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Setembro, 2003 89
Produção de Mudas de
Espécies Agroflorestais
Banana, Açaí, Abacaxi,
Citros, Cupuaçu e Pupunha
República Federativa do Brasil
Roberto Rodrigues
Ministro
Conselho de Administração
Clayton Campanhola
Vice-Presidente
Diretoria-Executiva da Embrapa
Clayton Campanhola
Diretor-Presidente
Embrapa Acre
Documentos 89
Rio Branco, AC
2003
Embrapa Acre
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Rio Branco, AC, CEP 69908-970
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Membros: Celso Luís Bergo, Claudenor Pinho de Sá, Cleísa Brasil da Cunha Cartaxo, Elias Melo de
Miranda, Hélia Alves de Mendonça, Henrique José Borges de Araújo*, João Alencar de Sousa*, Jonny
Everson S. Pereira, José Tadeu de Souza Marinho, Judson Ferreira Valentim, Lúcia Helena de Oliveira
Wadt, Luís Cláudio de Oliveira, Marcílio José Thomazini, Maria de Jesus B. Cavalcante, Patrícia Maria
Drumond
*Revisores deste trabalho
1ª edição
1ª impressão (2003): 300 exemplares
© Embrapa 2003
Qualquer que seja a espécie vegetal a ser utilizada, as mudas constituem um dos
itens mais importantes na implantação de uma área. Por isso, é da qualidade das
mudas que depende, em grande parte, o sucesso do empreendimento.
Além de influenciar diretamente no desenvolvimento e produção das culturas, as
mudas também têm papel fundamental na sanidade do pomar, uma vez que uma
série de doenças e pragas, levada com as mudas, pode comprometer o sucesso do
novo plantio, trazendo prejuízos aos produtores.
Consciente dessa realidade e também da enorme carência da oferta de mudas de
qualidade na Região Norte do Brasil, a Embrapa Acre, em parceria com a Prefeitura
Municipal de Acrelândia e com o apoio do Ministério do Meio Ambiente, organizou
esta publicação no intuito de difundir de forma didática e de fácil entendimento
procedimentos e cuidados básicos para a produção de algumas mudas de espécies
agroflorestais. A publicação oferece noções básicas sobre a implantação de um
viveiro e também aborda aspectos específicos sobre a produção de mudas de
abacaxi, açaí de touceira, banana, citros, pupunha e cupuaçu.
Viveiro
O viveiro é o local onde são produzidas as mudas. Sua função principal é favorecer
o desenvolvimento inicial das mudas até que sejam transferidas para o campo.
Entre outros benefícios, o viveiro contribui para melhorar a condição de
germinação das sementes, limita a mortalidade de plantas, permite a produção de
grandes quantidades de mudas em pequeno espaço físico e facilita a seleção de
mudas por altura e vigor no momento do plantio.
Como visto, é no viveiro que se concentram todas as atividades para a produção
das mudas. Por isso, antes de sua implantação, é importante planejá-lo. Aspectos
como a espécie, o tipo e quantidade de mudas a serem produzidas, além do
sistema de produção e a finalidade do viveiro, são fatores fundamentais que
devem ser observados no seu planejamento.
De maneira geral, existem dois tipos de viveiro:
a) Viveiros permanentes: visam à produção contínua de mudas por tempo
indeterminado. Este tipo de viveiro é normalmente destinado à produção
de mudas para atender a uma comunidade ou associação de produtores
ou ainda à comercialização. Por ser construído para durar mais tempo, os
materiais empregados para sua edificação devem ser mais resistentes,
fato que o torna mais oneroso em relação aos viveiros temporários.
b) Viveiros temporários: não visam à produção contínua de mudas. São
normalmente construídos para uso por pouco tempo (períodos não
superiores a um ano) e utilizados para a produção de mudas destinadas a
um projeto ou atividade em uma área determinada. Os materiais usados
para a construção deste tipo de viveiro são mais simples e, portanto, de
menor custo.
Embalagens
Atualmente, as embalagens mais utilizadas na produção de mudas são os sacos de
polietileno e o tubete, encontrados no mercado em diversas dimensões. Na
Tabela 1 encontram-se as principais vantagens e desvantagens de cada recipiente.
Substratos
Substrato é o material mineral e/ou orgânico que em forma pura ou em mistura é
colocado nas embalagens para o desenvolvimento das mudas.
Tipos e Formulações de Substratos
De modo geral, as reservas das sementes são suficientes para que iniciem seu
desenvolvimento. Mas com o passar do tempo, as plântulas devem receber um
aporte de nutrientes para seu crescimento. Normalmente, a mistura de solo com
algum tipo de matéria orgânica é suficiente para a formação da muda. As fontes
de matéria orgânica são variadas e entre elas pode-se destacar: esterco bovino,
esterco de galinha, casca de madeira e serragem, etc. No entanto, qualquer tipo
de substrato a ser composto deve proporcionar uma boa drenagem e ser livre de
Fig. 1. Cultivares recomendadas pela Embrapa Acre: Rio Branco (A), Cabeça-de-
onça (B), Quinari (C) e Senador Guiomard (D).
Fonte: Ritzinger (1992).
Tipos de Mudas
A propagação do abacaxizeiro é feita de forma vegetativa, podendo-se utilizar
várias partes da planta para a formação das mudas (Fig. 2), tais como:
a) Coroa: está situada no ápice do fruto e raramente é usada, pois é vendida
com o fruto. Seu crescimento é mais lento e a frutificação mais tardia.
Fig. 1. Açaí de touceira (Euterpe oleraceae Mart.) (A) e açaí solteiro (Euterpe
precatoria Mart.) (B).
No Acre, parte desses açaizais já foi usada pela indústria de palmito ou ainda
destruída pelas derrubadas nas adjacências dos centros urbanos, ficando cada vez
mais distante e difícil aos coletores de frutos efetuarem a colheita e o transporte do
produto para os centros consumidores, principalmente Rio Branco. Na entressafra do
açaí, que dura de fevereiro a meados de outubro, quando o preço do “vinho do açaí”
chega a duplicar, essa situação se agrava ainda mais. Isso tem gerado uma forte
demanda de mudas para realização de novos plantios em terra firme, principalmente
do açaí de touceira.
Principais Cultivares
Não há ainda uma definição de cultivares, mas existem dois tipos de denominações
diferentes: o açaí preto, cujos frutos maduros apresentam polpa arroxeada, sendo o
mais utilizado, e o açaí branco que apresenta frutos de coloração verde, mesmo
quando maduros, produzindo um vinho verde-creme.
Formas de Propagação
É possível fazer a multiplicação do açaizeiro por perfilhos extraídos da planta-mãe.
Mas, nesse caso, o método tem se mostrado difícil, mais caro e com um índice de
pegamento baixo. A produção de mudas de açaizeiros de forma usual e em larga
escala é por sementes.
Escolha de Plantas Matrizes
Escolher as melhores plantas de um plantio em franca produção, observando-se
touceiras que tenham pelo menos três estipes, de preferência de porte baixo e
diâmetro elevado e boa produção de frutos, os quais devem estar maduros durante a
coleta e com elevado percentual de polpa. O ideal é acompanhar as plantas
selecionadas por 3 a 4 anos para confirmar as observações.
Cuidados no Preparo do Material Propagativo (Dormência, Obtenção das Sementes,
etc.)
Deixar os frutos de molho na água quente (50°C) por 20 minutos para amolecimento
e extração da polpa por maceração mecânica. Este processo contribui para acelerar
a germinação. Eliminar sementes chochas, pequenas e imaturas (quando a polpa fica
aderida à semente). As sementes não suportam secagem ao sol sendo ideal semeá-
las imediatamente após a extração da polpa; se tratadas adequadamente,
apresentam índices de germinação superior a 90% após 60 dias.
A quantidade média de sementes em 1 kg de frutas é de aproximadamente 900
unidades.
Produção de Mudas (Semeadura, Transplante, etc.)
A semeadura pode ser feita de duas formas:
a) Semeadura direta: recomendada para produção de pequenas quantidades
de mudas, semeando-se de duas a três sementes por sacola (17 x 22 cm),
as quais são encanteiradas em local que proporcione 50% de sombra. Após
a germinação e quando as plântulas atingirem aproximadamente 10 cm
efetua-se o desbaste deixando uma planta por sacola.
b) Semeadura indireta: realizada na sementeira, é feita em sulcos distanciados
5 cm e a uma profundidade de 3 cm com densidade de 50 sementes por
metro linear ou ainda distribuindo 1.000 sementes/m2. O substrato pode
ser formulado a partir de uma parte de areia misturada com uma parte de
Drenagem
Relevo
Classe de profundidade
(Profundo > 100 cm de profundidade) Preferencial
Características químicas
pH
Saturação de bases
Características físicas
Textura
1
Preferencial: o parâmetro apresenta características favoráveis para o cultivo do açaí; Restrita: o parâmetro apresenta
características que devem ser corrigidas e/ou monitoradas para se ter condições favoráveis ao cultivo do açaí.
Feita a escolha do solo, a cova deve ser preparada 30 dias antes do plantio, no
início das chuvas, obedecendo aos seguintes critérios: dimensão de 50 x 50 x
50 cm, separando-se a primeira metade superficial da segunda. Na primeira
metade misturar 10 litros de esterco de curral curtido, mais 100 g de superfosfato
triplo, devolvendo-a em seguida para o fundo da cova e completando-a com a terra
restante. O plantio deve ser efetuado, já no período chuvoso, em dias nublados,
retirando-se a muda do saco e efetuando-se o plantio no centro da cova.
Espaçamento Recomendado
O espaçamento tradicionalmente recomendado é de 5 x 5 m, resultando em 400
touceiras/ha. Pesquisas estão sendo feitas quanto ao número de estipes ou
perfilhos que deverá ser mantido por touceiras. As recomendações têm variado de
3 a 5 estipes por touceira.
rizoma
com
adulto
filho
aderido
muda in vitro
chifrinho chifre
chifrão guarda-chuva pedaço de rizoma
Importância da Cultura
A cultura dos citros é representada principalmente por laranja, limão e tangerina.
O Brasil é o maior produtor mundial de laranja. A cultura tem grande importância
econômica, sendo responsável pela geração de empregos nas zonas rural e
urbana, e favorece ainda a fixação do homem no campo mediante o emprego da
mão-de-obra familiar.
No Estado do Acre, a cultura dos citros ocupa o segundo lugar em área plantada.
Embora bastante difundida entre os agricultores, grande parte dos frutos
consumidos no Acre é importada de outros estados. O uso de cultivares mal
adaptadas e de baixa qualidade, manejo inadequado, uso do porta-enxerto limão
cravo e falta de produção organizada (associações) constituem fatores limitantes
para a citricultura acreana.
Produção de Mudas de Citros
As mudas de citros podem ser produzidas por sementes e também por enxertia.
Neste último método, a gema (“olho”) de uma planta é enxertada (inserida) em
outra planta, constituindo uma só planta. A parte de cima (gema) formará a copa,
sendo chamada de enxerto. A parte de baixo, denominada porta-enxerto, será
responsável pela formação do sistema radicular.
Existem cultivares de citros para formação de porta-enxertos e enxertos. Neste
último caso, as cultivares copas podem ser as laranjeiras Aquiri, Natal, Valência,
os limões Galego, Tahiti e as tangerinas Lee, Murcote e Cravo. Cada uma das
copas, em combinação com os diferentes tipos de porta-enxerto, pode apresentar
produtividade e época de produção diferenciada.
Os porta-enxertos também afetam a produtividade, a precocidade da produção, o
vigor da copa, a resistência à seca e a doenças. Recomenda-se diversificar os
porta-enxertos em até 30% da área.
É importante usar mais de uma cultivar no pomar, especialmente em função da
época de maturação e colheita dos frutos e da disponibilidade de produto para o
mercado consumidor.
Características Ideais
Na Tabela 1 são listadas algumas características consideradas ideais para
cultivares copas e porta-enxertos.
Tabela 1. Características ideais buscadas em cultivares copas e porta-enxertos.
Cultivares copas Cultivares porta-enxertos
Alta produção Resistência a pragas, doenças e à seca
Resistência a pragas e doenças Precocidade e longevidade
Baixo porte Vigor
Qualidade dos frutos Compatibilidade
Produção na entressafra -
Viveiro
O viveiro é o local onde os porta-enxertos serão plantados para fazer a enxertia.
Enxertia
A próxima etapa na produção de mudas de citros é a enxertia propriamente dita.
a) Os porta-enxertos devem estar com idade entre 6 e 9 meses;
apresentando o diâmetro de um lápis comum.
Uma muda de citros só está pronta para o plantio entre 18-20 meses.
Plantio
O plantio deve ser feito em dias nublados e pela manhã. Devem-se plantar as
mudas acima do nível do solo, evitando assim o chamado “afogamento” do colo da
muda.
Caso ocorra a perda ou morte de alguma planta no pomar, o replantio é feito aos
30-45 dias pós-plantio utilizando-se mudas vigorosas.
A adubação de cobertura pós-plantio deve ser feita aos 30-40 dias utilizando-se
50 g de uréia e 30 g de KCl por planta.
As adubações são realizadas duas vezes ao ano, no início e final das chuvas, de
forma parcelada: na primeira, aplica-se o fósforo e metade da quantidade de
nitrogênio e potássio. Na segunda adubação, aplica-se o restante do nitrogênio e
potássio recomendado (Fig. 3).
Vinte dias após a enxertia, deve-se remover a fita plástica. Também se deve
realizar a quebra da dominância apical do porta-enxerto, 7 dias após a remoção da
fita, efetuando-se a decapitação do porta-enxerto 10 cm acima do ponto de
enxertia, visando favorecer a brotação da gema.
Efetuar o tutoramento do enxerto para melhor conduzir o fuste. Pode-se utilizar o
porta-enxerto decapitado como tutor (Fig. 4).
Se necessário, fazer a poda de formação, decapitando o fuste do enxerto a 50 ou
60 cm de altura, para forçar o lançamento de ramos laterais e formação da copa
com melhor arquitetura.
Tratos Culturais
Manter o substrato das sacolas úmido até o início da aclimatação das mudas,
irrigando sempre que necessário, porém sem encharcamento. A partir dos 60 dias
de idade das mudas no viveiro, deve-se realizar a adubação, de acordo com a
Tabela 1, e repeti-la a cada 2 meses.
Tabela 1. Recomendação de adubação de mudas de cupuaçuzeiro em viveiro.
Nutrientes Quantidade de nutrientes (g/muda)
N 1,64
P2O5 5,47
K2O 1,64
Ca 0,55
Mg 0,27
S 0,41
Zn 0,014
B 0,006
7m 7m
7m 7m
Triângulo equilátero
Quadrangular
usado nessa fase produtos à base de Glyphosate (3,5 L/ha do produto comercial),
35 a 45 dias antes do plantio.
Recomenda-se que seja feita análise do solo antes do plantio, para definir se há
necessidade de correção da acidez e adubação. A calagem, caso seja necessária,
deve ser efetuada 90 dias antes do preparo das covas elevando-se a saturação por
bases a 50%.
O plantio deve ser feito no início da estação chuvosa, para que as plantas
aproveitem o máximo esse período, desenvolvendo-se melhor e adquirindo
resistência. Deve-se dar preferência a dias nublados, mais frescos, para que as
mudas não sofram muito com o transplante.
As covas devem ser abertas com pelo menos 30 dias de antecedência ao plantio,
nas dimensões de 30 x 30 x 30 cm, podendo ser substituídas por sulcos de 30 cm
de profundidade, em áreas mecanizáveis, devido à alta densidade de plantas por
hectare.
Para enchimento das covas, devem ser misturados à terra superficial 2 litros de
esterco de curral mais 45 g de superfosfato triplo.
As linhas de plantio devem ser orientadas no sentido leste–oeste, quando a área
for plana. Caso o relevo seja acidentado, o plantio deve ser estabelecido em curva
de nível.
A pupunha é uma espécie que não requer sombreamento, portanto deve ser
plantada a pleno sol. Como forma de diminuir os riscos de produção, muitos
agricultores da região estão cultivando-a em consórcio com outras espécies
perenes. No entanto, se essa for a opção, evitar o uso de plantas que causem
muito sombreamento, preferindo as espécies de copa rala ou mesmo de porte
baixo.
Espaçamento Recomendado
O espaçamento mais utilizado no plantio solteiro para palmito é de 2,0 x 1,0 m
(5 mil plantas/ha).
Existem vários inimigos naturais que se alimentam das pragas dos citros. O
importante é reconhecer e preservar ao máximo essa população benéfica,
utilizando técnicas adequadas, como a cobertura verde entre as linhas das plantas
do pomar, visando fornecer abrigo e alimento alternativo como pólen e néctar aos
insetos benéficos, e quebra-ventos para reduzir a incidência do ácaro-da-falsa-
ferrugem. Devem ser adquiridas mudas sadias e feita a retirada completa dos
frutos, quando for realizada a colheita, evitando que permaneçam na planta e
sirvam de reservatório de pragas.
Caso seja necessário utilizar agrotóxicos, os acaricidas específicos apresentam de
moderada a baixa toxicidade aos ácaros predadores. Os produtos à base de
enxofre e cobre, como a calda bordalesa e a sulfocálcica, além dos piretróides de
amplo espectro, causam desequilíbrio no ambiente, pois afetam negativamente a
população de ácaros, vespinhas e fungos benéficos. Assim, devem ser utilizados
apenas uma vez por ano, alternando-os com outros produtos de classes diferentes.
Quanto à dosagem de produtos, nomes comerciais e maiores detalhes sobre eles,
deve-se consultar um engenheiro agrônomo para verificar que espécie de praga
está atacando o pomar e que produto deve ser aplicado, mediante a prescrição do
receituário agronômico. Qualquer produto para ser receitado deve estar registrado
no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e todos os aspectos de
proteção ao aplicador devem ser respeitados.
Cupuaçu
A broca-dos-frutos, Conotrachelus humeropictus, é uma das principais pragas da
cultura do cupuaçu no norte brasileiro, provocando perdas estimadas em mais de
50% em algumas regiões de Rondônia e Amazonas. O inseto adulto é um besouro
de coloração marrom, com comprimento médio de 1 cm, que coloca seus ovos no
interior dos frutos de cupuaçu. Dos ovos saem as larvas, que são brancas e sem
pernas e se alimentam do interior do fruto. As larvas desenvolvidas abandonam os
frutos através de orifícios construídos na casca, vão para o solo onde se
transformam em pupas e, posteriormente, em adultos, reiniciando o ciclo.
A larva é a responsável pelos danos no fruto, sejam eles diretos, ao alimentar-se
das sementes, ou indiretos, pelo apodrecimento dos frutos devido à entrada de
microorganismos. Os frutos infestados, quando atacados muito novos, caem antes
do amadurecimento.
Com relação ao controle, não existe produto químico recomendado e eficiente
contra essa praga, por isso deve-se dar ênfase ao seu manejo, realizando-se
algumas ações para reduzir a população do inseto e, conseqüentemente, seus
danos. Entre essas ações pode-se citar: aceiros entre a mata e a lavoura, redução
no sombreamento definitivo da área, aumento da intensidade de colheita,
desbrotas e podas de formação/condução e destruição dos frutos atacados.
Pupunha
Roedores silvestres podem ser um problema, especialmente ratos de campo que
danificam as sementes e plantas ainda no viveiro ou atacam plantas jovens no
campo, comendo o tronco ao nível do solo. Plantios mais distantes de matas e
capoeiras são menos atacados.
Pragas que atacam o coco (bicudo-do-coco), a cana-de-açúcar ou banana (bicudo-
da-cana), ou ainda pragas do dendê podem se tornar pragas da pupunha, como já
Citros
Gomose (Phytophthora parasitica e P. citrophthora): ocorre em sementeiras e
viveiros, tanto nas plantas como nos frutos. Na sementeira a doença é
reconhecida quando ocorrerem podridões das sementes e lesões de coloração
escura. Em condições de temperatura e umidade elevadas há um rápido
crescimento das lesões e conseqüentemente morte. No viveiro observam-se lesões
escuras e encharcadas (folhas, brotos novos e hastes) que geralmente se iniciam
por ferimentos (na enxertia por exemplo). O sintoma típico é a exsudação de goma
e escurecimento dos tecidos infectados.
Na planta adulta e nos frutos ocorrem lesões pardas na base ou no colo da planta,
com formação de goma que exsuda pelo fendilhamento da casca, morte e
escurecimento das camadas internas, anelamento da região do tronco impedindo o
fluxo da seiva, descoloração das nervuras e amarelecimento de folhas (murcham,
secam e caem), produção de frutos pequenos de casca fina e maturação precoce,
morte progressiva dos ramos ponteiros. Além disso, os frutos ficam com podridão
seca de coloração marrom-parda e forte cheiro, caindo ou permanecendo
mumificados.
Recomenda-se a utilização de porta-enxertos resistentes como por exemplo:
Citrumelo Swingle, tangerina Sunki, tangerina Cleópatra e Trifoliata. Deve-se
evitar o uso de solos rasos mal drenados e áreas sujeitas a encharcamento ou com
problemas de erosão. Utilizar adubos orgânicos, que favorecem a microflora
antagônica, mudas livres da doença e enxertadas acima de 20 cm; evitar
ferimentos de tronco e raízes principais; inspecionar freqüentemente os plantios;
remover plantas severamente afetadas do pomar. Para o controle químico,
recomenda-se utilizar Fosetyl-Al e Metalaxil ou produtos à base de cobre (calda
bordalesa).
Leprose: causada por vírus transmitido principalmente por ácaro, pode ser
reconhecida quando se observam nas folhas manchas ligeiramente salientes na
face inferior e lisas na superior, com coloração verde-pálida no centro e amarela
na periferia. No fruto maduro ocorre uma depressão da casca, de cor
uniformemente marrom-escura ou preta. Quando as lesões são abundantes, há
queda de folhas e frutos.
O controle deve ser feito para o vetor da doença (ácaros); por podas e eliminação
de todos os ramos afetados; destruição de frutos atacados ou com a presença de
ácaros; desinfestação do material de poda (tesoura, serra e canivete) e da roupa
do trabalhador envolvido no cultivo.
Verrugose: causada por Sphaceloma fawceti e S. australis, pode ser reconhecida
devido à ocorrência de pequenas manchas deprimidas de aspecto encharcado;
lesões salientes e corticosas, irregulares, cor de mel ou canela espalhadas por
ambas as faces da folha ou pela superfície dos ramos; lesões irregulares, salientes,
corticosas, de coloração palha ou cinza-escura nos frutos. Nos órgãos infectados,
as lesões são superficiais, não se aprofundando no interior dos tecidos.
O controle pode ser feito a partir de produtos à base de cobre, quando cerca de
2/3 das pétalas tiverem caído, visando reduzir as infecções primárias nos frutos
recém-formados, quando eles são muito suscetíveis. Recomenda-se uma 2ª
aplicação 4 a 5 semanas após a primeira. No viveiro é essencial o controle, pois os
porta-enxertos utilizados são muito suscetíveis.
Cupuaçu
O cupuaçuzeiro é muito suscetível à vassoura-de-bruxa, causada pelo fungo
Crinipellis perniciosa Stahel Singer, endêmico da Região Amazônica e que infecta
diversas espécies de plantas nessa região. O fungo ataca brotações, flores e frutos
e os sintomas na planta são o superbrotamento das regiões em crescimento
(meristemas), nanismo e mumificação dos frutos. O controle dessa doença em
viveiros deve ser feito pelo uso de sementes colhidas de frutos sadios e
erradicação das mudas doentes. Aplicar mensalmente Mepronil a 1,0 mL/10 L de
água enquanto mantiver as mudas no viveiro. No campo, devem-se erradicar as
árvores que são muito atacadas e realizar a poda fitossanitária a cada 2 meses,
cortando-se 15 cm abaixo da base da vassoura. A poda fitossanitária consiste em
cortar os ramos secos, as vassouras verdes e secas, os frutos pequenos e
mumificados. Em caso de infecção em almofadas florais no tronco, o material
vegetal infectado deve ser removido com parte do tecido de casca e enterrado a
40 cm da superfície do solo para promover a rápida decomposição. Plantios novos
devem utilizar clones resistentes à doença. A Embrapa Amazônia Oriental
disponibilizou em 2002 os clones resistentes à vassoura-de-bruxa denominados
Coaria, Codajás, Manacapuru e Belém. Alternativas de controle biológico da
doença em pomares já implantados estão sendo estudadas.
Pupunha
As doenças que incidem na pupunheira no Estado do Acre são a antracnose,
fusariose e bacteriose.
Referências Bibliográficas