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Angela Christina Souza Alves

íris Barbosa Goulart (Org.)


João Antônio Filocre Saraiva
Márcia de Assis Fonseca
Rosamaria Calaes de Andrade

A EDUCAÇÃO
NA PERSPECTIVA
CONSTRUTIVISTA
Dados Internacionais de Catalogação na publicação ( C I P ) Reflexões de uma
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
equipe interdisciplinar
A E d u c a ç ã o na perspectiva construtivista: reflexões de uma equipe
interdisciplinar/íris Barbosa Goulart (org.)
- P e t r ó p o l i s , RJ: Vozes, 1995. 3" Edição

Bibliografia.
I S B N 85-326-1745-X

1. C o n s t r u t i v i s m o ( E d u c a ç ã o ) 2. Psicologia educacional
I . Goulart, íris Barbosa.

9.5-4302 CDD-37Q.15
^ EDITORA
• VOZES
í n d i c e s para catálogo sistemático:
Petrópolis
1. ('onstriitivismo: Teoria piagetiana: Psicopedagogia 370.15
2001
citação de professores de ciências', leva-nos a crer que a atividade
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O PAPEL DA EXPERIÊNCIA
experimental permanece ausente da quase totalidade das escolas
mineiras por razões de outra natureza. Milhares de professores
NO ENSINO DE CIÊNCIAS t ê m passado por esses programas", cuja p r e o c u p a ç ã o principal tem
sido a sua preparação para a i n t r o d u ç ã o da e x p e r i m e n t a ç ã o no
ensino de ciências; além disso, equipamentos e outros materiais
João Antônio Filocre Saraiva
t ê m sido produzidos (ou adquiridos) e distribuídos às escolas. E m
função disso, o problema central n ã o nos parece ser propriamente
o da falta de equipamentos, mas por que estes permanecem n ã o
sendo utilizados pelos professores. O que temos podido constatar
é que construir laboratórios e equipá-los n ã o é suficiente para
garantir a i m p l e m e n t a ç ã o do ensino experimental: parece-nos ser
necessária u m a m u d a n ç a de mentalidade que pressuponha u m
novo m o d o de conceber o papel da experiência na aquisição de
Defender u m ensino de ciências através da experiência, seja conhecimentos, através do qual ela se torne indispensável.
no sentido restrito de atividades realizadas n o laboratório, seja
E neste p o n t o que os cursos de formação de professores t ê m
com base na vivência cotidiana do aluno, tornou-se u m lugar
falhado, mesmo quando são bem sucedidos nos seus propósitos
comum. Dificilmente encontraremos alguém que se disponha a
de habilitá-los a manipular c o m segurança equipamentos os mais
defender o ponto de vista contrário. E, segundo uma interpretação
variados e de dominar algumas técnicas indispensáveis em todo
generalizada, se o ensino ainda padece de incontáveis problemas é
laboratório de ensino. E falham por duas razões interligadas:
porque, infelizmente, a atividade experimental ainda n ã o se estabe-
primeiro, porque a atividade experimental permanece sendo con-
leceu como algo rotineiro nas nossas escolas.
cebida e utilizada como mero recurso pedagógico, do qual deve-
H á , no entanto, uma grande distância entre o discurso e a mos nos utilizar para "facilitar" a aprendizagem de c o n t e ú d o s
realidade, entre as convicções que o professor diz possuir e a sua previamente selecionados e expostos pelo professor; em segundo
ação efetiva e m sala de aula. E a q u e s t ã o preliminar que precisa lugar, porque o papel da ação, insuficiente ou mesmo equivoca-
ser examinada se refere ao por que a atividade experimental damente compreendido, n ã o nos permite nem mesmo avaliar o
permanece estranha ao nosso meio escolar, no sentido de que, valor da atividade experimental como u m recurso pedagógico.
embora conhecida dos professores e reconhecidos os seus m é r i -
tos, permanece efetivamente rejeitada pelo "organismo" escolar. O "modelo" t r a d i c i o n a l de ensino e x p e r i m e n t a l
As razões mais evidentes e mais frequentemente invocadas
H á mais de cem anos j á se recomendava o uso do laboratório
como causas da dificuldade (e até da impossibilidade) de imple-
no ensino de ciências. Segundo Blosser (1988), em 1886 a U n i -
m e n t a ç ã o de uma abordagem experimental ao ensino de ciências
versidade de Harvard j á havia publicado uma lista de experimen-
incluem a falta de instalações adequadas à escassez de equipamen-
tos e outros materiais, o excessivo n ú m e r o de alunos em classe,
as ileficiências na formação do professor, etc. 1. Programas de capacitação de professores desenvolvidos pelo C E C I M I C i - Centro de
Ensino de C^iências e Matemática, da U F M G .
N i t u r a l m e n t e , n ã o se pode menosprezar o efeito de tais
2. Segtmdo relatório da Comissão instituída pela Reitoria da U F M G , eni maiiVHC), par.i
. iK uiistâncias. N o entanto, a nossa experiência pessoal, adquirida
avaliar as repercussões de tais programas nas redes de ensino de 1" c 2" gr.ms, de
. oino n u m b r o da equipe executora de vários programas de capa- a 1986, foram atendidos mais de 10.000 professores.

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tos que deveriam ser incluídos em aulas de física c o m o objetivo, sagem, neste caso, é que a ciência é u m processo que produz
considerado essencial, de prover treinamento c m observação, conhecimento, e o laboratório é u m lugar onde o cientista trabalha,
fornecer informações detalhadas e estimular o interesse do aluno. o b t é m dados e os analisa. D o laboratório, surgem novas observações,
E longa, portanto, a tradição que sustenta certos procedimen- novas interpretações e a busca do sentido das coisas. E m suma, é a
tos e uma certa maneira de conceber a atividade experimental que, capacidade de resolver problemas e de produzir novas ideias que
uma centena de anos depois, continua c u m p r i n d o essencialmente caracteriza a metodologia científica. O laboratório torna-se, portan-
os mesmos objetivos, embora m u i t o se tenha aprendido a respeito to, o lugar por excelência para os estudantes aprenderem como
do papel da ação na aquisição de conhecimentos. observar, discriminar, organizar, classificar, medir, experimentar,
N u m a síntese m u i t o bem elaborada por Simp.son e Anderson avaliar e engajar-se em outros processos da ciência.
(1981), o laboratório de ensino de ciências destina-se a cinco
c) Aprender habilidades manipulativas
objetivos principais:
A l é m das habilidades mentais, os estudantes podem adquirir
a) Aprendera respeito da natureza da ciência e da tecnologia algumas habilidades manipulativas e algumas técnicas indispen-
A mensagem que aqui se pretende transmitir ao estudante é sáveis n u m laboratório de ciências. Por exemplo, fazer medida
que a ciência n ã o é u m conjunto de conhecimentos "revelados com uma pipeta, calibrar u m instrumento, operar u m m i c r o s c ó -
por inspiração divina", nem a atividade científica é algo que pio, dissecar u m animal, preparar uma solução, ligar e fazer a
conduz sempre ao sucesso. A ciência c u m m o d o peculiar de fazer leitura n u m m u l t í m e t r o , etc.
coisas que envolve a observação de f e n ó m e n o s naturais, a quan-
tificação do que foi observado e uma tentativa de encontrar d) Aprender os principais conceitos e princípios científicos
significado para estas observações. E m muitos casos, variáveis Neste caso, o que se pretende é ajudar os estudantes a orga-
podem ser controladas e manipuladas, de tal m o d o que relações nizar os fatos e outros fragmentos de informação em u m sistema
de causa e efeito podem ser identificadas, embora as descobertas de relações significativas. O pressuposto é que as atividades expe-
científicas sejam suscetíveis de múltiplas interpretações. O motor rimentais propiciam ao estudante experiências concretas, cujo
que impulsiona a invesdgação científica é o desejo de conhecer efeito é uma maior capacidade de estabelecer relações e c o m -
como e por que as coisas acontecem e os novos conhecimentos preender conceitos e princípios. A l é m disso, atividades de labo-
e n t ã o obtidos devem ser utilizados na tentativa de solução de ratório t a m b é m p r o v ê e m u m excelente meio para os estudantes
problemas humanos e sociais. Por isso mesmo, deve-se propiciar descobrirem, por si mesmos, as "grandes ideias" na ciência, tais
aos estudantes oportunidades de "comportarem-se como cientis- como massa, energia, etc. que são as pedras angulares sobre as
tas", nisto estando incluída a arte de superar frustrações, e q u í v o - quais repousa o conhecimento científico.
cos e, às vezes, frequentes fracassos.
e) Desenvolver interesses, atitudes e valores
b) Adquirir habilidades ou instrumentos cognitivos relaciotiados aos
U m a ideia bem difundida é a de que a realização de atividades
processos básicos da ciência
experimentais motiva o estudante e desperta o seu interesse pela
A q u i , as atividades experimentais devem estar voltadas para o ciência. Acrescenta-se a isso o fato de que adtudes científicas o i i
desenvolvimento da capacidade de observação, classificação, or- valores podem ser transmitidos através do laboratório, como:
d e n a ç ã o , c o m u n i c a ç ã o , predição, análise, etc, bem como para as curiosidade, objetividadc, honestidade intelectual, racionalidade,
habilidades de efetuar medidas, traçar gráficos e outras. A m e n - disciplina mental, respeito perante a vida, etc.

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H á u m razoável consenso quanto a serem estes os principais O laboratório programado é altamente estruturado, no senddo
objetivos do ensino experimental. Embora possam surgir diver- de que o "o aluno é guiado passo a passo, ao longo do procedi-
gências quanto a u m ou outro aspecto particular, o mesmo n ã o mento experimental" (p. 13). Esse dpo de laboratório lança m ã o
ocorre em relação ao papel que a experiência deve c u m p r i r no de guias o u roteiros baseados nos princípios da instrução progra-
ensino de ciências. Implícita ou explicitamente, justifica-se o uso mada, quais sejam: pequenas etapas, resposta ativa, verificação imediata,
da experiência como recurso capaz de assegurar uma transmissão ritmo próprio e testagem do programa. A eficácia de tais roteiros,
eficaz dos conhecimentos escolares. Nessas c o n d i ç õ e s , a expe- segundo os autores, foi comprovada na prática "não com objetivos
riência torna-se u m meio ao qual o professor recorre e que utiliza de 'redescoberta' ou algo parecido, mas para fins de ilustração e
do m o d o e no momento que julga conveniente. facilitação (grifo nosso) da aprendizagem de c o n t e ú d o " (p. 56),
entendida como "aprendizagem dos conceitos, leis, fatos, relações
Assim, ao professor se apresentam, dentre outras, as seguintes
e princípios físicos" (p. 56). As vantagens deste tipo de laboratório
alternativas: a) a experiência pode ser realizada por ele mesmo, como
não se restringem, p o r é m , a isto: estendem-se à área administra-
demonstração perante os seus alunos; ou pelos próprios alunos,
tiva, pois permite "resolver problemas administrativos como i n -
segundo u m roteiro mais o u menos detalhado e previamente elabo-
suficiência de equipamentos, muitos alunos e falta de auxiliares
rado pelo professor; b) pode ser realizada antes da explanação do
para o professor" (p. 13).
assunto pelo professor, visando a introduzir e explorar temas que
serão tratados mais aprofundadamente nas aulas teóricas, ou depois, Tem-se, aqui, u m caso exemplar em que se leva ao extremo a
para simples verificação do que foi exposto; c) pode ter u m caráter p r e t e n s ã o m u i t o c o m u m de tentar subordinar o processo de
indutivo, caso em que o esmdante pode controlar variáveis e desco- aprendizagem a u m m é t o d o de ensino. Ora, essa indiferenciação
brir o u redescobrir relações funcionais entre elas, ou dedutivo, é típica da psicologia behaviorista, que dá sustentação ao labora-
quando eles t ê m a oportunidade de testar certas predições da teoria. tório programado. Para Ferreiro e Teberosky (1985), " u m dos
Essas opções podem ser combinadas (por exemplo, demonstração • princípios básicos desta posição é que são os e s t í m u l o s que
exploratória de caráter indutivo) para gerar modos alternativos de controlam as respostas, e a aprendizagem em si nada mais é do
incorporar a experiência ao ensino de ciências. que a substituição de uma resposta por outra" (p. 27). N u m marco
U m dos dilemas que o professor tem que enfrentar, ao tentar de referência piagetiano, ao c o n t r á r i o , a distinção entre ambos é
implantar na sua escola o ensino experimental, traduz-se na opção clara e necessária: para Piaget, os e s t í m u l o s n ã o atuam diretamen-
entre o chamado "laboratório estruturado" e o " n ã o - e s t r u t u r a d o " . te, mas são transformados pelos sistemas de assimilação do sujeito
Este ú l t i m o permite ao aluno maior liberdade seja na própria que no ato de transformação os interpreta. Isso equivale a colocar
definição do tema a ser investigado, seja na escolha dos meios e o sujeito que aprende no centro do processo, e n ã o o m é t o d o ou
procedimentos mais adequados. N o primeiro, o processo é man- q u e m eventualmente o esteja veiculando.
tido sob controle do professor e presta-se a objetivos distintos. A dificuldade que o professor encontra, ao ter que optar entre
M o r e i r a e Levandowski (1983) apresentam o que pode ser o "laboratório estruturado" e o " n ã o - e s t r u t u r a d o " , se deve a duas
tomado como exemplo típico para o p r i m e i r o caso: o laboratório razões principais. Primeiro, porque existem entre ambos diferen-
programado. Nesse caso, tem-se como pressuposto os seguintes ças e divergências conceituais profundas. E u m e q u í v o c o imper-
objetivos para o ensino experimental: "1) a aprendizagem de doável supor que os diversos modos de conceber e desenvolver
habilidades, hábitos, técnicas e manuseio de aparelhos; 2) a apren- as atividades experimentais possam ser distribuídos ao longo de
u m eixo orientado de uma menor para uma maior diretividadc,
dizagem de conceitos, relações, leis e princípios e 3) a aprendiza-
no qual os alunos teriam, n u m extremo, o m á x i m o de liberdade
gem da e x p e r i m e n t a ç ã o " (p. H l ) .

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para escolher os procedimentos a serem executados e, no outro, como tantos outros, e a subordina aos objetivos. Interesses e
existiria u m controle absoluto de todos os passos. E o equívoco de problemas gerados no seio de u m curso orientado para a trans-
tal suposição está em imaginar que, diante desse leque de opções, o missão de conhecimentos j á elaborados.
professor possa fazer a sua escolha em função dos seus objetivos e
E m outras palavras, o ensino experimental, comumente co-
das circunstâncias (o tema a ser tratado, características da turma,
locado em contraposição ao ensino "teórico", "livresco" e "ver-
tempo disponível, problemas administrativos etc), como se essa
bal", acaba por desempenhar u m papel apenas complementar
escolha n ã o fosse profundamente influenciada pela sua visão pessoal
dentro de uma c o n c e p ç ã o de ensino que ele deveria substituir. O
da ciência, do seu modo de p r o d u ç ã o e dos processos psicológicos
que se constata, após uma centena de anos, é que o ensino
que permitem a todo sujeito elaborar a sua compreensão da realida-
experimental n ã o chegou a constituir u m modelo de ensino
de, está em admitir, mesmo que de forma implícita, que o papel
a u t ó n o m o , com objetivos, problemas e fundamentos epistemo-
pedagógico da atividade experimental possa ser definido sem
lógicos e psicológicos p r ó p r i o s , n ã o chegou a se i m p o r como uma
referência a visões epistemológica e psicológica particulares.
fonte de q u e s t õ e s g e n u í n a s e conhecimentos válidos para o cur-
A segunda fonte de dificuldade surge, de forma inusitada, dos rículo escolar Este continua a ter como fonte principal as teorias
resultados das pesquisas sobre a eficácia desses dois modos de científicas e expressam o que Posner e Strike (1974) chamam de
considerar o ensino experimental. Nas investigações conduzidas organização do " m u n d o conceituai". Neste contexto, o "modelo"
por Cionçalves e Moreira (1980), "o laboratório estruturado mos- de ensino experimental que v e m sendo adotado permanece l i m i -
trou-se pelo menos tão eficiente quanto o n ã o - e s t r u t u r a d o , em tado e incapaz de incorporar, e m sua plenitude, as contribuições
relação à aprendizagem de c o n t e ú d o a partir da atividade labora- de psicologia cognitiva e de outras áreas do conhecimento, porque
torial" (p. 401). o â n g u l o de observação da realidade fica delimitado pelos objeti-
Mas este n ã o é u m resultado singular I n ú m e r a s pesquisas vos e problemas do criticado ensino "teórico".
t ê m sido feitas procurando examinar o efeito da atividade experi- Esse m o d o de focalizar o problema acaba por nos remeter à
mental na aquisição de conceitos, atitudes, pensamento crítico^ questão da transmissão escolar de conhecimentos científicos. D o
na c o m p r e e n s ã o da ciência etc. E esses estudos, em geral, t ê m ponto de vista do professor, ensinar ciências significa, fundamen-
chegado ao mesmo ponto: a ausência de diferenças estatistica- talmente, transmitir às novas gerações u m conjunto de conheci-
mente significativas. Bates (1978), em trabalho publicado pela mentos produzidos pela ciência. Este é u m papel que lhe cabe
National Science Teachers Association, examinou 82 artigos so- cumprir e ao qual está tão habituado que se mostra incapaz de
bre essa q u e s t ã o e concluiu que permanece sem resposta conclu- conceber outras possibilidades. E isso é tão mais difícil quanto
siva a pergunta sobre o que se consegue com o laboratório que mais elevado for o grau de ensino em que atua. Sem dúvida, esse
n ã o se pode conseguir, t a m b é m , com alternativas menos dispen- é u m papel n ã o apenas legítimo, mas u m dever do professor e da
diosas e menos demoradas. escola: negar-se a c u m p r i - l o corresponde a colocar-se em oposi-
ção às expectativas e objetivos sociais.
L i m i t a ç õ e s do "modelo" t r a d i c i o n a l N o entanto, o que professores e pesquisadores da área de
N o nosso entendimento, tudo isso d e p õ e contra u m "mode- ensino ainda resistem em admitir é que o p r e d o m í n i o de tal
lo" de ensino experimental firmemente apoiado numa longa objetivo educacional sobre todos os demais acaba por produzir
tradição e que, por isso mesmo, tem se mostrado incapaz de distorções que precisam ser evitadas. A centração na transmissão
suportar suas limitações e deficiências, d e p õ e contra u m "mode- de conhecimentos científicos resulta numa visão "cientificocên-
lo" que reduz a atividade experimental a u m recurso pedagógico. trica" que obnubila uma visão objetiva dos fatos e fatores que

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i n t e r v ê m no processo de ensino-aprendizagem. Focalizar o ensi- cular de ciências, pelos seus diversos itens de c o n t e ú d o . C o m isso,
no e a pesquisa em ensino de ciências estritamente sob a édca da c o n s t r u í r a m uma taxionomia (Curriculum Analysis Taxonomy) que
transmissão de c o n t e ú d o s gera obstáculos que dificultam reco- tornou possível "determinar o Umite superior do nível do material
nhecer o significado mais profundo de certas evidências e m p í r i - curricular que poderia ser compreendido por u m aluno o u grupo
cas, bem como o papel g e n u í n o que, por exemplo, a atividade de alunos" (p. 6).
experimental pode desempenhar.
O nosso entendimento é que essas tentativas de "hierarqui-
Nesse campo, os efeitos de uma visão "cicndficocêntrica" se zação" dos c o n t e ú d o s escolares só se jusdficam quando a preocu-
fazem notar mesmo naquelas propostas declaradamente piagetia- pação do professor é c o m a transmissão de conhecimentos j á
nas, as quais pretendem incorporar ao ensino as contribuições da estabelecidos. Nesse caso, a análise dos c o n t e ú d o s , como o fazem
psicologia e da epistemologia genéticas. Por exemplo, poucas Shayer c Adey, torna-se indispensável para a d e t e r m i n a ç ã o dos
r e c o m e n d a ç õ e s pedagógicas estão, hoje, mais amplamente disse- pré-requisitos o p e r a t ó r i o s necessários à sua c o m p r e e n s ã o . N ã o
minadas e aceitas como a que p r o p õ e que os c o n t e ú d o s escolares fora essa a razão, seríamos levados a supor a existência de uma
sejam selecionados e organizados de modo a respeitar o nível de dificuldade "real", situada nas "coisas" o u nos f e n ó m e n o s . Mas,
desenvolvimento cognitivo do aluno. C o m u m e n t e , tem-se por como se sabe, n e n h u m f e n ó m e n o é "simples" o u "complexo" em
suposto que esta r e c o m e n d a ç ã o resulta de uma interpretação si mesmo: ele é visto de u m o u outro m o d o em função do modelo
adequada das implicações das ideias piagetianas no campo da explicativo adotado o u , como diz Piaget (1987), c o m referência
e d u c a ç ã o escolar E quem assim pensa encontra-se na companhia ao "quadro e p i s t ê m i c o " a partir do qual ele é examinado.
de figuras ilustres, como Garcia (1982), que assim se expressa
Naturalmente, compreender uma explicação derivada de
sobre as conseqiiências que se podem extrair da obra de Piaget
uma teoria científica exigirá sempre, do aluno, a capacidade de
para o ensino de ciências:
realizar o p e r a ç õ e s mais o u menos sofisticadas. N o entanto, é
"a conclusão imediata, quase trivial, é que não se deve tentar
i n g é n u o acreditar que, pelo simples fato de o aluno preencher os
ensinar situações, fenómenos ou processos que não tenham em
p r é - r e q u i s i t o s o p e r a t ó r i o s , uma explicação científica torna-se
conta a 'etapa' do desenvolvimento cognitivo da criança e, por
"evidente" o u aceitável por ele. Para Piaget, isto n ã o é verdadeiro
conseguinte, sua possibilidade de assimilar a experiência" (p. 44).
nem no plano do i n d i v í d u o , nem no plano da história da ciência.
E m termos práticos, isso tem resultado em tentativas de
seleção e ordenação dos c o n t e ú d o s disciplinares pelo seu nível N o primeiro caso, porque, mesmo após a adolescência, quan-
crescente de dificuldade e complexidade. Nisso se incluem as do as estruturas lógicas fundamentais que v ã o constituir os ins-
atividades experimentais, através das quais são estudados, inicial- trumentos de base do seu desenvolvimento cogninvo posterior
mente, os f e n ó m e n o s mais "simples", deixando-se os crescente- estão j á desenvolvidas, "o sujeito dispõe de uma c o n c e p ç ã o de
mente mais "difíceis" para as séries mais adiantadas. mundo {Wcltanschauung) que condiciona a sua assimilação poste-
rior de qualquer experiência" (p. 232). E essa "concepção de
Nesta linha de trabalho, Shayere Adey (1981) desenvolveram
m u n d o " atua em diferentes níveis e de modo diferente, funcio-
dois tipos de instrumentos de medida que lhes permitiram deter-
nando como fonte de dificuldades adicionais para a c o m p r e e n s ã o
minar, de u m lado, o nível de desenvolvimento dos esquemas
o u aceitação de modos alternativos de interpretação da realidade.
mentais dos alunos c, de outro, o nível de "complexidade cogni-
N o segundo caso, o exemplo histórico mais claro do modo
tiva" dos c o n t e ú d o s curriculares, isto é, o nível de exigência (em
como duas concepções diferentes conduzem a explicações fiísicas
termos de operações mentais) demandado, numa proposta c u r n -

Í.4 65
diferentes nos é dado, segundo Piaget, pela visão inercial do
expondo o aluno apenas a situações que ele estaria em c o n d i ç õ e s
movimento. C i n c o séculos antes de Cristo, o m u n d o , para os
de explicar "corretamente" (isto é, segundo os ditames da ciência),
chineses, estava com constante devir. O movimento, o fluxo denuncia a i n t e n ç ã o , n e m sempre revelada ou admidda, de se
c o n t í n u o , era o estado natural de todas as coisas no universo. Por evitarem as ocasiões em que as suas respostas seriam "inevitavel-
conseqíiência, o m o v i m e n t o n ã o exigia ser explicado: só a m u - mente erradas".
dança de m o v i m e n t o e, em pardcular, o repouso exigiam explica-
Isso coloca em evidência o fato de que o professor ainda n ã o
ção. Isso justifica a seguinte informação encontrada, segundo
aprendeu a conviver com os "erros" dos seus alunos. Seja pela
Piaget, nos escritos chineses: "a cessação do m o v i m e n t o é devida
escassez de tempo para c u m p r i r u m programa via de regra m u i t o
a uma força oposta. Se n ã o exisdr força oposta o m o v i m e n t o
extenso, seja por n ã o reconhecer o seu devido valor no processo
nunca mais parará. E isso é tão evidente como uma vaca n ã o ser
• de desenvolvimento da criança, o que se constata é que o professor
u m cavalo" (p. 233).
ainda n ã o vê os "erros" dos seus alunos como parte integrante e
Foram necessários mais de dois m i l anos para que a ciência indispensável do processo de desenvolvimento cognidvo. A sua
ocidental chegasse a esse ponto. E isso se deve n ã o a uma "inca- p r e o c u p a ç ã o c o m a transmissão de respostas "corretas" p r e d o m i -
pacidade" intelectual, mas à concepção de m u n d o , inteiramente na sobre o respeito às leis que regulam o processo natural de
diferente, e n t ã o adotada. Para os aristotélicos, o "estado natural" c o n s t r u ç ã o de conhecimentos, o que o leva a conceber o aluno
dos objetos do m u n d o era o repouso: o movimento requeria, por como u m ser essencialmente "incompetente" para compreender
conseqíiência, uma força e, quando tal força debcava de existir, o certos fatos da realidade. D a í a necessidade de "hierarquizar" os
objeto voltava ao seu "estado natural" de repouso. E claro que, c o n t e ú d o s disciplinares.
numa tal c o n c e p ç ã o , o p r i n c í p i o da inércia torna-se inconcebível.
N o entanto, isso nos parece uma inversão do m o d o como
Para Piaget, o fato de uma afirmação absurda para os gregos
Piaget focalizava a criança: ao invesdgar e construir os seus m o -
ser uma evidência para os chineses tem suas raízes na relação entre
delos de pensamento, ele procurava determinar n ã o a sua " i n c o m -
ciência e ideologia: "a diferença entre u m sistema explicativo e o
petência", mas as suas possibilidades de agir sobre o m u n d o e o
outro n ã o reside numa diferença metodológica nem numa dife-
seu modo peculiar de compreender a realidade. A sua preocupa-
rença na c o n c e p ç ã o de ciência. Trata-se de uma diferença i d e o l ó - ção n ã o estava em saber se, por exemplo, o arco-íris ou u m corpo
gica que se traduz por u m quadro epistêmico diferente" (p. 233). em queda livre eram f e n ó m e n o s incompreensíveis para ela, tra-
Resulta daí que o "absurdo" e o "evidente" são sempre relativos a tava-se de saber como ela os assimila e os explica em cada m o -
u m determinado "quadro epistêmico". mento da sua vida, por serem essas explicações evidências de
A l é m desse aspecto, n ã o se pode t a m b é m cometer o engano mecanismos internos de organização e interpretação da realidade.
de acreditar que as crianças p e r m a n e c e r ã o impassíveis diante dos Mecanismos que, aliás, Piaget mostrou serem comuns dos p r o -
objetos e f e n ó m e n o s , aguardando o momento em que estarão em cessos s o c i o g e n é d c o s e p s i c o g e n é d c o s de c o n s t r u ç ã o de conheci-
c o n d i ç õ e s de compreender as explicações científicas corretas. mentos.
Garcia, c o m certeza, n ã o cometeu (nem cometeria) esse e q u í v o -
Assim, o respeito ao nível de desenvolvimento cognitivo da
co. Ele, c o m o poucos, conhece o valor e o significado dos resul-
criança deve significar, para o professor, n ã o u m apelo a que se
tados fornecidos pelas pesquisas psicogenéticas, pelos quais a
preste atenção apenas às caracterísdcas do c o n t e ú d o a ser ensina-
criança se revela, desde cedo, u m "explicador" do m u n d o que a
do, mas, e principalmente, às possibilidades de agir e pensar de
cerca. N o entanto, o esforço de "hierarquizar" os f e n ó m e n o s ,
que ela é capaz.

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67
E l e m e n t o s para a c o n s t r u ç ã o de u m a c o n c e p ç ã o conhecimento n ã o está na ação direta sobre os objetos, mas
construtivista de ensino experimental resulta, como diz Ramozzi-Chiarotuno (1979), de u m "comple-
xo indissociável de interações entre o sujeito e o objeto que é
Nessa perspectiva, K a m i i e Devries (1985) realizarain u m fornecido pela ação" (p. 74). E isso constitui, na visão de Garcia
trabalho, na pré-escola, cuja p r e o c u p a ç ã o era o desenvolvimento (1982), " u m verdadeiro descobrimento que fundamenta, e m p i -
do conhecimento físico da criança, em oposição à educação científica. ricamente, a revolução teórica (...) que Piaget introduziu na teoria
Nas suas palavras, do conhecimento" (p. 40).
"a abordagem do conhecimento físico centraliza-se em tor-
Essa revolução, a que se refere Garcia, está em supor que o
no da ação da criança sobre os objetos e da construção do
conhecimento da realidade só se torna possível através de "instru-
conhecimento vindo de dentro. Em contraste, a educação cien-
mentos de conhecimento" que o sujeito deve construir a pardr
tífica enfatiza o conteúdo e a transmissão social do conhecimento
científico, mesmo quando tenta ser uma abordagem processual" de sua ação sobre os objetos. Agir sobre u m objeto é modificá-lo,
(p. 13). deslocá-lo, dividi-lo em partes ou reunir as partes em u m todo,
a q u e c ê - l o , d e f o r m á - l o etc. D e início, a arividade da criança se
Referindo-se a esse trabalho, Piaget, no prefácio da citada
reduz a ações concretas, ou seja, ao nível da inteligência s e n s ó r i o -
obra, afirma que os autores
motora ela se limita a agir diretamente sobre os objetos materiais,
"centralizaram seus esforços na invenção de atividades que transformando-os materialmente o u causalmente. N o entanto,
permitissem às crianças agir sobre os objetos e observar as reações
supor que a atividade do sujeito se reduza, em qualquer nível, a
ou transformações desses objetos (que é a essência do conheci-
ações concretas, é u m engano m u i t o c o m u m entre os professores
mento físico, onde o papel das ações do sujeito é indispensável
de ciências que Piaget cuidou de esclarecer.
para o entendimento da natureza dos fenómenos envolvidos). A
importância dos erros não é negligenciada, visto que um erro Tais ações concretas, ao serem repetidas, generalizadas, unidas
corrigido é frequentemente mais instrutivo que um sucesso- ou compostas c o m outras etc, pardcipam, como nos diz Piaget
imediato" (p. 9). (1973), "da elaboração c o n t í n u a de u m esquematismo dominado
É evidente, neste caso, que a atividade experimental n ã o é pelas exigências de uma c o o r d e n a ç ã o geral" (p. 142). Disso de-
proposta apenas como "ilustração" do que foi ou será tratado corre uma espécie de "lógica da ação", razão pela qual a coordenação
"teoricamente" pelo professor, mas como oportunidade para que das ações encontra-se na origem das futuras operações da inteli-
o sujeito extraia da sua ação as conseqiiências que lhe são próprias gência. E m outros termos, o sujeito, a partir de u m certo momen-"
e legítimas. E qual é o papel da ação, considerado por Piaget como to, torna-se capaz de realizar ações n ã o mais concretas, mas
indispensável para o entendimento da natureza dos f e n ó m e n o s ? significantes, isto é, operatórias, apresentando o duplo aspecto de
O papel que joga a ação na teoria piagetiana é fundamental- serem reversíveis e de se coordenarem em estruturas de conjunto.
mente diferente do de todas as posições epistemológicas prece- O fato de a inteligência derivar da ação leva, segundo Piaget
dentes. Isso se jusdfica porque, contrariamente ao que admitem (1982), a uma c o n s e q u ê n c i a fundamental "mesmo nas suas ma-
as c o n c e p ç õ e s correntes, n ã o se adquire a ideia de peso sopesando nifestações superiores, onde ela procede graças aos instrumentos
objetos, n e m a ideia de elasdcidade estirando molas, nem a idéia do pensamento, a inteligência ainda consiste em executar e coor-
de rigidez de u m corpo indeformável através dos sucessivos denar as ações, mas sob a forma interiorizada e reflexiva" (p. 37).
fracassos das tentativas de d e f o r m á - l o . A psicologia genédca de-
Nessas condições, conhecer u m objeto é agir sobre ele e
monstrou que tais c o n c e p ç õ e s são falsas, isto é, que a génese do
transformá-lo, apreendendo os mecanismos dessa transformação

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v i n c u l a d o s c o m as a ç õ e s t r a n s f o r m a d o r a s . C o n h e c e r u m o b j e t o
experiência, transformando-se em simples adestramento, desti-
o u f e n ó m e n o é, p o i s , a s s i m i l á - l o às estruturas de t r a n s f o r m a ç ã o ,
t u í d o de valor formador por falta da c o m p r e e n s ã o suficiente dos
q u e s ã o os " i n s t r u m e n t o s de c o n h e c i m e n t o " . P o r isso m e s m o , o pormenores das etapas sucessivas" (p. 17).
c o n h e c i m e n t o n ã o é j a m a i s u m a s i m p l e s " c ó p i a " da realidade,
p o r q u e p a r t e da a ç ã o d o s u j e i t o sobre o m e i o e m q u e v i v e , mas
Referências bibliográficas
n ã o ocorre sem a e s t r u t u r a ç ã o d o v i v i d o .

Se, p o r u m lado, o c o n h e c i m e n t o d o o b j e t o n ã o é p o s s í v e l B A T E S , G . C . Wliat rescarch says to tite sciencc teacher, Washington D . C .


s e n ã o a t r a v é s dos esquemas de a s s i m i l a ç ã o d o s u j e i t o , p o r o u t r o , N a t i o n a l Science Teachers Association, 1978 (vol. 1).
tais esquemas n ã o se c o n s t i t u e m a n ã o ser a t r a v é s da a ç ã o d o B L O S S E R , PE. " O papel do laboratório no ensino de ciências". Trad.
s u j e i t o sobre os objetos. D i s s o resulta a i m p o r t â n c i a d o papel da M a r c o A . M o r e i r a . Cací. Cat. Eus. Fis. F l o r i a n ó p o l i s , 5(2): 74-78,
a ç ã o q u e p o s s i b i l i t a ao s u j e i t o dois tipos de e x p e r i ê n c i a : a experiên- ago 1988.
cia física c o m os objetos, q u e e s t á na o r i g e m da causalidade, e a F E R R E I R O , E. & T E B E R O S K Y , A . Psicogêncse da língua escrita. Trad.
experiência lógico-matemática, a p a r t i r das c o o r d e n a ç õ e s das a ç õ e s d o Diana M . Liclitenstein et al. V ed. Porto Alegre, Artes M é d i c a s ,
s u j e i t o , q u e e s t á na o r i g e m d o c o n h e c i m e n t o l ó g i c o - m a t e m á t i c o . 1985, 284 p.

C o m base nessas ideias, Piaget c r i t i c a a escola " t r a d i c i o n a l " e, G A R C I A , R. " E l desarrollo dei sistema cognitivo e la ensenanza de las
ciências". Educación. 33-57, 1982.
e m especial, o e n s i n o e x p e r i m e n t a l q u e se l i m i t a a " i l u s t r a r " o q u e
j á f o i o u s e r á e x p o s t o p e l o professor, c r i t i c a o " e s p e t á c u l o de G O N Ç A L V E S , E.S. & M O I ^ I R A , M . A . " L a b o r a t ó r i o estruturado
e x p e r i ê n c i a s de d e m o n s t r a ç õ e s " feitas p e l o p r o f e s s o r perante os versus laboratório n ã o estruturado: u m estudo comparativo em u m
curso convencional". Revista Brasileira de Física. S ã o Paulo, 10 (2):
a l u n o s , " c o m o se se pudesse a p r e n d e r a nadar simplesmente
389-402, 1980.
o l h a n d o os banhistas, sentado c o m o d a m e n t e n o b a n c o d o cais"
( p . 5 8 ) . N a s suas palavras K A M I I , C. & D E V R I E S , R. O couliecimeiito físico na educação pré-cscolar.
Trad. Maria C R . Goulart. 1" ed. Porto Alegre, Artes Medicas, 1985,
" N ã o são c o m efeito as experiências que o professor venha 328 p.
a fazer perante eles, ou as que fizerem eles mesmos c o m suas
próprias mãos, segundo p o r é m u m esquema preestabelecido e que M O R E I R A , M . A . & L E V A N D O W S K I , C E . Diferentes abordagens ao
, . lhes é expressamente ditado, que lhes haverão de ensinar as regras ensino de laboratório. Porto Alegre, Editora da Universidade, U F R G S ,
1983, 117 p.
gerais de toda experiência científica..." (Piaget, 1978, p. 17).
P I A G E T J. Para onde vai a educação? Trad. Ivette Braga. 6' cd. Rio de
Esse t i p o de e x p e r i ê n c i a n e g l i g e n c i a o aspecto " o p e r a t i v o " d o
Janeiro, J o s é O l y m p i o , 1978, 80 p.
c o n h e c i m e n t o ( i s t o é, a c o n s t i t u i ç ã o progressiva de sistemas de
t r a n s f o r m a ç õ e s ) , r e d u z i n d o - s e ao seu aspecto " f i g u r a t i v o " . Em —. Psicologia c pedagogia. Trad. D i r c e u A . Lindoso e Rosa M . R . da Silva.
Rio de Janeiro. Forense U n i v e r s i t á r i a , 1982, 184 p.
c o n s e q í i ê n c i a , ela se l i m i t a a f o r n e c e r aos a l u n o s as "repre-
s e n t a ç õ e s i m a g é t i c a s falantes" dos objetos o u acontecimentos, P I A G E T J . & G A R C I A , R. Las explicacioues causales. Trad. Elena R. Póliza.
mas s e m c o n d u z i r a u m a r e a l i z a ç ã o efetiva destes. O u seja, subs- V ed. Barcelona, Barral Editores, 1973.

titui-se o " v e r b a l i s m o " da palavra p e l o " v e r b a l i s m o " da i m a g e m e —. Psicogêncse e história da ciência. Trad. Maria F M . R . Jesumo. V ed.
da a ç ã o , p o i s , c o m o d i z Piaget, Lisboa, D o m Quixote, 1987 ( C i ê n c i a N o v a , n " 6), p. 238.

"uma experiência que n ã o seja realizada pela p r ó p r i a pessoa, P O S N E R , G J . & S T R I K E , K.A. Uui sistema de categorias para princípios de
c o m plena liberdade de iniciativa, deixa de ser, por definição, uma sequência de conteúdo. Trad. A m é l i a D . de Castro. C o r n e i Univcrsity,
1974.

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