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Desde a infância, vão sendo inseridas nas gavetas rlc urrr

arrnário interno vozes representativas de figuras dc nosso


mundo farniliar. Essas vozes que trazem a culturil, il rrr()[itl
e os valores das geraçóes anteÍiores, vão influenciando,
sem percebermos, no decorrer de nossas vidas, decisílcs, tlitcçoes,
escolhas de parceiro sexual e profissional. Todos terrros ví)zcs
Íàrniliares gravadas. O que difere de uma pessoa para il outril (.ir
quantidade e a intensidade. É .rm" questão de grau.

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r l,rrrrília define
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Moisés Groisman

FauÍlra É Dpus
DpscueRa coMo A FAMÍLrA DEFTNE euEM vocÉ É

2a edição
Rio de Janeiro
2006
( irrpvr ighr () MoisJs (iroisrrran

Nirclco,Pesquis;s lrdirora
Av. Nosse Senhora dc' (lopacabanr, (r,:i7, srle g l0
220i0 000 Janciro t! l3r.rsil
Rio de
Ill (21) L56-4792 I )5/t7 53:)9 lirx (2 t ) 25217 g114g
nuclco.pcsrluisasú4rol.com.br rvrvrv.nucleopesquisas_com.Lrr

-fulos
os clireitos res<:r'r'irclos e pr.tegiclos Pcla l,L:i 9.(r l0 de 19/02/ 199g. É proibich e reP.l-
duçio total ou ptr'ci:rl. por qtraisqLrcr nrr.ios! \!ru ,r !r{prü5s.1 .urLrincia d.r crlitora c clo atrtor.

l)csign de ciLpa
Tita Nigri

fotografia d.r contr ac,rp.r


Malisc Ferits A isa, Dar.rie l e Michel, quc âjLrdarilrrr il ilpitrrlr ils ,,
tâs c nlc alertaranl sobre âlguns llos Ítreus f'tnl,rr,,,.,
familiare s.

(iroisnren, N,íoisés. I 9,í0-


()874 familia e Dcus: descrrbn conrr l fànrília tlcfinc qucm voci é
(lroisrnln. - 2. ed. llio rlc
/ Moiscrs
Jrncilo : NLiclco l,r:scluisas, 200(,.
I7.Jp. ; 23cn.

rsBN 8599976028

1. Psicoterapia familiar 2. Famrlia , fupecros psicolôgicos. I. Nrjcleo-


Pesquisas. II. Título.

cDI) 616.89 t 5(,

Catalogação na fonte elaborada peias bibliotecárias


Cristina Bandeira CRB 7/3806 e Stela paúeco CRB 7t4OB7
Íxrlict

(l
Oapítulo I - Holt-. F. ()Nl'L.l4

Oapítulo II - Vozr,s trt.r l'ass,ttr<) 45

CapírLrlo III - Assrtr.l Estar,,a Est;ttt trl o.)

Capítulo IV - ReÍz-ns FanltL.t.qRts BI

Capítulo \r - O P,A.ssaoo t-,, o Pttt:stNlr, 97

Capírulo VI - l.erlrs Fm,ttt.tatus 111

VIl - f)ri,ts Ánvorns r 11


Capítulo

Capítulo VIII - O FIN,Í É o PttNt;ít'tcl 141


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Distinto leitor, bom dia! Boa tarde! Boa noite! Deixei três opçôes
- não sei a hora que você lerá o livro olr, Ílesmo,
porque se corseguirá lê-
lo em sua totalidade. Por quê? Simplesmente porque ele remexerá no baú
da instituiçâo rnais secreta, poderosa e invisível existente na face da terra:
a família. Procular'á demonstrar que a família é a Íorça maior clue co-
manda a nossa vida e, para apimentar mais a questão, fará um paraleio,
num ponto e contraponto, entre â família de um paciente e a família d<r
psicoterapeuta que o está atendendo.
É int....rrnte, estranho e inexplicável que esqueçâmos de que nas-
cemos, crescemos e morremos em alguma forma de família. Vocês per-
guntariam quals são as razões para este esquecimento. Várias. Não sei se
vou conseguir explicar nem a metade delas. Convivemos diariamente com
nossa família, e ela passâ a fazer parte dos móveis e dos utensílios da
casa. Torna-se, assirr-r, invisível e âparece em momentos significativos:
nascimento, batizado, aniversário, câsâmento, divórcio (com todos os
seus corolários) e morte.
Nesta convivência tão próxima e íntimâ, absorvemos, queirlrnos ou
rrão, no relacionâmento com as pessoas de nossa família, seja aquela na
querl nascemos, seja com as famílias das quais nossos pais vierarn, ou com
os ditos aglegados (empregados, pârentes por afinidade), os hábitos, cos-
trnres, gestos, leis, comportamentos, enfim, a cultura daquela Íamília.
Tenrenros descoblir o quanto dependemos e somos influenciados neste
rrrovirlcnto relacional enlre nós e elâ, num vaivém contínuo, qlre peÍma-
nccc objt'tivamente r>u subjetivanrente, nts mârcâs que Íicirnt ent rtoss<r
(()r'p() ('(luc grrirrio r.rossu concluta pelo rcstr: da vida. Sc l)rocuÍrtntros
rA\-1ll l,\ 1'' L)l,l \ ' I I

rr rl, r .r , rr.ll ( .l\ (lu( rr leltilitr intl-lt itniLr elr ]tossi:l pcrsoIl:r]ialir(lc. cstare- buo a uma expectativa: a de ser acolhido, recebidÕ, tânto de utrr lrtilo
rlrr) (.rr (l() |.1 ()rllril litct clli rrtOecla, buscitndo frrgil clo sokt rle 0nric quanto do outio, pelas respectivâs famílias, a propriamente dita e a l:ittltí
..rrrrr,,r. rl I |()ssit pf(jplilr teIrir. lia profissional, os clientes e os coleSâs.
J.r l,rJci rlt nlrrs. Vru passar ir pilLâvrit ptrrt ()s pclson:t!!enr pr ileipar. Ligo a secretária eletrônica pârâ olrvir as mensagens, sabel sc eslii()
,lr rr,,ssrr iristirnl c deixar que elcs Íalem por si meslros. ,Anrcs, vou me am;ndo, ou se estou no vácuo. Não há nenhuma mensagenr' Pclo
.rprr's( rtri los. cotleçantlo por Ac{r-iano Mar-tins, que vai puxat-o íio col- menos tenho um cliente novo dâqui a pouco. Vou preparar a agenclr tlit
rlrrt or cl;r n()ssil trilnla. Adriâno tel.It 45 anos, ó psictilogct, tctitpeLlta filni semâflâ e meu o]hâr passâ por um portâ-retrâtos onde está ulna f'rtr rgt rt
Ii.rr. lolnrrrrlo hri 22 anos. É casaclo com Lígia, tanrbém conr 4-5 anos, Íia tirada em Bariloche. Eu. Lígia e nossos dois filhos quando tinhtru rlcz
,r r ,.lrritcta corr escrit ririo cnt ciisir, e e\rcl't tu it lrncnte. fa z plr jetr,s p 11 .1 .1111 ;- e oito anos. Todos sorridentes e felizes no topo do Cerro Catedral, ctrr
11os oLr tanriliarcs. Elcs têm trr.r casal de filhos: Mariana, 1,3 arros, clue sc plenâ neve. A pose turística clássica, com um câchorro São Bernal do ito
Ir'r'pllrr pir[l () vcstibLllar cle clescnho irrtlustt-ial, c PcrlIo, 16 rrI]Os, esru iado. Qoe diferença iroje! Não querem mais viaiar conosco Prefetet.t.l os
cl.rrrtc d:t seguncl;r sóric do segundo glau. Adriano e l,ígia sr,'conhcceranr amigos, os nâmoÍâdos ou, até meslno, a família clos namorados Julgnlll-
c nirrlroraranr clestle o si:gunclo ano da faculdacle. C;rsarau-se ciois anos se i:rdependentes. Viajar com os pâis seliâ um âtestado de que cor.ttirrtt'ttrr
tlcpois ck: forrados e cstir(-. firzendo vir.ltc ân()s de casaclos. -l'ipo casai cr-iar.rças, Ao mesmo tempo, moram conosco e recebem mesada Fecl'lo o
pcr-ícito, feitos unr pilrrt o outr(). olhâr em close no casal. Será que eu e Lígia somos os mesmos de vil'l1c
\i'anrOs e DcOntr lr Adri:rno em se n cot-rsrrlt<ir-io, sua segurclrr casa. A anos atrás? Será que continuamos a nos amâr? Será que ainda tcnlos
sairt é arrprl,r, clirrir c hcnt ilur.t.tjnada. l,xibe unt,r dccolação rnodcrla nrr projetos em comum? Será que ainda temos idéias semelhantes em rclaçãrr
qurrl sobress:ricm unr sofri cle colllo prcto dt'três lLrgales com trôs poltro aos amigos, à família, âo dinheiro, e de como clesfrutâl: da vidâ? Será clttt'
nas em frente, dc linho rústico c coL ntostarcla e uml polrroltr,r centr:rl. aindâ temos tesão um Pelo outro?
também ern cour'()! cor r,inho, forrnanclr) Lrl amLricnte enr scmicírculo.
tc'rtcicl no cent[o l]r-]1â nrcsa corr Llll vâso cle cerârnica, de onrlc sai tLil
rnicrofonc. Nurl clrrs cr,uttos da saia, urna esclivaninha alttille, pequera,
claquclas tluc fech,rnr por cirla^ por nreio cle urra porta cle corrcr-. Foi Viajo no tempo. Surge na minha tela interna â imâgem da igrcjrl
presente dc sua avr'j nraternil, Isabel que, por sua vezJ a Lcceireu do seu onde nos casâmos e por cima dela o título do filme: "Um casattncltlrt
nvô m.ltcrno, que hrrvia sido médico e :l Ltsrlvil ellt scrr consultítLio. ErI inesquecível". Começam â se desenrolar as cenas: estou llo interitlr Llil
cirra clcla, tclefone, secr-ctiilir,r eletr-ônica, porta-retrâtos! duas iitls de vi igrejà onde a incidência da luz do final do dia (são seis horas dir tlltlc),
dco. Na sul flente, urnir crrdcirir girat(»ia. No Íundo da sal.r, u ln tr ipe càrrbjnada com suâ iluminação, produz um efeito Íantástico quc rcalçil
conr Lrlril cârrera dt'r,ídeo. Nas parcdcs, piravuras abstrat:rs. os contrâstes e a sua beleza. A decoração é toda em flores do cttrr'lpo' o
Sio riez horits dl nranhã e Aclrirrro, na cxpecrative do prirreiro cli- que clá um ar primaveril e jovial ao âmbiente. Os convidados lotattt os
i ntc clo drrr. cstá seltado na escrivaninha. l.rancos com suas roupas de festa, animâdos, conversando. O paclrt: j:i
está posicionâdo no altar. A mârchâ nupciâl toca. Está na horâ dc cnlrilr,
iniciar a ce:'imônia, pârâ acontecer o rituâl do câsamento. Um irto tlr;t-
mrltico' Estou de braços dados com minha n.rãe para iniciar () cort('i() ('
Hoje é segunda-feira, dia complexo e do qual não gosto. E o rlergulhal no con:edor que vâi me levar para umâ nova vida. l.t:go rttrris
- dos paradoxos.
encontro Em termos profissionais, no fim de semanâ e venr minha avó matel:nâ com meu irmão mais velho, segr'ridos cle tltt:tt Piti
nas íérizrs caio na i)usão, e na segunda-feira volto à realidâde. Enquanto, e o meLr irmão e ninha irmã colll os rcsll(( li-
corr â Íninlrâ futura sogra,
crl1 tcn'nos fanriliares, acontece o inverso: entro na realidade do casal e da vos côn juge s. Sinto a mão de minha mãe ape rtar ureu braço- O últ irllrl
farrrílirr c volto à ilusão nâ segunda-feira. Estas mudançtrs provt_,canr ansi- rlos filhos "1 se câsar.
ctlitrlc ttnto no íirrr clc sctl'tiltÍt, quânto no rcinício dil scn.ri.tt.ti.t, o quc ittr.i-
l.l . \Lr)r\r\ (it(r)r\!t^N

os filhos estâvâm, falavam-se através deles Perlt'ttct


tt
"Mãe, nunca lhe esquecerei. Você está guardada na minha memó- ll ' r{L,. (ftlillldo
()uirtrcl.
ria. Seu companheiro e confidente das noites em que papai viajava para a ilir',, i , tradici,,r,ais, eles não conseguiram se scparar' 'rvt
',,ri.,. e passârâm a dormir.cm
firma a negócios.Seu companheiro de cinema. Papai não gostava de ci- rrt rlrrc irt nle câsali eles radicaliz'aram 'ltlilrl()\
nema e você ia comigo aos sábados à tarde, enquanto ele jogava pôquer .,,,,.,,.r,1,,r. cada urn cotn umâ lrnha rclcfônic.r no qllJl-to.
vivettl tttttrl t
são completrt tllctr t L'
com os amigos" Depois você me levava para fazer um lanche. Você só me , u'.., .,,,,l,, se estivessem etI duas câsas' c)s horários
tlc tr't
acompanhava, não comia nada. À noite, você saía com papai para jantar ,l,t,lr",r,"r. Prrpai almoça na cidade com os velhos companlreiros
na casa de Bebel' Nos fins cle semana' elâ sai c('r1r 'r\
com o grupo de ar-nigos. Vcrcê sabe que continuo amante do cinema, do l,,rllr,,l
",rlarrrãe, ou olltro Rcl)('l ()
escurinho, da pipoca, do lanterninha (que não existe mais), do ritual de ,t,,,,,,,,'r. clc'vai a um cinema à tarde' Um domingo
Pernelltlrtt"'
ler o jornal e escolher o filme, de vestir a roupa, de sair de casa, de jantar ,,,,,'ri,f , p^,',,, almtlçar frla. Uma vez por ano' mamrre vai-ir
o n.reslllo' qtre suir íirtrri
depois, comentando o filnre. Não consigo me âcostulrtâr ao vídeo. Não u,.u,,r,, q,ta ruUrnu d" rt-,,, famílin e papai faz iá
diferentes As trrtrrili
tem o charme e o clima do cinema. Vídeo, para mim, só os científicos, Ir,r t,t,rrl,énr é de lá. Logicarnente' uiafam em épocas (l()llr
que pr eciso vcr por obrigação pro[issional. ,,r ririnho, e múto amigas Faztatn "gosro" ll() casllllent()
"r,,,,, elt-s não frctltictt
Mãe, quanta coisa passamos junt<is! Você me levando e pegando na ,l*,1,'çi,, d. lramãe' que ainda vai à casa de rninha irmã'
escola, indo comigo ao médico e ao dentista. Pena que nosso contato se ,,,,r, . .".o dos outros fithos. Os netos é que precisam
ir visitri-los Ali:is'
interrompeu quando minha irmã nasceu meio doentinha. Sei que você r.rsr' ti o único motivo de discórdia entre eles, hoie
Perguntâm semprc il()\
que g'trrh'r
também sofreu cor'n o nosso âfastamento. Uma coisa você não deixava ;,;'',,r' q;;l o quârto a quc foram primeiro? Qual o presente
nir.rguém fazer, nem vovó, que era compraÍ comigo, no início do ano, rirn «lc ttnt e dL o.rtro? O que vovó ou vovô prorteteram a eles?
perrsilrrr(rr
tudo que eu precisava para a escola. A tnúsica ânunciando a chegada de Lígia me âcorda dos
abrinclo-sc lcntlttlt^rrlt'
Sinto que teríamos muito mais coisa a dizer um para o outro. Não t()s. Olho pâIâ â fl'ente e veio a porta da igleia
o :rnrhi'' trlr"
há mais tempo. Mãe, sinto uma faca cortando o meu coração. Preciso N,,,,.,,n.igo ver mais nacla. Êá 'ma névoa que encobre todo
de sua bclcz't'
seguir o meu caminho". ,fj, tr..,." f-?gi" no fundo da névoa' O branco realça al cor
( lrrrrrinha .}.ridente em minhtr direção. Não veio ninguér.n a. s.tt l'rrlt''
para intertcrit ('rI
lirrlrr pirlir tlim. Sclemos um do outro, sem niuguém
,,,,.r,,,,,rn, Ltl.tta llovâ vida de paz, amol e felicidade Pirra setlplc
Àtr

O cortejo prossegue em câmara lenta. O corredor de florcs me pare- (lu( x rll()ltc nos sePare.
ce uÍna marâtona. Sorrio para os amigos e pârentes, de r-rm lado c do
outro. Minha mãeÍazo mesmo, só que a cada cumprimento ela me âpeÍ-
ta o braço. Sinto o suor na testâ e nâs mãos. Chego ao altar. Despeço-me
rlovo clit'tl1c'
de rninha mãe com um beijo em cada lado do rosto. A minha vontade, e O toque da campainha me desperta desta viagem. É o
sinto que a dela tanrbém, é dar um abr:rço bern forte e apertado para S"rl1r, ,"n h,, diante àe um primeiro encontro uma
mistura de etrr( )\i)( \ '
" rcJçit) 'l()
bater um coração de:rtro do outro. Vejo nos seus olhos que ela esrá emo- rprc sc traduzem em leações pâradoxtlis' Por um lado' ul.na
outro lrttlo'
,,,,u,,, qu"r"ndo permanecer no conhecido, no familiar'
cionada. Eles estão marejados de lágrimas. Dirige-se pâra o seu lugar no Por
não familiar' nurltit nova hislrl
altar, ao lado do meu pai, não sem antes roçâr a sua mâo na minha. Da t'rr-r.f 1.r.,r"trur.,o de..onhecido, no
minha posição vejo os dois, sérios e compenetrados. Meus olhos molham
"*fi.,
;i;, t.lr',rrt" n,rva ,elação Será que vai dar certo? Será que vorr c'rttst'llttirtt
por ele? Será que v«ru.consegttir' 1'tct
e o peit<-r fica cheio de angústia. Como será a vida dos dois sem a minha Prccncher âs exp.a,uiiro. trazidas
c
presença ? Marnãe, preocupada cotrr os netos, principalmente com os fi- chcr trinhas expectativâs em lelação a ele? Quais sentimclltos l)(:llsrl
lhos de Bebel, minh?r irmã. Enquanto Bebel trabalha, mamâe vai prr.rr a nl"nt,r,, .l"rp".tarci nele e qltais ele despertará cnl nrinr? I-lilvt'tri'
casa dela e cuida delcs. Papai, aposentado, lendo jor:ral, vendo teJevisão, ittcvit,rvclmente , rttl choqtlc dc itltetesscs: elc procttrll
tttllrt stllltçito sitlt
jogrtndo paciência. Os clois niio se falanr há anos. Nenr rne lcnrhro dcsclc Plt's u rcllrtivittlrcntc rápicla Pâril
o scLl problellrtr' coltlo sc () tcl-illx'tllrl
lt
16. MolsÉs (;t{()tlMAN

! i rlagroso; enq uânro eu vou torn ar mais


o- m
:l:"":::,
Ju<1 : :^':l:^1
vrua ao pr()curar demonstrâr que ele.não é uma pessoa
cornplexa ,,,Irl)(,rslr- o tLrnlp() que ficamos relaf iv a r.r.rcnte aflst,rclos r' 1,,r1,,1
mas alguém âutônoma, uirvrr nil sua Iabutir diária.
f az parte de. uma rrama intrincada
_que dà relações familia_
res, na qual é mais um pontinho que
aiuda rede, e que
por ela-. E, ao mesmo rempo,".."i_.;;;;:.a
posso propor sotuçôes que
:l::l:T-"-::rl"
de urna açào obier.iva de sua parr;.
:^"::i..ri"
r(5 ( (lue surgrrx a possrhilidade de evoluçào De\se choque rle inreres. A voz de Tomaz me Íaz voltar do devaneio.
no process() terlpeuricr,,.
- Como é mesmo seu nome?

ii -
Adriano Martins.
( ) rrhor rne desculpe ter esquecido seLr nome. Foi minhrr rr u llr,
se r

AbÍo a portae deparo-me com um homem aparentando conseguiu sua recomendação com uma amiga dela. Mandou-rlc
-^ ..-
ar cansado e preocupado. E.r.rd;
ter entre 45 fitx o seu nome e telefone, que joguei fora logo que lhe telefonei.
l,t*l.i:::
itutolr atrcâmente. peço para ele enrrar c, já ";;;,'; qual retribui
, n;io foi a minha mulher, ex-mulher. Tudo foi tão rápido e há tio
no interior da s,rla, ele fica de
pé se'n saber onde senrar. Indico que l('nlpo que ainda nre confundo. Saí de casa nâ semâna pirsserlrr.
ri pna" ,.r,rr-.. niil
i.."1r,,
moda-se no meio d. soíá, dando a i;rp,:"r.r;;;;;r;."rrl"po,o,.otroA.o_ Iioi sua a decisão ?
no Não, não foi. Minha mulher recebeu urn telefonemâ anôninro
trente gue esrá siruadâ nurna posição
-
lnfornrando que eu havia tido um filho com outra mulher Fez um escin-
..n,rrl,
também nir me sinto à vontade. "r,r. àurr-,i,,,rr., ond. dnlo na Írente dos filhos e me pôs para fora de casa.
Você teve realmente um filho com outra mulher?
- Tive.
- E o que você está pretendendo no momento?
-
que me desagrade a posiçào centrai, Quer:o voltar para casa, para a minha família, minha mulher c os
,Não
cando ou, no caso, sentado nr,, lrgrr.,,,
desde que esteja me desta_ -
ürcus Íilhos. Lá é n.reu lugar.
que prepondere sobre as ourras.
;;;;;;irr:;'.u,ro .ni'rhr,
euando..,ou À.ri, " -Eoseufilho?
f,ifti.or,.ir"- ntanutcnçi..
senrar_me "*
ma. I ea,t rô.. công resso, aviào. preíiro Não vai faltar nada a ele. Vou me encarregar de sua
p()ntâ da fila. Nào gosro de me sentir
nr,n, .^.1áiro larerai, na - Não era bem isso que estava perguntando. Era a respeito dc conro
apertado. S"..tou'-nun.,o rod",l. -
lcrá a integração dele com os seus filhos e se a sua mulher ou ex-rrLrllrt'r,
conveÍsa, dou um passo atrás. Desde
arirrç" fr.u* irn"orgarn ,u. f.rrrr,
nas rcun.iôer [arniliares, na esco]a. nío está claro ainda, aceita a existência dele?
Atribuo eqre .orrrpor,rin"n,., ,r,o
de ter.sido o caçula durante oito anos, Esse é o problema. Ela não aceita o Íato de eu teÍ tido o filho c
cr-lm uma diferença cle quatro "o -
para o irmão que me antecedia, cercado anos Itiio ldrnite que eu volte paÍa câsâ. Até se conformou com outrâs rlvcntu-
de todas Acreditava
que seria o cenrr.o perrnanenre das arenções "";d;;, que Iíls cluc eu tive. Eu prometia que não ia fazer mais e ela me davir ()Ulril
tez corn o nascimenro da minha
frrii;r.jirra"
a, se des_ cltrtncc. Dizia que fazia isso por causa dos filhos, pârâ mânter a fanrílirr
irma, a tn;ca
f,f frl rnrji.r'" o desloca_
de atenções por pârte de minha unidrl. Não deixaria que eu destruísse tudo que conseguimos c()nsrnlr
:n:nro
par porque a lembranca oue renho
,à. pr;";;.'ii.i.,,f"ln.lo .", cot'lt tilnto esíorço. Agora, com o filho, encerrou sua cota de colnprct'rr'
é dele sainào, qrrra" a'"ir, e
drr do r.rbr,no, qr"rán chegan- sio. Não quer mais saber de mim e nem me ver.
esrava acordaclo. N;r'f..;;.;,;rarrzr,
estava descansando ou saía ", com mamãe. ou ele E os seus filhos já conhecem o irmão?
Saí clo centr.o e fui colocado à - Não. Meu Íilho não quer falar comigo nem ao telcíonc c com u
Mamãe não conseguia dar conra d" ,ró, -
:ils"l
rÍrârs nâ casâ de vovri, rnâe dela, ;;;;.;,rssci r ficar rrrirrh;r íilhl consegui falar apenas urnâ vez. Estão conr raivl tic nrirn, tlo
corr qucr'r acabei nrorantl, xtó ()s 16
.,.s; .cp.is vrvri;rc,>cccu c voltci . ,r,,;,,,, .,;,;,'';;J;'i. littlo tlrt rnis.
ir,'rrl,,,r,i" u.n_
f ÀMltlÀ | l)lt \

E você tem estado colr'r o seu filho? O que nasceu recentemente?


- Tenho. Uma a duas vezes por semana. Aluguei um apârtâmento É insuporrável. euero reconquistá-la a todo
- ::l;h:":i:ln.' preço (, ir
parar ela e o filho. EIa é uma pessoa de condição econômica mais modesta.
Mesmo
-
E como é o encontro com ele ?
- Nln sei' oodequeter que deixar a Sandra?
Normal. Dou uma olhada nele no berço geralmente está dor-
- sei é quecom a minha rnurher tenho
-
mindo
-
pergunto a ela se ele está bem ou se ela precisa de algum dinhei- t:rc c-stimula a sair., viajar e me divertir.
a fanríriir. .rrr
S. forr. pu. nrir., ijtrrb"lh"r,,.
-
ro e depois vou embora. O que você acha que eu devo fazer?
Você já o pegou alguma vez no cokr? Antes de você chegar a quarquer decisão,
- Não, nunca. Não sei por quê. Nunca fui também de pegrr muito - t9r'c1j1it possihilidade,
t,t utttrr
se vai ser uma das tirr;r.r
a de Íicar sozinho, p.u.urr. .,r.ãno.a
-
meus filhos no colo. oL, quefr d.,.i"
r nurr.r

meses ele tem?


:iili ll::1il
r,rl,r.r' ll :-:uc
. que esrá
trrrc
;;;;'.;';;'",i,.' i',-r.,li)]l]];l
acont"."r,ru ,."rri." i" ;,;, ;;;;r;;ii:i,:ll']lli'
- Quântos
Três meses. ,.ll tlc un.ra crise conjugal. clrLe
slcll s. I tlll
j,i vinlra .r".,1r,,r,,,,,,t,, t,
I

- A questão é que ainda não o sente conro seu filho. .,;


, t1 r, r, llll,lruto
:, rrr,, .,,r.i..,,u,n,,,,r q,,,;;,;;;;1,;i;;,1 ;,;;l;f À,;ir:::lilil: l'' ,

- Eu sei que ele é rneu filho. Ter.n a pele lnorenâ como ela e é a ll

minha - cara. Fui o primeiro homem da vida dc Sandra. EIa é louca por r, I rrrrr.r ,
;:"',",::t,l't,:l'.1::l'111"s0"'
, I, . 1..r,es<lrtitcla pel.rs trirrcls
,, ., ';';';i', ;l;;;i, :.,i"::;":i:;::j,;'l,l;',:,i,i
I
, . I . I I |,
rll nossa h,.l:],,:ll','.',',,',
,

mim. Vinte anos mais nova. Eu com quarenta e seis e ela com vinte e scrs. '|i rr l r r\.r,t.r\ , llr n,,\s.r persônalid.ldc, que
ue se manifestan]
manifestam no prt.scr((.
,, I r,.,,, .,,11,. r,strrbeieccrnos. Dr.r.\r.llr,.
Mesmo achando que é meu filho, estou querendo que ela façâ o teste d()
DNA. O único momento que fica ofendida é quando toco nesse assunt().
Estamos juntos há dois anos. No princípio, encarei como mais unra tL
minhas aventuras. Um dia, ela me disse qlle estava grávida. Fiz de ttr,lo
para ela tirar. Não quis e argumentavâ que nào ia querer nada de nrirr, , , rr rr, r, r,
Íotlos s( )lnl )s :t trit \:es5â(los
[_r<tr tt In,t LÍ Ilz_ \ ll, t,, t, ,
somente o filho. ,rl.r ,,,llr(. r.ivcnt.s e i,i t,.,.,nr,r,itiá,,
,,,,,,,,,,, ,, r.rl,rr,. rrrir,5.,,çs1i.il1yr, p.:1,,. ,,;;rr,;,. l,
Vrcês não evitavam? I""1.1".1,..,, J;,;;."r. .,.';,.' .,
- Sor.r da velha guarda. Detesto can, isinha e ela dizia que suirs 11r( r'. , l,r .t,,lr.r ,1rr,, r,irt,llei.rDtos c Colltprrtilltarll,,.,
- \ l,.r .r,
truações eram super-regulares. Quando estavâ na época pcril;,,t.r, rrr,
avisava para não gozar dentro.
E como você a conheceu? ,,IItl lllr),,.
- EIa se empregou como caixa da rninha loja. Desde ()
l)r.nr( rli
-
momento que a vi, senti uma atração forte. Até hoje o tesiio n.l, Ir.r', ,r rrr
Não sei explical isso. Quândo vou visitar o menino, ní)s transanros. ( .) rr,r tr
não Íalamos. Eu já não sou de muita conversâ e ela nrerros urrrrl.r I ,r ',,, r ,1r.., | ,lLr, \rtr.t l(.\lt\ ( ri\l(). Istrrrr |r.rrllLrr r,l,
corpo dela que me atrai. O carinho que ela tem conrigo, scLr ilr)l(]r Ir rrl
dicional, sua esperâ, colno ela se entrega, como ela trcpa. |, l, , , , 1 , t rr , I r
.
t \, l r ) o \ l t \ r ,|,t(,r tr,, l. lrrll
)(.
l
A titrica coisa rlut' el,t rrr pcrlc ri tluc,.:tr litlrrc rlris urr l)()rL ' , I , ,,, l, , Lr, , .l.ri,, rrrl,rrrr,l,,.. ,,,.,,r.,, ,1,, ,., l, ,.,,
iligo qtrc vott ct'tlroll. O tlttt'voctrrtclrrt tltrL' r'rr rlcvo l,rz, l ,',
Íic:l sorrt'rrlt'conr rr rrinhrr nrtrllrcrI Llr'11,tr rr nrirrlr,r ltrrllr, r ' l, l,',,rr,, | | rr ! i.,.ttr,,l| rrrl].r rr.s|r ,,,t.t
rrrrlr r t,
,lrri' Nrio tolsrqo vivt r sclr rls rltrts. lti tt nlr.i Prrss lt ll)r .,r.rr rrr I
'lr ,r ;, rr r ' . r ( ,,rr ,1rr rl ,l.r., ,lrr.r,,,.rr
1r,,,
.t \,rrr,lr,r ( r,rr) (i)n\{ l',llr. i\},,,,r r r'rtorr L,)nr \.lrrlr.r (. r LL, 1,. ,,1,,. ,,, \ rrrrrrlr r
;,;,,1,, ,.t.1 r. \ l( (. l.rzr r rrrl
'rrr lrrrrrlrrr , , rÍr r,l{.t ,1rr.rl r. ,, ,, Lr lltl.rr
FA M I l.tÀ l:. rrr'Lrs " ll

r('r,il irlrisl(iriil e o (lue está repercutindo hoje, dela, na sua vida; principal- Não acredito de onten.l. Estou vivendo é no )roie, n() (lrr( (
niss<-r
lr('nlc no <1rrc sc rcfere a dúvida entre as aluâs mulheres, a relaçào com os palpável, concreto. E outra coisa, família o escambau Estou ó prcocttl''t
st'rrs l:ilhus irnteliores e o nascimento do filho fora do casamento. Darei
ào a,,n., minha vida. Não dependo de ninguém, tnuito menos rl'r rrrittlt't
strll,( st(-)es, que você seguirá, ou não, no decorrer do nosso trabalho. "
fanrília. Sou indeper.rdente financeiramente e ainda aiudo mitrhtr rrrrtt't'
O filho Íoi casual, um acidente de percurso. Não acredito nessa uma de minhas irmãs. Quase nâo as vejo. Deposito o dinheiro lr:r c('rrl r'
-
história que a família mârcâ a gente e não estou inteÍessado em mexer no Não é a falta de contato Íísico que vai liberáJo cle sua flnríli'r'
passado. O pÍesente eu vivo, o passado passou e o futuro a Deus pertence. -
Então, está bem. Não vai dar pârâ colltâr comigo. Não sci traba-
-
lhar de outra maneira. Vrcê resolve. quando sair daqui, se quer marcâr
ou não a próxima consulta. Caso resolva positivamente, me telefone e
Não é o hoje que importa e sim o que ficou marcado no scLr c()r'l)()i
agendaremos uma data conveniente para r.rós dois.
na sua meÍlte, no seu slll1gue: as experiências que você viveu colll 1r sllil
Não. Muito obrigado. Vou resolver âgora mesmo. Sou um ho-
- família desde o seu nascimento até â âdolescência' Em cada utll de tlirs
mem de negócios, prático. Comigo é preto no branco.
lt1
elas ficam irnpressas, colno nlarcas dc um carimbo, semelhantc àqtrt l'l
Você trabalha em quéi
- Tenho uma loja de material de construção. que o boi ....b", qo" significa que ele pertence à Íazenda X, enqtrarrl()
- Intelessânte. É urna profissão parecida com a minha. configurâ para n<is, humanos, que pertencemos à Íamília Y Cot'tt ttttrrl
- Nào esrou cn r endendo. pequenâ diferença: a marca do boi é visível, enquanto â nossâ otr âls 11()s
- Aqui van.ros reconstruiÍ a casa onde você nasceu e se desenvol- sas são invisíveis.
-
veu, sua família.

Quemarca é essa? A marca do Zorro?


-..._ Pàrecida,
só que quem marcou não f oi o Zoto, foi a nossa fittrtí-
A família é colno uma moradia que oferece, con'l suas par-edes, por- lia. Marcas que vão ieterminâr direções nas escolhas amorosas' proíissi
tas e janelas invisíveis, unr lugar de proteção e de segurança. Daí a difi-
on âis e sociais.
culdade, não só cle sairnos da família original aquela da qual viemos entra nâ minha cabeça que o que âcolltecelr há mrtiro rt'trt1'"r
para nos estabelecermos na vida adulta, como - também de encararmos -Não
-as criscs conjugais que poderão colocar em risco a continuação possâ estaÍ se manifestando agora.
da famí- Não é da tnesma maneirâ. Surge com uma camuflirge nr, c( )ln trlllil
lia que conseguimos constituir â família atual. Nesta procuramos pre- -
roupagem diferente nos relacionamentos atuais em qtle a essônciit ti rt
enchel as lacunas, maiores ou- menores) que permaneceram de nosso rnesmâ.
desenvolvimento.
Vou lhe dar um exemplo bem simples. Diz respeito à conritl;t Acltrr
que a forma e o que comemos traduz de maneirâ notável rl quc hcttlittttos
c o que aprencletros coll.l nossos pais e revela como nos c<lnclrtzitttos t'ttt
()uh'âs áreas de nossa vida, inclusive na sexual. Diria que ctlnrcrtl()s c( )ll l1'
Olha, você me pertloe a f ranqueza. Sou mujtt.r dire to. Não estol trcpauros e trepamos colro colllelllos.
-
interessado nesse tipo cle papo. Estava na expectâtiva de que vocc rne Vrrcê está extrâpolando. lsso é um absurclo.
desse uma solução objetiva, rápida e eficjente. Já estou ventlo cluc iss<r - Não vamos nristurar comida com sexo. Pode dar indigcstio' l;oi
não vai ser possível, pelo menos com yocê. Mesmo irssirl. soLr Lrrn ho- -
irpcrl:'ls r,lnrrl digrcssiro. Apesar que, vrlcê sabc, é nlttito cotlltlllr
(,s hotllctls
nrcnr rlc clcslfios. VrLr pirgar p2lra ver. .lizclcrtt: cottti tttlrt tt rt, cie l,l n ir...
vrltem.s âo exempro. observei que quando
vamos a diferentes res_
un a:ligo meu, íilho Linico, invar.iavelmen tc pccle
târrrar'ttes, le rcfletir á nâ nossa vida atual, seja seguindo a família ou reagintlo à sLrir
prâro: filé alto, cortado no meio, bem passado.o,r, o mesmo ln Íluência.
dia,
brt,itn. fritas. Um
não me contive e perguntei porque não
ourros pra-
q* ele. me.respondeu que se sentia sâtisfeiro
"*p..i"ra*"i"
lll.: i9
rrao vra necessidade de arriscar.
com o que comia e
euanclo inclaguei ,, qua.utrtl, quunao
clrança, disse-rnc qrrc sri gusravn;e ..,r", Eu já lhe disse qlre estou afastado da mrnha família. Aliás lrli
nif" .onJi.i,.r. qr. , .a. -
rr-azja cortado no prâto. Ai enrendi
trrdo. Ç6513 aa ,."par,,. os rnesrnos tntrito tempo. Saí de casa quando estava na faculdade de cugcnhirlirr.
restâurântes, onde é conhecido, é faraiiiar
para ele. e .,r'g,r,çon, p..gun_
llstagiava numa construtora, ganhava unra gÍana que dava para rlchrrl
tam: o mesmo de scmpre, doutor? unl âpârtamento com urn colega e comer na casa da nantoracla. Nio
Não acho bom esse exemplo. É só uma preferência rlgi.ientava mais o ambiente lá de casa. Queria mostrar que sabia nrc vi-
- satisÍeiro corn o que come e pronto. gastronômica.
Ele está
Não é obr.igado a gostâr de
llr, que não precisava deles.
outrôs pratos. Você sempre esteve muito próximo da sua família, apesal cle n;i.
-
pitrecer. Como você conheceu sua mulhel?
- E umnâo
Ele quet.ncnl exper.irnenrirr,
direiro dele. Não teve nada de mais. Ela era colcga de coiégio de nrinhl ilnri
- É ur.»a pena -
caçula. Fui numa festinha no colégio delas, começamos â nâurorar ('('r)
ele se restringir a urn só praro. A vida
-
variado de.ofertas. pelo que eu c.nheço rerl ln bttffet
Ercnamos. Tinha 18 anos, acabado de entrar na faculdade, ela l7 c csrrr'
d"l;;;;..; q'r"',,a., pua. *ui.
um pacto de lealdade que esta_t,eleceu vn se preparando par,r fazer vestibulâr de odontologia- Casanros qurntl,r
com a màe, d";;;r;; assemelhar
a. pai que a abandonou e a ele, filho ú"i.", . tcrminei a faculdade.
buffet de mulheres. ;;;;i;i"'..)."an a" u* E que eu mâl perglrnte, como vocês conseguiram sobrevivcr t'c,,
Você com essa história cle família é
-
nomicamente?
um chato. parece que só pensa
nisso.- Va.i ver que não faz outra cojsa Fui aproveitadr: na firma com urt salár'io um pouc() mclhor, clrr
E verdade! Vrcê acer
na vida. -
tlava plantâo num hospital público e fomos morar nu[râ casil dl fanríli,r
-
ra m ír ia, na ," i,il .,1 ãã.".;:::. âJ,i ::, ; j:J :TÍ,?.:; dela.
de várias formâs #: I ?:.J,i
na cultura, na comicla, no câsâmento, A família cedeu uma casa para vocês?
nâs diferentes raças - nas amizades, - Vou explicar. A avó paterna tem umâ vila com sete casas no Ili()
estou sempfe a procura dela.
- -
Oomprido. São descendentes de portugueses. A avó mora crn uml clrrs
- Nunca ouvi tamanha idiotice de qr-," " fr.niiin direcjona a minha câsâs, a casa um, o pai, que é filho único, em outra com a segunclrr rrlr-
dirigido por nrim rrresrno. q,.,n J..u. (,
ilil ;j:. l:
Lal_er soLr 1:,'l;^Tl
eu. voce acha oue ecredito que exista alguma
força
que \urr Ihcr; a rnâe em outr:â com o segundo rnarido e os netos nas dentris.
nr inr a lénr de Der rs ?
acima de Não entendi. A mãe, mesmo depois de separada do pai e on l in rr,r
o naior respeito por quem acredita
- lá e, ainda mais, com o novo marido?
l nrorar
_-,.-lftnho
^..^ qulsei enr Deus, da forma
que a qualquer.religião que perrencer É i.ro mesmo. A avó diz que ela vai continuar a ser ir rrorl rlclrr,
-
(lr.rc scnlpre a considerou da família e qne nâo vê motivos p;rr,r t1trt.,.lrr
srr ia dr v ila.
Fl o pai de su:r mulher?
Na terra, cada unr de
- hlle tenr qLre sc clrrvâr à vontade da mãe, a vovó Mirria.
í,,,ni,,
nór
q;;;;;;;..;';,;" ;ffffi:i'J,;;,:Í;,:T.',1:,,r,.l.,ll;[xi; - ll a casa de vocês?
nLtnr determinirdo país,
- M«rranros numa quc foi hahitada pela tia-rvó ató eh rrrrrlt'r. (lrrcr'
eueiramos ou rrão, recebenros qu" -
tlizct, r'u t'noravit. llstou scnr clsil. l'lstir scrrranr jii nrutlci tlis vt.zr.s rlr.
".,"''r.,..,,,.,ç"
),1 r \r,'t\r\ r,I0r\\LÀN l'ÁMil l'\ l' l)l I \ D )\

I cahcç't
rll)rlrt h()tcl. N:ir> consigo nre adaptar. Vivo com algurrras Íoupas nc, car- se abrir e ele entral, sentâva encostâl'ldo-se nela' abaixava
ro, ulgurrras rra loja e outrâs no apart. : âs DeÍnâs e adormecia.
E quenr coordenâ essas casas? Imagino que a vovri Maria deve O que isso tem a ver com família?
( still id()sâ. - É.rm sonho que costumo ter, com algumas variações' qurtttltr
É o filho dela, o pai da minha mulher. Ele nâo faz nada sem - d;;;; oo ulgr-u expectativa em relação.a alg'léi "i "líi"T lll."
-
consultá-la. Ela quer saber de tudo, dos consertos, dos impostos. " impotente e remetido à infância qLr:1rr(l() I
na.,."'.aulirr]Sinto-me
Alguém paga alguma coisa? rairmãnasceu.Comoseunascimento,fiqueicomosentiÍllenl()(l(.
- Não. É tudo por conta da vovó. Ela recebeu a vilzr e uma boa prtrrt
- ir'"rf, p.tãfa" a entrada na família' A porta havia se fechado
herrrnça do piri. E tem mais um detalhe. Todo mês ela manda entrclaar em . Tinha ficado sem famí!ia'
caclâ urnit clas cirsas, inclusive da ex-nora, uma corrpril de supernrercado. I f.p..ut"ça" demais para o meu gosto Já lhe expliquei qur'-s.tt
p.r..'r-tat."'" terra. Lido com mâteriâis consistentes: ferro' cirlt
rr-
Eu queIO sair cle lá. Compfei um âpitrtan'teltto em constrnçâo que cstâ
pÍolrto há seis meses e a rninha rnulher não decide se quer se mudar ou oedra, tilolo...
ttão. Agora corr essâ confusão toda é que vai ficar mais difícil. ': F^;; b.-. Vou errtào lhe explicar meu método de trabalho'
nrótotl'r
Fantástico! Em pleno século XX, no Rio de Janeiro, uma comu-
- familiar entre os espigões anônimos. Áht Ót;mot Não sabia qt" utn tttrrp"uta explicava seu
nidade Você trocou sua família peJa -o cliente.
trata-
dela. vou lhe propor um objetivo a ser alcançado como
-Também
nrcnto, com o qual você concordará ou não,
denro de um prazo dett-'rtrti
nado.
de utltit
Er,a começando a ficar bom' Parecido com â consttução
Ninguém vive sem família ou alguma organização que a substitua. -
.nru, aà -ii tijolàs, um milheiro de telhas' cinqüentâ
sâcos de cimt:nto'
O ser humano que procura, desde o nascimenro, caminhar parâ â sua pia, privada. bidê... , -,:,-^r mas t st't
independência é, ao mesmo tempo, um ser dependente e relacional pois Só que a sua casa tem Paredes' telhadÔ' porras' ianelas'
necessita ter um suporte parâ o seu desenvolvimentr>. Mesmo aqueles -
vazia. Vou ihe aiudat â preenchê-la de móveis'
ohietos' utensílios' otr
que não têm família, a substituirão pelo Estado, por alguma instituiçã<r seia, vou lhe apresentar as pessoas que vivem
nela'
--'-'- the pâgândo para você go7-âr c()llr il
ou, como no caso dos meninos de rua, que se organizam como uma famí- Você está brincandà. Estou
na minha casa? Nirr
lia, com líderes e liderados. minha cara? Como é que não conheço quem morâ
quem morâva no apart-hotel onde estou no tllomento'
-"
conheço
!rLrmir lill
Và.C não está entenàendo' Sei que estou lhe falarrdo
Lá vem yocê com esse negócio de família. Você sabe que essa slrâ -
uLragcrn difcretrte da qual você está âcostumado
-
insistência me irrita? ""-";;;;;;;; ;ma casa do passado onde habitam personagens Íantilirr'
consigo e que' senl p(:lc('-
res, vivos e tlortos, que cada urr de nós carrega
..._
Lamento. Não posso fazer nada. É o meu referencial. Até durmo
quc t()l11ill)l()s
pensando em família. bcrrnos, influenciam atitudes, comportâmentos e dccisões
,ma colcçã. tlc íil
Você quer dizer que sonha corn família? Sua ou a dos outros? n,, á..",..",.clo cotidiarro. Nestu."sa está arquivadâ
- Pode ser uma ou outrâ a partir tlc ttttt
opção. Depende com qual delas estoLr ,lra, ir".ifi"*. que são projetados numa tela interna
mais -preocupado. Sabe qual foi meu írltimo sonho? clisparador cxtel no.
pcss()ils
Nâ() tenho a rnenor ideia. Na casa d() pfesentc, que existe obietivamente' circulanr irs
- Erl um girroto batcndo nLrma portâ de aço fechlda, (plc cstilvir quc vivtrnr trcl:r e os fantasmas {anriliares quc estão ilcoplâdos
nclâs'
-
Ir0 rleio clc urn Druro irlto. Finirlnrcntc, cxilLrsto dc tirnto l)xter puril x
fAMlll^ I rrr'r i " 't
"
,r t, . rt,,tst\ ril()t\\r^N

velhas e eur que tlcvirt tcl


M uis csstr âgora! Moro em duas casas. Não. Moro em três casas Meus pais, mirrhas duas irmãs mais
**, - ér;" ;; dez ânos A foto' de tão antiga' está
- até amarclirtlrt'
il() nrcrlno tc.r'npo. E mâis outra: quem eu âchâvâ qlle conl'reciâ nâ minha
cirsrl nio é exatamente aquela pessoa. lsto sim é qu€ é de enlouquecer. Onde ela foi rirada? Você se lernbra?
llcrl.
Vanros aos finalmentes. Quantâs vezes vou precisâÍ vir âqui?
- Lernbr()-n're perfeitarnente No iardim da casa onde Tll'1"'tl']l],'.
- rl meu primerro clrâ no novrr
Em cada umâ das sessões, que serão nove no totâI, você fará uma Mamãe fez questão de que fosse registrado Íro ,rlcs'ro
- que procurarei responder através de exercícios criados e desen- ÀíaJ tia Íazet o ginásio' Minhas irmãs estudavâm
pcrgunta ".'ii,'- E; estava aborrecido porque tive que s.ir trtr
volvidos por mim. ::i:!'; il;;: ;;;;;'
;
mesmo colégio que-elas Papiri st trt
colégio que gostava' parâ estuclâr no
pr* i., o jornal, tomar o café e iÍ trabalhar' Qttem tir.tt
São exercícios físicos?
- Não, são exelcícios ernocionâis, vivenciais, nos qnais busco co- ;:;;;;;
-
nectaf a emoçâo com a razão. a íotografia foi vovó'
olhos e em s'eguida viurjc tlr
E qual vai ser o obletivo do tratâmento? Olhe bem para a totografia' Feche os
- O de descobrir indicadores que o levarão a uma respostr mais -
temDo, âté a sua iníância' Frque um
milluto com os olhos feclados e tligl-
-
consistente sobre o que veio procurar. il';;t;;.;;n, f,n'iliu' q" ut* à sua menre' na sua rela ittrertr't'
Com quern você vai ficar? Sua mulher e atualmente ex-mulher \( r)'
I

sua âfilânte e agora namorada


- -,
ou nenhuma das duas e talvez expe- i.r"t;;;;;;ingoJt tunha' ,,â sua poltronâ predileta' e mrrmic
-Nasaladevisitasd.nos,ucasa,papailendo.oseutradicirltlltl
- -
rirnentâr unr novo amor ou, ainda, ter relaçôes amorosas passageiras? tada na frente dele
Sem esquecer que, errvolvendo essa questão, v(,u procurar desvendar o E sua tràe estava fazendo o quê)
quanto de sua família anterior pesa na decisão.
- n".ir.rnao.m altos brados de vovó' mãe dele' na casa de cptctrt
-
mor ávamos.
Apesar de não concordar com o peso da farnília na minha ou nas
-
minhas decisões, estou muito curioso com esta stla proposta. Qual ser'á a O que ela fatava Para o seu Pai?
- "Sua máe pensa que e a dona da casa só porque elâ senlple lll()'
pergunta de hoje?
- que' inclusive' fez uma grandc rcf.t'
Você é quem vai fazer ,,ru ,qoi.õ.,o'tánt' *ttlo é 'ocê
- Porque a minha vida está descontrolâda, uma verdadeira bagunça? ma na câsa. Quando o seu pâi to""u
t você comprou a parte cle sttits
atrasad.s l;.i
- É r-'ma pergunta geral, muito ampla. É melhor dividi-la em par- i;;;;;;r" Jriru" .'i'do aos pedaços e com os imPostos
- â câsa com a sua mãe mor;ttltllt
tes. Íazê-la de uma forma objeriva. o ieito que vocês encontraram áe manter
um favor a ela' Bem que eu lhc Í'rlci
Será que a minha mulhel vai aceitar a existência do meu outro Irela. Ela âge como se nos devessemos
- sei o que deu em você' Insistitl
Íilho? para nào sair clo nosso apârlam€nto Não
há muito tenrpo' Prtgrt'
^_ Otima pergunta! Vamos ao exercício que denominei de Hoje é ionio or" acabeiconcordândo' Você já a ajudava
va seguro-saúde, fazia supermercado'
Ondt estavam âs suas queliclits it'
Ontem, no qual utilizo fotografias da farnília,
Você deveria ter me avisâdo, que eu teria trazido. Tenho que pe- mãs?"
dir à-rninha mulher, ex-mulher, sei lá, é ela quem oÍganiza os álbuns da Estou ouvindo o diálogo deles:
não tira a cara destc ntrklitrr
família. "Antônio, você está me ouvindo? Você
tanto nele? Parece que ele é Ir.)iris irllp()rtrlll'
Não tem problema. Prefiro a surpresa. i"r""l. Ni,r.J'" que lhe atrai
- Veja se você tem na carteira uma fotografia sua quando criança, ta.l,, qu. o que e;tá acontecendo fora dele"'
- sabc que as mlnhâs irmãs não estão
em trt'rt sitttitçio
com a sua família. "Você
Acho que tenho. Costumava carlegáJa. Ah! Achei. Continua no Íin rtnccira ".
- Você sabe quc l'tlcxcr c()l1l v('ll'
nresmo lugar. " l'i nris, por acas() estâmos rnelhor?
de peçâs írrtinlrs hri tttttit. l'"tlrl'.'
Qucrr são essas pessoâs ? dns ó,rlrisc,iá,,. Você é representaÍlte
-
r,AriÍr-rÁ É l)LUl' . 29

t(.rl r.l'nâl r.cputâÇão no mercâdo. As vendas podem caiq


o governo não Vamos parâ uma terceira cena utilizando a mesma fotografia.
(()ns(.l.lLrc c(,ntrolar a inflaçào
e a concorrêncla e grande. o povo nào
Se -
Olhe para ela, feche os olhos e viaje para umâ época próxima, guando
tcnr rlinhcir<r pâra comer, por que vai comprar
cui.inha, sàirtien e cami_ você saiu da casa drrs seus pais.
soIr ? "
"Crlma, Olímpia! O dirheiro que renho rirado Minha mãe, no quârto dela, deitada, chorando com uma carta na
tenr dado para ali_ -
nrão. Eu de pé ao lado dela.
rncrrtâr c educar os nossos filhos. Náo sei
o que você qulnnr;.1,,
"Queria uma câsâ somente pâra â nossâ família, Porque você se encontrava no quarto dela?
-"--'
mobiliada de acor_ - Ela tinha me châmado.
do c<»n-nosso gosto e um quarto decente p".u Quando cheguei, ela leu soluçando a car-
.rOr;.' -
ta: "Seu marido tem urn filho com outra mulher. Ele tem dois anos. Se
"Não entendo por que você reclama t.nto de
mamãe. Ela vive mais você quiser confirmar e saber de mais detalhes, basta ir à rua Buarque de
n() quâ.rto dela do que no resto da casa,,.
"E que você não sabe o que acontece aqui. Só chega Macedo, 22, apartamento 907 e procurar por Lúcia Maria".
à noite para Sua mãe foi conferir a informaçâo?
comer e dormir e no fim de semana descansa,
vê t.t.uiraã.1ê jor:nal,,. - Ela acabou de ler, amassou a cârta e jogou no lixo. Eu, parado,
"Não vamos voltar à nossa velha cliscussào, Oli,"pirf i. -
"Sua mãe se [rete em trrdo, me desautoriza ao- sem saber o que dizer e fazer Depois comentei com as minhas irmãs.
o'a,-rpaagrd", ao_ Daquele dia em diante as discussões acabaram.
<x filhos..Vive protegendo o Tomaz. Tod, hom
chrÁr.t" nã qorrro a.tu. Eu e minhas irmãs nunca tocâmos no âssurlto entre nós, nem com
Vrlta de lá com os bolsos cheios de balas e chocolr;.
tira o-âperire. Antônio, você está me ouvindo? flr,
E;;;;, os dentes e cles e, muito menos, eles com a gente.
, .rrrT.... ;orrrlt,, Há quatro anos, papai apareceu com câncer no intestino. Os médi-
E a cantilena continuavâ.
Conro é que você ouvia tudo? cos deram seis meses de vida. Mamãe nos comunicou que não aparecês-
- Tinha um terraço colado à sala onde ficava batenclo semos para visitá-lo às quartas-feiras à tarde porque nesse dia aquela
-
a parede.
bola conrra rnulher ela nunca pronunciou seu nome e o filho iriam visirar pa-
- -
ptri. EIa ia pâr'â a casâ da jrmã e voltava logo depois que a outra saía.
.. para a fotografia novamenre e àgora, de
vi:rje -até.a sua adolescência.
_Olhe olhos fecJ.raclos, Papai viveu mais um ano. No último mês precisou ir par:a o hospital.
eual a cena qu. síg.?' Lá continuou o firesÍno ritual até ele morrer. No dia do enterro quân-
À noite, papri .rt.rnàu...rrr,';ri;?impo -
-
terenr jantado.
depois de todos
Mamãe esbraveland,r que ele tinha .É"g"j; do deduzi que era ela e a conheci estâva no velório, chorando baixi-
tarde nova_ nho, num canto com o filho.
-
r.espondendo.que ..rbrlhundo. D.p;, i; para â cozr_
:]:rr:..1.
nna, pcÍlava "rtrr"
seu prâto teito em Quer dizer que você e suas irmãs nunca foram apresentados ao
cima do íogâ o e comia silenciosa men r e,
enquanto mamãe de pé continuava a reclamar.
-
irrnão? Não se conhecem formalmente?
Onde Nâo. Nem consideramos que temos mais um irmão. Quando rne
- Ficavavocê estava? -
pcrguntâm quantos irmãos eu tenho, sempre respondo três.
debaixo da escada, que ligava os quartos
-
n ha. Não conseguia dormir.
à sala e à cozi- Incr'ível. E vocês nunca mais o viram ou souberam algnma corsa
Ouvia o, prrln, a" Orú.fr.*rao, descia
a -
dele depois do enterro?
csc'ada pé ante pé e me escondia para
ouvir , áir.rr.au ã.i.r. Era toda
rr.itc iss., n.renos sábado e dorningo. Não.
- Eles não reclâmaram nada?
rla. c.zinha que papai tinl.ra dado
eua,do
"i, p;i; ;;; .rrreaberta
i ,it,àu g"rf"d;;;;;;, - Até agora não.
suhir pir'. d.rnrir. Deitava e ficava rolandJnr.r;;;.;'";;;;va ho.u d.
"ro -
irttl . s,n. chcgirr. Os cachorr.s latiam. bastanre
Ficava p;";.,*";;; ;; ser laclrão
l ('n til ll(l() cntrilr nâ casâ.

(]tlrrrros lnos vocô tinhrt ncstr


--- [,t]s l5 illlÍ)s. ópocl?
- A farnília acredita que é capaz de depositar seus segredos numa
caixa-forte e que eles nunca serão revelados. Aqueles que a constituem
F^\llll.\ l l,ll \ í ll
3Í) . vorsr,s r,r{()r\\rÀN
;r
consideram-se imortais e capazes de estabelecer entre si Llm pâcto de si- v.l. Invariâvelmente ela pedia ao nosso gârçom prlri.l f;rzct'ttttt
lêncio que, não só atrâvessará as gerâções como também se estenderá Hhaan bem passado com purê de batatas ou um mâcânão na rllill'l-
àqueles que surgirão através do casatrrenro dos filhos. D,{o aam da màe dela, já era enjoada Para comer. Tinha que ter tllllâ
A morte, sendo um acontecimento inevitável, produzirá, com a per- especial preParada pela avó, levada diariamente pârâ a netit' l'lrrt
da de um dos membros, uma desorganização no interior da família e, branquinho, soltinho, o Íeijão preto coado e a carne moídâ c()ln
conseqüentemente, no pacto estabelecido. Além disso as novâs famílias, r oltrttla bem pequenininha. Era capaz de comer isso torlos os ili;rs'

criadas a partir do clescimento dos filhos, vão provocar o encontro de 'r vrrriitvat quando a avó estavâ presente e preparâvâ unr bifc tlc lilt'
pessoâs com pactos diferentes, que cada um traz da sua própria fan.rília, n r1r frigideira, com pouca gordura' ou urn íilé de peixe. qtr'' "'
a mcaça n do esres pactos originais. rct clc lirruuado. À noite, a avó mandava sopa de legu:rres' Na horrt
,,,rrrr,l.r lr:rvilt sct-rrprt discussãtl, A tllire (lLlcr (lra tltltlt glrttltlt t"zr
-
insistia para que elâ provâsse o que havia feito: rabadir eotlt
-e polentà, áobradinha com feijão branco, feijoada, peixe à br"rsi
Ag,ora, precisarria de Lrnra fotografia do scu casantento. Por acaso lilritlc fraqgo à parmegiana, e ela nada. Cheirava a cotnidrt ct'trtt'
você -tem
()
? l e dizia que queria a comida da avó. Eu me deliciava com qtr('
Tenho sim. Olhe! E uma fotografia da rrinha lua de mel. Quanto ,r l)r.('l)ilrilvâ, prir.tcipalrnente porquc manlãc sabia, nlirs l'lã() g()\lrr
-
felnpo! Virlte e quatro anos. Passou despercel'rido o nosso último.rniver- ,,,,zinlrrtr. Só fazia con-ridas diÍerentcs ern ocasiires espcciais l)r'Ir'i\
sário de casamento. Nem tinha me dado conta. lrrt.r (llscLlssilo, come não cotle, a ttrie tr-lrzia da cllzitlh'l l t tttt''
E uma fotografia histórica. Nós dois abraçadinhos na porta clo hotel, tlir uvti. Com urn detalhe: ela reconhecia se tinha sido a mãc ott :t
em São Lourenço. Tempo de vacas magrâs, grana cur-ta. Antes do casamen- ,lrr, lr,rVirr ;rrcparirclo il câInc nloídâ
tr>, fui perguntar ao meu pai em que ele poderra ajudar na lua de rnel. O \,,lt.rrrtlo i lrrir cle trrei. você sabc c1r'tc cu gttstci trtnto tlrl cotllirl t trrr
velho vivia da aposentadoria, que ninguém sabia quanto era, e tinha algum rlrrt'consegui com o cozinheiro do hotel a receita dtt ftatngo ct'trr
guardado em caso de necessidade. Sugeriu-me que fôssemos para São Lou- rr 'lirrnci-rre tl!.1'l cÍpclÍ ellt prepar-á-lo. Vrrcê quer a reccita? Nrto scr
renço ondc tinha passado a sua lua de nel. Conhecia o gerente e conseguiria \",, l,,ri.r tro titttc dlt nrinhrt ntttlher()Ll se gost:l i1c crinritl ts vrtrrrtrl t"'
urn desconto na diária. Quando argumentei que São Loufenço erâ um lugar' ,\1,,,. i<, .lifcletrtes tiptls c|: crlnlii]r. F-rn oLltl-o nl(ril1utlr()' \t' ir' rrr
para velhos, meu pai retrucou qr:e seria bom exemplo para nírs, pala âprerl t, rrrl,,,. Irorlctttos trtlcllr leccitrrs.
derrros colrto é impoltante sLlpeÍâr as adversidades que toc r casal passa c, r tllrrrr,l. l)irl11 i1t()t()grafia cla su,t lrtrt dc nlt'l e iechrrtltl" .s rrllr"'
nos mantermos unidos na velhice, para um fazer cornpanhia ao olltÍo. r , { ll.l (lll('VClll llil Stlâ mentc?
Meu sogro pâgou âs diárias do hotel onde já estavam incluítlas as N,,\ lr',llrsalld() llrgo qtle chegall.los no lrotcl. Ac]rtt'l;t trtPrttl'r l"rr
:'efeições. Nunca tinlra entrado num hotel como âquele, ill'rponente, con] ,1, r.rrt,trlrt. rlt gtrtttclc cxcitaçio, Plrlccia qLte tllll (iIl('l lrl ('()lll( l t) r)r
duas piscinas, fria e quente, banhos sulfurosos, hidromassagem. Nas rc- \ 1,r r r1 r'v 11111 I t,.t.lo cl tte poclt,lttlos f,rzct.
1 11

feiçires, era senrpre o mesmo gârçom que nos servia trazenclo a comidir enr | ,,r .r lrr rrrrr'rrrr ve/ (lLre frill'lsillll()s clileitll. .\ irrrllilie rril ll)llll() l( llrir
bandejas para a mesa. Não existia essa impessoalidade de cornida a clLrilo. , , rrlr.rr r.r,..r1r,.ç,t tlcla tluc rcllçlio scxuiri stlt'ttctltc.tpr-rs r'..tsrtttl' tr
O cardápio, logicanrente, era na base dar comida mineira. Queria pr',,v.rr lrr!,rrl( () rr,rrrot,r frtzíirttt<ls tlc ttttltl, Illclll)s ll pcrlt'll,rç,ro. \/t llr"'
de tudo um pouco. Frango caipira com quiabo e angú, frango ao nrolho
pârdo, feiião tropeiro, tutu com lingüiça e couve, costelinha, canjitluinha, !, )( r' Í( r) itrrrt loloÍlt rtfirt ,tttlltl tlc vocô l' sttlt tllrtlll(. ri
vâcà âtolâdâ. E as sobremesas: ambrosia, arroz doce, doce de leitc, de It, tt.r r'tt I'r,,\ 'rr"tt'. li'ttl ,'st r :r,1tri.
mâmão verde, de abribora; compotas de figo, pêssego, larrnja drt tcllu, N.r,, r' ttttt,t l,totlrrtíi;t (lll( \'()(( \ tl,is t'rlli.ttlt ltrttlittlt.s. lr"t'r"
rc,,trtpanhrtdlr de qLreijo rninas e reqrreijio crenrr)rir). , ,,,.,,r'lr\ lrllrrls. ()rrll lrri trr,rtl:ri
.]á a nrinhrr nrulhcl passou íotrc. Fazia clll cle nojo tlrrirrrclo rr conri
,l

-12 . votsÉt\ (;i(otsVAN


irl

sa
. -Num almoço de domingo numa churrascaria, quando estávamos
indo- r ,r.,.1 11.1 1,lql,1 a lrlc âcontecer Não concordo que a minha siturrçio tlr, lr,,1,'
O que observo é que os filhos estão entre você e sua mulher e, ',, 1,r rlirr.rl à clc onterr. Airistória do filhoé uma coincidência, () (lu( rr(()n
-
e.nquanro ela abraça sua filha, e esta abraça o irmão, você t' ('r l(,i
( Lrnr acidcntc de tratralho.
está afastado Sc vt>cê:rão está conseguindo erlxergilÍ, é rrrl drrcito strr. Vrr,,
do seu filho, sent se tocarem, conro se estivesse for-a da família.
11il r,r,, r'(liÍ:cÍentc da maioria dirs pess,,ns quc vccm! rlit,, lti,r rrtrl,rgrtur. I I r
- Vucé vê culsas olrde nào exisrem_ l rr ,lilcrença cntlc ver objetivantente e enxelgilr subjetiv,r nrcn tc , rs *, r ,..,
r.r
Vendo esta fotografia e fechando os olhos qual a cena que
-
na sua mente?
surge rtls c ns suâs relações. Prlr isso chanto a tcrit pia que rea lizr I tit Psr. , ,
Irr rr r r.rr
,,lt.rllrolrigica, nil qu:rJ um dos objctir.os é irntplial sua yisrlo.
_- Saindo de casa, expulso, após minha mulher ter recebido a notí_ i\ hora não é para brincadcira, I)oLrtor Adrirrnr.r!
cia do filho. Dirigindo err.r alta velocidade, desesperado, com vontade
de
llill li lo8âr o cârro coutfa o poste. Vrci tcnr razão. Você irindir não tenr Luli:l ccrta rlrstâncil tl,,:,
Hoje é l,rt(,\ (l( sul vida parar pocler rir dcles. Torlar-se urn espcctrrtlor rlt r',,,,
- Nâo en Onterr.
tcndi. rrr,.,rrr. dcntro dc sua família.
- Coloque as fotografias em
seqüência em cima da mesa: a da ida
para -o colégio, a da lua-de-mel e a do almoço de dornirrgo.
rl/il1r Recorde_se
das cenas evocadas por elas e procure observar se não liá
um fio que,
partindo da_primeira fotografia e chegando à última cera, produz As relações que estabelecemos com a Íamília na qual nascemos sio
uma
amarração de um tema comum. lt mâis importantes de nossa vida e vão representar a base de nosso
Ainda está muito complexo. Você pode explicar cle uma forma cont portamento futuro.
-
mais simples? O hoje é ontem com outro cenário, outra roupâgem, olltros pcrso-
Há um temâ comum que é o da exclusão. Na primeira fotografia nlgens, só que a essência é a mesma.
você -é.excluído do colégio por sua mãe; na ccna 1 .ur
iilii --ã"
,. sente exclu_
ída pela sogra e pelo marido; na cena 2 sua mãe é excluída pelo
maririo e
pelo "trabalho'dele; na cena 3 sua mãe é excluída pelo
márido, amante
e filho; na cena 4 sna mulher transando na lua-cle-nrel _ so_ Não acredito. Na minha vida mando eu.
Quem ntcrrs decide os
- vocêe eacreditando
n'rente os dois existindo que as suas Íamílias estarvam de
-
neg(icios sou eu. Sou o chefe da casa e todos são mantidos pol r.nim. Niio
iil/r fora, excluídas; na última Íotografsa você se colocando .*clrído; íoi ern vão que lutei para ter o patrimônio que tenho hoje. Não accito
n,
sua mulher," ao
cena final você sendo excluído da sua família nuclear, por crta suâ idéia do comando farniliar. Isto me pârece progrâmâ de corr-rpu-
mesmo tempo que você os exclui ao ter uma amânte e um Ínckrr, de que iá estaríamos pré-programados pela família.
filho.
E quanto à minha pergunta, qual é a resposta? Vou radicalizar mais um pouco. Sou tão fanático por fanrília quc
- Acredito que a suâ expectativa olho -pâÍa você e não vejo uma pessoâ nâ minha fi'ente.
il11
. - é de que a sua mulher se compotte
da mesma fornra que a sua mãe agiu em relação Como é que é? Ah, ah, ah! Foi a piada do dia. Sou invisívcl. Nio
r"o pri. V,r.ê, uolt"- -
riam a morar juntos, o casal ..esquece', que você"otem um cxist(). O que é que eu sou então?
filh. fora dcr
casamento e os seus filhos url novo irmão. passariam Irraginando um caleidoscópio, você seria o resultado da colagcrrr
ro de aparéncias como os seus pais. Bastaria dar uma pensâo
a ter um câsâmen- -
tlaqueles pedacinlros, que representâriam as várias geraçírcs dc sua fitnri
mcnsal a ser
deposrtada nâ conta da màe e estaria encerrada qulstão. liit, pais, avris, bisavós, tataravós, até onde puder descobrir seLrs irnccsrrais.
n Até clurrnclo?
ll Ninguérn saberia dizer. clizel que sou cnquinho cle Íamília?
Você estii completamente doido. Abandonar o nrcrr
- Qucr
listc ó o dcsafio. Descobril as repetiça)cs fanriliirrcs c, ir{) nlcsnl(,
,
Ihriir-nrrnca! E ficar igual a paprri ç rnlnric, ncln p",,r..rt
filho, nâ<r -
tcnrpo, dr'scnvolvcr surr originalitladc tolnrrntlo-sc rcalnrcrrfc unrir pcssoilt
S,.,:i" rr úlrillrr
cottl t(xl,ls rts rlili'rr,trclts c solttclh:trrc:rs ílr(, t{'r11(}§ r'rrrrr r rrrrs,rr Í,rr1ríli,l
34 . MorsÉ:s cRotsMAN
fAMÍlr^ lt r)l,us ã,1 5

Precisamos, r.ro equilíbrio invisÍvel que existe entre as necessidades


familiares e individuais, procurar evitar qi:e o sobrenome sobrepuje o l,.ris sio os cattascos e os filllos as vítimâs Cadir trm cios trtlvolvi'lr'" tr"
nome. ,,,r,r írrntiliar tclr.l a sLlil parcela rle responsabilidatle. (llclr rtrll t' 1rr''
Não é fácil. É uma luta constante e um processo que leva toda a r.r unl pâpel1 é ulr ator. nesse espetácLllo. col.l.l os seLrs lucros tr 1t,'t ,l,t '.

vida, em que necessitaremos construir a nossa individuaJiclade sem per-


der ou cortar o contato corn a família original.
Se imaginarmos a família como uma rede de pescador, esta trâma
seriâ constituída pelos membros da família atuâl e dâs anteriores, do pai Continuo a não âcreditar. Não é verdade que, além dc mittr, t'tr
-
rl,r sitrrirção econômica, alguém mais, exceto um ir.rinligo, sejâ caPrtz (l('
e da mãe. Estes personagens ocupariam os diversos pontos de tnterseção
dessa rede, estabelecendo um equilíbrio de forças. Neste eqr-rilíbrio, pre- ,rtrirt)irlhâr'ou. âté n.lesmo, ajudar a nrinha vida Talvez, tlo rll.lxirrrrr, 'r
cisaremos atender: tânto âs expectâtivas e desejos familiares quanro âs rtrrrlr,r rnulher podeÍia pertuÍbat o meu iuízo e atrapallrar alguLnrt clt L i
..,r( ) (luc precise tonâÍ.
nossas próprJas expectâtivâs e desejos.
.- E os seus Íilhos não lhe perturbam?
Nunca me envolvi muito com eles. Foi semple 2r minllil llllrlll( l
-
,1rrI nr |'ez a ponte entre nós. Quando chegava em casa târde da noitc. t l r

dizer que, cc-rn.t tuclo issLt quc você explicou, se bobear cu rrc lrrzia o relâto do dia, na hora do jantar. Depois assinava os chcilttt s,
- Qucl
n;io tenho nome, não sou eu l F. r'ttttt,, .utr. il ,le c.tF,,lir l- uruil.r rrl.e. rr- .rtlorrnecia vendo televisão e minha rnulher me chamâvâ par-a ir l)irt r :r
Itçào parl lreu gosto. (,rrr. No outro dia, eÍa â ntesma coisâ. Sempre trabalhei ntLrittl pilt't tl'tt
r orrl'otto à minha família.
\,'ocê terl algrim exemplo prrra me provar isso?
Vbu ll.re .lelt.ronstr,rr atr,rvés de l lgu ns exrnrplos clc ciestlobranrcn_ E no fit.ral de semana?
- - Precisava descansar pâra agüentar a batida da próxinlil scrrrirrrir
to da relaçeo dos filhos com ir farníiia. F,xistt,rn aqueles qut vivcm com os - uma saída com a minha mulher
pais torlir a vida, depcndendo (|.-rrn(,tItrtn-letrtc Lru ni(, e! Illesrn() conl a ,,rr rlrrr
sua nrulher é tudo para vocô?
molic deles. continuâi1r il rrorâr ne mesrrà casa collo se fossenr os - Então
Esse é mâis Llm dos seus exageros.
gtrardiõr's tlaquele nruseu. Outt-,,s rrir, L()rr\t'ljiLcll :.rir cnr rit.tutjc cic, do- - Não é só para você. Acontece cot-n n'ruita gente boa. Vrcô jri tlcvt'
cttça nrcntai, cqrc se c;-oniíic:r, dcpcndincia quírnic:r. alcoolisnro. suicíclio - no jornal casos de homens que, âo serem abandonaclos lrt l'rr'
vo]rrntiirio ou irvolurrtário (acrrientr-s dc clrro ou rnotocicicta. por-exccs- tcr litlo
so dc velociclade). L)utros tt orâr.Ir enl outr.o loca], c{lsrrdos ou nio. r c()rl nrrrlltcles, ficam desesperados, mâtam a mulher, a companheirâ oLr rllllilrrÍ(
(. s(, nrltrrl-n em seguida.
tinuam a clepcnder ccon o nr icrrinente dos pais. avris, ou dc hcrança dciracla
pcla farrília. - ll, de vez em quando leio uma notíciâ dessas.
. J.,.(,.tr- nleCr' \r)nt( le CO,n Utttl ittinQfi:. '- Você mesmo pertsotl em jogal o carro contrir o postc.
Nurtcr,t firt-ia isso. Prezo a mitrha vicla.
-

Esse é o ploblema. A maioria das pessols pensil que o qLl(.ocor


-
reu com alguém foi uma coincidência, nasceu com alguma fragilicllclc oLr
() rltrt rtr'ottlcec ritltrt tlt'slticlttllos, t t I I t t t t I I I t I I t . \( lll l)( l(( l't
I : I t I

foi o destino. "Foi Deus quem qr-ris". Niio se cogita cla forç:r rlrr frrrrília. rri,!,, nunr ( L r'l() llr iltr. ( illatrL iils (llr( 1tllz( lll()s rlL ttossll Ílltltt]t.t,I, ',tr1i, rrr,
scja pirra ajrrdar-oLr bloqntal o cfescinrcnto tle rrlgtrnr tlos st,us rncrrhr,rs. I rr.l o r()\so Ir,ttrr'it() l)tt l)ilr(('ll l,(()lll ,l 1'\l)( ( lilll\,1 (lt,1tt, lt,'r, "ttrl'l'
Ni. t, (.)rr.rrrr|. (\I{ 1|rlr , , , r I , , , . , , , , r r ,l r '.(' ll.tll!1,,lttr tttl lltltttr lr
I , i
irrirlrrlc ,r.triclrrt ist;r rl. rr. ],, rlrrt
|

1111'ç1111ll5 tl)r'rilr rr rr Í.rrilirr .rr rrrt,'rr,,r. l t t r l t t t , ( , '. ( rrrirlr.l \, Irt,,r).t. ( \l)(, i I r)l rrl.trt,l,,, lt,.l, , l'.rr, 1l
r t l
l6 , \t()r\r\ (,R()ts\r1N
FÂMÍr-rA Ír DLUt o .17

nl.l('..avri\. lrir,rrrr.. orr .ri.r. r,,dr.r [rrrrrli.r. \c


cie, p,.r.c1ern ou.i:],,,11\ill ,rcre clitirmos piamcnte que quancio nascetros cstr't sc irri. i.rrr
d.,nrd,,r ;\cl(, p.rrc,iro e.,',,r,.,,c..rlgucrl
iive.,scl],i,1,,,i,,',,',r,,,,,.. a.,f,.,i rr.va histrilia. Lcdo engan<1. Quando nascctrrc)s crllrirtrlos nlrr.L
xo dos seLrs pés. Sentem,se órfà.s, senr t",rll;",
anteriol, scnt base, soltos t1o espaço, sozinhos
;;rr;: :.i,,o, .,r,,,,.,r,, ,, Í,rrrilirr quc est:i senclo esclita há vár'ias gcraçõcs, ri qLrtl,,.,,rr .,
no munclo. rlt ondc strrgimos) vamos ircrescentar irlguns clpítu1os, lirrr...1
l,rrniliar do pâj quanto na da rrãe.
l o que as diversas geraçÕcs da famíli:r do pai constiltr, tl
Na sua ntulhcr estão concentredos, seÍn com muitos vagões, o mesmo acolltecendo cotr r t:rnrili,r ,lr
você sc dâr contaJ viirios esse hornem e essa mulhcr se cilsam e teln ulr filho. r.r,,
pcrsonâgcn s clo scu passatlo.
trma firrnília que vili repÍesentar urn vagão, que viri sc cnarrir,rr,
- I),,r.t. eU(- rnt\t url: ( ),r.'.r ,lrzrr \rltr,l.t.lt)(_],, ell
nh.r rlulher n.i,, t .,,rrr l.1.,..,.,,,u tocJl a f:rmílil
tr..ln.r, \.,,m ,l ml rro trcm do pai c parte no da mãe. De acordo cot.tt l iirq,r ,l.r',
c:lté coÍn frrntas|tas? ( o llfau cle relação dcstc homem e destir mll]her com cl,ts. , r.,
p,rtlcrá t-odar rnais no trilho da farr.rília do pai ou no cl,r frnríli.r ,1.,
'rr rrinda procuÍar se equilibrar entrc ur.na
, e outra.

,ll,:::,.,11,1].,1, (lLr(. nLuna r:anra de casat N;io nascemos para o mundo e sirn para a farnília. Dela conscgt,,,,
.,,,. ;1.,,, (1,, c.r\.rí, pclo mcnos
sri existern cluas pt_s \.rl lr:u.r ,' rtrurrdo ern rlgum !,r'âu ,,u nào.
os p:rís e os av<is dc cacja lado,
]",,'. .1.1,^1, ll,rr
s(1.1. rlL.,z oLr
l\C\-,j.1\. Crd.l rrrrr,í,,:1r.11ç,,11,,r lr,l/ !,,n\tll,,. .r t.rrrrrii.r.

lisse negírcio de Íamília é complicado, hein? Pelo rr.rcrr()s .()!nl)


Prccisarernos ciescobrir quem ci:r sua 1'1s11 1. §,li' d.r p,rr.t lll:r s,, dc tnitnl
iamília vocô está pf()curând() Não dá não. É a mesma coisa que falar de uma pessoa sem cortsi-
r) l. \lt.l\ rel.li,',e\ C\lr:t (í,nItF.l]\. - .r rilça. a cultura, a rcligião e o tneio s<icio-econôrnico Iro rlrr;tl r.t r
lsso tlrdo é inacredit:ivei. É m,r js
con-to- [te pr<t.,, ar isso.
Lrrra irivcnção sua. Vocir 1[e 1g11.1 , sLr,r família estão mcrgulhados.
Nâo tenho rnesmo. Não rcnho resultaclos
- X, tonrografia
rio, raios
rle cxarte cle labor:rto
crnrputad,rizada ou ,
ótica. Vr.
dcmonsrrar, con.ro jrí lhc clisse, arravés "rr,l,;;,r;;;';;;gn
,1,;.;;,;;"
1r-.11..."r.
l(nr t(t,,T,tJÍt(lo C .e l.tZeD(lu prc\enlC. hoje, o on É complicado e ao mesmo tempo apaixonânte descobrir e emblertlrnr-
tc pela tr ama familiar.
- V,,.c.rin,l:t ,,.,,, ,,,. a,,,,u,.n.,.,,. Crescemos numa rede invisível sem percebermos a influência tlos
POdc scr quc ârte o final J,, tr.lt,tllt(.rtr,)
,
ticar -cor.rvcncido. Sen iio corre
,1,1,, e(,llsr$.l. !] melhor
nio leus componentes vivos e mortos, antepassados, que muitas vezes rrenr
F'r\s'rl d't crell
ça total. r:rnto e, tLr-ra canr,."rl\!r'(if 'lrsctt'tlçl Pilfil l1 conhecemos e que ressurgem nos nossos corpos.
ô,,,n o pu,r.,.,,,,.-";;i,,,;;;;, *:,:r:jT!1ri.:t,}llJ:'.:'i:l:l::|,:XJ:;\:}
e refot ntulirr posiçrics. SLr:r mâe
c scu piri IlLlncit ttverant dú\.i(lits ()ll
ils extcnl ari]lll no citsitma,nto. n;i()
Erl uln Vem cá, você terapeuta ou espírita? Sai dessa, seÍ)ão eu não fico
é
- Vtcô c cr,tsll cler lntiglrncrrte. -
sLra nrLrlher. rrlt casltl dc Ilolc.
lilltl)(illl sc ron(llrlir,ll) (l(,
0qui,Que história é essa que os mortos ressuÍgem na gente? Para mim
-
Irit nc irit sc]l]clltit ntc. morrcu, está morrido, enterrado no cemitério.
Também acho que a vidâ termina com a moÍtei o que não acaba
l',\\llr !À É rrr'r s " l9
l8 . Morsr:s (ir(orsMÀN

é o relacionamento afetivo com aquele que morreu, o que vâi sustentar a .l..tltlttltcrvivaachirmlclirfauíli:rnacluelacirs:i;c]amãcconri-
per manência dele enquanto espírito na família. no corpo dele' parecido
vrvlafalando: "Você é táo
--:^
":"i^
lr, ó por isso que mamâe
tttc rivr.d. áel;
1i,,,,Á^
ll',,;.]I';;;;;u,';;;;;"i,' r'"'".,i q''"- tirtha -.^
-:.-L.- rrera

l,r,o.,rreo. Parece que "t*" ":']1'l-".]: ::"':i::1


, jt;:::; tfi1
que ela nào p.dia falar
:"J:::":::';;p"n"; '"'p'"a""do
Os espíritos familiares de um avô, urna av<i, urn bisavô, uma bisavó,
ou âté do pai ou da mãe, ou um ifmão moftos precocemente permâne-
dil;;;;;; iela eta murto pior' "seu pri era alcoólatra
cem circulando na farnília e vão encontrâr num neto, bisneto, filho, ir-
';
Ie escondia isso da família"'
que a
que a s.ua família era-m^elhor do
mão, um ter:'eno propício pârâ se instalaÍem e continuarem a perpetuâÍ a Cada um querendo provar
páa. t"lãr" briga venha de outras geraçires'
assim?"tta
tradição da família.
São os hábitos, os mitos, os costumes, as lendas, a cultura, a história Como i r^ -- -^-6ê
entre si' d€Íendendo as respecü-
Íamiliar que vai sendo transmitida dos pais, que receberam dos seus pais, ;;;';"ót ;;*t.os iá brigavâm
o mesmo'
os avós paternos íaziam
para os filhos e assim sucessivamente. íli"r,
"lo, i"*.. a.',' hisr'irir d.s
ü;à;;; espíriros tl'lli::
Num certo grau, os espíritos familiares passam natlrralmente de uma '^'"'^1:::
já estou' Não ac''eáito em fantasma' espírito'
geraçào para outra, produzindo uma história com personagens que sem-
;;;J;;;. ;
com nome' sobre-
;;;;:;;^: As pess.'as são o qre-elas são'
pre terão â ver com os anteriores, Dentro rlesse processo, um:t das ques- sict ana'
a",,ita^à", ôoi estaào civil, filho de fulano e '
trles que podem ocolrer é: um dos pais não se conformar com a perda do que tem responsali:i:i:"ttri::
pai ou da mie. avó ou rtvt\ e criar e cxpectatir a, mlis ou merros conscierr- .lr,r rruito esquisito !rÍr1 terâpeuta de idéia Fica
';]i:'Jllt]ii;"",]:l:..ln.;'',1a pi"r,'o, àiuulgu' e"" tipo
te, de que um dos Íilhos possa vir a substituir um desses personagens. Se
um dos filhos entrar nesse pâpel, o que não é incomum, o pcrsonâgem do crioulo doido'
l.:la

poderá tomar conta do âtor e o filho se trânsformârá mais no persona- r;; ;;;'ir^,
l\a()''uu t§Purra' sq!"
- il;; -- evan gélico
católico, :Y't"tl:T^::tl1':,1"
tamtlia' ía meditla em que acredito
que
gem do que em si mesmo. M inha leligião chama-se
rrnanda invisivelmente os nossos
movimentos' nossas decisões e as

iil;;; ;;;;-""
podia fundar :_'::'i;T:Tlif
::,: uma no.
"" -. -'-,., "i*, ^ da
ra mír ia, para os
-Vrcê
,Ce Poola . ,-mília i,
de falar' parece que a tamrlra e
ãr';;;; mim. Pelo seu ieito
Isso é muito complexo para minha cabeça. Àcho que a vida é
- íorte do que Deus'
mais simpies. Respeiro t:d":
Não cslUu
l\40 comparações'.
r.rzrrruv vvr!'r_^-r
estou fazendo - :: :lt^1:'^: ::l)-
que é possível tornâr vlsl-
Estou me lembrando, não sei porque, que até meus treze anos, para --
adormecer precisava dar a mão para a minhâ irmâ mais velha com quenl np.."t pt.fito reconhecer e descobrir o
1,, rtrtlrclo em que vlvemos
", --,t:^ .^-i^ - t,,...
eu dormia no mesmo quarto,
' "" "illi:l:';ll;:.;á;;;;;"*u considera que a ramíria teria a rorça
Sua irmã devia a substituta de suâ lrãe e âté de sua avó plrernrr. de nós e de todas as coisas'
- Minha mãe nãoserdava muita atenção para os filhos. Estava nrais ,,,,' »"r,r,,rif.,"nte, poleroso' acima.
- Ela não está nem acima nem
abaixo'
preocupada em brigar com vovó ou com papai. -
Sua mãe se sentiâ excluída da relação que o seu pai tinha com l
-
mãe dele, que ele considerava mâis importante do que ela.
Mamãe detestava aquela casa e papai insistia em continuirr ir de uma engrenagem' em que cada
um
- lri .
morar Fazemos parte de um sistema,
pelo outro no tempo
Seu pai rccebeu a nrissão da íarríliir de ser o sLlccss()r clir nrit' tlclc. ; ,.;';;"p!i i;fl;e nciândo e sendo influenciado
-
lrr . ,,,,, I rÀMÍl lÀ íl or':us ' 4l

l)r(
,,r'rr( ( r( c( l)( r(l(), il() nrcslrlo tc,nPo, a carg:l dâ hist<irin firmiliar dO Bela lição, proíessor! Qual é a mensagem dela?.
Ir'l\s,l(l(). - Àp..". doa. irônico,à mensâgem é: procure descobrir o quc dc
ho;.-n" t , vida familiar é semelhante ao seu ontem na sua
família dc
origem.

belo discurso. Não me impressiona.


- Que
Não vou entfâr em polêmica. Vou continuar a expor as minhas
- de cotltrrrit -
idéias. Fica a seu critério usáJas ou não. Se não gostar, pode jogá-las no Despeço-me de Tomaz, que sai aParentândo um misto
lixo. t{ade e espanto'
"-'--Fico'sozinho.
Radical, hein? Ficou irritado? Ouço o barulho da campainha Ainda com a histtiria
- Você me deixa confuso. É paradoxai. Você vem me procurar, me pârâ âtendeÍ os pr-rixi-
d. toÀrr r.t" cabeça, fácho um canal e abro outro
paga,- presumivelmente, para expoÍ o seu problema e ouvir as minhas i",r.li""r"t, ,m.rsal em cris. coniugal' Assim vai se desenrolando o dia
Vez por ott-
idéias e, ao firesmo tempo, não só não concorda como também nem che- n r,..rii-"rrto das mais diferentes situações familiares'
ga a refletir sobre o que estou falando. Aliás, pensando bem, fiquei itrita- "nrn voltavam à minha cabeça os personagens que Tomaz trouxe e aqtrc-
tra,
do mesmo. Esta sua atitude provocou um aspecto complexo da minha les que fez emergir em mim'
história familiar. Desde pequeno tenho umas idéias diferentes e, na mi- Termino os âtendimentos' Consegui ultrapassar a segunda-feira
da escri-
nha família, me achavam esquisito, excêntrico, não me levavan à sério. n.rpi- ,iiuirao' Meu olhar corre pela sala e encontraem cima de últi-
mulher' r.rossa
Toda vez que isso se repete no presente, nre sinto desqualificado, impo- ;;;i;i; ;-" fotografia onde estamos eu e minha globo terrestrc'
tente e ir.rútil. ;;;i";"* ao ext;ior. Foi tirada em frente a um imenso Trade Centcr'
-
Não sabia que terâpeuta tinha sentimentos, que reagia ao cliente. i"it., r.r." e iluminado, postado na entrada do'§íorld
Para rnim você é um profissional, um técnico encarregado cle me curar. "í
'; York.
" New
cm
Não só tenho sentimentos como também nasci numa família, it"*; do globo é bem sugestiva Quântâs voltas o mund. clit
tenho- minhas marcas e uma história Íamiliar. nossa vicla ã.u ,1.r.i. vinte anos! Não temos â
mesmâ expressào quc l.t
dtivi-
-
Pensando sobre o que você falou, sabe qual é o problema? São i,ü.^ii^ a. r".sa lua-de-mel ao lado, não só sentido físico' serl
no
felicidaclc
estampa uma
rnuitas idéias que preciso processar, algumas diferentes da forma como ;.;; ;.,ô"i*.nr. no reflexo interior' Lígia eu'.de uma fortnrt
eu pensâvâ e outrâs que acho absurdas, um produto de sua imaginaçào. ã.'ár.- *,a satisfeita com o que alcançou, enquanto
Às vezes, acho que você é mais perturbado clo que eu. um sorriso forçad,'
;,;;;;.;r;;., pareço insatisfeitô, entediado e com minha
Volto à realiiade. Hoie é segunda-feira, dia em que â
É possível. Vivo perturbado pelos fantasmas da rninha família. solit'rr
-A diferença entre nós é que conheço muitos deles e procuro identifi- e execução do cardápio Qr-rantkr
inno .á"ã... " ." en.arr"ga du tonfecção que ele nr<>rrctt'
câr quem está me perturbândo para não me deixar dominar por eles. o sogro erâ vlvo, nos 1âmos lantâr na casa deles Depois
os jirtrtrl-
i ,i ,i','t u,',o, minha sogra ficou muito triste e resolveu suspender
vinhos'
r.r. ó rr.ia".t, u-irrnd" ,p'eciador da sua comida e de bons
para o Brasil com os piris c os
l':1, n"r.", em Fl,rrenla e veio pequena
A família evolui através do tempo num movimento de vaivém, como irnrã()s. O pai era engenheiro e foi contrarado
pâla trrhxlh!lr llLrlllil llll-
o seucontrâ«)' radicott-sc
a roda de um moinho, que circula no presente, mergulha no passado e se
fr.'r" nn.i,rnnl. Gostãu do nosso país e, findoapós o firlecimctrto tlo nlrtri-
projeta pala o futuro. Há uma intelligação constârrte entre os ten'rpos, ,tqtri ,,nd. viveu até sua l'llorte A rnãe dela,
em quc o passado se reflete no presente onde está scndo çrreparado o r.i,1. u,,1r,,, plra a Itália com a filha caçula,
que não havia sc cirsaclo' prtril
ILrtu rr. vrv('r' c lrr()t t'('r ittnto tlc sttirs irlnãs'
l'A)ulÍl-lÀ Íi l,l Lrr ' 4 l
42 . \rorsl\ (iR()r\rrÁs-

ulllâ delrrs) c nle^cnrolt;cottt "


Aprendi com meu sogro a degustar e conhecer bons prâtos, tanto os l\'i (lr\'( {llle ll ilo ilcl'()P()lIo peÉal quc vrlcô ,rPleclt () (lrr(
preparados por minha sogrâ, como aqueles de quando nos levava aos ],,,,,', ,r,,r.,,,1.1a,, i.11 6ç.rra casrr. E'sp''ero
bons restaurantes, acompanhados de excelentes vinhos que escolhia. Tor- I'r' lr'"' I com f,lhrrs cic'h.t icl,r
nei-me seu alunr> e fui descobrindo n()vos prâzeres. \1 r ,1",1" ellttc: ( rtttl'" t-ie l,cr-i.gela fL.ia
P:tlis'
t ,,,, ,,1,,, Suill cle cogtrrlelos c1e
Como Lígia é filha Írnica, o único âpoio da mãe, dei a idéia dos
ncgro (fctto errl tirrta dc !ttlrr) eott,.rrtt t'
jantares serem trànsÍeridos pâl â â nossâ casa. Lígia imediatamente gos- ;',, ,,, ,,:' 1',:""" Sp"*h"*i
tou poÍque era uma forma de encontrar a mãe e de se desvencilhar, pelo , I't.trt,.'o.
ccbolas c P18,7oli'
menos uma vez por scmânâ, de ter que pensâr no cardápio de um de
nossos jantares. Não se interessa por comida, está sempre de dieta e nem ',,'l,r Irrr( \il: I illlllisir'
quer aprender. Como tofnei-me exigente nesta área, estâ questão pâssoLl t ,rlr l lriscoitos dc irtnêncloas'
a se, ur.Trâ zol'r.r de atrito entr-e nris, principalrnente quando eu comparavâ rr.r,,,l,,,rcodigestivo,colllosemPre'Íicalãoascucilrll()'
a comida que ela faziâ com a da sua mãe. Àtr'1,t.
Foi inrpressionante â transformação de rninha sogra quando ela vol- ,,,,.,,.,r11r.t".
dos pratos v()((
tou â fâzer os jantares lá em casa. Resolveu Íazer uma plástica geral: 1". N.;,, sc prcocuPe c"rn 'l quântidede -.sct.:l::'
c()lll() Lllll
ttcs scrãrl em pcqtlen!1s porções'
rost(), pescoço, busto e barriga. Viajou para a Itália para rever os paren- tii,,.l.t (l( e(rtllcr mulro -
tes, fazer uÍn curso de atualização da nova cozinha italiana e trazer pro- ttt" degr'rstaçã.' mc st'n'
r\t:r me excitândo' me- deixando mâis leve' Além cle
dutos e especiarias de lá. Passou â tomar conta de suas finanças, o que o N,\\:ll lrstá
N,rs:r! .t--âi csl'tv't
^,,- atcndi' ,ir
esr,rvrr tr't
nleu sogro fazia antes. Fazer giniística, sair e viajar com as amigas. Ago- Ir.\,lllo (ltlrilllre o dla cm
rul'l! tlu' clieltrcs que
'it,, Não rinhrt com o que rnc clistr:tir.
ra, está na fase de utilizar os leculsos eletrônicos; ainda não chegou no ],; ;.;';"., ;" ;h.*ed:r do cardâpio
vinhos
cr>mputador e no e-mail, usa o Íax pâra me comunicar antecipadamente ,,,".,,," n",,rrti,'upid rntcn t e nr 'ç lqei'
Riscrva Brtrr
M'ilt"i''"to ^"'
i'li llil(111: lllsor lvrrrcr§rr'dL"
o cardápio do jantar. Geralmente, quando chego no consultório segun- Altenberger-de Ber.gh,. irrr
p1'?1to: GewiiÍtÍâmlnel êrrnaCru
',,.:.',r,i,-üi"'r
da-feira pela manhã, encontro um fax com o cardápio, que vou degus- llt i tttciro
tando mentalmente durante o dia e pensando nos vinhos que vou escolher
97 {em hrlrlcnagcttr à crtttl"l'
para escoltar os prâtos. Ela vai para â nossâ casa apí:s o almoço, com \r'1,,rrttlo prito: Câtellâ Altrr lv'lalbec
todos os ingredientes conrprados e pâssa â tarde preparando o jantar. , ,,',,,' ,lcve rcr tittdo da Àrgentin'l)'
' ',t, ' q8'
Arruma a mesa da mesma forma que fazia quando o meu sogro era vivo, \,,1',.t,,.r.,' Mt'sc:rflr D'Â'ri
â mesmâ toalha italiana, os mesmos copos, pratos e talheres que ela traz r .,'t, , <;r"pp" di llrurrello di Morrtalcino'
de sua casa.
Estimulado pelo meu sogro, comprei uma adega climatizada e apu-
rei o paladar nas aulas práticas que ele me dava, em suâ casa e nirs viníco- t li'trr'rz
ILlt:t ÜntrL- Adttatt" M'trtirrs
las que me levava para visitâr nâ Flança e nâ Itáliâ. V,,eis lrLttlerrrur !r1ÍticiDilr J'l ll'r hrltrtllr'r 'l'
r\lrrr, r.l r. N.-l() ('srrilllllcnl pi"t; lttt'r' Foi tlnr'1 vr:rtlrl(l(
.:lol "
;:', ,',,,:, :i, ;,-;,, ,i1,, ,,"" llil,,ii,i:liill 'i:'il:lll:ll] ,;,,''l;,li l)l':J,ll ,,
t' r tttlt /\r-rr rr rr\
N.l,' LI( l\'l 'lt I'ilril(l'r\o
t lt trrio t t t t t t I t ' t r ' t
I

,,,,,,,,;,,,, ,,,,,,t,1"' rlt i\tltt'ltto lsso i' t-clativo 1.'ortlttt'


I

O teleÍone está tocando. Talvez s eja o Íax. É. Está saindo o cardápio "

de hoje. :,,;,:l ,'l;",'1,'i,,; i'u,;;,:i',i,.,;;,'i;;;,i];:l',,,1i,;.. iill'iiJ l'.,]1,';i ;

"Adriano, l, tlllPlt \'l 'l (lll( \l '


r.l lll ll\ t (
1r l
trrttt 1"''t
( () L()l(x'il tI)ltl() ltlll l)(l\('lt lll(lll tl'
Desculpe o atrâso. Os mcus fornecedores entrcgârilnr tardc rs rncr- rlrr('r",l,l ,lll,l\ tlt li'rlr'rz
l.r,rrrlr.rr
44 . M()rsl.\ (;R()rsMÁN

Fiquei preocupado com os comentáriôs que Adriano Íez ao olhar a


fotografia do Vorld Trade Center. Será que está preocupado com o seu
câsâmento? Aparenta ser bem casado: uma mulher bonita, elegante, cul-
ta e simpática; dois filhos saudáveis, estudiosos, um belo apartamento,
uma casa de praia, carro do ano e viagem anual ao exterior. Como se não
bastasse, tem uma sogrâ que o trâta como um filho e que completa a sua
mulher.
O que mais ele quer?

Y ozss Do PASSADo
, eu não estou me sentindo ben-r. Pensei que ia
melhorar'
rlossâ conversâ anteÍior, mas, muito pelo contrário, fiquei rllis
e ansioso com essâ história de meter a família no meio' Não nrc
corn a idéia de que sofro a influência da minha família - atÓ
dc pârentes mortos r.ra minha vida.
-
r estou agüentando ficar sozinho o que nunca ãcontecelr co-
-
jogado rium âpart-hotel, impessoal e frio. Não sei até.quanclr
este mârtírio. Sempre fui de decisões rápidas e objctivils'
clue funciona na base da lógica, clo concreto, um tijolo em citttrt
. E.rruo lrr" sentindo um lixo: sem mulher, sem filhos, sern frrnri
casa. Não agiientei e liguei para a minha mulher' Mirrha l'ilhrr
conversei um pouco e pedi para chamar a n-rãe Não quis f;tlrtr
igo ieito nenhum, apesar de eu ter insistido. Depois n'randei florcs,
r.1e

riiio é o rneu esrilo, com um bonilo carrào pedindo perdào '' ttt:ti'
chance, a última. Jurando que ela é a única mulher que a:rlo e qtlt'
conduzir juntos a família. Silêncio total. Nenhuma respostâ'
O que me resta é tlabalhar e ver televisão. Tudo está muito cstrâ-
Minha vida de uma hora pâra outrâ deu uma desart ur.nada gcrrtl'
i\ uoite, estâvâ vendo um filme na televisão - acho qlre e lil Lrlll
r policial e tive a impressão, num determinado momento, clc quc
-
personagens estavam falando comigo' Fiquei assLlstâdo' Isso nuncit
âcontecido antes. Será que estou ficando maluco?
O que eles falavam com você?
- Não dava pora ouvir bem. Tinha que me esforçar. Llra intet'cssittt-
-
rqát,,,1,r,rtilivnrl^ nrrr r.lr"s- Diziarn l Ínln d<ls ocrsonaqcns (, ltlqo ct'lt
,.l ,r
t.r\\tjtt\ I ljt1.,
4ll . MotsÉs (;RorsMÀN

v()zcs far.niliares glavadas O que tliferc tl" l'ttt"'' tt'tt"


seguidâ sussurravam para mim. Era umâ cenâ do filme na quâl
âpareci,r
rlrr)\
li uma tluestão clc gratt'
urn detetive interrogando uma mulhel cr-rjo marido havia sido assassinrr r' ,r (lÚrIlrtidâde e e intensiclade
do- Durante o interrogatório o detetive me sussurrâvâ: ..procure
sua fcli
cidade, não se prenda a uma pessoa,,; a mulhercu.rr.rruo, .,não
cleixr.
sua fâmília, que é o mais importante que temos,'.
Que loucura! A essa altura do câmpeonato só faltava essa. por isso l.)rr.r rltzcl clttc ett não est()u doido?
e sinl o
é que sempre fui contra essâ história de fazer terapia. Explica,
confuntlr, I Lr, r'..trr , rtt clucstão Ílo l.l.lolrlcllto o seu diagnósticrl '';ttt
e não resolve nadit. /r ! r'l!( sL,lltam no scu contexto rclâcionill'
Sc você qLriser parirr não tem problema. Não há nenhum
conrrat,, I rr,r'. r) (llrc 1,66i propõe fazer, dotlttlr? -.
-
assin ado entre n(;s. l'r,,' or rl ,l (,Í-iÍlell, .1",,,,, t"';1t'' tilt st'trr f:rtllíliit iltra\'ós
(lt Lllll ( \( l
Não. .r,1,, Votrs do Passado.
- por Agora
ponsável
que comecei, vou âté o fim. E, tem mais, yocê e rcs
esses ruídos estranhos que estou ouvindo. ,l, ,,rtttcçirrmos, r'ocê precisa folmular tllnâ pergulltil'
cttslttlt' "tl
Não descarto a mirrha responsabilidade, os meus cinqüentrr p,,r l,lr,l,,, rrrrrt'qLre uit,r,, 1,,1,, tlbscssicl: Yoil colllillLlilr
cento. - Gostariâ, entretanto, de lembrá-lo
que suâ história lhe pertercc,
não fui eu que a inventei. O que esrou procuiando Íazer, com l',,r Lrv.,t. coltl,:1uc est:t tllliscrttlr pltrrr vctllll setts olhos polquc
a sua a ju dir.
é descob:-ir os seus bastidores e assim recontar sua história sob oLrtrrr , rr I r,', t ltrllil vlirgclll no telll[l(t'
perspectiva. I ,,,,,., ,,,,,r.,,,-i, clc '.rvião Nlelirol lincl:r prtr-t viriirrt" I)torll() lr
Você rem o dom da palavra, Adriano. Não sei porque você não r. r I rtiot ,t i'
._ . c 1,

político. l',,,1,l,txltt tllr ptllttlrtlil (lttc eLl votl lhc ol iclltlltlrlr''


rL
f ,,,,,,',,.r r-cctlill- na sua vitla, Íazendtl um Íeforno' Plrssan(l() Ptlo
- - Éque uma limitâção. Só sei lidar com espaços menores, o univers.
t 'l
Ir l|t (l()s s('Lls fi]hos, seu càslllnenr(), sua fottlatuLil' sua srtítl
r
familiar; é bastante âmplo, onde rem â p;lír;ca da farnília.
bcij. 5.c:r'
,f,,,1. ,,, r,,,ir. rr Primcirâ relaçã. sexual, o pril'nciro
trrt t
Voltando ao que me âtormenta. Estou preocupado com essâs vozcs
- da televisão. Será que
que saem ,,,, ,,i ,','f.*i,,... Cheganclo à sua infânciâ, encolltrc
tl crls:t ott'lr'
elas podem aumentar? Vir.em a prcjurli
lhc malctlr'l rltt rlclttel'l tlrr(. l"r
cal o meu trabalho? Sem o ttabaiho nâo son ninguém. ,,,,,, ,,,, ,,,,,' ,, str11 fllnília qltc tniris
euero que vocr.
seja sincero. Ouvir essas vozes é normal ou anor;âl? Sempre soube r1lrrtlr,.rltr,t.
qr,,. iiri lrr()r'rr ( r rrrr
quem ouvia vozes e Íalavâ sozinho era doido. l'r,,nl, r. 1,i t heguci. l'rli a crtsrt Ca nrinhir evti' ontlL
r"L
,r l'rt,, ,,,,,,,,,, (lllllll(l() tinhrl scis rritos Mrtttlic' rl1'ttlr '1'
(].r trllr.r r''t Lr rrrr
iliilfl , ,1, I',1,.,,,',,, 'ri,,l.l,. i,t.ieçr<'is t1.e pl'rti lrlol r('tr
,t,
Desde a infância, vão sendo inseridirs nâs gâvetas cle ( )r r rI r l 1 ) \ . ttt,l s t, rlt i teln llL ssc lll ( )l]l('nt () l
um anllario
interno, vozes representativas de figuras de nossà mundo familiar. llrr', rlr'z tt t tos.
\,,, r'( \l,l ( lll ltclltc cllr c:tsll. Dcsct'evn o cxtcri0r tltlrl'
l:_ss;r.,
vozes, que tràzem a cultura, a moral e os valores das geraçites
antcr irrrt.s, \l'llr/
vão influer,ciando, sem percebernros, no decorrer ,1" nor.", vidas,
tlcci
I rrrr. r ,.ts r típicrr clrr T,tltllt N<lttc ilt' llirl rlc.l'lrlcir')' llil l'll'l
rtt' !,rrl I
' ttrrr,,. r.r lr1tt, t. Iltlll e ,rsrr {t ttltit tlt tl"t'
sões, direçôes, escolhas de parceiro sexual e profissionâ1. rtttl l]rrrllrr I

,1, ,., r,lrittt\.tllt)\ll()lllr)se'llgttlllltt''t l'ltltlll\lll\pllttlr'\'I)ll"rrr


-. Ceralmente, procuranros fugir da escuta destas vozcs farriliirrcs,
fim <lc acreditarmos
rr
,1,,r,r,,,rrlr,,rrlotr'ttlllosttt'lllolts  cot-Ll lrtlttltlt c(rlll \ !
( (i l l ( l lli \ \ l ) T ) ) l
que estamos livres do seu podcr.
eulnt,r nrcn,,s si,, ( rllll i;tltlirll |L'lrrtrrr' (ollr 'l 1"1 'rrrr
1,,,, 1,., rrr 1,, ,lr.r. N r ltttltc tl;t l\'l'
I

ouvidas, nrais se tornanr inrensas e, lo prccisrrcnr sc ntrrnifcst:r,


reccnr extcÍltilnentc Itâs pcss()ils cltrc. t.tos cir.ctrntlitnr.
t.lrrs rr;.rrr
1 . 1
'r

111 I , I I I , , ' t t ' l ', lo\r'lr,l\


rr
(l( r( )\il \ \rr'lll1( lll ls ( illl):ll( l r"' t tlol" 1'r" t'
r
'

rr.,l, l, rr,,. ,1rr, tlr llllll t\ lllr o lll(lllll I lll)llr'


Iililil
50 . MorsÉs (;t{otsMÀN

t"À11 tÂ É l)r:u\ o 51
Dê a volta na cas:
-
..,,00#â;r[:,f 1,;T::T:::fi ::*:i{xTl,1"i.'}1"x1,":*,,o.
manga de
à mão, os guardanapos e as louças. No dia a dia, usava-
mesa de mamãe e nos jantares importantes ou festas, o de
ranja lima, laranja seleta espada e ta,lotinho, in
"t;lÍ;o:otno' cirna do ótagàre, um relírgio dc nresa dc madeirar malrom claro,
- Vamos entrar na c,asa. Você prefere entrar pela porta da frente ou
dos fundos? c baixo com o mostrador no centro, lrrcleaclo por dois castiçais
_ Vou entrar pela porta dos , No teto, pendurarJo sobre a mesa, urr lustre de cristal tcheco.
fundos. vou parâ a sala de visitas, de tamanho menor, onde fica a
peto interior da casa. cntrada da casa. Tem um sofá de três lugares e duas poltronas,
vá crescrevencr,,
",.u#fid;:|T;f::i:.:"do
d,q,.i;;;;;.'#. perceber se ouve' no reu rrrrr,r clclas uma bcrgàre, ortlc vovô scnti'tvâ c c1trc, clepois cle sua
;;li,:t";e traiero, v.ze.
passou a ser ocupada por papai. Em frente ao sofá, uma rádio-
-Acozinhaéespacr onde se ouvia discos de bolero de Gregório Balrios, que papai
;il;,::' a::í; fli : *i[i,a ::x
bancada ;";;;;";";::;
r l*
[qü m'i;,[r
com ono cadeiras.
t, Í:', lT:;T
onde comíarnos,
uaçâo da pia' onde
e um., li os qualtos?
.o.iar, qornãã'r""u .rr'i-tl i"ttin lricrrln nrr parte de cirna.
almoeo -"0 p..p".r""'.
-ario g.rnJ.;." ..".ijll:lt fo; domingos. Ti,hà ,m ,,-
um guardaJouça'
Você pode subir a escada?
- É uma escada com o corrimão gfosso, com marcas do tempo e
o,d. .;;;;';;;;r;,'::"'"' de madeira escura,
-trs largos de peroba-de-campos. Estou subindo as escadas e ouvin-
copa-cozinha uo, .niãl;:;:E;j,:llheres do dia a dia. D.p.;; ;;
l,,rrtrlho dos ir.reus pâssos. Chego na pârte de cima e entro lro prrnrel-
observe ,lgr-;
- se esrá ouvindo ioirn. , onde dormiam duas de minhas irmãs, a segunda e a caçula. A
: Hljiijl;,,:,?;,::J
,-T"",ã. ,,,,'u,,*,- qu" vem da
colocar no meio da cozinha.
cozinha. ó simples, com duas camas de solteiro, um guarda-roupa e
p('(luenâ mesa, que fr,rnciona como escrivaninha, parrr elas estuda-
melhor. Vocé vai ouvrr.
llnr cinra da cama da caçula tern bichinhos de pelúcia e na da outra
Ouço a yoz da mínha avór
--; rrrrrrr boneca. Entro no quarto ocupado por mim e pela minha irmâ
"Mazinho, vem comer r:m
pãozinho de queiio quentinho s vclha. A decoração é basicamente â mesma, cor-Íl a diferença de que
para você,,. que eu fiz
"Nâo quero nâo, vó, nâtr tnrnbém uma cômoda com as gavetas de cima para a minha irmã e as
íome Estou chupand" jabuticahr " lnixo para mim. Acima da cômoda há enfeites, perfumes e um espe-
.. "Mazinho, r;;";;';fi.t:".:3m
rrcar rorte.. Nâo ,.orrinhJ'ãut:Ir;l:r=" você tem qLre comer prr.r nr pirredc pala ela se pentear e rnaquiar. Acima da nrinha canra, na
",
Da saia de janrar um pôster do Flamengo e, um radinho de pilha na mesa de cabe-
ouço a voz de minha
mâe: râ.
_ "Dona Julieta, deixa o r Ele vai Ouve alguma voz no seu quarto?
r"'r.- e ..rí.," :lr"::ffiffi,jo,,quieto' comer quendo rivcr
- Nada. Silêncio absoluto.
rirhos.muiro bem e sei - Esforce-se um pouco. Concentre-se.
,.,"' ;):.::';:.::i;;:J:;,1T"s o que os me,,\ - Parece que estou ouvindo uma voz ao longe.
que aprender,,. '
nha gente' Você é nova, ainda tem
muito. - Consegue identrficar de quem é a voz?
- Não. Está baixa e distante.
,,r.ilj'Í.liii,;.::,$[::11 onde os móveis sào de jacarrnd,i. er:r - Procure descobrir o que a voz está lhe dizendo.
l;,;:T:*1,{il-:+j;:iiiJil?.'#:l::',ili:.ff :,:i::t:;, - Tenho a impressão que é uma voz que vem do fundo de uma
(.r\'( -Lr Lrl.rtl(l(): !( rtt. \,( l)t.
r
de cris*r. n,, r."","'. ,;;.;1.';l::,:,Í):lr:,,:"'.:::llrri.r,r,r, r;rnrrrón,
l sDr'tr'. rr. lt,r ,ltr r'tt stirIt rIrrr'rl)rIrr r,,,2. ll.,l, r',,r,,,.
52 . 11() r\ t: \ (jR(),sMAN
r,AvÍl.rÀ É: lllus " 53

-,A.companhe â voz. Siga o seu chamâdo.


Estou no corredor. Como o quarto ficou vazio, pedi a mamãe para pâssar a dormir no
q,. é-.n r, ;;;;;*:r;l',;il I ; #:.::'ji f.:: :ix de vovri. Ela foi contra porquc erit Lrm qLrârto estrâr'rho e não serra
"ü dos
.- àttre no quârto seus pais. ^* :: :;ffj:, paril Llnr gaÍoto de trcze irnos ciorrrrir na cill.llâ quc foi clir avó.
Não consigo. Estranho..Tem uma tcntlro, cla:rchava cluc sctiir Lrnra tx1.rc'r-iêncirr intpot'tillte para
trar. -A voz de vovó fica rnars barreira que não me deixa en_
rlormir sozinho pela primeira vcz. Mcsmo assirn, rraltcvc a negati
forte: ve[r, vem. Está me puxando,
tenho como resistir. não ( irlri para falar com papai e ele concordou. À noite, ouvi uma briga

.Abro a porta do quarto de,vovó e imediatamente sinto o cheiro dos dois. No dia seguinte, comecei a dormir no quarto de vovó
me e conhecido: uma mistura que
a" r"tm qu"iÀrniã'.ã.r, j"nr" de fiquei até sail de casa.
ma. o inrerior do quarro e escuro. alfaze_ foi a morte de sua avó?
ridão ate correçar a surgir
Tateiá, pr".;;;;.;.,r.rumar
à escu- - Como
a.nr., Urrroi.Jr;il Guiado
Uma n.ranhã, como fazia habitualmente, fui para i.r cirma dela.
- o deitei ao seu lado, ela me irbraçou por trás e me aninhci no seu
rnz das velas, penetro no inr.rio. ".ilr. do pela
au qur.i;';;#..,;rlihan
queno altar rodeado de um pe_ . [-o13o clepois onvi um suspiro profLrndo c os braços clcla cnr yoltl
velas, conr a imagem r; ri;;;.
Ouço agora niddâmente a voz N. S. Aparecida.
de vovó: itt'noleceram e caíram de lac1o. Olhei para trás e a vi corr a cabeça
'Mazinho, já tomou a benção Sai correndo e chamei papai. Depois me afastaram do quarto.
a l.l.i. Ápu...laul.
Faço o sinal da cruz e me E no velório, no enterro, como você se sentiu?
af oelho alr"tá ã" ,'fã
"Sua bisavó foi um exemplo - Não fui âo enterro. Meus pais acharam que eu e minha irmà
de mulher.' -a éramos muito novos para irmos ao cemitério. Fomos passar o dia
Nunca existirá uma mulher .o*o
Beije, por mim, o retrâto "tr. aos pés de
d.l, ;;;;;;; ( rlsil dâ minha outra avó. Lernbro que no dia do enterro, ficluei muito
Beijo a bisa e me levanro. N. s. Aparecida,,.
l)cpois a vida continuon o seLr runro.
-...-
eual a razão d.a veneração de sua avó por N" Sua avó não moreu para você.
S. Aparecida? - Você estií gozirndo corn a minha cala. Lógico que molreu. Ela foi
. - v.rvó rre conrou que..q,uando
desenganada pelos rnédicos.
.,., ;.;J;r. ,.".li#,nrll . r",
A tisa, a ;r":;'l;,;;; ;,;" i, . Nunca mais a vi. Você está querendo me confundi:'.
N. S. Aparecida que, se ela se Se todas as coisas na vida acontecessem dessa forrna objetiva,
salvasse, ,..;r;;;'r;;;;;lrli:.".r:,ir:?i:
e que esre se perpetuaria
na família .1. ,." g.;;;;;;;;;;r.,.^.
-tudo muito simples-
E onde esrá o altâr?
- Na casa da minha irmã mais velha.
- o;vindo sua avó lhe .ljr". ;;j;
- alguma coisa?
^E$ nre.lernbrandã q u' A vida é mais complexa do que dois + dois = quatro. Temos um
rfi"'l'dorlTlir mais utr pouco n() ai,'
,.., Ài',',1 â,1,", l.i},l uera 'J, quancro eu
c[nâl de subjetividade que cone paralelo, que contém nossa bagagem
,"r, brrçár. quentinho dos
familial acumulada, pouco explorado e desenvolvido. A abertura desse
Qu_anto tempo mais sua avó viveu?
- Até cilnâl é o que daria um colorido às relações e, conseqüentemente, ao âto
os meus reze anos. de viver.
- é que depois que vovó morreu, papai A morte é um episódio, um momento que encerrâ a vida concreta,
quarto,
^,,._.?:lr,or"
rr P.rra o quarto que h quer.in trucar dc
aera' tnrs
objetiva e que, âo mesmo tempo, determina que a única comunicaçào
a co6d;ç511 a.
o,,lJ'iiil ." ;':i:"?"j:::: ('s Ia' o qtlf nrirn:ic coroc.u
i: quc rlranterenros com aquele que se foi será através do que ficou da sua
íazer. C,,rrtrrttr:tr,,,, no . l-' ""-' clc \('I((tls()Ll .t
orar,,, delcs' () Illc:\J)1" qLle voz, dn suir inrirgcnr, enr nossâ nremr'rria.
srrlrcirrr, l).ll)rti r\ilvir (lrr:lr(i()
l)csdc tlLrc ll'lsccr'nos virrrros acurrrLrlancio, através tlas rcl;rçõcs fanti-
li,rr,'s vrrz,.,,{,lrr< trr,.trrlTrrr,i n-rris signifii'rtivris í1,' n/,§c,r f,r.'íli" .',',.
í4 . r;RoJsMaN
^,lo,slrs

FAMIr-lA Ít t)riUs ' t 5

j,::: ,]:::.r.r,,i, dos mcn.res aos maiores «('jõ


âros. D§Las y,
Illvlslvels forem, maiol [51.1ç vozes, quarto mais
to,ru.l]]e
, .,," r^"--
j-t1" o seu cornando.
crr,, , ,nor," a""u
o angu com carne moída, o seu famoso frango assaclo c
se não realizarmo, sigr.rificativa do nosso círculo familiar, à bolognesa dos dorringos?
o lur:'^p::.to.
.r.d"d",;J."1;.; Irl"',ll^t: fttt*sivâ mente, o morro caminhar.para vou encontrâr aquela mesa bonita, toda enfeitada e color.iclir
que se "oferece,, corpo de um dos membros ,r
bremesas? O pudim de leite condensado, o pudim de queijo, o
da famíiia
", ". -::1o^']:
-i"ão' r;;;';" ; ;;:'1":"-'Yo' é escolhido p"l" r"-íli';';; ;';; pão, manjar de côco, brigadeiro (não faltava, eu adorava), doct.

Tj:;:,":,";J" il; . ;.,:


rransro,.;;';:,1, i:I,,;,":,1_i
morr.eu. de goiaba, de jaca. bolo de laranja bern molhado, de cc-
rlt Írrbii e o seu famoso sonho cheic.r de cleme?
Senhora Aparecida, parece que estou vendo vovó em cârn( c
rrrrrrha frentcl
En.r relação à sua Tomaz, pode tirar a máscara e vá abrindo os olhos devagar para
avt íato. del.a nào rer rnorrido
graus variáveis. pr., à luz rmbicnte para loltar ao presente.
o ..'.,1 a" rr,,iur,-á,.,,,;I",ilrlJ,1,,.1JX.r.r.;ll]
ro*e e decisiva nu .ru uiaj.,o Que viagern! Nem acredito aonde fui parar!
que é isso que você botou nesta cadeira na minha frente? O tlLrc
dn Nào adianra você in,isrir. ,r v( r essa boneca enorme de pano?
";"':",::;,'lJ,Tr?:Ill: :1s"r,
ro rnesmo ponro. a [amília. Nào para"lr,-r
Voec
Vocô cstá a fim de me sacanear?
rrrrueacra lro dia a dia. a.r,
_ Nâo tenho como a boneca-vovó. Tipo vovó dos velhos tempos com vestido com-
-l deÉ chita
_ d elllonstrâr através
esta presente em você. de palavras como de florzinha, cabelos brancos em coque, oclinhos reclon-
sua ayó
De que outrâ maneira rrrrr lolo dc lã nas ntãos fazcndo tlicô.
- Ouça
_ poderia ser? E pra quê ela está aí?
.
quiser.
a frase que.,-' v'ou lhe falar e responda - Para, através dela, você se despedir da sua avó.
sem pensar, se você
,,Mazinho, - Você está brincando comigo. Olha bem para a minha cara. Vrcô
você nunca
-'*"-a encontrará urna mulher -que sou criança? Não acredito
procurar à uonara"i. igual a mim. pode como você tem coragem de me fazcr
vovó' você rem razão' prr:posta dessa?
,.r. À: Tantas mulheres e Você já me ir.rduziu a andar pela casa onde rrorei com os meus pais,
nenhuma chega ao
itar o quarto da minha avó e agora quer que me despeça dela por. meio
. Onde vou enconrrar o (:uidado e a preocupação que
mrgo? unra boneca?
você tinha co-
Olde vou encontrâr ur, É demais para a minha paciência. Você acha que sou idiota? Acrecli-
um carrnho igual qne a minha avó está viva e representada por uma boneca?
onde vou ao seu?
";;;;;;,. d"d,i.rç;o corno a sra
onde \ ou enconrrar ,, ..1 l Vai lhe incomodar
-ocr:rrer é não produzirmuito se fizer essa despedida? O máximo qut:
o'rde vou ;;;;;;' braços') nenhuma alter:ação na sua vida.
€ruBIos como os seus?
onde vou "",n'i]o'oo'seus É verdade, não vai me tirar n.nhu- p"daço. É apenas uma qllcs-
a càrne seca conr ";.;,;;;l; a sua? Aqueie pâo ! -
o de princípios.
abóbor.a, illid':t'lt de qrrcijo,
"
pernil de p",'.. ,a*ãã.1,t".',','lTf"',n^o,ot porco com rLrrr l'.rr,r rlrri t,rri sclvir cssc tr()ç()?
,. cozrrrh.i. vrcé me charr,ava '-l:]1: ho'a, cla ,;,ilr,']jii"l"rjili,,l l':rr.r r'lrt s;tir rlo sr.rr coTPo r. ir Prtrrt lt srtrrrl.«1t,.

lI. drlo ,",'.,, u,-o;;,;';;',,,, 11;17]'i" '9dua.s Ínri:s e esconctir]a dc r:ranric N r() (rrti,ntli l,r,rlI r'rl,lir,tr rrrr,llr()r, tlc lr|r.lt,ri.rl( rrl (.Dr
I)I)rIlr|lr(..,
lhr, o Lifci ,r" p:,,;;;:,;;;,u',i',In, ,'
irrnrr)rrdcgns r{c crrrr,, N,ro sr'r sr,v()r(()r\(.1llril.l)()r(lu(.{.rrnt,r I r i r I , r r s r I , , t r, r , ,, r r
rrr r. r
, .
r r |
.
r , r r

dc nx111;1.,, r,ir,.],,r,,,',, t,,,t,.r


.,iili" ;l.llili],
l,li;
(.)rrrrrrl, ,llllucr)1 nr()rrc, o corpo é cnten.ado no celnitúri(), rrrils .r. ;rvr-t Vorir l''rl"
llrrr,r tlrrs lllillllas \'()zes prefericlrrs ó a cla mirlha
I

l, r r r l , r r r r,, r s, rr lristtilir,r darlriclc clue se íoi, perrr;tncce. na f:rntíiia. Dc acL,,


. , ,.,rrr,l.rrlc!
,1,' \,,nr () l)itl)ljl (luc elc exercia na família, se tcyc u I'r.1 l1l()rtc precoce ()u
\ r(,lcr)1.1,.l pcrda será irbsolvida cnt menor ou milior gríiu pelos (jue i:icir
r,ur), lrrrr processo vagzlr()so que intplicarii numit rcorganizaçâo da lanl
Ii.r soblc outrils bascs. ( iotuo não Íealizamos a influência que â fâmília exerce soblc crl(lir
,t;';;;;; ;;;;bé. ;ão percebemos o quanto das ":^'
d':":l::'::ll:::.:l
;t,,;i;;;;;õ"!, ..np"gudos,-ficam gravadas numa fita cassctc
grlvâr
l ,4, qu" ,àdando continuamente' onde rlão se consegue
No seu caso, pela sua proximidade com sua avó, talvez como subs- "rtá
c itttrr ou simPlesmente âPâgâl'
tituto do seu pâi junto â ela, você foi "eleito" e ,,aceiton,, o pâpel de
'ij'ir;;';;;;. ;;;ori".",'"'a'ntlficar as vozes familiar es prrt ir p.clct'
pot elas'
carregi-la e evitar que ela rnorresse para você, scu pai enrluanr,r vivo, L. .,: ir.."gir1 a fim de evitar ser comândâdo
suas irmãs. Sendo ela, você não a deixaria, paulatinamente, se afastar.,
morrer, tornar-se distante da Íamília e, com isto, surgir uma nova lide-
rânça, mesmo que com muitas de suas carâcterísticas.

rle lihert.rçi,' d. c.rnrnrl, 'l:t roz '1"'r''


" l
r\ rr rl('t\ilt r'lc sel scu rtimuio'
tlc l'tz' t t '
As fan.rílras são paradoxais, apesâr de saberem e desejarem uma re- N;,, é parir nre libertar de utna vez? Não sou hotnetn
novação no seu interior com o surgimento de novas famílias, orr sejl, par a cobrir urlra casrl' tlri. r rlr'
, ,,,''.,', p.i" -.ioae . Quando ve nclo telhas
clal pirra colrt-it t()rlr' "
âtravés do nascimento de novos membros e â morte de outros, procura r',,(' .r lltct.lde. Eu garirtlto clue acluells tclh:rs vãlr
congelar o tempo pâra que âquela família permâneça sempre a mesmâ, t,llr,rtl,r.
imortal, e os nrais velhos não morram. SLrrr icli'ia cla casr é tnuito l:'oa'
Precisamos perder para ganhar e ganhar para perder. A família, na
busca de unla estâbilidâde que é irnportante para o seu funcirrnamenro
pode queler se mânter, -indefinida mente, sem enfrentâr as crises nrorr-
-vâdâs pelas perdas e aquisições de novos membros. .s
constitui como se fosse uma câsa' uÍI eÍrvoltório l-rt':t
A farnília se
de pertencimento Mesn.ro qrrlrl
,au* i,ri"gron,.., que lhes dá um sentido
do ir rclação amorosâ' entre marido e
mulher' companheiro c compattltci-
estes reagem à possibilidadc da sc;::tr'tçirt
;t: ;;;;t;r;;".omprometida,
Nossa! Que coisa macabl a. Parece filme de terror. A família eter_
-- 'Á.n."
Jcvi.l,, nu receio cle quebrar o casulo-casa-família'
na. A- família congelada. Acho impr:essionante sua câpacidâde de inven_ é a lepresentação objetiva da família' o
símbolo dc strrr cxis
ção. Tiral uma história da cabeça de um alfinete. da casa' no tatnrttrho' locrt'
tôncin, À fanrília vai se ext;riorizândo através
quadros Vl i.detttt r'l rltl't
liZ,rCi,,. clirisã,, intelrra. decorcçã(), rCtÍatos
Uma das razões de conseguir fazet uma outra leitura dos Íatos e 'tttt
-
deve-se à convivência que tive com a minha avó materna. El:r ntc contâvil i': c:rsld:1, divorcildl otl recasldlt' oll stlâs cr)ll(ltç()(
s (''('l)('llll
a,ttc,t,
"1"
histórias da família, mostr.ava os reratos dos pais, avós, dos irnrãos clcla,
- ' .r.,lt,,r"ir, r'rtei.tis t rcligiosrrs'
.],tr,
<trigctt't' tttt'sttlt'
da rninha mãe quando pequenâ. Dizia para não confiar cegiurrcnte nos Ni,,g,,i'rr sc libcrt,r co;llplctâltlct1tc (lc sul farnílirr tle
oLrtfos, ncm r)os fâtniliirrcs s pr.ocrrrirr otrviT o lncrr crrrlçio.
-58 . MorsÉ( (,RolsMAN
f ÀMÍt.rA h: otrJs " -59

constituindo ourrâ. É uma cadeiâ de elos a qual,


quândo organizamos
nossa famílier, juntamos mais um, sei o que está âcontecendo. Não consigo contintrâr a frase. A
este c*--;rriu iir.r_i.au"f .
Nas par-edes, nos quartos,_na "mpliando
salá, na cozinha . nã, ú*nt s.ri.
,-1. ,:. r,,1.. dos.personagens Íamiliares. que t rtri
devemos procurar "i.o.,
idenrifi_
Àlxrrce elir e tcÍrte outrâ vez sc desprcdir. Pocle ser clue rtssim iicluc

:::: j:::-::*:.irmos
as qLre iLrtgarmos convenienres d...rl",., ,, qr.
const oera rntos estarem n()s atrapalhando. " Abr açar ur:na boneca?
É um processo que leva uma vida, até a nossa É a sua oportunidade.
rlorte.
Vou tentar.
,rh qr.re saudacle".
rgtiento o choro, Adriano.
que saudade do seu chciro de alfazcma, clo sct-t cot po quen-
,,_ Y"rn,9 satrerrdo que não vai ter resultados
Não -terrho rrirda a ganhar,
imediatos, vou tentar.
nem perder. Nunca vou lhe esquecer, mas você vai precisar sair do meu corpo e
O que eu falo aí para a boneca? .r sltrclade.
Não é uma boneca. procure ver sua avó nela. vovó, está vindo uma vontade de dançar. Lembra? Foi com a
- Tá legal. ,grrc dancei pcla çrt-imeira vez. Entlei no seLr quarto e a senhora
- O.n,,.n doVou fazer a sua vontacle.
tema despedida, você porle falar ou fazel que ouvindo no rádio um programa de valsas. Pegou-me pelo braço e
_._,.-- o você
qulser. dançando. Eu tropeçando nas suâs pernas. E a senhora me falan-
vovó, você foi a pessoa mais importante <ia minha bailes que ia com vovô, da valsa com vovô no dia do seu casamen-
-
me muitas coisas, entre eras o prazer de cozinnur.
vida. E,sinou-
r,,rlsl conr papai r.ro dia do casamento dele e que drnçaria cotnigo
a. ir.r*.. umâ mesâ
bon ir a. Lembr.ava de você or:ando os
..r, Í;lh;r;;; ,lt, rrrcu casancnto. Era o Dirnúrbio Azul. A senhora crlntarolavlt
do preparava os almoços je. domingo c. à o.!r.no, ou, n_ dançávamos".
noite. o lanche conr "pão de
queijo,.igual ao que você f"zi, pr., Ái,n. l)rrnce, Tomaz, con'r sua avír. A Írltima valsa antes dcla prrltrr.
Adrnirava a força e tenaciàade que devo ter como ela cantava para você.
herdado de você.
Gostava de seu cuidado colnigo. maravilhâ! Está me transportando para muito longe. Parece
Estou emocionado. Não tenhÀ mais nada
-nâoQue estou âqui. Que felicidade!
a dizer. Não esperava gue
uma simples despedida de mentirinha pudesse
me .o;o;; "Vai vovó. Vai em paz".
Ainda não terminou. Ficou faltan<Jo a despedida Sente e descanse um pouco Tomaz, porque o exercício foi
- Pôl Eu já falei prof .inrn.rt. ditr. -
tudo que veio à rninha cabeça.'O--qr. un.ê
mais -de nrim? Arra:rcar as minhas rripas? --r..' - Y' qr.. Pior do que isso. Você me Íez chorar, o que raramente acontecc
-
; Estol sacando que você deve ser um cara muito exigenre. Quando choro, choro para dentro ou os meus olhos ficam nro-
Comoéqueéentâo?
de pé e conrinue de frente para a sua É herança cultural, homem é macho, não chora; e herança fami-
você -.Fique
-
fala,do e, se v.cê concordar.",n à qu.
avó. Vou ficar atrás de -
Scu pai chorava
* a,r.;a ;;;" para ela. ?

por hoie. Estou cheio de tanto ouvir dc


Vovó, preciso rne libertar de vocé, .*ào Chega de família
procurando. Necessito oue você saia "o, ;
;i;;;;; passado Ihe -irr. Chega!
l)lr;ui il porrco voLl vontitar.
do meu ...p;
rninha e de roda a farnilia. "; ;;;. a sa,dacle, l)r11,r rrrt rrrr,r coisrr, Â.lri,rno. Iiltllrtros c Íizcntos nrrrilrrs.ois,rs lr,'1,'
"Vovó, preciso me ribertar de você senão rt, (.,t( nlr)r)r(r)lrr loctl rttio rtsPr,ttrlt'Lr lt tttittltlt 1rr't-llrrrrl.r iriti.tl.
-
Ihe procLrrando.
voLr viver no pass:rcro
Nccessito. Nccessito. Ncccssito.-.,, l',,,1, .,r'r rlrrr' ( ll ( \lrv( s\( ( \(ll('(( tl(lo rl,t rr's1,,rst t crrr lrrrr\.t,, ,1.r
l, r r,l, r, h rl.t pltlittttlrt.
FÀ\,lll r,\ Í l) | lr\ o í) I
60 . MorSÉS (;R()lSi!,ÍAN

a lista de vinhos qtrc tr:nho


Vou arriscar um prognóstico. Após ter realizado o ritual de despedi- Está interessante, diferente Consultando
da de sua avó, existem possibilidades de você abandonar a idéia de en- adega, vou escolher os seguintes:
contrar umâ mulher ideal e, com isto, tentar manter o câsamento. Eitrada, Franciacorta Brut Nuova Cuvée'
- Qual
seria a lição de hoje professor? F.i-"i.o prato: Chablis Vandésir Grand Cru 7997 '
Procure continuar a descobrir suas vozes familiares e o quanto Segundo p."tot Nui.. St' Georges 1996'
-
elas interferem na sua vida. Sobremesa: Vin Santo 1993 '
Falou e disse. Até a próxima professor. Café: Armagnac.
-

?lmaz sai, meu olhar volta-se para


a escrivaninha e vejo Caro leitor, quais serão âs vozes oll a voz
famili:rr que intlttenct<'tt
- Quando -
a fotografia de vovó Isabel. Lembro-me de quando recebi a escrivaninha, a tornaÍ-se ter.lpetltâ de famílil?
abri a gaveta e encontrei esta foto, que é de sua época de solteira. Ela, Será que foi a voz de sua avó?
fantasiada de odalisca, numa festa de Carnaval. Era uma mulher bonita " Procure congregar a família"'
coln um olhar n-raroto- "Não deixe de continuar a minha missão"
Meu pensamento viaja para a cena de um almoço na casa onde vovô
e vovó moravam, no Alto da Boa Vrsta. Eles reuniam, aos domingos,
toda a família, tânto do lado de vovó como do lado de vovô, os Íilhos, os
netos, os irmâos e as irmãs. Devia ter uns 13 anos. Muita brincadeira,
correria e jogo de bola com os primos no campinho atrás da casa. Época
boa. Todos reunidos. Hoje, muitos morreram. Cada um seguiu o seu
rumo e os almoços acabaram depois que vovô morreu.

Hoje, o fax chegou na hora. Ela costuma enviar antes do meio-dia.


"Adriano,
Espero que o cardápio atenda os seus desejos gustativos.
Agrado do chefe: Consomé de peixe à veneziana.
Entrada: Terrine de vegetâis com queijo de cabra.
Primeiro prato: Espaguetinho ao rnolho de crene de atum, anchova
e conhaque.
Segundo prâro: Peiro fariado de galinha de Angola ao vinagre
balsâmico.
Sobremesa: Bolo quente de ricota e amêndoa com sorvete de limão e
mar.rjericão.
Café c biscoitos.
Até,
Su il sogm".
c
:
ú
U

LL]

F
Í!
2
Adriano, hoje pensei em procurar minha mulher. Estava no aparta-
- dc Sandra, cheguei a botar a mão no teleÍone quanclo ela entrou
conr o nenino no colo.
(iontinuo sem saber o que fazer, se insisto com minha mulher ou se
com Sandra. Sabe o que acontece? Sandra não me preenche inteira-
. Na cama é ótirna. Ensinei o que gosto de fazer e ela clesempenha
velmente. Tornou-se uma profissional. Faz de tudo. Fora disso.
rrrnn nulidirde. Fica esperando que inicie unr diá)ogo, umir conversa.
rnulher é dc falar-mais; t.ne coloca;r pir:-de tudo o qLtc está rtcot.t
com os parentes e os filhos.
-- Mirs agora você tem um filho também com Sandra.
Sabe, não consigo reconhecê-lo como rrleu filho. Vê se você nre
- . Sei que é meu filho e ao mesmo tempo não aceito. Não nasceu
tlir rrinhir famílie. Não o considero corno irmão dos meus lilhos.
rlrinr, é como se tivesse sido um mero reprodutor, fornecido o esper-
c o filho pertencesse â elâ.
V<rcê não está conseguindo aceitar que teve cinqúenta por cento
-
rcsponsabilidade na produção desse filho.
liu não queria, nem pensavâ em ter outÍo filho. Foi independente
-
nrinha vontade.
A vontâde não prccisa ser consciente. O fato de você ter partici-
- rl'rcsn.ro de forma passiva, já o envolve no processo.
1
Vrcô não foi forçado â trânsâr com ela e não pôde tofflâr suâs pre-
,.llr\ll(\((II,rrrr|rrI{ (|( \,i(I(),t,rlllttnt ct,nr.r n tl, r tlnrilirtt.
66 . r,()rsr:\ (jR()r\\JAN

FAMitl^ I r) l' rr\ " 67


Já vem você novarn
que o- meu pâu não me
essâ história de família' Patece ató
,..,'illl,ttn' filhos Lrm dia e responsabilizaram seus pais, agora scrão acusirrl.s
Sabe que vocé falou
-,1.;",.,..,,0.. filhos e assim por diante.
l1 l? ,"r'Ii]::i:i,:;::: i#Ji.j:H,H::i,j;T:, A educação e a orientâção dos filhos virão, numa primeira instrin'
nrsrorra vai" reoer.curir. no.rÉrdrrio'à"
tamiliar, que"r.
- Não estou entenclendo. coro " rrr,ri,.f".
',," '
,rrrni-""
rlos pais que são os líderes natulais da farnília. Ao nresmo tcrnpr,, n J,,
Lembro_me de um cl esquecer que eles são e folam íilhos e que cacia lr'r troLrxc urril
1-l

- '"Íjfl:fi colrr acertos e erros, de suas respectivas famílias, clue viio rL'
Í:ii:l''+';;,;;::'"::'J::'1T.1i"fl :i:nT,:,1',"1..: hoje, na família que criaram.
tre q rr u n cr ;ã.' i,,, [,re r p rr,§ |s 6 1.
l,':T :,'*I:,.lü JT,ir"i"Jll; fl i
r'
"'i'' 1

Pa receu -mc qLrc ele ore,


recupelxr'-o p;tr que haria "dad,,"
,rr., ,,,,,th"r.,.,;r;":,: l:::]:"' ;1

primeiras .,;;;;;;;;;;.:lTi li,1r^il,.ljii:::*::ffi -Jri lhe falci que nrinha família ficou pirra trás. o quc consirlcr<, r' ,r
consesuindo rearizar,, aro
sexoar d.p"i,
5::iljjj:* que construí com nrinha nrulher'.
com um psicorerâpeura, que
.-:_pr",, No;;;-;;;;';i;J;r,
.., .nr-.'n"j.r,
enrrev,sra :j
o tib.rou,
-
cscrito.
O nascimento do seu filho, que precipitou sua separação, já esta-
a rerrrar, a se aprr.,priar do pau "t.a sua
:^:.rj:1,r.,
5eu par era umâ pessos qlle -
que esravâ conr rnáe.
rrabarhava ;;;;;;;;l;;Ji:,T,Til':.:., educaçào dos firhos e q,,c
Isso é outrâ viâgem sua. O
- corpo e pronto.
no meu
.", i* _" pertence. Está pendurado Não tenros a mínima idéia, não suspeitamos para onde a trama fir-
Vol,undo à. questão d? vai nos conduzir'. Somos com<l fantoches de uma peça fanriliar',
quenra Illf"l você nào precisa ficar com os cin_
^,,^-] por cenro da resoonsabilidaáe sos por fios invisíveis rnanejados por peÍsouâgens cla nr>ssrr hist,,
a" ,el" i.,,r."üii.1, Íarniliar passada. que se atualizam, em grâu maior ou rnenor; rtr'.rvus
;ffi # . a",. rn'.ã,"i
a
ffi ;:T ii:1
,i Í;;:1: X Jl 3liL;,?I..
;
"iàl nris e cte personagens de nossos relacionamentos.
ras e convivências com as quais você
envolvido. esteve

-Que atrsurdo! Você pirou de vez! Que fatalisrno! Que clctur nrirris
Há uma forre rer:dência no ser h,,_.-^ ! )nclc é que fic;r o tal do livrc arbítrio? Não é possível qrrc trrtlo sr. jrr
(
por algu*a coisa de errado hut'no ern _,
^._ responsabilizâr o c,utro
o,ll -t:t ília e eu reduzido à pó de merda.
lece', con()scu ou rlrrme
t"n b.L.".nor.'rl*i"r,'*.,^i1t ".:n qrrc F.xiste uma relação tênue entre o seu desejo e os dr stra Í;rrríliir.
'ela-çâo -
e íon,. a..r, r.i;';;;;illjj'o.j il,,lTji;.T11::
na reraçàu
frmiir:rr
j e roso.s.
Ih,os. Não
i. or r". po n'ri"u ;;;
-e,i,há
a rnenor dúvida de
;"#:
; i"' . ;, il: :.J ;rH:;: ; T ;, 1;
0r".. i,if,,lr,, A construção da individualidade vai depender de descobrirmr>s tltrris
;j;::J:l l:'il,,,0.p.,d.,,i. ;;;;;#;H:" :::T:I
",r,ril,jl
âi:l;:T:';il tío os desígnios familiares e, com isto, abrirmos uma estrada para o de-
emácionar
à;; ;;;;;#ü;,ilLiiljl;ii.,Í:ffiil I ü:i:fru] tenvolvinrento de nossa originalidade, que sempre terá tintas Íanriliares,
com coÍes mais ou menos fortes.
I-laverá continuanrente um equilíbrio delicado entre irtcnder il íxmÊ
I

6ll r !tot\t,§ (i(otsM,\N rÂMÍLlA É- otus ' 69

lia e a r.rós n'lesmos, ou sejâ, manter o contatô com a família original r.

conseguir um espaço individual-

ls*4x-+**,*g,l.:,,ll l;í*',ffi
A questão é que as famílias, as gerações ânrerioresJ já exisrem quan
do o indir ídLro nascc. e ele precisa vir e ser.

fi:::::,:ti:'l:::;u" comprexa quando, tânto umâ parte quânro a

hf:;lr**il;:::,:::'*:;:Iil: j.':TL::'.:.Til:.?[;
j':',"j
Vamos ao que interessa. O que você prepârou para hoje?
- Mesmo que não concorde com o que eu falei, tive a impressão * ou*''
- deu nem tenlpo para
que não você pensâr no que eu disse, da água desccr
pela garganta. Sei que é difícil furar a barreira do universo familiar co
IlilÍn::;: :';:i:: :m;r,'J::::iãl[Tx:".':i;;:i"
;

nhecido e cair neste nesmo universo, agora desconhecido, apresentatlo


por urn esrrenho à sua Íarnília.
Tá bem, Adriano. Não vou discutir com você.
-Qual vai ser a perguntâ nós passarmos para o exercício e deixarrros essâs con-
de hoje? - Í'l melhor
rtr['rirçt-res íilosóficas.
-
Antes de decidirmos â perg[nta e o tipo de exercício c]ue vâmos .- V>u lhe expiicar como vai ser o exercício: solicitarci a você' su
fazer; queria lhe dizer que você fez bem em não telefonar para sua nrulhcr. da sua vida' quc
r crsivilnrelrte, uma série de cenas em diferentes etapas
E. Por que? j,ntando-se uma cena à outt'â' um filme de sua vida
- Você air.rda está no início do seu processo ,;;ii;,,ti
";;;;;for,
- de descoberta familiir r. iiç.;ú; q;i r..n" "t olhos, faça uma viagen de retorno à sua in-
Quem é você na sua fanrília? alguma cena em que esteja
l,lrreiir c observe se apârece nâ suâ tela interna
Quern é essa família?
' otl" tttrtprortlo'
r dos av(ls.
O qr-re da sua família estava destinado a você? Apareceu rapidinho Uma cena em que estoLr na loja de
- ajudar a
E a perguntâ?
- Você pode propor. vlv., 1'l1i .1.,.r.ro,rá.. Era época cle Natal e adoravir ir para a loja
bazar de brincluedos
- Nárr tcnho a menur ideia. í,rr,'r,,s cnlbrulhos. Deviir tet uns dez a:ros Era unl
- Vou sugerir: eu, Tomaz, vou reconhecer filho ,,,,r',,,a*Alfândega.Vovôeraclefamílialibanesa'veiodelápequeno
para ir à loia'
- o que tive com sanrlr rr ,,,,,, ,,. 1,rni.. Eu fiJava torcendo para as fetias chegarem
como rreu, de forma objetiva e subjetiva? o da cidade Aquela
Topo.
i',,, ,,,,,,i Íe.to. M"ninn cliado na Tijuc'r ir ao cetrtt presentes'
ver se você vai me responder objetivamente.
,,,,',fai,fi,, passantlo, entrando e saindo clas loias,
comprirndo
- O que Quero
não posso prometer é que vai ser do yeito que vocé gosr.r vovô rne levava paril âlmo
. - exercício
ria. O
i;;;i;r' ;',..;;. nr.rçâ,, "rn a ho'a do almoço'
que vâmos fazer chama-se Assim Estaua Escrito. Cot"nLt de 30:Lnos' mcnos
q,r,'rr,, t:l.'rraurantc onde ele ia todos os dias, há rnais
você pode deduzir, tem a ver coffl o nosso destino. delícia!
,,,rl,rr,kr c domingo. Certâmente que era de comida árabe' Que
Lógico que, frita
-Sou bom aluno pâra você, ele é definido pela nossa família. com lentilhas e cebolir
1,.l,", n,r.," ,1" gr"..1" bico, coalhada, aÍÍoz
ou não? recheado de arÍoz e cal'nc t.noída e espe-
É. O problema é permanecer como aluno e não passar a professor. ir',, .lir,,,,.l.,.ruiinhn clc lepolho
(ltlc () trirziâ pâl':1 a Irlesâ l'lo espeto Vovô tirâva
- Irrrlr,, rlt'errrttc, 1{llrçolll
no pãtl lirabc
os lr, rlrtç,ls (l(' cirlllc ctlttt tl gl:-fo llo pl'llto dele c ccllocavl
r).r.1 ( r ('()t1r( r. c()tl1() tllll sirrlilttíehc li tlc s<lllrcnlcsil 'ttlotttvi-t
ctltllct tr
Ilrrt ltllrrt
Irr,,u,I,n,. It.ir,, i rrr,,,l.r .ir'.rlrt,c.rrr,igtt,t tlc fl.r tlt'lrtrrttticir'r.
Na família onde nascenros, r ll(lll,ttrÍr) (l i,lll\,1 r. .rrll)lr'st r.rrtr', r.sl.rrrr0 rL.lt.rrr. Sr'r rlt l, tttlrr,lt'tt tltitllllt lro'.rt s:tlivlt'
ntrnrl nrrsicirr,l,.rl,'.,t" ,.,
70 \1()151:s (iR oISM AN

FAMlr.rÀ i l)t:t s . 7l

lisrá apalccenclo
a contiltrlâçiio da cen.l. Vrr o n:r portit
dl loj:r clr.r
rD:tndO quent Dassavil t-)a fu.1 pJril cnn_.lt
c eomprãr <ts prorlutos r-1ur tli' trocândo juras de amol eterno. Urn dia, teve um baile nrt
oÍcrecia. f)e repente cle se virr c crnrirhr po."',, Eu não sabia dançar e Carlos era um exímio bailarino. Olhnvrr
i,,r.,:ii,r'aa loja. Atr_rir
del_c, seguinclo o iurir moçe berr nor,;r,.ar,rl',,,,,
Z-r-u.,ra.'{)...,.,,pr"g,..1,,.. eles e só enxergavâ Ritinha sorrindo, rodopiando no salão. Fui fi-
cstio sorrindo Luts peril os oLrr[{,s !.m ,rr..le ,.r,rplici.1.r.lt. tor.rto e decidi ir embora. Quando ela me viu saindo, veio corrcnrlo
Vrir ô r,rti atc r
caixa rcgistrador-a, peg:l un.r horo t1c clinhciro, de mim me chamando e explicando que estava âpenâs se divet tin'
p"i."-u,rl e crií prr..r
ela. A moça sorr-i. Vovô frrla algurna coisa "i,lr,i.,r
no i,r,,là,,-J.1". Er" balença ,r llr( gostr,rvrl dc dançirr e que rrirr tinha nenbunr intcrcssr: no (,rttlr,:
calteça afir-ntativamcntc! passa a rlão na ,l, i nenhunra resposra e coniinuei o nteu cenrinho. Nri dia stgtrrrt,,
ntão cjele e se yolt;t ern clirccão i
poltâ. AÍjora ela vent n:r Irr_-ntc e vovô vern () 11â1-]t()fa),
atrás, aun, ,, ,,,,, ,,,tlar."',:,"
r,..\ ,o chão. Ela sai e cle fi..r',,,,;;; ver Í,it po,.r.l jamais esquecerei daquele tempo. Sua aiegria, seu otirrris
lil,,)ljl,l:-l].i-lli.1,tL,,,\
(l.r l('l.t ( I I I L I I (-1r , , ,. lr ,.1_ rrr..r.s.
I ) . I rrl.rtiio. () sexo (luc não potlil ir :is irlrintas consaiqiiêncirrri. N( ).,\, ,

- í)r ( rlr\r..r lJr, ,,.,,r,.Jr,.\rd nr,,,r,^,,,,. .,,,..


rc ncste ,_Tt()l_Itcr1t0, ..r: de casar, seríamos um do outro. Eu, o primeiro homem de sua vicla
quc crtntlti|allil cont (,sl.r
cena? a primeira mulher de minha vida. Ter filhos, construir uma família".
Nossrr! eLrc rrrrisicrr rrnri.qa. Não consigo:rcrcclitar Estou emocionado Adriano. Não sei o que você faz que consegnc
rrúsic;r- saiu., f.nci. clo b,rri? Viv. o,,rui",.,.,,ii«,,,r" n,i,fi,,
conro cssir
e ornigo lÍ no funrio.
'finha irrn
r:ídio rnar.rom rluc ficava n,, l,,,dn al" ari*,
Nlcir,al.
E qual foi o final do seu caso com Ritinhâ?
* Qual c-r-a a miisica? a.r;r,,_"a,,r". - Ritinha câsou-se com Carlos.
" Estava Escrito,,. rrl yoz de Angela -l)ez anos depois, a encontrei no centro da cidade, casualmente. Lila
- f,antaroje rrnr pedaço.
Maria.
separada e eu casado. Combinamos um almoço, rolou um clinrl.
- Não sei canter. para um motel. Não foi o que eu esperavâ e, pode ser que, pâÍil
- Não tcn problem:r. não. Nc.,s encontrilnros nrais algunrirs vezes e, fiDrrlrrcrrl,,
- Neo r.ne lembro tlc vez.
da lerra.
- Vrcê vai se lernbrlr Aquele tempo tinha ficado para trás. Por mais que queiramos
- "Eu não desejo -clá para congelar o tempo.
sabcr-(lLlem egore
-T.ltrrtt,i,, t,1rril,, qrr. I.rr riv,,,,1111,,1 Agora uma cena do seu casarnento.
1

Quem tlos teLrs lábios tcnr beiios Antes, vou lhe contar sobre alÉluns detalhes que antecederam t:
l),rs rtr,r. tn.l(,\ t(nl .arinlt,t, - . Minha Íamília queria que fosse na mesma igreja e corr o
I)a tua voz tem irs mesmas palai,rirs de amor,,. padre que havia casado as minhas irmãs. Os pais da minha rntr-
Quc surpresal Nâo tinha.r mení)l i(lElil quc tinh.r gr.rr, aclo queriam que fosse na igreja onde eles haviam se casado.
te da letra. Nuncir tinha cillltaJu cssà unra p.rr
âcabou vencendo ?
Posso abrir.os ollros J
rnusica c al, u.in'-o.rin., ,lirat,, - QuemOs pais dela. Inclusive, porque iam pagar a igreja, as flores c it
\,r,.la ni,r. §s1 qnp e unr poLrco incôrroclo, - . Tive que me submeter, eles tinha mais recursos do que nris.
,.,.-__,, nos deixa senr clrio
r .lt.Itrt n I-ntl\(,! n),r\ e lrL,Lr\\ tri,, r
Mal sabiarn eles e todos qLre nestâ luta de farrílias ninguórrr gir-
1,.tr.r .lt_q lr. t,,\ .1,, lint .,\,,t,\
,1,, t.t, -itpesâr de, aparentemente, dar a impressão de que uma prevalcccrr
Prrssentos:l outr-a cena, urna cle sua
vcnhir à stra cabcç;r nesre monlento. ".f,,faaae,,aiit.'i1,,,l1q,,., ,,,r, ..,,,,
.r ( )lll Ti]-
Nunra festinha, cu cicvil rcr un\ (lcz(,\srr\
-
Itiurtrracla, clançiurtlo cclrr C,arlos, nrt.u lrclirrlr
.lp()s, l(rtrrll,r, ,rr)lr.i
arnig,,. lrl.r l,,r rnirrlr,r
tllt it'r-t tll ttt ora da. Ilsttrdlívlntos l( ) ,l)(,s1t( l,r,
) c( )latli6 r, i,iv í.t1rr,,
11r lr(l,l( l( ls r ,

N, rlrrrrrr.r,l.r,,,lLr.r, l rrrrli.r:. r,rrr.,L rirrr',,i ,rI)rr,|)rr.rr r l, , l l l r, , ( r r. r r r, l,


r i

lrllr.r (r".t,rrr.r) Llrr( t)i rl( |lr ( rLr\ \lr.l , rr'\ti( r lr\.r., Lrrrrrlr.r,.. r,,,r rrr,
MOISES CROISMAN

lhor que seja a relação entre eles. Ele ou ela têm outro sangue, oLrtr':r l\1( )tr di1 dupla e fe z tanlbtlm
,.,,
marcas decorrentes da histór ia que viveram com â suâ prripria família. ,1rrl'ttt-tliien-t
v,.tn' vcttt
1,r,,.ii're c Ji"i- 'tttinl
,,11t,,,,
,l r'() (lLlarteto f ictr rtl llem
rr o lltln-t, muitcl bett-l'
rtttl
Voltando à cerirrônia do casamento. rr,r l,L'ira dr lagotr
Um momentinho. Tem mais um fato antes da cerimônia propri.r i,'t.lltt cnsitilr Pirrx colneç3!'
-
mente dita. ,, t i,. o-ticrl ntl ful:á
.r !oz clo pâto era mcslro uln
dcsacattl
Pedi à mamãe para guardar a caixinha com as alianças até a hora (l,r
p,,1,,,r ric cetla coll-l o gi]1-lsO era JIIAI()
entrada na igreja. Quando descíamos do calro ela me entregou e abri ,r
Il':ii3ult
caixa para conferir se elas estavam lá. Neste momento, uma delas caiu, ., ,,,,,r.,, grrr.i tlo final cluirrrcllr citírirnl
enrolou no vestido de mamãe e, apârentemente, caiu no chão. Procurr , r..ti,ttt,.l,' ,' \' -.ll 'ltr( l'll 'lirt'lll
mos em todos os lugares e não conseguimos achar. Alguns convidadr,t rlrr( lll-qiteIn".
\ ll.rtli. i lrr rrrrrrlr'r
que estavam chegando e pessoâs que pâssâvam pela rua também rros \ \, llrln\l.l \! 11'l r t'11 \'nrr"llld(r rr'r iÉ,.' i'r ' ottt "d'l T"rn l"i 'rrr' l r '
,, ,,, ,, '',','::"1,;;',, " "lil r ( tari()cr"' rrr r"z 't "
ajudararm e nada. Como tínhamos gravado o meu nome na aliançir rl,'
'"'i"
rr.t,, rlr'r rrtei. Vrcê conhece a le
a?
minha rnulher e o nome dela na minha aliança, fr"ri ver qual tir.rha ficrrrl,,.
Era a dela. Como não podíamos esperar mais, papai me emprestou a (lcl( lr rrrra clas n.rinhrrs músicas predileta
pt-dir clemais para você c.-.ntitr ?
Não cst()Lr irrlrirrlirrr
para substituir a que havia se extraviado. i,,.,i ;-;:t"
E depois, mandou fazer outra para você? ,1,, r', t, lltrts teraPêuticrls?
- Devolvi a aliança para papai quando terminou a festa. Depois lrrr Nrto sei se você viri gostal da minha
vrlz:
-
enrolando e, apesar das cobranças, acabei não encomendando outra prtr.t " lil,t i' carioca, ela é carioca
mim. Ela desistiu de reclamar e não falamos mais sobre o assunto. lt:,r;,,,;l;i;i.hl, dciir andar e ninguóm tem carinho
<>lhos
No dia ern que ela me botou para fora de casa comprei uma trlirrrç,r, Àrr,;,, p;,'" dar er-r vejo na cor dos seus
luz;'
gravei o nome dela, o dia do nosso casamento e passei a usá-la. Sri lrr,, nr,t,rii". do Ilio ao luat, vejo a rnesn.ra

Vr'io o tlresmtl céu, r'ejo o [ICSmo


milr
pude ainda mostrar â ela no meu dedo.
vê a mim, a mim que vivi pir] rr ( llL()t)lf .

E a cena do casamento? it,l',, ,,.a,, ,.n..,na sír me


- À cena que me vem à cabeça são duas. A primeira é a da nrinlr.r N.r lrrz tlo sett olhar a paz que sonhei
-
entrada com mamãe puxando o cortejo nupcial, com um detalhe curios,,. \r i (ltlc stltt ll>uco pclr ela
s(
'
Combinamos de cada um escolher uma música para a sua entrada. llst. I t,t'.t tltitrt el:r ..i lind'r dern:ris
('ttií)(í1' crtrir'..'r"'
lhi "O Pato", com João Gilberto, que de tanto ouvir acabei decoranrl,,. i ]ti,,,,.'i,,,r,,.lt. clr c c'triocr' tla c rirr lcttt rt
( i()slt'i tlit stlrl voz se você desistir dc sct tcrapeLttrt Potlt
Ouve só:
"O pato ' ( il ll tle cellttlr'
" ' ' r' .rrl
l|Ilr,l . tlttt't ltr rrcltrrv t '1tt''
vin ha cantando alegremente i,,,;,..'.-l,,t", cltl ""t'llltt' tttttit tltúsic:r slrbrt (ttt r ' " '
í'1lllc:t' e lit iil pcttsrtvrt ltt rrs
qüem-qüem ,,,, ,' ,,,,,,,,,,,,,u,, lt lcspe iltl r'lclrr' Ncssll
quando um marreco sorridente pediu ,|,',;tr' rrt lt , r,rr \(|((. rr,,.rllrr.
lllt ll'\('lll\{
l ,1rt rtt,l"r'l r (\l l\"l tll' 1"'trt'l" l\'ll''l \( tl\'
(
parâ entrar também no sarlba
no samba, no samtra. I rrllr'\r,(t l)('ll\ t l a

O ganso \','rr lll, t,2,, t trrttllt' t rtt rrr llltz '1" ttrttrt'1"
I
74 r 11()rSÉ\ (;r{()t\\,r^N r\rlr \ I )l.l \ o )

Vou lhe dar tudo que você nunca teve. " lr vcr-dade. Nào sei cor-r-ro ircor'rÍcccu. Flra sír trlnrr aventLiril. l',lir nrio
Você vai ter uma vida comigo completamente diferente da que você ,rlrrTtitt".
teve corÍl a sua farnília. "Tomaz, saia de casa agorâ, agora, rápido, rápido. Vou para o ba-
Vamos fazer uma família muito melhor do que a que tivemos. vomitar".
Uma cena d<l presente, Vá abrindo os olhos devagar para ir se âcostumando à luz am-
- Eu e rninha mulher numatual.domingo à noite. Os meninos nâo esrâ-
-
vam.-Tinham saído com os namorados. Eu vendo esporte nâ televisão e Puxa!Que barra! Lembrar disso tudo.
ela consertando o vcstido da filha. - Pârâ mim está clâro que, colocando iado a laclo as cenas do pas-
Ela quebra o silêncio: "Tomaz recebi uma carta". Sem tirar os olhos -(na loja do seu avô e a moça pegando dinheiro com ele) e do prcsen-
da telcvisão respondo: é, que legal! Volta o silêncio à sala. Ela insiste: notícia do nascimento do seu filho), passando pela sua adolescência
"T<rmaz, foi uma carta anônima". Não respondo. uâl aconteceu o inverso, você foi excluído), e seu casamento (com a
"Tomaz, você pode desligar a relevisão um instante? Érlm assulrtu clue você escolheu e a perda de sua aliança), podemos concluir
que diz respeito a nós dois. Parece clue a televisão é mais imporrante do iii ('stâvâ escrito na sua história farniliar a possibilidade de voci lcp.--
que o nosso câsamento". semelhantes aos realizados pelo seu avô.
"O quê de tão importante tem nessa carta?" Não me surpreenderia se viesse a saber que ele também teve um
"Ela diz que você teve um filho com outra rnulher". ou filha fora do casamento.
"O quê? Você eslá completamente loucâ em acreditar nessa história. da loja comentâvafl isso. Uma outrâ vez, anos
Or.rde já se viu dar créclito à uma carta anônima? Isso é influência dcssas - viOsâ empregados
mesma moça voltar colr1 Llnrâ criança. Não clei irnportâncil.
novelas que você assiste na televisão". âcredito que era Íilha dela com vovô. Devia ser uma sobrinha.
"Você tem razão. Estou louca mesmo. Louca diante dessa realidade. Vrcê é esperto e juntou a minha história com a de vovô. Não acredi-
Desra vez vou âpurâr âté o final. Não vou mais ficar cega às suas aventu- repetição. Foi uma coincidência. Por que foi acontecer comigo e
ras. Valorizando a Íamília, valorizando que você dorme em casa e ficu ( ()rr ulra das nrinhas irmãs?
conosco nos fins de semana. Não vou bancar rrais a idiota que acreditoLr razões: você teve uma convivência maior com o seu avô;
nas suAs histórias de trabalhar âté tarde, das viagens inesperadas a negri- - Algumas
o que possibilitar nâ nossir sociedade urna mitior aceitirção rles-
cios; que pâssou por cima das fâtuÍâs de cârtão de crédito com cobrar.rçl Irgro tlc comportâmento; âcrescido da sua origem libanesa, onde há
de motéis que você assegurâva que tinham lançado errado; dos telefonc tradição de séculos de supremacia do homem sobre a mulher
mas que recebia tarde da noite, que você saia explicando que erâ c.lnl Alérn desses aspectos culturais, é importante para sua família de ori-
nhão chega n d o conr melcadoria. perpetuar o seu pâi e o seu ayô atÍavés de você.
É o nosso casâmento que está em jogo. Nossa farnília,,. âssim? Não estou entendendo.
"lsto é uma cal(rnia, vou contratar um detetive para descobrir e pro - ComoSua mãe e suâs irmãs ficam recordando do esposo, pai e âvô,
cessâr quem mandou essa carta". - em você um comportamento semelhante ao que eles tiveram.
"T<rmaz, olhe bern nos meus olhos. AIém da carra, recebi ontcnr urrr sc cles se mântivessem vivos graças a você. Ao mesmo tempo, vocé
telefo:rema, também anônirno, confirmando o teoÍ dâ cartâ. a lronra de encanrar o seu avô e ser o seu sucessor, com toda a força
Não adianta querer tâpâr o sol com a peneirir. Você está habituado poder que ele tinha.
a me levar nâ conversâ. Você ainda pensâ que sou aqucla garotinhr rlrr Virnos os seus cinqiienta por cent() da Iinha do passado, que íoram
época dc quando nos casamos? Chegl de mentirils. Nã<> poclcrlos nuis lizirdos rto prcscntc através da união com sua mulher ou ex-mulher,
Ínclltir rrl] parâ o oLltr()". frlrnhénr colal)oÍa com cinqüenta por cento. Como cla não cstá prc-
..,.t...r...
!

-í. . 1111151\ i,l{ r \!l\


F,\\'rir rA Ér DEUs " 77

Iru pocleria convid:i le para vir tqui. ( ionr plicou noYa rrcnte.
Ainda é cedo. Printeir.,r, pl c!i<.lrrus .trr,l\ ( s\.rT su.l sclvil Íanlilje,. [)as suas irmãs nãr.r vou lirrir rrio.
- tl a liçao cle hojc? Vrru ver o que posso fâzer.
Nossa fanrília, noss:rs cxpeÍiências frrrniliares traçinl o nr)ss(l hlvez seja uma boa idéia, apesar da dificuldade enr realizála. Há
-
,-icstirro-
lcnrpo que não temos untâ r'curlii:i() cli'irrlrÍlil. Irlrrs ncnr eonht'cctn o
E o quc posso fazcr p.rrrt rnclhor:rr o nteu dcstino, professor:
-
Prrcurrr- couect.ll irs situirções prcsentes cla sua vida com as d(,
to cle rlarnãc. para ottc]c clrr sc nttrclotr tlcpt,is rlrr,. ','tn.ictt ,r cls,r.
Explique a elâs que está precisando de ajuda porque se encôntra
passado e tentrlr dcscobrir, atravós de uma pesqrlisâ pessoâ1, LluJis s.r() .r .
-momer.lto difícil e que este almoÇo foi sugestão do terarpeuta com
marcas Írrnriliarcs que estão provocrlnclo a repctição no presentc cle cl.cn ( stii se tratando.
tos sclnr']hantes ltos tlri pltssittio. l'( rsuntc tirmbém se algurla dclas 1sn1 s§jeção ilo f:rto (lo rtlnriic,ri scr
i\o clcsvcrtlal a c()ncxào, clcixa clc tcr Lrnrii obediêncir,r ci::l{r,r ao clLrr em vídeo para assistirmos e comentá-lo numâ sessão posteriol'.
('sctito e podc ntodificrr rr Iinha clit scLl destilto.
( st.!r\Ji:l
O quê? Não estolr entendendo?
Nio agiiclto csse pçso você atriltuj à fan-rilia.
- F. prcfcrívc-l scntir o pcsotluce ir íorça cla fauíli;r rio cluc igrrorrrr c s,
Você tem Lrmll dcssns câmeras cle vídeo amarlorirs?
- ,
Ienho. Comprei pirâ filmir[ nreus filhos qu,rrdo eram peqLtenos
coirrandado poi'ela. r LU]Câ lt1âiS USCi.
Qucria lhc peciir quc na próxima sess:lti vocô conyidasse slra rrir(.( ( loloque I cânrcr'â num tripé, ligue e cleixe que ela se encarregLre
suas irrrhs para vircm aalui.
Não ó possívcl, ninguóm da minha lantíiia sabe clue cstou fazcl
-
clo tcrapin. AIénr do ntais, r.ninha nric não vei entendcr nada do cluc r.,,,.,
Vou pensar no seu caso.
- Sem almoço e filmagem não há necessidade de termos a próxima
clisser e cluls tle r.ninhas irrnãs moranr fora clo Rio. - . Sc você rcsolvef reuÍ]ir sua íarníli:r e tilmar, pcçr,r a snl nrãe prr:r
Não h:i nen)runr enrpeci)ho. A família, salvri excccires, c(,srunr
- c âté ficer satisíeite
colabolal cie poder ajudar.
r
no almoço as comidâs que elâ salle que você gosta.
o.K.
Niio aclianti.r irsistir, Adriirno. Não vai dar. Se eu colrrlr pri-,r
- mãc qre estoll vindo aqui, ela vai qucrcr ,
-
nrinha sabcr porqLrê c vai rs1,,
thar par':r ir família roda.
Digir que yocôs estão e nt e rise no cas,rnre rrt,,. Ni,r prccis:r í:alur ,l
I'ilho, pol cr(iLrilnto, se é o que lhc preocuDa. Quando fecho a porta e volto para o interior do consultório, meu
( rL()nlÍir Llnr:l pe(luenil estátlra Lle m,rcleira, de Bali, rle unr hornenr
* Não you con scguir. ,,, i,r. tlc rnulher, os braços para cima seliLrranclo Lrma bola parecirla
l..ntão vai ser difícil cor.rtiuua[mos. Sc clas não vicr.errr. l.urr,,
[icar -com u]r n)ilpil incompleto tJc sua farrília, o qLre r.rri prcjuclic,r
rrrrr slobo terrestre, para a qnirl ele olha.
,
( ) rltrc scr:i clue ,:sta figurir rnista estariir rne comunicancl<t? Novos
t.tosso trir ba lh o.
? Eu misturado com Ligia?
Não rne
venha com cssa elücaç:rs, AJr-ianol 'foca o telefor.re. Quem ser'á ? A essa hora! São oito e meia dâ noire e
- Não é :rntcaça. é rcalicladc.
-O cluc cLt posso pl-opor l.i o riltinro clicntc dri rlia. Saiu às oito.
parrr llre clltr- ntrris Lln lcrrrPo lt;rrrt ,rhsL.r.r.r ,
V>n atender e me espâl.lto com a voz do outro lado. É Ligia. Ela nâo
t-caçriti cle sul mic c cle suas irr.nâs é convidri las, scnr os nr:rr irlos. 1,.r tclefonâÍ à noite. Sabe que estoll indo para casa.
LII r.lllr,,\,'n.r (,r\.r \l, .rr.r r.r.i,.
"Oi, nreu benr. O que aconteceu? Você está atrasado. Fiquci preocu-
- lsso tl Ílicil. l.lrr, lrrrnric t nrinlrrr irru,r (lrl nr{)r:l r.,,rrr ,.1 r. \i )( r' r r( ) , lt, rt,,tt r,, .,r'tt ltot ,it ir, lr.rl,it rr,r l "
lr.t: irrrr.ls (IrI( III()I.IIII ( nl ( )ltÍr(,: t..,l.rrlori
rÀMtt l^ ír t,Il,\ . 79
7Íl . \.rr),srr\

"Não é nada demars. Fiquei arrumando uns papéis e perdi a hora. J.i " Adriano, r:--:^ r-.
^-,...,,,
estou indo. As crianças vão jantar conosco?" n.,"i"i ""L.ip,r para hoje' sexta+eiÍâ' "
:"1il1'.'jffir',:,l,;;i; ;;i;; ;;'t'n'
:fqu'it::,11'^T::llll]ll
o
"i'i
llll
para scg'l'lt..r,
"Você sabe Adriano que não são mais crianças. Mariana saiu com ,,
namorado e Pedro está estudando na casa de um colega onde ele vai rúcula e lascas de parmigiano-rcggi'r
rtr
''
jantar e dornrir". Aerado do chef: Bresâolâ com
"Qual é o jantar de hoje?" iTtr"a"' i"rra" de camarâo e feiião branco' Valpoliccll'rt
ill;:;;;;;;;, Ri';;" ^o uinho iinto (Amarone della
üil "pr^i.' p.it" dt p"to tn' m;lho
"Nada demais, o de sempre. Cornida de diera: filé de peito de frango de mel e limão siciliarro'
grelhado com brócolrs ao alho e óleo e uma salada de alface, tomate,
pepino e palnito, pâra tempcÍâr âo seu gosto, e de sobremesa mirçã assa- gclóia de tanraritldo . .,-,rv.re
.-r^.^,^.-r- ^áre c,, \orv(le (d,.. li,r,r
Pêras cozidas com aguardenre de pêra
dâ com frutose", íobr"-"rrt
"Não tem jeito, o úrr.rico dia que eu corno bem nâ minha casa é quan- l'ri rsia
do sua mãe prepara o jantar".
( ),rfé c biscoiro'
"Meu bem, você s;rbe que eLr me preocupo em não engordar, em Aré.
manter â forma, Não sou mais uma jovem e o seu colesterol está no Sua sogra. o do primeirrr
íi.-"ó1rr"a" v.cê escolher os vinhos' trão prectsa
ll mlre no risoro' Sugiro tanr-
,.;rÀ:-;.;t a sobra do Amarone utilizado
"Podia usar um pouco rnais de criatividade na organização do car- foi colocacltr
utilizado o mesrno Poire <1ue
dápio e na variação das receitas. De terçâ a sexta Íeira já sei o que vou ;;:;;;;i*;'iiuo "i"
come! um dia é filé de peixe grelhado, no outro dia, filé de peito de fê,1u, p"ru não cÍiar contraste"
frango grelhado, também, âcompanhados de alguma verdura e salada.
No sábado à noite, que já é uma rotina, vamos aos mesmos restalrrântes
com o nosso grupo de amigos e, no domingo, vamos âlmoçar numa chur,
rascaria com os filhos, que já não queÍem ir mais, ou chamamos mamàe AsoÍIIaestáserevelando,alémdacomida,estáespalhandr])sctrs
para almoçar conosco. O que salva é o jantâr de segunda-feira". dornírrios"para e área da hebida'
este,carcláPio,ate sLgundâ-feirlr'
"Ah, Adriano. Você e mamãe? São um velho caso de amor". Vou degustar na minha lrJagi'iaçào
deserto culrrra'{)'
"Lígia, meu interesse é a comida, só isso". Ai,,d;;;;;; ;*i"" ''' oásis no meio do
"Não precisa ficar aborrecido. Estava brincando. Você acha que vou Como vinhos teremos:
;;;;;'êi;;.nnav IGr camPo deirovi e6'
ter ciúme da minha própria mãe? E urna tradição na fanrília. Vovô já ütp"titttl' (trazido pela sogra)'
reclamava da comida de vovó e preferia â da minha bisavó. Primeiro Prato: Amarone dtti"
95'
Você escolheu a mulhel errada. Devia ter se casado com alguma que S.gondo Pmto' Barolo La Villa
fosse fera na cozinha". Sobremesa: Poire'
"Está certo Lígia. Estou saindo, daqui a pouco estarei em cas.r.
I CnAU
provocando reações em Adriano?
O quê da história deTomaz está
-Há uma semelhanç4, tanto quànto o outro se ap'roximaranr da
" J"-sua famítia original' usando a da
Quando estou fechando a portâ, o telefone toca outra vez. Não acre- família da esposa e " uf'*"ti'
pio.ur"ndu suprif lâcunirs e carências
dito. Será que é Lígia novamenre? Volto para âtendel e vejo que é um fax ÊsDosâ como Íamília substitut, "
das suas rcsPcctivas farn íl ias'
chega ndo. ;;.';;,;;.tr",,
80. MorsÍ-s cR()ts11^N

No casamento de Adriano com Lígia, aparecem indícios de crise. Os


filhos crescendo, iniciando o processo de saída da família e, conseqüente
mente, os dois ficando outra vez sozinhos, só que vinte anos depois, senr
âs mesmâs ilusões, o mesmo mistério, a mesma paixão, o mesrno projet,r.
Como anda o sexo entre eles? Quando existe reclamação da comidrr
é porque o sexo não está âpetitoso.
Será que estava escrito na históriâ familiar de Adriano que ele teriir
que mânter o câsâmento e a farr-rÍlia a todo pleço e a todo custo?

ReÍzss FAMILIARES
(]Lrrrndo Tomaz entra, olho discreta e rzrpidamente para ele, procrr
descobrir algum indício que revelasse se fez o vídeo. Hoje, veio
umâ pâstâ, o que pode sugerir que a está usando pâra carregar a fita.
do mars. cicixou recado confirmando a sessão.
Antes mesmo dele sentar, procur"ando disfar'çar minha curiosicllrl, c
um tom de voz o mais natural possíve1, pergulrto:
Como é, conseguiu filmar?
- Você está mais interessado no vídeo ou na minha família?
- Nos dois, um depende do outro. Para eu conhecer sua farnílil
- tlo vícleo c'o vídeo não existc sem l suir firnrília.
Ii'r'iir siclr rrtlhor se todos tivcsscnr vinclo rlirrtri rrclrri. LLr rrr,
de não ter aceito suâ ploposta inicial. Me senti un.t L.ral.rrcl conr
câmera filmando as pessoâs. Parecia festinha de aniversário clt.
com o pai habando pelas gracinhas do filho. Fiquei pre<rrrprrtl<r
a Íilmagem, se não estava tirando a naturalidade das pessoas.

- Absolutamente.
Você e suâs certezâs. Você deveria jogar na loteria esportiva ou
-
mega-sena.

- É a experiência clínica
que me leva a fazer essa afirmação. Quan-
proponho a filmagem das sessões para as famílias no consultririo,
com nâturalidade o processo e até esqueço da presença da cârlcrir
A família entra no clima e se desliga de que está sendo Íihnada. Quarr-
cfianças estão presentes, elas brincanr conr a câmera.
84 r rloJSÉ:S alROtsMAN
rAMÍr-lÀ íi 1;1'n'i o li5

lJrna clas grandcs vlnti.tgcr.rs de usar o vídco na ter.epi,r c rluc elc r


rl ,
hcmipiégicos deviclo rj aciclente vascnlat-ccrcbral' apt'irttrtl" t' tt''
LreÍspecriva do antcs e do dcpois, principrrlntentc tato di- clue I n,,r.,
Pelo
t.nemóri:r é curta. Escluccerlos o anterior e desejarlos Llltl p()srcr rr, , c cstil pâÍeccl]do l'l.lâis jovclll e saudhvel'
Nã,r havia notado. Vr)cê tem algunra cxpliclção? I)cscrrlpe , tlcir'r
inaicançiivei. C) irlti's, quanilo e como o cliente ou ir família chcgou ,. , -
rrc c()rrigir â tempo. Tem alguma explicação fami]iar-?
depois, ao finill do tÍitterlrento, para toclos avalialem sc houve tr:rrsl,,r
Í: .,La qLrestão qLre ten.] râízes culturâis, econômicas, ilc g' rr,. r"
mirçocs e sc as r.netas cor.nbinlclas Íoram ou niio alcanc:rdrs. - c firnriliares. Apesar dcst:r situeção podel se modificar c()rrr 'r ( rr
C) vídeo frrnciona col.no um cspelho cletrônic,, al" u,,,"
cirtrrgil 1rl r
arescelricj nos r,iltintos lnos' dâ nrulilcr no melcaclo dc trrirrtllr"'
tica crnocionrr l.
que a necessidâde do homem se apoiar nâ mulheÍ é mais forte'

Vrcê ó um humorist:r. A fita estii ac1ui. que a mLtlhct, tlt


- (itimol Trrrne o colttrole ( ) hon.rern tcm Lln.r!r nccessidade anccstral, lnâis
relltoto do yíLjco c, à rreclida '1()
- clue tor, ,
cle voltar i.to colo cla nrãe L-nqt'ratlto a mulhe'-. telr cluls opcõt s'
aparecencJo rrs imagcrrs lla rclevisâo, tlê unra patrsrt par-a expiic-r,u.11r, colo uãc'
são os pcrsrtnagen
. tla nriie c do piii, o hotttcrt só tenl unlrl.:r do cltr
s.
NO cltsatncntll. tilllto o homem qllâllto a mulhcr clcsJoctrnl' resl'r',.
Cheguci
- a fih.nar irr.rtes dl h()r-,r cornbinrrtla ua casa de mamãe e resolvr l(lrtc, prlfil rl pilrceifil e o DarceiLo representâções enl lirilLls vilrlil
contccar antes clo llnroço.
tl:t nrãe e do pai. Na l'elhice, com a sirída dos íilhos de casa. o hollr( rrl
Ista primeira ir.ragem é dc manrãe na cozinha, la beira clo forl.,
finalmer.rte viver-a ilusão de quc íicou cont a mulhel trrãt s,
terminanclo de fazel a corlidir.
,i, ,1est,^nc,r,,do seLl pâi e os irt.nãos, enquâtrto que a nlrtlhct getrllr
Ela nte p?trece i)astaute conseLvadl.
- \clr,, qlri lll]\ \(.r( euantos lnos cla rcnt: 1,ar'l.r si, da t.nãc e dos irmãos.
É a vitória clentro do famoso tri'itrgtrlt'
- t.l r \ ilt!... )r()s(), sL'ndo clue este hrltllctl-l e esta mulhcr depois clc lLltltLclll c.,tlt .,
- V,,.C lt l,, tcm Lct.t(.2.1:, ,,rr ;t tnãe e os iÍmãos, \'ão precisar lutar cotll os filhos hotltctt' s' l"t
!.la nâo gost:r de dizer a idacle.l)o papai a gente slbia. EI.r nr,
-
itvisava o ciia do irniversiirio e quântos anos eje-ia f:rzer. É
,
plr:I conqllistar a esposâ e as filhas-mulheres se fof il nli( l)irr'r
t,ngr.,r,.,, o marido.
Depois qLre papar'rr,rreu, cla espera q,c nós ienrbrenr.s, dia ,1.,rr,,,
r,trii' fl1 ].1 C (,tr(.r)\ ít1h,,.,,1g1p17.,,, rLn).1 c{,rneflt,,t r(;i,,11111. 11 ,, ., É urra batalha que atravessâ geÍações e que permanecerá eterna-
,

casâ dclii. C)utra coisa que ci:r nâo ab:-e nrão é.lc t.i,,f,,,,,rrm,,s
rro,lr , ,

aniversário cie papai e dar prr-abéns a ela.


An ivnrsário
- Nrio, tJr. vic{:r.deOnrorrci
clia ent que elc nasceu.
- Fantiístico! É co,,,,r E quem não tem filhos?
- cllte a família Contlltu.t s. cll dctrrminirsse parir os fiilros rlrrc L.l, , , - irealízação máxima. Eu sou todo seu e você é toda minha, com
lllolreu, illt.re r.r, lrca]ltlo L.it L()tn() sUil t.(.1)1, -Ê,
tantc e donir tle sua vicla e dc sua rrorrc. o direitoque o casal tem de tef filhos ou não.
Você já repar.ou que as mulheres vivem mais do que os Você acha que eu entrei nessâ do triângulo com minha mulher e
^. honrr.ru/ -
observe nâ [uâ, no restâurante, no cinema; mães viúvas com
um dos filhos ou com um filho ou filha qLle não se casou.
a faraírirr rh Não deixa de ser um triângulo. Só que ali você está numâ polltâ,
Neste r,illirrrrr -
cstão em outrâ) e, oculta, na outrâ ponta, sllâ mãe, unlâ aliânçâ dtl
caso ficam.fazendo cornpanhia um ao oLltro cot.[to
se fosset.n casrtcl0s. ( ltl n( nr vr)(( rrtttt, l,t,tlrtitrtttt tttrto. :tlr' lloit.
então casâis onde o homem tem â aparência de mais
velho, a \/ tttto:' rlr'tr rr (rl lrlll(\l trr tlor tti;ttttitrlos l)ll'l1)llll l:"'' '
"r'"'''ro
86 . vorsÉts (iit{)tsM^N

tjAVÍt_lA É t)tUs o 87
assuntos de família são
cr atear fogo num pedaço
se rapidamente. u-" de papel, alastrarr
hir'll.? puxando out'u't qu'não cio vovi) nâo tinhe nrais f<,.rç,rs para cozinhar p()r (llr(' ( r.r , l,
estâmos bastânt. ,1r.ru4"t3tl1 -vai
p, incipar.
.. p.r..lr" -
vor,,,;;';; ;;;:;"r_Í: J.[x l)leparavit tudo. vovó nâo entravir na cozinha rluando r.lc i.sr rr.r
e n enrpregad; apalr.rs col'tirva ir cebole, o llho c lrrr,:rr'.r ,,,,
*lnr,nre mora em porto manãe o substituiu na prcparaçilo do aimoço clos donrirr11,,.,.
".,.; X"l,oi,:|:i
r:esponsável.
.,".",j ptimeira a chegar sempre Alegre. Foi a qrrr.
for assim, a mais domingo era na casâ de um dos avós. Ela ia para a casa deles ccclo
va tudo. ELi pedia para ir jrrnto. Adorava ficcr-lo solri t,,rl
O que
é isso na mão dela?
- t lc rne mostrando as fotografias da família. Àntcs de Íinalizrr tlu,rl
...r;.11;'.il1;1:,0:11-: *,.no e ela se adaprou compteramenre
a.s
preto! mâmãe leyava :rtrrnir colhe r Lrm p()uco pârâ vor,ô lprovlr ,,
ela carrega a cuia dc chimarrâo l)cpois que ele nrorreu. os almtiços passarâm r ser- nil n()s\.r
r,,..,i,.,e"";.,'.;i[::'r'J::,::de c ,r
r'()rr a precenç'r de vovci. Cono vovir só viveu t.nais seis meses clcp,ris
Logo a segur. apar.ece
se8unda irmã, que morâ nr()rreu, os alnroços c1e cc,rlitla árabe logo rernri:rarrtnr. l):rpr11 ,
num bairro da periieria. _1.1!1 em São paulo,
oo. manda.r o jrr.fr.rr" i" passagem .r rnãe clele , rcclamayarn da cr.,rlida, dizia:rr que ievava nrrrito rr llr,,
ontbus e do raxi. porque lI. cí,
rnais uma.vez o mariijr,.r,a . A pai'tir cl:rí os pratos árirhes raÍeaÍarn c marlãc sír íazir ilrr'rr,1,,
nao rrabalha. cuida da dl"rln1pr.grdo. et,,
casa e ríos filhos.
Finalmente esta é a ima^gem
.1., iÀâ.rçulu, que Sua nràe está trazendo ls cornidas. A imagcm está unr porr,,,
ta na rnào. bancando a está com uma malc,
Êailtane frr.rd? p".;.p:;; ;;;r., . lbcê pocleria corrar qrral [oi i., ca,cliipio?
estrvesse chegando de
viagem. A viagem a"i, r, como \(.
saru pela porta de serviço r.rr,r. i.r,-mars curra. EI Bem que você gostaria de ter estado no almoço. Estou vendo no
t pela porta da frente.
r -
rosto seu âpetite.
separou. ela e suas aru.
r r-,, "l.lllu D".d. qu.
.empr. foi t".;;;;;#'âs
roram morar com mamàe
Não ró pà;;;;.
', .Flu me intcrcsso pelas diferentes culinárias, que são umr cx.r'lr.rr
como se sustentar sozinha mas também porque não das mi,tis valiadas culturas e raçirs que encoÍ)trarr()s l)( l()
rr::l^T:--ã"
,o terix
apârtâmento com as filhas. . A minha curiosiclrdc.lcvc tarnbém estar ligada ir misttrrrr rlc rlrlr.
Dtp.i.,.;i;;;;;rxd
origers ras nrinhas rlízes. Vor,ó era frlha de url ita]iirlro t onr rrrrr.r
uo..,u8.,.i, ;il;;JJ;T
;IJ,::. ;l}j:srado de m igo. co,,,
;
Lr a rn r
la.
bonira Muiro bem
0",".*1"r""[Ja. "tr;;l; com raihere, e cop,,.,
Mamãe herdou da mãe dela.
- É Iouça de família_
o, , yilã",'o':'l:I,;'":;":" -'r';;;,jil;; fi*':a morte de pap;ri A hora da cornida propicia a reunião e representâ corro;r lrrrrrrlr,r
.o- ,oaor.;',-.ol:r";"#|j;Iffiao ente,o' que ela nào se encontrav,r (slrrrtlrradii. Se ela segue ou:'eâge à tradição cl;rs Íanrílias tl,,s 1,.r1,
Irolririo para rrs rcfeições? Quem senta à mesa? Existe rrcslr cspr.t rir
tenÍo a mínima
idéia em que es5e vi1r,.1, l,.rr:t t, rnrcr ? QLral o tipo de comida servida? A comidl ó Llih llrrrr' 1,,rr.r
',',,Iil.1:';;,;:J:;,i:'i1:
Çá,r 6este ' cro menos Lrm resullado
iá rrouxe, a realizrr .r,lrrl(os c pitrir as crianças? AlgLrém da farnília r-cceitt ulgrrrtr .rrrrl.r,l,,
"r.or;..;."'"'" ? Poderemos então observâr se aquela família corrsegr,riu se oÍgx,
- Fico sarisfeiro ern rer colaborado. conl suas normâs e regras ou se é um grupo de i n-râos sem il
lr?i. jl_,..ih"::ndo praros cia cLrtinária árabe.
_ r yerdâde. dos líderes pai e rnãe - mâis
que significar:ia que eles estão
Mamàe sal.>
emocionalmente às suas - famílias originais do que àquela quc
:j;
; j: :"" ff i:ff ffi :'a1I l':ll :';::
filh.,
Í
",','J
?:t ::j: ::, il, :r1l essc í
dortr tlr rnrit'tltlc. Mrttri.
I "l; I l cnâÍânt.
tiri ;r tirri,.,r
', f,,",,, .," ",,r1',ll,iil'"t"
I^Mit l^ I' l) r tr\ a l{9
8lt . \r()r\r,\

de uva' de a beringela' rr
Vou lhe descrever o que mamãe prepârou. os mechi: charutos de Íolha ::flT'
-Na tradição árabe, primeiro serve-se os mezes, que são as entradas H;" ;';";';àlttr"'a*
. de arroz e carne m.ída'
que constâm de diferentes pastas; de grão de bico, de beringela, a coalha- ''i'1lo' a você?
l-ó oo. elâ está entregândo ,^,^ .Li.h. u"'"
:,::;ffi* o.'' eu adoro' o^ stris!,1ra\,
t' l.ll,''
da seca acompanhadas de pâo árabe e muito azeite; as saladas de coalha-
da com pepino e alho e o tabule, que é feito de trigo fino com tomâte, ;-:; :;;:i,l; ;.i J"ilã''*".''l :T.I:r::"i: :l l:lii
I ff J"'::,::' J;';fi i;;;" u''r'':'á 11",1
" :.1ll: :l'd:''
q
hortelã, cheiro verde, cebolinha e cebola, temperado com limão, azeite c ter'prepa;:L::il;:
sal, com folhas de alface em volta. Você pode me ver no vídeo comendo ii E veÍdâoe' Êla está Jr
Era c§L'r se de'culpunio
-""à"tã", Por nào
-'É;rdrã;.
- o"io" u g"lh" do fogão cstá
uele esPetinho Íeito de carne
I
moda árabe que é colocar a salada na folha de alface e enrolá-la corno sc
fosse um charuto e levá-la à boca com a mão. Junto com as saladas, os
"ufi,^ uma grande travessa' Não acre-
quibes cru, de bandeia e frito, quentinhos que mamãe trazia da cozinha, n-t6. está trazendo da cozinha
e as esfihls abertas e fechadas de carne. ! Mais comida? r !
-^-^:- Mamãc prepat \r.m;ê Í\renâr()u
ou
Estou ouvindo vocês conversando muito. lil"#il; .onsiclerado o Prâto de substância
de bico e demasc.'
- Colocando as novidades em dia. d" .''*
;;.";.;;,;.h;,áo cahelinho
- Não tinha bebida? T:111:t'u"
de anjo'
;;;;;,;;;; arroz com vídeo dá a impressã. dc
- Somente ágr"ra rnineral e refi igerantes. Papai, depois de aposenta- Iô::";r*;;in.to o"'t estou vendnno
-
do, passou a beber mais, até que um dia mamãe se irritou e queblou oua houri um bom entrosamento etrtre
vocês'
n.* ':i.;;;,,'os da nossa infância adolescência'
e das travessuras e
todas as garrafas de bebida. Nunca mais entrou bebida alcóolica 1á enr
CâSâ. das brincadeiras entre os irmãos'
O que é isto? Parece que vocês estão brigando com a sua mãe?
- Nós estamos reclamândo que ela não consegue ficar na mesa
-
conversando, A todo momento levanta-se paÍà tÍaz.er os pratos da cozi-
nha, ao invés de pedir a empregâda para fazer isto. Existenafamíliaummovimentoque'âomesmotempo'estimularr
Mais um aspecto dâs tradições familiares. Sua mãe é de um tem-
- qlre as rrulheres elam as "rainhas do lar". Sabiam cozinhar', costu- .,.,J;:1;;':;;;i;;^r ã;' riil'"; p;à""'tirn'l"
ro'ma"m novas ramírias c sc
tste crescirnento a fim
po em indeoender.rtizare- ttonot'turn""n'JJ'
de organizaçâo' alterandr' "
rar, lavar e passar roupa. Não só serviam a mesa como também faz.iam os cle evitar uma perturbação ";'t;;f;t*"
pratos do marido e dos filhos. Os homens eram hóspedes da casa, viviu m .o,l i,u,. a. rt, :' .: :': :fi:i:.'.?,i1?:::: J*H: i: l:Xi1,1'::
mais fora do que dentro, encarregados de prover o sustento da farnília. nrocesso. de uma torma tnvls
à paralisação'
Eu não sou tão diferente do rneu pai.
- É uma das formas que a família se manifesta cm você. Por quc I,,l"tJi.Jr, à rransformação ou
-
unra de suas irmãs levantou da mesa?
Para acabar com a discussão, a mais velha foi ajudar màmic .r irtttiis'
-
trazer a comida para â mesa, Era o mesmo que âcortecia na nossA cas;I. Tive a impressão de que você
comeu mais do Ou: a1 sues
Papai queria a presençâ de mamãe nâ mcsâ, elâ se Ievantâvâ a todo nro- listava com atltã tu-id""tit^',Ttnlr-o,;.11iclo nrrrl'
- "ua'at em restaurantes ou sanduiches
ni lolâ'
mento. Ele reclamavâ e a minha irmã ia ajudáJa pârâ que elir sentassc hotários irregulares'
mais r'ápido.
'"' " .su" ,nuliler sabc Prepârar llgtrm ;rrattr iiraltc-?
em
Etr iá lhc.flrlci, vtlcô csrlttc'
E estes pratos que estão chegando? Ncrrl árlrbt', n"n-,l.t.,1nã,, nc,n"1rp..,nês. (l'r
- Mamãe botou pra quebr-ar. A cscola dc snnrbr tocl;r ni'l nrcsil. - i;;t;ü: tlttc ch sri rtcc'it'tv't :t L('n)i(lir
ccttJ l'llir rrio se lig'r ctrt t"",,iti;' itríe it"'ltt
ttt lu" tl..i'"t t''' si. L"r'r.,rrç"? N"
- c.,srt'
Parcciir quc crrr o últirro alnroço da fanrília. I.lla c rrrirrhrr irnr:'i cst.i(, trit- ili";r'"'i,,';;,;n';itt
90 . y1y116.. (;RolriMAN
FAVÍl r^ í, l)r,r \ . 9l

ela aprendcr alguns pratos conr mamãe.


lÍ]ll,:..^11"1, Ela se recusotr é o que temos de nrais importante na vida. Coln rlrrcrn v,,.,, v.,r
: Íl'j::' :::l':' :
quiSesSe. Como o meu l-':'1.'l:"', r..* .o",..
" 'o aaDr"n"
primeirO
í,
emprego ..r-"";*"*,uL
;d. ;;;: ;:,:,T:il
'x4xrds
era perto' eu passei
quatl(l()i em caso de necessidade? Com os amigos, os colegas? Elcs potlcnr
c:rsr .leio ,t,,-^-.^ pqJrLr a almoçar
4 d,rlUçirr dar o apoio nas lroras difíceis no momento de ulna docrrçir rrrrs
na casa dela durante -a seman
^^-, a..f)urou.
uns três anos. Depois, quanio - -,
mrr.ci.1.empreso e montei , t",,. acaba pegando no pesado é a família. Os amigos rênr surrs prt ocrr
Hl:f.
almoço.
;;d,;;; ;; J;;;i.";";.ii;l::l interesses, suas próprias fan.rílias. Com seus filhos, a mesnrir cur
E como era o jantar na sua casa? Esperam que os pais cuidem deles e não o contrário. Não estii vcntlrr
- Sempre a rnesma coisa. Arroz, feijão
viemos de longe para ajudá-lo, duvido que um filho fariir isso. lr
-
de batata. RecJantava,
e carne moída ou bife e pur.i já pensou na sua velhice? Vai precisar contâÍ conr sr.ra rnulhcr. rrrr
ela trocâvil a cozinheira mas não
acliantava. ô o oLrtro. Cada filho, mais cedo ou mais tarde, vai tomrl o sr.u
sua mãe rrazendo n.rais bandejas p^,..
-
almoço?
;;;;;ião acabou. corstiruir sLra irtrlília. Você jri está conr quilsc cincliitrrtrr llos,.
Você esqueceu da sobremesa. Nas ui a pouco, não terá mais a mesrla energia para ficar por aí sozinh<r
.-
ter tido unr trabalho danado. Sempre
bandejas estão os doces. Dev(,
" cnr companhirs ocirsioniris. E se ficirr doente, cluem cuiclrrá rlr vr,., ?
f., *;;;;.;;;:- e, graças a Deus. está com saúde e com muita disposição. Até qLrarr
doces
- OQue são estes?
ataief, que sào pequenos pastéis feiros ? Nós temos que pensâr'no futuro. Papai sempre falava isso. \irctr iri
queca.- rccheados de uma massa tipo pan_ u nâ suâ velhice? Ou você acha que nunca vai envelhecer)
de nozes e amêndàas rnolhrd.rs.om'u_
de ftor de Iaran jeira; doce de da ma..., .rld, d. ágr" Você sabe que eu e <l Paulo vivemos aos trancos e barrancos c v.ri
torta de amêndoas e râmarâs; a bactava,
b.;i;;;:;;lh;,,1.,r." a" p;r,".t., assim até a morte de um de nós. Mesmo assirn, criamos quatro
i;;;r.;;;lh';;l recheado dc dos quais três estão casados. Estamos aposentados, cuidanros clos
nozes; e-o herice, que é um doce
f.ito dá ",.,nolin, ;;;;;"r. temos um dinheirinho para viver, a casa é nossa, os filhr>s c,,s
Você além de gosrar da comida r"-bá;;;.r;?l
- Ficava pr"p".^çao. almoçam com â gente aos domingos. O que mais queremos rl:r
- Sua mãeouvindo vovô ensinar à mamãe.
? É verdade quc há rrrnis de oito anos eu estolr cor.r'r cinrlirr. rrr.r r'
- está tentando servir os doa., pr.u
as suas irmãs e ells c o Paulo com sesse)rta a:ros
-
não temos vida cle rnerido c rrrrrllr, r.
não aceitam. EIas mesmas se servenr. Vocé é -
resisrência e deixa colocar o quanro.l,
o único que não oferecc como d ois irm ãos.
qr", ;,,'r;;';;Io.' Você acl.ra quc tcm algum casal que consegue mântcJ'r'r chlr'ril rlccsil
EIa acha que ainda somos crianças.
, - Você qlrru Yut , .r.^ ulru.n
acÀ" qu. rluito tenrpo? "
do carnpeonato iria contrariá_la?
Aposto que sua mulher também lhe servia. "Mana, não quero essa vidâ para mim, prefiro acabar sozinlro d()
- Errou. Mandava que igual a você e o Pâulo, igual a mamãe e papai. Fico corn rruit:rs
- a cozinheira deixar o pr"ro p.o.r,,
chegava.muito porque eu dÍrvidas entre aproveitar a vida enquanto tenho força, corrcndo o risc<r
tarde. Aquela velha desculpa d.
ár. .irtr* ,*Ualhando. de urn dia ficar sozinho. ou tentar novâmente o casamento".
- Igualzinho ao seu nai que rambjm lt ü"r',r.j"'
silêrrcio, gnqx3nro, ,u" .j" reclamava. comia cnr "Tudo tem um limite. Pode ser que na hora em que v<,crl <luerlrr
"
Sua irmà mais velha esrá pergunrando voltar; ela não lhe queira mais".
por sua mulher? "Meu filho, sua irmã tem razão. Vocês não sabem nem a nretadc drr
.havra- Foi um arrifício qu..L u-ro, pr* i'r,l.lrr.'rrrrn,o. trrtrnla. 1., que eu agüentei com o pai de vocês. O importante é que a fanrília sc
contado a ela que eu rinhâ me separaclo.
se falam diariamente, nem que
Àp.r- ál'àlr,r".;r, .rn,, nlilnteve unida e{icamos juntos até o fim dele. Você devc scguir,, nosst,
,.1, pa.a air". qrã
ouvir o que sua irmíestá faland',r. ".la
ira"t... cxcrnplo".
; -Vam9s
você rcm que pensar nâ famíIa.
. ,"Mazinho,
c5rudrndr), precisrnl dc tr-anqtiilicladc
Scus filhos aincla cstão
u",.-,,r,r,rir'r,r,O.r.,l nl
",r,t.,,.r,
-l

, .. i ]lj \\l \N
fÀMÍr lÀ É trr:us " 93

r\falníli:,r e Íundlntenral paril o l.losso dcsenvolvirrerto c" llo Foi mais uma brincâdeira da caçula' Pronto, chuvisco' terÍrinotr
nr( srr( ) te [lpo, nos pre ssiona e m.lnter ulnâ t.f âdição, o stiltus quo. C]riâ,
-
a fitâ. Posso desligar?
se Lrnr conllito ciramático, decidir pela cabeça cla família nu por nossir Lógico. Bela cena firral
eabcça.
- O a"lmoço valeu. No início, estava âchando â ploposta estrallha e
Sne rlãe e sllãs irmãs saberr clo llafrrel?
-
depois acabei er.rtrando no climâ..Num determinado,mome to' tive,â n

inrpressão de que o tempo tirrha voltado e de que ntls não títlhalros


Não. ELr não contei par:r elas e minha rnr-rlhcr;rroncteu tarnlténr s;ritlir
-
rão cortar pirra a fanríliir clela. Vai scÍ oLrtÍo clroclue cluanclo soLrbcrcnr. tlc casa. não havíamos casado e não tínhamos feito ir trosslt pr-tipria fatrílil'
Ii t--ssas imagcns são de onde? N,luito inlportârltc essa su:r obsel-veção'
Foi a caçula qrLe tirou ir cânrcra do tripé e começou a brincar. [,la - Vocô falor.r cotr eles pirra vit'cl.ll aqtti la prtixitra vez?
-
r,.t.t tt ,'rt'.tIJ,, .,\ \lt,t r.,\. ,l\ !',lItt 1.. (llte \.t., J\ Ine\ t.t\ qu( U\r\: ll",
- Falei.
quirrrctr soltc'iros. colrr cxccçiio cll rninha que levei contillo c trrttlt:re e(]nt
- Houve alguma obieção ?
prou orrtr2r parecida para subsrituí 1a. - Não. Sortientc rninhrs dttas irrlãs ó qLtc trão podctl ficrr fora tlc
C)ndc vc.rcô cokrcor.r sua carr,r de solteiro?
-
crrsa nr uito temprt.
No r.r.rcu rlnlrto cle cirsal. rVlinha nrulher trouxc â cârra rie solteir,r NãO tem problemâ. N(')S lTl.lrCàlllr,s (,tltr'.1 \C\Srir ' [i-llrl e Sta SC]TIall:1'
cla cas:L dela c puscnlos urna ao laclo cla oritra.
- Vai sct-cLrse iiLrpla. Quai é a Iição de hoje pr-ofcssor?
Ah! Os clois riorrninclo en.r cillrâs dc soltciro. - ls ri1ízes familiefes, qucitrtrl.'s ( tLl t].1t'' cstrl() c t\t'rrio presentcs
- N.r,, r, i,, rârl.r ,lír'r,) i\. -
Iroje e no futuro influenciando o llosso coll.l po rrir rlunto '
Quandcl rttatrãe saiu cln casa para t1t1l npiutantelt() rnclol-. l\ Profundo, hein ? ! Pegou Pesado.
unicas coisirs qLre ela levotr forrrnr rrs louçrrs tJc diir de tesra. r-()lrplls (l(
-
câmlt . banho! a clrna clela e de papai c its camâs dos Íilhos. L-la rcprodu
zir.r ()s Llurtrt()s rla antiga case. A irmã caçula dorrrc uil rlesrnâ cârna (lur
foi clela quando soiteirrr e as fiJhas, ulÍla nil outÍa canra e al outriMurr Logo que Tomaz bate a porta, toca o telefone' Atendo e ouço a voz
colchonetc, clue cla airrc ii r.roitc. Mamãe não cleixa usa[ o oL]tro alLt:trto de Lígia.
porclue estií pernr:rrcr.ttcllcnrc ârrunl.rdo corn lençriis r: fronhas limprrs. "Oi Adriano, você iá terminou?"
crrso prrciscrros utiiizá-lo. Aincla deixir duas toalhas de banho c duas rlr "Acabou de sair o írltimo cliente".
losto prilrd Llrildas nurrli caclcira. "Que tal iantarmos fora?"
Mamãe nao enterde por quc quando eLr saí cle case, nãrJ fui rnor,r, "Que surPresa! O que aconteceu?"
com ela. "Nao a." paÍ: ÍazÊÍ o jantar, â Conceição está muito gripada Se
Corn meclo de não conseguir seir dl casa dela. você quiser, Posso esquentâÍ algum congelado no microondas"'
l)eixa disso Adriano. Queria tcr a minha iiberciacle. "h qo..rroo muito cansado. Hoje foi um diâ muito puxado Tudo
Sua outra ilmã, a rle São Piruio, qlrirsc ni:ro falou clur:rntc o rrlrno1,, hem. A gente sai. Aonde vamos?"
- f-]rr ó assirr, rlais calaila. É a mais afast,,rtia rle nris. Nas clccis,,,.. "Aclriano, é senrpte você que escolhe o restaurante"'
lrrnriii.rlcs clrrcrr rcsolvc ó o tnnliclo. "Não terrho cabeça par a pensâr em restâurante Você não tem tllgu-
Berr, a lita r:stri cltt'grrndo rro linal. VrLr tleslip,rrr'. N;io l( lr lrrri\ r.r(l.r ma idéia ?"

rlt ir l t'r ,. sslr n tc. "Vrcê sabe que vor-r peclir corrida de dieta É melhor a gente se cn-
N;ro. r,.tltos \,( l ill(i() lin;tl. () rlLrr'tl issoi llrrrI tTll.ll(.rr trl,.rt contrirÍ c clcpois clec id ir " .
'.ttrtr'. \',r,, rllir:rrl,, rllrr,r (,rnl.r r'r.rrr rrrrr.r rrr.rr,. i,llr.t , . r r , , r t r r . r ' r r ,
r r . l r r r. ,
"Vrcô pitss;r qtli Pafil n1c pcl.lflr?
,l,r,l.r',.
l
94 . !lotSÉS CRotsMÂN
FÀMÍl r^ Í r)r.l,\ " 9l

vou saindo quando toca o terefone


outra vez. euandr, vou aten<i.r Pensei que a viagem ia ser chata. Unra viagem fúnebre. Tentci tlcrrrovt r
perccho que e urn íax chcgando.
ôortano, da idéia, mâs elâ já tinha falado com a mâe. Foi umâ surpr-cs.r e rrcu
Recebi hoje, quinta-feira, do.meu imcnto nâo se concretizou. Ela aninroLr a viagern, nos [t.vrrrrtlr, ,r
fornecedoq trufas, azeite trufado, e Iocaris que não conhecíarmos, discorrendo com facilidirrli'soltc
vitela, mozarela de leite de btf"l,
frerc, áef;;;;' r"r';*.s frescos, aspectos históricos e principalmente â bons resraurântes. Tr()uxc
mostarda de Cremona e diferentes
tipos de massa. Tudo vindo direta -
oxigênio à nossa viagem, que estâvâ se tornândo uma repetição c1âs
nrente da Itália. Estes produtos me
inspira.ra_ , a.a. a *gri.te cardápio: vezes.
A_grado do c heÍe:. Aspa r.gos com
molho de mostarda de Cremon.r.
t ntrada: Creme de r()nl:rie com almôndegas
Primeiro praro: Linguinc ,o açaf.ão
d. ;;;;".
.
trufâ hla nca.
comir"f ,. ,.rírã. . Iâminas clc
Segundo prato: Cosrelerâs de vitela Vou jantar com Lígia e vai ser a n'leslnâ coisa de sempre. Vru csco-
marinadas e grelhadas corr li ô restaurânte, ela vai perguntar conro foi o meu dia, vou pet'gLrntâr
mâo e azeite acompanhadas cle purê de lentilhas.
Sobremesa: Crepes de mascârpone os filhos, ela vai contar do problema de alguma amiga, von r.,r-rvir
com calda de amora e framboesa.
C:rÍe e rrufas de chocol.rre. do qr:c estou interessado, vou pedir â contâ, vamos para casrr, ela
Des fr.u te are segunda íeira. olhar nos quartos se os filhos chegaram, vou perguntar se eles já estiit.r
Sua sogra,,. ela vai confirmar, vâmos escovar os dentes, eu primeiro, ela
vamos parâ â camâ e teremos, ou não, mais uma trepada buro-
tipo rápida, estou cansado, preciso acordar cedo amanhã.
Será que estou Íepetindo com Lígia, nul.nâ certa proporção, o casrr-
A cada jantar que cria. elr de meus pais ?
r
",,
rra
a,,. » u. ;;;
rrd,."
;;
;;.;; ;',:1i".;":H;'á il3:,'."; J r/ ffijiir:,:.,,J1:
: v,zr(, ( ;
Será que eu não coloco o dedo na ferida conr Lígia com nredo dc clLrc
rt rclação não suporte a crise?
Vrru escolher somente vinhos italianos: Será que vale a pena âmeâçar os nossos vinte anos de casad<ls?
Enrrada: Friuli Flor di Uis 96.
Primeiro prâto: Barbaresco pio
Cesare 93.
Segundo praro: Cerviolo San Fabiano
96. Como você está acompanhando, Adriano cada vez rnais questit,-
Sobremesa: Moscadello di Montalcino
96. -
nâ seu câsamento.
Café: Grappa di Barolo.
Será que ele conseguirá se conduzir diferentemente das suas r.rízcs
Íanriliares, do que aprendeu com o seu pai e a sua mãe, a manter o casa-
mento em nome da família? Pais esses que certâmente receberam esta
mensâ8em dos seus pais.
me preparo para sair, meu olhar
encontra, num canro da À medida que a terapia de Tomaz prossegue, os sentimentos e ()s
""^",.9:l:,j: uma forogra fia
escnvanrnha,
:o,8.1,.
d:, _",i ;8; ;;; ;,ãrfi i,?:s ;nTrT. ?.::&:.Tilll
Íatecido havia uns seis meses.
pensâmentos de Adriano vão se tornando mais tumultuados.
O que existe em Tomaz que provocâ este movimento em Adriano?
L,.si" i;",;;;
-;;;í;:;l::
relurou à princípio, rnrrs depois..,n.,,rd,,J,
que vrajassr..
::r::." .Ela
percc,rrêssernos
r,,i., ;r eorrtliçiio
cor, cla .s Irg",., qr" .;;r;,,,;;:,r,,
;:,;r,:i:,.,,,,r ir c.,r .
!,
F
7,
,:)

LI

Ê-.,

c
...!

ê.
Trouxe minha mãe.
- Olímpia.
- Muito prazer, Adriano Martins.
- E minha irmã, Stelinha.
- Muito prazer, Adriano. Vamos entrar.
- Você recebeu a minha mensagem na secretária eletrôr.rica?
- Recebi.
- Minhas outras duas irmãs não pudelam ficar mais no Rio, sabe
- é, os marriclos chamaram de volti.t. Unr deles adoeceu e a mãe dt.r
de quem a minha irmã mais velha cuida, também adoeceu.
* Foi um desequilíbrio geral.
É. Foi por isso clue propus vir no nosso horário habitual, já quc
-havia mais pressâ em função das irmãs que moram Íora.
Olírnpia, convidei vocês para virem aqui com o Tomaz para co-
nhecer
- ao vivo o seu passado na família e o que desse passado está se
l'nostrando no presente.
._ Estou à sua disposição doutor, o Tomaz é um filho muiro queri-
do. Está com uns probleminhas, mas logo, logo, isso vai passar e ele vai
v<lltar pala casa.
Como é que você e seu marido se conheceram?
- Que pergunta estranha doutor. Nem me recordo mais. Faz tânto
-
tcmpo. É muito importante eu me lembrar?
Marmãe, deve ser. Se o psicólogo está perguntando é porque é.
- Stclinha, você e sua mania dc dar razão âos outlos.
10{}. Mi)rsr:\ !AMÍlrA É l)luç. 101
I

sobre a'existôncirr
Mamãe, não consigo entencler por que você nâo se esforçir rrrrr é feito nenhum segredo
- e responde criaÇâo normalmente não se as duas partcs
pouco o que ele quer saber. ilirá,i, com a qual ele manterá contato
ãn*tnal,
Estou querendo viver o presente, os meus filhos, os meus nct()\.
-
O tempo qlle trre resta de vida. Varnos deixar o falecido em paz. Conr,, ,r
minha mãe dizia, quem gostâ de passado é museu.
Stelinha, mamãe vai responder o que ela quiser. Não prccis,r
-
pressioná-la, tlinha colher' Nào estou entencletr-
Ô Adriano, deixa eu meter a
câsâmento d":T:::,0,":'i:::ii:o';
-
mamãe.
Tomaz, isso não é novidade. Você defendendo e protegen(l{) -;I,Iil;ã.;;'à
â necessidade de voce i'
Não sei Por
," "":;;;;;_
rr la
'u
que rob.. fiiho adotado c de
n do meu Pai.
Meninos, não vienros aqui para discutir.
-Doutor, eu e meu marido nos conhecemos desde pequenos. Brincrr
ão' Iros baús das famílias,
principalrnentc
É que eu gosto de remexer
vamos juntos. -seus segreclos.
Morayam na nresmâ rua? Eram vizinhos?
- Nào, eu e o Anrôni<.r ereuros primos.
- Eu nunca soube disso mamãe.
Que surpresa!
- Stelinha, não érâmos exatamente qut' c\l'i('
-
primos de sangue, por issr,,
Pais e filhos podem esrer
r(petindo condutas fanrilialc'
que eu achei que não precisava comentar com vocês.
Seu pai era Íilho de um irmão do mar:ido de uma das irmãs da n,r
;fl:::#;;;o *'"t'do'
fltreladas a segreo.,s """ " ":;;;là
como ulna forma d'
à"
F :ilT: ^:i::':::,iXl;;:::.,
d"a família pode, paradoxalmentc"
mãe. Esse irmão do meu tio, que morreu cedo, parece que bebiâ muir(), do segredo
ele vier à tona'
deixou a mulher com problemas financeiros e ela teve que distribuir-r,' i.ue-ü a desunião, quando um dia
filhos entre os pârentes. Seu pai então virou filho de criação dos nrcrn
tios.
sobre o Qu,e-o Adriano disse'
Íomaz,nunca havia pensado
-'É,ío.ê rrr^i o conhece e iá está lhe defendenoo'
-Stelinha, a essa altura acl't"rnntc,",t"., que diferença (az você sabcr
Há uma crença de que a família somente se constitui através rlos
laços sangüíneos e de que somente eles vão influenciar na formação tl,r q," ;;;;i ;;; 0,1,":^g:::',,'Lli:ff#:1"
ceÍteza' E:
a rereti r sobrc esre,,ss.,,r,,
Não tenho
identidade dos filhos. A convivência com parentes por afinidade, padri - t.," r"' um maridtr' ex-mirriJo' ct'ttt 't
nhos e empregados, lrrârcâ tanto ou mais do que o pârentesco sarrguínt.,,, ,.r,;:;;;;:'ôq" "scolher
já que a nossa personalidacle vai se moldando atr ayés das reiilça)es esrr ;;;i"; ; ;. podcoma coâs menlna
i tar? Ere
n
::[ H]#j"x';3,i[T ::"' :: li"] il]l; i

Eu duelando qttc crrt


belecidas no interior de toda a íamília nâ âtual quanto nas fantr n""u dtt' uma oÍicina de marcenaria'
Iias de origem dos pais -tanto
e com aqueles que habitam essas câsâs. cle irlguma coisa Tinha fazendo móveis para :r frrrri-
no''iinlJt "t'na
O filho de criação -recebe duas marcas: a da família que o geror (, , seu hol'by,onde ficava
fez nada'
lil. Para a nossâ câsâ nunca
com a qual permaneceu, ou não, âté uma determinada idade e a da íarrí velo nenhurna rclaçâo'
Continuo sem entendet' Nâo qual frrrrílirr
lia que o criou, que fica encarregada de piover o seu desenvolvimento. - F.lir arrumou l,l''là"'it t'iaçao' que rlão sebia a
A diferença entre o filho de criação e o adotado, é a tle qLrc o scgtrrr - ia. '*
do, é legalmente filho daquelcs pais que o aclotarrrn c podcr.á conlrcccr r. t"' '' '''ü"i,
ocrtcnc
utna de suas l.ttctlr:rs' Adrian.
ter contâto orr niio saber nnda solrre u Írrnrílirr quc () g('r.or. Iirrtlrnrlo ro
I

102 . \1ot\í.1 PÀMlllAÉrrt',us'103

Meu filho, não fala assim com ô doutor. Ele vai pensar que de.se organizar' tt1
- educação. n.1,, Cada casal tem um ieito particular i:':l::
lhe dei - d;;;;; aos filhos, áquel"s q'e se dedicam âos respect'.]on l1t"s.:
r.
Mamâe, ele pode pensâr o que quiser. O que eu sei é que nrio um certo
- mais essa xar.opada de farnília .r,e vivem um Dara o outro e aqueles que conseguem
agüento e às suas respectlvas
io enrre se dedicar aos ltlttos' trm ao otltfo
pra cá, farnília pra lá. Eu vou ú
embora e não volto rnais aqui. Se vocês quiserem podem ficar convcr são mais filhos' os que sà.
sando com o Dr. Adriano. Está aqui o cheque da consulta e até nuncr.
;.;;;;,r,-.; que são mais pais' os queexercer',dentr" dt,
marido s
rs ma'uu e mulher e os que conseguem
rrrurrrLr -t-t'iãu -tT...t"]'Il
um dos
Espero vocês lá embaixo para leváJas para casâ. Não demorem. tont"ntradâs em cacla
u, essas diferentes funções qu
Meu filho, que é isso! Não fique nervoso assim. Não vai fazer
- rantes do câsâI.
bem a você.
fi;.;;;;a se o *i :'':t:'::11'.i:1i1*::"';i:
casâl
Tomaz, conheço bem cssas suas explosões, algum assunto levan
;J;;;i;;^-d.' di"t"*tntt às vivências que câda côniuse trou'
tado -na nossa conversa dcve ter-lhe incomodado e você encontrou unra família, ou seiâ' do convjvio.,:"i::.:::.p::'":1,
Íorma de escapulir. à. t;;';õr; no serr
;;;;;;'.;"," as experiências que esta família atravessou
Stelinha, é mclhor mesfiro elr sair ântes de lhe meter.a r:rào nrr
cârâ,-como eu fazia na infância quando você implicava comigo.
lvimento.
Tchau mamãe.
Douror, doutor, o quê que eu faço? Ele foi embora. Está nunrl
-
fase tão difícil... Ele fica transtornado longe da família. aí fora na sala de espera
Com licença, doutor, consegui' Ele está
-
Olírnpia, acho que yocê deve ir lá na portar.ia do préclio e procu -
3 que quer faiár com o senhor'1ttt q:
t":lot:
rar convencê-lo a voltar à sessão.
] e-.Jã, ,,e lá falar com ele Corn licença' um - ,-^.^-,-
instante'
Doutor, vai ser.muito difícil. Desde pequeno ele é teimoso.
- euan o que o Tomaz quer falar com o Adriano?
do decide alguma coisa, não tem quem o faça mudar de idéia. A únic:r - fnlr*a.,
Não tenho a rnenor idéia'
pessoa que, às vezes, conseguia, depois de alguns gritos, fazêlo mudar tlc - Foi difícil convencêlo a voltâr?
idéia e obedecer, era o ffreu pai. Infelizmente e]e não estii r.nais entre nós. - t, Não
Não adiantam explicações, Olímpia. Eu acredito que vocé tcrn
.Jr, que ele estâva assim preocupado' neJvoso'
- - "ã.
consep,ue-;raüalhar direito Naquete
dia lá em casa ele paÍeciâ sâtisÍeit()'
capacidade de convencê-lo a voltar, principalmente se disser que em todir
ffi;T;;;. pi, d" tudo pâÍa qtre ele subisse' você t'b.: t"lt
é .1
:::
família existern vários segredos. Até que Deus
Não compreendi, irmão. Teimoso que nem uma porta T" lll-'l::
:. T:
com algunra colsâ eu s()
- Ele vai entender. doutor. iar'ü."r qr" quanlo pequeno se ele empâcâva
-Pode descer que eu estôu esperando atr"t.g"il d".e-pa.á-lo-ptometendo alguma coisa'
com Stelinha a volta de vocês.
E o que você Prometeu?
Adriano, você ter conseguido qr.re mamãe fosse tentar trazer o - õ;.;t* outro almoço, cômo âquele. último' para ele'
-
Tomaz já foi um rnilagre. Se ela conseguir vai ser unra milagrc duplo. - Iiacreditável. Ele se vendeu por um almoço'
Mamãe foi sempre umâ rainha dentro de casa. Apesar dela recll - Fica quieta, Stelinha, eles estão vindo'
mar, era vovó quem providenciava tudo ou, quando faltava algunrr coi - Mamãe.
sa, ela Iigava para a loja do vovô, o pai dela, e ele manclava dinhciro, - Que é rneu íilho?
comida, roupa, o que ela quisesse. Nunca se matou pelos filhos. A pr.co- - Não sei como começâr' Queria the contar sobre umâ sitLlitçâ()
cupação dela era papai, o que ele estâvâ fâzendo, ,i que ia fâzcr c corrr - minha vida'
quem estava ? trruito séria que está àcontccendo na
Fale meu filho' Não ó sobre rl seu câsâment()' sua slucltrdc dos
-
Íilhos?
104 . \.1()lsÉ\ (;RotsvÀN
t^MÍr.rÁ É r) rius . t{)5

É mais do que isso. É sobre urna


- volta
minha para casâ.
situação que pode impossibilitar
límpia. O filho não é seu e vocô não tem nada a ver com isso. Sr) tcr i.r sr'
I.,:".r, fala logo, ninguém agüenta mais de nervoso.
- Stelinha, Antônio Íosse vivo ou se após a morte dele houvesse alguma reclernrr
você Íica ,r --.,,, .., ;",, :-^^, ^::1"'"'' legal dele ou da mãe em relação ao que você herdou. Quem tem sào
- o,;ff r..
Ma m ãe,,,.rr,o
"
il,Xif;,l,T,il Í ;.fr#.". e suas duas outras filhas, que, quer queiram ou não, têm mais rrrrr
-' E9?.", meu filho) Nâo esrou *,*a."a..'V".ilá
tem dois Íilh.s.
o por parte de pai. Este outro filho também não é responsável pelo
- isso mesmo mamãe. Tiu" ,_ flih"-;;í àr,* irJ,r,".
Não é possível! Outr a vez acontece
de ter nascido do mesmo pai e de outra mãe.
-
_Foi um descuido_
isso na nossa família.

Seu pai disse o mesmo.,Eu


sempre- esriveram nem pensei ntuito. A far.nília,
os filhos
enr pr.inreiro lugar para _;;. O conceito tradicional de família pai, mãe e filhos é bastlntc
que pedi ao seu pai ioi qu"
Á;;;;furo. pron,o. ,t - -
::':-1^:?l* nao .ãto.i..l ã r1,i..r",,. 0"r,, rrrraigado em todos nós, desafiando o tempo e os novos tempos, c()nl
no nrenrno! quando fizesse o Iodas as nrodiÍicações que a famílra vem sofrendo na sua organizaçi,,.
no",:.q, cartório. Para não manchar ,,
t\âo ";;;;;;i;;;;ü:fl'J:,:"
É comum ouvirmos daqueles que pâssârâm pelo processo de separa-
me arrependo do oue eu fiz, seja dos pais e, principalmente, dos filhos, que "família só terei uma
a.pesar de toda a vergonha ção,
passei. Reuni rnirrha farnília e conrci rud,.,. O""ir;;;;,il.n.;o.,,,,, qLrt.
na minha vida", a irricial. Este conceito aprisiona as pessoas e não dai
final, meu irmâ<> mais velho Íalou.que
.,, ,..i;;;;, ,ooi,io.,., n., .,,,,
liberdade a elas de realizarem seus movimentos individuais e constitur-
que persasse nos firhos
::.1Íl:'".Íra\
do eres âo mundo " or;:
.;;;;i;íã,,,iJ,inr,, ,r",i rem novas famílias, com um novo parceiro, recasando-se ou sem parcei-
comigo, formando ,ri" à,niil", ro, a família uni-parental.
colnpromisso aré o íinal da vida. -1 ,"rlr,iu."..n,.r.rr.
""q Yu\
papai,procurava o filho, dava
_ |,Í:,,1l3;, assistência a ele?
;I;:"":, ::l:1.1-I"" *'s;;";;d" ;:;''i:,i:i:;-",
bre o assunto. O;apoa,r^a*"'"q vLtóurrLcr,asa'
YqL r*'
tle' durante
uL,anre
nem coÍlversamos s()
â
â semanâ'j
.,,
Mamãe, você se incomodaria se eu entrâsse em contâto com o,
chegasse,
:hegâsse, não deixaà
rleita,. ,^ ,,,.-il
d.;;;;:"' ^11"casa e que aos -semanâ,
rrr em
a hora cittr'
cirrr'
domingos estávanros
-
digarnos, meu irmão?
t.dos i.nrr,.
todos juntos.
Srelinha. esse assunto morreu pâra mim, junto com o scu pei.
-_ E ele só teve esse caso? - Você não vai conseguir nem aprovação, nem desaprovação dc
Seu pai nâo quero falar mal do Íalecido _ gosrava dr pulrrr -
cerca- e eu fechava
- os olhos. sua mãe.
.r
coitadinho. no Àn]l ar."r"illl" ficotr r.r,,
lraqurnho, tào Íraqujnho, que
Itve que cuidar dcle isual
-- sr.riri'r, ,1";';:;; . de perguntas. a trtn bcbe'
saber de rudr>. - Desde pequerra v()ce (lu{.l
Acreditamos que a morte tem a capacidade de lin-rpar o passado.
-_ Mamãe, só mais
_ Não sei,,,,r. .J uma
v;;;i,";i#:1
.*:il non,e rrere ?
T<rdos os fatos que aconteceram numa família são registrados na suir
f nremória e vão sendo transmitidos, de uma forma visível ou invisívcl,
- Ilh. a maior curiosid^d.
".r" .;rÀ;.ã_i,;' para as gerações subseqüentes pelos pais aos filhos, íutulos prris.

,,..,;i:"1'J:Xi,'""Ã'o'"0,T;'r:;'
q;;;;; q;;'"r, ou v.cô acha ,;,r,.
.- Doutor, por favor, o senhor
me tleixc
cle fora rk.ssl sit Lrirçio.
Não pensci unr rlrilruto clrrc
- vocô tcrirr rlgrurm
lrirr.ticip;r1.rio,
lr r,oti lirrr:rz, iri,r ,onri1i,,s( (.t ( ors(.]'ltiss(. ll,r!(,lr rrrII(.IIr orIIr rr
..,,,,.1,,
lí16 r vor\r:\ (;Ror!v^N FAMÍl.lA É t)[us ' 107

Stelinha, não sei o que você tem na cabeça. Toda mulher é igual, ..Conovocêsquiserem.Duranteasemanâénraisdifícil}]O].(]t]('tIi]
- que não pensa. Como é que você vai achá-lo se você não tem me encoÍrtraÍar'rr
pârece cr . ã. air..st.,á,, à t.toite' Pot'sorte vocês i]]l,illl:
podetr.tos c.trhirrrtr
nome, o telefone e o endereço dele? ,;;;.';;;;; Íacuklade No fin-r cle senrana
de conhecet'o lesto d:r nrinltl
Bem, não quero Íalar nada. Muíto homem também não pensâ en') rrer horálitl. Tenho a rnaior vontade
-
horas decisivas.
Onde podemos conseguir os dados dele? vou falat com a minha irrnã para ver
o quc cl;r
"Un-r lnomento,
Aposto que a mãe de vocês tem.
- Mamãe, você não podia dizer o nome e o telefone dele?
- disse para nào me meterem nisso.
- JáOIímpia, como já lhe disse, o filho não é seu. Ele é irrnão deles.
-
Ao mesmo poderíamo' trarc'rr?
tempo tem uma parcela de responsabilidade, na medida enr Srelinhe, onde você acha que
que você e Antônio resolveram nào contar o que aconteceu aos filhos. - Tive uma idéia. Vamos ton''bin" na estaçào do^bt'ndinho drr
-Uv.ru(/, r!u t'Ctlt:u.
O nome dele é Júlio e o teleÍone da mãe é 550-3452.
- Agora o resto cabe ,urna,r, * éor,re Vell.ro' Depois subimos pâÍâ.ver ou
-
â vocês. Acho que quem deve tomar a inicie- I §l.tà p.ugron,,r mais birbaca' Isso é para turista pâÍâ crlànçâ'
cle tcr
tiva é o Tomaz. ü.1'"r.í.rq,",ecido E o único progian.ra que eu me lerrbro
Adriano, você está querendo me provocar. Quem ficou -c(,lll p.1Pâ1. Eu adorlv;t t' rrenzinho'
- no telefone' Pí:ra 'ri'
escarafunchando foi a Stelinha, Fiquei na minha. Não sei porque eu? Tri ben.r. não vou dlscutlr, ele está esperândo
Se você conseguir telefonar para o seu irmão, vai ficar mais fácil -r é ottc t:ós vâmos nos reconhecer?
falar -com seus filhos. Inclusive, você poderia ligar agora daqui. 'j;;;; c t'
* u",ro, *un.d" pelo correio - pede o endereço
Você está louco! Se eu resolver, depois eu ligo da loja. .lele to.lo duas fotograÍias n<>ssas'
- Tomaz, sei que você vai brigar comigo, mas o Adriano rem razà(). -
-
Se você ligar, eu falo em seguida com ele.
Doutor, com licençâ, vou me retirar. Vou aguardar na sala dc
-
espera. Se o senhor precisar de mim é só chamar. *lrilio- desculue a demorâ Você topa se encontrâr conosco nâ estil
Pois não, Olímpia. Você ajudou bastante.
- Como os meus Íilhos estão em jogo, vou ligar. aJ úonairfr. io Corcouado' no Cosme Velho?"
":-r"0.. lá que, às vezes' papai me levava'
como é qtrc ctt
- Um momento. Vou ligar o viva-voz pâra eu e Stelinha ouvirmos rr i"s"igra
"
-
conversa. ""' reconhecer vocês?
vou
pelo correio duas fotografias nossas
"^
'n/r;;r .rndar
"A;;t;;,;;;;".â d"ut muito parecido com papai Será que s.tt
"t
parecido corn você?"
"Não sci. Vamos ver na hora "
"Alô, quem está falando?" "Quirnclo é que podemos nos encontrar?"
"É o.lúlio". "deixa eu P.rgr-,ntut à minha irmã?"
"Júrlio, aqui é o Tomaz, filho do Antônio. Tudo bem com você?"
"Tudo bem. Papai falava muito de vocês toclos para mim. Dizia quc
um dia iria me levar para conhecê-los. "
"Estou telefonando para combinaL como cu c rninlra irnri, Stclinha, () (lrl(' \'()t1 \llll( l( ?

poderíamos encontÍâ r com v<>cô?" I)r,ttttrtt',t) tl( l,rrrl( .


108 . 1,11y156q (iR()tsNtaN
tÀvÍr-rA íi l)F-Lr§ ! 109

- Que dia chato.


dia e a hora que papâr saía Acho que p:'inreiro deve irprese ntar o filho aos irmãos e d( lr,,r\
- lru I domingo?
r
conosco. -ia,àtia,àavó.
- Qual
- Ora, o próximo. -
Meu filho, o importante é manter a família unida. Você v.ri acr-
encontrando uma solução e sua mulher é compreensiva.
- lá?
Nào bastam vinte e qua Foi. Depois dessa ela não quer ouvir pronunciar o meu non'rc.
- Tá bem, s,.j;ri"_ '
v"atro anos de esper'â? -E, outra coisa mamâe, não desejo para mim, ela, meus filhos c este
- Não esqueça de pedir o endereço filho a mesma solução que a senhora e papai deram para vocês, nós
- dele.
o.|írlio.
Nós fizemos o que achamos melhor para vocês. Você quer que eu
- com ela?
Olímpia, esse não é um assunto seu. Isso pertence à Tomaz c r
"Jü:::"t;I:l: peras quatro da tarde'
dá para vocei ' - ou ex-mulher dele.
ÊJ,l,riT;.la
'Entâo, aré dorlingo. O senhor tem Íazão doutor.
- Tomaz, posso lhe ajudar a conversar com seus filhos.
3,j..1I.:.qu":.1d9. euat é o seu endereco?,,
KUa l.eodoro da Silva. 53 casa - Stelinha, você está querendo substituir sua mãe e sua irmã mais
. 4. Vil, I;;ü;i." -junto ao Tomaz. Ele vai plecisar enfi'entâr sozinlro os filhos, a rru-
o"rque Sterinha qr., rrir,''.ãrn'"".c -
-I:?,Í,*,,Fi os amigos e a sociedade da forma que puder, melhor ou pior.
você Doida pa r r
.n
":.i1 "1",, gü;#Tri:'::i Í;:i:"j
"Obrigado, Srelin ha. parerce i:'ilt
::m -Qual Falou e disse.
a lição de hoje, professor?
que a genre se conhece
Aré irnagiri ;;;';;l i '' há muito tempr,. Não adianta fugir do passado. Ele está sendo atualizardo continu-
u.
"Então está bem. Nos vemos - no presente. Procure conectar o que está acontecendo no presen-
domingo.,,
corr fatos do seu passaclo familiar, que encontrarri resposta r algurna
o problemática que esteja vivendo.

Parece que foi mais Íácil do que vocés


- imaginaram.
mim' nenhum p.si"'', aa"ri"r.i'o-ü-",
""
,.;*a;;::"' u que esta. Hoje foi estafante. Pensei que não conseguiria chegar ao final da

-vnuEIett'',nt'-*la"
estava falando oo
e por'toda a família'
se§são.

versâ. ;'""J1:::
)ces para voltar a participar
da nossa con-

- Tomaz, seu casamento me parecia muito estranho. Nrio via v.et1s


lelr,/es. Quando solicitamos a presença da famÍlia original de algum clicrrtc,
Stelinha, dispenso seus comentários. abre-se a possibilidade do vulcão entrâr em atividade. Promrrvenros nrio
- sr'l unr encorrtro ou, muitas vezes, Lrm reencontro, objetivo clc fanrilirrrcs.
.",,,;olij:,'::Í1ffi::á#*'j;;'""' iilt,"' se voce quiser vocô j;í eor':ro trmbónr acendenros um espâço histórico de lcnrbrançls, crrinho,
.- Ainda não. ill)l()r', r'csscn timcn t( ), raiv.r. Sentinrentos esses quc trrnrbórr scr'ão rn()bili-
zlldos r)o tclilpeutN (luc cntrâ cnt contilto c()nr figLrlis tluc lrnrblrrnr sctrs
it tttios, tios, plis, irvris ()u ()utr'() írrrlilirrr c cstirrrrrlirrrr, c()nsr(luclt(,rr(,n-
Cliente e terapeutâ estão nâ roda de suas respectivas famílias, co rrr ,r
diferença de que o terapeutâ deve conhecer o movimento dessa roda . ,,
cliente precisa aprender como ela gira,

Vou cancelar o jantar de segunda-feira com Ligia e minha sogra pil r,r
dar um descanso de farnília- Espero, como hoje é quinta-feira, que minlr.r
sogra não tenha feito ainda as comprâs e preparado o cardápio.

Alguma coisa muito séria aconteceu na química farniliar de Aclriar, r


-
que o levou a abrir mão de um dos grandes interesses de sua vida.
A sessâo e os assuntos dela decorrentes devem ter despertado e mobilr LaÇos FeNatt-t,cREs
zado questões similares existentes na sua família, âtual e de origenr.
Será que está ligado ao tema hipocrisia que circulou na atmosfera tl;r
sessão?
t-'Í

Este é o Rafael, Adriano.


- Oi, Rafael. Você é parecido com o seu pai, comprido como clc.
- Adriano, ele já está com seis meses. É a primeira vez clue sai,r ct trtt
-
sozinho. Quer dizer', sozinho é força de expressão. Conforme voci rru
Não apresentei eles ainda a você.
rr, vir.n com os meus filhos.
Entendo perfeitamente. Primeiro o caçula, depois os mais velhos.
- Pai, não estou entendendo, a caçula sou eu Vocêmesmomecha-
-
de minha caçulinha querida.
Adriano, essa é a Paula.
- Oi, Paula.
- Minha filha, você cÕntinua a ser minha querida.
- Não aceito. Quero que você continue a me chamar de nrirlhir
- q uericla.
Paula, mesmo que o seu pai concorde em fazer o que você cstii
-do, vai ficar esquisito. Você agora tem um irmão tnais novo.
Não acho não. Além do mais, nem sei direito qr:em ele ó. listotr
- do ele hoje, neste morlento. Tudo foi muito rápido. Papai cha-
il llcnte ante()ntenr para jirntar. Rodrigo nâo qtteril ir. f)ep()is clt'
ta insistênciâ, ele acabou concordando. No jantar, papiri contt>LI clttc
unr filho conl outÍa mulhe6 que estavâ f2lzcndo tet'apia e quc tr
tinhrr pcdiclo plla os filhos vit'cm à cottsLtlta. Nct.t't cspct,tvrt
,,lr'lrrlrrr tsliltssc jttnto. (iotttlrittott rl, rt,,., tt.,,ttlt',tl'llt()s .r(lrrt.
l.,1rLt,t tttl insl,lll(, rlLit,t t'tt cr1rli,.,tr. lisrlrrlt irlr',11i,,11 ,1 1otr"
,, ,\,lrr.rrr,, ttlllr.r ',,,1t, rl.l(lr,,r l)rr'\( tl\.1 ,1, 1, t.rtttlr|ttr.
I
!^Mil1^ l: l'l'tr\ " I l5
114 . Nror\t:\ (;(()r\!lÀt

e empresta uma
tonâlidade às r elaçircs
mímica, que cria
Pai, você deve estâr com problema de memória. Você trrl,, r.r
-
quem são seus filhos, sua família. aúi*Xff:::::::
Itlt t tt,t t'l lt s ' f Iagrante
Rodrigo, que está fazendo hoje dezenove anos.
Esse é o f amília, toÍna-se mais
- Pai, belo presente de aniversário.
- E você Paula, quanto anos tem? [..*:,:u#?Iü:.!#i::1ii::*:h::::'i,'J:;#il:**
- Dezoito.
- Rodrigo, você está com uma cara de aborrecido.
- Como é mesmo o seu nome?
- Adliano, Adrian,r Martins. r.ai, ere e rão bonitinho.
de.Ii::
- Foi mesmo idéia sua esse encontro? - val tâzel i"ff: l;.':t",':lt:;.1i:]"ii,,,
Paula. você não
- Foi, conr uma diíerença, que ele dissesse a vocês que o Rrrl,r, I -
- estaria presente.
também "t'o você não é o meu Pai'
"ortno, assim com vr''i'
-
Adriano, nós não queríamos conhecer o Rafael. Achamos quc l.r -- Nã. rlr. "it.1-l]r^;, e ela resolvem
nossas quesrões.
É rnclh.r'
um absurdo o que papai {ez com a família e, principalmente, com manr.r( Deixa que eu
Rodrigo, não Íala por mim, não. Estou achando ele uma gracilrh,r -.reocupado com às suas' mais unr
- Paula, você sempre foi puxa-saco de papai. de frente qlle temos
I n ud,'ign' e melhor voce enrcarar
- E você de mamãe. o.
- Meninos, vocês não vão começar a brigar aqui. Comportem-sc. Pai. me dá ele aqut'
tli
-
...... é você para falar para eu me comportar? - i;;*. cuidado' vê como segura' comrgo'
Quem pouco
se parece um
Eu sei muito bem o que fiz. Do meu comportamento cuido crr. -- i"i. à.'-"'' Ele
Não -vou abrir mão e não vou permitir que me tirem a autoridacle de pai. ;';;;"' o*ou';:.1"i biurogicanre're ti'rtr
Já expliquei a vocês que não foi intencional. Era mais um caso.
- i'.."ul
Rodrigo, queira
^,-^.
nnt'1,i.'il'i.!lil.lil;" e

Você não usou camisinha e nem se preocupou em saber se elir -


.^i.-,,,n'i'i"'"'':* d. seu pai' Nà. c
s. rr
- ": T:::;'é*',"ilii**u.,
deve ter tam
estava evitando. Paula, você
Tomaz e Rodrigo, vamos interromper este tipo de discussào, pt,r
-
que o Rafael está captândo o que vocês estão falando dele.
o.,
ry\ u b em;" -é iiii?,1Y;''.",
me do *', l:'iiij";:51':':il
h",el' só pa'a e* tct
rr
Isso é exagero, Adriano. Como é que pode uma criança rào pt- organizado' ']u::.t;".
- direitinho.
t a ts'"'l--fi;;,;;;- nà. consc'gttt
quenâ estar entendendo o que estâmos falando? Í".hru" u apàrtalnento -^,-{, ôrranto a papai.
-
Entendendo completamente ele não está, Tomaz. O que ele percc ,"n.rçao de que ninguem.m:i:?;
t.;. àrr..n,o dele ' Nit'
ô*u*-p,ru.o s sct'
be é o clirna da conversa, que vai refletir no selr comportâmento presentc o:::,it
.n,.nà.t âté aBora o()teu tt*':::i:;;';seu enquírnt() vocô c sctt
e futuro. Paula. deixa
r'í"f*l tt" sttt
-- pai. Ele adornreceu
r'-;^ 'Ônversam mais à von

:Iff :
$i,.; fl JIH"J'J?:iilil:'.'i, " " t - E irl,,,'
preocupadx
i n
Lrir rrx(:,* 1,'.. llt,ll
Achamos que a comunicação entre as pessoas é apenas aquela quc
',,,.
rí,.i;:l.i';;'; ;;;'''
Deue
"sto'
se dá de uma Íorma objetiva, ou seja, através da paiavra. C«rm isto, dei- dele unr minttto'
xamos de valorizar um espâço rico e importante além do verbal, o nio- Peoai' quem é S:rtrdrar
velbal, que se manifesta atr avés do corpo, do tonr dc voz, dos gcstos, tll
- ; *a; d. RaÍ'rel' Paula'
-'É
!AMII lÀ Í1 lrÊos " I l7

116 . NlotsÉs (iR()rsMAN


que papai falava
inocente' confiando em tudo
Não é só a mãe dele, não é papai? É mais do que isso, suâ nirnr, Ela foi ingênua'
-
rada, amante, mulher, sei lá o que?
-
Eu já expliquei a vocês. Não tem nada de sério entre nós.
- Você é algurra coisa dela?
rT'T:1iff
::*
- Não, Rodrigo. Inclusive estou querendo voltar para câsâ, pâr'.r ,r
-
sua mãe. Sinto muita íalta de vocês todos. Só vejo ela quando vou visit.rr
i***r*i:*l*iry..t,'.":ffi
o menino. :'S: ::::;l:; ::: :::i,T;.1'.ol'::;-',1'i:.ff I ?l;i,1:""-"'
Tomaz, eu sugiro que chame ele pelo nome. iar cegamente em
ni1sYi1l;rt
- Tá bem. Só vejo ela quando vou visitar o Rafael. 1i.'rl. ". ir*rria. nfr^r1no],
màe e irmáos.
- Depois do que você Íez não confio em você. Essa história de avcrr F. isso
em
meslno' nem Pal'
-
tura não entfâ na minha cabeça. Tenho uma namoracla, a gente se entcl
-
de, transa e não tenho vontade de nâmorâr oLl tfansar com outras ir()
mesmo te n] po.

-
Rodrigo, você parece que já nasceu velho. É todo certinho, iguirl Nãopodemoseso'::::::::"*:;:,f :iTllff ff 1",l,fl:'.I.: mos
J'' "'r i'u" m que
p roc u ra
a mamãe- e
Ji"1""iil;'
-
E você é igual a papai. Não pára com nenhum namorado. Igual ,r ;1;';ffi ir,"j.'"iXl 1,,

borboleta, pulando de galho em galho. ;;;1J:::'::l;",rT::,: iÍ'#Hi,:T:


Não me ofenda, senão vou botar seus podres para fora.
- Quando você crescer, meu filho, vai entender melhor o que acorl ::"i,::x:i:Jff J:'f,:.:;a vi'lória na doença
i:;::Tfi::l?r;::l:l';"J':§H o.il;
a'lé
-
teceu, minhas razões.
Não me trâte como criança que não entende das coisas, pai! Sorr (na vitimação)'
-
de outra geração. Não sor.r como os homens de sua geração, que tiverrnr
que transaÍ com putâs e se acham o máximo por terem âmante. Se eu mc
apaixonar por outrâ mulher ou se o sexo não estiver bom com a minha,
vou abrir o jogo com ela. Não entendo por que essa necessidade de ficar Isto é muito radical''*: "*:::"""11':;'I$Til:t:Ji:?:''
-
vivendo uma relação ardÍicial.
É fa.il falar. Você ainda não fez uma família. Tem os filhos, pais, *:1'.:i:i::l':j.:I'?:lii;'llíj'"';;;;*:r:^l'^'':f jT i'xi
-
avós, cunhados, amigos, os bens, a casa, os compromr'ssos profissionais c ;LTII J:fi T''T$; i q:ú i: ": ::i : iiÍilld:.|"" Í"; ;'
"
:i

tor o preferido do 0"1t"1'f. cnttc


sociais. A rninha vida está toda organizada e a de sua mãe tanlbém. Ill ,"^.i"1'St uma.batalha
ir"a,,, ;xiste.
as amílies sc t rr
complicado desfazer-se do que construímos e recomeçar a estâ áltura dc ,o.a". Í11;$T:J:'1", i riü *,'*, onde
o^r'rnitl" f

nossa vida. Agora, com tudo isso, o que pesou mais na balança foranr t;:xi:l:,"o:"iil""'L';:l::1,:'"*-,"'li".::,,:,^:,,:.xl'I:ll;;.i:-,ill
vocês. Não me separei para não tirar de vocês a noção de família quc
murto-rru d.
recebi dos meus pais. Ató quem pensa. ;, à;;r" ofetcceu' scu
do que c
Não me venha com essa. Vai engânâr outro, pai. Vlcê pens;r:rdo e\Det'a ír retrihuição
-
na família e tendo suas mulheres. Até um filho você fcz. pensirndo nrr ,rblir mãt' de sul Pes'soa '
família. Deve ter sido para âumentá-la. -- tettivcl' OOt'l'11r.,,,.
l55rr c Í t1t" t"tl'"
farniliar. rr rtrli<lrdc " (lrrc
Rodrigo, não íique fazendo carga somentc contll prrpei. li:r rll- Nir,, irelr., n""'" o (. fir\\i*,'rr('. l)rr
rrãe
-
?
-
vivt'r r. trt fltlníliir ttttrlr
lrvctlttt :lltllllini"-,,., i.,,,,'*,,-"
!_^Mir-lÀÊDEUs"119
I18 , vor\r:s (.rr()rr\1,\N

táo bonitinho'
colo novamente É
ouero fical' com ele no
derá impulsronar o indivíduo âo crescimento, náo se submetendo cottr - t Rodrigo? Não mor-
pletamente aos desígnios da família, ou Ievá-lo à imobilidade em.1rr,' -_;;;' uutê 'upt'-of"t"t-i1';,o o.ror'nno'
viverá merguihado na família.
que você nâo
"t'li,'';il;';i;
p1,"
v-'- ,".a. Vou botar ele um
-Por
não. Ahriu os olhinhos
e esta ornarruu
Vocês tomem cuidado com as idéias do Adriano... no
- Tomaz, as minhas idéias podenr ser diferentes, mas não acrctlit,, só o que você rez'
Você é teimosa. olha
- filhos sejam tão frágeis a ponto de ficarem pertur'bados.
que seus
ú"ln: l"rlilll,*.
r D ei x a rn ais
Por que você acha que papai teve um filho com outrâ mulherl
- Acredito, Rodrigo, que foi devido às experiências que trouxe (l,r
- dele e que foram estimuladas no presente, no casânento con ,r
iüfl :" i ::l'i.TJ;Í,1;1
:' *l:':',1 ::Hi:l
;x"i ::*' R' dr g.
família
sua mãe, no qual cada um participou com cinqüenta por cento da rcs
ponsabilidade.
:iliti:,,11ffii f$*:;1ff
Mesmo assim não dá para desculpá-lo.
-..._ Não eston justificando o que ele fez, o ato é injustificável. Est,rrr - í.í,
Um
Àa'i*'.*o' '"TlLLl.o;lil.
instante. Tomaz' Ante.
--r,,^
.u,..., vou tirar uma foto

-,o"I'll]1"ã' o"'l:'I l::'iilÍi,lho para revelar. Ficou


órima'
tentândo entender com vocês o que o levou ao âto; () que foi sendo cons pronro! Mais
truído e que r esultou no Rafael. Àtençã.,t "'" Tl'il;';;nlr",r^,r, n, sala aparta-
fotogratta
do
tssa.
Será um longo processo de adequação à essa nova realidade de vo' iornrr. .otnq""
cês todos; seu pai, você, Paula, Rafael e até suâ mãe, seja ela retornantl,, ,""..J" ""e l"t'nd:^^-."^ uÀe integrâçáo eÍrrÍe vocês. Hoje foi o
ou não ao casamenro con) o seu pai. Cada um recebendo uma sobrecarg.r
Vai ser um longo Processo
eiro passo. .- . lscueÇa. Qual foi a lição de hoie?
desta novâ situação- antes que eu:l:;::.;;;'d.s
seus três íilhos'
Em relação ao Rafael, talvez seja mais pesado porque vai cârregâr ,, - Piofessor.
O setl comPÔrtâmenlo
lntlu
título de Íilho basraldo, nascido fora da família original, de outra mãe t -
com dois irrrãos por parte de pai. Pai este qr"re não decidiu ainda sur
situação conjugal, se reconstríri a família com a existência de mais urn
filho ou se forma uma família uni-parentai: ele, vocês e RaÍael.
-
Você pode falar o que quiser, não vai me convencer. Para mim sir Mais uma sessào comprexa.,*T.,,: iüli r,,"T.tlh:i{,íii
existe uma família: papai, manrãe, eu e a Paula, onde eu nasci e rne clier.
Rodrigo, você é cabeça dura igual ao papai. Palece que nào en- :Ti;i:iilÍ,',1:"*]t:,.,i#;:,:J.',T*,*;:'."*:':l-
fora e Íesotvl
-
tendeu o que o Adriano explicou. Lígi" Prt" iantar
Entendi, mas vou continuar â pensâr da mesma maneira.
- E você Paula, o que você acha do Rafael fazer parte da sua família?
- Não sei, Adriano. Tudo ainda é muito rrovo para mim. Preciso
-
me âcosturrâr primeiro com a idéia de que tenho nrais unr irmiio qut Chegou um fax'
- "Adiiano' não pude resis-
apareceu de repente e que não nasceu de marlãe para conseguir chirnrá- vez iquarta-feira) porque
Io de irn.râo e considerálo da rninha família. - Eu me antecipei-'tt li^"';l';, or. pr.prr.i pàra segunda feir a'
11v crn çompartilh,":t:^:T:,'é'ã]irrà, a: *r..o* fios
de legumes
pode ficar com o Rafael no colo?
- Quem Adriano, é melhor ir mos andando porquc cstri chegando a hora Asrado do chefe: Uonsotrtc "', cle larania'
-
da nra rnirdir. Entr-a cla t CarPlccio dc trt "r"ri*a"
Calrr.ra, Tonr;rz. Elc cstrí dornrindo. Nio cstÍ r'cclunr,rrrtl,r.
-
FÀillÍl.lÀ t'- l)tus " 121
12{) . M()r\É\ (,rror\vÂN
V.ci
meJloral j:-pricedo
Primeiro prato: Pudim de bacalhau rodeado de molho branco hrr,, coisas vã<, T:l::',li:.[:ff Lx"r]xij':j: fr''rr'
com pâssâs e amêndoas. ã, ..q,i,i,o. f,1,"d".?ll)]'"1;]l:;.":;;;,;i,i..
t"li'l^-:^ seia lá o quc você
*Não ()u-.est
esl()u rtunla rotrna (n'l
I
Segundo prato: Pernil de javali com calda de amora, acompankr,l,, "Não s()u eu quc esl i' ,1".a i^i.
à.1, esrlanhos' nunla
vlvenoo. t"ll.^^L"..r^
"srlanhos, colrtt
de flan de alho. os nós, que eslan'los tarefas
funcionamos como
dors rouos;:;;;;;;t,i. âs omesnlas
surgimento de novas
Sobremesar Cassata italiana.
Café e biscoitos. rnente. perfeitamt"t:'
*T :]T'ji'.)lri. So. r;omodamo' nesse
Espero que este cardápio the inspire na escolha dos vinhos.
ptti":^t*lt;ü:.r?.'ar"tr.
.ri"n.irt. "lgu.'tt ".' cada um dcntr. de
Sua sogra". de vidr. se
iiJ", a"
procurarmil'll1l,-.".; , dáfinhar atd acaha*tt'
Se nào procurârm:: àcahar utr'
"ia., ot :;*"i,;";;;;à.rinn,'
'iài" casa'
s,las possihilidad"t: 1'^T.t"t .',1n-, nOrp.a.s de tttna nresmâ patrl-
O cardápio é far.rtástico, mas nào estou com morivaçào para esc() eutão, se calcrficrrá
erltão.
t
calcificará :t1T:t^:,",:,-",i1..
:tt:t:t^;:'",-""1 " ,,-, fr*ifir. rrma câsa'
f"*if ir, uma câsâ' um
urn pat[r'
Iher os vinhos. Vou pedir à ela pala selecionar da adega do meu falecitl,,
soglo. H,:rr;,iliiil:rdil ffi1=,1ü+iil I h:i: :* sr:
[l *"T
,'Raàical corno sempre.
"ff#;.";r;rrr-u.r.r..rn, em Nova

l'::;Ir';::'"::ll,lli;"1'l''""'-"''::::[?:;::,1'l:::l',T:]i::
vinhos' ver
Caro leitor, vamos imaginar a conversa que Adriano e Lígia tivc beher hons :133;:'1t;;;;;;ú,. íamilia'
,.."pi" de
- " ot ''''Tl-
ram? Não deve ter sido das melhores porque deixou Adriano desmotivad<,. "tsroâowiry. \u't'|r'
-
Broadway, comptâr .. ^1ssâselts?"
-^-^-^,..r-
"Está ótimo o,antâr, não é Adriano? A gente nunca erra quancL, Po..o então reservar'-'L^:":i;;;-^geÍândo. Estou seudo realista'
na
vem aqui. Adoro essa comida francesa com ioques brasileiros. O merr "Não' Lígia' Desta vez
que cu não avisei"'
marreco assado em molho de vinho linto com manga e purê dc D"p.i.';;";i;
rnandioquinha está ótimo. E a sua codorna recheada de fore gras cour
caju glaceado e repolho roxo?"
"Está boa. EsÍou estranhando que você saiu da dieta".
"É em sua homenagem, meu bem".
"Adriano, você está tão silencioso. Você está preocupado com al-
gum cliente em especial? Você sabe que não gosto de me intrometer n,r
sua vida profissional ".
"O cliente que poderia estâr me preocupando está mâis conscientc
do que nós do seu rolo familiar".
"Não estou entendendo, Adriano".
"O problema agora é a nossa situação".
"Qual situação, Adriano? "
"A nossa relação, Lígia. Parece que vocé não enxerga olr não pensir".
"Você está me chamando de burra? "
"Estou. Burrice emocional. Será que sou sempre aquele que denun-
cia o que não está bem?"
"Eu enxergo sim. O que âcontece é quc soLr otil'nistir c aclctlito clrrc
ti.l
ú
c
ú

=
â
Anjinha.
- Prazer, Adriano Martins. Como é mesmo seu nome?
- Aniinha, Ângela.
- Se você não se incomodar, prefiro lhe chamar de Ângela.
-Absolutamente.
- Essa questão de diminutivo é muito complexa, dá a ir.nprcssãr., tlc
que a- pessoâ não saiu da infância, que continua a usar o apclido qLr.'
recebeu dâ família até hoje. É igual â anjo, santâ.
O senhor mal me conhece e já está tir:ando suas conclLrsões! l'llr
- âtendendo a um convite seu que o Tomaz me transnitiu.
vim aqui
É verdade e lhe agradeço a gentileza de ter vindo. Achei que sLrrr
-
presençâr ao vivo e em cores, seria importante para melhor esclareccl
mais as razões que fizeram com que o câsâmento de vocês desemboci.rssL'
no nascimento de um filho ilegítimo.
Não estou entendendo, Dr. Adriano. O que eu tenho a vcr cor.n o
filho-do Tomaz? A barriga que gerou não foi a minha, não fui cu rltrt'
transei com outro homem, não fui eu que tive r:elaça)es fora do cirsrrnrcrr
to. O que eu tenho a ver com isso?

Urra siturção dc infideliclrrcle conjLrgal, rcr:nrprnhirrll orr nio rlo


-
trrscitucnto tlc Lrnt filho, ó rt írlrnrl inconscicrttc t'ttcortlllrtl:r lrt.l,, e,rs,rl ,1,
lÍir7('r à t()rr:l trtttit crist'rlrrc csllrvrt ocr rll;r. ( )tr slirt, o ertsrtl r.strlvrt r'olor,trr
tt\lll l,\ I DIL \ u

126 . \r () r\ r.s (rRorsr!{AN

A orni ssào. o concorda r-cm;:ts:*J::"1Íilli o"'illi" llrl"'


do debaixo do tapete toda a sujeira do câsamento e procuranckr
lu" t". irs ser'rs
itos, reptesenta lt"'p'ltltll:::"":".;;";; prit.t.rtit'-
apenas do prazer e do cotidiano familiar. tecto
que vinha sendo "
no hoià'
;""';;;"'t., do Íuturo lit-il;,,,". Todas rêrn um ontcnr' - ,
N.nhu.^ história,começa
o
ll]';';i.""".
prttletrr- ."rcará a rclaçio d. ca'rrl

A forma como se nÍesente.
Continuo a não entender, doutor. o que ocorre no pÍesente'
- Você não está entendendo ou não está concordando? ., ":;:J$;",';à;;';;;
- Não estou concordanclo.
Quer dizer que sou traída, ele tenr rrrrr
-
filho íora clo casamento e tudo aconteceu em Íunção de problenrrs rr,,
.l.r1:n'"t interrçi"
nosso casârTrerlto?
apr esentada a Mazinho' não tinha
Não estou justificando o que ele fez, seja a traição ou de ter rr,l,, Ouatrdrt Íui
- - ; ; l,;i,: T ?Ii::Ilj:xir*l l,l' l.Lll?li.lll :i,
r-rm Íilho. É uma questão complexa. Se ficarmos âpenâs nâ ação, no rcsrrl
tado, não conseguiremos entender em que você colaborou, Íruto de str,r
d.
";;;i:
todas as meninas
Por ot'ttro tat
um ano' de Mazinho e ele
a você de
histírria fanriliar', e ern que ele colaborou, também marcado pelâ próprirr ta' chamá-lo
^
DesculPe interromPe-r
história far.r.riliar, e o que nâ lunção das duas histórias propiciou a infidc
lidade e o rrascimento do filho.
- r:.:.rj:i'"::::'l::::i'ilil.íria
A.ii;";'.;;ã","nâda demar: chamavam erc rs-
Tomaz, vou me reriraL Não vou ficar aqui ouvindo absurdos cl, -- Não veio
-
um desconhecido. Fui convidada para vir: colaborar e não para ser ofcn ,''':" Jlrl:li;*i u :xl;: ;T
dida. Além do sofrimento e da vergonha pela qual estou passando peran- que üil
quem I:l ::.,""1'.í,'" ",,,
comcço'
te os meus filhos, ainda tenho que receber na cara que também sou culpadir. fi;i;;;' Ã''o:" d'l' me contou
- ;;; ":
Anjinha, calma! Eu também, no início, ficava mr"rito irritado. EIc i Jol rô, .p
ill: j: I; J.l l,l: i:',',':"+;f i, : :o,X:,,,,,,
-
fala umas coisas que a gente nunca tinha pensado. Deixa eu lhe expiicar
",, F' você Atrgela ttcott
-
ulrâ coisa. Ele só acredita em família e que todos os problemas surgenr comor o docinho dete
dele.'
-.-r oaDai rne chamava assim
qu(
mâls o':
de nossa cr>nvivência fan.riliar. Nem me lembrava
lembrava.mats fitd; á; ,;i;.
"lt-rl'i- Adrien". (Qtrc h.'ic rrr
,-;,- Ad.irn,,.
- Achei que voce
você t'"'"
tinha,se tt:".tt:l;^:-;:"",,1ne.
Você não é culpada, Ângela. O termo culpa conduz a uma leitura ";;;;;;ha, desculpe. Anp,ela Angela
- - dedtc,,
e se dedrcár prr, n"
estáticâ dâ situação. Se alguém é culpaclo de alguma coisa, tudo recai so me eixar
deixâr sossegado :.31;.i;:
-..
nr não só parâ introduzi-l,r
rnrlcr
-- f513y2 mais conceÍllrado ^--.1,
-: conh"á.,o
bre essa pessoa e ela se transformâ no cârrasco que produziu uma vítima,
que é inocente e nâo tem nada a ver com o que âconteceu. Resulta numa
::;;;;;;ü; ;"" você ecê-r a
^^-L.,.à-la.

relação estereotipada e maniqueísta, o cârrâsco e a vítima. Prefiro colocirr


"...;:,;Tifl
cadl um dos envolvidos coln umâ parcela de responsabilidade no quc
ocofreu. Transformar o "por que você fez isso" no "para quê nós fizemos
isso". Cada um teriâ 507o de responsabilidade no que hoje aconteceu e Acreditamos q'. .."1::-:H:;,::",l:i:'l;::t ;::i"li;:I1""''
pclc, fato de convivermos
dt:11';;;; .l.t
dividiria os seus 5070 collr â suâ respectiva família original no ontem.
' Nuo p.demos ter noção Jo nu,ro sem n.s intciraflnt,s
.riginrrl'
-
É surreal o que estou ouvindo. Não ter tido nenhumâ parricipâ
e das conexões e;Trrl*.t
t** t'e e â suâ fanrília
história dále
ção obletiva e estal envolvida.
Mesmo que você não tenha tido uma âtitude âtiva, e posiçàr'
-
passivâ não deixa de ser Lrma açâo qr:e se refletc no rclacionlnrcnto.
I

I.lll . 1"11;1i 61 r;(()r\MÀN


r,Â\'rÍl r^ I l)F:lrs ' 129
Fizemos uma digressão.
Vamos voltar ao início
que f'zessem um eslorço de vocês, antcs llrr.,
e passâs\em-a's;'.r,lii orado ou namorada, companheiro ou companheirit, cttt glittrs variá-
/ iX*;:,';d" ro,,,,,, ,
quem vai irssumir a responsabilidade de algum lrt() ('rn rr()rrre dos
__ Por mim tudo ",-
bem. . Os pais, ao filesmo tempo, com o intuito de protcger os Íilhos e
Para mim também-
- de se tlostt are:n todo-podetosos, estil.nulanr l ct,.ttç,t rlt ..lttc
Ihes alerrar que nâo vai
- QLrero
Você adora um drama,
ser rào fácil como voces
lmagir.rrr,
m qual é a decisão correta.
- Tonaz, prefiro não e Adriano? Ninguém poderá saber que uma decisão tomada ntttn tlllt'ttttitrttlrr
- vai dar consicl eraÍ todas as possibiJidades Ínento ó certr:r ou errada. Existem indícios, fâtos, cxprriLlrrLr.tr,lrtr , trl,t
que tudo cerro. do que rch,rr
um troLrxe de sua farnília e que acumulou ao iongo tia vitlrr, r1tll. l(vit
Ângela. Trrmaz rre contou
.. ,
yur da LUttlccel]
oue conheceu arraves
arravés de uma das irn ou os dois a agir desta ou daquela maneira"
dele. Neste enrn.t.^ l_^..,.^ _- .rs
enconrro h.;;;;; rrnr.r..
r. r,

sua?
da sua
alguma parricipJçâo da larnília
ilelc ,,rr
Qr-ralquer decisão está sendo influenciada pela lei fanrilr,rr, ',, , 1.r l,,r
?
semelhante ou em posiçâo conttária àquela qr.re sua fanrílirr ,,r iliirr.rl 1,r,r
conheciam há muito tempo. tlcil il.
os nrcrrs
""u.;"Ii,,'"...1i"1ff:i,illl,'se
dele. tugàl na rnesma época que
os avó5 p31ç11,,,,
.- V_ocê nâo namoravâ outro rapaz?
Na mo rava. Mas fiou
-n: Ji,.,-...; Durante o namoro, tive vontade de terminar váriâs v('z('r. l\'Hllv{
:il :, e doce. ;.'n;;, ;;:,..,JI:: x* :il;: i T:il,;l:.i"[, -
ele namorando oLrtrâs meninâs. Vovó me dizia: "não façit isso, Ânlltrltrl
suave :
Saímos uma u.r- gr.úr" ; li : ;

outro, o r.r não, e ele, quando


,, áú,",i, ,. r..r,ravâ cor) (,
quando casar e vierem os filhos ele toma juí2o". A irmã dclc, rr r irr hiltttti11t,
s
r",,,, me contava tudo e também me aconselhava a não acabar o nirttlr)In,
aca b,rdo .,, ;,;;,;.,p*,;: ;:i?:;Tff?T1.,.i,[1. r]a su a rre,, r,
Você ouvia mais a sua avó do que a sua mâe?
Você
concordou. Esta cont - É. Marnãe trabalhava fora, numa repartição ptiblicl c (lttítll ttt,
per o-seu namorô e aonrrrriau" teceio de tomar a decisi6
criou- foi vovó e titia, irmã dela, que moravam vizinhas i noluid r itl,
ds.a,,r
Íam;l;a un;da d: sLra ramília' que é o cle uttr,r
'ia;;;;'ffi:iliT11i:
sepâre- ou "viveremos eternâmer)t( Aque)a história da vila que o Tomaz já deve ter lhe contackr. lirth r r;ttc otl
iuntos". certam.il;;;;;':-1:s que
,u. a. ro,1,rr, .ui;;;;J';;;':,1""o a fez corlcordar com âs.vent, sei devo a elas duas, principalmente a vovó. Fui a prinrcirrt rrrlrl, lllht
termrno do casamento.
ase conjugai, que poderia
leyar ou não uo única. Para mim, é Deus no céu e vovó nâ terra. Titia jri rttotrrtt, Nltt
gosto nem de pensar em um dia ficar sem vovó.
Tomaz, onde você entra? Não tem lugar parr voci il(t lrl(ltt ah
-
Ângela, r.rem no céu, nem nâ terra.
Sempre tive o meu lugar iunto a elâ. Sou muit<> tlLtct irlr ltcll lvfr
Urr dos principais problemas -
,,*^ 'rl"
máximo a"aI humano
O-o r( Irurtrano e é tentar
Ientar protelar .r' e pela mãe dela.
evitâr rôh.r
mo ou evilar i"aar u-, ,- . 1" rrn ao
Pode ser um dos motivos que fizeram você proculirÍ out'rrl tllltlltír
':'':"" em relaçào
relaçao a alguém
fora -de casa. Nâo tinha lugar junto à Ângela como marido.
dete'minada situaçào.
derer.minada rlr,,,.;^...-_ -"lli,:.".,:.o
s;;;. ou a u'r.r
uII.r
Íera bern. nasserá Jo.^^.^-", _, -,lro -rnl efetuada corretamertte, tucir, cr rr
l:Í.?::li::',r1,Í:::::;:,"*
ttar errada ou insuficiente,
..
;il
- '-*" rra uu 9uu rcclâll.laÍ'
i' e:[:: ::i,'"',1il:'i:,
se clâi',1'
sc nros- ;:I - Que é isso doutor? Vovó adora Tomaz e diz que ó rrrrris rrnt lilltu
é de qLrem a propôs. que ela tem. Dá nzão a ele quando discutimos na frente dclir,
um rrpo de funcion,-o."^ ,,.r^1p-lnt'bilid'ie
" [',ste c
Então, â suâ âvó é um dos pilares do casamento dc vocôs.
cra, os pais norma lm".to ,^-^'l''l oYt co-ntinualnos il utilizar. Na infân
#il,Y9 " "; ;;;;;;,T;;::il:i:: ?il'l'
- Alórn de me criar, me ajudou com ôs meus íilhos.
ili;.1 I
conseqüências. Pcr()§ rllllos e aÍcanl c()nl .( - Fl se a sua avó morrer o que vâi sel de você?
Hoje, procur.a rlos encontrâr n<> marido ()Ll
na esp()s;rr - Não falc isso doutor. Ela est;i velhinlrai firas com nruito l;olr sirLirlc.
-
130 . y1111i.q (i(orrvÀN

tAMÍr.tA É: r)!Lr5 " l3l


Enquanro você achar
tratar- vocé í
como",;;:ü:';J"'L"jij;[:,^.o româz .,ai conrin..,
,,
fal:rr :r.rais soble esse irssunto. Niio me interessa. Não cortvrlsrr
com os meus filhos a respeito disso, nem eles perguntam.
r1('n'1
o que você está achando do que estou conversando corn
Apesar de sabermos -Tomaz,
Ângela até o momento?
_. da e
da rnorre, procurárnos
varras maneiras.
coro, rr,"lllrência
proresei, ,'l.',;d";;;;;';::'::1.::'* suporte invisíver q,. no,
eiudi_i.r ,1,.
-
Interessânte. Tinha conhecimento dessa história sob outro ângu-
seus rntegrânres ..,.,, ,
lo. Apesar da mãe dela achar o contrário, serrpre considerei Ângela mui-
rura. como j;J;§ abala nâo so loda to compreensiva e, pode ser', que eu achasse que ela aceitaria tudo que eu
,-, o.";n a esr,r
"n-,trf
..,.r,.1;;;;;;Jill'L,-tl.'j^:lll" d",.o,do.,,,, r

grarr ,r, fizesse.


feyeyclflcia
vlda Individuel e .inr 'rJ' I rd(' somos unictls, nâtl v'
r.,

,elacionr-, Tudo nâo Mazinho, espera aí, tudo menos o filho.


vlce vetsâ. Nesra
vida ..rn.i,rnl.,d1ft''n"n*tisJ; r";o,Í1"'l';''ili"till ;:
- Àngela, você esqueceu da nossa combinação. Enquanto parir você
da família ."trçui, or,ll' jl;l |jl:.&
dependéncia de
trm rnemr,r,
-
ele for Mazinho e não Tcrmaz, vai continuar achando que vocé rai corr-
",
é como se aquel.
qre r;;;;;::1'*''
tai) intenso que \e ()urro
o preendel qualquer atitude dele, colro se fosse a mãe ou a avó dele.
nror.r(.
rambém; conro se
se estendesse
" d;;;;;;:;;: ::il"*
) ptidesse yiver sem a vida de ,'' -
Vou tentar não esquecer, mas queria lhe pedir um favor, que o
a presença dele. senhor não tocasse mais efir nossa conversa na existência dessa criança.
Coitada, ela não tem nada a ver com isso. É um problema dele com aque-
la mulher'.
o senhor esrá me Não quero ver fotografia, não quero saber de qual sexo é, e nem
- 3..:r:a ofendendô
conhecê-la, não quero saber de nada do que se refira a ela. Também não
d,..q, ;;; ;,: i:i.Til,#l,,ji :í:T;1r",
À,r.,, . É a Í o r m ade je
ra ia r.
quero que meus filhos a conheçam, nem minha mãe, minha avó e nossos
amigos.
a,"^, J;:J,Ip:;Jt'Jj:J"'"}:erapia Quem esrá se trarando é voce. Quando me lembro, me dá um sentimento ruim, uma mistura de
irngeta, yocês dois traiçâo, hr:milhação, desrespeito e destruição da família. Tenho nojo,
. um-
roi e problemas. o ritho
ímÉoro d; .;; §::i:
'om q
; náusea, ânsia de vômito, é como se ele tivesse me jogado num esgoto.
Lrlou sofrendo ,. u,,l"1f_."tá r." ;; r;;l:':,:Trt:::'.:.,::
dade I
_,, desalvar;;;;r;ffi,Jtm aqui para ver se há
aleuma possibiii.
Sabe como estou agüentando? Faço de conta que foi um sonho. Nada
âconteceu.
_,.1ngela, seus Sei que não vai me entender. É indescritível o que estou passando.
pais sal
.onr.; p,lln,iilT.l^ ::.. ".,, aconrecendo?
. - Eur" Entendo perfeitamente a sua reação. Agora, se você está no esgo-
i;l;,' :; í; :' J"' f,'i' il -
to não está sozinha. O Tomaz também se encontra nâ mesmâ siruaçào.
il,; Irli I " ; T iJ H',n,3':': :í;T," : Se vocês admitirem que estão juntos, será o primciro pâsso plrril
. Sabe o que ela falou? pa
jca paciência.
iniciar uma negociação de reorganização do casamento. Terào qLrr cn-
m esrava ,r,r" a,rai :.^l.Iri, A siruação econô_ frentar esta nova realidade com â presençâ deste filho no meio de vocês.
mu ito e-cheeand. ., ;;;,.l.ji'
",_i,j::: "t
-- r. oo frlho, ela sabe?
"'' esrar preocupado,,ràil
iilíi. Você em relação aos seus filhos, à sua família e aos amigos; e Tomlz,
alénr disso, abrindo espaço em sua vida pârâ o novo Íilho, intermediando
- Nem desconfia. Nâo a convivência dele com os irmãos e estabelecendo o tipo de rclirção quc
E1,,,à,r vai nranter com a mãe dele.
ff,lJ:lT:";u[ll ;;ir.3? :: i;,"i.l;:'.'I'Lrca
1;*:ilil
.'r",,,.,, iirh,,. i, ,,,,,l.,,".,1111,'.flii;:lir;:f] E extraordinariamente complexo, mas não é inrpossível.
I)rtrt rt.tin.t niio lrliantir. O senhor pocle falar () quc (luisl:r, c(,n1
-
rotlrr i srtlr cxPcriônciir, tyrrc rrãr> vtlu:rccitilr mesnto c drrvicitl (lue ()s nt(.Us
132 . M()rSl.( í;lr()rSM,{N

t,AMlt t É: r)F!s

_ -- Este fiiho. cLrfo n


nd.,.su dà história de .,," llt^ " -R'r'"1, iá.Íaz parte, qur'
você co n v. u .., r,,, ;'110.;[:
jilTÍ j:,li -
Tomaz, não sou mais Anjinha. De hoje em diante, sou Angcla.
]i;"ii nÍl il, i i :r
Faça o favor de me chamar pelo meu nome. Não vou bancar tlats .t
-_ Não tenho nada idiota, a babaca que aceitava tudo o que você fazia.
a ver com a história
a'gtr,, dele' Quer dizer que você não se lembra? Vou refrescar sua memória. Hri
- é ern àã ,,;;d
quesráo participou, renho uns seis anos, você começou a emâgrecer, não tinha apetite netn ánim,r
.lj].':t:,1u"
vocôrracititou,.;;,#;;#":"."rr:irff;;:
deTomaz. 9ue medirJa
para trabalhar e vivia preocupado. Fez uma série de exames e ttào acusoLt
nada; você então resolveu me contar o motivo real de sua preocupaçit,.
. Se vocés clois ni6 ç11,
atitrrcte cle irem fazer Lrma reílexào Você achava que estava com AIDS porque tinha andaclo corn algumirs
J;;;,";::egu sobre o que,
nao ",r;;.
l; porriüitii;;i"";":.-.".fit;t a separaçâo e o nascirncnto rr,r
plostitutas. Seu médico, por insistência sua, pediu o exame e deu negati-
do firrr,,.
_
uontrnuo a achar.q vo. Você não Íicou satisfeito com o resultado e repetiu, por suâ contâ o
me.prevcnido ,;,;;;;;;:: única participação exame mais duas vezes em laboratórios diferentes, continuando negativo
i,minha toi a de nào n,r
já rhe raiei.,,,.;,; q,",ia qu. o resultado. Até que o seu médico lhe encaminhou parâ um psiquirtr.t,
;;;:;;:::ii:0.,' "r,,b,,,,,.". .o,,,,,
que diagnosticou depressão, receitando uns remédios que lhe botarant
,,,,*,,',"",;j;"uJ:.#,âi::.,, saber nâo só o nome
do seu filho corro bem de novo.
_ r\ao ser qual é a necessidade. Eu o perdoei, você prometeu que nãr; faria de novo. Passamos unrer
borracha por cima. As crianças não perceberam e ninguérn soube de nadr.
u,,. ; J;:;. ::; j1::l::':ily: de Ían,asmas. de pesso
u""u" sem norne Sabe a que conclusão estou chegândo? Você devia estar insatisfeito
uo'i'l' com o casamento. Aliás, desde que a Paula nasceu bota tenrpo nisso
- màe do {}i:,tjr'iÍ:,.i:
?^il:ll"que era
da
caixa da sua Ioia J
-
nossas relaçries sexuais começaram a escasseâr, Comentava c você clizia
-
I ;Sr.', que era assim mesmo, muito trabalho, aquelas desculpas, e a gente cotrri
nuou â tocâr a vida, a criar os filhos. Até que veio essa bonrba. Dcsta vcz
- Nào sei oncle estava
,bern,.achava não tem jeito. Não dá para passar a borracha.
.t. ,,;;;;;,.'j"i,.fl lj?:r:.ore
çom
não percebi. pensando
Muito nrais ,.", ,;;;:l:".'^s voce qtrando eu ie na lofe. Você dava carta blanca a ele. Era como se você passasse Llma rlen-
^ -
sagem de que estaria à sua disposição, independente do que e)e fizcsse.
"*':t.Ti*;:111::'ff Estou começando a achar que o senhor tem ufirâ certa razão. Sou
rv t ;' u'o ull?"i'*""
:?;';,",i'i;,;l1:',i;n:l;)Ím:*:
ua'ado lescencia's muito - mole com o Tomaz.
-
para cima de mim. -' "'drrLro' Adrtano.Já sei. Virou
agora as Há um ano que não tínhamos mais sexo. Com os filhos crescctrclo,
baterias
*.U não iniciou sua vida precisando cada vez menos de mim, aposentada no serviço pírblico, rrrt
.ur"r- "I'l'1-'oa
sexual com alguma agarrei na religião, em ajudar uma obra de caridade que cuicla dc cliln-
empregada da sua
E.. Como é que você ças que precisarn ser adoradas.
-va n'r râ sabe?
emprega Ângela, nós vamos conseguir superâr essa. Estar.t.tos hií t.rnt() tcrr
BL:;iHil;;'m*',*:th::li[:
ern
!
câsa.
Depois. qunndo .";.:;;'",
rigamente,ncorrnhâ
An u1?::I:t:i^'".".
faciliclideluc rern
s
essa
d ir.rh a q ue - conseguimos superar tantas coisas. Tem os filhos, a firnrília, os
po juntos,
t"- ;;;::: ::T 'Íil[xTii:'i:H#:
dinhci'o. i"
h,je
ftrturos netos. Essas aventuras são um;r fraqueza minha. Nunca acrcditci
-'om os nreus or;g.,,
ià.l.ij,Tj"t-119" pr,.u ..r.,n"..
", Ti:t
-- iTigo.
Ah! Foi
,."n.r..àil ; *i::: Puras. " que pudessem interferir no câsilmento.
rirrir.
pr{ )Íl ra tr e. -p,,, irro àr.-J"..dr
,-L': '1*! se envolveu com
aqueias Nâo sei, Tomarz. l)essir vez, você foi longe clenrlis. Não tcnlro
garotls de -
Nâo tenho nenhuma cspcÍlnçâ na nossa voltrr.
- iernbrança clisso,
Aniinha.
l^\ll l\ | l)[!s ' 135
134 . M{)rsÍ,s r;R()rsrlaN

(rrll:( ll\ ( rrrll rlrr\ 1'tttceirr''


âventLrra ou relação íora do casamento, sem qualtlrrr,r O., c,tsrtis (\(lIlcL(ln' l'lltlll:l\ \í7e§' \ul\
- Qualquer
conotâção moral, configura urna infidelidade conjugal e é o sinrour.r, ,, ".',,'i:;;,:,;.,,.ir*'r".'''"'':l,i];Ili:':1;r;Ii:,1Ill;; : :,:'l:illl";
()tr
sinal de alarme de que aquele câsâmento está numa crise severa. [\r.r [ttitrt,.. ettr rlrl] tr' "'tl:t: ''lii.. t.,,niiir...o.1., 'rr l"rrr | '.t
l'tttti
s Lrllc lc nt
crise tem duas vertentes: uma atual,ligada à relação do casal parir <1rr, .asrl ecredirr-t. '1t1to-
aquele casal estava precisando -
provocar uma situação de infidelidaclc? I li'l d() .ut'o (lrl( r i rr' 'r" I't I ( rl
por pãrlete lru câsal de apagar irs
uma passada, ligada às marcas que cada um traz de sua família e qlrc s,r,, l{á uma tentatir'â 'lo '"'"' :";.:;: '."-..' , Lrrrrlt.r "rr'l''
ativâdas no presente por cada um dos parceiros. rando uma igualclade'
corno
'"'lI:'-'::::'1:'"1;X;:::l i : ;, ," rrtrr"
,,. irlh,,,. ni'r sà'r iliu:ri'
por mais scmelhlntes que
-
":,,,11'll;"ilii
sel: ,:;: J,Í;,,.',',

Vocês, ao estabelecerem a íamília, deram-sc poÍ satisfeitos, perm.r


necendo mais na condição de filho e filha, clas respectivas farnílias, t|, vo.é.csr'i c''}1''c':nll:l
que na de pai e mãe. hornem e mulher. Em relação à yertente passàdl. t\driano, o quc ú isso clttc r'' .;rl .',', :,' ' ' 'i' ;""
- t.,,, i,'"'f""t' tis' Jttas 'llvolc\ l'lFone\'li' I\'r 'r r'
Tomaz não pode ser desleal ao pâi e ao avô, à tradição masculina d,r -
família, com suas histórias de inÍidelidade; e Ângela não pode ser difc- ao nosso cxercícitl. ,.nr lL,rll,!,l ,,rrl','
rente de sua mãe no conformismo e na passividade em relação ao seLr p:ri
e sua avó. Além de existir a crença milenar cle que a tarefa mais impol
'" "'A;;,,;, .';'ü ..*
nr()(ur.lll(lt l xerFà
(n r
'll:";'r:,"::'l':J.:i:t:
'r:qtlsls' ?i ]i:,,', ll l : , " " '| ,

âlrirs'
ranre da rnulher é reproduzir e :er mâe. quc estro tr" lado' nl frenk'r)u
--- ct'trteçar' Ttrttraz?
Eu procurava conversâr com Tomaz, nas horas em que nós dois v,,.a Pode
- Vai ser mole' Protcssor'
estávâmos sozinhos efil casâ, mâs ele preferia ver televisão. Num fim dc
-ttt.r-i""atl ttrle ' I ':r\() ( r rrr"\!'
trr-t volta de Angcle 't
semanâ, era capaz de ficar na cama vendo televisão o tempo inteiro, sí> p!'ssox\ Irrr r' I'' " ' \r'r'I'
levantando para ir ao banheiro. Exigia que levasse a comida na cama, C)lrde é que vocô trlk':t'';;;tt'"
-
ess:rs cacleiras Pâra
ÍepreseÍltá-las'
nurna bandeja, e ainda queria que eu comesse e assistisse futebol
-
eu Use
-. '";'l;;;t
Umir cadeirir 0"" " ,*"t,]':,'l'..]ll. ll:,1"' '' '' '
'
que detesto esportes

-
- ao lado dele.
Se não estou trabalhândo, a única vontade que fenho é esticar na
:T'":tjlTl'nT,:1,,jl;Í:{*Íji
",,f:'J:'11 l': l'l'l' .''i''
horizontal e ver televisão. Na maioria das vezes, nem estotr vendo o quc
está passando. O que importa é que me relaxa. i'r.i,j,,ã" e Ja tia-'rv'i' " p'ri' "
'""1 l,rrt',, "t" v'rté r'rt'i 'c 5'!ltindo AIrFelai "'
Todos os homens na minha família trabalhavam muito. Lembro que pàtu a ftente .rr l' rr I Ir I '!' r "
vovô ficava na loja, sábado, até as duas cla tarde e domingo, até o meio Presà l*n""t' ptJ"':ltnd"'
-
me môvimentâr par:r
um lado ou outro-'
ia.
; l; :.ir,"nao
d

Queria pedir a vocês que ficassem de pé, um em frente ao ourro.


Yli:::i.
( )Lrcln vL)ce csrir
"' l"a:*l:T:iirl:.".'l.l].',
para -realizarmos um exercício que dei o nome de Duas Áruores.
- ;t;;'.:,i;t;"" t"tlti"' do lado direit. : i 1,,,' :'
É mais uma de suas invenções, professor? mãe
-
,,u" e; a IJ;TI:x:,i:::ffi
irmã mats verna' uu :".:ül::
'"""#;;;;". :::: : 1,"
,"gri.lu l, ItAr{ .I Ptl
o.trír
.1" ),,, in
] 1,

- Não chega a ser uma invenção, apenas um exercício lógico. dele, duas cadeiras, uma
pârâ,o -F^-az) ^,,-,-,
----:-r^
está se sentinclo rornaz?
- Não estou entenderrdo- It'oá;;;.;;;ê
- Você não veio de uma farnília, de urra árvore, cr>nr a sua pr<ipria iJ,",'..al,a" da minha família'
-
r-rriz? E Ângele de outra fantíli:r, ontla iír'vorc, outra raiz?
- t,,:;',( \lir
N,rr) lrllll(l() tltt"'
;; \(.;;,,irrrl" dr Ângela?
írrltn t" ",'h,,.'.,,rr(.,1(. (()',l .r rrtrrlr.r 1.r,,,,1, ,

I lr1',i, rr. l't tlst t (lll( ( t l l)ll l


I FÀMil tÁ É l)l'11\
I Ii'

136 . riorsl:s (;l{orsvAN

Onde você colocaria ela? Pegue-a pela mão e a posicione etn rt


-
l,t
:ü "'
ção a você.
Do lado da minha avó.
*f.l",'i llffi iiiç[çp*
- Enquanto sua avó estiver entre você e ela, não vejo possibilitl.r,l,
-
de retorno e reformulação do casamento.
*";;;5i.-i',
Está bem. Vou trocá-lâs de lugar.
- Virem-se um pâra o outro e você, Tomaz, fale de suas intenç",
- '
em relação à Ângela.
Ângela, quero continuar casado com você. Farei tudo o que lor
-
possível para reconquistá-la.
Vou lhe propor eutão, se você concordar, repetir o que vou dizcr:
:;:*;hriii§i#1"fli:lttul:lljt[*'iffi
;;' m s d i re r e n re s'
'*':1,'J'".::,':."'''i:"#,n ]'*;;
te m â rcâ
-
Ângela, que.,-, tentar mais uma vez urna vida em cor:um, na qual enfrerr
;

taremos iurltos toda a nossa história passada, presente e futura.


Ângela, quero tentâr mais uma vez uma vida em comum, onclc
-
enfrentâremos junros toda a nossa história passada, presente e futura.
ho!e ProÍessor?
E você, Ângela? Onde colocaria o Tomaz em relação a você? F-sta é a lição de
- Poria ele do meu lado direito. - Boa idéia' Pode ser' a entender mais um PoLrc()
- Como é que vocês vão andar? Sua mãe está na Írente e sua avír -À nuelrr' ohrigado Pela suzr presença, ajudou
-
atrás. Proponho que você coloque sua mãe atrás de sua avó, entre ela c ,:ii,::,;,:x:l.';.xJ:::il"','fr
suâ tiâ-âvó.
Pronto! E agora?
"lÚ§H:f i:ii;il[{:i:il:
- ffi ü;" ;r,trtra *,*,'.":'::i:T
-
Virem-se um pârâ o olrtro e diga para ele suas intençôes em rela- ::#jl:,:ilalgum tiPo de :.:: : : "., .,ra,r rn ir j i
ção ao casarnento. .-.i"ãuri.l"
,' .,' " -' o óti m o q uc a c i,,,,,,
"
- Quero tentar mais uma vez. Não gostaria de destruir tLrdo o que À;;i,. ach
§'.,x';J:',;L:ii':"";
construímos, principalmente a nossa íamília. e a realidade' ;::.J:1
está instalaldo
Proponho que diga para o Tomaz a mesmâ frase que falei para ele. Ílaeern e o segredo .be, a responsabi,drdl lill. parcela dc r.r,s
- Não gravei. O senhor poderia repetir? _ o senh,rr . q,.,:i;;à;
- Tomaz, quero tentar mais uma vez umâ vida em conrum onde d" !u. ,r,u*u i:':X:*^,
,rrc p,.c.-
Não há â menor ""JlT*o.l*. que, quando
-
enírentaremos juntos toda a nossa história passacla, ptesente e futura. -
po n s ab i I i d a d e'
N' t
" :: : L:'.'" ::i;;'u
1?,r."
*: áf i' o' a''" u
p"r."t" ,t.
"'
nasctot
Não tenho certeza de repetir âgorâ o que o senhor falou. Vou i,,u. o fitho iá havia
-
pensar.

-
Tomaz, acho que você também deveria pensar um pouco mais '"',*?f '1"1,ili,. sahe que'ão
T
concordo.corn
::: :H:llts rrr ir rlr.r,

antes de tomar qualquer decisão. Tanto refazer o câsâmento, principal- Conlo taml'ém o
mente nessa circunstânciâ, quântô separar-se, são opel âções extreÍnâmente
- n vc n c e' v.c ô s tr'l L1 t': c
o
complexas, que demandarão sacrifícios e perdas pârâ t()dos os envolvi- " n o.
""iL'; u'l
dos no processo, até se alcançar um tempo de felicidade, jtr:rtos ou scpa- e
" "j ::T::
vttci's nãtl vi<r ttrc
::1'; :::',TJI :"';'J^:o
oettstl
t'' "'^
rados. li"'Ítt"'r' rtti' rr prrixitrrr'
Se rcsolveretn recomeçâr () câsârrcr.tt(), sLrl;i[o qrrc srti;rnt dil cisir tlir Ató I Prírxinrn '
-
FAMil.lÂ É l)l:trs " l_19

138 . MorsÉs cRotsMÀN

â gente' vlrt cs-


do namorado e Pedro não quer sair com
Foi um prazer lhe conhecer. na casa
- gurn consel ado Ê::::"0;:1 i:
O mesmo para mim Angela. no microonor:
ntarr rro 1ic_T]::'iü:;h*ij;;,
microondas aI :.1]'"que
disseram ::',"i,1ff
é linrk, c
- llm novo restâurânte lta llano '
comidr é o máxim'o" ..=^ rela Detesto ir em restâuÍànte dir mtttlit'
Prefito a cotlida da mae.o as pessoâs .'.e
eue trequentanl,
rreQuentlm''.s ()s

É uma terça-feira, dia da semana que me sinto animado. Olho p.rr,r


a"-li';'
:';'.^":il::#.,'"para e os vllrlr()s.
1..ri,r.r,. rr_o. mim, o principal é a conrrda
o aparelho de Íax e, para minha satisfação, tem umâ mensâgem. Será clLr,'
é o cardápro do próximo jantar? Não é possível? Estamos longe dc s,' depois vem o resto' rocâr a vida co11t1.11.
rmo Lígia continua â
que me impresstona e^t-il;;.:
gunda feira. Deve ser algr.rm coiega americano ou alguma sociedadc tlt' o Age como se fôssemos
continu'rr
nada estivesse acontecendÔ t"il;":ir'.""
terapia familiar me comunicando algum evento. .inabalável.
de uma I
"Adriano, arr"do,
"ra,n"ente'
Este mund<> da culinária é fantástico. Estou cada vez mais entusias
mâdâ com as descobertas e possibilidades de combinação que podemos
fazer com os diferentes ingredientes. Mais uma vez, nã.o consegui conrcr
f :
eA
i'j;::ã: : :::: r, L-J,i'':l:,T,1 :r"T se::1:
d
o entusiasmo de cornpirrtilhar com você o que elaborei pâra o nosso pr()
xi:no jantar, que será certamente acompanhado por sua excelente seleção
- A Re
1
a1 d
l'::"^
;; os antares das g"'lr'
l

de vinhos. Espero que você aprove a minha escolha.


-'"i;; Jj'::i,:J:::,'i'",[ ;Xil;,'- i

das-íeiras' nr'tt'
Agrado do chefe: Blinis com ovas de arenque.
aPesat r dc ser um
especialisra' de questionar
Entrada: Creme de abóbora com tempura de lagosta. O que lhe imPede'
Primeiro prâto: Raviole de ricota com hortelã ao molho de tomâte ,b..rl..n" a reláção do casal?
' "''' "'
fre sco. ;;;; ;;.,, ":''''
e!,J';';;;;; t".1Ti.t:*J,::ffi Jfi:," ;il:ill:l'
,:1f;: : :T.casal
Segundo prato; Perdiz ao vinho tinto com cogumelos num leito dc podendo chegar à seParâçâo ;; ,", o vinre" par:r sc
' Será oue eles têm vergor
polenta.
Sobtemesa: Maçãs ao forno recheadas de geléia de damasco com tornar um casal comum?
gengibre, banhadas em Calvados, acompanhadas de sorvete de canela.
Deguste com todos os seus sentidos e na segunda-feirâ você poderá
confirmar ao vivo se a prática vâi corresponder à teoria.
Sua sogra ".
Vou ter que me esmerâr na escolha dos vinhos. Se eu não mudar de
idéia até lá, deverão ser os seguintes:
Entrada: Chablis Grand Cru Les Vaudesirs 7996.
Primeiro prâto: Quintâ de Pancas Touriga Nacional 1997.
Segundo prato: Penfolds Bin 407 Cabernet Sauvignon 1 996.
Sobremesa: Calvados.

Ainda tem um recado na secretária elctrônica: "Adriano, vou passar


IL- ,----- l-,--,- ,-: I l
a
'-
Z
I
Ê-r
Adriano, janrei com Angeia depois que saímos i1.r,1,,1, ,1.r,'.r.r\.r
-
Sllrpli\il Conl O qUe aCOnIeCeU na ses\Ju.
É natural. Ela não poderia imaginar como erir ,) l)r,,(, .,, , .l
-
forma como eu trabalho, â menos que você tivesse dado rtllrrrr r rrrl,,r
mações.
AbsoLutamente. Eu apenas a convidei para vir à s.. s,,.r,,
-Ela não gostou cla forma direta
com que você tratoLr a r( )\r,, r, I r''.i r',
r

Reconheço que lemo contra e maré. Enquanto il rr.r,,rr r ,l r ,

- e dos terapeutas aguarda o tumor explodir por Si r'rt srrrr, ,,rr rrr,
pessoas
dos envolvidos provocâla expJosão, sou a favor de tomar lnn.r .rÍrr1rl,
lancetar o tumol, ao invés de empulrar com a barriga.
Você não acha esta sua posição perigosa? Você ch:rnrrr l).r.r
-
L

lesponsabilidade. Podem lhe acusar de tel precipitado uma s i 1 r r 1 , , , , I ,


rr . , ,

poderra .er rerol,ida de outrr marteira.


Não há a menor dúvida.

Existem várias formas de encaminhar uma mesma questão. Vai de-


pender da escola teórica a qual o terâpeuta é filiado ou se identifica e,
plincipalmente, da sua história familiar, que inÍluencia sua escolha teóri-
ca e sua forma de intervenção.
rAMÍt.lÀ Ê orrrs ' l4Í
144 . M()r(tr\ (iriors\1^N

ou t:l.:'
-
Nunca pensei que a família do terapeuta tivesse esse poder. lrrr reação da f a m íria
que ::l'ff lfliiâr::'ilJil:; :: Illil:l :':l
achava que você era un.r profissional. que aprendeu uma técnicâ, des( rr r. Não existe um aparelho
volveu sua experiência e que aplicava seus conhecimentos em quem llrr' o ). íi"t"nçao ""tt::ili::.
você ter ,cd,o o conhecimento sobre
tt
fanríliir' strir
procLll'âva. Ê o que adianta
-ia e ainda errar? famílil' nelll c()lll
âs marcas de sua
Ninguém consegue apaBâr
-sanitária.
Nenhum profissional de qualquer especialidade é tlreral.nentc rrrr
-
técnico. Todo cr:nhecimento é veiculado por um ser humano que fez,,
seu primeiro grande treinamento na sua família. No caso do tcrapeut,r rl,' possib:tf
família, sua vivência farriliar tem umâ importância fundamental, já qu, Conhecer as maÍcas Íamiliares
nhecer as
no
:ff i::'; r'iUl ::llll'
r aeir de uma íorma otl
ois, o qne
que me estirnulou
estirnulou. indiuí.lror, n.,. !.. 1111,r.r
o pacie,rte, o casal, a família que está âtendendo vão provocar continu.r ",":'-1:-i^i5:;;.
:',::rffir"j:
n.:--;,:^-r" d;; inãiuia,or, I-

mente em seu reservat<irio pessoal onde está atmazen ada sua bagagcrr r
ú"'no '
torinn hrm,no
i'J,o'inn e me rBualâ
': consrruímos u-1 ristr'rrir
'9ji'i"'rl"iii;.;:;;;";';,1.o.
[i51r'r'ir
familiar -
o surgimento de len.rbranças, ínragens, emoções e reações li ,r.e viemos
que de algurna lorma t

-
gadas às experiências que viveu com a sua famíliâ de origen, com a fanr i especíÍica.
lia que constitnin ou com substitutos da família original.

nenhuma vâl'Itllgcrll
muito pouco Não vejo
muito esforço para
É-
ern adquirir esse conhecimenllrr, ,.u Íinrl d. vida de urna fot nrr
ttt'lis
Nossa, não sabia que ela tão complexo assin"
- Viver em e com a famílin é extremamente difícil e desafiador. Vou a
-_ Pode aiudá-lo PrePa
-
lhe dar um exemplo de como uma atitude farniliar do passado interfele sâtisfatóriâ' i ^ essz
^-^.1 altura, vou pensar no
meu fim, na tritrhrl
no presente no lneu comportâmento. Meu pai, minha mãe e minha avír, Vocé está loucol A
-
morte? nosst'
mãe dela, prôcurâvam sempre adiar o que tinham para resolver. Quando _-^ atualizando i
o passado e preparanclo
eu pedia a mesada ao rreu pai, ele invariavelmente metia a mão nos bol- Vivemos no Presente'
-
futuro.
sos mostrando-os vazios, sem dinheiro, e me dizia "amanhã eu lhe dou". como vai o Rafael?
fara*T ?l:::::"'.#;I,
E por c.t
No dia seguinte, eu pedia novamente e o mesmo ritual se repetia. O di-
Vai bem' A Salrdrâ' UEPUTJ ;;;;i;,
u\ '"- insistência..concord.tt
írlritn'r tclrt:llrv t
nheiro só ia aparecer alguns dias mais târde, depois de muita insistênci:r. - j*-po'iti'o' -
'- Foi
eu previa' "'-''^ utrt
"^; uma
Reclamava com a minha mãe e ela relrucâvâ para eu não aborrecê-lo ,"r";Jii;;;" 'omo
porque estavâ preocupado com o trabalho. Vovó assistia eu discutir conr :Tllã :Ji :j;**:: n:t ;ü['il, *:'::,1 * À S,,,,
;"p - ; * "" *.' li",Tl,' ;::ll "l'*:ffi : :l:",,,,
papai, depois me chamava nLrm canto e falirva: "meu filho, por que tântl
pressa, temos a vida toda pela frente; o apressado come cru". Sabe o quc
aconteceu? Tornei-me uma pessoa reativa, procuro agir de forrla contla-
-
"'- satisÍeita' Ela
fica lião oe ê rz

: e vocês têm transado? p.rr"r srrir. l''trt't


ria àqueia da Íamília. Às vezes de forma exagerada, sem esperar o tempo vou visitar Rafael ou pegi-l.,
vrsrrar
necessário; outras vezes, como urr cirurgião que intervém, no tempo rdc- Às vezes. Quando ):1':.";-:;;,",
descatga crc
".1órri.,, ',,,
,,',",'
-
;;'"';;; n'J b"ço ll:^d1. i,"
quado, mobilizando situações crônicas ou cristalizadas.
"1" ".""
E c<lmo você sabe que está âgindo dc uma fornn ou dc ()Lrlrl ? .:"p. " na" '"''"1^.1-ll.tllll,:',"';T:'"; Íic'rrtt'r c.rtr c'r' Nri"
- Na hora da intervcnçio ó prirticantcntc intpossívcl srrht,r'. A purtil F.lil teln esPerâllças uc "..l':t'
-
o 147
rAMítl^ í rrltrs
l4ar r lolslS (il{()l\tl^N
olltrir
- corpo nunca fiz com
em soltar o meu
tem pressa. É ior"-. Quando eu me decidir, se Íor por ela, estará ii rrrr mais confiança clut'
não sabc
disposição. for possíver. A Àngela
as duas enqlranto
Como também você esperava que a Ângela estivesse à sua ilir, [::;_
-
sição. Repetindo a história do seu pai com a sua mãe. em cimâ do muro"' parâ evitar':*'-^l-l:
Por falar em Ângela, você tem estado com ela? ü'f";*l*;r" 'Íicar
é contra tct'
- Saímos algumas vezes. A Ângela é quem puxa os âssuntos, c( )nr.r .rr de que você é moralista'
- "otttun" que me dá a impressão
novidades dos amigos, dos filhos, o que leu nos jornais, nâs revistir\. (l
problerra é quando resvala na questão do filho, ela fica uma íera. Na ,,1,r
nião dela, não devo vê-lo, somente depositar na conta da mãe ela rr,r,'
-

id$*ffi',"'ffii
pronuncia o nome dela urna quantia que Bâranta a subsistência tl.l, .

-
Ângela insiste em querer apâgar o Rafael da sua vida.
- Não farei o que ela quer. Ele vai ter os mesmos direiros .1rr, ,,,
-
meus outros filhos: bom colégio, boa moradia, alimentaçâo e saútlc,l,r
melhor qualidade. uma má ação'
Você também pode aproveitar a oportunidacle para exercer ctctr :.i:L',:*illlT:1ll' ""í'*"a"
-
vamente o papel de pai, o que não conseguiu Íazer com Rodrigo e Prrrl,r
Você se cncarregava de ganhar o dinheiro e Ângela cuidava deles. {"t'r ou contra
c
Foram tempos difíceis. Tinha que trabalhar bastante pâra gariur -
-
tir o sustento da família.
Não foi só isso. Você absorveu do seu pai o padrão familiar, corrr,,
-
erâ comum aos homens da época de que cabia ao homem trabalhar. ,r
mulher cuidar da casa e criar os filhos.
E como está o sexo com Ângeia?
Até que melhorou depois dessa confusão toda. Na última vez .1rr,,
*ü*fi**fffiu:**l."r'l
-
foi ao meu apar tarnento, anrou o maior baruiho. Descobriu na sala, conr, '
v<>cê tinha sugerido que eu colocasse, o retrato onde estou com o RaÍael ro :ji***fl+*X;;li:lT*'"'*:''j":::r;:';ãI;illr'll
colo. Jogor"r o retrato no chão e disse que não ia querer me ver mals.
E você chegou a algur:ra decisão â respeito das duas? relacionamento'
- Não. Continuo indeciso. Cada uma me complementa nurra pirr
-
te. Ângela trâz estâ parte mais cultural, tenho um diálogo, me estimul.l ir
ir ao cinema, âo teatro... Construímos uma família n-te dá muito pr,r
zer estâr com todos -
temos os filhos e o futuro deles. Ela cuidava parr
que nada da casa e -dos filhos interferisse no meu trabâlho. Tenho unrrr ...;H:ilT;ii:Ji§ii+:;1;1iiiilil;jr:i'ritl[urr,
grande dívida de gratidão à ela.
Com Sandra, é o tesão, â carne, a paixão, o retorno das sensaçircs, , ::l;:':í,:,:,T:l,,#[^tL"n,sozinho'
'"' - ..I:,1^*::§":x:ol:i:,:es"i:
^'rái'Irrcirrt]r(.t('
'a'.",,,,.
corpo dando o seu máximo, me sentindo url gâr'oto, fezenclo el;r dcsco
' _ A., permanecer r,,,,'.'"'l, '
.'Ir
brir o sexo. Como ela se entrega, se abre, mc dcixir cxcirado c rnc lcvrr ,r p.,i' .ão corrs(r]'[rrr

;:,T,'[:'il,T;llll,t:l':;'l'Ll""i''::l}*';:;; '"'"'
l4{J . \,t()rsÍs (;R(,t\MÀN

estahel.---.-- r
r,^Mírr^ r', r)rIs. l4u
p";;;;,-;"iJ'":iiXXl?lii;ll]::le' entre a Íamíria deres e a da
des mulheres a..r, """ entre â sua mãe e a sua ,r,i,1", drr.sua av,, Porra, Adriano. originalidade! Quando estlrnros chcgiln(lo
Que
";i". *rn,, -
ao fir.ral ele é igual ao princípio.
Que mensagem otimista! Quc rnt'rtlu!
Não adianta Íicar revoltado- Você pode, se quiser, não lculizirr o
-
exercício nem concordar com a minha tese.

A família, com seus componentes, se desenvolve dentro de um ciclo

sffigffip#ffifi**ffi natural, o ciclo vital familiar, que vai desde o nascimento dessa fanrílie
quando nasce o primeiro filho
-
até sua Írorte, quando morre o crsirl
que proporcionou o seu surgimento, permanecendo a família dos irnrãos.
Com o desenvolvimento dos filhos, há paralelamente e paularinenren rr.
-

um envelhecimento dos pais. que serão cuidados, em algum momcnt(,,


pelos filhos, transformando-se naturâlmente em pais dos pais, que p,r'
sam a precisar de uma proteção semelhante à que forneceram eros filhos
Novamenre você na infância. Ocorre um movimento circulaq no qual caminhamos e vol-
- com esta história
de libertação da família. tamos às nossas raízes raciais, culturais, religiosas, experienciris
-
que haviam nos marcado indelevelmente parâ o resto de nossas vidas.
Apesar cle atravessarmos uma série de experiências no decorrcr dir
vida, é a nossa matriz Íamiliari resultado do que foi impresso no noss()
.ã jlmrrjao.ri*inar.Mesmorazen- corpo/mente durante nossa infância e adolescência, que deterr.ninará conr,,
rÍ)il:J,l,,l?::;ffi
rido, Íilha ..n"., :::i::'jj,.",
Í:":t;,::i:i::",ffi;:::iH:,',11*'[L,i,':i::i#T,ü:,iffi
L..l.srceremos às duas famí/i e de que manejra vamos terminar a nossa vida.
rl conseguinros sâ o gra
*' .,
nrerores o. u" .ri
n.g;; ilil::::;,i:i::
"""n h,, n
us dr
11 à,á,,
-
;,,;l:
vrda. ^,"-l que:, :::j:rr.
:: dura Íoda a nossa
Á família é fundamental
na viã
rse, de prataÍoÀ; de nós. É era que O que vai adiantar eu saber sobre o meu fim, ou como ytrô tlisst
;; fiJjÍ:j:i'j: i^ serve -
oprincípioéofim?
,

ii:ll'lh:1"i,.,,".ffi ifi ;?#rüiiff ,i{.f;:.i:rÍ,:[;,T


,ljiT'"';'T,i,";l[:H*Í.i,^.:iü:::::,];:1',."'ffi ll:l:, :::.j Você se enganou. O fim é o princípio. Você se tornali corscit nl,
;lffff ,:?T,,"""i,{iii::X.?:f
movirnenro a" ;ai. ,l'rã". ;T::::,ru;l[;nti:l*t: do que- está preparando pârâ o seu futuro e assim tentará moclificirr ,,
rumo de sua vida, preparando um fim rrais confortável pirír vr)(i..
Para que entenda melhor, vou lhe dar um exemplo pessoal. (]rn rril,,
minha irmã caçula nasceu, além de me sentir colocado de latkr, ratur;rl
Nâo_deixa de ser mente, â questão se âgravou porque minha mãe teve qlre sc dcclic,rr t.r
- urrra rese .

- Daí é.que r;'u


,j.i" jl'j,'l-1",'_:"'n'". clusivamcnte a ela porque nasceu prcn'râturâ e conl ploblr.rrrrs

H; :: ;:" ; ffi :
" rcspiratririos. Como fui prâticâmente cr iaclo por minhir irv<i rrlTcsll rlc
_- ;::::, :;"" :.?:, J:,JJ;:.J j Jlil" estrr frcqiientenrcnte c()r1't lleus piris e irmãos - l rr(,r.rl
qtrantlo v()ll'(i
"
cotrr clcs, ntc llilrcc('rl1nt cstlilnhos, cot'lto sc -fosscnt clc ()ulril lirnrli,r.
n.,.,,
(]ttrut<lo tttinhrt rtvri r))orÍ('u! r)tc scnti rirliÍo, s<i rro trrrrrrrlo. (,ostrrrrro rrrr.
I I'
f,\vlll,\lrrt'rs'l5l
15(l . \t,r \L\ i, k. i\ \1 \\

mamãe' minhas it tnãs'


tlLttltrt
da minha avó mâteÍnâ'
I lembrar dela como referência, o que ela faria no meu lugaq nas decisõc-s Na casa
que preciso tomar. -
r..r^ a"'f'.f aomendo em'volta
da mesa'
Hoje, vivo isolado do restante da família com a minha mulher e os "'"::iX;r:::fi';:li:;:Tlda
^J.
sara' chegando da ci'l:rr
cr.s rr.'l'
meus Íilhos e só me encontro com os familiares nos aniversários, casa"
mentos e enterros, É como se tivesse procurado criar um nírcleo que nrc a.t..ã JJJ"'.' " "- d' voce
.1b:';::1or'i' a... As Íam ílias nàr I ehc
gr -
proporcionasse umâ segurança que não tive num determinado moment() Vou explicar' senão '"i :--i'-;
"."" "n,.n .;;.',"', e a outra n. tlir
da minha infância. O rneu fim, parece, vai ser corr â minha rnulher, fun .,. ; ,;;:;;;o.de uma
l','i'l:T"Xi'l'fJ:'ff:i;i:
fa-ziam:::^i
iá rh,
de ttt,it'
di''' '
cionando corlto ufila mãe-avó, que, ao mesmo tempo, represertta um fis seguinre. As duas
;, ;;;,,, vez. papai nào gostavr
co para o casal e o câsamento, âo se tornâr uma avó casada com um neto. nio §up()Írava a mãe de O'li.;;i;,*^, irmà, iicruom cour nrarnit' tt.t
que âs
.ele. na casa dos tt'
era
Não adianta. Você pode tentar todas as explicações que nào v()U
- nessa histór'ia de que a farnília comanda a nossa vida ou, dela. O que acontecia
papai
"l]lll'r-' t:"T;"i1'i'"Ji"1,"",
r"
-,rt,
st
com
acreditar conro casa de vovó, e eu ia "l-t::::1a ''0"
u..
você diz, de que somos comandados pelas experiências familiares que ô 0,. chareava
""
tivemos quando criança e adolescente.
;;i;. me
papai' onde brincava
t:*-lt- [:i;;i'#J;iü:J#::;']';,T),i
melnor.(
C<>ntinuamos em câmpos opostos. No princípio e final de cacla acontccia ttl. oapai, que se senlrâ rtrrl
-
dia, confirmo a presençâ e â força da família nos meus pensamentos e
A mesma coisa
"úír'.liraa rinha que ouvir ela falar
"nã. frrlt'
dele chegava "^ :"t^ 1:J:;;Ei,.io."uu. g'itava para ela'
decisões. da vovó lulieta e das mtnhas
Nesse exercício que estou lhe propondo, vou procurâr fazer uma il,id;;;;i;;",ól' l,o1l";ljltl:; ,,, cena do inicio do s(.u.:,s,,
previsão do seu futuro. Agora, viaje da sua tt
fiquei interessado. Ótimo, descobri que tenho
--
dc ceÍvcl:l e
- Já É uma grande economia. Dois em um. Estonum
um vidente.
terâpeutâ e
supercurioscr.
mento.
Chegando em casa tarde, dePois de uma noitada
geladeira Angel r
- alguma coisa Para comer' na
Quando você quiser podemos corneçâÍ. mulheres, pÍocurando
mulheres. Procurando "'t"l"ii".;;'.;rl d" rono e espatrtada.
Diga uma preocupação, umâ questão ou um problema que esteia nâ porta
:cendo na
aparecendo
a':"'-'1 .,tr..pni1 al"
portâ da :"'t""':.'ji'..",
do presenre. xpos a sua
após s saíd.
-
lhe intrigando no presente e sobre o qual você não tenha a mínima idéia Continuando a viagem' um ir.."rr.,
quanto ao seu desÍecho. o" tY
- com Ângcla n"
É, ,a,aa,l'r* questào do nosso primeiro encontro: vou continuar cenas iuntas' Uma sou eu transanclo
ruo duas
-
0,,í.',Xi L* *r,, J. ".n;***:*]:.'r:l : :l'ft ,'l l:lXl:],
casado com Angela ? u
,
É,l,na perguntâ complexa e difícil de ser respondida. tà", qu'ndo' "o:"]"lti.tdo a direção do carro e surge a segtttrclrr
-
irresi stível o:':: t;.0,, no apa rt men «r del n'
-Oproblemaéseu.
É no.so. Vou tentar apontar alguns caminhos no final do exercÊ cenâ: eu tlânsando
;.;' a
^t::i,li:IXJ; h* d"urgrr, para volter í1 §c í1c()srtl'
cio e -você os seguirá, modificará, ou não aceitará nenhum cleles. f6t137, Pode ir abrtno
As idéias serão minhas, decorrentes das cenas que você trouxer e âs - a luz atnbienre
"'"' '"'àir. .oi'al Não poderia nutrca- :-^-;nôr
rnâr cont imaginar ccnas í'll)rll-cc('
ôlle cssas ce
que
ações posteriores pertencerão a você. Minhas palavras não são pílulas
mágicas que você possa engolir e que produzirão transfor mações em você. riam' disse a respeito da minha músca prcdilctrr'
O.k., Adriano. Você não se cansa de reperir a sua música predile- Plagiando o que voce
:t"": " '-::"; -"^;" "''....í.io. É .'ma .,tt1.'t"-
-
ta de que não é responsável pelo que eu decidir da minha vida. Podíamos - irl( trt
t'"i" Itúitrivo de tttna riqtrezr inrprtt'
vocêtambémfalaamesmacoisadepoisdccadaexerctcto..r
até fazer um sâmbâ-cânção. sa descohrir que existe "
Vamos ao trabalho. Relaxe na poltronâ, concentre-se, fechc os ohjcrivo. tt"to'll,tl
,1,, urtrndo Íiul) ()u írrrr t' Ptitt
- vcr eonr princípi() c
olhos, viaje pâra â sua inÍância e veja se venr à sua mente algurlr ccnn nu O que cssâs ccllâs tcl "
qual vocô está prcscntc conr a sur fanrília. : -
cípio, sci lá!
I
FArlll l^ !: rrr us ' l§ I
152 . M(i1síis (;rtorsM^N

târefas' telefone-me para mâ::'].1.-


No princípio, você entre as duas casas, das duas avós, das tlrr,r,. Depois que você reâlizar as duâs gravou rro cemrtc'
- na cena intermediária, entre várias mulheres; e na cena Íir,rl,
famílias; ;;í;;;t;tsão, onde ouviremos a fita que você
-",
entre duas mulheres. Se você passar uma linha entre as três cenas, cl.r,, tto' uma que fiz n<r
têm uma continuidade, o que demonstra que existe uma grande possil,r r.o"r, aí. Outra despedida de vovó' Não basta
lidade, uma tendência para o futuro, de você terminar a sua vida puLlniL,
-
início da teraPia?
""''";;í;foi obietiva' uma vri
de uma fan.rília para outrâ. Talvez, não se separar de Ângela, voltrr rr mais subjetiva' Esta vai ser mais
morar com ela e morrer nos braços de Sandra ou uma substituta tlcl,r. reforçar a outra.
Ângela ser avisâda do que aconteceu e precisar providenciar a remoçi,
do corpo da casa da amânte pâra o velório e o enterro.
Que coisa macabra! Sai Satanásl
-Você tem a pior das impressões a meu respeito. Não acredita n.r Precisamos nos despedir dos familiares
e de seus substitutos a vitlrt
mais do passado' para li[''cr'lt-
minha capacidade de supelar esse impasse. toda- a fim de desligar-mo-nos um pouco
Não é que lhe desvalorize. A questão é a mesma, a força das *o, e ter um futuro diferente dos antepassaoos'
o pr"r"nta
-
marcas cle suas experiências familiares.
Admitindo que possam acontecer suas previsões de pai de santo,
-
o que eu podeÍiâ fazer para mudar esse futuro diabólico?
das duas avírs você gostava mais? Não sei se vou fazer cssâ também'
- Qual
Logicamente da vovó Julieta. Você esqueceu que ela praricamen -_ I ã..i.u. é sua. Você é quem perguntou o que poderi;r fazct p,rt,t
te me- criou? A vovó Diva era uma cobra venenosa, mandava em todo igual ao seu avô'
mundo e gostava de criticar os outros. Ela dizia que só a família dela
'-" terminat
não
: V;ê não dá colher de chá' hein' Adriano?
me transformo na vovó Julieta e
nào lhc ajtttl. t'ttt
prestavâ. Adorava falar do passado, dos pais e avós que eram muiro rr a i;;;;.'
- e não sua avó, avô' l)'li t'rr rrrir( '
balhadores e honestos. Isto tinha um endereço, era a Íamília de vovô que nada. sou um terapeutâr um profissional
nunca aceitou ela, por não ser de origem árabe e ter vindo de uma família Se eu l esrrlvcr *tê podia me dar.ltrna diil (l( ' ( 'rll( I \r'l r'r
mais modesta. - "tt'""''
escrever? Como é que é esse tal
de despc..liJ r?
A influência das duas avós, líderes e representantes das lespecri- ".u.,oió-fr" ficou curioso'
- - Otimo. Vtrcêgârantindo que vou Íazer o...desplch.,'. (lltc l]1.()|)()\'
vas famílias, está ainda presente na sua vida. ú;;.;"; itl,trirt tlt t.ttt.
Vou lhe sr"rgerir dois r:emédios, cada um pârâ urna avó. Para a sua - ão realize a tarefa' vou lhe drr rrnr'r
--ü;ri,-o;;;" conquislou na vid'l' 't l:ttrtili't tltt' "ttr
t
avó Diva, Ievar um ramo de flores do campo e depositar no túmulo dela, scria a carta. Vocã contaria o que rrris' (l'r srt'r
dirs,strrrs. Ir
âo lr'resmo tempo que dirá que a perdoa pela críticas que fazia, já que ela ilt;: ;';,.."*ão p«rfissional' daria. notícias pclo qLrc cl't 1''z 1''r't vt" tt' lltl
era também rechaçada pela família do vovô. mãe, cla morte do seu pai e âgrâdeceria l;iILIIIIIt IIII ' (lrrr'r
Não tenho nenhuma vontade de fazer isso. Nen-r sei onde fica o rrrqinrrrr e Dctos hons momerrr;s que tivelill'll ltllllt){
túmulo - dela. Não fui ao enterro. da missào cle sulrstttttt-l't' tlt,'t t'"
s' tt
'tt" "
:;';;;;";';.,obrigando tr)d'r :r l:rrrrtliir'
cnr
Basta você chegar no escritório dr; cemitério e dar o nome dela
- dizem a localizaçâo. l,a ),-u"rra,,t]ã, LIJ."nç' cue ela exercix O pcss,rrl tl't Íittltili't rttt'
que lhe É inte.essante o qot 'ocê está falândo
.|á plra a sua avó Julieta, escrevâ Llrnil carta de despcclida que será
-
liga pcclinclo dinheiro e, por trás' fala
mal cle mim .Cont "t'"'t:-l':l '.ll:11:,:l':
ela pr-ivilcgrav:r ,u"'.,1
Iida cliantc do seu túrnulo, colocando uma rosâ llnarela e r>trtr.:r vcr.mclha ,rInl,., n-l".,r" coisa. cr.iricavam porque lrl.llrll.i
" os pâl-ctlt('s:lPrlr('(lrllll l)il I il
rlc cacll larlo cla sepultrrra- Após Ier a cartir, rlucirr.rc cll corrr Lrrlrr vclir cluc i',tr-tlti, 4,, clttc I de vovô c, rlo lrcsl'no t'rlrlpo'
scrlí rlt'ixirrlit itccsâi ct'ttt'c its rltLls r-llslts. l.cvt.rrnt glitvlttlor ü () ilci()tt(. corrrcr' ol.t 1.rt'tlil rtlgtltll t i1.ro tlc filvor"
.,, .
. . I .
. . . : . , .... .l:.-- r r r.

(,t(r)ts\tÀN r^MÍl l,\ 1, l)ll \ ' tl
l\ I . \1,, \r\

Uma última coisa para colocar na carta. a conclusão é que eu não existo setn
frttttli't '
- ottet dizer que
-O da familtri
O quê? que é que eu sou atlnali Unn mero boneco
- você vai precisar ser desleal a ela, na medida em quc v.rr
- Que
procurar privilegiar mais a sua Íelicidade do que se preocupar em âpr(' -
Poderá ser ou não'

sentar a família unida, ao contrário do que ela sempre pregava: "a fanrr
lia está acirna de qualquer preço e sacrifício, custe o que custar"
Como é que você sabe que ela falava isso? uma missão ao nascet' qtte vrti
- As vozes familiares me falaram. Em toda família, cada filho tecebe
.,,r;;;;;;;"*f"ttuti'ot a"positadas sobre ele' Para que e st'r missi"
- Você tarnbém é médium? constrrrll('
- ,-.i^ r.arrreÍ:ue' havel á necessidade de uma negociirção
^'",rt desetrvt'lr"'t
ilii."""'#;;il;[e'a; ;"r' f''"rlia e o Íilho pâÍa que possa
como irrdivícltlo
desejos, para irlcançar sua realização
"'- vontade e seusesse
§ua
r'rbjetivo você precisará cÔntinuâr o
proccss() (ltrc
P;;, âtingiÍ que to.los trcct's
Temos que abrir nossos canais de comunicação internos para con pe;-manente pesquisa
- iniciou aqui âté â suâ mofte, nessa
seguirmos ouvir as vozes de nossa família e assim nos habilitarmos,r quais são âs nossas semelhittt-
,l;;;;t f;;t;";a descob'ir quem somos'tnleidoscópio familiar n<; tltr'rl
captar âs vozes de outras famílias que estâo circulando no interior das
i,as;;;f*;üt em Íelâção uàtn*plt*o
pessoas com as quais convivemos.
cstâmos in.leÍsos.

Caso você decida se despediq gostaria de lhe advertir sobre o mas rne cliga utrlâ c()tsi1:
Bem, a conversâ es!á muito interessante'
resultado. - ou Sandra ?
--" quem devo ficar. Angela
com
Deve ser sobre algum risco ou perigo pelo qual passarei.
- É para você não se iludir. Com essa carta, você não está tirand<r ]- vo.c me conhece um pouco para saber que nào tenho Íespostil'('
- não tomo partido e, além disso' a questão,não é e:s,â;, Orl:nportârttc
o pano'de fund.o que esrá lhc levand.
sua avó de sua vida, como também com os outros exercícios você não ir cstrt
Ii*"*t. fltã;erro Íamiliar' qrlc s('lil'
ficou livre de sua família. Sua avó e os demais personâgens de sua famí.
J,rcr-zilhrdo. Se entendê-lo ficará mais fácil' por tnais pct.loso
lia, com quem você conviveu, estão carimbados no seu corpo de uma
t<lmar uma decisão. (lrr('
forma definitiva. â situirção l)rrIir
De qualquer maneirâ, acho que deve defir.rir
Não sei se você é um gozadoq um charlâtão ou um cârâ sério. Vai
-
servir para que todo o trabalho que fizemos?
fique clara a sua Posição'
não encontÍo ull"lil
Não consigo chegar a uma conclusão porque
Para você perceber, ficar alerta e consciente das influências posi- - qr. â mim e a lodos'
tivas -e negativas que â fâmília exerce sobre a sua vida. ""'-:"i; perfeitâ
soluçâo "t"nd'
é questâo' Não há a possibilidade'
quando tomamos Ltrtttt
" ou -ái' pessoas fiquem contrâÍi2rdÍls'
decisão, de impeài..qu.
"'

Quanto mais identificarmos nossas raízes familiares, rnelhor pode-


remos discernir quanto a segui-las no que for favorável, ou tenrar ser comutrlt uma lris-
A falnília, ao fornecer um sobrenome' um sângue
diferente. no que for desfavorável. setts inlt'-
triria específica, um parentesco, conÍere uma identidadc.ros
Cad'r tttn delcs sri d. ctrv.lttiri.
tt.'rr", Ir.'ir-,"t ai a ilLrsãt' de igueldnde
f .i6 . Morsás cRotsMAN
F^Mlrr,\ Ê I)rrLrs o I57
flr
, pÍocura em graus variados e de acordo
1LT:ltll _, cora a história qLrr.
vós,,i o., ._p..g,ãi, desta gu,r
bisa dizendo que o marido tinha viajado a negócios e me convidou perit
i
;,"r.J ;:I :H:LTlj:l^1.i : Í1u",
uu,cr.rv() persegurdo. nunca será
-
i

alcançado porqr-re identidad.


i
la. Tentei falar com você no consultório c derr ocrrprr,l,,. I l,'
famitiar nào significa unúormidade. -
vindo de famílias diferentes, como
;
..,n'?;;ç5f'ari, pr,, ,.,",,, vamos jantar fora. Achei que você não ia se incomodar. Pedi zr rla-
também dos filhos terem nasciclo para preparar o jantar para você e ela me prometeu que a emprcglrlrr
rnomenros diversos da família. cnr
dependendo; deixaria a comida aqui em casa até às oito horas da noite. Conro rrio
o segun
d-o, o terceiro ou o caçura, r.
forn- ho..n. ";;;;;;;lho,ils identifica_
;;;ffir*" ninguém em casâ, mamãe emprestou nossa chavc qLre fic,r c,,rr
ções e alianças que se estabeleceram entre esses ela, para a empregada entrar. Ela deve ter colocado a comida em cinra do
pais e esses filhos.
fogão. É só você esquentâr no microondas.
Beijos,
Lígia.
Que coisa! Até no fim você volta ao princípio: P.S.- Mariana foi a um show com o namorado e Pedro resolveu ir
-*lln9 a impressào cle que a nossa hora
falando da família.
está terminando. com eles".
.,_-_ Antes dc
rinre de campc.r, a íanosa pergunra:
quai é a lição de hoie pro
;.:il].,
Ninguem consegue fugir de sua história
;Âre à proxrnâ, familiar.
se ela hor1y6p. Duvido que faça
a tarefa e pensandrr Que novidade. Podia esperar por tudo, menos por essir. St'ri ,1rr,
bem, acho- que não vai conscgui
r rea)izá_la- Lígia começou a reagir?
t\ao tefla tanta certezá. Até...
-

Adriano, Adriano. É você?


etrando comecei a atender Tomaz, ele tinha
- Quem é?
",r^ ol:9r"
sr0o ..oircidência.
prrnreiro cliente da semâna e hoie íoi o ,l,i;;.
"" - §1y11 g11.
Trabalhei bastante essa - Eu quem ?
- Vrlu acender a luz da sala de jantar para ver se você mc rccon lrt cr'.
r

mana. Quem,,b" ;;;;;;;; ;1Hl;I1::: ;*:,i:: 3.: fl ,t;


animaàa P;'; .;-;;;., ar, Lísia
- Oh... É a senhora... Dona Cecília. Levei um sust(). Nâio r-cc()rl)('
*,:iJ::l ;:.:H:nTill, yt: -
ci a sua voz e nem irnaginei que a senhora estariâ pol aqr,ri. A Lígi,r tliss,'
6n," uin r,o. bo."-;;;;:, ;;, i::':í::
dro está na casa de algum ami
::':fi: :i,j.. Tiff ji: : íI no bilhete que a senhora mandarja a comida pela enrpregada.
É verdade. Mudei de idéia. Ela nen.r sabe. Estava conr rr rroitt livl.
do r. ri p.o ; ;,,,. -,,,".,i :' :il: [ilf.l; :: ::Í: f,fiT". ;TJ.,::; -
t'res<llvi vir jantâÍ com você, para lhe fazer companhia.
se rransformado da noire "
oara dir,;;;;;ii;;;.
;;:';;;",..".. Não estou lhe reconhecendo dona Cecília. Vai a algunr orrtr.
" estranho
Chego em casa, abro a Dorta.e
o silêniio e a escuridão da lugar-depois do jantar) Nunca lhe vi tão arrumada. Geralmentc us:l unrils
l"]1.^1.:"0"
a iuz do abajur qu. fi.,
à chave e a pasta, quando
,;;;;;;;;;;".:;r*o
deixar
loupas mais sóbrias, vestidos de cor cinza ou bege. Hoje estri c()nt (.s\.rs
chego, e vejo um bilhete: pi.tntrlonas vermelhas e blusa azul malinho decotada, dc sapirto rrltr,, rl,r
"Querido. rrcsn'ut cor dl blnsa, cirbelo com corte diferentc, jr'lias, ntirquirrlrr c cclr,r r1,,,
Saí com a Raquel. Fomos-ao-ballef
no.Têarro Municipal. l)csculpc llrctl s()h[e os onr hros.
não te'lhe avisado antes. Foi .,mâ l'lrr nrc prt'plrci prrll juntlr com vocô. AIiris, ó a Irlirrrr,ir',r vt z ,lrr,,
oportu,iclacle dc últir,rrr h.r;r,
cr, arc -
livc o prrrzcl rlc rx'vt'slil tlcyrois tluc o Alfrcrlinho nxrllcu.
F^rrllrÀ I r)1rrÍ l\')
158 . MorsÉs cR()rsMÁN

normais cott.r clictrtcs' cottr


Não mereço tanto. Ainda não acredito. A senhora é nruiro gene- Não, dona Cecília São preocupâções
-
rosa e prestâtivâ, Aposto que ia sair com urna amig.r, resolveu passar -
ut t"ItÀor,rno, Percebo que vocô c l'íÍlirr
aqui para ver se a comida tinira chegado bem, arrumá-ia nâs trâvessâs e, você sabe que não nasci hoje'
rrcrt olhos' aquela vibração
qtrc tlt-
quando me enconrou, r'esolveu Íicar para me servir'. não têm aparentado mais 'q'ãf'1"'
acontecendo?
LTsisto com a senhora, Íique à vontrrde, faça seu programa; ell mes- monstlavâm até atguns anos atrás' O que está
"^""-l vai diminuindo'o âmor c Pirs
mo esquento â comida- Pode ficar tranqüila, que não vou fazer conforme Á..nhor^ íobt qot, com o temPo' irrtli
mais áa família' dt's fillros' dos
Lígia sugeriu. sando à companheilismo Vlu""-ro'
Adriano, estou lhe falando a verdade. Estou aqui porque quero, gos e da- profissãl cluc aitrtll
-
não tenho outro lugâr para ir e acho a sua companhia lrastantc agradável. ''^ -'^'ê
Me espanta multo vocr fala. assirn' um homem lovetn'
- Ser'á que seits conlrtr'ittlclt
Está bem dona Cecília. É nielhor jantar acornpanhado do que nào chegott aos cinqüenta 'nos' "co'nodado' r rri.
- Será um a Lígia? sei que a min,hn Íilh
11

sozinho. iântar sur:presa. Não tenho â Ínenor noção do cardápio. [i:;"';;;;;ao tn"
'i'a"n
sempre multn
'om t't"a''
itincipalmente *'cl
Ol!':.Ul]]llil:
Preparei um merllr especial. Vamos ver se você vai âproval '-'" Filha única,
Íácil.
- Precisaria pelo menos saber se vai ser peixe, carne branca ou de quarenta c ctnctr
Át... Àtrr.álnno' Que saudade! Era um amor vinte e um anos ( lir
-
vernrelha para escolher os vinhos que vão acompanhar. anos. Quando nu' tonhtt"tt"!
eLl tinha 1 6-:,un:ê
ter uma filha única para nos clctlicrtl
Não há necessidade. Trouxe os vinhos da adega do Alfredinho. samos um ano depois' nt"r"trn"t
- Não poderia me dizer o cardápio? p"n" qu"-ut"e tenha morrido rào cedo' Arltrclr'
mos mais um ao outro ainda prrra apr.vct
- Você vai descobrir à medida que os prâtos chegarem à mesa. illd;;,;;t;;. C1"t"r de pul-ao' Tínhamos muito
- sete anos' Não nre c.trít't
Vbcê poderia acender as velas nos castiçais de prata, que foram de nrinha tar. Eu com sessenfa dois e votà-À '"tt"ntu "
avó e que dei para Lígia, que nunca usâ sobre a mesa de jantar e mo. Nunca vou lhe esquecer'
-
depois abrir aquela gar:'afa que está no bâlde? - Adriano, desculPe o desabafo' A senlrora ritttlrt ti
Com todo prazer. Oh... que surpresa! Urna champagne, a Dom Nada, dnn" Cttili"' í'.tt"iclo perfeitamente
-
Perignon Blanc 1 990. É uma bebida nobre.
-
iovetn e poderá cncont[ar outÍa
pessoa'
Para acompanhar a entrada. '""''- ftr ."or"aendo' tenho que dar um ptrlo na cozinhc lalil l( rtllll\'ll'
- o primeiro Prato'
Que decoração bonita. É salmâo?
- Tartar cle salmão com ovas de caviarr Beluga por cima, o que cria As .o.P""t vão continuar?
- - Sim. Vbcê pode pegar a bebida que vai acompanhal'? Êstá ttittlttr'
um contrâste interessante. Espero que não tenhâ problemas com peixe --
cru, nem caviar. le or"rtlo brrlde com gelo'
La Grandc Dallc l(ttsti
Não, absolutamente. Hum... está delicir.rso e o champirgne esrá Claro. Olr! Uma Veuve Clicquot Ponsardin
-
no poltto.
-
19U9. Não consigo imaginar qual
sÉrá o próximo pratr'' Esta clrit ltrt littt'
ttt

Un.ra curiosidade... Aondc conseguiu comprar o caviar Beluga? Ac1ui, é Íantástica.


".-..-óatr,"ainhoserviaemjantaresitnpoltantes.denegt-lctlls'
quando rem. é muito caro.
cntit
Uma amiga acabou de chegar de Nova York e me rrouxe cle pre- ó Doo,o, Alfredo sabia viver" E difícil 'r comhileçã. . qtr(ltl]lll.
-
sente. u"i,",- hoas cla vida e se trrânter saudável' Não se t v'! r('
.lctt'ct'
aproveititt intensamente a vida com tud.
"r"-la"a quc clrl lhc
-
Ah! A senhora e suas amigas. Estâ comida e a bebida meÍecem ;; ^;";", ()t('Ê('ll (lir
um brinde. Nada melhor do que a senhora para Íazê-lo. e dcscobril rnais cedo qu"
nol á i''tt'*ul' que a famítia lrã() o pl
strr,r('srrs ()rr
Tim-tim... Ao plazer da boa comida e à nossa arlizacle . ;;;;,';;,; ,;t Lrnrr vida regrnda' c'rlctrlrda' t'trtineirr' scr1l
- À corrlida feita pela senhora. SaÍrdc! abaIrlsctlescolllir'tirlvczLrrrrrli.r,quccst;lv.l.l,ll()rt(,t'|ll|.'lcnltvitllt,llt.rlt'tr
- Adriano, tenho notad() que, ultinrirnrcntc, lrrtl"irl'r
vocô rrnrlir Lru pouco ;.;;;,1;';,; rr", :r Írrurílirr 1.,"r,.,,ôni.a c crluilihrrdrr, ".c'.']Nrrcnl('.
- Estri irrsirtisfeito com algtrrr;r coisn ou algLrónt?
calado. tcr tle :llrtlieilr rlcssc iitttlltt t' tlt:ss'l chirtttl''tgtlc
rÀMít tA íl l)tus ' l6l
i 60 . Mor§És cRorsr!1^N

É rnelhor não elogiar antecipadarnente. Merl estânlos começando. EncerÍamento é a soblemesa'


-Vou pegar o primeiro prato. Pronto, espero que goste. - ã;,1;;.;ü;i;; q"' são â srãnderaúação- Foi outra rr n r illrl
- re i,i,
JnI * .'"'
trouxe o§ rrr*rcurr,Lve p1'
t*-- :::i 11,"" :"' i:: i de All.ctli'rlrt''
que seja
É u-a sopâ, com um sabor excêntrico. Não consigo imaginar
- Íeita. Tem gosto de mar.
dr.,
o,.
L)estâ
Desta vez não "'"iffi
nao,.,'""''
foi uma amiga' F
"1"i o"t -oiloio
, n
anrigo
-r^ que
^.,- AlÍrctlirrlr,,
- ü;";"rrr,
que traziâ peixes de B"lét' t.-----.^-r^ .. "ar.
Desdã ^lÍ-,,lirrlr.
-"..isávamos clc algumir e ,t
É sopa de barbatana de tubarão.
- Como conseguiu esse produto? Ah, já sei, uma amiga viajou ::T:i:'i"e:;T:"[:#;; ;;;;;;;;;;:,1:':':i]:T::i' t:[:':i:,:
quc r,c
llHT'ffiH ;" i;;";il:;;;
e ;, i,
- Berem' Pedi
trouxe, ""?".'1,1: lT1
e o pato
Exatamente. Ela esteve na China recentemente. Provou e adorou. ::#"t; ,,"rpi. i.,rh'' dequeiambu' farinha d'água
-
Como ela sabe que gosto de pratos exóticos, teve a gentileza de me trazer. I ,vi.,ã i". àrzer é o pâto âo tucupi?
Ela me contou que é um prâto que seÍvem em ocasiões especiais. anos, quand. csti v,
Está uma delícia. Tem mais alguma coisa do mar? _ iX"'JTi,i;,mâ vez que comi fazuns cinco
- Acrescentei vieiras salteadas no azeite de uva, para daf um toque. em Belém com Lígia'
-As vieiras são do Chile e o azeite, uma outra amiga trouxe de Napa Só tem umproblema' Dizem que o tucupi é "t'"1'tl1t:'-:,1.11.111::
Valley, Califórnia. É a Írltima novidade. Delicado e leve. - Para quem gosra de experrr)r('rrrirl
d. i^;h:""d;i;r", iitgu; 'aott"citle n"niiti" palo âo artoz Bitsttt'rlt'
Você está gostando r:esmo? Estou achando ótimo, mas sou suspeirr. prarr,,s diíerentes Fiz uma adeptaçao'
despcrtat as Ir()\\ir\
Está uma maravilha. L* i'i. "r'*.rn indiana Os hindus dizem' sabern
- E a champagne, aprovou? an"rgim adormecidas' o prtlrt
- Tudo está ótin.ro, dona Cecília. Não tenho palavras parâ expres- Não se preocupe, uecília' Essa con.rida está me aguçando
-
sar meu prazeÍ. dar.
-
'o'' grr. jantar me faz lembrar o Alfredinho'
os grandes r.n()l.crll()§
Adriano, posso lhe pedir apenas um favor'. os virtlr.s' rts
- Claro. dona Cecília. A senhora não pede, manda. Com um janrar - uiug"n" nt restâurantes! os hotéis'
- or" ,,";;". i;;;;', "
desses, tem direito a pedir qualquer coisa. champagnes.
É sirnples. Apenas queria lhe pedir que me chamâsse de Cecília.
""""i- "El. r'"a" está tnuiro preserrte na sua vida r r.
Não -me sinto bern quando você me chama de senhora e dona Cecília. É
sâu(rau(--
-- Duvido que algum dia possa.sutocar essa
íormal parece que não nos conhecemos há vinte e dois anos e me ê.,idado"para não morder a língua'
- -
sinto mâis velha. Preferiria que me chamasse de Ciça, meu apelido de - ü;r1,"; o vinho' você oode abri-lo? (l('
criança, como o Alfredinho me chamava na intimidade. Mas isto já é
- Lógico. Nossa! E i"gí--Sitiii' "Único" 1986 F' unr irrrrlilr
- '-
pedir dernais. preciosidades' - t'-^'íalta na sua adega' Cecílie?
Vou tentar dona Cecíliâ, desculpe Cecília. Eu me acosrurlei, esses Esre vinho não var tazer
-
anos todos, a chamá-la dessa maneira. Para que ou p"" ,"il 'l'
go"da lJ n"ta-fic'r r,lctttbrrt ttr l" tl"
- depois da mrnha nl('rtcí
Terminou a sopa? Alfredinho? Para meu neto tomar os b""t *tl''l:-ll::l.s:
- Vou tomar a úrltima colher. Não dá vontade de acabar. Prorrto, Você tem e t't-tt't'l' :l:ll':,1
- - "'ao, 'p'oveitar
com o futuro' Morreu sem lrPl()v(rtlrlr () (lll('
Cecília, estou à disposição para o segundo prato. n]c dizia parâ me preocupâr
.* Antes, um sorbet de cachaça Magnífica, envelhecida, corn limão, oodia. O brinde agora é meu'
para limpar as papllas. ' À nossa amizade!
É redundante elogiar. Não havia exper inrentardo fei«r conr cacha- Tim-tim. A este momento!
É
-inrpoÍtarrte yalorizar o Ílosso produto. - A'ai.,"r" do vinho espanhol - o Vega Sicilia.-com âs nos§ils
ça.
Estou curiclsíssirl<l em sabel o quc você prcpilrou c()nro crlccÍr'it-
-
raízes indígenas - o pÂtÔ uo
t"*pi - Íoi a Ãais inusitada comtrinaçâtt
nrcn t( ), orre iamais orovci,
fÀ\llllt I l)lt\ ' l6\
162 . MorsÉs cRors\{^N

que estou lhe fazendo'


Nrttrc'r ttt'ris
Adriano, é o único pedido
A capacidade criativa do ser humano é ilimitada. Desde que consi-
-
dancei desde que o
Alfredinho^ satisfazt't'.
ga, dialeticamente, identificar-se com suâs raízes e procurar ultrapassar
os limites da família pârâ tornar-se diferente do estabelecido por ela. Ir e En.r
Tttj"rj;rr., Alfredo, vou lhe
homenage[l a voc(
voltar. Voltar e ir.
- obrigad.' Adriano'
- Há rnuito temPo que ni. -io danç.' Devo esrar dcsrreitrrdr''
. r -r^..-^-,.1^ m*ir. bt'rÍ.
- Náo, âo contrário' ,,",'cce quc te
-- "1""ff';.:iJ';'J
com lrm
I11

-
Cecília, você está
Adoro mtxerica' lembra '"*..i.;;;
Ptt';,,'".:l:';;,1i, i.,fanci". Minlt"
a minha intan
Vou selvir a sobremesa. cheiro de tangerina'
- Outra surpresa Cecíiia? avó comPrava
"' na Íeira Para mtm'
- Não. Essa é tradicional. É,rrr.r.*. brülée, uma receita que eu e "'" ó" bom!Que t,,lit:-1u.lll'*r's v:ri \('rrrrr'
- um pouco que v()cê
Alfredinho trouxemos de nossa última viagem a Paris. Vr;u precisal que
você me acompanhe à cozinha para me ajudar a flambá-lo. Morro de -.,n:t':';r.ti'",1!!Tigif
você. Há quânto temPo
que. *m*:T:::TitittT:ll
mais torte' *l:;#i!T";nhora perdcu I crl'cç r'
medo de mexer com fogo.
Não sou dos mais jeitosos-
- Vamos tentar juntos, Adriano.
;ilt;.;ii'"' Cecília, o que I
A
Dona
-Pode acender o fogo, enquanto seguro os potes com o creme. - ,."ulii,nao' Que coisa absurda!
u'"'
"""r" À,} é o Problema Adriano?
Parece que funcionou.
- Combinamos bem. - XU"'*'' tei' Eslou muito confrtso'
vâÍlos aproveitrr csst'
-Adriano, vamos saborear o creme brülée no sofá, ouvindo uma boa - Meu filho, a"i*"
'iàt-, d"poit e

- "t'ift"]o-p"o
música? momento mágico' qualqr'rer r.t-,o,r('r'tl()'
Lígia pode chegar a
Nada a opor. Pelo menosr me deixe ofelecer um digestivo, unr A senhora está louca 'A
- Lucano.
Amaro ot tt- tarde Tenros birst''rr'rt(
r( rrrl)('
De amargor basta a minha saudade. Prefiro um corhaque. Você
"Tii;; é cedo Eles vão chegar mais
- para o sofá. \1ir íillrrr. ()u('
tem o Hennessy? O AlÍredinho adorava. u"'" nós. Vamos Nà() vou Írzer umr coisa
oara dessa ..m
-^r-^ r-c<, 'l \rri
c()m .r
Lógico que tenho. Também gosto. Ii.r., nrn.a
- Você está disposta hoje, Cecília. ria esclarecer ulÍ pollto prra a senhorl
""' Você esrá me olerldelro()'
Estou tendo a maior sâtisfação ci'''" dt senhora'
-Você me permite mexer nos CDs eem o que''"eu sosro
lhe oferecer esse iântâr. --Nao
escolhel a n.rúsica? - Se é isso, não
"' "?ii;!:"1il;ff1::]:;:,.
tem Prol
u,,,, u,. "",,,,
Você está brincando? A casa é sua.
- Não, Adriano, a casa pertence a você e a Lígia. - crsit'
é embora clessa
- Você âcertou mâis uma vez. New York, New York, é a nossa
''"n"Ll:?i?,,'i.'ii'r" .t^-, chega! vou
-
música preferida. Passamos lá, eu e Lígia, grandes momentos.
- ã"'el".l filho? Você Íicou louco?
'"eu Até nunca'
E esses grandes i.h,'. Cecília'
- Prefiro não falarmomentos não existem mais?
sobre esse âssunto agora.
-
-Varnos degustar o creme brúlée e ouvir Frank Sirrarr a.
Que tal dançarmos? você vai a essa hora ?
O qr're a-corrtccctr ?

- Não estou com vontacle. Depois desse jantar, csroLr sarisfcito. Nâ<r Oue é isso Adrian<l? Aonde.
-
pleciso dc mrris nada, só rrrrl boa e.rrnir.
- tl' lht t*plit''' vt>u do'mir no c()nsult.rro'
-t";:;,...,,,,;l',i
164 . M()r\l,s (ir{()rsvÁN rAMIt.t^ÍDLjus'165

Lígia, é você minha filha?


- Sou eu mamãe. A senhora está aqui? Petceboemváriassituaçóesqueohoietem.muitt.ldo-<>ntctn.Ni<l
sei se um dia vou afirmar categtlricr'ltltt
tttt'
- Resolvi vir servir o jantar para Adriano. cheguei ao seu ponto e nem
- A senhora tem alguma idéia do que se pâssou com Adriano? Mc ''"' o hoie é
que ontem
parecem que sao v ozcs iarrili-
- T";;" ouvido algumâs vozes que me
encontrei com ele na portaria do prédio, saindo apressado e desanumado.
ares, no duPlo sentido'
Estávamos conversando no sofá, calmamente depois do jantar,
- ele disse que não estava se sentindo bem, levantou-se
'"" õi;!;;4: ;tul:':::,"":ã:1 l"Jl:
quando e disse quc
oor mitrha família' conttnuo i:'i: i,li'iillT!;"?x.lliii
z
vida
ia caminhar um pouco.
Mamãe, a senhora está tão ârÍumada. Vai a alguma festa?
i;'r;: i;;;; iu. .o'nundo'raízes
p'l'-,
".'Lno'
em oart1,1
1lnlra
foi importante porque me sinto ligir
- Não, apenas deu vontade de me vestir melhor. Colocar roupas A descoberta das minhas
- d. à;;;;i;;;'i''i u'" árvore' ao tronco de onde vtm' pesado ctt l
que há muito tempo não usava.
Se o íim é o começo' p"iiro
nao pensar' E muito forte e
o que íizemos e " tlttc
Vou até o consultório do Adriano parâ conversar com ele.
- Acho melhor você deixá-lo sozinho hoje. Amanhã vocês conver- ,.Ii"'t" 'o início da 'ida' Enuol'e
-
"*. ",,'ii"ri,
lli^-"t
com à I'r'ro'tc'
ã.'rr,.t' À,na' sou novo pâra me preocuparneste momento clx
Foi uma experiência rn"t""'"
SâM. encontÍado
Não estou entendendo nada. Parece que o mundo virou de cabe-
- baixo.
para
minha vida. "à-ft
ça Até qualquer dia'
fita que está em ancx( )"
LtTK;" 0.,-t oe ler a outra carta e ouvir a
'

Você está acompanhando atentamente a enrascâda em que Adriano


se
-
envolveu. Não tenho a menor idéia de como vai solucionar a questàí)
entre ele, Lígia e Cecília.
"Querida vovó,
Vamos dar um tempo para Aciriano refletir e procurar saber se Tomaz contava âs hl»as' cltt'ttltlt'
Lemblo-me' coffIo se fosse hoje' como Vtx t'
deu algum sinal de vida. em tu'u t tt"t"' para o seu'qulrto
estava no colégio, para chegar
me enchia de bala e biscoito'
t"d" di' um de urna marca difercntt Mrtrr'r
dos.me us silPrrt()s
;;; *;i,;r"
-'"oo lá cle barxo quando ouvia o barulho
'"1ulieta, ele tti. vti t.trrtt
você está esrragando esse menino'
seu colo e você me contevrt
ltisl.t irts
nada na hora do jantar" l" p;;;
Um mês depois da última sessão de Tomaz, numa segunda-feira,
c()r. ()s rrr('rrs
Adriano entra no edifício onde fica seu consultório e retira do escaninho que esquecia de brincar
do correio um peqlreno pacote, Pega o elevâdor, curioso com aquele pa- ;:;;i;;;;iio "mb"""cido
'*"t:l;:jiJl1"ro' b.lstt tlrt ttttttlt't
cote, que tem o seu nome e sem o remetente. Logo que entra no consultó-
o"u o,anta! você colocava-n. l'rrrtrr tlt'
rio, a primeira coisa que faz é abri-Io- No interior, umâ cârta solta e uma
calça e dizia para qo" naã deixasse mamãe ver - 11l.'r
fita cassete embrulhada em outra carta. - "u antes de dormir'
.h<rc.,late pâra que elr comesse
Vamos ler â cârta com Adriano.
Você foi mr-rito importânte para
mirr' talvez ate mais tl" tlttc ntrtrrt:rc'
ir't
"Caro Adriano, cle que m cta rt t.nitrllr't vcrrl'tilt
nrits ttão posso continuar n'-d'*idu
Antes de mais nada, obrigado por tudo que aprendi e me fez pensar. avó e mamãe é a minha mãe'
Finalmente entendi a sua [lensâgeffr de que a família influencia ir noss;r "" v,;.á foi minha sund'o e procurar reformular o rlcLr cilsirrlr('11lrr
;,,-,;;.
ü;.";;p;".,,n
vitlir. Antes rarde do que nunca. Desculpe rlinha irrpe rtinôncirr c irrtolcrân-
c,,nr Â,gcla -- se ell tnnto'àni'
ii' pela p'imeira ve:/'' r.lIrlll. Pr.P,slrt tlt
ciit. Sri Íunciolrlyrr ent AM, agrtrir cr>nsigo otrvir tlgrrntirs cstaçõcs t.rn [M.
166 ' , ()l\tr (;tr(il\!tlN
r,Á14ll r^ r. r) r \ ' lí) /
pacto de verdade, sem mentiras e segredos.
Se não conseguir, me sepâro c
vou viver sozinho, âté quando suportar. Toscana, um livro com receitas típicas dessa região italiana e cstilvil ( srl
Quanto ao meu filho Rafael, vou procurâf lhe dar toda a dando o que ia fazer para nós na próxima segunda feira.
cia, aproxirná-lo dos irmãos. bu.."...i assistên_
r_ üi;;r;;;ãr't. Você não quer vir jantar aqui em casa arnanhã)
paÍâ os outl.os. ao qr" fri
Não, muito obrigado. Termino o consultório tarde.
Eu me despeço pâra que você fique na - ser uma comida simples, um ossobuco de vitela coln risoto rlt'
saudade gostosa dos bons -Vai
momentos que tivemos. Lembrarei semp_re açafrão. Convidei a Lígia. Ela está tão triste. Não se confor mr conr ( ) lit r( |
de você no iote de balas, co-
locado ao lado da caixa registradora nr'toir, de você ter saído de casa.
p"r, *".|i;;.r, . na barrr
de chocolate escorrdida ,,, gru"t" d" Não quero rne encontrar com Lígia nâ suâ casa.
que preciso comer quando estou -í"h;'.'.;;;;;l;;;; escrirório, - Adriano, sei que a situação é complexa para você. Quiult() .l n)i r,
nervoso.
t.nru vó. parta em paz. Muita sauclade. Nunca me esquecerei quero- lhe declarar que me sinto livre para me apaixonar por q ucrn .1rrisr.r'.
,,^^^
voce. de
Eu e Lígia somos duas mulheres adultas e acho que ela entendcrirr pclfci'
Do seu neto q uerido, tamente. O único a quem eu deveria uma sâÍisfâção, seria o Alfrcrlinho c
Tomaz". que. graçâs a você, eu esqueci.
Cecília, quero lhe explicar mais umâ vez que o men intercssc crl
-
você é apenas gastronômico, tanto que manrivemos o encontro das st.
l
gundas-feiras, só que na sua câsa. O que aconteceu naquela noirc foi rrrrr
Você não acha que valeu a pena o trabalho momento de fragilidade da minha parte.
que Adriano realizou
com Tomaz? Você tem falado com a Lígia?
Sei que vocô pode protestar cle que
- Tenho.
não houve um final feliz. - O que você tem dito para ela?
C( )ntu \erá estít t)ovir err
,--pâ _ caso Angela concorde
)- cesafilen rô ?
uí)
corn o retoÍno - Que estou confuso, que não tem outra mulher na minhir vitlrr r. clrrc
-
Como
vvrtr.., §cir
será a o qesenÍotar
desenrolar dâ
-
preciso de um tempo para me decidir se vou continuar casatlo ,,rr n i,,.
da tntegração
i de Rafael com os irmãos?
Como Tomaz e Ângela vão absorver a Você tem se encontrado com ela?
mento ?
sombra de Rafael no câsâ_ - Poucas vezes. Somente pârâ âcertarmos questões objctivrs lclt.
Será que Tonraz não retornará ao -
rentes à dirrlreiro, necessidade clos filhos.
círculo vicioso entre Sanclra e
 ngcla ? Você não vem mesmo âmânhã?
- Não, Cecília, não adianta insistir. Estarci aí nrr scgruttlr lr.irr.
- Está bem. Ate segunda.
-
. . . Falta saber, para terminar nossâ história, conro está a vida d. noss.
Adriarro Martins. Vamos encontrá_l.
r; ;;;;_;;;J'ãr,.
do tempol ariamente. ""Jl".lji,l Adriano desliga e o telefone toca em seguicle.
Está ao telefone. com quem será?
Vamos invadir sua conveÍsâ.

Adrrano, é Lígia. Como estão as coisas? Como vocô está sc irjt,i-


Adriano, é Cecíiia. Não.nranciei o íax tando- sozin ho ?
- janrar p.rquc
prrixinr.
conr o carcliipio do r:osso
O apart tem tudo e é nluito funcional. Vrcê se esclueccu dc quc
garrhci dc ,,,u. .,,,if,,;i,;. ;.;ir;;;'ll, crrt.r,r,r. -
168 . \.ÍorsÍ( (;R ()r sM N
^
rANlllrA rl r) r rrs ' lar/
com vovó ela me ensinou a cuidar
da minha roupa, passirr,
:Jr1:Í:rT*., âmoroso com suâ mãe. Sua mãe acreditou que, além do meu inrcrt sst
..._ Aqui em casa você não Íazia nada. pela comida dela, haviam outros interesses. Num momento de flagilirll
É,
me acostumei com as facilidades. de da nossa relação, permiti que acontecesse.
- Você Continuo a freqüentar os jantares das segundas-feiras, agora n;r c:rsrr
, . - está nâo quer vir jantar depois de amanhâ aqui em casa? A c.zr
nheira de folga e os meninos váo sair. dela, sendo que o próximo será o último, já que não quero deixar rrcrrlrrr
......- E como você vai fazer? Você sabe ma interferência que perturbe a decisão sobre a continuação ou nrio rlr
que eu detesto congelados. r

:." surpresa para você. eu


- IE inacreditável! _..." uuu fr"ol."i" irr*. nosso casamento.
Não qr.rero me justificar, mas acho importante tentar expliclr rr r rcor
- U.,.", pâra rido. Acredito que adotei e fui adotado por seus pais como mais unr lilho
um curso de culinária. Estou descobrindo
bo."" noyos sil_
para suprir o meu vazio de família. Não me dei conta e fui me envolvcrr
Não consigo acreditar! do com eles, ajudado por você que fez da casa deles uma extensiio (lir
- nossa e que preferia viajar acompanhada deles do que nós dois, orr rr
. -,Y.: lhe rnandar por fax amanhà qualvai ser o cardapio do noss,,
yantar. Vocé pode escolher os vrnhos) Sua adega esrá jntocada, nossa Íamília sozinha. Com a morte do seu pai e o firarâslro do noss,,
forma que vocé a deixou. da mesrn,r
câsa[rento filhos crescendo, você sem interesse em se desclrvolvr.r
o fax, penso nos vinhos que combinariam.
- os
profissionalrnente, sem trâzer novidades à relação, o sexo burocrririe,r
- S-:::l:.*tar
-
!s1ou
lhe esperando sexta-feira à.
Até sexta.
;;;;i;;; d;#". fui atraído pelas descobertas e renovações culinárias de sua mãe. l:Lr c t,l,r
passâmos a ter um projeto comum, um futuro, o que não estâvâ ilc()rl(.
- Beijos. cendo no nosso câsamento.
- Sei que esta situação entre eu e sua mãe é agressiva e oÍensivr r v, ,. t ,
mas foi a única forma que, inconscientemente, encontrâmos de prccil',il.rr
uma rupturâ que pode levar à novos caminhos juntos ou separ,rrlos.
v,rcê csra verrdo.
rrâo remos a mrltima idóirr de Não vou tomar nenhuma decisão por enquanto, temos r1 .rir,, (lu(.
..
var _- Fo,n,,esra histriria.
.,
resolvcr como Adrr.rrr,,
conversâr. Achei melhor mandar essa carta antes do nosso errcontr'o, l)rrlir
Será que ele v:ri ceder à Cecíiia _ que você pense a respeito e nâo seja pega de surpresa.
um..escândalo farriliar, profissio_
societ_ r para Lígi a o u Até sexta.
l* :::':,_:
um :novo amor?:.rornâ -",i;;;;';;; ;: ;:: J":,ffi; Beijos.
Será que ele precisa fazer uma
terapia? Adriano".
Será que ele precisa se despedir
de iua avó?
Retornemôs à Adriano oara saher
qual foi a solução que ele escolheu.
Está escrevendo uma càrta.
Voltou a escrever.

"Querida Lígia,
Depois de muita hesitacão, resolvi "Querida vó,
Ihe escrever pila corrtlr.a verda-
de. Não poderia c.nrr.ariar o Não sei como iniciar a minha despedida de você. A minha bocir cstri
oue falo orr" ,,* n.,",o.iirLà',
teceu naquela noite, quando qu" r.,,n. seca, sinto um nó no peito e um choro preso. O que sei é quc vrri st.r.
saí de casa, r.ri q," ,i".',,'n-,
"riv.rvinrcnt. fundamcntal, no meu processo de libertação afetiva, que eu lhe cliga rtdcrrs.
r,ÀN1lll^ r L) |
I

l/(l . Ntors!1s (iR()rsMAN


"tlttrtl
voz deTomaz perguntandtlr
Os anos que passei com você hoje eu percebo - foram os .1tr, rrr, Sabe qual é o meu?,Ouço ^
marcaram em termos de segurança, amor e incentivo para me dcscrrv,,l de hole, Proiessorr
ôr;;.'; também têm família'
ver. Não tenho a menor dúvida de que o fato de ter me form,r.l,, , rrr
psicologia e escolhido ser teÍapeuta de lamília está ligado à nossu corrlr
vência.
Você foi minha segunda mãe - sendo sincero, a primeim ( ( )r l de Vargem Granrle ';;l
Rio de Janeiro - Pedras l,Il :i;:
quem aprendi a fazer arroz, feijão, macarrão, fritar um bife e unr,,u,'
Quem ensinava e me tomava as lições do colégio. Até hoje, me lenrl,r,,
das capitais dos estados: Pará capital Belém, Pernambuco câpitâl Rc( il( ,
Alagoas capital Maceió e, por aí vai. Quem arrumava minha roulrrr ,'
deixava em cima da cama para eu me vestir, tanto para o colégio quunr,,
para sair. Quem ouviu as minhas primeiras dúvida.s quanto a gârotxs (

namoro. Quem escolheu meu nome - mamáe lhe pediu - e você me tlcrr
esse nome forte, cujo significado me agrada e me preocupa. 'Ador,r ,,
poder, é persistente e combativo; nomc de imperador.e de papa; proctrr.,r
sempre a verdade, mas gosta de tudo que é misterioso; é um grande corrs
trutor mâs, também, terrivelmente destruidor".
Quando você rnorreu não realizei sua falta que, agora percebo, tcn
tei compensar apoiando-me em Lígia e na lamília dela. Com o crescimcrr
to dos filhos, as ilusões se desfazendo - eu precisando mais de Lígia e clrr
de mim - seu vácuo, que era preenchido principalmente pelos pais tlc
Ligia, retornou com a morte do Dr. Alfredo e â depressão de dona Cecí-
lia. Com o renascimento de dona Cecília, através dos jantares, revivi toclo
o cuidado que você me dedicava e que náo recebia cle Lígia.
O meu envolvimento com dona Cecília foi um erro e, âo mesmo
ten.lpo, um acerto que mc possibilitou descobril que eu continuavâ a lhe
procurar.
Adeus vovó. Não vott deixar de procurar você, mamáe, papai, mcrr.,
irmáos e minha família, se.ja em Lígia ou em outra mulhe r. Só que agora
alerta de que não conseguirei preencher o vácuo dc sua ausência e dos
demais personagens da minha família.
Minha saudade eterna.
Do seu neto,
Aclriano".

Gostou do final? Não muito. Se você quiscr - c você é criativo o


suficicnte poclc constnrir o scu Íinâl.

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