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A percepção dos alunos do curso Técnico Integrado ao Ensino Médio em Meio

Ambiente sobre a importância das aulas práticas nos laboratórios de Biologia


e Química, em uma Instituição de Educação Profissional, Científica e
Tecnológica em Cruzeiro do Sul - AC

1) Resumo

O presente projeto de pesquisa é fruto da disciplina Laboratório de Ciências: criação,


funcionamento, segurança e manutenção básica e objetiva a avaliação da percepção dos
alunos sobre as aulas práticas nos laboratórios de Biologia e Química em uma instituição de
educação, ciência e tecnologia em Cruzeiro do Sul – AC. Nesse contexto, será realizada uma
pesquisa quali-quantitativa com estudantes do segundo e terceiro ano do curso Técnico
Integrado ao Ensino Médio em Meio Ambiente. A pesquisa consistirá no levantamento de
dados a partir de questionários semiestruturados com os quais se poderá observar a opinião
dos alunos sobre a relevância das aulas práticas para o seu aprendizado. As perguntas serão
elaboradas de forma a identificar a contribuição das aulas práticas de Biologia e Química no
desempenho dos alunos, a frequência dessas atividades e a estrutura dos laboratórios. Espera-
se que com a realização deste trabalho, haja um despertamento maior da comunidade escolar
para os métodos de ensino que maximizam o aprendizado dos educandos.

Palavras-chave: Ensino-aprendizagem, experimentação, métodos de ensino.


MINUTA

2) Introdução

Atualmente observa-se uma grande busca pelo aperfeiçoamento dos processos


educativos, de forma que a educação tradicional tem sido alvo de muitas críticas. Percebe-
se, assim, uma grande necessidade de inovar a educação, criando e modernizando os
processos ocorridos em sala de aula, na busca de se atingir uma geração de alunos cada vez
mais informada e tecnológica.
Segundo Penin e Vasconcellos (1994; 1995 citado por DEMO, 2011, p. 9) “a aula
que apenas repassa conhecimento, ou a escola que somente se define como socializadora
do conhecimento, não sai do ponto de partida, e, na prática, atrapalha o aluno, porque o
deixa como objeto de ensino e instrução. Vira treinamento”. Portanto, é necessário
transformar o aluno de maneira que seja um sujeito ativo em sua aprendizagem.
O professor pode utilizar diferentes ferramentas para transformar um conteúdo
teórico em algo mais interessante, e na área das Ciências Naturais, as aulas práticas em
laboratórios são de extrema importância no processo de ensino aprendizagem, pois é nesse
ambiente que o aluno terá seu primeiro contato com a realidade de um laboratório e todos
seus recursos.
Um dos principais problemas encontrados pelos professores de Química e Biologia
na atualidade é a falta de laboratório para a realização de aulas práticas. E mesmo em
algumas escolas que contam com esse espaço, há problemas como a falta de recursos
materiais e humanos como reagentes, vidraçarias, bem como técnico específico para o
auxílio das aulas (TRIVELATO e SILVA, 2011).
Sabe-se, previamente, que na instituição a ser estudada há laboratórios de Biologia
e Química, no entanto, desconhece-se a frequência e qualidade das aulas práticas. Diante
dessa realidade, esse projeto objetiva analisar a visão dos alunos sobre as aulas práticas em
laboratórios de Biologia e Química, observando suas opiniões sobre a parte física dos
laboratórios da instituição em que estudam, bem como a importância que esses espaços têm
para o seu desenvolvimento intelectual.

3) Fundamentação Teórica

As atuais discussões no âmbito educacional têm se voltado para a melhoria da


MINUTA

aprendizagem, podendo esta ser alcançada com o auxílio de novas metodologias e


materiais didáticos utilizados pelo professor. Assim, um dos grandes desafios enfrentados
pelos professores é trazer métodos que possam despertar a curiosidade e o interesse dos
alunos durante as aulas.
Fazer as aulas se tornarem atrativas é desafiador porque, segundo Laburu (2006),
para muitos alunos estudar, frequentar as aulas, fazer lições são meras obrigações, e,
portanto, comportamentos de alienação e apatia são comumente observados em sala de
aula, prejudicando a construção do saber pelo aluno.
Dessa forma, um dos mecanismos para mudar essa realidade é a realização de
aulas práticas. De acordo com Rosito (2003) citado por Soares e Baioto (2015)

A utilização de atividades práticas possibilita a melhor compreensão dos


processos presentes nas ciências. [...] Desta forma, as atividades práticas em sala
de aula proporcionam ao educando a oportunidade de ser ativo, participante e
seguro de suas decisões.
Para Soares et al. (2016), a experimentação permite ao estudante pensar sobre o
mundo de forma científica, em que não apenas o seu aprendizado é ampliado, mas também
habilidades como a observação, a obtenção e a organização de dados, a reflexão e a
discussão. Pode-se, portanto, produzir conhecimento a partir de ações, tornando o discente
o sujeito de sua aprendizagem.
Destarte, é indiscutível a importância das aulas práticas no ensino de Biologia e
Química e mesmo que os educadores acreditem que estas atividades possam transformar o
ensino, a frequência em que elas ocorrem é muito baixa (GALIAZZI et al., 2001). Isso
pode ocorrer devido a uma série de fatores comuns a vários docentes, como

o fato de não existirem atividades já preparadas para o uso do professor; falta de


recursos para compra de componentes e materiais de reposição; falta de tempo
do professor para planejar a realização de atividades como parte do seu programa
de ensino; laboratório fechado e sem manutenção (BORGES, 2002, p. 294).

Fracalanza et al. (1987) também descreve empecilhos que impedem o professor de


oferecer uma aula de qualidade – o que demanda tempo e dedicação –, como as condições
de trabalho, a falta de material, o pouco tempo disponível para a disciplina, trabalhar com
MINUTA

muitas turmas ou em mais de uma escola, o salário desmotivador, uma formação


deficiente, entre outros. No entanto, Mamprin (2007, p. 5) declara que é preciso “superar a
artificialidade dos discursos docentes em relação às dificuldades da utilização de atividades
práticas, buscando uma atuação centrada nas reais necessidades de uma aprendizagem
significativa”.
Ressalta-se, porém, que laboratórios bem equipados e professores que saibam
utilizá-los não são indicadores de uma aprendizagem significativa, portanto o educador
deve desenvolver as aulas práticas de laboratório de forma adequada no processo ensino-
aprendizagem. Ainda assim, a importância das aulas práticas é visível e essencial para o
currículo dessas disciplinas e para o desenvolvimento intelectual do educando.
4) Objetivos (Geral e Específicos)

Geral

Avaliar a percepção dos alunos do curso Técnico Integrado ao Ensino Médio em Meio
Ambiente sobre a importância das aulas práticas nos laboratórios de Biologia e Química,
numa instituição de Educação Profissional, Científica e Tecnológica em Cruzeiro do Sul –
AC.

Específicos

• Analisar a frequência de aulas práticas nos laboratórios;


• Avaliar a estrutura dos laboratórios; MINUTA

• Identificar as disciplinas que mais utilizam os laboratórios;


• Refletir sobre a importância da utilização dos laboratórios para o processo ensino
aprendizagem.

5) Metodologia ou Material e Métodos

A pesquisa, de natureza quali-quantitativa, será realizada com os estudantes de 2º


e 3º ano do curso Técnico Integrado ao Ensino Médio em Meio Ambiente de uma
instituição de Educação Profissional, Científica e Tecnológica em Cruzeiro do Sul – AC.
Será aplicado um questionário semiestruturado a fim de se obter respostas ao seguintes
questionamentos: se os professores fazem uso das aulas experimentais, a frequência com
que essas ocorrem, se os mesmo percebem que o interesse pela disciplina de Biologia e
Química se torna maior com a realização destas práticas, quais disciplinas mais utilizam
os laboratórios e se as aulas são interessantes. Todos os entrevistados assinarão o termo
de Consentimento Livre e Esclarecido, aceitando participar da pesquisa voluntariamente.
Posteriormente, os dados coletados serão transferidos para uma planilha do Excel
para uma melhor análise dos resultados, que serão discutidos com base na bibliografia
específica.
Resultados e Discussão

A partir dos resultados obtidos, evidencia-se que 52,5% dos alunos acham que os laboratórios
da escola não tem uma boa estrutura física e isso pode influenciar na baixa frequência das
aulas práticas. Para Ronqui (2009) as aulas práticas têm seu valor reconhecido. Elas
estimulam a curiosidade e o interesse de alunos, permitindo que se envolvam em
investigações científicas, ampliem a capacidade de resolver problemas, compreender
conceitos básicos e desenvolver habilidades.
Os alunos foram questionados sobre a frequência das aulas práticas nas disciplinas de
biologia, química e física, sendo que 80% dos alunos responderam que tiveram aulas práticas
no laboratório de Biologia poucas vezes, 70% nunca tiveram aulas práticas no laboratório de
física e 85% tiveram poucas aulas no laboratório de química, conforme figura 1. Segundo
Silva e Zaton (2000, p.182 apud VIVIANI; COSTA, 2010) os docentes, de modo geral,
indicam que a carência de aulas práticas está relacionada com a falta de materiais, o número
MINUTA

elevado de alunos por turma e a reduzida carga horária.

POUCAS VEZES MUITAS VEZES SEMPRE NUNCA


85
80

Figura1. Porcentagem da frequência de aulas práticas nas disciplinas de Biologia,


70

Química e Física.

A análise dos dados também revelou que 40% dos alunos acham que os
professores tem dificuldades na realização de aulas práticas e 60% acham que não. Para
Borges (2012) várias das escolas dispõem de alguns equipamentos e laboratórios que, no
entanto, por várias razões, nunca são utilizados, dentre às quais cabe mencionar o fato de
30

não existirem atividades já preparadas para o uso do professor; falta de recursos para
20

compra de componentes e materiais de reposição; falta de tempo do professor para


planejar a realização de atividades como parte do seu programa de ensino; laboratório
7.5

fechado e sem manutenção.


2.5

5
0

Para aB ipergunta
ol ogi a “Você acha Qque
u i m iac a sua escola precisa
F i s de
i c a mais profissionais
capacitados para trabalhar nos laboratórios?” 47,5% dos alunos concordaram
parcialmente e 42,5% discordaram. E quando perguntados se as aulas práticas nos
laboratórios despertam mais interesse pelos assuntos trabalhados apenas 2,5%
responderam que não, ou seja a maioria acredita na relevância das aulas práticas para o
seu aprendizado. Segundo Krasilchik (2012), as aulas práticas são atividades que
permitem que os estudantes tenham um contato com fenômenos abordados no ensino de
Ciências, seja pela manipulação de materiais e equipamentos, ou pela observação de
organismos. Essa modalidade didática, quando utilizada de forma adequada, permite
despertar e manter a atenção dos alunos, envolver os estudantes em investigações
científicas, garantir a compreensão de conceitos básicos, oportunizar aos alunos a
resoluções de problemas e desenvolver habilidades.
Os alunos também foram questionados sobre qual dos laboratórios mais
gostavam e constatou-se que 72% preferem o laboratório de Química, 9,1 % gostam do
laboratório de Física e 9,1 gostam do laboratório de Biologia, sendo que o restante
tiveram afinidade diversificada com outros laboratórios, conforme figura 2.

80.0
72.7
70.0

60.0

50.0

40.0

30.0

20.0
9.1 9.1
10.0 5 6
3 4 4.5 2.3 2.3
1 2 MINUTA

0.0
FÍSICA QUÍMICA BIOLOGIA BIOLOGIA E FÍSICA E FÍSICA E
QUÍMICA BIOLOGIA QUÍMICA

Figura 2. Porcentagem de preferência de laboratórios

Quando questionados sobre a importância dos laboratórios para seu aprendizado


os alunos argumentaram que os laboratórios despertam mais interesse nas aulas, como
comentou um dos alunos dizendo que “Além de despertar o interesse do aluno fazendo
com que o mesmo aprenda mais e melhor, também mostra-nos como aquilo funciona na
prática”. Um segundo diz que a prática fica mais realista, argumentando que “Traz uma
experiência mais realista e nos faz aprender muito mais”. Um terceiro argumenta que
tem uma grande importância para a instituição: “É de estrema importância, quanto mais
na nossa escola (IFAC), pois é uma instituição que os alunos serão técnicos e
necessitam de uma boa base, com práticas para quando saímos da instituição não
ficarmos perdidos.”
ROSITO, B. A. O ensino de ciências e a experimentação. In: MORAES, R. (Org).
Construtivismo e ensino de ciências: reflexões epistemológicas e metodológicas. Porto
Alegre: EDIPUCRG, 2003. p. 195-208.

SOARES, A. L. A.; PEREIRA, B. O.; LEDO, A. F. C.; LIMA, D. E. T. Revitalização do


Laboratório de Química através do PIBID como ferramenta de aprendizado. In: SEMANA
ACADÊMICA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – Universidade e Comunidade: em
busca da transformação social, 17., 2016, Guanambi. Anais... Guanambi: UNEB, v.1, nº 1,
2016. p. 1-10. Disponível em: < http://www.uneb.br/saepe/files/2016/01/20160024.pdf>.
Acesso em 10 mai. 2018.

SOARES, R. M.; BAIOTTO, C. R. Aulas práticas de Biologia: suas aplicações e contraponto


desta prática. Revista Di@logos, v. 4, n. 2, p. 53-68, 2015. Disponível em:
<http://revistaeletronica.unicruz.edu.br/index.php/Revista/article/viewFile/2688/587>. Acesso
em 10 mai. 2018.
MINUTA

TRIVELATO, S. F.; SILVA, R. L. F. Ensino de Ciências. São Paulo: Cengage Learning,


2011.

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