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5.

Questões Referentes a
Certas Faculdades
Reivindicadas Pelo Homemª

Quei.1ào I S,•. a1ra1•es du }1111p/es c11 1l/(' lllplaçd11 1ÍI! 11mu


COl(lllfà11 IIIÚ('pe11de111e111e1111: d(' qualquer ,,,,,1,,,c,1111!11/11 0111n111r
e 1e111 1acillcl11or a parlir de !>1g1111s, C!!>la11111s corr1t10111t'11I(•
1upuci1ad11s ti i u/gar SC! ,, çsa c11g111çti11 /111 Ú<'l(' fl/111/Uda p11r 111110
c11g111çà11 pri•1·1a 1111 ~" se re/l!ri• i111ediau1111(•11/(' a S<'II 11bie111
21 J e~,e 1cx1O. o 1ermo i11111içâ11 sera 1omado ~orno
~1gn1!icando um,, cognu;.io nao de1erminada por umJ cogmçào
previa do me,mo obJelo e que. por1anIO. e~,a deIerminada por algo
exIenor à consc1ênciab Que rne i.ep perm111do chamar a atenç.io
do tenor pMa e\le ponIO f11111içd11. aqui. :-era qua.,e a mcçma coI-a
que ""prem1\<,J que não e. ela me,md. uma conclu~o··. sendo a
un,ca diferença o falo de que as premI'>"1!. e conclu,oe, sJo JUIZO'>.
enquan10 que uma in1u1Ç,Jo. 1al como se enuncia wa definição. pode
-.er um llpo qualquer de cogniçao Ma, a,,Im como uma

._ J1111mul 11/ Spu11 t01;,.., l'llllt1st1plt1· ,·oi 2 p;ii.-, 103- 114 1IMbXl. planqado
corno I n~10 l'v do ~n.h for ;i Mc1h1>cf·. IM91
1 \ pala, ra ,111111111, -'P•=c pda pnmc1r.a ,a como um 1trmo ,c,n..o 11<1 11,..
"''1011111111 de Santo '\nsel mo ,,.,,.,,,,,,,11,,,,,,. L \ \ 1. cl Pr,nll 111 ' JiJ. 7461 hl<
aiuo, Prtltnd,a e-.1abclo.:cr uma dM1111,JO cnlre n()',,-.o 1.onh«1mcnio de Deu, e n<N-O
1Unhec,men10 da., co,<.a., finil.l., le. no mundo seguinte de Dai, i;,mbeml. e pm<.a~do
num duo de ~•o Paulo. V11/t'1111n 1111111 r< r \f'l·• 11/u111111 '" 1111111"' 1•· 1"'" ""1''"' "
~• ud /uurm fL>. \1, chamou a pnmc,ra de <'l/-«t1/u1Je1 e a ulumadc ,ntllKU••
"'" U'O d e e..po.:ula,ao . n.so prohfcrou uma ,a. que a 1"'1• H.i "" unha um1 oulfO u·
:,r,cado uo110 e bem d1íe1cntc r-.a ldJde Mcdt.i. o m mo ,osn,;.io ,muu\t.,:n a
o do" '<nlldos pnn.;,pa" pnmciro cm opo,,,ç;,o • l.06'\"-"'° ab.,.r,u1a. "'n ,~1·
tonhec,- d ~nudo qut tem em
1110 .. ~mo o prc.<.cnlc enquanto prt-.cntt e e cs1c O .10 ,niu,u,a '"""
..... 1111.,. cm '<&undo lugar cumo n..o..., pam111.1 4ut uma "°1111,ç d 0 - ,0 de
"""m1nad-, • -.ido ,omo ~n o o ,.....
«>&11 POr uma cogn.,_"° pn,vi.i po,\Ou a ..:r u st c,.IC O -cnu•
do t""º dl~Ur.l\a hcr 'óu.llU\, /11 j('l//('1//. IMO 2. que.l•O 9,cudcqu:'m qu<: i-an, o
m que cmp [ bc \( o me-,mo ~n "
""h1.1 re,o c,.-.c lermo 1.am m qu;i, , e IIJ" ''"'"""
l\" i. ':'~º • Pnmcira d1s11111,10 C\P~"' aua,c• de
~, <i ~, r hcrau'C Rosek r•n1 1hl ! S 7 IJ. J I
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1 •licad,l\ de 1n1u1ç.w poJc '<!r cnrnmr•d• no R, td
SEMIOTICA QUESTÕES REFERENTES A CERTAS FACULDADES
242 243

. (boa ou mà} é determinada na mente daquele q nossos termos. como uma intuição. E estranho que eles tenham
conclusao . d r, . • uc
raciocina por suas premissas. . ª md esma orm~ ~ogn1ç?C~ que nào pcnsado dessa forma 1se. •como a teoria ora em discu« - supoe.
.,_,ao .
~ podem ser determina as por cogniçoes prev ias; e um pactiam ter visto que e~ nao era uma premissa ultima simplesmente
..CJam ~uuo ue não e assim determinada. e que portamo ª conlcmplando, a cred1b1hdade da autoridade• tal como um ,,aqu1r ,az ,
cogniçaoadqa dtr . ctamente pelo objeto transcendental. deve , e com seu deus. Ora. e 1>e no'i.Sa autoridade interna ll\'cssc de supor-
de te rm m , er mesmo desttoo. na historia das opmtôcs• tal como aconteceu
denominada de intuição _ tar O ,
214 . Ora. é evidente que e u~a C0!58 ter uma 1~tu1çao. e outra com aquela autondade externa. Sera que se pode dizer que e abso-
saber intuitivamente que é u~ tnt~1~0. e a questao consiste em lutamente certo aquilo de q ue mu~tos homen\ i.áo~. bem informa-
saber se esias duas coisas. d isuogu,veis no pensamento. estão, de dos e med1t.attvos ,a duvidaram'·
fato, invariavelmente conectadas. de forma ~l _que podemos sempre 216. Todo advogado sabe como é d1f1c1I para a~ testemunha~
distinguir intuitivamente entre uma tn~u!çao e uma cognição eslabeJecer uma d1stmçao entre aquilo que viram e aqu10 1 que·
determinada por uma outra._ T<>:d~ cogniçao. enquanto algo pre- inferiram Isto se observa parucularmente 00 CcL\o de uma pessoa
sente. é. por certo. uma_ mtu1çao de s1 mesn:ia_ Mac; a de- que esta descrevendo os atos de um medium e<.ptnta O d
termmacâo de uma cogniçao por uma outra cogniçao ou por um ilu,ionista pertto. A d ificuldade ê tamanha que frcqucnt:me~t~~
objeto transcendental não faz _pa~t~. pelo menos na medida cm que propno 11us1on1sta s~ s urpreende com a d1<.erepància entre os fatos
assim parece obviamente a pnnc1p10. do conteudo 1medtato daquela reais e as declaraçoe<, de uma testemunha mtehgente que não
cognição. embora parecesse ser um elemento da ação ou paixão do entendeu o tru que Uma parte do truque. ba,tame complicada, dos
ego transcendental. que não _esta ime~1atamente. talvez. na aneis chineses conw;te em pegar se doti. soltdos ane1, encadeados.
consciéncia; todavia. esta paixao ou açao transcendental pode falar dclei. como se est1vessc?1 -.eparadm, - tomando-<,c C!i..\C fato
invariavelmente determinar uma cognição de s1 mesma. de modo como se fosi.e certo - e entao fingir que esláo sendo cncadeadoi..
que. de fato. a determinação ou não-determinação da cognição Por cntrcgando-~s 1med1atamenle a um especl.ldor para que este posi;a
uma outra pode ser uma parte da cognição Neste caso. eu dina que ver como <,ao ,ohdo, A arte d1,to con,1<;te. pnmc,ramcntc. cm
tivemos um poder intuitivo de distinguir uma mlu1ção de uma sui.c1tar a forte :-.u~pc1ta de que um deles esta quebrado y 1
outra cognição \1cAlt~ter realt,ar este ato com tamanho :-.ucc~o que uma pes-
Não há ev1dênc1as de que temos esta faculdade. ex1.1:lo que ~oa c;entada perto dele. com toda<. suas faculdades empenhadas
parecemos sentir que a temos Mas o peso de~c;e testemunho em detectar a Ilusão. esta na pronta a Jurar que viu os aneis <.en-
depende inteiramente do fato de se supor que noi. é dado o poder de do reunidos e. talvez. se o tlustonii.ta não houve.se rcaltzado
distinguir neste i.entimcnto. se o sentimento e o resultado de declaradamente uma 1lui.ão. es.\a pessoa teria considerado uma
educação. velhas as.-.oc1ações. etc. ou se e uma intuição cognittva.
ou. em outras palavras. depende de se pressupor a própria matcna 2 ~ propo\lçao de Bereni:anu, r:,.ia conuda na «gu,r.ie rn.iç~ <.le -.cu f>t' Sutra
sobre a qual versa o testemunho Ê este senumen to infaltvel? E e o G1t11u ~fu,11111 p/unt' <ord" ctl JWr 111n ,uo ud dwlc:<lt,um co1,(11g,rr- qu1u ,,,,,_
fui,rt- utl ,um ud ru110,1r-m, \ / <o n/t,l(t·r, quo e/UI ,wn < u 1/nl(1I t11m Rt14'1um n1-
JUIZO que a ele d iz respeito tnfahvel. e assim por diante, ad
lmm•,n \li luc111, t.1J IIIIUJ(lllc.•m ti,•, •wum l,om,11•111 ,,~l,qull m•c pnt,·\I rr,w1ur, Jt'
infln itum? Supondo-se que um homem realmente pudesse J, n J/em ud 1111ag111, m d.:, \ maL, noia,el <ar-.tc, NICA do pcn-...mcnlu mcd1e, o
encerrar-se numa fe desse t.tpo. ele seria. por certo impermeãvcl a cm i;1:ral e ,, eterno rClur..o " olutond«le ()\undo Frtd,~"u' e outros p~itnckm
verdade. à "prova-evidência··. pro,., que • c....undao e uma coL-.a embora tcn~m t\ idcnicmcnlt ~ern.l<lo e,.,.,.
op,n,,10 dit> med,iaçóe,. nom,n..h,11,0-pl;uon,w, c0lo.;.om o ""unto "'" ..q.u,nll:S te,
215. Mas. comparemo!> a teoria com os fatos h1stoncos O m<>s Deu, chamou M e.cunll.lo (1., no11< ne,,1e ..ao-.o. ela e ,c11amentc uma 'º'"'
poder de tntuiuvamente d1s ungu1r as intuições de outras cogniçõc, \bO c0ntrano ante. de ter et• um norm n•d• ha, a-,a nem me.mo um;a fr.:oo a de-
não impediu que se debatesse acaloradamente a respeito de qua1, a, nominar !Ver Pra.nlll li. 191 ~bet•rdol0111rug,,, p. 179/ acha ,•ltduciiar Boc-,u
cognições que são intuitivas Na Idade Média. a razão e a auwnda• ~uando esie d rz que o c-.paço conla 1,é_, <.111nen"-= ~ q .... ndo dll que um 1nd" HJuo
de externa eram consideradas como duas fontes coordenadas do "'º pode C-.t,u em dol\ lug.,rc-, ao me.mo J<mP<> O au tor de O, G, ,,, nbu, c-1 'ip, ·
<irbul (1b1d p 517). trabalho de ~upcr1or qualidade ao ar1umcn1ar contn uma dou-
~onhe~imen.to. assim como o são. agora. a razão e a autoridade da ~~ platon,ci d.z que -.e tudo o que e univCN1I e eterno. ,. /11rmu e a m~ltna de
111tu1çao: a umca diferença é que o fehz arttfício de considerar-se as r rates. sendo ngoro-.amcntc unf\Cr.&1' "'º amN.., e tern"" e pon.inw. ~ l l ' - nao
enunciações da autondade como sendo essencialmente indemons- .,, cu:Mlo por l>cu~ ma., "'" te, e apenas 1unwl,1., \li~ ~nc,. q,wd """"""" u ,:-
traveis ainda não fora descoberto. As auto ridades não eram todas •• d,"" pa/um '"' ·· .<\ au1oml.idc e o uh,mo mbun.il de .ipt!..,.kl O mc<mo au101.
qu~nd0 numa pa,Qgcm duvKti de uma colocacao de 8oc"o l,b,J p 5 151. ach• ne-
consideradas mfaltveis, não mais do que o são as razões; mas quan· 1nd1 ª'""'
do Berenganus disse que a autorilanedade de uma au ton dade paru•
cular deve b~ear-~e na razão. a proposição foi desprezada como
:d(f
~"'00

c1:m "'
c.sr uma rv.io õpc:o:1al do por quê ne,,te ca-.o nao e ab-urdo
t «rp11 11 prubu 1 rc-J:11/um 111 <aitl111, 111111 n«·pus ~u1on~cs ro;onhec:ldas
pro•

•cic-.. -.em du,·rda. d,....uuda-. no -.ewlo \ li. ;r, muna, c.ontr.1d1ç,,e. en1rc
seodo opinauva. 1mpia e absurda• Assim a credtbil1dadc da lclOI .,,seguram c,.,-.e fato. e a au1ondadc do< filo<-010, era '°""da-ada 1nlrrm1 a do--
llt O&o< Mc-.mo a.<..<rm -.ena impo-..,f\el de>cobnr uma pa."-.agc:m o nde a a111ond.idc
a~t0ndade era encarada. pelos homens daquel~ época, como send o .,.,~Oldc,. e d1re1~men1e n~da a ,e-peito de uma que-uo Jogic;i q~lqucr ~""'
1
simpl~mente uma. premissa ultima, como uma cognição não 111
• "'" i:rmn•s c-l11ç d.z John de Sah-.t>ul) !Metalog11:on li\ 10 1\ C.:ap \\\(Ili
determmada por uma cognição prévia do mesmo objeto ou. em : " ''' scrlf'l1trt\ Iam c.~t/1111<1, q11a111 /1cJ,:l1b11) pol(:ftllll trlH'Wn ,irn1m ' 11 lo>(t<'1
em"'" hab111\1<' " '"' ltx1111r Si:d 111/111 adu•r<<" 4n\l,11<·/,•111 • d11 \bd.inl,\ e.
,.,,./'4Jtra i>a.,-.igem S,·J s, ~n,tn rd,•111 l',-npu1~11wmm pr111or< 111 wl,-.,n """ 11 ·
a. Ver Pra.nu. li. 1 J lllfl "''º"' u mp/111\ 111 lrucan,, rai:p,11111, ·• -\ Ideia de pru,seGutr i,cm um.a autuo·
•· ou de 'Ubordtnar a au1ond3de a razao. n.io lhe oame
SLMI OTICA QUI s ro1 '> KLI 1:- k lNJ I.S A li!Rl
244 M IA(LILO"OES
24S
""liº desse fato como !>cndo uma duvida
duv1da a rc,.,- . de "ua· Prop de '
mediato .(quando nos!>o olho .
ei.ta ,,echado)
, erac•dad r
Isto certamente parece mos trar que nem <a
= rnpre
ria imaginavamos, uma ova 1 continua. ma~ i.irn u nao e como
mullo facil d,~ 11 nguir entre uma prcm1~sa e uma ronclu!>ao, Que . , ,enclllmen10 deve ~e, obra do intelecto m anel. CUJO
oder infahvel de fa,cr isso. e que de fato nos ~a u nao prctavel ,e poderia de~eJar da impo!>Sib1l1'dad Que exemplo ma"
d,,pomO, do P no<ullado~ 1nte 1ectua1s • e de d
uran,;a em casos d1fo;e1s re~1de em algun's signo-, a Paro 0 1CJ e dadol> mtun,vo •~tingu1r entre
::ai!. podemo, 1nfe111 que um dado fa to deve ter sido VIMO ourddo\ re.
.:onrentP
Iaç.to''
.
s. a1ra,e, da me
ra
ccr ~,do inferido Ao tentar relatar um sonho. toda pes,oa acu~vc 22 1 ma peS!>oa pode d1~t1ngu1r en1re d1fe1
frequentementt deve t~r !,Cnudo q~e era tarefa ~em esperança tenda ..,.·do pelo 1.aco. mas nao de imed iato POIS ente~ le\ turas de
t. v 1 • e necessa
~parar as interpreiaçoes da v1g1ha e o-, p reenchime nto!, do!, lar us dedo~ -.e movam sobre o pano O que d · no com que
se . · e monstra
e· C!,tabelecer uma d1~11nçao · entre este!> e a!> 1magen, fraºrne val1os
.. nta1ia., brigada a comparar as i.ensaçoe.s de um dad O Que ela e
oum ouu o momento .:om ..., "" de
do propno !'-Onho
21 7. A menção aol> loonho~ su_gere um outro argumento U 222. A altura de um tom depende da rap'd•
~onho. ate onde chega seu contc udo. e exatame~1c corno uO: vibraçües que aungem · o ouvi'd o Cada uma dcs I cl da . --.-o das
b ·l,UC""•'
elpenênc,a real 1:. confu 11d1do com u ma expencnc,a real um impulso sobre o ouvido. Produza-se um ;~ª~ ~ ra~oes produz
enLlnto. rodo mumlo ac~ ,ta que O!> sonhos ~o determinad
0 .~ tipo sobre o ouvido e sabemos expcnmen•~Iu O singular des-
""' n:eb1do. Portanto. ha. um bom mo11vo · para cr""mente ' queu e1de e
wníMme a ler da ;usociaçao de 1dc1a!>. e1c. por cogniçÕCl, Prev,: pe er qu~ e.ida
Se ..e disser que a faculdade de reconhecer 1ntun1vamente a~ impulsos que forma um tom e percebido Nem h . m os
. D d a razao para qu
intuiçoes est.i. adormecida. responderei
, d
que
.
1i-so e mcr-.i ~upo, ll;ao
. as.,im nao !>CJa e mo o que esta e a umca ~u . e
sem qualquer fundamento . AIem . o '!1ª1S· mesmo. quando acorda: Portanto. a altura de um to m depende da rapKIPO!,IÇao adm1~s1vcl.
• Cl com que cena
mos. não achamos que o sonho difenu da realidade. a não ser P unpres.,oes sao sucessivamente tran~mllidas pa . s
b , . f or • d · ra a men1c Esra
certos traços. como a o sc~r~cen~ia e a ragment.anedade. Não e 1mpressocs eve m c11fü1r . anten orrnente a qu a1quer tom por~
incomum que um sonho se.ia_tlo v1v1do que uma sua recordação e conscgumte. a scnsaçao de altura é detei minada · .
- b por cogniçocs
confundida com a recordaçao de um evento real. previas Nª? o s tantc. ,~to Jªf1:1éUS sena descoberto atrave.~ d
218 Tan10 quanto ~abemo:-. uma cnanç.t po su1 todo\ 0~ contemplaçao daQuela <;ensaçao ª mera
podere~ percep11vos do homem adulto. Todav 1a. que seJa ela 223. Pode-se aduzir um argumento similar com re' ·
• d d d. - ,ercncia a
interrogada sobre co mo sabe aquilo que ela sabe Em muitos ca.<.°' percepçao e uas ,mensoes do espaço Esta pa,ece
a criança lhe d1ra que nunca aprendeu sua hngua patr1a. ~empre ~ · · d M r·
intu,çao 1me 1ata. . a!> se osscmos ver de imediato uma superfície ser uma
conheceu. ou soube-a de~e que passou a ter con,c1énc1a Parecf extensa. nossas reunas deveria~ espalhar-se por essa superfic,c
a~s1m. que ela não possui a faculdade de d1s uogu11 . por simples extensa. Ao mves disso. a reuna consiste em inumeros po t
d' . d 1 . n os
rontemplação. entre uma intuição e uma cognição determinada por apontando na 1rcçao . a uz. e cujas distância$ entre uma e outra
outras são dec1d1damente maiores do que o min,1110 l'im .e/ Suponha-,;e
219 Nao pode haver duvida de q ue. a nte da publicação do que cada uma dessas e xtremidades de nervos veicule a en!.:lçào de
livro de Berkeley ,obre a \' 1\ào • . geralmente ,e acreditava que a uma supe~f1c1e hge1ramente : olonda Mesmo ai;s1m. aquilo que
1erce1ra dimensão do espaço era imediatamen te intu1da embora. v·emos de 1med1a to deve ser nao uma superf1c1e conllnua. mas uma
atualmente. quase lodos admitam que ela e c011hecida a1ra1 e5 di coleção de manchas Quem poderia descobrir t,10 por mera
mfc rê nc1a. Esuvemos co111emp/a11du u objeto de,de a criação intuição? Ma~ todas as analogias do sistema nervoso são conira a
mesma do homem . ma!> esta descoberta não foi fe ita ate que ~upos1ção de que a excitação de um nervo smgulé!J' pos!oa produm
começamos a ra ciocí11ar ~obre ela uma 1de1a tã~ complicada qua nto a de espaço, por menor que se)ll.
220 O lcuor esta informado sobre o ponto cego da re1ina' Se a exc1taçao de nenhuma destas extremidades de ncr,os pode
Pe~ue um exemplar desta rev ista. vire a capa para cima de modo a transm111r de ,mediato a impressão de espaço. a e:i.crtação de todas
expor o papel branco. coloque-a lateralmente sobre a mesa a qual tambêm não pode faze-lo Pois a excitação de cada uma produz
deve estar sentado e ponha duas moedas sobre ela. uma perto da alguma impre~o (conforme as analogias do Sl!,tema nervoso) e.
beirada esquerda e outra na beirada d1reua Ponha a mão e~qucrda por conseguinc.e. a soma dessas impressões é uma condu;ão neces•
sobre o olho esq uerdo e co m o olho dire110 olhe (ix ,une11/I! para a sana de toda percepção produzida pela excitação de todos: ou, em
moeda â e!,Querda. A segu ir. com a mão direita, mova .i moeda dJ outras palavras. uma percepção produzida pela exc11ac;ào de todos e
d11e1ta !que agora e vista claramente) em d1reçci11 à mãe• e:,q uerda determinada pelas impressões menws produzidis pela excitação de
Quando ela chegar a um lugar pe1 to do meio da pagina. ~a um Este argumento e confirmado pelo fato de que a exis-
desaparecera - o leitor não a podera ver e m virar o olho I evc tencia da percepção do espaço poder explicar-se totalmente pela
e~ moeda para mais perto da outra. ou afaste-a de~ta e ela ação das faculdades que sabemos cxisurem. sem supor que ela seja
reapare<..tra. mas naquele ponto particular não se con~egue vê-Li uma impressão imediata. Para isto. devemos ter cm mente os se-
~S&1m. paicce que ha um ponto cego quase no me to da reuna. e guintes fatos da fisio- psicologia: 1) A excitação de um nervo em s1
isto e confirmddo pela ana1om1a Segue-se que o espaço que vemo~ mesma não nos informa onde está situada sua extremidade Se.
através de uma operação cirúrgica. certos nervos são deslocado
ª· -411 Euav 7U'4'Cltd5 a Nt111 r11 ..orv of V1sio,1. 1709 nossas sensac,ões desses nervos não nos informam sobre o desloca-
Sf "1 1ÔTICA ()UI- 1 Ôí S RCI- F.RLNH ..S A CFRTAS I AC1JLDADE~
; 46 247
Uma , ensaçao , 111 gular nao no~ m fo rma quamo~ nervo,; LeJtidadc e reduLt vel a s1mpltc1dadc mcdiata
mcnto 2) d ervo~ ~ão i:1c11ado~ 3) Pode mo'\ d1'11n~u,r com~ d tempo 4 atravcs da con-
çao o
ou e.1.tremidad~s epnroduz idas pela exc11açõe~ de d ife re ntes exten. ctP 224 Portanto. ~emo-. uma vaned.tde de fatos.. todos
,mnre,,,,e~ . rc-
tn: ª' •· 4) As d,fe rem;a~ de 1mpre,soc\ produ1 1das P _ pi"damcnte c1tphcados alraves da ~u po,ir, 0 d 0 5 Quais
dade, de nervo, d d . or s:io ra d .,.. e que nao tem
mi ·ôcs de extrem1da es e nervos s1m1lares <• uldade rntu1rn a alguma e dL~l.rnguir o inturt1vo das . o~
d ferentes excita-. ·
.'
• ~
, Se a uma imaiem mo me ntanea que se . orma na retina
"'º faccd_ tas Alguma h1pote1>e arhnra na podera eJCph• , d oogniçoc-,
1milare J pres.~o com isso produi 1da_-.en a md1Sl1ngu1vc1 da.
rn 1a · f: • -....r e outro rnod
ucr um dcs...cs atos. C!> ta e a un,ca teoria que os, o
2
Pela n. · ª ,moJen a produzir pela exc,tac;ao de algum nervo sin. qua1q nos outro~. AI e m d o mais. . faro algum requer aii11 s apoiarem-
.
quilo que ~ P · . se u os · Q içao da
aular rnnce b ivel
ão e coni;eb1vel que a excnac;au momentanea de
• d . ldade em queslaao
1acu uemh ,quer . que Jà tenha Upo\ estu dado a
<- • ular de\ e~e produzir a sen"llç.ao e espaço Portamo eza da prova vera que a razoes muito fortes .
um nervo sing ·
. momencanea de toda_~ a~ cxu em1 ade,
d · natur itar na e1t1stenc1a
· d esta ,acu
r ld ade. EsLaS ra.i:ões hao· dpara nao
a exc1taçao d de ne rvo~ da rc· ac red r, d • . e tornar•
• ode imediata ou mediatamente. pro uz,r a sensação de se ainda mais o rtes quan o as conscquenc,as da re)Ciçâo dessa
una nao P · d
cs aço O me~mo argumento se aphcana a to a imagem 1mutavcl faculdade. neste 1e1tto e no seguinte. forem esboçad~ de um modo
nap rcun3 Suponha-se· entretanto. . que a imagem ~e mova ~obre a mai5 completo
reuna 1Neste caso • a exc1taçao peculiar que num _
momenro• aíeta
uma. ex·tremidade de nervo. num momento _ . poste
. n o1 afetara
. uma 4 \ teoria ac11na do csp~ço e do Ltmpo nãu conllna 1.tn1o com a de Kant quanio
outra extremidade. l:.stas transmlltrdO 1mpre~oc, que sa_o muito par,,u. :-,.1 , crdade. co n~111ucm. , oluçue_, pua QUC/\!Oe~ d1ferenth l(an1.e verdade
1 ~s. de acordo com 4 . e que todavia
s1m1ar~ d . . sao d1s11ngu1velS. de 1., J o ••~~•• e do tempo m1u1çoe, . o u melho r. formas d e in1u,.,.io ma1. n.io, <l5<n•
1.iAI 1 \U.t cco11.1 q ue a 111lu1çao \lg_m f1quc maI(, do qur rcprcstnl.t\,.ao ind ,vlduJI "
acordo com J Por conseguinte._as co~ 1çoes para a recognição de
, prc<" ""º do espaço e do te mpo rc,uha i.egundo r lc. de um P"'"" " menial •
uma rela(,âo entre estas 1mpressoes es tao presentes. Entretanto. co- !>vntho" J cr ,.pp rc hen~1o n 1n der -1.n'Chauuna'' (Ver Crillk d , w r,n Vu,unft

:~ai. ha um numero mu11O grande de ex trcm1dadci. de nervo~ afc-


por um numero mu ito grande ~e e1tcitaçôcs ,uce~ ivas. as
relações das 1mpre!>.~ôel. resultante:. ~erao quase inconceb1v:lmeme
t<l J78 I. p 98 c, seq l "1mhA 1co ria e s,mplc, mcnie uma cxphc~lo dcsia h•Po•c-.r
-\ ~ nci• dJ h 1c1,ca T ran~ cndental de Kant • ~1.t 1.0nlid• , m dot< pr,0<..op,o,
Pnmciro que a., proposicõc~ un1ver ,u, e nocc'-':"'IA> n~o 1-áo d•d~s n. ••l'C•><ncu
SeJundu que o,, fa tn, unl\ er,,..,s ,. . necc._,, ,1110, '-10 detu m,n.d.,,. 1-,i.,, cond,çoe\ J•
compllcadai. Ora. e lei conhecida da me nte que. quando fenomenos u pcnc nc,a cm geral Por propo-.u;ao u n,~crs..il en1ende--.: s,mp~m-cntt aqutli ~u<
de uma eurema complexidade se apresentam. q ue todavia !.e re• afinn.a • l~o do w d,1 de uma c,,lcm e ruio n•cc:= riamentc aquela cm qU<" IOd,,. "'
duzmam a ordem ou a s1mphctdade media ta atra ves da aplicação de h<>men, acred!tam Por pro po~rçao ncccMarra en1tndc--c aquela que • íorm• aquol\l
uma certa concepção . esta co ncepção ma,~ cedo ou ma ,~ tarde surge que afirrna nlao , 1mplc,..mt:nlc a rc,pc110 du . condM;"õe, 1 ea.1t d11\ -...n1s.J .... ma...1t de t~v
na aphcaçâo daqueles fenômenos o c.:aso em e~a me. a conccpçao l'O'>•••I e,tado de corsa.\ 1s10 nao s1gnilica que • .,_._ ,. p1o pos1ç10 « J• unw propv,,.,-, 0
cm que não po,,...mos uc1ur dr ver A c ,p<'ncn 1a. no p11mc110 principio d• 11.•nl
da extensão redu11na o:. fenômeno,; a umdade e. portanto. sua n,o pode 'ICr u<ada como produ10 do , n1,nd1mcn10 <)bJetovo. ma., cumpre 1urn• I•
gene<.e e IO talmentc e~phcada Re!>ta explicar ape na.... por que a. c.on, tdenid• como '4:0do "' pr 1mc1....-.._, 1mpre..._~, do scnudo com ron"-tt ncia rcu.ni-
cogn1çõc~ previas que a decermina não são mais clara mc n1e apreen- dL, e cliborad•• pela ,mllim•Çan cm 1m-lgen, . Junto com 1udo •qu,lu que d 11 .., d,-
dida!> Para esta explicação. farei referenc1.i a um estudo acerca de du, logicamcn1e 'l<.., 1c -cnudo podr "t adm111r que .,_ propo,u;õe, uni,·er.a,- e nc-
cc.,,:u 1J'- nJ.o \.oio dad4!!o na rxpt,nenc1a Ma:. n~ cai,u tampouco nan ~ daJ•, ru
uma nova h~ta de categoria:.. Seção 5 1 • acre~ccntaodo apena~ que. upenCncia QUJIMtue, c..oncl u"()t'~ andu t1\'a, que ~ pod~na c:\ln111r da e, pcnê:"'-w Ot
a.-.\lm como ,omo, .:ap.izes de reconhecer 11osso,; amigo, a1ra\C) de f•io. con, u1u1 uma funçãu l)<'CUhur na induç.io produ11r propos,çõ.,, unovcNt~ e nc•
certas aparênL.ta\ embora não possamo, dizer o que são CS<;a!i Cà>.ln a, Kanl 1c, .,.11.1 na verdad, que a un,ve,...,hdade e • ncce,.,,1d01k do, ,nd u•
,1parénc1~ e embo ra não tenhamo:, com,ciênc1a de um prnco'>O \'Óc:> cicnu lica;, \Jll dpcna, u, •n.ilogo, da unis ers.ahdadc e d.a n=tdade filo\Ofi.:1, ·
e b t\l t \.C1d1dc1ro. na m cdtda t-m que não M" ~ rmuc nunl."a ~ •Ln uml \.Ond u'-3o
qualquer do rac1oc101O. da mel.ma forma. cm tudo o~ casol> cm que ucnur,.:.. "''" um~ ~ria dci.v,rnuge m mdclinid• Mas 1~10" dc, c a ,nsufk ,cnt lil do
o rac1ocin1O for fácil e natural para no:.. por mai, complexas que numero de Lit..\O,. t <cJa qua,~ forem o,. C&Ml., que <e pos<ani ICr n• q111nu.1Jde que..,
pos-.a m ser as premisi.a., . elas mergulham na tn'> igmficânc1a e dbcJu ud 111 f 1111111m . uma pro po~1ç.ao \' c.rdadcuamcnlt 001\'t f\AI e n...'<c..'-"il1I.. r 1nf.:

e<,quec1men1O na proporção da satisfato nedadc da teoria ncl~ nvcl Quanto ao sceu ndo p11ncip10 dl' K,n1. o de que a ,crdade das p1v1"•~v,, un1-
baseada. E, t.1 c.eona do espaço confirma-se pela circunstância de ,,n.1., e neu<o.a n as depe nde da, C\\nJ1çôts d~ CXl)t'néncl.l genl d e e n•d• m.il'>. n.
d.a llltno,, que n pr1n<lp10 da l nduç~o Vo u a um parque de dl\·CNlc~ e 1110 dote Jl••
que uma reoria c1Catamcme s1m1lar e unperativamente eiig1da pelos
fatos com referência ao tempo E obviamente ,mpo -;ivel que o per·
COie,. de um '>a.to de ~u rp1,-sa:. "º ,bn lo, , J cc-.cub ro que gd1 um dele, ,v n1cm umJ
boLa ' <rmclha <\4u1 c,i.. u m la lu un1ve1,.;il Depende. porunlO. da, CDn<l'-"<-, J • t,
curso do tempo se,a 1med1atamente sentido Poii.. neslt ca~o. deve r<r1tnt1a Q u.al t , co nd,çiu da cxpen ênc,J ' Co n, "IC apena., cm que" boi•• -.c110, ,,
haver um ele mento de!.SC sentimento em cada instante Mas num wnieudu d.,, l),ICote- 11r2d~ do saco. 151<) e a unl(.a co,.,.. qut delcrnunou a ••J>Cnen-
c•~
~
fo, o a1O de 1ct1rar os paco1c, du saco Infiro nc.slC CllW conrormr II prin--.1p10 d e
ln!>l.inte não ha duração e. portanto. nenhuma sensação 1med1ata de • ni qu,: aquilo q ue for ieurado do ,aco conlllra uma bola vermelhi blo e 1nJuça"
duraçao Por conseguinte. nenhuma des tas , c nsaçoe, element.arts e \ phqu•-..e a mduç.,o nã-, • uma operoê nc lll hm,1.tda qwilquer ma, a IOOb a., •-r•·
uma sensação imediata da duração e, po r conseguinte. a soma de :~llll.l\ hurn.ina, e te r \C- ~ a frlo~ fl• kanllana. na mcJ,da cm que for coricu mcnic
wacn1ohwa
tod~ elas também não o e Por outro lado. a.s 1mpressoc~ de
qualquer momemo são muno complicadas • - contt>ndo t0da~ ~ olc\. o,, • u~...,~ Jc Kant. no cn1an10. não ~ oontenlAnlm ,om c,,lll douu,n• ..;,m
cn,m frué- lo Po" cxc.1e um 1cn.c1ro p r, nc1p10 P1ol)l>)1ÇOC> ,b,..,luum,nlt uni·
imagens (ou elemcnto.s de imagem,) de i.entido e memoria. e cu)! 'cr"""
rr dt1•c111 "'' i na l111c.., 1'0 1( tudo •qui lo q ue for • b-..,luuomcn1< uni-e Nl cs u
n t ~ de: IOdo <on tcuJ.:, o u Jrk rmm• \ •.>. "º" 11>do J c1crmina,;;ou º'"e • I':'"' da
••~ O Problema portan to. nao e <..omo podem ..cr " " "'"""-( "' P1"P'N..'~ un,
J l'mr,•,•d i,rg, "' ih, A •llt'n<', u1 -i <u d, m ,·. 14 dr m.uo de 1867 ( l q gi ~,n ~ mas \lftl somo e ~uc .._, p rnrio,~, un1vcr.l1~ • P•~n1tmen1.t smtcl>C"-' po•
1 '< r descnvo lviai.., pelo pcn'-lmcnto apen~ J pa11,r d o> puramrnlt inJt1rrm1u J o
SEMIÓTICA QVEST0[S R EFERENT ES A CERTAS FACULDADES...
249
248
uma autoconsciência intuitiva. ça·o arbitraria e se m fundamento a resposta que a
.~0 2 5e temOs . . .. supoS1 d • . · ponie para
Q ues... · · •· ncia tal como o termo e aqui utilizado ·meira destas ua, a 1te rna11vas. Nao há nenhum . .
225 · .A. Autoconsc1e · .. . . · a pn - a razao valida
.d ta to da consc1encia em termos gerais. quanto para pensar que ela se1a n:ienos ignorante de sua própria condição
deve ser dis~iogui ª e ~ pura apercepção. Toda cognição é uma iar do que o adulto irado que nega estar tomado d .
do senudo intern0. tal como é ele representado; por autocons-
peCul e pancao.
.. ·a do obJeto • N. 231 . No entant? · a cn~nça logo deve descobnr. pela
con"".tenci conhecimento de nos mes mos. ao mera observação. que as co isa-; que sao adequadas para serem mudadas
nd
ciência ente e-sed_~ms subJ·eLivas da consciência. mas de nossas in-
. das con 1çoe . • · estão na verdade aptas_a so frer es.\~ mudança, dePois de um contato
sensa~o
teriondades. ~s~:ª:· A pura apcrcepçao e a auto-asserçao do ego:
1 como aqui se entende. é a recognição de m1.
a au~oco~sci_enci · . ada Sei que eu (não apertas o eu) existo. A
com aquele corpo p~dr11cul~rmente importante chamado Marinho ou
Joãozinho. Tal cons1 eraçao torna e:,te corpo ainda ma15 importante
e central. uma vez que estabelece un!a conexão entre a aptidão de
nha 1~te~10ndade ""~isso: por uma faculdade intuitiva especial ou uma coisa para ser mudada e a tendencia nesse corpo para tocá-la
quest.ao e: c?mo sei . de. terminado por cogmções prévias? antes de ela se~ m udada.
conhecimento e .
esse
226 0 ra. na0
- e evidente por s1 que tenhamos • dº
uma tal 232. A cnança aprende a co mpr:ender a linguagem. isto é.
· •
faculda de 1n u1
t tJ
.\'a

pois acabamos de mostrar que
· · · d
nao 1 spomos de
· em sua mente se es tabelece uma conexao entre certos sons e certos
nenhum poder ·intuitivo de distinguir uma mtu1çao . . . e uma • cogm- . fatos. Ela já havia percebido anteriormente a conexão entre esses
. · d pelas outras. Portanto. a existenc1a ou nao ex1sten- sons e os movimentos dos lab10s de corpos algo semelhante ao
çao determma a · d ·d · ·
· deste
cia . poder deve ser deternúnada . a partir
- a ev1 encia.· · e a· ques-1 corpo cen tral. e já havia tentado a experiência de pôr sua mão sobre
· · em saber se é poss1vel explicar a autoconsc1enc1a pe a aq ueles lab1os e d escobrira que o som. nesse caso. ficara abafado.
tao constSte · · • b'd
ação de faculdades conhecidas sob certas cond1çoes que sa ! amen• A!>Sim. a criança liga essa linguagem a corpos que são um tanto
te ex1ste m. O
u se é necessário supor uma causa • desconhecida
·· d para semelhantes ao corpo cen tral. A través de esforços. rào pouco
esta cognição e. neste caso. se _uma faculdade intuitiva a autocons• energeticos que deveriam talvez. ser c hamados antes de instintivos
ciência é a causa mais provavel que se pode ~upo~- do que tentauvos. aprende a p roduzir aqueles sons E assim começa
227. Deve-se ot>servar m1cialmente que nao _ha. ao que ~ a conversar
sabe. autoconsciência em crianças de bem pouc~ idade. Ka.?t !~ 233. Deve ser por essa época que a criança começa a
ressaltou 5 que o emprego atrasado da palavra muno comum __eu . der.cobrir que aquilo que as pessoai. ao seu redor dizem é a melhor
nas crianças. indica nelas a presença de uma aut?consc_iencia e1•1dência do fato. Tanto que o tes temunho é mclu ive uma marca
imperfeita e que. portanto . na medida em que nos e adm1ss1vel mais forte do fato do que o são 11s proprios /a 111s. ou melhor. do
extrair alguma conclusão com respeito ao estado mental ~aq~ele que aquilo que é mis ter pensar agora como sendo as próprias
que são ainda mais jovens. esta há de depor contra a ex1stenc1a de apare11cias (Devo res~ltar. aliá:.. que isto permanece ~ im no
qualquer autoconsciência nelas. _ curso da vida; um testemunho pode convencer um homem que ele
228. Por outro lado. as crianças manifes tam multo cedo os esta louco) Uma c riança ou ve dizer que o fogão está quente Mas
poderes do pensamento. De fato. é quase imposs ivel indicar um não esta. ela d 1z; e de fato aquele corpo centr al não está tocando o
período em que as crianças já não apresentem decidida a11v1dade fogão. e fri:J ou quente só ei.tá aquilo que esse corpo toca. Mas ela
intelectual em direções nas quais o pensamento e indis pensá~el ao toca o fogão. e de!.cobre que aquele testemu nho se confirma de um
seu bem-estar. A complicada trigonometria da v isão. e os del_1cados modo notavel. Assim . e la se torna consciente da 1gnorânc1a, e e
ajustes dos movimentos coordenados são amplamente dominados necessário supo r um eu ao qual essa 1gnoránc1a pode ser inerente
bem cedo. Não rui razão para se pôr em duvida um grau semelhan· Destarte. o tes temunho dá o primeiro esboço da autoconsc1ênc1a
te de pensamento com referência a elas mesmas. . 234. Mais ainda. embo ra normalmente as apdíências seJam
229 Pode-se observar sempre que uma criança de tenra idade a~enas confirmadas o u meramente :.uplementadas pelo te:.temunho.
Já examina seu próprio corpo com muita atenção Há todas as ha uma certa classe notavel de aparências que são conunuamente
razões para que isso assim seja. pois. do ponto de vis ta da cnança. contrariadas pelo te:.temunho. Este:. :.ão aqueles predicado, que
seu corpo é a coio;a mais importante do universo. Só aquilo que ela
toca é que tem uma sensação concreta e presente: só aquilo _que ela : ben'.os serem emocionais. mas que e la d1sungue atrave, da
encara é que tem cor concreta: só aquilo que es tá em sua lm1:tua e nexao destes com os movimentos daquela pessoa central. ela
mesmª (q ue a mesa q uer mo ver-se. etc.l Estes JUIZOS · · ·
sao
que tem um gosto concreto. ~~m .
230. Ninguém questiona que. quando uma cr iança ouve um ente negados p or o utros. Além do mais. ela tem ra.zoe:, para
som. ela pensa não em si mesma na condição de o uvinte. mas sim acreditar que também os outros possuem tais juizos que são
no sino ou em outros objetos na condição de soantes. E O que inteira mente negado s po r todo o resto. Assim. ela acrescenta ã
COnce pçao-· de aparência • como sendo concreção do fato. a concepçao •
acontece quando ela quer mover uma mesa? Será q ue pensa em 51 d
mesma como desejosa desse ato ou apenas na mesa como ª1~0 s~sso como sendo algo privado e válido apenas para um corpo Em
0 ~rro surge, e só se expli a com o pre:;suposto de um ett
adequado para se mover? Está fo ra de duvida que e O segundo q rna.
pensamento que nela ocorre; e a té que :.eja provada a existe· neia e ue e íaltvel.
235
uma autoconsc · . •intu n1va.
· 1enc1a . .
deve-se considerar co mo uma n
ossos eu
· A igno rância e o er ro são tudo aqullo que disuogue

S. Wrrk<", Yl1 (21. 11
23 6 s Privados do ego absolu to da pura ~pen:epçao. .
· Ora. a teo ria q ue. a bem da clareza. foi assim enunciada
QUl:.STOES REI-ERt/'I rts A U RTAS ~
sEMJOTICA ACULDADES .. 25 1
250
. nça entre o mais vivido do!> sonhos e a r
es ifica. pode ser resumid_a como segue, Na . d~fe~séssemos de_ nenhum poder inuitivo a~ahdade. E se não
de uma f?rma ~sabidamente autoconsc1entes. sabemos qu idade diS~lo que acreditamos e aquilo que me P dist1ngu1r entre
que as cnanças .::ientcs da ignorância e do erro: e sabemosc elas aqo~is poderíamos ao que parece distiogui-1o: : e;te concebemos.
se tornara: ; 0 possuem poderes de compreensão suficientes Que. 1am os através do raciocínio. colocar-se-ia a qu/tão0 que se o ftzés-
com ~Jas1 aª i·e.nferir da ignorância e do erro. suas próprias ex1·s~~ra seJ!1prio argumento foi acreditado ou concebido s . de saber se o
capacita·
. .
. descobrimos r.
que ,acu ldad es co nh ec1ºdas. atuando "'º·
c1as· .Assim. . · • a• autoconsciênc SOb pro dido antes que a conclusão possa ter algum~ ; ISlO deve ser res-
_ se sabe que existem. emergmam pOrºi·a um regressus ad infinitum. Além do mais · orça. ~ assim. ha-
cond1çoes que . - d . ia. O
ve . d • se nao sabemo
. . de,e1
umco r. 'to essencial na expllcaçao este assunto esta em que
. . ern. ue acredH.amos. neste caso. e acordo com a natureza d •s
bora saibamos que as cnanças exercem tanta co mpreensão quanto ~reditamos. o caso. nao
. · não sabemos se elas a exercem exatamente deste
poe
aqui se su • . • • rno. 240. Mas. cumpre notar que não sabemos intu·t 1
do. Mesmo assim . a ~upos1çao de que e 1as assim pr_o<:edem está in- · d r. Jd d p · · · • ivamente da
finitamente mais apoiada _nos fatos do que a supos1çao de uma fa. eXistência esta ,acu . . a. e. 01s e uma faculdade 10tu1t1va . . e nao •
pod emos saber 10tu1uvamente
- • que uma cogn· iça· ·
o e mtu11Jva
culdade totalmente peculiar da mente. consis te em saber se é necessa·
23 1. o único argument~ q~e _vai~ .ª ~na ressa_ltar quanto a Portanto. a questao r: ld d no supor a
·
existência de uma autoc? ns~ienc_1a _mtu1uva e o seguinte: Esiamos existência
. . desta ,acu a e. ou se os fatos são expli·ca · ve 1s sem esta
mais certos de nossa propna ex1stenc_1a do que de qualquer outro supos1çao. . .
fato: uma premissa não pode determmar que ~ma conclusão SCJa 24 l. Em pnme1ro lugar. portanto. a diferença ent .
· · d ha do e aquilo . que ê cone re aqui1o
mais certa do que ela mesma_ e: ~or conseguinte. nossa própria que e 1mag10a -o ou son . . retamente
existência não pode ter sido 10fe~1?a de qualq uer outro fato. A experimentado. nao• constJtu1 argumento . a favor da e•ist·,, enc1·a de tal
primeira premissa deve ser ~dm111da. _m_a s a segunda premissa faculdade. . Pois nao se questiona que existam dis · u·nçoe · s naqu1.1o
baseia-se numa teoria desacreditada da log1ca. Uma conclusão nào que esta presente na n:iente. ~~ a_ queslào é saber se. in-
pode ser mais certa do que algum dos fatos cujo suporte e dependentemente d~- qua1Squer_ disunçoes desse tipo nos objetos
verdadeiro. mas ela pode facilmente ser mais certa do que qualquer imediatos da consc1enc1a, nos e dado um poder imediato qual
um daqueles fatos Suponhamos. por exemplo. que umas doze
· ·
de d1sungu1r •
· entre d 11erente~
· r.
·r mod os. de consciência• Ora , O propno
quer
·
testemunhas depõem sobre uma ocorrência. Neste caso. minha fato da imensa d1,erença nos obJetos imediatos do senudo e d
crença nes.5a ocorrência repousa sobre a crença de que em geral e imaginação explica de modo _suficiente o fato de dis unguirmos cnir:
preciso acreditar em cada um desses homens quando sob essas_ fa_culdades: e ao mv~s ~e. ser um argumento a favor da
juramento. Todavia. o fato atestado torna-se mais certo do que 0 ex1S_tencia de um . _p~er mtulll~o de distinguir os elementos
crédito a ser em geral dad o a qualquer daqueles homens. Do subJeuvos da consc1e_nc1a. constJtu1 antes uma poderosa replica a tal
mesmo modo. para a mente desenvolvida do homem. sua própna argumento. na medida em que se faz referência a disunção do
existência é sustentada por to dos os outros f atos. sendo. portanto. sentido e da imaginação.
incomparavelmente mais certa do que qualquer destes fatos. Mas 242. Passando á distinção de crença e concepção. deparamo-
não se pode dizer que ela seja mais certa do que o fato de existir um nos com a afirmação de que o conhecimento da crença e essencial
outro fato. posto que não há duvida alguma percepuvel em para sua ex istência. Ora. podemos. de modo inquestionável.
qualquer dos casos. distinguir uma crença de uma concepção. na maioria dos casos.
Deve-se concluir, portanto, que não há necessidade de supor· atraves de um sentimento peculiar de convicção: e é mera qucslào
se uma autoconsciência intuitiva. dado que a autoconsciência pode. de palavras se definimos a crença como aquele juizo que é
facilmente. ser o resultado de mferéncia. acompanhado por es te sentimento ou como aquele Juízo a partir do
Questão 3. Se temos um poder 111t11itil'l1 de dist111guir e111re qual um homem agirá. De modo conveniente. podemos chamar a
os eleme1110s subjetil'os de dife rentes tipos de cog11ições. primeira de crença se11sorialista e a segunda de crença a111•a
238. Toda cognição envolve algo representado. o u aquilo Admitir-se-à seguramente, sem que haja necessidade de relacionar-
de que estamos conscientes. e alguma ação ou paixão do eu pelo se fatos a respeito. que nenhuma destas envolve necessariamente a
qual ela se torna representada. O primeiro deve ser denominado de ?utra. Considera ndo-se a crença no sentido sensorialista, o poder
elemento objetivo. e o segundo de elemento su b1e11vo da cognição Intuitivo de reorganizá-la equivalerá simplesmente ã capacidade
A propna cognição é uma intuição de seu elemento obJeuvo. que para a sensação que acompanha o Juizo. Esta sensação. como outra
portanto. pode também ser denominado de obJeto 1med1a10 O Qualquer. é um objeto da consciência e. portanto. a capacidade
elem~nto subJetivo não é. necessariamente. conhecido de 1med1a10. dessa sensação não implica em recognição intu111va alguma de
mas e _?OSS1vel que u ma tal intuição do elemento subjetivo de uma ele~entos subjetivos da consciência. Se se considerar a crença no
cogniçao de seu caráter. quer seja sonhar. imagmar. conceber, sentido ativo. pode-se descobn· la pela observação dos fatos
acreditar. etc.. devesse acompanhar toda cognição. A queslâo externos e pela mle rência a parur da sensação de conv1cçao que
consiste em saber se isto é assim . normalmente a acompanha.
239· Poderia parecer. a primeira vista que há um ro_l 24 3. Assim. os argumentos a favor deste poder peculiar de
· um tal poder E consc
h . 1--enc1a • desaparece e a p resunção é, novamente. contra uma tal
.esmagador de ev,denc1a · · a favor da existência de
imensa ª diferença entre ver uma cor e imaginá-la. Há vasia ipotese. Além do mais. como se deve aam1t1r. que os objetos
SEMIÓTICA QULSTOLS RL Fl: Rl '-TFS A CERTAS íACULDADES
252 253

d faculdades quaisquer são diferentes. os fatos . que portanto são predicados ou do não eu .
,mediatos de uas •ça·o nccessària cm qualquer grau. nao cad05 e r cognições previas (não havendo Pode; i i°~_sao determi-
tornam essa sup0s1 nados por os elementos subjetivos da consciênci~i°illvo algum de
. S temos algum poder de instropecçào, 0 11 se d1st1D 84u~ Rc,ta apena.'-. portanto. indagar. ~e é m.
Questao 4. ·mento
e . d . d to. 2 ·
do nosso conhec,
do mundo ,nterno eriva a observa"d
• o articular d e ·ms trospecçao
. - que de. conta d 1ster supor um
pacter Pora. a volição. enquanto distinta do dese,o ºn:nt1men1_0 de
dos f atos externos querer t · d b · o e senao o
..nttcr de conccntrarda adençabo. e a slralf Por conseguinte o
244. Nao. se pretende. aqui tomar por• certa a realidade do pv-h cimento do po er e a :,trair pode se r inferido . .
enas ha um certo conJunto de fatos que sa· con e h a partir de
ndo externo Ap · o
ios abstra to:,. ta I como o con ec1mento do poder de
mu considerados como externos. enquanto outros sa· ob~ a partir de obJctos coloridos ver :,e
normalmente - • b
o internos. A questao consiste cm sa er se 0~ ulti-o infere249 Parece. p~r tan to . q ue nao · ha ra1ao· para ~upor-sc um
cons1deradoS Com - · •
.
mos sao con
hec"idos de outro modo que nao seJa atraves da inferên
. - d · poder de introspe~ao e._ Pº: conscgum1_e. o _unico modo de se m-
eia. a partir
• dos primeiros Por mtrospecçao
. •enten o uma percerv-:;
,.....,0 vcsugar uma questao ps1colog1ca e por mfcrcncia a parur de fatos
o interno. mas nao ncccssanamente uma percerv-.;
direta do mUnd 1· ·r. · ,...,...0 externos.
. desse mundo. em pretendo 1m1tar a s1gn1 1caçao dessa pa- Questão 5. Se podemos pe11sar sem sIg I10s.
mterna . t •ça·o mas sim a amp11ana- · a tod o con hcc1mento
· do mun·
lavra a m u1 • .
o ·mtern0 que não deriva da observacao externa. . 250. Esta e uma questão fam1har. mas. ate agora. não ha
d
245. Ha um sentido cm que qualquer pcrcepçao tem um melhor argumento ~fi rma;1vo do que? fato de que O pe~menio
objeto interno. a saber o scntid~ ~m ~uc toda scn_sação é par- de, c preceder todo signo. sto pre-.supoe a 1mposs1b1hdadc de uma
cialmente determinada p0r cond1_çocs ~nte~nas. ~ss~~- a scnsa. seJJC ,n1in11a \lla~ Aquiles. e um fato. ira_ ultrapassar a tartaruga
ção de vermelhidão é aquilo que c._dcv1do a co~sutu1çao da men, Como isto acontece e uma pergunta que nao precisa neces.-,anamen-
te; e neste sentido é uma sensaçao . de algo interno. Por con- ic ser respondida agora. na medida em que i.sso certamente acon-
seguinte, podemos derivar um c_onhecimento da mente a parur ~e tece
uma consideracão desta scnsacao. mas esse conhecimento sena. 251 Se seguirmo, o enfoque do:, fato~ externos. os unicos
de fato. uma inferência da vcrmcl~1dão como sendo um predicado casos de pensa mento q uc no, e dado encontrar são de pen!Mlmento
de algo externo. Por outro lado. ha certos outros sentimentos - as em signos. Não hâ. de modo claro. qualquer outro pc~mento
emoções. por exemplo - que parecem surg_ir cm primeiro lugar, que possa !.er cv1denc1ado pelo, fatos externos Ma~ Ja vimos que
não como predicados. e que parecem refenr-se apenas a mente e so atraves dos fatos exte rnos e que o pen-.amen10 pode ser em
Poderia parecer. neste caso. que por meio des~cs ~e~tim~ntos pode- geial conhecido. Desta forma . o unico pen-.amcnto po...,ivelmenie
se obter um conhecimento da mente. e que nao e mfendo a parur conhec1,cl e o pcn!.amento em "gnos. Mas um pen<.amento que
de nenhum carater das coisas externas. A questão esta em saber se não se pode conhecer não existe Todo pem,amento. portanto. de,c
isto realmente é assim. ncce!>.Sariamentc estar nos !>1gnos
246. Embora a introspecção não seja necessariamente intuiti- 25 2. Um homem diz a s1 me~mo .. Aristoteb e um homem:
va. o fato de possuirmos esta capacidade não é evidente por si mes· portanto. é falível" . Neste caso. não pensou ~le aquil~ ~uc não dis·
mo. pois não temos faculdade intuitiva alguma de distinguir e~trc se para s1 mc:,mo. i ,•. que todos os homens sao fahvec. .\ resposta
diferentes modos subjetivos da consciência. Esse poder. se ex1Ste. e que ele a.,s1m o fez. na medida cm que isto esta dato cm seu
deve ser conhecido através da circunstância de que os fatos não são p11r1aI110 De acordo com 1s10. no~a questão não se relaciona com
explicáveis sem ele o fato. ma., e mera :.ohc11ação de d1stintiv1dade para o pen..amento
24 7. Com referência ao argumento acima sobre as emoções. 253. Da proposição de que todo pensamento e um signo. se-
cumpre admitir que se um homem está furioso. sua ira. em geral. gue-se que todo pensamento deve endereçar-se a algum outro
não implica nenhum carater constante e determinado cm seu pensa mento. deve determinar algum outro pen!Mlmento. uma ,•e7
objeto. Mas. por outro lado. dificilmente se pode questionar que que essa e a C\senc1a do , 1gno Al>sim . c~ta não passa de .uma_outra
exista algum carater rclauvo na coisa externa q ue o torna furioso. e forma do axio ma fami liar segundo o qual na antu1çao. 1 e.. no
um pouco de rcílexão bai.tara para mostrar que sua ira consiste cm pre~nte 1mcd1a10 não ha pensa mento ou que tudo aquilo obre que
dizer ele. para si mesmo. "esta coisa é vil. abominável. etc." e que se reílete 1cm u~ pas:,,ado Hi11c /oqrwr inde est O fato de queª
dizer "estou funoso" é a ntes sinal de uma razão em segundo grau. panar de um pensamento deve ter havido um outro pensamen~o
Da mesma fo rma. qualquer emoção é uma predicação conccrn_en1.e tem um analogo no fato de que a parur de um momento pa-;sa 0
a algum objeto. e a principal diferença entre isto e um juízo uue· qualquer. deve ter havido uma serie infinita de momento:.
lectual objcuvo é que enquanto este é relativo à natureza huma~ Portanto. dizer que o pensamento não pode acontecer num •_nSiantc.
ou a mente cm geral. o primeiro é relativo às circunstâncias paru- . aneara de d1ler que
méll> que requer um tempo não e :.enao outra 01 1od0
culares e à disposição de um homem particular num momen~o par· lodo pensamento deve se~ interp retado em outro. ou que
ucular Aquilo que aqui se diz das emoções em geral. é parucula~- l>Cnsamento esta em s ignos
mcnte verdadeiro. no tocante ao sentido de beleza e ao senso mo~_- uma
Bom e mau são sentimentos 1.1ue surgem inicialmente como pre ·
1 Q uc:.tào 6. Se um s ig1111 pode ter a/K•1111 sig111(icad11

SEMlôTICA Q LSTOl:S Rl:fERl::s/T l:5 A CE RTAS .
254 ~.\ CULDADES
2SS

,·ez que. Por esta definição. é o signo de algo absoluta,nocfl/e Og nições anteriores. deve ter havido
Por c serie ou entao .
o e~tado de no~ co
uma cog •
. n1çau pr im<'iru
111cognosct ,•el nesta uer e comp Ietamente determinado degn1çao nu
m momenio
qua 'q ,d · acordo cu ,
254. Pareceria que pode. e que _as propo-;ições un1versa ·ca pelo nosso esta o num momenio anie m ~ lei, da
1og1 s contra
· esta u ft 1ma
' . . e. porianto .nor Ma, ha muno~
h1po e ii-<
. t'
_,
são exemplos disso. Assim. a proposição un,veis e
fi d .. r d rsa1 falo
supos1 çao r
• a ,avor da., cogn,ç .
"todos os rum10antes são iss1pe es a Ia e .uma possível infi. intUlll vas oc,
nidade de amma1s e não importa quanto_sb.rl~dmdmantes P0ssa111 ter 2 60 Por outro lado. dado que e impo
1ve1 saber I t .
d:
sido examinados. deve remNanescer : poss1 11 a e_ haver outros
. .
ente que uma d ada cogmçao nao e determinada •
mtcnor. o umco modo pelo qual se pode tomar 0~ u~a cogn,çao ci n u111v~-
ammais que não o foram o C3:5º e u m_a propos1çao hipotética.
mesma coisa é ainda maIS mamfesta. pois uma tal prooosição . ª :ºpor 10 ferénc1a hipotétJca a pan,r dos fatos obse~a:1men10 d1s10
fala apenas do estaoo real de coisas. mas de todo poss1ve1 estaaonao car 3 cogniçao pela qual uma dada cognição foi detc Mas m<h•
. . • h d oe as determinações daquela cognição. E estc e rminada e cxpfl.
coisas. todos os quaIS na? _sao con ec1ve1s. na me ida em que ca r • . 0 un,co mod d
apenas um deles pode ex1sur e•phca-las Pois a 1go mterramente fora da consciénc O e

255. Por outro la~o. todas no~ concepções são obtidas Por • d . d od Ia e q uc se Pod
supor que a etermma_ aso P ~· como tal. ser conhecido e e
abstrações e combinaçoes de cogmçoes _que ~orrem micialmcme IO
indicado na cogn1çao determmada em questão D portan-
nos juizos da experiéncia. P? r conseg~mte. nao pode haver urna por que uma cogmçao . e determ1nada · apenas por algoestcbsmodo· su·
cont-epçào do absolutamente mcognosc!vel. uma vez que nada disso LC externo e supor que suas determinações não são
· h ·
,,,.!•. 01
_utamen-
.,...,.,1vc1s de ex-
ocorre na expenénc1a Mas o sign11icado de um termo e a phcação 0 ra. esta e uma 1potese que não tcm fundam
concepção que ele veicula Por conseguinte. um termo não pode ter · f d d
cunstancia a guma. na me I a em que a unICa Jusiifi1eai·1va possi\cl ento cm cir-
um significado desse tipo. pa ra uma h1potese e que ela exphca .
os fatos. e dizer que 1 .
ecssaocx-
256. Se se disser que o incognosc1vel e um conceito compos1o phcados e ao mesmo tempo supo-los 1nexphcáve,s e auiocontradi-
do conceito não e do con~eito cognos~1:11el. p~e-se re~ponder que 10no
não é um s1mplel> termo s10categorema11co e nao um conceito em si 26 1. Se se obJetar que o ca~ter peculiar do i·erm<,flio não e
mesmo. dc1erm10a_do por nenhuma cogmçao anie11or re~pondcrei que Cl.SC
257. Se penso "branco" não irei tão longe quanto Berkeley• carater nao e um caráter do vermelho como cognição. po,~ se
ao ponto de dizer que penso numa pessoa vendo. mas direi que houver ~m homem para o ~uai as coisas vermelhas uvcrem a mes•
aquilo que penso é da natureza de uma cognição e. portanto. de ma aparenc1a que ~s azu1~ tem para mim. e vice-versa. os olhos des•
qualquer outra coisa que pode ser experi mentada. Por conseguinte. se homem lhe estao 10d1cando os mesmos fatos que indicariam se
o mais elevado conceito que se pode atingir por abstrações a partir ele fosse comu eu.
de Juízos da experiénc1a - e. portanto. o mais elevado conceno que 262 Além do mais. não conhecemo~ poder algum pelo qual
pode ser atingido em geral - é o conceito de algo que é da ..e pude,~e conhecer uma intuição Poi~. como a cognição cst.1
natureza de uma cogmçào este caso. não ou aq11il11 que é outro começando. ~ se acha portamo num estado de mudança. apenas
que não. se é um conceno. e um conceito do cognoscivel. Por no primeiro instante ela seria uma intuição. E. portanto. sua
conscgu101e. o não-cognosc1vel. se conceito. é um conceito da apreensão deve não ocorrer em momento algum e deve ser um
forma "A. não-A", e e, pelo menos. autocontraditóno Assim. a evento que não ocupa momento algum6. Além do mais. todas as
ignorância e o erro só podem ser concebidos como correlauvos a faculdades cognnivas que conhecemol> são relativas e. por conse-
um conhecimento real e à verdade. sendo e<,tes da natureza das guinte. seus produtos são refaçõel. Mas a cognição de uma relação
cognições. Contra qualquer cognição ha uma realidade desconheci• e dctcrmmada por cogmções prévias. Portanto. não se pode conhe-
da porém conhecível: mas contra todas as possíveis cogmções ha cer cognição alguma que não seJa determinada por uma cognição
apenas aquilo que é autocontraditório Em su ma. cognoscibilidadt antcrior. Portamo. ela não existe primeiro porque é absolutamente
(em seu sentido mais amplo) e ser não são metafisicamente. a mes- mcognosc1vel e. segundo. porque uma cognição só e11ste na medida
ma coisa. mas são termos sinônimos. cm que e conhecida.
258. Ao argumento <las proposições u01versa1s e h1potéucas a 263 A replica ao argumento de que deve haver uma primeira
resposta e que embora a verdade delas não possa ser conhecida com cognição e a seguinte: Refazendo nosso percurso a parur das
certeza absoluta. ela pode ser conhecida em termos provâveis por conclusões para as premissas. ou a partir de cogmçôcs determinadas
indução para as que as determinam. chegamos. cm todos os casO!>. a um
po~io alem do qual a consciência na cognição determinada e _mais
Questão 7. Se há alguma cognição não determinada por vivida do que na cognição que a determ10a Temos um~ conscie~,a
uma cogniçdo anterio r. menos vivtda na cognição que determina nossa cogniçao da terceira
_2~9. Pareceria que há ou que houve. pois uma vez que ternos
cogmç0e5, que são determinadas por cognições a nteriores. e estas
6 Este uaumcn10. cn1rc1an10. cobre apenas pane dique,,~ Ele n.o d<mon\ln
a. Cr. A trta/1~ roncrrnlng hurnan kno'111trdgr. §§ 1-6 que não ex1s1c uma cognição não dc1crm1nada c•«lo por outra como •~
SEMIOTICA QLll:STOl· S RI 1-1. RL\/Tt:s ,\ Cl:R
256 TAS ~ACULD
ADES
257
. do que nesta ul11ma cognição. uma consciência rincípios. com refe rência a, questões da
dimensao ni · 0 que delermina nossa cognição de urna '>U rnen<>!. ~ualidade e da validade da~ leis da log1ca realidade. da •nd1v1-
v1\•1~a na,cog ~ ponto cego) do que nesta u ll1ma cogn,,..;o· Perfic1c
conunua sem u • .,... , e un,
. . menos vivida das ,mpres-;oe!. que deter"'i a
consc1enc1a · • 0 , '" nan,
. de tom do que nessa propna. e ,ato. quando che a
sensaçao
. enle perto do mundo externo esta e· a regra un1&arno,•
su fic1entem versa1
uma linha horizontal que represente uma cognição
Ora. se~o da linha sirva para medir (por as!.1m dizer) a vivace_ ldque
a exlen . · C t - ade
da consciência nessa cogmçao orno Uf!1 pon o nao tem extensão
ase nesle principio ele representara um obJelo totalmente f ·
com bnsciênc1a. Seja · uma 1in ha honzon tal so b ·a Pnmeua. ora
da co . d • . . que
represente uma cogmçao que etermina ~ cogn1çao representada
pea 1 Pr·,meira linha e que lem o mesmo
. objeto desta ultima. Q~a
distánc1a finita e~tre e~ dua~ hnha, _represente que se trata de
du~• cogmçoc·s diferenles Com esta ajuda ao nosso
a., • • - S pensarnernu
..
vejamos se "deve haver uma primeira cogmçao uponhamos qu~
um triângulo inverudo V seja gradualmente mergulhado na ag
N um momenlo ou instante
· qua1quer. a super f 1c1·e da agua trua
· d
uma linha horizontal atraves e~e tnangu ·· 1o. E sta hnha
· aça
representa
uma cognição. ·um momento subs~quente. passa a haver uma
linha seccmnal des~ forma com,t1tu1da. n_ur:ria parte superior do
triângulo Esta representa uma outra cogn1çao ~? n:iesmo obieto
determrnada pela pri meira. e q ue tem uma consc1encia mais vivida
o vertice do triângulo repre~nta o Objeto extern? a mente que
determina ambas estas cogn1çoes. O estado do tnangulo ames de
aungir a agua representa um estado de cognição que nada contem
que determine estas cogmçôes ~ubsequentes Neste caso. dizer que
se houver um estado de cognição pelo qual todas as cogmções
subsequentes de um certo objeto não são determ inadas. deve haver
subsequentemente alguma cognição des!,e objeto não determinada
por cognições antenore!. do mesmo objeto. equivale a dizer que.
quando o triângulo é mergulhado na água. deve havl!r uma linha
seccional produzida pela superf1cie da água abaixo da qual nenhuma
linha de superf1c1e fo ra produzida desse modo Mas trace alguem a
linha horizontal onde ele quiser. tantas linhas horizontais quan10
lhe aprouver podem ser especificadas a d1stãnc1as frn1tas abaixo dela
e uma abaixo da outra. Pois qualquer uma dessa!, secções est.i a al-
guma distância acima do vértice. caso con1rán o. não é uma linha
Seja a essa distância. Neste caso. houve secções similares na~ d1s-
láncias 1/ 2a. l/ 4a. 1/ 8a. 1/ 16a. acima do ver tice. e a~1m por
diante tanto quanto se qu iser Assim. não é verdade que deve ha\cr
uma primeira cognição Que o leitor explique as dificuldade~ log1m
deste paradoxo (são idênticas as do paradoxo de Aquiles) do modo
como quiser Contento- me com o resultado. na medida em que o~
princípios do leitor sejam totalmente aplicados ao caso parucular
das cognições que se determinam uma as outras. Negue o movi·
mento. se parecer adequado fazê- lo: só que. neste Ca!>O. negue 0
processo de determinação de uma cognição por outra Diga que 1ns·
lantes e linhas são ficções: so que diga. neste caso. que estados de
cognição e juizos são ficções. O ponto sobre o qual aqui se insiste
não é esta ou aquela solução lógica da dificuldade. mas simple)men·
te O de que a cognição surge por um processo de começa r. 1al -:omo
ocorre qualquer outra mudança.
Num texto subsequente levantarei as consequências deS!e)

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