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CONHECIMENTO E Á
APRENDIZAGEM ESCOLAR
Fernando Becker
Doutor em Psicologia Escolar Mestre em Educação.
Professor Titular de Psicologia da Educação na Faculdade
de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
CDU 37.012
ISBN 85-363-0112-0
2003
iiiiicilio
1 u i i K i . ( t (iiisii u ç a o de estruturas de a s s i m i l a ç ã o , o u seja, a p r e n d e r é cons- A ideia pela qual eu estava me tornando responsável de modo algum st
IIMil r ' . t í i i l u r a s de a s s i m i l a ç ã o . E m outras palavras, aprende-se p o r q u e se originou em m i m . Fora-me comunicada por três pessoas cujos ponto;
de vista tinham merecido meu mais profundo respeito - o próprio Breuer
.(v,e p.iia e()n.seguir algo e, e m u m segundo m o m e n t o , para se a p r o p r i a r
Charcot e Chobrack, o ginecologista da Universidade ( . . . } . Esses trôí
tl(»'. m e c a i ú s m o s dessa a ç ã o p r i m e i r a . Aprende-se p o r q u e se age e n ã o por-
homens dnham me transmitido um conhecimento que, rigorosamente
i | i i i ' SC ensina. O que isso significa p a r a o ensino, t a l c o m o é p r a t i c a d o nas falando, eles próprios n ã o possuíam.
f s i o l a s , d . i e d u c a ç ã o i n f a n t i l à p ó s - g r a d u a ç ã o ? Significa, no m í n i m o , que o
ensino n ã o p o d e mais se:r visto c o m o a fonte da a p r e n d i z a g e m . A f o n t e da
l e n t e m o s i m a g i n a r o que F r e u d d i r i a se ele conhecesse as c o n c e p ç õ e s
a p r e n d i z a g e m é a a ç ã o d o sujeito, o u seja, o i n d i v í d u o aprende p o r f o r ç a
d c a p r e n d i z a g e m da segunda m e t a d e d o s é c u l o XX: "Esses t r ê s colegas que
das a ç õ e s que ele m e s m o p r a t i c a : a ç õ e s que b u s c a m ê x i t o e a ç õ e s que, a
11 K l e n t e n d i a m d o m e u assunto - o inconsciente - e a t é se o p u n h a m a que
p a r t i r d o ê x i t o o b t i d o , buscam a v e r d a d e ao apropriar-se das a ç õ e s que
c u (. iiitinuasse essa i n v e s t i g a ç ã o , ao se dispuserem a m e o u v i r e d i s c u t i r as
o b t i v e r a m ê x i t o . E m e r g e m dessas c o n c e p ç õ e s as atuais c o m p r e e n s õ e s dife-
iimilias ideias, a j u d a r a m - m e a c o n s t r u i r algo que eles p r ó p r i o s i g n o r a v a m " .
renciadas de a p r e n d i z a g e m , manifestas p o r e x p r e s s õ e s c o m o : "aprender a
l'.iicce que a i d e i a de c o n s t r u ç ã o de c o n h e c i m e n t o faz-se presente, de f o i -
aprender", " a p r e n d e r a a p r e n d i z a g e m " , "descobrir p o r si mesmo", "apren-
m.i i n e q u í v o c a , nesse escrito a u t o b i o g r á f i c o de F r e u d .
der é i n v e n t a r " , "aprender n ã o é transferir c o n t e ú d o a n i n g u é m " , "apren-
Piaget, p o r sua vez, e l a b o r a a i d e i a de construção de c o n h e c i m e n t o
der n ã o é m e m o r i z a r o p e r f i l d o c o n t e ú d o t r a n s f e r i d o n o discurso v e r t i c a l
iom t o t a l c o n s c i ê n c i a , c o m u m a riqueza de detalhes j a m a i s vista e c o m
d o professor", "ensinar significa d e i x a r aprender"; " a p r e n d e r . , o d e i x a r -
iiiu.i rara c o m b a t i v i d a d e . Pode-se d i z e r que sua t e o r i a é a t e o r i a d o conhe-
aprender", " a p r e n d i z a g e m é e x p l i c a r c o m o o sujeito consegue c o n s t r u i r e
« m u m o e n t e n d i d o c o m o c o n s t r u ç ã o . E n ã o deixa p o r menos ao a f i r m a r
i n v e n t a r " , "aprender é proceder a u m a s í n t e s e i n d e f i n i d a m e n t e r e n o v a d a
' [ i i c .1 a ç ã o d o sujeito c o n s t r ó i c o n h e c i m e n t o e, t o d a vez q u e i n t e r p o m o s
entre a c o n t i n u i d a d e e a n o v i d a d e " .
.ligo no l u g a r d a a ç ã o , n ã o estamos apenas r e t a r d a n d o , estamos p r e j u d i -
Se, p o r u m l a d o , o ensino d e i x a de a t r a i r sobre si o m é r i t o da a p r e n d i -
• .1111 l o o processo de a p r e n d i z a g e m . D i z Piaget ( 1 9 7 5 , p . 8 9 ) :
zagem, p o r o u t r o l a d o , a p r o p o s t a d e u m n o v o ensino n ã o c o n t e m p o r i z a
c o m q u a l q u e r passividade o u o m i s s ã o d o professor. A f u n ç ã o d o professor
é a " . . . de i n v e n t a r s i t u a ç õ e s e x p e r i m e n t a i s para facilitar a i n v e n ç ã o de seu (...) cada vez que ensinamos prematuramente a uma criança alj-.uma
coisa que poderia ter descoberto por si mesma, esta criança foi i n í p c i l i
a l u n o " (Piaget, 1 9 7 5 , p . 8 9 ) . P o r t a n t o , o ensino deve ser repensado e m
da de inventar e consequentemente de entender completanicnii' l i o
f u n ç ã o dessa n o v a c o n c e p ç ã o de a p r e n d i z a g e m .
obviamente n ã o significa que o professor deve deixar de i n v i nt.n .n u.i
U m e n s i n o que considere a a t i v i d a d e d o sujeito é gerado n o â m b i t o ções experimentais para facilitar a invenção de seu aluno.
dessa n o v a c o n c e p ç ã o de a p r e n d i z a g e m . Talvez n e m t ã o nova, pois f o i
confeccionada n o s é c u l o XX. O u ç a m o s alguns pensadores d o f i n a l d o s é c u -
1', b r a s i l e i r o o e d u c a d o r q u e pensa a i d e i a de c o n s t r u ç ã o , COIM iuipii*,
lo X I X e de t o d o o s é c u l o X X p a r a que t o m e m o s c o n s c i ê n c i a da seriedade
sionante r a d i c a l i d a d e , na p e d a g o g i a . Paulo Freire iran.sita d . i p c . l i / i . ; Í . I . ! . >
dessas f o r m u l a ç õ e s , u m a vez que tais ideias s ã o f a c i l m e n t e c o n f u n d i d a s
o p r i m i d o ( 1 9 7 0 ) à pedagogia d a e s p e r a n ç a ( 1 9 9 2 ) c d c s i a a i.i . l . i
c o m a h e r a n ç a l i b e r a l d o laissez-faire. I n i c i e m o s c o m u m filósofo s u í ç o d o
a u t o n o m i a ( 1 9 9 6 ) , a f i r m a n d o que o processo de l i i x i i . n u> • < ..n i m u l . .
.século X I X . D i z ele: "Estimular, inspirar, essa é a g r a n d e arte de q u e m pre-
pelos p r ó p r i o s sujeitos, e n ã o ensinado p o r a l g u é m , l l . s . c p h > , , ,i|
tende ensinar. E para isso é preciso a d i v i n h a r a q u i l o que r e a l m e n t e interes-
t a d o de u m a l u t a coietiva realizada pelos seus s u j e i t o s " c m > i.r \
•.I I f i a m e n t e i n f a n t i l c o m o q u e m i n t e r p r e t a u m a p a r t i t u r a musical" ( H e n r i -
ideia da i n t e r a ç ã o e n t r e sujeitos que a p r e n d e m p i o h ' , . o i . , , ,i uu,<.
l i f i i f i i c A m i e l , 1 8 2 1 - 1 8 8 1 ) . Q u e m p r e t e n d e ensinar t e m que p r i m e i r o i n -
assumida c o m t o d a força, tran.scendendo o e s p a ç c ' c , . HIM • i>.i,ií .i
l í M p r c t a r o p ó l o da a p r e n d i z a g e m . E i n t e r p r e t á - l o c o m o c u i d a d o e a c o m -
o p o s i ç ã o ao e n s i n o e n t e n d i d o c o m o transferência i/r > ,<tu,ii,h- i MIUIU
l>cicii< 1.1 dc (|uein interpreta u m a p a r t i t u r a musical. C o n t i n u e m o s c o m F r e u d
Freire ( 1 9 9 6 , p . 1 4 3 ) :
16 Fernando Becker A origem do conhecimento e o aprendizagem tiscolor 17
O ponto essencial de nossa teoria é o de que o conhecimento resulta de feitos, a h i s t ó r i a , as artes, as c i ê n c i a s , e n f i m , as coisas, as a ç õ e s e as rela-
interações entre sujeito e objeto que são mais ricas do que aquilo que os ç õ e s entre t o d o s esses fatores). Sempre que o sujeito age, assimilando, ele
objetos podem fornecer por eles. (...) O problema que é necessário re- o laz na d i r e ç ã o d o centro (C) do objeto - assimilar i m p l i c a decifrar o
solver para explicar o desenvolvimento cognitivo é o da invenção e n ã o ol))eto; q u a n d o e n f r e n t a dificuldades nesse e s f o r ç o assimilador, isto é , sen-
o da mera cópia. (Piaget, in Mussen, 1977, p.87)
te se incapaz de assimilar na m e d i d a que gostaria de f a z ê - l o , volta-se para
si mesmo e, e m u m e s f o r ç o de a c o m o d a ç ã o , p r o d u z t r a n s f o r m a ç õ e s em si
A i n v e n ç ã o , e n ã o a m e r a c ó p i a ! Eis a n o v i d a d e dessa c o n c e p ç ã o de mesmo. Assim, a p ó s agir sobre o objeto, busca apreender sua a ç ã o ; sentiu*
a p r e n d i z a g e m . Q u e m sabe i n v e n t a r sabe copiar; o inverso n ã o é v e r d a d e i - d o a a q u é m das e x i g ê n c i a s do objeto, volta-se para si, p r o d u z i n d o trans-
r o . Q u e m sabe c o p i a r sabe apenas c o p i a r Talvez mais d o que e m q u a l q u e r f o r m a ç õ e s e m s i m e s m o , e assim ad infinitum, d e p e n d e n d o sempre das
o u t r a é p o c a , a atual exige i n d i v í d u o s inventivos e construtivos e n ã o copistas. c o n d i ç õ e s objetivas. As t r a n s f o r m a ç õ e s no m u n d o do objeto s ã o transfor-
Segundo Piaget, "Para apresentar u m a n o ç ã o a d e q u a d a de a p r e n d i z a g e m , m a ç õ e s n o p l a n o da causahdade; as t r a n s f o r m a ç õ e s n o m u n d o do sujeito
é n e c e s s á r i o e x p l i c a r p r i m e i r o c o m o o sujeito consegue c o n s t r u i r e i n v e n - s ã o t r a n s f o r m a ç õ e s n o p l a n o das i m p l i c a ç õ e s l ó g i c o - m a t e m á t i c a s . O ser
tar, e n ã o apenas c o m o ele repete e copia" ( p . 8 8 ) . A o b r a de Piaget investe h u m a n o é o ú n i c o capaz de se a p r o p r i a r das a ç õ e s que p r a t i c o u o u , m e l h o r
p e s a d a m e n t e na e x p l i c a ç ã o dessa c a p a c i d a d e i n v e n t i v a , c u j o n i i c l e o d i t o , dos m e c a n i s m o s í n t i m o s dessas a ç õ e s . Aí reside o segredo de sua
e x p l i c a t i v o encontra-se na interação, realizada e m n í v e i s progressivamente i l i m i t a d a c a p a c i d a d e de aprender.
diferenciados. As a ç õ e s q u e t r a n s f o r m a m o m u n d o s ã o correlativas à s a ç õ e s que trans-
Pensemos a i n t e r a ç ã o c o m o a u x í l i o deste d i a g r a m a que se e n c o n t r a f o r m a m o sujeito. N ã o existe a ç ã o p u r a que, ao t r a n s f o r m a r as c o n t i n g ê n -
n o l i v r o A tomada de consciência (Piaget, 1 9 7 4 ) : cias de r e f o r ç o , t r a n s f o r m e o m u n d o do sujeito, c o m o quer o p o s i t i v i s m o .
N ã o existe a ç ã o p u r a que transforme d i r e t a m e n t e o m u n d o d o sujeito, c o m o
quer o i d e a l i s m o . U m a a ç ã o h u m a n a sempre t e m duas d i m e n s õ e s : de trans-
f o r m a ç ã o d o o b j e t o ( a s s i m i l a ç ã o ) e de t r a n s f o r m a ç ã o d o sujeito (acomo-
d a ç ã o ) . A a ç ã o seguinte, n ã o i m p o r t a de que a ç ã o se t r a t e , depende da
a ç ã o anterior.
A o r i g e m d o c o n h e c i m e n t o , cuja e x p l i c a ç ã o e p i s t e m o l ó g i c a trazemos
I n t e r a ç ã o significa que o c o n h e c i m e n t o n ã o p r i n c i p i a n e m n o sujeito a q u i , e s t á l o n g e de acontecer apenas n o p l a n o das a ç õ e s l ó g i c o - m a t e m á t i -
(S), n e m n o objeto ( O ) , mas e m u m a zona i n d i f e r e n c i a d a o u na p e r i f e r i a cas; quase d i r i a da m e c â n i c a d o p e n s a m e n t o o u da l ó g i c a do conhecimen-
(P) e n t r e sujeito e objeto. Q u a l q u e r a ç ã o do sujeito d á - s e sempre sobre o t o . Para acontecer, ela d e p e n d e de u m fator s i n a l i z a d o r o u disparador da
objeto (os objetos materiais o u m u n d o físico, a c u l t u r a , as l í n g u a s , os con- a ç ã o : a afetividade.
I «rnandn B«ck«sr
A origem do conhecimento e o aprendizagem escolar
AriTIVIDADE, DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM TABELA 1.1 Aprendizagem dos formas de aprendizagem: quatro categorias de
aprendizagem sentido estrito ou sentido lato
Iodas as a ç õ e s h u m a n a s s ã o motivadas p o r a l g u m fator. Isso ocorre
Aprendizagem dos ações Aprendizagem dos ações
desile o p r i n c í p i o . N ã o h á a ç ã o cuja causa é p u r a m e n t e l ó g i c o - m a t e m á t i c a , enquanto conteúdos enquanto formas
nem m e s m o as a ç õ e s mais complexas dos físicos, m a t e m á t i c o s e l ó g i c o s .
i;ia sempre t e m u m c o m p o n e n t e afetivo que a faz acontecer. A n t ó n i o Aprendizagem dos ações o) ações de sentido único b) estruturas operatórias e
do sujeito (não-operatòrias): hábitos respectivas formas de
D a m á s i o ( 1 9 9 5 , p . 1 2 ) d i z : " ( . . . ) e essa c o r r e l a ç ã o f o i para m i m bastante
elementares dedução
sugestiva de que a e m o ç ã o era u m c o m p o n e n t e i n t e g r a l da m a q u i n a r i a da
l a z ã o " . A isso p o d e m o s acrescentar (Piaget, 1 9 5 9 , p . 6 6 ) : Aprendizagem das c) sucessões físicas (regula- d) formas aplicadas
propriedades do objeto res ou irregulares) enquan- às sucessões físicas
to conteúdos ("da indução enquanto
(...) u m esquema de assimilação comporta uma estrutura (aspecto cog- dedução aplicada à
nitivo) e uma d i n â m i c a (aspecto afetivo), mas sob formas inseparáveis experimentação")
e indissociáveis. N ã o nos é, pois, necessário, para explicar a aprendiza-
Fonte: Piagete Greco (1959, p.56-58).
gem, recorrer a fatores separados de m o t i v a ç ã o , n ã o porque eles n ã o
intervenham (...), mas porque estão incluídos desde o c o m e ç o na con-
cepção global da assimilação.
a ç õ e s e c o o r d e n a ç õ e s de a ç õ e s e n ã o d o t r e i n a m e n t o v e r b a l ( o p ç ã o prefe-
O g a t i l h o de u m a a ç ã o é a afetividade. Acontece que a afetividade
r i d a pela escola). Os c o n t e ú d o s d e v e m estar a s e r v i ç o d o a u m e n t o da capa-
dirige-se p r i m e i r a m e n t e para u m c o n t e ú d o e n ã o para u m a e s t r u t u r a . A l é m
cidade de a p r e n d i z a g e m ( c o n s t r u ç ã o de estruturas) e n ã o c o n s t i t u i r u m
disso, p a r a o sujeito dirigir-se - sentir necessidade o u a t r a ç ã o afetiva - a
f i m e m si m e s m o s : as estruturas p e r m a n e c e m o u s ã o subsumidas p o r es-
ura c o n t e ú d o , ele precisa de estruturas p r é v i a s capazes de dar conta desse
t r u t u r a s m a i s capazes; os c o n t e ú d o s caducam. Por isso, o ensino deve or-
c o n t e ú d o . N ã o h á s e n t i m e n t o , a t r a ç ã o afetiva, interesse o u m o t i v a ç ã o para
ganizar-se, p r i m e i r a m e n t e , n o s e n t i d o d o c o n h e c i m e n t o - e s t r u t u r a e s ó
u m c o n t e ú d o q u a l q u e r se n ã o h o u v e r estrutura de a s s i m i l a ç ã o , p r e v i a m e n -
s e c u n d a r i a m e n t e n o sentido d o c o n h e c i m e n t o - c o n t e ú d o . E m outras pala-
te c o n s t r u í d a , que d ê conta desse c o n t e ú d o . Isso nos leva a falar de dois
vras, o e x e r c í c i o v e r b a l , t ã o apreciado pela escola, é c a m p o aberto de apren-
lipos de a p r e n d i z a g e m : a a p r e n d i z a g e m das f o r m a s e a a p r e n d i z a g e m dos
dizagens de t o d o t i p o , se e somente se f o r e m p r e v i a m e n t e c o n s t r u í d a s es-
c o n t e ú d o s . Vejamos o que Piaget d i z a esse respeito n a Tabela 1.1, a s e g u i r
t r u t u r a s p e r t i n e n t e s . Isso significa que a escola v a i p r o p o r a u m a t u r m a de
alunos o e s t u d o d a á l g e b r a , p o r e x e m p l o , se esse f o r o m e l h o r c a m i n h o
para que os a l u n o s c o n s t r u a m d e t e r m i n a d a e s t r u t u r a c o g n i t i v a , e n ã o por-
DITADURA DO CONTEÚDO E FRAGILIDADE DAS FORMAS
que á l g e b r a t e n h a u m sentido e m si mesma - a t é p o d e r á ter, mas n ã o para
todos os a l u n o s . Por que todos os alunos d o ensino m é d i o t ê m de saber o
As perguntas que p o d e m o s fazer s ã o : "Por que se fala n a escola so-
c o n t e ú d o d a l i t e r a t u r a portuguesa? Por que todos os alunos t ê m de d o m i -
mente e m c o n t e ú d o ? " e "Por q u e n ã o se fala e m estrutura?". A escola pre-
nar a é p o c a dos descobrimentos? Por que todos os alunos t ê m de saber a
I I . . I i a l a r dessas duas coisas. Falar s ó de c o n t e ú d o o u s ó de e s t r u t u r a é
densidade e a d i s t r i b u i ç ã o d a p o p u l a ç ã o europeia? Por que todos os alunos
» o i i i o . i i i d a r e m u m a perna s ó . Precisamos c r i a r respostas para c o m p r e e n -
t ê m de d o m i n a r os modelos d a q u í m i c a , física o u m a t e m á t i c a ?
il''iiii<)', i i i r l l i o r as r e l a ç õ e s entre c o n s t r u ç ã o de estruturas ( o p e r a t ó r i a s ) e
N o l i v r o Aprendizagem e conhecimento, Piaget ( 1 9 5 9 ) t r a t a dessa ques*
1 < . t j i . M idade de a p r e n d i z a g e m . O aspecto n e g a t i v o dessa r e l a ç ã o é que
t ã o pelas r e l a ç õ e s entre a p r e n d i z a g e m stricto sensu e lato sensu. A a p r e n d i -
n i . , . i d i . m i a ensinar para q u e m n ã o t e m e s t r u t u r a de a s s i m i l a ç ã o . O aspec-
zagem n o sentido estrito i n c l u i t o d a a aprendizagem d o senso c o m u m (aqui-
I.. ( M , . i i i v i . f ( j i u - a a p r e n d i z a g e m deve ser o r g a n i z a d a na d i r e ç ã o d a cons-
s i ç ã o de c o n t e ú d o s externos ao sujeito), e n q u a n t o a a p r e n d i z a g e m no sen
i t H . . 1 , 1 . < ' . i n i u i i a s p o s s í v e i s naquele m o m e n t o , isto é , na d i r e ç ã o de
t i d o a m p l o é a s í n t e s e das aprendizagens no sentido estrito e das a p r e n d i -
22 Fernando Becker A origem do conhecimento e o aprendizagem escolar
U M N O V O E N S I N O PÁRA U M A N O V A A P R E N D I Z A G E M