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Alegre
2014
NATÁLIA CAROLINY DA SILVA DIAS
Alegre
2014
Ficha catalográfica elaborada pelo
Serviço Técnico da Biblioteca Monsenhor José Bellotti
Instituto Federal do Espírito Santo (IFES) – Campus de Alegre
CDD: 570
DECLARAÇÃO DO AUTOR
Declaro, para fins de pesquisa acadêmica, didática e técnico-científica, que este Trabalho de
Conclusão de Curso pode ser parcialmente utilizado, desde que se faça referência à fonte e ao
autor.
Agradeço sumária e primeiramente a Deus pela oportunidade de conhecer mais uma das
grandezas de sua criação por meio deste estudo.
A meus pais, Carlos Luiz Dias e Ione Martins da Silva Dias, pelo amor, apoio e compreensão
nos momentos dispendiosos, e por acreditarem no meu potencial renunciando várias vezes,
seus sonhos em prol do meu. Agradeço pelo carinho, atenção e paciência em sempre me
motivar a superar os obstáculos.
A meus irmãos, Mara Caroliny, Any Caroliny, Carla Caroliny e Tiago Martins pelo incentivo,
auxílio, apoio e compreensão da ausência de muitos momentos especiais.
Agradeço ao Ifes pela abertura e oportunidade para desenvolver o estudo com propriedade e
ao grupo de trabalho do laboratório de Química Aplicada.
Agradeço ao professor Tércio da Silva de Souza pela honra de ter recebido sua orientação.
Pela paciência, cuidado, incentivo e parceria ao longo do processo. Muito mais que
conhecimento científico, me proporcionou informações que literatura alguma é capaz de citar.
Agradeço pelo apoio e pelos conselhos dados para que eu alcançasse excelência no processo
com serenidade.
A todos os meus amigos do curso de Ciências Biológicas e demais amigos de faculdade, que
juntos, viveram esse sonho comigo, sintam-se alcançados.
“O verdadeiro cientista vê Deus em todas as formas diversas do mundo exterior... E assim, à
medida que contemplar a variedade e beleza do mundo exterior e lhe penetrar as maravilhas
científicas, saberá sempre se elevar até a Sabedoria Infinita, cuja bondade lhe permite provar
as alegrias da ciência; tornar-se-á melhor ao mesmo tempo em que mais sábio”
(Humphry Davy)
RESUMO
O palmito juçara se encontra na lista de espécies ameaçadas de extinção devido ao seu uso
extrativista desde a colonização do país até os dias atuais. Para equilibrar o uso dos recursos
oferecidos pelo Juçara (Euterpe edulis MARTIUS), estudos que busquem fontes de
compostos bioativos presentes em outras partes da planta, como o fruto, por exemplo, estão
sendo fomentados. Os compostos fenólicos presentes em diversas partes da planta apresenta
capacidade de retardar ou inibir a oxidação de substratos em sistemas biológicos e nos
alimentos. Esta palmeira tem sido mencionada como fonte destes compostos, especificamente
em antocianinas. O objetivo deste trabalho foi extrair e quantificar os teores de compostos
fenólicos totais (FNT), antocianinas totais (ANT) e flavonoides totais (FLV) presentes no
fruto do palmiteiro juçara, e também avaliar a atividade antioxidante das antocianinas dos
frutos por meio do ensaio de sequestro do radical DPPH e do agente oxidante H2O2. Foram
coletados frutos de 34 genótipos de juçara em fragmentos de floresta na região Sul e Caparaó
Capixaba. A quantidade de compostos fenólicos nos extratos metanólicos dos diferentes
genótipos variou de 0,36 ± 0,01 mg/100g a 349,72 ± 27.66 mg/100g. Os mais altos teores
foram encontrados nos municípios de Ibitirama e Mimoso do Sul. Na avaliação da atividade
antioxidante pelo ensaio do radical livre DPPH, o extrato metanólico apresentou
potencialidade em sequestrar o radical DPPH, apresentando CE50 e CE90 (41,7µg/L e
77,7µg/L), frente ao BHT (13,8μg/Le 25,4μg/L). No ensaio do poder sequestrador de
peróxido de hidrogênio, o extrato metanólico do juçara ultrapassou o BHT, apresentando
elevado potencial já a partir de 20μg/mL. Tais resultados apresentam informações relevante e
potencial para indústria farmacêutica, agricultura, cosmética e saúde pública. O
aproveitamento dos frutos dessa espécie pode estabelecer como alternativa econômica
sustentável e rentável, dada as mais diversas potencialidades fitoquímicas, sendo uma delas o
potencial antioxidante.
The juçara palm is founded in the List of Endangered Species extinction to use your extractive
from the colonization of the country until today. To balance the use of resources provided by
Juçara (Euterpe edulis Martius), studies seeking sources of bioactive compounds present in
other plant parts, such as fruit, for example, are being encouraged. Phenolic compounds
present in various parts of the plant have the ability to retard or inhibit oxidation of substrates
in biological systems and in food. This palm tree has been mentioned as source of these
compounds, especially anthocyanins. The objective of this work was to extract and quantify
the levels of phenolic compounds totals (FNT), total anthocyanins (ANT) and total flavonoids
(FLV) in the fruit of juçara and also to evaluate the antioxidant activity of anthocyanins from
fruit through essay to capture and scavenging of DPPH radical and oxidant agent H2O2.
Were collected fruits of 34 genotypes juçara in forest fragments in the Southern Region and
Caparaó Capixaba (Espírito Santo). The amount of phenolic compounds in the methanol
extracts of different genotypes ranged from 0.36 ± 0.01 mg /100g of 349.72 ± 27.66
mg/100g. The highest levels were found in the municipalities of Ibitirama and South Mimoso.
In the assessment of antioxidant essay by doing DPPH free radical, the methanol extract
showed potentiality them capture the DPPH radical, CE50 and CE90 presenting (41,7μg/L
and 77,7μg/ L), front BHT (13,8μg / L and 25,4μg /L). In the test scavenging of hydrogen
peroxide, the methanol extract of juçara exceed BHT, with high potential already from 20
μg/mL. These results have information relevant and potential for pharmaceuticals, agriculture,
cosmetics and public health. The use of the fruits of this species can establish how sustainable
and profitable economic alternative, given the diverse phytochemical potential, one of the
antioxidant potential.
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 12
2 OBJETIVOS .................................................................................................................... 13
2.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................................................... 13
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................ 13
3 REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................................... 14
3.1 JUÇARA (EUTERPE EDULIS MARTIUS) .................................................................... 14
3.2 COMPOSTOS FENÓLICOS ........................................................................................... 16
3.3 ANTIOXIDANTES ........................................................................................................... 18
4 METODOLOGIA ........................................................................................................... 20
4.1 COLETA, SECAGEM E IDENTIFICAÇÃO DO MATERIAL VEGETAL ................... 20
4.2 ANÁLISES DE COMPOSIÇÃO: QUANTIFICAÇÃO DE COMPOSTOS FENÓLICOS
TOTAIS (FNT), ANTOCIANINAS (ANT) E FLAVONÓIS TOTAIS (FLV) ....................... 20
4.2.1 Determinação dos fenólicos totais ................................................................................ 20
4.2.2 Determinação de antocianinas totais e flavonóis totais .............................................. 20
4.3 EXTRAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS ANTOCIANINAS PRESENTES NO
FRUTO DO JUÇARA .............................................................................................................. 21
4.3.1 Extração da Antocianinas ............................................................................................. 21
4.3.2 Análise de identificação espectrofotométrica no UV-Visível ..................................... 21
4.3.3 Caracterização de antocianinas: Reação com cloreto férrico (FeCl3) ...................... 22
4.3.4 Caracterização de antocianinas: Reação com hidróxido de sódio (NaOH 10%) .... 22
4.3.5 Ensaio de solubilidade ................................................................................................... 22
4.4 AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIOXIDANTE ..................................................... 22
4.4.1 DPPH radical scavenging activity ................................................................................ 22
4.4.2 Scavenging Of Hydrogen Peroxide .............................................................................. 23
4.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................................................. 24
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................. 25
5.1 QUANTIFICAÇÃO DE COMPOSTOS FENÓLICOS TOTAIS (FNT),
ANTOCIANINAS (ANT) E FLAVONÓIS TOTAIS (FLV)................................................... 25
5.2 EXTRAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS ANTOCIANINAS PRESENTES NO
FRUTO DO JUÇARA .............................................................................................................. 28
5.2.1 Análise de identificação espectrofotométrica no UV-Visível ..................................... 29
5.2.2 Reação com cloreto férrico (FeCl3) .............................................................................. 29
5.2.3 Reação com hidróxido de sódio 10% (NaOH) ............................................................ 30
5.2.4 Análise de solubilidade do extrato ............................................................................... 31
5.3 DETERMINAÇÃO DO POTENCIAL ANTIOXIDANTE ............................................. 32
5.3.1 DPPH radical scavenging activity ................................................................................ 32
5.3.2 Scavenging of hydrogen peroxide ................................................................................ 35
6 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 37
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 38
12
1 INTRODUÇÃO
As espécies do gênero euterpe, por exemplo, tais como o açaí (Euterpe oleracea MARTIUS)
e o palmiteiro juçara (Euterpe edulis MARTIUS), tem sido mencionado como fonte destes
compostos, especificamente em antocianinas, pigmento pertencente ao grupo de flavonóides
que apresentam propriedade antioxidante (WU et al., 2006). Porém, o uso extrativista intenso
e ilegal, tem contribuído para o desaparecimento dessas espécies, como vem acontecendo com
o palmiteiro juçara, onde o palmito produzido possui alto valor econômico e largamente
consumido na alimentação humana. Por ter um ciclo reprodutivo tardio e o não perfilhamento,
adicionado à desenfreada exploração ao longo dos anos, a espécie se encontra atualmente na
lista de espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção (BRASIL, 2008).
Estudos buscando alternativas a fim de reverter esta situação têm sido mencionados. Uma
delas é estimular o consumo da polpa de juçara, conforme já vem sendo feito com o açaí.
Através do uso dos frutos de forma sustentável, mediante o conhecimento dos parâmetros
legais de extração e processamento do produto, é possível obter um maior valor comercial
com a polpa do que com a comercialização do palmito. Para tanto, estudos de caracterização
química da composição dos frutos da espécie, e seu potencial antioxidante são
imprescindíveis.
13
2 OBJETIVOS
Extrair e quantificar os teores de compostos fenólicos totais (FNT), antocianinas totais (ANT)
e flavonoides totais (FLV) nos frutos de 34 genótipos de juçara coletados em fragmentos de
Mata Atlântica na região Sul e Caparaó Capixaba; e avaliar a atividade antioxidante das
antocianinas presente no fruto do juçara.
- Avaliar o potencial antioxidante das antocianinas extraídas por meio do ensaio com o radical
livre DPPH e através do poder de sequestrar o peróxido de hidrogênio (H2O2);
3 REVISÃO DE LITERATURA
Comumente conhecido como palmito juçara, jiçara, içara, ripa, e palmito doce (AGUIAR et
al., 2002), esta palmeira (Figura 1), ocorre naturalmente no domínio da Mata Atlântica
brasileira, a partir do sul da Bahia até o norte do Rio Grande do Sul, tornando-se menos
frequentes em altitudes acima de 700m (FERNANDES, 2009).
Em condições favoráveis, esta planta possui alta capacidade de produção de frutos chegando a
216 a 528 cachos ha-1, com média de 68 kg de frutos (SILVA, 2012), sendo considerada
espécie-chave para subsistência de outras comunidades. No entanto, ao longo dos anos, a
população do juçara vem sofrendo grandes perdas com o processo de fragmentação das
florestas em virtude do alto valor alimentício e comercial do palmito (LIMA et al., 2008), que
é considerado nutritivo e saboroso. Esta realidade se agrava quando a retirada de plantas
juvenis que nunca floresceram para a obtenção desse produto impede que a árvore complete
seu ciclo (SEOANE, 2007), contribuindo para o desaparecimento da espécie. Por ser uma
planta que não rebrota, seu corte causa a morte (MARTINS-CORDER et al., 2006). Como
consequência, é visto que a espécie já entrou para a lista de espécies da flora brasileira
ameaçadas de extinção (BRASIL, 2008), e tem-se, ainda que ilegal, o extrativismo avançando
no país. Uma vez que, a conservação de espécies e ecossistemas depende de como elas são
manejadas, o crescimento populacional associado à inserção destas nos mercados muitas
vezes leva a aumentos na pressão sobre as florestas e seus recursos (FAVRETO, 2010). A
utilização de serviços ambientais é aceitável e até necessário para a subsistência humana.
Porém, ao exceder a capacidade de fornecimento em tempo hábil destes grandes fornecedores,
a existência em longo prazo do próprio recurso fica ameaçada.
Estudos vêm sendo realizados com vista a retirar essa espécie da ameaça de extinção
revelando seu potencial econômico em outras partes do vegetal. Sua similaridade com os
frutos de açaí, tanto na composição química quanto na morfologia, tem fomentando esta busca
alternativa. Uma vez que o fruto do açaizeiro (E. oleracea) é fonte de renda sustentável na
região Amazônica, e reconhecido por suas propriedades nutricionais e antioxidantes, a
utilização do fruto da palmeira juçara da mesma forma que o açaí, na forma de polpa, como
alternativa comercial e para o manejo sustentável da espécie, apresenta-se como uma opção
atraente (LIMA et al., 2012), uma vez que também se destaca por excelentes qualidades
nutricionais em sua composição. Nas regiões Sudeste, Nordeste e Norte do país os preços já
chegam a R$9,00 pelo quilo da polpa e R$1,50 a R$1,65 pelo quilo do fruto (CONAB, 2013).
Estudos tem apontado os frutos do juçara como sendo rico em polifenóis, especialmente em
antocianinas, com um teor relativamente alto, variando de 50 a 180 mg/100g de polpa. Em
comparação com o suco de uva, reconhecido como boa fonte destes compostos e que
apresenta um teor de 14 a 27 mg/100g (WU et al., 2006). Atualmente, existe uma busca para o
consumo de vegetais ricos nesses compostos, sendo este interesse influenciado pelas
observações promissoras de seu potencial benéfico à saúde decorrente de sua ação
16
O potencial apresentado por estes compostos tem sido revelado por meio de diversos estudos
de sua atividade farmacológica, tais como bactericida, antiviral, antialérgico, antitrombótico,
anti-inflamatório, anticarcinogênico, antioxidante, hepatoprotetor, vasodilatador, despertando
grande interesse principalmente por sua alta prevalência nas dietas já que são compostos
onipresentes nos vegetais (CHEYNIER, 2005). Dentre os compostos fenólicos com
propriedade antioxidante, os flavonoides (Figura 3) se destacam englobando as antocianinas e
os flavonóis.
17
Os flavonóis são pigmentos de cor branca ou amarelo claro encontrado nos vegetais e estão
amplamente distribuídos em praticamente todas as partes das plantas, particularmente em
células fotossintéticas (YAO et al., 2004). Atuam na co-pigmentação das antocianinas
(BOBBIO; BOBBIO, 1995) e representam uma fonte atraente de pigmentos que são
responsáveis pelas cores cianídricas, que vão desde o salmão rosa ao vermelho e do violeta ao
azul escuro, observadas na maioria das flores, frutos e folhas de angiospermas comumente
encontradas na natureza (CAVALCANTI et al., 2011). As espécies do gênero Euterpe, açaí
(Euterpe oleracea MARTIUS) e o juçara (Euterpe edulis MARTIUS), têm sido mencionadas
como fonte de antocianinas (LIMA et al., 2012; LOPES, 2007; WU et al., 2006), onde sua
forma de apresentação molecular é de extrema importância para a ação antioxidante (Figura
4). Os vários fenóis se ligando à molécula mostra sua grande complexidade, sendo
diferenciada pelos grupamentos R.
3.3 ANTIOXIDANTES
primas, têm concentrado a atenção e grandes esforços das indústrias e centros de pesquisas
farmacêuticas, na busca por essas substâncias que agem eficientemente sobre tais limitantes.
4 METODOLOGIA
O material vegetal composto por frutos foi coletado em fragmentos remanescentes de Mata
Atlântica na região Sul e Caparaó do Estado do Espírito Santo, municípios de Alegre,
Ibitirama, Guaçui, Jerônimo Monteiro, e Mimoso do Sul. Foram coletados frutos de 34
genótipos da espécie, transportados para o Laboratório de Química Aplicada do Ifes/Alegre, e
feito extração manual da polpa sem a utilização da água, seguido de secagem em estufa a
105ºC/24h. O material foi triturado e armazenado em sacos plásticos.
estocados por 24 horas a 4°C. Os sobrenadantes foram filtrados, transferidos para cubetas e
mantidos em repouso por 2 horas à temperatura ambiente (28±2°C). A absorbância foi medida
a 535nm e 374nm para quantificação das antocianinas e flavonóis, respectivamente em
espectrofotômetro AGILENT CARY60 UV-VIS contra um branco contendo a solução
extratora. Todas as análises foram feitas em triplicata.
A extração das antocianinas da polpa do juçara foi realizada utilizando-se o método descrito
por Nazaré et al. (2002) apud Figueiredo et al., (2008) que consta de percolação a frio, em
etanol 70% (v/v) acidificado com ácido clorídrico a pH 3,0 por 48 horas a temperatura
ambiente, em recipiente de vidro protegido da luz sob agitação magnética. Após esse período,
o material foi filtrado e seco a temperatura ambiente em local protegido da luz.
Para verificação da presença de flavonóides, utilizou-se o método descrito por Kukoski (2000)
apud Figueiredo et al., (2008). Adicionaram-se duas gotas de cloreto férrico a 2,5 %, a uma
alíquota de 1,0 mL do extrato bruto concentrado. A coloração indica que tipo de composto
flavonoídico que está presente na amostra, podendo variar entre verde, amarelo-castanho e
violeta (MOUCO et al., 2003).
22
Para o ensaio de solubilidade do extrato obtido dos frutos do juçara, foram utilizados os
solventes: hexano, diclorometano, álcool etílico, acetato etila, acetona, aceto nitrila, metanol,
éter etílico, dimetilsulfóxido e H2O destilada. Em vários ependorf, foram adicionados 10mg
do extrato e adicionados de 100 em 100 µL de solvente gradativamente com posterior
agitação no vortex até o ponto de solubilidade do extrato.
A atividade antioxidante foi determinada pelo ensaio do radical livre DPPH, segundo
metodologia descrita por Brand-Williams; Cuvelier; Berset (1995), com modificações. Em
tubos de ensaio foram adicionados diferentes concentrações (5µL, 10µL, 20µL, 30µL, 40µL,
50µL, 100µL e 200µL) de extrato etanólico da poupa mais 2,00 mL de solução DPPH
0,1mM. Para cada concentração de extrato bruto da polpa do juçara, foi preparado um branco
para leitura mais álcool metílico (METOH). Para estes, não foram adicionados a solução
DPPH 0,1mM. Os tubos ficaram em repouso e no escuro por 6 horas. A leitura da absorbância
foi feita a 515 nm em espectrofotômetro AGILENT CARY60 UV-VIS. Preparou-se também
um tubo controle (denominado A0) que tinha 3,0 mL de metanol mais 2,0 mL de solução
DPPH 0,1mMol/L tendo como branco apenas 5mL de metanol. A leitura deste foi feita no
tempo zero. A atividade antioxidante dos extratos foi calculada de acordo com a Equação 1.
Onde:
23
Aa = absorbância da amostra;
Ab = absorbância do branco;
Ac = absorbância do controle.
As substâncias antioxidantes presentes nos extratos reagiram com o DPPH que é um radical
estável, convertendo-o em 2,2-difenil-1-picril-hidrazil. O grau de descoloração verificado
indicou o potencial antioxidante do extrato metanólico das polpas analisadas. Também foram
efetuados ensaios de comparação com a substância de referência BHT (BUTIL HIDROXI
TOLUENO) nas mesmas concentrações da amostra.
% scavenging activity [H2O2] = [Abs (control) – Abs (standard) / Abs (control)] × 100
(2)
Onde:
Aa = absorbância da amostra;
Ab = absorbância do branco;
Ac = absorbância do controle.
24
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Tabela 1. Teor de compostos fenólicos, respectivamente Flavonóis Totais (FLV), Antocianinas (ANT) e Fenólicos Totais (FNT), presentes nos
frutos do Juçara de 34 genótipos coletados na região sul e Caparaó capixaba.
Gen FNT (mg/100g) ANT (µg/100g) FLV (µg/100g) Gen FNT (mg/100g) ANT (µg/100g) FLV (µg/100g)
AL1 131,31 ± 93.72 212,97 ± 42.86 156,61 ± 89.48 IBI18 219,46 ± 4.84 3,89 ± 0.18 26,14 ± 1.45
AL2 180,77 ± 5.24 338,18 ± 61.00 183,84 ± 53.25 IBI19 214,75 ± 8.35 1367,66 ± 84.73 207,92 ± 12.16
AL3 125,08 ± 5.49 19,78 ± 1.80 59,24 ± 2.89 IBI20 253,30 ± 16.66 1344,64 ± 379.94 205,39 ± 60.92
AL4 102,82 ± 11.59 18,20 ± 2.29 60,99 ± 8.60 IBI21 198,40 ± 36.84 968,83 ± 130.41 154,55 ±17.33
GU5 179,91 ± 8.41 92,93 ± 14.57 93,77 ± 9.91 IBI22 264,18 ± 41.84 2116,31 ± 595.94 300,08 ± 94.75
GU6 160,54 ± 7.50 50,16 ± 9.35 64,29 ± 9.73 IBI23 180,78 ± 9.55 79,94 ± 7.82 58,15 ± 5.02
GU7 130,37 ± 4.29 4,78 ± 1.55 26,98 ± 6.79 JM24 173,94 ± 15.72 15,99 ± 0.52 36,46 ± 1.61
GU8 179,91 ± 8.41 92,93 ± 14.57 93,77 ± 9.91 JM25 184,88 ± 15.55 22,58 ± 3.20 35,19 ± 3.30
GU9 160,54 ± 7.50 50,16 ± 9.35 64,29 ± 9.73 JM26 156,88 ± 6.43 6,36 ± 2.91 33,36 ± 11.39
IBI10 321,76 ± 14.12 564,80 ± 128.09 116,18 ± 23.93 MI27 286,58 ± 11.60 1938,32 ± 317.43 289,22 ± 48.52
IBI11 331,04 ± 64.45 270,32 ± 102.23 83,48 ± 36.43 MI28 262,36 ± 11.15 820,99 ± 62.17 161,00 ± 29.56
IBI12 349,72 ± 27.66 845,18 ± 189.53 199,23 ± 50.44 MI29 262,05 ± 1.57 1404,53 ± 255.18 226,85 ± 54.68
IBI13 265,07 ± 21.58 342,94 ± 32.01 105,54 ± 9.57 MI30 238,54 ± 11.16 789,18 ± 77.39 171,80 ± 19.79
IBI14 237,77 ± 3.58 358,24 ± 9.53 118,33 ± 3.45 MI31 247,16 ± 14.95 990,68 ± 214.04 161,45 ± 30.21
IBI15 309,88 ± 14.98 352,11 ± 25.42 132,58 ± 6.12 MI32 263,40 ± 18.96 1335,93 ± 241.39 233,84 ± 42.16
IBI16 168,06 ± 1.18 627,14 ± 52.72 157,83 ± 10.72 MI33 92,49 ± 1.65 13,77 ± 0.93 42,01 ± 3.26
IBI17 347,38 ± 59.27 1108,06 ± 164.75 212,91 ± 34.34 MI34 202,14 ± 4.47 368,00 ± 31.86 184,41 ± 16.25
Os maiores teores de FNT na biomassa seca da polpa foram encontrados nos genótipos 12, 17
e 11, município de Ibitirama (respectivamente; 349,72 ± 27.66mg/100g, 347,38 ± 59.27
mg/100g; 331,04 ± 64.45 mg/100g). Em trabalhos prévios desenvolvidos por Schultz (2008)
com polpas de Juçara e açaí submetidos a tratamentos para sua conservação, observou-se
valores expressivos de fenólicos, sendo 653,3mg/100g no açaí Euterpe edulis para 233,9
mg/100g em açaí (E. oleracea). Esse valor supera ao que Kuskoski et al., (2005) encontrou
determinando o conteúdo de compostos fenólicos de polpas de frutas comercializadas e
congeladas, que foi de 136,8±0,4mg/100g na polpa do açaí (E. oleracea) e 117,1±0,6
mg/100g na polpa de uva.
Embora os valores encontrados neste trabalho seja inferiores aqueles encontrados no trabalho
de Schultz (2008), eles ultrapassam aqueles obtidos por Kuskoski et al., (2005), revelando
349,72 ± 27.66 mg/100g de compostos fenólicos totais. Esta variação pode estar relacionada
ao procedimento de extração da polpa, sem a utilização da água, além da condição ambiental
na qual ela estava inserida.
Dentre os resultados, os menores teores de ANT e FLV foram observados nos genótipos 18
(0,36 ± 0,01 mg/100g; 2,61 ± 0.14 mg/100g, respectivamente) e genótipo 7 (0,47 ±
0.15mg/100g; 2,69 ± 0.68mg/100g), município de Ibitirama e Guaçuí. Já os menores teores de
28
Ao escolher o método mais adequado para a extração das antocianinas, deve-se estar atento
quanto ao emprego desse produto. Seja para aplicação em indústrias alimentícias e/ou
farmacêuticas, seja para meros estudos de caracterização, o objetivo quanto à utilização desse
extrato carece de clareza, pois alguns fatores como solubilidade, estabilidade, agilidade,
praticidade, além de análises de custo no intuito de obter um processo rentável e viável
circundam diversos quesitos de produtos inovadores. Neste trabalho, por apresentar como
29
Após a extração das antocianinas, foi realizado análises de caracterização a fim de identificar
a presença destas no extrato obtido. A Figura 5 refere-se à análise de identificação
espectrofotométrica no UV-Visível, onde o valor do comprimento de onda em seu pico
máximo de absorbância foi 531nm. O espectro obtido é característico de antocianina, cuja
absorção máxima no visível coexiste na faixa de 500nm a 550nm (BOBBIO; BOBBIO, 1992
citados por LOPES, 2002).
Este espectro foi considerável quando comparado com o Comunicado Técnico 209 Embrapa
(2008), onde se obtiveram picos máximos de absorbância de 532nm a 533nm também em
frutos de juçara, característicos de antocianinas.
Na análise de caracterização utilizando reações com cloreto férrico (FeCl3), o extrato dos
frutos de Juçara apresentou coloração violeta escuro (Figura 5). Essa intensificação da cor
30
indica presença de fenóis concentrados (FIGUEREDO et al., 2008; MOUCO et al., 2003), por
vezes devido ao rearranjo da quinonas. Dessa forma, reafirmou-se, a presença de antocianinas
no extrato obtido.
Figura 7 – Imagens do ensaio de solubilidade com os solventes H2O, metanol, álcool etílico,
DMSO, acetona, éter etílico, diclorometano, hexano e acetato etila.
Na determinação do potencial antioxidante dos frutos do juçara por meio de ensaios, foi
utilizado o solvente metanol, que é usualmente empregado na literatura (FAVARO, 2008;
XAVIER, 2004). Mesmo sendo muito utilizado nos métodos convencionais da tecnologia de
alimentos, esse solvente não é muito preferido pelos pesquisadores, pois apresenta alta
toxidade. Contudo, a caráter de ensaios in vitro, ele se mostrou bastante precursor.
33
Levando em consideração as diferentes concentrações testadas (10, 20, 40, 60, 80, 100, 200 e
400μg/mL), foi possível observar que, em baixas concentrações, a substância de referência
BHT alcançou bom desempenho logo no início tendo leves variações à medida que
aumentava a concentração. Essa variação pode estar relacionada à boa estabilidade desse
antioxidante sintético muito utilizado e considerado um dos mais importantes na indústria de
alimentos (DUARTE-ALMEIDA et al., 2006; RAMALHO; JORGE, 2006). No entanto, as
indústrias têm investido em pesquisas e procurado substituir estes por antioxidantes naturais
iniciando uma gama de estudos na avaliação de plantas com capacidade antioxidante. As
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substâncias antioxidantes presentes no extrato reagiram com o DPPH•. Tendo como seu raio
de luz transmitido sobre a luz incidente inicial a 0,45 da solução DPPH, reduziu-o até 0 de
absorbância. Essa capacidade de redução mostrou a efetividade do potencial antioxidante das
antocianinas extraídas da polpa do juçara em comparação com a substância de referência BHT
(BUTIL HIDROXI TOLUENO). Posterior aplicação da fórmula de sequestro do DPPH
(Gráfico 3) confirma essa eficiência.
Gráfico 3 - “% sequestro DPPH” das amostras (ANT e BHT) em diferentes concentrações (10
a 400µg/mL).
de 41,7µg/L, enquanto a CE50 do BHT foi 13,8μg/L. Já a CE90 das antocianinas extraídas foi
de 77,7µg/L, enquanto a CE90 do BHT foi 25,4μg/L. Quanto maior o consumo de DPPH por
uma amostra, menor será a sua concentração eficiente (CE50 E CE90) e maior a sua atividade
antioxidante (SOUSA et al., 2007). Dessa forma, constatou-se que o BHT tem sua ação
alcançada já em baixas concentrações quando comparada com as antocianinas extraídas dos
frutos do juçara, que necessita de um pouco mais de concentrado para exercer a mesma
atividade. Até 80 μg/mL, os resultados apresentados pelo BHT se mostraram superiores ao
extrato testado. No entanto, a partir desta concentração a ANT do juçara ultrapassa-o BHT
atingindo 100% de eficiência.
Gráfico 4 - Comportamento da atividade “free radical scavenging” H2O2 das amostras (ANT e
BHT) em diferentes concentrações (10, 20, 50 a 100 e 200µg/mL).
De acordo com os resultados apresentados no gráfico, foi possível observar elevado potencial
antioxidante das ANT do juçara quando comparado ao BHT. Logo a partir de 20μg/mL, o
poder do extrato em sequestrar o peróxido foi preponderante frente ao BHT, que apresentou
baixa eficiência em reduzir esse composto. Nas diferentes concentrações, durante todo o
ensaio, essa substância de referência (BHT) apresentou leves variações, porém baixa ou quase
nenhuma eficiência no sequestro de peróxido. A porcentagem de sequestro do H2O2 pelo BHT
é nula, apresentando sua baixa eficiência frente a ANT, como pode ser observado no grafico
abaixo.
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Gráfico 5 - “% sequestro H2O2” das amostras (ANT e BHT) em diferentes concentrações (10
a 200µg/mL).
O peróxido de hidrogênio não é considerado um radical livre, porém está envolvido de forma
direta ou indireta em diversas patologias (ALVES et al, 2010). Ele exerce papel importante no
estresse oxidativo das células por ser capaz de transpor suas membranas facilmente e gerar o
radical hidroxila (BARREIROS et al, 2006) que é deletério. Estudos de compostos que
propiciem a prevenção contra auto-oxidação e também a peroxidação de lipídeos em sistemas
biológicos têm recebido muito atenção, e nesse ínterim encontra-se, em especial, a
antocianinas e sua ação antioxidante (LOPES et al.,2007) já discutida nesse estudo. Contudo,
vale ressaltar que, estudos da atividade antioxidante medida in vitro apenas sugere
bioatividade, porém não a pode determinar. Para tal, estudos in vivo e de aplicação devem ser
realizados.
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6 CONCLUSÃO
Diante disso, o aproveitamento dos frutos dessa espécie pode estabelecer como alternativa
econômica sustentável e rentável, dada as mais diversas potencialidades fotoquímicas
encontradas, sendo uma delas o potencial antioxidante.
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