ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DE ANTOCIANINAS EXTRAÍDAS DOS FRUTOS DO

JAMELÃO (Syzygium jambolanum), JUÇARA (Euterpe edulis Martius) e AÇAÍ

(Euterpe oleracea Martius)

Kézia Ferreira Marques¹, Monaly Correa Alves1, Natalia Caroliny da Silva Dias²,
Jaqueline Rodrigues Cindra de Lima Souza1, Adésio Ferreira2, Tércio da Silva de
Souza1.
1
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Espírito Santo, Campus de Alegre, Rua Principal
s/n, Distrito de Rive – CEP: 29.500-000, Alegre – ES, e-mail:keziaffortunato@gmail.com;
monalycorreaalves@gmail.com; jrsouza@ifes.edu.br; tssouza@ifes.edu.br
2
Departamento de Produção Vegetal, Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Ciências Agrárias,
Alto Universitário s/n – Caixa Postal 16 – CEP 29500-000 – Alegre – ES, Brasil; e-mail:
nataliabioifes@hotmail.com,adesioferreira@gmail.com

Resumo – As antocianinas extraídas dos frutos de jamelão, juçara e açaí foram identificadas por UV Visível
e o seus potenciais antioxidantes testados com DPPH. Os resultados obtidos para a amostra de juçara
apresentou maior capacidade de sua atividade antioxidante quando utilizada em maiores concentrações. O
intermediário foi o Açaí com bom potencial, porem não suficiente para substituição no mercado dos sintéticos.
O jamelão foi o que menos apresentou potencial antioxidante. Sendo assim, o mais interessante para a
substituição dos sintéticos seria a antocianina presente no fruto de juçara.

Palavras-chave: Flavonoides. Sequestro. DPPH. Extrato.

Área do Conhecimento:

Introdução processos oxidativos, porém o uso destes tem

As antocianinas são pigmentos naturais
presentes no vacúolo das células vegetais.
Pertence à classe dos compostos fenólicos,
especificamente ao grupo dos flavonoides. São
ácidos fracos, polares ou moderadamente polares,
solúveis em metanol, etanol, butanol e
combinações de solventes com água (MARKHAM,
1982 apud TIVERON, A. P. 2010).
Estão presentes em diversos tecidos das
plantas, podem ser encontradas na forma livre
(aglicona) ou ligadas com açúcares (glicosídeos).
São responsáveis pela coloração de flores, frutas e
vegetais (agentes cromóforos), uma de suas
funções em flores e frutas é o poder de atrair
agentes polinizadores e dispersores de sementes,
além de proteger diversos tecidos vegetais contra
processos oxidativos (FAVARO, M. M. A., 2007) e
agem também como ‘filtro solar’ multicolorido nas
plantas (FERREIRA DA SILVA, B. et al., 2012),
protegendo-as da radiação UV solar (ROBARDS et
al., 1999).
As antocianinas são largamente disseminadas
na natureza, mas pouco exploradas
comercialmente (BOBBIO & BOBBIO, 2001 apud
VALDUGA, E. et al., 2008). A indústria de
alimentos tem utilizado antioxidantes sintéticos afim
de minimizar os problemas decorrentes de
apresentado efeitos colaterais, o que restringe o
seu emprego na alimentação ou confecção de
materiais de embalagem, conforme legislação em
vigor (GUERRA; LAJOLO, 2005 apud TIVERON, A.
P. 2010).
A utilização das antocianinas como fontes
antioxidantes naturais vem ganhando espaço nas
últimas décadas no campo científico e
farmacológico, portanto estudos sobre as
propriedades destes compostos e a busca de
novas fontes para extração de antocianinas é de
grande importância para este mercado. O objetivo
deste trabalho extrair, identificar, quantificar o teor
de antocianinas presentes nos frutos de jamelão
(Syzygium jambolanum), juçara (Euterpe edulis) e
açaí (Euterpe oleracea) e avaliar o potencial como
agente antioxidante das antocianinas extraídas.
Metodologia
Amostras dos frutos de jamelão, juçara e açaí
foram colhidas em pomares da região Norte e Sul
do estado do Espírito Santo, nos municípios de São
Domingos do Norte, Marataízes e Muqui. Os frutos
foram transportados para o Laboratório de Química
Aplicada do IFES – Campus de Alegre,
despolpados manualmente e submetidos à

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determinação do teor de umidade de acordo com
metodologia proposta por Cechi (2003). Análise estatística

Extração das Antocianinas (ANT) Todas as análises foram feitas em quintuplicata.

As antocianinas dos frutos de jamelão, juçara e
açaí foram extraídas em triplicata de acordo com
método descrito por Nazaré et al (2002) apud
Figueiredo et al (2008). O rendimento de extração
foi determinado e as amostras armazenadas em
refrigerador, à 0ºC, protegidas da luz.
Identificação Espectrofotométrica no UV-Visível das
ANT
A análise foi realizada com soluções das ANT
extraídas na concentração de 1mg/mL preparadas
em solução etanol: HCl 2mol/L (85:15, pH = 3,0).
Os espectros de absorbância foram obtidos na
faixa de comprimento de onda entre 350nm e
700nm. As leituras foram realizadas no
espectrofotômetro AGILENT CARY60 UV-VIS
contra um branco contendo a solução etanólica
acidificada (ALVES et al., 2007).
Os resultados foram avaliados estatisticamente
com o programa R (R Project. Version 3.0.2, 2013)
e grafados no Programa Excel 2007.
Resultados
No processo de extração, a porcentagem de
rendimento das ANT foram: 2,30 ± 0,37%para o
jamelão, 8,39 ± 0,97% para o juçara e 2,37 ±
0,46% açai a temperatura ambiente.
A identificação espectrofotométrica no UV-
Visível apresentou valor máximo das absorbâncias
nos comprimentos de onda 540nm para jamelão,
535nm para o juçara e 530nm para o açaí (Figura
1). A leitura da ANT de juçara foi submetida à
diluição de 1:1.

Determinação de Atividade Antioxidante (AT)

A atividade antioxidante foi determinada pelo

ensaio do radical livre DPPH, segundo metodologia
descrita por Brand-Willians et al (1995), com
modificações. Foram adicionados 3,00mL das
soluções 10µg/mL de ANT extraídas e de dois
antioxidantes sintéticos: BHT (ButilHidroxiTolueno)
e AG (Ácido Gálico) a tubos com 2,00mL de Figura 1: Identificação da antocianina no UV-Visível para as
solução DPPH 0,10mM. Para cada concentração amostras de jamelão, juçara e açaí.
de antioxidante foi preparado um branco. Os tubos
ficaram em repouso, no escuro por 24 horas e a As ANT provenientes dos diferentes frutos
leitura da absorbância foi feita a 515nm em reagiram com o DPPH que é um radical estável,
espectrofotômetro AGILENT CARY60 UV-VIS nos convertendo-o em 2,2-difenil-1-picril-hidrazil. O
tempos de 1 h, 6h e 24h. A atividade antioxidante grau de descoloração verificado indicou o potencial
dos extratos foi calculada de acordo com a antioxidante das ANT extraídas e sua comparação
Equação 1. com os antioxidantes sintéticos BHT e AG, os
%Sequestro DPPH = 100 - {[(Absamostra – Absbranco) X valores obtidos estão apresentados na Figura 2.
100] / Abscontrole}

Equação 1: Equação utilizada para determinação da atividade

antioxidante no ensaio com o radical DPPH.

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 100
80
% Sequestro DPPH
60
40
20
0
1 6
Tempo (h)
Figura 2. Atividade antioxidantedas soluções 10µg/mLda ANT extraídas dos frutos, BHT e AG.
Discussão
Os espectros de absorção obtidos para as ANT
extraídas do jamelão, juçara e açaí (Figura 1)
apresentaram picos máximos 540nm, 535nm e
530nm respectivamente, valores estes são
característicos para antocianina, de 500nm a
550nm (BOBBIO; BOBBIO, 1992 citados por
LOPES, 2002). De acordo com a Lei de Beer, a
absorbância apresenta comportamento linear com
a concentração, assim a análise gráfica dos
espectros de absorção obtidos indica valores mais
elevados de concentração para o juçara.
Este fato pode ser confirmado através da
análise do sequestro do DPPH (Figura 2) com
maior atividade antioxidante da ANT do juçara
quando comparado com as demais ANT extraídas
e com os antioxidantes sintéticos BHT e AG.
O método de sequestro do radical livre DPPH
baseia-se na transferência de elétrons de um
composto antioxidante para um oxidante. Possui a
capacidade de medir a atividade antioxidante de
compostos tanto de natureza hidrofílica quanto
lipofílica (KUSKOKI et al., 2005).
Através da Figura 2 observa-se que atividade
antioxidante das ANT extraídas não variam de
forma significativa com o tempo de reação quando
comparadas com os antioxidantes sintéticos que
tiveram um aumento da eficiência com o passar do
tempo. Em todos os tempos o juçara apresentou
maior potencial antioxidante, seguido dos
antioxidantes sintéticos AG, BHT, do açaí e do
jamelão.
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ANT JAMELÃO
ANT AÇAÍ
ANT JUÇARA
BHT
AG
24
As variações observadas no comportamento
das ANT extraídas podem ser influenciadas pela
concentração e estrutura química dos compostos
presentes, pois segundo Melo et al (2006) afetam a
eficiência da ação antioxidante. Estas variações
estão diretamente relacionadas às condições
ambientais e de manejo as quais as plantas e os
frutos são submetidos: pH do solo, grau de
maturação do fruto (LLORACH et al. 2008), danos
mecânicos, ataques de patógenos, informação
genética, e métodos de extração (FERREIRA.
T.I.L., 2013).
Conclusão
Os resultados apontam que as ANT presentes
no fruto do juçara apresentam atividade
antioxidante significativas, sendo estas potenciais
substitutas dos antioxidantes sintéticos.
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V Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba