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Moisés Groisman
FauÍlra É Dpus
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2a edição
Rio de Janeiro
2006
( irrpvr ighr () MoisJs (iroisrrran
Nirclco,Pesquis;s lrdirora
Av. Nosse Senhora dc' (lopacabanr, (r,:i7, srle g l0
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Rio de
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-fulos
os clireitos res<:r'r'irclos e pr.tegiclos Pcla l,L:i 9.(r l0 de 19/02/ 199g. É proibich e reP.l-
duçio total ou ptr'ci:rl. por qtraisqLrcr nrr.ios! \!ru ,r !r{prü5s.1 .urLrincia d.r crlitora c clo atrtor.
l)csign de ciLpa
Tita Nigri
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Oapítulo I - Holt-. F. ()Nl'L.l4
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Distinto leitor, bom dia! Boa tarde! Boa noite! Deixei três opçôes
- não sei a hora que você lerá o livro olr, Ílesmo,
porque se corseguirá lê-
lo em sua totalidade. Por quê? Simplesmente porque ele remexerá no baú
da instituiçâo rnais secreta, poderosa e invisível existente na face da terra:
a família. Procular'á demonstrar que a família é a Íorça maior clue co-
manda a nossa vida e, para apimentar mais a questão, fará um paraleio,
num ponto e contraponto, entre â família de um paciente e a família d<r
psicoterapeuta que o está atendendo.
É int....rrnte, estranho e inexplicável que esqueçâmos de que nas-
cemos, crescemos e morremos em alguma forma de família. Vocês per-
guntariam quals são as razões para este esquecimento. Várias. Não sei se
vou conseguir explicar nem a metade delas. Convivemos diariamente com
nossa família, e ela passâ a fazer parte dos móveis e dos utensílios da
casa. Torna-se, assirr-r, invisível e âparece em momentos significativos:
nascimento, batizado, aniversário, câsâmento, divórcio (com todos os
seus corolários) e morte.
Nesta convivência tão próxima e íntimâ, absorvemos, queirlrnos ou
rrão, no relacionâmento com as pessoas de nossa família, seja aquela na
querl nascemos, seja com as famílias das quais nossos pais vierarn, ou com
os ditos aglegados (empregados, pârentes por afinidade), os hábitos, cos-
trnres, gestos, leis, comportamentos, enfim, a cultura daquela Íamília.
Tenrenros descoblir o quanto dependemos e somos influenciados neste
rrrovirlcnto relacional enlre nós e elâ, num vaivém contínuo, qlre peÍma-
nccc objt'tivamente r>u subjetivanrente, nts mârcâs que Íicirnt ent rtoss<r
(()r'p() ('(luc grrirrio r.rossu concluta pelo rcstr: da vida. Sc l)rocuÍrtntros
rA\-1ll l,\ 1'' L)l,l \ ' I I
rr rl, r .r , rr.ll ( .l\ (lu( rr leltilitr intl-lt itniLr elr ]tossi:l pcrsoIl:r]ialir(lc. cstare- buo a uma expectativa: a de ser acolhido, recebidÕ, tânto de utrr lrtilo
rlrr) (.rr (l() |.1 ()rllril litct clli rrtOecla, buscitndo frrgil clo sokt rle 0nric quanto do outio, pelas respectivâs famílias, a propriamente dita e a l:ittltí
..rrrrr,,r. rl I |()ssit pf(jplilr teIrir. lia profissional, os clientes e os coleSâs.
J.r l,rJci rlt nlrrs. Vru passar ir pilLâvrit ptrrt ()s pclson:t!!enr pr ileipar. Ligo a secretária eletrônica pârâ olrvir as mensagens, sabel sc eslii()
,lr rr,,ssrr iristirnl c deixar que elcs Íalem por si meslros. ,Anrcs, vou me am;ndo, ou se estou no vácuo. Não há nenhuma mensagenr' Pclo
.rprr's( rtri los. cotleçantlo por Ac{r-iano Mar-tins, que vai puxat-o íio col- menos tenho um cliente novo dâqui a pouco. Vou preparar a agenclr tlit
rlrrt or cl;r n()ssil trilnla. Adriâno tel.It 45 anos, ó psictilogct, tctitpeLlta filni semâflâ e meu o]hâr passâ por um portâ-retrâtos onde está ulna f'rtr rgt rt
Ii.rr. lolnrrrrlo hri 22 anos. É casaclo com Lígia, tanrbém conr 4-5 anos, Íia tirada em Bariloche. Eu. Lígia e nossos dois filhos quando tinhtru rlcz
,r r ,.lrritcta corr escrit ririo cnt ciisir, e e\rcl't tu it lrncnte. fa z plr jetr,s p 11 .1 .1111 ;- e oito anos. Todos sorridentes e felizes no topo do Cerro Catedral, ctrr
11os oLr tanriliarcs. Elcs têm trr.r casal de filhos: Mariana, 1,3 arros, clue sc plenâ neve. A pose turística clássica, com um câchorro São Bernal do ito
Ir'r'pllrr pir[l () vcstibLllar cle clescnho irrtlustt-ial, c PcrlIo, 16 rrI]Os, esru iado. Qoe diferença iroje! Não querem mais viaiar conosco Prefetet.t.l os
cl.rrrtc d:t seguncl;r sóric do segundo glau. Adriano e l,ígia sr,'conhcceranr amigos, os nâmoÍâdos ou, até meslno, a família clos namorados Julgnlll-
c nirrlroraranr clestle o si:gunclo ano da faculdacle. C;rsarau-se ciois anos se i:rdependentes. Viajar com os pâis seliâ um âtestado de que cor.ttirrtt'ttrr
tlcpois ck: forrados e cstir(-. firzendo vir.ltc ân()s de casaclos. -l'ipo casai cr-iar.rças, Ao mesmo tempo, moram conosco e recebem mesada Fecl'lo o
pcr-ícito, feitos unr pilrrt o outr(). olhâr em close no casal. Será que eu e Lígia somos os mesmos de vil'l1c
\i'anrOs e DcOntr lr Adri:rno em se n cot-rsrrlt<ir-io, sua segurclrr casa. A anos atrás? Será que continuamos a nos amâr? Será que ainda tcnlos
sairt é arrprl,r, clirrir c hcnt ilur.t.tjnada. l,xibe unt,r dccolação rnodcrla nrr projetos em comum? Será que ainda temos idéias semelhantes em rclaçãrr
qurrl sobress:ricm unr sofri cle colllo prcto dt'três lLrgales com trôs poltro aos amigos, à família, âo dinheiro, e de como clesfrutâl: da vidâ? Será clttt'
nas em frente, dc linho rústico c coL ntostarcla e uml polrroltr,r centr:rl. aindâ temos tesão um Pelo outro?
também ern cour'()! cor r,inho, forrnanclr) Lrl amLricnte enr scmicírculo.
tc'rtcicl no cent[o l]r-]1â nrcsa corr Llll vâso cle cerârnica, de onrlc sai tLil
rnicrofonc. Nurl clrrs cr,uttos da saia, urna esclivaninha alttille, pequera,
claquclas tluc fech,rnr por cirla^ por nreio cle urra porta cle corrcr-. Foi Viajo no tempo. Surge na minha tela interna â imâgem da igrcjrl
presente dc sua avr'j nraternil, Isabel que, por sua vezJ a Lcceireu do seu onde nos casâmos e por cima dela o título do filme: "Um casattncltlrt
nvô m.ltcrno, que hrrvia sido médico e :l Ltsrlvil ellt scrr consultítLio. ErI inesquecível". Começam â se desenrolar as cenas: estou llo interitlr Llil
cirra clcla, tclefone, secr-ctiilir,r eletr-ônica, porta-retrâtos! duas iitls de vi igrejà onde a incidência da luz do final do dia (são seis horas dir tlltlc),
dco. Na sul flente, urnir crrdcirir girat(»ia. No Íundo da sal.r, u ln tr ipe càrrbjnada com suâ iluminação, produz um efeito Íantástico quc rcalçil
conr Lrlril cârrera dt'r,ídeo. Nas parcdcs, piravuras abstrat:rs. os contrâstes e a sua beleza. A decoração é toda em flores do cttrr'lpo' o
Sio riez horits dl nranhã e Aclrirrro, na cxpecrative do prirreiro cli- que clá um ar primaveril e jovial ao âmbiente. Os convidados lotattt os
i ntc clo drrr. cstá seltado na escrivaninha. l.rancos com suas roupas de festa, animâdos, conversando. O paclrt: j:i
está posicionâdo no altar. A mârchâ nupciâl toca. Está na horâ dc cnlrilr,
iniciar a ce:'imônia, pârâ acontecer o rituâl do câsamento. Um irto tlr;t-
mrltico' Estou de braços dados com minha n.rãe para iniciar () cort('i() ('
Hoje é segunda-feira, dia complexo e do qual não gosto. E o rlergulhal no con:edor que vâi me levar para umâ nova vida. l.t:go rttrris
- dos paradoxos.
encontro Em termos profissionais, no fim de semanâ e venr minha avó matel:nâ com meu irmão mais velho, segr'ridos cle tltt:tt Piti
nas íérizrs caio na i)usão, e na segunda-feira volto à realidâde. Enquanto, e o meLr irmão e ninha irmã colll os rcsll(( li-
corr â Íninlrâ futura sogra,
crl1 tcn'nos fanriliares, acontece o inverso: entro na realidade do casal e da vos côn juge s. Sinto a mão de minha mãe ape rtar ureu braço- O últ irllrl
farrrílirr c volto à ilusão nâ segunda-feira. Estas mudançtrs provt_,canr ansi- rlos filhos "1 se câsar.
ctlitrlc ttnto no íirrr clc sctl'tiltÍt, quânto no rcinício dil scn.ri.tt.ti.t, o quc ittr.i-
l.l . \Lr)r\r\ (it(r)r\!t^N
O cortejo prossegue em câmara lenta. O corredor de florcs me pare- (lu( x rll()ltc nos sePare.
ce uÍna marâtona. Sorrio para os amigos e pârentes, de r-rm lado c do
outro. Minha mãeÍazo mesmo, só que a cada cumprimento ela me âpeÍ-
ta o braço. Sinto o suor na testâ e nâs mãos. Chego ao altar. Despeço-me
rlovo clit'tl1c'
de rninha mãe com um beijo em cada lado do rosto. A minha vontade, e O toque da campainha me desperta desta viagem. É o
sinto que a dela tanrbém, é dar um abr:rço bern forte e apertado para S"rl1r, ,"n h,, diante àe um primeiro encontro uma
mistura de etrr( )\i)( \ '
" rcJçit) 'l()
bater um coração de:rtro do outro. Vejo nos seus olhos que ela esrá emo- rprc sc traduzem em leações pâradoxtlis' Por um lado' ul.na
outro lrttlo'
,,,,u,,, qu"r"ndo permanecer no conhecido, no familiar'
cionada. Eles estão marejados de lágrimas. Dirige-se pâra o seu lugar no Por
não familiar' nurltit nova hislrl
altar, ao lado do meu pai, não sem antes roçâr a sua mâo na minha. Da t'rr-r.f 1.r.,r"trur.,o de..onhecido, no
minha posição vejo os dois, sérios e compenetrados. Meus olhos molham
"*fi.,
;i;, t.lr',rrt" n,rva ,elação Será que vai dar certo? Será que vorr c'rttst'llttirtt
por ele? Será que v«ru.consegttir' 1'tct
e o peit<-r fica cheio de angústia. Como será a vida dos dois sem a minha Prccncher âs exp.a,uiiro. trazidas
c
presença ? Marnãe, preocupada cotrr os netos, principalmente com os fi- chcr trinhas expectativâs em lelação a ele? Quais sentimclltos l)(:llsrl
lhos de Bebel, minh?r irmã. Enquanto Bebel trabalha, mamâe vai prr.rr a nl"nt,r,, .l"rp".tarci nele e qltais ele despertará cnl nrinr? I-lilvt'tri'
casa dela e cuida delcs. Papai, aposentado, lendo jor:ral, vendo teJevisão, ittcvit,rvclmente , rttl choqtlc dc itltetesscs: elc procttrll
tttllrt stllltçito sitlt
jogrtndo paciência. Os clois niio se falanr há anos. Nenr rne lcnrhro dcsclc Plt's u rcllrtivittlrcntc rápicla Pâril
o scLl problellrtr' coltlo sc () tcl-illx'tllrl
lt
16. MolsÉs (;t{()tlMAN
ii -
Adriano Martins.
( ) rrhor rne desculpe ter esquecido seLr nome. Foi minhrr rr u llr,
se r
AbÍo a portae deparo-me com um homem aparentando conseguiu sua recomendação com uma amiga dela. Mandou-rlc
-^ ..-
ar cansado e preocupado. E.r.rd;
ter entre 45 fitx o seu nome e telefone, que joguei fora logo que lhe telefonei.
l,t*l.i:::
itutolr atrcâmente. peço para ele enrrar c, já ";;;,'; qual retribui
, n;io foi a minha mulher, ex-mulher. Tudo foi tão rápido e há tio
no interior da s,rla, ele fica de
pé se'n saber onde senrar. Indico que l('nlpo que ainda nre confundo. Saí de casa nâ semâna pirsserlrr.
ri pna" ,.r,rr-.. niil
i.."1r,,
moda-se no meio d. soíá, dando a i;rp,:"r.r;;;;;r;."rrl"po,o,.otroA.o_ Iioi sua a decisão ?
no Não, não foi. Minha mulher recebeu urn telefonemâ anôninro
trente gue esrá siruadâ nurna posição
-
lnfornrando que eu havia tido um filho com outra mulher Fez um escin-
..n,rrl,
também nir me sinto à vontade. "r,r. àurr-,i,,,rr., ond. dnlo na Írente dos filhos e me pôs para fora de casa.
Você teve realmente um filho com outra mulher?
- Tive.
- E o que você está pretendendo no momento?
-
que me desagrade a posiçào centrai, Quer:o voltar para casa, para a minha família, minha mulher c os
,Não
cando ou, no caso, sentado nr,, lrgrr.,,,
desde que esteja me desta_ -
ürcus Íilhos. Lá é n.reu lugar.
que prepondere sobre as ourras.
;;;;;;irr:;'.u,ro .ni'rhr,
euando..,ou À.ri, " -Eoseufilho?
f,ifti.or,.ir"- ntanutcnçi..
senrar_me "*
ma. I ea,t rô.. công resso, aviào. preíiro Não vai faltar nada a ele. Vou me encarregar de sua
p()ntâ da fila. Nào gosro de me sentir
nr,n, .^.1áiro larerai, na - Não era bem isso que estava perguntando. Era a respeito dc conro
apertado. S"..tou'-nun.,o rod",l. -
lcrá a integração dele com os seus filhos e se a sua mulher ou ex-rrLrllrt'r,
conveÍsa, dou um passo atrás. Desde
arirrç" fr.u* irn"orgarn ,u. f.rrrr,
nas rcun.iôer [arniliares, na esco]a. nío está claro ainda, aceita a existência dele?
Atribuo eqre .orrrpor,rin"n,., ,r,o
de ter.sido o caçula durante oito anos, Esse é o problema. Ela não aceita o Íato de eu teÍ tido o filho c
cr-lm uma diferença cle quatro "o -
para o irmão que me antecedia, cercado anos Itiio ldrnite que eu volte paÍa câsâ. Até se conformou com outrâs rlvcntu-
de todas Acreditava
que seria o cenrr.o perrnanenre das arenções "";d;;, que Iíls cluc eu tive. Eu prometia que não ia fazer mais e ela me davir ()Ulril
tez corn o nascimenro da minha
frrii;r.jirra"
a, se des_ cltrtncc. Dizia que fazia isso por causa dos filhos, pârâ mânter a fanrílirr
irma, a tn;ca
f,f frl rnrji.r'" o desloca_
de atenções por pârte de minha unidrl. Não deixaria que eu destruísse tudo que conseguimos c()nsrnlr
:n:nro
par porque a lembranca oue renho
,à. pr;";;.'ii.i.,,f"ln.lo .", cot'lt tilnto esíorço. Agora, com o filho, encerrou sua cota de colnprct'rr'
é dele sainào, qrrra" a'"ir, e
drr do r.rbr,no, qr"rán chegan- sio. Não quer mais saber de mim e nem me ver.
esrava acordaclo. N;r'f..;;.;,;rarrzr,
estava descansando ou saía ", com mamãe. ou ele E os seus filhos já conhecem o irmão?
Saí clo centr.o e fui colocado à - Não. Meu Íilho não quer falar comigo nem ao telcíonc c com u
Mamãe não conseguia dar conra d" ,ró, -
:ils"l
rÍrârs nâ casâ de vovri, rnâe dela, ;;;;.;,rssci r ficar rrrirrh;r íilhl consegui falar apenas urnâ vez. Estão conr raivl tic nrirn, tlo
corr qucr'r acabei nrorantl, xtó ()s 16
.,.s; .cp.is vrvri;rc,>cccu c voltci . ,r,,;,,,, .,;,;,'';;J;'i. littlo tlrt rnis.
ir,'rrl,,,r,i" u.n_
f ÀMltlÀ | l)lt \
- Eu sei que ele é rneu filho. Ter.n a pele lnorenâ como ela e é a ll
minha - cara. Fui o primeiro homem da vida dc Sandra. EIa é louca por r, I rrrrr.r ,
;:"',",::t,l't,:l'.1::l'111"s0"'
, I, . 1..r,es<lrtitcla pel.rs trirrcls
,, ., ';';';i', ;l;;;i, :.,i"::;":i:;::j,;'l,l;',:,i,i
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, . I . I I |,
rll nossa h,.l:],,:ll','.',',,',
,
mim. Vinte anos mais nova. Eu com quarenta e seis e ela com vinte e scrs. '|i rr l r r\.r,t.r\ , llr n,,\s.r persônalid.ldc, que
ue se manifestan]
manifestam no prt.scr((.
,, I r,.,,, .,,11,. r,strrbeieccrnos. Dr.r.\r.llr,.
Mesmo achando que é meu filho, estou querendo que ela façâ o teste d()
DNA. O único momento que fica ofendida é quando toco nesse assunt().
Estamos juntos há dois anos. No princípio, encarei como mais unra tL
minhas aventuras. Um dia, ela me disse qlle estava grávida. Fiz de ttr,lo
para ela tirar. Não quis e argumentavâ que nào ia querer nada de nrirr, , , rr rr, r, r,
Íotlos s( )lnl )s :t trit \:es5â(los
[_r<tr tt In,t LÍ Ilz_ \ ll, t,, t, ,
somente o filho. ,rl.r ,,,llr(. r.ivcnt.s e i,i t,.,.,nr,r,itiá,,
,,,,,,,,,,, ,, r.rl,rr,. rrrir,5.,,çs1i.il1yr, p.:1,,. ,,;;rr,;,. l,
Vrcês não evitavam? I""1.1".1,..,, J;,;;."r. .,.';,.' .,
- Sor.r da velha guarda. Detesto can, isinha e ela dizia que suirs 11r( r'. , l,r .t,,lr.r ,1rr,, r,irt,llei.rDtos c Colltprrtilltarll,,.,
- \ l,.r .r,
truações eram super-regulares. Quando estavâ na época pcril;,,t.r, rrr,
avisava para não gozar dentro.
E como você a conheceu? ,,IItl lllr),,.
- EIa se empregou como caixa da rninha loja. Desde ()
l)r.nr( rli
-
momento que a vi, senti uma atração forte. Até hoje o tesiio n.l, Ir.r', ,r rrr
Não sei explical isso. Quândo vou visitar o menino, ní)s transanros. ( .) rr,r tr
não Íalamos. Eu já não sou de muita conversâ e ela nrerros urrrrl.r I ,r ',,, r ,1r.., | ,lLr, \rtr.t l(.\lt\ ( ri\l(). Istrrrr |r.rrllLrr r,l,
corpo dela que me atrai. O carinho que ela tem conrigo, scLr ilr)l(]r Ir rrl
dicional, sua esperâ, colno ela se entrega, como ela trcpa. |, l, , , , 1 , t rr , I r
.
t \, l r ) o \ l t \ r ,|,t(,r tr,, l. lrrll
)(.
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A titrica coisa rlut' el,t rrr pcrlc ri tluc,.:tr litlrrc rlris urr l)()rL ' , I , ,,, l, , Lr, , .l.ri,, rrrl,rrrr,l,,.. ,,,.,,r.,, ,1,, ,., l, ,.,,
iligo qtrc vott ct'tlroll. O tlttt'voctrrtclrrt tltrL' r'rr rlcvo l,rz, l ,',
Íic:l sorrt'rrlt'conr rr rrinhrr nrtrllrcrI Llr'11,tr rr nrirrlr,r ltrrllr, r ' l, l,',,rr,, | | rr ! i.,.ttr,,l| rrrl].r rr.s|r ,,,t.t
rrrrlr r t,
,lrri' Nrio tolsrqo vivt r sclr rls rltrts. lti tt nlr.i Prrss lt ll)r .,r.rr rrr I
'lr ,r ;, rr r ' . r ( ,,rr ,1rr rl ,l.r., ,lrr.r,,,.rr
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.t \,rrr,lr,r ( r,rr) (i)n\{ l',llr. i\},,,,r r r'rtorr L,)nr \.lrrlr.r (. r LL, 1,. ,,1,,. ,,, \ rrrrrrlr r
;,;,,1,, ,.t.1 r. \ l( (. l.rzr r rrrl
'rrr lrrrrrlrrr , , rÍr r,l{.t ,1rr.rl r. ,, ,, Lr lltl.rr
FA M I l.tÀ l:. rrr'Lrs " ll
r('r,il irlrisl(iriil e o (lue está repercutindo hoje, dela, na sua vida; principal- Não acredito de onten.l. Estou vivendo é no )roie, n() (lrr( (
niss<-r
lr('nlc no <1rrc sc rcfere a dúvida entre as aluâs mulheres, a relaçào com os palpável, concreto. E outra coisa, família o escambau Estou ó prcocttl''t
st'rrs l:ilhus irnteliores e o nascimento do filho fora do casamento. Darei
ào a,,n., minha vida. Não dependo de ninguém, tnuito menos rl'r rrrittlt't
strll,( st(-)es, que você seguirá, ou não, no decorrer do nosso trabalho. "
fanrília. Sou indeper.rdente financeiramente e ainda aiudo mitrhtr rrrrtt't'
O filho Íoi casual, um acidente de percurso. Não acredito nessa uma de minhas irmãs. Quase nâo as vejo. Deposito o dinheiro lr:r c('rrl r'
-
história que a família mârcâ a gente e não estou inteÍessado em mexer no Não é a falta de contato Íísico que vai liberáJo cle sua flnríli'r'
passado. O pÍesente eu vivo, o passado passou e o futuro a Deus pertence. -
Então, está bem. Não vai dar pârâ colltâr comigo. Não sci traba-
-
lhar de outra maneira. Vrcê resolve. quando sair daqui, se quer marcâr
ou não a próxima consulta. Caso resolva positivamente, me telefone e
Não é o hoje que importa e sim o que ficou marcado no scLr c()r'l)()i
agendaremos uma data conveniente para r.rós dois.
na sua meÍlte, no seu slll1gue: as experiências que você viveu colll 1r sllil
Não. Muito obrigado. Vou resolver âgora mesmo. Sou um ho-
- família desde o seu nascimento até â âdolescência' Em cada utll de tlirs
mem de negócios, prático. Comigo é preto no branco.
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elas ficam irnpressas, colno nlarcas dc um carimbo, semelhantc àqtrt l'l
Você trabalha em quéi
- Tenho uma loja de material de construção. que o boi ....b", qo" significa que ele pertence à Íazenda X, enqtrarrl()
- Intelessânte. É urna profissão parecida com a minha. configurâ para n<is, humanos, que pertencemos à Íamília Y Cot'tt ttttrrl
- Nào esrou cn r endendo. pequenâ diferença: a marca do boi é visível, enquanto â nossâ otr âls 11()s
- Aqui van.ros reconstruiÍ a casa onde você nasceu e se desenvol- sas são invisíveis.
-
veu, sua família.
I cahcç't
rll)rlrt h()tcl. N:ir> consigo nre adaptar. Vivo com algurrras Íoupas nc, car- se abrir e ele entral, sentâva encostâl'ldo-se nela' abaixava
ro, ulgurrras rra loja e outrâs no apart. : âs DeÍnâs e adormecia.
E quenr coordenâ essas casas? Imagino que a vovri Maria deve O que isso tem a ver com família?
( still id()sâ. - É.rm sonho que costumo ter, com algumas variações' qurtttltr
É o filho dela, o pai da minha mulher. Ele nâo faz nada sem - d;;;; oo ulgr-u expectativa em relação.a alg'léi "i "líi"T lll."
-
consultá-la. Ela quer saber de tudo, dos consertos, dos impostos. " impotente e remetido à infância qLr:1rr(l() I
na.,."'.aulirr]Sinto-me
Alguém paga alguma coisa? rairmãnasceu.Comoseunascimento,fiqueicomosentiÍllenl()(l(.
- Não. É tudo por conta da vovó. Ela recebeu a vilzr e uma boa prtrrt
- ir'"rf, p.tãfa" a entrada na família' A porta havia se fechado
herrrnça do piri. E tem mais um detalhe. Todo mês ela manda entrclaar em . Tinha ficado sem famí!ia'
caclâ urnit clas cirsas, inclusive da ex-nora, uma corrpril de supernrercado. I f.p..ut"ça" demais para o meu gosto Já lhe expliquei qur'-s.tt
p.r..'r-tat."'" terra. Lido com mâteriâis consistentes: ferro' cirlt
rr-
Eu queIO sair cle lá. Compfei um âpitrtan'teltto em constrnçâo que cstâ
pÍolrto há seis meses e a rninha rnulher não decide se quer se mudar ou oedra, tilolo...
ttão. Agora corr essâ confusão toda é que vai ficar mais difícil. ': F^;; b.-. Vou errtào lhe explicar meu método de trabalho'
nrótotl'r
Fantástico! Em pleno século XX, no Rio de Janeiro, uma comu-
- familiar entre os espigões anônimos. Áht Ót;mot Não sabia qt" utn tttrrp"uta explicava seu
nidade Você trocou sua família peJa -o cliente.
trata-
dela. vou lhe propor um objetivo a ser alcançado como
-Também
nrcnto, com o qual você concordará ou não,
denro de um prazo dett-'rtrti
nado.
de utltit
Er,a começando a ficar bom' Parecido com â consttução
Ninguém vive sem família ou alguma organização que a substitua. -
.nru, aà -ii tijolàs, um milheiro de telhas' cinqüentâ
sâcos de cimt:nto'
O ser humano que procura, desde o nascimenro, caminhar parâ â sua pia, privada. bidê... , -,:,-^r mas t st't
independência é, ao mesmo tempo, um ser dependente e relacional pois Só que a sua casa tem Paredes' telhadÔ' porras' ianelas'
necessita ter um suporte parâ o seu desenvolvimentr>. Mesmo aqueles -
vazia. Vou ihe aiudat â preenchê-la de móveis'
ohietos' utensílios' otr
que não têm família, a substituirão pelo Estado, por alguma instituiçã<r seia, vou lhe apresentar as pessoas que vivem
nela'
--'-'- the pâgândo para você go7-âr c()llr il
ou, como no caso dos meninos de rua, que se organizam como uma famí- Você está brincandà. Estou
na minha casa? Nirr
lia, com líderes e liderados. minha cara? Como é que não conheço quem morâ
quem morâva no apart-hotel onde estou no tllomento'
-"
conheço
!rLrmir lill
Và.C não está entenàendo' Sei que estou lhe falarrdo
Lá vem yocê com esse negócio de família. Você sabe que essa slrâ -
uLragcrn difcretrte da qual você está âcostumado
-
insistência me irrita? ""-";;;;;;;; ;ma casa do passado onde habitam personagens Íantilirr'
consigo e que' senl p(:lc('-
res, vivos e tlortos, que cada urr de nós carrega
..._
Lamento. Não posso fazer nada. É o meu referencial. Até durmo
quc t()l11ill)l()s
pensando em família. bcrrnos, influenciam atitudes, comportâmentos e dccisões
,ma colcçã. tlc íil
Você quer dizer que sonha corn família? Sua ou a dos outros? n,, á..",..",.clo cotidiarro. Nestu."sa está arquivadâ
- Pode ser uma ou outrâ a partir tlc ttttt
opção. Depende com qual delas estoLr ,lra, ir".ifi"*. que são projetados numa tela interna
mais -preocupado. Sabe qual foi meu írltimo sonho? clisparador cxtel no.
pcss()ils
Nâ() tenho a rnenor ideia. Na casa d() pfesentc, que existe obietivamente' circulanr irs
- Erl um girroto batcndo nLrma portâ de aço fechlda, (plc cstilvir quc vivtrnr trcl:r e os fantasmas {anriliares quc estão ilcoplâdos
nclâs'
-
Ir0 rleio clc urn Druro irlto. Finirlnrcntc, cxilLrsto dc tirnto l)xter puril x
fAMlll^ I rrr'r i " 't
"
,r t, . rt,,tst\ ril()t\\r^N
criadas a partir do clescimento dos filhos, vão provocar o encontro de 'r vrrriitvat quando a avó estavâ presente e preparâvâ unr bifc tlc lilt'
pessoâs com pactos diferentes, que cada um traz da sua própria fan.rília, n r1r frigideira, com pouca gordura' ou urn íilé de peixe. qtr'' "'
a mcaça n do esres pactos originais. rct clc lirruuado. À noite, a avó mandava sopa de legu:rres' Na horrt
,,,rrrr,l.r lr:rvilt sct-rrprt discussãtl, A tllire (lLlcr (lra tltltlt glrttltlt t"zr
-
insistia para que elâ provâsse o que havia feito: rabadir eotlt
-e polentà, áobradinha com feijão branco, feijoada, peixe à br"rsi
Ag,ora, precisarria de Lrnra fotografia do scu casantento. Por acaso lilritlc fraqgo à parmegiana, e ela nada. Cheirava a cotnidrt ct'trtt'
você -tem
()
? l e dizia que queria a comida da avó. Eu me deliciava com qtr('
Tenho sim. Olhe! E uma fotografia da rrinha lua de mel. Quanto ,r l)r.('l)ilrilvâ, prir.tcipalrnente porquc manlãc sabia, nlirs l'lã() g()\lrr
-
felnpo! Virlte e quatro anos. Passou despercel'rido o nosso último.rniver- ,,,,zinlrrtr. Só fazia con-ridas diÍerentcs ern ocasiires espcciais l)r'Ir'i\
sário de casamento. Nem tinha me dado conta. lrrt.r (llscLlssilo, come não cotle, a ttrie tr-lrzia da cllzitlh'l l t tttt''
E uma fotografia histórica. Nós dois abraçadinhos na porta clo hotel, tlir uvti. Com urn detalhe: ela reconhecia se tinha sido a mãc ott :t
em São Lourenço. Tempo de vacas magrâs, grana cur-ta. Antes do casamen- ,lrr, lr,rVirr ;rrcparirclo il câInc nloídâ
tr>, fui perguntar ao meu pai em que ele poderra ajudar na lua de rnel. O \,,lt.rrrtlo i lrrir cle trrei. você sabc c1r'tc cu gttstci trtnto tlrl cotllirl t trrr
velho vivia da aposentadoria, que ninguém sabia quanto era, e tinha algum rlrrt'consegui com o cozinheiro do hotel a receita dtt ftatngo ct'trr
guardado em caso de necessidade. Sugeriu-me que fôssemos para São Lou- rr 'lirrnci-rre tl!.1'l cÍpclÍ ellt prepar-á-lo. Vrrcê quer a reccita? Nrto scr
renço ondc tinha passado a sua lua de nel. Conhecia o gerente e conseguiria \",, l,,ri.r tro titttc dlt nrinhrt ntttlher()Ll se gost:l i1c crinritl ts vrtrrrtrl t"'
urn desconto na diária. Quando argumentei que São Loufenço erâ um lugar' ,\1,,,. i<, .lifcletrtes tiptls c|: crlnlii]r. F-rn oLltl-o nl(ril1utlr()' \t' ir' rrr
para velhos, meu pai retrucou qr:e seria bom exemplo para nírs, pala âprerl t, rrrl,,,. Irorlctttos trtlcllr leccitrrs.
derrros colrto é impoltante sLlpeÍâr as adversidades que toc r casal passa c, r tllrrrr,l. l)irl11 i1t()t()grafia cla su,t lrtrt dc nlt'l e iechrrtltl" .s rrllr"'
nos mantermos unidos na velhice, para um fazer cornpanhia ao olltÍo. r , { ll.l (lll('VClll llil Stlâ mentc?
Meu sogro pâgou âs diárias do hotel onde já estavam incluítlas as N,,\ lr',llrsalld() llrgo qtle chegall.los no lrotcl. Ac]rtt'l;t trtPrttl'r l"rr
:'efeições. Nunca tinlra entrado num hotel como âquele, ill'rponente, con] ,1, r.rrt,trlrt. rlt gtrtttclc cxcitaçio, Plrlccia qLte tllll (iIl('l lrl ('()lll( l t) r)r
duas piscinas, fria e quente, banhos sulfurosos, hidromassagem. Nas rc- \ 1,r r r1 r'v 11111 I t,.t.lo cl tte poclt,lttlos f,rzct.
1 11
feiçires, era senrpre o mesmo gârçom que nos servia trazenclo a comidir enr | ,,r .r lrr rrrrr'rrrr ve/ (lLre frill'lsillll()s clileitll. .\ irrrllilie rril ll)llll() l( llrir
bandejas para a mesa. Não existia essa impessoalidade de cornida a clLrilo. , , rrlr.rr r.r,..r1r,.ç,t tlcla tluc rcllçlio scxuiri stlt'ttctltc.tpr-rs r'..tsrtttl' tr
O cardápio, logicanrente, era na base dar comida mineira. Queria pr',,v.rr lrr!,rrl( () rr,rrrot,r frtzíirttt<ls tlc ttttltl, Illclll)s ll pcrlt'll,rç,ro. \/t llr"'
de tudo um pouco. Frango caipira com quiabo e angú, frango ao nrolho
pârdo, feiião tropeiro, tutu com lingüiça e couve, costelinha, canjitluinha, !, )( r' Í( r) itrrrt loloÍlt rtfirt ,tttlltl tlc vocô l' sttlt tllrtlll(. ri
vâcà âtolâdâ. E as sobremesas: ambrosia, arroz doce, doce de leitc, de It, tt.r r'tt I'r,,\ 'rr"tt'. li'ttl ,'st r :r,1tri.
mâmão verde, de abribora; compotas de figo, pêssego, larrnja drt tcllu, N.r,, r' ttttt,t l,totlrrtíi;t (lll( \'()(( \ tl,is t'rlli.ttlt ltrttlittlt.s. lr"t'r"
rc,,trtpanhrtdlr de qLreijo rninas e reqrreijio crenrr)rir). , ,,,.,,r'lr\ lrllrrls. ()rrll lrri trr,rtl:ri
.]á a nrinhrr nrulhcl passou íotrc. Fazia clll cle nojo tlrrirrrclo rr conri
,l
sa
. -Num almoço de domingo numa churrascaria, quando estávamos
indo- r ,r.,.1 11.1 1,lql,1 a lrlc âcontecer Não concordo que a minha siturrçio tlr, lr,,1,'
O que observo é que os filhos estão entre você e sua mulher e, ',, 1,r rlirr.rl à clc onterr. Airistória do filhoé uma coincidência, () (lu( rr(()n
-
e.nquanro ela abraça sua filha, e esta abraça o irmão, você t' ('r l(,i
( Lrnr acidcntc de tratralho.
está afastado Sc vt>cê:rão está conseguindo erlxergilÍ, é rrrl drrcito strr. Vrr,,
do seu filho, sent se tocarem, conro se estivesse for-a da família.
11il r,r,, r'(liÍ:cÍentc da maioria dirs pess,,ns quc vccm! rlit,, lti,r rrtrl,rgrtur. I I r
- Vucé vê culsas olrde nào exisrem_ l rr ,lilcrença cntlc ver objetivantente e enxelgilr subjetiv,r nrcn tc , rs *, r ,..,
r.r
Vendo esta fotografia e fechando os olhos qual a cena que
-
na sua mente?
surge rtls c ns suâs relações. Prlr isso chanto a tcrit pia que rea lizr I tit Psr. , ,
Irr rr r r.rr
,,lt.rllrolrigica, nil qu:rJ um dos objctir.os é irntplial sua yisrlo.
_- Saindo de casa, expulso, após minha mulher ter recebido a notí_ i\ hora não é para brincadcira, I)oLrtor Adrirrnr.r!
cia do filho. Dirigindo err.r alta velocidade, desesperado, com vontade
de
llill li lo8âr o cârro coutfa o poste. Vrci tcnr razão. Você irindir não tenr Luli:l ccrta rlrstâncil tl,,:,
Hoje é l,rt(,\ (l( sul vida parar pocler rir dcles. Torlar-se urn espcctrrtlor rlt r',,,,
- Nâo en Onterr.
tcndi. rrr,.,rrr. dcntro dc sua família.
- Coloque as fotografias em
seqüência em cima da mesa: a da ida
para -o colégio, a da lua-de-mel e a do almoço de dornirrgo.
rl/il1r Recorde_se
das cenas evocadas por elas e procure observar se não liá
um fio que,
partindo da_primeira fotografia e chegando à última cera, produz As relações que estabelecemos com a Íamília na qual nascemos sio
uma
amarração de um tema comum. lt mâis importantes de nossa vida e vão representar a base de nosso
Ainda está muito complexo. Você pode explicar cle uma forma cont portamento futuro.
-
mais simples? O hoje é ontem com outro cenário, outra roupâgem, olltros pcrso-
Há um temâ comum que é o da exclusão. Na primeira fotografia nlgens, só que a essência é a mesma.
você -é.excluído do colégio por sua mãe; na ccna 1 .ur
iilii --ã"
,. sente exclu_
ída pela sogra e pelo marido; na cena 2 sua mãe é excluída pelo
maririo e
pelo "trabalho'dele; na cena 3 sua mãe é excluída pelo
márido, amante
e filho; na cena 4 sna mulher transando na lua-cle-nrel _ so_ Não acredito. Na minha vida mando eu.
Quem ntcrrs decide os
- vocêe eacreditando
n'rente os dois existindo que as suas Íamílias estarvam de
-
neg(icios sou eu. Sou o chefe da casa e todos são mantidos pol r.nim. Niio
iil/r fora, excluídas; na última Íotografsa você se colocando .*clrído; íoi ern vão que lutei para ter o patrimônio que tenho hoje. Não accito
n,
sua mulher," ao
cena final você sendo excluído da sua família nuclear, por crta suâ idéia do comando farniliar. Isto me pârece progrâmâ de corr-rpu-
mesmo tempo que você os exclui ao ter uma amânte e um Ínckrr, de que iá estaríamos pré-programados pela família.
filho.
E quanto à minha pergunta, qual é a resposta? Vou radicalizar mais um pouco. Sou tão fanático por fanrília quc
- Acredito que a suâ expectativa olho -pâÍa você e não vejo uma pessoâ nâ minha fi'ente.
il11
. - é de que a sua mulher se compotte
da mesma fornra que a sua mãe agiu em relação Como é que é? Ah, ah, ah! Foi a piada do dia. Sou invisívcl. Nio
r"o pri. V,r.ê, uolt"- -
riam a morar juntos, o casal ..esquece', que você"otem um cxist(). O que é que eu sou então?
filh. fora dcr
casamento e os seus filhos url novo irmão. passariam Irraginando um caleidoscópio, você seria o resultado da colagcrrr
ro de aparéncias como os seus pais. Bastaria dar uma pensâo
a ter um câsâmen- -
tlaqueles pedacinlros, que representâriam as várias geraçírcs dc sua fitnri
mcnsal a ser
deposrtada nâ conta da màe e estaria encerrada qulstão. liit, pais, avris, bisavós, tataravós, até onde puder descobrir seLrs irnccsrrais.
n Até clurrnclo?
ll Ninguérn saberia dizer. clizel que sou cnquinho cle Íamília?
Você estii completamente doido. Abandonar o nrcrr
- Qucr
listc ó o dcsafio. Descobril as repetiça)cs fanriliirrcs c, ir{) nlcsnl(,
,
Ihriir-nrrnca! E ficar igual a paprri ç rnlnric, ncln p",,r..rt
filho, nâ<r -
tcnrpo, dr'scnvolvcr surr originalitladc tolnrrntlo-sc rcalnrcrrfc unrir pcssoilt
S,.,:i" rr úlrillrr
cottl t(xl,ls rts rlili'rr,trclts c solttclh:trrc:rs ílr(, t{'r11(}§ r'rrrrr r rrrrs,rr Í,rr1ríli,l
34 . MorsÉ:s cRotsMAN
fAMÍlr^ lt r)l,us ã,1 5
dizer que, cc-rn.t tuclo issLt quc você explicou, se bobear cu rrc lrrzia o relâto do dia, na hora do jantar. Depois assinava os chcilttt s,
- Qucl
n;io tenho nome, não sou eu l F. r'ttttt,, .utr. il ,le c.tF,,lir l- uruil.r rrl.e. rr- .rtlorrnecia vendo televisão e minha rnulher me chamâvâ par-a ir l)irt r :r
Itçào parl lreu gosto. (,rrr. No outro dia, eÍa â ntesma coisâ. Sempre trabalhei ntLrittl pilt't tl'tt
r orrl'otto à minha família.
\,'ocê terl algrim exemplo prrra me provar isso?
Vbu ll.re .lelt.ronstr,rr atr,rvés de l lgu ns exrnrplos clc ciestlobranrcn_ E no fit.ral de semana?
- - Precisava descansar pâra agüentar a batida da próxinlil scrrrirrrir
to da relaçeo dos filhos com ir farníiia. F,xistt,rn aqueles qut vivcm com os - uma saída com a minha mulher
pais torlir a vida, depcndendo (|.-rrn(,tItrtn-letrtc Lru ni(, e! Illesrn() conl a ,,rr rlrrr
sua nrulher é tudo para vocô?
molic deles. continuâi1r il rrorâr ne mesrrà casa collo se fossenr os - Então
Esse é mâis Llm dos seus exageros.
gtrardiõr's tlaquele nruseu. Outt-,,s rrir, L()rr\t'ljiLcll :.rir cnr rit.tutjc cic, do- - Não é só para você. Acontece cot-n n'ruita gente boa. Vrcô jri tlcvt'
cttça nrcntai, cqrc se c;-oniíic:r, dcpcndincia quírnic:r. alcoolisnro. suicíclio - no jornal casos de homens que, âo serem abandonaclos lrt l'rr'
vo]rrntiirio ou irvolurrtário (acrrientr-s dc clrro ou rnotocicicta. por-exccs- tcr litlo
so dc velociclade). L)utros tt orâr.Ir enl outr.o loca], c{lsrrdos ou nio. r c()rl nrrrlltcles, ficam desesperados, mâtam a mulher, a companheirâ oLr rllllilrrÍ(
(. s(, nrltrrl-n em seguida.
tinuam a clepcnder ccon o nr icrrinente dos pais. avris, ou dc hcrança dciracla
pcla farrília. - ll, de vez em quando leio uma notíciâ dessas.
. J.,.(,.tr- nleCr' \r)nt( le CO,n Utttl ittinQfi:. '- Você mesmo pertsotl em jogal o carro contrir o postc.
Nurtcr,t firt-ia isso. Prezo a mitrha vicla.
-
foi o destino. "Foi Deus quem qr-ris". Niio se cogita cla forç:r rlrr frrrrília. rri,!,, nunr ( L r'l() llr iltr. ( illatrL iils (llr( 1tllz( lll()s rlL ttossll Ílltltt]t.t,I, ',tr1i, rrr,
scja pirra ajrrdar-oLr bloqntal o cfescinrcnto tle rrlgtrnr tlos st,us rncrrhr,rs. I rr.l o r()\so Ir,ttrr'it() l)tt l)ilr(('ll l,(()lll ,l 1'\l)( ( lilll\,1 (lt,1tt, lt,'r, "ttrl'l'
Ni. t, (.)rr.rrrr|. (\I{ 1|rlr , , , r I , , , . , , , , r r ,l r '.(' ll.tll!1,,lttr tttl lltltttr lr
I , i
irrirlrrlc ,r.triclrrt ist;r rl. rr. ],, rlrrt
|
1111'ç1111ll5 tl)r'rilr rr rr Í.rrilirr .rr rrrt,'rr,,r. l t t r l t t t , ( , '. ( rrrirlr.l \, Irt,,r).t. ( \l)(, i I r)l rrl.trt,l,,, lt,.l, , l'.rr, 1l
r t l
l6 , \t()r\r\ (,R()ts\r1N
FÂMÍr-rA Ír DLUt o .17
,ll,:::,.,11,1].,1, (lLr(. nLuna r:anra de casat N;io nascemos para o mundo e sirn para a farnília. Dela conscgt,,,,
.,,,. ;1.,,, (1,, c.r\.rí, pclo mcnos
sri existern cluas pt_s \.rl lr:u.r ,' rtrurrdo ern rlgum !,r'âu ,,u nào.
os p:rís e os av<is dc cacja lado,
]",,'. .1.1,^1, ll,rr
s(1.1. rlL.,z oLr
l\C\-,j.1\. Crd.l rrrrr,í,,:1r.11ç,,11,,r lr,l/ !,,n\tll,,. .r t.rrrrrii.r.
é o relacionamento afetivo com aquele que morreu, o que vâi sustentar a .l..tltlttltcrvivaachirmlclirfauíli:rnacluelacirs:i;c]amãcconri-
per manência dele enquanto espírito na família. no corpo dele' parecido
vrvlafalando: "Você é táo
--:^
":"i^
lr, ó por isso que mamâe
tttc rivr.d. áel;
1i,,,,Á^
ll',,;.]I';;;;;u,';;;;;"i,' r'"'".,i q''"- tirtha -.^
-:.-L.- rrera
poderá tomar conta do âtor e o filho se trânsformârá mais no persona- r;; ;;;'ir^,
l\a()''uu t§Purra' sq!"
- il;; -- evan gélico
católico, :Y't"tl:T^::tl1':,1"
tamtlia' ía meditla em que acredito
que
gem do que em si mesmo. M inha leligião chama-se
rrnanda invisivelmente os nossos
movimentos' nossas decisões e as
iil;;; ;;;;-""
podia fundar :_'::'i;T:Tlif
::,: uma no.
"" -. -'-,., "i*, ^ da
ra mír ia, para os
-Vrcê
,Ce Poola . ,-mília i,
de falar' parece que a tamrlra e
ãr';;;; mim. Pelo seu ieito
Isso é muito complexo para minha cabeça. Àcho que a vida é
- íorte do que Deus'
mais simpies. Respeiro t:d":
Não cslUu
l\40 comparações'.
r.rzrrruv vvr!'r_^-r
estou fazendo - :: :lt^1:'^: ::l)-
que é possível tornâr vlsl-
Estou me lembrando, não sei porque, que até meus treze anos, para --
adormecer precisava dar a mão para a minhâ irmâ mais velha com quenl np.."t pt.fito reconhecer e descobrir o
1,, rtrtlrclo em que vlvemos
", --,t:^ .^-i^ - t,,...
eu dormia no mesmo quarto,
' "" "illi:l:';ll;:.;á;;;;;"*u considera que a ramíria teria a rorça
Sua irmã devia a substituta de suâ lrãe e âté de sua avó plrernrr. de nós e de todas as coisas'
- Minha mãe nãoserdava muita atenção para os filhos. Estava nrais ,,,,' »"r,r,,rif.,"nte, poleroso' acima.
- Ela não está nem acima nem
abaixo'
preocupada em brigar com vovó ou com papai. -
Sua mãe se sentiâ excluída da relação que o seu pai tinha com l
-
mãe dele, que ele considerava mâis importante do que ela.
Mamãe detestava aquela casa e papai insistia em continuirr ir de uma engrenagem' em que cada
um
- lri .
morar Fazemos parte de um sistema,
pelo outro no tempo
Seu pai rccebeu a nrissão da íarríliir de ser o sLlccss()r clir nrit' tlclc. ; ,.;';;"p!i i;fl;e nciândo e sendo influenciado
-
lrr . ,,,,, I rÀMÍl lÀ íl or':us ' 4l
l)r(
,,r'rr( ( r( c( l)( r(l(), il() nrcslrlo tc,nPo, a carg:l dâ hist<irin firmiliar dO Bela lição, proíessor! Qual é a mensagem dela?.
Ir'l\s,l(l(). - Àp..". doa. irônico,à mensâgem é: procure descobrir o quc dc
ho;.-n" t , vida familiar é semelhante ao seu ontem na sua
família dc
origem.
O teleÍone está tocando. Talvez s eja o Íax. É. Está saindo o cardápio "
Y ozss Do PASSADo
, eu não estou me sentindo ben-r. Pensei que ia
melhorar'
rlossâ conversâ anteÍior, mas, muito pelo contrário, fiquei rllis
e ansioso com essâ história de meter a família no meio' Não nrc
corn a idéia de que sofro a influência da minha família - atÓ
dc pârentes mortos r.ra minha vida.
-
r estou agüentando ficar sozinho o que nunca ãcontecelr co-
-
jogado rium âpart-hotel, impessoal e frio. Não sei até.quanclr
este mârtírio. Sempre fui de decisões rápidas e objctivils'
clue funciona na base da lógica, clo concreto, um tijolo em citttrt
. E.rruo lrr" sentindo um lixo: sem mulher, sem filhos, sern frrnri
casa. Não agiientei e liguei para a minha mulher' Mirrha l'ilhrr
conversei um pouco e pedi para chamar a n-rãe Não quis f;tlrtr
igo ieito nenhum, apesar de eu ter insistido. Depois n'randei florcs,
r.1e
riiio é o rneu esrilo, com um bonilo carrào pedindo perdào '' ttt:ti'
chance, a última. Jurando que ela é a única mulher que a:rlo e qtlt'
conduzir juntos a família. Silêncio total. Nenhuma respostâ'
O que me resta é tlabalhar e ver televisão. Tudo está muito cstrâ-
Minha vida de uma hora pâra outrâ deu uma desart ur.nada gcrrtl'
i\ uoite, estâvâ vendo um filme na televisão - acho qlre e lil Lrlll
r policial e tive a impressão, num determinado momento, clc quc
-
personagens estavam falando comigo' Fiquei assLlstâdo' Isso nuncit
âcontecido antes. Será que estou ficando maluco?
O que eles falavam com você?
- Não dava pora ouvir bem. Tinha que me esforçar. Llra intet'cssittt-
-
rqát,,,1,r,rtilivnrl^ nrrr r.lr"s- Diziarn l Ínln d<ls ocrsonaqcns (, ltlqo ct'lt
,.l ,r
t.r\\tjtt\ I ljt1.,
4ll . MotsÉs (;RorsMÀN
t"À11 tÂ É l)r:u\ o 51
Dê a volta na cas:
-
..,,00#â;r[:,f 1,;T::T:::fi ::*:i{xTl,1"i.'}1"x1,":*,,o.
manga de
à mão, os guardanapos e as louças. No dia a dia, usava-
mesa de mamãe e nos jantares importantes ou festas, o de
ranja lima, laranja seleta espada e ta,lotinho, in
"t;lÍ;o:otno' cirna do ótagàre, um relírgio dc nresa dc madeirar malrom claro,
- Vamos entrar na c,asa. Você prefere entrar pela porta da frente ou
dos fundos? c baixo com o mostrador no centro, lrrcleaclo por dois castiçais
_ Vou entrar pela porta dos , No teto, pendurarJo sobre a mesa, urr lustre de cristal tcheco.
fundos. vou parâ a sala de visitas, de tamanho menor, onde fica a
peto interior da casa. cntrada da casa. Tem um sofá de três lugares e duas poltronas,
vá crescrevencr,,
",.u#fid;:|T;f::i:.:"do
d,q,.i;;;;;.'#. perceber se ouve' no reu rrrrr,r clclas uma bcrgàre, ortlc vovô scnti'tvâ c c1trc, clepois cle sua
;;li,:t";e traiero, v.ze.
passou a ser ocupada por papai. Em frente ao sofá, uma rádio-
-Acozinhaéespacr onde se ouvia discos de bolero de Gregório Balrios, que papai
;il;,::' a::í; fli : *i[i,a ::x
bancada ;";;;;";";::;
r l*
[qü m'i;,[r
com ono cadeiras.
t, Í:', lT:;T
onde comíarnos,
uaçâo da pia' onde
e um., li os qualtos?
.o.iar, qornãã'r""u .rr'i-tl i"ttin lricrrln nrr parte de cirna.
almoeo -"0 p..p".r""'.
-ario g.rnJ.;." ..".ijll:lt fo; domingos. Ti,hà ,m ,,-
um guardaJouça'
Você pode subir a escada?
- É uma escada com o corrimão gfosso, com marcas do tempo e
o,d. .;;;;';;;;r;,'::"'"' de madeira escura,
-trs largos de peroba-de-campos. Estou subindo as escadas e ouvin-
copa-cozinha uo, .niãl;:;:E;j,:llheres do dia a dia. D.p.;; ;;
l,,rrtrlho dos ir.reus pâssos. Chego na pârte de cima e entro lro prrnrel-
observe ,lgr-;
- se esrá ouvindo ioirn. , onde dormiam duas de minhas irmãs, a segunda e a caçula. A
: Hljiijl;,,:,?;,::J
,-T"",ã. ,,,,'u,,*,- qu" vem da
colocar no meio da cozinha.
cozinha. ó simples, com duas camas de solteiro, um guarda-roupa e
p('(luenâ mesa, que fr,rnciona como escrivaninha, parrr elas estuda-
melhor. Vocé vai ouvrr.
llnr cinra da cama da caçula tern bichinhos de pelúcia e na da outra
Ouço a yoz da mínha avór
--; rrrrrrr boneca. Entro no quarto ocupado por mim e pela minha irmâ
"Mazinho, vem comer r:m
pãozinho de queiio quentinho s vclha. A decoração é basicamente â mesma, cor-Íl a diferença de que
para você,,. que eu fiz
"Nâo quero nâo, vó, nâtr tnrnbém uma cômoda com as gavetas de cima para a minha irmã e as
íome Estou chupand" jabuticahr " lnixo para mim. Acima da cômoda há enfeites, perfumes e um espe-
.. "Mazinho, r;;";;';fi.t:".:3m
rrcar rorte.. Nâo ,.orrinhJ'ãut:Ir;l:r=" você tem qLre comer prr.r nr pirredc pala ela se pentear e rnaquiar. Acima da nrinha canra, na
",
Da saia de janrar um pôster do Flamengo e, um radinho de pilha na mesa de cabe-
ouço a voz de minha
mâe: râ.
_ "Dona Julieta, deixa o r Ele vai Ouve alguma voz no seu quarto?
r"'r.- e ..rí.," :lr"::ffiffi,jo,,quieto' comer quendo rivcr
- Nada. Silêncio absoluto.
rirhos.muiro bem e sei - Esforce-se um pouco. Concentre-se.
,.,"' ;):.::';:.::i;;:J:;,1T"s o que os me,,\ - Parece que estou ouvindo uma voz ao longe.
que aprender,,. '
nha gente' Você é nova, ainda tem
muito. - Consegue identrficar de quem é a voz?
- Não. Está baixa e distante.
,,r.ilj'Í.liii,;.::,$[::11 onde os móveis sào de jacarrnd,i. er:r - Procure descobrir o que a voz está lhe dizendo.
l;,;:T:*1,{il-:+j;:iiiJil?.'#:l::',ili:.ff :,:i::t:;, - Tenho a impressão que é uma voz que vem do fundo de uma
(.r\'( -Lr Lrl.rtl(l(): !( rtt. \,( l)t.
r
de cris*r. n,, r."","'. ,;;.;1.';l::,:,Í):lr:,,:"'.:::llrri.r,r,r, r;rnrrrón,
l sDr'tr'. rr. lt,r ,ltr r'tt stirIt rIrrr'rl)rIrr r,,,2. ll.,l, r',,r,,,.
52 . 11() r\ t: \ (jR(),sMAN
r,AvÍl.rÀ É: lllus " 53
.Abro a porta do quarto de,vovó e imediatamente sinto o cheiro dos dois. No dia seguinte, comecei a dormir no quarto de vovó
me e conhecido: uma mistura que
a" r"tm qu"iÀrniã'.ã.r, j"nr" de fiquei até sail de casa.
ma. o inrerior do quarro e escuro. alfaze_ foi a morte de sua avó?
ridão ate correçar a surgir
Tateiá, pr".;;;;.;.,r.rumar
à escu- - Como
a.nr., Urrroi.Jr;il Guiado
Uma n.ranhã, como fazia habitualmente, fui para i.r cirma dela.
- o deitei ao seu lado, ela me irbraçou por trás e me aninhci no seu
rnz das velas, penetro no inr.rio. ".ilr. do pela
au qur.i;';;#..,;rlihan
queno altar rodeado de um pe_ . [-o13o clepois onvi um suspiro profLrndo c os braços clcla cnr yoltl
velas, conr a imagem r; ri;;;.
Ouço agora niddâmente a voz N. S. Aparecida.
de vovó: itt'noleceram e caíram de lac1o. Olhei para trás e a vi corr a cabeça
'Mazinho, já tomou a benção Sai correndo e chamei papai. Depois me afastaram do quarto.
a l.l.i. Ápu...laul.
Faço o sinal da cruz e me E no velório, no enterro, como você se sentiu?
af oelho alr"tá ã" ,'fã
"Sua bisavó foi um exemplo - Não fui âo enterro. Meus pais acharam que eu e minha irmà
de mulher.' -a éramos muito novos para irmos ao cemitério. Fomos passar o dia
Nunca existirá uma mulher .o*o
Beije, por mim, o retrâto "tr. aos pés de
d.l, ;;;;;;; ( rlsil dâ minha outra avó. Lernbro que no dia do enterro, ficluei muito
Beijo a bisa e me levanro. N. s. Aparecida,,.
l)cpois a vida continuon o seLr runro.
-...-
eual a razão d.a veneração de sua avó por N" Sua avó não moreu para você.
S. Aparecida? - Você estií gozirndo corn a minha cala. Lógico que molreu. Ela foi
. - v.rvó rre conrou que..q,uando
desenganada pelos rnédicos.
.,., ;.;J;r. ,.".li#,nrll . r",
A tisa, a ;r":;'l;,;;; ;,;" i, . Nunca mais a vi. Você está querendo me confundi:'.
N. S. Aparecida que, se ela se Se todas as coisas na vida acontecessem dessa forrna objetiva,
salvasse, ,..;r;;;'r;;;;;lrli:.".r:,ir:?i:
e que esre se perpetuaria
na família .1. ,." g.;;;;;;;;;;r.,.^.
-tudo muito simples-
E onde esrá o altâr?
- Na casa da minha irmã mais velha.
- o;vindo sua avó lhe .ljr". ;;j;
- alguma coisa?
^E$ nre.lernbrandã q u' A vida é mais complexa do que dois + dois = quatro. Temos um
rfi"'l'dorlTlir mais utr pouco n() ai,'
,.., Ài',',1 â,1,", l.i},l uera 'J, quancro eu
c[nâl de subjetividade que cone paralelo, que contém nossa bagagem
,"r, brrçár. quentinho dos
familial acumulada, pouco explorado e desenvolvido. A abertura desse
Qu_anto tempo mais sua avó viveu?
- Até cilnâl é o que daria um colorido às relações e, conseqüentemente, ao âto
os meus reze anos. de viver.
- é que depois que vovó morreu, papai A morte é um episódio, um momento que encerrâ a vida concreta,
quarto,
^,,._.?:lr,or"
rr P.rra o quarto que h quer.in trucar dc
aera' tnrs
objetiva e que, âo mesmo tempo, determina que a única comunicaçào
a co6d;ç511 a.
o,,lJ'iiil ." ;':i:"?"j:::: ('s Ia' o qtlf nrirn:ic coroc.u
i: quc rlranterenros com aquele que se foi será através do que ficou da sua
íazer. C,,rrtrrttr:tr,,,, no . l-' ""-' clc \('I((tls()Ll .t
orar,,, delcs' () Illc:\J)1" qLle voz, dn suir inrirgcnr, enr nossâ nremr'rria.
srrlrcirrr, l).ll)rti r\ilvir (lrr:lr(i()
l)csdc tlLrc ll'lsccr'nos virrrros acurrrLrlancio, através tlas rcl;rçõcs fanti-
li,rr,'s vrrz,.,,{,lrr< trr,.trrlTrrr,i n-rris signifii'rtivris í1,' n/,§c,r f,r.'íli" .',',.
í4 . r;RoJsMaN
^,lo,slrs
lI. drlo ,",'.,, u,-o;;,;';;',,,, 11;17]'i" '9dua.s Ínri:s e esconctir]a dc r:ranric N r() (rrti,ntli l,r,rlI r'rl,lir,tr rrrr,llr()r, tlc lr|r.lt,ri.rl( rrl (.Dr
I)I)rIlr|lr(..,
lhr, o Lifci ,r" p:,,;;;:,;;;,u',i',In, ,'
irrnrr)rrdcgns r{c crrrr,, N,ro sr'r sr,v()r(()r\(.1llril.l)()r(lu(.{.rrnt,r I r i r I , r r s r I , , t r, r , ,, r r
rrr r. r
, .
r r |
.
r , r r
:::: j:::-::*:.irmos
as qLre iLrtgarmos convenienres d...rl",., ,, qr.
const oera rntos estarem n()s atrapalhando. " Abr açar ur:na boneca?
É um processo que leva uma vida, até a nossa É a sua oportunidade.
rlorte.
Vou tentar.
,rh qr.re saudacle".
rgtiento o choro, Adriano.
que saudade do seu chciro de alfazcma, clo sct-t cot po quen-
,,_ Y"rn,9 satrerrdo que não vai ter resultados
Não -terrho rrirda a ganhar,
imediatos, vou tentar.
nem perder. Nunca vou lhe esquecer, mas você vai precisar sair do meu corpo e
O que eu falo aí para a boneca? .r sltrclade.
Não é uma boneca. procure ver sua avó nela. vovó, está vindo uma vontade de dançar. Lembra? Foi com a
- Tá legal. ,grrc dancei pcla çrt-imeira vez. Entlei no seLr quarto e a senhora
- O.n,,.n doVou fazer a sua vontacle.
tema despedida, você porle falar ou fazel que ouvindo no rádio um programa de valsas. Pegou-me pelo braço e
_._,.-- o você
qulser. dançando. Eu tropeçando nas suâs pernas. E a senhora me falan-
vovó, você foi a pessoa mais importante <ia minha bailes que ia com vovô, da valsa com vovô no dia do seu casamen-
-
me muitas coisas, entre eras o prazer de cozinnur.
vida. E,sinou-
r,,rlsl conr papai r.ro dia do casamento dele e que drnçaria cotnigo
a. ir.r*.. umâ mesâ
bon ir a. Lembr.ava de você or:ando os
..r, Í;lh;r;;; ,lt, rrrcu casancnto. Era o Dirnúrbio Azul. A senhora crlntarolavlt
do preparava os almoços je. domingo c. à o.!r.no, ou, n_ dançávamos".
noite. o lanche conr "pão de
queijo,.igual ao que você f"zi, pr., Ái,n. l)rrnce, Tomaz, con'r sua avír. A Írltima valsa antes dcla prrltrr.
Adrnirava a força e tenaciàade que devo ter como ela cantava para você.
herdado de você.
Gostava de seu cuidado colnigo. maravilhâ! Está me transportando para muito longe. Parece
Estou emocionado. Não tenhÀ mais nada
-nâoQue estou âqui. Que felicidade!
a dizer. Não esperava gue
uma simples despedida de mentirinha pudesse
me .o;o;; "Vai vovó. Vai em paz".
Ainda não terminou. Ficou faltan<Jo a despedida Sente e descanse um pouco Tomaz, porque o exercício foi
- Pôl Eu já falei prof .inrn.rt. ditr. -
tudo que veio à rninha cabeça.'O--qr. un.ê
mais -de nrim? Arra:rcar as minhas rripas? --r..' - Y' qr.. Pior do que isso. Você me Íez chorar, o que raramente acontecc
-
; Estol sacando que você deve ser um cara muito exigenre. Quando choro, choro para dentro ou os meus olhos ficam nro-
Comoéqueéentâo?
de pé e conrinue de frente para a sua É herança cultural, homem é macho, não chora; e herança fami-
você -.Fique
-
fala,do e, se v.cê concordar.",n à qu.
avó. Vou ficar atrás de -
Scu pai chorava
* a,r.;a ;;;" para ela. ?
LL]
F
Í!
2
Adriano, hoje pensei em procurar minha mulher. Estava no aparta-
- dc Sandra, cheguei a botar a mão no teleÍone quanclo ela entrou
conr o nenino no colo.
(iontinuo sem saber o que fazer, se insisto com minha mulher ou se
com Sandra. Sabe o que acontece? Sandra não me preenche inteira-
. Na cama é ótirna. Ensinei o que gosto de fazer e ela clesempenha
velmente. Tornou-se uma profissional. Faz de tudo. Fora disso.
rrrnn nulidirde. Fica esperando que inicie unr diá)ogo, umir conversa.
rnulher é dc falar-mais; t.ne coloca;r pir:-de tudo o qLtc está rtcot.t
com os parentes e os filhos.
-- Mirs agora você tem um filho também com Sandra.
Sabe, não consigo reconhecê-lo como rrleu filho. Vê se você nre
- . Sei que é meu filho e ao mesmo tempo não aceito. Não nasceu
tlir rrinhir famílie. Não o considero corno irmão dos meus lilhos.
rlrinr, é como se tivesse sido um mero reprodutor, fornecido o esper-
c o filho pertencesse â elâ.
V<rcê não está conseguindo aceitar que teve cinqúenta por cento
-
rcsponsabilidade na produção desse filho.
liu não queria, nem pensavâ em ter outÍo filho. Foi independente
-
nrinha vontade.
A vontâde não prccisa ser consciente. O fato de você ter partici-
- rl'rcsn.ro de forma passiva, já o envolve no processo.
1
Vrcô não foi forçado â trânsâr com ela e não pôde tofflâr suâs pre-
,.llr\ll(\((II,rrrr|rrI{ (|( \,i(I(),t,rlllttnt ct,nr.r n tl, r tlnrilirtt.
66 . r,()rsr:\ (jR()r\\JAN
- '"Íjfl:fi colrr acertos e erros, de suas respectivas famílias, clue viio rL'
Í:ii:l''+';;,;;::'"::'J::'1T.1i"fl :i:nT,:,1',"1..: hoje, na família que criaram.
tre q rr u n cr ;ã.' i,,, [,re r p rr,§ |s 6 1.
l,':T :,'*I:,.lü JT,ir"i"Jll; fl i
r'
"'i'' 1
primeiras .,;;;;;;;;;;.:lTi li,1r^il,.ljii:::*::ffi -Jri lhe falci que nrinha família ficou pirra trás. o quc consirlcr<, r' ,r
consesuindo rearizar,, aro
sexoar d.p"i,
5::iljjj:* que construí com nrinha nrulher'.
com um psicorerâpeura, que
.-:_pr",, No;;;-;;;;';i;J;r,
.., .nr-.'n"j.r,
enrrev,sra :j
o tib.rou,
-
cscrito.
O nascimento do seu filho, que precipitou sua separação, já esta-
a rerrrar, a se aprr.,priar do pau "t.a sua
:^:.rj:1,r.,
5eu par era umâ pessos qlle -
que esravâ conr rnáe.
rrabarhava ;;;;;;;;l;;Ji:,T,Til':.:., educaçào dos firhos e q,,c
Isso é outrâ viâgem sua. O
- corpo e pronto.
no meu
.", i* _" pertence. Está pendurado Não tenros a mínima idéia, não suspeitamos para onde a trama fir-
Vol,undo à. questão d? vai nos conduzir'. Somos com<l fantoches de uma peça fanriliar',
quenra Illf"l você nào precisa ficar com os cin_
^,,^-] por cenro da resoonsabilidaáe sos por fios invisíveis rnanejados por peÍsouâgens cla nr>ssrr hist,,
a" ,el" i.,,r."üii.1, Íarniliar passada. que se atualizam, em grâu maior ou rnenor; rtr'.rvus
;ffi # . a",. rn'.ã,"i
a
ffi ;:T ii:1
,i Í;;:1: X Jl 3liL;,?I..
;
"iàl nris e cte personagens de nossos relacionamentos.
ras e convivências com as quais você
envolvido. esteve
-Que atrsurdo! Você pirou de vez! Que fatalisrno! Que clctur nrirris
Há uma forre rer:dência no ser h,,_.-^ ! )nclc é que fic;r o tal do livrc arbítrio? Não é possível qrrc trrtlo sr. jrr
(
por algu*a coisa de errado hut'no ern _,
^._ responsabilizâr o c,utro
o,ll -t:t ília e eu reduzido à pó de merda.
lece', con()scu ou rlrrme
t"n b.L.".nor.'rl*i"r,'*.,^i1t ".:n qrrc F.xiste uma relação tênue entre o seu desejo e os dr stra Í;rrríliir.
'ela-çâo -
e íon,. a..r, r.i;';;;;illjj'o.j il,,lTji;.T11::
na reraçàu
frmiir:rr
j e roso.s.
Ih,os. Não
i. or r". po n'ri"u ;;;
-e,i,há
a rnenor dúvida de
;"#:
; i"' . ;, il: :.J ;rH:;: ; T ;, 1;
0r".. i,if,,lr,, A construção da individualidade vai depender de descobrirmr>s tltrris
;j;::J:l l:'il,,,0.p.,d.,,i. ;;;;;#;H:" :::T:I
",r,ril,jl
âi:l;:T:';il tío os desígnios familiares e, com isto, abrirmos uma estrada para o de-
emácionar
à;; ;;;;;#ü;,ilLiiljl;ii.,Í:ffiil I ü:i:fru] tenvolvinrento de nossa originalidade, que sempre terá tintas Íanriliares,
com coÍes mais ou menos fortes.
I-laverá continuanrente um equilíbrio delicado entre irtcnder il íxmÊ
I
ls*4x-+**,*g,l.:,,ll l;í*',ffi
A questão é que as famílias, as gerações ânrerioresJ já exisrem quan
do o indir ídLro nascc. e ele precisa vir e ser.
hf:;lr**il;:::,:::'*:;:Iil: j.':TL::'.:.Til:.?[;
j':',"j
Vamos ao que interessa. O que você prepârou para hoje?
- Mesmo que não concorde com o que eu falei, tive a impressão * ou*''
- deu nem tenlpo para
que não você pensâr no que eu disse, da água desccr
pela garganta. Sei que é difícil furar a barreira do universo familiar co
IlilÍn::;: :';:i:: :m;r,'J::::iãl[Tx:".':i;;:i"
;
FAMlr.rÀ i l)t:t s . 7l
lisrá apalccenclo
a contiltrlâçiio da cen.l. Vrr o n:r portit
dl loj:r clr.r
rD:tndO quent Dassavil t-)a fu.1 pJril cnn_.lt
c eomprãr <ts prorlutos r-1ur tli' trocândo juras de amol eterno. Urn dia, teve um baile nrt
oÍcrecia. f)e repente cle se virr c crnrirhr po."',, Eu não sabia dançar e Carlos era um exímio bailarino. Olhnvrr
i,,r.,:ii,r'aa loja. Atr_rir
del_c, seguinclo o iurir moçe berr nor,;r,.ar,rl',,,,,
Z-r-u.,ra.'{)...,.,,pr"g,..1,,.. eles e só enxergavâ Ritinha sorrindo, rodopiando no salão. Fui fi-
cstio sorrindo Luts peril os oLrr[{,s !.m ,rr..le ,.r,rplici.1.r.lt. tor.rto e decidi ir embora. Quando ela me viu saindo, veio corrcnrlo
Vrir ô r,rti atc r
caixa rcgistrador-a, peg:l un.r horo t1c clinhciro, de mim me chamando e explicando que estava âpenâs se divet tin'
p"i."-u,rl e crií prr..r
ela. A moça sorr-i. Vovô frrla algurna coisa "i,lr,i.,r
no i,r,,là,,-J.1". Er" balença ,r llr( gostr,rvrl dc dançirr e que rrirr tinha nenbunr intcrcssr: no (,rttlr,:
calteça afir-ntativamcntc! passa a rlão na ,l, i nenhunra resposra e coniinuei o nteu cenrinho. Nri dia stgtrrrt,,
ntão cjele e se yolt;t ern clirccão i
poltâ. AÍjora ela vent n:r Irr_-ntc e vovô vern () 11â1-]t()fa),
atrás, aun, ,, ,,,,, ,,,tlar."',:,"
r,..\ ,o chão. Ela sai e cle fi..r',,,,;;; ver Í,it po,.r.l jamais esquecerei daquele tempo. Sua aiegria, seu otirrris
lil,,)ljl,l:-l].i-lli.1,tL,,,\
(l.r l('l.t ( I I I L I I (-1r , , ,. lr ,.1_ rrr..r.s.
I ) . I rrl.rtiio. () sexo (luc não potlil ir :is irlrintas consaiqiiêncirrri. N( ).,\, ,
Quem tlos teLrs lábios tcnr beiios Antes, vou lhe contar sobre alÉluns detalhes que antecederam t:
l),rs rtr,r. tn.l(,\ t(nl .arinlt,t, - . Minha Íamília queria que fosse na mesma igreja e corr o
I)a tua voz tem irs mesmas palai,rirs de amor,,. padre que havia casado as minhas irmãs. Os pais da minha rntr-
Quc surpresal Nâo tinha.r mení)l i(lElil quc tinh.r gr.rr, aclo queriam que fosse na igreja onde eles haviam se casado.
te da letra. Nuncir tinha cillltaJu cssà unra p.rr
âcabou vencendo ?
Posso abrir.os ollros J
rnusica c al, u.in'-o.rin., ,lirat,, - QuemOs pais dela. Inclusive, porque iam pagar a igreja, as flores c it
\,r,.la ni,r. §s1 qnp e unr poLrco incôrroclo, - . Tive que me submeter, eles tinha mais recursos do que nris.
,.,.-__,, nos deixa senr clrio
r .lt.Itrt n I-ntl\(,! n),r\ e lrL,Lr\\ tri,, r
Mal sabiarn eles e todos qLre nestâ luta de farrílias ninguórrr gir-
1,.tr.r .lt_q lr. t,,\ .1,, lint .,\,,t,\
,1,, t.t, -itpesâr de, aparentemente, dar a impressão de que uma prevalcccrr
Prrssentos:l outr-a cena, urna cle sua
vcnhir à stra cabcç;r nesre monlento. ".f,,faaae,,aiit.'i1,,,l1q,,., ,,,r, ..,,,,
.r ( )lll Ti]-
Nunra festinha, cu cicvil rcr un\ (lcz(,\srr\
-
Itiurtrracla, clançiurtlo cclrr C,arlos, nrt.u lrclirrlr
.lp()s, l(rtrrll,r, ,rr)lr.i
arnig,,. lrl.r l,,r rnirrlr,r
tllt it'r-t tll ttt ora da. Ilsttrdlívlntos l( ) ,l)(,s1t( l,r,
) c( )latli6 r, i,iv í.t1rr,,
11r lr(l,l( l( ls r ,
lrllr.r (r".t,rrr.r) Llrr( t)i rl( |lr ( rLr\ \lr.l , rr'\ti( r lr\.r., Lrrrrrlr.r,.. r,,,r rrr,
MOISES CROISMAN
lhor que seja a relação entre eles. Ele ou ela têm outro sangue, oLrtr':r l\1( )tr di1 dupla e fe z tanlbtlm
,.,,
marcas decorrentes da histór ia que viveram com â suâ prripria família. ,1rrl'ttt-tliien-t
v,.tn' vcttt
1,r,,.ii're c Ji"i- 'tttinl
,,11t,,,,
,l r'() (lLlarteto f ictr rtl llem
rr o lltln-t, muitcl bett-l'
rtttl
Voltando à cerirrônia do casamento. rr,r l,L'ira dr lagotr
Um momentinho. Tem mais um fato antes da cerimônia propri.r i,'t.lltt cnsitilr Pirrx colneç3!'
-
mente dita. ,, t i,. o-ticrl ntl ful:á
.r !oz clo pâto era mcslro uln
dcsacattl
Pedi à mamãe para guardar a caixinha com as alianças até a hora (l,r
p,,1,,,r ric cetla coll-l o gi]1-lsO era JIIAI()
entrada na igreja. Quando descíamos do calro ela me entregou e abri ,r
Il':ii3ult
caixa para conferir se elas estavam lá. Neste momento, uma delas caiu, ., ,,,,,r.,, grrr.i tlo final cluirrrcllr citírirnl
enrolou no vestido de mamãe e, apârentemente, caiu no chão. Procurr , r..ti,ttt,.l,' ,' \' -.ll 'ltr( l'll 'lirt'lll
mos em todos os lugares e não conseguimos achar. Alguns convidadr,t rlrr( lll-qiteIn".
\ ll.rtli. i lrr rrrrrrlr'r
que estavam chegando e pessoâs que pâssâvam pela rua também rros \ \, llrln\l.l \! 11'l r t'11 \'nrr"llld(r rr'r iÉ,.' i'r ' ottt "d'l T"rn l"i 'rrr' l r '
,, ,,, ,, '',','::"1,;;',, " "lil r ( tari()cr"' rrr r"z 't "
ajudararm e nada. Como tínhamos gravado o meu nome na aliançir rl,'
'"'i"
rr.t,, rlr'r rrtei. Vrcê conhece a le
a?
minha rnulher e o nome dela na minha aliança, fr"ri ver qual tir.rha ficrrrl,,.
Era a dela. Como não podíamos esperar mais, papai me emprestou a (lcl( lr rrrra clas n.rinhrrs músicas predileta
pt-dir clemais para você c.-.ntitr ?
Não cst()Lr irrlrirrlirrr
para substituir a que havia se extraviado. i,,.,i ;-;:t"
E depois, mandou fazer outra para você? ,1,, r', t, lltrts teraPêuticrls?
- Devolvi a aliança para papai quando terminou a festa. Depois lrrr Nrto sei se você viri gostal da minha
vrlz:
-
enrolando e, apesar das cobranças, acabei não encomendando outra prtr.t " lil,t i' carioca, ela é carioca
mim. Ela desistiu de reclamar e não falamos mais sobre o assunto. lt:,r;,,,;l;i;i.hl, dciir andar e ninguóm tem carinho
<>lhos
No dia ern que ela me botou para fora de casa comprei uma trlirrrç,r, Àrr,;,, p;,'" dar er-r vejo na cor dos seus
luz;'
gravei o nome dela, o dia do nosso casamento e passei a usá-la. Sri lrr,, nr,t,rii". do Ilio ao luat, vejo a rnesn.ra
O ganso \','rr lll, t,2,, t trrttllt' t rtt rrr llltz '1" ttrttrt'1"
I
74 r 11()rSÉ\ (;r{()t\\,r^N r\rlr \ I )l.l \ o )
Vou lhe dar tudo que você nunca teve. " lr vcr-dade. Nào sei cor-r-ro ircor'rÍcccu. Flra sír trlnrr aventLiril. l',lir nrio
Você vai ter uma vida comigo completamente diferente da que você ,rlrrTtitt".
teve corÍl a sua farnília. "Tomaz, saia de casa agorâ, agora, rápido, rápido. Vou para o ba-
Vamos fazer uma família muito melhor do que a que tivemos. vomitar".
Uma cena d<l presente, Vá abrindo os olhos devagar para ir se âcostumando à luz am-
- Eu e rninha mulher numatual.domingo à noite. Os meninos nâo esrâ-
-
vam.-Tinham saído com os namorados. Eu vendo esporte nâ televisão e Puxa!Que barra! Lembrar disso tudo.
ela consertando o vcstido da filha. - Pârâ mim está clâro que, colocando iado a laclo as cenas do pas-
Ela quebra o silêncio: "Tomaz recebi uma carta". Sem tirar os olhos -(na loja do seu avô e a moça pegando dinheiro com ele) e do prcsen-
da telcvisão respondo: é, que legal! Volta o silêncio à sala. Ela insiste: notícia do nascimento do seu filho), passando pela sua adolescência
"T<rmaz, foi uma carta anônima". Não respondo. uâl aconteceu o inverso, você foi excluído), e seu casamento (com a
"Tomaz, você pode desligar a relevisão um instante? Érlm assulrtu clue você escolheu e a perda de sua aliança), podemos concluir
que diz respeito a nós dois. Parece clue a televisão é mais imporrante do iii ('stâvâ escrito na sua história farniliar a possibilidade de voci lcp.--
que o nosso câsamento". semelhantes aos realizados pelo seu avô.
"O quê de tão importante tem nessa carta?" Não me surpreenderia se viesse a saber que ele também teve um
"Ela diz que você teve um filho com outra rnulher". ou filha fora do casamento.
"O quê? Você eslá completamente loucâ em acreditar nessa história. da loja comentâvafl isso. Uma outrâ vez, anos
Or.rde já se viu dar créclito à uma carta anônima? Isso é influência dcssas - viOsâ empregados
mesma moça voltar colr1 Llnrâ criança. Não clei irnportâncil.
novelas que você assiste na televisão". âcredito que era Íilha dela com vovô. Devia ser uma sobrinha.
"Você tem razão. Estou louca mesmo. Louca diante dessa realidade. Vrcê é esperto e juntou a minha história com a de vovô. Não acredi-
Desra vez vou âpurâr âté o final. Não vou mais ficar cega às suas aventu- repetição. Foi uma coincidência. Por que foi acontecer comigo e
ras. Valorizando a Íamília, valorizando que você dorme em casa e ficu ( ()rr ulra das nrinhas irmãs?
conosco nos fins de semana. Não vou bancar rrais a idiota que acreditoLr razões: você teve uma convivência maior com o seu avô;
nas suAs histórias de trabalhar âté tarde, das viagens inesperadas a negri- - Algumas
o que possibilitar nâ nossir sociedade urna mitior aceitirção rles-
cios; que pâssou por cima das fâtuÍâs de cârtão de crédito com cobrar.rçl Irgro tlc comportâmento; âcrescido da sua origem libanesa, onde há
de motéis que você assegurâva que tinham lançado errado; dos telefonc tradição de séculos de supremacia do homem sobre a mulher
mas que recebia tarde da noite, que você saia explicando que erâ c.lnl Alérn desses aspectos culturais, é importante para sua família de ori-
nhão chega n d o conr melcadoria. perpetuar o seu pâi e o seu ayô atÍavés de você.
É o nosso casâmento que está em jogo. Nossa farnília,,. âssim? Não estou entendendo.
"lsto é uma cal(rnia, vou contratar um detetive para descobrir e pro - ComoSua mãe e suâs irmãs ficam recordando do esposo, pai e âvô,
cessâr quem mandou essa carta". - em você um comportamento semelhante ao que eles tiveram.
"T<rmaz, olhe bern nos meus olhos. AIém da carra, recebi ontcnr urrr sc cles se mântivessem vivos graças a você. Ao mesmo tempo, vocé
telefo:rema, também anônirno, confirmando o teoÍ dâ cartâ. a lronra de encanrar o seu avô e ser o seu sucessor, com toda a força
Não adianta querer tâpâr o sol com a peneirir. Você está habituado poder que ele tinha.
a me levar nâ conversâ. Você ainda pensâ que sou aqucla garotinhr rlrr Virnos os seus cinqiienta por cent() da Iinha do passado, que íoram
época dc quando nos casamos? Chegl de mentirils. Nã<> poclcrlos nuis lizirdos rto prcscntc através da união com sua mulher ou ex-mulher,
Ínclltir rrl] parâ o oLltr()". frlrnhénr colal)oÍa com cinqüenta por cento. Como cla não cstá prc-
..,.t...r...
!
Iru pocleria convid:i le para vir tqui. ( ionr plicou noYa rrcnte.
Ainda é cedo. Printeir.,r, pl c!i<.lrrus .trr,l\ ( s\.rT su.l sclvil Íanlilje,. [)as suas irmãs nãr.r vou lirrir rrio.
- tl a liçao cle hojc? Vrru ver o que posso fâzer.
Nossa fanrília, noss:rs cxpeÍiências frrrniliares traçinl o nr)ss(l hlvez seja uma boa idéia, apesar da dificuldade enr realizála. Há
-
,-icstirro-
lcnrpo que não temos untâ r'curlii:i() cli'irrlrÍlil. Irlrrs ncnr eonht'cctn o
E o quc posso fazcr p.rrrt rnclhor:rr o nteu dcstino, professor:
-
Prrcurrr- couect.ll irs situirções prcsentes cla sua vida com as d(,
to cle rlarnãc. para ottc]c clrr sc nttrclotr tlcpt,is rlrr,. ','tn.ictt ,r cls,r.
Explique a elâs que está precisando de ajuda porque se encôntra
passado e tentrlr dcscobrir, atravós de uma pesqrlisâ pessoâ1, LluJis s.r() .r .
-momer.lto difícil e que este almoÇo foi sugestão do terarpeuta com
marcas Írrnriliarcs que estão provocrlnclo a repctição no presentc cle cl.cn ( stii se tratando.
tos sclnr']hantes ltos tlri pltssittio. l'( rsuntc tirmbém se algurla dclas 1sn1 s§jeção ilo f:rto (lo rtlnriic,ri scr
i\o clcsvcrtlal a c()ncxào, clcixa clc tcr Lrnrii obediêncir,r ci::l{r,r ao clLrr em vídeo para assistirmos e comentá-lo numâ sessão posteriol'.
('sctito e podc ntodificrr rr Iinha clit scLl destilto.
( st.!r\Ji:l
O quê? Não estolr entendendo?
Nio agiiclto csse pçso você atriltuj à fan-rilia.
- F. prcfcrívc-l scntir o pcsotluce ir íorça cla fauíli;r rio cluc igrrorrrr c s,
Você tem Lrmll dcssns câmeras cle vídeo amarlorirs?
- ,
Ienho. Comprei pirâ filmir[ nreus filhos qu,rrdo eram peqLtenos
coirrandado poi'ela. r LU]Câ lt1âiS USCi.
Qucria lhc peciir quc na próxima sess:lti vocô conyidasse slra rrir(.( ( loloque I cânrcr'â num tripé, ligue e cleixe que ela se encarregLre
suas irrrhs para vircm aalui.
Não ó possívcl, ninguóm da minha lantíiia sabe clue cstou fazcl
-
clo tcrapin. AIénr do ntais, r.ninha nric não vei entendcr nada do cluc r.,,,.,
Vou pensar no seu caso.
- Sem almoço e filmagem não há necessidade de termos a próxima
clisser e cluls tle r.ninhas irrnãs moranr fora clo Rio. - . Sc você rcsolvef reuÍ]ir sua íarníli:r e tilmar, pcçr,r a snl nrãe prr:r
Não h:i nen)runr enrpeci)ho. A família, salvri excccires, c(,srunr
- c âté ficer satisíeite
colabolal cie poder ajudar.
r
no almoço as comidâs que elâ salle que você gosta.
o.K.
Niio aclianti.r irsistir, Adriirno. Não vai dar. Se eu colrrlr pri-,r
- mãc qre estoll vindo aqui, ela vai qucrcr ,
-
nrinha sabcr porqLrê c vai rs1,,
thar par':r ir família roda.
Digir que yocôs estão e nt e rise no cas,rnre rrt,,. Ni,r prccis:r í:alur ,l
I'ilho, pol cr(iLrilnto, se é o que lhc preocuDa. Quando fecho a porta e volto para o interior do consultório, meu
( rL()nlÍir Llnr:l pe(luenil estátlra Lle m,rcleira, de Bali, rle unr hornenr
* Não you con scguir. ,,, i,r. tlc rnulher, os braços para cima seliLrranclo Lrma bola parecirla
l..ntão vai ser difícil cor.rtiuua[mos. Sc clas não vicr.errr. l.urr,,
[icar -com u]r n)ilpil incompleto tJc sua farrília, o qLre r.rri prcjuclic,r
rrrrr slobo terrestre, para a qnirl ele olha.
,
( ) rltrc scr:i clue ,:sta figurir rnista estariir rne comunicancl<t? Novos
t.tosso trir ba lh o.
? Eu misturado com Ligia?
Não rne
venha com cssa elücaç:rs, AJr-ianol 'foca o telefor.re. Quem ser'á ? A essa hora! São oito e meia dâ noire e
- Não é :rntcaça. é rcalicladc.
-O cluc cLt posso pl-opor l.i o riltinro clicntc dri rlia. Saiu às oito.
parrr llre clltr- ntrris Lln lcrrrPo lt;rrrt ,rhsL.r.r.r ,
V>n atender e me espâl.lto com a voz do outro lado. É Ligia. Ela nâo
t-caçriti cle sul mic c cle suas irr.nâs é convidri las, scnr os nr:rr irlos. 1,.r tclefonâÍ à noite. Sabe que estoll indo para casa.
LII r.lllr,,\,'n.r (,r\.r \l, .rr.r r.r.i,.
"Oi, nreu benr. O que aconteceu? Você está atrasado. Fiquci preocu-
- lsso tl Ílicil. l.lrr, lrrrnric t nrinlrrr irru,r (lrl nr{)r:l r.,,rrr ,.1 r. \i )( r' r r( ) , lt, rt,,tt r,, .,r'tt ltot ,it ir, lr.rl,it rr,r l "
lr.t: irrrr.ls (IrI( III()I.IIII ( nl ( )ltÍr(,: t..,l.rrlori
rÀMtt l^ ír t,Il,\ . 79
7Íl . \.rr),srr\
"Não é nada demars. Fiquei arrumando uns papéis e perdi a hora. J.i " Adriano, r:--:^ r-.
^-,...,,,
estou indo. As crianças vão jantar conosco?" n.,"i"i ""L.ip,r para hoje' sexta+eiÍâ' "
:"1il1'.'jffir',:,l,;;i; ;;i;; ;;'t'n'
:fqu'it::,11'^T::llll]ll
o
"i'i
llll
para scg'l'lt..r,
"Você sabe Adriano que não são mais crianças. Mariana saiu com ,,
namorado e Pedro está estudando na casa de um colega onde ele vai rúcula e lascas de parmigiano-rcggi'r
rtr
''
jantar e dornrir". Aerado do chef: Bresâolâ com
"Qual é o jantar de hoje?" iTtr"a"' i"rra" de camarâo e feiião branco' Valpoliccll'rt
ill;:;;;;;;;, Ri';;" ^o uinho iinto (Amarone della
üil "pr^i.' p.it" dt p"to tn' m;lho
"Nada demais, o de sempre. Cornida de diera: filé de peito de frango de mel e limão siciliarro'
grelhado com brócolrs ao alho e óleo e uma salada de alface, tomate,
pepino e palnito, pâra tempcÍâr âo seu gosto, e de sobremesa mirçã assa- gclóia de tanraritldo . .,-,rv.re
.-r^.^,^.-r- ^áre c,, \orv(le (d,.. li,r,r
Pêras cozidas com aguardenre de pêra
dâ com frutose", íobr"-"rrt
"Não tem jeito, o úrr.rico dia que eu corno bem nâ minha casa é quan- l'ri rsia
do sua mãe prepara o jantar".
( ),rfé c biscoiro'
"Meu bem, você s;rbe que eLr me preocupo em não engordar, em Aré.
manter â forma, Não sou mais uma jovem e o seu colesterol está no Sua sogra. o do primeirrr
íi.-"ó1rr"a" v.cê escolher os vinhos' trão prectsa
ll mlre no risoro' Sugiro tanr-
,.;rÀ:-;.;t a sobra do Amarone utilizado
"Podia usar um pouco rnais de criatividade na organização do car- foi colocacltr
utilizado o mesrno Poire <1ue
dápio e na variação das receitas. De terçâ a sexta Íeira já sei o que vou ;;:;;;;i*;'iiuo "i"
come! um dia é filé de peixe grelhado, no outro dia, filé de peito de fê,1u, p"ru não cÍiar contraste"
frango grelhado, também, âcompanhados de alguma verdura e salada.
No sábado à noite, que já é uma rotina, vamos aos mesmos restalrrântes
com o nosso grupo de amigos e, no domingo, vamos âlmoçar numa chur,
rascaria com os filhos, que já não queÍem ir mais, ou chamamos mamàe AsoÍIIaestáserevelando,alémdacomida,estáespalhandr])sctrs
para almoçar conosco. O que salva é o jantâr de segunda-feira". dornírrios"para e área da hebida'
este,carcláPio,ate sLgundâ-feirlr'
"Ah, Adriano. Você e mamãe? São um velho caso de amor". Vou degustar na minha lrJagi'iaçào
deserto culrrra'{)'
"Lígia, meu interesse é a comida, só isso". Ai,,d;;;;;; ;*i"" ''' oásis no meio do
"Não precisa ficar aborrecido. Estava brincando. Você acha que vou Como vinhos teremos:
;;;;;'êi;;.nnav IGr camPo deirovi e6'
ter ciúme da minha própria mãe? E urna tradição na fanrília. Vovô já ütp"titttl' (trazido pela sogra)'
reclamava da comida de vovó e preferia â da minha bisavó. Primeiro Prato: Amarone dtti"
95'
Você escolheu a mulhel errada. Devia ter se casado com alguma que S.gondo Pmto' Barolo La Villa
fosse fera na cozinha". Sobremesa: Poire'
"Está certo Lígia. Estou saindo, daqui a pouco estarei em cas.r.
I CnAU
provocando reações em Adriano?
O quê da história deTomaz está
-Há uma semelhanç4, tanto quànto o outro se ap'roximaranr da
" J"-sua famítia original' usando a da
Quando estou fechando a portâ, o telefone toca outra vez. Não acre- família da esposa e " uf'*"ti'
pio.ur"ndu suprif lâcunirs e carências
dito. Será que é Lígia novamenre? Volto para âtendel e vejo que é um fax ÊsDosâ como Íamília substitut, "
das suas rcsPcctivas farn íl ias'
chega ndo. ;;.';;,;;.tr",,
80. MorsÍ-s cR()ts11^N
ReÍzss FAMILIARES
(]Lrrrndo Tomaz entra, olho discreta e rzrpidamente para ele, procrr
descobrir algum indício que revelasse se fez o vídeo. Hoje, veio
umâ pâstâ, o que pode sugerir que a está usando pâra carregar a fita.
do mars. cicixou recado confirmando a sessão.
Antes mesmo dele sentar, procur"ando disfar'çar minha curiosicllrl, c
um tom de voz o mais natural possíve1, pergulrto:
Como é, conseguiu filmar?
- Você está mais interessado no vídeo ou na minha família?
- Nos dois, um depende do outro. Para eu conhecer sua farnílil
- tlo vícleo c'o vídeo não existc sem l suir firnrília.
Ii'r'iir siclr rrtlhor se todos tivcsscnr vinclo rlirrtri rrclrri. LLr rrr,
de não ter aceito suâ ploposta inicial. Me senti un.t L.ral.rrcl conr
câmera filmando as pessoâs. Parecia festinha de aniversário clt.
com o pai habando pelas gracinhas do filho. Fiquei pre<rrrprrtl<r
a Íilmagem, se não estava tirando a naturalidade das pessoas.
- Absolutamente.
Você e suâs certezâs. Você deveria jogar na loteria esportiva ou
-
mega-sena.
- É a experiência clínica
que me leva a fazer essa afirmação. Quan-
proponho a filmagem das sessões para as famílias no consultririo,
com nâturalidade o processo e até esqueço da presença da cârlcrir
A família entra no clima e se desliga de que está sendo Íihnada. Quarr-
cfianças estão presentes, elas brincanr conr a câmera.
84 r rloJSÉ:S alROtsMAN
rAMÍr-lÀ íi 1;1'n'i o li5
casâ dclii. C)utra coisa que ci:r nâo ab:-e nrão é.lc t.i,,f,,,,,rrm,,s
rro,lr , ,
tjAVÍt_lA É t)tUs o 87
assuntos de família são
cr atear fogo num pedaço
se rapidamente. u-" de papel, alastrarr
hir'll.? puxando out'u't qu'não cio vovi) nâo tinhe nrais f<,.rç,rs para cozinhar p()r (llr(' ( r.r , l,
estâmos bastânt. ,1r.ru4"t3tl1 -vai
p, incipar.
.. p.r..lr" -
vor,,,;;';; ;;;:;"r_Í: J.[x l)leparavit tudo. vovó nâo entravir na cozinha rluando r.lc i.sr rr.r
e n enrpregad; apalr.rs col'tirva ir cebole, o llho c lrrr,:rr'.r ,,,,
*lnr,nre mora em porto manãe o substituiu na prcparaçilo do aimoço clos donrirr11,,.,.
".,.; X"l,oi,:|:i
r:esponsável.
.,".",j ptimeira a chegar sempre Alegre. Foi a qrrr.
for assim, a mais domingo era na casâ de um dos avós. Ela ia para a casa deles ccclo
va tudo. ELi pedia para ir jrrnto. Adorava ficcr-lo solri t,,rl
O que
é isso na mão dela?
- t lc rne mostrando as fotografias da família. Àntcs de Íinalizrr tlu,rl
...r;.11;'.il1;1:,0:11-: *,.no e ela se adaprou compteramenre
a.s
preto! mâmãe leyava :rtrrnir colhe r Lrm p()uco pârâ vor,ô lprovlr ,,
ela carrega a cuia dc chimarrâo l)cpois que ele nrorreu. os almtiços passarâm r ser- nil n()s\.r
r,,..,i,.,e"";.,'.;i[::'r'J::,::de c ,r
r'()rr a precenç'r de vovci. Cono vovir só viveu t.nais seis meses clcp,ris
Logo a segur. apar.ece
se8unda irmã, que morâ nr()rreu, os alnroços c1e cc,rlitla árabe logo rernri:rarrtnr. l):rpr11 ,
num bairro da periieria. _1.1!1 em São paulo,
oo. manda.r o jrr.fr.rr" i" passagem .r rnãe clele , rcclamayarn da cr.,rlida, dizia:rr que ievava nrrrito rr llr,,
ontbus e do raxi. porque lI. cí,
rnais uma.vez o mariijr,.r,a . A pai'tir cl:rí os pratos árirhes raÍeaÍarn c marlãc sír íazir ilrr'rr,1,,
nao rrabalha. cuida da dl"rln1pr.grdo. et,,
casa e ríos filhos.
Finalmente esta é a ima^gem
.1., iÀâ.rçulu, que Sua nràe está trazendo ls cornidas. A imagcm está unr porr,,,
ta na rnào. bancando a está com uma malc,
Êailtane frr.rd? p".;.p:;; ;;;r., . lbcê pocleria corrar qrral [oi i., ca,cliipio?
estrvesse chegando de
viagem. A viagem a"i, r, como \(.
saru pela porta de serviço r.rr,r. i.r,-mars curra. EI Bem que você gostaria de ter estado no almoço. Estou vendo no
t pela porta da frente.
r -
rosto seu âpetite.
separou. ela e suas aru.
r r-,, "l.lllu D".d. qu.
.empr. foi t".;;;;;#'âs
roram morar com mamàe
Não ró pà;;;;.
', .Flu me intcrcsso pelas diferentes culinárias, que são umr cx.r'lr.rr
como se sustentar sozinha mas também porque não das mi,tis valiadas culturas e raçirs que encoÍ)trarr()s l)( l()
rr::l^T:--ã"
,o terix
apârtâmento com as filhas. . A minha curiosiclrdc.lcvc tarnbém estar ligada ir misttrrrr rlc rlrlr.
Dtp.i.,.;i;;;;;rxd
origers ras nrinhas rlízes. Vor,ó era frlha de url ita]iirlro t onr rrrrr.r
uo..,u8.,.i, ;il;;JJ;T
;IJ,::. ;l}j:srado de m igo. co,,,
;
Lr a rn r
la.
bonira Muiro bem
0",".*1"r""[Ja. "tr;;l; com raihere, e cop,,.,
Mamãe herdou da mãe dela.
- É Iouça de família_
o, , yilã",'o':'l:I,;'":;":" -'r';;;,jil;; fi*':a morte de pap;ri A hora da cornida propicia a reunião e representâ corro;r lrrrrrrlr,r
.o- ,oaor.;',-.ol:r";"#|j;Iffiao ente,o' que ela nào se encontrav,r (slrrrtlrradii. Se ela segue ou:'eâge à tradição cl;rs Íanrílias tl,,s 1,.r1,
Irolririo para rrs rcfeições? Quem senta à mesa? Existe rrcslr cspr.t rir
tenÍo a mínima
idéia em que es5e vi1r,.1, l,.rr:t t, rnrcr ? QLral o tipo de comida servida? A comidl ó Llih llrrrr' 1,,rr.r
',',,Iil.1:';;,;:J:;,i:'i1:
Çá,r 6este ' cro menos Lrm resullado
iá rrouxe, a realizrr .r,lrrl(os c pitrir as crianças? AlgLrém da farnília r-cceitt ulgrrrtr .rrrrl.r,l,,
"r.or;..;."'"'" ? Poderemos então observâr se aquela família corrsegr,riu se oÍgx,
- Fico sarisfeiro ern rer colaborado. conl suas normâs e regras ou se é um grupo de i n-râos sem il
lr?i. jl_,..ih"::ndo praros cia cLrtinária árabe.
_ r yerdâde. dos líderes pai e rnãe - mâis
que significar:ia que eles estão
Mamàe sal.>
emocionalmente às suas - famílias originais do que àquela quc
:j;
; j: :"" ff i:ff ffi :'a1I l':ll :';::
filh.,
Í
",','J
?:t ::j: ::, il, :r1l essc í
dortr tlr rnrit'tltlc. Mrttri.
I "l; I l cnâÍânt.
tiri ;r tirri,.,r
', f,,",,, .," ",,r1',ll,iil'"t"
I^Mit l^ I' l) r tr\ a l{9
8lt . \r()r\r,\
de uva' de a beringela' rr
Vou lhe descrever o que mamãe prepârou. os mechi: charutos de Íolha ::flT'
-Na tradição árabe, primeiro serve-se os mezes, que são as entradas H;" ;';";';àlttr"'a*
. de arroz e carne m.ída'
que constâm de diferentes pastas; de grão de bico, de beringela, a coalha- ''i'1lo' a você?
l-ó oo. elâ está entregândo ,^,^ .Li.h. u"'"
:,::;ffi* o.'' eu adoro' o^ stris!,1ra\,
t' l.ll,''
da seca acompanhadas de pâo árabe e muito azeite; as saladas de coalha-
da com pepino e alho e o tabule, que é feito de trigo fino com tomâte, ;-:; :;;:i,l; ;.i J"ilã''*".''l :T.I:r::"i: :l l:lii
I ff J"'::,::' J;';fi i;;;" u''r'':'á 11",1
" :.1ll: :l'd:''
q
hortelã, cheiro verde, cebolinha e cebola, temperado com limão, azeite c ter'prepa;:L::il;:
sal, com folhas de alface em volta. Você pode me ver no vídeo comendo ii E veÍdâoe' Êla está Jr
Era c§L'r se de'culpunio
-""à"tã", Por nào
-'É;rdrã;.
- o"io" u g"lh" do fogão cstá
uele esPetinho Íeito de carne
I
moda árabe que é colocar a salada na folha de alface e enrolá-la corno sc
fosse um charuto e levá-la à boca com a mão. Junto com as saladas, os
"ufi,^ uma grande travessa' Não acre-
quibes cru, de bandeia e frito, quentinhos que mamãe trazia da cozinha, n-t6. está trazendo da cozinha
e as esfihls abertas e fechadas de carne. ! Mais comida? r !
-^-^:- Mamãc prepat \r.m;ê Í\renâr()u
ou
Estou ouvindo vocês conversando muito. lil"#il; .onsiclerado o Prâto de substância
de bico e demasc.'
- Colocando as novidades em dia. d" .''*
;;.";.;;,;.h;,áo cahelinho
- Não tinha bebida? T:111:t'u"
de anjo'
;;;;;,;;;; arroz com vídeo dá a impressã. dc
- Somente ágr"ra rnineral e refi igerantes. Papai, depois de aposenta- Iô::";r*;;in.to o"'t estou vendnno
-
do, passou a beber mais, até que um dia mamãe se irritou e queblou oua houri um bom entrosamento etrtre
vocês'
n.* ':i.;;;,,'os da nossa infância adolescência'
e das travessuras e
todas as garrafas de bebida. Nunca mais entrou bebida alcóolica 1á enr
CâSâ. das brincadeiras entre os irmãos'
O que é isto? Parece que vocês estão brigando com a sua mãe?
- Nós estamos reclamândo que ela não consegue ficar na mesa
-
conversando, A todo momento levanta-se paÍà tÍaz.er os pratos da cozi-
nha, ao invés de pedir a empregâda para fazer isto. Existenafamíliaummovimentoque'âomesmotempo'estimularr
Mais um aspecto dâs tradições familiares. Sua mãe é de um tem-
- qlre as rrulheres elam as "rainhas do lar". Sabiam cozinhar', costu- .,.,J;:1;;':;;;i;;^r ã;' riil'"; p;à""'tirn'l"
ro'ma"m novas ramírias c sc
tste crescirnento a fim
po em indeoender.rtizare- ttonot'turn""n'JJ'
de organizaçâo' alterandr' "
rar, lavar e passar roupa. Não só serviam a mesa como também faz.iam os cle evitar uma perturbação ";'t;;f;t*"
pratos do marido e dos filhos. Os homens eram hóspedes da casa, viviu m .o,l i,u,. a. rt, :' .: :': :fi:i:.'.?,i1?:::: J*H: i: l:Xi1,1'::
mais fora do que dentro, encarregados de prover o sustento da farnília. nrocesso. de uma torma tnvls
à paralisação'
Eu não sou tão diferente do rneu pai.
- É uma das formas que a família se manifesta cm você. Por quc I,,l"tJi.Jr, à rransformação ou
-
unra de suas irmãs levantou da mesa?
Para acabar com a discussão, a mais velha foi ajudar màmic .r irtttiis'
-
trazer a comida para â mesa, Era o mesmo que âcortecia na nossA cas;I. Tive a impressão de que você
comeu mais do Ou: a1 sues
Papai queria a presençâ de mamãe nâ mcsâ, elâ se Ievantâvâ a todo nro- listava com atltã tu-id""tit^',Ttnlr-o,;.11iclo nrrrl'
- "ua'at em restaurantes ou sanduiches
ni lolâ'
mento. Ele reclamavâ e a minha irmã ia ajudáJa pârâ que elir sentassc hotários irregulares'
mais r'ápido.
'"' " .su" ,nuliler sabc Prepârar llgtrm ;rrattr iiraltc-?
em
Etr iá lhc.flrlci, vtlcô csrlttc'
E estes pratos que estão chegando? Ncrrl árlrbt', n"n-,l.t.,1nã,, nc,n"1rp..,nês. (l'r
- Mamãe botou pra quebr-ar. A cscola dc snnrbr tocl;r ni'l nrcsil. - i;;t;ü: tlttc ch sri rtcc'it'tv't :t L('n)i(lir
ccttJ l'llir rrio se lig'r ctrt t"",,iti;' itríe it"'ltt
ttt lu" tl..i'"t t''' si. L"r'r.,rrç"? N"
- c.,srt'
Parcciir quc crrr o últirro alnroço da fanrília. I.lla c rrrirrhrr irnr:'i cst.i(, trit- ili";r'"'i,,';;,;n';itt
90 . y1y116.. (;RolriMAN
FAVÍl r^ í, l)r,r \ . 9l
, .. i ]lj \\l \N
fÀMÍr lÀ É trr:us " 93
r\falníli:,r e Íundlntenral paril o l.losso dcsenvolvirrerto c" llo Foi mais uma brincâdeira da caçula' Pronto, chuvisco' terÍrinotr
nr( srr( ) te [lpo, nos pre ssiona e m.lnter ulnâ t.f âdição, o stiltus quo. C]riâ,
-
a fitâ. Posso desligar?
se Lrnr conllito ciramático, decidir pela cabeça cla família nu por nossir Lógico. Bela cena firral
eabcça.
- O a"lmoço valeu. No início, estava âchando â ploposta estrallha e
Sne rlãe e sllãs irmãs saberr clo llafrrel?
-
depois acabei er.rtrando no climâ..Num determinado,mome to' tive,â n
rlt ir l t'r ,. sslr n tc. "Vrcê sabe que vor-r peclir corrida de dieta É melhor a gente se cn-
N;ro. r,.tltos \,( l ill(i() lin;tl. () rlLrr'tl issoi llrrrI tTll.ll(.rr trl,.rt contrirÍ c clcpois clec id ir " .
'.ttrtr'. \',r,, rllir:rrl,, rllrr,r (,rnl.r r'r.rrr rrrrr.r rrr.rr,. i,llr.t , . r r , , r t r r . r ' r r ,
r r . l r r r. ,
"Vrcô pitss;r qtli Pafil n1c pcl.lflr?
,l,r,l.r',.
l
94 . !lotSÉS CRotsMÂN
FÀMÍl r^ Í r)r.l,\ " 9l
LI
Ê-.,
c
...!
ê.
Trouxe minha mãe.
- Olímpia.
- Muito prazer, Adriano Martins.
- E minha irmã, Stelinha.
- Muito prazer, Adriano. Vamos entrar.
- Você recebeu a minha mensagem na secretária eletrôr.rica?
- Recebi.
- Minhas outras duas irmãs não pudelam ficar mais no Rio, sabe
- é, os marriclos chamaram de volti.t. Unr deles adoeceu e a mãe dt.r
de quem a minha irmã mais velha cuida, também adoeceu.
* Foi um desequilíbrio geral.
É. Foi por isso clue propus vir no nosso horário habitual, já quc
-havia mais pressâ em função das irmãs que moram Íora.
Olírnpia, convidei vocês para virem aqui com o Tomaz para co-
nhecer
- ao vivo o seu passado na família e o que desse passado está se
l'nostrando no presente.
._ Estou à sua disposição doutor, o Tomaz é um filho muiro queri-
do. Está com uns probleminhas, mas logo, logo, isso vai passar e ele vai
v<lltar pala casa.
Como é que você e seu marido se conheceram?
- Que pergunta estranha doutor. Nem me recordo mais. Faz tânto
-
tcmpo. É muito importante eu me lembrar?
Marmãe, deve ser. Se o psicólogo está perguntando é porque é.
- Stclinha, você e sua mania dc dar razão âos outlos.
10{}. Mi)rsr:\ !AMÍlrA É l)luç. 101
I
sobre a'existôncirr
Mamãe, não consigo entencler por que você nâo se esforçir rrrrr é feito nenhum segredo
- e responde criaÇâo normalmente não se as duas partcs
pouco o que ele quer saber. ilirá,i, com a qual ele manterá contato
ãn*tnal,
Estou querendo viver o presente, os meus filhos, os meus nct()\.
-
O tempo qlle trre resta de vida. Varnos deixar o falecido em paz. Conr,, ,r
minha mãe dizia, quem gostâ de passado é museu.
Stelinha, mamãe vai responder o que ela quiser. Não prccis,r
-
pressioná-la, tlinha colher' Nào estou entencletr-
Ô Adriano, deixa eu meter a
câsâmento d":T:::,0,":'i:::ii:o';
-
mamãe.
Tomaz, isso não é novidade. Você defendendo e protegen(l{) -;I,Iil;ã.;;'à
â necessidade de voce i'
Não sei Por
," "":;;;;;_
rr la
'u
que rob.. fiiho adotado c de
n do meu Pai.
Meninos, não vienros aqui para discutir.
-Doutor, eu e meu marido nos conhecemos desde pequenos. Brincrr
ão' Iros baús das famílias,
principalrnentc
É que eu gosto de remexer
vamos juntos. -seus segreclos.
Morayam na nresmâ rua? Eram vizinhos?
- Nào, eu e o Anrôni<.r ereuros primos.
- Eu nunca soube disso mamãe.
Que surpresa!
- Stelinha, não érâmos exatamente qut' c\l'i('
-
primos de sangue, por issr,,
Pais e filhos podem esrer
r(petindo condutas fanrilialc'
que eu achei que não precisava comentar com vocês.
Seu pai era Íilho de um irmão do mar:ido de uma das irmãs da n,r
;fl:::#;;;o *'"t'do'
fltreladas a segreo.,s """ " ":;;;là
como ulna forma d'
à"
F :ilT: ^:i::':::,iXl;;:::.,
d"a família pode, paradoxalmentc"
mãe. Esse irmão do meu tio, que morreu cedo, parece que bebiâ muir(), do segredo
ele vier à tona'
deixou a mulher com problemas financeiros e ela teve que distribuir-r,' i.ue-ü a desunião, quando um dia
filhos entre os pârentes. Seu pai então virou filho de criação dos nrcrn
tios.
sobre o Qu,e-o Adriano disse'
Íomaz,nunca havia pensado
-'É,ío.ê rrr^i o conhece e iá está lhe defendenoo'
-Stelinha, a essa altura acl't"rnntc,",t"., que diferença (az você sabcr
Há uma crença de que a família somente se constitui através rlos
laços sangüíneos e de que somente eles vão influenciar na formação tl,r q," ;;;;i ;;; 0,1,":^g:::',,'Lli:ff#:1"
ceÍteza' E:
a rereti r sobrc esre,,ss.,,r,,
Não tenho
identidade dos filhos. A convivência com parentes por afinidade, padri - t.," r"' um maridtr' ex-mirriJo' ct'ttt 't
nhos e empregados, lrrârcâ tanto ou mais do que o pârentesco sarrguínt.,,, ,.r,;:;;;;:'ôq" "scolher
já que a nossa personalidacle vai se moldando atr ayés das reiilça)es esrr ;;;i"; ; ;. podcoma coâs menlna
i tar? Ere
n
::[ H]#j"x';3,i[T ::"' :: li"] il]l; i
Meu filho, não fala assim com ô doutor. Ele vai pensar que de.se organizar' tt1
- educação. n.1,, Cada casal tem um ieito particular i:':l::
lhe dei - d;;;;; aos filhos, áquel"s q'e se dedicam âos respect'.]on l1t"s.:
r.
Mamâe, ele pode pensâr o que quiser. O que eu sei é que nrio um certo
- mais essa xar.opada de farnília .r,e vivem um Dara o outro e aqueles que conseguem
agüento e às suas respectlvas
io enrre se dedicar aos ltlttos' trm ao otltfo
pra cá, farnília pra lá. Eu vou ú
embora e não volto rnais aqui. Se vocês quiserem podem ficar convcr são mais filhos' os que sà.
sando com o Dr. Adriano. Está aqui o cheque da consulta e até nuncr.
;.;;;;,r,-.; que são mais pais' os queexercer',dentr" dt,
marido s
rs ma'uu e mulher e os que conseguem
rrrurrrLr -t-t'iãu -tT...t"]'Il
um dos
Espero vocês lá embaixo para leváJas para casâ. Não demorem. tont"ntradâs em cacla
u, essas diferentes funções qu
Meu filho, que é isso! Não fique nervoso assim. Não vai fazer
- rantes do câsâI.
bem a você.
fi;.;;;;a se o *i :'':t:'::11'.i:1i1*::"';i:
casâl
Tomaz, conheço bem cssas suas explosões, algum assunto levan
;J;;;i;;^-d.' di"t"*tntt às vivências que câda côniuse trou'
tado -na nossa conversa dcve ter-lhe incomodado e você encontrou unra família, ou seiâ' do convjvio.,:"i::.:::.p::'":1,
Íorma de escapulir. à. t;;';õr; no serr
;;;;;;'.;"," as experiências que esta família atravessou
Stelinha, é mclhor mesfiro elr sair ântes de lhe meter.a r:rào nrr
cârâ,-como eu fazia na infância quando você implicava comigo.
lvimento.
Tchau mamãe.
Douror, doutor, o quê que eu faço? Ele foi embora. Está nunrl
-
fase tão difícil... Ele fica transtornado longe da família. aí fora na sala de espera
Com licença, doutor, consegui' Ele está
-
Olírnpia, acho que yocê deve ir lá na portar.ia do préclio e procu -
3 que quer faiár com o senhor'1ttt q:
t":lot:
rar convencê-lo a voltar à sessão.
] e-.Jã, ,,e lá falar com ele Corn licença' um - ,-^.^-,-
instante'
Doutor, vai ser.muito difícil. Desde pequeno ele é teimoso.
- euan o que o Tomaz quer falar com o Adriano?
do decide alguma coisa, não tem quem o faça mudar de idéia. A únic:r - fnlr*a.,
Não tenho a rnenor idéia'
pessoa que, às vezes, conseguia, depois de alguns gritos, fazêlo mudar tlc - Foi difícil convencêlo a voltâr?
idéia e obedecer, era o ffreu pai. Infelizmente e]e não estii r.nais entre nós. - t, Não
Não adiantam explicações, Olímpia. Eu acredito que vocé tcrn
.Jr, que ele estâva assim preocupado' neJvoso'
- - "ã.
consep,ue-;raüalhar direito Naquete
dia lá em casa ele paÍeciâ sâtisÍeit()'
capacidade de convencê-lo a voltar, principalmente se disser que em todir
ffi;T;;;. pi, d" tudo pâÍa qtre ele subisse' você t'b.: t"lt
é .1
:::
família existern vários segredos. Até que Deus
Não compreendi, irmão. Teimoso que nem uma porta T" lll-'l::
:. T:
com algunra colsâ eu s()
- Ele vai entender. doutor. iar'ü."r qr" quanlo pequeno se ele empâcâva
-Pode descer que eu estôu esperando atr"t.g"il d".e-pa.á-lo-ptometendo alguma coisa'
com Stelinha a volta de vocês.
E o que você Prometeu?
Adriano, você ter conseguido qr.re mamãe fosse tentar trazer o - õ;.;t* outro almoço, cômo âquele. último' para ele'
-
Tomaz já foi um rnilagre. Se ela conseguir vai ser unra milagrc duplo. - Iiacreditável. Ele se vendeu por um almoço'
Mamãe foi sempre umâ rainha dentro de casa. Apesar dela recll - Fica quieta, Stelinha, eles estão vindo'
mar, era vovó quem providenciava tudo ou, quando faltava algunrr coi - Mamãe.
sa, ela Iigava para a loja do vovô, o pai dela, e ele manclava dinhciro, - Que é rneu íilho?
comida, roupa, o que ela quisesse. Nunca se matou pelos filhos. A pr.co- - Não sei como começâr' Queria the contar sobre umâ sitLlitçâ()
cupação dela era papai, o que ele estâvâ fâzendo, ,i que ia fâzcr c corrr - minha vida'
quem estava ? trruito séria que está àcontccendo na
Fale meu filho' Não ó sobre rl seu câsâment()' sua slucltrdc dos
-
Íilhos?
104 . \.1()lsÉ\ (;RotsvÀN
t^MÍr.rÁ É r) rius . t{)5
,,..,;i:"1'J:Xi,'""Ã'o'"0,T;'r:;'
q;;;;; q;;'"r, ou v.cô acha ,;,r,.
.- Doutor, por favor, o senhor
me tleixc
cle fora rk.ssl sit Lrirçio.
Não pensci unr rlrilruto clrrc
- vocô tcrirr rlgrurm
lrirr.ticip;r1.rio,
lr r,oti lirrr:rz, iri,r ,onri1i,,s( (.t ( ors(.]'ltiss(. ll,r!(,lr rrrII(.IIr orIIr rr
..,,,,.1,,
lí16 r vor\r:\ (;Ror!v^N FAMÍl.lA É t)[us ' 107
Stelinha, não sei o que você tem na cabeça. Toda mulher é igual, ..Conovocêsquiserem.Duranteasemanâénraisdifícil}]O].(]t]('tIi]
- que não pensa. Como é que você vai achá-lo se você não tem me encoÍrtraÍar'rr
pârece cr . ã. air..st.,á,, à t.toite' Pot'sorte vocês i]]l,illl:
podetr.tos c.trhirrrtr
nome, o telefone e o endereço dele? ,;;;.';;;;; Íacuklade No fin-r cle senrana
de conhecet'o lesto d:r nrinltl
Bem, não quero Íalar nada. Muíto homem também não pensâ en') rrer horálitl. Tenho a rnaior vontade
-
horas decisivas.
Onde podemos conseguir os dados dele? vou falat com a minha irrnã para ver
o quc cl;r
"Un-r lnomento,
Aposto que a mãe de vocês tem.
- Mamãe, você não podia dizer o nome e o telefone dele?
- disse para nào me meterem nisso.
- JáOIímpia, como já lhe disse, o filho não é seu. Ele é irrnão deles.
-
Ao mesmo poderíamo' trarc'rr?
tempo tem uma parcela de responsabilidade, na medida enr Srelinhe, onde você acha que
que você e Antônio resolveram nào contar o que aconteceu aos filhos. - Tive uma idéia. Vamos ton''bin" na estaçào do^bt'ndinho drr
-Uv.ru(/, r!u t'Ctlt:u.
O nome dele é Júlio e o teleÍone da mãe é 550-3452.
- Agora o resto cabe ,urna,r, * éor,re Vell.ro' Depois subimos pâÍâ.ver ou
-
â vocês. Acho que quem deve tomar a inicie- I §l.tà p.ugron,,r mais birbaca' Isso é para turista pâÍâ crlànçâ'
cle tcr
tiva é o Tomaz. ü.1'"r.í.rq,",ecido E o único progian.ra que eu me lerrbro
Adriano, você está querendo me provocar. Quem ficou -c(,lll p.1Pâ1. Eu adorlv;t t' rrenzinho'
- no telefone' Pí:ra 'ri'
escarafunchando foi a Stelinha, Fiquei na minha. Não sei porque eu? Tri ben.r. não vou dlscutlr, ele está esperândo
Se você conseguir telefonar para o seu irmão, vai ficar mais fácil -r é ottc t:ós vâmos nos reconhecer?
falar -com seus filhos. Inclusive, você poderia ligar agora daqui. 'j;;;; c t'
* u",ro, *un.d" pelo correio - pede o endereço
Você está louco! Se eu resolver, depois eu ligo da loja. .lele to.lo duas fotograÍias n<>ssas'
- Tomaz, sei que você vai brigar comigo, mas o Adriano rem razà(). -
-
Se você ligar, eu falo em seguida com ele.
Doutor, com licençâ, vou me retirar. Vou aguardar na sala dc
-
espera. Se o senhor precisar de mim é só chamar. *lrilio- desculue a demorâ Você topa se encontrâr conosco nâ estil
Pois não, Olímpia. Você ajudou bastante.
- Como os meus Íilhos estão em jogo, vou ligar. aJ úonairfr. io Corcouado' no Cosme Velho?"
":-r"0.. lá que, às vezes' papai me levava'
como é qtrc ctt
- Um momento. Vou ligar o viva-voz pâra eu e Stelinha ouvirmos rr i"s"igra
"
-
conversa. ""' reconhecer vocês?
vou
pelo correio duas fotografias nossas
"^
'n/r;;r .rndar
"A;;t;;,;;;;".â d"ut muito parecido com papai Será que s.tt
"t
parecido corn você?"
"Não sci. Vamos ver na hora "
"Alô, quem está falando?" "Quirnclo é que podemos nos encontrar?"
"É o.lúlio". "deixa eu P.rgr-,ntut à minha irmã?"
"Júrlio, aqui é o Tomaz, filho do Antônio. Tudo bem com você?"
"Tudo bem. Papai falava muito de vocês toclos para mim. Dizia quc
um dia iria me levar para conhecê-los. "
"Estou telefonando para combinaL como cu c rninlra irnri, Stclinha, () (lrl(' \'()t1 \llll( l( ?
-vnuEIett'',nt'-*la"
estava falando oo
e por'toda a família'
se§são.
versâ. ;'""J1:::
)ces para voltar a participar
da nossa con-
Vou cancelar o jantar de segunda-feira com Ligia e minha sogra pil r,r
dar um descanso de farnília- Espero, como hoje é quinta-feira, que minlr.r
sogra não tenha feito ainda as comprâs e preparado o cardápio.
e empresta uma
tonâlidade às r elaçircs
mímica, que cria
Pai, você deve estâr com problema de memória. Você trrl,, r.r
-
quem são seus filhos, sua família. aúi*Xff:::::::
Itlt t tt,t t'l lt s ' f Iagrante
Rodrigo, que está fazendo hoje dezenove anos.
Esse é o f amília, toÍna-se mais
- Pai, belo presente de aniversário.
- E você Paula, quanto anos tem? [..*:,:u#?Iü:.!#i::1ii::*:h::::'i,'J:;#il:**
- Dezoito.
- Rodrigo, você está com uma cara de aborrecido.
- Como é mesmo o seu nome?
- Adliano, Adrian,r Martins. r.ai, ere e rão bonitinho.
de.Ii::
- Foi mesmo idéia sua esse encontro? - val tâzel i"ff: l;.':t",':lt:;.1i:]"ii,,,
Paula. você não
- Foi, conr uma diíerença, que ele dissesse a vocês que o Rrrl,r, I -
- estaria presente.
também "t'o você não é o meu Pai'
"ortno, assim com vr''i'
-
Adriano, nós não queríamos conhecer o Rafael. Achamos quc l.r -- Nã. rlr. "it.1-l]r^;, e ela resolvem
nossas quesrões.
É rnclh.r'
um absurdo o que papai {ez com a família e, principalmente, com manr.r( Deixa que eu
Rodrigo, não Íala por mim, não. Estou achando ele uma gracilrh,r -.reocupado com às suas' mais unr
- Paula, você sempre foi puxa-saco de papai. de frente qlle temos
I n ud,'ign' e melhor voce enrcarar
- E você de mamãe. o.
- Meninos, vocês não vão começar a brigar aqui. Comportem-sc. Pai. me dá ele aqut'
tli
-
...... é você para falar para eu me comportar? - i;;*. cuidado' vê como segura' comrgo'
Quem pouco
se parece um
Eu sei muito bem o que fiz. Do meu comportamento cuido crr. -- i"i. à.'-"'' Ele
Não -vou abrir mão e não vou permitir que me tirem a autoridacle de pai. ;';;;"' o*ou';:.1"i biurogicanre're ti'rtr
Já expliquei a vocês que não foi intencional. Era mais um caso.
- i'.."ul
Rodrigo, queira
^,-^.
nnt'1,i.'il'i.!lil.lil;" e
:Iff :
$i,.; fl JIH"J'J?:iilil:'.'i, " " t - E irl,,,'
preocupadx
i n
Lrir rrx(:,* 1,'.. llt,ll
Achamos que a comunicação entre as pessoas é apenas aquela quc
',,,.
rí,.i;:l.i';;'; ;;;'''
Deue
"sto'
se dá de uma Íorma objetiva, ou seja, através da paiavra. C«rm isto, dei- dele unr minttto'
xamos de valorizar um espâço rico e importante além do verbal, o nio- Peoai' quem é S:rtrdrar
velbal, que se manifesta atr avés do corpo, do tonr dc voz, dos gcstos, tll
- ; *a; d. RaÍ'rel' Paula'
-'É
!AMII lÀ Í1 lrÊos " I l7
-
Rodrigo, você parece que já nasceu velho. É todo certinho, iguirl Nãopodemoseso'::::::::"*:;:,f :iTllff ff 1",l,fl:'.I.: mos
J'' "'r i'u" m que
p roc u ra
a mamãe- e
Ji"1""iil;'
-
E você é igual a papai. Não pára com nenhum namorado. Igual ,r ;1;';ffi ir,"j.'"iXl 1,,
nossa vida. Agora, com tudo isso, o que pesou mais na balança foranr t;:xi:l:,"o:"iil""'L';:l::1,:'"*-,"'li".::,,:,^:,,:.xl'I:ll;;.i:-,ill
vocês. Não me separei para não tirar de vocês a noção de família quc
murto-rru d.
recebi dos meus pais. Ató quem pensa. ;, à;;r" ofetcceu' scu
do que c
Não me venha com essa. Vai engânâr outro, pai. Vlcê pens;r:rdo e\Det'a ír retrihuição
-
na família e tendo suas mulheres. Até um filho você fcz. pensirndo nrr ,rblir mãt' de sul Pes'soa '
família. Deve ter sido para âumentá-la. -- tettivcl' OOt'l'11r.,,,.
l55rr c Í t1t" t"tl'"
farniliar. rr rtrli<lrdc " (lrrc
Rodrigo, não íique fazendo carga somentc contll prrpei. li:r rll- Nir,, irelr., n""'" o (. fir\\i*,'rr('. l)rr
rrãe
-
?
-
vivt'r r. trt fltlníliir ttttrlr
lrvctlttt :lltllllini"-,,., i.,,,,'*,,-"
!_^Mir-lÀÊDEUs"119
I18 , vor\r:s (.rr()rr\1,\N
táo bonitinho'
colo novamente É
ouero fical' com ele no
derá impulsronar o indivíduo âo crescimento, náo se submetendo cottr - t Rodrigo? Não mor-
pletamente aos desígnios da família, ou Ievá-lo à imobilidade em.1rr,' -_;;;' uutê 'upt'-of"t"t-i1';,o o.ror'nno'
viverá merguihado na família.
que você nâo
"t'li,'';il;';i;
p1,"
v-'- ,".a. Vou botar ele um
-Por
não. Ahriu os olhinhos
e esta ornarruu
Vocês tomem cuidado com as idéias do Adriano... no
- Tomaz, as minhas idéias podenr ser diferentes, mas não acrctlit,, só o que você rez'
Você é teimosa. olha
- filhos sejam tão frágeis a ponto de ficarem pertur'bados.
que seus
ú"ln: l"rlilll,*.
r D ei x a rn ais
Por que você acha que papai teve um filho com outrâ mulherl
- Acredito, Rodrigo, que foi devido às experiências que trouxe (l,r
- dele e que foram estimuladas no presente, no casânento con ,r
iüfl :" i ::l'i.TJ;Í,1;1
:' *l:':',1 ::Hi:l
;x"i ::*' R' dr g.
família
sua mãe, no qual cada um participou com cinqüenta por cento da rcs
ponsabilidade.
:iliti:,,11ffii f$*:;1ff
Mesmo assim não dá para desculpá-lo.
-..._ Não eston justificando o que ele fez, o ato é injustificável. Est,rrr - í.í,
Um
Àa'i*'.*o' '"TlLLl.o;lil.
instante. Tomaz' Ante.
--r,,^
.u,..., vou tirar uma foto
l'::;Ir';::'"::ll,lli;"1'l''""'-"''::::[?:;::,1'l:::l',T:]i::
vinhos' ver
Caro leitor, vamos imaginar a conversa que Adriano e Lígia tivc beher hons :133;:'1t;;;;;;ú,. íamilia'
,.."pi" de
- " ot ''''Tl-
ram? Não deve ter sido das melhores porque deixou Adriano desmotivad<,. "tsroâowiry. \u't'|r'
-
Broadway, comptâr .. ^1ssâselts?"
-^-^-^,..r-
"Está ótimo o,antâr, não é Adriano? A gente nunca erra quancL, Po..o então reservar'-'L^:":i;;;-^geÍândo. Estou seudo realista'
na
vem aqui. Adoro essa comida francesa com ioques brasileiros. O merr "Não' Lígia' Desta vez
que cu não avisei"'
marreco assado em molho de vinho linto com manga e purê dc D"p.i.';;";i;
rnandioquinha está ótimo. E a sua codorna recheada de fore gras cour
caju glaceado e repolho roxo?"
"Está boa. EsÍou estranhando que você saiu da dieta".
"É em sua homenagem, meu bem".
"Adriano, você está tão silencioso. Você está preocupado com al-
gum cliente em especial? Você sabe que não gosto de me intrometer n,r
sua vida profissional ".
"O cliente que poderia estâr me preocupando está mâis conscientc
do que nós do seu rolo familiar".
"Não estou entendendo, Adriano".
"O problema agora é a nossa situação".
"Qual situação, Adriano? "
"A nossa relação, Lígia. Parece que vocé não enxerga olr não pensir".
"Você está me chamando de burra? "
"Estou. Burrice emocional. Será que sou sempre aquele que denun-
cia o que não está bem?"
"Eu enxergo sim. O que âcontece é quc soLr otil'nistir c aclctlito clrrc
ti.l
ú
c
ú
=
â
Anjinha.
- Prazer, Adriano Martins. Como é mesmo seu nome?
- Aniinha, Ângela.
- Se você não se incomodar, prefiro lhe chamar de Ângela.
-Absolutamente.
- Essa questão de diminutivo é muito complexa, dá a ir.nprcssãr., tlc
que a- pessoâ não saiu da infância, que continua a usar o apclido qLr.'
recebeu dâ família até hoje. É igual â anjo, santâ.
O senhor mal me conhece e já está tir:ando suas conclLrsões! l'llr
- âtendendo a um convite seu que o Tomaz me transnitiu.
vim aqui
É verdade e lhe agradeço a gentileza de ter vindo. Achei que sLrrr
-
presençâr ao vivo e em cores, seria importante para melhor esclareccl
mais as razões que fizeram com que o câsâmento de vocês desemboci.rssL'
no nascimento de um filho ilegítimo.
Não estou entendendo, Dr. Adriano. O que eu tenho a vcr cor.n o
filho-do Tomaz? A barriga que gerou não foi a minha, não fui cu rltrt'
transei com outro homem, não fui eu que tive r:elaça)es fora do cirsrrnrcrr
to. O que eu tenho a ver com isso?
sua?
da sua
alguma parricipJçâo da larnília
ilelc ,,rr
Qr-ralquer decisão está sendo influenciada pela lei fanrilr,rr, ',, , 1.r l,,r
?
semelhante ou em posiçâo conttária àquela qr.re sua fanrílirr ,,r iliirr.rl 1,r,r
conheciam há muito tempo. tlcil il.
os nrcrrs
""u.;"Ii,,'"...1i"1ff:i,illl,'se
dele. tugàl na rnesma época que
os avó5 p31ç11,,,,
.- V_ocê nâo namoravâ outro rapaz?
Na mo rava. Mas fiou
-n: Ji,.,-...; Durante o namoro, tive vontade de terminar váriâs v('z('r. l\'Hllv{
:il :, e doce. ;.'n;;, ;;:,..,JI:: x* :il;: i T:il,;l:.i"[, -
ele namorando oLrtrâs meninâs. Vovó me dizia: "não façit isso, Ânlltrltrl
suave :
Saímos uma u.r- gr.úr" ; li : ;
t,AMlt t É: r)F!s
âlrirs'
ranre da rnulher é reproduzir e :er mâe. quc estro tr" lado' nl frenk'r)u
--- ct'trteçar' Ttrttraz?
Eu procurava conversâr com Tomaz, nas horas em que nós dois v,,.a Pode
- Vai ser mole' Protcssor'
estávâmos sozinhos efil casâ, mâs ele preferia ver televisão. Num fim dc
-ttt.r-i""atl ttrle ' I ':r\() ( r rrr"\!'
trr-t volta de Angcle 't
semanâ, era capaz de ficar na cama vendo televisão o tempo inteiro, sí> p!'ssox\ Irrr r' I'' " ' \r'r'I'
levantando para ir ao banheiro. Exigia que levasse a comida na cama, C)lrde é que vocô trlk':t'';;;tt'"
-
ess:rs cacleiras Pâra
ÍepreseÍltá-las'
nurna bandeja, e ainda queria que eu comesse e assistisse futebol
-
eu Use
-. '";'l;;;t
Umir cadeirir 0"" " ,*"t,]':,'l'..]ll. ll:,1"' '' '' '
'
que detesto esportes
-
- ao lado dele.
Se não estou trabalhândo, a única vontade que fenho é esticar na
:T'":tjlTl'nT,:1,,jl;Í:{*Íji
",,f:'J:'11 l': l'l'l' .''i''
horizontal e ver televisão. Na maioria das vezes, nem estotr vendo o quc
está passando. O que importa é que me relaxa. i'r.i,j,,ã" e Ja tia-'rv'i' " p'ri' "
'""1 l,rrt',, "t" v'rté r'rt'i 'c 5'!ltindo AIrFelai "'
Todos os homens na minha família trabalhavam muito. Lembro que pàtu a ftente .rr l' rr I Ir I '!' r "
vovô ficava na loja, sábado, até as duas cla tarde e domingo, até o meio Presà l*n""t' ptJ"':ltnd"'
-
me môvimentâr par:r
um lado ou outro-'
ia.
; l; :.ir,"nao
d
- Não chega a ser uma invenção, apenas um exercício lógico. dele, duas cadeiras, uma
pârâ,o -F^-az) ^,,-,-,
----:-r^
está se sentinclo rornaz?
- Não estou entenderrdo- It'oá;;;.;;;ê
- Você não veio de uma farnília, de urra árvore, cr>nr a sua pr<ipria iJ,",'..al,a" da minha família'
-
r-rriz? E Ângele de outra fantíli:r, ontla iír'vorc, outra raiz?
- t,,:;',( \lir
N,rr) lrllll(l() tltt"'
;; \(.;;,,irrrl" dr Ângela?
írrltn t" ",'h,,.'.,,rr(.,1(. (()',l .r rrtrrlr.r 1.r,,,,1, ,
-
Tomaz, acho que você também deveria pensar um pouco mais '"',*?f '1"1,ili,. sahe que'ão
T
concordo.corn
::: :H:llts rrr ir rlr.r,
antes de tomar qualquer decisão. Tanto refazer o câsâmento, principal- Conlo taml'ém o
mente nessa circunstânciâ, quântô separar-se, são opel âções extreÍnâmente
- n vc n c e' v.c ô s tr'l L1 t': c
o
complexas, que demandarão sacrifícios e perdas pârâ t()dos os envolvi- " n o.
""iL'; u'l
dos no processo, até se alcançar um tempo de felicidade, jtr:rtos ou scpa- e
" "j ::T::
vttci's nãtl vi<r ttrc
::1'; :::',TJI :"';'J^:o
oettstl
t'' "'^
rados. li"'Ítt"'r' rtti' rr prrixitrrr'
Se rcsolveretn recomeçâr () câsârrcr.tt(), sLrl;i[o qrrc srti;rnt dil cisir tlir Ató I Prírxinrn '
-
FAMil.lÂ É l)l:trs " l_19
das-íeiras' nr'tt'
Agrado do chefe: Blinis com ovas de arenque.
aPesat r dc ser um
especialisra' de questionar
Entrada: Creme de abóbora com tempura de lagosta. O que lhe imPede'
Primeiro prâto: Raviole de ricota com hortelã ao molho de tomâte ,b..rl..n" a reláção do casal?
' "''' "'
fre sco. ;;;; ;;.,, ":''''
e!,J';';;;;; t".1Ti.t:*J,::ffi Jfi:," ;il:ill:l'
,:1f;: : :T.casal
Segundo prato; Perdiz ao vinho tinto com cogumelos num leito dc podendo chegar à seParâçâo ;; ,", o vinre" par:r sc
' Será oue eles têm vergor
polenta.
Sobtemesa: Maçãs ao forno recheadas de geléia de damasco com tornar um casal comum?
gengibre, banhadas em Calvados, acompanhadas de sorvete de canela.
Deguste com todos os seus sentidos e na segunda-feirâ você poderá
confirmar ao vivo se a prática vâi corresponder à teoria.
Sua sogra ".
Vou ter que me esmerâr na escolha dos vinhos. Se eu não mudar de
idéia até lá, deverão ser os seguintes:
Entrada: Chablis Grand Cru Les Vaudesirs 7996.
Primeiro prâto: Quintâ de Pancas Touriga Nacional 1997.
Segundo prato: Penfolds Bin 407 Cabernet Sauvignon 1 996.
Sobremesa: Calvados.
- e dos terapeutas aguarda o tumor explodir por Si r'rt srrrr, ,,rr rrr,
pessoas
dos envolvidos provocâla expJosão, sou a favor de tomar lnn.r .rÍrr1rl,
lancetar o tumol, ao invés de empulrar com a barriga.
Você não acha esta sua posição perigosa? Você ch:rnrrr l).r.r
-
L
ou t:l.:'
-
Nunca pensei que a família do terapeuta tivesse esse poder. lrrr reação da f a m íria
que ::l'ff lfliiâr::'ilJil:; :: Illil:l :':l
achava que você era un.r profissional. que aprendeu uma técnicâ, des( rr r. Não existe um aparelho
volveu sua experiência e que aplicava seus conhecimentos em quem llrr' o ). íi"t"nçao ""tt::ili::.
você ter ,cd,o o conhecimento sobre
tt
fanríliir' strir
procLll'âva. Ê o que adianta
-ia e ainda errar? famílil' nelll c()lll
âs marcas de sua
Ninguém consegue apaBâr
-sanitária.
Nenhum profissional de qualquer especialidade é tlreral.nentc rrrr
-
técnico. Todo cr:nhecimento é veiculado por um ser humano que fez,,
seu primeiro grande treinamento na sua família. No caso do tcrapeut,r rl,' possib:tf
família, sua vivência farriliar tem umâ importância fundamental, já qu, Conhecer as maÍcas Íamiliares
nhecer as
no
:ff i::'; r'iUl ::llll'
r aeir de uma íorma otl
ois, o qne
que me estirnulou
estirnulou. indiuí.lror, n.,. !.. 1111,r.r
o pacie,rte, o casal, a família que está âtendendo vão provocar continu.r ",":'-1:-i^i5:;;.
:',::rffir"j:
n.:--;,:^-r" d;; inãiuia,or, I-
mente em seu reservat<irio pessoal onde está atmazen ada sua bagagcrr r
ú"'no '
torinn hrm,no
i'J,o'inn e me rBualâ
': consrruímos u-1 ristr'rrir
'9ji'i"'rl"iii;.;:;;;";';,1.o.
[i51r'r'ir
familiar -
o surgimento de len.rbranças, ínragens, emoções e reações li ,r.e viemos
que de algurna lorma t
-
gadas às experiências que viveu com a sua famíliâ de origen, com a fanr i especíÍica.
lia que constitnin ou com substitutos da família original.
nenhuma vâl'Itllgcrll
muito pouco Não vejo
muito esforço para
É-
ern adquirir esse conhecimenllrr, ,.u Íinrl d. vida de urna fot nrr
ttt'lis
Nossa, não sabia que ela tão complexo assin"
- Viver em e com a famílin é extremamente difícil e desafiador. Vou a
-_ Pode aiudá-lo PrePa
-
lhe dar um exemplo de como uma atitude farniliar do passado interfele sâtisfatóriâ' i ^ essz
^-^.1 altura, vou pensar no
meu fim, na tritrhrl
no presente no lneu comportâmento. Meu pai, minha mãe e minha avír, Vocé está loucol A
-
morte? nosst'
mãe dela, prôcurâvam sempre adiar o que tinham para resolver. Quando _-^ atualizando i
o passado e preparanclo
eu pedia a mesada ao rreu pai, ele invariavelmente metia a mão nos bol- Vivemos no Presente'
-
futuro.
sos mostrando-os vazios, sem dinheiro, e me dizia "amanhã eu lhe dou". como vai o Rafael?
fara*T ?l:::::"'.#;I,
E por c.t
No dia seguinte, eu pedia novamente e o mesmo ritual se repetia. O di-
Vai bem' A Salrdrâ' UEPUTJ ;;;;i;,
u\ '"- insistência..concord.tt
írlritn'r tclrt:llrv t
nheiro só ia aparecer alguns dias mais târde, depois de muita insistênci:r. - j*-po'iti'o' -
'- Foi
eu previa' "'-''^ utrt
"^; uma
Reclamava com a minha mãe e ela relrucâvâ para eu não aborrecê-lo ,"r";Jii;;;" 'omo
porque estavâ preocupado com o trabalho. Vovó assistia eu discutir conr :Tllã :Ji :j;**:: n:t ;ü['il, *:'::,1 * À S,,,,
;"p - ; * "" *.' li",Tl,' ;::ll "l'*:ffi : :l:",,,,
papai, depois me chamava nLrm canto e falirva: "meu filho, por que tântl
pressa, temos a vida toda pela frente; o apressado come cru". Sabe o quc
aconteceu? Tornei-me uma pessoa reativa, procuro agir de forrla contla-
-
"'- satisÍeita' Ela
fica lião oe ê rz
id$*ffi',"'ffii
pronuncia o nome dela urna quantia que Bâranta a subsistência tl.l, .
-
Ângela insiste em querer apâgar o Rafael da sua vida.
- Não farei o que ela quer. Ele vai ter os mesmos direiros .1rr, ,,,
-
meus outros filhos: bom colégio, boa moradia, alimentaçâo e saútlc,l,r
melhor qualidade. uma má ação'
Você também pode aproveitar a oportunidacle para exercer ctctr :.i:L',:*illlT:1ll' ""í'*"a"
-
vamente o papel de pai, o que não conseguiu Íazer com Rodrigo e Prrrl,r
Você se cncarregava de ganhar o dinheiro e Ângela cuidava deles. {"t'r ou contra
c
Foram tempos difíceis. Tinha que trabalhar bastante pâra gariur -
-
tir o sustento da família.
Não foi só isso. Você absorveu do seu pai o padrão familiar, corrr,,
-
erâ comum aos homens da época de que cabia ao homem trabalhar. ,r
mulher cuidar da casa e criar os filhos.
E como está o sexo com Ângeia?
Até que melhorou depois dessa confusão toda. Na última vez .1rr,,
*ü*fi**fffiu:**l."r'l
-
foi ao meu apar tarnento, anrou o maior baruiho. Descobriu na sala, conr, '
v<>cê tinha sugerido que eu colocasse, o retrato onde estou com o RaÍael ro :ji***fl+*X;;li:lT*'"'*:''j":::r;:';ãI;illr'll
colo. Jogor"r o retrato no chão e disse que não ia querer me ver mals.
E você chegou a algur:ra decisão â respeito das duas? relacionamento'
- Não. Continuo indeciso. Cada uma me complementa nurra pirr
-
te. Ângela trâz estâ parte mais cultural, tenho um diálogo, me estimul.l ir
ir ao cinema, âo teatro... Construímos uma família n-te dá muito pr,r
zer estâr com todos -
temos os filhos e o futuro deles. Ela cuidava parr
que nada da casa e -dos filhos interferisse no meu trabâlho. Tenho unrrr ...;H:ilT;ii:Ji§ii+:;1;1iiiilil;jr:i'ritl[urr,
grande dívida de gratidão à ela.
Com Sandra, é o tesão, â carne, a paixão, o retorno das sensaçircs, , ::l;:':í,:,:,T:l,,#[^tL"n,sozinho'
'"' - ..I:,1^*::§":x:ol:i:,:es"i:
^'rái'Irrcirrt]r(.t('
'a'.",,,,.
corpo dando o seu máximo, me sentindo url gâr'oto, fezenclo el;r dcsco
' _ A., permanecer r,,,,'.'"'l, '
.'Ir
brir o sexo. Como ela se entrega, se abre, mc dcixir cxcirado c rnc lcvrr ,r p.,i' .ão corrs(r]'[rrr
;:,T,'[:'il,T;llll,t:l':;'l'Ll""i''::l}*';:;; '"'"'
l4{J . \,t()rsÍs (;R(,t\MÀN
estahel.---.-- r
r,^Mírr^ r', r)rIs. l4u
p";;;;,-;"iJ'":iiXXl?lii;ll]::le' entre a Íamíria deres e a da
des mulheres a..r, """ entre â sua mãe e a sua ,r,i,1", drr.sua av,, Porra, Adriano. originalidade! Quando estlrnros chcgiln(lo
Que
";i". *rn,, -
ao fir.ral ele é igual ao princípio.
Que mensagem otimista! Quc rnt'rtlu!
Não adianta Íicar revoltado- Você pode, se quiser, não lculizirr o
-
exercício nem concordar com a minha tese.
sffigffip#ffifi**ffi natural, o ciclo vital familiar, que vai desde o nascimento dessa fanrílie
quando nasce o primeiro filho
-
até sua Írorte, quando morre o crsirl
que proporcionou o seu surgimento, permanecendo a família dos irnrãos.
Com o desenvolvimento dos filhos, há paralelamente e paularinenren rr.
-
H; :: ;:" ; ffi :
" rcspiratririos. Como fui prâticâmente cr iaclo por minhir irv<i rrlTcsll rlc
_- ;::::, :;"" :.?:, J:,JJ;:.J j Jlil" estrr frcqiientenrcnte c()r1't lleus piris e irmãos - l rr(,r.rl
qtrantlo v()ll'(i
"
cotrr clcs, ntc llilrcc('rl1nt cstlilnhos, cot'lto sc -fosscnt clc ()ulril lirnrli,r.
n.,.,,
(]ttrut<lo tttinhrt rtvri r))orÍ('u! r)tc scnti rirliÍo, s<i rro trrrrrrrlo. (,ostrrrrro rrrr.
I I'
f,\vlll,\lrrt'rs'l5l
15(l . \t,r \L\ i, k. i\ \1 \\
Uma última coisa para colocar na carta. a conclusão é que eu não existo setn
frttttli't '
- ottet dizer que
-O da familtri
O quê? que é que eu sou atlnali Unn mero boneco
- você vai precisar ser desleal a ela, na medida em quc v.rr
- Que
procurar privilegiar mais a sua Íelicidade do que se preocupar em âpr(' -
Poderá ser ou não'
sentar a família unida, ao contrário do que ela sempre pregava: "a fanrr
lia está acirna de qualquer preço e sacrifício, custe o que custar"
Como é que você sabe que ela falava isso? uma missão ao nascet' qtte vrti
- As vozes familiares me falaram. Em toda família, cada filho tecebe
.,,r;;;;;;;"*f"ttuti'ot a"positadas sobre ele' Para que e st'r missi"
- Você tarnbém é médium? constrrrll('
- ,-.i^ r.arrreÍ:ue' havel á necessidade de uma negociirção
^'",rt desetrvt'lr"'t
ilii."""'#;;il;[e'a; ;"r' f''"rlia e o Íilho pâÍa que possa
como irrdivícltlo
desejos, para irlcançar sua realização
"'- vontade e seusesse
§ua
r'rbjetivo você precisará cÔntinuâr o
proccss() (ltrc
P;;, âtingiÍ que to.los trcct's
Temos que abrir nossos canais de comunicação internos para con pe;-manente pesquisa
- iniciou aqui âté â suâ mofte, nessa
seguirmos ouvir as vozes de nossa família e assim nos habilitarmos,r quais são âs nossas semelhittt-
,l;;;;t f;;t;";a descob'ir quem somos'tnleidoscópio familiar n<; tltr'rl
captar âs vozes de outras famílias que estâo circulando no interior das
i,as;;;f*;üt em Íelâção uàtn*plt*o
pessoas com as quais convivemos.
cstâmos in.leÍsos.
Caso você decida se despediq gostaria de lhe advertir sobre o mas rne cliga utrlâ c()tsi1:
Bem, a conversâ es!á muito interessante'
resultado. - ou Sandra ?
--" quem devo ficar. Angela
com
Deve ser sobre algum risco ou perigo pelo qual passarei.
- É para você não se iludir. Com essa carta, você não está tirand<r ]- vo.c me conhece um pouco para saber que nào tenho Íespostil'('
- não tomo partido e, além disso' a questão,não é e:s,â;, Orl:nportârttc
o pano'de fund.o que esrá lhc levand.
sua avó de sua vida, como também com os outros exercícios você não ir cstrt
Ii*"*t. fltã;erro Íamiliar' qrlc s('lil'
ficou livre de sua família. Sua avó e os demais personâgens de sua famí.
J,rcr-zilhrdo. Se entendê-lo ficará mais fácil' por tnais pct.loso
lia, com quem você conviveu, estão carimbados no seu corpo de uma
t<lmar uma decisão. (lrr('
forma definitiva. â situirção l)rrIir
De qualquer maneirâ, acho que deve defir.rir
Não sei se você é um gozadoq um charlâtão ou um cârâ sério. Vai
-
servir para que todo o trabalho que fizemos?
fique clara a sua Posição'
não encontÍo ull"lil
Não consigo chegar a uma conclusão porque
Para você perceber, ficar alerta e consciente das influências posi- - qr. â mim e a lodos'
tivas -e negativas que â fâmília exerce sobre a sua vida. ""'-:"i; perfeitâ
soluçâo "t"nd'
é questâo' Não há a possibilidade'
quando tomamos Ltrtttt
" ou -ái' pessoas fiquem contrâÍi2rdÍls'
decisão, de impeài..qu.
"'
sozinho. iântar sur:presa. Não tenho â Ínenor noção do cardápio. [i:;"';;;;;ao tn"
'i'a"n
sempre multn
'om t't"a''
itincipalmente *'cl
Ol!':.Ul]]llil:
Preparei um merllr especial. Vamos ver se você vai âproval '-'" Filha única,
Íácil.
- Precisaria pelo menos saber se vai ser peixe, carne branca ou de quarenta c ctnctr
Át... Àtrr.álnno' Que saudade! Era um amor vinte e um anos ( lir
-
vernrelha para escolher os vinhos que vão acompanhar. anos. Quando nu' tonhtt"tt"!
eLl tinha 1 6-:,un:ê
ter uma filha única para nos clctlicrtl
Não há necessidade. Trouxe os vinhos da adega do Alfredinho. samos um ano depois' nt"r"trn"t
- Não poderia me dizer o cardápio? p"n" qu"-ut"e tenha morrido rào cedo' Arltrclr'
mos mais um ao outro ainda prrra apr.vct
- Você vai descobrir à medida que os prâtos chegarem à mesa. illd;;,;;t;;. C1"t"r de pul-ao' Tínhamos muito
- sete anos' Não nre c.trít't
Vbcê poderia acender as velas nos castiçais de prata, que foram de nrinha tar. Eu com sessenfa dois e votà-À '"tt"ntu "
avó e que dei para Lígia, que nunca usâ sobre a mesa de jantar e mo. Nunca vou lhe esquecer'
-
depois abrir aquela gar:'afa que está no bâlde? - Adriano, desculPe o desabafo' A senlrora ritttlrt ti
Com todo prazer. Oh... que surpresa! Urna champagne, a Dom Nada, dnn" Cttili"' í'.tt"iclo perfeitamente
-
Perignon Blanc 1 990. É uma bebida nobre.
-
iovetn e poderá cncont[ar outÍa
pessoa'
Para acompanhar a entrada. '""''- ftr ."or"aendo' tenho que dar um ptrlo na cozinhc lalil l( rtllll\'ll'
- o primeiro Prato'
Que decoração bonita. É salmâo?
- Tartar cle salmão com ovas de caviarr Beluga por cima, o que cria As .o.P""t vão continuar?
- - Sim. Vbcê pode pegar a bebida que vai acompanhal'? Êstá ttittlttr'
um contrâste interessante. Espero que não tenhâ problemas com peixe --
cru, nem caviar. le or"rtlo brrlde com gelo'
La Grandc Dallc l(ttsti
Não, absolutamente. Hum... está delicir.rso e o champirgne esrá Claro. Olr! Uma Veuve Clicquot Ponsardin
-
no poltto.
-
19U9. Não consigo imaginar qual
sÉrá o próximo pratr'' Esta clrit ltrt littt'
ttt
-
Cecília, você está
Adoro mtxerica' lembra '"*..i.;;;
Ptt';,,'".:l:';;,1i, i.,fanci". Minlt"
a minha intan
Vou selvir a sobremesa. cheiro de tangerina'
- Outra surpresa Cecíiia? avó comPrava
"' na Íeira Para mtm'
- Não. Essa é tradicional. É,rrr.r.*. brülée, uma receita que eu e "'" ó" bom!Que t,,lit:-1u.lll'*r's v:ri \('rrrrr'
- um pouco que v()cê
Alfredinho trouxemos de nossa última viagem a Paris. Vr;u precisal que
você me acompanhe à cozinha para me ajudar a flambá-lo. Morro de -.,n:t':';r.ti'",1!!Tigif
você. Há quânto temPo
que. *m*:T:::TitittT:ll
mais torte' *l:;#i!T";nhora perdcu I crl'cç r'
medo de mexer com fogo.
Não sou dos mais jeitosos-
- Vamos tentar juntos, Adriano.
;ilt;.;ii'"' Cecília, o que I
A
Dona
-Pode acender o fogo, enquanto seguro os potes com o creme. - ,."ulii,nao' Que coisa absurda!
u'"'
"""r" À,} é o Problema Adriano?
Parece que funcionou.
- Combinamos bem. - XU"'*'' tei' Eslou muito confrtso'
vâÍlos aproveitrr csst'
-Adriano, vamos saborear o creme brülée no sofá, ouvindo uma boa - Meu filho, a"i*"
'iàt-, d"poit e
- "t'ift"]o-p"o
música? momento mágico' qualqr'rer r.t-,o,r('r'tl()'
Lígia pode chegar a
Nada a opor. Pelo menosr me deixe ofelecer um digestivo, unr A senhora está louca 'A
- Lucano.
Amaro ot tt- tarde Tenros birst''rr'rt(
r( rrrl)('
De amargor basta a minha saudade. Prefiro um corhaque. Você
"Tii;; é cedo Eles vão chegar mais
- para o sofá. \1ir íillrrr. ()u('
tem o Hennessy? O AlÍredinho adorava. u"'" nós. Vamos Nà() vou Írzer umr coisa
oara dessa ..m
-^r-^ r-c<, 'l \rri
c()m .r
Lógico que tenho. Também gosto. Ii.r., nrn.a
- Você está disposta hoje, Cecília. ria esclarecer ulÍ pollto prra a senhorl
""' Você esrá me olerldelro()'
Estou tendo a maior sâtisfação ci'''" dt senhora'
-Você me permite mexer nos CDs eem o que''"eu sosro
lhe oferecer esse iântâr. --Nao
escolhel a n.rúsica? - Se é isso, não
"' "?ii;!:"1il;ff1::]:;:,.
tem Prol
u,,,, u,. "",,,,
Você está brincando? A casa é sua.
- Não, Adriano, a casa pertence a você e a Lígia. - crsit'
é embora clessa
- Você âcertou mâis uma vez. New York, New York, é a nossa
''"n"Ll:?i?,,'i.'ii'r" .t^-, chega! vou
-
música preferida. Passamos lá, eu e Lígia, grandes momentos.
- ã"'el".l filho? Você Íicou louco?
'"eu Até nunca'
E esses grandes i.h,'. Cecília'
- Prefiro não falarmomentos não existem mais?
sobre esse âssunto agora.
-
-Varnos degustar o creme brúlée e ouvir Frank Sirrarr a.
Que tal dançarmos? você vai a essa hora ?
O qr're a-corrtccctr ?
- Não estou com vontacle. Depois desse jantar, csroLr sarisfcito. Nâ<r Oue é isso Adrian<l? Aonde.
-
pleciso dc mrris nada, só rrrrl boa e.rrnir.
- tl' lht t*plit''' vt>u do'mir no c()nsult.rro'
-t";:;,...,,,,;l',i
164 . M()r\l,s (ir{()rsvÁN rAMIt.t^ÍDLjus'165
"Querida Lígia,
Depois de muita hesitacão, resolvi "Querida vó,
Ihe escrever pila corrtlr.a verda-
de. Não poderia c.nrr.ariar o Não sei como iniciar a minha despedida de você. A minha bocir cstri
oue falo orr" ,,* n.,",o.iirLà',
teceu naquela noite, quando qu" r.,,n. seca, sinto um nó no peito e um choro preso. O que sei é quc vrri st.r.
saí de casa, r.ri q," ,i".',,'n-,
"riv.rvinrcnt. fundamcntal, no meu processo de libertação afetiva, que eu lhe cliga rtdcrrs.
r,ÀN1lll^ r L) |
I
namoro. Quem escolheu meu nome - mamáe lhe pediu - e você me tlcrr
esse nome forte, cujo significado me agrada e me preocupa. 'Ador,r ,,
poder, é persistente e combativo; nomc de imperador.e de papa; proctrr.,r
sempre a verdade, mas gosta de tudo que é misterioso; é um grande corrs
trutor mâs, também, terrivelmente destruidor".
Quando você rnorreu não realizei sua falta que, agora percebo, tcn
tei compensar apoiando-me em Lígia e na lamília dela. Com o crescimcrr
to dos filhos, as ilusões se desfazendo - eu precisando mais de Lígia e clrr
de mim - seu vácuo, que era preenchido principalmente pelos pais tlc
Ligia, retornou com a morte do Dr. Alfredo e â depressão de dona Cecí-
lia. Com o renascimento de dona Cecília, através dos jantares, revivi toclo
o cuidado que você me dedicava e que náo recebia cle Lígia.
O meu envolvimento com dona Cecília foi um erro e, âo mesmo
ten.lpo, um acerto que mc possibilitou descobril que eu continuavâ a lhe
procurar.
Adeus vovó. Não vott deixar de procurar você, mamáe, papai, mcrr.,
irmáos e minha família, se.ja em Lígia ou em outra mulhe r. Só que agora
alerta de que não conseguirei preencher o vácuo dc sua ausência e dos
demais personagens da minha família.
Minha saudade eterna.
Do seu neto,
Aclriano".