Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
estavam no meio
cio livro, foram colocadas
ao final, para que
a paginaçao ficasse
correta.
LAURA DE MELLO E SOUZA
INFERNO ATLÂNTICO
Demonologia e colonização
Séculos XVI XVIII
-
Dados I11ternacio11ais de Catalogação 11a Publicação (e,, ,, )
(Câr11ara Brasileira do Livro, sP, Brasil)
Bibliografia.
ISDN 85-7164-347-4
93-2992 coo-981.021
Agradecimentos . .. . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . .... . . . . . .. . . . . . . 11
lntradução . . . . . ........... . . . . . . . . . ....... . . . . . . . . . . . . . . . .. . ... . . . . . . .. 13
Primeira parte
MACRODEMONOLOGJA
O diabo naJ· malhas do Antigo Regime
l. O conjunto: América diabólica .... . .. ... . . . . . . . . . ... .. . .. . . ...... 21
2. O enraizamento: circularidade de culturas e crenças - Bra-
sil, 1543-1618 ... . ... .. .... . .... . . . .... . . . ..... ...... . . ... . ... . . . .. . ... . . 47
3. Por fora do Império: Giovanni Botero e o Brasil ... .. . . . .. . . 58
4. Por dentro do Império: infernalização e degredo . . . ....... . . 89
Segunda parte
MICRODEMONOLOGIA
O diabo e as tens·ões cotidianas
5. Religião popular e política: do êxtase ao combate .......... l 05
6. Ambigüidade amorosa: de santas a mulas-sem-cabeça ..... 125
7. Mentes e corpos: os assaltos do diabo .... . .... . . ..... . ... . . . . . . 14 7
8. Em torno de um mito: a elipse do sabá ........ ............... 160
Epílogo: Persistências ínferas, Bernardo Guin1arãcs e o ima-
ginário demonológico ............................................... 181
Notas .................................................................... 197
Fonte!>' e bibliografia ..................... ............................ 249
_llus·trar,:õe.s· .............................................................. 263
AGRADECIMENTOS
11.
INTRODUÇÃO
13
de-.,a ._ rma para e,, r ,toe; afro-bra<-ileiro�? 1c rno na Ettropa, o dia
btt daf,, tzár _ula,, mon�trtJO\O e horn\·cl, não era cambén1 o diabo na
rn,Jrado t \,.(,rte. ão de Gil i ente, ou o t1omcrn cdutor \'<!�tido de ..
..(da n\;gra 11a ,c�o do t.:ineasta �1arccl Car11é cn1 Le.ç ,•isitei,rs dt1
.soi.r? Ou o �impatico diabo popular do Carnaval, nfeito a comilan-
a_. lihacro tt1l1c�� pàndcga ? Por finl,, on10 mo�trou Marly e Me
}' r, !\1aria Padilha não é ao me mo ttmpo an1a11tc de um r,ci de Cas
tela. pcí\onagcm dr ca11cioneiro europeu e pombagira de un1barada,
tendo cometido crimes c111 Niterói'! .
Onde tern1i11a a Europa� or1d� começa o llrasil? É J)OS�ívct pcn
\af o que criamo. c:m o colonit-ador ()OfttigtJ� - 0,1 me n10 sem
!\·1auricio de Na au. c111 icolat1 de Villcgnig11on. �cn1 Tl1cv cl, Léry,
Har1 tadcn, o pirata Knivct, todo 110 · corltando suas im1Jrc . õc
de europeus exilado n05 trópico , dcfom1a11do irrcvcrsivcln1cntc, ao
r�gistrar. o que viatn 1 cti.ciravanl e cntian1· ? É possível rcfn2er cm
�cntido in,-erso o pcrcur o de no o a,,ós d,c Lua, nda, Mm11a, G11iné,
atribt1indo ao conju11to da ctilttira afric,\11a o sigr1ificacJo qtic real
mente vian, nela o negro e craviiados tornado brasileiros à for
ça? É pos�ívc-1 reconstituir. por meio do frag111cr1to · dcixétdo-; pelo
�crívAcs do Santo Ofício. a crença qlllinhc11tista!> tupih, chamf1nclo
a� de mjlcnari ta Oll sincréticas?
Tudo indica que não. Mas, toma11do de en11Jréi,tin10 ai bela rr.1-
� di: Géorge Braque, '•não creio nas coi a,,, creio 11a� ll,A\ rcl1tç e 1
'.
14
.......�--------------------------------------------------------���-
ver ion. misruJc a11d tl1c mcanir1g tlf \Vitc:t,�rttft' ', ··-1·11c scicr,tifll· Sllt·
tLJ� of demonology"' - e .. , co11ver a c1uc r,uclc.:1110� tnu11tcr �tl1 (.;OJl·
gre so : foi grnç-,, r1 ele c1uc t,larg,1ci r11<:l1 cnfo..,1,1 · clt1 ohjl'IO, e r,11rtlt.·
enxerg -lo oncle tlt· i1.p:.1rc11ter11t:ntcz r1fi l. IÓ:. ' 1 0 coni11nto: A11•cricu
,cliabólic11·� t1ind3 1cn1:,tlv{t d· pug,,r r>urt� da d{viur\ tJttc fit•ot11,t�,, ..
denlt! en1 • •Sabá, e cnl.t1ndt1, • •• Q1t1:11,,tc, ttc11bci dei :,r,do ll A 1t1 ,,, ictl
Ili lJ4 ttic'", fon, da n11: 1isc. Nu inc111\ o pc)r c,tt: t ·rr !tório. deve, 111t1i·
to ·10& e tud � e,1intulnn1c etc · <:rf:lC (irti11i11 ki tll>rl· ,, Mó i�t1
o 1ad:1r11c11t� UJ col,,,,; ,11/011 tlc J '1111c1ginc1lrc: • • • �to �c.i, • ft)r\'() r,t
dC\Vt=tadnr n ,,,, rir,1,: •1n <·1111,,rrrt de, Novo e· t1tin�11t•.
Re tririgirido o t1lhtlO cl,r1 UllÓli. e, tl 'C8L,1ltlo c:a11{I tt'.lrl f'111 lllll
RJJ'lt1ll«\d(> tf,11 l, r li�t()\td 1clc vfvidit l1:1 ( 't>l r1i;1 llt) J)J !tlti.:il'Q NÓ,.
l'lllçi lrt, up;tç; o 1>ort\1gu �,,. Refere 'il" à l'tlr,,,,,s lltt11· ,,1cti e tcf,1 ..
mn qt,1e,t e, qLac tt ,1 fori11n. ,t al,Ull ver, flUC(1t1i,,I \ttl •11tc clc�ct1�,,1vi
d a, ·111 ''. �b 1oi • citl11r1dt11'' ·, 1cf4-,)tt;,1nclc> ll\ , lu� e �11lrc 1c,IIJ(l,.> lcJ11dc
e: Clllt1ir, J'Ul>lJlnr lt11.. ot'lr utl•tl(,, c.l,1 l�it1t11 t1 <l&J clc\'4�it<1 ele Mlk111,ll
111 � l1e i1,, ;l ,,,,11r,ro 11u11ula, ,,a l<lc1dt' M, rll,1 ,. ,,u H,·n,1\'<'ltn�,,1,1. �, �
ntJ \e !l. ,11,do c11r,lt11lo 11111 d<)Ctin1 r11,,, r.1,1 • clt ,, i,• l1lill.1r,r1, a1n(crlor.,
1r1cntc: t> 11rocc� o ele ,� r,, (lll ( ·,11t1J'>(1 'n,,,, isahtl, ,lt111,,tt,ri,, de l'orta
S • trr,). ()aacr r -iull lc, f>t>r,111t, <l ,..:r1lf ft r,1111, rc ,1t,10, ,t,, r>t•r1t,,
Jc vic.111 br,,tlCl> ç �\Jr,1pcu, t•� 1iltlft:�es c11lf\Jl'�tix ,,,,-. fv j,J de H r 111
gcr,,d,,, cç,r11 a, c,,lt>r,11.a<;fi<>. I>,> ,,,11110 llc vj 1,, tncl'f1cr1tt e rn11an1 •lt1 ..
e , t,1lvtz tol ,,,e ·,1r1i1rr•Jc> j,, cx11,n."i c1 de 1'<,tn�u r,11r1t,li11n1áttt:1t ptlltll
/j
.... ntidades. aquele tempo, os africanos ainda contav,am muito pou
o na mestiçagem cultural: Tourinho e o Papa Antônio, ou Toma
.:aúoa. ilustram, assim, as duas vertentes dominantes na Colônia no
- diz respeito à religiosidade e à cultura popúlar quinh entista.
oue
·�Por fora ào l111pério: Giovanni Botero e o Brasil'' é para mim
11m rnomenco especial do trabalho, não talvez pelos resultados, mas
pelo que sua elaboração represenlou em te1 roos de descoberta e emo
ção mtelectual. Foi uma empreitada detetivesca, nos moldes da ati •
•,idade de pesquisa descrita por Ginzburg em ''Sinais: raízes de um
paradigma indjciário'', ensaio de Mitos, emblemas, sinais. A parte
e:as Relacioní uni�ersali de Botero referente ao Brasil me chegou pe
:o cor·eio1 na fo1ma de nm xerox enviado da Itália pelo amigo Ro
oen R.crNlaod, com um comentário irônico acerca da difusão da lei
r.ira diabolizada sobre a América porcuguesa. Fiquei meses olhando
J)a.J-a ela, pensando como poderia desvendá-la. Aos poucos, comecei
a ter interesse por Botero, de quem não sabia quase nada. Fui me •
16
bre Rabelaís - obras que discutem questões teóricas con1 grande ri
gor. Beneficiou-se muito do primeiro curso de pós-graduação que
' dei na usP, em 1989, no qual discuti a questão dos níveis de cultu
ra. Acabou sendo um exercício tão rígido, tão escolar que, talvez de
for111a compensatória, me atirou nos braços da longa duração, do
ensaísmo e de tl m certo fascínio temeroso que nunca deixei de ter
pela história francesa mais clássica das mentalidades: os estudos de
Philippe Aries, Robert Maneirou, Jean Delumeau. •
17
Foi ela Q\lC 111c fe7 ver, con, ,l ajl1da (le l1111 tirtigo fl111dn111e1ttnl de
'
Gilberto Vcll,o. ''l11divídl10 e religião 11a ct1lt11r,1 brnsilcirn'', a rctn
çãc> estreita c11trc si ten1ns cogt1itivos e sistc1nrls de crc11çns.
O ca1>itt1lo 8, ''E111 tor110 de t1rt1 111ito: a elipse d() sal)á'',
aproxin1a.-sc, 111�lis t1n1a vez, dc)S cst,1dos ele nrlo Gi11zburg q\1e {)ro
curan1 pensar a feitiçaria 11as Slt�1s relações 11cn1 sen1pre óbvias cor11
outros fenôn1e11os: Os a11clarill1<JS do be,11 e HistóricJ 11011,r,1a.
L11SJ)irot1-sc ta111bén1 no li,1do livro. de Francisco Bctl1enco\1rt sobre
a feitiçaria portt1gt1csa qt1i11hcntistn, O i111agi11círio da 111agia. Mas
tcn1 r11uito de pessoal, e dialoga, C·Olt10 • ·o co11j\111to; An16rica dia
bólic,,'', con1 'Sabás e cal\111dt1s'•. N[1 n1edicla en1 Q\te (1rocura pr·o
1
/8
Primeira pa,·te
MACRODEMONOLOGIA
O diabo n.as nzalhas do Antigo Regime
1
1
O CONJUNTO
América diabólica
21
gicas, e difundida a crença nos poderes extraordinários do Demô
nio. Conforn1e ficou registrado por Camões no Canto v de Os
lt1s10.das, os próprios marinheiros que partiam para a Índia, para a
Ct1i11a ou para o Brasil viam com olhos apavorados certos fenôme
nos naturais como o fogo-de-santelmo ou a tromba marinha, então
já inteligíveis e explicáveis ante olhos eruditos.1
Tensão entre o racional e o maravill1oso, entre o pensamento laico
e o religioso, entre o poder de Deus e o do Diabo, en1bate, enf'im,
entre o Bem e o Mal marcaram desta forma concepções diversas acer
ca do Novo Mundo. Para os primeiros colonizadores e catequistas
da América, que viveram numa época em que contendas religiosas
dilaceravam a Europa, o recurso a tal embate não era simples retóri
ca, mas índice de mentalidade onde o plano religioso ocupava lugar
de destaque, mostrandó-se presente nos mais diversos setores da vi
da cotidiana.
Foi assim que, ao lado da expansão de mercados, os portugue
ses objetivaram, com as navegações, difundir a fé católica. Na Crô
nica do descobrimento e conquista da Guiné, em meados do século
xv, Gomes Eanes de Zurara já expressava o missionarismo luso:
•
A quinta razão [das que moveram o infante aos descobrimentos marí
timos] foi o grande desejo que h·avia [o infante] de acrescentar em a
santa fé de nosso senhor Jesus Cristo, e trazer a ela todas as aJmas que
se quisessem salvar, conhecendo que todo o mistério da encarnação,
mQrte e paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, foi obrado a este fim,
scilicet. por saJvação das almas perdidas, as quais o dito senhpr que
ria, por seus trabalhos e despesas, trazer ao verdadeiro caminho.
�
•
zação, continuou a se desenrolar o embate entre o Bem e O MaJ.�m
1546, Pero de Góis, o donatário da capitania de São Tomé, escrevia
J ao monarca português queixando-se do estado caótico a que se via
entregue a jovem Colônia: ''tudo nasce da pouca justiça e poi,co te
mor de Deus e de Vossa Alteza que em algumas partes desta terra
se faz e há, por onde se, de Vossa Alteza não é provida, perder-se-á
todo o Brasil antes de dois anos''. D. João III parece ter sido sensí
vel também a estes apelos, e três anos depois enviava para a Colônia
Tomé de Sousa, o primeiro governador geral, e mais os primeiros
missionários, todos jesuítas. E esclarecia: ''a principal causa que me
,noveu a mandar povoar as ditas terras do Brasil foi para que a gen
te dela se convertesse à nossa santa fé católica''. 3 ',
•
•
�--........
un do , do s cr on is ta s e es pe ci al is ta s co m o os m is -
z. ador�....s do Novo M re ga , A nc h ·1e ta , f re i· y ·
1c nt e
em ge ra l - N ób �
sionários e eclesiásticos - ao ct1 d a
sta, Sa l1a gt ín , O lm os , L as C as as at 1to
do Salvador, /\co a 1u e, ra
ie za de Le ó n. Tu i fa to se ex p lic po rc. pa
tas como o soldado C er n
fin al da ld ad e M éd ia e in íc io da É po ca M od a,
05 europeus do
do s es pa ço s tr az ia co ns ig o su a cr is tia ni za ç ão e or
O devassamento
se gu nd o pa dr õe s cL1 ltu ra is ún ic os e l1e ge m ôn ic os , eu ro pe u s,
denação
in sl ãn cia . A ev an ge liz aç ão cJa Eu ra pa ex pu lsa ra o dc n1ô I
en1 última
nio 1 , ara ter ras dis ta1 1te s, da m esm a for 111 a co m o a i ' n ten sif íca çâí o do
conta to en tre Or ien te e Oc idc nt ,e l1a via pr ov oc ad o a mi gra .ç ão da s
t1un1a nid ad es mo nst rt1o sas e fan tás tic as pa ra a f nd ia, a Eti óp ia, a
Escandinávia e, por fím, para a América.
A den1onologia é hoje vista corno u n1 campo complexo do co
nhecimento, relacionada com o surgimento do mo der no pensamen
to científico, voltada para a investigação acerca da causa dos fenô 1
me11os.4 Bodin e Jai1ne Stuart foram tan1bém teóricos importantes
do absolutism o monárquico, o que sem dúvida sugere v·inculos en
tre a demonologia e a centralização polft1ca na Europa, con firn1an
do runda a hipótese de Trevor-Roper acerca da ambigüidade do sé.1
culo xv1 - corroborada, aliás } por certos estudos sobre a natureza
'
• do Estado absolutista.5
Na península Ibérica, o alcance da demonologia não foi tão con
siderável quanto na Europa do Norte. Mes1110 assim, na Espanl1a
- onde os tratados co11tra supe,·stições são a expressão local do fe
nômeno-, as publicações no gênero ocorreram com especial intcnª
sidade entre 1510 e 1618: seis títulos no século xv1, quatro no sécu
.. lo xv11. Entretanto. tomando-se a demonologia como 1 forn1a de ,.
conhecim.ento mais an1pla, aumenta o número das obràs que ver
sam S·obre o assunto, alinhando-se entre os demonólogos autores co
m_o Pedro de"Valencia, Afonso de Salazar Frias Francisco de Vitó 1
ria, An�rés Laguna, M artín de Azpilcueta Na�arro. 6 O ton1 ger al
dos �scr1 tos era �1�ti-supersticioso, procurando diferenciar o que per
tencia aos dom1!1!ºs da Religião e ela Magia, de Det1s e do Diab
o, '
passando; a seguir, a condenar a superst1' l'!â o - 'd .1ca d a, pe·1 a
\
· � en t. f
ma1o.n· a dos autores, antes com o qtme se opu
1 1
. · nha· à 'd t eo1 og1a . d a 'rgre-
ja do q �e com o .ir raci.onal propriamente dito
d
25
•
1nq u1etante, capaz de seduzir e aterrorizar ao mesn10 ten1po - diz
•
26
ano de 1529. Desta forn1a, Olmo aplicava aos idólatras do Novo
Mundo o discurso de Castaõega sobre os desviantes bascos, rcutifi..
zar1 do as contribt1ições da demonologia em suas próprias investiga
ções sobre a civilização asteca.
A atestar a difusão da demonologia pelos diferentes meios so
ciais l1á as opi11iões do jurista Juan Polo de Odegardo, qt1e, ao des
crever práticas religiosas andinas em Los errares y si1per.�titiones de
los índios, incorpora elementos da feitiçaria européia: bruxas tan1-
bén1 cruzariam os ares dos Andes, falariam com o diabo, saberiam
de coisas impossíveis de se saber por meios naturais. 19 Há ainda a
descrição dos ritos tupinambás feita por um protestante, Jean de Léry,
que, no conflito dos sentimentos contraditórios nele suscitados pe
las dat1ças, as defumações e os volteios dos caraíbas, confessou na
Histoire d'un voyage faict dans la !erre du Brésil que, ''se no início
deste sabá'' se mostrara temeroso, acabara recompensado pela har
1 monia dos acordes, pelo impacto da música, pela cadência dos re
frões que o encantaram. 20
Procedendo de lugares diferentes, abraçando credos diversos, re
fletindo sobre contextos culturalmente distintos, Polo de Odegardo
' e Léry tiveram que recorrer a imagens que lhes eram familiares -
a bruxa voadora, o sabá das feiticeiras - para' poderem entender,
de forma analógica, o que tinham sob os olhosfiA familiaridade das
populações mexicanas com o uso de substâncias alucinógenas susci
tou, por exemplo, aproximações com a feitiçaria sabática. Ao des
crever a confecção de um ungüento alucinógeno à base de insetos
amassados, tabaco e alcalóides, Durán conjecturou que deveria ser
sen1elhante ao utilizado pelas bruxas européias em seus vôos. 21 Mas
nem sempre a demonologia se manifestou na forma sabática, e nem
sempre se explicitaram as comparações com as bruxas que, na Euro
pa, ardiam em fogueiras ou pendiam, aos milhares, de forcas. Do
corpo doutrinário dos demonólogos, os preto-etnógrafos da Amé
rica retiraram freqüentemente apenas um quadro explicativo mais ge
ral, conseguindo, no interior dele, conservar bastante liberdade de
espírito. Na verdade, o Novo Mundo funcionava como poderoso ins
pirador das elucubrações demonológicas: se na Europa os poderes
1 repressores perseguiam superstições e rnaleficia que não chegavam
a recobrir verdadeiras crenças religiosas l1eterodoxas, em terras ame
ricanas tinha.m que liquidar a herança de oma Igreja pagã, consubs
tanciada em crenças efetivas. 22
Sem aludir ao vôo noturno ou ao sabá, muitos dos cronistas
e eclesiásticos que descr:everam as práticas mágico-religiosas ameri-
27
\
can35 fi:e:am-no u1iiizando a te1111inologia que cqnheciam e empre-
-211,11m par-a doignar o_ ag ntes satânicos por excelência. Sacerdotes
maias� ;nca5 ou aste:a-. x-amã&. caraíbas e pajés tupis, enfim codos I
tidade; e a <iuero isto não faz tem-lho a mal. Depois lhe oferecem muitas
coisas e em as enfermidades dos Gentios usan1 também estes feiticei ..
ros de 111uito� enganos e feitjçarias. 23
28
•
1,
29
'\'''' � ('r1stianização mais llon1og0n<.·:1 do clll1..1 t'011tirtc1\tc, �t1 ...
tl\l fici,u dito acin1a J o dial)o e rnt1dar.l pan\ o NL1,·(,. 1\ lcstt\L) Ct\l
u111 L�1 · Ca as, qt1e na Apologetica l1isroric<1, tic 1559, ,,it, tiuiqiii lt1-
dc na ilu ão demoníaca - cop. iderar,do-�,. difert'ntc111e1\tc dt' t.1u
tro einodcmonóJogos, con10 bem repartida e11trt os lli,r�t'S()S J1l)\'O
do m,1ndo -, exr)licitava-se a associação cr1tre tl coorte i11r�rt\t\l e
a A1nérica. Para cá teriam os den1ônios voado cn1 e,mttdt• · Qt1u11ri
dades por ocasião do advento da cruz deixando ptlrn tr�is as t-cgiõcs
n1editerrânicas. E aqui continuaria a luta cruzadí"t ica. Dcscrevcnclo
a ele trt1ição da pirâmide de Pachacamac que, perto cic.; ir11a, fortl
levada a cabo em janeiro de 1533 por Ferr1a11do Pizarro e un1 ba11do
de e pat1hóis sequiosos de tesouros, Miguel de Estete retrata, na Re
/ación de la co,1quista dei Peru, o triun·fo final do Sa11to Le11l10: após
tudo de truído, os espanhóis ergueram a cr11z no 111csn10 local er11
que, por tantos anos, o diabo reinara. 28
'
Em outras plagas, o embate não teria tido igual s11cesso. João
de Barros foi, com forte evidência, o fundador de curiosa tradição,
perpetuada por autores posteriores, em que a luta entre Det1s e o Dia
bo aparece identificada ao surgimen.to da colônja luso-brasileira. e
direcan1ente associada à crucifixão. Chegando pela prin1eira vez ao
Brasil. dera-lhe Cabral o nome de Terra de Santa Cruz, em homena
gen1 ao Lenho Sagrado. A necessidade de non1ear a nova terra se
colocou para Cabral quando partia para a Índia, a 3 de maio: ma11-
dou. então, i'arvorar uma crl1Z mui grande no mais alto lugar de u'a
árvore e ao pé dela se disse missa. A qual foi posta con1 solenidade
de bênçãos dos sacerdotes: dando este nome à terra, Santa Cruz''.
O Santo Lenho inscrevia o sacrifício de Cristo na gênese da nova
terra que ficava toda ela dedicada a Deus, havendo grande esperan
ça na conversão dos gentios.
Per o qual nome Santa Cruz foi aquela terra nomeada os primeiros
anos: e a cruz arvorada alguns durou naquele lugar. Porém como o
demônio per o final da cruz perdeu o domínio que tinha sobre nós, 1
mediante a paixão de Cristo Jesus consumada nela: tanto que daquela
terra começou de vir o pau vermelho chamado brasil, trabalhou que
este nome ficasse na boca do povo, e que se perdesse o de Santa Cruz.
Como que importava mais o nome de um pau que tinge panos: que
daquele pau que deu tintura a todos os sacramentos per que somos
r
salvos, per o sangue de Cisto Jesus que nele foi derramado.
João de Barros, numa enigmática condenaçãG do culto à atividade
comercial, clamava contra e triunfo de princípies seculares sobre os
30
�........
:2.-...
a!!lllllm_._._....
2•1�-----------ª--..,.......-;-::-"�-c-=-=
31
:r�iro nome e lhe ficasse o de Brasil, por causa de um pau assim cha
illaáo de cor abrasada e vermell1a com que tingem panos, qure O da
quele di,ino pau, que deu tinta e virtude a todos os sacramentos da
Igreja [ ... }32
As explicações de João de Barros, Gândavo e frei Vicente sãot
na verdade, uma só, girando em torno da identificação entre o sur-
gimento da colônia luso-brasileira e a luta eterna entre Deus e o Dia
bo. Fato ímpar entre tantas terras coloniais, o Brasil seria a única
a trazer ral tensão inscrita no próprio nome, que lembrava para sem
pre as chamas vermelhas do reino do inferno. Em períodos poste
riores ao Qtte aqui se estuda , a idéia do embate entre Bem e Mal co
mo fundador da própria identidade ''brasileira'' continuou a ter
força; em 1727 e em 1728, Sebastião da Rocha Pita e Nuno Marques
Pereira, respectivamente, abraçariam a tradição inaugurada por João
de Barros: sob a diversidade dos contextos, portanto, persistiam pro
fundos traços mentais.33
O enraizamento dessa tradição ajuda a compreender melhor a
leitura que os jesuítas catequizadores fariam da natureza brasileira,
assolada sem trégua pela presença demoníaca, ou endemoninhada
ela mesma. Afinal, fora-a malfadada árvore de pau verme, lho que
roubara o nome santificado, atestando a insubordinação de um m·un
do natural muitas vezes caótico, desordenado e contraditório como
� o próprio demônio. Esfe habitava as terras brasileiras, perturbando,
por exemplo, a serenidade das águas fluviais: em viagem missioná
ria pelo interior, o padre Jerônimo Rodrigues deparou com um rio
''tão perturbado, que parecia andarem ali visivelmente os demônios,
que ali fer viam em pulos para o céu, que punha espanto''. 3�ata
nás encarnava-se ainda em baleias, desencadeava tempestades que
comprometiam as missas campais dos missionários, convocava le
giões de moscas que atordoavam os sacerdotes no ofício religioso,
enfim, fazia com que fosse permanente na Colônia portuguesa o es
tado de guerra entre as forças do Bem e do Mal: ''neste lugar tive
mos muitos combates do demônio, e ainda agora temos'', escrevia
a Roma o padre Pero Correia. 35
O teatro de José de Anchieta pôs em cena esta visão cruzadísti
ca, associando ao demônio os traços da cultura amerínrua e a Deus
os da cristandade ocidental. Neste sentido, cabe destacar, entre s1,Jas
peças, Na festa de São Lourenço e Na Vila de Vitória, escrita.s pro
vavelmente entre 15.83 e 1586, e ainda Na aldeia de Guarapa-Pim. Nes
tas peças , entretant0, a demonização do indígena assumiu também
32
coloração n1rus csrJecífica. Na aldeia ele Gua1·apari1r1, por c.xcn1pJo,
demônios com complicados non1es indígenas rcúncn1-sc cm conci
liábulos - o concílio do Mal, expressão do impulso demoníaco à
revolta política. Na festa de São Lou,·e,zço, enuncja-se mais uma vez
a identificação do índio ao den1ônio pela n1ediação da revolta polí
tica�uaixará e Ajrnberê. chefes tamoios que haviam lutado em
1566-7', apoiando o invasor francês contra os portugt1eses e os jesuí
tas, aparecem como demônios de destaqt1e, dotados de vários auxi
liares, diabos menores de nomes jndígenas. Ardendo por toda parte,
assumindo, segundo Alfredo Bosi, papel central em Nl1 }esta de São
• Lo1-1re,1r:o, o fogo, simultaneamente infernal e divino. J6
No México, a atestar mais unia vez a difusão geográfica e so
cial da etnodemonologia das Américas, um leigo como Alonso de
Zorita se ressenlia, na 1-/istoria ele la Nueva Espana, da presença fí
sica do diabo na natureza, cada vulcão sendo, na realidade, uma bo
ca do infemo. 37 No Peru, os primeiros missionários act1saram a
atuação dos demônios no dese11cadear de vendavais terríveis, que ti
nham por objetivo impedir a evangelização dos povos andinos. 38
Vendo a razão natural dos índios embotada pelo demônio -
como Martín de la Coruiia - ou lamentando o abandono dos ame
ricanos às hostes de Satã - como Sa11agún -, os missionários e cro
nistas dos primeiros tempos da colonização tinl1am a convicção de
enfrentar, no Novo M11ndo, um velho inimigo. 39 Por um lado, tal
certeza foi o n1ais poderoso
, obstáculo à con1preensão em profundi-
clade das sociedades indígenas. Por outro, mostrou que o desencan-
tamento subseq(iente à euforia do primeiro contato - comum tanto
ao México quanto ao Perit e ao Brasil, e aqui muito bem representa
do na transição presente nos escritos de Manuel da Nóbrega ou de
José de Anchieta - ancorou-se na própria linguagem demonológi
ca.40 Nesta, como viu Ragon, imperou um raciocfnio explicativo as�
sentado nos princípios de i11versão e de desorderr1, e dominou uma
linguagem dos contrários, conforme a análise brilhante de Stuart
Clark. 41
O recurso à inve,·são permitia dar conta de múltiplos falos cul
tura i, s concretos análogos às realidades européias mas opostos a ela
devido à ação do Diabo no senticlo de parodiar as honras prestadas
a Deus. N·o México, por exemplo, os missionários recorreram com
freqüência à inversão, as práticas religiosas do autóctones sendo
caracterizadas por oposição às católicas, numa perspectiva delibe
radamente maniqueísta. O princípio da desordem n1ostrou- e parti
cularmente fecundo para e etnodemonólogo do século xv1, pos i-
33
bilitand<> invc11t,\rios cxnt1, tivos ele l1ábit<)S e cc>slt1mcs clc>s crtiais ia ,
�ra 11ccc�. ,\rio cor111Jrcc11tler os sig11ifica(los 11c111 forr1cccr cxplicaç;��
11c1vcm1clo, nssir11, tnElior lil)crcluclc l>ílr� ns clescriçõcs. No Ji111ite, 1�1
atiLt1dc rcst1lf<)t1 nun1 tolal dcscncoraJ,1111cnt.o ét11tc o ir1coniprecr,sí- f
vcl, e r1,, i1111tiliclttdc cl·1 co1111,rccnsão. O cro11ista clort1inica110 Diego
Dl1rá1t, 1>or cxe111111o, dcsc11cc)rajttclo ,111tc t1111 co11J1cci111e11to i 11 c0111 ..
1>lc10 do nf'tt1t11lc, ílCéllJa rcjcitn11do a. fórnttll,\s sagrnclas dos 11n 11 as
c:c)1110 vnzi[lS (lc sigr1i ficados, tlt1 n1cs111i1 for,nft c;o,no. na Et1ro 1Ja, se
rl!jcianvn1•1 os ,�r·ilJcJ1,i!lis elos feiticeiros: ''q�tc cl dcn16r1io qt-1e seles
ertscíló solo lcs c11lic11clc' •• ,2
1
cri�<>C.::-i cl<,s 1lllsRio11óri (>��cl11ót\rl1 rc,s l! ,t!c>s (Jc;r11t1is t;l'Oriísl os clttS Ar11ô
. ru,11 clH.s J)rnll(.;flfi r1;ligl,>RttN 111t1�r{11cllt,s
rl<:.:t1s <1t1c t,,,.,tu Q\)rtl1ooicltt�,
r tt, r11 t111tlt, 1 J ls1,l1l 1<, .. 11 J 11crl co JJc) 1 J)()t' ltl<>lt1 t,.,,,_.�. i1�1
,
•
1110 11,t stc rio s de rcligi ()s os qL1 e tie r1c el dc n1o nio pa ra
xvi: ,tDc los
JJc rst ici 611 ''; ca 1:>. xv 11: ''D e las pc 11ite11cias y asp ere za s QLtC l1ar1
sli SLI
ios po r pe rsu t1si ó11 de i c.lc n1o nio ''; c,1 . p. xx rrr : ''D e có -
,,sallo los índ
(lcm o11 io ,,� pro eL1 rad o rc1 11c da r los sac ram c11tos de lo sar 1ra
1110 cl
á
11�Jcsia' : caJJ. xxrv: ''De ln n1a11crft cor1 qt1c el ,tcmonio procur cn
1
36
\
�L'>ntnt t1lan1fe!-ta�ões religio�� �lutó ·ront"'�. lan 1o tlt.: ·ta4uê cs11 ·�inl
ao� tenlplo · � itJolo . E betn conhe�ida o ordent LiC Zu111. rrag� pi11 n
destrl1ir remplo asteca. e. sobre seta e con1bro�. lc,•antnr igrejas e.,.
tólicas. Nt1n1a cana famosa clarada de t2 de jt111l10 d� 1-31, ele se
ja�ca,·a da <lc�cruição de n1ni de quinlicnto templo, e 20 mil tdo
lo�. Doi anos a11tes. lartul de la Coruna declarara tambêm em t:ar1u
qt1� t1r11a das principai. ocupaçõe de eu· di�cípl1lo era derrut>ar
1dolos e arra ·ar templos, no que aliás eram dirigido. por ele J)róprio.
Ainda r10 l\léxico, em 1:76, Bernardino de Sal1agú11 ft1ndan1c,1ta\a
a de 1ruiçào das idolarrias com ba�c na nect,; idade tlc in1p�t!ir o con�
tagio dos ··costumes da república'' e afirmar 11ma '"outra ma11circt de
ci \; lização que não tives e nenhum ressa.ibo de (:oisas de idolatria·�. si
A deslruiçào do ídolos era ainda mni • imrJortante do que a c.Jos
templos� poi era fácil e ·condê-los. 53 /\ dos li\•ro sagraclos tan-tbénl
r1ão ficava atrás: mis ior1ârio no Yucatá11 e na Gt1alcmaia, Dieg(1 de •
37
-
..
' .\ ... Zl .... • - ..
. ..
.. •r-u·· - =•
.... ·:i
•
' , ....-·ir-�
•
-..:... • .....
.
;
- ...-_ . ...•
- - .... ,. ---
.... 'r �-""'• -..;:
-�·
1.�,.�� i, 1• .._..._
•" • t-•t
_... .. l
.. ti'·�·, '-•..., .,_··1·�
UJ ....... ·�r .• • """"",.. -
! �''-,,;
- ....
...........
. ....�-��
-(.llr; ,..._ ...r, ;ru.uu t\ol."-� ...! -.ES.. '> �� -4-..i �-
Ut'.'. .:�1.1 J...,�.:..T!Sl� :�)(! --..��;-•::.ri.. &..�. t: . \.ú.."tt� • c1s x �"""J. ,� ·x�.
-1..� ;IQ\: 1..:.1..: 15 � �·-�1.J.. :-�oe!.;..!\. \!� -·:.If"Jt:"f' �ti;i,0-.:· l,. p '�i li t:-
.. . ..
:.n=-... · d::I�..:i.-:;:::-s...: ...�m ""� .:�.:n titt..?, ii,�-
n:un0:;..._ ..;1.1.eir.;..,1r::1;::
-
... • � "' ' ' , . 4 � :n,
• �'!' "
-:ocl.,mú a 01ssa � · m au�.r-..:t\.°'ll.'-' u.r �J e. '"(' li.:. ., •. ·tw.v
4
t11,·t1..1..:
.: d�ni,.� p�,_;i� E.a: K"'\{UÍ.:.J.. s:p ;�_-..t� tt'ci tlun d l�i Esp rJ.n'-�
� lhe ··e U(':t:=.un t m'-elo'í � bu��,. r�rJ. "U< nun.:a m li: \: ,1.
� n �� • " �
. [..E: U � S� L..'� � �� :nr '-..1-$. UlwvS . 'lQl 5 U lnt rt� "'· ·
t�s� � t;,.;r
lêd d:u tnf�ruc. �-sim� mo dv dl,.1b '\' J'-t er..un. rttretant '·
�otren\'·io� de proc · "'-' \)..llo.o:. .1\i r; cro" oom\J t't�m1ul-..1t,t � "n.l·
.;i.os ·• t.Í\J pnx: · - -\J de .._,t.."t:i ·.rrrdl.Z 1 'lJ° 1 \.! �" \., \lu11de1 1 <.... c.li,1l>
�� t ;,.r .:iilõ �tru.lítho t�mll'l p..1ra QS: tupi.; do Brasil qui1nt� �l �
.. ru.1:u.:1�.. mal.is .. in�u1- e <le.r,-1:.u.;- p :\ .,' J.tt'leri�anQ . O xism ., ,nitin ��
n\ttttro.. as f n,.-a.. � �'>- '�tes mgrdd� -�rui ,c-;1cn r1� b"'tL�� 11�11 rw.n •
.. L� apctt, e\, pri1..·hus-L1:�·�º1 O ,\ ti1:tlatr na\1a, a�s -ia i ln· �at
t
(luiit,\" ao inferno �r· ·tàu1 cru um de1itre "l�l.ltl.lS luga ,. 4u� abtigu
"�' l'lhoftOO. e. �Qnl\1 l(.l nlre. � :on1\isõ �. tnlttl\:�l �. l riginuln1 'ttt�
d Ufl!l lttí2ar ".Indo�º;: �\ CQ�nt-OlQ �itl j, p J LÚ3 X\ " l:ll1rlm:,s t\ÍlO
� tltll\"�1 :an:1 '1 no�ií\; de ttl:nl pcr�t)ttific·ttd nun1 ��r ·,ttfil1i ·o. $t?11dv,
'"
\\t'l nt nino. dotttd t d� ,ti-s...1 'tliru. ti�1-l°� • u ) uni,�rso. .. �1\n qu 11 t a as
E
..,_ --
,_ �.' ·---· .......
- ' ·--·-..,---
............
;:.____
.. ... --,...
.... '
• ,.k ..
-·
,._ ... ......
-·- ......
' ,.. ........
� "-
�
-
-·
_._...;..!,;.
� �
�
. .. . , ..
-
.�--.::: . .
.
... ....-.........
,.......\.
-.
...� _,1'1n:�
tirç.1.J �:.. l .; p ::uru.r-·� -t.... '\� .:tl..i� 7;ti.il�t�st.J ·{ cS .. " S'- [(' .1;-· t"-
ti� "'· E .:. ' t �cu� nt � .1S p · �\TJ:� J .
.. .,. .. .. ... ""' ... ,.,. .. ..
t la.t� u, �u t 1ngu,t • t � lt'..1"'1 r: ·� "t tl..-lt ·u� l,� u ..it � ..
... "-
, • ttol \ '\
\. ,�t Jt1st 1 t1t1c cxi, licit c c. l · rela çõe s e11tr e ido latria an1ericana
,: f 'íllt ,rlt1 l1Jgia cur opc.: ita; 11ào e�i cct igu aln 1cn le, t1n1 Las Casas: en1
CO 1CLUSÕES:
.11 !,\tJPORTÂ1\tC/A D/-1 AMÉRICA
PAR...t JI CON.IPREENSÃO DA DEAI/ONOLOGIA }
E D/l CrlÇ.-ll ÀS BRUXAS EUROPÉIA
40
01ais crtlt'l; cJeux gc11ot1x ct lia têtc bttiséc, ,ty:.1111 ui11\Í dcr,1ct11é (JltCI·
qtic tcmJJS cn e,xtasc, se lcve11t Lour épcrclL1s ct ,,rfc.llé� co11t,111t r11cr·
\rcilles de lcL1r fattx Diet1x ql1,ils ap1)elcr11 Cernis, tout ainsi nc font
rios Soccieres qui rcvienne11t dt1 Sabat' '. 67 *
A argun1cntação presente no T{Jb/ea1,1 é u111 excn1plo perfeito das
faces múltiplas do coto,1ia/is1110 c·o,r,o sis1en1a, ot1 da 0L1tr,t face do
p,·ocesso de oc·identalizaç·âo, corroborando a idéia ac1t1i d1escnvolví·
da de que a América Leve papel ft1ndamental na demonologia curo
péia.6fi Se a descoberta da An1érica colocara os et1ropeus dia11te de
um ot1tro qt1e o negava e o jttst'ificava - era o estado de 11att1rcz.a
que conferia identidade ao estado de cultura, era o espaço do paga
nismo e da idolatria que dava sentido à ação cateqttética -, Lal feito
acarre, tara igt1atmenle o desabamento > sobre o Ve1110 Continente, dc'
seus demôn , ios internos, expusera seus nervos e suas entranhas. 69 O
discurso de De Lancre revela a vitalidade do imaginário, tão eloqüente
na sua linguagem simbólica: '' [... ] la dévotion et bonne instruction
de plusieurs bons reljgieux ayant chassé les Démons et mauvais An
ges du pays des Indes, du Japon et autres lieux, iJs se sont jét.és à
fottle en la Chrétienté; et ayant trouvé ici et les personnes et lieu b1en
disposés, ils y ont fait leur principale demeure, et peu à peu se ren
dent maitres absolus du pays [ ... ]''. 70** Os demônios que os colo
nizadores viram nos ritos andinos, brasílicos ou nauas voltavam, em
legiões, a ft1stigar o imaginário do Velho Continente. Entre os sécu
los XVI e xvn, surpreendentemente, Huitzílopochtli é a designação
de demônio na Alemanha. 11
1 As práticas mágicas da fronteira franco-espanhola fecundaram
o tratado de Pierre de Lancre, que as aproxin1ou dos ritos ameríndios
d.e t}ue ouvira falar, ou dos quais eventualmente lera algumas descri
ções. A relação entre Olmos, Zt1márraga e Martin de Castafiega foi
meneio.nada acima; nos anos que segt1iram a descoberta da América,
e ao mesrno tempo em que se processava a colonização, prolifera-
(") ''E da mesma forma que os índios da ilha Hispanio!a ao aspÍl"dI' a fumaça
de uma certa erva ficam com o espírito allerado, e colocando as 1nãos entre os joe
lhos e de cabeça baixa, tendo assim permanecido algun1 tempo em êxtas� levantam
se completamente desvairados e transtornados, contando maravilhas, sobre seus fal
sos Deuses que eles chamám Cernis, assim agem nossas feiticeiras que \IOllalll do sabã:•
(*•) 1 '[., .. J a devoção e bom ensinamento de vários bons religiosos tendo expul
sado os Den1ônios e anjos n1au5 do país das f ndias, do Japão e de outros lugares,
ele.s se lançaram em muJlidão sobre a Cristandade� e tendo aqum encontrado pessoas
e lugar adequados, fixaram :;11a principal morada, e a poueo e p0\1co se tornam se-
nhores absolutos da região.,,
41
ti ·io so s. N cs Le co nt ex to, parece evidc11tc
os trat a d o ant ·--
i tl J)C r . ·r1s americ
ran1 .
das da atr1 � · ana
, s - prc -
. • e 11o n
. r1 e.; ,no riza.. 1do l
qt. 1e as descriço ó b re ga e ta 11to � ou tr o - al 1 1ne11ta-
ag - ú rl N
scntcs ctn Acos·ta , Sah . �
•
rn ec e1 1d o -l l1 c s argu m c11to s prec,·
10-
Su p er st iç a o ' fo
ra1n os tratados de ..
1perst1c1o
·�· scTs cm o . _
pos1ç o a
c la ·
ss "
if ic a r as p ra ti ca s sz
os no senl1, ·do de .
men t e o paf ) el da IgreJa
• fortalecendo
ideo lo gica .
• cat o· 1·cas
as 1
re o u con10, ainda,
•
co m o no te xt o d e D e L a nc -
AI mas vezes a
em e Lê ry as so ci a o ri t� al tu pi do l!to ra l br �ile�ro
na pass!�im q�
e os ri to s <:-- n1er1ndi os
tl da s br u xa s ..- , a re la ça o en tr
ao sabá elirope .
er
ol og ia é i eq uí vo ca . N o ca so do s m an L1a 1s d e st 1p sl i ção,
ea de m on 11
ro as , s em dí 1vi da , ex is te . D ep oi s de 14 92 ,
O vír 1 culo não esLá explícitot
supe rst içã o, no m un do ib ér ic o, te ria se t1 se 11t id o am pl ia do , de ve nd o
er ex am in ad a em ch av e rn úJ tip Ja . Po r qu ê, e co n1 0?
Anali. ando a feitiçaria como objeto-/i11,ile qt1e impele o J1isto
riador a se mo,·er nas fronteiras do que é hi tórico, Cario Ginzburg ·,
a 72 Por
fornece uma cha,,e de leit ura tam bém par a dem o11o lo gia. sua 1
!.
\'CZ, a metodologia própria aos historiadores da arte mostra que, nas
representações iconográficas, nada pode ser representado er11 si, mas
empre com referência a certos códigos pictóricos, que são do don'lÍ
nio do homens culto - o público - e muitas vezes também do
pO'-''O nt1m sentido lato.
Um exemplo de tal procedimento é a bela leitura de Charles Zi- r
ka acerca do anibalismo, ''Body parts, Satum and cannibaLis1n: vi-
uaJ representaLions of \vitches assemblies m ti1e SLxteenth Century,1.
Com base na análise de repre entações iconográficas, Zika procura
repen·ar a abordagen1 da feitiçaria através de suas conexôe com as
•
rmagen .e o re mas do canibalismo e de Sact1roo, do qual são igt1al-
. _
me1�t� tn�utana · as rcpre entaçõe de an1eríndios que começam a
s d1fundir na Europa sobretudo após a publicação elo li vro de Han
Standen. É mge t ivo e incriganre que o tema do canibalismo só te
nha enrrado na iconografia européia na segunda metade elo
.... séct1 lo
X\ t quando o saba· era ru.r· lda mtut · o pouco representado· grande
·. ,
pU1torei de braw. como Franz Fanken {1)_8.1
� � . - 164'-) D a,,1.�d ...� ... �n1e . rs
(1610- 90). o atuar1am dura te o século X\'ll. Se
. � ndo portanto pré-
\'ia à do ra b t� rep ent çao do
, .. . � � � canibali ·n10 se atrela a variado�
di �urso� 1·1te1i,r1t) e , 1 uai da ep • oca: o tc. st1m .
den1. o jardim do.. amores c�mpor1ês e a de..or-
e .ª .e: ua_tidade� os matos sal úr11i o e a
stibordina•,yc:, �o pol1 t't a, o cun,bu/1sm·o d
do. Se a ioono�orai'm· . '"\"t; "ªn t�
as- ..r,fI\·age,,s do ,Yol'O A11111-
ao fenrP�e11-r a
... nd o
�ui · di::-oOS ptc ·..ton.co �_, .,a,- ru parte do 'Orpo e-
refereoi . a· rnort e . d
repor-rando à tradi ·ão da . . a t rt1ição e
nlgromanc1a - �· �t111 d
o a qunl cra,.,, n1o .
s•
.Jl
braços e pernas eram retirados do cemitério -, pélSsará, co,n a (les
coberta da América, a fazê-lo de forma djferente. Nas representa
ções dos selvagens do Novo Mundo, este desmen1bramento do cor
po passa, de horripilante, a natural. Se a relação Satã-antropofagia
era antiqüíssima, concluj Zika, ela renasceu com a América, impreg
nando a iconografia. 'Uma vez fir111ado o elo entre as brl1xas da
1
4
•
1
•,
44
Huirzilopoc/11/i, ,1es1a representação, sintetiza os atributos do de1nô11io eL1ropeu e os
de (do/os americanos.
-�
.. '
-
No séci1/o xv1, as representações da antropofagia tupi entram na iconografia euro
péia, propiciando feci,ndaçôes curiosas: reforça,11 o te111a do ca11ibaiismo m(tico de
Saturno, 011 do canibalismo popi1/ar das brzixas.
45
Sc1111�1 <:M.:rito (r,1tod\lS tkn11111ol, �iéo� no
l'�ni.ro, 0� Port
$<! er11l�c.'l,�t,:iJt\ tlo cli.:tllCtlt,)· tlt.'111
c-. n t, lt )g iC' () o l t ..
· 1· . . s 'l� st 1os 1·1..?flekões '�l :
n 11�r, er1n elo l ,1,111.;r1 : l.'.''\tes 1 1 l>\'t1,ttt1 �l� �:\rtt-\ . o )te
.
111or(\JS Cl)1l10 t) e
. .1c .. uític:ts, f ttllt
... 1 d10
· 01111 1t?, . 11<rr·f't.1 r.1,,0 r,f<> re n 1·e�1·,.,1,J ela A,r,é,·ic.,·a,ci�os
.�'I
. 1
l"''ttjo. l1lltitLtlo, � ·t1e111an1l'ttt� alt1 ·ivo. cnl1c ressal
t,11·: e,,1 q1.1e ser
ta,,, vtir·io.' lli� <'tir�,·<J�" • /Jlril11ais� e r1101·ab;. co
111111uir.as ad 1
::.
e doc·1i111untos c·o11trr1 o. ab:11 o.t, q11e e acf1atr1 i11tr ,e,·tê,ictaª
od1,1zidos pe/r, ,,,
lfc.·ia <iic.1IJ<Jlie_·a 11(, /.;s1ado dt, Br,1 'if -, tratados :�
,·,,r. 0 ili ldri('<J e /)o/(til'O do conde de Assun1ar - JJródigo i;.
1
políticos co1no O D
curso n in1agc11 ir1fer11ais -. estes dois í1ltin1os no re
já e111 pJe110 século
)..'VJ11 ... :c; ab1.;ria talvez arriscar a l1ipótese de que
tal reflexão cons
tituit1, n1ai. em Portug-al mas tan1bén111a Espan.ha,
uma de111onolo
gia a ·s.is1e1t1dtica fluida e disti11ta da den1onolog;
c1 sist.enidtica dos
tJaf a(ios rrance�es, alemães, ingleses.
Não seria curioso pensar aindn qt1e os países fundad
o1·es das mo
der·na. colônias - Portugal e Esparthà - puderam
se dedica_ 1· n1enos 1
à caça às bruxas em set1 te1·ritórios, que acabaram p
or ficar excêntri
cos à produção demonológica qtti'nh.entista e seiscentista
, po:rque, nas
possessõe americanas, vestirarn o diabo com outras
roupagens, re-·
nevada e duradouras? A América diabólica tem raíz
es pro·fundas no
i maginárjo europeu de hoje. Mais uma vez, e agora em
out.ro ·campo,
os ibé·ricos parecem ter sido preeursores.
46
t •
2
O ENRAIZAMENTO
Ci,·cula,·idade de culturas e c·,�enç:as
Brasil, 1543-1618
47
·- earente de fatnílias e de 111ull1er bra11 ca. A prod u-
rial nu ma ree1ao luc ros a d v1n. dos do comércio
' · da nã o su pla nt ar a os
ção do açu. car... .a1n ia se e1 1r a1 . za n d o, as
. .
1g re Jas se co n
. 1 as
n1c: a co lo ni z aç ão s
do pau-b ras1 ,
o.
11ssa s se celeb ra11d
lTUI·ncto• as 0
p a
' '
c1 1s mora d?res de
'
a en ce ta da IJO r al gt 1n : do s pr 1n
A denúnci
• su m ár io da s ac us aç oe s qu e se re n1 ct eu a Li sb o a e
Porto S egu r O , O . " .
te pr oc es so po r cr im e de l1e re s1a e bl as fe 111 1a lev aram To u -
o st1 b seqt1·· en . .
ar B ra si l fe rr os ,. no fi m de 15 46 o u em fe v er e1 1·o
riilho a de ix O so b
or da nd o ac er ca do an o. D e qu al qu e r
•
Bra sil, int err om pen do a bre ve car rei ra de co lon iza do r luso no s tró
picos. Nas palavras do grande Capistrano de Abreu, ''Tourinho foi
r. '
absol\,ido, Olt ape11as teve alguma pena leve, talvez algu n1a penitên
cia; a I nqt1isição era nova, set1s raios fuln1inavam de preferência
cristãos-novos ou l1ereges J)rofessos, e Tourinho seria quando n1uito
herege intermitente e diletante' '.1
Falsas ou verídicas, as acusações que vários colonos fizeram con 1
49
Serc.ifi111: Si.
a V ir g e 11 1 q 11 e ft 1z c, // a ?
Gilberto: E
v ;r g e n 1 o ll 1a a s c· ord e ira!)�
Seraj,,,1: ;I 4
e as c:ordeiras a e ll <1 . •
n o B ra si l c o lo n ia l, c o n fo rm e atestam o s casos
Foi a. sim tarnbém p re se n le s n as V is i ta s. o r
v 1 e in íc io s d o sé c t1 lo x v 11 P
d f'ns do século x n o N or d es te br as ilei r o-, tr ê s
em P er na m bu co - ai nd a
v;Jt� <le 1593t
•
qu e de le s, Lu ís M en de s de T h oa r, pr eg ar a na cabec ei
vtira italiana
de Pa i, 0
•
repr es en ta da , on Fi ll1 e
t1m
ra de su a ca rn a. O bs er va nd o a ce na
o Sa nt o co ro av an 1 N os sa Se 11l 1o ra , Lu ís M e1 1d es co nj ec tura va
Espírit
orde 111 co ns ta nt e na gr av t1r a, o Es pí rit o Sa nt o de ve ria se r a
que, pela
'
O princípio que permitia tal dúvida era o mesmo que levava Pe�
ro do Campo Tourint10 a desejar punir o desleixo de santa Ll1zia pa
ra com seus olhos doentes, arremessanclo-a rocha do mar abaixo. Era
ainda análogo ao que conferia caracteres antropomórficos e quali
dades ht1manas a Deus, Jesus ou aos santos. Por volta de 16J8, o
padre H1erônimo de Lemos afirfl1ara ''que quando São Pedro dera
a cutilada a Malco estava com duas gotas. dando a entender que es
tava São Pedro tomado do vinho''. 6 De são Francisco, dizia um ou
tro seu contemporâneo ''que fora o santo urnas certas léguas por ver
uma_ mulher fermosa''.7 Cerca de 25 anos ante�, em mais de u1na
ocasião. colonos baianos chamaram santo Antônio de ''vell1aco'' ot1
''velhaquinho' '. s
1
Cristo n1uíta r11erda, e pela hó tia n1uita 1ncrda, pela Virgem Maria
ri,Ltita merda''.9 No primeiro qLtartel do séct1lo xv11, llm religioso do
Carmo da Bahia dizia ''que quando Deus rira1·a a costa do l1omcm
para criar Eva, viera um cão e a comera, e que do que saíra pela
parte traseira do cão fizera Deus a roull1,er, e qt1e assim ficara Deus
fazendo a 1nul]1er da traseira do cão e não da costa do homem''.'º
A Prin1eira Visitação à Bahia con1preendeu de11úncias e confissões
• de pessoas, ciganas na maioria, que associavam as chuvas com a urina
de Deus: ''bendito sea el carajo de mi seiior Jesu Christo que agora
•
n1ija sobre mi'', diria uma delas, e11quanto outra, contrafeita, quei
• xava-se que Deus mijava sobre ela e a queria afogar. 11
Todas essas imagens remetem ao contemporâneo Rabelais, ob
sedado, em sua obra t com o papel fertilizador da ttrina e dos excre
mentos. No episódio dos carneiros de Pa11úrgio, por exemplo, o mer
cador DindenauJt se vangloria de que a urina de seus carneiros
fertiliza os campos ''como se Deus tivesse mijado neles''. 12 Mijan
do sobre Paris, Gargantua batiza a cidade, destacando o caráter re
generador da urina. 13 Podendo integrar a blasfêmia, o baixo corpo
ral era, pois, muito jrnportante na língttagem popular da praça
pública. Nas imprecações registradas pelas Visitações inquisitoriais,
ressalta quase sempre o seu aspecto negativo. Mas havia aspectos de
deboche e de carnavalização, como a imagem dos bispos e arcebis
pos a criarem novos santos sob inspirações originadas em colóquio.s
amorosos.
Apresentando elementos de contint1idade com relação à cultu
rà e à religiosidade popular da Et1ropa no início da Época Moderna,
as práticas religtosas da Colônia se confundiam muitas vezes com
práticas n1ágicas e de feitiçaria, em quase tudo semelhantes aos ca
sos metropolitanos estudados por Francisco Bethencourt. L4 Muitas
das bruxas acusadas em terras brasileiras já haviam saído encarô
•
chadas em Portugal por crimes análogos, vendo-se por este moti\'O
degredadas para o Brasil. Havia grande ênfase t1a magia amorosa:
�ecorria-se a mulheres tidas como feiticeiras para obter sucesso nos
amores t1ti.lizand-0 pós ,, rezas, filtros, poções, fervedouros, ossos de
e11forcados, conjuro de demônios. Indicando tal esfumaçament0 ent;e
práticas mágicas e religiosidade popular� algumas mulheres foram
acusadas (e confessaram), na Bahia de fins do século XVI, de usar
' as palavras da consagração da missa durante o ato sexu.al para, com
isto, prender o marido ou o amante; uma delas recorreu ainda a cer
ta 1nistura de vinho e pedra d'ara, ou seja, a pedra do altar sobTe
a qual se oficia a missa católica . 15 Outras, com seus filtres estrat1ho
51
•
�<,nfc Cl\tn,1d1 '" .:i J);4 t1r cie �·i.:.r-.:Lttt,..(.. <'l' C"-cr�111c1110�. con firn1an 1 0
f)apcl d,, l ai o orp()rnl 11� cul1t1ra popular ele CJ1t�o. Em fin do
!:C:Uló · t. p �, xci11pllt Antc)nia F�rna11d��. de alcunha a Nóbre.
ga. 1rt 111 ildn\.a 2s n1ulh rc qu� n1ini�tra �cn1 ao an1antec; uma be-
beragem feita a pan 11 de �cl1 próprio sêr,1e11, cotl1ído no rnon1cnto
d(J c110 � uai; �onf,�f..1a au1da a\ vírtltde de cerro� pó fe.itos a par
tir d piilht1cs rel·t1�ac.lo� C\)ffi unhas e cat>elo de todo o corpo, que
d<!vtam ,c1 cng(llid,)s, elir1linc1do pela fezc , La,,ado. e moídos pa
ra. cn1ào� �c1<.1n mistaraclos ao. alin1cnLo e garantirem o ainor dos
1, om t:n s. tf.
t\ mais famo,a feiticeira elo Brasil qt1ir1}1enti ta foi Maria Got1-
52
o
51
_e mo traram portanto profundamente semelhantes na metrópole
portuguesa e na colónia brasil.eira. Mas desde cedo delinearam-se tra
cos e�pecíficos, aclimações inevitá,,eis dada a diversidade do meio
ambiente e das estruturas econõn1icas e sociais. Nas práticas mági
cas cotidianas, cresceu no Brasil a marca do universo ultramarino:
assim, algumas das manifestações do�mito do vôo noturno acharam
se aniculadas ao desejo de ir da Bahia ao Reino em uma só noite,
ou ,·er o que se dizia e fazia em Lisboa. 25 Explicito ou implícito> 0
,,óo parece achar-se subordinado à vontade de voltar à Metrópole,.
seí\·indo ainda de atenuante a um vago sen.timento de inferioridade
por \•i,·eJ na Colõnja. A ,,árias bruxas atribuía-se o pod,er de alterar
a rota dos navios quando o quisessem, de saber com antecedência
quando chegaria uma embarcação, adivinhar pelejas com navios pi
ratas. �1uita.s mulheres fica\.ra.m sozinhas nas povoações coloniais en
quanto os. maridos marinheiros percorriam a vastidão do lmpério,
Portuguê.'J, guerreando na Índia ou na Cl1ina; algumas qt1eriam sa
ber o destino dos co,nsorte� para se certificarem de seu próprio esta
do ci\•il, poís 1 não raro, desejavam casar de• novo e..precjsav,am ter
certeza de que haviam se toma,do viúvas. Desta forma, recorriam
as pesMlas que tinham fama de praticar a feítiçaria e prever o futuro.
Outro traço especifico da feitiçaria colonial, e que começou a
-e acentuar no final do século xv1, foi a sua associaçã.o às práticas
mágicas africanas. Segund,o as Visitações da Bahia, um escravo gui
né chamado André BuçaJ faz.ia adivinhações com panelas e ferve
douros por �oJta de 1587. 26 A partir de então, as referências vão au
mentando: por ,,..oJta de 1610. a bruxa �ari.a Barbosa, protegida do
governador da Bahia d. Diogo de Menezes, atuava em conluio com
o negro Cucana, que fazia pós com as aparas de certas raízes.. 21 Em
1616. homens brancos já lançavam mã,o do saber de 11cgros feiticei
ro) para conseguir a cura de familiares ou escravos. 28
Também a religiosidade popular. tão semelhante à da matriz eu
ropéia. apresentará peculiaridades no Brasil. Em 1543, quando a co
lonização dava os primeiros pas ·os, Pero do Campo Tot1rinho dei
;ca� �ntreve:· por baixo de blasfêmias obscenas, que ua forma
propna de Vl\·er a religião dizia respeito a um mundo no,,o, onde
1udo est3\'a por fazer. Tivera ódio de Deu porque e arrebentara im1
Lanque de seu engenho, e, na ocasião. sentira-se desamparado por
_
Ele. Eram muJLO claras sua. preocupações coloni za doras: ''não se
engane De� comigo porque agora lhei de ser mai ruim e m au, e
\':_nha ele ca Deus povoar a terra, senão de�á-la-ei aos infiéis''. Se
nao guardtnct os dias de preceilo, era porque sobrava trabalho e fal-
54
ta va tempo ; por isso lhe desagrada va a pl êiade dt sa11t.o� a �crem fes
Lejados em excessivos dias de guarda. Argüido �,obre o ,entido dah
ii 11 prec a , ç ões contra os bispos e suac; manceba5, r<..�pondeu qu� tinhacn
objetivo pedagógico: ''quem era preguiçoso por jogar e folgar bu�
cava muitos santos e que isto tudo dizia para animar 01, homcn� que
trabalhassem pa, ra que a terra se povoai;sc e st fizesse o que era ne-
au me nl ass e a "ê1 cato, 1·
1ca . 29
cessár io e se
1.
1
o mundo da produção se associa a elementos reJigjo�os <..'111 vá-
rias oulras jmprecações presentes nos documento,s inquisitoriais. Pero
de Carvalhais acreditava que no céu só havia tavradorc1, que viviam
como anjos.J<J Pero Nunes chamava o açúcar de Deu�. e Fernão Roiz
dizia que meteria Nossa Senhora numa fôrm.a de açúcar. 31 Todos t-s
tcs exen1plos parecem mostrar que a política colonizadora de Portu
gal1 aliando exploração econômica e catequese, imprimia-� com força
no imaginário dos colonos. Na vertente mais sofisticada, mai� pró
xima talvez ao mundo da cultura erudita. ta] re]aç:ão era claramente
explicitada - como nas faJas..d,e Tourinho: ''a terra era nova, e era
necessário trabalhar para se povoar a terra e fazerem-se algumas coi·
sas de serviço de Deus•'; na vertente mais tosca, subordinada ao ''pen ..
sarnento concreto'' própri o à cultu.ra popular, ass.umia formas sim
bólicas - o céu de lavradores, Nossa Senhora enformada como
açucar.
Por fim, outra peculiaridade digna de rele\'O é o surgimento de
formas bicLJlt11raís de religiosidade, como as Santidades indíge.nas.
a Primeira Visitação, na Bahia, a chamada Santidade do Jaguari
pe ocupou lugar predominante entre as denúncias e confissões.
Tratava-se de uma prática sincrética de conteúdo milenarista, giran
do en1 torno da chegada de um feiticeiro ou profeta, e de promessas
de abundância, lazer e felicidade: na nová era que se anunc1ava, as
flechas disparariam sozinhas, as caças viriam ter às choças dos ín
dios, as enxadas ca1variam as roças por conta própria.32 Havia na
Santidade a adoção de elementos da fé católica, mesmo porque os
principais protagonistas eram cristianizados: Antônio, por exe1nplo,
que desempenhou papel predominante na Santidade do Jaguaripe,
fugira da aldeia jesuítica do Tinbaré� na capitania de Ilhéus, onde
recebera os ensinamentos do catolicismo. O senhor de engenho Fer-
não Cab.ral de Tuíde, que acobertou a seita em sua.. terras. e tal,,..ez
a tenha apoiado. foi o i ndí,�duo mais acusado na Visitação: há 39
denúncias contra ele. 33 Tendo possivelmente se utilizado da '•erro
nia'' como forma de controle da indiada, d�-e ter ficado perplexo
em alguns momentos quanto a autenticidade das maitifestações que
•
55
cn r�J la \ ,ll l'l · ot1 �u , L'l lll l . l) . "l ar ga r1d � da os tn, sua n,u�
'-t' "1 ..
ita lc a di t \'i" it lt; i.1l ) (lllC ··r10 dito tempo que a dita
lhcr. Jc'-°IJr t•u
c,t �,·c ,1a uit tl "tt: t fa_ er, Jtl , qu e l)O dc.: r1a (!f de dois me es pou-
�btJ-.ãt:>
1.x, n ta is (}ti rt tc ,, o s, el a t1 r, h a 1> nra i. e dilia que não podia ser aquil o
dcn1õn,o enão algt1ma cai a ·a11La de Det1 , poi � traziam cruzes de
Ql!� 0 dc ,11ô nt\.l f02. c. e ro 1 faz ia1 11 gra 11d e rev erê nc ia s às cruzes e
1 M ar .
1a ,, . 34
trnLi�1m -onta". e non1ea\ tn1 . anLa
r\l�m de �ua mi1lher, mai qt1atro ma111elucos, todos cristiani
zado,. �t1nfe""aram envol\·imenco com a Santidade, desven.dando, em
etL� dc:po,mento . uni mundo fa cinante de hibridismo cttltural.
l
Quando e. ta.,'filtl no sertão, pir1tav lm o corpo, tomavam as drogas
ntuais. conuam carne ht1mana, forneciam arm as de fogo aos chefes
1ndios, ,i,ian1 poligamican1ente com as índias. Uma vez entre os bran
cos. confes�a\·am, comut1gavam, volta,ram para os braços das espo-
·a.., lem- tirn as e , em doi s dos cas os, par ticip ava m de exp ediç ões de
apre amento de índios. Apesar de, nas confissões, expressarem arre-
pendimento pelas práticas gentilicas, é evidente a ambigilidade de
"tta fé. O mameluco Gonçalo Fernandes, por exemplo, dizia que c'ctlti-
da\t·a ele que este mesn10 Deus verdadeiro Senhor nosso era aque
1 35
loutro que na dita abusào e idolatria se dizia que vinl1a '.
l
I
� ?
manmençao das pers1stenc1as.37 O tráfico negreiro cada vez mais in
tenso, 0 contato constante com as tribos indíge I
nas a invasão d� ho-
landeses calvinista s • a crescente consc1e .,. nc1· a da con - • ão colonial
> diç
)
por outro lado, tornariam sempre
. . . mrus. ctiv. ers o o complexo mundo (
da rel1g1os1dade popular e cl as pr á . . as no Brasil. Se este pri-
. , . t1ca. s n1ág1c
m�iro secul� mnda não se presta •
a um estudo de aculturação pro-
lªdor do enraizamento, em solo co- ·
pr1amente dita , é entretant0 reve \... J, •
56
•
1
•
'
• 1
•
J
•
,
'
GfOVANN! BOTERO,
BENBSE
Sc9
t 565 e 1569, esteve ensinando em escola da Companhia na França.
1�ctorna11clo à Itália, e possivelmente devido a um gênio áspero e í11s-
• 1nvel, vit1-�c à voltas con1 clificuldades dentro da orden1, onde, en"
trcta11to, já era consiclcrável o nome que alcançara como i11tclect11al
clcstac,1clo. De 1576 a 1584, traball1ou con10 secretário de são Carlos
florrort1cL1 r1,t diocese de Milão, cleixa11clo set1 serviço para, designa
cl<.1 pelo clL1qt1e ele Savóia, Carlos Manoel 1 ) clesempenhar e1n 1585
r11issi1o sccreLa 11a Prança, provaveln1c11te junlo à Liga Calólica (nes
te 111cs1110 a110, o dt1c1t1c casa com a fil}1a do ,nais católico dos rei
cli1 fit1ro1)a, Fili1)e 11). De 1586 a 1600, encnrregacto pela Sé ron1a,1a
ele vcrificc1r c1u·\l o csti,do real do catolicis1110 e 111t111tenclo base cm
Rt)111t1, 1:>i1rccc ter viajaclo pela Itália e por toda a EttrOJ)a, o que cer-
1i1n1c111c inlltJiria na feitura das Sttas Relf1zio1ti i,nive,·sali. /\o n1e M
n1() texnpo, att1ot1 como ,1uxiliar cic ot1tro Borrome,1 t o <.:arclet1l •re
clcrico. convivendo con1 i11Lclcctuais de toda a Itália r1a c:iducte
pontifícia. Na dedicatória ao cardeal da Lc>rcn1:1 existcr1te n,1 prin1l!i
•
r�1 eclição da obra. Dotcro crcditl1 o âJ1in10 e a 1>rá1 ica doLtl ri11ários
à inflt1êncié\ q11c recebera cio carclcal. 1 A116 o prcst11nido 11cr(oclo de
vingc11s, vollt)u a 1l1ri111 e se tornol1 sccretnrio elo clttQttc arlos Ma
r1ocl e ()receptor de seus fill1os. lc11do, c11tão, bnst �111tc tempo d.isp<l ..
11fvcl para e t uclar e escrever. Morrctt cm 1617, dei ,tndo os bens nos
jcst1ftas e pcdi11clo 1)nr�1 ser c11tc rrndo c111 s11,, ig.rcjn.2
Dotcro é co11sidcracto 11or 'Jl·cvor-Ropcr t1n1 ''propuga,1clislt) so ..
i.:it1l <lu ontrrl-Rcl't)rma·', t1n1 clcfonsor cln t111i<.ladc e11trc lg.r•cja e Es ..
l,tdt), 11t1111t1 ét)oca e111 que aqt1cla pcrclcra a flcxibilicla(lc meclicv�l
� l11tav<t co11tra ,1 l1erc�il1 e toclas as formas de l1ctcrocloxia.J Neste
sc11t iclo, sct1s escritos t�r11 prcoCUJ)ação pragr11éilíca, e Rc valcra1n d�
retórica: não à toa, f3t1tero é at1tor ele t1n1 in1porta11te trai ado de re
tórica, o De f)rtredic·c11ore Ve,·f>i Dei (1585), 1iliar1do-sc, c,)010 frei f..,uís
j de Grllnnda, à lit1!1agc111 de retórica cclcsittstica fiel à De do,·tritia
c.:h1·istlt1nc1, de s,tt,to Agosti11l10. Ambicionava colocar, é\ serviço du
t1n1n al111a ()l1rn e infl{;tn1adé:l de zelo, tt1na retórica �impliflca,la a<J
extrcn10 ali,1da a tima teologia igualrnente simplificada. 1àmbém t1ão
r,arecc l'ortt1ita a proclt1ção de tres tratados de retórica pcel�1 entou,;a
ge italiana clu Borron1c1.1, ttnl dos grarldcs su11tos da Reforma calólí
ca: fllér11 do de Bolero. o De 1·/1el(Jr·icc1 e,.:cle�çiasti,·t,, cic J\gostino Va-
lcri (1574), e // pre,tlccilore, de Ji'rancesco Panigai·ola,,4
}"Jor se n1ostrare1n afeiro a un1a teoria 11,aturalística cio contl'ato,
Batero e outros teóricos jcstiítas têrn sido vistos, paradoxalmenLc.
eo1r,o pertencentes ao movin1ento geral que postulava então a auto
no,11 ia do secular na J)olftica.s Ao lado dos tratados que discorriam
59
nez. in na - em p�r ticu l� r o� de Pao lo erp i. mu i to
obrcapO 1 . ·
J[IC �"
u , . 'rü au.'\1 -·. . na e -
. acc::,. o e· "·ulo ,· ' ,· , ri - • o· e:
w , cr 1to ;:,, de I3o tt: l1a ra n1 du
lrtlo ·
E t1 r o p a . 6
cação poli ti'ª da . • . .
se cu lar ta l,· e z e� te Ja po r era . do 1ntere �e dt,·ers1ficado
o tra('o da fo rm a� ào jes uí tic a, do e
e do cSp íri .co un i,·e r�a t gu e, ap esa r ap go
ret or ica . do af ã pr op ag an dt "ti co e da ,� n ul aç ào om Bo rrometi.
à ·
Bolero ou be pr e_e r,a r en 1 ua ob ra� . E be m , erd ad e qu e na Ra
eio n di S1a 10 tom a a rel igi ão co rn o um do fttn da me nto s do gov e r
�o , op on do - e a i\la qu ia, ·el; n1a - ad mi te� em con tex to di, ·ers o - em
nome da religião-. a "iolência e a �imulaçào. ·a Causa dei/a gran
de::.� e 1nag,1ifice11:a dei/e ci1rà 1 ustenta. diferentemente da maior
pane de eus coniemporàneos, que a riqueza dos Estados não re
pousa,a no acumulo de metai preciosos, mas na � roduçào, isto é,
no desen,·ol\imenco da indústria e da agricultura. E ainda aucor de
uma Re/a3one sul mare, o primeiro trabalho a sistemalizar os co
nhecimentos empíricos que se tinham, na época, acerca da oceano
grafia
.... . Por fim as Re/aziorzi 11r1i\·ersali, q·ue constituem um tratado
comp1eLo de geografia política unj\·ersal, baseada no conhecimento
positi\'O e extremamente útil aos homens de Estado, são considera
das .:uma no,.-a orientacão • nas ciências',.'
O original desta obra é sua preocupação com a situação contem-
porânea, no que se destaca das cosmografias do século XVI, e o apreço
à experiência e às fontes dos modernos (e não o recurso até então cor
rente à tradição, Aristóteles, Plínio etc.). s Oi,,ide-se em cinco partes:
primeira, descrição geográfica de todos os países do mundo conheci
do; segunda, relação sistemática das condições políticas dos Estados
então mais importantes; terceira e quarta, crenças religiosas de vá
rios povos> sobretudo da religião cristã, distinguindo a difusão do cris
tianismo no ovo Mundo; quinta, espécie de suplemento acerca das
modificações e reordenamentos ocorridos no desenvolvimento polí
tico do.s Estado até a primeira década do século xvr1.
A p.rimeira parte das Re/azioni apareceu em 1591, seguindo-se
• � segunda e� J592 e a terceira em 1595. A quarta parte, a qu e nos
•�teressa aqui* só v�io à luz en1 1596, quando surge a primeira edi
çao completa. SegUIIam se então nun1erosas ediç
: ões, cerca de dezes
sete em d�z anos, com tres traduç. ões latina
s e mais versões para quase
todas as l1nguas européias, aparecendo , .
. . t:ambem muitos e.x<.:erpta. Uma
qu1nta parte ficou inédita ate,
, . . 1894 , Qlla11do fo1 pt1blicada por Gio-
da . 9 Apesar do mer1 to tnega' · ,.. .
vel e·d a J arga mf luencta qu e exerceu ' e
1evando-se em conta as pectos
modernos e curiosos (como o m ai or
60
e� ri21 1cia d 1ue à nttloridade do .. antigo �a .. 11s1biliul �
ar - à e.,pc
�rr ogra f�ia e a geog rat
..
1.n rena ..
�en
.
t1 ta ), a.5 Rela:icrJ
afin ada con 1 n j
- UE O BRASIL?
POR' O
'·QU!JrJ AJ/EJ'.i•. :E COS,4 D..-1
.;;.,>
;O ; TACERE''
(") '·o maior,· trab�o dos P� (0,i reprimit a a'1<kz de �e \ums.na. 3li
mentQ .prt:zadissim_o' e-ntre aqueies birba:ro&."
61
·
a n a ·
, a p rá ti c a d o s a ld e am e n to , p e ç a fl1n --
11e hrim
·
tent e.s de Lnge r1r ca r . . . ta_ os e oc1. denla1. s.
'' b ár b ar o s' ' a o s l 1a b 1t o s
damenta.J 11a red ução dos
cr 1s
.
c a te q u e e p o d ia n 1 a f � ta r a 1n te g 1�1·d a de f'1s1- ·
As idas e \rindas da n 1a rt rt
.
o d o p a -
a 73 , B o tc ro re g 1s t ra o 1
c a dos catecu, menos·� na p ág in
n 1 r1o vo e1
.
xo te m
, .
a t1c o :
ca ri jó • in ir o d u zi n d o t1
dre Pero Correia pelos l
an do s e ,ii ol ên ci a co m et id � s p ? r aq ue es qu e
O dos engartos, desm ,
ad ei ra Fé . C ur io sa m en te , o ep 1s od 10 da m or te de
11 ão seguem a verd
izad o: de co rr er a da fú ria de t1m in té rp re te , qt 1e , de s
Correia é relativ
pa dre po r pr oi bi -lo de co ns er va r um a co nc ub in a , ac a
contente con1 o
bara inst ig an do os ca rijós co nr ra o ca te qt 1is ta : 'Questi, e alcuni al
tri ac cid en ti co si fat tj hã no da to oc ca sio ne ad alc un i di ten ere tu tte
quelle genti.11õ p,,,· per barbare, e salvaricf1e; n1a per incapaci di col
t1c1ra, e di disciplina. Ma egli e cosa troppo ingiusta, per un'eccesso
l cagionato per le sue suggestion.i d'un'huomo fraudolente, e maligno,
condenare assolutamente tt1tta una natione''. E dá a chave da apa
rente tolerância para com os índios: ''Non habbiamo noi visto a' tem.
1
pi nostri gli Alerun1anni, i Fràcesi, i Fiamenghi, e gJ'Inglesi, nationi
tutte nobilissimer e honoratissime rovinar Cl1iese, trucidar Sacerdo
ti, esterminar Religioni, conculcar Sacramenti, concitate à cià dalla
malvagità d'un Calvino, d'un Luthero, d'un Beza, d'un Illico, e di
simili altri ministri d'empietà, e d'apostasia?''. 12 *
Nas entrelinhas, portanto, e na forma de organização do texto, •
62
Mesmo porque, para os intelectuais europeus de então, o fenômeno
mais bem repartido entre os homens era a atuação demoníaca.
•'Non e paese al Mondo, ove il demonio non habbia la sua par·
te'', escreve Botero ao iniciar as considerações sobre os pajés brasilei
ros. Valendo-se da terminologia do Mal/eus mallefican1m (1486) pa
ra as bruxas, Botero chama-os de maléí'icos - ,r1alefici - e ainda
de encantadores - ciur,natori. St1a ação se assentava na imprudên
cia e na falta de tino - i1nprude11za e pazzia -, tornando-se presa
fácil de ilusões. Ministros diabólicos, usavam drogas rituais- como
os etiropel1S temeran1 os alucinógenos americanos! -e incitavam seu.<i
seguidores a se sublevarem. O exemplo central de superstição brasíli
ca escolhido por Botero é a Santidade do Jaguaripe, perigosíssima
pelo caráter de insurreição ''per mezo de' suoi ministri sollevava .
tutto il Brasil'' 14 * - e de similitude com os ritos verdadeiramente re
ligiosos - ''una sorte di superstition · e, e di tãto maggior pericolo 1
e dãno quãto ella era piu símile, e cõforme a' riti, e all'uso della Chie
sa Sãta' '. 15 ** Os idólatras tinham um ''papa'', ordenavam ''bispos > '
e ''sacerdotes'', ouviam ''confissões'', celebravam ''missas'), traziam
'rosários'' para suas orações: procedimentos totalmente diversos dos
hereges protestantes, mas igualmente demoníacos: ''Et ê cosa degna
d'esser avertita J'ash1tia del demortlo in oppugnar l'autorità dei Pa
pa. Poi che tra noi la combatte co'l negaria per bocca di Luthero, e
•
di Calvino, e de' seguaci loro: e nel Brasile co'l contrafaria per mezzo
di ciurmatori e d'altri suoi ministri' '.16 ***
Desta forma, a ação demoníaca também mudava, de um e de
outro lado do Atlântico: luteranos e calvinistas negavam os ritos e
os sacramentos para a'.t.acar o catolicismo; para desmoralizá-los, pa
jés e encantadores tupis macaqueavam-nos. Universos tão diferen
tes e longínquos, a Europa e a América tornavam-se porém indistin
tas por meio da ação de certos hereges, que não conheciam fronteiras
que se antepusessem ao exército de sua impiedade, mais preocupa
dos em semear a cizânia no campo dos fiéis do que em pregar a pa
lavra divina para os infiéis. Assim agiu João de Bolé� francês que
veio para a França Antártica de Villegaignon e se insinuou entre o.s
(*) ' por meio de seus ministros sublevava todo o Brasil.�,
1
(* "') ''uma espécie de superstição, e tão mais perigosa e prejudicial guanto era
•
�ais semelhante, e conforme aos rites e ao uso da lgtej,a Santa.''
(***) ''E é ceisa digna de advertência a ast1\cia do demõn·io em refutar a aUto
ridade do Papa� Pois se entre nós eombateu-a negando-a pela boca de Lutero e de
Calvino, e de seus sequazes, no Brasil a contrafez per meio de encantadores e outro
ministros seus.''
-
63
a di� té rdia I tél\·c�Lido 110 r,cl�
. - ,cen t,e, sen 1 et1ndo
óJ1 co � de ·ao '\''
ca1 .
ro.
de t11n �arn<-'f a l ..1 I appiu. lu ll1ur-
,n a f TI ·• 1, ii 1 , ic 1 n
· 1 u il •c.rn n i d'·\lc - ·1 • ·, · ,
'on l1a,·ctc \Ot � ,
:
n e ll
,.
1d <) lu 1r 1n ; \; \•
\i r 1t\.:r('t1i.:1 d tr,-
r(,, 1n 1 · r .. o , ta nt 11n\'l1lt 4! •
. e 1e t> t.!lfa Rcic,!lla. e
• •
n•i� r • 1•1e t. � •
. e
•
a l" 11 11 n 11 1 lf
\ I u n d ,··•, • e '
ta G r-olunc!1:i \ (' t (
. .
eh,'tterfã, l'I cala i. e la Fmn � '' : · :l1t.· \111 c! 11 :1111.1,e 1\1,-
g.hi di rra nLia i Bac
d'aJtri 1vo u·1n trodl 1rrc 1,1 1 E\ ang1..dt<.i. Jel qu.:tle
ché rton fa1c prl.l�11
• • . • J �1c�, .
�. . P r
taru"'�� e . '11c• <.1 ·1 Cl 1r •1�to. p� rch � , 1 •)
g.c 111.l'i u1tor c1t\!nto. abre �• parte que 110 inu.1'.<:S r,1 n as.do
pecíficidade da coJõ·nia portugue�J: ··11 Bto iJe e empre ü.to ur.
Corona distinta da qucJla à cu1 �OÊ(gta :e la 11uova Spa a,��, .P;r :
e ncUa convcr ione d(!' ,t1oi pop-ot\ �i e sempre t-.:11u1a. · i riene
niera diffcrentc ua qu�lla, chc si e c:iiot' ne11· ltrc:: par i dert•, m ri ..
ca · ', 2'<1• C.on iderctçàd curiosa. reveJnüoru ue o hi I t,-r �o do
já qtle, naquela época i um �6 rnonarca,. f:'jtipe 11 e. lo u depo . i�
lipc 111 1 era St!nhor tanto da Arnl"fica l,is;rãotc quanto da port
apc ar d1 so, para um ob)Crvador aterllO da cena uropé1". um VUJ•
to diplomata também - l<.�nhrc- e a mi o .:c<:rer� q 1e oi _ m·
bira o duque da Sa\·6ia junto à corte da r411Ça -, .Ponu ...
nha continuavam reino difere,1tL-si sep-arado� encre ,.. , o m o
acontecendo com a.s respecuv� po sc--s$Õc5 coloniais. O.a! . o
ção que fecha o parágrafo: •'Onde e• par-so ' e.o • i.; ·1.e ii d.2-
t •. 21 •..:
re ancbe raguaglio scparato
Sa-be-se que para a América bi1pánlc.at foi o a - na- Hist •
1
6J
''CHE ARGOlvfENTJ ERANO
. 1TJ A REPRli\1ERE TÃTA BESTIA
LITÀ?'�
.4S FONTES DE BOTERO
<h.t st�u, ctnr 1,rl,,"l1 1, l� l)\llfl\ e is I qo�· dtl :o;t,l\ l'l<'1,1 t111i l no ,. eh.: ,,,i1h,l, 1:�1l,\,· •
06
aJrri. e con 1·escn1pio ri1imvru10 n poco a poco i 1::ot1\pagni dnlll: u n1.c
bestjali 1 ••. ); 27•
en1 Nóbrega: · 'os fill1os crectdos nisro ficarão t1rn1e cri ,tilos, porque
\
é gente que por costt1n\e e criação co111 1t1jeiçào r,u· o dela o que qui,
sercn1, o que 11ão será possí,tel com razões 11en1 nrgun\cnto . Já ngo,ro
dão os fill1os de boa vontade para 111�os e11 inart�111. e 1l1<?s lcvn111 d1 s,o
que tên1 parn ajuda de st1a n1antença [ ... ]' '; itc e en1 A11cl1ictt,:
.Estes, e11tre os qt1ui · ,1 ivl;!n1os� trazcn1-110$ vol11,1.tnrilll11e1,te seta ílliios
para os e:nsir1armos, os Q\11,is. succdc11tlo depois a seu 1lnis. 1orrlen1
o povo ngradi\v�I a Cri to. 29 [ ... ) 1e1t1os un1u gnrJ1dc cscotai de r11en1i
n,os Índios. bcn1 i11str,1fdos c111 lcitt1rn. �scrita e cu1 blltts costt11,1t.··, o
quais abonlina111 os \Lsos ele sc11s 11roge11i1ores. S�o eles a co11sol,wç <.>
nossa. be111 qtte sctts pais já parcç1tn1 111ui dif�rentcs rios ·o l"uant". tio!)
ele outri1s terras; pois q11c nã<, matnmtl, 11ão co111ert1 o iniltttigo , 1lc1n
bcbcn1 d a n1a11eirn por qt1e d ant�s o fatin1n. 30
Sobre a clttcquesc e suns estratégias. Bo�ero deve ter liclo ainda
outros escritos jest1ít icos 11os argliivos da orde11.1, bebondo nol �·e pro·
dt1zi11clo, con10 pode st!r coi,stntâdo acirna, un\ te.xto 111ni • pe soai.
cotl1prccr1sívcl 11\1111 l10111en1 que dedicavn patte de si1n · ,cncrgi3s i11-
tctectuais à propagt1nda da Igreja t1�icle11ti11n. Acerca das prt\t ica · g\!1)
tilicns, a "cr\sução de estmnha1ucnto era, 11or�cl1, tnt1mlitatl1ê11te 111nit)r;
11t1m procedi11ne11to verdrtciciratl\CJ\te et11ogr,ifleo. qttnsc t ran crcv • t rc-
cllOS dos obscr,,adores diretos. cli111ir1t1i11clo nssin1 a mnrgc111 ele erro.
V:t:jnmos o que diz 13()tero r\O lt'c\ttlr do. f)Ojé �
l B11\sili so110 it1 arit 111nt,icrn SOeJ.lerl a gli i11cnntntori ) e sim,l\ c111'\t.
1m qucsti 11110 vc n'ero cltt' co11 n1oltn a.rt� ) ,� \Stt1ti1, s't,n,,e, , n 'Q\tistn·
to t111A s.t1r,ret11n f\tlttorità. e ri1,,1tntit>11e tm loro. di lttt'altro B ·ot1lnpio,
o Mnco1\t� ot\ lc 1,,nn si t)rêStO 11t\o s1t\1l)\\1f\ln,'f\, cl,e· $i n1l\davu s,,bito
1>cr t•ost\ti. Vc1111c \ltta volta:, 1.1\gio11n1t\ccit<) pi\1 cl\� , diS)J>Uln, t"' • st,
\tti it P. Nobrogt1: "" li tiOll\(\(tO itl C\ll vi, l\l. ft\CCSS(! ��li ll\l�11r \le lllt'ffi•
,,tglie. dei Olo dl'l Citlo. ô (tel drlt\01,io tlelt'l11fi 1·1,u? ,\it�or lo (ri, J'I st
l't.··111pi<.1) so1tt> Dio. e Q\lCI s••11re1\1\1 l >�,n�"ip lt•ll'tlt-clvcl'$<"l, :,'.;t1i co11nl
" l1,('l, 1 r11, il <.,�lll, e e 1-e1llil lu tcrn\, � 111io �u11,dl-;sl t11<.i n11ri\'O! 1.·spe "�e volte
1
(•) l•l1\d112i1 ,t1l1 l ois c\.'11\l () ·clldo� "·ou1 pron,� n� O$ pa,� e u,ne · l1e ftt111fll1
n U1,t•, tl!\r '-'S ftll\OS J)tlrtl
l 1.•,ald ttll'1 l' ,ti l'f()ll ni1: Ul)ll�C!l\\intt\, llC(\ i$ '1< ,,, 11\llltn lo\1lrn
n,n11i\>\1ln, tlC\l\tl �s j0'irfJ1\2h1l\1.l�, <lou,e-stt ·1l·ll)S, le�•\..itt,� u 1.:it,1l ·,)�,,�\ti;"' l.'1\ 11,C>r.\·
d s ln t,el�;,n di\ virt,•ctr. t' th\ ht'll\�. t.i, t 1,tl . l l'lt 1 �t·1r,,"1r nfl.o r,,l clt'�l)ef\lt i,,d ,. f\,t·
(}l\C l S l\ltll111\l)$ l\'P�ll(ltn,,, l'l\\.'illll\'111, \,} c:tlk\!' � \ht. \.U!ll\: \� �utl!i>l'l (li\'- \l1\ ''"t te lia
tlt� �\li\ C \S ,, � l\� (\UlíO�. \\ C{ Ili O f-.t�ll\f'l titn,·"nl � ('ll,tl\.c'O � 11&.11\CII..) a� �'.;)tl\J tltU\ h., �
d�\S ha\\,tt(,s \,t1s.tit1I� 1•••).'
1
67
mi i m?stra 1 ra le nubi, &
_ in mez� delle saette, e de'tuoni.
p1u p�t1enza 11 obrega; ma cõ p1u c01 Non hebbe
. 1 e ª·
: ch e argomen ti (che
.
ment1 erano att1 a reprimere tâta best1al1t. argo
a?) Lo confuse, e'l rese u
lo. Sma�cõ, & avilí di tal maniera qu m to
el suo empio orgoglio, che
so, non molto d opo, la sua cecità, e malitia e d confe
omando d'es ser instr
nel1a fede, & amn1esso ai Bat tesimo. II che eg utto
]j ottene finalmente in
me con a lcuni a lt ri. 31 • sie
E o trecho de Nóbrega, que lhe serviu de mod
elo:
Proc urei encontrar-me com un1 feiticeiro, o maior
desta terra, ao qual
chamavam todos para os curar em suas enfermidades
; e lhe perg untei
em virtude de quem fazia ele estas cousas e se tin
ha comunicação com
o Deus que creou o Céu e a Terra e reinava no s Céus ou
acaso se comu
nicava com o Demônio que estava no Inferno? Responde
u-me com pou
ca vergonha que ele era Deus e tinha nascido De us e
apresentou-me
um a quem havia dado a saúde, e que aquele Deus do
s céus era seu
am igo e lhe aparecia freqüentes vezes nas nuvens, nos tro
vões e raios;
e assim dizia muitas outras cousas. Esforcei-n1e vendo tan
ta blasfêmia
em reunir toda a gente, gritando en1 altas vozes, n1ostrand
o-Ihe o erro
e contradizendo por grande e.spaço de tempo aquilo que
ele tinha dito:
1e isto, com ajuda de um língua, que eu tinha muito bom,
o qual falava
quanto eu dizia em alta voz e com os sinais do grande sent
imento que
eu mostrava. Finalmente ficou ele confuso, e fiz que se de
sdissesse de
quanto havia dito e emendasse a sua vida, e que eu pedi
ria por ele a
De us qu e lh.e perdoasse: e depois ele mesmo pediu que o ba
tizasse, pois
qt1eria ser cristão, e é agora um dos catecúmenos. 32
Não por acaso, é quando trata de outra historieta
referente a
pajés e encantadores que Botero novamente se aproxima m
ais do texto
de origem. Diz o jesuíta italiano:
(�) • 'Os Brasileiros encontram-se grande
mente sujeit-0s aos encantadores e sen
te semelhante. Entre estes, havia um que, com muita arle
e astúcia, tinha 1conseguido
uma toridade suprema e grande reputação junto ao
au
s demais, como sendo um ou
tro Esculápio, ou Mac-on. e, não havendo quem,
ao adoecer, 11ào mandasse procurá
lo. Aconteceu de entrar o Padre Nóbrega com ele
• antes em argumen'taçào do que em
discussão: e lhe perguntou por graça de quem
reaJizava ele aquelas suas maravilhas,
se do Deus do Céu, ou do demônio
do inferno? Eu prór>rio sou um D
o fmpio). e aquele supre1no Príncipe do universo, eus (respondeu
e treme a terra, é meu grandlssin a cujos acenos se inclina o Céu,
- 10 amigo: muitas vezes se n110.stra pa
as nuvens, e n.o meio dos raios. e dos trov ra mim entre
ões. Não teve Nóbrega mais paciê
com ma:ls cólera. do que argumentos (qu nciai mas
e argumentos eram capazes
ta bestialidade?) o t>-011fundiu, e o calou. de reprimir tan,.
Desmascarou, e humilhou d
seu orgult10 ímpio, que confessou, n e tal forma uquelc
ão n1uito tempo depois,
aia, e pedit1 para ser inslruído na fé a stta cegueira. e .rnatí.
, ,e adn1itido ao batismo. O q
guiu, junto com alguns outros." ue fi11al111ente conse
68
1
50110 nel B·r :i jlc 111o ltis si1 1i maleficl., eciurmatori, d\)Ua Clti iiilprt.idcn
zu. e pazzia non mi farà grave addur ()til tu1ot o duc cssct1]pj, l' a.no
1560. nel con1atodi Pirati11111ga. esscndo tramontato el s·ole, sic<>mlrt·
cjo i11 t.111 s,1bilo a turbar l'aeret a copr,rsi di solij nuvoll iJ cieto, e ud
a11rirsi con tuoni, e con b,,le11i. Si levo poscia un vento dtt meio gior
n<>, e gira11do ta lerra fi1J Clle giunsc a Po1tente mae.stro, ·prisi ivi tanca
forr.a; cl1c r>orlo viu tetti di cns� stt11tolô selvc, dirndicô alberi di grnrt
clez.za s111ist1rata: e fecc in tllla 111cza hor�. ch'egli dt1ro frti�o.sso, e rovi·
11n iaesti111ab1)e.
J\lcuni giorni doppo cerli Sacerdoti s�i,1cõtrnrono i11 Li11 di questi 111a
lcfici de' QLJ.al, parlia11,o, & l1avcn(J0Jo c.:sor1nto 1'1-Sciar quclla. inían1c
()tolês$jo1\�1 e vita, cl1.êgli fa<:cva, e à riconoscere \111 Dio pudronc, e
.-cntor<: u'ogni cos�. lo coitosço (rispose egli) Dio, o l figli\tol di Dio
iu\ptr<..>t'ltc l1n,re11do111c il t11ío ctl dlllo 11.1n fiero
, ,11orso, cJtiau,ai il ílgliuol
di Dio, cl1e 1tu ve11ls ·e i1 111edicarc. & cgli ,renc i11co11t3r1e.111c: t.' per ven
dc!t�l dei n1:.1.le ft\lto,ui ditl C'aner t\JfC(O seco que! vc11to. cht nlli dl pns,.
sati 1'JlCllO lar1ta rovir10 d 1:ill1eri. e di �á. �. lJ•
Não 1,,\ 11•i1itu · dlas, e ·t.tltt(io t,ó � e111 l>irttti11t1,gtt, contcçou. Jcpoi, tto
11ó1 .. ct\>-�01. L) ar a (Urvar.. sc de rer>c1,lt.', a e1,ul',lar-st o �"éu. [\ runtudarei11'.0o
So ( � rt,ll\t\lt)tl,!ll'S e'. ll'l)V\.lêS1 lc\'IIJ\(a111.l1)-SC witão l) \'l:?l\lll s,,t ::\, Cl\\'ô:l\ c1
1
ll<)ll-.:\ t\ l'()\11:l) t\ t�l'l'U. {\(� q\)ê, Ci\ �g�1t1do �\O N nl,·s�, de Ol\ {e tJ.Ltn.;i
sc,n,. rc '-'OS'l l1tllt\ vir -o tl'n11,estt1tic. �ut11 e ,,, lauta vi<)lê11(i?1 <lllô pa1��
•i:t .t11t1t�11\'ur�110:,, o :Se1tl10l ct 111 11 Llesll'ul�·a.u: ttl1nll1t1 t1 i:n a·. ,1rrol1n·
l(\11 o� lt.illtu<.ta � u dcrtibolt 11, 111.uti1s: ;\ dr,to� tle, "'()lu. � LI :,tturu t1rr ti,..
l'ti\l l çltl!\ lllÍI.��. JWl'tltl lll'IO lllCÍ í)\lt 11l� l)lOllli)�. (1 ·�1,ocln�'l \l ()\lf.trt.��
t •) 1 •t1- lsttJ}l ,,l, 111-11, ll 11\l\ilô tt11tl fi\'o 1 � c:n�Ullti\U\\lX;._\ <!� i.!lth, 1t1111t ,,li
11 j:\,
� h.>O<'\ll li ,ul\.l 1.11� �, n f)Cll\ �L, (�lnr \llll u,, \Joh� r.'\Çtllt)l.\JS. N{, t\Jl\' ti<' t �ffl), �1;\ pr,i,1ft\·
�tr, "\� l tt�tt1\l11tio, trihl\i t', ,1t h� l'\), 10. ullv�iõ t1n1n s,\l)\ln J>vrlutl"',\� (' l\t'-Q tUCb-, ·"
�t\ltl lr"', lJ t� f1tive11!\ �._.1,t-1� :1 \ u e ti lbti1• '8(t ,·0111 tt'\1\'� t'� r t tll\11t1"1�\).\, l\�,,11,tuu �l"
1l S\"�1�11 1111� \'Ç{\t 1 �,,t. \' tiiU.UHllll 0 (Ul ll\ t\( tt(ll\�lt 1) I• t'\\(t.\ ru J\ '111' >\I til � 1,1.it\\l\·
1�hn ,1th: nt1 Ulr<'\\ tv( 1� tl{· 'b�t1:,, ht.lll\l,, ti, t\1 r ,�(l'l� 1 nt, 11t �)1t ,, �t,�-JN-�<k tici 11h,:
,U11tlit !tlltl�ll\ll(i: (' (\\nn,,t�f\ u1(lh\ 1\\ll tlll\' , l,11\'II, l}'r\.l\� <� ,t l11,,1t111�\,,-·1 r1lf n11 tll\'
l
ll'Ut�:l .
'',\, \Ili: li1"" \t'I) \f \ 't'• t\l� �.\ 'C'�\� �l"� � Pl\')Qtlllcll�litt l' ll\i \lll\ J. ,' t:� tll�l�!1._
"�� {lt\.N. 't\\1\IN ili 11�1,��. c- lU\\,�a,,l\\ \li 1.� lrt\\\.l,; ;l J�i� 1\ tlclU\'hl 11\t111\� l\l,,tl· 1..,\t � 't'-
1.ti\, \\ll'1 l t\\u, \\ n 1 \tOl\tl\�,. \i11\ 1 �t� �t11h"�,. e çJ i\,l t' d<' l\,tl s -tt�' -• r!1) ,.,, ,1.�
tih ��' (t� f\\lt\t:I ,1 t;I ) l)t!>1•�· .t· ) 1tlU1r• (\l' t t?tí�. 1i�,\� (tlJ,' 1 �1\ tt, \' 11,t'\l �<,l:� '''( '.!t\(I,,
11ct tiUl\' li'-' 1 ttllt' til'' i�""i"� >liC'd l :t ,, "'-�1\
\l\-1t\ t}p,t' \ ,s-11 ,,u,� ill ,tl, '-'t,n• ,,r\, l)\'.1\,-.. .t ,,
' t\> l�\\l\\Olitlt'l\lli t'I (itl1 Yl11 tl\\\'il íl\� 1�\tll \I\\" \\\\' 1�. tt -.•111,), lf ,�,_-. ,•,,11,�' \'\ • \,•t
\'\'\\\\\ l\ltt' Ul\� ,c,J�1� JIU\\tll.l\),0 l)ll\l� \ \\U ttU\111 \lc,,tul :tlt) 1\ tl,J l. \ \\ 1 ·i., � \\,�U"
i
m ob -s-uu id .2.s as � tra das,, e n en h11ma passa-
. � mane::rra . '°1 .,.
"' '-> r,. ·.:ira
ce L •• _.,,30-!-- •
agos de árv0-
t.
P 1�
, ,
...
- 1..; ...,..,,,��º
11,1..,lu no ......,....... •
de meia •
h ora ( po 1 . .S nao- durou mais do
res e ..,..;
na:
_
o 1
-
ve sse ab
•
re1.�1�do aquele tein-
5SO ,. e, t11 \-erda<l� se 0 Senh or _ _ �
ar..::
• '""'i r a ,i.o lffl a a e rud o cam a por terra • [ • · •]
•
nn .,..."1"' ...,,......�
,., • ' :-est: � a
· ram anh
�1 m esm o Ju lg ar a s se mais
• .. •
, qu e po r
l
� :..•·• ,, ."'llt,. "-
re fe ri r u. I n fa to
\�e ea-..:remnto ce rt am en te a ce gu e ir a e escar.
q ue d e riso ; la m ffl f�
digno e.e êor co de se p..1 ss ar ern es tas cousas�
t\)u cu ra . P� Jco s dia s de po is
.J� da
ald eia de Ín dio s 2 qu e ,im co m alg un s sa ce rd o te s apli
em um.a ren a
da alm a e ào co rpQ a um en fem 10 , enconmunos um
� a ;:n,-erlicin.a
re=::�-o de gran de fam
de
a
m
en
en
tre os
tir ,
Ín
e
di
re
os
co
, o
nh
qual. como o exortássemos
ec e.'5 e um só D eu s, Cr ea dor e
m.uiw au e de i \ã ss e
(p or assim di ze r) lo ng a dispu
s...� de 1od as as co .is as , depo is dt1m a
ü!. respo nd ru.: ·'E u oo nh eço nã o só De us., co m o o .filho de De us.. pojs
hj pou,.� morrlendo--me o meu cão. chamei o fill
io de Deus que me
tro� remédio: veio cle sem demora � irado con
tra o cão, trow:e
co:1sigoaquele "·ento imperu��, que soprou hâ pouco para qu e demi
me cau sar a o cão ''.34
ha� as mar2s e vingasse. o dano que
Em ambas as passagens citadas ressalta o carárer de exemplu,n
d'o episódio narrado. �1esmo sendo de autoria dos catequistas Nó
hrega e Anchieta. e não de BoterQ, foi cerramenre tal aspecto que
�ri�·o.u o auror dasRela;Joni instigando, nele, o hábito de pregador
{e de raórico, aci11!a aludido) tão -..alorizado pelo mestre Borromeu. 35
Por fim, outrapa.ssagemguase lireral dos escritos jesuíticos qui
nbentisw sobre o Brasil pode ser encontrada quando Botero fala
de João de Bc,lé. o herege cal,'Ínisca;
�o I� C().)'1.o ro due minisrri d'Heresía e dj pravità Cal viana, per in
r� di qu� ,-eien0i e í soldari francési, e i Brasili. Nel progresso
deil Impresa, il Capitano, cb*io mi credo fosse Nicolõ Villágagnone
11�º:11º mlenêiroento e c;ií giuditio, ·s'acorse, che questi eran.o huo�
: �
e coo estr�a tgt1oranz.a delle cose ChriStiane llavevano co n-
�u
. na ))TOSO�tl.�n� e ar:togaoza (cosa com.mune à tudi gli Hereri -
et,. ma � _ Rra tu . .
tt1 gli altri , a' CaJv1n · �
1an1· ) 1nro .
llerabile- Onde com ,. i·n.ci· u
...........
_ . tra lí
• .snappazzat!j, ., .
1
a e tt.aT per bu. 0 - mt. m. p1u atti à per.verti.re. cbe a edifi-
C2.f le &enti.
�aeque Pffl · ·taru0 d"ispa,rere
tra i due IIllillS · ·
.
no_n �do.quel• uic . , · m : . tanta discordia,. che
..1._ St
.. di ce ss m o
' e · no n vo1endo cedere l'uno all'al-·
tto. si risotsero ut •
A: scnvere.
a Geneva: e d"1 1·a .aspett:ar risposta
renzeioro. ln tãto·un di sule cliffe-
loro :eb e� ª���� P
�CO d'accordo co'l Capita
i
m>, a�do a San J/ícenu, & �
tre-eompagru alla casa d� es_n.tos1 d1 pelle d'agnello, s•ad.FizzO con
e fiatta Gi.
esllJtJ, ove fuino
ra c co ··
· ti hum · anamente. n mi . · Iti corne peregr,ini.
llJ.StrQ� che. p
a:rla't'a bene Spagnuolo, co-
70 •
- --�
minciando a millantar:i della nobiütà del suo casa,o (do,e\a iorre es
ser un'altro Drance: Genus huio materna superbum Nobili� dabac:
incertum de parte ferebar) e a vantarsi com questo, e con quello della
sua dortrina. e aiutandosi con una certa f acilità di conversaiione, e pron
cezza d'ingegno. si fece a poco a poco 1ent"r dalle briga1e per huomo
da qualche cosa. Scrisse> anche una lettera ai Padre Luigi d.i Grana. Pro
,inúale de' Giesuiti ch era allhora in Piraiininga. dandoli conto del'es
ser suo� e de gli siudii suoi, con dire-. cbe poiche il maestro della sua
eio,'aflez:za, buomo raro, e singolare. l'ha,-ei.c1 introdocto nella fe1ici spe
º
looche de1le Piericli. o,-e s'era nel fonte (non sõ. se di Pa.rnaso, o d Eli
cona). inebriato con g.li ameni, e divini ri\i delta sapienza. se n'era pas
sato a gli studii della Sacra Scrinura, e dell'altissima Teologia: e per
poterla coo piu age'\·otezza consegu.ire, ha\'ê\ci anch� non perdonando
a fatica alcuna, impa.rato la lingua Sacra da gli stessi Rabini, e da loro
insieme appreso secreti mera\'igliosi, de' quali ,·o}e\·a far pane ad esso
Padre, come prima potesse con esso lui abbocarsi. on passarono poi
molti giomi ch'egli (perché ex abundantjsa cordis os loquirnr) comin
ciO a besrea,miare contra il Santissimo Sacramento, contra le imagini
de Santi. contra il Vicario di Christo assaporando ogni cosa con sale
cli facerie., e di morti. presi dalla bottega di Calvino, molto plausibili�
e al gusto deUa moltitudine vaga cli OO\ità quale ella si sia. Ha,·endo
cio inteso il Grana� si mossi subito da' Piratininga per opporsi a• prin
cipii del ma1e. TI Frãcese li mando· incõrro una Episrola, il cui essordio
era questo, Adeste mihi Celites: offerte gladios ancipites faciendam ,in
djcram in Ludovicum Granam, Dei osore. Onde si puO far congiettura
del resto. fl P. giunto alla cíttà, cominciõ' subi10 à dimostrare a1 Vica
rio l'importãza dei negotio, e à essonare cõ frequenti Prediche il po-
polo à guardarsi sollecitamente dalle parole melate dell'Heretico, e da'
r
libri pestilenri, ch'egli ha,..-eva portalo seco. Per conchiuderla il Fàcese
se fü preso, e messe in prigione, e poi màdato in Portogallo. �6•
(•) ''Estavam entre eles dois ministros de heresia e pravidade calvinista� para
infetar com eSle \'eneno os soldados franceses e os brasilos. o progresso da empre
sa. o capitão, que creio era Nicolau Villegaignon� homem de entendimento� e de juí
zo, percebeu que estes eram homens que, aliada à extrema ignorância das coisas cris
tãs, tinham uma presunção, e arrogância (coisa comum a todos os hereg� mas
sobretudo entre os calvinistas) intolerável. Onde começou a censurá-los, e a tratá�los
como homens mais aptos a perverter do que a edificar o gentio.
''Surgiu depois tanta divergência entre os dois ministros1 e tanta discórdia. que
não sabe ndo o que se dizerem, e não querendo um ceder ao outro, �lveram escre
ver a Genebra: e de lá esperar resposta sobre suas diferenças. Enquanto isso, um de
les, que não estava muito de acordo com o capitão, foi a São Vicente, e vestindo-se
co m pele de carneiro, dirigiu-se com três companheiros à casa dos jesuítas� onde fo
ram recolhidos como peregrinos e tratados humanamente. O ministro, que falava bem
O espanhol, começ
ando a vangloriar-se da nobreza do seu sobrenome (talvez devesse
ser um outr o Dranc e: Gentis
huio materna st1perbu111 Nobilitos dubat,· incertum de
71
igno n. di z A nc hi ct a q, 1e ''a fi rmav am todos eles s
D e Villcga . o , ' 37 er
t1to e g r a n d e c a v a li 1e1r
católico e ,nui do .
or ad as por Batera se en-
gros so da s in fo rm aç ões in co rp
\ias O
'' C a r ta d e 'ã o V ic e n t e '' :
cor,tra na já citada
era m t1e reg cs, ao s c1uais ma 11dou João Ca1\l·ino dois que lhes
'Iodo!> ele<;
M in ist ro s, pa ra lhes en si na r o qt1e l1avian1 de ter e crer. DaJ
ch aitiam
o tem po, co mo é co stu me do s l1e reg es, co n1e ça ram a ter diver
a pouc
op ini õc .\ un s do s ou tro s, mn s conc ord avam 11isto que servissem a
sa.s
e a ou tro s let rad os , e logo qu e ele s respondesscn1 islo, guarda
Calvino
riam tod os. Ne ste me..�mo ten1po uni del es ens i11a va as artes liberais,
grego e hebraico, e era nlui versado na Sagrada Escritura, e por 1ne<.1o
do �cu Capitão que tinha clivcrsa opinião, ou por querer semear os seus
err o:, c11t re os Po rtu gu ese s, un iu- se aq l1i co 111 ou tro s lrês companhei
rôs idio,as, os qt1ais cor110 l16spcdes e peregrinos foram recebidos e Lra
tados mui benignan1ente. Este que sabe bem a língua espanhola. co.
meçou logo a bl�sonar que era fidalgo e letrado. e corn esta opi1uão,
e u1na fácil e alegre conversação que tem, fazia espantar os hoo1ens
para o cstimare1n. Escreveu tambén1 uma breve carta ,10 Padre Lu(s da
Grã, qt1e enrâo estava em Piratininga. na c1ual lhe dava co11ta de quem
72
e que J 1 avia aprenctido, dize11do que depois que o mestre de sua
era, O
· · ·
le sc ên c ia , v a rã o ngula · meti'do na5 csco las das P1cr1des,
r, o h av1a
d si
�a�ia bebido da fonte caba lina amenJssin:ios a�r�ios de �abedoria, e
·e ha via passa do ao estucl o da Sacra te0Jog 1a e D1v1na Escntura, a qual
sara mais facilmente poder alcançar, havia aprendido a língua Sacra,
isco é a liebréja, dos n1esmos Rabis, dos qt1ais tinha ouvido de muitos
peritos, e que pr�Licaria_ com o P�drc ,1uando se vi�scm. Estas c,o�sas
quasi compreendia no f1n1 da Epistola, que concluiu corn um d1st1co.
Passaram-se muitos dias quando começou a arrotar do seu estômago
cheio de fedor dos seus erros, dizendo muitas cousas sobre as in1agcn�
e.los Santos, e o que aprovava a Santa Igreja do Sa.cratissimo Corpo
de Cristo, do Romano Pontífice, das Indulgências, e otitras m11iLas ciue
adubava com certo sal de graça, de maneira que ao pala(Jar do povo
ignoran te não só não pareciam amargas, mas mesmo doces.
Sabc11do isto o padre Luiz da Grã, veio logo de Pírati11inga a opor·
se à pestilência. e arrancar as ralzes inteiras deste mal que começava
o brotar. Tc11do receio disto. e pensando que tal bastasse para indignar
O Padre, e torná-lo suspeito, se porvcntL1ra fugisse dele, n1andol1-lhe
logo t1ma invectiva, cujo princípjo era este: Adeste mihi coelitos, affcr
te mihi gladios ascipitcs ad faciendan) vindictnrn io Ludovic1Jm Dei oso
rem &e., na qL1aJ o acusava e repreendia mui grandc1ner1te porque r1ão
repartia o pão da do\1trina com os Port,1gucscs, por traball1ar na con
versão dos Infiéis. e disto se nos amor1toou muitas otatras cousas, con1
Ct\JC esperava se exasperaria o Padre. Mas o Padre qt1e trarava da causa
de Deus não fugiu, te·ndo mais respeito à comum salvação de todos.
que à sua própria glória; foi ao Vigário, rcqtJercndo qtac não deixasse
ir adeante esta peçonha lulerané1, e con1 scrmõc:i públicos admoestasse
no povo que se acautelasse <laqt1eles ho,ncns t e dos livros que Lrou>ce
ram cheios de l1eresias. 38
A utilização qt1ase literal de muitas das for1tes constitt1iu traço
característico da metodologia de Bolero. Nele, Fcdcrico Chabod viu
ccrt�1 pressa, ou, em outros termos, a compulsão cm recolher um gran�
de 11úmero de informações em ten1po reduzido.39 Ot1tras vezes, Bo
tero resumia textos longos den1ais, como fez com passage11s de Guicci
ardi ni sobre os Países Baixos oi1 de Possevino sobre a Moscóvía. 40
De qualqt1er forma - e é mais uma vez Fcdcrico Chabod quem faz
O con1entário com a habitual propriedade -, não se pode colocar
ª questão do plágio: entre a época contemporânea e a de Botcro,
são cnor111es as difer·enças no que diz rcs eito ao espírito científico
_
na tnvestiga.ção. Hoje, levantam-seruÚrido otais; naqt1ela época,
era � finalidade prática quem levava�;�lhor: ter à dis,posição ma
nuais e obras de utilidade tanto pela pe1·spectiva política, religíosa
73
(),,,r.. J Qtlf!ltt<> pelo ( cla,l o\ gc<,g 1 áf ,e,,\ que C<>nt i nha n-1 •· , 'e,
em ,� . .
,18 f'in'1licl:,dc· prática. de ,1ma prat1c1dadc 1rnc, 1
. a, à�
J i;1t CtJ�ttt� da,q
r;.
t rtl1nf,)
74
prjrnc:ir<J c<.11adoi t e quando t· ta:varo no ponto, :.t��ado" coro,>, na &
t<>pa, r.,c costumava fazer com OH p<,rc,,..,. A af>·.,ociação com porco,
(; curic,r;a e recorrente no jmaginárío católico oo<.,vc, à ooI,,ni�ção.
1'lóhrega díria que os f ndío� eram ''porco<. 11oa vtciü� e na maneira
tra tarc m''. 44 Nlim dt1)oimento intrigante, t-xj&tcntc na Primei
de ,,e
ra Vl.�ftaç:{}o à Uahia, o m�mcluco I Fá1�ro da Cunha cc,nfe'>sa ter an�
dado pelos maLor, com o& tupínambá.& durante cjnoo anoi>, pintando
<> corpo e tendo vária� mulheres. Particjpou de rituair, de antropof�
gia, mas aJcga não ter aderíd,, totalmente a eles: enquanto todc,s co
miam c.:arnc l1umana, JJázaro da Cunha diz ter comido carne de por
co. 47 Entre os fran ciscanofJ do México, corrja que a carne humana
era .1.JemeJhante à carne de porco. 4A Tonto 'fhcvct quanto Léry aJu
dcn1, cm passagcn� djfcrcntcs, aos porcos.
J)iz Botcr,,:
75
r p I e
,..... �·, r-, o
77
pt curn 1or t.\u pr O \ftt icia d � lln1 il en1 1598, e 11e sta cidade
111 P? dc ,
r N a ,,1 a gc m , le v a v a c on si o a
ria Cc."r cr,contr•.ldo Bote. o. . g l guns csc rit
. o s
o pr in c{ p, o e or 1rt c1 11 d os í n d' 1o s d o B r a s1 l ''. ,
cttlN ct ''D · · São ba stan
,
nc1· d l"11t e· qt1c cn,roi v e tn e t es escrit os. roltbados
t� conhecidos � , · · Po r
Fn lrl i Co L1 k qu a11 do a a lto \1 o na vio Qt te trazia o padre de vot
. t a
nll Brasil. Junto e n1 ouLrO d �ts - ''D � eli m_a e ter ra do Brasil''
e ·'Narrati a epi talar d.e uma viagem e n11ssão Jesuítica''-, 0 texto
·obre - índio· foi publicado apenas em 1625 na coleção de viagens
de amuel Purchas. Cabe lembrar, e11tretanto, que as Relazioni, o.a
ediçào aqui utilizada, publicaram-se em 1594, quatro anos antes da
v�iagem de Cardin1 a Roma. Por muitos a11os reitor do colégio baia
no. este padre poderia ter fornecido material para a redação de car
l
tas ânuas dirigidas ao geral da ordem, em Roma; talvez as redigisse
.. ele mesmo, no período em que esteve à frente do colégio pela pri
meira vez. ou posterior mente, quando foi provincial da ordem no
Brasil (1604-9). Familiarizado com os fatos acontecidos na capita
nia, é possível que o estivesse também com a ocorrência da Santida
de do Jaguaripe, e que a relatasse em manuscritos ainda desconheci
dos por nós, perdidos nos arquivos da ordem em Roma. Mas esta
matéria será tratada mais adiante. 53
O se.xto é Gabriel Soares de Sousa, autor do Tratado descritivo
do Brasil, inédito até o século XIX, e de outro escrito descoberto por
Serafim Leite e publicado em 1942, onde se enfrenta com os jesuítas
por defender o apresamento de índios: Cap1'tulos que Gabriel Soa
res de Sousa deu em Madrid ao sr. Christovam de Moura contra os
padres da Companhia de Jesus que residem no Brasil. Com umas
breves respostas dos mesmos padres que deles foram avisados por
um seu parente a quem ele mostrou. As respostas datam de 1592,
e seus autores são Marçal Beliarte - então provincial -, Inácio To
losa - que o fora -, Rodrigo de Freitas, Quirício Caxa, Luís da
Fon_se.ca, Fernão Cardim e, muito provavelmente Luís da Grã e An
chieta.54 Não parece impossível que, dada a polêmica em que se en
volveu com os inacianos, houvesse nos arquivos da ordem, em Ro
ma, também os manuscritos do Tratado - igualmente oferecido a
Cristóvão de Moura-, ou anotações resu
_ mindo partes do seu con
teudo. A antropofagia, aliás, poderia
se r us ad a co m o elemento de
trator dos silvícolas e, nesta qu
. alidade, passível de justificar a sua
escrav 1 zação pelo colono bran
co: era natural ' portanto' que os pa-
dres da Com an h.1 ª a cemen e
� tas sem , içõ s qu
d ela tlez Gabrtel soares. Se, ou alu d i
, sse m às de scr e
la este levara c0 nsigo por ocasião da viagem à Corte espanh<:J-
1
também o manuscrito do Tratado- , tem-se um
78
elernento a mais a aproximar o escrito do senhor de engenho e o lei
Botero. 55
tor
Vejamos, agora, os trechos de cada um desses autores. Diz
Nóbrega:
Quando cativam algum, trazem-no com grande festa com uma corda
pela garganta e dão-lhe por mulher a filha do principal ou qual outra
q11e n1ais o contente e poem-no a cevar como porco, até que o hajam
de matar, para o que se ajuntan1 todos os da comarca a ver a festa,
e um dia antes que o matem, lavam-no todo, e o dia seguinte o tfram
e poem-no em um terreiro atado pela cinta com uma corda e vem um
deles mui bem ataviado e lhe faz a prática de seus antepassados; e aca
bada, o que está para morrer ll1e responde, d.izendo que dos valentes
é não temer a morte, e que ele também matara muitos dos seus e qt1e
cá ficam seus parentes que o vingarão e outras coisas similhantes. E
morto, cortam-lhe logo o dedo polegar, porque com aquele tirava as
frechas, e o demais fazem em postas• para o con1er assado e cozido. 56
'Thevet é mais detalhado do que Nóbrega na descrição do ritual
antropofágico, e se aproxima de Botero em alguns pontos. Diz ele:
Ce prisonier ayant été bien nourri et engressé, ils le feront mourrir, es
timans cela à grande honneur. Et pour la solennité de tel massacre, ils
appeleront leurs a.mis plus lointains, pour y assister, et en manger leur
part. [... ] A ce jour solennel, tous ceux qui y assistent, se pareront de
belles plumes de diverses couleurs, ou se teindront tout le corps. [ ... ]
Il sera donc mené bien lié et garroté de cordes de cotton en la place
publique, accompagné de cliz ou douze mil sauvages du pays, ses en
nemis, là sera assommé comme un pourceau, apres plusieurs céré
monies. 57•
Léry é muito roais minucioso na descrição. Fala de dojs selva
gens, um à direita, outro à esquerda, que trazem amarrado o prisio
neiro; mas o que interessa aqui é a narrativa do preparo do morto
para o ritual antropofágico: ''se presentant avec de l'eau ahaude qu'el
les ont toute prête, frottent et échaudent de telle façon le corps mort
(*) ''Este prisioneiro, tendo sido bem nutrido e engordado, eles o farão morrer,
estimando nisto grande honra. E para a solenidade de tal massacre, eles chamarão
seus amigos os mais distantes, para assisti-lo, e comer stta parte [ ...]. Nesse dia :sole
ne, todos os que assistem se adornarão de belas plwnas de d.iver,sas co.res, ot1 tingirão
todo o cotpo. [... ] Ele será e11tão trazido à praça pública bem amarrado e garreteado
de cordas de algodão. acon1panhado de dez ou doze mil selvagens d� região, $CUS
inimigos, lá será morto como uni porco, após várias cerimônias.''
79
� nc 1e,1 é Ja premiere peau elles le font aussi blan
Q u'en ava
le cuísi.tliers par deçà saura t. ent � . c Qu e
,a1re un coeh on de lait
5 Pr êt à
rotir•'. •
Longo também é o trecho em que Cardim descreve o
ritual an
tropofágico, mas, no conjunto, afasta-se dos três acima me
nciona
dos. Comum, mais uma vez, é a alusão ao p orco: ''Morto ri
O t ste
levan1 -no a uma fogueira que para isto está prestes, e che
gando �
ela, em lhe tocando com a mão dá uma pelinha pouco mais
grossa
que véu de cebola, até que todo fica mais limpo e alvo que u
m leitão
pelado [ ... 1··. 59
80
É em Tbevet, Léry, Nóbrega e Botero que a estrutura da des-
. ão do ritu al antr opo fági c o se mo stra mai s igua l: as par tes são
Cfl ç
ma s, va ria ndo a ext en sao
- , ma is
. co ns1
. d era, ve l em L ,
ery; em to-
as mes
elas, 0 prisio neiro é cevad o, amarra do. prepa ram-n o para a mor-
das
t e, ele fa la do qua nto é cor ajo so, alu de aos que ma tou , e aí, então,
é mort o , assem el hand o-se a um porco . Soare s de Sous a e Card im
fere c em elem en tos com ple me nta res, me nos ass imi lad os à estr utu
o
ra nar r a tiva e fun cio nan do , talv ez, com o mer a info rma ção - que ,
a liás, pod eria ter sido obtid a també m em outro s textos . O que os
torna identificáveis, aqui, à narrativa de Botero são antes as pecu
liaridades da trajetória de vida dos autores: um antijesuíta e pole 1
81
,,111111,111,i-1•1< 1..•11,crt1tlilc t1v1,,,1 IUl� tlc I' I I
li! lll
)�
"l\tct<, iaicli\·a 1 ttt•c. ,1t�.,.s1, ê11c1l'tt. t'clr\ fip.ttl :1vt\ .�e ltttt•
�, fo, ,11•,t
l,r.t,,lt' 11..·, , 111,, tl'lt. 1�<)1\' tt' <1<1 rt1,1,a,Jt, tll·t i11ftiv:1
11itttfc it .
eu r·u "
t )1 J10
li • t'lll l(l(l(t', (li\ Sl�r,titl()\, ,tlC) lllllVCIS
, � •• l.! l ftt..
\) clt)S C.:lll{)f)C
(
(;() ()IIÍ7.ttclor
, ll�
t,c\l,\lt'i .tp.1..1&,l ll:t SC�ll&lcin 111ll'(C, St)lll'é
(lS l1t�� e fcitlccitos C:S.
t ll o
t \�t t ('l\;\t,lt\Cl\ll\ (lt• ltltlll.: l ll'{)� t' J)l'C�SllO, t:()111() se Sflbc.
..
f)l'C.�t!Jlto ll(
;\/,,ll('II.\ 111,1/lc..:/1('(/f'IIIII (l,186) 11,11:1 clCSl8Jl{ll' s l
� >l'llX(lS. u 611,1 Lradi ã
)
82
111, 1, 11 IH J)CJ so11,,, J>da 1 1 rn: 1>tlt'lt111<• tl'u <lo111 I: dt.,r,,, f11,ul1t1c11te c�11í
tull, �l1c 1,c,1 uJ)l>ttrt tli chi �ll\110 111l11i�trl. Jrl1alti CJl1c11ti rnovirr1c11ti, �,
luvrttl<> c<)tl nc<1\tt1, e tii sii111ttr10 sn11titicull, e tli Lnnto nlugBi<,r virtu,
e 1,crfczlor1c q111tnto so,10 stt1rl r,lt\ ft1or d1 r;c, e f,ttto 11)0lll pj\i l,ci;tiali,
°
e tJII , ltt1r>cl'fi11ct1ti. l)lcotto c}1c i loro 11111gglori li,•11110 tltl vc11irc in un
11 uviglio nl flrusil, e �1 rin1ctcrll i11 Hbcrth; e cllc allon, i Pclrtoghesi sa
rnr,n<> Lt1tti co11st1rnuri: e se 11c restarà pur aJct1ni divcr1nno �<.;i, o porei,
O sirtlili anin1ali. Q11esta vanità. e folia e nt1clrlti,. e fon1c11tata dai toro
sor>lltlO Sacerdote, cl1e cssi chia,nano impt1dcr1ten1cntc Papa. Costui
si avcva H(Julstata ta11ta at1torità, e fede, cl1c per 111czo dei sL1oi minislri
sollevava tl1tlo il Brosilc. Si cl1c moltj abbaodonô lc case de' Portoghe
si, c'I scrvitio, 11cl quale ernno impiegati: tnolti anc.he ammaz.utndo tutti
queJJi Cbristian.i. cl1e lor capitavano i11nanzi, si ritirava,10 r1e'boscl1i,
O ne'monti. Anzi alcuni scannavano i proprii figllt1oli, affin che non
reccassino toro impedimento alia partenza, o lor fossino d'impaccio
nella ftaga, o li sepeLivano vivi. Disturbo questa pestilenza principal
•
n1ente il contorno deUa Baya, ne si poté acquetare seoza gravissimo
travagüo, e de' religiosi, e de' magistrati Regii. Et e cosa degna d'esser
avertita } 'astucia dei Demonio in oppugnar l'autorità del Papa, poi che
tra noi la combaté co'l negaria per bocca di Lutero, e di Calvino, o
de' seguacci loro: e nel Brasile co'l contrafaria per mezzo di ciurmato
ri, e d'altri suoi ministri. 64•
Na Informação da terra do Brasil, Nóbrega descreve ritos incU
genas de transe e possessão por ele de11ominados Santidade. Mas,
na passagem, refere-se a manifestações milenaristas
,
comuns aos tu-
pinambás, e não a uma ocorrência específica - a Santidade que te-
(*) ''[...) esta raça de homens suscitou no Brasil uma espécie de superstição.
de tanto maior perigo e dano quanto era mais semelhante, e conforme aos ritos, e
ao uso da Igreja San.ta. Eles criava,m um chefe supremo para as coisas sagradas, co
mo fazemos com o sumo ponUfice. Ordenavam bispos, e sacerdotes, ouviam confis
sões, 1nantinhan1 escolas, e ensinavam crianças sem mercê, ou salário. Celebravam
•
nussas, porlavam rosários para dizer suas orações; faziam sinos com certas cabaças�
e livros de cascas de árvores, e de certas taboazinhas; com caracteres não intelrg{veis
a outros, que não eles, e se diz que o demônio os tinha inventado, e os ensinava. C<r
locavam a essência de sua religião, e santidade, na loucura, e para chegar aqtiele esta
do, bebiam o suco de uma erva, que os brasilos chamam petimã, de grande veemên·
eia e des·mesurada quentura. Com esta bebida caem de repente desfalecjdos n� chão,
contorcem a boca ) lançam a língua fora; se retesam, e se contorcem poJ terra, com
tremor de toda a pessoa: falaio entre dentes: fazem flnalmcnte tais sinais, que pnrece
que são rllinislros. Terminados estes mov.iroentos, J�va1n-secom água, e se cnêen1 san
tificados, e tanto mais virtuosos e perfeitos quanto 1nais renham es1ado forn de hi,
e se tornado bestiais, e irnpcttincrlles. Dizem que seus majores hão de vir ao Brasil
cn1 um nnvio, e pô�los ern líbordndc: e que cntllo os port�g1.1cse_s serão rodos
83
Cab ra l de Ta íd e, se nh or de Ja g ua r ipe .
rerras de Fe rnã o
ve Jugar nas
a passag em:
Vejamos iro s de mui longes terras, fin
un s fei tic e
em er 5 anos vérn
ce rto ao cern p o d a s u a v in d a l}1es manda m limpar
s c tl �d ad e e
De
,,. o t raz , e r san I
co m d an ça s e ,e
r stas, segun d o seu c ostu-
aín d
e vã o recebê-l o s
01 cam .
1n 1 1os d a m de duas em duas
lu g a r, a n a s m u lb. e r
�
e s
me; e ant es que h e g u e m ao
. s q u e r ·
1z er am a . us
se
t e as falt a marí-
C
1 en d o p u b h c a m e n
pelas ca\aS, d·z d o p e r d a ? d e 1 a s .
a , a s o u tr a s e pe d in
u m
_
d os co m m u it a fe st a ao lu g ar, entra em uma
feiticei ro ,
Em chegaJ1do O
ca ba ça , qu e tr az em fi gu ra hu m an a, em parte
car.a C...-,......,ra e põe um a , r.
a se u s en ga n o : i; , e m u d an do sua prop 1a voz em
mai� conveniente par d1 z qu e c u re m de trabalhar, nem
ca b aç a, Jh es n ã o
de menino junto da e nu n� a lh es faltará
po r si qu e
:ão â roça, que m an tim en t o cre sc er á,
e as enxadas 1rão a cavar e
O
e po r �i vi rá a ca sa , e qu
senhor, e que hão de matar
que comer, e qu
ao m at o po r ca ça pa ra se u
� � frechas irão
muitos de seus co nt rá rio s, e ca tiv ar ão m ui to s para seus comeres, e
lar ga vid a, e qu e as ve lh as se hã o de to rnar moças, e as
promete,Jhes
qu e as dê em a qu em qu ise rem ; e ou tra s co isas scmelhan.tes lhes
filh�
e p rom ete , co m qu e os en ga na , de ma ne ira qu e crêem haver dentro
diz
da cab aça aJg um a co jsa san ta e div ina , qu e lhe s di2 aq ue las co isa s, as
quais crêem. Acabando de falar o feitjcejro, começam a tremer, princi
palmente as mulheres, com grandes tremores em seu corpo, que pa r e..
cem demonínliadas (como de certo o são), deitando-se em terra, e es
cumando pelas bocas, e njsto lhes persuade o feiticeiro que então lhes
entra a santidadt; e a quem Isto não faz tem-lho a maJ. Depois lhe ofe
réCem muitas c-0ís� e cm as enfermidades dos Genlios usam também
estt!. feíLicciros de muitos enganos e feítiçaria.s.6S
85
o in a l do séc ul o XV I, er 1t re a C om p an hi a de J e su s e O 8 anto
Ies . n f . _
qu e, at é o m om en to , ai nd a nao se fez.
Ofício _ 0
Escri ta, co m o as de m ais ca � s ãn ua s, em lat i m , esta, de 1585,
_
tra du ç ão . En tre os h1s tor 1ad or es que a parafrasearam, c
abe
não tem
er af im Le ite e Ro be rt So ut he y. Ao se referir à Santidade
destacar
to ria do r do s je st1 f tas diz qu e a ân ua de 15 85 na rr a tudo circuns�
O his
tanciadan 1en te , e ac re sc en ta : ''A de sc riç ão de So ut h ey [ ...J tirada de
Jarric, J/ ist oí re de.s cl1 os es [ ... ), é tra du çã o qu as e literal, um pouco
enfática, daquela ân u a ''. 69
nhecendo perfeita111ente o poder que nas mãos do clero punha esta parte
elas suas funções; institt1fram uma espécie de rnissa, e rosários por on· 1
86
num navio a livrá-los de opressores, exterminando os portugueses, e
que destes os poucos que escapassem seriam convertidos em peixes,
co
por s e ou tr as an ·
1m áli' as. 71
CONCLUSÕES
87
•
• l
.
"er 'ficou
1 ' po r ocasiã o d o co n c ílio , A lex a ndre P icco l ·
conforme ,. omi ..
e natu ral. igu aln 1ent e, q � e o cos mo gra fo �oter o, jesuita,
ni. 7J Pare c
esse das cana s dos comp anheir os de ordem a fim de constru.ir
se v al . .
sã o d o m u n d o . A co sta, N ,
o b .
1e g �, An e b ieta tivera m desta for-
a sua vi .
uro pape l rele,, ante na cons truça o da cosm ogra fia européia
ma
moderna.
Entretanto, ao mesmo tempo em �ue s.urg1a uma nova sensibili-
dade, mantinha-se O apego ao centro 1rrad1ad or, a Europa católica.
Era O que lhe .Permitia continuar olhando par�_º Novo Mundo nos
terinos da heterologia de que falott Certeau: a �sao do outro era ajus
tada pelos parâmetros do imaginário católic?. E aliàs a leitura contra
reforrnista - presente já na Anua de Anchieta - que ressalta corno
1
mais interessante do trecho sobre a Santidade: o arremedo da missa,
�
da ordenação de bispos, da reverência ao pontífice, enfim, os ele
mentos de uma religião às avessas igualmente característica dos re
latos contra presumidas bruxas européias. Anchieta e Botero trazem
ainda uma referência inusitada ao infanticídio,, outro crime imputa
do às bru.xas por seus perseguidores e ausente das demais fontes je-
ufticas conhecidas: para se verem mais livres na sua idolatria, os
·adeptos da Santidade chegariam a matar os próprios filhos.
O procedimento rnetodológico de Botero e a noticia qu'e dá so
bre a Santidade do Jaguaripe autorizam ainda hípótes:e muito im
pOnante para o estudioso do século xvr luso-brasileiro: en1 cartas
ãnuas ou em outros documentos ·até agora pot1co explorados pelos
pesquisadores brasileiros há in"formações cruciais sobre a vida coti
diana notadamenLe mági<:o-religiosa. Muitas dess fo
as ntes repou
sam .. ind�ssadas, nos arqut,'Os da ordem, em
Roma� Quatrocentos
ano at.ras. foram elas qu_e permitiran1
ao italía110 Giovanni Botero
VlaJanle freqõentemente imaginário
• � - J
..
•
'
4
POR DENTRO DO IMPER/0
Jnfernalização e degredo
89
•
anic t1lava m-s c, dest a form a, desdobr amentos diverso
do c!cgredo s de
\
gratldl� rito d e p a ss a g e m .
uni
tud o ir1 ica , fo no séc u lo xv 11 q�� a �nquisição Por
i
-Ao qu e � � tu
lô n1 a am er ic an a cn 1 lo ca l pr 1v 1leg 1ado do dcgred
J·
guc a er ig iu a co
Co n ul ta nd o- sc as lis ta s de at 1to s- dc -f é re fe r en te s ao s Tribunais e
Év or a. Li sb oa e C o1 · n1 b ra , no ta -s e qu e, a pa rti· r de J 606, c omeçam
. . nante
a e ticcder em progressão 1mpress1o os casos de réus degreda.
si l: 2 l1on en e mt1l e es acusa os d j dru'sm o,
do p ar a O D ra : � � ? � � biga (
l c. ilr''. 1
� )a -�u Ltdo a tlcnrctl,-r t1 m . . . �
,-. t'ttl..gues•u '".� lt '
t ' ,
rlllçJc> n1a1c>r de ré11s, tl lnt1t11s1çao
')O ,1 118• e'r'10 ll()f(ll· tll<) numr1 "
c<l 111 • to ltlais a1111)lo, no qual
YO
d os apa rel h os de poder em p en ha dos no vasto processo de
era llf1: o com um às soc ieda des ocidentais moder-
excl usa o e nor ix iati zaçã - .
na. · .1 ª 1 pr oce s so com po rtou gra d aço es di vers as. a sup ress -
a o d as
· s 8 -r. ·
ria s, das het e rod oxi as, das par t1cu lar1 'd a.
d es - um R ·
e1, um a Fé ,
rn1no · - exemp ar, o exiili o r1tua
o I
·
l . Tam bé m
0 suplí cio e pun1ça
urna Le. 1 - ,
pess oas, o que , para portu ga, 1 po· d e
•
91 •
24 , q u atr o an oc; de dcJ!rcdo. ahj11raçàcl en-1 for 1na _
em 16 . . q u e er a
e- , cár cere , há l11t o rcn 1te nc1 a 1 per p étu o e açoit"'s
m'l,c.u;5 gra v "' Paras·J..
n t o n 1a . 11
mão R ib e ir o e A n a A •
92
or exe mpl o, o cas o das bolsa levadas por alguns dos réu
É
a B ra sil no século xv11. Contendo pedaços de pe
•� par O
deg:��a º;stas bolsas t jnham o objetivo de defender quem as carre
ra de ferimen tos com ferro, e aparecem simplesmente como boi�
dgasse
b /.S'a de corporais. Revestiam-se do caráter dos amuletos.
Síl ou O·
'do s
· pelo menos desde a Alta J dade Méd1a, e se atrelavazn à
conheci · · ·
d . .., o das pedras mágicas e de VJrtu d e. D'f t und'd1 as pe 1 os mecan1s-
tra iç a
d O degredo e da colonização, estas bolsa se multiplicaram no
mos • · bras il e 1· ro, de Norte a Su l , do Ora
· or10 -
, XVIJf por t odo o terr1t ,., o
·secu,1 o �A n G r i . Ar 1culan .
o-se a
· ·
prat1cas m g1cas e e " ·
ie1 t ·
Para a tvJ i as e a s •
t d á · d 1ça-
. e pecificamente africanas, tornaram-se bolsas de mandinga.
r,a s
Aqui tem-se já uma forma espec1'fi1camen t e co lon1a . 1 . 1Y,an
AA' d',n-
au malinkés eram povos que habitavam um dos reinos muçul
gas d o vale do Níger por volta do século x1r1: o reino de Mali,
ma 05
u ;entre nós, passou a ser designado por Malê. No Brasil setecen
�s�, os malês (em principio, habitantes deste reino) eram tidos co
mo mestr es da mag-ia negra, trazendo ao pescoço amuletos com sig
Sa lom ão e ver síc ulo s do Co rão . 11
nos de
Portanto, por mecanismos vários, entre os quais o degredo e o
tráfico, e que remetiam em última instância ao sistema colonial, a
bolsa de mandinga setecentista designa uma for1na específica de ta
lismã, capaz de congregar práticas européias e africanas. 1\-ibutária
de três continentes, ganhando vida na articulação triangular entre
Etiropa, América do Sul e África, constituindo-se no seio do siste
ma colonial, esta prática, por motivos óbvios, acabaria se prolon
gando na metrópole: no século xv1n, os escravos negros que habi
tavam Lisboa - seja por terem nascido lá, seja por lá terem chegado
com seus senhores, antigos funcionários da burocracia colonial que
retornavam à sede do Império Ultramarino - conheciam e difun
diam a bolsa de mandinga, expressão incorporada incl,usive pelos in-
quisidores.12
Dentre as práticas mágicas e de feitiçaria que trnsm a
igraram para
terras coloniais e conheceram alterações significativas, cabe por fim
alt1dir às orações que invocavam Maria Padil'ha. Há quatro casos de
oraçôes deste tipo entre os processos de que ora se trata, e há notícia
de dezenas deles no Brasil setecentista, asso
ciados sempre a outros
elementos das orações de conjuro. Aind ho M
a je, aria Padilha encon
t:a-se entre nós, brasileiros. Na um
banda, forma sincrética de religio
sidad� opular que incorp
?_ ora o catolicismo, as religiões africanas,
as rel�gioes indígenas e o
kardecismo, Maria Padilha é Pombagira,
ou seJa, um dos espiritos
incorporados pelas pessoas que freqüen-
93
---
'
94
ttcittr,1 ·, �ll ll cc 11c Jt! 1 :1 f >f Jtl }t J1c J H 41 t(s. l ,,
t l(l ()s t •• lcs •'tJ' <
,11ot1vt>S J CV ,, 1 l 1111 crlxcr�,stv,, t• s,1;, 11,ais i1nJ)t)1'tt1r1tc c,,10,,iu: <.li w,1
• (11 l l • • •
tiíclo
o • -
r r, 1 d e r1,l u-
ib
lc u
tr
lr at
1 •• ct ,n
;>, r, a i 1t1ortt: as"on1-
. •
vc . 1, •. ,,..... ...,,. 01 PorLt1ti"'al. N(> nJét.
•11s 1�l c.f .
<;V C <,;l 11
c,u
1r1 1:1 gc n1 ué
I.réi · < s
vc 1c u
11 c1 n p os so d iz c J', 1>o r 11 ão sa b er r,i r1 ta r ta n ta 4,
,ã o q tt cr o
v �· :'cu
gJ ifc r c, 1t cs n o 11 ú rn �r o e tã o
�r: ª�11cdoiJtt(t..'i torn1c11tas, tão ,t
1
�c n 1clJ 1an
rte, q t1c cr n t o d o s o s flt o s d es ta tr ag é-
ccstã1oia r·ig u ra e imagc111 ela ,no · d e
t. c f" 1g u ra , .,· l a n c l o co r1 1 g ra 11 c� p an-
Ja c n t ro u se rr ap r p el a p ri n c ip a l
. .
a
, . a
d c.lc Lo do R co 111 0 se o te at ro ,
r. • , to d o se
. .. u ... , , di r1
se n1 1 or a Os $C
to, e L ã O
s so b rev iv en te do n au t· r ág io d a na u Sli o fr an c· i sl ' O cm
Gaspar,� Af · o n o , . .
e � L 1s h o a. cm 15 65 , qu an do
1596. ec o s d as ca tá st ro fe s ap o rt av a m .
o s
er qu e C oc ll1 0 na t1 fr ag ou do B � 1l, re bo ca ram-
Jorg e de A lb uq u v1, n do
na u e cx p us er am -1 1o s, p o r de te rm in aç ão do rc ge n -
sc� o 5 destroços da te d a .
J re .
Ja d e s- a o P au 1 o , '' e cs p a o
ca rd ea l d . H en ri qu e, à fr : n � p o r �
le te ve ge nt e vê -la
qu e alL es qu e er a co isa
de um mês ot1 m
ia tan ta
aj s
ad os ve nc i o se u de st ro ç o ·.2 0
espantosa , e to do s fi ca va � ad m ir . :
nt ar tr a ve ss ia tã o te rrí ve l, t1a v1 a qu e se te r sa ud e bo a;
Para er1fre ,
am qu e a fa lta dc Ja po de ria liv rá -la s da pe 11a
as rés logo perceber ar em o de
se ns ib ili za r os jt1 íze s no de co m ut
ou pelo menos se nt id o
Di zen do -se fra ca , Lu zia de Jes us ale ga va qu e, po r est a raz ão ,
' grtdo.
não tír1ha ''f orç as e ne m su bst ân cia alg um a [ ... ] e ass im pa ra pa ssa r
as águ as do ma r cor re mu ito per igo sua vid a e não é po ssí vel che gar
lá ...''. 21 A gota-coral - denominação dada na época à epilepsia -
era o mal mais freqüentemente invocado. Foi com base nele que, em
1624, Luiza Maria procurou se furtar à pena, conseguindo .. o: os aci
dentes da doença sobrevi11ham ''notáveis e vehementes'', durando
''grande espaço, e para a sossegarem aos violentos movimentos do
mal a não podem aquietar quatro e cinco pessoas, como é notório
e o testemunharam as pessoas que tratavam no cárcere, e assistiam
no Aulo de Fé, aonde padeceu um notável acidente''.22 Alegando es
tar ' entrevada e cega, passando muitas misérias sem ter com que
1
95
J. a , c a u l
1
as
,,
m
ai
,e·
_r ....... -br ,�l na
r · ·l ·1 a
_l
aod,
ti ·o·nd�n- da e- d gr: do
i
r .la
• n ara iI -.u mprr
a ma . ...
·u. ,u
po-
_I-. a - .te
,1 ' 1 1 - r,�o
2
n.:-o
... no ·d
r··ul
_
1d,-_' .l a Jor r p -
�da h ''b1, -
·d
z
,l'i - ,d n
-a
it ..
pod
l
ã o q ue lh e de ixasse a filha cumprir pena cm algtJm lu�r
ª sa 1 v� ç 8 Mãe e filha partilhavam de opiniãc, e<,r
> con clu ía ela.2
do R e 1n O ,
: cerc a de qt1arenta anos antes, d . e onstantJ
. no BarrtJ,
rente � a ép oca
po do Brasil ' escrevia ao Santo O fício dando sel1 p arecer 'if'
das b 1s
i·a· · '' [ · · J esta terra, onde há mt11ta gente nova na fé, e c;1Jtra
bre 'a Bah · .
aqueles de qt1e se espera ma,s e'.<en,plo,
estra n g ira ' e uns piores que
e . d·1n h ·
e1ro, r
arece vier am à terra a aJuntar e n ã o a J azcr ·
JlL 'i
•
trça' '. l':,
ue p
q !624, 0 Santo Of1c10 ' . comur1gava d a mesma op1n1 . 'ã o: a o comu -
E
m o degr edo de Ana Antoni a do Boc a para o Brasil, determ ina v a
tar
e fosse deste rrada para
sempre do arcebispado de Braga para que
q� i
re ncidisse nos erros, mantinha que se cnt1nciasse publicamente
s ença como se a ré fosse partir para além-mar, mas concJufa:
ºª�nt
�.q tie em e feito não tenha o dito degredo pelo perigo que há vivendo
naquelas partes de a tornar a enganar o d.1abo ,,. 30
Atravessar o oceano representava um temor confesso: além da
perda da saúde, podia significar a supressão da t1oora e dos dotes
físicos , diziam ainda as degredadas, abraçando sem saber as idéias
de ilustres detrator es da América . 31
Em 1647, a bfgama Ana Lou
rença pediu suspensão do degredo en1 nome do grande perigo que
corria sua vida e sua alma. O primeiro marido acorreu em seu so
corro, prometendo ao Santo Ofício voltar a fazer vida com ela: ''com
O que se fica evitando o estragar-se a dita Ana Lourença por ser mo
ça, e pobre, o que não tem dúvida st1cederá se for ao Brasil''.32
Uma questão assombrava a todas elas: o que faz no Brasil urna
mulher sozinha? Torna-se prostitut a, presa fácil de piratas, mendi
ga'? O pai da joven1 Francisca Cotta, que era capitão do rei na Praça
de Mazagão, ''teme que indo a elita sua filha ao Brasil só desamp�
rada, por ele suplicante não poder ir com ela por ser Qm cavaleiro -
pobre e achacoso das pernas, seja causa de maior desonra sua por
ser moça e b em parecida''. 33 Luiza Coelha, que ao que tudo indica
embarcou junto com Francisca Cotta para o Nordeste brasileiro, ten
tou sustar o degredo com uma petição que alega-va o seguinte: ''e
porquanto é mulher moça, e andando em embarcações em tempo
de guerras poderá ter muitos perigos na vida e na honra, e outros-
s1m tem seu pai e sua mãe muito velhos, e ambos quase entrevados,
. .
e �uer esperar neste reino ao dito seu marido, pois c0nsta que é vivo,
e indo ao Brasil poderá perecer e padecer grandes infortúnios...''. 34
De Salvador, Joana da Cruz escreveu uma carta truncada e confusat
difícil de ler pelos erros ortográficos mas clara o suficiente para in
forma� que seu navio fora assaltado
por piratas que lhe tiraram tu
do, deixando-lhe apenas
uma saia velha; na travessia, continua ela,
97
'' u
•
pr _ ..
..
ri
1 1 )"
,.
.n u-
,. ,
.1
, •.
· a sse a volta de Catarin a Lopes; não há registro de seu retor
autori: que o Santo Ofício lhe perdoou o degredo.39
no, m s sab e-se - · •
Al ém da pu rg aç ao , a qu e vi sa v a o S an to Ofí ·
cio qu an d o d egr e-
s eu s réu s no século XVII? O saneamento do corpo social pelo
dava . - .
do s m aus f 1 é'1s.? S e assim era, como exp 1·1car que nao sem-
i
exp urg o
como se de com eles seguir 'maculando o corpo social da Colô-
. sobre O qual também 1nc1 iam suas 1nvest1.das.? eontrar1amente
<las . 'd . .
rua,
s ac red ita va o S a n to Ofi cio· que no B ras1·1 se emen dar1am· pe-
aos ré , u . •
e ? Nã o parece plaus1ve , 1 , pois o mesmo n-·b
1 una1 costumava
ca dor s .
. n vocar os maus costumes vigentes na eol"on1a . e que, a seus olhos,
� desqualificavam. Numa época de guerra e de retomada do territó-
·0 talvez a Inquisiçã
o cedesse às pressões do Estado e concordasse •
99
....
\
... ��.......... .
,.
·, '
... . ... .. ' (
'- ,.\ 'I i<.' 1 ("t tl\\f,�l,l�' l)<.'l,'\ ��ll\(\) )ft,'t () L'l,\ 1\f\rtl' l.tl t)t••
t t\ � .J 1\ t�
• •
--
� �,\ tll\ "\\l" ,:\ "' �' Jc) ,' ,,,,, )''.t Jfl1("flt) $ç !1l(crt,n\'llf\1. v,�.,-
i� ....., '\ , \\. ' nihttt\ \\ t'",'l\l\,\ ll\i. 1\\t'l\t{\T\ ':ttlll'flt�' U) 1.·�)l'J'<) �0 ..
' ..\l, , 1..l "�ttl t'l,l't\l?1 t111, t\, ,, itl\\'tlt , l" <.'" ·l11s)o 1111 ·inc_Jo
,,,,1, 1�\1\ ii.
l., } t 'l'fiJ � "'" i '(i.,(t '. '-l''<.\ 1 ,,r 11, ·it) i.J, lt'11 t111cin� rcjcitil 1
, l,· � 111"�\�1.\, N ) t1·!\11s ,, n.·r "l l 1 1 ,�<'�!- ,. çr:11\1 lnllll� ao reta
' n li '$ r,·1r�, 4ttc;' �e.' t •i1,t ·�r.\�.'' l< \.'\)rl)\) <.t() <.111 ,t :1 ·r,l1:1r:1 tlc se
, 1 '--'xl\i,,l"'· t lt1, 1 , •., 1.',)11ti{·11 t<li.), ._, ,-x�t,1�11t., J'>L)tiin sc..'r l t•,1i1u�, t\1.) li·
tlllf ' l, r�tl�f\l:\ J�1 .ti' ,$,�\�i�\ ' ti:.\ <'� '\'tTtttrtlt \'-), l11,ccli11t:ttnc111c.
f r ..�tl,, .\ .1l j\11·t1ç l(' 1 \ t,ti('ij tll) ,\\ltl''.\·tic· .. fc- (!lt lllLlt· sc)l t.•ni ( lOlle Q\tt.'
·,�·1,ti t'' irllein, i11lLtltiln� \ <..' :1ltt'rtlt1 l \ll\C:tttç) p1 't)i ·i:1v:1 tt l'l'iltl�gn,.
·, ,, t) rt."1\ ._\(\ �r�tt\i i., lg11t'.i;1. ) J):\�. t'I l'&11i11tt' �1�\ 1111\lt t\t)\'é:\ e., ..
•lt1�:\1.), S\lllh li\',l ' fisic�,: � "'flfl:Cre, ('I l\t\l)i(O J)t'llitCl\L'l�ll, \S � llc.:s,
> 1.ic�rt:1.ll,. 1 t'�t últit\lt) 't\� , <lllt' � e) Qllê <.>r:\ it\tçt'e$ ·,,. <) ir1clivíll11c..)1
it11,l ,1i1t11tt� t'sci�111t\f i:,, lllcl ('t)111 ) reta J:� 1 nq11isi ào e co,110 dcgrcdn ..
l� \ i:l Sl' \'()ll)l)Cli,1 U l)llr!l�\r Sll{\. t\llp \S 1\ú �111,,ctl! J)\lfBSlório Qllt.;
"'()t\ll'l ,hsur\'l)l\ , Jt\�\lÍft\ 1\t\1.ln"tlt1i. 'l'll 1; l)rt\sll: t:11\ 1711. cscrcvii1
\1;' (l.llt' �$tt1 C olc\11it1 c1 , o inft:r11t) d(lS rtt'gros. ()t1rgt1ttSrit) do� t,ra11·
"',)$ " l �\11\iSl l\.l, 1\\\1 l,t( l)�. 4J
e l'i'\ ,11,1 :l tJ{\S r1c1,rts tio Sn11 tcl Ofit:Í<.) 1 r11as era ta111 b�111
() li�tt�d()
l&11, ,,,�.t11i. ,1,c) dt l..!.Xl·l,1s0t) <..'\tjc.) si�ttificn J ult1·n11assi1vn <l à111bitô
Jl, "íl'i\)\\n:,l e se \.'t\�nsta,it\ 11cls 111t:�1ndrus ,1:1� rcl.tçõos c11t rc a IVJct ró-
P lt.: � '\ 1 l ()l()t\itt, (Cll<it) tJOll\O 1.:()0(�'{(0 J1istóriC() O Atlfigo I{egitl\C,
l;t\Q\ttltlto t1\l'C�1,,i�1,1 ") ct� t\--:cl,asào, l)l1rificitvn a 111ctt·ó1:,olc de Stlf\S tlltl·
1.tl.\$\ ll'. ·uroos.-,t\tio-ns llR cc,lô11in � se i11Jr<.1x ii11�tr1,10 de ot1t ros mcc�
tlisn)\,, �c.11t1u1ts t\ l)Oca, �c._,1110 Jl<)r ext::1111:>l<> a,, ,vo,·k/1t,11J'l'S. Pcr1nt·
titt{lo c,)t1c J)Ot. tl • ·olí\nias flt1{s �n, cle1t1c11to. <.1t1e� cn1 O\ltrô co11.tcxt.t>,
�m.ill itldc"�ii\vuis, l)�rr,�t,anvn 11olns os �otupor1t\1nc11tos tidos con 1 o
<l(S\1 in11tc�. Ao r�,1.ê .. to, Ncriuvu 11a çolõ11itt o \111iv�rso 111t}tropolita 110
e, i.1\\ttlt,1nc"l1110,,t�, 1rrtbi1lh,,vn nQ se11tido tle 111oldsr o saia contrário:\ ....
:
t\fttlO\,� dcircdQ crn tt,rt\llêtt\ a face negra do proccs:;o ac)lo11iznt6rio. Y"
100
-.. ltt, , " r�:ll<), Jl \l'flltlf ), ,•1t1ll!\ttt l)tt11, lcrrn � • >lt)niui� elctllt.'rt-
t cl c. � '
CI i1l1 <.'S irr is · r1t )S C 1·ISJ)l)Sft'I� U J'Cflt' )(i \lllr . flOS trÓJ)i·
,i l<' � f)t) r
t l)� 11 \ l l t
.
1 . t • . . .
<.)l1lt\11t1. t)' t 1111 t l 1crcgcs. tc1t1�·c..·1-
..·\>S l> lll 1 ir\ut) rtll-'trt>J'
1\ i1 s 111,1t 1111 Jt:111
J..
, . • . •
11 1
l ltl$l't:tl tl>S. ,,isltlrtt\1'1<>:. l�\.lt'. 1 ,fl , 1..�z. t1 C()lôr11n, r1111tt·lr1atll n •
1 n
l'\)S
' tç111t 1(:icl tln l>I' t�111 �st;,l1cl�"·,,t�,. t0r111,1tllo�s�· t\gl.':11tc� tlc
t)n.s,1;�· l t S\l�
• · --·,-. , • .
tl�\ t lll · t 1L \ r ll)\'º ,, ' ·fnt<.::-.-.�
1ltll '"ll )l't'SSl"'I t>rt�l
't)ttrnntt' 1_1 :;e' ·111\') '.\ ,·111. t)S �<)l{>rt<Js l1t1l)1t�\t\lcs ,tns fçr1·:1s l>rasi-
. • . 'l)ti�rr liirn11111111l11ti11ilt11c11lc n ,1crcc:1)\';lo tio t1,11.; l.. lais cll>S St,\11-
1c.:t I l:í "- .
llt c:1 1: 1 l.'ll:\111( )\1 .. · , ·:14 V·l\fl·tl-SC Crll C()l ôt llt\
''t) \'l\'�1' t.:IT\ C.:() l0111ns ·
(t)S , \ /'
1 • · " ' .1. ' llS,
''' ll) J>l< 11ri ' l 011 t t)\'ll' f<1r�·:1 u
,1 � 'll'CllllSl!\11\.'.IOS V,1f l Clllfl" l'll\S
t)()l'I.}•,• •• • •
• l> ( lc �,11, I <. >. l\itcc
,111i�111<1 Jlt1111t1vt> t..:t1rrt'111c 11cJ A11t1gc) ltcttLI11c. o dc-
• .
1 �
�r� 10 S(;f\•'ill 1111�1 g111'l\l\t.11· : f)Cí'I)�( llf\Ç�lo (. e 1�rll\�lS <.;l,J 1 (\)l'lll$ r>�l'lll-
1
$11:-- ('\tr , 1c.:i: 1s) 11r , St'IO <l:1 sc'l c1é(lttcl � t:olo111nl. A lg11n1{1� s� i.:r1stu·
iuê ( 1
u,nrnttt l' IJc.'r111�111eccra111 i11:1l1 ·ri1d:1 nt ravé, dos 1cr11pos. Mas n111it1\s
. l rccontl>iti�tn1r11 e s� r�·ft111clir�1111 0111 111c,cl:1liclacl cs cspecific<1tt1cntc
�e,
/()J
Segu11da parte
J.,JJCRODE 10NOLOGIA
O diabo e as tensões cotidianas
105
ittt:i<l mitt 1ào ele crt1zad o, - 0,1 seja, a 1nctatl c elas receitas cln
. , . ua1s
ll<l J)a{s _ a a,1to nt. ) n11a po 1111ca. 1,
�scapnr,tm
. cerca de ccrn pc.ss
l'.
. >: o se b asltc. 1111s1110. 0 .
��1111c<. oas
VÍ\tts e tim 01jt<.) n1t��s1 - Jttgo es,Ja iihol <a Pro-
.
ftir,cJara r> pi<.lL'l' SS<l cic Cêl�t�l l 1!ln1zaçac.l cr11 curso no pcqttc 110 reino
lttso descie: tl$ tcn11>0 � o r�1 ti. Ma 11t1cl, <.J llC cor1tra í r,t rnat rimôt'li o
�ucc� 5ivan1c11tc co111 ires pr1nccsns da ·spanha. , .
Es1)ar1l1ola tarnbé1n
eru d. J<>illla. ,t ir111à d e r.·11.1pc 11 qt1e o 1,r1nc1pc d. João, hercleiro
do tro110 na linl1a ct� st1cc são de <l. Joãc) 111, dcs1,osara ern 1552. Por
tnnt<l, fala\'a-�c cspanl1ol na corte !)Ortugt1esa - que gravitava em
lt)r110 eia rair1l1n -, e rcvcrcnciava 111-sc os nt1torcs do ''Sécul o de
Ouro'', c\tltt1ados ali�\s cn1 toda a Et1ropa ela 6r)ocn. DescJc o firlal
do século xv. até o� J)OJ'lltgt1cses, como Gil Vicente, cst:reviam 118
lingt13 <lo pais vizint10. 2
lé111 das rainhas e dos escritores, vi11ha da Es1)ar1ha uma ver-
dadeira ••inva são n1ístic a' . 3 No prin1ciro qt1artel do séct1.lo xv1, lá
\'iceja,-a a C'ita do , 'alun1brados ', forn1a interiorizada de cristia-
1
11.i n10 · ·dotada de t1m forte se11ti111cr1to da gr,1.ça' • e qt1e teve como
,1m d(! seu principais expoc11tes o frade franciscano Melchior de Bur
gos. egresso de \1ma família de jt1deus convertidos e dotado de acen
l\tndo ,,er1dor profético:1 rlo\1ve no n1ovimenlo predominância fe
r11inina e te11dê11cia ao \1isionarismo. M\1ll1cres como a Beata de
Piedrnhita, ·or Francisca, madre Marta de Toledo, Maria de Santo
Don1ingo di ·tinguiam-se pelas revelações, mistura11do mística e pro
fecia. 5 , Espanl1a vi,,ia então un1 clima devocional assentado no
d�spojame11to e na fuga ao mundo. Os humanistas cri. tãos volta
v'alll à B{blia - preferencialmente ao Novo Testan1euto -, tradu
zi11do-a e empenhan· do-se na sua dift1sào en1 língua vulgar. Cuidava-se
ta1nbérn da pt1blicação de obras devocionajs: a !111itação ele Cristo,
do holandês Tomás En1erken de Kempis, os Lttceros de la vida chris
liona, de Pedro Ximenes, o E:>;ertatorio de la vida espiriti1al, de Garcia
de Cisneros, os escritos de são Jerônimo, sa11to Agostinho e vários
li\•ros e tratados que versavan1 sobre a vida espiritual de místicos me
dievais. como santa Angela de Foligno, são Vicente Ferrer e santa
Matilde> estes doi últimos de pronunciado caráter profético. 6 Frt1-
tificava assim na Espanha a tradição mística da Idade Média,
trazendo-se o religioso para o domínio da sensibilidade e da expe
riênc•a individual.' Místicos como são João da ·cruz e Turesa de
Á \ila beberiam nesta tradição, absorvendo o Pseudo-Dionísio, Oc
cam, Eckart� são Boaventura, Bernardo de ClaravaJ, e fazendo do
século À'VT espanhol ''o bom momento da literatura mística 8
''.
'Mas voltando às humildes solteironas das Orden Terc iras por-
s e
106
1
al
ur u � _ i, '1UI._ r- in·dJ -i . lu
- fj f _ � . r · -. .-. d · muni--
,d_ , u.a
e J
,. a-
ai a d.a
. , 1t .
). "'d - -
an -
' 'º
·e . 1 1 •
,
u m , - e.r 1 - o ., ntf g _· m- -
ir i d_ ra _-- p .ni ·."n ia u,tro a o d_ am r .
1 - e l- I
11 ·1
- n r ,i o·ntraria ·' , 1
"
um · , ti a, - , ,_ ·ta- · h _ , if _,a,d ,d,o , anto · e, _ p, s�a ,a na , mort1-
-
1
10,7
esp an tad a co m os fa,,or es e me rcê s div in os , tão desproporciona
. '' ,. dos
ante ua pr óp ri a fr ag 1
'l 1
'd ade e pe qu en ez . N o ponga1s, Criador
mi
an precioso licor en ,,aso tan quebrado, pues havéis ya visto de ot:,
:· eces que le torn o a derr an1a r. ( ... ] Cóm o dais la fuerza de esta ci
u�
dad ,, llaves de Aa farta lez.a de elia a tan covarde alcaide, que ai Prim e
combate de los en em igo s los de ja en tra r de nt r o? ' '' . 14
M as manifes�
.
ta,-a júbilo e gratidão ante a graça concedida, sempre reconhecendo
ua miserabilidade: '' Bendito seáis, Seiíor mio, que ansí l1a céis de
pecina tan sucia con10 yo, água tan clara que sea para vuestra mesa!
Seáis alabado, oh regalo de los ángeles, que ansí queréis levantar un
n vi l! '. 15
e.usano ta
.., A vivência mística 1das rés do Santo Ofício se nutria na eferves�
cência religiosa que revolvia a península Ibérica naquele ''século de
antidade••.16 Algumas sabiam ler, e, como os inquisidores, deve m
ter tido acesso· aos livros nústicos que se publicavam em Portugal
desde o fim do século xv, quando, sob iniciativa da rainha d. Leo
nor. ,�eio à luz a Vita CJ1risti (1495) ''em [íngua materna e portugue
sa linguagem[... ] com muita despesa da sua fazenda'', conforme aftr·
' mo u Valentim Fernandes na ''Epísto,la'' qu1e serviu de proêrnio à
obra.11 Em J.582, o arcebispo d. Teotônio de Bragança mandava im
primir em Évora, na casa tipográfica da viúva de André Burgos, o
Can1in/10 da perfeição da santa de Ávila. Entre 1616 e 1654, verifi
caram-se várias reedições de Los libros de la B. Madre Teresa ,de Je
s11s.1s Em 1630 publicou-se o poen1a de frei Manoel das Chagas, Te
resa Militante, onde se cantavrun os feitos extraordinários da santa.19
Estas publicações deslinavam --se predominantemente aos conventos:
neles, sabe-se com certeza que contavam entre as obras lidas por fra
des e freiras, ou narradas em voz alta às beatas analfabetas. Foi pro
vavelmente desra forma que as irmãs terceiras de que se trata aqui
- n1uit:1 delas residentes en1 conventos - trava ram conhecim ento
com os arroubos n1ísticos de santa Thresa, para não falar de ot1tros
niísticos europeus. O entendime11to que tiveran1 destas obras diferiu
do havido pelo� inquisidores e pelos ert1ditos eru geral. 20 O aspecto
mais intelcctt1alitad.o, abstrato e filQsófico1 tribt1tário da escolásti
ca, tornava-se inintclig. ivel para elas. Apreendendo o lado mais sen·
ível. que� vida religiosa n1oderna tr.ouxem para o cotid"i •
_ ano. as bea
tas v1vct1c1av�n-r10 à s1ta maneira, daricto�lhe qt1a se
sc 111pre os
co,,10.rnos mais concretos próprios às C'1te,g
or ia s d o pe r1 sa 111en t o e
d� cultura P�P\1lar. 2t Não poderian1 dar conta
v,n1cnto sutil e co,npl, e.xo entre a con , po r ex em p loJ d o m o
sciência d a miserabilidade l1u-
n1ana e obsessão J)t!lo pecado por t ·
. ' · ·un lado e Q llllPU
· 1 1 s.o m1s 1 t'lCO, 0
, · con temp lação , o con f orto p · or meio do exerc í cio da cari-
refug1 0 na lado cat e qu e
..
t 1c o que , por outro, pautav a o com -
d d e do apo sto ,
a e rnento desses ''a ve nt ur ei ro s do ab so l uto ''. 22
porta . .1a a que sa1u ·
I Luz i a de Jes us, pen 1ten c d no aut o- d e·1.e
e, de 15 de
m bro de 164 7 �m Lis bo � , ouv ira de são Sirn ã � que e � te a con si
deze � _
d ava tão neces sar1a à IgreJa quanto ele; sao Joao Batista e Deus
c:b ém a elogia vam, este conside rando que a beata valia tanto quan
sang ue de Crist o, e que, em sua home nage m, um convento de-
to O
ve ria ser edific ado no local em que nasce ra . Jesus , por sua vez,
. . .
info r mar a-lhe q ue lhe m1rustrava ensinamentos d es d e o, tempo em
ue ela ainda se achava no ventre materno. 23 Maria da Cruz, con
�enada pela loq11isição em 1660 aos 43 anos de idade, afi1 rnava ,cque
se Deus manif estasse ao mund o a vista dela Ré, pas1nariam todos,
que os servos de Deus iam por um caminho muito rasteiro, e ela Ré
ia por vocação mui alta, e que nem aos anjos eram manifestos os
caminhos por onde Deus a chamava, e Lhe infundira a graça em mais
altura que a são João Batista''.2A Joana da Cruz, porteira do Reco
lhitnento das Convertidas às Chagas e presa pelo Santo Ofício em
1659, fazia-se ''de santa e mimosa de Deus' ,. 25 Maria do Espírito
Santo, condenada em 1658, costumava sair de si e, em êxtases. ir à
Glória. Suas visões refletem certa prodigalidade católica em fazer
santos e atribuir nomes diversos à Virgem, numa época de inegável
expansão do culto mariológico: nas suas estadas celestiais, a senho
ra da Boa Morte a chamava sua mana, a da Penha de França �ua
prima, a do�Mártires sua madrinha; ''quando chegasse a ser bema
venturada, havia de ser advogada contra os demônios e ânsias do
• coração e das castanhas, motivo por que lhe haviam de chamar Sanw
ta Maria das Castanhas''. Por o·utro lado, privando da familiarida
de dos santos, as visionárias refo1rçavam a tradição popular que de
les fazia intern1ediários entre o fiel e um Deus quase sempre distante
e intangível. 26
Para os inquisidores, tais rdelírios eram totalmente alheios ao uni
verso característico da santjdade; em seus pronunciamentos e opi
niões ressalta1n a ausência de humildade e excesso de soberba das
rés, Qtte proclamavam certezas tanto mais suspeitas por excluírem
''toclo mevimento de dúvida''. Ante a afirmação d· e unia delas de
que por muitos anos não se inclinara ao pecado, lembraram que san
los e apóstolos não conheciam tal ausência de inclinação. 27 Cristãos
. .
nao V\V1am assim, diziam os juízes, com tanta estimação própria ...
,..
109
•
•
pa;so n�t.a linha de raciocínio seria aproximar as visões das beatas
•
110
•
•
conteIDPlatl· va · E m diferences gradações, em uma e outra
"'
o e · d
••
ª
d ª v� rftlaram-se santos e religiosos como são Francisco Xa-
t�ndê�ci a �rni de Lellis, são Vicente de �aulo e as Damas de Cari
s a o lo
\'1er, C _ J - Jvlolin os, BeruU e, mada me Guyo n. O
o a
dªde' ou sao . " .
0 da cruz,
,
e qu e O m ét od o es tiv es se pr es en te em am ba s as v1\ 'en c1a s
p
·an. . o rt a nt e ' · ·
pr ec es ., na pr at ic a as m or t1 fi
•
e err an do na as ce se , na s
relig1osas,
d 1-
e. o C -
n
e ou da cari dad São Pedr la
•
_p com o na da cate ques
caçõeS assiro ' no cas o, os esc rav os negros da co-
''A , t lo dos Etí ope s' -
r' 0 os o
teria desenvolvido uma
•
v: . es p
pa n h la de Nov a Gra nad a -,
Jon1a o
'' . . .
..1,,d el·ra metó dica dos torm ento s. Ao cont rnuo JeJu m acre scen -
•
verua · . ·
va 'gran d e mort icínio ' cotid iano de , long as e sang renta s d
. ta m 1sC1-
u . · &
. as , implacavelmente exercitadas com excessivo iervor so bre seu
,
plin
,
•
corpo J�a' di'lacerado ·'' Numa exigência minuciosa, organizava seu dia
. .
de forma a transforma� �s aros ma1S s1�p!� ,, com o o barbear-se
- _ em ''momentos de 1n1nterrupta carn1f1c1na . 32
Também sobre as beatas condenadas pelfl Inquisição abateu-se
a ''fome de Deus'' que consumju os santos reconhecidos como tal.
Muitas de suas preocupações com a vivência da religiosidade são sur
preendentemente semelhantes às dos grandes vultos daquele século
de sa ntidade, dilacerados entre a renúncia do mundo - como são
João da Cruz - e a necessidade das ações - como Loyola, os jesuí
tas, são Camilo ou Vice n te de Paulo. Porém, como no caso dos fa
vores divi nos acima examinado, seus anseios revelam que a experiência
religiosa era sentida e expressa de f orma muito mais tosca e crua.
Joana da Cruz, camponesa de Torres Vedras qt1.e guardara carneiros
na infância, ''mais queria na casa de Deus ser servidora que no mun
do ser rainha'', e tinha grandes desejos de ''viver em deserto para
•
tratar somente de qi,ietaçào e.spiritual''. No seu sonho de vida con
templativa enxergara um grande deserto onde se destacava a ima
gcn1 de Cristo crucificado. Ajoelhando-se a seus pés e dando�lhe gra
ças, ''sentiu cm seu interior que da mesma imagem saíra u.ma voz
,1uc disse as palavras seglaintcs: 'Não sabes o que pedes, mais te vale
andar aos baldões das criaturas no mundo, que cinqüenta anos de
deserto a mct1s pés' '\ A perplexjdade entre uma vida de orações no
convento e uma prática mais efetiva que a inserisse no munclo cir
cunda11tc parece ser nela Jeg(tima, mesmo se restrita a devaneios. Mui
tas de suas visões lhe inc1icavam que haveria de ser fundadora de um
Recolhimento de Convertidas na B al1ia, para lá levanclo mt11tas das
recolhidas da casa de Lisboa, 011de tudo indica que servia como por
toi_ra.33 Outras eram visões mais genéricas, mas nem por isso des
providas de interesse; tlma delas reforça a idéia acima expressa de
1
111
• •
r1, 1,; tl.aVÍiJ tfJnl1ccimcnt(1 cJ,,, tl-l<..fJtc>, 1crc'>l�111,,t, r,,>, 1,:1rtc d<: Hr.ss 11111•
r:1r1•1rr1i, 1,ac, r,rrtl, '>cj;i tal V<;% íltttiti r,r,,v�vcJr-ncntt
IJJ1.;r1;
1,
r 'içja 1,(;la I
,,el:J •1,a ea,lritu: J,1:i,1,1 :1 1i1,lr1&v:t ,, 21,,n1c e, ,lp<::,�r <.lc mt1it<,ss lr<,pe:
ço\ e errutt c,11<,v,ráf1cof\. 'tiJhíi:t e crt.-vtr, c:c>r11,) jnclic:1 dc>cun.1cntc, do
rl,Jl Í(J ,11nl1,1 :1r,r.:x;1dc, ·;eu r,ro c c��c,. 1 1t A jmagír1açãc, e o ;,1n cj<, <;..
r, r 1 ;:1 r
tigttl'•'> pOJ')tJlat, fcc,11,1,Jadc,� 6Í1tllJILanca1r1ct1tc pele> Nc,v,, 'fcstarncrito
'
é, r(:ftrênc,a �10 f11r1dacl(Jr do crí�t.iani ,rTl(> instit11ci<Jr1aJi 1..<ido _ <.:
1
p< ,r aJpu rr\a� noçõc�, vaga1> 1 �J ver., accr<.:;!l cJar, Mr,rüda.v dei ,·a.yf ílllJ Jt,
ter/or - a rcterêr1<.:ia ;'J ft1ndrJdc>ra de, (... r1rmeJc, - Jevétram-na a ver
11m ''carro feiro d<: nc:clra e um ca�telc, ,nuítcJ forte, (Jt1c clicgava a()
C.éu''. f'cd1ndr, a Deu� ql1c ll1c c�cla(C(:c�sc r> signíf'ic:�do da imagem,
:lcdi· craqlfC<)carrocra ela. ''porciucas�im C(>moc rncs,nc)ScnJ,or
di)M:Ta a Sã<, J J(.;dr,,, tu e.�· Petrus, el .'iuper l1an<: /Jelrarn edlji,·uho ec:-
1•/e\íum n1ea,n, &'tsim <) di%ia por e la J{é, porque sCJbrc ela e '>Ct11, mcrc...
cimc11tos �dificava e ftJndava a �ua igreja, e qL1c o ca�telo �ra tarnbém
ela J<é, porq1Jc tão forte e purificada atinha, como aquele c.:astel,)''.
rl�c,ul!la época, religlOo sígnificava tarnbém ordem rellgir,.ia, o qt1c
ju�tificaría a jdentificação entre Pedro e Teresa: o fundador da rcli
giãc> e a fundadora de uma ordem corJft11ldla m-\c na terminologia e
na concepção popular, atraind<> Joana para a milítãncía rcljgiosa. Por
amá-la demaís, Nosso Senhor determinara que ela deveria fundar cinco
ordene,, ou cjnco relí�iõe.s·: vivendo num período c,n que import antes
ordens e congregações novas se mu JtipJicavam, a ex-pastora nada via
de errado cm �cr simuJtancamcnle a fundadora de cinco delas, mas
an tes um motivo para mcJJ1or expressar seu amor a Dcun, :;eu, cmpc
nJ110 na difu<ião da fé católica. Dc�1>acralizando a mensagem tercsi. a
na, 1 ransformava o ca�tefo-a lma em 1,í própria, missionária f'Landado·
ra de re/igilJe.i. ll'aduzja na sua linguagem de camponesa a tensão entre
mí stica e obra, expressa� entre tantos outros, por FJéchicr no Dlalo
gue.recond sur /e quiétisme-. ''TiravaiJ lez un peu rnoins à dcvcnir tran
quilles,/ Soyez moins glorieux. et goyez plus utíles' .lS•
1
1/2
•
tJ, '"
ra
<J
0,,
� a
ír
n
1
sc
qu
jo
i c,idor
'i rc lig io r,o , d <i � b eata� ·r .
c!,, cntrc:t.anto, o rú�tíco invólucro popular que
era ,u 1c1cntcmcrire pcrn.1-
. ·,a
rcvest1 .
a tl>rn á- Jot$ nulo i,. Ma rJ.a. Ant une s, pc,111.cr
. ,c,a
. a
<l no ano de:
:
c1óiiO par
� r,usc ita v a da}vi da\ r,obrc a autcntm• cJ·da cJ e uc ,1 su& aspirações a
16 5 posl ura tm
· �m i,ort-a n1cn u, s anto por não léf c<.,m públ ico, agind o
ent cmcn t.c de fo 1rma rídí � ula , de.Yordenada: ''quc:tndo ouvJa mís-
�;u.
ou estav a cm oraç ão. fazia abaJ oh d� omp osto r, com o corpo,
a
s ,
and, , com ele; ao chão' '; ''fala va algum as vcz.es formando a voz
clncg
rianç a peque na, di7.endo que pela oração a punha Deus J'\() esta
de c
do d� inocência": em certa ocat,íão, a<> mc1,mo tempo cm que íncjta:
' va um homem a ir pelo mundo fazer vida santa, deu-lhe ''um gran
de abraço, e derriban<lo..o no chão, o tinha tão aferrado pelo pescoço
que com muito trabalho se desembaraçou da Ré, ação Q1ue escanda
que tinha de honcsta' • Além disso, Maria Antunes
H7.ou pelo pouco
1
113
}' mi Anrado poro ,n,
....ro soy· paro m, il111ado. 41)
• pe!,.8.f de lir um campo comun1 entre a religiosidade d
e
t::l �','el"Jadtírcí.S�' e �antas ··ra1s� ''. entre o nlisticismo e O sa�.
-- anseio
,eresa de A. \'1-1 a e o das Joanas da Cru
p r obras edi11cantes de T 2 ou
ia...;a- ,\r.tunes que puluJa,'am cm Portugal à época da Rest
aura�
-O. �a,-ia diferenças sigmficati,-as. Para os inqui idores, elas se
,ra,-am mais dificeis de precisar no que dizia respeito ao conte��s�
à ·ncia da espiritualid
-
ade. um século em que os santos e bca o,
to
· · ·1 s
oon�111u1am 1 epa°' \'C rda dI eira · '' ,·,a
· lá· ctea ... as h eterodoxias e d _
J)
es
,. o� nem sempre eram ,ac1 {'-. ·1mente 1'd cn11·r.1cave1s
. . , e nesta matéria
Santo Ofício procllrava antes pecar por excesso do que por falta. �
propria Teresa ficou anos sob a uspeita da Inquisição espanh1ola
qu� _ô aão a prendeu em \•irtude da extrema obediência que sen,p�
mo$tron; mesmo assim, sua obra foi co nsiderada perigosa e só se
publicou na Espanha po tumament� graças à intervenção de frei Luís
de León:�2 Santo Inácio, fundador da ordem rel:igiosa que talvez
mais se tenha identificado com a Reforma católica, �oi inicialmente
suspeito de adesão ao mo\imento dos t'alumbrados'\ pern1aaecen.
do prisioneiro do Santo Ofício espanho,l por mais de dois meses. 4l
São João de Á, ila, que sempre esteve próximo de Teresa. de são João
da Cru2, de santo Inácio, Lendo ainda in íluenciado decisivament e
a opção religiosa de são João de Deus, também esteve preso por um
mês, o Santo Ofício desconfiando de que abraçara o luteranismo. 44
Assim, foi contra afonna assumida pelos êxtases e concepções das
beatas portuguesas em questão que o Tribunal luso se voltou de ime
diato, ressallaodo-lbes a deso1rden1, a crueza, a falta de elegância.
Como muito bern mostrou Jacques Le Goff, a preocupação estética
com a form,a ''é a marca profunda da passage n1 de um universo de
sensibilidade e de cultura a um O·Ulro''.45
114
•
115
alu ão, tal\'f-l, h ·�nta -pro titutas 0,1 de con1porta1nc11to <i\JVido.
so: tvlargarida de ortona, �arin Egipcíocu, l'vtaria Madaicna.$1 Por
detras da bla·f�mía pt1ra e sir11plc - as11ccto cvíoc..�nLc e inteligível
i\ lcit11ra do inqui idoru - abrigava-se o l1 nbito popLalnr de cortfc
rir atribt1tos J,t1mnnos ao snr,to�. torn.a11do-os rr1ais tJróxirnos do fiel·
r��idia aitida a imp()r1antc tradição blasfcmatól'ia da praça pública:
ocldc, nuina prová•ll?l s·obrevivêncin de l'ór111\1las s,,cras n1uito aiiti
g�. lan�'lva-�e mão d.e objetos ou pe s.oas !ngradtLS, Jurando-se ''J)clo
, pelas
corpo de Oeus•i. ''pelo sar1gt1c de Cristo • tripas e Ltttanos de
Jesu ·• e. as im, pro1noveodo-. e o despedaça111er1.to <lo ,·orpo, s2
Nos a já mtLito cor1l1ccida Joa11a da Cruz �11trcmcava as visões
beatificas com t11n relato fcsccnino: quando vivia ai11da no seu Re
colhimonlo, ' 1 indo un1 dia para o coro, tjvcr�1 uma necessidade cor
poral, a qual satisfizera 11a varanda do mesmo coro, e qt1e vendo a
dica Dona Mariar1a que então era vigária a varanda com as imundí
cies, as limpara, e ,que Dc11s Nosso Scnl1or revelara à dita Joana da
Crttz que havia de ter no céu urna coroa de glória pela necessidade
que satísf1Zcra na forma referida''. s 3 A proposição certamente cons ..
tituía blasfêo1ia aos oJhos do San.to Ofício, revelando ai11da, por parte
da beatn, excesso de auto-estima e vanglória. Entretanto, sob a lógi
ca da cullura popular. o episódio que Joana despudoradamente cx
pi1scra à fnquí ição tinl1a significado totalmente diverso - caso con..
trário, não o desvendaria assirn aos terríveis e ameaçadores juízes,
procurando antes 1omiltt-lo. Ele remete à importância do baixo c·or
poral no unjverso popular europeu, os excrcn1entos não tendo a sig
nificação banal 011 estritan1er1te fisiológica que neles vemos hoje:
''Eram, ao contrárLo, coosiderados como 11m elemento essencial na
vida do corpo e da terra, na luta entre a vida e a m,orte, contribuíam
para a sensação agl1da que o homem tinha da sua materialidade, da
sua corporalídade. in,dissoluvelmcnte ligadas à vid , a da terra''.5 4 A
visão blasfematória de Joana car11ava/;zava a graça clivina para, em
seguida, descarnava/izd-la. Voltando mais un1a vez à ilurninadora
análise de Bakl1lin sobre Rabelais, tem-se no banquete de Epistemon
nos infernos inúmeros elem . entos de inversão camavalizadora: quem
não teve sífilis na terra. ccrtarnent,c a terá no outro mundo; os que
tin'l1am si.do grandes senhores neste rnundo> ganhavam, no in fern o,
,
pobre, má e indecente vida; indige11tes e filósofos, por stta vez. que
lanto tinham pona,do na estadia terrestre, tomavam�se grandes se
nhores quando nos domfnios .ínfero·s. s:S A beata identifica sua 11c
cessidade corporaJ a esse código popular, cotocar1clo-a nu espaço
m
toralmeote �U1eio a ela - o coro do Recolhim
ento, onde as vozes
116
cv ava tn par o Deus . Mas, em segui da> desfa z o percurso antcri1or:
se el mo grotes o , o povo .
m e to, que no re aJ'
. 1 � � d era inottvo de ate-
cxcrc 11
o . e de fcci1ndidadc, serla recont1ec1do corno tal pelo Criador, e
gr�:c ess . i d a cle satis feita v al e1 ria no ·céu un1a coroa de glória. 1
ª
M,tis talvez do que o r<
?púdio à in1odéstia das visões ou a sct1 ca
de sord enado, a recusa dos conteúdo grotescos revela a e.�istên
ráter
' cia de u m desnív el profundo entre a cultura erudila dos inquisido res
e O Ltruv erso da cultura popular que permeava a religiosidade dc1 liran
tc dos bca.tas portuguesas. Ar1te a vitalidade da presença corporal,
ante a i.Jnp ortânc ia dos excrementos , ficava evidente que j11iz e réu
não poderiam travar senão uma relação dialógica, assentada na total
incompre ensão n1útua dos significados que se enunciavam.56
MISSÃO SALVACIONISTA
117
. l
-
\. t l l 1 1
,,,,,., ,,,,, ... ( ti/li ,,,/ ,.,,,,.,,,,,,
"'''' \'l'llf ,.,,, /',,, '''>·'''·
()111111,l<J /('111 i:,,lr/11fl11 r,,I,
/• tflrJI\' c'III f(rf , 't)ltJ/J,ttlltitl:
t ·,1,r<·l,1 ,l,· 1,1,•,lci Jt 1,1
'/i•11t11 /fifi ,-:r1111,J.· 111i•t(\.(ll�
1
/ ,,,,>, j 1,lirr11tltJ 11,,,,,,,,,, r) ,,,,,r,,.
.-,,, {JfTI( a ,i,1 ,,.,1 c·c,1,f,10.
1/9
,...... •
·'·'- l t t1 tn'n� ')
.. ' , • ' , , , .. · n\ .J n "' .t' :-t·11t .. "1 n.:-i ',� m_
• • :-.i ,,1 '·� • l\ �' l • \ tl :'\,
r , �Uttt(o tn1
. i \'llllh n· ,. ,
\, •T • • � "'
J
. , , •. , • • , '- tl,.... - \,\..: ru, ,.11 ·.1 '\','·
tl ..\ :'l( ..
,••, _ • , -111 . . n\ .. ttt' n\\,,'tl.\It�i.,. t .t.1n1 o \L·i \'"'" .,,,rl·. t1
'
.
•• • ,, ,. • • < • •: 1;2 •• "4 ,.....,�.-:._ 1.l < t : ..1 ue" .. , •_, 10
. . I i,·a 1
••• <.. - •/•· • J f't:1\, J .. �,'\ \l�._\
.::�, �rcir:1, f'U�ti ., 1:,
.:
·.. .. .. . � .., ,i,· 1, � • 41te I r:lt:1 Jl', t 11)p;_'n , P\ rt l'�� t•·"'·' "'1•ln\
J�. �......� .• ,."\., '-> • ' f\,,rJt.!--,;l. ,i .. f"rn
1 • ... · .it, Hotllcllt de
, � \' � tl\ nt1.. 11 ' � 1 l l\\l'-°l l \ 1. 1!\�lll ). q \l ' \.l\:- ll \.) pt\_)e m11iu
" ·
• •• " ' '-t"r.!- ·.1�t" ll).,ll,\1. tlr \\l·t "' '-) f><;� " ,l )
lOlt', �(" (X)f(UJl , lll'' nn , ,.,_, rn ..
..1 n , , 1n1·"-· l\ 4 l1 "U • • tm1 tt{,' '1'fl�l�t 'J \,r 1àf!tt�$ Jt\t\�··.
rt:1� ..1/ / rt' J �'"'· i. p\.1bli ·ad:\ sot, t) 11.,e11 lõni�,'
· d . , :\)rit''I Jc- f\l1,1t'i1.l.\. p. r.\ J lt.l luci 1 • ,\1 ·, 'uo "'t') 1,,.ii,
°''t \ ,1 J ...,... � l,, r ,�··: UJ- tt<t1>it1 lrl>t'rol1.'J, dr :\11tl\11i (), l� So\1; �la,
� ��,. J'\lbli d.\ ·111\ lotld�-!! <.'n1 164 . Q\lC. "ôr11 l).!\�t 11n en,1r11crn
d rrxJll1iC\... 1 �1�\...�..1 • e nl .1n,, il lt�\ · ,, dt f·ndt• �1 te.-�, ti 111 idade d } 11 , 1
'ª""
m n n:iuio br��.anti11"1.t-t1 1\luitos foll1etos se J)t1l',li1.; \r.1111 nu p '°'ªi
u, rindo .1J,·.1n� p...\pUl�r tn�ior: :, gl1.:. o dos L,,.�,o,itrs feito l'k)r Atl·
dr� R ldnt,-. \ae· :fc 1'1!ltló. �ob� t) Trit11tft' ria, ,,rn1n. P,1rr11gi1,.-:,,1 �
pub1,�.1J. n, 166�': o Atnc>, 'ri ·o.,,,, c1 mm ('tic> rl< 11,1 ,\f11,,:cstt1dcJ
n ,�n'/1· ltlfO nt>r /}0111 l<)<Jfll fl� f lll�lc) lltl1ric\ti'O �lll q\J ·os [>Of·
,u u �10 ··a t!orc:,s dv enn,n \ dt Nt•1t1n '\ que• ._ pós ofrer-�n,
rcra e- rimnias. \ t't!tll·. e redirnidl)s f)Or d. Joií<) av, ··sn,.o de- Por--
tup 1. tt,ri, fô munc.Jo''; º7 (�:; ,t[Jf)fflll CÃ� /.tl"iltJ/1(�� dtt \1 {tOri11 t/c'
.\lonl,. 1oros q1Je tiL·�m,,, o.� Porr11g11t.1 <'·' <"011tm <>.,· C'c1:�ft'•l/1a,,o-.
d<' autoria do �õ1,�llO L��)nardo de� lo José. 1:. te 1�ligioso en, 1>re
g do, de. uo Mnje. ta<lc, <:011formc ates tu t\ Jlá�it,n de , 'tt1 do ft>
thcto. ,, qt1c :,iu ere o p:,p�l dt r1roo q,,c cJcvcriarn ter o,. scrnt �s 11n
,a ulaç o de i(Jéin:, e ir11agcli�. si111ulrs11êan1c11tc. e 11111 rir,d() dn ·u11-
cep.;õ , po1>1Jlr1rc!l. e. e,\Jill for,n,ni inttis polidn. refor�· t11clcl·os 111cdlo11tc
a (>rat raa pe�t1n,1,"a.
De ta fortt\a,, \t'ndc, 1>a1l1 e rtc>� autor\!. cn1i11�11ten1cnlc.: ptlilll•
l r no \1.*a� rr,(1.c,, o cl,aNrin11i. rno ga,1l,<>t1 n �litcs Cltlra • <tt•e o
rrnn forman1111 cm dc)t1tri1,a "\; :iUilvaç· o r1acio111nl. f>or volrn dos unos
60, ,tl>a'ttdonado pela ··gcn1c s�nsnt11'\ vita-sc oovnr1,cntt: dçvolvidc>
,,o pavo."' ('on1ru tlt: �e b11ti,t. inc,1r1�ável, i, [r1c1uislçãcl: cr11 4 de
,•ttrrJ de l�, al,1 c:,n ,,uao�dc-fé Mur itt tlc Mncedc,,, ,. fi 1110 dê ,11t1
v,iolciro que n1,1rt&vt1 no C.hf,àdo e qlJe, i 11do h rtc>lt e às I lhtts lit1cot,cr·
t �. f ulava ,on, d . Scb�tillc,. vit• o rei A.rttir e ox prol'ctil · �,1oct1,
ltu e o João l!vn11geli11ta. ,,J <> gri,r1llc Ar11ôr1lo Vieira taoit,ên1 uo·
/2()
h ·nq tii sit or ial . re sp on sá ,.,· e l pe lo s cinco ano d � -
t, • .. a1l n 1
l\ ht:
\ ·i '
:x·
QllC :tJl'\.lf:, ººº . . ; ... ... ,
t o. Vie ira pe r ma ne c �� pr � o a o mil e na nsm ..eb
? � ast..& �.1-
P o rt ,
.. n d o a e li te cu.ta . a
"IC 'tto
• �n1 que dele J a havia d esena
l (l'\L >O
1·' n \ln , a •.:oz 0ava ··como a de um morto esquec,do, que �
u
l)f\"'lt- � t.: • . vi vos cois
•
a s d o seu ten1po ant.1q1:aaas .
• . ' .,..
_ nt ..� � n di z.er ao . \.lC
ll: flllllO � . . . - -
n l;,
\,. ,ran · f'C\'C r um trecho mwto s1gn1 ·ra 1cau" - o À-
H "',OI'?
.. 1 11 ,porta , . .
,. ro q\1 a 11do se refere a profecia de Damel:
,,,, J,,, ,, •
• no de te lo1p �rio de Cris t o há-d e l:ia\"e: f no �fu ndo 11:x sõ It;��
110 ,cr\ , ,. . _ �,:,. �
dor O qi,1c! obedeçan1 todo ·s o rels e t odas as naçOc!S do �1«M
:,nt 1�� de se-r \'111.� rio de Cristo n� tem�ral. � co�o o Sm:no 1::rr
t-fft-.'é 1,0 1,,iri1ual; o qu&U Império e.spU1tuaJ entao hã-de s.e; ro :en!>
e coil \1n1.1do • ..- que todo esse novo est3do da igreja há-de Jura: :
niuit u110 � e qt1e t\ c.nb.e�a d�te Império temporal hà-de S;.r ili _
t 0, rt!i� ,te l'onuga1 o lmper.idores upr�mos.. e que- neste rrnipo �
de nor ·ccr u11ivenalme11Le o ju tiç3., inocência e s.,ntidade em t:_oo,JS
O e tndo>,, e �é huo-de ul\'nr. quase pela maior pane lodo- , .,.:'\-
111cn�. é .e ht\·d't' c,,chcr então o nún1ero dos predestin!ldo o -.uJ e
rt1t1ito ,tnaior do qu,c: comumcntc se çuida, conje<Cturat\dO-S(? om · _
() ,�t11pô en1 Qllll' e.st:it c-olbas l1ão -..dc uced\!r� e mOStrando-� s � �
1
,e in,tn1mt11to por q11t: e h!lo de ieonst!gtlir. 1
En1 t66S. a: 1ro\•a do Bandarr.a oltn,'Un1 a er proibida_ q �
o:t • 1a. penctm�ào qut co11hecian1. A n1ull1cres do po\: que tinhsm
,1i Õô e e ,cli1inn1 qu{!rida d D u apr\.'SCntafíl 1· rmula� ...� in1p s-
ion 1nte111tall(! a11álog:i õ con tant n tes ver os. t)U 1\ s m, ·
de Viéin,. <>u ninda no· li,·r s dos adcJ'lt�' �\llt s d n,ilt"n.tri, n,�
ugeri11do a circ1.tlaridudc entre os ní,ici c1.1lt t1n1i..� J) p,1\t1r e cn1Ji1
• nit1do Joantt da rt11 c111cn1 .. ·pre� ..._\ à pN"t1',' \ c.l h ind�rri. •
r110 e do sebo tia11i rnc.l no' n\cio popt1lttre�. l)i1in qtt<.' t: tt� • "'"''
crtl\or lt1c 1110 tn, � 111l\niftstuv,1 tlt\ 11.\ �, ô -· 1\\C i\ �\ln\,\ d \l.
•
• Mng,cstadc <..tllC O�\l!!i tcn1 und. � t\cstc m1\111d() Clll fi i�r,, "lt ,,,
,''.
· e11do ·,li , por i1ttel'\'.'es')1l,n d\ Vlrs�n,. t) ,ti c.:tl\ q,1cst
at,
d. Jo,\o 1v, n,o,rto qt1;..,trt1 n,10, ,111tc.• e., t"tgt11 :1 <..l<1 1
1 <,t l t('llt\ ''"'· t
'
• fllrr110 <!Otll li ll C clistorcitl,t, ;\
; #J,a,,,1. . l\ \,1. , \ tll�)l"'' . \ \l\\ \ • ,
do Porc<> rcprcsc11t,111,, r-c:spcctivon1tt1\te t)o11
t
1
• '''
t:Rtado c,11 <111c se cncontr11\'rt 11<1c1t1clc. tcmpc>' •. Vez ota Ottt
ra e
r11:, hun,una, cncostavn ;1 c:tbcça �ollrc o col(> c.lc Joa,1 <1 � � for
<l
sc <Jci ·tvil c:1t:1r por ela, l•c coi rendo, ela cJccl� l'é'.llJI e ,1 rnão ;rLiz e
P<:l cube-
ça. ll1c ficou a rr,ao esquecida por algt11na., Jtc>ra!) sem êl dcr
' .,, · po rnc-
near , O 1c1·pa1 crtl tnn11t,cm rcJ- 1 o: purgava �ts penal> d
• filh
e seu po-
t.. •
o, mai. as vc,cs d .
citava c1r1 \cu regaço, ,,rocL1ranuo c,onfo
. . · ·� rLc>. Da
mc: .. n,a form,t que a fct1v17ava a re 11gtao. a t11cntalidadc po
. · P LI I ar es-
ta be 1ceia· 11an1es cstrc1tob com . o monarca desaparecido n-1
0st randc
. . ' ,
como o selJa,t1an1sn10 era v1v1d o nas rcla�ões coLídianas�, O m
. 011arca
se aprc�cnlar1do tão p1oll1cnto conlo o� l1omcns pobres que h· b'
vam �ct1 reino. No níve1 cotidiano, podia ainda ocorrer a supe r
ª 1 L�-
- · · pos,-
çao entre o d cst1r10 co 1ct1vo e o ·tn d.1v1'd ua: l ''OLlvindo um sermão
que �e di�sc que os porf ugucses eram coluna de fogo'\ Luzia de c �
'' . . Je
• sus se rcprcser1tnra em seu 1ntcr1or que os portugueses cran, coluna
de fogo porque sua n1ãe o era, e se lhe fizera então lembrança qu
cm outra ocasião havia entendido qt1c era ela ré chama de fog� qu:
�,avia de abrasar o mund.o' '. 74
1 l\1uitas das visões de Joana <la Cruz reúnem sonhos d,e supre
macia religiosa e política, n1ostra11do qt1e, na época das guerras da
Restauração, o clima de milenarismo reinante podia embasar O an..
seio de libertação nacional. 75 Em 1657, a visionária teve para sj qtte
o<; castelhanos não !1aviam de tomar Oljvença e, no ano seguinte,
viu que ''se fizeram gra11des festas no céu alegrando-se os anjos pela
\ritória de Badajós. no tempo em qt1e o nosso exército a tinha sitia
da''. Em outra revelação, os anjos se juntaram no Céu e, apresen
tando-se diante do Tribunal Divino e da Santíssima Trindade, leva
ram cada um a sua província e reino para saber qual b.avia d,e ser
cabeça do Jmpério: ''saíra qtie ainda que Castela tinha mais santos
canonizados, Portugal Linha mais jusLos na Terra. e que assim havia
de ser cabeça do f mpério''. A obsessão pelo julgamento reúne o ima
ginário do Juízo Final à esperança <le intervenção divina na conten
da temporal entre os dois reinos ibéricos. A exacerbação atinge os
set1s limites quando Deus e os santos resolvem que a qualid.ade das
forças e da fé lusas haveria de prevalecer sobre a quantidade repre
sentada pelas demais potências européias, num confronto à Davi e
Oolias: é sempre Joana quem prevê ''que Roma se há de abrasar,
e que um clérigo que ela conllecc há de ser papa, e há de canonizar
EI-Rei Dom Sebastião. E que os santos de Castela, França e Itália,
e todos os mais da Igreja que estão no Céu se ajuntarão de uma par
te, e os de Portugal da outra,. e que estes sendo ml1ito inferiores em
número vencerão os mais em certas matérias''. ?6
122
coJVCLUSÃO
123
•
d
-ª' .a·.
elas.
1d
ob,U�
b.aa
·, 6' '·
'
_ · .uo.....__,.
'
·a ln�·· _ .· ,-.,ão c
om.o
6
D E A M O R O SA
AMBIGÜIDA
a m ula s-s em -c ab eç a
De santas
•
co 11s is ts of go od an d ba d: a s a ga rd e1 r th a t
The Cl1urcl1
as fi o" ·ers an d as a fi e/ d tlz at lia s lV lze at
lias weeds as lfe // )
an el th at ta ke th go od a1 1d ba d... H ere
as }t'eli as tares•..
,
re
are good ,nen to befo11nd - }' eD , tlz e ve ry be sc; an d .
Jie
are bad men to befoi,nd - yea, tlie very lVorst. Such as
sJ1afl have tJze l1ighes1 seat in glorY> and st-icl, a/so as sJ,aJI
be cast in10 tl1e /olvest and jiercest flames of misery.
Samuel Parris., Sermão em Sale:m, 27/3/1692
•
As relações entre amor di,-ino e amor demoníaco consutuem
objeto curiosíssimo mas praticamente deixado de lado pelos histo
riadores da religião e da religio ,sidade popular. Acreditando que a
anâl.ise do imaginário e das sensibilidades do passado pode contri
buir de farma significativa para a compreensão da história das so
ciedades, procurarei examinar o assunto partindo de representações
iconográficas, passando., a seguir, para sua presença pontual na his
Loriografia e, por fim, recorrendo a casos doctimentados por fontes
inquisitoriais e eclesiâsticas.
O período que se abre com o Renascimento italiano, ainda no
século xv, e se encerra com a Re\'·olução Frances� é tlill dos mo
mentos mais fascinantes da história ocidental, época rica e contra
ditória, como têm ressaltado muitos de seus historiadores. Ao aEali
sar o Renascimento por exemplo, Jean Delume. au falou de uma
'"-enente positi,"él e de outra, negati"c mas igualmente imponante que
,
com ela conviveu e que muitas \"eZes a 'fecundou. 1 O tema de que
se trta
a
aqui só pode ser compreendido à luz desta ambigüidade mo
d� pois remete à onipresença de Dw.s e do Diabo no unh'el"SO
cotidiano e afeti,-'O das populaçõ •
es de então.
125
ICO. OGRAF!A
ERóT1c·o-M11
c11eR11
Tendo origem rem
a\ a�sum1ra
o ta , o casamento
� m co m plementaridade i dia bór e
,m um e outro enco ntri gante ��ot P bodas IJJísti.
as
mra-se a questão o c a Moder
do na sua esséncia do eror1smo n a
· e trave1;tido em goz ' ne g a do, reprim 2
n1aea. E m amb.os o m'1s t tco ou e :1-
aílora também um rn eº, Pula
derno.
bar roca. Na vertente a sens1·b1·1·1d ' ad e cr
· b,eatífica , ela se c orp esccnteme
ce lest1a1s repletas de
· ori· r·1ca nas rep nte
. anjos ' nuvens e fach resentaçõ
cumentos iconográfi os i�ummo es
cos mais extraordinár
. - sos .
U m d os do
a representação de sant t
ios de a s n ..
s1
.
b
4
a Teresa de Ávila por . � 1.hdade é
altar lateral da capela romana de Be�. n a
S M 1 1 ara
1645 e 1652. O grand a n ta a r ia ellª V ltto
d • , � t � um
. e escultor baseou-se nu na en t re
b1.ografia da santa, alusiva ma passagem d
à visão de um anjo ª aut�-
rea, t respassa- lh e o coraç _ que, em form a co
· ao com um long o dardo rpo.
tncan d escente. O rosto d - de ouro d·e pont
a santa emextase tem conotação ero· t' a
.
g á vel , suger · nd o VeTdade1r 1ca tne�
1 amente uma relação carn
do, �preendendo com perfeiç al e, neste senti�
ão a sensualidade que puls
místrc? s de Teresa. Bemini certa a nos textos
mente fixou um pa\irão ico
co, POtS o utras representações do m nográfi
esmo episódjo se sucederam,
pre sugerindo êxtases antes carnais sem
do que místicos. É o caso do
dro de Sebasliano Ricci, pinto qua
r veneziano que viveu entre 1659
e atuo u em Viena, onde, no Kunsth e 1734
istorische Museum, acha-se sua
versão para o mesmo êxtase esculpid
o por Berninj: no plano infe
rior do q uadro, à direita, encontram-se o livro a
berto e o crucifixo.
instrumentos da mística e da meditação.
Logo a cima 1 a santa levita
em êxtase, carregada por três anjos e tendo
os olhos cerrados como
na escultura de Santa Maria della Vittoria. Na pa
rte superior do qua�
dro, -na diagonal esquerda, um anjo adulto se enco
ntra prestes a es
petar uma seta incandescente em seu cora ção. A pont bern verm
, a e-
lha da seta faz com que ela pareça um pincel,. e dá um tom meio
,
•
126
. nd o ou PVn !"' )icitando siruacões de mas tur baçã o,
e TC l � �. sueen
í ca>
"""""" •
,i:ir d da de .. Em am bo s o� ca so s, o
-e
be sti ali
:..
dade ;1em 1nf
. ·na e
-
s sexn al i _
u---
n do m st nu a aP ·o . , - · ·
guia s e me qw .\·oc a con ota çao 1 a-
esc e nte , os esy�r - a� � e ,�s sou r as de
ta .
l!l ca n d
. a. No caso rníst1c · o,, a entreua º a Deu s é atenuada pe 1 o exta - se· no
l1c . . o, a cop O dia bo é ate nu ada pel o est ado d e fre-
diabolic , ula com
1, cas� . . ue as bruxas se encontram, pela sugestão de so oh o e ·11 usa- o
oesJ
decorre em q
nte d o uso de un� º ent os alu cin óge nos . Em am bos o
.
afl ora-
mento d a sex ª u tidade é neutra lizado
,
pela
·-
perda do consc
· di bo· 1 1cas
1e11c1a
A •
.
O conteúdo erót ico subj acen te as ,101o es míst tco- � · fa-
zia parte de um contexto mais amplo em que amo r e sofr�mento, go
zo e pun1..ç.a�0, êxtase e tortura se completavam ou se. relacionavam de
, . .
forma �bricada, espraiando-se do mundo relig1oso para o universo
1
127
,\ LcoloMí,, a,-•oc.t snia11a
d,, pccad<, cri� <:nt • .
urna {,b,.e o or1sµnaJ r, ,10 ' na C!;l ét1ces de, (
clu lu;(' ór,·a ' pcl O . Jci·u•(:01,,
d c1.: nci.tc r11,1,ct.1 ima •
rl.JU nltl01é
nto carnal
· d a�. a giná rio cn1 r111c "'..: 1,rc.1iscntcrn ' 1,e1Q... nu....,
n,111 cróttC'a é rairll1a. C,rnr"'"' •,
11.1,
perr;o,1.1e
. 1 eI· ª• a co ,11 cn�· ,..�
tran f<1rma, cm obrr, pia. j{1 c,n P I·c1ça . o c:Ja c
c1L1c �e lratuva d:t ,, arne se
fcl11� ou vaCi tcnt11clorat;, · C,' t rr1c; Cfé �rre;p<:111dlt1•·
O ll n 1c , rn .1,11 y 1rgc
o <-,,• \Jc4 c
,
tsrnr.., q,1anta, Ag;11as, cc>rr10 n1 e ,cJ �nnt u.
no célchrc: c1uadro de:. � 011. Crure
ptllacr, oferecendo gcr\tilm Z u rburi\n C
r.Jn._,. hOh rc ,l� roda cnt·c o� seios nurr1o b· _ Jn Mont.
. ctrtdcJa ' ''u ,1 anr
OtJ M,trgar1da� -iob
o cl 1 ico1\:!' ati Cata.
'?e Manu:goa a aravaggio, �uccd
cni-sc ON Davis com
ltêl.\, os são Scba�tiões criva a cabe Ç,"tdc
dos d <.: ílccl 1 as� e nortn"'d . �• o,,.
e·h eia .
. dt dor. Judite., scrcr1a� e ço
r tc sã s c x ib c
ores uc éXprcs
n1 cab�'"'...r-·as. ftnlp 8 ªº
;\
f-{ oJ o f crnc�, Qt1c &e ran1 · · lJlac1as• d e
1f1c.:am no cn1arar1J1ado da's
,
. • •
1 ,t. s cxpo tas cn1 pr1 e1ro plano ,to c · v e ia "'
, ") .,anguJnoJcn.
e.!
•
118
dua \ extr aord inár i�
o Mo
1 ço pin tar am
,
h ,
"
a c do
v
n vau
ar
r a pelo
o,
C do.
vel de cervos cm .q uc' pc
w c as pelo pra
d· o
do
arco
e •o,�
un� e
h o
o dss
aça d ore s , os chif res os
çaça c
de
Ia m a ni m ati S e
rio se e rn b o nd b los a rabcscos.
or rn a � tanl o os gran des arl1 sta
o u tr o s f e su, pl ício obs cda va
rn a gi n ár ro do
Oi
sant a
N o céle bre t r P t·co Cas am enJo n1/.'iti co de
e n ore s. I t
qu,1"'unto os m . - ' o p a in e a re t r a ta
ng
e rd
mt1
e s q u
Me
I d a
a ns
3 9 4 )
de
4 3
to
(1
H
a. �L· l ' · n d o o p e s co ç o s a n d o d e
. t
ta
,. s
tra
C11/Q . B at 1 .
a,
o
d o
Joã
rin
ec a p1 t a ç ã de e a e
· r a r
ad o�msta. .
d
l
,
e .
s
v
e
r í
1s
r
b d
te a r r1
O
C
" /ga"1enlo d e
ral a l
1J
u
J
for m a na Lu 9
r ca d e u m s é c L1 lo e m e io a ,g
-15 2 3 te ·l p a c m ce
oavi · d (e. 14 60 R c rn b r a n d t (1 6 0 6 -6 9 )
,n su p - oe d e 11alor1'1ia ' ú e
e la v a
ntc
,,· a
se a tr
a
re �
�
v �
'i
,ne á
1'
la ll 1a r c a d
.
e re
vc
a to d
orLJ\
e 4) on d e certa m c n 'c o '
( fi ,g s. 3 .' so me11 ta1. Na Leia de D • a v id . o h o m e m é d e st it u i d o
l •
a ot itro un ,ver u 1 a t
1
u se
0
. e , d e ix a n d o e m e rg ir
•
a m
pele com o se fOSf,e uma vest .
U·
de sun fo i o b Je to ap en a s cl .
o b c l í s. 1m o
S "o S eb a st iã o ,1ão
.
ra s31ng ·
u1no 1 cn t d o .•
)1 m a s ta m b é m
a.
s1 hi �t o ri sc l1 c M u sc u n1 (fi g . 7
ci
Mantcgna <lo K un
m t1 1
Ja n va n .. ,e cs sc n ( 15 0 4- c. 66 ) em
to,mcnos com1 t 1ecido c1uadro de � e.
m) ut t1i t do Pc ti t Pa l 1� . D is cí pu lo � � R ttb cn s,
exposição na Ga1cric �
n� (1 59 .3- 16 78 ) pt r1 to u
O flamengo Jacob Jordae
t11 11 M ar f 1r 1<J de .�a,1·
1 29
lgualmente cara a
.
tt� a da oniprese p1n tores.. &ran es
nça de Deus e d � e modesto
çoe do Jt1ízo Fin D a b o s e r a a Pt o b
al e da qued � � , fre qüente na r telllá..
mttndo da Contra- a . os anados s
Refo,rm· a · Dois q , tão caractere_pr:senta...
e um b elo luca ua dr os rn o n 1s t1 c a s
_ Gio rd ano rem et u rne n t a is d
em a e es te d e
O m_ilagre de sa
nto Inácio de Loyo � mas: respc R.ub o
Xavier e O arcanjo Miguel expul /a çtivam/ºs
todos pertencentes sa o ; nt
an� lagre de são Praneis�e
à coleção do J·a· m . tJOs n1aus Para o lnfern o
q ua d roso b re o f11n dador enc1onado museu o, .
·
d e vairado de m1s . . da ordem J.esu í'. . vienense O
t1cis llca exibe u
mo e sexualidade·· ex' cli. ma senti
J o, o santo se ergue t. t' � · .
. no centro do pat'nel ' a 1 ,c o vesti o· d e amare-
J os; no alto, à esqu envo l to na
d
erda , fogem· dem , r evoada d os a
o espectador o dorso · o"'n1'os cin
. . zentos ' vol· tan n-
.. . e O traseiro nu · O m . do para
sao os dois possessos que, ais tnteressante p .
no p·rimeiro plano do orem,
cem aos pés de Inácio, de q dr se conto
J
130
e rtid a, o su r-
. e ern cl1ave inv
tal vez r e í let1 s s rn� i i (p. J45 ) d e qu e f�-
. a s-m o rta s n ma s
As oatu1ez ·deração rnoderr1a p el os
. ça-o d os tormentos fís1-
d c o ns1 m u n s � so s ' a c1La . os ,d e
gi n 1 c n � o a as. 1s E al g a
no s ga los flá c1 1d
l1 Tit o in qu 1 vo ca. , c o m o da
to u J( c 1t u' bl ic as é in e nde , cup a m to
s p r a ça s p e , a s cri t a s san gra o
cos d a (J6 2 7-8 3) q · u . s
n o d esd o bra me n-
v a '
n A els t · E m o u tr o s, faz -se . .
e rn
w·tn pend11rados pelos p . f m múltipla s de seres tnan.una- es 19
I d or as
d o e s p ect a d?� ' ;.. 8 t n tíss ima Nat urez a
e
ress a
t a o
ª 's i o lh o s , ( ) A in e
t"o , bra do s, p arc iai s ig. .
, de P ie ter Cla esz
es ro e m 27) (f1g . 9) . ao -
dos, d 1o r1 a d e ert l (16 .
plo dest a exp . o s1ç
n m
111or(a
cor
s pe •1 1·sta no P ge ,.. ne r o, e' um e x e
os e m fat 1· a s.
· e
(1597/8-166 0), tos. 2 mas desca scad c � � U a s � p ãe s co rt ad
fra g1n . e n d aço s, ostr as entr ea-
teatral de nj baa , os •d e u vas , no zes em pe . . 1 0 co m a
oornos de I ara a �
· n ii m con vívi o tran qu1 ·1
,,
·t
•
am pri m e i ro p 1 an 0
segu n d o
z,
berta s d om 1� 0
ou nest a reta lhaç ão; no
to pro va� e l I en te atu fun-
qu e, n1u . indi stint o; no
faca
plano, uroa tort .
1
a se nu d e"!
s 1e t'ta �
� v ibe o recheio já
d a p o r u ·m p e r u
.
in te. .
i ro ,
um a o r ta · ·
in t ·
a c ta e n c im a .
do, so b er ana ' rem a t
e r te - s e a .
o r d e m n a -
. olhos e tudo . Mais uma vez' in , . v .
corn penas . , bico, é o u r uc s e r tn te g ra 1
. o b 1' c h o m o rt o p a r e c e v iv o , e o
tural das coJsas. e d e s tr o ç o s .
m u n d o m a l a m a n h a d o d . .
num m o rt a s r e m et em a a n a l o � 1a s c u ri o -
Outra s ve ze s, a s n at u re z a s-
ra s p r v o c a d a s p o r tn � t �11men
sa s. In te ir os m as re co b e r to s d e la n h u �
s n g u m o le n ta s ., o s p ei x es m o r
tos cortantes; retalhados e em postas a
ar da d os p o r u m g at o
en (1 58 7- 16 61 ) sã o gu
tos de A.Iexander Adriaenss
vivo.21 Este quadro lembra A ar ra ia , de J. -B . C ha rd in (1 69 9- 17 79 ),
al to do di la c er ad o ob se rv ad o po r um ga to em se n
qll.le retrata o anim
tinela.22 Apesar de da tar de 172 8, qu an do a s dis sec çõ es hu m an as se
generatizavam e o conhecimento da anatomia animal avançava já em
perspectiva cientifica, não parece arbilrário reconhecer na obra do
pintor francês ecos do imaginário atormentado dos suplícios.
Mistura entre o tratamento dos temas bíblicos e o de natureza
morta - indício provável do momento transitório em que este últi�
n10 ainda não se firmara com autonom , ia - é o curioso Cristo na
casa de Marta e Maria, de Joachim Bueckelaer (e. 1530-73). 23 As
prioridades temáticas aparecem invertidas: ao fundo, Jesus prega en..
tre os de Betânia, como num detalhe; na verdade, o quadro todo é
dominado pelas atividad es domésticas de M.aria e de Marta - esta,
1
como se sabe, representada sempre com os atributos da dona de ca
s�, vestimenta simples e chaves à cinta. 24 As irmãs tratam da r-efei
ça·o, depenando aves e trespas ando-as com um espeto. No centro
do quadro e por todo o lado direito domina uma pro.fusão de frutas s
e legumes - alca chofras assemelhadas a genitáli -,
as animais mor..
131
. R
l'' , 1", I". 1
� ' I I:' l J,"t � 1: /)e> /)/..·l/3c)
\e.:.,��,
1 , •
. · , , e tl\()d crnu
(..'"\ t , f •
l'11 ,,�, St'llf111tc11t s ,,t' lt)rn,•, tt•'' 11t»'1 ,1 •111,ed'l I t\ • l"'
··
• !S ·
Cnl\)S ll\l • ..
ll• \:)�,
,
, t " l;tt ,� , 1..tc ,., ltts llt' St\tltt,
� ,� e J>l'fl�cssi)S i 11 qt1i,sitori�is, 1,or L'..�can-
1 l"\� i��:''�'t -nl .. l\\)S ,., '(r t't\r i 'llt\ltll�'l\(C t)S �:tT\)irlllO S l<)f(Ut)SOS dô
:\t,\tl\' \1 \l\(\ C li '\tl\t)f ti�Ol( tl( l0(l.
t s,<,;-..'\1t�1 �,·, t)õfltlF,\l�� t'c)tll1cccr:\ :lltt1111s 111ís1ico� ele Jl�-��>. 1..·o·
n1 'l tlt<.lI\t!ê :\1·1·:\l-,itlo ft-.'i ,.\!?,l)Sti1ll10 dt\ C1·t1z 1. llili ,rit\ t) Brolt<lilo, 1
ft "'i Scl ts(i ílo 'fü:-," \ll\) <1\1 <) Ccltl)l ' f1 ·i 'lhtll !.. ele �ICS\lS '( l 52Q-�2)� (lU�
� '�lti1�1 ')lll i. cl)t\sti�1c'I l tlm �, Ât'ri<.:n e, sol',rc..'\•i,,c,1d t.l t\ Al�dcc:r ,Qut
l)ir� ft) l1tt"s() pclt)� n10\l1\lS, Nos 1h1l1trll,o.. ,I<• .,<�. ,,:,·. ol,l'lt ele c11(sti�
"', c.zrist"1l, �lct\, tr,ttt\J1l ti\ �11r rê�,\ rutul do 1l1(stico :.10 A,1,ncll): • ó
1
ltll r '-:li\•im, � P<) 'S\ll .. 1\\C lcl<lo e d( ai I c)SStalclo t1rroj,1 .. 111c.• 11or
011dc
1
(1\»i��re�, :,l{•g;\·tllc.." �••• q,1:111tos niurcs q,aiscrcs; cs1)cdaça-111c co11
q11i $cru • p(lr qoê t! co1 ,tig o r 1t,cJ ()()d orci $er
� t1G11t s lllt'lllê t\to s �11, ri
l\11\111110 de r11in1,
f)crdidt). U\"f!·tl\C� tltl l()t' div it\0 1 e 11o is G:t {\is 11it, i� fl
. dig cre .. 1ne . 111l1d t1 .. 111c 001 ti, 11d, ) Vt�n
<.io q,1c: 'll sei d,(;S�jt\t\ c<.,1 1,c- n1�
132
133
,
,J
t1,� ritaei d 11at ure 1..a lr1q t1i4Si I ori}11 cor 1fir n1ft fn e�, ft ,1ml1i
1r0 11tt;#
i. llí(ln,lc �tt tr� div J,1, , e <.lé rn, ,
. rif-a co . VotJ começar prJr ur1J ctifiO ctipa
r�la<,Í ,Jt, JJ{:<;111 <> x v,. ' J r� t a · l! cJa t1í ,IÍ>• #
i . a de Mad alcn ,1 c.lc la <..:rltz, r(;
,� íl cJe ttri• c-t1r1 vén t,J CL>r dc,b é,, t1t1c tod a a D·ip tir1l 1a rcr, 1tt� vtt r,or
Jij{j,(
Cl'ft
tinti,. J<cpc111ín�lftlCnlc, cJtJ; J.553, cl<; Cl)brilJ·'iC "4t1� a r;a1-ilicta,tc
flil�tt 11r,átan�l�, t c..�tcubrí1:t rt ,,att1rcr..a <lctJ><>nfaca da frtira: 1,r<::r1it,
''et>rl f.c t, e ,r,c,t, tár10f 111tc1 1t<.: qtJtJ J1;il1
>í,, 111..,iva.fliJ f.t cal)t> f u<li1u BlJfi\ ,,c
cio11c� bajo 1,� i1ifl11 ·1,<.:ia tJ(; utitr1 a cuyo p:,,bíc,t·rrc, . e �,: l>ja t11t t'êí't!
do�JI fft1 l,1ffl.11�l,1, �tr1�óíu1J·u,, tJ t� turli� 1r,1t{, r,,,LJrrJ(J e,,,, é:f dc11dli f1líl
ci11 111á 1 cJu Ulltlf�tlttJ rt ,,,h'',J-1 'J i,1�1� aJ?t:iJâ',,. (.;Ít1c,) Utlt;)k tlc ic.i,t<i(!
,,u�1,1d,, 111,; t1Jlijr4X: ·r11 pt:I� r,rtt1tcJ r�t ver. certa vi }.io 1 �,.,,r1a11d()fttt Jlc,,
it,11 anJ,, cJtJ Jt1t <.Jtic, w ver��, �v�rc;rjj;_1.fl1c �1�rrJb6111 c.on11J c·r1:,tr.J 1;r1.1-
cjljtmclt,, i1tcitl1t1d,,.. a. (1 ·,an11cl;:\llcit; tna�, at)!, dllZc a1'1cJ 1,.:1:111,,> tlc
J)Jll,,er,Judc • ,1 t;,1 vi f' Jhc tlccJar<JLI �cr r, di�l}o. Muíl:il�11a J),1c
t1�t,1I �,,111 C)Jc. tJlf� c1ri tr<,cicJ 1,rc,1il�l<:u ,,., ,,,�rc,1tarli1 1,<.,r y.ra11 1 i ·1.111,0
c:11 �iutt,k,., <111rrt1 '', tr� z ·r1cl,1-IJ1c 11111 ,, '#gr,> r1iJ tJIIC ;1 C<lJ1víd<1ll r,c1r·i1
., f�Jcitc\ c�N1�l,.:1,;', d" <Jl.tf: ;� J1at,r:i,1tJã 1'11ijiu J>4>1 11�l1ar ,, Jlttrc<:lr't>
••1111J f'e-<J''. (' di�if1() YJlllJ(011 f1tt lfl�t-1 lc)y.(1 ti.z.tJJU,ll �, 4 t,i�•· ,, · tl<J ,n ,CJI
ittt> tJi:, tlvurar11 cJc:J111lt!,.> car 11141 1 llltt: f• r,rcJlc,,11�;1,·rt1,1 f}<. r v,ric1 i tit1<>11,
1
atô o t�tri,,, �,1, 'IU • f ,,i cl4:q�,,1,,�rt$l e ,,r,t c· uiltJ. i�
IJ.r,1 C>&JttC> ct• e,·· 1,11r1t1r,I, uc,,, rld,1 ttr1 un·trvc11t,, <l�f.J MrtC:l1J·lc11:11
,k; !ic:vl'll1tt ''" it114; ct · J 1 ../�. t(P,t1·� �i•c ttlt1t1·11111•. ,lc\t u J''''Jfut;t��� i1r1�1
gt,11trl,u. tl1llrS<J1r1 raf.Y<:!s r1t1 ,sr> V<;r ,, r ·iil. Vl 1l;i ,.1v t:,I t!t,'1V(;a1tr> ,t,: ,1 �
l1 l,t�clc ,t � n,,v(! �r1,1n Jt J,1vt,1r, .,.f-«:r'��,tft 1lr. 1,.- e ·,,,tc!A'J'';l<Jtl, 1111,tii �· ,t! t
,:�•tjUlt ��de C1lr(t4ro J(SlJ'flfCf<1 y '''" 1r11ay tlia,111 :1, t, (:t J)fflfl(!l'ft, ttJÍl'i l�i •t•
UJQlt'1t1 'i(;fr.ttJ<l,,J.fS ql.rc tt ',Jl1tt CJI 1,, ft)C1tll'Ít• b l:1 vidit c.te-1 (!l)fl\l"JJÍf •• '.
('Orfc)'t,,,,, a
1J1s-',lrt ,fUJ,ui"l,,rsJ nCJt,r�1 tf1J1• 'li r· • ;, , 0,,1 •> i,111 dc·i h ri
1
�,,.,,,., '•ttt..'V{,lltJ t,,,1,,, ,t(: pr ht.rl C) CtJ)t.:J�l)tt �u .,, �H t ,. t• ,,. ,.11f 1·i, ,,tt,,
eu Jit tcti reKc�hi(1 11rr1 ri.m,,r1ctfft ,,,,e 1,1,1 � t· J<• f1nhlt1 , 11it.11,l,1(J,,, ctttl.'
ansl lo l1ab
. 1· a querido
la un16n q El , que er
· ue con El t a cossa ·
se s1 d pre enfa', · A �r natur� l ,
? sa de al ... i or es a d e . d a d o e t
mêncta, ''d d e o n s c onf io u a lll fe r v o
m
icienct:Uque m 10 ín c ub·o, Qu e r de
no avía csta era sin dud 'rnas Teresa n g oça tives-
do ,en su de a virgen Y . e .ou c
y mujere , q edor Y
qu q ue Ja tnás v o
ró m vee.
ue nunca av � e e \la n o a n
bia que signif ia o ydo espücac s a b f a n a a lgu.
ic i6 d a de v
de que se hab as n1 de la rela P r e
laba,' Se ci ó n que a , � e fiez, que el�..
tou. que o confesso� tivmprc desco�fiando, a mad�eª ntre. las cossa:
e
multa conversa, o pad: s colóqu1os privados coms:pe�1�ra sotici�
s
moça no tocante se mostro.u enca g.rav1da; .ª
à re produção ani ntado com a in Pós
achando-a ''de u n mal e às relaçõc ocência da
pro und f o a o r s en tr e o s s
d e nuestro Senor in m a I a r e li g ió n
clinada a se u d d Y alma enamocxos,
solación en la oración y la � �· a E:5 Y desamparos hallando�:da
or des p. i a s1endo su cxerci
p sobre m,ás q·ue las dem � ci o e n el ayU no
,.au .. ê�ei. J.
as pro1essas', A grav1·a n
a de explicação plausív . ez avançada e a
el �e
q 1s1ção a intervir no convento cpa���? nômeno levou a Santa ln
u
lali na de la Cruz de penug •r. as reclusas. Uma delas,
e m no q c1xo c voz estran Ca
a S\lSpeita dos in�uisidores qu t � . ha, levantou
, e en ao ped iram à madre s p .
que �e encerrasse numa ccJa com a u er11ora
professa , 'Halló e, co espanto
de todoR, que la dicha monja no poss ; �
. ey a a �r ib u to e m u Jer y más
,
aún que era.-: var6 n fª.tr:mc Y b1en cabal, que cla
, . . ba espanto verlo e, 1r1trc
tanta co�currcncia de fflltJercs. .''A monja.. homem fo
i presa, mas aca
bou fug.,ndo da� garra� da lnquisjção. Quanto a Torcsa, negou qu
al
quer relação atl! o fim, até ser esclarecida pela madre stLpcriora so·
brc ''la� COh1tas de la gcneración•,: só aí aventou a possibJlidadc do
ter a gravidez advindo de uma se ta qlae fizera ao lado ele Catalina,
gu<: tivera •�convulsiones y plazcres''; ela mcs,n.a r1acla percebera ''en
to tocant4.i: a l.a� parte1> de la gc11cració11 por csta1· cr11 sueilos y (lormir
cn prc,ximidad pc,r mc)r dei frio''. M,1is do 'll!C devassidão, tratava·
.�·depura ignorâr1cia quanto ao pr(Jprio corpo: onn11torada de Deus,
co1nt, dÍ9$era seu e nfc� or, a jov�m monja acrc,ditara o tempo todo
icas cor n o 16
l1LIC, de fato, rcaJ17�ra bodas "n1lst vad or.
Sal
< éculo xv11, cm Portu a lnq 11is içà c> de gre do u pa ra o Bra
ga l.
�e .
Jtil g� vam
il vária rr1u lbt;rc.:11 ' ac11sa,IR*> de fulsa san tid ad e. Ela s ·
nt o O í cio ão viu
�,.,ta� e proclamav:1111 . ua virtude, m,a nelas o Sa f
do s ren ô •
11
iM LC rp rc ta çã o
cri-ão bruxait; rc..�cll1ndo q1.1c a diferença ria s ag c11�c � e�:
� d c.. -v ia ',11u ito à di fc tc n ça do s r1( vc i c, al tu ra is do
rocnc US C tO , délS
id o OC K�íl rc lU ÇH () d ia l6 i,.i ca - íl� n 1t 1lh ·r c� • . C.JU
v lv
: �� :: ��
137
bros uma�riquissin1
.a capa. e outro::;
Que na açao de se 11a eabcça u
darem ela e o 1101. n,a Precior-
Corº
em inal de que ela i.J
ª ·
•
VO as mã o a
1
138
e
. _ ror nicaç ão sin111les ou qualificada, como, cor1sidcrava o
se.xua1s . _ .
nto Ofíci o - consl � tuían1 pecado grave> pertencendo, nesta quaJ 1 ..
Sa
}
•
d de a o rein o de Sata, sempre IJronto e apto a OCL1llar-s e por detrás
d: 11;n,e ns� mesmo � s conhe � idos. Além disso. fie a sugerido no de-
. .
·me tltO de Marce ltna Maria o temor ante o universo masculino,
pOI _ . "
aJtericlade tomando, por tanto co, notaça,o tn,erna I .
•
•
ª Um ano antes, na n1esrna cidacle de Lisboa, uma outra escrava
act 1 sada de bruxa nto à Inquisição. Chama, va
11 egra, ai1ãzi n ha, é ju
se Catarina Maria tinha q11inze anos e não a, parentava mais que tre
l
•
ze; nascera rios matos d,c Angola, fora batizada no Rio de Janeiro
l
prio s,enhor a denuncia, pois a casa toda a odiava e tinha medo dos
feitiços e malefícios de que era capaz. Semelhante em tantos pontos
ao caso de Marcelina, este dele difere na confissão de có,pula demo
níaca e na profusão de detalhes con1 que é narrada. A escrava anã
endossa e repete tod,os os estereótipos demoníacos co ,rrentcs na épo
ca, conhecidos da população e presentes na literatura demonológica
em qi1e os inquisidores se apoiavam para seus interrogatórios. Desta
forma, referenda que o at,o sext1al era penoso - '' lhe fez grande dor,
e deit,ou sangue do seu vaso natural,' - e. apesar disso, longo; que
o corpo do diabo era frio e áspero; que o Maligno só aparecia à noi
te, ''e sempre a cópula de noite na cama, e quando ela se, deitava
>
nela, e era das dez horas para diante , como verdadeiro Príncipe das
1
Trevas. Era ainda negro, fato que reforça certas versões européias acer·
ca do Diabo mas que, seguramente, encontraria eco no imaginário
de Calarina Ma, ri,a por ser eJ,â negra trunbém. Apesar do defeito ftsico
e da cor, o diabo a valo,rizava: da crueza desagradável de sua confis
são1 ressalta um certo tom delicado quando diz que, ocorrendo-lhe
que devia se casar com algum preto c.omo ela, ''o Diabo lhe disse
que bastava só ele para marido, e não havia mister otttro, nem hou
ve preto nem branco e nenhum homem nunca teve, nem procurou
ter cópula com ela > só o demônio é que a tinha, e sempre na figtlra
de preto ...''. 44
E de 1727 un1 caso muito interessante, que engloba elementos
presentes nas histórias de Marcelina e Catarina Maria - o t-rato do
lorido, prolongado e desagradável com o diabo; seu corpo frio, as
sim como o membr,o viril; sua exclusividade como amante-, sempre
exigente da fidelidade das co,ncubinas; a solicitude com que ajudava
no, s afazeres domésticos, uma vez saciados os torpes apetites - e
•
139
a
. . - n a e- -e ª-, �u,...
-. · d - q. · _abia
_e. - d m1,a Po
" .. , mo t -
n ' d - ·. t u
"""-"ª... .·. 1 ,co,m
1 ,
ruz
1· Q--._ - r o·
� .. .... LQ 111;.-\,Li.lQ
n ·an
. ,m· · ·_t:_ .•• ,
'
-1_1
. al1d. ,d
eu colo 4
' ' lhe fizera [ ... ] mil caríci as, pond o-lhe a mão
u,ma vez em s 1e que ela era a sua an,a d a e queri. d a esposa . '
e l o ros to e dize i,do- ll . .
P . . dera un1a aliança esposa l '
leia, e gostava el e se .
A d1v1na cr,c·a.1 1 c;·�
'' 111e . .
. 1 e m seu colo: ''Basta já de n1ãos postas'', ql1e1xava-se, ''J)01s
anrn 1ar ·
ro ar e111 teus braç os, encl1 endo ª te de doçu ra e a legr1a
stte que t·ccos t . , ,
esse Co ra çã o ' q t1 e Já é tod o m eu .. ..
. . .
tudo eram imagen s ce l est1 no d.e ne1os d e M ar1.a
Mas 0,cn 1 �� � �� . .
do Rosário. Havia a obsessão com.o supl1�10, tao t1p1ca d·esse !ma!J-
ná r1· 0. Nas chagas que lhe aparec1an1 na ilharga •
por determ1oaçao
1 naputulavain bichos,
d·vi q·ue ela não pou1a tirar. Q t1and o entrava
..J1·
•
AMORES SACRÍLEGOS
14/
H�t nt momento:- �1 pru..
f
qu to, m .... ru ,,un • ê d . dj e·-
[ rmosu_ra p mqu\:a i111 mi.:\h r
mim d� t l: q � meu, .. d1 t
lli. '.
• •
�1- n l dad •
o F • •i \ r\ h • d l nt UUt�fí
mando '1um tU{'t;1 r�t� , ; o" ri en� m\ii d �
tift :iJ 1. l . l lffi m . m,. \, m, (1 ·t. 1m f:.tnta ia t p ft ffi
it,�tir·, · p ri.1 • tl��i �tr nu� -.., d ·rem o� �1.:erJ lt� de
�\1,. � fiçw1lt u uk • . in1cr1n• iárlo · qoe lig.a: m o l10-
M.rlb lO �Ul\ l t�(:\ • �,. fl llo VJtt flU • \; �ras da Re-�
I
143
,1 , 1 11�1 • J 'f.'#4 '' � ...,1,n '� ,VII 'A , �,/tl'(;/lfl'/i:,., 11 }ti�,
I"' JT, I '!f(},t Q /r1 1 �· f'Í"'I '� ;''rl1.
''-'• 1)/ ,r,t
1
1;,,r , t//; J,tft;rfJI�
tr
J fl/
batia asa . Po
· · "' · ddiam, talvez, ter
re1n1ni cenc1a o niedo de virar
ª
tcn1po em que m uJ a -
vnn1 mons1ro., cor . a mores 1' lfcit· selll,c b
Maria do t)"'º ..t • • d, . d o, P01 Catar s Ot1 antinatu·r eçu
no os Pll t! d .. . a
. ttrto, 1n 1c10 e ina Ferna aJ.s ge .........
ao II n 1ver;� da cul traços d e 1 on. n de s e P . r.a..
tur a p . g a d uraçã o t s or. o),
cavan1 n1ms o op u I� r e _das n'.e · o be - pr .
an1ores e a se u n_1 ah d��es. ' '" ºPno '
dre\ ou, deflom ahdadc. p1ag M as nã o
[ das, proc:essava rnat1cas, fug a lliistifi�
n1-nos. i 1tt dos
Pa�
•
7
MENTES E CORPOS
Os assaltos do diabo
147
r
•
li
:(
r
n ..
'U
•
149
iii •
· J:'.Pí"'€11�- a
:u
a e
?... E-· a -- - o
'l ' .
, a ha·a ·o
ro, � -- 1 . e · o·� ã , que n-
·0
1
a. a n at - za ·-... ... t .·t· ., a . a 1n ..
· a ar, p d- . o -- , Jato
r e t ra d
-·m ao - ·-, p p
· 1- n 1: t --�- J
•
n. r om - ..
\_
oi e uid e
t ·ulo
d o çC o· l i, r · que ustl\' �l
"
c1�n\
'� •
proib
.
idt1� pelo
. t,\,;a
. . �
iinto
rs •
i l "c: eall parti �utar, c ntt
• ,.
o
•
n h n ,orn 1t1 1 as exo rct pro-
·
f�· o . um 11e t::�
O ��i ,a ra mo rib tind o . e in ade qt1 a das a ot1t rn · circ ttt1 tã1icin. ·.
poas P ' O o e. '(orci n10 , s '' c111prc do me �n10 t1 l()·
fre i L uí fnzin
I\pesar dtSSO, n1 e.xã o , rtec n con 11cc 1111 c n t o do
da a o rce de pes ·oa s. � refl
d o n to ua prát ica se pat1t ava pela deso r le1t1
estado en1 que se acl1a ,ram ,': . • .
l de méto do, agr� gand o ·�cou as 1mp ropr 1as. o b s, c enas . .
an d c-
e fa ta . f. t
e sup er sti cio sas ,, pa ra ··c on seg tur 1ns orp 1ss 1m o
, l es
# • ,,
ce11 · · 1-·
\foltcmos à associação enu·e o exorcismo, as docnças e as prat
cass extiai s do carm elita. A �pe riênc ia e infor maçõ es de cercc iros
. .
levaram-no a acreditar na virtude curauva da�, er, as qt1e rece1�ava
1
151
desengano, e abon1inaçào dos maus <.:ostumcs , e ca nt1gas .
. . Profanas
que o diabo por n1odas novas introduz a cada pas
" so t1este J)a íS' , 1
•
152
q t1e e ra tid o_ c? mo
, co na Co lô11ia e o 1a n o
n 1a iab o n o co t1d
o r d e rn o â11 c1 . a d o d . d_ e
e ,sc v1 . a P a · mp o rt ís se is o q� p �
o q u s a lL a n do 6 8 e 6 9 ): '' S e v e
e n t r e o l �, r es t
e t a o a t 11da
tal ,1a rvfett�P (f'1g JO entre asPP· . o ba1'les' pois n
e1 n . t 10 .
1·1 e ir o ta n o s eu r s e
s . os
�
b r a . . ã ,o e vi a' p o uc a110 in
1uso- et porq ue n p este. .. d1 ab 6 1c
1· a h
co n 1e
, .
d1a , a.s m ·s
t
R e ta . sã ba il e s , e
ce u� a�ia po rque s o
l
a o h d i q �
c
s a cn al di ç oa r em o A l
1 os n u � não evit c a o m é a s, a p a r a
o an d o a 1 s lem b r av a m n ã o
duziu; p rq m que estOLJ pe sc :1 roposirõ .,. e
d e s e o " n1 · 0 . M as tru sP o La m bé m
re g a v a o d e mo a s rof a na s co m
qtl� ?'' inda c e rc � c l.
ir a , re m e te n d o ,
tfs s1 · fr e i L uís a d � :; � a r :Ue e r s P e
� : a ; de l e1 ro u ad e o c i de n ta l
apedn m lista 1uso-bras1 . t o
- c o rr e n t e n a so c i ed
· - o h t· S·
o o ra ,. · éi a en a ve1 1ça
as in st an c1a , à . id va a o do ato r: in
e J1l. úl ti m a o e .
as s e rn elha
b alh o d o dia b _
deq ue o tra i ão . i s o l u
lat a n . e 1. u n re o s tr aç os d a po s e ss a -
triônica, char ice, x deb çcom r en t
nto o co nt1n e n -
uit o . po rta em out ros p aíse sd
M h a,
e ' d nto i o s ue
o qu e s e c onh os A11j os, os de môn q
si tan a e �: mº a �:: �o �n a d tanás,
co m o o s mo dcu , Sa
te. Era m s ete, aria . na .. Lúc ife r Lt1s be l, As . .
1
co rp o de M ,
eno s eru dito s m a1
habitavam
. 0
to, no mes talv ez m e
. .
M osq wto
.
e Ju men ent ara m a s f reir as
M osca, . ver.s o co· do que os que ator m · d os a
t a·an o lest 1 na
afeitos ao unJ m , co r o o' stes , .'
1 1
por e
•
ta a nos a nte s, :
Lo u d un cinq üen no ano ni_ mato neut r
de
ên cia e reco r�a_r espa ços �
criar pontos de refer t e ra o p1or de tod os.
O da tuxu na, Asm odet
do díabólico''.l6 Por serc x o rc is t a s t in h a m q t1 e v o lt a r o ro st o
u e a p a r e ia , o s e
quando s a fac ta o 1e ta
i'. '
u e ro s a , e
- l:'J
tã o a sq
1 '
o , n ã o su p o r ta n d o o l1 1á - la , ''
para la d 1 lí n g u a s e st ra n h a s > o u
O
d a en er gú m en a, o s d ia b o s fa l a v a n
Pela bo c a
ar a ex p e ri m e1 1t a r o s d o n s
ga r- co m u m da p o ss es s ã od em o n ía c a ; p
tro lu e fe z -o ex o rc is m o n a
'' lh
lingüísLic.os de Mariana, um francisc ano se na 1n es n 1a lr in
re sp o n cles
língua mourisca; suposto o demônio não a e11 te nc le r
e fa zi a be m d av a
gua ao religioso, contudo nas açõe s qu, ã o , a
i s na ó li ca d a p o ss es s
que sabia aquela lingua'': g ra m á ti êa d ia b
as co nJ 1ec er, po is se tra ta d e um sis te m a
possessa fala línguas sem
,
fecl1ado ao qual, corn o no s on l10 , se cll eg a po r m ei o do i nc on sc icn
sal
1
153
\,\l\t\) li i l \l\� ' 1\\\ '-'
1l,\) \ l <;\ I�l .\\,•
,ti
l l \ :\' ,· "'Sl' ·t�\ '\\\:1 \,\(\,:\ \'t)t\(l,·,,
1. Sl' \� "'t\l\ti' \\",\\t\: t
'"'" lf,.\t,\,t ..,� \ • \\)� ' . ,�' •.r-.lt)l' 111 ..\.s '-' ,� l t'nr,\t
�1· tm,,, �
(\\ 'a�t(\� • '1 ·\•)\' \ ''' \' 11,t: ' l \'l ts �l
"
C. \'t \\,l St' , )
\ '\ "','\'\ \'\ lY\\ll\f\l\\ '-' �\ \ 1 \.)� t\Ss \\(
• ' vt' \
�\)' 't(\ t'\\' \l, l '' t' '•' fll
" t) \'\, l'... t ... \l l!\: t • ' \� l
\ \"\\\t1 1\Í \\'.,
\.:,,,,,,\\. \'1 \$, \ l\,t\\l \ll'l\'\l''l {, l.
\ll \\\ \t:'1\t,· i' .. l: l' ' � " l \' l\llt• t,
, /\
i. � \� ,l "'!.\\\', ' ,. ,
\ l\\�,\\: \ , ,, 1 \1' 1� ll 1� \ ,, \ \ \ \l ' li l)S t) ' � • � .,,
· , \' \'I
l\\ \t \�\t)l' (\1 l-;,t"1l l'' , , l l
\."lu1g\l)S
'1 ' l\ , • l Sl' • .
1
1.11,,,'
l l"S\
•
t, \ ,' )\)\ tt..'ll,t '\\.\ t�\
\l\\[t.\ :\� \; 'Sl.'l)\'\S (. • ) l \ , \I t\ \'t'·
,, \.\
"�, , l\\ . . '· l ,, ·��\
,, 1 , . '')lll • ll1� �
l\\(' ,,�li\ \ \l' ,· 'I' : \ t\ \'�I\\• .. ,
\t(\ \ \ ' 1. \t\ 1•·,1,· ... \lt l(.)�
1
.. .. ,
l (. \t\ ;'\'\�. , \• ,) � , ' ""' \ , l.�\l \111� l\)\ll' ' 11..ll\·
1, •
d \,) \li (.)S, (' ll tnt�',� ti(\ .r1lutc1t. \ ..." .s E . l l"lll i 'l)l•'1tlt) t)ro•�cg, � · ..
i.':Oll11:rrtt·�1..· "�\llt. l;1<.l ( )Stllllê
L\ll' () · �01\) ..
j
154
t: ll l l ) � . t'II I• t I l'\I <.lS, t\l'l1lt)t\it''• tt\lt' l,1(L jt1 {lll\ tl(..'lltlÍ 't)
1
\ , L ll 1 1 \IOt\ü ,.. • •
'
Ili f il' , , { )CI IJ)I\I \I\\ c)"l l'llt (.):,i l1;.'\1,tlX() Cll' lltll �t)I (),
S\:
(\.'; l'\) ll \ \)
t�l li•ltlll)l'f\
tt\l) IH • .. • ··· '' .lN
1'" '' J111 s• ''í.11.l� · '
<' \sl tl
fl 1\t,1. i 11, \t 1 •
.,� , l· •t,rtl\tlV t\r\t f,lt 111n vçr,,r,1 i\t 11tVt:S \1<.' tl>�I \I'l,-
(�l'l\:\•S l11t ,
Cl l l: l.!l l l\'. ,l t , .
!'i 1 e.;•tatl' ti 'l il)\J) lii..'il lS: ''(isttllVt\ �·�>1\lr',l t)� f\'
\ ,11s vl:,\10,
, llt.'
, s,
, .. :,\,,) l'..': . 1..1rt\ll1t, c. 1 11l' cl:t 1111 11t'll"l ,;�:1:11 11rl �, 1. li
1
) C 1 e• SS , ' " )
li�i()$ll$
tl\ l\l ,
IS ' l tlt: .
11 'cl ê S� , \l . \ (()
lt , l.l''I l \Ili\'\ ' 1..'l)l'llll.tl t\(l i11l\.'rt\U, ()ntll f\()!( fl\tl�{l'tll
1Ct1.l
•t .
',,,,e 'li\ l l
·
llC · \rl 1 .•
h\l l 1 • tJ/J,,ri , c.líiit\, 1, ,r( 1 ,rt)SStl� t>ttL" <.. l)llll ltitr�t\S,
1\ tC>!\l) t: • • ,
1 \ Vl) SSI L Vlt 1 t\, ,(
• ")ti) ''' �1·s 'SIIHS' '� ()li • s� ,,,:�.�,·,.,. ll() l1\lCl'll(), (. L'l.lll, I'
1 l.'Oll'\ t\ 1\ . ,
lt l,l,
t , t l t l S rt\ioi , l l'S, jll�I' t}\lê t\:tl\ í\l'lltl&rt\Ell tl Sllll Ol11'1!tlt•
tlll1ll1 :i t)lt: , C)S e ·
'' 111
•lt) �' !\l 'c l t)� cln <.:or11�, e s�,11p,1t�... . •
\.'�t )- • 1\;
•
11 All \11 �1.: l1t;. ,�··t)T't
" it l'l t t)\itrc) 1,tt11tl) itm\f1c.11'lt\11(0 <.-lc�st.: tct�t ro i11fcr-
1
11·,
1 I: l1
' �X.I.:• Ili\) 1t, ) t•, 11cclt\ºt)t C' it\. Nl(l$( r�1t1llt as 1,c:,,tts I.! ()ltcl1;1.;1111t!1ttl)!o,
tl,1 l )llS� l!'"l, () 'X(lrl:iSlll() ,,IL:rl n l.'()1\1 ..�, ()S l1t)li'J't)l'CS tlllt! 1.!Sl),1'1.!llf\11\ t>S
'. l;N,
1 �t\ 11l (.) . • .'".. ,.-.�u ... fii't\in 0, ,,i I t ,,,lcs ti� l)�l1s:
155
\'cnruradl1
d� tl1im •
Porqt1c. se cnn1
meu º",'--. C�. t<.: av,
vrarao da\ n1111ha •·1· 0 so c11c·
l)
�o n,<!
Deu, fllll s g.1� as. arnu, 1 tava a
fctço e::."u
r
·
H•ína das a
err a �
n da. JJ ' ou v1nc10 a l o." hti1n n,c�,,,o,
Pa avra l las, e
• aqtJi J· de D"eu Cstqs s
á e Pa� e 11'.
Se no pl � a P ar a outra
s. r,rcg
a u a con1
, ��ena a ano mais e sfera· . 0
u
Q estã o P ró p r io d · . ' ª _ d o combate.
� 10 Pode da causalid o r e la t o
ou não f ade ���d
e entreta azer, des
afian o
t�ªno : rnenos - o
d e frei
Detga
n to n o Q a ordem ue o d r�e
entre Cé ue diz re Q
u e Infer speito � .º natur al o
to. .3� n·tJrer n o Que rcs a s ?ecto met d a s c oisa:rn .
cntc dos · e a co
n a fís ic o
de . , t n b u tçã . d o c
1� mais origi ornbate
1 d
11ôn o .
d
l� as Possessõe • u;o S ma1s VUi -,
útloso e h s, o nosso apr ar es a l do t C
x
n
ábil que s se o ima ern ��esentes ern gran
g
e de
X-
d e orgu 1 h . d u z i u F a . g u n s P P ar.
o, capitan e ust. o, ou ai ontos do
o u a r evolta cont n d a d o Lúcifer q se r a r.
N o d e bate ue, cheio
travado en ra D eus. Js
c�� o um ser Per tre os exorci
stas e o de
d1na, ple xo e revoltado. Deus e rn. .o
ra urn ' i:�� , este ��arcce
J u irano e tnJ
P?•s Por um ó peca
•
us to,
n1dad:, e Ad:a do, e de pensa
o pecou, e nel mento me con
merec, a Deus a e o gênero hu denou Por tod
m en m an o, a a eter.
tu_roso , po is or piedade, eu fui e fo i registrado, e
� ofe n den do contin uam o de sg raç ad o, e os homens
_
n�o ha .'.11 ª 's ente ach am nele ven
cu
qu JU
mim, nao ha: m � Stu;as, e para os outros tu piedade, para m
ais, que fogo ete do são clemência im,
lho do Altíssim rno, e para vó s; para
o, e houve os s s houve o sanouc
vezes desgraçado, acramentos, desgr do fi.
de qu e te m e is açã do demô';,;o, e mil
nada, pois ainda ó miserável de
quando intenta fa mônio que não pode
ruína, log o desem zer alguma diligê
bainha a espada o ncia para a vossa
Ante a dúv ida do Anjo de vossa gua
exorcista - "se rda...
dade...", "se me pudera ser objeto
fora lícito compa ela minha pie
e1nendava, cheio da decer-me de tua
soberba própria miséria..." -.
nha piedade de mim aos seres luciferinos:
, porque não sint "não te
pend o de haver peca o o que padeço, nem me
do". A revolta arre
ma controverso e muit do demônio expressava
36
o debatido
na teologia dos in uni te
da eternidade das pen fernos: a questão
as, co nflitante c o m a b
Deus, 37 ondade infinita de
E o inferno, tão descri
to por catecismos e
e setecentistas? Pela boc auto res seiscentistas
a de Mariana, moÇ
ma região a trasada a pobre que nascera n�
de Portugal - a cida
pinta um infei:n o cara de da Guarda -, Sata
cterizado ances r dil
acer�entos �tern s d
nas
que físicos, filiando-se, nes ��
te sent1do, a 1nterpretaça _ . � �
o teres1ana. aq
156
·
In fe rn o. aq ui e t a r Ll <> tr
•
os to rm entos o o
e ce ndo odo s º-
es l ·o u p a d e ias. a r �
1 � a.. o en xo fre . aq ui as bla stc -
05 aco1 �tes , as cad a:z
dos de n te s, . deh ss1 m a apr een ão da certeza ela
p . çõe s aqui a cru
e
n1ias, as des s foerg: a n'eve, o pa\'Of e te " ,g E te.. antava a ' oz, i n-
r 'd
n1 de, o . , rno · . . e n1 . ódio, confusào.
cte a o: e ra de so r d em , d e s ord
nf or m a d " g u r , guerra, , s ã
co e" . E r a a d 1 m e n o m et a f ís ic a d a Q u �d a q u e
d , e te rn id a d
eterni ade ci o s re p re se n tado pela iconograf1a, de, -
e n ã o o s su p lí
.. evottava, . · vocados em ser mo- es e· todos clrs, tri-
ºr1�tos em textos literários, ,n 1
· - pop u ares que h a\•ia 1n florescido no 1da-
ebula ·r ·
1 os d a s c o lo ri d a s v 1s o e s
é d ia . N u m • t a
- 0 po uc o a, e1' to à especulação filosófica con10
de M � a � s "
Port ug o d em on 10 er u d' tt o que habita,'a essa n1 oça simples é n1\11- ·
al . , ·
. do que en1gmat1co.
to mais
I
CONCLUSÃO
Em nenh wn momento se cogitou que Mariana ou frei Luís fos-
sem feiticeiros· sobre o cannelita pesou, quando mui'to, a
. suspeita
de pacto ' e a energúmena foi vista, o tempo
to d o , como urn corpo
infeliz assaltado pelo !Vlaligno.39
o relato dos exorcismos de Mariana em L.is , .
elementos para a análise. lá estão b o a o fe re ce ".1�J_t1p�os
o problema do paclo d v1ole
cia selvagem do desejo", da in � � n
serção cotidiana do demon10
prestes a desmont ar ca\ia1eir , _sempr e
os, deste lhar casas, enfurecer
semear a discórdia. Lá criat uras,
está a dimensão psi
a pos uída não tem v co lógica do fenômeno
ontade própria, manifest :
outro "eu" no qual ando, nos ataques, um
se desconhece. lá está
dagógico da possessã o caráter exemplar e pe
sofrimento da p o, que justifica o horror
ossess a. Lá está, de do próprio fato e o
m etafisica s
obre as atribuições quebra, uma curiosa refl
bre a natureza res p exão
e âmbito dos doi ecti vas de Deus e do Diabo,
demoníaco, c s campos específico s, so
onc ebidos em ter o divino e o
cert a forma, a mos antagônicos e
Perplexidade do irredutíveis que, de
�Pouco.lá estão, demônio que possui
por fi m, M ariana atenua
Péta do Antigo R as linhas m estras da soc
d de campo egime: a hierarquia ocia l, a iedade euro
� s c ognitivos, deli mita ção mais nítl
ª OtÇa da microfí
os in díc ios de u ma sensibilidade barro
rnedo ·40 A sic
P ossessa- o
a do po der atu an d o p or meio da ped ca,
m mun de Mariana é c agogia do
�� do em que a ompreensível e qua
"ª 11s s, numa
. soci
alteridade é rejeit
ada - pa�fraseando Lév
se natura]
e d ade em que do i
vo1n1tar' ti
•); m in a a antropemia (de em
e;n '
157
e < '� i r
rn arte. d . n o dL 1 rei
{) i nLcrior b l.tt1·
de azar
l t rad·1 t a1·ano e e· rcali
. onal·. o fr r . z a
, ,, -ª d o ob c u a d e atua Por
c v � t c 1 1 d a s
d os ern
l
r · . m •n ígni Sa va<!
1
do - o d o n, e i o d s d
o
n 1 '"Ualmcnte de co:��c� n fulano Fra�� n1anuais � o �I CJ<orc��
' te a e ner c1 d o f ranci a o , ou Cura
gu, n1cna co
,y,estre
fere Pala c
m a e tola no frei A le ix
\•ra agra , dist 'b . ? Cândid 'ºs,
de rnafeJ,c· da
t,.. \ 1 . 1)o das. O esp
que tão aço do mal r1 t11 agua b o Bru,
• , f; i j ""o , , • .d PO suídos os exo . , entretanto' é f1 �nta, Pro,
oença ', . . rc12.ados?.
D e vagos,, U td o e
rnu,
o p n am� ada que
so
Ci-
r 1-
vo
la
>01
tt;
IS-
>re
r-e r
,o.
Lil-
�n-
:os
t�
se
Ln-
n-
Las
Jr�
;1t1
1a-
1a
.de
do
•
da
,a
8
Do baruqi,1e
irifer,1af dQLJ
1i.1rbill1ona O e. nã0 fin
f ata l d a,
�AY1
�0' opio.:
•
�QLS veloz., m OIS
e-. veloz ,riais
.rer e a danca
v ainda
• co nzo 11m co rrL1pio.
Bernardo Guimarã
es, ''A orgia dos du
endes'>
A crença em bruxas
a forma de animais que s e esfreg am co ..
ou cavalgando vassou u n_ gue ntos, voam sob
bl e, 1· as norumas macab rams, reunem-se em
- . ra s ' ad o ra n d o o d ' as se m -
re ] açoes S� ats , tem orig. . ia b o e com ele mant
em rrns teriosa e controvers endo
po, acreditou-se que se e n tro a. Por algum tem.
ncava em ritos de fertilidade
m os. D.1scut1u-se, dep ois, sua ex
. anti'qUlSS
·· · l·_
_ istência real ou imaginária: pess
nao voam em vassouras, nem são p oas
assíveis de metamorfose, diziam
alguns; outros, m enos céticos com rela
ção à capacidade demoníaca
de atua r entr e os homens, viam nas descrições
desses ajuntamentos
prova evidente de ações heréticas e profanatórias, tributária do con
s
texto que gerou jo aquinistas, cátaros, albigenses e tantos outros des
viantes do cristianismo. Hoje, as interpretações mais vigorosas vêem
no sabá das bruxas uma construção mítica complexa e multiface�a-
da, novelo em que se embaraçam diversas meadas cu 1tura1s, a ma1or ·
parte delas remontando a épocas muito remotas: a crença na meta-
. f · de
morfose' na cavalgada noturna do exército ur1oso ou . . mulh ere s
. . , . . d a fam 1l1ar '
1 d a d e
seguidoras de Diana, Abund1a, Hol a, ou, a1n a, d
. C e ntr o-
com formas extáticas, pecu ü ares , .
aos x a m ãs da Eu ro p a
Oriental e de certas regiões da As1a.
çã o, en tre tan to, e co m tod os os tra ç os aci m a
Com esta designa m a n ife s -
r vo lta do séc ulo xv'
referidos, o sabá surgiu na Europa po
160
1
1
•
161
I
•
-...t u ch 1'T" 1 a ,,e �r ur e. qu i � • ho r d'C la
', - .uu ire ct deb
. dit qu
. :i. �� '
D' ._. . .i�
,e�
e es t u
p: de
5-
n&ll º ·s:sa n �
co . O, aqw· . é Anhan. Alude ao diaho tambem ex-
O esp íri to m at igD
- � mente: · ·1 �ott,
p,�� d l a ,
" · e' r ít � ou t� les t'��li� qu t rc
e · · elon gne . e pe r,.
. · _
Ce; � rpJ aJ llSl
.... ,..,,,., no
-·-.. =- es • es t AO �
. et Jes erreu.rs d� ""':, .:.v (.."0 fe 1 dL íé\ J
•
é0
.,--.ln espnt • • �
dn roal !\.t en s m 111 1:s 1r e, • ,\p ·
çon. q ºil ado re 1� D i. ª bl e pa r te m ov - en d' au ·u
n.s
,1 ·
de m uu \a
·
i ·e
·
Vlé, �ut
·
u
... . es ou C ha ra ib � so ot g.e
� r au dí ab le po ttr re ce uo ir le ur vo i�i ns . Te ls tm
pe Uez Pag
a doe5 -·· ��
se-sont : m ec ha nc et e. se t'a � re ho no re re nt re le �
po ,o lo re r lcur 't!. r
.
at1-
postetlfS rtl ina tre
. n,e nt en un lie \1 . ..- \ tns t so n, vn g�\ bc ,n< ls, er·
� ne den:1eurea1 o . •u � ... . .s .. ,.
'lrG et 1 par les
bots et au tr es lic
rant ....,. :i.
ll
•
'Ul
-1 _d
•
l-
'I 111 I, u
..
,n,,1
a
l
:rttar pa ra u e ti ve ss en 1 co ra ge m n a g1 1e rr a, P or du as
sob.re os circ1.1nstantes �
en s na
_
o ce ss a ra m d e da u-
elte-s ou se is ce nt os se lv ag
hõras, os qt1inhentos _
en to s co n
su sci tan do n·u m Lé ry de sc on ce rta do se nt un
ande 9a.T e·de.eantar,
bou- em qu e me do e tep ulS é:\ se alt ern av am e o m uma atraç. ão
uaditórid s
tom- e OJ1l fascínio m.disfafçáYeis.
ilc n.e
en.ra - Et de fai'c�, au lieu. qu� du commencement de, ce sabbât (.estat1L ct>tnme
i'ay1 dit-"en la mai$o n .des femm es), i , àvojs eu quelquê érait1te. i'eus lors
ro na en reconli:,ense un:e tclle toie"' que non seulemen't· oyans les accôrds si
uma bien mesur.ez: d'une celle· multitude, & surtout por la eadence & Le re
le1ros frein de la ba1ade, à éhasçun ceuplet lo\!$ en Lralsnant teur:s vo� dí
ava e sans� heu, ltei,aure, lieura, heuraure. lreura;. heura, oueh, 1�en de:meu
·prcle ray LOUt ravi: r1'ais aus-st toutes tes fois qu'il m•en ressouvient 1 Le coe11r
ssun, rn!.en tr(}S�aillant� il me semble que ie les aye encore· aux oreil1es' '. 9••
J, fez ·) Bem ctto Htp do ÕUlr , ljCt� se. s�gµrar peta.º'�º Jl(!ln �d.j(' dQ lugar, cn�
. � r �
:1.ndo· <11..
,po�1011.cm -e1�llo, o.uryadQ�·J>afa ilianl", tncliM.ndo um pouco o co.rpni n1ovéudo
laLria :�:ia\ª per.na e o pê d1t<lito. ca<la ufl, n1an�nda a mão direita sobrt as nádos,15,
��do pender C> br-41.ço e a mã.o e.i;q9c:.rda, ean1avaJJT e darrçavum de,'ita f�nn� e
tõr1io d 1s como d t.vido à rt1ultidlo hàyia três e!rcnlo.s, e -pennanecen<.lc,, no
u :1� �
! m dJJCl! Lr�s ou �uatro des��li carníbas, riço.me11u: parf(.mçnfadQ;S c<m, "º'!.P�S r,1uiQ"de
t����
=�!�;tet: t'eitQs b�l.m fº. �l111nu� naturoi,r, 11?"'a6 e:A<: cor� divenu1s: sJ!Jt�
ca a uma IJ� ,não11, 1u1\ rnarocá, e,\) ieJn chocaJhó� f<.":lr;os, de urti .frtv
to rnatb,11 uc crlr. lj ruz, d� ue í:tllei acima, .a t:i1t1 de (1uc. diziam, o �pirito
t«liss� netti P � � � J� :i �
•• • 1 a a5 'U C-$11C (l1n ••.
r ) ,rve� a do · se "º lnfe,io, <lt,!{.� Ru_bá (e111:ip1tlo t.u., corno dhutc. na
f �
,o, �31·
rnnrh�) m �:'').Q.r. f:ive-entãô '1ou10Jcç0111poo')a u111a ;lcyi.a tal l!fU� )tâo�atra. d1ts
.aQ óu1Jtr Ol
aco:e� �� m�dtdo� '1� taJ tnnltiqfo_. ,,,�� •obf'el u�o r,ela (tadêocJ{l e 6
a -a,: ltitr<J!e te;�i, �rmfilOtlU<l ·a.g v:or..é�+ dir.enda: Freu, /1if«or<1,
f.{J'*l'lali
165
i
S; J fl�f ,\· l'Olt,l�U( ll/1�·tSF:.'1\' lJU .�1k�/,\'t 1f'N�Jr,
11S' /' 1 ,t.; lt'l't�·, "/.tN"l'Ult;
Nu111 t'! l\ltlç., 11utítv 1 �t,l1tc ,, filtiçltri.a. eu 11,t\p;lft 1,r,11 ll!tll u,; 111,
.....·'etilo xv1. 1_. tt,-•1t1 i�(, Botltet1cot11t t1f1n11<Jtl q1tc, �111_1:11 ,,t.,tAt1l ,,clJtn
pl ·x.,, .,,h/,tiç{, 11,rr,s vezes upul'cce ili"t1ctil11tlo, c<111l r1{lt11 rttllll t, v<'«>
1
166
•
i
J
,,
1
,,
11
li
�.
rt
11
d
•
1)
' '·
1111
li
t
1, 1
o
t>
'<11
li. i
fl\l
111�
(>(}
1 ()
Nt,
�-Clt
If l
(,
11n-
·or
'Qr
;üo
1 67
01Dléia• n
n r, 1 r it a •
-"'a- ' e-:: a l .. . 1 a a, rri tl- ncr • de, .
!ll,:o;·:. e,. ,, er 1 n tou a t'\fla · · aú \Uo
•11 . ..:t '\ '°'<.:.
a l>actn �
1 • in n ' o h a va
lf�,
-.
....
� � ,., I a t n b é- , n qt1
na, e JY.!ct
p
i
o \e a ré
n:ao da u- a l• era "ª nda m" >iibti. ia
n zadc. a� nào . r '
--· a .._ n tz n JL . llta d a�•
n v o tc o 1 r.1 • a l l1 ut• J fte_"'
-.-..... ..,� a 1 -, u e a I ttc r a .. � Ct
anto <)t�1 c1
"'l
..0 com a tortura.comfir;�o,
lina u a conden
ou ' f:a?,.cndo-a �aír t- . o, �ta
Oa ti � r1i ênci.a n fl � n
co (8\. 'a Lambé mo de"� ttcn<.i·
ur.-cf, n ,,
na roce não tcr · e. cu, ev�"o ""ra n!l � ·
··-u ,.. .�m 1 antá-lo.· "e npr 1 ô. A
'd � róPrla l
que �ja deM r n.
�
- -".lt·õ' i- pad de Braga J e a para cm.
• pe a oca ião que pode r h a ver ví
l r a . m mo erro . e q u " oe vendo
. o para o B a ua sente trQ
Qua
J .
ra ·1 plo m nça cm .
! ' : par a l!!< e m as q ue e
o ctit de, re d o e l
p o pc�iio que há vivendo naét ucl as m <: f e 1t o n ã o
a ,�-.,,_.J"-- ,. enganai· o d.1a b O Pattes de
•1
l u :ro pro . . so eis . emisla é d e 169JJ sendo a
ré ' Leon or I"·er-
I nd nat irnl ôo �;\fg-an"e. t 1...
!
e10
-r:1r
DIO
10-
1tec;
)m
to
a
ha
1111
íl1•
·ra
1is
OI
1 •
,e
o
169
•
1 •
mn
·�
•
......
n. l qu
•
l, 1 miti l
a-
,r r1,-
'D u
. sta "i1orrna que compareceu na assembléia noturna que
bizafr a' ._ foi ne
descreve: . . •
João do ano passad o, nos ol1va1s de Sao
:i: Bento. foi
na noit
.ed São
aon de ach aram o dem õ-
e J sé e
corn o preto o . Fra ncis co pela meia-n oite
.
gur a de mul he r , e tant o ele como o 1 ose, Franc1.sco se ab raça-
. em fi
ruo . .
.. ram com O demônio; e Lhe [stc] prometeu encregar-lhe a sua
ram e be1Ja
corn efeito lhe entregou na mesma noite . do s){• c10 J�
vao.
alma, ª qu .aJ
d orou pond o-se de Joe
os • lh d'1ant d
or Deu s e como tal o a e o
tend,o-O p . 26
batendo nos s. b . .
e11an d o o e hão
mesmo de �õn
"-�' io , pe1to . ..
N imaginação popular européia, havia dimensão �abática na
João, ''profe ta vítima da libido cruel e incestuosa de
0 01 e
't ;e São
H ero díade ''.21 Por ot1tro lado, a noite
...
de 23 de junho continha
.
íor-
era solstício de verao, quan d o o e éu malS se a b
· .
ria:
te carga máoic
tr a·
•
e m ai s se a pr ox ima va do s m or ta is .
Francisco Pereira, que inicialmente confessara as mesmas prá-
ticas que o companheiro. entrou num delírio de loquacidade após
prováveis sessões de tortura, confessando relações homossexuais com
O demônio incubo, que o sodomizava, e relações com o demónio sú�
cubo, sempre insatisfatórias dada a frialdade do coito.� o seu jma
ginârio, o demônio era o mago da metamorfose: aparecia-lhe na fi
gura de homem branco e preto, mas com pés de pata ou de lebre;
na figura de mulher, mas com os pés revirados; na figura de bode
preto, na de burrinho, ma de galinhas com pintinhos, na de lagarto,
cágado, sapinho, gato pintado. Presidia assembléias concorridas em
Val de Cavalinhos, o mesmo lugar registrad,o duz.ent�s anos ant�
nos processos analisados por Bethencoun, e onde todos se posta..
varn de joelhos para adorá-lo. 29 Convocava seus asseclas para os en
contros fazendo com que o galo cantasse às dez hora� da noite, e
neles se apresentava na figura de homem, mas ''de instante a instan
te mudava de cores, tanto no rosto como no vestido''; servia pa�as
e vinho de sabor insosso, e copulava com todos os presentes, exigindo-
lhes adoração.lo
Apesar de negro e africano, José Francisco Pereira moStra im
pressionante familiaridade com o imaginário europeu do sabá. Es
tão presentes na st1a confissão a assembléia notuma 1 o coito insatis
fatório e frio, sodomítico em grande parte das vezes, seguido de dores
e até de derramamento de saniue; as comidas insípidas; a metamor
fose constante do demônio, que, em cena pa�sagem, quando muda
�am.bém de cor, sugere até proximidade com o diabo de De Iancre,
igualmente cambiante, iluminando o sabá com seu comol 31 Sob a
171
- , ,,,_ ar m 17 3 _ ·. r •
u n _ ·u · U, ra ,- 1 ti a m,a a_h:a :a_·r; a- ,;q ..
· •· Ih
__1. n . , - · ,1.t .1' ,d-. ....._ . . .ra- n,-- ·-, --o n. aqu.,,
_, \rn i-
d . z -,no - com,
- mh, ald. f� 10 -.. , -· t i: .. ·. ad _ ando O d e l
· J lh o-
1 r- . m - l _, · 1 ll1l la · ,Q > ·ung· ú n·to 'Nlln. -
1
. -
_ - n 1 n, n, - - 1 a - , u a - , om le . _ D _ 1
� !IQIIC11.
1
n a 1 · ir m · - · · i.p nh • . in . rnal. q�
-, .1 m _ · ma,,r - u '.a 1 · - num , horta J, n, ..
ni o, - r u.lh _ r , · todo- .' , po.
, ,l .._ .· ab,r�1 �,ndo-, - b i .. -_ nd ...
- p :r
..:>""""' ·_ ,aJ - 1' -, mp _ nhi _ , t, ui,
- -1 ,- 'U ., · - nt a , ·mo dabo
1
-r , · ,ar __ a a
, ,� - r i ,o d n1 _ · · - 'Ira a 'h-
'11,
1
-
,. nd
1qu 1
ni1n u t n
•
UJ d
p '
a
I, ti '
_ 1 ,1 u r
•
-�-,,..,Ui,_ .....
-
17.-
l 1
1
l l
,'I , 1
/7,
' l
1: 1
1 1
f , ,I' 1
I
1 ,, ' 1 1
li,
1 :1 I,
1,
1
1 I' r • "/.' 1
1 Ir 1
·, 1 i,- .l
li
1
•
1 1 1
J'
1 1
1 1 ,(
I' l
1 l f
t 1 1 :t '' 1 1 I'
l u
.1, 1
'
1(
1 1
I _ t, l ' 'l t-
, 'I - t
1
', 1 1 1 l
'
Ir, 1
11 1 ,
t
1
1,
l
1 l I, -
1 1 1, 1 1
,, 1 1, - 1 � ·, - il 'I '1 1
1,
1
1
-
1 .l, 1 ,,
1
-
t
1 1 1 -, l,
lit111 11,
' ' it .
'
) '-'1
1 ·1
l
.1 , l 1
1'
'I
' - .
1
-
1
1 -J I
,I 1 1 1 '1 '
1 1
' ,, •
'
[. '1
11
[
1
11 ]
,.
1 1
'"'
1·
'"
1 1 l
'1
1
i
1, 11,
1
J
1 1,
1 J', 1
t I' .1
1 li 1
1
- l
u
c·() N r l.1 V 1 ')Ô I!' , �
�0 11111 1 e, 11d
• cr " " rc se " �·1 1 ti . !-. 11 i ' ,. • ,·11 , t ·H �d u ' ,1
l'orn me I ho r .
·I� !, :\1 , ,l, •ti 1,,1t ltl 4•
'.
',
\ 1 l , 1 lit'llR ilc it' < ) � 1>1 t:,·•h t) �u ,,r,11 11 :1 , 1 ll>
iiniupJr�}rrr t:Lt '! )l'ill�·'-(t� oi:ill1fl . 11•lclil• llt.iJ) � \tl (�l,r ip.,al()t l;l�lll!!llll' Cijltf4!l<lc111e· i
OS r1l01t:
ltt< >1il 1 li:,.._t �·c) l, 1 IJ) J lX<, ,
oR or,unJt>s.
·. • . v
11u,,;�1;
"'' \CtlliC. l() • 1 ; l lltl <l �l· lltt ll'
J
. •
1�,'.lu,,cirno\\!nt t:t ht\ ., llfl!\l't1�11 �t,,, cll,111,>, a1•11,rcr,·1i<)11itt1t · •1J4;j�lr
: .
1
tlo-sé 11as l'tras csl rt, l1 l,as u rios 11 n n,�1,s h�lViiltCl1�. l�r� rl1 u ,s ,,.,,iraç,t,,
111aior dtl!i idolntr'itts, 01! scjt1, d�,s prátic�iN r-n{\!\ico .. roligíor-.as do� tu,
pi� l!, dClJOt H , (_,os ChCl'tlVO. af,icat\OS. P.n1 plCI\() séc.ulc, XVIII, demô-
11io:,; er,1t1\ cl,11n1ados, f)� colortc>b rcbcldc1:1, ,.1c;11ve11t.ft·11los as Lc11t,1ti-
vas de rcllcli:l\o.
O dinbo 11110 foi gcn1prc o mc�:1uo ,,esse rnun(lo complexo e plu-
ral, 1,oteroge'1\co t,ellts etnias e pelas cttlturas qttc abrigava. A icono
gn�íla européia n1os1 ra qt1e, com o descobrimento da América e, aet ..
tru11cntc, con1 a colo11iz11ção, ganhou cocares de penas e tornou-s.e
�clu ve1. n,ais negro: () írifert,c>� qu,idr,o d<.: um ao.õnim·O poTtuguê�
tia prin,cira metade do · séct1lo xv,, atesta bem tal inílu�ncia. 46 Pa..
re.c� mesmt1 cor11cto aílrn1-ar con1 Ccrtcau que o mundo das práticas
i,1,ágicétS a111cricar1a . s inflncncio'tl no fortalecimento da demonologia
• euro,pêia, chegando ,1 nlime1,tar a construção da feitiçaria sabática.
Mas, a pari.ir do manancia. l comum, variaram os produtos daí
advl11dos, ao sabor das especificidades culturais. O francês Lécy viu
no rito tupi orque-Strado pelos caraibas urn eq_uivalente do sabá-... Os.
l
•
página 178 está faltando
A br1,xt1 sub)az a outras re1Jresen1t1çõe!:>� colori11rlo, 110 í1nagi11ár.ió e1,lr(lpeu, tôda·uma
g,11r1a ele rerrores clifi1sos.
119
Epílogo
PERSISTÊNCIAS ÍNFERAS
Bernardo Guimarãe.s e o imaginário
demonológico
Embora fosse poeta de algum valor até por volta dos quarenta
anos de idade, Bernardo Guimarães (1825-82) é lembrado sobretudo
por romances de cunho social e regional. Da época e1n que ainda
produzia bons versos data ''A orgia dos duendes'', que, na confe
rência sobre ''O Diabo'', Olavo Bilac considerou ''poesia engraça
díssima'', creditando-lhe o registro sertanejo de tradições sabáticas
ou, em outras palavras, de ''cerimônias da de111on0Jogia brasileira''.
Após transcrever passagens do poema, acrescenta: ''todas essas per
sonagens de que fala o poeta, e cuja tradição ainda hoje anda tão
espalhada pelo interior do Brasil - o lobisomem, o galo preto, o
sapo inchado -, são figuras da demonologia antiga''. 1
De certa forma, Bilac atirou no que viu e acertou no que não
viu. A primeira afir1nação é ambígua e sujeita a equívocos: como
se as lendas do nosso sertão tivessem tradição sabática própria. A
segunda ajusta a primeira: tais personagens, disseminadas no íma-
. , .
ginano brasilejro, derivam da demonologia antiga, portanto, euro-
pé1a; são indícios da longa duração de tis a
crenças, e de seu vígor,
,
E sabido que ''Orgia dos duendes'' circulou em regiões de Mi-
nas ·Gerais na forma de cantiga, os versos iniciais sendo entoados
arrastada e m·onotonamente até pelo menos o começo deste século.
Eu mesma conheci essa versão, que minha avó paterna aprendeu em
Barbacena com os mais veJhos, e cantava para os netos pequenos
que ouviam, se lembro bem sem medo nenhum.
,
181
•
· os 1ej,o .... p · d m s· r aproximad.o po1r�
.�. � : am, n a . ifr.a·da comum a m.ani e ta.çõ-. ar i ,_ ·-
.· _ i, i,a _ a.r·, - , ap.a _ ran. · --. que d1; rant· - . ".eul,os .· , ra,duziu ta.nto
.....,.."" atá i ·o, · d.a ·e -1: ura quanto, pi ódio· .con. r . o de úri.a.·
A ORO
L
,0 ,,,
Jtinto d e le um v . e lhiiih o d ia b o
Que sa ír a do a n tr o d a s fo ca s,
Pe n d u ra d o n um p a u p e lo ra b o ,
No borra lh o torrava pipocas.
Tututa,1a 1 uma bruxa an1arela,.
Resmungando com ar carrancudo,
Se ocupava em frigir na panela
' Um menino com uipas e tudo.
it.
Or,dc �st ds, que
e qi,t�I<.�(o i�1rl1c
r._, in dt1 aqui i,�'-'o t e
-""ll <.tui. nt1 0 e ger,til? VC·)'O�
er,1 acorciar-1
Lti ti l<.�u tcneb e �·t 1n1 b�ijo
rt) .. c) co,,i1.
Gato-1;re1() da torre (l tl rllOrte
Qt1 ' te r, t1 i 11 l1i1!) e1.11 ,
Verli llgt1r� e, que lt;il () .de brasas,
cer t tia surte
Vct11-1r1c c111 torno
nrrnstor tt1as asas.
� apo-i11c·f1,1<i<>, que
111oras t\a covil
Onde a 111 ão do dcft1nto
enterrei,
Tt1 não snbe� que l1ojc
é lua nova,
Qtie é o ctia das dança
da lei?
Tl1 run,bé111, o gentil Cro,:odil
o,
Não deplore e) Sltt.:O da
tJvas;
Ve:r11 bel)er cxcele11te restilo
Que et1 do prar1to extraí das ,,i t
1vas.
Lobi.t;o111e, que faze:-;, n1,ct1 bem
Que não ven mo sagrado bntuqt1e?
Con10 t f""1ttls con1 ratito desdén1>
Quem a c'roa te det1 de grão-cluqtte?''
11
184
•
. '' l
[
'
'
l, 1 e
1 1
I l -1. ' 1 •
t ti I
l.
... •
r. t,•
l � lll
r
l -·r ta
1 - r !
��tir n .·
. ' •
l
••
J{s no mero
Aparece a �
ri ro d a ZtJ
rr
r.
li!
TATUff.ANA
Dos prazeres de
amor as primíci
De meu pai ent as
re o,s braços go
E de amor as ex:L z.ej;'
remas delícias
Deu-me um fllbo
1 que dele ger
ei.
Mas �e minha fraque
za foi tan.ta,
De um convento fui fre
ira. professa;
Onde mo,rte morri de
uma santa;
Vejam lá, que tal esta
peça.
GET!RANA
Por con5elhos de utn côneg
o abade
Dous rnaridos na cova soquei;
E .depois por amores de um frade
A-O suplício o abade arrastei.
GAW-PRETO
Como frade de um santo convento
. . ...
Este gordo tout1ço cr.Le1,
E de lindas donzelas um �ento
No altar da luxúria imoleJ.
186
bea t a de ascé tico
Mas na vida . JeJu
. . ,,.·
Mui eo ntri 10 rez ei, ,;11
.-
dia de aiaq ue apo - pJéuc o
Te q11c Ui-ri'Iu
�
ESQUELETO
r ao s m o rt a is cr u a g u er ra
Por faz..e
MiJ fo g u e ir as no m u n d o · a te ei ; )
MULA-.SEM-CABEÇA
Po·r um bispo eu morria de amores,
Que afinal meus extremos pagou;
Meu marído, fervendo em furores
De ciúmes, o bjspo matou.
CROCODILO
Eu fui papa; e aos meus inimigos
Para o inferno mandei c'um ac�n.o;
E também por ·servir aos aQJ..
· rgos
Té nas hóstias botava veneno.
187'
1 ·u na I erra
vigário (Jc c
{)uc ªªª'> n1ã<J1> tin,ha
r·
JStO t
a cl1 avc d o
,.• .1� qt1<! t1n1 ccu
dia c.lc un1 Q"ol�1c . .,
. C1\ t11fc:rnos
• •
1mprev1�l
tal de boléu.
,
o
LOBJ.\'OML:."
l:. ti fui rei, e ao
s vassalos ft éis
l3or chalaÇ[l m
andava en fore ar·
E �atJiã por modo!> t
cruéis
!\\ C5posaloj e fill1as
roubar.
RA!Nlf/1
.r á
no ventre materno fu,i boa;
Minha mãe, ao nascer, � matei;
E a mel1 pai por Jncrdar-lhe a coroa
em sc.t1 Jeito co•as mãos esganei.
•
188
qu e te in fe rn a) da l uxú ria
No nba
ao s láb i os c� egav a,
Quantos '«'a SOS . ..
Satisfeita ao� dcseJoS a fúriat
Sem piedade depoís os queb-r:a\.'8 .
IV
189
O t crrí
,·e1 reb
A noJ. e cnq ue
2Uninct
nta a o
E à c nalh
e esquerda e à 'ªd.enxotava·,
, om vo t reita zu
z rouca
d esta art rzindo
<cp e b rada
ora, for va·
a• es
Ob is orn e . ;i: l e to s Poent s
� s, e b _ o ,
ara a cov as mirra
a es ses o das!
para o i ss os noje
nferno es ntos!
sas alm a
s danada
U m estour s!>'
o rebenta
Que recen nas selvas
dem com
E na terra eh. e1r
. o de e, nx
Por ba. xo d ofre·,
Toda a súc � as relvas
·ia sumiu-se
de chofre.
V
E aos pr'irne1r
. · os albores
N em ao menos do d'
se viam vest'igi
·1 I�os
Da
nefanda, asqueros
·
Dessa noite de h a f0 ia,
orrendos prodígi os.
E n�s ramos saltavam
as aves
?ºrJ�ando canoros q
ueixumes,
E brincavam as auras s
uaves
Entre as flores colhendo
perfumes.
E na sombra daquele arvored
o
Que inda há pouco viu tantos horrore
s
Passeando sozinha e sem medo
Linda virgem cismava de amores.
190
, é assi 1n mais um elo 11a
rgi . a d o s du end es,
o d1 . a � '' O sabá : 5 no poema, es-
º d o c o m �
1a z u ma elip se do
parece ç ã o 1 u s1 ·ta n a q u e
mito qua nto os do rito .
ga t ra di ele ro enl OS- do .
10n t � t a nt o os cos. O zoom or f1sm o, e 1 e-
-o _p r. es e n . e o m po n ente s míti
ia os P r im e1r o os nomes d as b ruxa s· .
Veja m . sa ba
1
, mos tra -se nos
ta n tís slJi lO d O n c h a d o , C r o -
rn p o r . - P r e to S a p -0 - I .
rnento i et1 ra na, M a ro a n g av a ' G a l o �. .
, a n a li .sada
G
iatllr ana, . e A tra d1ça . ""o milenar d o exército fur io s o
L o b is o m · tr a -s e re tr a ta d a n a s , 'mi l
codilo, em ma.is . de u m tr a b a lh o , e n c o n
- ·d t -
G ·
IJ-"''"u
U,U rg '' , 'caval(Jan . ::::, d o em c o m p r 1 a s e s a
Por su rge m ,, u1v . a n d o '
,,
bruxas qu o pe1a tn e x p re s sa n a lm g u a g e m t e n s a d o
. -v e rs ã o se e . .
a pre ç p l a q u e .
c, as ,,·6 O . d o b a.
"l t u q ,, e 1 o u n a a m b ig ü 1d a d e n 1r us a m
s sag ra
•
contr ár'10 o s, e s-
,
a
• 4 -
: O ,
d e m a o is m o e d e e le m e n to s p a g
- nar10 un pr e (J
e n a d o
c o :
O
nu011'magi fr o n te ir a s en tr e sa g ra d o e d em o n 1a
co m i requ · · "n
e ci a ' as . .
fumaça ç
p e ca d o s h o rr e n d o s, T a tu ra n a fo i fr e rr a pro -
d ' b o p e so d e
arcan ·o so n ta · '' co m o fr a d e d e un 1 sa n to co n ve .n -
a, e m orre u m o rt e d e sa ' , · ·
fess et a at e es to ur a r, d e a ta q ue a p o p le ti -
o-- P r et o vi ve u co m o a sc
to,, Gal es pa tl1 o u m o rt e e d · ev a s t aç ao
- ,
t
nos ab is m os in fe rn ai s; E sq ue le to
co, s; C ro co dil o f 01• papa:
er am a lta re s e te m pl o
e mesmo assim lhe ergu e d ºs ce u s. v1 -s e, co m
rt ad o r da eh av
'
vi da , po �
I
vigário de Cristo em . .
ad o ao s in fe rn os . Po r fim , ai nd a no un iv er so do
a niorte, arre mess i
ho rro re s pr at ica do s p ela as se mb léi a no tu rn a ex
mito, a gal,eria dos
be� de for ma i n_ sist en te e rep eti tiv a, a qu eb ra do s tab us . Ap ós se en
tregar a amores sac rílegos e ·ver o amante-bisp o assassina do pel o ma
rido ciumento, Mula-sem-Cabeça matou o marido, picou-o e o comeu
''aos bocados''; por artes ocultas que dominava, Getirana dava ca
bo dos rebentos gerados ainda no \?entre; Taturana se iniciou nos pra
zeres do amor com o próprio pai. dele tendo um filho. A rainha do
conventículo terrível relata, com irônicas inflexões de linguagem (''Já
no ventre materno fui boa;/ Minl1a mãe, ao nascer, eu matei ..."),
corno se tornou n1atricida, parricida, fratricida e assassina dos vá
rios maridos Qtte, barba-azul de saias, foi acumulando numa vida
de vícios. Bernardo Guimarães esgravata portanto os recônditos J '
dio, o 1ncesto.
Ossos e pedaços do corpo dos cadáveres - a mão do defunto
�nterrada na cova_, o ''seco defunto,', a canela de frade t'que tinha/
tnda um pouco de car ne co,rrut.a,, - ·1nlegravarn as prattca • ·
s rituais
.
da magia e urope1a, s·endo parte importa
r•
nte do imaginário te,cido em
torn© do sabá das bruxas. As alusões
a tais fragmentos são recor-
rentes no poe
· m a, assuu como à sopa adubada com sangue cle mor-
191
cego, ao lombo de abade ou ao ''menino com tripas e
tud ,,
frigiam na pa11cla. à · ·ca\eira/ cotn badalo de ca co
. de ºb urrq� o �
que scn·1a . d e campa1r1 . h a. 1\ dança f reri ét 1ca . , o rodopio fatai e
. . � vert 1-
no, 1
g1 o e a tic..,,o C'Xp ] 1cat ' . a a. d ança sa bá t1ca . . invocada num se _
m nu- .
mero de trata d o, d crnon<.)log1co.;; e processos n1c,vidos contra
. .
. as pre-
. lJIDI'd a, b rt1xa . e orno a ate tar o cnrat7amento, ir,tuído por
Bila
dt> imaginário demo11ológíco 111ilc11ar cm sertões bra�ileiros Bcr am�
n
Guimarà� acre�cn,a elementos dos rito.s indígenas à ua assembl
1
éia:
a fogueira e a lJ<111rl1,rru. ou cabqça, centrais nas cerin1ônias tupis
e: cxauc;tivan1cnt� registradac; peloc; cronista� e viajantes estrdngeiros
dc-çde o ,é<.:ltlt> x, 1 ; ,, ''a da11çc1 do cc,reretê' ', J)raticada nas regiões ru
ra1� do Sl1de�tc bra�íleiro. de origcs,1 (luvidosa - africana para uns.
indígena e lt1sitana J)ara outros - n1as, de Qt1alquer forma, alheia
ao ur1ivt.:r o <:m que !)C constituiu o 5abá; 9 a e1nbigadu, ou ,,111biga
da, qL1a,c sc111prc.: itlcnli ficada à5 da11ças de roda africana\ apesar de
•
J
1,,L.,1 ccr lé:t ,nuc. i11J�a de 1on1: t,á 1nal1 ugouro r1os Sllt-.sta rro s
11
e ,1J e. e .trc>fl:, c11t<>ttdat--, 1 ltí(l<> ,te 31 :ar1clc frngor • • 110 ro 11 c.: o d o •0 •
1111 0
l:O<l1lc>. /\ t,111�:lt> f, d1an�·t1, ito �uni�t<.:ado, ,aos rc,,to1,1os r>
• · riJllC íll O
, . ·
trcr1 .
cs i rc ·ttl t tt n ic
J )<1<·1t1:1 ,,111 r1t,,,,) vt.·rt1 in<>�o·• e'l tcrcclr:t ,,:,J'lo l: t>
nto de lc> r i1•
«I • �,, f 1r, ,,. q11,1ndt> Ctltllt t1,11a c.lu\ pcrso11,tgc11 · 1li-lrr1,
. ,\
,
vc rf• ..
,cttt e Jr1.1 .,., <> l"·it,,r 11i,,�, a, co,1,rtcln, J;>rt>lttnd:,� d o t111i • tllJÍ..
111 t.lC v•
• tn�
O
�n
irS
J9J
rep ar�l a c heg ad a da
. . . flex ão qt1 e p ., ·· -
a 1e 1n -
t1n d o. ha as a l
in fe rn
in
rt e. a ...
,
p a
can al
rta bri
a
o
ent
a . ofr e
noj
qu u nho a en.,x
o
p e nte
d
m end
an
rebenque e o n o . n g_ .• a · ·,tac ia' ' re�
r.,10:�:inada s',. os ··o s - Jc � � "� cde -onde ntmca deveria ter saí-
o
roa,7 g1· 0
- sub ter r an e s a a l ma
as re e .. o i nfer no e ·
a �oltar para 'a e s� o os n ojen tos., Para
do: '' Pa rª a
nte,
CO"
'. e do inc on cie
danadas!' �sad (!lo s da �ultura
uma \'eZ recalcado e: º1· p de -a �oite de horrendo prodígio . ·,
e
aflora .
a su ozin ha e rne
i
a de & r,1 ar do G ui m ar ãe le rn br a ai nd a o tr at am en to
sente no poem
dado ao tem porG . a o}'<l Ju lio Ca ro Ba ro ja as in al a qi1e ''B o eh pi n
Lava para cen tirar, e foi com objetivo pio e moralizador que Filipe
u comprou ua� tela : mai tarde. a c onlen1plação das fanta ias do
arti ta genial ti citaria ante san:asn10 frio e ímpio ''. Goya viveu 4
193
intelectuai como Herder e os lrrnãos Grimm se en,pen h
ª m na recu
peração do universo popt1lar europeu, encontra-se igua 1
m ente entre
os ilustrados a tendência a ridicularizar as tradições P opulare
. s o rai. s:
as bruxas. como disse Lynn TJ1ornd1ke ' não tinJ1 am b'b 1 lio teca · 1s
. . Os
que persistem nesse tipo de crença são chamados de ,,.ignor , ,
,,.1ncu ttos ,., ou re fer1'dos como ,,essas pobres ant es
pessoas',.
Um marco na ridicularização burlesca da bruxaria e d
os rna
nuais · demonolog1cos ' · e' o 1·1vro do abade Bordelon ' Histo,·re d . .
. . . es ,ma
g1nat1ons extravagantes de 111ons1eur Ot,f/e (anagrama de Le fi
ou),
publicado em 1710 e que, segundo Baroja, estaria para a de mon olo-
. . ,
gta assim como o Dom O .
_u,xote de Cervantes está para as nove1
· , as
de cava Jar1a. · 16 Cerca de meio seculo depois, detecta-se num teXtO de
,,vo1ta1re. moviment .
•
o complementar: a tendência a transformar a� ._
�
ti�ria em ficção, inscrevendo-a num te�p.o _encantado e idílico, pr�
pno aos contos de fadas: tempo de nuster10, a nobreza curando
tédio dos longos serões de inverno com histórias de fantasmas, bru�
• xas e aparições, como as da Fada Mel.usina no castelo de Lusignan·
''todas as damas queriam tirar a sorte; os possessos corriam pelo;
campos, todo inundo tinha visto o Diabo, ou esperava vê-lo'', ''Ho
je'', conclui o ilustrado, ''joga-se insipidamente o baralho, e é uma
pena que sejamos descrentes''. 17
O texto de Voltaire acusa uma inflexão: entre o tempo de Luís
x111 - que adormecia ouvindo os Contos de Mamãe Ganso - e o
de Luís xv1, as histórias de fadas se viram banidas do universo adul
crian ças. 18 A bruxa
to, refugiando-se no mun do dos simp les e das
ria se tornara assunto de médicos, motivo de chacota, argumento
para ficção, derivativo para crianças: medicalizado, ridicularizado,
ficcionalizado, infantilizado, o discurso sobre a feitiçaria acabara p[i
sioneiro de vários cárceres - maneira compensatória, talvez, com
q\1e os mecanismos da cultura estancaram a ferida profuqda das per
seguições em massa.
Durante o séc ulo XIX , pas sad os duz ent os ano s do pic o de per
seguição às bru xas , qu an do o ter ror qu e po r tan to tem po par alis a ra
• a o uni ,,er so inf ant il, o sab á se
as popula çõe s eur opé ias ref l u ira par
tor nou tem a con sta nte da lite ratu ra. Vic tor Hu go num a bal ada fa
mo sa da déc ada de 1 820 - a Ba lad a x1v -, Th éop hil e Ga uti er em
�'Albertus ou l'âme et le péché'' marcam a primeira e a segunda meta-
de do Oitocentos, seguindo a sear a aber ta pela ''No ite de Wal pu rg i
•
s ,J
de Goethe e modulando, em ton div s ers os, a neg ativ ida de com u m aos
românticos.19 Juntamente com outr os mem bros do rom anti smo pau
o,
listan Bern ardo Guim arães se atrel a, porta nto, a uma tradi çã o; ca-
•
194
a F a-
v en s
m
J o
ara
es p eJ
ent
ss o or
ü
e d
q
en
fre
e para p
ue
� e
q
.
1e brar q en . t re J 84 o
o rn lo
0
t u
6
a
18
n e de �
a o' p s c n de
bee � : pireíto s ao huroor e à ob e tª veihice é pinta do
2 0
a d a �r u x a, a r de
gr á fic ret rat
S e
r e
e
f
rn
?º� .
er en ci a n o os d u en des ''
i f ra da , s ob
or
re
corn a de rno���ruosa , a ''Orgia �sc e de fo� rn a c
ao
a(lÍJJlalid.a b á d a s fei tic e i ras , cü o � re st o, ig u a lmen te c a r o à
a o sa ma , e
,
a elípti c a lid a d e - te
m a s d a seXU
oJlls fa n ta S da ép o ca. os est ere ótip os
. era tura oc1'd ental rn re vist a
21
o p o eta p ass a e e-
en tret ant o, pro f d
fazê-lo, dest err ara
lit
l us tr a ç -
a o
un
ue a al ce -
as
á e t
a
a z,
par
b A u :r ia e do s b q I x de p lor a nd o , tal v
. te. sem crer em b ru as '
co mu m
en an d .ª d e
r
sci
as do inc on nta com o terna mais do qu e a fam1l1
da
.
. . ·
pre se ''A orgi a do s due n-
zt1c..1smo, a . as elos con tos d e f:a das · E m . .. .
ça s, U1S tr u1'd 1gu1 da d e e ntre
às crian a tenç ao
- do hist oria dor é a amb
s'', o q ue cha ma a P
e m d o s c o n t r ár io s , o
d e , aco o rec urso ,
a li n g u a g ,..
em oru
o sagrado e o d '
est ru L ,�s mitic
h a s p r o f u n d a s q u e , s o b a n -
d_esvendamen to, e nfim v ro . E la s e s ta o
li
das
,
t ctar ao lo n g o d e s te
UJ.."'
d
-
todas na er ia a in s1st en c1 a em re co rr e r a
m a .
isg i a ve z a el ip se ? S
a .
'
-b ra s1 le 1r
m
so
u
li d a d e lu
. . ?
ta
,
en
e
m
q u
d a
Por
ela caracteri rm or uz a, de fo r
em a ha
ca
po
sú
A assembléia de br ux as n o
en te nd en do
sc ri ta
as
de
ma impression an te, tra di çõ es eu ro pé ia s e b ra sil eir
se, por tal, o cruzamento complicado das diversas culturas que, de
um lado e de outro do Atlântico, se entretec--eram dur.ante séculos.
Bernardo Guimarães atesta, na longa dura ao,ç a pers1stene1a enig-
,... . .
mática de estruturas imaginárias, e sobretudo o fas.cínio pelos ele
mentos da demonologia quando se deseja falar do outro, externo ou
intemo1 No século xv1, os europeus desterravam seus demônios pa
ra o outro lado do Atlântico, travestindo-os em astecas, incas ou tu
pinambás, mas, ao mesmo1 tempo, fazendo com que permanecessem
.
ancorados na tradição demonológica do Velho Continente. Na segun
d� metade do século XIX, emanci.pada a antiga Co
cismavam em dem õ ruo lô ni a, os poetas
· s · ernos, mas recotnam aos mes
mt
estereot, 1p .
os . Por isso, creio, nosso poeta e sua ''Org d
mos ve1hos
servem de b0m fecho a ia e d ue o de s ''
este trabalho.
•
195
NOTAS
Un1� prir11eira versão ciesle Lraball10 foi apresenta.da na Reunião Anual da So
ciedade Brasileira })ara o Progresso da Ciência (sni >c), São Pau lo, 17/7 /92. Urna se
gunda versão, ber11 dil'ere11te da primeira, foi publicada pela revista Tempo Bra,,i/eiro,
n�1 110, 1992. Estão aqui i11corporadas partes ele u1n artigo escrito c1r1 1988, apresen
tado inicialmer1te co1110 co11ferência 11a Universidade de Southampton em dezembro
de·se ano e posteriorn1e11te [)Ublicado en1 Porti,guese Sludie.s·, vol. 6, 199(), pp. 85-93.
O presente estudo, na forma corno se encontra, é be1n 1nais an1plo do que as versões
anteriores, e ir1édito; para esta versão definitiva, foram imprescindíveis a leitura e �u
gestões feitas por Ronalclo Vainfas e Maria Ma11t1ela Car11ciro da Cunha.
(1 ) Para Gil V icenle, ver ''AL1to elas fadas'', in 0/'Jras, ed. Mencles <los Rcrné
dios, Coimbra, França An1a<lo, 1912, L. 11, l?P, 293-5. L,uís de Camões, Os lusíadas.
Canto v, Belo Horizonte, ltatiaia/Edttsp, 1980, pp. 192-3.
( 2) Para Zurara, ver Fortt1nato de Aln1eida, Jfi::,·t6ria ela Igreja etn Portug,1/, ecJ.
D ami�o ·-
Peres, Porto, Portucalense Editora, 1967, 4 vols., p. 368. Para João de Bar-
ros, Asia - prirr1eira década, 4� ed. rev. e pref. Antonjo Baião, Ljsboa, Imprensa
.
Naci onal/Casa da Moeda, rei
mpr. 1988, Liv ro 1, cap. 2, p. 14.
(3) Para Pero de Góis, ver Raimu11do Faoro, Os donos elo poder, 2" cd., Porto
Alegre. Globo, 1975,
vol. 1, p. 143. Para a citação de d. João 11r, referente ao Regi-
s,n_ªºenio de 1548, ver Serafim -
Leite, S. l. (org.) Cartas dos pri111eiroJ·jes11ítas do Brasil,
Paulo, eonus
1
197
ílt ••11ü
ra1 ,• e.: C>n cerrae
log}· �,,1, d �·Jl - h nat
ural Philo1i
ou, ;n,. c
êJ11d t hc l)utLhm�� ctunJ embólrra�,m
c11ipr�� nevenhclcss cornbined i
,
\� crc i he
m an } • c.:a G"Crhatd (1I ex;rnpJe Jea n Dodln � �th demono.
11;,n Giova
'\ dr
P� : �
nnl B:i r;j Jt� n, \\'ho made \J11:ciaJ ulud·'" Perhaps Lhe ,;rge: ert Daneau
YJ>cri
l h\: •is
a
b c n 1 1 , sLld1 tos
� ív C' J <: a arbítr io r1 lei obre
� � pt:r f<: ir m e r1te r1 n os
unen
in C Jl
dic. d e p \:r rn
seu
J ft" Oc: ra Ju Dé111ono1nani�est �ise'!uc;Ps;:
º
·"'
s
•
• ?., u: o� :u
o .
r
u�
t
e
J
r
po
·e ir a
�ipc
mui
de
·c m cntc1 11 e p o ' lblo s '
ern�n , cou , J es ntir acles s n on 1·
ou
'
sctJl n
tJJ -c
no,1
10
Ce q\te
ver t n tbsoJtJ. à Q ui•
JlO
fguéc
·or1t
/98
'
co mo é cabível alterar. a cada momento. a lei que ele prl,prio
d o s milagre - . .
'rei > to o b
mo desorde m e ponanto la() dt 1no quanto a ordcn1. Sata�
u. 0 que chr una . • . . . .
o rn ul g� sen\ det;\ar e ser, com isso, o u1s-
pr
uit o ber. por de poderes extraord111anos
n dis �
po dé m ..O 1 e Jacques-Chaquin. ''N}11au]d, Bodtn er les autres: les en-
d e Deus]. Ntl.
1r u m en to lo l>·canth ropie - tra1isfor n1at1011 et exto-
nor p h o e te.: x tuelle '' in De
jeu� d . une� étru . dition critique augmencre d'études ur les l}'·ca11thropes et
rs 615
se de.s sorcre
rou
ga . �Pai
, .
ris. · ;rén êsie Éditions. 1990, p. 12. Pensando ainda na ambigili-
.
tes I ou Ps·- Estado e da economia po I '.
tuca , -r.
ire or- R. oper
Bod 1n, demo nólog o ' teórico do
. .
d ªde de }rears of apparent ·u I um1nat1on t here was at I cast
um a be 1 ª fr as e: •• tn tt 1o se · · .,.·
� u
rsc,'\.�·e h, · ·
•'"' e.�pense o f r·tgh l ,.
kv in \vhich darknes s was pos1t1\·e ga1n1ng at u,e
one q uarter o f t- h e s "
ap �
ar"nte iltin 1 inação. as trevas e ta am a gar1har lerrcno obre a lllZ
[N e ssc an os d e .
pelo men os u m quarto do céu]. H. Trcvor-Roper, Tht• European ,vite/1-cro-z.e o.f
em
the Sli:teenlrl1 a,rd seventee1,1h Centi,ries, Lor1dres,
• Pengu1n, 198-S, p. 8 [trad. port.:
. 1ao,
• . .
Rel1g . Te1• .r0m1a e rn1nsfor111ação social. Lisboa, Presença lart,ns Fonte • 1 97 .... ., p.
• _ . • •
JJJ. para I lélêne tcrlin. a pos1çao singular de Bod1n se devia ao fato d e a ,·1ar, para-
· - ·
dOX3 Iffit: n("'""" ''uas
u • ,-,- n.�rs-tivas
v-� em uma; a v1sao vo 1 untansta de Dcus e do n·1abo·. ·· ltSSl·
. . . . . •
peut-il à la fois �laborer, sur le modeJe di\'J n, la theor1e de 1� souveraanete et de I ab-
_ _ .
solutisme royol, ct attribt1er à Satan un POltvo1r e..xorb1tan1 (p. 70) [Com base no
rnodelo divino, ele pôde elaborar. simulta neamente, a teoria da soberania e do abso
lutismo real. e atribuir a Satã um poder exorbitante]. HêJêne tvlerlin atirma ainda
que a p01iti a impõe sua existência. ao ]ado do direito e da teologia. a partir das guerrc1s
de Religião, e ··nasce sob o signo do demoní:1co'' (p_ 71), ''Le devenir démoninque
du corps p()litique sous les guerres de Religion' ', Frét1é.sie, Sorcelleric , n '? 9, 1990,
pp. 57. 75.
(6) Baseio-me aqui no estudo de 'Nfaria Tausiet Carlés. ''Le sabbat dans les trai
tés espagnols . ur la ·upcrstit ion et la sorcellerie au.X ·v, r et xv11� siecles' 1, Colóquio
Internacional Le sabbal de !SOrciers en Europe, Sainc-Cloud, 4-7
/11/92, texto mimeo.
esperando a publicação das atas. A autora considera como mais dire
tantcnte ligado�
à probltn1ática clcmonológjc-a os seguir1t� tratados: Martin
de Andosilla, De Sr,pers
ririonibus, l:;'011. 1510; Mnrt{n de Castai\e
ga, Tratado 111,,y soril y biert f11ndodo dtt
las s11perstitiones J' heclricerias )' ,,a
nos co11jr.1ros y abusiones y otras COJ'OS ai caso
rucanres Y de la possibilidad J' rer11ed
io de/fas. Logrono, 1529; Alonso de Castro, De
s�rtilegiis el r11aleficiis er eo
n,.tt1que pu,,itione, Lyon, 1558; Pedro Ciruelo, Reprova
c�o,, de las sr1pers1icio11es
y J1ecl1icerias� Salamanca. 1538: Martin dei Rio, Disqrtisi
r,on,irt, n1agicaru111, Lovair1a,
1599; Benito Perer, Advers11S fallaces er si1persri1iosas
ane,$, fel est. de 111agia, de
observotione so1111tion1m et de divi11 atione astro/ogico, ln
golstad, 1591; Blasco
de Lanuza, Co111bare de de111onios y patrocinio de a11geles San
�u�1 .de la Pena, 165 ,
� Gaspar Nav-drro. 1rib11nal
de supersricior, ladino, Huesca 1 1632;
°. ngo Antonio de Ribera y A11drada, Magi(I noti,rol y artificial, 16
s6 �e con erva o 32 (obra da qual
título); Francisco Torreblanca Villalpand Ep
qu1b11s aperta• veI o, ito111es deli,:ton11r1 in
. ocu1ta 1nv . oc:a 110 . .
1os ltbros catolic . da e,11 011/s 1r1tervent1, co,1 sr, Defe,,sa e,, favor de
os de la Magia, Sevilla. 16
18.
< > M ria Tausiet Ca
; � rlés, op. cit., p. 3.
. ( ) Micl1el de Ceneat1. ''Travel r1arrative of th Frenc
Elgh teenth Ce e h to B,.iziJ: Sixtecoth to
nturies ,,, Representar,01,s,
''The New World'\ n? 33, 1991, pp. 22li-0e 225.
(9) Gi.uli.a Lanciani, ''O
ruas culturai s ,.• maravilhoso e<:>mo critério de diferenciação entre sis1t
RevLS , ta Brasileira de História, São Paulo, Am>mt/Marco Zero, vol.
11 • nº· 21 , 1990-
t, p. 22.
199
. 00, Par
a a irnp
ra,so. :?
ed., São onànci
. P a da vis
Prcúon-u aulo, N ão ,.
nante n acional, 1 . er S
<ie f list o s é c u l o 969. J\. �r':'º lluarque
ória. ,
o 1 >.." " \'e r _ , •sao s
er
de Bota
pron t • .. . 1 • 19 5 O · par �u cien Fe
b v
ia um s
e n
nda, " .•
Pac e ct hunia a a v isão 110 te , " O hoine d _menos t id o tsQo d
7-104, P n; sme". eonh<; . m •ntel'<?
o l>a.
p. 54. l& ibliot /,;; c • rncn l º lll o s e cu1 0 xv , tuai
ris, Alb1n ualment B
oderno, v ,
l\1ichel, e Robert que d li .
s-ao pau1 C'o 19 M a um«111s e r A 1 � • ,
º· 7 4, PP . 76-7 " ndrou, l111r me et R P onRse.,,1s,á
ver Luce rn p ;,n hia das 1 . • e r amda o
oduct1on à e naiss
la F"ránc � e
Du.
Cuard, " -etras 198 meu O dI ":c , 8 (1946)
e ' ° ,
e
Epilogue 6 e ap . 1 para .Qbo e
presenta11.
ons, • • T : MicheÍ o
a terra d• me P
Pape I das V h c d e e '
e rt c •. c o m e n t
de Sanr
t. agen !) no
� C\\s \Vo
rld" 1991 a u s h e terotog.," ár i o a Merteau.
a a.
(orgs.), Art imaginár • , PP. 212-2 an d t h e ,.
" -o"n't'·y,
i o europeu 1 p a n N e w Worlct'
s et lége
• ver F'"ra - ic u t armente '• R.•·
ris, PI 11:s, 1981 n des d'esp
ace:, _ f n k,· lestri p. 216. P
ris, n.. . Ve r a in da F n ig n &ante e . · . ara o
oc«rad1grn r k
a Lestri • n u,,�_Y
ures d
hr1St1an J
e, 1993. D n<>a té ag, e e a c ob
( J 1} e cnea ev o estas duas , C if e t rét hor i que s du monde, Pa.
. • u, ., "
r\-.""
cl indicaçõe
re m o n d e à la Re
cnt1Jr1es •, R narratíves o s a Mary
l
l!aissance,
epresentar,· · f the l'renc deJ Pr1.ore. Pa.
02) Lntre m ons, c1t. h to llrazil:
ui to s, Sixtcenth 10
w i I eh era fl ". ver Stuart C ,,.1ght cen
1h
Pas t & Pres lark, "Inve
c
dcvilishc pcr�on en t, n? 8 7
, rsi on, misru]e
s': Buropean m aio 19 80; Ro and the mea
karloo e G ustav witchbeliefs in bert Rowla n ning of
lienningsen (or cornparati,e p d, " 'l'antasficaU
g. ), ers pe cti a nd
Pertplierie.,,
Oxford, Clare Ea riy Modem E vc ", in Bengt An.
ct ali éri1 é dan ndon l>ress, 199 uro pean witchcrafr
- cemres nnd
lc Tab/ea" de / 'ln 3, PP. 161-90: Sop
re de Lancre", Fré hie Houctard, "Fr
11ésie - flistoire
constance des m
au vais anges et on,iêrc
9 1990, pp. 23- - Psychiatrie - des démons, de Plcr
.
�
31. Psychana/yse: Sor
cct/ e ries, n?
(13) Giulia Lancian
op. . P .
c1t.
04) É evi i,
, ass,m.
dente que a p o emá
nológica. P ra outra interp r b� tica
da �·r�;::t:c:::::�::.�
� reta� ao, b
ao a Am..írica, numa pers :j:
pectiva q :!\: ·:��ria cham :l�:�·.:�:
� a lcndinnen, Ambivalent co11qu ar também de heterológka,
,.5 �f
le�}- 70 C:a m bridge Universi l y f>
• . .
P ts - Maya and Spaniards ,n
es
ress, 1991 P p. 24 s Nelas a autora mostra co
Yucntn11,
mo
os espanhóis. vtra m no Yucatán ap nas os as.'pe
. e ctos d: �ida n;liva que Ihcs interes •·
vam, d i� n d o d e rc'g:Jstrar ou. cap tara porção menos v,s . 1vel ou evidente das reJaçoc �
,
de a u t 011 d ade.
(15} .. Th e E.u ropcan ex per ien ce pro j.o un<l ly .m 11 enced l1s Andcan coumerpart:
tcrs i n Europe shap�du1 he . deology o r l be l!l<tirputors
. t 1 wortihippers had tlee
tn . �
.. 1 and rc tgt
,.,. ffec l on .t he. eia
,� o éia n fl
IA c�pcricnci i ucnc:io u profun l mente o seu
a eur s�lc dcm6n e :oldou a id eol . lir pa do re,
lollia d (1 caçado íoh na E.ur �:s o og, a d�s :a ão dos
� , os sos vo ltad o s p r ç idó ·
No o lvlundo'. e, con1 o na Cluro pa .P'° gi
a a a:�·:, nvo
d e lvido s'"
fundos sobre a vi da rc li o sa e soc l a l _ os g �e/!det' deol
Ia t l'I\S t �'Vt!
e z t o 11 , i na1e�
leia da caçfl i;1:;:�], lron� Sil::;:•a;�
s u n a 11 d w u e lt e� -;981, 159. cr c
o p . _ ? �
. . / i
· :: :t n Un!v�;�l�;,:
::domon�:o�:
10
·r ',1 à r lação
io s.< a n d c o /0 11
11nd c tn l ""', s m f
ns "". e e,u,e. , . cite
Oru z in sk i ta u � ; ,;� e ostr ou se n'avllll flu � l erlo
s
tr�:;'.
tc ue � o i tio n d étc n ve
s_,. " , celle-ci l dé-
I' figh. SC ; •cll , "'' enc orc n ; o
en s ":� mcnt u
\:
q, ac s.''·rul � i :ê, les cn r l
lc s p r o', · ido �
l 1� b �
1 ,� �uc réc pêroeros�:�11 é
c les. cre>yunc•es
1.•
1
• 'l
e• lt" 'cxpl ktt tlon d u e une c ,.,-
1
, " et à me. s urc . IÍI'>II a· o n LO
t non,�,c1 11c. A1t fur t rnJt
�� 1c·ll.s Ju ch1·1• sun
1101 • 1
'"11s 8
" ,l clén1 • e
· . elh'..tle
QC<1'1 .
de l o nolog- 1
p lu t>�r t c.1�s tna1,1. . ·c h é n a s
t111s
• .
11:s
t<1Cl
ur i
tcs
.u\ci ditt d'flppan'tions aµqu é�s
tégone
200
en ce s in d ig e1 1e s p ré cé de mment évoquées,
av ec 1 es ex péri ,, .
d e app ort t e enca re 1 a tr ame [ as a 1 grcJa
M
nt g u e re di virii té en cor1 s iLu .
S n ' o r v e c la eT i ças e
EtlC . J'affronternent i va caso
s· ti ve ss e ap en as tr ad uz id o as cr ,
ên 1 e s1
a do nu m aª ._
P 051 -a
\-
.
o d e fen
' es ta ú lt im a em fe
.
1t
.
1ç ar
.
1a d em oníac-a. A
rn . a c o rit inu ola tri a e, a seguir . . . d s a-
te n en as ern id st ,n a d am eo e, a maior patt: � �
n dí g ap er a, o b �
ráticas i e,{ p
. ç ão diabólica rec1
hca . . ve z, su sc ita um a ca Le go r1a in édita
1 a qu
e a n ação, por su a
pJlled'd d .
i ct ·on ais ' a cr1 st1a
id en ta l. El as nã o têm relação
es tr a m o n ol og ia oc
lZ.
de
nu'"estaçõ ai . das em esq ue m as da
nt e, m es m o qu an do a trama con-
de apariçõ e. es e� . dígenas evocadas an te ri or 1 ne . ts et eh n. s-
c1a s in '' .
as ex p eri e... n . af ta m en to co m a di vi nd ad e). Ver V1s101d' -
com ,
1d a pe 1 o ro n Vi' . .
sen d ° co nst1tu ·ca.i·ne''• in Jean M ic he l Sa llm an n,
tiaua . . > périen . 1n 1e n, 1es , vi-
r
1s 1o n�·
.usa�1on. 1,e- ce mexi . . . 7 -4 9 e 12 3.
P ar ts , PU F, 19 9 2 , 11
tiar re n r, p p .
l'inconsc
e et
e
ri
d
at
e s
tes rn é ·.
ttssag
ar ti go de P ie rr e R ag on , • D ém oo ol
ntíssimo
,es ·
:
.• •
a
qi
ro
te re ss
1
ba
síons
Ba seio - me .
tn
1c a• n e au 1 s1c:c e , ev
e 'l. 1 •' R ue
ex
. -
m
no
r la ci vi li sa ti on
. mon olog1e dans 1 es recherches su
(16) . xv
. 1, p ar t1 .cu
. -
n 19 8 8, p p . 1 6 3- 8
de . 'Nloderne er Contemporairre, t. xxxvi abr.-Ju .
s d as id éi as d o au to r so br e as re la çõ es en tre de-
d•H15 ' totre
· C ur io sa m ente, mui ta
larmente P· 1 · ·dem com as msn · h as . para tan to, ver
1u c1
10
, ic as religiosas am er ic an as co .
mo no logi · a át B raz ·r
t h.
e pr
e ai
.
n d a r'T h e d ev il
>•
C ru z 1n 1an 1slo ry ,
. alu d'tdo o di'abo e a terra de S a n ta
1990, pp. 85-93.
O Já
ese Stud ies, vol. 6,
Porrugu
(17) Pierre Ragon, o�. cit., p
. 175. . . . . . ,, .
1n gs en , ''T he d1 ffu s1o n of m ag 1c 1n co lo n1 al Am eri ca , 111
(18) ver Gustav He nn
ays J1o no ttr of Ni els Ste en sga ard , ed . Jen s Ch ris tia n V. Jo
Clashes of culture: ess ir1
Lad ew ig Pet ers en e He nri k Ste vn sbo rg, Od en se Un ive rsity Press, 1992.
hanscn, Brling
Ser ge Gru zin ski tam bém faz a rela ção ent re Olm os e Ca sta neg a: 'il est
pp. 160- 18.
1
significatif que l'ouvrage de Olmos ait été la pure et sirnple transposition d'un traité
de Fray Mart(n de Casta.nega consacré à la sorcellerie espagnole. Uo livre auque] le
missionaire apporta peut-être sa collaboration quand en 1527 il participait à la cbas.se
aux sorciers en Pays basque'' !e significativo que a obra de Olmos não tenha sido se
' não a transposição pura e simples de um tratado de fray Martin de Castaftega dedica
do à feitiçaria espanhola, livro com o qual o missionário talvez tenha colaborado quando
p articipava, em 1527, da caça às bruxas no País Basco]. Ver ''Visions et christianisa
)
. l'cxpérience
mexicaine'', in Jean-Mict1el Sallmann, op. cit., p. 123.
•
uon:
s
(19) Juan Polo de Odegardo, Los errore.� y si,persticfones de los tndio.s in CQ
lección de libros Y docu,nentos referentes a la historia dei P,·,,,,ú 2ª sér., vol · 3•' Lima '
"' ' .
1916,' P· 29 · Vera respeito SabLne MacCormack
l:
.
, ''De.mons, imagination and the In-
·
·s ,
cas , Representatio ns, ''Tt e N ,,
• ew World , 1991, pp. 121-46, particularmente p. 136.
. . d'ur voyage faicl
p
(20 .J �n de Léry, Htsro,re daris la terre du Brésil. ed. Paul
Gaffarel)P ns, Alphonsc :
li
�
Len1erre Éctiteur, 1880, 2 vols., vol. 2, p. 71. Eu.mino mais
detidan,�nte ta relação
)·
fausses prophé �Yº.1• 1985, eap. ''Comme le diable p·arle aux·sorciers du Brésil, lem
lê,
la (25) ld t'l�s, 1doles et sac if.ice >
. r .5 '. pp. 221 ss.
em, 1b1dem cap ctn
Pàt 11.!s sor
ciers du · e quelque s autres oéxémonies diaboliques pratiquécs
. 8ré'sn' '. pp. 233-4.
201
•
, .
o Ve sp ue •o
1 e uJwn a mcn -
u L-ica, por A m ér ic
. ulo ;;o supe rior, se e h am o ' A m�, "-u:a por-
I
j'\m ç, •
204
Jl: 011 {ip clr e S11l11111c Nlnc(:t1r111t1ck. "'''· "ft.
(50) lttti!CÍO-IIIC crn
or,. clt .. PJl, IYl-2. o� (r!tbulht)'I de J(uf,
Sc:· i'� Oru,· l r,i.k·I·.
(�l) Ver 1, 1c"l'cilO ' t..• tt
e
·
" ,,�. ..... 1 ;v••,,ocl\tc 11,,11,drJ ,,,, lll-l J'tJ/Jt'r.vllt·lv11t1,\ )' t:tJ,\
·I I clcln,,c1 n1 rc rt. ,
tIr ,,h11\'t11• e Jnl " f/l ,, I n11 ,,,,trc 1,,s fnrllo.r... (1629) e �la1111of tlt• ,11/11/.i;íro,, ,1,,
1111,,hrt'S f.''
"' ª
(7' t< • lt' 10)' VIV,·
1/fllj' (l 6S6). 11ao ,0111111
·
. 1 l•1 c ,,no,·f1n1c•1 . t·, tJ de ��·u,S
· /( /olntrlus y t!.tr lr1,<1clón dC' , "
u s· 11, 1n
. . o,; e n,•J.tJl <lS n1cr1os lttl l)Ol'tuutci, te
l Sunc
, ·I 1cz. .1ut� /\ l(ll 1
• llll)
1;,rl1
l.,ut,llc:atI o!- n o séc
XV I I, j,I\ • i
'
jl.
1 ( 1 •
c.: lh tl\ n. lo b rc: e: '
1,. ... "' Vill•aviccnclo fon1111 ,n11IH fclircs: 1<!�J)CCt1vurr1c11lo
l •·,r • (,c>11t n o 1,,,1r ·•n
. /·' , ....
r,1 111 ci1 11.,, , �,' •
....... ( M•itt lrt' , J v '-39) ' /((•lr1clé11 011tú11t1co <it.• las uo Iotr,ar
l1tfvr,11t' conrn1
/d(> lo
16 5 6) , ,1,, CcJ1,!ésar i<lólalrcJs )' r/e.vtit'rro ,Jc• ldoltitrfas... ( Pue-
(tvttxico.
L11 ..... J ' ,nttoclc,
blu. 1692).
(52) "Rclaç.,., o e'l t lOSE'áílc:J ,te Ocrnurdlno' de Suhagú,, sobre �t degc ncra�í\o t.fn
.
uo co�LU111C..,� ·1r,df11ci 1 tu �n,.1:s·1du I ncln
•
de suus t
'd o 1 • ,,,
dii:c 1p
. li n,1• � de.�tru1\'ilO ntr1� ,
õ "' • 111
op.
. (S p) �'i
.•· . at1c
S 0brc O ru,o. �l autora con1enrn: "( ..• ] it was tl1ese books ,vhlch \.Verc
: n1•Y m (1le trovcd by thc frinr�: an uct of vundalism whicl, n1ust l1avc bccn
1 u u:rcit ·sysccn1 1
tllOll�trLIOUS1 y UlllO · tclligtblc co its victi1ns, \\'l1icJ1 ib l upposc tlle csscn11a • 1 h orror o r
• . . •.
vo11d�lls1n • P· 1 3.1'i 1 ( ·.. J ão c:ss� os livro que depoi · fon1n1 sasrcrnat jcan1icn1c de. -
•
·
1110
Lcligívcl para stin� vflim�s. o q uc é. a meu ver. o horror essencial do vandalismo1 .
(SS) Ver Gruzinski. op. cit., p. 233.
(56) luga Clcn<linncn. op. cit.. p. 80.
(57} Renicto rna1s urna vez ao estudo bril}tantc e sutil de lnga Clcndtnnen. OJl,
çit., p. 77 e pt1ssin1
.
(.58) Apud Ouviols. op. cit., p. 3S.
(59) Ricard, op. ci1., p. 389.
(60) Serge Gruzinski, op. cit.
(61) Nancy Fatris, 1\!aya socieJy under colonial n1/e - the c(J//ectlve enterprise -
o/ survival, Princeton Univcrsity Press, 1984, p. 286.
(62) Serge Grurinski, op. cit .• p. 241.
(63) Irene Silverblatt, op. cjt., p. 195. A citação anterior se encontra à página 173.
(64) Scrgc Gru?.inski, op. cit.• p. 215.
(65) "Sous1raite en pareie au <:ontrôlc dcs autorités cccJésiastiqu
es. la fabric-a
tion d'images chrétienne.s, <le pcin.turcs. de statuettcs, d'e
x-voto remplit l'univers in
digênc de rcprésentntions qui scandaJisêrent fréquem
menL le clergé. En 1S8S dcs voix
den,andcrcnt au u1 ConciEe me.xicain d'inte
rclire la 11guration des démons et des ani
c
205
l66) YrJ,tlO liua1q\1e dê I l()l. , ,nd ,. l'f�áo Pr
1n1iso, 2! ed., no
se""ª'ª·
rio Pnul �Ol'lo.
0 1, 1 %9. titllx rio r r-..., re. <. (f�·o-�ron,le' d 9! cd., Ri, o tle Juneiro
Jo�
ri(l• 1 o� . l>aa.,. f\Cltm1 t d•l 1,asnnturalismo, v�r l.e\vt lin.nke, Thf' Spa�Lsl1 lrrtt,
struggft
{ , • d B
for 1u.,rto. ,n 1/u C'lmqut'"\t f) ,J rncnc-o. "'· t' • • o ton, 1vron10, Lit Uc 8ro\\•n & C
rr\.
êtnnnt1 pu qu' 11 y a un si gmnd nombr� de n)auvais A,1ges, qu 'il y nit tan� de Mngi.
tJ(nS Ot 1m ti r:oen., et pourquoi ,ceux du pays de labourd ont tant d'inc:lination.
<t � Wt'tll i fort à cctLc abominntion' '. pp. 69-88 e 79_ A nssociaçlio entre os st.l\13.
icn i: ()\ bru«o do Labouid me foi s-ugerida pela leitura de Sophle Houdà.rd 1 op.
cu , p 1�- ''On co,nprcnd mieux aussi l'interprétation sémantique que le consoiller
dnnnr alon a !'espace basque: tcs labourdins sont comn1e les sau.vagcs de l'i1e cspag.
note: omp.ir�. trnduiLS en lermes cte sauvagerie. ils form,ent un espace nettement au
ttt'' fCompn._'Olde-se melhor rambéo1 a interpretação semântica que o conselbeiro f:u
Clllao do espaço basco: o� laburdjnos são corno os selvagens da ilha espanhola: tont·
�rado , trodu1.tdo� em termos de sel\lageria� formam um espaço cuja natureza tela·
ramcnte OlJLr.,].
i-68) Utilizo propositalmente concepções diversas que discorrem sobre um mes
mo fen&meno. a eonstitllição do sisaem a colonial e das relações entre Europa e Amê,._
ric.1. Paira a t1olon12.açAo como sis1ema - formulação de Jeaa-P.c1ul Sanre -. vtr: Fer-
nando A. No-.a1s. 'Pôrtu.gal e Brasil nos quadros do antigo sisre,na colonial. Im-1808,
Sào Paulo, li ucitt'C, 1979; para o processo de ocident alizaç-ão, ver Serge Gruzinski,
op. clt.
{6�) Peru.o aqui no capítulo de Marx i11tituJado ••Tuoria moderna da coloniu·
\'lo'', in O captral. trad,, Rlo de Janeiro, Civilização Brasileira, s. d., vol. I, p. 883.
(70) De Lano� 1àbleau... , disçurso JI. p. 80.
(71) Tw alirmacão foí ftita por Michel Mcurger no Colóquio Internacional u
abbat �t!S sorciers en Europc, Saint-Cloud, 4-7/11/92; no momento, não renho con
di9ões de pr«i,aJ em gwe fontes- se base�a.
(72) Cario (iln�burg, Storla no11urna - una decijr:azlo,,e dei sabba, Tu.rim. Ei�
nnudi. 1988 (tmd. 1/isitdriu notur1i<1- decifrando o sal>d. São Paulo, Companhia das
Letras, tm). Ver também sua e<>munica,ção ''Sur les origines du sabbat ... Colóquio
Internacional l..e �bbat des sorciers ,en E11rope, Saint-Cloud, 4-7/11/92, �10 mimeo.
esperando a pubJicaç.ao � atas.
(7l) Charl<:s Zik.l, ''Body plltt,lt, Saturn and cannibalísm: visual reprcsentalions
of witches' auemblits 1t1 the SíJCteent� Century'', comunlaação apresentada no Coló· \
qulo lntcrnacional l..e sabbat des sorcic:� cn EuroJX Salnt··Cloud, 4-7/lJ/92. texto
.
rn1m�o. esperando u publicaçlo d;u atas. p. JS. A aná.líse brilhante de 2ika mostra
que._ n,n1grndo referênci�� textuui� medicvai& ao eanibaUsmo das bruxas. este só co
m� a Ser ttpresentado péla lcolt!C)Bfana na �unda mttàde do s&:ulo >cvt; Q que
sugere ctesCQml:)as.<;o entre a figuração �1u. e :a vl"l,ual no tratamento do tema. ''Thls
206
1
1
h
' ,
,,,,,.
fil • I � 'Tii
• ,I -
,
,. ,;: it u1r1/1
I, J I
'UU r tli
I i, 1t1 lt ,'
1h
,,
1
1 1
'
l'
u .1J' -,d.
l
n, : d
o
T ÍVíRri.c llJ1!lllCf, ll '.lf)1 PI,, 1'·5(): li cil!l�ílô C�l(1 ntl fJ'18f"\" JJftr
� , " "l'J. e nu!I
p1,t,1 1c.'O·r.�. cn, rt 11,1 ,,1, cJcrrt11aclu, o inlctroani16,io do 8 c.Jt pdM'I tu18 46•$
o
Olltl l brode: 13
r• ,ntt•i,11p.1tl,\rlo rJc,l)tJl, ver •• Jr\qu.yry-:i,111 que ho ViJUJho dc,,tJt u l 5(). l\i ta
. vy u do l"<:>rlu 1.11.1A
11rt!i11umt1ntcr1t 1 �,,o hn padre Mun{ael,I C'111nçoc t>croAnc "' guru
i VYC.:t1n1c J11l1 o
oh rc t,t.r J,1 t '11J a\1c,,1 .r r1u1 que J't:rl1 do u111
r10 ·1uurluho c,ovcrnotl
rdhnitro
or ti �ln cu�.
\t fl)'á ô y1yo (' '"'"'" Cf'Ull MI L>c•1" IIONc.) Sri no,· .. l\l'Cj ui"'º N Ut.:1 011
1 ui th1 'Jotr� �0
t1,qi1I ,ç,111 <I<. l�i�l1net ,,,l,C' u 1 ' ffR21, a1,utl <�al"l t1N Mnlhc1ro 1b111 ht,,
lJltl\� (or8 1924), //�std11,
''''''"1:11ç,)t1 11111111M1•t''" rio ll'ra:;I/, l'c,rto. Lilog1aflu Nt1t·1uuu1
;f�, } , dtt
111 llP,
1.7t tl1 1 .,t,•111 n,ndél <te Jouti11l1l1 ,1,� ru1ln104' "C1tlll11tct,,; ar. A. 11 ,,;l l v ugclll' 'ri,, 11"·
mi ri,, /J1n,1I r1,,1r•. rir: it1n t,rfrt1re1('IJO t' l11tla1>cr11IOt1<'lu tlf'I JJr1rl11uc1f � ' 4 �• ccl'•• 1 "• t JlUI�
,
J(111J<)lfr, {1nt1.1 . Stl<, l�11J�fl, Mrlhtuutncntu. 194H. 1, /, f'P• i2tJ J. J, Jr,
dê.i i\hucldi,
1
1•, \ti,,, 1 llr1h1,, ,. 11, 1·r111/l,11,1lu, r,l<i l f!rrlrrl ri() IJrr1.vf/ (IJJO 16:ZOJ,, �Ou J>n,1101 Ni11clt)1
t"I
1.Y I�. 1 1. ,,,,. ]C,i1 7H. !'S�t'p.l<) U1111rquc <Jc l lt,lu11du (tlr�,). J/l\'trlrlr, 1(111til clti
cl,ill/w'.
< i/t1 l1r11t1/,rl1tt I A fl11nra cal<,,, lttl I 1 }1J tl(��,·u,lJt•/11rfill/tJ t, rx1,u11�0,, t4Jrtlftl
,,,,,, Ã'1t1 ri.nrl11, l>llrl. 19fl(), cnp, ''() flJJ!hllo dtt'i c•111llfli1i11 �· e "A l11111h11l c;
A'tJ tltJ go
,. ,11-., ,, ,,,,.,. �111 102 1• 121. N11 lli\,t,Stfri ri,, c'<Jl,1/'/ltufOo JJtrr/1111111· "'"' vc, ol 11Jb vol,
u,., ,,r, "• � .idrf1 . A:r"'\'l"'(li,, ''() ,,rlut ·h,,A llLIURt(irl1u1'', Jlp, lC)).i.
( ,, ) 1 \ t r I t 111 � r. f \>1,1�/ur 1 "l�f11,rr ln J•,11 t>1 li1 /u1/�i ,, l•'111fJ/)tf1 1 A Jllth e�. ·1t'l111,lc HI nhh,
lV TK. r, ti, < l , ,,,,,,,,, ,,01111/"' ,,,, ,,,,,,,.u ,11,,,11�, ,,,,, 11n,1 ., snl;, r 11111tu. t',un1,u11hf11111,,
t, i,ii,, 1 1•kH) f'.11:1 11111 ,,1t,Mi• 1:11111,10 dr1 «.•111tui;1 (1 r,,11�1(,�htr,d 1111an1h111.1111111 Ur1t�ll
,
11oh,lu 11li1il11, v,11 AtH h111t1 l(�Jt11r.lt,1, "'I: JdU"' �1M 1.'tUlltuhP'f lcv,11111111 ..:ôu'', dl�YUt01\lltt
11• at1t'l(l1Uft� ,tlUt'•H,tlt1e<IS4 rliJ li tt•IJ11l1.'tlh, ljt1 C'tlUll)fllll� 1 19!)1,
(1) J lllll1l11 t·,,n1,11 J, .• /\1n1>(rir10), 1r1,,r1Jlr"' ,• 1111r111r1/ri>., ,f,t11tlt1•,,!lt1rltull\11,111
r ftf/t ·/rr,.1,/urlt· ,,,,, , ,,vt,·/,, ,,,,,,Jtr,,ol, :-lf\,1 l'ttuh,. 1 tuuJlf'�, 1'�9<), 11o o 1. A hhvdt11tlh
, r,1 1 u,.�1.• ,,ri t ,du d,l h1 11111h fd!i,. ti,• n,t11lt"•f11, du 11i11,�ll11,il,:�1h (iO IHthi, ,111 nv1ur1d
t
1• 11, ,1,u,,,. 1 ,r1·.11hl't /\ I" c'1p1 l11 hPslf1 �1� , 1 op,,t'tllh>-� t �tr11c•1 l10 t••nl" l('1lt'l�1 -'�'11l' v1,hr·
• C 01l1lnt1111,1\HttUIU p11b1 ·�,· 1h1t.111fl!'ll1 llfft,1 J IIM
11
.. 1·, 1J1 J �·1Jlf11 r ll�IIUf' ,rr hl11 J�tult1
u1111.ul,1u • 't1u, l111n1 ._,,,n 1• 111· 1 t�n• htn ti,)� lõl1h1• ,lt• 1011 h11(,tuft,- 1110 l,1�11111· f(tll' huvl11
11
hl, lc '''"'" ' , ,,,,11 1� , , 1 ,. ,,, , t t 11u, 11 1r 11 kh 11 1, lhl(I J111
t lJ • () V11i ( otr,, ( J/>1,1\, ,,,,,,,f�,,,,,, ,11.�1. •• �1111lu11 pr,,f, f\1,uriu1,, lh�Nn, l l�h•�
t•1
I l\1•11 ln '•" tln • '''"'li l'\lht11i1. l'l·J '• v�,1. r, 1•P t• '' /. 1,,. v ,Ir J VI
t � 1 l 'tl1,1 h ,, 1 1,11,�, r1,, <Ili .,·.,,,11, , >111• /11 ,li 1111 , t, 1 \ ,/,, IJ1, 1' t
ll r•o > ,1 /I, ,{)r
111•l 11l' l1 1\lttlHU1Jlll
11111uf•111 t. 11l I � 1,n1111t Jv, � d1, �1h• ll11 1 J(,,; Jrt\ l l1 1t,�1�t ,dlll 11h1 lf�1l
• ••, J•t1tl. li 1 � l V, 1 t11•11ll 111 t111i1' tll�•Hht ••00�11l.,11111f 1j "'"1, llt1, e f,11;1�,
1 ,1,, lfttf,ltl
l •\IIU lh\ 1 \lt lnl�l)Olh• N,1
,• fl4 ) lnf 1, lt ,•,•1 111,
IL'"' '
, ,,,, i,,, ,1rt1•r,1 1• /utl••11, f'tlt l�'ttltlfJt/1. 1 1,
�;,111 •• � 1 ,llttll I M11 11._,, 1�.,. u,i. J'JM &J, fl ,v, , ,•111 11 t.1• 1 1 1 111,1 �11� 11 tun ,,u1 ,011·-•,�,l·
11,,,�II. , ,1,1ffi1 "'..-.v ,,,, ''
1
16) .,,,t1 J1h , lit t ,,,; ,,\ ,t,• ,J,1 .,,11 1til r V,1, ,,, ,,, 1 1,J, 11•\ ,J,,
l: h11 11 1 l1"1: ln 1'1111111. l\1u,t1t 111 1 �l"I" 1'1
J,t,1 1 �"'''"' J du utl� 1•, JH,· l1t• l•1 11llç 1l •' N1• 11h
l'1uh lo • ,11 1 1• 1 . l /11
t/)1411�11.p 17�
,t,, (fl' 1 1 '1(
tUi J 1 lttt,·�r,1 t 1,1111, ,1,, ,t,1 .,..,,1111 t )/11
1 •11, ,l, ,,,, , 1, , /t,, ,, i
lli I >r1 1tt> h /,l(1
l 1n•ln, ) li.-.,, J)l) l /d�· ��il
,,. 1 l'1 n 1h1 f
/11, t/#fu, 111t 11rl t 'll tll,t1 l'tl�• �t,1 ;\,�11 11, :111111 J',Hiiu,
1111 1,t l I �·1 1111 1 f,l\'f#1\ 1/1; ll,t1 ,,,
(•A) ,\4•1111ruf1 1 1 1,111,, 1ftl 1 /t 1 ,lti, rl
ifll t J/11 (•• 1) · 1 ,,., , '"" ,/,,
hi,, ,,._, 1,v), • 1111 t 11 11, 1, ,,.t , .i '""ª' l•. ttl •• •h h,1 1�·l t,• 1 t t11 ta� ,1� ,. ,u,,1 ,,. 1 ,, �� •
, 1 ,,1 1 ,,, 1,, . ,.,, ,,, , 1/,, lt,1 lt1w1, J1f l, tH� n,
, 1 �l'I. 1•11,1 1,•1 1 , 1 /l. •10 111
1
)00
(2 ) ·�, prune1ro aLSô. trata-se dos anseios de ce
unu m ulhe;- de � rta dona Lianor.
-'c-un f,� u 11UV\.41 ,vna. r,-.rt•rt1u1·ro J/:·l.l-1t
...... _ � 1 açdo... D • uo stgUnd
e11"11cia·ç6es d o.
r.r. 3 e .,.., a tJqhlo
,
(!6) Prim,ira Visitação... De,11,r,c;açõ
es da Bahia, p. 295.
l:-, ,.,,, Inqu1 iç5o de Llshon, proc. n� 33 \
82 (''Processo de
molhc:r p.iroa casa<b tom João da Cruz Our Maria Barbo a
ives natural da cídaded s
ra n. d B.. h'111 d� todos os antos Parte . e É vo ra moradO·
s do Brasil presa no cárc
d ta ad3dc de lt.Sboa''), ere da lnquis
ição
l ª> &gundo Vrsicaçãc.... Conjcs:sões do Baliia,
pp. 447 e 448.
,1<1) ••tmquyrycain que ho vigairo ...", pp
. 281 e 28.3 respectivamc
(30) "'TI. Inquisição de Lisboa. proc. n� 12
231. Apud Sonia Siq
nt� t
([lli�llo f}(lrtl4guesa e a sociedade co ueira, A 111•
lonial, São Paulo, ÁLica, 1978
{31) Pn'1nefro Visitação... Con.{issõ-es da Bah , p. 2.23.
ia, respectivamente pp.
(32) Primeira V,sitação... Co1ú1SSões da B 282 e 33t
ahia, p. 79. A melhor fonte
da p.1r3 o es1udo da Santidade do Jaguaripe é conheci.
o processo do senhor de enge
não C:ibral de Toide. MTT, Inquisição nho Fer
de Lisboa. proc. n� l7 065. Quem
md1f. sistematicamcnle tem estudado este melhor e
movimento é Ronaldo Vainfas. Ver
cnas e milé'aarismo.s� a resinência indigena na ••1dola
s Américas'', Est11dos Histó
de Jonciro. vo! . .5, n� 9, 1992, pp. 2943. e so ricos, Rio
bretudo ··rdolatrias luso-brasüeiras
tidades• e milcnari.smos i-ndig,enas". in Rona : ·san-
ldo Vain fa.s (org.), Ar,iérica e,n tem
� ronqursta. Rio de Janeiro, Jorge Zaha po
r, 1992, pp. 176-97. Cabe regisuar o
fho pioneiro de José Calasans, Fernao Cabra traba
l de AJafde e a San1idade do Jaguar
Bahia. 1952. A problemática das fontes sobre a ipe,
Santidade será retomada no capítulo
seguinte. ··Por fora do írnpério: Giovanni Bo
tero e o Brasil".
(33) B�cio-me aqui no Prefácio de Capisuran o de
, Abreu à Prinreiro Visitação. ..
CtJefwõesdu Bali/o, pp,. 1-xxr>:. Ver também Rona
ld RamineUi, " Tempo de Visitações
1
(
-culturac$OCÍedade em Pemamlbucoe Bahia-
1591rl'620''. dissenação de meslrado
a�t"C>Cntada ao Departamento de História da FPL
CII-USP, São Paulo, 1990, pp. 206 ss.
(34) Para a quantificação das tr3n.Sgressôes e uma
abordagem sociológica das
ddaç&: e oonfISSões, vc:r RonaJd RamjneHi. op.
cit., pp. 69-101.
(35) Primeira Visitaçii<>... Confissões do Bahia, p.
8·9.
(36) Idem, p. 167, Foran1 freqüentes na América os cas
os de ''mcsúçagem cuJ
turaJ" -que podia ou llào coincidir com a étnica - d.o
lipo da dleTomacauna. Quando
l-cmando Cortês desembarc.ou em Cozumel, na co,sta
da peni11$Ula de Yuca1án. teve
conhecimenw da edstêncla de dois náufrag,os espanhóís,
Gerónimo de Aglllilar e Oon
,..aJo Gutrrero, gobrevlvcn1.es de wn naufrágio ocorrido
em LSJJ. Aguilar conservara
a identidade cspanho!b, mas Ouerrero decidiu permane
cer corno nativo, casado com
ind,a� andando tatuado corJJ brincos de guerreiro aas
orc:Jhas. Sobre o episódio, ob
,crvt1 Jnga Clendf nnen: ''What it WcU lhat held Agoila
r to Jús Spanish and Christian
-.m� of ,elf,, ye1 allowtd Oucrrcro to identify with t11at i wa
. v,e ys. i.s mysterious" [S!o
misler1oi.o� os motivos que levaram Aguilar a permanecer
1 iden1ificado co,n o seu se�
d-e <�fll:UlhoJ e cri6tiio, t":nquant.o Gucrrero se lderuifica
vacom os costumes dos nati
vo�}, A rnbivalt:nt co11ques1s - Ma;,a and Spuniards
i.n Yu�aran, 15,/7-1570, Cambrid
ge Univer51ty P�s,. !'991, p, 18.
(37) s�or voJtu cJc 1606. interi lfica·se a prácica inquisttorial de enviar d egreda
do1 par� o nm�il. h1 atinge ,eu ápice em me
,
ados do século, o declina no primeiro
qunrttl do s�ulo xv111, quando êl1I ilhas atlân1fca.ci pas
SWJI a ser o local preferido pa
ra o degredo. C-0nsolUJr /\Jlm, 1 nqu:isiçio de 1-t5boa, Manuscrit
os dn Livraria. n� 959.
TraU> do degredo no c-ai,íLUJo 4 deste Lntbalho.
210
tiL do qu e de con-
to s m ais de rnn
al a u n s as pec d i •.
1
.
.vergtJl er1
.
. do
tn1a-
k1,
.
ins
xv·rr
e
ruz
e 10tl
G
lSal
rge ' •
.ltJ
Sc
G'Ofo11
. d,
run c ,a1
nl,, d c -
d
1
n '-
q u
(38) l)is fu
:1 no
e
pag
o
o �
rr1
t ue es
� · ,. de-
u
Ls.s
c
l
exiq
n em
M
. 1h a do r1s Je
o b· n o.,.....
1io n
" r â
lsa oo
li taq ue
ta/ zaç
o
e11
es
1a,1
o d
p1'd den
teu·d • · se dá ·
oc1
·,( "s'·n(iig êra
.
es et
8 e rn q ue . que a conqutSEB e
- ic t e
Gat!J ma r d � 198 • i n ne n. acr edtt o
nd ·
o c
Cle
s
g,,· ,oi re o.."'"n•s,
a p or Jng a do colo ruza do t.atn •
1O,nji,açao _ iflS , Pl·rad oni za dor sen
.-
,1 ,,irJf siê col
.
�r o
s
.
le.
pla
c
d • co esso de m ão du ·
,rime«' ° • 3 t:� pro
iC c s maia· s em "r 10lent conq i,esrs
do
b
ét
11
e
A
•
n o d aA rn eco de uinda . - rstt)I• Pn?SS, 1 99 1.
·
Jll z.a ,ç áJ',se de D i bndge U mve
oolo
e
b e la a n Cam
n1. ,,,
v tr 5ua tall, /5/ 7-1 570 .
l)é S p ior,ds ln 'l'it ca
nd on
- ,�fayo a
O BRA SIL (pp . 58-88)
"J BOTERO E
G/O VA
POR FORA
oo IMPÉ RIO:
and e Ro
con cu rso de Robe rt Rowl
iw sem o
).
p od eria sor escr cont ato com
o não coloco u-me em
Este capitul land
a
a migo s. R ow
col eg as oficio e s auxi liou-r oe n o e cami ·
a!do V.in
do
itant < ª º B rasil ; Vainfa �
ero �espe
,
Bot dade.
fas
de .
. adas por B otero n o tocan te à Sanu
�rte das uuhz
ni
fon tes
z_ío
as
Rtla
o d a h1p o1es e quanto d�ta car ainda o auxílio de Ro
n11oment eía da can a ãnua de 1585. Cabe
nece ndo a reíe rên
d e um P ro je to d o ti p o L a b oratório
for
is ia d e In i ci a çã o C ie ntífica
bols a l ca m
drigo u,cerda, n to a o coo rdenado po r R o n a ld o V ai n fa s e d o q u
u isa ju
Integrado de Pesq et e a p ar . t e d as
,
is q u
CNPQ
Rodrigo p at a d R e
b rn ia ha
u
so
p as so
bé:ro faço parte; . l e_
.
aq UI· se
L.a çã o
ro
en
te
ri
o
o
co te jo eo u e p a ss a g en s d e B
re la ti va ao B ra si l e au xiliou no as
·JCSt.1 ÍtaS qw· n h enus · A pe sa r. po n an to , de st e ca pí tul o se r fruto da
.
lozioni
oo· na d as e os �
_ 0,nada bolsa e de- ter se_ benefiCiado dro trabalho em grupo, 50 u 1nt · erramente res-
mcne1 .m mentaça- o .
·a· �
e1a s e . es eo vo JV1 en to ar gu
ponsáve � as I 1 pe lo d da
• ações para c.om a benignidade do ilus 1 ri ssu:no cardeal Borro-
J
(1) " an1
M . 1as
a. ob ng . •
u sen ho r. sã o ,nfi nit nS ; m as e° 're de m nao é p equen a ,mpo nâneia
mtu, me 85 de.
""::io pela piedade e zelo que tem
"'"'· que tendo-me Suo Senhoria ílustri- ssim a ( movt
....� sto que eu d escrevesse o estad 0 em que se encontra
.
da glória e serviço de Deus) imnn
boJe . a� r·llglàO cristã pelo mundo• p11'1opo monou·me • ocasiã o. para iaz.ê-lo, � de lançar
qu.ase uma vtsao · - geral sobre a E.uro,pa Ásia ' Á fnca . e º novo mu ndo, e às ilhas espa-
�m" ap -
�� pelo Oce:ino e pelo Mure No edenco Chabod, "Giova nni Bote-
'" Es<ritos sobre e/ Renacimlen10' trad .• ��e°' Fondo de Culrura Economica . .
�99()' p. 268, nota
ma
179 A estad••a mmlllla parec
M ��� � Si• c:I º fu ndaroental para que Bote:
·
qL. nuf�r,1nações acerca do NO\O · com. o procurarei. m suar. c re10
ui ·
ter s��: cn·�soc .... cu as cartas ies �
· u 1 llca · s enviadas do Brasil·• as . pr� ciso lemb _ a
r r
ainda<> papel desem en m e
h a d o _pela ltáha cm geral, e por R o m� em parltcular, na vci-
culaçio de notícias b S: géo
_
ens. Ver Numa Broc, La
re- 141()./620, Paris'-:.: � � la Ren a issàn-
6
e de
19
t
t l on s_ du crus. 8 , p. 33.
g aph
r !
(2) énclclopedia' ait oll : Vat1,cano/Florenç.a Sanso d., vo l. lJ, p. 1965
(3)H. Tr\!Vor-Ro r •.
o f o a e s' orm � , s.
� e l1 g. ià . re rm tr a n f açao social'', .1n Relig;ã� re-
forma e lran.ifonno>rãopsoc e '.
ial• trad ·• L'ISboa, Ptesen,_
,
(4) ,ver a respeito M a ,ycu'M arun . s Font 19 , pp 39-40.
.
litera.ria' ' de la Renaissa,,
63.S-80. Vc ' tam ce
re Funu
au seu
;7; 1·1 ,' L'âge de l 'éloqucnce - �
e , t!poque classique' O eneb
, 7�
r eronque et "rw
ra, Droz. 1980 • pp
.
b!m p. 151. . .
" v.or Car
("' io Cure·•o. Dai Ri,t
d
e/ Pensiero i(o/•an .asciniento alia eontrorif . orma: t:O .
� o da o u1cc: n tn buto alio storio
uvuwsma1 ''T . .
1ardi a Botero. Roma 1934 ' p 6
he &ee•lnrization . 1., apud William J.
0 - ni
of SOCJety'', in A usab> le pas
ory, Berkeley/L / - essays in 8,ronern.
<ulturu/ hl$t
e 121, autor os Al\geles• u ntve . .
d as observa rsity of Cali"1 omia n-... _.. ·� __ . 1 990, pp. 112-28
y ... ,.
ções sobre secuJan.
zação.
211
• (6) ··vonice and thc politicaJ e-ducat1on of E
urope''• .•n w·,1tliam
op. ClL., pp. 266-91 e 273 · J • B ouwsm
a•
(7) &crclopedfa cattolica • P'· 196<o
.
.
(8) Em Bolero, Chabod nota ''rec onhccimento d .
. o valor e d
modernos. inclusive perc:lllte às··d º·utnn� consagrad as pe s ant g sª expcr,!ncia d°'
lo i o mestres a
doria''. Ver Fcderi.co Chabod , o 1ovann1 Botero � op. c1. t. , , d
, . , p . 24 9 · Fr a n k 'ft
v.;Strins� e-
d.11. que. no oceano' coincidem a ex. pene ·� nc 1a conerc""' \,q d o navegador e a teona . g a nt
�n1ca,. na sua Cosrnograplile u11iverselie, Thevet, por exempl <Osmo-
&�ca
o não,.
mo cosmógrafo diante de se eio dele: ''Tout ;, q u e je �
"'
�� :::co.
oL recit nc s 'apprencl poiot � ::::1.. m;: �:/JS, ou de quclle que ce soiL dos u n I u�
vm,.
tez de l�Europe, aios en la chai ze d' un nav.,re, soubz la l<çon d e s vents, ct la
plume
cn est Je Cadran . et BussoJc, tênans ordirnairement l'Astrola de ant le eler du So ei)"
c ã e • . be v l
ITudo ,no que narro � sobr e o que dis orro n o s aprende nas es.colas de Paris ou
em qual,quer ou1ra universidade da Europa, m as na cátedra . . deum nav10 · 1 na aula'dos
\'Cllt os, e a pena sao, o quadrante e a bássol bservu.odo-s� o � rolábio à �uz do
-
:; �
sol], Frank Lestringant, L'ate/ier du cosmog 'P e, Pans, Alb1n M1chel, 1991, J>. 31.
Cosmografia e experiência andariam Juntas, . no século xv,· veia se a r 6 .a i
dcf lii-
çao- d e Leonardo Fioravanti, bolonhês em 1564· ••A.� � m •
s ogr a�a é uma ci�ncia que p pn
� c h �
:J -
a ho me m p e
ôd apr nd r e e u on r se •lJao por meio da c:,ti1'V'nênc:')j
jrun is nenh um ..... ,,..'
univ. ersa{e' Vene2a.y 1564 • apud F.......1, L,,stnnga nt, op. cit 3l
.
l'"
•
T- � �J..10 . dl sctertUJ .
. da , Lo wta e /e opere di Giovanni Bolem, Milão, 1894; este L;;!:.U.�
LU .. ,,�n
(9) e · Gto
. 1rnpo . rtante e �t�do com freqüência p or Chabo4. ma s infelizmente não tive,
_
é muito
o mo ent o. con d,ç oe s de con sul tá· 1o; dig o o me sm o ace rca do trab alho d A
aLé �
Magnagh1, Le "R nl un ive rsa lí" d/ G. Bo tero e /e orig ine de i/a st111 /stí chee;eil;
e Cha
ela ,:Jo
, no qu al se ba sei am mu iw co nsi de raç ões d
onthropogeogro)w, Tunn1, 1906
das
tro du zid as p or Bo ter o en tre as su ce ssi va s ed içõ es vindas
s in
� Para as modificaçõe h � 'cA pé nd ic � d:e G io va nn i ,Bo ter o" , op . cil.,
a luz eotre 1591 e l 596, ver F. C ab od
PP· 329-30, nota 2. •', op . ci t. , p. 27 7. '' Ta m bé m su ce di a quei ao
(10) F. Ch.abod, ••oiovanní Botero ta m bé m o to m se u di sc ur so,
ct er es d as d is ti n ta s fo ntes, va , riav a de
varia r e m o s car a oô m ic oe g eo gr áfi co , o r a.
O ui cc i a rd ín i. p le no de�nt id o ec o
ora, guiad o po r L u d o vi co ô ni o , pr et en clia ça�
es d iv er sas pela a pa ri çã o d o d em
Jo sé d e A co �t a . em co r s
seguindo a . A mesma a dm ira çã o p el o s po vo
ér ic
noYOS,
po b re s fo d jo s d a A m ção,
çar com laços os valor aos conce itos de barb árie e c ivil i za
a confe r ú' out ro reinlniscên-
que o ba•ia Induzido mo dou trina s tradi cío nai<, das
ência a. um r e to bátb afO
dava lugar com freqü
das de
muitas v ezes . o vocáb alo
por causa das quai •, o aist.l
cias Uietárias e eruditaS, sivam e, u e re ligi oso que ti vera na u,,diçã
r,::YCS úr do &ignill cado exclu - q u c s1à o
voltava a se Bote ro", op. eh., PP · 2911--9
ovarurl
HslJI
e M&li a". Chab od. "Gi o bra de Bot e m v<r
desde a Idad Ain da sobr e o defei tuoSo da
árie será retom ada adiaocc.
da barb .
. (IU•I� par·
Chabod. PP· 300-1- ene.se drvis e "'
te. •• Vo
rr«
B
co
ol<rtJ
e
B
am ,pat": .
Giov anni
óst
di
ue
ai/"
amer
vers
nov
ni 11,ri
Tusol e,
(li) Le "M atio
jglue. & du e co pio sis$i m• Sup eno n. P· 71.
li, con Je F co n Ji c cnz a de
A.g ost.in o Angclie ri,
p rcss<>
IU.
neda, A
M DCV
P • traJIQ��ila
eco, op. cil., · ência e n a vida
(12) Giovan11i Bot
'. •
se
74,
a.5$CSJ ,a.v a na prud
ro a "vi ,ntd e" ll.fflS ••atJ:Il osf era eus-
(13) Pllrll Bote
gui
· e
de
., 0, em ' iodas as suas ob ras, à - c na ça- o . eo.m l'd China.
. .
d
O au tor sen do afe11 rav a seu _pi o , J � �ta pa-
com � :.. �
lJ1llJ5
úoc a à que c:n da · .º
mo moral e de r,,n a çilo
o po r ,er abd ica do � o . cít .,
ro so l,n!l ud - Cha.b ' od P
i
drohad o po r B o•e da e pac ific a •
n:inO tão a os. u JOll 1'ida so ssega
uir, a m u10 s f.,; had
ra prosseg
212
1 1
- 1 '-
, or ...--
1 1: 1 '
e
I nocimienl1a-
'ª
e' _ , , en
on :ri· ai :
d_ a1h ,-
r
p 1 -on e·ntand . - e· ec ii-m e.m. ·. · u r
'Ilia Broc. p, d ..
, ª,
) . o -ro� op. !L .. , p. 69.
· 21 · J.de,m ibâd --m, p.. ·69 Bol ro e,. ·um, _d_ . 1ra · o,. dos ponu -
aaç- o u � -u a· 1nure ..- ·, do q·1ue a ,po,nugue, a diria , a qu: t . pane d , ,-..,,..·.IJ 01 111.
· _pud Ch �·.. od._ - , • J, v nn, Bol.ero - - p- c1t ,, p 281,, n,o
(22) : · �o, qu � .. · - peito à . , · _ nca Ch,abod. ' · -OU-c "'""
· u-na part .- a qual, entretanto, o, rapo ",o a ___
Do ·_, e- a que ·· · . ·e- •�., ... ,,. q nd -,o I ae
lh'n, - -
- ,rc1am --ob. . Bo_ ri o ·d. _1 · i . · _ o
--.. -·..·.......i ' - - · o -: · .o 0 , - cn' or · o J'e.- _ f t - co ·�
\'Ve& , mtlfi '
1
· ta . D Je - o a
amo n,o i · e le:ndas rel gi o - 1
- · cri . · ao
'
,, '" D'I \._\ nu
'e
·'Oor-.
! \ . .... _
,,! \ �?-
.'-�hJ��l�,,l d
, ....
' .., b()J '
( -
rn
\.1
,�,. '"
nth
,
'
'\ t, � ..
do, dt
n,·rt • i�
• �orei de- Go rn� 1ru de F' -
m�n"'tonado B.art(\S (J l}.to � Ba.rro ). dt' Osó . . \
ra n cisco Ló
� <lc
6...-,nJ. 1u de Jtt.Su� .•· · habo d . ''G'
fl( C<"Uftasdo.s
ni Llotero·.. op. \:1t ••
p. 279, no1a
• . SUC'frdo.
1 •tt\ \':l n
- � �, �·u).
l.!1 l lu t:n ibidem · P . 69 . 1 d rasi
- r1a 285 do en aio de C'h n b
�o '�br 3. l('itura da, arta ... • � Jc od, nova cons:idera.
Utlica : ··cre,ccnd0 d'1 n dt:i ª . sua .admi
Oc'S.:."!obrim ffltO!> e conqut tac. rec11;
�
,.. nlc ,..,�. quando s� pur\ha a ler ll5 mi
draç.âo pelos
:t";S d.i
ivas os sacerdo-
omp nhi'1 de Jo.u , ou a escutar as relaçõ�
. dos ue rcgressa\11m. ou inclu..
,-e t.nl r a fi.1.lar d1 o con1 o douto l>i� l>.1affci, familia � .
. r da cnsn Borromeu cru ROmtJ".
si-
"'
�) Josê de .i\nchiet.i, ''lníonna�ão do ll� s.tl e de uns cnpitanias
....
Carr:n. injormaç&s,fragnie111o.s l1isrôricos . � e ser111oes, São l>aulo, 1tntinia/Edusp, 198$,
(1584)'', in
pp. 3 �0-1.
(�6) ll��ria � óbrega dois moment·os d'st' 1 1n10 na percepção do s l
- • ·
tntc:t e lc, v� o índio como papel branco, fácil de n1oldar e de e.scrcvc-r 0�;c��:
� ;
c;�un a �� entretanto. é a antropofagia que ressall.a de seu escritos. Ver ÀdriunQ
.
Romt!'lro, Todos os �minhos le\<'ara ao céu''; Maria da Gloriu Porto Kok. "Os vi
mo rto s no \ ç npresentadu oo Depar-
z e: a água
ial · dis ser ta ão de .1 do
a
s1r-
e
on me
ntr
sil col
''E
Bra
ca p.
\'OS e o
1amea10 de Hi:,lória da fFL J�- us P, 2. c.-ru
n partir dt
C
Sã o Pa ulo , 199 3,
de cr ist ia ni za çã o
do batumo' '. Segundo Gloria, •'a
lim ita va -se
to inco1t1-
ç
m ui
es per an a
is os adul nu
l 550 ao circt1lo do meninos, po
j es ui tic a,
ao s
n
os
, ór ic
ad
am
eg
er
ui 1. o ap
s
n1
to
d o u tr in a c ri st ã ao m es m o tempo que
co$tU·
tante� em rela çã o à o in·
is ó ri a ). A p edagogia
p
v
ar a
ç ã o p ro
,d a
e ra
vo lu
mcs tribai� · ', p. 7 (num
j su Jt ic a .
as
e
aJ g u m as ca rt
ta m b ém
d o p adre
a s a o C olô
ar
ít
n idcr
ce m o s je su
co
iníâncla e
d o -s e
a
e n
o .
ev
c
ç d
11
o ,
ra
ã
b
p
l
a
e
i.r
p
s
a
in
p
g a l
o
u
••
i
r e ,
.
r io
o
P
b
i
in
e .
z
d lo
d1o
.�nch1e1a . Ver M a r y , São P a u C o n l'ex to ,
(o rg .) .
.S II
e
tl
r
r
o
B
P r i
o
nia� ·, in Mary
J J is tória d a c r ia n r 11 <J
d e i
1991. pp. J0-27. 2 . Sã o
t
ci .• P· 7
(27) Botero, op. (lS S 7)' ' in
.
11
do Bro sll
do µta
as
ta
Cart
Nó b r e g a . ' ' C a r
(28) Manuel da
11 .�
p 1 5 9 . r1n oç (}es .... p. 49.
ga
, .
1n
1988 o
t1n
, tas , i,if
de P1ra
t a t i a ia / E d u � p . _ . 4)' » in Ca r ilrfotr11a·
PauJo, l (J5 5 Ca r ias,
a de
'', ln
,
S
nte
a rtu J55
ce
••c de
Vi
. ço
São
jet a mo 'r
de
(29) Anch
··c a rta
J5
(30) Jdem ,
. ·• 89.
op . eii . • P· 72 . c1t , , p. 95.
p.
ro .
s
1 (lS49)''
e
(31) BoLc
c&
do
.
rta
- • op
• 'Ca
,;; •
•
ar
Nó b reg a PP: 114-5� rectâlos
(32J
p. cit .• PP· OP · n "· p
os
,
b1c
c1t .
(33 ) 7s5; . t,á ro a
60 )''.
a ve B ote
o (1.5 e
ar t e
. e
d
ero t
rno
en
••c
uo t
rta
Vic
(er.o cu
ao os
o
lh
nc tar
de
(34) A -• i:m
oo ,.
·• OP•
. ta,
• ot� ro'
�
u
i1c
o :,os a
1
vunn .
•e
1 1r so
r11p ntado
r ec e: ••O
ex , la
- d.
- • 1,c
h,1bo
c1n
aJ'
(fo
e<1 ,ev C 2,43.
ontru-�t
ao m 4. f •
nc
gn ( IS8
O
prc li a
)
de
()S
o� JU lh<' a·s e
Ver
nc ncr
a
enc:o
iin
reó
pã
a de
dt1
da t ad o cns rc:
de
rto .
23
C a A 1 tn..,.
U&J l11�
n o, "
e
.
O ,·ti
.
e1t •• P•
:.A gJ
2AS.
214
.,.. ti
11 1. \u 1. ,� t\ 5 �4 )' ' . e l>· �'t l .• í'· JI\),
11
, r r - . • ... u \, 1._·a1
tt'I 7 -8.
,, p . -.· t. t t
Pl'
tt t\ '· ,
, ,.,,1
Cl .
\(1
·
'
ll5(\
\._
l
\1��n,�
l:
�- ) ·l 1 J,1 ••
l .. J· ....,\' i.::u1 1c1,t \:
(•li , n r �,n 1i, , l
• n.-;· 1.\ • )ll�ltit' -
•n,
·
U1._1tt
i
, l) •
• •(''.1Jt(t ,,e
• • [ ) . ..'�
n·� 1t\ '\.'1t1,
, 1.
, � r p,
'-
,
e1
� l..1 l \ ''
•
",
i;
\\1._1tt:
11
� ,
l· ) , u •• 11 •
l
1 '
s
\l'L'J
, 1.'lt
(- h
('t ·�- 10
.1 �)fl('
... 1._l\ ,.,.
''(.,11._>\ ,ll\l\l
• l)t>) 1 ,l . bn" l ,1\, l.'
•
U
l,.
·�
\lf
• ,l
••
,
••\n..
•
�1.�
(C l"O
('"' ._ ,, l ,
•
•
f•
··- n i
Li
•
l)i , t:ll ••
• )
ll l\ l
-�·· de
\\ \l
,..,l...
la \f
:v,. '·1 • , ·r
r..·.,,
f\'·�('\'IUl"l :-O '
�
1so.• Stihl'( �\ 1 l lf 1 5-,!1.
ít"'', tip �il .• '.?-� � J J
uvl:.l .\ 5 .l, ,,j•l \,ll\ l\l 81.'lC
• ,\ ..
.
· ·
l'nt• JÇ
• ; t
_..a ",\ p én u·.- ,� .., � J·• "' ' �
B0terc.., . r1:$1 l1.i-�e ( l Ufll ·1 • ,i,-
erttl ' t\c u1t,·1.• 1
ulgnvt\ ()t- té'-
b r1,.ii1._ ) r
(�O (h:t l�:1 �1· 11u ... d1 v
()
rc ,1 111
,�. 111
e. ,m c1 \t�
)
11tll� n 1
t-'l} Jtl(Ul, ,t, dt:Jl•1,.�Ofllíl·l1 ,1t:l C)f, •1nu\:. 1n
. 3
r ul<1.r1 z ..
...·rcccn • d ll
t'l\ r�.irr1..: •
••
.,
.
· , ot
ici'
1c..ia
-o ·.u. � rel:
1�10.t. n,. bt•
u.
; c..•u 1 1111,
tn
tcrnt
u
t'OJ, ne." ni\
e � .
to ...n,111
•,
J. 't•.
r .;Qn
1.:
. . , de -.nhc a ª"'Ct'Ctl d n
t: l.'\)l!> �
•• ui1 1 S('(.' lllO
• bh. tO L1 snb1
l\i>
de
·pu q
•
o
• utlo
d
un1 cho J · 1
sultn
ª
.
,,c:,i
';t
.�
t'!!l(')O
o.ç v,.. b<ltl l �<iin
l--�
for 1u . . •• t'l-'·
L'> ue
in u1,n
•
un
• lldi c.Je ti1ov 1
ote•ri·•.,iu 1 ••• · ;\l't'
B •
,.
n 1
,
(1tct1._
co
ra �ulo
i
1 ..
l1t
ob ch.
t1l
··u
b
. no ti,nt i\.l
·t•
- og í'P·
· ng.1nt, L'h1J . ,, • �< e�.
.
.
ft• 0111·a�e
tn . . ct1
cr
fr!lDl: Lt: i.�ltc:1 , con 1
f.!Ue nc>I
cLiall
conju nlo; P� <I '.''"" ou W'I nde
ca
d<
tért
,\n
e<l I çõcs gue�rc, ms. se)3
.,,,p
•·o
je1;, o das l'Rl i-
(J.l) • , 0 prlncipa l ob 1
(..$ )
O
·
..
1
hra. [ .
utatlo s 1.: ...:om1d\lS c nt 11ruç a r>tll · ·
d o
scrc nl cxe�
r,ortt. z <r <.. - n ti , o" p.1ra
õ c � internltleã, . [ .. . ) ,\ l C \1 ç ã c1 p r1 s 1o t1 c.·1 ro
,
r n 1.-:: <
era
1, n .s 1c lu
"'
n a n. ·l � n tr a l -
ll b a unitladt.'s 1n n 1o re s n 1u l-
.
vo t ... l
•
l> n Ju r1 to
m
C
e
n .
i·
w
g ru J) O toc a
.. .. .
rticular, portanto
l
a ,
t
1)t r rn ir i a . o..
u ir1in1l2n d e. fn 1t a u· e, o. lê 11 t d is so , tlc
u
úcontunltârio · -. re
n <; , o
t1: nr11a cs11é·
a a li a
u ti v
o
ct
d
ro
ll n
er p
rm
p
afí
do uo,n ó n 1o rt � �u
,
to ctu
u1 ça u n
en
gr rn
ev
in 1o
o
a v
g o
0
1i
1
n
in
1i
. �
ÍJ
socializar uo rn â tr u l
n1cntc un,
cc n
l10 p u b li ca cr u
clcdesobretrnbal t uJ')l nru11b"
al . � lu ta r
e
tu
a
ri
to. • 'Fragrn de hi tó ri cu lt u ra
l �r l,, s en 10
vida socin ', i tl M tt·
Fa u
1\l pi nn m bá ·••
to t:1 11 0- tli st 6r ic ()
to crítico d i.'
1
i �artiros. �nctrrnvrun-sc no ciclo ugrfc;'.>lo, e tlcle c;xt rrurun seu .!.ignit1cadol ' l ng1:1 Clcn·
t1 inntn ,t,,1b1va/cn1 eonq,,csts - Nlaya u,1d t:;po,rior(ls lrt Y,1c,1tar11 1517-1.170, Com·
b�,gc:
d U. . ntvcr1>1ly Prcs.s. 1991, p. 180. Da n1Cc'.i 111u uuto nt, ver turn bén1 Az1 1,,·� 1
; ,,n /11ter.
P atro11, Crunbrtd� uo un·v ' ersa't Y p rt55, l 991, purticulnrmonlc cap. 10, • • Rituul: lbc
world tran�formcd, Lhe worlcl r(..-vculcd, \' I'np • 23"' "3 •
\r'lt
(46) o·d/ $Obre O con vetsán <I,, f(l!rtllP, cd Serutim Leite. {,ltJbon, f!dlção
Corncmorn,tvnº�º 1,. Centerutr,, . , du l•u11da9ào d� SãC> P,t,ulcl 1954 ,1. "',.
' • .,. c,1 ·
(47) PtI2,n,·lrcr o,a jl,.fi'�f4<1 dn .�011,0 OJlt.'1Q .
IJs pa,1,,.v ri<> llrt1,�1//. r.·a,I/INs6r.� 1/g Rú·
193�. p. 108,
lrft.1i IS9f·l,9
1 , ft ro d<: J·.
an'-> d� Abreu
ig ul et ,
Parcci,.rncqu; [61�r��: ,.�unhu
Ja ne ir o. ar
cotncu cur,,c huanana, a mt:nçtlo à de s>orc:o servin·
<lo JhU''d cnoobrir l 1 .n ,aâo.
'' , ue
<48 ) 1 OhJl L. l'huhu1, 'fh ., 1tl,1P,(lo111 nf thu l·'ron�JyranA· oj tht• New WorltJ•
2! cci., Berkeley/( A ' em /ft<:n/11,
.oi nAcl1: , 1970,
215
(4
< 9) Bt)t
cr , .
..10) liote o O p · .• r>
or Clt
70.
(SI p. Cit ·• ·
o
) c''
�refã I o P. 72
A1
Paris • ,.,
_
de PauJ G
d P h onse , a.r aff ela /f"
rne n,
o CUlo IClr, , -· •e, lft80 . A ObSC ISloirr, d'un vo a
"-4:(t} ,...._
\é
Rem·' nli ve
� nu m m Ssão e s,, � gefa·1 e
rdad e. a . ome to rn
e P · la CUno , <1
o •.eJ"a o 1 e1toT d n Que n ades " ; �· ,.,,. do
mo e entã da não .�:
gc rn ns1 ur c abi a C:, ica !'é.t it,
opo, o o a feit à o lhe,- e nt e � a Íd fen, U�
e ro •nco rn as o aniropofa � r
e ou i a.sem . "li
bolll
:1�;
'?U.:.. !>as d_
n f gena' �!�
enc,,rc d'� :e� � que º� � e ri•co•
idades" o': •�i d e :" Ont ract · Pacf
� une 'ph i l p n o s ité s ' d • · •Ç()es ntre \!Jll
g ul a:: I , e �
'<>fia da · . :t .. s,n
é\geria J Ver '' ad es" e . d
' •m a Oão e p,
h,c d e ª s a u
.;,
agerie' "(
s tn
é
guJ ar
EJ e áv'd Por ., , "
i é
t s et o
· Numa Broe s pa , o
estab etecer
(52) cu
· e n ,
cu , P. 3 .
Ver a ro d "ã , op
16 r,a dos (r,d' l'ep u v o das u.,.. . . 5 u CU
"'ª "r,ti•loo..
&rav
n
tos o Brasi/
·
g
em M anuet a eatn
Br; foram
as gravuras, e • pp. 388 -9 A
. ra nde n ovid'
eiro da n
(o rg.), Jr
o·•rnpacto qu de da ediçã C� li:'
que\ an· maux e am: " : o e viage «·
• • bi7.arres
rn o ns t r u e u x u ver
r
Fig re s allé . n, de De
Europêe,, a ux a 11u rcs l� �. • nd1ens ·un Pass i b & o nqu es o u rnythologi.
r.: ,.. tral es' bataill J es. rõtissant
�ion dcs es . s an gJ a t I urs <ll1! •
o u vcaux Mondes . C n es I l imposen e
et I·a gr., n diI ette imag e e naive e1 ..• u ne «rtai:'�·
oquence, est eUl-êu n lale, hés itan:
D eI p eJJ x ! ".' entre le r.t-•·.,.,-
ler te 'baogu r e géo [ t lus b e e pr s1o n d.e •.,,
ou r
g aphique' " F guras aJegó n. cas o . ce qu ' o n pou rrait a
1 nstruosos • n di i .í u n, llológicas . , ani
t rn o .os imp a.ss vei s assando se us . mais b'ozarr J>pe o ,.
nal ' bata) ha• bõloo ta [ .. 1 . •m . • nurn igos • europeus de postur
• g ren s . poem uma certa visão d s Novo a iea.
gen • ngên uas e bu r ta·is, hesotando entre o rearism o s M undos I! tas .ima-
o e a &randiloqüêoci a, .cosruotitu
tal"c:z. amais belaexpress� ao do qu, poderíamos eh amar o "b e
uma B roe, op. Ctl . ., pp. 40-J . Comebase e
m irabaU,o exaustivoe �
roco gcognifico•�
tamento d�
Lítulos sob re a América surgjdos na Fran :re os �los xv, , , : ; �
ê _ dei Prío
re relati viu a infl :�a do Novo Mun: ag,nárío eur opeu
: ;, �
�: O a nu m o
uo m
parece ter rejeit.ad; sécuovo Mun�o, e desde a i p radora obra de Atkir n é lugar-
se l ,
comum direi- que o a p aixono u- pe os turcos, pelos bár·baros e pel o o· nen·
a .'° ";' 6 .
u
t.c, po co olhando n direçao oeste•· h1' P tese que a 1·,ás endo o . ss " MaJs preocupados
se, ..... ''#- • inte rno s" e e om a con s olid açã o do"' . ,:r lvel l!stado absoluti.r•
com �va gem ·
e era .' r an s,o, nnando-0 em
U.Q
os fran •
< ceses ,.., pe r ocupar iam po uc o c m o qu est ran ge rro t -
de
o
m bá s e � C a rro usS tl
ba l'-
= e co rte - os lupi na :�� �
nd
fi gu ração no s e op er etas d
ente u : q e a º' de grande im·
s <ar d if er . ca
' ,a v Versa lh. e 1:"' d o a pen
Lu• em r e
,w;:.. s in ár io eu ro J>< u,
para o . e quac10munento de certos a. pect o s d o im ag
portãn a ci n u ar ia ím b ad vc l, mesmo
dº On e n tc c o n ti
e n re .
it o .r e s ·
m . od<r
ras e le
a n. d o-se, ev 1d e m e q u e o a
''. ::, '; ; . n a F ra n ç a M
consíder c a Je u u
le n ar . V e r M a r y dei p ri o re.
po�?uc Dll .
n � 1 1 0 , J9 9 2 olfo Garc ia, Jntr odu·
asile ir o , . ediçã o, Rod
na • 'Tempo Br Jglé s i · p ref á �,o à .
terce ira da terro '
� nso, "' padre Pernão cardlm,
7hlta d os
lS3) Ver Frandsco pe o de Abr eu e Ro-
ano de Abre11 • ian o, Cap í.str an
ção. e Cap istr . od e noias Bausta Cae 7-21 e 249.59,
' 3 •· e d · • ontr . · res pecti vam ente pp. l·S,
Brm il , 197 8, pari•
. , São PauJo, i:iaeiollJll/MllC
do mt Ít(I
gente hlsl órla do Btasll. Pri
c1otio G • an:ia Rod ríg ue.s , f//s l óría da
197 9, p p. 436-9,
H onó r,o , Nac ion al, co n ferir
_<
54) Ver J o sl:-
oni al, 2i ed. , SI.O Pa ulo
O OIJ ma nu ser ito S à Corte
..-,.
p ara
an os aue
l() r/O grtifi a col
a lev ado colllllS es pa ço de d
- f{fs Soa tes teri e fiz, p o r u dig11 0
) G abr i<:1 cu ri osid ad qu e me p area
(S5
do d e m inJia po r e scr ito , do
• dil aç ãO de
i: " Obriga le m b ran ças no , en qu anto
in form açôe sil , m uiUIS te q ua der �:['
o do B ra o ne e m es B f/J8!/ -.m
E sta d est a c rif lvo do
rt:J11di no ei a lim po n a r" , in 'T'rtl lo�" d es c
, ru. , P·
Bli qu aí$ lír iss o lu g Jl<> d n gu es OP·
par a n o
de noiar, ntos m e de- u
pud Jo s,l }{ onó
uer irn e . a
,neu& req al. 19 3 8, p XJI I,
!O , N acion
São Pau
216
•
•
l
l
�
e
•
i,
I·
e
'
;.
I�
l·
l·
n
1,
IS
)·
1
o
r-
1-
IS
l,
n
le
1-
J,
10
r-
..
J·
e
:>-
�.
te
jJ7
- .2.
li
·-..rrJffl· d 19 1 •
. mu p. •
•
par.· m
(Retrato do
'""" d� . .. �
qu
I
- .
n 1 _ .- � � '"
a""'--
o' P� ; ·a m o n
- d jo d J, ,, . : o �.
1· mo · e nte ·OI _a·.-
, o- d - e oif. . u ,alia 's Joundi .g , · o
e p ,·.
a.P'U , ,Q - · , - ar
fiara/' 10 . ·-. - n - e d
/: HJ
, c. -
, ar t 0 0 o B�asil no' o o o...
.. . � e n .1 e1 n e. n t liei d
p u
.e,t, . - ,e; , - O . ·o d . an �1r
J O · O
er n o "
"" ,· - i / U IF ll O
-1 , _ - 40, PP .5 ...6.. -
1 u.e nao · , 1 • . ,m n·
·· _ p ,zJ m
1 ,a'l"".''a· d · d. e a g o 1
· · - -1
.r d ' . p , u d
, . ral o, - i: eron. 1 , o -· . . . p. · ' ó
-0 -- ber '. , o ma ·_ , -o -,11·. H_i - � tozre . de-· la foli - ·-e a l - ; e. Cla. . - ,que-
ª r , Pím .irarnent r • , • de Ja pri r,n, r1
.
a :r _- J 7 2 · , - e'llle r , e t ,p unir - na. -· une P a · · . U· _ - . ard
_ .. , . .aJlim olonté de sa. oir: ' an. _ alli • _ ar 197 ··.
,s i o i re d e Jo I ali/é - f -: La
:; H
Ro ert, uchembl <l m r .. _lo. d1 ''. o em d _ en I ido a te - -� .� ut ·
.: __ da pel .- wl - ocl, - r o· .L ,n · ,en11on de I hon1in·e m,oderne - ensib11,tés. m·, eu,
p o rte m en t. · fie tifi o u . " ,ncie� Ré . .ime ·. ri a, a�d l 8 ·. orc1ere: j':3
:: o m
tice ,et ,ociétê ,uux Jtr 1 1· si ,ei /e. ari _ ,a, o 1 _ 7 � Ver a1nda , rab 1Jho pi -
neiro· de o,rb rL' 11 · - ·i if , ation' de n1oet1 ·., ·trad, Par_i ahnann· - _ _. - 197- ..
La sociét d oi,r. ra... Pari - fammari,on. · 9ss.
9 p oc, 1d 'e ,r-,do, ,que e· ira.m d,e b 1. e· .a I enco .-
1r.am· - ro m L1 · Ja -j i ado , o as _ u'nte cotas todas r �erente
· _- I 4
lngui i ' - · e · i ·, a ! · · 2 · l l ,8; ,47'44. 5 1; 7611;: '7·020· 26,16; ,-
7 ·. 7, 0 12· '7 .- , ·O , ·•· . 1'2: , m p: 1ncíp,101 degr-dad.o para ,o Bt- 1
•
•
rlcm· ,1n. a
, ,,- ·,a- j,·e·-und a�. rdena·e �-·ina- _ 'I! � ..
. · 'mb ra ' · d. na·õ · , --ili -- .ina tenham e, -tipulado ,es·t, · -.láu ·u...
' _ 1 1 I I
t
f UI
· t•h · ..
i.' . i 74 1 -i1.
- 111
�.
n1 ,
1 n n '.
,n /1
. .
•
J111, 1,111•111
fln lo b na ·or 11u ni ·a1, ·üo �p rcs e11 tnd a 110 1 Co ngresso Luso
e
l!st cnp lSc in- sti
Bmslleiro sobre u t11qui, iri\o, cu,. ão Pl1,1lo, ,nnio 1987. sob o título ''Visior1árias po
r-
1 1ugucstts do ��ulo x u: o sng.mdt) � o profuno''. Foron, i11corporados os comentá
l'los crlticos e :i\1gcs1õcs então feito. por l\1urilena Cha,1í. Lu(s Mott e Marlyse Meycr,
e lllllil prin1ciru versno do texto foi publicada em T11f/1J1siçào - unsnios sobre rnentall
rl11de, hrn·sla e <1rlf, org. A. Novinsky e tvt. L. Tucci Carneiro, São Paulo, Expressão
e Cultun1/Edusp. 1992. A todos eles. meu reconhecimento. Bartolomé Bennassar, tam
bé,n prcscn1e n sessão. fcz.-n,c upe1'1as uma pergunta: ''Você acha que essas mulheres
e as santas sito a mcsn,n coisa'?''. Respondi que não, mas sem fundamentar. Após
reílclir nor cinco nnos. procuro, co11l es1a versão totalmente refeita, responder à questão
do grande historiador francês.
(1) Ver Biblioteca Nacional de lisboa St.ts ' ex. 216 ' o� 49 • ''Sentença · de Luzia
de Jesus Turceira · de cena o�em''; NTI, Inqui '
sição de Lisboa, pr,oe. n� 4564, "'P.ro-
1.:cssodc.ui zia de Jesus terceira
•e n1ora de cena ordem filha de Gaspar Dias Ramalho natur'3.I
dorn na ct• d ade d e Le1r1a . .
presa nos cárceres da Inquisição de Lisboa''; ANTI',
221
111 J 1 '""•1
"
0 d� 1
• l'r, � ,
l I (J,
11, ti
t 1
(l
ri \'t I., d , M fl '·•n
,, .' 1 J
1M , ··1·,
' ••• "Íd h I.
' · t 1 u otc �o
d O , ilt ll1 ijo ( �' ' , 1·1.111,il<
ir ' "'' '
i
I
,ln 1 " l
1
lrn • ru o ' ' 1 nquJ I �t, , i. 1 _ i <'u11 , 1
I n 111 11 o > V,ln <111 11 t
l
'i •n r <>h • 1.1 � ,,. ,.íll I"" ' "' 'I
111r.
r
j d � '·
'"º' ·•dn
'7!, '' l'
11111
Ih
r
<l<\ln Cid � " ·. h o
'" (' '" � '
011 h ll d,
:
" '
'"•�
11;·'.
6'"" �
;\;
l<hn • ''
°'
'· ,/;
11
"•d,; � 1 �
, �"tl , ti,, • '"' • 1 "''"
d
'\1,
: • 1
l : b 1
<•;:,
,u 1i11 J que ullf rAu d'" i�''
ud
qu11:
i t u 11 o e llQ" '";t ll 01 itb
lf
il�
t Ii d" 1nqu1 , • tu
11
li 1u1"<Jo1 l d 1 11 "•
: u ,, � l d � ••
•
, lt·nei, t L l� � :; ""'
d
a
1, lnq�i�t.'
1
:.• o d or d�� ��·
•
I" dc
"º'
• d ; " � « n11 • d, l.l;t,ÓTI• 111
1
,
�'.t°
ú
,;
J 1 � "·• Oa 1
.,
• 11
p,,,
,., ,� ue ,,nu c11 "" • 1. 1 11 cn 0c "' 1
_ 1 e "'"
.... "
n t.i , •d �
lu� ,r d
•
!>:
o
q
l 'ud r o
,
nu lên: e J
o dt
o,�'
1 1 1
><>�. Plll<
'
. •' \
0 1"'
r t dr I i h d , Po 10� d, ••• 10 Ili,
dou r • �
1
< lllh
do n "
,i
O I tn dt
nh , m ""'
Q U.iM 1
• u
"il
o
� >e
PI<.
rem
n n
o,
cd
<"t\r
111,;
o,
atcs1 or n
�1 d
S,º
l
inr
<rm o de
o 0ff �I
•
l
° or
'º'
f<',
,1 , 1111
Vcft,J n � Sln110
.\' • rnnr
,.
p., r' o, ti 111 <Xi • Cc·1 , <ton •·.
, c � s 01 � : � :0 11 ,1,
• m �e se
nlh • :: � •ç)lo •<><1
lç
de Oliw;:s
dv
d • Prul,, , •u, 1\192
Z.ln "' l1ul/,n
"'I
! tt ••olui,6t"T Mar qu• , ,,. 74.
llberals &• ·tJ ' li -1-
ll'
r:i ;' ria d• 111�a /
bon' 1" lldllorcs
t Por
At.c, do. A rl'nluiiJr; '. , 1980 ·' ,,,u
lltl, orl
do e
lxu1/011t,111� . 2 • p. 422. 'ºªº L ,cio do
li i" ;e
lh, bo n • �,vnuln Cid,
• Vuormo M ae, G d ' • 11 11, 19"17,
1 •
JJ1 '
•
• og a o rn � ::
••
�
t(1'
. "ISSO •nu m9a o •·.1 �·
Sov • 10 ue PDrru lo : � os -11 -
10,
m r s:
J,i '
liv
1dr
sho 11, . o,1n, 1968, PP ll l-91. n,i.,
,.J
1 r n �� � � •.
�,. que u profu dn o o:co11õmíco entre Portul)lll • E$Jl . '
Onha no ,éc-ulo !<\'r,
m o itntc, du Un '·'..iodas oroas • era aco 1t1p
. anhodo. d· B pcnolrn"'ao culmnth<
nhola uo P" ....,
'' w�no nerno fu!>o• ocorrendo v i. 111 ngiiismo • no, <nouodn, domlnao1t•· "m !''
· n1a1d s ,nnp .•. u 13,c, • onm,1u1110, con,idcrn q e v",ccJ11VO "doei d ().llllidade'' '"
u h "
•" p3nho. Ac cdllo que se havia 1 1 , 1 i fiC11�:�
nflo ig t v;o, qut nlo hou,
r !º�úüdod<,
hrc o p0vo infl,;êncla cult n Espanha. Ver P 258
(;) A rxpréJ. QO � de li • B rtmond u
· Apud Jea n De.l umcau, · ,.· , ,,.thallrbmt "'"
.
l "' h r etMVoflo,rr:' Purr ' r·ur, 1971, p. 95.
14 J nrctJ Ba111iJlon, lira.\111e et 1·1!' :-9pogn•. Purls, Dro,, 1937, p. 748
' ro;, 0, bl·
1,, Oufil:i L. Pcrelm da Co na ' M l3l 1Co s pn tt 111 11t srs do st ru 1ox n .
l �·7·
)C.:
•Jl
"
' Jl lJ ,,
11, l •, II.. ,1 ,
lt'
t i 1.11
n o ltlU I'
\ ( l IU'•
,1.,.
l l
/ t
11l i1\,1, , ' ful,
'
t l\(;,, \ (
u 1 u
uae
1u
tt r 1
i1v:1 J ' ti, · \ 11 11 .11
.,,,h r,•11 J 4Uc t: 1 , 1 1 11
dlc d1, , ""' l S:all
d ·1\
) dc 1)(' ' in Jcu 11 lchc
�
) J
• 1,,i.- , '
1 1 1
I Ju flt dei> e:• nri
1 ..
l
r , 1 ' f l) lll l 1 , � ..�
d 11(J l" 1 clu ui . 1 1 1 c
e, du t l c ra tt > -
b rc
r 1 1 �
'\t'i t .. ' 1co 'í O
.i.:i:
"u ulr li� . " f IJc;�<JI 1- ' ' l., i,1
� , 1 J l lt:' u � o
t
.,, tt t t " n,:\t
1 t t 1• tVc! f tl , nn j \
()
111, , u u n 1', �t /\ f H·,1 u
C l lll
e.1 r� íc> fl)i rcaf 1r1cr1 t l'
'i.1 f> �1t, > q ue
11J
111;
C!I , uc:;rc 0
,,, .111 ri , 1>L 1r1 ugl lC'i
•
,
(ll tjl l 1 'Ji 'lCh
t lj )· í. l l
1 (C •
f)�•(t )�
uu 1
1(1 l
1
l. t, t.:fl ,
J' H8
1 1 1
lt:1, 1,
1 1 111 110 dt
1111 .
11
l nll1 't.
· r. , i l l l fOtl . n�,t u:,; !
,\p ud J )chtr t1e
,11J .
x • c,t,, i.;
1 rJp
( l ) J lbro ri,• /o vir/,,. 111 lJl1tt1\ ,,,,,,,,�: ,,fj.(• l l l tr, , O' ··1' 1 n 1 ' ' MnJr i . 1 3iblio t c<.: , LI�
1,. ' ' , l \
jtl,
( l ój \'cr l)l•luntr . . 1 , op. ..:•i 1 l' J l•J .
t' I I . •
1 ,1 <•111,
t J ·1lt lu J 'cz t:1 da C
( 1 7) ,\ nu J
i •
·
I
op "'' · • PP 3 3 7
o su :..�t i l ·
'i6,
( IH) t )ul1 l.i t \
. 1 t'J(•t1 •' l l .i ( ll\t.J ,
'l<= tt t p rt.: i i vc u c. 'i ll l g l o ra
o n 10 1 ív o l , .1 11 1o r q u e: .
u l L n ll
)
111
l l'J ) · · J .o1 1.1rnbc �1. I -. te rn e fc
<> �c u <> l fi.: io p c (} ll c.' ·
l1
11.:n, t J�i l u rc r ·l l lc
dç 1 • 1
r u s. 11 ,e
ti .: N o ,
bc!,l l l
.,ln(l a n1u1 10 111 1 I C" '14'f
•n i () n t>'i:?I• O c o • r1 ve 11 10 T l> I r<: �
., p
1;1,
c t1 1c
'
, . • o r
• �or 1
r
+ hd 31 1< 1\ l
no. que ..·� 1o r• I r •· 1nc! :&
�
l: :)� [lu V C \ I 1
• u eh : \ tr 11
� c 1 1 1 o ..
!)0
,r t11 �0 1, \
,-.u ••., 11 n •I Kc ru • 4 [} (, ,
•
tu : ,e: " l l
fl S do F n 1 0·
1�,c r R cl ig io <1;t.i ci o P ai ri u rC
-·�f ll ri to 'l nn to de
111 1111<.l cl
,c: 1,.. 1 7
é!
•
pr()(• t'I\,10 <11 '\l i l l l d o i;o fl \ç ll tt 1 , ,,
A fl ll1 a, 11e ri o Pa cir l· f\' l1
1 un 1 e•, "O' l••... rtí \\ ll llJ " vé ., 1 ,cr.1 e ,.: 1 rll l o ' •. Té•tt
, ,•
tl
no i''� l us, tr tilS l l H L�.
'.S
'
<:1�0 hU\C lll ,.,
, • .,, 11t1 tu ra l rir.• L /A,· l>otJ,
r,nr/, t11 ·1a
u i a/ ,s < ,r, •ó 11( •
'\ltJfl()t'I <Í IJJ ( Jrc1,:t1:; ( a
de M (l lo \
, rc �b t!)p ,) de ... vo ru M cl ror,o lt t' l\ t\t'\
.,. ,
t I ç\' t:r cn u t) Su n o s• e. , 111 0 r D on t Jo ,c- r1li
asb õa . po r l\f . .t !h tu � P 1n
•
l1c 1ro , 16 3 ( ).
�c:,,dr ra \, 1
••
223
r r.
,,
-
J li
-" r;
):1 '1
�.
- 1íl
11
2 •
·7·
1
.
uth ,.r t , 1- 11
'
• 1:us.
C'
il. ',, í u
, lm' RI ,dl
,r
'.�, p. 95.
l1 cat/1(1!/CÍ!,ITI(
tlJ, /..R . .
A pu cl D c u r1 1Ct . d1fJ cc "
J. nlt)ll cl • c,p lr1 10 sao
o é d e f l, u r�
sas lnt cri orc • do ''. J\ p u<1
p r « s. n , ftt , �• "a s coi cJ a m
(41) /1 CJC < " 1t seu ,c,11íc1i.sor e le fo rm o q uc o ou " º' e n LC II
obr �.
, u u J
. t r � fiei 1 1; (uz i!- lO t987. p. 127 . Ne sta
l)izln ,. cr, e :i1ndn •1n,•t 1 s. dl
'
. Jlr nsi lic nsc ,
<I"• São Pa11lo fro 11lc lnt entre
de d.c sc r <!" /tflf)U(()
S, 1 r a
111, oc ,. f re qil eutcm cnt
. • na . · n cJ o
v.i n .
J,1dit11 Oro n11s sobre li nn1 b'•
;l tO S
'ºilido de cl:i >
do fenó me no. ns v,s õo> se 111 ulu p 1 ,ca
as á i . A '"" d·, c<1 ci>> ilO sob re o a ssu nto.
o
há b r �t1err1·on1s1. no. P 1:.: '
c• iud o s rcc enrc s
d. � r,n sAo 1m1it oS o• 1-17 00,
s a ntl d n ó.hcO do 0 ,;d
"' cnt c 0 il'd«d et1 Mi x lca - 157
d eo c ut q,i isi cr6 11 y soc . xv u ...
.
11 •
.
·u\ gc AI be rro • Jn " • bcu tas dei s,gl o
no 0 1 0
Xf <O, " "r Sol
. PP· �9( ) -53 0 , ne .
...
,-.. "' o t,f I ' r:,:o nón > ici1 . 198 8 , "V isJ ona rl cs nnd
,1 Cl d.
·e cuJ tt•" dric k e Ma c Kay ,
O 1 ·o nc e M cK cn t\ll&US
,t.,n Mary ._
Méx.iC aO r, M xlc o. Gc rn ldln
1 h ccnt ury , r11•,za b et I I
ri,rn nu- �. � P ll t 1h ha 1 f o f rhc "". c e11
H 1y dur in& 1he . si
(,r o/ the /11q 1 1/s/ ti o11 m
cc u . vc ni'rli uo
sll" 1ter s - rhe ,mp ocl
nf (
c ruz (cd .), ru/11 111tl effc 0t11
C ali ror nla P r css, J 988.
p e Annc J. Wcrltl, Oerkcley/Los Anseie,, Univcrsity of ofu nd and o
s;� ar1d ti"' N,w do visi ooari; mo e apr
and o o• lirn ires
93.1 0,1 Pa r il o 1 1rasil, ultrapass do pi one ir o de t..ei l• Mc .a n AI·
PP· . n al fc,n ini1 1a, ver o estu
• e,1 ilo dc vocio sob re a co1 1d içao Je
u,mbém qu
vo1 11s: tt111 lt<tt'S 1/a Colôr1/a - um e.<11 1 do
<' de /
tese de d ou.
g,and, 11ont11do> 110., • ,,.,·o lit imenlos tio Sud e s ,� - 175 0-1 82 2,
ml11f11u ,uru,f.s dos .
ca1 1ve1 , 199 2
ria da São Pau lo
10 ,ado apre«
nrad "º u Ocp arrn me nr o <lc
n
J
e,
li�tó
la dé va lu a
1•1, 1.c:
tio n
11 -u<
dc s
v,
d is co u rs fém i ni os",
tio
( 42) CI ui rc Guilhetn, "I.!1 nqll isi esp 10/e , P'..t r is Ha che ttc • 1979 1 p.
201 •
Oc1 111as !ínr (org . ). J4 '/rJr.; i1isi 1/o n a,:,
r1ol o rné
•
ln 13a la M o, Jrc de D io s, O . e. O. e Otgcr Sregginik '
c frc n de
A es1e re,pello, vrr tt11nbén1
•
rá fic a" , in O bm s co m p , p . 1 1.
O. Corn1., "Rc,efla biog
le tos
225
P hola g - tuou no an o
. J8. 3'DdO- e d d nd
0�
cn t o r an 110
d I Rey no sso S
ress or s
l
eir a. i m p exp uls ara m �
n te• oliv e asil eir os .
u cV a le a d o o_ s Jus o-b:t o e patriota foi rev1v1-
d e 1-1e n ri q d�e p ois, qu n r
c 1 � 11 e n ta a n o � g u rr 1711:
n1, 0rfi cerca de cinqü . o m110 d o sa11to A : 8d e m arço de
0
J
n1
d e
ntô
(lc 1665• , de Jf1n c1 ro . sel ho Ul t ra n . a de 3 d e
º . o C on m cart
100
d e 1
1ar
s do"'º e su ita ·
france � . ne ntesta un1a o o R_i o as·
.
d
eiro
s do
Jan
era
de
o r i �
eal du
nia
co , n10 nas v ésp
t
pita
do, .: o n F u zen d a R C a
oss a f U·
a v ta
de,
d t.; a tan
sta
r cn en1
a,e
e es
M
·•O p r o v e d ss ado fn z pr ach ava a qu ele p con
nn
ovo
d o o c1·da dc 1 se rec orr er
n o ,· c n , brO .111
ce ses dcr n � q11 ela
rép ido,
,1ec es.,t"dri o
n
1•
ra
int
a fo
fra
q,,e
o s o cão
c om
m iru. n
do-a
ue 1i
ra asse nt ar . a cap itão , te11
�110 q nela de
de
o viz inh o u . �a-o se ,,,a Vio ssa M aj esta
..�-0 qz.1ePfíJ(J Ç erra
n d o tã .
a ,•e sa nt os te,7a;;a,;a oc
llst
na sup onsd, zav
de- .
s o11 io flrto
·
l��; IJ(f ,11 11o Sar 1ro A11J uele co1,
to
que ,zaq
, ., • b . ações de sel, posto. [ ... ]''. Do rela
o 'O se cert o
ªda a
' oficial ,,,o n1a11e10
O• "
p.
das arr11as ,
<fe s
um entre o�s hornens, passa-se ao
jó
Por be111, ter 1111t o Santo e seus filhos as o r1g
e11 h º' , san tot hom em com ser re co -
ben•
aç ilo gue rrei ra elo .da do, hun,anidade ,,ottando a
d at u sol
p
natural � o do
111
rad
se
227
• . ' .,,,.,.,"\
•.n--
• ,\: I \:
\'U .,.,,:,J\i
(
, :t:1 l t , ,\, •• 1 • •
\
• , ...' '
l ·�
� ld, , \ \ ,, \I\':\
' "
'"''"
"'
i
�
t,
,.,,,, '. •
"
" "•f UI ,1: ' \ \ • �
\
,•11 t1tl
l,
.S
p,;i,� , \ •\•' � -• •,• I>\
., ,, • • ''"
dhl ' • lolt ' "'' ' l\l,l.;1� "' �h·l· "
l ' <
' \ . ' ' ' ' " \', �\\ \l�i ,, 1(\'I\
lll ,t 1 ''" •• � \l ' ,. 4 ,,,, . l\'(\' ''''"'"
1-C \
l
"'� i '•" \\ ,,,,, l 1
\
f
l\
t
\li � li\\l\<,, 1 ,>,.l'l' ,
li, lia' '',l l \ •
l
i.• u
'l'I J .
� '""''' ' 11"' "" f
1 . ., • ''.
,,
'\li 1 \ \ \I "" ltt1.I,· ',,111,
.
'''"·'
,,
11 l"'"'
.
I lll,!1.. ..t1\ • "''" '" h>\•11 ' ' '"'.. 1n1I'•••11
' t,, ,l\1
r,,, ' 1 \ li '
\�\\ \ '
'"'
li
,,. l
\
' 1
·1,·
'
•
" I•
-
"li li\\
·
til, ,,t.
fl.
• .. ' " " lltl- 1
,..,1 ..,.,• •
'" ,
111
.,,, "'
.1,, lél l'�
• .. � " " •• \� ('/
.,,
1 1
l
P.' <' "'" 1111,,1,, "'
' h, <li \<\ 11 t-�U /e ., d '
(/,t
LU7.J8 . Ut: Jc ·,u.s. "-N 11 • J • L ., proc. n º• 4564 ' e amda . Blbll ec Nncionnl de Lisbo�
J\() 4 uai º' ;' l
5 •�. <..� -
. '"'1 '
6 9 · "A previ i1 o dos d":<lino d s in ivi d s • , 'ª ura 1oe1u� não"""
u ?º
pn, v sà :inos coleuvos. sobretud O numa 6poca d e grande n,obi·
d 1d' ad' l o dos dc. ,
'�� pan sà o com crc iaJ- 111arft'imu e a g11�rra d cscmp�
1 t a e . oc,al " se o�" r<l' r ,ca . on de a ex
a " . co Deihcn·
or ga . o da vid lid
a co i no • Fran
a1 çã
cis
uha v•:im llnl pa pe l fu 11d nc nt al n�
. . � za
"º
.
,nag,o - fet/tN!ltTis. sa da do res sicl tlo X VI
. a e 11i gro m a1 11es
dri o d iu
�.
ourt ' ,rnag
O in . A b er m . 19 87
L J�bo ' • proJ. et�
(75) Curaoi.amcn
U n rv er
"
t'"
sl d a
ta
d
m
e
b é m n a E sp a n h
• p.vtz
'"
·41.tn
d L
· h a
Kaga
h i"
o u
n,
ve . n
"Pol
a m
ltl
es
cs,
m a dp o ca
prophccy aud
, "' ''
1. ,.,,
• 1
1 11
\ '\ 1 1' • l
tt'I' '
1) '
•
1:t.\ I
\•):\' 1 ' ' • ,, <
' 1
'
229
l
1 1•1 ; it . .
..
P .... 3
1 .
,,
111 ..
, alli�
o i r.
2:
. º a q u a
'
•
s d e i X
a gê. ncia
/\ e sr as
t 99 2 , r as ,
v- '>r , c , n 1,e i
f .,.. r an.hia das_
e 1 J c la . c o rrlP
ix a o P
eJas
la au o rn n a
e pe - r
ao ô l co J'
c. /\1·1}',
'1
tra< o , e t1 1e , F-lorne
re8 (tS) O hO nle coP· 111,
is ,,
6 69.
1
a n 1c 1
r it1cip p · 6t,J69, da11, inv. si< A 6
1988, P brutas''. P , Arnstcr • . v sK A 464 • . 1 Bruges.
a s u r n n, l�� eu Gr oen1�g� museu.
criatl1r R,ijJ.:sn1usc Ar ns te rd ar s
(19) ··k rnuseuin, pei.XeS, . ventár10 o
- u1 �
�!�� ��t�:reza,,,::v;:.':em n Jrncr� �d���.
s er::�he pas1oureau. L (J B i bíe e l t es J' r 1ir1t s g
(ZS)'' eor e n
p ar t s, s a1 u c r n
ig u a Jro e n te a p r :; 7; 11 /9 2, tex to m1
. B dy en atnur y' '
C o u d, 4-
1cs Z1k Lhe Six en
·te ·· en Eu ro'pe, Sa1n , · l to ,
m� ic in or
·1 th
s P
t
asse <.Ie s so cc • er s X V I,
bat "
J
u lo
al Le
o
cion
d C
s::iicação das alas..
St:
it�·es
a costa, Místicos p t u
d
or g
ra.ndo a alila L . Pe reJ ra
n se, 19 87 ' p. ]04.
.
(26P) Apt1d D p. 245. d. Pa uJ0 , B rasil i e
a11 sc r.,
trrn ão , t98 6. , Lra Sã o tr in-
g 11
Le11 o e ·
s,
,
ta
wn
ple .
.Bro 1n .,
m
ro
os
·
r co
d"lh ar
s p11
C
Ato ras
(27) Apl1d J.u
;,n
o
O b
Jes ús, Lib ra de 1 a Vid a
tge r Ste . k .
de e O
'
esa
0
D.,,
gg1
.
(28) Santa Ter
•
i C.
1
de p ios , O.
n de M adre s 986, PP· 93-4.
trod. e notas Efr� res Cris tiano , 1
iot eca J dea "t o San -
· Bibl nu
áf' '' tn
A
PP· efia
. '
Res
dr1,
den 1 ''
Ma ica
Steób"'"· k ,
..
i
ed 101�2. b1ogr
(29) Idem.
· b'
Di os e Otg er
. , d re de
i nai11
(30) Efr en d e la Ma
p. . . , 198O ' PP· l J-3.
, co, npl eta s, 5 . 1 ha 11 Mu lmo
ta Teresa de Jesu s, o on '
as
B
Obr
e s i pan e en-
(31) P1ero c atnpor
. . JJ se/v agg1 0, . rr he Sixr e.e nth an d S e v
,
z e
oper
h-cr a.
or-R
witc OJ
(32) R R Trev
opean
. PP· 50-1 .
, Th e. Eur
. . . L ondres Penguin, 1988, Paris . Pior�.
. u, M;rgis1rals s u XVII' siecl e
teenth(�;'��,:�dro o
et ! rcier en F. ranc a: e
aca d êm ic a r o�s . no en t a �-
. com a pesquisa documen t al m a is ·.
1968 . Des comprometida p er ,
10 do das p o ss e ss õ e s c o nv e n tu
e e a
to, útil, é a sú1tese de Mie 8•
rm o n a ya rd , 9 8
F a
o
. ri s.
re
a
b
P
. h l so 1
e/ /e t1 e I cique sous R . . . ic h e/ ie u , ..
so rc
'U
et p . 0 1·
ls o ro 1s t1 c1 sm o , in Je su s lcru.r 1-
n e�· emplo de fa
r nto diab{es de L ou d un -
(34) Francisco de Enc1nas,
''
77 � p. 38.
l.,C;J
ac io na l, 19
•
to ra N
,
M d r i ' E di
zaldu (org.), Monjas y beatas eff1bauca1,1o ''• op. cit ·, P· 47·• '"Sen·
ras , a
(35) ''Carta dando relaci6n sobre �adale� a de la Cr uz
tencia de Magdalena de la Cruz'', op. c1t., p. )3. 1
(36) 1 'Relación sobre Teresa de la Concepción' , op. (;i t., PP·. �68-?�·
(37) A esse respeito, ver meu artigo ''Do êxLase ao combate: v1s1onar1as portu
guesas do século xv11'', in lnq11isiçao - etzsaios sobre mentalidade., heresia e arte.
São Paulo, Bxpressão e Cultura/Edusp. 1992, pp. 762-84, que ampliado e reescrito
constitui o capítulo anterior deste trabalho. Para uma tipologi a das visões e sua filia..
ção a dois sistemas básicos de taxionon1ia - o de Ricardo de São Vtror e o de a s nto
Agostinho, posteriormente.reelaborado por santo Tomás epor Jean Gerson, ver Jean
Michcl Sallrnann, ''Théories et pratiques du discemement des esprits'', in Jean
-MicheJ
Sall n1ann (org.), Visions indiennes, vis;ot1s baroques: 18$ rr1é/olssag
. es de /'fnconscienJ'
Pans, PUP, 1992, pp. 91-116, principalmente pp.
98-100.
(38) ANIT, lnq.u.isiçào de Lis boa,, prec. n� LO
certa ordem."
198. ••Maria Antunes• Toreeira de
231
(39) �Nn,
l11quisição
(40) A >rn • 1 de Lisbou,
n qui sição Proc. n! 10
do tlspfrilo d e Lisboa, l98 .
Santo, solte ruç. 1 J4 pr
e moradora ira, filha o e n" l S2l
desta cidade de Fe r nando V�lh "P º
(41) A Nr1; 1 nq de Lisboa." o d� LÍma q� t � '.'1'0 de
ui sição de e º' bar M.,i,
(42) "Ces réc Lisboa, mç. b eiro •nt
. its no 13 4, u,.1
naire: son e 1 1m · a1 us intr oduisc pro e. 0 i Js
P• rt1 . · n1 dans une 2s.
u 1e
a t é · · cu 1ler, empre. autre dime
1 " é ª i 1 d1 vinc, ne m1 de luxe ei osion de/' u
el de la latd . P• ut ê tre · de b ea u té, nt· vers v..
1s10•·
•
eur de la v1e . marquee du t.a •islon.
ter restre. Chez sce au de la quo1 c omrnc re
l' ét ,1 . AI' .
,ousma, l a vis . . une personne idienne1é• d ' 1 ffe1
� ,o n . d'h u • 8'1•681.0
acceder, pour un d ':"' '" ' un omen, . mble "'1 faCtion 'oe ,
momem tres _ � tdéaJ ou la ieu , ialccornm
qu 'elle connai) fug1t1f, a un m ne femm, Pau e
habituellemem onde de nch ,,. Ptu,
são do universo " [Tuis narrativas ess e três eloign
visionário: seu nos intr<>duzem é de «lui
da realidade divi clima especial, numa outra
na, a visão não p che io de luxo e bel dirn,0.
feitlra da vida terr ode trazer a marca eza. Sendo ren
estre. Pa ra alguém do cotidiano, da ,.,
visão se torna o mom de extração so cial insipidez, d.o
ento ideal por meio hulDilde como
,orma fugaz, a um
r do qual a jovem P<>b AJfonsina, a
mundo de riqueza mttit re pode ter,.
Michel Sallmann, "Les o distante d aque le que _, de
malheurs d'Alfonsma . ";· - . ela conhece), Jean.
op. cit., p. 67. -J' "
·="" r 'm Jean-Mi. eheJ Sallm
. ann (OIB..>
(43) A.'TI, Inqu1s1ç . a• o d: L"ISboa , proc n� 63!.
mulher preta filh de Antonro "Processo de Man:elina Maria
� e Luzi a pre t�s escravos, naLu
moradora nesta crda d raJ do Rio de Janeiro
_ � .:"" d e se u se n h or Jo ã o Eufr ásio de Fí oicedo"
�
e
(44) MTI; Inqws rçao d, Lisboa, roe. n? 628. "Processo � ·.
� de C ataru1a !"' aria DIU·
Ih er preta. escrava Ão ui Beneficiado Jos e Mac ad
h o. D.aIuraJ dos mau,; do Reino de An·
gola, e moradora na cidade de Lisboa On.eu tal.',
(4;) ,...,n; Inqu .. - de Coimbra, proc. o.• 72J5. Pr
is•��- " occsso de Caiarina n,r.
ruindes so1• · filha de rCUJ o Fernandes S..·ero de alcunha
1:'rador,,anu-al do ''"
.'eua
-.,,,. de !'.fairos termo da Vila de .Monfone hisva . .do . de- \tiranda Ctuiosamror,, ,,....
tença deste p ocesso seencon Ira em• oulIO 6canono, o Lisl>oa, sob a fornia d!:"""º
. - de Llsbo� n. 16 51 .
d,
• o.· Inq r .
p•ocess wsiçao
·dão materna solm os rebem os. e sobre . •
oebts '
,,,,J Sobre os dei·ros da óevass,
•
""!V
� - ·� � femv.J".3..
moo,.:: uosos em eral ,·er �uu , dei Prio r e, Ao srJ/ o '--'•o, d cotp0 -c v,-
. Ri o de José OlfIJlpio. 1m.,.
-· _u_.,es e meruali
m�-terruua.u_, g 'idad es no Brasil co lo nisl. .,41..I.i.
,_ o..< 00 urer- .
- �o'•
ca;,. "Pesz:Cel Lisboa. r,.:_ A"':1-0. •omra . da 1-... ,
,.:.- B:ibli= '"'°'.or,al de Sl.<i. �·� '� Sn:r e<: � -.
J09
'
ha � targ.). • • , ,e,,,..
Fei.iotiroJ.Pffh e
• _ • , n,_ d Y..o::ce
�� ."'!Stó-
29 � da }""'°"·
A.!,u
5- - · - m,gue<e<. lmJ>re-' "' � ?
<1;,30. •• -•.
., gs..-
o= ;:n/ÍgOS 1:". _ ., ".:. So rot .,ú:m. .mé;io. �
.
5<:;,1,,;ç,. J.;,q:- da CQ'."�aa'.J1']ZS fl"�º'·' lrl!i. • •
n,iri .ext ·s,çao e: - do ,..,.,
J.i,;bo6 al-'
,. �
2 _
"- ..._.
:,e;;·,"'sa. e.c...:·, i,p. .....�.
� ;;. Ai �
- <
. '9 ,_ •• !.! • .,,_ - ....,�.rcs .,,. A • ...., otfcJk;,i.."'-. · t1.:z ;rc1r
�;,diJ .,,,
"''
• OltW -
·-
ne
,..,,._
Rf!
. v ..-
• • •.>; <-V "''�
� JJM.
�--� """'-'"..--
r'-
Do " " "' '"" . r,,,,aro
. ' ·-. , c.r .....
,''\'fLW:f, Se,-J;(>I'
�
e •,,-,.,n:r_. ·- •
ih.�-•,;.,,-•-" ·-- - Yo p,,:-;a, � bC ... ,... .,..,_ _.p.._,.. .,-. •�,..
• ,• , :l>
- 3:,.o:.JJ-
=
h ce , ::. ".
-"·
� ;,,. - . ::;,
=
CO:.
:...._
� •
• ...... . k:;c·."
.,..
a:. ..., ""
,y;:
,a;.,.tt ".'""
• dt �D-
-· -�
p. >,, :<,, "'1-
5«: Co;,, � .,,.,.
•. • "3 .,._..
·'() ?':..'? •
. - �-
--.....-
,,..- - a=
D,.�.,
-
, " ,,..,, - �
.
. ,�
1
:.:-= ....,,...
·"-"" ... ·- .,,_ ar.:..c � ::k •• ".::
. __ ...> ... �� �
•
� -
.ffeõr •--
-)",� ·• r""
� . . ,,_ ,,.,,... _ .,,, - ,. "" gr
• Jj_
• ·-
••
� - '" " -a
•
, -,
- _-. ,_._
..,,.,.__
--!
- d'5-f �
• e
--
--
-- �_ - ::::iz. ..:
. - " • ,=-
·" .C;.!a -
�-�- .. -- =-- , ..
.. �.
- -- •'2a; ., ....., . ......
�
,;.-.
-
�
�
- ::,
·- , -
- ·::.s -
- ---
- -.--- :.Ji --
... ... • - -
-- .,.. - -
'!""? a:>
.-
__.. --
..... ""...-! -
=4••• ,.,.. �- "'é
.,____ .
" •-
�....--. --........ :.i-
-
·�
k:7
-
..
:..-,,
. - -
-
-
-..-. .
- -- 14 ..
-.. --- ..
,,,,,
- - .. -
,,. ...1:
:-- ....
- --;-
_....;
-
� --:;-
... .!!,,_-
:;
232
231
1 1 ,,. t < ,1.,1 /llCll h >'i, , 1 1 · �t "' ''"' r i a ' p,1c l cc.: 1 :t lt11lh 1 , (f l lt' i o;, J>f>rq 1 1 1.: flllt1 tastt VIL 1 1 tn 1,
t.lnh..i
·
, 1 j 1, 1 , 1 .1 1 1 1c11 1, 1 c11 1 11 n l "'·, ,u, l1111 n�·11,• e <.4Ut' '<1u�1 i,1 t , t ,·t>pllJ u cr> 1 1 1 cl.1 '. 1) unrt: llo tlh f1.u , ,.
h , Ja 1 111,�·�1 . 1 r:1 ri1 1 1\1 l 1 .. 4", 1 1 -ri 1 h,r11cl,i li'' \t\lli i r n t a 1.í;i u t r1tl ,1� ; 1 , l,l:llLIU H.'I , q t ll! UN!il i 1 1
1 11
1 1 1 1: r 1 1 :-. , 1 1 11, .1,11 1 1t t II h \ r, ,� · ,, 1>11d I . 1 1 1 11 1 , IJtc d:, ( •Ht l \ o l,f n ,a , A l'<> 11 rl��flO l>ttl ,,
1 ,,'l. ·:i • 1 ) 1. 1 1 1 1 ,t· 1 . . , , 1 n 11 ,� ·1r1 n,, 11, a, 1 1 l t • ltll llltl ' ', rc�,s1.1 (fc ( l lll l l t1rn<lo u p rc� 1:ntud�,
l 1
,i r i l ), r�· 1 1 . 1 1 1 lt'rtt,, dl 1 1 ,� 1 ,\r111 llt1 1 1 I A 1 1 , 1 1�1·, �,1t> Pa u r,, 1 c> Jf ) 1 Pf). 61 6·H.
1 7 1 N1 1•, 1. tl�.,, .. lt sn,,l�·1111, 1t 1 1 l 1 1cnl� 1111\., a 1 irtl 1 sadt11i 1�01 < ílov.in 1 1 l l ..ev i , rt4COJtL· i a..se
h1t,til ,, r,.u,l, d�·1>1H"i, r l',·t ,1 1\·r un r,t11 1.:141t«: ,,,. pr ó1>1 l1Jh n1ód.i<.:l> ncnn�
, u u1&. 1 1. 1.. �,1.· ·•'-•
c l t 1 ,, uu, ,p,c .'1' 1 1 1 i,� ut .,,,. () c.� "nr l."1,,n. u n111 "''' 1r1 1 f )t J l · 1 1 t r�. ttu rur11 cio n. 1 n l ; ' N�o 1
l 1t 11 1 , • ••11r1 1 ,1 \"I\ I I \.' tlh:c.lil i ,1;1 i;: P'-'1,-, h l C I I O ', UH prntlt:H t�o l l d i 11 n 1t ( ll) I I I U ll (IO
l xr1 1 1.- 1.111J\(1,
, u11r,,n, \ \: , 1( 1ch11l\ 11l11, u11111 f(1r t,· \ \ l l idnr1t,1H(I� (lt· : i 1 1 t <,t 1 1 111 l I i i:. ui,:11 ( 1 1 1, Vur ( > 1 r11 1 :> a.
ltll)d,·! 1 f \I\ ( e '" · llhl l l.l l 1\U t l l Íl' l (l·hi!>. l {�I .. . (,' ( f l l f
l l tll I l i\' Í l \', ) l l ro , i tltl C<>1 11.:cn\' ílt) li\:
\ ,1 1 , ... ,�. �.t,Jt· 1 1 , t h• , 1 ci t,tpír uh,; I 1• 1 1u11 �1 r11)· ,111 ví//11,: 1 • l,;,1n/1t• ri •11,1 ,..._, ,J,,·,.�r<• (/u11.\
l,· / 1l,•01,,1tt riu \' I //' .\lc , /r, ( t: J t l l 1 u l h1 11,): J:rr't'•
l l u tl . , l 111 1 l h. ( ,11 l l l 1 1 1a 1 c l , 1 1) � � . f ). 4<,
tJ,1,1 11u1t1111,·1 1,,lf . e ,1rr1,·10 r lf 1111 11,·t11\·l.�tv 11e/ / 1/1. •1t1rJ11tt' 1/rl ,,,,, .,,,,,,,. f \ 1 r l 1 t 1 . l� lt 1 1 u 1c l l .
l lJX S)
l� I I l i J l l l' (\ llll n.11, \-'lJ!llfidcn,,o,... til' ( l l lbct 1 ( 1 v� lho l! l l l " I H(l l v l d 1 1 c , C tc.lhalno
n j 1: 1 1 h u 1 1 t ,1 1 1:\llt·i t ,1 , 1 •1 f l! lnh, l'i lJ.! H l l l V(�� e �Ílilt' I I IIII\ tltt ' rCl l çll s ' \ Nr)\1 tJS f,'1_,·1 111/0.,·
, 1 IJ1111 •, 11'' 1 1 . ,,11 1 , 1 1 11> 1 . J'P· I J l l). N11 p1\� l 1 1 a 1 1�: ' ' l . ,. j ni\c\ NC 1 1 , t u úc c lcfc11tlcr
j1ic"�' 1 ., \• , .. r 1.1 1 " i,1 ,1� 1 1 1 1 1 a vn!,ltf l' l 1 H f l l'\'1 "11t·1t1ch1 ' t i.• l l 1,1 ltlt> popu lur>' l ) l l tl,· il c 1 .: n�11
�,11 \·,p J ll"'r· t'(.'11, 1 1 1 1 1 1 rla ,, l,11,( � cixt, \lt1 [ 1 ' 1 i d , 1 1 1•,, l n 1�1 1 1 d o \.' ( 1 1 1 1 q u t: ti� PUl l lc u lt 1 rldtt •
,l�i. ,. dl l n ls11,•n 1 l 1c l 1 1 ,•(,11 1 1 :\1 11>. ai. \ l t l � 1 t< 1 1 t 1'!1 f, ,1 1111111 11(� dr l'1 11 1 1 , \'ll1,Ni f'l\:t 11·, rc., pt�'.� çn·
I O 11.ICL I I I I i1 tlt 4\l! 1t• l t 1 1,:()t'\ l· t H I I O 1 1\ I H l dt, {h), \'!--f lÍI i 1 C1�. ij\l ! l l 'í 1 Nl\ l l ( ()S , (li' Xfll'I ·� J)I ��.
11111 I I \Hll'\' 11 11, l·1th1 i 1 1 , pr11 1 r1 1 H.: i.1 <.� t·1 d n 1 i,,1du l )l·l1,,; �ru 1,,,j,, L· ln Jln1 1 1 n". 1 1 n1uir. t d l11 111c:
" ' ( . . 1 1 , ( 1 1\ 1 1 ,1•. a 1 1 1 1�,-r�\ll,,. 11 l11t"d ,111llliult' 1.• r 111 1 n 1 1 1 urn t1.� 1i1.1 1;u ,0L" u i l.!titn vnltif\:\ �·1 1 l
t u1 11\� ,1 � �·, 0 1, 11,11: \e, l''-P\!1.'11 h:,1. < )h\'i1111 1t,11t�· 1 1 1\0 s 1 1rgt• 111 t i l , n,1du . ,tu l t t n vt\cuo nhl( ,, (
l U I L\, 1 •i l i\\) '\ll11dn� tl Cl \ ) l l tL', <'X l '�l l�l l\'iH� qUl' 1){1l 1i:1\1 t;(.I lll l h:nhu· q ur ,·h,11 1111 1 1\1)\ "º
�, r '<l\ lt'ltlcl I tJ//t(lrtl' • .
l"l � \.' l l \'rlll ll�H li l \ ( 'IX'h"ll�l l'(.l ll'I ht\ltl•'ll' íl f)ltll) ll! I I I \l li.:11 t 111),t11 1 1 l l' f)ll í ( lt.: 1 d u r tlu
1nL,1i� .\ ; • • ,·i1 1l�n\'IH i;�l , 11gi• 11 1 de, tlt·,.çj,,· · O 1) quv �t· I n 1lsi: u 1 , l'll\ lllt'nd�,:. ct, , 11<.\t•11 I,,
, \ H , n., ii c\:l1.t "11tl,• , Jl!,f 11,· r ,, 1.il \C t v º" 1 1 1�1l lY\l� �· n íl\'1\1\ p\11 �l lit' l 1 i1dl ·ll111ul llll ('O l llpl,
d u r� 1 UtÍ ( l1íl h<ln1 l 1;. ' ' I 1,1, l11 \ t 1 1 H,'" lli' t l 11t1:1 l"I l \ihscr\'llllf(' ,11!\ r�klC!i �\.1 tlet:r,Utr, t , C\1111
111l' \IIIC. •,,r,rin t-t:-U •i.•', cl ' l \ uL' · r�o l lt t'' l n t i:1 lt- l l t (l t1ll 0 \l ll\_' l l l ( \'llt h,11 111i� t 1 i Hl'1.• d"l...' V\J\1 1'\: tl \ 1
\'\
ltt\f f \.'\l l , t ill tl U lt 1 11,-l,•: ln vi o l t1 t 1<.'<' 1(, 1 1 1 ,· \t·,� d 11 de�11 ' · 1,\i.. bt)tl!. riç"""" t! i1 ub11 c-rv1 rll,lll
'1 t, i ti)l t•P• ,�· lh,1,,,, •1,: 1 1tlt•1t,. Ct\ll\l, 11 .1p11r�1 11.·hu,". l h.1 1 1 1 1\" 1 ' 1'C1thdt1dé' ' l n tc,·l,>1 tflll' 1 1 0 1.u
l\l('tti;;,\(1 u!1 \l\·;1 1 l n 0(•, ·1,.1ht'l' l't.l h l hu1 1\11' t1 i 1 1 q l 1it1r n,·i1t,; u vlt,lf11 · 11 �"t , u»�o1
1
tio eles"'.
t\ i l , l l\'ht1 I d(.' r·t·r1 t-.it1 t,,, r., 1...• ,·1,u\11.'11t .), I t1 f U J.,1)1\�,·h,11 <lt · J , 1 11,/1111. 2 \1 ut.l •• J>11ri�.
,
( . , l ltr11n1 f �ullllu u. l CJ\)(J, fl, l iJ ,.
\ l (l} l :-t 11 ,t11 1 1<Jl , J l11rld�1u:i11 <.lo ·, hnt· dt· !\lll h.:l ttu.•(lo 1 1\l l:J t wl:iil c1.,t,1ninl, l OllH
1
t 11 t• l-' ti,, t ,utn,, i i 1 \,,l viu ttll • l.'l\l l e o l!!t<) t·"'!t'Hltn , o �<'f \ l l l c l (, l )(JNlt:1 �t e\ ,) • 1 1 1 n<l,1 p.c1 •
11.l'> l t 1dr, (.' rtr.t1\� l i111" ( )ô,· lOl'l·11J . , 1uc �<\ pc 11Uu1n 1 1i11 a n� frt1 n1:i�('ll l lllS (.! t>,8L>11'o) . l1 11 ·
tl 'f,\ J I ( \\, l l \t4i!, elo ttUC us 1 1 \�l llb f{)Q dHli \,ll U t' l)�, l\tt'(l ltl o� pn( I I \:� S(' '\\h�l 'S llS !l,llll\tl��
'l)lt ' 1 ( Utll11,·, �te 11\ UÜlC J t,I \ Jl\l U ( l\ th, IJ<. > n l is��\\ (�8. l lfil ) \\,1' li \'\l l \ h :. -SA(I l '\'ltl ,,vi:s·
., t,' "'. l�I '- .JY\) \.' Jtl
.,
{ l t ) l1 1 1\11 ,, ....�é- 1 )1.· t._l{, t lQ 1..• h<rtt,u 1 1 at1 t\ l n 1 0 1 1 ln\tl 11.fn 1 1 1 7, ft1 l1>��ud� t•n 1 l il-t.
\'nrnh.� ,1 1 1 , 1,1\, t'it .. p .\�&.
l 2) tJft,H,1t"C\','I Utl t1dn {ll'\ ) 1 11 ,,t 1.!10 4uc: dt\ l l ustrís.-: il,10 l � ist o lill tVi lttttlY
l.l
1 1 h tit1 1 n�t>:.,u t\' 1 ,.Jlltt' Yigilrio Jtl
001 l�rv1 " " S\\ tdeu1 dn Sa1tt( s.,1, i 111t\ t l'i t1Ullll\.". ,lt
u111u 1,� I "Or'\" e-11�1 �,)111<-n� ,\ 4 u�· tl��i. l 1\1 t \ 11 l tH I nist\•t\t.> t!�1
1
01'1 � ç}c L i. l (1 1 ·, 1 '' ll'.$0\llV
, .
1)
... J./
c uoer l o' •• vo t . , . 5 1 11- �9, fl�. 2<,(�-7 . () �lnt1d<, N:tclC> n;ll de ll<l'irtv.
L!n de I S�J i!J uda
tt C lt r i recr 1cJc1 p 11r- c 1 uc f r ei l )elg.t rtt g()1.n va e l e r,o, içõ, > pr1v
.t: r, ilt.·afttda P•I II.l C01t Utr 3
ll ist órlu Ut: fyl �'. r l a t l n : ' ' �)ev u f i � < l lll! lê l'ré'r rc: Clli tl.! J')rt• nac , d '�KUtCif.,cf, fl dcJh dlligeri ,.
i nt t\l "l'cn c,uér 1 1 ele ln Y1" (l u pr, �Néd(\ de �;� Cl>t1 dluc1 n , d" �. o runu rniu.6c, d l" ,,0 :,un te
ct u u L r(:� c i rt: (} fl'>t ftnc: es; cl eu �on 1:01 n n 1\Jn l(tut!r uvc� q uclrt Httt �on tt 1:tgt,, JH' JJdcOf i;
c .. ,vlq �"' c:,r :-01 Jvc1 1t<.·,., rt.J1'1 l cs 1 10� i..:r�tl u l1;1 "ºn t t ro111J)é,, cL 11,,uv cnt
1.:r bi n dei m� lf.íll ·
l l !:'> h l lllll l<JLIC.S Ct lH lh(l rct.el� � l f'()m fl\111 1 l 'L?COh: Í'l!L f .. , J ' ' ( A H fC!i dt (!()frl
C<l l l c. t , cÇ&\r a t:XOI
ç)t.a t, <t pt1 <l rc el eve c.ii ligc1 1 1c1r1rn11: l11fo r rr1ur �e r,ccrtJa du v,dn dt, r,oiJ!'.C'l 'itJ, d(' l!ll,I <'<>ll ·
( llt;l'l o, de t.Hn l'n 1 nn , ele 'Ilia .li:u't<l<.• e de ou1 1 a1i cln.1 1ntitfln tti:rtr� e iuc.lf, ctn n 1uil1.,t1 11 uhru mtl\
f')t.'SN<)U!> l\t\ ltlai , pr11clcn 1c, e hcn1 nvi�,1<.ln�. l)t1h1. ll1tth1.t'\ vuc, 011 dt1J111� �dutrlçnfc t �
r
( h i l t i , 1.tlrl C fl l! n n 11 Llo� e ,u1 1 hl<Jc os 1 nultu1cólic o,. l u 1111 t ico"' � en ír.tt l\.':.1 <. l 111t J uv:i , 11 0 cx<,r·
c:lt-U i 1 1 i..c 1.• 1 1 p.annrl , ,�. X . M1 1 r1 1 1r 1 1 1 , 1 ' 1 :..�x,ir� l 'llc dcv;1nt fc,. 111arilrc-..,utlu11x rl iuhi;,li i.i u •·, 1 1•
,,,,. �l l . \ p. , 1c,.
( t J ) /\ J \ 1 v,·n t o d�: de Mur lana v11J c<l n l n, 11 vlxi\o f l('lf>II IHr du b r u �.a v�lhu 1 uc•.
u,Jsr i f i<.: 1<111 11t )f l )c l .nn,r(\ t)Or c�c,uplo: ' ' C,'c�t u 11 conic d\.' cllrc: quu t 1)tltl·� ,�� �,i r
cii:1·e, �t,ict)l vl\: dl<.· .. . . .� · 1 11 !)tdt• la d l ;,�, (tuc l ótllt\ u, fcltlcclralli &cJfllLI vc lllu1i, . . 1� l 7 iar rct
<.lc 1 .,,ic:ri:. l 1l111 •r<'f(11/lr,1 t•t �f<1,\rt,,,1,,c,• t/11 A'or/lh'J.tt' f1/(l/11c•111( 111 <·u11 vul1J<1t1t-, ." Pn 1 í,,
1
l (,l.l, p. l i .
( l · I ) 1 1 \ , • • lt·�ou r1 1 l�111;uhcr1 l, · \ 1 1�. !�J (1,
( 1 1 '- ·,,1t11>1111rl111 111rr1·c1t/11 c , ,lu J'1 ·1�!JJ. f'{11, 1 <l11 1l 1n,frlca (17111) . ll: cu., Ri('> d� Jlt·
tl\:ii { 1, 1 i uhli \:..1ç l'-> c.lu 1\l'll tlco 1 lu l lrosl lc ru , 1 9'l9. Sôhtc u 11:lnç(IP unt w <llnf,o t: lltu1.
f 'i�· l ( l ( � l l l l f l0 1 1."., i , • •( 1dt1�\Jl l l tl ll l l:'� . l f l l l ll(t)íclí cl 1 n1,lHpl!llltS, 1 1.1, rutnl e, lt(\ �li MUl f'lll•
1r' '. 1 1 1 // 1 1,1e\t' ,l, 1/la )a,,,,.,, llt>h,11lut. l i i\4 1llfJ1ü, 1 9�5, ,�r. �?.-4-. l�f rn u i.:�)Oth:ru,�llu
1�·�1111 1�·0 1 1 ( • l c 1t r,l, (1. 1). { )lt c1nclll. Ot:llu rliriJ•tlr1;1,1 1,1,)tJ,•rntlo1tt• ,1,,1 11"�<,rr,,, l· lc,,,..,,
i;.1. A l ie s�.,1�· tli 1 1 ,dl 1 1 1 ( 1 � }. . I \', n,,. ·1 .38·9: • ' l i PJ liill) çhé l t'<)VÔ P11 r t(: dei �,urh,11u,,n
ru l 1 1.lh1\'l1l(l, t t, I U l l l tll) 1 1 tt l pio 1Ll l11t1 rcrrt\'11 rt l'oct, �lnc1t1\! co11�; 111 l'fi t11u •,I 11i11r..ch�rêi,
1>r,·11clrr1d,> tu l l u·1 11d (lcl ,crr,i.:ntt; lu �ijCl> nlltt i,ull sull 1n t hotjt: 1 \ 1v1 11t dis:,ç R t u n bHJll(\
rv',t,111,1111,{11>1 11111ri.•1r1i111; lu <n1ar1.i l l l M 11 1116 i 11tí1nl Kl�t1lturl f\Ç\l(lrl ctln 411�ll ' 11 vvik11 l!'rlti\
stc.'111 J i,,; e 111 < 1 u 111\11 lt1 1dé to,r, li pcH nt> uu l')io vl�·uito, 4\H.!\l<l .c!tfl( t l l t< i:u11dl1l,1111
\'sp1 i r 1\ot\,1 1 "l�r h,t111, i 1r1�tl, e lU1c -;�·sun�l cltl tllnvi,lt>, PL>iché 11f 1uaiich�1 uno. �11lg<111v
1 1 1 hi.l l H.'i...1. J i 1.' t>11u l111slr, tniju 11111, n <1 1 scnipll�I e v1.� uutn1,, n1 ·11;1tn.tla' ' lt, pritncito q �11:
l l�!1\'c.,hi l t 1 11 H t t(• ll(."t i.:h � 1. 1 111 1\(' fç,t o L1h1ho. l�\lfl Otilt lt�) i>urn{s.u tl'l1 rt·�t lt! f l>--/, ('h1co t,,1
� •�: .1 p r i n1l..'i1 �1. �1.· n•H�,a,r1>\1 , 1 001und\.1 (1 l \l l'll,u do ijl'pUnl�� 11 :ic�uutiu, ,ubíu 1 111 t\ 1 ·
\ ,,-e; t\ tct'\'ol i -.,, dl�u ,nn te l�n1 1·u 11h11 Nt1c7,1c1,,,111u1 11,t>rt'('ít1l11/; ,-1 \.l\ll· ll t l , í.' I IJlOll\)1 1 110:.su,
,,thllt:' tl (J. \ t1tl1!< Ct)l\\ llí � l l('�C uviS() L�'rltl,v . i,·,,r J)lii Ç' o \ t\li OtU j \ llij H· 1 h\.'S u f)<IHI\) j)OI' [)eu"
r,1,11hfu(\ I; c�tn� l'i1 1c<1 �,,r,rlli;O<·s l\:\lt•h,ni '°'S cbt,th1tl\f:� n 1�1\'i:i, 1,•uu1Q �t·,111uZí.\'- �lo dh1.ho.
1 1,')i t\ 1 , ins,11 1 11 1 1 1 . ll(Jl1� 111 n<.� l11 1 1 \ra. d i'lc.ll\ tlitt 1u1.1 hu.s. l'll>tJ\11,,01 �1� si11111lc� t' cntl..:u\
Otl!l\; lll t)tlu J .
{ l c,) 1 ' 1 1t:� ll\lt11, \ll'\.lJ'>��� ·rê�11t (l�� �·,1�tt:s 1:l tlêct.,ll!lCíl l {,i�, t1:slo11� (1,\11-. l 'lll\Qll)'
11ttt1 1\t�ll t t \! <ltt cli ,uol l\.t\10 ' ' IC> · tl()hl c� ru1óprios crl1�n 1 (cfcr �n�i r� l' tlc lir11l. ttu1, r")il1<1�,
1 \ \1 scll"1 <.l\'\ u 1t\l t 1 i 1 11t,t (1 ntu ll o "l(} dinbóll�l J , r.. 1 l�'hl.ll <lt' t\.• rtl•t\11. \)f>. �H" � · t,i, S� nU,l1
�itn 1 11 1 • s�I�. o� d�1,1l'\ 11io út r ,1 u.lro Jo;�na Jo · Âl\lQ • n· 'tlrw1·io,,1 dll co1iw1 1\(1 dt· 1 c•u
tl\1\1 tlO )�lill\h.\ p�lo l tLi1rti '',) ,�lll N l ti.l'> � l t,J4. \tttrl t l �llll f\0 ,�1ni)t1 í Clll lltl\ Ôt>Ctll ll� JI
l
1 v. 1l11 tlt-Q�C1 t1 ,>s ·e •,ti,�lc.s 1 1<inte$ i ,\ 'l lrotti . 1..,b1tlt,11 , <.?ht111l . Nt:pht llloo, /\t'lHl�. '"l
l \� � Lli it.-1. J tl l\US ' • \u i�t ll� ' ' \)b t''-' u' t)USSQ • ·u � - tl\l C l �c.tr tt:\ \1 CIH lll 111 Ô� • 'l\t lll'
'-1 \ul> ti�1..>1' - �ll\1 dj, cJr�n� �· {.)o, lgnoçô�: l .1:.'V ttLttl, Ant0 1 l �nc n tun,
Btih-'1 1n·, �n \t)�
l�tt, Ut.� l1ên tt)l ll ( u �c\1 l 1110 dt'tn ônl< > ,,t\a \'On V.\ �IH l i.,ln), Nt,� alut Sid t:l! l.i tu • �11.\, lnll·
0\ijt \.)S as 11,llí \i: · , d. f\tl\) • U � \.i \!TI'\1\ tli� . ·cn('to �Uc.!OS �:ii qUc �PU l'"C\.�ill rlltU&' dé UnlJ
235
,u: Bclle�olh c·�ro..\�modeu. Para cs nomes de diabo , ,-er Ceneau. op. cil ••
pp J.;-5: 61-2: JJ6-LO.
,1-, r,. ""TbOW'O Encutx.-no'', n. _65.
(l"J "''· ··rewuro En uber10··. íls. 256-7. •
ti'-t ••La (an�,c dtt Jiable est une a,,rre langue, ou l'on ne s'inlroduil pa.s grâce
3 un ..sP.:'fffil��gc. De e mots. on doil étre 'poss&té ', sans les entendre'' [A língu a
do cfu�o é u.til3 ootra língua. na qual não ê possível ser iniciado por meio de um
ap,;en.iív.do. Por e�� pala'\ras. deve-se ser ''possuído'', sem compreendê-las]. Ver
c�tc-a, u. "i'· ciI .• p. �- As pos....� de Loudu.n chegam a falar tupi! ''Elles ont auss i
répor.du en lang.age copinambou que leur parla lvfonsieur de Launay Razilly..." [Elas
n.:c ro-:d�ram 1ambem em liogua tupinambá, na qual se dirigiu a elas Monsieur de l
L.. u..ia. R;;zjll�...} pud p. 179, Le1u-e du docteur Seguin à M. Quentin, 14/10/1634;
-a cana fo1 publi<"ada no .\1erc11rejrançois, 1634. Durante os exorcismos, diz Ceneau '
a ling.12.gem é ao mesmo tempo o /11gar e o ob)ero do combate. Acreditava-se que
o m Lancólicos tinham especial aptidão em falarem línguas desconhecidas. Ver Jean
C�.a:tl. ··Foh-e et démonologie au :,.'vf siecle''. in Folie et déraison à la Renaissance,
Collooue • internacional tenu en novembre 1973 sous les auspices de la Fédération ln-
temauon.ale des lnsti1uts et Sociétés pour l 'Étude de la Renaissance, Bruxelas. Édi-
tion de 1·cni\'"ersi1é de Bruxelles, 1976, pp. 129�7. Na página 141, cita L. Lemnius 1
m secrels miracles de narure. trad. de A. Du Pinet, Lyon, Jean FreUon, 1566: ''Que
,� mélancoliques. maniaques, phrenetíques, et qui par quelque autfe cause sont es
pns de fureur, pa.rlent quelquefois un language estrange qu'ils n'ont jamais aprins,
e, toutefois nc sonl poinct dernoniaques'' [Que os melancólicos, maníacos, frenéri
c<>:,.. � quem queT que por o·utro motivo esLando tornado de furor, fale às vezes uma
l1ngua estranha que eles nunc.a tenham aprendido, e apesar disso não são dem ,onia
cos]. A relação en1 re melancolia, doença mental e bruxaria era fundamental na épo (
ca; ver1 a respelto, Sidney Anglo, "\Vitchcrah and melancholia: the debate ber,veen
\\�er. Bodín and Scott'', in Folie et déraison à la Renaissance, pp. 209-28.
(20) ''El lorsqu'on luí fít dire: 'Mon Dieu, preoez possession de mon ãme et
de moa corps'. le diable par trois fois la priL à la gorge, lorsqu'elle voulut dire: 'De
mon corps', la fai-sant hurler. grincer les dents, tirer la langue•• fE quando fizeram-na
di7..er: ••Meu Deus, tornai possessão de minha alma e de meu corpo'', o diabo por
três 1.-e-zes a 10.mou pela garganta, quando ela quis dizer: 11 De meu corpo'', fazendo-a
urrar. ranger os dentes, botar a língua]. /\pud Certeau, op. cit., p. 30.
(21) • 1 En un sens, c'es1 aussi un un dehors du language comrnun, tout comme
Je latin ou l'hébreu. n s'inscrft dans Je courant plus f1arge qui oppose à l'intellectualitê
reçue l'invent.aire d'un nouveau mondei 'baroque' si l'on veuc, celui dessens, celui
des frémissemerus et des sueurs. des surfaces changcantes de la peau ec des mou.ve
merus contraclictoires du gcste. Cette géographie reçoit, dans la littérature et l'expé·
rience, le rnêmc rôle que ceJJe d.es contincnts inconnus décrits par Jes expJorateurs.
� cartes du oorps ou les 'thé'dtres' de l'An1érique s'opposent également ame cosmo
logies ou aux 'géographies' 1radiLionnelles. Un savoir nait de la pratique, concestatai
re, exploratoire maú. codifié, lwi aussi'' (Num ceno seoúdo, é também uma e.xteriorí·
dade ante a lmguagem comum, exatamente como o latim ou o hebraico. Inscreve-se (
na corrente mais ampia qu.c opõe, ã. incelect uaJídade recebida, o in.venLário de um mundo
nova, ''barroco•• se gui�ermos chamá-lo assim 1 o do5 sentidos, dos frêmitos e dos
suores, dassu perfícies cambiantes da pele e dos movimentos contraditórios do ge 10.
Esta geografia a.s�ume, na literatura ena experiência, o mesmo papel que a dos conli·
nl!ntes descoohec1dos descritos pelos exploradores. Os mapas do corpo ou os ''tea·
236
(
l ros' • da América se opõem igualn1ente às cosmologias e à.s ·•geografias'' lradicio
oais. Um saber nasce da prática. contestadora, exploratória mas. ela também,
codificada). Cerceau3 op. cit., p. 68.
(22) Ili\, ''Tesouro Encuberco'', ll. 273.
(23) Ver, enrre outros. Norm.an Cohn, IJJs den1ónios fa111iliares de Europat trad.,
Madri, Alianza Editorial, 1975.
(24) a\, f'Tesouro Encubeno'', íls. 259. O problerna da platéia é central na so
c iedade de Antigo Regime, consútutivo do ''l1omem público'' que as 1
•tiranias da in
timidade'' baniram oo século XL� com o advento da sociedade e da cultura indus-
triai. Ver o tr,abalho sugestivo de Richard Sennet, O declínio do homem público -
as riranias da in1i111idade, trad., São Paulo, Companhia das Letra� 1988, sobretudo
· 'O mundo públic o antes do Antig o Regim e' 1
1 pp. 65-155.
(25) ''La tragédie démoniaque n'at.teint que la religion publique•·, Certeau, op.
cit., p. 131. Para relação entre piedade e publicidade, ver p. 311. Para uma bela análi·
se das relações complexas e complementares entre a possessa e a assistência, ver o
caso de Elizabeth Knapp, desencadeado em J672na Nova inglaterra; a possessa que_;.
ria ir para Boston, ''o maior palco que a Nova Inglaterra lhe podia oferecer''. John
PuLnam Demos, Enter1air1ing Satan - ivitchcra/J and th.e cZJ!tt,re of E:arly New En·
gland, Oxford University Pre ss, s. d., cap. 4, �·A diabolicaJ distemper'', pp. 97-131.
(26) BA, "lesouro Encuberto''. íl. 251. Para a hierarquia dos sentidos na Épo
ca Moderna, ver Lucien Febvrt; Le problême de l'incroyance au XVI' siêcle - la
religior1 de Rabelais, Paris, AJbin Michel, 1947. pp. 471-3. Para Febvre, há um ''atra
so'' da visão no século xv,, o principal sen.údo sendo a audição. Roben Maneirou
endossa a posição de Febvre: fnlroducrion à la France Moderne - 1500-1640, Paris,
Albin Michel, 1974. pp. 76-82.
(27) °''· ''Tesouro Encuberto'', citações respecúvamente nas folhas 254 e 2 61.
É o olhar aten10 quem capla as mu. danças ftsionômicas da possessa: ''Ce qui est en
coresurprenant et fait voir que ce changement provient d'une cause intérieure de pos
scssion. ,c'est que, durant qu'il dure, la possédée ne fait aucune grimace , mais son vi
sage demeurant en son état naturel semble néanmoins tout autre, par le moyen des
yeux donc la couleur et la lumiêre sont changées en u11 instant'' [O qt1e é ainda sur
preendente e permite ver que tal mudaa.ça advém de uma causa interior de possessão
é que., e,,quanto dura, a possessa nã.o faz nenl1uma careta. mas seu ros.co, conservan
do sua expressão natural, pa rece todavia diferente devido aos olhos cuja cor e cujo
luzir mudaram num átimo). Cana de 26 de juJho de 1634; Paris, Biblioiheque de }'Ar
senal, ms. 4824. fl. 17, apud Certeau, op. cil., p. 141.
(28} lJi\, ''Tesouro Encuberto'', fl. 264.
(29) ldem. ibidem, fl, 278.
(30) Idem. ibidem, fls. 264-5.
(31) Idem, ibidem, fi. 277.
(32) l dem, ibidem, fls. 288-9.
(33) Idem, ibidem, fl. 270.
(34) Para a relação entre demonologia e reflexão sobre a causalidade, ver Stuart
Clark, ''Tl1escieotific status of demonology'', in Brian Vickers (org.), Occ:ull &scientific
rt1e111ali1ies i11 the Renaissance, Cambridge University Press, 19841 pp. 351-74.
(35) "'Le centateur subtil. qt.ti muJtíplie Jes ruses e� les habiletés desa dialectiquc
pour séduire un Faust diftere du diable des possédés autant que te Luci!er Ol'.gucilleux
quj entreprend avec ses démons la lutte contre Dieu. Les diables des possédés sont
puls familie.rs et plus vu lgaires. Jls restent à la mesure de l'homme'' [C:> te.ntador sutil.
237
=
)
218
(Í ,. JJJon. J9'1iS 1 �;1,tr.(l.ldU a egund.21 p.art� �.la Cfl · dIJ �t.anÍYnt; � proc.tt 'Watl•
J
da w
x ••. PP 19).J63. ', 1
111..r.el r:arniona w
dw/1[,,. dt> ú;J11tJu.11 - lorçe{/Qie er p!)fi
r,qi,e :,oin R1<:he/1<1U. Pans, FaJ211,J, J-988; tvJi,._ht:1 dt (.�u (org.J, ÚJ po,.�-;lon de
IA1,d!.1n.
(4.4J (taoJ .Bo)-cr e Sli.-pl11=11 ti �nbaum Sale,n puJ.3t::.:•.11t-d - L/w rodai orJglnr
o/ witch<:;a/1, t f<1r ,ard Ltti•,1..-.iatj P(C1.J 1974. C.hadwt.,,;· J lati ...tn, Wit-chcraft lJf �...
/PITI, u,ndt�. Arru-N
Bot>r". 193!$. Endtrra A fuJbU1i(Jr� lhe d�'/1 dt!'�·tJvF:red _ >'u•
te,n w1 rehcraf1, 1692, h.Jova Yorr., Hrpr,otrc
Õn'=° Boo�i. 1991.
{45 J Rcmc..-i,, maii, urna !rtZ à &nâliÀ: d vitbtrto Velho! •• ír&ri,C;C, pm� . -ã.o t;
mediunjdade- � fenóm'-1'10l3 n:líg1Q'°� 1tcorrl:nur na .oc,cdwk bt.ullcirá.'', op. (;j-1••
p. J 2.4. fu-nd.a.rnU1tai,, na coUJtruçc,o da i<J(;n idadt,: da n,,ção dt- mdi.,id110, e_·.� ft.
nôtn4.:JlO\ \ão iguaJmertte re po.n�áivet:s pela conttruçàt> <1'> qu. CU fford v:êrtl. i:ha�
mou de • 1rt:dc d-e s1gflif1-c;�dôb ··, VeJho, op. c1t•• p 126. P�ra (>Uttz. ver A fnlerpte/lJ·
çii(J 1/us culturas, ttad .• Rio de Janeiro, G,uanab�. !',1'9
(46J t:ndt)t> .o aqui a arg11mcru.aç.ào d.t G1<111arin1 t.t."11, op. ci, 1 pp. 46-7# ;o,
§!lítt.'JTia\ nattlfal�w, e,;p!i� a doC"n�a em tc-rm,;� 1m��.0"'1t�, como� o:; eJem�·
10 {Í\l(;Qfi. C�Ue C()lllpoom O COfPQ 'iC eJlC(JIJlí,l" .clfl C.fJl ',Ítu.açâ() dc-dcwrdern, rJ1t11!'1.J,l.lJ..
líbriu perturb1tdo, e romo §C a c;au§a de ,ai \ituação foúe LOt.auru:nu: c:�pfid,,tf em
tcr,no� nat ur-i::li\. �o 11tcma1, per1tonal-i�t.a.J. a d0':1'1ça f.>00� ser o cJdio da intcNcn·
1,;àOr fJ1ál� 01.J mellOS al ÍYa ()U ÍOten�ional, de llm ag.cntl.: dot;tdo W: ,,rotid-e, ($t,µa tfru-
n� ,obc4:11Zttural ou hwruslK>J. a pc,K>á doente iv:ndo vi:,ia wmo r,bjeto de uma avo�
(e :i_ ve-a_i; de autrJ�agre3,ão) e de uma pllnf_çã.o oue a corui<Ú'ram como pt.i� tit»"
�!fica: Ci'l� si tca1aa .,e ocupam do fÍPi!nte e do parqué. e não a� dócotno fp. 42},
A, toroauJa�oo do aut<'.lr,ã,, muito 1nter�Utnl�. ilido t:rtl sentido clive1w ao de Keilh
1·h,,11 =1.ü cm Re/ition u,,d Jh,� rleclínt fJ/ lflUIJJC - 1111d1es in plJpµ/ár be,/lefu ,n .'ilx·
tt><'11fh a,,d 'Jc,,v,•nlttttll, C'entury Englond. 4� ed., l..ond • W'!'idcr,feld and , ichol�
�l>n. 1980 (tr=id. RtllJJtiitJ e o declfnlo dv mqg1a 1 São PauJo, Companhia dã� u:,ras�
1991): o dc�línio do elemcn&o mágleo o:a CJ(plicação da!! doen�t não foi conM!QOcr>·
ela du d1f1J ao dil.S pr,ri,a e c-0nhecimenl'O'$ midfcof;; teria an:t� h�Q um }í,ngó
pcriod() de coexi.. rêocia e reforço rec:fproc-0" cwlíçi101, at1 menol no pfano idcoló&i-
co. entrl! cuidado� narurctis e cuid.:id,1� J1ob1enruuralz.. Á·�rat �i,réncJa não � d�••
�penas numa (ase tn1cial confu•,1. mati t.ambé.m ao lonl') do ix,rfc,do ctn que � JgoJa�
vam aç cxpJil;Ãlçõc d.e tip(l qal uraJbu. da nova w,moJogia médica prt>(Juzi4a pelo
radonal,s,no•• Cp. 45) - l:IDO curioJO de evolu�âo ls:ttUt t rtão cc:,níllU..ôNJ da Ine>V"a
<;uo, d1fen:01e � ruptur:-db bru�M que 1triiun wadc..-rí,itieá.i, pmtooorraet1te, as 1ran 1>
forn1uc;oç,\ técní� (p. 46).
}39
,ere� ct "�"5'. cau� ·, 111 � l.ane -S:- 1,ie Oupo nt-8 ouch a1 et alii, Propltetes et sorciers
}{);,
dan� les J'a,s-Bu:. - .'( r•f ·À l 7lf' •ie<·les. Paris. J lache1te 197.8, pp. 1-38, e também
,
tm <.,u ta\ HeantnEser.. Tht> -i.1t<l1e�' qd,·r,t.QIP- Bosq11� witcftcra/t and 1he ,5panish
1,,q:,,•11,õrc ,Jf.,IY/·ifl/4), F<eno. Uni,(.rslt� of �C"ada Pr�s. 1990, �tudo alentado que
,,:r. � iltTlt!:! eleme-n1():\ 1mr,onan·� para a análise do �abá. Uma vtSão mais geral
üO rrn�� �ba;1 co � e-nrontra t'm J ulio Caro Baroja, LR-s sorcieres er leu, n1onde,
"'
ía't . nn • c,allrmc:rd. J9 ::.. De '•Jrman Cohn é o belo Los de1n6nios Jamfiiares
d, .b,,r,J>õ t.�tl . 1ad!l, .\Jranl.:? Editoria 1. lg,'5. Para dive� interprelações in.sti-
2.!it ., • Vilül ..,ã.,w a.rea grog.râfK:a \'eí o� �uintes trabalhos; E,-a Pó�. c'Popular
lli"Git t:1n., ci· • h,. oe-.11'! pa l anã sab'l:>a1h ir. Soutb Eastern Europe' ·. comunicaçlo t
<�est1l!.Ad� ::1<1 C-011gn:s�o �1itch belief� and 'i'l'irch hunting in Centra] and Eastern
Euro; ... CX'"' �k:I Ethilog,raphi.:----.J I ns1itute of 1he H ungarian Academy oi Sci ences
( f: ·· Loránd L ni,��t>, Bi.l<lcpes-t.e, ('\-9 9 1988; �1arga.rah �1 �IcGov.-an, 11 Pier1e
-C La.- :n::·, Tabfeau de l"incons1unc-e de:s maui·aís onges e1 des démQ� lhe sabbar
�'l�{ ru.1·� , m !)ic!r.� \ng.lo (ed.), nre darnned art: �a)is in the lite-rature of
i··Mt°'•z.1..or.:i� 19-- í1JJ 1�2.-201: S1uan Ct..arl-.. "Jnversion.. mi.sruleand lhe mea
� pf "iltltehcra!: ·•. Pasr &t Prese,11 n: ; , maio 1980, pp. 93--127: Gusta:v Henn1ng,
�n.. ' The �d.J� f:-orn "� �e: th: �i....--ilra.n fé.iry c,J.lt as a proLOtype of tb.(' ·�itcl1 cs'
� t •. �- daiJ1'Jr,-a"ano. Paí"d 2 1!1éía da pe; .,eguição e do sabêi como produto da
tktno; oiia: � � �Ct... das �H?e:- ��radas, ,e: Rober. 1\1uchembfed, • 'L'autre cóté
u � "'v'.: mr1t.� �!a::!q� et :éaJ:tt� cultl!--elJe'- 2ID.. x,f et x,�,re 5iectes··� A11na
le!. ESC. a.a ü �O. r. "' 2. m.ar.-abr. 1�"' 5 P-�"êl a rom;,rcensão d� pe(..'tlliartdaôts d4
:,er, y4 ..a l!':$Y.:Sê.,, ·�:" o a-&batt o ;,=ampará ,e:I de Kei:h Thr,m�. Reli-gion ar,d the de
ftr..t- <,f m.-�g,c- :szudJe. ,n popular 1,-elkf; ,n 5v:teenlh and Se,,e111ee-m/1 Cenrury En
:Ju.riiJ. �· �. J-n;:iw � et!k:-'eld aflÓ t�".>.:..or:. 198-0. Par& a e:ipeclíac.:idadr das •
� é::·• e,.:::�.. :.a. a� hc�,a. C:�ri5••:,a Larn�. E11ern1es o/ God - 1ne 1-.·itt:h
tUnl Ir. Sc.otl.:Jr,cJ. �::.d;e!., Ba.1 Bla1;k �I. �9i, � mesma autora. .c:r a inçripnr.e
...oàftP.nea Jf ll<.hcttJ./t <Ind n:,,g,on - lM fNÍli:.o ofpop �lar bdiej, l.J:>�. Bas.il BlaQ.-
::J J ;>�5. r.':X�...arr.,:-!"'� e a.."1..g., ' Crll'i1en RY.Uptum· il'e ,;rime OJ .vlu"h�fl m Eu·
' ;,-•, íifi .;,:-�-. \\1tr.r. �-r"' =. �� ��C'Ll�· O!l-<. in Engla.rid an.d Scollanrl'', pp. 70-8
(4:;;u·i..:·a! p� • � .d ;..:�.�··. "':;>. -�-91. h'C:! o !tnómt-r10 no ;.'ODl�o ,taJJa,,.,o,
� G· -ana:i lt:.r:r� /nq:.,,. 1:on. e;"lrci.J 11 e '1rP.�he nR/1 '/tiLIJ.O. deJ/11 Cónlrvn/Qrmo.
rlo:er: - �ª'YW!, . ��.:J. ll "�..:d.o!, �,..1;.Jo., · !5�',· ur a1àK> aJ �bba1•• PP� l-2..;.
..... . ·o e:.-· -Dt..,,
- ,.,> • ,
-t.m�.; i!,.\...:.1·Jca• •. t.Ov
.a <!� -
1... o 'tlUJO ··,, açroxl..Clla.ça o c:(){il
- �;. t:d l
AJ �1�: T.-!"P-1 1"-'� .1neu!t1rJ.le:' at !!I Franrr An,QfC1upiei oo. ?-,ul úaffa:dt
e.. ;,.... . ,;; .!-6
•
iJ?.; , tz �ur,,J,; � �
(,!. li�1t...:. .. :Tü. "· •"7-
L.b.
]á()
•
desJocame-nto da demonologia. Apesar disw. as m�mas estruturas estão J)rcc�es
em ambas].
(8) •·Le haut mal'' é a designação dada à epil�µsia; Le11 será J)ro\,'m"elmensc
um dos primeiros afazer a associação enrre ritos ameríndios e manifestações epiléptj.
cas. Mais 1,m ponto de apro�imação com a feitiçaria e com o �ci.: a partir do sécu.lo
,._.,,-11, tal associação se.rã feila com freqüência pelos ilusuados europeus. \er R. >.tat,.
drou . .\1agisrrats et sorciers en Fronce au XVIJ'! siêt:Je, Paris, Plon. 1968.
(9) Jean de Léry. Histoire d'u'!. l'O)'age foict dans ilJ tense du Brésil. ed. Paul
Gaffarel, Paris, Alphonse Lemerre Editeur, 1880. 2 '•Ols., \'OL 2, pp. 67-73.
(10) MicheJ Foucault. Histoire de lo s.exualiti -1- úi vo!on1é de S<n·o;r, Pa
ris, GaJlimard, 1976, pp. 78-83.
(11) A aJusão à en·a defumada e aspirada num contexto de demoniiaç.ão �
ritos indígenas reflete a repulsa e o pânico europeu ante as aperittcia.s americanas
com alucinógenos. Ao lado do canibalismo e dos sacrifícios h•Jmaoos. elas foram as
-era.odes respo.nsá·,eis por uma interpretação demoníaca das culrwas do SO\'O • tun-
do. \'er. a respeito. as páginas brilharues de Serge Gruzinsk.i, ••La capture du S!l!n.ar.l·
J
reJ chréuen•·> in lA colonisa1ion de / imaginaire 7"' sociérés indigenes et OCJ:idmlt1!1-
sarion dans le .\fé.xique espagnol - xne-xn� siecle. Paris, Gallima.rdy 1988. PJ>.
263-�. �a página 2S2, diz.: •• Ils [os europeus) reprocbaieru aux r.allncinogcues d�ént
1·instrumeot de Satan mais aus.si de conduire a la déraison.. à la folie passag.e.--e ou
définiti-.-e. a l'équ�ã.leru de l'iYresse ai oolique et même â 12 luxurt�' (el� ios ruro
p,eus) condena,-a.m os alucinógeaos por serem instrumentos de Satã m� igua.b::nrme
por cond11z.:irem à desrazào, à loucura., passageira ou defmiü,-a. ao eqtli\-:a1eoLf da êí:D
briaguez alcoólica e a:_é à lu."tória].
(12) . .\edição de Léry tisada por mim é a segunda. a de !5� impressa em Ge
nebra por Antoine Chuppin e tomada como base por Paul Gaífzre para a �ua edição
de ISSO ,e:- PauJ Garfarei.. ··1'oL.i:Ce Bibliographlque'? a Histoire d 1
un roy·age_...
J>. m- ss_ Neu edições posierioies, como na� de 1585, Lér)· tornaria abdz m;ic:s
expJicita a �ç-ão eru..reos ritos tupis e o sabá. i.na,rporando a polàni:2 demo.'10-
Jó�ca ocorrida entre Jean Bodin - aija obra, DémDMT1lDltie des 5orners, se pu.oli
cara em 1580 - e Jean \\1er. Diz Lé!)-: ··:·ai coud11ts qce te maistre eles ll!lCS csum
le maistre dcs aulrcs: ª!»êl''Oir. qce Jes femme:s Bresilien"'e:s e1 les So.-cie� pa:r-deça
��o)-rnl conduires d·u.n mesme, esprit de Sat.2.n: sa:1s que la d� ces !ieux. n} te
long �sage de la mer empescbe e.e pc:rc de menso;:._gc d'oppaa ça � 1a en mu. ç.ri
luy �n1 ti,-,rez par te ju...qe � de Dien'' (conclui que o seobo. de um eza o
mesmo que o dos outros: ou seja. que as muihere.s bra.meir-c:.S e� fà.â� daq:.í
condUZiam-5e segundo um mesmo espírico de Satã; sem que a clistLricia dos :�..
nem a longa ua-1CSSia. do mar irnpediS§'! tal pai da ITifr.Ôi2 de �r upn e la sobR
os que lhe for:am entregues pelo justo j�to :te Deus) ••.\pud Frank Lcstri..-:�..
L'huguer.01 ez le sau,"'tlg� Paris• .AL.7. amae:o:rs de li;� l.990, p. Sõ. ::012 21. �
�Dl obsena mui10 a p:opôsito que o caplwlo "'.. de 1k; - onde se faz a ;;:n2.�
entre ritos tupis e s.abá- contrasta ÍOJ'I.CfnieráC com o ooo ão resto da. obra. "J,u L·,-....1-
guenot et /e 501.Nage. pp. 49--50.
<13) A �o. ver o mer� O di.llbo e a wra de St.rntu CrJ:.. 5.ãQ Pr...::o, Cc.--:112-
nhia das Let� 1986. �ais �=:te. o� J -êes1e :!<.�.
CJ4) Francisco Ba.nencoun. O irr.aguuiri.l) dtl IT!!Ig:c -feirwm::r, 5izhldaâ..,.re:;
e nigromantes nr, séado XVI, L� Projeto t,;cit midade. Aber� 1w- • _sob!erc.do
PJ>. 165 5.S. Laura de �eflo e Soo:za, ··Y,'itchcraft. sa.bba?t �-irl pcri;h• b ?Jás m <:'>
loniaJ Bram�-. eo1,111rlk2Ç20 � oo C.04e«oad.1:tt .'.'iw?o. l?A. dalrogra!aâo.
241
•
, ..
.., .. ,. •• •
.,. .
•"' .,
.._10 �an,J;O.. dt: <_h.�trtp:o.t�r:� pr<n,11n·1 drJ ·rt ·11.r.,1, '"'Jr�n�, t,t�-> 1..1:a ':J·� � 'J.
b·
r.>0<1�1 o ,,,,.,'.ml � •h.!! ter·� f.. J.fJ rr: iJ tlJ 1 @J, �tn•líd!, 'J ,..,� 1,r:.;,,,
,....,_ �""- .. Jf'
, l'• ,,,_.
- ='°4 !.' tJc. �� "·-
dt:!f<!.....,, t;l.)ffl"í � Jt1;; 1 t -�iA,e:r. p<Atr,.1
�fJlhJ.ht. �,, re �'" ��';:' , ,.,� ·� 1,111•• l'·t i:t. ;,a,tf./�
.,, .e d� dr� . ILJ .(li••. f)_ \.!� � b 2��3 rJ·> IJ . C.fo ,,.,r . .,,,,,,n. ,.... ,.,'(f.." ,.,<!i'l . .:..«;:�
,,•,inY 1
C)O{ 141bSfJ J�rJ�� C W'ffJbtkhs ,1,_;!2ff I'. ·� '�1-}r /1 � •v. ..,.;;..;,.. J ...t..:..
,, .,,.,,..,� •r7 V,. ._
*,t �
l.1)If�jr,.,€"' 'iU'.! t,c-,� Jtt�r N> l... ,ti;,.f/l!!;'h fr.,�r::-�e,:. · 1� 1:��"T � 'if_;•t ·� ffl �r,
1
,J'#
pe ,4 '/... ,:·1;r1 -:..':1.:.J�,. Sairu -<-� 4-7 lí I 192
.A; ..
-=-
t?.A 1 rx r� ._ dv,. ,��� Pr'Y'r..,.1':.t:.. a e,,� ;,u �• ��,. o,,. �t '=r.i.�� tlfc: _ .,
� /4et:.
d�, Jf.Y>é fr;;J1,;;.í·MJ J t>:1r<,w, Jr,,1t f r�1;>(.i�:t1 Pue;.rc. JvA2 de k- .., '.e.:�· .E:� �
J
,�xr�
<2!) 1-. . ,. lnq Jttt7t.., di:! l�·v;,.{h. ;,:-'..(; o'' ':#17.,
.....
�;: ��:'.H"J. -c: , r";'f.;,-..nto. �--: f71 mz ti· .er-�� t .,..'!'Po, r�actori.:>..:� � �...« ".1/r_ç�
�
� ...
9·
d1ahl/ e a 1erfo di? ,anta Cru7,:, PP 259#1 e 3J'YJ. f..r.-1!. ,t,:.,:,.t �n � 4-y �� :1 �
dí.o ,:rr ,iE·:.�«J;. r;!"� ��(� � 'I' � 'l.7.-,�· 19 �� :.ri ... ,..,;,? �
�m-:ri�;,, (-.h_J�� 1.:., t-:.o z-.., ,, • í!'.Í:.Xrffi·idi.Jo Mm<r..:é4ttJúdatk-�d,;,mrµv,07Ju,
pp. J-21.í r. JZ�·31.
<7:�J A �r)l\lt:rci� �� '/�� rl,. 0n� !::. .�. 1.Xr;rz.c-, 1t.T..'.1:,J� �� '·�·� � ç;,..+.�
#
� -1�11:àr�;1a ..ir? e--: .J�f.J ,:::r ÇJl!t. .,,-:cr, t.a ':!C:...-+!;f.'.hr � � ;::.J#9� �,,, ��t.- 'fe �r.t.
á.t--'�e 1..fZU) t.fj <._ t;!�,1; J,..-, '1i: �·t:• Ck;....d, {.�1'.�<12•i.:� ..,.� �� """� t- ·� �
d�i ;,1�,h,, d.e í�lr.._.L,h:fj� t � '- �o- lr) caf"����n, ,!..,: t"'Y,.��.: � ..�r. !1e: �. �
p-�,-'!���- ('�..�� .�;(�,: 'io'! t;.,.... f,.J�t'í) ·� ff:.faJZ'�-t:.. ·0 !>')li� �- P--at� Z f-tz=..�
··"' Je;.:r.....r.�-�� 1:;,..1.m• .... J ....:-·�� ��44,'!.� 11J.a __. U9Íl- .._,,,.r:,,.,.�·:r:tf·
·
tJ .,.,,�J '1� ... , <' ,.1 .êra· -P= c1� ·�� (7 �-r. ,t • "..Q.t-kr:.. 111: F�wu�. r1*
1
• i , ; '.rft PP I Z: •!& lJ� q .1:::I4 � f'l'T1w:,. ,,... "(,r, }� � "� , � · .... �.ç,,.it d� ,....Hv...á.
p,!TfO�B�;. J��"lll'!:,...t :X,:'� ;,t ,,te-'., !: 1Jé �'j,_. f..lJi':"',..r,; �!d,. 1y�;r(#;:" � ��
• <:1'.I'�.
:11.. .J �,, (_;, '4 f�r<,j� !.e: '--Of{ 7'1/'P..: et leYr m�JJde ...�. f'ré I r� �-;;:s-:.t!., f'l>l,
,.-..,.,. , '·L"' ?�
r ..
;;, .... ,.,., �>r' � pi...--i fJ. f..h1 J rtf: ·..1.! . � l.,,;
/..A.... ,,, ' ••s....
� �.,.,.; _.-..
� ,,.........,. ...,.
r,- � wc.,""""' ��� ....._,...._"''"'
v. ,��- ·�·�,,. n· f;; 1<>:":� ...,. --: ':\!14, �, � , • li;;;. &...:t .. w:�-....,.-l1.. �,, ...
!')t. • C:'r.' Jfi,! 1 /:.." !..:.t_'!iJí,é(,:. 1/1 Y;f• h �!. ,.Ji � -tfÀ,:.. .-C:1Jlt � ..-....
� _,�A;
> -:t'
1 12, l». «.:Q �i !Jt."'m�...t.o.. '" �:: - � �tlJ.�:.· ·�<l1 4J;"-(4 f�r�·-c.jf
p.\ IA l'-11 � ,, • ,!r. Abflá. 4� J�"1, - �6 !1m �,..· •·,:� T,(J'.1, J"j'�.)J'1 , ��12
tf 1,, f d{.ri:1 :u, saná. a. íA"�;,.t: • �� c;,r,,t � ;,i:. �"r.,,z ... ,\ � ,4 "'r;; w.
<1. f�W •,t ,Jl .•�. � .� �Q. 1 ��! ',i J:f; j(;, ��)� p-: -r t:.fa · .,.t:iq 11;1, ;zdf'J '"'i � • � �
.,
-" )C(Jki • �� � .. ..�.Jd, t'° 1·�#.UJ 4�I :,. f ' '1:5� '�r, 'i •
I '• ,:, � ,r
243
l13, .,N11, ln11u1-:i1;ãn ,h... l., ....t,,)a, r�rt1t 1,� 22-CJ. •i11i lui� l\,1oll t•uen1 me n.. •
' t"•-flllJ-
IJU .i Jcllt11 a dcstt• d<,c,1n1eri10. t lti Hnc1h__itiq '- 11r,os11 en1 rc or; afa1cre' doméstico
s Ia
•
neg,a �l<iria de.- Jt.,u, e O!i uc <Jtl1r,, t�"·ra\,!. Mar,chnn f faria. que er11 1734 diz �
v
l\1111.ttlo "'''111 fl aJttJd d<1 diaho para an,a . :ti '<.loi.\ nlqucire� de pão d_e triooi• ., r
e> • e
c.nl n1cia • 1 l••rn o t,JI 11�"tll :,e am..l.'-\\'lu e lC'-L-c.luu f •.. j fazendo .grande bulha. con,o ue
. q
era l'errl nm,1��.id<,.. .. \1';'i1 1 I_.. rroc. n·. 631 Ma�. branca e portuguesa, Catar
º"'e; ina
1
r··.rri•• n<lc, '· t11t�111 "'I.', il11ll f'lri!sr1n1t,, J('J di�bo para serviços dor'nê-sricos em gc-
.
rttl· "�.,., traJc: ,1r d,)n2cl;1.. ''lhe ajuúa\la a fazer o scr't-1�·0 cla cnsa'', ,,.Nn, fnquisição
d� ( OÍ!ctl>r.J. rr�'-· n �2;,S,
(lJ t l .,\J r�d �Om:\11 qui:m. nurna interpretação brilhante, vê o .sabâ éomo dis·
\:'llr o qu� se bart.-iii7� t' (}li<!, nn di:1..·orrcr dci . l>t:uJo .X\'11. acaba �e rornaildo nlera curio·
�,dacJ<:, C,)níorm� d1n1i1111i :• pena c.le nl\,rt� para a feitiçaria - conforme ela se dcs.
ti i1n1tfll -. al1mt.�n1nm a, tic...,<;riçô1) , de \al)á. Ver '' Le sabbat dc:s sorciers: preuv e
'
'
iu1:Jiq1.,e··. J'Jl. 14, 15 1.. ](). 1 >ara o estudo da dcscrin1inação da feitiçaria francesa '
,cr :'\líri!i.l "oman. ")nrr(1llerie C't j1,.r;11ce l'rir,11r1elle (l6c.Jlf' sitcles). Balh� Variorun1,
1992.
(JS) ..;rL lnqui,içiio de L1�boê<i. prut:. n',' 4964.
('\6) J�ra ano.lôy.1a.-;. cn1 outro conLtJCtO. c,ntre bnixaria e vampirismo. ver "Th.e
tl!!.... lu1c t. i Y.11cht!\ tincl. L!1c rbe of vampir�� undcr the Eightccnth-ccntur)' I-labsl>ur,g
�1onarch\' · ·, tn Gábor KJar1icÍ'a�. Tl:I! 11se.,; o}·�·,11>ernat11ral po1,.ver�· - t l1e 1ransforr11a.
1,,,,1 of/1!>/ll,lar fl:'IIJ!,1nr1 tn f't,fecl1eval Qr1d Earl_v-Moder,1 E,,rope, Princcton Un,vcrsity
Pr"--s . IY9íl. J'P· 16�-88
('37) V\:r CJ ,tial>u e c11errt1 de .�<1n1n Cn1z, pas!)im. Ver. entre 0111ros. Roou'l Nfan
st....J li. l (r n..·li1<1t,11 fJ(1p1,lnire o,� /vfoyr:n-/l.ge - r;rof;te,nes ele 111étl1o(ie et d'l1is1ôire.
Jontr�1!-J.,..1 ris. f'ublication-. de r'ln$titu1 d'.Êtude.s J\t1êdiévale.\ ,\lbc.:rL h: Gn1n<l, 1975;
J&!-On l)�lumt::r11' 1, /.,s c,11/t(Jlit�isme entre Luther et Voltaire, Páris, 1ttJJ-, J971_
{.}ti} \"-rt. lnqu1sição de Lisbt)a. proc. n? l l 163.
{3')) .,\crença.de que;(') c,píi iLo �o de�prendia do cor,,o <furante o sonc> é cerur;il
ncl �sJ'-'.\,) dcv.. f»Pr1ondan11 estududoc; f)Or Cario Ginzburg, I 1,e,1a11dan11 - �·1tego,1eri(1
"<·11/11 agror, rro l.111quece11t<) e ,<;t11ce1,tc>\ 'lltrím. Einuudi, 1966. Enc . ontr.a-1.ie também
nos /t:n•ri,r1k e 1,JlroJ c�luvo� e húngaroi,, Ver Gábat Klao.iczay. ''Sha111anistlc elcmcnts
in E,1ro1>ca11 \.\'1t<.:hi.;Jafl' ', op. c:it., l'P· 129·50.
(40) N,ll tir t1c1ui tt si111ilicuclc c.Jo f)ap<:l <le i.n.struJnentoi; musi..:!tis, ruais exutamt::.11tc
cJc pcrc,1��fit1-, 11íl de\uncAdtamtnto tio� êxtuscs tupis- relnta<.Jcn:- por l.6ry e no dos de
l l111a" uf, ícar10� n,t origc-111. Cat>i: rt:s.!laltar quc:. nos ritos ,te urnbanda e cnndomblé
<.".;lllUl!1uro1 ·1nçt1�. tal p.upcl aindH �e- conserva. tvlftrio de Andr1:1tle cllarnot1 atc11ção para
o p,Lf1tl t1>:<1n'.izado, do!i ittsrrun1cn10.s de.: J)ttct1s.�ilo, diferentes, por ext:rnploj dos de
�ç,pro, tlUl; �üc.11tr11c;i_.. lri"ncttr!ores. Vr.r Nlúsicu rlf! Jei1lraria rzv IJ,·cisfl. São r,,nul<11 Mtlr
t in , :i. d., Jif1. 3õ,.�.
f,!I) "N"rr� f nqU.i!'iiçuo de l.i�ho41, r,rtlc. 11� 25� n1�·. 2ô.
t.JZ) ;\ rt!.'ipl'ho dus di!tcu�sôt\ :.ob1e scpara�·iio �lr� aln1a t• corr>o. ver Nicolc
Joequc�-CJ1u(Jt1in. ''Nyr,aull.1 1 Budin et les nutre�; lc.s cnjeux d'une tl1óiamorpl10�� tc.x�
tuetlc' 1, i11 Dt• /u /y,:,111rl1ro111 - 1n.111.tfc,r,,1,1t1on. e-1 e,.'lt(l.tt.! (ies sorclers - 1615, P'P· 11 ss.
(43) �,N'l ,, Illl�lu:;tvil.o clt L1sl>oa, pr,,c.. 1,� 1 r 974. Mtt.Is umtt vei. devo a. fi.:,iturn
deste cl('<.·umt oto à Bc!'!lCr(>Sicla<lc de Luí� Moti.
(44) 11N 11. l11<1ui�lçllo Lle 1�I1cla, proc. n�· 4222.
(·��) AN'rr. lnqni!liqâo de f_j ·t,ou, 1It111L11\t7t
V
ilo� da Ll.vraria 11� 9 5. 9, ubiJ dizer
uqui q,· 1c un1bo� o� c.·.\í!i.,ut\1do� "·nuil rcin,·icJenl��- lnqlli�h;ão cos1un1ava �c:r mai
tl\u11 �0111 t:5tcs, rtws r..·onhtço outro� C'.a. os de r�iilcjdent� c.tlt� J)ã() fort1111 q1\ei11111clo.�;
244
e sJm degredados: Domingo!- Al\ares (,,NTJ, 1 nqtn..sJção . de Evo m, m .
. u »arbosa ( ,NTI. lnqu.isiçfto de listi �. 803, proc. 11�
7759.). rv1ar1a n� lJ82), An1õnia �1aria
(,,N rr. toquisição de Lisboa. proc. n� 1377)_ o . proc. a
(46) Tal quadro se encontra no �tuseu Na· cionaI clas Janelas . E1;
· \'e ....
r\Jes, em .
Llsbo
alguns alnbuem-no a Jorge .�fonso. que O teria 1 - . t· d0 pot
J � .ª vo{la de. 1550. Numa
Broc. LA g· éou º ropJ11e de la Re11aissaftlV> J"·'"· i- o...n·
él s , LO C(llllo
ns d.&o, <."1}ts. 198.6, p. 208. E
afirm a ter
.
�,do fraco o impacto da descobe ste
auto r · · rta da Am..r,ca sob-re a ,.grande .
regJstrao o, entretanlo. p1n-
tura'., europ eta. d fec\Jnd!lm ....,. .., es·, dentre e.�tas.· desta · ' i.;:a "" ...., verifl-
.em. meio . porlugues - . •• On .1gnale pounan
cadas . t e.lês ]SOS- , une A(loral1.CJn des nJ
, éco1 e portug · ·
aise d ont un des protagonistes ' coü.ré 1' cle P IUmes et por1a
af(es
de 1 . nt une n�e-
che tuplllamba, seran le prem.icr ln.dien d'Ainêriqu
• . •
.e fit1ura
•
- � nti..,ur une pe1nture euro-
- . . -'' .e·p. 2·08) [Regis . tra-se uma Adoram •·
peenne . r-o dos mag·os U4 ..i- es• co 1ad ponu · gu�. J!
em 1505. onde um dos prolagoni tas, com cocar de ph.1mas e trnzeo. o ílecha tupi-
· · · · í di ·
namba., seria o pr1me1ro n o d a r\rnénca a fim•rar 0 >& "'m 1,m quadro europeu•.. J� •'Fi-
....
eu1opeen doni
--�
pular
1:1C W)
nt .
1n g e cn t-1
' aod �
t:asr J:ertl
lJ,ilhl�r-
gresso W 1 t<!h be!ief� and •
•
W Jt c.n h , .u,
J ... .1 11\rtá nd
• �demy Qf 8e1e11eesie
40 •
L. Eet voi> +""
�phical lnsti�t1tc of the: l:.filngarran pub íê� çió daS �-
� · � �m . n do a
9/ 9. /1 98 8. p. 16 , ex . m im ite, a, �nh &S m es·
S! Y� Bud es ap te . , 6-a at resP ecri·va mei
L
p'Q.bf éta in;iag inAd era 1 erifl'
(51) Eu1piri! mO t1
245
111,� ,1<" . f �l.t,1u1u1 �lt\rr.1da �e.· ('arvalho l':t�l ,·l la n.,lrt'J'Clte de
ft.,� �t,i- 1,,,'l'h l< ..-� la
'(/ ;, ttct ,· . , Rt,1a1 �c1t1l't'" f J,1, rt1.�<1#.'.i - / .e� ,.s,111·roldc> cJc �,r,, Orbt dr Driarte Pa.
sn, clt
fr1 /1tf<'t111 11n --
c1f'$ ,.,,,·ct,gt'. J / '•'rc>Qllt' d,,.s gro11de.,• dt.lt'Olt\•ertus; COrttr
e lft ,'f.\ f'll't"ll\l <'( i-
c.· �11<>,ti•rr�<'-. Paris. l�l,J. e scrgio au
1,111,a� .-) ,·,·n,dt ci,·� t>ri�•rr,•:r cit la pt·nst· nrctuc
.
dl' ll ,t.,n,1,t "'"' J ..., ;,, d<> f'nror\ll - <� 11;<1/11·0..� t"<Íé'lll<'c>S no <ltc•sc:ol,r1111e11to t! co/or,i
::.,; "llr' c/f • flr.1,1/, :• �J .. S�it' �1,ah;. ":ucic. ntll.
1�69. O prublcnln do ccricisn1o pode
ct\L ,t,n, l-iru.,ç.l\) t,.�t.tntc.- L'<)l\lJ'l�,J. 1\ -.cn, •lh:u, n de outrc1s europeus. tnlvez os por�
,u�uê$( ... ni\(' a�1cdlt,1!<�1.:1,, lll-' ,:!lr�tcr rot\('rcto de :t\·õcs Jas bruxas co,no o vôo e a
nll't,1n,1'lt t\.isc. utril,uiTtdt, n. n ilu�t\t•s dt!m )t1iacns. e se afcrrnss�m n1t1is a,) pacto, que
...,,nftL' trn ·ntl' p('<it•ti:, :1r:\n�'<'r. < n, c.:01nt'l C< 1\treto. ora ·on10 ilus<\rio 1an1bé111. lnspiro ;
ntl' �t<tu1 n.i 11.'ituru J., lrn\c)nolo11,i,1 ht,tuvn feita 11ot· l\1orccl Giclis, ''The NeU1erlan
dh: th�'('l<l.iiatli.', 1 •\,� tlf ,vitch1."r.1t't :ittll thc ,lcvil's pact''. in Mnrijke Oijs,vijt-Hofstra
t' \\iUc,,, t·nJh1.)fí. Jl itch�'ro,/i i,1 rl,c ,\re1/1erlund·Jro111 rhe 1'à11rtee11t'1 ro the Tive,,.
r,c·r/1 Ce,:tur.,, . L.. Uni, ·r�itail\.' Ptrs Rót t crd� 111. 1991. pp. 3 7-52. Nos Países B'"1ixos,
., ,.lc111onl,1 g1a f1h.1d.1 ilt' lo/ler,.� n�t) cncont ro11 egt1idores 1 vigoro 11do as concep
)\
(\) Ol�,o BilJc. • 0 Diabo", in Co1ift'réncias literárias. Rio de Janeiro/ São P,aulo/
1
processioni dei m<)rti'' (trad. Os a11darill10�· cio be,11 - .feitiçt"1rlc1s e c.:11/tos agrários
11os sdrttl<J.,· /y1rr e XVII, São Paulo, Con1panhia das Letras. 1988).
(7) Para ttma análi e brilhnnLc dt1 /i11g11age1r1 dos co11trdrios, ver StuArt Clark 1
'lnversion, misrulc{1nc! the1nenningof,vi1chcraft", Pasr& Preserir n:> 87. rt1aio 1980.
1
1
pp. 98-127.
(8) Ver, no capitulo 8 deste trabalho c··e:.n1 corno de um ,nico: a elipse do sa·
bó''), a descrição feit�t por Lêry das ccri1nõnias tupi:; . Para os significados da cabaça
nR nntidnd.c do Jttguaripe, ver RonaJdo Vitinfa,) ''Idolatrias luso-brasileiras: 'san,i·
�!ades• e n,ncnurisrnos it1dige.11as1 in Ronaldo Vainfas (org.). A ,,1érlca e,n ,e,npo de
',
246
o r Teófilo Braga, dtduziu-o con10 a dnn.çu do .século >'.VI que
P , se chamou carrcI<!ra
cni rol'tu gnl ,,, Luí s d a Cª,1mara Cascudo, Dicionrlr,o dofioJeIôre brcrs1le .
. 1ro.
Rio d� Ja.
. .l1, r Nt • 19 •54 • ,,.
t\Cll
" 163 • ·
(10) r..uls e,lu Câmara Casc,1do. op.. ciL., pp. 627-8 · Dom esnto autor ver
. (pesqt11s. as e notas), 1�10 de
.111 1tjr. 1ca . 1 laJnbéni
1.Wade Janeir o, Civilizaç'ão 8 rasJ 1eira J 6.S
. o unt b . . . 9 PP
IJ2- ..J4, i
011� e d 12. ter 1ga d a �ido intro duzi da no Brasil pc, 1 os bantos oc1den1ais
1 • ' •
·
\ lo x1x, incorporada até pelos índios; Cascud ''
sen do, no scc.:u . o ressaJt.a at• n. da sua r!!Ja •
. .
ção con1 ritos prop1c1a . t órios.
(l l) Es as palavras foran1. utilizadas .
pelo autor devido ao carâtcr genu1n
. an1cnle
. .
brasileiro, e delas anotou o s1gn1f1cado, explican .
do-o: de jirau , por exemp 1o, disse: .
vra bras1 ·1 ·
e11n. ·
que ·
s1gi11 · fi
tca um le1lo grosseiro de pau, armad o entre o
••é un1a pala .
nui,os das árvores . _,.. \t.ve1. p,oes,as co,npletas de Bernardo Gui,naràer ... org ., tnt · ro d., cron.
• • •
e notas 1\lphonsus de Gu1maraens Filho, Rio de Janeiro. Mec-iNt, 1959 478
(12) Julio Caro Baroja, les sorcieres et le11r ,,,onde, trad.• Paris, Oalli�1 �� 1i,2
_
cnp. •'ut orceller1c dans l'art et Ia littérarure'\ pp. 241-51, citações nas págjn�s 243:
247 e 248.
(13) Ver a relação d as águas-for tes em Caro Baroja, op. cit., p. 247, nota 4,
(14) Robert Ma11drou, Mc,gistrals et sorciers en Fra,1ce au XJl/'f si�cle, Paris.
P lon, 1Y68. pp. 53 9-64.
(15) Para o interesse il11slrado pela cultura popular1 ver a boa síntese de Peter
Bt1rke1 Pop11/ar c11/111re i11 Ear/)1 Moderr1 Europe, Londres, Temple Smith, 1978, cap.
1, ''The discovery of t l 1e people", pp. 3-22. Para a formulação de Lynn Thorndike,
ver A /1lstor)' of ,,,agic and experi111e111al science, Nova York, 1929-34, 4 vais.
(16) Ver Caro Baroj,l, op. ci1., cap. xv1, ''A grande crise''. e cap. xvu. "O sécu
lo das Luzes'', onde i na página 235, se encontra a consideração sobre monsjeur Ouíle.
t (17) Voltaire, Diclionaire pl1i!osopl1ique, Paris, 1821, 1v, pp. 343-4; verbete
'• Bo1.1c' '.
(18} Para a mania da sociedade francesa pe1os contos de fadas, ver Philippe Aries,
L'e1ifa11t er la viefar11iliale soits l�ncien Régirne, Paris, Seuil� 1973. , pp. 95�9. Na pá
ginn 99, diz o autor: ''Ainsi les vieux contes qu.e Lous écoutaíent à l'époque de Col
bert ct de Mn1e. de Sévigné, onL été peu à peu abandonnés par lcs gens de quali1ê,
puis par la bourgeoisie, aux e11fants et au peuple des campagnes. Celui-ci les <lélaissa
à son tour quand le Petif Jo11r11al rernpJaça la Bibliotlteq11e Bieue; les enfants devin�
re11t alors 1eur der11ier public.. .'' [Assiro, os velh@s contos que todos ouvia m na época
de Colbert e de !'vime. de Sévigné foram, aos poucos, abandonados pelos nobres, de
pois pelu burguesia, às cr ianças e à gente dos campos, Estes, por sua vez, os abando
narai11 quando o Petir Jot1r11al subsútuiu a Bibliotheque Bleue; as cria nças se com
a
ra1n então o seu último público... ].
es, Par is, 186 2, Bal ada x1v, P P• 356 ·61 (a obra
(19) Victor Hugo, Odes el ballad
é de 1823�8); ThéophiJe Gautier, t'Alberlus'', in Poésies co,npletes, Paris, 1896. '� PP·
. cit. , p. 249 . J. W. Go eth e, Faus to, trad.
177-83, est rofes cvr1r-cxx. Caro Baroja, op
Lisõ 0a Clás sico s Reló gio d'Ág ua, s. d.,
A.gosLinl10 d'Ornellas. inrrod. Paulo Quin tella , 1 (.
de W alp urg is ou as áu ret 1s nup
''Noite de WaJ purgis'', pp. 179-91, e '"Sonho da noite ,;id
tra du çã o n1a is liv re, ma s sem d� �
cias de Oberon e Titânia'', p·p. 193-9. Pal'a um a . Bd•·
Ca sti ll10 , Lisbo a. Liv rar ia Clássica
mais bela• Fctz,sro' tTad • Antonio Feliciano de e
I nu pc:u ls d e Alb ero n
Lora, 1919, Noite de Santa Valburga'•, pp. 357"'87: ''�urcas
. • ·
11
247
11
•
racterizado, na definição utilizada, como ''composição ern prosa ou verso, de senti
11 do absurdo ou disparatado''.
(21) Para os temas do erotismo e da sexualidade, ver o livro pioneiro de Mario
Praz, La carne. , la morte e il diavolo nella /etteratura romantica, 3� ed. aum., Floren
ça, Sansoni, 1948.
l
r
. ·--�· t ,:o r gi tr _ t J ez, : '
· m nt lidad · u lí-
J exa. m -. me-icul
· urn · ui
J. 1 d
5. A decapilação - despedaçan1enlo do corpo relrarado por ten1as ligados a Judiths e Salomés
- recupera, aqui. un1 n1otivo n1itológico e alinge o paroxi mo do l1orror.
•
•
1
a 5W
............------------------------------------------------------����----:-::"
•..... 1
••
•
1
na invesrigoçõo dos religiosidades du<J�, r11r;l,lrJ11tr'11lr, !:e, 1 J,1 1 JI' 1111 Ir, 1 "' 1111, r-1 1
coloniais luso-brosHeiros. Demonstrou a q,in•,IC1rJ ,Jr1, c.11111 ,tr1f'Jl l',,-11 i r1 ,,.,l d1, ,-,, ,
1
tsso em O diabo e a Terra de Santa Cruz d o ' 'ou I r<./ ' r1 w 1 , r" • I Jt 11 r 11 1, , 1 , 1 l I J ,, , il' il
J
,rr 11tlr 1
\Companhia dos letras, 1986), estudo e CJ reflex?Jo 'J r,l 11e <J l1<Jfilnl1c 11 1
1986),