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OFICINA DE MICROBIOLOGIA: PERCEPÇÃO DOS ALUNOS COM RELAÇÃO À

DISCIPLINA DE BIOLOGIA

Quênia Glória Ferreira1, Malu Carvalho Friggi1, Natália Caroliny da Silva Dias1, Karla
Maria Pedra de Abreu2
1InstitutoFederal do Espírito Santo/Licenciatura em Ciências Biológicas, quenia_28@hotmail.com,
malu_friggi@hotmail.com, nataliabioifes@hotmail.com, kmpaarchanjo@ifes.edu.br

Resumo- Visto que divergências enfrentadas pela escola, como a falta de estrutura, despreparo dos
professores, são fortes empecilhos para concretizar o conteúdo teórico, desfavorecendo o desenvolvimento
da educação. De forma preventiva o Pibid investe contribuindo para a formação de futuros professores
quanto à utilização de aulas práticas para a melhoria da qualidade de aprendizagem. Assim, os
licenciandos/pibidianos promovem mecanismos para integrar esses alunos ao mundo concreto com
propósito de adicionar inovação ao ensino. Este trabalho usa como ferramenta uma oficina realizada no
laboratório de microbiologia do IFES - Campus Alegre, para análisar qualitativamente a percepção dos
alunos com relação a disciplina de Biologia e áreas afins. Notavelmente, aulas em laboratório agradam aos
alunos, mudando drasticamente a opinião formada por eles a respeito da disciplina, rompendo com pré-
conceitos, favorecendo a construção de um ensino de ciências correlacionado com a vida cotidiana.

Palavras-chave: Biologia, Licenciatura, Pibid, aulas em laboratórios, microbiologia


Área do Conhecimento: Ciências Biológicas

Introdução desfavorecendo o desenvolvimento da educação.


Reflexo de tais fatos são professores que não
O convívio que o Pibid proporciona aos sabem utilizar os materiais disponíveis ou não são
licenciandos no âmbito escolar possibilita analisar motivados. Assim em escolas onde vem sendo
diversas vertentes que rege o processo de implantadas salas de informática, laboratórios de
formação dos alunos no decorrer de sua biologia e química, se resumem a gastos inúteis,
passagem pela escola. Visto que divergências uma vez que, o despreparo do professor, torna-os
enfrentadas pela escola, como a falta de estrutura, inutilizáveis.
despreparo dos professores, são fortes Atualmente muitos trabalhos vêm divulgando
empecilhos para concretizar o conteúdo teórico, o bons resultados na melhoria do processo ensino-
Pibid se torna um importante aliado criando uma aprendizagem através das aulas práticas na área
ponte entre Escola e Instituição de Ensino das ciências (VIEIRA; et al, 2013, LIMA; GARCIA,
Superior (IES), onde por meio de ferramentas 2011, REGINALDO; et al, 2012, OLIVEIRA; et al,
como, visitas técnicas, oficinas, minicursos e aulas 2010), e Andrade; Massabni (2011), ressaltam
práticas oferecem aos alunos meios de ainda que as atividades práticas são formas de
aprendizagem que ultrapassam as barreiras do trabalho que cabe ao professor querer ou não
espaço físico escolar. utilizá-las, não dependendo apenas da boa
Segundo Teixeira (2003) o trabalho em sala de vontade, preparo ou condições dadas pela escola,
aula continua marcado pelo conteudismo. Silva; pois ao decidirem como desenvolver suas aulas,
Silva (2009) destaca como consequência uma julgam como devem agir. E se valorizam as
visão ingênua da Ciência e distante da realidade atividades práticas acreditando que são
do trabalho científico nos alunos, sendo um fator determinantes para a aprendizagem de Ciências,
desencadeante na ineficiência do ensino de buscará meios de desenvolvê-las superando
Ciências. Bueno; Parode (2011) expõem a eventuais obstáculos.
educação como desatualizada, pois apesar do De forma preventiva o Pibid investe
avanço exponencial da tecnologia, e dos recursos contribuindo para a formação de futuros
didáticos, a defasagem que se estende desde a professores quanto à utilização de aulas práticas
formação do professor se sobrepõe a tais recursos para a melhoria da qualidade de aprendizagem,

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assim os licenciandos/pibidianos promovem
mecanismos de integrarem esses alunos ao
mundo concreto com propósito de adicionar
inovação no ensino. Pelo exposto o objetivo do
trabalho é promover uma análise qualitativa na
percepção dos alunos com relação a disciplina de
Biologia e áreas afins, através de uma oficina
realizada no laboratório de microbiologia.

Metodologia

Foi realizada uma oficina no laboratório de


microbiologia do IFES - Campus Alegre, com nove
alunos do terceiro ano do Ensino Médio da Escola
Estadual Professora Célia Teixeira do Carmo Figura 1 - Alunos realizando prática de diluição
parceira do Subprojeto Ciências Biológicas/Pibid. seriada
A pesquisa se deu em três momentos. Um
questionário foi elaborado trazendo questões Análisando o questionário aplicado antes e
sobre o nível de interesse deles pela disciplina de após a participação dos alunos na oficina, pôde-se
Biologia, sua percepção quanto à influência das verificar grandes variações quanto as opiniões
práticas de laboratório na construção do relacionadas a disciplina de biologia.
conhecimento, e de que modo esse contato o faz Aproximadamente 60% dos alunos
refletir sobre o profissional da área, sendo consideraram os recursos audiovisuais melhores
aplicado no primeiro momento. E no segundo para a aprendizagem equiparados com aulas em
momento, com a realização da oficina, foram laboratório. Aproximadamente 70% dos alunos
abordadas as normas de trabalho e de higiene em afirmaram não terem realizado práticas em
laboratório de microbiologia; Identificação de tipos laboratórios relacionados as ciências. Em contra
e funções de equipamentos, vidraria e meios de partida, após a oficina cerca de 90% afirmaram
cultura; e Análise de bactérias em diferentes que a aula de laboratório aumenta seu interesse
ambientes com técnicas de semeadura. Com o pela disciplina. Quando questionados se a Biologia
aporte teórico os alunos se tornaram está associada com o seu cotidiano, 60% dos
familiarizados com todo ambiente laboratorial e alunos consideraram que não há associação. E
instrumentos necessários para realização de aproximadamente 80% revelaram ter preferência
práticas propostas durante a oficina (Figura 1). E por outra disciplina. No entanto, após a oficina
finalizando os alunos responderam ao questionário esse número teve decréscimo de 10%.
novamente (anexo I). No gráfico 1, após a realização da oficina 100%
dos alunos consideraram que as aulas em
Resultados laboratório contribuem para sua formação.

Durante a realização da oficina os alunos


demonstraram-se entusiasmados, participativos,
ansiosos em realizar os procedimentos que
estavam aprendendo.

Gráfico 1 - Percepção dos alunos antes e após a


realização da oficina.

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No gráfico 2, nota-se que 100% dos alunos consideraram a biologia associada ao seu
compreenderam o comportamento das bactérias cotidiano.
através da prática de microbiologia.
Uma revisão no ensino de biologia faz-se
necessário para esta nova postura sistêmica,
interdisciplinar, aplicável no cotidiano, que
desenvolva o educando como pessoa cidadã,
responsável pela melhoria da qualidade de vida
do planeta e que promova valores com
sensibilidade e solidariedade (SILVA, 2009).

Da forma como a Biologia tem sido trabalhada


na sala de aula, torna-se irrelevante perguntar aos
alunos se preferem a disciplina, pois a clara
descontextualização, o ensino massante e a baixa
atratividade, torna óbvio que os alunos não
possuem a mínima noção de quão fundamental é
Gráfico 2 – Aproveitamento da aprendizagem pós
essa ciência. A experimentação proporciona um
prática.
enriquecimento no aprendizado que dificilmente
algum livro seja capaz de superar.
Todos os alunos se declararam satisfeitos com
Segundo Carmo; Schimin (2008), como uma
a participação na oficina, e cerca de 70% não
modalidade pedagógica de vital importância, as
encontraram dificuldades em compreender o
aulas práticas/experimentais permitem ao
conteúdo ministrado.
educando exercitar hipóteses e idéias aprendidas
Quanto ao desejo de cursar Biologia ao
em sala de aula.
concluir o Ensino Médio, houve um acréscimo de
Krasilchik (2005) diz que as aulas de
aproximadamente 20% após a prática. (Gráfico 3)
laboratório cativam um lugar insubstituível no
ensino de Biologia por desempenharem funções
únicas, pois permitem que os alunos tenham
contato direto com os fenômenos, manipulem os
materiais e equipamentos e observem os
organismos.
Notavelmente a aula em laboratório agradou
aos alunos, muda drasticamente a opinião que
eles têm formada a respeito da discilina. Sem um
contato prévio com o ambiente laboratorial, quase
90% se quer pensava em cursar Biologia, e após a
prática esse percentual caiu para menos de 70%,
o que reforça a falta de compreensão por parte
Gráfico 3 – Interesse dos alunos em cursar dos alunos do leque de opções que a área pode
Biologia proporcionar.
Apesar de mais de 2/3 dos alunos declar não
Anteriormente à prática, cerca de 11% terem realizado aula em laborátório, quase 80% a
afirmaram se interessar pela disciplina e considerava importante para sua formação, e após
posteriormente esse percentual atingiu 30% dos o contato com o mesmo, 100% dos alunos a
alunos. consideraram.
Com isso só reforça o pensamento de Teixeira
Discussão (2003), que deve-se buscar alternativas para que
se possa alterar o rumo da ciência que é ensinada
A descontextualização do ensino de Biologia e nas escolas, para a construção de um ensino de
a ausência de relações com as demais disciplinas ciências relacionado com movimentos
do currículo remetem ao aluno a sensação que pedagógicos, pondo abaixo a sistematização para
esta não está relacionada com seu cotidiano e progresso da compreensão da realidade.
com tudo que ocorre em seu entorno. Reflexo
disso, quando questionados, 2/3 dos alunos não

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Conclusão no ensino médio. Cadernos do Aplicação, Porto
Alegre, v. 24, n. 1, jan/jun. 2011.
A satisfação dos alunos em participarem da - OLIVEIRA, C. B.; et al. A experimentação no
oficina de microbiologia se deve ao fato da sua ensino de biologia: um estudo exploratório n
participação ativa. Com o aluno no centro das ensino superior. ANAIS DO XV ENDIPE, 2010.
atenções, como colaborador ativo de todo o
processo educacional, lhe é conferido um papel de - REGINALDO, C. C.; et al. O ensino de ciências e
destaque, que na rotina da sala de aula se a experimentação. IX ANPED SUL, 2012.
desgasta. Assumindo assim, o aluno, um papel Disponível em:
passivo e desinteressado, o que reflete http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpe
diretamente no professor o desestimulando. dsul/9anpedsul/paper/viewFile/2782/286. Acesso
Portanto, cabe ao professor buscar a melhor em: 02 ago. 2014.
metodologia para despertar no aluno o interesse
pelo conteúdo trabalhado. Pois rompendo com - SILVA, M. S.; SILVA, M. P. O significado do
pré-conceitos formados pelos alunos, só tende ao ensino de biologia para os alunos da educação de
favorecimento da construção do ensino de jovens e adultos. III EDIPE – Encontro Estadual de
ciências. Didática e Prática de Ensino, 2009.
E os licenciandos/pibidianos tem em mãos a
oportunidade de demonstrar que existem - SILVA, R. K. V. M. O ensino de Biologia no
propostas educacionais capazes de serem Ensino Médio: uma abordagem mais integrada e
articuladas com os interesses da sociedade, de holística. Monografia (Licenciatura em Biologia) –
maneira democrática e emancipadora. Faculdade Integrada da Grande Fortaleza, 2009.

Agradecimentos - TEIXEIRA, P. M. M. A educação científica sob a


perspectiva da Pedagogia histórico-crítica e do
PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Movimento C.T.S. no ensino de ciências. Ciência
Iniciação à Docência), IFES (Instituto Federal do & Educação, v. 9, n. 2, p. 177-190, 2003.
Espírito Santo).
- VIEIRA, B. C. R.; et al. A importância da
Referências experimentação em ciências para a construção do
conhecimento no ensino fundamental.
- ANDRADE, M. L. F.; MASSABNI, V. G. O Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer
desenvolvimento de atividades práticas na escola: - Goiânia, v.9, N.16; p.2276, 2013.
um desafio para os professores de ciências.
Ciência & Educação, v. 17, n. 4, p. 835-854, 2011.

- BUENO, B. F. W.; PARODE, M. F. Realidade


docente e a utilização de aulas práticas como
recursos didáticos; Revista Visão Acadêmica;
Universidade Estadual de Goiás; Novembro de
2011; ISSN 21777276. Cidade de Goiás.

- CARMO, S.; SCHIMIN, E. S. O Ensino da


Biologia Através da Experimentação. Dia-a-dia
Educação, p. 01- 19, 2008. Disponível em:
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/
arquivos/10854.pdf?PHPSESSID=20090
50615332531. Acesso em: 18 ago. 2014.

- KRASILCHIK, M. Prática de Ensino de Biologia.


4ª São Paulo: Universidade de São Paulo, 2005.
85-87.

- LIMA, D. B.; GARCIA, R. N. Uma investigação


sobre a importância das aulas práticas de Biologia

XVIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XIV Encontro Latino Americano de Pós- 4
Graduação e IV Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba

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