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FUNDAMENTOS DO

MUNDO DO TRABALHO
Euliene da Silva Gonçalves
Marcilei Serafim Germano

Cursos técnicos na modalidade concomitante

Porto Velho - RO
2018
© Ministério da Educação
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica

Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução total ou parcial desta obra, desde que citada a fonte e
que não seja destinada à venda ou a quaisquer fins comerciais. Venda proibida. Distribuição gratuita.
A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é da área técnica.
A coleção institucional do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO) pode ser
acessada, na íntegra, no repositório virtual: http://cursos.ead.ifro.edu.br/

1ª edição – 2018

Elaboração, distribuição e informações: Equipe editorial:


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E Capa, projeto gráfico e diagramação: Fernanda Falleiros
TECNOLOGIA DE RONDÔNIA Wirth Chaibub
Campus Porto Velho Zona Norte Designer educacional: Marta Magnusson Solyszko
Departamento de Produção de EaD Revisão de língua portuguesa: Laura Akemi Côrtes
Coordenação de Material e Design Instrucional Massunari
Revisão científica: Carmen Tereza Velanga
Av. Governador Jorge Teixeira, 3146 – Setor Industrial Supervisão editorial: Ariádne Joseane Félix Quintela
CEP: 76.821-002 – Porto Velho/RO
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Ficha Catalográfica

G635f Gonçalves, Euliene da Silva


Fundamentos do mundo do trabalho / Euliene da Silva Gonçalves,
Marcilei Serafim Germano. -- Porto Velho: Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Rondônia, 2018.

83 p.: il.

ISBN: 978-85-69951-10-0

1.Relações de Trabalho. 2.Sistema de Produção. 3. Trabalho. I.


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia. II.
Departamento de Produção de Educação a Distância. III. Título.

CDD: 331.1

Bibliotecária responsável: Célia Reis Sales CRB11/955


Apresentação
da disciplina

Olá! Seja muito bem-vindo(a).

A disciplina Fundamentos do Mundo do Trabalho é um componente da ma-


triz curricular que complementará seus estudos sobre cooperativismo ao abordar o
trabalho como elemento constitutivo da formação do homem, destacando as dife-
rentes formas de trabalho construídas historicamente e suas características atuais.

Está organizada em quatro unidades de estudo, que correspondem a quatro


semanas de estudos, ou a 40 horas. Para cada semana, você deverá reservar tempo
para ler, fazer anotações, pesquisar outras fontes de material e realizar as atividades
propostas. Além disso, poderá contar com a orientação e o auxílio de professores,
colegas, coordenação e supervisão de curso, a distância e presencialmente.

O curso é apoiado em tecnologias da informação e da comunicação; a me-


diação de professores e demais agentes proporciona a interatividade, o compartilha-
mento e a colaboração.

No decorrer das aulas, você terá a oportunidade de interagir por meio da


plataforma Moodle e tirar dúvidas, bem como realizar atividades individualmente o
que, certamente, contribuirá para o seu crescimento e, também, para o aperfeiçoa-
mento do aprendizado.

Bons estudos e sucesso!

3
Tabela de ícones

Ícones são representações visuais utilizadas para facilitar e organizar a leitura do tex-
to verbal, ampliando as possibilidades de linguagens e sentidos.

Atenção Glossário
Indica os pontos Define ou elucida
de maior relevân- termos, palavras ou
cia no texto. expressões utiliza-
dos no texto.

Pesquise Mídias
Sugere sites, tex- Sugere outras mí-
tos e outros recur- dias que possibili-
sos complemen- tem ao estudante
tares que possam compreender me-
ampliar a com- lhor o conteúdo:
preensão do tema vídeos, filmes, jor-
destacado. nais etc.

Tome nota Reflita


Indica anotações Propõe questões
que o estudante sobre as quais o
precisa fazer para estudante deve
realizar uma ati- pensar para com-
vidade posterior- preender e fixar
mente. melhor o tema.

Atividade
Indica atividades
que devem ser
feitas para exer-
citar a compre-
ensão.

5
Apresentação dos
UNIDADE 1autores
professores

Caro(a) estudante,

Seja bem-vindo(a) à disciplina de Fundamentos do Mundo do Trabalho!

Esperamos que você esteja bastante motivado(a) para esta disciplina. Estu-
dar os fundamentos do mundo do trabalho é buscar a base, o alicerce da própria
vida. O mundo ao qual nos referimos é o mundo humano – o mundo das relações
construído historicamente; este mundo também pode ser chamado de cultura, de
sociedade, de vida humana. O trabalho é a base de nossa sobrevivência, de nossa
vida, por meio do qual nos realizamos. Só por este resgate do nome da disciplina é
possível notar que ela é essencial ao curso de Cooperativismo e, ao mesmo tempo, o
transcende, pois lida com a essência do ser humano.

Ao final do curso, espera-se um(a) profissional capaz de posicionar-se critica-


mente frente às realidades do mundo do trabalho atuais e as que virão.

Por isso, o material baseou-se em autores que proporcionam a crítica ao


modo de trabalho dominante na atualidade; desta maneira, pretendemos estimular
o pensamento crítico.

Nossa intenção é que você possa aproveitar ao máximo o conteúdo desta


disciplina para a realização do curso, pois acreditamos que ela proporcionará alicer-
ces para sua vida profissional.

Assim, estude e aproprie-se deste novo conhecimento!

Fique conosco!
Nós estaremos com você!

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SUMÁRIO

UNIDADE 1. Trabalho humano: elemento de transformação


intencional da natureza............................................................ 11
1.1 A origem da palavra trabalho...................................................................................12
1.2 A relação entre capacidade racional e trabalho................................................... 14
1.3 Trabalho como meio de produção da vida humana.............................................. 17

UNIDADE 2. O trabalho durante a história humana..................... 27


2.1 Trabalho: quando tudo começou?......................................................................... 28
2.2 Cinco grandes formas de trabalhar........................................................................ 31
2.3 Trabalho e a dominação do homem sobre o homem........................................... 35

UNIDADE 3. O trabalho na atualidade........................................... 43


3.1 As relações de trabalho dentro do modo de produção capitalista.................... 44
3.2 O trabalho dentro do contexto atual do capitalismo.........................................47

UNIDADE 4. A educação produz cidadania................................... 63


4.1 A importância da educação.................................................................................... 63
4.2 O exercício da cidadania........................................................................................66

Palavras finais................................................................................. 73
Guia de soluções............................................................................. 75
Referências..................................................................................... 77
Obras consultadas.........................................................................................................80
Bibliografia básica..........................................................................................................81

Currículo dos professores autores................................................ 83

9
Trabalho humano:
UNIDADE 1 elemento de transformação
intencional da natureza

Nesta unidade, veremos:


• A origem da palavra trabalho;
• A relação entre capacidade racional e trabalho;
• Trabalho como meio de produção da vida humana.

Ao tratarmos destes temas, pontuamos os seguintes objetivos de ensinagem:

Objetivos:
• Identificar o trabalho humano como elemento de transformação
intencional da natureza;
• Classificar o trabalho como elemento constitutivo da formação humana.

Ensinagem: “Termo adotado para significar uma situação de ensino da qual ne-
cessariamente decorra a aprendizagem, sendo a parceria entre professor e alunos a
condição fundamental para enfrentamento do conhecimento necessário à forma-
ção do aluno [...]” (ANASTASIOU, 2006, p.15).

Caro(a) estudante,

Nesta primeira aula, estudaremos o trabalho como elemento intencional


de transformação da vida humana, isto é, o trabalho como meio de reprodução da
vida humana nas relações sociais de produção. Prepare-se para esta etapa de estu-
dos que contribuirá para sua qualificação pessoal e profissional.

Trabalho: em sentido amplo, é o conjunto de atividades intelectuais e manuais,


organizadas por homens e mulheres e aplicadas sobre a natureza, visando ga-
rantir sua subsistência (PINTO, 2010).

Podemos começar lembrando como viviam homens e mulheres na pré-


-história da humanidade. Naquela época, o ser humano vivia em pequenos grupos

11
nômades. A preocupação com a sobrevivência num ambiente natural e hostil era
crucial: caçar, pescar, procurar frutas e raízes, fugir de animais perigosos e abrigar-se
das variações climáticas faziam parte do cotidiano do homem pré-histórico.

Para garantir sua sobrevivência, foi necessário criar os instrumentos de tra-


balho. A base de qualquer sociedade humana é o processo de trabalho, em que seres
humanos cooperam entre si para fazer uso das forças da natureza.

No processo de trabalho, o homem entra em contato com o meio ambiente


e com o outro, gerando algumas relações – a relação do homem com a natureza, a
relação entre os homens e a relação entre o homem e os meios de produção. Nessas
relações, as atividades e os esforços gerados com o fim de produzir as condições da
existência humana são o que chamamos de trabalho.

Meios de produção: expressão que contempla tanto os elementos da natureza


utilizados como matéria-prima quanto os instrumentos utilizados para manu-
sear esta matéria-prima. Acrescentamos que os músculos ou a inteligência tam-
bém podem ser entendidos como instrumentos utilizados para manusear, isto é,
transformar a matéria-prima.

1.1 A origem da palavra trabalho


Conforme o Dicionário Etimológico, a palavra trabalho vem do latim tripa-
lium, resultado da junção dos elementos “tri”, isto é, três, e “palium”, que significa ma-
deira. Tripalium era um objeto feito de três estacas de madeira, em forma de triân-
gulo, utilizado para amarrar os animais durante os trabalhos de parto, a marcação a
ferro quente ou em intervenções veterinárias.

No império romano, os soldados passaram a usá-lo como instrumento de


tortura. Convencionou-se entender que trabalhador é quem estaria sendo tortura-
do. Desta maneira, trabalhar significava ser torturado. Só passava por esta situação
quem não tinha posses; logo, originariamente, os pobres e escravos, desprovidos
de condições para pagar os impostos, eram os que sofriam as torturas no tripalium.
Esta maneira de compreender trabalho passou a ser aplicada às atividades físicas
dos camponeses, artesãos, agricultores, pedreiros etc.

12 Fundamentos do Mundo do Trabalho


Ainda conforme o mesmo dicionário, o termo passou do latim para o francês
travailler, com o significado de sentir dor ou sofrer. Novamente, está ligado a fazer
uma atividade exaustiva ou difícil, dura.

As religiões monoteístas espalhadas por todo o mundo seguem preceitos


contidos na Bíblia (2014). No capítulo 3 do livro de Gênesis, há uma visão negativa
do trabalho. Nessa narrativa, Adão e Eva são condenados, ela ao sofrimento no
trabalho de parto e ele a sofrer por toda a vida para conseguir da terra o seu sus-
tento. Veja que a ideia de sofrimento, de dor, presente na origem latina e francesa,
continua no imaginário religioso.

Monoteístas: religiões que acreditam na existência de apenas um deus. As maiores


são judaísmo, cristianismo e islamismo.

Resgatamos, ainda, do site Origem da Palavra, que trabalho se refere à nega-


ção do ócio, ou seja, negócio, em latim negottium.

Para os gregos clássicos, conforme explica Albornoz ([s.d.], p. 46-7), havia três
tipos de trabalho: práxis, destinado à vida pública; poesis, criação a partir da transfor-
mação do material dado pela natureza; e labor, ligado à sobrevivência. Os dois últimos
negavam o ócio. Este era um meio para cultivar o diálogo na vida dos cidadãos gregos
– que correspondiam a apenas 10% da população masculina nascida na Grécia.

Note, querido(a) estudante, que a práxis era um trabalho mais valorizado que
o labor e a poesis. Outro trabalho, mais nobre ainda que a práxis, era o filosofar, ou
seja, contemplar a Verdade – tão especial que nem era denominado trabalho.

Veja que o ócio, no mundo grego, ainda contempla um trabalho criativo; já


no mundo romano, o ócio é simplesmente preguiça, ficar sem fazer nada, vadiagem.
Ou seja, negócio é sempre fazer algo, sempre trabalhar. Sobretudo, é o trabalho do
mercador rico, chamado de negociante – o que possuía condições de fazer investi-
mentos importantes, empréstimos a juros altos e especulações financeiras.

1) Você concorda que o trabalho realizado pela maioria das pessoas realmente é um
momento de sofrimento?
2) O que o trabalho proporciona, além da dor?
3) O que leva uma pessoa a realizar o trabalho como meio de sofrimento ou além
do sofrimento?

Unidade 1 - Trabalho humano: elemento de transformação intencional da natureza 13


Amplie o conhecimento sobre a origem da palavra trabalho acessando os endereços:
https://jornalggn.com.br/blog/rdmaestri/a-etimologia-da-palavra-trabalho-para-expli-
car-comportamentos
http://pre.univesp.br/o-trabalho-e-o-homem#.WsoJOIjwbIU
https://www.infopedia.pt/$trabalho-(filosofia)

Para conhecer um pouco da Grécia Clássica, assista ao vídeo Grandes Civilizações


Grécia antiga parte 1 e 2 no endereço indicado do canal de Fábio Will:
https://www.youtube.com/watch?v=dcxzu55DRlI

Podemos dizer que a etimologia explica de onde vieram as palavras; porém,


sua origem não determina seu significado atual.

Agora que você aprendeu sobre a origem da palavra trabalho e como seu
significado foi mudando ao longo do tempo, vamos tratar da relação existente entre
a capacidade racional e o trabalho, ou seja, como o ser humano transforma o mundo
em que vive por meio do trabalho.

Etimologia: estudo da origem das palavras.

1.2 A relação entre capacidade racional e


trabalho

Atualmente, o trabalho é visto como espaço de realização humana. Como


entender isto? Segundo Albornoz ([s.d.], p. 69-70), reconhecendo o trabalho como
elemento de transformação da natureza, fruto da intencionalidade humana.

Para reconhecer o trabalho nestes termos, é necessário sintonizá-lo ao con-


ceito de ser humano: quem ele é? Qual sua característica principal? A tentativa de
responder a estas questões é histórica: muitos estudiosos e pensadores, ao longo
dos anos, apresentaram suas alternativas a esta questão. Aqui, não vamos oferecer
uma resposta definitiva e fechada a esta odisseia de buscar quem é o ser humano.
Queremos que você identifique o trabalho como um elemento que não pode faltar
em qualquer tentativa de formar um conceito sobre o ser humano.

14 Fundamentos do Mundo do Trabalho


Queremos que você compreenda que não é possível entender o trabalho
sem entender o ser humano. Por isso, lembre-se de suas aulas de História. No ensino
fundamental, você já estudou que, na Renascença, um dos movimentos presentes
para ajudar a compreender a realidade foi o humanismo, ou antropocentrismo, que
assentava suas bases na Antiguidade grega e romana.

Aproximadamente 500 anos antes de Cristo, os pensadores estavam preocupa-


dos em entender questões típicas do mundo humano: técnica, arte, guerra, política, éti-
ca... Devido a isso, essa época pode ser chamada de humanista ou antropocêntrica, ou
seja, centrada no homem. Protágoras, um filósofo grego que viveu por volta de 450 anos
antes de Cristo, defendia que o homem é a medida de todas as coisas, das coisas que
são porque são e das coisas que são porque nós as fazemos ser (PLATÃO apud SANTOS,
[s.d.]); isto é, para refletir sobre qualquer situação, é necessário partir do ser humano.

Esta maneira de pensar o mundo a partir do homem foi resgatada no início


da Idade Moderna, num movimento que abrangeu várias áreas da vida humana co-
nhecido como Renascimento. Neste movimento, teve início a valorização do traba-
lho, manual ou intelectual, como algo importante para qualquer pessoa (ALBORNOZ,
[s.d.], p. 58-9). A ideia é mais ou menos assim: quer entender qualquer questão de
nosso mundo humano? Então, entenda o ser humano!

Para entendermos melhor o trabalho, é preciso saber um pouco quem é o


ser humano. Vamos retornar ao mundo grego, já que ele é o berço de nosso pen-
samento ocidental.

Um dos conceitos de ser humano mais divulgados é o de que ele é um ser ra-
cional. Você já assistiu ao filme Alexandre, o Grande (EUA, Warner, 2004), dirigido por
Oliver Stone? Nele, aparece o professor de Alexandre – o filósofo Aristóteles, pensa-
dor que, em sua época, mais deixou reflexões escritas. Aristóteles trata sobre a alma
de todos os seres em uma destas reflexões, contida no livro Sobre a Alma; especifica-
mente nas páginas 68 a 70 do livro, o filósofo caracteriza a alma, ou seja, a essência
de cada ser existente no mundo.

Resumidamente, pode-se dizer que, para Aristóteles, a pedra é um ser sem


alma. A planta tem vida e, nela, uma alma vegetativa. Os animais possuem uma alma
instintiva. Já o ser humano existe como a pedra, tem vida como a planta, possui ins-

Unidade 1 - Trabalho humano: elemento de transformação intencional da natureza 15


tinto como os animais... e o que mais? Ou seja, qual sua especificidade? É a racionali-
dade, da qual provém sua liberdade. Captou a ideia?

Atualmente, há pessoas que acreditam que a racionalidade está presente em


animais, ou que ela é fruto de uma evolução, ou da intervenção de extraterrestres,
ou da ação de uma divindade. Independentemente do consenso sobre sua origem,
é preciso admitir, no mínimo, a ideia apresentada por Albornoz ([s.d.], p. 70) de que
a nossa racionalidade, diferentemente da dos demais seres, nos liberta de uma ação
meramente instintiva. Ou seja, nossa singularidade está em sermos racionais e livres.

Você pode se perguntar o que isso tem a ver com trabalho. Simples, jovem
estudante: sendo o trabalho uma ação humana, ele só pode ser fruto de nossa racio-
nalidade e, consequentemente, da liberdade. Nenhum trabalho pode atrapalhar a
nossa capacidade de pensar ou impedir nossa liberdade de decidir. Por isso, pelo tra-
balho, agimos na natureza segundo nossa intencionalidade – isto é, nossa intenção,
escolha, decisão. Se algum trabalho for obstáculo para nossa capacidade racional ou
nossa liberdade, ele deixa de ser um elemento de realização da especificidade do ser
humano e passa a ser um elemento que oprime e impede o ser humano de desen-
volver ainda mais o seu potencial.

Na obra A Fenomenologia do Espírito, Hegel, segundo Kupper (2007), talvez


tenha sido o primeiro grande teórico a reconhecer a importância do trabalho. Hegel
cita uma luta entre dois homens: o derrotado é escravizado pelo vitorioso. Mas no
cotidiano, segundo o autor, a vitória seria do escravo, uma vez que passou a praticar
plenamente o que diferencia os homens dos animais: o trabalho. Por meio do traba-
lho, o escravo utiliza sua capacidade racional transformando a natureza e, por isso,
liberta-se dos limites naturais.

Você pode aprofundar-se nesta interpretação lendo O que é Trabalho, de Suzana


Albornoz (p. 62-7).

Penso que você já entendeu que o trabalho é resultado de sua intenciona-


lidade, devido ao fato de exercitar nele a sua liberdade de escolha ao transformar o
meio ambiente, ou seja, a natureza. Agora, queremos que compreenda que, ao fazer
isso, você está produzindo sua própria vida. Vamos lá?!

16 Fundamentos do Mundo do Trabalho


1.3 Trabalho como meio de produção da
vida humana
O animal adapta-se ao meio e o ser humano, por meio do trabalho, adapta
o meio a si. Ele produz um mundo com a sua fisionomia; por isso, trabalho também
pode ser chamado de modo de produção. Este conceito não deve ser reduzido à
mera maneira de agir do ser humano, pois também se refere à forma como ele se
comporta na natureza, ou seja, o jeito de ser dos indivíduos.

Você é o que é por causa de sua intencionalidade; em outras palavras, de-


vido à sua liberdade, que te singulariza, te torna indivíduo, único(a). Existem vários
modos de viver a própria liberdade. A liberdade, seu modo de ser no mundo, trans-
parece no trabalho. Pelo trabalho, você sempre produz algo – material e/ou intelec-
tual –; por isso, é sinônimo de produção. Logo, o trabalho é um modo de produção,
fruto de suas intenções, que são resultado da sua razão.

Para compreender um pouco mais sobre a liberdade, assista ao vídeo Aula 34 – Filo-
sofia – Existencialismo, do Sistema de Ensino Poliedro, a respeito do existencialismo.
Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=_tXuovkCHcA>

Para entender isso, basta lembrar quando você faz uma redação capricha-
da, uma escultura, uma pintura, lava a louça ou arruma a casa. Durante a ação, ou
seja, a produção, se alguém fica dizendo “faz mais rápido”, “faz em pé”, “faz maior”,
“faz menor”, “aperta mais”, “não faça tanta força” e não o(a) deixa tomar suas deci-
sões, você fica chateado(a); quando termina, parece que não foi você quem fez.
No entanto, quando se sente livre para fazer do seu jeito, termina e recebe críticas
– “está mal feito”, “não presta”, entre outros defeitos –, você, como pessoa humilde
(), as acolhe e melhora com as observações. Mas, lá no fundo, dá uma dorzinha...
você já sabe por quê, certo? Aquilo que você produziu, resultado de suas verda-
deiras intenções, é a manifestação de seu modo de ser no mundo, é fruto de sua
intencionalidade.

Um detalhe im-por-tan-tís-si-mo: você é singular, único(a), mas ao mesmo


tempo é parecido(a) com outras pessoas. Prova disto é que você forma grupos de

Unidade 1 - Trabalho humano: elemento de transformação intencional da natureza 17


amigos. Eles podem ser de estudo, passeio, lazer, igreja, futebol, vôlei, bate-papo,
piada; podem ser sua própria família – seja ela como for. Você não é uma ilha, isolada
das outras faixas de terra: está mais para arquipélago, cheio de ilhas próximas umas
das outras. Em outras palavras, você também é um ser social. Por isto, podemos dizer
que você produz de forma semelhante a outras pessoas e, com elas, forma grupos,
ou seja, conjuntos de produção semelhantes.

Aposto que você acabou de lembrar de suas aulas com o professor de Socio-
logia, certo? Ele não para de dizer que somos seres sociais. O primeiro a defender isto
claramente foi Aristóteles, no livro A Política (2010, p.2, § 9). Lembra deste filósofo? Já
falamos sobre ele anteriormente.

Estamos resgatando este fato de que você é único(a) e, ao mesmo tempo,


semelhante a outros apenas para deixar claro que o modo de produção, fruto da
nossa intencionalidade, assume aspectos singulares dependendo de cada indivíduo
ou grupo de pessoas. Como há muitas pessoas na Terra e, há muitos anos, estamos
neste planeta, podemos dizer que existem na história humana modos, conjuntos,
formas de trabalho e de produção diferentes.

Note bem: observando este jeito de ser, veremos que, para produzir, é preci-
so haver matéria-prima oriunda da natureza e utilizar uma força humana – músculos
e/ou intelecto – sobre ela; a força humana aperfeiçoa-se com o uso de instrumentos.
Estes elementos, grafados em itálico, chamamos de força ou meios de produção
e já foram mencionados lá nos primeiros parágrafos, lembra? Como não é possível
todo mundo fazer a mesma coisa, é preciso dividir as tarefas; a isto, chamamos de
relação de produção. Ao considerarmos estes dois elementos (força e relação) de
nosso jeito de ser, percebemos mais detalhadamente o que dissemos nos dois pará-
grafos anteriores: na história, há vários modos de produção, também chamados de
sistemas de produção, ou seja, conjuntos de produção.

De todo conjunto de produção, nós podemos fazer um organograma para


entender como as partes se relacionam; a este organograma, chamamos estru-
tura de produção. Ao notar estas relações, conseguimos identificar a lógica que
mantém este sistema de produção; a esta lógica, denominamos regime – ou seja,
a regra que mantém uma estrutura de produção específica vigente. É preciso olhar
mais cuidadosamente para estas várias formas históricas de produção; trataremos

18 Fundamentos do Mundo do Trabalho


delas na próxima aula, quando você terá oportunidade de compreender melhor
essa historicidade.

A produção da existência é o processo pelo qual os homens produzem sua


vida material. Nesta perspectiva, Marx e Engels (2009, p. 24-5) apontam que:

Podemos distinguir os homens dos animais pela consciência,


pela religião – por tudo o que se quiser. Mas eles começam a
distinguir-se dos animais assim que começam a produzir os
seus meios de subsistência (lebensmittel), passo esse que é
requerido pela sua organização corpórea. Ao produzirem os
meios de subsistência, os homens produzem indiretamente a
sua própria vida material.
O modo como os homens produzem os seus meios de subsis-
tência depende, em primeiro lugar, da natureza dos próprios
meios de subsistência encontrados e a reproduzir. [...] Esse modo
da produção não deve ser considerado no seu mero aspecto de
reprodução da existência física dos indivíduos. Trata-se já, isto
sim, de uma forma determinada da atividade desses indivíduos,
de uma forma determinada de exteriorizarem [zu äubern] a sua
vida, de um determinado modo de vida dos mesmos. Como ex-
teriorizam [äubern] a sua vida, assim os indivíduos o são. Aquilo
que eles são coincide, portanto com a sua produção, com o que
produzem e também com e como produzem. Aquilo que os in-
divíduos são depende, portanto, das condições materiais de sua
produção (grifos dos autores).

Desta forma, podemos perceber como Marx e Engels partem da concepção


de que, no ato cotidiano, ao ter o homem que produzir e reproduzir as condições
necessárias à sua existência, produz a si mesmo. Portanto, para esses autores, são as
bases materiais que determinam a existência.

Vamos contar uma historinha. Era uma vez... () há muito tempo, apro-
ximadamente 100.000 anos antes de Cristo, o ser humano era nômade, vivia em
bandos e colhia o que estava disponível de forma imediata na natureza. Por volta
de 10.000 anos antes de Cristo, começou a cultivar a terra. Assim, ele deixou de ser

Unidade 1 - Trabalho humano: elemento de transformação intencional da natureza 19


nômade e passou a ser sedentário; deixou de apenas colher e passou a plantar e a
domesticar animais. Veja que, quando o ser humano transformou a natureza, tam-
bém transformou a si mesmo, a sua própria existência e a base para esta transfor-
mação foi sua ação no elemento material. Entendeu? Acreditamos que, agora, você
se lembrou de suas aulas com o(a) professor(a) de História. Foi um dos assuntos no
ensino fundamental, correto?

Mas esta transformação não aconteceu só uma vez. Certamente, você ou-
viu falar de pessoas que saíram do interior, da roça, do campo e foram para a cidade
em busca de trabalho. Se você observar, quando elas mudaram a maneira como
estavam produzindo para sobreviver, mudaram também sua própria maneira de
viver. Aqui, basta recordar das aulas com o(a) professor(a) de Geografia sobre o
êxodo rural – pessoas saindo do campo e indo para a cidade. Não estamos fazendo
juízo de valor, ou seja, dizendo que isso é bom ou ruim, mas apenas constatando
com você que, pelo trabalho, as pessoas transformam a natureza para viverem e
também mudam a própria existência.

Observe a figura 01 abaixo, que ajuda a resumir as principais ideias até


aqui tratadas.
Figura 01: O ser humano e o trabalho

Fonte: os autores

20 Fundamentos do Mundo do Trabalho


Veja que o trabalho deriva da união entre a lâmpada, que lembra teoria, e a
palavra prática. Depois, a palavra trabalho indica transformação: de um lado, trans-
forma a natureza; do outro, o ser humano. A palavra transformar está apoiada nas
forças ou nos meios de produção e nas relações de produção, elementos indispen-
sáveis para entendermos mais detalhadamente o trabalho, ou seja, o modo de pro-
dução. Assim, acreditamos tê-lo(a) ajudado a identificar o trabalho como elemento
de transformação intencional da natureza e classificá-lo como elemento constituti-
vo da formação do próprio ser humano.

Para relembrar

Para ajudá-lo(a), fizemos um esquema das principais ideias desta uni-


dade. Leia e anote ao lado palavras ou frases que o(a) ajudaram a entender as
ideias expostas:

• Trabalho era entendido de forma negativa:


-- Etimologicamente, vem de tripalium, um instrumento de tortura;
-- Na Bíblia, há uma passagem que possibilitou a visão do trabalho
como castigo divino;
-- Os gregos dividiam o trabalho em vários tipos: labor, poesis e práxis.
A filosofia estava além destes três: contemplava a verdade e mostra-
va um ócio criativo.

• O ser humano é um ser racional:


-- Devido à sua racionalidade, é livre;
-- O trabalho é resultado da racionalidade e da liberdade do ser humano;
-- Pelo trabalho, o ser humano transforma racional e livremente a na-
tureza. Ao fazer isto, transforma a si mesmo, produzindo sua pró-
pria vida.

• Hegel mostra uma visão positiva do trabalho como ação que possibilita
ao ser humano se desenvolver.

• Marx e Engels defendem que, por meio do trabalho, se produz a vida


material e, simultaneamente, a própria vida.

Unidade 1 - Trabalho humano: elemento de transformação intencional da natureza 21


Atividades de aprendizagem

Querido(a) estudante, as atividades a seguir servem para ajudá-lo(a) a reforçar as


ideias estudadas nesta unidade.

1. (ENEM 2013) Na produção social que os homens realizam, eles entram em deter-
minadas relações indispensáveis e independentes de sua vontade; tais relações de
produção correspondem a um estágio definido de desenvolvimento das suas forças
materiais de produção. A totalidade dessas relações constitui a estrutura econômica
da sociedade – fundamento real, sobre o qual se erguem as superestruturas política
e jurídica, e ao qual correspondem determinadas formas de consciência social.
MARX, K. Prefácio à Crítica da Economia Política. In: MARX, K.; ENGELS, F. Textos 3.
São Paulo: Edições Sociais, 1977 (adaptado).

Para o autor, a relação entre economia e política estabelecida no sistema capitalista


faz com que:
a) o proletariado seja contemplado pelo processo de mais-valia.
b) o trabalho se constitua como o fundamento real da produção material.
c) a consolidação das forças produtivas seja compatível com o progresso humano.
d) a autonomia da sociedade civil seja proporcional ao desenvolvimento econômico.
e) a burguesia revolucione o processo social de formação da consciência de classe.

2. (Prefeitura Municipal de São José - SC – FEPESE - 2012) Assinale o que for correto
sobre o “trabalho”:

a) a palavra trabalho deriva do vocábulo latino tripalium, que representa um instru-


mento de tortura formado por três paus.
b) na Grécia e em Roma, o trabalho era considerado uma atividade que dignificava
o ser humano, pois fortalecia o caráter dos indivíduos.
c) na Idade Média, o conceito de trabalho foi alterado pelas influências do catolicis-
mo, que considerava o trabalho manual degradante.
d) com as influências dos ideais luteranos sobre o capitalismo, o trabalho passou a
ser considerado uma forma de purificação de faltas cometidas.
e) no livro O Ócio Criativo, Domenico de Masi afirma que o trabalho prazeroso não é
cansativo, mas inspira a criatividade e a produtividade.

22 Fundamentos do Mundo do Trabalho


3. (Unimontes 2011) Podemos dizer que o ser humano se faz pelo trabalho, porque,
ao mesmo tempo em que produz coisas, torna-se humano, constrói a própria subjeti-
vidade, desenvolve a imaginação, aprende a se relacionar com os demais, a enfrentar
conflitos, a exigir de si mesmo a superação das dificuldades.

Com relação ao trabalho, podemos afirmar:


a) como condição de humanização, o trabalho escraviza e prejudica ao viabilizar
projetos e concretizar sonhos.
b) como condição de humanização, o trabalho liberta ao viabilizar projetos e con-
cretizar sonhos.
c) como condição de escravidão, o trabalho liberta ao viabilizar projetos e concreti-
zar sonhos.
d) como condição de humanização, o trabalho não liberta ao viabilizar projetos e
concretizar sonhos.
e) como condição de humanização, o trabalho favorece o ser humano a cumprir a
vontade de deus.

4. Você está estudando Fundamentos do Mundo do Trabalho e esta é uma preocu-


pação filosófica. Você está estudando Filosofia no ensino médio e, talvez, tenha estu-
dado até no ensino fundamental. Não é possível fazer filosofia sem posicionamento.
Este posicionamento pode ser a favor ou contra. O ensino médio visa, também, de-
senvolver o senso crítico. Selecionamos um texto essencial para entender o trabalho
humano entre os filósofos e que está em harmonia com o que estamos estudando.
Leia o texto de apoio – trecho de Marx retirado do livro O Capital – e, depois, realize
as atividades orientadas nas letras “a”, “b”, e “c”.

Texto de apoio:
Antes de tudo, o trabalho é um processo entre o homem e a Natureza, um pro-
cesso em que o homem, por sua própria ação, media, regula e controla seu me-
tabolismo com a Natureza. Ele mesmo se defronta com a matéria natural como
uma força natural. Ele põe em movimento as forças naturais pertencentes a sua
corporalidade, braços e pernas, cabeça e mão, a fim de apropriar-se da matéria na-
tural numa forma útil para sua própria vida. Ao atuar, por meio desse movimento,
sobre a Natureza externa a ele e ao modificá-la, ele modifica, ao mesmo tempo,
sua própria natureza. Ele desenvolve as potências nela adormecidas e sujeita o

Unidade 1 - Trabalho humano: elemento de transformação intencional da natureza 23


jogo de suas forças a seu próprio domínio. Não se trata aqui das primeiras formas
instintivas, animais, de trabalho.

O estado em que o trabalhador se apresenta no mercado como vendedor de sua pró-


pria força de trabalho deixou para o fundo dos tempos primitivos o estado em que o
trabalho humano não se desfez ainda de sua primeira forma instintiva. Pressupomos o
trabalho numa forma em que pertence exclusivamente ao homem. Uma aranha exe-
cuta operações semelhantes às do tecelão, e a abelha envergonha mais de um arqui-
teto humano com a construção dos favos de suas colmeias. Mas o que distingue, de
antemão, o pior arquiteto da melhor abelha é que ele construiu o favo em sua cabeça,
antes de construí-lo em cera. No fim do processo de trabalho obtém-se um resultado
que já no início deste existiu na imaginação do trabalhador, e portanto idealmente. Ele
não apenas efetua uma transformação da forma da matéria natural; realiza, ao mesmo
tempo, na matéria natural seu objetivo, que ele sabe que determina, como lei, a espé-
cie e o modo de sua atividade e ao qual tem de subordinar sua vontade. E essa subor-
dinação não é um ato isolado. Além do esforço dos órgãos que trabalham, é exigida a
vontade orientada a um fim, que se manifesta como atenção durante todo o tempo de
trabalho, e isso tanto mais quanto menos esse trabalho, pelo próprio conteúdo e pela
espécie e modo de sua execução, atrai o trabalhador, portanto, quanto menos ele o
aproveita, como jogo de suas próprias forças físicas e espirituais.
(MARX, 1996, p. 297-8).

a) Demonstre que entendeu a ideia do autor fazendo um breve resumo da argumen-


tação. Faça o resumo da maneira como você está habituado: copiando as palavras
mais importantes, ou escrevendo as frases mais importantes, ou escrevendo o que
mais chamou a sua atenção no texto, ou, ainda, escrevendo o que, no texto, se rela-
ciona ao conteúdo que estudamos. Enfim, você já aprendeu a fazer um resumo no
ensino fundamental; agora, desenvolva esta capacidade. Mãos à obra.
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24 Fundamentos do Mundo do Trabalho


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b) Posicione-se informando se concorda ou não com Marx: ele está certo ou errado?
Em que está certo? Em que está errado?
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c) Justifique seu posicionamento: por que você pensa que ele está certo, ou por que
está errado?
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Parabéns, você conseguiu e, juntos, finalizamos a primeira etapa da disci-


plina. Acreditamos que o conteúdo estudado trouxe questionamentos e curiosida-
de em conhecer mais sobre o mundo do trabalho. Prosseguiremos nesse caminho;
o próximo assunto será o trabalho durante a história humana. Sem disciplina, não
há sucesso! Continue disciplinado(a) em seus estudos e não deixe de realizar as
leituras indicadas.

Unidade 1 - Trabalho humano: elemento de transformação intencional da natureza 25


O trabalho durante
UNIDADE 2 a história humana

Nesta unidade, veremos:


• Os vários modos de trabalho durante a história humana;
• O elemento que mantinha ou mantém cada modo de trabalho.

Ao tratarmos destes temas, pontuamos os seguintes objetivos de ensinagem:

Objetivos:
• Identificar os vários modos de trabalho presentes na história humana;
• Especificar em cada modo de trabalho a lógica que o mantém.

Prezado(a) estudante, nesta segunda unidade, juntos refletiremos sobre di-


ferentes formas históricas do trabalho; iremos relacioná-las aos contextos produtivos
nos quais estão inseridas, destacando o elemento que as mantém. Vamos nos ater à
forma primitiva, que apresenta uma noção de trabalho muito diferente das demais
formas históricas de trabalho. Desafio você a identificá-la durante o estudo.

No ensino médio, você irá estudar este conteúdo em História e Geografia


e, dependendo dos autores usados pelos seus professores de Sociologia e Filosofia,
este conteúdo também será abordado nestas disciplinas. Fique atento(a) nesta uni-
dade, pois além de prepará-lo(a) para ser um(a) profissional que compreende sua
realidade de forma ampla, ela também o(a) ajudará em seus estudos escolares.

Antes de prosseguirmos, pense um pouco nas questões que seguem:

1) O que é mais dinâmico: a força de produção ou a relação de produção? Justifique.

2) O que acontece se a força de produção e a relação de produção não são adequa-


das uma à outra em uma sociedade? O que define se estão adequadas ou não?

27
Amado(a) estudante, um desafio para você: enquanto lê, destaque, grifando ou
anotando, o nome dos modos de produção que aparecem no texto. Isto irá ajudá-
-lo(a) em uma atividade posterior. Beleza?

2.1 Trabalho: quando tudo começou?


Na unidade anterior, começamos a contar uma historinha, lembra? Ela até te
fez recordar das aulas de História. As datas que mencionamos na historinha são dos
períodos Paleolítico e Neolítico.

Fomos buscar em Vicentino e Dorigo (2013), quando escrevem para a disci-


plina de História do primeiro ano do ensino médio, dados sobre estes dois períodos.
Entendemos que, nestes períodos, o trabalho possui um modo de produção primi-
tivo. Isto não quer dizer que seja inferior ou atrasado, e sim que foi o nosso primeiro
estilo de trabalho, caracterizado pela caça e pela coleta. Nessa época, a sociedade
era nômade, às vezes apenas um bando de pessoas unidas por sentimentos, laços
sanguíneos ou motivadas a estarem juntas por mitos. O trabalho é complementar
ao trabalho da natureza: colher frutos, pescar, caçar. Note que o alimento está dis-
ponível no ambiente. A relação de produção era baseada no sexo – masculino e
feminino –, na idade – criança e adulto – e na resistência física. Detalhe: não havia
classes – as pessoas produziam sua existência em comum. A terra pertencia a todos,
é o que chamamos de apropriação coletiva da terra. A força de produção, além da
matéria-prima da natureza, resumia-se à resistência física e às lascas de pedras, ga-
lhos e ossos: estamos no período Paleolítico (pedra antiga).

Paleolítico: significa pedra antiga. Também conhecido como período da pedra lasca-
da, vai de aproximadamente 2,5 milhões de anos antes de Cristo a 10.000 anos a.C..

Neolítico: significa pedra nova. Também conhecido como período da pedra polida,
vai de aproximadamente 10.000 anos a.C. a 4.000 anos a.C..

Ainda no período da pedra lascada, após a última glaciação, as pessoas


começaram a cultivar a terra e a domesticar animais, favorecendo a sedentarização
dos bandos e a formação de famílias. Juntando família com família, formou-se o
clã; clã com clã, formou-se a vila; vila com vila, formou-se a cidade. Nisto, já estamos

28 Fundamentos do Mundo do Trabalho


no período Neolítico (pedra nova), em que a nova força de produção é a pedra
polida. A agricultura desenvolve-se e a domesticação de animais é aperfeiçoada. A
relação de produção torna-se mais específica: há os que plantam, os que caçam e
os que criam animais.

A produção de alimentos extrapola a necessidade imediata. Há aumento da


densidade demográfica e a conquista de novas áreas propícias ao cultivo. Se olhar-
mos mais detalhadamente, podemos destacar que há artesãos, pois neste período
acontece a primeira grande transformação química da humanidade: são feitos enor-
mes vasos para guardar o excedente.

É preciso preocupar-se com a divisão adequada deste alimento a mais. Qual


a quantidade para cada um? Quem vai distribuir? Quem vai tomar conta para que
tudo seja bem feito? Quem vai cuidar das terras e dos animais para que outros gru-
pos não os peguem? Neste período, começa a noção de propriedade privada.

Também é necessário aceitar que havia alguém designado para tomar conta
do excedente ou distribuir para as pessoas daquele clã ou vila. Eis a ideia de guardas
e de Estado administrativo.

Estado: o Estado, visto socialmente, é a unidade de povo, território e governo – um


grupo de pessoas dentro de um território lideradas por alguém aceito. O Estado
administrativo é sinônimo de governo. Este pode ser um grupo ou pessoa que or-
ganiza o povo dentro de um território por meio da força (militares, polícia, múscu-
los) e da lei (regras, tradição, ideologia).

Não podemos esquecer da existência dos responsáveis por fomentar a rela-


ção das pessoas com algo além deles: os espíritos, antepassados, deuses, as forças
desconhecidas. É a essência da religião: relacionar o ser humano ao ser superior, in-
dependentemente de qual ser superior estejamos falando.

Aguçando o olhar, notaremos que, se algo sobra, é trocado com os clãs vizi-
nhos. Uma espécie de comércio à base de trocas surge; se algum clã domina um ter-
ritório mais amplo e possui uma sobra maior, as trocas tornam-se desiguais e cria-se
um novo excedente, gerando uma relação de produção desigual entre os clãs. Quem
produz mais tem maior densidade demográfica e maior necessidade de espaço.

Unidade 2 - O trabalho durante a história humana 29


Há a guerra para conquistar novas terras, aumentar pertences e alimentar as
pessoas. Normalmente, quem perde a batalha passa a trabalhar e entregar o exce-
dente para os vencedores. Eis o início do modo de produção escravista.

Antes de falarmos sobre o modo de produção escravista, precisamos deixar


claro para você que o modo de produção primitivo não está restrito à pré-história.
Basta olhar para as sociedades tribais: elas também possuem esta maneira de produ-
zir. A grande questão que precisa ficar clara, como afirma Barbosa ([z.d.], p. 39), é que,
nessas sociedades, o trabalho está relacionado às outras atividades da vida social:
“[...] sistema de parentesco, festas, artes, mitos [...]”.

Segundo Pierre Clastres (1974, p. 10):

Quando, na sociedade primitiva, o econômico se deixa identifi-


car como campo autônomo e definido, quando a atividade de
produção se transforma em trabalho alienado, contabilizado e
imposto por aqueles que vão tirar proveito dos frutos desse tra-
balho, é sinal de que a sociedade não é mais primitiva, tornou-
-se uma sociedade dividida em dominantes e dominados, em
senhores e súditos, e de que parou de exorcizar aquilo que está
destinado a matá-la: o poder e o respeito ao poder.

Ou seja, assim como aconteceu na transição da sociedade do período Paleo-


lítico à Idade dos Metais, o trabalho parou de ser usado para a subsistência e passou
a ser utilizado para o acúmulo. Assim, o objetivo não é sobreviver, é acumular. Para
atingir este objetivo, torna-se válida a apropriação do produto do trabalho do outro
para acumular mais. Eis a ideia da escravidão aparecendo.

Escravo: “O trabalho realizado sob alguma forma de coerção não econômica pre-
dominou durante grande parte da história [...]. Como o escravo é o tipo mais conhe-
cido e mais dramático de trabalhador não livre, acreditou-se geralmente que fosse
também o mais comum; daí o uso metafórico, nas línguas ocidentais, das palavras
‘escravo’, ‘escravidão’, ‘escravizado’ [...]. Mas o fato é que, na história do mundo como
um todo, os escravos existiram em número muito menor do que outras modalidades
de trabalhadores manuais submetidos a uma falta de liberdade menos completa

30 Fundamentos do Mundo do Trabalho


(embora raramente se possa dispor de números exatos). O escravo era, ele próprio,
uma mercadoria de propriedade privada, a quem era perpetuamente negada a pos-
se dos meios de produção, o controle sobre seu trabalho ou sobre os produtos desse
trabalho e de sua própria reprodução.” (BOTTOMORE, 2001, p. 132).

Você já percebeu que o trabalho não está mais voltado só para a subsistência,
certo? Então, vamos olhar para os demais modos de produção que surgiram, vinculados à
ideia de propriedade e de poder, como na referência de Pierre Clastres da página anterior.

2.2 Cinco grandes formas de trabalhar

Veremos, agora, cinco formas diferentes de trabalhar. No entanto, se as


olharmos mais detalhadamente, como se usássemos um binóculo ou uma lente de
aumento, constataremos que o resultado é o mesmo. Acompanhe o próximo tópico
para descobri-las. Vamos lá?

Comecemos pelo modo de produção escravista, que apareceu enquan-


to terminávamos de refletir sobre o modo de produção primitivo. Ele, o escravista,
se intensifica na Idade dos Metais – quando quem domina o metal como força de
produção resgata, principalmente, as tribos que manipulam apenas a pedra polida,
escravizando-as. Nesse período, já há sociedades mais urbanizadas com guerreiros,
metalúrgicos, comerciantes, sacerdotes e governos.

Você está observando – como vimos na unidade 1 – que, pelo trabalho, o ser
humano está transformando a natureza e a si mesmo?

Segundo Cardoso (2006), a escravidão foi usada por todas as civilizações antigas
– mesopotâmica, indiana, chinesa, egípcia, grega – e também pelas civilizações na Amé-
rica pré-colombiana – entre os astecas, incas e maias; aconteceu, também, entre os povos
da África. O ápice da escravidão pode ser identificado na colonização das Américas, em
que negros e indígenas eram tratados como não humanos – animais, objetos. Nem sem-
pre a escravidão estava ligada à vitória ou à derrota numa guerra: as pessoas poderiam
tornar-se escravas de várias formas além disso – por causa de uma dívida financeira, ne-
cessidade de alimentos, por serem criminosas ou consideradas culturalmente inferiores.

Unidade 2 - O trabalho durante a história humana 31


Sistematicamente, a relação de produção ocorre entre um senhor, dono, e
um servo, propriedade. O escravizador tinha fixa a ideia de superioridade e, por isso,
deveria ser privilegiado em relação aos outros, os escravos. A lógica que mantém este
tipo de relação é a de superioridade, segundo a qual o vencedor sempre se considera
mais que o vencido e este menos que aquele: o dono é mais forte, mais inteligente,
mais humano, mais... que o escravo.

Aprofunde esta questão sobre a escravidão em nosso país com um breve vídeo do
Telecurso 2000 intitulado Aula 23 – Trabalho e escravidão na América Portugue-
sa (História – Ensino Médio). Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=LEL1hxqenAA>

Assista a Ganga Zumba, de Cacá Diegues (1964). Um grupo de africanos escraviza-


dos de um engenho de açúcar foge para o quilombo de Palmares. Entre eles, desta-
ca-se Ganga Zumba. Isso ocorre entre os séculos XVI e XVII. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=3wtHXgHDGts>

Outro modo de produção é o asiático. De acordo com Gianni Sofri (segundo


PINTO, 2009), neste modo de produção, há comunidades aldeãs e superiores. A aldeã
é a produtora; a segunda é a detentora do poder político e do imaginário religioso da
comunidade. Apesar do nome, asiático, esta estratégia de produção esteve presente
entre os egípcios, chineses, mesopotâmicos e pré-colombianos.

Querido(a) estudante, em outras palavras, a comunidade superior é o Estado,


representado pelo imperador, rei ou faraó. Eles não são meros administradores, mas
sim proprietários das terras nas quais as pessoas moravam. Não havia escravidão, as
pessoas eram livres; contudo, para usufruir das terras do Estado, era preciso pagar
tributos, uma espécie de aluguel. Este era o meio para o Estado apropriar-se da pro-
dução excedente e distribuí-la entre os nobres, sacerdotes e guerreiros. Esta relação
de produção entre Estado e súditos tinha, na concepção religiosa do mundo, a justi-
ficativa para manter-se vigente.

O modo de produção feudal é típico da Idade Média ocidental. De acordo


com Cardoso (2006), no feudalismo a terra era o principal meio de produção volta-
do para a subsistência, não para venda dos produtos excedentes. O senhor feudal
era uma espécie de latifundiário que exigia dos camponeses o trabalho braçal na

32 Fundamentos do Mundo do Trabalho


terra; em troca, oferecia-lhes proteção e terra para morar. Claro... cobrava-lhes taxas
para usarem as estradas e feiras. Detalhe importante: o senhor feudal era o dono
das oficinas e equipamentos – meios de produção. Conforme explica Pinto (2009),
a lógica desta relação de produção entre senhor e servo era mantida especialmen-
te pela visão religiosa do mundo – especificamente, a filosofia do cristianismo em
sua vertente católica clerical.

Católica clerical: existem várias religiões no mundo, entre elas o cristianismo e,


no cristianismo, há várias denominações cristãs; a maior delas é o catolicismo. No
catolicismo, há padres e bispos (o chamado clero), religiosos consagrados e leigos
consagrados ou não. A expressão católica clerical faz referência à religião cristã
católica quando exclui os demais componentes do catolicismo e é guiada apenas
pelo clero, mais especificamente pelo alto clero (padres e bispos ricos e com altos
cargos na organização religiosa).

Na transição da Idade Média para a Moderna, temos o aparecimento de um


neocosmo social: a burguesia. Nas poucas cidades medievais, também chamadas
de burgos (por isso, aqueles que nelas moravam eram chamados de burgueses) ou
aldeias, os habitantes livres investiam no comércio e no artesanato; eles consegui-
ram um certo grau de riqueza, independentemente da terra e, de certa forma, dos
poderes feudais e dos reis.

Neocosmo social: “neo” vem do grego e significa novo; “cosmo” também vem do
grego e significa universo, ordem. Logo, nova ordem, nova organização; acompa-
nhado da palavra social, designa nova organização da sociedade.

Segundo BARBOSA ([s.d.]), nessas cidades havia organizações sociais cha-


madas corporações de ofício, nas quais é possível identificar a nova relação de
produção. Há o mestre, dono dos meios de produção (ferramentas, matérias-pri-
mas), e o aprendiz. A relação desenvolvida pela sociedade burguesa pode ser po-
larizada entre a burguesia e o proletariado. Tal relação tinha ou tem sua lógica
sustentada pelo capital: o proletário está submetido ao proprietário burguês en-
quanto recebe uma porcentagem dos ganhos e o proprietário repassa parte dos
ganhos ao proletário enquanto este produz algo que é rentável. Eis o nascimento
da maneira capitalista de produzir.

Unidade 2 - O trabalho durante a história humana 33


Corporações de ofício: associações que surgiram ligadas ao aparecimento da vida ur-
bana, ainda na Idade Média (século XII); serviam para organizar o trabalho artesanal.

Proletário: na Roma antiga, era o nome dos que faziam parte da última camada
social. Receberam esta denominação devido à única vantagem que traziam para a
sociedade: o fato de terem filhos, sua prole; por isso, proletariado. No texto, o signi-
ficado é de alguém que vende suas habilidades – uma vez que não possui nenhum
outro bem – para quem pode pagar por elas, nesse caso, o burguês.

A burguesia começou a financiar artistas e pensadores, em busca de glória e


prestígio – prática que justificava seu próprio estilo de vida; estes burgueses foram cha-
mados de mecenas. Estes favoreceram o desenvolvimento de um movimento cultu-
ral, denominado Renascimento, que tinha como uma das características o resgate da
cultura greco-romana. Este movimento deu mais importância ao momento presente
para ser feliz, ao ser humano como responsável pelo que acontece na sociedade e à ra-
zão como capaz de conhecer a verdade. Estes elementos valorizados contribuíram mui-
to para fundamentar um novo estilo de vida, um novo modo de produção: o capitalista.

Renascimento: movimento do início da Idade Moderna que resgatava teorias


anteriores à Idade Média, especificamente das sociedades grega e romana. Esse
resgate servia para justificar uma postura frente à realidade diferente da que vigo-
rava na Idade Média.

Greco-romana: nome utilizado para designar o período em que houve a fusão en-
tre as culturas grega e romana. Este período também é chamado de helenismo.

O modo de produção socialista, segundo Sagati (2006), é caracterizado por


propor uma sociedade sem propriedade privada. A relação de produção pode ser
sintetizada na polaridade entre Estado e proletariado. O Estado, aqui, não é dono,
como no modo de produção asiático: é administrador – ele organiza o povo dentro
de um território para atingir o sonho de uma sociedade igualitária, em que as pes-
soas trabalham segundo suas condições e recebem segundo suas necessidades. A
lógica que mantém esta relação é exatamente a utopia de um comunismo (comu-
nidade acima de tudo).

Descobriu quais são as cinco formas de trabalho? Esperamos que sim! Por
favor, para te ajudar a memorizá-las, escreva-as nas linhas que se seguem:

34 Fundamentos do Mundo do Trabalho


1) ___________________________________________________________
2) ___________________________________________________________
3) ___________________________________________________________
4) ___________________________________________________________
5) ___________________________________________________________

Muito bem! Agora, você notou que o resultado sempre foi o mesmo, de
forma diferente, mas o mesmo (). Vamos explicar no próximo item.

2.3 Trabalho e a dominação do homem


sobre o homem
A divisão de tarefas e a relação de produção, para cada forma de trabalhar,
eram mantidas por uma lógica, uma ideologia. Lembra-se? No modo de produção
escravista, a lógica era a ideia de superioridade e inferioridade entres os seres hu-
manos; no feudalista, era a filosofia de mundo cristã católica clerical; no asiático,
também era uma concepção religiosa do mundo; no socialista, a utopia de uma
sociedade perfeita; no capitalista, a ideia do lucro dos proprietários dos meios de
produção e, também, dos assalariados vendendo sua força de trabalho – o dinheiro
(capital) é o elo em todas as relações.

E o modo de produção primitivo? Existia uma lógica? Não podemos julgar


o passado do ponto de vista do presente, para não cairmos em visões equivocadas
da realidade e injustiças. Contudo, não devemos ser ingênuos ao olhar para o modo
primitivo de produção. Não queremos fechar a questão, mas pense conosco.

É preciso entender que, por mais que o conceito de trabalho seja diferente
do atual, havia uma relação de poder na sociedade nômade. Basta lembrar dos ani-
mais em bandos: quem manda é o mais forte fisicamente, normalmente um macho.
Na relação primitiva entre homem e mulher, quem é mais forte fisicamente? A mu-
lher? Tudo bem, você pode até dizer que os dois têm a mesma força, mas... e num
momento de escassez de alimentos, qual bando ficaria com os melhores lugares para
se alimentar? Claro que o bando mais forte. Temos que pressupor: mesmo no modo
de produção primitiva, há uma relação de dominação, ainda que seja de uma tribo

Unidade 2 - O trabalho durante a história humana 35


sobre outra na conquista dos melhores lugares para viver. Não há como fugir: havia a
lógica do mais forte dominando o mais fraco.

Logo, é possível perceber que em todos os modos de produção – socialista, asiá-


tico, escravista, feudal, capitalista e, inclusive, o primitivo – há uma relação entre
um dominador e um dominado.

Para ajudar em sua síntese pessoal, veja a figura 02:

Figura 02: Sistemas de produção

Fonte: os autores

No esquema acima, as formas geométricas simbolizam o que é produzido


pelas pessoas. O dominado detém apenas o elemento humano da força de produção
(músculo ou cérebro). O dominador é possuidor dos demais meios de produção; de-
vido a isso, considera sua tarefa mais merecedora de benefícios do que as tarefas de
quem possui apenas os músculos ou o cérebro. O dominador impõe uma relação de
produção assimétrica, expropriando o dominado do fruto de seu trabalho o máximo

36 Fundamentos do Mundo do Trabalho


possível. Isto acontece graças à legitimação de um regime lógico, convincente – a
ideologia, que justifica e mantém a relação de produção.

Ideologia: segundo Cancian (2007), esta palavra foi utilizada pela primeira vez em
1801 pelo filósofo Destutt de Tracy para indicar estudo científico das ideias. No senso
comum, ideologia como sinônimo de conjunto de ideias é algo recorrente. Nesses
dois sentidos, é possível ver ideologia como equivalente à cultura. Com o filósofo
Karl Marx, ideologia foi entendida como consciência falsa, mentira que encobre a
realidade, uma ideia que impede de ver a realidade tal qual ela é. Em outras pala-
vras, é uma mentira que esconde a verdade e as pessoas passam a agir segundo ela.
É neste sentido, dado por Marx, que ideologia está sendo empregada no texto.

A Secretaria da Educação do Governo do Estado do Paraná disponibilizou um vídeo


intitulado História do trabalho, que apresenta uma breve história do trabalho e al-
guns de seus conceitos básicos. Assista ao vídeo para compreender melhor o que estu-
damos nesta segunda unidade. Disponível em:
<http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=334>

Leia o artigo escrito por Gabriele Gonçalves, Processos de Produção, disponível em:
<http://monografias.brasilescola.uol.com.br/sociologia/processos-producao.htm>

Para relembrar

Há vários modos de produção:

• Modo de produção primitivo:


-- Iniciou-se na pré-história e também está presente nas sociedades
tribais atuais;
-- O trabalho destinava-se à sobrevivência, vinculado aos demais ele-
mentos da vida social; a relação de produção dava-se entre homens
e mulheres.

• Modo de produção escravista:


-- Presente em todas as grandes civilizações antigas; seu auge ocorreu
na colonização das Américas pelos europeus;

Unidade 2 - O trabalho durante a história humana 37


-- O escravo trabalhava para sustentar o outro, e não a si mesmo, por
imposição ou obrigação. A relação de produção ocorria entre o dono
e o escravo, baseada na ideia de superioridade e inferioridade.

• Modo de produção asiático:


-- Recebe este nome por causa da Ásia, mas foi utilizado na América, na
África e na Europa;
-- A relação de produção é baseada em súditos que trabalhavam e o
Estado, dono das terras, que usufruía do trabalho dos súditos. Esta
relação era mantida por ideias religiosas.

• Modo de produção feudal:


-- É o modo de produção típico da Idade Média ocidental;
-- A relação de produção é baseada em servos que trabalhavam e o se-
nhor que usufruía do trabalho. Esta relação também era mantida por
ideias religiosas, especificamente as ligadas ao cristianismo.

• Modo de produção socialista:


-- É o modo de produção típico dos países ditos comunistas;
-- A relação de produção é fundada no povo trabalhador e o Estado
administrador. Esta relação é mantida com base na ideia de buscar
uma sociedade humana utópica.

• Modo de produção capitalista:


-- É o modo de produção nascido com a ascensão da burguesia;
-- A relação de produção é fundada no proletário que vende sua mão
de obra para o proprietário. Isto é mantido na ideia de busca cons-
tante de capital privado.

O elemento de unidade presente em todos os modos de produção é a ideia


de dominação, exploração, de um homem sobre outro homem.

38 Fundamentos do Mundo do Trabalho


Atividades de aprendizagem
Querido(a) estudante, eis novamente algumas atividades para ajuda-lo(a) a re-
forçar as ideias estudadas. Faça-as com atenção, pois algumas delas você não
encontra literalmente no texto: é preciso filosofar – em outras palavras, buscar
o sentido. Ok?

1. (ENEM 2014)

Mas plantar pra dividir


Não faço mais isso, não.
Eu sou um pobre caboclo,
Ganho a vida na enxada.
O que eu colho é dividido
Com quem não planta nada.
Se assim continuar
vou deixar o meu sertão,
mesmo os olhos cheios d’água
e com dor no coração.
Vou pro Rio carregar massas
pros pedreiros em construção.
Deus até está ajudando:
está chovendo no sertão!
Mas plantar pra dividir,
Não faço mais isso, não.
VALE, J.; AQUINO, J. B. Sina de caboclo. São Paulo: Polygram,
1994 (fragmento).

No trecho da canção, composta na década de 1960, retrata-se a insatisfação do tra-


balhador rural com:

a) a precariedade de insumos no trabalho do campo.


b) os financiamentos feitos ao produtor rural.
c) a ausência de escolas técnicas no campo.
d) os empecilhos advindos das secas prolongadas.
e) a distribuição desigual da produção.

Unidade 2 - O trabalho durante a história humana 39


2. A divisão social do trabalho revela duas classes que se contrapõem. Na produção
feudal, as duas classes antagônicas são as indicadas em:
a) senhor e escravo.
b) clero e burguesia.
c) servos e senhores.
d) nobreza e burguesia.
e) burguesia e proletariado.

3. (UFMA, adaptada por Euliene Gonçalves) O modo de produção que se justifica


pela busca de uma sociedade perfeita e é caracterizado pela relação entre Estado
administrador e trabalhador é definido como modo de produção:
a) asiático.
b) camponês.
c) mercantilista.
d) capitalista.
e) socialista.

4. (ENEM 2016 – 2ª aplicação) O mercado tende a gerir e regulamentar todas as ati-


vidades humanas. Até há pouco, certos campos – cultura, esporte, religião – ficavam
fora do seu alcance. Agora, são absorvidos pela esfera do mercado. Os governos con-
fiam cada vez mais nele (abandono dos setores de Estado, privatizações).
RAMONET, I. Guerras do século XXI: novos temores e novas
ameaças. Petrópolis: Vozes, 2003.

No texto, é apresentada uma lógica que constitui uma característica central do se-
guinte sistema socioeconômico:
a) socialismo.
b) feudalismo.
c) capitalismo.
d) anarquismo.
e) comunitarismo.

5. Leia o texto de Marx, retirado do livro Contribuição à crítica da economia política,


posicione-se e justifique-se favorável ou contrário à ideia de que não é a consciência
das pessoas que determina seu ser, mas sim o inverso – é o seu ser social que deter-
mina sua consciência. Ou seja, não é nossa mudança de ideia que modificará nosso

40 Fundamentos do Mundo do Trabalho


modo de produzir, mas o contrário: é o nosso modo de produzir, a maneira como nos
relacionamos no trabalho que irá construir nossa maneira de ser e pensar.
- Você concorda? Por quê?
- Não concorda? Por quê?
- Mais ou menos? Como assim? Explique.

Texto de apoio:
[...] na produção social da própria existência, os homens entram em relações
determinadas, necessárias, independentes de sua vontade; essas relações de
produção correspondem a um grau determinado de desenvolvimento de suas
forças produtivas materiais. A totalidade dessas relações de produção constitui
a estrutura econômica da sociedade, a base real sobre a qual se eleva uma supe-
restrutura jurídica e política e à qual correspondem formas sociais determinadas
de consciência. O modo de produção da vida material condiciona o processo de
vida social, política e intelectual. Não é a consciência dos homens que determina
o seu ser; ao contrário, é o seu ser social que determina sua consciência. Em uma
certa etapa de seu desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade
entram em contradição com as relações de produção existentes, ou, o que não
é mais que sua expressão jurídica, com as relações de propriedade no seio das
quais elas se haviam desenvolvido até então. De formas evolutivas das forças
produtivas que eram, essas relações convertem-se em entraves. Abre-se, então,
uma época de revolução social. A transformação que se produziu na base econô-
mica transforma mais ou menos lenta ou rapidamente toda a colossal superes-
trutura. Quando se consideram tais transformações, convém distinguir sempre a
transformação material das condições econômicas de produção - que podem ser
verificadas fielmente com ajuda das ciências físicas e naturais - e as formas jurí-
dicas, políticas, religiosas, artísticas ou filosóficas, em resumo, as formas ideoló-
gicas sob as quais os homens adquirem consciência desse conflito e o levam até
o fim. Do mesmo modo que não se julga o indivíduo pela ideia que de si mesmo
faz, tampouco se pode julgar uma tal época de transformações pela consciência
que ela tem de si mesma. É preciso, ao contrário, explicar essa consciência pelas
contradições da vida material, pelo conflito que existe entre as forças produti-
vas sociais e as relações de produção. Uma sociedade jamais desaparece antes
que estejam desenvolvidas todas as forças produtivas que possa conter, e as re-
lações de produção novas e superiores não tomam jamais seu lugar antes que
as condições materiais de existência dessas relações tenham sido incubadas no

Unidade 2 - O trabalho durante a história humana 41


próprio seio da velha sociedade. Eis porque a humanidade não se propõe nunca
senão os problemas que ela pode resolver, pois, aprofundando a análise, ver-se-á
sempre que o próprio problema só se apresenta quando as condições materiais
para resolvê-lo existem ou estão em vias de existir. Em grandes traços, podem ser
os modos de produção asiático, antigo, feudal e burguês moderno designados
como outras tantas épocas progressivas da formação da sociedade econômica.
(MARX, 2008, p. 47-8)
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Muito bem, você finalizou mais uma unidade! Encerramos mais uma etapa
da disciplina! Acreditamos que você conseguiu identificar os vários modos de tra-
balho presentes na nossa história e especificar a lógica que mantém cada um deles.
Maravilha! Juntos, estudaremos, na próxima unidade, o trabalho atualmente. Numa
maratona, muitos começam, mas somente os fortes chegam ao fim. Continue perse-
verante nesta maratona de estudos e não se esqueça de realizar a leitura dos textos
e assistir aos vídeos que indicamos.

42 Fundamentos do Mundo do Trabalho


UNIDADE 3 O trabalho na atualidade

Nesta unidade, veremos:


• As relações de trabalho dentro do modo de produção capitalista;
• O trabalho dentro do contexto atual do capitalismo.

Ao tratarmos destes temas, pontuamos os seguintes objetivos de ensinagem:

Objetivos:
• Identificar características do mundo do trabalho na sociedade atual;
• O trabalho dentro do contexto atual do capitalismo.

Agora que você já sabe o que vamos estudar e quais os objetivos desta nova uni-
dade, sugerimos começar seus estudos por dois vídeos muito bons. A Secretaria da Edu-
cação do Governo do Estado do Paraná disponibilizou o episódio 6 da série Ecce Homo,
intitulado Trabalho, dividido em duas partes. Assista aos dois; você vai gostar muito do
material, que o ajudará a revisar o que vimos até aqui e compreender melhor o conte-
údo da unidade 3. Os vídeos tratam do trabalho como estruturador das relações entre
as pessoas e como símbolo, no mundo contemporâneo, de independência e liberdade.

Trabalho - Parte 1. Disponível em:


<http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video=4978>

Trabalho - Parte 2. Disponível em:


<http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video=4977>

Você já deve ter ouvido falar de empresas que fazem meditação, exercícios, jogos
e várias outras atividades prazerosas com seus funcionários. Isso é a manifesta-
ção da valorização do ser humano ou um meio de exploração do humano para
aumentar os rendimentos? Justifique.

43
Anote sua resposta: __________________________________________________
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3.1 As relações de trabalho dentro do


modo de produção capitalista

Após a visão panorâmica da história dos tipos de trabalho, na unidade ante-


rior, voltaremo-nos, especificamente, à nossa realidade de trabalho que é fruto dessa
história. Aqui, tentaremos ir além do forte pensamento conservador positivista, que
nega a capacidade crítica da razão e restringe-se à caracterização do fato social em
sua generalidade, exterioridade e coercitividade. Desta forma, a reflexão sobre o
mundo do trabalho, especialmente a partir do final do século XIX, permitirá que nos
apropriemos dos debates atuais sobre o mundo do trabalho, sobretudo quanto à
precarização e ao desemprego.

Positivismo: corrente filosófica fundada por Auguste Comte (1798-1857); defendia


que os acontecimentos sociais deveriam ser estudados com objetividade e impar-
cialidade.
Generalidade: o fato social atinge a maioria da sociedade.
Exterioridade: o fato social é independente do indivíduo.
Coercitividade: o indivíduo tem que se adequar a um fato social.

O trabalho não é fim em si mesmo: é meio para realizar alguma intencionalidade,


transformando o meio e o próprio homem. Ora, Hegel (1770-1831), filósofo alemão, una-
nimemente considerado um dos mais influentes e importantes na história da humani-
dade, tem o mérito de reconhecer, com explicação racional, o valor do trabalho e, assim,
romper com a tradição de vinculá-lo à ideia de punição e dor. Com Karl Marx (1818-1883),
filósofo alemão, sociólogo, jornalista e revolucionário socialista, podemos aperfeiçoar
nosso posicionamento crítico frente à história dos modos de trabalho da humanidade.
Segundo Marx, o trabalho, para ser a grande capacidade do ser humano, deve retornar às
mãos do trabalhador na forma do produto oriundo da transformação da natureza.

44 Fundamentos do Mundo do Trabalho


Enquanto o modo de produção primitivo era baseado na propriedade cole-
tiva e nos laços de sangue, o modo de produção capitalista acentuou a estratificação
social de classes, fundamentou-se na propriedade privada e nas relações vinculadas à
polaridade dominador versus dominado. Basicamente, todos os modos de produção
possuem uma estrutura de produção dominada por conflitos específicos da época e
do local; neles, o trabalhador é expropriado de sua produção. Talvez isso não tenha
acontecido no modo primitivo de produção. Concorda com esta última afirmação?
Registre sua posição sobre o assunto nas linhas seguintes:
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Voltando a atenção para o mundo contemporâneo, experienciamos o


modo de produção capitalista, que passou por várias etapas: comercial, industrial e
financeira. Sua centralidade é a propriedade privada; assim, o trabalho configurou-
-se como propriedade comprada por meio de salários especificados em contratos
e regidos pelo mercado.

O trabalho no sistema capitalista é entendido como meio de conseguir di-


nheiro, enriquecer, sobreviver, inserir-se socialmente, ocupar-se. Você já deve ter ou-
vido várias vezes alguém perguntar a uma dona de casa: você trabalha? E o que ela
responde? Que não trabalha. A ideia que paira na cabeça das pessoas é a de que só
trabalha quem ganha algum dinheiro em troca daquilo que faz. Inclusive, já devem
ter perguntado se você trabalha. Aposto que você deve ter dito não. Mas tanto a
dona de casa quanto você trabalham: ela, lavando, passando, fazendo comida... e
você, ajudando-a ou estudando. Estudar também é trabalhar: é transformar a natu-
reza e a si mesmo. Contudo, o trabalho acabou virando sinônimo de emprego, ou
seja, trabalho remunerado. E quando alguém não compra o seu trabalho, dando-lhe
um emprego... uma tristeza: parece que você só trabalha se estiver ganhando algo.

Nesta concepção econômica capitalista do trabalho, existe uma clara sepa-


ração entre patrões e assalariados, fruto da produção em massa e em série, da busca
pela excelência técnica e da expansão de mercados. Esse tipo de busca tem como
grande exemplo os rígidos padrões taylorista/fordista.

Unidade 3 - O trabalho na atualidade 45


Taylorista: teoria com origem em Frederick Taylor, é baseada na separação entre
quem, de fato, executa uma atividade e quem a planeja na seleção de trabalhado-
res adequados a ela, sem rebeldia ou críticas no processo de seleção, no controle do
tempo e do movimento para a execução da atividade.

Fordista: processo de produção criado por Henry Ford, baseia-se no fato de orga-
nizar a produção de maneira a não haver desperdício de tempo do trabalhador na
execução das atividades O trabalho é dividido em várias funções; porém, cada tra-
balhador realiza sempre a mesma função. Assim, cada trabalhador executa sua fun-
ção em uma linha de montagem, com atividades ou peças padronizadas.

Durante o capitalismo industrial (a partir do século XVIII), o mundo pre-


senciou uma progressiva qualificação do trabalho sem consciência ambiental, que
marca o status do indivíduo socialmente. Os operários tornaram-se especialistas
em cuidar de máquinas por meio de ações monótonas e desestimulantes. Gradati-
vamente, eles passaram a uma situação de alienação, afastando-se do produto fi-
nal e das etapas de produção; sujeitam-se à situação porque estão inseridos numa
ideologia capitalista. No século XIX, o capitalismo em sua vertente industrial che-
gou ao auge, modificando completamente o cenário mundial. No início do século
XX, houve aumento da racionalização do processo de transformação, por meio
do intenso controle e rigor na área produtiva. Um marco foi Henry Ford – que, a
partir de 1914, sofisticou o trabalho interno das fábricas ao estruturar a produção
de automóveis em série para o consumo em massa.

Alienação: estar fora de si, não pertencer a si, fora da realidade.

Ideologia capitalista: ideologia, no contexto do nosso estudo, designa a ideia que


atrapalha o ser humano ser quem é, ou seja, é uma mentira que impede a pessoa de
compreender a realidade criando uma consciência falsa. Ideologia capitalista, logo,
significa que toda mercadoria é destinada à venda, e não para uso pessoal. Toda
negociação é feita com dinheiro. O trabalho é considerado mercadoria, vendido em
troca de dinheiro, salário. As palavras terminadas com o sufixo “ismo” hipervalori-
zam seu radical, elevando-o à máxima potência; assim, o capitalismo reforça a ideia
de que todas as dimensões da vida humana giram ao redor do capital.

46 Fundamentos do Mundo do Trabalho


Figura 03: Operários

“Operários”. Tarsila do Amaral, 1933. Fonte: disponível em:


<http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=51410>

Você já é capaz de identificar que a relação de trabalho dentro do capitalismo não


favorece o trabalhador, tornando-o alienado. Continue acompanhando o desenvolvimen-
to da reflexão para identificar as características do trabalho em nossa sociedade atual. ?

3.2 O trabalho dentro do contexto atual


do capitalismo
No final do século XX, segundo Ianni (1994), houve a globalização de padrões de
organização do trabalho mais flexíveis e dinâmicos, a exemplo do toyotismo. Como efei-
to colateral, há um aumento do trabalho parcial, temporário, subcontratado, terceirizado,
que marca o novo estilo capitalista na relação proprietário e proletário. Isto ocorre até os
anos 1990, quando se destacaram os processos de reestruturação produtiva neoliberal.

Toyotismo: modelo de produção industrial originário da fábrica Toyota, nos anos


1950, difundido a partir de 1970. Diferentemente do fordismo, no toyotismo produz-
-se segundo a procura do produto; o trabalho é feito em equipe, na qual o traba-
lhador tem mais de uma função dentro da produção. O trabalhador é estimulado a
“vestir a camisa”, a identificar-se com a empresa.

Unidade 3 - O trabalho na atualidade 47


O trabalho flexível não é mais rígido e repetitivo: um mesmo trabalhador
passa a realizar diversas funções ao longo do processo de produção, o que faz au-
mentar o desemprego no setor produtivo; esses postos de trabalho são canaliza-
dos para o setor de serviços, voltado à distribuição do que é produzido.

A flexibilidade é organizada pela exigência de atender metas, cada vez


mais intensas e difíceis de alcançar. Isso fazia com que as pessoas ficassem cada
vez mais centradas em seu trabalho, ou melhor, no trabalho que a empresa esco-
lhia para elas. O controle não se dava mais de fora para dentro, como acontecia
no fordismo, e sim de dentro para fora do indivíduo. A meta torna-se um meio de
entrar nas motivações da pessoa e canalizá-las para o interesse empresarial. Quem
consegue atingir a meta continua no emprego; quem não consegue é demitido.

Mas qual sua opinião sobre isto? Registre seu posicionamento nas li-
nhas que se seguem e, depois, partilhe com os(as) colegas. Atenção: não fique
fechado(a) em sua opinião, ouça os(as) colegas e melhore sua argumentação; se
for o caso, mude de opinião. Lembre-se: você está em processo de formação. Não
é necessário ficar defendendo uma posição até a morte: é preciso sempre buscar
a verdade, isto sim!

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Atualmente, os trabalhadores que conseguiram se manter no mercado


precisam adaptar-se, constantemente, à cibernética, à informática – uma espécie
de terceira revolução industrial. Nesta, de acordo com Ianni (1994), há uma dimi-
nuição crescente do controle manual por parte do trabalhador, própria do empre-
go de tecnologias avançadas; o operário é apenas servo da máquina. Para atingir
as metas, não basta ter força física, é preciso, principalmente, saber manusear as
máquinas que substituem várias pessoas. Nesta realidade, há, de um lado, o de-
semprego estrutural e, de outro, o empregado desvalorizado com relações infor-
mais de trabalho e a desregulamentação das condições trabalhistas que levam
ao retrocesso dos direitos sociais.

48 Fundamentos do Mundo do Trabalho


Desemprego estrutural: quando o número de desempregados é maior que a ofer-
ta de emprego.
Relação informal de trabalho: quando a pessoa trabalha sem possuir vínculo com
uma empresa e, por isso, sem direito a benefícios e proteções sociais.
Desregulamentação e flexibilização das condições de trabalho: baseado em
Sérgio Pinto Martins, segundo Hashimoto (2010), na desregulamentação, o Estado
não intervém nas relações de trabalho, que ficam sob a responsabilidade de ne-
gociação coletiva ou individual: a lei passa a não existir mais. Na flexibilização, as
regras são mudadas, minimizando a intervenção do Estado; contudo, garante-se
o mínimo de proteção ao empregado, de forma que ele possa sobreviver com dig-
nidade. A flexibilização é realizada com a coparticipação do sindicato e, em certos
casos, é autorizada apenas para alterar alguns direitos, como reduzir e compensar
jornadas de trabalho ou reduzir salários, como ocorre nas crises econômicas.

Sobre as reflexões acerca do trabalho no mundo contemporâneo, leia os seguintes


artigos nos endereços indicados:
OIT. Desemprego mundial aumenta novamente, mas com grandes diferenças
regionais. Disponível em: <http://www.oit.org.br/content/desemprego-mundial-
-aumenta-novamente-mas-com-grandes-diferencas-regionais>
IANNI, Octávio. O mundo do trabalho. Disponível em: <http://produtos.seade.gov.
br/produtos/spp/v08n01/v08n01_01.pdf>
ENRIQUE, Eugène. Perda de trabalho, perda de identidade. Disponível em: <http://
docslide.com.br/documents/perda-do-trabalho-perda-da-identidade.html>

Para você identificar melhor o que está acontecendo, vamos esclarecer que
a terceira revolução industrial está ligada a uma nova maneira de entender a reali-
dade e isto norteia a maneira de trabalhar. Vamos lá!?

3.2.1 Uma nova maneira de encarar a realidade

Precisamos que você se recorde do conceito de trabalho, desenvolvido na pri-


meira aula. Lá, estudamos que o trabalho favorece a unidade entre teoria e prática. Es-
tamos perante uma nova prática, trazida, principalmente, pela internet e as tecnologias
ligadas a ela. É, como dissemos, a terceira revolução industrial: nela, há a ideia de que
o mundo não é fragmentado, mas sim uma unidade. Ou seja, saímos do pensamento
cartesiano e, agora, estamos sendo guiados pelo pensamento holístico sistêmico.

Unidade 3 - O trabalho na atualidade 49


Pensamento cartesiano: maneira de pensar oriunda do filósofo Descartes (1596-
1650), segundo a qual é preciso estudar e/ou tratar a natureza como uma máquina
– por isso também chamada de mecanicismo. Nesta ideia, a natureza é considerada
um relógio em que é preciso entender cada parte separadamente. Se houver algum
defeito, basta consertar a parte defeituosa e tudo volta ao normal; se não voltar a
funcionar normalmente, é porque não descobrimos a parte defeituosa.

Pensamento holístico: não somos capazes, ainda, de especificar qual o seu funda-
dor. O pensamento holístico defende que, para entender a realidade, é preciso voltar
a atenção à totalidade, e não às partes. O modelo não é mais o mecânico, mas o or-
ganismo dinâmico, vivo, compreendido enquanto inter-relacionado; tudo é interde-
pendente. Este pensamento é também conhecido como global, complexo e sistêmico.

De acordo com este pensamento, para entendermos a realidade, precisamos


ficar atentos à totalidade, às relações entre as partes. Desta forma, o trabalhador pre-
cisa ter uma visão da totalidade para poder agir em um lugar específico e, assim, ser
capaz de mudar quando for necessário para melhorar o todo. O trabalhador que fica
preso a uma visão restrita da realidade tem sua capacidade de criar muito reduzida.
Para haver esta visão mais ampla da realidade, a informação é imprescindível.

Relembrando a unidade 2 de nosso estudo, podemos dizer que tivemos


um momento no qual estávamos numa sociedade agrária que englobava os mo-
dos de produção primitivo, asiático, feudalista e capitalista comercial. A principal
força de produção era a própria terra. Em todos estes modos de produção, extraía-
mos da terra ouro, petróleo, produtos agrícolas e animais para trabalhar.

O modo de produção capitalista entrou em uma sociedade industrial, na


qual o principal meio de produção foi a indústria. Ainda houve no cenário uma gran-
de valorização do capital acumulado, gerando um novo tipo de capitalismo: o finan-
ceiro, caracterizado pela especulação financeira ao redor de empresas, juros, dívidas
dos países e outras formas de crédito que se transformaram em mercadoria. As em-
presas viraram ações, documentos passíveis de comercialização; quem possui mais
ações recebe mais e manda mais. Neste cenário, os bancos tornaram-se os principais
financiadores das empresas por meio de empréstimos ou investimentos diretos. O
maior símbolo deste momento do capitalismo é a bolsa de valores, local de negocia-
ções das ações e investimentos em empresas, que envolve especulações de possíveis
lucros futuros com investimentos imediatos.

50 Fundamentos do Mundo do Trabalho


Para que esta fase do capitalismo desse certo, houve um grande investi-
mento na área da disseminação da informação, dos contatos para facilitar os in-
vestimentos. Como consequência desta necessidade, há uma nova fase do capi-
talismo: a informacional, que assenta na terceira revolução industrial suas bases
técnicas para ser bem-sucedida. Segundo Castells (1999, [s.p.]):

É o capitalismo informacional, que conta com a produtividade


promovida pela inovação e a competitividade voltada para a
globalização a fim de gerar riqueza e apropriá-la de forma se-
letiva. Está, mais que nunca, inserido na cultura e é equipado
pela tecnologia, mas, desta vez, tanto a cultura como a tecno-
logia dependem da capacidade de conhecimentos e informa-
ção agirem sobre conhecimentos e informação em uma rede
recorrente de intercâmbios conectados em âmbito global.

Na terceira revolução industrial, com o capitalismo informacional, a socie-


dade passou a ser chamada de sociedade da informação ou, ainda, sociedade do
conhecimento. Isso porque a informação só faz sentido se gerar conhecimentos
que solucionem problemas e ajudem significativamente. Dentro de nossa socieda-
de, é imperativo o processo constante de aperfeiçoamento, de troca de informa-
ções e do trabalho em equipe. O principal meio de produção é a informação, que
não está centralizada em um único espaço, mas disseminada pelo mundo. Quem
consegue organizá-la para solucionar problemas locais e/ou globais é quem con-
trola o capital, a indústria ou a terra.

Contudo, a relação de produção ainda mantém a mesma lógica: tanto na


sociedade agrária quanto na industrial e na informacional, o trabalhador é explora-
do. Quem possuía terra, indústria ou capital ditava uma relação de produção de do-
minação, expropriando o trabalhador do fruto de seu trabalho. Na sociedade atual,
quem domina a informação e sabe onde encontrá-la, como utilizá-la e até criá-la
é quem cresce financeiramente neste novo capitalismo. Desta forma, a educação
como meio de aprender a gerir as informações acumuladas pela sociedade é uma
estratégia que possibilita a emancipação financeira da pessoa.

Veja a figura 04, vai ajudá-lo(a) a notar esta mudança.

Unidade 3 - O trabalho na atualidade 51


Figura 04: Mudança no capital

Fonte: os autores.

Note que temos uma sociedade agrícola seguida de uma industrial e, de-
pois, de uma sociedade da informação. Segundo João Paulo II, em sua encíclica
Centésimus Annus (1991, p. 26), “Se antes a terra, e depois o capital, eram os fato-
res decisivos da produção, hoje o fator decisivo é cada vez mais, o homem em si,
ou seja, seu conhecimento”. Mas qual a diferença entre o trabalho da sociedade
industrial e o da sociedade da informação? Já acenamos com alguns elementos.
Observe a figura 05 para melhor entender.

Figura 05: Modelos de pensamento e o trabalho

Fonte: os autores.

52 Fundamentos do Mundo do Trabalho


Por mais que você seja um indivíduo com o trabalho limitado no tempo e
no espaço, agora já pode identificar seu trabalho dentro de nossa sociedade atual.
E não é só isso: há mais dois detalhes já citados anteriormente. Continue estudan-
do e descubra do que estamos falando.

3.2.2 O lado perverso da realidade

Apostamos que você gostou desta nova maneira de encarar a realidade, afi-
nal, nela, você é o protagonista. Como dissemos, a educação é um dos principais
meios para aprender a gerir o conhecimento; você está no caminho certo, fazendo o
ensino médio e, ainda, um curso técnico. Este é o caminho.

Agora, temos uma notícia triste para você: não existe emprego para todo
mundo nesta realidade. Veja o gráfico retirado da página do IndexMundi que
contém estatísticas detalhadas do país, gráficos e mapas compilados a partir de
múltiplas fontes:

Gráfico 01: Desemprego

Fonte: indexmundi. Disponível em:


<https://www.indexmundi.com/g/g.aspx?v=74&c=br&l=pt>

Unidade 3 - O trabalho na atualidade 53


Agora, marque as três afirmativas corretas segundo os dados do gráfico:
a)  Não existe desemprego no Brasil.
b)  Existe emprego para todos no Brasil, as pessoas é que não estão pre-
paradas para o trabalho oferecido.
c)  Atualmente, a taxa de desemprego está em 11,2% – resultado obtido
no trimestre entre fevereiro e abril de 2016 e que se manteve em maio.
d)  O desemprego esteve muito presente no cenário nacional não apenas
em 2016, mas também em 2014, quando a oferta de emprego era maior.
e)  Não existe emprego para todos os brasileiros e brasileiras no Brasil.

Mesmo que o trabalhador se aperfeiçoe, não basta, para ele, ter a posse da
força de trabalho: é preciso a efetivação do emprego formal, estigmatizado por um
contrato de trabalho que não garante, muitas vezes, condições de sobrevivência
diante dos salários baixos. Segundo Ianni (1994), como consequência desta realida-
de, há o crescimento do desemprego, do contrato temporário, da informalidade e
dos estagiários, os quais recebem pouco e não fazem um estágio real. Isso demonstra
que o Estado não está atendendo à dimensão de realização social e humana intrín-
seca ao trabalho, mas reduzindo-o a mera mercadoria, como um estoque a ser gasto.

Sabemos que dizer isso, desta forma, pode gerar algum mal-estar pessoal. Mas é
isso. Este é um dos dois detalhes que mencionamos. Antes de irmos para o segundo de-
talhe, vamos relembrar os principais pontos desta unidade e fazer alguns exercícios. Ok?

Para relembrar

O trabalho dentro do sistema capitalista é um produto a ser negociado:


-- Há os que possuem apenas a própria força de trabalho para vender
e os que são donos do capital, quem compra esta força de trabalho;
• Nesta compra, os donos do capital exploram quem vende a
força de trabalho;
> Os que vendem a força de trabalho se sujeitam
a esta exploração porque estão sob o efeito de
uma ideologia;
• Este efeito é a alienação.

54 Fundamentos do Mundo do Trabalho


-- Não há emprego para todos os que querem vender sua força de trabalho.
-- Saímos de uma sociedade industrial, de pensamento cartesiano,
cujos modelos de trabalho eram o taylorismo e o fordismo.
-- Estamos em uma sociedade do conhecimento, de pensamento holís-
tico, cujo modelo de trabalho é o toyotismo.

Atividades de aprendizagem
Vamos a alguns exercícios para treinar seu posicionamento crítico frente à realidade.

1. (ENEM 2015) Dominar a luz implica tanto um avanço tecnológico quanto uma
certa liberação dos ritmos cíclicos da natureza, com a passagem das estações e as
alternâncias de dia e noite. Com a iluminação noturna, a escuridão vai cedendo lugar
à claridade, e a percepção temporal começa a se pautar pela marcação do relógio. Se
a luz invade a noite, perde sentido a separação tradicional entre trabalho e descanso
— todas as partes do dia podem ser aproveitadas produtivamente.
SILVA FILHO, A. L. M. Fortaleza: imagens da cidade. Fortaleza: Museu do Ceará; Se-
cult-CE, 2001 (adaptado).

Em relação ao mundo do trabalho, a transformação apontada no texto teve como


consequência a:
a) melhoria da qualidade da produção industrial.
b) redução da oferta de emprego nas zonas rurais.
c) permissão ao trabalhador para controlar seus próprios horários.
d) diminuição das exigências de esforço no trabalho com máquinas.
e) ampliação do período disponível para a jornada de trabalho.

2. (UEL – 2005) Fordismo é um termo que se generalizou a partir da concepção de


Antonio Gramsci, que o utiliza para caracterizar o sistema de produção e gestão em-
pregado por Henry Ford em sua fábrica, a Ford Motor Co., em Highland Park, Detroit,
em 1913. O método fordista de organização do trabalho produziu surpreendente
crescimento da produtividade, garantindo, assim, produção em larga escala para
consumo de massa. O papel desempenhado pelo fordismo, enquanto sistema pro-
dutivo, despertou, por exemplo, a atenção de Charles Chaplin, que o retratou com

Unidade 3 - O trabalho na atualidade 55


ironia no filme Os Tempos Modernos. Assinale a alternativa que apresenta caracterís-
ticas desse método de gestão e de organização técnica da produção de mercadorias.
a) Unidade entre concepção e execução, instaurando um trabalho de conteúdo enri-
quecido, preservando-se, assim, as qualificações dos trabalhadores.
b) Substituição do trabalho fragmentado e simplificado, típico da Revolução Indus-
trial, pelas “ilhas de produção”, onde o trabalho é realizado em equipes.
c) Supressão progressiva do trabalhador taylorizado e, consequentemente, combate
ao “homem boi”, realizador de trabalhos desqualificados, restituindo-se, em seu lu-
gar, o trabalhador polivalente.
d) Controle dos tempos e movimentos do trabalho, com a introdução da esteira ro-
lante, e de salários mais elevados em relação à média paga nas demais empresas.
e) Redução das distâncias hierárquicas no interior da empresa, como forma de estimular
o trabalho em grupos, resultando em menos defeitos de fabricação e maior produção.

3. “… Um operário desenrola o arame, o outro o endireita, um terceiro corta, um


quarto o afia nas pontas para a colocação da cabeça do alfinete; para fazer a cabeça
do alfinete requerem-se 3 ou 4 operações diferentes; …”
(SMITH, Adam. A Riqueza das Nações. Investigação sobre a sua
Natureza e suas Causas. Vol. I. São Paulo: Nova Cultural, 1985).

THAVES. Jornal do Brasil, 19 fev. 1997 (adaptado).

A respeito do texto e do quadrinho, são feitas as seguintes afirmações:


I. Ambos retratam a intensa divisão do trabalho, à qual são submetidos os operários.
II. O texto refere-se à produção informatizada e o quadrinho, à produção artesanal.
III. Ambos contêm a ideia de que o produto da atividade industrial não depende do
conhecimento de todo o processo por parte do operário.

56 Fundamentos do Mundo do Trabalho


Dentre essas afirmações, apenas:
a) I está correta.
b) II está correta.
c) III está correta.
d) I e II estão corretas.
e) I e III estão corretas.

4. (ENEM 2011) Estamos testemunhando o reverso da tendência histórica da assala-


riação do trabalho e socialização da produção, que foi característica predominante
na era industrial. A nova organização social e econômica baseada nas tecnologias
da informação visa à administração descentralizadora, ao trabalho individualizante
e aos mercados personalizados. As novas tecnologias da informação possibilitam, ao
mesmo tempo, a descentralização das tarefas e sua coordenação em uma rede inte-
rativa de comunicação em tempo real, seja entre continentes, seja entre os andares
de um mesmo edifício.
CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2006
(adaptado).

No contexto descrito, as sociedades vivenciam mudanças constantes nas ferramen-


tas de comunicação que afetam os processos produtivos nas empresas. Na esfera do
trabalho, tais mudanças têm provocado:
a) o aprofundamento dos vínculos dos operários com as linhas de montagem sob
influência dos modelos orientais de gestão.
b) o aumento das formas de teletrabalho como solução de larga escala para o pro-
blema do desemprego crônico.
c) o avanço do trabalho flexível e da terceirização como respostas às demandas por
inovação e com vistas à mobilidade dos investimentos.
d) a autonomização crescente das máquinas e computadores em substituição ao
trabalho dos especialistas técnicos e gestores.
e) o fortalecimento do diálogo entre operários, gerentes, executivos e clientes com
a garantia de harmonização das relações de trabalho.

5. (ENEM 2016 – 2ª aplicação)


TEXTO I
Tá vendo aquele edifício, moço?

Unidade 3 - O trabalho na atualidade 57


Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar
Hoje depois dele pronto
Olho pra cima e fico tonto
Mas me vem um cidadão
E me diz desconfiado
“Tu tá aí admirado
Ou tá querendo roubar?”
Meu domingo tá perdido
Vou pra casa entristecido
Dá vontade de beber
E pra aumentar meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer.
BARBOSA, L. In: ZÉ RAMALHO. 20 Super Sucessos. Rio de Janeiro:
Sony Music, 1999 (fragmento).

TEXTO II
O trabalhador fica mais pobre à medida que produz mais riqueza e sua produção
cresce em força e extensão. O trabalhador torna-se uma mercadoria ainda mais ba-
rata à medida que cria mais bens. Esse fato simplesmente subentende que o objeto
produzido pelo trabalho, o seu produto, agora se lhe opõe como um ser estranho,
como uma força independente do produtor.
MARX, K. Manuscritos econômicos-filosóficos (Primeiro ma-
nuscrito). São Paulo: Boitempo Editorial, 2004 (adaptado).

Com base nos textos, a relação entre trabalho e modo de produção capitalista é:
a) baseada na desvalorização do trabalho especializado e no aumento da demanda
social por novos postos de emprego.
b) fundada no crescimento proporcional entre o número de trabalhadores e o au-
mento da produção de bens e serviços.
c) estruturada na distribuição equânime de renda e no declínio do capitalismo in-
dustrial e tecnocrata.
d) instaurada a partir do fortalecimento da luta de classes e da criação da eco-

58 Fundamentos do Mundo do Trabalho


nomia solidária.
e) derivada do aumento da riqueza e da ampliação da exploração do trabalhador.

6. (ENEM 2010) Um banco inglês decidiu cobrar de seus clientes cinco libras toda
vez que recorressem aos funcionários de suas agências. E o motivo disso é que, na
verdade, não querem clientes em suas agências; o que querem é reduzir o número
de agências, fazendo com que os clientes usem as máquinas automáticas em todo o
tipo de transações.
Em suma, eles querem se livrar de seus funcionários.
HOBSBAWM, E. O novo século. São Paulo: Companhia das Letras,
2000 (adaptado).

O exemplo mencionado permite identificar um aspecto da adoção de novas tecnolo-


gias na economia capitalista contemporânea. Um argumento utilizado pelas empre-
sas e uma consequência social de tal aspecto estão em:
a) qualidade total e estabilidade no trabalho.
b) pleno emprego e enfraquecimento dos sindicatos.
c) diminuição dos custos e insegurança no emprego.
d) responsabilidade social e redução do desemprego.
e) maximização dos lucros e aparecimento de empregos.

7. (ENEM 2014) O jovem espanhol Daniel se sente perdido. Seu diploma de desenhista
industrial e seu alto conhecimento de inglês devem ajudá-lo a tomar um rumo. Mas a
taxa de desemprego, que supera 52% entre os que têm menos de 25 anos, o desnor-
teia. Ele está convencido de que seu futuro profissional não está na Espanha, como o
de, pelo menos, 120 mil conterrâneos que emigraram nos últimos dois anos. O irmão
dele, que é engenheiro-agrônomo, conseguiu emprego no Chile. Atualmente, Daniel
participa de uma “oficina de procura de emprego” em países como Brasil, Alemanha e
China. A oficina é oferecida por uma universidade espanhola.
GUILAYN, P. Na Espanha, universidade ensina a emigrar. O Globo,
17 fev. 2013 (adaptado)

A situação ilustra uma crise econômica que implica:


a) valorização do trabalho fabril.

Unidade 3 - O trabalho na atualidade 59


b) expansão dos recursos tecnológicos.
c) exportação de mão de obra qualificada.
d) diversificação dos mercados produtivos.
e) intensificação dos intercâmbios estudantis.

8. Leia os dois textos que seguem e responda:


a) Qual a principal relação entre eles?
b) O trabalho como emprego é uma questão pessoal, social ou ambas? Justifique.

“Respeito pela dignidade humana, tal como a entende Toyota, significa eliminar da for-
ça de trabalho as pessoas ineptas e parasitas, que não deveriam estar ali; e despertar
em todos a consciência de que podem aperfeiçoar o processo de trabalho por seu pró-
prio esforço e desenvolver o sentimento de participação. Descobrir e eliminar sequên-
cias desnecessárias de trabalho e movimentos supérfluos por parte dos trabalhadores
é algo também relativo ao empenho da racionalização” (IANNI, 1994, p. 127).

“(...) todos os assalariados de uma empresa, não importa qual seja o seu nível hierárqui-
co, não sabem nunca se serão mantidos ou não no emprego, porque não é a riqueza
econômica da empresa que vai impedir que exista redução de efetivo. Vou dar o exem-
plo novamente da Peugeot e da Citroën, que conheço bem, na França. É uma empresa
que está funcionando muito bem. Ela passa seu tempo a despedir as pessoas de manei-
ra regular. Isso é perversão, mas a perversão está ligada à psicologização. O que quero
dizer com isso? Poderão permanecer na empresa apenas aqueles que são considerados
de excelente performance. Vocês sabem muito bem o que isso quer dizer, performance
e excelência. Isso remete às pessoas ditas vencedoras. São aqueles que matam de ma-
neira tranquila, sem dó, ‘fritando’ o semelhante, um outro profissional. Mata-se de verda-
de e a pessoa lesada não tem ideia, nem tem a impressão de que querem matá-la. Isso é
psicologização, na medida em que, se alguém não consegue conservar o seu trabalho,
fala-se tranquilamente: ‘mas é sua culpa, você não soube se adaptar, você não soube
fazer esforços necessários, você não teve uma alma de vencedor, você não é um herói’.
Isso quer dizer que é preciso ser um herói num cavalo branco para ganhar as coisas ou
as guerras. Então, psicologização quer dizer: ‘você é culpado e não a organização da em-
presa ou da sociedade. A culpa é só sua’. Isso culpabiliza as pessoas de modo quase total,
pessoas que, além disso, ficam submetidas a um estresse profissional extremamente
forte. Então as empresas exigem daqueles que permanecem um devotamento, lealda-

60 Fundamentos do Mundo do Trabalho


de e fidelidade, mas ela não dá nada em troca. Ela vai dizer simplesmente: ‘você tem a
chance de continuar, mas talvez você também não permaneça’.” (HENRIQUE, [s.d], [s.p.]).

Resposta das questões:


a) ___________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
b) ___________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

Parabéns, você é um exemplo de pessoa estudiosa, pois chegou até aqui.


Lembra que falamos de dois detalhes anteriormente? Um é o desemprego; o outro
está relacionado a como sair desta situação. Para descobri-lo, terá que se esforçar
mais um pouquinho e estudar a próxima unidade. Vamos lá?

Unidade 3 - O trabalho na atualidade 61


UNIDADE 4 A educação produz cidadania

Nesta unidade, veremos:


• A importância da educação;
• O exercício da cidadania.

Ao tratarmos destes temas, pontuamos os seguintes objetivos de ensinagem:

Objetivos:
• Identificar um tipo de educação que ajuda a sair da situação de desemprego;
• Demonstrar a importância do exercício da cidadania.

Muito bem, você está ciente do que vamos estudar e quais os objetivos desta
nova unidade. Sugerimos começar seus estudos com dois vídeos que o(a) ajudarão a
ampliar seus conhecimentos: o primeiro, intitulado Juventude, trabalho e educação no
Brasil, foi produzido pelo programa Salto para o Futuro e facilitará o entendimento da
relação entre educação e trabalho; o segundo, Palestra: Civilização e Barbárie, é uma pa-
lestra do filósofo educador Leandro Karnal, no Serviço Social do Comércio (Sesc), que vai
te ajudar a entender a questão da construção da cidadania. Bom estudo.

Juventude, trabalho e educação no Brasil. Disponível em:


<https://www.youtube.com/watch?v=YJBXNV6NY9g>

Palestra: Civilização e Barbárie. Disponível em:


<https://www.youtube.com/watch?v=jpnQbYcwt8c>

4.1 A importância da educação


O desemprego é um dos lados perversos deste novo mundo em que você é
cidadão. Como enfrentar esta situação? Não temos uma solução mágica, milagrosa e

63
instantânea. Pensamos que, para qualquer solução que você encontre, a educação é
indispensável. Mas não é qualquer tipo de educação. Como assim? Explicaremos por
meio da etimologia da palavra educação. Vamos lá?

Segundo Luza (2009), a palavra educação tem duas origens latinas: 1) educare,
que significa instruir, guiar e alimentar; 2) e educere, que significa conduzir para fora.

A primeira palavra designa as situações nas quais o estudante é tratado como


um “Zé ninguém”: ele apenas espera, é alimentado pelo conhecimento dos outros, é
guiado, levado de um lugar para o outro como um objeto. Esta é chamada, por muitos,
de educação tradicional.

A segunda refere-se a uma situação em que o estudante tem algo dentro de


si, o seu próprio conhecimento, suas experiências e ideias, que serão trazidos para fora;
há liberdade para o que já existe dentro do ser humano. Esta é chamada, por muitos,
de educação nova – ou libertadora, dependendo dos autores.

Atualmente, para que a educação ajude o estudante, deve tratá-lo como sujei-
to ativo, não como objeto passivo. O mundo do trabalho não quer apenas pessoas que
obedeçam, como coisas ou animais, mas que sejam capazes de ser ativas e transforma-
doras da realidade em que estão.

Outra diferença que pode ajudar a compreender o tipo de educação da qual


falamos refere-se aos termos aluno, estudante e aprendiz.

Procuramos em vários sites a origem da palavra aluno. A melhor explicação en-


contramos com Rebelo (2011), no site Science Blogs. Dê uma pesquisada:

<http://scienceblogs.com.br/vqeb/2011/04/aluno_alumni_alumnus/>

Segundo o site, a palavra aluno vem do latim alumnus e significa criança de


peito. Esta imagem traz a ideia romântica de alimentar com o conhecimento; porém,
ao mesmo tempo, traz a péssima noção de passividade. A criança de peito é indefesa
e altamente dependente dos adultos, só esperando para ser alimentada. Nesse sen-
tido, aluno é uma pessoa passiva, que não é capaz de nada, totalmente dependente
do professor. Horrível esta ideia! Concorda?

64 Fundamentos do Mundo do Trabalho


Segundo o Dicionário Etimológico, estudante vem do latim studiosus, que
designa a pessoa dedicada, que gosta de algo, é zelosa. Ou seja, mostra uma pessoa
ativa, empenhada em algo, que demonstra responsabilidade.

Note que você pode ser um aluno, mas não ser um estudante – ou seja, ir
à escola de forma passiva, pois já interiorizou a atitude de só esperar, só receber, é
tratado como criança de colo e age como tal. Mas você pode ser estudante sem ser
aluno: são aquelas pessoas que se empenham em aprender mesmo sem ir à escola.

No site Origem da Palavra, encontramos que aprender vem do latim e sig-


nifica, etimologicamente, levar para junto de si. Outra ideia é de que hendere, verbo
do latim que significa captura, do qual se origina aprender, está ligado a hedera, que
dá origem ao nome hera, planta trepadeira que se agarra às paredes para crescer,
como nas vinhas. Ou seja, mostra a atitude de uma pessoa que se agarra às paredes
das informações e usa o conhecimento estabelecido para crescer. O site Etimologias
exemplifica aprender como um gato pegando um rato, um policial perseguindo o
criminoso ou um estudante “capturando” o conhecimento. Tanto gato, policial ou
planta trazem a noção de uma pessoa ativa, não passiva.

Agora, pense, registre suas ideias e partilhe com os(as) colegas se consi-
derar oportuno:

1) Como é a educação em sua escola? Mais baseada em educare, tratando-o(a)


como objeto, como aluno, como criança de peito? Ou mais baseada em educere,
tratando-o(a) como sujeito que já possui conhecimentos, como estudante que é
responsável? Dê exemplos reais que demostrem sua resposta.
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

2) Vamos focar um pouco em você, agora. Como está se comportando: como


um aluno, uma criança de peito ou como um estudante, uma pessoa dedicada,
um aprendiz que usa o muro das informações para crescer, que corre atrás do
que deseja? Dê exemplos de suas atitudes que demonstrem sua resposta.
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

Unidade 4 - A educação produz cidadania 65


3) Não sei qual foi sua resposta. Porém, será que você pode melhorar como estudan-
te, como aprendiz? Em que aspecto? Registre ao menos três elementos nos quais
você pode melhorar como estudante:
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

Educar como meio de sair da situação de desemprego é tratá-lo(a) como su-


jeito, protagonista de sua aprendizagem. Você é visto(a) como uma pessoa que par-
ticipa ativamente, ou seja, é cidadão(ã) de sua própria aprendizagem.

Ao ser tratado(a) como sujeito, e agindo como estudante, a consequência é


a prática dos quatro pilares da educação no século XXI, segundo a Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco): “aprender a conhecer,
aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser” (2010, p. 31). Ou seja, uma
pessoa que sabe o que deve ser feito consegue buscar novos conhecimentos em um
mundo de descobertas e mudanças constantes, sabe conviver com as pessoas ao seu
redor, e, especialmente, sabe agir como gente, como ser humano.

Caro(a) estudante, note que a educação que o(a) liberta desta situação injus-
ta de desemprego deve prepará-lo(a) para ser ativo(a), participativo(a) e exercitar a
cidadania. Vamos aprofundar um pouco mais este exercício.

4.2 O exercício da cidadania


Observe que, nesta aula, tratamos especificamente de cidadania e chamamos
sua atenção para esse aspecto do trabalho na atualidade, que exige um saber fazer
juntamente com o outro, num universo em que a troca de informações é rápida e cons-
tante. Isto significa que, para exercitar a cidadania, você não pode exercê-la sozinho(a).

O conceito fundamental de cidadania é ser sujeito de direitos e deveres, ex-


presso na Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU, 1948) e na Constituição
Federal (BRASIL, 1988) – documentos dos quais você não deve esquecer quanto aos
direitos relacionados ao mundo do trabalho.

66 Fundamentos do Mundo do Trabalho


Observe o artigo 23 da Declaração:

1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de


emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à prote-
ção contra o desemprego.
2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual
remuneração por igual trabalho.
3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remuneração
justa e satisfatória que lhe assegure, assim como à sua família,
uma existência compatível com a dignidade humana e a que se
acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.
4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles
ingressar para proteção de seus interesses.

Observe, agora, os artigos 6º, 7º e 8º da Constituição Federal:

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o


trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdên-
cia social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
outros que visem à melhoria de sua condição social:
[...]
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de
critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
[...]
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e
intelectual ou entre os profissionais respectivos;
[...]
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical [...].

O desemprego ou a educação, muitas vezes, o(a) tratam como objeto passi-


vo e o(a) impedem de exercer sua cidadania, usufruindo dos direitos que acabamos
de citar e de vários outros. O que fazer? Cada um por si e deus por todos? Pernas pra
que te quero? Lutar individualmente para solucionar o seu problema? Não! Vamos
narrar uma fábula; talvez você já a conheça, mas mostraremos um detalhe diferente:

Unidade 4 - A educação produz cidadania 67


Certo dia, uma linda e enorme floresta começou a pegar fogo. Assustados, os
animais fugiam desesperadamente para sobreviver. Mas um deles, um beija-flor, cora-
josamente, escolheu fazer algo para apagar as chamas: ele pegava um pouco de água
pelo bico e jogava-a nas chamas, na tentativa de acabar com o fogo. Os outros animais
lhe diziam que seria impossível que ele conseguisse apagar o fogo sozinho. Mas o passa-
rinho respondeu: “Não importa. Estou fazendo a minha parte”.

Esta é uma rápida adaptação do original de Wangari Maathai, ativista ambiental e


dos direitos humanos, política democrática e vencedora do Prêmio Nobel da Paz de
2004. Você pode encontrar o original, contado por ela mesma, disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=TlG4bDuveXg>

Normalmente, esta fábula é contada de várias formas para dizer que cada
um deve fazer sua parte. No entanto, pense conosco: se o fogo é um problema que
está atingindo a todos, então, é um problema social e deve ser atacado por todos;
quem quiser fazer isso sozinho(a) não conseguirá. Além de fazer a própria parte, é
preciso convencer o outro a fazer a parte dele; caso contrário, é suicídio – problema
social é resolvido socialmente, não individualmente.

O fogo do desemprego está queimando o mundo do trabalho e os nossos


direitos de cidadãos(ãs). Como sair desta situação? Podemos não ter uma respos-
ta milagrosa, mas sabemos que, sozinhos(as), não apagaremos este fogo. É preciso
união para exercer nossa cidadania e convencer o outro de que é preciso participar,
questionar, juntar forças.

O empreendedorismo coletivo com responsabilidade social, talvez, seja uma


maneira de fazer isso. Empreendedorismo devido à iniciativa de fazer algo útil à so-
ciedade; coletivo porque trabalhar em equipe, em rede, é uma das principais exi-
gências do trabalho atualmente; e responsabilidade social porque, dentro da ideia
de trabalho em rede, fica muito claro que não estamos sós e precisamos cuidar do
ambiente onde estamos, nossa casa comum.

Pensamos que uma das alternativas se resume a apenas uma palavra: coope-
rativismo, que engloba todas as características citadas anteriormente. Por isso, o(a)
parabenizamos por fazer este curso. Não desista, continue estudando firme.

68 Fundamentos do Mundo do Trabalho


Para relembrar
• A educação não soluciona o problema do desemprego, mas é parte muito im-
portante deste contexto:
• A educação deve tratar o jovem como sujeito da aprendizagem;
• O jovem deve assumir, na educação, atitudes de estudante e aprendiz, não de aluno;
• É preciso exercitar a cidadania;
• Cidadania é praticar direitos e deveres;
• O direito do trabalho está assegurado na Declaração Universal dos Direitos Hu-
manos (ONU, 1948) e na Constituição Federal de 1988;
• É preciso praticar a cidadania em conjunto, e não isoladamente, para resolver
os problemas sociais.

Atividades de aprendizagem

Vamos a alguns exercícios para treinar seu posicionamento crítico frente à realidade.

1. (Descomplica, adaptado) “O cidadão é um indivíduo que tem consciência de seus


direitos e deveres e participa ativamente de todas as questões da sociedade. Tudo
que acontece no mundo acontece comigo...” (Herbert de Souza, “Betinho”). Segundo
a definição acima, podemos afirmar que:
a) o cidadão é o indivíduo que se omite frente ao debate político.
b) a cidadania é restrita aos estudiosos e políticos.
c) o cidadão é aquele que vive em sociedade.
d) a cidadania é ter consciência de seus direitos e deveres e participar ativamente de
todas as questões da sociedade.
e) cidadãos são apenas os políticos.

2. (Descomplica) “Se devessem prevalecer os cidadãos passivos, os governantes aca-


bariam por transformar seus súditos num bando de ovelhas dedicadas tão somente
a pastar o capim uma ao lado da outra (e a não reclamar, acrescento eu, nem mesmo
quando o capim é escasso).” (Norberto Bobbio). De acordo com esse pensamento,
podemos afirmar que:
a) a cidadania deve ser exercida apenas quando nos sentimos afetados pelo autori-
tarismo do poder público.
b) a cidadania deve ser passiva, pois ela depende do pasto que é dado às ovelhas.

Unidade 4 - A educação produz cidadania 69


c) a cidadania deve ser ativa, ou seja, o indivíduo deve cobrar, propor e pressionar o
tempo todo.
d) a cidadania não fica ameaçada diante dessa passividade, já que ela é mínima.
e) as ONGs são um ótimo exemplo dessa passividade.

3. (UERJ, adaptado)

A charge de Miguel Paiva, publicada no dia da promulgação da atual Constituição bra-


sileira, aponta para a contradição entre realidade social e garantias legais. No Brasil,
o acesso aos direitos de cidadania é limitado fundamentalmente pelo seguinte fator:
a) formação profissional.
b) demanda habitacional.
c) distribuição da riqueza.
d) crescimento da população.
e) crescimento demográfico.

4. Assinale a alternativa que melhor expressa a ideia de cidadania.


a) Exigir seus direitos.
b) Amar o outro.
c) Omitir-se.
d) Desanimar.
e) Ser alegre.

5. Sobre cidadania e o seu exercício, marque a alternativa correta:


a) cidadão é aquele que está capacitado a participar da vida no meio rural.

70 Fundamentos do Mundo do Trabalho


b) um cidadão com forte sentimento ético e consciente abre mão de alguns dos seus
direitos e deveres.
c) uma sociedade com alto índice de desemprego e que trata seus jovens como ob-
jeto não põe em risco a cidadania.
d) a cidadania está diretamente vinculada aos direitos humanos.
e) todas as alternativas estão corretas, com exceção da alternativa c.

6. (CNDL) Você considera que exerce a sua cidadania em sua comunidade?


a) Se sim, apresente alguns exemplos.
b) Se não, justifique sua resposta.

7. (CNDL) Argumente sobre o que falta para a sociedade brasileira exercer de manei-
ra efetiva a sua cidadania.
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

Excelente! Você pôde identificar as relações de trabalho dentro do modo de


produção capitalista e ainda voltar sua atenção para o trabalho no atual contexto do
capitalismo. Esperamos que tenha formado uma ideia sobre o mundo do trabalho,
especialmente em relação ao desemprego. Continue sua busca pelo conhecimento
fazendo as demais disciplinas e outros cursos para melhorar sua qualidade de vida e
seu trabalho. Insistimos, ainda, para ler a página Palavras Finais, pois nela trazemos
uma síntese sobre o trabalho que contribuirá para a sua reflexão. Vamos para a últi-
ma unidade da disciplina?

Unidade 4 - A educação produz cidadania 71


Palavras finais

Excelente! Você conseguiu concluir o estudo das unidades e, assim, a disci-


plina de Fundamentos do Mundo do Trabalho. Pudemos refletir, filosofar e desenvol-
ver senso crítico sobre as várias questões tratadas.

Também tivemos a oportunidade de entender que o trabalho humano é


uma unidade entre a prática e a razão, transformando a natureza e a própria pessoa
para atender às necessidades humanas. O ser humano pode usar o esforço físico, o
intelectual ou ambos. Considerando os meios e as relações de trabalho, apresenta-
mos os vários modos de trabalhar. O capitalismo reduziu o trabalho ao emprego,
que é o trabalho remunerado. O trabalho foi modificado a partir da industrialização,
que o fez ser repetitivo, numa linha de montagem, como determinou o fordismo
– gerando alienação. Atualmente, com a terceira revolução industrial, o trabalho é
flexibilizado e qualificado, como orienta o toyotismo. Perante o desemprego numa
sociedade do conhecimento, que valoriza o trabalho em equipe e uma visão mais
ampla da realidade, a educação para a cidadania e o trabalho cooperativo aparecem
como oportunidades de realização do ser humano por meio do trabalho.

Platão dizia que uma vida que não é refletida não é vida. Então, parabéns
para você por viver, por refletir conosco sobre o trabalho, este aspecto tão es-
sencial da vida. Continue sua busca por conhecimentos e transforme o mundo
a seu redor. Paz e bem.

73
Guia de soluções

Atividades de aprendizagem da Unidade 1


1. B
2. A
3. B
4. Eis um exemplo de resumo esquemático:
1º parágrafo:
• O trabalho é um processo entre o homem e a natureza material.
-- O homem usa seu corpo para fazer da matéria natural algo útil para si.
• Ao fazer isto, ele desenvolve seu próprio potencial.
> Este potencial não é o instintivo dos animais.
2º parágrafo:
• O trabalhador no comércio deixou para trás sua primeira forma instintiva.
• O trabalho do homem tem uma forma exclusiva:
-- Primeiro ele idealiza, imagina, constrói o que vai fazer na cabeça;
-- Depois, ele realiza, na matéria natural, seu objetivo.
• Nesse processo:
> Há esforço do corpo;
> Há subordinação da vontade (liberdade) a um fim;
• Isto aparece pela atenção durante todo o tra-
balho.
> O trabalhador se sente atraído por causa do jogo
de suas próprias forças físicas e espirituais.
-- Os animais não constroem na cabeça, só executam. Exemplo: ara-
nha e abelha.

Atividades de aprendizagem da Unidade 2


1. E
2. C
3. E
4. C

75
5. Sinta-se à vontade para se posicionar e expressar seu ponto de vista. Se possível,
partilhe com alguém sua ideia e ouça a opinião de outras pessoas. Se for o caso,
reformule seu posicionamento. Bom exercício.

Atividades de aprendizagem da Unidade 3


1. E
2. D
3. E
4. C
5. E
6. C
7. C
8.
a) Os dois são baseados no princípio do toyotismo. É uma constante busca por
qualidade total no sentido de atingir os objetivos das empresas, e não a quali-
dade de vida dos trabalhadores, os quais são submetidos à constante pressão
para produzir mais e mais.
b) Ambas. Na dimensão pessoal, destaca a responsabilidade de o indivíduo ter o
compromisso de realizar bem uma tarefa; na dimensão social, devido à socie-
dade ter que oferecer emprego para todos, com remuneração suficiente para
uma vida digna.

Atividades de aprendizagem da Unidade 4


1. D
2. C
3. C
4. A
5. E
6. Resposta pessoal. Sim, devido a participar ativamente do grêmio estudantil. Não,
pois não tenho tempo a perder, resolvo meus problemas sozinho.
7. Só é possível efetivar a cidadania se as crianças forem preparadas para a parti-
cipação, e a instituição responsável por isso é a escola; se a escola não favorecer
a participação ativa dos estudantes, a cidadania não se efetiva, pois as pessoas
não irão acreditar na força de sua participação. No caso do Brasil, é isto que está
acontecendo: está faltando o exercício da participação a partir da escola, nas mais
diversas atividades existentes. Cidadania se aprende no exercício.

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82 Fundamentos do Mundo do Trabalho


Currículo dos
professores autores

Euliene da Silva Gonçalves é capixaba, de descendência


africana, nascido em 1976, casado, um filho, cristão, católico,
salesiano cooperador. Filósofo educador graduado em Filoso-
fia e em Pedagogia, especialista em Metodologia do Ensino
Superior e em Filosofia Clínica, atua há 20 anos como profis-
sional da educação. Trabalhou na educação indígena, na edu-
cação de jovens e adultos, na educação popular, na educação
infantil, no ensino fundamental, médio e superior e no ensino técnico de nível bá-
sico, médio e superior. Atuou nas redes particular, municipal e estadual de educa-
ção; atualmente, é estudante no Mestrado Acadêmico em Educação do Programa
de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Rondônia e professor
do ensino básico, técnico e tecnológico do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de Rondônia no Campus Porto Velho Zona Norte.

Marcilei Serafim Germano é licenciado em Filosofia e mes-


tre em Educação pela Universidade Federal de Rondônia.
É educador popular e pesquisador nas áreas de trabalho,
educação popular, educação do campo, sindicalismo, as-
sociativismo, cooperativismo e movimentos sociais. Como
professor do ensino médio e superior, tem experiência em
Filosofia - com ênfase em metafísica, epistemologia, lógica,
ética, filosofia política e estética - e em Organizações Popu-
lares - com ênfase em cooperativismo, associativismo, cooperativismo de crédito,
educação popular, educação do campo e movimentos sociais. Atualmente, é pro-
fessor no ensino básico, técnico e tecnológico do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Rondônia no Campus de Cacoal.

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