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KARL POPPER e THOMAS KUHN: reflexões acerca da

epistemologia contemporânea I

1
Francisco Ramos Neves

Resumo

O presente ensaio representa uma contribuição à reflexão so-


bre a problemática da Epistemologia Contemporânea. O
objetivo não é o de exaurir o argumento sobre o tema propos-
to, mas o de suscitar o debate acadêmico e expor alguns frag-
mentos da obra de dois grandes clássicos da Filosofia da Ci-
ência, Popper e Khun.

Palavras-chave: Filosofia da ciência, epistemologia,


metodologia da científica.

1 INTRODUÇÃO

O p r e s e n t e t e x t o t e m c o m o objetivo traçar u m a c o m p a r a ç ã o entre os


p a r a d i g m a s da filosofia da c i ê n c i a de Karl P o p p e r e T h o m a s K u h n . D i v i d i m o s o
texto e m três partes: a p r i m e i r a refere-se à p o s i ç ã o de Karl Popper, q u e c o n c e b e
u m a idéia d e c i ê n c i a s u b m e t i d a ao princípio da refutabilidade p a r a p r o v a r s u a
v a l i d a d e ; a s e g u n d a parte a b o r d a os a s p e c t o s referentes à p o s i ç ã o de T h o m a s
Kuhn, q u e e s t a b e l e c e as c o n d i ç õ e s p a r a d i g m á t i c a s para a v a l i d a d e de u m a teoria
científica e a p o n t a os m o m e n t o s da p r o v a d e tal teoria c o m o critério de s u a
q u a l i f i c a ç ã o , até ser s u p e r a d a por outro p a r a d i g m a q u e r e s p o n d a às a n o m a l i a s
c o l o c a d a s p e l a crise d a c i ê n c i a e x i s t e n t e ; p o r fim, a terceira parte e s t a b e l e c e
u m a c o n c l u s ã o d o t e m a r e a l i z a n d o a relação c o m p a r a t i v a entre as d u a s tendên-
cias, e v i d e n c i a n d o p r o x i m i d a d e s e rupturas.

A f o r m a d e e l a b o r a r d o i s capítulos distintos, c o m a p o s i ç ã o d o s dois filó-


sofos da c i ê n c i a c o n t e m p o r â n e a , p r o p õ e suscitar a c o m p a r a ç ã o entre as d u a s
teses a partir d a e x p o s i ç ã o d a s suas idéias, o q u e p o d e ser c o n s t r u í d o c o m a
p a r t i c i p a ç ã o d o p r ó p r i o leitor q u e terá acesso à d i s c u s s ã o .

1
Mestre em Filosofia (UFPB). Professor de Filosofia e Ética Profissional nos Cursos de Administração e Marketing
da FARN. F-mail ramosneves@bol.com.br

R. FARN, Natal, v.2, n.l, p. 143 - 148 ,jul./dez. 2002. 143


2 O I D E A L DA REFUTABILIDADE C O M O C R I T É R I O DE D E M A R C A Ç Ã O CIENTÍFICA
EM K A R L P O P P E R

N a e p i s t e m o l o g i a c o n t e m p o r â n e a , p o d e m o s enfatizar a i m p o r t â n c i a vital
d o C í r c u l o de V i e n a p a r a a ciência e seus n o v o s p a r a d i g m a s . O m e s m o foi for-
m a d o na d é c a d a d e 1920 p o r cientistas d e diversas áreas d e i n v e s t i g a ç ã o , tais
c o m o M o r i t z S c h i l i c k , R u d o l f C a r n a p , Otto N e u r a t h , entre o u t r o s .

E s s a c o m u n i d a d e científica fundamentou e desenvolveu o neopositivismo,


t a m b é m d e n o m i n a d o p o s i t i v i s m o lógico ou e m p i r i s m o lógico, q u e p r o p õ e u m
claro e p r e c i s o critério de d e m a r c a ç ã o entre estados d e fatos e e s t a d o s m e n t a i s ,
ou e n t r e fatos e m p í r i c o s d e m o n s t r á v e i s pela verificabilidade e os p r i n c í p i o s
metafísicos. E m suas investigações acerca do p r o c e d i m e n t o científico,
e n f a t i z a v a m o critério d o s e n u n c i a d o s verifuncionais, isto é, s u b m e t i d o s aos
p r i n c í p i o s d a verificabilidade e m p í r i c a .

Karl P o p p e r ( 1 9 0 2 - 1 9 9 4 ) , físico, m a t e m á t i c o e filósofo d a ciência, a p r o -


x i m a - s e d e s t a p e r s p e c t i v a científica d o C í r c u l o de Viena, m a s " c o r r e n d o por
fora" e s u p e r a n d o c r i t i c a m e n t e os p r e s s u p o s t o s q u e d e t e r m i n a m o seu princípio
de d e m a r c a ç ã o e o seu princípio de i n d u ç ã o a partir de u m a defesa de n o v o
:
p a r a d i g m a d e n o m i n a d o de " d e d u t i v i s m o e m o p o s i ç ã o ao ' i n d u t i v i s m o ' " .

S e g u n d o P o p p e r , a r e c u s a da L ó g i c a Indutiva consiste, dc a c o r d o c o m
suas próprias palavras, " e m ela não proporcionar c o n v e n i e n t e sinal diferenciador
d o c a r á t e r e m p í r i c o , n ã o - m e t a f í s i c o , de u m sistema teorético; e m outras pala-
3
vras, c o n s i s t e e m e l a n ã o p r o p o r c i o n a r a d e q u a d o 'critério de d e m a r c a ç ã o " " .

P o p p e r criticou o critério da verificabilidade d o i n d u t i v i s m o e m p i r i s t a


4
d o p o s i t i v i s m o l ó g i c o d o C í r c u l o de V i e n a e p r o p ô s , c o m o possibilidade p a r a
o s a b e r científico, o critério d a não-refutabilidade ou da falseabilidade.

Contudo, só reconhecerei um sistema enquanto empírico ou cientí-


fico se ele for passível de comprovação pela experiência. Essas con-
siderações sugerem que deve ser tomado como critério de demarca-
3
ção, não a verificabilidade, mas a falseabilidade de um sistema.

D e a c o r d o c o m esta visão p o p p e r i a n a , o critério d e d e m a r c a ç ã o entre


c i ê n c i a e não c i ê n c i a reside no fato da teoria se s u b m e t e r à c o n d i ç ã o de p o d e r ser
2
Popper Karl. A lógica da pesquisa científica. São Paulo: Cultrix. 1993. p. 31.
3
Ibid.. p. 34 -35.
4
Segundo Popper '"Os velhos positivistas só desejavam admitir como científicos ou legítimos os conceitos (ou
noções, ou idéias) que. como diziam.' derivassem da experiência"". Ibid.. p. 35
5
Ibid., p. 42.

144 R. FARN Natal. v.2, n.l. p. 14? 148 .jul./dez. 2002.


refutada.

Isto é, u m a teoria m a n t é m - s e v e r d a d e i r a até q u e seja possível refutá-la


p e l a e x p e r i ê n c i a e m p í r i c a , visto q u e , p a r a P o p p e r , d o p o n t o de vista lógico, não
é n a d a ó b v i o q u e se j u s t i f i q u e inferir p r o p o s i ç õ e s u n i v e r s a i s de assertivas singu-
lares, p o r m a i s n u m e r o s a s q u e sejam as e v i d e n c i a s práticas. " I n d e p e n d e n t e m e n t e
de q u a n t o s c a s o s d e cisnes b r a n c o s p o s s a m o s observar, isso n ã o justifica a con-
6
c l u s ã o d e q u e t o d o s os c i s n e s s ã o b r a n c o s . "

C o m esta a f i r m a ç ã o a c i m a , P o p p e r indicou a c o n d i ç ã o transitória da vali-


d a d e d e u m a teoria. D e t e r m i n a d o s i s t e m a científico é válido até o m o m e n t o e m
q u e é refutado, m o s t r a n d o - s e sua falsidade. Isto eqüivale a dizer q u e , para Popper,
s o m e n t e a r e f u t a b i l i d a d e d e u m a teoria p o d e ser p r o v a d a , m a s n u n c a a sua vera-
cidade absoluta.

P o p p e r e m s u a s i n v e s t i g a ç õ e s l ó g i c a s t a m b é m d e s t a c o u q u e no c o n h e c i -
m e n t o científico a m e n t e n ã o d e s e m p e n h a u m p a p e l d e t a b u l a r a s a c o m o p e n s a -
v a m os e m p i r i s t a s i n g l e s e s . P a r a ele n ã o e x i s t e o b s e r v a ç ã o pura, pois todas as
o b s e r v a ç õ e s s ã o s e m p r e r e a l i z a d a s à luz d e p r e s s u p o s t o s e d e teorias p r é v i a s
q u e o c i e n t i s t a traz c o n s i g o . A partir daí, " o t r a b a l h o d o cientista c o n s i s t e e m
7
e l a b o r a r teorias e p ô - l a s à p r o v a . "

E m P o p p e r , a i n v e n ç ã o d e u m a n o v a teoria ou de u m n o v o s i s t e m a cien-
tífico p r e s s u p õ e q u e , e m q u a l q u e r h i p ó t e s e , p a r a sua validade, d e v a m ser s u b m e -
tidos à p r o v a e m u m p r o c e s s o d e " r e c o n s t r u ç ã o r a c i o n a l " . " O r a , eu sustento q u e
as teorias científicas n u n c a s ã o i n t e i r a m e n t e j u s t i f i c á v e i s ou verificáveis, m a s
8
q u e , n ã o o b s t a n t e , são s u s c e t í v e i s d e se v e r e m s u b m e t i d a s à p r o v a . " Desta for-
m a , a o b j e t i v i d a d e d o s e n u n c i a d o s científicos reside na c o n d i ç ã o deles p o d e r e m
ser s u b m e t i d o s a teste.

E s t e p r o c e s s o d e c o n s t r u ç ã o d e u m a n o v a teoria ou s i s t e m a científico
inicia-se c o m u m a c o m p a r a ç ã o lógica e n t r e as c o n c l u s õ e s obtidas pela teoria
c o n s t r u í d a , b u s c a n d o u m a c o e r ê n c i a interna d o sistema. O s e g u n d o m o m e n t o da
p r o v a é d a i n v e s t i g a ç ã o l ó g i c a d a teoria p a r a verificar se ela a p r e s e n t a o caráter
de u m a teoria e m p í r i c a ou científica. O terceiro m o m e n t o é o d o confronto c o m
outras t e o r i a s , c o m o o b j e t i v o d e d e t e r m i n a r se a teoria c o n s t r u í d a r e p r e s e n t a
u m a v a n ç o d e o r d e m científica. F i n a l m e n t e , " h á a c o m p r o v a ç ã o d a teoria por
9
m e i o d e a p l i c a ç õ e s e m p í r i c a s d a s c o n c l u s õ e s q u e d e l a se p o s s a m d e d u z i r . "

6
Ibid., p. 28.
7
Ibid., p. 3 1 .
* Ibid., p. 46.

R. FARN, Natal, v.2, n . l , p. 143 - 1 4 8 , jul./dez. 2002. 145


Por fim, na c o n c e p ç ã o epistemolc5gica p o p p e r i a n a o j o g o da C i ê n c i a é, e m
princípio, i n t e r m i n á v e l . U m a teoria s u b m e t i d a à p r o v a e t e n d o suas q u a l i d a d e s
10
c o m p r o v a d a s n ã o se p o d e superá-la facilmente s e m u m a " b o a r a z ã o , " a n ã o ser
por outra teoria q u e resista m e l h o r às p r o v a s ou ao f a l s e a m e n t o d e u m a teoria
anterior.

3 A ESTRUTURA DAS R E V O L U Ç Õ E S CIENTÍFICAS DE T H O M A S K U H N

Th ornas Kuhn ( 1 9 2 2 - 1 9 9 6 ) , n o r t e - a m e r i c a n o , físico, historiador e filóso-


fo da ciência, d e s e n v o l v e u sua teoria acerca d a história da ciência e n t e n d e n d o - a
não c o m o u m processo linear e evolutivo, m a s c o m o u m a sucessão de p a r a d i g m a s
( m o d e l o s ) q u e se c o n f r o n t a m entre si. E l e define p a r a d i g m a c o m o "'modelo ou
11
padrão aceitos".

E m seu livro A e s t r u t u r a d a s r e v o l u ç õ e s científicas ( 1 9 6 2 ) , K u h n sus-


tenta a tese d e q u e a ciência se d e s e n v o l v e d u r a n t e c e r t o t e m p o a partir d a acei-
tação, p o r parte d a c o m u n i d a d e científica, d e u m c o n j u n t o d e teses, p r e s s u p o s -
tos e categorias q u e f o r m a m u m p a r a d i g m a , ou seja, u m c o n j u n t o d e n o r m a s e
tradições d e n t r o d o qual a ciência se m o v e e se orienta. " O s p a r a d i g m a s a d q u i -
rem seu status p o r q u e são m a i s b e m s u c e d i d o s q u e seus c o m p e t i d o r e s na resolu-
12
ção de a l g u n s p r o b l e m a s q u e o g r u p o de cientistas r e c o n h e c e c o m o g r a v e s . "

E m d e t e r m i n a d o s m o m e n t o s , p o r é m , essa visão ou p a r a d i g m a se altera,


p r o v o c a n d o u m a r e v o l u ç ã o q u e abre c a m i n h o para u m n o v o tipo de d e s e n v o l v i -
m e n t o científico. Foi o q u e se deu na p a s s a g e m da ciência antiga à ciência m o -
derna, ou ainda, na p a s s a g e m da física clássica c m e c â n i c a para a física quântica.

De a c o r d o c o m Kuhn, é c o m o se o c o r r e s s e u m a n o v a r e o r i e n t a ç ã o d a
visão global, na qual os m e s m o s d a d o s são inseridos em n o v a s r e l a ç õ e s científi-
cas. Nesta nova relação, o objetivo é "apresentar u m a nova aplicação do p a r a d i g m a
13
ou a u m e n t a r a p r e c i s ã o de u m a a p l i c a ç ã o já f e i t a " .

T h o m a s Kuhn t a m b é m e s t a b e l e c e u m a d i s t i n ç ã o entre C i ê n c i a N o r m a l ,
q u e se d e s e n v o l v e d e n t r o de u m certo p a r a d i g m a , a c u m u l a n d o d a d o s e instru-
m e n t o s n o seu interior, e a C i ê n c i a e x t r a o r d i n á r i a , q u e surge nos m o m e n t o s de
crise d o p a r a d i g m a . E s s a ciência q u e s t i o n a e r e v o l u c i o n a os f u n d a m e n t o s e pres-
s u p o s t o s d a ciência anterior e p r o p õ e u m n o v o p a r a d i g m a .

" Ibid., p. 33.


10
Ibid., p. 56.
" KUHN, Thomas. A estrutura das revoluções científicas. 5 e d . São Paulo: Perspectiva, 1998.p. 43.
12
Ibid., p. 44.
13
Ibid., p. 5 1 .

146 R. F A R N , N a t a l , v.2, n . l , p. 143 - 148 ,jul./dez. 2002.


D e s t a forma, e m K u h n , as r e v o l u ç õ e s científicas são a q u e l e s e p i s ó d i o s
d e d e s e n v o l v i m e n t o s , " n o s quais u m p a r a d i g m a m a i s antigo é total ou parcial-
14
mente substituído por um novo, incompatível com o anterior."

N e s s e sentido, u m a forma de revolução científica, s e g u n d o T h o m a s Kuhn,


é o reflexo das r e v o l u ç õ e s a c o n t e c i d a s na s o c i e d a d e política. E da m e s m a forma
q u e as r e v o l u ç õ e s políticas i n i c i a m - s e c o m u m s e n t i m e n t o c r e s c e n t e , a partir de
u m s e g m e n t o insatisfeito d a c o m u n i d a d e política.

de forma muito semelhante, as revoluções científicas iniciam-se


com um sentimento crescente , também seguidamente restrito a uma
pequena subdivisão da comunidade científica, de que o paradigma
existente deixou de funcionar adequadamente na exploração de um
aspecto da natureza, cuja exploração fora anteriormente dirigida pelo
15
paradigma.

4 CONCLUSÃO

S e n s í v e l ao caráter a l t a m e n t e abstrato e e s p e c u l a t i v o de a l g u m a s teorias


e p i s t e m o l ó g i c a s c o n t e m p o r â n e a s , P o p p e r rejeita s i m u l t a n e a m e n t e o mito d o s
d a d o s o b s e r v a c i o n a i s de base b e m c o m o a lógica indutiva. O critério de demar-
c a ç ã o q u e p r o p õ e para separar a ciência da metafísica é o da refutabilidade ou da
falsificabilidade. A teoria científica persistirá s o m e n t e se resistir aos testes pro-
p o s t o s p e l o critério a p o n t a d o a c i m a .

Já T h o m a s K u h n e s t a b e l e c e c o m o critério para a v a l i d a ç ã o de um siste-


m a científico a a p l i c a b i l i d a d e d o p a r a d i g m a aceito na r e s o l u ç ã o dos p r o b l e m a s
g r a v e s na ciência, e sua s u p e r a ç ã o vai se dar na r e v o l u ç ã o científica que outro
p a r a d i g m a c o n s t r u í d o p o d e possibilitar.

E m Popper, é i m p o r t a n t e acentuar q u e pelo critério da refutabilidade u m a


d e c i s ã o p o s i t i v a só p o d e p r o p o r c i o n a r alicerce t e m p o r á r i o à teoria científica,
pois neste p r o c e s s o de refutabilidade as s u b s e q ü e n t e s decisões negativas sem-
pre p o d e r ã o constituir-se e m m o t i v o i ra rejeitá-la. E, na m e d i d a e m que tal
teoria científica resista a p r o v a s criteriosas e severas e não seja suplantada por
outra, n o c u r s o d o p r o g r e s s o científico, ela p e r m a n e c e r á válida e c o m p r o v a r á
sua qualidade.

T h o m a s K u h n se c o n t r a p ô s à teoria de Karl Popper, no que diz respeito


ao d e s e n v o l v i m e n t o da ciência, ao negar q u e o p r o g r e s s o do c o n h e c i m e n t o

w
Ibid.. p. 125

Ibid.. p. 126.

R. FARN, Natal, v.2, n.l, p. 143 - 148 , jul./dcz. 2002. 147


e p i s t e m o l ó g i c o t e n h a se d a d o a partir d o critério e s t a b e l e c i d o pelo ideal d a refu-
t a ç ã o . P a r a K u h n , a C i ê n c i a p r o g r i d e pela tradição intelectual r e p r e s e n t a d a p e l o
p a r a d i g m a , q u e é u m m o d e l o e visão de m u n d o c o m u n i c a d a p o r u m a teoria ou
s i s t e m a científico.

N a s fases d a C i ê n c i a n o r m a l , o p a r a d i g m a , p o r e x e m p l o , o n e w t o n i a n o ,
s e r v e para auxiliar os cientistas n a r e s o l u ç ã o d o s seus p r o b l e m a s , e o a v a n ç o da
c i ê n c i a se efetiva nas d e s c o b e r t a s a c u m u l a d a s . P o r é m , h á s i t u a ç õ e s privilegia-
d a s , d e crises p a r a d i g m á t i c a s ; e isto o c o r r e q u a n d o o p a r a d i g m a aceito j á não
resolve u m a série de anomalias acumuladas. Revoluções científicas e
paradigmáticas, neste sentido, foram operadas na história p o r C o p é r n i c o , N e w t o n ,
D a r w i n , Einstein e H e i s e n b e r g .

•A p r o x i m i d a d e entre P o p p e r e K u h n está no fato d e a d m i t i r e m u m d e s e n -


v o l v i m e n t o possível p a r a o c o n h e c i m e n t o e p i s t e m o l ó g i c o d a r e a l i d a d e . N o en-
tanto, os princípios de superação e revolução das teorias científicas e p a r a d i g m a s
e x i s t e n t e s se d i f e r e n c i e m q u a n t o ao a s p e c t o referente ao critério d e d e m a r c a ç ã o
entre as ciências e m p í r i c a s e a metafísica. T a m b é m p o d e m o s o b s e r v a r u m a di-
v e r g ê n c i a n o q u e diz r e s p e i t o ao princípio da crítica e da f o r m a de s u p e r a ç ã o dos
e n u n c i a d o s e p i s t e m o l ó g i c o s vigentes.

REFERÊNCIAS

K U H N , T h o m a s . A e s t r u t u r a d a s revoluções científicas. 5. ed. São P a u l o : Pers-


pectiva, 1998.

P O P P E R , Karl. A l ó g i c a d a p e s q u i s a científica. S ã o P a u l o : Cultrix, 1993.

Abstract

The present essay is a contribution to a reflection on


Contemporary Epistemology. The objective is not to exhaust
the arguments on the proposed theme, but to stimulate academia
discussion and to expose some fragments of the works oftwo
great classics in Science Philosophy, Popper and Kuhn.

Key words: Science philosophy, epistemology, scientific


methodology

148 R. FARN, Natal, v.2, n.l, y 143 - 148 .jul./dez. 2002.

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