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ÀSTROLOGIA f RBLIGIÃO

OLÀVO DE CÀRVALIIO

coleção eixo

NOVÍI STELLÉ
Capa: carlo,, Roberto zibel Costâ

R.v inoo: .losé ÀÍtônio Arartes


conposição: ToE cenz, José Luiz GoldfaÍb
cilberto rrancisco de LiDa
Ârte rinal: sérgio líiguez

SUllÁRIO

la Edição t 986
Prefácio do autor 7

l. Àstrologiâ e religião ll

Copyright by Olavo de Carvalho


2.Astrolo8ia natuial e astrologia espiritual 23

3.Lágica e astrologia 3l
coreção Ei,o 4. Introdução ao cooceito de ciências trádicionãis 53
Org. ToD Ccnz
Apenalice ao capítolo 4 6t
t{ova Stel la Editorisl Ltda. geonétrico lt
ÂV. Pâulista 2448 5. Questôes rte sinbolisno
são Paulo sP 01310
Notas 8-l

Telefone:881-5771
256-4316
Prefácio do autor

Esta oová série de ensâios, prolongaoento de


Àstros e sínbolos ( São Paulo, Nova Stel1a, 1985),
trata ainda de ástrologia, más introduzindo un novo
tópico do estudo do triviun e do quâdÍiviuü, que é
o simbolismo geométrico. Das sete disciplinâs das
"Artes Liberais'r, pr-ofer idos entre
l98l e 1985, abordâram somente a astrologia, a geo-
rnetria, e aritmética, a 1ógica, a retórica e e gra-
mática. Da música, faltavam-nos conhecimentos espe-
cializados para poder enfocar o assunto corretameote
desde o ponto de vista de sua ifltegração no quadri-
viuE Quanto à aritmética, não foi preciso desen-
volver a seu respeito nenhuna pesquisa originá1,
pois nossos cuÍsos utilizaram para isso, de um lado,
o tratado c1ássico de Nicômaco de Gerasá, e, de ou-
tro, â bela exposição da âritmología pitagórica por
l,Íário Ferrêirá dos Sântos, à qual pouco teríamos a
acrescentar, exceto algumas corrêções de termioolo-
gia, já que âquêIa êmpressdâ pelo srande filóÍ,)1,)
brâs i Ie iro már8em a confusões entre a persl)c(r ivÍr
trad ic ioná I e certâs correntesrrôcultists!trr(.,.v,,1

Dá geomerriá, ranbér, pouco t ivêmos ,r'r,'


uma vez que âs obras de Rene Guenon sd()
de cexcos sobrÊ está dis.ipl ina.S, alx,,,;r'
desejâr complêrar ô quadro ,1,, lriviuo r.
viuD -- projeto que deixsnos a m,io,anrirrlr,,, rra0
mente pela nossa falrs do .onhr., inx,'rr,'r , rt,, ('ixl
dos com retaçáo à ,,i.i,.. trx,c rx,l!"tr th,, ,,,,,,,\ r arn -
cias pessoais adversas (t(,r' rrri,' v, u 4,, , ar,,'
tara, para tánco, desênvolver no Ínesmo sentido Ananda K. Coomaraswamy, F.irhjof Schuon, Tirus Bur_
indicado a parte Eusical, êstudar á obra de Mário ckhardt, Seyyed Hossein Nasr e uartin Lings. A pârre
terreirâ no rocantê à arirmética e reforçar â mái..iosr carpdral. cdbê às Arr"s Libe_
gêôm;l r i á .on á leitura dos textos ae Crránon rerá, rars ê rnr rodutoriã e modêsra. nào é outra a fun-
cntão, em mãos, ao menos o material bruEo çâo que nosso trâba1ho pretênde" desempenhar.
construção de algo como um "Tratado das Arres Estamos cienres de que os dados aqui fornecidos
rais", que era oais ou menos o nosso propósito ini- ránro podêrào ,.rvir dp àqueI;s que sincerâ_
mente desejám alcançar uma"s.ádd
posição mais firme nos
A parte referente ao trivium saira na estudos tradicionais -- e estes são reconneciveis
Lógica e esoterisúo , outro vôIune pêIâ pronta e obediente resposrá que dão ao nosso
re ç ão. chamamento para que se filien às práticas regutares
Evidentenente, a1ém dos textos reproduzidos nes- de una re1ígião ortodoxa --, quanro, por outro 1ado,
ta coleção, nosso trabalho de esrudo e exposição das correm_ o risco de ser ,,recuperadas',, distorcidas,
Artês Liberais abraneeu rambén centenas de âu1as, comercializadas, erc., pelos bandidos e saqueadore;
proferídas sem anorações prévias. Muitas dessas au- de monumentos, que hojê se oferecêm a uÍn atônito pú-
las foram gravadas en fita e transcritâs. Não se co- blico envergando ílegaImenÊe o manto de porra-vo;es
gir á dá suá publicaçào por ênqJánro, mêsmo porquê ê de una Trâdição que na verdade os despreza e abomi-
quanr idáde dê màLeriat e inabarcável nas nossas prÊ-
sentes condições de rrabalho; mas, se isto chegar a Fiquê squi regisrrada nossa inrenção de ajudâr
fazer-se um_dia, as pedras e fragnentos aqui exibi- aos honestos, e seja repetidá nossa advertôncia
dos (mostruário de jóiâs do sinbolismo dá; Arres Li- quanto aos perigos desre gênero de estúdos fora de
berais) surgirão encaixados nos devidos lusâres de uma tradição rêligiosa regular e ortodoxa.
un _painel harmonioso e inteiro. Âdemais, Êsre mos- Agradpço vivanênre a Eugênia Msria de Carvátho,
truário não visa a constiruír um suceaâÁeo ae .rna Ana CeIia Rodrigups. Roxáne Andradê ae Souza, Meri
atividade espirirual regular no quâdro de uma rraati- Harakava, Ângêla Joâna NicoLerta e Alberto Queiroz
ção completa e autênrica, nas sim a atrair ê convo- pela váIiosá aiudá presráda párd d orgánizá\ão ê ê-
car pará esta atividáde. De qualquêr nodo, âs peças drçao dest á cole!ao de áposr i tas.
aqu i 'orn", rdd. d.vên ser suticienres pará que as Que aquêles qu" iá sp êsquecpram dp Ludo quanro
pessoas de talento e vocação -- auxiliadas pela pre- ouviratrr e enrreviram nás minhâs auias renham aqui
ce c p.la rera intenção -- possam ao menos conceber uma ocasião de recordar esra recordação das recoràa-
de Ions( o (rú. pode ter sido o atcánce espirirual ções de Deus. Recordar é a essência da relisião.
D. lrt(),,rir) t() i ,,,,tro o nosso Proposrto, ãô
lon8o (lors.s fus (l, l rnbàltro, senão expor, na medi- Sao Pau1o, fevereiro de 1986
da das possih;li,l[l,.rt, â lgo rla signi ficação espiri-
tuai -desse s ist, ur ,lrs , rerr.'ds {1fl Idade Mediaj á- Olavo de Carvalho
bandonado ns (,ol ! n,li ,t, mrl( rr idade. Julgámos quê
este crabalho s,,r i/' ,'nr ,,nn,,!L;rio e proloflgamenro --
ou, de oucro ponro,l'. visra, una introdução -- à ma-
jestos: exposiçio ,t,. ,t(),,r ri as tradicionaís enpreen-
dida nêste nosso .,1c,rt,' sobretudo por nené cuénon.
8
I
Astrotogia e ÍeIi8iãor

Não há nada rnais perigoso para ê humanidade do


que a difusão de fÍagmentos inconexos do conheci-
nento esotérico. O esoterisno é a ciêocia universal
por excelênciâ, é o conhecimento e a realização ata
unidáde, e por isto não admite recortês nem seleções
de espécie algumá, exceto a titulo de amostra e corn
a ressalvâ de que ahostras não podem substituir á
coisâ inteira. No entanto, o que se viu no Ocidente
nos últimos cen anos foi um festival de estilhaços e
rêta1hos, irrêsponsavelmentê stirados pâra todos os
1ados, e avidamente consumidos, sen ordem ncn criré-
rio, por uma clientela cu.ja voráz coriosidsde, cuja
indisciplina e cuja recusa de quatquer compronisso
com as forEas regulares e ortodoxas do ensinÂmento
trâdicional já atestam por si mesnas uma desqualifi-
cáção conpleta parâ a pârticipâção no rundo do eso-
De toda pârte, os ingên"os ê os âúbiciosos âri-
râm-se a esses despojos, buscando neles uma excita-
ção mental, urn a1ívio moÍ'entâneo e superficial para

*Publicado originalmente no volume coletivo


gie hoje: aátoaos e propostas ( São Paulo, Massao
^strolo-
Ohno, 1985), comeÍnorativo do I Congresso Internacio-
nâl dê ÀstroloSiá, realizado no Rio de Jaoeiro em
novembrô de 1985, sob os auspícios da SÁRJ -- Socie-
dâde AstÍoló,.ica do Rio de Janeiro.

ll
angústias vulgâres, ou un neio auxiliar para fortâ- Tradição univêrsâl e unânine é o alenro mesmo da vi-
lecer âs tinanças donésticas. No início, o buscador da humana, e que a interrupção da sua cadela de
parece rer descoberto un mundo encantâdo ou a chave transmissão por um instânte sequer acarretaria a su-
do enignã da existência. Mas, poú.o a pouco, as con- pressão pura e simples da humanidade. E estâs coisas
tradiçôes vão se acumLrlando e ãdensándo Lrm novo e não devenr ser entendidas em sentido netafórico.
mais sóriao nuro de opacidades, de modo que a vÍti.a 2e --Não há um esoterismo sem um exoterismo, de
não somente perde de vista a verdáde almejada, como rodo que, hoje coao sêmpre, as rêlisiõês reveladas e
é 1êvada, pelo cansaço e pêIa profusào hipnótica orcodoxás sào a ,jnica porrá de á.esso ã um "soteris-
dos símbolos e das forçás psíquicas que essa ativi- mo vivente, tudo o mais constituindo imitáções bara-
dade põe em jogo, a esquecer ou negar o fato mesmo Las e comércio indevido dê t,agmenros qu" só serv"m
de que possa existir umâ verdade universá1. Entre pará alimentar ambições vãs e fantasias doentes.
abatida e envergonhâda, e1a procura êntão ocultar 3e -- Secundo todas as doutrinas tradicionais do
sê,1 frâ.âssô .ôm fÍãsês ocás sôbre a "relatividade" mundo. esta Iase da nistória humana nào comporta o
ou sobrê a "eterna busca", como se o aumento da fome surgimento de nenhunâ r'nova" religião ou tradição --
constituísse alimento, Como se a insaciâbilidade do muito nênos de áIcançe nundiál --, exceto o simula-
desejo cons t ituisse satisfação cro sisântesco que já é anunciaao às escâncaras pela
versa tolaj do gênero "á ráposa ê as uvas", não fos- vlnda dos falsos mestres e profetas,e que será aqui-
se a negação fornal do quaêrite et invenietis o Io que a tradição is1âmica designa como o reino do
derrotado volta ássim ao mundinho mentáI quê tinha Dajjal ("Impostor") e o cristianismo como o advento
sido o seu ponto de partida, e coloca sobre as gra- do Ánt icris to.
des da velha prisão um cartaz con o chavão que se 4e -- À rêwe1âção da unidade essencial de todas
tornou em nosso têmpo a lápide de tôdas as ambições as religiões, que é o fato mais importante desta fâ-
espirituãis fracassadas:"Cada um tem â sua verdade". se da históriã humana, não teria sentido
o essôtamento das possibilidades êspirituais de veração devesse sêr seguidâ pela dissoluçào das Êor-
alguém que s€ aventure pelo caminho dos "fragmentos" más exrerioreç ritos , dogmas dJ" r.lrsiõec
ó cspantosamente rápido, e as legiões de desarvora- existentes, e pela suá absorçào om algrm "universa-
dos c atônitos que se perderân por entre êstilhaços lismo" vago e sincrético. Pois jústamenre essa ,,ni-
d. csotcrismo formam hoje Eoda uma populâção margi- dade é que ,tâ a razào e a iustificativa prolundas cla
nrl q,,c,nào podendo mais ser recolhida en hospícios, diversidade das formas, Iêsitimando cãda religiào
vii se abrirar.m "conunidades" ou mesno êm preten- totâlidade invioláve1, em si mesma uo sím-
srs ".i(lx(l(.s cs(,tiricas", onde algum vampiro psíqui- bolo perfeito e âcabado daquêIá unidade q"e, ao ní-
co ,lo pr,rporçocs Í,ru xrrtiris,tipo Rajneesh ou ldries vel do conhecin€nto iÍterior, traoscende todâs ãs
Shah, L.rminar; de su8.ll o 9ue lhe resce de vidâ e
der intel igônc ia. 5e -- No que diz respeito às ciâncias Eradicio-
Ante esse panora.rn {l.sal.ntâdor, i preciso, ain- nais, como a astrologia, a gêomancia, a alquimia,
dâ una vez e sempre, advert ir que: etc., é evidente que nenhuÍa dêlas cem a menor pos-
l9 -- o conhecimento esocórico não está "perdi- sibilidade de ser corretamente cômpreendida fora do
do" num passado remoto, nem nêcessitâdo de nenhuma quadro de un esoterismo completo e vivente, ao q,,.1
lspócie de "recuperação" ou "reconstrução" por meios só se te. acesso, precisamente, por meio do compr(,-
vasa renEe arqueológicos ou por qualquêr espécie de nisso com un êxoterismo ortodoxo.
"1,r',;qLrisa". EIê está vivo e presente, de vez que a
12 t3
constatâr. qualquer um que façâ a mais 1êve averigua-
Essas ádvertências vên sendo repetidasr desde o
cào do assunro em fon(es historicamenLe fidedignas'
comeLo do século, Por todos aqueles quP L iveram
i aIiás de r acít imo acesso. se, âpesar disso. eIás
."..;. , álsun esoterismo vivenEe' e quê escreverame sào rào facilmenre esquecidás ou menosprezadâs' isLo
sobre o a.s""to À profusão de livros autorizâdos se dleve tão-sonent" à ctueéaiu espirirual de que fs-
ale-
.ã"?i;'"i. é ..1, q". hoje em diâ ninsuém podetenha
a náo ser-que sua intêlicáncja lei nos parágrafos anteriores. Pare aqueles que ho.ie
-r.'l-"..;".1r,
-".eoria" pera maré igualmenre avassaládorá de são estudiosos da nobre aÍte da âstrologia, a ponde-
iiào ração sensata alo que vou dizer pode'ser o caminho
rivros dã "oc,r1iismo" e de pseudo-esoterismo em ge- pri. aa participação nessá^tragédia, e para
rál o início """.p..
de uma vida esPirituá1 autentica'
Entre os autores que formü1ãram tais adverten- üm dos mais talentoso§ as'trólogos que conheci
para uma idéia da vas-
"i,",'--pãaã-"" "ita', "ó viveu de perto â contradição entre o estudo. dos
tiaãá aà pano'ama, nená cuénon, Ananda K coomaras-
'râr
frâsmentos de esoLerismo -- que const rluen a unrca
rt;,ni., Schuon, Ti(us Burckhârot, l'1i' hel val-
",.'- 's"rr"a mat;r ia oe que hoje são comPostos os Iivros de as-
Hossein Násr. art in Linss' P'erre Cri- Lrolop,iá -- e o imPulso d€ vida êsPiritual Ele des-
"ã"1
.ã., lii",i.. zolla. /ictor Danner' Housron smith' oue o único acesso à espiritual idade e, Êfe-
cai Eaton, Henry Corbin, Jeafl Borel1â, Leo Schavaj ""1'i"
tivamenÉe, através aa religião revelada, e em boa
wirliam Sioddari, Thomas Merton, Bernard Ke1ly' Rama hora se aiasto. alos "ocultismos" e pseudo-esoteris-
P. Coomarasrramy, Joseph Epes Brown, Jean C CooPer' Mi- ià" .. e.r,r tornando-sê cristão devoto .]á era um
oorottea u. l"áa, wttitarr N. Perrv, Jean-Louis PaIlis' bom começo. Mas, não tendo ciao acesso a un esole-
.i.., i.ra lorthbáurne, Tagê Lindblom, Marco
.,]tá".i.á, ele nào reve outro reméaio senão
l,r,.i"u s".i"1i"", Jea. Tourniac, I-uc Benoist ' Gi1- 'i','
abandonar completamente e renegar o estudo dâ astro-
bert Durând, Keith Critchlo\,, Pâra mencionar somente 1ogia. Na peispectiva de- um esoterisÍro verdadeiro,
os nais conhecidos ( e soÍÍente os que têm escrito de
e$
ensi- esie estudo não somente não entra em contradição com
ii.*;;; ". idpnrais l) É todá uma torrente
;;;:;4" .,". .omo umâ chuvá da nisericórdia, orerece n"nt"'n..erigião revelãda,,as, ao co"trário, -- co-
no pretendo ter demonstrado em neu livro Àstro§ e
n" n,,sso aLormêntado sétulo uma ampla oportunidade síio1os -- constitui um Poderoso instrumento auxi-
;,, ,,:;;;" à veraaae eterna e inutáver da rradição -- liar parâ a penetração e aProfundamento do sentido
talvcz prrâ (lúe, mâis o 'rhomem do nosso das revelações.
t,,fl,,," vr,l(, jrs cuctas á umá vêrdade que nem Por
Ern todãs a" civirizações q"e possuíram unâ forna
;,-,,,,,,,, ,, rrr;r,,s"iv, l . r,Pn por dirí(iL é Proibiti-
de um Casta- quâlquer de astrologia, esta nunca foi uma ciência
vi, r' t)r, li'r ,(,rt.iar as vulS'rjdâdes i"or.a. a.to-s,rficiente, mas â simPles aplicação
,,,.,1,, ,,,, .,, tu,rl)i(l( zrrs d( 1rm curdjieff, tal como a " principios universais a uma dada or-
llarrabás a Cristo' de determinados
,,,,,iii,,;,, ,,,t. l'ilxr{is l)t.lcriú e
dem de rÊatidades. Assim, eta sempre surgiu associa-
ver)ha , (orri irmat l liirurla d' IfrithioÍ Schuon: "To-
ala a um corpo ale conheci.mentos científicos trâdicio-
tla religiào i a hist.iria dt r n dom divino e da recu- nais, como po. "*erplo,[Àrtesno caso da tradição cristã,
.. ae..eitá lo". Et tuÍ lucet in tenebris, et tene- o sisteora drs chamadas Liberais", ou triviuD
brâe non coDprehênderunt euú' e qüadriviuú, sobre os quais não me estenderei aqui
aD;s estas advPrrên"ia" ini'iais que ForÍram á
poi jJ r.' (r.dicado dois livros ao ássunto.(2)
,"ra,iã-;"ãi'p."";ve1 dú quê pretendo dizêr, é aindá
que se se- l'oÍ s,rn vr'2, .sse corpo de conhecimentos ten um
or eciso I azer consr ar que âs observaçoes
fund.ntr,rr,, r'sotririco, o que significa que sua ade-
1,,,.* si mesmas óbviás e pat"rrres, como podera
';" ".
l5
14
quada coÍnpr€ensão depênde dê una realizaçào espiri- lacilmente comprêêndidos coro pessoas que adq,ririrrrn
tual pessoal no quadro de um ensinamento espiritual o donlnio dá loBica ícorrespondenre simbot i, ám"nre à
p.Íêra dê Mercurío) s.m dispor dos .onl-ecimênros es-
"âs ciências do tÍiwiuu e do quadriwiuo, pirituais que conecram o pensâmenro discursivo ao
creve nené cuénon --, tempo que represen- ser, e que assim garanrem á honÊsr.idadê ê vera. iddde
távan, em seu sentido exotérico, divisõÊs de um pro- do raciocínio Iógico nedianre a . orrespondencià
grama de ensino universitáriô, erám também, por uma "im-
bólica entre a noção 1ógica da idenridade e a únici-
transposição apropriada, colocadâs em correspondên- dade do ser, (5)
cia con sráus de iniciação." (3) Na extraordinária narrativa de viâgem cetesre
Comô se sabe, cada disciplina das "Artes Libe- apresentada pelo supremo shêikh sufi Mohvieddin ibD
rais" corresponde a um dos sete planetas, e desempe- rArábi (1165-1240). á (ravessiá; êmpr,p
r,tida sinul
nha no conjunto dô triviuD e do quadriviun uma fun- tâneamente por dois posrulantes: un f;r:l nnrç!tnrnoo,
ção que é estruturatmentê homólosa à função desse devoto à Iei corânica e aos e""ina.enro",i".ant,,
pláneta no conjunto do sistemâ so1âr. Profeta, e um "investigador,,mundano c.(irico, nx,vi-
Do mesno modo, esotericámente falandoi cada p1a- do pelá avidez e peta . urio5iddd,., qu. r,j" .- submH-
netâ.corresponde a um ptano ou níve1 da. realidade te.a lei corrnica, p por ránr.o, e"rà inap,,, pa,r
costrrlcá, cula trâvessla represcntá, nás rn1c1áçô€s, Lnrcraçoês suÍis. tm cá,la órbirâ pLanetár iá, .ttss ",
dêterminado nivel de conhecimentos espi- recebem os conhecimentos a que fazem jus. o crente
rituais. encontra-se entao con os protêLasj que. no esorêrir_
Dai o sinborisno dâs "viasens celestes", que, em mo ís1âmico, correspondem sinbolicanente a ôada es-
várias tradições, como por exemplo a flaçonária e o fera planetária -- Jesus en Mercírio, .rosé en vênus,
sufismo (4), representam a escalada espiritual do Aarão em Márte, etc. --, e recebe dete os ênsinamen-
postulante. Na terminologia sufi, cada esfera planê- Eos espirituâis correspondenres, prosseguiâdo sua
tária equivâlê a um "estado espirituâ]" (har). v1âgem âte o trono de Deus, onde aringe a esração
Aqui é preciso lembrar que, no conceitô tradici- espirirual derradeirá, a,,tdenridáde SJprema,, que
ona1, uma ciência ou arte qualquer representa apenas constitui â rnêrá de rodás as inicia\õês. Já o reb;t-
a expressão €xteriorizada e sensivel de un estâdo de, em câda planeta, não se enconrra com um profetâ,
espiriLuál correspoodente, de nodô quê a nestria ma,s con o "espÍrlto,, desse planera, que representâ a
nessa arte não significa em si mesna conhecimento, forçs sutil (mas ainda corporal) posta en movimenro
más n simplcs arcstação po. âssim dizer.siúb;Iicâ dê pela autoridade espiritual do profetá; este ,,espíri-
úm I sll.lr) irrr{,rior. Assitri, aqLrele que aprendesse a toI não dá ao viajanre os conhecimentos de ordem es-
,1.':,, .,,', r",, tr, i,,: ,.rt,.rinre. ê mris ou piritual recebidos pelo crenre, mas técnicas pura-
;r r I r( rrç.o .ôrrespondente, demonstra- mente. matêriais ou psÍquicas refêrences à arie o"
ria isunln rl,. rrnr ,l,nírri,' pir.i.l . (lcficiente dessa crencra que corresponde ào áspecco ,'inferior,, ou
arte, e pol. [ai,,r r1rr, l,)ss,. (,ss,, iloflinio haveria "terrestre'r daqueles conhecimênLos. Evidenrempnre, o
senpre na obrr t,r ,,,loz i,lr tro ,1,',1 d, inarmônico e mu- rebelde nào percebe á menor diÍerença enrre rais
ti1âdo, que nrcstr[;,r ir(, r( r' sido e]a realizada con tecnrcas e os conhecinentos espiriLuais vêrdad.iros
mão de mestrc. l'()r ,.ri irt,l,), os sôfistas gregos -- e, que sáo rêcebidos peto comDanheiÍo de vjagem, ,.n.,-
hoje, seus conr i,,,,,LIt),,,,|, ,tot são os lógicos forma- sim os dois prosseguem en sua jornada atÉ qur,, a,r
listâs e todos r(to' l, ,i (tLre se dedicam a cortar os chegarem ao cÉu de Saturno -- que simbol izn ,, ,,x
ultimos 1âços .!rr r,, l,)r1ica e ontologia -- podem ser tremo limite a sepârar os "pequenos Mistr:ri,!;,' ,,,,,
16 'tl
O\ dddoE sobrê p.lê n.iIrô 'r' b 'r'.i.r.rre
nicosdoS,,GrarrrlesMistórios,,espiriruais das as lradições, o qurlqLr.r t'nltr iv.r (l' 'r''r1Lr'r o"
;;i;; .". srra viar,e int'rrromPidâ e r: precipitado hccrm"olos
no
dcspisrar o rigor clessas oxig'irciJs só c'rnrrihLri p:r
iníerno, apás tcr d!:sistido mesmo{b) dos
nd\ /r1pds arrr' riol.s' 'o rr fortaLecer o aruai .ourtlrrio (l' lrrgs'útos u iill_
rl"urriqo'
--'-;; si ii.rções d.: esotcr isn().
naçoni' J " lausro de
=." múd-, nr t,âdi\.o l'or outro Lado, .nr t{)'tls ls e iv i L i:u açirr qrL.
tjoeEhe, que ó "',,.:,g", possuidor de variâdas tecnl-
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" terisao vigertr, .lt n()(lo tl(t. ,r rlirrtrrrLl:r "iui lrinçirr
pranerária" era regrr(ltr . ,lirisidl p'lrr l)ror]'ra-rf'
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.l,Jo su,lPnIe pêld '',bn,_s;o ' N^rr'á ' u_r " á l'eisoar' ligiào e'Lao. le. i.i r. " i r- '' r"
il..a. ." rr.i.r,, qu. ,i porrruor d' 'i.f r r" i r'vêlJ- .lJ\' p.rn,rr i r ., r'"'''' i
co LaLJr
rra, ou seja, de uln exoterismo' <1o u:l padrão cle siiloiiielções trai'r orr nr"nos tLrLl"r:r'
rortanru, para conhecer e 'oúPreedder o que e
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pâra qoda u 3 sociedrJe lru rrttr'
presentâ .àda Pi,Dera no csqÚcnra do iriviun do
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iJ' I's dtdd'- rc- ÜLe,tr , "1,..1u :rllo Ll.. lr'ri'r"J 'r"""" r.'
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.r.- r. i,ru t 5t.ç., d;r/L r',."r l ld_'r
.ont,."i,,""1o. asr:rológit't's, 'tào basta o estudo Êxte- raçio astro!ógica do t:spa'," r'rr'sr'(l
.i"r,; p.".r,. ter pàssadc' PcLos ritos iniciáticos corrD a Lrira orn"
.ur..rpo.a".a.", ou Pelo meoos, 'aso se trate de co- iração ocupa<ia felo lnpcri'r ' b'm
c"ó.i.o, q"" est' conhecin*nto seja aa- ao" ri,ro" a" vi,ta-social scflLrl(lo rrrr'r 'i'li( i
;i;.i#"." "uçio
dr:lc ,rstrol;Licr. lss. niio vi:;'rva ';oLa''LLt' r 'r"rr" r

.,t,ir. quâdÍo "' 'r' ''or"ri"mo tgular t orrodo-


.,". : o "" ,"'ri , ' r' rr itr' rcia do Po"tulanre ro de-
ir,,.r, ', Irr.h' ir '"'I '' "'
..-r . ..rir,. i-..,r ,',.','',', '''rr" '
vido exoter i smo. nodo i â!rx)r l{ .fr, !o, rtlrs rLr 'l i:' r , 'i ( lro(l(r' r' r 'il
(l
lào há cono tergi!€rr sar sobre este ponto TanLo ,,," .ósui."s .orrlrr LrtrLir rr(l('i':r't '('Nrrrr(l r(lr lrLtrLiL'L
sob a ótica das iri.iaç;es hetêdicas quanto^no nundo u l,ur.hn,, JI rt 'r'\rr 'rr"' "'
..i.i;. . i.iã",;.,,, . á.,i.r.. €retivo da ciência da t-Ji\"'':r'
Eenham.rêito a ue al:á..Jrn rJLrci '' ' '"rr 'r
;i.i;i;,,,, u.Lá ..uer"aao àqLreles <1ue
,lor do e Ja lerru s' tomirmu" 'r :rrilr'' Il'l'
"rrav.ss ia rlo r tlrr rlt' Mercúrio", o da retorrca áos Céu '' rlivi'ra
VêLrus, e assi$ Por ."i;.i" .*, símbolo ou exp'es'ã" dá vootade
n". ,,,,r,",. .t,,zrrrlo a eslera^d' clássicas e uni- que preside ao curso dos evenios (e não.cono tor';a
,ii,.,",,,,',,,,,,,,,, r'' .,rrrespon<lô'rciasjJs inicia- sr me§má, o .'ue ''r id ido ar ri'), v' rrr t
v.rsais ,',rr r,' I slurs l'lirrt L:) e graus de """."1 "., e"a inrt.rin. ia náo naJâ "m '
quc. 'igniri'a
I ito, a ordenc' r'-
i,,t"'mediaçáü do Pelo
Da nresmr rrareira, o 'otrlr( 'in( nro qÚe se possa
homem
!.uLa e dir ige. í7)
ter do simbol isnto de urt PlrIr( l a !uil(lu'r c a crencra {r t s sindê: \ue reá I iza e'so
l,asorento irrsignilicant' rlrrírrdo s' iguora interur,liária não é. indivíduo hunano Prrr-o
o,, nr t. correspondenLe à 'sse PlãneEâ' e Pior ãiIrda r,l,,.,nr'.,r,.rado .r.,pír:(o e degrád"do. rr
,t,Lrn(lo ess{r desconhec i§r.nto se estende v, r,l r,r, ir"" or "rl"r'"n, Univ'r"álrr' âqrI l'
ciência
t., I o púrarnaore exterior e operacionâ1 dessa "..n'
tá, 1,,,r 4,,',irrr (lize.,reabsorvido na Pessorr Llr) I ,'lt i rl
l9
l8
que é a repetição dos sons arquetipais que criaram
rador Cósmico que ó a cristalização hunana da Norma os corpos celestes e desencadearam a sua açào (ll)
divina, e que corresponde, no nundo cristão, a Jesus Mêsmo no mundo cristào, onde a astrologia é ge-
cristo (ou, nufl outro p1ano, a Maria), e no mundo ralmente mais conhecidâ no seu asPecto divinatório,
isrâmico. ao Profeta. A particiPação da coletividade mágico e, po!tanto, herético, a estruturação do tem-
h,,rânâ no rico só te. validade e eficácia pela in- po segundo o ciclo do ano 1itúrgico, que reflete a
termediação desse Homem Perfeito, que é o Profeta ou vidê, paixão, morte e ressurreição de Jesus cristo,
ao"ele ãu" "r.otere" (do greSo ProPhero' isto ê, representá uma poderosá canalização dos fluxos pla-
"rjr.a,,i'", "d"sen.ad"ar". "rázer vir à toná") a ot- (8) netários, e os ciclos astrológicos jásáis poderiam
aàm recebiáa de Deus para a produção dos eventos ser coÍnpreendidos fora desse ciclo 1itúrgico e fora
Do mesno modo, no hundo is1âmico, a astrologia da história da própria reliSião cató1ica que durante
-- que só é âdnitida â titulo de sinbolismo espiri-. dojs milênios presidiu a esrÍuturaÇào dô tempo -- e.
tuaI. sendo vistas (om mâus olhos "uas aplicaçàes portánto, da história humana -- parâ esta parte dâ
;,á;;.""" e divinarórias. como aLiás Lambém ocorre
no mundo cristão -- está intimaÍnente li8âda ao rito
preces diárias, que êstruturam o tempo se- Paralelamente, do ponto de vista esPacial, o
das cinco mais breve estudo dâ estrutura da§ câtedrais no§tra
gunao u. paarão ordenâdo por Deus ao honêÍn (e que
que eLas são uma cópia do "corpo do Homen Univer-
ãU""."" " transcende á teinporalidade puramente "cor- sa1", e que este corpo, cono não poderia deixar de
poraI" dos.iclos planerários. reinregrando-a no seu ser, contém denEro de si -- e, portanto, forçosa-
arquétipo), e rambén ao dirêcionámenLo dos crentes mente abarca, transcende e donina -- o zodÍaco e as
para a }Íeca, que estrutura o espaço segundo o eixo estrelas, sendo portanto a ciclicidade astrológica
da Tradição. (9) trânscendida e dominadâ pelo ciclo da liturgiâ, que
ede.áis, as 28 casas lunares (uanazil) estão as- reflete o nascimento, paixão, norte e ressurreição
sociadas aos 28 sons primordjais qu" compõem as Ie- de Cr isto. ( l2)
tras do aIIâbeto árabe Sendo o árabe uma I ingua sa- o estudo, mesmo superficial, dessas 1i8áções en-
o hebrâico ou o sânsc.iro, e possuindo as tre â astrologia e o rito sugere s conscâtâção de
mesmas potencialidades teúrgicas desras úIrimas, a que, nuúa socieaaae "1eiga" e sem rito, é.
estrutu;ação mesma do espaço em torno e a disposição ptanetária "o*o
pode "o-
pelo Sol e Pela cleaaae atuar, a influência assumir
dos lugarãs sucessivamente ocupados
rrcÍistaLi- uma feição indefinida, múttipra e anárquica, que se
Lua em seus trajetos são tialos como neras
zações visíveisi da eounciação dos sons Primordiais
reflete ariás na profusão quas.e apoteótica de "teo-
n"". no insránte dâ criaçào do mundo, enunciaçao rias" explicativas diferentes que todo diá §urgem
'"i tenranao àar conts do "fen6meno astrológico"
àsta da quat a recitaçào corânica na Prece resular Essas teorias jamais chegarão a qualquer gráu de
islámica é a rememoraqào tirúrBica que interrompe o coe'ência e unificação por meio de debetes e es'tudos
fluxo da têmpoÍa1idáde atúaL Pará devolver todos os científicos, pelo sinptês fato de que o estudo da-
seres e coiias âo "instânte" supratemPoral da Ori- quilo que "os astros fazem conosco" tem de ser com_
gem. ( l0) compreende-se ássim qúe, tambem Peíante .o
pletado pelo estudo 'rdaquilo q,re nós fazemos co',r os
esoterismo isIâmico, qualquer "inl luencis p]ânetá- astros", e este estudo não pode ser realizado fora
ria" consicterarla isoladamente da ação ritual huma- do lruodo dos ritos, nen nediante o simPles estudo
na que a oralena segundo una Normâ divina não signi- rcóri(o dos ritos, requerendo, ao contrário' a efe-
fics nadá, e q're a ação dos plsnetas, qualquer que t ivdçio de umá vida ritual no sentido.plêno, o que e
se.ia, ó inslgniricante em face da potência do rito,
21
20
rmpossivel fora dos quadros de uma soci€dade tradi-
cional €, portântô de uma o!todoxia tradicional, quê
ó aquilo que o Ínundo mod€rno odeia âcima de tudo,
como o diabo odeia os profetas e os sãntos.
E inpossíve1 a existência de umâ âstrolosia
v€rdâdeiraÍrc te "científicâ" ê integradâ, fora dã
ciôncia tra.ricional dos ritos e símbo1os, a é impos- 2
sivel a cxi stência de uma ciôncia tradicional dos
rjtos e símbolos fora das religiôes rev€1adas, que
ver:cu1am essês ritos e simboros desde a oriSem su- Astrolosia natural e astrologia esPiritual*
f,áLênloráL dê rooo" o" ""r.c e cojsáç.
Que estás considerações sirvan ao menos para l
despertar, entre â1guns dos prâticantes dâ astrolo-
gia, a consciênciâ dâs Ínasnas inplicações espiri-
túais dessa arte, implicaçóes que demandam de uma Antes de túdo. é preciso entendermo-nos a res-
consciância reta e digna uma tomsda de posição con- peito
' do que se.ia ciência e do que seja sabedoria'
tra todo mundanismo, contra todo improviso, contra ciência é á "tser"ação dos fenômenos à lu' de
todo psicologismo na prática dessa arte, e em prol p'i";í;i.". sabedoria é o conheci.ento dos ^princi-
de um compromisso intelect,rá1 e moral com a univer- pio'. Às v"ze" a ciéncia nào estuda
sálidade da Verdade e com a ortodoxia tradicional i", ai."i" dos princ ípios iou pêlo nêno" 36' pr;n' í-
que a veicula. nioc mai" e sin à tuz d" prir' íoio" r'-
"niver"aisr
iativ"s deles deduzidos, ê dos quais se deduzem por
o autor dêste trabalho coloca-se à disposição de As rê-
todos os inter€ssãdos, Pará dirinir, Por carta, sJa vêz resras Pàra a árjvidrdê ci"nríti'á'
qualquer dúvida á rêspeito de un ou outro ponto em gras const itrrem o oêtodo, e e p or ,"so qre sc diz
correntement.' que a crencla é p"ra observação,
""o
mas sim observaçào "metóaica".
"Princípios" cm s.nL ido .strito sao somente a-
qLel"s quP nrú t,"to 1,rr,,",1,rrr' '. sir .p.nas con-
seoJenrês. isr o ,,"1 r, l, il" ' Ir" "anl i r" (l(' trr(lo
o mais rnào çê.d. , t, rl ,v,'.r " rrrr'"" ( ,)l(,nili(lr n( c( s
sária ê exclusivâft:ntr ,n s('trr i(lt'
êm sentido 1ógico e ontológi,o). rr
r

m"nr" sào "orir. ípi.'" áq,,, l, - ^r;rrrrL'


'l'' "t'l' ' tr I

Jniversal, sem tjmira\áo 3e "'p'i''r'' 'r'r'"r''r.


os orincíoios *.rarísi.os, dos 'lrrJis r"'l''s
-- à. prln"ipio' ló8i. os. por "x"nrlô
nái " do quê oea,çóe. o, apl i. açàes a Jonrí
lrmiLddos. Estê" últiros Podem derominár :'
pios segundos", e as regrâs da maioria das
-. orisinal inédito dê 1985.

22 23
são deduzidas ,le princípios seguodos, e não direta- Do mesmo modo, o conhecimento dos primeiros
nente dos universáis. ( I ) princÍpios é uma unificação, acima deles
os princípios caracterizâÍn-se por três.arcas: não há outras ilstâncías â quê possanos remeter-nos,
(ou absolutidade), sua antecedôncia a sabê.loria á então definida como redução à uniaaae
"., "...""iaua.
(ou primordialidáde) e sua universaridade (seja uni- primeira (ou, sob outro aspecto, derrsdeira), acima
versalidade em sentido extenso, como no caso dos e para trás da qual nada existe.
principios metafísicos, seja unívêrsá1idãde deÍtro oia, nisto os primeiros princípios diferem de
de úm cânpo {letêrininado, corno é o caso dos princí- todos os princípios segundos, porque estes poden ser
p ios 1ósicos ) .
princípios tão sonente gnoseológicos, isto é, prin-
Podemos c lass i ficar os princípios, sesundo sua cípios do conhecêt enquanto tal,'mâs os prirneiros
universal idáde, em: princípios não podem admitir nenhuma dualidade, e
devem ser, portânto, simultaneamente princípios do
Princ íp ios metâfisicos e ontológicos; conhecer e princípios do ser. A rigor, conhecer e
Princ íp ios 1ósicos; poden estar completâmente separâdo§, mas,
Princípios cosmológicos; quando se crâta de princípios segundos e derivados,
PrincÍpios (e regras) das ciências particulâres. podemos conceber taI sepâração, por abstração e ad
hoc, por economia de pensamento, e, no caso dos pri-
Evidentementê, não pode haver contradição, entre meiros principios, e1a sêria totalmente contraditó-
nenhum ' desses principios. É fáci1 também comPreen- ria, pois deiÍaria subsistir uma úttima Iranja de
der quê os p.inàÍpio" cosnotógicos só são "princi- dualidade, cuja exclusão é precisâmente o que faz
pios" em relação a seus consequêntes (o§ conheclmen- com que eLes seiam princÍpio. primeiros. e nÀo se-
to. , o'nológiios delês dedu,idos), e nào em rela,,ào gundos.
d çpLs ánrê\eoentps (os princípios Ió8icos, ooroló- A diferença, portanto, entre ciência e sêbedo-
Bicos e netafísicos de que derivam). ria, é que a ciência requer âpenas .,* .étodo d. .o-
A descoberta dos princípios segundos Pode ser nhecer, enquanto que a sabedoria requer um oótodo de
teita através dâ dedução lógica, mas os principios ser- Cono todos os conhecimêntos têÍ sua validade
mraÍí.icos e ontológicos não tên antecedentes, e derivada. êm última insránciâ, da conexào entre o
slo, ,r r ig.r , .h.rÍnados por isso de "primeiros prin- conhecer ê o ser, (odas as.iéncías, em úLtima ins-
tância, der ivam da sábedoriâ.
Ni(' t,(xleu(l,l :;r'r (les.oberEos Por dedüção -- nen, Por isso, êscreve P1ãrão, "o conhecimento de to-
a lorr iori 1,.r ohsctvação, já que a observação ci- das as ciências, sem o conhecimento da melho! de1âs
elt ílicr r, qrrlr dos prjncípios --, os (oue é a sabedoria). náo somenre é inútit como é
pl,trLrr.,s ri,,", it,i.'' .r., .,)rtl,, ridos por um márodo pie jud ic ia l" (ÀIcibíades lI, l44b).
pr,,pri., ,1u.,: ,) n,:tL'i1., JJ sah.Joria ou gnose. Por outro 1ado, a não-dualidade do conhecer e do
Para compreender cm qLrt' consista es-te método é ser requer que sê entenda o proprio coíhecer como uÍn
modo de ser- ,ser homen, é conhecer", escreve frith-
r,.. iso ter "À *.nt. qu. a^tlelrniçào ne.ma de ciên- jof Schuon (2) . E Àristáte1es, tomando a paLsvra
, ií -- ob.êrvaçao dos íênoÍenos a luz de um prLncr-
pio -- estâbelece constituir a ciência umá unifica- "intetisência" como o instrumento da sabedoria,(lu.o8-
ç,,,, da nulEiplicidade. A aplicação dos princípios creve: "A inteligência é mais verdadeirâ do /.r

t,,,r,rr' rêduzir à unidade dê uma Iej, ou invarianre.


r.,,t,' .' , rr"n"ào dê múlEipIos renô,enos estudados
24 2\
para o sábio o" gnóstico, conhecer é ser, e v1- ou alargâr as possibilidades de atuação humana desde
Isto Eem duas consequências: "ma prática, o estriiamente corporal, áparentando-o às pedras e
outra teórica. Â primeirâ, que ele não pode, nâ sua aos vegetais, ãté o universal que transcende áo§
p,ópri" pessoa cognoscente, admitir hiato e muito próprios anjos. "Senhor, que é o tomem, Pâra que te
menos contradição entre âquilo que e1e conhêce e a- lêmbr"s delê, ou o tilho do homem, para qu" o visi-
quilo que e1e é. rste é o fundamento de Eodá moÍ41, r.s: No enLânro, fizest"-o pouco menor qua o' anios,
qup pode então ser definida como .oesào nnt r" o que e o cobriste de nobreza e g1ória" (sa1mo ll4).
se conhece e o que se e (ê, Por êxtensao. o que se
faz, o qüe sê pensal o que se sente, etc.) ou, cono
diz PlaEão: "verdade conhecida é verdade obedecida". 2
A segúnda conseq,ência, de ordem teórica, é que to-
das ãs modalidades de ser Passãn a se, entendidas Se aplicamos esses conceitos ão caso da astro-
cômo modalidâdes do conhecer; por exenplo, as- formas 1ogia, e, à 1uz de1es, examinamos a180 do vasto Pâ-
existenciais dos entes _- a forma dos planéEas, dos trimônio ae cônhecimentos astrotógicos que as civi-
anjos, das flores e bichos, entendendo-se forma, e- lizâções passadas nos legâran, Poderemos tirar algu-
,iãentemente, en sentidô amplo e estrutural, não nas conclusões.
restrito e visual -- são também súas modá1idádes de Á astrologia pertencê ao grupo de ciências que
conhecer. De conhecer o quê? I uniaaae mesnã da quâI estão regidas por princípios cosmológlcos Dentro
derivam. Há, por êxeflPlo, nodalidades exrernas e in- deste. quadro, ê1á reside, como diz Titus Burckhardt,
ternas de conhecer -- a fror não cen interioridade "nos pontos de junção das condiçôes que definem o
autoconsciente, e por isso seu conhecimento da Uni- mrndo sensívet. is;o;, o têmpo. o espáço e o núme-
dade, ou de Deus, consiste e reside na suâ forna roÍ. (3) sendo âssim, e1ã êstá prêcisamente no 1i-
corporal (e na função correspondente). o homem teo Bite entre o sensíve1 e o supra-sensíve1. Este limi-
interioridade âutoconsciente,e por isso seu conheci- tê, na cosmologia de Mohyieddin Ibn'Arabi (4), está
mento ale Deus não está tanto na sua forma sensivel, reprêsêntado peLa esfera dê Sâturno, planetâ que, no
más nâ sua consciência .le Deus, e nas conseq"ências esquenâ das "Artes Liberais" ocidentais, rêpresenta
existenciais que e1e tirâ dessa consciência. obvianente a ciência dâ astÍo1osiâ (5).
Tais asserçôes já constituem por sua vez os Por is"o á que, conrJtnê o impnso.on
princípios de todâ cosÍologia t-rá.li'i^Fá1. junto de símboros e r.arís dá .stroloBiã d. sde um
Uma terc"ira consequenciâ é qu". inversamenre,
a inrluôncia
;onto de vistâ "descendenlo" ((nlo(rrr(lo(lo
os modos de contrecei também são modos de ser, e que, das configurações celestcs nos .vIrrros Nrn(lo sLrb-
lunar ou sensíve1) ou de om rlr visrx ,isc.n-
portanto! entre vários seres -- humanos, por exeÍp1o Ponr()
-- que "conheçam" á Unidade segundo várias gradações dente" (enfocan,lo o sistema plan|ririo I z,rrlircal
de intesrâçào, absotutidade ê rela.ividâde -- pode- como símbolo das realidadês s"pra-..u'í,, i,'), t' '' -
mos tlisrrrnir várins morlal idâdes oú PIanos de exis- mos não uma, porém duas ciências - co l)lr!r'rrr:rr{'s,
tênci. nôs qrraís llts s, sitrrarr; c cono, segundo o é verdade. porém distintas e in.onÍun,lív' rs. 'lr'r'lr
adágio i scolrilr i,,t. "t)Irrr atrir, ,1 preciso serrr, com' .iônálmenLe esses dois domínío' rhamam-', "rr"t r,,1"
preendemos {lu, r ,,,1,rrs vrir ias modalidades ou planos gia natural" (ou, podemos admitir, "cieotític,")' c
"astroloaia espiritual" (ou sapiencial). (6)
àxistenciais, (t,,, r,,r,,sP,).dem às hiêrarquias espi- a"a parr. clas confusões dos astró1ogos cont,'rrpo
rituais ou iniririr i,rrs, 1âzem eco outrãs tantâs mo-
dâlidades de aç:'r,, , (l( Presenç4, que podem estreitar râneos aavrirn de oão saberen distinsuir esses dois
21
pontos de vista, e os métodos que lhes corresponden. tis. o rito é unificação ascênsional , é transpo-
Eles enxertam indevidame[te, no campo da aEtrologia sição do natural ao esPiritual, e teoricanente oada
natural,considerâções que pertencem âo da a§trologia irnpede que, por vezes, esta transposição abarque a
espiritual, e vice-versa. Não que esses dois planos totalídâdê de um destino âstrologicamente deternina-
não comporten ou mesmo exijam correlações, mas estas
só sào vál idâs quando feitas entre elêmentos clârâ- óbvio, porám, que ta1 rêsultado não poderia
É
menLe disrintos, caso contrário nào sê traLa de cor- advir alo simPles estudo da astrologia, nâtural ou
relação, rnas de confusão pura e simples. (6b) esDirirual. e nem rnuito meno6 da decoÍrente "consci-
somenEe pára dar un exemplo, á astrologiá espi- do seu arquétipo indjv;duaI", como dizem
rituat é um corpo de símbolos (ou, para djzer com "niir"cào
hoie cãrtos astrólogos, e nào o pode por duas boas
náis propriedáde, o conjunto da ás(rologia narural primeira é que a consciência individual
consLirui um corpo de sínbolos que, encarado eú modo 'a.ôes. eta1 -- considerada indePendentemente da
enquânto
"ascend€nte", vem a ser a astroLogia esPiritual). paiticipalào na (radi\ào e dos ritos que a elevariam
Como ta1, é urn instrumento da mística (7), a qua1, ao nível da universalidáde -- e dependente das mes-
por sua vez, dema[da a inserção do postulante no nas condições que deteminam e limitam a individuali-
quadro de um exoterismo tradicional e ortodoxo (8); dâde cono um todo, condi!àes enrre as quais se in-
fora deste qusdro, o estudo da astrologia tem um-vã_ clui a configuraçào asirar, ou melhor. que estào
1or merarnente acadêmico, ou, na melhor das hiPóte- sjmbolicamente resumidas na configuração astral( T0) '
ses., um valor potencial, que só ". efetivará pela A segunda ra,ão é q"e urn conhecimento teórico
referida inserçãà. Esta permite, pela prática dos qualquer (para não falar das simples Seneralidades
ritos -- e sobretudo dos ritos de purificação -- que ocas de que se constitui a naior Parte dâs interPre-
o homem "escâpe" de certas inftuências astrais, ao cações ast rológicas ) nào tem o êfeito -- e aljas nem
menos parciâlmente, na medida em que a particiPação .ei.o o propósito -- ,le fazet ParticiPár do mundo da
na Craca amenjza os contornos do destino, lâ que a craça, que é o meio de atenlrar ou melhorar o desti-
cÍaça 3 Ijberdade. No mínimo, é sempre possível -- no. (ll)
pela "transposição" do natural ao espiritual, viabi- entanto, quantos astrólogos hoje em dia não
No
I izada pelo rito -- elevar qualitativanentê o signi- orometem essas nelhorâs ou atenuações mediante a
ficado ds vida individual, aindâ que sem escapar dos simptes Ieicura da car(á natal (quando náo mediánte
"latos", materialmente considerados (9) "rratamenros" neramente psíquicos e sêm nenhuma efi-
Como, por estudo do simbolisno astro- cácia ritual, quando não propriamente perversos e
Ir-rnico -- desilt' qui' conctuzido segundo critérios es- aberrantes, que em muitos casos eles mesmos apli-
tr itos dtr doutrio.'r tr.rdicioual e sem corPrometimento cam)?
írlguN cotr' os faurasias ocultistas -- pode ajudar À astrologia natural é uma ciência teórica (meio
bâstênte na compr"enaão do§ ritos, e, portanto, na dedutiva, meio de.observação), cujo papel se esgota
suá meLhor e mais 1ímpida coosecução, está claro na consrâtaçào e Prova dás correlações' bPm como nâs
que. dentro de uma trâdiçáo esPirituaL áurenLicá. .venLuáis pievisões e aiagnósticos que delss se Pos-
Lal estudo, nais a práti.a regular dos I itos (e, e- sam deduzir dentro de um quadro deterninado, ao pas-
vLdentenenEe, o cumprimento ds lei) Pode efetivamen- ou" u espirirual é uma ciáncia práti-
te concorrer pars melhorâÍ o nível do des(ino' com a "o ".t'otogia
ca, ní mêdida em que ÉsEá vj ncutadá ào Pro'êsst' 'lt
graça de Deus, mesmo no caso das Pessoâs nascidás reatização espiritual de cadâ qua1. Por outro lâ(lo
sob ás conÍisuraçôes astroLógicas mais duras e hos- ela admiie, por essa mesma razão, uma vêriodâdr (!('
2A 29
níveis de sisnificado em seus sínbotos e resras,con-
forme o grau e ô esrado êspirirusi daquclc que a es-
tLldâ, vár'i,edade esra quê seria inadnrissivel no campo
dd s-L.oluBiê r,cturai íqusndo ,nâi. nao r",.. pr,a
simples.azão de que esta \risa a esrab.lecer e fixa!
as rÊaiidades, factuais !or assinr riizer, qLre naquelâ
outra vão sanhsr uúa di'Iensão simbóti.ü). ( t2) l
Pâra piorár as coisês, dissenirar â idéiá de que
seja possíve1 mêthorar o desrino pelo esr"do do p;ó- Lógica e astrolotiêt
prio troróscopo, sên â parricipaçÀà nos ritos ,te uma
tradiçào ortodoxa, resulra, esr úirina instância, em
fâzer crêr que o cooheci.menro c a obrervrçào dos as-
tros tem o nesmo efeiro qu. o couh.cinr.rto. o cuLro l
de Ileus, o que podÊn Ierfe i t$mcn!r :,utrst i rui-ios .
Isto e um neopaganismo Sr.ossciro, q('. desenrboca na se ná n..te n,Undo cur"as opúrrds c tre
superstjç;o e no lritiçaria, soh o ,,1c8üufF .li6fal.ce d, pJ'í.em "e-to mai" do que a , isncia quedi, e a
Dou_
à,í_
de únla pr.l.Irsâ'rrrovn rst)irir,,iti(t,rlc', de tons su- to,n. dlr ra. io ratrddde r a urre divinlr,;ia qu.
postanx,oL. "( ifl|ríiiro",, I (l( unr nrau-gosto à roda posado, nos úttinos rrês sécuios, conro o Ítodelo ;.m
prova. (ll) mes_
mo da pseudo-c iônc ia supersticio6a.
E no enranro elas estÀo unidas por ull) estreitô
Para os nossos anrepassados de urn mitênio atrás,
ê.r/ parenlís(ú era rào ev;denlp que ele. costu,navr,n
pnc, na- tás ,,ÁrLes
PárLe das L:be,ais,,
. porÍ,co dos esrudos superiores ê quc i,,_
:y:,:1"1
.r' án rdnben a grâmari.dj á relóric-, a arir',n,:L;.,,
a geometria.
ljr sid: .-. rF, .orr,.dj"-c,. àr vez,," n,ar,r pr,,"r
i
8.o.4 drrtmeri.á. ,.rnu m.,,lr.lu t,rrmdj d. r-,tr. rs L.
Mas as outrês spis eran Lrâ!n.las orn pé
de
l:l:1.:r. ,' '',ê,ao . r,-k,vd
t', do. asLr-. . ao drz, r
rbrrrl ,',,,.-
do Já" harnronia" , ot.sr-- t.rH ,t, rJ à,,9r,,.
tuÍü .l ! r-
Lr.r.rn d u.,..;.,
r
'lo numêro e, com Êtd, á . ;pn. rJ .0j Ê,.r.1. I lr
As arL{.. jiberái5 náo ercm um :rmp,t s cBrç6oLlu
câs'ral de disciplinas, nem mesma _* i.mtt,.õ;"-",,_
B.nl,,.'à dc eiemenros aíspare:
em !, I d do inrer cs"e p",i.gógi,iunLados rào_Jomenr,,
o que aFresrnicv.rn.

* ori, ir.rr ir)(i(liro de tgilt


'10
JI
Erâm un sistemâ, umâ unidade dotadã de coesão in- estrutura mínima modelâr dos esqueoas cosnológicos,
trínspcá. Eí.m um organisno vivo, e o crescimento o iiane entre Loaos e Physis.
desEe .rcânismo Íoi uns das principais mot ivaçàes da A divisão dês arlês lib"rais em triviuo e qua-
vids.ulturál no ociden(ê, desde os 'Pre-socrat'cos dÍiviur expressava, assin, una distinção de Ptanos
âté o RL'nasc imento cosmolósicos, de uÍ' lado as forúas puras da razão,
Tão íntinos e inextricáveis erâm os laços entre de outro as estruturas matenáticas da naturezâ sen-
, scís sete disciPtinas, quê sê Poder;4, sÊm exágero, síve1. A ligação entrê aEbos, ã pássaseÍn de signifi-
,ti,er oue constituí4m,,, só ciê".ia, êsrudadá sob cado a significante, não erá direta e só podia esta-
sete aspectos diferentes Lógica e astrorogia apale- belecer-se pela mediação do compLexo êsquema cosmo-
cia., nessa perspectiva, âpenas cômo dois ângulos ou Iógico de base 12.
métodos diferentes de enfocar o mesmo corpo de leis Al ias, cal esquêmâ so permiLê elêrua, ecsa prs-
e relações, tâ1 cono se manifestâvam, de um 1ado, na sâgem em modo teórico, por abstração mental, como se
estrutura interna do Pensâmento discursivo e, de ou_ vê pelo fato de que â soma dos álgârismos que com-
tro, no movimento ordenado e rítmico dos âsEros no pôem l2 dá novamente 3. l4as a passâgem r€41 e efeti-
va e uma áçáo crrâdorâ do proprio honem. Este e o
A comparação de Lógica e astrologia é, êntre to- §êntiilo do ternário erego Logos-Etho§-Physis: o E-
das, â mais propicia para ilustrar -- perante o lei- lhos é o elenento humano que p"rabPlece " ligaçào
tor de hoje -- o jogo das correspondencias que entâo êntrê o mundo da possibilidade (razão) e o da efeti-
se aisceinian entre ,microcosmo" e r'flacrocosmor' vidade {nácureza). Com isco, reerconrramos aqui o
I,Ías, fePresentado de maneiras diferentes, o mesmo tema tradlcional do horem como nediádor entre os
iogo se expressava em todas as sete, e tambem na No esquema das altes riberais, o dominio da 1in-
estrurura do con iunto É o qu" se obsPrva no rato
de que. dessás ciÂncias, trá. ".am ciências da lin- guaeêm e do pensamento era conhecido sob a denominá-
grug"r, quêtro, ciências dos números e das proPor- ção geral de voces ("vozes") e o das ciências ma-
;õ.;, "suúentendêndo-se q"e os números 3 e 4 repre- te,áticas sob a de rei ("coisas", plurar de res).
sentavam, respectivamerte, a 1ei fundamental do pen- Á§sim, o 12 é a Ponte entre a Palavra e a coisa, en-
samento discursivo (a estrutura ternária do siLogis- tre o fenômeno p o signifjrado do Iênonênô. , ntr. a
mo) e a fórnu1a básica das proporções aritméticas, realidade sensivel e a intelisíver. E o zodíâco, co-
modeLadas sobre o quâternário de tipo a x mo se vê pelas clássicas correspondências entre si8-
=- (z)
"os c"resies e funçôes do orsanismo tromano, oão é aí
-by mais do que um mapeamento do Homem, no sentido uni-
versal do termo, e, Portanto, dâ estrutura dessa a-
A figura do triângulo sobre o quadrado, com que tividade de mediação que é própria do honem.
se simbolizava então o sistema dás ârtes liberais
(fig. l), expressava a convicção de que existia um
hiato entre o nundo da razão (Logos) ê da naturezã
(Physis), .e de que a passagem de um desses mundos â
oüt;o era um salto de planos con o que há entre o 3
e o 4. EsLes nào formam entre si nenhuns proporçào,
cxc€to pelo .ínino múrtipro comum 12, número dos
siÊnos do Zodíaco, que era Por isso encârado como a
32 l3
ra1 como âs demais ciências do trivium e do qua-
driviuo, á Iógi.a " a asLroloeia t'm eirpmtLrJr 'str/'t''.o-
.,,.. à,r"nt" miIên:os rorár P'ruJ3oác
"
associacio. Seu divir.:o, r' I rn' 'l- r{'nJs' en(a 'J-
incidiu com o iní. io d, ' 'r't" 'l au' 'rd
.;i;;-;"'-;i."". discordant.s e inconciriáveis a ima-
pem OcidênEal do nomem " Jo Cu'nú '
GRAMÁTICA
ARITTÍÉTICA
" ;;; ;;;".'.; ie.aa " r, rJr 'r':diá "','ii"'
quálquer que los"e a dir"sào p"t r i''r I
M o G
E
i,ãã], a".;i". pasrlr pr' i,;",,'' "' P''r"" 'r I s r: '
ú o hêrâis. êstas ú,tima ÍJn. iônJvj'm "'rj'o
"chavei simbórica e interPretarivâ de toda 11 cult(r-
S
I d M
E
T ra. O sistena das ártes liberais seguramente contrl-
c R buiu muito para dar-à culturâ fledieval seu carater
I de unidade e coesão; no minimo conEribuiu Íoâis do
que a mera autoridade temporal da lgreja, á que os
ASTROLOGIA historiadores rodernos parecen dar unâ relevânciá
fig.l - RêPiesentâção do §isteEa das excessiva, devidâ, sem dúvida, ao fâto de que pes-
se limita ao dominio material
Liberais por um sirbo'l isoo Seooelrico. devem naturalmente buscar pará tudo explicaÇões
".r"-."j"'"".""aiíento quê
thes pareçam âs náis "matet iajs"'
Por outro lado, â corresPondência encre as ciên- A redãscoberra d"ssas 'iên iár têria enr re ou
cias e os sete céus planetários, a rigorosa horolo- trãs utilidades, a dê mostrar como podia
giâ entre as propriedades de cada número de I a 7 e Lena de Densámento Í;locóli.o i\Prlo dâ'
ãs conceitos báiicos de cada ciência (ver adiante), traaições hâbi(uais de ló8i'á ê sêrrr i tr trl^ r'rzuu !
e série ale outras relaçôes estruturais e simbó- fá, históriâ e nito, corpo e almâ' utc-
'rna
Iicas do todo às partes e dâs PárEes entre si, mos- tt(l'rr' 'nr pr'-
Não Pretendo realizar tâl i'stu(lo
tram a unidade e coesão deste sistema. como en todo *"i.à L"eàr porque seriâ muiro extenso, en sesrrndo
orgánismo vivenre, aqui o siscema de relações que in<ricações nesse scntiiro cm
governa a coesão do todo é rePetido em esPelhismo ná ;;;;," lá aei atg"ma' é
il.i"in"i-,".".i"rãs (z). o que p'ec'ndo simpres-
estrururâ de cadá DárEe tomada jsoladêmenEe, e Por mente ássinatár! o rítuto ae amostra, dlSunt ponro"
sua vez espelha reI;çàes mátemáticas observáveis na enrre a 1ósica eá sstrolosid'
natureza. o nímero de correspondências é demasiado a" .ãr'""t""aa^.i. oportu-
nscolhi estas disciPlinas por uma questao de
srande para poder se falâr em coincidências fortui- ,r. corr"spondáncias sinilarPs podêm se'
;r", ,' , faixa de apl icações ciencíricas do esquemâ "iaua",
;;;;;;à,; tambén con a músLca, a arirnér ic"' a gc'
é demasjr(lo anpla pars que se Possá imasinár a hi-
pótese at' tor si(1,,.1. "i.v.nrado" por alguma preme- .àt.i".
" , p.ramática " apropósj
r"córica
ro ássínaLar a anrlol-i'r
àitação t,u,r'aun. llsr. (oni,,nto <le ciências, portanto, r"i'lér' não é me"
grotui .ntt. as estruturas da 1ógica e da asLrolr)-
t.. í*u o.ic.. sr(r., 1,,)r hulnilde que seja a posição entre alguns aspectos parcrdrs' '1"1
delas em fáce (1.,o!rlrr'(iorcntos mais altos que â sci- Éiâ, mas somente
entia sacra coÍrp(,r I n.
35
34
(a) a corresponaência entre a estrutura do silo-
gi.mo e a dos dois zodíacos, solaÍ e lunar; sÍNTESE 2
(b) a correspondência entre o sistema das cate-
Sorias -- tal como se apresentâ em Aristóte1es e nã
iógira hindu -- e a estruturâ do sistema planetário
tal como se apresenta no simbolismo astrológico oci-
dental ( greco-babi1ônico).

2 sÍNTESE ] SÍNTESE 3
( tese a) ( tese c)
Todo pensâmento _ discursivo tem, como se sabe,
uma estrutura ternáriâr na 1ógica fornâI, premissa Como o silogismo é a "ünidade mínima" do pensa-
maior, premissa 'nenor e conseq.ência; na dialética mento dlscursivo, uma sequência de três silogismos
hegeliana, tese, antitese e sínt.".. Em anbos os ca- constitui por si, então, unidade, tomada
sos trata-se de, dadâs duas idéias, extrair uma ter- num ptano má is abrangente.
ceira. só que no caso da lógica formal as duas Pre- Cada síntese é, po' s"a vez, una passagem de
missas pod€n diferir âpenas segundo a "quantidade" e plano, uma subida de nível, seja no sentido da maior
a I'quâ1idâderi, enquanto que na 1ógica dialética têÍn concrêtude, seja no da maior generalidade, seja em
de ser duas idéias contraditórias. Mas o ternário anbos os sentídos. A síntese 3 é, assim, aquilo que
está presente en âmbos ôs casos. correspondê à tese inicial l, num nivel mais eteva-
se tivermos em conta que cada síntese resolve e do. Ela encerrá um (iclo que é em si mesno um micro-
contám em si a tese e a antítese que a precedem (a- cosmo, composto de três níveis ou planos de realida-
dotando aqui, para simplificar, sonente a terminolo-
gia dialética), notaremos que três silogismos diaté- Orâ, o conjunto de três §ilogismos contém, no
ticos em sequência formam por sua vez ün novo silo- tota1, sete propos içõe s distintas:
gismo, con a prineira síntese desempenhando o Pâpel
dÊ resÊ, á segundá de antítese e a lerceirá de sin- l-
tese A sequáncia de três silogisnos: 2- ant Í tese I
3- s ínte se l
ANlTTESE 1 ANTITESE ÀNTÍTESE 3 ant itese 2
5- s íntese 2
6- ant íte se 3
7-
TESE S ÍN1r.rsE I SÍNTISE 2 Isso é razõcs 1r'las rlrra is, na simbólica
uma das
('l( sc 2) ( tese 3) (rese 4) tradicional, o sete é consi,l, ra,t,, unr oúmero "comple-
co" (outra razão é que ele ,i,, rr,lmcro totál de e1e-
mentos dá cruz de seis p(,ntas, que representa as
"s i logismo sintético": seis direções do espãço parl indo de um centroi que e
o sét imo elemento). (3)

36 37
solar, o sétimo signo, que é t'ibra,
ora, senalo o Zodíaco uÍn ciclo complêto de trans-
No Zo,líaco tormações (como se vá. p", exempto. no ' urso das es-
representa iustamente o Ponto de inflexão de um ci- racôei). cada passásem dê um "i8no soIár pará ouLro
numa di-
ctà,ru., t.niro essotâdo st13s possibilidades (como
por ,"i"."."t. una transposjçào dp níveis, áquiIo oue os
I'sa1to
t.'nau.á a tomar a direção oPosta aiàléticos heselianos chamam êrr:oneamente
'eção,
exeúplo o ciclo ânua1 das estações, onde o calor
'r 'J, rr" - paIrir do primeiro signo de Primâvera, cualitativo": o crescinenLo da, vegetação ávança em
p.og.e""ão durante o signo de Áries e, quando orraL- ci-
. "nJo .csotádo >uás po.'ibiIídádês no ult imo ifo an"af entra ern Touro, o processo sofre uma
siano tsrivá1, Virgo, é substituído peLo frlo cres-
^r,. teração qualitativa" com o nascimentô das fLores A
.,.,. n ouí ir do pr imei'o sieno ou(ona-. libra)' .".""i..-cása iunãr equivale, aqui, à síntesei que
À r.rJaaura L"rnária do silogismo i representada faz una conexão entre um P1áno de realidade € outro,
co nais clareza no ZodÍaco lunár - cÔmposto de 28 e que representa um recomeço do processo dêsde um
sienos, dias, "nrora,las" ou "estações" (em árabe, ua- nível mai s alro.
mzít), cadâ um de aproxinâdanente 12Ô 48' de arco, Mâs, como parâmos êm 80 24' de louro, nao temos
superpos ição ao zodiaco solar' ainda um ciclo compl€to e fechado, o que so ocorrera
entênder o que se segue, e Prêciso sabeÍ ouando os dois Zodía"oc viêrem â corncidrr novamêntP
.',,. ',, 'imbóli, á I rddi.ioná1, o Sol gerálmenLê re- O' de Áries.
; " ,.l " loÀos. ou á lntêlic;nciá divjná subjacen-a "".. Prosseguindo,
"* a quartã câsa lunar (antitese 2)
te á todo o real manifesio, e que â Lua representa vai de 8Ô 24'dê Touro a 2la 12t de Touro Esta eta-
inrêlieen-ia h(tmana q'r. retlerê o Logos em padroes pa é particularmente importante se considêrarmos os
dir"r"iciado'. rl Logo. " ".inrático" ê "sinultàneo", i.a" 'p.ir.i.." signos solares .como etapas dialéti-
..nquaír. â intpligáncia hutráná é direrenciâda, "ána- cas, o segundo representarà, evidentemente, a antl_
lÍri.,"./ôu "sucessjva". É este " sinbolismo que t""á. O'r, esta casa lunar ocuPa o Deio do §igno do
se reflete ná dualidâde dos -Zodíacos. o movinento meio, sendo portanto, no processo tota1, a antítese
âparentê do SoI demarcâ pârá nós as direções do es- Sendo rouro o signo da resistência'
paço celeste! formando por assim dizer o quadro per- ""''.:<."1a".ir.
àa opo.ição (número z, lãt. dúbitare, al zseí-
manentê e estático dêntro do qual o movimento da Lua fêln = "duvidar", eEc.), (5), â quarta etapa rePre-
diferencia tenporalmênte as 28 estaçôes. A inteli- sentará o núcreo mesmo ila ant ítese no processo to-
sén.ia humana. ácsim. opera dêntro dê marcos Pre-lr- taI.
iuaor. q,. consr;LUen o princípio instituidor dá sua A quinta casa looar corr'çr tnr 21" l2' d' Touro e
do mesmo modo, toda a nosss demârcação de termina em 40 0' de Cameos; tr(iv'B 'r( ' r srI]t('sc o-
"".rui"iu;
cempo se fáz dentro de um marco espacial fixo, que perou una Passagem de nív' l '
são as seis diÍeções do esPaço. (4) À sexta casa 1unár começr r'nr 4" 'l( (intros e
A s,,cessio dâs casas lunare§ represênta a suces- terrnina em 160 48' dê cêmeos À "ltirt|r"a "rneça
sào dos pa.s.s or .raPâs rle rrnr raciocínio. Acompa- em l6ô 48' e LêrÍ'ina en 2qÔ ]b' d" Ur'tr! " r. "r:' I r r'rn
:,,'. I)r ')f,í( ssi() | do o primêiro quadrante do Zôdíaco solar " r 1'r rrr i-
A pr i n.irrr rasrr lurrtr I) r, (l.0" do signo soLar ;" .;;;", do mes runar. Em rodos os car' r,rrir i" r'r-
de Árics r. l( ,nrirr ,,I l?" /tu' ,le Áries. A segunda ..r." . ""t"""a. da ú1tima casa é arredonda'lr' so-
l2r'4tir {1, Ár i, , e tcrmina em 25o 36' de mándo-se aos l2o 48' os 0o 24' que faltam p rrr (l)c-
Ári es . A ti r(, ir r , (rn, çâ cm 25o 36' de Áries e, sar a 0" d, c;nf r (rrinêiro siBno estival)' l''crJ
sisrro solar 'Jo grâus, ultrapassa o limite ditêr, n(r 1, tr latrb-m un "iínbol'ismo. que e ascr r "x
de Áries pára ri.'[,,,.,r .n 8^ 2L' de Touro.
-lc
38
plicâdo no esotêrismo nuçulmano: entre o plano da le siSno Áries Tese têse na tese - 1ê
univêrsáIidâdo pura (representâdo pelo Zodíaco so- 501êr - 2ê casâ lunâr
lar) e sua representação nâ mente hunana (zodíaco
lunar) não podê háver coincidência pêrfeita, senão 2e $itgno Iourc Antítesê
inexistiria diferença de planos na realidade e ambos SoIar
sêriâm â Íesna coisã. Isto não vale só pârâ este câ-
so, flas pára todâs âs passá8êns dê plano nâ cosno- antítese na êntítese - 4r casa lunar
losia tradicional. En termos de 1ógica, diríamos que
a diferenciação 1ógica em sete j"í'os reflete, mas re Siqno Lêneos SÍrtese síltese .à ântilê<e 5e câsà lunar
não perfeitâmentê, aqúi1o quê foi apreendido sinte- Solar tese na qíntese
ticamente nas t.âs sínteses; e dai o caráter "obscu-
ro" e sempre um tanto álusivo o sinbólico de todo antitese na sÍntese - 6ê casâ lunãr
raciocínio dialético, por êxenplo em Heger (que ali-
ás faz amplo uso de símbôlos para expor seu pensa- síntese na slntese _ 7Ê casa lunar
mento e erã un l€itor atento de Jacob Bohme, exposi-
tôr dá .osmoLoBia trermética en ternos cristãos). rm
suma: âo passarnos da âpreensão sintética pera a di- Compreende-sê, assim, por que o esoterismo mu-
fercnciação analítica, algo se perde. Este algo é çulmano encêrava o Zodiâco como o "modelo por e).cê-
"compensado" nos quatro ângulos, de modo que um ci- 1ência de todos os sistemas dedutivos", seguirdo â
clo conpleto de 28 juízos (encerrando os l2 sisnos máxima de Platão de que as configurações celestej
do zodíaco solar) poderá recuperar novamente.o sen- são o paradigma da intêligência humana ê o mod€lo
tido de totalidade da intuição originária,ou tese 1. formel dê tôdos ôs nossos conhecimentos cien,:ífi-
sendo o 4 o nL;m"ro oa oposiçáo por excelência e o J cos. (7)
o númpro da sequáncia diá1éticâ que pela síntese re- Por outro 1ado, e para completar êste parte, o
cuperâ á unidade da tese e da antítese, o número 12 estudo alos números envolvidos no processo é bastante
(=3 x 4) representa assin a estrutura aritmética mí- significativo. No esquema tradicional das artes li-
nima de un raciocínio simultaneamente sintético-ana- bêrais, a Lógica é atribuíaa ao planeta Mercúrio
1ítico, que âlguns autores hoje em dia denominaram (como se diz, por exenplo, no convívio de Dante)(8).
"slobal", outros "siÀtêmico'r, outros, ainda, "con- uercúrio tem, tradicionalÍÍente, dois "donicílios"
creto". É a conciliáção dê todos os aspêctos nâ astrológicos: Cêmeos ê Virsem, o terceiro e ô sexto
"ínLese do ciclo rotâ1. Como há quarro quâdrántes, signos. À corresponc!ência cntrc o 3 eoe éótvia
este raciocínio g1obal tem de partir dê qnatro prê- pelo esquema dos "nímeros trirngulâres", que consis-
missâs, representadas pelos quatro signos cardinais, te em somar o nímero totâl d(' unidades implícitas
ou de qúatro âogt,tos de enfoque. numa contagem qualquer: §lr contaros l, 2, 3, isto
Os 01) 14r que são compt.nsados nos quátro qua- implica, prineiro, uma unidade, depois, duas unida-
drâfltcs fstào airrrla associados ro simbolisno da "pe- des, depois, tÍês unidâdes, portânto 6 unidades no
dra dt, iinBrrlo" (lu( ,1.s{nrtrnlr()u ún papel tão impor- total, e por isto na matemática trâdicionê1 6 é o
tante no cilcrrli, r' rra , r,rrst rrrçào das catediais góti- "triangular" de 3. Mas a correspondêncie não Pára
cas. (6) ai, porque o exame dos simboLismos visuais e nitoló-
O processso irrt , Enr I d. um quadrante do gicos confirma a correspondônc ia.
pode ser resumid() r1i:i,,j,,inte esquema:

40 41
O signo de cêmeos é representâdo PeIa figura: [, sativás. Isso tudo Pôde enrim ser resu[tido na sen-
isto é, duas barrás horizootais e duas verticais. Às iença de schuon: "A lógica é a ontologia do micro-
duas verticais representâm os dois 8êneos, Castor e é a razào humana".
Pollux, dos quâis, como se sabe, o primeiro á de o- encre as leis da tóeica e a realidâde cósnica
rigem divina, o segundo, de origem humana. As barras ná. portanro, um I iame analósico, que Por ."'19 "i.
hôrizontais repreêentam, portanto, os dois mundos pode ser manipulâdo corretárnente sem a conscrencra
dos quais prorê, o" qênêôs: o Céu e a rerra. 0 Céu. do oue seiam a anâlogia e o simbol ismo. Isto
(
contrr-
rradi.ionatmente, esrá Iigaao às id;ias universais, ., . ..r;i". sacro dâ ciência dá lósicê Il'
enquanto a Terrá aos entes particulares, de modo que
o sisno, com seus quatro eleEênto§ gráricos, repre-
senta-a cor.espondôncia (proporcional, nas não idên- 3
tica) entre os universais e o§ pârÊiculares. o signo
de Gêneos está tanbéín associado tradlcionalmente ao Pâra estudarmos esta paÍteJ devemos partir das
novinenro (se,, núm"ro, o ], rePresenta rambÉn a an- seLe laculdádes cognitivas mencionadas no esorerismo
dadura ternária da marchâ humana), donde se vê q"e o muçJlnano p na ÍiLosofia "scolást ica' e das qua;s já
desenho, atém de seus quár rô eLemenros- gráricos evi- faiei em trabalhos anteriôres, motivo pelo qual me
donres, comportá I ambém á idéia de dois movimento" dispênso de explicá-1as âqui..Bâsta dizer que estas
verticais, um ascendentê e um descendente, coÍn o que sete faculdades sáo as seguintes, con suas corres_
completâmos um rorat de seis eLementos Por isso e pondências numéricas e astrológicas:
q,e às v.zes es(ê siBno; dêsenhádô desta maneira:
!. para indicar que os dois mundos nào estào lsepâ- l Intuição Sol
rados, mâs Iigados por um mov;mento \ onsLante que 2 nspirito vital Lua
movinento é este? É o novimento da Íente humana, 3 Pensamento ou discurso Mercúrio
representâda pelas duas meias-luas. (9) 4 Imáginação e nemória vênus
o terceirà signo, se junraímos o s"" nú,er" pr- 5 Conjetura ou opinião Marte
dinal ao número dos grafismos que o compõem, contem 6 Júpiter
já em si os 3 x 4= 12, que compôem o zodÍaco tota1, 1 Razão
o que siqniÍicá quê, no seu próprio pfano' que é o
do raciocínio discursivo. a Lóeica é ura rePÍesentá- Se as faculdades cognitivas são, na estrutura
ção analógica perfeitâ do ciclô total das tran§for- inLerior do homem, §êce modoc dP,ônhP.er. á pr"'i-o
."çõ." sirnbolizailo pelo Zodiaco. que, na estruEurâ do real extcrno, lhe§ corresPondam
""i"e.""i",
os seis eixos de signos zodiacais, quando dis- ;utros tantos oodos de ser. st lc onl('(lrreí d' qu'r
tribuÍmos entre eles o So1 e a Lua (positividâde e a nossâ inteligência É ^os
capaz a rr'Íli'l'(le ('xt'rior
negatividade) dão um total de 64 coflbinações possí- responde oferecendo sere insrrl'rs 'rr sr'tI r''nrr(lns
veis, o que É me"." número do I Ching, evidente-
" .osmolóBí(ô int(r8ÍaI que contem ên Não tem csbimento discutir aqui rlrral 'lor rkris larlos
mente uín nrc(lclô tem prioridade: interno e extorrro sa'r rlrrnj lrr'es (lâ
si â chave tanlo rln (litrlrir ic. histórica quantô dâ mesma Verdâde que, Para manifestar-s", !"1''a(lohrá
hereditâricdad,' hri xrn,r, Por cxemPlo. (10) No canpo en lnrelieência, de um lado, e PresUtr!n '1""'r r"'
da 1ógica, isto corresponde precisamente aos 64 si- os seie modos de ser sào chahâdôs, rt ,,!r, r,'rrl-
logisÀos q"e sl po(l('nt obter dâs combinações de Pre- nente. categorias ou antePredicaEêntoÚ (l()r'Lrinâ
mlssas universáis ,' p,rticulares, afirmativas e ne- ^
das categorias foi codificáda no ocidenrt por Âris-
42 t\3
tótele$, Ínas cen umá origem muito mâis antiga, como uma rhodalidade de ser", e isto é precisamente a de-
se vô pelo fâto de que e1a está registrada nos tex- tiniçào de câtegoria. A qualidade é uma das catego-
tos da ló8ica tradicionâl hindu, ou xyaya ( 12) rias, tanto no sistema' de Aristóte1es como no siste-
Enfo.sndo as categorias como contrâpârtê objêti-
va o exterior das funções cognitivas, temos então os Do nesEo nodo, posso catalogar cão como mamí-
s.t(' plânetas cono sete rrregiõesrr do Ínundo iraginal "m como ser vivo,
fero,o mamifero coÍno ânimal, o ânimal
(lJ,,q,,e á o mediâdor entre o interior e o exterior, o ser vivo como ente, e o ente como "s,rbstância in-
onrre o intelectuâI e o real, formândo um ternário dividual". substância -- existência subsisteftte nuna
<lc correspondências: lorma própria individuál -- é outra caEegoÍiâ, nos
dois sic(emás apontâdos. E se perSuntarem o que á
l'l ano intelectual ou 1ógico sete funções cognitivas substância, teremos de responder que é... uma moda-
lidade dê sêr.
Plano imaginal sete formas iÍnáginais o sistema de AÍistóte1es assinala dez catego-
rias, que os escolásticos, suprinindo as redundan-
Les, reduzirâm para oiro. As duas útiimâs c€teSorias
Plano ontológico sete câtegorias ou do sistema escolástico -- espaço e tenpo __ podem
ser resr.rmidas nu. ú"ico conceito do sistefla hindu,
que é â categoria da ausência (15), porque todas as
. Claro que esses ternários poderiám ser postos em coord€nadas que fixam um ente no espaço e no tempo
correspondências com outros tantos ternários -- Céu, não fazem mais do que situá-1o negativanente, isto
Terra e Homem, do taoismo; Spiritus, Àniúâ e corpus, é, pefa sua relação con os lugares e momentos onde
da escolástica (e, no ptano da psique, atÍná inte- ele não está. Sê enfocamos um ente como substância,
lectiva, alma volitiva e alna sensitiva) e assim pôr ao contrárioJ estanos vendo o que há nefe de reâIi-
diante. Mas estas associações são por denais eviden- dade positiva e própria, no sentido mais pteno e â-
tes e não é necessário iflsistir fte1as aqui ( l4). firnativo. Â "substância" e a "ausência" (ou espaço-
Quanto às c€reSoriásr elás sào âo mesmo lempo tempo) sào, portanto, os dois extremos da cádeia das
.conceitos _1ógicos e conceitos ontológicos. Do ponto categorias: de uo lado, a nais direta, positiva e
de vista logico, que e o náis faci1, elas podem sêr afirmativa, de outro, a mais indireta, relacional,
definidas coro Íos gêneros de todos os gêneros", is-
to é, como ês mais amplas claves de classificação Mediante este ârranjo propiciado pela comparação
concebíveis, a classificação de todas as classifíca- do sistema de Aristóteles com o sistema hindu, temos
então sete categoriasl
Por exemplo, se desejo classificar o conceito de
"azu1", posso enquadrá-1o na clâsse "cor". o concei- Substânc iâ
to de "corr', por sua vez, pode ser câtalogado como Quantidade
"fenômeno ótico", e o fenôneno ótico cabe na classe Qual idade
dás 'iqualidades sensiveis". ;á as qualidades sensÍ-
veis podem ser enquadradas na categoria da "qualida- Ação
de" (qualidade em sentido amplo e genérico), e con Paixão
isto chegamos ao fim da 1inha. Se desejo definir o Ausência (espaço-tempo)
,;rre é quaLidade, o máxino que posso dizer é que é

45
 pãlavta gregã kathegorein, que é a origem de A prova mais evidentê de que as categorias efe-
I'categorias", significâ "atribuir" ou (predicarÍ. As tivamente abrangen tudo o que podemos predicar é que
cates;rias são d;terminaçõês primordiãis, senéricas, elas definem tambén os limites da linguagem: a cada
que podemos atribuir â todo e quãlquer categoria corresponde também um gênero de palavras
antes de sãber o que sejâ; daí suâ denomináção lati- (categorias morfológicas) e um tipo de função quê
na, ant iprâedicamenta, que quer dizer aquilo que vem pode desempenhar na estrutura dâ frase (funções sin-
antes da predicação. são precondições de toda Predi- táticas):
cação. Tudo o quê pôssaros pledicar, túdo o_que pos-
samos atribuir a um ente, há de estar incluido numa L À cátegoria da substância corresponde a ca-
das categoriâs. Indepeodêntemente do que seja pro- tegoria norfológica do noúe, ou substantiwo, que é
priaÍnente un ente qualquêr, dele já sabemos, eÍn 'precisaúente a designâção mais genéricá dâ formá
pr lnc rpro, que:

a) existe ou á alguma coisá (categoria da


e1e tI. À catêgoria da quantidade correspondê o ar-
ia);
substânc tigo e o pÍonoúe, cujas fr-rnções são bastante siíni-
b) que ou ele é uma unidade, ou é nulo, ou exis- lares, e quê diferenciam os entes em nodo sinples-
t€ numa quantldade qualquer (categoriâ da flente quántitativo-forrnal (e1e, e§te, âque1a, o, a,
quantidade) ;
c) que tem qualidâdês (categoria da qüalidade);
d) que tem relações com outros entes (categoria III. À categoria da qualidade corresponde o sd-
da relação); jêtiwo, que âssinala as qualidades que os entes ma-
e) que exerce ou não algum efeito, desencádeia
alguma conseqLrência (categoria da ação);
f) que sofre, ou pode sofrer, ou não sofre o e- Iv. À categoria da relação corresponde ã con-
feito da ação de outros entes(categoria dá junção, que determina os enEes pela simples formá dá
paixão) ; sua anexação a outros entes ou concêitos (este e a-
8) finnlmente, quê está situado ou não en algurn quele; isto porque aquilo; isto uas aquiro); é de
lusar e .m atgum moflento do tempo, em aLgum se notar que a tipologia das conjunções ás divide
porlto errrre dois extremos que são, de um 1a- I1
segundo os dois modos básicos da relâção em serâI,
,lo, ,,rl r om lodos os lugares e todos os mo_ que sáo a coordenar,áo e á subo,dinação.
ntrnt()s (. (l, o,rtro, não estar em nenhum (ca-
t( lí,r i:r (t,r ausôncia, o,, espaço-teDpq). V. À categoria da ação corresponde o verbo.
l-t,ljo, crdo o qúc po"\3nr,," 'ih, r dc un ente sen_ vI. À catesoria da paixão correspondê o concei-
pre consiste nâs sete resPostâs as lie rSun tas coloca- to gerâl da declinação e a categoria morfológicâ dâ
das pelas sete caiegorias: ExisLe, é reêl? constitui preposição. Deve-se notar que. sp a açào e a paixão
unidade ou flu1t ipl i c idade ? Quais as qua t idades que são complementares e intercâmbiáveis funcionalÍÍente,
aprêsenta? Como se re1ãciona com os out ros ente s ? tanbém o são a declinação e o verbo; pode-se dizer
Que efeito desencadeia? Que açôes padece ou pode pâ- que a conjugação é a declinação do verbo (segundo a
decer? onde e quando exisce? função do sujeito na frase) e a declinação í a con
jusrç.,., ,l^ nome ( conforme a direçào da açÀo v,.' 1,,,I ,
47
do ativo para o passlvo e vice-versa). A categor ia opositiva com o não-"., ou seja, com o.úttipto.
da preposi5ào nào é mais do que uma.risra I ização da
dec I ioação. III. A categoria dâ quâl idade ressâIta as dis-
"s váriâs
tinções entrê "unidades" que dessa pola-
Vll. À categoria da ausência ou espaço-tempo rização se destacam. Aqui o ente já é visto como um
corresponde á caEesoria morfológica do advérbio- De entre outros, destácando-se deles pelas qualidades
fato o advérbio tern uma função de êspecíficar, de que the são próprias.
tocallzaí, dp circunsránciátizar atravàs de arenua-
ções ou anpliações, isto é, em úrrimâ aná1ise, ,te Iv. A catesoria da relação Íaz sursir o enre já
negações. Mediante e1as, o advÉrbio situa desde fora não como totalidade atuâ1 e real, nas como feixe de
-- desde coordenadas circunstanciais, acid€nrâis -- relações virtuais com um conrorno formado de uma in-
a ação ao verbo, â qualidade do adietivo e a direção deÉinitude de outros §.rps. Corrêspond" ao r'ún"ro
da pr.eposição. quatroi que é o dos elemenros dp umâ proporçào.
Estas indicações são dâdas a rítuto de mero es- V. A (aLegoria da açào taz surgir novanenre o
clarecioento, pôis o estudo dâs caregorias granari- ente cono expressão unitária,pois a ação é a e"pres-
cais não faz parte do intuito desre rrabalho. A re- são de uma substáncia,ma" de uma subscáncia já quan
1ação êntre.as faculdades cognitivâs e as catego- tificâda, qualificâdâ e rêlacionada. Equivale ao nú-
rrâs, que e o que nos rnteressâ, trca no entanro mero cinco, formando o êsquema da cruz com quatro
nais fácil de psclarecer mediante a comparaçào con pontos mais um centro. É a expressão de um ente cô-
as catêgoriâs gianaricais. mo totalidade das suas possibilidades relacionais,
Antes, porém, de passarmos ao esrudo dessa rela- nas vistas em nodo intrínseco.
ção, é preciso observar -- se é que o leitor já não
rêpârou -- que âs careSorias formam uma gradação VI. A categoria da paixão re€nquadra o ente no
crescenEe, do simples para o complexo, do direto pa- seu contorno, mostrando as possibilidades de trans-
ra o indireto, do absoluto para o contingentej do Íormaçào e de in(egráçáo em sisiemas maiores qup o
afirmativo para o nêgarivo (ou antes, da afirnação abranjam. Corresponde ao nú.ero seis, que é o das
diretâ à nesação-da-negação). direções do êspaço. O ence, aqui, é visto coro.em-
A escala dâs categorias nostra um modo progres- bro de um todo.
sivamentê indireto e relacional de enfocar ô enre, e
cada uma das categorias tem uma fôrna numérica que a VII. Finalmente, á catcgori, da ausôncia ab:rca
define e que é, afinal de contas, ã verdadeira rázão o ser na totalidade das rclaçàr's.spirço-tempo (e,
útt jn'a,las arribui\ôês plan.Lárias: implicitamente, númeÍo) (tu. o d.tIroinan e enquadram
desde fora. Correspond. â,, n,im, r,, st'te, que é o da
I. A cstcgoria da substâ (ià táz aparecer o ente cruz de seis pontas máis ufl ..nt ro! e que simboLiza
sob o sisno (la sú" I'nid,d{ , (lâ absoluridade que é o sistema universal de co()rdr.nx(l.s que locâIizam um
imanentr a tod() (,rte, por Írris relativo que seja. ente. Cabe aqui uma pequrna consideração, que é a de
Correspoode. po.trrrt,,, ,,,, ,,,;r.ro que a essência de um ente contilm não somente a afir-
"..
II. cateSorin ,l,r (luantidade fâz ressaltár essa
maçào dirêta, posirivá, J,,
't,,, pste enLe
bérn, lmplicitamente, as dil.renças
é, nas tâm-
que o separaÍ. de
Ja nÀo cm .,"to direto, nas pela polaridade todos os demâis entes. A caresoria da ausêocia faz
48
e âs cateSorias. Mas o quÉl foi ditô deve bâstar Párâ
surgir então sistema destas díferenças, coÍno
o
uma
(la que
proj eção inversa ou negat iva do conteúdo
pos it ivo da dar uma idéiâ do contorno e di reção Poderiam
tomãr tais esEudos

como sevê. caminhamos da substancra quididade GBf,AL DÀS CORRESPONDÊNCIÀS


-lài",rr""ç:.uma apreensào dirêcâ de umâ
de QÜÀDRO
"áminhamo.
;- "posicional" dô sistema
"""?''1,",".,.""," nessa gradaçào que reside o prin-
.l'iã a"-..tt""p."déncia entre as categorias e as
de un enre -- Forma Faclrldade Cêtegoria Cateqoria Planeta
i,l.á"" ..g'i, i,"s cadâ nodatidade unidade quan- nuírérica cogôitivê ]óqicê e gramatical
iã,ã-".ia.aã e totalidade em §i' 'omo como virtua- ontolóqica (Írorfolósica)
;;;;.;;;,--;.;" quar;aaae direrenciada'
ridade r;1aciofla1, como ação expressivâ da substân- Substância Substantivo Sol
Intuição
;,;---."." Darte de um todo e como sistemauminEegrá1
ente e
n"'",',. il'"t"".""
-;;; --, cada modalidade de rsLo Espírito Quantidâde Pronome
r".,ia"" diÍêrÊnLP
'ognitjva Vitêl Artigo
;::;";;"";";";;,;a".á
",';;;; uma dás .areg"ria' ou modos dê
l; .;,;-;";*" diánrê da nossa cognição segundo uma
pLànerarlo' Pensamento ouâlidade adjetivô
.."aifá. p"iI.L;gicá diferênLe o sis(emêlorn"ce assrm
.n.o .irr"., da' Íunçóes imaginatjvas p'tcotogtco Imaginação RelâÇão conlunção vênus
o elo enrre o enfoque lóg;co e o entoque
-- conhecinento.
do -r conjetura Verbo Marte
por exemPlo' cápta o ser sob á cáLe-
AÇão
i"t,i.;.. ná suá tota-
,".i, i" ",i.tÀ..;a, isco é' aPreeode-o ponto de vrstâ !o- vontade Paixão Preposição JúPiter
iia"a" "nr, na suâ.quididade Do de todas âs carego- (decI inaÇõo)
,i.ô á súbstânciâ é a primeira
-.;-*J;;;; de ur
:i:;: ter apreendido a substância
Ausência Advérbio
conhe(er tudo
ii."';.-". ..ã.'l,pri.ità "I sintático' catesoria' se-
à.à.."' ."rá-; rogno""i'et asproPriêdades do ente'
demais
;;;;;,";"; desaoÉra.entos de
No entánto, do PonLo d" vistá Psicologrco'
a rn-
e
,,,i.:"; i.r,".,a""", po''"n'o Passasêirá losr'anenreincomu-
nicável. e inr uiçào dá o conhec incnto
;;;"';i;., a. ."n"i." psicolosicamente mais pobre'

De ixaremos Para una


Ihado das re 1ações entre intelec tuais
50
5t
4

Introdução ao conceito de ciências trâdicionais*

Ciências tradicionais são o corPo de métodos e


conhecimentos queJ en todas as civilizâções conhe-
cidas -- incluindo a ocidental até o sécu1o xlv --
se desdobram de naneira coerente em todas as dire-
ções, a pertir de un núcleo central de princípios
metafísicos, e que se destinan a revelar, sob todas
as ordens de reâlidâdes mais ou menos contingentes,
a vigência eterna e imutáveL desses mesmos princí-
pios.
O termorhetâfísica" não deve ser squi entendido
dâ maneirâ comum e corrente tâl como â empreSam os
professores e manuais de filosofia, ma§ no sentido
propriamenre tradicional. quê tem nâs obras de René
Guénon, Titus Burckhardt, Frithjof Shuon, Seyyed
Hossein Nasr,Ánánda K. Coomsrassámy e tantos outros,
drê têrêmôs a ocasião de mencionâr.
se a metâfísics es!á reláciônâda ao conhecimento
de principios absolutos, por isso mesmo e1a não pode
ser reâl izâda por meios unirânente racionais, uma
,t Conferência pronunc irds no Instituto de Biociên-
cias da Universidade de SÀo Pau1o, en 25 de maio de
1981, a convite dos alunos. PubIicáda êm seguida no
volume Universslidâde e Abstração ( são Paulo, spe-
culurn, 1983).
vez que razão, rãrio, sisnifica prôporcionalidade
Êr porcanto, relarividade. Sem dispensar os meios o conhecimento netafísico. O mundo flãnifesto é assin
rá.:onárc ê ao LonLririo, tázenoo deles umá uti- encárado como sinal, símuoto ou êxempto, e nào enra-
. izaçàc cu o rigo, áeixa para trás rudo aqui to á quê tizado em si resmo como nas ciências modernas. (3)
a fj losofia profana está acosrumãda --. â merafísi.â De un ponto de vista trâdicional, estudar o nun-
r.quer. atém d"te.. raa ,'centratizaçàá,' do sujeiLo do nanifesto, e nais ainda o mundo sensíve1, como
cognoscenre no único ponto-chave em que ete, criatu- finâlidade em si nesmo, seria uma espécie de art
ra contingentê, parricipa do Absoluro, e em seguida poür Irárt injustificávet, considerando-se, enrre
una "ascensão', na quâ1 eIÊ abandona suãs dimensões outras coisas, o ."ráter rransitório e contingenre
puranente individuais e se ireintegra,, no Absoturo. da vida terrestre, que não reÍn ên si s"a pró-
'esma
pria finalidade. Daí o minguado desenvolvinento
Essas duas etapas correspondem respectivamenre àqui- das
Io que â tradição chinêsa denomina o êsrásio do'iHô- ciências de tipo ocidentál oo orienre rrádicional,
mem Verdadeiro" -- ou seja, a ptenitude reconquista- exceto em periodos mais receores, quando á influên-
dà dJ sradú e o.jrá8io do,,Homêm Trans- cia de orientais formados na Europa -- e tão alheios
-ndei,rê". ,tú" i"i; r,opriamênLe umá ,,divinizaçào,, às suas tradições de origem quânco os europeus mes-
r. porlánto. una LlLrátássdB.m dos .imirec humános. mos -- neutrálizou parcialnente a atirudê de profun-
{ lr Nu Cr istianisro, cáo. -.ê qup ,,rodo crisrào é um dâ indiferença tradicional perante esse tipo de in-
novo Crisro"; no mundo moderDo essa sentençâ pássou vesr ígação. ( Não deixa de háver um inreressánre pâ-
â ser cntendida de modo puramente metafórico, esque_ ralelisfto inverso na recusa da ,,cíência natural pu-
cendo-sê â promessa de realização efetiva quê e1a ra" cono finalidâde em si, de um lado pelo burguês
concem. Essa ',cristificação,, -- o equivalenre cris_ bem-pensante do Ocidenre, de ourro pelo homem tra-
tao do "Hôúem Trânscendente,, -- permanecer enarêran- dicionâ1 do orientê; se no "são juí2o,, do burguês a
to, puramente virtual enquânto o honem não se Êrans- ciência deve estar subnetida a fins prático-ecãnômi-
forma primeiro Adão", isto é, não reinte- cos e à busca da comodid.ade física, no julgamenro
gra em si a plenitude do esrado humano. oriental ela támbén deve estar submetida, mas às fi-
dupto movinenro, de centratização nal idadês espirituais. )
, Essê
sao, esta represenrado no §imbolisno aa cruz (2\, e No estudo do mundo manifesro, as ciências tradi-
se realiza unicámentê pelo conhecimento -- embora cionais procedem em duas direções oposras ê comple-
num sentido muito mais efetivo do que aquele que a mentares: de um 1ado, no scntido da diversificação e
patavra "cont ecimenLo" ramificação, à meaiaa que tentám dar conra da varie-
.ás" ê.pirirL,á.is "voca hoje. todas ". ',piáti-
desenvolvidas pejas ,áriâs iradi- dade dos fenômenos, âfãstan.lo-se, porranror da esfe
ções aevem ser consideradas meiàs adjuvantes para ra "principial" cênrrál p aproÍun.lándo-c,., ,jireç;o
uma tinaridade que se reatiza unicanente no conh;ci- a divprsidade do mundoi de outro. a r.conduçáo sis
ncnto e pe lo conhec inenro. temática dessa variedade ao princípio centraiizador;
t." ,. n" i,,s Jdi'rvrnr,,.. J.: . i;n.ras rrádi- esse ritmo alternante não é uma siÍnples convênção
_ L,,lI
.r^ i s,1, ir,l.,j,. r . , , r i , r , . . r " , r Gr rologia. a geo_
. nen urDa pura quesrão de método. nas repo,sa na p.ó-
pria nátureza das coisás; eIe é, por si mesno, como
. , .

meLrir, ,r ar irnrir ica, b,, (,nn() ,s aemais àisciplinas


que con'p,, lrn0,, lr;viuE (.r) qusdriviuo das universi_ quê uma síntese de todas as ciências tradicionais,
d"des m. ,l i,.v.,I :, . r ,.r, ar,..r,.rs a r unçào de reenconr rar poic esrás, pertencendo 3 una perspecrivá propria-
a narca do o rtnr; suas manifestações particu- menLe cosmológica, e nàoainda merafísica, enconrram
11, ,.ta,' .',,rvcm de ,,apoio
1arês, isro^bsolrr como seu limite extremo a dualidade universal (por
".""í"àr,,pur. oxempto, Yin e Yang), não podendo penetrar no cámpo

55
1. ,.il,o:, q"" .já.é propriamenLe a merarísica; é companha -- pela cultura do Ocidenre. Nasr, que
nessá drsLrnçao hierárquíLa de campos qup se
baseia decáno da Acâdemiá rmperiát rranianá de foi
-;
dos pequeoos Histérios e crandes tíis_ rtrá"Jrir.
noJe considerado um dos mais aurênricos po.t._,or""
Eerro§ das rrádiçoes ocidenráis. Apênas é preciso
ressalrar que o primeíro desses Ínovimentos s;rve ao do pensamento tradicionat.
'"q,"9" " a eie esrá submêLido, pois a unidade é o
prrn(rpro e o íím de rodss as coisas, e as.i;ociás
!râ9icionais têm por sua meta e jusrificariva o fato 2
de ílustrarem sensivetmente a metarísica d";.;;;_
rarên pâra a inruição nerafísica. Oe rnodo"que,-oesta De un ponro de vista nais,,interno',, a ciência
ou naqu.la civilização tradicional poae esiar-ausen_ rladicion"t . a nodcrná direren aindá quánto áo cri_
te uma ou outra c,iência tradicíona1, mas â metafísi_ Ierro oe unrdade do .onhe.imento.
ca e jusramente o que é conum a todas. Na ciància moderná, o padrào de unidade
somênEe_peIo objêto do coohecimento __ a
é dado
,,, Por isso. en rodás ês civilizaçàas rrádicjonáis unidade do
ra), pôr máis vâr iádos ê ámptos que fossêm mundo.Íísico, do mundo hisLórico-culrural, conrormê
de rnt€resse. de obsêrvaçào e o. prática dasos camDos á pre ierenc i a visenre.
divàr_
sas crencrês e arre., iamais
"e veriti.ou Jm ienôFe_ . 0 postulado
moderná
dê objetiwidade que funda a ciência
esrabelece a existência de un mundo material
l::.,9.9 da p,.olif.raçào anárquica d" rút(iptas objetivo, acessíveI ao conhêcimenro pelos senridos e
"especrátizáçóes',. mu,J.tme,rEe excludenre,
pressllposrosj métoaos e conctusões, f""ôr".;em seus regidn po- lêis mátênáricas, ou natemaricamente ex_
;;;;
transforma a cultura noderna numa cotorida fei_
_que
'rá de escolas, correntes e reorias, que O_ enfoquê rradicional concordaria co. o
dispurá; a matemático do mundo objêtivo -- que atiás
ca.áre,
preferência púttica at.avés do movimento editoriat
ej apos um brilho de presrígio fugaz! reronbam "ã" a ;;,
lnvençao moder:naj nas una herança do conhecimento
esquec rrento. O reftexo de.se 1"n5,"no
n; tradicionáIj por.exempto arravés do pirá8orismo.
dos-indivíduos no psiquísmo que nao poderra e (oncordár com á ourra parrê O

o: Í",. ,""..",,
(onsciencia
aEêrracror de Írasmen_
Potese de basp, que rende -- ora de nanpira
dá hj_
:"ç:... humáia. resisrraao nos ora ôstensivâ -- a idenr iÍicár ,,objet iviaaa.,, "ur il.
^""".. escriLos ja na primeira "ãrsos
mêrade do sé_ rlsens.ri alidader, ou , on
ilrl,' "mâterialidâde,,.
jetos matemáticos não são acessive;" É"i".
"..".i_
.".,iaã",
Things fall apart. . . *.".".r""!. à iorelisêocia, c se ô .onha.: ".i imcnro do
ltre c€ntre csnnot hotd- mundo objetivo reside em disccrn;r as jeis matemá_
Lrcas que o reB.m, i,t,,s s,i l,,,,r,.rirm en(rar em
^s scnr
:ogo. na ciên.ia, c,,m., , ,.i.,, ,,,t i,,v.,,,r,.c s,.cundários:
Seyye9 Hossein Nasr, no seu livro
xatureza (5), demonsrra como as questõesO*ri";r;.á_
-- rloEeo e a
:ss9nciaI seriá
:matenatrcâs, a P,r., iDr,.tir,l,r,.ia aas relasô"i
ticas da.humanidade preseore e os far.,, .,t,,,,.rv .r,,s peto, senriaos
crise ecoló_ teriam no r,,áximo o valor (t,, rx,,nrplos, e ounca de
8r(ê, so.parâ_cirar um exempjo ao quat a pooulacào provás. Nêsse caso s obi,,r,vi,tn,tê do mundo nào con_
,n,versrtária e párticutármêrre ,"""ir": _--"à. i;.
ser enfocadas sem a referência à sua ca"sa srste ná sua ,,sênsoriati,tnit,,,,, n,á, na suá ,,natpmári_
inrel.ctual mâis profundâ, que é a perda da metafí-
c id adÊrr
do coro de ciências rladicionais que a a_

56
Embora sejâ isso o que efetivamente Por outro lado, se ô conhecinênto e umá cerra
prática científica, os cientistas mesmos parece que "presença" do objeto à inrel isência, a única possi-
nunca se dão plena conta dessa "transferência de ob- bilidâde de conhecinento de um mundo dêfinido cono
jeto" que desnaterializa o nundo ântê suas barbas. ecsen.iàlmertê spnsorial s, ri. . presensa @ciça e
uma ciência que levasse até suas últimas consequân- Daterial de todo o un;verso anre a percepçào senso-
cias as constatações acima, teria Íatalmente de re- rial huDana. À hipórese ó absurda e aberrànte, mas
duzir o papel da "observação" ao de uma simples e- nem por isso elâ deixa de .rstar ná base e na moEiva-
xemplificação casual de verdades universâis obtidas \ào de Loda a p"sqri"a Lrpltíri.d ,nrd,,ná, soo I
pela intuição direta das relações mátemáticas, e forma de um pressuposto inconscience ou inconfessa-
que, contendo em si mesmas sua própria evidência, do. Por esse motivo a ciônc ia acába se Lrâosformando
não necessitariam de qualquer outro tipo de prova, numa ocupação trágica c urópicâ, desrinadá ã aringir
exceto a Eítu1o didático. Mas com isso já se lrata- um conhecimento qu€ por d.,finição é impossivet, e
ría de ciência tradicional, e não moderna. que por isso acabâ seodo rran6ferido párâ as caten-
os chamados cientistas "de vanguarda" filosofam das gregas e substiruído, na vida presente, pela
muito sobre esse assunto, mas suas consideraçôes a "pesquisa" erisida ên finalidâde em si mesma. rodo o
respeito nunca ultrâpassam a especulação imaginâti- mundo científico contemporâneo alimenta-se da fanra-
va, isto quando, ao constatarem a precariedade dâs sia do "progresso infinito do conhecimento,,, tida
bases do seu saber,não descambam para as formas mais como dosna indiscutível e jústificativa suprema da
primárias de misticismo ou pseudo-religião. En hipó- vida culturál, como se não fosse umã sinples auto-
tese alguma imaginam a possibí1idâde de reverter suá contradição, isto é, como se a infinitude mesmá do
parâmetro adotado não abotisse qualquer possibitida-
"ciência de obserwação" pâra fufldá-1â en princípios de de progres"o. qJat;rárivo ou quênLicarivo.
univêrsáis ê áuro-êvidenEes. A provâ dessa recJsa é
que continuâm julsando as leis matemáticas como se não fosse, entreranroJ o propósito de,,ter
"abstrações", e os dados dos sentidos como ,fatos todo o nundo mâterial anre os othos',, que iusrifica-
I iva terianr oor exeírpto. a" viagpns ecpa. :ais, ás
con(reLos". Pode-se pergunLar entào: se o caráter
básico do mundo objetivo não está e. sua sênsoriali- sondagens submarinãs, e rodas as aEividades cientí
dade, mas em sua matemâticidade, como poderia esta ficas destinadas a esrender indefinidamenrc o (:.tuDô
ser abstraíaa daquê1a? Em termos escolásticos: como de ôbservâç;o. no cênrido do grdno, o.,,t, p,.q,,,.,)úl
poderia a substância ser abstraída do seu acidente? Não se investem muito mais dótarcs n.ssas at ivi(ra-
Anrpç a nátpmat ícidêde é que deveriá se- enrpndida des do que em goalquer o,,rro I il)o ,1,, osÍ,)r!,) itrre-
como "concreta'r -- cômo dê fâto se entende nas ciên- lectual? Não há nisso uma sot;l i,,r (),,rr,n,rivl idcnri-
ciâs trádicionais, onde a própria noçãô de mãtéria ficação entre a exr,'nsào (lo {.nrJ,,) ,t,, ,,t,s,,r vaçào e o
provÉn da noçào dc número (6) -- e a sensorialidadê "progres so do conh.( in(ut(,"?
como átributo ácidental que d.,ta se abstrai. Mas com De um ponto do visrl I rx(tr( i,,,Lrt, ro contrário,
isso derrubariamos não só o tenplo do "rnaterialis- o aumento do número (to (,1, i, r,i:r ,tt, (,sLo.lo, longe de
também o do pseudo-espiritualismo que se representar por si nusnr, Lr t)r,,ll,{ sso do conhecimen-
the sucedeu nâ mentalidade cientifica contemporânea, to, e apenas uma oxrr ,,,i,, ,lrr i11norância ao.s casos
e que muitos estudantes ma1-avisados tomam como uma Par L iculares que a , on,ri,,, , senpre, mesmo
verdadeira e auspiciosa "aberturaÍ dos cientistâs para o mais sátio aos r,or,.,i:,. em Dúmero indefinido.
para as dinensões transcendentes (7).

58
3
Contudo, qualquer que seja o volume dos fatos
Dârriculares que nào sabemos explicar, isso em nada Um exenplo de como a ampliação do campo não é
àr..." , variaaae aos princípios universâis, Pois rromó1oga ao p..e."""" do conhecimento é dado peLâs
estes inalepenalem do que câda homen ou grupo de ho- viagens interplanetárias, triPuladas ou nao, quê nos
mens connàça ou desconheçe, enteÍrda ou não êntende'
Por isso o homem tradicionel terie Preferido conhe_ t.ou*"t"*, nos úttimos anos, mais informações do que
cer relaLivamente poucos objetos, em exrensào hori- qualquer ser hunano, de qualquer temPÔ Ôu lugar, se-
zontal, más âter-se ao domínio dos principios que tía capaz de abarcar e compreender.
urn conhecimento rigoroso em sentido "verti-
r,taitin r,ings(8) observa qüe os céus planetários,
".r.irem
isto é, o conheclmento daquilo que verdadeirá- em todas as tradições, representâram sempre dêgrâus
iaI", de iniciação, isto é, de proximidade relativa entre
mente imPortâ.
O argumento de que â extensão do cenPo de obser_ o homem e o Lo8os. A ascensao aos ceus representava,
l,ução p.ã.,é* de um áesejo de,universalidâde é falso, assim, a rravessia dos múlriplos esEados do conheci'
poiq,re'" r.ir"t"aIidade não é quântitativa e não se menro e do ser, em direçào à universalidade. suPri-
conzunae com a simples "generalidade" Essa anPlia- mida, porém, do panoramâ ocidental essa nodaLidade
inversào do curso ale conhecinento, o que sobrou foi a Possibilidade de
ção procede, antes. de uma sutil que ao invés de valo- u.a ascensão *...t."t. corPoral e imitativa, que não
i.",i a. inielieànria huÍnaná,
rizar o çonhecimento passa a lalori'z3j- a dúvida, só não representa em si mesma nenhum Progresso da
primeiro como estimulante, mâs dePois como finâlida- intelieência, corno ainda Pode_ser realizada Perfei-
dê em si. tamente ben por macacos ou cães, ou ainda, o que
segundo um enfoque Eradicioná1, un dado que nâo talvez é pior, por uin idiota dotado de conhecimentos
oo".. ã". inteiramenre assimilado pela intel igênciâ, técnicos, Há ,.,.à a."p.opo.ção tragicômica entre a
'isro é, t"fa";onuda aos princípios universais' não grandeza dos meios quà tais viagens põem em operação
r"p.."ánt. conhecimento de espécie algumâ, tanto e a pobreza do significado intelectual que delas re-
quanto não o r.ePresentam os fragmentos de conversas sulta.
Do mesmo modo que .ma ascensão siínbólica e ini*
i"..""*." que ouvimos quando caminhamos pe1âs rua§' ciática aos cáus planetários -- tal como, por exÊm-
o que é verdadeiramenae abismante é o volume de re- olo- é descrira ná oi"i,. cooÉdiâ -- já nào é n"m
cursos financeiros e humaÍos que o mundo modêrno in-
wêste na descoberta de fatos dessâ natureza, que so mesno imagináveI para o inteLeLrual modPrno. ássim
se compáram, enr sua profusão desordenadâ e incom- também os esq,.r".as cos.ográficos antieos, de nature-
p'.en'iver. áos esrilhá(os dê percepções qYe.jnvadem zâ puramenc; simbólica e netarisjcs, passarã" a ser
a mente indeleca de um delirante esquizoÍrênico No interpretâdos literalmentc ., conr() tsis, declarados
indivíduo, uma tal di"per'ào da a("nção arráves das ê..ádos. Nesse senlido o (onlrtcintento noderno pode
ftiríades de detalhes qúe lhe são trazidos a cada mo- sêr dito menos inteLecLual do qu( imaginativo, Pois
nento pela percepção sênsorial sê'i ã considêrada um tem uma atração viciosa P.ln iüraBem material e.sen-
índice alarmante de desasregação da inteligência e sive1, que confunde a ascensÀo da Escada de Jáco coln
ã,--p"."."rria"a.; p., q"" .aá razemos um juízo i- a subida de ArmstÍong à t,,,,, e q,,e de certo úodo-se
gu.t^e.,t. severo q"ànao é uma pseudo-ciância univer- orgulhá do seu primarisnki. [n suas manifestaçoes
q".t nos convida a uma viagem suicida e sem .uI" u*.."*"", essa mentalidaae não hesitárá em ver
"itári.
fim pelo oceâno do não-significântê? em Jacó um "ptecursor" de Armstrong, saído dos sub-
terrâneos do "inconscientc coletivo" e prefigurando
60 6l
as etuais conquistas da astronáutica en Iinguagen Por isso, não é coincidência que Jacques uonod,
mítica; as aberraçôes de um von oaniken, por mãis no seu livro O Acâso e a necessidade, tenha feíro
desagradáveis que pareçam aos cienrisrás "sérios,,, dêpender todo o edifício cientifico de ufl Ípostulado
são u.a conseq"ência 1ógica e inevirávet da nentali- oê objêtividade" que. n;o Dodêndo ser provado, nào
dade c ient ífica vigente. é em si mesmo nem lógico, nem científico, nen obje-
tivo,mas resulta de uma "êscolha ética"(!), isto é,
úrti.a anárlse, dã senrimenralidade individuâI,
4 a qua1, na ausência do conhec imenro Ínetafisico, tor-
na-se a Jttima ráUua de salvaçao LIJ ordêm conr ra o
Para encerrar estas considerações sobre o áspec- ordem que coo. em qr" 'e crá.
to quantitativo do conhecimenro, cabe observãr que o Eis onde terminâ, em pleno sentimentalismo suplican-
volume de trabalhos ciencíficos realizâdo en dife- te, a caminhadã dê quatro sécuros de "rácionalidade
rentes cefltros ê sen nenhuma co"exão metóaica entre científica", caminhádá esta que começou no dia em
si já sendo inabarLável por quáIquer ser hunâno reat que um cavã]hêiro francês, aposentandô-se dá Aroada,
desde há tos anos. o chámado "conhê. inenLo huma-
mui lpz umâ promêscá à virgem de Lorero párá que thê
no" iá é possuíao por quên quer quê seja. e per-
não concedesse a grãça de descobrir una provâ deduriva
nânece arquivado em bibliotecãs e instiruros de pes- da existência de Dêus; o métoao pa.a obter essa pro-
quisa, em estado virtual, como um segundo Íundo su- va ocorreu-1he po,:cos dias depois, ê ele cumpriu a
pêrposLo_ áo mundo dos fdLos. ê esperando quê áIgum promessa, subifldo de joelhos as êscâdariâs da Isreja
diá êl8uem o oe.iÍrê. IsLo sem .on(ár que os proces- de Nossa Senhorâ de Loreto, sem suspeitar que seu
dê catalosação e ordenação de infornaçôes métoao seria o ponto de partida da "ciência moderna"
-- destinados inicialmente á Íornecer uma cerra or- e da negação da religião da qual e1e era devoro. O
dem ao nenos formal e externa a essa nassa descomu- câvalhêiro erá René Descartes, e êlê;
na1 de palavras -- já "progrediram,, rânto que nenhun considerâdo geralmentê um nodelo de sagacidade!
ser humano as domina em suâ totalidadê, e consriruem
já uma terceira camada dê opacidádes superposrás ao
mundo renomenlcô. 5
Cláro, o ciênrista modÊrno podÊ reLrucâÍ quê o
que ele deseja não é apresentar à sua inreligência a ciência tradicional, o qu. .stabelece á
Iodo o mundo marêriaI em sua exrensào horizonral, unidade do conhecimento não ; a "nidê.I. -- mais que
mâs sim apenas as leis matemáricas quê o ordenaÍn e contestáve1 -- do mundo sensoriàl coq,, nto tà1, nem
sintetizam. Mas con isso vôIrâríamos à constataçào muito menos a vaga s.nt i!n.Itn I id.(1. q,,o Monod subs-
de que, se o conhe.imenco não se dirise a um mundo rilu; áo mundo s.n\,'r i.rl , vrr(s,.,.rrr. . Lr que aá sua
sensoriã1 nas a leis e proporções máremáricas que em coerência e inteireza .r() (,)nh,.;ntrnto É a unidãdê .iô
si mesnras nada rôn dc s.nsorial. a marematicidâde á sujeito cognoscente, nrrs .il(, n,rm sentido kanriano,
a sub"ta,r. ir , n ,, rIs,'rrnti,L,,I, o áLidente. oào se pois não se_tratâ aqui (l(, suieiro individuaL -- ou
jusriri(itl,l,, x .,,1. r,, ,l, r r,,\ .lidoç aareriais Dârá seral, que e uma sinples .xt(,rsáo do individual -- e
des.obrir ,,,is.r- ,;rr,, 1',,t, r i.roro" .onsrárár pe.feita- sim do sujeito identificâ{1,, ( reintegrado ao Absolu-
mente bÊm pela iutúi!l(, uraremácica. Isto é, volranos rol é a unidade da inr, lrli,.,,, ia ne.ma. nào enquanto
â escolastica e a cir,rrr ia tradicional. manifestação individuât mns eoquánto participação no
Intelecto Agente, à objet ividade plena porranro! e,
62
a fortiori, à verdade nesma. A unidade do mundo te1 e fenonânico, mas em seu significado essencial,
repousa na unidade do lntelecro' ou Logos, que é a seguramente não terá aptidão para a metafísica, pois
unidade de Deus. a netâfísi€a tellr seu ponLo {:lê partida justamente
Evideotemêntenão cabe aqui uma exposlção da nessa coincidên.íá en(re o \pr " , onhecer, cu^ J a
doutrina tradicional quaflto ao Intelecto, mas Pode- " alma
base mesma da noção de verdade. "^ é tudo quan-
mos aproximar-nos dela pelo estudo do seu reflexo em to ela conhece"; díz Âristóteies. E á inaptidão ne'
nós, que é a inteligência. tafísica certanente fechará as portas das ciôncias
A inteligênciâ náo é a razão. Razão é o conjunto tradicionâis, pois estas dêrivam da merafísica como
ou sistema de estruturas --1ógicas, analógicas, lin- a razão hurnana deriva do Logos.
guísticas, etc. -- que fornecem un meio de simboli- Parâ esclarecer essas noções, podc s€ recorrer
zaçào, de suporte formâl, "materia1", por assim di- ao simboLismo da percepção visual e ao simbolismo
zer, pata a atualização dá intê1isência. A inteli- geométrico. O olhár hunáno psrr'.rurd a p"y."pçáo vi-
gência é a faculdade de compreender, isto é, de atu- sual nun quadro ên torno de um foco. À medida qtle o
alízar rc ser a realidade do objeto, na nêdida em foco se dês1oca de um lado para outro, o quadro se
que essa facuLdade é considerada eÍn si mesma e inde- desmonta e se remonta em torno de1e, por meio de ufl
pendentenente das estruturâs simbóiicas en que se rápido jogo de subsr ituisões dos pádrões geonétrico.
apoie nun caso ou noutro. É a inteligência que con- ao redor de pontos significativos- (TLldo quanto o
preende um mito, como é a inteligência que compreen- mundo moderno conseguiu fazêr con esse sinbol ismo
de uÍna demonstração geo,ét.ica ou as hârmonias musi- foi basear-se nele para inventar ã televisão). o fo-
cáis, embora os processos s;mbólico. em cau'a sejam co, entretanto, é em si nesmo invisíve1 e sem dimen-
tôrálnentê di stintos êntrê si nos vários .asos. são, ele está forâ e acimá do câmpo da percepção vi-
Vivenos, moweno_nos e somos dertÍo dessa inte- sual; fora en sentido sensorial e acina em sentido
1igôncia, pois, suprimidâ a inteligência, já "ão te- lógico, do nesmo nodo que o diretor de cena, no tea-
mos identidade hunâna nenhuma, e somos nada. Se tro, está fora do pâ1co, corporalmente, e acima dos
"ão
sms a inteligência, não exercenos a inteligên- atores j hierarquicâmente .
cia (o que suporia uma separação entre "ós e nós Por esse simbolismo podemos dizer que l] inLeli-
."s'os), .." somente certos mecanismos subsidiários gência é o foco d.rr razão (do me,smo lro.lo que. ÍrLa
de representação, que permitem "reali-zar" essa sepa- física é o foco das ciôncias rradic;onàis), ; a 1a
raçào em nodo imagináriol porLanto. sim- culdade suprá-racio.rál .m torno Já q,,nl J rrloú ri i,
bo I ízaçàesecpeLhjsmos. ánalogias, represenraçàesr
. seus padrões simbóIicos, num sentido des.ondente ern
exercitamos nossa razão, en suma. direção às distinções e precisôes mais particulari-
Crdr um de vocês podê, ênrrêtanto, con mais ou zadas à medida que se aproxina do mundo fenomênico,
Ínênos facilidade, recordar o monento, c€ntrã1 para a o que podenos representâr sob a fornâ de uD cooe:
consiituição do seu senso de identidade, em que per- INTELIGÊNClA ( fOCO)
cebeu que percebia, entendeu quê entendia, isto é,
descobriu-se como intêligénciu, como a8ênlê consLi-
tuinte do significado do nundo. Esse momento é ine- RAzÃo ( Padrôes simbólicos)
diatamente sêguido de um rrestrânhamento" em relação
à passividade "muda", à prêsença escática das coi-
sas em torno. Esse momento podê teÍ sido fugaz, mas
quem não se lembrar dele, não em se" detalhe aciden- MULTlPL]C]DADE FENOMÊNICA

65
I

sentido, todos os padrões simbó1icos 3ão


Nesse
"racionais,, urna vez que "razão" não significa mais
do que "proporcionalidade", e que aE rePresentações
simbó1icas, sejam lógicas, pictóricas ou de qualquer
outro Bênero, são apenas arranjos proporcionais de
distintos pontos e distâncias ern relação a um "cen-
tro" transcendente.
No caso das ciências do triviuo e do quêdri- Ápêndice ao capit"to rr
viur , _quanto mais os padrões de representação têm
,rm carácer puranente aritmético, mais estão próximos
desse cêntro irrepresentáve1; quanto mais .sensíveis, ResuLo da filosofia de são boaventura
mais próxirnos da periferia. Daí a hierarquia das
ciências: a aritméiica, no simbolisÍ,o planetário,
correspondê ao so1, pelo se. caráter centraL; o Pon-
co no ient.o da circunferência, no hieráglifo sorar, I. A Filosofia cooo cauinho
representa o foco que mencionei. rá a gra.ática é
simboLizada pela lua, porque está mais próxima do rá1 como a vida mesma é uma peregrinação, a fi-
.unao sensívà1; o simbolismo da Lua, um seuricírcr-r1o, tosofiâ não é outra coisa senão o itinerário da nen-
indica o caráter bipartido, reflexo, do conhecimento
por representaçào. Más com isso já entramos na ques- Nessa viagem, se Deus é a meta, o caDinho
rào do simbolismo, que é o assunLo de umá dás Proxi- ; constituído pelo Dundo sensível; e os seres que
mas conferências. nesre ,esidem sào pa.a nó" sinais e oensageos que
Deus e spalhou pelo câminho.

It. O útodo quâtertrário


o mÉtodo de são Boaventura quádrup Io e c i rcu-
iâr:
1. Â razão têm por funçào decifrar os signos
do Livro do }íundo, cujo sisnificado úrti.o á oe"s
2. Has, se é a .azào que fornece o conhecimeoto,
a razão não poderia fornecer a razão, pois a inteli-
eência do honem deceído após o pecado de Adão e Eva
É nublada peto apeso à mult iPlicidêde sensÍvel e
confunde os signos com-o significado. Por isso, qúem
fornece âo homem a razão é a graça, e esta é obli-
da âl raves da vida santa; mas, Pelás me'mas razJ"",
o honrem rràu pod. obrcr a vida sán(á por si mrsnr'. '
assim o se6r,rr,l.r pasr" do método é a prece.
66 61
:1. pr..r. obtém ã graça da vide se$ta. a disposição das coisas. Portântoj qualquer coisa
^ pode servir de ponto de pártida para descobrir Deus.
4. vida santa desobstrui á inteligôncia, e "É preciso ser louco para não reconhecer, en tan-
/rssiir o ^
lromem reconquista â p1ênitude da razão, po- tos indícios, o primeiro princípio".
dorrrlo entào entender os sisnos.
2a. Etapa - Âo passarmos para esta etapa, veri-
ficamos que as claridades que obtivemos na prirneira
-,.- l'uo\pRECn
não passavam de sonbrás. Ao buscarÍnos agora, dentro
vrDA SANTA ---_]- dâ nossa almâ, já nào encontramos sombras, mas uma
ináA€E mesmâ de D€us.
\.Jr^,,, NB - faro, rrâ idéia de oeus já está implicada
De
na mais simples de nossas operações intelectuâis.
Para definir plenamente una substância particular
IIL A verdade qualquer, é preciso apelar a princÍpios cada vez
mais elevados, âté quê se ctega à iaéia de um ser-
A verdade apresenta-se de dois nodos: por-si". (Et. cilson)
a) a verdede de Deus, que consiste em sER tudo o
que a essência infinica podê ser. 3a. Etapa - É possivel, áinda, passar da imagem
ao conhecimento direto, se formos suficientenente
b) a verdadê das coisas, que consiste em PARE- fundo para dentro de nós mesmos, pois "nosso inte-
cER, indicar, significar. lecto está conjunto à verdade eterna mesma". Aqui,
"não afirnamos a presença de Deus por termos con-
quistãdo o seu aonhecimenEo, n,as, ao contrário, co-
nhecemos Deus porque êle já nos está prese.te. Se é
A descoberta da verdâde tem três etapas: a presença de Dêus que funda o conhecimeoto, está
claro que a idéiâ de Deus implicá a sua existência.
l. Reencontrar os vestígios ou sinais de Deus no Implica-o precisamente porque ela não ; náis uma
mundo externo. idé1a abstrata das coisas sensíveis, mas porque a
idéia de Deus em nós é oe"s mesmo, mais interior a
2. Reencontrar Sua iDâgen nâ nossa almâ. nós do que nosso próprio interior". (Idem) Aqui, en-
tretanto, diz São Boaventura, entranos no inexpri-
3. Ultrapassar as coisas criadas (conhecimento .íve1.
por sinílaridadê) e chegar ao coqhecim€nto de Dêus
( conhec imento direto).
i,oa.-"., po.t..,to! esquematizar o rnétoao ae são
Detalhes sobre as três etapas: Boaventura por um esquêÍra numérico ou um símboto
geomé trico:
la. Etapa - Consiste en perceber a presença de
l\',,s sob o ríoviúetrto, a ordeo, â Dedida, a belêza e

6a 69
siDbolismo nuúérico
1. neta: a verdade, Deus
2. t ipos de veldáde :
a) de Deus (diretâ)
b) das co i sas (reftexa)
5
3. etápás do conhecimento:
a) nas coisas ou sonbres
b) na alma ou imagem Quêstõês de siobolisEo geoútrico*
c) conhec imento direto
"momento" ao métoao: I

a) razão--rb ) prece-+c) Braça-{d) O ponto é o símbolo tladicional do Ser, ou Uni-


I dâdê. 0 mais sinples e fundanental dos símbolos tem
sido aquele sobre o quál se acumulou o naior número
Sinbotisoo geonétrico de equívocos e paradoxos, tânto na geonetria elemen-
tar quânto ná filosofia das natenáticas ou no estudo
ps icológico do s imbol ismo.
Desses paradoxos, o mais surpreeÍdente é aquele
REAL (DEUS ) que, uma vez tendo afirmâdo que o ponro nào ten ex-
tensão, declâra retâs e planos, bem como
todâs as figuras geométricas, compostas de pontos.
Como poderia o que quer que fosse ser coÍnposto de
RÀZÃO algo que, não possuindo extensão, poderia ser inde-
finidamente somádo á si que jamais urtra-
VIDA SANTÀ
IMAGEM
PRECE passâs se ã ext€nsão zero?
( nouEM) A geometria escolar escápa desse paradoxo medi-
ánte o decÍêto de que ponto, reta, pláno sào no,,óes
CRÂçÀ "intuitivas", subentendefldo por intuitivo algo assin
como os "mistériosI da Igteja, que, embora não po-
dendo compreender dê forná alguEa, devemos aceitar
de bom grado (como se fosse possíve1 aceitar -- ou
SOMBRÀS ( Coisas ) rejeitar -- uma sertença cujo sentido desconhecemos
por inteiro).
No câso dos mistérios católicos, entretaoto, o

* Publica<lo orisinalmênte em Universálidsdê e


tração ( são I,súlo, Specutum, 1983).
70 tt
dogma deixâ a porta abertâ para uma outra forms de canentê, após um breve excurso pelos fenôÍnênos par-
entendiÍnento, afirmando que pela fá e peLa graçâ po- ticulares e pela experiência sensíve1, para sêr de-
derlmos ir.imilar um álimênro que â razão tem na vorada no labirinto e has trevas cono as vítimas ri-
conLá de indigeríveI; enquênLo que o geômecra assume tuáis de um novo Minorauro.
como ponEo terminal a razão, não reconhecendo nenhu- DesviaÍdo a atenção dos aLunos para o aspecto
má torma de intuição intelecrual (omo superior a es- puraneote opêracional -- técnico ou pirotécnico --
ta, e não deixando outra saiaa senão a de âceitarmos das maternáticas, e fazendo ouvidos de mercâdor ao
o paralogismo como bâse da tógica ê â loucurã como apelo dê seu aspectô primordiat, metafísico e sinbó-
fundanento da razão. 1ico, o ensino moderno transforna-as numa autocom-
A pressa irritada côm que o professor de geome- placente e irresponsável dânça sobre o abismo, pre-
tria desliza sobre esse ponto, rêprinindo como im- pârando os jovens para se embriagaren mais târde na
perLinênte o áiuno quê despje áproÍundá-lo, é um curiosa nistura de orSulho râ( ionalisla ê neSro de-
.orvite ao êmbr ure. imento prêmáruro dâ intel igênc iâ, sespêro, que constitui o ledor râraLreri"Lico dá vi-
que será levada a insênsibilizar-se pelo convívio da cuI turáL modêrnâ.
cotidiano com o nistório castrado e toÍnado inofen- os antigos, ao contrário, jãnais deixaram de
sivo. Todos sabêmos que o' prêmios escoLsres vào pa- reconhecer que a razão tem seu fundamento e raiz nu-
ra aqueles que melhor se saiam no nanejo hábi1 de na forma intuitiva de conhecin€nto, não, porém, e"-
mecanismos cujo sentido desconhêcem totalmente, e tendida cono vago e indigesto "mistério" obscuro e
que rnanobrarão, aliás, con tâoto naior desenvoltura infra-racionaL, pelo qual passamos rápido e a medo,
e orgulhosa suficiência quãnto menos suspeitarem da cono um ladÍão na noite, parâ roubar ã18uns axiomas
existôncia de um sentido, pois esta suspeita poderia e sair correnclo em direção às apticações técnicas e
iazet àe vô1ta â questão dos fundamentos da razão e práticas q"e ccmstituem para nós, hoje, o único do-
desembocar no temor pâralisante do úysteriun quê mínio claro e seguro onde nos abrigamos; formâ in-
se estende para arém do operacionalismo utilitário e tuitiva dê conhecimento entendida, digo, não como
áutocomplacente êm que se resumem as "matemáticas" negror do incompreensíve1, céu claro da
do ensino noderno. contemplação (conteúplatio, theoréin); beatitude de
No mesnro aco, ao reconhecer inplicitamente que a conhecimento que era a Íneta finá1 de toda pedagogiá,
razão sê funda no irracionâI, o professor de geome- de toda técnica, de tôda ciência, de toda racionali-
triâ destrói no â1uno as râízes mesmas da noção de dâde.
ciência, pois cono poderia, sem contrâdiçãoJ afirmar Para os antigos, os "princípios princ,ros", co
que a ciôncia é a busca racional de invariante:; uni- nhecidos peld inr'ri,,à,'. , r"n' r ,,r is,'rr, mes tamb.m a
versais, sc por outro lado os mais universais dos meta do conhecim.nto; rnas orlo rrrrnr l,roccsso circuiar
invariantes já cstão dados, de início, ê toralmenre de tipo auco-repet il ivo (' I.n( btoso coÍIo ôo caso do
indep.od.rrrcs .lx .iônc;a e da razão? Minotauro moderno, pois a drip.r'nr, o caminho e o fim
Orr ri c()rl!,.tm,'s (t,,. to(lo co lrr,cimento esseDcial ocorriarn em ptános dist inl,,s.
e_ inluir iv., , rn,,.lr.rr.,, \,.,,,1u a . ien( ia ápenas a A "orige;" não desisnnvr rpcnas o coneço lógico
r p I i c r \ r , ,1, ,l r rv. 1,,\ t,, r", ít'ro. inru ir ivos aos cá- ou temporal, .as, ao .o,,t l1ir;o, o plano supra-tempo-
',
sos particulâr ( i .rrD o (tuc voltamos ao conceito ra1 dos arquétipos ou p(,rsibi tidades eternas.
medieval da ciirrr irr ,,n,, rrLc, ou Íaplicação da dou- o cáminho eraj p',r ',n lJdo, a exisrànciá temPo-
trina" --, ou art irrmrs que coda ciência se apóia ra1 e, por outro, a râzi{} (omo fio condutor ou mapa
num absurdo inic ir | , ,ro qual deve retornar periodi- de Êetorno ao mundo dos a'queitipos. A fiLosofia -- a

72 1)
ciênciâ enquanto tal -- era uma atividade destinadâ
a €orrigir os desvarios da inente humanar modelândo-a una fâse do ensino sapiência1 -- os "Pequenos Misté-
pela -certeza infalíve1 dos arquétipos, simbolizados riosrr referindo-se ao ensino das leis do cosmos e do
nos numeros, nas harmôniâs musicais, nas figures devir,os "Grandes Mistérios" ao conhecimento de Deus
geométricas e nas esferas ptanetárias ( I ). À razão, e dâ €ternidade. Tratândo-se de ensino, é evidênrê
portânto, conduzia o homem até o portal do rnístério. que nen os pequenos nen os srandes Mistérios tinham
nada derrmisteriosoÍ no sentido atual do tÊrmo.
Mas esse mistério diferia profundanente do abis- Em terceiro 1usar, o retorno cíctico aos misté-
no de perplexidâde ae que é o ponto de partida e dê rios não tinha o aspecto dê r{]petição intermináveI,
chegadâ da logica e da matenatica moderna. n"m cíiculo fechado que a iusto título se poderiâ
Em primeiro lugár, se a razào nâo era o ponro considerar uma imagem do inferno, porque se tratava
terminal, mas apenas o meio on o câminho para levar justamente de retornar dêsde a realidade nanifesta,
a unâ outra coisa, o Íilósofo antigo não teria mais e portanto finita, ao mundo dos arquétipos, e por-
motivo pâra assustâr-se ao chêgar à fronteira do su- tanto das possibilidâdes eternas, e daí ao Absô1uto,
pra-racional do que o teria um viajante que, tendo saíndo definitivanênte de todo ciclo de transforma-
tonado un Erem para dirigir-se ã certa cidsde, visse ções (samsara).
aproxinâr-se o fim da vi.agem. Longe de encarar essa o retorno aos princípios tinha, assin, como fun-
perspectiva como o fim do mundo, ê1e â encararia ção, por um ladô, reassegurar a submissão das pãr-
simplesmente cono a passagem do provisório ao defi- res a um núcleo.encrál e superior, e, por outro,
nitivo, do meio à finalidâde. pernitir que essa intuição central novamente irrádi-
De fato, já o rome mesmo de filosofia pressupõe âsse sobre Eodo o canpo dos conhecimentos e âplica-
a existência de un conhecimento supêrior à própria ções particulares, fecundando-os e renovaado-os.
filosofia, isto é, ae una sabedorie terminâ1, de- Cada retorno trazia, portãnto, u.a regeneração
finitiva, "âpós a obtenção da qual não há mais co- do mlndo, e, nesse sentido, o rêtorno periódico da
nhecimento a ser obtido"(2). Eora essâ hipótese, se- ciéncia a çqu" princípios rinhá uná funçào anátoga à
rá preciso admitir que os filósofos se definiram, .dos ritos de renovação do tempo que todas as Tradi-
desde o início, como anantes do inexistente. ções senpre realizaram no êncerramento e abertüra
A passâgen da Íilosofiá à sabedoria é tem marca- de cãda ciclo temporal (3), e dos quâis as festas
da na estrutura dos diáIogos platônicos, onde à par- âtuãis dê fim de ano representam un resíduo carica-
te dialética -- preparatória ou propriamente filosá-
ficá -- se segue semprê o re1âto mÍtico, isto é, a
transnissão simbólica de um conhecinento efetivo e
conc lus ivo, de natureza sapienciaL 2
Em seaundo 1usar, a patavra ,,mistério,, só muito
receotemente -- a parcir do Renascimento, áo que me O ponto, scaúDdo sr.rliz, ri iq,,ilo que não tem
constá -- veio a sisnificsr o inintetigivel. Anres, dimensão nem ext cosiro ,1,. ,,r'1,,1, ir alguma. Ora, uma
dêsi8n.Bv.s pr,.cirrmnnto nlgo atravis do quál o conhe- dimensão é nadá mais q,,i, ,,u i,istcmá de direções que
cimento se rovelnva, s. tornrva visíveI. Se não fos- definê as várias extoncor,s sr'sundo as quais umâ fi-
se assim, conlo fxpl irxr (lle essa palavra tenha sido gura admite ser .nfo.nrln (,,, m.dida. Conforrne o núne-
usada como nome d. ,rn gênero teatral, pedaeóeico e ro mínimo de diroç<,r's (t,,,'definam uma fisura, tâ1
popular, como os "rnistr;rios" medievais? Ántes disso, será a sua dinensão. tlmn r( tâ é definida por una ú-
porém, o termo mi,t,ir io já desjgnavá propriamente nica direção (dois senr idos); um plano, por duas; um
74 1\
so já assinalado de a soma de elementos inextensos
só1ido, por rrês. acabar produzindo extensão; ao passo que um princí-
 geornetria euclidiana admite apenas essas três pio formativo contém necessariámenrê êú si a ct,ave
dinensões, mas podenos utilizar o simbolismo geomé- de todos os fenômenos que produz, não precisando so-
trico, ou espacial, para representar realidades que que quer que seja para produzi-1os, ê pêr-
não são em si nesnas espaciais nem geométricas; por tencêndo mesmo a uma orden de rêâ1idâde distinta e
exemplo, quando usâmos o movinentô dos ponteiros de superior àque1a onde se dão esses fenônenos.
um relógio pâra assinalar o tempo; Possuindo, assin, todas as dirÊções e dimensões,
representação geomátrica implicará nâis de três di- o ponto contén também â chave formâtiva de todas âs
mensões, embàra no desenho elas tenhan de permanecer figuras. Estâs, portanto, não poderão formar-se por
implícitas, por ássin dizer. Está claro que nenhum so â de pontos, nas, ao contrário, por supressão de
sistema simbólico pode dar conra da rotalidade do direções e dimensôes do ponto.
real, e por isso os antigos articulavam vários sim-
bolismos uns aos outros, anexando por exemplo -- no llma reta será, assim, definida como uma única
quadrivium -- a núsica à geonetria; de fato, um re- das muitas direções que âtrâvessârn um ponto; um plâ-
1ógio é uÍna representâção simultaneamente geométri- no, como duâs; o espaço, como três. Âs várias dire-
ca, musical e astronônica do rempo; e quaLquer um çõês e dimensões poden ser âssim consideradas como
pode verificar que a ausência de qualquer dessas pontos-de-vista segundo os quais o ponto pode ser
três representações tornâriâ impossÍve1 a existênciâ enfocâdo; e as figuras geométricas, como conbinações
dessa síntese simbólica denoninada "re1ógio". e arriculâçôes de s ses pontos-de-v i sta.
Qualquer sisteÍna sinbólico é, assim, inplicita- Se um ponto, considerado em si mesmo, ten todas
Eênte nultidimensional, e a seometriá não teria co- as dirêções, considerado como um 'relenentoÍ de uma
mo escápár disso, admitam-no ou não os geômetrás ro- reta passará a ter uma única direção, em função,
precisamente, da Iimitação unidirecional que define
ora, um pon(o, se nào tem extensào, tem, no en-
tanto, dimensão, ao contrário do quê se crô, pois As dimensões e figurâs são, desse modo, e por
ele tem dê estar en algumê direção, sob pena de não assifl dizer, "subjprivas" em relação ao ponto. pois
estêr em par:te alguna, isto é, de não\existir. constituem apenás maneiras ae encará-1o, enquanto o
Pois bem, em quantas direções está um ponto? Es- ponto é rrobjetivo", pois, contendo em si todas os
tá en todas ss direções eo uê§ro teupo, pois qual- pontos-de-vista, não depende de nenhum deles para
quer 1iÍha que se imagine, eÍn qualquer p1áno que es- existir.
teja, terá sempre umâ paralela que passe necessaria- Com isso, livramo-nos do carátor peiorativánente
mente por ês se Ponto. "abstrato" da geoEetria e restituímos sou tiame or-
O ponto é assiu,a figura que, não pgssuirdo ex- gânico com a p"r."r',,ào n,,,mxl l,',nx,n", .,á ,", q,",
teneão, está sirrltaoearcote eo todás ss direções e na realidade sensível, nrio po<t,.rnos "ver" um ponto, a
possui, portanto, a totalidade das dioênsões. não ser cono intersecçr'io ,l(, lilllrns, do mesmo modo
Nesse scntido ri qrc o ponto representa o princÍ- que.não podemos "verrr úm ohi(,1r, "en si", isto á, na
pio 1ó8ico e ontol<i8i(o de onde emersem as fiauras, simultáneidadê d' t,,Jrc xr ,,,r.r' dimênsões, ÍÍas ape-
e não apenas um "rlerncrrto" constitutivo destâs; pois nas segundo um ou alSurrs I,()r!tos-de-vista, que serão
utn elemento, para contribuir à tormação dâ figurâ, precisamente a(tucler t,,.1(,s 9uâis o encaramos. A in-
deveria somar-se ou xrt icular-se a outr:os eleneÂtos visibilidade do porrto.ri a iovisibilidade dê qualquer
da mesma espécie, con o que cêiríamos no contra-seÍ- obieto tomado c,)nro totalirla<le "em sir'; sua visibili-
76 77
dade, a de quálquer objeto enquadrado -- e por isso dem quantitativa, ( à qual o Absoluto é transcerder-
mesmo limitado -- por um dado sistemâ de perspecti- te) e portanto, embora representando o Absoluto, e1a
vas (4). De nodo quê os aparentes paradoxos sobre o
ponto se reencontram em qualqner objêto sensíve1, as figuras, a mais semelhantê ao ponto
De todâs
não cabendo atribuir aos objetos geométricos um ca- é, pois, a esferâ, porque, as figuras diferencian-
ráter nem mais nen menos "misterioso" da que s todos do-se pelo seu nú,ero de_direçôes, rânto o ponto
quanto â esfera ten indefinido de dire-
Assim, como as figuras fornaÍn-se por particula- ções. O mesmo se poderia dizer da circunferência,
rização -- e portanto linitação -- das possibilida- num s imbol i sno p1ano.
des do ponto, está claro que a totalidade das figu- Jâ a reta e, de todas, s figura mais diferenre
ras possíveis será manifestação integral dessas pro- do ponto, por ser a mais limitâdâ quánto ao número
priedades e, portanto, o correspondente, nâ ordem da de direçõps. O ponto e a reEa tormam, porranro, os
manifestação, àquilo que o ponto é na ordem dos dois êxtrêmos de uma "escala" dentro da qual se dis-
tribuem as váriás figuras geométricas segundo o nri-
l"so é simbolizaco na relaçào entre centro e nero dê suás direções. Como o ponto, entreranto, não
circunferência, pois a circunferência representa, no é propriamente uma figura,e sim ele mesrno é o prin-
plano, o mesmo que a esfera no espaço. sabemos que á cípio das figuras, pode-se dizer que e1e está fora e
c"rva é aeterminada pelas-suas tangentes; a tangen- acina dessa escala e que, portanto, a primeira figu-
te, sendo uma reta, contém umâ direção (dois senti- ra -- a mais multidirecional da escalâ -- é a esfe-
dos). Portanto, a circuoferência, sendo a única fi- ra, seodo assim a esfera e a reta os dois extremos.
sura que se define por ter un número infinito (ou Em sentido decrescente, essa escala iria da esfera,
melhor, indefinido) de tangentes equidistantes do através dos sóriaos c"rvos -- supe!fÍcies topológi-
centro, tem a seu próprio nível, uma das proprieda- cas -- para os poliedros regulares, destes para as
des do ponto, que é a de possuir um número "infini- figur.as planas e destas pâra os se8nentos de retas e
to" de direções; a diferençs é que a circunferência as retas, mais ou nenos assim:
tem direções "infinitas" no plano, enquanto que o
ponto âs tem no espaço,,sendo e1e mesno, assim, o Escala das fisurâs
princ ipio do espaço (5).
Quanto à esfera, ela Eem um número indefinldo de 1s Esfera
retas e planos tan8entes em todãs as direções, e po-
deria ser considerada totâlmente igual ao ponto, se 2e só1idos de supertír:ies planos ran-
essas tangentes fossern também tangentes ao centro; gences não equidistantcs do centro.
ora, a distância que vai do centro ao p1âno tángente
da esfera -- o raio - não é em si mesma una tangen- 3e Poliedros com tr 1ados.
te da es[crâ, e por tânto â esfcrá ten todâs as dire-
ções possivcis mnos as.lir.,çõos dos raios, sendo, 4e Poliedros com n-l 1ádos
portaoto, "nx.is liurít dn" (tú. o ponto: trata-se de
duas indefinitú(l(.s, nurs tlt' "támanhos" diferentes. 5e ...ne Poliedros com tr-2, n-3
Há entre o p,,,,r,, r ,r .jr1.râ urna relação tromó1oga à
que há, na netalisica, intre'rÁbsoluto" ê "Totalidâ- na + I FiCuras planas com curvâs
de"; a total i(ls(i. iorr)Lica uúâ consideração de or-
18 79
I

n9 + 2 Eiguras ptanas regulares com tr lado§ as retas ao pontoj ou seja, ae todos os relativos a

ne + 3r4,5 ,..n FiguraE planas com n-|, o-2, Assim, cada segmento pertence, simultâneamente,
n-3,... Iados 1e ao ponEo que oÍigina a recâ a que pe.tence; 2e a
1 esta reta; 39 ao plano total; 4o a cada umá dâs re-
ns + n9 Se8úentos de reta. tas que atravessam o ponto e se espâlhan pelo plano,
porquê,se o segmento pertence a total;dade do p1ano,
n9 + ? Reta pertence também a cada umá de suas pârtes, {lesde que
estes não tôm existência senào pela totalidade.
Essê escala é o símbolo dá totalidade dos esta- Temos portanto aí um sinsolo <la participação si-
dos do ser, segundo o seu progressivo "afa§tâmento" multânea dos entes em vários estados de existêocia
do ser püro. À retâ simboliza o princípio de divisão (representados, no caso, pelas direçôes).
-- a substância. o enEe participa do seu próprio êstado através
Por un ponto pode pessar um número indefinido de da direção em que está ê, portantô, da distinção en-
retas. Cada segmento dessas retas ten um tipo de re* tre essa direção q as demãis; êssa distinção se faz
alidade duplâ e simultânea: pode ser visto enquanto a partir do ponto. i!Íâs êIe participa do Todo atraves
parte de uma reta ou como parte do p1áno total, que da união de todas as direções no ponto. E participa
é e.anação do ponto-e no qual a retâ a que pertencê também de cada uoâ das outrds oireçàes atravi" das
esse segnento é senão u. ponto-de-vista entre rnui- figuras geornétricas que estabelecem re1âçôes entre
tos. Do mesmo modo, cada ente pode ser visto ora co- segmentos.
mo nenbro da sua própria espécie, ora sinplesmente O simbolisno do .írcrrlo p dr r. rá .oni-m, Llr rá-
como um ente irdividuar. neira resumida, a doutrina dos estados múrcipLos ao
Ora, dada uma reta e, ne1á, um segmento, este ser. Cono o símbolo dâ Unidade, o ponto representâ
segmento n{o poderá ser medido -- comparado -- com evidentenente o lado êssência1 da rnanifestação toma
um segmento de outra reta a não ser que suponhamos a da como um todo. se, porém, tratamos dos entes ên
existência de um plano conum a ambas. particular, o ponto -- representando a totalidade
(Aqui é preciso abrir um parônteses pârâ exPli- dâs possibilidades -- passará, muito na.uralmente,
car que duás paraLelás nào poderian, Por si. deter- perâ inversão que sempre mudãnça de plano
minar um plano, pois ou há distâncjá enrre eIas. ou -- a representar a "subscância" de que são feitas as
nào há; neste útr i," .aso, anbas sào a mesma retá, e fisuras, e a reta a essência, ou seja, a aquilo que
só reca não determina um plâno;no caso anterior, determina a qualidade particular dessas figúras. A-
"ma
é rorçoso supor entre eias un número indefinido dê 1iás, isso é claro pelo fato dê que, por um lado, o
s.,grnentos de retá de i8ua1 extensão, perPendiculares que define as figurâs, quando retilíneas, é a <lire-
a ambas,e assim não §ão duas retás apenas que deter- ção e o "ú.e'o de suâs arestas, e, quândo curvilí-
minam o plano, mas elas oais pêlo menos um segnên- neas, a dirêção de suâs tangentes; en ambos os t asos
to. Assim, duas retas bastam párâ determinár un pLâ- são retas ou segnentos de reta que det.'rmir),rri{, r
no desde que não sejam paralelás. ) forma -- isLo é, a quaiidád,
ora, se falamos em plano, rePortamo-nos imedia- -- das figuras. Por outro 1ado, sendo as Iirlrr|t'; rr:r
tamente ao ponto de origem e cruzamento das retas. da mais qr:e "pontos-de-vista" sohr'( ,, t),',,1,', ,,nri,
Assim, a mediação --comparação -- de segmentos pres_ vimos, está claro que âs figuras ri,, 1r'i r ,r" rlo 1,,,rr
supõe a existência do plano e a referência de todas to, a Partir do ponto que ó s,r,r ,,,,1,,,1Ir,), r,i, :i,!rdo
80 IJI
mais exato dizer ísto do quê efirmâr, no plure1, co-
no seralmente se faz, que sào feitas "de pontos", o
que, além de levar à contradição que iá assinalarnos,
contradiz a unidade de sub.tância no plano cosmoló-
gico.

Notas

capírulo I

l- O Sr. WilIiãm Stoddart, que foi diretor dâ revis-


tâ inslesa studies itr coEpârativê neligion (com Étu-
d€s :traditionelles â mais importante publicação na
área) está prepârando desde há alsuns anos umâ bi-
bliografia completã dos estudos tradicionâis publi-
cados em língua ocidental desde o comêço do século.
uma curta resenha dos auEores mais importantes foi
aprê§êntáda por Sêyyed ltossein Nâsr no caP. II de
sêu mais recente livro, Knoslêdge and the Sacred
(Nen, York, Cros sroad, l98l).

2- Olavo de Carvalho, üniversalidade e Âbstração,


São Paulo, Speculum, 1983;e Astros e símbolos, São
Paulo, Novâ Stê1Iã, 1985.
3- Rêné cuénon, Aperçus sur 1'Initiation, Paris,
Éditions Traditionelles, 1977, p. 222.
4- Cf. René Cuénon, O Bsoterisro de Dante, trãd. An-
tonio Carlos Carvalho, Lisboa, vegâ, 1978, pp. l9-36
e 45-5l .
5- Evideotenente não espero que este ponro, absolu-
tamente essencial para â âssiflilação das (loutri as
esotéricas do Is1an, seja compreendido por nenhuÍn
daqueles que hoje eÍn dia acreditan ô,, p.l(' m.nos
afiroam, con notáveI descaramento, hÍrv, r "rrrns.en-
dido" o pcnsánpnro lógico me,ti:rrrr, t.r.,r, .r' t ', 'r,lJ-
82 ut
sufis. De quâlquer modo, os denais encontrarão uma 9- Cf. Louis cáldet, 'rconcepções muçulmanas sôbre o
explicação mais detalháda no meu livro Lógica e tempô e a história", em Paul Ricoeur et alii., As
esoterisnor à sair pela Nova Stella. culturas ê o tempo, São Paulo, Edusp, 1975, pp.
229-251 .
6- Cf. Mohyiddin lbn 'Àrabi, L'Alchinie du bonheur
parfâit, tradult et presenré par Sréphanê Ruspoli, l0- Cf. Titus Burckhardt, Clef spirituelle de 1'as-
Pãris, Berg! 1981. Eica, porranro, êvidente que quâ1- trologie mrsulDane d'apràs lohyiddin ibtr 'Arabi,
qúer um que se âprêsente falando de práticas sufis, MiIâno, Archà, 1978.
muçulmano ortodoxo e fiel cumpridor da
lei . oràmira em cêu àspêcro exoLérico, é sem sombra ll- Sobre os sons primordiais em seráI, v. o c1ássi-
dê dúv:dá Lra reedi!ào do "viajanLe rebelde" já.on- cb de Fabre-d'Ol ivet , La Lângu€ Hebraique Resti-
dênado sête sécu1os atrás pelo "maior dos shAikhs" tuée, raris, Delphica., s/d (reprodução fac-sinilar
oo sJrisro. Já observei pessoalreaLe Íenómenos es- da êdição original de J. M. Eberhárdt), e Martin
tranhíssinos de s-;biEo êsquêcimenLo de conhecimenros Lings, Â Sufi Saint of the XXth Cetrtury, London,
tradicionâis (ao menos teóricos) por parte de I'bus- Allên & Unwin, 1971, pp. 148 ss. Cf. também Henry
cadores rêbeldesrr, em condições muito simirares às Corbin, Tellple et ContêDplation, Pãris, F1ámnarion,
meocionadâs pelo shêikh nesta narrariva. Mas, por I980, pp.67-142.
coincidência, esse esquecinento parrir do l2- Por isso muitos templos têm um zodíaco logo na
instante em que essas p€ssoas âbandonaram a busca de entrada, simbolizândo o cruzamento da frontêira en-
uma espiritualidade verdadeira em troca de "récni- tre o mundô "cósmico" e o supra-cósmico. Em são Pâu-
cas" psicológicas, obviamente fâtsás e aré mesmo 10, pode-sê observar isto na Isreja de São Bento.
perversas,mas nem por isso menos lucrativas. É c1a- Cf. Jean Hani, O sinbolisúo do terplo cristão,
ro quê êçsá5 Dessoás ácrêdiLdram, ou r ingirám ácrê- trâd. Eduardo sa1ó, Lisboa, Ediçõês 70, 1981.
ditar, que o "verdadeiro conhecimento" sufi residia
nessas técnicas, sêm dar-se conra de quê estavan
sêndo enganadas por um "gênio planetário". Capítulo II
7- Sobre a tradição chinesa, v. o ciássico La Pensée
Chinoise, de uarcel Granet (Pâris, Albin Michel, l- Isto não deveriâ tâzar na;or diferensa,
1960), e também Á araEde tríade, de René cuénon. So- to é que na prática os cientistás se esquecem de que
bre o "ttomem Universâl", ver 'Abd Ak-Karin À1 JiIi, sua c iênc ia deriva oe prin"ípios segJndos e, porran-
De l'Home Universâl (extrairs du liwre 'rÀI-itrsân to, depende dê unâ metáfísicá e de úma sabêdôÍiã
al-kâniln), trad. Titus Burckhardt, paris, Dervy,
191\ 2- De lrunité Trânscendante des Rélisions, Cháp. IX.
8- Sobre a l,rrrç:r,r Pr,,l,;t i.r, vq nx u Iivro O profeta 3- Titus Burckhardt, CIef spirituelle de l'astrolo-
da pá2. tsstudos *obro o ei6nilicado uníversat de gie mrsulnâne drapÍàs t{ohyiddin Ibo 'Àrábi, M i lano,
episodios do virla do llíom., .r s, r .d;rádo brêvêmenLe Archà, 1978, p. i9.
por Nova Stelln, Sl(, I,x,,1,,.
4- Cf. L'Alchimie du Botrheur Parfait, II r,l. St ,lfha e
Ruspoli, Paris, Bere, 198 i.
84 85
5- Cf. nosso trâbã]ho Astros e símbolos, São Pau1o, horlesto de fazer de um tipo qualquer de "psicotera-
Nova Ste L la, I985
.
pia" um sucedâneo da espirituê1idade. Convém obser-
var que a êutora, embora tenha sido nossa aluna,
6-Já estudâmos essa duplicidade de perspectiva, sob co[tprometeu-se dêpois disso com corrênEes francamen-
um ângulo ligeiramente divêrso, em nosso trabalho re contra-iniciáticas, ê que nadá dô que eIa di2 po-
"Influência astral e planos de realidâde", en Astros de ser entêndido como e"pressão do nosso ponto-de-
e símloros, op. cit. , Cap. rlI. vistâ.

6b- Estê trabalho iá estava escrito desde muitos me- 7- No sentido amp1o, não limitativo e "guénoniano"
ses ântes, quando tivemos o dêsgosto de 1er, no su- da palavra.
plemento rolhetin, da Folha de São Paulo de 15 de
fevereiro de 1986, um artigo assinado por uma ex-a- 8- Este ponto já foi exaustivanente denonstrado em
1unâ nossa, no quat não aPenas se cometia essá nesma inúmeras obras de aucores tradicionais (por exemplo,
confusão, mas sê utilizavá como instrumento Pâra co- Rená cuénon, "Necessité de 1'exotérisme traditio-
.etê-la o mesmo texto de São Tomás de Aquino que ha- nne1", em Initiatioo et Réalisation sPirituelle, Pa-
víamos utilizado para preveni-1a. Tratâ-se do texto ris, Editions Traditionelles, 1975), ben como em
referido na nota ânterioÍ. No referido ãrtigo, a âu- nossos trabalhos ânteriores, rnas semPre surgen pes-
torâ, ao discutir a etiologia das neuroses, afirmava soas iludidas, que se acreditam portadoras de não
que ôs movimentos dos p1ânetâs não são car-rsas desses sei que dom especial que as hâbilita â tornar_se ex-
ástaaos mórbiaos, de vez que, "segundo São Tonás de ."ções a ."gta, Podendo ter acesso à realizaçào es-
Aquino, os astros não influen no nosso entendimen- piiituar sem .ut."t"'-"" à lei rel igiosa É uma do-
to". Ora, isso é precisamente o contrário do que ençá.
pretende dizer S. Tomás. De acordo com o Doutor An-
gélico, os astros não influem no entendimento huna- 9- Cf. Frithjof Schuon, L' EsoterisDe come Principe
no, mas podem obstar ao sêu funcionamento normal et come Voi€, Paris, Dervy, 1978, P. 142.
at.avés dai paixões, que êles Provocam através aa
influência quê exercen sobre o corpo. ora, o que l0- cf. René Guénon, La Grande rrisde, Pâr is, Ga11i-
chãmamos hojê de neurose êvidentemente se enquadra mard, l957, Chap. xIlI, esP. P. il7.
na categoriã dos distúrbios a que São Tomás chamaria
"passionais", que obstâm ao exercício do entêndimen- ll- o neio regular e normal de participação na cráça
to, e tais distúrbios "ão exata-ente aqueles quê ele senrlo a pertinência a uma tradição regular, por cer-
diz serer causâdos pelo§ úovioentos dos platretas. 0 to nâda impede que a Graça desçâ sobre um homem des-
que s. conclui é q,,. a a"tora não leu o texto que ligado de !uarq"er Lraailão, mas eIa o rará porque.
cita. Nos tcrmos do probleÍnâ qúe estamos estudando splritus ubi vult spirat, e não porqu" esse indiví-
no prrs(rt,' erpírrrlr,, ( 1, rPlicotr indevidamente ao duo Eenhá estudádo seu proprio mapa âstral...
campo tlá nstr()1,)tix nÍrt,rr.l (i tiologia das neuroses)
um princípio (rl, <1rrl os .art ros "ão inflúêo sobre o 12- A rigor, toda ciência de observação dev. ter um
campo definido e claramente circunscrito. (loox), no
entendimento) r, l,'r,'nrl i astrologia espiritual. (lrro
Talvez tenha si(1,) l, vx,lr . isto pela confusão, fre- câso da astrologiâ, esta âbrange nadá menos Lodo
quente nos ps i cri t ,,8os e ps icoterapeutas , entre o o orbe do úundo sensível, não se pode laz( ' tlrl cir-
psíq,rico e o est)ir ir rí I , ou p€lo desejo não nuito cunscrição senão a partir do conho.inxolr) rlos muotlos
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supra-sensíveis. Como esrê conhecimento está siruado 5- Sobre â simbólica dos números, ver Mário Ferreira
"para alóm da êsfera de sâturno,,, e como êstar por dos Santos, Pitágoras e o teEa do núrero, São pau-
sua posição 1imítrofe, marca âssin u pr"""gá, ào" lo. l4arese, I965, pp. t67-18/, e conparar
"Pequenos Mistérios" aos "crandes uistéitos,,, con- qenciá dos sipnos do Zodiáco.
preende-se que,en suâ estrutura mais amp1a, a astro-
logia só pode sêr donináda por alguém que tenha con- 6- René cuénon, S),Dbotes de la Scietrce Sâcrée,
pletado a inici:ção de itequenos Misrérios,, e esre- Chap. XLIII.
ja, portanto, reintegrado na posição de ,,Homem Ver-
dadeiro"(Cf. René Cuénon, La crao(le Triade, op.cit., 7- Tiúâeus, 1oc. cit.
Chap. XVIII, sobre as hierarquias espirituais). Fora
d:s\o. o esrudanrê de asr rologia, se nào quiser cair 8- Dãnte, Convívio, trát II, cap. XIlÍ
nas tánLâsiás ma;s extraváganres, aeverá Iimitâ,-se
ao donin:o dêharcádo pejo êxoEerismo Eradicionat a 9- Cf. Titus Burckhardrj AlquiDia, rrad. espanhola
que pertença, não se aventurando mais a1ém eltr suas cit. , pp. 89-92.
conjeturas. Para o caso cristão, por exenplo, São
Àquino expôs
romás de com muito riior . ei"gá""ia l0- Cf. Martin Schombnberger, I Chiog aüd the gene-
cssas delimitaçôe Suma contra centites, tic code.
cáp. LXXXII ss.
ll- Se as leis da Iógica, enquânto reflexo do Inte-
l'] Dcs ev.nos dlBo dê"se nêopagánismo lecto.Divino, são sacras, a redução da lógica a uma
trabalho "Astrologia e asrrolâtria,,, em Asrros e mera combinatória fornal sem alcance oniológico, e
ríOor"s, op. ciE., cáp. Vrr. sua con§equente utilizãção como insrrunento de des-
truição dâ intetigência humâna, ra1 como se vê no
nundo moderno, represenram uma inversão dá tógicâ,
devendo, porranto, ser atribuíaas propriamênre à ,'o-
capítulo rrr bra" da contra-iniciação. A1iás, se a rógica não
fosse uma ârte sacrâr se eta não fosse a garanrja dã
unidade e integridâde do pensamento humano, por que
l- P latão, Tinaeus, 47 c. cer(âs pêssoas sê ,om ránLa dedicaçào em
"mpenhar iám
2- Todos os fi1ósofôs que procuraramr em todas as é-
npgá-1a ou deLu, pá-la I Com sua
habiruáL a.uídade,
pocas, discernir as esrruturas fundamentâis do dis-
Mario Fêrreira dos Santos nào oeixou de rêparár no
caráter "satânico" da 1ogística contenporâne; (Cf.
desde a silogísrica de Aristóte1es até o Grâtrdezas e nisérias da logistica, São pauto, l,Íare-
"rriâng,,to de |eir..',, passando petâ dialéticâ de se, 1966), e hojê em dia tambén trá muito aisso em
HeBel .l'.rnranr, ,m,ittima anátise. a um ternário_ certas concLusôes que os,,fitósofos', do saranismo
extraem das descoberras da neurofisiotogia (Cf. Ar-
3- Rentl c,r,lrron, t,c siEbot isoc d(' t, croix, Chap. IV. thur KoestIer, Jâno- IIDa sitrops€, trad. brss., São
Pâu10, MelhoramentosJ l98l; e Robert ornstein,.Ih€
4- René Cuénon, t.. Rcsno íro ra quantité e les signes Psychology of Conscionsness, Loodon, r'reom.cn, t972;
des Temps, Chrp. V. Ed$ârd de Bono, The líechalrisú of üind, l,on(l()n, Jona-
thân Cape, 1969, e ourras malrrqrriccs,l,r gincro). É
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importante, neste assuntor ter em mente á âdvertên- 3- v. Apêndice deste câpitulo, "Resuno dâ filosoÍia
ciá feila por René Guénon, en Fonres Treditionelles de São Boaventura".
€t Cycles cosriques, (Paris, GaLlimard, 1970, pP.
112)t há, diz ele, r'una ântiga trâdição" sêgundo a 4- Para uma explicação do conceito de civilização
quâ1 â dialétice de Aristóte1es tem, a1én do seu trêdicioÍal, v. René cuénon, r,â crise du rronde Ho-
sentiao ólvio e êvidenre, um senLido secreto que só deÍtre, Pâris, callimard, 1946; para o estudo de uma
poderá ser descoberto e utiLizêdo Pelo Anticristo, civitizaçào trádicional, a Lí(ulo de anosLrá, v Ti-
no fim deste cic10. Depois que a propaSânda sublimi- tus Burckhárdt, Lâ Civitizscíotr Ei spano-Árabe, trad.
nar, a nanipulação e a 1âvagem ceÍebral se substi- espanhola, Madrid, Al ianzâ, 1977.
t"íram à antiga ietórica (cf. olivier Reboul, Lá Ré-
thorique, Paris, P.V.F., 1984) e dePois que arrlo- 5- Seyyed Hossein Nasr, xÂn snd Nature, Íhe sPiri-
gística" us"rpou o lugar da antiga 1ógica forrnal, tual Crisis of ríoderr lían, London, Ceorgê Allen and
a "técnica" oue um Idries shah denominá únwin, 1976 (ná traaução brasileira, pela zahar).
'.'á ."e
"juaô iing"ístico" -- q," é precjsamente una dialá-
tica, más anputada de qualquer intenção de verâcida- 6- v. René Guénon, 1,e Regne de la Quantité et leg
de e posta feroznente a serviço da confusáo -- la sigoes des TeEps, PâÍis, Gallimard, 1945, pp. 37-47.
não é ao menos un ensaio dâ dialética do Ànticristo
,'ã"1"..-0.' c"é"o": p.' outro 1aão, a dialética, 7- Ao fazer certas críticas à ciência moderna, em
como diz Aristóteles, é urna arte de raciocinar sobre ambientes universitários, invâriavelmênte escuto a
o incerto e o provável; e â hábil manipulação de objeção de que as correntes "nais modernas" ou "mais
massas ale incertezas e imprecisões pelas técnicas ."r"ç.a."" da física,por exenPlo, vêm se encaninhán-
das organizações contra-iniciáticas é o que produz, do num sentido "espiritualista". Cita-se rominâImen-
nas vítimas de seitas aberrantes como Rajneesh, te o'àaso da cnose de Princeton. Por um 1ado, essas
Moon, etc., o novo quâdro ctínico a que os Psiquia- correntes científicas nào apresentam senào uma gros-
tres, nui precisamentê, denominaram "psicose infor- seira coütrafação da êspiritualidade legitina e, Por
ná t ica" . o,rtro, não deixa de ser engraçado que venhâm citer e
cnose de Princeton, no sentido de rnostrar que os al-
l2- cf. Aristóte1es, Dâs Cetêgorias, tradução, notas sunentos tradiciooáis se refereE a um tipo de ciên-
e comefltárioE por Mário Ferreirâ dos Santos, Sào cia já s"peraao no próprio terreno científico, jus-
Paulo, Ilarese, rôeS, e nené Guénon, htroduction Gé- taúente á alguém que foi, document âdamente , o pri-
nérale à f'Étude d€s DoctÍires Eindoues, psrte III, meiro a escrever sobre o assunto neste País (V. o1a-
Châp. IX- vo de CarvaLho, "A gnose de Princeton'r, Pleúeta n9
57, junho de 1977 ; antes disso so.ente o repó.rer
Rui veiga tinha registrado a existência dessa cor-
Capi tu Lo lv rente, nunâ nota publicada no JorEal da SeDana de
São Paulo; êssa notâ) aIiás, foi redigida mediante
l- v. f,ená curlnon, l,s Cránde TÍiâde, Paris, Celli- intornações rornecidas por nim mesmo. p,'i' na tll,'.a
lrrd, 1957, pp. lt3 rs. não era outro o diretor de redsçÀo dossi jornal).
Àcrescente-sê, a ben (!s vor<lad(', q,,t' .() e sÜ, v( r so-
2- Id., ln, Synbolisne de 1a croix, Pari6, Vége, bre a Cnose de l'rin(r'lorr .nrl,flrrllt i n(, nx 3 () etrtrrsi-
t93t. asno enganoso (ln(lrrel,'i (1,,,' ni{,,tll l xl)r.i'rnlrn'.omo
90 ')t
exêmp1o da e spir itual idade científica. CONHEçA OS LÀNçÂMENTOS DÁ IIOVA STELI,A

8- !íartin Lings, Ancietrt Beliefs atrd Hodêrn Supers-


titioos, London, Unvrin Books, 1980. coleção belas artes
À úARGEI,Í Do crNEI'íA L,tíz Nazârio
capíru1o v HÊIDEGGER| ÀRTE COI1O CULTM DO INÀPARENTE
lháis Curi Beaini
l- Platão, Tiueeus, 47 a.
AsTRos E sÍMBoLos olavo de Cârvalho
2- ShankaratcharyaJ Tratado do conheciúêüto do espí-
Íito, cit. por René cüénon, lGtang"s, paris, calli-
mard, 1976, pp.8l .

FRONTEIRAS DA TRADIçÃO Otavo de Carvalho


3- Ver tÍircea Eliâde, Le Xythê de l.Et€Ínel Retour,
Paris. cáIlimard. lcô9, .hap. I t. HERI1ES DESvELADO CyIiáni ( traduçào de
WilIian Kaúasâky)
4- Esse é um temá preferencial do cubisno, escola RENÉ CUÉNON Miche I Veber
que, por um 1ado, é contemporânea do ,'perspectivis-
morr de Ortega y casset e outros filósofos ociden- oütros titulos
tais, e, por outro, sofreu a influência direta das
doutrinas trádicíonais, arravés ao conLáLo enrre Re- DrÁLocos coM MÁRro SCHENBERG uário schenberg
né C,énon e o pintor (e teórico da escora) At berr
Clêizes. Cf. R.M. BurleE,"Arr et Trâdirion',, em Reoé TUNDAMENTOS DO KAOS Jorge lrÍautner
Cuénoo et I'Actualité de le pensée Traditione e.
Actes du Colloque Inrernationâ1 dê Cerisy-La-SatIe DUAS NOVAS CIÊNCIAS Galileu Galilei
1973, Milano, Archà, i980, pp. 250 ss.
MANIFESTO COMüNISTÀ K. Mârx e F. Engels
5- Comparando estas consratãçôes com a beta ,,fi1oso-
fia dô espaço" que Henry More (1614-1687), na entrá- PARTIDO DE MASSA OU PARTIDO DE VANGUARDA
dâ dâ modernidáde, opôs ao nascenre desvario cârte- R. Luxemburgo e V. Lenin
siano, podemos dizrr quc u."paço é o sínbo1o dã rn- HALLEY, VIAJÀNTE DO UNMRSO Romildo Fariã
finitude divion,r'o porrto! d, Unidad. divina, quê é, e Beatriz Pereira
por arsinr {li,, r. ,) ns!(..ro "interior,, ou ,'mascutino,, caso você não eocontre estes livros nâ rivraria,
do (lunl l l liDir',(1,. ri a irra<liação ',exrerior,, ou a peça-os pelo reerbolso postâI.
Shatti- (ll . ll,.iIz llcinrsoorh, La netêfísica rroderoa, XOVA STELT,II EDIMRIÂL
rr.r(1. .l,rs,, (h,,i, MIl.lrid, Revista dê Occidenre, 1966, c.P.20485
pp. ll0 !r. são Paulo sP ccp 01498

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