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CAPITULO 2

A crise

Acabamos de ver a dimensão olyetiva do nosso tema, ou


pelo menos procuramos compreender um pouco o fenômeno em
si; agora desejaríamos ver o problema do ponto de vista da pes-
soa que vive o problema. Uma coisa é o problema em si, con-
siderado de um ponto de vista intrínseco, pelo seu conteúdo_ e
características diversificadas (seriedade, componentes, diagnós~
tico, prognóstico, terapia... ), outra coisa é observar ,o nível de
consciência da pessoa, que poderia ser completa ou parcialmente
ausente. E dentro dessa consciência, uma coisa é dar-se conta dá
raiz dp problema (acenamos a isso no capítulo ·anterior), outra
coisa é compreender a gravidade do fato, ou perceber o apelo à
mudança até o ponto de decidir-se a pô-la ein prática.
Por exemplo, no caso da problemática psiquiátrica, eviden-
temente a pess~a não ·tem consciência 4a própria·situação clínica;
mais ainda, o estado de inconsciência é exatamente elemento
substancial do quadro sintomático·clínico, ê um dos seus sinais
mais evidentes e decisivos.
.
1


Mas não somente isso é típico do nível mai_s grave da nos-
sa descrição. Também nos outros níveis da problemática psi-
cológica e espiritual é possível, como vimos no capítulo ante-
rior, uma diminuição do grau de consciência, sobretudo do
estado geral de inconsciência (também este é possível) à situa-
ção de quem não se dá suficientemente conta da seriedade da sua
situação, da gravidade daquilo que está vivendo, por si e tal-
vez também para os outros, ou não o~" sofre" suficientemente
ne~ o combate; assim como é possível o caso de quem se en-:
contra oprimido e dilacerado e perdeu qualquer esperança de
sair dessa situação. Em todo caso, no excesso com~ na carência,
há problemas em nível de consciência e de formação da cons-
c1enc1a. - .
• A

. . , ir

:.. _ )

45
e o ve rd ad ei ro problema da vida re1Igt ..
.~ Há quem di ga qu 't. b tivament osa
• -
oes cr11 . ca s, o je e Pro
·ge:: cerdotal não são as situaç. _
ou sa
de pa dr es , fr ad es e ir m as, e sim aquei1la muitid..ao de
blemáticas, b1e• tiv• ament e t ranqu a, não pe r~
ente "consagrada" que,. su b. . ente críticasrtu
0
-g
Q)
. -
§ g
e im pertu rbáv el , vi ve situaç. oes o 1etivam , ou
... bada ~a ss o que deveria ar.est
gu m em cr is e, ao
seja, gente de modo al , s~ , m al :estar, percebem
) qu e ~e nt em
ou então consagrados(as as na o estao em condições
su a vi da , m
algo que não vai bem em , ou a in tu em e buscam logo
m al -e st ar
de captar a raiz do próprio ria responsabilidade, espe-
fo ra , pa ra fór a da pr óp
deslocá-la para o de ~liminar o sentimento
se de ta l fo rm a a po nt
rando e iludindo- •
de mal -estar pe ssoa l. -
úl tim a an ál is e, é o problema da consciên-
ou seja, em
es m en te no se nt id o de fenômeno cognitivo-psi-
cia, não simpl s de ta Jh ad a acerca do pró-.
:n aç ão m ai
codiagnóstico ou de in fop co m o se ns ibilidade interior,
ad e, m as
prio nível de (i)mat'urid ne nt es da co nsciência e que
da s c< ;> m po
vigilância e atenção, to aç ão da pr ópria consciência.
es so de fo rm
têm a ver com o pr~c e im po rt antes da nossa vida,
m ui to gr av e$
Em suma, aspectos aq ui , mas que podemos co-
nã o' ~s go ta re m os
que com certeza ne sta primeira tentativa de
en i su a e! )ti da de já
meçar a captar
análise.

1. Conceito de crise
j

u t . olog, 1c - rece levar


- e pa
. a qu
Talvez seja um a es fu m at ra er m 1n
. çã
em conta Juriastamente a dist in
o qu e esta m os fazendo e que,ilipor-
tanto pode a1'udar nos a compreender melh or e a espec car
-
, "
mais exatamente • Pel o que parece, o termo "problema ,, ou pro-
. ,z.... .
blemática" remete mais à ide1a oqetzva da questã-o, ao passo que
éd
outro termo muito usado ' at emasiada_mente em nossos d'ias,
. sn , .
o de "cnse", faz pensar mai a percepçao subye• tz.va da propna
. ncia pessoal
cnse e,. portanto, na sua vivê
E1s por que, neste parágren afo, intr0 d •. ri-
prov av elm te m . uzimos o conceito de "c
se" como concei to
, en qu an to =~ s:~ vo lv en te qu e o conceito
de "problema": de fato lZ que alguém "t
em um
46
problema", tende-se a especificar que outro "está em crise". Isso Q)

sublinha que a crise é quase um modo de ser, no qual alguém se


encontra mergulhado da cabeça aos pés, como se estivesse mais
ou menos dominado por ele, ao passo que o problema poderia ]
ficar externo à consciência da pessoa, que parece poder de algum <
modo dominá-lo melhor.
Além disso, se voltamos ao quadro prospectivo da tabela 1,
percebemos que há como que um crescendo, do ponto de vista da
consciência crítica, a partir da situação patológica, onde tal cons-
ciência é mínima, até chegar aos problemas de vida espiritual,
onde, pelo contrário, é maior. Um crescendo que evidentemen-
te interessa também à área da problemática psicológica, melhor
ainda, passa através dela; é, pois, importante analisá-lo, e não
somente no plano diagnóstico.
Procuremos, então, em primeiro lugar, definir melhor o con-
ceito de crise e as suas componentes fundamentais, para em se-
guida, no próximo capítulo, passar à descrição de alguns modos
subjetivos de viver a própria crise ou a consciência do próprio
problema.

1.1. Proposta de definição


A vida, também aquela de quem se consagra ao Senhor ou
se entrega a um grande ideal, é feita de crises e situações difíceis.
De fato, "a fé nasce no coração de uma crise" 1 ou - como diz Mer-
ton - "a vida se move inexoravelmente em direção à crise e ao
mistério" .2 Afirmação significativa ao estabelecer uma ligação en-
tre crise e mistério, pois nos faz pensar que a própria crise, qual-
quer crise, abre-se para o mistério, tanto na sua origem quanto
no seu desfecho, e certamente não seremos nós, com nossas dis-
tinções e explicações, os que pretendem eliminar o componente
misterioso da crise.

1 A. ToRRESIN, "La fede dei prete: un tema rimosso?", em La Rivista de! clero
italiano 1 (2009), p. 4 7.
2 T. MERTON, Diario, 16 de agosto de 1969.

47
:s , De fato, do ponto de vista etimológico,
significa estado .
3

sório, situ~ção .de vida .ªb~rta a diversas ~ossibilidades. 0 te~ec,.


g não possm, pois, um s1gmficado necessanamente negativo ( lllo
"8 bora na linguagem comum tenha assumido preponderantern etn.
uma acepção de s1tuaçao
• - grave e pengosa,• de1uta e perturbaçã ente
• e poss1ve
confhto , 1dano, de tnºbuIaçao- e de detenoraçao);4
• - reme o, de
no mínimo, a uma possibilidade de crescimento da pessoa rn~.
também ao seu oposto; pode ser graça ou fragilidade. Tudo d~e:
de da atitude interior assumida pela pessoa diante da sua crise.
Em geral, crise significa consciência sefrida de uma não cor-
respondência entre eu ideal e eu atual que pede uma opção ou
uma conversão acerca de um ponto bem determinado da perso-
nalidade, para um novo equilfbrio de relações entre ideal e con-
duta de vida, e uma nova definição do eu. 5

1.2. Componentes especificas


A partir dessa definição, os elementos fundamentais da ideia
de crise parecem ser pelo menos quatro:
- a consciência subjetiva, entendida e inclusive sefrida,
- de um objetivo e exato contraste entre eu ideal e eu atual,
a ponto de provocar
- uma decisão de mudar e converter-se acerca de um aspec-
to bem determinado do próprio modo de ser (e viver),
- para uma mais coerente vida de fé e de seguimento.6
3 "Crise" deriva do grego krisis, que, por sua vez, deriva do verbo de ação
krino = eu distingo, ou julgo, ou discrimino, oú separo, ou decido. Segundo outra
perspectiva, "a palavra 'crise' deriva de um termo médico do século XVI quedes-
creve o ponto no decorrer de uma doença no qual acontece um importante desen-
volvimento decisivo para a recuperação ou para a morte" (D. ORSUTO, entrevista
publicada em Zenit, 16 de abril de 2008). ~
4
Cf. F. DEcAMINADA, "Crisi della vocazione", em Dizionan'o di pastora/e voca-
zionale, Roma, 2002, p. 346.
5
De um ponto de vista psicológico, assim u. Galimberti define a crise: "Mo-
mento da vida caracterizado pela ruptura do equilíbrio precedentemente adquirido
e pela necessidade de transformar os esquemas habituais de comportamento que
se revelam não mais adequados para enfrentar a presente situação" (U. GALIMBER·
n, "Crisi", em lo., Dizionario di psicologia, Turim, 1992, p. 246).
6
Segundo Galimberti, são estas as características mais importantes do estado
de crise: "1) um estado de máxima abertura à mudança, para uma solução po-
48
vale a pena retomar esses pontos, também porque a análise
do significado do conceito nos permite entrever ou intuir desde
agora pelo menos alguns modos de enfrentar as próprias crises. i
..e:
a) consciência sefrida <
o estado e o tipo de consciência com os quais a pessoa vive
a sua crise representam o elemento específico do conceito de crise.
É importante sublinhá-lo. E não como simples cognição ou enca-
minhamento qualquer, mas como consciência de certa intensida-
de, melhor ainda, inclusive sofrida.
Porém, tal consciência não é um fato automático e dado por
descontado, isto é, a crise qua ta/is não está associada à gra-
vidade objetiva da situação problemática, nem é logo percebida
como "crítica" pela pessoa, se é verdade que muitas delas - como
acenamos - têm grandes problemas mas não se sentem de modo
algum em crise. Doutra parte, para viver a dificuldade como cri-
se, é indispensável a sua consciência coerente por parte da pes-
soa. E, portanto, é também a primeira atenção num itinerário de
acompanhamento da crise, como veremos. Independentemente
do conteúdo da crise, seja ela determinada por problemas evolu-
tivos ou por inconsistências diversas, seja algo manifesto (como
uma dependência do álcool ou um problema de relacionamento)
ou oculto (como um problema afetivo-sexual ou uma incerteza
vocacional), a primeira ajuda a ser dada vai na direção da cons-
ciência de si e do próprio problema. Ou na direção da verdade de
si, que é a primeira caridade que se pode e se deve fazer a alguém.
Caso contrário, a pessoa dá voltas em torno de si própria, perde
precioso tempo, e a crise piora, exatamente porque não foi iden-
tificada em sua raiz.
Dissemos consciência "sofrida". Por que sofrida e em que
sentido? A resposta nos é dada pelo segundo e terceiro compo-
nentes.

sitiva; 2) uma duração limitada; 3) uma mudança tanto em nível afetivo quanto
~ognitivo; 4) uma nova proposta se não é resolvida ou se encontra uma solução
inadequada" (GALIMBERTI, "Crisi", p. 247).
49
l e eu ideal
:§ b) Distância entre eu atua lugar porque o indiVíd
e::
A consciência é sofrida em primei ro
8
da dentro d~ um c~ntraste e:ztre Clf/la~;
j perc~be um~ dissonân si,
sofhmento in
e e e aquilo que gostaria e devena ser. E e um
qu fr~mento quando faI:
pode evitar o so
vitável: o ser humano não r so fru ne~to, despreZá-Jo
rá te nt ar ne ga ta l
aos seus ideais; pode nã o ter sentimentos de CUJ-
-lo , ga ba nd o- se de
inclusive, e reduzi ag ir.•• Porém, a longo prazo,
al iz ar -ju sti fic ar o se u
pa, ou de racion te esse contragolpe negativ
o
rá ap ag ar co m pl et am en
não conseg ui
no se r humano que de algum
am en te tu ra l
que, repetimos, é plen
na
us , qu ai sq ue r qu e sejam. Esse contragolpe
modo falta aos se ide ais
tra nhos, que são inclusive os
em fo rm as e m od os es
se manifestará ov id a, po r exemplo, o nervo-
da en er gi a re m
habituais subterfúgios ia pa ra com os outros e irri-
im pa ciê nc
sismo, o estado de ag ita çã o,
o. To da vi a, um a co isa é ce rta: até que utilize todos
tação, depressã o es tá crise, faz tudo para
de fe sa , ele nã em
esses mecanismos de bé m ocultar-se dos outros, ilu
-
s co ns eg ui nd o ta m
evitá-la, às veze "zombando de si mesmo" (ou
m es m o, o é, lit er al m en te
dindo a si ist
dá um pa sso adiante na vida.
m ef eit o, nu nc a
dando voltas) ... Co pr of undo, o sofrimento de ·que
id ad e, nu m ní ve l m ai s
Na real e nu ma crise procede do
m po ne nt e im po rta nt
falamos e que é co de vi da. Não é fruto da conde-
amor, da paixã o pe lo pr óp rio id ea l
do au to de sp re zo dó tipo perfeccionis-
nação de si mesmo, ou su til
frá gi l e im pe rfe ito , ne m é obediência mais ou
ta que se cons ide ra
a, ao ntido do dever como
po siç ão in te rn se
menos cega a _uma im eq uê nc ia de uma re1açao - que está'
ca teg ór ico , m as co ns
imperativo .
en do e va i se af irm an do sempre mais na v1.da da pessoa,,
nasc· · ·d de um cristão ou de
muito m ai s na VI a um consagrado que e
der ao am or, e ao amor de uma Pes-
chamado por amor a respon .
ata, pe1a qu al se se nt e am ado ta b , an do o custa e
soa ex tro s t : m em qu iss
exige renúncia de ou an
•. P~ ~s '. na qu el a re lação e naquela
or : os
Pessoa, como veremos ag 1
;"1 du o de scobre sempre mais
ob re aq ui lo •a º m
a si mesmo e desc
É importante ' pois , co n uz1r a pes
d ~ue e chamado.
de pa rti da so a a esse sofrimento sa-
dio, como ponto ra en fre nt ar ad equadamente a pró-
pria situação críti ca . pa

50
1
Nem se deve pensar que o indivíduo deve chegar a quem
sabe qual transgressão para perceber em si esse tipo de sofri-
mento. Quem tem um ideal na vida e em tal ideal descobre ao
mesmo tempo um chamado que vem do alto e de um Outro, e a ]
<
revelação do seu verdadeiro eu, ou daquele.que é chamado a ser,
será também muito vigilante em captar tudo aquilo que ainda o
mantém longe do ideal que deseja realizar, será muito sensível às
provocações que recebe de fora, da história, do ambiente cultural,
dos outros ... Terá um baixo limiar perceptivo para deixar-se exa-
tamente "pôr-se em crise", diferentemente do tipo grosseiro que
está perdendo a paixão pelo seu ideal, e que sequ~r um tanque
de guerra poderá movê-lo da sua inércia e insensibilidade, que o
abrigam de qualquer crise.
Assim entendida, a crise é_ componente normal e positivo no
processo de formação permanen~e (ou a(é da ideia de identidade),
como dois elementos estreitamente interligados. Por um lado, é
justamente a consciência da diferença, dentro de si, entre ideal e
realidade que torna a vida itinerário permanente d~ formação; ao
passo que, por outro lado, somente quem leva a sério tal itinerário
(e a formação permane11:te) é que poderá p~rceber o próprio des-
carte e fazer opções consequentes.
Outra especificação em relação à "consciência sofrida". É
óbvio que o sofrimento, enquanto componente normal de uma
crise, pode ser motivado também por fatores externos à pessoa
(como o luto por um ente querido) ou· não associados a uma
responsabilidade (por exemplo, uma doença) ou até de nature-
za transcendente (como a ausência de Deus na noite da alma):
nesses casos,·não há transgressão alguma ou fraqueza na ori-
gem da eventual crise, mas poderia ser sempre um sofrimento
salutar, que conduz a pessoa ao confronto com o seu eu ide-
al, à fidelidade a ele em todos os casos, à descoberta de um
modo novo e inédito, talvez, de realizá-lo também em situações
objetivamente duras, como um luto ou uma enfermidade ou a
sensação da ausência do Eterno e, portanto, também uma nova
consciência dele e de seu mistério, no qual se oculta também o
mistério do próprio eu.
51
\
·a e) Decisão de mudar
·g
Outro e1emento absolutamente qualifi•cador de uma cri·s
'g a decisão de mudar. Isso decorre ou devena decorrer esp e é
ontane.
"a d ·" •a
amente a consc1enc1 sofri'da do contraste• entre o eu atual e
ideal. Por isso, o sofrimento é precioso, _P 01s se tor_na O eu
autêntico
impulso para mudar e para dar virada na vida, sobretudo
quando o sofrimento nasce da paixao ou do amor. De fato
, então
o sofrimento é rico de energia, mais forte que as resistê
ncias, as
inércias, os mecanismos de defesa, que, ao invés de
defender.
nos, nos enganam, e assim consegue solicitar a decisão
, . , em vista
de uma conversão verdadeira e propna.
Porém, é tudo, menos algo pacífico. Em quantos cas
os a pes-
soa vê corretamente o seu problema, mas nunca se
decide passar
à ação, à mudança! Falta justamente a motiva
ção, aquele sofri-
mento especial que nasce do amor. 7 Se não há tal
sofrimento (e
o amor que o motiva), a pessoa simplesmente não
vê por que
mudar. E será terrivelmente dificil provocá-la a partir
de fora, não
obstante Sua Excelência ou o psicólogo ou qualquer
outro tentem
de todas as formas estimular a pessoa.
Por outro lado, tal motivação sofrida não cai do céu
, mas é
fruto .de uma exata caminhada ou de uma dispon
ibilidade pro-
gressivamente crescida, no plano espiritual e psicoló
_ • o.
gic
Motivação espiritual
Em termos mais técnicos, queremos diz
associada ao tipo de relação existente ent er que . _ ,
, d' a dec1sao está
a, . ista,.nci.a exis
.
tent e entre eles. Essa d .re eu atu al e eu id 1
.
ottma, nem muita nem muito pouca eve na ser uma d' ea. . ou •
fi . zstanaa
um contato real com algo, melhor ain'da su ciente par
O
.
nasce o relacionamento importante e alta , com Algu' a que haja
em com o qual
partu. de uma 1ntu . .- me
içao: naquela pessoa, oculta nte 81·gn·fi
velada a minha verdade, o meu eu ideal. Tud -se O , cativo, a
I
meu eu, está
é inevitável que pouco a pouco se torne tam~é~arte
daqui. Então
uma relação de
7 Se a moti
vação é o impulso à ação, o mod
motivados é aquele impulso que vem do amor. o mal8
natural e eficaz
de sermos
52
amor. Para aquele Alguém que se situa no centro da vida, que
por isso é parte da própria existência e ao qual a pessoa pertence, cu
um Tu no qual se descobre o próprio Eu, é impossível com tal
realidade não desenvolver uma relação afetiva, no sentido mais ..8
verdadeiro do termo. <
Trata-se de um Alguém não domesticável pela pessoa, mas
igualmente atraente; agradável, mas também infinitamente exi-
gente; convincente, mas também projetado e projetador no mis-
tén·o. Em síntese, há uma distância que separa inevitavelmen-
te desse ideal, mas uma distância exata, que obedece a critérios
exatos. É, e deve ser, uma distância que consente à pessoa per-
ceber a verdade do ideal, ou pelo menos algum fragmento dela,
sentindo-o verdadeiro e não só em si mesmo, mas também para a
própria pessoa; portanto, também belo e fascinante como nenhum
outro, mas ao mesmo tempo ouvir dele também reprovações e
chamadas de atenção, exigências e pretensões acerca do coração
e do agir humano, algo (Alguém) que te complica a vida e te
pede o máximo, te faz sentir a dor de uma eventual incoerência,
mas também a vontade de retomar a caminhada, algo (Alguém)
que não podes mais perder, pois somente aí há a tua identidade
e verdade. No fundo, é a experiência de Pedro, quando não com-
preende o raciocínio de Jesus sobre o pão da vida, mas intui que
somente aquele homem possui as palavras da vida, e que viver
sem ele para ele já não seria mais vida (cf. Jo 6,68).
Então, quando todo o psiquismo (coração-mente-vontade,
sentidos exrernos e internos, mãos e pés, sensibilidade e impul-
sividade... ) está voltado para o objetivo central e em contato com
ele, cresce também a disponibilidade para questionar-se. Ou seja,
o indivíduo está finalmente motivado a mudar. Por uma motiva-
ção que no fundo vem do amor, de uma relação amorosa com o
próprio ideal ou com aquela Pessoa na qual o consagrado desco-
bre sempre mais não um ideal genérico, igual para todos, mas a
revelação absolutamente pessoal do mistério do seu eu, do seu
eu ideal. Como é inevitável que se desencadeie o amor com essa
Pessoa, assim é inevitável a consciência da distância que separa
dele.
53
·-
e::
·- Motivação psicológica
u
o pa ra chegar ao
e::
- Ma s ex ist e tam bé m ou tro ca mi nh
inho que deve;e1s1t1o
<U
u o cam
o resultad o. É de tipo ma is de du tiv o. É
<U
, co ns tataça- o d e qu e está Vi~ªen..
"'C$
tam en te co nd uz ir a pe sso a a endo
. tando, embora· iaç
<U
e e.
a de tudo p
< mal, de qu e nã o es tá se dele1
uela gratificação afetiva ara
convencer-se do contrário, de que aq
a forma im pu lsiva qu e se co ncede não lhe proporcio~u
de algum
deira alegria, e se tem a im pre ssão de que lhe proporcion:
verda contradiz, ou
uc o e de po is se
im pre ssã o pa ssa ge ira , qu e du ra po
go sto do lor oso qu e é como 0
sej a, de ixa em se u int eri or aq ue le
o na bo ca. De fat o, de ve rá vo lta r a bu sca r aquela gratifi-
am arg
de pe nd ên cia , qu an do não uma
cação, qu e se tor na rá como um a
ist ên cia esc rav a ou dominada
ob ses são . Ma s qu e vid a é um a ex
po r um a compulsão impulsiva?
co ntr ári o, po r assim dizer,
A sit ua ção nã o mu da ne m no ca so
a cri se de iné rci a, típ ica de qu em nã o se nte ma is o entusias-
de um
pa ssi vo , so fre nd o a existência,
mo de antigamente, e se encontra
ra co nsa gra da , fic and o be m ate nto - é a única· "atividade"
em bo
r pe rtu rba çã o e provocação, ou
su a! - em evitar ou ·zerar qualque
pre oc up ad o som en te com su a sa úd e e su as comodidades,
ac ab ará
pa ra sa ir de si, e sobretudo
se m perceber mais ne nh um estímulo
um a rel açã o qu e se col oq ue no cen tro da su a vida para lhe
sem
podez:á ter a im pre ssã o de estar
de sp ert ar o mistério. Tumbém est e
se u mo do co nte nte , ma s nã o ser á verdade, nã o po de rá se r verda-
a
existência pri va da de relações
de. Porque nã o yo de ser ~d a um a
pa ra a ide nti da de ser ia uma
e de um a relaçao que seJa central do
au. tocentrada, qu e e' a ant eca. . mara
,

ou

tr1 ca
A

exis tên cia ex- cen


qu e nã o se esp elh a nu m tu.
desespero, nem pode ser fehz um eues seg re d o es tá, em tornar
Em ambos os casos exe.mplar , O l
vid en te o au toe ng an o, ou seJa, em pô r a descob erto ag ue e sen-
e - m .
·m en to de frustraçao que assalta a ambos ,. as qu e os dois ten-
tl dos, os modos, afa sta r de s.
tam reprimir de to pen sações ' O sufi cie . I, co nte nta nd o-s e
.
com nte pa d.
m pequena smente: ."Eu sou feliz" rr,..,.I ra ize r a s1 mes-
,
co s obst·1nada • ia vez nã O se1. am ne ces sa-
sta ria
mo · . ações muito espirituais, ba
S mo ~I \áci l _ con du zir a pe sso a a compr~:mbora às ve ze s não
ri~ nd er e a descobrir a
seJa na ª
54 ·
contradição que está tornando profundamente falsa a sua vida e
a sua pessoa, ou a substancial ausência ou a pouca significância
"d
daquela relação central que é a condição de sentido da própria
o
existência, sem a qual a própria pessoa arrisca não só não ter ..e
<
pontos de referência ou de permanecer uma obra inacabada, mas
sobretudo ficar sem amor, o amor verdadeiro, que desvela a ver-
dade do eu. Uma vez mais, a primeira e fundamental intervenção
é a da verdade, no plano do conteúdo. Ao passo que, em nível de
método, o caminho a ser seguido é o da consciência da pessoa a
ser promovida, para que seja ela mesma quem toma a decisão.
o ponto fraco
A outra coisa importante a ser salientada é a necessidade de
definir o caminho formativo, identificando aquele ponto fraco que
torna a pessoa passiva diante da beleza do ideal, pouco atraída
por ele ou atraída de forma diferente.
Até que não se identifique esse ponto fraco ou essa incon-
sistência, a eventual crise é uma situação de bloqueio, sem qual-
quer possibilidade positiva de evolução, simplesmente porque a
pessoa não sabe por onde começar, percebe o mal-estar, mas não
compreende como e o que fazer para sair dele. E não só, mas a
própria crise piora, pois - como bem sabemos - o inconsciente,
quando não é perturbado, tende a tornar-se sempre mais incons-
ciente, complicando assim sempre mais a vida e as relações da
, .
propna pessoa.
E nesse tipo de identificação não podemos certamente ser
genéricos e aproximativos; pelo contrário, quanto mais somos
exatos em captar a área psíquica na qual o indivíduo é menos
livre e mais vulnerável, tanto mais forte será a motivação para
mudar.
Claro, não se pode identificar a descoberta da própria incon-
sistência com a decisão de mudar; portanto, não basta a primeira
para que exista aí a segunda; porém, creio em todo caso poder
dizer que, quando a pessoa é ajudada e provocada a fazer essa
descoberta, as possibilidades de uma decisão correspondente au-
mentam de modo significativo.
55
,
·- No rm a 1me n te , a pe sso a em crise nã o faz iss o sozinha, pelo
.s ,. .
contrario, o estar em crise comporta Ju sta me nte um a especi , .
e de
- .
r~

o escurecunen . to da pa rte de si qu e a de ter mi no u; ne m acontece com



0 tempo ou
po r for ça do ca mi nh o ev olu tiv o no rm a1 da vid •
hº1st'or1•a da vid a_ explica Jaspers - na _ . a-• ''A
o se gu.e o cu rso uniforme do
tempo, mas est rut ura o próprio t~ ~P . .
? qu a1ita tiv am en te, 1m~elin-
do O desenvolvimento da s ex pe rie nc
ias pa ra aq ue la extremidade
que torna a decisão inevitável". 8
Portanto, é preciso ide alm en te ch eg
ar a tor na r inevitável a
decisão de mudar, ou favorecer o for
ça me nto ou o im pu lso ex-
tremo provocado pelos ev en tos (ou
po r De us , pa ra o cristão) à
história da pessoa, a fim de qu e se de
cid a mu da r. Em tal sentido,
a crise é justamente ess e forçamento,
po de ría mo s diz er pro vid en -
cial, como um limite extremo, qu e de ve
ria faz er a pe ss oa compre-
ender que deve absolutamente mudar,
a su a de cis ão é ine vit áv el
não pode deixar de fazer, ex ata me nte
co mo diz Je su s: "S e nã o vo s'
converterdes, perecereis todos" (Lc 13
,3) .
dJ Rumo a uma. no va identidade .

~e alcri~e na~ce da perc~pção


e eu I ea ' a soluça.o da crise ap on tadepaum co ntr as te en tre eu atu al
entre as d~ s est rut ura s-m est ras da ra um no vo . -
ps · h tip o d: rel aç ao
sentido da eliminação do próprio co nt
ra :~ ~ uu ma na . Na o só no
s~do, ao hom~m_velho), ma s da de sco
be rta :ae pe rte nc e. ao pa s-
v1da que a propr1a crise tor no u possíve
l. qu ela no vi da de de
Para compreender be m O sentido d
tornemos aquilo qu es . _
e dis sem os an te • sa no v1 d d .
que denom1. namos ótima r1ormente a a e de Vi da, re-
• _cerca da di·stâ .
Distância constante e dinâmica ncra
Tal distância entre eu atual e eu .d ,
d
,:e, est1na • da
, a permanecer na vid dl ea1euma dis
"
nos somos (= eu atual) nu nc a ah a pe sso a tãn .
" il , , ou se• eia co'4>
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,
aqu o que nos somos chamados a eg ara ,,
1a, aq un ,an-
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este não seria mais um ideal. E, ai :: o qu e
~== eu ideaJ.) r to tal me nt e
. , e um a dis ~' ~s o co nt rã .
8
K. JASPERS, Pszcopatologia generale Ro
' ma, 196 4 p tânc1a di n rio
56 •74 8.
«n ztc r,
t
""',
na qual os dois polos (= os dois eus) se deslocam juntos progres-
sivamente, quando a evolução da maturidade é positiva: quanto
mais avança o eu atual mais caminha o eu ideal. Em outras pala-
vras: se o indivíduo se move com todo o seu ser, com toda a mente, ..e:o
com todo o coração, com todas as forças em direção ao seu ideal, <
inevitavelmente esse último se revela a ele de modo novo, lhe faz
compreender algum aspecto inédito do seu mistério, faz-lhe captar
um fragmento novo da sua verdade (= mente), fazendo-o perce-
ber uma nova atração ou novos motivos de atração (= coração),
mas também pedindo-lhe algo diferente (=vontade), algo a mais e
também mais exigente em relação a antes, ou seja, o eu ideal pare-
cer-lhe-á um tanto novo, como se tivesse dado um passo adiante.
Por esse motivo, a pessoa será provocada a responder sempre por
todo o seu ser, dando também ela um passo adiante. Isso, por
sua vez, colocará a própria pessoa em condições de descobrir uma
nova verdade, perceber nova atração e sentir também um novo
apelo, como um chamado permanente e sempre novo, rumo a um
ideal sempre mais verdadeiro-belo-bom, ou convincente-atraente-
exigente... Em suma, "a dialética entre os dois polos do atual e do
ideal é inesgotável", isto é, '~o Eu como mistério é sempre o mes-
mo Eu, mas sempre mais amplamente explicitado e traduzido" .9
Assim, a vida se torna um processo de crescimento de fato
contínuo e inacabável, ou de formação permanente verdadeira e
própria, do coração, da mente e da vontade, para uma mudança e
um progresso cognitivo e afetivo e operacional, isto é, total, que
não pode ser senão "crítico" e, ao mesmo tempo, expressão de
fidelidade autêntica.
A verdadeira fidelidade
Em tal sentido,
a fidelidade é feita para ser continuamente inventada e não con-
servada: não permanecemos fiéis, nós nos tornamos mediante

EU.A, Resistere o andarsene? Teologia e psicologia difronte allaJedeltà


vita, Bolonha, 2009, p. 84. As reflexões dessa autora são muito
ntes.
57
um contínuo compromisso com o qual o_Eu apro~ma sempre
mais da própria identidade, mediante na~ so ~~ovaço_es lineares
e congruentes, mas também saltos e cnses. Se nao existem
novidades e não há crises, significa o depauperamento, não a
coerência do Eu. 11

Em outras palavras, a autêntica fidelidade é dinâmica e cria-


tiva, não aquela que procura simplesmente conservar as posições
de partida, pois "o homem fiel assume as m~da:1ças ao longo das
quais permanece ele mesmo através da mediaça~ dessas mudan-
ças. A identidade do ser vivente comporta crescimento e modifi-
12
cação. A semente é fiel a si mesma tornando-se planta", ou seja,
a pessoa deveria poder dizer: "Mudo ou me converto para ser fiel,
porque mo pede aquele valor no qual reconheço a minha identi-
dade". Mais ainda, poderemos até especificar que quanto mais
o sentido de identidade é positivo, ou fundado sobre algo que
garante uma percepção de si substancial e estavelmente positiva
(como seria, para o cristão, a sua o~igem divina e a própria vo-
cação ou, numa expressão, o seu reconhecer-se em Cristo), tanto
mais a pessoa é livre de mudar justamente para ser sempre mais
fiel àquele projeto dos inícios, que permanece aquilo que é (ainda
que sempre mais descoberto) e, ao mesmo tempo, provoca a mu-
dança e concede a força de atuá-la.
, .
E interessante ver como a fidelidade está envolvida na iden-·
tidade, a ponto de que aquilo que se diz dessa última deixa en-
trever também as características da fidelidade. De fato, como no
conceito de identidade se compõem juntos elementos constituti-
vo~ e~tá.ticos.e dinâmicos, ou há algo que permanece (a fonte da
propna 1dent1dade e o tipo de relação entre eu atual e eu ideal),
assim é para a ideia de fidelidade, que por natureza sua implica
um ~onto de referência estável e permanente no tempo, e um
movimento de atração para ele que desemboca em descobertas

1
º Cf. 1. DE SANoRE, "Scelta a 'responsabilità limitata"', em Servitium 40 (2006),
p. 33.
11
Resistere o andarsene?, p. 30.
CoRBELLA,
12 G. SoVERNIGO, "La fatica della fedeltà", emPresbyteri 30 (1996) 7, p. 496.

58
-
progressivas e sempre mais envolventes e exigentes. 13 Sobretudo
se se reflete, como ainda sublinha Sovernigo, que
'"O

no rigor dos termos, não se deve ser fiéis a atos ou a ideias ou ,.e:o
a virtudes ou a uma causa, mas somente e sempre a pessoas. <
A promessa define uma responsabilidade que revestimos em
relação ao outro. O homem se liga de modo válido somente com
pessoas, com Deus e com os outros. Portanto, o problema da
fidelidade na educação é mal colocado se fizermos dela objeto
de um projeto frio e sem rosto. Pelo contrário, ela é um modo de
viver a relação. Ela tem sempre a imagem viva de alguém cujo
olhar e coração convidam a responder. 14

Sobretudo se esse alguém é Deus.. .


Aquele diálogo submisso e discreto....
Pois bem, a crise não poderia de modo algum nascer no mo-
mento da resposta ao convite constante do Eterno ou não poderia
ser justamente componente normal ou instrumento indispensá-
vel e inevitável desse diálogo misterioso e ininterrupto entre eu
atual e eu ideal? Diálogo submisso e discreto, e também decisivo
e "crítico", ai se não houvesse. É óbvio que quando o eu ideal faz
as suas propostas ou se revela de modo novo à pessoa, tudo isso
não é indolor; se é algo novo, significa uma nova aventura, uma
nova pretensão, algo mais exigente em relação ao hábito de vida,
aquele ao qual todos nós nos adaptamos com facilidade, e ao qual
nos é dificil renunciar, mas é o preço do crescimento.
E é também a função da crise: criar uma nova relação entre
eu atual e eu ideal, deslocar para frente o baricentro da pessoa,
fazer da vida um contínuo dinamismo evolutivo,_ impedir aqueles
hábitos estagnantes que tão frequentemente seduzem também o
consagrado e esvaziam também a vida espiritual do cristão, des-

13
"O ter captado a noção de identidade, seja como processo dinâmico, seja
como propriedade estável da personalidade, permite reler também a fidelidade não
mais como valor intrínseco ao qual conformar-se, mas como modalidade neces-
sária para a plena realização do Eu, implicando ao mesmo tempo continuidade e
criatividade" (CoRBELLA, Resistere o andarsene?, p. 87).
CoRBELLA, Resistere o andarsene?, p. 498.
14

59
as qu e n o s le va m a considerar insu.
olatri
cob~ir ~quelas sutis id cançados, a contentar-nos com o níveJ
•.-e

-g s já al
pera~e.1s os equilíbrio de se m pr e, e qu e pretenderiam im..
adquindo, a repetir as
coisas
co ns ta nt e e sempre inédita
J pedir o próprio Deus
novidade do seu mis
de re ve la
tério (o Deu
r- se
s
n
de
a
on te m n ão é a ~ so o ídolo
poderiamos dizer
sã o um ta nt o fo rte,
expres
de hoje?). Com uma la se n si b ilid ad e interior que salva
ativa aque
que a crise favorece e ta çã o, ví ru s m al éf i~o e mortal que,
da adap
a pessoa da maldição le s pr oc es so s de dominação que blo..
do-a da sua beleza e
s aq ue
por sua vez, cria todo cre, p riv an
rnam ed ío
queiam a pessoa, a to
m
. .
rn am en te
quase matando-a inte: é justamente esse o sentido das crises
te es-
Creio firmemen ca da tip o de cr ise há sempre esse
idade, em
pirituais. Mas, na real e. E, rtan to , des se pontp de vista,
iant po
incitamento para ir ad ia de is e é ve rd ad eiramente mau
a ausênc cr
poderíamos dizer que oa es tá m or re nd o; de fato, não sente
ea pe ss
sinal: significaria qu om pe u- se aq ue le diálogo decisivo
m, ou inte rr
mais estímulo algu
entre eu atual e eu idea isso e discreto não é somente coisa hu-
l.
Aquele diálogo subm dor psicológico da
ação de
m o m ed ia
mana e psicológica; é
ta m bé
rceptível, como a br
isa
z su av e e ap en as pe
Deus em nós, a sua vo que desde sempre adeja
suave de ~li~s, o su
ssurro de seu Esp íritc ;,
cada criatura...
va s toda s as co is as e
sobre a cnaçao e faz no

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