Maranhão Sobrinho - Papeis Velhos (1908) PDF

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,
~L.\Hr,:'\ HÃU !:>UBRli\HU
· . . ruídos pela tmça do Sym/.Jolu
.\1AJUN11ÂO-l!l0b
'l'yp. Frias
,..
A. J!ft:CS PAJS
Qfl'en:<.;o. dedic0 e <:Ollfiayro

e~le licro.
Qui veut vaincre ne peut pas céder.
ll>sc11.
T~mos bom corpo. irmão; vauws cavar .. .

. l11tonir, .Yobrr.
A Ros.\ BRANCA.- 'fenho pena de quem julga a

espada mais lisongeira que a lyrn. A desillusf10 de
Arthur será tremenda ...
A ROSA V1:rn~IELHA. - .Maior compaixão merece

quem considera um soneto superior a um heroísmo.
Arlhnr vai cahir fulminado da desillusão ...
1!nn«,wlo Ersc-BATALHA DE FJ,ORES.

fc>~fc>EIS VEbMOS
SOKETOS E POESL-\S
Vel hos papeis ... de \º Cl ºSOS . São pcdaro!s

da minhalma. batidos pelo ,·enl o.
l·omo a;; !"olhas d o ou tnu111u .. . Guanlarn t1·a<;:o!--
de um tempo. que pa~sou. sc111 pc:11s:\llH'lllo . ..
Preso nalg-e ma dos teus a!Yo:s bt·a~·os

tecI-:is: eatla um lcml1t'i111111 moment o
do nosso .unór que. (JOI' ete1•nos laços.
n11t1·or·a. no;; 11 ni11 ,1 um fil'rnamcn to ...
~ARANHÃO SOBRINHO
t(
~e -aiguma gloria tdm. formosa, é csla:
lodos o leu celeste amór perfuma.
Pffi todo~ lia Lmilma rm r·i~,) e l'e8la !
Yrlhos papeis, 111cu ultimo ,·onforlo !

sois uma nódoa rphéme1·a de csr:uma
pct·dida ú face rizul tlum llJl;O mol'lo ...
fj
Blbliotec:a Públlc.11 Beoedito left•

SONETOS E POES1AS
~
}'
•• •
O MAR
n u,·c ! () mar. est•,1 ;·pa11do ,,:-- J'01·hai,:. na ag-onia

d o so l. pa1·c1·r l <' I' 11n ,·<)Z o lt11ma110 an·r 11lo
rl c dõ1· ! Rcz,1 . Lal n'Z. Yai 1·t'l'ti lh c1·-sc. () ilia
se ,1jocll! n r ,1 1m·dc. e 111 s 11ho, nll!'a<:;1 n lit·mamcn to!
Como Hús. púdc sei· <tuc a t1·i:;lcza e a a lcg1·ia

o ma1· si nta l ambem: p1·ceisa . cm moYimc nlo.
tr azei· um corai:,10 ... Q11 cm sabe o que irnulia.
no scn int imo. r m d oei'" ;17, ql rl'r·nl hi,nPnlo !
ll
-'l.\RA.NJIAO SOBRINHO
Escuta ! ,-m11 0nda ,·cm hcijai·-tc os pés. ~fio ha ele

<'alma os seios 1·asgar sob1·c os basaltos. Quêr11Ias
as ondas Ioda:,; são. n11,·c-Jhc a ,·oz. Piedade!
n mar Jc,·a-me a c1·cr (JUe tem paixões morlacs

cm que rolam. J)l·ilhantlo. ax lagrima::; das pcrolas
<' palpita. frrn'11<lo. o sang·11r dos rorars ....
8 iblioteu Public• &en.dlto Leite

:::iON.ETOS E POESIAS
MA - T SU
Sobr·e o lei to de scda·azul n1ar·i11Iio

com uma paizagen1 el e Youk-Sa11 , l'iclenlc,
~fa-'l'su do1·me '<' a luz do Sol-Nascente
Ycm bcijnt-a amorosa . de mansinho ...
Seu mor·no somn o é o de uma flô1· olentr,:

não respir·a tã o le\·e um passar·inho !
Sobre o seu Jeito, que parece um ninho ,
rnai ~ azul se <lcs do!Jra o céo do 01·iente.
13
'.\L\ l{ •.\N H Á O ::30BIU NHU
~
As n1.11·~l'llS do P Pi - Ho . n•1·rlcs. biza1·1·as.

uoi1·:.111-sl' ao sol: das f1·onues se desata
a musi<:a ne1·;-osa das ,·igan as ...
E sou lia :\la-·t s u h,wa'- 1·ison has

qu <' um pai· (lC po mbas ni H•w, a an C'l,a ta
solH·e u m lago eon1 lolus e cegonhas ...
''
SONE'fOS E POESIAS
ANJO MORTO
Xo dia e1u que au meu amo1·

de azas abeHas. Yieste.
como os anjos <.lo Sen hot·.
d1orou-mc nalma um c:yprcstc.
ó meu peq 11enino amõ1· !
Bem Yi. (•n t1·e mil ahi·olh os.

infC'l iz 1·os,H11cn in a.
pela mudez dos leuf: olllos... .
'IUe mo1·1•ias peq uen ina ..
SoJ)l'e o hc1·<:o aln) t• in noc:cn le:

que os leu:,; so1·1·isos doii·én-am .
os anj o:- -.:crcnamr.nlt'.
todas as noites baixavam.
com tra\'Cssm·:.i innocen tc ...
15
MARANHÃO S013Rl~HU
~~-
E, uma ,·<.>z. li1·io da l'o11tt·

que um sú tlia me so1·1·istc.
beijal'am-l<' a nin•a fronte·
a:;; azas de um anjo lt·isll' !
X111wa m:lis, dí' olhos \'et·melhos.

d101·ando eomo·ns 1t1C'ninos.
dl'ixci <le <lolwa1· os joelhos
;ins r~q11ifrs J)Nlll<'tlinos,
de <-1101•;\t· dí' olhos n•1·mrlhos !
Desci<> <'nli111 ,ln !kiwonfo1·to

minhahna tit·011 c·,tpt i,·,1;
:;;e passn\'a um anjinho morto
ia ,·1lr !-<' rstnYas Yirn ...
E que prase1· cni scgrrdo

meu peito dl' i ªi sentia.
:,;e, depois dr tnnto mt1do.
tua !,orca rm flor me sonia
t·omo a dizel'·TllC um spgredo ...
Dôc-nH' hoje• p<•11sa1·, Celeste.

que. rm tua niY<'<t mnnsão.
a raiz de algum t·yp1·estc
te a i 1·aYessc o eornç·ào .. .
lG
SONETOS F. POESIAS
SINHA'
\'en1 do passeio 111a1inal. de blusa

~IC' sêda azul. co111 flo1·cs no peitilho:
e o seu passo rsl udarlo de andaluza
r·anta. 1·omo um ('ana1·io. no larll'ilho • ..
..\. dcslu111b1·.1da multidão confu sa

p1·oclama-a bc lla, c111 tl'éfego estribilho ,
e é para os olhos eaptirn1· qu e uza
luYaS (JH~-per/e C cinto ele junquilho !
11
Bibllotec.a P\lt,ka Benedito Leite

)IAHANHÁO SOBRINHO
_\ :;ai,1 dl• su 1·,tl1 dl' 11111 \'('1·de-palha

tr·:1P-lhl.' as t'o1·ni.,s gelllis. e, presa ao cinto.
n ch(tulai11e de e;.s ·an•is chocaJhn , •.
Com o seu so1·1·iso as 111ais 1·i,·aes apouca.

e exhibe a rhaga aberta dr um jacintho
vh·o. no cxcr l,;o rouxinol da bocc11 •.•
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SON F.TOS E· POESJ.-\S
~
SACRIFICIO
P01· \<'LI :,;c1•r110 amo1·. lúdas as g1·andes <lô1·es

sobrr humanas. f<'liz. suppot·tar~i ! Caminhos
abr1·tos rorno o tl'O . rnill ionarios dr tlot·<'s.
dcixarri , nrstr v:il. pot· ,·r ,·Nlas dc> rspinhos ...
..\i ! que sct-:l de 111i111 quando c111 f)J'CY e te fõrrs

saudosa ! E co1110 ,·ão liea1· moPlos os ninhos !
SPm teus olhos aqui despirão seus verdores
1
os rnllrs ! ~lo1·1·erào de p<'na os passarinhos !
lf.\R..\NH,\O SOBRINHO
Passam g-cmcnt.lo as ,·i1•aç-ôcs: :1s 1·osas

fit.lalgas. sobre as hasl<'S d,·l11'n!,"atla,;.
de que mor1•e11. pc•1·g111il:rn1 ,·111·im:;is.
IJiz ,\ aç11cc11a. n amür tia solid.io:

foi o sol que. l'Olll ,;etc p11nhalad;1,;
r(r ,;()\IS 1·,iios, l'élS.~O)l-1 hc O c'Ol',lrào
. U
8 iblioteu Pvblic• &en.dlto Leite

SONETOS E POESIAS
SOROR THEREZA
•.. E um dia .is mo1•jas 1'01·,un dai· \'Olll clla

mo1·ta. da 1·01·de um son ho tle 11oi ,·atln .
no silencio ehrisl;'w da c:streil;1 n:1 1~,
lalJio:-; nos lahios d,, 11m ,:n1eifit-adn .. .
Some11 te ;1 luz de uma pictlosa ,·ela

11ngia, l'Omo um olco derr.imado.
o aposento tristi:;simo de aquella
que morrera num ~onho. se m pcccado ...
~I.\IU~JIAO ~OHl~INJIO
Totlo n moslciro cnd1ctH,r tlc r r·i~lcza.

(' llillg"IIClll SOllhC ti<' ljll<' tlo1· ('St'l';J \'él
mo1·1·e1·a a tli,·i nal so1·01· Thc1·cz;1 ..•
~ão ct·cio que. do ,imor·. i1 morlc ,·<'11ha.

mas, sei '(llt' ,1 ,·itl;i (la ~or·or hoiarn
dr1111·0 do:- olhos ,lo Senhor ,ta P cnlt;i, . •
2\
8 iblioteu Públic• a.n.dlto Leite

~ONETOS E POl~SlAS .
BRUX(?
\"ou . feliz. c:o nsll'l1i1·, no paiz dos meus son hos,

um sup1·emo sola,· de 1·icas pcd1·ar·ias.
assente ú bci1·a duns p1·ecipic;ios medonhos,
onüe um so l pe1·ennal lll'ilhc nas pcncd ias ...
Ycrd C's ,·alies cm Jlô1· a mplissimos. 1·isonhos,

g 1·and cs se cslendc 1·ão . t·nmo po1· bruxariax,
aos meus olhos. assim c:on10 as nn,·ens ll'is lonl1os,
e azas de oiro Yi1·âo ,·antai· nas 1·ama1·ias !
Bibllotec.a Pút,ka 8enedito Leite

) IARANHÀO SOBRI NHO
Guardarão meu solar de ratljahescas pompas

mil gucrr·ciros anões, uc panoplias tle moir·o,
que o espaço c11chc1·ão tle clang-o,·cs de trompas ...
E. ao supremo clangor <las Pntilas inubias,

desfilarão. ao sol, com os seus tut·bantcs tle oi1·0
e tu nicas gentis, tlez mil cs,·ra,·as 11ubi11s . .
8 iblioteu Public• &en.dlto !Alto

:50N'l::T0S E POESlAS
~
CEGO E SO
O im·erno Yem. 1:rucl, nas frondes ealJriolando,

batendo, no arrn1·c<lo, a plumagem tios ninho~ •.•
Ai! q11c sc1·á tlc mim. que náo rnjo, e antlo c1·rando !
Ai ! que scrú de vós. azas de prcssariuhos !
Vai-se-me a alnia nos ais l1·isles, tlc quando cm quando,

e estes \·cntos c1·ucis ! e estes t'1·ic.s caminhos !
Só cardos os meus pcs piz1111, se 01 sintuen1ando .. .
~ào s~i para que o eco fez i11vcr.1os e cs)inhos !
..
., .
M.\fl ..\N li >\O SOBRI N HO
Ja 11cm mais mi11has mãos r1·gucr i1s 1111,·cns oiso !

~os meus labios sl' cs,·úc a ,·01. ap1111lwlada ...
Quem nw dc1·.i c1wo11l1·a1· as l1·cs pallws de um poiso!
O ioYcrno para mim tem gclci1·as de hrazas ...

Se ainda ui11hos li ouvc:-sc ahi 11uirw 1·amada,
,~ cu pudesse l'abcr dcnl1·0 de duns 111.as !
8 iblioteu Públic• &en.dlto Leite

SONE·ros f. POESIAS
CASTELLO ASSOMBRADO
.\leu d('Sobdo r·ot·ac;ãu pat·('c·t• .

r-J1eio ele 1·11inas .· um so lnt· d<' outrora.
em c-ujos ltwreõC"s sonwnle e1·escc
a solit,wia p111•,1:-: it:1 ;ig-01·a ••.
Desde que a 11oitc. e11t1·t' pavo1·0:-:. d('sce

ao ,·i1· 1:antando. Jwlo t>spa<:O. a a111·01·a.
um bando d<' risii('s nell e apptu·Pc·<·
e, ás ,·czcs. &lle. uma guita1·ra c-ho1·a !
29
)1.-\ltANH,\O SOBRINHO
São as almas dos meigos Tro,·ado1·es

t1•istcs. cantando ús c·astellàs amadas
os 1·imanccs azucs dos Sf'US a11101·es
e as arnnturas dos combates moi1·os . . .

Passa, beijando as cruzes das espadas,
o bando regio dos fidalgos loiros •..
~
BJP?BL
8 iblioteu Públic• &en.dlto IAlte
:,,ONETOS E POESIAS
A SAUDADE
A aza que voa ú mais rcliz

Que nós, que. em lag-1·imas. amamos . • .
Que a nossa bor('a t1·istc diz t
tristes ly1·isrnos se111 mal iz
e sl'rn as 01w 1·a,- dos 1·,1mos • ••
(Juanla distanei.i nos scpa1·a !

(Tristes nrn1·es ! tristes céo~ !)
A minha do1· é Ião ama1·a.
ú minha doer lua c)a1·,1 !
ó mr11 adrus ! qual mr11 ade>us .• ,
Bcn1 me disse1·a111 que pal'l ias.

deixando 11111 leito scin piedade . • •
E Yão passando scmpt'C os dias .•.
Pol'quc não \'ens ('Orn as a leg1·i,1s.
estalua b1·anca da saudade?
3t .
~
JB3]FJB3JL
Bibllotec• Pútlk• Benedito Leite
:llALUNHÁO SOBRINHO
~
Este ,·iolaceo senli111e11tu

nasce do nosso triste amo1·:
é um riac:ho de lamento.
uni 1·io de padccimcnlo
tão g1·andc como a minha do1· .. •
Nós somos dois i1wo1111wchrndi<los,

dois lt·isles poh1·es tlcsolados.
,Ir tanto amo1·, ja sem sr1itidos.
JJOt· ent1·cs lag1·imas 1w1·didos.
dois 1'01·a<:(1rs .111101·talhnclús !
Ycjo-te, cm lag1'in1as. distante ...

ai! tão distante eomo u sol !
Triste Saudade, minha amante,
tu <is a nu,·em mais bl'ilhante
do meu intc-rmino arrc-hol !
Sc111p1·c c111 11ic11s olhos, a ll·isteza.

pungidoi;;,.pela impiedade !
E o meu amor é a natureza,
pungido assim, nesta aspereza.
de saib1·os roxos de- saudade ••.
- - - - - - - - - - - - - - = - - - - - - - - - - -l
~
I33JP?BL
Bibliotec:a Públlc.11 Benedito Lei!•
SONE'rOS E POES IAS
O. MYSTICA
Quando a 11101·le Yclai· os inrus olhos em; minha!;

mãos l 1·eme1·em nas mãos, que mr e:;lcnues. ne1·,·osas,
srja o meú beijo, cí ílo1·, o ullimo ! nas 1'osns
do leu roslo ! Son hei que ú minha mol'lr ,·inhas
Hei de, cm ancias crucis, <·ing ir-tc e, <·0 111 as ..J1111·11s;1:<

1·1·cn('as nalma a c111igrat' com azas de ando1·i 1il1;1s.
tlizcr-le o meu arlous, o ultimo! nas Yinha~
OU \'Ílldú o su ltt!_'al' das t·ol as amo t·Osa~ I
lJ
Bibllotec.a Pútlka Benedito Leite

\l..\R..\~H,\0 ~OBRfNHO
E !<e olo:-: ulhu!- lt·II~. ~ag-1·ad11 t1·a11~1'01·lé.

1111
ll:I il~onia. l'olai· nrna lag1·i111a vi,·a.

rnl.io n ' l'Ci o , -1l1) :111le;. <.lc , <·1· a moi·lr
:,;;11,t:i. :i ,w111lt1·:i .ih , · p 111. 11m: olho,: truho-:i t1bc1·la !

,, 11nuí ;1lnw q11r yj,·rn <IP uma 01111·.1 al111:i ra pti,·a,
1wm n:i~ 1111,·pn,- dn n:o pod1• \ in•t· liltl't'lll !
- - - - - - - - -~----::::;;;;::--------~n
J83JP?J83JL
Blbliotec:a Públlc.11 Beoedito Left•
~O~ETOS E POES[AS
DOCE BEM
Quando, rlenlro de nüs, n anit\r em h<'ns drsl'oito.

áhre as azm; de luz e. Plíl so11h os. 1·011xinola.
par<>('e q11<> as rna11hiís 11Mc·<>m do nosso vcilo
e que rio no:,;so 0111:ll' lJ('ll:s . .-,nnltando. :se evola
C1 mundo para 111ís I orna-se 111ais est rcit u

e a prop 1•ia d{)r ,·1·tH'I <I<> ,'!,pinhos nos ronsola;
d1•ntro d.i llü:-,::, ,·,,z h: , 11111 l"rn1bal !,alisf,,ito
•'•>mo nn , •>Z ,1,, 11u1 1•nhn· ;10 hPijar urna <':smola •.•
~1.\IL\N H .\O i:;OBHIN H O
Qul' scl'ia d(· 1111111. al nw fl'ila lll' ('seor11br·os.

:<e o amor·. o ehwo amôr·. o C'IPr·no amor·. o amí',r·
a p111·pun1 ,la l\"• uào nw pr·1'r1<1Pss<' ao!' homh1·0)- !
.\h1·ai;.1-111e. q111\ 11 a11101· ,·e111 dos l<'us l11·ac:os ! Ye111

1.;oni1·-1111·. q11<' al>1·l' o 1·t'·o pc11·a 111'1s. :1l11w em 1101·•
.i~ po1·lcc1s <lc ,,i1·0 l' sol dt> out1·a .Je1·usaléin .. •
::iONE'l'08 E l'UES I.\S
SALOMÉ
Sob o 1·a1·0 csplc 11d o1· da tua 111üo d in: it ;~ .

de j oelhos. a t1·a vcsso os s.1ib1·os da cxh,tc111·i;i .
pe la :,;c 11da 1·1·11 cl il,1s la;;1·i111a:;. <'s i 1·c il;1
tlcrnais . pa1'a l'011 tê1· mi111ta tl o1· na c111 i11e 111 ·ia !
.\u1·ca 1-'01·1 ,1 dn Cüo . 011dc o at'l'c hul Sl' deita

possuc:,; dos ,1stnis bom: ;1 l11r.. a ,·ida . a cssctH'Í:t
Os te us se ios c m ll<))'. 1JUC o mcn J,c ijo 1·cspcité• .
;;ão dois roscos rn;;ac;; cm l'O!SC,\ ll o1·cscc ncia , ..
ll
~l.\RA~HAO SOBRl.l\110
Ha 110 teu t1·istc olhai· a lll'\ oa ;i;wl dos lllj'tho:.:

l' o ,·i ,.., 1-e:-plcmlo1· tl;i:- ;1111·01·,i:- ~li p1·c11rn:.:
q ue i11n•11dra111. 1w ,·1'11 . os "·1·;_:-pj,.: d1· 1•111·,dyptu:.: ...
Só tu c11l'11e,; de sol 111i11lt;,,.: •'I'• 11,:;,:< 1·c111i,.;sa:.:.

e lcmh1·a o teu ,·;1111li)J'. ,ptt' 1111· 11·,,z su h algc111a~.
lio:-tia:-. ,·i1·in". aliai·. thu 1·., lonlns e mi:-!<;1,; !

~~--
!-5\)N l~TOS E l'UfüSIAS
ROSA MORTA
Q11a11tlo mor1·c11 11w11 lH·11 1. ,..,·, dl' 11·islez;1~.

o;.; 11i11lt1>s se ,·;1l;i1·;1111. 1wlos ;:;illto:s:
"Xh;d,u·am-sl' ,1:s 1·;1111os. 11.1s d(·1·(·z,1,.._
" 1'.\lti) l,11·.1111-sl' os li1·i11s ,111,.. ;,!;dito:- ...
S·~11,.. nlhos. qtlt' l'l'ill11 l11.1111id,1,- l111·1111cz,1),,

110 \'H1Hlo1· l't·;irn li111pid11s Ol'l'tllhos.
•)lho,: l1n1 , i1,,,.. ,1,, ''llt'ÍIIIJlil T J'l'illt'í'Z;JS, . .
nll,,,s 111,1111,,., tf,, l'il1·i11m;ll' ,,·1T;tlh11,: ~

)I.\r~.\~11.,0 sommrno
E""" t1·i,-tcw. q11c, cn, 1m·11" nlhu,-. m·dc.

6 1·01110 ,, q11r d.is 1111\·r11s tle oi1·0 tl rs!'C
,<01)1·1• "" pomhilr". ,,m IÍ1~1·irnas. 11'- la1·tll' !
:;,,11tladc. ,í duec J,c111 que 111c 1·0111'o1·t,1s !

p,·1-1'11111.1 pa1·a sc111p1·c a 111i11lia [H'Cl'C'
;,:-, :'1111.i" lwa11ea:- ,la:- 1•ocl)i1·,1,- mo1·la" !
--------~
:-501:s ETU::i E ro ES t.\:-
MUSA IMPOLLUT A
Cas la 1·01110 Lu l.Í'-. lk l'Ot·p n e dl' nl111a. t·n~ l,1

nos xonli os e no ol l,ai·, tlcssa ampla asl1·al IH',11ll 'U l'a.
o p1·op1·io or vnlho. a p1·0Jll'Íi\ luz dos so nhos !Jasl a
pa1·a mancha1·- lc o c:0 1·po e 111a11('ha1·- lc a a lnta pn1·a !
~o mundo. oudc 1• d esc·jo as al111,1>'. rn ;rn , \ c1·gas la

e 1' nla c;a tudo c·Olllü ,1~c1·pc d a füw1·il'L11 1·,1.
l'azc" . li111pa. lcnil,1-.n·. 11;1 l't; que an lJc111 lc c 11g;isla.
11111 li1·io que 1$Ór1·i sob1·c uma i;O\'i\ csc111·a . • .
li
~í.\l{.\~I L\O SOBRINHO
~iio lc sC'dm: o mal ,·0111 o), St' II S vis 1·('splendo1·cs ...

Yi,·e:,; :-cm e11lp:1 ,·01110 a ;1lr11a quc·sc tlcsc1l;i.
ús bcnç,ios tio hw1·. do eoi·.H;;io das fü\t•cs !
Jamais 1·oç1n1-lc a fro11 lc a ;iz.i i1-ial do:- \'ÍeiM.

e 111111ea oi- joelho, lcui,; tlol11·a1·a111-sc 11a oblata.
nem monlcrm11-ll' n 1·01·pn os p1·rgm; tios dlil'io~ !

SONETOS E POES!Af-
~ - r
SANTA
Sa11ia ! n tPH 110111t' . q11e é tio ,.t;n. destila

O lll1' 1 s,1g-1·;1d (t ti ns !);tg-1·,td llS i'a \'ClS;
dcrilr·o •lcll" o ,·1·('J'll"<ºllln dcslisa
'' lia lh1·e11os til' oi1·0 dt· ,·a11;11·ios fü\\'Ml !
YL'lidn-1,,. •Hleio p,:,:,, 111111,daria ar·g-ila

tlf' fi-11,·lu:- \·;11·io, de Pxq11i:-:ilos t1·a,·of:
"nns m,..,,s ,,t['"" lll'ilh,• a 1117, t1·anq11illà
•\q tn11t',1· 4{1Jf• r;tz d(h 1'0l'(H; (tp:,,. '"!'-Pl'él\ 0~. ,..
)l.\lt.\~ JL\O ::iOlfül NllO
Totl;i lu t'" ;1111!'.11". sonlio e p111·c;,;;1 !

F;i;,;cs lc111lwm· aos cor·,1!,'lirx xa11grnt10,-,
l't1l 1·e ax 1111,·pm, do 1·1•n. S;i11la T hrr·e;,;;1. ..
:::ia11la ! O leu 110111c é o 111c11 ln1·111c11 lo. Pc11sa !

Yi,·cm scmpr·c º" 111cus olhos tlcxlumltr·atlos
110:< lq;c11tla1'iu-. 1w11·rno1·c:" ,t,, C1·c111.·,1 .• •
Bibliotec:a Públlc.11 a.o.dito Left•

80N 1':'J'OS E l'OESI .\ i::'
ANCIA JNNOCENTE
.\i ! 1· 0 l1l { 1 h11111 pa 1·a 11<'>;.: d oi;.: ;.:('1·ia

S(' o hn111 D<'11s . d<'s:s,l:s lend as milag1·o;;as .
('hC' io d e a 11101·. 11 0s <'c111 rrd cssc 1rn, d ia
tloii- h 1·an1·ns p ,ll'l'S d <' azas ,·apcll·n,;as !
Não sei 111es 11111. de• ,1ll'gTc' . o q1H' r u 1'111·i a 1

1Jc ixa nd o os li1·i os e <lc ixa 11do a!-. 1·osas.
fC'liz r oml ig-n ;'1 s 11 11 ,·c 11!-. s ul.Ji1·ia
pa1·a o noiYado r 111 1\1\1· <las 11i>h11lo:::is . . .
t5
\l.-\ RAN H,\0 SOBRINHO
~
)i;1 ,·:n·i,·ia dC' plu ma dl' 11 111:1 '1'1·0,·,, .

Yin•1·ia111ns 11<'1s, 111'1s dois só,:i11hos.
lú nas 1,,1·1·:is fi<'i:a. ria í.11:1-Nnrn ...
\l111·1·<'t· 1011;.:-<• dos ho111P11s " ,l.is ('ilSM• !

SC' fJC'lls nns dé:<s1•. ('01110 aos l'ª"sat·inhos.
dois 1,raucos p,11·e:s de I ra,·c!'!sas azi.8 !
Blbliotec:a Públlc.11 hoedito Left•

SOXETOS E POESIAS
O AMOR
Quando 111,;" ;,z;,,; ,·nt· d,• 1·m;;1.

doidai,: ltilt1•r;i111 111) IIH'II ,a·io.
lod:i a n1i11hal111a l1'Cli11,;,1
ll'l'lllC'll !la lnisll' l11 111i1 1os,1
,lo snnl,o. :izul ,·11111n 11111 ~,11·g-eio
1) a111<11·. 1• u111 li111pid11 1·a111i1dw

(jlll',·,w dir1·ito <1:11· no ,·éu.
n1as voa como um pm,sa1·inho ...
Po1·q11e deixm,lc-111c sosi11ho
drssa sauda<IP ,;oh o vén !
~,10 sahc O llllllllln ll !JIIC' e O êllHOJ' ...

Eº ÍllPll',1 ,·pl o l'Pltl it· !
Por Ioda pari<' ha Pspí11l10 e l'lor ...
:\linha alcg1·i;1 e 1ui11l1a do1·.
,rndc IP possn dr!-woh1·i1•?
~1.\1:.-\:-;ll.\0 SOB~l'.'> 110
~
.\ lllip:a ! qua11do PII podPt·ri

,·p1·- lr ! u,io lrnsla de impirdcidr ·t
.\i ! 111111e:1 mais te <·squr1·r1·ei !
Como mais di:is Yi,·r1·ei
po1· rssa i n Ir1·111 i na sa11 rl:Hlr t
.\ minha ho,·,·a ,. da ama1•g111·a

ela s1ldr :imarg-a do C;ih·a1·io !
.\i ! po1·q1w ~• ,·ida l,rnlo clu1·a !
:-;,,j;is lwmdita. t'i st•p11l1111·a.
ll·islr silrnc·i,, mn1·l11a1·itJ !
ll a11101· ! ,1 amüt· <"· alua i11wge111.

arniga: o hcijn ,. a inp:1·atidão !
n11t1·01·a il nossa au rra pass:ig·rm,
prla rsmc1·alda da 1·,1magcm,
(Ili<' 1111111tlos Sll,l\"('S cll' t"<lllfàO !
Quando ,·01ta1·cs, 11osso ninho

um anjo bom perfuma1·ú •••
(Tia quan to tem po estou sosínho !)
O sol. em pompa!';, teu eaminho
dP so11ltos 1111,·pos doi 1·,ll·Ú !
u
~
JB3JP?JBJL
Bibliotec:a Públlc.. e.n.dito Left•
SONETOS ,E POESIAS · ,
SONHO ALADO
Quando minha, meu bC'tn, somente fôrcs.

que podermos \·ive1', nós dois, sósinhos,
iremos habilar, num céo, juntinhos,
um doirado cllalrl dr luz r. flores . ..
Yi1·ão, deixando a tcpidcz dos ninhos.

nos dC':'>pcrtai·, aos matinaes l'ulgo1·cs.
do nosso sonho nítilo <le amôrcs.
azas flebcis de luz. os passaifohos.
49
'.\CAR.A~ HAO SOBRINHO
~
.\.nd aremos, il 1111. d as 111ad1·ug aclas

plC'nas. r01·1·cndo pelos campos f<'lra.
IC'ndo. 110 pPito. um mundo dC' al\·oradas ...
E , .10 \"Oltar mos. os lrus cab <'llos prC'los

,·i1·ão loiros dos oseulos da a111·01·a
ti os meus lahios l'<'pl<'IO)< <I<' ,:01
lC'IO!'! ...
------------------,-------_;____. .
~
___
EJP?EJL
SONETOS E POJ<:S IAS
OLHOS DE AMOR
Yoln'-1111? os olhos límpidos! IJUC' 11m 1·aio.

\'indo do sol dos t<'IIS oll1a1·es. eanla
nos. m<>w, sonhos assim C'Omo a gm•ganla
ile 11m..1 .1,·r dr11l1·0 do c>11lo1· <Ir \ l:iio !
Ha dos teus olhos sol, os t·ilios. qua11la

luz ha 110s eéos ('111 que l<' Yrndo. <·aio ...
YivC's nm rnirn 1111m límpido dC'smaio.
santa nos lwi,ios e nos olhos santa !
j J
MAR:..\NIJ.i\O SOBRINHO
'fraz<'S 110 olhal', em milag1·0SOS l1·ac;os,

o rimancc i1•ial cio meu passado
f<'ilo d<' beijos. lag-1·imas" :ilwa{·ús ...
VolYe-mc os ol hos de saudade c heios !

B1·ilha o meu sonho, cm sonho. alcandorado
nas to1·1·cs ri<' marfim dos teus dois seios !

::lON~TOS E POESIAS
ARTE
Eleil:i do luar, prende-me aos h1';1ros ! Quero

apcr1a1·-1e no ardor das ,rncias c·1·iminosas !
Pa1·cce o teu olhai· uni dYo 1·eYerhór·o
de so l, num lago azul. desespero das rosa~!
Tremo ao beijar-te os dois fr11ctos tio seio ! O au~le1·0

das linhas sensuaes do leu corpo, rndiosas,
faz lembrar as visões que, entre sonhos, cspe1·0
e as estatuas sem cor das tlryatles chorosas ...
53
~l.\lt.\ .N H AO SOfll:I NHO
J•a-m(' a lwhc1· o mel de teus labios ,c1·mclhos,

q11c os desejos cm mim, 1·omo infe rnos. 1'l'cpitam
e cu t1·l'lllº ao l c heija1· da fro11h• aos alvos joelhos !
Q11c1·0 cxhal,11·-m<'. assim. 110s teus h1·;11;0:,;, c:rnngne.

bci,ja111lo-tc. a so11h;11·. as fo1·mas, que p;ilpitam.
,::,;fl•n«li,lo 11;1 ,·1·11z ti<' espinho:,; tlc l<'H s;rn~UI' !
8 iblioteu Pvblic• &en.dlto IAlte

:SONETOS E POESL\S
REGRESSO DE MAIO
~Iaio ! .\zas, ao 1·éo !. <>" h11·,111gt'i1·,1s.

,·oh1·i-vos todas de Jiotúcs sag·rados !
:'{inhos, hosau11.1 ! .\n 1·êo eantai. 1·01·cir.is.
0 mcz das orações e dos 11oi n,dos
)Ianxos lagos de limpidas estci1·as.

,10 ,·h· e ao po1· tio sol, de oiro plissauas,
bt·ilhai ! Subi . cantigas e poci1·as.
prlos :wc,-; tle brijos pl'I·l'umados !
~JARAN HÂO SOBRIN HO
~
) [aio! Ha s onho:- 110s olhos da,: ,·iolctas.

e. de ;ilcg1·i;i. pm·tcm-sc. na cst1·atla.
c1s ._1zas ,·i1·g-in.i<'s d.1s horholct:1s . . .
F oi-se a Lt·i:-lcza f1111c1·al ,lo,; ,;oirns !

Passa a imagem tio sonho. im mac11l.11la.
dcnt1·0 tio,- olhos humidos dos noh·os •.•
8 iblioteu Public• &en.dlto IAlte

SONETOS E POl':SlAS
~
ROMANA
Cega-me csso csple ntlol' de aut igas rninas,

que, nos teus sonhos. cnt1·c as 11c,·oas de idos.
tempos. brilha. lemhrantlo as resa1·inas
fór11s. 1·il'cos e porliros pai-lidos .••
Ha nos teus olhns, d<' <'Xpt·rssõc:- di,·inas

08 fa\'OS bons dos lh1ctos prohilJidos
e o ,·eneno das cousas lcvanlinus
qnc labíos queima e qnc entorpece ouYiclos !
õl
)L\f.ANJL\O :SOBIUNHO
Quantlo passcls, no int:cntlio dm, l':tt·icias.

oi~o o halct· tio:,; gladios lcg-entl ..11:ios,
e o 1·o('aga1· das tunicas patrícias ..
Bt·ilham-te as formas. na inte1•nal luxuria,

que os meus sonhos hortlou tio mil Cah'arios.
,·omo as sagt·adas put·pm·as tia Etn11·ia !

:SONETO~ E PUESL\l:i
~
BOM TEMPO
Que mão os campos maus dos meus so11hos amanha.

l'm cuja g leba lia só ca1·dos, saibt·os e ot·t igas.
qua1nlo o in,·e1·110 glaeial. el'ltel. as 1'1·011ucs apanha.
e o ,·cnto t'o1·tp c~st'olha as macieirns antigas?
A ,w,·oa n .!sle o .1z11I do ,·allc: ,. da montanha.

no c111anlo oi<:n \'ib1·a1· o 1·1·yslal tias cantigas.
e ou t1•0 sol de oi1·0 tece 11nm tca de a1·anha
110 t·éu e h;i 11111d1·ig,11'" t'lllt·e ll111•f',- e cspigM, !
~1.\RA NJI Ã'O SOBRINHO
Ah! que o Lcmpo do amõt· tla alc.,1·c 1.:cil'a venh a,

bo1iilo como o sol 110s llias de csfolh adas
nas granj as, com o l'a\'01· tio Horn Jesus da Penha !
Deus ampa1·c os ll·igacs tio j oio dos dcmonios,

que oi~o, de hoj e, cm 1·an<;ões, pelas sc::iras doiradas
a guit:irra da ,·oz dos cc il'e i1·os camponios !
60
8lblioteu Públic• a.n.dlto IAlte

SONETOS E pogSJAS
~
CAMINHO DO CÉO
O céo é dado aos nrnl'lyl'('S, ago1·a

Yamos nós dois, o mund o 11band onand o,
ouvind o os n inhos, sem q11 ('1·e1·. can land0.
cstJ·a<la mrnl do p;:waii:.o afc'> 1·a ...
E m breYe, n,orn os lw ijos pc1·mul a11do.

phrascs cortadas tlc paixão. Scnhot·a,
a cscatla1·ia n11 ila da au 1·01·a
galgaremos. sonind o e susp irando !
MARANHÃO SOBRINHO
Vamos nós dois ! Aos marlyres é dado

o claro paraiso que sonhamos,
cheio de amôr, immcnso c ronstcllado !
Aht·c-se o céo ! Na c111·,·a do eaminho

as azas cantam nos do'leutes 1·amo~ ...
Tcrerrmos no azul o nosso ninho!

_....____
somwos__________
E POESIAS
/
A TRISTEZA
P,11·,1 qu r t(' rllO!-. 1·1ll':iç-ào,

nrs t" 111undano apod 1-.·1·1'1'?
' \ [(' us olh o!-. !só t1·is tpzas. ~ ;1'n
,·i1n-os de r onsola<;ào ...
:\fp11 so11h o li111pidu <; 111t1r1·,•1·. ..
Por toda .1 pm•tr as ag-01 ií,1s

hal1>111 as ;iza,; lr1wh1·osas ...
Ai ! noit es, g-cHH' êlS do:,; meu,: di m,
dicios de somb1·a e ,·cntê'lnins.
;'ltn o ;'IS <•strl'l l:is s11 spiros:is ...
Po1· este pa11l;1110 11101·tal.

.·\.s n11rens são 111i11has i1·mãs .. .
C.:om as lll·andas ;1zas do id eal.
You ad(',jê'l ndo sobre• o \la!.
:.'l.o oii·o do sonlw das manhãs ...
63
~
JB3]FJB3JL
MARANHÃO SOBRI NHO
~
Amiga ! a tua longa auzoncia

6 da mais t ris to naluroza .. .
um campo t·oxo cm ílo1·C'sccncia .
ViYo bobc11do a tua .csscncia
na taça ama1·ga da trislC'7.a !
São infinitas minhas pC'11as.

tão infinitas como Dous!
_Bebo as tu:is lagrimas serenas.
cm sonhos! Ai ! qui;,;cra pC'nnas
pn1·a Yoí11· nos brnços l<'11s !
:\linha lrislC'Zll e'\ o soffrimrn to

mais doloroso destn Yida • • • \
Perd i, te amando, o pensamento:

cllo se foi 11a vo;,; rio Yen to !
\'
Ai! l1·istc pclala p<mlida . . . t
\
Amiga ! as miuhas tl'istes do1·es
e as dores Luas são eguaes .. .
mutuos e eguacs nossos amores !
Teus olhos tem os resplend01·cs
da alma vim dos cr.vstnes , • •
~
)83:JPJBJL
Bibliotec:a Públlc.1 a.n.dito Leí:1•
SONETOS F. POESIAS
MÃE
\.lãc ! não s0i 10 dizer qu anl.o te estimo.

qu ant o te q ue1'0, nesta ausenria ! Quanto
mais te préso r te ad oro, 6 n1ll o sant o!
mais das rousas ,>t hr rras mr ap proximo ...
~ os meus olh os :rn lagri mas 1·e pri rno.

se penso rrn ti. qu1• 11w idola t1'as 1a111 0:
lwilha o teu n 1Jt o 11e1·0u., sac1·osai it o
cm cada ,·rrso q uc.i1 1·c·hil l'r to e• 1·irn o !
~!AJ:A N II AO 8 0BH IN HO
:-;a)n•. ,·1 .\ l;i, · pi<'do,;a. q1H·. po1· 111i111l as

11rng-,1a;.: . )n 11g <' ili' 111i111. l1·i s l,• pad<'1·,,;.:.
q 111•. Ili' ;.:a11d ;11),•. a u:-: p, 111 1·0:-:. ' " d c• li1tl 1;1:-:
(J11a11lo 1111· :il<';..:-1·0. q11a11do c•111 li . J1<•11 ;.: ;111d11.

iwi q111• 11111 m ,;;11·in 1·i'1lilo clt• p1·1•1·C';.:
,·,u•s . po1· mim. 1111 P.x i,;l r n<·ia. clrs ti:111d u . ..
lib
8ibliotKa Públlc.1 Beoedito leí:I•

:SONE'ros E POJ~S IAS
ETERNO THEMA
1 CúP o l11a1· ('111 r·lirio. prla rsl ,·ada.

0 1li lllP ('spc,•as. pa l lida (' 111Nll·osa .
) pois ê c·h egada a ho,·a s11sp i1·osa

da 1' nl 1·P,·isl,1 ha dias rombinada 1
Hoje 11,io vem! 11111 1·rn111·as nnc·iosa.

vo lvc1Hlo o,; olhos :1 d(',.;P1·1a 0sl1·ada:
brlisra a l11·isa as folhas ela 1·a111ada
0 o ninho so nha 11ma r·an(':'io sa 11rlosa 1
I ~IARANHi\O SOBRINHO
E stala 11111 1·:1mo, r dizes. ~usµi1·all(lo:

(, e llc ! i• c llr 1 ?\o c nt1•elanlo. amada,
eu \'OU .minlw rhrgada 1·ela)'(lanl\o .. .
Chego : a1·n11'os. susµiros e desrjos ...

:\linhalma lúda de paixão banh ad a
,·il,n1 ;l g-uil:11·1·a lrrm11\a do~ bl'i.ios !
~
JB3IP?JB3JL
Blbliotec:a Públic.a &.nedito Lefte
SONETOS E POESIAS
~
FUGINDO
)foio ,·inha c:a11La11do. pelos n1111os.

ao eéo aw I e ú tcr1·a vc1·tlc cm resta.
d1ci1·an1 o c11mpo e ;i quó1·ula tlo1·c:-la
,·,rnta,·a pe la ,·oz do~ g-atu1·,111ws ...
Quando tu. 1·11jo ollnu· divi11n c1n111·c~la

luz aos ai-.ll·os do a:r.ul. chegas te: CJ'l'amo:a-
cm não tcc:c1· o ninho que habitamos
de um Yallc numa esmeraldina fresta ...
)1.\1~.\]';JIAO ::i01.\Hl1'll0
Hoje. no rncio do i111"c1·11;1 I l,11lieill

do mu11do . let110 qnc:. 1-;.1111eli;1 li11d.1.
11,in ,·ii 111;11wli;11·-IP ;is pPlalm, o ,· il"ic, 1
<is 11i11ln>x 1111gc111 de ln11·11101ii,1 os 1·a11ios

, : i\ p1·illla\'C t·a i\l"Cll.l·IIOS ai11da ...
\'i1rnos t1101·1·t•1· long-c do JllltlldO ! ,·amos 1
,.,
~
JB3JP?JB3JL
~ON 1-:TO:S E POl·::S l.\ :S
~
ROMANTICO
<:;1s l,J. .i 1·n 111a l . .1 1·ns;1s 1·cs1·1·11dc11 d n .

1·ai 11 111,11·. Clll IJlll'('II:< J11111i110:,;;1,; .
pl'los a 111plns 1'S(',11:n" Sl' 1·slendl· 11 rlo
,, diss ipa11dn n nlliat· das 11t'l11 1lo:-;is . ..
. \ s Psl 1·cl1.1s dcs111i1Í,1111. 1·,in 11101·1·c 11dn.

,1'11111,; l1·isll's de 11oi1·as n1pn 1·nsas
qt11· º" 11oi1·11s 1· i1·e111 s1 1s p í1·a11dn . 11s 1·p11c(o
t·1111·c 11111·c11s de a111·u1·as g-lo r·íos a:< .. .
Bibllotec.a Pútlka Benedito Leite

~IARANHÃO SOBRINHO
Dcsn1aiarn. 1'11cias de idcncs ,·crligcns.

as almas ,·i1·ginacs tios tron\tlo1·c~
soh o h::11<'.:111 d;1s suspirosas Yirg-c11s ...
:::iolJ a l11z do l11ai-. 110 eéu 1·isonlto.

l,c,i:1 a gü11dola azul dos 111c11s arn<\t·cs
:-obre .i \º c11cza l1·iu 111pltal tio :::ionho ...
~
JB3JPJB3JL
SONETOS E POESIAS
SUPREMA GLORIA
Qua ndo. ti 111usa pagá ! ,·i1J1·as o plcctro

de oi1·0. sonliamlo, pelo espaço, os astros
para to ou,·i1· concc ntra111-sc; de r astros
fogem ele ti os hist1·itics do Metro !
Br illi a-lc a fro 11 lc 0:0 1110 os ala bas lrús

sob a u11c~áo do 111~1· e o a ug usto sccptro
que á dcxlt·a empunhas. cariuhoso ·Especll'o,
rutila como a tl-ammula dos asl1'os !
~l.\l: .\NII.\U ::iOl:l!I N II O
E. tl<'ixa1 1d11 1·sl1's ,HIJ 1·tis , is. p1·olü 11dos.

u11d!' 11:,; holll C II!'\ ;.;ladialll-Sl' k1·nZ!'S.
;is az;is ·111n ll1;i:-: 1111 t·1·yslal dos rn1111d o:< ...
:-;ol,cs. ;i ly1·a l1·c111ula ,·ilwa11dn ...

Pa1·ct·c· até qu e IJcus p;iss;1. 1111s nizc;,,
l trns. 11111 vn·d u d1• paixúo t·;l11ta11do ~
~
JB3JP?JB3JL
SONETO/- E POE::il.\f-
CAVALLEIRO
;'Ío l'o,;nsu'1·01·1·e l do Yc•1·so. )'l'las

c11~·1·11,.:ill1ad,1s das l'aixúc;; ra,·a lgo.
1:0J11·e-,;1· u 1·hün dl' 1·11 I ilils l'SI 1·cll;1,;
pot· 0 11111· cu ~ )11111·0 c:n·,dl c·i1·n, g·,d~·o (
Co 111 111 11 h1u•1·1·c•i1·n l,•g-1·11t l.rl'iu. ;dg;o.

aos olhos dns 1·í,·at•s. p~11·('<:o" i1q11cllm,
1·iq;cu:; do :,onho. dl' pcdil lida lg o.
fü11·a,; trnnl,'as e li111pida:,; capcllas ...
1:,
)l.\RAN HÃO SOBRINHO
Ca,·alkil'O do pr·cli_o im111or1·cdnir·o

do amo1·, cu You da g loria aos cimos de oiro.
JH)I· cnt1·c• JHJlll}IHS e tri11mphox r·aros ...
~auto ideal ! santo itlcal 1·iso11l10 !

Buseo o 8anlo-Scpulch1·0 do meu sonho
11a Tcna-Sant;i dox xcus olho:< d aros .. .
..
~
JB3JP?JB3JL
SONE'ros E POESIAS
~~
AVE ERRADIA
:\le11 ponsamenlll ! quandt> . t'ni li pe11,;a11du.

µcnso que lllt' :1handonas. q11 r me r!Pixas,
minhalma e'· <>orno 11m 1·iac·ho xol11ça11du
as mais sono1·as <' dolentes queixas ...
Mr11 per1sam<>11ln ! ,·iyn <'m li pensando!
Ai ! :;e t'll porll'sxe l<' <'sc1ucc·r1· ! sei-ia

pai·a mim 11111 sua,·p IC'ni t i\'o
a tantas dô1·Ps qn<'. d<' noite r dia.
,·iyo xoffl'c11do e padr<·rndo ,·i\'O ...
Como o meu eo1·açiio l'rliz ,;rifa'
11
~!Al<ANflÃO SOBRINHO
.\finita 1'Plil'idad0 e meu 101·mc11to !

porq uc 1110 de ixas ! A san dadl' mi 11 ha
I<> S1'gui1·ú I O mno1· no pP11samrnto
H•n , az;i~ de (·011<101· P de anc10·1·i11lia .. .
1'011pa-1111'. ,\ a,·r . Pssr r l'11rl lo1·rnrnt o !
:-:.e dos m1•11s h1·a(·os . a111anliã Ir l'ô1·c:-

q11 r S<' 1·it d.1 111i11J1al11w ! Ent,io n11•11s di:is
pa:-s,\J·ão, l'Otno. ;10 sol, as pob1·es fto1·<>s.
1'110ios d e maguas corn o as r cntanias...
Ai ! que set·it dr mim quando tr ío1·rs !
Rosa do amo1· ! est1·ella d o lt·istonho

azul do peito me u ! poHfllC' te rncs ·t
Po1•quc <loixas o ni11ho de meu sonho,
ai I pa1·a sempre, pa1·a nunca mais 1
A minh a Yirla é 11m ros<•iral tristonho ...
i8
~
JB3JPJB3JL
Blbliotec:a Públic.a &.nedito l.eft•
!sO~E'l'O~ E POESIAS
~
Sr ao menos. fo;;sp .-11 passam. rspr1·a,·a

os IPIIS 111'3(,'0S clP ;1m,,r (• n 1<' 11 1·;1J·i11lio .. .
Com a a l,11:1, t'mho1·a ela saudad,• r:-;c·r·a, a.
,·01110 <'li I<· c>sp<·r·,11·i:1 ,·, p:1ssa1·i11 ho !
Com 'Ili<' ,-aucl:11 ),, i11111H•nsa 1•11 1•· PSp<·1·a1·a
\'ar ! lialr :1s :izas ,·011w ;1;; a11do1·i11lias.

11n i<'lllpn l1·isl<• das ,•mig·1·a<:õPs 1
.\l1·az dr l i ,·;jo-sc ;1s sa 11d,Hll's 111i11Ji:1s
1,atPrHln ;1;;: az;1s prl;is so lirl,,rs.
Conto as rlo11d;1s" 11Pg-1·;1s :rnrlm·inlias !
.\dP11s. t·P J,,;;Jc• 11111!\1· ! Pn1·q 111• 1111· d1' ÍXas

do11clo ri<' :1md 1·. s,•qtrinsn t]p tl Psc·.io t
SI' s:fo dolrntPs Pslm: si111plPs q1 1<'ixas
,·. po1·q 1H' nt11H·;1 rnais ~<'Í <[Ili' ti' ,·rjo !
1'01· 'fll<' 1·:1s:'in IP ,·:1,,,- ! P,w ql)(• Ili<' dPiX:\s
~
JB3]FJB3JL
~!ARANHÃO SOBRINHO
~
Yae, dô~e amô1', que um dia me sorriste

e que um momento apenas descanraste
no meu seio ... Voltando, alegre ou triste,
talYez, o cnconll'a1·ás quando o buscares !
Quando, pa1·a menti1·-me. tu so1·1·iste .. .
80
~
JB3JP?JB3JL
BON E'l'()S E l'OE:,J.l.\S
~
CHROMO
De>stl' a ta1·dt•. Faisca o sol tlista11te.

ti11g-indo o tt'•o d<' pu1·pu 1·a sag1·acla
P, dos molll<'s, doi1·a11clo, i11stanlt• a instanlt'.
:1 sinuos.:l <' oh long-a <·li mi ada ...
lJo ma1· a tacP dt oi1·0 e azu I p lissacl11

faisra l>palas , ·i \'as. t·m·ustall 1<'
i.:orno urn JJl'daro in111w11so da a ln1 1·ada
<'lllt·L· a·· ;,;'io1·ias e as J•timpas do lt·nmtl' !
"'
MARANJiAO SOBRINHO
Tir \'PZ c.>111 q11Ando. sobn' a l':lcr immota

do ma1·. toda a fulgi1· dl.' pNh·a1·ia,
1·oc;a a ;1za •Ir ,1uz de uma ga i \'Ola . ..
E vão <"hl.'gando, aos ullimos fulg>orl.'s

do sol que mi rloi1·ando as pcncdias,
longe, os bareos grntis dos pescadores ...
~
JB3JP?JB3JL
~ON ETOS E l'OESJ.\.S
----------·-··
MEU CANARIO
\li11l1a \' i:-ü11l1.i. 11111 prndig-o 1l1Psoi1·,1

,hi bond,HIP. 1)1) lllCII ,llll1Í\'(')'Sa1·io.
ofü~l·P('l'll - lllP gP11lil111l'lllP 11111 loi1·u
,·011i1·nsl1'11: ll<'lll st•i ;i qut• ,·011 q 1m·t·-o.
tls \·p1·,.:o,- tl11 111PIJ qt1t'•1·11lo 1·iuw1·iu.

df'sc!P 1'sse tlia. ,·n111 :-<Plls 1111·1·1 10:-. 1loi1 v:
pa1·e,·e :i i'<•h1·il ,·oz dn mc·u 1·ana1·i11
o aleg-1·t· tilintai· dP g uizo:;: de oin, !
u
~IA lt A.N li .\O SOBRINHO
.\lal 110 espac;o st' ah1·e a vc nlarol;;i,

tlc luz dc1 ,1111·01·a, meu canm·io ca11t a,
l' ll l l'P o~ fios do i1·ad os ela g-aiola ...
E qu e l1111·monias não dcsp1·c 11dc quét·ulas !

P ,11·pcp que lhe vibn 1 na ga 1·gant a
de oi1·0. u111 pu11h ado de ct·ystaes e pc1·olas.
~
JB3JP?JB3JL
SONETOS .E POESIAS
~
A UM BEBEDO
Nào ! ?\ada dr fr1 ·i1·-IP. al 111,1 srn, rn1·tr.

rp1rirnada rm 1101· nos locl;:i~;ws in11111111cl ns.
q11c, p,11·;1 a(·oh;11·cl;1 1· 1r11:< ais p1·ol'u11dns.
licbes. 110 ,·inl10. diluída. a 11101·tc ...
Conltc<;o a ,·ida c seus pa1Tcis p1·oru ridos.

cm que li11dua a idca 'de um l!'1\nsp"l'll'
rl,1g11i;1. r· la1·0. ele 1111.. ;:11Jilimc e fot·IC'.
1
: t1·a,·cz cl;:i ~·1·,111dl'zil :illa dos 1111111tlos ...
)l.\ ltAN H ÀO SOBRIN HO
l·'nc~ hem: é n íl1<'H tru 11r11sc1mento:

a <'1lll11·i;1g-11rz (' a ;17.a p1·olr..to1·;1
das so111lll';1,: 1·i1·g·i11,ws do Psqur(·irnrnto ...
Esp,1111;1 n lll'd,,1· 1111,- l'1·sti11,: de lfrl,p

.\l;;unw ,·ousa t.01·1·in'I. 1·i11;.:-adn1·.i,
11 0 1111111110 P:<l11ltn. I(' ('C'l'~P~lll'. lwlw
li6
SONETOS E POES1A5
~
OLHOS VERDES
Os olhos ,·c1·tlcs. se11s . 0 11de í101·crcm

;1:; frondes j ,ildc,- do 11w.11 ,·1·1·,-,). c·s t1·;, 11h;is,
aos dt·,:o l<1cl os olh os nw 11s p,11·r1·P111
d11 ,1s ,·prdf's l1Ph'<•1·ias !'P lll 111n11t .i 11h ;1s .. .
E q 11 a11d o. 1·0 1110 11 111 µll' 11 il1111 iu, dcst:cm

do meu an1 01·. a:-: i11timas cn lt·:rnhas.
r,s ou tom 11os d,1s l't·crn;as 1·cft 01·ceen1.
rcs11 1·;,;·i11rlo 11;1 lur. d,,s ,:c i,·a:-: ;.:-.i nhas ...
57
)1.\LUX JI.\O ~QIJIUNILO
:.\";1:- :-,01111!1·,1:- 11·is le:- ti os s•' tl s ln11;.;-o:- ,·i I in!-.

1•.iss.1 111 111., s lil'ns f'•11Jtm: ,Jt,,:) 11111h1·;11lns.
n:i pnr i1·;1 i111'11'.1 ,·cl dos idyllins ...
Sem, ol ltos ,·c1·des, de ,·,11·i,·ia ·,, me l.

nos lo11gc:,; al\'tis . d;is paix,i<'s. doi1·;1d os .
sao ,·omo as tl c d1 as de Uuill1e 1·n1c T ell. ..
BibliotKa Públlc.1 Beoedito leí:I•

~ - --
SONETOS J•; l'O~:Sl.\S
....
NOIVANDO
Xum dia mrnl ,1,, ,nl. 11;1 111inl1,.1 lt't't·(l:

ni1·0 11;1s 11 111·,,11s ! tn1ln o ,·c'·n doi 1·adn 1
o i1·0 1111s 1·;111q,ns , ·i1·i,l,,s. 11a :-1' 1·1·;1,
f' .oi1·n a ,·,111la1· 1111 ,.,;n do 111<'11 1111i, ;11lo !
\'a11111s d1· b1·:11; m,: p.1 1·.i 11,'r, ,;1• t·111·1·1·1·a

a ,·idn Clll llO>'Stl ;llllOI' . ;\li 110:'SO );ido . ..
;\nssa :-;p1d1nl'n 1'111 11n,-;sos nllim, l'l'l',1
,·01110 ;1 i:111u1·1·1wi,1 d1•1i11·0 til' 11111 pl'1·1·ad11

)!ARANHÃO SOBRINHO
~
Ha rnflos de azas µe las nun,.ns ! Quantii

111c ig11i~C' plurnC',l pe lo ,·111·ro espnro !
Tndo. ao ,·r1·-nos p,1ss,11·. r·0Phid1a 1• e,111ta ...
,.
(J:,si11os ,·ih1·am festi,·,1es. sc111 gni,·us .
e. ao f'esti\'O rumor· do 11osso p,1sso,
os lirios b1·ancos desc1 br·o<'11a1n nviros ...
..

:SON ETOS 1-: POEfi !Aí-,
ESTREL~A MATUTINA
Da s :int.1 g-lo 1·i,1 11 11 :-nh f' 1·l111 :-1· 1·1·n .

f!H l' ª"
1111,·c:1,s 1·:i,:;..:-,1 I"''º ,11.111 at·im:i.
nas laha 1·pd;1s pt1 1·p111·,1s d :i 1·i111:i .
(JH PJ·o .r-anta 1·- t(• P111 "·' 1111,nlo;; dP !'(' t·t·o
Não lia. 1111, ,· 1·:-u. q1 11·11 1 ll l l ' ll ,·1•1·,;o opprinw !

:\"o 1·1tlJl'o itlfe1·nu dns nw 1·ty1·ins e 1·1·0 ...
IJC' us . !) 11 1' "" lll l' ll ,: s11nl111s dP lu,u· .111i 111.1.
,le11t1·11 dn,: 11Jl,1,,: dP 111·11phe t.1 Pt,,·,. t·i·n !
Bibllotec• P\lt,fic• Benedito leite

)I.\lt ANllÃO SOBRLNllO
~
Qu elJl'ei da e,wne os lu lit·ieos 1·os,u·ios ...

Cem l\lagdalenas loi1·as me me11ti1·am
nas roxas eonrn lsões de cem Calrn1·ios !
Queimam-me os olhos clesespe1·os nu,·eos.

e, sobre clles, das mãos do céo, eahir,rn1
as ~guas inrcrnaes de cem diltn-ios !
...
SONJ. '.l'OS E POBS1AS
~
CHEIA DE GRAÇA
C.fra~·a Ioda lu és; pot· onde pizas

l'Phenl a1n so nh os, <·omo cm Maio f101·es,
<·od,ic:h atn 1·a1nos t' fot ·l'a lham h1•ü;as
e o p1·01J1'io céo, de amàt', mu da ele co1·cs .. .
Sobl'c as h,istcs nc1Tosas e indecisas

..
LCJJam-sc !
o,<; so nhos, 1·o<;am-sc os amôl'<'<;;
ha c1·cpusc11los no awl elas aguas Jisas
o volalas d o rnllr cnt1•c os ,·ercl orcs !
9.1
;,1.-\ IL\~ (1 ,\0 :'\OHHl); IJ\1
Ttt<lo. aú , Pt·-lt> f)él:-1'11 1·. hi:-f" :<1• etwa11lé1 . .

E, qua11dn p:is:-a:-. ,·11e;inlnmlo lmlo.
1
,, 1·hà11. sul, •J'- IPII!-: 111•s. 11c1lpit;1 I' ,·:111la
Passas, 1', ao sol tl;1 tua 1·e;.:·i;i ;.:;ih1.

tudo o q11<' e c·p;.:-o P ('l<·1·11ar11t•11IP 11111do,
;1ht·c os olho!s :l luz. s11spit·a l' fa la !
~----------
SONETOS E T'OESL\8
CONFIDENTES
Par-a e~crc,·<'r;- \'os, Senhora,

esta eat•t inha gentil,
molhei na tínta daut·or·a,
qu e <loi1·a o 1·ontcntr :\.l)l'il.
a 111inha p<'1111a. S<' 1d101·a !
SPJHlo. l'III C.\'.f l'(•fll(), lh111zi11,ls.

as rolhas da violt1!a,
11·aec i nns azas d i,. irias
ae1·ca hor·holrla
ílu111;1
estas esl1·ophes franzi11:u,
Fui µedir · ,h1s f1·,1~l'is 11i11hos

quP i::on l1M11 pt•Jo,- silY!1do:::.
,·ozc,:, ,a1spi1·0,:. (·a1·i11hos.
1'
.,,,. pl·1·1'11111rs do;: sc>g'l'Nlos
os
da l1•pid <'z do,: ;:rus ninhos.
95
~l..\llAN IL\0 :,,()P.l{lr-:110
~ . . / "
pa1·a. 1111110- Y1·1·s11l'- dniradus.

,•())IIO 11 SPÍll d11nw 11,k.
,·orr1:l'la11w11lr :H·:ih:ulns.
\' OS ("OlÜl':-o-1'1' lll<'ll ;11no1· ...
Eis os 1111•11,- \'1'l'S1ls dni1·;1clus 1
(_)11(' :11·d111· 111i11lt:d111a ,·n11sn11w

nll110 t1111 p1111ltado dalll'oll1os ...
sú em pl'nsa1· q lll' mc11 1101m·
Yai p.1ssa1· po1· n1s,;os nlltos !
Como t>Sl1• :1111n1· 11w n111son1C· !
lll'11l1·u d1·slt• lll<'ll 11·alrnllw

,·1·ystalisn o 11w11 am<,1·
,·,rnw as lagrimas do 01•\·all10
110 peitn de :ig1•eslP f1<)1· !
lfrePIJçi, pois. rneu t1·alrnlho
SONF.'l'OS E l'Ol~S1A8
~
SARAH
Quando o:c; seus olhos. tlchcis de mcig uieP ,

fcehan1111- sc r a rnuilez boijo11-lhc a face.
w10 ho11Ye 11m 1·11.nio ~<', qur o não sm1tiss(• ... •
IH' m 11111 11i11l1n. 11111 siq11<•1·. q,u, lliio 1•lim·misr ...
Dir·ia qu e ;1 1111,a s 11IJÍl,1 1·l'llii1·P

1·1.Hlt·a 111i11l,:1l111;1 <·111 g lai·i,d 11·aspass1• .
ttaquP JJ e dia , qtH'III III CIIS 1>11111" ,·is:-:,,
"n,: 111r11" ,·ilios. <li' p<'1·l11. ,·011t cmplasse !
~:
MARAN H ÃO SOB.R lNHO
Fu 1·a lll<'l hnr. mrl hn1· a Ioda a p1·orn,

-:r. eom L' ,·01·po dr Sm·alt . descambasse
u eo1·p o lllL'II la m brm 11 a mcsina d ,\'a 1
:;,, c·om a :--ua a minh alma sr rs,·aisse .

não ln1,·ia u1r1 11 i11l10 s,·, qll l' rnfo ,·ant asse.
ne111 1·usa. 110s 1·osncs. q tl<' mio so1·1·iss,. !
9!1

SON F.'l'OS E POESI AS
VINGANÇA DE TIBERIO
Era 11m esc1·arn ,·il ~111011: Roma o !\a!Jia

da porta palatina :1 Sah111·1·él. ao liagieio.
como Tib<'1·io o ama,·a alé nw~mo ~10 suµplicio,
Roma. a loba. cio .c>sr1·a1·0 os <·othurno,- l,1mbía.
~lanchasse a snmh1·a a noilc 011 o sol doirasse. o dia.

as lhci·mas, h11milh;rndo o úqu ilo olha i· pnt1·irio.
na lilri 1·a, de 11111 1•ullJ'o atroz, de \'irio rm ,·irio.
o escn1\'o e o ~enhor i:1111 de \'ia cm \'ia ...
99
'.\IARANHÀO 80tlRI N HO
L e,·;11llu11-"1' o ~,· 11:Hln. P !{0111.1 luda. i11lc·i1·a.

O IIWltlo s;11"11di11. 1111111 dP"('SIH'l'O flan, ...
1;,.,;;11· doido d:t 01·µ;1:1 ,. :\111,111 d,• lil1'.i1·;1 !
E Tilw1·in 11s 11111·111 ,. n S!'ll odin ,1:- 11101·d1•11:

ah1·:1~a11d,, ,. 1i('i.ia11dn us n>ll 1111·11os do <'S1T:1n,.
l~1l111:l. ;1 l<õl1:1 d,1 ,•s,·1·:n·o ,is ,·1illi11r110:; l;1111hr,11 .. .
lllU
~
JB3JP?JB3JL
:;oXETO::i E POl·.:;J.\$
VESPERAL
Ha :-:a 11;,:·11., 110s t·i·y:--1,H::-: tio:- ,·l',;pe1·li 11n:-: l11·ill1 n:-.

1· ha ,;a 11g-1a• 11 0,.: 1·1·y,.:l;ic,; da ,.: ,·;i:wa t,1:,: lti;r,;11-i-a,-.. .
C:id,1. ,·1·1·dc, ;111 :-:111. ;1 ""llll'l';1 ltla tlu:- m ill111,.:
,. 1 il,1·,1111. ,· in>l'. 110 ;11·. 1·i-1·i-1·il' d1· ,· ig-;11·1·;1:-:.
\ os 1·;111111,.:. q111• ;1 111:r, 111111·d<'. lia d e 11;.:·11,·,- 11<- l':- l1·il,ill10:-.

1'011:-: d 1· o p,1 la 1·<·a l d<· a li;.:·cr-a:,: fo11f;11·1·as :
<p 1ei 1u;1 a l11z I l'S IJ Pl',tl o d o 1·,;n do,.: 1111,· illtns
no ni 1·0 ht·illi.1. 110 ,·éo, "111 [;1 111i1w:-:. ,•111 11,\J·t·as 1
)1.\1!.\X nAo S0B1UNHO
Fl111la111 , in,s, 111, azu l. 1111n·11~ dr l;w;1i'idi:,1·a:-

1• o,: ,·('rdc,: ,11·1·11zar,: d,1s pi II t 111·e,:1·;1s 1:1,r~/'ls
1111·111 r·i 11a111 11;1 n1z das pr1·n,1pits ,11·is<",1:- . ..
Jl,·1·1·a111.t - :-l' 11;1 lal'de o olcn-,:;11 11 1) dos <"hili·os

ú. i111101·1•11fc,:. 11<1 luz. o,·olarn-s" d;1s d10c·:is
,·;111t,11·ol;1,: ,1(, ,11nô1· ;w t1·é-t1·é-t1·1·· dns 1,ili·n,: ...
'"·

SONET08 E POJ•:81.\S
TURRIS EBURNEA
Qu;intlo meus olhos se <'CIT,1t·cm. quando

;i magoa me 1·c1T,11· os olhos. n'1·l(J.
Íl·<'i aos t'l'OS. cm l<1g-1·in1;1s. ,-0 1llw 11du
,·c>1·-II' P hrija1·-le. c'nt lag-i-i1 11a>'. rlc pr1·lo .. .
(1Ji ! 111as a 11101-IP ji1 IIJL' uslú lêl1·d,111do !

110 emlanlo si11to-c1 110 meu inect·lo ...
[H\sso
E cu quc1·0 cnl 1·;11· 110 leu ;11110 1· C'ho1·ando.
no teu a11101· aos mart,r1·e:s abel'lo !
19.1
~IAIUNH.\O SORRlNH.t l
(J111•1·11. ,l,•ix:111,ln "" 1wl;1;.:-n,; ,, .ihy:<111,.,,

tio 1111111tlo. \'1•1 ·-11·. I;', ttos ,.,;.,~. ~;1~1·;1d;1
11.1 ,:.:Ta11,I,• 1';1:-,·ltn;l ;lZII 1 """ .\ly:-1 i,·i,;11111:,. 1 .
(111,- l11•i,i11,- 1t·1 1:< 11•11 110 ,-;1 11dad (· ,. 1'1111w.

\li11l1:d111;1 1· i1,•. t•111 ,1,,, .. ,·1·1wifi(';1d;1
11;1,; ,·i11,·11 111;1:< d1l'Í;l:- tio lt'II 110111c• !
101
Bibliotec:a Públlc.1 Beoedito leí:I•

... ___________ __
~OSETOS E PUESLAS
SATAN
:\as maq;c11s de ,·1·.1 s l.1l do lla1n1liio d o son h o.

d11·orn;1t.l;1s tlc t11bis. de pct·ola s p11 1·p111·ca:,:.
1·,1.,;., n intrnc11:-u :-ola1· so11111nlr11111 ,•. mcdo11hn
do d1·;1~·;i0 i11f<'1·11;d das P1·i1wezas c>sp 111·i;1s ...
(;11~11·d:1 n 11nlll'C pot·l ;tl de alahasl1·,, l1·:sto11 lio

desse ,m tig-o solai·. de m,tltlil'l ;1!; lux111·ias .
c m que t'ulgc o l,1·azào hc1·alllico elo sonho
11<10 sei q11ê\11t;1s lcgic'1 cs de d11c11dci.: e l'111·iê\:< !
IU5
Sohrc o ma1·11101·c ;1zul tias ,·olt11111 1as aw,lcr·as.
que. cm noi,·ados ele luz. o luar· cng-1·i 11alcla
l)l·ilha o Yi,·o l'l',Ysléll de alig·P1·;1s d1i111c1·as .. .
\"clam desse drag-.fo o twicnlal llrcsuir·o.

sob1'c um lhl'0110 de 1·ei. ele nrnssic:n csmc1·ald,1 .
dois sohc1·hos lc<">cs. de ;;1·,111df's pal;1s ele oi1·0 ...
lú'·
~------~
SON ET OS i,; POES I AS
POETA SAUDADE
Ouri-mc . 1·01·,H;1·,es . q11<' ,111d ais g·11it;11·1·1'anrln

pc l,1 cst1·ada. ,w 111 ,11·. \'ossos 11u,·cos antckcs .
ª" d1 01·os;1s 1·a111;i°>es q11 c a11do. ao 111,11·, 1·a11l ;111do ,
1111 <' le 1·110 l,a 11dnli111 1(,1 s;rndade .- das d111·cs ...,
, ·c11hu . ú,; a llllas c 111 1101·. 111r11 s n !1·sos dcsl'olha11d o

do paiz ,·iq; inal dos He is. dos T1·0\'adorcs.
pe las 11u,·c11s do l' é O de paixün dcsmaia11d o.
como as eo1·ças lambendo os 01·,·alhos das tlo1·cs 1
101
~J.\LU.KH.\O SOHRI.KHO ~
~~,....-..,-'
.'1Ii11lia lm,1 ~e ll'ad uz 11a lt·islcza de 11111 ;;oirn .. .

Têlll mot'l'id o de arnót· muitas loil'as pt·inccza,-
po1· meus olhos ,1zucs uc poct.i t· de 1toin, !
Oqiha 11ou-sc u 111e u ,·üo da sn11,1l.i tl ns eu t·cs .. .

Vi Yo ago1·a a ea11la1· 111inh a:s sa 11L.1s l1·istezm,
no ct c1·11 0 IJa11tlo li m 1h1 :<aud ,ul,• (' d a:,; tl o1·c,- .. .
'º'

----- -------.--....-
S0Nf;'f ()S E l'OfüSIAS
VERMELHO
\ •·1·111l'll10 ~ :,:,, 11~u•· ... ( 1',11·a 'Jll l·

lalilo,- 1·:111<·01·,,,:. ,· 111·:ic:út>,: ! ·1
Sa11g·11•· ~,·. :--:~ll 1;..:'1J<· .-~ 1) q 1H• :,.:(• vt\
!JOt· Xúb t·1• lod;i,: ;t:< llil(·1i(':- ...
,·iu\rz, n1i~o1·i.1:-: ... Para q11 r

11l li t :1!-: ,lp,:~1·,1r;1,: . (•() J' :l('t)('!,: !
.\ i ! e;.[;'1 pud 1·<' o 1111rndo Lodo !

1
(1l C' l'O IIIOl'l'(' J· ! '(ll('l'O llllll'l'P I' !
.\ Hossa ,·i da é foi <· lodo . . .
:-;ofl't·e1· . .. sofl'1·c 1· ... solt'r•01· ... soí1'1·01· ...
J.: este meu co1·ar,io todv
\'rrdC' d r p1;,: ha ri<' rn01•1·p1· !
109
--
~IA HAX H ,\O SOBll I N trO
.._.:____..._.____,_./
\'l'J·111clha <: a luz ,•rp1.111s,·11la1· ...

(E Punjo sang'1H· ali• 11.1 l11z !)
Ai, 1nP11 olh.11• ! ai. meu olhai· !
Sangue cios <·t·.irns (!(' .Jrsus.
sa11g-ue real <·1·epuscu la1·.
pol'quc assi111 li11g·rs a luz!
IJaiHlf'iras 1·t1 IJ1·as desfraldadas ...

,· la1·i11s cm eslos de 1·rbatrs...
:-;a11g-11c· das ponlas das <'f-padas,
sa11g-ue lhehano dos combales;
porqu<' manchais as desfraldadas
bandeiras 1·ulJ1·as dos co10bales t
110
8lblioteu Públic• s.n.dlto IAlte

SONETOS F. 1'0ES1AS
~
\'c1·1nt•ll10 ' o 111a1· t11mult1 ia1·io ...

Sa11g11c 11as agua". ,-nng>uP <'11 1 l<'t't·a !
Yc1·nwll ,n é n via cio Calrn1·io ...
(Po1·quc 1·azào ,,xi,,tc a gur1•1•a ?J
:\li ! ,·<' lh o 1J1a1· t111H11 l lua1·:o,
so111rntc· sa11g-11P <'li l'<'.Íll <'lll IC'1·ra ...
\·c1·nwlho ' ns pantano~ ,·enn<'lho,-...

(O 1·11h1·0 ('lll tucln dP!-.(P mundo!)
E <'li. soht·P :s,111gut'. rnu. de jorlho~.
pallido t·onio 11m 1ncwib11ndo !
Até os pantano~ ,·p1·111cll1os ...
() !i'ang-up rn, t11clo dt•xtc mundo !
111
~ ----
~! ARANHÃO S08Jt1N UO
8,1,-1,1 dl· d,\r·' Ba,;la de dót· !

(A.1111;1. hP1u alio a p:1z p1·oelawa !)
ll p1·0µ1·io :111101·. o p1·op1·io amot·.
hoje pa1·Pc·r x1111g-11ci e larnn !
Diax dr juizo lrnr 11 1)01· ...
Al111:i, a i'01· hnn1c·a. no <·éo p1·01'1ama !
~·

SONF.'l'OS r: POJ,~HIAS
~
JUDEU ERRANTE
Sabl'is de onde sahi ? ~i11guc111 pode sabei-o !

Anel o, 1·010, a bnlm· ús pot·las dos so l:11·cs.
t1·ago a fome n,1 hocca e t1·ago até pesa1·es
nas cans pall·iarchacs do 111cu longo eabello ...
Anda a 111orlc a pai1·a t· nos rucus lt·isles olhares,

na l)l·anca po111pa astt·al ele um \'ÍYO sc te-est1·cllo ...
Nunca, ó céos ! cnconlt·ei a plumagein de u,n zelo
nem um 1·aio de luz do 111acios luares .•.
11 3
.\{ARANHÃO SO RRtNHd ._
~
n gelo n1<' ana,·:illw os mcn11J1·os 111ag-1•os, lasso~,

110 entanto ha muito :sol nos meus olhos de afflicto .. .
:\ing-11C'111 poclC' sab<'l' a lenda cios meus passos !
'fonho solwr a l'a!Jc~·a infinitas g·ales ...

OndP q11('1· que :--<' graY<' o n1e11 p:1sso maldito
s into a lel'ra g-em<'l· debaixo dos lni'US pé:--...
'.\
h
li
Vi
]f
de
Ol
l'I
114

· ::lON,F~'l' OS E POflSIA!:<
~
, CONDESSA DE VAL DE LIRIOS
'.\o rast(•llo feudal de Dom Sonho Priml'il·o:

hêpo" da Santa Cn1z, naR rn1·m<'lltas rruzatlas,
um loipo ronde real, troYador e guei•1•eiro,
Viu-a, cm branca visão, 111111m tor1·c de fadas .
Hoje o iiumen:,o :solén· G·u ,11 ,·elho pa1·dici1·0,

de muralhas azues e 101Tes derrocadas,
0
ncte se ouye d.o cor\'o o piai· agoireiro,
e111 Yez das ,·ib1·arõcs das g-uita1·1·as cl101•atlns ...
lU
)IA.lL\NH.\.0 SOllRINIJ()
l>iz ;1 kuda do ;1111111· ,·111·lacla dt· 111a1·ly1·io,;

q1w. 1111 n•llin ra"l('llo. lllll dia ,;p P111·a1i1011
a ,·nndc•:<:-.t 1·('al B1·;11wa dr \ 'ai de Li1·io;; . . .
E dizP111 111ai,; quC'. quando a somb1·a a 1·11i11a e:-cond

,p1a11dn o :::ol ,i:i . no oc·raso rm 1111,·e11s. se 1we11l1011.
nc,-, lul'l'PÕC':- 11ª""(·ia o fauta:<n1a cio Co11<IP .
11&
8 lbliotec.a Públic,1 Benedito Leite

SONETOS E POES1AS
VENCENDO O SAHARA
Queima as nu nms o ~oi. c11sa nguonl a11tlo os ermos·

ais (lr , ,1dc s,, Yéio fia l'a n' d os ,it'~(' 1·to:-.
::\r, b1·;izr i1·u ,·1·111•1 da~ a 1·,•i;1s ,;,•11 1 1!'1·11111:--
,·;,s g-11i.111d11 . do ;1zttl. º" 1111' 11 , p;is:sn, i 1wP 1·l r, ~ 1
P,1ssa 111 , \'PJ·d es. c lll luz. uos 111e u:s o lh os Ollfl'1·tr10'-
as 111i r-ag-c11s (ln .u111, 1· do" me us sonho, d r sp1•1·t ,>« .. .
0ll<' al('µ;1·ia 110 a le m . :-o ll 1·e as 1111,·e11,;. an ,·., 1·1110~
os c:·q11•lh os d1• luz d r· ,·c nt l.1µ;,J, ,d,c l'lus :
~L\R.\NH~O SOBRLNHO
~
Vou . ;cm ,1g-u11. t1·,wspo111lo as i11;,i-atas sarnn;1s !

Expi1·;1 o meu olli:11· uos longes ho6so11tcx ...
C,waYanas at1·11z e. adc:llll('. ca1·,n·a1rns !
Bcmtlita scj,,s. fé. que. pela 111ào. me t1·azcs !

~ão tanli.on rulila1· 110 oi1·0 das nossas frontes
,1x bcnrãos ,lo c1·ystal dos riúdos oasis !
SONETOS .E POJ::SIAS
~
CHROMOS
r
De manhanzinha. Enl1·c os ramos
<la estrada vcl'tlc e ar·omal.
a guzl.i dos· g,llo1·,m1os
lcin ,·ilwnçôc>: de çr·.n;f;il ..•
:.\'o awl tio céo ha t·ceamos

de oi1·0 e rwata ! ~lalirrnl.
o ni11lio. ao ,·êr· rptc pllss;;1mo;.;.
·ud1idw ilcnll'o ,to ,·,d •. ,
1
~IAJ:.\N 11 .\0 SOBltlN IIO
-1111dc \"âo rtlc,- tão c·t'tlo !

p<'1'6'11Hla. l1·c>mcnl<'. 11m ~.llho.
1111m l''Íl'io cio ,11·vo1·l'<lo.
E 11111 lilfo. t1·islê •l'H' é 11111 0oi\'n.

,·om o,: olhos 11at.lamln c'm 01Talho.
\l'III pl'll,l d1' 11,io :<ê l' 11oi,u !
SONETOS E POESJAS
,-...,--..~
1I
São seis ho1·as. :_'\a Yaranda

toda a familia, cm cstrcilcza,
senta-se cm to1·no ú \'ianda.
sú se não senla 'l'hereza •..
- \ 'cm comer, meni11a, anda .. .

diz-lhe a mãe, e ella, em tristeza,
qualquc1· desculpa desanda
de um mal csla1· t;OlllO p1·cs,1 ...
MARANHÃO SOBRINHO
~
-Mas que lcns hoje, Tuluca?

- Não sei, não •.• «tou>i sem ,·ontadc .. .
Diz o loiro do ~lancluC'a:
- Elia elixe a xô Zoxíno

qui num come de xodadc ...
-Cala c::.la !JOcca, 111c11ino !

SONETOS E POESIAS
I Il
Emc1t1anto mamãe Chiquinha,

no quM·to 0 t·a~wla embala
com os co11tm: d:1 e,11·od1i11lw . '
os dois 1rnmo1·am 11a sal.i.
-T11 nfío I<' zang-as, Cm·inha,

se PII Ir ltcija1· ! .\11ct,1, fala ...
:'\ão sei, 11à1l . .. tliz-lhu" p1·i111i11ha .. .
Ji; u111 IJci,iu hem lung-o c;:l,ila !
)l.\ltAN HAO SOBRINHO
A mãe, que. ao me1101· !'Uitl o.

se assusta . pcq ; unla:-Cór,1.
que foi is lo ? E alle 11la o oul'ido ...
Di;Í-lhe a filha , que a csculou:

-- N ão foi natl.1 11.lo senh ora
foi o ; ato que cs pi1Tu11 ...
Bibliotec:a Públlc.1 Beoedito Leí:1•

SONF.1'0S F. POESIAS
1\'
De 11oiti11ha. ~,J tenci 1·0.

que o lu.w macio 1·cg-a,
brincam lodos, num berreiro,
o jogo da cabra-cega ...
Cotita, um anj inho inteiro,

somente a h1·inrar ~e néga:
beliscou -a um companlrnit'O
no meio da cegarrêga . ..
12s
~lAltANHÃO :SOl:fH.INI-IO
-Q11e111 foi t pei-;,u11la111- Gotiln

111ol'Cle os lahio~ e, i11norcnlc,
diz, depois. loin1 e honit,1:
- Foi o pl'imo ... (e abaixa o olhai'),

que, quando belisca a gente,
não belisca de vagai· . ..
UG

SONP.TOS E POESIAS
MAIO
:\faio ! Chegaste. ns lírios dos caminhos

abrem-se aos beijos matinaes do dia;
os sonhos e as canções sóbem dos ninhos
fechados rrnlma em flor da ramaria ...
U' doce rnez da:,; 1·osas que o~ espinhos

não ferem ! mez que os olhos de :\-lar·ia
estrellam ! como os olhos tn<'US sosinhos
vieste encontrar cobcr·tos de agonia !
127
.\f..\R.ANJÜO S OílKl~HO
~
:,.;111ka. urna vez, llll' viste :1ssi111. llll' ,·istc

,lo teu a11101· tão t1·islement c ae1°eo.
corno hoje. o· )[a io <I<' 1·oup;1gc 111 triste!
Como Yieslc me e 11cout1·;.11· ?- Num ,·ai

de do1·: uma alma feit a um C(}Inllel'iO
e um corpo sob1•e 11111 leit o de h ospita l. ..
12 S
Bibliotec:a Públlc.1 Beoedito Leí:1•

CREPUSCULARES
.\ lai·dP. 1'111 ,l o,·I' p ;1 z. l1·:111quilla. d l'S<·c·.

H:i. po1· l11tlo , 11111;1 ti o,·<' r i1nrnl'11~:i t·a lma
o pPrfu lllC d;l Jll'N·C.
se d esatando do thu1·ih11lo ,la almâ.
! oda :i t 1·islez;1 ,·.,spc1·a l i II vade .
,: oi11 0 11 n, i;n11hn. p:l l'l'l'i' • ..
Su!Jt·l' as ag-11.1,; ti o 1·io nio pass;111 d11

t),; froln,;.
IHll'COS [(' \ ' ('S. t' III [)NtU C'Hil:O:
,·omo. as :iz11s doi 1·ando no sol. um l.lanrlo
,lt: ~l'l'l'TI :l!-' g"l'IÍ \" Of :l:s . •
129
~í.\ H.\:--'II,\ O SPBIU N HO
Como d(•n•111 snl'l'i1·. 111•s1 .. poPlil(·

clr> sol. de lanl.1 l11z. d<' larllas 1·1,1·Ps,
l'azP11do ii1n·.ia ;'i g-<'nlc·.
as ;1l111as xirnplPs dessr,.; prx1·;1dor·ps 1
!reme·, prlas all'o111b1·as.

lemlwando os lahios das 1·o<·Pi1·as lr)lax.
c!P a1·1·111 hos 11·islcs 1w1·t'111r1anclo as ~11111b1·as.
o <·01-a<·,io ria.-: rolas ...
T)p\ºPlll \'Í\'1•1· 1·011f11s;1,.;

d<' mag-oa as dn<·<'S 1·olas a11101·osas.
411e andam. <I<' lal'(Je. p1·oc·u1·i111<lo os musas
pelas moitas d1t·irosas !
130
SONETOS E POESIA::;
Cessa a \·oz das j ,1spissin 1;1s l'anl'a1·1·as

dos 11inho,- pPln jl{'l'i'11marl o Yal ...
Co1·ln n silPll{· io n ll'illn d;is 1·ig·,11·1·as.
·ro1110 uma flcc-1111 ,!P ni1·0 r <ln 1•1·yst,.I I.
'f'anilH'llt ine11 <·o l'a(·,1n 1·n11t;l\'H 011t1·01·a

,·orno os ninhos, S<' u so l n;is 1Hn·(•ns al'(fe.
t1·0:.;d0 ,i J11'ÍJJl<'Íl'O h0i.i11 azul da a111·01·a
;'i drna1ll'i1·;1 l;1g1·ima ria !;irri,• .
.\ llHll'IJ;I \ ' ÍJ'il('ÚO
lwija a ,•sn101·ald.1 t1·1•JJ1Ula das palma~.

E os lnll'<·os l0rcs do,·cmt•nle rão .
como os so1 1hos de amor· rias nossas almas .
131
)l.\tt.-\X U,\n somu:-. 110
E11 li1·n1<:1111•11I<· ,·t·f'Íl•

•JllP. d,· 11111a. lar·d,· a,-,-.i111. d,wr·. ao 1·ahi1·.
se fcC'harit a hol"lcn:-ia do 1nc11 seio,
pai·a n/io n,ais c:p. alwi1·.
l).111' p1•1-fu llll'S 11w n\111

da t:ll'dP rptP. d(' j,lclhos. 1's11101•cc·e !
I.Prnlwa111-11w n,- lahios dC' 11111 saurloso alg110111
1111.- ,·i,·p lo11g-e,. q11f'. por· rnin1. pMlerc.
IJ.1111111,1 l1·ist(':r.il 111•slil da1·idad(•

de sonho. do <·1·cp11,;culo C'ahida !
)-.ci que mais uma ta1·dc de saudade
l('\'tHTlf' o 1·r><:lo ,1:1 manhã ri:\ ,·ida ...
8lblioteu Públic• s.n.dlto IAlte

::;O~ETO$ E POE:SlAS
·'
HERVAL
.l bandeira da. pat1·ia. au 1·e11lo. pa1111cja1·a

quando ellc. herüc de l,01·úe,;. ,, ;;h1di11 fl11111111<'ja11tlo
l1·,111q11illo. do i11i111i;;n as l1i'islcs ,·a1Tcg-,11·a.
a1·al;11wlil' .'1 ;1Y;1 l;11wlw. ,,,; lt,,sl<'S <l1w1·nP.t1tdn ~
E1·a a ;.:·lor·i,, q 111· ;"1 dti\ 11·;1 a 1•sr,atl.t Ilic api>1·I ;11 a.
,in ,·;impo tl.1 h,11,tlha ,1 pú1·pu1·a a1·1·aslando !
.\ 1·ielo1·i;1, tio ,,wl. 1·0111 os li1·;1<;os lhe .itcnci1·a.
,mlJ1·c n;.: astro,; c111 t\<11· dt• n\• sp dl'ht·11<;,u11lo ...
)1.\RANHÀO SOBRrNHO
:Xúo n 1';1zia111 1·e,·1 1:11· ;1s liispi,l,1s 1J1el1·a lii .1,-

t1P 111 (l h1·011ze l'l'lll' I dns J;111ras 11,lpl isallas
cl<' sa11gw·. 1·11(1·1· o ,·l a11g-01· YC1·111dl1n d;is hat;illi;1s
E. ,11li, ri lt•àu da ;..ç11c1Ta, nu , e11l11 espat·sa ,1 1·c,11rn,

lt•1Jilll';11·a. c•o11cl,,11P11do. os hc1·1íc;: i111·ej,1Llos
qu e sn11lic1·a111 , c 111·ei· sol, ;1s ,1;;11 ias de l{,im;, •..
; li

8 0.NET08 F, POESIAS
MAIO NO CAMPO
Ri -~r a 111:u1h à 110 n1s lo ,·(:n .1 hc1·1,, !

J) oi1·,11n•sl' os 1·amns. d o i1·;1111-s<' o ,; 1·;1111 i11l1os ...
O p;1~s.11·1ld o g-i11·1·11l11. d ('s p<' 1·ln.
hnnla ,·;1m·ck:--. 111a,·i;1s ,·0 11111 ;1t·111i11ho:- ...
\'a;.:·a 110 l'sp ;ic;o llltt 111odi id11 q)1 11·e1·l11

de pc 1·fhm;id;1s rozr:-- l' l",11·i nb os ...
1·11 , oasis de l11z 1111 1·éu deserln.
c 111.:lic de 1·it1a o 1·01·a<;áo ti os 11i1tl,o,.:
Bibllotec• P\lt,fic• Benedito leite

MARAKHiO SOBRJ~JIO
,Iaio. poiso d(' a 1111)l'. ,·iJ,J-;11rl e e lo:1·11:

,::·u1·0·cia. li sol. ª" tla111rn11l as :-olt audo.
;.:-\.dg·:1 d,) ,\;,,: p;t,·n ;1 ,·,:,.: ,·;Hl;n·ict d e' n i1·11 !
p(·lo 1·sp;u-11 ,' 111

l'a ss11111 , ,·a1tl .111 le:-. r,·,,.,. .
;,z.t:-:. ,·01110 :<e fússc11t 1·c;;t·cssa nd o.
as de r·rntlc ir·,i:- illus,·,es dil ;;u1·1.w .i !
1,15

SO~ETOS E POESIAS
PSALMO DA MINHA BlBLIA
.\lrna l,1o.;lt ,\ de l{i,;us l ' L11a1·cs .

::5clc-Est1·cllo ,·ilJ1·a11lc do meu S u11lw !
1·e11dido ú int1·c pidcz do,; teus olhat·cs.
nào tua~ 1mins me11 l'OJ·aç-ão 1kpo11ho ...
o· ~l .nd i,·a \'is,io tlvs P1' sa1·cs.

IIJ (.' (I:,\
Rôxo Mal'l.y1·io que a mim wcsmo imponho !

para l'ima1· rncns 1·11Lilos Cant ar es
lll CUS S1111li os. I Odll, , 110,; tc 11s olh os ponh o . ..
IP
/
)l.\RAN IL\ O S0J3RI ['; HO
Corno te qtrcr·o. 11· :-,a rila-1:1·t•at111·.1 ...

ey~11ra Alpl,a do 11 1rt1 l>P~l11ml)l'all1c11lo,
mil ,·e:r.cs ~a11la 1' d11pla111e11l<' p111·;1 1
.\' aln11·ada do leu :,;orTiso tcrw,

leio O .'\fo;snl un IIICLI Padc1·imc11to
ctr.1·110. 1'1('1·110. l'(C1·110. ClP1·11u. Cll'l'IIO ...
./

SOKETOS E POESI AS
~
VENUS
Qu ,u1do o seu ,·oq,o it Jli,1· d ;1s 011das \·cio,

guil'ia 111latl11 de cspt1 Jt1<1s e sa 1·g·,1~·os,
d e scdt11t ôes ;1 rng-a e11d1 eu-lb c o seio
r . de trniç,irs. a s,nle "'H'IH·u-lhc os ht·aços •••
Po1· lod" o 111,11· l111t1n· 11 111 :st1 J11·1·11w àll\'CÍo,

q11 asi hu111a110 de beij os P de alJ1·at os ...
O so l, d e lu.% e d e calo,· 111ais 1'11c io.
Yih1·ou rna is all n. 110:s ,l Zlll'~ l'Sp;i~·os 1
}I..\R.ANH.\O 80BlUNHO
.\li;as e c,;purnas. scn1 yuc1·c1·. Lccc1·c111.

ju11tas, um IJet·ç-o de itlcal c.,1111lm.J.i~,
e o seu corpo de :1111·01·a 1·e,·cbr1·<1111 !
... .:\'uuca o 11ia1· Yi1·a t,iu 1·1·IPs l(' 1101· ...

Quando o seu co1·po foi Leijat· a praia
a propr·ia 1·oclw t'st1·cn1c1·eu rir amô1· !
11')

---~ - - -
SO N E'l'0!$ 1-: POESJ AS
VISÕES
BranC'as Yisões ri<' ffoydêns dosgrf'nhndas.

11111das. lascin1s. q11 e> e>m Saltbats medonho<-.
rindo~ 111í as . do I11fr 1·111). conspu1'c;icb s.
,1ssombrar-n1f' a nN•ropole dos Sonhos .. .
:,.;,10 por·turheis .is 1·11inas desoladas

,!essa Memphis do <'Scomhros mil ttlii;tonhos,
onde> ha múmias do Crenças scpullaclas
" m f<'nrliclas pyramide>s ri o So!')hos .. .
IH
)l.HtANH.ÀO SOBRINlHl
~;io dt·spp1·I pi,-. o· ah11a,: do Jll'ITildn !

essas Y/'lhas e Ps<·u1·a:-- 1·11i11:11·ia;:
CJII<' C'><f 1·01Hlal':im df' po,n p;1s no P:issad1J
\'oln'i ;i,>s I os:-o,: 1·11l,1·os l'a11dC'111011ius

ond,, ha riet 11s 111,H·c1b1·os d<' Agonias.
o· IPg-i,in de Haydéc1s ,. ])1, 111011 io;; !
8ibliotK a Públlc.1 Beoedito leí:I•

SONWl'OS E POESIAS
NO HORTO DE GETHSEMANI
l'.1 h·,1 11 a:,; 8011d11·;1s 111 0 1·l11s. <'1'1·a<lí:1s .

do Hol'lo 11111 111ixfo cl p S 11 11da d 0 <· ll! C'l l o . . .
Erllws dr sonh os p 0 1·111,H1 e 4·p111 fri as,
;1s so rnn ol011i ;1S f'1 ·011d r~ d u ;11·1·m·0dn .
O nlu. se111 11u1·p 11s t fH P o 11 odue 111. il'l:d o

t'Olltu os olh os das la 11g 11itlas .iucli.,1s .
solomn c d!' 1i·istcza e nostalg ias .. .
fcrn :1 m 11d r z d e 11rn i11 1imh S0g1·Nl o
14:i
l!Alt .U.;JtÃO SOURl:SUO
Yt\l,1 t• B,1bl,i110 1,,dlicl1). ,. 1>acl1·1·(· ..•

Vern , de :;011110:-. Sl•n,-..i,·,}e:- fag ul'ir·a"
c1·ys tali,u1·-lhc n,) ,:íle u,·in :i P1·P1·P ...
\ (aneha11d o a:- so111l11·a:- trist111·t1:-a:-. n111das.

,~u c p1·oj cl'l a111 110 Ho1·to :i ,: oli n:•i1·a:-,
t' r·t·a •> ndto sat:111iro dr .T11<IM !
:sp N ET O/'I I·: 1'0 1•:S 1.-\8
~
SINHA' DULCE
Honr em J'11 i "'' 1-a au se11 d 1ale f cl ü rad:1.

ninho rs, ·ond idu á somhr·:i dr l°i'c,nd r1 1lf'S
ar,·opei-. ondt> os p:is,;:1 1·os . r ,111lc 11trs,
sonha m ran<;cies l1•1·11 i~simas. Em eada
ni11b o. ,rue :is a 111·,1s 11i;1li11;1Ps. d ül1\ nt r::;.

vinl1a111 IJ<·i,ia1·. sus pt> llso sobre a Pxtr·ada.
,·ibra n1 u111 llnc>no, urna c·a11ção doirada.
dorC' g('nria ..-\.s p:1 l pt'IJ1·as r,·e rnc nles
IH
-~ .MARANfü\O SOBRINHO
Da au1·01·a r111 so11h o. pallidas, chor·avarn

lagrimas de oiro. C' os 1'amos, de alegria,
C'omo noi\·os. baixinho corhiC'ha\·am.. .
Ao \ C'1·-111e ,u 1za de um soniso doce

roçou-lhe os labios. Quando, C'm febre, vi-a
aos merts olhos o dia eclypsou-se .. .
14 8

:;O:-IE'J'O:-: E POES I A~
~
TELA ALDEA
Sob a Ji11ha doi1·ada d o ho1·i;-;ont r

q11c. !';o/wr os ser1·os. rnuít o longe. ondeia,
ahci1·a1fa num ang·ulo do montr
ex te nso. 1·i-;.;f' a p1•q111•nin:i alrtc i:. . ..
Elll %Íg'tH·S-Y.,1g·1.rc•,: d1til11.~ ., fo rll c·,

l{ll <' ,1 luz do ,:o i p1·im:1n,1·al ·r rntPia,
,•0111 0 11rn r·oll:11· ,·ing-ind n 111n m:1stodonte,
o !';<' r1 ·0 i111mr>nJ-o, :1 f:ii sl'a1·, i·ollt'i:i ...
Hi
.\IARA N il.~O ::!OHR lt.flO
J.:1·1,!;1111-st· da:-_ 11ilid:,s ,·alJ;.n,,s,

rararol:indo, a,, ll:i111m11l:i~ <'~~11i;,s
dr fo1no. :iwrs. n('1·1·:inrnn>~e as cabanas
pelo deC'liH· da montanh;;i. Azas ·

rle pomba~. C'omo a<'reirn noslalg-ias,
tal alam, m:lnsas. sobri> a1; alrns C'asas ...
lU

SON !::TOS E P0ES1A8
~~
CELESTE
Toda a brancura duma cstrclla ó pouca

p.ira offu scar-tc. ó pcr·o lr, do mm· !
P<1 ta ti,·w, gor·g-ciam -l c rrn hot:ea ...
:\li I a 111·0 1·11s fa isea lll - te 11<, nl/1H1· '
Ess;-, mci6 u i,·e 1Jtl c lc 11s lal1ios tout:a

e que me faz l ' 0 111 oi; ecos 11zucs :so1d1a r·..
quc .cor·a~·ào g-cntil de 1·os,1 louca
potlc1·ii, cnt n, as pcl,11.ls, g·m,r·dar·?
.\I.\HASIIAO !30BHl~ll0
-....-...-__-----~
Qnanrlo uma ph1·.:i:,c de pureza ;.,anta.

Yihr,l-lc ,,o,; l;11Jio;:. t1-inula r c<'IC!:lc .
1111w ;:,mata 110 ,nnlJic ntr ,·u111a ...
Scn,cll,a:- Ycspc1· 1·c('onta11do crn lirumas,

quando pa~::;a:,;. 11a au1·01·::i que te "CSle.
piza11do c:;lt·ella:::, 111ad1uc::111do espuma:, ...
SOKETOS 1,; POP.SL\S
AO PIANO
Quando correste as roscas mãos pequenas

sobre a brancura eL11 1·nca do tcdado.
c o leu piano. o eo11fidcntc amado.
()1whc11 a afco,·a de ~c·r1·cla:< penas . . .
11cm o ,·a!-;lo l'allor, tias açucenas,

ao l1rilho das esl relias ..:omparado,
possuía o encanto ignorado
das tuas doces lag,·imas serenas !
1,,
.MAitAN HAO SOBRINHO
~~
Ardia-l o na ,·oz, qua nd o ca11l ,1ni~,

o pudilrnud o ar o 111;.i d os scg1·cdos ...
e, 11:ilni,1, 1·0111 0 c111 so u li os, le exl1 al,l\-a!-. . ..
Ti11h :1s olkn· 11 111 1·é11 dcsal,1·odrnd r,

11 0
qua ud,, ,1ffag-a1 a m teu::- :--crc 11os dc1lo,

;i:; ~w,pi1·u~as pon, b;:is du lctlado 1

SO.NE:TOS E POESIAS
~
ALMAS
Almas de noinis m o 1·l ,1s xcm ,·cnluPa,

mu it o antes d:i d<'lic:ia do p<'c·:ado ...
íjlJ(' C lh"Cl'l',lS(Cs, "º" ~('l os "ª daU:<ll l'/1
d;.'{ ITiclf'(P, O l'<>S<;O /llliOí' !lhf>llfc>a<Jn ...
•.\ 111H1.s , 1·ux,1s \'Í o lc11;is cl ;t I r·is: 111·,1.

eam pos sc111 Ho1·c~. llur·cs sem noi l'ado,
que, e m 11oilcs de luar. todas le 1·11u1·,c.
!!lltf·1' \' Íl'ÍS 11111 Í: CO de ,lfll(JJ• doi r·ado .. .
1;3
~IAR.\NJTÃO SOBHINHO
~
Vós, que cm noites de cs t1·cllas e 01·\·alJ1adax.

andais, C'horosas, suspi1·and o os 11oivos ,
como um ser eno turbilhão de fad as.
cnnos e l1·isto11!J os,

pelos cspai,ios
vinde vh·cr, ineonsolavcis goivos.
no sereno estrellm·io el o-, rn eus Sonho;; ,..

SONl':'l'OS E I'OE:-SIAS
~
IMPA SSIVEL
Q11ando p;1,;s,1s. ,·,-14';cl'fdn ''" m1iltid('írs.

]'l'!'lld+•fl do-;,s :<ClllJi J·c <'l)f 1'1•il jq, j J·o:,: i.J("O:< ...
,;pg·1 1e m. rll' .ic,,•1110,-. :1iln,,,-. ,·n1·a1:i11·i:.
;1 , ·ia- lad,•;1 d,• oi1·u dl' 11•11-< p;i,;:,;11,;. !
E \';1o. dlt'in,- ,h• :<11 J11i o:-. d,· t"IIJO<;cics.

;11·d(·lllt·:< f'C)l)J l) ;1 fcl11·l' do,; l'"t•,1rns ...
:;cquioso:,; de an11}1' e clr il'11srks.

,llé . 'l'JJl' id n:<. SlftTll JllJJÍl'('lli f;i,;,;(),-,.
' ~;
MARANHÃO SOBRINHO
E. triumplial, tu i,eg-t11,s , cn1pu11ha11t!o

o vermelh o e,;Landa1·h' d a i11solc11cia.
1-ind o daqne lll's qu e se Y,1u íi,·a11d o ...
:::leguem-te, :1:-,si1J1, pi-o ,nc:,;sas e g·u111idos

e o org·ulbo. ,:em1,rr /lO l,iclo da i11clemc ncia.
co1ta-tc ;:i Ynz e c:h11111lia-l r o,: 0111·idns !

:SON F:TOS E POf~Sl AS
~
BACCHANTE
Es tra nha flõ.r do a1·oma es tranho ! Lír io

de carne e sonho, d e volu pia e gêlo !
tJ11em te aspit·a uma y,3z sente o dolil'io
da morte o sonha a paz do Seto-est1·ollo ...
O sóJ de sang ue do deserto assJrio

não cóga m:ii~ que :i J11z do teu cahello
nogl'o, da. côr• do~ h alos do mai'tJ rio,
irmão d o cl'ime e il'mão do pesad êlo .. .
.\JAlL.. )HL\:O SOHHIN fHI
)ias 1',',1·u1.i:-: ll'11d11·a:-: ,iH;.: JH·s r ;d,ilws t1·os.

est nl uns dc- hr10ad1·yad.1~ d1orusa:-:.
t'ulg-ur-a~·õr·s dt• lngl'itn a:-- e, d(· as tl'os ...
H;1, 110 l<>u sc-io, 1í pfrola baed1anlc

ria br•ancnra d:is bra11c·as ll<'b11losas.
toda a a r·omal l11xu1-ia d o Lera111 e.
ª"

~ONETOS E l'0ES1AS
~
Rl:JBRO
Pur·1J111•a c•ór· de :::iy,·ius ! Cor· ela 1;·uur·1·;,.

das flúmmul as sang-r·cnta:s da ba talha !
Côr que enlouquece, que embriaga e at erra.
derramada na arena ou 11a nw1·alha !
Cor de g r·it os ! Cl.11·iw das c·õr·c:, ! Sc1·1·a

do Emocional qu e o cspi1•i10 i·etalha !
Phehea cor· ela \'Ol11pia sobre a l crr·a
de1'1'amada, quc g r,ila e q,r e for·f::ilha !
l 5i
~íAHAXHAO S0BH1l'1HJ
i:,\1· do Sol-Pnsl o ! t:,k do i11fe1·1w I e,,,.

dos punhal's e das lan<:a!<, clilt'und idn
po1· toda a te1·ra. romo n f.111/. I' o ..\môr...
. . . Regfa c·o1· dos seus labios l'Sc·al'lates !

S11p1·l'ma r·d1· ela .\foHI' e dlr da \'ida
dús-me a visão de aurol'as o <·ombal e~ ...
160

:50.N ETOS E PO~SfAS
~
NA ESPIRAL DO INFERNO
Quando cm minhalrna os plalanos do Ho1·to

dos Sonhos gemem, como um· kii·ie, ao vento,
e os céos,, lembrando as palpcbras de um morto,
do1·m<'n1. n;:i pmi dC' u111 ,·nJhu monumento
ass.,' l'Ío, ti<) ursrr·tu immr11sn. abso1·l11

flt1 lolus e a:r.111 tio fil·rn.111w1110.
de oÍJ·o
d('S<;o aos i1,fer11os do 111c11 1lc1wonfot·to
nas Mms lt·itunphacs do pcusamcnto ...
161
MAltANfülO SOB1UNHO
E, Jít 11n f1111do. Pfllr·I' os p111•pu1·ros g-r·ito.s

de ta11ta:-: e:<fil'1·,u1~·a~ eu11dP1t111arlc1:-
:,1ính, 11:- 1111•11,: ,)I IJ11,: 11;,11r'1·ag·u,:, alllido,,:.
\'t•11dn. 1,a,- Pspi1·a,·~ do au1111·. l1·i:-ln11hos.

labio-, t' ll! n,;,. P fronl c•,; l'ah- i11ad11:-
JJút · l,tll tn;; beijp,: 1• pot· l,ntlo,: -.:on lio,::
·----., - --------- ---'-'- ...
~AINHA DO MAL
Na to1·1·c augu::.la da Opulc11cia, cm cuja~

setteiras de oi1·0 e ha1·bacan::; garg·alha
o gypaeto e a nc11ia das co1•ujas
lembra o ranger de um panno de mo1•taf11a,
u C1·i11w. 1·01110 11111 c·d1·v11 dl• 11za:s sujas.

dt> olhos ,·ulJJ·os , d.t cd1· de uma f'o1·nalha.
voa o 1·cYoa, cn1 feias g-,watujas,
o, com o seu pio, a escuridão retalha ...
163
)fAHA K R ÃO S013RINTIO
J,:"i ,,. 1• rwnr1l1·"i . 11:1 1111·1·1' d,, Op1tlf' trd a .

111í:1. d :1 co r· d ,1 \ ' ia- La dt'.1. ns li ornlll'os
..f11•in,.: 1J.• <':-ll·:111Jia. ,l p (' Xljlli:- il:_i ('S,;i•111·i,l 1
E 111. ('Olup ;1 d,1 111,il . q111• 11;'í,1 -"<' :t1ti11gc,

p :1 ir·:11 ~1" ,,ul,1·1· ,l,; i111'1"1·11 ;w:,: 1',wnmb1·os
,·0111 11-: o lho'< J11'1 1·t·•>s ,·01111.> os dt 11111;1 s phyng~ ...
~
JB3JP?JB3JL
-----~--
....
SONJ~TOS 1,: l'OES l AS
O OITAVO CIRCULO
· Ha no in fcm o um rogar· ncg-1·0, .i pai'·tauo.

onde n1if ,·ezcs m.:iis as cl,ammas r r·csccm,
e os q11c, nesse fog,11·, estão pade<'c111
rnif \'cZcs nwis que os 011(r·u:-: , dn out1·n l,:1du ..
Po1· toda a p,u·tc ha g-1·itos que par ci;c111

us g1·ilos roucos de um leão l'a rpeat.lo
nos l'i11s, o t'uh·o, de oiro, e e nsang uentado
c1·epit a o fogo e .ls lalJal'odas c1·csccm !
.\L\RA~H AO SOBRIN HO
)(a:,: í JI IPll J p udP \ Í\{' I· llN;la:,: >'Ol , q )~!-

dc) i11fl'1"1H1 ?E :i \'oz ,l o Br m, q11c inr c1N1m p;in l1;,
d r P ;1 p a!--...
1110,:; t 1·011- n1<· H1' Í:< 1· p i'11·p 111·a,:
E o fogo al r·oou . 1·,,rr w mi ll11ic,,:; d t! lt·ornp a:-:

l1a1·hara:-:. d r nl1·0 d,, in l'c 1·nal monl nn lta
de poml'"" 1·11l,1·.:1:-:. d e' s;11 11.o ·P11t ;1,-; pnn q,.1:- 1
·,
166
~
JB3JP?JB3JL
SONETOS E PO.ES1AS
' ~
SONHOS
Sonhos.. . .\ zas perdida s lll) ;dto, cm bando,

entre as nunms :izu rs e e11l!'c as csphc1·a:,, ...
Velas abertas. co nca,·as. infümtln
c m mas! ros dr 11·i remes ,, g-alc 1·as !
Sonh os da i11fanc.:ia : Fatias habitando

castcllos moiros g uirlandados de her-as .. .
A Gala Borralheira se enfeitando
e a Chapelinho a <·om·rrsar <>om f151·as !
1~1
)IARAXUÃO 80.BlUNHO
Sonhos tia m01;id.1dc: O azu l dos a t·r~

os la1·.1njacs de a1·01rn1s po,·oancln .. .
Hosns ahr r·l a~ ... \ '<'las ~ohrr alta1·cs ...
Sonhos de 1·cJ lios: ~e,:o;i:- e T rind ades

,,, sob1·c c i tas. cm lagrima:.-:, pai1·ando
:-.,lltdadrs rlc sa11d ,1 dc:s ,1,.. :,;a11dadc;;.
~
JB3JP?JB3JL
- ------
SOXl•:Tos I·: POP.SJAS
, ... _,_______ ,
POETAS MALDITOS
Quando, pelo clamot· , los tncus (n.:cmlos, lin'

de, ú T rcnt lnfcl'io1·, dcsrc1·. ú \'oz do El cl'no.
1·alando-mc do ~fal no as pct·rimo dccli,·c.
como um deus r·cbcladó e tonto de fal c l'llo.
sob1·c os antros Diaís nú s, comu~ hicri, ci-ti,·c
suspenso, a con tcmpl;ir o drlít'Ío c,·ít crno
dai- 1,nrnp;is scns11,1e;: de nun101·rlaa e Nínivr,
si l11 ,1d,1s ;,n l''; d11 S11·;unl 111li dn !111"!'1·110 ...
)lARAN HÃO SOBRINHO
G1·ilos e imp1·ccações, que as i:hammas retalhavam .

como gladias de bl'ot1;r,c, em barbaras campanhas,
de e ntro as l,n·as de s,111gue e :--uJ.pho se elcY;:n-am .
et1Hrr1a nto. :ios olhof: meus. nos in fet·nacs retir ()s,
o fo:,o. dM·orando o ,·entre das mont anhas.
d:iv:i rins tom, d<' ~a11g-1·en:i io!,: axas dos Yampfros ...
Com ,1s 11111,as lan~1·a1ul o i1 p1íq1u1·a sa11g1·e11Là.

que, dos ho111b1•os de aut·och , em p1·ogas, lhe eahia,
YÍ Ne1'0. inda cxhibindo a mesma front e odienta
que, no incendio de Roma. ús ehatnmas oxhihio ...
"º
~
JB3JPJB3JL
-~---~- ---------
H:i inlva (' O lll lJ 11J11 <·,io, 1110:;1 1·;11,d o -1 ,..aJ11 1tT1't1la
li1 1g11a e•. a c~p,1<:o,:, l,1111he11 1. ;,,- 1:,-,·,1111',11·as. 1·1;i
PpilPpliro. ;,o ,-,:,. as a lm:i:- Pll\ lo 1·mp11(;1
a ll·n,·cssand o u ho1Tn1· d;, sat;ini<':t oq;i,1
de fo;o, 110 so l/\J· do P1·incipc Lkmonio.
" f
pa1·a: crn pós. <·orno os cães <'Ol'l·iclos. lar.a1·e111 os.
cnrolhcr-iw, c11trc,,·r1Hlo o , ·1111 0 dl' Pr ll'onio.
qur. ;ir1·epa11h;111do a toga e cr·g11t'ndo :i rhurnca fronte.
ia P ,·inha. :i r:inJ:i 1·, nos 0 1111·11,: pr>slilrnlo,:
cl;, l nfr·1·110. 11111a ,·;uw;in ele· a11 ,,,1· d 1· .\11;wl11·1•n 11I P, . .
1, ( .
____________ .-..-......---
._.....,___~l AI'.ANJJ,\O SOBRINHO
En lrc uma lcg-iào de sccptros c tonsuras,

Vollaire, ,·iu-mr e sorriu, com um sorriso endiabrado
<lc caYcira, a cxpcllit' tias orbitas escuras
íroni;1s, de um tom de IJ1·on;,;e a,·crmcllwtlo ...
Bl;1;;phc111;l\·a. t>,;I a i:, 11tlo ,,~ liit·lax oss;11 ura;.;

~o csquolc l,J e 111ost1·a11do o J,r·aço tle;.;e;11·natlo,
num gesto de 1·ebcldc ús lh·idas altur·as
e a enterrar-se ainda mais no Inferno, bratlo a brado ...
11 2
~
JB3JP?JB3JL
:sONR'J'OS F. POESIAS
~ -
E1·guia, c111pós, o olhêtl· da l1·t·,·a ;ios l'Or·ul'l,éus

e oscanarn, dizendo, cm nojo, que o fazia
no orgu lho de Lusbcl, sobi·e a fronte de Dous !
E, quando assim falavam os sous labios, [1 mingua
de fé, de gota cm gol a, en l rn assombr·ad o, ou ria
C'omo 11in , isr:o d t• f'ug·o ::i C>st•or·r·rr·- lh c da li ngua ...
Tam lw111 lit IC' cnc·on lr·l'i, Tr·istar , Cor-l.1it;1·e. nas g-1·11ta;,
do Domonio. ean ta11(fo 11111ns c;a111:ôcs 1·cmot;is
como o oceano, que 11101·d c as pr·,1ü1s uc oii•o. c11xu tas,
tto YÜ-ontc esplendor das YiYas bcrg·amolas ...
1i3
~
JB3JPJB3JL
Bibllotec• Put,tk;e Benedito leite
\l:\I U:- -11 ..\C I :so 11J
:1x 110
T1·c-111ia-l,· ,·u lr,· a, 111,11"

. .-111 p1tt'ptt1·a, , ,t1111,,,..
dt· SO ll!l . ,\ l1a1va do ~)a
i. l'.1:1.l'IHIU. sol , ;1s ,·üt as
do~ ho pli t~ do lnt'c1·11u,
o amo1· ao san gu e e ás
lr'Íl1111pha1· tn111slu111i11o luc tas
so. c111 tum ido s fü11·<ilas
Os teu s olh os 1.:n1cis, c111 ...
1lan11nas tlc pallwt,1s
tio oi1·0 jal dt·. Y,u·andn
.is ,·,1-;tidoC's all lirt a,
silonciav:im do fdgo as
pú1·pu1·:1s tro mb eta s
de lwoww. qfü •. ,, plang-
..•1·. nas 111.,sti<-as ohlatw
-<a11gt·l·11ta..; do Ü(•r111mi1 ,
1. c·111 lll'lic·i11a,; ma ldi
,11.:cn·<la, a111 do l nfc1·no tas .
as fu1·11as ciwal'lalas ...
114

Maranhão Sobrinho - Papeis Velhos (1908) PDF

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· . . ruídos pela tmça do Sym/.Jolu

Qfl'en:<.;o. dedic0 e <:Ollfiayro

T~mos bom corpo. irmão; vauws cavar .. .

A Ros.\ BRANCA.- 'fenho pena de quem julga a

A ROSA V1:rn~IELHA. - .Maior compaixão merece

1!nn«,wlo Ersc-BATALHA DE FJ,ORES.

Vel hos papeis ... de \º Cl ºSOS . São pcdaro!s

Preso nalg-e ma dos teus a!Yo:s bt·a~·os

Yrlhos papeis, 111cu ultimo ,·onforlo !

Blbliotec:a Públlc.11 Beoedito left•

n u,·c ! () mar. est•,1 ;·pa11do ,,:-- J'01·hai,:. na ag-onia

Como Hús. púdc sei· <tuc a t1·i:;lcza e a a lcg1·ia

Escuta ! ,-m11 0nda ,·cm hcijai·-tc os pés. ~fio ha ele

n mar Jc,·a-me a c1·cr (JUe tem paixões morlacs

8 iblioteu Public• &en.dlto Leite

Sobr·e o lei to de scda·azul n1ar·i11Iio

Seu mor·no somn o é o de uma flô1· olentr,:

As n1.11·~l'llS do P Pi - Ho . n•1·rlcs. biza1·1·as.

E sou lia :\la-·t s u h,wa'- 1·ison has

Xo dia e1u que au meu amo1·

Bem Yi. (•n t1·e mil ahi·olh os.

SoJ)l'e o hc1·<:o aln) t• in noc:cn le:

E, uma ,·<.>z. li1·io da l'o11tt·

X111wa m:lis, dí' olhos \'et·melhos.

Desci<> <'nli111 ,ln !kiwonfo1·to

E que prase1· cni scgrrdo

Dôc-nH' hoje• p<•11sa1·, Celeste.

\'en1 do passeio 111a1inal. de blusa

..\. dcslu111b1·.1da multidão confu sa

Bibllotec.a P\lt,ka Benedito Leite

_\ :;ai,1 dl• su 1·,tl1 dl' 11111 \'('1·de-palha

Com o seu so1·1·iso as 111ais 1·i,·aes apouca.

8 iblioteu Public• &en.dlto Leite

P01· \<'LI :,;c1•r110 amo1·. lúdas as g1·andes <lô1·es

..\i ! que sct-:l de 111i111 quando c111 f)J'CY e te fõrrs

Passam g-cmcnt.lo as ,·i1•aç-ôcs: :1s 1·osas

IJiz ,\ aç11cc11a. n amür tia solid.io:

8 iblioteu Pvblic• &en.dlto Leite

•.. E um dia .is mo1•jas 1'01·,un dai· \'Olll clla

Some11 te ;1 luz de uma pictlosa ,·ela

Totlo n moslciro cnd1ctH,r tlc r r·i~lcza.

~ão ct·cio que. do ,imor·. i1 morlc ,·<'11ha.

8 iblioteu Públic• a.n.dlto Leite

\"ou . feliz. c:o nsll'l1i1·, no paiz dos meus son hos,

Ycrd C's ,·alies cm Jlô1· a mplissimos. 1·isonhos,

Bibllotec.a Pút,ka 8enedito Leite

Guardarão meu solar de ratljahescas pompas

E. ao supremo clangor <las Pntilas inubias,

8 iblioteu Public• &en.dlto !Alto

O im·erno Yem. 1:rucl, nas frondes ealJriolando,

Vai-se-me a alnia nos ais l1·isles, tlc quando cm quando,

Ja 11cm mais mi11has mãos r1·gucr i1s 1111,·cns oiso !

O ioYcrno para mim tem gclci1·as de hrazas ...

8 iblioteu Públic• &en.dlto Leite

.\leu d('Sobdo r·ot·ac;ãu pat·('c·t• .

Desde que a 11oitc. e11t1·t' pavo1·0:-:. d('sce

São as almas dos meigos Tro,·ado1·es

e as arnnturas dos combates moi1·os . . .

A aza que voa ú mais rcliz

(Juanla distanei.i nos scpa1·a !

Bcn1 me disse1·a111 que pal'l ias.

Este ,·iolaceo senli111e11tu