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A FÁBRICA NACIONAL DE MOTORES 59

A Fábrica Nacional de Motores


R e p o r ta g e m d e ADALBERTO M ÁRIO RIBEIRO

ÉRAMOS CONTEMPLATIVOS . . . E, hoje, vendo-se fo to g rafias d e oco rrên cias do R io de


q u a re n ta anos a trá s, tem -se im p re ssão de q u e tu d o foi h á
um século ! E q u a n to e n tã o a m odas — e m o d as fe m in in as
A M O S co n v ersar u m pouco, re le m b ra r o passado e — o c o n tra ste é c h o can te com as de hoje : longos v e s ti­

V d ize r a lg u m a coisa do p re s e n te . N ão esp e re m o b ser­ dos d e cau d a, v asto s ch ap é u s com p a ssa rin h o s e ja rd in s
vações in te re ssa n te s e o rig in a is. B a sta q u e sejam os since­ suspensos, e so m b rin h as à R e ja n e , n a D a m a das C a m é ­
ros, o que, d e resto, já é u m a fo rm a d e se ser original, lias, d e longo cabo, e n cim ad o p o r laço d e fita s, a fo ra as
com o ju d ic io sa m e n te observ av a m e stre C a rly le . . re n d as em tô rn o d a a rm a ç ã o . . .
E n u m a re p o rta g e m sôbre m áq u in as, fe rra m e n ta s e m o­
* * *
tores, deve-se ta m b é m le v a r m u ito e m c o n ta a paciên cia
de leito res que, d a m ecânica, so q u e re m sa b e r dos b e n e ­
P assos, q u ando p re fe ito , reso lv eu c ria r novos c e n írio s
fícios q u e ela lhes p ro p o rc io n a . N a d a m a is. E a té chegar
p a ra a m ise-en-scène das recepções oficiais, to rn a n d o m ais
lá, isto é, às b ielas, c arters, eixos e m ancais, não h a m al
acessível o A lto d a B oa V ista e fra n q u e a n d o ao púb lico ,
n e n h u m em q u e p rece d am o s êste tra b a lh o de n o tas sôbre
p o r m eio d e m ag n ífica e stra d a d e rodagem , a C a sc atin h a,
coisas b e m d ife re n te s e que, e n tre ta n to , nos p a rec em o por­
a V ista C hinesa, a M e sa do Im p e ra d o r.
tu n a s p a ra m o stra r com o a n tig a m e n te vivíam os n o u tro
m undo, extasiad o s com os e n ca n to s d a n a tu re z a . . . O S u m a ré, a cav aleiro do m o rro do S algueiro, e n tre S a n ­
ta T e re sa e as m o n ta n h a s q u e p re c e d e m a T iju c a , du ro u
A qui no R io b astav a -n o s lev a r os v isita n te s e stra n g e i­
p o u c o . U m a q u e stão ju d ic ia l ru id o sa e n tre o c a p ita lis ta
ros ao C orcovado ou ao S ilv e stre . O p ro g ram a das visita s
C asem iro C osta e o sen ad o r J o a q u im M u rtin h o , g ran d es
oficiais e ra e n tã o pouco e xtenso : p rim e iro , as belezas n a ­
a cio n istas d a C o m p an h ia F e rro C a rril C arioca, q u e lev av a
tu rais, depois v isita à C âm ara e ao S enado e, com o fecho
seus b o ndinhos a té ao S u m a ré, te rm in o u com p re ju ízo p a ­
de ouro, b a n q u e te no pré-h istó rico C lube F lu m in e n se , onde,
ra os cariocas, que p e rd e ra m a q u ele belo re ca n to , a b e rto
h á quase u m século, a sociedade carioca já b rilh a v a, com o
lá no a lto da m o n ta n h a , p a ra suas excursões d o m in g u e iras
W an d e rle y P in h o nos d escreve no seu in te re s sa n te livro
em d ias d e c a lo r. N essa época, A lexandre M a k e n zie não
S a lõ es e D a m a s d o S e g u n d o Im p é r io . Ê sse clube passou
h a v ia a in d a a p are cid o a q u i no R io com sua L ig h t re v o ­
a cham ar-se, n a R e p ú b lic a , dos D iá rio s e hoje é o A u to m ó ­
lu cio n á ria dos c o stu m es d a cid ad e, q u e com e la ta n to se
vel C lu b e do B ra sil, que, a p e sa r de tu d o , a in d a c o n tin u a
te m b e n e fic ia d o .
a ser, à fa lta d e o utro, a sala de v isita s d a c id a d e . E n tr e ­
ta n to , p o d e ria te r nom e m ais expressivo; com o, p o r ex em ­ N a nossa h istó ria social v iv íam o s em p le n a E r a C o n te m ­
plo, P e rs is te n te C lu b e do B r a s il. . . p la tiv a , em p e re n e fe tic h ism o p e la s coisas d a n a tu r e z a .
Os p o e ta s não e n c o n tra v a m estro fo ra do classicism o con­
À s vêzes o Ita m a ra tí a m p lia v a u m pouco o p ro g ram a
v e n c io n a l. R a ro s fiz e ra m exceção aos d ogm as d a a rte
de recep ção aos hóspedes ilu stre s do G o v ê rn o . E , q uando
p o é tic a tra d ic io n a l. R a ríssim o s. C om o W a lt W h itm a n , nos
o v is ita n te e ra m esm o no táv el, com o p o r exem plo E lih u
E sta d o s U nidos, tivem os, é v e rd a d e , u m A ug u sto dos A n ­
R o o t, u m passeio a P e tró p o lis tin h a seu quê de d istin ç ã o .
jos, q u a n d o d e p lo ra v a a f a lta d e a p ro v e ita m e n to a d eq u a d o
O s ex cu rsio n istas p a rtia m dê m a n h ã e m tre n z in h o d a Leo-
das m ú ltip la s fo rm as d e e n erg ia, “dos d ín am o s p ro fu n d o s,
p o ld in a , c u ja e staç ão inicial fu n c io n a v a e m h o rren d o b a r ­
que, poden d o m o v er m ilhões d e m u ndos, ja z e m a in d a na
racão a li e m S . F ra n c isc o X a v ie r .
e stá tic a do n a d a ” . . .
Os jo rn a is d iário s d a época não g a stav a m d in h eiro em
clich ês e, p o r isso, so m e n te O M a lh o e a R e v is ta da S e ­ MAS H O JE OS DÍNAMOS PROFUNDOS J Á COMEÇARAM A
m ana se in cu m b iam de p u b lic a r, no sáb ad o seg u in te às ex­
TRABALHAR. . .
cursões, os fla g ra n te s d elas ap an h a d o s a q u i e e m P e lro -
polis e nos q u a is e ra se m p re ap rec iá v e l o n ú m ero de sen h o ­ A s nossas q u e d as d ’água, êsses d ín am o s p ro fu n d o s, estão
ras, q u e e m p re sta v a m aos passeios m u ita v id a, m u ita gra sendo agora u tiliz a d o s n a sua ação p r o d u tiv a .
ça, m u ita d istin ç ã o . A q u i no R io e e m seus a rre d o re s, ao lad o dos se d u to res
— A final, q u a n d o é que você, seu re p ó rte r conversador, e n ca n to s da n a tu re z a , já tem o s re aliz a çõ e s re v e la d o ra s de
com eça a ' fa la r da F á b ric a N acio n al de M o to re s ? A ssim nosso p ro g resso no cam p o in d u stria l ou cie n tífico e tô d as
você aca b a nos c o n tan d o a h istó ria da M a rq u e sa de S a n ­ d e v id a s à in ic ia tiv a d e técn ico s que, n a execução d e sua
tos . . . o b ra, d e v e m se n tir o m esm o estro , a m esm a e ste sia dos
— E sp e re u m pouco, b rig ad e iro G u ed es M u m z . O se ­ ou tro s p o e ta s, os id e a lista s u tó p ic o s d e criações a b s tra ta s .
n h o r v a i v e r q u e tô d as estas rem in iscên cias sao re a lm e n te N a tu r a l. P o is se h á p o e sia e m tu d o ! — no v e rb o d e C a s­
tr o A lves; n a c am p a n h a c ie n tífic a d e O sw aldo C ruz; n a
n e c e ssá ria s.
60 REVISTA DO SERVIÇO PÚBLICO

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F . N . M . -— M a q u e ta da C idade In d u stria l o u C idade dos M o to res

singeleza dos afãs dom ésticos e no “clangor do tra b a lh o PEQUENA E GRANDE REPORTAGEM
in d u s tria l” !
— A m anhã, R ib eiro , a M issão M ilita r c h ile n a v a i v isi­
* * * t a r a F á b ric a N acio n al d e M o to re s. V ocê e ste ja lá cedo
com o fo tó g rafo . S a ia d a q u i da redação às 7 Vi d a m a n h ã .
T ran sfo rm a ç ã o c o m p le ta se op ero u n a fo rm a de re c e b e r­
E s ta ordem , nós a recebem os d e C osta R ego n a redação
m os os e stran g e iro s q u e nos v is ita m . M issões m ilita re s ou
do C orreio da M a n h ã , a 25 de ju n h o à n o ite . f
c ie n tífica s, n o ta b ilid a d e s no com ércio, n a in d ú s tria o u na
fin an ç a, e n c o n tra m ag o ra no R io , em S ão P a u lo , M in a s e N o d ia seg u in te rodávam os p a ra X e ré m . C hovia fini-
e m alguns o u tro s E stad o s, g ra n d es núcleos de tra b a lh o , de n h o . N osso au to m ó v el lam b ia a e stra d a R io -P e tró p o lis,
té c n ic a m o d ern a av an ç ad a , d e n u n ciad o res, sem d ú v id a, de e sp a d an a n d o á g u a p ’ros la d o s. D e so la çã o . D izíam o s n o ­
c o m p le ta d e rro c a d a d a . . . E ra C o n te m p la tiv a . m es feios b a ixinho c o n tra u m m u n d o de coisas sé ria s. Q ue
a F á b ric a d e M o to re s fôsse p ’ro in fern o !
S u rg ira m no m a p a econôm ico do B ra sil êstes g randes
p o n to s lum inosos, q u e d isp e n sa m convenção e x p lic ativ a : A n e b lin a n a b a ix a d a au m e n tav a -n o s a tris te z a . D epois
V olta R e d o n d a, M a c ab ú , Q u ilô m e tro 47 d a E s tra d a R io- de B ra z de P in a p e rg u n ta m o s ao “c h a u ffe u r” :
S ão P a u lo ( C . N . E . P . A . ) e 37 d a R io -P e tró p o lis ( F . — A in d a fa lta m u ito ?
N . M . ) , só p a ra c ita r os q u e se a ch a m lwcalizados n a v e lh a — A té lá é u m p e d a ç o . . .
p ro v ín c ia do R io d e Ja n e iro , c u ja p o b re za a té h á pouco
B ueno, o fotógrafo, n e m fa la v a, o q u e p a ra ê le é um a
te m p o p o d ia se in fe rir p e la desolação d a B a ix a d a F lu m i­
to rtu ra .
nense, e q u i m esm o à orla d a b a ía de G u a n a b a ra . H o je , o
seu sa n e am en to c o n stitu i obra de ta l v u lto q u e deixa Icnge
E p e n sá v am o s assim :
se m elh an te s re aliz a d a s em o u tro s p a íses e c ita d a s com es­
p a n to pelos q u e não co nhecem a n o ssa. — Se não tivéssem os saído d e casa, e staríam o s à q u ela
N o v a le do R io D oce, e m S ão P a u lo , n o R io G rs n d e h o ra n a cam a, lendo m ac iam en te o jo rn al, a v e r se C her-
do S ul, os p o n tin h o s lum inosos no m a p a estão surgindo, b u rgo h a v ia a fin a l caído; depois os tóp ico s e as “so ciais” ,
a fo rm a r c o n stelação c ria d a e c a n ta d a p o r o u tro s po etas, p ra sa b e r q u e m m o rre u . . .
q u e p ro c u ra m sa b e r d ire itin h o p o rq u e a fin a l d e v em se — O lhe, B u e n o . V ocê só tir a u m a c h a p a . Só h á e sp a ­
u fa n a r d e seu p a í s . . . ço p a ra u m a fo to g ra fia .
A FÁBRICA NACIONAL DE MOTORES 61

E r a o m eio d e nos v in g arm o s d a m a ld ita F á b ric a de — O e n g en h e iro H o rtê n c io d e M e d e iro s v a i a co m p a ­


M o to re s . . . O m au tem p o , o frio ú m id o e o v e n to cor­ n há-lo n a v is ita ao P a v ilh ã o P rin c ip a l.
ta n te nos p re d is p u n h a m a tô d a p a rcim ô n ia no e m p ie g o E a dois passos d a q u ele p e q u e n o g a b in e te , e n a com ­
de a d je tiv o s; dos a d jetiv o s, d a s fotografias, d e tu d o ! Iria - p a n h ia d êsse técnico, tiv e m o s em seg u id a a p rim e ira visão
m os fa z e r n o tíc ia b e m sêca n a q u ele d ia m olhado, com o do in te rio r d a F á b ric a .
se fôssem os p a c h o rre n to re d a to r do Jo rn a l do C o m e rc io . . . Q ue su rp rê sa a g r a d á v e l! D o a lto d e u m a v a ra n d a in ­
— M a s não é b o m tira r u m a fo to g rafia do alto, a p a n h a n ­ te rn a do m in am o s o in te rio r do p a v ilh ã o , q u e se e sten d e ,
do tô d a a fá b ric a, e d ep o is o u tra, in te rn a , d e u m d e ta ­ im enso, am p lo , to d o ilu m in ad o p o r ig u al e com su as m á ­
lh e ? q u in as e m longas filas, d e a p re se n ta ç ã o v a ria d a , a com por
vistoso e im en so cenário, com o im ag in am o s só e x istir nas
— N ão é p re c is o . Só u m a ! gra n d es fá b ric a s n o rte -a m e ric a n a s.
E, c o n tra ria n d o o fotógrafo, satisfazíam os assim nossa A li, o p o e ta n ã o p o d e ria la m e n ta r a fa lta de a d eq u a d o
ra iv a c o n tra a F á b ric a e ta m b é m c o n tra o seu in v en to r, a p ro v e ita m e n to “dos d ín am o s p ro fu n d o s, q u e p o d e n d o m o ­
q u e não conhecíam os senão d e n o m e . v e r m ilhões d e m undos, ja z e m a in d a n a e stá tic a do n a ­
— Q ue absurdo, fa z e r m o to re s de av ião no B r a s i l . . . da” . . . '
P o is tu d o isso n ã o é p a te n te a d o lá nos E sta d o s U n id o s ? A fô rça e lé tric a, a lu z flu o resce n te , o a r condicio n ad o e
E êles v ã o d e ix a r assim , sem m ais n e m m enos, que no a te m p e ra tu ra re g u la d a se d istrib u e m p o r im en sa rê d e a ére a
B ra sil se fa b riq u e u m a coisa d e q u e os am erican o s tê m o que, b e m abaixo d a longa c o b e rtu ra do p a v ilh ã o , form a
segrêdo, o d ire ito re se rv a d o ? curioso e m a ra n h a d o d e tu b o s, com o te ia im e n sa d e p ro ­
teção às c o m p lica d as m áq u in a s, a q u e d ã o v id a. m o v i­
(Ê sse , u m p a lp ite m u ito nosso, m u ito de nossa g e n te .
m en to , a ç ã o . .
A c rític a fácil, a p re ss a d a . A grada-nos essa e sp erteza, essa
in te lig e n te e m ara v ilh o sa sa b e d o ria !)
N EM o BOTÃO FU L M IN A N T E, N EM M AIS VESTÍGIO DE M AU
E stá v a m o s p e n sa n d o tu d o isso e m v o z b a ixa .
HUM OR

E em voz a lta :
C om eçam os, e n tã o , a to m a r nossas p rim e ira s n o tas, no
-— Só u m a ch ap a , seu B u e n o ! d esejo n a tu ra l d e c o lh êr m a te ria l p a ra a re p o rta g e m do
C orreio da M a n h ã , a q u a l n ã o p o d e ria e x ce d er de duas
E p a ra o “ c h a u ffe u r” :
c o lu n a s. Q u estão d e espaço — c o n sid eráv am o s se re n a m e n ­
— N ã o p recisam o s d e m o ra r lá . À s 11 h o ras voce p o d e
t e . N ão e ra p o r m ais n a d a . N ã o e r a . . .
v o lta r conosco.
— B ueno, e sta m á q u in a a q u i é d ’o u tro m u n d o ! B ata
'— Ê s te c arro só p o d e sa ir d a F á b ric a à s 5 h o ras d a
a b ic h a .
ta r d e . . É o rd e m d o coronel S h o rt C o i m b r a ...
— J á tire i d a q u e la o u tra p e q u e n a . V ocê n ã o disse que
— E o b rig a d e iro G u e d es M u n iz não v a i hoja a F a ­
só p re cisa v a d e u m a fo to g rafia ?
b ric a ?
— R eso lv i o u tra ' coisa : p u b lic a r ta m b é m longa re p o r­
— N ão, se n h o r. S e u av ião ficou re tid o em V o lta R e ­
ta g e m n a R e v is ta d o S e rv iç o P ú b lic o e q u e ro q u e você
don d a, p rê so pelo m a u tem p o , e os chilenos vão ser re ce ­
tir e u m as doze ou q u in ze fo to g rafias, boas, m u ito b o a s a
bid o s p e lo coro n el C o im b ra .
b e m n ítid a s !
S e tiv éssem o s a li u m b o tão zin h o com o o do E ç a , no
N ão p en sáv am o s m ais no b o tã o fu lm in a n te do M a n d a rim ,
M a n d a rim , fu lm in a ría m o s, à d istân c ia, nosso ch efe C osta
e m u ito m enos n a h o ra d e v o lta r à c id a d e . A li nos a c h á ­
R ego, q u e nos h a v ia a rra n ja d o a q u ela b o a e s t o p a d a .. .
v am os de r e p e n te n u m p ed aç o do nosso B ra sil do fu tu ro ,
À a ltu ra do q u ilô m e tro 37, o a u to m ó v e l in fle tiu p a ra a de u m o u tro B ra sil q u e se m p re im a g in am o s p o d e ria h a v e r
e sq u e rd a , larg a n d o a e stra d a R io -P e tró p o lis . E stáv a m o s u m dia, m as m u ito d is ta n te e m u ito d ifíc il p a ra nós, p e s­
a fin a l ch eg a n d o . soalm ente, d e a lc a n ç a r a in d a !
— V ocês conhecem , pelo cinem a, com o n o u tro s tem pos, H o rtê n c io de M ed eiro s, so rrin d o , o b se rv av a -n o s a p re ssa
n a C alifp rn ia, su rg ia m do n a d a cid a d es in te ira s, o n d e p o u ­
no escrever, com o se quiséssem os ta q u ig ra fa r fie lm e n te o
co a n te s só h a v ia p â n ta n o s, m o sq u ito s e fe b re ? P o is bem , q u e nos d iz ia .
fa ç a m u m a fo rcin h a, p e n se m u m pouco, e dispensem -nos, /
— Se o sen h o r fô r to m a r n o ta d e tu d o , êsse bloco não
p o r c am ara d a g em , d e de sc re v e r o q u e v e m su rgindo a li na
c h e g a . .«
B a ix a d a F lu m in e n s e . É u m a v e rd a d e ira c id ad e in d u s t r ia l !
E n c a b u la m o s .
E n tã o , e stam o s e n te n d id o s. V am os s a lta r d ia n te do
T e m razão; v o lta re i a q u i m a is v ê z e s. O b rig a d e iro
PAVILHÃO PRIN CIPA L
G u ed es M u n iz n a tu ra lm e n te c o n se n tirá n a re p o rta g e m p a ra
a re v is ta do D . A . S . P .
O coronel S h o rt C o im b ra leva-nos a seu g a b in e te de — É p o ssív e l. M a s é b o m e n te n d e r-se a n te s com ê le .
tra b a lh o , onde nos faz se rv ir c a fé . E foi b o m p o rq u e sen­
O s o ficiais d a M issão C h ile n a c h e g a ra m a o m eio dia,
tía m o s fe l n a b ôca e n a alm a; fel e frio .
p e rc o rre ra m to d o o P a v ilh ã o P rin c ip a l e o u tra s d e p e n d ê n ­
— V á c h a m a r o M e d e iro s . cias d a F á b ric a , re g re ssan d o ao esc u re c er à c id a d e .
E depois d essa ordem , d a d a ao V sludo, o continuo, o N o d ia se g u in te , no D . A . S . P . , se n tía m o s p ra z e r e m fa ­
c oronel S h o rt C o im b ra nos disse : la r n a F á b ric a N a cio n a l d e M o to re s . E stá v a m o s d e so rte :
62 REVISTA DO SERVIÇO PÚBLICO

n in g u ém a li (p e lo m enos as pessoas com as q u ais h a v ía ­ QUANDO SE COGITOU DA INSTALAÇÃO DA FÁBRICA


m os c o n v ersa d o ) conhecia a F á b ric a . E o sab o r d a n o v id a ­
— Q uando o b rig ad e iro pen so u n a c o n stru çã o d a fá b ri­
de foi c o m p le to . O sab o r e a satisfação de re v e la r o que
ca e v iu sua id éia ap o ia d a pelo G ovêrno ?
desco b ríram o s fia v é sp e ra , em d ia "nada p ropício ao m a ra ­
vilhoso, às e x u b era n te s m an ifestaçõ es de e n tu sia sm o . M e s­ — P osso d izer-lh e q u e e sta fá b ric a com eçou no ano de
m o assim , foi o q u e se v iu : fo rce i o fo tó g rafo a tira r 14 1939, in esp era d am e n te , no g a b in e te d o G e n era l M en d o n ça
fo to g ra fia s . . . , L im a, M in istro d a V ia çã o . G a ra n ti a S . E x a . q u e no
B ra sil se p o d e ria c o n stru ir m otores de aviação, e o S en h o r
UM POUCO DE HISTÓRIA M in istro , com êsse e sp írito c la riv id e n te e corajoso q u e lhe
é tão p e cu liar, te v e fé na a firm a tiv a , tra n s m itiu ao P re si­
O coronel S h o rt C o im b ra ofereceu-nos, m im eografada, a
d e n te G e tú lio V argas a sua co n fian ça e, u m a sem ana d e ­
c o n ferên cia q u e h á tem p o s o b rig ad e iro G u ed es M u n iz
pois, e ra nom eada u m a com issão de trê s engenheiros, p a ra
p ro n u n c io u no C lube de E n g e n h a ria sôbre a F á b ric a N a ­
ela b o rar o a n te p ro je to in ic ia l.
cional d e M o to re s.
V am o s e x tra ir dêsse tra b a lh o algum as n o tas in fo rm a ti­ — E a com issão d e m orou m u ito a e la b o ra r êsse p ro ­
vas, a p rese n tan d o -a s aos leito res d a R e v is ta d o Se rv iç o je to ?
P ú b lic o com o se fôssem re sp o sta s do b rig ad e iro G uedes — N ã o . E m m enos d e dois m eses o c o n clu iu . E n tr e ­
M u n iz a p e rg u n ta s q u e re a lm e n te lh e tivéssem os fe ito . ta n to , e stev e prêso, sem q u a lq u e r an d am en to , d u ra n te
C onvenham os q u e não h á in co n v e n ien te, n e m d eslise de q u a se u m ano, e o im passe só te v e fim q u an d o o p ró p rio
nossa p a rte em re p ro d u z ir assim o que S . E x a . disse p e ­ P re sid e n te da R e p ú b lic a cham ou a si o p ro b lem a, após um a
ra n te a q u ela c u lta e n o b re in stitu iç ã o . p a le stra coletiva com aviadores, e n tre os q u ais estávam os,
Q uerem os com isso poupar-Ilie tra b a lh o d e re p e tir o que e m ju lh o d e 1940, na E scola de A e ro n áu tica dos A fonsos.
já h a v ia a firm a d o v e rb a lm e n te e consagrado e m d o cu m en ­ O p rim e iro c réd ito p a ra o início dos tra b a lh o s foi e n tã o
to im p re sso . assinado, n a q u ele m esm o m ês, e fom os p e sso alm en te d e ­

F . N . M . — V ista d e c o n ju n to do P avilhão P rin cip a l e dos P a vilh õ es d e entrada da F ábrica, destacando-se no ú ltim o
pla n o o telhado do P avilhão d e F undição
A FÁBRICA NACIONAL DE MOTORES 63

signados p a ra o rg a n iz ar o p ro je to fin a l da F á b ric a , p ro jeto A NECESSIDADE DE GRANDE EM PR ÉSTIM O PARA AQUISIÇÃO


q u e d e v eria ser a p re se n ta d o n a A m érica do N o rte ao G o ­ CE M ÁQUINAS
v ê rn o A m erican o e à F á b ric a W rig h t, pois d êles d e v e ría ­
— E o d in h eiro p a ra aq u isição d a s m áq u in a s ?
m os o b te r as necessárias p rio rid a d es e a cessão d a licença
de fa b ricação dêsses m o to re s. — E m fin s dêsse m esm o m ês d e ja n e iro d e 1941, e m ­
b a rcá v am o s p a ra a A m érica do N o rte , com o p ro je to em
m ãos e a d u p la m issão d e “ co lo car” o nosso p ro je to e de
A ESCOLHA DÓ LOCAL
o b te r u m e m p ré stim o de $ 1 .2 2 0 .0 0 0 ,0 0 p e lo E x p o rt &
— A m u ita g e n te p o d e p a re c e r e stra n h o q u e se fôsse Im p o rt B a n k , e n q u a n to no B ra sil fica v a e m e stu d o o p ro ­
in sta la r a fá b ric a tã o longe do c en tro d a cid ad e e lá n a je to do c o n tra to d e licença, a ser assin a d o com a 'W r i g h t
B a ix a d a F lu m in e n se , n o m eio do m a to . A e ro n au tica l C o rp . N os E sta d o s U n id o s o b tiv em o s do G o ­
— P o is olhe, o p rim e iro p ro b le m a q u e tiv e m o s de en­ v ê rn o A m erican o e d a W rig h t a a p ro v aç ão in te g ra l d a q u ele
f re n ta r foi a escolha do local o n d e colocar a p rim e ira fá ­ p ro jeto , o b tiv em o s as p rio rid a d e s n ecessárias, o b tiv em o s o
b ric a d e m o to re s d e tô d a a A m é ric a do S u l. M a s tu d o em p ré stim o no E x p o rt & Im p o r t B a n k .
e ra tã o novo p a ra os b ra sile iro s q u e a té a escolha do t e r ­ — E n tã o , tu d o c o rre u m u ito b e m . . .
reno a p ro p ria d o causou com plicação, d em o ras e d iscussões. — A té c e rto p o n to . D e v o dizer-lh e, e n tre ta n to , q u e o
M in a s d e se ja v a a fá b ric a no seu te r ritó rio . E n tre ta n to , só c o n tra to d e licen ça d a W rig h t fo i re m e tid o a q u i p a ra o
d e v eria ser in sta la d a ao n ível do m ar, e essa exigência té c ­
R io e arrisca d o a ser co n d en ad o e m p a re c e r d e u m “ té c n i­
nica p re v alec e u , fe liz m e n te . co ” b u r o c ra ta . . .
— P o r q u e ao n ív el do m a r ?
SITUAÇÃO DIFÍCIL
—- O m éto d o d e fa b ric aç ão do m o to r d e aviação exige
o se g u in te : E m m áq u in a s m o d ern a s fab ric am -se as peças E o b rig ad e iro G u ed es M u n iz assim p ro sseg u e :
e sp a rs a s . M o n ta m -se essas p eças fo rm an d o assim o m o to r
c o m p le to . C ad a m o to r d e p o is de m o n ta d o v a i p a ra u m —■ T u d o q u e fô ra o b tid o nos E sta d o s U n id o s à c u sta
b an co especial de ensaios, onde fu n c io n a rá in in te rru p ta ­ de esforços im ensos, pois p re cisa m o s não esq u e ce r q u e es­
m e n te d u ra n te cinco horas, em v á ria s condições d e ro taç ão táv a m o s e m 1941, em p le n a g u e rra d e n e rv o s n a A m é ­
e p o tê n c ia . D e p o is dessas cinco horas, o m o to r é c o m p le ­ rica, tu d o e sta v a arriscad o a sossobrar, p o rq u e a lg u é m no
ta m e n te d e sm o n ta d o e cad a p e ça é e x am in ad a e m e d id a B ra sil a n d av a p o n tilh a n d o p a re c e re s im ensos sôbre c lá u su ­
n o v a m e n te . C aso tu d o e ste ja correto, o m o to r é m o n ta d o las téc n ica s q u e n ã o p o d e ria se q u e r c o m p re e n d e r. N ossa
e v o lta n o v a m e n te ao ban co de p ro v a s p a ra o u tro ensaio situ aç ão e sta v a fica n d o tã o c rítica , q u e resolvem os v ir ao
de trê s horas, e m v á ria s condições d e ro taç ão e p o tê n c ia . B rasil, e m d ezem b ro d e 1941, p a ra e x p o r o p ro b le m a ao
Se nesse e n saio fin a l tu d o c o rre r n o rm alm en te, se o m o to r G ovêrno, e, e m 15 d ia s q u e a q u i p assam os, arra n c am o s
d e r a p o tên c ia que d e u a n te rio rm e n te , êle será e n tã o a p ro ­ d a q u ele b u ro c ra ta a p re te n sã o d e d isc u tir p ro b lem as de
v ad o e p o d e rá se r e n tre g u e a seu d e stin o . Ê sses ensaios, p u ra e n g en h aria, e levam os d e v o lta o c o n tra to d e licença
p o rta n to , d e v em ser fe ito s nas condições as m ais d esfav o ­
a p ro v ad o d e fin itiv a m e n te . Isso a co n tec e ra ju s ta m e n te nos
ráv eis, q u e são as d e m aio r te m p e ra tu ra e pressão, isto é,
d ias q u e su c e d era m a P e a rl H a rb o r. A quêle a n o d e lu ta s
as condições do n ív el do m a r. E v id e n te m e n te poder-se-ia.
nos E sta d o s U n id o s e stav a g ra v e m e n te arrisca d o a te r sido
em q u a lq u e r a ltitu d e , n u m a c â m a ra fech ad a, p o r m eios a r ­
gasto em vão -— arm a v am -se os am ericanos, fin a lm e n te
tific ia is, re p ro d u z ir as condições d e p ressão e te m p e ra tu ra
unidos, p a ra v e n ce r a g u e rra q u e o in su lto ja p o n ê s d e se n ­
do n ível do m ar, m as à c u sta de desp esas pesadíssim as, o
c ad e ara em todos os co raçõ es. N ossas p rio rid a d es, q u e e ram
co m plicações in e n a rrá v e is . N ão seria adm issível q u e na
ótim as, q u a n d o as recebem os, p a ssa ra m a ser so frív e is. E ra
p rim e ira F á b ric a de M o to res, do B rasil, nós fôssem os com ­
todo um serviço a c o m e ça r. O q u e calam o s d e ja n e iro n
p lic a r nosso p ro b le m a com solução q u e n e n h u m a F á b ric a
m eados d e fe v ere iro d e 1942, v en d o as m áq u in a s, q u e em
de M o to re s a d o ta ou se q u e r p re c o n iz a .
1941 te ria m pod id o v ir p a ra nós, se rem re q u is ita d a s p a ra
A localização ao n ív el do m a r p o rta n to se im p u n h a . e q u ip a r dezen as d e novas fá b ric a s a m e ric a n as; o q u e lu ta ­
— E foi fá cil e n c o n tra r o te rre n o ao n ív el do m a r p a ra m os, n ã o preciso d e screv er, po is c a d a en g en h eiro , n o B r a ­
a in stala çã o d a fá b ric a ? sil, já d ev e te r p assad o p o r essas lu ta s, essas crises, essas
p e rtu rb a ç õ e s. A situ aç ão e m 15 d e fe v ere iro d e 1942 e ra,
— N a d a f á c il. M a s d e p o is d e m u ito s vôos acham os o
pois, a se g u in te : tín h a m o s u m a p rio rid a d e A l - J , p a ra
te rre n o a tu a l, com e stra d a d e fe rro em fu n cio n am en to ;
a d q u irir m áq u in a s, p rio rid a d e q u e e ra e x ce le n te e m 1941,
com a m elh o r á g u a p o tá v e l do R io d e Ja n e iro , q u e nos é
m as q u e e m 1942 só nos g a ra n tia p razo s d e e n tre g a acim a
fo rn ec id a d ire ta m e n te p e la s a d u to ra s d e X e ré m e M a n ti-
d e dois anos; tín h a m o s, p o ré m , nosso p ro je to a p ro v ad o ;
q u ira; com a m elh o r e stra d a d e ro d ag em do B rasil, q u e é
tín h a m o s $ 1 .2 2 0 .0 0 0 ,0 0 no E x p o rt & Im p o r t B a n k à nossa
a R io -P e tró p o lis; com lin h a d e fô rça c ru zan d o o terre n o ;
disposição; tín h a m o s p ro n to o c o n tra to da licen ça W rig h t.
ro d e ad o d e m o n ta n h a s q u e fa c ilita m a p ro teç ão a n ti-a é re a ;
com en o rm es á rea s p la n a s p a ra as p la n ta ç õ e s e p a ra o
A BOA VONTADE E O PATRIOTISM O DO M INISTRO
cam p o d e pouso; com trê s rios, q u e fo rn ec e m á g u a in d u s­
SOUZA COSTA
tria l em a b u n d â n c ia — o C a p iv a rí, o S a ra c u ru n a e o M a to
G ro sso . E ssa á re a fo i d e sa p ro p ria d a p e lo govêrno do E s ­ —r—F e liz m e n te m e e n c o n tre i n a q u ele d ia 15 d e fe v e re iro
ta d o do R io , p a ra a fá b ric a, e m ja n e iro d e 1941. de 1942, epm W ash in g to n , com o m in istro S ouza C osta, e n ­
64 REVISTA DO SERVIÇO PÚBLICO

1 * ‘ , - • * i 3 U

* \& { , ^ pf r* iS

F.N.M. — F achada p rin cip a l do P avilhão d e F undição d e a lu m ín io e suas ligas

tã o em im p o rta n te m issão fin an c eira do G o v êrn o B ra sile i­ UM A GRANDE VANTAGEM DA LE I DE EM PRÉSTIM O


ro . C onvidei S . E x a . e o nosso E m b a ix a d o r p a ra a ssisti­ E ARRENDAMENTO
re m à a ssin a tu ra do c o n tra to W rig h t em P a te rso n , N . J e r -
E o b rig ad e iro G u ed es M u n iz a crescen to u :
sey, e v isita re m a F á b ric a W rig h t. F o i m arc ad o o dia 23
— O m a te ria l re q u isita d o n a A m érica do N o rte p e la L ei
d e fe v ere iro p a ra essa c e rim ô n ia . A in d a m e recordo, com o
d e E m p ré stim o e A rre n d am e n to só será pago pelo B ra sil
se fôsse hoje, da p e rg u n ta do m in istro S ouza C osta após
o e q u iv a le n te a 3 5 % d e seu valor, sendo o re s ta n te a con­
aq u e la v isita à p rim e ira fá b ric a a ero n á u tic a a m e ric a n a que
trib u iç ã o a m e ric a n a ao nosso esforço d e g u e rra . Isso e q ü i­
e n tra v a : “C oronel, q u a n to s m o to res irem o s nós fa b ric a r ? ”
v a le a d izer q u e a m a q u in a ria d a F á b ric a de M o to re s irá
R e sp o n d i a S . E x a . q u e o o rç a m e n to d e $ 1 .2 2 0 .0 0 0 ,0 0
nos cu star, âpenas, 1 /3 do seu v a lo r p ró p rio , o q u e re p re ­
só nos p e rm itiria a d q u irir m áq u in a s p a ra a p ro d u ção de
se n ta u m a v itó ria excepcional p a ra o nosso G o v ê rn o .
250 m o to res p o r a n o . A chou S . E x a . p e q u en o o n úm ero
e m face d a situ aç ão g ra v e in te rn a c io n a l e, sem n e n h u m p e ­ A RESPONSABILIDADE DA INSTALAÇÃO DA FÁBRICA
did o m eu, sem u m a in sin u aç ão seq u er, o S r . M in istro d a
Fazenda ord en o u -m e : “C oronel, faça-m e o cálculo do O u tro in te re s sa n te esc la rec im e n to do b rig ad e iro G u ed es
q u a n to se ria necessário p a ra d u p lic a r, pelo m enos, essq M u n iz sôbre os serviços de in sta la ç ã o d a F á b ric a :
p ro d u ç ão e v e ja se será p o ssív el in clu ir o p ro g ram a da •— O P re sid e n te da R e p ú b lic a não q u is c ria r u m a com is­
F á b ric a n o “L en d L ea se ” , q u e in te rc e d e re i p esso a lm e n te são p a ra e sta b e le c e r o p ro g ram a d e fin itiv o e re sp o n sa b ili­
ju n to ao S e n h o r P re sid e n te d a R e p ú b lic a p a ra q u e au to zar-se p e la co n stru ção da F á b ric a , sendo p e r isso d e sig n a ­
rize essas d esp esas su p le m e n ta re s” . do u m só eng en h eiro q u e fic a ria com o único responsável
p e ra n te o G ovêrno pelo p lan o g e ral d a o rganização em
— E a F á b ric a fo i in c lu íd a no “L e n d L e a se ” ?
* v ista e sua re a liz a ç ã o . Ê sse e n genheiro, n a tu ra lm e n te , te v e
— D u ra n te 15 d ias v iv i n u m tu rb ilh ã o de co nferências, d e ro d ear-se de v á rio s auxiliares, n a s d ife re n te s e sp e ciali­
em W ash in g to n , rev en d o to d o s os m eu s am igos, a p la in a n ­ dad es q u e o assu n to c o m p o rtav a, reu n in d o -o s sob a fo rm a
do d ific u ld ad e s, lan çan d o m ão d e to d o s os arg u m e n to s té c ­ de u m a com issão c o n stru to ra a q u i no R io e de u m a co m is­
nicos, a p re se n ta n d o p ro v a s d e q u e essa p ro d u ç ão , a u m e n ­ são d e co m p ras e estu d o s nos E sta d o s U n id o s.
ta d a , p e rm itiria u m a fa b ric aç ão m ais hom ogênea, m ais — E a té h o je e s tá assim o rganizado o serviço ?
e q u ilib ra d a e, p o r ta n to ,'m a is econôm ica. E m 15 d ias e s­
— S im . A com issão c o n stru to ra a q u i no R io e stá sob a
ta v a a p ro v ad o p e lo G o vêrno A m erican o a e n tra d a d a F á ­ m in h a c h efia d ire ta ; e e. dos E sta d o s U nidos, sob a do e n ­
b rica d e M o to re s no “L en d L ea se ” ; o m in istro S ouza C osta g e n h eiro O sw aldo B itte n c o u rt S am p aio , com o m eu re p re ­
c u m p rira o p ro m etid o ; o S e n h o r P re sid e n te d a R e p ú b lic a, se n ta n te d ire to . A ssim sendo, todos os serviços ob ed ecem a
em horas, p o r tele g ra m a , a u to riz a v a a d u p lic a çã o do p ro ­ u m a o rien taç ã o única, existindo, p o rta n to , u m só re sp o n ­
je to in ic ia l. . sável p e ra n te o G o v ê rn o . C om isso, essa re sp o n sa b ilid ad e
A FÁBRICA NACIONAL DE MOTORES 65

não se d ilu i, o que, d e certo, não aco n tec e ria se o G o v êrn o rê n cia; o c u lp a d o não som os nós, m as S . E x a . , q u e nos
houvesse n om eado u m a com issão com plexa p a ra tr a ta r do p ro p o rcio n o u assim in fo rm açõ es o p o rtu n a s ag o ra e em
a ssu n to . F o i, p o rta n to , com o já disse, d e sig n ad a u m a só q u a lq u e r tem p o , so b re tu d o p a ra certo s técnicos, q u e não
pessoa, único chefe dos a u x iliare s q u e p e sso alm en te sele­ e n c o n tra m d ific u ld ad e n a solução d e p ro b lem as d e q u e são
cionou e e sc o lh e u . E m p rim e iro lugar, com o re p re se n ta n te p ro fu n d o s e se g u ro s. . . d esconhecedores 1
do G ovêrno, nosso tra b a lh o e ra de o rie n ta d o í téc n ico dos
— V am os c o n tin u a r, b rig a d e iro ?
p ro jeto s q u e v isa v a m a co n stru ção d e u m a fá b ric a, n a qual
o e q u ip a m e n to q u e foi a d q u irid o nos E sta d o s U n id o s d e ­ — S u p rim in d o as jan e las, econom izam os ...........................
v e ria ser m o n tad o , p a ra com êle c o n stru írem -se m o to res de C r$ 3 .2 0 0 .0 0 0 ,0 0 e m v id ro s e e sq u a d ria s d e ferro ; o a p a-
a v ia ç ã o . E m segundo lugar, cab ia-m e a função de fiscal re lh a m e n to d e a r condicionado, p a ra to d o o P a v ilh ã o P rin
e ún ico resp o n sá v el p e ra n te o G o v êrn o B rasileiro p e la es­ cip al, p o r u m a sin g u lar co incidência, nos cu sto u .................
c ru p u lo sa e rigorosa ap lic aç ão dos fundos q u e nos fo ram U S A $ 1 6 0 .0 0 0 ,0 0 , isto é, C r$ 3 .2 0 0 .0 0 0 ,0 0 . O a r co n d i­
c o n fia d o s. E m te rc e iro lugar, com as facilid ad es q u e t í ­ cionado nos ficou, p o rta n to , de g ra ç a . N ossos o p e rário s t r a ­
nham os com o re p re s e n ta n te d êsse G ovêrno, cabia-nos a in ­ b a lh a rã o sob u m a te m p e ra tu r a c o n sta n te d e 26,5° e g ra u
da o b te r as p rio rid a d e s n ecessárias e o concurso dos d e ­ de u m id a d e n u n c a su p e rio r a 5 5 % . C om o com p lem en to ,
m ais órgãos oficiais p a ra q u e nunca faltassem , com o n u n ­ veio a ilu m in aç ão fria flu o resce n te p a ra tô d a a F á b ric a , cal­
ca fa lta ra m , óleo p a ra nossos tra to re s , tijo lo s e m adeiras, c u la d a p a ra fo rn ec e r 38 “fo o t c a n d le s” ou se ja m 404 “lu x ”
cobre, tu b o s galvanizados, a p are lh o s d iv erso s. na área das m áq u in as, e, a u m m e tro do solo, ilu m in aç ão
a b so lu ta m e n te c o n sta n te e, n essa F á b ric a “ b lac k o u t ” , in ­
AS CONDIÇÕES DO A M B IEN TE NA FABRICAÇÃO DE MOTORES te ira m e n te in d e p e n d e n te d a s condições e x te rio re s d e n e ­
b u lo sid ad e . A e s tru tu ra d e co n creto a d o ta d a p e rm itiu a sus­
O b rig ad e iro G u ed es M u n iz te v e ensejo, a in d a n a sua p e n sã o fácil e ra cio n al dos c lim a tiz a d o re s.
c o n ferên cia p e ra n te o C lu b e de E n g e n h a ria , de a firm a r o
A c o b e rtu ra d e te lh a s o n d u lad a s d e fib ro -cim e n to rece­
seguinte, q u a n to às exigências d e te m p e ra tu ra a d e q u a d a n u ­
b e u um fôrro duplo, com u m a c am ad a d e cinco c e n tím e ­
m a fá b ric a d e m o to re s :
tro s d e kieselg u rh com o iso lan te té rm ic o . N ã o ex iste u m a
— A concepção dos edifícios e stav a n a tu ra lm e n te p resa só canalização e m b u tid a p a ra a d istrib u iç ã o d e água, luz,
ao o b jetiv o fin a l a a tin g ir. T o d o s nós sabem os q u e a f a ­ a r com p rim id o o u fô rç a . T ô d a s elas são suspensas, de so rte
b rica çã o d e m o to re s d e aviação exige u m a p recisão e x tre ­ q u e se pode a lte ra r a posição das m áq u in a s, e m m in u to s,
m a e to le râ n c ia s rigorosas, q u e não p o d e m se r u ltra p a s sa ­ sem se te r q u e a b rir u m rasgo, n e m a rro m b a r lages e p a ­
d a s . T a l precisão re q u e r q u e as m ed id a s d a s p eças se jam re d e s . Q u an d o term in asse essa téc n ica , p u ra m e n te d e obras,
fe ita s e m condições in v a riá v e is d e te m p e ra tu ra , p o is os d e v eríam o s e s ta r p ro n to s p a ra a b o rd arm o s a té c n ic a dos
p ró p rio s c alib re s se ria m os p rim e iro s a m o stra r variações m o to res, com to d o s os p ro b le m a s a ela c o rre la to s. P re c i­
em função d a te m p e ra tu ra a q u e estiv essem su b m e tid o s. sávam os re c e b e r as m á q u in a s a d q u irid a s nos E sta d o s U n i­
A conselhou, p o rta n to , a W rig h t, d a d as as te m p e ra tu ra s e le ­ dos, verificá-las, consertá-las, q u a n d o chegassem , com o ch e ­
v a d as no v e rã o (3 8 ° C ) e re la tiv a m e n te b a ix a s no in v ern o g a ra m m u ita s delas, a v a ria d a s ou e n fe rru ja d a s, m o n tá -las na
(8 ° C ) a q u i n a B a ix a d a F lu m in e n se , q u e a fa b ricação d e F á b ric a e o p e rá -la s . Ê sse tra b a lh o e stá sendo p a c ie n te e
seus m o to res fôsstí fe ita em a m b ie n te d e te m p e ra tu ra cons­ m e ticu lo sa m e n te e x e c u ta d o . As m á q u in a s q u e p erdem os,
ta n te , onde a v a ria çã o n u n c a u ltra p a ssa sse 10 g rau s c e n tí­ to rp ed e ad a s, fo ram a u to m à tic a m e n te su b stitu íd a s; as q u e
grados, e n tre o in v ern o e o v e rã o . nos c h eg a ram a v a ria d a s fo ram c o n se rta d as, m as o p ro b le m a
m ais sério será o d e o p e ra r essas m áq u in a s, o d e c o n stru ir
O PRIM ITIV O E O ATUAL PR O JETO DA FÁBRICA n o B rasil, com elas, p eças d e m o to res q u e n u n c a fo ram
c o n stru íd a s e m nossa te r r a .
— O p rim e iro p ro je to d a F á b ric a d e M o to re s a p re se n ­
ta v a u m a a p a rê n c ia clássica, com la n te rn in s e n v id ra ça d o s e
O RECRUTAMENTO DO OPERARIADO
g ran d es ja n e la s late ra is, e m to d o o c o m p rim en to d a F á b r i­
ca, ta m b é m e n v id ra ç a d a s . Q uando, n a A m érica do N o rte ,
— In ic ia lm e n te , ficou e sta b e le c id o q u e n e n h u m o p e rário
c o n su ltam o s e sp e c ia lista s d e a r condicionado, os cálculos
p o d e rá ser a d m itid o n a F á b ric a d e M o to re s sem te r sido
d e te rm in a ra m u m a p o tên c ia d e l.SOO cavalos, só p a ra os
a p erfeiço ad o n a su a E sc o la T é c n ic a , n a q u a l ê le n ã o so ­
c om pressores de re frig e ra ç ã o . P ro p u s e ra m e n tã o êsses téc­
m e n te a p re n d e ria a fa b ric a r m o to re s, com o, so b re tu d o , r e ­
nicos q u e fôssem su p rim id a s tô d as as jan e las, fazendo-se a
c eb e ria um a e d u cação d isc ip lin a r sev e ríssim a , p o is n ã o ss
F á b ric a in te ira m e n te “ b la c k -o u t” , o que, no caso d e g u e r­
p o d e co n fia r a q u a lq u e r lev ia n o a fa b ric a ç ã o d e p e ç a s de
ra, a p re se n ta ria a in d a v a n ta g e n s a p re c iá v e is. A supressão
u m m otor, de c u ja p e rfe içã o v ã o d e p e n d e r, d e fu tu ro , v id as
d a s ja n e la s p e rm itiu re d u z ir a 1 .0 0 0 cavalos a p o tê n c ia
b ra sile ira s. P a r a c ria rm o s essa escola, nos m esm os m oldes
dos com pressores, dan d o , p o rta n to , u m a g ra n d e econom ia
das sim ila res a m e ric a n as, u m téc n ico e e x -in s tru to r d a
no custo d a aq u isição e n a s despesas d e fu n c io n a m e n to do
E sc o la M a u á , p o r nós c o n tra ta d o , M á rio P a la d in i, foi
siste m a d e a r c o n d icio n ad o .
fa z e r nos E sta d o s U n id o s u m estág io d e seis m eses, n a
m esm a F á b ric a W rig h t, cujos m o to re s irem o s a q u i cons­
UM A ECONOMIA DE M AIS DE TRÉS M ILHÕES DE CRUZEIROS
t r u ir . Ê sse téc n ico m atricu lo u -se n a q u ela escola com o sim ­
SÓ E M VIDROS E ESQUADRIAS !
p les aluno, fre q ü e n to u to d o o curso, su b m e te u -se a tô d as
O le ito r da R e v is ta d o S e rv iç o P ú b lic o h á d e d escu lp ar- as p ro v a s e exam es, escolheu o m a te ria l n e cessário q u e foi
nos p o r e starm o s e n tre v ista n d o h á ta n to te m p o o b rig a d e i­ a d q u irid o , e, hoje, e stá e n ca rreg a d o da m o n ta g e m d essa es­
ro G u e d e s M u n iz a tra v é s d e sua in te ressa n tíssim a c onfe­ cola a q u i, có p ia id ê n tic a d a E sc o la W rig h t.
66 REVISTA DO SERVIÇO PÚBLICO

ENSINO MINISTRADO NA ESCOLA TÉCNICA NACIONAL, EM ce in ac red itáv e l, b e m pode ser fa cilm e n te explicado ; P a ra
S . CRISTÓVÃO se a b rir as a lh e ta s n u m c ilin d ro d e m o to r de aviação, u ti­
liza-se u m tô rn o especial e a u to m á tic o . N êle o o p e rário só
— A F á b ric a 'N a c io n a l de M o to re s re c e b e u v a lio sa con­
te m qüe colocar o cilin d ro m assiço no lu g ar e a p e rta r um
trib u iç ã o do m in istro G u sta v o C a p an em a, q u e p e rm itiu or­
b o tã o . A m áq u in a faz o resto — as n av alh as, q u e o ope-
ganizássem os a nossa escola p a ra fo rm ação de o p erário s n a « t
a n tig a E sco la W en ceslau B raz, hoje E sco la T éc n ic a N a ­ rá rio n e m sabe com o se fa b ric am e se am o lam (p a ra elas
c io n a l. E hoje tem o s ali trê s cursos, pois os o p erário s que existe urri e sp e c ia lista ), a b re m as a lh etas, nas dim ensões
fa b ric a m m o to r d e aviação se d iv id e m em trê s classes b e m re q u e rid a s . Q uando as a lh e ta s estão a b e rta s e p ro n tas, o
d istin ta s : o o p e rário com pleto, a q u êle q u e p re cisa te r g ra n ­ tô rn o a u to m á tico p á ra sozinho; o o p e rário m u d a o c ilin ­
de p rá tic a e larg o tiro cín io , ta l com o o torneiro, o fresa- d ro p ro n to p o r o u tro m assiço e a operação c o n tin u a . A
dor, e t c .; o sim ples o p e rad o r d e m áq u in as, isto é, aq u êle única in stru çã o q u e êsse h om em p recisou re ce b er foi sôbre
q u e só a p re n d e u a tra b a lh a r n u m a só m áq u in a , p a ra nela essa ú n ica m áq u in a e m q u e iria tra b a lh a r, êsse tô rn o a u ­
fa ze r op eraçõ es d e te rm in a d a s q u e não re q u e ira m especial to m á tic o b e m d e te rm in a d o . Ê le a p re n d e u a lu b rific a r e
tiro c ín io e a té m u ita h a b ilid a d e m an u a l, ta is com o a de lim p a r essa m áq u in a , êle a p re n d e u a p re p ará -la , a n ela co­
fu ra r a tra v é s d e g ab arito s, a de to rn e a r em to rn o s a u to ­
locar o cilindro, a m o n ta r a fe rra m e n ta , e a pô-la e m fu n ­
m áticos, a d e a b rir roscas em m áq u in a s d e ro sq u ear, e t c .; c io n a m e n to . Se u m b ra sile iro não a p re n d e r isso em 12 se­
e os o u tro s au x iliares de form ação m ais sim ples — lu b ri-
m anas, q u a n d o o n o rte-a m e rica n o necessita ap en a s de q u a ­
ficadores, se rv en te s, e tc . •
tro, ou êle não é b ra sile iro ou nunca m ais a p re n d e rá coisa
a lgum a e m tô d a a sua e x istê n cia . A form ação d a grande
ERAM SIM PLES LAVADORES DE PRATOS
m aio ria dos o p e rá íio s ap arece, pois, com o u m p ro b lem a
e le m e n ta r e sim ples : — conhecer u m a ú n ica m áq u in a
E o b rig ad e iro G u e d es M u n iz assim prossegue :
p a ra nela p ro c ed e r a operações b e m d e te rm in a d a s e só
-— H o m e n s q u e e ra m lav a d o res d e p ra to s, e m 4 sem a­ essas o p e raç õ es. E m síntese, é a m áq u in a m ecânica sendo
nas, n a E sco la W rig h t, se tra n s fo rm a ra m em fa b ric an te s o p e rad a p e la m áq u in a h u m an a , da q u a l se exigem m o v i­
de p eças d e m o to res d e aviação, d a m ais a lta p re cisã o . Nós,
m en to s sim p lific a d o s.
m u ito in ju s ta m e n te , d a rem o s 12 sem an as p a ra a tra n s fo r­
m ação d e nossos caboclos, q u e se m p re a p re n d e ra m m ais d e ­ E a q u i te rm in o u a con ferên cia do b rig a d e iro G u e d es M u ­
pressa q u e os filhos de o u tra s te rra s . O assunto, q u e p a re ­ niz, tra n s fo rm a d a em p a rte com o e n tre v is ta .

F . N . M . — V isita da M issã o M ilita r C hilena à F ábrica, n o dia 27 d e ju n h o d e 1 9 4 4 . O G eneral chileno J a cin to


Uchoa e o D ire to r do M a te r ia l B élico do E x é rc ito , G eneral F iu za d e Castro, e x a m in a m u m ê m b o lo forjado a n tes de
en tra r na p rim eira m á q u in a auto m á tica
A FÁBRICA NACIONAL DE MOTORES 67

ASSISTÊNCIA AOS OPERÁRIOS VISITA DE O FICIAIS E TÉCNICOS DA FABRICA DO GALEAO

M a is a d ia n te vam os re v e la r aos nossos leito res o que N o d ia 4 d e julh o , oficiais e técnicos d a F á b ric a do G a­
vim os já em fu n c io n a m e n to n a F á b ric a , no q u e diz re s­ leão fo ram v isita r a F á b ric a . N o m o m e n to em q u e nos
p e ito à a ssistên cia aos seus o p e rário s. a p rese n táv a m o s ao b rig ad e iro G u e d es M u n iz, em seu ga­
b in e te de tra b a lh o , c h eg a ram os v isita n te s, aos q u a is fo ­
m os a p re s e n ta d o s .
N O S S A V O L T A À F Á B R IC A
T odos conhecidos e am igos do b rig ad e iro , q u e nos p a ­
D e p o is d a q u ele dia chuvoso, em que nosso pessim ism o e receu m u ito sa tisfeito com a v isita .
triste z a fo ram v a rrid o s por co m p leto ao d e fro n ta rm o s as
P o r nossa p a rte , v islu m b ra m o s logo a p o ssib ilid a d e de
c o lh êr novos a p o n ta m en to s, ao o u v ir o c o n v ite do b rig a ­
d eiro p a ra o início da v isita pe la s d e p en d ê n cia s d a F á b ric a
com serviços já e m fu n c io n a m e n to e às d e m a is em co n s­
tru çã o .

■ ■ i P a ssam o s p rim e iro p ela secção de desenho, onde, d e b ru ­


çados sôbre o tra b a lh o , os d e se n h ista s p e rm a n e c e ra m f ir ­
m es n a p a c ie n te ta re fa a q u e se e n tre g a v a m . E o b rig a ­
deiro, en ten d en d o -se com o re sp ec tiv o chefe, m an d o u v ir
cópias de tra b a lh o s já executados, m ostran d o -o s aos té c n i­
cos do G a leã o .

F a lav a -se em bielas, c a rte rs, cilindros, e tc .

— A qui ta m b é m form am os nossos d e se n h ista s. A quêle


ali já está desen h an d o as nossas p eças m u ito bem , disse o
b rig ad e iro aos v isita n te s .

D escem os ao sub-solo. N u m a sala, dez lavabos coletivos


e circ u la re s nos dão im p re ssão de g randes cogum elos.
A com p an h an d o a p a red e , W .C . e ch u v eiro s c o le tiv o s. A
in stala çã o sa n itá ria , d e p rim e ira o rd e m . A rm ário s p a ra
g u a rd a-ro u p a dos op erário s e sta v a m sendo m o n ta d o s. A r
condicionado, luz flu o resce n te e g ran d es ex au sto res e lé tri­
cos não nos d e ix a m p e n sa r em sub-solo ou p o rã o . T u d o
a rejad o , am plo, a g rad á v el !
P o ssa n te com pressor de ar, “G a rd n e r D e n v e r” , de 200
cavalos de fôrça, é m o strad o aos v isita n tes, q u e lhe a p r e ­
c ia m o fu n c io n a m e n to .
P assam os a ver, em seguida, o dep ó sito d e m a te ria l e lé ­
tric o im p o rta d o dos E sta d o s U n id o s. M ilh a re s d e caixas
em p ilh ad a s a té ao te to e c o b rindo im en sa exten são d o su b ­
solo. E o b rig ad e iro esclarece : '
— C ada caixa d e stas já foi a b e rta e c o n fe rid a . N osso
fichário lá em cim a nos p e rm ite s itu a r q u a lq u e r delas, fà-
c ilm e n te . T u d o isto qtie a q u i e stá, se co m p ra d o n a nossa
p raça, c u staria cinco vêzes m ais !
F . N . M . — O gigantesco tôrno a u to m á tico B u lla td , para
as p rim eira s operações na fabricação dos cilindros d e m o ­ V im os a m o n tag em de g ra n d e e le v ad o r “O tis ” , o m aior,
tores d e aviação. E sta m áq u in a p o d e preparar cilindros no volum e, do B ra sil. S ubim os e m seg u id a p a ra o a n d a r
- de m o to res a té 2 .0 0 0 H . P . su p e rio r do P a v ilh ã o P rin c ip a l, a ssim c h am ad o p o rq u e
co n stitu i, sem d ú v id a, a m ais im p o rta n te d e p en d ê n cia da
F á b ric a -N a c io n a l de M o to re s. N êle se acha fu n c io n a n d o o
in stalaçõ es do P a v ilh ã o P rin c ip a l, resolvem os te le fo n a r da
c id ad e p a ra a F á b ric a N acional de M o to res, falan d o ao b ri­ D E P A R T A M E N T O D E F A B R IC A Ç Ã O
g ad eiro G u e d es M u n iz, q u e nos p e rm itiu v o lta r lá p a ra
A gora h ã o d e nos p e r m itir re fe rê n cia d e m o ra d a a êsse
a p a n h a r n o tas p a ra e sta re p o rta g e m na R e v is ta do S e r ­
d e p a rta m e n to . F ic a ria d e se q u ilib ra d a e sta re p o rta g e m se,
v iç o P ú b lic o . 1 re alm e n te, não lhe dedicássem os p a rte a p re c iá v e l sô b re
E lá estiv em o s no d ia 4 de ju lh o e . . . em v á rio s o u ­ m otores, bielas, eixos, m an iv e la s e c arters, com a descrição
tro s . ta m b e m d a m a q u in a ria em q u e essas p eças são fa b ric a ­
das .
N o ta s —- um m u n d o de la s ! N osso tra b a lh o a gora está
em co m p rim i-las d e v id a m en te, senão fica ra sobrando m u ita A s n o tas q u e a seg u ir y am o s p u b lic a r n ã o são a b so lu ­
coisa fo ra das p á g in a s da R e v is t a . ta m e n te d e nossa a u to ria , o que, aliás, o le ito r a te n to p e r ­
68 REVISTA DO SERVIÇO PÚBLICO

c eb erá fa c ilm e n te . . . Só m esm o u m téc n ico p o d e ria re ­ do p o r com pleto d a luz exterio r, pois tô d as as a b e rtu ra s
digi-las com ta n ta precisão e se g u ran ç a . N osso tra b a lh o e x iste n tes acham -se v ed ad a s p o r d u p las esq u a d ria s m e tá ­
c o n sistirá ap en a s e m in te rca lá-las, n u m ou n o u tro ponto, lic a s.
de p e q u en o s títu lo s, su fic ie n tes à a d e q u a d a d istrib u iç ão da Ê s te sistem a d e ilu m in ação é o m ais eficien te, b a s ta n ­
m a té r ia . E êsse técnico foi o D r . H o rtê n cio M ed eiro s que, do n o ta r q u e o n ú m ero d e luz fo rn ecid a a u m m etro de
p e rce b en d o nossa co m p le ta indigência d e conhecim entos a ltu ra é de 38 “fo o t-ca n d le s” .
de m ecânica, resolveu p e rd e r algum tem p o em re d ig i-las.
N a d a com o v iv e r se m p re às claras, p o s itiv is tic a m e n te . . . COMO É LEVADA A FORÇA PARA CADA MÁQUINA
E , talv ez, seja essa c o n d u ta a causa do fracasso de nossas
re p o rta g en s, se m p re sêcas, e x au stiv as e p esadonas, b e m sa­ N os p o n to s d e b a rra m e n to s d e fôrça, d e onde p a rte m
bem os, a p e s a r d e fe ita s com boa v o n tad e, e n tu siasm o e, fios p a ra ligação d a m áq u in a , in stala-se um a caixa p a ra
talvez, a té com c e rta in g en u id ad e, nesse desejo a rd e n te dp d e riv a ç ã o .
verm os tu d o d ireitin lio nos seus lugares, p a n g lo ssm eríte . . . Os fios, saindo d a caixa, vão te r à m áq u in a a tra v é s de
canos, q u e os p ro teg e m d e v id a m e n te .
COMO FOI CONSTRUÍDO O PAVILHÃO PRINCIPAL
- A CONDUÇÃO DO AR COMPRIMIDO
E a q u i e n tra m os a p o n ta m e n to s fornecidos pelo e n g e ­
n h e iro H o rtê n c io M e d e iro s : A rê d e de en ca n am e n to s p a ra condução de a r c o m p rim i­
O D e p a rta m e n to de F a b rica çã o en co n tra-se m agnifica- do é ig u alm en te suspensa ao te to p o r cabos de a ço .
m en te in stala d o em e le g an te pavilhão, todo co n stru íd o em O a r c om prim ido é fornecido com du as f in a lid a d e s ..P r i­
co n creto a rm a d o e erigido segundo a téc n ica m áis r e c e n te . m eira : p a ra o fu n c io n a m e n to d e algum as m áq u in a s m is­
tas, fun cio n an d o sim u ltâ n e a m e n te com a r e e le tric id a d e .
A o c o n trá rio das construções sim ilares am erican as, com
C om o exem plo disso tem o s os F o rn o s FA Y , d a J o n e s •'fc
e s tru tu ra s d e aço, foi m ais in te re s sa n te p a ra a nossa eco­
L am son, cujo m an d ril a p ree n sív el a b re e a p e rta m e d ia n te
nom ia a co n stru ção d e u m edifício em co n creto arm ado,
o a r com p rim id o , n um a pressão de cêrca d e 95 lib ra s p o r
cujo cálculo já c o n stitu i u m a especialização de g ra n d e fa ­
p olegada q u a d ra d a .
m ilia rid a d e p a ra os técnicos b ra sile iro s q u e se d e d ic am i
ê ste ra m o d a e n g e n h a ria . , A segunda fin a lid a d e é esta : lim p eza das p eças u sin a ­
d a s . P a r a isto cad a m áq u in a possui sua in stalação de a r
UM A ÁREA DE VINTE M IL METROS QUADRADOS ! com p rim id o lig ad a ao e n ca n am e n to g e ra l.

O c u p an d o u m a á re a de 2 0 .0 0 0 m etro s qu ad rad o s, o P a ­ PORQUE FO I NECESSÁRIO INSTALAR AR CONDICIONADO


v ilhão d e M á q u in a s te m 200 m etro s d e c o m p rim en to e a NA FÁBRICA
la rg u ra de 70, sendo d iv id id o e m trê s alas, d u a s laterais,
E x ig in d o a fa b ric a ç ã o do m o to r d e av ião g ra n d e p r e ­
cad a u m a com 30 m etros, e um a c e n tra l,' d e 10 m etro s de
cisão nas m ed id as d u ra n te a u sin a g em das p eças d a o rdem
larg u ra , in clu siv e os 6 .0 0 0 m etro s q u a d rad o s do sub-solo.
de m ilésim os e m esm o décim os de m ilésim os de polegada,
foi necessária a in stala çã o de a r condicionado, a fim de
A RÊDE ELÉTRICA m a n te r a a tm o sfe ra no in te rio r do p a v ilh ã o e m te m p e ­
ra tu ra d e te rm in a d a , podendo, no m áxim o, so fre r u m a v a ­
A rê d e e lé tric a, q u e fo rn ec e fôrça e luz- ao P a v ilh ã o ,
riaç ão d e m ais ou m enos 5 g rau s c e n tíg ra d o s. A u m id a d e
c o n stitu i a ú ltim a p a la v ra e m in stalaçõ es dêsse g ên ero .
re la tiv a fica rá abaixo d e 5 5 % .
T ô d a ela é a ére a e co n d u zid a a tra v é s de b a rra m e n to s
A in stala çã o dos serviços de a r condicionado e de v e n ti­
suspensos ao te to p o r cabos d e aço, o q u e fa c ilita so b re ­
lação, foi a trib u íd a à C a rrie r C o rp o ra tio n , re p re se n ta d a
m odo as ligações. E ssa g ra n d e v a n ta g e m não se observa
p e la A R M C O IN D U S T R IA L E C O M E R C IA L S / A . , a
n a s rê d es e m b u tid a s nas. p a re d e s ou nos p is o s .
q u a l te m fe ito no p aís num erosos tra b a lh o s se m e lh a n te s.
E ssa in stala çã o é co n sid erad a com o a m aior re aliz a d a
DISTRIBUIÇÃO DE LUZ E FORÇA
a té agora n a A m érica do S u l. E a s ta d ize r q u e cada p a ­
v ilh ã o d a F á b ric a d isp õ e ou d e a r condicionado ou de
U m a c ab in e d e c ontrole, situ a d a à d ire ita d a p a rte cen ­
v e n tilaç ão , sendo q u e e sta foi fe ita so m en te na Secçãc de
tra l do P a v ilh ã o , co m an d a tô d a a rê d e e lé tric a, ta n to de
T ra ta m e n to T é rm ic o e n a F u n d iç ão , d a d a a n a tu re z a dos
lu z com o d e fô rça .
tra b a lh o s p o r a m b as re a liz a d o s. P o ssu i p re se n te m e n te a
D a c ab in e p a r te m seis troncos, s e n ío dois p a ra luz, que
F á b ric a , p a ra fo rn ec im e n to de a r condicionado, dois g ru ­
co rre m p a ra le la m e n te ao longo de tô d a a ala c e n tra l do
pos de com pressores c en trífu g o s d e 500 H . P cad a u m e
p a v ilh ã o , e q u a tro p a ra fôrça, d istrib u íd a em dois troncos
m ais um gru p o d e 150 H . P . Ê ste e q u ip a m e n to a lim e n ta
p a ra cada u m a das ala s la te ra is .
u m c o n ju n to d e c o ndicionadores de ar, q u e a b aste ce tô d a
a F á b ric a .
A ILUMINAÇÃO
S o m e n te no co n d icio n am en to d e a r no P a v ilh ã o P r in ­
A ilu m in ação , tô d a flu o resce n te , é fo rn ec id a p o r 4 .1 0 0 c ip al e no d a A d m in istra ç ão é u tiliza d o u m to ta l d e cêrca
lâm p a d as, tu b u la re s, e n g asta d as em re fle to re s, e m grupos d e 1 .5 0 0 H . P . e n tre com pressores, c o n d icio n ad o res o
de trê s . b o m b as.
O pav ilh ão , q u e fica in te ira m e n te ilu m in ad o d u ra n te as E m resum o : a in stala çã o do co n d icio n am en to d e a r da
h o ras d e tra b a lh o d iário e, p a rcialm en te , à no ite, e stá iso la ­ F á b ric a c o m p re en d e u m c o n ju n to de v ários eq u ip a m en to s,
A FÁBRICA NACIONAL DE MOTORES 69

F . N . M . __ O m o to r W rig h t d e 450, q u e v eio para tr e in a m e n to dos m ecânicos m o n ta d o re s da F ábrica N a cio n a l d e


M o to re s

com vário s sistem as, o b edecendo à téc n ica m ais m o d ern a e AS VÁRIAS SEÇÕES DO PAVILHÃO DE M ÁQUINAS
a v a n ç ad a em e m p re e n d im e n to s dêsse g ê n ero .
O P a v ilh ã o d e M á q u in a s e stá d iv id id o n a s se g u in te s se­
ções : C a rte r, Ê m b o lo ; C abeça e C orpo do C ilindro; B iela ;
A M ONTAGEM DAS PRIM EIRAS MÁQUINAS
E ixo d e M a n iv e la ; H a ste ; E n g ren a g em ; R e tific a s; F re sa s;
In ic ia d a em o u tu b ro d e 1943 a m o n ta g e m d a s p rim e i­ T o rn o s A utom áticos; M isc e lâ n ea e F e rra m e n ta l.
ra s m áq u in a s, logo após a c o n cretag em dos p rim e iro s m e ­
C ad a u m a dessas seções possui c o n ju n to d e m áq u in a s
tro s q u a d rad o s d e piso, hoje — decorridos ap en a s dez m e ­
in d isp en sáv eis à u sin a g em dos m o to res q u e a tu a lm e n te e s­
ses — tô d as as m áq u in a s já chegadas, em n ú m ero d e 350,
tã o sendo fab ricad o s, b e m com o d e novos tip o s d e m o to ­
co n stitu in d o cêrca de 9 5 % das e ncom endas fe ita s aos E s ­ res m ais p o te n te s . C om o se se sabe, a F á b ric a foi p ro je ta ­
ta d o s U nidos, e n co n tram -se d e v id a m e n te v isto ria d a s, m on­ da não só p a ra aá exigências a tu a is, com o ta m b é m p a ra as
tad a s, lo calizadas, n iv ela d as e lig ad as nos locais p re v ia ­ do fu tu ro .
m e n te designados, d e acô rd o com as operações q u e cada
T eve-se, p o rta n to , o cu id a d o d e a d q u irir m á q u in a s p o ­
m á q u in a irá e f e tu a r .
te n te s, sa tisfaz en d o a êsse o b je tiv o .
A g ra n d e m a io ria d a s m áq u in a s chegou dos E sta d o s
U n id o s e m ó tim a s condições d e conservação e fu n c io n a ­ A Seção do C a rte r, p o r exem plo, d e stin a -se à usin ag em
m en to ; m u ita s, p o ré m , so fre ram a v a ria s em v iag e m . d a s d iv ersas p a rte s c o n stitu in te s do co rp o d o m o to r : p a rte
dianteira, p a rte trazeira, seção p rin c ip a l e su p o r te d o c o m ­
p re sso r. P a r a o c o m p le to a ca b a m e n to p o ssu i o seg u in te
O QUE HÁ DE M A IS MODERNO NOS ESTADOS UNIDOS
c o n ju n to d e m a q u in a s : 4 to rn o s re v ó lv e res v e rtic a is; 2
O m a q u in á rio e n co m en d ad o aos E sta d o s U n id o s é o que m áq u in a s d e fu ra r ra d ia is d e c oluna; 5 m á q u in a s d e fu rar,
h á d e m ais m o d ern o nesse país, não só q u a n to à p recisão sim ples; 2 m a q u in a s d e fresar, h o rizo n tal e v e rtic a l; 1 tô r ­
com o à ra p id e z d a o p e ra ç ã o . no re v ó lv e r h o rizo n tal; 4 m á q u in a s d e b ro q u e a r, d e p re c i­
são; 2 m á q u in a s d e v e rific a r; 2 m áq u in a s d e p o lir, 8 m á ­
U m esc la rec im e n to in te re s sa n te do téc n ico H o rte n c io do
q u in as d e fu ra r d e coluna, e 1 m á q u in a d e e n fo lh a r.
M e d e iro s : só as m áq u in a s m ais leves são ch u m b a d as ao
solo, po is as d e m a is e stã o sôltas sô b re o piso, o q u e lhes C ad a seção d isp õ e p o rta n to , de u m c o n ju n to co m p le to e
fa c ilita rá , a q u a lq u e r m òm ento, a m u d an ç a d e p o siç ão . su fic ie n te d e m áq u in a s p a ra u sin a g em d e p e ça re sp e c tiv a .
70 REVISTÀ DO SERVIÇO PÚBLICO

A Seção do F e rra m e n ta l te m ex celente c o n ju n to de m á ­ A PRODUÇÃO INICIAL DA FÁBRICA NACIONAL DE MOTORES


quin as, in d isp en sáv e is p a ra a te n d e r a todos os serviços das
A p rodução inicial da F á b ric a N acional de M o to re s será
d e m a is seções, n otando-se p rin c ip a lm e n te as ó tim a s P R A T -
de 12 m otores W rig h t, de 9 cilindros, a títu lo d e e x p e riê n ­
W H IT N E Y a li in sta la d a s .
cia, servindo não só de a ju sta g e m d e tô d as as m áq u in a s
com o de a d a p ta ç ã o e 1reino dos m estres e o p e rá rio s .
QUANDO PRINCIPIARAM A FUNCIONAR AS PRIM EIRAS '
V isa-se o b ter, com êstes m otores, o m íx im o de re n d i­
MÁQUINAS
m en to , a p esar de serem os p rim e iro s . '
In iciad o a 19 de a b ril de 1944 o fu n cio n am en to das A o nos d a r essa inform ação, perceb em o s a a le g ria do
p rim e ira s m áquinas, já se acha ro d an d o a tu a lm e n te m ais técnico H o rtê n cio de M e deiros, que, com os seus colegas
da q u a rta p a rte das q u e se en co n tram in sta la d a s no P a ­ E rn a n i W erneck, C arlos J a n in i e outros, form a, sob a
v ilh ã o P r in c ip a l. As dem ais vão aos poucos se m o v im e n ­ o rien tação do b rig ad e iro G u ed es M uniz, a p rim e ira e q u ip e
tan d o , de acôrdo com a m archa das p rim e ira s operações d e técnicos d a F á b ric a N acional d e M otores, e q u e m ais
te rm in a d a s. ta rd e e se m p re d e v erá ser le m b ra d a com m u ita sim p a tia
p o r todos nós b rasileiros, ansiosos p o r v e r o nosso país
SÃO TÉCNICOS DE VARIAS FÁBRICAS NORTE-AMERICANAS
d o tad o de u m a g ra n d e e p u ja n te a v ia ç ã o .

N a F á b ric a N acional d e M o to re s e n co n tram -se a tu a lm e n ­ M as, con tin u em o s :


te cinco técnicos n o rte-am erican o s, e sp e cialm en te enviados A p a relh a d as tô d as as m áq u in a s e especializados todos os
pe la s re sp ec tiv a s fáb ricas, a fim de a p a re lh a re m as m á q u i­ o p erário s, po d erem o s in iciar, em m enos d e u m ano, a p r o ­
nas nas q u ais são e sp e cialistas e ta m b é m in stru íre m m estres dução no rm al p re v is ta d e 50 m otores m ensais (A p rim e ira
e o p e rário s no m an e jo d a s m esm a s. série d e 50 m o to res veio em b ru to dos E sta d o s U n id o s) .
É sses técnicos são das seg u in tes fá b ric as : E X -C E L L -O
Co. (m á q u in a s d e b ro q u e ar, d e p re c isã o ); THE BUL- A APARELHAGEM ELÉTRICA DO MOTOR

L A R D C o. (to rn o s rev ó lv eres v e rtic a is e m u lti-a u to m á ti-


T ô d a a a p are lh a g e m e lé tric a do m otor, incluindo m aq u e-
c o s); JO N E S 8s L A M S O N (to rn o s a u to m ític o s ) ; T H E tes e velas, bem com o c a rb u ra d o res e válvulas, deverão ser
C IN C IN N A T I M IL L IN G M A C H IN E C o . (M á q u in a s de fa b ric ad o s fo ra da F á b ric a ou fornecidos pelos E stad o s
f r e s a r) ; B A R N E S D R IL L (M á q u in a s de f u r a r ) . U n id o s ou, entãtí, confecionados em in d ú stria s b ra sile ira s
E s tã o sendo a guardados, d e n tro em pouco, m ais dois q u e e v e n tu a lm e n te sejam criadas, as q u ais terã o , assim ,
téc n ico s. È ste s são d a G L E A S O N (M á q u in a s p a ra fazer m erc ad o p a ra v e n d a d e seus p ro d u to s.
e n g re n a g e n s) e da K E A R N E Y & T R E C K E R (M á q u in a s
de f r e s a r ) . GABARITOS DE MOTORES

E n c o n tra -se ta m b é m n a F á b ric a um técnico n o rte -a m e ­ C ad a tip o d e m o to r exige p a ra a usin ag em d e suas d i­


ricano q u e foi m e stre g eral da F á b ric a W R IG H T , da M a ­ v e rsas p a rte s u m sem n úm ero d e g a b arito s, que são dis-
rin h a, em F ila d é lfia . .positivos especiais p a ra a fixação das peças, fa cilitan d o
e n o rm e m e n te o tra b a lh o nas m á q u in a s.

SEÇÃ O DE TRATAM ENTO T É R M IC O E GA LV A­ É de se n o ta r que u m c o n ju n to de g a b arito s d estin ad o s


N IZ A Ç Ã O > a u m tip o d e m o to r não se a d a p ta a u m o u tro .

O s g a b a rito j p a ra os m otores W rig h t fo ram todos a dqui-


A nexa ao P a v ilh ã o d e M á q u in a s funciona a Seção de
1 ridos nos E sta d o s U nidos, e o seu custo elevou-se à q u a n ­
T ra ta m e n to T é rm ic o e G alv an ização , ta m b é m p e rte n c e n te
tia de 10 m ilhões de 'cruzeiros ! M a is ta rd e , q u a n d o e v e n ­
ao D e p a rta m e n to d e F a b ric a ç ã o .
tu a lm e n te fôr a b an d o n a d a a construção dos referidos m o to ­
E ssa seção e fe tu a rá tô d as as operações térm ica s neces- res e in iciad a a fab ricação d e m o to res com desenhos nos­
s ír ia s n a s peças d u ra n te a sua u sin a g e m . E stá ela o tim a ­ sos, será necessária a confecção d e um a série de g ab arito s
m en te a p a re lh a d a p a ra êsse f i m ; p a ra tô d as as p a rte s do m o to r a serem m o d ific a d a s.

P a ra a p re p a ra ç ã o dêsses g a b arito s a Seçã.o do F e r r a ­


OS PRIM EIROS MOTORES QUE SERÃO FABRICADCS
m en ta l e sta rá d e v id a m e n te a p a re lh a d a .
In ic ia lm e n te serão fab ricad o s m o to re s de 7 e 9 c ilin ­ V am os in te rro m p e r n e sta a ltu ra os a p o n ta m e n to s que
dros, e m e strela, da W R IG H T , com p o tên c ia re sp e c tiv a ­ nos forneceu o técn ico H o rtê n cio de M ed eiro s e in c lu ir a
m e n te de 280 e 450 cavalos, cujos d ire ito s d e fab ricação p e q u e n a p a le stra q u e tiv em o s com o eng en h eiro H e rald o
fo ram cedidos p ela W rig h t A e ro n au tica l Co. b e m com o m o­ d e Sousa M ato s, sôbre a seção q u e dirige, a
to re s R A N G E R , em lin h a, de 200 cav a lo s.
Q u a n to à u sin a g em d ê ste ú ltim o m o to r, será su ficien te F U N D IÇ Ã O
a in stalação , em local a d re d e p re p a ra d o , de m ais m eia d ú ­ E m ju lh o de 1941, p u b licam o s n a lie v is ta d o S e rv iç o
zia d e m áq u in a s e sp ecializad as p a ra o to rn e a m e n to do car- P ú b lico u m a re p o rta g e m sôbre o In s titu to N a cio n a l de
te r, d ife re n te do c a rte r d a W rig h t. E ssas m áq u in a s já fo­ T ecnologia, o nosso M an g u in h o s da in d ú stria n a c io n a l.
ra m encom endadas, dev en d o c h eg a r d e n tro de pouco P e rc o rre n d o as oito divisões d e q u e era e n tã o fo rm a d a a
te m p o . g ra n d e o rg an ização téc n ica e c ie n tífica d irig id a pelo p ro ­
A FÁBRICA NACIONAL DE MOTORES 71

fessor F onseca C osta, tiv em o s ensejo de e sta r na de C om ­ u m a sem ana, depois de p e rm a n ên c ia d e m ais d e dois nnos
b u stív eis In d u stria is e M o to res T érm icos, ch efiad a pelo e n ­ n esse país, a serviço d a F á b ric a N acio n al d e M o to re s.
g enheiro H e ra ld o d e Sousa M a to s. — A li o D r . M e d e iro s v a i v o lta r aos E sta d o s U n id o s .. .
G u a rd am o s dessa v isita g ra ta re co rd a çã o . A li fizem os B o a m ed id a, essá, a de m a n d a r-se p a ra lá essa g e n te m o ­
ça, esforçada, cap az de m elh o rar d epois a q u i o n ível de
excelen tes am izad es, q u e nos v iera m e n riq u e ce r p a trim ô ­
nossa in d ú stria em geral, falh a e d e fic ie n te, à fa lta d e té c ­
nio que po rfiam o s p o r a u m e n ta r sem p re e cada vez m ais.
nicos c o m p e te n te s .
E o en g en h eiro Sousa M ato s, q u e só en tão fom os conhe­
S oltam os, assim , e sta m ald a d e, ta m b é m só d e in d ú s tria .
cer p e sso alm en te, deu-nos a h o n ra de alguns m om entos
d e aten ção , co n sen tin d o na c o leta dos a p o n ta m en to s sôbre In d ú stria , aliás, b e m a d ia n ta d a e n tre n ó s. A d ia n ta d íssim a !
os serviços a seu c arg o . B em lh e p ercebem os a inten ção — R e a lm e n te , p recisam o s e le v a r o nosso n ível no c am ­
d e e v ita r q u e o re p ó rte r, em m eio d e ta n ta com plicação po da técn ica in d u s tria l. J á n ã o q u e ro fa la r e m o u t r o ? . ..
c ie n tífica e técn ica, se a tra p a lh a sse no tra n s m itir ao p ú ­ ■
— E nos E sta d o s U n id o s o se n h o r e n co n tro u m u ita g e n ­
blico as a tiv id a d e s do In s titu to . E sp írito êsse d e coope­ te nossa fazendo e s tig io e m fá b ric a s ?
ração b e m a ce n tu a d o , o que, d e resto, se m p re se deve
— E n c o n tre i alg u m a; hoje, é claro, m ais do q u e n o u ­
a p rec ia r, so b retu d o , e n tr e n ó s. . .
tro s te m p o s. E n tre ta n to , ch eg am fre q ü e n te m e n te à q u ele
A gora, o velho re p ó rte r foi e n c o n tra r o engenheiro p aís levas sucessivas d e o u tro s técnicos estran g e iro s, que se
Sousa M a to s lá n a F á b ric a N acional de M o to re s. V a ran d a d istrib u e m p o r c en ten a s d e f á b ric a s .
do H o te l dos S o lte iro s. O alm ôço h a v ia te rm in a d o . G r u ­ — T a m b é m p o r fá b ric as d e aviões e m o to res ?
pos a c o n v e rsa r. O D r . Sousa M a to s h a v ia to m ad o o café
— N essas, p rin c ip a lm e n te . S a i u m a tu rm a de c in q ü e n ta
e deliciava-se com u m c h aru to , descansando um pouco em ou sessen ta hom ens e logo d e p o is chega o u tra , e tô d a s só
v a sta p o ltro n a .
de u m p a ís ! P re s te b e m a te n çã o : só d e u m p a ís ! N o fim
S en tam o -n o s a seu la d o . C onversa m o le . E assim de de pouco tem p o , fácil é c alcu la r os ben efício s q u e advi-,
fin in h o , sem fa la rm o s a b so lu ta m e n te em re p o rta g em , p ro ­ l i o p a ra a sua in d ú stria e m g eral com essa p ro v id ên c ia de
curam os sa b e r a lg u m a coisa dos E sta d o s Ú nidos, de onde e n v ia r ao e stran g e iro a sua g e n te p a ra ap erfeiço ar-se cada
— sabíam os — o D r . Sousa M ato s h a v ia regressado há vez m a is.

F . N . M . — V is ta geral d e um a das alas do P avilhão P rincipal, re vela n d o as e x c e le n te s e m o d e rn íssim a s m á ­


quinas, o d o m o d e lu z flu o rescen te, a alim entação aerea d e força, todo u m c o n ju n to com o so e x iste igual nas fá ­
bricas norte-am ericanas construídas d ep o is d e 1940

1
72 REVISTA DO SERVIÇO PÚBLICO

— M a s que bom seria se a q u i no B ra sil cuidássem os m ais a v iõ e s. . . O senhor ta m b é m c u id av a dela, dos nossos ra ­
dos técn ico s in d u s tria is . . . p azes lá ?
— J á n ã o ' p odem os nos q u eix ar m u ito . A té h á pouco — S im . Com o chefe d a com issão p re cisa v a p ro v id e n ­
te m p o cu id áv am o s disso ? ciar, ju n to às a u to rid a d e s am e ric a n as e bra sile ira s, as n e ­
— B em ; n ã o cuidávam os, m as V o lta R e d o n d a já v a i cessárias perm issões p a ra que êles p u d essem fre q ü e n ta r as
fu n c io n a r e com o a rra n ja r, de re p e n te , u m m u n d o de té c ­ d iv ersas fá b ric as p a ra se e sp e cializa rem .
nicos p a ra as novas in d ú stria s q u e d ev erão surgir ? — E os am ericanos tê m boa v o n tad e, disposição m esm o
— N ão h á d ú v id a . Ê sse p ro b lem a é m u ito sé rio . E u em orientá-los b e m ?
q u e o diga 1 J á e stam o s fa rto s de técnicos im p ro v isa d o s. — M u ita ! N a A m érica do N o rte o e sp írito d e c o la b o ra ­
— E o p ro fesso r deixou o In s titu to N acional de T e c n o ­ ção se o b serv a e m tô d a a p a rte , a té m esm o e n tre té c n i­
logia ? cos d e fá b ric as de p ro d u to s que, e n tre si, d isp u ta m a p r i­
m azia no m erc ad o . A p en as os nossos rap az es e n co n tram
— N ã o . E sto u aqui à disposição d a F á b ric a N acional de
d ific u ld ad e d u ra n te a lg u m tem p o p a ra e n te n d e r o que
M o to re s e a seu serviço fu i aos E sta d o s U nidos, o n d e p e r­
d ize m os a m e ric a n o s. A té que e d u q u em o ouvido, p e r­
m an e ci dois anos e m eio, c h efian d o a com issão téc n ica
dem , no m ínim o, u n s trê s m eses. P o rq u e não b a sta sab er
e n v ia d a p e lo G o v êrn o a fim de selecio n ar e a d q u irir o
a lg u m a coisa d e inglês e tra d u z ir . O p rin c ip a l é e n te n ­
m aq u in á rio e dem ais e q u ip a m en to s necessários e in d is­
d e r. U m a boa coisa p a ra q uem não os e n te n d e : o u v ir em
p e n sá v eis à m o n ta g e m d e sta F á b ric a .
casa a te n ta m e n te o q u e dizem êles pelo rá d io . E , m u ita s
— D a d o o grancte p rogresso d a in d ú stria a ero n á u tic a vêzes, ra p az es in te lig e n tes, de g ran d es possibilidades, só
nos E sta d o s U nidos, não lhe foi d ifíc il conseguir a a p a re ­ p o rq u e n ã o e n te n d e m fà c ilm e n te os am ericanos, q u e rem
lh ag e m n e cessária à F á b ric a N acio n al de M o to re s ?
desistir, e surge n êles e n tã o la m e n tá v e l com plexo de in ­
— D e u m m odo g e ral não foi m u ito d ifíc il a m in h a t a ­ fe rio rid ad e , q u e é preciso a fa s ta r.
re fa , p o rq u e se m p re e n co n trei b o a v o n ta d e e apoio das
E o D r. Sousa M ato s, deixando a q u ela deliciosíssim a
a u to rid a d e s a m e ric a n as ao seu d e se m p e n h o . A d ific u l­
v a ra n d a do H o te l dos S olteiros, veio conosco conversando
d a d e q u e e n c o n tre i — e m u ito séria — foi n a a d ap taç ã o a té à F u n d iç ã o . Aí, com o e ra n a tu ra l, a p a le stra tom ou
e escolha do e q u ip a m e n to a fim d e p o d e r sa tisfaz er à nossa o u tro ru m o : os serviços p ro p ria m e n te dessa secção.
p e q u e n a pro d u ção , in sig n ific an tíssim a, c o m p a rad a com a
V am os re su m ir as inform ações q u e estão colhem os sôbre
a m e ric a n a .
— M a s e n tã o as m áq u in a s p a ra p e q u e n a p ro d u ção são
O QUE VAI FAZER A FUNDIÇÃO
d ife re n te s d a s q u e se d e stin a m às g ra n d es ?
— S e m d ú v i d a ! D ife re m b a sta n te , p rin c ip a lm e n te na A F u n d iç ã o e stá a p a re lh a d a p a ra tra b a lh a r ligas d e a lu ­
p a r te re la tiv a a g a b a rito s . V ou m e e x p lic ar m èlh o r : vi m ínio, m agnésio e cobre, e e q u ip a d a com u m sistem a dos
lá, p o r exem plo, u m a m áq u in a que, m ed in d o cêrca d e 120 m ais m odernos de v e n tilaç ão , a fim de m a n te r p e rfe ita s
p é s d e c o m p rim e n to e fazen d o m ais d e 20 operações con­ condições d e tra b a lh o aos operários, in clu siv e aos do su b ­
solo, onde serão in stala d o s os fornos d e refu são p a ra a
tin u a d a s, p ro d u z ia u m a cabeça d e cilin d ro p o r m in u to ; e v i­
re cu p e raç ão do a lu m ín io p ro v e n ie n te dos c an a is de cor­
d e n te m e n te essa m áq u in a se ria g ra n d e d em ais p a ra as
rid a e v e n tilaç ão , das re b a rb a s e a p a ra s d e tô rn o , ta l com o
nossas n e c e ssid a d e s. S eu cu sto é sim p le sm e n te in fe rn a l :
se faz nos E sta d o s U nidos, reduzindo-se a o m ínim o as
ta lv e z co rre sp o n d a ao d a m e ta d e de tô d a e sta nossa F á b ric a
p e rd a s.
d e M o to re s ! Se a tivéssem os a q u i, b a sta ria q u e tra b a lh a sse
a p e n a s u m a h o ra p a ra p ro d u z ir n ú m ero d e p eças necessá­ F o i a d q u irid o n esse p a ís o q u e h á de m ais re c e n te no
rias à nossa p ro d u ç ão d e u m . . . m ês ! m u n d o em m a té ria de m aq u in a ria p a ra fundição, b e m com o
co m p leto e m oderníssim o lab o ra tó rio p a ra ensaio e con­
— P a p a g a io !
tro le de a reias d e fu n d ição , seção essa q u e m ereceu o m ais
— P o r aí o m eu am igo p o d e c alcu la r com o tiv em o s de
acu ra d o estu d o , po is d e la d e p e n d e rá g ra n d e p a rte do
e stu d a r tu d o cuidadosa e m e ticu lo sa m e n te a n te s de fazer
sucesso dos fun d id o s da F á b ric a 'N a c io n a l de M o to re s.
as nossas aqu isiçõ es.
— M a s q u e tra b a lh e ira dos d i a b o s ! E o D r . Sousa M a to s disse-nos e n tã o :
— V ocê e stá m e e n te n d e n d o b e m . A ssim , pois, tornou-
— In felizm e n te , e n tre nós é u m a das seções m ais d e s­
se necessário re d e se n h a r e re p ro jç ta r u m a in fin id a d e de
c u id a d as e m nossas a tu a is fu n d içõ e s. P re te n d o , ta n to
fe rra m e n ta s esp ecializad as p a ra q u e elas se e n q u ad ra sse m
q u a n to possível, p e rm itir q u e os in d u stria is de fu n d içã o se
n a nossa pro d u ção , in fin ita m e n te m e n o r.
u tiliz e m dos serviços do nosso lab o ra tó rio p a ra d e te rm i­
t T a lv e z fossem feito s u n s cem desenhos ou novos p ro ­ nação das c ara cte rística s de suas areias, b e m com o possam
je to s . . . •
n ê le tre in a r os seus téc n ico s.
— C em ? M a is d e m il !
— E assim o d o u to r vo lta, e n q u a n to se rv ir a e sta F á ­
— F o ra m fe ito s a q u i o u nos E sta d o s U n id o s ? brica, às suas a n tig a s funções d e professor, com o n a E scola
— L á . D epois, então, as “fôlhas d e o p e raç ão ” ao serem N acio n al d e E n g e n h a ria , n a sua liv re d ocência de m e ta ­
tra d u z id a s a q u i tê m os seus desenhos copiados p o r n ó s . lu rg ia ?
— M as, d o u to r, vam os v o lta r a co n v ersar sô b re a nossa — É v e rd a d e . N u n c a m e esqueço de q u e u m dos p rin ­
g e n te q u e v a i aos E sta d o s U n id o s fa ze r estágio p a ra se es­ cip a is p ro b le m a s do B ra sil é a in stru ç ã o téc n ica d e seus
p e cia liz a r a in d a m ais nessa coisa d e fa b ric a r m o to res de filh o s. E , p o r fa la r em in stru ç ã o técn ica, q u e ro lh e m os­
A FÁBRICA NACIONAL DE MOTORES 73

F.N.M. — A sp e c to d e c o n ju n to de um a outra ala do P avilhão P rincipal, v endo-se as m o d ern íssim a s m á q u in a s


ali instaladas

t r a r u m p ro je to q u e tro u x e dos E sta d o s U nidos, de tr e i­ d e rá e n v ia r aos E sta d o s U n id o s a lguns de seus o p e rário s


n a m e n to d e en g en h eiro s e o p e rário s b ra sile iro s n aq u ele n a s condições p re v ista s no acôrdo p a ra. seu tre in a m e n to
c o n v e n ie n te .
p a is .

OS CANDIDATOS SERÃO PREVIAM ENTE SELECIONADOS


PODERÃO FAZER ESTÁGIO NOS ESTADOS UNIDOS
E o D r . Sousa M a to s passou a sin te tiz a r o re fe rid o p ro ­
E o p ro fesso r S ousa M a to s assim c o n tin u a : jeto , dizendo-nos :
— V i lá, d e p e rto , a necessidade d êsse tre in a m e n to e,
— Os c an d id ato s serão selecionados a q u i, a n te s d e p a r ­
à se m elh an ça d o q u e fazem outros países, p ro c u re i conse­
tir, dev en d o a p re s e n ta r com o c red e n cia is ó tim o c o m p o r­
g u ir q u e as m esm as facilid a d es fôssem e sten d id as ao
tam e n to , boa in stru ç ã o se c u n d ária e e x p eriên c ia d e tr a b a ­
B r a s il.
lhos d e e n g en h a ria ou d e o fic in a . U m a vez aceitos, serão
T iv e m o s e n tã o ensejo d e v e r o original do pro g ram a
enviados aos E sta d o s U n id o s e e n c a m in h a d o s à In te ra m e -
e sta b e le c id o p e la s p rin c ip a is firm a s am e ric a n as co n stru to
rican T ra in in g A d m in is tr a tio n , o rganização se d ia d a em
ra s d e m áq u in a s-fe rra m e n ta s, q u e c oncordavam e m íece
W ash in g to n , q u e te m la rg a e x p eriên c ia no tr a to com os
b e r nas suas fá b ric as jo v en s engenheiros, m ecânicos e ope
n a tu ra is d e p a íses su l a m e ric a n o s. E ssa e n tid a d e p ro m o ­
rá rio s b ra sile iro s p a ra u m tre in a m e n to in te n siv o nunca
v e rá as p ro v id ên c ia s n e ce ssá rias ju n to a o g ovêrno a m e ri­
in fe rio r ao p razo d e u m a n o . L em os êsse p ro g ram a e, na
cano p a ra q u e o c a n d id a to te n h a tô d as as fa cilid a d es nos
im p o ssib ilid ad e d e tran scre v ê-lo n a ín te g ra, a q u i v am os dei
E sta d o s U n id o s.
x a r e m re su m o suas lin h a s g e rais.
— M a s êsse tre in a m e n to só é fa cu lta d o à F a b ric a N a
COMO SE FARÁ O ESTÁGIO
cional de M o to re s ?
— N ã o . C om o b rasileiro , achei in d isp en sáv e l que, além E o D r . S ousa M a to s acre sc en to u :
d e sta F á b ric a , q u a lq u e r o u tra o rganização in d u stria l do
— O p ro g ra m a dos tra b a lh o s c o m p re e n d e rá u m estág io
G o v êrn o ou q u a lq u e r o u tra p a rtic u la r pudesse gozar das
m esm as v a n ta g e n s d e ta l tre in a m e n to , pois a elevação dn de trê s m eses e m W a sh in g to n p a ra q u e o c a n d id a to se
n ív el técn ico nacio n al in te ressa a todos nó s. A ssim , pois, fa m ilia riz e com a lín g u a inglêsa, com as m ed id a s inglêsas e
q u a lq u e r fá b ric a ou o ficina d o G o vêrno ou p a rtic u la r p o ­ com a le itu ra d e desenhos e n o m e n c la tu ra d e m áq u in a s, o
74 REVISTA DO SERVIÇO PÚBLICO

q u e será fe ito n a W e b ster S ch o o l o f Larxguages e no W ar Os o perários especializados ta m b é m tiv e ra m êsse curso


P ro d v cto r C e n te r . D a í serão depois enviados p a ra as fá ­ de ad ap taç ã o sendo já p rofissionais no seu ra m o . São êles
bricas escolhidas, o n d e p e rm a n ec e rã o d u ra n te u m ano. a u tiliza d o s p a ra tra b a lh a r nas m áq u in a s m ais delicadas,
fim d e re ce b ere m o necessário tre in a m e n to de operação de p rin c ip a lm e n te no a ju ste e p re p a ro das m esm as, e n tre ­
m áq u in a, p la n e ja m e n to de fe rra m e n ta l, custo de produção, gando-as depois p ro n tas a fun cio n ar aos m a n ip u la d o re s.
e tc . Ê sses m an ip u lad o re s fizeram , p o r sua vez, curso in te n ­
sivo, d e 60 d ia s.
AS DESPESAS A ntes de e n tra re m p a ra a F á b ric a tin h a m as profissões
as m ais sim ples : dom ésticos, ped reiro s, sap ateiro s, c o u e r-
— E a v iag e m e m an u te n çã o lá dos nossos ra p az es ? ciários, e tc .
— A v iag e m d e v e rá c o rre r p o r co n ta do G ovêrno b r a ­ N a E scola T éc n ic a a m b ie n ta ram -se fa cilm e n te com o
sileiro ou das nossas fá b ric as in te ressa d as no e stág io . A fu n c io n a m e n to das p rin cip ais m áq u in a s e, após alguns exa­
m a n u te n ç ã o lá será fe ita com um fu ndo o rganizado pelos m es, fo ram d e v id a m e n te classificados e d istrib u íd o s p elas
fa b ric a n te s, de m áq u in a s am e ric a n as e p e la rem u n eração m áq u in as p elas q u ais tin h a m ten d ê n cia s n a tu r a is .
aos nossos ra p az es nessas fábricas, se m p re d e acôrdo com
A p rim e ira tu rm a , de 70, ra p id a m e n te a d q u iriu a p rá tic a
os seus tra b a lh o s n e la s.
necessária p a ra o fu n c io n a m e n to das m áq u in a s.
— M a gnífico ! Q ue coisa boa ! E o D . A . S . P . já sabe
N ova tu rm a d e v erá ser lan çad a d e n tro d e pouco tem po,
disso ? ■
pois as dem ais m áq u in a s estão ap en a s ag u ard a n d o pessoal
— A in d a n ã o . V ocê p re cisa se le m b ra r de q u e cheguei p a ra d irig i-la s .
ap en a s há um a se m an a e não tiv e te m p o a in d a de tr a ta r
do assunto, que, a fin al, d e v erá ser e n ca m in h a d o pelo p ró ­ N O P A V IL H Ã O M É D IC O
p rio b rig a d e iro G u e d es M u n iz às nossas a u to rid a d e s. E
é a você, com o re p ó rte r d a R e v is ta do S e rv iç o P úblico, O professor D ja lm a G u ilh erm e de A lm eida nos levou
qu e esto u fo rn ecen d o em p rim e ira m ão essa notícia, a te n ta ao P a v ilh ã o M édico, a p resen tan d o -n o s ao D r . N elson G u e ­
a sua disposição em tr a ta r d a v id a d e nossa F á b ric a de des M un iz, chefe dos serviços m édicos d a F á b ric a .
M o to re s . N ossa e n tre v is ta p a ra coleta de inform ações ficou logo
re so lv id a . E , assim , re a lm e n te fizem os, e n fre n ta n d o d e um a
D E PA R T A M E N T O D E E ST U D O S E PRO D U Ç Ã O E a sse n tad a o a ssu n to . B loco d e p a p e l à m ão, láp is afiado
D E P A R T A M E N T O D E Q U A L ID A D E e . . . paciên cia esgotada de m ais um a v ítim a do re d a to r da
R e v is ta do S e rv iç o P ú b lic o . M a s assim é q u e é b o m m es­
E o técn ico H o rtê n c io M ed eiro s v o lta a nos d a r suas m o . N a d a de a p o n ta m en to s p ro m etid o s p a ra o d ia seg u in ­
inform ações : t e . N ão é m esm o, m eus jovens am igos J a n in i e W ern eck 'f

H á n a F á b ric a o D e p a rta m e n to de E stu d o s e P rodução,


O D r . M u n iz e n tro u logo n a m a té ria :
q u e fornece todos os desenhos, especificações e p la n e ja ­
m en to s ao D e p a rta m e n to de F a b rica çã o , m e d ia n te fichas — Ê ste serviço com eçou a fu n c io n a r em 1941, an tes,
d e fab ricação , nas quais, a lé m dos croquis com as d im e n ­ p o rta n to , dos tra b a lh o s de construção dos pav ilh õ es d a F á ­
sões, in d ica as fe rra m e n ta s e g a b arito s a se rem usados, b rica . P rim e iro foi fe ito o le v a n ta m e n to a erofotogram é-
b e m com o os c alib re s necessários p a ra a v e rifica ç ão da tric o da região, p a ra ter-se con h ecim en to exato da á re a a
e x atid ão dos tra b a lh o s ex ec u ta d o s. ser sa n e a d a . T e rm in a d o êsse trab a lh o , q u e d u ro u cêrca de
O s calibres p o d e m ser gerais ou especiais; os prim eiros^ dois m eses, fo ram iniciados os serviços d e h id ro g rafia sa ­

serv in d o p a ra m ed id as v a riá v eis, e os segundos p a ra um a n itá ria , com a cooperação do D e p a rta m e n to N a cio n a l de
ú n ica m ed id a e n u m só local de d e te rm in a d a p eça, e stan d o O b ras d e S an e am en to , q u e com eçou a re tific a r os cursos
as su as d im ensões e n q u a d ra d a s e n tre dois valo res : m áx i­ d ’água, d ren an d o o g ra n d e p a n ta n a l e x iste n te . n as te rra s
m o e m ín im o de acôrdo com a to le râ n c ia d a m e d id a . em q u e seria c o n stru íd a a F á b ric a e nos seus a rre d o re s. A
p rin cíp io e sten d iam -se por 22 m ilhões d e m etro s q u a ­
O D e p a rta m e n to d e Q u a lid a d e tr a ta da v e rifica ç ão das
d rados que, com d e sap ro p riaçõ es p o sterio res, já a tin g e m a
u n id ad e s das p eças em usin ag em e das a c a b a d a s.
50 m ilhões ! E a ta re fa a cargo do D e p a rta m e n to N a cio ­
nal de O b ras de S a n e am en to a in d a c o n tin u a . O S erviço
A DIREÇÃO DC DEPARTAMENTO DE FABRICAÇÃO E SEUS
M édico, logo do início, estab e le c eu a v ig ilân cia sa n itá ria,
OPERÁRIOS *
exercida p o r v isita d o re s especializados, cujo fim e ra id e n ­
O D e p a rta m e n to de F a b rica çã o é dirig id o p o r u m e n g e ­ tific a r os p o rta d o re s d a m a lá ria .
n h eiro, su b o rd in ad o d ire ta m e n te a o d ire to r d a F á b ric a . — E e n co n tro u m u ita g e n te com m a lá ria ?
A té ao p re se n te m om ento é assistid o p o r dois engenhei- — M u ita . J á fo ram fichados 1 1 .5 6 0 indivíduos, não só
ros-auxiliares, te n d o a seu cargo v á ria s secções do P a v i­ m o rad o res em te rra s d a F á b ric a com o de suas circunvizi-
lhão d e M a q u in a s s e servindo de ligação com o D e p a rta ­ n h a n c a s. ,
m en to d e P ro d u ç ã o . — E q u e espécie d e m a lá ria é a p re d o m in a n te n a zona ?
H á U m m e stre geral, ao qual e stão su b o rd in ad o s os o u ­ — A te rç ã m a lig n a . H o je já n ã o existe m ais p o r aqui
tro s de v á ria s secções. R e a liz a ra m êles seu cu rso in te n ­ form a m o rta l d e m alá ria , o q u e se deve, sem d ú v id a, à
sivo de p re p a ra ç ã o na E scola T éc n ic a d a F á b ric a , em e fic ie n te ação de c o n tro le e c o m b a te ao m al, com a e x tin ­
S . C ris tó v ã o . ção de focos. A ação do serviço de m alá ria d a F á b ric a
A FÁBRICA NACIONAL DE MOTORES 75

ab ran g e as suas te rra s e v ai a lém a tin g in d o u m a á rea de O FUTURO SERVIÇO MÉDICO DA FÁBRICA
pro teção m u ito v a sta, de cêrca de dois q u ilô m e tro s de
larg u ra e m tô rn o d a F á b ric a . O S erviço M édico será c o n stitu íd o de trê s g ra n d es sec-
ções : d e C línica M édica, C irú rg ic a e O b s té tric a e R a d io -
— E q u e se faz com os d o en tes ? lógica e ta m b é m d e d ife re n te s e sp ecialid ad es, in cluindo-se
— São in te rn a d o s em c âm ara tela d a , sejam êles e m p re ­ as d e a c id e n te s no tra b a lh o e h ig ien e in d u s tria l.
gados da F á b ric a ou n ã o . N esse caso, a vigilân cia não tem
lim ites, e já se te m e sten d id o a 10 q u ilô m etro s a lé m dos HOSPITAL POLICLÍNICO
terre n o s d a fá b ric a . Ê sse p o lic iam en to e c a p tu ra d e d o e n ­
te s é realizad o pélo corpo d e g uardas m edicadores, que são J á e stão e m te rm in a ç ã o os estu d o s e p ro je to do H o sp ita l
obrigados a re a liz a r v isita s d iárias aos dom icílios do p e s­ P o liclín ic o d a C id ad e In d u stria l, o q u a l fica rá a cav aleiro
soal d a F á b ric a e c irc u n v iz in h a n ç a s. do bloco fa b ril e da p ró p ria c id a d e in d u s tr ia l. Ê sse h o s­
p ita l e stá c alculado d e acôrdo com o q u e exige o C olégio
— P o r que se isola o d o e n te assim , e m c âm aras tc-
A m ericano de C irurgiões, no q u e diz re sp e ito à e sta n d a r-
lad as ? '
dização h o sp ita la r.
— P a ra p ro te g e r as pessoas s ã s . O d o e n te recebe rigo­
— E p o r q u e d e acôrdo com o C olégio A m ericano de
roso tra ta m e n to , co n tro lad o p o r tra b a lh o s de lab o rató rio ,
Cirurgiões. ?
a té sua cu ra clínica, fazendo-se m u ita s vêzes a espleno-
c o n tra çã o p e la a d ren a lin a , a fim d e c om provar-se a v e r­ — P o rq u e êsse órgão nos E sta d o s U n id o s criou o tip o
d a d e ira c u ra . D isp o m o s p a ra isso d e u m a e n ferm aria , à de organização e sta n d a rd iz a d a p a ra as q u e stõ es h o sp ita ­
p rova de m osquito, com a cap a cid a d e a tu a l d e 40 leito s. lares, v isan d o to rn a r m ais e fic ie n tes e p ro d u tiv o s os t r a ­
F o ra m ta m b é m criad o s d ife re n te s postos m édicos nas loca­ balhos d e u m h o sp ita l m o d e rn o .
lid a d e s circu n v izin h as, com o fim de c o m b a ter a m alá ­ — E a q u i no B rasil a in d a não h á e n tid a d e se m e lh a n te '?
ria e m elh o rar o e stad o sa n itá rio das p opulações próxim as,
m a n te n d o em cad a p ô sto u m m édico clínico, q u e a te n d e — N ã o . C reio q u e êsse p ro b le m a já e stá sendo e s tu ­
à p o p u laç ão p o b re . E ssa assistên cia te m e fic ie n te colabo­ d ad o e n tre n ó s . O D . A . S . P ., p o r exem plo, já com eçou
a o lh ar êsse a ssu n to , com tô d a a aten ção , te n d o m esm o
ração d a L eg ião B ra sile ira de A ssistência, n a pessoa de
D . L úcia M u n iz, espôsa do b rig ad e iro G u ed es M u n iz . ( E m an d a d o alguns de seus técnicos à A m érica com o fim
no dia seg u in te form os v e r o C e n tro D is trita l A utônom o d e fazê-los e stu d a r as organizações a m e ric a n as q u e re p u ­
d a L . B . A . , n a e staç ão d e X e ré m . M u ita g e n te p o b re es­ tam o s m o d elares no que diz re sp eito a q u e stõ es h o sp itala res
ta v a e n tã o sendo a te n d id a ) . e a m u ita s o u tras d ig n as d e n o ta .

Os a cid en ta d o s da F á b ric a são socorridos p o r um corpo — C om o nos pode in te re s sa r a q u i e sta q u e stã o d e es-
d e en ferm eiro s e in te rn ad o s, q u a n d o necessário. ta n d a rd iz a ç ã o ?

F . N . M . — U m b e lo c o n ju n to d e m á q u in a s au to m á tica s
76 REVISTA DO SERVIÇO PÚBLICO

— M u ito ! B a sta q u e lhe diga q u e u m h o sp ital estan - C orrem os d e m o ra d a m e n te o P a v ilh ã o M édico, q u e nos
d a rd iz a d o fu n c io n a com o um a m áq u in a , cu ja s en g ren a ­ deixou ag rad áv el im pressão p e la sua disposição in te rn a e
gens tra b a lh a iji m o d ela rm e n te , em q u a lq u e r de sijas see- a p are lh a g e m , b re v e m e n te em plen o fu n c io n a m e n to .
ções. C ito, p o r exem plo, a q u e stão do m a te ria l h o sp ita la r E aí e stá com o conseguim os a in d a algum as n o tas bem
e sta n d a rd iz a d o c u ja aquisição é fe ita de acôrdo com o que valiosas p a ra esta re p o rta g em , q u e d e ce rto a in d a te ria m u i­
e stip u la u m c en tro c o o rd en ad o r visando sem pre a u n ifo r­ ta s o u tra s assim , se a F á b ric a de M o to re s n ã o fôsse tão
m ização dêsse m a te ria l, o q u e fa cilita sobrem odo n ã o só longe e a R e v is ta d o S e rv iç o P ú b lico não tiv e sse ta n to s
a a quisição com o os tra b a lh o s m édicos e sp e c ia liz a d o s. colaboradores, se m p re a re clam a r d e seu d ire to r espaço p a ra
O u tro p o n to q u e in te ressa m u ito n a e sta n d a rd iz a ç ã o é a su as v aliosas c o n trib u içõ e s. E a c h o rad e ira é grande,
e ducação das e n fe rm e ira s e sp e cialistas e a u n ifo rm id a d e q u a n d o as “reserv as té c n ic a s” ficam m esm o reservadas na
das fichas, n u m sistem a único, que fa cilita o p ró p rio ser­ g a v eta do d ire to r d a R e v is t a . . .
viço d e e sta tístic a e pro p o rcio n a ab so lu ta a d a p ta ç ã o de um
A gora, vam os a d ia n te . O u tro m édico — êste, especialista
m édico à e n fe rm a ria esp ecialista, q u a lq u e r q u e seja o
em n u triç ã o — o D r . O lavo R o ch a, v ai nos d izer com o
h o sp ital e m q u e v ai se rv ir. E , assim , o rodízio d e m éd i­
consegue d a r a lim en taç ã o a 2 .5 0 0 op erário s p o r d ia e
cos e e n ferm eira s, de u m h o sp ita l p a ra outro, disp en sa o
ta m b é m a d ireto res, chefes de serviço e . . . v isita s ilus­
p e río d o de a d ap taç ã o , in d isp en sáv e l q u a n d o o re g im e dos tre s à F á b ric a .
h o sp ita is não é estan d a rd iz a d o , com o ocorre p re se n te m e n te .
O D r . N elson G u ed es M u n iz é a lto e m agro; o D r.
N a A m érica, p a ra a o rganização e sta n d a rd iz a d a , existem ,
O lavo R o ch a é u m pouco d ife re n te , m as não é m u ito . . .
alé m do c en tro de controle, liv ro s e n u m ero sas publicações,
N ão há, porém , o q u e n êles d istin g u ir q u a n to à co n d u ta
q u e v isa m a o rien taç ã o e fic ie n te d e e stan d a rd iz a çã o h o s­
pessoal, à form a d e tr a ta r a g e n te . S im ples, joviais, o fere­
p ita la r .
cem boa co n trib u içã o à F á b ric a p a ra lhe to rn a r cada vez
E stá v a m o s g ostando d a c onversa com o sim p ático D r .
m ais suave e am eno o clim a so c ia l. A com eçar p e lo b ri­
M un iz, q u e nos e stav a assim esclarecen d o ou, m elhor, a le r­
gadeiro G u ed es M u n iz — a jo v ia lid a d e é o traç o m a rc a n ­
ta n d o com o se d iz ta n to agora, sô b re coisas in te re s sa n tís­
te de sua e q u ip e d e técnicos e a u x iliare s.
sim as q u e ig n o rá v a m o s. N ão é só, c onsideram os então, o
estág io nos E sta d o s U n id o s de m ecânicos de aviação e o u ­
N O D E P A R T A M E N T O D E O B R A S E F IS C A L IZ A Ç Ã O
tro s q u e d ev e se r in te n sifica d o , com o fazem C uba, a R ú s ­
sia e o u tro s p a ís e s . H á o u tra s profissões q u e p re cisa m de L ogo à e n tra d a d a F á b ric a e no início de g ra n d e av en id a
re p re s e n ta n te s h á b eis e. c o m p e te n te s p a ra q u e saiam os a fi­ na qual se d e staca o P a v ilh ã o P rin c ip a l, acha-se o P a v ilh ã o
n al d êsse re g im e d e tra b a lh o , m u ito cheio d e emp-irism o e de C o n tro le . N ê le fu n cio n am o D e p a rta m e n to de O bras
im p ro v isa ç ã o . V ocês não estão v endo o re c e n te d e cre to do e F iscalização, a S u p e rin te n d ê n c ia d e O bras, o e scritó rio
G o v êrn o sô b re o a s s u n to ? O p re sid e n te do D . A . S . P . do S erviço F lo re sta l, a m esa d e ligações tele fô n ic as.
re u n iu e m seu g a b in e te os d ire to re s de jo rn a is e lhes expôs, F om os c o n v ersa r u m pouco com o en g en h eiro a rq u ite to
com tô d a a fran q u e z a, q u a l é a nossa situação, ped in d o - H o ra c y L egey de Assis S ilva, ch efe do D e p a rta m e n to de
lh es o concurso d a im p re n sa p a ra êsse m o v im e n to re n o ­ O b ras e F isc a liz aç ão .
v a d o r. H á tem p o s, êsse gran d e p a trio ta q u e é o D r. Jo ã o P assam o s p rim e iro p o r u m a sala, o n d e só se v ê em p ra n ­
D audt d ’O ü v e ira, d e u ta m b é m o g rito de alarm e, n a Asso­ c h etas e q u ad ro s d e m ad e ira in clin ad o s sôbre c av a le tes e
ciação C om ercial, e surgiu a U n iv e rsid a d e M a u á , q u e es­ nos q u a is os desenhos e p ro je to s das obras, u n s já a c a b a ­
p e ram o s a in d a v e r fo rnecendo técnicos c o m p e te n te s ao co­ dos e o u tro s em an d am en to , b a sta m p a ra nos d a r id éia do
m érc io e à in d ú s tria . v u lto das construções p re v ista s não só de pav ilh õ es d e se r­
D escu lp e-n o s o D r . M u n iz essa digressão, re su lta n te d a ­ viço com o ta m b é m dos con ju n to s resid en c ia is d istrib u íd o s
q u e la nossa p a c h o rric e de velho, in g en u id a d e — d irão — em ru a s d ife re n te s d a F á b ric a .
em c o n v ersa r sôbre coisas tã o sé ria s.
E o D r . M un i^, p u x a n d o u m a g a v eta, d e la tiro u ê ste CONVERSANDO COM O DR. ASSIS SILVA
liv ro : H o s p ita l O rganization a n d M a n a g e m e n t, d e M ac-
P esav a-n o s ir to m a r o tem p o precio so do chefe do D e ­
E a c h e rn , q u e lh e foi oferecido, com ex p ressiv a d e d ic a tó ­
p a rta m e n to de O b ras e F isc a liz aç ão . Se ta m b é m não o
ria, pelo a u to r . •
procurássem os, d e ce rto q u e e sta re p o rta g e m fica ria a in d a
V im os ta m b é m e sta b e la p u b licação , tô d a ilu s tra d a — m ais d e fic ie n te e fa lh a do q u e já é .
W e sle y M e m o ria l H o sp ita l, de C hicS go. D isse-nos o D r .
À p a re d e do g a b in e te do D r . Assis, a p la n ta d a F á b r i­
M u n iz q u e e stev e d e v isita a êsse fam oso h o sp ital e nêle
ca. S olicitam os-lhe cópia p a ra ilu s tra r êste tra b a lh o .
fê z estu d o s d e o rganização h o sp ita la r.
— .Posso m a n d a r fa ze r u m a cópia a p re to , p o rq u e assim
não d a ria m esm o clichê, p o r causa d a c ô r. A p ro v e ita rei
SOCORRO INDUSTRIAL o ensejo p a ra in clu ir a lguns d e ta lh es q u e fa lta m à quo ali
e s t á . M as é p re ciso q u e m e dê pelo m enos u n s se te ou
O S erv iço M éd ico da F á b ric a já te m u m p a v ilh ã o p ro n to
o ito d ia s . . . Os m eu s ra p az es e stão a té a q u i d e se rv iço .
p a ra exam e e seleção d e o p e rário s, com u m a seção p a ra
a c id en te s d e tra b a lh o , a q u a l dispõe de sala d e o p e raç õ es. — P o is não ! N o m om ento, só q u erem o s v in te m in u to s
Aí vim os já m o n ta d a b e la m esa de fra tu ra s “ A lb e e ” , re ­ d e su a . . . c olaboração à re p o rta g em , c o n v ersan d o co­
cém -chegada dos E sta d o s U nidos, onde é c o n sid era d a com o nosco .
das m ais m o d ern a s do g ê n e ro . — E stá b e m . O sen h o r j á p e rco rre u tu d o isto ?
A FÁBRICA NACIONAL DE MOTORES 77

p p] y i __ O utro aspecto do P avilhão P rincipal

A m a ral P eix o to , M in istro S ousa C o sta e M in is tro M e n ­


— J á estiv em o s aq u i trê s vêzes, m as não conversam os
donça L im a .
a in d a com to d o s os chefes d e serviço.
C ad a q u a d ra , q u e a b ra n g e rá 15 blocos d e a p a rta m e n to s ,
— D esd e os p rim e iro s d ias d a v id a da F á b r i c a v enho
v a i t e r u m clube, piscina, cam po d e esp o rtes, c rec h e e ga-
a q u i tra b a lh a n d o . E la b o re i, ju n ta m e n te com o b rig ad eiro
ra g e .
G u e d es M u n iz, no P a rq u e d e A e ro n áu tica dos A fonsos, o
p lan o p rim itiv o das construções, sendo m ais ta rd e e la b o ­ H a v e rá u m e stád io g eral p a ra d is p u ta d e c am p eo n a to s
ra d o o a n te p ro je to d e fin itiv o . C abe a .ê s t e D e p a rta m e n to e n tre os clu b e s locais; u m a ig re ja e ta m b é m h o sp ita l com
e la b o ra r todos os p lan o s de execução das obras, serviços a cap a cid a d e p a r a 120 le ito s.
to p o g ráfico s e fiscalização de obras, m edições, a rq u ite tu ra A p a r te co m ercial d a c id a d e será lo calizad a n a zona c e n ­
p a isag ística , in stala çõ e s e lé tric as, esgotos, a r condiciona­ tra l, com os ram os de negócio adeq u ad o s, com o a rm a ri­
do, e tc . T ra b a lh a m com igo d e se n h ista s e eng en h eiro s e s­ nho, cafés, cin em a, h o tel, e tc .
p e cializa d o s. A ssim , tem o s o D r . T á c ito B arros, e n g e ­
n h e iro esp ecializad o e m cim en to arm ado; D r . C arlos Q uin- LOCALIZAÇÃO RACIONAL
tilia n o d a F onseca, ch efe dos serviços de m edição e fis­
N e m se m p re as c id a d es in d u stria is e x iste n te s p o d e m
calização, e o u tro s c o laboradores esforçados n a execução
a p re se n ta r as v a n ta g e n s d e q u e goza e sta, e m p ro v e ito de
d e sta g ra n d e o b ra . seus h a b ita n te s . E m geral, e la s su rg e m ao a ca so .

A CIDADE INDUSTRIAL DA F . N . M .
E s ta , p o ré m , foi lo ca liz ad a ra c io n a lm e n te a 600 m etro s
d a fá b ric a . O local e m q u e se ach a não a te n d e u a outra3
R e su m in d o , vam os v e r se conseguim os d a r aos leitores razões, a lé m dos b en efício s q u e v irá tr a z e r a seus h a b i­
da R e v is ta do S e rv iç o P ú b lico id éia ap ro x im ad a do que ta n te s .
será d e n tro d e pouco te m p o a C id ad e In d u s tria l da F . M a g n ific a m e n te lo calizad a e p ro je ta d a segundo as n o r­
- N . M . , conform e exposição q u e nos fez o D r . Assis S ilv a. m as m o d e rn a s d e u rb a n ism o , a C id ad e In d u s tria l d a F .
T e rá e la 65 blocos de a p a rta m e n to s, cad a u m d êles a b ri­ N . M . re a liz a rá p e r fe ita a d a p ta ç ã o do h o m em ao m eio,
g ando 50 fa m ília s. d a n d o -lh e c o n fo rto e ó tim a s condições d e v id a .

. H a v e rá n a c id a d e creches, cam p o de esportes, piscinas,


SALUBRIDADE : PR IM EIRA CONDIÇÃO A SER ATENDIDA
clubes, escola p rim á ria p a ra cad a g ru p o de cm co blocos
de a p a rta m e n to s e “p la y g ro u n d ” todo a ja rd in a d o . A s a lu b rid a d e foi a p rim e ira con d ição a ser a te n d id a .
S e rá a c id a d e d iv id id a e m q u a d ra s se p a ra d a s p o r a v e ­ R e s u lta e la d e u m a b o a o rie n ta ç ã o q u a n to ao n a sc en te e
nidas, q u e se c h am arã o : P re sid e n te V argas, C o m an d a n te ao p o e n te , pois os blocos re sid en c ia is e stã o d isp o sto s de
78 REVISTA DO SERVIÇO PÚBLICO

fo rm a a serem b an h ad o s de luz e servidos de som bra, nas A lém de tra to re s , p o d erão ser fe ita s m áq u in as agrícolas
h oras p ró p ria s . d e d ife re n te s tipos e ta m b é m acessórios p a ra m u ita s m á ­
U m ó tim o d e v e n tilaç ão é o b tid o pela p ro te ç ã o das ele- ■ q u in as já e x iste n tes no B rasil, com o, por exem plo, la g a r ­
vações vizinhas, n 3 o .h a v e n d o form ação de c o rre n tes de a r. tas, e n grenagens de d ife re n te s tip o s p a ra trato res,, arados,
p atro ls, e tc .
A boa drenagem , m u ito im p o rta n te em zona d e baixada,
e v ita a form ação de águas p a ra d a s e te rra s m u ito ú m id a s. A nova fá b ric a será e q u ip a d a com um a fundição in d e ­
F o ra m re tific a d o s os rios e a b e rto s canais, que esgotaram p e n d e n te d a que já existe n a F á b ric a de M o to re s. D esti-,
p e rfe ita m e n te as te rra s e irão e v ita r as fu tu ra s in u n d a ­ na-se a couraças d e aço p a ra os tan q u e s e o u tras peças n e ­
ções . cessárias a o u tras m a q u in a ria s. E , em caso d e necessidade,
tratoVes p o d e rão ser tran sfo rm a d o s em ta n q u e s de g u e rra .
O serviço d e esgotos é p a rte im p o rta n te do p ro jeto , im ­
p e d in d o a co n ta m in a çã o pelos germ ens tran sm isso res de
' FÁBRICA DE AVIÕES
m o lé s tia s .
G a ra n tid a s assim as #condições básicas de sa lu b rid a d e, T a m b é ín se acha in clu íd a no p lan o g eral a construção
o u tro in d isp en sáv e l serviço absoVveu a a te n çã o dos idea- de um a fá b ric a de aviões d e tra n s p o rte e o u tro s d e tip o s
lizad o res d a C ID A D E IN D U S T R IA L . F o i êste o do a b a s­ m enores, todos pro v id o s de m o to res ali fa b ric ad o s.
te c im e n to de água p o tá v e l.
U m a das canalizações ad u to ras, que v ai a b a ste c e r o R io NA S U P E R IN T E N D Ê N C IA D E O B R A S
d e Ja n e iro , c o rta a cidade, fa cilita n d o o fo rn ec im e n to de
As o b ras d a F á b ric a são re aliz a d as p o r a d m in istraç ão ,
á g u a p o tá v e l e x ce le n te i
p e la S ervix E n g e n h a ria L td a ., re p re se n ta d a pelo D r . L u ­
F a r ta vegetação, fo rm an d o bosques, am en iza o clim a cas N ogueira G a rce z .
e p u rific a o a m b ie n te .
A sua execução se o p e ra ou d ire ta m e n te pela S u p e rin ­
A v e n tilaç ão , a p ro x im id a d e dos rios, a situ ação n a p a r­ ten d ê n cia ou p o r in te rm éd io d e su b -e m p re ite iro s. São ês­
te m ais a lta das á rea s a d a p tá v e is à C id ad e n a F á b rica , con- te s os serviços q u e v ê m sendo realizad o s d ire ta m e n te p e la
. J
c o rre m p a ra conseguir a g rad a v el te m p e ra tu ra . S u p e rin te n d ê n c ia das O b ras : O peração g eral do c an teiro ,
T o d o êsse c o n ju n to fo rm a a m o ld u ra n a tu ra l dos blocos isto é, co n stru ção dos b arracõ es de serviço, das v ias de
resid en ciais, q u e se d e stac am e m m eio à vegetação, a t r a ­ acesso, e conservação de e stra d a s. T ô d a s as in stalaçõ es e lé ­
v essados pelos dois rios, os quais, a lém de frescu ra e vida, tric as, h id ráu licas, sa n itá rias, de a r condicionado e d e a r
tra z e m à C id ad e o c ara cte rístico p ito re sc o d e um dos m ais c o m p rim id o . A S u p e rin te n d ê n c ia te m tam b é m ex ecutado
risonhos e prom issores c en tro s re sid en ciais ligados a n ú ­ d ire ta m e n te algum as e stru tu ra s d e cim en to , com o a do
cleos d a I n d ú s t r i a . P a v ilh ã o de F un d ição , oficinas ( 3 ) e ta n q u e s d e re s fria ­
m en to .
OUTROS PAVILHÕES _
O u tro s serviços são su b -e m p reita d o s com firm a s e sp e c ia ­
O en g en h eiro Assis nos inform ou que já e stão p ro n to s lizadas, ta is com o : todos os d e a lv e n aria e algum as e s tru ­
a lé m do P a v ilh ã o P rin c ip a l, os seg u in tes : d e C o n tro le do tu ra s de c im e n to arm ad o , com o as q u e fo ram a trib u íd a s à
P essoal, M édico, de T ra ta m e n to T érm ico e G alvanização, e C c n stru tc ra R o ch a & S ilv a . A e stru tu ra do P a v ilh ã o P r in ­
d e F u n d iç ã o (p ra tic a m e n te p ro n to ) . cipal foi e n tre g u e à C o n stru to ra B a erlein , assim com o d i­
O P a v ilh ã o dos B ancos de E nsir.o já se acha em cons­ versos serviços de te rra p la n a g e m .
tru ç ã o . C om o se sabe, era im enso b re jo o local em q u e se acha
V ão ser a in d a co n stru íd o s : P a v ilh ã o d e H élicos, P a v i­ a F á b ric a . O seu a tê rro está se fazendo de form a sim ples
lh ão d a G arag e, P a v ilh ã o d a A d m in istração , onde e xistirá e p rá tic a : com o d e sm o n te de u m m orro, cu ja s terra s,
o R e s ta u ra n te O p e rário , já e m cons ?rução. d e sm an c h ad a s em água, são conduzidas p o r d u a s extensas
E x iste m a tu a lm e n te êstes b a rra c õ es p rovisórios : de calhas, su p o rta d as por altos c av a le tes de m a d e ira . D e vez
obras, d e p ó sito de m a te ria is à m arg e m d a E . F . R io d ’O uro, cm quando, conform e a necessidade, se m uda u m pouco a
d e re fe itó rio dos operários, c n d e alm oçam d ia ria m e n te direção das c alh as. E o a tê rro assim conseguido é firm e e
2 .5 0 0 pessoas, servidas e m m enos de 45 m inutos; e ja n ­ m u ito ig u a l. Ê sse serviço está a cargo d a H id ro téc n ic a
ta m 1 .6 0 0 ; do alm o x arifad o d e m a te ria is d e o b ras e do L td a . »
A rm azém R e e m b o ls á v e l. O p ro jeto e o rien taç ã o téc n ica da in stala çã o de a r c o n ­
A lém dêsses barracõ es, ex iste um a g rá h d e tra n s fo rm a ­ dicionado fo ram ad ju d ic ad o s à C a rrie r C o rp o ratio n , re p re ­
do ra d e e n erg ia e létrica, já e m fu n c io n a m e n to , a q u a l tr a n s ­ se n ta d a no B rasil p e la A R M C O , cor)form e dissem os, a n te ­
fo rm a a c o rre n te de 2 5 .0 0 0 volts em 4 .8 0 0 , e o u tra s ro ta ­ rio rm e n te .
ções se c u n d árias, que b a ix a m essa v o lta g e m p a ra 440, 220
O e n g en h e iro d a S u p e rin te n d ê n c ia en carreg ad o das in s ta ­
e 110 v o lts .
lações de a r com p rim id o e a r condicionado é o D r . J o a ­
q u im M a g a lh ã es C osta; o D r . P a u lc L ang, da p a rte e lé ­
FÁBRICA DE TRATORES E TANQUES
tric a; o D r. Iv a n V asconcelos, d a s oficinas provisórias; e
A lém d a fá b ric a d e m otores, e stá p ro je ta d a a d e tr a to ­ o D r . A d a lb erto M . M orgado, das in stala çõ e s h id ráu lica s
res e ta n q u e s . S e rá situ a d a próxim o d a estação d e M a n - e s a n itá ria s . r
tiq u ira , d a E . F . R io d ’O uro, d is ta n te d a a tu a l F á b ric a de A água p o tá v e l vem d a a d u to ra da M a n tiq u ira , c u ja lin h â
M o to re s cêrca d e q u ilô m e tro e m e io . p assa pelos te rre n o s da. F á b rica , onde e xiste u m a caixá com
A FÁBRICA NACIONAL DE MOTORES 79

a c a p a cid a d e de u m m ilh ão d e litros, d istrib u íd o s pelos da, ali no q u ilô m e tro 37 d a e stra d a R io -P e tró p o lis, longe
serviços diversos e ta m b é m às zonas re sid en c ia is. dos c en tro s d e a b aste c im e n to e em região d e sp ro v id a de
E s tá sendo co ncluída a c ap taç ã o do rio S a ra c u ru n a p a ra lav o u ra e a exigir sa n e am en to , m ais se lh e to rn o u p re m e n ­
a b a ste c im e n to de água in d u stria l à F á b ric a , c u jas te tr a s te a o rg a n iz aç ã o d a q u ela a ssistên cia e sob m oldes in te ira ­
são c o rta d a s p o r êsse rio e m ais a in d a p e lo C a p iv a rí o m e n te novos. E , hoje, n a B a ix a d a F lu m in e n se , grande3
M a to G rosso. organizações de tra b a lh o , com o a F á b ric a N acio n al de M o ­
to res, não p o d e m d e ix a r d e a d o ta r a m esm a c o n d u ta , n
A rê d e de esgotos, q u e se acha em construção, te rá um a
m enos que se conform em com a p e rd a de ap rec iá v e l p a rte
e staç ão d e tra ta m e n to , cujo e flu e n te será jogado no rio
de seu re n d im e n to . . .
S a ra c u ru n a . '
A tu a lm e n te , o re g im e é o de fo ss a s. O q u e vim os já o rganizado n a F á b ric a de M o to re s com ­
p o rta ria , sem d ú v id a, o u tra re p o rta g e m e d ivulgação m aio r,
Q ue tra b a lh o penoso o de a b e rtu ra de g alerias d e águas
p e la v a n ta g e m q u e a d v iria do c o n h ecim en to em outros
p lu v ia is e de esgotos !
m eios do q u e ali já se faz, com o início de o b ra v e rd a d e i­
M esm o ao lado do P a v ilh ã o P rin c ip a l vim os a a b ertu ra
ra m e n te n o táv e l pelo seu a sp e cto h u m an o e so c ia l.
d e u m a g a le ria p ro fu n d a, tô d a e staq u e ad a e na qual t r a ­
b a lh a v a m num erosos o p e rá rio s. A ssim ccm o os serviços m édicos fo ram e n tre g u es a e s­
p e c ia lista em m e d ic in a in d u stria l, os de assistê n cia a li­
D e p o is q u e tu d o fica r p ro n tin h o , com am p la s a v en id as
m e n ta r c o u b eram a u m técn ico em n u triç ão , o D r . O lavo
a ja rd in a d a s, rios drenados, a rb o rização escolhida, e tc ., e tc .
R ocha, q u e ali não se p re o cu p a só com o cálculo de calo ­
o v isita n te d a F á b ric a , que não conheceu d e p e rto sua
ria s e de cotas m ín im as de p ro teín as, sais e v ita m in a s,
construção, n e m p o d e rá im a g in ar o q u e foi re a lm e n te o
com o se faz n a c h a m a d a “ a lim e n ta ç ã o ra c io n a l” . G e ra l­
tra b a lh o ciclópico a li r e a liz a d o !
m en te pouca a te n çã o se d á à v a ria b ilid a d e e ao gôsto da
A grada-nos, p o rta n to , te r v isto tô d a a execução dess^
c o m id a . O D r . O lavo R o c h a 'f o i m ais longe o fê z i s t o :
o b ra gigantesca p a ra se n tí-la depois, p len a m en te, n a sua
traç o u uns trin ta c a rd á p io s d ifere n te s, v a ria n d o n m ais p o s­
g ran d io sid a d e ! S e n tí-la e a d m irá-la a in d a m ais !
sível a a lim en taç ã o dos o p e r írio s . E o gôsto d a com ida ?
O u tro p ro b lem a q u e o Serviço de A lim en tação e n fre n to u
S E R V IÇ O DE A L IM E N T A Ç Ã O E A S S IS T Ê N C IA
com d e cisã o . A ssim , a lé m dos te m p e ro s u su a ii, com o o sal,
Se n o u tro lu g a r a F á b ric a N acio n al de M o to res te ria n e ­ v in ag re, alho, cebola, to m a te e m assa d e to m a te , p a ssa ra m
cessidade de p ro v e r a a ssistên cia a seus operários, dando- a ser ta m b é m em p reg ad o s o louro, o lom bo d e porco, o
lhes n a tu ra lm e n te serviços m édicos e a lim en taç ã o a d e q u a ­ p im e n tão , o u ru c u m , a lingüiça, a c arn e sêca, e tc .

F . N . M . — M o n ta g e m dos p rim eiro s fornos para o tra ta m e n to térm ico d e aços} todos elétrico s e d e a tm o sfe ra
neutra
80 REVISTA DO SERVIÇO PUBLICO

A e sta a ltu ra das inform ações q u e o D r . O lavo R o ch a — S erá, p a ra u m casal, m enos q u e o dô b ro do p re ço da


nos d a v a — sim , já estáv am o s c onversando com êle -—■ fo rn ecid a a u m o p e rário so lte iro . D e p o is v a i decrescendo
resolvem os in te rro m p ê-lo p a ra fa ze r-lh e e sta p e rg u n ta : fo rte m e n te , p o r pessoa q u e exceder as do c a s a l. A ssim ,
— E leite, não se d á u m copo e m cad a re fe içã o ao pois, o p rim e iro filho p a g ará u m preço; o 2.° o u tro d ife ­
o p e rário ? re n te , m as se m p re decrescendo m u ito . O m esm o c ritério
v a i ser e stab e le c id o q u a n to a o aluguel das casas.
— N ã o . F o i suspenso nas g ra n d es refeições, passando-se
a fornecê-lo p e la m an h ã , ao c a fé . O s o p erário s recebem -no — M agnífico ! Ê ste b rig ad e iro G uedes M u n iz é u m h o ­
assim com m ais a g ra d o . A n te s d a o rganização d ê ste se r­ m em in f e r n a l !
viço, servia-se le ite às refeições e e u tiv e o p o rtu n id a d e de
c o n sta ta r q u e êle p ro d u z ia fre q ü e n te s p e rtu rb a ç õ e s d ig e s­ O NÚMERO DE REFEIÇÕES DIÁRIAS DISTRIBUÍDAS NA FÁBRICA
tiv a s, com o d ia rré ia , fla tu lê n c ia , e tc . N ã o h á razão p a ra
E stã o sendo d istrib u íd a s d ia ria m e n te n a F á b ric a 4 .0 2 6
se in s titu ir o le ite com o a lim en to o b rig ató rio e n tre as nos­
g ra n d es refeições e 1 . 583 c a fé s .
sas classes p obres, em g eral não h a b itu a d a s ao seu con­
sum o e m u ito m enos no alm ôço e no ja n ta r . O leito deve F o i ê ste o m o v im en to do m ês d e j u n h o : 1 6 1 .4 3 0 re ­
ser fo rn ec id o p e la m anhã, d e acôrdo com os h á b ito s ali- feições, inclusive o café d a m a n h ã .
m e n ta re s d e nossa p o p u laç ão . V im os lá ê ste c ard á p io d o alm ôço do d ia : S opa de le n ­
— E q u e nos d iz dêsse siste m a de g ra n d es cald eirad as, tilh a s com m acarrão , ra g ú de in h am e, arro z e feijão com
e m p a n e la s fechadas, com o se faz nos e stab e le c im e n to s de carn e sêca, q u ib eb e de abóbora, la ra n ja e café, c o rre sp o n ­
a lim e n ta ç ã o c o le tiv a ? dendo a 1948 c a lo ria s.

■ — E ssa p rá tic a , m u ito u sa d a em to d o o m undo, c o n ­


c o rre talv e z p a ra a in to le râ n c ia q u e se o b se rv a p a r a com INTERESSANTE INQUÉRITO
a com ida a ssim p re p a ra d a , em c ald eira s fechadas, tip o
P o r o rd e m do b rig ad e iro G u e d es M u n iz foi organizado
m a rm ita d e P a p in . V isa-se com ela u m cozim ento rá p id o
u m q u e stio n á rio p a ra se saber, e n tre os operários, q u ais as
à c u sta de e le v a d a te m p e ra tu ra , m u ito su p e rio r a 100° c en ­
sopas p re fe rid as, os p ra to s e as so b re m esas.
tíg ra d o s. E ssa p rá tic a é m u ito p re ju d ic ia l ao hom em , pela
E m p a p e l m im eo g rafad o fêz-se u m a relação das sopas,
d e stru iç ão d e su b stâ n c ia s ou p rin cíp io s a lim e n ta re s in d is ­
o u tra dos p ra to s e, fin alm en te, a das so b re m esas. O p ra to
p e n sá v eis à sua v id a .
ind icad o re ce b eria u m a cruz p a ra assinalá-lo com o de p r e ­
E possível, p o rta n to , q u e su rja m reações do organism o
fe rê n c ia do v o ta n te . N o fim de cada re la çã o ê ste av iso :
a essa com ida a rtific ia liz a d a p e lo su p e ra q u e c im e n to .
“O p re se n te q u estio n ário , fe ito p o r ord em do E x m o . S r .
— E a q u i, e n tã o , não se cozinha assim , e m c ald eira s de B rig ad e iro do A r — A ntônio G u ed es M u n iz — v isa su ­
a lto a q u e c im e n to ? p rim ir os p ra to s q u e não se jam do ag rad o d a m aio ria doa
— N ã o . N a F á b ric a fo ra m re tira d a s as v á lv u la s das c al­ op erário s, assim com o fa c ilita r a escolha de seus a lim en to s
d e ira s, p assando-se a fa z e r o cozim ento len to , tra d ic io n a l. p re d ile to s” .
A cho êsse processo d e cozim ento, e m c ald eira s fe ch a d as e
em a lta s te m p e ra tu ra s , m ais u m a in o v ação d a téc n ica in ­ O PREÇO DAS REFEIÇÕES
d u stria l q u e não co rre sp o n d e a u m a v a n ta g e m re a l p a ra
o hom em , m as, a n te s, v e m tra z e r-lh e s m alefícios q u e s e ­ Os o p erário s p a g a m as refeições, desco n tan d o e m fôlha
rão, u m dia, e v id en ciad o s e com provados, com o já o fo ram q u in z e n a l o seu c u sto . C ada refeição g ra n d e cu sta Cr$ 1,50
hoje, m as d e p o is d e e n o rm e p e río d o d e uso, os causados e o café d a m a n h ã C r$ 0 ,5 0 . r
p e lo p o lim e n to do arroz, a d istila çã o d o álcool, a dsscor-
tic a ç ã o do trig o , o re fin a m e n to d o açú c ar, e tc . A CARNE CONSUMIDA NA FÁBRICA

A C oordenação d a M ob ilização E co n ô m ica reserv o u um a


ESTÁ CHEGANDO DOS ESTADOS UNIDOS NOVO MATERIAL
q u o ta d iá ria d e 500 quilos d e c a rn e p a ra a F á b ric a .
DE COZINHA
M a is ta rd e êsse a b aste c im e n to será fe ito com as reservas
A a tu a l cozinha d a F á b ric a fu n c io n a com m a te ria l de de gado in v ern a d o n a F á b ric a , à razão de 800 bois p o r
em erg ên cia, m as já e stá ch eg an d o m a te ria l d e fin itiv o , im ­ m ês, dev en d o ser m o rto s trê s p o r d ia . J á fo ram re se rv a ­
p o rta d o dos E sta d o s U nidos. dos 300 a lq u e ire s d e te rra p a ra o p a sto do gado le ite iro e
O D r. O lavo R o c h a nos m o stro u u m a fa tu ra , no v a lo r d e c o rte . m
d e m a is d e 67 m il dólares, d e p a r te d a "h o v a a p are lh a g e m .
C o n stru íd a a C id ad e In d u s tria l, sua p o p u laç ão tô d a O PROGRAMA DOS SERVIÇOS AGRO-PECUÁRIOS
se rá a lim e n ta d a p o r cozinhas c o le tiv a s. As casas te rã o a p e ­
O S erviço d e A lim e n taç ão e A ssistência já o rganizou u m
n a s “k itc h e n e tte s ” . E , ássim , as d onas d e casa não te rã o
p ro g ra m a d e serviços a g ro-pecuários p a ra o a n o p ró x im o .
o to rtu r a n te p ro b le m a d e alim en taç ã o , d e seu c u sto e de
A ssim e stá p re v ista , e n tre o u tra s m u ita s, a seg u in te p ro ­
su a p re p a ra ç ã o .
d u ç ão nas te rra s d a p ró p ria F á b ric a :
A fa tu ra q u e vim os re fe ria-se a a p a rê lh o d e re frig e ra ­
ção e p a d a ria . F e ijã o .............................................. ...2 .7 0 0 sacos
— E o preço das refeições q u e a F á b ric a fo rn ec e rá à A rro z .............................................. .....2 .8 0 0 ”
p o p u laç ão d a C id ad e In d u s tria l ? p e rg u n ta m o s ao D r . B a ta ta inglêsa ............................ 50 to n elad as
O lavo R o c h a . ” doce ................................. 40 ”
À FÁBRICA NACIONAL DE MOTORES 81

F.N.M. — M istu ra d o re s a u to m á tic o s d e areia, d o m o d ern íssim o P avilhão d e F undição

H o rta liç a de 20 a 50 to n ela d as, d e c a d a um a d e stas es­ Os op erário s p a g a m dez cruzeiros p o r m ês e os fu n c io ­


pécies; repolho, e sp in afre , chuchu, a bóbora, to m a te , e tc . n á rio s g rad u ad o s tê m co n trib u içã o m ais elev ad a, não ex­
cedendo, porém , d e 25 c ru ze iro s. D e u m m odo geral, os
O QUE JÁ. PRODUZ A FABRICA E M SUAS TERRAS e m p ré stim o s vão a té à m e ta d e dos v e n cim en to s d e um
m ê s.
. J á é b e m a p re c iá v e l a pro d u ção ag ro -p e c u ária d a F á ­
b rica .
O A viário fo rn ece-lh e cêrca d e 500 ovos, p o r d ia . A c ria ­ O AVIARIO

ção de porcos é g ra n d e .
D ista n te d a sede d a F á b ric a , cêrca d e cinco q u ilô m e tro s,
A c o lh e ita d e arro z e fe ijão v e m crescendo se m p re . Só
foi in sta la d o o A viário, q u e te m c a p a c id a d e p a ra cinco m il
no ano p assad o fo ram colhidos m ais de 2 m il sacos de
g alin h a s p o e d e ira s .
a rro z !
F o m o s ; vê-lo e m c o m p a n h ia do e n g en h e iro A d a lb e rto
Q u a n to à p e q u e n a lav o u ra, h á u m a g ra n d e h o rta, que
M orgado, da S e rv ix .
p e rm ite assim re g u la r a b aste c im e n to à cozinha, d e m ag ­
n ífic a alface, belos repolhos, m u ita couve e o u tra s h o rta ­ A e stra d a n ã o é b o a e e m a lg u n s trec h o s h á a p ro v e ita ­
liças c o m u n s. m en to do leito d a lin h a fé rre a do R io d ’O u ro . M a s assim
não v a i fic a r se m p re o acesso ao A viário, q u e d isp o rá de
CAIXA DE PREVIDÊNCIA boa e stra d a d e rodagem , à m arg e m do rio M a to G rosso,
c u ja re tific a ç ã o se v a i fa z e r ta m b é m .
D esd e a b ril v e m fu n c io n a n d o re g u la rm e n te a C aixa d e
P re v id ê n c ia , te n d o já fe ito e m p ré stim o s aos o p e rário s no V iajam o s a te la e m u m 1'F o rd ' ’, colega d a q u e le o u tro
v a lo r de q u a se 200 m il c ru ze iro s. em q u e fom<^ ao H o rto e m co m p a n h ia do p ro fesso r G u i­
A lém d e e m p ré stim o s, essa C aixa fo rn ece a lim en taç ã o e lh erm e d e A lm eid a e ao q u a l fa re m o s re fe rê n c ia m ais
m ed ic am en to s aos o p e rário s d o en tes in te rn ad o s, au x ilian d o a d ia n te . N o ta m o s q u e h á p e rfe ito a ju s ta m e n to dêsses ior-
ta m b é m à q u eles que, im p o ssib ilita d o s d e tra b a lh a r, não se decos “d e stra m b e lh a d o s” com os cam in h o s q u e lhes re se r­
ach am , e n tre ta n to , h o sp ita liz a d o s. v a m e sp e c ia lm e n te p a ra c a b rite a r. D escu lp em -n o s o neo-
O s saldos de C aixa são e m p reg ad o s d ire ta m e n te n a a s ­ logism o, m as, fra n c a m e n te , h a v e ria d e sp rim o r no e m prêgo
sistê n cia social — S a ú d e e e d u ca çã o . aqui d e v e rb o c irc u n sp e cto , d e óculos, co la rin h o d u ro e b o ­
82 REVISTA DO SERVIÇO PÚBLICO

tin a s d e elástico e re g istra d o d e v id a m e n te no conspícuo O CINEM A


“ A u le te ” ou “M o ra e s” . H a v e ria .
O cinem a é pro v id o de a p are lh a g e m d u p la R . C . A . —
Ê sse e x em p lar ra ríssim o d a espécie fo rd ian a , q u e Alce-
fotofone c o m p le to . H á du as sessões p o r sem ana, correndo
b íades, o e n ca rreg a d o dos tra n s p o rte s d a F á b ric a , nos a r­
e m u m a d elas film es de gran d e m etrag em , da C in e lâ n d ia .
ra n jo u com tã o b o a v o n ta d e e solicitude, p re cisa depois
C om e n tra d a gratis, a freq ü ê n c ia m édia, p o r sessão, é do
ser conservado com m u ito cu id ad o e c arin h o no M useu
1 .2 0 0 o p e rá rio s. Às sete sessões h av id as e m ju n h o c o m ­
que, n a tu ra lm e n te , h á d e ser org an izad o um d ia naqnole
p a re c e ra m 8 .7 1 9 a ssiste n te s. E m m aio últim o, o aluguel
c en tro in d u stria l, p a ra re cre io de seus v is ita n te s .
das fita s custou CrS 2 .4 0 0 ,0 0 .

S u a exposição p o d e ria ser fe ita com e sta e tiq u e ta : C O NJU N TO MUSICAL

“P rim u s F crd ecu s h u m a n i generis Os o p erário s ta m b é m ouvem m ú sica . J á há um con­


et ju n to m usical com 20 fig u ras na fá b ric a .

M a g n u m d esbravator d e v iis im p e rv iis


ESCOLA
• A . D . M C M X L IV ”
' ' ■ I - ■. E x iste na F á b ric a um a escola de alfab etização , q u e fu n ­
N a saída, a p o rta é n g u iço u . C om u m a ta b u in h a que. ciona à n o ite . S ua fre q ü ê n c ia e fe tiv a é de 66 alunos, to ­
pressuroso, A lcebíades nos forneceu, conseguim os tran c á- dos o p e rá rio s. D u a s tu rm a s já fo ram a lfa b e tiz a d a s.
la . O D r . M o rg ad o pisou a “p rim e ira ” e n a d a !
BIBLIOTECA
M a s A lcebíades, q u e lhe conhecia — ao F o rd — os a c h i-
ques pro d u zid o s p e la a rtério -esclero se já g e n era liz ad a , deu- H á um a b ib lio teca no a ca m p a m en to dos op erário s a
lhe u m e m p u rrã o p o r tr á s . . q u a l dispõe de 1 .0 0 0 v o lu m e s. Os o p erário s lev a m livros
P ro n to ! E o bicho saiu fagueiro, p u lan d o buracos, g a l­ p a ra casa e os lêem e m seus q u a rto s, no p ró p rio a ca m ­
gando penosas subidas, com o êsses “je e p s ” m odernos. p a m e n to .
— P a r a e stra d a s com o e sta só m esm o o F o rd . N ão
PUERICULTURA
qu ero o u t r o . Ê ste e stá velho e cansado, m as não nega
fo g o . O p ro g ram a de assistência social inclu i o serviço de p u e ­
E assim o D r . M orgado, m u ito satisfeito , conseguiu le ­ ric u ltu ra com creches e lactários, dissem inados por tôda
v ar-n o s ao A v iá rio . A situ aç ão dêste, em m eio d e esp es­ a cidade, alé m d e escolas m ate rn a is, ja rd in s de infância,
sas m ata s, foi e stu d a d a p re v ia m e n te pelos técnicos, o rien ­ cam pos d e esp o rte p a ra crianças, e escolas, achando-se p re ­
tad o s pelo D r . P a u lo N óbrega, do In s titu to B iológica de v isto u m G in ásio .
São P a u lo . “ J á se acha em e stu d o o pro g ram a d e fin itiv o de E d u c a ­
T ô d a s as d e p en d ê n cia s são serv id as de água c o rre n te e ção e P e d a g o g ia .
e s g o to s .
O e n ca rreg a d o do A viário, S r . E rn e s to A ntunes, c o r ESPORTES

vidou-nos a v e r os galos e as g alin h a s q u e N elso n S o - O q u e já e stá organizado : T im e s de fu teb o l, de b a squeto


c k efe lle r o fereceu à F á b rica , e p ro c ed e n te s dos E stad o s e de volley, que realizam d isp u ta s com os de localidades
U n id o s. S ão de raças p u ra s, p u ríssim a s ! L eghorn e R ho- p ró x im a s. H á a in d a u m curso re g u la r de ginástica e e d u c a ­
d e s. ção física, que funciona de m an h ã e à n o ite .
E sta v a m u m pouco m a ltra ta d o s p e la viagem , pois v ie ­
ra m p o r m a r. . “ F . N . M . -JO R N A L ”

E o S r. A n tu n e s nos disse e n tã o : • É o B o letim d e Inform ações do S erviço d e A ssistê rc ia


Social d a F á b ric a . D irig e-o o D i : O lavo R ocha, q u e tem
— Isto é o que h á de b o m . P a p a fin a !
a auxiliá-lo u m profissional de im p re n s a . A tu a lm e n te êsse
A coleta d e ovos já é b e m a p rec iá v e l, e está crescendo jo rn al é im presso em o ficina p a rtic u la r. T e rá , e n tre ta n to ,
d ia r ia m e n te . oficina p ró p ria, na F á b rica , ten d o sido p a ra isso e n co m en ­
dado o n ecessário m a te ria l tip o g rá fico .
#•
O ACAM PAM ENTO DOS OPERÁRIOS
RESUMINDO
S itu a d o no a lto d e u m m orro é o a ca m p a m en to bem
v e n tila d o e a b rig a d o . E m g ra n d e p á tio c e n tra l, to d o co­ Com o os leito res v iram ; não pode ser m ais in te re ssa n te
b e rto e p a v im e n ta d o , funciona o cinem a o p e rá rio . N êle o reg im e social e econôm ico in stitu íd o na F á b ric a N acional
ta m b é m se joga o ping-pong, o b a sk e t o v o lley b a li. H á d e M otores, onde os seus o p e rário s tê m a ssistên cia m édica,
u m a c a n tin a , na q u a l não se v e n d e álcool e q u e funciona a lim e n ta r e educacional, a lé m de a ju d a fin an c eira , h a b i­
a té m eia n o i te . tação, e t c . .
A m éd ia d iá ria d e o p e rário s q u e d o rm em no a c a m p a ­ T ô d a a re n d a p ro v e n ie n te da p ro d u ção das te rra s e das
m e n to é de 1 .2 0 0 . Os casados d o rm em qu ase todos fora suas in d ú stria s p ró p ria s já está sendo e m p re g ad a e m b e ­
d a iá b ric a , d e o n d e saem à ta rd e e m cam in h õ es. nefício d a c o le tiv id ad e lo ca l. N a F á b ric a não há in te rm e-
A FÁBRICA NACIONAL DE MOTORES 83

d iírio s ou g a n h ad o res de com issões n a v e n d a de seus p ro ­ gas, e stiv em o s n a sede do Serviço F lo re sta l, no J a rd im
d u to s a g ro -p e c u á rio s. N a sua c o n ta b ilid ad e , p e rfe ita m e n te B o tâ n ic o .
org an izad a, tu d o q u e se p o d e c h a m a r L U C R O é re v e r­ F ra n c isco Iglesias, d ire to r d essa re p a rtiç ã o do M in isté ­
tid o em fa v o r do p ró p rio co n su m id o r. D essa form a — 100 rio da A g ric u ltu ra, p ro c u ra n d o p ro p o rcio n a r-n o s fa cilid ad e
cru zeiro s cá fó ra v a le m lá 200. n a execução do tra b a lh o , levou-nos à p re sen ç a d e seus au--
x ilia res im ed iato s, chefes de secções e d e a lg u n s o u tro s
S E R V IÇ O S C O M E R C IA IS té c n ic o s.

N a Secção de P a rq u e s N acionais, falam os ao S r . O távio


D irig id o s p e lo S r . A nésio N ogueira, os S erviços C o­
S ilv eira M elo; n a S ecção de B o tân ic a, o pro fesso r K u h l-
m erciais c o m p re en d e m : A rm azém , F a rm á c ia , A lfa ia ta ria,
m an n se re fe riu ao C ocus coronata M a rtiu s, o lic u ri, e ta m ­
S a p a ta ria , T a m a n c a ria e B a rb e a ria .
b é m à p o ssib ilid a d e d e fazer-se com o p in h o o reflores-
O m o v im e n to d o A rm a zé m é de 1 0 0 .0 0 0 cru zeiro s p o r ta m e n to d e á rea s im en sas d e M in a s, n a se rra do M a r, no
m ê s . As u tilid a d e s n êle co m p ra d as sofrem a p e n a s m ajo ­ E s ta d o do R io , n a d a B ocain a, em S ão P a u lo , e em G oiaz
ração, no preço, d e 5 a 8 % . e M a to G ro sso . E sua p a le stra e sten d e u -se e n tã o a v á rio s
O s op erário s d e sc o n ta m e m fôlha o q u e com pram , d e n ­ o utros assuntos p e rtin e n te s à im p o rta n te secção q u e d irig e .
tro d a qu in zen a, não p o d e n d o ser tra n sfe rid o p a ra o u tra o N a S ecção d e T ecn o lo g ia d e P ro d u to s F lo re sta is, o p ro ­
d é b ito c o rre sp o n d e n te . fessor D ja lm a G u ilh e rm e d e A lm eid a nos c o nvidou a v isi­
• H á dois b a rb e iro s n a F á b ric a ; os o p erário s pagam , pela ta r o H o rto F lo re sta l, lá m u ito longe, e m re c a n to m ag n í­
fico d a G á v ea e onde h á m u ito s anos J o s é M a rian o , filho,
b a rb a , 50 c en tav o s e, pelo cabelo, 1 c ru ze iro . Os funcio­
p re sid e n te do C onselho F lo re sta l F e d e ra l, pro m o v e, n a e n ­
ná rio s g ra d u ad o s p a g a m o d ô b ro . A re n d a dos b arb eiro s
tra d a da P rim a v e ra , a F e sta d a Á rv o re .
p e rte n c e à F á b ric a , isto é, aos S erviços C om erciais.

OS CIENTISTAS QUE PROCURAM DECIFRAR “ O ENIGM A E O


P R O T E Ç Ã O À F L O R A E À F A U N A D A R E G IÃ O HIEROGLIFO DAS FOLHAGENS” . . .

Q uando, h á q u a tro anos, escrevem os nossa re p o rta g e m É u m p ra z e r c o n v ersa r com êsses c ie n tista s-p o e ta s — os
O pro b lem a flo resta l e a ação d o P re sid en te C e tú lio V ar­ bo tân ico s — q u e v iv em se m p re com o p e n sa m e n to vol­

F . N . M . — V is ita d e diretores e engenheiros da F ábrica d e A v iõ e s d o G aleão à F ábrica N a c io n a l d e M o to res,


e m 4 d e ju lh o ú ltim o . N o p rim e iro piano, cabeças d e cilindros d e produção da F ábrica
84 REVISTA DO SERVIÇO PÚBLICO

tad o p a ra êsse m u n d o e n ca n ta d o r das florestas, n a ânsia O INTERESSE DO BRIGADEIRO GUEDES M UNIZ PELA CONSER­
de d e sv e n d ar-lh e tô d as as riquezas, todos os segredos, p ro ­ VAÇÃO DAS FLORESTAS
cu ran d o p a c ie n te m e n te d e c ifra r “o enigm a e o hieroglifo
E a conversa no a u to com eçou assim , d a p a rte do p ro ­
das fo lh ag en s” . . .
fessor :
E o p rofessor G u ilh e rm e d e A lm eid a nos p a re c e u logo — O b rig ad eiro não se descuidou d a p re serv a ç ão das
h ab ilíssim o d e cifrad o r dêsses enigm as e e n tu s ia sta re v e ­
m a ta s d a F á b ric a e p e d iu ao Serviço F lo re sta l F e d e ra l um
lad o r das im ensas riq u ez as das selvas b ra sile ira s. É in c a n ­ técn ico especializado no assunto e q u e pudesse o rie n ta r
sável n essa t a r e f a . N u m a sala d a q u ele H o rto F lo re stal fo­ a q u i os tra b a lh o s in d isp en sáv e is a essa p re serv a ç ão . E ssa
m os e n co n trar, em m o stru ário s e nvidraçados, dispostos de ta re fa m e foi a trib u íd a p e l o - D r . Jo ã o A ugusto F alcão,
fo rm a a g rad á v el e todos num erad o s, c en ten a s d e re tâ n g u ­ d ire to r d a q u ele S erviço, que, com ap rec iá v e l e sp irito de
los de m ad e ira s d e d iv ersas espécies, arru m a d o s com m u ito cooperação, a te n d e u p ro n ta m e n te ao p e d id o . O b rig ad e iro
g ô sto . E e n tã o soubem os que o Serviço F lo re sta l há m u ito v em aco m p an h a n d o com g ra n d e e n tusiasm os os nossos t r a ­
tem p o v e m m a n te n d o com o E stra n g e iro c o n sta n te corres­ balhos de p ro teç ão à flora e à fa u n a da região, pois criou
po n d ê n cia sôbre assu n to s b o tâ n ic o s . a té o Serviço F lo re sta l d a F . N . M .
A quêles tacos n u m era d o s e ra m am o stras de m ad e ira que — J á há pessoal org an izad o nesse S erviço ?
nos v ie ra m do C an ad á, ín d ia , A rg en tin a, F ilip in a s, P o lô ­ — P o is não ! Ao m eu lado te n h o o D r . A ntô n io P a u la
n ia, N o v a Z elân d ia, S uíça, e tc . P o r nossa vez enviam os a F onseca, dip lo m ad o p e la E sco la de V içosa, e ta m b é m um
êsses p a íses a m o stra s de m ad e ira s b ra sile ira s, q u e êles não to pógrafo, o S r . E d u a rd o P eix o to , seguro conhecedor dos .
c o n h ec em . lim ite s d a s te rra s de p ro p rie d a d e d a F á b ric a . S eu c o n ­
curso nos é m u ito eficien te, pois sem êle não poderíam os
E o p rofessor G u ilh erm e de A lm eid a nos ressalto u as
p re cisa r b e m a té onde iria a zona a fisc aliza r.
v a n ta g e n s dêsse in te rc â m b io e disse q u e já e ra te m p o de
— E com o se p ra tic a essa fiscalização ?
in ten sificarm o s, e n tre as populações do in te rio r, no m eio
dos h om ens d o cam po, m elh o r con h ecim en to das m ed id as — P o r m eio de u m a g u a rd a flo restal, in iciad a com oito
de p ro teç ão das nossas flo resta s — das nossas flo resta s e hom ens e que só te n d e a crescer, à p ro p o rçã o do d e se n ­
ta m b é m d a nossa f a u n a . v o lv im e n to d e nossos serviços. O chefe dêsses g uardas é o
S r . A ugusto R a b e lo M a lta , que se te m re v elad o m ate iro
h á b il e e x p e rim e n ta d o .
A gora fom os e n c o n tra r lá n a F á b ric a N acional de M o to ­ — E n tã o , p a ra a n d a r por essas m ata s aí se exige m esm o
res e pro fesso r G u ilh erm e d e A lm e id a . experiência, com o se estivéssem os em sertões brav io s ?
N ão p o d e ria e s ta r a li “d ecifran d o o e nigm a e o hiero- — S e m d ú v id a ! A reg ião é á sp e ra e i n g r a ta . Ao lado
flifo d a s . . . en g ren a g en s” . N u n c a a b a n d o n a ria seu m undc d a b a ix a d a e do jjâ n tan o se e n co n tra logo a serra, cu ja
v e rd e ja n te . D e fo rm a a lg u m a ! E a ce rta m o s : e xploração exige esforço e re sistên c ia física b e m a p re ­
ciável .
— E sto u a q u i tra ta n d o do re flo re sta m e n to dos m orros,
— P o r a q u i n a t u r a l m e n t e j á e s t á t u d o e x p l o r a d o e não
da fu n d a çã o d e u m p a rq u e e da p ro te ç ã o d e fin itiv a das há m a is v e s tíg io d e C aça. . .
flo resta s e x iste n tes nas te rra s d a F á b ric a N a cio n a l de M o ­
— É b o m n ã o fa la r a lto em caça, coisa de que, abso­
to re s . E o velh o re p ó rte r, q u e e stá fazen d o ? lu ta m e n te , não co g itam o s. N ossa repressão é rigorosa a
— S e m p re na m esm a lid a : c a c ete an d o os am igos, à c ata caça e à p e sc a.
de n o v id a d e s . — B em , m as q u eríam o s sa b e r se, a fin al, a in d a h á b i­
chos no m a t o . . .
O p rofessor m o n ta v a , no m om ento, m agro e sonolento
cavalo, q u e n ã o a g u e n ta ria d e c erto nin g u ém n a g arupa, — H á , sim . E o senhor v a i fica r e sp a n ta d o se lhe d is­
senão g e m e ria m esm o . . . se r q u e já tem o s observações d e ex istê n cia nas m a ta s dos
seguintes an im a is : onça, a n ta ou ta p ir, cap iv ara , m ão p e ­
O D r . G u ilh erm e de A lm eid a p a rec e q u e n o s ,p e rc e b e u
lada, que é u m a espécie de cachorro do m ato , pacas, co­
a in te n ç ão d e aco m p an h á-lo n a v iag e m q u e iria fa z e r.
tia s, p re ás, ta tú s, preguiças, m icos, m acacos verm elhos,
T a n to assim que, saltan d o , disse-nos : q u a tis e gatos do m a to .
— V ou a rra n ja r u m au to m ó v el p a ra levá-lo ao nosso E n tã o , já se pode a té o rg a n iz ar u m ja rd im zooló­
h o rto . N ão q u e r ir ? gico . . .

— M ag n ífico ! — C ogitam os, sim ; m as em tê rm o s. N a d a de jau la s to r­


tu ra n te s p a ra os p o b re s a n im a is.
P o u co depois veio um F o rd velho, desengonçado e quase
— Com o, então, vão conseguir isso, sem jau la s ?
“h u m o rístic o ” , p ró p rio p a ra um a “f ita ” de “ m a tin é e ” in ­
— D e fo rm a m u ito sim ples : o b rig ad e iro G u e d es M u ­
fa n til . . .
n iz já m an d o u rô se rv ar lá p a ra os lados dò A viário, em
N o auto m ó v el, não chegávam os a ser o “gordo e o m a ­ belíssim o tre c h o d a m ata , a tra v essa d o pelo rio M a to G ro s­
g ro ” , m as o ' “p e la d o e o c ab e lu d o ” , po is o p ro f. G u ilh e r­ so, a á re a n e cessária p a ra o retiro de p ro teç ão aos anim ais,
m e d e A lm eid a te m v a sta c ab e le ira e o velh o re p ó rte r um a tendo-se ta m b é m m u ito em v ista a conservação da p ró p ria
tris te reco rd ação d e m eio século a t r á s . . . d e seu r e v e s ti­ m a ta , q u e fica rá se m p re com seus h a b ita n te s n a tu r a is .
m en to c a p ila r. D ifícil será d istin g u ir os lim ite s dêsse retiro, pelos seus
A FÁBRICA NACIONAL DE MOTORES 85

v isita n te s e pelos p ró p rio s espécim ens d a fa u n a local, ali — E q u a is as essências e n c o n tra d a s ?


d e fe n d id o s.
— U m g igantesco ex em p lar d e je q u itib á d e m a n ta , p e rto
— A ssim está m u ito b e m . O antigo J a rd im Zoológico d a e staç ão d e M a n tiq u ira , ao lad o d a E . F . R io d ’O uro;
d e V ila Isa b el e ra v e rd a d e iro in fern o p a ra os a n im a is e u m je q u itib á rosa, n a e n co sta a ju s a n te d a e stra d a R io -
p a ra os seus v isita n te s conscienciosos. P e tró p o lis, à a ltu ra do q u ilô m e tro 39, o q u a l te m 4 Vi m e ­
tro s d e circ u n ferê n cia ; v ír io s ex em p lare s d e sa p u c a ia . Os
A essa a ltu ra d a conversa nos lem bram os d a tra b a lh e ira
angicos e stão sendo e n co n trad o s em grupos nas encostas
q u e o D r . A lb e rto R eg o L in s te m tid o no C onselho N a ­
cional de C aça, ao e stu d a r e p ro p o r m ed id a s d e p ro teç ão das m o n ta n h a s e as c a rra p e te ira s frondosas, m u ito a b u n ­
à fa u n a b ra sile ira , tã o sacrificad a pelos seus e xploradores d a n te s n a região, assim com o os in g az eiro s.
in co n scien te s. O D r . R ego L ins, fo ra d o Conselho, vale-se E p o r a q u i n ã o tê m sido e n co n trad a s árv o re s o rn a ­
ta m b é m d a im p re n sa p a ra c la m a r c o n tra o sacrifício im ­ m en ta is ?
piedoso dos a n im a is silv e stre s. S e ria b om q u e todos os
S im . D a s q u e lhe m encionei, alg u m as o são, m as
jo rn a is do p a ís fizessem o m esm o, em cam p an h a c o n stan te
a lé m dessas tem o s v isto as q u a resm e ira s, os c anudeiros, os
e s is te m á tic a .
b a cu ru b ú s, ipês, e tc .

A RECOMPOSIÇÃO DE FLORESTAS DEVASTADAS — N ã o seria p ossível p la n ta r alg u m a s dessas á rv o re s


b o n ita s n a s p rin cip ais ru a s d a F á b ric a ?
O p rofessor G u ilh erm e de A lm eid a assim prosseguiu :
— C e rta m e n te . A liás, devo d izer-lh e q u e o S erviço F lo ­
— N o u tro s tem p o s h ouve p o r a q u i lav o u ra, o q u e é fácil re sta l te m a seu cargo não só a de fesa p ro p ria m e n te das
de v e rifica r-se pelos v estígios d e casas-grandes, de antigas m a ta s com o ta m b é m a o rganização d e u m h o rto flo resta l,
fazendas, e n co n trad a s e m m eio do m a ta g a l. C asas g ra n ­ q u e vam os v isita r agora, e q u e p ro d u z irá tô d as as m u d as
des, cap e lin h a s e ta m b é m cruzeiros, tu d o a re v elar a p ro s­
das essências o rn a m e n ta is de q u e a F á b ric a p re cisa r p a ra
p e rid a d e de outros te m p o s. T a m b é m tem o s v isto nas c a ­
suas e strad a s e p a rq u e s .
p o e ira s e no m ata g al “ su jo ” , e m a ran h a d o d e cipós e es-
p in h eiro s, m u ita s essências flo resta is, re m a n esce n tes d e exu­ — S e rá um a p e n a se, m ais ta rd e , n ã o h o u v e r c o n tin u i­
b e ra n te s m a ta s . d a d e em ta re fa tã o b e la e sim p ática com o e s t a . . .

V ista parcial do e legante e m oderno H o te l dos S o lte iro s, da F ábrica


86 REVISTA DO SERVIÇO PÚBLICO.

— N ão d e v e re c e a r isso . Q u a n to a m im , n essa ta re fa , O H o rto d a G á v ea já re m e te u sem entes das seguintes


te n h o o m áxim o p ra z e r e m executá-la, dan d o -lh e org an i­ essências : cajú, cu m arú , b a cu ru b ú , cam bucá, g a rap a , pau
zação d e fin itiv a p a ra que, na m in h a ausência, se m a n te n h a m u lato , p éro la v e g etal, sobragy, paracaxi, a n d iro b a , falsa
se m p re e fic ie n te e p ro d u tiv a . T ô d a s as nossas observações chalm oogra, p a u de jan g a d a, “ fla m b o y a n t” , sapu caín h a,
vão sendo fichadas, possib ilitan d o -n o s m a n te r p e rfe ito ro ­ chuva d e ouro, c a n a fístu la , ch arão e nogueira, e t c . E , assim ,
te iro do q u e se e stá fazendo agora e se fize r e m q u a lq u e r o D r . Jo ã o A ugusto F alcão, d ire to r do S erviço F lo re stal
época. fed eral, vem oferecendo valiosa co n trib u içã o ao reflo resta-
— Isso é u m a gran d e coisa. m en to d a F á b ric a .

NO HORTO FLORESTAL
O REFLORESTAMENTO DOS MORROS DA FÁBRICA

A cêrca d e q u a tro q u ilô m e tro s d a F á b ric a e n a encosta


P en o so serviço é o de re flo re sta m e n to dos m o rro s. As
d e u m a m o n ta n h a en co n tra-se o H o rto F lo r e s ta l. N o alto,
m u d as são lev a d as p a ra a e n co sta e m padiolas, d a d a a d i­
trê s casas m odernas, c o n stru íd a s re ce n te m en te, p a ra re si­
ficu ld ad e de acesso, e se m p re p la n ta d a s em dias chuvosos
d ê n cia do en carreg ad o do H o rto e e m p re g a d o s. S u rp re e n ­
p a ra m ais seg u ran ça de sua p e g a . Só essa exigência to rn a
dem os n o m o m e n to a d e b u lh a da tim b u v a , á rv o re legum i- o serviço de re flo re sta m e n to do m orro a in d a m ais p en o so .
no sa d e o rn a m e n ta ç ão e que d á b o a m a d e ira . J á dois m orros fo ram assim re flo re stad ò s e u m terc e iro já
N u m c aderno, o e n ca rreg a d o do H o rto fazia a n o tação do se e n co n tra tra b a lh a d o p a ra isso, só se esp e ra n d o a época
m a te ria l colhido no dia, an o taçõ es essas q u e são depois das ch u v as p a ra u ltim a r-se a ta r e fa .
tra n s fe rid a s p a ra o esc ritó rio c e n tra l do H o rto n a F á b ric a
e aí pa ssa d as p a ra fich a s a d e q u a d a s . O m ate iro , quando' CONTRASTE DESOLADOR
se e m b re n h a na m a ta à bu sca d e sem entes, ta m b é m leva
E n q u a n to n a F á b ric a d e M o to res se cu id a assim d a n a ­
consigo u m a fich a em b ra n co n a q u a l lan ça cada espécie
tu rez a, d e fro n te dela, e m m o n ta n h a s vizin h as do ou tro lado
de se m en te colhida, com o nom e v u lg a r d a essência (d e ­
d a e stra d a R io -P e tró p o lis, já não se observa o m esm o c u i­
pois se lan ç a o c ie n tífic o ), p ro ced ên cia, n om e de q u e m a
d a d o . G ra n d es claros e stão surgindo no o n d e ar v e rd e ja n te
colheu, descrição d a se m en te, do fru to e d a á rv o re e, fi­
das florestas, de lin d a s flo resta s “p e n te a d a s” , com o diz o
n a lm e n te , a q u a n tid a d e selecio n ad a dessas se m en tes.
c a ip ira .
R e ce b em -se ta m b é m se m en tes d e p ro ced ên cia externa,
T a lv e z os d e v asta d o res e ste ja m bem “escorados” p a ra
as q u a is são pesadas, p a ra ju lg a r-se da q u a n tid a d e das
assim p ro c e d e r. É p o ssív el. . .
m esm a s.
A seg u n d a operação consiste n a se m ea d u ra e e n tã o surgo
OS "SU TILIN BA S” BRINCANDO
a seg u n d a fic h a . N e sta fig u ram o nom e do c an teiro , o n ú ­
m ero d ê ste, o sistem a d a se m ea d u ra (se e m lin h a, se a Com o a q u êle boneco de bronze — o “ Sou ú til ain d a
lanço, e t c . ) , a á re a sem eada, R q u a n tid a d e de sem en tes b rin ca n d o ” , que h á no P asseio P ú b lico e e n fe ita o ch afariz
lan ç ad a s p o r m e tro q u a d rad o , a d a ta d a g erm in aç ã o e as ali ex isten te, fom os e n c o n tra r cinco m eninos no tra b a lh o
d a s tra n s p la n ta ç õ e s (re p ic a g e m ) fe ita s com as m u d in h a s d e p re p a ra ç ã o d e c an teiro s p a ra se m ea d u ra do H o rto .
d a se m en teira r e s p e c tiv a . C onsegue-se assim te r conheci­ T ra b a lh a m com o se estiv e ssem “ b rin ca n d o ” d e roça, tr a ­
m e n to e x ato do a p ro v e ita m e n to das se m e n te s . F u tu ra m e n ­ b a lh a m d e v e rd ad e, e, talv ez, com m ais eficiência do que
te será fácil saber-se todo o h istó ric o d e u m a á rvore, desde m u ito s a d u lto s.
a c o lh e ita d a se m en te q u e a p ro d u z iu .
D e longe, sem q u e nos vissem , os o bservávam os com
a te n çã o e sim p a tia .
A CONTRIBUIÇÃO DO SERVIÇO FLORESTAL FEDERAL
Os “su tilin d a s” do professor G u ilh e rm e d e A lm eida gos­
A F á b ric a v e m rece b en d o c o n stan te colaboração do S e r­ ta m de tra b a lh a r, com o aqu êles alunos d a E sc o la -H o sp ital
viço F lo re sta l fe d e ra l, q u e lh e re m e te se m en tes e m udas J o s é d e M en d o n ça, em A ra ru am a , onde o p rofessor O scar
p a ra seu h o rto . N a sua m aio ria são d e á rv o re s d e o rn a ­ C la rk faz m ilagres, cu id an d o d a ,s a ú d e e d a fe licid ad e d e
m en ta çã o , o q u e p e rm itirá , d e n tro de a lgum tem p o , c erta fu tu ro s cidadãos, ensinando-os a tra b a lh a r e a serem ú teis
m odificação no facies d a z o n a . ao p a ís .

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