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UM BEM-DIZER EPISTEMOLOGICO*
SERGE COTTET
Falsos c o n c e i t o s e r e t i f i c a c d o
Laca twig . .
2
lemon n de inicio t o m a c o m o essencial o p e r c u r s o cientifico d e Freud? . H o j e e m d i a
Onizad 4
Zoe ? aA
®
candi 0, e l e f o i n e c e s s d r i o p a r a d e c i f r a r u m a e x p e r i é n c i a q u e n o s c o m e c o s d a p s i -
1IS€ c o r r :
: :
0s « €u 0 risco d e se a f o g a r n o o c e a n o d a p s i c o l o g i a g e r a l o u n o d o e s o t e r i s m o .
ONCEitOs insn;
.
. .
.
sey; Inspirados da p s i c o f i s i o l o g i a , tais c o m o o n e u r é n i o o u a r e p r e s e n t a c a o ,
ta
m de m u r a l h a f a c e a o e s o t e r i
Salvaguard s m o d e Jung. Lacan j u s t i f i c a essa o r i e n t a c i o c o m o
d a contra os p r i m e i r o s des
vios que fazem do inconsciente, seja u m rebento das
69 Abril 2020
eja 2 justificagao moderna de um
. _ . OS, s . ~ Mis. .
i n t u i c d e s f i l o s 6 f i c a s d e s é c u l o s p a s ad fez d e u m e l o n g a c i t a c d o d aMetapes
ca . isOri
.
. e rOvisOrios '
césmico. Conhecemos o elogio 4¥ t aSempre
. o de conceitos P
Hy
oo mpres? ? devem ser fetichiz ad, ao
de Freud, na qual ele justifica © © Pr ceitos 940 uma contrad A005, eles Lo
aacia. erar tadicao
ses ex riencia ; os 4 sup ,u Cr
*Teud >
vencionais
. na cli n a o tolera n e n h u m a rig;
u m a aberra¢ao, encontrados to, € anto, Sidez Nag We
? onhecimen? entais? f i r m e m e n t e estabelecidog Uefn,
[...] 0 progresso do c . ndam , A 2 Pass dd
5 ?conceitos - p o r é m , c e d e r as p a l a v r a s é cede, de ? Dy
cdes? e q u e t a m b e m ated d o
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u m a constante modificac#® * o d o saber qv© esta e m j o g o . A i n d a q u e a y ,
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eleicao dos conce! ela € 4a
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l o g i a seja u m a m i t o l o g ! 4 c, e
e a constituem fazem u m corte Cor
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t a d o . Conhecemos o cuid 4 heran¢a f i l o s o f i c a d a s ?pequenas Percepe,
mesmo,
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4
i n c o n s c i e n t e s fez efinicao c l é s s i c a , 0 c o n c e i t o € t r a b a l h a d o e m e x t e n s i o e e m¢ Ompre.
e
Conforme sua
libido se torna admissivel quando contribui com 4 exten
onceito de ;
assim, o velho ¢
~.
eal.
ensao. Assim, iém dos limites do genital; mas ainda necessita ser absolutamente dis
. do sexual Para a
sao ?ritual e de ser reorientad Shee,
tinto, na sua compreensao, de t o d a energia €spit? © Pela ?luxtirias
nto,
A interpretacao, Por sua vez, precisa ser definida e limitada p e l o equivoco Significant
sem o qual ela fica aberta a todos os sentidos. Nenhum compromisso COM esse ?flogig
co?? que é 4 hermenéutica. A alma nao figura como conceito acoplado a0 aparelho (Seelp
apparat), Lacan destaca que entre Hegel e Freud, no mesmo século sobreveio a maquina
Corte epistemoldgico, importacao € deslocamento de conceitos caracterizam 0 pro.
cedimento de Freud, em todos os aspectos conforme a definigao de u m Bachelard oy
de um Canguilhem.
psicolégica, nao como excitacdo, mas como uma ?for¢a constante [...][que] nao ataca de
autoerotismo etc.
Freud, discj itivi
o discipulo do positivista Herbart, se atribui a tarefa de ?conceber um peda
t
realidade sem contradicao?? .
OS conceitos subvertem, entdo, o principio de identi-
dade, 4 semelhanca do inconscj
i i s ente, que € o paradigma dessa orientacdo: ele i g n o r
¢40. Assim, 0 conceito d
sntoma sons d i p cern € defesa supera os hierdglifos da histeria, decifrando °
Htido, compromisso entre recalque e satisfacdo.
E é d a interpretacao do s
i n t o ma que se origina a construcdo de bindrios tais com? , .
Op¢ao Lacaniana n° 82
70 Abril 2020
E E E EERE 0 el _ a ?
e e
| 7
r t
aco/recalque, libido de objeto/narcisismo, pulséo de vida/pulsao de morte,
-
e ,
4dOprazer/além do principio d o prazer, neurose/psicose. O principio de divisao da
a
inio Par .
g
i
princ! 10 .
é 0 taco discriminatério proprio a cada m o d o de defesa contra 0 real do gozo.
t jencia
-«mos de defesa, assim como os tipos clinicos que os utilizam, tém como referén-
m e c a nis .
O s um m o d o de defesa c o n t r a a p u l s d o . E oO q u e o c o r r e n a h i s t e r la, n a n e u r o s e o b s e s s i v a
cia
ara as psicoses, a paranoia € o conceito exato, pois explica a perseguicao por
e n af o b i a . P .
rechaco gramatical da homossexualidade delirante, enquanto 0 conceito de
deficitario, nao da o ponto de vista preciso sobre o retorno do gozo do
demenct precoce,
Bncia
oe A x
10
_Vemos que a aplicacao do conceito a experiéncia nao sofre confusao algu-
outro no real
Nada de menos ?viscoso?? que os significantes de Freud sobre esse assunto.
a. x z .
.
" pesta colocar em ordem sua extensdo e é especialmente para isto que serve a
ria real, simbdlico e imagindrio: ela é requerida para situar, por exemplo, a
combinato
frustracao?, termo pelo qual se traduziu Versagung para produzir o diferencial privagao,
frystracdo, castracao.
Em uma palavra se articula toda uma concepgao da clinica. Tomemos a ?denega-
cao?, h o j e b a n a l i z a d a . S a b e m o s c o m q u e c u i d a d o L a c a n se e s f o r c o u p o r t r a d u z i r V e r l e u g -
, af
nung ( d e s m e n t i d o ) . F r e u d r e s e r v a e s s e m e c a n i s m o a o f e t i c h i s m o e o p r e f e r e a o d e ?es-
A ctiacio dos conceitos n4o resulta, portanto, de um empirismo grosseiro. Ela é sem-
pre o resultado de um raciocinio que tropeca em um real impossivel de deduzir dos axio-
mas anteriores; por exemplo, fazer o inconsciente e a pulsio dependerem de um mesmo
principio: o principio do prazer. Contrariamente ao que se pensa, a estratégia de Freud é
popperiana: consiste em falsificar as condicdes de aplicacéo de um principio. Dados os fatos
reconduzido 4 pulsao de morte. Uma abordagem andloga se da na obra de Lacan, com seu
exigente trabalho sobre o conceito de angtistia e seus paradoxos, que a religam ao desejo.
Todavia, 0 conceito clinico freudiano possui os defeitos que provém das suas vir-
tudes: ele é, certamente, discriminatério, mas ?entifica??.
Z Tio
cessidade de homogeneizar OS significant
é c a p t u r a d o p e l o c o n c e i t o ent tratam,
<Mlendidy
Por fim, o real com o qual a psicanalise lida »
cantes: 5,-S,?
a relacao entre dois signifi
efinicio geral a relagao analitica? Como alcar
Como adaptar essa d linguagem € ratificar a hegemonia dos i m b o l , COncej ,
altura de uma experiéncia de que justifica o corte feito por Lacan noshe através
nomes novos? Este é o principio e resistencia (a d o analista) e depois, mais m e CNtre
demanda e desejo, entre defesa ent Tde,
desejo € gOZO.
A partir de 1964, Lacan c o n t i n u o u , p o r t a n t o , O t r a b a l h o de limpeza
d recorrera. Ele muda o rumo da significacdo, implicando-o OS Conceitgs
aos quais Freu c i o que define o real. E o caso dos quatro conceitos f o n t Um im.
nomia entre inconsciente e goz ?Cree Particular com esse objeto, que resulta da ant
o autématon, sto importad . a onceitos exteriores 4 psicandlise, tais como 4 tiguée
que realiza, na transferéncia. o hoch,istoteles para aproximar-se mais do enconttofaltos0
bel 20!
Te
ee
C O a n e o S ia 3 - za
r-
e e e n a e e e n e )
_
No seu artigo ?Juventude de Gide?, exemplifica isto estigmatizando os
ados na descricao da psicastenia? deixando ao prdéprio Gide a iniciativa de i n v e n
,
ytiliz
conceitos mais a d e q u a d o s a sua e x p e r i é n c i a . A p a l a v r a d o sintoma prevalece sob re
tar OS
ito de género e m relacdo aos afetos descritos: ?sentimentos de i n c o m p l e t u d e
9 conce
ira Gide, de ?falta?, de estranheza, ou, como dira Gide, ?de estranhamento? ies
como d
ent, de desdobramento ou, como dira Gide, ?de segunda realidade? [muito mais
prangem
o...JJ?2; de ?inconsisténcia, ou como diria Gide, de ?desconsisténcia? [mais exa-
?
? $
. . . ?
tolll? - Gide leva e m conta ?um l i n g u a j a r mais rigoroso?> n o qual teria q u e se inspirar
4 observagao clinica. Lacan usa esta ?l6gica de borracha?* que antecipa sua topologia
Com esse Espirito, ele propde, por exemplo, a expressdo ?reduplicagéo maternal? em
O pequeno Hans. Lembremos também o rodeio da anorexia mental?° em ?anorexia [..]
anto aO mental? , que € u m Witz.
qu
Associamo-nos mais u m a vez a Bachelard, para quem ?a fecundidade de u m con-
ceito cientifico € proporcional a seu poder de deformagao??? .
Cinismo do conceito
Abril 2020
Opcao Lacaniana n° 82 73 _
0 e n o r m e s p r o b l e m a s d o c o n t i n u o E d o de
a?, OS
§
tin
n glise i n f " ! gonancias clinica p6s-estruturalista
11a
.
?andlise finita e a on 40 d dO simbdlico sobre 0 real, a retérica do
aticas ene montia aes i n g
a u ensino sobre o u l t i m o Lacan, 44
o fim da he® a d o n o s€ .;
lugar ; e
com e ons d e f i n i d o n a o m a i s c o m o falta e sim com 0 si.
.
nific 3 ontolog!*
cone eitos. A p r o m o ¢ a o :
do Um, n a o c o m o d i en
n U n cia . . ~ f ir e n ,
?
.
Esta re osso uso¢ os ozo, d e s e n c o r a j a a i n v e s t i g a c a o g Neiagg
incolu m e n ar
eal d o g 0 2 0 , , 4 Telacag
deixar inco mas como © Um X
i o r c o n s i s t é n c i a a o c o n c e i t o d e TEPeticao co i,
no simbdlico, ce itO;e l a da m a
Mo tr
em jogo em todo o n o Um sozinbo. ;
Nheg;
icismOantig , ue se fecha, encerrando e m si 0 seu objeto, No
apreensao. O esto sem;men.
de uma me lis Lacan descreve 0 conceito como ?essa ing :
Lacan insiste; 0 semindrio 23, o sinthoma, realiza essa Critica. N o sentido Proprio, ?o
74 Abril 2020
P S I C A N A L I S € E
E u C A M P O
c a n , J. G 9 mea r i a F r e u d e n a técni . _ ;
, Zahar p.2>- ici i ; ? chica d a psicandlise. Rio de3:
L a c a n , J. ag99s). ?Posicao d o inconsciente?. In: &scritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed aan
2 e e a n , J. 9 9 8 ) . ?Ciencia © v e r d a d e " . 1Pidem, p.871- . P.848.
P 17. .
Lacan, j - C1985 [ 1 9 5 4 - 5 5 D . Op.cizt., p.87.
6
998). ?A d i r e c a o d o tratamento?. Op.cit, p.599.
7 t a c a n , J. G i
F r e u d , S. ( 2 0 1 9 ) . O p . c t t , p . 1 9 .
8
Citado p o r P a u l - L a u r e n t A s s o u n - ( 1 9 8 4 ) . L e n t e n d e m e n t f r e u d i e n . L o g o s e t A n a n k é . Paris: G a l l i m a r d , p.14-
9
10 F r e u d , S . ; J u n g , Cc. G . A992). C o r r e s p o n d e n c e . 1906-1923. Paris: Gallimard.
i a c a n , J- 9 9 8 ) . ? O b s e r v a g a o s o b r e o i n f o r m e de D a n i e l Lagache?. Op.cit., p.679.
25 I b i d . , p . 3 9 7 .
26 L a c a n , J . 9 9 8 ) . ? A d i r e g a o d o t r a t a m e n t o ? . Op.ci, p.607.
27 B a c h e l a r d , G. ( 1 9 9 6 ) . O p . c i t . , p . 7 6 .
28 L a c a n , J. 9 8 5 [ 1 9 6 3 - 6 4 ] . O S e m i n a r i o , livro11: os q u a t r o c o n c e i t o s f u n d a m e n t a i s d a p s i c a n d l i s e . x
Zahar., p.46.
29 Id. Ibid., p.27.
30 Id. Ibid., p.25.
31 F r e u d , S. ( 9 7 4 ) . O f u t u r o d e u m a ilusdo. [1927]. Edi¢gdo s t a n d a r d d a s o b r a s psicolégicas completas a
32 M i lLl e rt , J . - A . [2011]. : C u r . s o d e O r i e
:
x 5
P s i c a n d l i s e d a U n i v e r s i d a d e d e Pnat raicsa dV oI I ,l a ac ua lnai adnea - 1 1 d e m a i o d e
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Pea0 L a c a n i a n a n ° 8 2 7 5
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a psicandlise?. Aula de
para 20 de janeiro
de
At
4, «tes non-du errent », aula de 15 de janeirode1974. inédito mS Pa
(1973-74) ive XXII: R.S.L, Aula de 11 demarcode 1975, ?te
1,097) semindrio, uwro 23: 0 sintboMma. Rio de Janeiro joea © 1g
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O u m b i g o d o sonho ¢ u m furc
J a c q u e s L a c a n ?
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