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José Saramago

O Ano da Morte de Ricardo Reis


SÍNTESE DA UNIDADE

Encontros – 12.o ano ▪ Noémia Jorge, Cecília Aguiar, Miguel Magalhães


“O Ano da Morte de Ricardo Reis”: síntese da unidade ● Manual, p. 279

Friso cronológico
IDADE Séc. XV-XVI Séc. XVII Séc. XIX Séc. XX LITERATURA
MÉDIA RENASCIMENTO BARROCO ROMANTISMO REALISMO MODERNISMO CONTEMPORÂNEA

José Saramago (1922-2010)


O Ano da Morte de Ricardo Reis
1984
“O Ano da Morte de Ricardo Reis”: síntese da unidade ● Manual, p. 279

Representações do século XX: o espaço da cidade, o tempo histórico e


os acontecimentos políticos

Deambulação geográfica e viagem literária

Personagens mais relevantes

Representações do amor

Intertextualidade: José Saramago, leitor de Luís de Camões, Cesário


Verde e Fernando Pessoa

Linguagem, estilo e estrutura

Em síntese
Representações do século XX: o espaço da cidade, o tempo histórico e os
acontecimentos políticos

Espaço da cidade

LISBOA

Espaço físico
• Baixa
• Rossio
Alto de Santa Catarina

• Hotel Bragança
Tejo

“O Ano da Morte de Ricardo Reis”: síntese da unidade ● Manual, p. 279
Representações do século XX: o espaço da cidade, o tempo histórico e os
acontecimentos políticos
Cidade retrógrada, oprimida, miserável
Espaço da Ex.: bodo do Século
cidade Espaço-alvo de propaganda política
Ex.: espetáculo da Marinha, comício político
Espaço em que se movimentam as forças do
poder
Ex.: PVDE – Victor
Palco da tentativa de revolução comunista
LISBOA Ex.: grupo de revoltosos em que se encontra
Espaço Daniel
social Cpoidpaudlearpeistoresca, onde se movimentam
as classes
Ex.: criados de hotel (Lídia, Salvador, Ramon),
velhos do jardim, vizinhas bisbilhoteiras,
Palcopadeiro, leiteiro, ardina,
de acontecimentos taxista
socioculturais
Ex.: passagem de ano, festejos de Carnaval
“O Ano da Morte de Ricardo Reis”: síntese da unidade ● Manual, p. 279
Representações do século XX: o espaço da cidade, o tempo histórico e os
acontecimentos políticos

Tempo histórico
e acontecimentos políticos

• Ditadura de Salazar
Leitura de • Guerra Civil Espanhola Manipulação
jornais • Expansão nazista na Alemanha da imprensa
• Ascensão de Mussolini na Itália
• Guerra da Etiópia

Leitores
• Ricardo Reis

Velhos do jardim do Alto de Santa Catarina


“O Ano da Morte de Ricardo Reis”: síntese da unidade ● Manual, p. 279
Representações do século XX: o espaço da cidade, o tempo histórico e os
acontecimentos políticos

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O Ano da Morte de Ricardo Reis, de José Saramago”, in Atas do VI Congresso Luso-Afro-
“História-História(s)
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sctorso.pas de Franco:
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Deambulação geográfica e viagem literária

Deambulação B
geográfica

raLLisboa

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oaPortu
gal

Cemitério
dos Baixa Rossio
Prazeres • Rua do Alecrim

RSaupaadteoisro
Alto de s Terreiro do

Santa Paço Praça Luís


de Camões
Catarin

a
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Deambulação geográfica e viagem literária

Deambulação Viagem
geográfica literária

Diálogos entre Fernando Pessoa e


Ricardo Reis sobre a obra pessoana.
Evocação da obra de Ricardo Reis.
Intertextualidade com Fernando Pessoa,
Camões, Cesário Verde…
Valor simbólico das estátuas de Eça de
Queirós, Camões, Adamastor.
Voltar
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Personagens mais relevantes

Ricardo Reis Heterónimo de Fernando Pessoa que se


autonomiza, tornando-se uma figura
independente no romance, mas mantendo
as características do heterónimo pessoano
(contemplativo e distante).
O contacto com o mundo faz-se através da
leitura de jornais – incapaz de compreender
cabalmente o tempo histórico e os
acontecimentos políticos, Reis revela-se um
espectador da realidade ditatorial
implantada no seu país (“Sábio é o que se
contenta com o espetáculo do mundo”).
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Personagens mais relevantes

Fernando Motor dos acontecimentos (a sua morte


Pessoa desencadeia a ação).
Personagem histórica, mas com natureza
fantasmagórica (que participa na ação depois
de morta), dialogando com Ricardo Reis sobre a
sua vida e conduta.
Tece comentários irónicos sobre o contexto
social e a postura de Ricardo Reis relativa à vida.
Valor simbólico: “tutor de uma língua e de uma poética,
resposta da modernidade portuguesa ao mito secular
camoniano, como a querer provar que, da glória passada
ao tempo presente, Portugal deixou acesa a aura de um
discurso modelar para sempre relido”.
SILVA, Teresa (1999). “Do labirinto textual ou da escrita como lugar de
memória”, Colóquio Letras, nºs 150-151, p. 169
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Personagens mais relevantes

Lídia Personagem autêntica, real, verdadeira, que se


distingue das outras personagens do romance.
Mulher do povo, criada de hotel, humilde,
torna-se amante de Ricardo Reis, vivendo de
forma completa a sua feminilidade – cede
completamente ao prazer do gozo do amor.

Consciente, lúcida e crítica, questiona o


contexto social e político que a rodeia e rejeita
os códigos sociais.
≠ Musa etérea e distante
das odes de Ricardo Reis

Inversão de dados pre↓existentes


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Personagens mais relevantes
Jovem pertencente à alta sociedade, com a mão
Marcenda esquerda paralisada; oprimida pelo pai, assume
uma atitude passiva perante o mundo,
política e afetivamente.
Encara o não comprometimento amoroso como
menos doloroso – prefere não se entregar ao
gozo do amor.
Nome que apresenta semelhanças com
marcescível (que murcha) e que aponta para o
carácter etéreo da personagem (“são palavras
doutro mundo, doutro lugar, femininos mas de
raça gerúndia”).
Invenção do romancista
Pontos comuns com as musas etéreas e
Voltar distantes das odes de Ricardo Reis
“O Ano da Morte de Ricardo Reis”: síntese da unidade ● Manual, p. 279
Representações do amor

Ricardo Reis
Duas experiências
afetivas, dois caminhos

Ricardo Reis / Lídia Ricardo Reis / Marcenda


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Representações do amor

Ricardo Reis / Lídia


Relação carnal, marcada pelo
envolvimento físico:

•prLoídvoiacanpdaioxonneale-

suempodruRpilcoaerdfeoitRoeis, de

atração e de menosprezo;
• Lídia sofre por amor, consciente
de que a relação

ndãifoerteenmçafudteucrola,sdsevsisd
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Representações do amor

Ricardo Reis / Marcenda


Envolvimento poético-afetivo/misto
de atração espiritual e física:
• Marcenda exerce sobre Ricardo
Reis

ufrmageilfideitadoed(emfãaoscpínairoa,lidseavdiad)o;

iànesuxpa eriente mas desejosa de conhecer o amor,


Marcenda aproxima-se de
Ricardo Reis;

p• lAatróenlaicçoãso/
DESCOMPROMETIMENTO AMOROSO
Voltar
easspsiurimtueacison“Desenlacemos asramãos”
(étocronnossupm edaompoinr
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Intertextualidade: José Saramago, leitor de Luís de Camões, Cesário Verde e
Fernando Pessoa

Intertextualidade

“todpoosrtousgcuae CVeesrá FePrensas

dreio no da o
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aLuís de
Camões” Ouitnratesrrtefxetr
Camões
uêaniscias
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Intertextualidade: José Saramago, leitor de Luís de Camões, Cesário Verde e
Fernando Pessoa

Início da narrativa:
“Aqui o mar acaba e a terra principia”

Inversão do sentido do intertexto camoniano

José
O(“sOLnudseíaadtaesr,rCaasnetoacIIaI)b,aqeue
Saramago,
leitor de Luís o rmemarectoempaerçaa”a – mudança de
perspetiva (viagem de regresso, virada para
de Camões a terra – ano de 1936,
ditadura de Salazar).
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Intertextualidade: José Saramago, leitor de Luís de Camões, Cesário Verde e
Fernando Pessoa

Intertextualidade com o episódio do Adamastor


(estátua do Adamastor)
Em O Ano da Morte de Ricardo Reis, o privilégio
das referências intertextuais cabe, é claro, ao
José complexo
pessoano […], mas a épica camoniana também
Saramago, comparece na inversão do célebre verso do Canto III
leitor de Luís – “[…] aqui […] / onde a terra se acaba e o mar
começa” – que ilustra de forma magistral uma certa
de Camões vailsimãoendteoPuofratungtasl

menaqtiucanmtoenctaeisadgelópraiartipdoartquugeuesa
muito tempo depois de já ter sido reconhecido
como falacioso. […] A proposta de Saramago, num
tempo em que o país se esforçava por recordar o
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Intertextualidade: José Saramago, leitor de Luís de Camões, Cesário Verde e
Fernando Pessoa

Referência a figuras da poesia de


Camões (ex.: Natércia)
A frase emblemática do romance, tanto no epigráfico
da cena primeira – “Aqui o mar acaba e a terra

José principia” […] como na variante chave de ouro


narrativa – “Aqui, onde o mar se acabou e a terra
Saramago, da
espera.” –, marca de vez a mudança do olhar para a
leitor de Luís terra. É sintomático que o romance abra com uma
de Camões viagem de retorno a Portugal, a de Ricardo Reis, por
mares agora longamente navegados […], a bordo do
Highland Brigade, um vapor inglês da Mala Real
Britânica, o que desfaz definitivamente a possibilidade
de evocação das naus gloriosas de outrora.

eSsIcLrVitAa, cToemreosalu(g1a9r9d9e). m“Deomló


“O Ano da Morte de Ricardo Reis”: síntese da unidade ● Manual, p. 279
Intertextualidade: José Saramago, leitor de Luís de Camões, Cesário Verde e
Fernando Pessoa

José Saramago, Deambulação pela cidade de Lisboa.


leitor de Descrição minuciosa e pormenorizada da
Cesário Verde cidade enquanto espaço físico e social
– Lisboa oprimida e miserável.
José Saramago, Poesia do ortónimo
leitor de Ex.: “O poeta é um fingidor”
Fernando Odes de Ricardo Reis
Pessoa
E“Ax.:p“aSliedreezndooedvieanédloevaevmidean

tàeddisotuârnacdi a…” ”

Referência a figuras clássicas da poesia de Reis


Ex.: “Lídias, Neeras e Cloes”
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Intertextualidade: José Saramago, leitor de Luís de Camões, Cesário Verde e
Fernando Pessoa

Outras The god


A referência
of the labyrinth
referências
intertextuais um conto da obra Ficções, de Jorge Luis Borges) congrega o
aFoUesNcr iÇ toÃr fiO ctí cDi oA H eSrb Ae rL
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(1935/1936), ã. Tpolivem
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fictício,
u m jo queg surge
o d e es pe lh o s , q ue
ro v é r b io s e d i t o s
numa obra real.
Jornais da época: O Século, Diário de Notícias…
Cantigas, provérbios e ditos populares
Afirmações históricas famosas
Voltar
Bíblia
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Linguagem, estilo e estrutura
Cap. I •Chegada de Ricardo Reis a Lisboa no Highland Brigade.
•Deambulação de táxi pela cidade.

•Alojamento
Ricardo Reisno
vê Hotel Bragança.
Marcenda na sala de jantar do hotel.
•Leitura de jornais: notícias nacionais (comemorações nas colónias) e
internacionais (avanço do fascismo).
Cap. II • Deambulação pelas ruas da cidade: mudanças arquitetónicas.
• Leitura de jornais: forma como foi noticiada a morte de Fernando
• Pessoa. Ida de elétrico ao Cemitério dos Prazeres e regresso de táxi.
• Primeiro encontro com Lídia, a criada do hotel.
• Leitura do jornal: demissão do governo espanhol; emergência da
ditadura de Mussolini em Itália.
A
R • Segundo encontro com Lídia.
B
O Cap. III • Último dia do ano de 1935.
A • Passeio pelas ruas da cidade:
D
passagem pelas estátuas de
A
R • Eça de Queirós
U
T • e de Camões.
U
• Visão de uma cidade
R Festejos
vigiada, de Ano Novo
oprimida e em a que Ricardo Reis assiste na
• Ricardo Reis regressa ao Hotel Bragança; ao jantar, pensa em Marcenda.
T
S rua.
ruína.
• Primeiro encontro com Fernando Pessoa.
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Linguagem, estilo e estrutura

Cap. IV • Publicação pelos jornais de notícias nacionais e estrangeiras: anúncio da


afirmação da força do Estado Português aquando da futura derrocada
dos grandes Estados.
• Segundo encontro com Fernando Pessoa: diálogo existencial.
• Ricardo Reis elogia a beleza de Lídia (primeira noite juntos).
• Preconceitos de Ricardo Reis face à diferença de classe social.

Cap. V • Ida de Ricardo Reis ao teatro.



Primeira conversa com Marcenda, no final do espetáculo.
• Deambulação e observação do rio Tejo: presença militar naval.
• Terceiro encontro com Fernando Pessoa: crítica de Pessoa ao
envolvimento de Ricardo Reis com Lídia devido às diferenças sociais.
• Lídia e Ricardo Reis voltam a passar a noite juntos.
A
R
B
O Cap. VI •
Leitura de jornais: avanço do nazismo na Alemanha; demissão do
governo francês; instabilidade política em Espanha.
A
D • Conversa com Marcenda na sala de estar do hotel: situação de saúde
A
R da jovem.
U
T
• Troca de ideias políticas com o Dr. Sampaio, pai de Marcenda.
U
R
T
S
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Linguagem, estilo e estrutura

Cap. VII • Referência aos antecedentes da Guerra Civil Espanhola e ao estado

cfaavóotirceocidao Epuerloaspac;oplóonlíiti
asc.a expansionista e


militarista alemã; Portugal Preparação de golpe militar pelo general

Franco.
Refugiados de Espanha começam a chegar a Lisboa.

Festejo do Carnaval.
Cap. VIII
RDioceanrdçoa RdeisRirceacredboeRuemisa;

Lcíodniatraasfséu.me o papel de enfermeira. Marcenda tem


A
R

conhecimento da contrafé pelo pai.
B
O

Quarto encontro com Fernando Pessoa no Alto de Santa Catarina:
A diálogo sobre Lídia e Marcenda.
D Marcenda e Ricardo Reis encontram-se no mesmo local.
A
R Cap. IX • Ida à polícia a propósito
Acontecimentos da oficiais
históricos: contrafé:
doclima de medo
exército e querem declarar
japonês
U
T
• repressão. Interrogatório policial.
guerra à Rússia.
U •

R
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IAmlupgouteêrndciea
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Linguagem, estilo e estrutura

Cap. X • Comunicação da decisão de permanência em Portugal.


• Quinto encontro com Fernando Pessoa na nova casa de Ricardo Reis.

Cap. XI • Visita de Lídia à casa do Alto de Santa Catarina: amor sensual.


• Lídia anuncia que irá visitar Ricardo Reis às sextas-feiras, dia de folga,
para estar com ele e fazer limpeza à casa.
• Leitura da imprensa: títulos de carácter nacional e internacional.
• Marcenda visita Ricardo Reis na sua casa.
• Beijo entre Ricardo Reis e Marcenda: atração física e espiritual.

Cap. XII • Ricardo Reis escreve uma carta a Marcenda.


• Ricardo Reis começa a dar consultas, em substituição de um médico, na
A
Praça Luís de Camões, e escreve nova carta a Marcenda, dando conta
R
B
O •
dAicslsaom. ação de Hitler na Alemanha.
A
D
• Sofrimento dos portugueses: fome e privação.
A • Festejo da Páscoa: bodo geral pelo país oferecido pelo
R
U
• Governo. Receção de carta de Marcenda.
T
U
• Deambulação de elétrico até ao cemitério.
R
T
S
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Linguagem, estilo e estrutura

Cap. XIII • Sexto encontro com Fernando Pessoa: conversa sobre o amor, a
situação do país e a obra Mensagem.

Visão enaltecida de Salazar, o ditador português, e propaganda política
em jornais estrangeiros.
• Marcenda visita Ricardo Reis no consultório; o médico pede a jovem em
casamento, mas esta rejeita-o.
• Marcenda despede-se por carta.
Cap. XIV • Ricardo Reis vai a Fátima com a expectativa de encontrar Marcenda.

Cap. XV • Propaganda do regime ditatorial português.


• Diálogo com Lídia sobre o seu irmão
• Daniel. Sétimo encontro com Fernando
A
R • Pessoa.
B
O
Simulacro de ataque aéreo na capital.
A Cap. XVI • Notícias dos jornais: revoluções na Europa; sofrimento dos portugueses
D – fome e privação.
A
R • Lídia revela a Ricardo Reis a sua
U
T • gravidez. Oitavo encontro com Fernando
U
R
Pessoa.
T
S
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Cap. XVII • Participação de Victor num filme de propaganda política, de Lopes


Ribeiro.
Instabilidade política pela Europa.
• Golpe militar em Espanha.

Cap. XVIII • Ricardo Reis escuta as notícias pela rádio.


• Ricardo Reis vê comício político de exaltação ao Estado Novo.

Cap. XIX • Revolta dos


Marinheiros (8 de
setembro de
1936).
A • Cruzamento da
R
B História com a
O ficção: Daniel,
A
D irmão de Lídia,
A participa na
R
U revolta.
T
U • Ricardo Reis
R parte Voltar
T
S com Fernando
A
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Linguagem, estilo e estrutura
Tom oralizante
Diálogo entre personagens

Visível, “É mulher, Bravo, vejo que você se cansou de
sobretudo, nos idealidades femininas incorpóreas, trocou a Lídia
diálogos das etérea por uma Lídia de encher as mãos, que eu
personagens e bem a vi lá no hotel, e agora está aqui à espera
nos comentários doutra dama, feito D. João nessa sua idade,
do narrador. duas em tão pouco tempo, parabéns, para mil
• Marcado pela e três já não lhe falta tudo, Obrigado, pelo que
vou aprendendo os mortos ainda são piores que
presença do
os velhos, se lhes dá para falar perdem o tento
registo informal
na língua.”
(popular), ao
nível do léxico e
da sintaxe Discurso do narrador
(construção “Este aqui sou eu, dirão depois em casa à
frásica). querida esposa e os da frente enchem o papo de
ar, não os mordeu o gato raivoso mas têm
aquele mesmo ar esparvoado.”
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Pontuação
Reprodução do discurso no discurso
• Supressão de quase todos os • Uso peculiar do discurso
sinais de pontuação, com direto – não seguimento das
exceção da vírgula e do convenções associadas à


pInotnetnociofinnaall.idade do fdoisrcmuartsaoçdãioregtroá;fi
uso da pontuação: incumbir
mcaardcoação do discurso
o leitor da tarefa de pontuar
direto com inicial maiúscula
os textos.
(início de fala) e vírgula (fim
“Já Lídia não saiu, dócil voltou atrás e de
veiofala).
explicar, foi sol de
pouca dura o bote fulminante, Meu irmão está na marinha,
Qual marinha, A marinha de guerra, é marinheiro do Afonso
de Albuquerque, É mais velho ou mais novo do que tu, Fez
vinte e três anos, chama-se Daniel, Também não sei o teu
apelido, O nome da minha família é Martins.”
V
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Linguagem, estilo e estrutura

Antítese

Comparação

S
Enumeração
O
V
I Ironia
S
S
E
R
P
X
E
Metáfora
S
R
O
U
S
C
E
R

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Linguagem, estilo e estrutura

AOpnsiç
otítãeo seentre o significado de duas ou mais
palavras ou expressões, com a finalidade de destacar o
contraste entre ideias.
Com as antíteses “mar”/ “terra” e
“Aqui o mar acaba “acaba”/ “principia”
localização geográficarealça-se a e
de Portugal
e a terra principia.” estabelece-se uma relação de
S
intertextualidade com a epopeia
O camoniana, por meio da subversão
V (“Aqui onde a terra se acaba e o
I
S mar começa”).
S
E
R
P
X
E
S
R
O
U Voltar
S
C
E
R

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Linguagem, estilo e estrutura

RCeolamçãopdaeraançalãogoia entre dois termos


com o objetivo de assinalar as suas diferenças ou
semelhanças, recorrendo a uma palavra ou expressão
comparativa.
“um vulto que parece Com esta comparação
ruína de castelo” sugere-se o clima de
opressão vivido na
S cidade de Lisboa.
O
V
I
I
S
S
E
R
P
X
E
R
S
U
C
O Voltar
E
S
R

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Linguagem, estilo e estrutura

EApnreusmenteaçrãaoçoãu olistagem sucessiva


de elementos relacionados entre si e, geralmente, da
mesma classe gramatical, de forma a intensificar uma
ideia.
“tudo isto é ilusão, Com esta enumeração
quimera, miragem descreve-se Lisboa de
criada pela movediça forma negativa, sugerindo-
S
O cortina das águas que se a opressão vivida no
V
descem do céu fechado.” país.
I
I

S
S
E
R
P
X
R
E
U
S
C Voltar
E
R

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Linguagem, estilo e estrutura

Ironia
Expressão em que se sugerem ideias ou sentimentos
contrários ou diferentes do que se diz. A interpretação
correta da ironia depende do contexto e do
entendimento do interlocutor.

“o nosso [Estado] afirmará A ironia é o recurso


a sua extraordinária força utilizado pelo
S e a inteligência refletida narrador para criticar
O o regime salazarista.
V dos
V
I
S
homens que o dirigem”
S
E
R
P
X
E
R
S
U
C
O Voltar
R

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Linguagem, estilo e estrutura

MUtieliztaáçfãoo rdae um termo para designar algo


diferente daquilo que designa habitualmente, a partir
de elementos que são comuns a esse termo e ao que
ele refere.
“tudo isto é ilusão, Esta metáfora remete
quimera, miragem para as condições
S
O criada pela movediça climatéricas,
V
cortina das águas que acentuando o
I
desconforto trazido
S
S
descem do céu fechado.” pela chuva.
E
R
P
X
E
S
O Voltar
S
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“O Ano da Morte de Ricardo Reis”: síntese da unidade ● Manual, p. 279

Em síntese
José Saramago | O Ano da Morte de Ricardo Reis
✓ Representações do século XX: o espaço da cidade, o tempo
histórico e os acontecimentos políticos.
✓ Deambulação geográfica e viagem literária.
✓ Representações do amor.
✓ Intertextualidade: José Saramago, leitor de Luís de
Camões,
Cesário Verde e Fernando Pessoa.
✓ Linguagem, estilo e estrutura:

–ao etostmruoturarlaizdaantoeberaa; pontuação;


– recursos expressivos: antítese, comparação, enumeração,
ironia e metáfora;
– reprodução do discurso no discurso.

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