Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
U V S T K R IO
* 7 M
1 « U if * ; ^ A O PA (U P T)fi'À S'T l(J'
fp # tt à ) 41 # 4 \|§ 1 1
-1
—— ------ U l
t'm erro na tradueçào do sexto capitulo do Genesisdeu exis-
tencia ao seguinte vcrsiculo:— e aconteceu que os iillios de |)cu>
• «
1SC7.
F la v io R r im a r .
A ' .M E N IN A
%
O FFE R E C IM E N TO .
D o u r a - t o a f r o n t e da b e lle s a a a u ré o la ,
b r il h a n o s o lh o s te u s lu z d e b on d a d e,
o o m e ig o r i s o d o s e m b la n t e a n g é lic o
t r a n s p ir a fe lic id a d e .
U m c õ r u do alï'eiçoes i*uras e v a r i a s
c e r c a - t e a v id a . o a v o z do a m o r te e n s in a
•le p a i e m ã e n a m o n o d ia e th e r e a .
oh, c â n d id a m e n in a !
T o n s 110 m o u p e i t o e r g u i d o u m t e m p l o c a n d i d o
o n d e um c a n to d e a m o r con stan te: sô a ,
v o z de uni h y m n e , ta lv e z , c a r m e d u lc is s im o ,
q u e d i z q u e é s m eigra e b o a .
Q u a n d o c o n te m p lo de teo ro s to o v i v i d o
a lv o r e c e r da in fâ n c ia e m g r o ç a e riso .
triste r e c o r d a ç ã o m o le v a o e s p ir ito
ao ceo, ao p a ra ís o .
D o is a n jo s, q u e p ô rd i, ã e s p lie r a r u tila
ascen deram , vo a n d o m an sam en te,
e m e d e ix a ra m só. se n tin d o a s m a g o a s
.I n s a u d a d e p u n g e n t e .
F ic a e n tro nós; s e u m d ia a o d iv o g r ê m io
quiseres regressa r pu ra e sau dosa,
pede q u e v a m o s a n te s d 'o s io e x ilio
a b rin d o -te o c a m in h o , oh, flo r m im o s a !
E lla <li*se q u e fo i a s e r p e n te a q u ë m o u v iu
qu e a enganou;
0i;KK5lK.
E L O A , '
o-e-
C ANTO PR IM E IR O .
n a s c im e n to .
C o m le n to p a s s o o c a m p o a t r a v e s s a v a ,
o r a o s u s t e u d o p a ra c o n s o l o e p r e c e ;
p o s t o á b e ir a d a e s t r a d a , a 11i t o m a v a
p o r s y m b o lo o ca m p o e a m adu ra m esse.
O u s e n t e n ç a s d iz ia e l i c o ô e s d a v a .
qu al a d o m áo p a stor, q u e n o s o fie r e c o
e x e m p lo s c o m o a o v e lh a d e s g a rra d a ,
0 1 1 d o S a m á r io a n a r r a ç ã o pensada.
P ro s e g u in d o d e p o is if e s s a c o n q u is ta ,
q u e lo i só m a n s i d ã o e s ó b r a n d u r a ,
J esu s a o s c e g o s lh e s fo i d a n d o v is ta
e ao le p ro s o sa u d e e fo rm o s u ra .
Á filh a d e C a n a n , q u e s e c o n t r i s t a ,
o u v iu - a n o s p e d i d o s d e a m a r g u r a ;
a in fa n c ia a b e n ç o o u e a c e r t a e s t r a d a
e n s in o u á q u e d ’ e l l a o r a a fa s t a d a .
•
I o d o s, d a n d o -lh e p ra n to e m d e s p e d id a ,
iam a p ó s si d e i x a n d o e s s e s l o g a r e s
on d e em d e s te rro , p e n a im m e r e c id a ,
fic a v a a q u e l l e a q u e m s e e r g u e u a lt a r e s .
E r a filh o d o h o m e m e b e m c u m p r i d a
17
toi a ordem de edietos regalares;
sahido d ’en tre os seus, a prophecia
em nada, sim, em nada não mentia.
3
18
Km s ig n a l d e a m is a d e alli v e r t id a ,
e s ta la g r im a santa d e r r a m a d a
n à o loi c h o ra d a e m v à o , n ã o foi p e r d id a ,
m as, na urna d o s a n jo s r e s g u a r d a d a
:\ v is ta d o s m o r ta e s , n ’e lla c a h id a ,
c o m o o o r v a lh o d e fr e s c a m a d r u g a d a ;
e ao c e o le v a d a toi a m a r a v ilh a ,
q u e e n t r e as lu ses d o e m p y r e o in d a m a i s b r i l h a .
D o P a d r e E te r n o a v is ta c o m p a s s iv a
à la g r im a d eu lu z, a c r à o a o p r a n t o ;
deu alm a e v id a â q u e l l a e s s e n e ia d iv a
o p od er, qu e p erten ce ao K s p irito -S a m to .
Qual o in c e n s o , q u e a r d e á fo r ç a v i v a
d o s ra io s corn q u e o sol a d o r n a o m a n t o ,
se tra n s fo r m a e c o u v e r t e e m l o g o a r d e n t e ,
p u r o , v e r m e l l i o , lin d o e r e s p l e n d e n t e ,
assim d o tu n d o da u rn a d ia m a n tin a
v iu - s e uma v i r g e m b r a n c a le v a n t a r - s e ,
b ella , m im o s a , pu ra, a lv a e d iv in a ,
p o u c o a p o u c o nas fo r m a s a u g m e n t a r - s e ;
o u v iu -s e d e u m a v o z q u a l d e m e n in a
10
»
20
fo rm o s o s o lh o s a d o ç u r a
M..;, <ine a b ra n d a lu z d a Lua,
O .seio, q u e se a g ita e é v is to a p e n a s ,
os c o n to rn o s le v a n ta d o t e c id o
ce les te a o n d e ás c ò r e s m a is a m e n a s
v è - s e o li no tra b a lh o r e u n id o .
M ulher e an jo nas f e iç õ e s s e r e n a s ,
linda c o m o no c é o n ã o t e m h a v i d o ,
unindo á p u ra e s s e n c ia d o s a m o r e s
p rim o r d ivin o o da boi lesa as flo r e s .
Quando á terra b a ix o u e m t e m p o s i d o s
o archanjo R a p h a ë l, a n jo b o n d o s o ,
contou a q u e m lh e d e u c r e n t e s o u v i d o s
este m y s te r io e caso m u i f o r m o s o ;
ao ceo o n d e só m o r a m b e m - q u e r i d o s
2\
Cantava o c ò ro divin o:
Um d i a . . . (Q u e m lhe dar o n o m e o u s á r a
ao q u e não tem futuro e ja m a is v o lta ?
a lingua h um ana é de e x p r e s s õ e s a va ra ;
ve la -s e a etern id a d e á m e n t e e n v ò lt a
no lim ite cru el, q u e em v ã o se aclara.
23
«N en h u m le v e s e n tir n ’a im a lhe m o r a ,
«n e m p ra ser das d e sg ra ç a s o b ra sua;
«p e rtu rb a -s e es te e c o , se o c o m m é m o r a ,
«c o m o lym pha <fue o fo g o faz q u e e s tú a ;
«n en h u m anjo, q u e a D eu s e s tim a e a d o r a ,
« q u e en tre nós m an so e m a n so a qu i llu c tu a ,
« d ’elle a historia dirá, e n e n h u m sa n e to
«fa lla r d ’elle uma v e z ou sá ra t a n t o ! »
N ão m aldisse-o Eloá; fe ic ò e s d e m e d o
ninguém viu no seu rosto s o c e g a d o .
Máo presagio no ceo lo g o , b e m c e d o ,
houve p o rq u e do a rc h a n jo d e s t h r o n a d o
o triste caso d e o rg u lh o s o e n r e d o
‘ *111 desejo de auxilio loi t o r n a d o ’
2;;
4
20
Ksl a v e is s e m p o d e r , h a r p a s d i v i n a s ,
c a r r o s d o g l o r i a liiu la e n t r e f u l g o r e s !
A d o r n o s d o S e n h o r , b a n d e ir a s lin a s ,
v iv a , craden te est r e lia d o s p a s t o r e s
,las m ã o s d e D eu s e t e r n a s , p e r e g r i n a s ;
ou ro do oeo, d o c y n a m o m o o d o r e s ,
d e lic ia s d o N e b e l , p e d r a s f o r m o s a s
d o s v a s o s d e r e s in a s o l o r o s a s ,
vosso e s p le n d o r, p e r fu m e e c a n to a m e n o
n ã o, s o lV rè -lo s n ão p ò d e u m a r c h a n j o l.r is le ;
o c â n t ic o s a g r a d o lh e é v e n e n o ,
q u e p e r t u r b a o s c i s m a r , q u e n 'e l l e e x i s l e .
N à o v è no ca n to o so m g r a to e s e r e n o ,
q u e r e s p o n d e á t e r n u r a e lh e r e s i s t e ,
quan do o e s p irito busca e m v à o d e s e jo
g u a r d a r d o OOcullo a m o r o c a s t o p e j o .
Q u e r Deus, c h a m a n d o o s a n j o s , d e s v e n d a s s e
a graiid & sa intinita a o s s e u s o l h a r e s ,
ou n os e e o s , b e r ç o e t e r n o , lh e m o s t r a s s e
g lo r ia e p o d e r eu» r u t ilo s a lt a r e s ;
q u e r o g r u p o d o s a n jo s s e a p r e s ta s s e
27
se ali e r a p e q u e n a a f e l i c i d a d e ,
se a lg u m d o s s é r a p h i n s n ã o lh e p o d i a
m u d a r a p e n a e m r is o s d e b o n d a d e .
A taes v o z e s E lô a r e s p o n d i a ,
ch eia a p h r a s é d e a m o r e a m e n i d a d e :
«n e n h u m d o seu c o n s o l o c a r e c i a ,
« e x c e p t o um i n f e l i z . . . » O g r u p o a s in h a ,
c a la n d o o n o m e , d e ix a - a s ó s in h a .
Das v ir g e n s a c o m p a n h e i r a
u m d ia , d e ix a n d o o c e o ,
s ò , m e d r o s a , a r ir fa g u e ir a ,
s o lta n d o as azas, d e s c e u ,
buscando a terra querida,
aslro deserto, sem lux,
1 10 espaço imuienso perdida,
M as, o b o s q u e é t a m a n h o e e l l e é p e q u e n o ,
e d o b e r ç o o p e r fu m e a lli n ã o s e n t e ;
d esce á v e rd e savana em v ô o a m e n o ,
b u s c a n d o o a r o m a , q u e o fa r á c o n t e n t e ;
m enos tem e da s e rp e a g ro v e n e n o
,pie; a tr is te s a d o b o s q u e h ú m i d o , a r d e n t e ;
b e ija o ja s m im d a s F l o r i d a s p r o v i n d o
a OS d o c e s II I I d o s d e um a s p e c t o l in d o .
P o r q u e possa e n c o n t r a r s e r e s n a s c id o :»
«m m o u tr o s a s tro s , «*m d i v e r s o s m u n d o s .
c h e g o u sô sin h a e m v ô o s e x t e n d i d o s
aos e x t r e m o s d o s e c o s , q u e s â o p r o f u n d o s .
d e ix a n d o t» azul d<> re o ,
uns ares m onos vividos
e n r o n lr a o tjiie d rsrru .
V a p ores, n u vrn s lelricas.
te rrív e is lu ra rõ rs
passam , vo lteia m rubidos,
sop/antlo ásperos sons.
ha o d e s e r to fr ig id o ,
im m e n s o e serp e& d o
d e u m tu rb ilh ã o h o r r is o n o
p e z a rio a s e a r r a s ta r ;
h a lu z d e u m d i a p a l l i d o
n as n u v e n s s e p u lta d o ,
d e b a i x o o c a b o s t e r r i tic o
e a n o ite a n e ^ r e ja r .
K q u a n d o o a r d e n te a n h e lito
do ven to em f o g o ajeita
d o a b y s m o <> s e i o tà ir ji'id o ,
p r o fu n d o a m a is nao ser,
, » mmo r> a lo a v è l v a c u o .
33
sem cor, sem luz, sem termino
cornéça a apparecer.
o
34
O u , e m p e r i g o m á x im o ,
uni c a n t o s e d u e t o r ,
s a u d o s o , 1er n o e m á g i c o ,
c h e io d e m u it o a m o r ,
q u e o a t t r a h is s e t iin id o
q u e a lli fic a s s e a a m a r ,
s e m da c e l e s t e p a tria
p o d e r - s e m a is l e m b r a r .
o is á a z u l a b ó b a d a
o o u i ra v e z s u b ir ,
m o s t r a n d o á lu z d o e m p y r e o
eabiiplos a c a liir ,
* e s p a r s o s e n â o ni ti d o s ,
as a za s s e m t e r c o r ,
os b ra e o s nús, e lla c c id o
m il o o sem fu lg o r.
a fr o n te , a f r o n t e pa Ilid a ,
n os o lh o s r o x id à o ,
sign a l d o c h õ r o a n g é l i c o
n’ a q u e lla s o lid ã o ,
e t»s \>»'*s n e g r o s o m ó r b i d o s
3S
se o võ<> «m o n o d ’ella ao lo n g o o u v ia m .
logo os astros 11 0 ar parados e r a m ;
nos p crigrin o s g lo b o s , q u e c o rria m
pelo vacuo sem íim o n d e n a sc era m ,
b re v e mudança logo se o p e ra v a ,
se a ponta <la asa d o an jo lh e s tocava.
SEOU CCAO
Q u a n d o a lli j u n c t o a o p o ç o ;• c a m p o n e s a ,
s o lt a n d o a c o r d a , v è n a l y i n p h a p u ra
i 11)11101*30 «> b a ld o o p á r a . á b o r d a p r o s a ,
c o n te m p la n d o n o q u a d r o a fo r m o s u r a
d o s lin d o s a s t r o s d o um b r i l h a r s o m b r i o .
C ode á v a i d a d e e m fr á g il d e s v a r i o .
K s u p p ò e q u e dOs a s t r o s a g r i n a l d a
lh e a d o r n a ;i ro s c a f r o n t e i n n o c e n t i n l i a ,
o o r ò a fe ita p o r m ã o s d e a l g u m a fa d a ,
d e q u e fo s s e i n v e j o s a u m a r a in h a .
A s s i m d o c h á o s 1 1 0 f u n d o bÜòa, a b e l l a ,
in c lin a d a a m i r a r , i n g ê n u a c r i a
v è r o u t r o s o c o s e o u t r a a l g u m a e s t r e l la .
q u e m ui d is t a n t e , a o l o n g e l h e s o r r i a ,
l ’ o r ir m u m e r o s s o e s s e n d o o í f u s c a d o s ,
seu s o lh o s á p r i n c i p i o d i v i s a v a m
a b y s in o s o m b r a , 1< » t r a n s ifo r m a d o s
e m fo g o s , q u e na c ò r s e a s s e m e l h a v a m
ás c e n t e l h a s d o s f r i g i d o s p a u e s ,
v a r ia s , e r r a n t e s e n o b r i l h o a z u c s .
l u g i i u n , v in h a m , o u t r a v e z fu g ia m ;
:tí>
••
, V
Galga a rocha m usgosa, a b y s m o s salta,
cai s e g u ro no ch ào, passa-a c o r r e n t e
nos em balos d e uma a r v o r e m ais alta,
abre cam inho e c h e g a a fo u ta m e n te
até juncto da n e ve não pizada
antes d ’elle na rapida caçada.
o
e ás delicias d o e n c a n to se aj u n e tara.
Com o o cy s n e a d o r m i r lo n g e d a m a r g e m
vai levado da o n d a fu g itiv a ,
do j o v e m se fir m a v a a ig n o t a im a g e m
n ’a qu elle a é re o leito p e n s a tiv a ,
v e n d o os tê n u e s v a p o r e s , q u e fu g ia m
á pressão, q u e os seus b r a ç o s e x e r c i a m .
Era purpurea a v e s t e , q u e o c o b r i a ,
e., umas veses sem b r ilh o , o u t r a s lu z e n t e ,
em m eig o en ca n to o s o lh o s d is tr a h ia
na c ô r da lactea o p a la t r a n s p a r e n t e .
N eg ro s c a b e llo s n’ u m a fa c h a u n id o s
eoino orn è r ’oa s o b e r b a e s tã o m e t t i d o s .
na cham m a v iv a , q u e lh e a l i e r a a ca lin a .
« D ’o n d e vens, o h , m e u a n jo f o r m o s o ?
« o n d e vás? qual a s e n d a q u e t r ilh a s
« i i ’esse a d e jo a r o m a d o e m im osc»
« d a aza a r g e n te a a m o v e r - s e n o ar?
« V a s d o c e n tro d e um sol e m p r o c u r a ,
« le it o farto d c m il m a r a v ilh a s ,
« d o n d e possas c o m a m o r e b r a n d u r a
« rubro o e ix o d o c ir c u lo g u ia r ?
«o u , turban do d c m e d o os a m a n t e s ,
45
« D e v e la r so b re as almas insontes,
«d 'in s p ir a r terno am or ás donzellas,
« c o m o um sonho nas candidas frontes,
« v in d o á noite em seus braços pousar,
« d e g e r a r-lh e s um filho n’ um beijo
«n ã o sào taes n’algu m mundo entre estrellas
«t e u s cuidados, teu puro desejo,
« m e ig o archanjo de plácido olhar?
«c\o r i v a l , q u e c o n v i v e e o i n t i g o .
IVo a q u i p o s t o ha d o v ir.
« T a l v e z v e n h a s , n a o lV e n s a a m i m m esm o,
« p r o c u r a r o s p a g a o s , q u o in c a d o i a m ,
« o le v a -lo s e m tu rm as e a è s m o
v.do b a p t i s m o á c r u e l p e r d i ç ã o ,
v p o rq u e s e m p re o in im ig o p o te n te
« n o s t r iu m p h o s * q u e a f r o n t e l h e d o u r a m ,
« v o z d a in fa n c ia ou o l h a r i n n o c e n t e
« m e o ffe r e c e e m tin g id o p e r d ã o .
« S o u t a lv e z o i n f e l i z e x i l a d o
« a q u e m tu c u id a d o s a b u & e a v a s ;
« m a s te r o g o , e a c o n s e l h o o c u i d a d o ,
«q u e com D eus d e v e s te r e g u a r d a r .
« S e h o je e s to u d e s g r a ç a d o p r e c i t o ,
« l o i p o r d a r s a lv a ç ã o á s e s c r a v a s
« t r is t e s a lm a s , q u e o a m o r i n i i n i l o
«t in h a e n t r e g u e a t e r r í v e l p e n a r .
« A n j o ca sto! v e n s tu p o r v e n t u r a
\1
f u g i n d o d e a s s u s ta d a ,
c o r r e a m en in a trép id a
d e a lg u ém , q u e v io nadar
nas a g o a s , q u e s ã o p r ó x i m a s
d o s itio ein q u e eJla e s t a v a ,
e n t r e g u e a o seu d e s c u i d o ,
n a ly rn p h a a se i m m e r g i r .
Em vã o, p o re m , dos círcu los,
q u e a n u v e m alli f o r m a v a ,
seus pés bu scavam trê m u lo s
c.om r a p i d e z fu g ir.
V ò a m a is p r o m p t a c r a p id a
a p o m b a in n ò c e n t in h a
d e A l e p o ao lin d o s itio
a o qual m a n d o u - a a l g u é m ,
l e v a n d o e m si a e p ís t o la
do a m o r d e u m a r a in h a ,
sultana m e i g a e f é r v i d a ,
que olh ar form oso tem .
Á c h a m m a d o c e e v iv id a
49
« E n t r e os b osques de rosa a r o m a d o s
,«os m eus anjos lhe m o s t r a m r i d c n l e s
« m a r a v i l h a s nos llocos t r a n ç a d o s
« d o lierva e nm rta e c h e ir o s o j a s m i m .
«
« v e n d u mais a bellesa das Mores,
« q u e só aliretn por noites si le n ies,
« e <|no, am antes c o m o ella. das c o r e s
« a o sol p e rd e m m im o s o o s e lim .
«S e g u o -a se m p re o silen cio m e d r o s o ;
« d o r m e tudo em descanso p r o f u n d o ;
« o u v e a som bra um nrysterio e x t r e m o s o
« c o m suave e calada atten e ão;
«b r a n d o o vento a s o p ra r d e lic a d o
« o mais puro perfume do m u n d o
« t r a z aò leito de folhas fo r m a d o ,
« o n d e am ores deitados estão.
« s ó d e s p r e n d i ' d e si « o u s o la e â o :
ás pena-
Umíi o e s e r a v o e o livra e o salva
«d o que o .uno II 1 0 d<‘i 1 m is e r o e s ta d o ,
«(Miil)al;md()-o d.1 a m o r nas canI i lenas,
«deslem brado da sua posição. »
ISmquanto o escutou, dc E lô a o r o s t o
por 1 res vezes c o b r iu -s e d c p u d o r ,
e, em lueta contra <> o lh a r tão d e s c o m p o s l o ,
seus olhos dc um azul de linda <*or
por 1res vezes fe c h a r a m -s e in n o c e n t e s
sul» «1 pèzo das pálpebras a r d e n l c s .
CANTO TE R C E IR O .
QUÊ DA.
’ ''eCülhÍaa e jã Uisia
61
«e m iu«t“ tc «’ «*idiceer.
v. 1res veses passei chorando
«pelo \i ni verso celeste,
<. ppr toda parte buscando
«•«mconlrar-te •* assim !«• m i.
«J á q u e te n s ta n ta b e lle s a ,
« h a s d e sei- b o m c e r t a m e n t e ;
«(ju a n d o d e u m a a lm a a p u res a
«t o m a o c a m in h o c io c e o ,
«v e m o s q u e a s a n e ia b o n d a d e ,
00
«Í c o m o u m v e s t i d o i n n o c e n t e ,
« d a bel l e s a a e t e r n i d a d e
« l h e dá n o f u l g i d o v e o .
«M as, p o r q u e in e c a u s a m m e d o
« o s teus d is c u r s o s d e a m o r e s ?
«e m teu rosto qu e segredo
« i m p r i m e Larnanha d o r ?
«C o m o d esceste, d e ix a n d o
« o c e o , q u e é p a t r i a d e lu z ?
«c o m o v iv es m e adorando,
«s e nào a m a s a Jesu s?»
Do o lh a r a t i m i d e z g r a t a e d e c e n t e
clava r e a l c e á v o z d a v i r g e m b ella ,
hnnc c o m o o p e n sa r m a is in n ocen te,
que d e c o n t i n u o e s t a v a a p r o t é g é - ia.
ra tão d o c e a v o z , tà o m e i g a e p u r a
,l lhe c a h i r d o s i a b i o s n a c a r a d o s
01,10 n o ^ ÿ n v e r n o s o b r e a e n c o s t a e s c u r a
a* a n e v e nos flo c o s d e lic a d o s .
70
P o r q u e o s a n jo s, no a m o r d a e s s e n c ia d iva
n u trid o s e fo r m a d o s c o m o fo ra m ,
g u a r d a m n o p e ito e n ’a im a a lu z a c tiv a
c o m q u e tudo illu m in a m e tu d o d ou ram ,
e in q u a n t o e lla fa llo u d a s a s a s lin d as,
d o s e i o e b r a ç o s o c l a r ã o c H v in o
nas c e n te lh a s , q u e são d o c c o p ro vin d a s,
d ilT u n d iu -se b r ilh a n t e e p e r e g r in o .
T a l n o m e i o d a s s o m b r a s Iu z o b r i l h a
d o d ia m a n te a cla ra m a ra v ilh a .
K n ch cu -se d e te m o r o a rc h a n jo ired o ,
e aos d eslu m b ra d o s o lh o s u m a b rig o
sob os c a b ello s n eg ro s, p e lo m e d o
gu ia d o, p ro c u ro u lo g o c o m s ig o .
Ic2 p e n s o u q u e p o r í i m , s é c u l o s c o r r i d o s ,
lh e e r a p reciso v è r a D eu s d e fren te,
e u n i s ó tio s s e u s o l h a r e s d e s p a r g i d o s
p o d ia a n n iq u ila -lo d e re p e n te .
E. l e m b r o u - s e t a m b é m d o s o íV r im e n t o
7 I
, oh s im , c ru e l, p o r q u e h a p a s s a .»..,
a ^ d J h a v o r com fa .s o e d u r o in U m lo
no d e s e r t o a J®sus te n ta r o u s a d o .
E tremeu, o c o b r i u c o m a a s a . . r . r n e n s a
o negro c o r a ç ã o , q u e o i n f e r n o a g i t a ,
chamando s o b r e si a s o m b r a d e n s a
,1o manto, q u e d o s t e o m b r o s p r e c i p i t a .
Quiz f u g i r q u e o t e r r o r l h e d e s p e r t a r a
a lem b ran ça d o s i n a l e s , q u e cau sara.
Sobre a n e v e d o s m o n t e s s o b r a n c e i r o s
pelo e s p a n h o l o u s a d o f o i f e r i d o
O condor, q u e o r e b a n h o d e c a r n e i r o s
ameaçava a o l o n g e e s p a v o r i d o .
........... ..
16 Jrasa a s s im q u e e s ta la
7 2
O lh a m u i fix a m e n te o sol d o u r a d o ,
e p ro cu ra a sp ira -lo o b ic o a b r in d o ,
su p p ò n d o q u e da v id a o s ò p r o a m a d o
ha d e l h e v i r d o s o l t ã o c l a r o e l i n d o .
Sente o c o n d o r q u e o c h u m b o s e lh e e n t r a n h a
nas p a l p i t a n t e s c a r n e s m u i f e r i d a s ;
e a dor, q u e o m ata, é a fílic çã o ta m a n h a ,
que o eo m p elle a grasn ar q u e ix a s d o r id a s .
S o l t a m - s e d*aza as p e n n u s , e u m a n t i l l i a ,
q u e lh e a d o r n a v a o p e i t o l o n g a m e n t e ,
vòa co m o u m a p lu m a , e já n ã o b r ilh a
aos ra io s, q u e d e r r a m a o s o l a r d e n U».
Do a r c a h m d o , o pey.o o p r e c i p i t a
sobre a n e v e cios m on tes sobranceiros;
n’ella e n te rra d o o c o r p o inda palpita
nos arrancos da m o r t e derradeiros.
« T r e i n o em tua p re s e n ç a , m a s te a d o r o ,
«saneia s im p lic id a d e, oli, ttòr q u e r id a !
«a m o - t e ainda e o teu p e r d ã o i m p l o r o ;
« p o r a m a r -te <> m e r e ç o ; e d ’esta vida
«q u e b r a o t o r m e n t o , d a n d o - m e o p e r d à o .
«não p õ d e m a is s u b i r , t u n to b u ix o u .
« I n t e i r a a fé m e d o m i n a v a a i d e i a ,
«o com o a p a tria e te r n a era fo rm o s a !
«ra io s 11 a f r o n t e , a m ã o d e 11ores c h e i a ,
«n a I jo c c a o r i s o , n o s e m b l a n t e a r o s a ___
« t a l v e z p o d e s s e a m a r <* a m a d o s e r ! »
n arch an jo t e n t a d o r q u a s i e n c a n t a d o
£§tuva e n t ã o , e o l v i d a d o h a v i a
a i ti., v i c t i m a , c r i m e , e s o e e g a d o
n° p e i t o o c o r a ç ã o l h e a d o r m e c i a ;
1 1,11 *Mix a v o z , p e n d i d a a f r o n t e a l t i v a
‘ C a s m ãos, rep etia e s le c o n c e ito :
76
« s e v o s ou c o n h e c e s s e , e s s e n c ia . c liv a ,
«la grim a hum ana a b o r r ifa r - m e o p e i t o ! »
S e a V i r g e m n ’a q u e l l e i n s t a n t e
podesse o u v ir - lh e o s q u eix u n ies..
se a m â o e e l e s t e , q u e o u s a s s e
m e i g a o b o a llte e s t e n d e r ,
o to ca sse a r r e p e n d i d o ,
subir a o c e o d e s e j a n d o ,
q u e m s a b e 4? t a l v e z d e i x a s s e
<» m;d d e e x i s t e n e i a t e r .
Mas, l o g o q u e v i u f l u e n t e
sobre a fron te pensa! iva
a <lòr triste e c o n v u l s i v a
do sentim ento in fe rn a l,
trem u la , a t t o n it a , o s o l h o s
e rg u e u c o m a v i v a l e m b r a n e a ,
mais q u e n u n ca, da p u r e s a
d o v i v e r c e lestia l.
l>as azas b r a n c a s o a d e j o
en s a io u , a b r in d o o s la b io s
roseos, p u r o s , p e r fu m a d o s
p a ia u m g e m ic lo s o lta r ,
com o a c ria n ç a , segu ra
àos c a rm iç o s r e c u r v a d o s ,
o i- ít o s l r a c o s s o l t a e m an c ia s
sob a a g o a , a s e a fo g a r .
Da t r e v a o a n jo a v iu p restes
a d e ix a -lo , a o s c e o s v o lta n d o ;
e, c o m o u m t i g r e d e s p e r t o ,
s a lt a n o a r d e n t e a r e i a l ,
e m si d e p r o m p t o e n c o n t r a n d o ,
m a is p u j a n t e e m seu im p é rio ,
a q u e lle e s p ir it o v á l i d o , .
negra p o tê n c ia d o m a l,
e a a u d a cia d o s o lh o s b e l l e s
poz-se lojço a d e s p r e n d e r .
I>or lo i 1 ^ 0 te m p o e m s ile n c io
co n te m p lo u , p lh a n d o -a e v c n d o ,
do c eo a v ic tim a c a n d id a ,
q u e d estin a ao t e m p l o s e u ,
co m o p ro v a r-llie «[u ere n d o
iju c e m v ã o r e s is t ir - lI ie p ó d c
e «lu e ao d i v o o l l i a r d a \ i r g c m
m a i s <-.*11<* s<* endunMMMi.
S e i n a m o r , s o n » 1er i v n i n r s o s .
í^elido o p e i l o , c o g i t a
dos g o lp e s coni q u e p ro cu ra
leri-la o m e lh o r lo g a r ;
o, s e m e l h a n t e a o g u e r r e i r o ,
q u e nas falh as d a a r m a d u r a
tra n q u ille o terro e n c a m in h a ,
en sa ia ao a n jo e n g a n a r .
A r e vo z, o porte o o g c s lo ,
tu t io a l t e r a e m u d a r a p i t l o ;
fali a z p r a n t o , q u e não m a na
do s e n tir d o c o ra n ã o ,
n o s l a c r y r n a e s s e a p f g l o m c ‘.ra
sú b ito e m g r a n d e a l >1 m d a 1 i c i a ,
com o um s ig n a l ou protesLo
de dor, de m agn a a fllic e a o .
H olto s o s n e g r o s c a h e l l o s ,
esparsos e s tã o p e n d e n te s ;
nada im p e d e o liv r e c u r s o
t io s s u s p i r o s q u e e l l e d á .
^ h g e i n d e s e n <* o p r o c u r a
* f'h o r t i ; e o a n j o l h e f a l i a
80
m is c a n n e s d e a i n o r t â o b o l l o s ,
e assim Ihé fa 11a K loa.
« Q u e tens? q u e m a l te fi//> e i s - . n o a q u i p r o m p t a . »
__ Tu procuras d e ix a r-m e aqui s ô s iu h o ,
p a r a s e m p r e t a lv e z .
C o in q u e r i g o r e s p u n e s a tranqu es;*
d e te h ã v e r d e s c o b e r t o o m e u p a s s a d o
d e a u d a c ia e d e a l t i v e z ! —
« C o m m ais a g r a d o j i m e t o a ti tic a r a ;
m as, o S e n h o r m e e s p e r a , e n o c e o a lt o
eu q u e r o e m teu f a v o r
rogar, i n t e r c e d e r ; d ’e l l e a b o n d a d e
mnitas v e z e s a t t e n d e á p r e c e h u m i l d e
da p ie d a d e e a m o r . »
— D o S d n lio r d e Israë l a o n m i p o t e n c i a
nfio m e alcanç.a e n e m t o c a ; o m o u destin*-)
n in g u é m a lte r a , não.
T u só tons <> p o d e r île ao tr is t e a r c j i a n j o .
81
salvar d ’e s t e m a r t y r i o c m q u o o j ^ s c n i m ,
a n ia r , d a r - l l i e o p o r d à o .
Que i m p o r t a , s e tu m e a m a s ? t o m a , a p e r t a
esta m ao, q u e te o i l e r e ç o ; d e n t r o c m p o u r-o
c m uni d e s p r e s o i g u a l
eonlundirem os a m b o s n a l o m b r a n c a ,
no raciocínio f r i o o b e m f e c u n d o
e o m a is f e c u n d o m a l . __
__ C o m o a au rora d o c e o , c a m e i g a lua
no p o e n te posta os ra io s s eu s c o n fu n d e ...
antes d o o sol s e e r g u e r ,
ou c o m o O o r v a lh o a ja neta e m a m a p e r o lu
duas lagrim as suas, q u e das flo r es ,
o aroma q u e r b eber;
c o m o dois c y r io s n’ u m a luz m is tu r a m
as duas c h a m m a s , q u e a r d e m , n o ssa s a lm a s
mui justas se u n ir ã o .—
.«•Amo-te o desço. Mas, tio e c o lu^ida,
perdida n’ este a b y s m o ;« s ó s c o m t i g o ,
os anjos que dirão*?»
"*r
A o lo n ge n’ este m o m e n t o
l assou, cantando nos ares,
levad o na aza do v e n to ,
um côvo celestial;
8 :t
entro Louvores e r g u id o s
a D e u s d o c e o n o s altares,
os a n jo s e n te rn e c id o s,
puros na voz d iv in a l,
d isian i: « p e r e n n e g lo ria ,
«s ò e n os s é c u lo s , 1 1 0 m undo,
«co m o um la u re l d e V ic to ria
«g a n lio e m p ú b lic a o v a ç ã o .
« á q u e lle q u e se c a p tiv a
«a o s a c rifíc io fe c u n d o
«d e p e r d e r a e s s e n c ia d iv a
«p o r ex tra n h a s a lv a ç ã o .»
N ’e s t e can to m e lo d io s o
p a re c ia o c e o fa lla r,
o a o a n jo c a s to e m edroso
am or, v id a c fo rç a dar.
1'o r d u a s v e z e s a i n d a
a V ir g e m p u d ica e bella.
8 't
e r g u e n d o a p a lp e b r a lin d a ,
ir r é s o lu ta n o o lh a r ,
os e e o s p ro c u ro u d is ta n tes ,
o o b r i l h o d e a l g u m a e s t r e i la;
eeo s e astros fu lg u ra n te s
já n ã o m a i s p ò d o e n c o n t r a r .
< )s a n j o s , q u e a o c a b o s d e s c i a m ,
c u m p r in d o as o rd e n s d e D eu s,
v a g o s te r ro re s s e n tia m
lo n g e da te rra o d o s e e o s .
K v ira m no p la in o im m e n s o
«Io t o g o u m a n u v em c h e ia
ro m p e r-s e no b rilh o in te n s o ,
s e r p e ja n t e , e s c u r a o teia .
N as ch a m m a s se c o n lu n d ia m
c ru eis p h ra zes, tris te v o z
ile q u e ix u m e s , qu o se o u v ia m
n ’ u m batei* d ' a s a s v e l o z .
« B e l l o a r e b a n j o , o n d e m e le v a s ?
— Vem c o m ig o , sem p re; v e m .—
« Q u e v o z triste! s o m d e trevas
« e s s e te u d i s c u r s o t e m .
« A h ! n ã o s o u a p u r a K lò a ,
« q u e as c a d e ia s te ro m p e u ,
«s a lva n d o -te m e ig a e b oa ?»
— Não; q u em te a r r a s t a sou eu.
__ Ës minha, v i c t i m a ; v o u - m e
c o m t i g o , iilha d o s c e o s . *
« M a i s fe liz s e r a s a g o r a ,
« o u ao in e n o s m a is c o n t e n t e '? »
— Não; m in h a fron te d esco ra ;
mais tristesa o p e i t o s e n t e . —
« Q u e m é s tu4?»
— Sal au sou e u . —
A i, p o b r e filha d o c e o !
ALFREDO DE V I G N Y ,