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APOFTEGMAS

a sabedoria <los antigos monges

trlldução do grego t' nol:IS de


1). faca vão tletcencourr O. S. B.

E0IÇOE "LUMEN CHlllSi 1"


MOMtlro de S lcnco Càu pMt&I J '"
••- - klo d, J...,ro, RJ
"FONTES DA VIDA RELIGIOSA"
Vol. 5

COM APROVAÇÃO ECLESIASllCA

@ lY lOICOU t(UMíH CMll$Tb - ttO ot J.uKIIO - 1m


APRESENTAÇÃO

•APQphthogma• (, uma palavra !lt'lllt8 Que slgnl­


Clcu edito bt'Cvc•, par collS<.>gulnte •sent�ni;a, mãxl­
mn... • Aportcgmos dos Podres• é -0 designaoão de
sontenqas bNves p1'0fcri<lus po1· ftnli�og er-i»t.ii"osi ('jUf.J
vlvlar:n no deserto, praticando oração e ascese; er-.im
semencas que propunham uma d<1Utrinll, uma not·ma
de vida espiritual, ou narravam um episódio instru­
tivo. edit:lcanw, da vida desses ascei.i� ; referiam
a.sslm dlt-OS ou feito;; de r-0mosos homens de virtude,
O ambien1e em que viviam lá.is homens antos,
t,, em Poucas (lala,•ras, o seguinte,.
Os Apflftogm1is nos transferem parn. o Egito ou,
mui� ,�m,morrtc, pru-,1 o [lróxfmo OrJente (penlnsula
do Sinnl, f'ule;;tina) rios s('ruloA TV/V. -e então a!
que cometa ri norP.Scer o modo (]e vida cristã que 6
o Monaquismo : C1'í8táos r!11s cidades SI' r()tiravam
para o de.�erlo, ond1;> JJQSSAVílm n ri,sidir a � ou em
comunídad.e (cenóblo), a tlm de !le entregarem to­
tnlmente a Deus, orando e purlflcando-l;<l dos vlclos
com mais desimpedimento. A sua ooupaçiio era o
trahalho manual, geralmente, a tecelagem de !t>lha&
d� palrncli-a, linho, com 8$ qual.r confcccfonavam cor­
da , cestas. est1>Jras: e.� al'tefatos eram ocasronal-
5
mente vendidos nu clda�e mais próxima. e oom o
•cu preço os monges t'Ompi-ovam o tl'li:o neCés,,'tirlo
ao sustento próprlo. Estn ocupação et'tl n preferida
pos-que não 11b:;orvia mui1o o espititQ e pem1ltla fa­
cilmente qu� a atenr;ão do mo� ,;e voltasse para
Deµs e a Ol"llçâo, enquanto n.s miios estavam ocupa.
daõ.

Q• mong!lS não raro 1am l r uns com QS ouu-os.


prim:lpalmenlr os jovens (chamados •lrmllos•) com
os mais vélho,; (çlitos •nnclüos, O'J cAbad . • =e pai. ) ,
a flm de se L11s11·uírem e edíticorem sobs-e nssunto
dn perfciç.'io crís1ã. Por ocaslfio dc;isas vtsltns é que
ge111Jmenle · · orlglnavo um �r,ol't'l'glll!I, Isto i!, um
dho ou um relto famoso. E:ss apottegmus, pun.
gente$ e lmpn)SSlonant • eram Rtiardados na ml.'.lnó.
rín de quem °" testemunhava, e r<-petldos n outros
monges. de rr.gláo em região. de .prncáD em gerMi\0.
Dlfw1d1d0$ oralmente no inicio, foram ,•m breve CO·
lt'Cion�do,; por escrito pdo,, dl:io.ipulos doo monges ;
vârtas colec�s de npoflcgma.s foram assim compt.
ladilli, uma das quais e 1, que hoje apresentamo·, EsUI
t!ffil por ü1ulo simplesmente •Apoftegmas dos .Pa­
dTcs•: a sua co mpilal)áo �. romo julgam oi: !'rudho-,
do sêeulo V mesmo: refere dilos e feitos dos monges
dos !!<'é'ulosl\'tV (os pl'lmeiras monges) e de man�lra
bem fided.igna, �'Orno conclulram, após minucioso
exame, cr'itlcos católiaos � proteslanl . A éomplla­
�ão foi fr.i1a dlspondó-se cm ordem olfabétlcn os
nomea (10s Pad1-es (AbadcsJ autores dos Aportegmas.
A I radui:I(o po1i.U!l\lt'Sll dos ApoCtet;l"()IUI liegU
.:om ridt!lidade o origlnul grcgc editado por J. P
Mlgne, Pa.t-rologh, Gr:i.ec,n, t. 65. colwias 71-4•10. Pro­
curamos conoorvnr o esdlo ijlmp:es " cspont./meo, às
vct.cs lncimlco. dos redator que eram certamente
homcns simples, despretensiosos de lilcratura, multo
ciosos di;- conteúdo. Quando oportuno, acres<:entar­
·al!·à uma ou outra nota oxpllcaliva,
6
Talvez as normas e práticas dos Padres do
deserto pare<,'BDl au.stcrns demais e lnc.xeqülvcis a o
homem de hoje. À primeira vista, poderão mesmo
ser Udns como slmplôrhis e irrisórias.
11 verdade, reconheecmos que n espiritualidade
dos Pndros ()o deserto <l fortemente <:aractcrizadn pe­
los elrcw1sl.ânclas (épocu e localldadca) tm que ero
vMdn. Todavia css11 mll!lmn ewlrltuaJldadc Lem
i,cnt Ido nL� hoi ) para o <:rlstão: ela serve de ro!e-
1'1!1111 1 no dlsc1p'l110 dt! Cristo. Sim; Jesus exli:tu de
ló(iUJI amigos Wlml.O h\!.rQ!ço e decldido: , ucm niio
L01JU1 u suu cruz e me 111.'guo, 11do ó dlg,10 de mltt1,
lML 16,37 J. lsto quer- cUier que nüo e possivél ser
Ç1'1stiio Sl!tll dlsposi<;óc de m11gmm1mldadc e sem a.
cnpacidad<, de rem.lllcuit· a Luao paru poder ,;cgu1c
lnoond cionalrr.cnte a Cristo: cNão podeis servir a
dtJI • scnhore!lto (Mt 7,24).
Ora os anUgos mom:cs exprimiam essa total
dlsponlbllldade para o ScnllOr mcdl1JJ1te a vida no
d(.IScrto, Q slli.:nclo continuo, o jejum prolongado, as
vlglllas noturnas, o trabalho manual umJlde ...
rwJ� ruros são aqueles que Deus ch:ima a dct.r tal
IJPO de testemunho. l\llas nem J)Or isto o Sl)nhor dis•
penso de hc.i·oismo os seus sesuldore�: é em out.rns
circunstâncias q_uo o cristão de hoje devr exercer a
sua capa cidade de amor II Deus e ao 1>róximo sem
teri;ivcrsaçõcs. All6s, o próprio allad lstl,ilrião
(C'Ujo npoft<'i:ma se acha à p, 157 desta �'Olcção) pre­
dizln lucldamcntc o que hnvl)rlsl de ncont.-ccr e hoje
suet•dc 11Ml mcnlc; os cristãos têm cada vl.'Z menos
a possibhldude de SQ dedlqai• a dura.s práticas de
morúfknç!ío corporul, J)()i� 11s condições de traba­
lho e n p1•cca.riedode dns saúdes os Impedem i;em­
pre mais. Todnvln os dl�clpulos do Cristo são hoje
<:0looados no turbllbiio (!e grande e novo tenta­
(,'!l.o • . ummQão de reduzir n !é oo «1X>n1 senso• ou
de fazer do CrtsUanlsmo uma filosofia sem arestns
nom desafios, uma Cllosofia «su;,,ve, e tão &omen�
humnnn. Pois bem; aqueles que, em melo a tal
7
tormenta se mantõm Jncólumos, sustentando !iel­
mente o que a fé t11ntm de escàndalo e loucura (cf.
10-lr 1,2a1, são heróicos e (Otl � cspirit1.1tús como
o foram os Padn?s do deserto \segundo a lnsJm.1J.,çiio
do abade .Isquirião).
Ê, pois, esse_ heroísmo, que se oonslilul em de­
ver para o crlslão de todos os tempos, que o texto
d()s Apoilegma pretende mnnlft'Slar e �emplüicnr.
Po�árn os cristÜO$ dé hoje, au-&vés d.à leitura des­
�e. epls0clj0,!i. co111prc<.>nctw· que wmbêm eles ll!lo
chamados a vl1er em generosidade, sustcJ\t�ndõ llt>.
n:ntcmcnte n sua fõ nos dlos a�uols! Entendidos
oc&1.n persJ)CCUVJI, os Apoftegmns conservam sua
alualidade e slgniílcacúo. PO!<SUm, pois, por graça
d� Deus, mduzlr, hoje ainda, muitos cristãos a pro­
duzir O!! tnnos de vfd11 espiritual que, des(le a suo
origem. etc:; têm suscitado no povo de Deus!
Aproveitamos o enSPjo paro. agrade<:er muito
espc'<:Jn.lmentc (li; monjas dos Abadla.s de Santi, Ma­
ria lSào Paulo, SP} ,, Nossa St-,1 hora dns Graças
(Bel() Hori2ontc, :\[O) assiro como à comunfda� de
Nossa Slmhora da Paz Cft:apcce:r!ca da S 1rt, SP) a
vnllosa colabomção qup prcs1o-ram il edl,:é.o do pre­
sente cpletãnea. Quii Deus lhes dê, S'!mpre mais, as
graças do herolsmo e da rrragnanlmldnde(

8
PREFÁCIO

AO LIVRO DA ASCESE
DOS BEM-AVENTURADO PADRE (1\

No pr=te Jivro estão oionsignal:io,s n ascese


cheia de virtudl', o ndi11b·ãv1•! gimo,'(j d0 \•ida, assim
como ditos de santos e bem-aventurados PadTés, a
ttm de se fomentar o 1Alo, erudição e a imitnqüo
daq leii r1uc desejam lt'vnr com é-'<lto a vida celeste
e (lU(!r<'ffi trilhar II vi,1 que �-onduz ao rl"lno dós céus.
É prooiso s • srubií que os liBntos Patlrcs 011 quals fo.
111m S\?CtUnzes P Tlll1-<;1,-es d�sja ll<!m-avenLw·ada vidn
li.os mongttG, u.mn vc:t h1flan10Uos do nrudr Wvhto P
ccles1c, ,; rcpultutCio ,,.,r nada 1ur!o quo aos olhos dos
hom n, ,. belo e pt:\lcloi,0, porlin:rum cm gl'au mâ­
xlmo por n.:ttla rozer ostooruvomcnte; mos, ocUltos,
� cncob�fndo o maJorla da� su"!;; boas obras por um
l!Xln;mo d.r bumiJdade, PPl'COl'J't'>l'1m a estTad<I QUP
e çoníoemo De\1.5.

11 ► l� lntrt.,Juç!h1 , drnJ� n.o ( mullirul,n mct1mr, df"


Al!(lit,,)rmu (druln Vl.

9
Por conSllgulnte, ninguém nos pôda d=•er
ex tamente a vldu vll'tuosa dos me,tnus; ::t(flleles,
pot'l!ln, que multo se cmpcnl1'lrum a est p't'u()Osito,
consi,luuram por �l'lto pouca cotsn dos seus dJtt>s
ou feitos: e consignaram-,10, nito para ng1,ular àque­
les anclà<1�, mas [)llra tentar despertar 11.S �teros
� I:dl:lt.1ção. A mà.lorl;i, portanto, em tempos diver­

e =
sos, expõs sob lormu de rnlJ'l'Uç o, ein �Ulo slrnplcs
artiffcias, ns prunvros e os fojtos nobres dos
santos anciãos: poi$ .;pena., intencionavom Sllr de
pnwel,t.o a.o maiur uürut:ro IJU · ·,v-:ul l.lt.!' le.ít,UJl.�

·.todavln, ja que a nan-atl da mu1orin é con­


fusa ll destltuldn dl! ordem. cnusa orna dlficulclade
ao esph'ito do leitor, o quul niio consêgue ret,,r n
memória os dizeres fragmentários cspnlhados pelo
livro; POl" Isto Comas lnduzido.- a adotar n <IXflOSlçlÍo
alfabi!tloa, a qual, por sua ordem e pai· clara e
pronta comprllellSã.O, po!le sor de vw,tagem àqueles
que o c,ueirn.rn. Por ,,onseguintc, o que cortcerne nos
A411dc:. Antão, Arsemo, Agahlo, e aos de letra
11lf11. (l) Basilio, Bcss.�rlão, Bmjamim reunimos
sob a lel.l"Q lx>ta, e, assim por diante at� ôm ga.
Contudo, Já rtue hll aindtt outros ditos e rcltos ele
anciãos santo3. que nfio I rnzcm 08 nomes de quem
os profe.ri\a ou realizo11, x:pusemo-los em capltulos
depoí de completa a s •rle ai!abéUca,

Tendo pcrscrula<Jo e lnvelltiizado muitffl Uvrus,


tudo que pU(lJ:!mos �néontrar, nós o aolocamos no
!Im <los copltulos, pa,:a que, haurindo de tod.lls o.s
ronte,i o pt,:)vello d11 alma o delcltando-n()s com os
ditos elo PaiJres, os qunls são mais doces do qur o
'lllel e 0 fàvo, vivamos de maneiro digna dn YOOl\.CllO
a q\1e fomos chnmndrn; pelo senhor, e oonslgamoa o
reino elo mesmo. Assim sejn.

(.1) Jlá. �ui uma lacu.on nna manuerito,. a qu.al Ulf.l.u.Yl:l


nno )>réjndlca o Mmrullmonto>.
LETRA ALFA

A
i>O AltADl:l ANTAO

l . O santo Abade Antão, cert ·cr. sentado no de-


i;erto, foi llt"Om<>tirlo de /tõl"aiâj e grande lufüf.
Jhúo de pensamentos; disse ctTãõíí Deus : •Senhor,
quero ser salvo. e não me dcii<am os ()ElllSamcntos ;
que !arei nn mlnhll trlbulru,:ão ? Cpnio· seroJ salvo ?>
Pou,;o depois. Je, nlando-se parn sni<r, Antão viu al­
gu�rn, semelluwt.c a cJ(!" mcsmo, Sl!ntndo e traba­
lhando, a Sl?gt,lr ll!vant.a,,do-se do tmbnlho e 1-ezan­
do, pura de novo :eota.r-se e t= a c:onl11, e mais
u11w vt.11. 11;!\'llllt.U.c...se para â orai.ão; t.:"l"tl. um anjo do
Senhor mnnd11;Jo para ree1'1t(lct e robuslo1:er Antáo.
Os•u, este nm1u o ::in;o dizer: «Fnzc assim, e se.râs
salvo•. Ao ou,�r isto, Antão multo se al�11 e anJ.
mau, e, 05,Sjm fai1?n.do, ertt salvo.
2. ó mesmo Abade Antão, Cónslderando ntimta-
mcnt.o o nbi.'Sll10 dos julzos de Deus, prrguntou:
<, llhor, r,or <1ue {• que alguns homens morrem após
br ve vid11, eHquWlto outros �e tornam e�:t:rcmamente
v(\lhos? El por qun é quci. !llj'.!uns sã.o pob�s e outros
�1
rtcos? E por oue � mie O!l Injusto,� nrlrt��em, rn•
quanto as fUJ\I.OS sorttm neeesslillul ?, V'cl9-lhr, 1,n,
lliO, nm,'\ vot, dl1endo : «Antl\o, culdu d� U mr.smo.
pois lsto s.'io Jui20s de Dous, e nüo te conv,;m penP•
11•(t.Jos•.
::i. Algü�m ln!t>ll'Ogl)U o AbndC Amáo: •Que dl'VO
observar para agradnr a D�us?,,; O unoll!o TCS•
pcnrteu: · bserva o que te mondo· em qualquer lu­
P,Ur pnm onâo vás, tPm S!lmp1-c Deus ànte os olho�;
qunlgucr col�n mie CMll,S, i;mx:ura ter Q tesl(,tniJnho
dns � Es�rllurO!t; <'. de qunllJU<'r IUJ{(II' ('n,
que rcsldns. núo te movv� l�rllmrnte, Observo c>11ns
tr� colsM, r •�r,.j,.4 salvo·
'\ .\badr :\.nt!lo dlSllt' no Abad'-' Polmém (1) :
Esto (, o IU'lllld� labuto do home11t: (I..SSUmh•
5obre si mCll1\10 n culp� própria. du.1nto de Deus, r
esperar II trnla(âll 01� o 111tlmo SllSJ)iro>,
5, O mesmo dlss�: ,Nln�ucm cem tentação poderá
cntrnr no Dcino dos céus,. Suprlm.t'>, dl'll\ll, cn�
tcnt:ic6c�. e nlnc:w'm sem llalvo>.
G, O AbadC? Pnmbo Interrogou o hac!o Anfllo:
Qu" rnretr, Disse-lhe o andilll· ,Não con'flt'!S
em tua Ju,,1ka, nPm ,,. arfl'p;>.ndns rio que já P!lS·
!aO\J (2), c liê continente rlr llngun r d V<'Tftr .,
7 Disse o Ah�ctc Anriio: cVI tod 11S arma<lllh'tS
(!e lnlmko cmllctns sotir<' a trrra, e, g=endo,
pergunte): 'Quem rsc.apnrá o elas?'. Ouvi cnt..'lo umn
voz qua rnn dl?.in: 'A humlldodr'•·
8. Disse dé novo · <Hã alguns �l•e aonsom,,m o
coi'P!) em asce;,;e, l', por não lotem (115Cl'lcúo, S<?
afastam di:- Deus,.
Ili ; 11.u.t.)r.
(2,) � t\ d-, frlh.t1a jé l numt.odna ,. p tidoo..d 11a.
12
9. D1ssc de novo : •Do próxlmo dependem a vida
ll e morte; pois, se lucramos o nos:;o Irmão, lu­
crom011 n Deus, Se, porém, cscandaJJzamos o lrmão,
preamos contra Cristo ...
10 DiSSI' nlndo: «Como os peixes que se demoram
no lcrra icca, moa·rem, asslm tamMm os mon­
ges, pcrman endo fora da cela, ou vivendo com se­
clllarcs, R<! relaxmn do tensão da vida recolhida. I!:
preciso, r,ols, que, como o peixe para o mar, assim
tomlx'm nos oprp SC!mos parn o cela, para que não
ncon1cço que, demorondo,nos fora, squecamos n
guorda interior,.
11 Disse de novo: «Quem permnncce no deserto e
lá vive t ranqililamcntc, liberta.se ele três com­
llll l<"'I, qué são o dos ouvido$, o da conversa e o dos
olhos; só lhe rcslll um· o ela romicacõo».
12 Alguns Irmãos foram ter rom o Abade An-
ião para contar-lhe visões que tinham do, e
dele i!lber eram genuinas ou demonfacas. Ora
eles tlnh m um asno, que morreu pelo caminho.
Quando, pois, chegaram à cela do anoliio, este, an c­
cípaodo-os, perguntou-lhes: cComo morreu o vosso
burrlnho pela estnldll ?, Interrogaram-no: cUonde
o bes, Abade?> Este lhe· r fiõnd�u: cOs dcm6nli0!!
mosLrar:un-mo•. OI ·eram-lhe então: cPor isto vie­
mos perguntnr-tr, n lim de que não no engunM1Q�:
ll•mos vi� . , as quais mullttS vezes correspondem á
1-cnlltkldr•. ra o ancUío conwnceu-os, pelo exemplo
do nsnu, di' que crnm visões diabólicas.
13 Estuvu ttliiuém no d ,;rto R caçar anlmnls scl-
vui.'<'ru, quando viu o Abadc Antão em conversa
nl11g1'C l'Om os lrmüos. O nnciüo, querendo cintão po-r-
uudl-lo de que é p, iso d!.' VC'Z cm qunrulo conde&­
l'Cnd�r L'Om os Irmãos. dlssi;,-lhe: «Põe uma seta no
leu Qrc-o, e deixn,o teso,. Aquele a.s.,Jm tez. Disse-lhe
ct,:, novo· «Entcso-o mais,. Ele o fez. E novamente :
•Distende-o mais>. Rl!llllcou-lhe o caçador : cSe o
13
estender além do medido, romper-se-à o arco,. Ao
que o ancllio respondeu: •Assim tlllllb6m é pru-a o
obra d Deus: se além dJI medlda ent sarmos os
Irmãos, em breve romper-se-ão. € nrccssárlo, pois,
de quando em quàndo condescender com cléS>, Ou­
vido isto, o caçador !oi tocado � compunção, e,
levando multo proveito, que lhe coirunlcarn o anclllo,
T'l'tlrou-sc, enquanto os Irmãos, confirmados, voltn­
..-om poro sun. móroda.

14. O Abade .Antilo ouviu que certo Jov<:m mon11c


r�,.,ero um milagre w]a estrada: tl'ndo ele visto
olRUns ancliios em viagffll [atigados w]o caminho,
mnndou o osnos Si'lvogens gire • aproximassem
t'81T'cg m os ancláoS até eh rem à cela d
Antão. ra ()S velhos rercrtram Isto a Antão. Este
disse-lhes: •Para mim este moni,- Si" paret'e rom
urn-1. nove ch!-ia de mercadnrins: não . el se chegam
ao porto•. E, opó certo tempo, o Abade tão dt!
repente ])6$-. a chorar e pu.xar-re os cabelos e la­
mentar-se. Perguntaram-Ih l'llt·o 0$ dlscipulos: •Por
que choros, Abade? Respondeu: ,Cranrle coluna
da Ii::rvJa ru:nbo de c:nin Cfula,'ll do 1ov m moni;cl
«mas ide etfo ele,, disse, •e vede o que nconteccu•.
Foram-se, pol5, o� dlscipulos e el1CO!ltraram o monge
sentaclo sobre o lll'U colchão e chorando o pecado
QUr cometL>ra. Ao vrr os disclpulmi do Abad , disse :
cPedi no ancião que rogue a D<rus a fim dr que m
ronrecla cle-L dias r..penas, no l1m dos quais espero
ler snl b;Mlll>. Dentro de clnc:o dias, porem, o jovem
mon-eu.

15. Cc,-to monge foi louvado pelos irmü01, Junto ao


Abade Antllo. Orn este, r tx-ndo-o em vl!dta,
quis cxpc,·Jmentnr sll.blo suportar uma lnjúrlo ; "·
tendo vcrlffcnclo que não, �-lhe: «As$emelhas-le
n lll!l(l oldcia bem ornada na sua parte nnterlor, mus
por trás despojada J)('\os la�.

16. Um lrmão pediu ao Abade .Antão: ,Reza por


mim,. Disse-lhe o ancião: «Nem eu terei com-
14
paixão de tl, nem Deus, se tu mesmo não te enche­
res de 7.clo e ro.:w:es a Deus•.
17 Al,mrni ancilios aproximaram.se certa vez do
Abade Ant.ão, estando o Abade José com eles.
O ancião, que.rc-mk:J prová-los, propôs uma palavra da
Est-rll.ura, e, 11 partir ,lo rnénos velho, começou a in-
1crroi:á-10s sobre o sentido da mesma. Cada qual
rcspondla conforme II sua capacidade. A todos, po.
rtm, Antllo d!zln: •Ainda não acertllBte>. Por último
f1CrguJ1tou uo Abude JOSê: «Tu como !nterpreUIS tc,1
pelnvro?• Este resl)Ondcu-lhc: •Não sei>. Replicou
o Abade Antão: "º Abade Joi;l, cnconti·ou plonu­
m(•nte n via, pois disse : 'Não se!'
18. Al�uns Irmãos iam da ôltli< (l) em v�lta ao
Abade Anl.ão. Ao ijubircm no b:11•co para via­
jar, encontraram um velho que Já também queria
chegar. Os lnniios não o conheciam. Ora, 1cndo-se
sentado no barco, estes profel'inm ditos dos l?ndres,
da E.scrltura r ralavam uunl:lém do seu trabalho
mnnuaJ, enquanto o llllciüo, do seu lado, permwiccin
caindo. Quando éheganm ao .aneoraclouro, eviden­
elou-so que ig-1.1almente o valno la ler com o Abade
Antão. Ao � aprõxlmarem deste, dls,;c .Anil'io ao.ç
fnnilos : EnCCTt1trastcs boa companhia de viagem,
que l• este \'clho•: e oo wlho: <Encontras1.- bons
lrmüos eontlgo, Abade•. Dlssc o velho: •São bons,
sim, m!ll o cu!ntlll deles não tem Jll)rta; quam wcr,
ntm no csÜ,bulo e solta o bu11'0>, Disse Isto, por­
que p,:otcritJ...'71 tudo que? lhes vinhti i\. bocn.

19. .Al�1ns irmãos ch(lgllrom-.sc ao Abade Antão


pediram-lhe: «Dize-nós uma palavr,1 pela qual
srjn mos salvos•. Rcspondcu-lhe1 o anrJiio: cEsc\Jtas-
1 •s II B.=ltura? Está bem pnrn vós•. .Eles, porém,
replica1'àm , «Também de ti qu,,remos escutar al­
guma coisa, Pai>. Retrucou-lhes: .o Evangelho diz:
'Se algu�m te bofeteia no facE' direita, oferece.lhe
� .. "1!1J\o do Egito habitada pelo, mDfl...,
15
também a oulrn'• (1). Dl ram-lh : •Nõo pode­
mos razer isto•. Rrspond •u-1.h o "ncliio. «Sé nilo
podeis ofru-ecel' também a outrn, upm1n1 oo menos
numa ra�'t'- Replicaram-lhe: «!\'em I tp o podemos•.
O ;:rnclão rntâo disse: ,Se nem l9to podeis. n o mtrl­
buals o golfl(' (Jue recel)cstcs,. E responderam: ,Tam­
bém I to, núo o podemos,. Então o nnclão mandou
ao seu disciputo: , Prepara-lhes um pouco de min­
gau, pois estão doentes. Se não podeis Isto, n!io
quereis aquilo, que vos farei! Prcctsals de or.i(;Õe!;•.
20 ·m Irmão que renunciam ao mundo e dlstrJ.
bulrn os seu� bens aos pobre,;, ret�ndo. porem,
alguma pouca coisa para sl, 11pl'C!lentou� • o Ab:idc
Antão. Est , ao snb<'r di.çto. dl -lhe: •Se t qu<'n>S
tomar monge, vnl àquela aldeia, compra carnes, aplJ.
cu-as ao teu corpo nu, e, cm tal$ condições, olln
par.i r.á,. lrmão tendo feito lm. os dies e pás,
�nros dilaC('nl\'am-lhe o rorpo. Ora, no i'ncontrnr-se
com o ancião. •te perguntou-lhe sr fizera romo
havia aconselhado. O lrmi\o mo,;trou-lhe então o
corpo todo dllnccrodo: eo qu dlss<- santo Anlllo :
,Aquel,,;i que nmUJ1ciarnm no mundo nlndll que­
rem tt>r b<!ns, sõo dessa rormn dl'Sprdocndos pelos
demónios na luta,.

21. A cer o irmlio sobm·t'lo uma Vl."7 uma tenw-


cAo no cenl'>blo do Abadr EIIM. DP Lo\. expulso,
rol ter com o Abade Antão no re0t1t . Qunndo o Ir­
mão jâ estnva certo tempo com elt>, Antão man­
dou-o T!'Rrcssar pnrn o most Iro dondl' vlern. Ao
vê-lo, por&.1, os lrtôrí�cs de "º"º o r"r,ulsaram, e o
Irmão voltou ao Abndc Antão dliendo: •• uo mr qul­
. ram receber, Pai,. O Mclúo enviou-o (lc novo
mandando dizer: « m barco naurrai:ou no mar, prr'
deu u carga, e cs a com dlrtculdadP rol ·:il\'n e l<•v.tdft
para o tetrro; vo.�, [IOr�m. qu >rd$ ntfrar no mur o
que foi salvo,. Oro. os monl(es, trndo ouvido que
o Abo.de Antiio o C11vlnra, rereberam-no logo.
(1) Lt 5, 09.

16
22 O At>aclt, n1ão disse : •Jt�go que o corpo tem
um movlmrn[O n1uural, tJUl' lhe cl bem con­
t rmc, mns não ai;ie qu:mdo a ulma nrio ouer; esta
só Ih,• lnrllrn movlm,•ntos desnpoL�onndos. Há, além
dcsro. 011lra ,..,,peide cio mo lmcncos, que provém do
r· 10 dr (Ili<''"' allntcn\11 • aq\lfc:t' o corpo r.om comida
,, b••blda • n r:<lor t1u o sangur> 11'<:'obc destas, Pxclt:a
,, ,-arpo n 1,glr; por I to o Apóstolo di71n: 'Nií.Cl vos
inchrll•I� rom vinho, no qual há luxúria' (1). 'fam­
l�m o S,:,nhor no EvnngPlho mandou aO" di• ipulos:
'Cuidai pnns lJU" não Sí· lOl'nPm p ados os vossos
,·or�r.Õ<"I rm crâpuln <' t'mbrlni:ue-t' (2). Hã ainda
umu óutrn ,•spf'C'I<' cl� movimrntos. q11e ' própria dos
c,uc lulam, r sobrevém P<>•· maquln11cão <' inveja dos
demónio,;. , ·lm é preciso so.b<'r que três são as
,Sf)éclrs de- mo,•imentos do corpo: urna nnlural, outra
provinda do Nmsumo dos diversos allmcntos, � n tcr-
cl'lrn cn dn ()('los demónios•.

2:1 Dissr 1vmbem que DMJS n\o permite de51,;om


os combntcs sobre l'Sla �ração como �obre as
11n1 ifM, po)A •�bt• qu<.' é fraca e não sustenta.

24 Ao AbadC' Antão no de. nrto foi revelado · � n


<'idad<' hó a.lçW:m semclhonlr o ti, médico de proíls­
sâo, o 111101 dl!ill'lbul nos Indigentes o ctUC' tem de
�upérfluo, e o dfn lnt Iro cnn � o Trislu.gion (31 com
o· nnjos...
25 O>'!:SI' o Abndc Antão: ,T<'ml)() virá C'm que os
hnmrn� cntni:qu1'<'erl,o, , no ,,erem 0l"'u m que
ndo cste:fn louco, se t'l'ltllcriio contra cio, dlt.e11do :
·Tu lo co·. porqu" nüo scrâ semclh�ntr n te,;,.

2· Al1t1111� lrmá05 hegnram-sc ao Abad� Ant(w


� tlls&eram-ll1r uma polnvrn ,1 Lrv!IIC'O. Então
o n.r,c•lüo '"'lu para o clrserto, st.•gulndo-o às oculla.s
íl) Ef 5. 18.
12) 1..- 2). 34.
43) Snnt,1. S:u1t#. �nnt.n.
11
"
17
o A!xlde Amo.n s, que conhecia o seu costume. '):' n­
dO-SI.' afastado multo, o ancião d• pé em omçllo grl­
tova em alta voz : 'ô Deus. mlll1rlnl Moisés e nslnai­
.me esta palnvro,. E desceu u ele uma vo7. qua Ih
falou, Depois o Abade Amonllõ disse: •/\ voz Que
faluva com ele, ouvi-a, sim: a força, po�m. do pa­
lavra, n o a pereebl>.
'J:l. Três dos Padres costunul\'&m Ir tt-r todos os
anos com o bem-aventuraao Antão; riais cJrlei,
lnterrogn"11m-no ,;obre pensamentos e sulv1t,;il da
nlma, enquanto o terceiro se cttlava de todo nadn
pergunwva. O.:,pois � multo, tli6se-the o Ahadc n­
tJ!o: •Els tanto tempo b� que aqul ,,..ns e nada me
perguntas•. Ao que respondeu: e.Basta-mi' ver-ti-. 6
Pab.

28. Diziam que um dos anciãos ()<'(lira a Deus a


graça de ver os Padres. De fato, viu-os sem o
Abade 4.ntôo: pc�ntou, então, n quem lhos mos­
travn : �Onde elllll o Alinde Antão ! • AqueJo tcs•
pond�u-llu1: •No lugar Pm que Deus está, ai !.'SI ole>.

29. Certo Irmão no roostclro foi f.alsamPnll' acusado


de farnlcação. Levnnfou--ie cnlão, e !Q! ter eçm
o Allade Antãt1. A s�gulr, C!h�aram os innãos cl/J
ccnóblo .Plll'a ourã-lo e levá,Jo; I.' pu ram-se a a_r­
guí-lo: «A!<Slm !IZ!.'$té•. Ele, pornm. tlt'f1!11dll,H(':
«Nada dl$SO fü>. Achava-se JA 0r,ortu11nm('11k o
Abade Paínúclo Ccfalas, o QtrlÜ contou ta pnrl\boln:
cVl à margem do rio um llommn meUdo na la.rn
� té os joall1os, sobre,1eram alguns out n,s f')an1 uw:­
.the a m!iO, tis quais o mcrgu)haram nté o pose�,.
Enrao o At>ad� Antão �-lhes o respclto (lo Allado
Pofnúdo: •Eis um homem verdadeiro, capaz de­
curar e sa.Lval' os rumos.. G!ompungidos rwln pala­
vra dos anciãas, o� m,;,nges inclh'mram-se P<,'dlndo
perdão ao il'lniio, e, exartados pelos Padl'1?$, levimm1-
-no para o ccnóblo.
18
30. A p1,:,pó<;Ho do Abade Antão, diziam alguns
que se tornnra pneumal6Coro (1), mas nr.o
riuerfa falar i><'" e uso dos h()mens, pois revelava o
ciu<' 11contccl11 no mundo C! o qu(! estava para acon.
lCC<'r.
31 <'rto vc,,; o A.bnd Antilo recebeu umn enrta
do Imparndor onstJincio, que o chnmttvn a
on�'lanlinopln. 1"•llll<'rávn Sôbr(' o que farin, quando
fX'l'ltlUllou ao Abade Paulo, SC'\l cll<clpulo: ,Devo ir:•
Este r,,spond u-lhe: cS,. vols, mereces o nome Antlio:
l!C no.o vnls, 1\ bR.d Antão.
32. Alxlcle Antão disse: •Jâ não tc,mo n Deus,
mo amo-o. Pois 'a caridade expele o tg.
mor' (2).
33. O mesmo disse: •Tem sempre nnt<' o� olhos o
IJ"mor de Dcui:. Recorda-to doqucle quC' 'll!r.l
à morte P ttaz à vicln' (3). Odiai o mundo e tudo
qu� n•I� hn. Odini todo r<>pouso du cnme. Rtomn.
C'iíll a Psta vida, a fim tlC' vlv reles para Deus. R
dai-vos do QU<' promctc"1r• a Deu�, pois Ele o r-c­
(llrt\ de vfis no dia do juizo SoíN-i fomr, se.de, supor-
! n nudt>z, vigiai, arrrpendei-vo9, chorai, �mel no
vosso roro�io: prO'lal-,·os, o ,-aht>r se sois dlg110s de
Deus; dcspn;znl n carn11, para alvar os vossns almas».
3IJ c�rtn \'<'Z n Abndc Antão foi ter <:om o Abade
Amum nn monttlnhn da Nltrla. Quando se \'l­
ra111 juntos. dis�c.lhc o Abudc Amum, «Já que pelas
tuns ornÇÕC's se m11IUpllMram os lrmiíos. e alguns
dl'l s fllll'l'em conS1ruir morrulns km!llnq1111s para ter
trnn11iill1rlodc. , que éll�t/incla rlnqul mandas sojrun
Mns::ln1ídru: ns: nnvsti;; mnrnrln(;"!1> 'Rir respondeu: «Co­
mmnos i, hora, nonit: dcp"i� �alnmos, peroormmos o
<.h'!'l't1o "�xamhll'n•os o lu_gnr,, Trndo eles caminhado
(1) 1'n,1Ddn• do Esplrlto.
(2) IJo •J, 18
(n) lSm 2. 6.
19
;x,lo d crto ate! o r,ó�-do-sol, disse o ... badc Antão:
cJ1'a9amos ornç:iio e finqutmos oqul µma cruz: aqui
constl-urun os quo o querem, a fim de que os mon­
MS de li,, qunndo visitarem os <.lu'ful deP9ls \le ter
comido o �<'U mng,'O bocado à hora n na, \'anham
nsslm (1). e a fim de que o., çlnqul, nuantlo sair,•m.
fa;am o mesmo, e nem uns nem outro� tofriun per­
turbação pelas vlsltt,s mútuas• (2). Oro 11 disiànria
rra de doz" milhas.
35. Disse o Abadf! Anllio: •Quem bate a mass«
de fcr-ro, de.libera prJrnelro o que tara , foice,
espac;la ou machado As!llm wmb<'m n6s d,wemó�
dellbel'fll' qual virtude prQc,.1raremos adqulrh·, 11an1
que não bnbnlli=os run , ão•.

36 Uisse o.inda t1nc o obedlênc:la, unida à abstinên­


cia, $Ubmctc ns ft-ras.
37 OI= M novo : Conh� mon'llP.11 quf, ap(ls
multall fadigas, calro.m, e perderam o controle
da mente, porgu<· mrtriram esperança rras suas pró­
prias obras f negligenciaram o preceito dnquele que
disse: 'Literroga wu pai, e olc te unun�huii' !:l)

38. Disse UUl'lbém : •Se poss!veJ, o n\ongo deve


conOauLe dl,..er aos anciãos quantos f>á$SOS dá
qu (lunntrul çota., be n� cela, pttra si, certifica1' d
que não ófcndt• nessas prãticas •

20
1 Quando aln<la morava no paláçto, o Abade AJ:·
'li:nlo 1m,1.1 n Deus Cllzondo: ,senhor, çljrlge.me
(k modo <j1,te sl,!ja salvo,. E dnsceu a cle uma 11oz
que dizia: «Al'SÕnlo, f<lgc dos homens, e oorás salvo•.
2. O m�o. 1 •ndo.�c t>ettrado pura a vidl> solltá-
rln, qrou de .novo, proferindo a mesma prece. E
ouviu uma voz que lhe di2ia: .-Arsénio, foge, cala-te,
C$\1\ lf!lll4'1Ílo, po!s estas são ns ralzcs da imp!,'.câncln,.
3. Certa ..,ez apre_scnt01 m-se os demônios ao
Abàd AJ,sên!o na cela, atormentando-o. Ora os
que lhe servi(un," tendo-se aproximado e il�ndo fora
141 celd, ouvlt:am-no clamar e. Deu• r dizer: •Ó Deus.
ni\o me abllndon�; n:1da Clz d� QOm cm nua J)rO­
SCl'lg.�; mas, conf<lrmn a tua bondade, concede-me
l nncnr n princlplo,.
4 D/7Jam a rcsfl!'lto dele i1ue, us.�im como no pa-
l()◊iq nlm:uêm l111Íll\'ll veste mr>lhor do gue ele,
aS$im tnmb .m na i;::rcj� nínit1.1ém se apresentava com
veste mais ,dl do que t'le.
5 Disse nlguêm ao bem-aventurado Arsénio:
•Como� que nós ruicla temos (de bom) em çon­
seqUêncla de 1�nt11 crudli;âo e s;ibedrirla, ao passo
que �stes, os cnmponese.• e egipclos, possuem tão
grand virtudt!Sh Respondeu o A badl! Arsênio :
•Nós pclu t'.n11Ji�iio do mundo nada temos, enquanto
estes, os campoll<!sos e e,glpolos. �!lo p.r6prlo labor é
que udquirlram as virtudes,.
r. C<!rtn v1'1. o Abnde Arsênio interrogava 'lltll �­
clão cglpcio a rêSpciro de seus penSamentos ;
21
outro. vendo-o. perguntou: tj\badc Arsanto, como é
que tu, que ppssuis tallta t!rllil!Cúo romunn e g�,
lnterrop;as ,-ste c11m1iilnfo a resoelto do., t<'OS rcrw••
mentosh DI •i?-lhc Ars·11to: «Possuo, sim. s erudl­
�ão romana e gr •a: o a1fitbel , porém, df!llle cam­
P nio, ainda não o aprendi,.
7. Pt1a ve:z o b<-m-<1venlurodo e.rceb�po Teófilo,
11companhndo d<' um magistrado, to! f.l'r com o
Abade ANiên.lo. PediJJ no andão '11.le !hf.>'< rlrl!Sl" 1\
ouvir uma pnlnvr11. Ap brev mt,arvaJo de s11.;n<-I0,
o ancliio rcs?()n/lP11-lhP· «E, se cu vos dt ,,. n pa.
lavrn. guordá-ln-cis?, Prometeram guardâ-la. Dis­
se-lhes enliio o ancllio: «Ondc quer q ouvirdes •s•
tar AI'Sênlo. não vos aproximeis de tnl l1.1gar, (1).
8. Outra ,•e2, qurrendo de nO\-o o 8.l'f'ehlspo ir ter
com <.'le, mMdou primeiro snher se o nnclão
nhrlrla. Es1c Tcspondeu-lhe· ví,,l'l!S, abrirei pn.m
tl: P, 1,e nhrlr pnrn tl, hei de abrlr fllll'll 1oéloR: m
ui! ra.so. pore::n, não mnls !llc QUed.arcl nQuh. 1'endp
quvldo 1$10, dlsse o nrcebispo: •Se é para expulsã-lo
que o vou prt.>(lllrn.r, n.'ío mais o irei procurar..

9. m Irmão pediu no Abnéle Arsêt:1l0 guc Ih (lesse


a ouvir uma palnVTa. Ol�St'-lhe o ancião: •Com
todn a ('l)n:a que tcn.'l. lula pera quo n tua lallutn
Interior s ln conformr Deus, e vetlCC'l."âs as pa lxoos
extcrtort>a�.
10. Olsse tamh m: •So Pl'Offl.U"armOJI n f)(,IJ!t, apa.
rc.�-no-s-á; e, se o &\1ard=, permanecerá
é0llOSCO�.
11. Dísse alguêm ao Abade Arsênio. <Oti meus
p!'nsaml'nlos mç amgem su�crlndo-me : 'l'l.!.\ó
pod jejunr nem trnl,a.lhar: ao menos sal a vll;i\m­
O$ doont.-s, J)Oi.s Isto é caridade'•· O anciDo, que <'O·
nhedo as sugestões dos dcmOnios, disse-lhe : <Vn 1,
( t) T6.ltmullho d, hum!ldnde • Mlbr dn vidA ••hn!la.
22
como, b!!be, dorme e nlio tm1'>alhcs; apenas ollo dei­
xes n colá•. $tibia, ('om efeito, (luc � Doteevel'!lill!/8
nn éCla íólQéll o monge nll sua ordi?m devida.

12, DJ1,ln o Abade ArsêJJ!o gue o mongt! esu-an­


gclrv em lNTa alheia cm nada se deve Imis­
cui,; ilesta forma ençonlnu-ú sossego,
13. O AbadP. Mortos pm-guntou 8'l Abade At'sênio:
<Por que fr.,81'-� de nós?• Rf:'!lpondeu-ihe o nn­
cl!íi;l: ,Deus Mbr c1ur vos o.mo; não posso, porém,
�stnr com Deus e com os homens. Os milha1-es e as
dll"Aenas d rnill1arcs de espíritos sur,cmos têm uma
s4 vontnd•·, enquun10 os homP.ns tbm muitas vonta­
des, Niio posso, por c:onscguinte, d!!lxnt Deus e vir
para junto dos homens>.
14. Uizin o Abade Dnnfel, a respeito elo Atade
�rsi,hlo, (fUC este! passava a nOlte Inteira cm
vigUúi: quando, ao d�ponlflr do clla, por exigência da
nature211, chegava a donnltnr, dlzia ao sono: cVem,
sorvo mtl\1!> Então, scntmio, do1"'1la um pouqulnbo,
r log_o se levantava.
1.'í. Dizia o Abade Arsénio quo ao mongo balta dor­
mir umo hora, se, de fato, ó-um lutador (1)
1G. Dlzla�1 os anal!ios que certa vez foram rJo:!dos
11os soiltârlos do Cétla eli;:uns poucos !li;t,s se­
co�: já, porem, que não pm·adron de v8lor nr,,hum,
nli.o mondaram parto oo Aoode An;ênio, h1J,e11ci'o­
nando pou))tlr•lho uma ofensa. O ancião, tendo ou11iclo
1$10, nAo can1pru·ooe11 11 sina, (2), alegondo: «Vós
(J l "ft�llf•téu = <, :u.l.eta. 19,imJth.•Amenle O\J, mu1t141 vez.ô$.
o Atl�t:o ctunpo,iu 11,qis jo,:oo públJcoi,1

(2) �.� ���w.::,o,;::,;: ,�':i, A[����.."r A!1���


r

1110-lt;, d�v{'t's.ntncntc con(orme o ,i:011tid.o e.xigldo !}'ltlo


ttu11('iQ(tu. Par "1inrucn" t!ffl 1,tutug-uú5 �tende-se ol·uç�
r;Qn\Ur'lt, muitos ve7.oa ocumpa.nbanQo a cc:fü.11.t:1çâo da
Eucàrl�

23
mo cxepmungast(ls1 rião me [nzencJo c11cgnr a dádlv11
(IUC DL>us mandou aos irmãos, por nflo ser eu digno
de n recet,en. Ouviram todo:; o � r.dífiC!!ram péla
humildndt' do ancião. O presbftcro então foj:Jhc bus­
car os Cigos, e levou-o com nlegrla parn a slnaxc.
17. Dl2,ín o 1\bade D(lll!el: •Tantos anos pc:rmanc-
ccu conosco e somcnt um uUlo ( l \ de alimento
lhe preparãvamos 1)01° nno; e nlndn. quanék> !amos
ter oom o1e, comlarros desse llil!o•.
18 O mesmo tllZln ain!fil a respeita rio AbM Ar-
senlo que só uma vez poi• ano mutlnva a água
de's foll,as de J)ll.lm lrn: fora disto, aporirts acres o­
tavn nova 1igua à úgua usndn; de resto. trnnc;ava
cordn e- �c;,zln ali a hQr-a sextll. Ora o� OJ;lclii:os exQr­
tarum-no, diwndo: Por qlll' niio mudas n âgi.ra das
p..,Jmas. já quf.' e�aln mau odor� .. Respondeu-lhe.� :
�Porque, em lugar dos perfumes e aromas de qu-,
gozei no mundo, e preciso 11ue eu agora absorvo tal
cheiro• (2).
J.9. OOlltOU alnda que, q\lllndo o Abode Arsênio
ouvia truiem maduro!! as rrutns dllS (ilvérsrui
ilrvore,;;, dlzia espQntaneamenle: •'l'ra:wJ.mas.. E
provnv�. uma vé'Z o.ix>nas, wn pouquJnho de co.du
qua I, dando gracrui n Dellll.
20. Ct1rta ve-i O Abad� A rsênlo, tl!Ildo ádbeddo na
Cétitt, i;ofria o indigência atê mesmo de u 1Jl(l
camisll ilc linho. l\l!io tendo tecmm l)llr<I comprú-Ja,
tl!leitou de algué.m uma L'SUJDln, P dL,;s,,· , AgmdL'i;o a
ti, Sefibor, qu� me lenham lorn:,do dll(llo d" rtt�brr­
uma esmola l!ll1 teu nome•.
21. A respeito d,Hc dlziam que t.lnllA a 1.(1 tLl'c.s-
ta<la à distância de lrinl.a r duuJ< mOhas. Níio
saia com factlidade; outros lhe presta,'llrtt os servl�'QS
neces;ãxios. Depois, Porém, quo fora tl<1vastatln a
(1) M'-'<l!d• ro11.. d• !olh.. d, t)Ul)llcl.ra
.
(2) At•tt:1u� fura. otieh,I d1,;. altu t?,:ttiigQ.P"ia no com
1mpcpol.
!14
Célin, saia em prantos e dizia: ,O mundo perdeu
R.oma, " os. monges perderam n Célia !•
22 O Abad<> M�1·cos P<?rguntou ao Aba.de Arsen!o:
cNão será bom que alguém nli.o tenha em sua
çela algum objel.o que o ccnsole? Pois vi um irmão
que po.ssula pequcnás ho11.allças e estav11 o nn=câ­
.,,,.., •. Rcspon1leu n Abalfo Arsénio: ,!': (,om, sim ;
de acordo, poróm, com o Len,pcrnmento do homem ;
pois, se ele não """°b•a•· forças neste gênCl'<I de vlll:t
solltAr!,1, voltará a plnntnr oul:ras coísas, (1),
23. O Abade Daniel, o discípulo do Abada Arsénio.
r�rrou: <Certa 11&, encontrando-mo l'U pei;to-clo
Abade Alexandrr, aeor:neltlu-o um..t dor. cm vldude
fia qual el<' 51! elrtendeupor terra, olhando pura o ali.o.
AoonLeccu, (lntilo, que o bem-uvunturado Arsénio se
chegou Pll 1'11 lhe falar, e o viu cstendi<ló. Tcnalo ter­
minado de falar oom,i, lntonclonnva, runda aeros,icn.
tou: cE q11em ara o secular que aqui vi?> Pérguntou
o Abade Alexandre: ,()ndt! o v!st� ?• R spondcu :
•Quando eu desct,, ria montru1ha. olhei rqui paru a
llt'\lta, e vi ttlgu�m estendido,, mar o c.!1.1 • Alt.>Xllndrn
atlrou-�e•lhc, cntúo, llO!i pé!;, dlzendo o �eu n rrep(!n­
rlin\enlo: •Perdou-mr-, rrn e11; pois a tlc,r mt.l domi­
nav •• F\,ispondcu-lhe o ancião cEntiio t!ras tu ?
Est:í bom. Jull!\,lei que fosse um secular; PQr lslQ é
que pol'guntel,.
24. De óufrn l'P.IL� disse o Abnde Ars-ln,o (lo Abade
Alexnndl'I"• •Qullndo tiver,1s ll<:11bQdo de corte,.r
os wus ntmo· d,• J)�ltneir(l, vem comrr romi,;p; i;e,
por6m, hegnrom pi,rngrinos, crunc �.nm elrs . Ora o
Abnrl� Aluxandro trnb�lh..�va num ritmo semp-re
iguàl e lt<ot.o. Vinda a hOr(I (/e ronwr. ainda tinha
rámos pnr corlAr; QU!'l'endõ cumprir a orelrnJ do an-
l t) O 4lU" quecr ,Uic;r: o pri'i•::u;i\o d,. mdo consolo b r«reio
IT'..fnunm)lP hllllt1H1·1 ,, prSUca di: ,·irh1lt·, :WU. m:.u
dóv(I r�r t MJHl1'4JIC\ J1�ln4 i,.ri�nl\1-.a ,JD í'!Rt m� dlt
Offrln lntl,v(dw;, n fim de qui• dtn nOO � es$'61,o J'Ol"
(l'Omoleto e, n/\,:, t«tLfh [\O ff"mu•N ,11, �í'I m�oe::tt!.
ctiio, resolveu acabar prlmcirnm nl!' os seus ramos.
O Abade Ar,ênlo, �nllio, vendo qull tardava, comeu;
jUl?,ll\l'll OUi' tulv!."Z JJir, UVO!'!,('m -0001'1'ld perogiitnos.
Quando ã tur(lc terminou o seu tmbalho, o Abude
AI xnnd11> tol-Sll, Pcf1Zunto1,1-llíc mtão o Ul1cláo :
-RllC�l=w h� ••
- Não.
- Por que então não v!e;;te ?•
- ,Porque me dls91lSte: 'Qu1,1nd 'Ocabares de
cortnr os 1s ram()S. vem', Ora, observantlo a tua
ordrm, não ,•lm, pol� hâ pou<'O (, que rermlnrl o 11·11-
balho,.
O nncl�o ndml.rou II flrlclllla<!e do cUsclpulo
dl"-"<'-ll11>: ,Rqrnpc 10(((1 o jejum, P<\111 ema dlltns o
tP.U oCiclo e tomes a tua âgun: se im não !!zeres,
rtn br!'Ve lldoeoero o teu (..'Orp<>>.
25. Crrtn Yl'Z ch!'«OU o Abade Arsênio II um Ju@r
on<lc havia <:anl,:os, qu� o ,.�nto ai;ril•vn. Dh;sr
en -o o llllciüo nos Irmãos : •Our a�tn.(,'ão ó (>!;Sn ?>
Resix,ndcra:n-lhe: •É de c:nni•os,. Acresccn cru o
ancino: ,Se alguém que l'StlÍ :r:mqUllamcnto sentado,
ao ouvir o canto dt> mn pnrdal, mo conscrvt1 11 mCl!lma
11-anqtlllidl)de em seu cora,;no, Quanto -ir.ah! v�s não
vos mns�rvarcls tranqüilos, tendo no l8do e nitltação
desses canicos 7-
26. Contava o Abade Dnnlcl que alguns irmãos,
devendo Ir T�balda Cl) por motivd tlt" fil'll!
de linho, hovlrun dito : •Dada a Oll82iilo, v-0jnmos
também o Aliude A.niénio•. Ora o Abaclt> Alc,rumlro
enll'\!U, e rc!� ao ancião: <lrrniios vindos d� Alc­
xandrla qu= ver-te•. Rl!spondeu o an o: •Per­
gunta-lhes por que r-OZã.o vlel'sm•. lnforroa(j!) dP 11W!
tinham ido à Tebnlda por motl\•o de fio� d� linho,
romunlcou isto ao anêlüo. Este resJJOnd�u : ,sem
duvldn, niio h!io de ver a face de ArSênto, pois
não por cnusa de mim, máS por· ca� do SêU tt:aha-

(li �6'> do E�!t,,.


26
lho é quo vierem. f,'a7.e.os repousar e, a seguir, (les.
pede-os em wz, dl;i ndo-lhes que o ancião não pode
n.v<,'Ql>l"•.
Z1. Cm·lo irmão foi ter à cela rlo Abade ArSênio
na Ct'lia, fl, olhando pew Porta. viu o .ancião
<:omo que todo em fogo; tal lmião era digno de ver
L"1Q. Qu;1.ndo o rnes.mo ba1eu, n()Rl1!Cl?U o nnt"i-JO e
11otou · q1,1c o irmíio <'Slava como que trrrlfi<:ndo.
Pi,rguntou-lbe então : <-Hh muiro t.empo que estás
l>t<Ltmdo? Visto alguma rolsu oq<1i dentro• Respon•
drQ: •Nfio,. P1.15,,ram-,;e, ()()Is, a c'OrtveTsar e, a
S<!g'l.lb•, Ars�nlo o rlci;pc!diu.
28. Quanrto C<'rL'l \<ez li Abadr• Ar'léllln morava em
Canopo. chegou de Roma, pal'n ve-lo, uma
virgem de linhagem senatorial, mtt!to clca e temente
a Deus. Acolheu-o o ll.tWblspo Teófilo, ao qual ela
pcçüu que convcnces:.e o ancliio clt> a •=bt-r. Teó­
fllo, Indo tl!r CGM e> Abrul!!, l'OitDU-O nestes krmos:
•Tal jm-em dl.' fwnllia s<•nálôrlal vlllo de Roma e
quf.'r ver-te>. O ancião, s;o1·é1n, não onsenUu em
rccebc-ln. Quanclo isto lhe foi nn11nciatlo, al.'l mnn­
d01>1 nrrep.,:· 01; cav�os, d!iel)du: <Corúfo em Deus
q� �i de o ver. Pois não Col wa ,;cr um homem
11ue vim. iâ qW'.' tnmllém na nossa rlàadl' ltil muitos
hometls; mas fol para ,,ct um J)l'ofcrtn que vim•. E;
quando chegou às pro"ímldadE'S dn oola do ancião,
e•·Lo, 1m· cliSJ10slc4:, dC' l}t,u,;, pa..O,SO\'ll nl.;ttn$ momen­
tos de lazer rom dn cela. Vi>ndo-o, cla l'IUU,ihc- aos
pés. E:rt� J tllltôu-n com indignação, e ntou-à di­
mndo. Se •11JCrMI ,;rr o meu sembiuntc-, ei-lo; oiho>.
Ela, Pon',m, tomada dt> confusão, não !l:iou o ros1.0
tio nn�lão. Dls..w rntão Arsênlo: Náo Ol),•isle falar
ria.o; rblnh,u; ol)rcµ;'! Po1•11 {'glas ê qur é preciso olhar.
Q,1110 OU,,'11 lc• ruzor tão lo�a Viar,cm pm· mar? Não
S'al.Jes qu és mulher? t>a,'11 parlo nenhuma e qm
tcmpq n�nhum deves sair. u s,•rá fJUe vk..;tv, pára
<1ue, ,•oltnndo n R•omn. �as diwr às outras mu­
lheres: 'VI t..1'Si·nlu'; e façam do mar a via de mu­
lheres que venham t;er comigo? Ela réSpond�u: <Se
27
aprouver ao Senhor. nho pcnnitlrel que nlguém
vellha (L!Jui: mas reza por mim, (.' rl!<'Ol'da-te =·
l>ft' éle !l'illl\•. Em l't!spõstn (!IS!!!! l!II!! •Pi!<:O n �IJ!!
gue apague do meu coração a recordação de ti>.
Tendo ouvido Isto, ela . ror pcrturblldn; e, quando
chegou à cidade. lnclcllu �m fcb�. dado a sun trls­
te'Zn. i,-oi então ro!erido ao br.m, a.venrurndo Teófilo
nrcelJisj:)O ,,ue ela estava doente. lndo 1 r com elo,
este perguntou-lhe o que tinha. Ela e1q11lcoa: c01mlõ
nlio UvPSSe �ndo aqui; p0[s disse no ílnel5.11: 'Lem­
bra-te d mim!', L' ele respondeu-me: 'Rogo n Deus
pars q.Ue de meu core.Qão se &pague n reeórctaeilo
de ti'. F..!s que ogora morro desín Ms\eza•. Disse­
-lbc o arcebispo: •Nlio sabes qu és mulbtr, e que
pelas mulheres o !lllmlgo combate os minto�� Por
!Sta é que o ancião [lllou de- tal forma. Pela tua
alma, porém, ele r=rã semprt' . Asshn se tran­
qüilizou o espírito ela vll'l!em. � qunl com ateg1ia
voltou para � sua p(\tJ'4,..
29 •errou o bade Daniel a respeito do Abade
Arsênio que �rl.8 V"7 foi IM' rom ele um ma­
g!,,'trailo. E.'it� lhe l<">'flVll o 1PStametno dr um seu
parente, de llnhag�m senutorinl. o qual lhl.' deixava
uma htmtnça muito 11vullndn. Arst'frio, 1enilo-se apo­
drrado do testnmento, q1.1eri11 l'!l$gá-lo. Entã:o o
mnglstrado cruu-lhc.- aos f)k, dizendo: «Rogo-te, não
o rasgues, pois que me �cria cnrtada a cabe(:lt>.
'Respondeu-lhe o Ahnde A'rsl'ltlo. •Eu mortl ante�
dei ; ele morreu hd pouco . E mandou de volta o
testrunellto, sem acclt.ir coisa a(IDrma
30 Dlzlam também o respeito clcle que, no nm
dó !lâbado, quando com=va A lw.[r o do­
mlngo, deixaYa o sol utrãs de Sl e 1!51.t'ndia mãos
ao eéu em oração. até que do novo l:lrilhassc o s,l
liObre. .i sua face. 01:!Sta tonna vivia ele (1)

28
3).. Oizlom dQ �de Arsênio e do Abade Teodoro
de Fermll!l que. rnni2 do que tooos, odiavam
a gl6ria doq homoi,s. Por cOnSégt.1.[Hte, o A.ba:dê Al'Sô­
nio J:loo recebia fücllmente alguém: o Abade Teodoro
n"<--ebia, $1m, mas apresentava-so como uma espadà.
32. Quando o Abade �nlo residia nas regliies
ão :Egíto Inferior, Já que er1', multo proouradO
pelD gente, julgou bom abandonar tal morada. Sem,
poJ�, !Pvl\r coisa alguma consigo. foi ter com os
sem, dlsdpulos faranitas /1) Alexandre e Zollo,
Dh1se então a Alexandre: d..cvanta-le, e entra num
barco�. Este assim fez. E a Zoílo dlS$c: <Vem co­
migo até o rio, e pl'ocura-me uma nave que desça
para AJexandria: � SC.1?1,!lr, embarca-te também tu
" reune-te a teu Irmão». zono, perturba<lo JlCr eshi
ordem. calou-se.
A.'SSim se separaram um do outro Arsênio e
Zollo.
Pçr conseguint.e, o o.ncláo desce.u pa-ra II região
de AJl'xandrla. onde velo� adocçer grnvermmfo. No
entNHcmpo, os seus disolpul0$ diziam um para o
outro: <Será que algum de nós entristeceu o an­
<llllo, do modo que nos tenha dclxaçlo ?, Nada.
porém, encontravam em si guc o$ aét.IS;I , nem
se lembravam de füe ter desohedccldo alguma vez.
Ora, tendo recuperado II satid.e, o anc;ião dJsse;
c!rel para junto de m1?1,1S Pais,. Assim embarcou-se,
e fel para a l'egião de Pct ra, onde se achavam os
:.eus dl:;olpula!l. Quando, port)m, se encontrava perto
tlo vio. uma jovt!m etlope ch�ou-se, e locou a. sua
mctote (2). O anc.ião 1-eJ)tt.-enéleu,a. A jovem rcpll­
éou: •Se es monge, retl.rtt-tc para. o monte•. Enl.áo
o nnoit,o, compun1tldo por esta pãlavra, dlxin em
si mesmo: •Arsênio, s� ê$ monge, retira-te para o
monto,>. Nr.ssn hera cltogaram-lbe ao encontro Ale.
(ll D• nglno de Fo.Til (�n,uJi, rio Sinal).
(2 b,l<i.nto rlot nntlgo• mon(!'6, orl111lnari11.1JUmlé f•ito da
pela dà clU1\Ci1'0'.
29
xandre e ZoHo, Como estes lhe caissem aos pés, tam­
bém o ancião se p1'1lcipi1ou por t rra; de ambas
paNL'S puseram-se o chorar. Arsênio enlõ.o falou :
• .-;r,o om•islC!! qu tive doq11t.e1> Rospondn�om­
-lhe: •Sim . E o anelão a ,-cu-ucm:: ..E por que, não
me íO!lt.eS ver? O Abade Alrimndt-c di : «A um
partida dt'Tttrl! nús niio nos f. 1 r,11,.,,,_ltosa; n1ultos
mesmo ficaram mal lmpi-es.sionodos, r.w.endo : 'S1•
nli:o ti\'é$Sem desobeclecldo ao ancião, 11(10 s tM"lo
ldo'�. R,:spondeu-l hc.s: •De 110\!0, ]'IOis. hão tle �l1.e1
os J1omcns: 'A poml)!l nrio t'>nco11trou pouso J)lltll seu�
pós, e voltou n Noé drnu-o dn nrca' >. Desta l'o1·mn
se unli:mn om boa paz. r pcmian,et.'l.l cx>ru cks ali'
o fim da vida.
33. O Ablld!! Danl�l referiu t r o Abade Arsénio
<'Onbldo o lil'guinte, como qun falando dt> ou­
trem; talvez. porem, se t:rala.Ss<> dei<? mesmo: <El .
tlll'ldO certo nncliio na c,>lo., d=u II cle um.a voi
que dll:!a: 'Vem, most.mr-t1•-1•l ns obm.,; dos homens'>.
Tel'lllo-;;e, pois, 1� nnu1do. saiu, e quem fwnro., Je.
vou-o para certo lugar, onde llw mo,nrou um ct OJlC
<t J·' L:PM11va lenha, e íl7J'l'll um grande fardo; [('llfUWl
carn"<lllr ri , ma,; não o podia; ora, l"m \>"li flp
tlrnr 11!1:o do fordo, dr novo _e punha a eort..11·
lenha, e nCTl'SC\'!Ill;J\'11,n à carga. Isto. ela o ln fn.
·z.endo por muito re,npo.
Tendo l'Hminhado mal. um Jl(>llCQ, aqul'l\l !11.U.'
fal,w�, de novo m0Sll'OU•lhi, um homem t'Olocndo li
mm-gr•m de um ln�; hnur!B áRtrn, drrmmava-A
nur a vasllha furalla, a qunl deLxa\'a ti àgun n <-o.ir
na lagQ.
Disse-lhe de novo: ,vem, m ;trar-le-e.l ulndi,
o 1.ra colsa>. Viu cntíio um templo e dois h<lmens
montados em cawl(ls; postos um em f<léc do outro.
IJ!lrrl!g.wam um lenho 111ave!l.'iáelo entre ambos; que.
rmm cntrat pela porta. ma.s nf,o o consegiú(Ull, !X)1•
llSb), o .lenho atravessado; um deSSl'l; liómen.� ná()
abal,cou rllentc do outro a fim do colo� o lenhb
m llnhu reta: [JQl' Isto permaneceram do lado d�
l'ora da porta. • E.-rtes !U'io>, disse, cos qu,• carregam
com sobttNlll Qilla cspêci.l de jugo de justlç,,, e 11ão
se abai�m a fim d� so tornarem rolos e cruninhar
o vi humUdl:' r.le Cristo; vo-r Isto p(-l'llla,ne<.'C1ní to,·a
!lo reino d� peus. Aquéle qup cortavà lél'lha, 6 o
hQmcm réu dv muitos pecados, que, em voz de fw.er
11enltênois, uc,-escenla uovas iniqilidncle:, aos seus
priçndos. E uqulll� oue lmutih água, é o hom<:>m que
prrtlica boas r,tn·,is, mM. por lhes lar mlsturudu algo
de mou, pru,:lcu tutnbém as boa$ obras. :t precl,;o,
pois, c1ua loclo homem e�erca o vigiláncl11 �ob)·c as
auns ll�Q<':,, a fim d� <tl!C nUo labuti: em vão•.
34. O mesmo coritou que carta vm: alguns dos
Pa\ll'<!S de Alexlll'ldrla fol-atn ver q Abaila AJ'.
r:;ento: um d�lPS era Uo do velho Thll6lc<0, arcebispo
do Alexand�lu t·h:unndo •o Pob ,.•, e levava consigo
um dos r.eus sobrinhos. Naqudu OC3Slão q ancião
acb'i'Vil•Be domte, e não o guls receber, par,, que
lambem óUtros llllO o fq�m procurar Q o ill'lpqrtu.
nas.�em. E.'IÚ\va entiio "m Pctra de Troas. Aqueles
$é f-oram. entristecidos.
Or,i dou.se uma lnyasão 1lc btlirhlll-OS, e Arsê•
nlo permoncet'u, ele es;,oJ"Jtijnoq von1adt'. nas , •
mõcs do E�to inforior. Sabrndo dl.Bto, rornm !le
novo vlslt.â-lo. e Ars&nio os rcellbe\:l oom alegria.
Disse-lhe enüill n Irmão nuP <>Stav-a com ele�: cN,10
sab·• . 6 Abade, QUP tt' fomos pl-ocllnir em Troos
� que niio nos )'{'tCbC'Stll!I'?• Rc�pondeu,n,a o oncií\o:
• v&., COm\$W$ pão, e bobestes ãi:un.; mas eLI, ó fllbo.
cm vcnlocl� nem piio 11pm ãguo tomei, nem me assim.
t<'l, l'allllf11mclo a mim nwsmo, até que tive a crl'tew
�� ql.ll! h,,víels cl111g11clo no osso destli,o, pôls pc;,r
c.nusu d!'.> mim vos l1JJhé!S fti Ltgadl). CónlLldo, dcs.
culpru-mc. il'mãos!• Elos. con11ola()Qll. se foram.
3� O mesmo ront.ltvn: tC<'rto dta chamou-me o
Aoodt' Ars1'nio, � cli$.SC-n1c, 'Reccmforta. t�u
Pai, a fim de· t1u.,, quando se for para o Se:nbor, ore
por ti e, si1jos bem suçedldo'•·
31
36. Dizlam a respeito do Abacw Arsenio que, ti.a
vez, tendo elo adoecido Ili) Cétlp., o presbil�1·0
o levc,u para a Igreja e o colocou sob1'e um estrado
fcu,·ado etc pcléS, pondo pequeno trovc;isruro dcllalxo
da c�a dele. Ot;J um dos ancl!los foi visitá-lo, ,
vendo-o sobre o estr;,do com um lrav�iro debaixo
da cr.lbeç$, condallzou-oo, e d · •: d:ste ·, o Abade
Arsénlo'? Em tal lt>lto é qll\! repo:usa ?>- Entiio o prcs­
bltero, tomando-o à -parle, pi-rguntou-lhe: •Qual !'rn
teu 1 r.:,balho em lua aldeia?>
- «Eb eru PIISIOr•.
- •Comq, cnUío, lcv11vll!I a vldn •
- •Vlvln cm multa tadlgu,,
- cE ngoro como levas a vida n:i �'l'la?•
- ,Gozo de m!J,Ís 11'pouso•.
- cV-es este Abade Arsênio• No século era
pal de Jmpe-radore,; (1 l. e lhP 11�l'ltlam mll servos,
gue Si! cini:wm d cln ur6cs dt> ouro, trllZ!am todos
jóias e vestes de seda, tapetl!!I de gl'llndc pre� se
estendiam sob os seus pés. Tu, ao contrário, como
pastor, não tinhas no mundo o bem-eslar que tens
agoni, a<> passo qu11 !!!<IP niio J.em a11ul o luX<l de
que des[ruta,-a no omndó. Por conseguinte, eis que
tu go7.as de alivio. enquanto este é atribulado».
Aquele, ouvindo tllls pai, vros, foi compungido,
e i>ros�rou-se rom arrep,mrlimento, dlzcndo; cFcr­
doa-me, Abade. pequei, po!s, sem dl.ivlda, tal é a
vcrdadelna vla: este velo para a hunillhneão, ao
pru;.<'() c:iue eu vim pw-:, o alivio•. E, cd!OCJldo, reti­
rou-se o onclão.
37 m dos padres foi ter com o Abade A.rsilnlo.
Quando bateu A porta, o tl.l1clúo abriu, Jul­
gando que era o dlscipulo que lhe servia, otnndo,
Põ�m, que outro era o vl.silante, caiu sobre a f,acc.
Es e disse-lhe: •l..evama-ti:>, Aba.de, parn (IU� te
saúde•. Respondeu o anc:iGo: •Não me Jevant.an1I,

32
enquanto nJ;o 11> fores,. E, rogado durante multo
tempo, não se ergueu, ot{, que o visitante pál1.lu.
38. A rospclto de certo Irmão que fora ã GéUa
para ver o Abade �nio, nurt'llvam o se­
guinte;
Entrou nn l!Jrejo e pedia aos clórlgos que lhe
fiu>sscm cncon ror ó Abàde Arsênfo. Dl�-lbe:
•Sossei;n um pouco, Irmão, e hás ele vê-lo,. O mesmo
rei rucou; cNadn provarei enquanto não o encon­
lrru••·
Om, Já qu<? a cela de Arsênio ra distam�. rr:um­
dornm um Irmão que nprPsrnta e o peregrino.
scntnrnm,si,=
Tendo Qnddo porta. entrarnm, saudnrom o ancião
sUênclo. Dlsso enti\o o irmão da
Igreja: ,Eu me vou, rogo.! por mim,. O Irmão pe­
regrino, não tendo ll.nlmo mra falo.r ao ancião,
d ·e: «Vou l.anibém cu contigo>, E salram juntos.
Este rogou então àquele: «Leva.me a ver o Ab,,de
Moisés, que foi ladnio•. E fpmm ambos trr com
t.e, o gual os recebeu com alegrln e. depois de os
llnvçr U-atlldo aruigavelmrnte, !IS clespedlu.
Dis�e então o lrm!io que condll21rn o outro :
• J;:i:r, Jevci-tc parn a cotn do estrangeiro e para a
cela do �pípclo. Qual dos dois te agradou h :Res­
pondeu : •Som dúvida, agradou-me o eglpçio•.
Ao ouvh- o rnto, um (!95 pndl-es orou n Deus
11 lcs ll'rmos-: cScnbor, fa:,:e.me entender isto: um
foge p()r t:ausn do teu nome: o outro recebe no
colõ por cnt® do teu nome>. E ris (lUC lhes furam
m Lradrui duns grnnd!?" nnves no tio; numa viu
o Abado At'liênio e o Esplrlto de Deus .a navegar
m so ego; na ou1 ra viu navegar o 4bàde Moisés
•' os anjos de Deus. os- quais a ltolsés dnvam a
1'0m� favos de l))ol.
39. Contavn o Abade Dnnlel: •Quando o Abade
Al;l!énlo e,;tavn p.qra morrer, mandou-nos:
'NM vos -preOCU()i'is e.m fazer ágapes cm su!ljglo
33
de minb nlma (1); pois, se protiqu<'l a candacle (2)
em meu ía\/Or, hei de a nl'Ontrnr'>,
40. Ouando o Abl\de Arsénio e·tava pl'óxímo da
tiíorte, perfm•hilram-se os seus discípulos. Dis­
se-lhes então; ,Ainda não voto a hora; qllAl'tdo vlcr,
eu vo-Jo direi. ID!i de scn· Jul!mdo conv no lrt.'­
mendo I tibunal, cas.o deis a algulir.i o m�u !Orpo>,
Rotn«!arnm. Que ÍID'!'tl!OS, pois que nãó sab,•mos
sepultar?> R pondcu o tm<-Jilo: < ''ão salJeis 1·
uma col'dl\ 1m1 torno do mt'u p6 e I vw·-m,• P1l.l1l u
mnnt11nha ?, EJ·n l'St a rrn� hobltual cio nnctao •
,An;én!o, pprouc IP retir.iste dn murtclQ? De ter
C.tlado. nl't't!()<! dl,m,, ncultas vees: de tní' ter calado,
nunr�•. Quando estnvn próxlmo do morte, viram-no
os irmãos a chOrJ.r, P d r:un-lhc: TcmPS nm-
�m tu, d" rato, ó PaJ? ndro,lhes «'a rea-
lídat!P, n temor quP no,it oorn (>:,q>E!rimenlo. me
acoUl1'filJha dcrr.lc qw, mr torn,,i m,tr.1g1?>. , •estes
ff'l"IDCS arlormN't?IL
4J Di:zlrun qu1>, durante oc,0 o 11'.'!nJ)O de sua vida,
estAntlo �le ,;ent do " íltZi!l' S'1U trabalho ma­
nual, tinbl! um p1'daco de pano sopre o peito por
C'!lusn dar. l.âgrlmn� (l'U!.' lhe corrinm dos olhos.
T!!ndO OUVldo OUf' !? l'lt'l'()rn, d)i;se o Abnae .Polmt\m
em prantos. Fel� lls m, Ahsde ,�o. nots cho-
1·11S1e- o ti mrsmo 1nui n ·•e mundo ; com efeito,
nquelc rmc nfio chora a •l mesmo aqui. Jt pura
sernprí' hú tlJl chorar. Port.into, soja 11t1ul por
r1) "Á�ft".. t- cn.ddnd, 1 çh&mn.VJlrM' Utt\Sl reff'i(i...> tJ<t
tu.11l:tet- ...-1í"10,,.., •l."'ro1 Q\11' num::im.sva f,:n�r ,
ruur.rda.,tr-. i-ri• a o.n. �. Pairw.m mui ,ttnid
�br.1' o • nt',! t-xa"t">, 1\ t- .t:6rla do in!'M' ,. f'flln•
� th:tr <!om u.. Er.lcariaU11.. Ce:rt.: li qc,·, (•.ut nlg-un..­
fDvntctL. o àg:t.�. ;ic.t\trf)lahls do pr« t!.1'4 ct"lt,...
brado nr, nu:n,6:hl • ..,rr4i:i,, d°' deíun\QJ, o que
J\U_('-Ce p�nnopoctõ n\!at.a JJQti :t"'fn ÔQI; Apo(�-wr.
la!' frcqüenti.:rn.-nLr n Td �W) !ti 1?"..t(I"" ••r-2t olbJ\d�
a J.itu1tt dt A 1-.1moln J>,\F& t�, b fnr.flgimd� d1 1.rm •
J)()'b;e9, 6rfntt. Yi(1vt1s.
(2} Agnpo.
34
pontrmc,a vontade, seja lú por causa dos tormentos.
{, imr,o,smvcl núo chonu->.
'12. Réferlu a rt'!lpl'lto dPlf• o Abade Danlél que
jrunals quis 6X]1llcnr alguma questiiO da Sa•
.grada Escrll.ur , cmboro o pudesse se QU!scsse.
Tnmbém nijo nrn prl)nto a csert-vl!I' carias. Quando,
pcrlodicamenle, ;,. à. Igreja, ,;i,nl:tva-51! at râs ela co­
luna paro. qlli' nlnzuêm vi.<sc a sua roe.e nem �le
olhn.ssc parn algui•m. O :;cu aspecto era angélico,
como o de Jacó; tinha a eab<'lclra toUtlm('nte branca,
o corpo graclo,:;o : ••ra clcscamado ; lra:da tlarba
Jonlln, l')ue lhP pendia ati·• o l't!ntre; os cl)!os dos
olho� lhl.' Unham caido por tanto choraJ'. Foro de
nlta C'stntura: encurvou-µ, po�m. a v<'lhlce. Chegou
n ldodc de noventa e cln<'O nnos. Quarrnta anos
pa..<.sou no puli\rlo de Ti,odf.;:o t �o. dr s,intn
m<'mfirla, !�ndo-� romo pai cios di!;ní$slrnos (prln­
clprs) A.-cádln e Honório: no a.',tio p0$30l.l quor ta
MO'!: drz, em Troas n,'\ Bl!bílõola superior, diant·li)
de Mênfins: três, cm Cnnooo dE' Afpx1u1drla: e, os
otrt ros dots anos, ele 0<: viv I de novo <'m Tt'OBS,
ondt> ndormeceu. ndo con:,mnudo em l)llZ e no tf'ltlor
de Deus o �u c,urso, !l01nue •�li homt'm bom.
cheio do E:splriln �:mto r, lle f(i• (1). •Delx.ou-me
n sua túnica de nele. a sun ,:,nrnl•.s brnnra de cilleio
e os suas sand1Jlns de folhas de palrr.cira; coisa.�
qu� eu, embora indigno, usei a ílm d,:, cr abl'll­
ÇQ;Uio>.
43 ntou de no,•o n \lxldc Daniel a spelto do
J\budr l\1·si'nio: Certa wz eh.'Ul'IOll °"
meu.•
PalR, !>" Atmdrs .Alexandre e Zoilo. e. humilhando-se,
di.,<i!-lhes: Pnls qu(' o� demônio:. me as;altam <'
n�o '!<li S(> no sorJo me insinuam sorrntclrarnente,
<10 menos estn noite lutai comigo e observa! se odor­
mrço cm ez de \'leiar' E asscotoU•S<' um à sua di·
rrltn, o outro i• esquerdo, ficardo toclos em �llêncio
o partir rio a11oiteccr. Depois disseram os meus

35
Pal�: ' 'ós çlormlmos e nos levantamos, e não obscr•
amos se ndormeceu. De rmmh cedo, por m, (Deus
l!llbc se AM!ênlo o rez apenu pafil que Julgássemos
que adom,c •111 0\1 se, de vel'dad , a J'or·ll!I do sono
o sobrepujou) sop�ou lrês veze e logo levaJllou,
dliendo: Realmente dormL R<'spond�: 'Noo saw.
mos'•·
41 Em cinda oca$1Ilo fornm procurar o Abade ,.•
sênlo olguns nnclãõs, que muiio lnslsllram parn
vl).Jo. Arsênio nbnu-lhes. E pediram-lho (Jue lhe�
dlS:lCSSI! umn palavra a respeito dnquf?I que vlv<!m
em sollcláo e com nlo��m se- a,•Jst,un. Rl'Spondeu.
-lhes o ancião; •Enquanto n virg('fll Cdtú em W.'"1
d,• seu pai, muitos são os quo n querem desposar;
d�,iois, porrm, qu� oulr03 u lou,·ani, ru ·lm Já n • o
l!07.a da c-stb q e possu!a antes, qunndo vivia
ocull1l, '!'ais . ,o também as coLo;as dn :uma: S& são
publicadas, não pn<IPUJ sn!Í1i(az,1r a todos>.

00 ARADE AGATA.O

1 Olasr. o Atiad Pedro, o dlscil)Ulo do Abad� Lote:


-.Estavama certa vaz nn celn do Abnde Agn
trio, quru,do foi ter com rlt> um lnnõ.o qu" di21a
·Quero morar com os innlios; di7,..•m•• mno hei <!
viver com eles,. Respondcu-lhr o andlio : •Como
no primeiro dlu em quo IJ) rhl,garos n !es, 1 lm
todos o,r dias da tua vidn <'On.<;c!J•,,n a tua qunlldndo
de estranho. de modo a nlio t rc>s famillnrldudc> çoni
rles►. Pergun1ou então o Al��de Mn<:ário: �E qu
lmporta a rumlllaridru].� Ri•spondcu-lhl' o nnciiío:
cA Iamlllarlllndc se pa,·MJt• CQm 11m ctllor multo
Rrdl'.!Illr. o qual, &emprr ''"'' se pr·odu,:, ntugento
t.odos e destrói os fl'\ltos cios �•or(!S,. Interrogou
o Abade Macário: cTão d:lninhn assim scrlt a ramJ.
36
llorldndr?, R spondcu o Abade Agntáo: cNão hã
outro 11í<'IO r>!or do quo n tamlliarldadc; �'Orn €!feito,
� a mall"I,. de todas as pslxõe�. 11: preciso que o
orx,rnrlo llJ nílo r,cpcrimcnL<• famll!a,·ldudc, me mo
quo viva a SOi nn cnlo. Sei QU€! um lrmüo. 1 ndo
morado multo t1 mpo cm $Uil ceio, onde hovia um
lrlL01inho, dis.'IC : 'Trrla mudado de cela sem Ler
percebido nom mesmo o lei ozlnho, se outro não
me I ivc.ssn ••hum:ido o ntcnç!io'. Um tal e! rcalml'nle
,ip1•rârlo l' gucrrelro,.
2. DI. ,, o Abadr Agat.iio· •1': preciso que o monge
nüo d b<(' qur e consc!õncia o acuse cm coisa
nPnhumu
3. DlsSC' tnmb<'m: ,Sem a obscNàncin dos prcccl­
LOS divinos, o homl'm n!io progrld<:> cm uma só
virtud,• que s»ja,.
4. DI,..... ainda Num·o Adormeci Lendo alguma
co,sn contra alguém; n<'m, enquanto o podia,
d<'lxcl que nlgufm fosse dormir tendo rui:o conlrn
mim,.
!i. A �11rito do Abactc Aqntâo diziam que o fo•
ram procur:ir alituns homens, os quais tinham
ouvido dizer qu,, possuill gi-a.nde' cllsé mfmnnto. F:,
qu rendo cxporlm •ntnr <,e Mfurccln, diSS('rnm.
-Ih ; •Tu és gatfio?, Ouvimos a teu respeito que
�s fornl ador ,, soberbo•. R.cspond�u : • De rato,
n.<slm �•- AM nll).ram: <Tu ês f\i:otão, () tngamln
r dlfurnudor? R r>ondeu ,sou . Disseram mais :
•Tu ( A!lat.ilo, o hcreltl'?• Rt>Spondou: cNáo sou
hrrcg� . SOllr.it:i.rnm,no, cntõo, nestes tormos: ..n1.
zc-nos por qu� ó que ncclt:isto tão graves coisas
(l1lC , dlsso•mos; <'&to 11!1 lmn, pori'm, uão a supor­
Lnsl •·. R1.•spondr.u.thrs: •AquehL•, cu llll ponho em
mlnhn con1n, pol. súo 11,, proveito õ minha alma;
( 1) 11
0pcr&ri, o" • um d,, L�rmnw. Cflm •lUt "-' deslll"DLY'ôi o
tnnn� 110. uuUrrn ht\lrALura. c.ri1tA,

37
ser llei-ege, porém, sign,ifica scpal'ar-sc de Deus, e
níio me quero separar de D..--us,. Tendo ouvldo isto,
admJraram q ,;eu dis(!ll'lmenf.ll, e for1u:n-so edificados.
6. N8.Jlr8ram elo Abade ot:ão que ptl.SiioumuJto
temPO a construir a <:'l!l!i com QS seus tllsclpulos;
tendo,n tcnnlnado, rctlr.i.ram-w nela poro a habJtor.
Na primeira semana, porém, viu algo que não o cdlfi­
rova, e disse aos cfüoclpulos: < Le\'ll.ntru-vo;s, vnmo­
-nos daqui>. Ora. estes pc.rturboram-sc muJ10 dl,
7.endo: •SP de qualquer modo já pt'nS.:wa.s m t
mudar, por que ê qu� sofremos lão i;ntnd fadiga
pam oonstruli, a cela? De novo os bomens, <>scan.
llallzcdos por nós. hão de dizer · Eis que os instá­
veis mais wn11 vn se niudaram•. Vendo-o,, Pnlf10,

�=
pw:Il(lnúnes, rr,s!lOnileu.tbes: e&> el'CBllclalizan:'m
alguns oul.ros i;c cóilloo.riio, dlzMdo: <Bem-aventu­
rados es, pols, _por de Deus, se mudl\l'IU'.l1 e
tudo desprczarom', Qul'Tn, pois, quer vir, venha;
C'U agora,_ me ,·ow. Allmrimt-se, então. par temi,
rogando-lhe que llu's "onr:cdesse partir com •le, até
quo oblil;erom lléença.

7. Dis:;eram ta.mbõm a respeito dele que, muitns


v=, mucl4va de pouso rendo apenas a sua
-folcezinha no cesto.
8. Perguntaram um.u vez ao Abade Agatii.o o que
ã m;,for: o trolm1ho do c:orpo ou o di.sciptin.11-
lnterlor (da alma). Respondeu o anci"o: ,O homem
se p3rc.>ee com wna more: o trabnlho do corpo é
como que n. folhagem. C!nqun.nto <1 dl!ldplinn du
ollll6 é como gue o fruto. Pois que, Qonforme ló.
P.'1r:110, 'toda arvore que niio produz ínito bom,
sera cortada e atil'ada ao fo,;:o' (1), i! ..,�d�nte CJU"
l0<!0 o nosso esforço deve ÍSllJ' ao frulo, isto �
à dl-;clpllna da alma. Contudo tamll4.ln são necessá�
,
"!_os o cnvol.i6rio e o omrunenlo diJ rolhagem, que
sao o tmblllho do corpo>.
fll ML 3, UJ.
38
9. Perguntaram-lhe a.lnda os irmãos: •Qual a vlr-
Ludc. ó "Pal, que entl"I! as flem;tis exige maior
lal>Orh Rc-spondeu-lbes: •Desi:uJp�l-mc, Julgo que
r1ão hê labor lg11;1l ao da oração a Deus. Pois, iodas
as vezes gue o homem que:r orar, tcntllm os lniml•
gos arredá-lo; bem sabem quo nlio s·lio suplantados
por wtro melo ,lo que pela oraclio a Deus. Na
11,râtlca de qualquer virtude guc ,;, hotnem a�uma
n si, s� p,,rScvera, consegue tranqWlitlâde: a oreção,
1>0rém, até o Ciltimo h!últo requer luta,.

10. O Abudc Agatão era sãbio de mente, diligente


de corpo; em gor,u bastaYtl u $1 mesmo, tanto
no trabalho manual tomo na allmenta9iio e no vcs.
tul\rlo.

11. O mesmo oa:minhava com os smis disc.ipulos,


quando um destes encontrou nn e;itrada um
gri\oz!nho verde de ervilha e p!!l'guntou ao ancião:
•Pai, mandas que eu o recolha•• O nncliio olhou-o
com admiração e interrogou: •Fostes tu que ai o
pu,;este?1> Re,spondeu o irmão: •Não,. E çi a�ião
relruCQu: «Como então queres n,�lber o que não
puseste••

12. Um lrmõo rol t�r com o Abade Agatiio, ,füen-


do : •Permite-me que habltr. çorttlgo,. 'Ora,
quando camlnh.tva pela estrada, enc;ontrara l)C?(lueno
pedm de oíll·o, e a tomora consigo. Dis$C-lhe, pojs,
o anchío: cOn(le encontraste esse se!xo1• Rcspon.
deu. o lr111úo: «.Em:ontrel-o na esirad,;t ao caminhar,
e recolhi-o,. Açrcscenlou o anclfto: ,se vinhas hnbí­
t.ar çomli:(o, como ousaste recolher o que não havias
rnrodoh E nmndou-lhe colocar de novo o seixo
no lugar donde o tlrnras

13. Um irmão dirigiu-se ao anaifto, clli,endo: <Um


preceito me Coi dado, e, por cnusli dele, há
hua cm mlmj queria salr 1>ara cumpri-lo. mas temo
a luta». Dfss,,.lhc o nnciíio: <Se estivesse Agatâo i!fll
39
tuas condJCõe's, ewnprlria o preceito e venceria a
lula>.
14 Reuniu-se !UI Cl:tia, para Lr-Otnr de determi-
nada questão, um conselho. o qual lavrou a
respectl\/11 sent,cnÇ4L Depois rio mesmo, ohe_gou-se o
Auade .Agatlio aos roonges, dizendo: o l'cscilvcs-
1es o caso çtcvldam nu�•- PC)rguntarnm-lhe: •Tu
qu,m ês pam dizct· uma p1.1Javra sllqucr?• Respon­
deu: <:;;ou Illho de homem. Pois está escrito : '
de rn 10, proferis a jusUca, scntenclnl o flUC • reto,
ó fllhos dos homens'• (1 J.
15. Dlziam do Abllde .Agntão que passou 1r(!s Mll!i
com uma pedro na boca atê guc ndqu111u o
hábito do slléncJo.
113. Reft>rlrun tainbêm dllle e do A:bad(l Amum
que, quando vcndlnm 11lgum objt!'to, diziam
,,mm v1>1 o p�o. e. o que Sll Ih� dG\ltl, recebiam-no
<'111 sllêndo e t:rnnqUÜJdade. Jgunlmente, quando
qu�riam comprar alguma coisa. davum com silêncio
o que se ihL'l' dlzla .- tomavam o objeto, sem proferir
aaw abs<llulamt>ntl'.
17. O mesmo Aba(le A1t111.áo dJ.ssl?; �Nunca dei
um ágape (2J : mlll! o dar I' o receber am
JlllTR mim � (3): ,Ulgava qui:- o lucro di, meu
irmiio " obra de frutificação, (4)
18. O mesmo quando queria julgi,r algum� coisa
qu� Via, dl>iu déntn:, dP si: •Agntão, Tfi\O raças
o mesmo�. Com Isto se apaziguava a sua ml'lrtl!.
19. O mesmo di�: •O hom<m1 lrasclvell ainda·
Que ressuscite um morto, niío é ,1gr;i(l(lvcl n
Deus.•,

4-0
20 . Em ccrtn époç:a, o Alt.t4e Agatão teve dois
discipulos que, Sepal'adamente, levavam vida
en:'miticn. Um dia perguntou a um . <-Corno vives
ém tua cela?, Respondeu-lhe : •.fcjuo até o põr
do sql, e então çotno dot-; pât?7;inhos,. Disse: «Eis
um t-cglme dlgno, q_uo nlio uto.rteta multa ladiga>.
E no oull"O IIil.cr,-of!'ou: •Como vh•êS �u ?> RésP9n­
deu : ,Jejuo dois dias, no fim do� quais com1> dois
pi1ezinhQ.'I>, D1!'S!!-lbe então o anciÍIQ: <Lulu inten­
�lv=nte si.lSlontando duás pugna.�. pois, ;S<? alguém
com lodos os dias P não se sacia, luta. Ouu·o.s bá
CJOC CJU<'rem jcJual' dol!! dias e saciar-se; tu, porém,
dupllC'àS o jejum e não te sacias>.
21 1Jm lrmâo interrogou o Abade Agatáo a rcs-
{'Oilo dit fornlc8çí,o. Respondéu-lhe 1$1:e: "'Vai,
3fo•a diante de Del:IS n tua írnqu�a. e enc<mtrorás
sossego>.
22. Certa vez adQeeeram o Abw:l(, Agaião e outro
dos anciãos. Orn, �'1ando eles <.!citados na
ceta, u:m Irmão lia o livro do Gên�is e chegou 80
capi1ulo em que Ja4-ú diz: cJose nàa e.<th. Simeão
não está, e a Benjamim hnveiS de levar; a:,sim tareis
e.bagar 11m lristl"ZII a minha velhice 80 túmulo• (1),
Falou el\tiio " ancião: «Nilo te ba.,;tani os outros
dw., ó Plll Jncó?• Díssa o Abade Agat.ão; cCaln-1c,
ancião; � Deus 1em alguêm por j11Sto, quem é guo
há dl' QOndenar?•
2.� Disse o J\IJ1<do At:atão: •&· alguém me fosse
<''Clremamcnl'I! euro, r eu soubo.�w (luc ele tno
leva ao pecado, eu o ruastlll'itt de mim•.
24. Disse lambl'!m: • É pteciso �1ue, 11 toda hora,
o homénl S<! rééôl'dr• de, joi20 de Onus,.
25. Esl <1.ndo os lrmfios n talar sbbro a carlllade,
pcrf;rtmLou o Abnde José: cSnbcmos nós o que
11 %n �2, ao.as.
41
� cal'ldadei• .E c•ontou. a res�lto do AbáM Aga�o,,
que est,e tinha um cnnivctf!: foi ter com de um lp.
mão, o qual -st pôs a h:,uvnr o objeto; o t,.bade,
então, não o dclxou partir sem qu.- tlvllSSc aceito
o canivete,.

26 Dizia o Abad Agnláo: e me fosse posstvrl


encontrar um leproso e dnr-thc o meu c:orpo
em troca do COi'IJO dei<!, fá-lo-ia com pra2 r. !"ois
esta () a csrlda\le pcrfcita

27. Tombàm dim de.! C{l.le, cel'let vr•,; 1�nd9 1110 à


cidade para vender seu nrt<'fatos, c'l1controu
na (Jl"nr.a ptibUça um h0men1 t1Urndo por tcrn1,
doente, o <tultl niiQ tlnh:s quem dele trams...so. Ora o
IUlClfio 11�rmant1CPu com ele, fOmando uma morndn
de nluguel. com o trnbnlho de su mãos pagava
o aluguel e as demo.Is colSlls d<' ctll<' necessfü,va o
cloonte. J\.<Slm se deixou ficar quntro mesa,;, o1 (,
que �lwssc ourndo o enfermo. Depois do que, o
nnciõo voltou para a sua cela <!/TI paz.

28 Ocmtuv11 o Abnde Daniel: ,An que o Abade


AT!ãênio vi� trr i;om meus Pal!i. tambl'm
csw.s �nnccklm com o Abade Asr,lti.io. o,·a o
Abad!! A!llll(Í.O )lostavn do Abade Alt"JCUldl'I! pOl'QUC
es:1.- era lutador (11 e dill ntc.

Monteceu que todos os dbiaipulos d!' A g(ltáo


lavavnm os seus Cios d� li-ar no rio: também o Abade
Ale�o.ndre lava,·a dillgentem n�. ouiros lnnâos,
porem, di5SP1"8.m ao ancião: •O irrru,o Aleimndl'<'
nadá ·faz>. O tnl!smo, gum-endo curú-lOJI, de sr-lhl''
•Irmão Ale.'<nndre, lava bf'm, poí sijo íl0$ d linho•.
Ale>mndw. IPntlo ouvido ll;to, ..-nfrJ,rt,..,cu-,;,•. ncpols,
porém. o ru1cião conmilou-01 d.lzendo: • Entuu niio

$e-te aquilo, =
sabia u que trabalhas zelosam nle! TM1wtn, dis­
prf1S(>n. dcles, a nm de curar o
�ua mçnt,r pela lun obedl�nrla, Jrmito,..

42
29 A ,-espelto do Abade Agatflõ narraram que se
rsrortaV1'1 por cumprir Loda.� as ordt•ns. Q-Jnndo
nnvegavam em barco, era etc o primeiro n agnt·mr
o cubo do remo: ounndo Irmãos Iam ter com ule
logo dopols da oruçüo, puntrn a mesa com as pro'.
prlos mlio.,; com r ito, r« cheio do amor d Deus.
Quando estava próximo ela morte, ficou tre· dl•
t1 olh s abcJ·Lo11 e fl)(oS. s irmüo11, então tocaram­
-no, dizendo: •Abad!! Agnlfio. onde l'Sttis?» Rcsp�n­
cleu-lhes: •Estou ,'()Jocndo dianl.C do lribunlll de
Deus• P<'rgunlaram-lhr: <'l'ambém lu lemes, õ
Pal?,Jws1>0ndeu-ih<!Y. •Até <1gora fiz o que pude
para ob,;01-vor 01!I mundomen1os de Deus; sou homem,
por�; como hcl de saber se meu esíorçi, agra<Jou
a Deus!• Ofsscram-ihe os lrmí,os: •Não 1en, con­
fiança em leu labôr, c,xecutado conforme Deus?•
Retrucou: •Não lerei confiança, antt-s de me cncon­
tror com Deus; pois um o modo de julgar de Deus,
outro o dos homens,. orno o qut�m Interrogar
de novo, disse-lhes: , ProUcal o ca.rid.'lde, nito ruwL
mnls comigo, pois vsiou alart?Cado•. E morr<'u <:om
alcgrla. Com efelto viam que efo pnrtlu como al­
guém que aúda os amigo· e bt'm-omados. Tinha
grande vigJlãncia em tu(jo, e dizia: ,sem grande
vlgllánç1a o homem nüo progrldi' numa vlrtudé
sequer>,

30 Ccrtll ,,ez o Abade Agntão dirigiu-se à cidade


a nm de �-ender Pl'llUcnos objetos, " ent·ont rou
um ltlJ)roso ã mnrgem da estrada. rerguntou-lhr o
k•111'0SO: cAondr v11ish Re�"]JOndeu o At.>adr Agatão:
• Pn.rn u cl1lnd� a rim de vl!llde1• objetos•. OJs;;e.Jhe:
Sê t?1U·lcloso. r Jeva-mc !)(lrn IJi•. Agatão. toman­
do o nos brtu:os, )ovou-o para n cidnde. Roe:ou-Jhe
·ntão o outro: •Onde v(•ndercs o,; obJ�tos, lá colo­
' :t•mi'>. Ele pss.lm fl'Z. Quando acabou d•• v�nder
un, ol,:feto, perguntou-lhe o leproso: ,Por quanto
o ,·,·ndestc?> Respondeu: <Por tanto,. Disse-lhe o
leproso: •Compra.me um pão». E nquelo o com­
Pl'Ou E de novo vendeu outro objeto. Interrogou
43
e.nUl.o o leproso: «E eslc, !)01· ciuanto o vendcsté ?>
Respondeu <.Por· laJlt0>. E o mC!!Tllo retrucou :
•Compra-Ille i�to•. A.gi,ele �'Dmprou. Ora, qunndg
te.rminou de véndcr todos os !1!?1.1.s ob�tos e s
qunJ:la ir, dli;se-lhc o leproso: «Vais cmooru· • Res­
pandc1�: •Sim>. E aguei : cs.J de novo caridoso. e
rccondw.e-mc aonde me cnoon1ra.st!'>, E Agatiio,
tomaúdo-o nos broco�, carregou-o para u antigo
iu11ar. Este enr ao lhe dl!$C: •B�ndito 61;, /\Ji'nlíio,
pelo Scmhor no céu e aa l�n-a•. E o /\bode, líMIJl•
tando 0$ olhoS, a ninguém viu. Com efmlo, fom um
anjo do Senl,or que désccra o fim (le o expct'lrn(IJ\tnr.

DO ABADE AMO AS

l. Um fm,ijo pediu no Abaâ' Amenos: cDlze-m


uma pa'.I VT'>>, Rót;pondcu <> ll.lld;õo: cVal, u
nutre em teu esp!rlto os f)!!nSDmuntos que os mal•
teitóreS no rãrce:re revolvem. Pergunt.am &cmpre
aos homPns onde está o Diretor do Pres'dio, quando
há de vir, e choram por aiusa da i,spcra. Asslrn
l!lmbl-m o monge em todQ tempo dcw t'!!tat preo­
cupaao, e �rgillr o sua olma. dzendo: 'Al de mim !
CoJr.O po!;so :,presentar-me no trlbunal d� Crlsto1
E como me [)C)dl)rei d�fender em presen� dele ? 1
Se rotn tais pensamentos l'Stlver mpl'e ocupado
o teu esplrito, poctc,rãs ser a.,1,0,.
2. Oiziam do Abade Ainonus que cncgarn � mn-
tnr um bo.1,rnsco (1) . .De, Jato, 1cndo ido 110
dt>Serto n fim d'c haurir âJ:Wa do lago, Ylu 11 brud-
11 co e caiu sol!)� ª. laJ:1.>, dlZca(lo: •Senhor, morrn
ou cu Oll este !• E 10110 o ba.slllsoo, pelo poilc.r de
Crlst.o, se fll'J. em r,cdaços.
h) O bn•il.i11<0, no º°"'• 6 dnr.,.mlna.do <IJ>O d• serponte.
4�
3. Disse o Aba(lc Amonas : cPassel na Célia qua.
\01'7.Al anos, pedindo a Deus, dia e noite, que me
�'On:!Cdes.se vencer a Ira>.
4. c1m d09 Padres contou que nas Cl!llas (lJ havia "
um Mr-lAo ,..,rnrcAdo. o ')uai costumava curegar ._,.
uma cstclru. Foi kr umn voz com o Abade Amonas.
Este, quando o viu cnrregando a esteira, disse-lhe:
,Tsto de nada oo St'rv '>. Falou.lhe então o anclão:
«'l'ri!R 5u lóes me alormrnlom: vagar prlo des,•rto,
rrlirar-mc pnra uma terra estrangeira onde nlni;:u�m
me conh<!Qa, encerrar.me numa C<'Ja sem :wlstar
nlngu�m. comrndo de dois cm dois dias,. Respon­
deu-lhe o Abade Amenas: «Nenhuma destas \.rês
coisas te é oportuna; ,mtes, senta-te �m tua cela,
come um pouco diariamente, e conserva a pnlnvra
do publicano em teu coracão (2). Assim podcl-'ás
ser salvo,.

5, Aos Irmãos 90brevelo uma 1ribulaciio no lugar


em que moravam. Querendo obandonll-lo, fo­
ram ter com o Abad" Amoruss. Om ""t� ll-18 o
rio em barco; vendo-os caminhar à margem do rio,
dis!e aos barQueiros· ,Dcixnl-me descer à terra,.
E, tendo chomndo os Irmãos, disse-lhes: cEu sou
Arronas, que vós procurais,. A seguir, consolou-lhes
o ooraçiio os féZ voltar no lui:nr donde haviam
,;aldo. Pois o que se dera não fmponava nenhum
dnno para a almn, rnns era tribulacAo meramente
humnna.

6. Certa vez o Abade Amonall saiu para atraves-


snr o rio; enc•mtrou a embarcacão preparada
e =tou-se nela. Sob!"l"vclo outro bnr,:o ao dito lu­
gar e tomou os p;1ssai,?lros que lá se ochnvnm, {lllra
os fazer atrav!!S"ar. DlsS<'rnm-lhe: «Vem tamimn
tu, 6 Abade; atrovll!<Sll conosco>. E.ste respondeu :
(1) nt11rlio cujo nc,m" � dcdvad-, d•• 11u.me� ealu,
hshtt.n.çb do m1>nvt.1 que h\ h■,,..a,
(2) O O.ui, t..ndo p.,cdatlo, qua '°" pocador• (Lc IS.IS).
45
cNâQ entro enii IJO barco públil,'Q». '!'.'!nh wns}gq
µm feixe de palmas, e, s ntado, JlÔS·S'1 e tecer umà
corda e (l r�-ln, sucesstvnmente, durante todo o
tempo que passou no liarco. Assim flnnlmentc a t.ra•
v('SSOu. A �l)glllr, os Irmãos, prostrados, wr1:1mta,
rnm-lhc: cPor que fizeste Isto?, Respondeu-Jh s o
ancião: .-Para que niio l:eja cu empn,' 11 vaguear
nn medida en, que S<' p ipltam os meus pensa.
mentos. Isto também é uma liçilo para que com os­
loblllclade caminhemos na via do Senhol'•.

7. <:;erl.a v!Y.i; o Abade Amonas saiu para (r ter


<.-om o Abad(? Antão. Errou, porém, o can'tlnho,
e, tcndo-,sc sentado, dormlu um pouco. Ao se levan­
tar do sono, orou a Deus. dizendo: •Ro o-te, &:nhor
meu Deus, não dcill& perecer n hJa criatura•. Eutiio
npatecéu-lhe como quc- u miio d um homem sus­
pensn do ct\u o Jhc- mostrar o camlnho, e a mp,,­
nhou-o 81ii oolocà-lo dlan� da gruta do Abnclr
AntAo.

R A 1!1,le Abade /\monas protctlzou o Abade


Antão, di1.endo: •Hás de fazer progresso no
tc-mor de Deus•. E, le,•1mdo-o para fo:ra da cela,
mo,;trC1U-Jhe uma ()Cdr.l, e manllou•lhe: .,011.e lnjú­
riál, a esta riedrn e bnte-11•. Ele nsslm ff"'l.• Pergun.
lOU,lb!! o Abade Antiio: •Por nllllso D peçlrn ral.oú?
Rcispqndeu: «Não•. Acrescentou o Abade A nUio :
«Assim também tu bês de chl.'gar a esta medlda'>.
De fal:ó Isto aconteceu: o Abad Amon0& fez tan­
tos PrQgTCSSOS que. de tanta bom;lade, não mal•
conhecia. a mnldadc..

� vez. feilo bis �, lcvaJEm-lhe uma virgem


que havia concebido, e disseram-lhe; •Um tal suJello
foi ;nus.a (li.\ilo; da-lhes a devida punição•. Amonas,
então, tca�ando o alnnl do cru:,; sobre o selo da vil'•
gem, m111ndou c1ue lhe deRSem seis par,ô$ de !Oll­
eóls, di7.endo! �Não acontegn que, qu1111do \ler à luz
m,orra elo ou a ci-iança e não se enconí.r com que'.
!lC!PUltar... fu,pllcar:am-Jhe os que a acusa.v,1m: ,-p,�,.
46
11ue 1)Sl!ln, pro®llestc7 Oii.eihes uma 11unif)ão,. o
me. mo rcsp0ndeu: «Conside1-11i, irmãos, que ela -<?s�
perto do_ ntorle; que de\.'O cu fu?.e.r?> E �espedlu-a,
,;em ousar condenar alguém.
9 f)l,:lam a respeito dele que alguns() tinlJam ido
proouni� pa!'ll serem julgaifós por ele. Ora o
11nclfü) Íl17.ia-sc de lonco. Eis então IJUt' uma mulher
cM,lnndo-tc perto delo, ili!:sé: «Est.e ancião � louco.'.
Ouviu.a o ancião, e inte,·peJou-a nestes termos ;
•QuontQ esforço fiz no tles�L"l.o para possuir esta
loucu.r11: e els que por causa de U estou para n per­
<lllr lJpjc !•
10 ma vez o Abade ,Amonru; foi, a flm de comer,
a çerlo lugar onde morava alguém q_uo tinha
mú (ama. Ao ,;aber dls�, os habil:antes do lugal' ·se
pcrLurbarnm e reunlram-so, a fim do expulsar n esto
da cela. E, lnfõrma�os de que o bispo Amonas se
ncho,,a n.a região, foram pedir-lhe que QS acompa,
nhassc. Qµando o lnnúg teve conhecimento destas
eoi$áS, tomou a mulh�r e es<:onçfcu-n num grande
toMI. Chegando a multldliio à <:cltl, o Abade Amo­
na� teve a intuição do qu� acontecera, e, por <:llUSS
de Deus, quis encobri-to. 11:ntrou: sentõ_U-;iC sob,·e
o tonel, e mondou revl$1,j11· a cela. Tendo eles, par
conseguinte, procurado a mulhel' sem a encontrar,
dlsst• o Abade Alnonas: cQur. signlr!ca isto? Deus
vos bd d� po1·dour•. Emão fe--t oração, e mandou
t1uc, t nrto.< se Cassem. A seguir, romou a mão do
b·miio, e folou-lhe· «Cuidado contigo, ltmãO•. Dito
isto, n•lil.'OU-SP também ele.

ll P<irgu.nt,m,.m ao Abnde Amonl).S qu.,,1 seria a


•v!:1 es1reitu e atribulado• (1). Ao QU<! l'êll·
pondcu: cJ\ via estreita e at.l'ibuloda é esta: Fazer
\'IOli,nrln aos sew; pensamentos, e,, pot causa de Deus,
C10rtar a vontade própria. É assim tjUt se ro(ili2a o
cllLo: • Eis qu� clelxamos tudo, e seguimos a tb (2).

( l) Cf MI 1114.
t2) 111. 10, 27.
47
00 ABADE AQUIAZ

1. Ce:rt'!l Ve'l. chegaram-se três anciãos a() Aba,çle


Aquilaz, um dos quaJB tinha m1í Cama. Di
um lfos t:r s: bade, fa?..c-mc umn rede de pesca.
dor,. Responde\l Aqullaz: • ão farei>. Outro pe­
diu: cFazc essa caridade, paTa que tenhamos uma
rccorda�o de U no mosteiro�. Alndn rcspcndcu :
•Nilo tenho tempo,. Falou o lcr�ro. o de mâ
!111ma e.A mim taze uma rede, para que tcnhn
nlgo das tuas mãos, 6 Abade.. Este logo respondeu:
• Eu tá fJll'l?i>. Perguntaram-lhe então. n J)II.Tte, os
dois anciãos: •Porque ó que, umdQ-Le 111\5 rc>gado,
não .a Quiseste fazer, no passo nuc a este disseste:
·Eu ta farei'? Jwspondcu-lhcs o anclilo: •A vós
disse: 'Não rarel', e não \-OS cntnsteeestes, J)()ls
sabeis que não tenho ócio para lstl). Para c$te, JlO·
rém, &e éu náo fucsse. dirla: "t por causà do meu
pecado, de quc ouviu falar o anel..'io, que niío qul$.
ínzc.r'. Com isto, co1i.arlamos logo o liame (l). Le­
vantei-lhe, po11.anto, o ánlmo, Jllll'U que não seja
absorvido pela trlst1!'7.a->,

Z. Contou o Abade Iletlmes: �Q?'lã ve2 Qlll? eu


d�cia para n Cétla, llernm-me algumas t)ôucru;
maçãs pnra que as ill"1 rlbulsse de presente aos
onciãos. Ora baU à celn do Abod� Aqullaz, a fim
de lhe entregar A sua parte. Rl!spondf'U-mP: 1rEm
verdade, irmão, afio queria que bft1 esses à minha
p0t1a ago�, nem mrsmo :se trouxesses manfl; tam­
bém não vás à rola de oulrem>, RcUr 1-mu ent:fio
para minha cela: e, as macãs. levei-as para a Igreja.
3. Em dada ocasião o Abade Aqulhu: rot ti �'Cla
do Abade TsaJ.as n,i O!tla, e enc,;,ntrou-Q u co­
mer: lan�arn na tigela ii&l e l\gua, Ora o 1U1 ião,
lendo pêrcebído que e.sco,idera a tigcla at.rlts das

48
suas cordas, perguntou-lhe: d'.>ize-rne: que comias?,
Respondeu aquele; •D!!l!culpa-rr.c Abade: rui cortar
1"amD1<, eX'.Pus-me ao grande calor, e ooloqur.l na
bQC.� um pedacinho de pão com sal: todavia a gru-.
,plnlll se me secara por causa do grando éalor. e
em conse<1iléncln, o bocac;lo não desola; ()Or isto rui
obcli:arlo u ll)ll!;.tr um pouco de iigua no !;ILL, Pll:TII.
Qll<' 11,SSim pudesse comer. Desculpa-me, porrm•. Ao
que dJgsc o onrJAo: •Vtnde, vede lsaias a comer
um bocado no. Cétlo. Se queres comer um bocado,
vai para o Egito, {lj.

4. Um dos anl'iios foi ler com o Abade AquUs:i,


e viu-o a lan�ar s:ingul! da boca. Perguntou-lhe
então: •Que {- Isto, Pai?» Respondeu o Abade: «l!:
a pnluvra de um irmão que me contlistou ; l\ltol
oara ru'\o lhe dizer que me fl2ora sofrer: pçdi mesmo
a Deus que me preseTvasse de lho du:er. Então
tornou-se n palavra como que Sllngt.18 em minha
boca, cuspi-a, e ohtlve paz esquecendo a trl:ste.za•.

!;, Contou o Abade Amok: Fomos ter, e\r a o


Al>:idP Betimru., com o Ab�w A<Jullaz. E ouvi­
mo-lo a meditar ,'Sta palavra: •Não L,•mas, Jacó,
dêSC!!I' J)!lta o ]:;�ltti. (2). Ficou muito ll!mpo n
me<lltlí-Ja. Depois. quando batemos, abriu-nos e i.n­
ü,rrogou: «Donde SOi$? Nós, rec:clnndo tliwr «Das
Qllln..�, re$J)Ondrmos: ,Da montanha da Nlt:ria•.
Disse rntiio: «Que hei de fll2<ll' por võs, pol$ v;ncles
de ll;lnr,in(lua rcgiiio?> Mnndou-nos entrar. Entilo
ob,;ervaows que ele trllbalhavn durante a noite, te­
CPndo 1n11ttn corda. e !)l'<tirnos-lhe que nos dissesse
11mn 1mla:vrn, Rcspa.ndou: ,Desde o põr do sol ató
ll!l'()ru, !t'Ci vintl! ibra<;as; em verdade, niío pt:ecl$11
delas; !nço-o1 porém, pa,ra que não $e Indigne Deus
<' IJlO rc1m,cnfl11, (líZén()o: • Porque � qué, podendo
lrabnlhm', nlio lt';abolhlllitC?) -Por Isto é qµe me
CJ C,(itlu. a f,;git<> 1fi.o t,.qal ().JX>WWS' como região de co.JStumea
ffl'>1lWll,ic:oB e n-g-1Ao de c:.o.tilmtt do mw,do.
(Z) Gi-n 46, S.
49
esforço e fnÇQ tudo que P0&00•· Edificados com
isto, retiTtJmo-nos.
6. De outro. feita um famoso a,dão da Tcbald!l
f,oi procut'Ur p A� .Aqullaz, e ai e-Ih :
«Abade, sou impclldo a !ui.ar f<\nlm U,. A.q1,l'le
respondeu: .-vai, =ião. tamb•m tn agora és movido
t:0nu-a mlmh O ancião, por hwnilckldc, t:es)>Ondeu:
«Sim. Abàd<'>. Ora, huvla lá sentado junto â por'la
um velho cego e co.xo. Di:,:;,, �utíiu u 111clü1,1 vlsl-
1.Qn : «Queria demorar-me aqui nlguns peuco$ dl11s.
mas por uaUSl des1e vell10 não PoSSO permnnccor'>.
Ao ou Ir isto, o A de A(!Utlaz adml�ou a httmll­
dade do visitante e disse: cEle não ê movido por
fomicaci10, mas por lm•e.,a do demônio• (1 J.

DO AB E 10

1 Contavmn do Abade Amoes que, quando la pa;ra


a Igreja, niio permitia que seu dlsclpulo unl­
nha.sse multo perto dele, e, sim, à dlStn:ncln. CóJ;tO
aqµele se nproxlmasse par;i o inicrrogar a respeito
d� l)CllSllmootOS, Apjls breve rcsJ)OS1.I, logo o di1S·
pedia, dizendo. •Não á;conteça que, falando nóS de
co1s11l, d&vlda.s, · rnlrodw.a son-atelrnm<>n� alguma
L-onJ'ubularão csiranha; '• por lst.o que não te tlcbto
íiçar perto de mim>.
2. Di2in outrora o Abade Amoés ao Abadl! l!lnl :
·Como me vês nest� momento?. Respond<Ju
este: ;omo um anjo, 6 Pai>. Po!!t.crlonncotr pcr­
gun �va.lhe ainda; •E agora como me vês?, Re,;.
pondia aqu�•le, •Como Satanâst ainda que m� cligwi
(l) {� J: l'l.t um ho.mem ele. \irtu.� qu� em JI .nAo t11m
pn,1)tU.ó. hlillllf ,oC-1� ,ru_�� dos dem&nio•.

,50
uma palavra boa, será para mim como uma es­
pádo•.

� Referiam do Abade Amoés que adoeceu e ficou


de Cl)J'lln durante muitos anos. Ora nunca per­
mitiu q11e seu esr>irlto d,vagnsse dentro da sua cela
observando o que havin; \e.ria motivo para Isso, i;ols
lhe levavam mull9$ c,;,.t�as por causa da doença.
Quando cntro.vu ou som se1.1 dlsclpulo João, fechava
os olho.� para não ver o q11u fa�i.o. Em verdnde s,i­
bla q1.1e cn1 um monge Uel.
•1 O Abnde Poimém rontou que um irmão foi ter
com o Abade A.moés, pedlndo..lhe wna palav1.i.
Tendo. porém. ficado sete dias com o a11cião, este
não lhe J'csponclen; todavia, ao despedi-lo, disse-lhe:
• V'ai-te, e si! vigilante sobro ti mesmo; na verdade,
o� meus pecados se tomaram um muro tenebroso
entre mim e Deus>.
5 Dl�m do Abade Amoés ()\le füera cil'lqüenta
pães de trigo para o seu con umo e colooou-<>s
ao sol; t1>dnvi11, antes que estiv� bem secos,
vju no luga,r algo que não o edlf!c.iva. e disse nos
$eus disclpulos: •Vamo.nos daqul•. EstL-s ílcat-am
tirofundamentc tristes. Venclo-os então abatidos.
dissc-lhl'S: <Est.als tristes por causa dos pães? Em
V('t' (lo u vr alguns que fuRlam ,, wh,ndonevam as
jan I�• rorrndn,- com rolhas de pergaminho (1);
nem technram as portas, mas fon1m-sc, deixando-as
111lc11os,.

(1) Algç do mult<> raro r precioao,


51
00 ABADE AMUM ))A Nl'l:lllA

1. O bndr Amum dn Ntlrta !oi procurar o Abad�


Antão, e disse-lhe: E.u me dou mais l'adlga do
que tu; oomo, então, é que o teu nome ó mnl!I glo•
rloso cnt� os homens dci que o meu?t DitiM-lhe
o Abad Antão: <É porque cu l\l'llO 11 Deus 111{1iS do
qUl' IU•.
2-. Diziam do Abade Amum qu,z,, de uma só mo-
didn d · �-ent!'io, vivl.'1; dois. meses. Om fo1 p,,o.
rurar o Abade Poimém e çllssc-lhe: iQunndo vou à
cela do próximo, ou esle V111Tl ler comJi;o por (tUaJ­
quer necessldudc, evitamos conversor um com o
outro, para que não nos surpreenda algum colôqu.io
est:l'anho>. Rel.pondeu o anciúo: •P1-oeel!Qs bem; pol�
n juventud� preci� ele dlsclpllna> fnkrrogou cn­
fão o Ab.srlP Amum: ,E romo agie.m os onclii.os?>
Rrspondeu-lhe: •Os anció.os provectos na virtude
não tinham em BI mC!'SJllOs coisa nl bela ou estranha
que eles proíeriS!<Cm pelo bõc!II,. E Amum de novo
tnlClTOl':OU: <Sl.'. pottan , hOUVl!r nc=sldadc de
Cnlilr com o próximo. quera. qtll' eu rale das EscrL.
tm,M ou dos dltms do$ 11nclâos 1• Rcsponaau o
o.nclão: •$e nãQ te pod1• cnla'I", mais oportuno é
falar dos dilos dos anciãos do q,Je çla Escritura:
C\lm eteito. esta oírre<'t' n(,o petJ\Jl'IIO perigo>.
3. Um lm1fio do Cl!tla rol prO<'uror o Al\adP Amum
" <11sso-lho: •Meu pai (cspll"ltunl) m<' on,•111 u
serviço; ora tomo a fol'nléo.CiiO>. Responcll!ll•lbl' o
ancião: •i'yu boro em qt\e t.t- n<lQniOOl!r a tontnçlio,
dlrâs: ·o Deus do� cx&clto�, Pt'la prec,..s c.le m�u
pa.i, llbert:n-me!'• CcrtQ dia mal!; Htrilc, um& jov�m
,rnncou-sc com ele, o quíll �!amou entiio com lfrDOd ·
VQz: •ô :r;>cu$ de meu pai, lit.,,:-1111-me! , 11 logo (oi
enc-ontrodo nn eslrncla d11 Cõtia.

52
1. O Abndc Joiío contou que Q Abade Anubc, o
Abad" l?oimém e os oul.J'os irmfi.os de ambos
fllhOs de mesmo mlic, se D zeram mongCl; na O?tla '.
r1uondo, I>Qrém, os M111.lquea invadiram e devasta'.
nu11 esta r('gião pela primeira V<!'l, abnndona.ram-na
,• rornm puro o lugar chamndo r�rt'nllls, run que
mo••�rlnm ntr terem cMll)erado onde dt•vcriom pc,r­
m rt(•CC'r Ui ,., P.!ltnbelec,,�m dentro de um antigo
templo por poucos di11s. Disse então o Abude Anube
110 Abnde Polmém; · Fuw ci;to caridada; tu I" 1eus
irmãos, habitai cada qual se));.lradamcntc, o não nos
,:,mcont remo� r.stn Mrrulnll>, RC!llpOndcu o Abade
'Polm6m• •Faremos como QU�rl!S�- A.<\Sim fi7.errun.
Ora , havia nQ 1emplo uma estátua de pedra; o
Abade Anube !Pvnntijva-se de mnnhã cedo e ape­
drejava a face da estátua; da tarde, porém, dizia•
-lhe; •?crdo -me>, E pa ou n scmMa inl h'll !a-
1.cnclo Isto. Eis qur. no sábado os Irmãos se reuni­
ram, <' o Abl!de Polmém disse ao J\bade Anube:
,F.sta semana, ó A bnde, vi-to a1)Cdl"l!Jo.r a ract: da
<'Slátua e suct-�í emente fa.wr-lhc um desagravo;
ú a. lm que procedl' um homem que tl'm rnr• Res•
pomlou ó anciiío: clslo mC'Smo, cu o fiz por causa
dl' vós. Quando me vlslPS apedrejar a face da es--
1 útua, I.Cl'á cll! fnlado ou bravejadO?• Respondeu o
Abll(lr Polm(im; •• Qo•. E, d� n<wo. qunhdo lhe
prestei dosagrnvo, ter-se-li agitado, dizendo: •Não
perdoo•. R p0nd�u o Abade Poimém: cNtio•. Con­
tinuou Qnffü.1 Anub<!: , Eis que somos sete irmiios :
se qucrcls que pt•i·manc:;amos junlos, t.ornemo,nos
como esln estátua, u �uai, quer $<'ja injuriada, quer
h1mrnd11, ni! . .Jl!;rtLtrba. Se, porém, não vos que­
t'l!1S wrnar tais, (•is qur há quatro p011:as no templo;
c:idn qual ví, parn onde qul:;cr•. J\tiraran1-.se por
lcl'ru •nü\o, dizendo no Abade Anubc : •Faremos
como queres, ó Pai, e otx•deccrcm06 ao que no,, dls·
��1·C11 • Acre·wntou o Abade Polmém : •Permane-
63
cemos juntos todo o tempo de nossa vida, t,raba­
Ulaodo conforme 1t palavra que o ancião nos dissern:
ele estabel ceu um de nõs econômo; comiamos ludo
qut el� nps apresentavíl, e era imp!ll!Jlvel r1uc um
de nós dissesse: •'tJ·aze.nQl< oub:a coisl1.> ou cNão
c;.ue('eru.os comPr is.so•. F. em l'CJX>U$0 e Plt:t J)IIS. a.
mos toda a nossn vida..
2. Disse o Ab;\de Anube: <Desde 1111e o nome d •
Cristo rol invocado sobre mlm, não saiu men­
tira de minha boca>,

00 AllA.DE AJl'RAM)

De um certo ancião clizlam q_ue ==·n cln­


qÜl?nta anos, só comendo pão o bc'llendo vlnho
com N:lutãncla. O mesmo ntlrmava: ,Matei a fo1·­
nlcação. o nvoreia e a vanglól'in>. Oro o Abade
Abra�. tendo ()Uvido que ele di ra istc;,, foi ter
com ele e perguntou-lhe: •Fos " tu aue J)1'0!ctlstc
tal palavra?> Respond<'u «Sim . ProssL>gUIU o
Abade Abra.lia : <Admitamos QUO cnt res cm lUll
r la e n<'OnlTCS uma mulher deitoda sobre a tua
esteir�; pooorlas p<!n/l!lr que não é mulher?> Res­
rondeu: •Niio: mas lutnrla contrn as tentações de
modo a não a tocar>, Diss,,, então, o Abnd Alm1ão:
<Eis glll! não mnta_�te a p aixão, mas 01111 vive, ope,
nas (llltâ ligada. De nQVo p©'l(Unlo. to: estlves!!(!S
cm caminho, ca'-<l visse$ pedras, arsdla. em r.n�o
tt Glas, ou.ro, podnria a hm mente 11'1' nu mesma
conta est& e aquelas?, Respondeu: •Não: mas luta­
ria contra as m inha.s sugestõ1>.s de modo a não re•
4'01her a tr,. Retrucou o Abade Abraão: «Els
como 11 pá.1xão está viva, e apehas lf!!:�da> . .E: actei,­
centou: «Olgambs que, e respéilo dr dois irmãos,
ouves que Uln te amn. ao rms,,o riue o outro te
54
od lo e d traln; ca.so viessem ter contigo, terias os
dois cm igual consldornçr,o ?• Rcspordeu : «Não,
mos luwln conll'a meus pensamentos, de modo o
tratar tão bem nq1.1cle qu m odiasse quunto nquolc
qu me amasse,. R-0pllcou-lhe o Abade Abraão :
«DcstA !onna, pois. as palxões viv�m. n�nas são
llgodns pcl0,'1 :innLOS>.
2. Um Irmão perguntou ao Abade Abraão: <Caso
ncon1c<;a que cu coma multas vCZéS, que Signl­
nearl!l ls1o?• �pondeu o ancião: Que dizes, ir­
mão? O>mc, tanto ,rnsim• Julgns aca.co que vleste
parn n granjo ?>

3 O Abade Abmão df7.la de um dos habitantes


da Célia que era perito em 1>screvcr e não romin
pí10. Cecta vez um lrmão foi pedir a esse que lhe
csçreves;c rugo sobre wnll tabuinha. Ora o ancião,
tendo a mente ocupada em contemplação, escreveu
omllindo versos e não observando alinhamento. O
irmõo e,tão tomou o <'Scrllo e quls •1 car o alinha­
mento; nisto porem, notou que faltavam frases.
DLs.se, pois, ao ancião· Faltam linhas, ó Abade•.
Re�pondeu-lhe este: •Vai, cumpre prlmclro o que
está C!S01to; depois volla, e te escreverei o resto,.

DO ABADE Altt

Abade Abraão rol ter com o Abade Aré :


�glnnrlo nmbos Sl'ntados, um IJ"mtio �e ch<'gou 110
ancião e pediu-lhe: ,Dize-me o que hei de fazer
para ser salvo•. Abnde Aré respondeu-lhe: •Vai,
passa ESle ano Inteiro comendo no per do sol pão
o sal; d!?pols volta, n fim de que lo fale outra vez».
O lrmfio rol-se e fez assim. Terminado o ano, 110ltou
a procurar o Abade Aré. De novo com este se
55
ac11ava oportumrmente o Abade Abrniio. E ili quo
0 anel.ão assim fnlou ao Irmão: cVai, jejua li'
ano comendo de doi em âofs lllãS•. E, quando j{i
,se tinbn Ido o Irmão, perguntou o Abade Abraão
ao Abadr Aré; <Por que é que- n todos os irmãos
Impões jugo Jé\re, enquanto u esle dús fardos pe­
rodos?• Respondeu o aoclâo: •Os lrmãos con!orm
o modo como vêm cm procura, assjm também se
vão. Ora este vem por caus.• de Ot)US, a rim de
ouvir uma pl\lavra. om c!l'lt(I>, é um obreiro ((lQ
Senhor): o que quer que lhe dlg:11, elo o oumpr com
ulo; por lslq lambém feio.lhe a palavra d Deu.�•·

DO ABADE AJA1','1O

D!i;se o Abade Alõnlo: •Enquanto o homem


nú.o dlssrr em seu coMlçlo: 'Eu só e Deus es•
tomos no mundo', n1io terã rePOWIO•.
2 Disse também : •Se cu não tivesse destruído
tQdo, não teria l)Odldo cdlflcar a mim mesmo•.
3 DlõEC ainda : •Se o hqmcm o quor, da mnnhô
à tartlc atinge n medida dMna•.
4. Certa vez o Abade AgaUio pergunt.ou ao Abad<!
Al(mio: •Como hei (le ront,.r a minhn llnguo
parn niio proferir mentira Y. pondeu o Abade
A16nh); •Se não mentires, comcterâs multo� pe11.
dos•. Tntcrrogou aquele: • orno?> Rctru�'OU o an­
Giôo; «Admitamos que dois homens wm u•m um
hõmiddJo em ua prescn�a e um delus . , re fugia
cm tno cela; vem o Qflclnl a procul'i\-lo " pergun•
ta-te:. 'A tua vlstll d u-se nlgum mortldnlo?' Se
não l'll<mt.lres, etlt.rei:a,-á.s o hc;,mem 'il 111orte. Melhor
ó gue o dm:ies Ir cm presenca de Del.!S sem vln�uJos,
pol,; Dcui. sabe todas os colsas:,,
56
DO ABADE AJ"I

li l)�póslto do blspo d� Oxirlnt>O. c:bamadtl


Abnde AJ1, narraram c1ue, que.mio ra monge, pra,
tlcavn mult as. a11ster!dad ; quando, pot:ém, se tor­
nou bllfpo, q111� :.egu1r n mesma disciplina também
no mundo, m;:ts raltorarn-Ihe as roren.1. Prostrou-se,
�ntiio, em presenea de Deus e disse: •Por causa
do episcopado. ter•SE!·� 11 gro�n roUrado de mlm1•
E els qu lhe (o1 revelado o seguinte: cNão ; mas
oulrom •'Si.nvns no deserto, e, não hnvendo hQmerts,
•'ra Deus quem cuidava de ti; agora, po1-.Sm. esUis
no mundo, e os homrns tratam dr. tí,,

DO ABADE APOLO

l . Ha.vla nas Célia,; um ancUlo chamado Apolo.


Quando nlliJUé:m o procurn,'ll. tlilicltando-o pera
um trnballio qunlqoin-, segula com nJ,,gría. dizendo;
•Com Cristo 1ellho hoje que traball,ar �m prol ela
minho nlmo: pois c:sw i' :) recomr,em;., lia alma,.

2 De um oerto ,Ab/lde Apolo d Célin, diilll.m qú�


rora pll!ltor nos Climpos. Certn vez 111, ampo
viu um.i mulho?r ir1h-lda, �. movl(lo pelo demônio,
ài. !': «Quero v,,r como o embrião csià c9lo1:ado no
vent ro desta mulht•r•. E. tendo-o aberto, viu o em.
llrlão. l..c>go. l)Orêm, repr• ndeu-o o seu ,ébl'al)ãó;
c-orni>�oglno, cor pam a Cétin, onde conf'essou aos
Páls o que f'i-zera. Ouviu-os então n salmo diar: c0s
dias de r)Osi;O.< anil!< ordlnnrlamCI\IC perftl2(!m mle.nhl
a11as; nos pO!l�ro:i,os, pon'm, oitenta: e ó que os ulln­
passa e t rnl)Ulbo l' f_adll,!'J • ( l). Disse, pots: e Tenho

U) SI M, IO
57.
quarcnln ano de Idade, e nlnda nil fiz uma oração;
se, porém, viver outros quarenta anô!I. não cc55arol
de orar a DC'llS para que me pe1-doe o:. m("ll!! l)('Ca­
(los>, Nem trabalho manwtl f!ll'in ele, !IltlS' rezava
i;empre neste termos: •Pequei como hOlllem qut,
sou, sé Lu propicio como DP11s,. Es-ta prece SI' lhe
tornou um exeix:klo ronslnnto, do dia e de noite.
Utq Irmão, que morav11 com cl ,, O\llliu-11 dizer :
•Atormen1el-l , O Senhor, l)i'rdoa-me, para qu des­
canse um Jl(!U<'fn. Por flm con�lu n plena segi,1.
ranl;ll de ciue Deus pN'tlonra todos os Si'\l� IX'r�do.�,
mesmo o pecado cometido com a dito mulher ;
q11nnto ii �rlan,;a, porem, nilo obtc,'t:> qertcia ne­
nhllma, DiS&c'-lbll, CllWO, um dos nnciô.os: Dllus te
perdoou lsmbém o pecada cometido com a 11:inça;
Ele, pon•m, délxn-u; na trlbUiaçáo, l)OrQU comlfun
à lua aln1a,,

� O mesmo dI a propósito da reccp;'âo dos


irmãos: ,i;: preciso adorar os irmãos que vêm:
pois nlln é a les, mas a Deus que adoramos.
Com efeito, diz.se 'Viste 1 cu lanllo, viste o Senhor
teu Deus'. 'llita', 11(!1- ntave, 'aprendemo-lo de
Abroão' ( 1). •rwn�m Ili! diz ; 'M rCC('betdes os
Irmãos, coo!l1-os n que dcscan.scm'; lsfo, n(IS o apren­
demos ele U>t, 0 qual coagiu o,i nnjas> (2),

DO ABADE ANDlU!:

Dizia o Abade Ana�: Convêm no mongv


111.� três coisas: o t peregrino, n Pobl't?2B. o sllên­
clo no sofrimento•.

(1) Cf. Gn 131 2.


(2) C!. Gn 19, 3,

58
00 A8 DE AJO

De um ancliín da Tebaida, o Abade Antiano


diziam que em rua Juwntudu realizara mullos re1'.
tos dignos (l). 1'.11 vclhlc:r, porém, adoeceu e {icou
cego; os 1rm5os o 1rat.nvam esslúuamcnte por cnusa
dn dom •a v punham-lhe a c<,mlda na boca. Ora pcr­
f!'Ulll.nmm oo Abade Aio: •Que resultar.\ llc tanto
lrulnm1>11lo?• Este l'cspondeu: · Digo-vos que, se o
coraçi10 dl'lc o f)uer r dr boa vontade consen \e, uma
lilmnrn quç, coma, J;>cua n descon1orú dQ mérito das
su:1S índ,�s antcrlorcs. Caso. porvm, não oonslntn,
anl<'!ii retl('ba a contrai;osto, [)('us conscrwní incó­
lume o yalor de St'US csfot;;os, já que, r.onlra a pró­
pria vontade, é constningldo. Os irmão,;, por&m,
tcri'lo sua recom�.oru;,u,.

00 ABADE tO 'ATAZ

C!!rla vez foi um magklrodo à região de Pc­


lú�lo, o qual queria l'<>bror impostos dos monges
como d� •eeularo!I. Rcunirnm-sc tmlão todos os
lrmilos rm torno do Abade AmonatAz paro d◊llbe­
mr sobre o caso, r resolvornm q1,1c nlguns do,; Padres
lrlnm ter com o rmperador. DI: P-lb e.nt.õo o
Abnd mon,1101.: «Não llt'cessário dar-se o tnl
rncllrn; nntc , ncnl trnnqüUos em vossas celas, e
Jcjuni tlurnntI: dun scmónns, enquanto pelo iµ-a�'II
d,• Cristo �u. só. trauirei cio coso�. O� irmiios to­
rtlm-,;c p;,ra us s-ras celu. e Q ;mellio ficou tran•
<1Ullo ne. pl'óprht i-éla. Orn, ouandó se completaram
t'Jua101·1.(' rlla ·, os Irmãos conceberam reSS<>ntimento

O) Oh d• vlrtudo.
119
contro o ancião. pois nfio o tinham visto 1110 r,sc
nenhuma ,,e-z; diziam; •0 nncliio lru lrou o-, llOS!;OS
lntcre;ses•. o décimo quinto din unirem.
lrmáos conforme a comblnn�üo; e o ancião rol ter
com eles tendo dl'CretO munido cio to do Impc•
rador. Vendo-o, os lnnlios flcnmm l'SIUJ)('í�los, e
pcJ"!IWltsrnm: ,Quando o trouxMU', Abi.1d 7• Res­
pondeu o anel o: <CredP•m • 1 rmãos: ta nollf
fui tL-r L'Om o lmpemdor, ele cscrc,·cu � decreto;
n 51.'t:Uir, fui a .AJPxnndrla o fiz a. innr pelos mn
glstrndos: n 'BS oridi�· é qur v1>nh ter r11n,
VQ5<:0. Ao oU\1t Isto, os Irmã a1<•morl;,n111m ,,
p str�rlo. pediram-lhe J)('rd!lo. O 'Ili foi ru m
�nc<'rrndo. •• o mBl!i!'l.l'ado não os lncomo<lou mni�.

60
LETRA BETA

B
00 G&,1.NJIJI! Bi\StLJO

DJzll1 um dos anclãos que Baslllo, o Santo, chc­


!lllndo uma ""'� o um cenóhlo, depots éa devldn lns­
tnic,iio dl!;Se ao Sui;>l'rlor: •Tr.ns aqui algum Irmão
qne possua Jl virtude (ln ol:k.--diênci ?• Respondeu
IIQllele: To�os mio sen•os lCU$ e c.sforçnm-M por
salvar-se, 6 Mestre». Dr 11ovo lnlerroi:ou; •Tens de
fato algum lrmõo que, �11 o virtud• dn obodiiln­
cia 7 O lntc:;ogndo f()VOu então um lrn.âo ã sua pré.
IS('n�n. � B(IS[llo, o S3nlo, o tomou para servir u
refoi o. Dcpols çtcslll, Q rmião lh<! •presentou !lgun
para Jovur-t;e, ç, Bos!IJo, o 58n(o, éll •g.fl)e: , Vem.
h1mbl!m eu le darei CQm que te luves,, E- o irmão
nceitt1u ou• o Santo 1111.' derrnmasse á;:un sobre as
mão!!. Este aeresc:cntou: Quamlo eu entror ..a
Jgrc!j/.\, vem pan1 que te fnQS dláconn•. Cumprido
loto, fê-lo HUnbóm prcsblu,ro; ., l<!Vou-o oonslgo
pnra n sede episcopal por causa do obediêncio dele.

61
DO ABADE BESSARbiO

1. Dizla o Abade Dulaz. o discípulo d<l Abndé Bcs-


sariüo: cCerlil vez, quando camlnhAvnmos il
bcirn-mAr, senti !iedr disse ao AJ>ado Bessarlão ;
'Abad�, tenho multa S'edo'. O Melão. npós haver
·tel1o uma oração, respondeu-m ; 'Bebe do Qlll.r'.
Ora a águo tomou-se doce, e bebi. Enchi também
com ela umn vn.silhn par.t gu • não viesse mnls a
sofrer sede. Tondo-a observado, d� -me o nnclão:
•E'orquc tomaste essa reservo 1 ,Respondi-lhe: •Deli·
cul1�-me; e! t,nrn que nâó sofra mais sede•. Retro•
oou o ancllio: . <Deos cstA prescnlí' aqui, e l!m toda
parte eshl presente Deus•.

2. Outr.i vez, dada urna nl!Cessldade, tez uma ora.


ção, atravessou o rio Crlsol'03 a põ, e contl­
nuoa n oomlmh'ar na out.ra m.-irgem. Eu, admirado,
prostrei-me diante dele e per:guntcl: •Como sentias
os teus pés, quando camb)l1avns �.obre a água?•
Respondeu o anclôo; •Sentia água até os 1ornozctos;
o que restava 1111ra c ima, estava enxuto.

3 De outra feita, quando lll.lllO!< ter com certo


ancião, surprel!tldeu-nos o põr do sol Então
o Ab.ade Bessarlão orou: �Rogo.te, Senhor, pn1-e o
sol ató que eu chegue à mor.ida de i,,,u &erVo•. E
fez."" assim

4 Ainda de outra feitll rui à cela dele e encon-


trei-o de pé em orut;ão, lt'lldo ns moos cstcn.
dl!l!,s para o cé.u. Pasrou qualo1-zt' dlllS a fBZCr Isto.
Depois doo quais, chamou-me e disse: cSegu -m�.
E, saindó, pufl!?mo-nos ;1 caminho do üesorto, Orn
vim a smtlr SL'<le, e falei: <Abade, lenhQ sede». O
ancião tomou, então, o meu manto e o..t'astou-se li
dlstfulcln como que de um lp.nço cio f>\lclrl,. Fez
oração e trou.xe-mo cheio de âgua, Continuando n
andar, cheg-.imos diante d,;t urna gruta; entramos
62
ai encontramo um lrmão sentado a tecer cor.
dome: não Jevanlou a cabeçil p;ua nós, nem nos
saudou, nem de modo ul�m Quis 1it:rnr em con­
versa conosco. Dis.se-me, poiR, o Meião: ◄Vamo-nos
daqui) provavelmente não foi revelado a este Irmão
q\lP deva conversar conol!(;,;». E conUnurunos em
tllrcç/ió de Llco, nté chegarmos à ceJa do Abade
Jo!lo. Saudamos a este, fizemos orru;iio; depois do
que, sentaram-se o puSl'rarn-,;e n !alar da visão <iue
Uvcrl!. O Abadr Be$Sarif10 disse lllltão ; •Saiu um
<focrcto para que sejam dcsü-uidos og templos,. De
rato, fez.se assim, e foram d.:!Struídos. Quando vol­
tavam , pai;samos de novo dililltc da gruta onde
viramos o irmão. E dlJt,;e.mc o ancião: •Entremos
otf, rio: talv�i D<>us lhe tenha rev�llldo que Cale
conosco,. Ao enu-nr, porém, encorlramo-lo consu­
mido pela morte. F alou cnt.lio o ancião, •Vem,
tnnão, rnvolvamo,: o corpo dele, pois foi para isto
que Deus nos mand<lu aqui,. Ora, quando o eavo1-
v!amos para sepultá-lo, d€'1)1't'endemos que era umn
mulher. O aJ1cião admirou-se e disse: �Eis como até
mulheres l-rlun!am so� Sataruis, c11quanlo nós
nas cidades vivemos lndecorosmnente,. E. tendo
dado glórle a Deus, o qual pL-otege a quem o ama,
Fomo-nos dall.
:; , Ctrtn ve-,. foi à 0'·1la um dcruoniaco, pelo qual
se fez oratão na Igreja. O demõolo, porém, não
• la, pol · eru pcrtlnll7. Olsscram então os cli'rlgo�:
«Que havemos il fazer a e te demônio? Nlnguem
o poda <'><pulsa•· se niio o Abade Be$.�rlão; mas,
ll<' 1'ogarmos n cs[,-, nem à Igreja há de vir. Façamos
assim, POl'l/U\fO: ois qu.- elP vem à Igreja de manhã
anlC"I do� 0111 ros: po11hamos. pois, o damonínco u
dormir no lugar do Abad<?, e, quando este chegar,
l!'Vllnl •mo-nos pura n ora�'áo e dlgaJnos-lhc: 'Des­
J)l'rtn 1nmbém PSte írmíio, 6 Abad�'. Assim flzcram;
c1uando o ancião chegou de manhú, lcvnnuu-am-se
para a oração disseram-lhe: «Desperta também
este JrmáO), Enl.áo falou-lhe o ancião: éLevanta-U!,
83
sai>. E Jogo dele �iu o d mõnlo, ficando o mesmo
curado a (lOJ'Ur daquela hora.

6. Disse o Abad" B!!ssarlão: cF'lqurl QUIIJ'Cnla


dias e noites m meio a esJ:)1nhos, l!m pê, sem
dormlr»,

7 Certo innão qu pecara, fol eXJ)ulso dll Igreja


pelo presbítero. Ent.lío o Abad 'Bcssarlão, le,
ventando-se, �íll com ele, dizendo: •Também eu
sou pecador>,

O mesmo Abade Bessarião dls!;e : 011ninlP


quanmta anos não me d,•itei d lado, mas dor.
mia sentado ou em pé•.
9 O mes!tl(I dl>:re : •Qtlllndo te aronteçer vi,•er
em paz e não tutar, �ntiio sê ma.Is humílde, de
modo que, Introduzindo-se uma a.w,:ria estranha,
nos vn�lorlemos e s.-jamos ntrégues à J)l.1gna (1).
Com efeitó, Dell.'I muitas ve.i.,_._ por causa das nos-
111J.S fraquezas, não permlt,:, sejamos cnl-regues à
luta, a fim de que niio perei;wnOS>.

10 Um irmão c1ue morava eom oul.COS Irmãos,


pe1,::untou ao Aixld<' S-arião· Qu hei de
faur?, Respondeu-lhe o ancião: Cale-te, e -não t,
�mpares com outro. ,._

ll. ô AI/lide Bessarião, ao morn>r, dl7,la qu o


mMil" rleve ser, oomo os Quen1bíns o l'S
Serafins, tooo olho.

12 Os discinulo� do Abade Bessarlão n11rrori11n


que a vida d� i:e passou r.omo a dP 1.unll
ave ou a de um peixe ou a dt' um nnlmal terh>stre:
o que quer dizer: lodo ,;, t,:,mpo d, 8Wl exlsUrocia.
ele o viveu, sem perturbru:ão nem pwoeupaçâo. Com
elclto, não tinha os cuidados da casa: o desejo de
( l) Lut.o • pugna squ; •lgnlfl�a.m_ kiibçi\,:,.
64
ver outrus terra$ não rarecla poosuJr a sua alma·
nem o afeb;lvam a saciedade de uma vida prazente!'.
ra, nrm n onstru(llio de rnQrada,s, nem o comêrcl o
de livros: mns todo ele pnrocla abSolutamcnte livre
das paLxões do corpo, nutrido da !!SJ)t!l'll.nçn das col­
�uas futurtlll, [1rme da !ort.al= da fé; resignado
C<lTTiO um prlslonelro t\qul e ali, tolerava o frio e a
nudi'Z: embora qu lma<'lo pelo ardor do 110!, sompl"I!
vivhl no ar livre; pcnclt"!lva nos lu,i:ares csearpados
do d�rlo como wn errante, e comprazia-sr multas
vl!Z l'm cnm.lnhnr pelu virnta e desnbltnde região
d Un.>la roma por um mnr. Dado que chegasse a
um lugnr rull lv11clo, ond" os monges cenobitas habl­
tom, sentava-se d.lante dns fJOrt8.$, punhn-sc a cho­
ror, lnmentava-se como alguém que escapai-a de
um noufrA�o. Depois, •aso !lllf!ISI! lll'll do !mãos e,
rnccmtrando-o sentado como um dos mendigos �te
mundo, se aproxlmass,, e lhl' dlssessc com[llldccldo:
•Porque choras, ó homem! Se careces de algo d-e
neccssàrlo, recebê-lo-ás conforme as nossas passibi­
lidades; ntra npenas e toma parte cm nos mesa
conmm, rocobrando a!P.Jrto,, então respondia ele
que não podia perma&t't:'1· tlébaixo d-e algum tP.ltJ
ante,; que enconb:asse os bens d� sua casa; dizia l�r
pcrdldo d modos diwrsos nruitas r!QUl'UJS, pois
caira em mãos dr piratas, fora ,1t1mn de um nnu­
frâglo e dcgn1clll(lo da sua nobreza de orlgcm, feito
Infame, rlc, qua era constdemdo entra os famosos.
Entr!st.ccldo por esta narrall,·à, o lrmíiO entrnva em
casa, npanhnvn um bocado de pão, e lho entregava,
dlt.<'ndo: Tomo Isto, Pai; Oll outra t-oisas, 001.1.$;
como dl2es as restltuln\: p,itrin, fümíl,n. n rlquow
dl! qu� ral�te,. O Ahad�, então, mais ainda e.ntris-
1.l.'Cido estrcmecln ,,�'Omentumcnte. ucrcscentnndo:
•Nlí0 'sat dizer se podctel encontrar aquilo que, ele­
Pois da Nlna, Pl'OCUl'O; tod:wla, m11lor prnzer oi�da
lc1·c l Qm sofrer contlnuos perigos diariamente rl1e a
morte, s m encontrar repouso das minhas desme­
rlldn,, desgraças. r-:: preciso quP., sempre " vaguear,
1'1.1 tc11nine o curso•.
65
DO ABADE BENJA.1\11;\l

l, Dlzla o Aba/lf.> Benjamim: •Quando, depoL� d.11


me=, (]esÇ11mos i;rorn o Célia, trouxeram-nos
de Alex:nndria um Pl'('!,;('J11(!, 0\1 St'jl!., J\Oto �adn QUAi
um vaso fecl1ado d.e õlco puro. Oro. quondo voltava
o tcmpQ da mÇSs,l, os lrmlios llQStumnvam lJ'V;lr para
a igr,:,Ja o qut> lhes ra superfluo. l\fiio abri o meu
vaso, mas, ten<)o..:, furado com wna ponta de forro,
derramei um pouco de óleo, e logo o orneíio se
me tornou cerno se t:lvet'S<l feito aJm;, de grave.
QuandQ, pois, os lrrnlirn; 1 rou."Ccram seus vasos
ftchndll$ como os ilnhnm rc..octbldo, no pas_c;c, f'IUI! o
meu estavn rurndo. de vergonha julguel-rM como
que um fo111!<:udon.

2. Contou o Abnde BenJrunlm, o presbit ro das


Céll · •�·omo,; t r com certo nndáo nn Cétln,
e ,yuise:mos oforettr-lh� um (IO\.\CO � õloo. Dlsse-nos
então: 'Els onde o pequeno vaso qu me trou­
!Xesl's há três anos atrõs; como o coloonstes. 11$Slm
ficou'. Ao ouvir Isto. iu:Jmlromt:1$ a virtude do 11ncláJl>.

3. O mesmo n!Ln'ou: • FomO!; !l'r c:om outro nncião,


o qunl nos re PVt> (lal'll quP camr,;si;,mo ; orm::e­
eeu-nos óleo de nllmno. D emos-11w: 'Plll, serve,.
•llO!I, da prderl'Tlcla, um pouco dt' óleo bom'. 0
mesmo, ao 011vi:r isto, 1;1<• pc,rsfgnou ,. dis&c : 'Se
f!l()sLe outro óleo afora f'llle, nlio o SPI'•·

4. O Abade Benjamlm, oo morrer, dlSbl- n lll'llS


lllhos : • Fàze! Isto, pôdcrds /;C't' salvos : 'Alc­
grui-vos 5Clllpre, l"C2lll sem cessar, em tudo dai stra.­
gas a Dl!IJS'> (1).

5, O mesma dh;i;r: •Cnmlnhal pela via rêgia, medi


as 111ilhólll e não scjals n<!gUgerill!h.
(1) 1Ta 6, lÇ,

66
00 ABADE OtA.R:t

Alquém perguntou ao Abade Binri:· •Que hcl


d<l fa7.er para Iler salvo?> ResJ!()lldCu csl.e: cVai,
tornn t u Véntre pequeno, teu trabalho manual pe­
qu�no (1) e nf,o te perturbel; cm tua eela; assim
scr()JI $11.IVO>,

( 1) o trobalho J)OdJa ;,r expM!asil> do cobiça.


67
LETRA GAMA

G
DO A.8ADlll Gru.JGóRTO O 'J:EOLOGO

1. Disse o Abade Gregório que Deu,� exlge de todo


homem guc recebeu o batlsmo, estas tres CQÍ·
sas: rota fê na alma, verdade na llngua, tempe­
rança oo L'Orpo>.

2. Disse também: vida humaoa inteira é çomo


um só dia para aqueles que ardem de desejo>.

DO A.BA])t; Gfil.A 10

1. � respeito do .A,bade Gelãsi-o diziam que tinha wn


livro feito de membranas, no valor de de?.olto
moei.las. Continha todo o AnUgo e o Novo Testa­
mento, e erl,\ c<1.locado na igreja para que ,;e algum
dos lrmilo.� o qulsesse, o lesse. 0ra um lrmão de
89
Qulrn região, tendo ido visitar o nnc100, ao ver o
livl'o, cohleou-o, funou.o, e logo , foi. O nnr.mo não
seguiu ntrás dei , n Jlm de o 11precnll r, emboro
soubesse o que se dcrn. O Jrmflo, po1 , foi pnra n
cidade. oodo procurava vender o livro. Encontrou
ílnnlmc11te um prctcndenlc, ao qunl pediu o preço
de dezesseis moeda.. Disse-lhe então o prol mlente:
•D5-me primeiro o Ji,vrq; ,·ou cX11mlnfl.Jo e dCpois
te darei o preço,. O im1i10 psslm ent rogou o livro.
O 1n-etcndentc, apodcmndo-Si" dote, levou-o no Abade
Geláslo -para ql, to o o.xruninassc, rnzcndo,lh,,
saber a IJUantiá que o v ndeclor pedira. Disse o nn­
cláo; ◄Compra-o, pois é bom e vale o r ,o qu
acabas de indlcar-. hllmem rol-se, e contou outro
coisa ao vendedor, não o qu o nnclllo dissera :
e-Els, mosu-ei-o no Abade Oeláslo, e ele disse-me
que o pt"CÇO ó ooro o o livro não vale tal q1,1antla..
O Irmão �1-guntou: <E nada mnls te disse o an­
cião ?• JléspOndm.1-lhe : •NIio•. F.nwo retrucou o
irmão: •Não o quero mais vender,. E, compungido,
!oi ter com o tll)Cião, cheio de arrependimento e
pcdindO•lhc que J"llC(lbcs!lo o livro. O anclijo, porém,
nilo o quis n.cc1tar. Ao que dú;sl! o lnnão, •S.- o nã.o
aceitares, n1io terei paz:,. E o Mc:lão: «si- não tens
N!Z, rfs que o aoelto•, O mesmo Irmão permaneceu
r.om o Abade atê a morte,> deatt>, edlflcado pelo qu.o
m.cra o anellio,
2, Ccrt.a vez um a.nciiio, mimgr lambl!m ele, o
q11:1l morava p<arto de Nle6po11s, dcblou 110
Abadr.> C'rlllãsio n sua, éela com o Lommo que lhe
'ficava cm torno.
IJm colono de :jl:acuto, o antigo governador de
TlcópoUs da Palestina, sendo on<angillnro do on.
ci\iO falecido, rol lei· com o mesmo B.'\cato, " r·elvln­
dlcou pam si a posse do dJto t:errcno, como se este,
por vigor das lei!;, d então por diante lhe l:Qea5$e.
Bacato, tmtito, que era enl!rgico, tentou succs lvllll
ve7.es com a pr6prla mfío desapossar do tcrrrno o
Abade Gcl{lsjo. Este, porém, n;io quorondo entregar
70
a celn monástica o um secular, nlío ccdía. Ora Bu­
cato o en•ou ()Ue os jumentos do Abade Gel!isio
cnrregavam as owton!llj do campo que a c.�te lora
deíxado; desviou-os r,11tAo com vlolênc!a e levou
poro cu.sa !lllCllonas, apenas deil<tlnclo os Emlma!s
e os que os concluzlom, não 'l<'m li s ter infligido
mauij tratos, O bem-ovcnlurodo amliúo ern absoluta
niio rrlvlndlcava a si os rn,tos, mas não deslst!a
do clomlnlo do campo pelo dito motivo. Bacato, em
conscqUtlncla, Wlarnado d<? ira contra Gclóslo. e,
oJ�m disto, lrnpelldo por outras cau'!ll (pois em
tiomom con encloso), resolveu Ir a Constnnlinopla,
(117.endo n viagem a p�. Chew,.ndo perto dr Antió­
quln, numa l"poe,i em qur. br!J:hova C:OmQ um a�t:ro
de lu:t o sanl.Q Simeão, t111viu contar o que 1?Ste fazia
mm coi$1lS que ultn1pru;savam as forças de um
homem) , e desejou, como se fosse Cl'l$tão, ver o
santo. Ora o santo Simeão. tcndo.q visto do co­
luna (J J. JX".rguntou-lbe logo que mtrou no mo:;­
tclro: cl)oncfo &!, e poro ondP vais?• Rl,>spondeu:
«Sou dn Pal<'Stina, e vou parn Const ntlnopla,. E
por que motivo?:. ExPlleou. Bacal:o: cPor muitas
cn11sas de necessidade; t!SJ)Cro que, polns ornções de
tua Santidade, volte e ndore teus santos vl'!ltJglos•.
Dr-clal'Ou-lhc então o santo Slmen.o: ,Não l'ju res,
ó dclcscspcrad.o entre os homens, dizer que c-aminhn•
conlt'II a hom<!m d Ol'us. Todavia nllo hãs de fazer
boa viagem nem mais râs a tua casa. Se, pois,
<1uen'S obedecer :.io meu coosclho, vnl dsqul pro­
curar o homem ele Deus prostra-te di,tntc dele
ru,,,,pcndldo. dado que ch,:,guc.s atê ele ainda oom
Ylêlib.

De tato, em bl'PVO Bnc:ati:l foi nc'OmcUdo de


Mll't': OR quo- o acompanhavam, o colcJl!arll1ll numa
lU.C'lru, e assim ele dn"a-se Y,n.'SSO, conformo a pa­
lavra Cio santo Simeão, por chegar ao lugar onde
(1) 0 •nnto mung� Simoiio vivia, por otp!rito d• mortl!.1•
c:ntllô, ,ob:u Um4 ,;aluna; donde o eeu qnc>alé •E--.i4
lil-a." (atélê=�luna).

71
t'S\.ava o Abnde Gelnsio e pedir �rdlio o este. Con­
tudo, chegru)(lo a Berllo. Bacuto morrru, m ler
visto denovo e sun cnsn. de acordo com n profecia
do santo.
F',stM coisas, narrou-llS n mui homens !ldc-
digno.-;, depois da morte do pai, seu Illho, tllmb<!m
éhllmndo .Barato.

3 Muitos dos ipulos de Ccftí.qfo ainda nOITI\•


, 1m o semilnte :

()'rtn ,-c, um J)C'ixe !oi Jcvudo nO!I irmllos ; o


rozlnhrlro fritou-o, e lc\"Ou-o ao lclrl'iro. 01·;i. W•
brcvlndo um motivo de ui,t�ndo, o �.._,1 irclro teve
quc sair do celeh'o; delxavn o pd P num \':1ro por
temi, mandando, porem, 11 um jowm di. ipulo­
ilnho do tx-m-uventumdo C<>lf1. lo qu,• o guardasse
provisorinmC"Otr at,� que �-oi .""· Contudo. o m.-.
nino, tcnt ndo pela qul , pôs. n coml!r o vldnmen1r
o P<'L�e. Net1se mom1'nto entrou o lrlrclro e 'n•
controu-o o com r; lndlstnndo rontrn o menino, que
<'1<lnvn s,•nl do no éhão, sem rt'flctlr multo, dru-lhe
um wn p,', ora n crlan,:a rerld11 mortalmmte,
por lntcn'Cllçi,o 1mrticutar do d<'mônlo, anP<>'U•M'
r morreu. Então o ,1 b Iro, tomndo d mrdo, re­
clinou o corpi, oo llt!I.I próprio rndo dP dormir,
N'CObrlu-o, e foi \Pr t'Om o Abadr Ccláslo, ,,o� péll
do qual prostrou, narrando-Ih,. o qu• nconlN'1·rn.
O Abndl' mondou-lhP qu II nin� mais o con­
l se, e que, à noltlnhn, d •pois quc tooo ,, irmãos
Já csllvc,;scm cm répouso, Jcvll.SS(' o caddvcr parn o
orntõrlo, o colocasse diante do nltllr <' se rei ir
Entmndo então o nnclllo no orutório. )IÔS· d p(,
cm ornçiio: e, à hora do salmõdio noturna, qunntlo
se reunlnm os irmãos. apareceu o ancião tendo a
segui-lo o odolcscent�. E nlnguém soubc do qu�
aront�era, exceto ele e o ceiclrclro, até n mor(e
do Abado.
72
4 Do Abade Gclásío contavam o seguinte não
somente os seas disclpulos. m11S também muitos
<)Qi;_ 1J111t CJ vi�l!avam frcqücntcmcn1.e .
Por ocns[!iQ <)o Sinotlo CC\lmênico d<' CoJcodônia,
Trod<lslo, o quul mt P,ueslinn dirigia 0 cisma de
Dióscot'O, tomando a tllnotelra dos b!spos que esta­
vam pat'll vollnr i,;; suas lgreJQS /também elo se
achovo em Go�tllnlfollp)a, expulso da sua pá�r<ia
por se compra2er sempre em tumultos públicos),
esse Teodósio foi ter com o Abade ('-<!!âslo no mos­
wlrtt clrste. Falou contra o Sínodo tlc• Q/Jcedünla,
como �P l'Sle I fvcsse sooofon!l.do o dogma de ::>lés­
tór•io (1), julgando IISSlm COl)lar o santo pal'll COOJ)(?­
rar �;,m o erro (' o cisma de D/65';0ro. Gl!lásio, po­
rém, em virtude de seu lempcrnmenio natural, assim
como r><'lo discernimento que de Deus receb<!ra, per.
cbeu o l}UP a fnt.m�o di! Teodósio nnha d� rl�pra­
vado, C' não mle1iu !1 apo;filsla, como de rf'Slo ade­
rlrnm (1U!1$� todos o,; . 1.i.- con1etnp0rfi:rlC!l.'I: antes,
inrJ!Jtlu a Tcoll" lo um V<'xam� bem mci•ecldo e re­
P(lllu-o; com efeito, lendo chamado o menino 11ue
ele rcl.'Suscltarn dos mortqs, disse a Trodoclo cm
tom ave: «Se QllCn!S di,;putar a L"P.l1J)('ito da fé.
ten� aqui quem I.C ouco e ,,. responda. poi3 a mim
falta tempo pal'tl ouvir o que cfu:c.s
Confundido com ostns palovms, Teodósio foi
para i, Cidade Simte (2), onde ganhou toda a elas,;c
dos monges para si, dando eli" n n!J'U\'nc!n <le ugf.1·
llOr z lo divino; gi,nhou t.imbém a Imperatr12 (IUC
c11tfül "" nch,wn 1111 cidade, e, as.sim npoll)do, c'Om
(1) {) Súmrl<1 (li' Ollkndtini.1., ro1llliu-,r- em ,t5f c-o-ndr,nn.nd"
nl6ACM'.t\ �U!I k! uu.l.'t'A, qut, tt!lrma,·Rm hu,vttr m
Cl'f�AJ a l"r taioa ctharitt r, rt nnLum11 dlYi11n a.pl'nn-.
11Í1() � rtnl\l.nwt humana (l\íQnoít.iit1s11.19). OJ!i: Mmrt>fi!ôi--­
l.l'J condt.mruJ,us, acur.:l ,n U$ PndNB \fo C:.tlccdGDita. de
Jn,.;. •1· 1wor�aJo (1 he.tta10. opó&W., cu ecjq., 1> Nesto­
ri&numw (QI", Jn,i·t"R"' 1'"'6lórÍn), •1un ADJ,1•p-t11"a\!1 há\'llr
,·n1 Crilt.,Q dua. 11::irnt •;.:t1 u duM Jl('Si(IBS d1si-int.as:
n dlv.•na o h1,1n-11um.
121 J rllMlfm
73
vlttlência a]!)<) letoú- e da sede cpIBC<>pa 1 d,:, Jeru,sa,
tém, o que conseguiu cometcndo oiort:!clnlos os
ouu'OS feitos llícltos e çonttárlos aos de qu até hoje
muitos se recordam. A seguir. p<>iS que sc- tornava
podero,so f' con.sci:tulra seu lnl ento, sngrou n11dto
bispos, usurp11Ddo as sedes dos antistites que aindíl
nfw tinham voltado, e mandou viT à sua presença
também o Abade Gelásio; cllamnu•o p.�ra a Igreja,
usando de seduções e, ao mesmo tempo, de amea­
ças. Quando. pol.<;, Gclásio l'lltrou na igreja, Inti­
mou.lhe Teodósio: cProfere ç, anátema contra Ju\'C'·
nnh. quele, em nada atemorizado, respc:n,(leu :
�Não �-onne,;o outro bispo de .ferusalém �rnão Jt1-
venal •. Teodõslo, t.runcndo, então, que taml:!élm
outros lmítnssem o santo zelo de Getásio, mandou
que expulsassem a este da l!Jl"l'j:t. Os clsmâfií'C!S
apt"OM'ldcrom-no, e ccrcarom-no de lrnhos, 81111!3·
çanào quelmll-lo. Vendo. pon'>m, que nmn assinl Sf'
rendJn nem u:rnl.'drontava, leme-mm n insurmtção
do povo, pofs famo!<O ora o homem (tudo, de resto,
ertt dlsJlOSIO J)('ln Pnwid nefn divina), e '!Citaram
lncõlume o t�munlia da fé, a qual. rnquanto dela
dwendiu, Sí' tiferecPl'R a Cri o en holoc.1usto.

5. A respeito dele diziam que em SQa juventl.1de


abra�'<>U a vida PObre e ,,remJUça. Hllvia na­
guel;,. éPoca ainda outros mulla'; l'.iels que abra,;a­
ram IJ, mesma ,•Ida na mesma regtl\o; entre os qu.ais
e!,l11vam um ancião extremnmeme simples, muilo
embora t<mha tido cllsclJ)Ulos =
pobre, o qual viveu a sós numa cela al.J! mortP.,
velhice. F.l
ancião durante toda a "Vida se t'xerccu nA ob�r•1vflncln
de não possuh., dua.� lún1cas nem se pl'OOC11par com
os companheiros a t't'SI)l'l1o do dia de mnnnbã. 01:a,
quando Acontccqu que o Abacl� Gelãslo, por graça
de Deus, constituiu 'O Se\1 cenóhio, foram-lhe ôoud.o11
muilos IP.r1•enos; \•eio n possuir trunbêm os animals
de ca.re,a e os bois para o serviço do cenóblo; íqra
ele, de :resto, quem çler-« aQ divino Paçõmlo o orà­
cule> de consUi.ulr o primeiro cen6bio, • com o mesmo
74
COO P';rnra " � Cônstltuição do mosteiro (1). Ora 0
-
refendo anruao, vendo n Celáliio em melo a essa.�
coisas, P conservando genuína caridade para oom
ele, da'iC-lhc: •Ti;mo, Al)ade Gelásio. rJU(> fique li­
gado o tnu P!'nSll)nooto aos eamJll)S e ús dem ats
pOSscs do cenóbio». Ao q1,1P Gelâsio respondPu :
«Mals ligado estA o teu pensamertto u agulha com
que W'llball1as do quo o pensamento c;\e (',cláslo a
tais b\?ris>.

6. Do Abndo Celã.slo reforíam que, multas vazes


atonn,,n«ido J)t'los seus pensamentos para �.­
�Orar para o deserto, Cl!rto dlo dlsse ao seu dis­
clpul<;,: ,Pratica est.a Cl!riclad , Irmão: ludo que eu
Jlier. suporta-o, e nãl> me fales durnnw esta ..,,.
mflnil>' E, lODlEllldO um ramo de palmeira, Pós-•St>
n circular em seu patlozinho; cansado, scntoU-1;<>
um pouco: ll\!lS de oovo levantou-ow, e continuava
u an<lar. Vinda a tarde, disse oo�go mesmo: •Quc,m
caminha no de.i;erto. nilo come pâo1 mas crv.,s;
tu, porém, dada a tua f:rnqu12a. come um pouco
de legume». E, feito isto, de 110vo disse consigo
mesmo: «Quem camlnhn no deserto, não dorme de­
baí.�o de teto, mas ao ar lln-e; por conseguir1te, ra,.e
ass1m>. E, tendo-S<? rccllnndo, donniu :no patiozinho.
Pussou três dias, and.ando no mosteiro, comendo à
tarde um pouco de legume (2-J. e â noilt' do1mi11do
no relento: dcpo� <)Isto cru\SOU-se. Então reprreo­
deu o p,msarncnto que o atormentava, dl2endo n si
m esmo: •Se nl'to mes fazer as obrns c.'ô dCS(.'rto,
s,>nta-re na ceio, com pacllmcla, chorando os ti:-u.s
peça�, e núo va.,-- ueles; pois cm toda a parle o
olho (11) Deus vê 11s obras d()j; homens, P nada lhe
flca oculto: Deus c:onh cc els que pl'lltí<-a
. m o bem,.

( l) -São Puônil) , q prioutl-ro Lt'.!wietrufor � m.o1\àttU11m()


e;e-1mUiU:o: fundnu u fflAla antJg'(i ('ttn6b,t1 ou caa ,S,:.
,•ii.la regular comum f)Qr f'tir'CO de- 320,
(2) "Mikr&. �r<1"" : espfci, de chicóru& -
75
DO ABADE GERôNOIO

Disse o Abade GerOnclo, de Pedrn, que muitos,


tentlldoS"pclos pra;:eres do corpo, embora nno tenha111
cedldo ao co-rpo, fornlcarrun segundo a mente, e,
conserv>mdo o rpo virgem, Se tornar/\m fornicá.
rios ua ruma. d'orllllilo, carll)Simo!a, � bom fazer o
quo cslit escrito. de modo que cadà qual guarde o
seu eora(;f,.o com todll o vi Uãncla> 1).

{J.J cr. l'r 1,2a.


76
LETRA DELTA

D
DO A.RA.DE DANJ.El,

l. Co:ntavam a �es�to do Abáde ,Danilel que


qupndo os Bárbaros lnvadiJ:am a Cétln, os Pa­
dres rug,; r1UJ1. DlsSC ent:lo o Mélêo: ,Se Deus nllo
se ooupa de mirn, para que também hei de Viver?•
E al:Jdóu por meio dos BúrbaroS; esl:c$, pOr>:im, não
o vivam. Depois do que, (alou consigo mesmo: �Eis
qu\! D.eus tomou cuidado de mltQ, e :ni.io mol"ri; faze,
port.u.11101 uimbém tu o quo é humuno, o foge como
os Padres>. E, Lendo-se levantado, fugiu.

2. Um lrmfio r,c,clru 'llO Abn(lc Daniel: illã-me um


pt'\'ICi!ilo, etr o observa�eb. Respondeu este:
«N11nca tendas mão a um prato Junto com umn
mulbct·, nem c0mas cm rompanhla deln. J\SSlm cvl­
tnriís um pouco o drmõhio da fomietiçliO>.

3. Co11 ou n llbade Daníel: cFfnvln na 13:lbUônia


n J'iUm de um, magistrndc., que est,�va possessa
(lo demónio. Ora o pai dela únlm amizade o.'>m \llll
c�rto monge, o qual lhe disse: 'Nlnguém pode rorar
77
a tuil filha senão os amlcocct-ns que conheço; se,
porêm, os c11ameres1 não suportarão fuzê-lo, por
motivo de humildade. Toda.via proc.-edt:trcmos e.sslm:
quando vierem à pra�a da mercado, ra.:et como se
qulsésseis comprar artcfntos, «", quando se eh go­
rem para tecebcr o Pl'éCO, dlr-lhes-emos que fa�am
oração, e creio que o Jo\'em ser.\ unida'. Snlrul<I
eles, pois, ã praça do mercado, nconl,.arem pm
disclpulo dos enclâos sentado a vrnder QS arlefatos
dos mesmos; e levaram-no para casa, juntamente
com os cestps, l'Omo que para recebf'r o p1·.ço destes.
Oro, quando o monge chegou à casa, foi-lhe ao
encontro a Jovem ckmoninca e deu-lhe um� bafc­
tada; ele, então, apréSel'ltou a ou1 rn f11ce, conf011ne
o pre<;elto do &nhor, O dl'.lllõnlo, atonnentado com
isto, exclmnoui 'O violénc!a! O precclto de Je us
me PXJ?ttlsa'. E logo foi a Jovem purl!lcada. Depoil;,
quando chegaram os anciãos, narrarrun-lhet: o que
acqntecern: eles, enUlo, gtorittcarnm. a Deus, e clis­
serlUll: 'A soberba dq demónio roi,iumn cúir pelo
humlld,1de do mandamento dr Cristo'•·
4 Dizia também o Abade Daniel que, quanto o
cot110 prospero, tanto a alma cre!inhn; e, quanto
o corpo definha, 1rutto a alma prospera.
5. (',en11 vez fll.Zlllm cst.rada juntos o .Ahaile Da-
niel e o �b.1de Amoés. Pergunlou Q Al'lll.dc
A.moos: •Qi.mndo l'l05- =toremos na Cela, também
n6l:, 6 P,il?> Respondeu o Abaile Daniel: «Quem é
que netStl' momento nos tira Deus? Deus está n,1
cela, e taml.wm (oro da cela cstã Deus>.
6. Contou o .Abade D.o.nlel: •Quando o Abruic Ar-
'li!nio estava"º �a, havfa lá certo mongl't qu
roubnve. os artefatos dos miemos. Chamou-o, eolão,
o Abade A�nlo à sua wla, lnlenclonando lucrar
o monge ê dar p:17.. aos anciãos ; dlsse-Jhç, r,oís :
'Qualquer cols� .que qu!Sl!res, eu u, darcii ap,.,nas
não ru,1es·. E deu-lhe nu1"9, dlnl1eiro, vestes e t\Jdo
de que precisava. Aquele, porem, foi-se, 'C �cubou
78,
de novo. Em consegüência, os anciãos, vendo que
nilo se em.,ndara_, e�puls:u-"m-no, dizendo: 'Se se
encontra algum 1rmao quo sofra da fraque1.a de
•UTI vicio, é prccL'lO corrigi-lo; mas, se rouba, expul­
sai-o, pois é nocivo sua alma e perturba. todo,; os
que mor•,lJn nn mesma região•.
7. Nnrrou o Abaàr Daniel, o Faranlta • .:Nosso
Pai, o Abade Arst!nio, referiu, n respeito de
certo monge da Cêtia, que !azia multas OQlsa$ no­
túvciq, mas que era Ingénuo em matéria de fê. Ora
em vlrt udc de sua simplicidade, caia em erro e dlzla:
'0 pfio qw, rec:ébernos, não é realmente o corpo de
Cristo, m;,,s sim bolo deste'. Certn vez dois anciãos
ouviram-no que n.�sim falava, e, conhecendo que
mui os méritos tinha Por sr.u gênero de vida, jll!ga­
mm que o dizia em Inocência e shnpliddade; foram,
pois, ter com tr e dissct'alll-lhe: 'Abade, oulllmos
uma referência contrária à fé n respeito de alguém
a saber: afirma que o pão que rerebemo�. não é
rcalruento o corpo de Cristo, mas o slmbolo deste'.
Respondeu o ancião: 'Fui eu que c!ls__se Isso'. Aqu .
les, então, exortaram-no : 'Não conservés este modo
dé vc,·, ó Abade, mas aC!'itii o qUt" en lna a Igreja
Católica,. Nós cremo& que o pão mesm9 é o corpo
lle Cristo e que o cálice mesmo é o sangue de Cristo,
em v,'rdacle. e não em figura. Mas, assim como no­
-prinçlplo Deus tom<)u lodo da terra e ()Om c.le plas­
mou o homem conforme a Sua imagem, de mod9
f\UC ninguém pode diJ.or gue não e imagem de
Drus, 1nbara Jmagem quo não se dei,m romp� -e n­
dér a· lm também o pão do qual o Senh()r dlssc :
',E; 'meu corr,o', cremos que ·em verdad� é o corpo
de Cristo'. O ancião retrucou, 'Se eu nao roi per­
Si.Wdldo pclg fato mesmo. niio ficarei satisfeltó'.
l\(lu 1 , então, dlsscrnm-lhc: 'Ré'Lemos esta semana
a Deus a respeito de tal mistério; cremos Qtl� Deus
no.lo revelará'. O andáo recebc,u com nlcgrta esta
l'llllavrn, e orou a Deus, diialdo: '5enhor, tu sabeS
que não é pQr mn.ldadc que sou incrédll!O; mos. Pllra
que não err pôr ignorã.ncta, revela n mim, Senhor
79
Je. us Cristo', De out.ra parte, os an iãos, voltai1do
�s suas celas, 1>rnvam o Deus, tnmbem eles. dizendo:
'Senhor Jesus Cl'isto, revela a esse an Ião t,tl mls-
1érlo, .t1ar11 que ct'cia e nãO pe1,;n o mfrl!.O do sga
fadiga aS(•�uca·. rtl Deus mtvlu n ambos. Térml­
nall/l a �em1U1a, no domin!:(O foram u igreja, e acha­
tam-se juntos oi, três sós cm um bnnuo, eslando
oo m lo o ancião incroàulo. Abriram-se-lhe.!!, t'ntáo,
os olhos: quando fo1 colocado sobre 11 mesa �agrada
o pão, apareceu nos Lrés Cílrrw 11ur- wn me.nino; t',
quando o presbltert> l!StQndcu a mão J)ll\'Q [lll'rtl r
o pão, eis que um unjo do Senhor desceu do céu;
µ-azia uma espada, com a q1.w.l matou o me-nino,
derramando o seu sangue no cálice. Depois, ,1uan:do
o presbitero partiu o pão cm pequcnos iragmcntol!,
também -o anjo cort.llva podnclnbos do menino. Por
fim, quando SI' aproximaram p-.;,ra receber as dá­
divas snntru;, ao ancião, o .ao ancilio sõ, foi dn(k1
carne que sangrava: \lCJldn-:,., rol 1omado de temor,
e exel,unou 'Cr lo, S4:nhor, QUt> este 1"'0 i, teu
corpo e o cálice é t<'u sangue'. Logo a c11111e que se
achava em suas mãos, se tomou p(io, conforme o
mistério; e .ingeriu-o, dando gracas a Dei.IS, Dw;e.
ram-lhe então os ancfãos: ''Oeus conhece a nat1J­
re1.a humanrJ; sabe que ela não pode comer càrne
crua, e, PQr isto, transformou o c;eu oorpo em pão,
o seu san1e1Ue em vinho. paro os que o recebem na
r,,.. E deram grn('lls n Deus a propósito do nnci·o,
pois Qll<' DcW! nfto Pf'rmllirn fo!iSt'm Cru t:r:Jllas ns
fadigqs deste. Flnnlment� ,,011.nram os li°& com al
grln p:i.rn as respecfü·as C!'laA.
8. O mesmo Abade Danirl falo1,1 a rogpelto de um
oturo anclfto, multo bant'Tnfrlto POr suíl vidn,
e resld<.mte no T::'l:f10 1níerlor, que, Pm su:n slmplicl­
dacle, clizia sar Melqui�eque filhG de Dc:u..'I. t.o
rol oom1,,Lnicado ao bem-aventrado Clcllo, arcebispo
d ilcxandtia, o qw,,I rn.andou alguém ter com o
àncmo. Ora o orcehi�po sabla que o nnclão 1/l?la
milagre$ e que, se pedrss,, algüma col$0 n Deus,
Deus lha 1·e'ieJ11va; sabia tambêm riuci por m.!!l'A
80
Ingenuidade assim falavi1 o nncião; por Isto usou
da . gaint.e artr: mundou dizer: •Abade, recm·ro o
ti, pois que um fX'nsnl'Mnlo meu às \'e,,es me su­
gere que Melquisedeque é Filho de Deus, ao pa.sso
l)Ue outro pensamento _.firma que não, 11ue é homem,
Sumo $ac rçlole de Ot:w;; Jã, (lOIS, que ci,1011 nessa
111.,,,rtezu, mando-ti! um emlssárlo, a fün rle que
peças a Deus que l� r<>WI a verdade a esse res.
peito,. 11ncião, confiando em seus merecimentos,
respondru C(lm seguranç1t: •Concede-me três dias,
r ln l'l'OJtarei a Dt!us a la! rrspeit.o, e 1e comuni­
carei quem "ra Mcli.ull;e()equr,. Foi-se, pois, e ro­
gou a Deus sobre o ll.'ISUnl0. D pois de lrês <lias,
/le fato, procurou o bem-nven�urado Cirilo e dli;se.
-lhe que Mctquisedequt- era homem. Perguntou,
cnltio, o nrr.ebisJ)o. •Como o Sllbes, 6 Abade?. Este
respondeu: cDeus mostrou-me todos os Patriarcas,
fazendo passar um por um ninnle de mim, a partir
de Adúo ute Mclqulsedequ : fica, pois. seguro de
que assim é». Retirou-se, e de então por diante
espontancamellte nprrgo;wa que MelCfUisedeque era
homem. Corn lslo alegrou-se grandemente o bem­
-;i.yenturndo Cililo.

DO ABADE ])J SCORO

1 Narn�mm, a prQpó�llo do Abade Dlóscoro tle


Nartulos , que o seu páo or11 feilo d� centeio
r !<mi IJhn, Todos os a.nos punh o lrúciô de umil.
virtude dl1.Pndo: ,Nr.o Irei ao encontro de ninguém
�•l" ano• (1), ou cNfto lataroi•. ou Não comerei
alimento rozldo• ou •Não comercl fn,tas ou legu­
mos•. Era n,;.slm que ele r>rocedfa em toda a sua
( 1) loto <, niio rrecbetcl 11on1 Car�I vl,11,u.
81
lal)uta; e, tendo consumado um cmprccltdlmcnto.
punlia mTips a outro. De nno cm ano Cnz1a assim.

2. Um Irmão dlri�iu-se ao Abudo Po.üném nestes


termos: •Os meus (JCllS!lllltmtos me �urbam,
fnzendo-mc esquec1tr os meus pecados a ptcstar
nten!liio n9 del'é1tos de meu lr:núlo•. O anc,l;'io. então,
QQnlqu.lhe, ll respeito do J).bade Dlóscoiv, gue este
se udwva na cela chOJ'lmdo SQbre sJ mesmo, cn­
quunto o seu dlselpulo esta a sentado m oul.:Ml,
cclà, Quando este Oll ler (!()m o Abad , CllCOnt.rou-o
m prantos. perguntou-lhe: ,Pai, porque cl1ora.s?
Rl!SpOncleu o ancião: •Choro o., moLL5 peca!!los•.
D1ssi--lhe o d.lselpulo: •Nào tens pecados, Pai>. Ré­
lru(lOU o Abade· •Em wrdadc, mho, s me !esse
dado \'Cr os meus pecarlos, não basUlrlam � 011
quatro outros (mong('SJ p.irn prantcli-lo$•.

3. Disse o Abade Dlóscoro: cSo trouxermos n


nos ·1 v te celeste, nlio �remos encontrrulos
nus; se, porém, formos achados 11cm B'JUl'W veste,
que faremos. lrmtlo.s?• Teremos, também nós, guo
ouvir n sentença: 'Atiru-o nas lrt!\"8.S de rora; 1
have,,:à choro e ranger d dentes' (1 l. A!l'Qro, porém,
digo.vos, irmãos; grande vrrgonhn Locarã a nós, se,
depois de_ tra,;ermos duranw tn.nto lempo o bãhito
m1,1nãstloo, formos, na honi da nece dad , ericon­
\J'àd\'1$ m a veste nupclut. ó arrependimf!nlo l')tJO
nos apreend111ii enUlo! o LrCVas q1,1e cal.riio sobre
nOs, em l)l'l!SCnl)ll de n05S0$ PaJs e lrmfi.os, os qunli.
nôs verão castigo-elos pelos nn!Os da puni�o !•

82
00 ,\J'4Dl:l OOLAZ

J. Ols.o;e o Abede Dutaz: •Se o Inimigo nos quer


ro� o abandonar- o nosso l'l!tlro, nãQ lhe
cJQmOS ouvtclos, ppls nndo é s u,elhantc a este e
110 Jejum. O retlro e o jejum s... assoolam J)!lra a
tuw conjunta contra ele, poi. dão perspioâclo. aos
olhos da ment�•-

2. O mesmo d também: <Del"n rte ter relfl.


ç;ões com murtos homens a fim d q_ui, a wta
contro os teus pensamt'ntO$" não se torne ugji.ada e
perturbe o habitual lranqililidnde•.

83
LETRA ÉPSILON

E
DE 'l'O EPIF O, BISPO DE CIUPRE

1. Narrou Snnto Eplfânlo, biSIJQ, que, nos tempos


do hem-aventlll'ado Atnnlisio o Grande, as gra­
lh vonvnm em lnrtll> do templo de erapls, e gri­
ta vnm Sl!m lrey,-ua: <Ôrl!-S, CM!!<•. Os pagãos, então,
fortim trr com o bcm-nvrnturndo Atanásio r per­
guntaram-lhe: có volho rrum. dize-nos o que cla­
mam ns gralh •· Jle.spon(lc-u: �k. grnlhas clamam
'Cm$, eras'; ora 'Cras' n lírigun do:< Ausõnios (ll
lim]ílcn 'nmanh.'i'a. E nCJ'eSCf.'ntou: •Amanhã vereis
11 glórin d<' Deus,. Pouco depois. com feito, foi
nnuncladn a morte de Juliano Imperador; cm con­
,wqü�ncJo, o.� l)llgüos se reuni.mm e puscn,.m-� a
l!l'lt:lr rontrn SPr.111ls: •Sr nHO qU('rlas bem n ele,
por <111 11.'C<.'bla.s suas oferondas?,

2. O mesmo contou nue cm Alexandria havia um


cavaleiro filho de umo mulher chamttda Maria.
No dfl('tff$0 de um certame hlplco, l1SSI! homem caiu;

(lJ L-n.'Ull(,,

1 -anlou-se, PQrém, passou à Crenl• daoucl que o
h vln derrubado, e venceu. O povo, rntão, clamou:
•O filho de Maria caiu, levantou.se e venceu•. F.s,
tando ainda a res.'IOar grilo, propagou.se na
mullldiio, a propóslto de Sernpls, a noticia dt' que
o i;rand Teófilo, jó d �oi do ex!lio, derrubam a
estãtuu da Scrnpis e apocl('rara do templo.

3. Foi comunicado no bem•av nturndo Eplíãnio,


bispo de Chipre. pelo badc do mosteiro que li'
1 vc na Pnlcsl.ina: •Em vlrtud<> de tua& pn'Cl's, n o
nos descuidam°" da nossa ma. com u-lo ceJc.
limmos II hora tercrlra, a rxta r, a nona•. EpUll.nlo,
porém. Ct"nsumu.os. mnndondo-Jhe,,; dlz,,r o scgulntr:
<É manifl'Sto qul' sois n t!lll:rntl'!I, dPL�nndo de orar
MS outras homs do dm. Com eCclto, o v,:,rdadei.ro
monge deve ter sempre a prece e salmõd ia cm
seu coração•.

4 •rta vrz Santo Eplfànio mnndou um emls-


' rio ao Abarl" 10lmi..'lo, a fim d pedir-lhe o
S1?1:1Jlnte «Vem, e nvis!J?mo-llO!! ainda nntcs de
dcl.xnnno,; o corpo•. Ora llilarfüo foi, d&. foto, ter
;?Om Epifànlo, e os dois muito "" �mm com o
irncontro. Ql ndo e,;ta,-am a com,!l', 'IE'1viram.lh�
umn a,•ll'Zlnhu. Tomando.n, o hl po dru-a ao Abade
Hilarlão: estr, porem, l'f'(lllrou: •PM'do.ll•l'Q(', pois
que, d !! que tomei o hábito, não comi oi o de
Imolado•. Rl)SJ)Ondcu o bispo: E C'\J, ifn QUC tomei
o hábito, não deil cl IJUP algu�m t dormir tendo
al� coisa contra mim, nem !ul dormir tendo
algo contra (lUCm quer qu r •· D , lhe 1•ntiio
o Aba.de: Desculpa-me, pots u tua virtude (, maior
do que n minha•.

5 O mernio dizia; •O tipo d<' Crl•lo, Ml'll'!Uisede-


qur, abençoou Abrarto, a raiz dos Judeu : por
COliscgulntc, muito mais o V<'rdad m . ma, Cristo,
abençro e santifica todos os que nl'le crêem•.
86
6 O me!lmO cli71n: •A Can311éla clama. e é aten.
dld, (1); o h morrolssn &li ncia e é dlta bem•
.ov nt1Jrndo. (2J: o E·artscu fala nlto e é condenado;
o publicano nem abre n boca e é ouvido• (3).

7 mesmo dizia· •Davi, o prorcta, orava em


hora Inoportuna, 1 Vànt.ava-se à mela-noite,
ntl'S drt aW'Orn rezava. na aurom ofer la preces,
de manhã rogava, tartk? e ao n,eio-din suplicava,
,, por I to dlzía: 'Sete VC'lCS por dia Te tou,"Cí• (4).

8 Ois.SI.' taznb(,m: •l:: preciso que os que têm meios,


po. am os 11\•rO!I cristãos. O [ato de verem
<'S livl'O!I já por si torna-nos lentO!I para o pe.
c&do "' exorta n que nos ergamos maJS olnda paro
8 justl,;n».
9. Disse também: Sustl'ntlÍculo poderoso paro
n o se cometer pecado é a leitura das Escrl·
turn.s>,

10. Disse igu.�Imen : «Grande predpieio pro-


[undo eblsmo é desconhecer as 'Escrituras>.

1l OI d no,·o: ,Grande dcs;,c:rrlírlo d salva-


ciio r.,_ n.íl,o conhl!Cl>r nenhum" dns leis divi­
MS> (5).
l2 O mi=io dizia: , ().; pecados dos justos !Ião
romrtidos pelos lábios, ao posso quc os dos
lmplo� pro<'ed m do COl'JlO Inteiro. Por isto cantava
Dnvi: 'Coloco, Senhor, uma iiunrda à minha boca,
1• um envoltório aos meus lábios' (6). E: '1':u dlllse:
• lglal't'I os m<.'\IS caminhos, para que não peque
J)f'I lingun'• (7).

87
13 Perguntaram-lhe: •Po.r que dez são os pre.
c:eltos da Lei e nove as bem-aventura:nç,1sh
Respondeu: LO Decálogo trnz o mrsmo núme1·0 que
as pr-agas do Egito, enql!anto n soma das bem•
.aveoturunças repr ·enui UITlll. lrip)i , Imagem un
Trlndaçlç,.
11. Ao mesmo perguDtaram se bllSta um 1usto
para aplacar a Deus. RespoaUcu: •Sim, J)OÍS
Deus dt ; 'Procunli um ll6 qu1:1 pratique a (!(JÜI•
ilacl" , 11 justlco, serei propicio a todo o povo'• ( 1 l.

15 O mesmo disse: •Aos pcc;,doros que rozem


penlténcin, Deus pe1'1ilo11 mcm10 o mãximo,
como it fornlcâria e ao put llc,an . o(J� justos, llO·
rem. cxl e até mt• ·mo juros. Ê Isto o que o Senhor
dl.7.l:1 nos Apóstolos neste;;- termos 'Se a vossa jus­
ll','11 nlio for mais nbum!antc que a (lo cscrlbns
íaríseuli. niío cn!rarcls no n'lno dos <'i!IL'<' (2).
16 Dma também lsto1 Per multo pouco Deus
vcimc as Justiças a que ll'm 7.l('io para com­
prá.Jus,, 11.snht-,: por um pedacinho de pão, por umn
veste ordinária, por um CO()O d� ngun (1-eo;ca, por
um óbulo•.
17 Acres<:t!flt.tva tambêrn !�to: O homem que
pede emprestado a outro, Ja por motlvo de
pqlnvza, �j� por 11ei.·ess.t1ar de cnn abundllncia, 110
r�tttuir, agrade-CP., sim, m�s (• à!' ocultas que ros-
1:iti;i, porque Sl!nte v�rconha. O Senhor O�ua, pur�m.
proc:ed'e ao cont.tárlo: tomo E'mµrei.tado as oculUi.5,
e restlWl em presença d<;>$ njos, dr,., arçnnjo, e
4e.s justos�.

()) J-r6,I.
m M• 6. 'lfl.
88
00 8ADE l:;FI .�t

O A ''.le Erri•m u!ndn era menino, quando teve


o lV"':till1te FOrtho ou vll,ão: n�eu vmn vldeíra
sobre II hngun •l�lé n <1ual ,,rcsccu e encheu tooa
a 11•rm que está sob o reu, dtlJ\do fruto bom e
mullQ nblllldantl'; 11$ uves do céu vinham e comiam
do !rulo da árvore: ,,. na m1•dldo cm Q\Je comiam.
mult ipli<'Ova o írufo da vldeh-a.
2 Olltr;1 vez um d9s Santos em visão c?Otllcmplou
romo " <mlMJ dos Anjo� descia dos cêus m.:1n.
eluda por D,.,:i!=, tendo nM mãos um livrinho, ou
!'leja, um tomo es,,riló por drntro e 1>0r tora. E per.
l(lllllovum uns un,,; outl'O$: •A quem deve ser entre­
gue este Uvrlnho? Ali,11111 d�lnm: ,A este tah;
Olll.l'OS: •A tol Q\IU'O Finalmente r�sJlQndcmm :
•Em wrdadl! exi;tem =tos e justos: lodttvia nin­
p,.wm o pod� rec()ber senão Efrém,. E o ancião
1·•u.os entre,:ar o llvlnho a Efrém. A seguir, levru,.
1 mdo-�e !le manhf,, ouviu Etrém a dissertar como
se uma font ;ibuo,lnnlt- jorrnsse da sua boca e ücou
!'llbr,ndo que lns_p1radlls polo Espirlto Santo são ns
paluvras Que p1 !llcm dos lábios de Efrêm.
a D<· out.m feita, <';:<!anelo Eírvm a cuminhar, chP-
t:ou-se a Ne, por �mbuste de olgué.m, uma mu­
lh�r de má vida, a fim dê o seduzir parn um comer­
cio torpe, ou, 110 menos, movê-lo a lrrllar•S\', jã que
jamais ai 11�111 o ,•lr{I ,r�do. Respondeu-lhe: «:e neste
l r m mio: ,.,,m, cvnrorme o teu Intento,. Aqucla,
vendo n multidão di, gl'tlle, perguntou-lhe: «Como
pod,•mo. fazer islo cm presença de ta.nu, Rvnto sem
nos env,!l)'.(onharmos?• Então Efrêm concluiu: .rSC
u cnv rgonhamos úiante dos liomens, multo mai�
nns devemo•> MW1-grmhar diant,, de Deus, o qual
nrgül mcsmll o que está oouJto nas trevas•. A estas
palavra�. n rortcsã, tomadn do pudor, se foi, som
ter rcnllm.do o tntonto.
89
DE EUCARIS'ro, O E l'LAR

Dois dos Pais p(!dlmm a •us que> lhes t'Cv -


la= n que irrou d vh1:udr hnvlam chegado. O!-s
(!('li a ales wn, voz. qu di7Jn: Em tal nld la do
Egito há um homem qu \·lve no sét-ulo. chamado
Eucari•lo· , \Ul e� tem por nomé larln. Alndn
n'io hc�t• .o grau d ntltfad dcl . 1.f'V:tn­
taram-Sl', enião, dois anclí\os r fortim ê diln
11.ldci ; depolS dP se ll!1'1.'m lnform, rio, <'tlcontrnrnm
n morada rln11ucl e n S\JR �- l'ct1,'Utltllmm n
es111· (mele 1-!!tit O IPII mnrido ? , R/'l'!)nnd U' •li:
pns1or. " A n "f'lllcrntnr n� a,•Plhas•. Dito Isto,
cla os introduziu t>ITI r:t Quando Cl'.llu " tnrde.
clu- ou Euc:nrl•to com ns O\'f'lh ,; vmdo O!l nndã
pr pnro -lhN n mesa. c lt'Vou-lh âi;un parn lavnr
os �._ Rcpllcnram n!I nnrlfios: 'ndn ha cmos dr
comer, se nfto no. contnres o qn fnzes• F.ucorlsto
respondeu com humlldndP: cSou pa or, r c:<Ul fJ
mlnhn cspo�n O• anciãos continuaram a !<Ollcllá-lo;
ele, JlQrt1m, nfio quis . nlnr. DI ram,11 ,. en · o ·
•Foi r>,,u.s nucm nos mondou l'I' ronUco • Ao ouvir
Isto, Eurorislo cnchPu--.e d,. tMl1õr, c respond u :
• Els, tt�m•>- e ru ovl'lhR.'I. f't't'Pbi o.• dc no pois;
SI> o S,,nhor dl,q,6e quP dclas n \'l'Dh nlsrum ren­
dimento, dividimo-lo ,·m 1ré. �n umn. pnm os
pobres; outra, para xcrc<>rm II h pi alln.,!ll';
trn)(!lrn. p ra o nos•o consumo. dP qul' m" ca<l'I,
nno m<' macul<!I nem cu n<'m mloho cs • a qunl
é virgem; cnda um de nós dorme scpnrrulo; d<> noite,
trnzcmos cilícios e, d dln, nossas vestes hnhit uni .
i\t� hoj ningi1i•m dos homens l ·e- conh lmcnto
disto•. A esta,; palavra o,s anciãos admlraram-SL'
foram-se dando glórla a Deus.

90
OE EULõmo. o PRF. lltTlílRO

11.ouvr um dlsclpulo do lx'm-aventurado João


chomado E�lôi:rlo. pres�ltcro e r,-ande ase ta, qu�
i-omJa de dois <?ln dois dtns ap('nas, niio l"!ll'() mesmo
um11 vt'7 &O por semana, e se, nlhnentava unicamc,nte
de pão C' sal. 8ra, por l·to. i:;lortfit·nclo -pelos holllé.ns.
Cr•na vl:"4 rol ler com o Abotl� Jos6 em Panelo
1'!;f>l'r:i.ndo ,r nt!Slc um gênero de vida ainda mal;
rigoroso. O anclM ,,,cllbuu.o com lllegrJn, P fez tudo
qu•• cstuvu cm seu pod>r para propo1'CJ011ar.Jhe w.
rouforto. t IA!:crom, .-.mão, 11s dlscipulos de Eutóg!o:
• prcsblt�ro não come senjio pão e Sál,. O Ab\lde
,José, porfun, calado, eom,u, ,\ s<iglll1•, dur.mtc lrls
,lios não os 011vlram (1 l salr11odlar nem orar; oculto
cro o que faziam. Forrun-�. Pois, sem ter ree?ctlido
cdW�n�'lio n.-,v111mn. Orn, poT dlsposlção de Deus,
fizeram-SI.' 1 revas, •, d .P(>ls. õ,• ferem crrnrio, volta­
ram lt ceJn do nll<'l'io. ,\ntc� dP t,,,tcrem ii por11!,
ouvlrMl-nos salmoôinr: tendi, Cl'J)Cta!lo multo 1,..,m­
po, flnalmt>Jl� bateram. O� de dentro, d•i.undo n
salrllódtn. os receberam c:om nlegrl!l. Por t'llusa do
calor. o,, dl::clpulos � Eulóg:o lan�aram áKua no
copo<? deram-lha; (c1·n wna mlslum. d� ãgua do mar
.- qg1.1a elo rio; ele, po,sim. núo púde beber. Enhio
Eulógio, rcfletludo eon$1RO mesmo, rolu aos pés do
nnclão, ))f'ilínrlll qLII' lhe ,•,.-volnsi«· o sn, modo ,te
vlclu: dizia, •Al>nd<>, qtw �lgniflcu isto? D11 primelrn
Vt'7. nno !18lmodlilv1?ls, ma$ agora sítn. depois que nos
íomru· e, ogon,. tomando o copo, >1Clwi n ri/lUll ll31-
gndn .' lk,.-r,ondL•U o ancião: , O Irmão cMã totç,! e
pol' •·ntMO mls1urou ág1.111 do mnr•. 1':uló!rlo, porern,
tog,t1•;i no nnciiío, querendo saber a vertl."l�. fl.es.
JJ011dcu-JJ1e o anclüo : •�que.te pequimo ,-alu:e de
vmho cro oferta de corldmlc; ru;lll á!!I'ª· porém, é
o 11ur os lrmM" comumnm lx-tx>1· . E ensinou-o a

( 1J IKfq �. J..:ut�,d� �· u, dilci11ul�s .niio otn'1.tam o ANld•


J� RWl!i d�aríput�-..

91
discernir os pensa.r11en os; C'Ol'lou dele udo que em
mermnent<-' hwnano. Assltn Eulóglo tornou-� pró­
vido dispemmdoi·: de então por di:tnle i:omia tudo
q_ue lhe era aprQSentado; a1,rcnde1.1, tnmbõ:m elo, o
praticar a mtude · ocultils. E diss<l oo oncião:
stm. o vosso modo de viver • au1êntlco11.

00 A.BAOE 1',IJP.R:e21.0

J DiSSI.' O Abad, Euprépto: P=u11dldc1 de que


Deus é fiel e poderol;(I, crê ncle, lt>.rá.s parte
no., bens dele. dt!$llflim s, ntlO trn.� íi;•. E ntnda:
cTOàos n� cremos que J),.,us {' pôderoso e que
todas ns col.'la.� lhe sãç, posslvris: mas também :no
que diz resl)l'ito o li, C'ré ncle. pols tnmbêm em 11
EI� f112 prodiglos,.

2 O mc•sino, tendo sido \lllll;l ve'at d�jodo Mr


ladrõP�, àjudou-os 11 n'COJbl!'r os despojos . L •
wr:1rr. iudo qur• ,..,,tava rw cela, deixando apcnos o
bastão do Abade; (11Jando viu o cajado, Euprépio
ficou aflito: ll{llllTOU-O, " JlÓ!'•se :i correr " fim de
o entregar !).OS =alumies. Est n.'ln o quiSC'l'llm
!'e<'cber; antPS, rec;eávam qu� aJ110 dr lmprcvlsto
Uvesse al'onfecido ; o Almilr. então, encontrando
11Jguns \!iandal'1tes, pedln-lhcs que entregass�m o
ba.."1:ão aos ladr6es. já que Iaztrun o mesma !'Sfradu
que estes.

3. Oissl! o Abncte Euprêplo: s coisa" co�relllf


5ão matm-ln. �11em a:mn o mundo, amo os oca­
siões d11 Lropec;o. Se, pois. aconlcC1.?r Q\le vereamos
um objRl:o qualquer. saibamos aceitar o fui.ti cQm
ol,egri� e to,wor, p0r lermos sido f.fbel•t.ados di> preo.
cupuçõcs· com esse objeto�.
92
4 m irm.ilo Interrogou o AlJade Eupl'épio 11
respeito da vida. RllSPOndeu 0 ancião· •Come
rrno, carrega feno. dorm� �brc fnno, ist� é, des­
pr'<'7.o tudo; possui, por�m. um corn�iío rl� ferro•
5 m lnníio perguntou ao mesmo ancião: .Como
é que o l'emor d!! Deus entra na alma? .. Res­
pondeu o oncli\o: •Se o homem possui n humildade,
a pobn,za e o Mbito de não julgar, entra nrle o
1,,mor de Deus ...
O n,!!l,ll)O dlS$<?: •Temor. humHdíide, carência
d!! nlimrnLO!! e pranlo permancca.rn (:ontigb•.
7 No come<;'(> de liun vicia, o Abade EuprêJllo foi
ter com um 1tncião e ;ogqu-lhe: •Pai, dl2e-me
uma l)ll)nvta pela qual S<?ja !lalvo>. Este 1-espondoo,
•Se queres St'l" .salvo, todas as vezes que te chega­
res a alguém, nii;o comecei; a !alnr antes que te
lnl<'rrtlgU<». Eupréplo, compungido por est:1 pnla­
vra, prostrou-se cheio de arrependimento, dizendo:
,Em verdade n muilos livros. mas, lal norma, ainda
não a =hecia>. E. grandcroantc edificado, foi-se.

DO ABADE EJADfO

1. Do Ab.\lde Elfü1io (füdnm q ue passou vinte anos


nas Céltas e nunca lrvnntou os olhos para ver
o lcto da Igreja.
2. Do mcsmt> Abade Eládio dl7Jam que se ali,
mPn vn de pf,o e $ai. Quundo, pois, veio a
f•iíscoi\, dlsSe. cOs innãos rom<'m pão e sal : ora
cu d<)Voria fu:,,<>r um pouco de penitência pqr causa
dá Pdscoa. J'a que nos out.roS dia� como sentado,
ngora, sc,ndo P�, farei a pénitimcla de comer
c-m [lé• (1).

(t) b,luilo 1>ro••••lméltt•, Lrala•.. 11Q11I da tcmPó d• P-


1>ílrllçAo ií Púaa!la,
93
DO MADE EVAGRIO

I. Disse o Abade Evágrio: •Quando esUvems sen-


l<1do nu celo, ,wolhe o teu cspirito, recoroa-(;,
do dia do morte, considera o de!d'a1eclmento do
corpo, pensa na 11esgraça; nssume a ln.l>uto, con­
dena a loucura CJUP há pelo mundo, a i..'lto, J)8.ra que
possbs permanecer sempre no propósito de vida
l'et:lruda e rr.:io fraqu••je.�. Lembra-te 1-ambém d
situação no Inferno: medita como lâ esflio n.• nJ.
mas, em que mul t.crrl1•el silêncio, em que acutlsltl­
mo gemido. em qual tomor, luta e anseloi considera
o tom1cnto que nôo tcnnlnará. a.� lnirrlme.s da
alma tillc não =saro.o. l\tss recorda-te também do
dia da ressurre!c;iio e do coTnl)arecimen to diante de
Deus: ln)ngll1ll aquele ju!zo que arrepia e <1temoriz11.
Re�·otve em tWI mente o que e$l.á destinado .ios
pecadores: vecri:onha diante de Dcui;, dos anjos, a.r­
c-anjns " de todos os homcn�. ou seja, supl!clos, fogo
�terno, o verme que r.áo dorme, o tártaro, as lTe­
\'ilS, o ranger de (lentes, os terrores e o� t ormcntos.
Revolve em mente ainda os bens que lffiti10 dcsUna­
dos aos just.Ds: intimidade íamJUar com Deus Pai
e seu Cristo. com os ao)os e nreanjos, com toda n
multidão dos Santos; o rr!no dos céus e os dor •
ril!S.te, a alegria e Q gmo deslt'. Incut-i, a ti mesmo
a rocordacâo deste< dois de'<lll10$; e, a propósito do
julgamento clo,s pecadores. demun� lágrimas, con­
<?ebe dol', temendc, que. tnmbtml tu ,seja. conúido
ntl:e> eles; a respclto das pr,mlos dos Justo�, àlt­
gra-tc e r jub!ln-te. ProMJra entrar no gw.o <I�.
e nlhela-1.c daqunlt'S. Ouid11 pllra. ouc l!m tempo
n�nhum, qup.r �teJas dentto da cPJa, quer foro, pe_r­
cas a recoro�âo destas colSIIS, a ftm ()e quo, aD
menos assim, evites os pensa.rnc.nlos Impuro· e
nod,110s•.

2. Disse também: iDclxa de ter relações cem


multas homens, a fim de que a tua mente niill
94
se t"me agitada, o perturbe a habl1uaJ t.ranqüill­
dadb.
3. Dis,ie mais : •Grande coisa é rezar sem distra­
çao; ainda maior, porém, é salmOdiai- sem dls.
traefio:t.
'). Disse ainda: dt�r<111-te sempre de tua par.
Uda deste mundo, e não qucc;as o Julzo eterno·
a.ssim nõo ha.varã J)Caldo em tua alma,.
5. Disse também : <Relir'.i as tentawes, e não
havwá ninguém que se salve>.
6. DISse ainda : «Um dos Padres assím falava:
'Um regime de vida duro e não inconstante (ll,
unido à caridade,, le\'a multo rapidamente o monge
ao porto da apatia'• 12,.
7. Houve certa vez nas C:-tia!! uma reunião de
co!'lselbo 11 respeito de dctennlnada questão. O
Abade Evágrlo enlào falou· tlt,pois rio que. di=­
.Jhe o presbítero: •&Ilemos, ú Abade, que, se estj.
ve:;ses em tua terra, te.rias sido feito fl'('Qlientes
vezes bispo e chefe de muitos: agoro, porém, é como
eiltrangelro que resides aquh. Evágl'io, �'Ompungiiio.
não se ])!,'rturbou, mas, movcntlo a cabeça, disse-lhe:
<En\ vcrdnde 6 assim, ó Pal; falcl uma vez, não
volt.arei a falai- segunda vez� (3).

DO ABADE EllDEM.ÃO
Ra!erltt o Abade Eudemão a p,•opõsito do Abadj!­
Pafnúcio, o Pni da Célia: •Fui para lá muito jovem:
ele, porem. IJÜO me deixou ftcar, 1izendo co':' rcf-c­
rênc:ia a mim: 'Não permito que fique na Cétia . um
1'0Slo de
j
mulher, por causa da Impugnação do
inimigo ».

95
LETRA ZETA

z
DO ABADE 7.ENO

1 Disse o Abad" Zcno, o dlsclpulo do bem-avcn-


1uruclo Sllvano: Nào hatifles em Jugnr ramoso,
orm residas com homem que tc11ha nome ccllcbre,
nem em lempo algum lanc<'!a fundnmonto paru cons­
truir uma cela pa.m th.
2 Do A badl.' Zeno rofe1ia m <1ue o priuclpio não
queria nccitnr coisn r,enhuma de quem quer que
fosse. Por conseguinte, os guo lhe Jcvowm pres,m­
tes, Iam-se t,ristrs, po1'(}ui, nflO accitnvn; outros l111ll
p1'0Curâ-lo queriam r�'CCbcr nlgo d le comD CJUP
etc um Carnoso nncláo; não tendo ele, pon!m, o que
lhes dnr, também estes s, iam trlstes. D! , cntiio
o anclfto! cQue farei, j:\ que se entrlste<:<!m tl1l'l10
os qu,:, tr=m como o,; quP querem n.,ceber? Els
o qu<> conv<:'m Jazer: quando alguém tronx�r algo,
rtrl'itnrei; e, quando alguém pedir. dnrc>i o mesmo,.
Fnwndo assim, trnnqiltfra•vn-se, e satisfazia a todi>s.
3 Cl1P.gou-sc um lnniio eglpclo ao Abade Zeno na
Síria, e pôs-SI? a ac:usAr-se de sewi pénsame11tos
97
eru presencu do ancião. Este admirou.so e disse:
«Os eg!pclos ocultam as virtudes qu têín. o ncusnm
sempre os dcfcllos nue não lêm. Ao contrlírlo, os
S�r1o� e os Creg:os dlzom po�sulr as vir1 urles que
nlio film, ooulf11m os d feitos qm:- lt'1n>,

4. Alguns irmãos foram procurar o Alxido Zeno


e perguntnram,thc>: •Qu.c slgnlfica o que e�l:it
escrito em .T6 ; 'O tfu nlio r puro em pl'esençn
dcle1' (1). Respondeu-lhes o ancião: c,Qs irmf,os
t?SQuCCC1'Wl1 os suus pecnclos c [ler�ruuuu os éus.
Esta é a ln1crp1·01a�iio da (rase, Pois quo Ele só
é puro. por isto disse: ·o cêu não ú puro'•·

5 Uo AbadE' Zeno con1a,'1Ul1 que, q11nnrlo re�idia


na Cétia, saiu da cela a noite, como qu" par11
Ir pum o pilntunQ. TChdo, porém, perdido o <-'tl.rl'li•
nho, Pa.5l!OU trés dius e triis noites vagueando; ap&s
o g1.1e, (;{U'ISado. desfl;I.J eu I' caín, preates a morrer.
11:is, to(lavin, qur apnrt>Ceu diante dt>ic um m!'nino,
o qual ITaz.ia pão I' um11 �'llnec� dâl!Ua p lh� disse :
•LevnnUHc, come>, Ele, le>'1llltMtlo-se, 01-ou, jul­
gando qua se tratava da uma Jmai:imacilo (2).
DJssc o menino; •Fi2cst.e bem�. E de novo 01:01.1
11mn se�(la YC'I. e uma 1fl'C'Plra vez. Aquele então
ref)!'l,lu: • r'tzest11 m,. Depois disto, o ancião lc­
vantou,sc, tomou o a\lm nto I" eornNI, Ao t<'rmiJiar,
folou-lhr o menlno: •Quanto vagueaste. 1.on10 te
afnsfJ1S1e.da tua rola: m� J!'vnnt.a-te, e segue-me•.
E logo cncrmll'OU• em sua cela. Dé -lhe n1ão
o andiio: •Entro, íaze umn orncãl'I Jl!.'1' nó.�-.. E o
ancião entrou; o rnênino. po1'{,m, clt>Sapll.n'C'Pu.

6 De outra êelta. o mesmo Abade 7�no nndava


t)eJa l"n.lllSti111t; çt1nsou-se, . �nl,óu-!le peno 110
um p� de pct,tnos para comer. Sugcrtu-lhé, cntil.o,
o seu Jlt't'lsamcntc,: �colhe para ti um riepl110, co­
me-o. Pols que mui tu\ nlsSo?, .F.le rC!lpondeu ao

(1) J6 15,16,
(2) ()1> il'l'ef<◊ ,tiub6lira.
98
seu pensomento: •Os ladrões são l<•vndos para 0
oo.stlgo. Exp�rimenla, pois, se J)Odes suportar o
castigo». F:, levan!wldo-se, colocou-se ao ardor do
•.oi durante cinco dias: c'm ClilllseqUêncla ficou como
,,uc torrado, e disse: • Não PllCles suportar, não
fllrl pan comc1·•.
7. Dissc o Abocle 7.,�no: •Aquol� que quer que
Dl'us ouça � m demo,•a a sua prec(', asi;im
t�ç : quando $1! lcvru1lar e c-stonder as mãos paro
DcWl, ante!i do qunlqucr Intenção, mesmo antes das
dn própria alma, tl"ZC d� coração pelos seus inlml­
l{Os: em vlt·tud11 deste ato bom, Dl;u.s o alendcrâ
1>m tudo quo ele> pedir•.
8, NtUTttvom q�•t• 11un111 oldcla havia alb'Uém que
Jejuova multo, ele modo que lhe tinham dado
a alcw1ha de co JeJuodo1'>, Tendo o Abade Zeno
ouvido Ialn.r dele, mandou-o ehama r. Aquele velo
c·om alegria. Tendo feito orncão, sentaram-se; e o
ancião pôs-se a trabalhar cm �Jldnclo. Não cncon­
h-nndo como conversar com nl'. o Jejuador CO•
meçou a �r aasalilldo pela acédia ( 1) : e dl� no
ancião: cllc'Z(I por mim, Abade, pcrc1ue quero 11'
e11'1born,. Respond�u este: •Por quõ?> Aquele con­
Unuçru: ,Porque o meu co111Ção rstil Ql)mo que a
,llller, � não sei o que lem; �11nnd0 eu «:lll<1va na
nlrlcla, j,�jwwa nté o pôr do Sól. e, não obsranto,
nunca i"tive assim>. E.xplicou, pois. o ancíiio: cNa
nldcln tu te allm�ntavas dos leu$ ouvidos (2): volta,
porêm. e patl\ o l'ultll'o come ia h(lra non� (3l; e,
qunndó fiz rés alguma coJsn de, L>em, faze.a sccra­
tam�ntc,. Ele p ós-se R ra:r.cr assim: com 11rJJç;io,
pôrém, 1q::u11rdava n hora nono. Elnt!io os _ que o
lmvlam conhec.ldo, di,JRm: •º J�jundor esti1 pos­
t.csso do demônio•. À vl�tQ disso, ele foi ter L'Om o
u.ncir,o e contou-lhe tudo. Este ,.,,spo ndcu : cTal
�"<tminho é, sim, conforme Deus».
DO ABA.D}; ZACARIAS

1, OiSS(' o b3 r Mncárlo no J\badr Zncarlrus :


•Enslnu-mt> q a.l a obrn do mon1:c•. Rc�-
pondcu te: ,e a mim que per1t\mtas, ó Pnl?> Re­
plicou o Aborfo Macário: Foi-me dud plcnu con-
0Qn,'D <.'m U, ó íllho Zacnrlns, pol$ há aJgu�m que
m iml)t•lr o tc lntcrl'O ar . ReSJ)Ondcu-lhc Zncnt'lus·
�Enquanto jul o, PaJ, nqurlr qur faz vloJf,nclo a �,
em tudo. mi e o monl:(' ,

2. Certa vez o Abudc 1Jols(· foi haurir âgun,


t-nronlrou o Abad Zacnrlna n r= à bclr
d3 cisterna, t>Stnndo o E,_qp(rlto <L· D.:us pousado
,·obrt> elr

3. Certa vez o J\badi, Mo! J'l('dlu oo lrm&O Zucu-


rla.·; Di;c�•-m o q11• hei d ítt:1 .r Ao ouvi-lo,
cslr atirou-se por h•rra no pés d•lo, di,.endo: •Tu
pcn,•1.mtas a mim, Pal!> R ,pondeu o ancião: Cri!
em mim, filho m •u Z.1et1ri.'\S: vi o E.;pirilo Santo
descer sol>"' ti, pelo quo sou coagido a te interrogar
Então Zacnrtas torn</U o manto q11P Ih� cobt·io 11
t'Obc<;a 1.' col()l'OU-0 dPbal. O d ; •I seguir, ent­
rou-o aos p<,· c dl , ,$,J o bom m nfio é II'lturndo
d!!$\a fonnn, não pode • r molll!t'•·

4 Uma v<rL. quando o Abad, Zacarias ,·csld!Q mi


C�tla. te uma visão. Logo lrvnntou-sc rol
comunic:\-la n.o seu Abudr• Cltrllio. O a.nct o, poM'.•m,
que era do índole prlitlcn, não soube Julgar <.l<•Vlda
mente o que ocontcccru; lcvnntou. , pois. CSPf.ln•
cou o <.lisclpulo dl?.cndo que o vlSão provtnho do
demônio, Zact1rllll!, J)Ort'm, pcrslS\l llm SUtJJl ld�IO.<.
Levantou-se, por coru;cgulmc, e d� noite tol l('r com
o Abade Polmém, contou-lho o QUI! se dcr11 � como
ardia o Intimo do seu ser. O ancliío percebeu que
,,ra coiso de Deus, e disse-lhe: sVolta àquel(• tu>·
cláo, C!, o que quer que ui diga, row-o •. Ele! voltou
100
pano o ancião, e, antes QU<' o jovem pergun�sse
qualquer coisa, o velho contou-lhr ludo, e anrmou
que u vlg o vinha de Deus, acr�scentnndo ; •Vai,
por�m. l' suJclto-tP o teu Pai>.

5 O Ab11dc Polmfo1 narrou que o Abade MolséJI


pc.>rguntou ao .Abado Zacurlas quando .te •s.
tnv1t par11 morr<•r: •Qu ves?> Rcspon�cu-lhe: •En­
t o nilo � mPlhor o silêncio, 6 Pai?> Disse: Sim,
Olho. f"'rmt<rtt'Cf' e-alado•· E no hora da morte do
mesmo o Abade• I. odoro, sentado, olhou para o céu,
c d fu-,tozllll-1�, fllho mf'u Zacarias, pois te
<oram h ·ri, os portas rio �!no dos cl!us,.

101
LETRA ET

E
no AUA))E L'lAJA (1 1

Otsse o Abadn Isnlo.s: «Na.da é tão ,•antajoso


110 novl� como o opróbrio. Com c!elto, seme­
lhante a umn ftrvon- regada dlnrlarnPnt" ;. o novli;o
rint• soíre opróbrio o :ustenla com pacii,ncl11>.
2 Olzla nlnda Ao-< qu1• �'Omeçnm 1:x>m e sujei.
Iam aos santos Padre<: •A primeira tintura
não cal, (, como _ r , dada �obre púrpurn •· E
tumbc'm: •Como mm t nros ,e \'iram r dobram
rucllrn, nt.c, n:;sim t. mi ·m novices qu� vivem em
bmls.'lllo•.
J Dtzll, larnb<!m: •O no\'i�'O que p:issa de mo�tclro
moMclro, sr parccc com um Mimai <1m•, sob
o Juqo, " movido pnrn cá e pura 16 •·
1 Nnrrou tambl!m que o prc11Wt�ro de Ptlít!llo,
por ocasião de uma cela comum 12), o
lrmi10J1 o comer na lgn-ja e a ronver.<U uns com

10S
os oull-os, os repn-cndeu, dizendo : •Calai-vos, ,r.
mãos; vi um lnnáo que com<' eon.osco e bebe t.ontos
cãllccs como vós, cuju oratão, porem. sobe cm Pn'•
wn •a de Deu ramo � o,.
5, Do Abade T. !11 • mn1an1m q ue rertc, ve-.t lomou
cons.igo um ramo, rol , elrn e dls:w ao pro­
prict.ârfo dn trrr : D�-mt> lri o•. Perguntou-Ih<•
esle: cflz u.• a m tam�m tu, ó Abade?, Tll'S­
pontleu. <NflO . OI. -lhe 'llll'to o ugric:ullor: •Como,
pois, quM'l'S =•b�r trit:o, se nlio rizcst<' n m= ?•
O ancião lnti,rro ou Por con.sei;uinle, SI' 111 ém
não Caz n mC!SSe, nüo rt.'<'1'lx> salã.rio'• O nrrlcultor
l't'$pondcu: Núo Após NIRS p:tlllvra • o nnclÃO
retirou- . Ora, irmãos, lendo omcn-odo o que
f!zl'ra, prostraram- diont<' dcle e perguntaram-lhe

=•
porque agira dessa forma. O an • o <'l<J)licou: �fiz
Isso como l'Xcmplo, pa111 mostrar qu •, e algu·m
não se estorçn, n ,o rttompcmsn de Deus,.

6 O mesmo Abnrl !anln.� chrunou um dos irmãos


e lavou fhe os p,½<; a ir, lam:ou um punhado
de Jcntflhns numa marmllO, e, quando jii tinham
fervido, ll'vou-lhas. o· então o lrml\o: Ainda
niio C!Stlio coitdlls, ó Abade•. P respondeu: Nilo
e basta jâ o fnlo de mn vi·to o fogo? Já isto
{,- grande con.solo•

7 Dizia t.amb(>m •Se De quM" u1111r de mls .


rlcónlla com uma alma, t• rlA se .- •oll.fl, nllo
suportando, mns, eo contrári(). !07.cnclo o 8\lil pró,
prla vontodc, Deus permite que cio 1,0ír:t o que• Pia
não quer, par qu�, dest4 !orm.i fn O procur<••·

8 Ol1Ja ainda • Qunndo alli(ltl'm qurr retribuir


o mal pelo mal, pod(' mesmo com
º
um simples
movimento d<' cabeça lesar n ronsct n<:la do lrmúo•.

9 Ao Abnde fsalas p<,rgunt.urrun o que e n avn­


rC?.a. Respond •u: •J!: não ter íé em Ocw, não
104
crer que Ele Lam soticl�ud.o \te U; é d8SOSl>erar das
promCJ;sas de Deus; é apetecer u grandeza •.
lO P�rgu.ntarnm-lhc também o que � e detração.
Re$ll0nden •l!: n{lo conhecer � glórl,i de Deus•,
e : •Tnvejn do pL'f,xlmo,.
11 Dt• riovo pcrguntariun-lhc o que é a Ira. Res­
pondou : <É contenda, mcnUrn e lgnorfincl�.

DO ABAD& ELIAS

1. Disse o Ab:tdr Ellru; : c'J'emo é1'i!s colsaB : o


moménl.o em que minha alma sairá do corpo;
o momenLO em que comparecerá dlanw de Deus;
o momento em. que a �ntl'nç,, ficrâ p1•ofe.rlda con­
u-a mim>�

2 e.nciiios diziam ao Ahodr Elias no Egilo a


l'$peito do Abade Agv.tfto: cl!: um bom Abade,.
ô unclão ob:,e1-vQu: «Conslderodo n11 geraçã<1 d:eJEt,
� bom•· Perguntaram-lhe 11nliio : "e; comparado
aos anllgos, q1.1e ê ?, Respondeu : cDls..c;c-vos que
considerado lltl F;�mçilo dole, (· bom, �m oom[)!l1·ação
com os antigos, afirmo-vos que vl um homem nn
fl i11. o aual podlt.1 rv.or p,arar o sol no céu, como
JQSUJ!, íllhp de NQvê,. Ao ouvir l�to, nca:rron est11-
p0fn1os I drram glória n Deus.
3 OI. o Ab!tdc Elfrus, o qual cm ln�umbldo d.e
!Sl'rvir RQS irmãos : •Que {Jode o pecado onde
há arrcpcndimCllto e !)l?nitêncla? E que adlan� a
rüj:Jdade ond,:- há sooorbn?,.
4 Oiss,;, o Abade Elias: •TÍ\(' n vJsiío d� um :lrm,i9
que estn.v11 :i roubar umn cabMa d<> vlnho e a
ocultava debaixo do bffl4'0. Então, para confundir
�05
os demónio , po!.· . lralaw d,. mcm lmnçina.
,:-ão (ll, dl ' ao reírrldo lrmiio '1-'az -m(' est
caridade: 1 im de mim tal c-oi,-a'. Ele entlio le-•unlou
o seu manto, 1ornou-sc montresto que nadn tinha
,ondido. Isto, eu o dl�o. !)Ora QU ' Ol('SJ)lO Qll('
vejais nico com yo olhgs, au ou i·, níio c1�1 ff',
lulto mu�, ;ilnda dewl� vlJ?IAr sob
clocinlos. ro11t' ito r pt·nsamrnttll<, nselenl<'S dr
que os d,•milni a.• exclt:tm, pnru que manch('m
alma. razrndo-n roll!lidcrar rol•o.� (JU(' nõo conv�m.
� JltlrJ Q\I'' dlstrninm m,·ntP da l'erordn , o doo
us I"' idos dP D·•us,.
!\ Dl,;,d trunbém ho:n<'ns 1 m o mente vol-
t dn ou pam seus pe('3dos, 011 pnrn ,Jl'St.ls ou
para °" homen.S>.
6 Di • cl, novo a m(nle núo . lmodla com
o t'fll'J)(), vã n fadllllJ. • ali:uem ama a trlbu­
laçiio. , ln se lhe lornn mouvo de nJ ·gTlti P paz •
7 Tam ·m contou o ,iegulntP· Um elos nnd'1os
" ridxou n r no orai · rio: h ,arnm-S(>.Jhe
,·ntáo °" dPmõ� 0 du;.seram ; 'Sal do no. o luJ13r'.
R,.tnic-ou o nncliio : 'Vós nilo enrl, lu ar próprio',
Em =p0•t.1 P11scram- e, 10001 ri,• urra vez, a
palhnr os ramos dclP. anl'l· e,, po •m, f)l'rmaneclo
r os la N!('Olht'11dO. Por fim. o demónio, a rrando,
-lhe a mGo, an-ustou-o pa for • Quando rllf'l:lOU
à portn. o onclno 110m a ou1 ni miio i.egurou o portn
e gritou; 'J,:,·11 , n -mr'. 1..ot:o ru,ríu o demb
nlo. O nnclO.o, ()Orem, aiu m pr.inlo. P l'l\'Untou
-lhe cntiio o s�nhr,r· 'Por qu,. rhorn ?' O nn<'l(to·
'Porque u11.am a�arrnr o homr-m. P Pl'OCP<l r dt•sll\
modo' R<-;ponrl('\l o • '.llhor 'E""IU' t"f'st ah:;umn
coisa: com feltn, quanil'l m<' procurasu,, viste romo
me d<"lxel •nt·ontr r. DIP.o-tt• (JIIO <' prwiso lutnr
multo, e, �e não hã luta. não pode 11:u•'m possuir

H) Provuc,ulu Jk:)Os 4t't'nÕ.nfoa, ftlU"&


106
o S(.'U º"'".
d, nós'•·
Pois F.:lc• rol cructficodo por causa

8 Um Irmão foi Lt>r . com o Abade Ella•. que


lrvovn vida 1rnnqJlil,1 no �nóli10 ela gruta do
Abnd<' Subas : e Jltldlu-lhP . AlmdP, dlw,mr uma
pnlavro.,. onl'lão rc�pond,,11 no irmão · Nos dlM
de nossos Pais crnm estimada, estas três virtudes:
li pobrC'Zll, o _mn.ruiidão, ·, absiit1êucla. agem,, porém.
os mon'(l'S sao d?minado.� {lf'ln nmbi;;ão dr JXl• ·ufr,
e gulu r n n rro�ncia. &"11.-01111• o qu� <tulsrr""

00 ABi\,DF. HRMOUO

tJm lnni'io a,a-..altado poi- lontações revelou-ns


ao Ahadr l11;rácllo. Eslf', para confortá-lo, dfllS<'-lhe.
•Um anclllo teve um rlh;c'pulo muito ol><'<lfont.e du­
�nle numerosx,s anos. c,.,u vez, porf,m. IPntndo,
pl"Q:tl rou. e diontr do ;u,�liio e dl•,r-lh�: F�7.P•t11�
monge•. Rl'Spopdeu-lhe <?SIP' ,Jicl-olhe um lug.,r, P
rar mos umu cel3 ()!ll'II. tb. O tliscipulo c-amfnhm1
a r!lstãncla de 11m marco de cstntdn e enc-ontrou o
reu lugar. Elt'l então o.i f rnm tN· e c:on."1ruirnn,
urnu ceio. 1'' Jto · o, o ru,cláo fàlou ao irm5o : ,O
que te dim, rn1"'"'· Todas as \'CCS que tiver� fome,
com,'i llt1bc tnmllém e dorme; o •nns ni10 saias
da tua cola ate o sábado: então vem ter c-omJ.:o•.
O lrmfto passou os dois dias L'gulnle$ ob�t•rvnndo
es1.1s normas; no ll't'CC!ro, 110r�m, ,11;0rrectdo, dl.Sse:
«Porque � qup o ancião me trntou dt-s(n !ornra?,
E, tendo.se Jevnnt do, cantou mui(os �mos; dPpois
do [l<'lr cio sol, comeu, e, a seguir, foi-se dert11r sobre
n sw, stclra. Encontrou, porém, um Etíope dei·
lodo, que rnngia os d(mtes contra ele. Co,:r-cndo,
então, com muito medo, foi ter oom o anCJão; e,
107
batendo ã porta. dls.,;e: •Abe.de, tem compaixão de
mim, e abre,. Todavia o ancião. roh<'ndo QUP lc
não guard�ra as normns, não itbríu nti:' a mnnhii
�"'1.!lntc; então, ahrindo a po11-a, mconlrou-o foca.
a suplicm:; compadeceu-� dele e f�-1o ôntra.r. O
discir,ulo explicou, (lOis, ,Rogo.te, Pai: vi um ncgi,o
ELfope sobre a mtnha esteira ')wmdo me ln dcit:ir,.
Aquele 1·esponde11 • ofreste isto, JJOl'(juc n:Co obscr.
vas a minha vra,. A seguir, o ancião foi-lhe
ens.ímuitlo, mmo podia. os elementos da >,;Ida mo­
nástica, e o ,jovem tomou-se aos poucos um uom
monge,.

108
LETRA TETA (TH)

T
00 ABADE TJ!JODO:RO J)E FERUA

1 Abade Teodoro de Ferma po$S1.11a três livros


bons. Fol ter com o Abade Mncfuio e referJu.
-lhe : <Tenho três livros bons, dos quais tiro pro­
ve1to; também cs irmãos os u am com edifi�ão
stul. Dize-me, pois, o que devo fazer: guar-Oâ-lo.s
para o pvoveilo mau e de meus irmãos ou vende-los,
dando o dinhclro aos pobres?, Responrleu o anciã.o:
.. Em verdade, bons silo 9s obrai;; m�lhor, porém,
do quc:- tudo mais é nada possuin. Ao ouvir tais
palavra,, aquele so !ol, vendeu os livros e deu o
preço aos pobres.

2. Um lrmúo que rosidí(I. nas amas pçrturbavq.-se


na :;ua sô)idão. J"oi, pois. procw•ar o Abade
'l'l!oth1ro de Ferma, é reíeriu,lhe Isto. O ancião res­
pondeu: ,Vai, humilha 1l tua mente, sê submi,;so,
e pcmmne(le eom os ,;,utros�. O me$!»O voltou cJe.
llO{s a procu.ru.r o 11ncião I! dJssc.Jhe: ,Nem com
os hom.c.ns tenho �el,'01. Perguntou esle : «Se
nem na solidão nem na eonviV<!ncla com OS- ®tros
109
encontras sossego, porqu<> $1listi! de casn para a11ra­
,;ar il vida monástica? iio foi pnm suportar as
tribolações? Dize-me Dgora: híl q1,1w1los anos que
trazes o húhiloh Rcspondllu o lmtílo: cOHo•. qn.
tlm1óu o ancl6ó; cEm verdad , tenho etentTI anos
de bliblto, c ahldo n(lo �ncontrel r1,pouso um só dia:
C" lU, cJepols de ollo wx.r.., qutt� ler sossego '!>
'l'enl'lo ouvido islo, o mongt•, íorlOJccldo, s11 fol.
3 �rtn vez um irmão fol tw cOIJ", o Abade 1'C'\J.
cloro, e passou tm dias pedindo-Ih• (IIJ(' lbt­
fl7.e!iS<" ouvir um:i pni �•ra. Já, porórr, que o A,bude
não lhe- respondeu, partiu <mtrlstl'Cldo. Perguntou
então o dlsciJJuJO dt Teodoro a este: • Por que n::i,,
lhe dfsscst<' uma pnluvra? Ele se foi tris�. Res­
p<>nden o nnclão: •De !ato, niio lhe ralei, porqU,•
<í homem de ncgóctos (ll e quer gforlar-s com
µa.lavra de out.r�m• .
•f • Di..ese também: �c{IB() t.enhns amizade com
alguém .., o �li• ncontr'('('r qu� cala em tenta
t)llo d• rornicaçuo, dá-Ih<' a mr.o, � tlOdL'S, e le­
vantu-<i. Se, porém, c11lr em heresia. nlio se deixar
pc·rsuacllr PQr U de- que ..e d .,•e c'Onverter. remove. o
Joi;o de tí, para que, em conseqUiin la ela demora,
não sejus orrofdo om t'I• pt.rr, o fos.t;o•.
5 Do Abade T<'odsro de Fe rmn diziam que nestes
três pontos se di!!tins:uia acima de muitos ·
pobn>m, morúíir.a�iio, ruga dos homens.
6. ec,1n ve-z. o Abade Tooctoro se 1,1cl1ayp ..m agrn-
dâvol comnanhln com Oll ll'mãos. ·!ando 1•l�s
à me,,a, com rever�ncla se SCl'\1am dos câ.Uccs, ('Ili
l!lléntío, porém, sem diz.er : •Perdão,. Dl!so, ontlio,
o Abade Tl.!Odoro : «Os mOJ1ges f)CrclN'am n sua
nobrem. o costume- de tli1Rr: 'Perdõo'•·
7,

m tt•mão perguntou uo Abade Tcodoto: •Que-
Abafü,, que deixe de comer pão dururrlP

110
alguns dias?• Rc.,JJQndeu-lhe o anc!Ao: .-Fll1'6s �­
uunbérn eu l'iz , lm•. Disse então o irmão: .. Por
.
<:l)nsegumte, ,vou Jevur meU$ griiOB parn o moinho a
fjm de qW! deles se faça furlnhn>. Replicou o anclfto:
,Se ,'111$ de novo uo molnbo, f07,c o teu pão; que
11ccl.'Ssldado hú a.e levares P1U·n lã os tel.15 gr.ãos?. (ll
8. Um dos enci os chegou-se ao Aba<le Teadorci
� dtsse-Jhe : d:1s tal irmão voltou para o
mundo>. Respon&u o ancião : cTu te ndmh•;is por
fs.�o? NJo 1r ndmil'l.'s; nnt!!$ deve.� ílcar estuooato,
se 011vlrP.s q11 alguru:n cort&eguiO escanar da gQelo
dCI i�lmigo,.

9 Um IJ1'1láo rol ter com o Abade Teodoro, e


P<Íll·$C a tllla1• e lllteM-ogar a respeito de coi­
sas que nr1u!!lc ainda nfio conhecia Por CXJllll"i nda
prntica. Disse-lhe então o anclão : cAlndn não en­
contrnstc a nave, ainda não a carrenastc com n
tun bngngem, e, an1:Ps de navegar, já Chegaste a
tal c1dnde! Fa:.,- prhnclrnnwnt.e n •1<perl(a'1;:1,a, do,­
pots vm\s falar das roiSas que �ora abo,·das•.
10. Certa vez o mesmo foi ter ,-on o Abade Joào,
o eunuco de nasoopçu: e, no decun;o do coló­
c1uto, dis.�e: ,Quando estava no Cétin, [l.t,, ol)ras da
nlrnn c1.11m 11 n!lSSll obra, enquanto, o Lrnhalho ma­
nual, nós o tínhamos como ttm,CQ ln�eral; agora,
poróm, tornou-se o trobnlh<> d11 olma como que
obra ln1eral, e a obra Jnternl ficQIL sendo a ta­
rda (2).
II Ora wn trmAo ln lerrogou-o, ddi,,:r,do: «Qual
é o 1 rab!Llho do ;).]ma que �.1,,ora temos como
Obra lnternl, e aual é 11 obra lateral__que , agora
trmoo como tare!a?, R,cS!)Olldr.u o anc1ao: <l'od�
us t.10isas que se tazcm por preceito de Deus, ,;ao
( l) O h,nilo, volll>n�o 6 J>nduíll_ !l"r W'l1 mqth-o em ti
OOn�, r-,odJu <'lLir na te.ntacao d� vlolAT o léu bom
"'
(2l � t;>,i:::��rlginw tal• de •iTIIO•" o 'plril'l!l'll"·
111'
obra da alma. ao passo que, trabalhar e- 1· lh(!I'
J)llTllsatlsfa7.er o próprio Juízo, nós o devemos con­
sídcrill' obrjj lateral,. inni\o (lé(lh1 imH'to; •. ·plf.
ca-me essa proposição>. O anelilo ontlnuou: «Els,
ouves dizer que estou doCl'lte; pôr con egulnte, é
tou dever "isttnr-me; dlzos, porém. conti!'.!o mesmo,
'Hei d� dei: ar o meu trat,alho u pa11ir ogorn? All•
tes o terrolnarc), (jepois [)llrtirc'i'. ru sobrevem-1e
ainda outro afazer, e ra lmf!llte at'011 eceri, qu não
salas mais. De novo um outro Irmão IC' f$: 'AJu­
da.tne aqul, ó irmno'. Dtzes. porém, conLÍJ!l) mesmo:
'Hei de deixai' a minha l.11.rcra e Ir u·abalhnr cnm
ele?' S? não fores, nbnndonarãs o prt'Ceito de Deus,
qu e o ttabnlho dn elmo, e fanls a obra lalcr�.
que f, o trabalho dn$ milos•.

12. Disse o Abade Teodoro de> Fannn· , homem


que se mt:rega il J)(:llltêncla, niio está llgado
a algurn preceito,.

13. O mellrno disse: iio há virtude tal como a


d� nlio de!lprewr-..
14. Disse úimbém: •O homem que aprc,ndeu quão
suo� é o cela, foge do próximo sem o des­
pre-ian.
15. Dlssa olnda: •Se eu não me subtrair a essas
compabcõcs. elas não rn deixarão ser mon­
ge-, (li.

16. Falou também nest I m19s , •�os tcmPQs


aluals muitos escolh�rnrn o repouso anlea que
Deus a eles o tlvossc conccdldo>.
17. Disse rnalS': •Não durmas em :ugor onde hã
mulher•.

Ul •C:i1np:1.ixi):cs" aqui iri1Cnif�t" um moJo d.o �rcu:ar in,duJ..


gt.mtu e. tarinllOlõ.

112
J,8. Um lrmilo dirlglu-sc no Abade 'J'eodoro, dl.
1scndó: •Quero oumpflr � rnnndo.mento • · o
_ fnlou lhc, N11.ão, do Abade Teonnz, o qual
a,,clao :
cert'll vez disse, ta.mbém ele : •Quero obse,-var o
me11 J;(lclo oom t)eus.,,,. E, tendo ll!Vo.do consigo trlRo
parn n p11d1uia, ftrt nJsiun� pl)e�. IJns po))rcs, porém,
_
o supllçnram, e <teu-lhe:; os Jli\CS. De novo soliolta­
rs.m-no ou! ros mendigos, ao� quais deu os c�os
com o monto t)u trajava, Quando regressou á cela,
mitnvu dngitlo npenas do seu cinturão. De no\lo
ent.lio rnprt"endcu n si mesnio, dizc:ndc: • ão cumpri
o mondamt'l1to d� Dous,.
l 9. Em dada oc •ião, o A.bndl! JCISl' adocceq e
mandou algul>m prócurn r o Ab.1d� Teodoro
paro rll�.er-lhe : «Vem, a ftm de guP. 1:1! vejn nntes
de snlr do corpo». Esillva.i;c, entl10, em meados
da scmann. Ora, o .Abadr. Teodoro núo foi, mas
mandou dlz�x: ,Se pe.nnanecere!1 at,ê sábado, Irei
,�sl1.aT-te; se, porém, partires antes ver-nos-emos
naquele mundo>.

20. CJm irmiió pediu ao Abade Teodoro: •Dize-me


uma p�)evra, pois estou pn.1·n. perecer•. A custo
este respp11d('1J: «Eu too cm perigo, e que hei de
·
dlze1 n li!•

21. Um ll'Tllü0 rol t�r �-om o Abarle Teodoro, 1e.


v1.ml'lo as S<!US ,01·rlnmes, paro que este o
nslnas,sP II t.{!(!Cf,. O anci,io m(\/Jdc.u-lhç: «Vai-te,
e Rmnnhü dl' mll.llhO volta nqul>. E, tendp-se lcVM·
biido no mon115 !le�lntc, o Abadl' umcd�ccu-lhe o
cord3'111:, r:c-1. os d('mais preparatlvos e dlssc-lhé :
,A..,.ln, e a88im dov�s trnhnlhar>. 4 sesn,lr, i!clxo\l•O,
entrou om sw, <:e.la e scnLciu-se. Cbe�!l. o hora
dwida f-0-lo t'Qtner e despediu-o. No manhã se­
guinte; o lrmno voltou; o on«lão, porém, disse-.'ho :
•Levn teu cordame daq1ú, e reth:.a-t�, JIOls \'leste
parn me atlrnr em tcmta:•ã,;> e sollclLude•. E n!io
�rmltlu mols que flcaase com elc.t.
113
22 O dlsclpu]o cio Aba<!,, Teodorn r.-ft>riu o �e-
gulntt, : •Em dada oca: ão veio algumn qu
vendia e bolas, e nrheu-me G vnsllha•. Dlssl', pois.
o ancliio: •Enrh" umn m<"Clldn de trlt:;o, e dá-lho .
Ora hn\'líl tloi� mont dc.- trigo, um puro o outro
Impuro. Eru,hl do lrf'to impuro. Enlào o ancião
me fitou com olhar pPnel rant(' l' lrl�to>; m conse­
quéncia, c�l de mrdo e qu brcl a ,·asJlho. Após Isto,
pros11-el-mr a u pés ll{'dfndo perdão. D e o
Ab�cle: LC'vnnti-tl'I. nno 1rn� <'ulp.,, mM fui u qur
J)C(IUl'I. porq1w /' mnncl I rn2, . /\ �l'gUlr, mt mu
no c,,lt'lro, <'nch u o n'"1l<;t> dl." trigo puro ,, ,•nlrr.
JlOU• lho com ,.. boi

:?3. , uma !el , o ad Teodoro rol haurir


ãi::u C'Om um Irmão. · 1.-. cli�ndo primeiro
à clst.-run, \'lu um draf:!(10. O nnn.:o mandou então:
• ·ru. pisa n e.�� dPle,. Com medo, pori\m, o
lnn•o não rol. O Ab-.td oproxlmou-,;e, poJ ·, o ani­
mal olhou-o ,,. como qu,, to111Rdo de l'!tonha, fugiu
para o d. r o.
24 Algut'm [l('rguntou no Abade Teodoro: •Se de
rcrx•ntr r d<'r om drsabam, nto, também tu
lerás m!'do, 6 A dr ? R<"'l'Ol'lll 'ti o anci o: •Ainda
11� o cliu solde com a trrra, Teodoro nOo
otemorlzn,. Tinha fl('dido a Deus qur lhe fiz .
perder o pusilnnimidnd,•. Por l o to.mi {o qu,• 1hr
ru,..ram tnl 't-glll1ta.
:1:,. contovn-sc d<>II' qur. ord!'!Uldo dlãCOno n
Cétln, nno q11crl11 l'X�rCl."r fun dP cllá•
cono, mn.s ru�u pam muitos lugar . 11ndii ·.
porém, d• e da Vl'7., o iam bul!Ctlr, dl:a•ndo-llir- lio
ab ndon o teu ol'lclo•. RPSpond u-lh.. e rtn v<",
o Abad Tf'Odoro : Deixai-me. ()"direi n Deu•
que me t:'Cv !e se devo prec.>nchrr o l r do mru
oficio». , em ora o a Deus. d�ln: Sl' r, V .!li•
Vont:nde que eu compar!'�a no lucar do mtu ofü•lo,
fazei-mo snbt>r com ,:ertc,:n.. Foi-lhe cnlLo mos­
trada uma rol\ma de fogo que sr cr,uia da tr.rrn
114
até o cc!u, e ouviu umu V()Z que di1Ju . <Se t r>od<!s
tornnr como esta coluna. vai, exerce a� tua.� fun.
\ T odoro, ao ouvir Isto, rltX>ldlu que ainda
dessa wz nlio n<:f'llarla. Por com,cgulnte, quando
<'11cgou '1 lgreJ , os lrmúos ln llnara:m-sc diante dele 0

e IIISSt'ram: •SI' n,üo qul'rcs Nccrrcr o teu (J0dÓ


no lll<'JlOS .Cl!Ura o cólfce•. Ele, porim, níio aqui s'.
rl'U, di7 ndo · S,• nlio me delxnrdr,,, livre, reli1'8r­
mc-rl dMI,• lui,ar,. Diun1c disto, delxt1rnm-no
1•m paz.
26. Nnrrnvom dclt, 11uc, qu ndo a C tia !oi de-
vas! dn, foi llabltlll' cm Fermn, <', tendo enve­
lhcclrlo, nrl111 u LNnvom-lhc, ·ntdo, algum olJ.
menlos. TO!l�v n. aquilo qu" o prlmtlrn lrnzla, t'l
o dava 110 st,gundo, c a. lm ronform,• a 01-dem, o
<.tlW rt'(:cbla do pn-c,•dent<•, le o entl'l'l,'llVà �o se­
.,,,11010. No hora de com�r, porí•m, comia aqullo
,,u,., lhe lcvova quem vinhu.
27 Contavam do AbadP Tl'Ofloro f'tue, quando
residia no Ua, se nproxlmou d<•IP um dP-
m6nlo. (IUt' ciuoria cntrur cm sua c;,la; <•lc, po,'llm,
n ligou forn dn ccln. E de novo outro demõnlo
arroxlmou poro cnlrnr; mas 1nm�m a ·st1•, rio
o nma rrou. ChclJOU-. o I erce!ro demônio, e, on,'011-
ll'llrtdo nmarmd0s os dni out r �. pcrgumou-lh<'8:
Por(llll' l'Stals aqui rora • • R�pondcrnm-11\e: Hli
1111:uém S(•ntndo •nt ro. que não nos ddX11 ,,111 tar•.
O IN •iro, rntdo. usando cli, ,lolênda t,mtou cnlrnr.
O u11l'lüu. 1 rí•m, oni:irrou 1tunbfm u �e. A $C�uir.
1,·mcndo ele$ nA oracllcs do Ah.. -idc, roaarnm-lhc
•Solt, -no •· Fsl,• r,•spondou .ide.vos•. E ct,�.
cotwrlos dn vc•11(onl10, rctlrnram-sr.
28 m dos Pud, e5 eontoJ, 11 1 •sp<'ito do Abadt·
Tl"Odoro ele Fcrmtl: Uma v,•,, 11 tarde, f'lll
ter rom , lc, e encontrC'I-O rcv si.ido d,• um monto
1:11!tto, t.•ndo o pc\to desrobl'rto e o cogula dlant<'
d si. Els, ntfio, que um CCl'tO con11(' •e ��egoo
r,ara v·•-lo. Trndo t'SW batido à porta, o anCJ.11() foi
118
abrlr: encontrou-. com o vísitanl e sentou-se â
porta para lhe falar. Eu tomei, pois, um pedaço d
pano e recobri-lhe os ombros; o ancliio, porém, es•
tendeu a mão o lançou-o ao chão. Qunndo jã se
linha Ido o cond', perguntei-lhe: •Abarle, porque
í!zestc i,;i;o?» homem velo para � cdlfl r; tcrlu
vindo para ser (lSCl!ndali7Ado ?. Respondeu-me o
anclão: ,Que me dizes, 6 Abade? Scrú que até
ugorn seNlmos aos homens ? Fiu>mos o que dcvin
ser relto: de:- resto, passou. Quem Q.ulser edlflc:llr-!ll'.
ccllíl11u<>-M"; quem qui, r escandali:zat•-sc, l'l<Cllnd, •
lizc. : cu, porém, como mo enronti-o, nsslm m
apresento•. E d u a s gulnte ordem n seu dlscipulo:
<Quando vle1· alguém parn me ver, nunro lhe digas
algo do que costuma ffizer en os homens (1):
llUIS, se •u . i IYCr com ndo, dlze: 'Está com ndo';
e S(' estiver dormindo, dize : 'Está dormindo'•·
29, C tn \'l.'Z três ladr<'ies Jtnrnm o A bode
Ti'Odoro: cnqunnto dois o scguravnm, o ll!r­
cciro Urova os seus objeto, Qu:mclo . te já havia
tomado os livros, qul, apodcrar-ll' também do
manto. D� e-lbes Teodo,-o ,Deixai il;SO>. Eles, po.
rém, não o quer!nm dctX r. En1j_o, com um movi­
mento dP mão,;, atirou ao chão os dois que o segu­
rnvam, atcmorlzando ossim os três nssnltantes. O
ancião �tomou : e Não vos espan ls : fazei dns
mlnhns alíaias quatro parles: leva. tre,,, <' deixai
uma.. Assim fizeram. de modo que el<? tomou o
sua parl<?, a snlx'r, o monto com que asslsUa no.•
oflclos litúrgicos.

(1 ) lato . ahrum ft•hOt10 dt: pohdt"t..


116
DO ARADE TEOOORO DE ENA_TO

J • O Abade Teodoro de Enato reíetiu o scguJnte :


•Quando era jovem, morava no desucto. Certa
vi,,; f1;1l à padaria 0 rim de fà7.All" duas l;)rtas de
trigo; encontrei lá um lrmúo r1ue queria fabrlear
pães e não tinha quem lhe prl�tllsse uma mâo c1
m.1.'<fiio. Ora deixei as mtnhas coisas, e ejuélei-o.
Q11a�do terminara, chegou oulTO irmã.(), e também
o aux:flll!I, .fabrienndo pães. E veio mais 11m t�r.
cciro com o qual proeedl da mesma forma; e assim
trnmva a cada um dos é1ue vinham, fazendo ao todo
sei� levfl(loras de pão. Por último, quando Já se
tlnh�m ido os Irmãos, confeceionqi llS minhas duas
tortas>.
2. A propósito do Alxlcle Teodoro e l.lo Abade Lú-
cio. de Enato, conwv:.im que possarom cin•
qftenta. n.nO\l zombando dos se"11 pcnsamenl:Qs;: di­
z,iQJ'ti: « Depois dCflt.C invc.mo, nós nos mudnttrnos
daqui�. Quando, por�m. ,,oltavn o verão, dlziam:
•Depois do ve.i·iío. pertlremo daqui>. E assim fa.
zlam o lcmpo todo estes sempre memol'áVe�ç Padres.
3. Oisse o Abadi, 'reodoro de Er.ato: •Se Deus
nos Imputai' ns ncgligt!llcias na ora�o e ru;
distral;ôPs na salmódia, não podenm,os ser salvost,

DO A.Jll\J)J; TEODORO D4 Cm'IA

DJsse o Abade Teodoro da Cêlia: «Vem-me


l.i\l pensamanlo. e partu.rba-me, e preocupa-me, mas
não consegue induzir-mo a � _ ato mau, . apenas
Impede li virtude. O homem Vl!lYªºte, porem, sa•
oode-se e levanta-se pata a oraçao,.
117
DO A.OADE TEODOltO Dt: t::u; Tt:llôPOU,

l o bade Abr ão, o Ibero, p(' IIOU a bad


T�odo1·0 d Elcul ,,. polis : •Que é que nv m
mais, Pai? llel d� procumr para mim r.tl61ia ou
ln!àmln ?, RI' po11d u o 11ncl, o: Em v •rcla(lr pre­
firo proc-urar glõrlu u ln! tmln; pol!-, 64' ruço um
boa obra sou louvad , po. so cond1•nar m II n
sarnento de bcrb • por nao • ·r ,1 tUl'.:110 dl' tal
glória o lnf mia, pol'l"m, provém dl• ob111s mllll.
Como, pol , Po ron:rol r o mL-u ra , o, qu1,ndo
. o scnnd11l11,nm o, homl' a m u r••:p,•lt., ! Mrus
,,aJc, portanlo, lnzl'r o b/'111 ,, r glo1111citclo,.
Abnlll! braiio r ,spond(,u: •F'nla,Ir o rio, ô Pnh
2 Olsst• o Abade Teodoro: A ubsllnl'nrlu <hl p o
macera o eon,o do mon , utro nnclúo, po-
rém, dlzln qur ns ,·igillns ma� mnteram o corpo.

Dls-;e o harl,. 'l'ronn7 : Porqu n mc•ntr sC'


dlllrnl da cont1,mplnt; dr: �us. m cnpturodos
pelru, paLx r.am, 1.�,.

DO AR EB P0 1'1--:0FILO
1. O bom uv urrado AroolJl•JJO T ruo eubJu c.-rt
,e-� ao monte da Nltrla. Foi-lhe ao •nconm1 o
Ab3d� ria montanha, no qual o Me •bb.-po perll\1fl­
tou : Que Pncontrastc de mal n tr dJ.l, ó
Poi?> R,•�pondcu o 11nclão, •Ó ocurnr I' repr�nd r
" si mesmo l'm toclo l mpo,. Disse cnt n o Abade
Tcóf.ilo : «Oul.l'tl. vjn não há senão
118
2. O m �o Abodc T llo arcelilsPo foi certa
vC'L à Ccl:la. hm os enllio reunJdos pediram
&o Abad Pombo: •Dize uma palavrn ao Pai, para
c1ue seja ediflcado•. R pondcu-lhe� o ancião: «Se
l'I� não .e ed!íica m o m u &U �nclo, também com
a mlnhn palavra ni!o c cdlilcara•.

3. De um11 t ltn os Pndro. foram a Alcxandrto,


chom�dos p<>lo 1· 'h\Spo Tcoíllo, pois ·tr• quc­
rln r111,i,r or-.iç!io e dcsUi.úr os templo pagão Quando
P<lltV,1m a co�r om o Arcebispo, foi 't",idll carne
d<' vl·clo, dn qual eles Iam com,mdo .rm distinguir
os nlimcntos. EntAo o Arcebispo tomou um pedaço
,Ir cem.- <' o deu �o oncláo u vizinho, dl,.endo :
Eis, C";(C pedaço (> bom; com -o, Abade,. Replica.
rum lodos : •Nós et,\ agora comemos legumes ; se
Is� � came, niio rom,,remos,. E nenhum deles
ronUnuou n com{'r do qut> Ih s foro servido.
O m smo AbadP Trofilo dlzlt · Que m o,
qui> t l'<'mor, qu,, a.n11úslln não ,·er<'mO'! quando
,, olma 'lllir do corpo' Com efeito. m o virão con­
tra nós o c,xérclto r o podrrlo do· l?llplrilos adver­
sos, os principe das trevas, os malvados senhores
d t<' mundo, os principados e a� pol . lndes, os
c!!:p'ritos de pervers:,o. e, como que num p rocesso
judlcL'\rlo, detemo n , lma P traríio à sul\ prcsel")!:n
1 os os pecados qur cln tiver cometido, c,om co­
nhcclm••nto ou cm ll!flôr:\nl"ln, desde a juv,•ntude
iité o Idade de morl't'r. A presl'nt:llr-se,áo, portanto.
açusnndo tudo que cio liwr frito. Dr re<to, q1tc
tl'í'mor nfio julgas c�[)<'rlmcntnrá ;. alma náqucla
horn. nt� qu :i srntcnca scJrt proferida e ela con­
sigo UllC'rtnr,sc? E!;,111 S<'râ a horn ungú�lia do
nlm . ')Uni durará oi ou,• vcja qual a ortc que
1hr dl'Ve tocor Mn , de outro lado, tamb<'m os
xrrotos dP !)cu� PStar, o pres,•n1rs, diante d<>s
ndversárlos e np=ntarilo ns bons obras da alma.

,, nrhn rã =
Pmsa, [)Ortllnto, d(' qur medo e tremor a nlmn
tnl mcio, nt1' que o seu Jut11a1m'tllo ter­
mJm, pcln scntcnca do Jtl-rto JulZ. Se ela ror digna.

119
os esplrltos advcn;os serão repreendidos ela lll"fe.
batada do seu poder; para o futuro cstru·á, ou me­
lhor, habltnrâ, sem &Ollcitude, con!ormc cstâ escrito:
'Em ti se acha a llnblt ,:. o como que de todos os
que se alegram' (1). Então se cumprirá o que cstâ
dito: 'Fugiu o dor, a trl tezn, o gemido' (2). Então,
libertada, a alma passara pro-a aquela ln f6vel ale­
gria e g]6rln, em que scrâ constituído. Se, por m.
se depreender que n ruma viveu negllgcntemcntc,
ouvir� as palovrns tremendas : 'Seja removido o
lmpio, para que n o veja a glória do Senhor' 3).
Então apreenclê.lo•ú o di do Ira, o dl da lrlbu­
luçílo, o dln dns Lrevas e da e urldfto. E:nt n.'gue
trevas e. tcrior s e condenada no fogo eterno, Reni
punido pelos séculos sem fün. Onde ficam então n
{ama adquirida no mundo? Onde, a vanglória! Onde,
as comodldad s? Onde, os gozos T Onde, os cspetá­
clllos lmpresslonanlcs? Onde, o ropouso? Onde, a
jaclfincln ? ndl', o dlnhl'lro • Ond , a nobrC!7.a ?
Ond , o pai ? Onde, a mãe• Onde, o irmão? Quem
deste podcrd arrcbntl)r a alma incandescente no
fogo e detido cm acerbos tormentos? Ora, se tais
são as oofsas, quais nfto oos devemos tornar por
umu vida ISOntn e pela plednd • Que carldnde não
dovcmos possuir ? Que conduln • Que costum�s 1
Que procedimento ! Que dOlgi,uclu ? Que oração !
Que firmem ? Com efeito, está escrito : 'Esperando
essas coisas, procuremos r por Ele enront rados
cm p.1r, puros e frreprcc lve�' (,t), para que se­
jamos dignos de O ouvir dlzer : 'Vinde, benditos d
meu Pai, possul em hemnta o rt'ino que vos • â
preparado desci,:, a criação do mundo' (5), pelos sé·
culos dos séculos. Assim seja.�.
5. O mesmo Abade Tcôrllo Arcebispo, tllndo
paro morrer, dlsi ; •lkm-nvcnturado ês, Ab�de
Arsênio, porque estavas mpre re<..-ordado desta
hora,.
(1 > SI 88, 7. / (2) r. 26,10 / (4) lhid.
(a) 2Pd 3, 14.
(G > t.H 26, 34.

120
DA &lADRE TEODORA

1. Perguntou a M:ndrc 'reodora oo Arwblspo Teó-


filo o que slgnlrlCll a polnvra do Apóstolo: «Res­
gn tando o tempo• (1 ). Esle re$pondeu-lhc: «O Após­
tolo indica o qu se lu ra. Assim: vives um tempo
de lnj(u-las? Resgata esse tempo de Injúrias com a
humildade e o pociên�.m. e tira dai wn Lucro para
U. Vives um ll!mpo de lnftl.mla? Com a resignação
resgata esse tempo e lucra-o. E assim tudo o gue
nos 6 adverso, s� o qucl"('mos, sc torna para o66
um lucro>,

2 Disse n Madre Teodora: cLutál para entrar


pela porta eslrcl\a. Pois, da oi.esma forma que
ns ãrvoru, se não sofrem lempestades e chuvas,
nilo podem dar fruto, assim também para nós o
século presente slgnlrlca o ln,,..mo, e, a não set por
multas tribulaeõcs e tcntaciies, não nos podemos
tomar herdeiros do reino dos céus•.

3 Dl6íie lamb,lm: coe bom levar vida retirada; com


efeito, o homem sensato se l•ntroga ao refüo.
Grnndc coisa é. sem d(ívlda, a vida retirada pnra
n virgem e para o monge, p:lnclpalmenle para os
jovens. Sabe, porém, que, logo c1u alguém se pro­
põe viver em retiro, o mn.llgno se aproxima e torna
pesada a almn, pclu ncédla, pela pusllanlrnldnde,
p�los pansomentos; t.orna peiaao também o �arpo
pclns doeni;as, pelo langor, P?-la fraqueza dos joe­
lhos !? çl todo.s rui membros: assim extingue a en':1' ­
gin da alma e do corpo, de modo que o homem diz:
'Estou doente e nno tenho a tori;e de rezar o Ofl.
c:lo', Se, porém, formos vigilantes, todas est.a.s ma­
quinações sento frustradas. Com efeito, havia u m
monge (IUe qunndo s dispunha a rezar o Oficio,
era atncad� de írlo, febr,: e Intensa dor de cabeÇa:

(tl CI ◄. a.
121
dizia entíto consigo mc�mo: 'EI qu� cslou do ntc,
e cm bl't'W morl't'rcl; por con mlnt<\ qu ro lcvnn.
tnr-ml' antes clP morr!'r e =.nr II Ofi lo•. Com .rtr
l)('nsn,m•nto fuzia vlol�ncln a I mc!m'lo, e n:- ltavn
as prcct'll. Ora nl'OntC<'ln qur, quanclo lt'rmlnnvo o
Oíicl , cessava 1nmb<'m n frbrc. 4s•lm r P<.'tldnm ntc
o lrniuo l't'Sistla a 'li IJio má, r cHrwa o Ollclo e
vcnclR a l"Tltação•
4. Pi71n tnmbt'm n m<'smn .'.\1adri- TC'Ollora: C<'rtn
vC'l rim homem reli1tl so rol lnjurlndo l)(lr nl
�m. a qurm :ut<lm falou. 'P riu tnm�m ou
dlzrr,te col<n< sem<'lhant, ; mas 11 lei dl' Dtm.• fo.
ch11-mr n boca'. Dlzlrt alncla o "l!Uinte : m cris­
tão, dL�p11tando rom um , lantau u s respeito do
nuc <1 corp<> =·
corpo, ru im arg11lu: 'Dá uma IP.l no corpo, e v rús
o Criador· (1 l
5. Dizia dn no,o: O m ln, d AAr alheio à
:unbl,;;io de comandar. tranho à van!,?lórla,
lon ,. da sobt·rb.:l, mio . dl'I ndo Iludir f)<'la ndu­
loc:úo, n m r"l:llr prlns tildlvns, nem \'t•nCf'r )l<'lo
vcn\l'f', nem domlnnr pet.1 Ira: ma• Pja p ciente.
mnrn<o, homllrlr ,m roon a 111"dldn rio J><l"•ivcl. seja
probo tolc>rnntr, eh io d soUdtudl' r dl' amor ÕR
alm3S
6 Di.zln ii,.ialml'n e · ·�,o e n n· 'e, nlio sú(J
O.< vlgilias nem 115 !nrl1!'.n.1 dP rpJnl11t1t'r Nlfl"cle
qui, saJv,im. e, sim, a rnuhm humlldad,., Com rfelto,
hn\'ln um cremiln que r,cpulsavn dc-mOnl , DO$ quo!
J)('l"l!lmtou ce11n ,·,-7 'Como hnvrla ,t,. snlr Pelo
jejum?' Eles rl'SpOndcram: 'Nõs n m r.orni:>m nr•m
bebemos· - 'P<'lns vi 11115?' - '• 'ó& não dormimos'.
- 'Pf'11\ vifl:'1 n"l-ftr;1cla nn i:olidfio'!' - ' 6s VlVI mos
nos de mos'. - 'EnUlo como ·atg•• RPSpondrrnm:
• ado nos vrn e senão a humildade'. V� �lm que

( l) On Mwuqul"uJ llir-ma,,nm qu o curJiU ou " matc'riA


tim,·(,m Je tm prtnciruó 1ua.u. c,r,o,tt,, � l>i:ua..

122
n humildo.d é a arrm, de vitória contm de-
mllnios .
7 Rrforiu mal3 n \la(!r,, Tt-odora: Havlu um
mon3,, <JUe, em virtude da muila. tenla(/Ões
11u•· pad!Cln, Ili ·vou-m� embora dnqui'. E.
quando cnl�a,·;1 us as dáll : , viu outro homem
que cal•'a\'a, tnmb'm l • aa sandâll ·• o qu:il Ih�
dlSSi' 'Não por cau II de mim qu p�rte ! Eis <1ue
•u t• unh.•crd n•I pura ond<! quer que vâs' .

U!S
LETRA IOTA

1
DO ABADE JOÃO 0UR'l'O

1. Do Abade João Curto contaram que se retrrou


para junto de um ancti1o Teblm11 na Cétia, IJ·
ca.ndo a residir no deserto. Oro o seu Abade, to­
mando um lenho seco, plantou-o e disse-lhe: ,Rega-o
dlnrlamcnte com um cântaro dâgua, atê oue dê fru.
lo,. A água, porém, ficava distante deles, de modo
que, para, hauri-la, devia sair à tard\l e vo1tar de
man h.li. P.lssados ti;vs onos, o lenho viveu e deu
fruto: o l\llcf!lo �nt:Oo colh<!U-o e le,TOu-o para a
Igreja, dizendo: •Tomai, comei o �to da obediência.

2. Contavam do Abade Joâo CUrto que, certa �.


di!;lje n seu lrmão mais velho: ,Eu queria nã.o
ter r:>rcocupaçõeS, como os anjos noo tem preocupa­
\'ÕeS, nóo trabalham, mas iwrvem a Deu$ se111 Inter­
rupção». E, tendo-se despojado do manto, saiu para
o deserto. Al passou uma lll'lllánll- depois da qual
vollou a seu lnnli<>; tendo ele batido à porta, o
lnnão prestou ouvidos antes de abrir e perguntou:
•Tu quem éSb O outro respondeu: cSoll Joio teu
125
irmão», O mei;mo disse otv,o: •João tç,rnou- anjo
e não existe mais ,ntr o homMS,., Aquele, porém,
suplicava, dizendo: <Sou eu•. Todavia o lrmã-0 nõo
al,)1·iu, mas dclxou,o Q.(llJllr,se atê a mllnhfi seguinte,
Por fim abriu e disse-lhe: 4lts l1omem: tens ncccs.
sldad� ele tra.balhar de novo paro comer.. Ele, r11-
tt10, prost,-ou-.1' -PCJldido, dizendo: •Pordoo•me•.

3. DiSEe o Abàdc- João CUl'to: e-Se um Imperador


quer tomnr almuna cidade dos lnlm�os. t'Ot1u
primeiro a liw.ia e os alimentos; cm conS(lqUôn<'lu,
-OS inimigos, perecendo de fome, se lhe submetem.
Assim tà,mbém sf10 11S 1111lx00$ da c.imc: se o homem
viw em ji,jum e romc, os inimigos pc.rdpp1 a (01�
diallti: tia alma dele•.

4. Disse tarob&n: cAqunle que estA sacinclo e con­


versn com um menino. já fomléou com ele e.m
pensamento,.

:; Disst' mais: C.mn vez. qunntlo subia pela e.,,


tr da da Célia com OS" lll4!US cordames, vi µm
condutor de camelos que falava e mr pi·ov«.ttva it
ira. Delire! cn!áo -OS meus objetos " fugl>.

6. Outra =·
no '.ClTlpo da oolheita 1 ouviu um ir,
mão que falava. a seu próxuno com ira, e di7Jn;
cAb, também tuh Então deixou a =e, é rugiu

7 A]gims ancl!fo�, g1nando dj! rorto fa:r.c:r 111\ Cêtln,


éstavam Juntos a comer; com el e achav11 o
Aôade João. L.Cvantou-se entlió um pre�bltero.
homem de grande virtude, paro o!erecer a cimcç.,
ri& iiwm. mn,; nlngw'm a ouis tomar de suas mlio�
a não ser Jo1io Curto. -/>dmiraram,se, pois, os d1·­
mai.�. e disseram-lhe: •Como (• que 1.u, �endo o mols
jm•imi d� todo�. oui;aste detxe;r,le .servir pelo Preti4
bitero?• Respondeu-lhes: «Eu. quando me levanto
para of(!l'E!Cer a c-aoeca, alegro-me se todos n ornam,
para que eu tenha uma recompensa; por isto tal'II·

126
bém tomei -u caneca agora, ]1ru'B lhe proporcionar
um reco�pensa e não o entristecer pelo tato oo
que nlngurm tivesse !lceito o que oferecia• Ao
ouvir l�to. ndmirar�m-� e ílcm'Wn edificados· polo
dt.sccrnlmento qui, ele P<•�-suln.
8 Quundo <:<>rio dln ••tova seuludo d!W1te ela
lgroj , ('ercara11-110 os Irmãos, e interrogavam­
-no a respeito dos pcnsamen os dele. Ao ver isto,
um dos anciãos foi tomado de lnveJn e disse-lhe :
(.J'ua taça, ó João, CSUi cheia de ,•eneno•. Respon­
doll o /1.ba.dc João : •De fato é assim, ó Abade; e,
Isto, tu o dizes !)Otquc nlío Viij(e St1niio o ox.terio�;
se V'ÍS!Ulll o qur âtã dent,-o (de mim), que dirias?>
9 Diziam o Padres que, <-slando um dia os irmão,
n comer <'m ái;:a!X' (ll, um dei�� riu li m,:s,..
/).o vê-lo, o AbadP João pôs-se a chorar, di2endo :
•Q\11' tem esit- Irmão em seu cotac;ilo, pois que riu,
quando an1f'!< tlevla chomr por estnr comendo o
ãi:ape?•
10 rta vez al):uns dos Irmãos foram tentá-lo,
Porque não del'<tl\'il sua mc.ntc dlvagar nem
fnlRvn de coisas deste • ,ulo. Disseram-lhes: •Da­
mos graças a Deus porqu� fez clmver multo este
ano· a,; pnlmeiras tomaram hns.tante áglm, tra?A'm
•'<!!Jcntos nbundant t> o· irmãos encontram com
que [azer seu trabalho manual•. R�-pondcu-lhes o
Abade João : ,Assim é o Espírito Santo : quando
dcS(:c nos cotações dos homens, ren.ovam-sr e pro,
du�m rehC!ntos no temor dt! Deus•.
11 A r-1'!:pelto dck diziam que 1:erl.:1 vez teceu
co:rdam<' pn rn ctuns cest-as e com ale fabricou
uma só cesta; não o no1 nu. porém, até aproximar-se
da pa:i'('(!e. u pensamento esmva ocupado na con­
lllmpl1<r;ão.

11) ·rhhwe • r,,f,loin da nrldlOI• frawma.


127
12. Disse o Abe.de João : cSou semelhante a um
homem sentado debaixo de grande árvore,
que vê muitos feras e sorpcnf,es n se aprox.lmarem
dc.Je: quando não as pode cmCrenrar em luta, sobe
rapidamente à átvore e salvn-se. Assim trunbém eu:
estou s maç!l> em minha cela e vejo os meus pen­
srunenlos virem eont:r:a mim; quantlo não tenho
torça contra elos, refugio-me cm Deus pela oração
e sou salvo do inimigo,.

13. A respeito do Abade João CUrto contou o


Abade Poimém oue ele rogotl a Deus lhe
foram tiradas as J)IÜ>(õi!s, ficando !mune de soltcl­
tudes. Foi então procurar um ancião, a quem disse:
<Vejo-me tranqüilo, !sento de qualquer Juta,. Res,
pondeu o ancião: «Vai, e pede o Deus qua te seja
restituída a pugnn, assim como a contrição e a
humildade que tinhas anteS, pois é pelas lutas que
a alma progride>. Pediu, pois, assim; e, quando a
ocasião de lutar se lhe deparou, não ,rogou mais
que lhe fosse tirada, mns dizia ; «Dá-me, 6 Senhor,
paciência nas lmpugnaçóc,s,,
14. O Abade João narrou: fÜm ,;los onclãos. em
êxtase, viu o seguinte : '!'rês monges achavam.
-se de um lado do mar, ie uma vo-L, proveniente da
margem oposta, t'hegou ai.é eles dizem:Jo: 'Tomai
asas de fogo e vinde a mim'. Dí1is deles, então, to­
maram asas e voaram para o outro ln(lo: o t�rcclro,
ponim, !lco1,1, chorando multo e clamando, Por fim,
foram <!adas !itm�m a ele asas, não de ro�. mas
asas débeis pouco potentes: as.�rm com dlfk:uldilde
e grande pena, ara submergindo no mar, ora emer­
gindo, chegou à macgem oposta. Ora tal ê também
esta geração; oúnd11- ciue tome nsas, náo são de
fogo; mas toma asas rracas e lmpotnnl.eS•.
15. Um irmão perguntou ao A�e João: <Como
<, que minba 11lmo, que tem SU8!1 chagas, não
se envcrgonl,a de falar �ntra o próximo?> Então
o Abade João eontou-lbe uma pa.r(ibola a respeito
128
da mnlcdlcêncla; •Um certo homem era pobre e
tinha uma esposa; viu, porem, outra mulher bela,
e tomou também cstn; ambas estavam nuas. Ora
tez-se uma feira J>(lbllca em certo lugar. e elRS lhe
pediram: 'Leva-nos contigo'. Ele, então, tomou a
àmbas, eoloc:ou-us num tonel, é, embarcando-se numa
nave, foi a o dito lugar. Na horn, porém, do calor
rorte quando os bomens repousnvam, uma das
mulheres levantou a cabeça, e, não vendo ninguém,
1<altou for-n, fol a um monte de lixo, onde Juntou
algunt farrapos, com os qunts fez um tt!nturão para
si; e assim pôs-se a camlnhar desembara�ad,imente.
A outTa, que permanecia sentada nun dcnlro do
tonel, di?.Ia no entretanto: 'Els que essa fornlcârla
n6o se envergonha de nndar 0118'. Então o seu mn•
rido. Irritado com Isto. disse : 'ô coisa esj.ranhn !
Aqu la ao menos recobre as partes pudicas do séU
oorpo; tu. porém, es!Jis totalmente nua, e não te
cnv�rgonhas de falar nsslm !' - Ora ai é o pecado
do d!!tração,.
16. O mesmo ancião diziu o um Irmão a respeito
do alma qua qu r lazer penitência : •Havia
ctn ()t!rta cidade uma !ornlcâria Jonnosa, n qual
tJnha muitos runlv,os. Chcgou-�e e ela um dos ma­
glstrados e dlsse. nie: 'Promete-me tornlll'•1e casta e
ru to tomorei por esposa'. Elo lho prometeu: por
conseguinte, ele a le�-ou consigo paro çnsa. Ora os
amigo drla se puseram o procurá-la, e diziam:
'Tal magi,;tmdo levou-a 'l)Ota casa: se formos lá e
el� o souber, pun!r.nos,11. Mns coloquemo-nos l)lante
lln cnsa, e assoviemos poro o amiga: esta, reCQnhe­
ocndo o tom do 0$10Vlo, deseçrli até nós, e estare­
mos lrrcprecnslvels'. Ela, pQrém, ao ouvir o assovio,
fez o sinal dn cruz sobre os ouvidos, e precipitou-se
paro o aposento mofa retirado da casa, fechando
os portas atrás de si,. A seguir, o Abade João ex­
plicava que a fomlcãrin é a alma, os amlgos são
11s paixões e os homens, o magistrado é Cr!Sto; o
aj)OSj?nto retlrndo é a mansão etéma; aqueles que
129
ovlam são os maus demônios. A atmn c:m taLi
ci.rcunsli\nelas sempre Sf/" refugio no Senhor.

1,7. Cl?rta vin, qonndo o ;'\.lJade João vlajlivu tia


Cótlll com outros h-m!íos, o gula da oo.ravnna
errou o caminho, pois ern nolto. Disseram, então,
oa u·muos ao Abade João : •Que faremos, õ Pni,
paro Que não perc 1nos vugu.,ando, j11 que o irmão
se cmganou de cslroda r� Respom:lcu-lh o endão:
•Se o dlSSCl'ITIOS e ele, ficará tr1ste e 1:nvcr11onhndo.
"SL�. por<•m, que me f1lrcl rJé <1ocntc e dlr�l : 'Nilo
pos,.o caminhar, mas permanecerei aqui nté a mnnhii
de ml!Llh�'•· E ílsslm fez. Os qutros então disseram,
<Também nós não pr�lt mos, mM ílcnremos
contlço>. E ficaram S('llU\dos ate o manhll sêglllnte,
....-11ru1do a sim nndnllznr QS imuios.
18 Hu\ila na C.'lla um lrmiio multo zllloso pru•n
ns fRdlgns do corpo. mllll um tanto descuidado
com os seus pensam<'nlos, 1- 'oi ler oom o Aba/!
.João à am ÕE! o lnOOM'01.{l):r sobre o osriueoimento ;
e. tendo ouvido a Instrução do Ah.tdl.'. regressou
pflm a sua cclo, ma'> esqueQCU o que este lhe dissera.
Voltou, pois, " lnlerl'Oj!á-lo, "• 11pós ter ouvido a
m ma insov<;ão. foi-se de novo. Ora, qo ndo Cht'•
gou à CPln, tinha mais wna \'ez eJ;Qucddo1 e assim
muita,q �i>7� empl'f!endeu a vla:trm; mus, no t'I!•
gressar, est,w dominado pelo esqueclm •nto. Em
oca�iio po •rlor·, �n�-onll'!)U•Sl' com o onclão I.' rtls­
so-lhe: • $abcs, 6 Ahadt>, que d(• novo ei;qu I o qu
me dis.,;cste? Todnvla. para nllo u, molest:nr, nr,o
voltei . Disse então o Abade Jo·o: Vnl, ncend1,•
uma lanterna•. Ele a RC'l'ndeu Dil;s(' (li, novo: Tl'll7P
oul:n)s lnou-nms, ,. aronde-as oom ta Eil' ollt•·
dec�u. E o Abaclc ,To,io aOf'E'SCf'ntou ao "od�o .
.-A®so terã sido prejudicada a lanterna por tec �
acendido com clas us out rru; ?• R sponcleu 1 �Pt•
modo nenhum,. Continuou Q ,\bade : •D11 me:,mn
[orma, Joãó : alncl, qu•• n Q\lin inteira venha ter
comigo, não me ,,fostnrá da 11m;za de Cristo. Pol'
oonsegolntc; sempre qua o quis ros., "m, aem heru•
130
tar . Assim, pelo pn léncin d� ambos, Deus �l'Ou
o ,-squccimrnto do oncJúo. Tal "'"'• de rato, n tarefa
dos •llo)n,;, �munlc-nr t'Ontgcm aos qur lutam,
e f117.er v10lêncm 11 si mr,;mo a tlm de lucrarem
uns a.os oolros para a pr:'ttlcn do I m.
1\1 Um Irmão pcr111,tntou ao bnd<> .João : Qu,
[arei • í\tulta., Vl'7.es vem 11111 lm1il.o ongarinr­
mt· pnra o Lrahalho; L'U, por{•m, s0u fl'U<'O, doente,
,. ,•nnso-mP <'Om lst.o. Qu,• fal'!'I dlan e da Lei d<'
Deus • Rrsponrleu o nnclüo: •Ccllcb Cl!sse a Jo.�ué,
(Ilho d 1'/Wl 'Eu linha quarenta anos quando
Mol�i's, o t'rvo do Senhor. mandou a mim e a ti
do de rto para esta terra. Eis que agora estou com
oitPnla " cinco anos; como então, também airora
tl'nho força. parn as marchas da erra, (lJ. Por­
tanto lrunbC'm tu, se J)Odl'!I supo,1.ar as fad�as,
vai; se, powm, nó.o podt'!I, S<>ntn•II' cm tun cel� cho-
rnndo os teus )X'Cado : e, o 1'm te encontrar a
chorar, nito te obrigará a r>,
20 Perguntou o Abade João •Quem v._.nd u
.José?. Respon u-lhe um Irmão: «Os seus
lnnüm•. DISS<' l'11tiío o ancião: De modo nenhum,
mas foi a ui, humildnd qu o vcnd .u. Com efl'ito,
podia dizer· 'Sou lnnão dele ', e proteirta.r: mas
t•ls que, calando-se, clr Sl' v•nrleu p('la humildade.
A humildade, Jl<)rém, co115Utulu-o superlnl!'lldcnte
do Egito•.
21 Disse o Abndc JoSo · cO,,hu111lo o Curdo leve,
Is!<> {,, n acttsa r II nós mr.smo"- 11 umlmos o
elo, Isto �- o Jusllflcar a n mt mos•.
22. O mesmo dl. e : •A humildade e o tMior de
Deus estão acima de todas virtudes'>.
23. Cl!rta ,-ez o Abade João estava sentado na
lgn:-3,1, e soltou um gllmldo, não SHbendO gue
11) Ja 14, �-10
131
havia alguém atrás dele. AO percebê-lo, pocêm
pi'OStrou-se, diz ndo : :Perdoa-me. ó A bnde, pot�
ainda não fui lnstruldo•.
24 . O mesmo disse ao seu dlsclpulo : cHõnremo�
Aquele Um, e todos nos honrarão; se, por m,
desprezarmos Aquele Um, qul? ú Deus, despr�ar­
-nos-ão todos, e camlnhru't'mos para a rulna•.
25. A pro�lto do Abade João referiam quo,
t.cn()o ido à Igreja na Cêtln, ouviu algurls
irmãos dl'ICutlrem. Voltou, entào, p:ira II cola, deu
-lhe a volta por três veze e íinulrncnt ênll'Ou. AJ.
guns Irmãos que o viram, nil.o sabendo porque
assim fizcro, f)<!rguntara.m-lhc. l'tcspomtçu: •Tinha
os ouvidos cheios de discussão; por conseguinte,
rodeei, a am de purl!lcé-lo e o.s.<;J.m entrar na ce1n
com o csplrlto em paz,.
26 Ce1111. virt, ao pôr do sol, um lmúfo foi à ,-ela
do Ahade Joõo 1"mha J)l'CS!lll para partir,
mas, enquanto flllnvrun sobre virtudes, fez.se manhà
sem que o perc<!besscm. Então, o Abade Joi\Q -salu
m::omponhllllclo o lnnlío paro. se despedir dele; eis,
porém, que con1.trma.ram o colóquio ate a hora se.xta;
quando o Abade o percebeu, introduziu de novo o
irmão llll cela, deu-lhe d<' comer, após o que est
se foi.
'J:T Dizia o Ab11dr João: •l': uma guarda estar
senta.do na oela e n!Cordar-sc d.e l)cllij consron­
temeote. � a isto que visa a pnlnvro ; 'Eu estnvn
sendo gue.rdndo, e viestes ter comigo•� 1 ),
28. Disse também : •Quem é p<xleroso como o
leão ? Não oh$tnnte, por mollvo do ven\re ele
cnl na armadilha e odo o seu poder é humilhado•.
29, Referiu também o seguinte: •Os Padres dà
Cl!t:la costumavam romer pão e sal; diziam,
(ll Mt .26, 86.
132
porém; 'N!i_o n()S obriguemos a nos alimentar de
pó.o e sal'. E assim Unham forças para a obra de
Deu.%.
30. m 1rmuo foi ter com o Abad� JOiio p,ira re-
cctx>r ccstrul c,lcstc. O ancião, chegando-se à
porta, perguntou-lhe: cQw quei'cs, Irmão?. Res­
pondeu: •Cesta!;, 6 Abndc•. Esie cnUio enlroiu para
buscá-las; esqueceu-se, porem, e ficou l!énttrdo, l;é.
ccndo. Aquel<' buleu de novo, e, quando o Abade
11pnreccu, aisse-lhc: •Truze a CCS\a, ó Abad11;�. Este
entrou, e de novo sentou-se a tewr. Mais uma vez
o Irmão bateu; O Abade! apareceu, perguntando:
•Que queres, u:míio�• Este- respondeu: •A cesta, ó
Abade•. ;\quelc eutúo tomou a mão do Irmão e o
introduZlu na celu, cll7.endo: <Se queres cesta!I,
toma-as, e vlll-le; pois núo tenho wn momento ]l.
V� (1).

31. Cert:11 vez apresentoU-se um corujutor de ca•


meios. a fim de tomar os rutefatos dele e le­
vá-los para outro lugar. O Abade João entrou na
ccln parn apanhar os cordamcs; esqueeeu-s(!. porém,
do que queria, pois tinha a mente toda voltada para
De�. O condutor de camelos, cnUlo, o Incomodou
de novo, batendo à (?Ortà; mns o Abade Jóão, ao
entrar na cela, esqueceu-s mais uma ve2. O merca­
dor bni.eu pela terceira vez: dessa vei: o Abade en­
tnm na cela dizendo: «Cordamcs. camelo; çorda.mes,
camelo.. l!rto, eJt repetia, para não se cisquecer.
32. mesmo era fervo,-oso de �pirito. Ch�g0u-se.
pois, alguém II ele. e,- Jou,·ou as suas Iabutall.
Elo, q1,w es1nva oéupado a tecer, ncou .calado. De
novo o visilnnlc tlirigiu-lha a palavra, m1IS ele per-

(J) &ate àpplleirma 1tu..,.. o tipír!w do nlta cont.mpln·


ci\o do Abod:4, Jo-io. SonlAMIQ o tcQ,or Ct'Am, puna.e
ar,a.lgada■ ,,ta..
moOJ.(.., as olrauostâoclaa da ora�. Tio 1ortan<JI
m no Abaa• Joió a. p�nlio e o
h4hit.o tb5 1«.er e orar qut, eo eequocla de outros llt.
..,_ ♦ julipLVA nio ler tompo pa,& oleo.
133
ment;cla cm sllênclo. Du (crcelra vc-.l rt>SJ)Ondcu :
«Desde que ur)ul entraste, orastruit' Deus de mima.
33. Um on lil.o foi <à cela do Abadt- Jollo, e enoo.o.
trou,o dortnlmlo tendo ao Indo um it1\Jo ém
pê, que o abanava. Depoi · de o ver, f'Oí-si< emboro.
Quando o Abade João se lcvw,tou, perguntou ao
eu dlsdpulo: cVeio algl.lfm aqui eruiuanto cu dór­
m1et Rem;ion./Jru esse; e. lm ; tru e tal ancifltl>. O
Abad<' Jo!,\o ntão rlt•ou ,mb<lndo c1uP o ltndo ar1cllio
tlnhn o mesmo grau de adlnntu.nlento plrltunJ quo
ele <' t'!UC vira o anjo.

34 Disstl o Abade João : •Quero Q.Ue o homem


edquir.'.l um pouco rle todas as vu1.udM. Por­
tanto, todos os r!la.", oo e li.'\'nntn.res ilc. mnnhíi,
• sume o !undomeqto pari! chegnr . n toclo vit:ludc
e ri ohsl!l"l'il.ncla d. toda o Lei d<! Deus, em paolêncln
má.....:imu, c-om temor maimanimid.,de, <?m amor do
Deli$. o.m todo o 7,clo d<' nlmn i, corpo, e multa
humtldndt?, na tolertl.ndll dos a!ll� 1Jo çoraqi'io e
da rli!!dplinn, cm multn or, ao e em prei,-es, i;om
J:Cmi.lfos, m pureza dé llnj?Ua. nn i,JOJ'd:l dos olhos,
sofT ,ndo dc,;prl"tO sem li! irares: pacifico. nilo rçti,i­
bulndo o mal pelo mal; não dando olC11<:ÜO à$ (altos
cloq outros, n!ío te t-omparando, mru; rolor�ndo-te
obtH�o cl1' todas os crl;1turas: na renúncl11. ii n1nt/irla
e ao q\11' {> da carn , na crttt, na lutn, nn po'btc1.a
éc C!lplrllo, no desejo do qul' é f"iPlrltuuJ, 1111 ascese,
cm )l'jum. l'm pcnliência e pran1o. n.,-. lmp11i;nução do
inimigo, em discernimento, 1?'11 pum.o. dr alm;t,
assumindo o r1n.. <, bom: fazendo o tru 1rabllJ'ttQ
manual em paz: nus vl(l{llas 11ol11rmw, �m fnm<' t'
sed(', no frio e nn nudez, nns ra,U�a�: fet•hn o teu
túmulo como se Jâ i.lv ses morrido, tlc !Klr!D til\
julgues que a morte c$W próxima n lodll hora,.
35. A p1·opósllo do Abade Joiio conlà\'Onl qu11.
quando volto o ela messe ou de um cnçontro
éom anciã<>s, se entregava u oração, li mQdl1J1qúo e
134
li salmodln nté l)Ue o seu esplrlto estivesse de novo
firmado na antigo dlscipl\na.

36, A respeitp dcle disse um dos Pad.res : ,Qu�m


é ,Jorio, que por sua humlldade foz toda a
Célia �ndcr do !léu dedo mindinho ?>

37, Perg1.1nto11 um dos Padres ao Abade João


Cur1o: ,Que é e mon1,,e ?. Respondeu · <É
lnhuta, porque o monge, em tudo que faz, se dá
P<'"º· Tal ó o monge>.

38. O bade João CUrlo conLou que um ancião,


CJ\clo llo Diplrl10 Sumo, se enci!lU5Urçm; era
ramoso na cidade e multo louvado, Or-J fol.Jhe co.
munlcedo o Sl!gulote : «Um dos Santosi está p;u-n
morrer: vem $11Udá-lo antes que so adormeça,. Ele
L'nulo reflcúu conslltQ m�o: •Se u sair durante
o Ilia, acorrerão o. ho.ml!lls, dar-me-iio multn glória
e nJsso não ta-cl paz. Safrei. pois, à tatdinlm, no
oseuro, c pns..<mrel oculto a LO!los,. Ao cair de nt>lte,
11ortnn1-o, S.'líu dn cela, procurar:ido [icru- desperce­
bido. Els, porém, rrue DtllS mru1(kru dois anjóS com
tochas nue o iluminavam, um dl) cada lado, e toda
« cidadi> acorreu ao ver o fulgor. E, quanto quis
fugir \\ glória. tanto mnls fol glorificado. Ê os.�h:n
que . i,umpre o que (',i,tá l!llCrllo: cTodo aquele
11ue se huntllho, , rá Cl'Caltndo• (ll.

30. Dlzla o Abtide , foâo urto: «mo e possivcl


OOl'l!ltruir a casa de c;lmn para bàlX'o, mas é
do r1m.dl!m�n10 p9ra o alto 9ur;, se Pcliflca,. Per­
i;tin1.n,nm-lhr;, t?J1lúo, •QUP sig;nifica illSo?• Respon­
deu: e (nnrlamento 6 o próximo, QUe deves lucrar:
por aí e J,>nlélso começ-.u-. Com efcllo. todos os
pr,•ccltos de Crls!-0 crtilo su.qpeosos ao próximo•.

4(), A respeito do Abade João contavam o se­


guinte: cMorrerarii o;i pais de certa Jovem,

(1) Lo 14,11.
135
.a qw,tl !:lcou õríii; chomQ."a-se Pmlsia, Resolv u,
enuío, tr3nsformur sua casa cm hospccl;trln p.a.ra
acolher os J>ad,-es da Cétia. As.slm dunmte muito
tempo pcri;everou .-m r-eçeber e tratar os l"adt'C!i.
Dçpols, porém, consumiram-se 0$ suas po!Ses, e ele.
comei;ou a sofrer indlgênclll. Além dl.sto, Junuu·am•se
a elo. llomens perversos. que n ru-rccI.arum do bom
prop�to: para o futuro pOs-se a viver lnclJgm,­
mente, de moi:lo que eb ou !l foenléar. Os Padres,
no sabc.r disto, muU-o se entrlsteceram e, tendo chn­
!lllldo o Abllde João Cul:'1.0, dlsscrum-lhl': «Ouvlm
a TE!lipelto daquela irmij, ciue ela vive moo. Quando,
pon!m, tinha dinheiro, mnia.rou sun cu rldndc (Xl.J'a
cono ; porlanlo, t;lmbém nõii ngora m811lrosle­
mos-lhe caridade, socor:n!ndo--a. Od-te, pois, o tra­
balho de IJ' ler com ela. e, con(orme a · hedorla
que Deµs te ileu, tratn do caso,. Assim o Abaçl
João foi à CSSII clcla., e di!iSe à v lha l)Qt·tclm: •Co­
munica e minha Inda à tua pat.roa,. A portl!lrn
foi enviada de ,•ólla pa111 díi r: <Vós, hâ tempos,
comestes os se.us ben.q, e els que ilgl)ra !!la ê pob1"l!:,,.
Respondeu-lhe o Ahacle João : �ntie-lhc que lb.c
trago um &rOJJde 11uxíllo,, Os criados, sorrindo cn­
lão, perguntaram· •Qué- tens para dar-lhe, de modo
que te queres enrontrar com ela?> Ele replicou ;
•CQmo J)O(.l�rlels saber o que eslou para dar-lbe?>
À wlh11 voltQU, pgui, n procurar a pálroã � tMnt.
mítiu-hc o recílllo. A jovem respondeu: cl!lsses mor,.
�es va�eiam sempre às mru-gcns do mar Vermli!­
lh() e C()Stum1n, n enccmtrar péroJns�. A seguir, t 1•t-S­
tlu-se de seu.<. ornamentos e dlsl<P, c'l'rlw.e-o à minha
Pl"l!S()n,;à>. Quando cnt'l'õu o Abade Jotlo, ckt e
adi.ant.Ou logo para o Jc,.!to, onde s sentou. O Abad<?
aproximou-se, tomou htgllr ao lodo dela. e, flLnn­
do-n lUI f ce, disse-lhe : •Que concebest� !'Ontru
Jesus, de motlo o çhegares a tal estadob Eh1, ou­
vindo Isto, Clcou toda flria. O Abilde, ent.lio, reol.lnou
1.1 cat>eca e põs-sc o chorar veeml!ntemente. Pergt111-
�ou-1lie efa: •Abade, porc1u �•Ql'lis?, EsLc levw:i­
tou a cabeça. mas d,: novo Inclinou-sé chorando, e
136
,;ll!!Se : « Vejo cim teu rosto Satanás o brinear. e não
hav�r!a de chorar?• Ao ouvir Mo, dlsS(' ela! •Será
pos�!vel fn2er pani\ência, Abade?• E:,<;le r-espondeu:
«Sim,. E ela: •Lo,'ll-me para Onde quiseres-.. O
Abade ne)uiu: c-Vnmos•. E a Jowm levantou-se
[lltr'a Se'lui-to. O Abade João, porém, notou q1,11e eln
ruid11 clispuSill'a nem Ca!ara a respeito de �.m casa
e admlrOtJ-se. Qunnrlo, pois, chvguram ;ao deserto:
cah1 o noitt': ô Abmlo, �nUl.o, fl!L para ela um pe.
qucno tmvl'!;Selro d<: areia sobre ô Qua] tra,;çu o
sinal tia cruz; e rJlssc,.Jhe: �Dorme aqui,. Apôs breve
Jntel.:alo, Cé:t. " mélimo pa1·a si, rctminou as suas
orações, e deitou-se. Ce\'Cfl çlp meia-noite, porêm,
foi despertado, r viu uma e�'trada l umillost que bai­
xava do céu ./ll� a ela, e contemplou os anjos de
Dew que levavam para o alto a sua alma. Levan­
tóu-se, pois; �.:tiegou-se à jovem e moveu-a com o pé.
Ao perceber, porém, q11e estava morta, çaiu sobre
a Lace, omndo n De1.1s; cnUío ouviu dlier que a
única horu de penltênda dela s� tornou mois àcetta
n 0L'U.� do qu a longa f)C'nltilncia d r:nultos que
não demonstram tanto CrrvQn.

no AB1U>E JOÃ.O 0 ENOBJTA

Havln um irmão que vivia flum ccnõbio e pl'a-


1 lca\'O ,i:rnnd &SC<?S<à, 01'>! os irmãos da ,;Ua, tendo
Quvldo rn1ar dele, roram vWtá-lo. .Enl raram no
lugar cm que trllbo.Jh@,"11: ele, porem, S,:!Udou-os e
toi;io lhes deu ãs costns, pondo-se a trabalhar. De­
pois os trmão:s do eenõblP, lendo observado o que
fi?.ora, perlP,IJlto.ram-lhE': cJoã:Q, quem r� deu o há­
bito? Ou t(U�nl te fez moni:c? Não 1,prendesl;ll tam­
bém a r�cel1�r dQs irmiios o manto e dizer-lhes:
·Qrai', 011 <Sentai-vos h Rcsrxmlleu-lhes: �.To,1.0
pecudor r1ão tem lazer para se ocupa,· dessas co,sai,,.
137
DO ABADF; ISJDOllO

1 . Diziam do Abade J,ldoro, o presblt ro dn Ct'túl,


qu , se aJi:ucm lnha um lrmi\o lmperíclto,_ pu­
•ll6nimr ou lnjurl=. " o ctlK'rlu ex-pulsar, ela.lo ;
cTMlZl'-O aqui n mln••· Recebia.o, ,•nt..\o, e por sua
pnciêncl11 snlvnva-o,,

2 Um lrmlio 1w�tou-lhe: Por qu é que o.


demônios tanto1e tem,.m?• R spondeu o anrlão:
,Porque, d .de qUL• me torn<'i monge, !Ulo par" n!lo
dclx:11' qu<' a iro m� chegue gnrgantn •
3 Dizia tanibém que havia qu.irentn onos que
sentia a tcntar�o de p'C<-U- pela mt>nlc, mas
nuncu ronsentlrn r,,m em COn<.'Upis,•i!ncla nem cm
lnu.
1 Disse nlnda · •Eu, quando rn Jovem e residia
rm mlnhH u•ld, nia tlnM medida pnrn i0n pt-c
res: n nott� ,. o dia eram para mim orac;ão•.
5 O AbadP Poimén relt'rlu. n respeito do Aba�
lsldoro, que . te t.ecia um ft'ixe de ramos por
noite. Os l,1nõo , porém, cxorta,-am-no di7••ndo: Re­
pousa-te um pouco. po;,. Já és Idoso•. nc�ndia:
Ainda que qut>lmem lsidOro e espalhem li SU0/1
cinzas ao \ll?llto, nem enUio nwr t•l"('J nlgumo graça,
pois o Filho de Dou� velo à lt•rrn por cnusa d1• nós•.
G O m mo rontou. 11 propóSilo do Abn(lo lsidorc,
o seguinte: •Os seus l)l·nsamentos dl7lnm-lh�:
'Tu és um JP"l).nde homem'. f:lc retrue11vn: 'Amso
sou como o Abade Anfão? Oxalú ras.�e d.- todo t"Omo
o Abade Pambo ou ('<)mo o� dC'mais Padres que agro.
dru-am a Deus!' Ao prol estar dr·,m forma, 1'ncon­
lrava paz Quando o lnimlr:o o 1J11rrii1 d llf'nrord]a.t,
como ,;e, depois de todas e.:,as fndlgrcs, tlvt'ssr 11u•
soü-er P<'IUIS, N'Spondln: 'Alndo q11E> C'lJ �P'jo atirado
às penas, ('ncont.rar-vos-ei lâ em baixo'>,
138
7. Disse o Abade Isldor-o: Fui certa vez ao mer.
cado a fim de vender pequenos artefato,. Per­
bcndo, porém, que a ira se aproximava de mim,
d�ixel os obj tos e tugi>.
8. Em dada ocasião, o Abad<' Wdoro foi ter cem
o Abud,, Tt:úOlu, o Arcrblspo cJ<:- Ah,imndr.a.
Qui1mlo t'Cgrossou à CéLlu, lntcrrog1u·am-no os ,r.
mil.os, •Como é- a cldmte? Ele respondeu: •Em
wrclndr, lrmi\os, niio ,·I fac<:> di, homem a não ser
a do Arcebispo>. Aquel s, ao ouvir isto, lnc1uleta­
ram-sc e dlssc1'81Tl: «Acaso terão Sido os homens
devorados pelo caos, ó Abade?, Rt'$J)Ondeu: •Jl.ão:
mas o pensamt?nto de olhar para eJl!lJê•m não me
�1ll\Sl.,guiu vencer>. Com estos palavras. admira­
ram-se e fornm connrmndos no propósito de guar.
dnr de devanclos a; seus olhos.
9. Disse o Abade Isidoro: � esta a cl�ncln d,s
santos: rcconht>Cf'r a vontade d!! Deus. ho-
mem, obcdo:-enrio à ve1dmJc : , ?-ot: luJ'na benhor de to•
das a coisas, pois ck• � lma::em ll scmrlh ntn. de
Deu.,. O mais terrível de todos os esplrito5 é o de
>l!gUir o próprio coraç o, isto é, o proprio juiw, e
não u lcl de Dous t l 1, Por fim, isto se torn'l para
o homem motivo dr pmnro, por não 1.-r reconhe­
cido o mistério nem ter e11conlrndo a da dos 1:a.,­
tós n fim de nela se esforçar. Agora <!Slil!l!OS no
tempo <1• fozer Jlgo pam o . ' nhor, pais n ·alvo.cão
,:, llnlln 1,0 tempo da n<twrsidnde, corr.u está cilClito:
'Em VO:, p,1cl-'nda llavris d,• pusauir us \'Ossas
nlrnas'• (2).

ul lld
Ili �� j�%�o ";';'��•�_{ :::•;�at1�!d:"1�r p� d,��:
(mu.u Mpfrltl'I) <n, porticulnr. O Aba.de lAidoro l"'f'Í►
rt---. • ri.O dimõni,) ')Uf'i lt<nl.JI o homem uo apego l \"OA•
tadu prórrta. em <1J'G1SJ�io à Lei dr Deu:&.
(2) Lé 2J, 19
139
00 A.llA.OE JSJ.OORO DJ<J PEJLúSJO

l, Dlzi<t o Ahndc lsldoro de Pelúsio; •A vldn �em


p:da,,ra é hl!ÚS ütll dQ gut' u p.tlnvru sem \'Ida.
Aqwlu, rnesn,o �llcnclo.ndo, cdltJc,i, 11nqunh lo c!lln.
mesmo clamando, pl'rturba. . , p<,r,,m, palavrn
,�dn se associam ena,, l'i, constllu<rn a .representa.
tão roosumu(:!a de toda a sabedorlo•.
:2. O mesmo dizia: <Estima us vh1udrs: 11iio te fm.
portl-s com a i,:Jórla \lo mundo. r,ols nnuc!OJ;l sJo
n!g(l dr irnorL:ll, om11111nto to facilmente se cxtJn.
guc•.
3. Disse tnmbém: <Muitos dos hornc.n 1\-Splran, à
vit1.ude, mn.s lli'Sltnm cm seguir R ,•la 11ue a ela
conduz, ,,1,i1uamo outros n ·m mblm que existo a
vrrt.ude. É r,recl"°, pois, p,,.,,,--uaõil· àqueles QU<! sa­
CVÓ<\11\ a beslt'lç,1o, " a tSl<>S "ns!nar Qt.t<' r1e fàto a
vil1lldr tl ,,trtudc
•l, Ois:;c nlnda. •O ,icio '""P,lJ1l de Dctu; os ho-
m1•ns e arast.a.-o, uns dos O'Jtros, !!: preciso
íul,lf-lo n P:tJ ·o nipldo e S<.'gl.l.ir a vlrtudc, que Jcvu
a Deus e uno os homl!OS entr., s1. A dc>ftnl •60 du
vlrlut,le ,., s.1liedori.a ê; slmpl1ci4a� unida á com­
prwnsão,.

5. Dl:zin igualmcnt , , Pol� que �llo � o ,1umc (la


humilclad" !! prófundt.l o pr.·olp'do da oc-tnnrh1,
aconselho-vos que procureis uqucla e não vc1. tlru-
Xl:is cair neste>.
6, Ainda diss�: , O amor do tlinholco, que i, 1 n t•
vel e tud,o OUM, sem conhecer saclcdaçlc, Im­
pele ll o.lmo Que o nul re, i!O extl'emo dOs ml,IIL"1
Por <:anSl<!gUintc, expuls,;n,o.Ja lógo 00;:l prímótdlt>!!,
pois, umn vra. que nos possui, ú hti•on(;]vel,.
140
DO ARA.DE ISAQ E, O PJtESB1TERO
D 01.l'.AS

••bcr
1. •ria vez foram procurar o ,\badc !saque para
faz.1!-lo tm!sbítr-rn EIP, ru:, dlnto, [ugfo
para o Egito; reUrou,sc num campo es<:Qndcu.
cm melo eo feno. Ora os Pndres seguiram atrais
dl!lo, e, cheg,wdo 30 m mo co.mto, parai-um par•
n•pou,nr um pouco, polS �rn no t�. Solto.mm tam,
bl•m o asno para que prurtassc: este, dcp0is de ter
va;:u'-'!lth>, dr.trvc-se flno.lmenle diante do ancião.
Na munhii scgulnlc, pois, procuraram o asno e
cnwntraram também o Abade lsaqur, o que lhes
cuu;ou admlraeão. Qul.crom-no, ent.ão, am�rrar,
mas ele não o permitiu, dlzcndo: Não !ugi,-ei mais,
pois cala 6 11 \'Ontade de Deus, e, onde quer que eu
!ujn, ela. se me depara,.
2. Rcrertu o Ab.�<k- haque: •Qonndo ru era Jovem,
J"C'$1din com o Abnde Crânio: r.uTICl.1 1 1>0rt}m, m�
mandou fazer algum serv�o. emhora fosse velho e
tri,mulo; de si mesmo fovanlavo-SI', e ofon.·da « cn­
neta ft mim e a todos iitUalmente. Ainda morei com
o Abade Teodoro de Fernm, o 11uaJ também nunro
me disse quo ni�--ssc :tl11um scr\·Jço: punha a sós o
mr,;.,, dlzln: 'Tnnão, $C queres, vem: come'. Eu
<'nino lhe l'C!<j)Ondla: 'Abade, vim l li pura g1111har
ttl�m proveito: por que 6, pois, que nunca me m·m­
das r02cr algo?' O nnrj o, porém, !lcitva caindo de
todo. Ccr10 dia ru, procurar os ancli\os e contl'l­
-lhrs o qur se dow,. E.�trs chcgnram,sc uo bach·
'!\'Odoro, e d�erAm-lhc: 'Ahadc, tal irmão ,•cio pro­
curar tuo anlldll.dr pn'!'tl aproveitar ali:un,a coisa:
por que ú •111.ào que nunca lhe mandllS ta.:cr utgum
rvl!IO"• Rc"I)Ondcu o anrUlo: ACllliO scl't'I o su!)('­
Tior d um rcnóhio, para lhe dar ordens? De rnto,
niin 1hr mando cOillll nenhumu, mas. se ele o quer,
Caça também ele o que me vê fazcu. Pesde aquele
moinento, cu me antecipava e fazia tudo aquilo <Jue
141
o ancião estava por fàzer. Ele, o q\lo fa:t'ia, fazia-o
em silêncio, e ensinou-me Isto: ngir em sllênclO>.
3. o AbadQ rsaque e o Abade Abraão moravom
juntos. Ccrlu vez, ao entrar pa cela, o Al)lldc
Abra o encontrou o Abade Isaq11e 11ottmdo. e per­
guutvu-lhe: «Por guc CllOraS?• Respondeu o anel o:
.-E como não haverismos de chorar? Pois para onde
il'l!Jl10S? Adormeceram-se os nossos PaJs. Né,o nos
bastava o tl<lballlo manual para o íL'l!te da& naveir,
que J)llglivnmos. quando !amos visitar oo aru:mos.
A!tl)ra, po1·l/lllto, estamoS órfáos. Por isto é gu
choi,o,.
4. Disse o i\badc ts.uque: «Conheço um Irmão que,
ll)zimdo ll mt'SSC no camPo, quis comer uma
esplsu de uigo. P rguulou l'ntão ao proprietário do
calllpo. "Pennltes que coll1/l uma espiga de trlgo?'
Aquc e, no O'.tvlr l."1.o, ,utmir®-!le e respondeu-Ih(!:
·o campo e teu. ó Pai, e Jli<'TllUlltas a mlm?' A tal
ponto cm fiel o lrmM
5 o;ssi também aos irmlios. «Não Introduzais
meninos "qtú. Pois quatro igrejas na Cétla �e
tornaram dcsel't<IS por causa dm menin�.
6. Do Abadl' [saque dii\am que CQn\ia com o seu
pão as cln2as do turlbulo da ol)lilc;âo (1).

7. Dillin o Abnóe l"llque nos Irmãos: <0.S n.OSSQS


?nl,; e o Abad!' l'ambo usavam mtcs gastas.
muJ� rem�m!ncfa.s e r�tt:tJ; dê tolhas de palrnPtra�;
agon,, porem, t.r11Jals 1•oupw; de valor. ,Tdc-vo.� da­
qui; tornnsws estai; regiões desertas,. E, estando
purn sair paro a rn<!Ssc, dlsse-lh<:i; •Nilo vos dou
mais preceitos, pois não os ollsc.rvais .
8. Llm dos P.:.dres contou que o,:rlo ve;i um do�
irmlio foi à igt'cja das Céllns t.mJando um
(!) 11.'!o �. dl> li�•rgfo �ucll,rlsiic• != P>'0"11Mr<I).
142
m:into curto cm presença do Abade I ague. Este o
expulsou dizendo: <Esta região é dos monges; tu,
sendo sceulnr, não podes ficar nqui•.
9. Disse o AbacJ., lsaque: •Nunca tcvcl comigo
para a cclJl quolqucr pensam nto contra un
lrrnno qu me 1Jvesse al11g1t10. TamMm proeurel
não clel.'<ar gu algum irmuo ontras5(• na sua cela,
tendo qunlquer pensamento contra mim,.

J0 O Abade !saque adoeceu do gr-.ive mo)estla,


que se protraiu por muito tempo. O lrmâo en­
tão fez.lhe um mlngauzlnho, em que colocou aJgu.
mns amL•lxas. O ancião, por'm. não o quis eomer.
À vl!na dJs;;o, o 1rrn o rogava-o, dlzcndo: cToma um
pouco, ó Abatle, r,or causa do. doento.•. EI respon­
deu •Em verdade, lrrnüo, eu qucrin passar trinta
anos n ta molê lia>.

11 Contaram do Abade Iseque que, estando eJe


para morrer, se reuniram cm torno dele os
anciãos e lhe disscr.,m. ,e faremos depois de li.
6 Pnl ?> Ele rc,,r,ondcu. • ed como cruninhci cm
vossa pt'esern;a; se <ftJCreis também vós seguir e
guardar os mondamen!os c1c Oeu.s, Ele mandarâ sua
graça e cooservará este lui,,,;u-. &-, porom, não obser­
vnrdcs os rnnndamcntos, não pllrmonecereis neste
lugar. TamMn, nts, todas ns VC'lCS que os nosso:;
Pois tavam para morn•r, nos cntrlstec amos: mas.
obscrv11ndo os mandruncnto do Senhor e ns inso-u-
- d te., f'{'rman<'C!!ntO. mo se os Pnls cstives-
$Cm 1.-onosco. lm fazel também vós. e sereis
SnJVOS>,

12. Abade tsnque n:rc,·lu o seguinte: •D�� o


Abade Pambo qu o monge deve trajn: tún'.""
lal que, se II atirasse foro da cYln por U"ês dias, nm•
guém a re<?Olherla•.

143
00 ABAIU, JOS� D.E P i"EFO

1. Alguns (los Pncltts roram ter com o i\bndc Jo.


de PancCo pa,·n lnt,-rrogâ-lo n rc. pclto cios h·­
mftos viajantes QU<' se inm bosp..dnr com t!ll'S; que­
riam saber se se dC\·t• t'Onrl<'sc,1ndH <' Lralá-los com
ce1·1n rnmUJarldnd,•. Antci;, porem, que lh,• füe · •m
a pergwtlll, O OI Ião d15m' 110 S.'U dlsclpulo: • Ob­
tiCl'VU. o qu f�l hoj,". , ....tftm J\,'V'li nrin . n rin<"ii'ie')
colot-ou cntiio dois bauqulnhos, um it sui, drl\•rtu, o
outro à ,;squerda, e diss<• (1): • ·nt,,1-vos•. A se­
guir, entrou na ccl , rcv ·Uu tmJ ·.- de mendigo,
alu ele 110\'0 C [líl, U no nrnlo ddc�. D�pols, CIII l'OU
muis uma vez, n_,ye,;I i\J n suas \'dites próprias, saiu,
e sentou- no meio deles. l':sl..,s • ' odmirnmm do
procixl!rrumto do ancião, o qual lht!. pE•rgunt.olJ:
•Vlst o que !ti?• f\$pond•1-am; Sim ontí­
nuou: •Arnso me tornei outro L:i ,·es111 vil? Dls-
rnm, Nlto . L ele: cl'ortnnto, sou o mcJmO em
ambns ICI neles: ll!l!i1m romo a prlmdru não me
mudou, tnmbfm n segunda não me preiudicou. l1l
dessa forma IJU<' d1•,Nt10< [>rocPder na 1'1'Cl'PÇ:lo dos
lrmnos (>('l'Cl!l1nos, <'Oníorm<' o santo Evnni:clho;
pois CSli' dlz 'Onl li ·.snr o l'.\UI' � dt' C�r. (' (l DC'Us
o qui, é ele Deus' (21. Quando, portanto. "" nprc­
sentu II vlslta d,• iJmãQS, recebamo-lo.- com ramUia­
rilllde :1legre; qu tndo, po�m, nos a hamo• sw:lnhos,
,· -no• n •ssftrlo o IIJtO e riu rsv• pc•rmnne·11 00•
nn�>. Os lrrnuoo. ao ouvl�lo, fLMtrnm adml.r:tdns.
l)Orqu<•, anlcs que o lnh•rro a��m, lhl'fl d:ssc o que
t:nv.lnm no ora,ão. E rlcrom glt,ri.Q o. l.)c,us.
2. O Abadc Poimém J)l>dlu ao Abade Jos�: •Di-
ze-me como farol par,1 mr tomur monaef• ftt•s•
pondeu; • Se queres <mconlrnr p.1z neste munllo e
no futuro, cm tudo que te 11cont .u, dize, 'Eu quem
sou?' E não Julgues a ning,.�·-m•.
(l) Subn1i�d:l-1tt:
(2) MI 22, 21,
"°" do· t•uitcullt',,

144
3. O mesmo .Interrogou de novo 9 Abade Jo!;é:
cQuc devo fazer, quando se aproximum as pai­
xões? Reslstlr-lhcs-ei ou deixarei que •>nlrcm ?·• Res­
pondeu o ancião: ,Ddxa-as enu:ar, e lut.a contra
elas . A<1uelc voltou pn1·u a Qitla, e lá residia. 'Foi
então um Tebano à Cétln, o qunl dizia aos lrmli.os!
«Pcrguni,cJ ao Abade José: 'Quando se aproxima a
rmlxiic:i, d vo r,,sm1ir-Jhc 011 rTPixi,,la entrar?' E ele
r, 11011dcu-me: 'De modo nvnhum deixes rntrar as
pabd><'!J, mn,: oorla-11• dP ln' elo'. Or-.1 Q Abu de Pol­
mcm, ouvindo qur o Abade JoSé ussim respondem
ao T�bP.nQ, lc,,antou-sc e !oi ter com ele cm Panefo,
dl<l!lndo-lhci •Abuclc, cu te conflcl os meus pensa­
mentos. e els que diversamente res[)Ondeste a mim
e no Tebàno•. Pc,·guntou o anciãb: •Níl.o sa� que
li' amo?� Respondeu nquel : •Slm•. Continuou o
Abade José :cNão ml' pc<llstc· 'Faln a mim coroo
Culari�s a ú IDl'smo?' (1), E Potroém CQnscnt!u: •E
vcrdudc>. O Abadr José concluiu! • Se, pois, as pai­
xi\e� entram e Si' a ,,Jr,s dá'; r delas rcccbcS l?Oll)('$,
ela; t tornam ma.LS prova,lo. l!.'u assiro falei a ti
como leria falado .a mim mr",mo, llà outros, porém,
aos quais corr ·m qu nem se 11pi"Oximcm elas pai.
xGI'!;: no conll'ãdo, têm Que as cõrlar Imediata­
mente•.
4 Um irmão perguntou no Abade Jo.�é: Q\IC rn-
rci, [JOis que nem posso so(r r algumn Injúria
n�m lrab$1lt:lr p·•ra dar esmola?, Respondrn o an­
C'i!lo: ,s� não po,fas nt>nhurna de: as duns cois.1s, ao
manos gun,rda a iun conscrnnola dr comctc,r C]ual­
<iucr mal ontm o pró,dmo, e serás salvo, pois Deus
procurn ,1 nJma que nijo pcen•.
5. Um dos irmãõs contava o seguinte: O-ri.(! vez
rui à Hcrocl�ia Inferior procurar o Aba& José,
o qunJ tinha um briíssimo pé de framboesas no mos•
feiro. Di=-m• clP dr m11nhã: 'Vai, com<''. Era,
pon'm, dl:l de vlgi11a, e nilo fui por causa do jejum.
( 1) twlo (t, com todn n. franquru.

146
p�.rgunlel mesmo ao ancifio: 'Por Deu , e,q,l_ka•m
0 que signlfiCll Isto: eis que me disseste: 'Val, coma'.
.Não fui por caUS8 do Jejum, mas flm.1ei pc1'Lurbaclo
110 .refletir sóbr11 o leu prt>Cclto: 'Com que inléntüo
mo teJ'IÍ íal3do o aocilio? Qllt' hei de fnzer?' Pois
me tinha dito: 'Voi'. O Abade ,Tosé 1wpondeu: �
Pais no princípio não Colam ao.� irmãos o q11e á relo,
ma,; ant-cs as coisas tortll.S. e. qunndo vêem que fa.
1.em as coisa.� torta.�. não :)1e,; dlzcm mais us colsns
tort'às, mns a verdade, sabendo que cm tudo s:,o
obedientes».
6. Disse o Abad!! Jo,;l, ao A bàdc Lote: «Não te
!)Odes tot'flar monge, e não te tornar�s lodo
ardente como fogo•.
7. Aba.de Loti.: chegou-lie ao Abade ,rosê e (IIS$e.
-lhe. <Abade, conforme n minha 1>0ssibilidadc
r&.o o meu Jl'lt!lll'ltO Oficio, fa�-o o meu pequeno JC·
Jum, a 01"UÇiiO, a medita o, guardo a tranqUllldadc,
"• ®m" ,1<1SS<i, vou p urificando os meus pensamcn•
tos. Que ainda d!?\'O fazer? Lcvnnt.ando-se. o lln·
ciãJ) estendeu as mãos ao �u, o, seus de&>$ se tor­
naram como éh>z lâmpadas de f01,,-o; e dis -lhe: cR<!
queres, torna-te todo como togo•.
8. Um lrmliõ interrogou o Abade JO!i(j, dize11do:
«!Quero !IHh· do oon6blo o morar sollt.\�io•. Res­
pondeu-lhe o ancião: «Onde Ylres que o tua Blmn
l"e[)Oú&t t• IIÕ,O sofre do.np, IH fica.. ConlinttOU o ir­
mão: ,'l'anto no cenribiq como na soll�iiQ t'nL'Ofll ,·o
rel'iOuso: que, l)OÍS, ucons,,,P1a.q, qut• e1.1 fa<;n1> O Ull·
ciáo n,-spondeu: •Se m1contras 1•cpouso tanto no ec­
nóblo como 1m solidão, colcea os teus dois pcl'lsiuncn­
tos como que na balanca, e escolhe aquilo <IU; vlr
maJs edlfiaai' n tua m�nte e eorresponder à sun PfO­
_
J)(!nsao•.
9 Um dos anciãos chcg:>U-se a .seu companheiro.
para que Juntos fossem vii;itar o Abade .row:
dlS!i<!'llte: «Mandn ,n teu dtscipulo que nos sele o
146
asno•. Respondeu o outro, •Chama.o, e fará o (JUP
quiseres•. Perguntou o prtmct1-o: «Como se chama?.
O outro confcssow •Não sei>. Aquele Interrogou
�t(iO: c[Jâ (!llanl.o tempo QS\â contlio, de modo que
nno saibas o nome dele?, O ouhio respon�eu, •Há
dois anos>. Concluiu o l11tcrpclan!e: «Se tu cm dois
anos não ficas!l.' sabl:ndo o nome do teu dl!1cipulo,
eu, para um �6 dln, QW? n s!dade t nho de o
suhfr?,

10 erta vez reuniram-se os lnnãos em tomo do


Abadl• José; sentados, lnt1lrro.gavrut1-110; este
se ulegrava e, cheio do /inlmo, lhl'S d.izta, ,l:loje sou
rei, Pol� Comf!f!ei a reinar sol,i't' as palx<•!••·
ll, A respe!1-0 do Abade Jo� de Pant•fo, contavam
oue, estando ele Plll'll morrer, os anciãos se
ussenlaram em VQ!ta dele. Olhou �ntão para a porta
t' vlu o demônio sentado Junto n ele; chm11ou, pois,
o seu dlsctpuJo e dlSse-lhe; «Traze o bastão, pots
e;,1.o pensa que, !eito velho, Jô não I.E!nho rnals força
eontr;i ele>. E. quando o Abade apreendeu o b:lS­
tüo, os anciãos viram que o demônio se deixava h·
i.-omo um cão h porta, desaparecendo por nm.

DO ABADE TIAGO

Ulssc o Abadl' Tingo: .-Ê coisa maior ser pen,.


gdno do que recel1Cr r1°regri111)$>.
2 OJzin também: ,Qurm é louvado, deve revo h'<'r
_ é
em mente os seus fl('c:ados o pensar que nao
digno do que dela se di1.•.
3. Disse ainda: •Como uma l�mpada Ilumina um
a()Osent,o !lSCUto, as-sim também o temor de
147
Deus, quando entra. no comçl,o do homem, o Ilu­
mina e lhe ensina todas us ,·lrludc'S e os Pl'CC<'il
de Deus•.
•1. Ois.se mnlB: Há ncecs--ldarl oi,o ele pnlnvrns
n1wnns; pols muitas &lo os palavra, que clr­
culnm cntr,, os homens nc:11.c,; mpos. M hã nc­
Ct'SSldodr d<• obras, com efeito, estas sõo o QU se
prucuru, e nfio pala qu ficam M!ffi fruto •

DO AR \DE lll&IUZ

1. Um lnnf, 1 pediu ao Abndc Hltmiz: Ou.e-me


uma palavra pela qual eu ,a snlvo>. R,,spon•
deu o auewo: •S.,nw-11• l'ID tuu cela; quando tlvcl'C!l
tome, come; qu ndo u ·rcs !de, bebe, r nrlo fales
mnl rt qu,·m qu r q: seja. 1m Sl!l'4s sal\lo•.
2. O mesmo di : e.•unca prorC?l'i ou quu; ouvk
'""" t tlavr-« mundana•·

DO ABAD, JO, O O E',

O Abade Jo,ja o c'Unu.c:o, qoondn n, Jowm,


perguntou a um aneião: cComo pud<'!llP vó.•
outro ro(lllzar a abm de •us rm paz? N6s n m
com fntllgn a consrgulmos :1111.ar,, Respondeu o
wiclào: ,Nõs o pudc>mo,, po1-quc tlmnmos a obro
de Deus �mo o prmci,.,u1 e us nero· ltlad<· rio corpo
como o mmlmo. Vú�. porém, Lendrs ns n essiditd,
148
do corpo como o principal, " a obra de Deus como
menos ru!Cl'SSáTla. Por bilo ii quo vo,i fatigais, por
f�o trunb(•m é que o Snlvndor disse n seus disc,pu.
Jos: cflomcns de pouCA f�. procurai primeiramente
o reino de Deus, e todas estas coisa,; vos seriio dados
cm acrlisclmo 'l) .
2. R reriu o Ab do Jofio: Nosso Pai, o Ahar:lc
Antito, dl.ssc: cNun prdcri e, 11ue me oonvinha
an prn,· (to dt! ITlt'U lrrnrtn:».
3. O ,c'\bad,, .João Cilcx, o superior do Ralto, cllzln
nos 1rrnúo ·: • �·11110::, <.'Orno Cui:fmos do mundo,
rujamos latnbém das con upiscénclns do carm·•·
4. Ou;. também •Imitemos o� no· · Pais. Com
qu UU!>l�id, d,• t 1� fl'lUÍ m;Jdlam!
5 011.in lgunlnwnle: cNüo manchemos, fllhõs, este
lugar, que no · Pais purificaram dos demó-
nlos•.
6. Disse mal.�: Este lugar · de nsccJ:ns, e não rte
n�ocianlt'Sl.

.
DO ABADE JOAO D �UAS

O A bode .João das Céllas narrou o soguinte:


cBnvm nQ •ilo nmlt n1Pretrlz muJto formosa
e • 1 remamente ilca, l!U(' os nobres e magistrados
costumavam frcijücnto.r. Oru, certo dia, em J)859l!IO.
llJlaTCC<'U dlnnt.!' da iJ:'N)Ja e n •la quis entrar. O sub•
dlôcono, porem, que estava b. porta, nlio lho perml·
tlu, dlwndo: <;:..ã.o ês dll!flll de entrar na casa de

148
Deus pois és lmpurn,. Compungido om est.ns ()(llo,
vra 'proml!lCU ela: •. iio forni I mRlo. O lilspo
retrucou: ,Se trou�n-.. nqul as tu riquw.as, cre,
rcl que não fomlcnrãs mais•. F:ln, rl • ra o, levou os
seus bens ao bispo, o quul os 1omoo " os <1u�imou.
A meretriz, •ntno, Qn1 u na il-(rt"•jn, cht>mndo " dl.
zmdo: cS a1Iui cm baho fui tmtarln o lm, l:i que
hei d padecer?> E f<'i pcnltc:>ncia, lorn:mdo-s um
instrumento de ,'SCOI,
2. Disse o Abade Jo. o da Te balda: mong� d•·v •,
antt· do rnol culllvar a humlldad , pois clu
con.<iltul o prlml'lro p� •!to do Sal1.idor, ciu d.lss :
13' m-nventuradoo o. polires de csp.rito, pol'que de-
les I o reino dos • 111.

00 AB:\DE IDOJ,O O PRJ:.."ill

t A prop(,sho do Abad,• rs dora. o Pn-,llltel'O, con


lllvnm qu certa \'l"2 um lnn.ío foi chumú-Jo
pan o almoço. O unclâo, pon'm, nlio qu s k. dl­
zrndo: Adão, elll(anoclo pelo nllmomto, foi domlcl,
lindo fora do PW·wso,. Replicou o lnnl\o: Temes,
pol sair de tun ccla? • H pondt'IJ o AbR o • l"t•
lho, temo de Cato, porque o d m nlo, como um le o
n ru11lr, procura a quem dcvor (2) J\lulto fre-
qilenteml'nlc trunbcm dlzln: Se nlgui'm nta
110 uSo do vinho, não t pu • lns d do maua
�ruiltnQnlo . om e:r� ito, l..01t-, coa�irlo pnr �utta
tilbas, 11<1 embriagou tom vinho, ,. p,•la , rnlitia l!2.
º. demônio tacllmentc o indU7iu il iniqü,l Cor11lc;1-
çuo,.

(1) lt 6,3,
(2) IPd G, 8,
150
2. Disse o Abade rsldoro: •Se am� o 1·olno dos
cóus, despreza e.s riquezas o almeja t1 retvlbul­
çlio cilvlriU>.
3. Disse mais: c.ll: lmpoSSivcll 4uo vivas conforme
Deus. se omrui o orazcr e o dinheiro».
•1. DISS<l ofncla: ,Se praUcals o jejum s gundo a
lei, nilo vos ensoberbeçais; se vos gloriais drassa
1n'tlllca, é prefe.rlvel que t-oma.ls c:a�ne. .Pois maL�
convém no homem come,· carne do que se cn.501Jer­
beccr e enullecer.
5. Disse tnmbérq: •Ê preclso que os dlsclpulos
amem os vcrdadclros mesl.rcs t:omo (l;lls e que
os temam corno superiores; uem por causa do amor
extingam o wnor, nem por causa do temor dC$·
1.n.mm o amor�.
6, Disse mnís: •Se aspiras à salvação, faze tudo
que te conduza a ela»,
7. Do Abside tsl(loro ont:llvam gue, quando o la
procurar um lrmiio, fugia para dentro da crio.
Perguntavam-lhe e·ntão os lnnãos: ,Abade, que sli;­
nlflou isso?► E olo respondia: •Também as f ras se
salvam fug;lndo pAra bS suas cow1s,. Isto ele dlzla
vlsand.o o p1·ovelto dos lrmüos.

00 A:BADl'l ,TO,\O J?ERSA

l . Ccl't:n vez apresentou-se um menino pa,ra ser


ura,lo de um demônio: no mesmo tempo chega­
ram lm1lios de um ctmóbio do Egito. Ora o ancião,
síilndo, viu 11m Irmão u pecar com o menino, IIIIIS
nllo o ropr8"ndeu; disse, ao conlnirlo: «.Se Deus,
151
que criou a ambos, vendo lssoi nllo os consom pelo
rogo, quem sou pum reprcoudê.Jos?»
2. A respolto do Abade João Pc:-sn um do� Pa•
dn-s contou gue, por efeito da abundante gr11.;a
quo roçcbí� chC1g!ll'II a prorunil !tlmh �lmpllridnde.
MorJva ml Arâbln do Egito. Certo v(!'Z rei,ebeu cm­
r,reswda de u.m frmtio uma mot'(!a cfo OtllºP, e aom
ola comprou fios de linho paro tt'nbnlhar. Chvgllu-s,•,
porán, outTO irmno rognndo-o nestl!ll tr.J·rnos: •Otí­
·TI\P, Abade, nlguns poucos fios para que me ro,,a
wna tÍJnico�. Ele os deu com alQgrla. I>n mesma
forma, apn!scMou-se mols um irrnlio pccllndo: • á­
-me uns poueo,; fios para que me confeccione um
1,iverl.nb, E também � este deu. Ouiro· a.inda pedi­
J"ílm uos guals le dC'U com simplieida® e pmu,r.
Por ultimo BJXU'l'<�U o propri táno do dinh�lro plll'!I
cob1n-lo. Dts,;e.lhe o ancião: cVou f.iuscã•lo». Não
tendo, pordm, como l'\?SUtul lo, saiu em dema11çlu. d<J
Abo1P Tinge, qu� on,, 1111:umbldo da admlnlsu·açao.
a íím dr lhe pedir o tlmhelro para o devolver ao
lmll'.o. Oru, quando cn.mlnhnvo, encontrou uma
moe�a por tcr,-u, mas não a tocou; fez, sim, oraçiio,
e voltou para a cela. De novo, então, chegou-se o
irmão, atormentando-o por c.nusa do dinheiro. ftes­
pond<'U-lhe o ancl q: ,Estou em aron�e sollcitt1de
p<n- Isso>. E, saindo de novo, entonlJ'ou o dinheiro
no chão, onde o&tawi antes. Fez mais uma vez ora­
ção, e volt.ou paro a ceio. E els que, da mesma
rorrnu, 11pareee1,1 o 1.rmâo que o ass«llovo. O onclão
disse-lhe então: •Desta vez ou o t;tnrel sem rolta•.
E, IC'vanttlntlo-se, saiu do novo; passando pelo dilo
lugar, túnda encontrou o dinheiro, e, após tnzcr oru­
c,io. recolhPu-o. Fin..lmPnlP, rtu>..go11 li ccln do Abade
Tingo, a ql1cm cJISsc: •Abade, vlnqo tar cimligo,
encont.rol cata moeda na estrada: Eazc-m�, p0la, u.
cru•l,lude de anuncU,-lo no região; talvez alguém a
tenha i:,erdido; �. se se e.ncontr.uc o élono, cntrPga­
JJrn,. O Abade, o.sslm rogado, Saiu e durante t.rcs
di�t, apregoou o nolicl11, mas não se deprec.ndeu
152
quem tlv� perdido a moeda. Dlssc �ntOo o Abade
Joí,o ao Abade Tiago: ,Se, portanto, nlngui:m 8
rxm:h·u, d:í-a a tal lrmõo; Pols tenho divida para com
ele, e, 9uando vlnh.a bu. ar esmola para pag!ll',
cncontrc1 tnl dlnheirr1•. O nndüo aclrmrou-se de que
e, Abodc João, eslanuo cm divida, ao encontrnr o
dlnhrh'O, não o tlvess,, logo recolhido e cnt.J-1'gl.le ao
rr�dor, - Em verdade, i lo era nele admlrt,.vel:
,1u11ndo nlguém o procurava paiu lh1• pedir q1,1alquer
colRa rmJJrcsi.oda, não a ntreguva dm,tamente, mas
dlzln no Irmão: cVul, lira aq11ilo de que precl�:
u, c1unnclo o lrrniio a r Btltulu, o Abade dizia: Colo­
ca-o de novo em seu lugar•. Cni;o, porém, o limão
niío 11 trouxesse dl' volta, lamhém Mela Ih� dizia.

:i Do Abade João di2inni qu<', certa vez, tenda.o


assaltado alguns malfeitores, foi buscar uma
bucla, e se dignou de luvar-lhes os p(!S. Enl.âo os
mesmos, tomados de vergonhn, puseram-se a pedir­
-lho perdi,o.

4 Alguém disse no Abade Joüo Pcrsu: •Nós nos


demos Janto trnQal110 PQr cousa do reino do&
céus; Sérâ que o receberemos em lwr.inça? Res­
pontku o un�llio: «Creio h�rckJ•• 11 Jenisnlêm supcrna,
qu� estâ recenseada nos e1us. Pois fiel é Aquele gue
prometeu. Porque hav riu t.lr descrer? Tornei-me
hos_pltalelro oomo hraão, mallSó como Mol .. , santo
comi) Au 10, pnchmtP como Jó, humild� como Davi,
solltórlo como Jo5o, dndo no Pr\lnto como J�1'émias,
m • tre L-Orrto Paulo, hclo de fé como Pedro, s.ibio
como Salomão. E como o ladrão creio que Aguele
que me d.<>u estas coisas pOr Sua bcndad<.> peculiar,
me wncederá lBmllfm o remo•.

153
DO ABAD.E JOAO TERA.NO

Diziam de Joã, Pequeno, Tebano. o dlscipulo


do Abade Amoés, qu • passou doze anos a ser­
vir W anclã9 quondo c,;1.1,> se achav doente. r.­
tava-se com ele sobre u •tcira. Mas o ancião pouca
ateneüo fhr dJspcnsava: mesmo de1 Is <1ue o jovem
muito se Unha fatigado com ele, nw1ca lhe disse:
•Salrn sejas•. Quando, por6m, cstnvn para morrer.
sentaram-se o� on�,aos em tomo dl'IC, o Abad�,
tomando II mão do jovl'm, disse-lhe: cSol o sejas,
salvo sejas, snlvo sejas!, E l'nlregou-a aos 1111ciãos
dizl'ndo: Este ó um anjo, e nüa um homem>.

DO ABADE JO O,
O DJSOlP LO DO ABADE 1? ULO

Do nbadc Joao, o discípulo do Abade Pnulo,


diziam 11uc l!nl dvtado de grande obediênciQ.
Ha,ia sepulcros cm cnto luJllllr, •m quc uma túonn
costumava habitar. Cru o 11.t\('l:IO \'lU nas prox!ml­
dades do lugar esterco de boi, e dlss(! u João que o
fosse buscai·. O jo,"Cm perguntou-lho: •E que farei,
Abade, com a hiena1• O oncJão, gr11cejMdo. res­
pondeu: cse ela nvani:ar sobrc ti, nmarra-a e tra­
ze.a aqul,. O Irmão, portanto. saiu 1t tard . E :s
que o hienn sr lançou contnt t'IP.. Jolio, conforme a
pnlavra do Abade, Pro<'urou apoderar-se da r.-.ra:
esta, porem. t-scaPQu. , fio obstanl<>, ele pôs n
segui-la, dizendo: • rcu Abnde mandou 1111 u t
prendes.se•. Finalmen , conseguiu aprecnd�-ln
amarrou-a. Ne,s :ntervalo o ancião se nnlgla � o
esperava sentado m cela. Por fim els quo upureceu
o jovem trazendo a hiena amnrmc:L,. O ançlfto, \'Cn
do-o, ndmlrou-se. Qul!<. porém, humllhá,lo; por l'!fo
espancou-o dizendo: «Tolo, trouKcstc-m<i aqui um
tolo ci,o,. E logo sollou-n, dclxnndo que se fosso.
154
00 AllADF: [SAQUE TEBANO

1. l'ta ve-� o Abade !saque Tebano foi a um cenõ-


blo; viu um irmoo que cometia uma falta, con­
d nou.o. Quando, porém, voltou po.ro o deserto, apa­
receu um nnjo do Senhor. que se colocou em pé
dlnn1 e do porta da cela dC'le, di7.P.ndo: • Não Le deb,o
entrero. O anclfio perguntou: «Por que molivo?>
llc•pondeu o anjo: <Dt-us cnviou-111e, dll'.endo-me:
'l?ergunla,Jhc, Or1dc mandas qu,, eu alh-c o Irmão
dellnqllenle quo julgaste?'• Logo o uncliio. ur1-cpcn­
dido, so prosll'OU, dlienélo: ,Pequei, perdoa-me•. E
o anjo respondeu: <Levanta-te; Deus te perdoou.
P.uii o futuro, porc!m, guarlla-t.e de julgar alguém
1111lcs que Deus o julgue,.

2. Do Abade Apolo d:ízlam <Jue tinha um dlscJpulo


de nome !saque, sumamente exercitado <'m toda
obra boa, o qual adquiriu o recolhlm<'nlo da <>hl•­
�ào santa () ) . Todas as vezes que saia para a Igreja,
nl\o permlUu qu alguém fosse em sua companhia.
Dlzla ha.bltu.almente que lodos os coisas boas devem
S<'r feitas cm seu tempo próprio, pois •há um Lcmpo
apto pnra todo emp ndlmento> (2). Qllanao ter­
minava a liturgia, procurava chegar li cclo como
alguém (IU<' é perseguido pelo fogo. l\1ultaa VC'l,CS,
d,•pols do ficlo, dava-se oos irmãos um pãozinho
�-om um cálice d lnho; ele, porém, niio o nccilavu,
niio que rejeitasse a dádiva dos lnnuos, mas [)Ot'(]l.lC
ucrln conservar o olhlm1•nlo dA li1urg'la (3,).
Orn nrontcccu que cl foi prostrndo po,- uma docn;a;
o ouvir Isto, os Irmãos íornm vi.sltú-lo, e. tendo-se
�Pntnd<>, J'll)rguntAmm-lhe: «Abad•• !saque, por (]\IC
é qne dep0ls dn liturgia fog s nos hm:1os?• Rc�n­
il u-lh •Nlío fujo nm; lrmnos. rnas �s Hrt<'ll mnhg-

(1) J..eto f!, mnnbnha ha.b1tualm,.nt.: o rt'(!('l)hinwnto quo lf


lrm -no rmrHr,var dn 8-Antn W1MP.
(2l l::clo 3, 1.
(8 Svnu.ci,., dtx o wxto gr,ygo.
165
nas dos demónios. Pois, se ruguem que tem nas
mi.\os um candeeiro, noo por mui1o tempo ao or
Jh•re, o cand il'O se apnl,'(ll. A.,;s!m llunbi-m n s,
dcpot!> do tcnnos sido Uumlru1do,1 peln ol>lec;f10 sn­
groda, se no,i d morumo roru dll celu, l-SCUrcc,:-se
8 no. mrn1r . - Tal era o :tênero do vldn do
santo Al>ad<• Isnque.

DO ABADJ,; ,TO � Tf.:B, •o


Di...c o Abad� José Tebano: cTn'!s coisas são
preciosas diante do Senhor. A primlllra consiste
cm que o homem a� e lhe .oun:,•enhum tcnln•
('Ol'S. !'ir. port'm. ns receba com act10 de �rnr.as. A
segunda ronsble em que o hom m raca todllll as
suas obros com pure-;,. dianl(> de Deus sem lhes imis•
euir algo df' nlf'r,1m..,,1e humano. A terceira on­
siste em qur algu(•m J)('tst•vcre n ujr-ição no pai
csplrltunl e renuncl� a toda Vónhde próprio. �te
llltlmo possuira umo coroa dP vnlor oxl raordlnârlo.
Eu, por/>m, escolhi n !locnco (1 J.

DO A.OADE IIILAlUi\O

O Abndu rntu, ão foi da Pnl ·thm � montanha


cm visiln no Abade Antào. 01! e-lhe tt>:
Vi ,ste oport unanwnte, ó L-Sl.r(•lu d'alvu qul' de ma­
nhã npnrece!, Rr,pondcu o Alinde Hilurlfio: iPaz
n ti, ó coluna de lw. qu • lluminn lodo o orb •!•
(1) O Ab•�• JooA! lharo a doon1a, po11, eon4-> ançoM,
Cmc,i o iuqueb...,�,. ji Jlio ..,iava ,mjPlt,, 11, 1n.rl.rvo,Se,
d,._ uulri) Ahtulo IM"ntfa oa -.ch.qura da mol•tla..
156
DO ABADE ISQlJmlAO

Os , a:ntos l?ad res protctlza'.M.m a respe{to da


WUma geraQão, <Que fizemos nós?» JJ<?l'gUllla.
ram, Um dele!!, o grande Abllde T.squiríáo, respon•
dOU: c,N6s cumprl.mos os preecltos de Deus•. Inter,
rog-aram �ntão: <E aqueles que virão depois de nõs,
ífl.ll' farão?• Resr>Qnd�u: •Chl'f1arúo à metnde r;ta.
quilo 'l"" fizemos•. Co�tinuun,m 11 wri;unta,: •li:
aqu •les que virão depois dcssos, qu� farão?• Res­
pondeu: ,Os 'homens daquela gcmçüo não Lerão
11bsolulamentc obra mml]uma; mas !iôbrevirá a ele�
urna t�iuiç-ao, e os que !orem enéontrado Jjéls
naguele tempo, seriip rna!Orcs do que n6l! e do que
os nossos Pais•.

157
LETRA KAPA

K
00 ABADE AS O

O Abade fano narrou o seguinte: •Chega.


mos, ru e o Sllnlo Gennano, à cela de certo
oncião rio Egito. A ofhldOll com hospitalidade amiga,
pcrgunlnmos-lhe: •Por qur é que, quando recebeis
os frmàos peregrinos, não guardais II regra do nosso
jejum, como o recebemos llll Palestino?, ReSJ)Ollrl�u
o nncfão: • jojum está �cmpre comigo; a vós, po­
�m. não posso RUnrd11r semp1-c comigo. O jejum é,
�lm, coisa iltil e ncccs.sárla; depende, porém, da
nos:sa própria vontnrlc; o exercício da caridade, no
rontr(1rlo, a Lei de Deus no-lo lmpõ(> com ll<'CeW•
d de. Port.'Ulto, ao l'C<.'Obcr em vós o Cristo, devo
lrnta.r vos com todu n sollcllude. Quando vos des­
pedirdes de mim, poderei renssumlr a norma do
jpjum Pois os íflhos da cãmura nupcial não podem
J •juor nquanto o esposo está com eles; quando lhes
fo tirado o esposo, rnliio Jejuam lídtamente>.

2, O mesmo referiu o ..,guintt': <Havia um ancllo,


a quem urna santa virgem servia, OI homenl.
1118
porém, diziam: 'Eles não são puro.q', Esl.e rumor
chegou aos ouvidos do ru,ciJio, Qunndo, pois stnva
para morrer, disse aos Padres, Api>s a n,jnha moctc:,
plantai o m.ci.i bastão sobre a epultura; se g nninar
e der f.ru101 b11�i que sou puro com elita vlrgem.;
sr,, po:r,.'m, não genninnr. conclui rtue eol oom e la•.
Ora o bostão foi plantado; e no lel.'Ceiro dia gc_m1f,
noo e deu fruto. 'fodos, cntiio, glotlfjcat'Bm n Ocus,.

3. Contou alndn: Chegrunos à cela d� outro an-


cião, o qual nos fez oomcr. Qu1rndo Jtl estl'.lvu­
mO!I ,mHi;feltos, c<mVidou-nos a tomar mais alguma
coisa. Como eu lhe �S<' que não podln m(1fs,
respondeu-me: 'Por seis vezas que chegllrllJl) lrmü_os,
pus a meso, , oonvidand0,,os v� per vm:, comi om
•les; e ainda lenho tome. 1\1. porém, tendo collll(Jo
uma ,,c-z. de tal modo te saclastc que nuo pod�s
mniS comer'

4. O m,=o narrou d� novo: O Abad,.. ,João, pre-


posto dt1 um e<:n6bío, rol lt'J' com o Abade Pn.é­
slo, que já por qwu-enta anos vivia no mrds 1'f'Urado
recanto do deserto, Já que o Abade João possuln,
g,_-ande cnt1dadt' para com o Abade J:>aés o o, cm
conseqüência, Llnhn Cêrt& llberdtt&! de lbe falor, per,
guntou,lhc: 'Que lizes1"' d bom, vivendo por lonto
tempo a sós, sem gu os homens to pudessem per­
turba,· facilmcnt ?' Respond u: 'Desde que vivo �oJI.
túrio, o sol nunl?ll me viu comer'• .bísse por suo vez
o ,\badij João: 'Nom u mim viu 11'8do'•·

5. O mesmo Abatlr João, perto de mot'l1'?r, .1avt1


animado al gre por partir parn junto dt• D1'11,;.
Ccrca1-nm-no então os irmãos, P"illni!o.Jhe qu� Ih('!!
d<!ixasse como hernnca uma ,palav.ra breve e sruvl•
fica, pela qual pudessem chl!gar à perfeição em Cristo.
O !Lncláo &"meu e disse: <Nunca nz a própria von­
ladé, nem ensinei a nlt!uém o que ar\U:S não v s.<;e
pral.lcado•.
160
6 A respeito de ouu-o ancião, que residia rw d •
l!OrtO, o Abade Cosslano contou que rogou n
Dous, lhe de,;sc n grn�a do nW)ca nd,ormet.w ctu runle
algum colóquio ei;plrltuaJ; cuso, porém, alguém 111-o­
f<•rl. palavras maltllzentcij ou octosns, calsse togo
no sono, para (!\I ' seus ouvidos não reccbcssl!m tal
vcnrn(l. Dil,Ja que o dem(lnjo é 2eloso das palovras
OCIOSOS, l' otlvt.>rsariO de todo l'nslnlUllcnto l'SplMlual:
o que ele llU$t.rava com cstl! caso: •Certa vez. quando
falava a ul:JUns lnnâos dl! coisas de proveito
·plrltual, foram l.omados de tão pesado sono que
Jll'Ol podiam mover <1.s pitlp<,lmis. Eu, rntiio, q11e­
rendo mc;,str.u· a a�o do d!'mônio, íntroduzi um dito
luso; t•les, em con.s,.,qUénclu, des]li.!1111t'àm•Sü e ale•
grnram-se pmfundam�nte. (kmendo, pois, disse,
•EnQuanto falàvamos de coisas cc.lesl mls, os olhos dt.>
todos vós esta,�dlt! dominados pelo sono; quando. po.
rém, escopolt uma pntnvrn ocioso, todos com ãnlmo
vos cordllstes. Por isto, irmãos, l!."COrlO•\'Ó$: reco­
nhecei o ação ilo mau demónio, e vig!al, guardando,
-vos do torpor, quando fll.l·rtles ou ouvirei algo de
•· plrltual'>.

7 Re!erlu mab o �l:nte: cUm Scrtador que rt!·


nu!'lcinra ao mundo e distribuira os seus bcn.s
nos pobl'eS, guonlóu otgumos dus SUi.iS posl.eS pnm
·•u próp1·lo uso. não qu(!J'Cndo asswnlr a hurnildudc
t\Ul' et·orrc da renúncia lotnl nem a gerruinà sub•
missilo dn n,gra. cenobiticn. A <!SSC São Busllto dlri.
glu n scgulnl(• palavra 'DcJxastc de i;er enador, e
ni,o te ílmste monge'>,
8 Ol!li!1' alndn, cl ínvio um monge que residia numa
gr•uta 110 deserto, ao qual os Cwnillwvs aon•
ro·rmc u carne comunlcnr"rn o s�nte: "!'cu pai
C!St:I gravemente enfo1mo e prcstt!s a morrrr: ,,crn
poro t't!l.'l!bcr a hct;tnça'. O monge respondou-lh<!S:
'Ant s dele, cu morri pnrn o mundo; wn morto não
l"t!Ccb« herança de um vivo'•·

181
DO A.BADF. CRó'.NIO

J. Um lnnão pcdlu no Abade Crónio: cOlze-m�


uma paJnvm>. Este respondeu: «Quando Ell. u
foi ter com a unamlta. ela núo linha relações com
alguzm; cone beu, porem, e deu à 1�, cm CQl\6(!•
_ pcri:un­
qiiéncin da vlslta de Ellseu� (1). O ll"nmo
lou; e.Que significa essa palavra?, O anel o cxpfl.
cou: <Se a alma é vigilante, se se guurda das dis­
trações e abandona 3 vontade própria, então o Ji:s.
pinto de Deus desce a ela. e ela pod para o futuro
gerar, l'mbora (e11ha ido �t�rlh
2 Um Irmão perguntou ao Abade Crônio: cQue
hei de fazer conln1 o e;;qu� imenlo, que det�m
coUva a mlnha mente e nQo mP dei.� tomar cons­
ciência, levando-me mi!SmO ao pcc,lldo?, Rc,spondcu
o ancião: •Quando os estrangeiros se apoderaram
da arco por causn do mal cometido pelos fUhos de
Israel, cru-rognram-n e lntrodl.lZl.l'mn-na no templo
de Dagão, Sl?U Deus, o qual, então, calu soba- a pró­
pria ra�•- O innão pcTgUntou: •Que signifJco L,so?•
O ancião cxplirou. .-se os dcmôm se chegam para
tomnr cativa a mente do homem por m�lo das ações
do pr6prlo homem, arrastem a mente at� lrv6-ln
acima dn pabc.10 lnvls!veL Nesl lugar, se a mente
se volto pan Deus e o procuni � rncorda llun­
l>ém do JU!zo eterno, logo rr pal�no col e dPSnparr.c •.
Pois es r. escrito. •Todos ns vt>,.es 11ue, voltnnclo-tP,
gemPre�, ri•� salvo � sab<!J-ãs ondu Cl1Ulllll8'• (2).

l1 2)l Cf1. 2R• ••


ISm r.: lo 80, 15 O,XXJ. Eato apon•R'l'• � 11m
t-xmrplo du ,-.,to UIO t1h.·t,'6rko que os a.ntli,rua mnn �.
Pt"Ofwulanu:nlf'! PWltilradoa da Palavra do Dt--ut fH,1a.m
d:;i E�ntura �o.i:rrada, 0 Abtvit Crô I qo�t intulcnr 1

qu•, 1'11:MlltQ .,h<itrula pe)A 11\Jll, ,.•,,nwnl riu pál:xôl'H,


4 alm:a P<ld4' torna.r•ae vitoriosa, ,kadt- qut, "'° \!o)t.t
Jt.fll'.s. 1Hu1 lhe P"(n. a au.a �: nio h4 LPnt.açio
lrt"C! 11dvl"I, JlOt' muitcl qa,- o dcmõ11i JSC: lnsirtuo e quoin
81"'111" ll rocardati!o d lltut, t. " �•• o Ab"'le Crünlo
162
3. m ll'mfio perguntou no Abade Crônio: d)e
qu • monclrn C11cgo o homem à humlldad ?•
Respondeu o oncllio: • Pelo tomor ele Deus,. Conti­
nuou o !l'múo: •E por guc meio chega o homem ao
temo!' de !)(!us?, Respond u o nnclf,o: <Enquanto
J'.)i,nso, ai chéga ret l'alndo- de lodo negócio (1),
c·ntrcgru1do-se ·à radlgn. do col'po (2), , na medida
das suas forçns, r<?Volvcndo em monte a sua partida
dl!tilo corpo e o julzo de Deus•.
4 Disse o Abadc Crõnio: •Se Moí� nno tivesse
conduzido es ovelhas ao pé do monte Sinal, nfío
teria vfslo o fogo na sora,. Um irmão Jl(!rguntou
no nnc!Ao: cQuc slgnl!lca a sarça?, ftcspondeu o
Abnil •: e/\ Sllr<)a slgnlfica as ações do corpo; pois
â cscrllo: · reino dos céus é semelhante o um
te$OUl'O CS(.'Ondido num cronpo' (3). Dlssc o hm!io:
<Então sem fadigo COrPoral o homem não �hegn à
glória?• Respondeu o anclAo: •Em verdade, está
escrllo 'Conslde.1:ando o Autor e Consumador ria
ffJ, Jrsus, O qual, cm lugar da alegria que lhe cm
p1vposta, suportou a c1•1tz' ( 4). Tnmbt'm Davi diz;
'Se der sono ao· meus olhos e reJ)QUSO (IS minhas
pâlpcbras� (5) e o que · segue'•·
5. Disse o Abade Cró.nlo: •O Abàde Josê de PeJú-
sio contou-n09 o seguinte: «Quando eu rc,idir..
no Sinal havia I um lrmáo bom, dado à ascese.
ma.� lom'hém de balo rutpeclo flslco: vinha à igreja
!)lll-U o Oflclo, trazendo um vclllo manto, pequeno .,.
multo rt!mcndado. Eu. vendo-o uma vez chegor as­
sim para o ficio. perguntei-lhe: <Irmão, n/ío vês
vi\ ilui.trad� pelo cp18Õ'lk'> dr,, iu·cA de Jo.v6luaqutt, nre,mo
ru, n-ci,ntó do 1.(lmpl os.sr.lo, tr.11 coir a está pelado !dolo:
� tomli<lrn • que o �n\�1'10 Dtus promete booA do
pMfcta Joofaa,
( 1) F:n�nda·IIO atMdAllc mw,d:u1a.
(21 llt� �. A ._..•...,_
(3) MI 1�, H.
(d) Jlb 12, 2.
(�) SI lnl, oi.
163
0 irmãos, os quols estão como nn!os poro o ficlo
no igl'eja? Como � que tu vens nqul sempre dcssn
forma?• Rt>spondcu: e rdon-me, Abudc, pois nfio
tenho outras v ·tes•. Lcwi-o, nllio, para minha
cela o d�l-lh um munto im como ludo aquilo d�
qur pr-•ci�Ivn: oolsas que. parü o foluro, cl • J1tL"lSõu
11 traj r, como os dcrnnis Irmãos, d<' modo 11u<' s
podn ver nele o SJ)<.'Cto d,• um anjo,.
rn c<'rla vez o Padres prccl.iram d mnndn r
d.z Irmãos ter com o lrnpcrntlor por um rn
ti,·o d,• n dade; " dcterrnlnamm qu� hd im1 o
Iria com os outros. Quando, porém, sout.e clislo, nit­
rou-se nos I dos Pndl"C!I, diz ndo: Em nome do
S nhor, pcrdOlll-mL', pois sou servo de um dos mng­
nata.s dll cort�, o qual, ., mt- reconhecer, m despo­
jará dn veslt> de monge e m 1, '8I'á de novo para
seu serviço>. Os Padi;-es se dei.X ram convencer ,. o
desp<.'<Jlram, rtLils tarde, por<-m. souberam, po1· al•
i:uém que o t-onhecl multo bem. que, quando e · '
irmlo <'5IAVII no mundo, em Ch ,fe do Pr t6rlo (1);
para que não foRsc reconhecido e Lmportunudo pelos
homens, alegam t.al prclC'<lO. 'tilo grand • or o zelo
doo Padres cm fugir o &Jórl.a e ao bem-csuir dl'Ste
mundo,.

00 ABAOi, � O

Dissé o Abade Carl!lo: •Abroc�I m ul111s fadlgM,


mais �o que meu filho Zncarlns, mns nüa ch�­
gueí ú medida d!!le na humildade no sllcnclo,.
2 Houve nn C{oú� um mongr chnmndo Abndt> Cn­
rlão. Este ll er(I dois filho,;, 1)\1.(' deixou à �ua
( l) Oflrlol altAmtnt, 1<r•dw.do n• sorte imr,eri•I.
164
tSJ)(:$4 Quando se reUrou para o deserto. Depois de
tcm;>o, h �uve fome no Eglw. o esposo, angustiada,
foi <1 cUa, ll'\>ando as duas ctlan�«s consigo (uma
era menlno. r rhamava..i;c Zacnnas; e outra, me.
nino). :ntou-sc long· do anclb.o, no pàntano, pois
h(, urn J)anL1110 �1l/1tCf>nlc no tl11 onde esliio cons­
truidos ns igre) s e onde jorrum r.;..tes de àgua. Na
Uu ero cos1um que, c1uondo chegasse uma mu­
lher J>,lr falnr a seu lrm6o ou u outro monge afim,
convrrsasscm sentado. A d!su,ncla um do oul.l'O.
Oi.'«!, po!R. u mulher ao Abudc Car!áo: •Els que t e
fü.ci;1e mon"e, e hú rom�; gucm hfl de sus1entar teus
rllhoa?> Re ('IOndeu o Abade Cwião, •!\{anda-os
nqu!>. A mulher então ratou aos nthos ,rde ter com
VOS/iD pai,. Oro, Quando c h1?11artun a este, a menina
voltou para junto de sua m e, ao passo que o me­
nino ficou com o pnl. O Abade disse então à mu­
lher: • Está muito bem; toma o menina e vai-te en­
quanto u guadorei o meulno•. A!.Olm ele o educou
na Ciltia, sabendo todos QUC o mcrino cru filho do
ancião. Quando, porém, n crian,a aUngiu certa
ld1dc, propai;ou-sc murmuração entre os irmãos
ae<!rca do Abade cart o. Ouvindo-o, <'liU! disse a
seu íllho: ,zn rJ , levanta-te, vamos embora da­
qui. porque o Padres cslú0 munnu,-ando». O pe­
<tucno repliCQu: <Abade, todos nqul sabem que sou
teu !ilho; se, porém, formos pnra outro parle, não
terão motivo J)(lr dizer que sou filho 1ru•. O an­
cião Insistiu , nl -te, vnmos daquh. E foram-se
p(U' a Tcbaldn onde cstsbt'lcc,-ram umo c ela. Con­
LUdt, d�r,ols de 'poucos dia• de pennnnênclo _ nl, espa­
lhou-se o mesmo rumor 11 respclto do mcnmo. En•
Uio dl - lhr o p.il: «Zacurlas, k'vanta-tc, vnmos para
n />tio•· E foram parn n �lia, onde, após poucos
dia. de novo se propn�u o munroroção. A. vista
disto, zucarlns, o menino, rol ao lago de água cAus­
Ucn, despiu-se, e nele de$Cl'u, mergulhando-se a�é o
noru. Al ficou muito tempo, ou SCJ•, quanto põde,
de modo que desfigurou o seu corpo. pois se tomou
como que leproso. Salu, entio, da água, t.omOU as
185
suas vestes, e foi tC.'r com o pai. Este nJJCnas o reco­
nheceu. Depois. quando menino (oi receber u santa
Comunhão como d costume, foi revelado u Santo
Isidoro, o presbltcro dn Cétln, tudo que ele flzcru.
o presb!tc,·o olhou-o. admirou-se e disse: <O menino
Zllcarias, domingo pass.ido, velo e comungou como
homem: agora, parém, tomou-se como anjo,.

DO ABAJ>E ffi-0

O Abade Ciro de Alexandria, interrogado n rcs


_pc.lto do pensamento do fomJcaçiio, respondeu:
•Se não tiveres pensamento C I l, não terás cspc.
rnnça (2); i,, não tiveres pensamentos, teras o alo.
Isto quer dlu'r: ruJU!!lc que, em sua mente, não luta
contra o �o e nfio lhe contradiz, comete-o com
o corpo; pois quem comete os atos, não é atormen­
tado pelos p(.'nsamentos (na mente)•· E o ,meião
�tou no innão: •Costumas freqil<mtar alguma
mullwr?• '.Rl!spondeu est · •· ao; m u pl'nsamenlos
s.�o plnh:ni,s anti o e recenl : não são r11COrdacÕt's
QUI' me atormentam, C.' lmae:ens de mulberes>. E o
nnclúo concluiu: -1'1110 trmns os mortos; antes, foge
dos vivos e estcntl -to mais na orucúo•.

(1) "Ptin.&llnch(o• ..squl signifle:i •t.c.al.U(l:tu" i "1m>" � o


pn1Jn"4<> pocu,lo,
(2) ���rnnça de merrccr a vit6ri1:1. a glória pe� com-

166
LETRA LAMBDA

L
00 A.BAD.E LOCIO

Ce.rta Ve?. alguns monges chnmndo· Euqultas


chcgl)rúm•se no Al>Mc Lúcio no Enato. o QUal
lhes perguntou: •Qual {,_ o vosso trabalho manual?�
Re!iponderam: cNõs não fazemo., trabalho manuru,
mas, como manda o Apóstolo, ri.'Zllmos sem cei­
�• (1}. Disse o ancião: •Então não comeis?• E
eles: •Sim, L'Om�mo >, O ancião: <Quando, pois, co­
meis,. quem �eza por vós?> E de novo perguntou­
-lhes: <Não dormis?, ResPQndei::un; ,Slm, d9t'111i­
m ·•· 0 !lllciilo: �Quantló, pois, aortnls, guem rezu
po,• vósh Não encontrar11m o que lhe puçlessem
responder. Disse-lhes e;ntão ,Perdoai-me: cl$ QUe
nllo 1·eallz;,Js o que dlzels. Uel de vos mostrar que,
emboto -raça u·abalho manulll, oro �cm cessiir. Th-
1011 scntado ruante de Deus, enquanto vou umede­
cendo os l'.l:leus ramo.s; ao tece-los, digo; 'Compade­
cei.vos de mim, ó Deus, segJJrJdo 11 V0."88 grnnde mi­
serlcórdlµ, e, conforme a. vossa muita oomiscraclo.

(1) lTa G,17.


187
apagaJ a minha lnlq\ildade' (1). Não é lsto uma ora­
ção?, Responderam: •Sim. Continuou: �Depois de
assim trabalba r e orar o dta lntciro, tenho mals ou
menos dezesseis dinheiros· destes, dou doil; como
esmola na porta: os outrQs, empJ;"ego.os na minho
alimc:nl:ação; quem, porilm, recebeu os do1s dlnhcl­
ros, reza por mim, enquanto estou ti comc,r ou dor­
mir; ru;sim ()<?la graça de D us se reall7.a � mim
aquela palavra : •� sem lnteJTUpçáo' (2).

DO ABADE LOTE

L Um dos anciãos foi ter com o Abade Lote no


pequeno PÍllltano A noita, e pediu-lhe uma
cela, que o Abade Lote lhe deu. Ora o ancião e stava
doente; o Abade Loto tratou-o; e, quando chei;avam
alguns em vlslta ao Abade Lot.e, fazia-ós visitar tam•
bém o ancião doente. Este, porem, começou a pro­
ferir aos visil.ru\llls palavms de Orisencs (3). O
.Abade Lote aOl�-se com Isto, dizendo: .-Não v�o
Julgar os Padres que também nós n&Sím ()l?nsamos•.
Contudo, temia expulsar dn cela o doenhl, por ca\ISll
do 11receitQ (41. Entu.o, ie't(Ullando-�e. o Abade Lote
Coi ter com o Abnde A:rs�o. e rcrertu-lhe o caso
do ancião. Rcspondcu,lhe o Abade Arsênio: cNíio o
persigas, mos dize-lhe: •�. come a bebé dos do.ns
de Deus como quiseres; apenas nl\o 11roflras tais pa­
lavras. Se ele. concordar, coi,riglr-sc-ií; se, l)Orém,
n_ão se quiser corrigir, por si 111�mo pedlr-.i. que safa
de tal .lugar; e destart.e o inicla:tiva náo será tua•.
O Abade Lote foi-se e fc,z assim. O ancião, poróm,

168
no ouvi-lo, não se quis emendar, mas começou a
pedir; •Em nome do Senhor, mandui-rre embora
daqui, pois não posso mais supo,'\ar o deserto•. E
osslm, levantando•&e, saiu, despedido com caridade.

2. A re,;peito de um Irmão qu alra em pecado


alguém contou que foi ler com o Ab.1dc Lote;
mas eslava Inquieto, enlrando e saindo, sem se po.
der usscntur. P ,;gunlou-lhe o Abade Lote: «Que
tens. lrmão?, Ele respondeu: •Comcli um gT11nde
pceado, e n o o posso declo.ro.r aos Padres,. Dís e­
-lhr o nncL'\o: •Confessa-o n mim, e cu o carregarei>.
O il'múo confessou: «Cal em fornicação e matei para
cousegull' <> que quCJill>, Fulou o ancião: «Tem
nlmo, pois há pcnltêncla; vai, St'Jlla-tc em tua gruta,
come de dois em dois dias apenas, e cu carregarei
conligo a metade do pecado>. Quando se completa­
ram tt't!s semanas, foi revelado ao ancião que Deus
orc,11.1u·a a penitência do Irmão. E este ficou sujeito
ao nncléo até a morte.

DO A.BAD.E LONOINO

1. Em dndt1 ocasião o Abade Longino interrogou


o ,\bndc Lúcio a respeito de 1 ,•és xnsamentO$,
cli1.c11do: «Quero r,arlir �'Omo peregrino•. �csponde!:1•
-Ih!' o nnciilo: ,$(' não domlnorcs n tua hngua, nao
seras peregrino, ;10ndc quer que vás. Por conse­
guinte, domina n tua lingua, jà t1qul1 e smls pere­
grino,. Disse-lhe de novo; •Quero JeJuar•. Respon.
deu o ancião: cJsalas pl'Oreta dlsse: ',\Inda que cur­
ves o teu pescoço como uma colcira ou um arco.
nem assim istose chamará um Jejum' (1) ; antes,

(1) l1 6S,S.
1811
domina o,; RUIUS pensamentos•. Do kr ira vez disse
0 Aba.de Longlno •Qurro fugir dos homens>. R
pondcu o nnélúo: • ·e pt1m1•iro n o ivc_�s rela­
mente <>m companhlu dru homcn , Lambém a s6$
não poderás ,•iver rotam nll.'>,
2. Dl o Abade Longlno: •Quondo uma vez cai-
res, dl1:e ( 1) , •Piora • mor.-e'. Se, ao contr rio,
me pedires comida fora dl? horn, não t le o.rui 11,•m
o tua po1 ·úo di:irl:1>.
3. Certo mullwr 4ui, tinh no lo wn I moli!sllo
chamada Cànccr, ouv u falar do Abrul • Lorl;!lno,
u ,,rocurnva encontrar-se com ele. Est1' residia junto
ílO nono lTU1ttO d AleXllndrJa. Es1.ruulo n mulhr.i· n
procurá-tu, :tl-On\co.'U que aquele lx'm-uv nturndo
"-'COihia lenha Junto ao mar. Ela, encontrando-o,
disse. •Abade, onde mora o Abad Longino, o servo
do Dcus7> 2'{10 sabia l}Ut> era ele mesmo. Ele r .
PQndru• .p,,,. C)ut' 1-'rtK.'IJm tal lmp(lal.ór? fio vás
ter com ele, poJs é fraudul '!lto. Qu que tC!I\S?>
A mulhc•r mo u-ou-lhc o mal. Elr ent.iio fez o sinal
:unir; po Lonf!ino =
da cnv. sobre o lugar docnt<> e dl'Spccliu-u, dizendo:
«Vai," Deus ha dP. nada
ll• (lO(lc '-'r iltib. A mufhP, partiu, crendo na paJa.
vru, lo,:o se \:lu curnda. 0.-pols clliito, contou o
cnso a aJ:run,;, re(crin<lo os 111:11!1 caraét.cl1stlcos do
Uill!iüP: ncou cnt,10 wbcmlo que o mesmo cro o
AbnC:c Lon" no.
4. De outra feita, nl s l•>vnrnm-lh� um p05S(>SSO
do demônio. n1. -U1e o Abac.,.• Eu nnrt" fll\"110
fazer por võs, mas lde ter com o Aoodl' Z<•no•.
Abndc Zc110, nlâo. 1)6$.se 11 conJuru.r o d•,mõnlo,
procurando r.)<Jlulsii.-10. Este comL>t,; u a cl11mtir:
d.caso pensas, ,\bu.dt• Zcno, qu icrá por ctu.1Sfi de
tJ que sairei? Eis qu" o Abad� Longino lá oro, e
lntc d" conlr3 mim. 1l: teme"® n.s oroções d<!le
gue salrni, polo; a li nem daria resposta•.

170
5 is! o Abade Long!no ao Abod Acácio: cA
mulher reconh que 4--on bt-u quando o seu
sani:u<> é detido. Assim wmbém o alma reconh
que n lx-1.1 o Esp!rlto Santo, quando slio d�tldaR
os pai,- qu dl'IU nucm paro o tcrra. Enq11anto
o olmn está Ili: da pelu» pa , como a<> pod cio
v !orlar de ser lmp 'vol' Dá ,uin •, ,, recebe
espírito».

171
LETRA MU

M
DO ABADE M.ACAJUO EGll'CIO

1. A pro_pósito de si mesmo, o Abade Mnc/irio con-


tou o seguinte: •Q.unndo cu ern jOvl!m e residia
numa cela no Egito, nprcendel'tlm-mc e fi7.eram-me
cltlrlgo na aldeia. 'todavia, Ji que eu ní\o queria
ôCc.itnr 9 cargo, fugi para oüro Juga.T, a.l tol t-e1·
comigo um homem s,,cular. piedoso, o q ual tomava
os produfos de meu trobaJJ10 manual e me servia.
Om nconteC(>U que umn vlrg�m, tentada, cniu cm
fornlcacão na nldeln; e, como rln estlve!!Sc grávida,
JlCll'guntnram-thq quem erf) que a tornara tal. Eln
respondeu: 'O anacoreta'. Fortnn, então, buscar-me
lcvarnm,m paro a aldeia; ai ponduraram-iue aQ
r>cScQÇO marmitas e11curecidas pelo fumn�a e osas de
flOtP�; assim me lrvnram n circular por tOdos os
quarteirões dn nldcin, espancando-me e dl2endo :
'Este monge corrompeu a nossa ,•irgem; agarrai-o,
ognrr i-o'. E tanto me batiom que quase morrL En­
treml"ntes, aproximou-se um dce anciãos, que disse:
'A1é <tuando C!;�mrofs o monge estrangeiro?' O
hon1em referido, que me prestava Sl!l'VIÇO, seguia.
173
cheio de \letrg.onha atrás de mim, pois- também a cjc
Ins,lltnvam muito, dizendo: '.Eis o nnacoreta do qual
dtwas testemunho; gué Í<n?' Em dado momento os
pais da virgem dls$eroru: 'Não o solt1lrllltlQS nnte,;
cJUe dê a l'!!!UÇ-i\o de que sust.cntará a jovem'. Então
Intimei isto ao ml!ll servidor, o Qual ptestou 11 <!ml­
r;ão por mim. A· im voltei para minha cela, e dei
ao sen1dor todos os c,isllnhos gue eu tinha, dizendo­
-lhe� 'Vende-os. e dá de c:omcr ã minha ei;po�•. A
seguir, falei ,ximlgo mesmo: 'Macárlo, !!Is <tUll nc:on­
t.raSlc wn11 esposa; é preciso que t.rablllhcs um pol.l()O
mil.IS Plll11 sustentA-la'. •Em conseqüõncin, cu t.r-aba­
lhcwa noite e dia, e mandava-lhe os lucros. Ora,
gu ndo chegou para a infeliz o tempo de dar à, luz,
ela ,,assou muitos dlns em dores para conseguir ge­
rar. Pf'.rgunuimm,lhe, pois: •Que slgnl!Jca lslo?'
Ela rcs(IOndru: ··Eu sei, pois calunlt!i o mm,:01-eta e
o ac=i mcntirosamj!J)tc; não é ele que lcm c ulpa,
mas tal jovem'• .Entiio meu servidor, alegi•i?; velo ter
comigo, com1míci.ndo: 'A virgem não põde dal' à luz
atê confessar': 'O ánarorel:ll llâo -tem eulpa. mas
menti contra ele. Els agorn que a áldein toda quer
vir ltQUl com honiruia.s e pediT-1:e perdão'. Eu. ao
ouvlr is(o, levantei-me e fugi aqui P11J'8. a Cétla, a
run de que 0110 me atribulosscm os hom,,ns. IEsle i.
o moUvÇ> pelo qunl vim -para eã

2 Certa vez Mac:irlo o Eglpclo foi da Célia à mon-


tanha da Nltriu !Y,lm ]llll'tfcipal' da obla�flo do
Abade Pambo. Pe.dlrnm-lhe então os anciãos: «Dl1.e
uma palavra aos lrml\os, 6 Pai •• Ele respondeu:
.Pols =
dru ainda não me tomei monge, mru; vi m(mg s•
dacln ocasião, estando mi na Cétill scntoclo
nn cela, utonnentnrrun-me os pensamentos sugerln.
do-me: •'Vai para o deserto, -e considera o QUl! lã se
te deparar'. füquei em luta com este pensamento
duranu, cilll:O anos, dl2endo-me: mo seja ele ins­
p\raao pelo demõn,o'. Visto, pol'êm, qul! o pel)Sll,
mento persli;tln, foi pà.ra o desêrto; lã encontrei um
lngo com uma llha no melo, aonde os animais do
174
de:; to l.im beber. Entre <>li unim!ili vi ooili homens
nu , o qu� fez estremecer inl·u corpo, pois julguei
que fossem cspuitos. Ek-s, porém, vendo-me alemo­
rl1.ado, dlssc.rom-mc: '. ão lemas; também nós so­
mos homens'. IPerguntei-lhes enUlo: 'Donde sois, o
como vlcsles para este deserto?' Responderam: 'So­
mo d� um nóblo; combl�os vir Juntos para cá,
e c:>ls quarenta anos qu oqw estamos e um de nós é
Egípcio, e ouu-o Ublo'. A seguir, oles, por sua ve:z,
mo lnt�rrogurum: 'Como ('St:i o mundo? Cal a águ.a
vm ffl'U tempo? Tem o munclo sua prospc!r!dad 1\abl­
tual?' Respondl-11\es: 'Sim'. De novo Interroguei-os:
'Como posso lorna1·-mc monge?' Responderam-me:
'Se nJgu m não rcnunçfn a tuc;lo que é do mundo,
não se pode oorno.r monge'. Repliquei: 'Eu sou
Iraoo, e nüo posso !nzcr o mesmo Que vf$. 0bScr­
vnrom eles: 'Se não podeS Ci.Lzcr o mesmo quo nós,
senta-te em tuu cela, e chora os teus pecado '· Pct··
b'Uniei-lhcs ainda: 'Quando ó 1nve1110, nuo scn
Mo? E, quando faz or, não se quclmnm os vos­
sos t-orpos?' IRcspondernm. 'Deus nos tez csw. graç;,:
nem sentimos [rio no lnv1•mo, nem nos prejudica o
calor no vt•r;io'. � por isto que vos dlssc que alnd a
não me tomei monge, mas v, monges. Pcrdoul-rne,
Irmão··•·

3 Quando o Abade .Macârio habitava o pleno de-


serto, lcvavo ubso luUlmcntc a sós vida anaco­
roll1:.1, enquanto mais nl>nixo havia outro deserto,
oml muitos lnn os lmbltnvnm. O ancliio, que cos­
tumava ob rvar a estrucl::t, certa vez viu Sataná.s
q11e se opr'Oxlmnva sob formo d� homem, devendo
po r JJOr le; aparecia tr11Jando umo túnica de
linho (ll'rp:u;sada de furos, dos quais pendJrun peque­
nos vo.sos. Perguntou-lhe então o ilustre ancião:
•Aonde vais?• Respondt,u: •Vou recordar alguma
coís., aos irmãos•. Continuou o ancião: .-E por que
lcvús esses Crascoúnhos?• Ei.:plleou aquele: ,São
lgullrlns c1ue levo para os irmiios. O ancião JnslstJ11:
clsso tudo?, O outro efinnou: •Sim; se um não
115
agradar a alguém, apresc.ntar.Jhe.et outro; e, se tam.
bél'tl ste não o{.'l'ad».r, npres-cntarel um tcr�ro;
finalmente, denh:e todos no menos um há do ngra.
dan. E, tendo dHo , lsto, fel.se. O ancião íicou Ob·
servando a:s estraao$, até que do 110 o aquele vol­
tou: ao vê-lo, Macário dissc•lhc: •Salve!• Salarnis
qierguntou: cOomo me é pol;Slvcl s;ilva.r-mch D¼se
o ancião: ciPor que assim talas?> O outro •><l'll�qu:
«Porque todQS forrun cruéis para comigo, e nln <,m
me tolera>. O ancião Indagou: ,Então não t ns ftc.
nhum amlgo 1/t?• Aquele disse: cSlm, tenho lá um
monge amigo, e ao menos este m.� obedece: 11uand.o
me vê, volta,i;e como vcnlO>. f-''1'0SSegulu o :mchjo:
�E como se cbo.ma t.'\I irmão?> Satanás réspQ11dé\t:
cTeoJX.'Tllpl�. E, dito isto, segulu caminho. Então
o Abade Macário levantou-se e {oi ao dcse,to que
ei:tava mais abaixo. IQunndo soube da sua chegada,
os Irmãos fomnr1U11 pàlm s na.q 1nlloR e satram 110
u;u enconlr!>; n seguir, !!!Ida um llÕS-51! a fnzcr os
preparativos, julg@ndo que o ancião ho\'UI d� se hos­
ped11r na Sl!Jn celn. Maci1rio1 porém, procurava qµem
ero na montnnhn o chamado Teopempto, Tendo•!.'
enronlrado, enh'ou no cela à�. Teopemp10 recll:­
l)eu.o com júbilo. Quando cs avnm os (!ois n s® o
anciilo perguntou: •Corno estás, Irmão?• Aquelt
re$pondau: d3em. por bias preces>, O aJ;IGiiio .COD•
tinuou: •Os 1cus pensamentos niío tc atormentam?,•
O outro afirmou: .cEm vcrd.,de ('tltou bem•. po1q
Unha vergonha dr confr,ssar. O ancião lnsl�tlu· •Els
hã quantos ,mos levo vida ascética, sou honrado por
todos; ,ião ob..'ltnntc, mesmo a mim, nnl!lfio, Jlt.o•··
m nta o esplrlto � rornicai;iio.-. 'l'eopempto então
confe�sou: •� 6 Abru'lc, que também n mim>.
seguir, o nneíã.o pôs.se n alegar que alnd11 ôul .
pvnsruncntos o persegulom, até çônlQ�lr qu, 'l'úo•
pçmpto confessasse o me�mo. FinnJrnentc, pe�gun.
tpu.füe Mac;árlo: «Como jejuas?> Aquele respondeu:
•.Até a nano hora,. O onçjüo mandou: •JQ)ua nté
o p❖r do 'SOi; luta; rectrn de. ,:,or trechos do ij:v1111-
,.:elho e âllS oulras Ewl1utas; e, se te � ·obr'evlel· aJ.
176
gum pensament_o mau, nunca olhos para baixo, mas
sempre parJ c1mn, logo o S nllor te nu�iliará.
T,.'lldO �n\ Instruído o Irmão, o Abaôe volt�u paru
i;uu solldao. _Orn eis que, qunndo estava a esprl!ll11r
n estrada, m mais uma vez aquele demônio• per,
guntou-lhe; «Aonde vais de novo?> Respo°ndeu:
Lembrar nlguma coisa aos Irmãos,. E continuou
minha. Quando voltou, o ,;anta perguntou-lh e:
,Como est.ão Ol! Irmãos?, At1uele tlissc:" <Mal•. O
nnclúQ indagou: «Por qu�?• Respondeu: •São todos
,·ru,1ill; e o maior mal é qu uimoom aquele que cu
Unha c omo amigo obediente, mesmo esse, não scl
como, M voltou; nem ele me obedece; ao contrario,
tornou-se o ,nnis cruel de todos; Juro! por con .
gulnte, não anelar mais por aqueles lugares senão
após algum tempo.. Dito Mo, foi umbora, deixando
o ancião. E o santo ntrou cm sun cela.

4 O Abade Macário, o Grande, foi ter com o


Abade na montanha. Tendo baUdo à porta, este
velo-lhe ao encontro p,,rguntou: •Tu quem !!!ih
Respondeu. «Sou l\lodrio>. Ant{ío fechou a po,ia,
d�hmnclo-o fora. ota11tlo, po,-ém, o paciência dele,
abriu-lhe e dlsse-Ule com muita graça: d-lê multo
tempo desejava cr-te, p0is ouvlru falar de U,. Jw.
c,•l1t•u-o rnUio ho�pi1alrlrnmcnl1>, c rest1Wrou,lhe ns
ron;as, pois I vn multo camudo. Ao pôr do sol, o
Ab·1dc, Antão umrdeceu para si nlgumos palma,,; o
Ab;1dc Jlfaclrio disse: • -!anda (Jll(' tomb<ªm eu ume­
d n algumas palmas para mim,. AquelP rc.--pon­
<k•u. •Uml'dec<'>. Fvz. t'l1ti1o. um rcix grnlldc, umc­
deC<>u-0; e Cic�rnm os dois sentados desde o cair da
noite, ratando da salvação dn nlmn e tecendo, de mi
modo qu<' a corda chegava n caJr pela janela para
dcntJ•o rln gruta. De manhã, no entrar, o Abade An­
ião viu a grande qunntldndc de cordame do Abade
Macário e dls, . •Multa Corça procede dl'SS3S mão!<>.
5. O A bndo Macórlo dl,ta aos irmãos, a respeito
rln devastaçlio da Cctla: cQuando virdes uma
<:i!Ja cons1 ru!dn J)<'rto do pAntano, sabei que a sua
177
devaslaçilo está p1'óxJ.ma: quando vlrdl!S wvore , n
devast.11,;ão estará 'às portas; quando virdes me11rnos,
toma! os vossos manbos e J'(!tlt•úl-vos•.
6. D\sse Lamb/Jtn, para exortar os l.rmfiQS: cAqul
w\o um mrmno pllS$(tSSO do dam!.lnlo, com ·suu
mQe. Ora o Jleé!U�'l'li110 disse o cstu: 'U!vt111la,te, 6
velha, vumo-nos daqui'. J,Ja reswndeu: 'Não posso
nnclllr'. A arlt111� J,,trucou �n o: ·Eu l� c1,1.rregn­
nll' FlqU I estupefato pela mnldadt:> do cl mõnlo.
que os querin aíugcntllr dm1ul•.

7 ContQva o Abade Sisoli. •Quando eu estava no


oiüa com Macãrio, Sllblmos �ele nomes (1)
pa!'ll fazer " m · com •le. E ,is riu.- diante de nõi,
se uchava uma viúva a culh •r espig,\S, a qual não
t'llSSUVO tl� c:horur. El'1W.o o anclãô chamou o pro­
prietário do compo e disse,Lha: 'Que icm ,-sta velha.
poiS cstâ Si!ml>re chor.indo!' Aguele n?SP<.lndcu: ·i:;
que o marido dela Unha oons de ouu-cm em depl)­
$lto, e m0ITl!u 1,epcnUnam,-ntt- sem lhe dlze.r onde
o p!Js\'?J.'a; ,igora o propr!etârlo do ,1�p6Sito quo1· le­
var n eln e O<lS filhos como escr&vos'. O anclôo fa­
lou: 'Diz<?,lhe 11ue venha Ler conosco, ondt: l'Slarrios
ropousai1do po1· w.usn do calor'. Quando a rn 1 11 he.r
cliegou, o nm:ião l)t'rguntou-lhe: '?o,· que estf,s a,,;.
sim semprl.' a thomr?· Ela resJ>Qndeu: ·Meu marido
mol't'cu depois do ter ac�lto o dcpõs!Lo de alguém,
e, ao morreJ·, náo disse onde o co)ocar(l'. O nacltlo
intimou-o: 'Vem. mosttu-me onde liC'!)Ultaslc t.u
ma.Mllo'. l:l, tomanclQ o lnnft,o• w.nslgo, gulu u
mulh�r. Chegandq ,1 ao reforl1to h1gnr. disse u ••ln
o ancifoo: 'ReliT11-te para Lua cmm'. sei;uir, nz •
ram o.ra,;ão, o o ancião �hamou o morto, dl7.4'ttQQ
'ô la!, onde IOcn.$1.4' <> dl!pó,Jlo alheio?' Aquele r1:,,.
pondéu: 'Es1:'t cscondl<lo cm minha cusu, l;()b o JH)
rla cama,. O Abade concluiu: 'O0l'me de uovo até
o dia dn ressurrei�ão'. Vcn(lo Isto, os lrmáo� cru.rum

178
de medo a0$ pês dele, o quw lhes disse 'Não foi por
causa de mim que lslo aconleccu, pois nada sou·
mas Col por causa du viúva e dos órfãos que �
o foz. !slo é grandioso: Deus qul!I' l}Ue a alma este1à
� pecado; e, se ela é tal, recebe tudo o que pede'.
O Abade se oi, pols, e anunciou il viúva onde se
Mhnvu o depósito. Esla o retirou, élllregou-o ao
dr,no, libertando ns,qlm os seus filhos,. E todos o;
qul! Olllilram JSto, deram glórL1 a Deus.
8 Abatle f'rdro contou, a re5pelto de São )',,a.
có Mo, que foi ler urnn vez ct>m um nnacoreLa e
-0 cnconllou doellle: perguntou-lhe, l!nUl.o, r, 11Uil
c1uerla çomer, pois mula tlnha em soo CPla. Aqu�le
«:J!pondl'u; • üma brolnhu de farinha•. Em consc•
qUêncla, o corajoso Abnde não hl1lll1ou em Ir à qltk�dc
de Alei.-andritl e sa.Usfru':el· assim Q doc>ntc. O odmJ.
rõ.vcl é que o fcitc o ninguém se tomou notório.
!J Referiu Uunbém (lUC o Abade Macãrio vivia cm
simpllcldndc e inO<léncln com lodos os 11'.lllâos;
nlguru então -perguntnrn.m-lhc. Por ()IIQ te- c:ompo!'­
tas assltn?• Respondeu: cDoze :mos Sl!rvi ao mell
Senhor para quP rne desse la graça; e- todos võs
m aconsclhat� q1,1 n relei te?,
10 D17Jam db Ab,1de. M111:l,l'lo que, 11uaodo se par•
mltln corro lnzer em compnnhfo rios lnn;ios,
<'Ili b�leçfa para 111 o seguln1,.. prlnl-iplo e houver
vinho, hetw po·r causa do� irmRos, �. em 1 roca de
uni cãlie!! de vinho. del.�a de beber t.gua 0111:nnte o
dlo . Om os irmãos 0fc1'<'$fl1•lhc vinho parn tes­
laur r-Jh,· as (-0rças. O andfio o ;u,cltava com ale­
,grla ,:,n1'll mortlllcnr-sC?. O ,;,•u discípulo, porém. que
SObln o que , dnvn dlzlu aos Irmãos: .t'or amor
do Sc 11hor. níio IM ofereçais; ,;enlio. ele "': maccrorá
nu ceio, Informailos dl!iso. os Irmãos nao lhe ore.
reclam mais ,•inho.
11 Quando certa vez o Aliado Macllrlo se dirigia
do pântano parll a suo. cela, carregando pel-
179
mas eis que lhe foi uo encontro no estrado o dcmõ-
nlo, 't.rnzcndo uma foic:e. te quis cspana\-lo, m
não tcv vi or; disse-lhe ntiio cP�e mui111 força
de Li, ó M!lclirlo, pois n o le po ngrcdir. E,s <Ju ,
tudo o que fazes, também eu o rai:o: tu J Juas, cu
também; tu vigias de noite, u tombem não durmo;
há uma só coiso em que me vcnCej;>. O Abade Ma­
cário perguntou: cQuni é'• Aquele respond u: •A
tua humildade; e por causa destn que n o te posso
agredir•.

12 Alguns do Padres perguntaram no Abade Ma-


cário: •Por que é que, qu�r com , qu •r Jejues,
teu corpo é desc modo!• R pond u o ancião: •O
lenho que revJra os grnvc m combustão, ê todo
consumido pelo fogo. ,m trunlJt.ôln se o homem
purifica a sua mente pelo uimor de Deus, o próprio
temor de Deus consome o corpo d le>.
13 Em dada ocasião o Abod Macário foi da Cé-
tia Terenutim, e entrou no t mplo para dor­
mir. Ora lá havia antigos esquel'lOS de p.,gãos, do
quai ele tomou um, coioc:ondo-o na cabcQu f..-Omo
travesseiro. Os d!'l?tõrnos, � ndo a cora'lem do
Abadi,, Coram acometidos de inveja; e, quc1-cndo
amedrontá-lo, puseram-se a chamar um nome de
mulher, di.iendo: «ô la!, vem conosco ao banho!• Ou­
tro dcmônlo respondeu d baLxo dele como que den­
tre os mortos: c'I'cnho um estrang,!iro cm cima d
mim, e niio PoSSO ir>, O anclfio, por1'm, não se au•r•
rou; ao conlrârio, com muita comgPm batia o csqu
lelo dizendo: •Lcvanta-t<•, e vnl püra as treva.,,$<! !)O·
des,. Ao ouvir Isto, os d mõnios clamaram cm all11
voz: •Tu nos venceste>. E fuglrnm conCusos.
14. A r peito do Abade Macário o Eglpclo, nor-
ravnm que, certa \'CZ, se põs cm viagem n par­
tir da Célia, ��rrcgando cestos; cansou- , porém, ,,
sentou-se no caminho; o seguir, orou dizendo: clkus,
tu s.�bes Qtll? ni10 t nho forças,. E logo foi cnc'lr.­
trado junto ao rio,
180
15. Havia no Egito alguém que tinha um nn,,,
paralltlco. Levou-o à éela do Abade Macârlo
e, tendo deixado o menino em prantos à porta, r..t::
rou-se para longe. Ora o onclâJl, abaixando-se, viu
a crianca e pcrgu_nt ou-lhe: •Quem te trollXe t'â ?•
Respondeu o memno· •Meu pal aUrou-me aqul e
!ol-se embora>. O Abade, então, mandou; cLeva0•
ta-te, e val-t juntar n tlle•. E eis que o menino foJ
lmedl,itame.nt curado, lov11Dtou.se e íol ter com o
pai. AJ;sim voltarrun ambos para casa.
16. O Abade Mod!Mo o Grande dizia aos lnnãos
na Cétln, quando despedia a assembléia da
igreja: •Fugi, irmtios», Um dos ancião pergumou­
-lhes certa vez: <E para onde, além deste derorto,
havemos de fugir?» lllacarlo então colocou o dedo
sobre n boca e disse: •Fugi Isto>. A seguir, Mirou
na cc.ln, fechou a por1a e sentou-se.
17. Disse o Abade Macãri.o: •Se. no rep=nder
aJ êm, és movido à ira. satls!11.2CS o própria
paixão. Nào ê perdendo a ti mesmo que salvaras
os outros,.
18. O mesmo Abade Maeãrio, estando no Egito.
encontrou um homem que acompanhe.do de
Jumento, roubava as coisas ele qu� se servia o Abade.
Este, ent.'io, como um estranho, colocou-se ao lado
do ladtiio: com ele pôs-se a carregar o jumento, e,
com multa calma, despediu-se dele, di7.endo «Nada
t rou.�cmos para este mundo; é evidente que tam­
b<lm nudn podemos lc.var (J). O Senhor deu; como
El quls, 8$Sim se Cc1� Bendito seja o senhor em
ludo• (2).

19. AJguns pergunta111m no Abade Maàârfo; •Como


devemos orar?• Respondeu o MalAO: cNão ê
preciso !alar multo, mas estender as mãos e dizer:

(1 l rrn, G.7
(2 J6 l.21."
181
«Senhor, como queres e como sabl's, rompadece-te•,
ou, se estiveres ntado: • nhor, vem m meu . o­
corro,. Ele me. mo sabe o que ronvc!m, u de
mlserlcórdlo onosco•.
20 Disse o Abodr. Macário: Se se tornarem a
mesma co pa.rn LI o despre7.o e o louvor, o
pebreza e o rlque-,a, u carC-nela a abundiincio, não
morreras. PolS é lmp<>SS1vel que aqu le que cri, como
deve e gc com pícclod , C4ia na imJ)llrCW. das pol­
xé><,s e no erro dos demqn1os•.
21 Contavam o scigulnle: •Dois lrmüo. na Lln
cnirom em falto, e o J. de 1ocârío, dll cldlldc,
os exoomungou Alguns foram então procurar o
Abade • Jacárlo o Crand , Eglpclo, e lhe t't'fPrirwn
o que n�'llnll.'Cl!ra. Este rt5p0ndc>u: ., o são os ir­
mãos que estão cxcomun ad05, lll3S Macário está
xeomw:agadO•. taca.rio, o E:gjpc10, amava o outro
, tacárlo. Ora este ouviu que Cora excomungado por
aqucla anclão, e íu[!iu para o pântano, Aconteceu
enwo que o Abnde , 1acArlo o Gr-.mde, saindo, o
cnc'Ontrou todo mordido P"IOS mosqultos; a· -Ih ·
•Tu excomungaste os lnnJos, e els Qul? les tiveram
que se retirar p3ra a aldtla. Eu, porém, te exco­
munguei, " tu, como uma bela \'irgcm, fugiste PDl'll
cá corno para a camnra ínt .. nor. Ora eu ch.-uncl
lrmãps, Inter gu<'l-os, e vlcs a!lrmarrun que nadn
disso nconteccu. CuJdn, po1'l, lm,áo, de que t.lmbêm
tu não 1enhns sido lludJdo �los dr.m6nios ( poi.q nodo
viS l; OJI . , prostra-te pedindo perdão por tuo
culpa>. O outro r spondeu: •Se ql!eres, -me uma
peníli.•nda•. Vendo, PQ!s, o ancUlo n hwnlldnd dele,
disse· «Vai, e jejua ttês manos, comen uma v<"J;
por s mono,. Com efeito, ta era a l � fa do
Abade Macário o Grande em todo tempo: jejuar n
mann int.cim•.
22. O Abade Mol dls,e ao Abad , Macãrío no
Ci'tin: •Quero viver c,n paz, mas os lm1iiog nf10
me deixam>. Respondeu-Ih� o Al)adc Macário: ,V�jo
182
que n tllll natureza é delicada e que não r.odcs repe­
lir um Irmão; mas, se queres viver cm tra..-iq\ifüdacle,
reUra-te para o deserto a dentro em Petra, e lá
encont rarás descanso>. Aquele fez assim, o c.-onscguiu
rcpouso.
2�. m lrmiio chegou-se ao Abade Macário o EgiP-
clo e pediu-lhe: «Abade, dl7,e.me uma palavra
1�•la qual eu seja salvo.. Respondru o ancião: •Vai
paro Junto do túmulo e Insulta os mortes•. Ora o
lnndo se fol, inJurlou e apedrejou; a scfpir, voltou
refédndo o rcito 110 oncl-o. Este per:guntou: <Nada
te dis e1·am?• Aqucle respondeu: «Nada•. O ancião
continuou: cVoll.a lá. amnnhíi e dize louvom a esSéS
mortos•. O irmão voltou, pois, e pronunciou louvo.
re,, aos morto , chamando-os Apóstolos, Santos e
.rwtos. A i;cgulr, ressou à ccla do ancião e refe­
riu: •Disse louvores•. O Abade perguntou: •· ada
te responderam?• O lrmao negou •NoC,a•. Aquele
retomou: «Sabes quanto lhes dlssesle de injuriosos,
$1'm que ele5 te renham rcspondldo, e quanto lhes
te de iníuri!l,;p, . em que eles te te�ham rcs.
pondido, e quanto lht'S disscstc de glorioso sem que
te tenham fa.ll3do; assim também t1,1, se queres ser
salvo, toma-te morto; como os mo11os, não con'!i(le.
rt'S nem as lnjurlas dos homens nem os &!llS louvo­
l'CS. Assim pOdcr.is ser salvo>.
2-1 Quando uma wz o Abade Macário passava com
irmãos por umn região do Egito, ouviu um me­
nínc, qu dlZ(a o i;uo mae: •Mãe, certo homem rico
gosta m- mim, e u o odeio. ao J)WISO que um pobre
me odria e eu o amo•. Ao ouvir isto, o Abade Ma­
cirlo dmh'Ou•se. Perguntaram-lhe então os irmãos:
<Qu significa essa palavra, Pai, pois que te admi•
msle?» Respondeu-lhes o ancião: .. Em verdad\!,
Nosso Scnhor é rico e nos ama, enq1.1anto nõ.� niio
o queremos ouvlr. Ao contrário, nosso .nlmlgo, o
dcmõnlo, é pobre e nos odeia, enquanto nós amamos
11 ,;ua Impureza•.
183
2õ. O Abade -Poimêm, com multas ll'lgrlmus, pediu
;,10 Abade ]lfocário: cDlze-me uma palavra pela
qunl cu s ja salvei•. Rl!Spondeu o 11!1CJU0: e que
procurns, j desupru:eceu dentl'c os mongl!li>.
26. Certa vez o Abade Maeârlo foi tci· com o Abodc
Amão e conver.lou Mm ele. Quando voltava
para a CéU , acorreram-lhe ao nconb'O os I'ad!'C11.
l!:stnndo todos cm �'Olõquio, disse o anclQo: ,Rafm1
ao Abade Anuio QUE! não temos oblação em nossn
região.. Os Pacln.>s, porém, pusert.un-se u falar de
outi·os C1ssuntos, e nü.o perguntaram n Muc'i rio qual
tom a r<'SpOsta do Abade Antito, nem nquele a refe­
riu. Com cfeltco, um dos Padn.lS dizia o s�inle:
,Quando oo Padres vêl!m que os Irmãos se esqul'CCm
de lnterrogar a respeito .de coisas edlücanlel;, jul­
gam-se obrlg11dc>� a encetar ctas mesmos uma con.
v"rsn cdiOcantc; se, porém, os irmãos não corres­
pondem. não romim1am l.al assunto, pa.r11, que f\iio
parc,çam falar sem ter sido lnten:ogados nem a sua
oonv�rsa seja tida como ocu)sa•.

27. O Aba.de lsnlu.s pediu 30 Abade Maa1r.lo: •D1-


ze-mc umn palavrn>. O ancião respondeu:
t~ogc dos homens., O Abade !solas �-ontlnuou� «Q\ll'
� !ugir cios lu!mell)\?, O ancião c.,rpllcou: •É t'icares
sentado t'm tua cela e chorares os kllll pec.itdo.��-
23 O Abade Paínúolo. o discípulo do Abade Ma-
côrlio, contou: «Roguei a 1ll<'U Pnl: 'Dize.me,
uma palavra'. E e! Wtl)Ond"1.1; ·, ãQ foço.s mal a
nlguém. nP.m eondené,\ quem quer riu seja. m,soi-1111
Isto, o serás salvo·•·
29. Disse o Abade M�!o: ,Não durmas "'ª �c•lu
dé um irmão qúc tem má fuma>.
30. Corta \lez alguns Irmãos foram te1· com o
Abade Macário na Cêtla: wo encontra.mm 1'til,
cela dele saniío água pu!J:efclla. Disseram-l.he então:
•Abade, vem 1>s1I·a " ,tldi,!a, e nós te restaurl.l!tcm9;,
184
115 rorÇlt ·•· O ancillo "'Sl)Ondcu, «Conhccr,is Irmãos
u p.idaria dP um tal nu aldola?• Jl.<'spol'lCle'.'ll m-lhe:
'
,sim•. ,ontinuou o rult!lHo, <1'om1>1'm cu n conhi,ço
E ('Onhecc�� O (Cl"f'(!l1O (1� lul homcu, SÍIWld<> 00 lug�
cm que bul.c o rio? Respond<'rtlm-lhe: <Sim . E 0
onclt.o concluiu: <Tun1b/>m cu o eonhe:;o. Por e0n.
seguinte, rrunmlo 11u�ru. não prerlSo d vós. mns vou
hll"Clll' ()UJ"ll m�u UH() (o 'lU� quero)
31. A resp•ito do Abade MaL-ario t'Ontavum que
:-,e um umão o fo prOC'Urn r <1om me.do, como �
c·clebl' • ,;unto unclflc1, �I� rmdn dizia, S<t, rx,r{,n,
um irm.:io lho ft1lo vu romo que d!!!,-p1"1?7.ando-o:
«Abadr, en1ão quando cn,s eonduto,· de camrJos r
roubijvM sal pare o vcnde1·, não ti' p:mcavnm o
gu,udas?., r algufm o intL'l"J)(!lava assim, ele res­
pondia com al�grin a tudt! qur �untasse.
il2. J)o AIJ<lw: Mui:.,r,Q o 'rande dl7.lam quu :;e
tornou, como cstil CllCrtlo, Deus sob n t.erra,
pois, nssim COlno l)eus 1-e<.-oure o munQo, também o
Abade Mac-.í.no recobriu tis IUlh�. que <!h: , m como
se nó.o visse, e guc ie ouvia como se nüo ouvisse.
33. O Abade Billmío referiu oue o Abade Mttcà1'1o
contava o Sl)gulnte: Quando ru 1-es1dia no Cé­
tlu, corta vez Já forem ter dois Jovens ,;trnngciros,
d® quais um t.inhR barba, e o outro um 1•omeco de
bul'bo. Chcgarnm-,e a mim. perguntando: 'Onde
noo n cela do Abade à1<tt'lino f Pe1·6untci a mc.1J
turno: 'Por que o procurulst' Respono�ram: "l'cndo
ou Ido lruar dele e da ót,n, viemos ve-lo'. l)ecta�ou
cnllío: ·Sou eu' EJ�_s cmrum por w1•ra. cLzcndo:
'Queremos permanec,,r ij/1111'. �::U. vendo que eram
dt•Jlcndos e roma qu� Jeitos ,\ riqueza, respondi•
-lhe,., • 'ôo podeis ficür 11qul'. O mais 9elho, p0róm.
rcpllcou: •� nüo podemo, ficar aqui, vamo.no,; para
outro lugar'. Dls$t! ent5o comigo mesmo: 'Poi· QU;
os h�I de e><pulsar e esca11dalb:ar? A labuta os Cara
fu1,,;r por si m<',;mOS'. Falei-lhes, pois 'Vinde, e fa.
Zl•i uma cela para vó.s, se podeis'. R<'sponderam:
186
'Mostra-nos um lugar, e n o fru-cmos'. O ancliio
deu-lhes wn machado, umn sncola <ib�in d pão, e
umíl por�o de sal; a seguir, most�ou.Jll.c llrrl!L ro­
cha dura, (]Jzendo: ·Tathni o pedra aQUI, Jdc buscar
lanha no pântano e, quanclo Uverdes <:Qnalulclo o
tclo, moral -al'. - 'E:u Jlllllllava, disse o ancião, que,
à vista do trabltlho, bavlam de partir'. Eles, :po1-ém,
ainda me perguntaram qual cle,,eria ser a �trd futura
ocupação naqltcla morada. Respondi, 'Tecer co1�la,
mes'. E rui buscar palmas no pântano, mostrel-Uies
como se começn. n tecelagem e corno se d ve coser,
uQrcsccntando: 'Faz,:,! Cl!Stas, e enll'r.g11J,ns nrl.� guar­
da$, o� qua.ls vos ll'tlráo pãe;t. A scgub-, retirei-me.
Ek,s, ontão, co:m �•dênc Ozeram tudo que lhes
mondei; e núo me vieram procurru- durru,t.e lrk mio.�.
l'icste trntrekmpo fiquei lulnndo com meu.q pensa.
mcntos e perguntando-me: 'Que esuirão fn.,.endo,
pois não volt{lrnm p:u-n lntf'rrostar a l'l'Spelto das
SUIIS !dê.las? outro• de IOO'((' vêm ter comlgo: (!iltlls,
porém, QUC hnbitnin perto, não voltaram nrm foram
l�r c11m oul ros; só vão à lgn,ja, em sllênclo. a Jlm
de reci?ber a oblação'. Orei !lltil.o a Deus c Jcjt1 1
uma ertlana, n fim de que mi' mo trasse o que eles
fnzlnm. TermJnada a semana, ll'van1Pl-me e rui ter
CQm �l!'>i pum ver como viviam. Botl à porta: ele
abrirrun e saudaram-se em slll!nclo; fiz oraciío e sen­
tei.me. Então o mnt� velho f(!2" um inal l'lc ci1bPl;:a
ao mals mo·o pàra quP snlf:se, e sentou.se (XU'n tP•
Cl'X coma sem dlz<'r <:oisn n.enhuma, A hora nonn,
ele fllr. um ruido; o mals jovem cmtr1111, , ao ru11u
do ma.Is volho, proll()l'OU um riouoo d mfnqau, 110�
a mesa e sobre esta colt,ICOu l.ri\!I plíes, /leixllndo-Ke
ficar cm pé ao lado e tacltw-no. :E\1 disse, [)(>r con­
seguinw: 'Lcvnnt:a1-vos, vamos comer'. Lcvanlnmo­
•nos, e comcmO!I; depois o Jovem trouxe n cnnecn e
oobomos. QuQndo �alu o iol, perguntaram-me: 'V11is
omlxlra ·i• Rcsl)Ondl: 'Nüo, moij donnlrol aqui'. EJP.S
entiio estende1'lll11 uma esteli•a p:ira m.lm de um lcido,
e oufra para si do ou1 ro Indo no canto· tlC!U'fUll O!i
seus cihtwfics e $C deitaram Jw1tos oolirc a eslA!lTll
186
dlnntc de mim. Ora, quando jé rstnvam deitados,
roguei o Dcua que m revela. o que cli,s fa.ziu.m.
Abriu- , !'ntfio, ô ll!lõ dcsi:éu uma hiz t-omo gue
de dia; lcs, por m, nt,o ,·iam a Ju,. E quando jul­
gnvom que u ·tuvo d<:>rmindo, o mais velho colo­
''('i<>u o lado do mrtls jovem: le,•entsu.. m-;;(' ambo�.
cing1rom-fi , e cstcnclcram mãCJS para o Cliu. Eu
cons1d •rovo; eles, J:)(lrém, não me perc •bérum. E
vi oo dcmomo:i qut• descirun como mo cas sobre o
,n Is moço; 1111� po, vam sobre n bo,'ll dele, ou­
ln.i� OObl'(' os olhos: vi uunbcrn um anjo do S�nhor
t-om uma t'l<p11dn de fogt1 n& muo qu,• protegiu o
Jovem ao re<Jor e dc.le aJugcnta,•a o:, tlemtmios.
QUanto uo mrus vclho. porém, dele nil.o se podiam
aproxlmaT. Ao d ;pontar do dlu, el se detlnrarn
de no o; cu íiz como "<' rnt' estt, t!SSI.' dc,p,:rtruuJo, e
l'lt lllmbóm, Ent.lo o mui Vl'lho rrw d1. 0(!<"1
,•,u1s pai vras: 'Quer que recl�mos os dO'Lé sal­
mos?' Respondi: ·sun·, u maLS mow, pois, antou
cinco salmo de is verso·, e um ,\lelula; a cada
vcr,;o, la uma. chamo d fogo da boca d,•lc, n qual
b1;1 para o céu. De rormu semelhe.nle, ,1uundo o
muls velho ubrl a boca par,, salmodiar. dc:m1 saiam
c-omo que lab troas de rogo, as quais cht'llmnm 11ti'
o <.'l'.\' J, Tn111 m u n>dld um flOUCO, 1l CQr. Por
n , d<'Spcdl-m1•, dizendo: 'Rr,zni por mt.m·. EI , po­
�m. prostraram-, • por ten-n, cm il�ncio. im fi.
quel 80Wlldo que o mals vélho era pt•rfeilo e que ao
mu Is Jovem o lnlml�o nlniL'\ 1iers;,guia. l'ouco dias
d r,ols, o irmúo mahi wlho fail·c"u, e, tri'S dias mal5
tar 1 •, o mal,, moço•.
Paro o fulul'o, <1uando ,tlgun dos f>aclr s inm
tt•1· rom o bad� ,,�rárlo, e te os levava à cria do,
doi,i, dJ:wndo.Jhl'S' \'ind�. vede o martirio dos pe•
<lUt!no. PI!!' gi·lnos•.
3'1. Cl'rtn Vl'Z os an�íítos cl:>. montanha mandaram
J.M.�Jlr ao Abad1• Muc-/,rlo na Célia: •Pn.rn qu<'
nõo se cunse o P<>"º lodo indo ter c'Onfigo, roga,
rno.<;.te que v�.nlta8 11 n •• dt> modo que te vejamos
187
llt!WS que rmigrcs para junto do Senhono. M.ueá.rlo
foi, l,)OI • à montanha, e lodo o povo se reuniu em
i.omo dele. Os anciãos pcqli,;i.m.fho que dissesse uma
palavm oos iJ•miios: ao quc- c-Jc respondeu: , hort'­
mos. Irmãos, e que os 110sso· olhos (lc1-rams·m lãgr!.
m,a,s ant�S t1ue nos v�o- para o,1uelt' Jugox <lffi qu.:
as nossas l!\grimas :ons11m.lriío de (o� os nossos
corpou. Puseram-se, en¼o,, Lodos a chorar, p1•0•­
trados sobr<' a l'nce, <' dlsSéram: ú>al, reza por n6�•.

35, D<.• !IUITO f;>ita, um rlemõnlo Ol)l'CSCl\lOU..SC no


Ab,1de )'>tacikiu com uma cspndazlnha, .que­
rendo nmputar,Jh,• o pé; mas nüo <J p6do f)Ot causa
da l\umllclndec dele, e. em COlllleqlmo ia, di e-lhe:
<Tudo que ,·ós tendo , também nós o 1.-..mos; apenas
pcla humildade dtrcrls d!' nós, e- prevaleceL� sobre
nós.

36 OI. o Abu.de Macário: •Se guordrunos a re-


t'CJrdação dos mnles que nos são nca:rrctados
pelo� h rn<'n.;, ••'llinguimos e t'íic:fu:ia da n:cordac;â()
de? Deus. t•, pon,m, coru.crv-.imos a 1cm brança dos
males eau<:Udos ()<)los demõnlos, somos lnvulnerl\­
ve��•-

37 O Abade Parnüclo, o di'!clJ'll.llO do Abade Ma­


i:árk>, ro!orlu o seguinte dito deste anciiio:
Quando eu era çrlnnça, aP,JICeTl\aya bezerros com
outros men!nos. Certa vez est()S foram 1o0ubar figos,
e, qU4ndo C(Jrriam. ()alu um Ogo, que ou rvcollú e
comL A-0 1-ceordax-me disto, sento-= e ponho-me
a chon:u·

31;l O Abad,; �tnolt.1•!0 ,. •Ccrlu o St'gul11 le: •Cl'rla


vw., CiUlllldo �u antiava polo d �rto. encontrei
\l.!1111 caveil11 no chão; empurn,1-a t10m o meu ba.«•
b).o de palffil\, e á caveira me falou. Perguntei-lhe:
"'l'u <tltum <'s?' R�spondeu-met ·Eu era sumo sacer,
é19tc dos íaolos e <tos pagãos c1µc rnoravàm ne�t:e lu­
gar. 1'u, i,on-m, és Macário, o portado1· do Espirtto.
188
n hort1 �m qu lc compadeces cios que estão �m
pen • e oras por elC;!, sao wn pouco aliviados'. O
;
á!'clao pergu �ou enta �: 'QuuJ é esse alivio e quais
;;uo as penas? A caveira rcspondcu: 'Quanto di$l.i
o � da le1Ta, Uío lntonso é o fogo qu e nrde debaixo
dC' n , que, das pés até o cabe(:a, e.'11,unos em mt•ío
no rogo; e nlnguém vê u outrem fac;• 11 face: mas
o roslo de um n<ii're às costas de outro. Quando,
pois, rfV411:;i por nõs. acontece quP 11m vê pnr1c da
race do outro. Este é o alivio'. Chorando, então, o
uncláo e,xclwnou: 'AI do dln cm que na.sceu o ho­
m mf' E de novo perguntou à covclru: 'FfnvC'rá
outro tormento pior?' Esta rffipondeu: 'Hú. um tor­
m...,nto plor abolxo de nós'. O Abade indagout 'E
quem são os que lá estão?' A caveira continuou:
'Noo, que não conhecemo a Ot'U!S, om0<; tratados
uo menos com um pouco de misericórdia; aqueles.
ponlm, que ·onheceram a Deus e O negaram, sti!o
debaixo de nós'. Macário, então, tomou a caveira
r a enterrou.
39 Do Abade Macârfo, o Eg!pcio, contavam que
certa vez se dlri ·a da Q\tia no m onte da Nl­
t rl,1. Quando se aproximou do trrmo da vlairem,
disse a u disclpulo: ,Vai um pouco ndi:mte>. Ora,
camlnhnntlo este à frente, cncorrtrou-Sll com um
sacerdote pM:-Jo, a quem inlerJ)(!lou, .,xclnmando:
•AI de ti, ai de ti, demõnio, paro onde corres?. Este,
voltondo-se, espancou-o e dcLxou-o !Sl!mlrnorto; a se­
!?Ufr, recolheu n lmha que é!lrrugava, e correu.
Po uco admnt<', quando corria, encontrou-se com ?
A , de JncáTI0, o qual lhe dli;se: • lve, salve, o
homem ratlgndo!• Aqn le, admtrado, a:proxlmou-se
perguntou-lhe: cQuc vlste de belo em mim para
m,• udnr '?• o ancião respondeu: «Vi-te fntlgado,
e nAo sabes quc te fatigas em võo•. Ao que o outro
disse: «Com II tua sauda�ão, comovi-me também cu;
e rtgucl sabendo que éJJ- da IJ\lrte de Deus. Encontrei,
POrtm, um outro monge, mau, que me Injuriou, e a
qu m, por conseguinte, espanqU<!I mortalmente>,
188
Neste o ancião reconheceu tratar-se de seu dlsclpuJo.
A seguu·, o sacerdote, Qg(IJ"rando os P<Í$ de Macário,
disse-lhe: •Não te soltam se não me Ozeres monge,.
O:mUnuoram, cnt.úo, o cantinhp !lté o (\]lo onde
estava o monge: r;f(l(!árlo e seu dlsoipulo levaram o
sacerdote e o rizcrtun enu.tr nn lgrcjll da mor,t:u1ha.
Os IJ'le viam o pagão com o Abnde, se admkavarn.
Finalmente, fizeram-no monge, e, por causa dole,
muitos pagiios s.:- tornaram cristãos. Em conscqOên­
cla, o Abade M.icãrlo dizia qm! � palavra má Lorntt
maus m"'-,no os bons e C!UC a palavra boa torna bons
mesmo os mnus.

4-0. Do Abade Mncú:río contavam Q\le. certa vez,


estando ele a=w, entrou um ladrão em sua
cela. Ora, quando aqucll! chegou, encontrou o 1adrão
a carregar o camelo com os objetOll de l\1.acârio.
El'lui, .então, entrou na ccln, e tornando os seus ulen­
s81os, põs..se, com o ladrão. a carregar o carn,elo.
Quando haviam terminado, o laripio QO;neçou n ba­
ter o camelo para Qlll' se JevantaSsC; o animal. porém,
não SI' movm. Ora o Abed<- 1\fucário, vendo que cst e
não se levantava, entrou na cela e ai achou \.Ullª
P!Xlllllrnl en.xtl.da, que ele colocou sobre o camelo,
dl�ndo: drm5o, � !sr.o que o carnclo d ja>. E corn
o !.l4i deu um golJ)I) li() animlll, mandnndo-lhe: u­
vanta-te•. Tule le\-antou-se logQ, <' caminhou uni
pouco em virtude da palavra do anel(to. De novo,
porêrn, dcútou-se, e não w levantou mais at6 ciuo o
1JVl$$Cm dcséarregado de lodos os ol>letos. Então
partiu.
41 O Abad-:- Aio pediu ao Abade Mnrirlo: d)J.
ze-mc uma palavra». O Abade Maeârlo ,•es­
J)Ohdeu . .-Foge d011 homens; senta-te cm tua cola e
éhoro O'S ltlU.• péc:adoli, E não tenhas prazer na con­
"ersa com os homens. ASslm se.'"ás salvo>.

190
DO AB.4.DE MOISt.S

l. Em �d� Oca�iáo o Abade Moisés roí com grande


vcemencia 1entado a romlcar. B, não tendo mais
forca 1.>ar,a nca.r na �la. !oi re.fctl lo o.o Ahudc :T.,i­
daro. E:stc o exo rtou a qur voltn.'ISe para a cela.
Moisés, porém, não ns.,;ent.iu, tli7.cndo: <Não posso,
Abade•. Então o Abade .Isidoro ;ornou-o consigo "
Jevou-o para dentro da própria mor-.icla, dizendo-lhe
ai: cOU1a para o poent •· Aquele olhou e viu uma
multidã o Jnumeravi,J de demônios; �lavam em filei­
ra, r agitavam-se par� entrar em lutn. A 6ej;Ulr, o
Aba(le Isidoro dlss,e: <Olha também Pari! o n ascente>.
Aquele olhou, e viu inumerávcls rnulti(lões de santos
nnjOs recobertos de glória. Continuou então o Abade
Isidoro: • Eis estes são os env!adcs do Senhor para
oocorrcr os santos. Aqueles. porem, do lado do
pOentc são os_ q_ue lut;jm contra os santos. Po1· con­
seguinte. mais numl!J'DSOS &âo os 11Je. estão C(mosco•.
Ao ver Jsto, o .Abade Molses deu graças a Deus, e,
t omando coragem, voltou para a cela.
2. Certa vez um irmijo caiu 1!111 falta na Célia.
Pelo (]Uet se reun iu um conselho, o qual mandou
buscar o Abade .111o!s Este, porém, não qui s ir.
&üio o presbítero mandou dimr-lhe: ,Vem, porq_ue
a assembléia te e>1pera>. Dlance dil.1:o, levantou-se e
[oi, 1 vondo n as costQ� um cesto furado que ele en­
cl1�ra d e areia. Oro os que llle aoorret-am ao eru;on­
tl'Q, )lerguntaram-lhc: «Que á lslo, ó PaiY� R��­
dr mim, �=
ç)cu-lhes o ancião: cMcu� pecados vão crunllo a�s
que cu os veja. E eis que � im �oJe
pnrà julg8r pecados alheios�. Tmdo � v1do Isto,
naJu mnis ctisseram ao irm�O (delinquente), mos
pCJ.'Clonrrrm-lhe.
3. De on1 ra tctta. numa reunião de conselho �
Célia, os Padres, querendo prov ar o Abnde J\101-
sês, humilhllram•no, perguntando «Por que vem
tam�m e�te Etíope em melo a nÕ$?, Ele ouviu e
191
rlcou q�lndo. Uma vez, porém, oorminnda a SQssiio,
interrol!,•nram-no: •Abade,. então d moc(o nenhum
r,e perturbaste?• :Respondeu: cPcrL'W'bcl-me, mas
não raJch.
4, Do Abade Moisés cont11vnm que, tondq s1do fellO
clérigo, lhe impusei-am o \téu umcml: disse-lhe
então o n�oobispo: e.Eis qur te' \ornaste todo brtlllcO,
Ablldí! Moisê:;•. o an�lnp l'('SlX>J)dE'll! ,Sim, riuanto
ao e.xtorlor, rthor Padre; Oldlll:t tnmb€in qunnlo 110
Interior• i A seJnl]r, o Al'eeblsi,o, quc:i•cndo prová-lo,
disse aos clérigos, •Quando o Abnd> M.oisês 'nlrar
no santuArlo, expulsai-o e pecsegul•o paro 9u 11•tks
o que dlra,. Tendo, pqis, o nncill.o entrado, rapreen.
<leram-no e eicpwsa:ram-no. dizendo: e ai, ó .E:tlopu!•
E ele, oo sair, dizia conslqo mesmo: «Flzéràm-te
muito bem, ó pele de cinzll, �egro! Não sondo ho­
mem, porque li/ colocM em melo aos homens?,
5. Certa vez foi pub!lc.adu na Ha o seguinte pre-
ceito: aoJual a S!!mana lr,teiro,,. Ol'a, em
dada OPorlunldnde, lrmlios do Egito fonim ter com
o Abade: Moisés, o qual preparou par-.i clt-.s um pouco
de mingau. Os vizinhos, porém, tendo visto a {u.
maça, dlf!Seram aos elérii:as: cEill que Moisés yiolou
o p1-ecc1to: rez um mlnci!.u em !lllll C!!'la». Os clé"rijos
re,,ponderrun: •Quando vfQI", llltl\'em0$ do f:llnr-lhe•.
Todavia, c.hegodo o sábado, os clérigos, consldt•rando
a grande virtude do A!xld(?" Moisés, di�sc1•nm-lho
diante d toda o assembléia: cô Abade: Moisés, truns­
gttdjste o preceito dos homen�, e: obset'vastP o do
Deus!• llJ.
6. Um Irmão foi à Cé1ln p.rocurar o Abade Moi-
sés e pedir-lhe uma p11lavra. Disse o noião·
�vru, nta-te (!111 tua cetu, e lua Ct')a te cnhlnaril
ludo>.
(l) O pnulto ct.. c•r!,!o<lo � 0 c,nnp,1ndlo d:, 1_..; do Dou•,
ao PM.90 qaa o jejum da. umu tu:mu.nn fo't"A pt'OmuJjpo<lo
J'(tlo1 ru,mens d• Cétlo
192
7. Dls� o Abllde Moi.$és; •O llamem que foge, asse,
melha-so à uvn maduru: uquele, potém, que VNC
t1ntrc os homens, é como uva verde>,
8. O!rtu vez o governador da regliio, lendo ouv.i:to
fllla.r do Abade Moisés, foi à CéUo parn vê-lo.
Alguns comunicaram o fato .to 1111cl1lo, o qual :.e
levllll10\l a lhn de fugir pal"B O l)ÚnlMO. EnrlOnt.ra­
l'Rffi·llO, . porém, na estrada, e pcrgunla1·am-lhc:
•Ond · r,ca . 11 tt•la do Abíldr Molscs?• Respondeu·
,Que (\uem1s dei ? I!: um homem tolo>. Ora, o gq\'i:r­
nadur, tnndo Ido à ll'ÇN'Jn, dil;Se ilD!1 (:lérlgds: <Eu,
1endo ouvido <> qu� so dri u resr,elto do Abndc Mol­
""'• de.qcl par.� vê.lo. Els, po�m, que encontramos
11m ancllío c111e la para o Egito, 110 qunl pergunta­
mo. : Onde flea u celu do Aba,;je MoTSés?. Ele nos
n-spondeu: «Que quoreis dole? i:: um tolo•. Ao ou­
,·ir lslo, os clêrlc;os Ncarnm IJ'!stos e indagat'a1n:
•Como era o ancliio ou assim tnloq contrn o santo?>
Rt.>spOndernm: <'Eru um ancião que tra]avl\ •1,iltc-s
iiastas: homem grande e negro>, Os clérigos, então,
:ú'lrmaram: "Essa mesmo crn o Abade Moisés; parn
nij"o voa receber, é <!'le l!I disso Isso•. Multo edlfl­
eat\O com o rato, o govcmador retirou-se,

9,, Diiln o Abade Moisés na Cátln: cSc 1!1JOrdnt.


mos oi; pre<;e1tos dc no.si<O$ Pals, �atanto-vos
rtl JJl.e de D•us ljll<\ os Bárbaros nãó chcgllJ'l\O 8CJ1ll.
Se, porém. n�o o guarda1mo§, este lugar so1'â devas.,
tudo•.
10. Estando çe.rta V!?Z os Irmãos sentado �m torno
do Abade Moisés , dtsse-lhl)s: •Ji:B que hoje os
Bárbaro· cl1çg,1t'i10 li Cétla; levcu11Jlt.vos, porêm, e
rugi,, Perguntar1lm-lhc então: cE tu não fuglrils,
Aba.d<'?• Respondeu: ,Eu há tro1t.os anos espo!ro � st<!
dia, llarà que SI! cunipra A pal!1v1·8 &, Senhor Cr11,t.,o,
que disse: 'Todos os que tomam n espada, pe1ilcera�
PC! cspadn' ('L). Retruca=, pois: c'l'nmbém nÕll
(l) '.MI 3tl,62,
193
não fugiremos, mas morre mos contigo•. O oncuio
rei.-pondeu: e 'ada tenho cm contrúrto; cado qual
veja cu1110 lü assentado•. Ora os irmáos ram sete.
Mais tarde dissC?-lhes: «Eis qu os. Bárbaros se upro­
xlmam du portn•. De Cnto, os Bàrbaros Mlrat'UOl. e
os mataram. Um deles, po,irr., e.scond u- • atr'.is
dos cordames, e viu sete t"Oroas que dt'SCI0 rn e os
coroavam.
11 Um 1rmau ,ll.-ii;iu- • 11<> Abade Moí , cli.:cndo:
Vejo tlli;uma coisa diant • de mim, mas nàO o
posso ap,-eendcr>. Respondeu o ancião: «Se niio te
t0m;;i morto como os que estuo nos lúmulos, nil.o
a podcrâs apreender».
12 O Abade Polmém referiu que um innfio per•
gtmlou oo Abad Mo· · : •� que maneira o
bom<'m mortifien cm rclaçào 110 próximo?• Res­
pondeu o ancião: o hmnem n o nrmnr em · u
corotão a ld 'la de qu Ja hã três dias le j,u no
sepulcro, não chegará 11 realiza· tal propósilo•.
13 Con1 \'8.lll do Abade MolScs na Cétio qu ,
quando PStnva cm corrunho PllrD Petra, ele
s nliu llafl!'1Jdo de andar, e consigo m=o·
•Como poderei haurlr n minha água aqui?• Vclo­
-lhc, l'lltilO, uma ..,,,.,� qu,i lhe 1· : , Entra, e não
te preocupes com roL,;i alguma•. Entrou, pois (1).
Ora els que foram ter com eh- nlguns dos Pndres;
•te, porém, nlo !nha Sf'�ô um pc:q11 no cArt1.o.ro d("
água, e e,;ta se consumiu qURndo ele cozeu um pnuco
de I nUlhas. Eln consC<1üüncla, o nnC?lão ncou a.fltlo.
[ndo e vindo, orova n Deus. En dado mom mo. po
rêm. ois qur uma nuvem de c,uva se dcscncodC'OII
sobre Petra, e ncheu todos os vaso• do anclilll. Oi,­
pois dlslo, perguntatam-lhe: Dl;w.nos quom (, qur
la e vinha.. Respondeu-lhes o ancião: Eu estava
pleltr,:mdo com Deus 11eslcs termos: 'Trouxeste-me.>

19◄
aqui, e els que !lão tenho água para gue os teus Sl!r­
vos bebam'. Per Isto é que eu camlnhnva para câ e
1mm 1(1, rogando a r>eus, até gue no)l mandou água>,
J4. Disse o Abade .1olsés: •O homem deve morrer
l!m rela()ão a seu companheiro, para que não
o julgui: em ccl$8. wguma».

15. OI e de nov0: cO homem deve mort:Jficar-se


nbi;tondO-CO do Ludo que é tn<11.1, Mtcs que ,,,.;,,
do corpo, n Um de não causnr dano a algum homem>.

16. Disse, roais: «Se o homem não guarda cm seu


coraclio a JembranCà de que é rx1cador, Deus
não o QUVC>, ?ergunlou enl:à.o um innáo: Que slg­
nlíJ 'guardar no coração 11 lembran� de que é
pecador?' Respondeu o am:1ião: •Se alguém ciu·regn
os seus pccadoo, nõo vê os do próximo,.

17. DI,· igualmente; • Se as obras não �-oncordam


com a oru.i;ão, é (!m vão que o homem se es•
fOl\,'IH. O Irmão perguntou: Que signmca a con­
córdin das obras rom oraçâoh O ;utclão explico.u:
•Sil!nific.i que nlio mais cometamos os atos doa (\Uai.�
pedimos perdão. Quando o homem nboodona a von­
tade prôpri:i. Deus se reconcilia com ele, e aéélla a
oração deJ

l8 O Irmão pet,::untou: «Em toda a labuta do ho-


mem. que é que o ajuda?• Hespondeu o aneião:
<É Oéus quem ajudu. Com �feito, está escrito: 'O
nOSSQ Deus é rr[úgio e pod!.>r, atudUo nas multas tci­
húlnçõcs q�1e nos sobrL'Vleram• (1 l. O ll'll)ão corttl­
nuou: «Os jejuns e as vigíllns g_ue o homem empre­
t'llile, que valcm!• Respondeu o ancião: cFazem a

-
alma humilhar-se. Pois estã escrito, 'Vê minha hu•
mJJdad" e mlnhu �huta, e perdoa todos os meus pe,
do' (2). ·e a almo pro(luzir esses .frul.()s. Deus
(1) $1 45,2
(2) SI 24,JS.
1115
se compa�i-.l dela por l'JlU ·1 do mt'Slll . •· J\lnda
prosseguiu o lrmâo: ,Que deve íllZ<.'r o hom m rm
quulqUí'r let1tacão qui, 1hr b1-.,,•-,nhà ou dtnnl do
qua.lgw·r gcs o do lnlmJgo? O oocliio t'l'. ()011d1•11:
Devo ehorar diante da bondade de Deus pam qw•
o ouxlllc; se rezar com o dl.·vido rthcclmento. logo
conseguirá p02. Po! e t!scrlt • • hor ' mru
11u.�i.llo, e noo tcml!l ri o que mi? fani. o h m m' l l l
O irmão Interrogou lnals uma vez: •Eis qul' urn
homem espancu ·cu !l"\'o por cnusn de um11 !alta
que comctC\I; que d"ve dl/.er o • rvo?, nnt'lllQ
respondeu· Se ror um o bom. dlrú. •Tc•m plr­
dodc dt· mim, pequei' O lnniio oc1, .centou; • 'odn
mais tlirâh E o Abude: •· ·ada mos. Pois no mo­
mt,11to cm qur ele tom.'I sobre . 1 o rolpa e diz: ·Pt-­
quel', lor:o se compadece dtl o seu · nhor. tr_rmo
a qUe IC\· m todos a9 rotSall, (• n:io Julgu,· o pró­
:timo. Quand o miio d11 � hor matou todo prlmo­
c-,nlto nn lCM"O 110 E�to. núo flc-ou cun <'m qur nãn
houv= um morto . O irmão Interrogou. Qur
�1 iflca css� pruavra?• O nncião •xpllcou: Se no
<1,•lxal'l'JTI �nr o nossos pecados, não o rvoremo
ru do prr tmo Pois é to qu o honwm o qu11
tem urn morto seu. deixe a te para chornr o do
próximo. Mon...r cm relação oo teu próximo. isto
11gnlfica que cru-regues os us IK'<: dos e nó.o te
preocupes com qualquer 001 ro hom m, )Uli:,a.ndo qu1•
l!Sle e! bom • aqucl m u. Não taça. mal nínlllJ<'m,
n m P 113M mnl cm 1.eu rorat;iio contrn ui L'nl, d
prezes n quem com •te o mnl. Tnmbl•m n o te dul-
es persuadir por aquele que maltrato Cl próximo, e
não te alf.'Jlf"l.'S com IJUPm com te mnlrlndr, rontra o
p1-óKfmo: nem rat con1na nlgu�m. omPS diz.-· · u.­
conhcce n cnd, um'. Nõo ô1'i< n ntlm nto no dru--.i
tor, nem te nl�. com n d rn"fio qut' cle prntlc..ic
mo,s nem por ís1() odeies a quem dlfu,ma o pn'ulimo.
� _i, o qur slgniílc 'nã julgar'. Não venha. u ,,.r
ln,mlw.dc �m nlgum hom m, n m ardes rflilC()r
em leu cornçito, mas também náo tenhas ódio llquc!P
(1) SI 11-..0.

196
qun hostlllza o próximo. Islo � q11e é a paz. Canso.
la•li! c:om esL pensam nt·o: n fadiga dura pouco
lClll(lO, ao passQ que o repouso e par.i todQ o sc,m­
prc, por graça elo Deu,; Verbo. Assim seja..

00 ABA.D.E MATO

l Dizia o Ab de 'Mat()jÕft: cPrçfirll um lrjlballto


lcvd, mos Pl?'rs,,verante, a uma lab1na penosa,
mns logo no principio t'Ortada>.
2. Disse 1$1mbém. •Quanto mal o homem se apro-
xima d<! Deus, 1.ar1to mais se vê pceadoi,. Com
cfoJto, lsn!as, o Profeta, tendo visto a Deus, con­
re,,:,ou-se desgraçado e Impuro>.
3 Dizia ainda: cQuando ern jovem, repetia coml«o
mesmo: 'Talvez venha a t:izcr algo de bom!'
Ago1�,. porem, que cnvclhccl, vejo que não tenho
uma obra boa em mim mesm<».
4. Dlzln r:nals: •Satanás não sabe por qual paixão
a í3lma se debii v ncer. P,wtanto, semeia, l'IIJ!S
nfio i;abc se r�oolhoní, aqui S\lgere a romlcação, ali
o m lctllcêncil), e osslm os d!tmals vlclo.�. Qpando. a
&egulr. ,,(, a. alma lnclinru--se para um déSSes males,
uf}Odcra-se dala a tal propósito,.
5. Um irmfü> chegou- e ao Abade l\fatoés e per•
gunt.ou-1 he: ,Como é que os Cctlo(a:s failam
mnls elo que o que esta na Escritura, amando aos
lnlmlg0$ mo.i� do que a si mesmos?> Respondeu o
Abndn �atoé�: .:Eu, l!m verdade, não amo como a
mim mesmo aquele guc me wna>.
O, Um lnniio f!t?1'h'llnto11 ao Abadr. Mlltoés: •�
devo fawr. quando um irmão vem ter comlzo
187
num dl:,i de jejum ou de manhã? Eslou perturba do
com Isto►. Re$ll0ndcu-lhe o ancíllo: •S nr,o perdes
a pa1: e comes com o J.rmão, fazes bem, Se, porém,
não espcrl\S a ninguém e comes, ei;li'ls (ozerldo a tllll
vontade»,
7. O Abade Tiago contou o seguinte: '<F'ul ter com
o Abade Mato�. Nn dcsped!dn dlS$!-l!)e: Hn­
tenclono Ir às Cé.füts>. Ele me respondeu: cSau(ln
por mlm o Abade João•. Oru, quando ehcgucl i'J.
cela d.o Abade J.olio, disse-lho: • aúdtt-tc o Al.>o(\e
Matoés•. Ele observou: «Eis o Abild� Mal<>és, um
vei-dadeim israelit1l, no qunl nlio há dc;,lo• (t). Pas­
sado um ano, volte! a procurar o Abade l\'.fnloés, e
transmiti-lhe a saudação do Abade Joiío. Aquele
respondeu, ,Nl\ó sou digno dl'SSá paicwra do nncl!k>.
De re.'lto, ficn sabendo. quando 011vlrdes um anc.lão
e.'lalt:1r o próximo mais do que a s1 mei;mo, é que
um tn1 cht•gqu a el,:,vndo grau de ,;nntidadc. om
erc!to. nisto consls•r a T,lCri'clç(io: em oxaltal' o pró­
ximo mais do que n si mesmo>.
8. O Abade Matoés referiu o seguinte: ,Um Irmão
chegou-se a mim e disse-me que o detrnc,'lo é
pior do 11ue a !onilcação. Repllqu�1: ,Dum e! so
palavra•. Perguntou,me cnl.iio: cQue pensas pois, a
esse respello?> Respondi: cA deu-a ·o ê coisa mâ:
toduvia deixa-se rapidamente çurar, pois o del.raLor
multas vw.es com.essa: 'Ft1h•l mal'. A farnicacio,
1>0rem. I.' morte para a naturc-m•.
9, J;:m dada oca.'l!ão, o Abade Matoéa foi dn rogllio
de Railo Jl:l.l"ll as pa.rt de Magdolo; Unl10 c;pn.
sigo seu irmflo. Oro o bispo ap=deu o ,mci o e? o
r':2 P�birero. A SCIIUlr, aehando-se eles juntos, o
blSpo disse: •Desculpa-me, Abade; sei que não que­
rins isto, m«s ous�I fazê-lo para recebei' il tu1,1 bên•
�ão•. 0 ancião respondeu com humildade: cTambêm
�!rito desejaria algo de pequc!nlno: sou ntrl-
(ll Cf Jo t,'7,
198
blllado porque tenho qlle me sepavar de meu 1rmão
t1UO está comigo e não posso cwnpr\r todils l)ll ora­
ções sozinho•. O bispo respondeu: •Se sabes que ele
t! digno, eu lhe imporei os mãos.. O Abade Matoés
conúnllDll: ..se é di1,rno, não o sei; todavia umu coisa
$el: é melhor do que CU>. Diante disto, o bispo or<!e­
nou também o Irmão. E o� dois mol'l'éram sem Ja­
mais se terem apro,dmado do ai ta:!' para consagrar
a oblação. O andão dlzln: •Confio cm Deus que não
lncorrorcl St'Verõ :1\117,o por cau,111 dn ordenação, jã
que nõ.o coJ1S11gro n o!e:rcnda. A ordenação é para
os irr precnslveis•.

10 O Abade Mllloés relatou: cTrês ancião.� chega.


gllt'am-re ao Abade Pâfnúclo, dito Cefalaz. para
pedir-lhe uma palavra. Perguntou-lhes o ancião:
·Que quereis que vos d iga: algo de: espiritual ou de
c'Orporal (1) ?' Rospooderam : 'Algo de esplrl(ual'.
Disse então: 'Ide, amnl o tribulat;ão mais do que o
re<:.'Onfll1-to, o oprôbriD m&ls do que a glória, o dar
mais do que o recébcr'>.

11 Um irmão pediu ao Abade !aloés: •Dize-me


uma palavra-. Aquele respondeu: • Vai e pede
R Déus que dê arrepc-ndlrnento �o teu coração e
humildodu. Considera sempre os teus pecados; e não
jul ei; os outros, mas colot-a-tc ábatxo de oodos.
Também não tenhas amiz11de l.'Om cclimça, nem CO·
nhecim!!lllo de alguma mulher, nem run[go herêúco.
Corta pru·u longe d!l ti n !omll,Rridade. Refreia a
llnguo e o \'entre; a vinho, lomo p011co. De qual­
quer assunto de quem almiém te f�le, não discutas;
mas, se tiver falado bem, dize: 'Sim'. � mal,
ponde: 'Tu sabe$ o que dizes': mas não litigues com

elti a propósito do que Uver dilo. Nisto L'àn.siste a
hwnlJdadc,.

(IJ lot,, 6. algo que �aja conton11• 11 nornilla do M]lírito


crl•tlio ClU olgo que acja con!ol'lJll) a carne.
199
:í'.2.Um lrmij.o pediu ao Abade l'>r<l\Oês: •Dize-me
wnà p alavra•. Ele respondeu: •Corra ()ll.rll
longe de U todp lii.!1,'10 a µropósl Q d.o que qucr (tUI>
seja: choro e comlôl-te, pof� o t;em po se nproxlmou •.
13. m irmão perguntou ao Abade MoiSl!S: <Que
farei? Minhll língua me otormcr1ta; <1Uando
compa re;o em mel11 aos homens, nlio o posso l'CW.r,
mas condeno-QS por LOdu obr bo:i, e ac(IS(H)S. Que,
pois. bcl de C=r? R!O!ipond u o oncílio: •S<> l'l(ta
te l!()dl!li 1-cfn•ar, rege para a solidlio. Pois ó Cru­
quem (1), Aqu�I que vive com mnõos, njlo deve
ser quadrado, mas redondo, poro qup possa t'Olur
para Jun\o de todQ!S•• E o nnd o acrescentou: «Não
é por virtude que residi> $0lltárlo, más p0r fraqul.!7.a.
Com efcltp, p0t1.m1.1is llil.o a(JUeles que se nprescnlum
em mcio nos bom ns..

DO ABADE 1A.R ,
DISClPOLO DO A.SAI> ANO

1 A respeito do Al)ade Silvano conta= ctue 1J.


nha um dLsélpuJo na •Un, chamado Maréo,, o
qual el'a dotado de grande obedll,ncin e boj cnJigra­
íía. O ancl!lo o o.mava por ea1J5a da sun ot>ed1 n a.
AléJ'1) d te, Unh� outrQ!I 0)17..e !ilsçf[!Ulos, qur sofrlnm
p0r11ue ele amaw Mttrcos aclmu de todos. Ora, �
anclãOS, 110 lx>rem disto, se ntristeceram. Um dia
(omm, pois, procumr o Abade Sllvano � o l')l't'Cll•
dernro. F..ste saiu, levando-os onsigo, o fbl batendo

200
1t porta d(• cada cela, (llzendo: cl.J'!Tlúo tal, vel'fl, wis
p íso de IL>. Nllnhum deles o seguiu lr:nedlatamcr1l!,.
Q,mndo, f)ôrêm. cht?Qou à cela de Marcós, l,,aleu e
disse: • Marcos•. E,;te, fill ouvir " vo1. do anciã.o, logo
pttlou foru; e o Abade o mandou ao liC!'vlço. A sc­
g11lr, pc.rgunHiu aos llllclaos: •Onde estão 0$ oul,ros
Jrm(,O!l, O l ?adr s?• •rambém entrou na cela d.li Mar­
OJOS, c revi,1tou o seu c;ad�mo, averiguando que ha­
v)n rosto a mão a lrac;ar um ômegn ( 1 l, mns ouviu
n vo� do 11nc1õo e, não voltou o ll(!lln parn o <'nmp]e­
u1r. OI · •r.im entúo os 11,rn:ião� Em verrlade, aquele
•PJI! tu tun11..•. 6 Abade, também n� o a!I'.amós, <:
Deus o .,m:u.
2. A respeito do Abade SIJvonci contuvnm QU!!,
cem vez, q uando ilJldava pela atia com os
andáos, lhes quls mostror n obl;diêncla de seu dis­
cípulo Marcos e por que motivo o ama\'a. Tendo.
pois, vl�to um pequicnO Jovllli, dl'SSI' 110 11bc pulo:
Vês, íUho, aquele pcqut•no búfalo?• O jovem res­
l)Qndeu: <Sim, Abade•. - �E os wus <:t1!1rcs, como
são elegantes!> - •Sim, Abade•. anciúos adtnl­
m.nun-se das rcspo,."ins do dlscipulo /ó ficaram edifi­
cados rwra obcdhmcla do mesmo.
3 Em datla O<:'a.Sláo, a mãe do Abade l\lnrcos dcs-
Cl.'U parn vt.. Jo, tendo con.s.Ji;:o umo com1ti11a
POl'npos:1. Q\1 ndo o nncJ;,n lhe foi ao cnoonl ro, dis,
!le·lhc ria· • bad,'. manda u meu ftlho \lQ� sala, para
qu� �u Vil)tJ•. O ancião •n1ro1.1 na ccla é f.ulou ao
discípulo: Sal, a fim de que (ua miic te vpja�. O
Jovem trazia umn vcsto? conf�clonncln d,;, vários pe­
'llll' de tccltlr, e cncg1w1dl1 pl'la fumaça da cozinhn.
Salu por <'lh\ldfüncia, J"er.hou m; olhus " dL<;,se aos visi­
lont..'11, ,sem us vt-1·: ,Salve, salve, snlw!• A mãe

--
dele, pon!ru, núo o reconheceu; par 1s10. de novo
mandou lllzcr ao nnr.ilio. ◄ Abade, manda-me meu
filh,> P3ra qur• o vcía•. 0 ancii\o dlrigiu-so, pois, a
(1 l l'l!Umn lotn d., ílllaboto l'l'<'t.'i>, qu, tem ft>rma .,,...
,lt.indn.da.

201
Marcos: , Não te disst- cu; Sal Pfü'II Qtte tua mãe te
veja?• Mare<>!; respond u. <Sa.1 ()011forme o lua poJ •
vra, Abnde. De res10. ro o-te qu não m m11t1d<'S
d novo SDlr, para que nilo te desobcd )ÇO>. Enlõo
0 Abade foi lf'r �'Om a mãe de> jOv m e dlsse,lhe:
,Teu filho e aquele Que vo rol ao encontro. dizendo:
Salve>. E, dePols ele :i ter consolado, dt'spedlu-u.

4 De outra rc,to o!Ontcceu qu o Abade SUvono


dt•»<ou II C tio � foi pnra o monte ·Jnal, ond •
se deixou llcar. Então o mãr d� Moreos, em pron.
to , mondou algu�m ler com o ancião, conjurando-o
para que "U filho salsse e ela o pudcsi <' "<'r. O
nncião mandou qur o disclpulo ros · . E:;tr p,·t·P, rou
o ""u manto para sair foi saudar o onclllo: no des­
pedir-se, porém. com�u Jogo a choror, e nll.o solu
mais.
5. Do Abade S!lvano cont&\'1lfl1 que, querendo 1•ie
certo VC'Z l��rtlr [' ra 8 Slrla, Sl'U dlSclpulo Ma,·­
cos disse-lhe: . Pol, não qUl'ro sair daqui, nem le dei­
xarei partir, Abade. Pennan aqui trés dlas,. E
na terreiro dlo Marcos morreu.

Certo vez, quundo o Abade . lllf-slo flª" v,, por


determinado I ar, viu um mongt• rlnlldo por
nl1t1:1•m como �P tlv s comei Ido 11m ho,nlcldlo. o
anr1ã.o apl'OXlmou-11e e intcrro ou o irmõ.o. ,-,,ndo
averlspJado que estt> era calunlndo, dl!ISC aos r1uo o
detinham, Onde estã o ns..�sslnado? M�;1ramm-
•lhl.'; �Je aproximou 11 mandou A todos que or(IS·
m. A Ir, .t •adw as miirni pura Deus, e o
morto res u.•s<'llou. F:nlão, em preSl'n " de todos,
ralou a '1Sh': •Ol,.e-no.� quem (oi que te ml)lou,. Ele
202
rcsp0ndC!u: ci,;ntrando na Igreja, entregur! clinheil'o
ao prc.ült.ero, o qu!ll l!'Vt111tou r mt> sufocou,
l vondo-mc. 11 seguir, para o mosteiro do Abade,
onde me aU1-ou por Lcrr Rogo-vos, pol'ém, que
retomeis o dinhdro e o entregueis nos meus íllhos•.
an Ião concluiu, cVal-tv, e dorme, atr que venha
o cnlior e te desperte>.

2 outrn feita, nuando o Abnde 1il(•.•io morava


com dois dlscip1dos n ll'r1•Jtórios da P�rsia.
snlrom para o caçado hubltual dois rllhos <lo rcl,
lm1ão$ conforme u carne. ;\tlrorom us redes sobre
umn grnnd S\Jj)('rflclc, de quarcnt.1 milheiros no me­
nos, de niodo qUC! IJUCI • •m caçar e malar com as
lanças o que se cncontrnsse d ntro das red s. Ore
nl e ncontraram o ancllio com os dois dlsclpwos.
Vendo-o com a sua cabclelru e . cu aspecto mde, fo.
rum lomndos de espanto e perguntaram-lhe: «Dize.me
·• �s homem ou e,,-p'.rito>. RA·�pondcu: •Sou homem
p<>eador; sal para c horar meus i'}ecados, e adoro Jc.
sus Cristo, o Filho de Dc-us Vll'O>. AQUclês repl!CO•
ram: «Não hti outro Deus scnào o Sol, o rogo e 11
ãi.uu• lelem1!11los que des cultuavam) «Vem, pois,
e sacrifica a estes,. O 11nclúo respondeu: c�ns col­
!IUS mio cr iaturas; vós 1'rr is. Rogo-vos qu� vos
eonvertals e re,_,onhN;als o J)(,u verdadl'iro, o Cria­
dor de todo esses elementos,. Perguntaram eles:
•Aquel, que foi condenodo crucificado, dizes ser
o Deus V!'rdadclro?, O ancião r,,trucou: •Aquele
11uc Cl'U if icou o pecado e mntou a morte, ta) dlgo
�l!I' o Deu.� verdadeiro•. Eles então s puseram a
maltratú-lo com os irmãos, querendo obrigá-los a
IIQcrlíic r Depois de impor muitos tormentos oo�
lrm os, decaplto"3m-nos; no ancião, porém, ainda
torturaram durnnte mu.itos dias: por úlllmo, apJI.
cando a sua arte de caçAdores, coloc(lrnm-no no meio
deles e, allravnm-lhe flrc:has, um pela frente, o ou­
b-o POl' trãs. O ancllio, <'ntrctnnto, disse: «Pois que
de comum acordo derramai• o sangue inocente, els
QUe num momento ama1l'hii a ,'Sta hora, VOIIS8 má1!
20.,
!IC'râ privada de vós, •us nthos; rrú d titulda do
amor que lhe tcndc.s, vós den mot,:ls o sangue
um do outro t'Om vos;;o J)róprlo dnrdos•. EI \, po.
rém. dl!Sp=nram II pnJn,rn do anci 10, e, no din
seguinte, sn1rarn de novo pura <,-açru-. rn, pn. u
por eles um vrado; monto.rum n\ o no� 'US cu n­
los, e (orun1-lhe ao ('f1c·tdço par11 o t marém; todo­
!n, qu.'l!1do lhe nlh-a\·um ílecha., acont=u que
va,;ornm o �orncilo um do oull'O, confonn paJn.
vrn ()U<' o , o Ih s tinha dito no [)rofrr,r-Jhcs a
mnldh'io. Assim morreram.

00 ABADE ro 10

1 m Irmão p<'rguntou ao AbadP Mõclo: Se u


partir para morar cm !;UJll lu , como que­
""" que ai ,·l\-a'• R pnd u o anel o: Bm qual­
quer lugJ.I' qu� habil< , não qu••lras grun)l'ar famu
por all!Wn moU�o. dizendo, por l'X\!mplo: 'Não lrel
à orncGo comum'. ou: 'Nilo comerei da rt'Mci\.o frn­
h•m(I'. T�J-, atitud criam rama ,,azia e l pertu1•,
barlam lnu•rlormmt , J;i qu os hom •ns acorrem ll
cela de qu m n lm fnlo•. O lrmlio perguntou, por­
tanto, •Qur h�l d,• rn,er entiio?, RP'IJ)"ncl�u o nn­
clúo: Ond,• quer que habites, seg,JP do m mo modo
a norma �'Omum, E, s ,•ires os pledoi;os de cujo
vinudc esteja., seguro, razcr olgumu co!Sn, CaV'-n.
Assim lelÍIJ tra,1qUUidade. m efeito, o (, que (•
humlldade: viver da mesma mnnelra que os outros.
0$ homens, ao verem que nlio sais do ritmo <'Dmum,
lc l:l'rão na mesma conta d lodos, nlnuu m te
será molesto•.
2. A r peito do Abade Mócio contou n lli&<'ipulo
do m smo, o Ab;ido rsaquc (nmbos forum bis·
pos): •P.rlmeinm nlc o nncliio :onslrulu um mos-
204
reiro em Heraclo.z. Quando se retirou dai, rol para
outro lugar, onde também construiu. Mns, por Jn!!tt­
gaçi o do demônio, sw-glu um irmão que o hoslW­
zavn e atribula"ª· Então o ancião Jcvanlou-se e foi
pa111 a sua aldcla, t>nde fc--.t uma cela monástica para
si, nn 11uoJ se cmcrum,-urou. Depois de certo tempo,
os nnciiios do lugar donde saít'a, levando consigo ()
irmão com o qual ole se abOrrocera, forrun pro­
eur.l.-10 e tentar i·cconduzl-lo pr,ra o seu mo$telro
an�rior. Pàssando eles por perto da cela do .l).badc
$ol'l'!I, dcL<sram os seus mantos Junto a esta, assim
como o Irmão quo causara tristeza ao Abádé Mócio.
Quando baterum à poria do Abade l\fóclo, este fe'l
dc.sccr uma pequena c�cada, incJJnou-se pa1,a olhar,
e, tendo-os, reconhecido, pergunlllu: «Onde esUio ós
vossos manUlS?. Responderam, «Lá estão, com tal
irmão>. Ao ouvir o nome do Irmão que o cnt.rlst.o­
c:era, o ancião, cheio de nlegrla, tomou um ma­
chado, destruiu a porta, c sniu correndo para onde
estava o irmão. Ch�ào a esll!, inclinou-se pri­
melrO, abral:!)u-o, e levou-o para a su:i ceio. A se­
guir, durante três dlos rego7Jjou os lrmãoS, e ele
mesmo se �-d:Jou com eles - coisa que niio cos­
tumava fa2e1-. Po_r fün, levantou-se e partia com
eles. Depois disso. foi feito bispo. Com efo.lto. ol'a
taumaturgo•. Também o discipulp dele, P Abade
lsaque, rol feito bispo pelo l,,em-avcnturado Cirilo.

DO ABADE l\lEGl!l'l'IO

l. A propósito do Abade Megétio con1avam gue,


quando sllla da cela e lhú vlnha o pellllamento
de al>andon(lr tal lugor (1), não \'Oitava para a çela.
Corri eteilo, nadá possula dcst� mundo a não ser
uma pontu de melai com a quàl cortava as pe]mall.
Fazia por ala três cestinhos, preço do seu alimento.
(1) lato t, o lu_pr da ••111 doncif �•rtlm.
205
2. Contavam do Abade Megé:tlo, o segundo, que
era prõfundamente humilde, tentlo sido cnsJ­
nado l)C]os EJ:ilp.cJos e Lendo !reqilentado multo$ 111!­
c'.ilíos, entre os quals o Abade Siso6 ' o Abade Pol­
mém. Morou junto ao rio no Sinnl. Ora aconteceu,
como cl mesmo contou, que um dos nncffi(ios o foi
procurar Ule pel'gllJltoU: <Como ,,íves, irmiio, nest(!
deserto1• Hc�110nd�ut «Como de dois cm dois dill ,
e some!JLe urn páo•. O oulro ncreséentou: •Se mo
queres ouvir, l,Offi(! dlarlamenl.é a metade do pfi.o>.
Ele fez 6SSim e encontrou so�-
3. Alguns elos Padres perewilllrnm oo Abade �lc,
gétlo: ,Quando sobra minJU!u para o dl11 s ,.
guinte, queres gue os Irmãos o comam nesse outro
dla h O ancliio respon�u. •Se estiver deteriorado,
não CQ1wlim que os Irmãos sejam obrigados a
comê-lo, pois odooCIClinrn; antes seja jogMo !om.
Se, po1'ém t>sfü·er bom � o jogal'em fora pôr luxo,
fnzendo outro mingau, cometerão um mal>.
4. DJssc tombém: •Outror:a, quando nos reunlnmos
e falávamos d!.' assunto de edlflcaçáo, esl.imu­
lando-nos uns aos outros. tormávarnQs coros e subia­
mos pru-a os ceus. Agora, porém, quando no� reu­
nhnos, um é! Invado com o outro à dei.ratão, e des­
cemos ao inferno>.

DO ABADE )II().

l. Disse o Abade Mlõs de Bele1,1: •A obooicot!la


1'.c1u cm câmbio n obediéricln. Se alguém obe­
dece o Deus, Deus a ele obeaece•.
2, O mesmo contou., e re�p<;!lto de certo ancião o
seguinte: <Habita\'!) na Cétla; antes tom :is..
206
cravo: !oi dotado de gmntle discernimento de espi­
rlto. ra todos Oi! ano.s a AJexan<;Jrla, s fim de levar
Q seu salário aos seus senliot'Cll. Estes lhe Iam ao
encontro e o saudavam. O ancllio, então, lanç_ava
água numa bacia e a levava para lavar os �s de
séus senhores, Estes, por�m, diziam: 'Não, Pài, n'ão
nos seja$ pe�do'. E ele replicava: 'Confesso que
sou vosso se1-vO; e, embora agrod� por me terdes
deixa.do livre pl!l'll servir u Deus, n!i<> obstan\,l eu
v<>!I lavo os pés: i-ecebel este meu sruârio'. Havia,
o,nt.Jio, 11J11a cóntcndll, f)ol!I os senhores não queriam
oecitar. O ancião Insistia: ·Se não quiserdes- QCel­
tar, fica.rei aqui a VO$ servl.r'. l'or Om, cheios de
t.emor para CQm ele, deixavam-no Jazer o que que­
ria, e dcspecllam-no carregado de objelos de utlll­
dade, Q com muita honro, para que desse esmolas
por eles. Por causa disto, tornou• famoso na a,.
tia e benqulsoo,.
3 Om soldado �•ou ao Abade :Miós se Deus
aceita ponltêncla. O anc,ião, depois de o Jns.
truu- p1-ofusamente, aeresill!lll.OU! •D.ize-mc, meu
cn.ro: se se rasgasse o teu manto precioso, atirá•
-lo-ias fora?> Respondeu: •Não; m� haveria de o
remendar e ainda o usaria•. Concluiu, pois, o ll.n­
cllio: <Se, portanto, tu póupas n tua veste, ,Deus
nfto poµpru:á a sun (!l"!;ttura?,

DO AllAIJFJ �lAROOS, O EGIPCIO

l. Do Abade Marcos, o Eg!pclo, contavam que


passou trinta anos sem sair da sua cela. O pre$­
bítero costumava visita-lo e consai;;rar para ele a
l!llnta oblação. Ora o demónío, tendo observado a
Pl!Clflneia egrégi:) deSSC' ho.m<>m, maquinou mallcio-
1\nmentc tchl:A-lo a condenar o próximo. Induziu,
207
pois, um homem possesso do esplrlto mau n quo fosse
visitar o ancl!lo sob prctc,clo d rezarem. O possesso,
antes do mais, nsslm interpelou o ancião: •Teu pres­
bltero tem odor de pecado; não permitns mllis que
te wnha ver•. O homem. inspirado por Deus, dlssc­
.Jhc: cl•1lho, Lodos lançam fora ln11,uNW.; lu, po­
rém, a traz,'S a mim. E.�th escrito: ', 'ito Julgueis,
para não �rrd,:,s julgados· {1). MC!Smo que seja pe­
cador, o Senhor o salvara; pois cstn escrito: 'Orul
um, pel outro para que �Jals sall-oR' (21. DepolR
d tns palavras, o Abade fez orai;ão e a!ur.,cntou o
dcn:õnlo do hom m, d<lSped1:ido-o são. Quando, pois,
o prcsblte.ro ,·oltou como de costume, o 1mclão TL-'Ce·
beu-o com alegria. Ora o Bom Deus, v ndo a ino­
céncln do ancião, quis mostrar a este um sinal, que
o Abade referiu nestes termos: Quando o presbl­
tero estava para se colocar diante da mesa �ada,
vi um �njo do Sc>nhor qu� ,k...�·w do d>u c pós a
mão sobn: a cnbr<,-n do dr1rigo, tornando a este
como uma coluna dc Co o. Eu admirava e ta visão,
quando uma vo� me dlsse 'ô homem, por que te
admiras com Isso? PoiS, � um rei da terra não
tolera que seus magnatas coml)llr!!cam sujos cm sua
prescn , mas os quer ornados de multa glória,
quanto mttls o poder divino rui.o purl!Icarâ o� mlnls­
tros elos sagt"ddos mistério., o,; quais comparewm
diante da glóna ccl=?• Assim Mnrcos, o Egipcio,
gc-neroso nUcta de Cristo, tcndo-ae tornado grande,
foi dotndo desta gr çn, por niio tr•r contlt'nndo o
c:Jéri1,,o.

(1) 1\1< 1,1.


(2) Tg 5,16.
208
00 ABADE lACJ\1UO, DA CIDADE

1 Em dada oc:nsüio, o Abade Macãrio, o da cWnd�,


foi cortor palmns com os Irmãos. No primeiro
dlíl, estes disseram-lhe· V m, come conos�-o. ó Pai•.
Foi, I! m u. E de OIJVO no d4I seguinte convida­
ram-nu puro comer. El , porém, não aceitou e dJs.
· •-lh ·: Vós pr lsais de coml'r, lrm5os, [)Ois nlndo.
· Is camé, Eu, por m, agora nno quí!ro comer•

2 O had,, MaC"J rio foi ter com o Abade Pacõ.


mlo, o u11erlor d · Tubencslotas, o qual lhe
Jlllfro]nlou: Qurmdo o� Irmãos não observam n dJs.
cipllna, será bom rulmocstá-los? Re$J>Ondeu o Abade
Mac{irio: •Adm e julga com jUSliQl os tCU:!
sudltos: fora destes, pot-ém, não julgucs II nJn m.
Pois está escrito; 'Não ê aos que estão denlro que
vós iull!illS? Os Qtw estão fora, Deus os J1.lini'• (1).

3. Em dnda ocasii,o o Abade Macário passou qua­


tro m ses visllando dia1·iM1cn1e um irmão, e
ncnhum:1 vez o cncontr0u que nuo estives,,, =:i.ndo,
Admirado, ntáo, disse: 1E1s um anjo sobre a terra•.

(1) lCor G, 12.


LETRA NU

N
º
00 ABAD E NILO

1 Disse o Abc1dc, Nilo: •O que que.r que faças -para


te vingares do Irmão q_ue te injuriou, Isso tudo
voltará ao teu CQl�O no tempo da ru·ação.
2 Dlss,, tambt'm: . oração ,, g<>nnen d� mon�i­
dão e de carência de lrn•.
� Dls�e inn:I!t: ,A oração e defe.'!ll contra tr'lstez�
e desânimo•.
4 DL·e nlnda: «Vai, vende o que 1c>ns, e dâ-o aos
PObrcs. A seguir, roma a tua cruz e renuncia a
U m1�0. pors que pQSSaS ornr som dislração>.
5 Dls.-;e mais: cTudo QU!! suportlltl!s sabiamente,
rQcolh<!rás dlS!!O Q fruto no tempo de or��•·
6. Disse tam.bt'm: •Se querés rezar c:omo devé!I,
não deJxes que a tristeza se apodero de tua·
alrnn; se deixas, é em vão que corrceJ.
211
'I. Disse de novo: .-.N'ão quci("lls qua us luas coi-
sas corl"!lm como to pare<:e bem, mas como
ngrada a Deus. Assim SC'rás lswito do pertw·bação
� ugmdã vel em Lua ora�!io>.
8. D! e ainda: ,Fcllz � o monge oue se julgn 1J
rell1,1bitlho de todos,.
9. Disse mo.is: • monge que amo o r(,"Ur,;,. fica
ileso d0$ dardos do inlmlgo. Aqucl , porl-m,
que se junta às mui tidões, recelx' golpes contfnuos•.
10, Dlsse de novo: •O servo que ncgl1gcncla n�
obras do seu senhor, prepare-se para os nu.
gelos•.

DO AB/\Dl:1 .NlSTEMO

L O Abade ;,i1s1illr6o, o Gr:mde, andava pelo de-


serto com um lrmix>. \'irnrn, p0rcro, um dtn•
8'1.o, o: [ugll"!Lm. Então I)eil,'llntou o irmll.o: •Tem·
bém tv tens medo. ó l>w!• O ancfão respondeu:
«Não tenho medo, filho; mas � liom que cu Lenho
rugido. pois não terirt esce)lado ao t'Spirlto de vnit•
glória>.
2. Um irmão perguntou a um nnclli0; •Que õbJ'!I
é bon, de m«lo que eu n foçn o viva nela?• O
1\Jlcllio respondO\l: •Deus sabe o que é bom. Toda•
vla ouvt (llzer que urn dos Padl;'('S l)el'gumou 110
Abade Nislerõo, o Grnnd,•, o amigo do Abud� An·
lil.o: •Q11e obra é boa, de sl)rte qu� eu a rn,:i.1!• Eli•
respondeu: •Acaso serão todas as obras iguols? (1)
A "E)!\cdtura diz que �ni� era hosplf,n)clro e qu,·
Deus CS1(1VU com e!Q; C:111,!S omavo o rctlro, e Deus
(l) Isto 6; P<>d'et-=4 rocom•ndar uma obra �ndrã,; l>ll"•
t,,do,?
212
es1nva com ele; Davi em humilde, e Deus estava
com cln, .Portanto, aq_ullo J?8.l'R que vii-.!$ a tua alma
�ropender conf'o1'11!e Oew., i»ze.o, e guarda teu
coraÇ/lo».
3, O Abade José pergunlou ao Abade Nlstcrõo:
cQuc f411,el à rnlrlha lfngua, já que não a posso
dominru·?> RespondeQ o naclúo: •Se falas, encon­
trns sos.�ego?, Aquele disse: cNão,. O Abade Ni:.­
trrõo l!oncluiu: •Se nllo encontras sossego, �rqua
fala.!!?> Anl(.-s, cala-te. E, quando houver wua con­
versa, ouve multo mais do que fala�.
'1. Um lrmúo viu o Abade Nisterõo attrega:ndo
duns túnicas, e perguntou-Ih.e: •Se viesse um
pobre e te pedisse uma veste, qual Ih<> darias?• j>.es­
pondeu: •A melhor>, O irmllo continuo;• �E, se
outro te solicitasse, que lho dtirias?> ftesponde1,1 o
anoiilo: •A metade da outra>. O innão insistiu: d;:,
se mais outro te rogasse, que lhe dadas?• Falou o
Abade: •Cortaria o resto, dar-llle-ia a metfldc e com
a outra parte eu me çJni:lrln>. O Irmão Interrogou
de novo: •E, se, 1ambbn essa metade, alguém a
poài,,"SC, que IarlàS?• Respondlc'u o ancião: ,Dar,
-lh<!-Jo esse resto, e iria sent:or-me cm dado lugar
uté que Deus cnvio..,,:sc algo e me recobl'iSSl!, pois
n{lo peçq a nenhum outro�.
5. O Abn(IC' Nls1erõo disse: •O mol'lge deve, de
tarde e de marthii, Jazer a seguinte considera­
c;õo; Dó.s çolSllS Q\le Deus quer, qunl� são as que
flzentos? E das que ;não qu r, quais as quo Jlzemos?
Assim deve o monge examinar toda a sua vJda.
Desst, modo vivcL1 o Al111dc A;·sênk>. Esfort;a-t;; to­
dos os dias por te ap]"l)sentar a Deus sem l>!!Cado.
Orn n Deus como a quem cstâ pmente; pois, d!!
fato, c.stn p,rcserrçe. Não queiras ser teu próprio
legi$tador: a ningu�m julgues. São colsas albcl118 ao
monge jurnr, perjurar, menl:lr, àrnáldiçoar, injuriar,
rir-se. Aquele que ó mnJs honrado '<' exaltado do
Que o merece. sofre grande dctr1J11ento,.
213
DO ABADE ?<i'l&'TEROO, O CENOBTT

l A respeito do Abade Ntstcr6o, d · • o bad


Po!mém que Ir era como o scrpenlc bronze
que .MOI. s rez p S11J1ar povo: era dotndo
toda a virtude, e em sll nclo nnvn a todos.

2 O Abade Polm •m perguntou ao Abade l. tcroo


como adqulnr o ,1rtud<' de não Cnlnr nem
lntroml!ter quando houv nl&Um:i rtw•barao no
cenóblo. Ele respondeu: Perdo -m�, Ab;td : qwmclo
outrora vim para o nóbio. dls.se no m u pensa­
mento. Tu e o asno :;ol um: só coisa. Assim omo
o asno é espancado sem qvc.> füle, injurlnclo sem que
responda, também tu o d 'l!S ser, conrormc diz o
Salmo: 'Tornei-me como um jumento diante do tJ,
mas l'SlOU •mpl'I! �=Ui:o'• (1).

DO ADADE NICO

t;m Irmão perguntou a um dos Padrt!!!· Como


é quc, o demõnlo 'USclla u 1.1:'ntaç& os san­
tos!•
O anctfw respoml 'U; cUnv!a um d,, Pudn-,;,
uhamndo Nlooo, que morava no mont Sinal. ra
o ntl'(!('IJ que nl m, t ndo Ido à Ltnd11 d,. c,•rto
Fnrnnlta, ncontrou n filha d••. te a . , l'tlu <:m
pecado com ela ; depois do que. lhe recomendou :
<Dirá o anacoreta, o Abade lcon, mi' tratou
d"SW !ormn•. Quando, pol , rh ou tl 11al tia iovem
�1u a notícia, tomou n c:••ipada fol pl'O('Urar o
(1) SI 72.!2_
214
anciã.o. Bateu porta deste, que lhe salu ao encon­
tro. O visitante, enUio, desembainhou a spada pare
o molar, mas Is que se lhe secou II mão. O Fara­
nila assim retirou-se p ro a igreja, e contou o caso
aos presbitcros; estes mandnrdffi buscar o anciõo, o
quo.l �-omparcccu: Impuseram-lhe muitos golpes e,
por fim, queriam xpulsn-lo. Ele mi.ão rogou: •Oci•
xal-rnc aqui por amor de Deus. para que Caça peni­
tência•. Excomungaram-no, pois, por três anos, e
mnnd mm que ningu m o fosse visitar. Asslm ele
passou tr-. anos Indo igreja nos domingos e fn.
1.cndo pcnltl!ncla; a todos pedln: <Rogai por mim,.
?or fim, o homem qu comel.erll o pecado e ocasio­
nam a tcnlaçlio ao anacoreLa, ílcou posse!jSO do
demónio e Cànfessou na lgrcj11: cFul eu gue cometi
o pecado mandei caluniar o servo de O�US>. Todo
o povo, então, foi ter com o ancião. prostrou-se
diante dele e disse: «Perdoa-nos. Abade�. Respon­
deu cst ; cQuanto 11 perdoar, estais perdoados;
quanto 11 ficar, porém, não pcrmonceercl mais aqui
convosco, pol� não se l!l!COntrou um só de v6 qim
tivesse discen1imcnl.() pnrn compadecer-se de mim•.
Assim partiu de lá.
A seguir, o ancllio acrescentou: cVês como o
demônio susciln as tenta� aos santos,.

00 ABADE NErRAZ

A propóSlto do Abade Netraz, dlsclpulo do


Abnde Sllvano, contaram que, quando n!Sldía em
sua c,•la no monto Sinal, ele se dirigia modernda­
rnenw, cóníorme as necessidades do corpo; quando,
POrêm, foi feito bl$JX> de Fará, l'l!Stringlu-se a um
reg).me mais austero. Dlsse-lhl!, então, o ,;eu dlsci­
PUlo: «Abade, quando es!Avamos no desertO, não te
<norllfkavns dessa rorma,. O ancião respondeu:
215
•Ló hav:la solidão, tranqüilidade, 1>0brcza; pro urnva,
porlnlllO, governar o corpo de tnl modo que cu nlio
tlca.s.�o doente e não Co - obrli:ndo n procurar coi­
sas qu cu nlio t.lnbn. A�or , porem, hõ o mundo
e hâ �si- ; por consc!!IJlnu,, !ie cu fJc r clocntv
aqui, hav�râ quem cuide de mim, pn n, que 1•u núo
perca o propósito do monjlC•.

O Abade Nlcetas contava u propó$1to de dols


trmã0:,, que Jt-s se p rrnrn de acordo P,)TII
hllblturem juntos. Oizla um deles do si mesmo:
•Tudo IIQUIIO que meu lrmt.o QUlsOr, cu o fo.rcl•. Du
m�sinu wrma J)l!nsava o outro. •A vonludc de meu
i1mão, u a farei . Assim ,1vernm cm grand� cari­
dade duranlc muitos nnos. O trunugo, port:m, vendo
kto1 pós-lO n ammho mtc:ncJonondo div1dl-lo um
do outro. Colocou-se, pois, dlnntc do port da ceio,
e 01�•= a um como uma pomba, o outro como
uma gralho. O prlm�iro ent,io d : •Viis (!!;: a pom,
binha? outro rcpJJcou: •É uma gru.llla,. E comc­
eoram n disptlt r entre si, lcvuntarnm-a� e, pnra
pleno alcgrlo. do lnlml"O, tro,·aram luto nt� o .an­
guc, cht-jllndo, por fim, 11 ll(!porar-&e. Trc� dias de­
pois, por6m, cairam 1•m si, cono,beram novos s •n•
t1mentos; um pcçllu pcroiio ao outro, r· d (IUIII
expô!! o qu ele julgava f�<' n àvc que <1por,,erra.
Ri nhC<'cram, cntúo, 11 llnrla do lnlml;o, " pcrm •
nf'Ctr�m Juntos até o fim, m mnls se c9I13nc r
LETRA CSl

X
DO AnAllE X:010

Um irmâo P"ll."'1,mtou ao t\lmclc Xoiv: •Si- e.u


me cnconLrnr em u.lgum lugar e C'Omer trl!s
pães, se- muito?• O ancião re,;pond u: Vieste il
elt1a.w irmão?• Es'tP infertoROU de. novo:- •Se cu bc·
u.:1· Lt·;}s i;:mc s de vlnho, si,rá ma!tur, Rt'!llPondcu
1uracle: •� Qifo ci.:U,U!,S<.' o demônio nuo scriH ,r1ulto;
mns jll t)Ue existe o d�mônlo é multo. Com efeito, o
vinllo � nlh!!iO aó. monges que vivem conforme
O�\IR•.
2. A respeito do Ab<1dc Xoro 1'ebuno, w11 do� -Pa-
dre,, cunt11v1t gu�. CCJ"ll• ye� �" rdiJ"üu pura o
01011\c Sinai: no sai!- clt'St�, rol-lhe no cnronlro uni
lm,·t> 1ue geniia, dl:wnclo: •Estamos al'lltos, Abade.
Mia tnlt 1lc chu,· •· Rcspcmd�u o ruiciJo: •E por
c1u� liüo omls pcdfs n Dett'>? O ioniio retrucou:
•Oramos. e �uplloamt1s, h111s nii,;, chO.VQ>. Falou o
ancião: «Com cerwza 11ilo rezais fnten,;umunle. Que­
•·•s rreonheccr que a'!.1m ó?• Estende\! ns mãos
P:U'O o cé em ornci,o, � clioveu lmedlt1t11mente.
217
vendo Isto o lm1ão foi tomado d mrdo, caiu brc
0 rosto o 'Ih� �xprimiu sua v ncmçúo. O nn lf10,
por m, fultlu, nqunnlo o lrmúo fOl llt'IUl'ICtnr n to­
dos o que ncou1ccera. E os que o ouviram d�rom
glória a Deus.

DOABADE �

1 Disse o bocre Xánlins, O Iadr o pendia na


cruz e por umu palavra foi justificado, enquanto
Judas ero conIBdo entre os Apóstolos e num o noite
perdeu LOdo o ml•rlto d.i ua labu1a, d ndo dos
céus par.i o inf mo. Por Isto, nin ,:m glorie de
agir b�m, p0· toei os quo ronfiaram em si ml'!I•
mos, calrllln

2. Em dnd:i ocaslâo, o Ablldc Xântlas tol da C •


lln para T 1-rnuntlm. O , no lu1;a r cm que se
hospedou, ofcrrecrnm-lh um pouco de \'lnho por

Então o d mõnio
·"°
causa da fndi1:1t d,! rnnl'\'ha. AI s, oo sober da
su eh 11ada, levontm-llw um do demônio.
.se n insultar o ancião, diz ndo·
cV me 1roux para . t.e bf'broor tlr vinho!,
O anciM 11 o o queria 1:.�pulser, llUIS, tm -vl,rtn das
lnjúi-ins, 1.füse: Confio m Cri$1.o qu mo tcn11it10•
rei e<ile cállce nnt que ,;aias,. A scgulr, 11uando o
ancião com ·ou a beber, o dcmõnlo clamou: cTu
me queimas, tu me queimas,. E, anl<."' qu• tcrrni­
nllllsc, snlu pela graça de Cri ·to.

3. O m('!,,rio lllAA<-: ·O cflO 6 melhor do que t'U,


pon1uc tem amor e não c:omparcccrâ dl1111tc do
Ju!zo,.

218
LETRA OMICRON

o
DO ABADE OLIMPlO

l. O Abade Ollmpio c:ontou o seguinte: ,Certa vez


um sêlcerdo!c pagão veio à Célia, entrou em
minha ceia, onde p;issou " nQJte. Ora, tendo obser­
vad� a vldll do. monges, l)f.'l'gUrJltnJ-m�: 'Vivendo
assim, não recebeis nenhuma vl,;lio (la pffrl"e do
vosso O,,u. ?' ResJJQndl-lhe: • enhuma'. O sacer­
dote continuou: 'Em verdade, n nê$ que servimos o
nosso De1,1s, ei;le nacfo nos oculta, mas rovela-oos os
;;eus mlst�l.:\o . e vós, que ,>QS ent.regals a obras tão
pen ·n$, vtgília., retiro, asroso, dlz�is. •Noo temos
vi (io 11rní1uma ?' Sem -0úvlda, pois, $1: não tendes
><is4o, ê q_u" nu1ri$ em vossos co11,ções maus pcnsa­
mc•ntos que vos a!astnm de ,•osso Deus, e, por isto,
elo: nr,o vos revela os seus mlstêrios'. Fui, então,
rerorir nos anciãos llS palavras do sacerdote. Estes
admiraram-se e resl_)OndN'tlm que, de tato. é assim.
Os pcnsnmentos impuros sepnrnm Deus do homem.

2. O Abatlf.' Oiimpio, das CéUns, rol tentado à for.


nicaçlio. Dlzlll-lhe o seu pensamento: «Vai,
219
toma uma mulher•, Enlão, lcvnittou-se, fe-L um
pouco d, lor)o, com o quál plasmou uma mulheF, 11
dl,;..se con·lgo mesmo: c:Efs 11 tua esposa; portanto,
é preeko que trabalhes mul\o parn qu a suatent
E pôs-se a trabalhar mutto com gronde r digo. l?as­
ssdo certo tempo, d novo tez 1 .o, 1 lasmou para
si uma filha " disse ao seu pensamento; •Tna mu­
lher deu i\ luz; precisas de trnhalhar mais, para que
possas su!<t�ntar tua 61ha e prot(ll!ê-la,. m, lraba­
lhando assim. consumia-se; oor [ím, disse ao $PU
pensamcuto: , ão tanho mais rorços pnl'8 suporlor
a l:iblltu. E acn!Sé>entou, «Se mio tens forças Pll•·a
sup0rtar a lob11tn. também não procur mulher..
Assim, U!ndo Deus visto o eu tlS!orta. 1 tirou-lhe. a
t,cnta�ií.o e ele encontrou sossego.

00 ABADJ� ô.RSf 10

Dí.<isc o Aba.de Orsísio: Um tlJolo ér\J, cólo­


cado no fWldamQ.nto de uma casa perto de um
rio, niio re·ls,te um só dia; cor.Ido, poróm, permanece
ílhn� como umn pedi-a. A!;Slm o homom que tem
sentlmimt.os cai·nal� r- não foi lnfl.'.im,ulo, cotno José,
pelo lnmor d� Deus, dissolve-se qunndo � l�VÁlCID no
poder. Pois mull,.,� são as i.em:e.çoos dos qu coman•
dal)l e vív!ITTI antw os hom ns. É coiso boa q1,1� o
homem, conhooendo u i;ua prõprlà m�dWn, ruJn o
peso do comando. Aguei f'!Ul.' llfio íirmcs 1111 cr,,
não se dcl><am movtr. A r�r.ito do onllliSimo JoS(',
se altlllém ()uise1· falar, clirã que náo era d«sta u,rra.
Qu;1.nto ro, t0nludo e em que paiR, o_pdu nftQ havla
wsrigio de (liedade pura com Deus?! O Deus dos
$l?1Js Pai� po,·ém, estava com ele e salvou-o ele t.odns
as tributa•,-õcs: 11t1om acha-:ie com os Pni� no reino
dos t'éus. Por conseguinlr., tamMm n6!;, conscientes
220
da no própria medlda, lutemos. Mesmo nssim
mal pm1ercmos evitar o Julzo de Deus>.

2 isse t.runbém: ,Julgo que, se o homem não


guarda bem o seu corn�ão, ele se e5quece e de�.
cuida de tudo que ouviu; e ass m o Inimigo, nele
encontrando lugar, o derruba. Uma lanterna, pre.
parada e reluzente, por des�-uldo não é revlgo.
rnda de óleo, aos poucos se exUlljlUe, e as trevas
prevalecem contra elo. E não somente Isto; também
aconwce que um ratinho que chegue lanterna
o llm dt> roer o pavio, não o pode antes que so
acabe o óleo; se, por m, vG que não somente ela
n o tem luz, mas nem calor de rogo, então, pro..
curando puxar o pavio. derruba a próprio lante.ma;
em conscqüêncin, esta é de argilll, despedaça-se:
(! de bronze, porem, o senhor da casa a levanta
e prepara de novo. Assim também, quando a alma
· negligente, o Esplrlto Santo aos poucos se retral
dda a que perca por completo o seu calor: então
o inimigo devora o vigor da alma e d lrói o pró­
prio co11>0 pela perversão. Se, porém, tal homem
tem bOas disposições para com Deus e foi simples•
mente surpreendido por um descuido, Deu , que é
m1sci-icordioso, suscita nele o temor de Deus e a
recordação dos penas, ruzcnclo assim que s Ja vil{!•
lan�c e qu se :1rde paro o futuro com multa flr­
me2n, tê o dia em que será visitado,.

221
LETRA PI

p
DO ABADE POII\W(

O Abade Poimém, quando era jovem, foi certa


vez visitar um ancião a 0m de o consultar a
respeito de !rés pensamentos. Quando. porém, che-
1:'0va à morada do nnclâo, esqueceu um dos três pru,.
sarnentos. Vollou, então, para a sua cela, e, quando
colocou a mão sobre a chave plll'D nbrl-ln, recor­
dou-se do (llle esqu ra. Deixou, pois n chave e !oi
ter de novo com o ancião. Este disse-lhe: • Vieste
depc s.,, lrmúo•. Polmém explicou-lhe: «Quando
coloquei a mi,o sobre a chave para tomá,Ja, recor­
dei-me da ldéla que procurava, e não abri: por isto,
voltcl. Ora a extensão da estrada cm multo grande•,
O ancião respondeu: cPolmêm (Panor) de anjos(]),
1 u nonie scrà proclamado d� boca em boca por toda
a h'rrn do Egito•.
2 Em certa ocasião Pat'slo, o Irmão do Abade
Polmém. tinha colóquios com alguém fora da
U) Se cm g-re,ro R pNl'f�re a fon:na variante "•loon" c.111
v•a d• •ai:g,loon•, d•vi--<I!' tradulir: Putor de nbe,­
nhoe, eondo o nome Pnlffllffl equl-i. a Pulo,,
223
celn. Ora o Abade Polmêm não que,·la l lo; levan­
tou-se, pois, e fugiu para Junto do Abade Amonas,
dl:a!odo a este� •Pa lo, meu Irmão, lcm colOQulos
oom aJgu m, e, m conseqü nela, cu n o sossego,.
l-' rgunrou-lhc o Abade Amonas: •Polm m, 1Unda
vives? uJ, senta-te em lua cela e t'Oloca em teu
corJ ão a l 1a de qu já h um nno qu jazes no
sepulcro>.
3. Em dada ocasião, prcslJ tcros da n.,gl o foram
nos mosteiros ro que tavu o Abade Poim •m.
O Abade Anubc chegou-se então u clc e disse-Ih
• onvldemos os PNSb wros a vir câ hoJI!•. E espo­
rou om pé multo tempo, sem que Polmém lhe d ssc
respo,;ta, pós o que, Anub<, se rcUrou lrístc. Enliio
os ,1uc cst.avrun sentados Juntos Q Polmém, flCt'gt.ln•
t.arwn-Jhc: e Abade, porque não lhe deste respostu ?•
O Abade Polmêm cxpll<.-ou.Jh ·: «Nado lenho que
ver, pois morri. Ora o mono não Cala,.
4. Havln no Egito, nntes que lâ chegas= o Abade
Polmém e os :,eus companheiros, um ancião
qu� goz:iva de gr.inde rama e grande estima. rn,
quando eh garam d Cédn o Abad Polmém os
sl'IJS, os homen.� delxnrnm o nnóão e Iam procurar
a Polmém. Este afligi com o falo, e dlss a
seus irmúos: •Que hm•cmos d fazer a te gr.indC'
nncllio pois os homens nos su!!cltanun lí!llçáo, uban•
donondo o nclão e dirigindo- o n . qu nndll SO·
mos? Como poderemos a veis ao ancião?> A
scgujr, acrescentou: ,Preparai J')('(IU nns porções de
albncnro, tomni uma medida de vinho, e vamos t�r
com o nndilo; comeremos juntos; talvez s�lm lhe
possamos d!ll' agro.do•. Tomaram, po s, os llmt•ntos,
<' $Giram. Ora, qunndo batC'l'llm à porto. o dll !pulo
do ancião, qu� os rseut11ro, fl('rguntou· ,Qu,•m 110ls?•
Rcspond�.rnm : <Dlzc :io Abade qu� Polmém nqul
tli, qurrcndo s�r nbcnc:oado por cl�. dlsclpulo
referiu Isto e voltou com n r po to· • Vai-te, niio
tenho mpo,. Eles, porém, perman('Cerom no ralor
do sol, dl2endo: cNilo partiremos antes quo seJumos
224
Julgados dignos de ver o ancião,. Este, vendo a
humildade e a paciência deles, 1 oou compungido e
lhes abriu a porta. Entraram, ntão, e comeram
co,u ele; quando, pois, lavam a comer, disse o
an Ião: •J::m verdade, não somente o que ouvi diZcr
de vôs. I! !Jdedlgno, mos ainda vi o cêntuplo disso
'm vossa conduto•· E tornou.se amigo deles a par.
1lr daquele dia.
:; , Em certa época o Govcl'nudor da região quis
\•cr o Abade Polmém; o on<:iâo, porém, não o
dt-:;eJavo receber. Servindo-se t·ntüo d um prcte.xto,
mandCiU prender como ma!Mtor o sobrinho, o o pós
no cánier , dl1.endo: •Se o nncláo vier e intel"llCd<'r
por ele, u o soltarei•. Ora a Irmã d, Poimém !oi
lct l'Om o Abade, ílcando a chorar diante da porta:
1'510, por m, não lhe d u resposta. Em con5<'.!qüên­
cla. ela se pôs o lnsultú-lo, dizendo Tu que tens
<'nlranhas de bronze, compa e-te de mim, po s é
m<'u íllho untco,. O Abad mandou-lhe dizer: cPol­
,,.,,m nlio r,'t'.'roU fllhOS>. A ;sim . e retiro ela. Ao
wbcr disto, o Governador mnndou dizer: •Que o
Abade o ordlme ao menos com a palavra, e u sol-
1urei o menino• O ancião fez sab<?r cm re$POS1o:
tnvestlga conforme as leis, e, se 6 digno de morte,
morra: se não o é, fu2e como quls>N'S>.
6. Certa 02 um Irmão pecou num ccnóblo. Ora
havia naquel reglcieS um anncorel8, q11e, dMde
multo. nflo sala mais cm público. O Abad do ccm,­
blo lól trr com l'lc r contou-lhe o eoso do dclin­
q(wnt(• O tmncort'ln r!!�pondcu: •E'CJ)ulsai-o•. Saíndo
im do ccnóbio, o lrmão penetrou numa gruta,
ondl' se põs 11. chorai·. Aconteceu então que Irmãos,
num mom nto de lt12er, fomm vis:tar o Abade Pol­
mi' m, f/, a caminho, ou iram o irmiio que chorava;
mlt mm, ent:1o, na grutn e, encontrando-o, em
1mmdc nngú, tia, rxorlnrnm-no a Ir procurar Pol­
m m. Elt\ porém, mio quériB, àlzrndo: •Aqui mor­
""• ·lo. Os lnnflos então prossPgUiram 11tê a cela do
Abudc Polmóm e narrru'am-lhc o ocorrido. Este, em
225
resposta, lhes mandou V? liar, (llze_ndo: «Anu11clal ao
1rmi,o: oO Abadl.! Polmem te es.lá chamando». As·
sim se chego_u o Irmão. O ancião. vendo-o a!Jlto,
levantou-se, abro�u-o e, tratando-o cem 9001 hu­
mor, ronv,dou-o paro -comer. A seguir, o Abade Pot­
mw mandou um dos irmãos ter com o aJlacorcto,
para t.ransmitl.r o S%'1.lint.e: •Tendo ouvido contar
o que f:µes, hã muitos anos des;ojo ver-te, mas, por
timidez de runbos, aindll não nos encontramos.
Agor , porér!l, qµo se apresenta uma o<:a!l@.o, se é
vontade de Deus, dá-te a pena de vir até sQ)ll e ná,
nos veremos,. Ora o anacoreta nlío sala da cela;
ouvlr1ifo, porém, e tas palavras, disse conslso: •Se
Deus não o Uvessê inspirado ao ancilio, este não mo
teria mandado tal recado> . .E, levantando-se, foi ter
com Polmé:m. Os dois abraçar.un.se mutuamente
com alegria e sentaram-se juntos. Disse então o
Abactll Polmêm: <Havia em certo lug,ar doL� homens.
os quais tinham cada qual um morto em sua casa;
ora um deles deixou o seu morto para ir chorar o
do outro,., Ao ouv.íl' lslo. o ancião compungiu.se,
recoroando-se do que fizera, e disSe: «Polmêm, para
o alto, para o allo, penetrando no céu; eu, porêm,
para baixo, para baixo, penetrando na tcJ•r,1>.
7. Certa 'véz un1 grupo numrn-oso dA! anciãos tol
ler com o Abade Poímern. Ora um dos wren­
tes do Abade Pólmém Unha um mertlno cujn cabeça,
wr ação do demônio, estava virada para trã&. O pal
da c:i:-Jansa, vendo o grande número de Padres reu­
nidos, tômõu o menino e sentou-se fora do ml'>sl<'lro
a chorar. Aconteceu que um dos anciãos S11lu, e,
vendo-o, pei-guntou; cPoT'Que choms. hmnt!mh Este
respondqu: •Sou. parente d" Abade Polmóm; 1Js gur
sobre o menino recaiu tal maldade do dem6nlo:
clesejàTOS levá-lo ao anclão, mas tememos, pois
esw nao nos quer y,er. E, se agora souber 9ue estou
aqui, manclul'à expulsar-me. Eu, poRlm, observando
a voss;i ch<'g.id:i, ousei apl'l)x!mor.me. Pomaoto,
Abade, C0ll)padccc-tc de mlm, como bem qulseres:
leva meu filho para dentro, e orai vós por ele•.
226
O nnclli-o, levando o menino, enlrllu, pii:.-5(' u agir
,-om prudência; não o le�ou logo ao Abade Polrném
mas, comccando pelos Irmãos mais jovens, disse;
e razcl o sinal da cruz 80bre a criança.. Tendo con­
Sl'lttúdo que todos a pendgnasscm, por último levou-o
110 .Abade Poimt'm. Este n5o queria que o menino
se aproxima . Os ouU'Os, porém, o solicitavam,
dizendo: •Como todos, Coze tumbl!m tu, Pai>. Ele,
cntiio, gemendo, levantou-se e orou <ll2endo: •ô
D<.'US, cura a tua criatura, para que não seja domi­
nodn pelo Inimigo>. A :seguir, fez-lhe o sinal da
cruz, ficando logo cur do o m nino, que ele entre.
gou são ao seu pai.
!! Em dada ocaslil.o um irmão foi da região do
Abade l"Oimi,m parn terra estrangeira, onde
chegou à cela de certo ana orela, que, por ter grande
caridade, era procunido µor muitos. O 1nnúo !alou.
-lhe do Abade Polrnérn, de modo que, sabendo dus
virtude deste, o anacoreta desejou vê-lo. Ccno
tempo depois que o lrmúo 1>0ltara para o Egito, o
anacoreta J�vanLOU-se e foi dn tl'rra cstrungcira
para o Egito cm demando do innão que outror;1 o
visllorú, pois ste 1hr dlSS<'-ra onde morava. Vendo-o,
este se ttdmirou e nleg rou proíundamenle. Disse
�ntâó o anacoreta, cFa2" 11 roriclnde de me levar no
Abade Polmém•. O irmão cond\12.iu•o ao ancião, a
quem anunciou n estes termos as qu alidades do ,1si­
tant0. cÊ um gr11ndc homem, dotado de mulw carl­
dod<' e de muita cstlmn em sua terra. FaJeJ.Jhe de
ti, e ele vclo desejoso de te ver•. Po!m� recebeu-o
cnUlo com alegria, e, depois de se terem saudado,
scntarom-�e. O 1-strangeit'O come� a fnlor da Es­
crituru, de c'01sos espirituais e celestes; dianle disto,
o badc Poimém voltou o rosto e não deu resposla.
Aquele, vendo qu� Poim ·•m não lhe falava, ficou
trisl,:, e saiu, diz ndo ao inniio que o condwlra, «Em
vão fiz toda tlsln vla�m Com ,.frito, vim visitar o
llllclão, r eis que nem quer falar comigo•. O Irmão
entrou, pois, na cela do Abade Plllmém e disse-lhe:
•Abade, fol por causa de ti que este grande ))ornem
227
velo, cle que goza de l:llnln glória em sua terra; por
qué não �onvcrsa$te . com ale?, fl.('!;poncleu.Jhc o
ancliio: •Ele é do alto e falo do coisrui celestes, un.
quanto eu sou de baLxo e falo de �-oIsas knvsL1 ··.
Se me tivesse !'a.lado das piili:ócJ r.!n ahnn. cu lhe
teria respondido; b·atando-�e. porém, de OlilllS cspJ.
rituais, cu niio estou a par�. Jrmi\o antão snlu e
disse ao estn1ngolro: <0 anc;iüo oão coslu111:i falar
da E:sct·itu.ro, mas. se o.lguêm lhe ralo dus p:11xu1•,1
ela olmn1 etc r1;.,�puml\.•:t. O visU.uni.c, col11fAu1g.lct9,
foi de novo procurn1· o nm;ião e dl$.�C-lhi;!: •Que
!o.rci, Abade, pois que me domlrnm u� prúxOes (lo
alma?. Po1mcm fllou-o om alegria e dlssc-lhQ:
d)ei,1a vez vlcstl:1 OJ)Orlunam11nle. A.gora abre "'
bocll II rcspclio dessas 1,;olsas, e <:U a enchcrcl de
ben$,. O asll•angdro, multo cdlf1cac..:i, au=cl'ntou:
,S,,m dúvu:la, essa a via gcnUIIUl,. E voltou p:1ra
11 liUU �rru, dnr\do gl'al,'IIS n Deus por ter sido jul•
godo digno d� en�u1111·ar l,al santo.

9, Certa vliZ o Govcmudor da região mandou


prcnd,·1· ulguôm do n.ldda do Ab�dc Poimêm.
Todos enti'io Coram pedir ao arcllio que snisse e
llbll1'1llsS o prlStOnei,o. Ele respondeu, ,Deixai-me
três dias, depois dos qual:; lrch. 1'ess� lntervato,
orou 110 Senhor, dizendo: Senhor, niio me co11oe­
das essa gra--a; ()Ois não mo deixariam mais ficar
neste Ju11ar,. A se111.1ir, foi 1-oiinr o Cov=ador. o
(J<iitl lhe dis:;e: •lntercedl!S ;or '-liSC l drúo, Abade?•
Qm o ancllio alegrou-se por nno ter recebido o favor.

10 Alguns conta.rarn ,-rue certa 111r1. o Abade !'oi.


mém e seus Irmãos eswvam a fnbrlc;nr pavios:
1il8$ não puderam c::onlinuar, por n.(io Lni,-em rom \IU"
comprw• os fios de llnhll nci:cssArio�. Ora um dC!lllS,
caro n to{!QS, contou b-to n cerro �Cf(oc\nr11e, homem
de fé.. O li.bode Polmém, portm. 11u11cil 11ucrln acci•
tar algo de ·que,n Qllér qu� fi:,s,;o, por càusa tlo as,«;.
228
dia de cente que seria 8$im ocasionado (l). O ne­
gociante, então, fotcncionando lazer obra boa ao
ancliio, alegou p.rcclsa1· de pavios; foi, pois, oom o
seu camelo à ceio do Abüdc, e ,,ottou com os pavios
que aí t-omara. Depois cllsto, o dito Irmão foi ter
cóm o Abade Poúném, , tendo ouvido o que o nego.
climic riie1'0, disse, íncencionando louvar a este: •Elm
verdade, Abade. mesmo que clc: não prccisasso, t:eria
levado o ptwios paro nos fn7.er uma boa obrw.. O
Abade Polmén:, tendo assim comprendido aue o
n11gocJllill1? levara os pavios sem precisar deles, disse
ao lrmão: •Lellllntn-!c, aluga um comclo, e traze de
volla os pavios; seniio os trouxeres, Poimém não
habita.rã muis uquj convosco. Niio que1,q causlll' clano
a um ho;nem que não precisa dos obJetos: ele s<rfre­
ría prejulzo, tomando os obfetos com que cu lucro,.
O irmão foi-se com muita pena, e trouxe os pa.
vio$ de volta; =àQ, o nncião os teria abandonado.
Quando Polmém viu os pavios, alegrou-se como se
tivesse encont:rado grande tesouro.

11. Certa vez o presbltero de Pelúslo ouviu, a res-


pelto dl! certos Irmãos, que eles iam cqn1Jnua­
mente 'à cidade, s lavavam (2) e se descw(ll,lyam
da prõp1·la ruma. Em con�eqUl!ncia, pOP ocasiãG dn
assornbléin lilürçlcn, retfrou-lhes o hábito monàs­
tlco. D pois disto, porém, seu �-oração o (!CuS(lu, e,
atJ:ópendldo, foi ter com o ,4batle Poimém, como
qu1, t!mbrlagado em seus pe�amentos, te.ndo nas
m(ioç :lll túnicas doe irmão�, qóntou o c§o ao 1U1clilo.
Este perguntou-lhe cnU\o: «, ão lens tu algo do ho­
mem v�lho? Será que j(, o despiste?, 0 presbit.«i>
confessou: «Partlclpo aindll do homem "elho». Con­
tin11(la o nncl5o: �Eis, portanLo, que tu �� como os
h"tml P<>is, se participas, cmborn p01.1co, do que é
vc:'iho, também lu estás sujeito ao pecada>. Então

(l) MuHas outro.e JHU1so.n1, querend,o �l'letlelor o nncilo,


<> f>rocuruJMI p•rtt. lolllU'-lhe o• """" p,,.,.ntct,.
(2) Lu'Ja.t4'<! OQ, blW\céribs d.a:a cidades era antigamente
tdnnt dr laxn,
229
o presb!tero se foi, cb11mou os trrniios, e pcdJu-lhes
desculpas (eram onze); a seguir, revosUu,os do há­
bilo moriósUco e despediu-os.
12. Um irmão dt e ao Abade Pohném: ,Cometi
um grande pec11do, e des<>jo fazer pi,nMn�n
durante tr� anos•. Re-sf;)Ondeu o oncl-o; .-1!.: muito».
os <JUl' estnvam presentes disseram então: «E du­
rante- quarenta dias?> lll'.als l,llna ve7, replicou o ao­
elão: d:'.: multo,, J;: aoresi:encou: .:Olgc> que, s o
homem se arrepende de tódo o eoraç(ío • niio torna
a comet�r o pecado, Deus o l'!'Cl'be jd npós u· s dias».

13. OJsse também: ,o sinal do monge se manlCestn


nas tentações•.

14. Disse atm;la: •Como o e:spa.dArlo do rei a este


assl!rte, pronto em todo telllllO, assim é ;proçlso
Que a alma estéja pronta dinntc do demônio da for.
nícai;�o•.
15. O Abad� Anubc interrogou o Abade Poimém
a re.�pcHo dos pensamentos Impuros que o co­
l"acD,o do homem gera, e a �peito dos vãos d.ese­
:lo$. O Aba.do Polmmn N!$p()ndeu: cCloi:lar-�e-á o
machado sem aquele que o manusela? (1) 'famb�
tu n(io rtés a mão a cies serão fTuslrndos• (2).
l6. Dlssc d� noyo o Abade Pol:mém: ,Se N"abu-
7.ardan, o co-zjnheiro,c:hefe, não tlveli!ie vindo,
não se u-ria lneendiado o templo do Senhor (3).
rsto Quer dizer: se o deleite da gula niio entrasso nn
alma, a mente nlio oalrla quando lmpugnnda pelo
Inimigo,
17. Do Abudo Poimém co:itnvnm que, eonvldado
n oomcr Quantia n5o o queria, aquic�ccu, em-
(1) .ls !O,l6.

i'tz�•�.J�ô. p<Olltwoo
(�) lllW �. "! tcntn96c• n'iio noa po<lom l!et notlv&, •n•
(a) noosa C<JO.l'""'ç&,

230
bom em pranlos, a 0m de não deixar de atender
no irmão e nifo o contristnr.
l . Disse mais o Abade Polmém: •Não habites em
lugar onde vl-s que alguns ll!m inveja de 11;
senão, não progl'edirâs».
19. Alguns referiam ao Abade Poimém que certo
monge olio bebia vinho. Rl!SJ)Ondeu: «O vinho
cm nbROI\Jlo não é para os monges>.
20. Abade 1saias interrogou o Abade Poimém a
respeito dQS pensamentos impuros. Este res­
pondeu: •Se tivermos um bnú cheio de vcsl:L!S e as
deixamos r�chada/1, apodrecerão com o tempo. As·
sim lnmlx,m são os pensamentos: se não executa­
mos com o nosso corpo, no dl?COrrcr do tempo e.'<1:ln­
guem-se ou apodrecem•.
21. O Abudo JOSé propÕ!I ao Abade Polmém a
mesma pergunta. Este respondeu: <Se alguém
lança uma cobra e um es1:orpíão no mesmo recl­
plente e fecha a este, não 1 ta dúvida de que mor­
rerão com o tempo; assim também os maus pen­
samentos: suseltados pelo d mõnios. cleSapnreccm
péln pacii!ncla >
22. m Irmão foi ter com o Abade Polmém e dis-
se-lhe: «Sem�io o meu enmpo, e com os seus
frutos pratico a caridade>, Respondeu o ancl!lo:
cF-O.Zcs bem•. O b-miio saiu então nnimndo, e muJ.
tlpU�'Ou U$ �uf;I.S esmolas. Ora o Abade Anube ouviu
contar isto, e perguntou ao Abade Polmém: cNão
lemes a Deus, pois guc asslm ralaste ao irmão!• O
anclfl.o calou-se. Dois dins dcpoi� porém, mandou
chrunar o lrmÃo e perguntou-lhe em pre�ença do
Abade AnulX': cQuc me dJsscstc o outro dia? Mi­
nha mente estava em outro lugan. O irmão res­
pondeu: •Dl�sc Que semeio o meu campo e com os
seus frutos pratico a caridade•. O Abade Polmém
observou: cJulguel que falavas de teu Irmão que
231
vive no século; se és tu que o (azcs, digo-te QU
Isto n5o é coisa de um mongt'•. Ao ouvir Isto. o
Jrm o cntrii;tcceu-se t' replicou: cN o I fazer ou-
1 ro lrt\ball10 scnúu stc; não po ndo semear o
meu campo,. Depois, então. qu o irmno se retirou,
o Abade Anubt' prostrou dlanl d Poim m e
disse-lhe: •Per oa-mc•. E o Abad• Poiméin 'xpli­
:ou. .Também u, dcsd o Inicio. s l.llR ctu" l'SSa
tan•!a nilo ê p pr1a paro um monge, mas filiei de
acordo wm us di · i,· ,· dele, e, com isto, nnlmcl­
n progredir na carld d"- A((ora. por�m, ele se foi
abatido, e, não obstant(', tornara n faz<'r o 1m o•.
23 Dlsse o Abade Polm(,m: •Se o homem pecur
e o negar. dll':cndo: 'N!io ll\-'<IUCI', não o acuses,
Pois Ih<> e rtnrÍI\. o ánimo. P, ao contràrlo, Ih<> dl.•
se : 'Niio f'(!rcas iinlmo, irmão, mas guarda-tr
para o futuro', e,, •Jturâ& a li\l" alma à pcnlwncln .
24 Ob ,. rn-.f. Do co <, 11 <'Xperi"nc , po!.
ela .-ns!ns ao homem honesto•.
2.'i Ols· mnda• ,O homem qu ensln , mas não
pratica o que ensina, � semclhonte a umn
fonte, pol� a todos ofrl'CC<' com que beber e sr la­
var. m n Sl mN<ma não (Xldt> purificar
26. Certa Vl?l, quando o A d«' Polmém ruJda\'8
pelo Egito, viu umn mulh@r scnlada junto a
um túmulo, a qual chornVll nmantamrnlr.. E dislr:
•Aindn que venhnm todos os d I ilf.'I d mundo,
nã lhe Urarão a alma da I ri C24 cm que ucha.
Assim tnmMm o monge deve scmprt' razer n trl
tl'ZII crm si mesmo• (1) .
T1 DL mais: •Há o homl!lll que parece caindo.
mas cujo cornçlio condena a ou ros; cs.se wl
estâ sempre a falar. E há outro homem qu� fnltt

li) 1111<, é. a 11...,,d, <lor d r l)C<Ado.


232
da manl'lf1 !I noite, mas guarda o sll�nc!o, Isto e,
nada diz que não seja de dif ,<?a�ão•.

28. Um lrmúo foi l.cr :om o Aooll� Polnwm e dis-


se-lhe: •Abade. tenho muitos m:ms wnsamcn­
tos, corro perigo por cama deles». O ru1cill.o Je­
VQU·O ao ar livro e dl=-lhe: •Dllat;J os ;>uJmoes e
detém o� v to�. O Jrnmo rl!Sponde11; d,uo o posso
�zl!J••· ConLmuou o nnciâo; ,& não o Jl(tl.ls fazer,
tnmhém nf.o pod�'S Impedir g11e os pom.amentos ve­
llhwtl: mas ostíl em tau podei• re:nst:lr a l�s•.
29. Disse o Abade Poimó111: «Si, tn:.,, ·· reúnem,
dos 1;uttls um 1 •u dl�11:mle I.UI)a \idn trn11•
1-itliln, o out.ro l- do�Jlt!' ,. dá graças a Deus, <> lcr­
ooiro faz o SéU ervtço oom mon·e pur-4, � três
realizam urn oó e lclúntlco grau de virtude>.

30. Disse tamooui: tl:s\i, �scnw: 'Co.no o cervo


d.t!s<,Ja ..s torne.. das à•�UJS, .....,•im "' nh· wma
descia u Vós, Deus' (11. Ora os cervos no rl!!Srno,
dc-vorom muitn.� serpentes-; a 5eb'llir, quando o vi,.
mm-o os f!IZ arder dP St'í!o, desejrou chcg-..ir-se n.s
águas: e, ao beberem, rct1"8SC:lm•l'I', .lvrondo-so do
vmeno de.� serpentes. Assim também o monges,
mcmmdo no de;;erto, :;ão quelmndoS pelo ,·cnen-o tios
maus domónlos, I! desejam o ruibado � o <lomin!!O
iiaro se <'hegm-cm • orll es d�s âguns. llrto r', ao
Corr,o ,: no s,,ng\t' do Senhor, i'.l íim de sr purifica•
t'Cll'I dn amar�ru do � li;:no,.
:tJ , O Abnde J@ perguntou ao Abnd� Poimém
romo s� tlévc Jcjwn·. Rl'llJ)Ondr,11 e�fü: <Q)iero
qu(• t do5 comam dia.riamente. mm, (lQUCO, de modo
11 n50 fica.rem su.claclo,,. O AIJ:tde Jo., '· rc[>lico11:
Quando eras jovem, não comias d<' do! cm clois
dillll, Abndcr?• O nnclõ.o re3po11deu: ,Sim. e: tum·
bém de trGs em lt'ê , d< quatro t!nl quat•o dl&$, e
uma ,,ez por S'.·mana. Todas essas coisa..�. QS Podres,
11) SI �1,�.

233
fortci; como eram, as l?.'<t)(!r mentnram, e concluí­
ram que I oportuno comer todos os dias, mns
pouco; nsslm nos ntregaram a via régi , porqu
suav ».
32. A 1· ·peito do Abade Poim m contn,'llm que,
flnt•)S d ir para o Oílclo, ent11vn n sós,
ficando n rxnmlnar os $CUS pcm.,;amcntos durant
erca de uma hora. pois disto ê que punha
caminho.
33 Um lrmâo perguntou ao Abade Pohn m «Oel-
xarom-mc \lITl4 hcrllllÇll; que forel com ln?•
O uncião n nd u: •Rctlrn-t , ,olt ri 1tro de
U'ês dias, e cu lc dil'C'l>. qu le �'Ditou, rorno lhe
dNl'nnlnnra o ancUio, o qUlll lhe disse: •Qu hei de
te rcsponrl r, lnnfio? · Se te disser: 'D -o h::re.jn',
lfi farão ceias; se te r· 'D -a a um pnrcntc teu·.
não teras recompensa; te , 'O ao pobres',
tu u• ú culdani.!I d.e o C=·r A e, pol ,. mo bem
quiseres: cu não tenho partr rui qucstilo
34 m outro Irmão perguntou-lhe. «Que 11(111-
fic11: 'Não retrlbulrwi o mal pelo mal?' (1) •·
O ancião respondeu: • ,�cio tem quatro mod .
lldadct1 diversos: a primPlrn pl'OVMn do coratllo: n
segunda, dn vl'ltn, a len:<'irn, dn !ln� : l' n quarta
() não f112L'r o mal em troca do mal (2). Sc pudP­
res pur!Cicar o teu coração, o mal niio eh nra nos
olhare!; ,;e, porém, aUnmr os olh r�. guarda-te
de o pronunciares ln boca: !lc o pronun.-1 r!'S, pn>­
. rvn-tr logo de fnz.er o mal rm Lroen do mal•.
35 Disse o Abnd Poimém. «nrtrc11r-S<', vi inr 80•
hre si mesmo, e usar de discernimento, estas
três vir1udl'll silo as g,.11 da alma•.

li\ 1 T • S,15: t Po /!,D,


(2) Abnda q r di r qu f.-.u,r xtt-1110rmcnte o mal
tm Lroca do mal u.pSo tr<•• <�íolto1 IJXUlrioru.

234
36. Disse também: •Prostrar-se em presença de
Deus, nfio se comparo r, e aUrar para l.r'.is a
von1ode próp1ia, são ins1rumen1os de que se serve
n almo..

37 Dwse nlnda: «A vitória sobre qualquer pena


que le sobrevenl1a, é calar-te,.

38 Dlssc mais: •Todo r pouso do corpo a.bomi­


nnção aos olhos do Senhor->,

39 Oi · • também: <A compunçno tem dois eJe­


mrntos: ela impele e trunbem refreia,.

40. D� mn.l : • f' le vier n p.-eocupa•;ã� das col-


sns necessárias ao corpo, e lho sallsfizert!!l
uma vez; se voltar de novo e lhe satisflze1·e,;; e=

,. "º
volte n terceira vez. não lhe dês alC!wâo, pois
(1).

11, DI de novo: «Um kmflo pergµntou ao Abade


Alônlo: •Que Significa o aniquilnmemo de ,;i
mesmo?> O ancião r pondeu: «Significa 20!ocat-se
abaix,o dos irracionais, e snber qu� esies nilo podem
r condeOlld0S• (2).

•12 Disse de nos-o : cPreíecirâ ca1a1�se, o homem


que se lembro do que esta escrito: •Pelas luas
palnvrns serl\s Jus! ificado, e �las tuas pa; vras se­
rás condl!nlldo, (3).

Ul 1110 ·•: u �peltdn SJlic.it.uda dna J1rc1.-�drul • carpo:r'Als


niiu · ,Udf'li. d4 w•la vlrLudt.
(2) ô h�mt•m qur ronunrh1 ;\ 1ti msr.no por u.n1or q.(' Otius,
tlt•ixa d, vi\·e.r confQrn,c- A 1-u.zôo ntltura.J, rnern.me.nte
hurnai,a, e conto� ois sons &Jf()titM nntunis; a éJtti
tkulo, pode: aer con �m.do inft'.rior aO!! irruionaia.
ToJ&vh1 tal hormnn pntlit.'!R- (tSStl J"cmUnc.ía paNl ,e1• :Je­
vado n um l'IÍV(1I df vfdo. auJJ,é.rlor" diUldo 1Kla próprio
Dtua. Com iat.o o.dqu.iro o d0Jl'Utâ11ÇA do nlb 8(1.J' «>n--­
dSJU1do,
(8) ML 12,37,

235
43. o,s," tombc'·m: A distração u o começo c!os
mall's,.
44. Dlsllc? rnuls: O Abaclr I !cloro, o prcsb,tcro cio
Cttiu, falou certa vci il i.'\l!l gt>ntr• nesh,o; lt•r.
mos: ·Inn�o., 11,,u rol p.u lab1.11.ar que vlcmos o
<'SIC lui:nr? , ::ora, por, m, n ,o o,c- mnls labutn.
Por cons.!::ulntc, pN(JIU'\:I o mf•u m.11110 e m,• vou
paro. oncl h.'1 l.1t,uw; 1 cmcontrorol bcm-C'Star'
45. Um lrmao p,:-r;;unt im n ·
unclf,o r po1 �=
u ,�r ulgumo C01'k
EstA
un,a p •;ra arit� d� o�
a :onrc?
m pronuncia
i��a d .. 1 rn-
!!ura' 11), St- fores lntcrror,ndo, tnh; e não, per­
manlX! c,11,do•.
46. Um h-r:1ao p r:cuntou no .\b�d Poln 1m· Pod,.
o hom,•m con(inr nl.lll1 "6 feito?• (2) O ancrn.o
resJlQlld 'U �U" o AI de J • Curto n!lmiarn • ,,,ro
'1rlquii-r \lr.1 pouto ti!' todas ns \irtud •·
47 D1· • t.unb(m o anç· q ,. um lnn.'\o p r,:un-
tou oo Al Pambo é IJ<>m louvar o ró-
�lrno; Pamho res;x,ntlcu e 1 !hor ;, caln.r-s
48. Dl� alndn o Abad ro:mém: Ainda qoo o
homem fa,;:i um ct'u novo r um !erro novo,
não pode de,;,e.ir de ll'f pre0C\IJ)II." •·
49. D!S'!e 11!nd:l · O flOtn('m pttclsn dn tiumlldadr
e do t"mor dP D'tls como do sopro cJUC pro­
cede das suas narinas /3).
50 Um Irmão p?rgunto11 no Ab.id!? Polm'm Quo
1 1 d.J fa7.erh O nncl,io 1'1'spondeu-lh�- J\br-.1,10,
(ll Pr lfl.O.
(t ;;r�/ O[l(lriuno caltu.-nr predomii nlMm·nte UmA

(8)
:ur;"
llll l: O.li!�, 11-udu 160 t.1l ru.:.c11: da.t , da rri51J\
mn,,, e. r�11p,nv à vid:i ft Íc:'&.
236
quando entrou na terra prometida, comprou um
scpulcl'o paru si mesmo, e, por meio do sepulcro,
rccc u n terra como herança>. O lrmúo Interro­
gou: «Que é um sepukro?> Explicou o ancião: :€
um lugru• de pranto e lulo•.
51 Um Irmão dls,;' a<> Abade P<>lmém: •Quando
dou a meu lrmilo um pouco de pão ou outro
coisn, os d=êinios me rnwn crer que e,,-ta adio é
u\o suja como se fora fella para ngi'lldnr aos h<>­
ml!ns>. O anclt<o rospondcu: • lndll que o (izésse.
mo:1 para agradar aos hom1•nij, niio obstante, demos
ao.� lrmuos o qur lhes i; neces,iarlo•. E cont,ou-lhes
uindu a SC!(ulnw parábola: • rtavin dols agricultores
que hablla\·am a mesma cidade; um d les, tcndo
semeado, recolheu frutos poucos e Impuros; o outr0,
poróm, tendo.se dc!SCUldado d mcar, natl3 nbsolu•
trun ntc colheu; em caso de Come, qual dos dois
t·nt-onlrnrn o sustento de ,;un vida?• O lrmfio r..-s.
pondcu: cO que recolheu frutos poucos e impuros .
Concluiu o nnclão: .Assim també.-n nós: semeamos
um pouco, ainda que impuro, para que não pereça­
mos de romc».
52. O Abade Polm/:m re[mu o seguinte dito do
Ab<!dC Amonas; Hã quem passe todo o tempo
de sua vida a arrogar o nmchndo :•m <'nl'Ontmr n
modo de drrn1bar a úrvo1-c, Uá também o homem
perito d cortar, o qual com poucos golpes ab:lt� a
tlrvore,. E ;icrcsccntDva que o machado é o discer­
nimento.
53 Um lrmlio perguntou ao Ahode Polmém:
Como devr o hnrnrm nortr:u- a ua vida?•
R l)Ondr.u o nnclno: Con•l!lrt'l'mos Dnn!PI: contm
1�e nilo . C'ncont.rou 11cu!<f1eio n n:io ser n propósito
do cullo que rue prcsta,•a no S.•nhor ru o,us•.
54 Dis.�c o Abad Poimém: •A vontnde do homem
<, um muro de bronze entre ele e Deus, é uma
rochn qu reverbera. Se o homom a abandona, diz
237
tamlxim ele: 'Por Corçn àe meu Deu saltarei o
muro' (1). Por �'On, gulnt , quando o preceito vaJ
de encontro à vo nlndc. o homem labuta,.
55. Contou t ambém o seguinte: <Certa vez os
anciãos la am sentados a comi,r, e- o Abade
Alônlo se achava de pé, servindo. Vendo-o osslm,
louvaram-no: ele, porém, não respondeu pala\ll'O.
Então perguntou-lhe alguém parte: •Por que não
respond te aos anciã que le louv vnm? • O Abnd
AJ6nlo ,oxpllcou. «Se respondeas , pare rio. e lt r
os IOU\'0re5>.
56. Disse mais: •Os homens súo ;>erfelLOs ao íaln.r,
mas in!lmos ao agir,.
sr DI o Abadr- Polmém: ,Como a [umaç(l a!u-
grnlll as ab,•U e t•ntlio esvan o a doçura
do 1,·abalho dclns, lm 1nmb<'m o repouso do corpo
a!ugcnta da alma o 1cmor d Deu.� P ex'tingue Odas
as suas boas obras
58 m lrm·1o rol ler com o Abade Po mém nn
scgundn semana da Quare!r,na; abriu-lhe os
seus p('n.'l.1mcntos e Ocou tranqulU,ndo: depois dislo,
disse:-: •Por J>Quco dr-ixnva dP vir equi hoje>. O an­
cião pcrgunlou: •Por r1uc!, Re;pondeu o Irmão:
Dlziu-me qu talvl"Z por caw;a da Quaresma náo
abrlr!as,. O Abodc Polmém replicou· e ós não
aprendemos o fechor o porta dC' midríra, rmlll, sim,
o nona do llniro" •·
59. Disse de novo o Abnd Poi:nem •J!: prt
Cuglr do qu � rcspello ao corpo (2). Pois,
todas as ve7.cs que o homem est6 próximo n um·,
tcntaeão do corpo, assemelha-se o alguám q e e tú
cm pé sobre um lago multo p,-orundo; no momcnlo
cm que apraz ao Inimigo, ci.ic [acllmente o derruba
dentro dágua. S<?, po1·(!ffl, o homem vlv à dlstfih-
(1) Sl l,,an.
(2) [Ili<) •• .,...,...Jvo cu-ldãdo do corpo,

238
ela elo que e corporal, parece-se com alguém que
está longe do lllgo, de modo que, embora o inimigo
o pux pai'il. preclpJlá-lo ná.gua, enquanto o puxa e
lbe foz violimcl�, l.>eus llle envla auxilio>.

60. Disse malS: <À pobr<.!l'�, a trJbulação, a mo­


rada em lugl)r estreito e o jejum, tais são os
lnsLrumcntbs i:àl vida solltârla. Com e(elto, t'Stá
escrito: 'Se est)v�rcm !M<'S 1rês horru!ns - Noé, Jó
Danlol -. vivo, eu, diz o Senhor' (1). Noé ê a
flguru di, 1>ull1"CZ11, JO a do sotmnemo, Daniel a
qo dlsc rnlmento. Port&nto, se se acham estas lrés
virtud no homerrl, o nlior habíla Aéle,.

61. O Abade Jo.é contáya o seguinte: <Estando


nós !;elltados com o Abade Polmém, este no­
meou o Abade Agat.ão. Dissemos-lhe, então: c:Ê
jovem; l)Orque o chamas Abade?. llll$Jl0ndeu o
.Pounêm: cPo):Que a boclt dclc fez que seja cbaniado
Abade> (2).
62 Certa vez um lnnáo fol ter com o Abade Poi-
mém e disse-lhe: <Que hej de fll7.ér, E'l:li, pois
sou perseguido pola fornicação Eis que fui pro•
curar o Abade lbistiiio, o qual roe disse: '.Nãe de­
ves permitir que clà pc1"$lslo em te atacar'. Rll�'!)On­
deu o ,Abade r'oímé.m: cO Abnde Ibistilio, os ije\lS
atos est� no allo om os anjos, e fica-lhe oculto
que 1,1 e tu cst<Lmo.'- em O'leió à FornJcação. Se o
monge donúna o wenb·e e a lingua e vive na quo.JJ•
d�de \lc ir.,-u.u,�ull'O (:l), \em confianç,,, ele não
morl'Orâ•.
63, Disse o Aba.Je Polmém: •El,sina a tua boca a
pl'Qferh- o que se acha em 1eu coração •.
64.. l'.Jm irmão per.guntou ao Abadl! Poimém: •Se
eu vir uma falta de meu irmão, será bOm que

m : •��-::
(S)
·;2i,vu• exprimf•m profunda 11&�•i•.
Scnlfnll<>-•• Ji""'ll'"IIIO, l:,ndondo ,,...pre il- pima cal..t..

239
vu " cncubrl!?> O ancláo rospontleu; •NO rn-0memo
cm tJuc ncolnimos o taltà de 11osso h;müo, IJ '\JS
cncobro o nossa, e, no momento cm quci a nu,nJ.
f!.'Stall.W!i, u1rnbilm D<1�s munUestu a ,1 a,.
6.'i. O Abade Polmúm contou o seguln1e: «Em dada
ocll6'1à0 oll91lém perguntou uo Abade Poisio:
'Que farei à minha alma, poli; ã 1n,ens1 cl e ná.O
Leme u Deus?· Este 1·csponde1.L ' ai-to, udore a
um J1omem 11uc leme n 0..llS. e, à trt�'tlida qu� o
fores freqUcntlinç!O, oll!ilnar-te-ã trunoo1n u l •m •1· a
Dtlua':i.
06. Dll;s(! mals: «Se o mong' vcnçt,· dua� ao!aAA,
poder-se,:, 1il)e!•1ar d(1 rmmdo,. O irmlio per­
guntou ,Quab ruo 11lus?o Respondeu: O repouso
<la l!llt'llO o a yang]órlo>.
67 Abraão, o dlscl11ulo do Abade galão, P,W·
guntou ao Ab®r. Poimém: •Cruno ú tlOSSlvel
qur "" (lemõolns mP Impugnem?, n1sse o Abnde
Polmem: •lm[l'Ugnnm-tr os d."!ll6n!os? Eles não Im­
pugnam, <!nquanto •eguimo:i os n05109 pr6prlos d ,e:,.
jos. Com efeH o, os nossos desejos se tomru•am demô­
nios, e são lllcs que nos atorm<'nlrun, p11111 q,m os
realizemos. Se qµl!:rcs $:tber com qµ<' é que os d<•mã­
ntos lutaram, recorda-te de Moisés e doa que Coram
semelhantes n eIP• (1 ) .
68 Disse o Abade l?olmém: • Foi l'Stc o g_itnero de
da que Oc\lli ensinoµ a üracl: ebstcr-t� da­
quilo que 6 contrário il naturaz.t1, ou . fR, da lrn, da
ooneupl.s11 nela, da lnvr,ia, do ódio, dn moJ.!>dl�nclo
cm,r� o prmdmo, e do mais q11c peTl.c:ncc no vl'.'lho
homem,.
69. Um lrmüo pediu ao- Abade Polmé'm: •Olzc..me
uma palavra . Re!;ponclcu e.'!te: ,Os Padres
(1) Stlf,·•r IMtllç/lo ,,,,i.
lm�lll!ll��ill•• �P• <i•mihtloll ,<,
•lro.1 do, q_u,:, �"'"' nlr.> .no1t domlnmn, d, qu� n&(t 1CIÃ
me• n• 1tnu Vl'llJl&I.Wt,
240
1.llbcleccram como prin<:'iplo da obra a do1• devida
uo p cado» (1). frm;.o pediu de novo: •Dlic-me
outra p:úavra,. O nnchio re ·pondo:u, Quanto podes,
r�.e 1.n1bntho 111anu.tl, pai-a c111� com o; sew frutos
p1-.1ti<1ueh li miSurlcónllll, fl()IS c:st.á éScrllo que n
e. lllOla c a Cé purl!lcam dos j'h.'ClldOS,· (2). O frmiio
perguntou nine.tu: Q\tc" a k º'• O u1clft0 txpl cou· 1

A 1c 6 ·I cr m hum,ldade, l! praticar a rn· erl­


r n•.

70 Um irmão referiu ao ,\biide Po1mém Se vcJr,


Wll irmão do c1ual ouvi contar uma faJ a, nao
o quc;-o Introduzir em minha ruia. Se, por'•rn, veio
um bom lrmlio, ,11 sro-m� com ele>. ancião res­
pond �: ' · í= ao bom inn.io wn pouco de bem,
faze o duplo àqurl,• outro, pois <, Aquele o enfermo.
f lavh num ccnóbfo um an tor-..tn chamudo Timóteo.
01·,1 o Superior, tendo OU\'id<J um rumor n respeito
de certo lrrn o t.J:>nt.ado, intcrrogou Timóteo sobr�
tal lnnlio; o nnncor tn lhe �corn<Clhcu que o rxpu!-
" •, D,·pui que fora .-...put..,, a umtn o elo trmao
n:eolu 1obrc Timóu-o 13), de modo q1,1r est con-eu
p('rl . Timóteo, cnUio, pós-. o chor.ir diante de
D<'us, di7
..emlo: •PPf11.wl, p,•rdo�-mc,. E desceu a ele
umu ,·07. que dl,!la: Timóteo, nlio ju.�es que te 0z
l�to por outro rr.oU\o n11o pol'()u� :IC!Sl)r1!1.3Ste teu
!rmi,o no tcm[l() dn tcntll�áo•.
71 Disse o Abadr Polmém· cEstnmos sujeitos a
tão gr11Vl'$ 1 nt.aÇÕ<'' porque nüo i:uardamos
noiSOll nomes ,, o nossa ordt'm, como também
du, o E"-Crlturn. Núo vemos n mulher Cananela. eomo
o Slllvador n consolou por ter <'la r conhccldo o seu
nom<'• (41 Tombt'm ,\bl�U d� e a Davi: 'Em mim
h o p:-CRdo' (5); por Isto Davi u ,ucndeu e a nmou.
(t) o qut- t]Uf'r ,lt,:,.r: n nlma ffl(Jt riT. dt tOOu u n1>S!UU
rt"(,r,. ,t.-w• _., a mpun(1\o ou contriçio �lo pocado.
12) r,r Pr 16,27,
e ) T,m6 m�·ni a 1t9fr<!r da rnrmna t"'nt&tA.".
f,) ,cr. 1111 ir. 27 1"1.o 6, ,ua qaallda,t, ce lndlrn&­
(r,) C'r, 1 l{n eü,2◄
2,1
Ablgall 6 rtgui,a da ll.lmu, e Davi, de Deus. POJ't.anto,
se a illm� se acuso dlonl do Seithor, run:1,a o
Senhor,.

72. Certl) vc-.1: o Abade l;'oimém passava com o


Abade A.rlube pela rc.glilo ele. Dioico. Qunndo
se apl'oxlmnvlim dos sepulCl.'OS, vlrum umn mulhnr
rncrgulhnda em profundo luto, que chorava amar.
gamcutc. Depols do u ter m obii i:v· do, caminharam
nlndn um pouco o c11co,ntr,1ram alguém a gu •111 o
At,uàe Pojm�m perguntou: ,Qqc tmn C-SSQ mulher
para chorar amargamento?, Res[lóndcu nt1uol : •lt
que lhe. morreram o mllridO, o ílJho e o lrmllo•. E!I•
!ao, o AbadP l>oimém dirigiu.se o badc Anuhe:
•Digo-te que, se o homem niio mor1ifl00 lodos os
desejos da t'll.rne e adquln? tal lu\o, não se po(]e
tornar monge. Pots toda n ,,ida e a mente 1kstu
muJhe.r cJ;tâo mergulhado.� no luto•.

73. Disse o Abade Polmém: Nú.o queh'llS medir u


ti mesmo r l), ma.s a�re ao hom •m que vlv'
dfgnun1�ntc•.

74. Disse tnmb(,m qll(>, se alfl\lm innão la proé\11'11r


o Abade João Curto, este lhe prestaYa a càrl­
dade de que diz o Apóstolo; •A caridade é magnâ•
nlma, é banil:Jlll• (2),

76. RcfC>rlu alndn, n respc,lto do Abade Pambo, que


o Abade Ant.no, aludindo a ..,.,v, d.li �r: <Pelo
lt!mm· d"' Deus rei. que o l!:splrlto d<' D11us habitas.sr
nru •.

76. A respeito do Abndo Polmém ,, dct seua h�


ml!os, um dos Pallr s cont.011 que, hnbl!Mllo
les no Egito, a �ua mãe os queria ,•er, mas não o
podia. C!'rl11 V� OS),\ralll)U-<lS gu�r.do iam à igrtr]ll,
e foí-lheii no 1111;.'ànt.ro. Elw, porém, \PgQ q1Iu Q vl-

n) J.ljto õ, 1)�0 quot,ua medir () .Pl'OJ;ftc'RSO ele! l.ll.11 \1i"rot.ud11.


(2) l Cl<>r 13,4.
242
rom, regressaram pare a celà, e r ·hltram II porta
i\ vista dela. A mulher lit.-ou diant.c- da porl.3, gr1.
tando, chorando com muito lamento e dizendo,
• Possa eu vos ver, ca1'Qs filhos meus!• Tendo-a ou­
,•ldo, o Abade .Anubc dirigiu-se ao Abade Poimém:
•Que roremos a essa v lha que está chorando diante
da porta?, Entlio Poimóm, de d nlro da rela, ou.
vlu-n chorando com grando lamento, e perguntou­
-lhe. •Por que a.sim choras, ó mulher vclhn ?> Esta.
ao ouvJr.Jlw a voz, clamava multo mais e chorava,
dJz •ndo: • uero-vo ver, nlhu• n>L'WI! Pois que há.
d mou ·m caut! cu vos veja? Acaso não s011 vossa
rnfü·? Não fui cu que vos amamentei? Tenho os
<·nbt•los todos brancos. Ao ouvir a tu voz, fiquei
comovida». .PotllUntou-lhc, então, o unelão: ,oese­
Jru1 er-nos aqui ou no outro mundo?, Elo respon­
deu: «Se não vo Vir aqui, ver,vos-cl no outro
mundo?, Poimém replicou, cSe te fizeres violência.,
P11J11 nlio nos ver aqui, hãs de nos ver 1/u. Depois
cllsto, ela se foi alegre e dlzendo: • , d rato, he:I
de vos ver Jâ, nlio vos desejo ver aqui,.

77 Um irmão perguntou ao Abade Poimêm· •Qu<'


si ificmn cai co t vada.sh O ancião res-
pontll.'u; A just:ça, (lJ.
78 Certa v z alguns hereges torom ter oom o
Abade Polmérn e puscrnrn-se n fnlllr conLrn o
Are bispo d<' Alexandria, como sr Uvcsse recebido n
ord nnciio d pnrte dL' pre bltcro (2). A Isso o nn•
!fio nfio l'cspond�u, mns chnmou seu lrmO.o e cli-"'"'·
Ih cPõe 11 mesa, razc-os comer, I' dl!Sl)l1de-ll!< om
pau.

79 O Abade Polmém referiu que um Irmão que


moravn com irmãos, p!'rguntou ao Abade Bes-

( 1) A Juatlça, na Sa!frArla �:.rrJtura. � • oantJdad,,.


(2) J•to : o.e.u.avam�nr, üe ter 1ldo tM·IUidâruunt• orde­
nwlu.

2'3
sarlão: •Que !al't'i •� nn í o n!sp rl •u-lhn: n.
la 1e. e não m n U m mo (l).
80 Oi,;sc de novo: ão utendlls ,m teu corn ão
no homem do ciu I niio e Ul8 seguro,.
ftl Oi .o mais � d n.N!S n. tl m1 mo, krns
1rnnqiillidad •, qr.rnlqu •r CJU •ja o lug-.1r flU•'
habites
82 , e eriu trunlxm t ·r dito o Abnd S : clf.i
nm pudor l"l'U do -rotlo d<' ll'tr.•ridn1e».
83 o· tarnb,.,m que n vontnd,• rin,prin, 1•
pou� (2) e a ramlll.u·ldnd.. rotn uma e oulro
d rrubam o homem.
8-l Dls.sc alnd : • ío t�citurno, tcrt� tron-
11uilid,1d" cm touo lu ar u' hau tare't
115 A rec,pc,to do Abnd r:or rcfcr,u qu;, todoa o.
dl.1 punha um Inicio (31.
l'.ú, "m lrnmo p r• 1.u,tou :io A de Pulm,·m: •.'•
homem ror r.-olhido por algum p ,;, o e se
conv, :tPr, terá � fio junto de Oi;'US? O ancilio
pond u: • F.n · o qu� m;mdou os bom•u.q
q1.1e i,l m, Elr• m o nno jJertlouâ maiK do qu�
os ho11"11s? I)(! rato, El<' p l!UOtl O p dro: 'At,•
•tenia \'l'Zl15 <''• M).

r. l:m irmão pergunLo� M , l'ol • n·


bom r!• Respondru-lhe cs1 ter últo "
bad� AnLío. ct da Ítlc-{' do Sc;i r •lllll pmc • 1 1I

(l) O f'JU♦ qu ,. rhu.•r; nlo t, t<tmpah •v• vú\..l'Oa, 06•1


J'l"QCllrts l&bar 11u• nau tfr v11tu,f Ji c-11�.
(2) IJU4 i-1 a nH)) do co,po,
(8) H& •tnh.n k'Ul'Jtnr o l ur ,t,. rtUf'ffl t•,mt'(D
(C) C'f, lll 16,22
244
voz:: 'Exortai o meu povn, diz. o Senhor' cxor-
fllt-o· (1).
81' Um Irmão í111r,rt-of(OU o i\badc Poimóm: •Pode.
o homem deter todos os SC.ll'i pensnmcnloo -0
nlio entrogur nenhum ao Inimigo?'► (2). O nncião
l'l"!J')Ond!'u • Há qwan, ti,., aw. e, C!l\Lr<-'_gue um,.
1'19, O mesmo lnnllo propôs Igual pergunta ao
A dt> Siso(!; o qual lbe rtlS!lOlldOU: •Sem dú­
vidn, há l'JU m Mda entregue ao lrJml�o...
rlO Na !;llOnhnlla 11<! AUilx#; vivia um grande (11'1!•
mlta que os ladrõe?s assaltaram. Ora os vizl.
nhos, tt'ntlo ouvJclo os seus gritos, prenàf!rom os saJ.
INtdore.s e o mandaram ao Governador o qual os
L'O!ooou no cárcere. Então os u-mAos ficaram trls­
tes, dizendo: •Por 1J/la de nós � que c,Jcs foram
enl�íl$ à prisão•. Levnn(amm-.r, i;,ois, e foram
lC'I' com o At de PolmL'm, ao qui;tl referiam o caso.
Poi.1.:u:•m etcrevcu ao nnclão que.- tora a;;s:ol�1do, nc-s.
tt'S termos: •COn!lidern o prlmalra enlregn, como ela
&e t:eu, e, a seguir, L-011,.�1dt:'mrâs l sezuru!n. Pol.s.
s� n(ío � llv 1tregUe primc.irrunente c.m teu
lnwrior, não tPrlas come.lido a segunda entrega• (3).
Orn o ancião cm famoso em todr ;i região e não
saln da cola ouvlrtr:k>, pocém. o <l0:1tQ(1do da carro
do .o.bade Poim�m. lJ!vnntou-se ç foi à éidade; 8.1
Urou °" ladrc,es do cárcere e os libertoµ rmbUca­
mcntc.

( ll I■ ÁÓ,l.
(!?) hnu f.l. P«Klt n Mlmrm eo.nt..rol11r trit:Jns o, �u, r,ens:.L•
,.ncntos,. d,· modQ (\Ufl nunc.o peque ·po'T duf - V�jA�n�
o npcft,tgmn ""/ntinto,
(8) l'ohnl'Jn qu,dn. (li:l'r <tlll!, »e o ""'Ião n5o"" ,h......,
entl'ca(U.C! tntrrionnt.nU'. 8'! nao tivtUt 8�gó. '101 bens
11ue lhf'I hov·u1m 1fdo Jú.r1.ll.d.óai, nio t.orfa tblc:nsd.o a
ftrttr�(I. do.a. h,d.r-QU i't f)tfaâo, mu �ri• p.rocuTAdO •
eu lp-•101 , l!bol't6-lo•,
245
91 Disse o ,\bade Polmãm: <.O monge não se
· gúe1xa de i;un sorte; o mongti nlio n,tril>uJ o
mnl pelo má!; o monge nüo ê dado à ira>.

92. Alguns dos anofüos l1mu11 t�r com o Abade


Poimêm e qlsserom-lh�: •Se vJrmos que els
lrmãQ$ udo1:mcet'm durante o O0alo, <1Ul'l'.'CS gue OS
cOlovelemos a wn de que est!"Jam dC'!!pertos r,arn o
,•Jgilia? cAgucle re�-pondNI: •Quando vejo meu 1rmão
adonnecer, coloco. sem hesitar, a $U8 c:ab� !!Qbre
o. meus joelhos e propo rciono-lhe �epouso •.

93. A respel o de certo Irmão conl.llvam que era


Ll.'lloodo à blo.sfcmia, mas se @1/qt<lnhava de o
dizer. Aonde ouvlo. que se achavam ,1.nclllos de
grande mérito, ncorrln n fim de lhes re!Clir a bm­
üu;,1o: logo porém, que se chegava u eles, envcrgo­
nhuva-ii, de confessar. Assim é que muitllS vezes
foi tor também com o Abade Poimém. O ancião, ao
nolru• que tinha lltl!US pensamentos e nfio ds manl­
fe,itavn, ,>ntrl•t�ln-<wJ, rrto dit1, JX)lffl, aó despe­
dlr-se dei!!, dlss�-lhe: cltis M tant.o tempo qQ a11ul
ven� a fim de me rnanir t.arrs maus p!!n!lll­
monlos, mn.�, l!tldn v,n que te chegas, n1io ousas eon­
fossar, t' sais uOifo, oonservamlo-os na mente. Dl­
:ie-me, ülho, o que � que l('ll.S>. O Irmão �IJllpontleu:
•Ô c.ll!mõnlo me knta. a bllll!femar a Deu�; o até
agoro enveri:onhel-me de o dl?.er,. Ao contar Isto,
o irmão logo expet'lmcntou alivio. O ancião acr!!S­
ccntou: ,cNão te a!lljas, lilho: maa quando te vier
t�l tent.tção, di:u!: 'Nfio tenho culpa; a tua blasf/l.
min seja Imputado n ti, Sl,l anãs. Pol$ minha alma
niio quer 1$50'. Ora lui:lo qu.e a alma não quc::r,
de pouca du:ra�ão•. Tendo nss.lm recebido rcmédlo,
'I lnnão se rot.
94. Um Irmão disse ao Abade E'ol'l16m: •Esfor-
ço-me por encontrar um (IJ1lpnro cm qunl(IUCl'
lugar para onde ou vl1>. ancião respondeu-lhe:
•J'desl\lO aqueles qur trn:,,.cm e espada nas mãos, têm
Deus mlsericordíoso pQrn çom t'lcs 110 tcm1po llN·
246
sente, Portanto, somos eórnjosos, Deus exe1,ic a
sua m ricórtlla tonosco• ( l)

95 Disse o Abade Poimém: •Se o homem ncus'a


o si mesmo, ()('1'$evero em toda o parte, (2).
96 RcCerlu uimbdm ter dltl) o lt..bnde ,uno)\!t,;.
•l.lá quem U!Olm passado oom anos na r;:cla
:.em tct aprendido como � deve residir na celu.. (3).

7 DIS!ifl o Abade l;'olmêm; •Se o homem ooru;c-


i!Ue o que diz o �pó$lolo; �tudo é puro para
os f)Urelll· (4), ele se Julga Inferior a toda cr:látura,.
O lrmiiO pergw,Lou-lhe então: •Como me f\OSSO JuJ.
girt Interior uo homicida?• Respondí!u ó artciãó: •O
hom\lm q1,1e u.lcarn;ou o 4ue diz o Llpóstolo, vendo
alguCm matar. �: 'Tal homem cometeu � pe­
cado só; eu, porém maio todos os dlns'>,

OS O irmão lnrerrogou Q Abade Anube a respelto


ela mesma !raso do ,\pól!tblo, ref!.rindo o que.
o Abad,;, Toimém dLSS<>1"<1. O Abade Anube respoJJ­
deu: •Quando o homem que conseguiu o que tliz o
Apóstolo, vê as faltas tlc seu lm\llo, ele faz qao a
s,w jus:ll� devoro to.Is rn1w,. Perguntou. então, o
11mão: ,E qual é a sua justiça?, F.espondeu o an­
cião: d) que ele se oc:use em todo \�mpo•.
99. Um il'milo disse M Ab(U'!e Poimérn: •Se caio
num mísernvel pecado, o m u pensamento me

:�=�
devora e m1� acusa: 'Por qu caJste?' Obsorvou o
oncl!io: f.ll{n hora cm ()Uo o tionacm, tendo caldo eJn
culr/U. dl�: 'P('(JUl?I', ll QU!pa CCS!lO imontinenU�.

(1) O 1rmíio JTÇ�SQ dn.s ccntnÇÕ(':, 1irocUTil''"• isnho, 1 tu�


6 11
c:�(Üo t�u•• v:; t�}:ftv�.;:r�:!°ctcltÕt�� :�;
I

qua o cSC"i.mot, cornJoSi,IUl\el1le,


(�) l'or<rac ni., cài cm 111.lgloa com •• ••troo.
Ja) Som tlru algum fruto do IIW1 11ldi, n,t!l'llda
(4) TL l.lS.
247
100. Um irmão -perguntou ao Abade Polmém, «Por
que é que os demônios rlérsuod!!m à minha
nlma que me col0<)ue com gul'm esta acima de mim.
po-1· ls,,o que o Apóstolo disse: 'Nu:na casa grande
hã nilo somente vasos dc ouro e d!.' prí1ln, mos tum,
bém de madeira e de orglla. Se, pois1 alguém
purificar de todas essas oo!li(ll!, sorú um v o de
ho11ra. útil ao Senbor, preparado para toéla obra
boa·• (l).
101. Utn irmão perguntou o.o Ab,1dc Polm�m; oJlor-
quc ó que não consigo fo:lar llvremenlll com
os ru:iclü<is a respeito dc meus 1>t•ns1u11tntos •Res,
pondeu Polm.:-m te•· dilo o Abade Joíio Cwi.O: •O
lrllmtgo de, nada se agrada t.onlo como daqueles que
não menliestam os séus pensamentos•.

102 Um lnnõo rcrmu ao Abade Palmem: �Meu


coraçao dcsfa.l(!Ce logo que sou açometido de
um J)0Queno sor1·imcnlo•. Res ndeu o aneiao: •Ni10
edmimmos José, Jovem de � Bl10S, �'Umo aus­
t.enlou a tentaclío ai� o flm?> Deus, em onseqüén•
cla, o glorificou. Não vemos tnmM.m Jõ, como não
desfaleceu, guardimdo a paciência até o fim? E �s
tcnt.11,;ões não conseguiram 11baJ.lr.Jhe a espe.rouça
,,m new.�.
'l!I.> Disse o Aha�C> Polm�m: �o cenol;)ltii deve ter
três faculdade de agir: uma é a fo�ldéd�
d<? pmlkar a humildade; outra, a de obQd�cer; 11
telltelra, a de se movlmPntar como qua debl1.lxó cJe
um agullbrio, em vista do trabalho do c:enóbloi,,
104. Um irmiio disse uo Abacle .Polmém: <Nu.m
momimto de nfllqão pedl cmpresuido um ob­
jeto , um dos santos, e ele mo deu como esmoln.

248
Se, póJs, Deus também n mim dispensau seus
bens (1), çluroi luJ objeto II oulrog QOmo l'S!Tlo.la ou
antas àquele c1uc mo deu?» Rl!lipondcu o ancião:
«Diante de Ocus o justo ' que restituas a este; );)ois
dc.'!lc era o objeto». Jü!plicou o i,•miio: <Se, J?Orétn,
eu lhe 1.,vàt• " d" não o qulse,· acel1 :;,.,·, mos dt5sct:
'V;u, o d(1,o cm esmolu a qw1m tJW$el'l"!l'. , qua hui de
rnzcr?• ReSJ)Ondeu o anelno: •Em vQ1'liadc, o objeto
dele. Se, por&m, o.Jgui!.l'I'\ te dü algo esr,011t.anea­
m<lntc, sem l1w> o {)e�, tal objct,o li léd. Se, no
conu-,u·Jo, ll ,dcs, seja de urn monge, seja � um
sccul.:tc, e çlepols o p,:-oprleü,l'lo não quer receber o
obje10 do vbtt:a, o Justo 6 Que, CO/ll o conheclment.o
do 1wop1•lel(1rlo, d.és o objato como CSU)OI� cm C1ivor
do mesmo proprlMáti0• (2),
105. Do Abade Polmém ddizinm que ele nunca
qucrlu, 1:1:·oíerlr a sua ij!:n ten�a depois da àe
11rn ol1lro nclão, m s lo1wava plcnamc.ntc csm
oulra.
106. Disse o Abade Polmém:c;Mutt,os dos nO!SSOS
Pais se torna.raro in$1gné� nu ,11.lSterldade, mas
um ou oµu·o apenas se to!'rlou insf1;•1w pela diScti­
i;llo•.
!Oi. Certa vez, t•stando o Abade !saque sentado
com o Abudc Pulmórn, ouvl1,He o canto do
galo, Aquele ct,tM p�rgunloll: �,\qul há d�as <tQI­
Sd.�, ó Abade?, .Eslc' L'espondl!u: IISll(tllC, por 1tue
ma olJtigu� 11 fala!'? Tu e os teus scmeu,ru,tes ouvis
tals <1olsAA; o linmcm vigilante, porém, não se lm­
fJOl'lrt c:om elas,.
ios. Diziam 11ue, se nlguns visitantes iam ter oom
o Abade Polmêfn, e..<rl:e os mandava procur.ar
prln,clramo11te o Abado Anube, por ser Anubc mais
f1J 11\to \i, M' uu pudM· um dfn dtaprrta.r �•,c.e obji"t.o.
(2) tau, é. çam n ldl(tí\f;'lt1 tJc, ,,u.· Din11 f..t1-çn 1-CdQn((al' (o86Q
étlmolra etnJ mor lm.cnto .(� antJ,rc, pl"Õf!Tictário.

249
\>elho. O A\lucl.c m,1he, pó�m. d� -lhes: cDlrlgJ •
•vos 11.0 meu Irmão Polt11i'•m, µois ele tem o carismt1
da palavra>, C1lSO o Alwd•• A.nubc Uvess sen­
tado pcr10 do Abade Poimém, cs1c em absoluto não
rruavn t•m1uanw estivesse presente o Irmão>.

109. uuvJu 1.1m secular, muil.o picdooo ein sua t-on-


dutn de vida, o qual !oi tor L'Om o bade Pol­
mém. Achavam.se jun\O çOm o ancião nl11d11 outros
Irmãos, q111? Ih,• pC'tllam umo palavra. Ora Polm '•m
dírlgiu-lal• 110 plcdOSu wcult11· Dl'zll uma palavra 110$
Jrm!\õ�. Est.:, pori•nl, rogt,u: e 0esCUIJ:)lHlll', bod(!,
cu vim a1ucndc'I'•. 'l'odavio, conslrnngido 1,�10 e.11-
oitio, diSS!?: •$()1.1 um homem sec1.1inr que vende logu­
rncs 1.1 11L'g<Kfa; dei;al() os I IJ1;es, v cortfecclono outtos
mcnore�; rompro por flOUco e vendo por multo. Do
rt'Sto, não sd Jalar (!()nfonn.- a .E!critur,1: em lodo
cnsà, projlõnho urna p;uilooln: em homem dlsse a
seu amiiio: ·Pois qu� d . ·Jo ver o Imperador, v-cm
tu comigo' RCSl)Ondeu lhe o amigo: 'Acompanhar­
•IP-el 1111• mPio-cominho'. D L'lltiiO a outro .:unlgo:
•\7rm hJ, �-.,nduu-rne sti• 11 Imperador' • 'le res.
pondcu. 'u>Ylll'•W• 1 até o palãclo do Imperador'.
DL= ainda II um tel"<'dl'O: 'Vem eomJ�o atê o Im•
per11dor'. EsJ.e anuiu: 'Irei, lnV1Jr,tc,ci atê o palãcio;
ln nw BPl'l!Sl!O.IJltcl, hei d<' ínhtr .-, por fim, inlrotlu•
1.i�-te-el ali' o lm]l<'rt1rlor'. PerJlunl.aram.tbe enlft0
qual c.>r::t o signltil'ádo da lllll'ÍlbOl!I. secuJur l?xpll•
cou: �o pdmt!lro n:mli;o 6 n B.SC!el!e, que teva nté a
t>Strada: o sceundo � 11 purt:!211.. qun lr-va nlfi o céu1
o tercélro � u esmola, que lntrodt.a ah" o iwl
Oc\lS, com eonflanqtt AsSlm fld.lflcados, partiram
os irmãos.

110. Um Irmão que rcllldln rorn de suo ald la •


havia muitos anos n!io vo1ta1'tl elo. dl$s
nos Irmãos: cl::ls hã qlmntos anos aqui esLou sem
voltar à aldeia; 6.�. pó1'1\m, voltaia sempre que vos
apraz•. Oro conl.�rnm ó CUS(! ao Abade> Polmtlm,
o qunl lhe liissc: <Eu me chcg;11ia de noite • cil'N.ln•
250
rjn �m rodor ela altleln, ():ira que cm meu esph�t-0
nlio me va11i::)oriasse dr lrilo ir lá>.
111. Vm irmão peàiu no J\,b;id,i Pofmém: •Dize.mo
uma r>ttlnvta�, Esto respol'lde\l,; , J:.'nquunlo a
mmoln ó nquccldu (>0r rogo (Ir lmlx<i, nt•ru umo
mosca ou algum dO!\ outro� insçtos voadcu , a pod�
tocar; IOJ!IO, ponlm, quQ esteja Ma, e:stes sé pousam
sobre ela. .Atislm tambóm o mw1ge; enqU1111to so
c•nll'(?ga nos n\Qs cln vldn csplrlti.taJ, o inimigo não
rncohlrti. c:orr1u tibnt&., lo:..
112. O Abade JoSé referia o aegulnt� dito do Abade
Polrném, <A ptl\nv,·n do Evwit;' Jht,, 'Quem
tem uma túnica, venda-a, e comprl! umu úspodn' lll
slgniflCll 90e (JUOl'l'I go:ia de pem-eslnr, o dPVQ oban­
donaa· o nssumlr a vln estreita:>,
ll3. Alguns dos Padres perguoiurttm ao Abade
Pofmiim: ,Se virmos um Irmão JJeCl!Jldo, que-
que o repreendamos?. Rt'Spondcu-Jhes o ancl:io:
clj:m verd11dc, .se eu tlvcr nC<iessldadc de andor por
�ucle,-; lugUl'éS � o vir p�-ndo, pai;,;.11-cl 11rllante e
não o rl?!)t'l!Etmre,:el>.
U-1, 01/lSe o A.bndo Poimt•m, <Elll escrito: 'Dos
coisos quu tiver visto o teu olho, dâ ces:tcmu•
nho' (2). Eu. wr6m, vos di�o: aindn (J',IO ap(l]pels
com as ,io.-sa.� múos, não dcls tl!Slemwlho. Com
•follo, 1im lrm:i.o pad cu llusiio dcstn forlnn; Julgou
ver o :;ou l1mlio l)e(!llndO oom uma mulhc<r; ora, d�­
ppls d� M1fror wuvc tentação por lsto, oproxJmou-�e
e deu um pontapú nequllo que JuJguw,, st•r o� do!$
MUnqtl nt��; dl;in; 'I:>elxoJ dlsil() agórn: 11t.:· quando
c.slBl'WII assim?' EI.• ,•nliio ,,atou 'IUC eram mb1bos
�e espitas cl LrJgo, Por is.<o vos digo: nlncla que
loqueis r.om aR mãos, não consvrels�.

(1) l,c 22,30


(2) P,1• 2.ti.-8.
251
U5. Um irmão perguntou ao .Abude PQ!mêm: •Q\J
hei d� fazer, pois sou l<!nlado ,i fo1•nlcuçilo e
à iLa ?> Respondeu o ancf.io: •Por isso ê que dlssc
Davi: 'O leüo, eu o golpeava; o un;o, eu o sufo­
cava' (1). O (!Ue quer di'te1·: a ira, e11 a amputava:
a fornkaCfio. cu a oprimia cm lohutnS•.
116 Di&.-e mais: N"ão se pode encontrar maior
cnridadt> do que a que entrega a vído pelo
próx-imo. � 311ltlém ou,M uma t)ala vra mi!, isto ê,
aura, e, podendo respouçle� outl'B semelhante, Jutn
para niio respóndé1•. ou se nlguém ;, der1·audado, e
d suport:l sem se vingar, tal indívidtllo esta dando a
vidn p,?!o pró,.lmo•.
117. Um irm.iio pcrgµnlou ao A.badc J?oimém:
•Qu<' <í um h!pri<:rltn?. O ancião rcspond()I.I:
cJ'ílp6cl'ltn f! nquelc qu,, cn�l,m ao prôxlmo algo qu
ele mL'SillO não chc11a u proUcnr. Com c.>fcflo, est
&c:1 ito: 'Por que consideres o cisco no o!lio de teu
Irmão, quando ll!i umn trave em teu olho?' e o quo
se �e (2).
118. U,n Irmão pcrw,mtou ao Abade Polmém:
•Que slgni(lca Irar-se sem motivo con1rn o
lm,ão!• O ancluo l'C!lpondeu: �s,, teu lrmõ.o come­
ter uma rmudo, quol<JU�J· riue Sl'jll, contrn 1i, e te
ampare a mii,o dlrei111, SI' fures oontm ele, irrtr­
-te-fls tmnerarlnmcnte. �. pol'tm1, qUi'iCr sepa­
rar tlc Deus, c.ntão d«!Vrs Irar-te>.
119 üm Irmão perguntou no AIJndn Polmhnc
• Que hei d� fruwr contra os m1;us pec.·u;tos?>
.Rr,.<;pondt•u o ancião: •Aquele Que quer resgaurr O.'J
seus pecac!Q,, resgata-os com o pranLO; e aquele qui,
qul't' adguirir virlucles, aelqulrc-ns com o pranto.
Com cléilo, pranLcar é a via que nos ensiharam a

(L) llls 1.7,:lij,


!�) All 7,i._
252
Esc.rllura e os ·nossos .Pall!, dizendo: 'Chorai' ll).
Outra via não há se11ão 01sta>.

120. Um Irmão pe.tguhtou ao Abà,de Po}mérn:


•Que é compunção do [leeado?• Responde1.1 o
ancilí,o: <1!: paro o Cuturo não mais cometer o peeado.
Com efeito, os Ju�os ÍOI'llm c:hamados imaculados
porque àbon<lonaram os pe�dos e se tornaram
justos•.
121 Disse UIJDbém que. a maldade dos hom.t•ns
estâ oculta por dctrâs deles.
12'2. Um irmão _pctguntou ao Abade Poli;nêm:
•Que 11 l di:! fn'l.l!r eontra M pi!rtu1·bàções 11ue
me acometem?• Respondeu o aocliío: «Choremos
diante da bo.ndo.dc do De-as em todo trabalho nosso,
atê que use cono.sco da sua mlserieOrdlu>.
1.23. De. ClOVO perguntou-lhe o Irmão: •Que hei de
faziw CQntra os lnüteis dcscj'os ciuo tenho?'>
Re,qxindcu Poimêm: cHã homens que jA �ofrcm a
resp!mç!io elegante da mQrle, 01as oincla ntendcm
aos desejos deste mundi,, Não to ap1'0xímes, e não
toq11es esses (leseJos; eles se esv!ll1eoorão por �í•.

1211. Um Irmão pellguntou .ao Abadé Polmêm:


•Podo o h0mem sar um mortoh Respond,-u
es\.e: «Se o homem chega áo pcC!ado, morro; se, po­
r m, 1,h11go oo bem, viverá e o prallcaró.•.
125. O Abt1de Palmem rc!crlu o scguinto dlt.o cio
bem-aventu.rado .Abar,lc Antao: cA �r.mde
rorça Qo homc:m • tâ cm que nssumo sob,-c si m ·mo
o seu pecado diante (lo nhor, e cspére téo!Alçilo
aLt o lililmo t"5pl.rQ
1.26. Pcrguotnram no Abade Poimem a quem ã que
Sé apllcu n pnltlvr.a tia Escritura: cNlio vos
<ll t!lntondcn1-11e •q�I .. IA;rdllllUI d< wnarunçÕ4.
253
pr.:.'<>Cup'11s rom o dia d11 <llJlMhõ., C1 ). ó ar1eiã.o res­
pondeu: «Foi ditu para o homnm qul', aCQtneUdc:, de
uma tentoç.ào. pc:rde a oorng...m, a ílm tle qu,;, n, o
pergunte ,,reocupado: 'Q\ulntO tempo llC\' •rei sofrer
esta tenta -o?' Ant re1llta um J)OUL'O, • de d!O
rara dià diga: 'llojr' .
12í Disse também: •Ensinar oo próximo (, obrn
do hom<'m dia P d�tuído de paL,côcs, puls
que vant.11gem hã m con trulr a c:alill de outrem no
mesmo 1t•mp0 qu• ,;,.• d0TUba II p1-ópria ?
128 Dis,\ie mais, •Qi.ie proveito M �m que olgurlm
sala pnra aprender um:i nrt,• l! nr,o a apn,nda?>
l.2!l, O;sse de no o: Tudo (lut! <?.'<cede à justa mé­
d!rin, pro,'14m elos dinnônios
1:�1 Di,;.� taml,,{,m, cQuundo alguf.m intcn on
construir umo ç • roirllt' multas coisas !le
dlfereni.es lllt11l'l:ICli e n� para ouc a e;
poss:t suhslstlr. As81m também nós assumamos um
pc:>Ul'O de cada \>irtud�.

131 , Alguns dos P dJ'es pet"g\lIJUl.ram no Abade


Polrru.ím: cComo é ttlll! o Abatlll l51Cfóo SU•
portou a tnl ponto o Séu dlsclpulo?, Rcspontleu,lhe:t
o Abad� F'oimêm. < fora eu, leria. po,rto alú o t..ra­
ves! •n·o cla\,aixo da ca · deli!, O Abade J\nube
perguntou cnluo· <E que cUrlaa a Deus?> Cont
nuou Q Ali�dc Poimi!m: •Dlrla: 'Tu lflllJld1111w: To-,-1
prlm('lrumentc a trave do teu olho; 1l,-i:1als tnit.arúJI
de tirar o cisco do olho de tMJ !nnio', f2).
J.32. Olssc o Abade Poün'm· <A Com a sono.
lenda niio nos d�!xam Vl'r cu s �lrn-
pies>.

(1) HUC
(2) Mt 1,ll.

254
133 D e d, novo: <Mult s !W til moram po(let'ó-
sos; poucos, porém, so tornaram luoentlva­
llorcs•.
131 O!MC ramb(•m. com gem!çlos: ..Todas as vlr-
tudti1 cntr1,rnm neslo Cll..'-', excelo uma, sém
a quaJ díflcil!i1entc pi!rn1anece o homem dl? p6».
Pcrgwrt.J,J•um-lhe enti'ió tfUlll é estu; oo que r<!Spon.
rk-U: •Qut, o ho(l1em censure a si mosmo,.
l3;j, DI. • muitils vc-;;l!S o Abade Poirném. <De
nada precusrunos n nii.o � de uma mente
vlgUant
L.'36. Um dos P11dres perguntou llD Aba� Polmê:m.
Qu m é que 115.q!m fala: 'Sou pnrtldp,o.oW
de lodO!I o!I que te temem?' (1) O ancião l'CSJ'lDl'I•
d<.'11: «E o pirllo Santo que 11.SSim fala>.
137. O ,4.b;ide Polmém referiu que um 1rm4o Sl!
dlrl:;rtu 8Q Abade Sbnilo tu)S(CS te.1-mos: <Se
,mio d4 cela e encontro méu lrm:Jo dlv111tMd11, láln·
bém eu divago com cic, e, se o cncontl'O nndo, tam -
1,cr!l L10 l'Olll cl ; a �r, qu1111do 1;olto à ccl.i. n o
po!iSO encont.rnr paz,. Dís,;r.,U, o anclão: • u�
tamli!m tu rir quando, au li!llres ti c,,ln, c'llcontra,
res n qw,m CJW rindo, t.umbém tu rnu1r quando
<'11con1rar a quem rta 11.11 mio, e, a segui�. aq
cnlral'\.>s em tllll cela, rnoontr,1r II li mcsruo como
" wva,;• Pl'rguntc;11 o irn,úo · Coinn ,. lslo pos­
sh,el'. () anrt..o n'Sponduu: l'or d,•n11-o, n,antiim
i,.,uu�l , por fora, mt111l61n. gu�•·da•.
l!l6 Aw1d,• n,u,lol rnntn\,a o , ::,'ILlnta: ,O:,rta
vl-7. íi:,mO!I lc,r t,,111 o A\Jml, Polmt'm e OOITll'·
J
rn .. umos, d,'J)(lts do ,1u,,, di"-'<•-nos; W,:-yos. <k&­
cunsol um puvcu, inndb:.•. Fonun, pois. ck'SCQIU(lr
um pJu�o· ,·u, 001 'ln, fl�ud para C!'f>O\'l!l":.Sa.r a só,
:orn o Abad. J•ofm(m. I"or oonsegi.íloto, lovantei•JM
(1\ $1 11 S,
265
e fui à cela dele. Ora, quando me viu chega., �,o1o­
cou-se na pos!Cli,o de quem està dormíntlo. Com
eféllo, era costum do anciijo fazer ludo d modo
dcSJ)(!rcealdo.
139. Disse o Abape Polm�m: •Se vires cspetíículos
e ouvires discursos, não os contes a teu pró­
ximo, pois são um subversão bêlh::n•.
140. Disse de novo: •Em prlmcil'o lu,:nr, Ioie uma
va; m !ll,gu,1clo Jugar, fogé; em te1-célro lu­
g8J', torna-ti! urna espada,.
J.41. Dls.�e de no\'0 o Abnde Polmém no bnde
.lsagUo: cTo1·110. leve umo Ptll'lC /la tun jus.
t:lçn, e ent-ontnuw paz nos poucos dias de tua vida>.
;IA2. Um Irmão foi v!Sllllr o Abade l'olmém. e,
estando nlgw1s &:ntndos juntos, põs-1;c n lou­
var outro irmiio, porque 1/StC odlnn1 o mw. Enwo
o Abade Pohném perguntou,the, •E quo é odiar o
mal?, O lrmiio ílcóu pertui-lmdo e nlio enconlrou
resposta: levantou-se, pois, e prosU'Ou-se diante do
anclllo, l)(?dlndo: cOJzl!-mc o que · odínr o mal•.
'Respondeu .Poimém. cOdlor o mal conslslll cm que
alguém odeie os próprios pecn!'los c consldere justo
o se\J próxlmo•.
143. Um lrmiio foi ler com () Abllde .Poim� e
pQt"ftl,U1IQu-lh1:· •QUt> d<IVO fitr.lll'?> E.,qte l'CS·
póndeu: •Vni e nssocla-t1• a quem diz: 'Que f: que
N1 «uem?1 E �ntr.1r!is �o"ógQ•.
1M. O Abade José referiu n scguln:to narrativo
do Abade Illaque: ,Certa vtlZ c-s1.11va Sl'ntndo
com o Abade Poimôm e vi-o entrar em êxtase; jà
que eu tinha grande (amillw·lclud(.lu 1-'0m ele. pros­
trei-me dct>ais diante dele o r,erguntcl-lhe, 'D17.11,mo
onde e$t:lvàs', Constranttlclo. r�spondcu· ''dlnhn
mente estM.a no lugar cm que $1).ntl! 1'1fnrít1, a Mi\J!
do OcU5, esteve, e chorava junto à cruz do Salva­
dor: cu quisera chorar sempre desse modo',,
256
145. Um Irmão perguntou ao Abade Pohném: •Que
ía1'CJ conlJ•o esta carga que me L'tnnpl'ime?•
Respondc1.1: •.As nuws, f)()(Jucnas e granel!8, levam
fnturõcs; no cnso de [aliar vt>nto tnvo1·ávcl, os rnn­
i'inhelros colocam esst•s cinturões sobt'C o pchu, rnu­
nc-m-sc de cordu,, e ttSslrn aos poucos vão PIV<lllldo
a nuvc, nt • que Deus mond o vento; quando, Po·
rtm, ollsci'Vom oua oproxlmam as trevas, apres­
sam-se cm voltur o nave e lançam a âncora, para
que n cmbarcu�Ao nr:o fiqu' L•rruntc•.
146 m Irmão lntrrrogou o Abade Pofmém o Tl$-
p •ilo dos ussaltos elos maus pensamentos.
íl.l-;ptJnd<'u-lhr o •. nclúo: Is.o se o. •melhn a um
homem quo t<'m fogo à f>S<)ucrda e um rcSP1Yat6rio
de (lgun à dlrelln; uma ,r-, ac<'bo o rogo, tome âgua
do reservatório ? apague-o. O fogo ó u mente do
1nfmlgo, cnquan:o a ãgua sf_gniffcu prostrar-se cm
J)l'{'SNl<:n de Deus•.
l 17. m lrmúo perguntoll oo Abnd Polmém: •Que
(; melhor r111w· ou c:lla1·-s07• Respondeu o
anel o: «Aquele que rala por cousa de Deus, fa.2
oom; e aqucf que 'lt? cnfn Por causa de Deus, faz
oom•.
148. Um frm!o pergun1ou no Abndr Polmém:
,Como po1k o homrm l'Vllar dizer palnvrns
duras 110 próximo•• R�spr,ndcu o ancião: cNós r
(H nosros Lrmiio, orno� 1l11n.s lm�s: iodas ns vc-
7.c'� flll<' o homem l-Oll!dd()rn n �1 mesmo e se ncusa,
o 1rm1H> lhe J)0t\.'('0 (ll'{Tlo tle huru'1t; t1ua:udo, porém,
o hom•'m SI' J11l�n bom, acho o Irmão mau em com­
parar.iío n <'lf>.
JA9 m lrmiio lnl<'Tl'OI\Oll o Ab�d" ?oim<'m n r S·
r>"fto rtn ftCklin ( ll. Rrspond�1-lhr o nnri<lo:
, A o�dln ,;e rncontrn !'m todo lnklo, l' ni,o h:\ pai•
. P.a pior do <JU� !'lo. Se, porl•m, o ho111em 11 d-
1,r<' r r�c,onhCC<.• (JIIC (, ri�. ncontra paz•·
U) A u·k\-a ,. "'dctànhnc') n:1 vida esrtrltull.l.
257
fNDTCE

5 /\prt>s<'ntacno
!) Pr1•rr,dn

L1"'l!8A LFA
11 Do Abadl.' Antão
21 Do Abade AMiênlo
36 Dv AlJaílc Agmao
44 Do Aoodc Amonas
48 Do Ahnde Aqulaz
50 Do Abnde Amóés
52 Do /\\Jade Amum do :Sh.rla
f>-1 Do Abllcl•• Anulx'
5-1 Do Abade braão
55 Do A!mdc Ar!!
5G Do Abade Alõnlo
57 Do Al de Afl
:\7 Do J\bad" ApoJQ
r, Do AI ade Andr�
m1 Do Abade Alo
5D Do Abttd<' Amonntnz

LETRA BETA - B
61 Do Grande BMílln
62 Do Abndl? Bcssnrliío
66 Do Abade Bmjamim
G7 Do Abade Biare
Ul':ffi.A G.All.lA - G

69 Do /\pade Grcgóc!o o T,'6logo


(l9 Do ,/\.bode G<'ldsio
76 Do Abade Ccl'iincio

U:TJIA DEJ,TA - D

7,T Do Abnd� Daniel


1 Do Abade Dlóscoro
83 Do Alinde Dulaz

LETRA l'lPSlLON - E

$.'> De Santo Epl(ànio, Blspo de Chipre


Do Abnde Efrém
90 D<! Eucnrtsto, o S<'M1t111·
!Jl De Eulóglo, o pr$bllC'ro
92 Do J\ hade J-::Uprt'pio
93 Do Aoode Elódío
B4 Do ANld� Evágrla
Do Abade Eudemão

LETRA ZETA - Z
97 Do Abndr Zona
100 Do Aba� Z:tcarlns

LlüTRA l!.'TA. - E
1<13 Do Abati� lsafa�
lOS Do Atlàd•• Elia�
107 Do Abncle llcniclio

U,'TRA ]'t,"tA ('l!ll) - 't


109 Do Abade de Ft•rmn
ll 7 Do A:bad� T oaorti c1., En;ito
260
117 Do Ahacl<' T odoro da Cétia
118 Do Abade Teodoro de Eleuterópolls
118 Do Abade 1'eonaz
118 Do At:ccb!spo Teófilo
121. Da Madre Teodora

Ui:TRA JOTA - 1
121; Do Al,nclc Joí,o Curto
137 Do Abade João, o Cenobita
138 Do Abade Isidoro
110 Do Abade lsfdoro d0 Pelúsi.o
141 Do Abade Isaque, 11 Presbítero dos Céllus
144 Po Abade ,Josl! de Panefo
147 Do Abafü• Tinge
148 Do Abade J-0 rnz
148 Do Abade João, o Eunuco
149 Do Abade dM Céllas
150 Do Abade Isidoro, o Presbitero
151 Do Aba.de .João PP.tsa
154 Do Abade João Tebano
154 Do Abade João, o dis<;ípulo do Abade Paulo
155 Do Abade Jsaquo Tebano
156 Do Abade Josc Tebano
15.6 Do Abade Hlfnrlfio
157 Do Abade !sq11iriiío

LETRA RAPA - K
159 Do Abad� Cl\llSfano
l&J Do Abade Cnl'l�o
l G6 Do Abade Ciro

LETRA LAJIIBDA - L
167 Do Abade Lúcio
168 Do Abade Lote
169 Do Abade Longlno
LETRA �m - ftf
l 73 Do Abada Mací1rlo Efllpclo
191 no Ahnd foioos
197 Do Abade l\1ato6i
200 Do Áb.t(le Marco.-, diScipulo do Abndt' Sllvono
2(\2 Do Aba.ri!' Mílr-slo
204 Do Abade Módo
205 Do .Abnde :,.1rdtlo
206 Do ,\bade Mlós
'lJJ7 Do Aoode ;\lnreo,, o Egfpclo
209 Do Ab:td<' :-.i cãr!o, dll Cldad,•

L.foJlllA
211. Do i\bnde • llo
212 Do Abade NlstProo
21 1 Do Abadr Ni!llm)o. o Q>noblla
214 Do bade lcoo
2l5 Do Abade Ne�
21G Do Abadl.' NTl!f'\IJ.�

217 Do badc Xolo


218 Do Abade Xfultlas

I..l!,,r&A omORON - o
21!) Do Abade Ollmplo
220 Do Aba@ Orsisio

U.'TRA l'J - p
223 Do Abade Polmém
262

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