha (denominada/uhaJ, gerahne.nte
de milho, mass,1111bala, u,assango, n,andioca ou batata-doce. ln1pr. Piriio.
Bras. Angu.
Acompanha v.irias iguarias. Pelo sle'u poder de 5aciedade, entra
diariamente nas refeições. Representa o pilo di>s pobres.
T. quimb. de k11f1n1iulula: revolver demoradan,ente. Alusão à
amas:;;adura, efectuada com um pau roHço ou espátula.
Fú.nji de bombô, 1. s. 1n. fvlassa cozida de fuba de n,andioca. (V.juba.)

1
G

Galinha-do-mato, s. 1. Ave da família dos Galináceos. Galinhola.


1
Sras. Angolinha, angolista ou galinha-d'angola. Guiné ou galinha-tia-guiné.
Galinha-da-índia. Galinha-da-numídia. Capote. Cocar. Estou-fraca. Picot.i.
Pintada. Quen,-quem. Sacuê.
f'. por!.
Ganda, "· f Covil onde os feiticeiros .)Ssam e ci.11TI~m 1,., cad,,\'en.-s. 1,.l
m1•s.mc, que l1111ndi, 111
'""

' IJ1.•turp. do quimb. ng11ndr1, result. de kuânda (comer).


' Ganga, s. m. e f. Ocultista. Sacerdote. O que e)(erce o ministério do culto.
Enquanto, na área do quimbundo, este termo engloba o quimbanda, o
homern-do-chicote, o quilamba e o feiticeiro, noulras etnias, pelo contrario,
~u sentido ê mais restrito, apenas <1brangendo o feiti\.-eiro. Simplesn1ente
porque, naquele sector, o vocábulo tambem exprime ideia de sabedoria.
Oeturp. do t. multirreg. 11ga11ga e onganga.
Gémeo-de-quilamba-fadado. s. m. Cién,eo que nasce com as Qrac-
leristica.5 de quilamba - ou uma depressão no alto da cabeça, ou pé~ recur-
vados, ou mãos sem acçào.
Ada p. do qu i mb. 11~rrgo-u1-k1/amb11-klt1•ri-111-r11ri1J11.
Gêmeo-solitâ·rio, ~- m. Indivíduo 1.jUe. embt.1r.1 ~Cmt.-o, Tiil~«' sem o par.
Este ienCJmeno, só dctt•rminado ror ad1v1nhaç3o de qu1mbanJa, n.'!>ulta
da circunstilncia dl' o úutro rnh.•, por antipatia a um d~ pais. h.l~·cr-sc dt"sLigado
da g~tação, encamandri. mai-i tarde, no ventre de outra mulht•r do ml~mn p.ii.
• Ad,1r. do quimb. 11gango-i,,-,nU(TUf1 •rff-uf>d:i,
Gengibre, (7..ingibt:>r othcin.ilc Ro~.J, ~- m. Erva c-om o portt• da
c1çafroeir<1 da lnd1a, prova\·l'ln,cnh.' onft!nan;;i das dh..1S do f'ai::tl1co. Mai;
L'llllivada pelo:,; indtgl'nas da C,,sta Orit.-nt.il. ,1111es J,1 dC'SCol"IC'rta do Z;.ii re.
Eru..;cl. - Clin~titui (l ri101n.t. 1untaml'nte com a \·ola. ;, wi:,,ni,tituinh•
malin,11 d,1!1 mulht?n.>". -.obn.•tudo dt• 1.uanda t\1• '.-IJUl,I Sua falta ,;. ~urr1da
p,.'lll jindungo-do-rongo.
• T port.
Ngênji 1Guênji 1. s. m. e f. Entid,1del'spilitual qul', na VÍda tern'lt.1, 1•x,7e1•ra
1 pnlli~..,_,,, dt· nt.'l,'OCI mtt.••viaiantt?. ou !,í' (f,,dic;ara: à i.nmpra e i.tenda de l!!k.T.l\100.
T. quimb.
Ngima rGumal, ~. Diferrote den,:rnrn.ic;3o d,1 entidadl' cspiritu.JI
l .,,,M dit llitn111,
1. qui1nb.
Gom.a (ó), s. J. Tamb..1r cumprido. P rxl. Bomt>o.
É Íl'lla di: Ct>po desmiolado de malumeira, ad:etia,ado num,1 e1i.tre-
n111.1.1d~. 4uc ficu ,1berta, e "t'dado com pele ten~ de veado ou COl\·a, o outro
exln.•.mo. Pode St·r de tamanho variável, medindo as de grande p<>rtt.' cl'rca dt>
1.5 m. Com l"hla dimen'iâo n tocador l'ru.:a,·,tlita-se no in~trumento.
Dcturp. dü t. multirreg. ,,xiir,,a o: t.J11xo11111.
Ngombo (Co,nboJ, '3- f. E~pínto rt'\·elador da verdade. Entid,1de
e"p1r1tual de adlvinha'ídu. Rras. U.i.. T. quimb.
Ngombo ia Kazola !Comba ia Cazola (zó ou zõ), 1. s. m. Ngombo da
Aleiç,;o. (À.'l)l1mina~·.io 4u~· o t>Sptrito torna. quando 1nanifestado por afeiç,io.
1 4u1n1b.
Ngombo la Muiji (Gombo ia Muijit /. s. m. Ngon,bo da Gcra-ção.
Ot•non1inaçílo que o espírito tom,1. quando rnarúfestado !XJr hen. . . ditariedade.
T. quirnb.
Ngombo ia Kikonya rGombo ia QuiconhaJ. 1. s. m. Ngombo da
Epi.lepo.iil. Dtnomin,ição qu1t Ngombo ia K.itux.i toma, quando manife&tadt1
alravt'$ dessa entern,idade.
T. quimb.
Ngombo ia Kituxí (Gombo ia QuituxiJ, L s. m. Ngornbo do crinie-.
01tnominação que o ~pirita Ngombo toma, quando manífestado por um
cri.me, outrora praticado por um antepassado do paciente, na pessoa de um
fiel a essa entidade.
T. qui.mb.
Conga li!, s. f. Amuleto consagrado ao espírito Ngonga, e o 9uol se
usa ao pescoço.
Oeturp. do quir:nb. 11go11ga.
Conga ·', s. f. S.1ca ou cesta dt' ocultista, para dcp&.•ito dt>scus utcr1.•Sli110. ,.-.

\ hl'I!! 1 1'11

,~ • xt. Qu,ll\JUl't J11:,. ( lb11,.,i(l!.: uh 1iztldt'!i 1.loml·!>ticamentc, quer p<1ra .1rrl"Cild.,çao


lll' dtot;.i~ ml-dicin.ti-., qul·r p,1r.:1 outras coisas <1u.:iisquí'r. Fig. Prisàr,. Cadeia.
O n,esmo que ~,u,1b11 Relallvamcnte íl quimbandas, os homen.'> uYm,
de- p~,l~n:•ncia, a s.1ca, fel@ de pele ou dl' matebn; e as mulheres, a cL,i;ta, tecida
de mateba. Por efeito do não pagamento de seus honorârios, expõem eles L.1l

' utensilio ao sol, e em lan1entações, batem-lhe várias ve1.es, intimando-o a ir


C\-ibrar o dinheiro em divida.

' Deturp. do quimb. ngóngn, result. de kuongo/a (arrecadar).


Ngonga (Gong-1), s. f. &pirito feminino que propici<1 a felicidade.
Entidade espiritual da felicidade. S. m. e f. Nome d.ido ao indivíduo que, em
1 ge,,lação, por influência desse espírito, naSff, ou lhe sobrevém, com un,a das
,o.eguintes anormalidades: pés assentando sobre o reverso, um seio grande, :,eis
1 dedos ou dois bastante wi.idos, um qwsto, n,a1has brancas, cabelos brancos.
No caso da congenitidadc, o ma.l é incurável. F no outro. o tratamento
efectua-se perante um quimbanda,
T. quimb.
Gongo, s. m. Amuletoconsagradon gcn,eo falecido, pl'>dúndo a pr~•ntar.
conforrne as circunstáncias. uma ou mais efigi{'S. Pl. híbr.: iingongo!.'.
Deturp. do qui.rnb. 11~011go.
Guba-iáfua ou Gub.i-iâfua •, !:>. f. f:rva de tolha miúda, empregAda
r·m composi(õ,lo ritual. Literalmente, expri1ne: 1i11,~11/ui-111or1a.
Dt'turp. do quin1b. 11g1ib11-idj11a.
Guénji, ~- m. e L Fortl.,;;tc1ro. re.regnno. Natural de terra l"Slr,1nha.
N1•KOCi,1nlt'·VÍ,l/ilnlL'. /li lirbr. jinguênjis.
l)Plurp. do quimb. ngé11Ji, n·:.ult. d, .. kiu•111,a (andar). -·\lt1s.lo à JL'Sl11e..i~,10
Guico (u-il, ~- m. l\iu roliço ou <.:h,110 para .in1.i!i<0.,1r n tunp. 1\m,1-.s..1dHr
d1• fúnji (l mt--•ITiil qU(' 111111ririfo.
11,•111 rr- J (1,1u in1b. 11,,,:ni/.: u f\.'5U It de lr,/fü,a f ,, n1,1,-.ar).
fl

1-Ianda•, s. 1 Gr,1nde ,lr\'Oft' do gt'nl'n1 ! icus, n1uito p.irl•l·itla cum ,a

n,ulL·mb,,. (.) n1l's1no que 11r11/i,u1du


En1..it:I. - ."'-.. flbra Jn L'nll\'CilSC,l apl ii;,1-~ na CQOÍt'o..,;àt I Jl" Cl'Ttlli pJratnt•nto1:1
rituai'-. 1:. quando SI.' extrai ., t.t!;l.:d, tlb[ala,si.> primeini ixim un1..1 moeda, qut· se
,itir,1 para o ch.:ít\ a '>l'l\>ÍO existcntt' nessi'I ;ire,,. Mas proferindo--Sl' un,a 5,úplíca.
Dada a sentelhança com a 111ulemba, sl1prt' esta árvore o seu emprego
t'm umh,1nda. "N.i falta de h;,1nda. a mulemba toma o c;eu nome." - Ponder.;
uma -.entt>nça popular.
T. quimb.
Hefo (é ou~), s. m. Fruto dll n1uhefo, coni;tiluído de uma baga. Cúbeba.
PI. hibr.; jihefos. E de sabor picanle, possuindo propriedades medicinais. Em
caso dt:! t'Ólicas, mastigam-se duas ou n1ais flelllentes, ingerindo-se depois o
suco com ógua 1noma ou agu,1rdente: e co1n os residuos, cuspidos para a
mão, fricciona-se o ventre. Coin o seu xarope, preparado com o cozin,ento
previamente coado, tratam-se constipações e outras afecções peitorais. Seu
sabor e cheiro assemelham-se aos do jindungo-do-congo.
T. quimb.
Hela (ê). interj. (designativa de admiração ou repulsa) Ena! Ih!
Caramba! Bolas! Que coisa!
T. quimb. V. der.; k11eheleln (tolerar).
Hitu (Hito), s. m. Esplrito pron,otor da esterilidade.
Entidade e<,pirítual da esterilidade.
T quimb.
Jlitu ia Kalombo (l-lito ia CalomboJ, I ,;, m. t~'n,,1nin.tÇii\• que.' o
npír11t, 1!1tu 101n.1, ,1u,1ndo man!fl''-1,iJo en-1 ~,,.,t.1ç.ii.u Jl' cr1an,.1
T ~u1mb.
• ""

llon11."n1•d('l•<hlcote, "· 111. !ls,.:,1J U11~ fl•i!icrlru~.


(lu.111d1, 11n dt1st•1np1.•11ho Je sua íunção. os t•nconlra em 'luas
d~.ambul,1..;i1t•,;. m,1c,1hr,1s. e1(• pcrseguL,..os e pune-os. ConM>qUCOIL'ffil'Ott•,
k'u poJ1.•r10 supl,1nta 0 J.?!.S.'IS entidades. A su;;i virtude sobrenolural rcsidt·
nun, ba<.tJ1.t de que rl.'1:e~u a qualificaç5o s1.1cerdotPl, bem ainda numas
risc..1., profil.itica,; n11 cara e cabeça - o n,ucasso- e em dua~ boli1ihascom pós
e5opt!t.iais · (J banze - apetrechos que usa durante a sua ronda.
,\dap. do quimb. u11íkua-rnbá111bn.
Honda, s. f. Sort'ilégio que preserva das feras o covil onde os feiticeiros
a-.,;arn e comem os cadáveres.
Compõe-se de pós, enterrados à entrada, dispondo-se o capim em
volta, mas espaçadamente, em feixes de algumas hastes. torcidas em nó nas
l''.l(tremidades.
T. quimb. de kuko11da: cercar de cuidados.
J-luhi, .;. m. Espírito propiciador da ;;impütia, êxito e bem-est.i,r. En •
tidade espirih1al da ventura. T. 9uimb.
Hul'a•ngênji (languen), s. f. Bloco de serradura de t,,cula. Tacula
manipulada .
.Redu;,ida a tacuta a pó, pclu t.JUC c;e fnt•cionil um pcdnço de. n\,1deira
num tijolo, hl1medecido a esp11ços com lllllíl pingíl de ílgua, ti o produto
GJlcado com a mão. imprimindo-~lhe n fom,a csterica vu o\·úidL'. \!,ti,, t'm
dL·tt·rminadns c11,;o.;., sú se l,btém durante um.;i fnrma!idad,• ritual, a ruio hm
...., cnno,,1~r,1. Utili1a-w, dL· n,i-.tura con, a.1i.>itc dt> paltna, no Ot.'su1,tamento do
·nrpó e i.l i v~•r<.n:. p.:iramentos.
r.lll'ral ml•i, t,•, ~ igni fica: J11r11l11-dr-_fi_,,u~ tcfr(I.
f (JUlmh
l luto, s. m. f lt·r,·dHdnt•d,1dt• d« príllica d,1 h·itl\',1ri,1.
1_quimb. d,, k11k11/11ln: inlt•rnar•:,;e, Alut,.,i(1 à tran~ITÜ!-5.lo.
, .. 1

lnongo, s. m. Apara~ de unhas d;1s mão:, e ~s, bl'1n assin, dl.' cabl:Jo,
rl,rtad.:as a um cad.iver. para efeilo ritual. Despojos de partes dn corpo ou du
v1.•~tu.lrio de pessoa viva, para m,1gla de{en!-iva ou llfensiva.
As apara:,, de cad,iver, obrigatoriamentt! obtidas pelos f,1miliorc~, dc:,,li·
nam-sc à tran4uilidade da alma, e por wzes, il serventia nunl paramento
rilual denominado ze1nba. Noutros casos (mas o acto pr.Jti~ado ocu.llamente),
tais aparas, depoi!> de carbonizadas e reduzidas a pó. são utilizadas pelo
hom~m•do-chicote, para as riscas profiláticas na cara, a fim de descobrir os
teiticeiros.
Se a morte foi cau.sada por feiticeiro, após a sua secreta obtenção ele
aplica esses despojos nun,a prática visando à anulação do maL
l~ quimb. PI. de kinongo, result. de krn1ú11go11n (despojar para fim ritual)

Jila, s. L Forma abreviad<1 de Dijila. (V. Dijiln dl' So/011gongo.)


Jimbamba, s. f. Búzio pequeno, muito empregado em umbanda.
T. quimb. Pl. de tnbmnba, result. de k11/J1u11/Jr1/a (incendiar). Alusão ao
poder destruti\·a de malefic:io.
Jimbambj (Ji,11bâ1nbi), s. m, Sortilégio exercido pela acção da tem-
pestade - vento, chuva ou raio.
T. quimb. PI. de n1/Ja111/Ji, resu lt. dekuban1b11ln (incendiar, fazerexplodir).
Alusão ao seu efeito,
Jimbo, s. m. Oúl..lO pequenino. Caurim,
r~ .. ul muitas aplicações e1TI u1nbanda. Anli~am<'n\(', \',lli,1 t,;\)rfl\l

moeda no tt•Jno do Congo, sendo a i\h,1 de l .ui.lnd,1, pl•la '>Uil ,1bundiínlid


~- .ia. . 11... ' l'IS

~ sur,.·ti11r \JU,1hd.1dt", l'\ins1derJda o erJrio d,11.juele p;ii~. Corneie, .it{> ~


adqulri.i i, pn)prto ouro.
Dcturp. d1111uimb. 111/1r1bu, result. de ku11111/1n {t'nsoberbt.'Cl't~5e). Alusão
d\' etetto do antigo valor monclJrii,.

Jindungo, s. m. Fruto do jindungueiro. Malagueta peque-n11. P. ex.t.


Qualquer outra espécie de frutos de piperáceos. Fig. Malícia.
O jindungo pode ser: de cahonrbo e de calrq11eta. O primeiro é arredon-
dado, com um d"U?.iro a cabra, de onde lhe vem o nome; e o segundo, oblongo.
bac;tante picante, também razão do seu epíteto, por alusão à circunstância de,
t:om o ardor, se deitar a lingua de fora - acto que, quando usando a prova de
um alimento, se denomina, em quimbundo, por ku/eketa.
T. quJmb. P!. de ,iduugu, result. de k11/ungn111e11n {agrupar-se). Alusão
,1 disposição.
Jindungo-do-congo, s. m. Fruto do jindunguell·o-do--congo.
Segundo Joh.n Goss,veiler, em No,nes Indígena., de Plantas de A11giilt1. é
"uma baga elipsóide, de6c::m. glabra, vermelha t'ni frl;'Sco; semente aromática,
L>sférica, castanha" PoSSlLi propriedade!- medicinais. No acon,panhnmento
da cola, supre o gengibre. Mas não se u1;.a na condin,e-ntaç-ão de alin,(;'ntos.
Adap. do quimb. i1ndung11 ja knngo.
Jindungueiro, (Cnpsicum frutesc-..-ns L), s. m. Planta originriria da
América Tropical per'<íslente, atingindo 0,8 rn, cultivada pelo lr\ltô qUL' é
('(Jlpregado em lugar da pin,i:-nt,1 íPip,·r 11(i,:r111,i LJ. tanto ~leio colono como
pelo indigen.1.
De 1,11d1111xo-
Jindungueiro-do-Congo, (Afr.1momum >-.. Schu1n.). ~. n,.
mf'1egtiL't,1

Erv,1 ri;,,~im.-itosa; riwm,1 hmctt>íldo, dt,lg,1d1t irr;11.lh1nll'. ,is vezes r,1sh.>1,1nd,1


p.•l,1 !óUP''rfjc11· da !("mt, l' atingindo RO cn1
Addp. do 4uirnb. 11111111l1111g11 ua-Ã:flU,l{(I.
1
1%

Jingas, s m pl. ~gnação tom.ada e1n Angola pel~ Jag.1S bando


nomadJ e cmtropofago - o qual, em 1568, mvadiu o Congo e o ()t.'Ste Africnno,
desde a C-.u1nc ao centro de Angola
Jinguba, s. f l ruto da 1ingube1ra. Amcndom,.
A., se1nentcs, conhd.1s num.:i c.\psula reproduzem•se deb;iixo da
tcrr.1 1omecem un1 olL.'O .:ipr~oavel larg.1n,cnte eu1pregado n.i cul1ntina
loc.11 sobretudo para fntar pcLXe.
l quimb. 1'I. d!.! 11g11ba result. de kuba (dJr, reproduzir) Alu:-ão ,10
IOL"igot,tmC'ntu do fruto dt'batxo da tcrrt1. Ass1n1, diz o povo nu,nn »e,ntcnça:
''A jinguba nc10 .1caba no chao, .1 u11úna não ,1caba no 1,.'tJr,tção."
Jingubeira, (Arachh, h\'JlOgaca f J, s. 1. Prova,elmente indigt•na,
-.111,ultanc.imente n,i África " 11.1 Aménc-J, ma<; não se cnc()nlra scnâ,l t1 n1
cultura
De 1111g11l1a
Jin~u~njis, s. n1 pL Fora.'lte1ros. PI. híbr. do quin,h. 11gi11j1.

Kaiongo, s. t. Espiritn femiruno que cúnstilu1 uma das nu1U,~)res de


l\lutak,1lo1nbo, Entidade e_..;piritual ronubiada com essoutra entidade espiritual.
·1. lJltin1b,
Kalon1bo, s. f. Espírito leminino que promove a esteri l1dade. Entidade
ec;piritunl dn estcrilid,1de.
·r. quunb.
Kalungangombc, s. m. Entidade e:,;piritual que, n,1s pn,funrlczas
do globo - o Al~111~rlln1ulo dos ,1borígenes - suprimli ,1 vida, julg,, t' punt•
os ,nortos. A. ext. Reino do:s rnort{,~. t:ter.nidnde. Pig. l'esSOél dotad,1 dt•
r.c11limc•nlos per-vt•rsos.
'"'
l"'- ._. l'!:tllU. 11\11'1 ,)

T. quunb. de k11f11t1Rll (abismo)+ ngombe (ente desapare(ido). - t. result.


dt> lo111r11/JJ.tlílka (desapnrecer, ou, figurodamente, dormir).
Kapita, s. m. Designação genérica de qualquer entidade espiritual do
Congo. Nôml! dado a quem nasce sob a sua protecção.
1
T. quimb.
' Kazola (óou ô), s. l. Designação genérica de cada umdosespíritos tutelares
de determinado agrupamento ou falange. Entidade espiritual da afeição.
T. quimb. de kuzola: gostar.
KibaJa Muiíi (ui), s.m. e f. Espírito gerador de cada f.1n1ília. Entidade
espiritual da génese familiar. Literalmente, exprime: cm,ador dn gcrnçiio .
• T quimb. de kubnln (c.J\"ar com a 111iío)+n111iji (geração).
Kisanga kia Nvunji (Quissanga quiâ VúnjiJ, 1. s. f. Fspirito fe,ninino que,
oob a dependência de Nvunji, .i auxilia em sua missão. Auxiliar espirituaJ di!
Nvunji.
Em na.,;cimento de algu~n1, t:' <1 in1edi11ta a Luangu. Mai- não se
caracteriza por nenhuma p,1rt1cularidade.
T quimb.
Kileri (Q11ítilri} kia Mue.ne.-Kongo, 1. '>. f. Espírito feminino do Congo.
Fnlidadc ei,pirilual dos prC'ltt'stt)f.. J-labitualmcntC'. apr,-nas SC" di7: Kiti.,., . Tal
conto Muenc-Kongo, iguolmentc hgur<1 fld il.nula,;iio de protestos.
T. qu1mb.
Ki1ku Mu.kil..'I c1 Suku, Cuco Muquila a Suco,, 1. !\. i . E.<.pirito dc anct.'i
da Qui<,san,a. Entidadl' ~pi ritual provecta da d1•ménria.
u~ualmenk•. ap,•na~ é de-:.ignada pnr /í.liku A111kita. Sua manilest,1,_ão
f'm quem de'Seja l<11x1 ~u in..trumt:"nto de med1unidade, c,1ral·k•ri.l-,~ pnr
~r.1ndí• 4uant1dadt• dl." piolho<.. quer n..1 rabe<,-a. (jUCr no corpo, ncasinn.1ndo
t<1rtc .::On'ir,1. Em lr,1n~. a n1édiun1 11..ilo se lc,,:,:mta do chão. pan-il'lldo lou..:.t,
SIÍ .:ictua alld n11Jtl' e illl PSC1,.1.ra<;;. Míls, d,1da a n,u.i a\·anç.ida id.1dt• qu,'
, lveu, quC11x..1-st' de frio en\ sui'.ls incorpnraçf1c•s, pt•lo lp1c requer 11);,lsalhos
quando se proCC'ss.1n, ern terreiro, ou rel·obramentn das paredes quando tm
.,poscnto. lnspira" 1na1s pn>funda venl'r.:11,ão.
r. quín,b.

l.agoa-da•\'ent•rãvel-luangu <go) ou l.agoa-de-luangu (goJ, s. (. Panela


de barro conte11cto água si,nplcs f' dois bl1rgaus, rons,1grnda b entid.:ide
espiritual Lu,1ngu.
Com a jgua dessa l11go11, sen1prl' renovada quando ::il' esgota, a paàenle
- a n1ulh••r cm quen, se 1n11nífestou cs~~ c:-.pírito - ten1p1.1 rará frequentemente
o:. seus banh.,:,;, aconlt'rendo outro tanto com as futura:, lavag~n.,; do filho
.l\.la.,, e:-,las, até .10 nascin1t~nlo do seguinte. Portanto, quando já esbver
crescidinho, ou, ainda, por ocasião de dot.>nça.
Adap. do qu 1mb. tlízâ11ga-rlic1•11ga1u1-l111ll1R11.
lagoa-da-venerável-nvunji ou Lagoa-de-nvunji (\'Únji), s. i. Panela
de barro contendo água su11ples e doi:; burgaus, consagrada à entidade
espiritual NvunJi.
Com a água dc:,ta lagoa, sen1pre renovada quando se esgota, a p.iocnn>
- a ,nulher em quem Sl' m.inif~•stou ess<? espírito - ten1pt•rará frc,1ucntcmente
os seus banhos, acontecendo outro h1nlo con1 a~ fuh1r,1s lavngc-ns do filho
t,.1ac; estas, até ao nnscin1t:'tllo do seg11 intc. P11rlanto, quando Já l>Sb-..er
cn•c;c1dmho, ou, ainda, por ot"'Dsi5o d~ doença.
Adi1p. do quimb. J1zâ11ga.tfin-11xa11,1-1111ii,iji
l.avar.a arma, L v. Submeh.!r n nmt,1 à lavagem depurah, a eh, eh Q!&l
J'ur1f1c,1r rilu;ilmt~ntr umn ,1nna dt• (og1),
1.JI rito 6Ó 'l<' rl'alizn por 1•Íl•lt11 d1• h1)1nfl•ld10 ou i\batl' d~ lvl,t:, , 1 I\• .s
l uRt•u ' ,,,

aln,a \'f,.•.;.',(_" .1nim,1l pt.,rscglllr o seu 1T1atadol'. Nest.i f11rmalidadc, quC'm lava
a ,1rm.t t' '1 t.JUimbJ.nd,1 E o au tor da n1orte, cm rcm issão d!'! culpa, nove dias
J't'nnane,:crd NK:luso em cas,1.
,\dap. do quirnb. kusuku/11 r;, 11/11.
Lavar no d icosso, 1. V. Impregnar arguem de dlcosso. Lavar ritualmente
com água lustral.
A operação pode ser realiz.ada, ou com as mãos molhadas nessa água
lu~tral. passadas de alto a baixo do corpo, ou vertendo-se o líquido sobre a
cabeça. Destina-se a expungir um mal psíquico.
Adap. do quimb. ku5uku/11 nu1 dikoso.
Lavra, s. f. Pequena propriedade agrícola. Arimo.
Este termo, embora de procedência portuguesa, é mais usado pela
gente african,1. Com ele, designa os seus tratos de culhira,
T. por!. de /mirar.
Lemba, s. f. Espírito feminino que prornove a prncriaçâo. Entidade
c'>piritual da procriação, Nome dado a quem, por influência dessa idt.>nlidadc,
nasce com um11 anomalia específica. (V. Lf'm/,111fí11 K11/0111bo.)
T. quitnb.
Lemba dia lianyi (ltânhi ), 1. s. f. Cknominaçáo quC' o C'spLrito Len,b.1
toma, quando, em na:r;cimenfo de Uffiíl cri,1nça, 5e manifi:>sta pnr un,,1
insuficiência no crescimento: .!:iendo mulher, não lht• aparece o cat,,ménio
nl'm o:; seit,S lhe despontam; e -.endo homPm, não se lhe caracll•riutm o~
(t•nóm~·nos pcruliar\.'S à adCl!t."-ci•nl·ia
f..sta t•ntld.:idt• também é dc-signad.i por Ngrn1a.
J. qu1n1b.
Lemba dia Kalon, bo, 1. s. 1 DcnnminJçílo tluc n cspirtlo l.t•n,ha
t11m,1. qu,1ndo, t•m n..iscimcnto dt? crianço. <:(' manitest,1: em ,,mho-. ll'i ~l'.'<11s

ror t•nc.irnç,1mt·ntn nos rnilmHns, m.:i~ com prOOuçih1 dt' lt'Íit', ou pnr urn
200 1

scn11rerrarnento dos órgãos sexuais: só em raparigas - por um l"orrimento,


por un1 prurido nos orgãos gcnitlis, por unta excrescéncia linguiforme na
p,1rtc p6stcro-infenor da naturez.a, dai se d1.r.endo que "nasCí:'u parte homem,
parte n1ulher", ou, a1nd,1, por uma redução da bacia.
1: quimb
Levantar a alma, 1 , . Atrair de seu n,undo subterrâneo a alma de
un1 defunto. l·azer vollar n actividadt• terrena, n1as restriwmente, a alma de
pessoa fa}('('ida.
l!Sta pratic.a, cícctu.:ida atruvt~ d.• :;011ilégio, destina-:;t.• a nwleficio de
vingançJ. Per:.egundo o vivente, ord1narjamenle S(' re\'elando nos actos de sua
vida, acaba por lhl.! originar a morte, conct>dendo-lhe o m~n10 tipo de mal.
r\tl,1p. do ljUiinb. kuzangula o 11z1i111bi.
l.uando 01, s. n1. cspikie de ê!>'t1:1rJ, enrolando-se no sentido da largura.
Entre a ,-.amada humildt! dt! Luandil, de;ignadamenle a femini™, constitui
o lu.u1do t.'Conón1il•a t.• prática donnída. Como objecto de símples repouso, quer
p<trd assente,, <Ju,•r m~n,o para leito, utili7.a-o toda a n1ulher de panos. E todas essas
,-:riaturas ainda, dt'le fa;-.em ml>sa para as retei1.;óes, com toalha em dias solenes.
F. quin1b. de k11l1111d11ka: estar ocioso. Alusão ao bem-estar que pro-
.
porc1ona.
Luando 121, s. m. Covil onde os feiticeiros assam e comem os cadáveres.
O mesmo que ga11da.
T. quirnb. de ku/u11d11: guardar.
Luangu (luangoJ, s. f. Espírito feminino que, sob a dependência de
Nvunji, a auxilia em sua missão. Auxiliar espiritual de Nvunji.
Também se manifesta no ventre matemo, mas pela continuidade do
mênstruo, embora aguado, durante a gravidez. O fenómeno só se opera após
a revelação de Nvunji. Portanto, a sua imediata em marufestaçàt> natal.
T qi,úmb.
Lll

Mabcla (éou ê), s, f Tecido feito com a folhagem de uma variedadl' de


palmeira. desig1,ada em quicongo por ntl"Va ou ditwn (Hyphaenc guineensü;).
Fig. Antiga qualidade de fazenda, às barras largas e coloridas.
E apresentada em forma de grande guardanapo. Usou-se em
empanadas, chapêus, sacas. Actualmente, o .seu emprego e-:tJ muito
decaido. Apenas em umbanda, particularmente para l)bjecto,; ronsagrados
,1 dctcrrnlnadas entidade,; espiritu;ns, ainda se. mantém.
T. quimb. PJ. de dibda, resu!t. de k11b,•lt·k,·ta (~r flexível) AJu;..:io <l

' maci,u;a da folha.


Mabonzos,.s. pl Aguas lustrai-..(\'. Dibor1w.)
• P 1. hibr. do quimb d1'bo11:;:t1.
Macossos tõJ. s. m. pi. ,\~ua-. lu'it:raii-. CDmposiçôt•s de água, vinho,
1 quitottH?--maluvoe mais outros ingt'e(lient-e... variavei..<icnn<;oanle a finalidadl•
1 do rito. (V. Oiro~~.)

• PJ_ hibr. do quimb. dl~M,(1


Macol11, s. n1. CunsclheiN.1 de sotia. ~lagnate. Individuo d1t n..'!-~i-
' t;ibilidadt' {pela idade, s,1l-,._•r ou riquez,1).
Mc..;mt"I não t,v:endo parte do ronTlho ~(1vo>m,1tivo. si111 os m<1(()tao&,
dada a ,1utoridade dt> -.ua pala\'ra, basl..lnte cnns1d~r.Jdns pelo a~rt'Kado
54,ctal. Oai. c;oliatada a s11t1 compan:'ncia para jul~amenh--. dt• lit1gio,t gu,111-
Jo o a.i!'untn 11.'10 el(igt' a int,•n·t'nçdo dn .aob,1. Qut"r dizt·r: ns m .. ot.1-;
rt'prt>scnt.1m tl" jut/"t.>s d1~ 1ril:>unai:1 dl.' 2• lnstâncií
T ~utmb. l'I. dt_' dikt1t11 {m.li" velho).
~taculos,-. m. pi. f-.p1ntos de ançiâcs..-\ntt>pa:ssados.
l 1'1- h1br. rlo quimb. ditf1l11, n.•sult d,· ukülr1 1tempo antigo).
,\facunde (Vign.i unguirulat.i O.) \V'alp \ s. n Erv • anw!

- -
~tl' 1 ( llc o\l! l<tll<l Ili '4 J

f.rit1cl. - Rl'ljil•n:iln1l'lllL·, <1ll1t-litui o tcij,)u fr.idê. l'Llr isso, tarnbêm t.•

ec.rrofi..:ad11 rl1n1 ., de~ignai.,10 dl'Í' ij110-11111c1111rle.


As íolh,1s, b(,11, co1no us do 1eijúo vulg.11~ snn 11tiliz,1d..is n.i ulin1ent;iç.io
As do n1ncunLh·, llll entanto, sãri 111ãis apreciadas, c,n virtude da i;u,1 maóe7.a.
'I. qui1nb. I'l. dL' rlik111ule,
~1ãe-de-un1banda, s. J. Quolí11carâo LjUt· u ljllli11band.i nssun1e, quando
hnt,111,lo alguern ou dingíndo un1 ritual. Bras. t,.,1ãe-de-santo ou ,niic-dt--tcrrciro.
Rl'pr<.•sentíl u111 tratmnento aiectivo. Qut>r di;,l'r! na i;ubordinação
do rito, o p.1L)Í<.'11t<• contr,1i u111 luço n1ort11 p,1 ra com o seu mentor. Portanto,
quin1b.-inda é o individuo físico, estranho a qualquer influên,ia psíquica.
Ad.:ip. do quin1b. 111fin1a-in-u111ba11da.
,\.1àe-de-viuvez, s. r. Qualificdção que a quimbanda assume, ou
mesmo qualqu('r viuva cotn os poderes sobrenaturais convenit>ntes, ,1uando
1."elebrando um rito de viuve;,_
Adap. do quimb. 1n{i111n-i,1-11/(11fi.
Mafumeira (Ceibâ penta1\dra Gaertn.), s. 1. Árvore de iolha caduca na
epoca da floração, atingindo 30 1n de altura, ou mais. Bras. Sumaumeira.
Encicl. - Pt>la sua brandura, é o caule aproveitado, por t?St:avaçio, para
o fabrico de canoas, podendo as 1naiores atingir 10 n, de comprimento. Do
fruto, utiliza-se il penugem que rt'veste as se,nentes, p,1ríl rC'cheio de co)chõc:,
e 3lmo!adas. S11111a1íu1a é a designaçâo dn penugem.
Aport. do quimb. 11111f11111a, rcsult. de ktcJi1111n11a (ter fama). Alu!iào r.

embarcações.
Malunga, s. f. Espirito da sin1p,1tia. Enlid.id~ csplritunl \1ue p(lf
afcíçiio, propicia ,1n1pan,, Fornn1 Indivíduos das raças br,u1c.-.1 e ní'.'gr..l ~ndo
a matungas doqucln prc,ccdtl11L·i,1 denon,lnndas l''JM!Clilln1l'ntê ~a,,r Ol
rrtdt prl'('t'iilml'nll', Sn11to ti,. Mt1/1111gíl. 1)1 ícrcrn dos antos dt' K,,rola por n,

toarvm enl pt ,0,1 J'udt•n1 'lt'r do til' u lll(Hlt'ulino ou Íl'nun,no ( >CKl~n,


" ... ~, ...... 11'1/f,' 2fJJ

"'-' rt•,·t•lar 11'-olad,\mentc, í'nl an,biente apropriado. rara ta!, dL'Vl' a criatura
t,1v(1n..-c1da com a sua shnpatia, possuir um santuiirio, nu, regionaJmentc,
Jill111ihf Fal.1m fanhosaa1entc "com voz como que 1,aida de cab<1ç<1", como
popularmente se diz. Podem ser consultadas em adivirihação, Protegem os
~us f.:ivorltos, beneficiando-os at·é com alimentos, tecidos e dinheiro. Mas
suas observaç~ devem ser acatadas. Dt" contrário, acontecem a:;,.ares.
T. quimb. PL de dílunga.
Mandioca, s. f. Raiz da n1andioqueira, sob a forma de tu.bêrculo.
Cozida, acompanha peixe frito ou assado. Com jinguba, quitaba, COCO
ou milho cozido, constitui merenda.
Crua, é pouco apreciada. Entretanto, para lactação, é dada assiln às
parturientes, ot1 com milho cozido, ou com coco.
T. bras.
Mandiogueira (Manihot esculenta Crantz), <;, f. A.rbusto geralmente
de 2 ma 3 m de altura, rnizes tubero~as alongadas e grossas; folhas de 8 t:1.11
a 12 cn1 de comprirnento, 3 a i palmahlobada5, ~eralmente glabras de um
verde mar no verso.
Encid. - Os lubén:ulos constituem nutrltivQ alimento das populaç-t;i(!'S
indígenas, quer ao natural (crus, l."<lZ.idos ou as~dos), quer reduz:idl"lS a
farinha, com f&cula ou sem elo., conforme o processo do fabrico. E com a féculo.
ordinariamente conhecida por go111n, industria -se a tapitica, de largo conslnnu
no mercado europeu. Com as fo!h,1s tenras e o grelt'l'I, depoi~ de e.mílA,i!dos,
rutidos r temperados <:om a7.eile de palma, prepara-se o esparregado angolano,
dt'nOminado q11iu1ca entre os povos de lingua ~1uimbundo.
De 11111nd1(1t·a.
MilSSambala (Sorghum n1gdcdJlS rm,. a.ngoleMc S11(11l'lit·11J, s. (. Erva
n~io ri;.Omato.o;n, persistente. Sorgo. IY1ilho-miúdo.
r-nclt!. C(l111 este C't'rl',d, tambt."m se tabrica tul:>a , St>gundn o pnv,l.
,l<:, ~ilhnh,ls JliO\l•nladas ('lllll \.'I~ torn,1m-sc mais p~it!'dt·ir,1:..
l·1.1s. d;i l'Xprl>s. lJtiirnb. 111r1s11-,11n-111b,i/11 ou 11111~n-11-1nbtil11. {J1.u·r dl....-t•r:
niilho de :-;ori,;ü (l~m llposição ,1 ouLras va rii:>d,1des de mili..ltt,1s).
Massango (Ponnise!'~JJn robustun, Stapf & /-!t1bb11rd), !>. m. (.;ran1int·.i
anu,11 <lting.índo 3 n,: grão oblongo-elipsóide ou obovóidl.', oblongo,
!-ub<1rrt•dondado ou um pou<.:o co • 1prido pelo dorso, de 2 mm a J mm.
cinzento, colocado entre a va.lvil e a v,íJvula.
T. quimb. de k11.~1111g111111kn: des1nru1d1ar•se. Alusão à rotura d., c,ipsula.
l\,fassuicas, s. f. pl. Conjunto de três pedras soltas servindo de trempe.
Fogareiro region,11 de pedras. Bras. ftacurua. Tacuru. Tacurua. Tacuruba.
làis trempes são ordinariamente alimentadas a lenha. Existem reY-
lriçõ,._-s quanto .10 seu emprego, mas só extensivas a.o uso da lenha.
PI. h1br. do quimb. di1ó11il-.'11, resu!t. de kll!õllikn (ser resllitente). Alusão ao
suportan1ento da vasilha.
Maleba (é), s. f, Fibra da matebelra.
T. quimb. PI. de diteba, result. de k11tl!b11ka (.ficar menos ramoso). AJusão
ao cerramento temporário das folhas.
Matebeira (Hyphaene luru,densis Gossw.), s. 1. Rizon,atosa, n1u!ticaule.
Encid.· As suas folhas são utilizadas na i.ndústria de vassouras,
abanos, sacos, balaios, cordas, etc. A seiva, geralmente depois de fermentada.
consbtui uma apr€1:'iada bebida, denominado 111rt/Ul'O. O fruto. bastanh.'
aromático, tnmbém é saboreado.
De n1ate!bn.
Mato, s. m. Sertão; região afa.i-lada d.i ('.O.,tu. Selv.:i. PI. l.i.icalid.1Jt-s ,,u
terr.i~ do interior. P exl·. Lugar cerradu. !lu de capi1n ,lll\.,, tiu dt• .if'\·111'\."S.
IJt• r•"'oíldo. l)t.-;;c.Jmp.iclu. Vl'geta~Jo brílvia qu{' ,;rt·~t't' t•n, "'i4;'n1t•lh,u1b
\'~•~1•ta\:,l\\. /1 a11 d \' l\'C.ll' num lugi.lr aía.~tado de casa (gcralm(•nlt' rampo).
~' abund .ir; C'liStir c1n grande quil11 lidade.
F. qu lmb. de 111n t ú111b11; 101,ges terras.
l\1avitia l\1bongo, L s. m. Nome de LU11a entidade espirihial do Congo,
pertencente d dd!.'le dos Kapitas.
T. reg.
Mancos, s. m. pl. Mealheiros rituais. (V. Oiznca.)
Pl. híbr. do quin1b. dizakJJ,
Mesa (êJ. s. f Banquete ritual. Loc. Dar n-: consagn1r o fc!'!im ritual.
F port.
Mesa de diculundu.n do, 1 s. i. Pequena elevação de l'crra dC' forma
sepulcrill, preparada para a cfectuaçâo de dete.rntl.11ados ritu,1is.

' T. hibr. de port e quimb.


Micunga, !.. 1. Avental ritual de franja.~.
Em Lu,,nda, anrcriormll'ntt.• ,1 tqOO, e,:te paramento ,;.(I ~ ... compunha
de filamentos de fibra de ernbonde1ro, pt•ndentes dl' uma cord,1 do n1csn1ll
produto. Mas, .i partir daquela date, certamcntt• para pos..'<ibilit.ir uma
mo1ior extensãr, rituali-:;tica. e constituido Je fita."- inh.-rcal,1<l.1, da dit;:i l!bra
e de pano-cru (encamadu e a,.ul), cada uma da lari,;ura dt• dni,i dt'dos, ma,.
pt.·ndo.•ntt-s de un1a cinta de p.ino-cru.
Nu interior de Luand,1. pt'lll mt•n()!t nas áreils m<1rg1n.ii~ d(> Cuan1,1.
,1 intercal,1ção é dl' fibra dt? embondt>iro. pano <TU t' tambt-m fibra de h..ind.i,
0u. n,1 s,ia falta, dl." mult'"mba. Usam-!'oe ..,,mulldnl•amentc •:lua:. mil11ngai
uma J lrenll', vutra atr,\s.
T, quimb. l'l dl• ntilun~:i. l\."'!'.U\t. de J:, kun,'{;;: (eslr~•s;ar). ,\h1-do ao
1,c,-untamC'ntl1 ctl·(tuado no~ ntu.:iis en, que -se l.'TI\'L'f}l;il o dlto pararnt·nto
~1iondonas ló ), s. · pi. l::sp1rito,; tutelares.(\.', ,\.fu,1 Jo1a.)
1' 1 hibr. d1• 11111ondcr1u
O(, t

l\1issang.1, s. t Boli11h,1 ou c·11nudinho de vidro, rcnlrnlrn1.-nte


l1tr.:ivcssado pu1· um úrlílc-i1l, ordinnri,1n11.?nl~ servindv de ornnlo.
l'níl,1ci.1s 11u111J li11ha l'l' cord.io, pussuen, ,1!i mi~ angas divcr5as
,1plic-.11.,'CM.'-., sobn.•tuclo p,1r,1 adorno do corpo. hn1hora esta prática tenha Já
<lec:1ido entr(• n,ulh11 res 1n,Hs evuhlldJs, a~ n1a1s n1i(1dns ainda são usadas
no cnieitc dos tornoitill.l!i, e r<1dc,1ndt, a cintura, dirt:!ctamcntl' sobre o corpo,
par.i -ceg11mr a fralda higiéni(:.i. Tarnbchn ílgurn1n nus penteados femininos de
numl!rosas trib,'ls. tv1a-; as n1alorl.!S, c~p~cifica,nl'l11C fu11tiona11do de colares,
o~tentan1-::,e ,10 p1•1to e nos pulse,,.
Conqu.1nlo tambén, ao peito, o uso dus n1issJngas miúdas é consa·
grado ao culto de algumas entidades l!l:ipirituais, numa obscr\"áncia de cores
e CX)n1binr1ções. Na epuca de seu pr0don1ínio, as n1issangas 111aiores qualifica-
van1-se con1 dtmominações particulares. quase sen1pre de carâcter irónico.
T. 4uimb. PI. de n111ba11g11. result. de kt1•di-sanxa (unir-se). Alusão ao
a1unlamento crn fiada.
M.íssanga•dt•-1naria-segunda, s. f. l\1issanga redonda e encarnada,
ma.e branca a sLla massa interior.
Usou-~e cm colar~s de ornato. 1nodernamcnte, seu emprego só se
restdnge à umbanda, de n1istura com outras.
F. port

Mubanga (Acacia v,;elwit.schií Ohv.), s.1 Arvorl' espinhosa atingindo
12 n1, raras vezes mais; tronco t~rccto l' copa volutnosn ma!'i não dtl.ttada
folhas ger.1l mL'Tltc caducas.
l::.ncicl -Aocontr,1ri<1 do que diz John (;oss\\ cilercm Nome:i lrrdr~~ffllasM
l'/ar,ta de An;:nln, o ron,c dos tron,·os só é utilizado na!! hab1t11çoes 1nd1~
em reforço c011Lra dcsabarnentu. r 1.-omo ll•nh,1, 1'., n,ubanR" multo • r ~
(,i,. "c~inho de ponta vulnerante", a \)Ul' o ln!llgn,• botinl"l •lud~ nllo
n utu m ob!it,\culo Portanto, t1c111 l•lt•s \ ort,,do ('t1m mac~,. úU <"attm'I•
v,,

Qu..11\ll\ ,111 ..:.irv,lti. 5'..lbr('s,;ai el~•, rt.!,1hnentc, ao!,, demais, pela sua ('XceJ,,nti'
4uahJ.tdl' Lm rt!sulta~io de tudo isso, tomou-se a mubanga uma e!l<;ênda dl'
iraca d ... ns1d,,J,.. Oorest,11.
l' quimb. de k11l1a11ga111u: fazer oposição a. Alusão aos espinhos.
l\il ubilo (Adenia iobata L.), s. m. Trepadeira he?rbácea, vivaz, atingindo
11 me maL<;.
Enl."icl. - Possui propriedades medicinais. E muito usado em ritos
destinados a modificar o carilcter ou a ideia de alguém.
T. quimb. de kubilula: virar.
M ucasso, s. m. IZisca profilática de pós especiais, quer na c,1beça, quer
na linha dos sobrolhos, quer na nuca, quer na cintura, com o fim de proteger
contra um dano sobrenatural. (V. lnr111go.)
T. quimb. de k11kn;;11rn111111; desimpedir. Alusão à anulação do n1al.
Múcua, s. f . .Fruto Jo embandeiro.
As sement'es, de propriedades laxativa,;, c;ão t'.'nvolvid,1c; por unia
massa branca, íeculenta, estando conhdas num invólucro duro, co1nprido e
ovóide. Embora secas, usam-se em refrigerant,:-, bem ap-ad.ivel ao paladar.
Com a farinhil, também se prepara quifufutil<1 ~ matete.
Segundo o povo, nãu !'>I? deve: chupar muita m~cua, !:<·não as hochl·i.::ha5
í:ic,1m empapuçadas. Assin1. quandll ;i!gul'n, possui as í.11:e-. volunil)sas,
comenta em seus c:a.racteríshc{ls desdl'ns: 'Olha para as bochechas dele,
~t.io e.mpnpuç.ad,1s romu as do chupador dl· múrual" [ t' ca~o, pc•la sua
boa concavidade:, é aproveit-1do romo rccipit·nte para dicosso;,, bem como
pá<1 para a torragem da farinha dC' mandi1Xa, e e:m certas emM'gênria<.
i:impc~tres, até praln-. para iguarias.
l. ~uimb. dt' kulaiua: c\·.:iru.1r. Alus.ãu ao ctl•1to lax.1tivo.
Muculo, s. m. Aln,.:i que cspüntanean,t'flll' se rnani.fl~W l·m pt~S('S.'i.lo.
A ~ua .:ichtaçJo pndc ~fl•ctuJ r-se, nu logo que 5(' lilll'rt,.. d.:i m.:ilt•n,1, ti~•
'll8 {),j( 411 H11A lf "º

úpos um curh.1espaço de t,•ntpn. ~1es1no u111 ou dois .1nos, Ao con.trário das


dC'!l\,1is cntidaucs cc;p1ritu:iis, não prcl:isc1 de ser oonvcll.i'ldo ern di5siltJU1•JJ
\\i1n cspont,,nl·a111enh'. movidn por uni desL'in: ou parJ revel,1r um !iegrcdo,
ou r1,1r,1 legar ost·u s11bcre a !':ua corte dl' espiritos (tratnnd, i•St' d<' 1JUi1nbanda),
e ::.<im..:-nte a corl1: de espirill1S (lratandn-st• dt' J1inguil,1dor); ou, ,1tnda, a sua
,1i:çJo (ITal,1ndo-sc de t1n1.1 criatur:i \'tilgar).
1· quimb. dl! ku-di k11ln: desobrigar-se. Alui;ãu ;, presi:indênoa dos
re~"Urso::, e\'ocatór1os.
!vluenc-Kongo (ênê), ~. f. Espírito fL•minino que, por infunda,nento
ou qul•brn V{1lú,·t•l dt> proteslll::,, administr.i ,, jl1stiç,1. r:,,tídadc e~piritual do~
protesll.>!>.
foi r<1inha do Congc.i e lia Jo t-!Gpirito I Iônji. Chama-se D. ~faria Kume-
kt.>la kua M5ji maNgúba (D. ~1uria Reluzr•J1te de Ólt•o de Jinguha). r' único ~
act-ua pelo ramo materno. Sua punição n1ani(e.::ta-sc atra\'és do tétano.
T. qui1nb.
Muhamba, s. f. Artefacto para condução de 1nercudorias. Grade de
can.i de ban1bu. Cesto de hastes de palmeira.
Este urensilo é interiormente revestido de folhagem dt:• bananeira.
Con5litui ,, receptáculo d,'l preferencia das popl.ilaçüessertai,eja~ ma!'>i.:ulinas
quando em deslucação, quer das l,1vras ..:on, a recolh,1 para ca~a. quer da
casa com a permuta para a loja de comércio. Ao in\"erso da~ mulheres
que tranr;portam à Célbeça ou ac; costás, rcspecli\·a1ncntc as ,un:, qu1ndas e
qu1cu1nhas, os vnrõescarregan1 i!S !';Uas 111uh.11nbas aosombrtls, amparando-a:.
a frente con1 a mão, que !-cgura o\ i'•rtict> dl· dua-; h,1slPs1 presas obliquaml'nt~
a todo o íun<lo do rclipienh>, 12 cun, a nulr,1, st•gura11do 11n1a vara, il"'>l'nte no
ombro contr.inn, sobrf' ti qual se linnn o outro extrl'mo do n1uh.1mba
·1 qu11nu. de kllkn111l1a11u1. cst,1r snbrcpllsto. 1\111!>,lU .is ha,1,-s 1nh•11un'S
dí' ,t-p,ur,1nç.1.
•. '

\1uhind.1•, !Ir,. 1 l,r:indr ,trvnr1• do ~e11,•ru l i<"U'i.. muito pdl't' id.! l'O"n

1 • mult..,,b:
En,.il.:' ·\ fil'l'rJ d,1 enlTl'C,1..,l,\ 11plir.r--...• n.:i conil•rçÃo dr o·rtus p
r.1mn,t<)S rituais. L l]U.indu ,..,,- c,tr,;ii .i c,;.i,;c,1, ,1blílld-!-(.' primt•iru 1:om uma
'hOl.'d~ qt1l' s,: atirJ paril o i:hJn, a ~rl;'!d t'Xi:-;tent,: Jll':!l!xl jrca Ma<. proferin•
do-sre uma supllc.1.
Dad.\ .1 sen1elh,mça com d mu!embn, supri.' esta .irvore o o;('U emprego
em umbdnJ11. ·Na Jalt.i de handa, ,1 mulemba toma o seu nome."• Pondera
uma -...-ntcnça P,:)pular.
T. t.jULffib.

~1uhefo (e ou ê). (Pi per guineense Schumach.), s. n1. Planta vivaz com
caule -.emilenhoso até 3 cm de grossura, sarmentoso e muito ramificado.
sei,..-urando-se nos troncos das árvores, pelas numerosas raízes curtas,
adventícias; fruto gltiboso, mucronado, de 4 mm de grossura com um
pedicelo de 6 mm de comprim~to, dt' cor vcm1elh.i nn maturação.
Encicl. • Portuguesmente, esta planta e designada por cribcbeirn. Hcfr.,
~ o nome do fruto.
T quimb.
Muhengue, s. m. Coroa de ldnguilador. Puramr-nlo de nlédium.
É constituído de uni aro dl' pele dorsal de palanca. pílcassn ou ~to,
rt-matad o em ponta .i longad a. Aos lad ose ,1trás, prt:ndeni-~ vertica lmen tl' tl'eS
pedaços dos extremo!> dJ~ caudil!. do.~ referidos antilo~ A ,;ali~ncia d,1 lira
funrion..i de pega. O pa r,1mento !! uso do en, 1x1ssc..,~iln til' Mutak.:ll\1mbl.'I.
1. quimb.
Muiji. s m. Geroçilo. Fam1tia.
T lJUJmb til' Ãr11jila: prl~"l'Ól'f-
:\.fui<,so, s. rn. Pil.:itl (niln t•m !ient n:~J- ~1ão d,· ~1,1l Pau p,1r,1 pil.1r
fir.t'i. lnd11i:l-rnrn11.
'111 1 >i,i ,ia J IIIA f t,a,J,u

1 qu11nb de k11:,11fn. n1,1lh,1r.


l\1ukita ., Suku (Suco), 1. s. { l:5ptrito dl' mulher nova da Qu1 sama
Entidade ci;p111tual Íl'1ninin., da dt'llll'11cl,1. (\1. k.11ku t-.·l11k11a" St1ku)
('.1roclcriz 1-~e por un1t1 1c1nturu cn, quc,n desl'Jtl lnzí'r !WU inc;trurncnto
d,• n1l'd1unld,1dl!, fic.inrlo a p,1c1t•11te a ahnni1r ,1 cobc1;a.
T. qui1r1h.
f\1úkua•ntbân,ba fcu,11nbâi, ~. 111. e f. l•iscat <.los ll'il1oriros. O mesmo
que lto111l'111-do-chh ,111• (' 11111ll1r1-do-cl11c,1tc.
T 4ui1nb.
~lükua-Kítuxi (Quitúxi), s. n1. Alma de vitin1a de crimP.
Est.1 entidade, e111 v1d,1, ioi v1ti1nad,1, 011 por nssnssínio, ou por
enfeitiçan,ento, por um untcpas:,t1do do :xingl1ilador. l)ifere do Nzumb1 ta
r-.:gan.:i, sin,plei;mcnhi pelo ten1po decorrido apó:. o crirru.>: numa época mais
dist.1ntc, o !\lukua-Kituxi; e mai:, ri.'centcmentc. o Nzúmbi ia Ngana
Em po:.~:,:,àO, :.urge dorido, patente.i.n<lo o modo cu1no rnorreu • coxo,
manco, co1n to,:,e, etc. Não tanto cun10 o Nzumbi ia Ngana, n,ostra-se, na
primeíra po:-;:.cssão, terr1,·1c,1, an,caçadúr. ~'las, indt'n111izado de seus dano,;
isto e, de quanto le,·,1va na ocasião do crin1t..• - vestuário, an1uletos, 11,erL.iJori.1
• íntegra-se na família, p,1ssando a assumir a sua tutela, partiLipando-lhe
depois os tutelado:., par., L•t,•1to de sua pcnnissiio, os actos conccrnent\."S a
• •
tratamentos r1tui.11s.
Afor,1 a dtícrcn,a já c,nunciada, a dcnnrninn,iio de !\1ukua-K1tux1 é

m,11<; usual cm l.uand.i, .io p,1sso que ,l de N7í'ln1b1 i.i Ng.in.1 o~ nu 1nh•no,:
s;obrctudo na regi.ia do C'uanzt1
1 qurmb.
Mulcmba (1 icu-. Wcl\Vll'l1;ht1 \\1nrb ), Arvorl' dl• st'J\,, t,.,h
li I
atrngrndo 2 m Lt1p,1 \ olun,o a ht•n,I f, 11LJ, 1nu1to r,1n11íl, ,d.i
f n , 1 1 m urnb 1nd11 o ga1lho utih.- 1111 • t11n\o h~ sclP" d , ,t1,,11!0il,
21 1

T quin1b, dt' k11/i•111h,r· escurecer. Alusdo ,1 detts1dade d.l sombra.


1 l\lulembuíji (l;vnura scan dem; Q. 1-loffm.), s. m. rlant.-i vivaz, car-
nud,1: i:aule,:, proswdol'. ou ascendent~, persistentes, por vl!'zes gregário:., de
1 m e m,1is de co1nprirnento; folJ1as suculen,tas, dum cheiro d~agradàvcl;
flores cor de laranja.
Encicl. - Esta planta e 1nuito utilizada em un1banda, sobretudo nos
rituais consagrados a gémeos. Represenra, junt,unente com a mussêquenha,
com que muito se assemelha, a sua roupa sagrada
Na terapêutica regiona!, emprega-se em chstere~ a crianças, para a
segregação de espinhas, como diz o ~-u\go, e cuja fonnaç5o se atribui ao iacto
ti de a m ulher. en1 estado de gravide;,.., con1er frequentemente cabeças dt> peixe.
Para a 1nedicamentação, desfílzem-~ em águíl al~mas folhas, que depois se
coa e amorna.
T quimb. de k11t1·111hui>s1L evitar. Ah.1.s.iCI ao adoecimentci dos gém('l.'l,.,
ocasionad o por fall.<I dess.i t' outra n:ima~t.'rn, rl{1s rituais que lhC'S di7.í:'m respeito.
t\11 ulher-de-calund u, s. t /\1edium. Xini;uil.:id~lr(al. O ffit'.'>,mo que 11111-
lher-dt'-f!St'Tut••d1/o. Esta qu.ilifícaçào abrange qualquer do:- ,;r\:(l'-

f\dap. do quimb. 1uukã11-un-hlund11.


Mulher•de-escra vid.io, s. f. Mediun1. \1nguilador(0). O Till''-nlll queo
111ull1er-,;lc-c11/u11dr1. Esta qua!ificai;;lo ,ibr.in~ quak1uer dos ~•11os.
Ad,1p. do ~1uimb ,11,biii•ua-ubil.,
Mulher-do-chicote, -;_ 1. fi~al d11s l~lllL"l.'iro!l. {\.' /·l1P•:t'm•do>-ctucv/1 .)
Adap. du quimb. -:úk-uc ·.11/tá111!Ja.
Mulóji,,; m. t! f. lndi,•tduo quesú se dedica a pr,1tico1 do 1113)_ fe1t1..:ciru.
Bru-,,,o. Bras. Cumb,:i Na i1li~iaç.io. para aguç,,ml·nto dn sortilt•gio, 1~rá lJUI!
enft·iti\·:ir um paren te intiml1 (cnmo pai, mãe, o primeiro hlh11). qu.llih1 1ndo-
l -M• ,1 vitinia de pif,1, ''l1 i~·ihct•iro u•m.:(.l t'm sua própria ca~" - 01.1. um
' ad,igio an~nl,,nn
1
'I' ( ,11, "''" h 1/IIU~

1. c1uin1b etc k11l01111· cnfeitiç,1r.


l\1undeh• (l!), "· m. e 1. !11d1víduo de r,1çn br,lnl a. P. c-x:t. Indivíduo
civ1hz.,do de cor. l'udo ,1qucle que, qu.1lquer que sej,1 ri cor de su11 epiderme,
se traia à eu ropt1 iü. 1'l. hfbr.; n1indcl1~
T. quin,b. de u111, .ibre\'. de 11111k11a (relt1l1vDa) +11dt'lt• (aln,a). Alusão d inicial
1dei,1, OC)ltando do pr11nc110 encontro lUJn os pri1n,1 irc1s l11nnens dcsSl1 raç,1.
l\.1uondona (õJ, "· t. F:.spiritu tutelc1r. PI. hibr.: niiondnnns.
J\ n1uondona nasce connosco e tn1nsn1ite-sc peln \'ia paten,,,. Contudo,
outr.is há que, vivendo forn de nós, tan,bi:m intt..'rferen, na no~sa gestação e
bem-est ,1 r.
l'os::;ui cada um de nós a suíl ,nuondona. ·ral como a alma, que se fixa
no corpo, tan1bém l> Oll'smo ::;ucl•de à muondon.1. r-.1a:, JXlr desprendimento de
uma partícula da muondona do pc11. Portanto, alma e 1nuondona coexistem no
mec,mo indi,•iduo.
Constitui a 1nuondona o nosso anjo-da-guarda. Por lSSO, jamais desam-
p.ira a alma, se1npre a nssistindo com sua vigilânc.ia e ardor. Na-, digrt.'S.",Õe;
que a alma efectua em sonho, a n1uondorra nao deixa de a acon,panhar.
Defende-nos du mal, chegando mes1no a lut,1r com almas
ofcnsivan1entc movidJs por feiticeiro, por ela r('C1.1sar suas aliciantes
oícrt.is de alin1entos. En, vista desse risco, qu.indo senlin1os pertinaz
desejo de comer qu,1lquer iguaría, dl•ven1üs satisfa:ler o apetite, poi~ e a
muondona que no-1.i pt•d~, l'lll conse,1uênl'la do assédio do feiticc1ro com
5uas tentaçõcc;. E a \OZ íntima que, por v~ze,;, ouvimos dentro de nos, n,.1 s
não é que um avi,;o seu, nrdi11arian1c111e f1l1s h1l1uictando oontm ., pr.lhlJ
de dt>tcrminiJdél desejo
nada a un nnturez41 co;pintu,11, 11 111uond(,11,,, .ipl"'i ., m(,rt<· h~ rt 1
d malPn a, logo 11 m•g111r à al1n,1.
l (jutmb dt' k11kot1tlu1111 hmp,1r Alus,1n ,, prClli.'l\JU do nwl

~1usscquit fé uu ê), !;, m. Terreno arenoso, n,as agricull.ivt:!I, sih1ado


lt\ra da 1,rl.1 niaril.i ma, em planície de al!ilude. r. ex!. Quinta, xi taca feslabcle-
c1da-. nes~ loc.i\). PI. Fíg. Aldeolas. Confins. Berças. Bras. Cháca ra.
T q Wn,b. de 11111 (onde)+ seke (areia).
Mussêquenha ou Mussequenha", s. f. Planta vivaz, de caules pros-
trados ou ascendentes.
Encicl. - Possui larga aplicação em umbanda, designadamente nO!>
rituais consagrados a gémeos. Representa, juntamente com o mulembuiji,
com que muito se assemelha, a sua roupa sagrada.
Terapeuticamente, emprega·liC na cura de: coniuntivite, ou, popu-
larmente, doença de olhos, pela que se banham os mesmos, duas ou tres
vezes ao dia, com dgua, coada, em que se desfizeram algumas folhas; prL'\ao
de ventre e cólicas, peloc1ue 5e aplica um clistcrdcidênhco preparado, apenas
.in,ornildo; sarn<1 e comichão, pelo que se fricciona, nas partc>s afcctadas, rom
foU,as molhada<, ern água. E no uso doméstico. para o branquca1nento da
roupa, lava-se t-om a folha.
Ma,; tClda~ essas aplicações, em con~1ul?nci,1 dilS inovaçt'(':-; eurupei;1'1,
estão decaindo estrondos.imente. Purt:into, 1,1 pouco se adaptando. F con,
isso, outrils coisas m.:iis.
T. quin1b. de ku!ltkn (conspirar)-t kukl'nv.i (desdt"'nhar). Alusão aos maur
Sl'ntimentus 9ue os géme1Js. durante a gestação.. nrd1nari.1mt•ntt" nultl'm pelns
p.:ii.<;. Assim. p.1ra ,1nular tal aveN(l, ...._, empn..~a .i dita pl.inta.
Mussesse (é)." m. locira ritu,i! de caud11 de antil(lfll•. Bra!">. lx,l. PI. h1bl.
mis'i<'<:"'-':-ó. Confomll' él zona de inf1t1t'flda dt, animal. pud'-' ll('f de palanca. d,•
gnu. ou. n,e-;mo, de uma uutra ..:1mgénE'f\'- Ser.·t> para o t:jUimbanda, ,1uando
em opt·r,1ç.Jo di\'inaté-ri.t, dt>s1ibslruir. com 'ilia agitação no ar, qualqut·r
embar,1,_u sol:,n.,n.1fur,1!. Em dc!cnnin.idas l'(l'-""-'SSÕl.'5-, tam!x•m I.' 1Jtili;..ado f>\.lT
xinf-!uil,1d,1r~. outn~~im 0«>11enJ1, em danç.,-. rituai~ d,· ,1lguma,; 1•tnia!l.
\'" 1

1: ljuiinb dC" kusi-.:.c•Ja. 1o•·lror por. Alus<1c• ao refe11do efeito


l\1usunda Ng.1nga {?-.tL1ssund.ingn11g,1J, t. ,;. f. 111p1rito fen11runo dc-
proccdcncin congul•~.1. l:ntid,,dt! csp1nlu,1I d.i pc1cifi,:.iç.io.
Un, pos-.ess,10, P.St1ra•"l' no l hão, oontorc<'ndo-se l' gl'n1cndo. Su;1
fu11çõo et)nsh,ie en, restituir a sat'1de e a paz, par.i o que besunta o corpo do
p.1c1e11tt:· c,Hn terr,1 1n,,lhad,1 P.trtt o ,•frito, vcrtl'•Se .íguu junto da CI1tidade,
e-;fregc1ndo ela ní as 111ão,.
r rcg .
.\tutakalon,bo, s 1n. Espirito que supL"rintendc na esfera dos anin1ais
aquáticos. Fnt1dadc cspir1tu,1l d,1 1.:iu11,1 ,u1untica.
Foi c6ncgo. Saiu de Portu~al l' .indou por muitas localidadl'S. Morreu
velho • raz:io por qul.' assim é invol'ado nos ~l'us c5nticos. Finou-se num
montícull1 de ~.1lalé, nun1 mussc,1ue das iml'diações de Luanda. E único com
e~:.-e nome, passado a adoptar nas .1ch.1ações. &·u cão é o jacarJ, de que se
serve para punir uma faltíl grave.
T. quimb.
Mutanjinji, ,. f. Espirito feminino que -.uperint1.•nde na estera do'-
animals tt!rrestre.<.. Entidade espiritunl da fauna terrL'Slrl'.
T. qu1mb.
!\1uxacato, s. m. ln~trun11:!nto de adivinhaçãu n1,1tt:1rial.
Compõc...,c de um JX1d,1ço de aduel,1 de un:s 20 c1n de comprimentL,
com um sulco longitudinal ao centro, onde, por éltrito, St' faz correr, t:tn tod.i
a t>xten,,.10, um pauzinho de11on1in.1dofi/hv. F1n rigor, n .1duela f! apro,'l'1tad.i
da ancorctas que se quebram en1 dcterrn,nados rituais. Entn•tanto tamlx'm
,;e pode (.•01pregilr diferente qu.1ltd.1dc de n1adcir,1.
1 quimb de k11r11k,1t11: arr,,..,l,lr os pt'i. Alusão <111 ÍTI1.:l1onan1t:nlo
Muxox.1, (6), ll Inir IJnr muxr,xo. Manifl'"lnr di--.pn :10 atr,,, l J n,
'KlJXl
11'• IIJll.l0.\"(I,
Muxoxo (ô), s. m Chio de boca manifest.indo desprezo, produ/.ido
pl1r C'\)mpressã\1 do ar nas bochechas. Xoxo. Brai.. Tunco.
T quintb. de ku:tTlxa: escarnecer.
/\inz.1mho, s. m. Adivinhação de ocultista.
T. 9ui rnb. de k11:u1111b11/a: adivinhar.
Muzua, s. f. Armadilha de pesca Nassa. O mesmo que St--:;s,·. Pl. híbr..
miT.ua~. É de formato cónico, constituída de n,ara\·alhas de bordão ou de
palmei ra.
Detu rp. do quimb. u111zrJJ1a, tl;'sult de kuzr1un (es..-orrer). Alus.io à
' penelrnçiio do pescado.

Nâmbu,1, s. f. !\i:1gi,1 denun,iadnra d,1 inhdt•lid,,rlt• d<1s 1.;on~ort.!._ d,•


caçadort:,, e pe ... cadol'!'s. l'ica en!errad,1 nu rh..Jo. 1unlo .i poria dl' ,·ntradJ. 1:m
ca<;o d!! perfídia. el,1. di,1,; apú'-, d,•rrama !<1ngul' pelo <;e\O. p•.xh•ndn m(lrrer ~·
n,11.'1 confe~<:ar o delito. Se J muUi~·r. por efeite> d(' "1uvei:, no\·,1m('nl~ prl'tender
consorci,1r-SC'. deverá .,1.1bn11.•tcr--.,· a um !ratamC'Tlto rilu,tl, para anular ,1 .11:i;,1n
J<l si.1rtilégio (ku!lmga,:, n,7n,r,,o4, 1."t~mo M' d:l t>m ~uimbundn)
T. quimt,.
Nongona r 1g61 v. Ir ~spotar (a pe,.;oa viva 01 m Pf.a) p,·h>i:1, unha'!,
parle'- cio vestuuno e g-rão<. dt arMa Jci uga; em :rue M' p1S(TU ou Sl' 1 Jc;p1u,

pJril illls de n1agia dt>fl•no;iva ClU ·lensiva. L"ll.,trr. pata eft!ito ritu,11 indi,-1o!õ
do que> intim,,mentc {'>l;!rtl•nce o 1 pertenceu .a .1lg\Wm.
J\ port. (h\ 1.tuimt, k-u,, 111.~
'1 {\ 1 ( , •• A .. KIJIA li ,,.

o

Ohilo, ~. 111. 1:,11ecunl'J1lo, cusn onde ~L' rL'.1hza uin funeral, bem como
os suhseque.i1t<'s rituais.
Adap. do quin1b. trunl•i.

Pacassa, s. r. Bovidt:•o selvagen,. Espl?cie de búfalo.


Este animal possui cJ1ifres curtos e grossos, en, curvatura para trás,
torn.indo•Sl' par<1lelos nas L'Xtre1nidadcs. Existcn1 duas espécies: pacns_i,;a preta
(Syncen1.; cal'íer) e IHlcassa ver111e/11a (Sy11cerus nanus).
T. multirrcg. Vem.ics.: 11akas,1 e 111pakasa.
Pai-de-umbanda, s. m. Qualificação que o quimbanda assume, quan-
do trai.indo alguém ou dirigindo um ritual. B.ras. Pai-dt..>-santo ou pai-de-
-terreiro.
Representa um tratamento afectivo. Quer dizer: na !>Ubordinaçào do
acto, o paciente contrai un, la<,'O motal para com o seu mentor. Portanto.
quimbanda é o indivíduo físico, t!Strnnho a qual~1ucr influência p,1quica.
,\dap. do quimb. tlitn-ín-11111bn,uin.
Pai..Je-viuvez, ~. m. Qualificaçãú que o quimbandu as-.ume, ou n1e:.-mo
qualquer viúvo com os podcrL'S sobrenaturais convl'11it•nlt•s, quando l'l'lebrando
um nto de viuvey_
Adap. do qu1111b. tât11-ia-11titdi.
Palanca, s. f Antitope dn curpult3nci.1 de uni Cil\ illO, <'ou, d1ttn...._ rom
pndn•,, ('lTI curvatura p.im trá~, n1(•c'hndo ccm1 cJ,, 11n, &"">fldo .:i C41ud,1 wrt.l
l x1ste1n du.i5 t:'<p<11 !P'I: 1111/1111ct1 1•1'1'/11 do Sudc Ir (l~1ppotta~u., o~er
n1gc'T ,J, rruidlo ,J, e 1111/atH'tl t1er111rlli11 ou r•ala11rr1 t 11l~111 (l llppotra •u, ,,1u nw
1
,.., fh,.,, 1, ,. - -., 217

"Ú m.1chos). l)n p.:il .inc,1 prt>ta, reparte•!'lt.' uma subespécie: a palanca prelo
~1g,111tt' t•·h ppolragus n iger va.riani),
Dcturp. do quimb. palanca.
Panela-dos-ca.lu.ndus, s. f Panela de barro simbolicamente omam~tada
,.,. recheada com diversos produtos, usada no ritual de evocaçào de e:.píritos.
Assenta sobre um pau triforcado, espetado no chão. Em precisão
vocabular, e:>r.:prime: pa11ela-dos-esp1rifos.
Adap. do quimb. 1n1/Jin-ia-i/1111d11.
Pancla-dos-maculos, s. f_ Panela de barro simbc,licamt!nte ornamen-
tada e recheada com diversos produtos, usada no ritual de evocação de
1 espíri tos de antepassados,
En1 precisão vocabular, exprime: pa11,·la·dt1.<r,n1kpas~ados.
Adap. do quimb. r111[1i11-ln-makiili1.
Patacanha, s. f. [)uplo ,1nel dt> i:orda!I unidas Ol,-lOf>l.amente crn doi<:
1 pontos. r. cxt. Cordão de folh<1gcm c~pt•ci,11
Usa-~1· ,1 tirac,110. É f"-'ita de fibra do.' l.'ml:,ondeiro ou de mc1bel<1. S..· o
pi!ramentol' consagrado a espírito,;., é be~unt.ido, de 4u.indnL'm quando, com
uma 1ni!.tur..i dL• Sl'rradura de tacul.1 e azeite de palma, pelo que .ipt'\'S\'nt,l
un1<1 cor cncarniçildA. Ma!' ~ con,;.titui ob1ecto dP luto, i!- tinJ1;1dn dl:' preto,
h1m1andt1. juntaml'nlc cum a rorda ~•·•ament,1J fm11kJ/,.1 ua Jr.111K1Tll.<iaJ t· ,1
domba, ,l lri,1de .Jenominada t'"l.1rd,1i1-,1,1-n111 t.: (n11l:,,.. , -ia,katun,<,?al. ;\ patacanha

de folhagen1 dL-stina-"-1.' a nlos de p:t'mE.'OS.
l. qu1n1b. d<.' k11.Joi.a11a. estdbclei."'f.'r t"Ontarto. A.lusilo .i Junção.
Pedir a dua, 1. v Pedir (o orulhstJl r-:,r 1111.'lO dt.• rito 1propna11o. 1.jlH' o
G:u,:láverde medi um qul!, nJ inictaç..io, :«1rvi.'l.l nwngm dossatrihrios, 5f1:fL'J{U1•
um f)(>U1.x1 de li<lni,tut• pt•ln n,1riz, --imbolitJmenl-e re-c;tituindu o ingerido.
Paríl t-1!, nutro~ mt.>diu1,.. em \-olab1:rração simultãru.•., 10fn·m \'árias
induçõe,.
l.lK t IIICA• .. IIM . h ,l'-l

.\d,,p. do ljt11n1b. l11/i111gn t11u1ua.


Pedra, s. L (;rupo d;,_, 1..•-;píril~is suburdin..1dos a dl'll•rmü1,1da !'nlid.idt',
ixir cujo non,e ~' d\''-igna ,1 classe. 8ras. Falangt>.
C,1d,1 l'Sp1nto, ou. tl:!gionalmcnte, calundu, possui o r,eu nume
\.lu!,, l's.,;1:.• n,e~111u non11.' ndtl rl.'spl.'113 s-omcnto.:' a un1, mas a u1na 1nultid.io.
Lonquanto unia pedra dt'iponh,1 de um nun1ero limitado de entid.:ides c.im
o seu noml.' partil--ular, abrange, cm decorrJncia dessa multiplicidade, um.1
i.nf.inídade de ~•spiritos. Singularment~ correspondl!ndu ao nuine, pour·as são
<lS enhd,1d._...,_
Adup. do qu1n1b. ditadi.
Ped.ro Mil.Zârti (Mazúrti),l. s. m. Espírito de antigo fidal~o do Congo.
Entidadt! espirih1al da classe dos Kapitas.
Vulgarmente, é designado por Pete/11. Foi marido de Muen1..>-Kongo.
Pela (ê ou e), s. f. Povoação residencial do soba. Moradia dt1 soba.
Palácio rl'gio genti.Lico. Embala. Banza.
T. quimb., us. na Quissama.
Pelo {ê), s. m. Reagente da posses~ão. Prova da mediunidade.
Varia conforme a entidade actuante.
T quirnh. de K1d1el1ila: fazer gtlinar. Alusão ao efeito compro\·ativci.
Pemba, s. {. Calcário 1n11rgoso. Caulim. Espécie de ges-.o. \'arit..-.Jade
d~ caracterizador ritual. O mesmo c1ue x1q11eln, e1n linguagem de form.1,;ão
umbundo.
Possw J,irgo emprego em u1nbanda e destina-se a alrair .:i ~r,1\·.s
divina. JuntamenlP com o ucusso ou out·ros pó<1 l'Specifit'tl!-, ~•r\·t· r'.lr,1 ,'s
cancteri:;,.açoes qu1• obrigatoriílmt•ntt• !il' ext.>cL1tiln1 nu.. luK,1fl'S (l'll1.."Pmt.'n1l'1
J31 lit:u rg1a . .l fim dt• hl' ª" ri tl'l11 (!!'I l (Hl///lil!J.i, l lll M'j,1, p.1 r,l d l''II íUUl'hl qu.iJqm•,
mak-!1cio. l\lo lr,1~,1d,1 J,1 ~Til/. h~ur,1 n,1 rnn .. 11tuiç.1~1 ,t., li11ho \,·':'11':II.
(. qu I m 11. dt· k 11h,·111/1u li1 .- ,i p.1 rt ,1 r ,\ !us.1u .:i n ·t,·r ,d., 1•!in1l iwç.ll1.
J I '1

remba•de-ngola-kiluanji-.k:ia-samba(pemba-degola--quiluánji•quia·
·'-<lmb.,J. s. t . D1•signação da cin2a. quando aplicada em unlbanda. A cinza,
ritu,1ln1ente tu ncionando como pemba.
Adap. do 9 u imb. pen1bo-1a-11gola-ki/ua11ji-kia+sa1nb11.
Pembelc (bê), s. m. lnvocação aos espíritos ou almas dos extintos,
bt>m ainda aos mestres vivos, proferida no início de um trabalho ou negócio,
a fím de se obter bom êxito. Súplica. Graça. Felicitaç3a. Congratulaç,lo. lek.".
Pr:dir ns ,: rogar a protecçâo sobrenatural.
T. qu..imb. tv. de f'úllba ia udele (pemb.i de ,1lm,1).
Alusão ao poder ~renatural.
Pepe (é ou êJ, s. m. fruto do mupt.·~-
A semente, do t.1n,anho de fui1ci,;:a. F'°'~u1 propnt•dadt•, medicinais.
Dt> t?nt re out-ro:; m.ilt•s, emp~a-~• nn Jebrla~ntu de çóhcas e Jx,lid.1<1. Fn1
c(1Jicas, ma~tlga-~e um r,u dois ~rãO!> ªf'l.:-n.lS ~ ingerindr, o sUt\' r. 1•m l't·ld.i,;,
aplit:,1-'!C como delum,1d()Urn. Contud(I. i, ~eu ol!'o. ""tr.iidri sub a hlnn<l
Llc rnua1nbu àb>11a ol~O'<,l ~.;pec1fic :ambem utih.:a na ('(lndiment<l~,io
culindria
T quimb.
Petelu (Jlffiõ/!1), ~. m Ri 11~. l)esignação.al>n_-vi•dil dL ntid.1J( e,;piritu,,I
[\•dro ~ 1.iz.irt1 rui,] existe!'lc a de- ,, 1eu n-.. antif. o n.inu Jo e· mgo
.\qu1n1b. J., pt'rt. Ptw'tl
Pil.Jo, .,, m. _.\Jmc-.!,1rt1. de ITldl.ir.."1ra 1, :O ;i,,:: cauJ:.. c.scavaJ,l. {) gr,11,
l' nào a m.i1l. Quino (,:,rn designatilo~ quimbundo), Bras.. nduá.. L'~uá-
11.\-o., dt' d1' t'r"o5 tamanho&. d1."lldc
0
'.'l!I peq-~·· n :,s, i;ot,n-tt1do 1;1ra
,a trih1r.i,·,lo d\· dro)!;i-.. m~icam;..ntosa, os- m!'di .. grandes, p;ira ti

d,,-..:a.~u,· e t;1rim,·á,l Je :-reaL (.._ JIIl{I l.'I míL,u, • m.t~bala, o m.i ·ngo,
l'tç.), T,11 ~-...im<tn~1 ~rasiL t'll\di?JE"'-1~e un;,.x.-sK" idmtifiam_ l."G'lst1nr>m
e.; pili'II.-S ('" rnoinhi;,-.. p-.'PlJU"'5.
i;,Jo .is 1nulht•res qut• f'>-l'L't1ton1 n 1.-irt>f,1 dos pdoes. hntrc l'lb cn,nada~
11.1r.1ici, qu,1ndo o l,llinr exige 11111iur esforço, duas ,nulht•res SOl~Hn altema-
d.imPnte nl, 1nl!!.1no pilao, nu1n<1 cadê11ci,1 dL: bo.ilid.is. M.ii; {•11to:1ndo canti•
g.1s ,1dcl1L1,1dns.
'J'. port.
Pi1ão•dl••1nuene-kongo, s. 111, l'ilj1i sí111bolic.in1L·r1tc oma,ncntado e
l'L'Chl~.1do con1 diversos produtos, usado no ritu.il de ,111ul,1~--ão de protestos.
() rnesn10 qut> pilti,l-dos-protcstos
Adap. do q11i1nb ki1111 kia-111ueni·•l·1111~0.
Pilão-dos-protestos, s. 111. Pilão sin1bolica1nentl' ornan1cnlado e rí'-
chPado c1>n1 d1, erso~ produtos, us.ido no ritual de anul.1ç5o de protestos. O
,nesrno que 11i/iio-de--1111«·11t••ko11go.
Adap. do lp1imb. ki1111-kit1-11111l1,>k11.
Pito,~- n,. Prin,eira vítima de um ieilíceiro, efectuada na pe.:,soa de
um parente prt'>xinio (como pai, n1ãe, o prin1eiro filho), a fim de refinar o seu
poder mágico.
Se o 1n,1leiício se destina a proyorar .1 n1ortt•, é por enfeitiçamento dl'
morte que obté1n tal vítima. Mas '-e o n1aleHci,i tor para don1inar 11-, .,mor, e
pt:'IO incesto <JUe Jevtir.i iniciar-se.
1'. quin1b, de kuliituln: levar consigo na passagem por u1n lugar. AILL'-êi<'
a obr1galorícdade do d,1no.
Pôr as con,·ersas no chão, 1. v. Expor minurinsan1entc un1 dSSuntf,
para averiguação d,1 verdade. Rel..ih1r c.11, cirft1n!-lílnL'1<1S cn1 que dccorrC'u um
episódio, para ap11rn1nl ntL1 df' rL•spnn:,,1bilid.ides.
1

Ad,tp do quimb. kutn 11uík11 l10:r1,


Prato-das-almas, '> rn l'rJto ...ontcndo dt\'t'r,,,{>~ produto,., u,uh1 n
rllu J d(• t vOCil\ 10 dl' ulrn,1~.
Ad 1p de, qu11nl> dil,111••n (lfn 11 11111'11 ,,11 111trl,
j

r,-'tn--,1"'-n,ut'Ju•-kong,1, !t. 111. l'r,111 • d~• ,1111\t•úd" lu~r.11, • Jn no


1 ntur-J il•· .Uutll\:.:io d,• pn •t\~lllS. l), '1 '>111'1 dt· ,1'-~tn.i!JJu ruJn umJ ('tu 1 • p('fflba
~ .k.'"J5SO, nmttn1 il~u.:i. \·1nho, l\U1toto-<'•1n,1luvn 1• ].Jços dt> 1n,1h•h,1
.\d.1r Jo ,1uin,b. rlili•u_xa Ju1-11111rn1•-ku11xo.
1
Q
'
Quarto de cuozar(o), 1. a. m. Quarto de [lausura ritu(I!. Camarinha de
pr1>pici.içã\1. O ml.l$mO que quarto do 1·1<-uow~
Num quarto vulgar, apenas interdito condicionalmente, permantterà
' , paciente, durante oito dias, em m,1nipulação d12 bolinhas de ~rradura dt>
t.acula, de qulcongo e de quissécua, especificamente denonúnada~ fiJJ,os-J05•
..,,1undus. P;;ira tal. friccionara, num tijolo ou pedrn, uin pedaço de cada uma da:;
reti•riJai. madeiras. O saccifíciu e as bolinhas vis,im a réverenciar OS espiritzy;
Em precis.io vocabular, exprime: q1111rt/J dl! raf11r.
Adi.1.p. do quinib. i11.w ili ki;oza.
Quarto do "kuoza" foJ, 1. s. m. Forma popular de qu11rli'I rlt· C1tr1=a1.
Adap. do quimb. inz!I ia >.-11oz.11.
Quebrar o c:alundu, l. v. Iniciar algul!m no l?'I.Crclci~l da po,;.<;essã\1 de
c,1lundu~ Aptificar. atr,1~·és de riLuoJ ade9u,1du, n;i prática d;i n1ed1unídade.
I-. ,crc1t.:ir como x.inguilador.
Adap. do ~1uimh. k11l11ila o kiJ1111rl11.
Quiabeiro (1 llbiscus escult>nlu"> l .. !. ., n, frva ,inii.il. l'TL'çl,1. ÕL l..'i m
cl,: ,11/ur,1.
r.nt:1(l. ;\ s folh;is l' fruir,., sJn n, ui tns u til iz,idas nil ..:uli n,1 rt.1 ,1.111;0!.111<1.
[){• q11111/Jt1.

Quiabo,§. rn. !-'ruiu do qui,1bl'1rn. N;1ft·.


/_ d,· 1ornt.1 d,., uni.1 .:.:,ipsul,1 n:inic,1 ,-l•rdr rl·h.id,t int1•ru1rmt'1'!l' d1•
e1 •• M••• 11

1.-onsl-.1 ·nc1,1 , 1 c.o<.a f'11ss11i l,1rg,1 11plic,1ç,10 na culínnna nngúlan.a, <''>JX'Clid


ttll'lltl' quin,bundo C\,nslitui u1n .iltn,l'nto, tiu, ,1ntl.'s, lU11di1ncnto, dl.' pro-
pril•dad~·-. peitor,1i::..
1. quin,b. dl' J..1111111Jcs11: t()rnnr bom. Ah1siic, oo sabor culinario.
Quianda, s í. Enhd,1dc ::.obrl•11.1tural da::. águ,1c;, Sereia.!'. cxt. Criatura
fi,ic,1mcnll' ,1norn1t1I. Bras. le1na11j,í.
As q11i,111da::, vi,e11111.1 águ<1, quer n1J ma,, ljUCr cn1 rio, qu,·r em lag(la,
me,;n10 ~m qualquer sitio onde h,1ja pe,1ucna porção de águd pcnnanente,
podendo niostrar-::.c i:;ob qual 1ucr ,1::.pl.'Cto - pl'sso,1. p~•ixe, e<,i.sa. En1 fonna
human.i, pu<lern ,1pre:-cntar-,,e como individue>~ do sc.xú masculino ou
fc1ninino, cn, cl1ver-..ifh.:aç,10 das r,1ça~ e,i<.tl'ntes.
,\s ap;iriçõês d,1-. qui,111da ... n•prc..,cnl,1m bom ou ,nau indício. Por
efeit,) de simpatia influe,n 11a gcst,,~·ão, originando indivíduos anormais,
con10 os dciorn1.idos h!>k"..:1menl\.'. A irú1uência da qui.inda, f'.ntrctanto,
tarnbém podP ser exercida após o nascirncnto, pelo que motiva pcrturba,;ões
na saúde da criança. O mal, verificado por adivinhação, sana-se com uma
obl.ita à sereiu, reali,rundo-seo festirn, não L'n1 qualquer local, n1as nn previsto
d i"inatoriamcnte.
T qu1mb. dt.-' kru1nd11: sonh.ir. Alusão c10 ,nodo de sLHI revelc1ção.
Quibando, s. m. EspJ~·ie d!.' bandeja de mateba, ra:.a ou com um
pequeno reboró,J. l.oc. P{lr P • : efecluar, em lugares rn11vimentados um
peditório parc1 remunerc'lçiio de ocultista que trata de assunto gra\'l.' de
intcre<iSC geral i'115sar o - : percurso, na via publica, das pessoas que angariam
ta,c; fundos.
C) quíbJndo raso, usu.rl no intt>rior d,• 1 uanda, cn1prega~• .itr.t\t"'> dt
1n1pul g.irJtóno par,1 e~ l,1dus, ou vibratorh, p.tra c,n,,1, n,1 pc•t)(•tr,u:;,,o l' hn,1~
d < ~ ar , lx ,n ron,c> n.1 lll.'C:-,tl,tt'm dt~ pr(1d11to... vâri,,s r o n~"\11'\ ,,do ,M.top .-l
nd 1, uhhl'. 1 " « ,n,n de p(,:,ltu dl' t,;•·rll·n tan1b{•111 ilhn11.-nt :tr'\:
-
,,,

l. quimb. de kub,1,u/11/11/11: socorrer. Alusão ao pré!;timo.


Quicongo (Tarchouánthus camphoratu<; L.), <;. m. Arbu<;to densainentc
ramific.ido desde a base, atingindo 4 ma 6 m. A <;ua n,adeira densa. de cor
cinzenta, aproveitada no fabrico de objai:os gentílicos, é bast,,nte re;istente
e pouco alter<lvel quando exposta ao tempo. E. al&m dis-;0, arom.iti,.:i. tendo
um cheiro prl'lnunciado a cânfora, sendo o -seu pó cncontrad~, ll(l~ mer,;:ildQS
indigenus e mcdicinaln1ente empregado.
Encid. Em umbond.-i, a sua !'t!rrildt1ra. Jx,m cume> ,1 d(' tal-i.1la e d.·
quiss&ua, obtida por friccionam ... nto numa pedra ou tij,1k1, pi.•lv qul' se v,11
nlinistrando uma pinguinh.i de à~u.:i, empreg,1-"'-', ma-1 •;1:par.i.Jan,t,.>Oll'.
t·iuc.r na manipulaçilo de bolinha.e;., dem:rnin .:la..o;J.llws-WS- 1'1111,/1J.~. quer no
besu11tamento do corp,11 e rouras. com o ob1l"Cti,·o ,i,, se l"('\'('n!nci.in.'m os
l'spiritmi, - rih1al este i;ib<-,.•rvadn "'m rl,1u!lur,1, a-.!IUmirid" l"nl.iu o 4u,,rh1 ,1

qualificação de r11111rt(> te c-1.11 ;."T. .;,u. popularmente qi..111., ~) kuo :,,,.


1. quimb. e nh.1n.
Quicuang.1, s. t. E-.p,.•de dt" que; 1 de mandiow, lb111, Bt·1JU .
.-\1.:.-,mpanha pt."1\.1.' fr>te> ou. a.~do. Com jingub:i tnrrad,1 uu mt•L
1·1,1t.-.htui 1nercnd.l.
l qui1nb deJ::'.#11,-al fi:,.lr baço. -\.lu~oa :,rque- tomil
Quifufut.ili. s. 1. \,1,...,Jur,1 de l,1rinh.a :te mand.ioc,.a., Jingut>a. açuC".lr e
._·,1nel,1. flr,1-.. Futu (u-., \(1 ma-..: t' TI Il":1e:1.,) :,a'-'xa, ~ma;.é-,,1 )

C1mstitui pt•fi.,,rucir,1. §('l'"ldD •Jma da~ rn.u!t :ielii-1d,1<1 gulrt!teim.._


rl'JZiOnai-. 51,111 ..vr '-' -..1J.,rn ..._•me.:li :;r. os d.a ...ir 'lha ~cst
T. quin1b. dt· l-ufuN1til1t: l'.'\.-duzi:r a pó.
Quijila, ~- 1. Rq;_üT1t.' nreta. ~bsli~ ~- r Vi".io d.J "'rati1..a de "Ttos
al Ins. 1~roibu;ão ôe gl.14fül, ::,u praticas irupclSld ""'.a re pão. Tadi1,5o :>u t-1
._nru,u~tn,!111.iria). -\versao As,:o
f. qu1mt>. de k111111c. gu,,NdíabstinêTlc 1.
1 () f 411 !'11,i I IJJflllJ

Quijlnga, s. f. B,1rn:tc hononfic,1 de sobn c:oro:i ge11tihcu I' l'Xt

B,'lrrt: ll' ritu., 1


C)dislinli\ode sobcr,1n1,1 i'.! 1l•i1t, dl' ma bela ou fio de pe.<;c-,a,1,unoohcanwnte
guam..,'<'ido, ron10 nwniles1ação de poderio cspintu,11 (' tcn1pornl, de· á (rente,
atms, lados e topo, qu.itrojin1b.:in1bns c1n cruz, l'm cada lug,1r; aplicada5 a CS.'i(~
buziozinhos, 1gunln1l'1'tl' disposta,; 1•111 cru?.., c-nnas de clcíanlc, e nos 1ntcrvc1los
dcSS{'S coniunto-., t•tn idt>ntica di:,p,1Siç,10, d<•nles unhas de 1>0ssan1cs feras,
P

COnlO o le:io, n onça, !x-n, ro,no pen.is e e.p,,r[x~ dl• grandes avl'.'S, co1n11 a águia,
o con.11âo. E o distintivo ritual, apenas guarnecido d1• jimb.imhns, para uso em
dctt?m1inad,1r; c1tlcrntldades.
1·. quin1b. ,ic kujinga; glorificar. Alusào ao simbolisn10 dos ncessônos
Quilamba, s. 111. e 1. lntérprl•tc das scrL'tas. Sacerdote do rulto de
ta1:, entidadl'S. Proc:edentc de quituta, nasce fadado a con1unicar-sc com
semelhantes sere:.. Pt,~sui o privilégio Je tr,1tar todos os males ocasionados por
eles, ron10: doença~, cólcras do mar, estiagens, infe:.taç&-s de fera::-. En1 caso de
cólera, obtén, a ,-al1narin: de e-.liagem, a chuva; de infestação, a e.x-pulsão.
A predcsllnaçiio carateriza-se por u1na anornalia: ou un1a depressão
no alto da c.1beça, Oll Lim recurvarnenlu dos pés, ou uma inacção dn~ m.ios. O
que, no entanto, não aprl'5ehtanJo nt>nhurna dessa~ caracteri-..ücns, revela-se
atra\és di:- rentle11te ent't>rn1idade. Por ndivinhc11,~ão de quirnbanda, aclara-se
enwo o mistérjo.
T. quilnb. de k11l111nb11/a; bcsuntilr, 1\lusiiü illl bésuntan1l'nto de l.:ima
que pr.itica no paciente.
Quilau, s rn. lncci;to. Uniiin s•~xuc1I entre par('J1tl'5 pt'Ox-in,ns
T qu1mb. de k11/n11k,1: l,111,;ar-se cn1 dcsgraç,1
Quílulo, <; m. Almn-}1cnad,1 Alrnn quC', po, l'spu1ç..10 dl• (Ulp.1!
\'a •u 1a pí lo mundo.
J qu1mb. d< l:u/11/11/11 v,13111• 1r.
1
Quimbanda, s. 1n. e t Curt1ndeiro-adivinho. Nt'Ct(imante. P,c.orci<tl.1.
1 \la~\'>. r ext !\lh.'l!iro. Benzedeiro. Todo aquell:' que busca a anunciação e
1 intt>rpret.l~,io dos fuctos. ütravé_c; dos mais variados processos.
O qui.mbanda tr;ita as eiúermidades, diagnosticando por adivinhação;
1
dt.•be\<1 o,-, azares; restabelece a harmonia conjugal ou provoca a inUnizade;
1
a.inO?de poderes para o domínio no amor ou para a anulação de demandas.
Embora não seja esse o seu verdadeiro mister, também pode causar a
1
morte.

' Nas matas ou campos, aonde vai en; busca de plantas medicinais,
oferenda, antes da colheita, il região e ao solo, isto é, aos ~e.res sobrenaturais
' que habitam esse~ lugares, ou uma moeda, ou vinho, ou quitotô-1..,..maluvo,
dizendo: "Antepossados, tributei-vos, vin1 desvendil.r rc111édios." Se não
reverenciar essas entidades, ou não vê o que prOl-Ura, ainda que abertamente
exposto, ou o produto c;e lhe toma lnefica,..
T. quimb. de kuliá111f11: desvendar
Quimb.md isn10, s. m. Cil'ncia de qu1mband.i. E'll:ercicio dessa profissão.
De qu1n1banda.
Quimbundo, s, m t-..1embni do grupo etniro do,; Quimhundos.
cli,;<;en1inado,;, na quaS€.' tolalidadl', ílú norte dt) rio Cunrua. lingu.i 1,1lada
ni"i- !'1.1 regi.lo. P
Qualqul'r língua alric,Hia. Pl. Pov{ls bnntos, demo~ru.h
l"JCt.

i:a•menteconstih1indo o 2° a);rup;lmt·nk1 angolano. ctimpn>t•ndcnd(l 21 tribos


princ1pai<;. Adj unif, Relativo d l!!>!.C gn1pn. Lt'IC. De - reglunal.
T rcg.
Quimb undo n1e nte, u1ti Conlorn,e a hngua qu1mbundn. ,\ manl'1r._
do p1.1vl1 ttuiml:>undo.
f)c qu1111/i11t11lo.
Quinda , s. f. f_-.pi;-..:1c d e ccst a. C l'l>1 a rl'f;'ll'n,1 l .1ngL,l ,1n.1 .
·1 tj u I nlb. dt• ku inila. ma nut.irtur ,1 r em t'!-lpir.il.
' t)

Quinjita, 'l t lnrl ida de ret,1lho!. de buL•ta cni.;arnt1dt1 '-' azul, de pc1no-
t'n1 t' de f1us de n1abcl,1, Pnod.ida com novt• n,'is.
t: <;J ~. cn1 j~ito de pulsei ré1, no pulso esquer<lo e torno1.1•lo d1re1to, e
por ,1.:-anh.1111l'nlo, presa a uma peça de roupa 111tcrior. Destina•"'C, por morll'
de m,1ridu ou pJ1s, a itn1,edir gr 1vcs perturb,1ÇÕ<'!:i.
1. qu1111b. de k, (grandeza)+ 1tJitr1 (,orclão ritu,11).
Quissama, :s 111 e i. Natural da Q11ic;,:;,11nn, ao norte do rio Cu.in:,,..i.
~- 111. DialC'Cto 1.il.1dL1 nessa região. PI. I'opula1;ã11 dessa áre.1, pt•rt<'nCC'nte ao
grupo ctnicú dos Quimbunch>s AclJ. unifl Relativo a essa população.
T. reg.
Quiss~cua nu Quissêcua (Jvtillt•tlia ar01n,1tic.i D111111), s. f. Arbusto ou
ârvore que habita a floresta caleeira do Cuaru2-NortL'.
Encicl. - Sun n1.1dci ra, resistente e aron1ática, possui propriedades
medicinc1is, qu~r en1 debelamento de dores de cabeça, quer de afecçôt.',
pu ln,on<1re1:t. r..1ril o eft>ílo, fricciona-se um taco num..i pt·dr.:i ou tijolo,
pelo que se vai mini.strando u1na pinguinha de ,igua. Em dores de cabeçd,
e..,f1ega-se a ral.1durc1 na testa, fontes, pavilhão auricular e fossas nasais. E
em afecçõe.., pu)mQnares, tomJ-se em bcberagen1. Tratr1ndo-se de crianÇ4-. de
culo, ministra-se o pó ,10 leite n1atemo.
Em umb.1nd..i, a sua serradura, bl•m cumo a de tacula e de quicongC'
emprC'ga-sc. mos separadan,cnte, (!LIL'r n,1 man1pulaçiio de bolinhas
denominadasfi//1os-dos c11/1111tl11s, tJuer no besuntatnento do corpo e roupa,;
com o objectivo de se rl'Vl'renciare111 os espíritos• rtlt1ul este úbscn.1d(1 l'm
clausur<1, assu1ni11do unt:'io o quarto n l1ua li1icaç.in de qunrlo dt· cui-· r ou
pc,pulnrmente, quarto 1/n "kuu;:11".
f qu1mb de k11.:<'kn· rol11r. J\lu~ão 110 pru,:CS<;l) dt> aphtil\• ~l
Quitaba, f. f,,1,lf>s.1, ou past.,, dP pnguh.1 ou f;l'rgl'hn, lron "u11J \t,
t.inh id Ido dPnlc ,, prove1nll'nlt• d,1 í,111.i dP h1g1ene
(\11nt"-!'.e dc~fr•i líl C'm fílrinhu rom açúcar, com bala ta-doo.•, mandioca. -
1 .i.mb•.'s os tubérl'ulos cozidos ou assndos- quicuanga, bombó, pão. ~nsUtui
~•tisqu<!ir,1 de merenda.
T. quimb. de k11lilba: estar pcganhC'nto como o lodo. Alus..io ao estado
do amendoim ou do gergelim, por efeito da trituração.
Quitanda, s. f. Mercado. Feira. Praça, Posto de venda de gé:ne:ros
' trescos. Pequena loja ou barraca de negócio. O que, em maleta, tabuleiro,
' qulnda, se vende pelas ruas. Loc. Fazer - negociar em determinado
1
hlcal.
T quirnb. de k11ta11d11: ir parct longe. Alusão d de.sk>cação.
Quitandc, s. m. Guisado de purC de feijão.
Pode st!r temperado com azeit(' dC' p,1lma ot1 b1u1ha. Ordinariamente.
1
come-se rom fúnji de milho. No entanto, t;1n\bém se frt7 acompanhar de
iarinha de mandioca, quicuanga. boml:tó, mandioca cozida, batala--<loce .:o-
1ida tiu assada
T, quimb. de k1//rnrd11/a; t,l~ftilT. ,\lusão ao de,.;cascilmen!o.
Quitande iro, l>. m. O que vendt> n.i quilc1nd,1. l't.'\Uen<l neg01.:ian1c.
Vcndcdnr ambulante. IM q11it.:n1J11.
Quitoto (ôJ. s. m. Varicdadt' de cerY~il d~ milht1.
O 9uitolo con,;titui a bebida hp1c dil-. populc1ç()('" de l.1.1..ind,,
:\con1r .1nh,l, dt> n,anhã, o tradic:i~,nal roo'M!'lituintc d,.. col,1 e- ~t•n~ihrl'- Nt,
hebcrrte da-. mi,~s dL' ,;utr.i~io, toma lugar de h<>nra Jt' entrr ~ ,·arios
vinhv§ europt.•u-. - vinhl,-,1bat.1do, brancll t' du r,)rto.
T '-JUimb. de t-ulotoiu1: h~.1r lra~mcnt.1do ,\llt!ão an proct>s.,;o de ,\pli-
t·aç.iu Jo milho.
Quiloto-e•n1alu1,o, -s. m. RL•-s1duPs dt' bcl-iida ll.•nnentad.1 dL· n11lho.
<'lo l'!1·· utili1;ido• na r~rar.-i~1o Jc dico ..soi;.
,\J,tp. dl1 qulmb. k1tot1,. ni-ma111m,.
Qui111ta, s f Gcn10 Ninfa Ser el)p1r1tual terre.-stf'l'
As qu1tuta5 \ iv~m cm tocl.l a p.irte, con1c,: matas, rios, cac1n1bas
monll.:'>, rochas Ent'arndm, ou por símp..1t1a, ou por reabilit.1ç.io, P podem
pro, 1r da -.. ia p,)tern,i ou rndlí'mJ d.i patern.1, quando o pai c1n c;uur,
deambul,1çõer,, trouxe Lons1go um dL>sse Sí'n--S; e da n1atemn, quando um
anh'pas5adu assassinou umd n,ulher gravada en1 cuio \ enh't' se fom1.iv11
un, indivíduo de'is.1 e<>proe, ou ainda, ,;e J \;íllrna t~r.i .issin1. Nu primeiro
caso. dPnon11n,.1-se de ~n11pat1u, e no segundo, de gt'rtiçao. Qualquer que seia a
proa..-dênl:1.t, t.11s filhos 1n.-..p1ram 1dolatna ,1os pais
r. qui111b de k11tata. transport.ir Alu!>ãO ao n1odo de encan1aç.io
Qui1C!111be, .::. 111 Alpcndrc 111ortunr10. Recinto corn toldo, par,1
l'Xpo~ição ritual de C<1d.ivercs I ig. Óbito.
Destina,-sc fi.<, t•ntidadcs qut• n.-rebéram poderes espirituaio.;. ro1no ~obas.
C,11,,1dores, qu1n1bandac:, .:i fun de lhes st>ren1 pre:.1<1d,1s det<•m1inadas fonnaJi-
d.,de~ Para o efeito, t' o cadã,-er a,;sentad(l numa cadeira ou anru,«_'ão sin11lar.
T. qui1nb. de f,12er desgostar. Alu!>àn ~ conlrarlcdade que
k.111.e111bt'5tl"

.i aln1a exp.:?rimc.nt.i, n1olt>stanclo os í,1.míli.1res, se o corpo pennanecer no

quarto onde -;e prO(h1ziu d morte.

Rasgar o fogo, 1. v. rr.:u;ar cru:r.es a pE'1nba e ucusso, no 11101ncnto em


que se vão cozinhar c1s iguarias dt!stinadas n un1 festin1 ritual, nos <Ütios onde
i-,e di!,poc,n as tron1pcs de pei.lra, quimbundon1C!nte dc,non11nadas nta:-.;1111:.,
lx>m como no l'xtcrior d,,s panelas.
Adap. do qtlimb. k11tr1111iutn n dij1f.:11.
Rato-de-palmeira, s. n1 C:enl.!rn de n1.1r11itl'ros ro1..•don.'s u.rhonl,1l.1..-..
urd ,n.1n,1m,•nh• vivl't1dll l'lll p,1lrnl'ir,1o;, ~t•ndo o pelo, ,·n1 g1cr,ll n.u,o l' ,, \..ll.l
' • lha~ 'z..,

J,,. tul,1d.1. lioquilv. (.) ml·~ •YlO ()Ut' .nu1an,~11c"I(.


r port

Sacussaco (Cymbopogon dcnsiflorus S!npf), s. m. Erva aromática,


anual raras vezes persi.stente.
Encicl. - Usado em doenças peitorais, hemorragia:;, lavagens pucr-
p<>rais. dore:; de cabeça.
T qliimb. de k11~r1ku/11: curnr. Alusiio ao efeito medicin.il.
Sala lê ou SaJaJ ê, ou, ainda, SualaJé ou SuaJ aJê, s. m. Formiga-branca.
Térmite. Sras. Cupim.
Aport. do quin1b. sua/ala.
111
Samb,1 , s. m. Espirita protc<.:tor dos caçadores. s. m. e f. N0n1e
dado ao individuo ~1ue, após o tratam~nto espiritunl de- qualquer dos pais
através dos ca!ur,du~, nasci'.! em ambiente afortunado. 5111111>11 in Ut'TI/1 {Pasta
do Negócio) seria, no entanto, o ~u nome completl1.
T quimb.
Samba rn, s. f. Saca ou a•stil dt' (ll..1.t]tista, para d.tapó:-itn de st>U~ u{L'ru;ilir;i:,;
r, m.,-.;mo que g(lnsa (1 _ P cxt. QuakJUl'T d(IS (}Pjel"tO., uliliZ.:1dos dumv .. tica-
m,·n!t: t1uer para arn..'l.:ad,1çoílri de droga." nit'1iic:ini11S, quL•r p.-1m outra._ ci,isa.;
t:JU,11~Ul'í.
Rel,1tivan1vntl" ,1 quimb,n1d;is, os h,itnl'n-; U!,am. d,• pl"l'fl'rl~ni.::ia .•, s.:ii.:,1.
f111,1 dL• pt:IP ou tlc m,1l('b1t; t' d!. mulhl'rt."i, .i L"('!-ta. tl"t•id<'t dt• m,llt't'>J. Pl.lr
ef, •i to do n,lo p.ig,11ncn ln Ól' <.t.'U s. hnnor;i rio'>. ~•, pi'..:•m eles tal u!t•n-.1 lin di 1 !!<,l .
•1•m l,1 m1·nl,1~(1(',. b;i t,·m- lh1 · \· .irias vt•t.cs. in t imando•n ,, ir ~lihi ., r " d i nh~i r,,
em divida.
l \1u1mh. Jl' Ã11.~1h11b11. c·t,lt•br,1r -\Jus.ili a '>l' 'Vt'nli,1
So1n ln, 11.. m. Lnt1d,1d1· 1•spiritu,1I prnl·1•dl'nt1• d,1 ru~·,1 br,1n1·
' {l 1 (f f ,11 J JIIA J l•lll)(J

('onforn1<' ~P n1t1111fc t,un • .itravés ch• ,1lguê111 ou ltioladllml'nll' •


quàhíic,1m• ,e c1n $i111to$ ,ti· /..-r1zt1la e sa111as dt• 11111/11rtg11 Ptii por influêt1oa do
c,1tohl·1:.1nu ,1ue $e illCt)r purou o tPrrno ~, religi:io 1radicit)11al.
~. porl.
Santo de Kazol,1 / ó uu ô), I.:,. n1. Entid.1deprincip,1l deun1 agn,pamento
ou falnngl' de espíritos hncl,1res. Chefe dos bui;is espirituais da afeiçao.
P~rt<•ni:eu a raçi brnni.:n. Seu ogrupa1nento, nlé1n de incluir í'Spíri-
tos lJUl' t.in1ben1 fort1111 dliss11 raça, en~lob,1 outros llltc proccdt•ra1n da raça
ncgr,1. ,À. C\'.Cepção dt•stcs, os demais manifeslam•i,;c em português.
l\1r,1 SllÍrcr ,, ~ua ini.:urpor,1ção, o médiun1, normaln1t:nte n1ulher,
lraja•.,t> de br.tnl"O, O:,tentandoJ até abaix,, do peito, um crucifixo de tamanho
\'arl:i\-eJ, con!,~,.:inte a determin,,ção d.i entidade habitual. F. conforme ainda
~<'li de:,ejo, a:....,im .1 cor da fita de ondt! pende o crucifixo.

1·. b.ibr. de port. e ~1uimb.


Sanzala, s. f. Povoado. Bairro indígena. Deprec. Casa ou lugar em
que Yi\'e ou se acha muita gente desproposit;ida, sobrctudci falando alto e
5imultanearncnte. O rrtesm1.) que q11it1tln1, entre os Umbundos.
T. quin1b. de k11sâ11z.n (lon1ar habitavel) -1- kukã/a (residu·).
Scfo (ê), (laurotrngus oryx - só mac11os), s. n,. Antílope de grande
corpulência, com chifres direitos, ccntraln1ente torcidos en1 C!ipiral. O n1~n10
que gunga e e/ande cí11ze11t11.
Quando adulto, pes~1 entre 800 quilos .i 1000 quilos, Con!"lttu1 o n1i110r
dos antílopes. Não invcst(•.
Oada a 1:,ua corpulência, é poui.:n veloz 11,1 cc,rridi\ Por 1,so o;u,t ,.l\.l
pode ,;cr feil.i a cavalo, n ponto de o 1..-açndor, 1.."0n1 un111 tnc;i compnd,, 1..~rt.11
lhe o tendoes d:ic; p1•mn,; lrnsl.'lrt1s. 1· t,Hl d1Scil que, n,esn,o dcpo1, ..i, fend'
dl' f.iL cm 1, gr1m.t'>. Ab11nd.i 611hr1•tudo n.:i Loni:I do Sul
I quunb
21

Sc-ttia.. ~- t. &,r sobrcn.itural du~ ~gu,11;, P. cxt. Criatura fisic.iml'nte


.1n~~rm,1\ ou de extraordlnárlo poder espirilu,11. Loc. N11scer -: na-;cer CQm
~r,1.nde deformnç3o ou outra anomalia. O n1es1no que qr1i11ut/11, enLre os povos
de li.ngud quimbutido. Brus. !enlanjá.
Ao contTãrio da sereia europeia, a sereia africaI1a não se revel,1 metade
gentt' e met<1de peixe. Sob outros diversos aspectos, pode ela mostrar-se.
T. port.
Só, adv. À toa. Em v5o. lrreílectidamente. Somente. Sozinho.
1
Coo10 partícula sentimental, exprime veemência ou inlensidilde en1otiva.
' Adap. do vemác.
Soba, s. m. Autoridade suprema de uma tribo africana. Régulo. lrón.
Individuo de maior prepondcrànda num meio. Cheic de fainílla. O que
possui 1nuitas 1nulhere,i, Adj. unit fig. O maior, o prlncipal (ru1.in1a\ de uma
manada). Real.
O soba por direito de sucessão, além do poder ten1poral, ainda reúnl'
o espiritual, pelo que, no acto da invc.c;:tidura, se submt!te a determinadas
prilticac;. Nalgumas .irens do interior de LuolJlda, o sucessor, no .r11on1ento
oportuno do ritual fúnebre, sor,•1..>-lhe a ~ereção nasal, dcnlln1inad.i 11rl11,1.
1
Antes, porém. !!ta espnncado pelo pnvo, em testemunl10 d,1 imparcialidade
da iuo;tiçn a ta1er a lodos.
T. \1uimb.
Sobongo' (SÔ!. s. m. Arbusto dt> fruto 1n1..'dicinal.
En1.:i(l. - Na 1ncJicin11 Ira d icional. o scll">lln~o L'mprc-ga--.e no lratilffil'nlo
dt: v;:iraos u1a!c.•~: t>rn rolii:,1s, masti~,1-se- urna ~mentL', ,1r,enas se en~olindo a
t,1fiva, bebt-ndll-SC l'm se~1,1ida um tr,1~0 de aguardl'nfl.' nu di: ,lgua m~1ma,
l" lOrn º°' rl'siduP:-, Jon1l'nla·w u \·entre; em ,1rdnr dt• garganta, pnxede~•
1n.1 l(~1mL·nlt', m,11dlsrensand11-i;e il hl-bid.1: L'm dllrt'S dL' cabt',;'.,1. t'SIN•gJm-
-M' i1'1 f•1nh-, riim 11 ~,·u po, nblldil p11r lliC(JonJmtnt., nun1.1 111:dr.i. ,:• o qu.-il
C' m1stur..1do co1n uma p1ng,1 de, inagre ou mesmo água. O 8CU coz1mcnto,
dt.' n11sturn con1 n1Jis outros produtos, .:unda se utth1.a l'n1 semicup10, em
tnfeci;O<.'s ,·agin.ih,.
T. qui1nb.
Solongongo <soJ, "· 01.. Abrev de D111/n de Sola11gorzgo.
Subir, v. lr. frani;por um plano inclinado V. intr. f\t1mL>nl,1r. Sair
dac; profunde.1..3s do globo (1,ara efeito de posse"x10). Ser colocado sobre
Trepar
Adap. cio quimb. K11barum.
Suku, 5, m. Deus. O mesmo c1ue 1\Jz.1111!,1, entre os po\'OS de língua
qui1nbundo.
T. un1b. e do Sud.


Tacula (Pten){·nrpus tinctoriuc; \\'eh,•.J, s. (. A r,·ore bastante elevada
que :.t-. C'ncontra nns ravinas de lcolo e Bengo, florestas Jo Cu.inza-Norte
e Cu.,nz,1-SuJ, bem conhecjda dos colono:.; a suu ma<leíra é vermelha ou
esbr,111quiç.:ida con1 veio~ vermelho:,, <;cndo n1túto procuradil para trabalho~
de 1narcc:n,1ria.
Encicl. - A madeira, pt>sad,1 e re,i~tenlt•, dificilmente é atacada
pela bro(.-a. En1 u1nbanda, a sua serradura, hen, corno a de quicongo e dt:'
quissécua, obtida por fru:cionan1l~n10 num tijolo ou pl•dra, pelo que se , .11
ministrando uma pinguinha de .igua, empreg.i-se, ma~ sepnrudamL•nte
quer na manipulação de bolinhas, denon1inad,1s .fill111s-clc,::.-c11Jundu~. quer no
lx.$untamento do corpo e roupas, con, n objectivo de SI.' rl'\ erenci,,rl'm °'"
t">plntos • ritual estt• obscrvndo e.111 clausura, assu1nlndo l'ntoo o ,1uart\, a
quahfH,1çao dt• quarto dr eu11zn1, ou, popul11rn1t•nh•, q11a1to do k110'"'1
,· J

};_ 9uit'nb. lil• k11la (pôr) +kr1/11 (u1n dos L'i. vcrnãcs. da Jrvorc). Alu!o.i!l
,lll emprl.>go de su,1 serr,1dura, e111 besur'lta mento do corpo e roupas.
Tanga,~- f. \ 1estimenta. ·rudo o que, cm jeito de avental duplo, pendendo
d.i cintura para as coxs1s, vcla as nádegas eos órg-âos sexuais. Pano que, cingindo
o vei,lre, descai em idêntica velatura. Des. Antigo pano do traje regiorul
1
feminir'lo, constilufdo de certo tecido grosso de duas faces, então denominado
l'Ulll'-dn-w..ta. o qual, jW1tamente com mais dois iguais aos do vestufirio, ,;e.

usava na é.poca do frio, em função de xaile-n1a11to. Bras. Tacanhoba.


T. quimb. de k11lflriga111a: entronc-ar.

Uanga, s. m. e f. Ciência de ieiticeíro. Feitiço. Bruxaria. Malefício.


Veneno ou droga nociva, propinados por ocullist.i
T rnultirreg., tb. sd. dl•turp. de ou,111.~,1.
Ucusso, ~- m. Ocrt> vermelho. \.'ariedade dl' caracteriz..idor ritual.
r,,ssul 1.irgo empregC' em umbanda e d..-shna-~ a atr,lir .i gr.iça dos
espíritos. Jun!iln\cntc com il ~n1.bil ou outros pc.is es~cificn<,, ,;cn,c pdril Js
caractcrizaçÕl's que obri)!;,1toridmL·nte !;e Cll(.'CUtam nos lui;;an.'!I i:oncemC'nles
• ó litti~ia, a fim de SI! a/irirmr tl5 c.r•11ii1hM, ou "-Cj-1. para d~tnurt·m qu.ilqucr
m;ihificio. No traçado da cru?., figura na L-Onslituiçilo da linha horizontal.
T. qu1mb. de ku~IÍ"<"/: ,1tl•n,oriur. Alus.io a rclenda cliintnação.
Ulornbo, s. m. Po preto de folha<. vegetais. \'anedad(' dt• c,1ractcri-
1ad11r fllUiJL
Seca-1 e c.irb<1ni.zadas dt'lt'rminadas to(ha<;, são elas L"'ffld)!;ad,t.'l, (.)
ulomtw.1 emprq;.i-se em umbanda e dt~tina-,;,,• a atrair a graça d~ e>pintos.
l'i,itura na partiripaç,lo Ja F"·mba e J,> ucusso.
T. quimb. d,• k11~•111N: tnldar Alu.-;.'it1 à dl'!'tru1ç.in de 4u.t.lqucr m,11le11,io,
l)..i 411 H.l•A J

Umbanda, s. t C:icncla dL• qu1n1banua l\1cdici11n. Arte de• cun1r


1r,1tan1ento prec<.'itu,1do por qu11nb,111da. Cc:rin1áni,1 ou práhc.-i ntu.al
(cfectu,1das por quin1b.indn) l{itual. lvlagia. Bras. ~ita (Oll, n1csn10, religiao)
or1g1nad.1 do sincretic;mo do catulici"mo, culto ,1lrlcan1> e de candomblé,
ocult1sn10 l' cs-pidlisrno, fundan1entc.1ln1enle d,:.entundo na cxistênci,1 de
Dl'us e na crcn<'il da reencarn.i\dO, pr,idcndo, pela sua plasticidade, incorporar
cll.'1nento5 de outra, religiões.
T. multirreg. tb. sei. deturp. de 011111f1a11da.
Undo, s. m. 0,-re, ennelho-esruro. Variedade de c.iractcriz.ador ritual
part1cul.1 rmcntc usado c111 urnb,1ndu, quer em ca rac-tcti7_.1çõcs, quex,
r_;
na falta de ucusso, p.tra satisfazer o ap..-titc de certos espírito~, ,naniíe,;tados
en, pos,t>ssão de x1nguilado1:
T. quin1b. d,• k111111da. purificilr.

Vestir, v. tr. Apli..:-,\r ao corpo uma peça de vestuário ou un1 ornato:


11111n ca1n1!-11, - S(IJ111tos. - a11tis. Guarnecer con1 retalhos udetiuado~, e noutros
casos, também com íibra de embondeirti, certos uten..-;í11os cn1pregues em
determinados rillt<li": o µiliio, -,1 p1111t>ln. V. inlr. Cobrir-:;c de penns (a av-e), ou
de foU1as (a pl,1nta): 11 gnli111tn e a ârvt1re jtf e::.liir1 a - • Adaps. do ,·emác.
Vunji (VúnjiJ, "· f. E-:;pírito terninino qul' adn1inistra a ju:.-hç.t Ent1dade
,
espiritual da justiça E t.'1n1ra e saiu de uma lagoa. Pode manUe.,tar-se O{\

ventre rnatcmo pcl.i ausf.ncitt dn s,1t,llnl~11io, desde o i.'1ltin10 filho aoTcferent~


iJO fenómeno J,;to é: a n1ulhL r nlc,1nça scn\ o aparcciml'nto do n,esn10
1

f m pun1çt10, a sua justiça fL'vcla•sc ntravés d(• <1unlc1u('r das St~u•n~


c-ní<•rmtdndc•s· lllll'Jlli,1 o <.JUL' ilCuntl'CC 1nai:; v1.1lgan1u.•nte t nfrJqut.>t,n\t.'ll
to d,1 v1 tn, to c;c• s1.:ct1, h1drupis1t1
T 9uimb.
\'unjindade, s. f. inllul?ncia exercida p~lo espírito Nvwiji.
fie ,\Jri111r1i,
Nvunji ia Kazola (Vúnji iil Cazola). 1. s. f. Nvunji da Afeição.
Denominação que o espírito Nvunji toma, quando manifestado por afeição.
T. ciuimb.
NVUJ1 ji iil Kituxi (Vúnji ia QuitúxiJ, 1. s. f. Nvunji do Crime. Deno-
minação que o espírito Nvunji toma, qu.indo manifestado por um crime,
outrora pratiCl.ldo por um antepassadll do paciente. na pessoa de fiel a v.;,;a
entidade.
T. qu1mb.
Nvunji ia Mui ji (V1í11;i in i\-l uiiü. L s. f. Nvunji da Geração. l)enomina-
ção que o espírito Nvunji toma, quandc, manifestado por h,·rL-<litaried;1de.
1. quimb.

Xico, s. m. Magia par;, ~gurar ou prl'S<!rv,1r _pessoa, rni<;.i ou ritual.


Conínrme a prctcnsãu. as5im se enterra: ou o pnm,:,1ro ll\"O de uma
galinha, ou o ,1podre1.idn no chuc,l, ou o ovo dl' uma galinha-do--mat(1, uu
um.i pedra. ou um cominho. O enterraml'nto, elcctuado com mai., algun~
prep,1 ro,,;,, I! t:omplet,1do 1.\lm uma invúcaçâo ao t1m d1.."SC'jado.
o~ xico:<. de pcdr,1 t:! dt> ovo pndré 1."ünstaucm magia oll'n.'iiva.
I. yu11nb. dt> l..:u.r,kuka: par.:ir. Alu,;ão ao 1mpt..--d1mc-nto do mJI.
Xinguilador (ô l, 'L m. !'vléd1um fem rt.·laÇ<lo aos VJ\'Cntl'S}. Pt>SS(lõl qu<', ("'l'í

fa,·ukludl· d._. n1ndi~"l·~. a·n·e dl· intcrmt:di.iriu emtre íl\l e,;pirilt'l!:t l' íl'I ,·i\·1""" (_)
n-Ofmo que- d u ml~, m1J//i1 ~ fr.raJLndu e •nuíl1tt·,l1'-t5Cl'OZ'idüi.J l\r a.<... i' ilho-..1e -9,1n•
t, -,u c,1v.1 l1--dl~~1ntn. CJrõi-"-~' a mt11/1,. que 1, ~ '-'m relaçSo atl esplrito illlu.tnl"
l) 41C Rt • A ltlllftlll

Aport. do quin,b. 1·1nsile, rcsu!L de k11x111g1la


Xinguilamcnto, s n1. Actuc1ç.io de um ser l"Sp1rilual. Incorpor<1ç..io
1ran C' mcdlunico. Bras r<;-tado de santo
l)l' xi11g11ílar.
Xinguilar, , . intr. Sofrer .:i incorporação de scrcc; cc;pirituais. ('c11r <'m
tran::;c V. lr Servir dt> instrumento medii.'1nico a dcler1ninndas l'nt1dadl's.
Brao:;. Cair no santo.
Aport. do qu1mb. k11x111g1la.
Xi-ni-mávu, s. m. DeS1gn.1ção genérica dc1.;; entidadt.!s espirituais e
sobrenaturais existentes nas profundezas do globo.
Scgu11do a Cfl'llça tradicionnl, ê lá que se acha o AIQ1n-li.'1111ulo e a
mc1nsiio de tt1is scrc~. Em vista di:.so, o s(llo, qu,1ndo tomado con,o lugar
s.1grado, 1nsp1ra prottinda veneração. Deste 1nudo, para qul' n1uitos rituais
:,;urtan1 l'.'Ícltn, ú rcll•brantc homenageia os ditos seres, vertendo, no chão, u111a
porçàozínl1a de unia bebida ou unia mistura delas. Mas este teslen,unho de
1eve1ência niío se estendf' apen,1s c10s ocultistas: outras criaturas, e,n acção
dL~ g,aças de un1 not,ivcl aconteciincnto, procedtin1 identicarnente.
Pdr« SI..' rogar justiça, ba:-ta b.1ter com as mâos no chão, invocando o
nome da entidade justiceira. O ::.irnples toque do dedo no :,,vlo, etectuado
por pessoa qu,11ificada, dt>poi:, aplic,1do cm assinalamt.!nto no intcr~:.ado,
transmite o pr(>dígio de ::.ut1s virtudes. E com a lama resultante do
derramamento do v111hc>, igualmente aplicada em assinalan,ento no corpo,
cm quantos e quanlc>s tratamento, a não empregam!
Litcralmenle, "ignilica: rcgiiio•e-sn/o. Por efeito de ~ilnplificação, on1ittu-
-sc o tenno c11tidadcs "li ,,utro c,1uiv.'llcnte. Portanto, a d,~~•gnn~áo ~ri.i. L'll-

t,dades da rcgiiio ,, ,ln soln.


l. qu1111b., sd. xi, nbrcv. dt.! 1:t.i.
••

Nziunbi. -. nl. Deus. Criador. Autor da cxisténcla e de suas caradcrb-


t1ca-. do1n.1n.1nte~ -o be1n ~ o mal.
Conl1uanto seja o Ente Supremo, não regf! directamente os d~linos
' dt1 Uni\'l'r'!;O. No tocante ao nosso planeta, serve•se de internlediários - as
cntidadei; e.piriluais. Em face das atribuições de que se revestem, a!':sumem
o car.i.cter de semideuses. Por efeito desse privilégio, é a elas, pois, ,;1 quem os
' e.rentes se dirigem em suas emergências. Decorrentemen1e, a quem prestam
culto.
Enquanto as entidades espirituais permanecem nas profundeza;; do
' g'lobo, Nzâmbi paira em toda a parte, sem lugar detern1inado. Pelo alhea-
ml:!tlto a qut! votou os p.rob!enul!i n,undanos, só e invocado em Ultima
' instância. l"al corno noutros povos, também existen1 si.n6nin1os p.iro o dc-
i;ignar: Kahmga, Lu1nbi lua Suku, etc.
Kalungangombe, o juiz dos n,ortos, tem o podt>r dC' suprimir a
e"(.istêrida. Mas se Nz,'imbi não concordar conl sua deci~o, o mortal 1,.--c,nti-
nu.irá subsistindo. Portanto, u1tcrvé111 quando nect'ssório.
í. multirreg.
Zemba, s. f. Cinta ritual fcd,ad.i , contt'ndo, w~undn a l'ntida.de ., que
St' t.:on.<;.agra. ingredientcc; v.-i.ritis ou ap,1r,1<, dl' c,1daver.
A'i :;:embas sãot>nvl.'rgadas a lirilcok,. 1n.l!- fonn,1ndo x. mPSmll sobrt.• as
v,._ ,lt.'s. Llsanl-!>t" de- quilndo t'm quando, dur.Jntc oito d ia.s"S. ._. ~in1bolil'ollt1l'lih'.
noo r,tuai~ de lnitrnç.Jo f' d~ morte dl• xinguil,1dor. t1u, prntl'Cdonalml•ntc" l'n1
lnng,1 \.·ia~cm pl'dc,,trl'.
Drturp. do lJUimb. uzi11r/o11. n>~uu. de l,.11:é111/111 (dt>c;~.._1!-l.ir). :\lu~i11 ;,
uri.1 dos t>:<:píritc>", no i:aso dl' o xinf;uiladi,r nào li.lmrrir ,1 í,h .....·n.·.in1.:i,1
/ua.rte, s. m. Tt•1.:idn til' .1!~1ll.lào dTUl-e"rurn. <. ,11t~a.
(1 ~Ili l<111A' ,,

[,1n u1nll.i11lla, figuril t•m diver'l<1s uplic.içoL's.


1. port.
Nr.umbi, l>. m. ,'\1111,1 de pes~u,1 i.-ilccid.i 11u111a Jpol"111ao sccul,1r. Alma
do outro inundo. Ducndl', F.1ntc1sn1:i.
1 -.tt• Vl>cibu lo• si111'111i1no dt• 11d1•/1• -é mr11s us,1do nv 1nt, ·rior de Luanda.
Segundo H L'rt~n~•;1, ,is ,1lnlas, quando saem do sl'u 111undo sublt>triin.co,
ca11111,hnn1 no ar, ,1 un-. 60 rnl do sohi. Qu.1ndo pretendC'1n qualquer coisa,
n1.u11fcst,1 rn-:-e cm s-..1nhos ou cn, rcbvlde en(ern1idadL'. Para ru; lr.inquihznr
uu t1plucar su.1 ira, º" ta1niliarc" propti:lam-lhes festins, v:iri:íveis segundo
.1s c1rcunstàntias. H sobrC' es<:es cntes, tal con10 sc observa unh,,:,r,;;almcnte,
circul.:in1 as n1,1is l,1111.i:.tica~ narr,11iv,1s.
r. quin1b., result. dt' k1rz11111/,1k11 (i1nportun.1t, per~eguir). Alusão as
per h.1rb;1ÇO('S ljUe origina em seus de:,ejo:, ou vinganças.
Nrun1bi ia Ngana (Zi1mbi iã Gana}, 1. s. m. Alma de Senhor.
Esta entidade, en1 vida, ioi vitimada, ou por assassinio, ou por
enfeitiç;imento, por um antepc1ssado do xinguilador. Diiert~ do Mukua-Kituxt
pelo tempo de..:orrido após o crime: numa époG! mais distante, o A1l11k11a-
Kit1t:ri: e n,ais recéntcmente, o Nzúmbi ia Ngan<1.
Em po!>sessão, surge dorido, patenteando o modo como morreu: coxo
manco, corn tos::,e, etc. J\1ais que o Múku.i-Kituxi, o Nzún,bi ia Ngana, na
primeira incorporação, mo::,lra-se terrível, ameaçador. tvlas, indemnizado
de seus danos, isto é, dC' lJUnnto le,·ava na oca:,ião do ~~r:in1e - \"('Shtário
amuletos, mercadoria - integra-se n.1 tatnili,1, pns::,ílndo a n~un,1r a s.u.t
tutl'ld; participando-lhe depois os tult•lados, p.1r.1 eleito de su., pem,ic:&io """'
actos n1aí"> ,mportantes da vid,1, ,11é Ml·s,nu n ,\•ll'!br,,ç.io <.lt'..' 1c-.t.1'-
Aforc1 a dlf<:rcnç.i j6 f•11un<.lt1d:i, ,1 dl1111ln1i11nç-.io de N1un1b11.1 N~allil t
ma u ut1I no 1ntL•nor de I u,1nút1, 1K1llrl'l11do 11n 1L1g1,ui cio ( lhll 1 ,1 r '"'
qu, ,1 dt· Mui u,1 Kilux1 o(, ,•m I L11111clt1
l quin,b
Zun,o (Sida rígida (Don) D. IJi~tr.), s. m, Subarbuo;to ;1tingind{> 1 m,
~'{ln, r.1m1t1..:,1..;,l\, l'r'Ccla e rij.i,
Ençid E u<:ado iio lf11t.amento de biliosas, tanto cn1 bc_.beragl'm.
<:orno em clister. Em umbanda, é utilizado pelos oculli~tas, a fim de, com
m.iis oub'~ apetrechos, promover o l~vantamento das almas de dentro de
suas ~pulrura't.
Deturp. do quimb. 11zu11z11, result. de kunz1111z11111u11a (esvaziar). Alusão
<10 poder de sua acção.

F, de Alcoitão (Portugal), J 9 de Março de l 'IR7


ÍNDICE

Pág

F..SC I..J\l~ECUNDO 5
l l'RC)DUÇJ\O 1'i
f:-,.7r,c; SOBRHNATUl{,\lS 23
l\11l'\flSTROS DO CUL ro 35
INlClJ\y\0 l)O XINGUII.,\DOR 51
CERL\10:\1t\l_TS~10 D(J XINGUTI,ADOR 11 l
A OI\11N1-lt\ÇÃO 117
RITOS Dl\1 ERSOS 125

'ELUClDAR.10 163
J

~ t,.r.tp 1Jlit\ f1'l1'1 IIXl41 mltlll 1111 ua-dt. • V 161 J.,nrlo d, frO'í
iYdt l"MUJ 1J $li t, ,f Ili! •·••·'•
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-µ. \, 4-fl 1, l."1:n'Cti/ qdd «;.~c•v11 d •1.•it ,,,.,,.,..,,., ir_.'-'"''
ili, 6 •• "i t., \): i, tm ;.u.l'J '1 lt'm Od,rf lt1J11 <1cd d ,

~----~ ..., ......,,,,, t, &":'li 1:11{ r 11 .,-,.. ~li...,- c,w•V ltN .n ~ , 1111, ..-, ir Ir• li .w H~l!
•••·'- (i- '.'rir lft'.t. ~ Í41t!ôtl O Wr.M á; I,l'/t' ,Í, u,j YIJ ~ d ,J ,jJ 4'} ~.,

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~ J u ::r '01>,, .:rr•Pff•W m illlõ ~thvti IDII .. 1...tA ~ti ... 1T.DftS 'õfH/05. 1 /';4/1 ~ -
1" °twS %W 4'Hf4 T@• ,in Y:,/ lmi, SktJ lJ i.i IÍlli:i M llrll!Jl ,., QII o ~ 1,/;~I •'11-rrfl (ÍJ r.li!rf 1
I ' ~ m l'Jrota1 ~lft:, n i , 4(,-. f\iü, a,tl1
Y..1l(Jt) t~'tlns , ~ ..,,,.-t:ml <róBJ.
1\'tllli> dl llrlJ€l-.(à r;;<; mír.lilulo dr Âp
MS.</JúlJ ~ LI • 1 íl'ibl, l't6l. fi.4),
ri o 1 _,,-,, itsnp, a111 o A~ Mr1111hr.Jl:rllts d! &mi t'ít.4
,it.A<w.~ d , ~ . s ~.Ât//p,"1111 ci, ec.rJn .,,Âll,Gl
"-1Ml.'f([.4(4) ~ ~ fT',65)
li'1)M'JU ~ , ~ (1%5)
~Ji.J}(JXJ • f.dilm frtdmwil<.Jr~ ff,61)
,uw t.10,J(íJffll'llJ • ~ 41/nl~ (r',15)
flAU') 11-' WU~t ~'.} ~ -lnsms <l'ifY).
~1UJHW 4-S ~M fm?J
Wt:JU1?1) 1)t f J . ~ ~
T•
.b dit ç,~ q.Ll 11,hl,um .n ~1 ,n4~ /};.·,,• \)ll.11 (ri, lmd,{f,1 ,v.ri•ki Ci:"'I 1~11r:vi, 111/Jtu /,xxr,fCJJ. ~ 11:J:r m
irofdtt, lrn-.kni t!t (~ t,,,.. trr.i4.1 0/üi Ji lhm ih tifi.1lt1. ti! f!,n:,gd (l'fblJ MtJ.h, ~d,'t$1l.~ ,t, ~,1-
'l.rtad d, 1.\-J Ô, l,n:ro (11,68) ii.mru d_, M.TTm dil ""'Nl'iOlt ,Ir, l,li.l, ,f.1 (dilJ'd ,Í, Af'fld,, (lnj•,) fm lfl1J. 0 ~ Ili
e;t.nhd, ttr1l o fr'l'rnk> ~ da {dhni r ;i,·lc~ n.,· l'.ill•'em«' li, l.riir1d<rfl B mil\~ ""l ~ n ~ , 11.mnr..
cv•rre,•Í> ~~lÍ/1 (i,,w:r"lf1 ..4,111d111t•.

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