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flCHA TECNICA
Autor. Ó;C'AM RlllA~
Titulo: lLU:-1110
Ru.i Engv Ferry Borge::,, n.v JB, Esc. A, Telheiras - 1000-237 U.'<lx>a
E•mail: ed itorialtl''nu.•rcadodeletras. pt
ESCLARECENDO
l's.........:•11c1J d,1 verdad~ remota, a religi.io ;ifrii.:ana, pelo menos nl'!ltas paraAcns,
mustra-se confu!i,1 1;>m muik1s ponlt1~. E quanto mais tC'mpo decorrer, mai~
bara!h,1dil uu obliterada ficará a e)l:plicaçâo da5 l!ntidadc!l' sob rena tu rais e de
uutr;H, manif~taçÕt.'S dl1 n,lto.
Ém \•irtudc de não pa!'isarmo.,; de mero cole,ctur de ~ostume!ô e ritos,
istlJ ~.depura t,1reia de folclorista, este ensaio restringe.se às generalidades.
Penetrar fundo, analiR.1r nünucios=enle, constituen, atributos demasla-
dame.ntl' traJ1Sc.,-ndentes p.ira a nL'l;isa ,nodesta bag.agem intelectual. O que
pretendemos e es..;e ubjectivo j,1 nos desvanece - foi proporcionar a todo o
leitor, qualf!uer que seja o seu nível cultural, um.i ideia clara, sem abstracções,
do culto entre os aborlgenes.
Só dosaborigenes? Que ninguém nos oiça: e também entre indivíduos
de camadas evolu.idas. En1 resultado da íntima convivência, o espiritualismo
africano deu as mãos ao cristianisn10, e assin1, ambas as religiões, na
mentalidade dessa gente, m.iior poder n1ilagraso passaram a assumir. Daqui,
o que Deus não concede, concedein os espíritos. Mas este dualismo enl"re
os segundos, observa-se ocultamente, não vã ninguém rir-se, apodil.-los de
altas.idos!. ..
Suspendamo-nos em meditação. Num ambiente de milenário
mediunismo, como se poderá, na verdade, libertar totalmente dts..<;a forte
pressão? lmposs!vel! T,1do deixa vestígio, quer na n1atêria, quer no espírito. É
a lei da Natureza.Se as.,;im não fora, que ~ria do passado? Nem lcn,brança!
QuC<m há que não sinta dentro desi, no recôndítn de sua alma. avo, Ja
ancl-Slralidadc? Quen1, muito cc1ladiJ1bo, oilo ten,c o sobrenah1rul? 1\ 1ngu~m,
porque e;.'>8 vo1 {'tótranha, ]()ngínqun dl• milénios, Vi\ l' enl tolhi.o.; 110~-
"F.t/ p11rt1• intL-granle do homem dl1 o ini.ignt• h1i.\nriador 1• tnlck,rt-.t.1
br,1s1le1ru, l,\,',illt•r ~pai d ing, Pm i.uo n1i1,ia;nHiru l)lir.:i '/h1d1,·i~'l- r S1q1<."r:;;li\tlts J4,
8,,,.;J.',11/ .i t·rt•ut,;.i "" ~ohrl•n,1tur.1J. N,Ju b,1. n\1 m111\d1J. qut·n1 n,11, h.'nh.a
17
na11 rm•l.i r o1 m l'Jlllll, ,i; mi1ot1• rioll. 10h11·lud11 11 1o,npl i, ·,,J\ 1 l ,. 1\n1uni.1 hift,~\ do
Ot"..,t•WoJv1rru•11tcJ m1•J1uniro, rnrn <l'l l"l•ll~"~Pll'llh 41·hi.,,~ ~h•'l t"SfllritQIL
1
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a~rupadns l'nl St.>cçôes OLl pt-'clrii.~, as ditas inforn,antes, com a sua expcriênciJ,
nilo m~nor contribuição nos prestaram. Na qualidade de famili0res, como,
ahas, j.'i decl.irámos em Uanga, a sua acção foi amoravelmente desinteressada,
apena!- dese:jando serem-nos úteis na nossa missão de exumação das coisas
angolanai;;. Ao contrário das ocultistas, elas compreenderam perfeitamente
a tarefa que nos impusemos: - arquivar, para a posteridade, as páginas
esparsas da vida negra, por ora impelidas pelas lufadas da tradiçãoJ mas,
um dia, extintas pelas labaredas da civilização.
Para documentação da verdade expendida, ilustramos a presente
obra con1 vilrias fotografias. Para o efeito, organizámos expressan1ente
uma dis~a9uela 1 ou, portuguesmente, un, ritual de evocação de espíritos. A
função durou três horas e meia. Começou às dezn!;sete e tcrmínou às vinte
horas e meia - rsizào por que o fi.rmamentoora se apresenta claro. ora escuro.
Fi'l(aram-se setenta e cinco aspectos. dos quais se apuraram çinquenta e dois.
Apesar do maior cuidado posto na repnrtagl'm, ocorreu um incidente que
muito n05 penalizou: a capta\·ão da fase en1 que duas médiuns ab<.0n·em
o sangue do leitão sacrificado. É que. 1ustamente nesse mom('nto, houve
ne<.."eS<iidode de se substituir o rolo na máquina. Me.-.mo as..-.i1n, um ílagranle
da imolação aind,1 traduz o acto. Conforml' as gravura:., o ll'1ttlo foi abalido
a machadada, ao pas..-.o que a galinha o foi por torcedur;i do pt'~CO\"O,
suct'"'"1vam~·nte cfcchiada por ambas. ~la raz..ào apontada, tambéom niln foi
posi.ívt•I a su,1 captaç.:io.
Nil ~lorihcaçâo ao~ gémeos. ig1.10lmenh.• aprcst>ntamo-. alguns quadro..,
do<> mai<1 típic,;,<i. O l-._.rimoniali.~mo foi interpretado pela!> mcsrn.i-. hguranh'!i-,
,,nu.., da n•.tliz,1çol11 d.-. -.t-s<i.ân mechunica.
ír.>ni-cnl,1s Ji pala\·ras da pn.nie1rt1 t.-di..,:.il,. l--un1rrl'-n,,., agor.l ,ll'rt."!1~
ç1•nl.ir qur t•!>t,1 rt."1.•J1\·,1u tt,i bil!-liltlh' vak,rizad.i, qul'r no ,1-.p._'\--ti1 h•rm1n('\\.~
j,liro, lfll('t l1,l t'llrl,1n,1'w,lll c,n i;i
l<l
INTRODUÇÃO
A n-li~iào negra, c11Jbora len/111 DerJE por fulcro, assenta na co11111n1caç11,, con1
,,:.; •""'Pirilos. E:111 resu//ado, dever-se-ia c/111111ar Espiritunfismo, ou, ern precisão de
~cntid11, Espirih1alis1110 Negro. e não f'.xfe11sivan1cute Feiticis1110. M~1110 Feti-
cllisnJo, como preteude111 alguns e111i11e11tes i11vestigadores, o ter,no, e111 unssa
modesto pensar, ig1.1aln1c11fe seria in1próprio, pois niio coustitui senão u111 arremedr'I
.Je feiticis,110.
"Foi De Bmss~ •esclarece o ro11on1arlo fo/c/orólugo brnsileiro, Arlhur Rn,no~.
na .~1111 nollivel 111011ograjia O Negro Brasill'iro, pág~. 28 e 29, ed. de 1934 • ,711e111
pela pri111rim vez e1nprego11 a exprrssão feticl,is1110 p,1ra designar aq111;:/J1 for111n
de religião que cc11iiísle 1111 ,uforação de object~ 11111/i;riais gris•gris tl// feticl,es
pf/o.~ Nt•gror- da Africn. Feticl,e é, nliár-, n tradr1çiiu _frnuct•sa q11( 1,,. cu,uerci11nlt'S
dv Stnl•gnl fiz.rrn111 ,111 pa/n;,•ra f1(lrlr1gur~1 _feitiço. Ern ctno.~r11fia re/igio;.a port:111,
co.'-ttnnn-5r cniµn:gnr, cc1,11:1 aliá.<. o frz Nina RP,irig,u:s, feticl,e. fet·ichis1110, para
n•itar n crnif11.ç(W cDn1 t' ~i~u(fio,do d,· /ri'tiço, feitiçaria.
Alguns auf('rr~fu:nn drriv,1r a pa/ar•ra feticl1e riu lali111 factiti11s. llll ~cntido
,1,· cnra11lo 111agicn, para dt'si,'{narctri o,, gris•gris. De Bro.~r-c~ a rt111~ide1Q 11u srnlid.i
.Je c1ll!-'-d fcilrt (cho~c fc,·, C'1tclu111 là.• .. . ), fat.cud11 dcnl'ar da ra1:: /at111« (a/ u nr. {t111 u 111.
faril. f,;scs ft>ticllcs v11 gri~-gris !-lln flb/cr:/11.~ ,r1at..Tia1:;, r1'1ai~q11,·r 11ni1,rt~. 11u1nt~".'i.
o 11u1r, frag1111'11ft1~ dt· n1,1,/ciru, ~eixo.~, Cflncha.~, ,·Ir pn;i11r11das 1• n.111.~agrados l"·l~:1
~nct'1'if11t,•i;, f(lrnu11d,,-!õ4.'. pti/,;_ rvi~rb- ft.'i ta., I' 11'11ec ns 1ft ,ui to.
A ._,/ ,1 i·ruditn rt"J1lli"11çá,i, r,'~/'<'r fp.;11111t•ntL· < nr t rnr111111t1~ ljllt a l• ;;.: ,la rr i,"(tl711
~!" firr,r11. r11/111·111 ,·oi.::a.:: /<"if1t!- 11111-. tât1 P111tnl,• lrl' Ili ifu, 1,T'll/1- 1'é • di• 111..
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i:k p .,.•1t.~111 Ora, Si'III 11t1.·n,c,1çiill Jos 1·,,p1ritus. t'5st'S olr/frfos nliu /l'rdtt vir/11dr.
LOn1u e, ou. z.,111 da., ,visas, a,~1111 ~ lor1wri,1n1 ,·les.
•[1r1/.lllr1 ,1 fi:il ir ;,..,110 t')lé/ll 11uút1• d,-s,·11i"Vli•iiln 1·11 ln- 11., ,i,·grv;;, 11 aduru('iit1
doJS fi_.1t1,·1JS 1111!• a,11~fllu1 toda u l>U-'l r,·h.'í1Íiu. A tl'l'IIÇU nos ,-sr11ritos, o t·11//(I dffl>
J111tcp11Si;ud~ e d1JS Jl·11uni,;'110:, Ja uaftjraa t'ncontran,""'<' 11111ilo _(re11ue11trme,tt1:;
divini:!.11111 P Ct'u. o Sol. u Lua. sobretudo. ,is ,iw11ta11has, iP.- rios. AI/Ui I! all:111 vi-
;;c iiparl'r,·r ,1 rri·11ça num Dt'11s ,;1111.:rror. cri,1dor do 1111111110, ,rias estr D1·11s nã(I é
11,/,,radt>', ,,, xera/ '"' 111·,\'ro.s disflt'lfs111n ruais atr11çõc:s li:, sJJa,; 1livi,11l1ufe~ 111a/éfic.a:, t
!r11rlllt'b il!l qur li,; 00.i.~. • i:o,11e11/a 01t1ufrp1,• de la Su11s~1_vl' rra :,ua História das
Ro• 1igiães, p<ig J l, 1.'1/. portU!{U1'$tJ d,· l Q40.
O <'!;,iinlun/15n10, dt1Jtrc.1 /UI ro11apçüo geru/, ,:rnrolw, pt:lo 111l'11os, quatro
11uJdalidadt'!io, ;.:gundo 11u•ncio11a De.o/indo A1uorin1 er,1 O Espiritis1110 e as
D011tri1111s Es11irit11ulistas. pag. )8, eJ. da FedrTa('rio Csp1rita da Para11á: ·1.•
a ,·1111,,7,~·rta cú11tuir1, isto t', a que ad,nile n txistência de urn pr111cipio e..~p,rilua~.
ai111f11 iln11reci;:o 011 wgo, .-eru filiat7iio o qualquer sisterna doutrinária 011 ftloWftco;
2.• 11 rancepçâ,1 tll()/ngira, que an·i/a a /lnortalidade da a/Jnn I' a vida futura após a
morlc. e111 ra;:iio de dog111ns e "ponto.• d,• fé". Sl'tll dl'n1onstraçrio exp~!111e11ta/; J_ 1 n
cc11,epçíio rt'.:1"1car11llcio,11~1a das clívi!rsas t:SColns r!!-pirilualisfas (Teosofia, Rosacruz,
Exoteris1no, l!tc.J, cad11 qual con1 o sua organização, su.n siste1111ilica, St.'11 corpo de
nrsilw.-; 4.1 - ft11al11u•11te, a ra11Ctpf.ào espírita de espirit11nlis1no, partindo de 11111a
ba.e.e exp,.•rJ111t•11/al - u ft·,W111eno - farir1aruU! urn carpo de do11tri1Ja, que, t'lnl>Ora s,·111
tuntbim ree11car11acionisla, aprrsenta particu/.nrid.ndcs d,Jere11tcs das outras do11tri11a.~
d,, 1nl'S11te1 rn111a. ·
Por .~1111 vez, Q feiticis,110, co,110 o próprio tr.r,1u1 i111liC'a. a:-.-;t•tita "ª prati[a
dl! fntiçM. Cu11si·que11lt1111e11/f, o ad/Íl/ero fetic/1is,110. Ora frit1ço t: uru 1naletici..1.
Part,11110, fi·iliçe1 envt1lve 1111111 ~e11tido, co111ú t>t•rdad,·1ra111e11tt ll1't't! ~cr n11t:-iifc-rudt,,
1 ,iào l!Xflrll/Jlltdv i1111Iji•ri·ri/1·1nenll' {J bt'/11 (" 0 111111. l"Olllll l11n/t'lll11t't·/1r11"n/,· ,) US(ll
Cl/11,;tl,Krt)ll.
1 17
/iU01·1ga > s; 11 1rm,• /1 ,, pr1111ari,1s J11 _frroci,lad1.•. A ,,nJ dlira 1l,·1,,· nd,· du 111()n1,•11 fo.
(.o:;i 1\',.~ro. 1Jêutir.:11 Jl'!õit·o/1.,,~ia ~ I'C1ficr1. É /ivn1 c1n 11J1nosji.-ra 1111rn111I, f'
-w1 . r-= ron//1to ·lt: int,·,r~~. E I' Jl('.>t,· c:r1sll qllt u~rl o /i:iliçtJ, 1111r1111ra/1Jiciar q111•n1
e ir1.'!i!tl::1. 1\\,1~ 1•alt'l1<t,.•....ie ;_~1u1l111rnlt· J,>s car11n/<1i.
•1 11/~111,1r a nos~ 11u11/,~l11 1nl1.•rprt'tt1~·1W. i11r't.lC'n111os o., /enrrn-. il11111Jo t'
ru11J1111nf111, J, ,111,111. rJ..7'ri111rn. tvd11s as 11u1nif1'!'fll{1'Í!"S t'Spir,t11s. COn(rJrnre 11 :-llcerdti.:iit.
11.,;,si111 .iru 111 :.~ dt'sig1111r,1CS J,i:; ~•11• 111tnist,•rio,,. [n, ,,1111111: tod,,s J.)S a,:to~ d11 vida
giran, ,•n1 tor11t1 d11S t'SJ'lritos.
t\ .<t'fUf1tfar íl !U~S(l parcnir, ill{'l.lqlll'l/11.1:i ag1lhl li ,fil~ifin do pt.1110. Ot/{(/11/1-"',
pois, 11 k':;:t1inl,· cont11 lradicuinn/, ,rarradi• J'f'lf 11r1111 1wnage1ulrin PI 110 Cacuatt>
11111l!ll1~·,/41 pnixi111,1 dt· L1Ja11J11:
t) Stllhvr '5uti'IÍII 11 q111. ~llt'l'iÍtr. 1/Ü 111 u11dd uada lu1 qiit: 1/!t' pr1'j11J,q111•" f!UJl[U.
pr,•t,·111U·u u11ra 11111lh1-r. Mus qua11d,1 1llg1111ta c'SI ivesse p,1r1J r11sn r, portanto jlí safisfrilt!
o ah?11l•an1,·r1l0, el~. no dia upraz.ada para a co11sórcio, apresent,.n•a-se a busro-la.
Lti t1t·nlu1 bu.~u,r a 11lin/Ja 11111/her. , Declarava ca111 nnlr1ralid11de.
o~ ,~ris ncedinrn. a naiva o aco111pa11hni,n. Ni11gu1'111 d11vo pelo en1b11ste. Dai 11
pt111co te111pó. ap11rt·ri11 v 1uiit~1 t 11,rd11deiro.
Ja ;,rnlio busc11r a niruf1a 111111/icr...
- Que 1t11dher qr1rres rnais? Nilo II lwastr já?
O ludi/Jriada 11oit•t1 retirava-si: {t<rioso. Parr1 si• vingar. procurava 11111
q11i111banda, pe/11 Jeifiro v queria tnrtlar, Mrt~ D ft:ihço ttiio surti11 efeito.
O llt'llhor "Surf'du o q11e sin•etier, nn n1u11dt1 nada Jiá que 1111• prrlridiJ/ut"
Sl'ltl/Jfl' a~~1111 prnct1dend11, arra11J(J11 ciut1uenta e qu11/ro 111u//Jeres, 1od11~ ,1 t1t-i1, fOlrt
(.h~m •11• N.JJ..,11.i !ilo:·1al1n<1 liJ,·,·nd,1 ,ul,1b11r.id.,t111 A.Ir -.., 1 ~ - n "' ,u "
to Kim11/,1uri1 , Jl1:>1n~ pr11~,1rb11n'
1,,
Nada l!le, u se11 fciliço é 11oderoso. St· queres rr>ailne11tl' que tfi·
}'L1d1~ w1n
m1,rrn. pn,11ein1 c11feiliço n ti, para que a 11111 a/11u,, dl'fJC'Í$, o tH•nlta bu(car. lk
tl•utrario, nada consegues.
O ho111en1 co11cordau. S1n1, 11,orrerin, 111as vi11gar-!'r-ia daquele riafift•! Vai a
Luanda, adquire u111 caixão. No regresso, coloca-o 110 ser, quarto. E 110 dia en1 qur
J._Tia 111orrer, mete-.çe nele, toda li111po, pc11te11do e vestido C(}111 a ~1111 1111.•/hor roup,1.
Antes, fechara a rorta, apc1"u1s deixando a ;nnrln aberta.
Con10 11i11guen-1 o tornasse a ver, as vizinhos c/11•garn111-se à casa. Pela Jª nela,
atirara111 o olho. Co111 surpresa, descobren1 o ataúde.
- Hela/ U111 caixão! ... - Grita,r1.
Morto, e111 sua aprescntaçào 15111erada, assi,n o 1>êt>rr1.
Arronrlra111 a porta.
Co1ne11ta-se o caso, faz-se-lhe o e1J/crro.
No dia iniediato, o srnhor 'Sr1ceda tl que fir1ct•dcr. 110 n11nrdcl 11111/a ha que n1e
prej11di'f1te" sc,ite-se incn111od11do. A1nd11 St' 11:,{arra w l-!·11 poder 111úgici1. Mas t'cln-
1 -lhe u1n atr1que, nele Sl' fica.
O senhor "Surt·da ó que ~ucedi:r. no 111u11dt1 nada Irá que me 1-•rei1tdiq11t'"
11u1rn:u?! Co1110 fai isso? - i\-h1r11111nwa a pur>0.
Co111 r:crfcza fai ô nutro, ,·1•1 vi11:,::ança da pnhfirria que flr,· f.-z! Niin ,·stãn a
vrr? Ele ser e11terrado 011ten1, e eslr 1norrtT h11jf'? ro11drrra;111111 fllltros. N(I Aléu1. o
,,iugatlor dcefi·cl1a-J/1t·:
~ /l,1orri antes de ter i·/regad{' o 111111 dia! Mas prrti·r, D$!JÍn1! Con111. 11u 1111,rrd(l,
1
nin~uen1 ,,adia rouligi,. drixt·i-1111· inalar para •e matar ta,11/••m! r Ilias mr1/11•r,
/an,bi:111 viriio p,ira cà.1
L 11111a ,~•r 11111n, a ,"111r11y,rr pela suu a11tiga noiw,. ji.-,,..-,,11-0 h ;111d>alar t,~IJ1s 1-las.
l'lrldtl f) ro r, ... tn11 t, ·f«ll ":Q1 a,1-: t~p1 riti>s, por -,u, IUÍl.l ~ q1111i ~/JC11/' ll Tlil,~I "'~''Tª
dr f~~pir,h..,,n,,, con111 i1ri1:•a/1111•11fl• h,11 i1111ul.'> J'n.,po:;to ' ~ ~ 1lar1oJS. mil/$ llnti. v.:-- a
nrg,11, 11.,111111111 dt· fl1•c1lit1d(1 4111riri111, ·rpt•11d1il,1111 /'1,~. 83 Jn lil• l,1 ,ibra:
"(1 f.i;111rdis,11i1 tntt, 1ndi~tlt1't'/i,u·11tt•, (011Si'q1u•11cin'> fl'li,l(iP!otl", 1' 111u 1/11
1•rofund.u, 111as a ~,ia r~qur·ntahza~·ât.1. a l'óllQ Judo/e 1' a s1111 co11i:1'il11(1ç,lii bás1ru
11141 a•111porta111 qualquer fr,rtna dr! t."11/to ,11atenal, 11,:111 sucerclt•f,:s nem cht·fí:s
1 ari;1ni:it1cos. R.t·ltNiào const! tu iJu ptl't•l c11 /to ,11ater1ul, riJo,;, farnuilidadi•;;, tt,·. etc:.,
e e 11,._,t,: /)llllú.l, 11111da 1,uus, que (l Esp1ritisn10 O!i!iUnH'
posiç1lc, que 11lio pt'ftllift·
1111111
wnfi1,ão com a ll1Hb11nda 0111p1alqu,·r 011/ra ~·11/10 relísit1so. por n1ui~ unligas que
rr,,1111 as s1ffts tradiçÕt'f., rnr triais 1n1port1111 te que si•;a II sua ft111çàc <;0ciul. "
Nó tP<'ante ,, (tJr,11alis1110~. es1'c!,·ifira 11 dila autor 11as phgs. 73 e 74:
··o C:s1•írilb1r10 ."'1ÀO /em c11lto mat.t:rial. O Esp1rlti.çn10 NÃO tenJ ritual. O
[spiril i.~11u1 NÃO presem'<.' qualquer fi1n11n dl! parm111'11lo 1u·1n co111portu oJor111a/ is,no
dt·f101(1lt'S s11t:rrdt>ta1s. O Espir1tis1no NÃO ad111ift' e, uso de in1agr11s, se/a de santos,
s1·jn dt• 1/111,i.~qucr rliviP1dadt's, co"n1 ndo pennite ti t•n1prego dr qualquer sacrificilJ
r111 ri1.uiil de ~Tença. O Est•1ritis1110 NÃO ten1 sn,ais cabalístiros 11en1 si1nbolos. O
f..:;piri!is1110 ti:,ri a SUA 11ome11clnt11ra, segunda a Codificação da do111'ri11a, e1t1 c,ijo
i«abulnrio Niio se r:11ro11trant as desig11açôes usuais no culto u,11ba11d1sta, quer e,11
rdaçlW aos 1nedir1n9, 17ut'r em relaç,lo aos t~piritos."
Dada a tra11sce11dt;ncin do nssr1nto, va1uos tr1111scrniIT o parecer q11e, a
n:speito. Arn1ando CITTJa/ca11ti Bn11deira - 111,i outro i11te.lect11al brasileiro, i,.:un/111enle
esltulioso do fenótrh!IIO rrligiaso - nos fornece err1 carta co111 que 1111.1i 111111Wt:l1111:11fe se
tfigni,11 rt.'Spol'!dt'I' a u111a consulta nossa,fe1ta 1!1111970:
"Rect'bi a qia caria de 2 de abril, ll!ndo 1rruit11 satisfilçifo e,u salier que r<-1.i
rf.'edita11do seus lh•ros.
Os se11s livros real,;11111 o historiador en1~rito, con, forlrs lru~·os d,: p1-s.1111sa.,,
do 'fnóloga irrcn11sávt•I e111 tle111011strar os vr1larr:s ético-religiosos q11t· dt1ri,it·m
e. ro11d itf()!; 1111s a/111as afric1111a.~ tfr t rad içães 111 ifr 11ares.
t:: u :~ri111tfe 11firn1açiiv da co11lu·~·ed11r aliada 110 çsµ1nti1 indom1t,1 J>t•rt 11 .~ 11 , ""
1111sra i11,,·ssa111t• d11 iierdatlc.
f1•t'l"i 11 n11ixrn10 prait'r e,11 relê-los, 111as ainda 11ão c1Jexar11111 até o 111on1er1/o.
fá ,~t,1 111tra1•r1ssado o le111po e11, que os Kardecistas ad1avan1 seren1 os
linil'OS ôp1rilas. Mando-lhe três recortes de artigos que publiquei, os q11ais são
fJtm •.i:í 1d.lt1tios.Nrles verificará, que desde 1953, ren1n1ciara111 a esse pretenso
dlrtih-1, a~ decisões e111 cone/mies realizados em diversas cidades do Brasil. O ,nais
t ,lt-sat11aliza(tio,
De outro 111odo não co1npreende o povo brasileiro, e a própria lgre;a Cat6lica
fá propõe ror110 válida a conceituaçiio de'"" Cri5fia,1is,110 Afro-Brasileiro, ,riin n1ais
ctJntbafendo a Urnba11da."
c..:onfor111e jà de111oustrtb11os, o lermo Feiticis,no 1111 Fetichismo 11/lci
q111ilifir11 com propriedndt• a r~Iigiâ-0 11egra. De nossa parte, upl1J111l1s actualt11e11te por
Espirittialist,io Negro. Co11/udo, i11quiri11ws: 1111 Espiritisrno Negro? 011 ainda:
Proto-Espiritismol
Ao~ eruditos con1pf:'tt:' decidir sr di>sta, daq11rla 011 dr ortlra r1ur11rrra n1a1s
Os qut· lht• vi11, parar .'is n1J.os, são os. que sucumbem (orçadamentL•,
,·om\l o-. suic1d.i.s e os. enfeitiçados.
Apo~ a morte, a .1lma liberta~, não para o infinito, n,a:, para debaixo
da tt.'rra Entretanto, não abandona o lugar em que o corpo foi sepultado. Tal
12c1mo na \'ida terrena, as almas mantém seus antigos sentimentos e hdbitos,
ainda gostando de comer, beber, furnar, copulaI, divertir-se. Nos momentos
de folia - declara o povo - suas canções e instrumental soam aos viventes,
na solidão da noite, em deliciosas e.manações, ora se aproximando, ora se
afastando, como que impelidas pôr suaves lufadas de vento.
Quando vitin1as de terrível bruxedo~ a maiombola - trabalham en,
la,·ou.ras humanas, durante alguns anos, como que cun1prindo um contrato.
t\.1as permanecendo amarradas a cordas pela cintura, para não se evadirem
1 desse forçado Ccltiveiro. Por isso, em determinadas possessões, surgen,
lamentosas, declarando que trabalham mais do que os vivente!:>.
- Aiuê, .i minha vida! Aiuê, a minha vida! Aiuê, a minha \'ida 1 -
Pranteia a alma ne~s ocasiões. Depois, serenando, j.i enxutos os olhos com
a ponta do pano 11 i - Boa tardei Como têm passado? Têm comido e bebidn
bem?
• O comer e() beber é isto: são os desgostos 1:.' os trabalh1is da vida'•
l.amc>nta-se a criaturc1 que desciou a s~1a incorporação .
• frabalhos? O Atém l! horrível: Vili gente, mils n,lo sai ientc ~ Deba1:..o
da U·rra ti horrível!Objecta-lhc> a almn.
A alm.t não rcencarn,1 °1. "Quem vai para o Além , não \'nh.i
~m r:~-111" ,.., med1um WJ'rl"li<'fll,1 " l'nhd,1,k• ,1ctu 1111,, l\ir1ilnt,:,, •l'wm ,,..,.,,. r 1"11,1
t..u · A lung,,. l,.\1 .1k<>l,1. l,,u la n,u h.1, l,.u tun,h1m11tu
Act'rt'.I ,l,1 rrl.'"!'1<·.1rn.,,,1.,, 1,,d,1-1 a~ r - q11r 11111'TI'1.,g~mll'I, 1háii .-h· .1t"'10 11.,
1( .,....kJ.1,-l,., ~,r.un II t'Xi•ti•ndo dr ••1.1 rn·no;a ,•ntr.• L1'!1 natur,frL !\la~. 1111,1\'ft 11,• um.,.,.,
iu..rto rm .\f,.r.o,ca, 1 <t•t1!1,.1111t1<1 o t,•nn1111•nu d,1 tr,1nsm1~r~o;lu: .ln1~ n·m'1u1, 'l'"' ••l'nf W
1n ro fun,,.,n n,, 1,.,, ,, J" ,1 111<t. tn lnY.,huliariu, r,•,1r,111'C'l'r ,1111 , 111 llil~ •·hi, ,1,· l"U~., 11•ull
'
ntals l1 1)11~n1,1lit,1 ,1 h lusutia !1vpl! 1.,r. M,1,;, t·on tr ,1 n,1n1t•nh.' d t-!!S:-.i.' ptot·i-,1o1 1
,l,· t•v,,ltLl,".in ,\(t,l\l'S d,· .;u1:1•..;<.;iVJS l''ll'>ll'Ol"IJS. d alrn,l pr(lsst•~\,lt' no ll'U
111.1nd11 -.u.i n1,,n:h;1 i•v,ilutiv.i, 4ut:r cont·l•ntr,1ndl1·-.l', LjUt'r robush><'(•ndo-
,1
--t·. l'u, i,,;',(1, n.•t·inílni.111 ti ~cnso, a1npllando o poderio, otl' ~ tomar 1.•1n
t"p1tit1• ~uperior. lnterml'dil'lriu de Dl!'us. "O calundu foi pt..•..,soa, d p(.]5().l
autor J\' un1 m,11. uu, ttl\'l't~,Hnl·!ltl..•, m,1ll'fici,1r .1!Ku1.•1n. A 1'!tt~ rnpe1to,
narrJram-n,\., qu.: ~~·rtl, quimbanJ,1. tendo ido, dt! n11ill!, ,1 uni cemílério,
f.tl.-r ~11n1 unia ,ilmJ, ,, firn d1• lhe perguntar a caus.i dl· uma d01•nç-a por
ela pn,\·nwda, notara qu,.,., em cada sepultura, pennanccia sentada a alma
respt..>cl1\a. tvlal viram o intruso, sumiram-!óC rapidamente para debaixo da
terra, produzindo, na !lubmersão, um baruU,o semelhante ao do chocalhar
d~ l.1t11.,;. Só não fugiu a alm'a intel'e.,:;sada.
Nas pragas, quando se deseja dar o cunho solene, batem-se as mãos no
solo, invocando a justiç.-i de Kitedi kia Muene-Kongo e de Muene-Kongo.
Devemos confessar que não foi sem grande dificu!dad~ que
concluirnos que o A!ém-T(unulo dos aborígenes é o mundo subtt>rrâneo. E
para chegannos à confirmação, recorremos a aturadas inquirições. E 53bem
0b Leitores qual;;, resposta que obtinhamosde entrada? "Quando morremo,;;,
l vamos para o Céu." Mas, depois, à custa de e.xen1plos aplicados a certos
rituais, conseguíamos finalmente a triunfal confirmação.
O conto Mbnngu a M,1.~1111gu, enfuixado '110 livro Ecos rlt1 Mi11/Jn Teria.
representa urn testemunho da concepção dos naturais - concepção j.1 em
decadência pela acção do Catolicismo e Protest,u1tisn10. O t•p1stxi it, dl'scnt-o,
hoJe considerudo lenda, não foi in1par, antes cons!i\1.1 i~1 LU11.i prática norn,al.
Pelo menos, conformt' nos t•lucida Cavaz71, ,·.irias Ju1g.i., as,-im
procederam, não par.1 rein.irt'm debai'Xo da ferr,1. con10 :,.,.tbangu d !\.lu;,.unl'!u,
m.as pJra fn1irt.'m «s dt•li,ias da Ftl•rnid,,dt:>, b,to, ,1 11n1a disti1ncia dl' tn:-s
M'C'ulo<; - épot·a em qut' \'iVl'U o capuchinho citado.
A n..i 11 <;('mO'I ílgnra ns 1'ntt•s sobn•n,1tu rd i., i nh'nnl'd i.:i ri, i.,:
M ufnu/r,11,1 •1 !o,io t"1p1 ri h1:-. 1l1 ll•l,1 H•s_ N .1<.:rc,n1 ~• ,n nusto l' 1r,1 n"1n1 tc.•n, .
~· p .. 1,l \"J,J p,ilt•rrw (onlt1do. llt1lra!!i h,J tJU.t\ \'Í\'C'ndu ll•r,\ dt• 11,,.., 1,11lll"l•m
1ntt>rfPr1•n1 n,, nn..-..i ~t'~l.i4,;"u1 l' h1•n1-t'"tilr
l'u•:•,u1 r.iJ,1 um dt· no'l,l qu,1111ta,111d(111,1. 1.111·i1n111 ,1 .11111,1, qu1• "í' li\,111,,
f ),jO ... jlr•At: /1 · N/1,0
.:11rpo, tam1'.·n1 o n,l•sn,o sucedi..' ·.t n1uonduni1. Ma~ por dc.,prt•11JimPnto Jt•
unia p11rh~·ul<1 Jil 1nuL1ndonJ de, pai. Portanto, aln1.i l' muondon.i cocxi-,tem
num n'lt!'s1no indivíduo.
Lon~litui .1 rnu1,ndona o nosso anjo-da-guarda. Por isso, j<1n1ai<1
Uc~ampara a alma, ..empre a asslStindo com a sua vi~ilância e ardor. Nas
dlgres•oôes qul· a alnta i>fectuc1 ein sonho, a muondona não dl'iXa de a
,1con1pcu1har. Defendl'•noi:; do mal, d,egando mesmo a lutar com almll!>
ofensi\'J1nente movidas por !eiticei-ro, por ela recusar suas aliciantes ofertas
de ,1limentus. Em vista desse risco, c1uando ~ntir.nos pertinaz desejo de comer
qualquer iguaria, devemossntisfazer o apetite, pois é a muondona que no-la
pede, em consequência do assédio do feiticeiro com suas tentn,ções. E a voz
intima que, pol' vezes, ouvimos denlro de nós, mais não é que u1n aviso seu,
ordinariamente nos inquietundo contra a prática de determinado desejo.
Dada a sua natureza espirih1al, a muondona, após a morte, liberta-se
da matéria, logo a seguir à alma.
Cnlurulus são esp!ritos de elevada hierarquia e evolução. Rey.e.ser:tam
almas de pessoas que viveram em época remota, numa di5tância de St."<:Ulos.
- A pessoa será calundu, o cnlundu foi pessoa 111 • - Argumenta a
sabedoria popular.
Podem ser: medicantes, justiceiros e protectores. E consoante a longa
idade que atingirr1m, distinguem-se: o dic11l0, que é ancião; e o ili.:uhu1dun.Jt1,
que é ancião de mais avançada idade.
Transmitem-se por herança, principaln1enle pelo ladu n,atemo. M.i~
só através d-., rito evocatório, C(lni,til'uindtl a rcnilênc1a de uma l'nl-.•rmidad1..•
a llldllÚ1.>5tação de seu desejo de pussc n1cdiú.nh:a. I'ortant11, a.:tuam r'IOlf
vivenlt'S, d1:lt1 fa/t·ndo M'tl 1nstn1menlo da• a1..·!J\'id,u.ll•, (lUl'r l.tl,11'1d,, \lUl'f
ilg1ndo. 111rni.1m um<1 /,1milla l''>J'iritu11l l'm fl'lil\,'IO ,,n -.i.•u p,1, "'llft•
gl..'mt"'<I~, 1,>s 4ul' tên, longa gl!litaçao (4ue viU p;1ra dois e 1nais anos), 05 qul'
nascen1 con, dois dentes na 111axil,1 su p&rior, os que n,1~m ra9uitico~ ou se
ra9uitizam pouco tempo depois do nascimento, os que nascem com uma
depn•s~o no alto d.::i ,a beça, ou com os pés recurvados, ou com as mãos e.em
acção, sendo ~te.s hlts últimos casos as características de quem, depois de
consagrado, exercerá o ministério de quilamba, ou seja, o sacerdote do culto
Jas sereias.
Qtlln11d11~ s.ão as sereias. Vivem na água, quer no mar, quer em rio,
quer en1 lago.i, mesmo em qualquer sitio onde haja peque.na porção de âgua
permc1nente, podendo mostrar-se sob qualquer aspecto - pessoa, peixe.
(.'iJÍSil. Em forma hun1ana, podem apresentar-se como indivíduos do 5ell.O
masculino ou feminino, em diversificação das raças exbtente~
Segundo um pescador centenário da ilha de Luanda • homem amda
isento de influências estranhas - a quianda revela-se, não sob a figura de
semigentt? e semipcixe, conforme a tradição europeia - concepção já pene-
trada na mentalidade dos naturais de camadas mai~ adiantadas ma.-; f'C\'t'la-
-~ em toda a plenitud~ humana, apenas com farta cabeleira e pelug\'m. '>l.>b
as quai.-;, por vezes, se fecha. Pode dirigir-se-nos ou solilitar-no~ qualqul:'r
,:oisa, e quando mJI nos precatamos, desaparece niistcnt\Silmentl'.
Acerca do seu poder de atracção, referiu-nus o ;iludido ilhl•us' '4Ut', J,l
ha umas b,1,1,; década-. de .:ino:;, n.:ivcganllü t>ll• dt> Ginoa, 1unti1111t•nh.• l ,1m um
O'd vo ~'U l' mJi 'f ('l'.1mp,111hL·i ro~, ~u bili.lmt·nt1 ', ._..,1rnu I Ju,: 1mrlll.:;Ion.uti, p,'ll
uin,:, 01,1,.1. o !,;('r\·içal to1 arrebatado para a água, permanecendo no fundo un-;
longos minuto-,. En, grita, todos deitaram a suplicar à sereia ~1ue o libertasse
Sob o impulso d.i tnesn1a mão, o hQn1em foi reposto na embarcação. Mas
logo a !'.t!guir, como que em arrependimento da entidade, novamente foi
arrancado para o mar. Os rogos ton1aram a írromper. E o pobre escravo,
1
como anteriormente, outra vez foi colocado na cano.1. E lacto curioso: durante
'1 a permanência na ági1a, não experimentou nenhun1a perturbação, ,u,tes uma
doce calma o invadira!
Tanto esse como outros informantes, ainda nos contaram que, em
1
CC'rtos lugares do mar, rio ou lagoa, se nota.m, durante a noite, várias luztl't-.
1
E mesmo e:m quarto fechado, a candeia apagada, sen,elhante fenómc,no, p<ir
vezes, igualmente se verifica.
1 1i1 existentl':-i (1ue mudou de poiso -l,1us.i di! ruina in,:t'Ss.infe da dita ilhu.
Isto - 1.1.•it('ln.•s • n.1.rranlll--l1J ,l cunta de subsidio psioolú~OO- E qu,•m no-
•lo revelou. foi o ,.-spírito t\.t.iv1iia Mbongo - rcvel.ição es~ proferida através
Jt• uma mtorrnanh.• qiu.• e:o,;l'rcia o n1ini...:téri<J de quimbanJa, t•nt;io 5(1b 51.1,1
f'(J<;<,(:!l.<;.io. r jJ agor,1. ,1,.-:-1"(•.~centaremc,s 4ue h1i o -1ludidt1 \1a,·1ti.J \.ll,1,ngo
•iu<' no" prc!!ótnu v.'.lrio!I t.•k•mt•ntos d,....,te ensaio, mnrml•ntl' nos ,,1p11ulns
· tnic1,1t,~iu J1• Xin~u1laJnr" c> 'Rito~ L1i\'l'™lS"
A intlu(•n[i.1 J,1 qu1,1nda, l'l11IT'l.1nln t.1mbcm pndc "l'r c"°l'r~! :ia ,1p1>:-1
--
\, /)J /fl!W/111 /Í; / /111l•a11,lo 1 ( lr,/rr ,'\ ''"' 1 ed Ili• l'~l-\ l\\l <,~ti l'..iul l
e ·•• ......
uln,a ,m tetr.i t' do buro resulla.'1e f_,-..tr nos -,lhos dl' um n,;u qut
~Jia:....- • re -...-=rou a v .sac r·= ~ ~ t"'lhwd.t mcdibç.lo
p;: p .rtc ,a L · ..~15(,15 e pnncpa!mentt- ~ parte dos qu'"· ('Omb.llt>'"11
,\ 11Pl.,t.1. 1.1mb,,•n, t'lllls,1gr,1da por ljui\,1n1bJ e ~ob,1, L·r11npik>..tit' dl
v,1n,1d,1s igu,1ri.1s l' l-~:bidJ...,, quer L'Urtlpt.'ias. quL'í ,1lri,·.in.1i, As igu.sri.u
r1r.:,1n, -;cr,·iU,ls t'm prat~ e as I.X'bidas pt:rn1.1.nt'Ll'm nas própri.ii; garrafJ!i,
~'lt'\!Ut•n,1s rna,; cht•ias. F em toalha estt0nUida nun1a {c'S\1.'ira, Lli .. põem 01
r,t'
Ull'l\_sLlio!> Mas tudo novo, ctn cima dP um11 laje. l:sk• ft>slim · l<11b, 1k,:la - tl''ll
por ob1elii,·o firmar ,1 aliança co1n a sl'rt>ia.
Nest,1 ocasião, o p.icientc estreará um uniformL', nbrigatoriamentL•
usadu eu1 .:ictos sc1nelhantes, e facultativ,unent~•, 1."lll funerais. Consta de um
pano d.t' zuarte l'Om duas cru:1es de fita enca.rnada uma .:i frente e outra
atr,1s - oqualt'n,•e~ará em jeito de saia, a~ando-o à cinl'ura; para o tronco, dt>
uma blu$a com idênticos símbolos; e para a cabeça, de um gorro de mabela
a quijinga - com un,a barra preta.
Se, por riJvelaç,lo de sonho, tiver que exercer o sacerdócio, servira
um desses n1inis~ros. E ii sen1elhança do que acontece ao quimbanda, muitl
coisa lhe é também inspirada nesse estado.
Acerca de semelhantes predestinados, referiram-nos O!> seguinlt'$
episódiôb:
1 - Banhava-se num rio um individuo assim. Atraído pela se-n>ia,
viveu comodamente no fundodn .;gua, durante. un1 mês. Ao cabo dt>sse tem·
po, surgiu sentado num calhau, já fortalecido com os podert.">S sobrcnatur.us.
Como cobrasse honorários pelas práticas divinatórias, foi ad\·t'rtidu pt>l.l
sereia de que nào deveria levar dinJ,cirn por tíll :;crviço. lnvotunt.lri.imL'l·
te, ,omete uma transgrt>ssào. Então, scntiu-'i'.' invis.ivl•.lml'rlll' chin.1tead\1
perante os consul1•nles.
2 • Um outro, ainda ,·rlança, ém con~ul·nLia dl• n.il, h.i,'rr .. idu s\.lf'.•tt1
, ratu.nl obrigatóriQ, provocou a lr,1 dit ~1·rl·ia, rl'!"ll.'lllh1an1l'nle ,~\ tJ.ndo .»
gu..u JJ b.i.rra do ( UJJ\,'ú. aiu•· l'nl.io .1trav1-55,1v,t ,\11n ,1 f,1m1h.1,
.., l'm n11trn ,11rul.1. i;.;u{llun·nll' l'llúll~ú. p,f~U[,1 t.1n,,11\I.K,, dom ..W
~· 1 ' 'ln'IQ 1.t l
imrir.t\.30 qut• tod,t~ ,1s vt.•:rt's qu1' lhe apetecia comer, mandava
buscar a 1..'\lfflid..l ao rio, J qual aparecia misteriosamente servida em prato~,
llutuandt, À beira da margem.
O seu primeiro casamento obedece a uma formalidade particular: em
sitio n.'\."Õnd!to e em presença comum, a i;nulhe.r é primeiramt'nte possuída
por um i.:oleg.1; depois, pelo soba; por íiltimo, pelo noivo. Esta intervenção
unpõe :.igilo e serve para preservar o ocultista de invalidez.. Por efeito de tal
rito, ordinariamente não se escolhe donzela para o prin,eiro matrimónio.
Segundo um depoimento fidedigno, uma mulher que ignoravo tal
preceito, tentou enforcar~se após a surpresa. Foi na Quissama que ocorreu o
drama. Como essa, guantas mais não teriam explodido de indignação?
MULÔJI
1
1 ,,ú,. "(J ft•iticeiro ,...01ncç,1 t•n1 ~u;i própria l'.,1s.1.' 1Ji7 um rJd,igin a11gol,1no.
, l1 1, N•gund11 ,,11tr.i ~•nlt·nç.i popular: ",\ g,1linh,1 bl'bl' no ~l'U próp1·1n O\'ii."
1
(JUl'f tli1.1•r: O p,lllft• tOITIPÇ,1 p1•[0,;. !.l'US.
1 Qt1<u1lo ;1 inc-id,·nri., d11 pilt1, v,11Ul''- rt'lahu o t-.l'j.\l11nh• l'ris11d111, 1,,1r
1
'
rtJo n.i j.i muitol!' an1J-;, num lug,1rcJl1 pro\1n11) do l1on1 ll·su-; • vilJ 5ituo,1da 1
, ,~rta dc ~--.wnta qullómt•tros de Lu,1nd,1:
r.r.i um i.:.:i'i.<ll. C,1da lJual, no entanto, alcn, Ju;; ri.lho,, comuntõ, pos.,.,uía
t•ulr~1~ a part('. Nàu ub-;lantl' o homl'm prr,,,x·dt:'r con,o lls Jcmai~ v.irfl1.•s, <1
n.:ío es homem! Tu não prestas para nada! O que os outros fazem, n.io fazes
, t-u!" Essa conversa, senhores meus, como \'em a dar?
, Esta conversa é para nós todos. Posso responder?• Adiantou-se um
da sua idade.
Alguns senhores graves assentiram:
- Podes falar à vont,1de!
- Essa .:onvers<1 é entre dois homens, entre duas mulheres ou entre
homem e mulhE"r?
- E entre homem e mulh&r.
,, - E qut•n, ê t"'~' hllll'\l'm "::ss-1 rnulher 1
E~se hon1em, ~,u t'U. f. a mulht'T, a minha prc'>pd,1 n,ulhcr
Hela! lc;so ,, conver<;.a para O!I 'Tlai,; velhG:: !
- Vamos! Púl' ,1 011,versa no chão! Convldou um do<1 cnn,.l'lheiróS
do suba
Er,1 n1t>Sml, i,;..i,, quí' E"I..I qU<'nil. meu senh(>r [ pormimoriznu· • r,,io:.
macotas. ,,nciãr~ e nn\'O"· altos e l"ia1:\os. gordoll • rn.ig.n • essa mulh~r l"Sl.'i
<,empre a dii:l'r-me: Tu não es hom!'11\! 1J ,ão p1e3Ll:!l para nad.i! C) qut• º"
outros hun1cn.., 1a1.i>m, não t.u~ IU;n M.i .. eu ,,ou ao rio pescar (:om a çano,1
como li,; outn.,~ hPmt'n~ Pescar rom a muzua, também p('S(T1. c:ultivar,
tambf'm culliv~,. Cri.ir rorcos, galr..~, t.ambe111 rio. Ven..1cr, também
vl•nd,1. St'.' nil' ~1il1 tx·m ('ti mal. isso e'-~ :JU(_> .lci:mtc a qwlqu(·r hrmwm.
Quando n1e am11:tul'i 1._~_1m el;,..., f'll Jã tinha.~fill," s.
1SS'im ,:QfflO ela taml,t-n1.
N.t t'.tma. d,)rm1mtlS os doi._ En~V1dar,..0111igo ngravida. Tt'f filhos, lr-m
Tudo o que 1azem º" oub'o!- hi:mlt"n.'t, t>u '.:imbéu; ~ - Por q1.1,• !lOU rt1 rilrv~1
nlàc1? Qut: tdA'lll os outro-e homens, queN .ão f,.,;a também':"
()U\'t' ~m! ~•ntt!nL,oU o nacot.1. -O que tu.i mulher quer, qu<'
11·~"t't"tas uanga. r,,ra l'Ll ~mh.-m recehfi' f. pc scrutardo o soba. tempre
atento ,, ,., 1-,c,s1,.J,1: - L'uco, t:alc-l bem ou nao falei _x,m?
'
.. 1
,
F ,1-.sim tnl•smu l.{Ut' i.tJ ..i ..;ún\·l!-r!i..l- Vai r~l.'b\'ro Ufillg,1, que t• il q1w.•
,1 hJ,3 rnulher qutr.• Aprovou o ~f{ulo.
t) ho1nem ~guiu o ci;inselhu. C:m ca~a, preveniu a conip.1nhl•1r.i df.'
qu'-' ia fili'l'r uma grande jornada Por issu, lhe prepar,,ssc un1 bom íamel. E
al1,1lúU ~n1 dt?-manda de um quin1banda qu~ poi.suisse poderes para conft'rir
~melhanh.' malelicio,
- O uanga tJUe \[UCres, é de familia, de ,,ontade ou porque te obrigar.im
.i re.."ebt:.. lo? Confom1e o caso, assim te indico o pito. - Indagou o ocuJlista.
O hon1cm repetiu d história: "Tu n~o és homem! Não preslas para
nada! O que os outros homens fazem, não fazes tu!" E explicou-lhe O que
fazia: ~scava com a canoa e a muzua, cultivava, fazia filhos ...
- Está be1n, vou dar-te o uanga. Mas o pito não éo teu filho nascido de
1.1utra mulher, nl;!m o filho tido com ela: o pito será a primeira filha dela ou o
seu prim~ro neto. E para ela saber a dor do uanga.
Concedida a magia, o homem regref:lsou. Mas não revelou nada â
consorte.
Dias depois, estando o netinho mais velho a comer caju!:> com ou.b'a~
criança~. uma e.isca prendeu-se-lhe à garganta. E1n consequência, adoea.>u
e morreu.
No tradicionalismo da usança, a família tratou de a,,_.eriguar a cau'w
da morte. E ficou a sabê-la: o enfeitiçamento do a\'Ô por a.finidade, atr.ivo.."'i
da casquinha do caju.
Reúnem-se os parentes em nssembleia. O caso e discutido por 10...io~
por familiares da n1ãe e por familiares do pai. Ma~ com ,1 p~•n,;a \·h1 d\3.
qut> não neg.:i o dellto, antes refere 1.1uanlo suo..o.;lcra.
• 'f;,m razãn! ·rl•m ra2,l(1! A avL'> J qu1.•n1 o provtx,,11! Ot'\:l.lr.lm unani
JT\f'ITU'lltC-
CI .i1-.untn, e111 fl!, ficou ,,rrun,,idu. r-.1.1-1 u hl>L\1\'111, l'111n11 1..lo ti,,
MINISTROS DO CULTO
São quatro .i-. • + idad•
qulmbanda, quilamb..i. nul • mú~u.HT\Nm~
"' 1
QUIMBANDA
.. ou em possessão.
A ciência de quimbanda, ou seja, a umbanda, transmit&-se em sonho
quandll houve um parente que profes!!Ou esse ministério. O predei.tinado
sonha com o mato - o grande reser\'atório medicinal - e então vê as
plantas curativas, os lugares para determinadas funções, as encnt.7ilhada:.
impresc.indívei.s a cerlos ritos. E com esta u1nb.anda, dt!sig1,ada de 11111Jií, isto
e, de família, o individuo torna-se quimbanda. E bom. Quando trabalha,
tudo lhe ocorre sobrenatu.raln1entc. Segredos que egoistican1ente os IT\L'!;lres
ocultan1 aos ilprendizes, tudo, neste Cilso, lhe é revelado.
- Nilo esgotes as conver.sas no cora"âo. - Dit um,1 sentenç.1 populí,r.
Os guias tuttc>\are.s também S<' manifl•stam em sonho. A vi~õo e o efeito
não diferem dil r(•velaçâo anterior A umbaJlda as.s1n1 alcançada chama-se de
111ro11dn,ur, ou, portub>ucsmente, de guias tutelares.
A doação por pos~•.,sáo da--se por mort(' de um quimbanda. \1al
.tl·aba dt.• falecer, ou mesmo um breve tempo depois, a sua alma i'.lctu,, S(1htl'
qut'm mais lhe agradou em vida - parente ou n,lo, Tuda a -..1bt'doria e cúrtl·
dr rspiritus '-t11.l-lht• le~odn-; inteiramente.Lo ca<.c, d,• muC\llo, iá rt·fl•filio no
t 1p1tulo .1nlt"rior.
No mon1t•nto da indução, um quimbanJa pn.'sL•nti.> (i:.t<1 se lK"1)ríi'r
1""'11 t'oliil dn ('\tinto, p11i.'i t'S,s~•!'õ p,1~aml'lllir.. s.lo "-t.·nlpn- as.,,, ...1idn1 pt.\r
\1 1 nos ronf r,ldl'S) b,:1 tt.• dev ,:1ga r In ho n,1 l:,1 b1•.;,1 d{1 f" l'Í,'\t'"So, q ut' "º ~t•m1• e ,-, ,
1
,. 1
~onturlv, dt->it,l .;ohre l'!l' uma pinga dl' ,igual' pt.'Ul· J .iJin,1 qul· Sl' manitl·!>!•
t·n, o. u,;I ln oportuna. St.· li h.•núml'l'l(l 'iUt:edcr pr1~tt.•rior1nl'ntt.', o ljUi1nbanJ,
qul' i...· t:hamar. pr~'k.:l'd,.,rJ idcnticamt.'nlc.
Na d,11.1 convl'nit•nte, realiza-se o cerim1,n1.il. No 1nt•io de um quintt1l,
subre uma ...~tcira . ..:oloca-f-C un, banco, pre\'i,1n1entc assin,1ladll com um.la
t.·ru; a pcn,ba e ucussu. O qu11nbi\nda, ~1u. illltes, pai-dl:!-umbanda. dvpois
d,• 1,br1~ar a p,1cienlt> (.is n1ulherl's é que gera!mentl.• ~tio mais afl:'ctadasJ a
ll·~·ant,ir-St.' e a b,11xar-se no\·e vezes, pelo qul· a !:it:'gura pelos ombros, senta-a
nu bJnquinho.
Para atrair a alma, u pai-de-umbanda prepara o prato-das-almas: num
prato nO\'O, ft.•ita a obrigatória cruz a pl'mba e ucusso, mas cada linha !-eguida
t.l~ Ul'na outra a ulumbo do? folhas-das-«lmas, verte nove doses de 9u1toto-e•
-malUVll, outras t<1ntas de vinho e uma porção de água. Com ele à frente da
paciente, vai renle).endo o conteúdo com uma faguinha no,,a ,1propriada - a
faca-da-ximinha.
A paciente tem os olhos Atos no prato. O pai-d~umbanda, no ent.a.nto.
aconselha-lhe concentração e verdade no interrogatório.
E1n r<..-dor, em palmas suaves, a assistência entoa o cântico das aln1as.
Quando a paciente começa a lagrin1ejar, gemer e mover a cabeça, todos :;e
cah1m. O pai-de-umbanda passa-lhe então pela língua, nove vezes cada
Qperação, a dita faquinha. un1a agulha e uma ad,a en1 fogo, tudo con.-;tih1indo
o pelo. Se gritar, a Indução é falsa,
Verificada a mediunidade, o pai-de-umbanda interro~a a alnia. Ell
d1.l quem é, revela a causa de :11.1,1111ortc e declara que deseja 11:'g,ir .:i p.1..it"nl.l
il i;ua cii-ncia e corte de e~pi rito5. Nas adivinh,1çõei;., f.ilará ela. ,, .:alma.
lr,,n:.P",rtJ1T1. r~1r \'l'Lt•s, li corpo p.11-.1 un, t>stn1,d('rijo - g11ndt1 ,,u luJndo
l'lldt• li .,~,.,1111 l' Cllml'nl, buni:;ul,1ndo d!:! quundo l'n, tJU,1nclo. Em rt>:1ult,1du,
-.;~r {I ti•itlt·t•irli un, aprec111dur de tilrni:> hun1unu.
A tua pl,1nt,1 dn pt.•, cn, ac-on1p.:inh<1111en!o dl• bombó, que dt>llci.i!
ll,t\'ia n1all'\'l,lan1<"nte gracejad1.> uin velho que tinh,1 farna tle bru"'º·
O ;ilvejadu, un1 n1oço baixo e robusto. aptinas se limitou ,1 wrrir. Mas a
p,1re11tel,1 ten1ininu. furiosa com ,, galhof;.1, frequentemente o .;imeaçava:
- Se ell' morre só, .1 tu,1 c.1su vai·tit' fechar !1JI
O jO\'em pereçeu en, breve ten,po. E a sua campa ' foi realmente vi11-
lada. Por 1.."\!rto - ufitmava o vulgo - para o satânico banquete dos mulôjis!
Outro dtama de feitiçaria:
Um homem que tambén1 passavaporsortílego, pretendeu uma mulher.
,\o Ül\'ês de outras que ,1a'den1 por temor, ela rejeitou sua proposta.
Ora, nas localidades ribeirinhas, é nos rios ou lagoas aonde as mulheres
vão buscar água. Como as demais, i,1 eia lambém com a sua cabaça prover-~
de água. Dessa feita, n1al mergulhou a vasilha, logo um jacaré a arrebatou.
Prontamente acudiu gente. Canoas sulcaram a supcdiàe liquida, )..in-
guiladores xinguilaran, l\1utakalon1bo - ser espiritual que do j11c.u,? faz seu c.io.
Recuperou-se o corpo. Com su.rpresa gera 1, verificou-se que o reptil ,;o
ÍOI\.1\\, 1 ,l ,ICt•it.i ·lo. hl \ 'L'fS,ll1'l'nlL', ,ll+I íl ~ dt• LoJ,:i d l~pé,:il' li dfU(Jl)t•Jl lil r JO
MUKUA-MBAMBA
queir.i que o povo o vt'ía. F.nl,1~1. nào 1hr lt"vanla a .-.uspcn~o e o fcilireiro
pcrmanecerJ no n1L•:-.m11 .,iho. ~1.a.-. não pnde repetir a pro(-':la tri-s VL'i'.l'S,
ll(•n,10 tr.-, fC'ill\.:t•iro--. Sl' rolig..=im, t~ com o rodcr de todo .., mala1n-no.
Com .l rontinuidadL•, o hornl•m-do-chicult• acaba em h•itil·t·iro. l-Jit.i11.
o povo c1,menta: "f já lldo (><.i<i a bater.·
SINl'E ílZANDO
•
.., 1
ELEMENTOS G CRA IS
" 1
rL·<.u\t. d0 ·ontaç o ljlle ,1 pl.1nta ti:ve L·om o !iulo. dl'll• rei:l'bt•ndli 01I fluido!!
dos St.'!YS l' ;p1ri1tJuis e !K.•bren.1tur,1is '-''i.-.tentt.•,; em !iUdS profundl'.l.1'i.
Kt•lat1,·aa1l'ntl' ao un1sso, pode eh: ser suprido pelo undn. Mas i:um
n uh1n,bo. n,1da d1• :;o a1..--ontece: cm \'t!Z de substituir, retorça os oulrus
t•lt"n\rfllll'i, 1-lt'la ..iplicaçáo em adj<1ci>n1..i.i d ambos p,, traços. Seu uso, porem,
l' rn.ti.s restrito.
A cruz. poi-1, ron.-.titui um símbolo 1mprc:,,cindive! cn1 todas a,;. práticas
r,•li~1osos. Por eh.>1tu de ,;ua cvmpo;;i\·ão, faz abrir o:- t:,111ú11l1os, conform~
exprl'SS:io dos ministros do culto. Quer dizer: destruir qualquer malefício.
M,1:-. n.i suu IL•ituro. ordinariamente~ prolerindo um exorcismo.
7 - A m.-J1un1dade- adquire-!K": ou por eleição de alma simpntizantl' • o
mucult1 ('U por impusiçju de alma dto' í,1n1ília ou de v1t1ma de crlmc, úU,
ainda. por íníluição d.15 miondonas.
Para xinguílar, t;>Xistcm, poi5, duas espécies de iniciação: a motivada
por elt•içãn de n,uculo e a n,otivada pelas outras entidades. No prin1eiro
caso, quillihca-~c de flbnr a rnhi'Ça (kujukula o 1n11t11eJ; e no segundo, de qr1e/1rar
o ca/11ndr1 fkubu/11 o kilunduJ.
Tratando-::;e de muculo, a liturgia é simples, idêntica à da revelação de
tJuimbantib,mo, já referida no capitulo anterior.
Nas outras três circunstâncias - coacção de alma de família, de alma de
vitima de crime e dos guias tutelares - o ritual é. complicado. Detern1inado,
por adivinhação, o desejo de a~ entidades quererem vir ou sulur à cabt>çn. o
pai-de-un1banda iu prepara o penhor da efcctivaçâo da dissaquela, pois. em
virtude do seu elevado dispêndio, que podia atingir a cifra de cinco J dez
contos f:l, conforme a quantidade dos pacientes, os interessado« lerão que
1' 1A, mulllt'r~. t.1mbém pod~r,1 <lir\11:1r t·~te~ r!lu.11:; M11, i-,,·uam t r11b.ilh-1r ~'-'"' hun"°""
F'(ri!I • · 1.-1nu11,,~ v.-ll'i, 1•,ir~ 11~ mf.-nor1U1n·m, 1•rt•Ju,litan111,ies.~,11, (,,111 u,1, ,;urtH~,;•"·
· I· i!-1~ <]lloll'!lh1;, r<•~p,.•I l,, ,n " 11m lt'lllf'<> llnll;'rl, ,r .1 ! >17S . ,l,1t,l d.t e,.((~àu
•mr.,lhar o-. tund,1'1 ncct"•'-,1nus. Es'le pi.>nhur L' reprL-s,.•nt,1do pclu!S m;i,.,uw
1
o-. 111t•,1lhl·iro-; sagrados.
Para .:i sua tcitura, a famíli.i apanha u1n pouco de líxo nas pro~imid;ide.
de um estabtdecin,ento dl'.' gn1nde movi1ncnto comercial e nas de um
mt•rrudo, e noutro lug.ir qu,1lquer, uma rodilha de carregador. Entregul' r.>
al.'.hado .io ocultista, ele, depois de reservar u1na parte para a preparação de
paramentos que só executará no final dti iniciação - as zembas - carboniza
o rt.-stante e soca-o num pilão, jw1tamente co1n pepes, '-Obongos, cabela e
• tacula manipulada Ou1l't1·11gên,ii).
Peneirada a composição, deita-a num balaio novo já assinalado com
• a cruz a pemba e ucusso, sobrepondo-lhe depois os pelos - os reagentes da
possessão. Assin, recheada, a vasilha é exposta ao sol. durante. um dia. O po
é re.partido em oito retalhos de pano-cru, em cada um dos quíliS também
deposita uma moeda.
Atados isoladamente, são dcfum.id.o~ com alecrim, incenso e pastili1c1 ~
aromática, ma~ dentre> do balaio, a~ora coin ~1uatro Cl~pôS, cada ~iu.i\ cóntendo
uma pitada de pcmba, um crucifixo e um11 moeda. O-. copos, consahrrados a
Kazula - espírito h.Jlel,;1r assumem a r.lesignaçâo do me-.1110 rwr: copos de
K,1iola. oe-.tinam-<;e, como se \'er;.1 en1 "'Cerimoni.ilisn,o do Xin,l,\uil.idor', a
atrair a -.ua grai,:a.
Em di,1 apra,1ado, ti pai-dC'-umb,1nd,1, illl <;(llll de chocdlhada de dit.·an,a
no seu diloml.X' • a l.'.amarinho do culto - 1n1pi1t', ao pl">roçti dl' cad.i 1.1n1ih,1r.
uma miSlloang.i Prancu in~1gni,1 dl' Ngc1 n1bo ia Ki\1.u!a. fnt,111, (•nlrl•~.1 ,l(I
m,li'I vt.•lho, ir1Vl'"1Udo n,1 ,1uf1,nd.idt• dl• ,·abl'Çil Lhl ~-t.·rin1oni.1!. o obri~,1t(i1r1\1
pt·nhtir pJr,1 ..:om ,1._ entid,1dl's 1~r1nlu,1i~ u b,,J.1111 ..:1111, ns ,1t.1düs t.' \'itJ"'tl~
011 ,,j,1, 0<1 m,11,n·11'1. !· t' n1"i'-l-S awJo,; 1.' 1.""i1po!t, qua1-. c,1tn 1-. s.111,r;1d11-.. , 1ut' •
11rrecid,un .1, 1· (1i\nn1i.1,;
( lbhd,I 1 •111,1nll,l prl'< J<ó,1 p,lT,1 ,1 di,;s.n1ut·l,1 ltt, lcl 11111~, un 1 '-t\1$fN,l·
IJ,,.;~•lh1.ul11, "''
"' 1
l"pn'Sl,;t;, U\1>; 801. l$llú; IIIL'Sa 11t'rlll!I 11,•11 /1. 1i11rt1 /11d1 l,i u, ,,,1,1rt IJ'lllllf'~ r 4s.,1,/t'fl ,..,, 111n
n\11n1.1nh• sup1•nor .1 200t1:f,00, runh,rme ú IILlml•ro dt• pl•sso,11 1 mari.i<fot! J
J,,ta d.: '-UJ l'll'l·tu11ç,lll, .1dquirindo-si.•, a IPn1pn, O"l uil'll!->dios, in~r1•dil'nh.~ t'
alim..-nh.,:, b;i!<i,;us.
('.onu1 pn:p.1rativ0:, J,1 11ctu<1ç.io . actl1 dusign;,,do por 1//t'11r a geraçtJIJ, ou
\·t'nla\'.\ll...1mt'nll:, ~ut1i4i/11 e, 1111111i o pai-de-u1nbrtnd-' apronldr,i, cm e.isa du~
intcn..,.;:;J.dOS, os xh,:os, a p,1nel,1--Ju:.-a-1lunJ.u,. (/,r1/li11-ia-i/1111dv), a fuguf'ira-dar
;;alundus (lfU1S1111,1;11-r,r1-i/ u11d11) eos poi~ da:; pacientes (11rland11). Al~m d'-" outras
tin..11idad~. tudo isso vi.~ a proporcionar umo melhor atracç.io dos espiritos.
Os xicos - instrun,entos rituais de segurança são dois: un1, à entra·
d.t da portíl, p;ir• desl-ru.ir qualquer n1au-olhado; e o outro, no ,neio do
terreiro, par,1 ,3s...egurur o êxito da :;ess.:io, anulando qualquer malt>ficio que.
por,:entura, se faça, e pur vcLes, até contra a vida do próprio oficiante,
Para o ,ico da entrada, o pai-de-umbanda traça no chão uma cruz a
pemba e ucusso. No lugar assina.lado, abre um buraco, e vertendo-lhe nove
doses1 1' de qu1toto-e-maluvo, invoca:
Assim, com quatro - uana - diz-se: "Nganga jauane!" (Os ocultist~ qut'
dh·id.tm!J Quer di.zer separem a doença para urn lado: a saUde para o outm.
Com cinco - tanu - profere-:,;e: "Ngalana!" (Estou agradecido')
Com novl.' - vuá - invoca-se: "Ng'ivile, ngana Ngânji!" (Ouça-me, !>e-
nhor Fulano!)
Dii!S trés contagens :;in,plcs, a dl' nove é que<;<> usa t·m ilLhli maii,
melindrosos. I;;. d':I três conjuntan1ente, no~ de muior import.in.:w .iinda.
n ,
u:- ''·!Wto· 1 S7
• A 1nv<X·aç.\<1 ;ios c,ct, ni,,~ r ;i,," me,;tn.,., de~1i;t11!lcl,t fK>T pr 1n/1d,·. l' U'kulil no t'Om(\:<• ,111'
11u..J,1u••r M"r,·tço n11 Ml'Jl:•\<:11,, rofJ'I n /lm dl' w ~ir l.lt'm dek
'iobn.• mv," ,1,;,'"'5 dt· n~•1t<'>ctu. v~ mofó npre,,·11t,1r ,1 ,;c~uinlt- proll'rhlJ p1_>1 unhl ,,.,,.~,·ir.,
( J ;•111,'II do A h-10. ;a..,,1blt•nw p <]lll' lvi 1:un1 tlinht!1ri1. \'l'nh,1 t• ,m ,t 1nhl'1ro1·
Um,, c,,mp.inh,•if ~ 1! 1r1,-:1u .!"'-1 m e1 s\•U rn~,1. ·tl cru,·· 1ln l"l.'1111 h.'fh.11·
1' "'"'"' k1111 t,lt',·111,. ld, 111a kíl m,1111·,-,1111
1'ntl11o1m,•nl1·, l,1111l"1nl !W J1•Jl;1\';I 1·!11h,).~l1,1t~,lu l' ,1 u l'ullu
1 !~11 M" lhú8. l1r111 rri11111 u m.,, jllinh,,. h, ,1n1 n'rl w,11nh·t11•·
l · A• 1(114~ 11 'IIIP ·
\'os, ,1ntlap.1 ...s.adl,..,, vindl•, huJl' e ú d1,1 d,1 \<1..,._a ,·hJn1,,d,1! F-.t,i J•jUi J
11 r,,.;,.--;!J~ _.õe, ,.. oo.iltista. ,;e rido ~uir apn:ndil. arranja a)guem qut> o ,1ux!lie,
i:eralmt>nll' um nli.lhado s.•,1. ou seja, q,n·m jó ,;o, 5ervi u dos -;cus préslimoi; espin tua,s, quer em
ttatam,•nto. qi.h•r en1 rituul.
~ No intenor de Lo.inda, a 1..nh.i t ..,.-,br<!po:;\JJ unllorrn~mente.
Cumu 1;i fíCl,>I.I ditu. as mu!h.l!r,-s é q11(• ><ão mai~ 1ndu,:1dns. Segundo , t l ~
intormant~, a c;11u,;a r,-.;!Je em a iiUil crença ser maü,r: t• i:egundo outnu;, e1n recair sobre el.l.~ C'I
t-n,:;irg,, o.la mat .. n1idadl', rom todo o pe5<'> d~ fu~rança espiritual.
:<i Outro:; ou,lh)ta~. pnni;ipalmt'.flte no ,nteriur d~ Luanda, so su1,•itmn n il'licraç.l,> 6'
,ndividuô'I do ramu dr ('l!\de pro,:ed<'u il mnnif,-.t11çln. M.11is l.irde, &e, por 11,-,;pr:,10 Ja.~ ,·nt,,Ja,d,,,
do ootm rami,, ~orgirl'm no,·"s JOt'n,;.>9, l)utr~ dl~qucld SI.' teitli.G.1 com o~ indi•·ulu,!ll dl._.
r.imo. tmhur>J 1,•1&0 1-.0 ,1,~un10. Pch,,mns míli.s r,11.o.1vel o prott."-S..l d ,1 "r11utw,1,•id,1J, d<>< ;loi.,o
,;- "'Doll: numa \lnlr ,1 ur,,r,1,;.'i<>, 1,t1ludonnm-lt' Joi~ !'n•N••n1,111,
Nd,n,.f11 ~1gni/ic,1 ~111111«1. 1•~rr,11/r l-:;,t,• l'<'l"·' ,. ,1S!ofm dl.',1f(n,nh, po. M ttnt.u-,,n- rto:l,•
1p.•n.1~ 1ttd·\·ld "º11 Úil m,~ mJ t.unl n.,
Ao con,eç.tr o dissaqLtt•la, o p,1i•de-un1l,r111da, paril eliminar qualquer
bruxari,1, l,,,·a as no,,iç;1~ com o IÍltuid~, cr,nlido na panela. Para tal, passa-lhes
pelo cr1rpo, nov-e vezt.'5 de alto a baixo, 1ncsn10 :-c>hre as vl'!\tes, .,~ n1ãos n1olhadas
do preparado ritual. En1 .::eguida, caractt'riza-a._: priml•iro, esfrega-lhes com
pemba a te..;ta e tace5: depúi!'>, com ucusso, traça-lhes três riscos - um da raiz do
nanz ,10 cabelo, e de cada ângulo do olho ú orelha, mais u1n. Esta opt•ração é
eJectuada, não parcialmente, inas co1npletamente em cada paciente.
Terminada a caracterização, fá-las sentar no dando, uma de cada vez:
segttr..lndo a paciente pela mão, manda-a tornear à volta de si, i:ontando ele
oralmente l1S nove giros execut.idos, e segur,1ndo-a pek,!', ombros, para baixo
e para cima também nove vcze:; ~, C'.ont.igem sonora, r1 obriga a baixar-se e
a levantar-se, at<- que, à nona ílexJo, a pous,1 dclinili\ Jn1ente.
-Ouvi-me, <•cultistas do Além, vô:, e{Jlll' esu1is a fazer l'<;tl' !'>Cl'\'iç:o, e n:io
eu! Portanto, .ijudai-n,e! - E 1111uri,1 co1n pi1lavr0t>s u~ St•us tnt:!l'-lrl'ti. ~-1as lngo
se de~'1.tlpa: - Se vo:. dispar.,te1, foi pelo otic10 e nlio p,•la conti,,nça! l'ortonto,
ajudai-,nc ta1nben1! - Jrradi;i no hn,11 do asscntan1ento da prin1cira pac1entl'.
l)et1111 atado gui1rd.1do na sua samba, extrai un, defumadourocnn1posto
de alccrin1, incenso, captm de novti l'nL ruzHhndilS en1 !,(.'I'\ cntia e C<1p11n de outr.i ..
tilntas ,1b,1ndonadns pelo trfinsito, qu:.:ilificndas dc t'lli'rtailhndns r11artm, tudo Já
n."'<iuz1do o pó. 1..ânç,1ndo u1nn pitad,1 numa!> hrasas dl.>pt1Sitaclds nu,ni1 !ntinhn,
que coloca em fn.'llte da:. inicianda-., pron,ove, con, a defumação, o atrncção ,ias
1..>J1hd,1dcs. Tratnndo•se de alma:., o defumadouro l,1mbém conter., alfa,Pn1,1.
·1ambé1n a frente dt•l,1s, jaze.r,1 o dicosso-dos-cc1lunclus • 1 omp()i;tçJo
de água, vinho, 11uitoto-<'•malu,o e folltas frag1nentc1d11,; dt• diololo (' dP
d1túmbate. 1 ic,1 contido num pro to novo, prcv1an11..>nte assinalado co,n .1 cru;;
a pcmba e ucu~so. Fm 11osst•ss,io de Ngombo, ainda se lhl• .1d1cionil mocdur.1
dr folh.1s de gub11-1nlut1 e lnços dt• n1c1teb,1
•
rt, 5e8unJt1 o p,..,/ Rrn~ Ribt•irr, f'm (111/t>,; A(T, .. llr.r.,i/i-1,v,, ,/r, R,.,·,tr t~ \n~tnnnr11t,'l:S
,hlu.,,-j"s n.i~ IUutp,1,1~ nfin rod1•111, 11n lir,, ,il. M•r 1•n1pn•~1.1i10~ r~rJ hnt ,hh•r,•nt,-~ n,·m m.·Mfl••
, wlr.1 l'd""1 crttigl·1wn· Aqui, 11iiu ~•• ub'il.'n·,1 t'!õM' Nn f'lll,1nh1, ,,, ~.,,vr,ta1i~\.~ íl •1u•-m
r!i-or
l,1.m\lt-m 11!«>n'<'11l(" p,uíl ,1 rr~uJui"-t Ji· 1•l,·nu•11to~ p;1r3 ••~!~ ut,r a. it,tu,1lm,•nte o'> 1wl,11•n1r1'1',t,1m.
11 tlt.· 'o ,t,, Flll-ll,111,•r m.1l<'J/c1u pur p,1rlr ,\,J cr1ah1r,1 ul,,p,111111!.líl 11,· qu,1l,11u•r n1nd11, -.., o
fflf,r,111-v ,lt· e.ih ,ça ll!'ldJ{tl rv"tu; 3ll,
11,1,r,-, 0 ""'l""'~fl ,t,1"1111~ln1n1'·11l,•11, 110 1111<•rl11t d,• 1 uantl,\ l'•'t,11•1,·11" d,• nll.lu,,ló dl'
lm , 16 "' 1·n11'''' 1 to! 11, •.,,11,,, 111· r,1b,1~,1
"' 1
NQ ir,t.,rlor dl.' Lu~nda. dL'f>Ol~ di., ll~'l>rd<' entw a !,1m11ia da .tL1u.W.1 .- ",,., l>f,1n:, 1
1 mt'9ffl,I -:,,tnhnolu. Qu,:,r ,J;,,,.- subrnetidd ~,1 ritual ~-t~~ s,1n1 .... .,.. <'1"11 lu~,1r ~ p.irll•, ig\- .mi•n;
~n,.lnd;a:. 1n.:orruru~, ..,._ Só p<ist<'ri,1rn1,-nt1:. <'li"\ c'l·ri111u1ual 1.1 pn1n1<>risl,1t~r~
..-. i,,1: , ~-ki.GJu
'Abn·v. J., '-!u~• 1 1<111•~• {Vit11n,1 .IL•(r,111,•)
l
PEOR,\S
Sua Enumeração
reduçoo do bac1,1
Para c.omb,,tl'r o mal, prop1c1,1•'-L n entidade CL1n1 utn f1.•.,t11n pr11ne1ro
n,1 1nf.inc in. dl'pols crn, (! pera, dt' matrtnH1n10, l'l'<:,pe1t.:indo ,1 segund.i 1,,l,l lt 1
, n mulher. f ntao o noivo c.•111 Jo,1,;<10 dt ,1lcrnb ]mcnto ,lo c.•o;plr1t,,. 1d,1111rl'
... ,
um ml'lro lit• panL•--<ru, dt•nuntinado ~,iç,..I ~1uí' c..•la Us..lr.i ntw;st> cer1m11n1JI.
rontormc 1~ e-pi~,diàmus em Uanga. Quem assim nJo h1cr, n,lu pro..:ri,1r,i.
,",, l.emba did 11.-inyi "º Ngima manit~~ta--.c por u111a in."iuficit'nt:1a no
cre,c,-imimto: Sl'ndo mulht'r, n.lu lhe aparect> o cataml?nio nt•m us seio:- lhe
dt~~Xlnlam: e lól'ndo ht\mem, nãu St> lht• caraclC'ri:lam th h.>nontenns p••culiarcs
a Jd11k">têncid. F rap.-iz e rapariga dc..>sénvol\.·cr-!;t>-do esguiamt•ntc. numa
u,·L'rsilo pelo 1ndiv1Juo do ~xo o~to.
Sob a 1ntlul'nciJ d._><:-s,i entidade, tillnb.!!Il n,10 <;e procria. se não ~
1:umprir o ritu,1\ anterior. !\las. cm qua!qul'r dos t:aso:-, obSf;"rva•sc um
trat.in,ento medicin.-il. de,,:crilLl no capitulo "Ritos Di\'cn.o!-"
,"'Jgo11g11 rum espírito fl"minino que propicia a felicidade. Manifesta-se
con1 llS punhoo ci:rrados, mantcnd'1 os br.iç~,s dobrudos junlo ao peito, com
o dorso da,,, 1nãos pJra b;u-.:o.
l:m gestação de criança, ou mesmo sobrevindo ao nasciml·nto,
n,•vt!la-,;e atra\'és de um.i d,1s ~guintes anormalidades: pes assentando
sobre o reverso, um seio grande, seis dedos ou dois bastante unidos, um
quisto, n1alha~ broncas, cabelos brancos. No caso da congenitidade, o mal é
incur.ível. E no segundo, o tratilmento e.fectua-se perante um quin1bandn.
Nden1br1 ou 1\IJ.u_fuln,11r é um espírito feminino gue, sob a dependência
de Lemba, a auxilia em sua missão. Em gestaçiio de criança, manifesta-se
,1tra\'éS de uma depressào no alto da cabeça.
Pe,lru de Kazo/11 ou da Afeição:
Santo de .Kazola, Cangundo, Engenheiro, Escrivão, Meirinho, Her-
nioso, Porteiro, Ladrão, Cega, Bêbeda, Muda, Sénhora do Santo, Francts(t.1,
l<aful.i, l\<lb.:ingela, Ngonga europeia, Sereia, Nd..-mbu do Congo, t-.·lutilnjinji,
Kulumanus,
Q., cinco primeiros são espíritos que per\éncetdm a i1u.ii\'it..lu\,~ d.:i
rai;.i branca, e os rest.1ntes. à nt.!gra.
R •" h ..,,"K
O l 11drao. sempre de olho alerta nao taz <;en..io roubar o que, C' lht·
depar.:i, ocultanJo u~ obJectoc; nn roupa
A C..cg11 (rcferin10-noc: ii de nome LULtJ) e m.1-lc11add. "1uxoxil por lud\1
por n,1da e insult,1 quem .:i 1ntcrpeln. Ot: llu.:indo en1 quando. grita pc l,1
•01.:1. dt• nome K,llumba Con,ci n:in lhl' ,lparet:t> ,omita 1n1ur.. :<., ilh:g,11,do
lJc.? t·!.i fora para a vadia~t>m. ~a tUria. t.ii::tc.:,l o i:ha,, j prt1CUra do bord .lu,
para lhl· b.it<·r.
Qu,-1nd1• se acalma. canta mm1t.-ls CilnÇÕ{'s, ma:,;. ~-m .i_, compll'tar
F.nl.in ,-..,, sar<1cúlt_•,a, -':'n1brando---se de ~us dltt'ISO!, t,•111po!>.
1\ H, l1t•d,:, so pcdl· ~-inho, camb.ili!i111do no pt'ditún<l
,\ .\1uda apr<..,.,.·nt, ~ con, ,1 sw n11I1uc.:a .
••\ o;,•11J11,r,1 do 5unto 1relt'rimo-nol'> .i Mo1riquinhas) perlt'nceu à rJÇ.l
11t·gr,1 l' gt1b,1--;,, de t;Ua bt•lt•za t' dl· &oa 1x111di,·ã1l de mulhe-r de unl Sl'nhor.
O FnuuisfrJ, n.t sua ~ualiJadl.:' d.: çriadt1, pt.-rlt' os utensílios para
pôr a rnc,.a.
A l<atúf,i, por ha\'t.:r ~ido uma mulher nojentt1. só quer comer porca-
ria. corno tet:cs. 1;?~;1rros ranhn 1mundici,·s. ql.lc p~de lamcnlo!;amente e
il l"OÇll í -51:'.
~ , h ,m t ..,, i ,i1111 ~ h11 nc 11.ir,I rnu~on I u 11u1<1l n, Jll I n•I 11,1, 11 \111
tnulktm.11!, J1 11 11 11, ,1 ,nul e n • 1111 n1ur~11tl,., n• 111 1
"' 1
n.i~1 3c;-.enh: Jirectanli:ntt' no d1ilo, ma.s <;obl't.' um,1 e,.,tt•ira. A sua Jr~·nt1•,
po-.t.i•,.e de j0t•lho~ o suplicanlt'.
Em dis'iaquela, ~tutakalombo, que pi.·rtl'nCt• ao r.1mo paterno, actua
1untnmentc com l,;.aiungo, que pertence ,10 ra n1l1 mu te-rn<i, cad c1 tiu ai ii1 fluindo
l'1n cabitça difert.>ntt.>. Entâo, u-, dua!> i.>nhdades, en1 postu[a quad n1ped.:i.nte,
tenlan1 a união M·xual. \1as o Ct!lebrc1ntt.> P assisto?ntes exercem repres,.,ãu,
particu!ar111cnte no c.isu de u,., instrunientos mediúnicos Sl'ren1 de sexos
~1postoi;.
Em face da oposição, ambos~ e,;pirilos {mas Mutakalon1bo ainda
cavalgando cm Kaiongo), lançam-~ para a Jo~l'.ira-dos-calundus, onde
~ 1novimentam por uns momenros. Durante a 1ndução, Mutakalon1bo \·ai
aind.t l,11.r, d,1 ,,1m b.ia resina. d1.•~1t.PU· 1 cm funda lur.:I dt' un1 l'mb,jndc-iro
rct·úndilu !ur.i t"5Sil l.'Xblt·nh.• n·t parte maJ-. t.>mint•nt,•. [ a .ilnhl pri,.inneir.i
f~1rt,1nh1, rt•du;iJ.i a irufcJ.o). n~,, lt)mou .i \·ingar-M· cm ni.1is ningu,•n\.
I~-,.. rn.-r.in, auos,. suced1:.•r,1m-sc E:1:.•r-.1çik:s. Com a rnt1rlt• do (Titn1nuso,
Jus tilhu,;, n1urrera J l.-n1br.11Q dt' till l'nt.-it1\·arnt..'nt\'1. t,..\,1,; Ll ten1po, quC' n,'io
morrt', n,1 -.u,1 ..in.;.i\\ 1nt.:atiJ;:,I\ ,·1 tô1 .:urn~~du ,1,; ra11es J.:i giganlesca àf\"Ol"l?,
r,1r.i o rh,111 .1 prustr,iu um Jicl.
~1.1,; d tart•Íd d1~ t,·rnpo nJ.n h.:ou por a1: pt.'la conlinuid,1de das chuva&,
n caule li:.\i .:1pudi'l'<..x>ndo ,1 )à:arrata se dl•i;pn:nd,•tL ao rio Cua1'1Zll !01 pa·rar.
Ao s,1bor d,1 corrente, flutuav,1 a ~arr.1t.1. Passa uni ~rupo de mulherl!s. Uma
del,1,;, J,1d.i il esças.scz dl• lais recipicnt~s, recolhe o precioso achado.
P.lri'I que qul•re,- iss<..)? NJo vt's que está tapada? Ainda se estiv~s'>t!
,;11:>ertíl., · 01:<'it'.'rva-lhe uma das companhL'iras.
•\u,'1 1 Que• ten1 ,,-so7
- Que tem isso?! As \;ezes, sao roisas de teitiçarias!,.. Tornou a
outra. A do .ichado não :-;e importou, desrolholla garrafa, ,1í !l'lt>Smo a lavou.
Entrl•t;;i;nlo a alma Liberta-se, com <!la seguiu para casa.
Dai em diante, esta~lcceu-se lá, ..::om a n1ulher passou a ..1.ndar. \1as,
um di,1, 1)uvindo uma outra mulher perguntar a L•Sla a mur.ida dl' um do,;
dt."sa-ndt·ntl'S du wu nu1!etic1ildor. .ibandonuu il prin,l'ir,1, 11,~1·• J '-t~unJ,t
pt•r,;;•gu1u.
73
recont.indu pelos UL>dos: '>\lilu.,. ,,Jú]u . .1lúlu. alulu.!ululu!. " (ML•us bis•
nt•kK, bisnt>los. bisnl.!tos. tnnL"l.-~lusL .)
F!.ta entidade pode ser ma,;,01lina ou teminin,l.
Oicul1111du1ula é ~1 l>Sp1rito dL• Jl\1..i,ló Jt> avançadi:-;si.ma idade, hil\'Cndo
ultrapa,.'>-Jdt} o ~~riodo ei..istencial du Jitulo. Em f'(.''i~~,..io, a 1eingu il<1dora
fica como que morta, e-,al.:indo um L'heiro a c.:..idáv~r. Envolvt•m-na ent.io
num ll'nçul, ~ 1.•stir.1da numa ~tt--ira sobrep,.ista a um luando, é conduzida à
m.io a un,.i encruzilh,,da.
rara vir a si, dd-se..lhe uma dt•lumaçi!O de capim, lixo, incenso, alfazema,
aJ._-crim, pep,.>s, sobongos l' tacula manipulada O capim e o lixo são colhidos
n~s~ cncrul:".ilhadil e proximidades de um estabel(.>cimento comercial de
grandt> movimento e também de um mercado.
Ministradl--.o pelo, que é osso de palanca, rompe a chorar. Numa conse-
quência de su-a falta de dentes n.i vida mundana, vai depois balbuciando em
escorrimento de baba: "Buá ... buà ... buá ... buá! ... "
A semelhança do diatlo, esla entidade lan1bém pode ser m.iscu!ina
ou t,•minína.
Ngê11ji foi antigo negociante-viajante ou vendedor de escravos. Nesta
incorporação, exibe, sobre ilS vestes, uma tanga formada de duas peles. uma
à frente, outra atrá$ · e ao ornbro, transporta uma muhamba contendo ,·ários
produtos gentílico:;, grilando: "Eu sou forasteiro! Sou toraateiro de longe! O
andarilho passa por muitos lugares e o foràstciro come do seu negócio!'
Pl.'dra de Mul'n•·•Kungo {pertencente a geraçJo):
Mut>ne-Kongo, Mban~ala MboW, Kiteri kia Mucnt... Kongl,, K.ii,ll,1 kiil
1,-tlÍI, um• \'i•J r,, ,1.1n1,:,o 1;u1• " ,ir1i:1u!,uk>t •'ri\ lt ~nw r,·jltt'l!l·rltll ,! ,·11t,-[.1do" 41.1 .
Em ,_!t4dU, 1111•nl<J iJ11, •·1u,1nlll 1/<t'U!l,1, rMJu 11\dl' 1' ,h, '1',.. 11111,1 n•1•n ~Ili\<' , J.,:, .alu,t J,,
t'\g,1ngel.i, K:-isutu. r-.tusund,1 Nganga, 0.1 Pinji do Luango, 1). Pedro Mazárlí,
O ~1.:in11~l T,11.l, l'uriri Mulêle Pcngula.
i\111en1•• Ko11gi1 é um espirita feminino que, por in f-undamen to ou quebra
volú,·el lie prott-•stos, administra a justiça.
Foi rainha do Congo e tia do espírito Hônjl. Chama-se D. Maria
. ,
Kun1eketa kua Máji mn Ngüba (D. tvlaria Reluzente de Oleo de Jinguba). E
tinic.a e aclua pelo ramo materno.
En1 possessão, sobretudo no começo da medi unidade e nos n1on1cntos
de engano na quebra de protestos, .1 xinguiladora fica hirta, con,o que ~m
estado tetânico, e em manifest.1ção de punição, o prcv..1riL'ador tambétn
~e rctes..i. Neste ~gundo caso, é ele primciramente ,1t:om~tido de febres
alta~, d<'pois intermitentemente com o inteiriçamentl) do corpo, e.,pclindo
tinalmente, hora~ antes da morte, sangue pelo nanz. () acesso dri n,al, por
dificJln,cnte se pent~trabilizar j adivinhação - dai re-.ultando o progressCl dil
enfermidade - raro -.e debcl,1.
1\ função de lvtuenc-Kongo, pois, cxeret'-SC na ronsnlidaçJo de protótos
e na aplic,.u;ão d<1 devida justiça, e r.m caso de perdão, também na sua anulaçã0.
Para se ,1trair a ..:61cm de ~1ueni!--K(lngo cóntra outrem. ou nll"imo centra si
próprio, basta un, rcsmungun,ento constante, uma prc1g.i, un, jul'aml'nlo de
renun1·ia. E rara ma1orcficácia do protesto, dccorrcntcnlf.."nli:.' da punição, apenas
se batcn, n~ maos no chão 1', pungentemcnte &' entregando à entidade
I'ara a .;11,1 qucbr,1, in,poe-se a prescnç,1 de um,1 s.1cerdo1isu dcs~.i
entidade-, e conforme ,1 gra\'idadt:' do protesto, assim se realil,1 ,1 funi.ão
Se o oc..,-unto for s1n1ple5, , ,..,n,o rcs1nungamcnlo, Tl'llunciil, a inlerpn.•t-c>
prepara Q prnt<'.'>•dc-n1uene-kongo - prato lustral que, dcpoL<; de a%11t.1lado
rom il cruz a ,x•inba t' ucusso, l'Ontcn1 agu,1 vinho, qu1toto-e-mntu,o (' laços
dt• malelM. t)c. car-u limpu, isto é, -.em o dl,mJJuo dJ actu,1çJo, a :.1ngu1l,1durJ,
JX'r,,ntt" o prato ri!u..il, convid.i a pn)te:;t.idora a rl'trat.Jr•se. Pmh.--.t,1durJ porl!Ul•,
11rd ino1ri.in1,..nte. são as mu lhl'n..-s que SI..' cnvulvt.>nl nesse ~t.;Tll.'N dt! t."l 1nflilo-,.
1-:m l.'l1nfi&'j,lo, a ,;uplic,1nte vai rcprodul'indo quanto profl'rira, rog_Jn•
du a~pdçOS:
Mucnt.'-KDngol' Deu~. Deus e Além l1 1, Muent.--..Kt.ingodo atctlhoobri~
gatUrio !:=-- o Jtalho obrigatório qu'-' promove l,i Muene·k<>ngo e Deu'i, Deus
e A1!.!1n: tui cu qul'm arrant:\lU u tniv~ d.1 ca,;;a ••l, mas ton,ei J l'spclá•lu i''·
o 50s~go vem da pa1., e a paz. \'('tn do mulcmbulii 1~11 1:ora, hque o estar:
nn ~1uarto, fiquf' o dormn: un, .:incião põe os ouvidos na mata. não põe os
ouvidos l'm ca.sa ~1: cm cas1.1, há bisnl'.t~,: netos! Vt<nha saúde e força \ijJI
U . . ·,li; r,.J, , ... ,k• :il:n1iii' H,.1 k.iltll;l, l'll l,.,jl,1 \1 ~\ln,,ng.1: "" 1ruu. IIIU ~.,1.1 O ~1111·!.,1 mun,._b k: :U 1-.11
mltui n ~,le, ~~ti,• m,,1111 ~'! 1,,,1,1: k11 h,t, ~.u ,il,1,1lnlu 111 ,11,,.,\,11,1111,h ui 11i.11111'
' .. ,1
tr.l\;ldt,, i.1u~ 1'.l s;u,1 miç,'io. Su n.'iu se en1prt:>ga 111 as peças \·egt•la is .
.·\pos 1..'55,J ~-l.~hn1t.'nt,n;ii.o, faz-se, no U,terior do p1lãll, <1 preliminar cruz
a pl'mba ~ t11.,'U'>~. mils cadi.l ris.:a m,,rginada de ulombo, e então u pn.'1.!n<'hem
l."OITI os aludido:-. alim~ntos- 1nandioc.'.l, quicuanga, cana-doce, dcndê, jinguba.
mílhl."1 - nove bocados d~ cada produto, ~xcepto o dendê e 05 grãO'>, que o;ão
,nn>iros, vertendo-se. no final, primeiro em no\.·e reduzidas po,ções, depois
sem medida, uma n1istura de quitoto-e-ma!uvo, \·inho e água.
Dentro do red1eio, espeta-se o pau mt1edor, de modo a não cair: se tal
acontecer, advirão azares para as pron1otoras do rituill.
Com idênticas riscas, mas sem os restantes apetrechos, tambem se
espeta uma haste de dois galhos entrelaçados de uina determinada planta.
medindo uns vinte e cinco centímetros decomprin1ento. Eaind.i \/erticalmenle,
fincados no dito conteúdo, um pedaço do extren,o superior de cana·d~-e, ou,
facultativamente, de cana-brava, e diversos laços. de mateba ou de palmeira.
NUirul pant'la de barro, executadas as atadas caracteri7<1ÇÔG e Jrnnja,
rntrod uz-se igual recheio, colocando-se depois a mei:-ma juntado pilão, 1nas as..-;ente
sobre tn.-s pedras. E espetados, um guico. uma colhl•r de> pau, um.i vassour,1 (tudo
Jil sem préstimo), e mais unl ~alho de n1ulemba e os n:>leridos la9-~.
Num pr.ito de ferro esmJltíldo, prc-para-!-,C finalmente o dicus.,,;n.
tambt'-m conlendo, cnmo nos Cíl'>O!. anteriores, ll!:> ditos laços. "1",1! como ,1 pancl,t,
i~u,,lmt•nh..• ~rmanecc- dO l,1do do pilào, ulllTI)<õsim acnntt>«'ndo <'l ~c1rr,1faria,
conlt•ndo ap;uardl·nte, vinho--,1baladt1 e ,omum, ml•I '-' lllro dt;> n"·ino.
f.m tantas n1édiuns tJuanta<. a,; ,1tim<1'>, l'V(l(am·-.t• <l'> .1lmas d,1'1
mC11m,1.-1, {)oluri1s,1,s f''IV lr<l~ic\l fim, m,1nilrsla1n-»1.• ch11r,1nd1i. r ~l•mpn.'
lri'>li•s, f,1),1rn dt! ~-u ilfrt')ll'lldimt'Mh) 11i1 i11txi-i,1·!,1.
A 1'SSI:' h · rn pn, 1\1 lll'fll'· Ktln~t I l' N vu nJi 1,i 'lt" ,1rh,11111•n1 ind U\ ~. 1,·111 d u,11
11:JJ1gpd,1dnr,1,, ,,,, pnni1p,1i-1 pcr ...1111,,~L'll~ dil lun\·,111. Fnt.i<1 \h1l'lll' t-:,1n~,1
11 J filaAI l!tt VII
minha'> galinhas! Só se não sois cnlundus de vcrdadl!! M,,.. <.(' iordt>,; nit'-.ml,
" Cur,/urm~ j,i ficou dlh1. (... ta~ O\JIT.lS !jtlitnll,J~ R'!oP,,tl,lU\ J """ t,·m,. . , .,nh lOI'. 1-r.-
f1t., d.1 2.• r.Ji,)u
'MJJi um h~•k1111111h,, d,· <l /lh·111·· lún1uln Jn, 1111t11r.o, &<•r ,, 11,un,l,1 ,ul•h ~ ,e,
c.1!undu, Jt' \ 1·rd,1dl·. n1ostr.:11· 1lll' o !adrao! Gritei pela s,1n7.a],1 e ninguém &ó
k' .tprt•-.t•nh1u l·l1m ,1..; galinha'!! ·ru, Mul'lll'·Kongo, tu, .~vunji, vós que.- não
con-tenh-. ,lbUS{J!I. llUVÍ-ffil' nesta queixa!
Qut•m t<iubarJ a~ galinhas, !ora uma vizinha. Apesar do alarme da
J~ln,l, ..:alara-~ muito bem caladinha. Para requinte de seu cinismo, matou
dua., oves e preparou un1 pi léu. E para o manjar, convidou três amigas.
Volvidos uns dias, a ladra adoece gravemente. Baixa ao hospital. Não
se s;ilva. Mas, na véspera da n1orte, nurn rebate de consciência, confe!'õsa o
delito â fa1nilio:
·Aiuê, eu vou n1orrer só! Eo que llle vai cun1er1 não é doença de Deus,
mas quatro galinhas alheias que roubei! A dono gritou por elas, mas eu não
lhas entreguei! Comi duas galinJ1as, as outras estão em casal Para elas. vo!-.
não trazerem mortes, entregue1n-nas depressa d dona!
Os parenleS assim procederam. Mas ela foi-se por punição dos e.pirito-;.
Dias depois, uma das convivas também adoece e lalcce. Depois,
outra também adoece e falece. Mas a doença destas dua~, ao L'"OntTario da da
primeira, apenas durou uns trüs dias.
Adoece a terceira conviva. Mas esta, numa suspeita das ocorrências.
prudentemente pede.- j família ~1uc St' consu ltt.' um <Juin1banda.
Comeu galinh.i roubada t'.'m ...:asa dc uma amiga. Já houvt• rnorh•s .•,
do11a fez um cub.-imcnto. Para St' !-oalvar, tem qul' Eit' iaz('r iá, j,1, o tr,lt,1n1t•nto
I de Mucnc-·KC1ngo. • Rl.'velou divinatoriarnt•nt..: o CX.i.lllist,1.
fJl'clua•st• n rituul propit.;,,t(lrio. E .i l;'nfcrm,i salvou-!>C.
í)ia.'> ,1p1is, .1dot·ct• u,n filho da dnn,1 d,1s };illinh,l!t. Como nos 1r.1n~·,
intenon.''"'· tamb!.·m M· linu l'ffi p11uct1 lcOlfl\1. ;\d1~'t'C ~11.-~1nd11 fllho. l 1111t'sn111
,r.igi1 o tim Adot•tt• ll'rL'l·tro hlhn. IK11,1ln1l•nlt· tl nlt"!'-rll11 trá),\:iro l1n1. E lúdu-,.,
ho1nt•11'1, 11,1 f.11.d l1ri<\.·11.i<1dr dt• ll'llljl•'
•
1
.. 1
rartiJn 1.~!>e m,detícin? ,\tina\ decl,;1ra o .idi\'inho - partira d,• si n1L';,ina, por
t,·r .l(t'ite dS g,11inh.u rc-.tituidas!
Para .ic-eild~ a-; galinha:; l'..,1'."ial't'<'.Cu u harío!a dt>v1a,; pnme:ira-
m,•ntl' comunicar .:it~ ca!undu., Não u h1e5h:, e i;>]e~ 5t' :1:i'111g,1ran1: tào fadrilu
I! \\ ~ue roub.3, como quem acl."il'll coisa roubad.i. Agora. st.> n,lo querl'S que
n,orra mais gt>nto.•, manda ll•vantar. \JUanlo antes, o piliio-dos-protestos!
Para nbstnr a uma di:timaçilo m,11or. a desvenh.lr,1da rnãe m.indou
irncdi.:itd.n1enll' rc.ilizar a cOll\'l'ni~•nte !iturgla, E só assim se impediu que
niais mortes devastO~S<."m a ,;ua f,1milia
Outro lance da puniç5o d~11; e;,piritos ocorreu em Bum Jesus - vila
situ,1da .i uns ;;é<;5\-'nta quilómetro-, d"' Luand.i - há mai.,; de 1neio século:
Uma mulher, para .:llugcntar os Jar.ipios qul• constanten1.cnte lhe
Sil<lueavam a lavra, arraniou. d semclhi!Jlça do.~ bruxedos usados em tais
ürcu11.Stâncias, o seguinte cstr<1tilgema: dependuruu ,l uma .lrvore Ocasco de
uma cühaça, a que, primeiro, ha\'ia feito vário::, oriticíos e as imprescindl veis
risca.'> cab,1.listicas, e nesses orifícios, aplicado penas e fiadas de missangas
consagradas a Nvunji. O t.-spantalho, com aquele ar de feitiçaria, dt"u o
resultadci de:~ejado: os ladrões, 110 rl..-ceio de algum azar, deixaran1 de .assaltar
a propriedade.
Coin o tempo. o terreno cansou-se de produzir. Então a lavradeira.
como sui:ede em tais emergências, põs de parte a lavra, para mais longe foi
cultivar. Com aschu vas, a cabaça de.s prendeu-se, as guarnições see..,palharam.
Posto quc- a feitura da cabaça não envolvesse nen.hu,n acto espiritual, Nvunji.
enlretanto, h1digna-se con, tal procedimento. Em resulti:'ido, faz descarregar
sobre ela pertinaz enfermidilde.
Os químbandas a que a mulher rccorr~ utrlbucn, t•h:l'.liv,1mcntl· l>
mal ao t':'ipírito. ,nas n,ít1 rcvelan, a sua vcrd<1dL·ir<1 ..:.iu!-,,l. S,.-1n 11 tratamt.•ntl,
ad1:(j1J,1du, ,1t·abou ix,r n1orrt•r.
. ' .,
e .i o,t:t, par,1 o qut> bt-~unlu o l·orpo dti pa1..;t'nlt• cum l..:rra n1olhad.1. Pnril 11
\'lt'ih). , 1.'I ('-se água íunto Ju r.-~p1rilo, \',;freganUl' l'le .11 ;i<; n1.íos.
!) · P1111i do Lua11g,1 é um esp1ril11 11.'rniruno de prucedl•ncia cungul"'ª·
Quando tn1,·.:1i1, iu.:tua enl -.cu in:.trun1t!nlo de med1wúdad~·. corn•ndo o
p1.1s~•sso con10 !OUl-0. Para n.io sofrer nciiliun1 risco, i.llguns f.1mdiarcs O
acomp,1nh,11TI ,,,
D. Pi'dro Mn.!tÍrtr !oi <1ntigo fidalgo do Congo.
D. A,111t1uf'I l11i11 tui antig,1 fidalgu do Congo.
T11r1r, M11/êll! Peu:~ula (Coloca o Pano Travado) t.• um l'!>pírito feminino
de prol-edt'ncio conguesa.
E<;ta<; tri!.:.. última-. t:intidades - D. Pedro N!azârti. O. Manuel faj.i e
Turiri Mul~le !'engula - são evocadas en1 caws graves, ou par.i anularem
desavenças. Curi:!cem do sacrifício de u1n porco. E desta pedra, a maioria de
seus ..:omponentcs são oriundos do C(1ngo.
Pedra di: Nu1111ji (relativa à geração):
Nvw,ji, Luangu e Kisanga.
Nv1111ji é um espll"ito fen,inino que adn1inistra a 1usliça. É única e saiu
de uma lagoa.
Em possessão, sorve mel e óleo de rícino, misturados num prato. Ao
invés de outras entidades, não precisa do cerimoniaJ da dissaquela para
actuar pel.:1 primeira vez.
Antes de ser evocada, pode manifeslar-se no ventre matemo pt>la
ausência do catan,énio, desde o ú11:i1110 fill,o ao relerente au fenómeno. Isto
e: a mulher alcanç0 sem o aparecimento dü mesmo.
O lratamt•nto da mulher nesse P'ilod<1, consisti.' no usi, ÚL' tolh,1s
' 'Ü,r,hlXt'rn•"'º' ,lS<l d,· um,, mu lh,•t <11w. ,lçl,ml'l11t,, p<>r ,,__.., •"'-J'U'll", um dllfl(a,.,~
f Yill a,j4 f"'l.J t•1,~uff4,J,i. ~fl·dl.1111,• ri I" J,· <]U 1ml1., 11,l .1, i'"'-1"-w.' unp,.'<li1 •\Wil o 'ltJ ,.__.. wUI
ll\llVl'ri, lÚ..:l~ n,1•l \. r11·11\\,. (l'I pli.~ fir,1111 t•n, chif tl'~ de pal1111l'a t· t:orç.., ,. num
("-X'-~"-"' d,, um,1 l,1rt,1ru~.1 Pl'\:llll.'!ul; t-' cn1 coba<:1nhas, o'I outro.-. ingr1-d1l'nte,:,,
hem C1"ln111 un1,1 mi-.tur.l dos aludidos pos. O rícino serve pora defumaçõe~ e
·nm,•nl.1çõe-. t' o resl,int~'. p,1r,1 ingerir.
:\Uim de-.-.a droga, um s..1cerdotl.! dessa entidade prepara, ~b a sud
.Jll.."Ul'f"'"1ç,io, a lagoa--da-venerável-nvunji - uma panela de barro com doí~
burg,iu,- e água simples. Com a água dessa lagoa, sempre renovada quando se
esgot..i.. a paciente ten1perará frequentemente os seus banhos, acontecendo outrO
tanto ,0111 t1s futuras lavagens do filho. Mas estas, até ao nascin1ento do~gu.inle.
Portanto, quando já estiver crescidinho, ou, ainda, por ocasião de doença.
O ocultista chamado a tratar este incidente, no final do rituill -
adi\•inhaçâo e prescrição terapêutica - deitn pen1ba pa.ra dentro do bico de
uma galinha de penac; eriçadas e profere:
-Aqui está a tua casa, v('neràve.l Nvunjil
A ave conserva-se para criação. Os ovos ou crias são \'endidos_.
revertendo o produto para o dizaco de Nvunii, isto é, o ml'alhl'i.ro ritu.,1l
consagrado a essa entidode, e o qual !i<! desti.na il con,pr.:i dt• .-iprestos
nt'(cssários ao culto, como m~l, rícino, t' qu.1ndo em vi.,;ita ao p;:ii-de•
..imbanda, brindes de tabaco e vinho.
De guando em quando, lam~m sl'.' pode ,1dquirir, com es-;e me!'-mO
· inhelro, qualquer fX'Ǫ d'-' vestuário, quer o l'll'ilo '-l'j,1 t'.Ti.inça, qu('r Jdulto.
podl·ndo l~le - u eh.:Hu - cornl'r, sem dh,pl'ndin, algun.-. OVLlS ou cria<;.
S..• a J11a galinhn n11:,rrer si.•m lt'I' dt•lxJdo prt,lt•, o ui.:ulli-.1,1 Jt•\·t•r,1
•,·p.;·lir ;1 u~'l('f.1\.'ili d.1 remb,1 noutra f,l;illinh..1 da 1nc!'-n1a espc(·1i:·
,\ vunj)d,,Ul•, nu. po1· outras p,.1liJ\"fél'>, .J u1tlul'11i.::1a L''\l'rcid,.1 por t'i.~•
t' ,pi ri !u, pnd1· ncnrrl'r n,111 só nn VL'n In• ni.1 h•rnu ,. li 11pdadl.' 1,:1, HlKt'll 11:d IUt'lltJji
ili:x,/,•). m.1'> 1,unb._·;r-n ,1r,11,111,1ie·1n1e11to ,·unj1dtJdt• pl1r ~in1p.it1,t (n~ 11il 111
11i:un1b,11. No pnn1,·1rn 1·;1, • ,1 vu11pdad1· t1 n1tJlign,1; l' no !egund,1, b;'tl!gn,1
1, A.1 'ltta.u: 1, /fifi)
Qu\·tn ..,,, ldmt•n 1;1 r 11 11 rn'5l'nça dt• ~·ria lll r.1 t.'I~• 1t.i nu period1.1 prl•· n,,1.ill,
\'~ c.incrt•tiz.1d1i .-, :-~u dt•:;i.•11, de 1u.:.ti1,:..i. rar.i nbslar a i•s;';l' 1n~I, Jev(' ,1çn•
,..-11tc1r nti linul Jn qut>i,ume: "Vcnerávt'I Nvunji, u que di-,se, nóD . _, p<1ra li
.1pi.•nas de:-ab.ilei com o O\l!U amigo (ou a.n,iga):'
X, pt·!o oontrário. o incidente se n1,;inifestou após o nascimento, nada
de .inonnol ildvt'm de uma lamuriil.
C\inforn,e a procedência, verificada 1x,r adivinhaçiio, assim a
\'ULljidadil pode ~t>sultar; ou por cíeito de t1!eiçl10 (uvunji ia laizo!a) ou da
gerai,:ão (t1t•u111i ia 1111li11i: ou, ainda, de um cri1ne outror<1 praticado por um
parente na pessoa de uni fiel a essa entidade (n1n1nji ia kituxi). E.stas duas
últirnus proveniência!>, ell'I regra, respeitam ã via matr.!ma.
Em punição, a sua ju.,,tiça revela-se atra,,éi;; de qualquer das seguintes
enfem,idades: .-.nemi,1 - o que acontece .mais vulgarmente- enfraquecimento
da vista, tosse seca, hid ropisia.
Lua11g11 é um espfrito feminino que, sob a dependência de Nvunji,
a au.xilia em sua missão. Tan,bém se manifesta no ventre mat.e.mo, mas
pela continuidade do mênstruo, e1nbora aguado, durante a gravidei.. O
fenómeno só se opera após il revelação de NVLlnji. Po[tanto, a sua imediata
em mani.festação natal.
Para Sí' deb.-!ar a anomalia, o qu.iml,anda, apurada d i,,inatoriament1..• a
causa, atira para a sua fr~•ntc uma pitada de pemba, rogando:
- Se és Luangu de \•erdade, pare o sangue, aqui está a tua pc.-mb,1!
Ajnda scmelha1itemente a Nvunji, tamben, prepara., re<.r<,.--ctiva l.1~,,,
a lagoa-da-vll:ner.íve!-!uangu - lgualn,entE' con~tando de uma pant'l., Je
barro contL•ndo água sin,p!C's e dnis burguus, Sl>r,·c. i:omo no ~.-.-.o anh•ri'JI
p.lrd o mL':!-n10 fim
N Cl /inJl d ,t IÍ tu rgi,1, 1,1 n1lilc'n1 dt>t lil pi.'mbil r,lf.1 d~n l r,1 J, • l'ill"\ I, não d,•
uma g;thnh.l, n1u•1 dt- um g.110 d,1 1111•,;111,1 i•~~"l\•1:i,· pr11l1·1111J11:
,.,
'
~
"''
1'.l!,,.1,11H1 , a,1_ WN
k11bi/11 l' um cspirilo 4ut•, a serviço dt> !Vlut<.lkalonlbu, tr-m ,i 'il'U l'tirgo
u p.1~to1i•io Jn g.ido.
Quando 1,111, caçador n<lu conSt'gu1:.• abalt'r u1na pt•ç.i dt• ca1;,1, ',o;!, por
int?rmCdin de um 'll.i.nguilador, lht• suplii.:a a sua intcrvc1,çiio, o L-spirítn
propl1rciona-lhc alguns ,1nima1s que furta ao ,:uno, difícil de nceder a tc:1is
pedido,;. Apos a t'.ill,"ada, o ,:açador, ent tcslc1nLuUlo da re.ilidade, apre~nla
ilo :..inguilador .:is caudas dos anin1ais abolidos. De joelhos à sua frent~,
b,1h.• pdln1inh,1s de reveri:ncia, e lon,ada ,1 bênção, inf<irma-o du núme ro dt.'
cab~a~ n10rtas.
- Par,1bêns por 11â1nbua e Samba, o milhafre do :xinguilador que v.:i
para a panela '1'\ - F~!icita-o assim o n1édium.
l{egressando ao 111<1!0, esquarteja todas as peças e novamente em casa
do xinguil.ldor, mols, .igora, com a c.irga. Então, cozinha as miudezas. Pronw
,, comida, o ,ingui1<1dor submete-se ao e:;tado de transe C' o caçador brinda
então os calunQus com uma certa porção.
Depois de alguns espíritos se mimosearem com o pehsco, o Kabila
ordena ao cc1ç.idor que distribua a carne pelo xinguilador, con1panheiros.
e demais parentes. sendo o mc1ior quinhão para o caçador. Se st.' encontrar
pr1.--sente unia mulher gr.ivid.:i, tambern toca uma part~ ao feto.
Na parlilha, o c,1ç<1dor pern1at1ece de joelhos. En1 caso de in~ratid.:-io
·i .,,,,..1,.., ,,,,,nl, , 11( S.nn!•,t ~J" •a~•• l,.;1 nJ .,,nt, ~.,1, n1u' ml•.
.... .,
J'-1,r.l cum ., l'T1t11i.1Jl', 1s1n é, sl' n.lo lhl' p,1rlicip,1r o rl"•U!Lldo d.i r Çddd,
,m1is tonl..lr,1 ,1 ,1b,1il.'r uni.1 ~ó Pl'Çi\: l• ,.i punlçdtl.
Nl/,ruk.111g,• ;', UOl l'sptnl'o li.'nünitl() l)U~ imp<X.' au médium d atl'Íldi;ãO
d,1 P""'-·'-'~s.io. Oc~t," n1odo, ~uando um 1<inguil,1dor não (JUer sofrer a
tn,01por.,,..1,), -.t.> o pai-de-un1banda evocar n sua intervenção, ela prende-
1c ftirteml'nlc os pulsos, cruzando-lhos atrás das costas. Assin1 manietado,
contor..:e-St" no d,,io, acribando por aceitar a possessão.
Nlpila é a designação genérica de certos esp!ritos do Congo. Eis alguns
nome"' individuais, embora cada um também consHtuindo uma classe: D.
Pl!dro ~lazârh, ou, simplesmente, Petelu, D. Manuel, D. João, D. António,
Masangu a Mbunda, Nêngua (espírito femini.J.10), D. Francisco.
No interior de Luanda, a denominação geral é h1/11 • term(l c;ignifican<lo
ho1nen~ grosseiros possivelmente pelo uso da linguagen1 de sua terra.
O intérprt:?tC dessas entidades não podl' matar um sapu, nen1 tão-
•pouco ~ pode fazer t.i! na 5ua pr~nça. Quem contra.riar t-sle preceito.
Je\·.in!a contra si a ira de um dcc;sec; esp1ritos, imediatamente incorporando
m1 dito sacerdote, ou tambem furit'ISO, acvmcte o transgrcss<1r: t; \.JU\' o sapo.
também !le designando pelo no1ne de Mue11e-Ko1,go D. Maria Kun1l'l<.l·t,1
kua M.iji ma NgUba • rcprl'senta o tóten1 de todos esses esp1ritos.
Perante ~n,elhanle ocorrência, Kapita rompe a t·horar j,111tan1l:'nle
Cl)m outros Kapitas, incorporado~ cm xin~uil.1dure~ convid,1d(1~, t,11.cm o
e111t•rro do ~apu, pagílndo o dclinquentt· tod,1 a dL·~P•""ª efe<:tu<1da, in, luindo
., l!.(JU1~içi111 de uni ou dois metro~ dl' pano-cn1 p,1r,1 o cnvoltúrio mortu,1rio.
E tudo ,1cuntL'Cl' ~-orno~• ft1r,, cm ob1tri dt• ~~ntt'
Küku M11kiraa Suku. ou. ilbrl•vind.tmcnlt•, /l.1}J.r1 Al11kit11. lnl antig,1,1n.-i,i
d1, (Jui~9<lm,1. Sua maniÍl·st,,ç;'10 l!rn ~!Ul'lll dt'-.1'j,1 t.\Jl'r !-l'U in-.trunit•nh\ dt•
rn,·<liunid,nlP, 1.:,:ir,11.:h•ri7,1--.1> pnr ~r,1ndl· 11u,1nliJ,1dt• i.!~ pi,1lh1,-., q111•r n,,
e- ,':lt•ç,, qut. r n1 , 1nr po, oc ,,sinn,111d11 li 1rt1• Cl ict·i r,1.
j "'- ,... l<114t" • • ,,. J
.qu,1rto, t·m a vi '-;(J, entra uma -.erpt>ntl'. Se n,.1 t.1 r u n,.1 ~,l hnh,1 ou lJllalillUl- ,~1tt\--.
n1n1<1l, n1orr1•rd ali,;Ul1m dt• c,1..,1, ou dt• n\l1rr.· nJIUr,1\. ,1u d,• l·nl,:,1t1(•lth.•ntll..
,..ara t•>;pl1, ,ir o r.li,;n11it·,1J11 di' t,ll ,1p,1n1;,1n, ,11·1u.1r,"i h.ii11,Ti,1u,·.:u
·•
"
llEAGENTES MEDIUNICOS
Qu,111do jú n,in -.ub1 rem n1ais ent id,1des, o ljUl.', l'ni di.,sar1ut•lu normal,
p11dl' 111.,:orrt.·r .itl· ,lll lJllinln lii,1, por\1u<1nto, L•n1 \·ircunsl,inria-. .:1norm,1is, ]
ch,1m,1da podt> rcst1lt,1r infrutift>r,1 durante s<.!n1ana.s, o pai..Je-umband,1
sut>m~te ,1s pai.:ienles J prO\'tl do pt.•lo, .1 fim de, l'm ,,ova., pt,.,'jf'!i!>l>t'S,
t.:il'l.1lt,1r aos seres L~pirituais o uso da fala. Noutro.. ca!>O!-, também apura s..·
as induçôes toram ou não verdadeiras. Pprl.into, se as noviça5 pro,;.~deram
i.:om l'ide!idadc ou dissimulação.
Pura cssu forn,alidadc, apenas com a duração de u.n1 d ia. 1nas também
.iosom do mesmo instrumental e cânticos adequados, t<1! como no cerimonial
anterior, o <;acerdote 1.."0bre a paciente co1n um pano, onde tan1bém st.
()utr•~ «1Jltt1l.ll'I •'P""'" op,nan1 1111,a uu Ju<11 ..,.,,,. ""' .-,t,UI ,..;_. ,.. , ,.,.
pr,..-1 :rn,,n m fJ\lllh dr• no d1n,-1,t,,_.,,Jr11,1.~. (hur,, Ju1,l,1_ m,l,,r;, l'm ~.u,_, , 11.'l(l)
riYO ,p ., , 111trn iam,·1111· • 1 .;i ,, ••. ~uil,,1,
__- ,
.,;: JJd~ ~ln o ;.ilu.,,lt,· ,. """"'" tu11 i:. lw • , w1 ,1 '" ade
lt :U,,,.\ .
.-\ 1-im lll· Ll.1,.-i. tnu r ,1 pr1,.•1ud ii.:i,11 ,lt\: ,1~1 d4.' ,1 lgun1 m.iu-olh,uJ o dl' ronJ rade
:\\ tjtlSI." 1)\1 d1 1 f+..•tt i~•1•ir11 qut •. p11r,-l'nl u ra, malehc:ia,.,s;.• .i familia em eau -.a, a
a,ch1 .,_\ ,•,t1,.•nsa1Ut'llh! <'nrolado nove veze., com ul'na fibra de embonde-iro.
Tr,1t.111do-..c dt• calunr..lu. o pelo, ;,alvo nalguns c,ic:os, não dif1·1t.· entre
Dél d11 n11~$mo grupo. E.1n capitulo especial, apresenlamo!:i os vários pelo;.
utillZ.:ldos - l'f>tt's apenas emp[cgues un1a vez sobre ;l língua do pacit.'nte,
ro:no que em raspagem. A comprovação da possessão verifica•se no quilrtO
arruOl.'lr, ou, popularmente, quarto do "kuo;i:aN, ondt.' terá que sofrer uma
ft'l.' 1u'><la
de oito dia..<;. Se :,;inguiJou falso, morrer.í por efeito de cubamento
ao ~-elebrante, isto é. de sua terrível praga, rogando a cólera de Kileri kia
~1uene-Kongo.
Após a proclamação do nome. o pai-de-umbanda ensina ,1 entidade
1gun1as regras mundanc"l5: saudar e d.ançilr
Para saudar, observa 1..1 costume de sua terra de. n.lturalidade. Em
con~uencia, de não ser geral o modo de proceder. Na maioria dos i.;a!>O!t,
restringe-se a simples palminhas. Mas toda!> as entidades se ajoelha1n aos
pés do relebrante. As~im, mencionaremC1s- trt's saudações Jifcrenles:
Com Dinyânga 11l_ manda-o prostrar-se a todo o cn1nprin1~n\t1, ficandl,
o• braços- em arco, e botl•r lcntamenh: com as nadc~as: no chcl.11, uma de cada
••ez: dcpoi,;, cm pausada movimcntaçào, roç;1r ,is faces no solo; finíllml.'ntl.',
ajot•lhar-,;c, e scgurand11 J 1nàu d1reit.i do pai-de-umb,1nd,1. to..:ar no pi.:ilo
de.li' primt•iro, no Jadu esquerdo; dcp(1is. no direito · k·rmin.1nd11 ,1
gcsticul.dç,11, com um irnpulso vi~nn1s1.1 para bai\ú, para lo~o. com .i n1.i.,
PS</Ut>rda, !ól' m,1nobrar 1n,·l•rs.1ml•nll' sobrt' o pl'Ílll d11 s.1ud,1t1h• 1i
~j~ 1 ~ IHllll vr1 !rmt•f,111'1"" •]li<' 1> ,ini;ui!.1J,,,r l'll'l lrdf •• n.• '"-~nl,1 ól i:r>hd,hl
-\ pri 11 wif• r,u!t• 1f,1 , .,u,IJ~,"111 - pni'-.I r ,11,A, 1•· tn~.11nr!lh• i.:1~~ 1~.,.., t,1n11-.,, mt •'"I' 1.,
r rt'" !<111 ·o11,,li, ,. l,:; 1n11tt.u .,, ,Ih,- ,l,1• (,un,t,J, .:1 h,1iu~. -\1,•n, d,·<1.'iõl 1no111 h."I ,; o
r, mm· ,,111• 1,1\...., ii;u11ln1t·11l• nrcut. ,J,1 "' •li rt><;.
~. t
t.·,lm t,,:apit.:i ordt·na-lhL• 4uc st• ,1jl!i!U\J.,•, l' con1 ,is ~,J/m,,s unld.t.<,, faça
um.i cn1L 1,0 chilo. X•gur,indü-lhe as m..los, ill\·a.,1,;; atl' um P')UCO .it·im<1 d.i
l',lht.•ça. ru1;t1ndo-as pl•lo corpo do saud.-mte, e bab:,1ndo-,1s, loca-as ,n.t ~•u
pn\pno peito, e dt:'po1s. no dt1 saud.1nte, tern11nando tXlm un\ movi1nt•ntu
p.-ir.i h.1ixo.
Com Ngon1bo, l'nsina-lhc a fazer un1a L'.nl7., cn1L,1ndo as p.:ilm,, .. para
u ar. l',1ra d,1nç.ir não <l dança vu!iar d11~ butuqucs ma!-t wna dança JOS
pulinhos, arrJstilda ntis bii:os do!'.< pi.•~, num ml'ÍO corcov,unenh1 do corpo,
tal i.:om~1 ~ (!!;~aravalass<!, ministr.i-lhc l• .. primeiro!> pas,;os, incumbindo as
,ingui!adüras feitas, q1,1c dant;am :;oba mesma po~sess,io, de continuart•m
O <.>nsin11. Fm virtude da semelhanç.1 da muvinit'ntaçào, dií'·SI:' t'.';garnl•lltar
íku ,urda!, e nIH.1 ,f,1u{ar 0,11kit1..1/.
Antes de fu1da.r a actuação, o esp1rito prosterna-~ aos pii-s do tocador
de snmu. Na gi:-n,1ílex5o, apena-; bate umils palminhas, express.:indo,
dest.irte. o Sl;lU agr.idccimenl1.l p.?lêl to;1d,1 e\ec~rizant-e - un, dos factcyre, que
o incitararn a subir.
O!- espíritos já iniciados (portanto, as xinguiladoras feitas) prrxedcm
como a companheir,1 iniciai,te. tanto na saudaçãL1 ao pai-d1.>-umbanda como
no recorilieci111ento no instrumentalista da gon,a.
Posto que ,1 dança constitua um delirante praztl para os espíritos, nen1
todos. no entanto, gostam de~sa diversão, como Ngombo, Muta.kalombo,
\.1uene-Kongo. Quer dizer: só dançam os espíritos de segunda e terc .... ira
ordem, pois QS mai::; poderosos, pela sua respeitabil.idade, desrrezam tal
ptálir..<1. O Santo de Kazola, embora dance un, pouco, é com df'~prc;.,o que
o fa:t. Ao contrário dess •:; cnt-idades, as que mai~ gosta.111 de d,1nça-r. ,:;io os
Kap1L;i;;, corno D. Pedro, D. M.inuel, ~1ue .ité assobiam.
"'
SACRIFÍCIOS
\ ,,,.,.,,.,.. 1\ ·11,._h 1"'"l.'ti:-. .1n\L\o-, ,1,., l''-'i 11.1•,, 1n ,\, ,.,,.,n, il pi i1 ,u, J1 , d1 · a.1 l '
.-\1\h'!I d1• M' 1·11J'inh,1 r. 11 111:.·L1ltist,1, pi.lr,-1 r,i~g,,r o fi11,11 (A11t11ud11/i1 tJ di11l11 J.
l,lt_ 1•111 l·Jd,1 ti·1•n1~11.· • .i t1hrigi1túri,1 ..:ru ✓.
,1 p1•n1l1u 1• uL"u1tso, lwn1 ,·on,n no
,.., tt'ril,r d as f'íllll'l .is. l , ,1 prnv .1 d o !kl 11• vt•ri ht ,1du J t r.tv(·~ d us t r1•1np.• 11, ix•I•> •
l\lll' ,.,,.. d1•il.J u1n p11u1·0 de mo!hú num,1 das pt'dr,1s dt• cada lngv,
.'\nt.:-s lil• ..is p,1cit•ntl's cúmo.>rl'm. ll ,;:,._,[cbnintc, i.:on1 uma Jt·d..ida d,!
catla .,Hmento, ..:,1r;,1ctcri1.J-ils n,1 h.•sta, lnnh.'s, nuca, p,1rll' inferiur du pescoç.1,
articulaçôt.•s dos 1)mbrus, cotovelui. l' 101.·lhoi; .
..o\ medid.i que cun,;:lui c,1d.i 11peração, lança altcrnadamenu.• para
,1,., q\1atro lados - ,l Irente, at;,l::., à direita e à t>squerda - os bocados car.tt.:·
leriL..:1dore.__ rinalmente, l.-omeça o banqul'le. Mas só comerá com asobl,1tanlt"li
qu._.m iá procedeu identicamente para con1 essas entid,1des.
P1:Jri1 de ,"lgo,nbo:
Novan1ente evocado, Ngombo, em vez de proceder ao sacrihcio. e
tom12ado pelo celebrante, à volta do cabeça, com Uin galo.
;\pesar de não se efech1ar a imolação, a ave, contudo, não deiAa de ser
abatida para festim
Pedra de Mrttnknlo,ubo:
Novamente evocado, Mutaka!ombo arranca com os denlt.":> a ütbt.'ça .a
um galo, que o auxiliar lhe apresenta, sorvendo directa1nl'nle da inli..,ão uni
pouco de sangue.
A carne, assada no espeto, será con1ida, taJ corno na l..'l'rimonia ant ..•ri\,•
pnr todos os assistentes, menos as pacientt.•" e mulhert'S st..•n, n1ar1do.
Pl!dra di: Kib11la Muiji:
O eacri/ít·in, sol, a mt•sma toada. c11ns,1gra~• nuni.1 t•ncT\1Z1lh.,}J,1.
nic~---5e l-Om o it'pult,1ml•nto do!. maculo~ i..;h1 t'. dn ... t,i ... a\·,1'> c,s ~1u,1tr1.J
pah·n11,s. t' O$ IJU.ilro m,11,•r1,o•
..
,~l;OJÍS ,'ls ca~i_il'> dd5 i.nici,u1das. EnLlo, ofiçiant(• i.' auxili,1r__.!I OÍl'í1.'(t•n1
PEN ITÊNCIA
tiracoln, furni,1ndo x, con1 ,1.,; pat,1c.1nh.is: e na cintura, j frl:)nte l.' atrás, con1 ª"
n1il·unga.,. lais uti:•nsílius '>Jo de fibra de l'n1bondeirúc furam m,1nufacturaJos
pi;,lo p,1i-tlt>--umbanda.
Durank• a reclusdo, ª" pacienk•s não poderão dormir n.:1 cam.i, e a
higil'ne ,,(1 .,e est... ndt' ;1 boca, c,1nlo!. Jo,, úlho,, e ~xo. O apot;ento n.lo é
frant1uc,1do d tt'ldos: só a crianças e mulher~ solteira'>"'-' permite ll acesso. E
se a!gum.i casada tiver qul.' o frequentar, guard,1rá continência durante es;,c
periodo_
Dur,1nte il clausura, as p,1cientes fficcionarâo, num tijolo ou pedra,
mas c,1da ~1u,1l ern ~u bloco, um pedaço de ti.leu la, outro de guicongoe outro
dt:" quis._'iét-"Ua. Ct)m a serrado.ra, separadamente dt.>positada nun1 roco co1n
azelte de paln,a, n1anipol,1rão nove bolinha~ de cada produto. As bolinhas.
Jo tamanho de um ovo de pomba, qu11lifican1~se de.fill1os-do:;-r11l1111d11.~.
A fim de se deliciarem con1 a serradllríl oleosa, o,; espiritos tornam a
incorporar nesse mesmo quarto. E então besllnlilm 111 corpo e roupas, inge•
rE'm ,1 própria mistura. Na passesssilo de D. Pedro Mazi'irti, oferecem-lhe
um cálice de aguardente. E se actuar um novo cu!undu, o pai-dc-on1band,1
ministr.J-lhe logo o pelo respi..>ctivo.
Dado o caso de se manifestar o catan1ànio, a acon1l.'tida su~fl\'nderá a
tart•fa.
( unl<irmc J.à h ,.ium,. rcp,;Uda~ --~~ci. " ~"'!1."ll.1dor. 11uu111-i., po,,uid,· 1•11t Ulb ICf r,q,lrltwal,
- -', "ÍI. ale r- 8 1~11t<!IClll3T. i' 111 '""'Nl~~ll<'IU, cic'I\U 1k ~,ur 11,uuralmrala.
1 lfll
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ltM 1 lN•• RJ,~,: !11 Hl·
PARA~1ENTOS
1 l'or m.ir1e de nl~"1I1, é us11al i:,;,rtar-se no ~ólçfovt·r uni pouro d<' c.-;ibelo .- tl<! llflh.lS
d.t'< mãos e pt.~ apara~ que ~ guardam numn cinta ít..:h~UII. tambt.,m J,1,omin.1d.1 .-Z.. l
r'lpt«·d11.:>1dil í"'' umh~ rln Ílll"lXO,.. dt•~tln,1--.c ~ lt'mbrílnç~ ou• fim ritual. <:om11 nu ,-.,.,o l''\""'t,;,
""
lerl"S, c.:11mu º" do no\·1ctndo. n.io .:om .:i mistur.i dt• vJnho l' mel, m..i-i, ~1m,
.:\ 1m u sangue qut' escorri! do-. o1n1m.i1s 1mol,1UL'IS. J\fas a partl' qu ... •t' b.i,lilil,
t' d dn rt'('heio.
t.ida iniclanda fl>t.:C~ du1<;. dl>stl's pammt•ntlll> o dt• ba~•ta encur11J.d,1
e u dl' bat'ta azul. O de pano-cru só toca à n1a1~ \·l'lh.:i, por repreM'ntar u
cabeça d\l noviciado. lgualrnt'ntc lhe rabo: o ..:on<;..:igrado d lluhi, CdSO hilja
lt·itu a "ua incorporcu;dv Só por herJnça. ~I:' aumt!.nta o nun,ero d.is zemba~.
~•lil:1-., ·11.."'I 1 1<17
NOTA
1':\l et.•rimoni,11 da in.ici,1çào, as pos,;essões são efectuadas como que
cm apre,;t:'.'Jltaç5o, dentro d,1 maior simplicidade. Só após essa fase, e que- 01>
"'<.'t\.'S e~pirituais são recebidos de hilrmonia com ilS suas exigências. Port.an-
to, usando-St? vestes adequadas, brindando-os com o que lhes proporciona
deleite.
Dado que a escrita angolana assenta no sistema sónico, vamos facilitar
a \eih1ra dos nomes das entidades espirituais e compreensão das respectivas
preposições, em tradução parentética:
11ma t.ai.:iu1nhJ, dcp..11s, uma 11i,tulha; dl•pois ainda, um,, a,'.ha t-m fogo " ,
dandi;,--lht•, PQr fim, a beber o d ioo&>0-da:,;-,1lma1;. Se gritar, a indução ê lal..a
A .id\a é enlaçada com uma fibra de embondeiro, para destruir qualquer
mau-olh,u.io.
Em possessão de calundu, passa-se pela língua, apenas uma vez, o
iffitrumento respt.>ctivo, abaixo especificado. Se os espíritos pertencerem <1
unla mesma pedra, o peJo, salvo nalguns casos, não difere entre as entidades
desse mtsa10 grupo. A comprovação da possessão verifica-se no quarto de
cuozat ou, popularmente, quarto do "kuo.:za": se xinguilou falso, morrerá por
efeito de praga do celebrante, rogando a cólera de Kiteri kia Muene-Kongo.
Enumeração de alguns pelos de calundus:
rara diculundundo - osso de palanca.
Para Dinyânga dia Kifumbe (caçador assassino) - osso de rato-de-
-palmeira.
Para Dinyânga d.ia Kituxi (caçador vitimado)- noz de coração humano,
correntemente designada sob a dissimulação de cor11çâa da p1li~ (n1uxi1na ua xi
,i<üinha de. cola de Bnngo (Kndlkez11 kt1 Mb11ng11), coração de 1mbn- (11no:i11u1 11u
pulungu), vidazinJJa (knn111CT1)111), ou, simplesmente, 1102: dr cola (dikL':zu).
Para Ngon1bo • sal-gema, ou, popularmente, s.1l-dc-p,1u , Mas con1 uma
ra<;.pag~m inicial com a faquinha, apenas uma vez. Em variaçdo de si-.tem,1 .
há quem dê a chei.rar noz dt> col.t, gengibre seco, sal-gem,1, tudo oonhdo num
1
t" Comu 1.i tic,;,u dito nt1 ,:;ap1tt1!0 "lnici,1~.ki de '<ir,guil.iJ,~r ,. outm~ n,.i,dt1~t<1~. t'm c,1<t,1
l<:10, .,rrn-:i~ ttptr'lm UIWI ,,11 du.15 ''CLL.,, I' (1 l<lR~l I' pn•1·1Jllll'nlL· lll<'flt1Jlh.1d,1 1'11.1 di~,t_,;.
-11lmrm. (lutr,,,. ~1nd.1, crnbnt,t cmp"'l!dn,i11t> fojõtn vi~••· ,1plkan1 ,,h,•mad.im,'llh' ~ Ide" e .i ,ljlulh.1
Altm dl'tJ.l~ mini•lr,lçc'it"'J, ,rutrn!l ot,.Jlllsl~'I, HlCilndn ti .!L•Ja 1!(1 rh,k1, li llnl 11.. 1mrn,•i,1'11~l'l'm ú
p«Wnh' ,J.,, 111rt~dM dn n,ui,rJn t.'~11.'rinf t h!11·n\lr n ,.; .. ni-111,1\,1 · ('Uffl rir 1.imt-,,,-m Ih, ~ m
1 pirta llnl',UI, /. n" r4,p itt••Jn rlJ IJt!U' l'lh!I 1• ,1,1 ,lt(Ulh,1, d,• ra,líl ~T t 11u,· l')ll'tam, hn1r.11n <"> \lll•tt~il ,,
{ • ,. t• n11r111,1 ""''" t,1m!Jilrn r• l<'fl'<IY,I ,,,., prl,,. 11,,.. r,,lundu
\ 1t' 1 1,..,.}(-hLó1
l'tl'<'S t•n1 ljllt' t.11nbl'íll -.L· ,1Lh,1 un1.i ll,lhL·r dt• ,h.l, L' runf1Jo nu1n11 g.in.ifa
L,,b,·rt.1 L·11n1 u111 lt'll\'O br,1nln. \'tnhu brnnL'll
l1,u·u I luht d,1 };L'ri1ç.111 o-.so de p,1c-.1ss.a. MJ~ rcL·t•b1do t•m ,una dti
u n1a .l f\ Llfl', par,l lll1d1• -,ob1 • o espid Io. l' onst'lj u1.>nlc1ncn tl•, o pacien tt>.
P.trJ. l..t•111ba nüstura dt• a1cilc dt> paln1a con, n1cL Mas dad.i a bt•bcr
llil OC.1Slilll.
" Aa!rt .i ,lo p,-1<> d~":ILl mlld 11J.,, .i o.li Itl~t,1 q U,. ll'"' h;1 rnt"'<..--eu lllli t 1.-,n,~, t~,sd"'°"• , , dt- out"'Qs
ci,púi,' ""- cft,pot.• dt• rt'-'!o t,•r <lito <JU,· u pt'lu ,j., N,·un11 ,•ra t'lli!-<) dt• ~,1ht-,,;,1 d1• n-t, ~<wrkL•,._ ma•
wdt-, nm CJtprt'W ll!-.S, d..,·l,\rnu-J\O:'J q~ f\Ào IUII r,·1·,·l,1rill u pt•!o d,1 J•l.i mli d.>. nrm 'flll!
a1upb ~ , ,-r, .:!<>1~ ,tonh1'!1 · J,:Cud11 r,·tnu11~r.1~,!u p,u,1 J ••r"~·Jl l•,,r~ ,11 o:',da ~ ~ m.t,; 1.11
:I~ •1 n.1111 ~ • 1 -,,.,1.,r , ,11J~ n••llk1ttll'1n.,. ,lo 11111,11 "º'' i.1.J,
CERIMONIALISMO DO XINGUILADOR
'
1
111 '
un1, ~ ,r purte du intL'tt•..s.ido. n,l-:-n,~1 yue n.io xinguilt• ' 11 ; (lUtrn. pel.1 da n1.ll'
e outro, pela do pai - conténdti c.1da uni pen1bJ ou pá-de-.im11., incen'IO, dois
ou três raur111s, tuna O\llt'd<l de prata e um crucitixo tltadll com umJ fit,1 ,1,,:ul,
M-nJo o ml..;mo, etinforme o dL>sejl1 do i;anto, de prata ou d..:- úll ro.
QUL'O\ l.JUISl'r, tam~•n\ () pode usar .lll pt>SCOÇO
()s copo;., prt>pa radús \iturglc.:imt>ntc pelo lJ uin1bi1J1da, são ,,rrl'i:.td ados
nun1d n1ala, l' pi'la lua•nova. de-tumados.
Quillldo un1 xmgu.ilddor VJÍ por un1a mata e nel.1 ~ encontra um caçadt,r,
~ Jquele xingui lar Dinyãnga, v L"'riri to adua logo f'<lnl o avis.1 r. Quando o caçador
surgl', t>m ve1:. de .igred1r o iúnguilador. con10 n1uibs ,,czes acontoo>~ ,1j(,eih.a-'<
pcr.1nre o ~pi rito l' d..i-lhe a no,: dL' a.1raç.io hwnano, porelt>ti•)Jicitada.
N"'"~s trav ......sia~. os :>i:ingu iladure!> anda1n pn)vidos, além dos acessórk,i.
usado:- pelo extinto ,•itimJdo por crime, de algumas peças da indument.iria
ril'ual. c\.ibh.i,ls durante a rt>('lu,.<;ão da iniciação, como oo panos e micungas.
Afora esses utensílios, ainda ,;e paran,ei,1,11n com o muhengue e as zen,bas
estas, con1 aplicações de guizos.
Quando. por dividas atrasadat> de honor.irias, o ocultista deseja ,;1 J
sua eiectuaçilo, ex~ ao sol a sua gonga, batendo-lhe de espaço a espaço e
prokrindo: "Anda, vai buscar o dinheiro!"
Quando um xinguilador falece, aplica-se-lhe às narinas um bocado
de algodão, a fim de, com a irradiação de um quimbanda, seguida de
· Para o bom él(ilo r;h.' n<>,sa tareia liteTaria, e conscq1,u,ntementl' da parti' N-õn6m!c.:,,
,1 c·nhd.1d1: ~laviti.'I MbQngo, J.í r.-fl'rida no caritu 11, "Entes SQbrena1ur,1is", .,,:on1>1.'l\1ou-nus •
pt-u1r <"'IWS a:ipv:; da t.. ticid,1Je. Entiio, ~im, obleriamos muito di1\h<"iro. niin ~rl,1mo,. v,111·
d,:is m(>1,CJrdó!o d~ calot~irus - L~ maldittos para,,,ita~ que .:-rlmln05.lml'llle lll>S !1•rrJ1n \.'n"
;1,guiJh.:io de<;l;'U c.ilot,• l' <J\.h'. d,,da a f)llbN?.:a da an1b!en\l' lit<"rdrii,. muitcL~ livro,;, p,,r" flll.ib ..-k
i.LJ. wt•nd,1, "t,,m J.i.. hvr~nA~ onde l'~l1vcr~111 cnluc·adoH, !.,n1ht•1n lnf'llrt1 pJ"!.l<(ua dil'KW:lllt!W
pu · ln•l'fff <:110 1h r~-!.111 J1n/r,a, ,, ,.,nt,,rç!d,u..
, •• Rro "· •, u~ , 11
!.JUITOll 'Ul."IJ!f1H,>h n.iu t·rnp1v,:111n , . _ l•!,·1n,·nh1, 1• <"lll1f<>"f .tl1i,,_l,1 •u!)nrwn.11; Ili qia,;a:
;bd,r riu O!(IWJ,O Ili Vr<l(lfJ•'ll< 'l4 ,!.1 l"!!li,t1.1d, 1•ur111 ~•j4 <'1.1 ,,1 rlfjf'I~-
-
ADIVINHAÇAO
1s1 t li.; •li fi.JI-' fu;!fllO
t~p1nt,1 ,1gl' ..1lr,1v1''> de pi.·~soa ,1d1v1nh,11,.'10 dt• uilil't,:d (11111z1111r/1u u,i 111ü/11e).
t: n.i indir,•,·t.t. t1trdvl'S dl.' c,1isa: ;uJiv1nhnç.'10 pt.•las ni.1ll1nga~ (111112.n,11b11 llll
,r.:1/1111~11)
..\ n1atl'ri.1I pode -ól't: d(' n1ux.icato (n1112a111/111 tia 1u11x11ka/11); de ferro
candt'nte f11111:.c1111b11 ria ki/11111h11J: de milo (1n11zr11t1/1tl 1111 11rnk11); de cabaça
1 Nru=11n1/n1 11n 11tl'111dr1); de \'.opo rri11rz:rnnb11 ua kora): d(' esteirinha de vareta"
lnr11:11111/111 ,u1 kittinda): di.> chocalho (111rr::.n111bu 1111 s.1.TiJ; de efl•rv('scénc.ià
(111u::.,1111b11 1111 J1/,:,ar1l; e mais outros processo!ó.
Na actuaçlio direi.:!«, o quimb<1nda fu.nciona como ~imple~ instruml.'nlo
de mediunidade. &te acto, como j;í se viu, denomi.i,a-se :ri11g111lar. Em rel.i.;âo
ao e.<:pirito. o médium chama-se cn/11/0; e em relação aos viventes, :ri11g11llndor.
Posto que seja esta ,, designação mais usual cm linguagem portuguesa.
outras mais existem: dronbt'. n1111!1er-de-cal1111du, n111/hcr-de-t•scrar1idõo. Todas
três, indistintan1entc se aplicando a qu<1lquer dos sexos. Portanto, referindo-
-se ao médium, o espírito emprega o tern,o ca/1110; e os viventes, os outros.
Conforme a entidade a evocar, assim o quimbanda se paramenta ou
se caracteriza. Entretanto, é sempre. sentado num banquinho que sofre a
incorporação.
Para adivinhar, a entidade que actua, é Ngombo. r-..1as como -.ua
linguagem é ininte!igivl.'l, segue-se-lhe J\1bnngel.i ia Ngomlxi, que, ~s.::lan...,_v
quanto disse aquele. Con1 os den1a ii, cspi1·1tos, apenas <;t> tr.iva un1.i l.,.,n,·,·r-..t
pari! M.' e-.cutar seu conselho. !· conforn1c ~Ull funç,io, medil"<1n1 ,,u infligem
a ,ua 1ust1ça.
P.lra 1nh•rprt•t,1r N1,;on1bo. o oculti<;til cara,·k•n,...1v,•rti,·,1lm1-nh• ._,,m b'-"s
n'iCH il p• r, i.1-1 n.-giix.-9 ,1n~ul,1n.-s dD!õ 11lhn~, h,nt,•s t' t,·i-t,1 (,1qu1, at>r.1n1:,~ndO ~
1rntnl tc:,.,l. a ,,ltura). ( ,11.J,1 m.iri: ,u.: JO ,, 1~1\, 1 i<;ul .1.t,11111 ·ntt• 1, 1n1 un1 ,1os trk
1 111
pnxiutcl" • ~'l('1'f1b,1, ucusso e ulc,n1bo. Quer dizer: lãda regiiio á as!'>inal.Jda com
trc-. r1si.:.is d,, cor dilerénte.
De ham,onia coni o desejo da entidade. assim se paramenta Q qu1mban•
da; se for mulher, pode apresentar a sua roupa natural ou um enorme vestido;
e !.e hom~m, ou o dito vestido, ou um pano atado à cintura, sempre ocu.ltando
as calças (caso use essa vestimenta), pois Ngombo sente horror por calças e
calçado. E já agora, também por dinhei.ro em papel. Homem ou mulher ostenta:
na cabeça, um bioco de pele de rapos.1, descaindo por todo o peito; à cintura, um
avental da pele de leopardo; e ao peitq, um cordão de missangas.
Nesta prática divinatória, o intérprete utiliza um espelho redondo,
piegado a u.ma pele de uma espécie de gatinho selvagem, funcionando ele
estojo . .Paia o espirita comparecer, agita dois dioca!hos di: cabaça, cada qual
empunhado por uma mão. Então, ,1uandose fi-..a - o que faz com espalhafatoso
vozear - põe-se a arrotar forlemente. Voltando o véu para Irá!-, lança sobre o
espelho uns pós de pemba e esp.1.lha-os ~-om um sopro.
Já sem a chocalhaduevocativa, vui lendo os ;;icontci:UJlentos nocspclhu.
Se nola um cn1baraço. saca de uma cauda de palanca - o mussesse • e aspira
uma bolinha com pós vegetilis que se prendi:! à b,1~. ,\pós arreme!,s.'lr para o~
lados um pouco de pemba. ~acode o musscs-.c em pcneiraçào,'\(1brenaturaL a
fim de aíastar o en,pecilho. Mas proferindo um e,.<.(.'Onjuro.
Cnnclulda a leitura mi~tl:'rit'!SI, o t..~p1rito, an mesmo temp,;, qut' l,11
vibrar os chocalhos, maniiesta-~ em novo e"pnlh,1t.it,1 e vai-~. Mas log(1
Mb,1ngc-la la Ngc1mbo o <;ubstitui, para t'xphcilr o que o superior n·\·l·l,,ra.
Quand11 ..,., liik'Tlil, alçil \'Jgorosamcntl' O!'ó braço-. t' s.ilta como
,l\'t' lí'v,1nlanc1o v,x1. Outro!> 1,,atcm com a cal:lt'.'\;a c<1ntra a p,1rede. ,I\J.1(1
ot:i~lanle n e~clllrt•cimt-nlo Ja ~gund11 entid..ide, 1.n1póe-se. por \·ez,e,.;. novo
~l,1rt'f1ml'nlo, o ([Ul' t> fl'ih1 p\1r cri.ituia prutü.:.:'l 0u pt'IC1 rab,1nda. ou pet,1
• ,:ingort,• dn h,1rinlu
l\l
coiSü também achada, n1as pre\'ian1ente énodado nove. vcze<;; envo!\"ido nurn
pani,nho, expõe-se disf,1rçadamente o alado, durante uma noite, sobn.• uma
c.ampa; na manhã ilnediata, n1il'.itiga-se conjtu1tarnenlc uni bocado de ucus.so,
dicudila e balá, e COll\ n mass..1, assinalam-se em cruz, em quatr<:1 lugarcs. os
dois objcctos; novan,ente ..uriorrado:- e ~sguardüdos, o embrulho paf.S<, oulT,1
noite ,iumu li_,.cira. O filho(' aproveitado de um amassador de fúnji.
fm rigor, a ,1Juda ~• ,1prr,1l•itad,1 d,1.!I af\~r,r,•la~ qur "'' 1JU<•br,1m lºm ,h•t,•rmhw,hw
ritu., 1~, cnmo !-4' vrri H,,ru no t;ipllu Is> -1 J1ici,1~ílu dr X1n~ull"1d,,r
Fm umh,1nda, ,1 dnui, i:.,1,fnr11h' j.à 'li.: r,1rtin1larit1111. t<•n1a n ni,m,· d,• pi-, d•
h, lll,rjl-1111- "'"'',._
1'111 d,•11:rrntri.id<'lt r,tu,u,, ullhz.in1-"' par,, n1,1l<1r 1·fii:;,,~, ,-,\,j.- ·1, ,, •·\'lh<>N., nu, nr~o.
0
primt•tran1t•J\tt' 1, , JL11 • '>l' h,í dl • t llll1t•r l'.111 dl'il •nn rn,1d,1 ra~1 . Si.• J1 vrtdt, nJo 011ue
t.-SS.ls i~u,1n,1-.. Ll inir a ri .i ll1l•ntt•, o i ns1 rJJ nu•n h1 dt·VL' :,i.•r n·p<t:.h I no munhJ ro.
t·in.1!m1•nle. pelo no\'Jlúnio, rt'petL'-~í:'. t•in regr,1, esl,1 ullimd nP'-·raç,10,
pw..:t>dida d.o referido ílss1n,1lun1cnto.
l-\-l1l n1u,;;\çatudl' rn3o, o vatü.:iiu1dor, assinalad;;is amb,1!. a~ mJni, · palmr1 ~
d1 'Nl • Cún1 un1,11,.Tu ✓ rn.'.lrcddil 1.:0111 pcn1b,1 ou cinza, realiza um vaivém d!: arrito,
1."\lmt1 qut• em estregan1cnto. ·rol oon,o pelo pr()(..~!.o anterior, a n<•gaçâo mani!t+
t.1-,• pel,1 continua~·ão do mn\'in1cnto; e a afirmação, pelo l'11'fX'rram~nto.
Na ad iY inhaç.io pelo lerrocand ente, o q ui m banda, após o intcrrl1gatório
ao !.upo;.to dl.'linquente, deita no fogo uma pena de galinha: se for verdadt•iro
o depoimento, Ct pena queima.se; e se f<1lso, retorce. Mas como a confi!.:.Ao
raro se fa.:t, isti,, J. como geralmente se mantém a negativa, então o ocultista
rc.:orre ao ferro em brasa: se o ,1cusado se queimar, é realmente o próprio;
não se queimando, esta inocente,
Na adivinhação de m5o, o quimbanda fa2, e,n a,nbas as mãos, tanto
f\il.5 palma!> como nos dorsos, uma cruz com pemba. Com os olhos fixos na
n1âo direita, como que a lendo, vai tecendo o question.irio. De quando em
quando, vai•lhe deitando uma pitada do mesmo pó. Se for verd0de, m... nei..1
atirmativamt!nte a cabeça.
Na adivinhação de cabaça, deila·se .Jgua numJ cabacinha furad,1 n1..1:.-
lado,; e base. Igualmente se formula o lntc.rrogatório: se o h,1uiUo ~• t."Sl.."'C:1ar,
não t• verdadl.'; inversamente, a acu:.ação (> verdadeira.
~a adivinh.t\ãU de copo, faz•se, no seu !undi, t' ll(l ch,io. uma cruz 1
pemba. A medida yul:' se in!t•rroga, \·al•sc rodw1do un, çopo pi•us.1d11 "'-'SSe
oc,I: M' em pt.•rrar. 1• Vt•rd.1dl'.
f'.tra o d1·:,p11•nd1•r, t,,c;1•1>1.••lh{' ~·urn o d1.•do 1• l.1n\·,,-M' sob11! rl1..• unu
piL1da :iíP pemh, nu cin,-,1
,2
1 ~1.•n•
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1w,1/<'.•••• ,, .. , .
Quilndu un1 p,1r,·nll• Sl' h,1vin lÍl'd ir,1do ;1 t·t,nlpril e Vl'llda dt, t-'&\tJvos,
uu, n1t•s111~1. ao sin1pll'S negó-1:io ct,m 11 gentio, por sun 1nortL', .:i .1lm,1.
CllJ~id.1 pt'l,1s ,1ltnas dos turdstt·irn1., ou, püpul.:irnll'll\;.', ií11guc11ji.,, com quem
tr.i.n-;,1c1:iun.Jr.1. os quais .,ombam delL• pela pPrda de -;ua importância tl'rrena,
(lCJ~iona docnç,1s e rcve~t•s ;i fanlilii:i.
Ocs1;:obcrta .1 caus.1 por adivinhaçS{1, 1mpóe•w consagrar•lhe uma
diss.Jqul'la propiciatória. a fi111 de se pôr tcnno a tal desfruto.
Con,o stc•n1elhante sessão absorve bastante dinheiro, o quimbanda,
como pt.·nhor dl' !ilia efuctivação, prepara a comercial muhamba · o artefacto
genhlico par,1 <.."Onduçâú de mercadoria~.
Con1 folhas de palmeira, faz uma esp~ie dl' cesto. Depoi~, rL>cheia•('
'-'Um um prato Yt!lho, uma panela velha, mai.s coisas \•elhas, uma botija vazia,
uma !>avelha seca, um bocado de sal atado num retalho, uma missanga
branc.i - distintivo de Ngombo ia Kazola ou da Afeição- e outra missanga de
cor• distintivl, de Ngombo ia Muiji ou da Geração.
Reu11ido o dinheiro suficiente, nun, montante não inferior a quatro
cont~. realiza-se a dissaquel<1, t<1I como jã foi descrita. Mas, dias ant~,
procede-se ao funeral sagrado do aludido parente.
Para tal, o p,1i ou a miie-de-umb<lndo. fabrica 1.1ma í'Íígic ri,:, n1.:tdt!ir.i,
e confonne o !',eXO, assim a Vcble: corn caJ~-as, vestido ou panos. s.., ll .-,.,tinto
foi um grandt> negfX;.inte, o corpo simbólico t' encerrad~1 num ,1rrt•medo d('
caix.ào, \.1.ii ,t- fni in~iJ.lnifican!e, ilpt'11<1!> ._; dl'pushl 11un1,1 cslt•irinh,1.
Num ca'>I.) ou noulru, o <1lcgóriCl1 dt•lunlu l• .....-puH.i.l\i 11,1 <.juint.at
anh_• pt~• K)e'!; d!' lora.,h•1ro"I (' 1u11,1nll''-, r1•prt•~•nt,lndo l<.jue!t, ,~ antq:_0&
'.!,('ra•1os uu g1•nti11<1 \'lllTI i)Ut'íll 111•~•,.•i,1r,1. l' l'S.ll"I. Ili J,• S\l.l l"'!ih'l:-0..' J: S.,:
Cc ,111b11,· •' , "'l' l 1 127
t'l1.-s <.JUt'. '-'"' ..:hor."td.1'i ra, 1ht.' ,1 brem a -.i:pu llu ril e Ihe fil7.em o devido entt•rra -
mt--nh,. E para lhe l.'\'itarcn, ressentimentos - lt11ka/11/n o kixila - deposi wm, em
c.id.i ..:anlo da cova, quatro vasilhas com d icosso.
Se se tr.:ilar de casal que se ~ntregara ao reférido negócio, o ceri.JnoniaJ
~tende-se il ambos, cada qual em seu caixão ou e<;teira, mas em sepultl.ira
comum.
Após a dissaquela, vai-se a 111111.1 encruzilhada dilita.nte do povoado,
para expulsar o forasteiro - kuh1bt1la a ngénji, Ai, o pai ou mãe-de-umbanda
traça no solo uma cruz a pemba, cavando, em seguida, no lugar assinalado,
um buraco. Nele, assenta duas panelas, chamadas de 1n11t11los, contendo e.ida
uma um fragmento de pena de andua ede garça •1, outro de crina deelefdllte,
outro de sebo de caça e quatro rodilhas de mussêqucnhc1 -vasilhas essas que
tapa com LLma pedra chata.
Entret:unto, almas de forasteiros em possessão carretam pedras para
junto dn sítio do cerimonia!. Com elas, o pai ou a mãe-de-un11;landa arn1a
uma elevação de f(lm1a sepulcral - a 11,esa de diculundundo de funante •
onde, estendido um grilh.io de terro - símbolo da CSC'fíl\'idão - .,con,od;; um
carneiro, um;:, i::abra I:! um galo, conv~•ni~nten1cnte atados.
Nas ex1ren1idades, irente <1 frcnt.e, sentadas numa pedra, duas
familiares que se subn1etera.r11 i;i iniciação, <10 soin do rei;pt•ctl\·o cãnti..:n l'
fil Ã.ll l"'ri;o1 ,t,.,r._. du,1·1 .. ~,-a • ~ ,IJ <1111<1,1 ,. 11,1, ._. .. mu11>• 11UH,,.,1,i. 1•n1 1ml 'IJ,1
, , Vf'O 1,,1.-: nllll , ..... 1,1,/J!II p,·l:1~ ,111H;1rHh'lt.l.• d.,,'""!' :i.11(J.,d," t1hHU~.
l Jl4 1
,\ 1.'S!I.J.; ~,o-.~•s._<;f)I.•-., :-.11tt•dt• ,, d1, r-.1111.11111111 i. l 'u1nu, ,u 1 HIvl~ d,1 rn.i 1, ,na
d,,s t'1Sp!rlil1~, t.• úni1:,1 t'll1T1 t:'1SS\.' nomt'. prin,l'iro ,1t·tu,1 nun1,1, d1•p<ut 11uu!r.:t,
l,unl"ll.•m v Ibr,111'11, l1 n1,1 1n ,1c h.:ic.t .iJd dt' çdJ,1 \'t.' ,., enas agor,;1 nJ c,1hra. l1ar,1 11,io
tra1L"'~~J1r .1s n1.1m1a!-i dt• NgomDo, ,,:ontrtlrio ,1 c,1rnl' de rabra, ~ú t.>ns,1ngul'nt;i
;_1 tit'\iO, '-}Ué v toca na t<.•:-.la, uutro:,;!ütn proCl'dl'ndo 01' 1.·ircun~lanlt.·~-
Agora, actuttm os Dinyângas. A vitini.1 é o galo. U1n Ul'lt•~ ,1rranca•lhe
.i c.1bl.>ça co1n os d~•ntt'S. l' ;:imbus absorvem um pouco dt> 1',1ngue, rl'petindv
llS pre:;entes a ,1ssin-alam1:nto .interior.
Finalmente, vêm os Ngênji:., isto ê, os FornsteitOti, Ante essas inoor-
poraç&>s, o 1..-elébrantt.•, retiraJos os ~crificios, coloca n,1 mesa duas ancorcta'>
de peque11,,i.-. dimen..-.ões urna con1 vinho-abafado e outra l.'Om vinho tinto· a
n1uhamba já referida, quatro pratos:, dois copos, duas chàve-nas, duas colheres,
dois garfo:;, duas fai.:as, tudo novo. Após os dois espíritos se terem servido da!>
bebidas, o 1..'t:'lebrante, com o machado, despedaça todos os objectos.
Contemplados os assistentes com a sua parte de outril reSt!rva de
\'tnhos, seguem para a casa do oficiante, mas conservando-se as l<lnguiladoras
em transe. Não entril.111: apenas se aco1nodam debaixo de uma árvore
conversando os Ngênjis entre si - os novos aprendendo com os antigos - pcis
os espíritos incorporados pela primeira vez ignoram as regras mundanas.
Os animais imolados são repartidos pelo quimbanda e familiarõ.
E com esle cerimonial. a alma do funante, livre dos sarcasmo:-, das alma1'
dos gentios com quem negociara, descansadamente pcrn1anec:t.•r.j n~1 ;\Jem•
·rúmulo.
• ,,,.....
. .
<...,.lu.andn uma mulher surpreende a pnme1ra regra de uma jovem,
dc•vt.> ~uJrdar c,:;,ntin0.1icia durante o período que durar essa manifeo;t.açâo.
,\ qu ..>br-, dt.'i-te preceito - k11lJ11la CI kik11111/li - origina o maleficio de Hih.1 e
Solongongo, os quais prcJudic.im a moÇa na sua procriação, pois os filhos
m<.U1en1 de tenra idade ou nascen1 já mortos.
'.\i,:, caso de transgressão, para se obstar a mais mortalidade, a vitima
sofre tratamc.nto especial. Como indicio do agra\'O,sonho ela frequentemente
qul! está apanhando na água bastante peixe com as mãos, ou que os filhos
lhe desaparecem. Averiguada então a causa pelo tradicional processo da
adivinhação, é a \'Ítima encerrada num quarto- o quarto do "kuoza" - a hm
de, em tarefa ritual, reverenciar os serC"s espirituais.
Ai, acomodada nun,a esteiril sobreposta a urn luando, friccionara num
ti10l0 ou pedra, durante oito dias, um pedaçú de tacula. outro dt> quic:ongó t'
1.1utro de quissêcua, espaçndílmente dc-itando un,a pinga de água no calhau.
Em três cocos oom a1eíte de paln1a, d('PQSita sep.-iradJmente a serradura.
IX'poi~, manipulará tl("IVe bolinhas d(' c.id,1 produto. Como não podt' lavar
as mãoi-, hmpa•a!'i .-in corpo t' à roup.i. L lll'~'i(' aix1sento, niiu ..-ntrd n,ulh"-'r
, asada, nt•m sol tri ra com namoro, e muito m1:11u~ varão adulto.
1\n nono dia, a màe-dt'•un100.nd;1 auloriza-,1 Zt ~air e prepar,1-lhl' c111,1~1
, 1u,1tr11 1n111xinhao; profl!.:itif,1'l • ct1du uma conll•ndo tr.::s holinhas \·,1riad,1-; - un,
peJ,1çu d~• crin.i dt· t>lrf,1ntr, f11Hni dt• pena d(' nndu,1 ,, d(' ~arç,1, u1n 1:,111nn1.
,u, popu/,1rmt>nlt', 11111l10, e s<'b~1 dt• caço. As 1r11u.>;inh,1s duil"' do t,1tn,1nh11 da
.ibeç.1 dt' u rn tlt.'t.-li1, e 11u tra-. d u,1.,, u 1n ~ 1ucr1 n,a111rl'" !'l,-lLl L, ~..;id,1, 1• ,1111,, rr~d,ii.
1m 1inh,,
l\ium,1 11~1•ir,1, t~ /111•111'11 1111 d/nN~l, i..,lr1 I'. \111!1fl'Rl1,ld,1 rit11o1ll\1rnl\' ,·11n1
1
IJ() I f) · • l-ti11A .. h liOf.tu
.:i.gu,1 lu;.1r,1I. l'ar.i 1.11. a n1J1'-tit"-umti,1nJ,1 \'t•rl~-lht• essJ ,ígu,1 Ju;.lr.tl &obn· a
l'.tbt'\a. l\irt•n,, ,111h-s d•1 dcrrdm,1mcnto dL1 li~1uiiJl1. p.1rtt•·lht• \lnl nvo, IJ111!x-m
n,1 cab,..ça, rt,;tJnJn um c!>i:onjun). ~• a pt1cil'nlc co.1.1nhar cn1 trcrnpt> dr- pedra
ma.-;-.u.ic,1~ - L"!ol.1 up,:r,1r;ilo ctL't..it.1.1-1>1.' na sua f'l:'sidência. junto des;,i.• lug.1rt•iro
~iund!.
Entretanto, ..-m casa, a m.ie ou a pal'l'nta mai-. próxin1,1 fh.:.1 ,1 preparar
n-. alimentos para M'rcm propiciados aos csp1ritos. igti.1ria~ idê-ntica,; à'> do
le~t\m 1..'0n.s.àgrado as miondon,1s.
J,l de- regresso, a pJcicnte. cL,m um,1 franga numa mão e um frango na
outra, m,,., iunto dl" uma selho com agua, onde t.1mbé1n se deitou um peixe
vivo"•, ou, na falta, plantas aquáticas, vai mergulhando as ave., no liquido.
Sc.lb o palrnt'jamento da~ assistente:., a oficiante, no entanto, vai entoando r. ·
É, aiue,
fi:t.eram caso da esterilidade!
Não t.ard.:i1·1a um di.1.
que não \'iesse fila!
E, aiué.
eis a allna de KaJ01nbo!
Com S<>longongo, vem complicações,
faz-lhe <1umentar o poder 1-11,
ê Len1ba dia Kalon1bol
1
11! No intt•rior d.: L1,mndi1,, a própria pac1t>nre. amJrraclu u urna ~rd,1. 4u,· .;.• u'lt'lt' n,,
n ,,r ou no ria, para collwr o pei,t' ~com 05 dl"l'(lt'!i, j~ atr.>ido p,.•l~• 001l11~ta.
t\ dll,1é)11lombuclu uml>~ku!/Ktzuu,1 uk1rb.lHl'!>dlo1/E, 1111w./nd~I,• 11uo i,1 K.lk,n,bi.,
So ;111ga ,g" inu l1ila !mb,1mh,1,/1nu-baruh•k,',,l mb,111guban~u,1l ,·n1b.i dl~ t-.al,,ml>o.1!
• A !u.'l.1<> ~•~ ,.!,,nn~ 11,, nuh<tf< 111·rc·, t·sphitl.lól!s, 1p;u11lm,•nh· nirt1r.1nr,, ~ pr. ...~·i.l.;.11.'-
' ' li
-de ,1mt-.lnd.1 l,v. tnn p,.-nhur pt•lo d,·bclonlt:>nto do mal, <1tand11 uma moed.1.
num retalho t-r.tl1L'.tl, prl•11ian1cntL' marcíldo com a cru? a pL•mba: o di:r..Jro.
1~ qu.1IqUL'T mod~l. ,·t,nsagril llUJI ro p,1nclos ,:01n água e ingredientes \'ários
um.1. a Mukua-}l.ituxi ou Alma de Vitima de Crime; outra, a l·Htu; outra, a
Kalombl.1; e oulra. a Dijila dia Solongongo - composições que ,-ervirão para
t..-mpcrar o~ b.:inhc1s da paciente, e posterionnente, também os do filho.
t:kpois, impõe-lhe il cintura, me$n10 sobre a pele, as quatro trouxinhas,
ou. bpicamentc, 1nab1111da,-., agora nplicadas a um cnrdão. 'vias paciente e
oculti!<ta postam-se de costas voltadas uma para a outra, contando cs!a
nr,tlmente, antes da referido acto, ate nove, para terminar com um 1..-sconjuro.
O ritual do banquete não difere do precedente, descrito no capitulo
"'Iniciação de Xinguilador". E tal como a prescrição observada para com a
iniciando de xing-uilaJora, com a paciente <:ó come quem passou pôr idêntico
Cl'r1moni,1L
Co1110 tralan1ento fisico, íl paciente ton,a fl·el1ucnlen1cnle pó de
folha., trituradas de bamba-hurihúri, que ingcrl' com uma pinsa de ,lgua.
Entr('tanto, cumpre alftumas ~1uijilas, ClU !'Wj,1. limilaç{)('S: n,'lo .:on1cr gulinh,1.
nt>m carne de pllrco, n~m cacusso; nào ver c.id,;lver, nem ir ,1 óbito; estando
dentro de· um qu«rto, nãn rt•!<,pon~ler a un,a ,harnada e,teri(\r: 11..io (llT\,1r o
,a belo, nt"m st' cobrir ,om li m pano prc-to; nào ,1ssobi,1r. nem nin~i1ém cntr11r
ó'!ssobi,1ndo no M?u qu,,rtc,, assim com11 lambem ningul•m ld poder.l entrar de
chapéu n.-i c.·.1bc>çtt (JU ,1 çorfl"r; quando St' cozinha, M:Til l'la ., prlmt•ir.1 pt>,sü.i
.a ser •·rv1da; n,ii, f.1/t'r ciúmL·s, nt•rn !.o1lr eh· nt1il1.', nt•n, ir ,1 Jivl·rs.ti,·-..
No d i.i d n p,1 rio, ,1 m.-it--d I!- u ml1,1nd,1 1!r,, -1 h~• ,1-. d t1,1s Ir1 iu xi 11h,t"- tna l-.
fle'I/UPn,11 l, .iplir.1-J'I ,11·ri,1nc;,1. Lnqu.inlo n11u ~,, Htl'r i~111. ,l n1,l1• n,lu rodt•r,\
1·1•r o fdh,, f n tr,1!.1n11·n!e1, t•n1h(1r,1 rnl'no.., 1nlt•ni.1n11•11ll•. ~·onl111u,1r,1 ,11,1 .1,1
-gund1111u t1·ru·iro tilhn.
1 J,, , . lt1•.U ,.
· f.1,fr pr111,rt!l<) 1'>-<pt•lt;'J li 'llllll1buJ1d,1\, <l~ itlji:UJ'll,U ~n.... ~ dl'I qu11nbt11ut,,. \lõcnl(I V,lli -,.iu,,
,1 ~ .-.pirih1o1I ru\o d.-i~a ,J,· 11~urar (~r1n-1m u,.,nh'<-t' ,-on1 ~"' 1r.1t.unm 111 •tt-J.• ,•t,'Tl 1.&
A dieta ou quiiüa consta d.a proibição de carne de cabrito, ou mL..,mo
do !,•ite de sua fême;,. galo. ovos, jindungo, quiaOO!,, iguoria \1ue e$pumou
P3ra o fogo, não partir améndoa de dendl? nl"m circundar uma ca..a. Apc-;,1r
dl.' não comer carne de galo, pode, noentanro. comer a de galinha m
'
'
•iOIU_.r
\ ·\t, 1 \ ~ "11 RIJA Ir "''"'
Alua-ngo li" a mt>.:id "dun:', ja m... .,g,t 1111dh, ua m.th- ,ti., k1 -ª"t ilu "Vl.
fhor,ll; a n1ulher grávida que, porventura, 1.i viver, darj gén,eos d luz.
Dada a sua especial procedêncía, todo!> os aclos importantes de sua
existênci,1, desde o nascimento il morte, obedecem a um sistema de prática<1
rituais. Dotildos de exlí,lordinària seru;ibilidade, facilnu:?nte se contrariando
con1 o que lhes não agrada, exigem cuid<1dos prontamente satisfeitos- Não
,1penas a um, m<1s íl ambos Oll ao conjunto da mesma gestação.
Se, antes de naSCt!rem, um deles verificar que um dos pais não é do
seu aprazimento, trava-se, no ventre m;1temo, o seguinte diálogo:
-A quem havemos de matar? Ao pai?• Propõe a parte irritada.
- Ao pai, não. Depoi.5, quem há-de Lrabalhar para nos criar? - Objecta
o outro irmão.
- Então, 1natan1os a mãe
-A mãe, não. Depois, quem nos dii de mamar?
- Enlâo, volto! E h.1 hás-de ir tambéin, porque foste tt.1 que me convidaste .i vir!
Em conse<]u0lcia dessa esquisiti.Ct', os gémeos nern sc1npre M.> fonnan1
normalmente, em concepçào de m<1is de uin individuo. N.1l~uns ;;,t.•,o,-.
gil'ram-,;c l!ÍectivamC'nte os dois, mas um deles, repudiandll ,1 1.."\)mpanhia Jt•
,,utro pi.•lo Jt·5'.·n!t'ndlmvntn aponlado, l"tlh>rnu p.ir/l o "'-'li 1nund11
•• ,. 1•
dormir POlrt· ,1mbo~ ll"; lilhoii, il l1m d11 ct1d.i qual Jruir .i tOl'"n,.i id,•nlidadl•
Je 11nl,11 tu.
,, '
:-;Jr l•d..t!o.J" lilh•. ,, """•J,1 ,. arr,...-J,.l.1d.1 I\Ulll ,11,.,...,_ •\UI" tii.:... c-,m, - 1n .. ~
w,._ ir-~ nnrirnffdr, J, "rn.111lh,1. ,, 11,1,1.ir .-11 11·1J rr,l\·l'>t<> !! .,rh.an,i.:.....,11.o;, 11,;• F"U•.,. Ih,;,
t" ,n_ , a :101.t 1
! ·ll
1..) \ ,1d,1 \ l. r, , ~u-i 1n1t•ntl• 1~ •I 1,/11 l·o n10 os 1nn,1os l'spi rit u Ji s, u,;si m c- l·111-,• rr .id1,
1111 l· ,11,,111_ ,11.:,1111.idt• llll )undll l'lllTI nt1\·1• t·on1,1.11nh,1<: dt• rnu-;-.i'llul'nha C 1
outras t.1ntas dl• 1nul~n1bu1il 111 e t•m rt>dor, cu1n slmpil':S r.11110, dtls llll"!.mai
1
pl.1ntas. l"t•rn 1guuis 1nsigni,1s, t.1mbt.>n1 ~ prt>p.tra ,l 1n.-it l' n uutro gém1•0
im,.i.o ..\ntes Jo luner.il, o quin,b.:indn, com um galho de n,ull'mba, esparge
u ,norto 1.:0111 dit::osso, e,orcismando:
J.i fosll' h:nhar. Agura. deixa saudc ao qul." ficou, não \'cn.ha!; <1.íligir 1
ninguen1 con1 doenças. 1
A n tigarne.nte, o grupo de génieos, sob os 111es111os hinos e 01ani (cstaçôes
d!i! n1iios e pét., assim aco1npar1hava o f~rl!tro ao cen1ilério. Hoje, ta 1só se ob•
serva nos lugart!S rn,1i'i recônditos.
Se, porventura, o enterro não obedeceu convenientemente à!-i for-
malidades rituais, simula-se novo fl1neral. Corno a .ilma não repousa em
paz, ela manifesta-se, ou .itral'éS de sonhos, ou de pertinaz enfermidade.
Então o quimbanda, por adivinhação do mal, recomenda a efcctuaç-ão de
outro sepultamento.
No quintal, sobre uma esteira onde se estendeu um metro de pano-
-cru, coloca-se uma almofadinha de uns quinze cenhmetros de con1prirnento
e dez de largura, envolvida parcialmente por um retalho, Essa almofadinha.
contendo serradura de bamba·hurihúri. de tacula, de quisS<..'CUa e d.:,
quicongo, azeite de palma, mel, um fragmento de pena de garça e dl' andua.
outro dt· crina de elefante e de sebo de caça, ,;imbolila o defunttl.
À semelh.inça do dia do pa~-;amento, alguns gémeo:-, paran\L'f\t.ld('$
p n·rYmrnl•· Uu que,... pr~t1<·,11•m l.u,1nd,1. ,1 norm.1 na 111kr«•r (' ,,, ~•·1· ~•i;un.fc
, f'(" ..,: o _. colo •,1m ~p,m.111 tpMtrn .-orn,wlnh.1"J J,· rnul,•mhuijl t' ,·10t.,,1 J.· iu. :.il"l'l1
n t u.-i 1n1e11ll'. cntt,am os c,ln ticos il 1u <:h· o5. Com os den Lcs, o q ui mband.a a rr ac;ta
-' t',.;tt•1ra p,1r,1 1w1to dt> un\ bur.ico e sepultn a efígie entre duas con,adas de
mu~'i\.'quenh.i e mll lembuiji
Não in!t:'ress.indo o te1npo decorri.do sobre o falecimento, o quimban-
da, mesmo que se tenham cumprido todos os requisitos da praxe, planta um
t>mbondeiro no quintal da casa ou perto dela.Ant~. alguém de família havia
friccionado nun1a pedra um pedaço de tacula, ourro de quicongo e outro de
tluissécua, depositandQ a serradura numa peça de roupa d(t extinto, a fin1 de
atrair a sua alma (kua/11/a). Caracteriz.:indo com unia cruz uni ret,,1ho novo de
pano-cru, o qui.mbanda muda para ai a ralo1dura, fal.endo ~tão uma zemba
que a mãe ou outro familiar próximo usard ao pescoço.
Aberto o buraco, o quirnbanda ~te o ai;;,;;inalan,ento da cruz e disp<X'
um pedaço de pena de andua e de garça, outro de cri.t1i1 de elefante, outro de
sebo de caçil, uma escama de pangolim, mel, ou. na ~ua falta, ar;t1car, d('IC'es,
queijo, pão, vinho e azeite de palma, vertendo finalmentt> quitoto-t;'---ma!uvo.
Sacramentada a co,,a, a famíli<1 (principalmente d(l ran,o mat,•mo),
introduz o embóndeiro, ~gurandotodos nele. A miil' ou o parente n1;1is vt>lhn
profere a seguir unia '>upJic,1 no sentido de o extinto dl'ixar !'.a.udl' cm ca!'<l .
O embondeiro s..,i da mata. ainda pt.-qucno. 5ú t' plantado uma Vl'Z.
por rnurte do prim!!Írl). Para o gémt•o-~lit.1rin, nilu ...i· cfr>ctua e:-~ rit,,.
Sobre .1 folhagl!m, o,,lo...:a-'>e um ramo dt• mus~1'<(ucnha e nulro dt•
muk•mbuiji. A famflia comparere par.lmenlada com patacanh,1c; c grinalda~
dt..~Sil verdura, t•nloando (l?> cánti1:os hab1tu..1i.s.
,\ t''>le ..-erlmonial, 'it'gtlic'-'-t' um h..'!'tim C(1ns,1grad(1 ªº" gl'ml'O!-
1
1
popul.Jnnt•ntt· Út.'Si~n.-idu pr,r tru~a ,i,~ ;i?énlro;l f-i)c;lLra um pnrco, ninrtl> por
g(;'ll"'-"()"1, í'lt'" prílprins i.;11/1nha1n_ Todo-. "t' aprt'Sl'nt,1m cun1 ,1 dit,:, lolh,.1g1•m
c,1nt...1ndo St•niprl' os !K'Us hino-..
1 ) NCI II ffl ir J 1 ~.u,c. , h-c llo1•!1C' ,naUI t.Jrik-. í'" :nu' l\'<1 .I,• d ,., ,mil;
,...
bocadinho do mesmo. E cn1 certos festins titunis, con10 a inr.:11 propiciad,1 a1-i~
'
14" ll•Alftl .a ht llll
ABREVIAÇÃO Df CASAMLN10
P,1rn "'! L't.'so\\-er e1n 1,:,1s.in1l'nlo un1 n,1n1uro lúngo, u qL1it11b;1t1d,1 ..-n
t1.•rr.i o prin1<.•iro ovo lit' umu g,1linh,1, sohn.> o qu..il t"-,p,1lh,1 um ír,1grnt-nto
Jt" pt'na de ..1.ndu;:a t' Jt> ~.ir\d, outro dl• crina <ll' eli.•fant(.>, outro J1.· t>t·blt d,
ta1,;.i e ~Xl:-. Je folha:; c.irboni.1..idds de mubilo. St.•ntad.:1 numa cadt•ira 11ova, a
intt•~sada co1n1: séis ovos gui<;ados, uti!iz;,111du pra lo e t,llher nCJvo~.
Num,1 pant•l.i de b,1rro, igu.ilrnl'ntc nova, contendo água, \·inho e
4uiloto-e-maluvo, m.1s preliminarmente caracterizada com a cruz a pemha e
LL\."USSI.\ ela, vária'> ve:tes ao dia, com u,na pitada dt.' pó de mubilo na lingua,
vai pescando o nan,or.ido. P;ira tal. serve-se de duis anzób, atados com linha,
aos quais tambl'1n se junta Lnna lasca de mubilo, ficando tudo rncrgulh.:,dc,
na água. A panela assenta sobre lrC's pedras, ou, preícrente1nenl!!, sobre umc1
ha,;tc trifur;.:ada, e~pet.ida no chfio,
- Seu alma do diabo, se e mentira 11J! ... ~ Injuria o ocultista, com ~-..a
e piores t>xpressôes, a pt>s:.oa de seu mestre. Dtipois dt> contar até nove,
exclama: - Conto até nove, de dez não passo! - E invoca li namorado e pcdt>-
-!h1t l]Ue abrevie o casamento.
Se este processo, de,;ignado por xiro, não der TC'sultado, o quimb.inda
atr.1vés de- um.1 x..inguiladora, chama a alma do rebelde namorado. Entn-tdnh.l
a namorada. também o pc<;cando na sua panela, i,1la com cll', <1brigand\l-(l ,1
mar e.ir o prazo do Cl1nsórcin. findo istn, o quilnband,1 convir.la-o ,1 mt•lh.lr 1-.
mão~ na panl•la, a filn de as passar p,:,!,1 car.l, bl',1~·0~ e pcrn,1,:;,
ANULAÇÃO DE INCESTO
ENCARCERAMENTO DE ALMA
SEPULTAMENTOS DIVERSOS
descr1indo parJ a frl'nte e ~,ara lrái;, t1ma b,1Ptl.l ,11.ul v outr,1 ,•n~-.1rn,1dJ.
1;,1 ,bn.•p1 indo- lhl• f i n;l ImL·n tl' o rn ti hl·ti).;U\'.
Arr,lnJ.ld,1-. nove 1nisson~il!'I pe<1ucrius feixes de várias cspéc1e<1 dl·
..:.1pi1n • .,~-.in,1 IJ ,.t., t•m todo o rum pri n1cn to con, círculos al tem.idos dt> f>{'mba,
1.h,."ll.:......., e uh.1n,ro. Com idênticos círculos, também assinalil extcrionnt•nte
• ! po 01.,ltl) n,irr,IJ.U,,I,
\ •,.: 11 t u,1111,.-.v IJ, '"'")
C1111 ltlílllt' j,1 !(li d il.o nu e,1 pi Iu lo · 1nici açcJu dt• Xin~u 11,idor ", o c:.içadur,
P',lr vt•~,•:-. t.11ntx!n1 .1b,1ll' o Sl'U sl'nlL·lhanle A hnr,1 da murlt', Ul·cl.ira l'lc,
0\l':-.Tllll Lh.•<.ign,1ndr1 com ns dedos, u nun1erú cli> vitima:-. c)(asionadd!t.
l\1r.:1 t]ll(." l'Ss,1s ,1lrnas n5o atormt'nlem vingt1tiv,1rnt•nlt.' !JUa f,1miUa
com t>nfl•rrnid.1des e rev1:ises, anligos discípulos seus p.1rtt·m p.1ra ,1 mata t•m
in,ol.11,,lo dl~ gente, no quantidade por t!le r1::veloda. Por auSl!ncia ou impt.·-
Jinu.•nto destes, sC'g~1 ir,1n outros caç.:idorcs. Entretanto, é a popu 1.-ição d.i :-,an-
,...,,lJ pr~Vl~nida para niio se atastar p.rra longe.
Se não for pos.-.ível conseguir-se ,1 guantidade d('vida, ,1penas !ie
;.u.:rifi.:.i uma vítin1a. Mai:. st>n1pre se procedendo como jti se mencionou
no cJludido capitulo: ::,era mulher possu1da ante; ou d~pois do abate, e ao
ht1mem, após a re\iper.:tiva amputaç5o, entalilr-se-Jhe o pénis no nariz. F. a
ambos, igualn,ente se lhes extraindo o coração. No sangue jorra.nte de cada
vitima. embebem então as zembas do caçador falecido.
Em conclusão d.o ritual, o cclebrante prepara a zemba: deita, num
prato, un,a pe>rç.âo de sangue desse anim;1l, serradura de tacula, de quis.",&,"\.la
e de quicongo, un, pedaço de pena de andua o de garça, outro de sebo de
caça, outro de crina de elefante, u1na escama de pangolim e aparas de unha!>
e pi!los do n1orto, e vertido tudo num retalho de pano-cru, é ele cosido
em forma de almofadinha. Este paramento C' usado pela familia paterna.
designadamente filhos, irmãos e sobrinhos.
O quimbanda conserv;;i-se no óbito durêl.nte quinze di.i!>, n.io podl•ndo
manter relaÇÕl.~s sexut1is nen1 dt'-":>Viar-!K' para longe.
3 Di• wl,a·
Tal c<imo n do caçador, o cadilvcr dr :'.lll•a tan,tit·m t' !>l.'nt.-iJo 110
dJ!t,ngi1, r,.i,b o reC",1to do qu11:r•mbe, Su,1 c,1r,1 lJ111b1.'n1 ,;, l'ilt,u.:terl.T-1dJ. .:'i\n1
n.sca!I a pt.'tllbd e ui:u,;si:,. Na t:,1bt•i;,1, d,·pô1.'-fi'-lht• ,1 b,1l'l,1 ,tl, ,hl1Jll1 que"
eflC,Jf'Tl.i,ld,,~ t' 1',0hrt• ela, ,1 (JIIIJin~,I
,.
1
F1n l.u.ind,t, l1nüv os rito.-, ~.'Hi n,.,,~ c,in1rlir.ido~ qut· nu 1nlt•r1or. il
p,1rlt'1ru. qu.1nth1 L'nl,•rr.t ti!> s,•i:und11111i., ordin,1ri,11nt•nlt.• 11u1n f(•i.:.:01111 du
\1uint,1L .irr,1st,1-,H1 ,h·sdl· J clorn1idu ao loc,11 d1• ',t_•pull,tmL'n!n, ou, mJls
-.implt'"mt•11t1·, u~nils d.i prox1n1idaJ1;., du cova. J\ira t,11, pn•ndl' ,tu ,·urJâo
un1bili1'.al u1n fio. ou rt·\·,..ste a fiU.l t•:..tri?niid,idP com um retalho, segurando
c1)n1 o!. d('ntes a pont.-i do isolador.
,\r'ttes d,• l'sc1.1var, v~rtC', no châo, urn pouco de vinho ou de quitoto-
~-n,;:iluvu. Aberto ,1i n buraco, traça, no fundo, a tTU:.: a pernba e ucusso, e
ton1a a verter, en1 110,·e gotas contadas oraln1entc, o liquido utilizado. E.in
n.!verência ,ios entes sobrenntur,tis, deposita un1 pedacito de pão. d,.. queijo
e de doce, ou, me~rno, unta pitadu de açúcar. Sobre tudo isso, acama duas
rodilha,; - unta de rnussêl1uenha e outr;:i de muJe111buiJi - e entiÍo coloca a
plai."enta, di.spondo em redor o cordão un1bil ical, inas ficando u extrem_idade
empinada no meio. Fintilmente, cobre com tt!rra o buraco.
Se a parturiente não observou o rito do kruna o 11111s111uia - aplacação
da cólera dos entes sobrenaturais por efeito de práticas condenada,; pela
ritligiào tradicional, como o incesto, a cópula no chão, pois o chão, em 5uas
profundezas, constitui <• All'm-lümulodosaut6ctones- rito de cuja finalidade
\·isa a preservar a mulher de maus pal'lô!l e e\'Jtar a morte prematura aos
tilhos, a operação do enterramenlo decorre tal como em glorificaç.ãn dt>
ge01C05: parteira e criaturas convidadas - estas palrneJando e b.ilendo ll'.'; pt.-s
no !iOlo - entoam o seguinte paSS(.l da re!G!rida exalt,1ção:
Progl•nitora de ,morinilis
Con1eu em cima!
Prugt•nitur,1 de anorm,11.,
(.. nrn1•u L'ffi l:t.-ii,n U,
1'
k.t,l~•nu~! (l'vacioncn,!)
E toda~ em uníssono;
- Oooh!
PODERES OCULTOS
81, 11.\~1 • I\ 1.~i;:i p.ira obtC'nç;it) de 1,rrJndl'5 provt'fllos l' prontas facil1d,1de!i.
Cnn, c~tL' ptll.it>r, o rendi 1nento, quer de lavr-a, quer de negócio, c;at1sf.17
J ambi,.:do: o terrono, por pequeno que seja, produz bastante, n1L>smo mai,;
4ui• um outro 1naior; e .n.is transacções, a mercadoria, sem que se dê por Í$..-.O,
e n1edida ou contada repetidas vezes. E isto. por obra de almas: no primeiro
l"il.SO, r1.1ubando a produção aos outros; e no segundo, obcealndo a parte
'
•
ELUCIDÁRIO
(Extraido do Diciouário de Rrgio,uilis,nos Angolanos, a sair brevemente.
Conforme a extensão da definiçiio dos vocábulos, t,> a sua reprodução total
ou parcial. E como é de carácter enciclopédico, englobando numera~as
transcrições, não incluímos n~nhuma des~ ilustrações, a fim de não alon•
garrnos os presentes esclarecimentos.)
1 I,:; 'A• ffrll.41 1, 1 WPll
ABRE\'IATURAS EMPREGUES
Abrev. abrt•via\·âo
Adap. JdJ ptJçi10
Ad ap. d o V('mJ.c.
Amigar-se, v. r. Unir-se conjugaln1ente por L:iços ilegitimos. Amance-
1 bar*!;t". P. e)Ct. Malrimoni.ir~se (seg. o direito consuetudinário dos aborígenes).
O povo, em sua simplificação, omite o pronome se + fenómeno que
ocorre em todos os verbos de acção reflexa ou reciproca.
De au,igo.
' Andua, s. f. Ave de plumagem tirante à do papagaio, m.is de olhos
vermelhos e corpulência um pouco maior. Musófago.
As penas das asas e da cauda possuem larga aplicação em umbanda.
São ordinariamente vendidas aos pedacinhos pela<; quitandeiras das espe-
cialidades rituais.
Aport. do quimb. nd1111.
Baco, s. n1. e f ressoa ou .inimol que nào procri,1. Ad1. un,f F.stl'ril.
Octurp. do quimb. nrb11k11. rl-sult. dl' kubaka (,1rrecadar). ,\lusào a
relcnç.'to do so?mrn.
Oal'l.1 (ê), s. t. rann de !ã Íl'lpudn e não pi"'l.'1t1do.
Scndn rncarnad,1, sen-·e para hn:ilit.1r ,10 teitict>iro a morte dt' al~uém.
b,1.,,,1ndn•lhe olL'fl'<L'r um tiCI .'ls mi~~ndon.1• ~p1ritos tute\an>s dt115a
' T. bras.
n1.i1~ lJU,1lqul'I' 1.l.1,- !i\'~uintt·-~ bt>bid ..u;: iJ1Jitl1to, 1n,1luvo, vinlhl br,1n1.lt, ft'l'opig.i,
v I r\1111--.i b.11 ,1d\l.
l) t'i.\njunto - CT)la, g~ngibre (,' 9l11lc1lo - rnn~titul tnirnu ..n brlndt•, ,1u1.·r
à vh;it,,s d1.• ,,miga,'! ou çri.itLtrilS de respeitabilidode, quer n.1 fl'tt•pção Jas
rnissas de sufr.igio, ondl', pt'lti seu alto ,1proço, j.imilis (a.Ira. Daqui, o ~•ntido
l'\.tcnsi vo d!! brini1r. d1uliv11.
·r porl.
Coleira, (Cola acun1inata (13eauv.), s. f. Scllo/1 & I:11d/). Arvore erecta
Jhngindo 25 m, de folha persistente, densamente copada e porte sen,elhM\-
tc ao da n1angue.ira, conl mau cheiro na época da íloração.
De t·ol11.
Con1e:r, v. tr. Alastrar. Alimentnr. Burlar. Cegar. Devastar. Dizimar.
Esgotar Gastar. Matar. Possuir sexu[llmente. Pr~judicar Provar.
Adap. do vernác.
Companheiro, s. n1. Consorte (em união por mancebia). O que, sem
ser por casamento, vive maritalmente com uma n1uU,er. Amante.
T. port.
Comprar a cabeça, 1. v. [.mpedir (o quimbanda) qlle alguém, jã iniciado
na med.iunidade, mas que, por acanhamento, não deseja segu.ir tal prática, sofra
as ndturais induções. Desobrigar-se {un1 observante) da influência mediúnica.
Adap. do quimb. k1Js11111ba o 1111/tue.
Conversa, s. f. Assunto. Novidade. Episódio. Cena. Conflito. Questão.
Sarilho. Peripécia. Enredo. Trama. Zanga, M.ígoa. Loc. Ser de- s: ser chicancin.,,
provocador ou conflituoso.
Adap. do vernác.
Coqueiro (Coco!, nuc1fera Linn.), s. 111. Var1o.'d.1dl' dl• palrnt•1ra.
F.nl.ic!. (: urig1n.1r10 da Mul.isid Possuiu ruiz proprit•d,1dt•s, n1t•d11.:ina1-.
S-Ua 1nfus.ã1, ,~ l'mprt-gaJJ n•• lrilt111111•nlll das vi;1-1 unn.in.1:,1.. p,1rt1cul.arm,-n!t•
•
••
' (_ ruz.tmt>nh1 de• cam1nh~ que, f'l.'r el,..•it,J de não ma1~ ser'-'ir,·rn. d1.•ill.1JU de
con. nh1i1 \1t>ri~a1ri-cwd.1dt• dt~ pa™gt>m.
'
,..
1
G
lnongo, s. m. Apara~ de unhas d;1s mão:, e ~s, bl'1n assin, dl.' cabl:Jo,
rl,rtad.:as a um cad.iver. para efeilo ritual. Despojos de partes dn corpo ou du
v1.•~tu.lrio de pessoa viva, para m,1gla de{en!-iva ou llfensiva.
As apara:,, de cad,iver, obrigatoriamentt! obtidas pelos f,1miliorc~, dc:,,li·
nam-sc à tran4uilidade da alma, e por wzes, il serventia nunl paramento
rilual denominado ze1nba. Noutros casos (mas o acto pr.Jti~ado ocu.llamente),
tais aparas, depoi!> de carbonizadas e reduzidas a pó. são utilizadas pelo
hom~m•do-chicote, para as riscas profiláticas na cara, a fim de descobrir os
teiticeiros.
Se a morte foi cau.sada por feiticeiro, após a sua secreta obtenção ele
aplica esses despojos nun,a prática visando à anulação do maL
l~ quimb. PI. de kinongo, result. de krn1ú11go11n (despojar para fim ritual)
aln,a \'f,.•.;.',(_" .1nim,1l pt.,rscglllr o seu 1T1atadol'. Nest.i f11rmalidadc, quC'm lava
a ,1rm.t t' '1 t.JUimbJ.nd,1 E o au tor da n1orte, cm rcm issão d!'! culpa, nove dias
J't'nnane,:crd NK:luso em cas,1.
,\dap. do quirnb. kusuku/11 r;, 11/11.
Lavar no d icosso, 1. V. Impregnar arguem de dlcosso. Lavar ritualmente
com água lustral.
A operação pode ser realiz.ada, ou com as mãos molhadas nessa água
lu~tral. passadas de alto a baixo do corpo, ou vertendo-se o líquido sobre a
cabeça. Destina-se a expungir um mal psíquico.
Adap. do quimb. ku5uku/11 nu1 dikoso.
Lavra, s. f. Pequena propriedade agrícola. Arimo.
Este termo, embora de procedência portuguesa, é mais usado pela
gente african,1. Com ele, designa os seus tratos de culhira,
T. por!. de /mirar.
Lemba, s. f. Espírito feminino que prornove a prncriaçâo. Entidade
c'>piritual da procriação, Nome dado a quem, por influência dessa idt.>nlidadc,
nasce com um11 anomalia específica. (V. Lf'm/,111fí11 K11/0111bo.)
T. quitnb.
Lemba dia lianyi (ltânhi ), 1. s. f. Cknominaçáo quC' o C'spLrito Len,b.1
toma, quando, em na:r;cimenfo de Uffiíl cri,1nça, 5e manifi:>sta pnr un,,1
insuficiência no crescimento: .!:iendo mulher, não lht• aparece o cat,,ménio
nl'm o:; seit,S lhe despontam; e -.endo homPm, não se lhe caracll•riutm o~
(t•nóm~·nos pcruliar\.'S à adCl!t."-ci•nl·ia
f..sta t•ntld.:idt• também é dc-signad.i por Ngrn1a.
J. qu1n1b.
Lemba dia Kalon, bo, 1. s. 1 DcnnminJçílo tluc n cspirtlo l.t•n,ha
t11m,1. qu,1ndo, t•m n..iscimcnto dt? crianço. <:(' manitest,1: em ,,mho-. ll'i ~l'.'<11s
ror t•nc.irnç,1mt·ntn nos rnilmHns, m.:i~ com prOOuçih1 dt' lt'Íit', ou pnr urn
200 1
- -
~tl' 1 ( llc o\l! l<tll<l Ili '4 J
embarcações.
Malunga, s. f. Espirito da sin1p,1tia. Enlid.id~ csplritunl \1ue p(lf
afcíçiio, propicia ,1n1pan,, Fornn1 Indivíduos das raças br,u1c.-.1 e ní'.'gr..l ~ndo
a matungas doqucln prc,ccdtl11L·i,1 denon,lnndas l''JM!Clilln1l'ntê ~a,,r Ol
rrtdt prl'('t'iilml'nll', Sn11to ti,. Mt1/1111gíl. 1)1 ícrcrn dos antos dt' K,,rola por n,
"'-' rt•,·t•lar 11'-olad,\mentc, í'nl an,biente apropriado. rara ta!, dL'Vl' a criatura
t,1v(1n..-c1da com a sua shnpatia, possuir um santuiirio, nu, regionaJmentc,
Jill111ihf Fal.1m fanhosaa1entc "com voz como que 1,aida de cab<1ç<1", como
popularmente se diz. Podem ser consultadas em adivirihação, Protegem os
~us f.:ivorltos, beneficiando-os at·é com alimentos, tecidos e dinheiro. Mas
suas observaç~ devem ser acatadas. Dt" contrário, acontecem a:;,.ares.
T. quimb. PL de dílunga.
Mandioca, s. f. Raiz da n1andioqueira, sob a forma de tu.bêrculo.
Cozida, acompanha peixe frito ou assado. Com jinguba, quitaba, COCO
ou milho cozido, constitui merenda.
Crua, é pouco apreciada. Entretanto, para lactação, é dada assiln às
parturientes, ot1 com milho cozido, ou com coco.
T. bras.
Mandiogueira (Manihot esculenta Crantz), <;, f. A.rbusto geralmente
de 2 ma 3 m de altura, rnizes tubero~as alongadas e grossas; folhas de 8 t:1.11
a 12 cn1 de comprirnento, 3 a i palmahlobada5, ~eralmente glabras de um
verde mar no verso.
Encid. - Os lubén:ulos constituem nutrltivQ alimento das populaç-t;i(!'S
indígenas, quer ao natural (crus, l."<lZ.idos ou as~dos), quer reduz:idl"lS a
farinha, com f&cula ou sem elo., conforme o processo do fabrico. E com a féculo.
ordinariamente conhecida por go111n, industria -se a tapitica, de largo conslnnu
no mercado europeu. Com as fo!h,1s tenras e o grelt'l'I, depoi~ de e.mílA,i!dos,
rutidos r temperados <:om a7.eile de palma, prepara-se o esparregado angolano,
dt'nOminado q11iu1ca entre os povos de lingua ~1uimbundo.
De 11111nd1(1t·a.
MilSSambala (Sorghum n1gdcdJlS rm,. a.ngoleMc S11(11l'lit·11J, s. (. Erva
n~io ri;.Omato.o;n, persistente. Sorgo. IY1ilho-miúdo.
r-nclt!. C(l111 este C't'rl',d, tambt."m se tabrica tul:>a , St>gundn o pnv,l.
,l<:, ~ilhnh,ls JliO\l•nladas ('lllll \.'I~ torn,1m-sc mais p~it!'dt·ir,1:..
l·1.1s. d;i l'Xprl>s. lJtiirnb. 111r1s11-,11n-111b,i/11 ou 11111~n-11-1nbtil11. {J1.u·r dl....-t•r:
niilho de :-;ori,;ü (l~m llposição ,1 ouLras va rii:>d,1des de mili..ltt,1s).
Massango (Ponnise!'~JJn robustun, Stapf & /-!t1bb11rd), !>. m. (.;ran1int·.i
anu,11 <lting.índo 3 n,: grão oblongo-elipsóide ou obovóidl.', oblongo,
!-ub<1rrt•dondado ou um pou<.:o co • 1prido pelo dorso, de 2 mm a J mm.
cinzento, colocado entre a va.lvil e a v,íJvula.
T. quimb. de k11.~1111g111111kn: des1nru1d1ar•se. Alusão à rotura d., c,ipsula.
l\,fassuicas, s. f. pl. Conjunto de três pedras soltas servindo de trempe.
Fogareiro region,11 de pedras. Bras. ftacurua. Tacuru. Tacurua. Tacuruba.
làis trempes são ordinariamente alimentadas a lenha. Existem reY-
lriçõ,._-s quanto .10 seu emprego, mas só extensivas a.o uso da lenha.
PI. h1br. do quimb. di1ó11il-.'11, resu!t. de kll!õllikn (ser resllitente). Alusão ao
suportan1ento da vasilha.
Maleba (é), s. f, Fibra da matebelra.
T. quimb. PI. de diteba, result. de k11tl!b11ka (.ficar menos ramoso). AJusão
ao cerramento temporário das folhas.
Matebeira (Hyphaene luru,densis Gossw.), s. 1. Rizon,atosa, n1u!ticaule.
Encid.· As suas folhas são utilizadas na i.ndústria de vassouras,
abanos, sacos, balaios, cordas, etc. A seiva, geralmente depois de fermentada.
consbtui uma apr€1:'iada bebida, denominado 111rt/Ul'O. O fruto. bastanh.'
aromático, tnmbém é saboreado.
De n1ate!bn.
Mato, s. m. Sertão; região afa.i-lada d.i ('.O.,tu. Selv.:i. PI. l.i.icalid.1Jt-s ,,u
terr.i~ do interior. P exl·. Lugar cerradu. !lu de capi1n ,lll\.,, tiu dt• .if'\·111'\."S.
IJt• r•"'oíldo. l)t.-;;c.Jmp.iclu. Vl'geta~Jo brílvia qu{' ,;rt·~t't' t•n, "'i4;'n1t•lh,u1b
\'~•~1•ta\:,l\\. /1 a11 d \' l\'C.ll' num lugi.lr aía.~tado de casa (gcralm(•nlt' rampo).
~' abund .ir; C'liStir c1n grande quil11 lidade.
F. qu lmb. de 111n t ú111b11; 101,ges terras.
l\1avitia l\1bongo, L s. m. Nome de LU11a entidade espirihial do Congo,
pertencente d dd!.'le dos Kapitas.
T. reg.
Mancos, s. m. pl. Mealheiros rituais. (V. Oiznca.)
Pl. híbr. do quin1b. dizakJJ,
Mesa (êJ. s. f Banquete ritual. Loc. Dar n-: consagn1r o fc!'!im ritual.
F port.
Mesa de diculundu.n do, 1 s. i. Pequena elevação de l'crra dC' forma
sepulcrill, preparada para a cfectuaçâo de dete.rntl.11ados ritu,1is.
Qu..11\ll\ ,111 ..:.irv,lti. 5'..lbr('s,;ai el~•, rt.!,1hnentc, ao!,, demais, pela sua ('XceJ,,nti'
4uahJ.tdl' Lm rt!sulta~io de tudo isso, tomou-se a mubanga uma e!l<;ênda dl'
iraca d ... ns1d,,J,.. Oorest,11.
l' quimb. de k11l1a11ga111u: fazer oposição a. Alusão aos espinhos.
l\il ubilo (Adenia iobata L.), s. m. Trepadeira he?rbácea, vivaz, atingindo
11 me maL<;.
Enl."icl. - Possui propriedades medicinais. E muito usado em ritos
destinados a modificar o carilcter ou a ideia de alguém.
T. quimb. de kubilula: virar.
M ucasso, s. m. IZisca profilática de pós especiais, quer na c,1beça, quer
na linha dos sobrolhos, quer na nuca, quer na cintura, com o fim de proteger
contra um dano sobrenatural. (V. lnr111go.)
T. quimb. de k11kn;;11rn111111; desimpedir. Alusão à anulação do n1al.
Múcua, s. f . .Fruto Jo embandeiro.
As sement'es, de propriedades laxativa,;, c;ão t'.'nvolvid,1c; por unia
massa branca, íeculenta, estando conhdas num invólucro duro, co1nprido e
ovóide. Embora secas, usam-se em refrigerant,:-, bem ap-ad.ivel ao paladar.
Com a farinhil, também se prepara quifufutil<1 ~ matete.
Segundo o povo, nãu !'>I? deve: chupar muita m~cua, !:<·não as hochl·i.::ha5
í:ic,1m empapuçadas. Assin1. quandll ;i!gul'n, possui as í.11:e-. volunil)sas,
comenta em seus c:a.racteríshc{ls desdl'ns: 'Olha para as bochechas dele,
~t.io e.mpnpuç.ad,1s romu as do chupador dl· múrual" [ t' ca~o, pc•la sua
boa concavidade:, é aproveit-1do romo rccipit·nte para dicosso;,, bem como
pá<1 para a torragem da farinha dC' mandi1Xa, e e:m certas emM'gênria<.
i:impc~tres, até praln-. para iguarias.
l. ~uimb. dt' kulaiua: c\·.:iru.1r. Alus.ãu ao ctl•1to lax.1tivo.
Muculo, s. m. Aln,.:i que cspüntanean,t'flll' se rnani.fl~W l·m pt~S('S.'i.lo.
A ~ua .:ichtaçJo pndc ~fl•ctuJ r-se, nu logo que 5(' lilll'rt,.. d.:i m.:ilt•n,1, ti~•
'll8 {),j( 411 H11A lf "º
\1uhind.1•, !Ir,. 1 l,r:indr ,trvnr1• do ~e11,•ru l i<"U'i.. muito pdl't' id.! l'O"n
1 • mult..,,b:
En,.il.:' ·\ fil'l'rJ d,1 enlTl'C,1..,l,\ 11plir.r--...• n.:i conil•rçÃo dr o·rtus p
r.1mn,t<)S rituais. L l]U.indu ,..,,- c,tr,;ii .i c,;.i,;c,1, ,1blílld-!-(.' primt•iru 1:om uma
'hOl.'d~ qt1l' s,: atirJ paril o i:hJn, a ~rl;'!d t'Xi:-;tent,: Jll':!l!xl jrca Ma<. proferin•
do-sre uma supllc.1.
Dad.\ .1 sen1elh,mça com d mu!embn, supri.' esta .irvore o o;('U emprego
em umbdnJ11. ·Na Jalt.i de handa, ,1 mulemba toma o seu nome."• Pondera
uma -...-ntcnça P,:)pular.
T. t.jULffib.
~1uhefo (e ou ê). (Pi per guineense Schumach.), s. n1. Planta vivaz com
caule -.emilenhoso até 3 cm de grossura, sarmentoso e muito ramificado.
sei,..-urando-se nos troncos das árvores, pelas numerosas raízes curtas,
adventícias; fruto gltiboso, mucronado, de 4 mm de grossura com um
pedicelo de 6 mm de comprim~to, dt' cor vcm1elh.i nn maturação.
Encicl. • Portuguesmente, esta planta e designada por cribcbeirn. Hcfr.,
~ o nome do fruto.
T quimb.
Muhengue, s. m. Coroa de ldnguilador. Puramr-nlo de nlédium.
É constituído de uni aro dl' pele dorsal de palanca. pílcassn ou ~to,
rt-matad o em ponta .i longad a. Aos lad ose ,1trás, prt:ndeni-~ vertica lmen tl' tl'eS
pedaços dos extremo!> dJ~ caudil!. do.~ referidos antilo~ A ,;ali~ncia d,1 lira
funrion..i de pega. O pa r,1mento !! uso do en, 1x1ssc..,~iln til' Mutak.:ll\1mbl.'I.
1. quimb.
Muiji. s m. Geroçilo. Fam1tia.
T lJUJmb til' Ãr11jila: prl~"l'Ól'f-
:\.fui<,so, s. rn. Pil.:itl (niln t•m !ient n:~J- ~1ão d,· ~1,1l Pau p,1r,1 pil.1r
fir.t'i. lnd11i:l-rnrn11.
'111 1 >i,i ,ia J IIIA f t,a,J,u
m,11<; usual cm l.uand.i, .io p,1sso que ,l de N7í'ln1b1 i.i Ng.in.1 o~ nu 1nh•no,:
s;obrctudo na regi.ia do C'uanzt1
1 qurmb.
Mulcmba (1 icu-. Wcl\Vll'l1;ht1 \\1nrb ), Arvorl' dl• st'J\,, t,.,h
li I
atrngrndo 2 m Lt1p,1 \ olun,o a ht•n,I f, 11LJ, 1nu1to r,1n11íl, ,d.i
f n , 1 1 m urnb 1nd11 o ga1lho utih.- 1111 • t11n\o h~ sclP" d , ,t1,,11!0il,
21 1
pJril illls de n1agia dt>fl•no;iva ClU ·lensiva. L"ll.,trr. pata eft!ito ritu,11 indi,-1o!õ
do que> intim,,mentc {'>l;!rtl•nce o 1 pertenceu .a .1lg\Wm.
J\ port. (h\ 1.tuimt, k-u,, 111.~
'1 {\ 1 ( , •• A .. KIJIA li ,,.
o
•
Ohilo, ~. 111. 1:,11ecunl'J1lo, cusn onde ~L' rL'.1hza uin funeral, bem como
os suhseque.i1t<'s rituais.
Adap. do quin1b. trunl•i.
"Ú m.1chos). l)n p.:il .inc,1 prt>ta, reparte•!'lt.' uma subespécie: a palanca prelo
~1g,111tt' t•·h ppolragus n iger va.riani),
Dcturp. do quimb. palanca.
Panela-dos-ca.lu.ndus, s. f Panela de barro simbolicamente omam~tada
,.,. recheada com diversos produtos, usada no ritual de evocaçào de e:.píritos.
Assenta sobre um pau triforcado, espetado no chão. Em precisão
vocabular, e:>r.:prime: pa11ela-dos-esp1rifos.
Adap. do quimb. 1n1/Jin-ia-i/1111d11.
Pancla-dos-maculos, s. f_ Panela de barro simbc,licamt!nte ornamen-
tada e recheada com diversos produtos, usada no ritual de evocação de
1 espíri tos de antepassados,
En1 precisão vocabular, exprime: pa11,·la·dt1.<r,n1kpas~ados.
Adap. do quimb. r111[1i11-ln-makiili1.
Patacanha, s. f. [)uplo ,1nel dt> i:orda!I unidas Ol,-lOf>l.amente crn doi<:
1 pontos. r. cxt. Cordão de folh<1gcm c~pt•ci,11
Usa-~1· ,1 tirac,110. É f"-'ita de fibra do.' l.'ml:,ondeiro ou de mc1bel<1. S..· o
pi!ramentol' consagrado a espírito,;., é be~unt.ido, de 4u.indnL'm quando, com
uma 1ni!.tur..i dL• Sl'rradura de tacul.1 e azeite de palma, pelo que .ipt'\'S\'nt,l
un1<1 cor cncarniçildA. Ma!' ~ con,;.titui ob1ecto dP luto, i!- tinJ1;1dn dl:' preto,
h1m1andt1. juntaml'nlc cum a rorda ~•·•ament,1J fm11kJ/,.1 ua Jr.111K1Tll.<iaJ t· ,1
domba, ,l lri,1de .Jenominada t'"l.1rd,1i1-,1,1-n111 t.: (n11l:,,.. , -ia,katun,<,?al. ;\ patacanha
•
de folhagen1 dL-stina-"-1.' a nlos de p:t'mE.'OS.
l. qu1n1b. d<.' k11.Joi.a11a. estdbclei."'f.'r t"Ontarto. A.lusilo .i Junção.
Pedir a dua, 1. v Pedir (o orulhstJl r-:,r 1111.'lO dt.• rito 1propna11o. 1.jlH' o
G:u,:láverde medi um qul!, nJ inictaç..io, :«1rvi.'l.l nwngm dossatrihrios, 5f1:fL'J{U1•
um f)(>U1.x1 de li<lni,tut• pt•ln n,1riz, --imbolitJmenl-e re-c;tituindu o ingerido.
Paríl t-1!, nutro~ mt.>diu1,.. em \-olab1:rração simultãru.•., 10fn·m \'árias
induçõe,.
l.lK t IIICA• .. IIM . h ,l'-l
remba•de-ngola-kiluanji-.k:ia-samba(pemba-degola--quiluánji•quia·
·'-<lmb.,J. s. t . D1•signação da cin2a. quando aplicada em unlbanda. A cinza,
ritu,1ln1ente tu ncionando como pemba.
Adap. do 9 u imb. pen1bo-1a-11gola-ki/ua11ji-kia+sa1nb11.
Pembelc (bê), s. m. lnvocação aos espíritos ou almas dos extintos,
bt>m ainda aos mestres vivos, proferida no início de um trabalho ou negócio,
a fím de se obter bom êxito. Súplica. Graça. Felicitaç3a. Congratulaç,lo. lek.".
Pr:dir ns ,: rogar a protecçâo sobrenatural.
T. qu..imb. tv. de f'úllba ia udele (pemb.i de ,1lm,1).
Alusão ao poder ~renatural.
Pepe (é ou êJ, s. m. fruto do mupt.·~-
A semente, do t.1n,anho de fui1ci,;:a. F'°'~u1 propnt•dadt•, medicinais.
Dt> t?nt re out-ro:; m.ilt•s, emp~a-~• nn Jebrla~ntu de çóhcas e Jx,lid.1<1. Fn1
c(1Jicas, ma~tlga-~e um r,u dois ~rãO!> ªf'l.:-n.lS ~ ingerindr, o sUt\' r. 1•m l't·ld.i,;,
aplit:,1-'!C como delum,1d()Urn. Contud(I. i, ~eu ol!'o. ""tr.iidri sub a hlnn<l
Llc rnua1nbu àb>11a ol~O'<,l ~.;pec1fic :ambem utih.:a na ('(lndiment<l~,io
culindria
T quimb.
Petelu (Jlffiõ/!1), ~. m Ri 11~. l)esignação.al>n_-vi•dil dL ntid.1J( e,;piritu,,I
[\•dro ~ 1.iz.irt1 rui,] existe!'lc a de- ,, 1eu n-.. antif. o n.inu Jo e· mgo
.\qu1n1b. J., pt'rt. Ptw'tl
Pil.Jo, .,, m. _.\Jmc-.!,1rt1. de ITldl.ir.."1ra 1, :O ;i,,:: cauJ:.. c.scavaJ,l. {) gr,11,
l' nào a m.i1l. Quino (,:,rn designatilo~ quimbundo), Bras.. nduá.. L'~uá-
11.\-o., dt' d1' t'r"o5 tamanho&. d1."lldc
0
'.'l!I peq-~·· n :,s, i;ot,n-tt1do 1;1ra
,a trih1r.i,·,lo d\· dro)!;i-.. m~icam;..ntosa, os- m!'di .. grandes, p;ira ti
d,,-..:a.~u,· e t;1rim,·á,l Je :-reaL (.._ JIIl{I l.'I míL,u, • m.t~bala, o m.i ·ngo,
l'tç.), T,11 ~-...im<tn~1 ~rasiL t'll\di?JE"'-1~e un;,.x.-sK" idmtifiam_ l."G'lst1nr>m
e.; pili'II.-S ('" rnoinhi;,-.. p-.'PlJU"'5.
i;,Jo .is 1nulht•res qut• f'>-l'L't1ton1 n 1.-irt>f,1 dos pdoes. hntrc l'lb cn,nada~
11.1r.1ici, qu,1ndo o l,llinr exige 11111iur esforço, duas ,nulht•res SOl~Hn altema-
d.imPnte nl, 1nl!!.1no pilao, nu1n<1 cadê11ci,1 dL: bo.ilid.is. M.ii; {•11to:1ndo canti•
g.1s ,1dcl1L1,1dns.
'J'. port.
Pi1ão•dl••1nuene-kongo, s. 111, l'ilj1i sí111bolic.in1L·r1tc oma,ncntado e
l'L'Chl~.1do con1 diversos produtos, usado no ritu.il de ,111ul,1~--ão de protestos.
() rnesn10 qut> pilti,l-dos-protcstos
Adap. do q11i1nb ki1111 kia-111ueni·•l·1111~0.
Pilão-dos-protestos, s. 111. Pilão sin1bolica1nentl' ornan1cnlado e rí'-
chPado c1>n1 d1, erso~ produtos, us.ido no ritual de anul.1ç5o de protestos. O
,nesrno que 11i/iio-de--1111«·11t••ko11go.
Adap. do lp1imb. ki1111-kit1-11111l1,>k11.
Pito,~- n,. Prin,eira vítima de um ieilíceiro, efectuada na pe.:,soa de
um parente prt'>xinio (como pai, n1ãe, o prin1eiro filho), a fim de refinar o seu
poder mágico.
Se o 1n,1leiício se destina a proyorar .1 n1ortt•, é por enfeitiçamento dl'
morte que obté1n tal vítima. Mas '-e o n1aleHci,i tor para don1inar 11-, .,mor, e
pt:'IO incesto <JUe Jevtir.i iniciar-se.
1'. quin1b, de kuliituln: levar consigo na passagem por u1n lugar. AILL'-êi<'
a obr1galorícdade do d,1no.
Pôr as con,·ersas no chão, 1. v. Expor minurinsan1entc un1 dSSuntf,
para averiguação d,1 verdade. Rel..ih1r c.11, cirft1n!-lílnL'1<1S cn1 que dccorrC'u um
episódio, para ap11rn1nl ntL1 df' rL•spnn:,,1bilid.ides.
1
COnlO o le:io, n onça, !x-n, ro,no pen.is e e.p,,r[x~ dl• grandes avl'.'S, co1n11 a águia,
o con.11âo. E o distintivo ritual, apenas guarnecido d1• jimb.imhns, para uso em
dctt?m1inad,1r; c1tlcrntldades.
1·. quin1b. ,ic kujinga; glorificar. Alusào ao simbolisn10 dos ncessônos
Quilamba, s. 111. e 1. lntérprl•tc das scrL'tas. Sacerdote do rulto de
ta1:, entidadl'S. Proc:edentc de quituta, nasce fadado a con1unicar-sc com
semelhantes sere:.. Pt,~sui o privilégio Je tr,1tar todos os males ocasionados por
eles, ron10: doença~, cólcras do mar, estiagens, infe:.taç&-s de fera::-. En1 caso de
cólera, obtén, a ,-al1narin: de e-.liagem, a chuva; de infestação, a e.x-pulsão.
A predcsllnaçiio carateriza-se por u1na anornalia: ou un1a depressão
no alto da c.1beça, Oll Lim recurvarnenlu dos pés, ou uma inacção dn~ m.ios. O
que, no entanto, não aprl'5ehtanJo nt>nhurna dessa~ caracteri-..ücns, revela-se
atra\és di:- rentle11te ent't>rn1idade. Por ndivinhc11,~ão de quirnbanda, aclara-se
enwo o mistérjo.
T. quilnb. de k11l111nb11/a; bcsuntilr, 1\lusiiü illl bésuntan1l'nto de l.:ima
que pr.itica no paciente.
Quilau, s rn. lncci;to. Uniiin s•~xuc1I entre par('J1tl'5 pt'Ox-in,ns
T qu1mb. de k11/n11k,1: l,111,;ar-se cn1 dcsgraç,1
Quílulo, <; m. Almn-}1cnad,1 Alrnn quC', po, l'spu1ç..10 dl• (Ulp.1!
\'a •u 1a pí lo mundo.
J qu1mb. d< l:u/11/11/11 v,13111• 1r.
1
Quimbanda, s. 1n. e t Curt1ndeiro-adivinho. Nt'Ct(imante. P,c.orci<tl.1.
1 \la~\'>. r ext !\lh.'l!iro. Benzedeiro. Todo aquell:' que busca a anunciação e
1 intt>rpret.l~,io dos fuctos. ütravé_c; dos mais variados processos.
O qui.mbanda tr;ita as eiúermidades, diagnosticando por adivinhação;
1
dt.•be\<1 o,-, azares; restabelece a harmonia conjugal ou provoca a inUnizade;
1
a.inO?de poderes para o domínio no amor ou para a anulação de demandas.
Embora não seja esse o seu verdadeiro mister, também pode causar a
1
morte.
' Nas matas ou campos, aonde vai en; busca de plantas medicinais,
oferenda, antes da colheita, il região e ao solo, isto é, aos ~e.res sobrenaturais
' que habitam esse~ lugares, ou uma moeda, ou vinho, ou quitotô-1..,..maluvo,
dizendo: "Antepossados, tributei-vos, vin1 desvendil.r rc111édios." Se não
reverenciar essas entidades, ou não vê o que prOl-Ura, ainda que abertamente
exposto, ou o produto c;e lhe toma lnefica,..
T. quimb. de kuliá111f11: desvendar
Quimb.md isn10, s. m. Cil'ncia de qu1mband.i. E'll:ercicio dessa profissão.
De qu1n1banda.
Quimbundo, s, m t-..1embni do grupo etniro do,; Quimhundos.
cli,;<;en1inado,;, na quaS€.' tolalidadl', ílú norte dt) rio Cunrua. lingu.i 1,1lada
ni"i- !'1.1 regi.lo. P
Qualqul'r língua alric,Hia. Pl. Pov{ls bnntos, demo~ru.h
l"JCt.
Quinjita, 'l t lnrl ida de ret,1lho!. de buL•ta cni.;arnt1dt1 '-' azul, de pc1no-
t'n1 t' de f1us de n1abcl,1, Pnod.ida com novt• n,'is.
t: <;J ~. cn1 j~ito de pulsei ré1, no pulso esquer<lo e torno1.1•lo d1re1to, e
por ,1.:-anh.1111l'nlo, presa a uma peça de roupa 111tcrior. Destina•"'C, por morll'
de m,1ridu ou pJ1s, a itn1,edir gr 1vcs perturb,1ÇÕ<'!:i.
1. qu1111b. de k, (grandeza)+ 1tJitr1 (,orclão ritu,11).
Quissama, :s 111 e i. Natural da Q11ic;,:;,11nn, ao norte do rio Cu.in:,,..i.
~- 111. DialC'Cto 1.il.1dL1 nessa região. PI. I'opula1;ã11 dessa áre.1, pt•rt<'nCC'nte ao
grupo ctnicú dos Quimbunch>s AclJ. unifl Relativo a essa população.
T. reg.
Quiss~cua nu Quissêcua (Jvtillt•tlia ar01n,1tic.i D111111), s. f. Arbusto ou
ârvore que habita a floresta caleeira do Cuaru2-NortL'.
Encicl. - Sun n1.1dci ra, resistente e aron1ática, possui propriedades
medicinc1is, qu~r en1 debelamento de dores de cabeça, quer de afecçôt.',
pu ln,on<1re1:t. r..1ril o eft>ílo, fricciona-se um taco num..i pt·dr.:i ou tijolo,
pelo que se vai mini.strando u1na pinguinha de ,igua. Em dores de cabeçd,
e..,f1ega-se a ral.1durc1 na testa, fontes, pavilhão auricular e fossas nasais. E
em afecçõe.., pu)mQnares, tomJ-se em bcberagen1. Tratr1ndo-se de crianÇ4-. de
culo, ministra-se o pó ,10 leite n1atemo.
Em umb.1nd..i, a sua serradura, bl•m cumo a de tacula e de quicongC'
emprC'ga-sc. mos separadan,cnte, (!LIL'r n,1 man1pulaçiio de bolinhas
denominadasfi//1os-dos c11/1111tl11s, tJuer no besuntatnento do corpo e roupa,;
com o objectivo de se rl'Vl'renciare111 os espíritos• rtlt1ul este úbscn.1d(1 l'm
clausur<1, assu1ni11do unt:'io o quarto n l1ua li1icaç.in de qunrlo dt· cui-· r ou
pc,pulnrmente, quarto 1/n "kuu;:11".
f qu1mb de k11.:<'kn· rol11r. J\lu~ão 110 pru,:CS<;l) dt> aphtil\• ~l
Quitaba, f. f,,1,lf>s.1, ou past.,, dP pnguh.1 ou f;l'rgl'hn, lron "u11J \t,
t.inh id Ido dPnlc ,, prove1nll'nlt• d,1 í,111.i dP h1g1ene
(\11nt"-!'.e dc~fr•i líl C'm fílrinhu rom açúcar, com bala ta-doo.•, mandioca. -
1 .i.mb•.'s os tubérl'ulos cozidos ou assndos- quicuanga, bombó, pão. ~nsUtui
~•tisqu<!ir,1 de merenda.
T. quimb. de k11lilba: estar pcganhC'nto como o lodo. Alus..io ao estado
do amendoim ou do gergelim, por efeito da trituração.
Quitanda, s. f. Mercado. Feira. Praça, Posto de venda de gé:ne:ros
' trescos. Pequena loja ou barraca de negócio. O que, em maleta, tabuleiro,
' qulnda, se vende pelas ruas. Loc. Fazer - negociar em determinado
1
hlcal.
T quirnb. de k11ta11d11: ir parct longe. Alusão d de.sk>cação.
Quitandc, s. m. Guisado de purC de feijão.
Pode st!r temperado com azeit(' dC' p,1lma ot1 b1u1ha. Ordinariamente.
1
come-se rom fúnji de milho. No entanto, t;1n\bém se frt7 acompanhar de
iarinha de mandioca, quicuanga. boml:tó, mandioca cozida, batala--<loce .:o-
1ida tiu assada
T, quimb. de k1//rnrd11/a; t,l~ftilT. ,\lusão ao de,.;cascilmen!o.
Quitande iro, l>. m. O que vendt> n.i quilc1nd,1. l't.'\Uen<l neg01.:ian1c.
Vcndcdnr ambulante. IM q11it.:n1J11.
Quitoto (ôJ. s. m. Varicdadt' de cerY~il d~ milht1.
O 9uitolo con,;titui a bebida hp1c dil-. populc1ç()('" de l.1.1..ind,,
:\con1r .1nh,l, dt> n,anhã, o tradic:i~,nal roo'M!'lituintc d,.. col,1 e- ~t•n~ihrl'- Nt,
hebcrrte da-. mi,~s dL' ,;utr.i~io, toma lugar de h<>nra Jt' entrr ~ ,·arios
vinhv§ europt.•u-. - vinhl,-,1bat.1do, brancll t' du r,)rto.
T '-JUimb. de t-ulotoiu1: h~.1r lra~mcnt.1do ,\llt!ão an proct>s.,;o de ,\pli-
t·aç.iu Jo milho.
Quiloto-e•n1alu1,o, -s. m. RL•-s1duPs dt' bcl-iida ll.•nnentad.1 dL· n11lho.
<'lo l'!1·· utili1;ido• na r~rar.-i~1o Jc dico ..soi;.
,\J,tp. dl1 qulmb. k1tot1,. ni-ma111m,.
Qui111ta, s f Gcn10 Ninfa Ser el)p1r1tual terre.-stf'l'
As qu1tuta5 \ iv~m cm tocl.l a p.irte, con1c,: matas, rios, cac1n1bas
monll.:'>, rochas Ent'arndm, ou por símp..1t1a, ou por reabilit.1ç.io, P podem
pro, 1r da -.. ia p,)tern,i ou rndlí'mJ d.i patern.1, quando o pai c1n c;uur,
deambul,1çõer,, trouxe Lons1go um dL>sse Sí'n--S; e da n1atemn, quando um
anh'pas5adu assassinou umd n,ulher gravada en1 cuio \ enh't' se fom1.iv11
un, indivíduo de'is.1 e<>proe, ou ainda, ,;e J \;íllrna t~r.i .issin1. Nu primeiro
caso. dPnon11n,.1-se de ~n11pat1u, e no segundo, de gt'rtiçao. Qualquer que seia a
proa..-dênl:1.t, t.11s filhos 1n.-..p1ram 1dolatna ,1os pais
r. qui111b de k11tata. transport.ir Alu!>ãO ao n1odo de encan1aç.io
Qui1C!111be, .::. 111 Alpcndrc 111ortunr10. Recinto corn toldo, par,1
l'Xpo~ição ritual de C<1d.ivercs I ig. Óbito.
Destina,-sc fi.<, t•ntidadcs qut• n.-rebéram poderes espirituaio.;. ro1no ~obas.
C,11,,1dores, qu1n1bandac:, .:i fun de lhes st>ren1 pre:.1<1d,1s det<•m1inadas fonnaJi-
d.,de~ Para o efeito, t' o cadã,-er a,;sentad(l numa cadeira ou anru,«_'ão sin11lar.
T. qui1nb. de f,12er desgostar. Alu!>àn ~ conlrarlcdade que
k.111.e111bt'5tl"
•
Tacula (Pten){·nrpus tinctoriuc; \\'eh,•.J, s. (. A r,·ore bastante elevada
que :.t-. C'ncontra nns ravinas de lcolo e Bengo, florestas Jo Cu.inza-Norte
e Cu.,nz,1-SuJ, bem conhecjda dos colono:.; a suu ma<leíra é vermelha ou
esbr,111quiç.:ida con1 veio~ vermelho:,, <;cndo n1túto procuradil para trabalho~
de 1narcc:n,1ria.
Encicl. - A madeira, pt>sad,1 e re,i~tenlt•, dificilmente é atacada
pela bro(.-a. En1 u1nbanda, a sua serradura, hen, corno a de quicongo e dt:'
quissécua, obtida por fru:cionan1l~n10 num tijolo ou pl•dra, pelo que se , .11
ministrando uma pinguinha de .igua, empreg.i-se, ma~ sepnrudamL•nte
quer na manipulação de bolinhas, denon1inad,1s .fill111s-clc,::.-c11Jundu~. quer no
lx.$untamento do corpo e roupas, con, n objectivo de SI.' rl'\ erenci,,rl'm °'"
t">plntos • ritual estt• obscrvndo e.111 clausura, assu1nlndo l'ntoo o ,1uart\, a
quahfH,1çao dt• quarto dr eu11zn1, ou, popul11rn1t•nh•, q11a1to do k110'"'1
,· J
};_ 9uit'nb. lil• k11la (pôr) +kr1/11 (u1n dos L'i. vcrnãcs. da Jrvorc). Alu!o.i!l
,lll emprl.>go de su,1 serr,1dura, e111 besur'lta mento do corpo e roupas.
Tanga,~- f. \ 1estimenta. ·rudo o que, cm jeito de avental duplo, pendendo
d.i cintura para as coxs1s, vcla as nádegas eos órg-âos sexuais. Pano que, cingindo
o vei,lre, descai em idêntica velatura. Des. Antigo pano do traje regiorul
1
feminir'lo, constilufdo de certo tecido grosso de duas faces, então denominado
l'Ulll'-dn-w..ta. o qual, jW1tamente com mais dois iguais aos do vestufirio, ,;e.
fa,·ukludl· d._. n1ndi~"l·~. a·n·e dl· intcrmt:di.iriu emtre íl\l e,;pirilt'l!:t l' íl'I ,·i\·1""" (_)
n-Ofmo que- d u ml~, m1J//i1 ~ fr.raJLndu e •nuíl1tt·,l1'-t5Cl'OZ'idüi.J l\r a.<... i' ilho-..1e -9,1n•
t, -,u c,1v.1 l1--dl~~1ntn. CJrõi-"-~' a mt11/1,. que 1, ~ '-'m relaçSo atl esplrito illlu.tnl"
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l\11l'\flSTROS DO CUL ro 35
INlClJ\y\0 l)O XINGUII.,\DOR 51
CERL\10:\1t\l_TS~10 D(J XINGUTI,ADOR 11 l
A OI\11N1-lt\ÇÃO 117
RITOS Dl\1 ERSOS 125
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'ELUClDAR.10 163
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.b dit ç,~ q.Ll 11,hl,um .n ~1 ,n4~ /};.·,,• \)ll.11 (ri, lmd,{f,1 ,v.ri•ki Ci:"'I 1~11r:vi, 111/Jtu /,xxr,fCJJ. ~ 11:J:r m
irofdtt, lrn-.kni t!t (~ t,,,.. trr.i4.1 0/üi Ji lhm ih tifi.1lt1. ti! f!,n:,gd (l'fblJ MtJ.h, ~d,'t$1l.~ ,t, ~,1-
'l.rtad d, 1.\-J Ô, l,n:ro (11,68) ii.mru d_, M.TTm dil ""'Nl'iOlt ,Ir, l,li.l, ,f.1 (dilJ'd ,Í, Af'fld,, (lnj•,) fm lfl1J. 0 ~ Ili
e;t.nhd, ttr1l o fr'l'rnk> ~ da {dhni r ;i,·lc~ n.,· l'.ill•'em«' li, l.riir1d<rfl B mil\~ ""l ~ n ~ , 11.mnr..
cv•rre,•Í> ~~lÍ/1 (i,,w:r"lf1 ..4,111d111t•.
~;d, li' ~ rnl,H d.• tM!lf'Jl'lh" ow ~lo ww-.kiqlá&o i a 1J•trf/lb'l4 ih llJIJ alrn m,, r.ím
ar, . d, ro- W,;°í:t D<Y'! p.i/.t111I~ IU .lü'I i, l.'(o,gt•i,, o/r,1 ,1 IJ•aJ IY>tl\lt/lJ 11n v,-&!,, 0:11/rbJ!" jl<rl r arilt!Ch:t1 I
iltlf"'1..:dr!L!llri <J.t mi&.hl, Wf)íJ,nt
,, ~ 'u-. d m Ar.~ •~'"''*/.d11 lq1tll.-m1. dp,, ,~. lom o r,WtJl/o, IÚl)l'açiõ ,-d! o!rv !ll'Yl .. 'i iµ>
,, 'íl -•·- n,; ,J/rq-.o.,J .e f'TJldmtl ct, rnro 1V-. P/1'11 ~ {F'O]a 1.r fflJ n1lrru ~ :11.1 Q'lt\?rif,a: dlb • "°'
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