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CONTROVÉRSIA ENTRE O BEM E O MAL

O Espetáculo Paralelo
de Satanás
Primeira Parte
Hélio Luiz Grellmann — Estudante de Medicina;
membro da Igreja Adventista de Campo de Fora, São
Paulo, SP.

Parece que o mecanismo similar de atuação satânica tem sido "roubar o brilho
do espetáculo de Deus", ou seja, tentar desviar a atenção de marcantes
atuações divinas, por intermédio de estratagemas e "espetáculos paralelos",
concorrentes com a ação divina.

Introdução ferentes pontos do globo — a t i n - de s a t â n i c a , poderosa e avassala-


g i u a c u l m i n â n c i a , d é c a d a s mais dora, s e r ã o devidamente funda-

C ontrafazer a obra de Deus t e m


sido a p r i n c i p a l o c u p a ç ã o de
S a t a n á s . D i f i c i l m e n t e poderemos
tarde, no m o v i m e n t o adventista,
cuja a t e n ç ã o c e n t r a l se v o l t o u pa-
ra o ano de 1844. Como adventis-
mentadas em chegando o momen-
to oportuno.
Há alguns meses conversava eu
imaginar u m a b ê n ç ã o d i v i n a que tas do s é t i m o dia, conhecemos so- com um r e s p e i t á v e l m é d i c o e pro-
n ã o tenha sido desvirtuada pelo bejamente os fatos relacionados fessor de S ã o Paulo. H o m e m pro-
inimigo, que f r e q ü e n t e m e n t e a c o m a intensa expectativa gerada fundamente c u l t o e pensante, é
converte em m a l d i ç ã o . Se isto é pela p r e g a ç ã o milerita, com o gran- t a m b é m u m c a t ó l i c o r o m a n o fer-
verdade no que tange aos aspectos de desapontamento, c o m o redes- voroso. Nossa palestra envolvia
r o t i n e i r o s da e x i s t ê n c i a humana, c o b r i m e n t o de fundamentais ver- aspectos e s p i r i t u a i s e o contexto
no dia-a-dia do h u m a n o viver, p o r dades b í b l i c a s que se h a v i a m em- era a atual s i t u a ç ã o filosófica, po-
certo pode ser igualmente v e r i f i - panado na b r u m a dos s é c u l o s , e l í t i c a e religiosa do m u n d o . A cer-
cado a p a r t i r de u m a perspectiva com o definido momento profé- ta a l t u r a , o professor r e s u m i u
mais ampla, isto é, q u a n d o se fo- tico em que se assentaram as ba- suas i m p r e s s õ e s sobre a tremenda
caliza a H i s t ó r i a como um todo, ou ses da Igreja à q u a l pertencemos. f o r ç a de dois elementos da t r í a d e
determinados p e r í o d o s dos even- N ã o é destes temas, pois, que nos à q u a l me r e f i r o . Disse-me ele:
tos religiosos, f i l o s ó f i c o s , sociais ocuparemos. Convidamos o l e i t o r " H o j e existem no m u n d o apenas
e e c o n ô m i c o s da h u m a n i d a d e . Pa- a examinar, em pinceladas gerais, duas grandes correntes filosófi-
rece que um mecanismo s i m i l a r de alguns aspectos do " e s p e t á c u l o pa- cas: o c o m u n i s m o e o e s p i r i t i s m o ;
a t u a ç ã o s a t â n i c a tem sido "roubar r a l e l o " d e S a t a n á s , m o n t a d o pra- u m a no campo s ó c i o - p o l í t i c o , ou-
o brilho do e s p e t á c u l o de Deus", ou ticamente n a mesma o c a s i ã o e m t r a n o c a m p o r e l i g i o s o . " N ã o pu-
seja, tentar desviar a a t e n ç ã o de que o m u n d o teve sua a t e n ç ã o d i - de concordar com o "apenas", pois
marcantes a t u a ç õ e s d i v i n a s , p o r r i g i d a para o d i v i n o e s p e t á c u l o re- o t r i p é se c o m p l e t a c o m u m a ter-
i n t e r m é d i o de estratagemas e "es- lacionado c o m o a l t o c l a m o r e o ceira c o r r e n t e f i l o s ó f i c a — embo-
p e t á c u l o s paralelos", c o n c o r r e n - surgimento da última Igreja rema- ra ela tenha a p r e t e n s ã o de ser pu-
tes com a a ç ã o divina. nescente. Dizemos última p o r q u e ramente c i e n t í f i c a . Talvez o m e u
o povo de Deus em todas as é p o - a m i g o e professor n ã o tenha per-
O s é c u l o passado t e s t e m u n h o u
cas c o n s t i t u i u um remanescente. cebido a e x i s t ê n c i a desta — a teo-
portentosos eventos t r a z i d o s ao
palco da h i s t ó r i a p o r o b r a e dire- O " e s p e t á c u l o p a r a l e l o " que te- ria evolucionista fundamentada
ç ã o de Deus. O grande desperta- nho em mente nesse m o m e n t o , é s o b r e t u d o nos estudos de D a r w i n
mento religioso que se v e r i f i c o u representado p o r u m a t r í a d e filo- — porque, provavelmente, ele p r ó -
na t r a n s i ç ã o entre os s é c u l o s de- s ó f i c o - p o l í t i c o - r e l i g i o s a , em que p r i o já a tenha i n c o r p o r a d o ao seu
zoito e dezenove — e do q u a l as aspectos c i e n t í f i c o s e s ó c i o - e c o n ô - p e n s a m e n t o c i e n t í f i c o pessoal,
e v i d ê n c i a s mais p a l p á v e i s se fize- micos se e n c o n t r a m i g u a l m e n t e n ã o mais conseguindo v i s l u m b r a r
ram notar a t r a v é s d a c r i a ç ã o d e envolvidos. As r a z õ e s que me le- a c i ê n c i a sem o fundamento da re-
v á r i a s sociedades b í b l i c a s e m d i - vam a identificá-la como uma tría- ferida teoria.
Eis a í , p o r t a n t o , o t r i p é do "es- o p o s i ç ã o à f o r m a como Deus vê os
p e t á c u l o p a r a l e l o " de S a t a n á s : co- homens, o m u n d o e seu futuro.
m u n i s m o marxista, evolucionismo I n ú m e r o s s ã o esses aspectos, pe-
d a r w i n i a n o e e s p i r i t i s m o moder- lo q u a l focalizaremos apenas os
no. Para que o l e i t o r perceba q u ã o principais:
i n t e g r a l m e n t e esse t r i p é i d e o l ó g i - A completa exclusão 1. Em p r i m e i r o lugar, devemos
co pretende c u m p r i r o papel de
" r o u b a r o b r i l h o do e s p e t á c u l o de de Deus decorre, deixar d i f i n i t i v a m e n t e claro que o
m a t e r i a l i s m o d i a l é t i c o — expres-
Deus" — o s u r g i m e n t o de Sua úl- principalmente, do so em t e r m o s p r á t i c o s pelos regi-
t i m a Igreja e a p r e p a r a ç ã o final do
m u n d o para a segunda v i n d a de
sistema doutrinal em mes p o l í t i c o s comunistas em seus
Jesus — basta o b s e r v a r o m o m e n - que a matéria ocupa v á r i o s matizes — é consciente e
to em que e n t r a r a m em cena estas declaradamente ateu. Basta co-
poderosas a r m a s do i n i m i g o :
lugar absoluto. lhermos a e x p r e s s ã o de alguns dos
a) O Manifesto Comunista f o i re-
A própria consciência seus representantes para d i r i m i r
qualquer d ú v i d a . Engels, i n s e p a r á -
d i g i d o por K a r l M a r x e F r i e d r i c h é vista como apenas vel c o m p a n h e i r o de M a r x , expres-
Engels em j a n e i r o de 1848, tendo mais um dos produtos sou-se em t e r m o s i n e q u í v o c o s :
sido p u b l i c a d o pela p r i m e i r a vez
em fevereiro do mesmo ano. Sua 1 da matéria. " H o j e , p o r é m , nossa imagem con-
ceptual do U n i v e r s o em sua evolu-
p r i m e i r a a p l i c a ç ã o p r á t i c a , em lar- ç ã o n ã o consente, absolutamente,
ga escala, o c o r r e u na R e v o l u ç ã o lugar nem p a r a u m c r i a d o r nem
B o l c h e v i s t a russa, cujo á p i c e da- para um governante." 3
Fred
ta do ano 1917. nas de outros. N a t u r a l m e n t e , ao Oelssner, t e ó r i c o c o m u n i s t a ale-
b) O m o d e r n o e s p i r i t i s m o sur- longo das d é c a d a s m u i t o s autores m ã o o r i e n t a l , a f i r m a : "De fato, o
g i u mediante u m a s é r i e de estra- e l í d e r e s p o l í t i c o s interpretaram à m a t e r i a l i s m o d i a l é t i c o é inconci-
nhas pancadas na casa da f a m í l i a sua p r ó p r i a m o d a os ensinamen- liável c o m qualquer e s p é c i e de su-
Fox, residente em H y d e s v i l l e , Es- tos o r i g i n a i s , de t a l m o d o que os p e r s t i ç ã o , c o m qualquer Ser supe-
tado d e N o v a I o r q u e , t a m b é m n o matizes da d i a l é t i c a m a t e r i a l i s t a 4
r i o r . " L e n i n ia ao ponto de pre-
ano de 1848. 2
v a r i a m amplamente — desde o r ó - gar o ó d i o c o n t r a Deus. Em carta
c) Cerca de dez anos mais tarde, seo socialismo de alguns p a í s e s a um de seus colaboradores, assim
em 1858, Charles D a r w i n oferecia europeus ocidentais, passando pe- se expressou: "Pensar em Deus é
ao m u n d o sua p o l ê m i c a o b r a - p r i - las tonalidades mais f i r m e s dos u m a i g n o b i l i d a d e i n d i z í v e l . " Posi-
ma, Origens das Espécies, conside- governos comunistas de algumas cionando-se q u a n t o ao materialis-
rada c o m r a z ã o c o m o a base do das maiores n a ç õ e s d a T e r r a , a t é mo d i a l é t i c o , disse ele que este de-
evolucionismo " c i e n t í f i c o " . o v e r m e l h o escarlata do mais des- ve ser " i n c o n d i c i o n a l m e n t e ateu",
Poderia a l g u é m entender que tu- bragado a n a r q u i s m o p r o p u g n a d o "que combata da maneira mais re-
do isso houvesse s u r g i d o no c e n á - pela e x t r e m a esquerda. soluta toda e q u a l q u e r r e l i g i ã o . " 5

r i o das i d é i a s e p r á t i c a s da huma- N ã o é nosso p r o p ó s i t o sequer Para Jakob H o m m e s , "a i d é i a de


nidade, quase que simultaneamen- i n i c i a r , nesse a r t i g o , a tarefa de Deus é o c o n t r á r i o da auto-sufi-
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te, p o r m e r o acaso? avaliar o materialismo d i a l é t i c o c i ê n c i a do h o m e m " , c o m o que
Nas p á g i n a s seguintes, procura- sob a f o r m a de ideologia aplicada certamente podemos concordar.
remos i d e n t i f i c a r de que m o d o o à p o l í t i c a . Tampouco deve ficar na Efetivamente, o materialismo filo-
cerne de cada um desses t r ê s g r u - mente do l e i t o r a i m p r e s s ã o de s ó f i c o ateu nasceu do o r g u l h o de
pos de i d é i a s i n t e r f e r e — ou pre- que, ao nos r e f e r i r m o s a u m a de- n ã o querer reconhecer a Deus.
tende i n t e r f e r i r — nos p r o p ó s i t o s f i n i d a ideologia — que hoje rege os
s a l v í f i c o s de Deus. A l m e j o que a destinos de quase metade da popu- A completa e x c l u s ã o de Deus de-
nossa p o s i ç ã o , c o m o povo rema- l a ç ã o da T e r r a — como sendo u m a corre, p r i n c i p a l m e n t e , do sistema
nescente de Deus, possa tornar-se b e m elaborada a r t i m a n h a de Sata- d o u t r i n a l em que a m a t é r i a ocupa
mais c l a r a e d e f i n i d a face a estes n á s , signifique isso que o u t r a s lugar absoluto (daí dizermos que
poderosos embustes s a t â n i c o s . ideologias ou sistemas p o l í t i c o s — este conjunto de i d é i a s é "materia-
como, por exemplo, o capitalismo, lista") A p r ó p r i a c o n s c i ê n c i a — ou
I - Comunismo Materialista que h i s t o r i c a m e n t e se o p õ e ao co- seja, a q u i l o que de e s p i r i t u a l exis-
m u n i s m o — possam ser conside- te no h o m e m , como os seus pensa-
Difícil é, sob todos os aspectos, radas como estando sob a b ê n ç ã o mentos e sentimentos — é vista co-
escrever sobre u m a ideologia t ã o d i v i n a em sua f o r m a de c o n d u z i r mo apenas mais um dos produtos
a m p l a e, ao m e s m o tempo, diver- as r e l a ç õ e s entre os seres huma- da m a t é r i a .
sificada, q u a n t o o m a t e r i a l i s m o nos. De m o d o n e n h u m . Q u e i r a Penso que a t ã o - s ó e x p r e s s ã o da-
d i a l é t i c o que encontra — ainda ho- Deus que em o u t r a o p o r t u n i d a d e q u i l o que os materialistas-comu-
je — a sua e x p r e s s ã o m á x i m a no possamos analisar mais detida- nistas pensam a respeito de Deus
pensamento de K a r l M a r x e Frie- mente a q u e s t ã o das ideologias po- e da r e l i g i ã o , deveria ser mais que
d r i c h Engels. Posteriormente, as l í t i c a s e a p o s i ç ã o do c r i s t ã o fren- s u f i c i e n t e p a r a esclarecer-nos
i d é i a s desses autores f o r a m siste- te a elas. Hoje, interessa-nos v e r quanto à i m p o s s i b i l i d a d e de con-
matizadas e aplicadas, em termos p a r t i c u l a r m e n t e alguns aspectos c i l i a ç ã o entre a nossa p o s i ç ã o co-
- p r á t i c o s , p o r L e n i n , S t a l i n e deze- do m a t e r i a l i s m o d i a l é t i c o em sua mo c r i s t ã o s e os postulados desta
filosofia p o l í t i c a . H á mais, p o r é m , r e c o r d a r as palavras da i n s p i r a -
conforme veremos em breve. ç ã o : "Se a l g u é m vos prega evange-
É bem verdade que, p o r r a z õ e s Mais amplo ainda se l h o que vá a l é m daquele que rece-
e s t r a t é g i c a s , e m é p o c a s mais re- bestes, seja a n á t e m a . " 1 2

centes u m b o m n ú m e r o d e escri- torna o espetáculo H á mais, p o r é m .


tores marxistas t ê m recomendado quando setores 2. A r e j e i ç ã o da p r ó p r i a idéia de
menor ê n f a s e n a p r e g a ç ã o a t e í s t a
e anti-religiosa. O p r ó p r i o M a r x ,
"progressistas" da Deus e a a c e i t a ç ã o da eternidade
d a m a t é r i a desembocam esponta-
em seus dias, já d e s c o b r i r a que cristandade se unem neamente n u m u n i v e r s o n ã o - c r i a -
por vezes é b o m ter os " c r i s t ã o s " ao marxismo e passam do p o r um ser superior; em outros
como aliados. Referindo-se aos t e r m o s , um u n i v e r s o em que as
companheiros que h a v i a m l a n ç a - a compartilhar de seus coisas simplesmente aconteceram
do e n é r g i c a campanha em favor métodos, p o r e v o l u ç ã o . O l e i t o r certamente
do a t e í s m o , M a r x escreveu poste-
riormente: "Pedi-lhes que criticas-
desenvolvendo até p e r c e b e r á que o s dois p r i m e i r o s
componentes da t r í a d e s a t â n i c a —
sem a r e l i g i ã o c r i t i c a n d o de prefe- mesmo um novo c o m u n i s m o m a t e r i a l i s t a e evolu-
r ê n c i a as c o n d i ç õ e s p o l í t i c a s , e
n ã o ao c o n t r á r i o , pois a r e l i g i ã o ,
"evangelho", o cionismo biológico e geológico —
evangelho social. a n d a m de m ã o s dadas, na mais
bastante vazia por si mesma, vive p e r f e i t a h a r m o n i a m ú t u a . N a ver-
da t e r r a e n ã o do c é u , e desapare- dade, o segundo p r o v ê um inapre-
7
c e r á p o r si p r ó p r i a . . . " O despre- ciável e i n s u b s t i t u í v e l substrato
zo de M a r x pela r e l i g i ã o transpa- para o p r i m e i r o . A a t i t u d e dos re-
rece de m o d o m u i t o c l a r o nesse R e a l i z a ç ã o das a s p i r a ç õ e s huma-
gimes p o l í t i c o s t o t a l i t á r i o s de es-
p a r á g r a f o , mas é nesta o u t r a cita- nas, a ç ã o social positiva! Jogue-se
q u e r d a pode ser c o m p r e e n d i d a a
ç ã o que ele se demonstra a t é mes- no l i x o a i d é i a "conservadora" de
p a r t i r de u m a c i r c u l a r do M i n i s t é -
mo blasfemo: " T a l como C r i s t o é que este m u n d o é um "vale de lá-
r i o d a E d u c a ç ã o Popular d a R e p ú -
o mediador a quem o h o m e m i m - g r i m a s " ! A l g u m a d ú v i d a de que o
b l i c a D e m o c r á t i c a A l e m ã (Alema-
puta toda a sua divindade, t o d a a m a t e r i a l i s m o c o m u n i s t a merece
nha Oriental, comunista). Segundo
sua estreiteza religiosa, o Estado é lugar de destaque na t r í a d e do "es- esta, "devem os alunos saber que
o mediador para quem ele transfe- p e t á c u l o paralelo"? Mais amplo a teoria da c r i a ç ã o há de ser rejei-
re toda a sua n ã o - d i v i n d a d e , toda a ainda torna-se o e s p e t á c u l o quan- tada como tentativa a n t i - c i e n t í f i c a
8
sua não-estreiteza humana." (O do setores "progressistas" da cris- de e x p l i c a ç ã o da origem da vida." 13

destaque aparece na fonte original.) tandade se u n e m ao m a r x i s m o e


passam a c o m p a r t i l h a r de seus Esta p o s i ç ã o decorre c o m natu-
John L e w i s , e s c r i t o r m a r x i s t a m é t o d o s , desenvolvendo a t é mes- r a l i d a d e do ensinamento de M a r x ,
b r i t â n i c o , chega a m o s t r a r u m a mo um novo "evangelho", o evan- segundo o q u a l "o m u n d o mate-
roupagem altamente c o n c i l i a d o r a gelho social. A m a i o r l á s t i m a é que r i a l , p e r c e p t í v e l pelos sentidos, do
ao dizer que "o m a r x i s m o reco- o santo nome de C r i s t o seja envol- q u a l fazemos parte, é a ú n i c a reali-
nhece a loucura da campanha anti- v i d o em t u d o isto. Estes d e v e r i a m dade." -*-14

9
Deus." Que n i n g u é m se i l u d a , po-
r é m . O c a m a l e ã o bem que p o d e r i a
ser u t i l i z a d o como s í m b o l o desse
tipo de pensamento, pois o mesmo
autor, no mesmo artigo, revela sua
verdadeira p o s i ç ã o : " A velha ima-
gem religiosa desse m u n d o c o m o
um 'vale de l á g r i m a s ' , que por tan-
to tempo sustentou as forças polí-
Irmãos do
ticas conservadoras, e s t á em vias
de desaparecer, para ser s u b s t i t u í -
da pelo apelo à a ç ã o social p o s i t i -
Rei.
Uma análise dos
10
v a . " (Destaque suprido.)
O resumo do que pensam a este
respeito os i d e ó l o g o s m a r x i s t a s , caracteres que
pode ser o b t i d o das palavras de compõem a família
Gilbert M u r y , d i s c í p u l o f r a n c ê s de
M a r x : " É preciso que sejam c r i a - de Deus.
das c o n d i ç õ e s para a e v o l u ç ã o de
u m ser h u m a n o que v i v e r á n u m Junto ã cruz,
mundo j u s t o e que, c o m o conse-
q ü ê n c i a da r e a l i z a ç ã o das aspira- somos todos iguais.
ções do homem, l i b e r t a r - s e - á da
religião.""
Nada de Deus, nada de r e l i g i ã o !
3. O c o m u n i s m o n ã o apenas re- Assim, o m a t e r i a l i s m o d i a l é t i c o ç ã o do í n t i m o e o estabelecimento
j e i t a a Deus e apregoa enfatica- só consegue ver na l u t a entre as do reino eterno de Deus. As mas-
mente a e v o l u ç ã o ; a l i á s , se a isto classes sociais a responsabilidade sas s ã o instigadas à a ç ã o coletiva,
se limitasse, n ã o excederia o efei- pelas mazelas do m u n d o , perden- baseada na v i o l ê n c i a , q u a n d o
to m a l é f i c o de outras correntes f i - do de vista que na realidade o pro- Deus diz: " N ã o p o r f o r ç a , nem por
l o s ó f i c a s que se a p o i a m sobre as b l e m a é m u i t o mais amplo, e que v i o l ê n c i a , mas pelo M e u E s p í r i -
mesmas bases. Talvez o aspecto a p r ó p r i a l u t a de classes é apenas 21
t o . " Sabemos m u i t o bem do que
mais negativo do m a t e r i a l i s m o uma d e c o r r ê n c i a do problema fun- s ã o capazes as massas, quando
d i a l é t i c o seja a sua p r e t e n s ã o quan- d a m e n t a l da humanidade. A ver- sob i n s t i g a ç ã o s a t â n i c a ("Crucifi-
to a constituir-se na ú n i c a verda- d a d e i r a m i s é r i a h u m a n a s ó pode ca-O! crucifica-O!").
de, que rejeita e t r i t u r a todas as ser c o m p r e e n d i d a quando se pas- Na mente de todo g e n u í n o f i l h o
demais. Orgulhosamente arrogan- sa a focalizar a g u e r r a que o peca- de Deus, n ã o pode ser concebida
te, p o r t a n t o . Bastam umas poucas do move c o n t r a todos n ó s — ricos q u a l q u e r s o l u ç ã o para os proble-
d e c l a r a ç õ e s de seus adeptos para e pobres, "opressores" e " o p r i m i - mas da humanidade — individuais
se m e d i r a p r e t e n s ã o deste siste- dos" — n a q u i l o que o D r . M á r i o e coletivos — que n ã o se paute pe-
ma de i d é i a s : Veloso i d e n t i f i c o u como "a l u t a de los p r i n c í p i o s divinos de a ç ã o , den-
19

"A d o u t r i n a de M a r x é onipoten- todas as classes". t r e os quais se destaca o respeito


te, porque é exata", foi o ensino de Esta v i s ã o completamente secta- à liberdade i n d i v i d u a l e ao e x e r c í -
15
L e n i n . "O m a r x i s m o é onipoten- rizada do p r o b l e m a social, aliada cio da c o n s c i ê n c i a . Este n ã o é um
te, porque é v e r d a d e i r o " , repetem a um insano fervor pelo t i p o de so- c r i t é r i o p o l í t i c o , e s i m a mais ele-
em coro milhares e m i l h õ e s de car- l u ç ã o p o r ele propugnado, leva o m e n t a r salvaguarda posta pelo
tazes de p r o p a g a n d a em escolas e m a t e r i a l i s m o c o m u n i s t a a desco- C r i a d o r a s e r v i ç o de Sua destaca-
o u t r o s lugares p ú b l i c o s , nos p a í - nhecer q u a l q u e r l i m i t a ç ã o m o r a l da e nobre c r i a t u r a terrena.
ses que se p a u t a m p o r esta ideo- à sua a t u a ç ã o , quer seja q u a n t o a A d i s t â n c i a que vai entre o pla-
logia. "O m a t e r i a l i s m o d i a l é t i c o é m é t o d o s , quer seja no tocante à ex- no d i v i n o e a p r e g a ç ã o comunista
ensinado c o m a p r e t e n s ã o de cons- t e n s ã o de seus resultados propos- é grande, é fundamental, é abissal
tituir a mais avançada e, ao mes- tos. Violência é, sem d ú v i d a , a pa- — é i n f i n i t a . N ã o há qualquer pos-
mo tempo, a única mundividência lavra de o r d e m na ideologia comu- sibilidade de c o n c i l i a ç ã o entre am-
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/ c o n c e p ç ã o de mundo/científica. " nista. "Os comunistas desdenham bos. •
(Destaques do o r i g i n a l . ) o c u l t a r as suas o p i n i õ e s e os seus
p r o p ó s i t o s . D e c l a r a m abertamen- Referências:
A o n i p o t ê n c i a que só a Deus per-
tence, passa a ser a t r i b u í d a a po- te que os seus fins só podem ser 1) Marx e Engels, Manifesto do Partido Comu-
bres e c o n t r a d i t ó r i o s seres huma- a l c a n ç a d o s pela t r a n s f o r m a ç ã o nista, Editora Novos Rumos Ltda., São Paulo,
violenta de toda a o r d e m social ho- 1986; pág. 9.
nos! N ã o é de a d m i r a r que a a p l i - 2) Ver, por exemplo, referência em Crede em
je existente.... Os p r o l e t á r i o s . . . Seus Profetas, Denton E. Rebok, Casa Publicado-
c a ç ã o p r á t i c a dessa t e o r i a resulte
t ê m . . . de d e s t r u i r todas as segu- ra Brasileira, 2- Edição, 1967; págs. 65 e 66.
em t a n t o a r b í t r i o e massacre das 3) F. Engels, citado em Cristianismo e Materia-
r a n ç a s privadas e seguros p r i v a - lismo Dialético, Rudolf Karisch, Editora Herder,
c o n s c i ê n c i a s , como b e m p o d e r i a m
dos anteriores.... O p r o l e t a r i a d o , São Paulo, 1968, pág. 14.
atestar m u i t o s de nossos i r m ã o s 4) F. Oelssner, Der Marxismus der Gegenwart
a camada i n f e r i o r da sociedade
que v i v e m sob o seu g r i l h ã o . Ore- und seine Kritiker, 2. Edição, Berlim, 1949;
atual, n ã o pode levantar-se, n ã o pág. 14.
mos p o r eles. pode endireitar-se, sem fazer ir pe- 5) W.I. Lenin, Obras XV, pág. 371 (em russo).
4. A " o n i p o t ê n c i a " do materia- los ares toda a s u p e r e s t r u t u r a das Citado por R. Karisch em Cristianismo e Mate-
rialismo Dialético.
l i s m o d i a l é t i c o leva-o a u m a v i s ã o camadas que f o r m a m a sociedade 6) J. Hommes, Der Technische Eros, Editora
completamente d i s t o r c i d a do pro- oficial." 20
Herder, Friburgo, 1955, págs. 456 e 457.
blema humano. Uma vez mais, bas- 7) Carta de Marx a Ruge, novembro de 1849.
Citado em Cristianismo e Marxismo. Editora Paz
ta colhermos algumas e x p r e s s õ e s Vemos que esta ideologia defen- e Terra, Rio de Janeiro, 1969, págs. 9 e 10.
c l á s s i c a s do m a r x i s m o para que se de u m a v e r d a d e i r a " e d u c a ç ã o pa- 8) K. Marx, citado em O Jovem Marx, Nicolai
ra o ó d i o " ; na verdade, ao ó d i o — Lápine, Editorial Caminho, Lisboa, 1983, pág.
evidencie o abismo entre a f o r m a 204.
como essa ideologia vê o p r o b l e m a enquanto sentimento político- 9) John Lewis, em Cristianismo e Marxismo,
humano, e como Deus o v ê . m o r a l — atribui-se u m v a l o r é t i c o Editora Paz e Terra, Rio de Janeiro, 1969, pág. 9.
10) Idem, pág. 6.
" A t é a q u i a sociedade se assen- t ã o elevado como o do a m o r — tal- 11) World Marxisl Review, agosto de 1965.
t o u , c o m o v i m o s , n o antagonismo vez ainda mais elevado. Mas n ó s 12) Gálatas 1:9.
sabemos m u i t o b e m q u e m é o o r i - 13) Citado por R. Karisch, Cristianismo e
de classes opressoras e o p r i m i - Materialismo Dialético, obra citada (no item 3),
das", ensina o Manifesto Comunis- ginador do ó d i o ! pág. 9.
17
t a . No dizer de K r u c h e v perante 14) Idem, pág. 26.
Na v i s ã o comunista, é esta ideo- 15) Idem, pág. 19.
a v i g é s i m a r e u n i ã o do P a r t i d o Co- logia que d e v e r á inexoravelmente 16) R. Karisch, obra cilada, pág. 17.
m u n i s t a russo, " n o h i n o de nosso d o m i n a r o m u n d o . Ela arrasta as 17) Manifesto do Partido Comunista, Marx e En-
gels, Editora Novos Rumos, Ltda., São Paulo,
Partido... l ê e m - s e estas palavras: massas sob a promessa de um pa- 1986, pág. 93.
" N e n h u m Ser superior, n e n h u m r a í s o terrestre — o b t i d o à custa de 18) N. Kruchev, Pravda de 5 de janeiro de 1956.
Deus, n e n h u m i m p e r a d o r , ne- m u i t o sangue, sem d ú v i d a . Ao Citado por R. Karisch.
19) Mario Veloso, Cristianismo Y Revolución
n h u m t r i b u n o nos salva; se quiser- apresentar ao povo estas falsas Social, Ediciones Teológicas Universidad Unión
mos redimir-nos da m i s é r i a , temos promessas, desvia as m u l t i d õ e s da Incaica, pág. 101.
de c o n t a r somente c o m a nossa 20) Manifesto do Partido Comunista, Obra cita-
verdadeira s o l u ç ã o dos problemas da, págs. í 23 e 93.
I 8
ação.' " da h u m a n i d a d e — a t r a n s f o r m a - 21) Zacarias 4:6.

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